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A ANÁLISE DE RISCO APLICADA A GESTÃO DA QUALIDADE EM PROCESSOS PRODUTIVOS DE UMA INDÚSTRIA DE BLOCOS DE CONCRETO Rodrigo Costa Muniz Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Jorge dos Santos Rio de Janeiro Setembro, 2017

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A ANÁLISE DE RISCO APLICADA A GESTÃO DA QUALIDADE EM PROCESSOS PRODUTIVOS DE UMA INDÚSTRIA DE BLOCOS DE

CONCRETO

Rodrigo Costa Muniz

Projeto de Graduação apresentado ao curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

Setembro, 2017

ii

A ANÁLISE DE RISCO APLICADA A GESTÃO DA QUALIDADE EM PROCESSOS PRODUTIVOS DE UMA INDÚSTRIA DE BLOCOS DE

CONCRETO

Rodrigo Costa Muniz

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por: __________________________________________________

Prof. Jorge dos Santos, D.Sc.(Orientador)

________________________________________________ Prof. Leandro Torres Di Gregório, D.Sc

__________________________________________________

Prof. Alessandra Conde Freitas, D. Sc.

__________________________________________________

Prof. Wilson Wanderley da Silva

__________________________________________________ Prof. Heloi Fernandes Moreira, D. Sc.

__________________________________________________ Prof. Raymundo de Oliveira, D. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

SETEMBRO de 2017

ii

iii

Rodrigo Costa Muniz

A Análise de risco aplicada na gestão da qualidade

em processos produtivos de uma indústria de blocos de

concreto/Rodrigo Costa Muniz. – Rio de Janeiro: UFRJ/

Escola Politécnica, 2014.

X, 75 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Jorge dos Santos

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Civil, 2017.

Referências Bibliográficas: p. .

Referências Eletrônicas: p..

1. Introdução. 2. Gestão de Risco: Contextualização 3.

A construção civil e a gestão de risco 4. Normalização

técnica aplicada a riscos 5. Ferramenta de gestão de

riscos 6. Estudo de caso. 7. Conclusões. Santos, Jorge II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. A análise de

risco aplicada a gestão da qualidade em processos

produtivos de uma indústria de blocos de concreto.

iii

1

Agradecimentos

A Deus, por permitir que eu chegasse até aqui, pois foi ele quem me trouxe.

Aos meus pais Rita e Cleber por, além de serem os responsáveis pela minha

existência, foram obras do altíssimo em minha vida, sendo a materialização do

caminho. Sem dúvidas, através deles, o pai celestial construiu sua obra em minha

vida. Não obstante, o carinho, o apoio, incentivo e a confiança deles foram

indispensáveis para esta conquista.

A minha irmã Renata por todos esses anos em que compartilhamos alegrias,

cumplicidade e apoio. Certamente foi ela uma das pessoas que mais acreditaram que

este momento se materializaria.

A minha avó Arlette, que é uma “segunda mãe”, pois em nenhum momento

deixou de acreditar que seria possível e partilhou como poucas meus anseios e

frustrações ao longo desta “batalha” e certamente, realiza-la é mais gratificante que os

títulos. Deixo meu sincero agradecimento por me fazer ver que desistir não era a

solução.

Ao meu avô Orlando pelo carinho e atenção dedicados ao longo da vida, pelos

momentos de amizade, confraternização, alegria que me proporcionou e que, apesar

da distância física, sempre esteve ao meu lado.

As pessoas que residem em meu coração e a quem costumeiramente se diz

“in memoria”, deixo aqui meus mais profundos agradecimentos a vocês. Ao vô Manoel

(vô Manel), vó Arinda, tio Orlando e tia Fátima. Impossível chegar aqui e não

homenageá-los. Vocês são parte imprescindível desta conquista e seria impossível

neste momento não sentir a presença de vocês que ora me conforta.

Ao meu cunhado Patrick, obrigado pela amizade e horas de conversas que

sem dúvidas me trouxeram grandes reflexões.

As minhas primas Graziela e Daniele e seus respectivos esposos Marcos e

Eduardo pela enorme apoio e confiança depositada e pela terna oportunidade de

apadrinhar vossos filhos.

Aos amigos que conquistamos e que por vezes chamamos de “irmãos” e que a

vida me presenteou. Deixo meus agradecimentos a vocês: Diego Oliveira (cavalo),

Igor Oliveira (boninho), Sandro Teixeira, Érika Miranda, Ana Carolina e Christiane

Corrêa por me permitirem compartilhar sonhos e momentos incríveis aos seus lados.

2 Ao Eduardo Miranda e Flávio Miranda, obrigado pela grande oportunidade de

aprendizado ao me possibilitarem a visita à fábrica de artefatos de concreto. Vocês

agregaram valor e conteúdo a este trabalho.

A minha grande Amiga Renata Daniel pelo convívio, apoio mútuo, respeito,

amizade ao longo dos últimos anos. Dividimos mais que trabalhos. Foram sonhos,

expectativas e dificuldades que partilhamos e sem duvidas estaremos torcendo um

pelo sucesso do outro.

Aos amigos de curso Adriano Rosário, Leonardo Santos, Plínio Santiago, Ana

Paula Perrone, Camila Abreu, Matheus Marcelino, Júlia Gimenez e Gustavo Medina,

obrigado pelo convívio, amizade e pelo partilhamento de emoções e sentimentos.

As amigas Anne Beatris, Tathiana Bastos e Karolina Thomas, obrigado pelo

convívio, amizade, apoio e por acreditarem que este momento seria possível. Foram

muitos momentos de bons, conversas agradáveis e sonhos compartilhados com

vocês.

Aos amigos do “BD”, deixo aqui meu imenso “obrigado”. Não foram poucos os

momentos que compartilhamos expectativas e apoio.

Aos amigos de CAENG, deixo meus agradecimentos pelo convívio,

aprendizado, apoio e incentivo.

Aos amigos do NPPG, deixo também aqui meus agradecimentos pela torcida e

amizade.

Ao meu orientador, Jorge Santos, obrigado pelo aceite à esta orientação, pela

paciência e dedicação para que eu obtivesse o melhor resultado.

Aos professores Eduardo Qualharini, Katia Chiari, Jorge Prodanoff, Heloi

Moreira, Raymundo de Oliveira, Luís Otávio, Wilson Wanderley e Fernando Danziger,

deixo meus mais sinceros agradecimento pelas horas de conversa, orientação ou por

simplesmente serem ouvintes e por me possibilitarem enxergar que o “mestre não é

aquele que aprendeu a ensinar, mas aquele que ensina a aprender”.

A Escola Politécnica da UFRJ, em especial aos professores do curso de

Engenharia Civil, meu reconhecimento e agradecimento por transmitir mais que

conhecimentos técnicos, mas ensinamentos e valores que levo para a vida.

“Dificuldades preparam pessoas comuns para destinos extraordinários”. C.S. Lewis

3

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como

parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil

A análise de risco aplicada a gestão da qualidade em processos produtivos de

uma indústria de blocos de concreto

Rodrigo Costa Muniz

Setembro/2017

Orientador: Jorge Santos

Curso: Engenharia Civil

A gestão da qualidade propõe a evolução contínua através da implementação

de práticas que possibilitem, dentre outras coisas, a redução das perdas através do

acompanhamento, mitigação ou respostas ao impactos no sentido de reduzi-los. Com

grande importância econômica, o setor de construção civil vem ao longo dos anos

encarando diversos desafios e para melhor enfrenta-los, é imprescindível a

incorporação de processos que promovam eficácia e eficiência, junto à redução de

custos e melhoria do produto, tendo em vista o ambiente cada vez mais competitivo.

Embora ainda seja um setor bastante conservador e que absorve grande parcela de

mão de obra com baixa qualificação, os processos preconizados pela gestão da

qualidade têm se mostrado cada vez mais necessário para a evolução do setor. Para

isso, faz-se necessário cada vez mais investimento em planejamento e em sistemas

de gestão que propiciem um melhor controle de riscos e falhas. O presente trabalho

tem como objetivo estudar os modos de riscos e suas inter-relações com processo,

bem como a aplicação de metodologias de estudo, análise e avaliação, conforme

preconizado nas normas ISO 9001, 31000, 31004 e 31010 para o auxílio na tomada

de decisão.

Palavras-chave: gestão de risco, risco, analise de risco, risco da qualidade.

4

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer

The risk analysis applied to quality management in production processes of a concrete block industry

Rodrigo Costa Muniz

September/2017

Advisor: Jorge Santos

Course: Civil Engineering

Quality management proposes continuous evolution through the implementation of

practices that allow, among other things, the reduction of losses through monitoring,

mitigation or responses to impacts in order to reduce them. With great economic

importance, the civil construction sector has faced several challenges and to better

face them, it is essential to incorporate processes that promote efficiency and

efficiency, together with the reduction of costs and improvement of the product, with a

view to the increasingly competitive environment. Although it is still a very conservative

sector and absorbs a large portion of low-skilled labor, the processes advocated for

quality management have been increasingly necessary for the evolution of the sector.

For this, it is necessary to invest more and more in planning and in management

systems that allow better control of risks and failures. The present study aims to study

the risk modes and their interrelationships with process, as well as the application of

methodologies of study, analysis and evaluation, as recommended in the norms ISO

9001, 31000, 31004 and 31010 for the aid in making decision.

Keywords: risk management, risk, risk analysis, quality risk.

5

Sumário:

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13

1.1. Importância do Tema ...................................................................................... 13

1.2. Objetivo ............................................................................................................ 14

1.3. Justificativa ...................................................................................................... 14

1.4. Metodologia ..................................................................................................... 15

1.5. Estrutura da Monografia ................................................................................. 16

2. GESTÃO DE RISCO .......................................................................................... 17

2.1. Conceituação ................................................................................................... 17

2.2. Aspectos Históricos do Gerenciamento de Risco ....................................... 21

2.3. Aplicações da Gestão de Risco ..................................................................... 22

2.4. A Análise de Risco e sua Relação com a Qualidade ................................... 23

2.5. A Dificuldade de Implementação e Manutenção .......................................... 25

3. A CONSTRUÇÃO CIVIL E A GESTÃO DE RISCO ....................................... 28

3.1. Peculiaridades da indústria de Construção e seus Impactos na Qualidade dos Serviços e Produtos. ......................................................................................................... 28

3.2. Agentes Intervenientes no Processo de Produção ..................................... 32

3.3. Gestão de Risco na Construção .................................................................... 35 3.3.1. Definição ...................................................................................................... 35 3.3.2. Aplicações ................................................................................................... 38

4. NORMATIZAÇÃO TÉCNICA APLICADA A RISCOS E SUAS

APLICAÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................................................ 53

4.1. Normas e Gestão e suas Características...................................................... 53

4.2. Aplicação das Normas na Construção Civil ................................................. 57

6 4.3. Métodos de Análise Riscos ............................................................................ 63

5. TÉCNICAS E FERRAMENTAS PARA AVALIAÇÃO DE RISCO ............... 67

5.1. Aplicabilidade das Técnicas e Ferramentas ................................................ 67

5.2. As Ferramentas de Análise e suas Características ..................................... 69 5.2.1. Brainstorming ............................................................................................. 69 5.2.2. Entrevistas Estruturadas ou Semi-estruturadas ..................................... 71 5.2.3. Método Delphi ............................................................................................. 73 5.2.4. Checklist ...................................................................................................... 76 5.2.5. Análise Preliminar de Perigos (APP) ........................................................ 78 5.2.6. Estudo de Perigos e Operabilidade (HAZOP) .......................................... 80 5.2.7. Técnica Estrutura “E se” (SWIFT) ............................................................. 83 5.2.8. Análise de Modo de Falhas e Efeito (FMEA) ............................................ 86 5.2.9. Análise de Causa e Efeito .......................................................................... 90

5.3. Influência dos Fatores nas Técnicas e Ferramentas ................................... 93

6. ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 95

6.1. Apresentação da Indústria ............................................................................. 95

6.2. Matérias Primas ............................................................................................... 96

6.3. Metodologia do estudo de caso .................................................................... 96

6.4. Etapas de produção ........................................................................................ 96

6.5. Identificação dos Riscos .............................................................................. 102 6.5.1. Brainstorming ........................................................................................... 102 6.5.2. Entrevista Semi-estruturada .................................................................... 102 6.5.3. APP ............................................................................................................. 103 6.5.4. Compatibilização de Resultados e exposição por etapas de produção

entre as técnicas de brainstorming, entrevista semi-estruturada e APP. .................... 104 6.5.5. Diagrama de Ishikawa .............................................................................. 106

6.6. Avaliação dos Riscos ................................................................................... 112 6.6.1. Matriz de Risco .......................................................................................... 113

6.7. Recomendações geradas pelo uso da técnica APP .................................. 116

6.8. Matriz de risco para as categorias “alta” e “muito alta” ........................... 117

7 6.9. Considerações Finais ................................................................................... 119

7. CONCLUSÃO ................................................................................................... 121

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 123

9. ENDEREÇOS ELETRÔNICOS...................................................................... 134

10. ANEXO ............................................................................................................. 136

8

Lista de Figuras Figura 2.1 – Tipo de risco. Adams (2009). ......................................................................................... 18

Figura 2.2 - Relacionamento dos processos de Riscos de acordo com o PMBOK (2008).

Adaptado pelo autor de Oliveira (2012). .............................................................................................. 25

Figura 3.1- Esquematização do processo de gestão do risco. Wong (2010)................................ 37

Figura 3.2 - Comportamento da incerteza e riscos nas fases de um projeto. Wideman, (1992).

.................................................................................................................................................................... 41

Figura 3.3- Operário trabalhando em altura. Gazeta do Povo (jul/ 2015). ...................................... 46

Figura 3.4 - Trabalhadores da construção civil sem o uso de EPI. Diário de Campos

(Ago/2012). ............................................................................................................................................... 47

Figura 3.5 - Impactos ambientais da cadeia da construção civil. Scheneider (2003). .................. 49

Figura 3.6 - RCD depositados ilegalmente. Álvaro Rezende – Correio do Estado (abr/2017). . 49

Figura 3.7 - Modelo de processo de gerenciamento de riscos à qualidade. ICH (2005). ............ 51

Figura 4.1 - Relacionamento entre os princípios da gestão de risco, estruturas e processo.

Adaptado pelo autor ABNT ISO 31000. ............................................................................................... 54

Figura 4.2 - Relacionamento entre os componentes da estrutura para gerenciar riscos.

Adaptado pelo autor. Fonte: ABNT ISO 31000. .................................................................................. 61

Figura 4.3 - Escopo da realização qualitativa: entradas, ferramentas e técnicas, e saída. PMI

(2014). ....................................................................................................................................................... 64

Figura 4.4 - Matriz de probabilidade, impacto e orientação. Scielo (abril/2010). ........................... 64

Figura 5.1 - Identificação dos riscos: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas. PMI (2014) .. 67

Figura 5.2 - Esquema simplificado do modelo Delphi. Alberto Barros de Sousa – Metodologias

de educação. ............................................................................................................................................ 76

Figura 5.3 - Roteiro proposto por Hamett (2000) para implementação da metodologia FMEA.

Pessoa (2011). ......................................................................................................................................... 86

Figura 5.4 - Diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe. Adaptado pelo autor. Fonte: ABNT

31010. ........................................................................................................................................................ 93

Figura 6.1 - Operação de retroescavadeira para abastecimento dos silos de pós-de-pedra.

Fonte: O Autor. ......................................................................................................................................... 97

Figura 6.2 - Silos de armazenamento do pó de pedra. FONTE: O Autor ....................................... 97

Figura 6.3 - Esteira conduzindo os pós de pedra para o misturador. Fonte: O Autor. .................. 98

Figura 6.4 - Silo de cimento, com 60 toneladas de capacidade. Fonte: O Autor........................... 98

Figura 6.5 - Misturador. Fonte: O Auto ................................................................................................. 99

Figura 6.6 - Esteira levando a massa, após sair do misturador, para a prensa. Fonte: O Autor.99

Figura 6.7 - Bloco de concreto logo após a prensagem. Fonte: O Autor. ....................................... 99

Figura 6.8 - Blocos sendo lixados para melhor acabamento final. Fonte: O Autor. .................... 100

Figura 6.9 - Blocos pinçados por operário para serem colocados na gaiola. Fonte: O Autor. .. 100

Figura 6.10 - Operário empilhando os blocos. Fonte: O Autor. ...................................................... 100

9

Figura 6.11 - Fluxograma da produção até a entrega ao cliente. Fonte: O Autor. ...................... 101

Figura 6.12- Diagrama de Ishikawa para a etapa de estocagem de material. Fonte: O Autor.. 106

Figura 6.13 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de abastecimento do silo de pó de pedra.

Fonte: O Autor. ....................................................................................................................................... 107

Figura 6.14 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de abastecimento do silo de pó de cimento.

Fonte: O Autor. ....................................................................................................................................... 107

Figura 6.15 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de pesagem do pó de pedra e de cimento.

Fonte: O Autor. ....................................................................................................................................... 108

Figura 6.16 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de mistura. Fonte: O Autor. ........................... 108

Figura 6.17 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de prensagem. Fonte: O Autor. .................... 109

Figura 6.18 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de lixamento. Fonte: O Auto ......................... 109

Figura 6.19 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de engaiolamento do bloco. Fonte: O Autor

.................................................................................................................................................................. 110

Figura 6.20 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de secagem. Fonte: O Autor. ....................... 110

Figura 6.21 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de paletização. Fonte: O Autor. .................... 111

Figura 6.22 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de estocagem. Fonte: O Autor. .................... 111

Figura 6.23 - Diagrama de Ishikawa para a etapa descarregamento no cliente. Fonte: O Autor.

.................................................................................................................................................................. 112

10

Tabelas Tabela 3.1 - Categorias de Risco. Adaptado de Dórea Mattos (2010). .......................................... 38

Tabela 3.2 - Exemplo de escala objetiva para atribuição de grau de impacto. Adaptado de

Dórea Matos (2016). ............................................................................................................................... 38

Tabela 3.3 - Tabela 3.3 – Categorias de Riscos Ambientais e sua divisão por cores. NR 9 –

Riscos Ambientais. .................................................................................................................................. 46

Tabela 4.1 - Tabela de Referência para probabilidade de ocorrência. Jabarra (2015). ............... 65

Tabela 4.2 - Vantagens e limitações dos métodos quantitativos, qualitativos e semi-quantitativo.

Carvalho (2007). ...................................................................................................................................... 66

Tabela 5.1 - Aplicabilidade das ferramentas utilizadas para o processo de avaliação de riscos.

Adaptado pelo autor – ABNT 31010. .................................................................................................... 69

Tabela 5.2 - Modelo de Planilha da APR. Adaptado pelo autor de Luiz, A (2014). ..................... 80

Tabela 5.3 - Modelo de Planilha HAZOP. Adaptado pelo Autor. Fonte Sella, B (2014).

Monografia – Bianca Cristina Sella – 2014). ....................................................................................... 83

Tabela 5.4 - utilizada para técnica “E se”. Fonte: Autor Exemplo de planilha............................... 85

Tabela 5.5 - Tabela com exemplo de índices de severidade e seus critérios. Fonte: GEPEQ –

DEP – UFSCar. ........................................................................................................................................ 87

Tabela 5.6 - Tabela com exemplo de índices de ocorrência e seus critérios. Fonte: GEPEQ –

DEP – UFSCar. ........................................................................................................................................ 87

Tabela 5.7 - Tabela com exemplo de índices de detecção e seus critérios. Fonte: GEPEQ –

UFSCar. .................................................................................................................................................... 88

Tabela 5.8 - Pertinência dos fatores na influência das ferramentas e técnicas. Adaptado pelo

Autor. ABNT NBR ISO 31010. ............................................................................................................... 94

Tabela 6.1 - Tabela APP. Fonte: O Autor. ........................................................................................ 103

Tabela 6.2 - Correlação de resultados obtidos nas técnicas de identificação. Fonte. O Autor. 104

Tabela 6.3- Modos de falha – Ferramenta x Etapas do ciclo de produção e entrega. Fonte: O

Autor. ....................................................................................................................................................... 105

Tabela 6.4 - Tabela de severidade. Fonte: Adaptado pelo autor de GEPEQ. ............................. 113

Tabela 6.5 - Tabela de ocorrência. Fonte: Adaptado pelo autor de GEPEQ. .............................. 113

Tabela 6.6 - Tabela de detecção. Fonte: Adaptado pelo autor de GEPEQ. ................................ 113

Tabela 6.7 - Tabela com severidade para análise de questões relativas a SSO. Fonte:

Adaptado pelo autor de Catai (2002). ................................................................................................ 114

Tabela 6.8 - Matriz de risco. Fonte: O Autor. .................................................................................... 116

Tabela 6.9 - Matriz de risco para categoria “alta” e “muito alta”. Fonte: O Autor. ....................... 117

Tabela 6.10 - Matriz para categoria “alta” e “muito alta” com identificação de causa,

consequência e ação mitigadora. Fonte: O Autor. ........................................................................... 119

11

Siglas

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

APP - Análise Preliminar de Perigo

APR - Análise Preliminar de Risco

COSO - Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission

Cpk - Índice de capacidade da máquina

EIA - Estudo de Impactos Ambientais

EPI - Equipamento de Proteção Individual

Fck - Resistência Característica do Concreto à Compressão

FMEA - Fail Mode & Effect Analysis

FVS - Ficha de Verificação de Serviço

GEPEQ - Grupo de Estudo e Pesquisa em Qualidade

HAZOP - Hazard and Operability Studies

ICH - Internationan Conference on Harminization of Technical Registration of Pharmaceuticals for Human Use,

ISO - International Organization for Stardardizatione

NBR - Norma Brasileira

OHSAS - Ocupational Healthan Safety Assesment Series

PBQP- H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat

PDRI - Project Definition Rating index

PMBOK - Project Management Body of Knowledge

PMI - Project Management Institute

QRM - Quality Risk Management

RIMA - Relatório de Impactos Ambientais

SESMT - Serviço Especializado em Engenharua de Segurança e Medicina do Trabalho

SGA - Sistema de Gerenciamento Ambiental

SiAC - Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de

12

Serviços e Obras da Construção Civil

SMS - Saúde, Meio Ambiente e Segurança do Trabalho

SST - Segurança e Saúde no Trabalho

SSO – Segurança e Saúde Ocupacional

SWIFT – “E se”

TF - Tonelada força

URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

13

1. Introdução

A indústria da construção civil, mesmo com toda sua importância e sendo uma das

maiores forças motrizes da economia, vêm enfrentando severa crise nos últimos anos.

Muito embora esta crise não tenha advindo do setor, torna-se preocupante seu efeito,

e, a curto prazo, para enfrentar este cenário de alta competitividade, esta indústria

vêm buscando mecanismos que possibilitem redução de custos para o consumidor

final.

Porém, observando-se historicamente o setor, as mudanças costumeiramente são

mais lentas, devido a baixa qualificação da mão de obra empregada ou a prática de

processos arcaicos de produção, e por isso tendem a não acompanhar toda a

evolução demandada, resultando num produto de qualidade inferior e com custo

elevado.

Diante deste cenário, o setor vem procurando, dentre outras formas, à redução do

custo através da melhoria da qualidade do produto oferecido, da melhoria do

gerenciamento da qualidade dos processos e otimização de consumo de insumos,

sejam eles materiais ou mão de obra, para continuar competitivo ante aos desafios

que venham a surgir.

Visando esta competitividade, que esta ainda mais acirrada pelo momento, cada vez

mais tem se buscado a utilização de ferramentas que possam fornecer suporte e

parâmetros técnicos sobre o processo como um todo e seus pontos críticos,

possibilitando análises mais aprofundadas, com proposição de soluções mitigadoras

além de antever a possibilidade do surgimento de possíveis problemas futuros e

gerenciar, através de índices, os riscos do processo.

Não obstante, o estudo dos riscos de projeto é um caminho inevitável no atual

ambiente corporativo. E o processo de globalização das atividades econômicas

aumentam consideravelmente as complexidades e desafios dos projetos,

proporcionando dinamismo, constantes mudanças e novos desafios com o surgimento

de novos riscos. Por isso, para Verzuh (2000), o gerenciamento de riscos é o trabalho

principal de um gerenciamento de projetos, já que cada técnica utilizada por este é na

verdade uma técnica de gerenciamento de riscos por possibilitarem, ao se aplicar no

ambiente da construção civil, a redução de riscos relacionados a prazos, custos e a

qualidade final do produto.

1.1. Importância do Tema

14

Devido a importância da gestão do risco, têm se necessidade de incorporação de

estudos e técnicas que visam mitigar, controlar ou eliminar possíveis impactos. Por

isso, segundo Kartam (2001), a análise e a gestão do risco passaram a ser

consideradas partes importantes do processo de tomada de decisão nas empresas de

construção civil.

Além disso, os consumidores finais também têm exigido produtos cada vez melhores,

com projetos e técnicas construtivas mais eficientes e custos reduzidos, além de

materiais que forneçam melhor conforto, acabamento e atenda a parâmetros de

sustentabilidade.

Não distante está o setor de insumos da construção civil, que ao longo do tempo têm

ofertado produtos melhores, muito embora ainda exista o uso de técnicas arcaicas, e

que representam grande desafio. Vale lembrar que é um setor altamente agressivo ao

meio ambiente em que se insere, devido a características únicas, como extração de

matéria prima e geração de resíduos.

Os desafios do setor de construção civil e insumos estão associados à sua melhoria

contínua, derrubada de barreiras históricas e desenvolver-se como uma nova

indústria, que insira tecnologia, seja eficiente e eficaz, ofertando com preços

competitivos um produto de qualidade e em constante evolução.

Este trabalho tem por objetivo principal estudar como a gestão de riscos da qualidade

pode ser aplicada as etapas de produção de uma indústria de blocos de concreto.

Objetiva também estudar e disponibilizar para o setor da construção civil bibliografia

sobre as principais ferramentas disponíveis para a análise de riscos de processos

executivos que sejam aplicáveis e adequadas a construção civil, bem como mostrar

suas vantagens e desvantagens.

Nos últimos anos a construção civil experimentou grande crescimento em seu

mercado, principalmente em cidades como o Rio de Janeiro que recebeu vultuosos

investimentos devido aos grandes eventos ocorridos.

1.2. Objetivo

1.3. Justificativa

15

Coincidentemente, esse crescimento não foi revertido em aumento substancial do

lucro por parte das construtoras que experimentaram também a valorização e

escassez da mão de obra.

A utilização desta mão de obra, que já possuía baixa qualificação, junto a processos

arcaicos trouxe perdas representativas para a indústria da construção civil,

principalmente em empreendimentos vinculados a estes eventos, já que o

crescimento não estruturado promoveu também o crescimento das não conformidades

e dos insucessos, do ponto de vista da qualidade, da produtividade, do custo e

principalmente do não cumprimento de prazos previstos.

Essas não conformidades massivamente divulgadas pela mídia ampliou a imagem

negativa do setor. Além desta imagem negativa, muitos foram os casos de prejuízos

ocorridos nos empreendimentos que desestabilizaram a saúde financeira das

empresas do segmento.

Em função deste quadro, a gestão de riscos da qualidade dos processos construtivos

se configura como ferramenta indispensável para que estes riscos sejam antecipados

por ocasião do planejamento do empreendimento, através da sua identificação,

classificação, controle e tratamento se necessário, como forma de garantir a melhoria

e a competitividade através da redução de custos e melhoria do produto.

Reforçando a importância do gerenciamento de riscos no planejamento, a nova versão

da norma NBR ISO 9001 publicada em 2015 e cujas exigências passam a ser

efetivamente cobradas a partir de 2018, estabelecem como requisito para a sua

certificação a adoção da mentalidade de risco nos processos produtivos, com

requisitos mínimos a serem atendidos para que um sistema de gestão da qualidade

seja eficaz.

Este trabalho foi desenvolvido através de pesquisas bibliográficas em trabalhos

acadêmicos, artigos científicos e livros a cerca do tema “Análise de Risco Aplicada a

Gestão da Qualidade Adaptado a Construção Civil”. Além disso, foram apresentadas

ferramentas de análises de riscos, com a descrição de seu funcionamento, dados de

entrada, vantagens e desvantagens, conforme a norma ABNT NBR ISO 9001:2015,

NBR ISO 31000:2009 e NBR ISO 31010:2012.e outras literaturas.

1.4. Metodologia

16

Para o estudo de caso, foram selecionadas ferramentas, tais como o brainstorming,

entrevista semi-estruturada, análise preliminar de perigos (APP) e diagrama de

Ishikawa, que possibilitaram, conforme descrito na norma ABNT ISO 31010, a

identificação dos riscos e análise mais criteriosa onde se elencassem também os

riscos possíveis. Para a etapa de análise, foi utilizada uma matriz de risco, que

possibilitou a criação de uma tabela onde, mediante ao uso de índices qualitativos,

fosse possível identificar quais falhas possuem maior grau de criticidade.

Os resultados possibilitaram a criação de tabela com prioridades de ações, além da

compreensão da causa e consequência para as falhas categorizadas como “alta” e

“muito alta”, além de propostas mitigadoras.

O presente trabalho está estruturado em sete capítulos, sendo este o primeiro deles. O

capítulo seguinte aborda a gestão de risco e sua contextualização na construção civil,

com aspectos históricos, evolução, exposição e aplicação nos dias atuais de maneira

generalizada e associada à construção civil, nos capítulos dois e três.

Normatização técnica aplicada a riscos com enfoque nas NBR ISO 9001:2015 / NBR

ISO 31000:2009, com aplicação na construção civil, no capítulo quatro.

Ferramentas de gestão de risco, com suas respectivas explicações, funções e

aplicações, vantagens e desvantagens de acordo com a NBR ISO 31010:2012 e

outras literaturas no capítulo cinco. E, finalmente, o emprego das ferramentas no

estudo de caso e suas respectivas análises contextualizadas e comparadas entre si no

capítulo seis.

Por fim, o ultimo capitulo apresenta conclusões acerca do presente trabalho, levando

em consideração a exposição do conteúdo dos capítulos anteriores.

1.5. Estrutura da Monografia

17

2. Gestão de Risco

De acordo com a NBR ISO 31000:2009, organizações de todos os tipos e tamanhos

enfrentam influências e fatores internos e externos que conferem determinado grau de

incerteza aos seus objetivos. O efeito desta incerteza nos objetivos é denominado

“risco”.

Para Holton (2004), risco é a exposição a uma proposição com relação à qual se está

incerto. Já para Solomon e Pringle (1981), o risco não é mais que o grau de incerteza

que se tem em relação a um evento, e onde houver incerteza, haverá sempre um risco

associado.

Porém, cabe ressaltar que cada setor têm suas peculiaridades, portanto a gestão do

risco traz consigo necessidades particulares dentro do contexto de cada organização e

o ambiente em que ela esta inserida.

Nesse contexto, como não existe projeto livre de riscos, sendo cada um sujeito a

algum grau de incerteza, têm se tornado cada vez mais importante gerenciar os riscos

dos processos. Essa demanda faz com que o gerenciamento de risco seja um tópico

de pesquisa para pesquisadores e gestores.

Conforme Adams (2009), a incerteza está no primeiro circulo da figura 2.1, conhecido

como risco virtual, de onde fazem parte hipóteses polêmicas, falta de conhecimento ou

assuntos ainda não estudados ou que a ciência não resolveu, e portando são

baseados nos julgamentos, em uma combinação de instinto, intuição e experiência. O

segundo circulo é conhecido como risco percebido pela ciência, onde há literaturas

sobre os riscos contendo números verificáveis, análises de causa e efeito,

probabilidades e inferências, que são usados como evidencia para a quantificação do

risco. O último círculo é o risco percebido diretamente, o que dá exclusivamente pelo

julgamento do avaliador.

2.1. Conceituação

18

Figura 2.1 – Tipo de risco. Adams (2009).

Segundo o PMBOK (2004), o risco é um evento incerto que se ocorrer acarretará um

efeito positivo ou negativo sobre o projeto. E o gerenciamento de riscos visa aumentar

a probabilidade e o impacto de eventos positivos e diminuir a probabilidade e o

impacto de eventos indesejáveis.

De acordo com o mesmo PMBOK, a gestão de risco consiste em processos

sistemáticos de identificação, análise e avaliação dos riscos e no estabelecimento de

respostas adequadas aos mesmos. Em concordância com o PMBOK, Rocha (2004)

expõe que o gerenciamento de riscos trabalha justamente com a incerteza, visando a

identificação de problemas potenciais e de oportunidades antes que ocorram, com o

objetivo de eliminar ou reduzir a probabilidade de ocorrência e o impacto de eventos

negativos para os objetivos do projeto, além de potencializar os efeitos da ocorrência

de eventos positivos.

De modo geral, segundo o PMI (2000) os riscos podem ser classificados em:

a) Riscos relacionados à parte técnica, de qualidade e de desempenho – Riscos

associados a utilização de tecnologias complexas ou não comprovadas no

projeto, metas de desempenho não realistas, mudanças na tecnologia

empregada ou nas normas industriais durante o projeto;

b) Riscos relacionados ao gerenciamento de projetos – Riscos associados à

alocação inadequada de tempo e recursos, um plano de projeto de má

qualidade, uso inadequado das disciplinas de gerenciamento de projetos;

c) Riscos relacionados à organização – Riscos associados a objetivos ligados aos

custos, ao tempo e ao escopo que são internamente inconsistente, falta de

19 priorização dos projetos, além de conflitos dos recursos humanos com outros

projetos da organização;

d) Riscos externos – Riscos associados à mudanças na legislação ou

regulamentos, problemas trabalhistas, mudanças nas prioridades do

proprietário do projeto, riscos país e clima.

Tendo enfoque na qualidade, a NBR ISO 9001:2015 institui a mentalidade de risco

como uma das ferramentas da gestão da qualidade, através do conceito de ação

preventiva na formulação de requisitos do sistema de gestão da qualidade. Esta NBR

diz que as organizações devem planejar ações para abordar riscos, porém não consta

nela requisitos e métodos formais para a gestão do risco, sendo a escolha da

abordagem a cargo de cada instituição, mas estabelece como princípios o

planejamento e a implementação de ações para abordagem dos riscos e

oportunidades em seu sistema de gestão da qualidade, identificando-os, analisando-os

e, em seguida avaliando se os riscos devem ser tratados a fim de atender critérios

anteriormente definidos ou se podem monitorá-lo e assumi-lo.

Ainda de acordo com a NBR ISO 9001:2015, outros conceitos são importantes para o

entendimento da abrangência da gestão de risco:

a) Efeito – “um efeito é um desvio do esperado, positivo ou negativo”;

b) Incerteza – é o estado, ainda que parcial, de deficiência de informação,

compreensão ou de conhecimento relacionado a um evento, sai consequência

ou sua probabilidade”;

c) Caracterização do risco – “é frequentemente caracterizado pela referência a

“eventos” potenciais e “consequências” ou uma combinação desses”.

d) Expressão do risco – “é frequentemente expresso em termos de uma

combinação das consequências de um evento (incluindo mudanças em

circunstâncias) e a “probabilidade” associada de ocorrência”.

Como a NBR ISO 9001 não estabelece requisitos para a gestão do risco, convém

adotar a NBR ISO 31000:2009, que é a norma brasileira que estabelece princípios e

diretrizes para a gestão de riscos e estabelece como etapas para um processo

eficiente de gestão de riscos a identificação, análise, avaliação e tratamento, conforme

descrito abaixo:

a) Identificação de riscos – nesta etapa, busca-se a reconhecimento e descrição

dos riscos, identificando a fonte que pode agir individual ou combinada, a

probabilidade de ocorrência e a consequência de seu impacto.

20 Observa-se na literatura que os autores consideram esta fase de identificação

dos riscos uma das mais importantes de todo o processo de gerenciamento do

risco por apresentar um grande impacto nas demais e sua acuracidade é

imprescindível, além da forma como são identificados e coletados.

Segundo Kerzner (1998), que menciona que o primeiro passo para identificar

os riscos é detectar as áreas potenciais de risco, sendo que através da eficácia

desta identificação resultará a eficiência do gerenciamento de risco. Segundo

também ao PMBOK (PMI, 2004), a fase de identificação de risco compreende a

determinação de quais riscos podem afetar o projeto e em documentar suas

características.

De forma semelhante, Baccarini (2001) define a identificação de risco como “o

processo de determinar o que pode acontecer, porque e como”.

De acordo com Chapman (1998), a identificação dos riscos pode ser dividida

em três categorias:

I. A identificação de risco, conduzido somente pelo analista de risco,

baseando-se apenas em sua experiência, conhecimento e habilidade,

sendo que este especialista levará em conta a revisão do ciclo de vida

do projeto e os dados históricos da organização;

II. A identificação de riscos, conduzida através da entrevista do analista

com um ou mais membros da equipe, analisando também os dados

históricos e o ciclo de vida, e baseando-se no conhecimento e

experiência dos profissionais que forem entrevistados;

III. A identificação de risco, onde o analista de risco lidera um ou mais

grupos de trabalho, utilizando as técnicas de identificação de risco.

b) Análise de risco – é o processo de compreender a natureza dos riscos e

determinar seu nível, através da determinação de critérios que avaliam a sua

significância. O nível do risco é a combinação entre as consequências e

probabilidades de ocorrência.

c) Avaliação de riscos – nesta etapa faz-se a comparação entre os resultado

obtidos na etapa de análise com os critérios definidos anteriormente para

balizar a decisão sobre a tolerância ou aceitação do risco e a avaliação sobre a

necessidade de tratamento.

d) Tratamento do risco – esta etapa promove a mitigação de ocorrências ou

consequências dos riscos devido a remoção da fonte de risco, alteração da

probabilidade de ocorrência ou a alteração de suas consequências, podendo

combinar as três ações conjuntamente.

21

A referida norma de gerenciamento de riscos também ressalta a importância do

monitoramento do risco, que consiste na verificação e observação critica de forma

contínua com o intuito de verificar se há mudanças no nível de desempenho esperado

e a análise crítica, que consiste na atividade realizada para determinar a adequação,

suficiência e eficácia das medidas adotadas diante dos objetivos estabelecidos.

Em consonância com a norma, o PMI (2004) define gerenciamento de riscos como

sendo “os processos que tratam da realização de identificação, análise, respostas,

monitoramento, controle e planejamento dos riscos de um projeto”.

A Gerência de Riscos surgiu como técnica nos Estados Unidos em 1963, com a

publicação do livro Risk Management in the Business, de Robert Mehr e Rov

Hedges,que tiveram como inspiração o trabalho de Henry Fayol, divulgado na França

em 1916.

Porém, a gestão de riscos com enfoque corporativo e institucional constitui área de

estudos relativamente nova, com inicio no final do século XX, tendo como marco

importante a publicação do artigo The Risk Management Revolution, na revista

Fortune, no ano de 1975, que sugeria que se estabelecesse a coordenação das várias

funções de riscos existentes em uma organização e a aceitação pela alta

administração da responsabilidade por instituir políticas e manter supervisão sobre tal

função coordenada (FRASER e SIMKINS, 2010).

Por ser uma técnica relativamente nova, sua divulgação, implementação e adaptação

pelos países não possuía normatização e sua aplicação variava de acordo com as

necessidades de momento, das experiências dos técnicos que a difundiam, da fase de

desenvolvimento pela qual estava passando o país, o setor e a corporação onde seria

implementado.

No Brasil, a inserção iniciou-se na segunda metade da década de 1970, com a

aplicação voltada especificamente para a área de seguros, com vistas à prevenção de

riscos em bens patrimoniais segurados pelas empresas do setor.

Desta forma, seus conceitos começaram a se propagar juntamente com os conceitos

de prevenção do mercado de seguros, principalmente no que diz respeito ao risco de

incêndio. Porem, com o intercambio entre os países e a melhor compreensão da

técnica propiciaram a visão de um futuro mais amplo.

2.2. Aspectos Históricos do Gerenciamento de Risco

22

Quase ao final da década de 70, com o desenvolvimento da Engenharia de

Confiabilidade de Sistemas ou a Engenharia de Segurança de Sistemas, alguns

conceitos comuns passaram a se mesclar, dando nova configuração à Gerência de

Riscos.

Apenas no ano de 1992 a ideia de gestão de risco corporativo voltou a ganhar apelo,

quando o Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission –

COSO publica o guia Internal Control – integrated framework com o objetivo de

orientar as organizações quanto a princípios e melhores praticas de controle interno,

que incluía praticas de gestão de risco (COSO, 1992). Em 2009 foi publicada a norma

técnica ISO 31000 Risk management – Principles and guidelines, que instaura

princípios e boas praticas para um processo de gestão de risco corporativo, aplicável a

organização de qualquer setor, atividade e tamanho (ABNT 31000:2009).

Como dito anteriormente no item 2.1, o risco é inerente em qualquer atividade. O

processo de gestão de risco mostra como caminhar com a existência do risco,

acompanhando-o de forma que este possa ser tratado ou controlado, além do

conhecimento de suas probabilidades de ocorrência e dos danos de seus impactos,

respeitando nos processos as peculiaridades que cada setor exige.

Tendo em vista que este trabalho se destina à análise de riscos relacionados à

qualidade, e que o processo de qualidade atualmente é implementado nos mais

diversos setores, e tendo no Brasil como guia a NBR ABNT ISO 9001, que em sua

versão mais recente (2015) elenca no item 6.1 “Ao planejar o sistema de gestão da

qualidade, a organização deve considerar as questões referidas na organização e seu

contexto (item 4.1 da referida norma) e os requisitos referidos (item 4.2 da referida

norma), e determinar os riscos e oportunidades que precisam ser abordados para

assegurar que o sistema de gestão da qualidade possa alcançar seus resultados

pretendidos, aumentar os efeitos desejáveis, prevenir ou reduzir os efeitos

indesejáveis e alcançar melhorias”.

No item 6.2, a referida norma fala do planejamento da organização, com ações para

abordar os riscos e oportunidades, integração e implementação das ações nos

processos do seu sistema de gestão da qualidade e avaliar a eficácia dessas ações.

Porém, como exemplos tradicionais de gestão do risco e assimilação de tolerâncias

por parte das corporações, são mencionados dois exemplos costumeiramente vistos e

2.3. Aplicações da Gestão de Risco

23

amplamente empregados, que são eles o overbooking, onde a empresa aérea assume

o risco da venda de mais assentos que os disponíveis e os atrasos a um cliente

decorrente do atendimento de outro cliente mais compensador, sob o risco da perda

de ambos os negócios.

Segundo Crouhy et al. (2004), os riscos são classificados em:

a) Risco de mercado – depende do comportamento do preço do ativo diante das

condições de mercado;

b) Risco de crédito – risco associado a possíveis perdas quando um dos

contratantes não honra seus compromissos;

c) Risco de liquidez – risco relacionado a capacidade de uma instituição honrar

seus compromissos com relação a fluxo de caixas, margens e garantias.

d) Risco operacional – risco relacionado potencialmente a falhas da gerência,

controles defeituosos e falhas ao longo da operação ou execução;

e) Risco legal – o risco legal esta relacionado a possíveis perdas quando um

contrato não pode ser legalmente amparado, como riscos de perdas por

documentação insuficiente, insolvência, ilegalidade e falta de

representatividade;

f) Risco do fator humano – riscos relacionados as perdas que podem resultar em

erros humanos, como operar um equipamento de maneira indevida.

A gestão da qualidade têm, como aspectos generalistas, os princípios da melhoria

contínua dos processos, produtos e serviços para a satisfação do cliente. E, para o

processo de melhoria contínua, a análise do risco tem extrema relevância na mitigação

e tratamento de problemas com foco no controle das probabilidades de ocorrência dos

acontecimentos e mitigação dos efeitos que venham de algum modo prejudicar, caso

ocorram, ao longo dos processos e serviços.

De acordo com a norma ABNT NBR ISO 9001:2015, “o planejamento do sistema de

gestão da qualidade por parte das organizações devem considerar variáveis internas e

externas que sejam pertinentes para o seu propósito e para o seu direcionamento

estratégico e que afetem sua capacidade de alcançar os resultados”. A referida norma

também menciona a consideração sobre prevenção ou redução de efeitos

indesejáveis. Diante disso, é indispensável à identificação dos riscos, sua análise

criteriosa com o estudo de suas causas e possíveis soluções.

2.4. A Análise de Risco e sua Relação com a Qualidade

24

Assim como proposto pela norma ABNT NBR ISO 9001:2015, o pensamento baseado

em Gestão de Riscos, “Risk-Based Thinking”, como proposto pela ISO, tem como

objetivo melhorar a satisfação do cliente, garantir a qualidade dos produtos e serviços

e estabelecer uma cultura pró ativa de prevenção e melhoria (ISO TC, 2014).

Através do conceito de ação preventiva, insere-se no sistema de gestão da qualidade

por meio do uso de mentalidade de risco o planejamento de ações que visam esta

temática de abordagem, sem definição de métodos formais para a gestão de riscos ou

um processo de gestão de risco que seja documentado.

Complementando o sistema de gestão da qualidade para a temática “risco”, a ABNT

NBR ISO 31000:2009, descreve a gestão de risco, que consiste em atividades

coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que se refere a riscos,

cabendo a cada organização identificar seus riscos e definir ações para o

gerenciamento dos mesmos.

Porém, devido as peculiaridades de cada setor, o processo de gestão de risco na

qualidade é um processo sistemático para avaliação, controle, e comunicação de

riscos com vieses na qualidade do produto e em todo o seu ciclo de vida, e tem como

princípios básicos para sua gestão, a avaliação baseada no conhecimento técnico e a

proporcionalidade entre o nível de esforço e de riscos.

Sendo assim, de acordo com Simister (2004), os riscos devem ser categorizados de

acordo com o nível de detalhamento, com o qual cada organização deve realizar o

gerenciamento de risco, porém o nível de detalhamento deve ser decidido de acordo

com o nível de maturidade atual do gerenciamento de riscos da empresa.

Oliveira (2012) relaciona os processos de riscos de acordo com o que propõe o PMI

na figura 2.2, mostrando as inter-relações entre as etapas.

E, para a análise segura de risco, o uso de ferramentas fornece dados transparentes,

eficientes e eficazes para a tomada de decisão, com base, quando possível, nas

probabilidades de ocorrência, potencial de dano e custo. Dentro do escopo de decisão,

o avaliador, ao identificar os possíveis problemas, define limites toleráveis de

aceitação do risco, sendo esta decisão particular e baseada em critérios específicos e

pré-definidos.

Também em consonância com o proposto pela gestão da qualidade através da

melhoria contínua, a análise, o acompanhamento e, se necessário for, o tratamento

dos riscos, vêm ao longo do tempo melhorando os processos e isso tem trago ganhos

consideráveis, tanto no produto como no seu custo.

25

Doravante, no atual mundo globalizado, com um cenário cada vez mais competitivo,

face à impossibilidade de eliminação total dos riscos, é imprescindível a mitigação ou

tratamento das ocorrências danosas pensando tanto no quesito credibilidade do

produto ou serviço, quanto para a redução dos custos em termos de melhoria do

processo e redução do retrabalho e, por fim, no reconhecimento do consumidor final

que cada vez esta mais exigente. Neste cenário, destacam-se esforços das empresas

para garantia da qualidade dos produtos e dos processos, pois a imagem de uma

empresa está diretamente relacionada com a qualidade do produto e do serviço que

ela fornece (JURAN, 1992).

Porém, o risco não implica necessariamente um empecilho, pois, controlado, tratado e

conhecendo seu custo, pode-se caminhar com ele. A criticidade exige medidas de

tratamento, de acordo com índices pré-determinados, para que o processo seja

continuado.

Figura 2.2 - Relacionamento dos processos de Riscos de acordo com o PMBOK (2008). Adaptado pelo autor de

Oliveira (2012).

De acordo com a norma NBR ABNT ISO 31000:2009, há a recomendação que o

processo de gestão de risco seja parte integrante da gestão, incorporado na cultura e

nas práticas e adaptado aos processos de negócios da organização.

2.5. A Dificuldade de Implementação e Manutenção

26

Porém, de acordo com os requisitos da referida norma, há inúmeros desafios a serem

vencidos, tais como:

a) Dificuldade de compreensão do contexto e de identificação dos riscos por parte

dos gestores e responsáveis;

b) Falta de mecanismos eficientes e eficazes de comunicação;

c) Falta de padronização de processos;

d) Fatores humanos e culturais que podem facilitar ou dificultar a implementação

do sistema de gestão de riscos;

e) Dificuldade de definição de critérios de riscos

De acordo com o Carvalho (2014), “a cultura de gerenciamento de risco nas empresas

não está totalmente difundida, isto é, na maioria das empresas ainda não existe a

cultura organizacional e/ou metodologias voltadas à gestão de riscos. Fato este

constatado recentemente com a crise financeira de 2008-2009, onde se contestou a

eficiência do gerenciamento de risco no setor financeiro no sentido de que empresas

gigantes viram, de repente, sua ruína simplesmente pelo fato, apontam especialistas,

de haver um excesso de confiança de que eram uma empresa grande demais para

falir”.

É importante ressaltar também que, costumeiramente, pequenos projetos contam com

pouca ou nenhuma abordagem de gestão de risco, já que trabalham com orçamentos

e prazos apertados, ficando difícil equilibrar risco x custo x tempo de projeto.

De acordo com Longenecker et al. (1997), a quantidade de planejamento praticada

pelas pequenas empresas não é o ideal, e o pouco de planejamento que existe é

limitado e assimétrico. O mesmo autor acrescenta que “este pouco caso em relação

ao planejamento é devido ao fato da gerência concentrar suas atividades em questões

mais urgentes de produção e vendas, e, por conseguinte, a protelação começa a virar

rotina e compromete toda a organização”.

Diante dessa dificuldade de planejamento, o financiamento ao longo de toda a vida útil

do projeto é de imensa importância tanto para grandes quanto pequenas empresas,

pois permitirá ao gestor promover capacitação, prover recursos necessários,

acompanhamento contínuo dos eventos e ameaças, promovendo a criação de banco

de dados sólidos e transparentes que auxiliem a tomada de decisão.

Há também a informalidade de práticas, que de acordo com Las Casas (2001), define

o planejamento como formal ou informal, sendo este último obtido quando não se usa

nenhuma metodologia especifica.

27

Outro fator importante é o despreparo de gestores para a tomada de decisão. Woiler et

al. (1996) destacam que decisões interdependentes fazem parte do planejamento e

procuram conduzir a empresa para uma situação futura desejada, à começar pela

fixação de objetivos que nortearão o planejamento estratégico.

A ABNT NBR ISO 9001:2015, em seus objetivos relativos à gestão de risco enumera

objetivos da qualidade, tais como monitoramento, mensuração, comunicação e

atualização. Porém esta norma não define metodologias de obtenção dos objetivos a

serem abordadas. Segundo Kerzner (2006), uma boa metodologia melhora o

desempenho e a execução dos projetos, porém o simples fato de ter e seguir uma

metodologia não garante o sucesso e a excelência do projeto.

28

3. A Construção Civil e a Gestão de Risco

A indústria de construção civil apresenta enorme complexidade, tanto pela sua

grandiosidade, função social, por absorver bastante mão de obra com pouca ou

nenhuma qualificação e representatividade econômica, e têm, de acordo com Souza et

al. (1996) características próprias que dificultam a utilização prática de teorias mais

modernas da qualidade.

No que tange a desperdício de insumos, apesar de não haver dados confiáveis

disponíveis para se avaliar comparativamente a indústria da construção com outros

setores, sabe-se apenas que a construção civil destaca-se por ser um dos setores

onde ocorre um dos maiores desperdícios.

Jargões muito utilizados quando o tema é desperdício é que a quantidade de materiais

e mão de obra desperdiçados em uma obra equivaleria cerca de um terço do total

consumido, ou seja, seria possível construir, apenas com os desperdícios, uma outra

edificação idêntica a cada três concluídas.

Porém, Pinto (1995) identifica que os acréscimos nos custos da construção, advindos

do desperdício, são de 6% e os acréscimos na massa de materiais atingem 20%.

Já o para Vahan Agopyan, professor da Escola Politécnica da Universidade de São

Paulo e um dos idealizadores da pesquisa “Desperdício de Materiais nos Canteiros de

Obra” (2001), o fantasma do desperdício consome 8%, em perdas materiais, que são

incorporados a obra ou se tornam entulho.

Diante das perdas e dificuldade de modernização, e com as atuais necessidades e

competitividade num mundo com economia globalizada, faz-se necessário a

implementação de programas de gestão cada vez mais eficientes e um desses pilares

é a gestão da qualidade, que trás para este setor princípios como a padronização,

controle e a melhoria dos processos, através da formalização, padronização dos

procedimentos de execução, acompanhamento e avaliação de procedimentos,

objetivando sua melhoria contínua.

Compreendendo que a construção civil, apesar de suas particularidades, consiste num

processo industrial, a padronização trás consigo a possibilidade de se estabelecer algo

similar a uma linha de montagem dentro do canteiro de obras, reduzindo parte do

processo construtivo a uma repetição de tarefas de montagem, com adoção de

3.1. Peculiaridades da indústria de Construção e seus Impactos na Qualidade dos Serviços e Produtos.

29

tecnologias, mão de obra qualificada e novas metodologias construtivas, agregando

valor, qualidade, tecnologia e que pode refletir no custo final.

E, sob a ótica da melhoria contínua, com foco na redução dos desperdícios, cujo

conceito deve ser entendido como qualquer ineficiência que se reflita no uso de

equipamentos, materiais, mão de obra e capital em quantidade superiores àquelas

necessárias à produção da edificação, e que segundo Messeguer (1991), advém ou se

origina de todas as etapas do processo de construção civil que são elas:

planejamento, projeto, fabricação de materiais e componentes, execução, uso e

manutenção.

Assim, ao contrário do que muitos acreditam, os desperdícios da construção civil não

decorrem unicamente de um fator, no caso, a execução da obra. São inúmeros fatores

que são oriundos de diversas etapas e processos. De acordo com Serpell (1993), os

fatores que influenciam a produtividade e, consequentemente, acarretam desperdícios

são:

a) Deficiências de projeto e planejamento que dificultam a construtibilidade da

obra e que normalmente são causados pela falta de detalhamento no projeto;

b) Ineficiência de gestão administrativa que enfatiza a correção dos problemas ao

invés da prevenção dos mesmos. Isso ocorre devido ao pouco envolvimento

dos administradores com o processo produtivo;

c) Métodos ultrapassados e/ou inadequados de trabalho que não observam as

experiências advindas de projetos anteriores, o que ocasiona a repetição dos

erros;

d) Pouca vinculação da obra com as atividades denominadas de apoio, tais como:

compras, estoques e manutenção;

e) Problemas com os recursos humanos decorrentes da pouca especialização da

mão de obra e alta taxa de turnover no setor;

f) Problemas com a segurança dos trabalhadores gerados, principalmente, pelo

não fornecimento e/ou uso dos equipamentos de proteção individual ou

coletivo;

g) Deficiências dos métodos utilizados para o controle de custos projetados e

executados.

Serpell (1993) conclui que, atacando de forma permanente e contínua os pontos que

influenciam a produtividade, os índices de perdas na execução das obras será, ao

longo do tempo, reduzido.

30

De acordo com Souza et al. (1995), algumas das peculiaridades da construção que

dificultam a transposição de conceitos e ferramentas da qualidade aplicados na

indústria podem ser descritas como:

a) A construção é uma indústria nômade;

b) Cria produtos únicos e não em serie;

c) Não é possível aplicar a produção em cadeia, mas sim centralizada (operários

móveis em torno de um produto fixo);

d) É uma indústria tradicional, com grande inércia ao que se refere às alterações;

e) Utiliza mão de obra intensiva e pouco qualificada com baixa motivação pelo

trabalho;

f) Normalmente realiza trabalhos sob intempéries;

g) O produto muitas vezes é único na vida do usuário;

h) São empregadas especificações complexas, muitas vezes contraditórias e

confusas;

i) As responsabilidades são dispersas e pouco definidas;

j) O grau de precisão com que se trabalha é muitas vezes menor que em outras

indústrias.

Além de desses aspectos, Souza et al. (1995) ressalta que a cadeia produtiva

formadora da construção é bastante complexa e heterogênea, contando com grande

diversidade de agentes intervenientes e de produtos parciais gerados ao longo do

processo de produção que incorporam diferentes níveis de qualidade afetando o

produto final.

Para Abiko et al. (2005), são vários fatores que atrasam a alavancagem desse

movimento e o início de uma nova fase de evolução sustentada do setor, entre os

quais podem ser citados:

a) Baixa produtividade do setor;

b) Ocorrência de graves problemas de qualidade de produtos intermediários e no

final da cadeia produtiva e os elevados custos de correções e manutenções

pós-entrega;

c) O desestímulo ao uso mais intensivo de componentes industrializados devido à

alta incidência de impostos e consequente encarecimento dos mesmos;

d) A falta de conhecimento do mercado consumidor, no que diz respeito às suas

necessidades em termos do produto a ser ofertado;

31

e) A falta de capacitação técnica dos agentes da cadeia produtiva para gerenciar

a produção com base em conceitos e ferramentas que incorporem as novas

exigências de qualidade, competitividade e custos;

f) A incapacidade dos agentes em avaliar corretamente as tendências de

mercado, cenários econômicos futuros e identificação de novas oportunidades

de crescimento.

Percebe-se determinada semelhança entre o que foi citado por Serpell (1993), Souza

et al. (1995) e Abiko et al. (2005), como por exemplo a baixa qualificação demão de

obra e problemas gerenciais, que solucionados, trariam ganhos consideráveis ao

produto e ao produtor, que no caso são as construtoras, pois teriam processos mais

eficientes e eficazes, além de ampliação dos lucros promovida pela redução dos

custos devido a redução das perdas.

Heineck (1994) também ressalta a importância do processo gerencial, ao dizer que

não pode haver paradas devido à falta de materiais e de detalhamentos construtivos.

No intuito de cumprir compromissos firmados pelo Brasil na assinatura da Carta de

Istambul (Conferência do Habitat II/1996), o governo federal criou um instrumento

chamado PBQP-H, que é o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do

Habitat para buscar, através de um conjunto de ações, entre as quais se destacam,

segundo o próprio PBQP-H:

a) Avaliação da conformidade de empresas de serviços e obras;

b) Melhoria da qualidade de materiais;

c) Formação e requalificação de mão de obra;

d) Normatização técnica;

e) Capacitação de laboratórios;

f) Avaliação de tecnologias inovadoras;

g) Informação ao consumidor;

h) Promoção da comunicação entre os setores envolvidos.

Este programa teve como objetivo estabelecer ferramentas para permitir ao setor o

aumento da competitividade, a melhoria da qualidade de produtos e serviços, a

redução de custos e a otimização do uso de recursos públicos

O programa apresenta como virtude a criação e a estruturação de um novo ambiente

tecnológico e de gestão para o setor de construção civil, onde os agentes podem

pautar ações visando à modernização, não só em medidas associadas a tecnologia,

32

mas em organização de recursos humanos, gestão da qualidade, gestão de

suprimentos, gestão da informação e dos fluxos de produção e gestão de projeto.

Segundo Cardoso (1996, 1999), que defende a certificação de empresas no âmbito do

SiAC/PBQP-H como uma forma de racionalização da produção, uma série de

resultados positivos vem sendo alcançados em construtoras do estado de São Paulo.

Andery et al. (2002) também destaca uma melhoria efetiva no controle de processos, a

diminuição do retrabalho, do desperdício de materiais e do tempo de mão de obra

ociosa nos canteiros, a melhoria das condições de trabalho dos operários e, em

especial, um melhor fluxo de informações entre os escritórios e as obras, em parte, em

função da descentralização do poder de decisão.

Segundo Romano (2000), “o que parece ficar claro é que, com a implementação de

sistemas referenciados na ISO 9001/PBQP-H, em especial no que diz respeito ao

controle dos processos (realização do produto), confere-se maior previsibilidade aos

mesmos, podendo-se garantir, de certa forma, a qualidade do produto final, a exemplo

do que vem acontecendo na indústria seriada. Resultados positivos da implementação

Porém, apesar do foco na melhoria da gestão, o programa PBQP-H em 2017 sofreu

uma revisão, mas os requisitos que antes eram associados aos requisitos da NBR ISO

9001:2008 não foram compatibilizados com as mudanças da versão 2015 da NBR ISO

9001. Dessa forma, a versão em vigor do SiAC/PBQP-H não é mais vinculada a NBR

ISO 9001 e não trás consigo a obrigatoriedade ou menção de se considerar

mentalidade de riscos na análise de seus processos.

De acordo com Picchi (1993) onde a representação da tipologia de construção e

incorporação é feita por meio de um ciclo da qualidade e exige o sequenciamento da

realização do empreendimento levando também em consideração o inter-

relacionamento entre os agentes que influenciam na obtenção do produto final.

São vários os agentes intervenientes no processo de produção, tais como:

a) Os usuários que variam de acordo com o poder aquisitivo, as regiões do pais e

as especificidades das obras: habitações, escolas, hospitais, edifícios

comerciais e de lazer, rodovias, infraestrutura, etc;

b) Os agentes responsáveis pelo planejamento do empreendimento que podem

ser agentes financeiros e promotores, órgãos públicos, agentes privados,

incorporadores, além dos órgãos legais e normativos envolvidos, dependendo

do tipo de obra a ser construída;

3.2. Agentes Intervenientes no Processo de Produção

33

c) Os agentes responsáveis pela etapa de projeto: empresas responsáveis por

estudos preliminares (sondagens, topografia, etc.), urbanistas, projetistas de

arquitetura, estruturais, sistemas prediais e de infraestrutura, além de órgãos

públicos ou privados responsáveis pela coordenação do projeto;

d) Os fabricantes de materiais de construção constituídos pelos segmentos

industriais produtores de insumos envolvendo: a extração e beneficiamento de

minerais, a indústria de produtos minerais não metálicos (cerâmica, vidro,

cimento, cal), de aço para construção e outros produtos metalúrgicos, de

condutores elétricos, de madeira, de produtos químicos e de plásticos para a

construção;

e) Os agentes responsáveis pela operação e manutenção das obras ao longo de

sua vida útil: condomínios, administradores de imóveis, proprietários, usuários

e empresas especializadas em operação e manutenção;

f) Os agentes envolvidos na etapa de execução das obras: empresas

construtoras, empreiteiros, profissionais autônomos, autoconstrutores,

laboratórios e empresas gerenciadoras.

De acordo com a ABNT NBR ISO 5671:1990 – Participação dos intervenientes em

serviços e obras de engenharia e arquitetura, os agentes intervenientes são:

a) Proprietário – pessoa física ou jurídica de direito, que tem a aptidão legal de

determinar a execução de um empreendimento, correndo por sua conta todas

as despesas inerentes;

b) Contratante – pessoa física ou jurídica de que, em nome e por conta do

proprietário, promove a execução do empreendimento (conforme NBR 5670);

c) Empresa (Firma) projetista – pessoa jurídica, legalmente habilitada, contratada

para elaborar, através de quadro técnico, o projeto de um empreendimento ou

parte dele (consultar lei n° 5.194, NBR 13531);

d) Autor do projeto – pessoa física, legalmente habilitada, contratada para

elaborar o projeto de um empreendimento ou parte deste (consultar lei n°

5.194, NBR 13531 e NBR 13532);

e) Financiador – pessoa física ou jurídica que contrata com o proprietário a

concessão de recursos destinados ao empreendimento ou parte deste;

f) Executante – pessoa física ou jurídica, legalmente habilitada, contratada por

pelo contratante para executar o empreendimento, assumindo a

responsabilidade técnica deste, de acordo com o projeto e em condições

mutuamente estabelecidas, conforme a lei n° 5.194;

34

g) Fiscal – pessoa física ou jurídica, legalmente habilitada, para verificar o

cumprimento parcial ou total das disposições contratuais, estando subdividido

em dois grupos, sendo eles: fiscal técnico e fiscal administrativo ;

h) Empreiteiro técnico – pessoa física ou jurídica, contratada por quem de direito,

com a anuência e sob a coordenação do executante, para assumir

responsabilidade técnica pela execução de partes perfeitamente definidas do

empreendimento;

i) Subempreiteiro – pessoa física ou jurídica contratada, por que de direito, para a

execução de partes perfeitamente definidas do empreendimento, sob a

responsabilidade do executante ou de um empreiteiro técnico;

j) Consultor técnico – pessoa física ou jurídica, legalmente habilitada, que analisa

e sugere soluções de problemas e suas especialidade, conforme lei n° 5.194;

k) Tecnólogo – pessoa física ou jurídica, legalmente habilitada, contratada por

que de direito, para elaborar pesquisa, análise e controle de materiais,

produtos ou de processos de execução, relativos ao empreendimento;

l) Fabricante de materiais e/ou equipamentos – pessoa física ou jurídica que

fabrica componentes, materiais e equipamentos para o empreendimento, de

acordo com as normas vigentes, quando existentes, ou outras previamente

acordadas;

m) Fornecedor – pessoa física ou jurídica contratada para fornecimento de

componentes, subcomponentes, materiais e equipamentos para o

empreendimento, de acordo com as especificações recebidas;

n) Concessionário de serviços públicos – pessoa jurídica que recebe de quem de

direito a concessão de explorar determinado serviço de utilidade pública;

o) Corretor – pessoa física ou jurídica, legalmente habilitada, intermediadora da

comercialização de bem imóvel, conforme lei n° 6.530 e decreto n° 81.871;

p) Adquirente – pessoa física ou jurídica que adquire o bem, resultante do

empreendimento;

q) Usuário – pessoa física ou jurídica a quem é entregue o bem, resultante do

empreendimento.

É importante ressaltar que os agentes intervenientes podem ou não estar inter-

relacionados, podendo ocorrer o inter-relacionamento quando há uma

interdependência de atividades. Outro ponto a se destacar é sobre a atuação, pois há

agentes intervenientes que atuarão do inicio ao fim do empreendimento, como a

executante, ao passo que outros terão participação parcial, como subempreiteiras e

fornecedores de material. Já a empresa projetista e autora do projeto, mesmo tendo

35

sua atuação bastante intensa na concepção do projeto, participa de grande parte do

empreendimento, pois normalmente ocorrem alterações ao longo da execução do

empreendimento. Por isso, mesmo suas ações sendo concentradas na etapa inicial,

suas escolhas e definições influenciam ao longo de toda a execução e vida útil, e daí a

necessidade de participação das demais fases.

Cabe ressaltar também que alguns agentes intervenientes não atuam no dia-a-dia da

obra, tendo com ela uma relação de interesse, por atuarem indiretamente como

“prestador de serviço”, como as concessionárias de serviços públicos e empresas

corretagem ou através de decisões técnicas, como o proprietário e, dependendo do

modo de aquisição, o adquirente que pode influenciar diretamente alguns fatores.

Com a inter-relação dos agentes intervenientes, é de grande relevância a adoção de

sistemas que forneçam indicadores baseados em índices de perdas e indicadores de

desempenhos, ainda bem pouco utilizado no setor.

Outra dificuldade encontrada foi a referência nos indicadores por parte das poucas

empresas que possuem um sistemas com indicadores. Oliveira et al (1995) descreve

o sistema através de num manual que esta em sua segunda edição e apresenta um

conjunto de 28 indicadores, seus objetivos, critérios, planilhas de coleta, valores de

referência e pode-se elencar alguns do indicadores diretamente relacionados à

produtividade, como:

a) Percentual de tempos produtivos, improdutivos e auxiliares, medidos através

de técnica de amostragem do trabalho;

b) Índice de retrabalho: numero de horas-homem dispendidas em retrabalhos em

relação ao total de horas gastas, para um determinado período.

3.3.1. Definição

Segundo Rohrmann (2008), a gestão de risco define-se em ações de múltiplos

procedimentos para reduzir riscos (o perigo ou as suas consequências) para um nível

considerado tolerável, e isso somente será alcançado com uma comunicação eficiente

do risco. De acordo com o autor, o risco é um processo social onde as pessoas são

informadas sobre os perigos a que estão expostas.

Particularmente pensando sobre construção civil, do ponto da gestão de riscos e por

ter uma ampla gama de incertezas envolvidas em qualquer tipo de obra, a primeira

3.3. Gestão de Risco na Construção

36

medida de mitigação de riscos é a análise crítica do projeto, servindo para identificar

os riscos principais do empreendimento.

De acordo com Oztas et al. (2005), o uso do termo “risco” em detrimento do termo

“incerteza” é mais consistente, uma vez que nos projetos os valores probabilísticos

podem ser sempre usados de forma intuitiva ou baseados em dados obtidos através

de situações anteriores que, assim, retiram o total desconhecimento e,

consequentemente, a incerteza aos projetos de construção.

Porém, devido as inúmeras particularidades que envolvem os processos e projetos,

sempre ocorrem situações que não foram previstas e sobre as quais é necessário

atuar, para que os objetivos finais não sejam alterados. Esta imprevisibilidade,

associada às complexidades dos projetos e a exigência cada vez maior do cliente tem

tornado o estudo e a análise de risco na construção civil essencial para a maioria das

empresas do ramo.

Algumas das ferramentas de análise propiciam, para a tomada de decisão, dados

analíticos para identificar prioridades, de maneira mais estruturada. Com isso, as

decisões deixam de ser empíricas e intuitivas e passam a ser mais técnica.

De acordo com Wong (2010), a gestão de risco, conforme apresentado na figura 3.1, é

um processo contínuo onde as medidas de controle são auditadas regularmente para

assegurar sua adequação e funcionamento conforme planejado. Caso haja mudança

das circunstâncias e novas ameaças surgirem, deve-se realizar nova avaliação e se

necessário, considerar medidas adicionais. O autor defende, devido ao dinamismo,

que o risco esteja sob vigilância constante.

A aplicação da gestão de risco na construção civil relacionada à qualidade pode ser

definida como o conjunto de procedimentos que visa controlar, monitorizar e

hierarquizar os riscos associados às atividades inerentes ao projeto e a obra. Neste

contexto, a gestão de riscos busca identificar, qualificar e quantificar os riscos e suas

consequências e tolerâncias quanto as ameaças e a aceitação dependerá de valores

pré-definidos, podendo os riscos serem toleráveis ou não.

37

Figura 3.1- Esquematização do processo de gestão do risco. Wong (2010).

De acordo com Mattos (2010), “a melhor maneira de proceder é através do

estabelecimento de categorias de risco. As categorias ajudam a direcionar o raciocínio

na hora de listar os riscos”. O mesmo autor sugere a seguinte categorização: técnico,

comercial, financeiro e gerencial conforme a tabela 3.1 e elenca em alguns aspectos

relevantes valores referenciais de grau de impacto exposto na tabela 3.2.

Ainda sobre gerenciamento de risco, onde o custo representa importante fator

associado a questão financeira, e por isso muitas empresas desenvolveram sistemas

de gerenciamento de custos e os utilizam no planejamento e controle do consumo de

recursos (mão de obra, materiais, etc.) e na contabilização de custos associados.

Analisando sob a perspectiva do material utilizado, aplica-se necessariamente

processos de gestão para garantir controle de estoque, qualidade do material adotado.

A fim de se atender os requisitos finais de projeto e sua aplicação ao longo da

execução, têm-se e em paralelo o modelo proposto por Dórea Mattos (2010) na tabela

3.2, para os materiais de construção, que englobam mais de uma categoria, sendo

elas:

a) Técnica – através do risco na aplicação, bem como a qualidade e

cumprimento de requisitos de desempenhos normativo;

38

b) Financeira – através do risco da análise de custo e possibilidades de

substituição sem afetar os requisitos do projeto;

c) Gerencial – através do controle de estoque sob o risco de falta de material ou

atraso na entrega.

Categoria Modos de falhas Consequências Técnico Processo produtivo inexistente Alteração de campo, inconsistências

Escopo mal definido Aumento de escopo, necessidade de prazo adicional.

Tecnologia complexa Retrabalho, baixa produtividade Interferências em outras empresas Paralisação, conflitos. Produtividade abaixo das orçadas Necessidade de hora extra, custo adicional Baixa qualidade dos operários Alta rotatividade, baixo espírito de equipe.

Comercial Subempreiteiros desconhecidos Produtividade baixa, atrasos Subempreiros financeiramente frágeis Falência, abandono da obra. Atraso no pagamento de medições Necessidade de maior capital de giro Contratos mal elaborados Pleitos de fornecedores e subcontratados

Financeiro Dificuldade de obter empréstimos Necessidade de maior capital de giro Flutuação de preços de insumos Aumento do custo da obra Flutuação cambial Aumento do custo da obra

Gerencial Falta de processos Informalidade, ineficiência Papéis e responsabilidades mal definidos Responsabilidades difusas ou conflitantes Ausência de indicadores Subjetividade, desempenho mal monitorado.

Tabela 3.1 - Categorias de Risco. Adaptado de Dórea Mattos (2010).

Tabela 3.2 - Exemplo de escala objetiva para atribuição de grau de impacto. Adaptado de Dórea Matos (2016).

3.3.2. Aplicações

O gerenciamento de risco envolve a formulação de respostas gerenciais para os riscos

principais identificados e quantificados anteriormente. Embora alguns riscos sejam

mais significantes que outros, o sucesso do gerenciamento depende da combinação

39

de todos os processos, atendidos com respostas estratégicas adequadas e pela

habilidade da empresa em gerenciá-los (DIKMEN E BIRGONUL, 2007).

Para Wideman (1992), o papel do gerenciamento de riscos nos projetos pode ser

resumido nos seguintes pontos:

a) Identificar fatores que podem impactar os objetivos do projeto, traduzidos na

forma de escopo, qualidade, prazos e custos;

b) Quantificar o provável impacto de cada um desses fatores;

c) Prover um Baseline dos itens não-controláveis dentro dos projetos;

d) Mitigar impactos pelo exercício de influencias sobre itens controláveis dentro

dos projetos.

Além dos itens abordados por Wideman deve também ser considerada uma

abordagem preventiva para que a possibilidade de ocorrência dos eventos seja

reduzida.

Neste tópico, para melhor identificação e classificação, os riscos foram subdivididos

em quatro subgrupos: planejamento, segurança e saúde, ambiental e qualidade.

3.3.2.1. Planejamento Dentre todas as medidas passíveis de melhora, o planejamento é a que possui o maior

potencial de impacto, pois é nesta fase onde ocorrem as definições de recursos a

serem alocados, cronogramas e prazos, identificação de riscos e esboços de plano de

ação com soluções.

Porém, à medida que as etapas se desenvolvem, parece diminuir a importância dada

pelas empresas à identificação e tratamento de risco. Diante desse comportamento,

Mc Graw-Hill (2014) e Rostami et al (2015) em seus trabalhos realizados em empresas

incorporadoras de médio porte apontam a análise de risco está bastante concentrada

em aspectos associados à rentabilidade dos empreendimentos e menos em questões

associadas ao processo de definição do produto e do planejamento.

Um dos desdobramentos disso é o fato de que a atividade projetual, nas fases de

desenvolvimento de projetos básicos e executivos tem pouco impacto na gestão do

risco, em um ciclo onde as empresas agem reativamente e, de um empreendimento

para o outro não incorporam mecanismos para quantificação da probabilidade de

ocorrência de falhas ou de seu impacto sobre os resultados, e quando é feito,

acontece de maneira empírica.

40

De modo semelhante, Zeng et al (2007) relata que nos estágios iniciais dos projetos

de construção civil, momento em que os riscos são elencados, há poucos dados e

informações disponíveis e é comum a presença de falhas humanas na identificação.

Já Zwikael et al. (2014) afirma que muitas vezes o planejamento dos riscos é

superestimado, desconsiderando que as condições e os objetivos do projeto podem

ser modificados no decorrer do desenvolvimento do empreendimento, tornando-o

ineficaz.

Por outro lado, de acordo om Rostami et al. (2015), há a dificuldade de priorização de

riscos que permita alocar recursos para sua gestão de forma eficaz.

Então, para etapa de planejamento, a fim de mitigar os riscos, alguns princípios que

norteiam um planejamento eficaz e eficiente de um projeto, são adotados por

empresas do setor de construção civil, sendo eles:

1- Definir os objetivos do projeto, contendo a natureza, escopo e as metas

principais;

2- Dividir o projeto em “pacotes de trabalho”, ou seja, subprojetos, utilizando-se

de critérios coerentes de acordo com as disciplinas envolvidas;

3- Estabelecer responsabilidades referentes aos subprojetos, com a identificação

do seu responsável;

4- Detalhamento dos subprojetos e resolução de possíveis dúvidas;

5- Relacionar as atividades correspondentes aos subprojetos, através de

compatibilização entre eles e solução de possíveis divergências e

necessidades de alterações;

6- Estimativa real de tempo de duração das atividades, com seu sequenciamento,

elaboração de cronograma e definição de recursos a serem consumidos;

7- Monitoramento e atualização periódica de cronogramas e custos, com

indicativos de progresso;

8- Fluxo e controle de informações, com emissão de relatórios informativos para

acompanhamento e auxilio na tomada de decisões.

A figura 3.2 ilustra o fato das incertezas serem maiores no início do ciclo de vida de

um projeto, quando muitos aspectos técnicos ou de planejamento ainda não estão

definidos ou estruturados e os valores envolvidos são menos expressivos se

comparados aos estágios posteriores. A respectiva figura também expõe o período de

maior vulnerabilidade a riscos que ocorre durante as duas ultimas fases, quando existe

maior aporte de recursos.

41

Figura 3.2 - Comportamento da incerteza e riscos nas fases de um projeto. Wideman, (1992).

3.3.2.2. Segurança e Saúde A segurança é uma das maiores preocupações de todos aqueles que trabalham

diariamente em canteiros de obra. De acordo com o Anuário Estatístico da Previdência

Social, entre os anos de 2007 e 2013, foram registrados cinco milhões de acidentes de

trabalho no Brasil. Os dados também mostram que a construção civil é o quinto setor

econômico com maior número de acidentes e o segundo mais letal aos trabalhadores

com 16% de acidentes letais em 2013, respondendo por uma media de 450 mortes por

ano.

Devido a esse alto número de acidentes, muitos dos quais resultando em óbito, os

setores responsáveis pela segurança e saúde no trabalho tem sido o maior aplicador

de processos de gerenciamento de risco na indústria da construção civil, objetivando a

redução ou eliminação dos riscos, além da preservação e a segurança dos

trabalhadores.

Por isso, o início da aplicação da gestão de risco na construção se confunde com

aplicação de normas de segurança, que teve inicio em 1919 com o decreto n° 3724

que fala sobre acidentes de trabalho, passando pela lei n° 5452 de 1943, que

proporcionava ao trabalhador à garantia de proteção de sua vida por parte de seus

empregadores e culminando com a obrigatoriedade do uso de equipamentos de

proteção individual (EPI’s) em 1960.

E, com o intuito de se evitar acidentes que incapacitem ou ocasionem a perda de

vidas, de acordo com a NR (Norma Regulamentadora) número 4, “toda empresa é

42

obrigada a ter uma equipe de Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e

Medicina do Trabalho (SESMT), dependendo do grau de risco da atividade da

empresa”.

Porém, mesmo com todo o investimento em prevenção, as condições reais dos

canteiros de obra já se configuram como riscos, que são agravados pelas variações

nos métodos de trabalho realizados pelos operários, em função de situações não

previstas, mas que na realidade, são uma constante no trabalho, pois não existem

procedimentos de execução formalizados na maioria das empresas, sendo por vezes

as atividades e procedimentos reguladas por ações informais ou não usuais que

aumentam os riscos de acidentes.

Há também, como ação mitigadora de danos, a NR 6, que regulamenta o uso de

equipamentos de proteção individual (EPI’s) por parte dos empregados e obriga o

fornecimento por parte das empresas contratantes.

Principais riscos encontrados em canteiros de obras:

a) Fogo – É vedada a queima de lixo ou qualquer outro material no interior do

canteiro de obras e recomenda-se também que não haja acumulo de lixo

seco que poderá acarretar em incêndio;

b) Risco de quedas – Em todo o trabalho acima de dois metros, o trabalhador

deverá usar cinto de segurança preso em lugar fixo que não esteja ligado

ao andaime. Os andaimes também devem estar sobre piso nivelado e

estável, com guarda-corpo e rodapé.

Outro tipo comum de queda ocorre na periferia das lajes e queda de nível,

e para evitar, todos os vãos, internos e externos devem estar protegidos

com material resistente para evitar quedas;

c) Choque elétrico – Normalmente ocasionado pelo uso de gambiarras;

d) Desorganização – É recomendado, para se evitar acidentes, manter

equipamentos e ferramentas armazenados em local adequado, além da

limpeza em vias de circulação de pessoas e materiais;

e) Desatenção – A imprudência, negligencia ou imperícia são os principais

causadores de acidentes devido a desatenção. É importante, por parte dos

operários e mais profissionais que atuam no canteiro, à concentração e o

foco nas tarefas a serem executadas;

f) Dermatoses ou alergias – O uso de alguns produtos, como cimento,

argamassa ou cal, podem causar alergias e por isso é imprescindível o uso

de luvas e máscaras para diminuir o contato direto com esses materiais;

43 g) Sinalização de risco do ambiente – A sinalização é um fator primordial para

a segurança do ambiente de trabalho, com informação clara dos agentes e

ambientes de riscos presentes e o estabelecimento de regras e medidas

para cada tipo de risco;

h) Movimentação de objetos ou materiais – Situação comum no cotidiano dos

canteiros, o que propicia quedas e deslizes de materiais que possam

ocasionar danos ao atingir o trabalhador. A atenção e o uso de

equipamentos de proteção são imprescindíveis para mitigar o risco.

i) Ruídos em excesso – A perda auditiva por ruído ocupacional, a qual

instalada não possui tratamento para cura, é decorrente principalmente da

exposição contínua a elevados níveis de pressão sonora em ambientes de

trabalho. Podem provir também de produtos químicos;

j) Exposição a corpos estranhos – Dependendo do local de onde esteja

canteiro, pode ocorrer a exposição ao risco do contato com animais

peçonhentos como cobras, aranhas, escorpiões e outros ou objetos

perfurantes. É importante a checagem do ambiente antes de se iniciar o

trabalho;

k) Escavações sem segurança – Qualquer tipo de escavação deve ser

fiscalizada, sinalizada e deve seguir as recomendações;

l) Acessos inseguros – Os funcionários devem estar atentos aos acessos,

que devem estar situados em locais apropriados.

Há também para área de segurança e saúde a norma OHSAS 18001:2007, cuja sigla

representa Occupation Health and Safety Assessment Series, que têm por objetivo

especificar os requisitos relativos a um sistema de gestão da segurança e saúde do

trabalho e através disso, permitir que uma organização controle os seus riscos para a

segurança e saúde no trabalho (SST).

Todos os requisitos desta norma OHSAS têm como objetivo serem incorporados em

qualquer sistema de gestão da segurança e saúde do trabalho. Porém o grau de

aplicação dependerá de diversos fatores, tais como a política de SST da organização,

natureza das atividades e riscos e a complexidade das operações. A referida norma

menciona que a organização deve estabelecer, implementar e manter um ou mais

procedimentos para a identificação contínua de perigos, avaliações de riscos e a

implementação das necessárias medidas de controle e para isso, devem considerar:

a) Atividade de rotina e não rotina;

b) Atividade de todas as pessoas que tenham acesso aos locais de trabalho

(incluindo subcontratadas e visitantes);

44

c) Comportamento humano, capacidade e outros fatores humanos;

d) Perigos identificados originados fora dos locais de trabalho e capazes de afetar

a segurança e a saúde de pessoas sob controle da organização no local de

trabalho;

e) Perigos criados na vizinhança do local de trabalho por atividades relacionadas

com o trabalho sob o controle da organização;

f) Infraestruturas, equipamentos e materiais nos locais de trabalho, sejam eles

fornecidos pela organização ou por terceiros;

g) Alterações propostas na organização, nas suas atividades ou materiais;

h) Modificações do sistema de gestão da SST, incluindo alterações temporárias e

os seus impactos nas operações, processos e atividades;

i) Quaisquer obrigações legais aplicáveis relacionadas com a avaliação de riscos

e com a implementação das medidas de controle necessárias;

j) A concepção das áreas de trabalho, processos, instalações, maquinas e

equipamentos, procedimentos operacionais e organização do trabalho,

incluindo a sua adaptação as capacidades humanas.

Para o processo de implementação, a norma OHSAS elenca:

a) Definição de recursos, atribuições, responsabilidades, obrigações e autoridade;

b) Definição de competências, formação de acordo com os diferentes níveis e

sensibilização para as consequências atuais e potenciais das atividades,

atribuições e responsabilidade para o alcance da conformidade, as

consequências potenciais de desvios aos procedimentos, ao risco e a

responsabilidade, capacidade e conhecimento de línguas;

c) Comunicação

d) Participação e consulta aos trabalhadores;

e) Documentação;

f) Controle dos documentos;

g) Controle operacional;

h) Preparação e respostas a emergências.

No entanto, observando exclusivamente o setor de construção civil, Reese (1999) diz

que o planejamento deve ser feito para eliminar perigos ou estabelecer medidas

preventivas para os mesmos, assim como permitir os recursos (materiais,

equipamentos de SST e etc.) estejam disponíveis no canteiro quando necessário para

a execução das tarefas. Já Liska et al. (1993) divide o planejamento em duas

principais ações: pré-construção e pré-tarefa. Segundo os autores, durante a pré-

construção, antes do inicio da etapa de construção, deve-se reunir todos os envolvidos

45

e identificar os recursos materiais necessários para o cumprimento do programa de

segurança e o planejamento pré-tarefa consiste, segundo os referidos autores, em

identificar os perigos antes de iniciar cada tarefa.

Para o controle, que pode ser realizado através do monitoramento e da realização de

medições de desempenho, Razuri (2007) afirma que o desempenho da SST está

relacionado ao grau de precisão e detalhe com que se planeja, organiza e controla a

execução das atividades.

Outra questão a considerada e com relação a realização de treinamentos, pois um

treinamento eficaz dos operários e dos supervisores pode contribuir para a

conscientização sobre as causas dos acidentes e sobre os benefícios de um bom

sistema de gestão de segurança na obra (SAWACHA; NAOUM; FONG, 1999). Haper

e Koehn (1998) também apontam que a realização de treinamentos transmite a

importância conferida à SST pela empresa e a necessidade de comprometimento dos

trabalhadores.

Também sobre segurança e saúde, a NR 9, em seu item 9.1.5 divide os riscos

ambientais em físicos, químicos e biológicos, os quais “em função de sua natureza,

concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causas danos à

saúde do trabalhador”.

A referida NR define como agentes físicos o ruído, vibrações, pressões anormais,

temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como

infra-som e ultra-som. E, considera como agentes químicos as substancias,

compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas

formas de poeiras, fumos, nevoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza

da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo

através da pele ou por ingestão. Já para agentes biológicos, são considerados fungos,

bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.

Entretanto, para Takahashi et al. (2011), além dos riscos definidos pela NR, deve-se

considerar os riscos de acidentes, exposto anteriormente e o ergonômico, que é

definido como qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas

do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde, como: levantamento de

peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada,

dentre outros.

A NR 9 para facilitar sua compreensão, propõe o agrupamento de riscos e para sua

melhor identificação, utiliza-se cores na identificação dos grupos de riscos, conforme

ilustrado na tabela 3.3.

46

Tabela 3.3 - Tabela 3.3 – Categorias de Riscos Ambientais e sua divisão por cores. NR 9 – Riscos Ambientais.

Figura 3.3- Operário trabalhando em altura. Gazeta do Povo (jul/ 2015).

47

Figura 3.4 - Trabalhadores da construção civil sem o uso de EPI. Diário de Campos (Ago/2012).

3.3.2.3. Ambientais Toda intervenção feita pelo homem pode causar impactos ao meio ambiente, assim

como no meio social e econômico, sendo influenciada pelo porte, uso e funcionalidade

da obra em questão, podendo variar de uma pequena a grande significância, que é

mais comum nas construções “pesadas”.

Segundo Barreto (2005), a construção civil é uma indústria que produz grandes

impactos ambientais, desde a extração das matérias-primas necessárias à produção

de materiais, passando pela execução dos serviços nos canteiros de obra até a

destinação final dada aos resíduos gerados, ocasionando grandes alterações na

paisagem urbana, acompanhadas de áreas degradadas.

Porém, segundo com Zobel et al. (2002), faltam pesquisas acerca do processo de

identificação e avaliação de impactos ambientais para a aplicação em SGA – Sistema

de Gestão Ambiental, mas segundo Vasconcelos et al. (2011), uma série de benefícios

são resultantes da adoção de SGA, sendo eles:

a) Eliminação de valores pagos em multas pelo não atendimento à legislação

ambiental;

b) Racionalização da alocação dos recursos naturais;

c) Conscientização ambiental dos colaboradores da organização;

d) Vantagem competitiva;

e) Monitoramento de atividades, produtos e serviços que geram impacto

ambiental significativo.

Mas de acordo com Cardoso (2004), ao longo da execução das obras de construção

civil, vários impactos são provocados, como por exemplo os decorrentes das perdas

48

de materiais, os referentes à interferência no entrono da obra e nos meios bióticos,

físicos e antrópicos do local da edificação. Segundo a Seplan (2007), nesta fase o ar é

afetado pelas partículas em suspensão, pelos ruídos e gases emitidos por maquinas,

veículos e equipamentos; o solo e o subsolo são atingidos pela retirada de vegetação,

cortes e escavações do terreno, aterros e terraplanagem; e as aguas são

contaminadas pelo lixo , dejetos humanos e petróleo utilizado na operação de

maquinas.

Outro fator que acaba provocando áreas degradadas é a deposição dos resíduos

gerados durante a execução das obras como mostrado na figura 3.8. Estes resíduos,

se depostos de maneira inadequada devido à falta de efetividade ou à inexistência de

politicas publicas que orientem e disciplinem a sua destinação no meio urbano,

juntamente com o descompromisso dos geradores no manejo e, principalmente, a

proliferação de agentes transmissores de doenças, causam o assoreamento de rios e

córregos; a obstrução dos sistemas de drenagem, tais como “piscinões”, galerias,

sarjetas; a ocupação de vias e logradouros públicos por resíduos, com prejuízo à

circulação de pessoas e veículos; a degradação da paisagem urbana, além da

existência e acumulo de resíduos que podem gerar risco por sua periculosidade

(Sinduscon-SP, 2005).

A resolução n° 307/2002 do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente dispõe

sobre o gerenciamento de resíduos de construção devido ao seu grau de poluição e

volume gerados nas obras.

No caso de grandes canteiros, necessários em empreendimentos considerados

passíveis de causarem grandes impactos, a legislação – Resolução n° 001/1986 do

CONAMA - exige que seja feita uma avaliação mais completa dos impactos, o Estudo

de Impactos Ambientais (EIA) e o seu relatório de Impacto Ambiental (RIMA), como no

caso de projetos em áreas de relevante interesse ambiental.

Porém, Degani (2003) considera que as empresas construtoras no Brasil apresentam

apenas iniciativas incipientes voltadas à gestão ambiental quanto à apropriação de

recursos naturais e à disposição de resíduos.

49

Figura 3.5 - Impactos ambientais da cadeia da construção civil. Scheneider (2003).

Figura 3.6 - RCD depositados ilegalmente. Álvaro Rezende – Correio do Estado (abr/2017).

Atualmente, algumas empresas do setor de construção tem adotado o conceito de

sustentabilidade, através da redução da poluição, projetos inteligentes, materiais

ecológicos, eficiência energética e aproveitamento da agua.

Nesse contexto, a construção civil não é binária no sentido de ser ou não ser, mas

progressiva e por níveis, havendo assim níveis crescentes de sustentabilidade

(PINHEIRO, 2002).

3.3.2.4. Qualidade O processo de gerenciamento da qualidade possui inúmeros riscos, que vão desde o

entendimento do desejo do cliente até a finalização do produto.

50

De acordo com a norma ABNT NBR ISO 9001:2015, “a adoção de um sistema de

gestão da qualidade é uma decisão estratégica para uma organização que pode

ajudar a melhorar seu desempenho global e a prover uma base sólida para iniciativas

de desenvolvimento sustentável”, e como benefícios potenciais da implementação do

sistema de gestão da qualidade, elenca:

a) A capacidade de prover consistentemente produtos e serviços que atendam

aos requisitos do cliente e aos requisitos estatutários e regulamentares

aplicados;

b) Facilitar oportunidades para aumentar a satisfação do cliente;

c) Abordar riscos e oportunidades associados com seu contexto e objetivos;

d) A capacidade de demonstrar conformidade com requisitos especificados de

sistema de gestão da qualidade.

Tendo como foco o risco, os processos de riscos à qualidade configura-se num

processo sistemático para avaliação, controle, comunicação e revisão dos riscos à

qualidade de um produto ou processo durante seu desenvolvimento, produção e ao

longo de sua vida útil e pode representar um valioso componente de sistema de

qualidade, uma vez que fornece instrumentos para identificação e controle de

potenciais problemas surgidos na execução ou ainda na etapa de planejamento.

A implantação do gerenciamento de riscos à qualidade (Quality Risk Management –

QRM) tem como proposito garantir que os atributos do produto ou processo

permaneçam os mesmos da fase de do seu planejamento, minimizando a

possibilidade de ação dos riscos.

A avaliação de risco à qualidade deve ser baseada em conhecimento técnico sobre o

produto ou processo, considerando as etapas contidas no QRM, conforme a figura 3.8.

As atividades de QRM são geralmente conduzidas por equipes interdisciplinares, que

contem especialistas de diferentes áreas e profissionais que detém o conhecimento

sobre o processo de QRM.

51

Figura 3.7 - Modelo de processo de gerenciamento de riscos à qualidade. ICH (2005).

A fim de facilitar o entendimento de risco no sistema de gestão da qualidade, que têm

como um dos propósitos principais a atuação como ferramenta preventiva, a norma

ABNT NBR ISO 9001:2015 “especifica requisitos para a organização entender seu

contexto e determinar risco com uma base para o planejamento”. O item 0.3.3 da

referida norma, que aborda a Mentalidade de Risco, diz que ao planejar o sistema de

gestão da qualidade, a organização deve determinar “questões internas e externas no

seu direcionamento estratégico que possam afetar a capacidade de alcançar os

resultados pretendidos” e a partir de então, “determinar os riscos e oportunidades a

serem abordados”.

Ao incentivar a criação de uma mentalidade de risco na organização, a norma orienta

a instituição (empresa, indústria, etc.) que está implementando o sistema de gestão da

qualidade para um pensamento sobre quais ameaças e oportunidades existem ao

longo do processo, e a possibilidade de ações sobre essas oportunidades para

prevenir riscos.

De acordo com a ABNT NBR 31000:2009, e em conformidade com o que preconiza a

ISO 9001 para o sistema de gestão da qualidade, a aplicação e manutenção de um

52

sistema de gestão de risco possibilita em semelhança com a gestão da qualidade, a

melhoria contínua através da:

a) Melhorar a identificação de oportunidades e ameaças;

b) Melhorar a governança;

c) Melhorar a confiança das partes interessadas;

d) Melhorar controles;

e) Melhorar a eficácia e a eficiência operacional;

f) Melhorar a aprendizagem organizacional.

Também em consonância com o preconizado pela norma ISO 9001, Melhado (2001)

afirma que para garantir o atendimento aos múltiplos aspectos da qualidade do

projeto, o processo deve ser analisado criticamente pelos seus participantes e

validados pelos empreendedores, projetistas e construtores de forma a garantir a sua

coerência com as metas propostas e com o processo de execução subsequente.

Adaptando o gerenciamento de risco à qualidade na construção civil, Capello et al.

(2007) afirma que para ser atingido a qualidade do processo de projeto, considerando

todo o ciclo do projeto, do cliente ao programa de necessidades, do estudo preliminar

ao projeto executivo, da obra à entrega do produto ao cliente, é necessário que haja

uma coordenação de projeto que dê suporte ao desenvolvimento do produto.

Já Neiva (2006) expõe que a qualidade da produção de uma obra esta

intrinsecamente vinculada à fase de planejamento e execução da obra, e requer

controles em todos os processos do sistema que a constitui.

53

4. Normatização Técnica Aplicada a Riscos e suas Aplicações na Construção Civil

Segundo Franceschini et al. (2006), no final dos anos 70, vários países estavam

criando um padrão de normalização interno básico para a aplicação em setores

específicos que necessitavam de alguns requisitos mínimos para garantir a qualidade

de seus produtos. A International Organization for Standardization – ISO interessou-se

pela regulamentação destas atividades em diferentes setores industriais e formulou a

primeira série de normas ISO 9000, em 1987 que foram desenvolvidas para apoiar

organizações, de todos os tipos e tamanhos, na implementação de sistemas de gestão

da qualidade.

Esta organização internacional é voltada para normatização, através do

desenvolvimento e promoção de padrões mundiais que tragam consenso na sua

utilização, e engloba 162 países, sendo a ABNT o representante brasileiro.

Segundo Sun (2000), um sistema de gestão é uma ferramenta que influencia de

maneira sistemática, integrada e consistente as perspectivas que envolvem todos e

tudo em uma organização, oferecendo um genérico conceito para melhoria das

performances.

Para este trabalho, será abordado a relevância da norma ABNT NBR ISO 9001, que

teve sua primeira publicação no ano de 1987, com posteriores revisões e atualizações,

sendo a última em 2015, que buscou melhorar o alinhamento com outras normas da

família ISO, como as normas ISO 14001, 20000, 22301 e 27001.

A versão 2015 da NBR ISO 9001 incorporou pensamentos e visões sobre a gestão de

riscos através do estímulo as organizações para realizarem monitoramento e analise

critica sobre seus próprios riscos com o intuito de planejar um sistema de gestão da

qualidade adequado, prevenindo ou reduzindo os efeitos indesejados e a promover a

melhora. De acordo com Araújo (2014), a utilização da ação preventiva é automática

quando um sistema de gestão é baseado no risco.

Quanto a sua aplicação no gerenciamento do risco, esta norma estabeleceu alguns

parâmetros, como ações para abordar riscos e oportunidades, através do

planejamento do sistema de gestão da qualidade, prevenindo ou reduzindo os efeitos

indesejáveis, identificando, mensurando e respeitando os objetivos e definindo

responsáveis, previsão de conclusão e prevendo mudanças planejadas e sistemáticas.

4.1. Normas e Gestão e suas Características

54

Porém, o foco da ABNT NBR ISO 9001, que fornece certificação, se concentra na

satisfação do cliente/usuário do produto ou serviço. O certificado ISO 9001 é visto no

mercado como referencia em gestão estratégica, tática e operacional e sinônimo de

eficiência e eficácia, com níveis elevados de produtividade e redução de falhas, e fim

do retrabalho, desperdício, dando agilidade à produção.

Os ganhos decorrentes da implementação desta norma são amplos e vão desde a

redução de tempo à redução do consumo de recursos humanos e insumos.

É exigido que todas as organizações se enquadrem aos novos requisitos até 2018

para obterem ou revalidarem suas certificações. Esta norma salienta a importância de

abandonar uma posição reativa e adotar uma atitude proativa na prevenção e redução

de consequências indesejáveis, considerando uma abordagem desde o planejamento

e ao longo de todo o sistema, tornando as ações preventivas inerentes às atividades

de planejar, operar, analisar e avaliar. Porém, a norma NBR ISO 9001 não define

práticas e metodologias especificas para a análise de risco. A NBR ISO 9001 orienta

para a consulta e aplicação da NBR ISO 31000, que estabelece princípios a serem

atendidos para tornar a gestão de risco eficaz e “recomenda que as organizações

desenvolvam, implementem e melhorem continuamente” sua estrutura.

Figura 4.1 - Relacionamento entre os princípios da gestão de risco, estruturas e processo. Adaptado pelo autor ABNT

ISO 31000.

55

Esta norma, através da gestão de riscos, “fornece os fundamentos e os arranjos

organizacionais para a concepção, implementação, análise critica e melhoria continua

da gestão de riscos, através de toda a organização” e define através da politica de

gestão de riscos as diretrizes gerais.

A ABNT NBR ISO 31000 define em seu escopo os processos de gestão de riscos,

definindo as partes interessadas, os processos de identificação, análise e avaliação,

através do conhecimento das probabilidades de ocorrência e suas consequências.

Para o processo de gestão do risco deve-se, após a etapa de identificação que

objetiva o reconhecimento e descrição dos riscos, analisar, ou seja, compreender a

natureza do risco e determinar o seu nível, de acordo com sua magnitude, fornecendo

dados para a etapa de avaliação, onde se compara os resultados com os critérios

inicialmente adotados para determinar se o risco e suas consequências são aceitáveis

e toleráveis ou se é necessário seu tratamento.

Importante considerar que mesmo após o tratamento, pode haver risco remanescente,

que é considerado risco residual.

Estão elencados e definidos os princípios que norteiam uma gestão eficaz de risco, de

acordo com a ABNT NBR ISO 31000:

a) A gestão de risco cria e protege valor, pois contribui para a melhoria do

desempenho com relação à segurança e saúde das pessoas, à segurança, à

conformidade legal e regulatória, à aceitação pública, à proteção do meio

ambiente, à qualidade do produto, ao gerenciamento de projetos, à eficiência

nas operações, à governança e à reputação;

b) A gestão de risco é parte integrante de todos os processos organizacionais, por

não ser uma atividade autônoma separada das principais atividades e

processos da organização. A gestão de risco faz parte de todos os processos

organizacionais, incluindo o planejamento estratégico e todos os processos de

gestão de projetos e mudanças;

c) A gestão de risco é parte da tomada de decisões e auxilia no processo de

escolha, priorizando ações;

d) A gestão de risco aborda explicitamente a incerteza, pois considera sua

natureza e como ela pode ser tratada;

e) A gestão de riscos e sistemática, estruturada e oportuna pois contribui para a

eficiência e para os resultados consistentes, comparáveis e confiáveis;

f) A gestão de risco baseia-se nas melhores informações disponíveis, ou seja, as

entradas para o processo são baseadas em fontes de informação, tais como

56 partes interessadas, observações, dados históricos, previsões e opiniões de

especialistas;

g) A gestão de risco esta alinhada com o contexto interno e externo da

organização e com o perfil do risco

h) A gestão do risco considera fatores humanos e culturais, reconhecendo

capacidades, percepções e intenções do pessoal interno e externo que podem

facilitar ou dificultar a realização dos objetivos da organização;

i) A gestão de riscos e transparente e inclusiva, pois promove o envolvimento

apropriado e oportuno de partes interessadas e, em particular, dos tomadores

de decisão em todos os níveis da organização;

j) A gestão de risco é dinâmica, iterativa e capaz de reagir a mudanças, pois na

medida em que ocorrem eventos externos e internos, modificam-se o contexto

e o conhecimento e devem ser realizados novos monitoramentos e a análises

críticas, já que novos riscos surgem, alguns se modificam e outros

desaparecem;

k) A gestão de riscos facilita a melhora contínua da organização e estimula que

as organizações desenvolvam e implementem estratégias para melhorar s sua

maturidade na gestão de riscos juntamente com todos os demais aspectos da

sua organização.

Complementando a ABNT NBR ISO 31000, têm-se a 31010 que define técnicas para o

processo de avaliação do risco e a ISO/TR 31004 que foi publicada em 2013 com as

diretrizes para a implementação da ISO 31000 através de uma abordagem estruturada

e com explicação conceitual dos principais fundamentos da ISO 31000.

De acordo com a ISO, a norma ISO/TR 31004:2013 é aplicável a organizações de

todos os tipos e tamanhos e pode ser usada em qualquer âmbito, seja por agentes

públicos, privados ou comunitários, bem como associações, grupos ou indivíduos.

A mesma organização diz que a referida norma oferece suporte adicional para a

implementação efetiva da ISO 31000 e fornece:

I. Abordagem estruturada para a transição eficiente das práticas de

gerenciamento de riscos existentes para a ISO 31000, com uma perspectiva

dinâmica para se adaptar às mudanças futuras;

II. Uma explicação dos conceitos subjacentes do ISO 31000, com conselhos e

exemplos adaptados às necessidades individuais do usuário;

III. Orientação adicional sobre os princípios e framework ISO 31000 para

gerenciamento de risco.

57

Segundo Costa (2003), que analisou a relação entre qualidade e competitividade com

cinco construtoras, a certificação colabora para que as empresas obtenham uma

melhoria de performance em suas operações internas, o que possibilita para as

empresas disponibilizarem produtos e serviços de melhor qualidade no mercado, com

preços e condições. Devido a esses ganhos, cada vez mais construtoras tem buscado

os certificados ISO 9001, que pelo valor deste selo atesta a qualidade através de

boas práticas. Porém, como mostrado anteriormente, para obtê-lo é necessário à

aplicação de princípios que vão desde o planejamento até a finalização, com foco

bastante claro na satisfação do cliente. E tendo em vista que a construção civil consiste num processo industrial, apesar de

suas peculiaridades, as aplicações de processos padronizados trouxeram inúmeros

ganhos, proporcionados através da uniformidade de técnicas e processos,

padronização no fluxo de informações e de uso de materiais ao longo do processo de

produção e melhor precisão na definição de prazos. Com isso, conseguiu-se não só a

melhoria do produto final, como também a redução do consumo de tempo e insumos.

Segundo Melgaço et al. (2004) que realizaram uma pesquisa com 36 empresas

construtoras da região metropolitana de Belo Horizonte, as principais vantagens

obtidas com a certificação de sistemas da qualidade referem-se a padronização de

processos, que levou a um efetivo controle, com a redução da variabilidade dos

mesmos, a redução dos desperdícios e do retrabalho, além da maior qualificação da

mão de obra, devido ao treinamento.

Porém, mesmo com o sistema de gestão da qualidade nas empresas de construção

civil sendo bastante incipiente devido a sua cultura e tradicionalismo, esses ganhos só

foram possíveis após a identificação das perdas e seus impactos ao longo do

processo.

Ainda assim, o setor da construção civil é hoje um dos setores com maior perda de

produtividade devido a alguns fatores específicos e tem alto grau de risco de

acidentes, devido, em grande parte, ao despreparo de profissionais na gestão, da

baixa qualidade geral da mão de obra e de práticas arcaicas.

Adaptado segundo estudos de Shingo (1981) e Skoyles (1987), a classificação das

perdas para a construção civil brasileira são:

a) As perdas segundo seu controle – promove a melhoria da eficiência das

atividades que agregam valor e elimina-se uma parcela das atividades que não

4.2. Aplicação das Normas na Construção Civil

58 agregam valor. Contudo, pode-se admitir que existe um nível aceitável de

perdas (perdas inevitáveis) que só pode ser reduzido mediante a outras ações

como melhorias promovidas pelo desenvolvimento tecnológico e gerencial e ou

nível, que são as perdas evitáveis, que ocorrem quando o custo de ocorrência

são substancialmente maiores que os custos da prevenção, sendo

consequência de um processo de baixa qualidade, com aplicação inadequada

de recursos.

b) As perdas segundo sua natureza – esta classificação partiu do conceito das

perdas de Shingo (1981), e são classificadas como:

I. Perdas por superprodução – perdas que ocorrem devido à produção em

quantidades superiores às necessárias, como, por exemplo: produção

de argamassa em quantidade superior;

II. Perdas por substituição – decorrem da utilização de um material de

valor ou características de desempenho superiores ao especificado, tais

como: utilização de cimento com características desnecessárias ao uso

desejado;

III. Perdas por espera – estão relacionadas com a sincronização e o

nivelamento de fluxos de materiais e as atividades dos trabalhadores.

Podem envolver tanto perdas com mão de obra quanto de

equipamentos, como por exemplo as perdas no serviço pela falta de

disponibilidade de materiais ou equipamentos que por venturam

estejam defeituosos;

IV. Perdas por transporte – estão associadas ao manuseio excessivo ou

inadequado dos materiais e componentes em função de uma má

programação ou de um layout de canteiro ineficiente, como, por

exemplo distâncias desnecessárias entre os estoque e a destinação

final, aumentando o risco de perda ou quebra de materiais;

V. Perdas de processamento – têm origem na própria natureza da

atividade do processo ou na execução inadequada dos mesmos.

Decorrem normalmente da falta de padronização de procedimentos e

ineficiência no métodos de trabalho, além da falta de treinamento

adequado da mão de obra ou deficiência de detalhamento de projetos;

VI. Perdas nos estoques – estão associadas à existência de estoques

excessivos, em função da programação inadequada na entrega dos

materiais ou de erros na orçamentação, podendo ocasionar à falta de

locais apropriados para armazenamento;

59 VII. Perdas no movimento – decorrem da realização de movimentos

desnecessários por parte dos trabalhadores, durante a execução das

suas atividades e podem ser geradas por frentes de trabalho afastadas

e de difícil acesso, falta de equipamento adequado, deficiências no

layout do canteiro;

VIII. Perdas pela elaboração de produtos defeituosos – ocorrem quando são

fabricados produtos que não atendem os requisitos de qualidade

especificados. Geralmente decorrem da falta de integração de projetos

e falta de treinamento dos operários e resultam em retrabalho e perdas

no desempenho final do produto como, por exemplo, falhas em

impermeabilizações, pinturas e assentamento de pisos;

IX. Perdas especificas – são perdas decorrentes de ações de vandalismos,

roubos e situações especificas como acidentes.

c) Perdas segundo a origem – essas perdas geralmente ocorrem e podem ser

identificadas durante a etapa de produção, contudo sua origem pode estar

tanto relacionada ao processo de produção quanto aos processos que a

antecedem, como a fabricação dos materiais, preparo dos recursos humanos,

projetos, suprimentos e planejamento.

O gerenciamento de risco trouxe para o setor, inicialmente com o intuito de

preservação da saúde e da segurança do operário através da disciplina de segurança

do trabalho, princípios que nortearam a atividade na busca de mitigar problemas.

A ISO 31000 (ABNT, 2009) fornece uma estrutura conceitual para a análise de riscos

que leva em conta as políticas e práticas da empresa – e passa a ser incorporada a

elas, tanto em nível estratégico quanto operacional. A análise de risco considera ao

mesmo tempo o ambiente do projeto e o ambiente empresarial (SOUZA; ALMEIDA;

DIAS, 2012; BHARANTY; MCSHANE, 2014) e por outro lado, serve como referencia

para que os processos de gestão de risco sejam identificados e aprimorados (PURDY,

2010).

Com o passar do tempo, notou-se a importância da ampliação dos cuidados além da

segurança e saúde do operariado, através da incorporação do gerenciamento de

riscos ambientais, como proposto pela ABNT NBR ISO 14001.

Muito embora, parte desta evolução ocorreu também devido as obrigatoriedades

prevista na legislação, que incorporavam, através de punições, custos aos

contratantes decorrentes de acidentes. Foi através deste instrumento que se iniciaram,

60

por parte das empresas, estudos com intuito de mitigar riscos, sob possibilidade de

embargo de obra por parte da fiscalização trabalhista, o que acarretaria em maiores

custos, atrasos e perdas.

O gerenciamento de risco também incorporou a ideia de que os riscos, ao longo do

planejamento, deveriam ser identificados, monitorados, analisados e avaliados sob a

perspectiva de tratamento ou não, dependendo de suas probabilidades de ocorrência

e impacto causado. Esta ênfase na identificação na etapa de planejamento ocorre pelo

fato de que o tratamento, se necessário, e bem menos custo se comparado ao longo

da execução da obra.

Uma vez identificados os riscos nas diversas atividades do processo de projeto, é

preciso definir uma forma de hierarquiza-los em função de seu impacto no resultado

do empreendimento, em termos de escopo, custo ou prazo, e da probabilidade, seja

ela qualitativa ou quantitativa, de ocorrência do evento incerto. Uma das formas

especificas de hierarquização de riscos foi proposta por meio do Project Definition

Ratin Index (PDRI), do Construction Industry InstituteI (CONSTRUCTION INDUSTRY

INSTITUTE, 2008; CJO; CHO; GIBSON, 2001). O PDRI configura-se como

ferramenta para avaliação do nível de detalhamento ou grau de definição de atividades

do processo de projeto, associando esse nível de definição ao nível de incerteza e

risco no desempenho do projeto.

A construção civil, também com ações que combinam qualidade e prevenção, têm

fornecido aos seus operários treinamentos e investido cada vez mais em

padronização, além de gestão eficiente de recursos humanos e materiais, que vão

desde o planejamento do canteiro, com vistas na otimização de deslocamento,

previsão de alteração de layout, segurança através do fornecimento de equipamentos

de segurança e organização de espaço, oferta de estrutura básica aos funcionários até

o planejamento da sequência de processos para a obtenção de melhores índices de

produtividade.

Contudo, os ganhos só serão percebidos pela sociedade ao longo do tempo e a

evolução dos sistemas de gerenciamento de riscos, muito embora algumas empresas

do setor já comecem a colher frutos dos investimentos feito na área de gestão ao

passo que incorporaram seus princípios como parte do planejamento estratégico.

A norma ABNT NBR ISO 31000 genericamente diz que o “sucesso da gestão de riscos

irá depender da eficácia da estrutura de gestão, pois fornece os fundamentos e os

arranjos que serão incorporados através de toda a organização e em todos os níveis”.

61

A figura 4.2 descreve os componentes necessários da estrutura para gerenciar riscos

e a forma como eles se inter-relacionam de maneira iterativa.

Figura 4.2 - Relacionamento entre os componentes da estrutura para gerenciar riscos. Adaptado pelo autor.

Fonte: ABNT ISO 31000.

Para a introdução e garantia da contínua eficácia da gestão de risco, conforme

preconizado na ISO 31000, faz-se necessário comprometimento e planejamento

estratégico da administração em todos os níveis, através da:

a) Definição e aprovação da politica de gestão de riscos;

b) Assegurar que a cultura da organização e a politica de gestão de riscos

que estejam alinhados com os indicadores de desempenho da

organização;

c) Alinhamento dos objetivos da gestão de risco com os objetivos e

estratégias da organização;

d) Assegurar a conformidade legal e regulatória;

e) Atribuir responsabilidades nos níveis apropriados dentro da

organização;

f) Assegurar que os recursos necessários sejam alocados para a gestão

de riscos;

62

g) Comunicar os benefícios da gestão de riscos a todas as partes

interessadas;

h) Assegurar que a estrutura para gerenciar riscos continue a ser

apropriada.

Porém, para conceber e implementar a estrutura de gerenciamento de riscos, é

importante avaliar e compreender os contextos internos e externos, uma vez que, de

acordo com a norma ISO 31000, podem influenciar a concepção da estrutura.

E, para a eficiência e eficácia do sistema de gestão de risco, é importante estabelecer

claramente os objetivos e o comprometimento da organização em relação à gestão de

risco, abordando:

a) Justificativa da organização para gerenciar riscos

b) Ligações entre os objetivos e políticas da organização com a política de gestão

de riscos;

c) As responsabilidades para gerenciar riscos;

d) A forma com que são tratados os conflitos de interesses;

e) O comprometimento de tornar disponíveis os recursos necessários para

auxiliar os responsáveis pelo gerenciamento de riscos;

f) A forma com que o desempenho da gestão de riscos será medido e reportado;

g) O comprometimento de analisar criticamente e melhorar periodicamente a

política e a estrutura da gestão de riscos em resposta a um evento ou mudança

na circunstâncias.

A norma de gerenciamento de riscos também define como imprescindível para o

sucesso da gestão de risco por parte das organizações à:

a) Responsabilização – identificação de responsáveis, “autoridades e

competências para gerenciar riscos”, “incluindo implementar e manter o

processo de gestão de risco e assegurar sua suficiência, eficácia e eficiência”;

b) Recursos – A organização deve alocar “recursos apropriados para a gestão de

risco”, considerado:

I. Pessoas, habilidades, experiências e competências;

II. Recursos necessários para cada etapa do processo de gestão de

riscos;

III. Processos, métodos e ferramentas da organização para serem

utilizados para gerenciar riscos;

IV. Processos e procedimentos documentados;

V. Sistema de gestão da informação e do conhecimento;

63 VI. Programas de treinamento.

c) Estabelecimento de mecanismos de comunicação e reporte interno;

d) Estabelecimento de mecanismos de comunicação e reporte externo;

Para a implementação da gestão de risco, a norma ISO 31000 elenca como

necessário:

a) Implementação da estrutura para gerenciar riscos;

b) Implementação do processo de gestão de risco;

c) Monitoramento e análise crítica da estrutura;

d) Melhoria contínua da estrutura.

Para o processo de avaliação dos riscos, que de acordo com a ISO 31000 é o

processo global de identificação de riscos, análise de riscos e avaliação de riscos faz-

se necessário a utilização de ferramentas e técnicas.

Os métodos de avaliação de riscos podem ser classificados em qualitativos,

quantitativos e semi-quantitativos, e têm como objetivo avaliar o risco, de forma

genérica, identificando-o, tipificando-o, caracterizando-o e medindo-o.

A identificação, tipificação e caracterização do risco corresponde a uma análise

essencialmente qualitativa, enquanto a sua medição implica em fatores de cálculo,

pelo que recorre-se a uma análise quantitativa (Oliveira, 2004). Segundo Barkley

(2004), o PMBOK separa a análise de risco em duas partes, qualitativa e quantitativa,

descritos a seguir:

a) Análise Qualitativa - Esta análise possui um perfil mais subjetivo devido a

dificuldade de quantificação e há, nesta análise, a priorização dos riscos

através da avaliação e combinação de sua probabilidade de ocorrência com o

impacto, que foram medidos durante a fase de cálculos de probabilidades dos

riscos.

A análise qualitativa, em síntese, é baseada em escalas nominais ou

descritivas e transcreve isso em probabilidades e consequências de risco. Este

método é bastante relevante para uma análise inicial ou aquela que necessita

de determinada urgência e agilidade e a subjetividade da análise.

Como ferramentas desta etapa, apresentam-se a análise das probabilidades de

risco e impacto, a matriz de classificação de probabilidade/risco, a avaliação da

4.3. Métodos de Análise Riscos

64 qualidade dos dados sobre riscos e a categorização de riscos para avaliação

de urgências e prioridades.

Segundo Carvalho et al. (2005), o objetivo desta fase é priorizar os riscos do

projeto com base na análise conjunta da probabilidade de ocorrência e seu

impacto nos objetivos finais.

De acordo com o PMI (2014), realizar a análise qualitativa dos riscos é o

processo de priorização de riscos para análise ou ação adicional através da

avaliação e combinação de sua probabilidade de ocorrência e impacto, tendo

como principal benefício habilitar gerentes a reduzir o nível de incerteza e focar

os riscos de alto nível.

Figura 4.3 - Escopo da realização qualitativa: entradas, ferramentas e técnicas, e saída. PMI (2014).

Figura 4.4 - Matriz de probabilidade, impacto e orientação. Scielo (abril/2010).

65

Tabela 4.1 - Tabela de Referência para probabilidade de ocorrência. Jabarra (2015).

b) Análise Quantitativa - Esta análise possui um caráter mais objetivo ao analisar

numericamente os efeitos dos riscos e suas probabilidades de ocorrência nos

objetivos gerais. Deve-se considerar, por meio de avaliação criteriosa, a

exposição aos riscos identificados na etapa anterior, com simulações de

cenários. Este processo também pode ser realizado utilizando-se como dados

de entrada os dados priorizados pela análise qualitativa. É preciso esclarecer

que os riscos analisados nesta análise serão aqueles que podem ocasionar

maior impacto.

De acordo com o PMI (2014), esta análise é o processo de análise numérica

dos efeitos dos riscos nos objetivos gerais do projeto.

Para Kerzner (1998), esta análise é bastante importante, pois o objetivo final do

gerenciamento de riscos é a sua mitigação, que é o ato de revisar objetivos do

projeto (escopo, prazo, custos e qualidade) de modo a diminuir as incertezas

sem que haja impacto expressivo sobre tais objetivos.

De acordo com Ward (1999), na fase inicial de ciclo de projeto, há uma ampla

abordagem qualitativa para identificação do risco tender a ser mais eficaz, pois

quando os planos estão sendo detalhados, discutidos e desenvolvidos, a

análise quantitativa é mais apropriada por permitir a avaliação dos cursos de

ações alternativas.

Tal classificação se faz importante, pois cada tipo de risco pode ser tratado de maneira

diferente pelas técnicas de análise.

Porém, de acordo com Carvalho (2007), quando a avaliação através de métodos

qualitativos revela-se insuficiente para alcançar adequada valoração de risco e a

complexidade subjacente aos métodos quantitativos não justifica o custo associado à

sua aplicação, recorre-se à utilização de métodos semi-quantitativos. Neste sentido,

66

de acordo com Pardo (2009), os métodos qualitativos e quantitativos não se excluem,

podendo ser complementares, de forma a integrar as duas técnicas, a partir do

reconhecimento das especificidades e particularidades de cada uma. A tabela abaixo

mostra as principais vantagens e limitações de cada método:

Tabela 4.2 - Vantagens e limitações dos métodos quantitativos, qualitativos e semi-quantitativo. Carvalho (2007).

67

5. Técnicas e Ferramentas Para Avaliação de Risco

5.1. Aplicabilidade das Técnicas e Ferramentas

As técnicas podem ser aplicadas na etapa de identificação, análise ou em ambas as

etapas, à depender do resultado esperado, dos dados de entrada e a características

próprias de cada técnica.

A identificação dos riscos, segundo o PMI (2014), consiste na determinação dos riscos

que podem afetar o projeto e de documentação de suas características.

Porém, Pritchard (2001), que expressa que um risco é composto por três elementos

fundamentais, sendo eles o evento, a probabilidade e a severidade, afirma que nem

todo risco identificado precisa ser gerenciado. A decisão de qual risco gerenciar e

como agir requer cuidadosa análise.

Já Keeling (2002) acredita que os riscos podem ter origem no próprio projeto, em

ocorrências não planejadas ou em causas externas, relacionadas a situações

específicas.

De acordo com Linhares et al. (2004), os riscos podem ser classificados quanto aos

impactos no objetivo previsto do projeto como riscos de escopo, qualidade,

cronograma, custos ou de negócios.

Pela ótica do PMI, o principal beneficiado do processo é a documentação dos riscos

existentes, além do conhecimento e capacidade que eles fornecem à equipe de gestão

de antecipar os eventos.

Os dados de entrada, ferramentas e técnicas de análise e a saída esta ilustrado na

figura 5.1:

Figura 5.1 - Identificação dos riscos: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas. PMI (2014)

68

Já o processo de avaliação de riscos, que é a etapa subsequente a identificação e

também é realizado no âmbito da estrutura do processo de gestão de riscos, baseados

na ABNT NBR ISO 31000:2009, “fornece princípios através de políticas,

procedimentos e arranjos organizacionais que incorporam a gestão do risco em todos

os níveis organizacionais, é de grande importância o entendimento dos riscos, suas

causas, consequências e probabilidades”.

Essa importância, de acordo com a referida norma, se deve ao fato de que o processo

de avaliação de riscos fornece aos tomadores de decisão e às partes responsáveis um

entendimento dos riscos que poderiam afetar o alcance dos objetivos, bem como a

adequação e eficácia dos controles, fornecendo uma base para decisões sobre

abordagem mais apropriada a ser utilizada para tratar os riscos.

Porém, para um processo eficiente e eficaz, é imprescindível a correta identificação,

análise, avaliação e tratamento dos riscos, se necessário for. E, para auxilio dessas

etapas, existem ferramentas e técnicas que auxiliam ao longo do processo, sendo que

cada ferramenta tem suas peculiaridades com relação à aplicabilidade, dados de

entrada e saída, além de demandas específicas como tempo, pessoas qualificadas ou

até mesmo softwares.

As técnicas e ferramentas selecionadas e aqui expostas são as mais usuais ou que

melhor se adaptam a indústria de construção civil, e estão em conformidade com a

ABNT NBR ISO 31010 – Técnicas para o processo de avaliação de riscos, e

constantes em seu anexo “B”.

Cabe ressaltar que a utilização de uma técnica específica numa dada etapa do

processo não impossibilita a sua reutilização em outra etapa ou mesmo a combinação

com outras técnicas. Outra particularidade é referente aos resultados que não

necessariamente convergirão com o uso de técnicas distintas.

A escolha da técnica a ser utilizada no processo de análise depende de alguns fatores,

tais como a capacidade de utilização por parte dos gestores, pertinência, adequação e

complexidade do problema, grau de incerteza, nível de detalhamento requerido, grau

de conhecimento especializado, recursos humanos e informações disponíveis,

fornecimento de resultados quantitativos, além de, no caso de uso conjunto de

técnicas, a possibilidade de comparação entre os resultados oferecidos.

Na tabela 5.1 constam as ferramentas e suas indicações de uso nas etapas do

processo de gerenciamento de risco, de acordo com a norma ABNT NBR ISO

31010:2012:

69

Tabela 5.1 - Aplicabilidade das ferramentas utilizadas para o processo de avaliação de riscos. Adaptado pelo autor –

ABNT 31010.

5.2. As Ferramentas de Análise e suas Características

As ferramentas e técnicas expostas estão de acordo coma ABNT NBR ISO 31010 e

sua utilização no sistema de gerenciamento de risco visa orientar a tomada de decisão

por parte dos gestores sobre as ameaças existentes em qualquer organização.

Respeitando as peculiaridades e especificidades de cada setor ou organização, as

ferramentas podem ser adaptadas a qualquer organização, e utilizada em diversas

etapas e processos, sendo que algumas podem fornecer previamente dados para uma

análise mais aprofundada por outra técnica.

5.2.1. Brainstorming

5.2.1.1. Conceituação Esta técnica, como mostrado anteriormente no capítulo 2,foi criada nos Estados

Unidos pelo publicitário Alex Faickney Osborn (OSBORN, 1987) e estimula e incentiva

o pensamento criativo através do fluxo de diálogo entre indivíduos ou grupos para

Consequência Probabilidade Nível de risco

Brainstorming FA NA NA NA NAEntrevistas estruturadas ou semi-estruturadas

FA NA NA NA NA

Delphi FA NA NA NA NALista de Verificação FA NA NA NA NAAnálise preliminar de perigos (APP)

FA NA NA NA NA

Estudo de perigos e operabilidade (HAZOP)

FA FA A A A

Técnica estruturada "E se! (SWIFT)

FA FA FA FA FA

Análise de modo e efeito de falhas (FMEA)

FA FA FA FA FA

Análise de causa e efeito FA FA NA NA NALegenda: FA - Fortemente aplicável; NA - Não aplicável; A - Aplicável

Ferramentas e Técnicas

Processo de avaliação de riscosIdentificação

de riscos

Análise de riscos Avaliação de

riscos

70

identificar os modos de falhas potenciais e os perigos e riscos associados, além dos

critérios para decisões e opções de tratamento caso necessário.

5.2.1.2. Utilização De acordo com a norma ABNT ISO 31010, esta técnica pode ser utilizada em conjunto

com outras no processo de avaliação de riscos ou sozinha, como técnica para

incentivar ideias criativas em qualquer estágio do processo de gestão de riscos e

qualquer estágio do ciclo de vida.

O uso desta ferramenta na etapa de identificação de riscos não prejudica seu reuso na

etapa de avaliação.

Também não são permitidas críticas as ideias apresentadas sob o risco de causar

inibição. Com isso, nenhuma ideia é rejeitada, ou seja, os participantes tem total

liberdade na proposição de ideias.

A norma ISO 31010 diz que “processo de aplicação desta técnica pode ser formal ou

informal”, sendo o primeiro mais estruturado com participantes preparados com

antecedência e a sessão tem objetivos bem definidos, regras explicadas, exposição

inicial de ideias por parte do “facilitador” para servir de estímulo e resultados através

da avaliação das ideias apresentadas, ao passo que o segundo é bem menos

estruturado.

A aplicação ocorre com a apresentação ao grupo, que deverá encontrar soluções de

forma conjunta, debatendo prós e contras de cada ideia até que se chegue a um

consenso como resultado final.

5.2.1.3. Requisito de Entrada Para a utilização como fermenta de análise de riscos, a entrada é bem simples e basta

uma equipe com pessoas que tenham conhecimento sobre a organização, sistema,

processo ou aplicação a ser avaliado.

5.2.1.4. Saídas As saídas dependem da fase em que esta técnica é aplicada, podendo fornecer saídas

para a identificação riscos ou para a análise de riscos já identificados em etapas

anteriores.

71

5.2.1.5. Vantagens do Emprego Pode-se destacar, conforme a norma ISO 31010 como pontos fortes: o incentivos a

geração de ideias que ajudem a identificar novos riscos e soluções sem que seus

participantes sejam inibidos, flexibilidade, praticidade e facilidade em termos de

aplicação, bem como o envolvimento das partes interessadas no auxílio a

comunicação na execução do brainstorming.

5.2.1.6. Limitações Para as limitações, conforme a ISO 31010, têm-se o risco de os participantes não

terem a habilidade e conhecimento necessário para contribuírem com eficácia. Por ser

um processo empírico e primário, tem por base a experiência de cada um dos

envolvidos.

Com a falta de clareza e de objetivo como ocorre na aplicação não-estruturada fica

difícil demonstrar que o processo foi abrangente e que todos os riscos potenciais

foram identificados.

Há também o risco de pessoas com ideias valiosas não terem participação efetiva, o

que pode ser superado pelo uso de computadores onde os participantes são

anônimos, evitando assim que questões pessoas e politicas possam impedir ou

atrapalhar o bom andamento.

5.2.2. Entrevistas Estruturadas ou Semi-estruturadas

5.2.2.1. Conceituação Segundo Gressler (2003), que conceitua entrevista como uma conversação para obter

informações em uma investigação e, segundo a autora, pode envolver uma ou mais

pessoas.

No método estruturado, destaca-se porém, que não se trata de uma simples conversa,

mas uma conversa orientada para um objetivo definido, constituída por um

interrogatório feito pelo entrevistador ao entrevistado em um processo interativo,

através de um questionário pré-elaborado contendo roteiro de instruções e que

incentivem o entrevistado a observar a situação a partir de uma perspectiva objetiva e

com isso identificar os riscos a partir desta ótica

O modelo semi-estruturado, para Triviños (1987) tem como característica

questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam

72

ao tema da pesquisa, com foco principal sendo colocado pelo investigador-

entrevistador. O mecanismo é semelhante ao modelo estruturado, porém permite mais

liberdade para uma conversa que explore questões que possam vir a surgir.

5.2.2.2. Utilização Essa técnica, conforme anexo B.2.2 da norma ISO 31010 é extremamente útil quando

há impossibilidade de realização do brainstorming ou quando a discussão livre não é

apropriada para a situação ou para as pessoas envolvidas. São também utilizadas por

vezes para identificar os riscos ou avaliar a eficácia dos controles existentes.

Podem ser também aplicadas em qualquer etapa de um projeto ou processo e o uso

desta ferramenta na etapa de identificação de riscos não prejudica seu reuso na etapa

de avaliação.

O processo de emprego é facilmente explicado através de um conjunto de perguntas

criado para orientar o entrevistado. Vale ressaltar a importância das perguntas serem

abertas e em linguagem apropriada para o entrevistado e que abranjam apenas uma

questão por vez e se necessário, questões adicionais para obter maior esclarecimento.

Importante considerar também o cuidado para não ser tendencioso e “conduzir” as

respostas dos entrevistados ao questionamento.

5.2.2.3. Requisitos de Entrada As entradas são bem simples e conforme o anexo B.2.3 da norma “necessitam da

identificação clara dos objetivos da entrevista, definição dos entrevistados

selecionados entre as partes interessadas e um conjunto de perguntas pré-

elaboradas”.

5.2.2.4. Saídas Como saída, conforme o anexo B.2.5 da norma ISO 31010, têm-se a visão sobre as

questões sob a ótica das partes interessadas.

5.2.2.5. Vantagens do Emprego Os pontos fortes da entrevista estruturada são: permitirem às pessoas tempo para

refletir sobre uma questão, comunicação próxima entre o entrevistador e o

73

entrevistado possibilitando considerações mais aprofundadas e permitem o

envolvimento de um numero maior de partes interessadas que brainstorming, que se

utiliza de grupo relativamente pequeno (ABNT NBR ISO 31010).

Já o modelo semi-estruturado apresenta como vantagem a sua flexibilidade e a

possibilidade de rápida adaptação, ajustando a entrevista as variáveis entrevistado

e/ou circunstâncias , e ainda assim se utilizar de um plano ou guia para orientação da

entrevista.

5.2.2.6. Limitações Como limitação, conforme o anexo B.2.4 da norma ISO 31010, é importante

considerar que este método é dispendioso em termos de tempo para medidor, devido

possibilidade de opiniões múltiplas e o desencadeamento de novas ideias através do

estímulo à imaginação pode não ser alcançado.

5.2.3. Método Delphi

5.2.3.1. Conceituação O método Delphi, que surgiu no início da Guerra Fria como método para buscar

identificar os avanços tecnológicos e militares da então URSS e foi desenvolvido por

Olaf Helmer e Norman Dalkey (DALKEY; HELMER, 1963) e foi posteriormente

chamado de Método Delphi em alusão ao oraculo de Delfos na Grécia Antiga, consiste

num processo para obter consenso confiável de opiniões de um grupo de

especialistas.

A ideia inicial era desenvolver uma técnica de reunião da análise de especialistas,

transformando este resultado qualitativo em resultado quantitativo, com vista a poder

fazer previsões de desenvolvimento, aplicação e venda de produtos tecnológicos.

De acordo com Spíndola (1984), “a técnica Delphi tem sido definida como técnica de

processo grupal que tem por finalidade obter, comparar e direcionar julgamento de

peritos para um consenso sobre um tópico particular: assim promove a convergência

de opiniões, em ora nem sempre, em ultima instancia, seja completada”.

De acordo com o anexo B.3.1 da norma ISO 31010, a técnica Delphi embora

semelhante com o brainstorming, esta técnica apresenta uma característica essencial,

pois os participantes são especialistas e manifestam suas opiniões individualmente e

anonimamente através de respostas a questionários enviados igualmente para todos,

74

porém podendo ao longo da evolução do processo o acesso as demais considerações

de outros especialistas participantes.

O anonimato serve para que seja evitado confronto, já que todos os participantes são

especialistas e o objetivo fundamental é esclarecer aspectos de uma dada situação,

para identificar prioridades ou apresentar diferentes cenários prospectivos.

5.2.3.2. Utilização Este método pode ser aplicada em qualquer etapa do processo de gestão de riscos ou

em qualquer fase de um sistema de ciclo de vida, sempre que um consenso de visões

de especialistas sejam necessários e “tem sido largamente utilizada por uma

variedade de campos como na economia, ciências sociais, educação e outros”, sendo

aplicada para pesquisa e resolução de problemas, planejamento e avaliação (GRANT;

KINNEY, 1992).

O método Delphi realiza como processo de execução um questionário semi-

estruturado que é fornecido individualmente a cada especialista a fim de se obter

opiniões independentes, conforme a figura 5.2.

O processo de convergência de opiniões ocorre através da reenvio das informações e

respostas apuradas inicialmente a todos os membros participantes. O processo é

então repetido até que tenha consenso, pois pressupõe-se que o julgamento coletivo

dos resultados obtidos é superior à opinião de um só individuo ou de vários

participantes sem experiência manifestando suas respectivas opiniões.

5.2.3.3. Requisitos de Entrada Como entrada, o método Delphi busca o consenso de opiniões de especialistas

através do envio de questionário igual para todos os participantes responderem

anonimamente.

5.2.3.4. Saídas Como resultado, esta técnica possibilita o consenso entre os especialistas sobre a

temática abordada, no âmbito qualitativo.

75

5.2.3.5. Vantagens do Emprego Conforme Reid (1998), a principal vantagem desta técnica é que ela remove os fatores

interpessoais que frequentemente influenciam os grupos ou comitês de consenso

“quando os participantes estão frente a frente”, pois “encoraja opiniões honestas

devido a não existência de pressão do grupo”. Mas, outras vantagens apresentadas

por este autor são:

a) Remover a dificuldade que as pessoas têm de rever opiniões emitidas

previamente;

b) Permite tempo para pensar individualmente;

c) Permite uma ampla participação de pessoas de diversas especialidades e

experiências sem problemas de comunicação;

d) Permite o envolvimento de um maior numero de pessoas que uma conferencia

normalmente pode efetivar;

e) Reduz custo por não precisar reunir todos os participantes.

Já a norma ISO 31010 elenca como pontos fortes que podem ser destacados:

a) O anonimato, evitando confrontos pessoais e desgaste entre participantes;

b) Além do surgimento de opiniões impopulares;

c) O peso igual entre todos os pontos de vistas abordados evitando assim a

possibilidade de personalidades dominantes,

d) Não precisa reunir os participantes no mesmo local e ao mesmo tempo;

e) Propicia a integração e a sinergia de ideias e visões entre os especialistas;

f) Agrega conhecimento ao processo, não só pelas respostas, que incorporam

esforço de reflexões e opiniões de especialistas, mas também porque o próprio

processo demanda, ao longo das rodadas, a reformulação e o aprimoramento

das questões formuladas.

5.2.3.6. Limitações De acordo com Williams et al. (1991), muitas das limitações no uso desta técnica são

“relacionadas com as dúvidas sobre a respeitabilidade cientifica que é frequentemente

referida sobre o método”.

Como limitação, têm-se a necessidade de os participantes serem capazes de

expressar-se claramente por escrito e o consumo intensivo de trabalho e tempo, já que

para a elaboração do questionário, aplicação, tabulação, análise de respostas e

reaplicação implicam em grandes dificuldades.

76

Deve-se também ressaltar que os questionários exigem conhecimento, e talvez seja

necessário recorrer ao apoio de especialistas para a sua elaboração.

Aponta-se ainda a dificuldade de se redigir um questionário que trata de temas

complexos, sem ambiguidades e sem vieses que podem trazer visões implícitas da

equipe de elaboração, direcionando indevidamente o processo (GRISI; BRITTO,

2003).

Figura 5.2 - Esquema simplificado do modelo Delphi. Alberto Barros de Sousa – Metodologias de educação.

5.2.4. Checklist

5.2.4.1. Conceituação A técnica de Checklist ou Lista de Verificação são, de acordo com a norma ABNT NBR

ISO 31010, listas de verificações com itens a serem observados, tarefas a serem

cumpridas, materiais a serem adquiridos ou uma lista contendo perigos, riscos ou

falhas de controle habituais que foram desenvolvidas a partir da experiência, como

resultado de um processo de avaliação de riscos feita anteriormente ou como um

resultado de falhas passadas.

77

5.2.4.2. Utilização Esta técnica, segundo a norma ISO 31010, pode ser utilizada para identificar perigos e

riscos ou para avaliar a eficácia de controles. As listas podem ser utilizadas em

qualquer etapa do ciclo de vida de um produto, processo ou sistema. A Lista de

Verificação também pode ser usada combinada ou como parte de outras técnicas na

etapa de avaliação de riscos, porém são mais uteis quando aplicadas para verificar

tudo que foi observado após a aplicação de uma técnica mais imaginativa que

identifique novos problemas e sua utilização consiste em definir o escopo da atividade

e através de uma lista de verificação, cobrir adequadamente o escopo. O usuário da

lista de verificação percorre cada elemento do processo ou sistema e analisa

criticamente se os itens da lista de verificação estão presentes e são atendidos.

5.2.4.3. Requisitos de Entrada Como entradas, esta técnica se utiliza de informações obtidas anteriormente e

conhecimento especializado sobre o assinto, de modo que uma lista de verificação

pertinente e preferencialmente validada possa ser selecionada ou desenvolvida.

5.2.4.4. Saídas As saídas dependem da etapa em que esta ferramenta é empregada, mas em vias de

fato, como saída têm-se uma lista estrutura com riscos e falhas habituais a serem

verificadas e monitoradas ao longo do processo.

5.2.4.5. Vantagens do Emprego Como vantagens, segundo a norma ISO 31010, essa técnica pode ser utilizada por

qualquer pessoa e não apenas especialistas e quando bem concebidas, combinam

ampla gama de conhecimento especializado e com fácil utilização, além de assegurar

que os problemas comuns não sejam esquecidos.

5.2.4.6. Limitações Como limitações, pode-se elencar que o uso padronizado impossibilita de identificar

novos riscos, incentivando o comportamento objetivo e as listas tendem a ser

baseadas em observações, de maneira que ignoram problemas que não são

prontamente vistos.

78

5.2.5. Análise Preliminar de Perigos (APP)

5.2.5.1. Conceituação A Análise Preliminar de Perigos (APP) ou Análise Preliminar de Risco (APR) surgiu, de

acordo com De Cicco e Fantazzini (2003), na área militar onde a análise foi requerida

como uma revisão a ser feita nos novos sistemas de mísseis projetados para uso de

combustível liquido, e é um método de analise simples e indutivo cujo objetivo é

identificar os perigos, situações e eventos perigosos que podem causar danos em uma

determinada atividade, instalação ou sistema, além de evitar o uso desnecessário de

materiais.

Nesta análise, identificam-se os eventos indesejáveis, suas causas, consequências,

modos de detecção e salvaguardas.

Segundo Loewe e Kariuki (2007), uma análise abrangente da APR deveria ser capaz

de eliminar ou controlar os riscos de processos durante toda a vida útil.

5.2.5.2. Utilização Esta técnica, segundo a norma ISO 31010, é mais comumente utilizada no inicio do

desenvolvimento de um projeto quando há pouca informação sobre detalhes do

projeto ou procedimentos operacionais a serem executados e podem muitas vezes ser

uma precursora para estudos adicionais ou fornecer informações para a especificação

do projeto.

De acordo com Souza (1995), a APP geralmente é a primeira técnica aplicada durante

a análise de riscos de projetos em fase de concepção, principalmente nos projetos de

inovação tecnológica, por não possuírem informações sobre os seus riscos.

Esta técnica consiste em listar, estruturadamente,de acordo com a tabela 5.2, perigos

e situações perigosas tais como: materiais utilizados ou produzidos e sua reatividade,

equipamentos utilizados, ambiente operacional, layout e interfaces entre os

componentes do sistema.

Segundo a norma ISO 31010, análise APR são análises qualitativas em função das

consequências de um evento indesejável e suas probabilidades e podem ser utilizadas

para identificar os riscos para uma avaliação adicional.

Deve-se ressaltar também que é necessária a atualização da APP ao longo do projeto

a fim de detectar novos riscos que possam surgir e efetuar correções se necessário.

Os resultados podem ser apresentados como tabelas e árvores.

79

5.2.5.3. Requisitos de Entrada Para as entradas, segundo a norma ISO 31010, esta técnica necessita de informações

sobre o sistema a ser avaliado e detalhes do projeto que estão disponíveis e são

pertinentes.

5.2.5.4. Saídas Para a fase de saídas, é elaborada uma lista contendo os perigos e riscos com

recomendações sob forma de aceitação, controles recomendados, especificação de

projeto ou solicitações para uma avaliação mais detalhada.

5.2.5.5. Vantagens do Emprego Como vantagens, esta técnica é capaz de ser utilizada quando há pouca informação,

além de permitir que os riscos sejam considerados muito precocemente no ciclo de

vida do sistema.

Cabe ressaltar a fácil execução, obtenção rápida de resultados, baixo custo de

implementação e promove forte engajamento e conscientização à segurança de

processos e pessoas que participam do estudo de implementação deste método,

fazendo com que as pessoas se tornem multiplicadoras de opinião dentro da

organização.

5.2.5.6. Limitações Como limitação, a APP fornece somente informações preliminares, não sendo

abrangente e também não fornece informações detalhadas sobre riscos e como eles

podem ser melhores evitados.

80

Tabela 5.2 - Modelo de Planilha da APR. Adaptado pelo autor de Luiz, A (2014).

5.2.6. Estudo de Perigos e Operabilidade (HAZOP)

5.2.6.1. Conceituação O HAZOP, que significa Hazard and Operability Study, de acordo com Nolan (1994) foi

pela primeira vez utilizado na década de 60 pela indústria britânica Imperia Chemical

Industries na busca de desenvolver um método para análise de riscos no processo a

partir da condições básicas de operação, e identificar os problemas de operabilidade

através de um exame estruturado e sistemático de um produto, processo,

procedimento ou sistema existente. Este exame é feito através de perguntas que se

utilizam do uso apropriado de um conjunto de palavras-guias, que são utilizadas para

qualificar ou quantificar os desvios e estimular o brainstormig entre os participantes,

combinadas a parâmetros de processos aplicados em pontos importantes de uma

instalação.

O HAZOP tem como característica essencial, de acordo com McKay et al. (2011),

rever todos os desenhos e/ou procedimentos de processo em uma série de reuniões,

durante as quais uma equipe multidisciplinar utiliza um protocolo definido para avaliar

metodicamente o significado dos desvios da intenção de projeto e seja capaz de

fornecer uma solução para o tratamento do risco.

Segundo Kotek e Tabas (2012), o objetivo deste método é identificar os perigos e, com

as medidas propostas, minimizar ou eliminar completamente as potenciais fontes de

risco.

Etapa do processo Perigo Causas Consequências

Corte/Perfuração

Manuseio incorreto de

ferramentas, não utilização

de EPI adequado

Lesões físicas, diminuição da produtividade

Queda em altura

Não utilização do cinto de segurança, falta de

manutençõ do EpI, Falta de treinamento

Fraturas, Escoriações, Óbito

Dores nas costas e membros

Adoção de posturas

inagequadas, movimentos

repetitivos. Ausência de

intervalos para descanso

Lesões por esforço repetitivo (LER), Lesões

musculares, fadiga, diminuição da produtividade

Quedas de objetos de

pavimentos

Falta de atenção, manuseio incorreto de ferramentas,

falta de treinamentoLesões físicas, Óbito

Processo: Execução da Montagem de uma Armadura de Aço para Concreto Armado

Montagem da Armadura de Aço

81

Para Lawley (1974), os principais objetivos do HAZOP são identificar todos os desvios

operacionais possíveis do processo e também identificar os perigos e/ou riscos

associados a esses desvios operacionais.

De acordo com Palmer (2004) e Meel et al. (2007), o HAZOP “identifica não somente

riscos, mas suas causas e consequências, promovendo ações antes que o acidente

aconteça”.

5.2.6.2. Utilização Um estudo HAZOP, que pode ser usado tanto nas fases preliminares do

desenvolvimento de projeto, quando se usam fluxogramas do processo simplificados,

como as fases mais adiantadas, quando “fluxogramas de engenharia” (Pipings and

intrument Diagrams) já foram concebidos (Lopes, 1997).

Porém, segundo a norma ISO 31010, este método é melhor empregado na etapa de

detalhamento de projeto, devido as deficiências e a possibilidade de tratamento de

todas as formas de desvios já que o diagrama completo do processo pretendido ainda

esta disponível, e é mais fácil de alterá-lo.

Esta técnica também permite uma abordagem gradual para cada etapa, e a medida

em que os detalhes do projeto são desenvolvidos, considerando o projeto e suas

especificações, realizando análise critica de cada parte para descobrir quais desvios

do desempenho pretendido podem ocorrer, as causas potenciais e as consequências

prováveis do desvio.

Isso só pode ser conseguido através da observação sistemática de todos os

parâmetros em relação a como eles responderão as alterações nos parâmetros-chave

através do uso, segundo Dunjó et al. (2010), de palavras-guia adequadas combinadas

a parâmetros de processo com o intuito de encontrar possíveis desvios das intenções

de projeto ou de operabilidade, que podem ser personalizadas especificamente para

cada projeto, conforme o modelo sugerido na Tabela 5.3.

O processo desta técnica, conforme a norma ISO 31010, pode ser estruturado em

alguns princípios como:

a) Nomeação de responsáveis para conduzir o estudo;

b) Definição dos objetivos e o escopo do estudo;

c) Definição da equipe de estudo, com inclusão, se possível, de pessoas que não

estejam diretamente envolvidas no projeto;

d) Coleta da documentação necessária;

82

e) Dividir o projeto em subprojetos menores para melhor análise crítica;

f) Acordar o objetivo de cada subprojeto, com aplicação de palavras-guia para

postular possíveis desvios que teriam resultados indesejáveis;

g) Ao se identificar um resultado indesejável, observar as causas e

consequências, e sugerir para cada caso o tratamento para evitar que ocorram

ou atenuar suas consequências caso ocorram;

h) Documentar a discussão e acordar ações especificas para tratar os riscos

identificados.

5.2.6.3. Requisitos de Entrada O HAZOP considera essencial para as análises as informações atuais sobre o projeto

a serem analisadas criticamente, os objetivos e as especificações de desempenho do

projeto.

Os requisitos podem incluir desenhos, folhas de especificações, diagramas de fluxo e

de controle de processos, layout, procedimentos operacionais, de manutenção e

resposta a emergências.

5.2.6.4. Saída Como saída, segundo a norma ISO 31010, a análise HAZOP fornece ata com itens

para cada ponto de analise crítica registrado. Importante incluir como saída as

possíveis causas, ações para tratar os problemas identificados e o responsável pela

ação, recomendando mudanças nos procedimentos e processos.

Porém os resultados obtidos são puramente qualitativos, não fornecendo estimativas

numéricas nem qualquer tipo de classificação em categorias.

5.2.6.5. Vantagens do Emprego Como vantagens, segundo a ISO 31010, esta técnica fornece meios para uma análise

flexível, abrangente e sistemática do processo ou projeto, além de gerar soluções e

tratamento para os riscos e ser aplicável em ampla gama de projetos, permitindo

consideração explicita das causas e consequências, inclusive de erro humano e cria

um banco de registros do processo.

83

Esta técnica também favorece a troca de ideias entre os membros da equipe,

uniformizando o grau de conhecimento e gerando informações úteis para análises

subsequentes.

5.2.6.6. Limitações Como limitação, segundo a norma ISO 31010, a análise, por ser bastante detalhada,

pode ser bastante demorada, além de focar em encontrar soluções detalhadas ao

passo que o erro pode estar nas premissas e as questões podem ser restritas a

detalhes do projeto e ignorar questões mais amplas ou externas, sendo limitadas pelo

projeto e seus objetivos e se baseia no conhecimento especializado dos projetistas.

Pode-se elencar também que esta ferramenta requer uma equipe multidisciplinar com

larga experiência técnica.

Tabela 5.3 - Modelo de Planilha HAZOP. Adaptado pelo Autor. Fonte Sella, B (2014). Monografia – Bianca Cristina

Sella – 2014).

5.2.7. Técnica Estrutura “E se” (SWIFT)

5.2.7.1. Conceituação A técnica estruturada “E se”, também conhecida como “What if” ou “SWIFT”, é uma

técnica qualitativa de simples aplicação e foi desenvolvida por pelos professores

Kenneth Andrews e Roland Christensen da Havard Business Scholl a partir da

ferramenta Check List, sendo uma alternativa mais simples ao HAZOP, para controle

de processo, e utilizada como ferramenta de verificação de ações à serem feita.

A ideia principal é desenvolver uma serie de questionamentos, não muito estruturado

mas com determinado critério, do tipo “E se?” direcionados para estimular os

participantes, que integram uma equipe especializada, a identificarem riscos através

do uso de um conjunto de palavras ou frases de “comando” avaliando o fluxo do

84

processo, entradas e saídas com base no conhecimento individual de cada

integrantes.

Para Weihrich (1982 apud LEITÃO e DEODATO), esta técnica é um modelo conceitual

para efetuar análises sistemáticas que facilitem o cruzamento entre fatores externos

(oportunidades e ameaças) e internos (forças e fraquezas).

Para Oliveira (1987), os pontos fortes propiciam uma condição favorável para a

organização, em relação ao seu ambiente, enquanto que os pontos fracos provocam

uma situação desfavorável.

Muitos dos questionamentos não serão respondidos nas reuniões iniciais, pois é

necessário utilizar-se de outras técnicas de análise de riscos mais especifica

combinada a esta para aprofundamento e detalhamento de causas e consequências.

5.2.7.2. Utilização A utilização desta técnica, conforme recomendação da norma ISO 31010, ocorre mais

comumente na fase de conceituação do projeto para melhor compreender como um

sistema ou processo pode ser afetado por anormalidades comportamentais e

operacionais, examinando as consequências de mudanças e os riscos alterados ou

criados.

O processo de realização consiste na elaboração inicial por um mediador, de uma lista

de instruções adequadas de palavras ou frases para facilitar a análise critica

abrangente dos perigos ou riscos, podendo também ser uma tabela conforme a tabela

5.4, sucedido da discussão entre os participantes para a descrição do risco, suas

causas, consequências, controles esperados e tratamento se necessário for, com

questões do tipo “E se” para os possíveis desvios.

5.2.7.3. Requisitos de Entrada Como requisito, é importante que cada participante tenha conhecimento do processo

ou sistema operacional a ser analisado, além de possuir habilidade para questionar

possíveis perdas.

5.2.7.4. Saída Conforme a norma ISSO 31010, as saídas produzem um relatório contendo um

registro com os questionamentos realizados, riscos e ações ou tarefas classificadas

por grau de risco.

85

5.2.7.5. Vantagens do Emprego Como vantagens, conforme a norma ISO 31010, esta técnica apresenta:

a) Facilmente aplicável a todas as formas de instalações físicas, sistema ou

circunstancias, organização ou atividade;

b) Requer um preparo da equipe;

c) É relativamente rápida e os principais perigos e riscos tornam-se evidentes;

d) Permite que os participantes vejam as respostas do sistema ao desvios ao

invés de observar apenas as consequências e falhas;

e) Pode ser utilizada para identificar melhoria do processo ou ações que

conduzem a melhoria;

f) Permite cria um registro de risco e plano de tratamento de riscos;

g) Permite que, após a abordagem qualitativa ou semi-quantitativa, os riscos

identificados possam quantificados por outra técnica;

h) Técnica com baixo custo de implementação.

5.2.7.6. Limitações Como limitações ou dificuldades, apresentam-se a seguintes:

a) Necessidade de um “líder” experiente para “comandar” as reuniões;

b) A equipe participante deve possuir conhecimento e experiência suficiente para

colaborarem de forma eficiente;

c) Problemas e riscos, para serem identificados, dependem da equipe;

d) A aplicação da técnica em alto nível pode não revelar causas complexas,

detalhadas ou correlacionadas.

Tabela 5.4 - utilizada para técnica “E se”. Fonte: Autor Exemplo de planilha

AtividadeO que

aconteceria seCausas Consequências

Obervações e Recomendações

86

5.2.8. Análise de Modo de Falhas e Efeito (FMEA)

5.2.8.1. Conceituação A técnica de Análise do Modo e Efeito de Falhas (FMEA – Failure mode and effect

analysis) foi desenvolvido pela primeira vez na indústria espacial nos anos 60, no

entanto, rapidamente sua aplicação foi adaptada para outras industrias e pode ser

aplicado em produtos, processos, meios de produção e fluxos.

Por definição, a análise FMEA é uma metodologia que objetiva avaliar e minimizar

riscos por meio de análise das possíveis falhas e implantação de ações para aumentar

a confiabilidade, que é a probabilidade de falha, buscando, em principio, evitar, por

meio da análise das falhas potenciais e propostas de ações de melhorias, que ocorram

falhas no projeto do produto ou processo, de acordo com a figura 5.3.

Segundo Stmatis(1995), esta técnica é um método rigoroso e preventivo que tem por

objetivo definir, identificar e eliminar conhecidas ou potenciais falhas de um sistema. O

uso da técnica FMEA também possibilita a hierarquização das falhas através dos

riscos associados a elas e uma posterior tomada de decisão quando às ações a serem

desenvolvidas.

De acordo com Sinha et al. (2004), Kmenta e Ishii (2000), o FMEA tem como objetivo

identificar e ranquear falhas potenciais de projeto e processo, auxiliando a focar

recursos nos modos de falha de maior risco.

A composição da equipe depende da complexidade do projeto, tamanho e

organização da empresa e os membros precisam de conhecimentos especializados

relevantes, tempo disponível e autoridade ratificada pelo gerenciamento (AIAG, 2008;

AGUIAR e SALOMON, 2006).

Figura 5.3 - Roteiro proposto por Hamett (2000) para implementação da metodologia FMEA. Pessoa (2011).

87

5.2.8.2. Utilização Existem diversos tipos de FMEA, que são classificadas de acordo com a ABNT NBR

ISO 31010 como: processo, serviço e software.

Esta técnica consiste em identificar e dispor os modos de falha potencial em uma

tabela que facilitará a interpretação. Após a elaboração da tabela, as falhas devem ser

analisadas e classificadas de acordo com sua severidade, detecção e probabilidade de

ocorrência, conforme proposto pelo GEPEQ nas tabelas 5.5, 5.6 e 5.7, que pode

utilizar índices de capacidade da máquina (Cpk). A multiplicação desses índices

fornece a classificação do modo de falha de acordo com sua importância.

Tabela 5.5 - Tabela com exemplo de índices de severidade e seus critérios. Fonte: GEPEQ – DEP – UFSCar.

Tabela 5.6 - Tabela com exemplo de índices de ocorrência e seus critérios. Fonte: GEPEQ – DEP – UFSCar.

88

Tabela 5.7 - Tabela com exemplo de índices de detecção e seus critérios. Fonte: GEPEQ – UFSCar.

Entretanto, esta técnica foi inicialmente desenvolvida para ser utilizada na fase de

projeto para evitar através da análise de falhas em potencial e propostas de melhorias,

que ocorram falhas ao longo do processo ou no produto , porém, também pode ser

aplicada em processos e procedimentos, tais como:

a) Auxiliar na seleção de alternativas de projeto com elevada garantia de

funcionamento;

b) Assegurar que todos os modos de falha e processos e seus efeitos foram

considerados;

c) Identificar os modos e efeitos de erros humanos

d) Fornecer uma base para o planejamento de testes e manutenção de sistema

físicos;

e) Melhora do projeto ou processo;

f) Fornece informações qualitativas ou quantitativas para outras técnicas de

análise.

Deve-se ressaltar também a importância de atualização e revisão constante do FMEA

e o responsável por sua aplicação deve:

a) Entender o sistema/processo a ser analisado,

b) Descrever os objetivos e abrangência da análise;

c) Formar grupos de trabalho pequeno e multidisciplinares;

d) Definir a função de cada etapa ou componente;

e) Planejar as reuniões com antecedência e consentimento de todos os

participantes;

f) Preparar a documentação necessária, contendo detalhes do sistema analisado,

forma de condução da análise, premissas feitas, fontes de dados, resultados

com a inclusão de planilhas, criticidade e metodologia de classificação,

89 recomendações para análises adicionais ou alterações de projeto ou

características de projeto;

g) Identificar as medidas inerentes ao projeto para compensar falhas.

5.2.8.3. Requisitos de Entrada O FMEA, para ser eficiente necessita de informações sobre os elementos do processo

ou produto a ser analisado em detalhes suficientes para a análise das formas em que

cada parte respectivamente pode apresentar falhas.

De acordo com a ABNT NBR ISO 31010, as informações de entrada podem incluir:

a) Desenhos ou fluxogramas do sistema a ser analisado e seus componentes,

etapas ou processos; b) Compreensão da função de cada etapa de um processo ou componente do

sistema; c) Detalhes dos parâmetros que podem afetar a operação; d) Compreensão dos resultados de falhas especificas, e) Informação histórica sobre falhas, incluindo dados da taxa de falha, quando

disponíveis.

5.2.8.4. Saída A principal saída da FMEA, de acordo com a ABNT NBR ISO 31010 é uma lista de

modos e mecanismos de falha e os efeitos para cada componente ou etapa de um

sistema ou processo. Esta ferramenta também fornece informações sobre as causas

da falha e as consequências do sistema como um todo, incluindo uma classificação de

importância com base na probabilidade de falha, nível de risco do modo de falha ou

uma combinação do nível de risco e a detecção dos modos de falha.

5.2.8.5. Vantagens do Emprego Como vantagens, pode-se elencar:

a) Facilmente aplicável a modos de falhas humanas, de equipamentos, de

sistemas e para hardware, software e procedimentos;

b) Identifica modos de falha de componentes, suas causas, efeitos sobre o

sistema e apresenta-os com fácil entendimento;

90

c) Se visto como um procedimento sistemático, segundo Braglia (2000), gera

base de dados facilmente gerenciado com auxilio de software e que sustenta a

manutenção do histórico do desenvolvimento do produto ou processo;

d) Priorização de ações de acordo com a criticidade dos níveis;

e) Possibilita ajustes nos procedimentos;

f) Identifica os modos de falha pontuais e requisitos para sistemas redundantes

ou de segurança;

g) Fornece entrada para desenvolvimento de programas de monitoramento.

5.2.8.6. Limitações Como limitações de uso, pode-se elencar:

a) Dificuldade no entendimento e definição dos modos de falha;

b) Não identifica combinações de modos de falha;

c) Os estudos podem requerer tempo e recursos consideráveis;

d) Para sistemas complexos, pode ser tediosa e difícil a aplicação em

multicamadas;

e) Necessita de equipe bem treinada e coordenadas para uso de critérios

homogêneos para atribuição de pontuação usada;

f) Pontuação pode ser atribuída mediante a experiência da equipe e não por

falhas apresentadas;

g) Cálculos de probabilidade, de acordo com Xu et al. (2002), nem sempre são

precisos, pois o método vale-se de categorizações e não de variáveis de

campo;

h) Segundo o mesmo autor do item acima, nem sempre os elementos em

julgamento são mutualmente exclusivos, podendo haver influencia mutua ou

correlação entre fatores em julgamento, o que deve ser considerado pelo

grupo.

5.2.9. Análise de Causa e Efeito

5.2.9.1. Conceituação De acordo com a ABNT NBR ISO 31010, “a análise de causa e efeito é um método

estruturado para identificar as possíveis causas de um evento ou problema

indesejado”. A informação é organizada em diagramas, semelhantes a uma espinha

de peixe, conhecidos como diagrama de Ishikawa, que foi desenvolvido por Kaoru

91

Ishikawa, sendo também conhecido como diagrama de “causa e efeito” ou diagrama

“espinha de peixe”, conforme a figura 5.4.

Esta fermenta é de fácil utilização e permite abordar problemas simples e complexos

em diversas áreas e mostra a relação entre uma característica de qualidade (efeito) e

os seus fatores (causas).

A construção de um diagrama, segundo a norma ISO 31010, “pode ser realizada

quando houver necessidade” de:

a) Identificar as possíveis causas-raiz, as razões básicas, para um efeito,

problema ou condições específicas;

b) Classificar e correlacionar algumas das interações entre os fatores que afetam

um processo específico;

c) Analisar os problemas existentes de modo que ações corretivas possam ser

tomadas.

5.2.9.2. Utilização Esta ferramenta fornece, de acordo com a norma, uma visualização gráfica

estruturada de uma lista de causas para um efeito especifico. Cabe ressaltar que o

efeito nesse caso pode ser um evento positivo (ou objetivo pretendido) ou negativo

(problema ou falha) e depende do contexto em que a técnica será empregada.

A utilização, de acordo com a norma, “permite a consideração de todos os cenários

possíveis gerados por uma equipe de especialistas e permite que o consenso seja

estabelecido quanto às causas mais prováveis”.

Para a construção do diagrama de causa e efeito, deve seguir:

a) Estabelecer efeito (característica) da qualidade;

b) Encontrar o maior número possível de causas que podem afetar o efeito da

qualidade;

c) Categorizar as causas para melhor análise;

d) Preencher as possíveis causas para cada categoria principal com ramificações

e sub ramificações;

e) Definir relações entre as causas e construir um diagrama de causa e efeito,

ligando os elementos com o efeito da qualidade por relações de causa e efeito;

f) Estipular uma importância para cada causa e assinalar as causas

particularmente importantes, que pareçam ter um efeito significativo na

característica da qualidade;

92

g) Questionar o que ou porquê ocasionou;

h) Analisar criticamente as ramificações para verificar consistência e assegurar

que as causas se aplicam ao efeito principal;

i) Identificar as causas mais prováveis com base na opinião da equipe e

evidencias disponíveis;

j) Registrar quaisquer informações necessárias.

5.2.9.3. Requisitos de Entrada A eficiência da técnica esta associada aos conhecimentos e experiências dos

participantes, que devem ser especialistas ou de um modelo previamente

desenvolvido, pois estes elementos fornecerão os fatores (causas) que influenciam o

processo ou produto.

5.2.9.4. Saída Os resultados são normalmente exibidos como um diagrama de espinha de peixe, ou

Ishikawa, ou diagrama de árvore. O diagrama de espinha de peixe é estruturado, por

separa as causas em categorias principais, com ramificações que descrevem as

causas mais específicas nestas categorias.

A norma ressalta o fato da verificação empírica antes que recomendações possam ser

feitas.

5.2.9.5. Vantagens de Emprego De acordo com a norma ISO 31010, as vantagens do emprego são:

a) Envolvimento de especialistas trabalhando em um ambiente de equipe;

b) Análise estruturada;

c) Considerações de todas as hipóteses prováveis;

d) Ilustração gráfica de fácil leitura dos resultados;

e) Identificação de áreas onde dados adicionais são necessários;

f) Pode ser utilizada para identificar os fatores contributivos para os efeitos

pretendidos, bem como os não pretendidos.

93

5.2.9.6. Limitações De acordo com a norma ABNT NBR ISO 31010, esta técnica apresenta como

necessidade a participação de uma equipe especializada sob o risco de comprometer

os resultados. E, como limitação:

a) Não ser um processo completo por si só e precisa ser parte de uma análise de

causa-raiz para produzir recomendações;

b) É uma técnica de exibição das causas para brainstorming mais do que uma

técnica de análise em separada;

c) A separação de fatores causais em categorias principais no início da análise

significa que as interações entre as categorias podem não ser consideradas de

forma adequada.

Figura 5.4 - Diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe. Adaptado pelo autor. Fonte: ABNT 31010.

5.3. Influência dos Fatores nas Técnicas e Ferramentas

De acordo com a norma ABNT NBR ISO 31010, são identificados fatores que balizam

o uso da técnica, conforme à pertinência de disponibilidade de recursos e

capacidades, grau de incerteza, complexidade de implementação e avaliação e

resultados propostos conforme a tabela 5.8.

94

Tabela 5.8 - Pertinência dos fatores na influência das ferramentas e técnicas. Adaptado pelo Autor. ABNT NBR ISO

31010.

Brainstorming Baixo Baixo Baixo NãoEntrevistas estruturadas ou semi-estruturadas

Baixo Baixo Baixo Não

Delphi Médio Médio Médio NãoLista de Verificação Baixo Baixo Baixo NãoAnálise preliminar de perigos (APP)

Baixo Alto Médio Não

Estudo de perigos e operabilidade (HAZOP)

Médio Alto Alto Não

Técnica estruturada "E se! (SWIFT)

Médio Médio Qualquer Não

Análise de modo e efeito de falhas (FMEA)

Médio Médio Médio Sim

Análise de causa e efeito Baixo Baixo Médio Não

Ferramentas e Técnicas

Pertinência da influência de fatoresRecurso e

capacidade

Natureza e grau de

incertezaComlexidade

Fornece resultados

quantitativos

95

6. Estudo de Caso

6.1. Apresentação da Indústria

O presente trabalho apresenta o caso de uma empresa do ramo de insumos da

construção civil que atua na fabricação de blocos vazados de concreto simples, cuja

fabricação é normatizada pela norma ABNT NBR 6136:2007.

Por motivos de confidencialidade, não serão expostos dados relativos a proporções e

traços utilizados na produção, bem como dados relativos à parte comercial e

estratégia da empresa.

Os dados apresentados neste estudo são referentes à capacidade produtiva da fábrica

e a análise risco aplicada a gestão da qualidade tem foco exclusivo no processo de

produção dos blocos de concreto. Muito embora hajam fatores não relacionados

exclusivamente à qualidade do produto ou processo, mas que se identificados, serão

expostos, porém sem compromisso de análise maior conforme propõe suas

respectivas normas.

A referida fábrica é uma Indústria de Artefatos de Concreto e Comércio de Materiais

de Construção possui uma fábrica de cerca 3600 m² situada na cidade do Rio de

janeiro e foi fundada em 1988 por dois irmãos e que que surgiu com a fabricação de

lajes pré-fabricadas, mudando, a posteriori, para a produção de bloco de concreto

simples.

Atualmente a produção se estende a outros tipos de produtos, tais como: meio-fio e

caixas de gordura em outra unidade fabril.

A divisão hierárquica da fábrica é realizada pelos proprietários, onde se

complementam em funções, sendo um responsável pela aquisição de matérias primas,

equipamentos, emissão de notas, pagamentos de tributos e controle financeiro tal

como um diretor de finanças e comercial e o outro sendo responsável pelo preparo da

matéria prima, produção, estoque, carregamento de caminhões e manutenção de

equipamentos, ora considerado gerente de produção e manutenção.

O produto objeto deste estudo são os blocos de concreto simples, por ser o carro-

chefe da empresa, representando cerca de 80% da produção, que tem capacidade

produtiva de 10.000 unidade/dia para este bloco, que possui dimensões 9cm x 19cm x

39cm, conforme dados fornecidos pelo gerente de produção.

96

A intenção desta exposição é proporcionar uma análise crítica da gestão de risco de

uma fabrica da cadeia de insumos da construção civil, sob a ótica qualitativa, a partir

de dados coletados in loco.

6.2. Matérias Primas

As matérias primas para a fabricação do produto são:

a) Pó de pedra grosso fornecido pela pedreira e adquirido por peso, com entrega

sendo a cargo da própria fornecedora;

b) Pó de pedra fino fornecido pela pedreira e adquirido por peso, com entrega

sendo a cargo da própria fornecedora;

c) Pó de cimento fornecido pela fabricante é o tipo CP- V;

d) Aditivos;

e) Água.

6.3. Metodologia do estudo de caso Para a realização do estudo de caso ocorrido na fábrica, foram realizadas duas visitas

técnicas, sempre acompanhadas pelo responsável pela produção, para que se

obtivesse as melhores e mais confiáveis informações possíveis.

Foi acompanhada a produção, etapa a etapa, para melhor compreender os processos

como um todo, suas inter-relações e através disso, identificar os riscos mediante o uso

das ferramentas, conforme proposto pela norma NBR ISO 31010. Nesta etapa, foram

utilizadas as ferramentas brainstorming, entrevista semi-estruturada e análise

preliminar de perigos, que forneceram dados de entrada para a produção do diagrama

de Ishikawa. Posteriormente com estes dados, foi criada uma matriz de riscos através

de índices qualitativos, onde pôde-se elencar, de acordo com o grau de criticidade, os

riscos compreendidos nas categorias “alta” e “muito alta” e assim, identificar suas

causas, consequências e ações mitigadoras.

6.4. Etapas de produção

O processo de produção, que é considerado desde o estoque de matéria-prima até a

entrega final ao cliente, é em grande parte mecanizado, havendo ação direta dos

operários apenas no auxilio e operação de parte dos equipamentos.

A produção pode ser descrita em etapas, sendo elas:

97

a) Abastecimento dos silos de pó de pedra do equipamento de produção com

auxílio de retroescavadeira, conforme a figura 6.1.

Figura 6.1 - Operação de retroescavadeira para abastecimento dos silos de pós-de-pedra. Fonte: O Autor.

b) De acordo com peso programado, os silos abastecem a esteira que possui

duas balanças independentes, sendo uma para cada tipo de pó, conforme

figura 6.2;

Figura 6.2 - Silos de armazenamento do pó de pedra. FONTE: O Autor

98

c) A esteira conduz os pós de pedra para o misturador, que também está

conectado ao silo onde se armazena o pó de cimento, que também é lançado

no misturador de acordo com o peso programado, sendo sua balança também

independente, conforme figura 6.3.

Figura 6.3 - Esteira conduzindo os pós de pedra para o misturador. Fonte: O Autor.

I. Importante ressaltar que o silo de cimento, de acordo com a figura 6.4,

é vedado e comporta 60 toneladas de material e seu abastecimento é

realizado direto pela fabricante.

Figura 6.4 - Silo de cimento, com 60 toneladas de capacidade. Fonte: O Autor

II. O misturador, conforme figura 6.5, possui controle de umidade,

podendo acrescentar água conforme a necessidade do processo;

99

Figura 6.5 - Misturador. Fonte: O Auto

d) Após a mistura no misturador, o material é conduzido a prensa por uma esteira,

de acordo com a figura 6.6, que despeja o material conforme sensor de

presença do próprio equipamento;

Figura 6.6 - Esteira levando a massa, após sair do misturador, para a prensa. Fonte: O Autor.

e) Com as formas já posicionadas, a prensa realiza uma força de 4,5 tf

(toneladas-força) para a prensagem da massa nas formas, conforme a figura

6.7;

Figura 6.7 - Bloco de concreto logo após a prensagem. Fonte: O Autor.

100

f) O bloco é então conduzido a uma lixadeira para melhor acabamento, conforme

a figura 6.8;

Figura 6.8 - Blocos sendo lixados para melhor acabamento final. Fonte: O Autor.

g) Após o acabamento, os blocos são “pinçados” por um operário que se utiliza de

pinça hidráulica, de acordo com a figura 6.9, e são postos em “gaiolas” para

serem encaminhados a secagem;

Figura 6.9 - Blocos pinçados por operário para serem colocados na gaiola. Fonte: O Autor.

h) Após a colocação na gaiola, os blocos são direcionados a área de secagem,

que é coberta, com o auxilio de empilhadeira.

Figura 6.10 - Operário empilhando os blocos. Fonte: O Autor.

101

Figura 6.11 - Fluxograma da produção até a entrega ao cliente. Fonte: O Autor.

A participação direta do operário na produção, como pode ser visto na figura 6.11, que

expõe o fluxograma da cadeia de produção, pode ser descrita como:

a) Manuseio do maquinário (retroescavadeira) para abastecimento dos silos de

pós de pedras, conforme figura 6.1;

b) Colocação dos blocos recém produzidos em gaiolas com “pinça” hidráulica;

c) Operação de empilhadeira, conforme figura 6.10;

d) Paletização.

102

6.5. Identificação dos Riscos

Para esta etapa, foram utilizadas, de acordo como recomendado na norma ABNT NBR

ISO 31010 para esta etapa e exposto na tabela 5.1 do capítulo anterior, quatro

técnicas, sendo elas:

a) Brainstormig;

b) Entrevista semi-estruturada;

c) APP

d) Diagrama de Ishikawa

6.5.1. Brainstorming

O brainstormig foi realizado junto a seis operários ligados à produção, o que

representa cerca de um terço do total de operários, para obter, de acordo com sues

respectivos critérios, as possíveis falhas e/ou riscos do processo de produção do bloco

de concreto simples, e o resultado obtido foi:

a) Falha na operação de equipamentos de movimentação de carga, tais como

bobycat e retroescavadeira;

b) Quebra de equipamento;

c) Acidentes na operação de equipamentos;

d) Falhas no manuseio do bloco na paletização;

e) Falha no descarregamento do caminhão.

6.5.2. Entrevista Semi-estruturada

A entrevista semi-estruturada foi realizada, a partir de um questionário informal, com o

gerente de produção e os dois operários mais antigos para que os resultados obtidos

fossem mais refinados.

Mas, para a elaboração do questionário foi imprescindível a colaboração do

responsável pela produção, o que pode tê-lo tornado tendencioso. Após coletada e compilada as informações, os resultados obtidos foram:

a) Falha na operação de equipamentos de movimentação de carga, conforme

obtido no brainstorming;

b) Quebra de equipamentos;

c) Acidentes na operação de equipamentos;

d) Falha no manuseio do bloco na paletização;

e) Falha no descarregamento do caminhão;

103

f) Falha na programação do equipamento de produção;

g) Riscos ambientais no descarte inadequado – possibilidade de multa e

paralisação de atividade;

h) Qualidade do material utilizado;

i) Riscos à saúde

6.5.3. APP

Como mostrado no item 5.2.5.2., a utilização desta ferramenta no processo de

identificação dos riscos fornece dados qualitativos e produz um relatório contendo os

perigos e recomendações e sugestões para aceite.

Importante considerar que a técnica foi realizada apenas com o responsável pela

produção em dia diferente da aplicação do brainstorming e da entrevista semi-

estruturada.

A aplicação partiu do principio de se identificar preliminarmente antes do início de um

dia de produção as possíveis falhas ou riscos, suas causas e consequências.

Tabela 6.1 - Tabela APP. Fonte: O Autor.

Falha e/ou risco Causa Consequencia

Falha na operação de equipamento de movimentação de carga

Imperícia de uso, desatenção, despreparo do operador

Danos ao equipamento, danos ao produto, riscos de acidentes, riscos à integridade física do operador

Quebra de equipamentos Falta de manutenção, operação inadequada

Pausa na produção

Acidentes na operação de equipamentos

Operação inadequada, descuido, desatenção, despreparo do operador

Danos ao equipamento, danos ao produto, riscos de acidentes, riscos à integridade física do operador

Falha no manuseio do bloco na paletização Desantenção

Danos ao produto, inutilização do produto, perda de material

Falha no descarregamento do caminhão

Imperícia de uso, desatenção

Danos ao produto, inutilização do produto, perda de material

Falha na programação do equipamento de produção

DesantençãoPerda do produto, não-conformidade, inutilização do produto, perda de material

Riscos ambientais no descarte Descarte inadequado Multas, fechamento da fábrica

Qualidade do material utilizadoNão atendimento da norma

inutilização do produto, não-conformidade, perda de recurssos,

Falta de EPI

Falta de EPI decorrente ao não uso ou não-entrega por parte do empregador

Riscos a saúde, doenças e enfermidades

104

6.5.4. Compatibilização de Resultados e exposição por etapas de produção entre as técnicas de brainstorming, entrevista semi-estruturada e APP.

Através das técnicas utilizadas nos itens 6.4.1. e 6.4.2., verificou-se grande

semelhança de resultados, porém, pela abrangência e refinamento maior, foram

utilizados os resultados obtidos na entrevista semi-estruturada.

Tabela 6.2 - Correlação de resultados obtidos nas técnicas de identificação. Fonte. O Autor.

Técnicas/Etapas

do processo Brainstorming Entrevista Semi-

estruturada APP

Estocagem

Abastecimento de silos de pó de

pedra

Quebra de equipamento devido a

manuseio incorreto

Quebra de equipamento devido a manuseio

incorreto

Quebra de equipamento devido a

manuseio incorreto Acidentes – dano ao

equipamento

Acidentes – dano ao equipamento

Acidentes – dano ao equipamento

Acidentes – lesão ao

operador Acidentes – lesão ao

operador Acidentes – lesão ao

operador Riscos à saúde devido

a ausência de EPI

Falha e/ou risco

Técnica

Brainstormig Esntrevista

semi-estruturada

APP

Falha na operação de equipamento de movimentação de carga

Quebra de equipamentos

Acidentes na operação de equipamentos

Falha no manuseio do bloco na paletização

Falha no descarregamento do caminhão

Falha na programação do equipamento de produção

Riscos ambientais no descarte

Qualidade do material utilizado

Riscos à saúde Falta de EPI

105

Abastecimento do silo de cimento

Qualidade do material entregue pela

cimenteira

Qualidade do material entregue pela

cimenteira

Pesagem e transporte dos pós de pedra

Programação incorreta do equipamento de

produção

Programação incorreta do equipamento de

produção Pesagem e

transporte do cimento

Programação incorreta do equipamento de

produção

Programação incorreta do equipamento de

produção Misturador

Prensagem

Lixamento

Colocação dos blocos na gaiola

Riscos à saúde devido a resíduos e poeira

Riscos à saúde devido a resíduos e poeira

Riscos à saúde devido a resíduos e poeira

Colocação da gaiola em local para secagem

Quebra de equipamento devido a

manuseio incorreto

Quebra de equipamento devido a manuseio

incorreto

Quebra de equipamento devido a

manuseio incorreto Riscos à saúde devido a

resíduos e poeira Riscos à saúde devido

a resíduos e poeira

Riscos à saúde devido a ausência de EPI

Paletização Falha no manuseio do bloco na paletização

Falha no manuseio do bloco na paletização

Falha no manuseio do bloco na paletização

Estocagem do bloco

Acidentes na operação de equipamento

Acidentes na operação de equipamento

Acidentes na operação de equipamento

Riscos à saúde devido a resíduos e poeira

Riscos à saúde devido a resíduos e poeira

Riscos à saúde devido a ausência de EPI

Descarregamento manual

Descuido no manuseio do bloco

Descuido no manuseio do bloco

Descuido no manuseio do bloco

Tabela 6.3- Modos de falha – Ferramenta x Etapas do ciclo de produção e entrega. Fonte: O Autor.

Os resultados encontrados para estas técnicas, e que serviram de entrada para os

diagramas de Ishikawa, podem ser elencados em quatro macro grupos para melhor

análise, sendo eles:

a) Segurança e saúde ocupacional – SSO;

b) Perda de insumos e produtos;

c) Problemas relativos à produtividade;

d) Geração de resíduos

E, conforme exposto na tabela 6.3, as referidas técnicas também forneceram

resultados para modos de falhas associados às questões ambientais e de segurança e

saúde dos trabalhadores. Os resultados relativos a estes temas, como dito no item 6.1

106

não são objetos de análise e, portanto este estudo não tem compromisso de avaliação

segundo suas respectivas normas.

6.5.5. Diagrama de Ishikawa Os diagramas de Ishikawa foram produzidos por etapas, para que, além dos modos de

falhas identificados, pudessem ser elencados outros tipos de falhas possíveis para o

processo.

Foram também considerados, mesmo não sendo o foco do trabalho como dito

anteriormente, riscos ambientais e referentes à saúde segurança do operário.

6.5.5.1. Etapa de Estocagem de Material

Figura 6.12- Diagrama de Ishikawa para a etapa de estocagem de material. Fonte: O Autor.

107

6.5.5.2. Etapa Abastecimento dos silos e liberação do pós de pedra

Figura 6.13 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de abastecimento do silo de pó de pedra. Fonte: O Autor.

6.5.5.3. Abastecimento do silo de cimento

Figura 6.14 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de abastecimento do silo de pó de cimento. Fonte: O Autor.

108

6.5.5.4. Pesagem e transporte dos pós de pedra e de cimento

Figura 6.15 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de pesagem do pó de pedra e de cimento. Fonte: O Autor.

6.5.5.5. Etapa de mistura dos materiais

Figura 6.16 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de mistura. Fonte: O Autor.

109

6.5.5.6. Etapa de prensagem

Figura 6.17 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de prensagem. Fonte: O Autor.

6.5.5.7. Etapa de Lixamento

Figura 6.18 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de lixamento. Fonte: O Auto

110

6.5.5.8. Etapa de engaiolamento dos blocos

Figura 6.19 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de engaiolamento do bloco. Fonte: O Autor

6.5.5.9. Etapa de secagem

Figura 6.20 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de secagem. Fonte: O Autor.

111

6.5.5.10. Etapa de paletização

Figura 6.21 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de paletização. Fonte: O Autor.

6.5.5.11. Etapa de estocagem de bloco

Figura 6.22 - Diagrama de Ishikawa para a etapa de estocagem. Fonte: O Autor.

112

6.5.5.12. Etapa de descarregamento manual na entrega

Figura 6.23 - Diagrama de Ishikawa para a etapa descarregamento no cliente. Fonte: O Autor.

6.6. Avaliação dos Riscos

Para o processo de avaliação, foi utilizada uma matriz de risco que foi gerada a partir

dos riscos identificados com o auxílio das ferramentas na etapa anterior. Devido à

dificuldade de se obter dados quantitativos, a análise será sob a ótica qualitativa para

uma obtenção de uma tabela com riscos e possíveis riscos a serem priorizados devido

o seu grau de criticidade. Para auxílio na produção da matriz de risco, foram utilizadas

as tabelas 6.4, 6.5 e 6.6 construídas com base nas tabelas 5.5, 5.6 e 5.7 produzidas

pelo GEPEQ e serão tratados para fins de exposição os riscos que estiverem nas

categorias alta e muito alta.

Para a definição das categoria alta e muito alto, foi definido que:

a) Todas as falhas identificadas com pontuação entre 40 e 80 pontos inclusive,

estaria na categoria “alta”;

b) Todas as falhas identificadas com pontuação superior a 80 pontos estariam na

categoria “muito alta”.

De acordo com dados apurados in loco sobre a produção, e admitindo que qualquer

processo industrial têm perdas, vale mensurar que perdas para o processo de

produção são bastante pequena, pois correspondem a cerca de 0,2% a 0,25%. Isso

113

ocorre devido ao fato de que os blocos quebrados são triturados e seu material é

reutilizado no processo. Portanto, a perda do processo, em se tratando do material foi

mitigada, e corresponde ao homens-horas consumidos na trituração do bloco e o custo

energético, que juntos correspondem à cerca de 50% do custo produtivo do bloco.

6.6.1. Matriz de Risco

Foram utilizadas as tabelas para análise qualitativa de risco através da matriz de risco:

Tabela 6.4 - Tabela de severidade. Fonte: Adaptado pelo autor de GEPEQ.

Tabela 6.5 - Tabela de ocorrência. Fonte: Adaptado pelo autor de GEPEQ.

Detecção

Índice Detecção Critério 1 Muito Alta O Geralmente será detectado 3 Grande Grande probabilidade de ser detectado 5 Moderada Provavelmente será detectado 7 Pequena Provavelmente não será detectado

10 Muito Pequena Certamente não será detectado Tabela 6.6 - Tabela de detecção. Fonte: Adaptado pelo autor de GEPEQ.

Para análise relativa a questões SSO e ambientais, no que tange os parâmetros de

severidade, foi utilizada a tabela 6.7, que forneceu valores para a análise qualitativa e

a produção de uma tabela que categoriza, por grau de criticidade, as falhas.

Índice Severidade1 Mínima3 Pequena5 Moderada7 Alta

10 Muito Alta

Severidade

O cliente mal percebeu que a falha ocorreu

Deterioração significativa no desempenho de um sistema com descontentamento do clienteSistema deixa de funcionar e grande descontentamento do clienteIdem ao anterior porém afeta a segurança

Ligeira deterioração no desempenho com leve descontentamento do cliente;

Critério

Índice Ocorrência Proporção1 Remota 1:1.000.0003 Pequena 1:10.0005 Moderada 1:5007 Alta 1:30

10 Muito Alta 1:5

Ocorrência

114

Grau Efeito Descrição Afastamento 1 Leve Acidentes que não provocam lesões (batidas leves,

arranhões) Sem

afastamento 3 Moderado Acidentes com afastamento e lesões não

incapacitantes (pequenos cortes, torções leves) de 01 a 30

dias 5 Grande Acidentes com afastamento e lesões

incapacitantes, sem perdas de substâncias ou membros (fraturas, cortes profundos)

de 31 a 60 dias

7 Severo Acidentes com afastamentos e lesões incapacitantes, com perdas de substâncias ou

membros (perda de parte do dedo)

de 61 a 90 dias

10 Catastrófico Morte ou invalidez permanente Não há retorno à atividade laboral

Tabela 6.7 - Tabela com severidade para análise de questões relativas a SSO. Fonte: Adaptado pelo autor de Catai

(2002).

A matriz obtida: Etapa Falhas identificadas Ocorrência Severidade Detecção Pontuação

Est

ocag

em

Geração de poeira 10 3 1 30 Geração de resíduos 10 1 1 10 Material estocado em local incorreto 3 1 3 9 Material sem a qualidade necessária 1 1 10 10 Quantidade insuficiente de material disponível em estoque

3 5 3 45

Aba

stec

imen

to d

os si

los d

e pó

s de

pedr

a

Acidentes - dano ao equipamento 1 7 3 21 Acidentes - dano ao operador 1 3 1 3 Ausência de EPI 3 3 3 27 Falta de treinamento 3 3 3 27 Geração de poeira 10 3 1 30 Geração de resíduos 10 1 1 10 Quantidade inadequada de material inserida no silo

3 1 3 9

Quebra do equipamento - ciclo de vida 5 5 3 75 Quebra do equipamento - falta de manut. 3 7 1 21 Quebra do equipamento - uso incorreto 3 7 1 21

Aba

stec

imen

to d

os si

los

de c

imen

to Geração de resíduos 10 1 1 10

Peso incorreto na entrega do produto 1 5 5 25 Qualidade do material 1 10 10 100 Toxidade do produto - riscos a saúde 1 3 3 9

Pesa

gem

e

tran

spor

te d

os p

ós

de p

edra

Falha na pesagem 3 7 1 21 Geração de resíduos 10 1 1 10 Programação incorreta do equipamento 1 7 3 21

Quebra - ciclo de vida do equipamento 3 7 1 21

Quebra - falta de manutenção do equipamento

3 7 1 21

115

Pesa

gem

e

tran

spor

te d

o ci

men

to

Falha na pesagem 1 7 3 21

Geração de resíduos 10 1 1 10

Programação incorreta do equipamento 1 7 5 35 Quebra do equipamento - ciclo de vida 3 7 1 21 Quebra do equipamento - falta de manutenção

3 7 1 21

Mis

tura

Desgaste do equipamento - ineficiência na mistura

3 7 3 63

Geração de resíduos 10 1 3 30 Quantidade de material indevido que entra no misturador

3 3 1 9

Quebra do equipamento - ciclo de vida 3 3 1 9 Quebra do equipamento - falta de manutenção

1 7 3 21

Pren

sage

m

Barulho 10 1 1 10 Falha no sensor de presença - quantidade de material inadequado entrando

3 3 3 27

Geração de poeira 10 3 1 30 Geração de resíduos 10 1 1 10 Prensagem inadequada 3 1 3 9 Rompimento da forma 3 3 1 9

Lix

amen

to

Barulho 10 3 1 30 Geração de poeira 10 3 1 30 Geração de resíduos 10 1 1 10 Lixas danificadas 5 3 5 75 Quebra do equipamento - ciclo de vida 3 7 1 21 Quebra do equipamento- falta de manuteção 3 7 1 21

Eng

aiol

amen

to d

os b

loco

s

Ausência de EPI 1 5 3 15 Barulho 10 1 1 10 Descuido na operação do equipamento - queda de blocos

3 3 5 45

Excesso de blocos na gaiola 1 3 3 9 Falta de treinamento 1 1 3 3 Geração de resíduos 10 3 1 30 Processo com participação de operários - risco associado

1 1 10 10

Quebra do equipamento - ciclo de vida 3 5 1 15 Quebra do equipamento - falta de manutenção

1 5 1 5

Seca

gem

Acidentes - danos ao equipamento 1 5 5 25 Acidentes - danos ao operário 1 7 5 35 Ausência de EPI 1 1 3 3 Descuido na operação do equipamento - quebra de blocos

5 5 3 75

Excesso de distâncias percorridas 1 3 3 9 Excesso de material movimentado a cada ciclo

1 3 3 9

Falta de treinamento 3 1 3 9 Geração de poeira 10 3 1 30

116 Geração de resíduos 10 1 1 10 Quebra do equipamento - ciclo de vida 5 5 3 75 Quebra do equipamento - falta de manutenção

3 3 3 27

Quebra do equipamento devido a manuseio incorreto

3 3 3 27

Secagem em local indevido 1 3 1 3

Pale

tizaç

ão

Acidentes - danos ao operário 3 1 5 15 Ausência de EPI 1 3 1 3 Geração de resíduos 10 3 1 30 Processo manual - falta de qualidade do serviço

3 5 5 75

Quebra de blocos - descuido na paletização 5 5 5 125

Est

ocag

em d

o bl

oco

Acidentes - danos ao equipamento 3 3 3 27 Acidentes - danos ao operário 1 3 3 9 Ausência de EPI 1 3 1 3 Espaço insuficiente 1 3 1 3 Falta de treinamento 3 1 1 3 Geração de resíduos 10 1 1 10 Processo ineficiente devido ao layout 5 3 5 75 Quantidade de material (paletes) sobreposto 1 1 3 3 Quebra de blocos - descuido na estocagem 5 5 3 75 Quebra de equipamento - ciclo de vida 5 5 3 75 Quebra de equipamento - falta de manut. 3 3 3 27

Des

carr

egam

ento

m

anua

l na

entr

ega Acidentes - danos ao operário 3 3 3 27

Ausência de EPI 1 3 3 9

Excesso de carga no caminhão 3 3 3 27

Geração de resíduos 10 3 1 30

Quebra de blocos no descarregamento 5 5 3 75 Tabela 6.8 - Matriz de risco. Fonte: O Autor.

6.7. Recomendações geradas pelo uso da técnica APP

Foram propostas 5 ações para melhorias, sendo elas:

a) Adoção de máscaras por todos os funcionários e não apenas os que têm

contato integral e direto com a produção;

b) Adoção de equipamento que remova resíduos que eventualmente se

depositem no chão para evitar a produção de resíduos, poeira, e, por

conseguinte, incomodo à vizinhança e riscos a saúde;

c) Treinamento contínuo para redução deperda oriundas de desperdícios de

materiais decorrentes do uso;

117

d) Controle periódico do produto através de ensaios periódicos para fins controle

de produção;

e) Melhoria no layout da fábrica para redução de distâncias percorridas por

operários.

6.8. Matriz de risco para as categorias “alta” e “muito alta”

Etapa Falhas identificadas Pontuação Grau de

criticidade Estocagem Quantidade insuficiente de material em estoque 45 Alto

Abast. Do silos de pó de pedra

Quebra do equipamento - ciclo de vida 75 Alto

Abast. Do silo de cimento

Qualidade do material 100 Muito Alto

Mistura Desgaste do equipamento - ineficiência na mistura

63 Alto

Lixamento Lixas danificadas 75 Alto Engaiolamento

dos blocos Descuido na operação do equipamento - queda de blocos

45 Alto

Secagem Descuido na operação do equipamento - quebra de blocos

75 Alto

Quebra do equipamento - ciclo de vida 75 Alto Paletização Processo manual - falta de qualidade do serviço 75 Alto

Quebra de blocos - descuido na paletização 125 Muito Alto Estocagem do

bloco Processo ineficiente devido ao layout 75 Alto Quebra de blocos - descuido na estocagem 75 Alto Quebra de equipamento - ciclo de vida 75 Alto

Descarregamento manual na

entrega

Quebra de blocos no descarregamento 75 Alto

Tabela 6.9 - Matriz de risco para categoria “alta” e “muito alta”. Fonte: O Autor.

A matriz fornecida pela tabela 6.9 fornece as principais falhas identificadas para o

processo, de acordo com o grau de criticidade, estabelecendo assim os principais

fatore a serem “atacados” e tratados.

Etapa Falhas identificadas

Causa Consequência Ação mitigadora

Estocagem Quantidade insuficiente de material em estoque

planejamento ineficiente

Pausa da produção

identificação de fornecedores com capacidade de pronto atendimento

118

Abast. dos silos de pó de pedra

Quebra do equipamento - ciclo de vida

Uso contínuo e ciclo de vida finalizado ou em finalização e não substituição

Redução da produção, perda de produtividade

Disponibilidade de equipamento para realização temporária da atividade e controle do ciclo de vida com planejamento de substituição de equipamentos

Abast. Do silo de

cimento

Qualidade do material

Qualidade inferior ao requisitado para o produto

comprometimento de uso

Documento fornecido pela cimenteira que ateste a qualidade regular do produto

Mistura Desgaste do equipamento - ineficiência na mistura

Desgaste do equipamento e falta de substituição

Produto sem a qualidade desejada

Mecanismos de rápida identificação da falha e disponibilidade de peças sobressalentes para trocas rápidas

Lixamento Lixas danificadas Desgaste do equipamento e falta de substituição

Acabemento ruim do bloco e geração de resíduos

Planejamento do ciclo de vida do equipamento prevendo trocas regulares

Engaiolame-nto dos blocos

Descuido na operação do equipamento - queda de blocos

Desatenção, imperícia e distração

Quebra do bloco e perda na produção

Bonificação por redução de perdas e eliminação de focos paralelos de ocupação para evitar distração

Secagem Descuido na operação do equipamento - quebra de blocos

Desatenção, imperícia e distração

Quebra do bloco e perda na produção

Bonificação por redução de perdas e eliminação de focos paralelos de ocupação para evitar distração

Quebra do equipamento - ciclo de vida

Uso contínuo e ciclo de vida finalizado ou em finalização e não substituição

Redução da produção, perda de produtividade

Planejamento do ciclo de vida do equipamento prevendo trocas regulares

Paletização Processo manual - falta de qualidade do serviço

Ausência de equipamento próprio para a função

Perda de produtividade

Investimento em processos industriais que reduzam a necessidade de mão de obra manual

Quebra de blocos - descuido na paletização

Desatenção, imperícia e distração

Quebra do bloco e perda na produção

Bonificação por redução de perdas e eliminação de focos paralelos de ocupação para evitar distração

Estocagem do bloco

Processo ineficiente devido ao layout

Falta de planejamento das etapas e organização da produção

Ineficiência dos processos, aumento de distâncias percorridas, falta de espaço

Estudo detalhado de melhoria do layout para ser implementado em partes e se possível, ajustada com a troca do equipamento

Quebra de blocos - descuido na estocagem

Desatenção, imperícia e distração

Quebra do bloco e perda na produção

Bonificação por redução de perdas e eliminação de focos paralelos de ocupação

119

para evitar distração

Quebra de equipamento - ciclo de vida

Uso contínuo e ciclo de vida finalizado ou em finalização e não substituição

Redução da produção, perda de produtividade

Planejamento do ciclo de vida do equipamento prevendo trocas regulares

Descarregamento

manual na entrega

Quebra de blocos no descarregamento

Desatenção, imperícia e distração

Quebra do bloco, perda na produção e substituição para o cliente

Bonificação por redução de perdas e eliminação de focos paralelos de ocupação para evitar distração

Tabela 6.10 - Matriz para categoria “alta” e “muito alta” com identificação de causa, consequência e ação mitigadora.

Fonte: O Autor.

6.9. Considerações Finais

O gerenciamento de risco aplicado à fabrica confirmou que todo o processo envolve

riscos, e que esses riscos, mesmo que sejam pertencentes a uma etapa específica,

podem comprometer toda a produção devido a interligação entre elas.

Diante disso, têm-se a importância de realizar-se, criticamente, um estudo onde

fossem demonstrados, mesmo que qualitativamente, as falhas com maiores graus de

criticidade e assim, definir prioridade de “ataque”, com planos de mitigação de

ocorrência, tratamento e redução de impacto em caso de ocorrência.

Porém, conforme mostrado no item 6.5 deste trabalho, as perdas decorrentes da

produção são da ordem de 0,2% a 0,25%, ou seja, são bastante pequenas, o que faz

com que não sejam adotados índices quantitativos devido a sua robustez, tempo de

análise e custo de implementação.

Há de se considerar também que um investimento em um sistema de gerenciamento

de risco, por mais simples que seja, consome recursos e tempo, e que grande parcela

dos operários da construção civil possuem baixíssima qualificação, o que em parte

explica o conservadorismo e o atraso do setor.

Outro fator importante é saber mensurar os ganhos efetivos que o sistema de

gerenciamento de risco pode agregar. No caso específico da fábrica referente ao

estudo de caso, algumas sugestões foram propostas através da elaboração de um

plano de ataque, como estudo de melhoria do layout pelos proprietários para sua

implementação ao longo do tempo, tendo em vista que, no atual cenário de crise,

despenderia soma considerável de recursos, além de pausa da produção.

120

Quanto ao uso de EPI, por ser item importante de segurança e mesmo não sendo o

foco deste trabalho, foi proposto que logo antes do início de operação, fosse verificado

o uso do mesmo e que se adotasse, por prevenção, um período fixo de trocas para

que o desgaste do uso não comprometa sua eficácia.

De imediato, não necessariamente para os maiores graus de criticidade, foram

adotados como ações mitigadoras:

a) Aquisição de lixa acoplada ao bobycat para remoção de resíduos semanal;

b) Definição de ciclo de vida do EPI;

c) Bonificação por metas alcançadas para a redução de perdas decorrentes do

manuseio incorreto;

d) Controle quinzenal qualidade da produção através de ensaios que atestem a

garantia do produto;

e) Ofertas de curso de manutenção dos equipamentos, com foco na redução do

risco de pausa da produção devido à quebras ou defeitos de solução simples.

Mesmo assim, tais atitudes visam mitigar os riscos, porém é importante considerar que

parte dos riscos, que são conhecidos como riscos residuais da operação, continuarão

a ser assumidos devido a relação custo econômico x custo de impacto ou pela

impossibilidade momentânea de mitigá-los, tais como:

a) Operação manual de paletização devido aos custos de aquisição de

equipamento para mecanização;

b) Transporte interno de materiais.

121

7. Conclusão

Ao longo desse trabalho foi apresentada uma visão geral da importância do

gerenciamento de riscos para à gestão da qualidade, através de definições constantes

na norma ISO 9001 – Sistemas de Gestão da Qualidade que a partir de da sua ultima

revisão, ocorrida em 2015, incorporou a importância da análise de riscos como item

para um sistema de gestão eficiente e eficaz da qualidade.

Citações baseadas em definições de estudiosos também foram feitas para certificar a

relação entre o preconizado pela norma e a prática, tendo em vista que cada

implementação de sistema deve respeitar as peculiaridades de cada setor.

Porém, para se obterem melhores resultados e conforme observado na norma ISO

31000, convém definir os objetivos e criar estrutura para a implementação de um

sistema de gerenciamento de riscos.

É importante perceber que a participação de pessoas com conhecimento sobre o

processo é imprescindível para o sucesso do sistema, tendo em vista que a etapa de

identificação de risco é dependente da colaboração e acurácia dos especialistas e

participantes e a correta captação de dados por parte do empregador do método.

Também deve-se considerar, no processo de implementação de um sistema de

gerenciamento de risco a criação e introdução de um pensamento de “risco” em todo o

processo, incluindo-se aí operários que devem ser capacitados a compreender que a

implementação de processos que atendam os requisitos da qualidade, bem como

propostas que identifiquem, analisem e avaliem os riscos para comparação com pré-

requisitos, aceitação, tratamento e plano de minimização de ocorrência devem ser

objetivo de todos.

Foram abordadas também ferramentas de identificação e análise de riscos, bem como

seus requisitos, resultados, vantagens e limitações de emprego para auxilio na

avaliação dos riscos, no capítulo 5.

Na construção civil, têm-se o hábito do uso de ferramentas como o checklist, muito

comum em FVS (Fichas de Verificação de Serviço), e bastante adotada pelas

construtoras para a verificação de serviços executado no canteiro de obras.

Outras ferramentas usualmente utilizadas, mesmo involuntariamente, são a APP,

HAZOP e a Análise de Causa e Efeito pela área de SST, que tem por finalidade prever

os perigos de acidentes e eliminá-los, e o brainstorming para treinamentos da

qualidade com operários no próprio canteiro.

122

Para finalizar, foi realizado estudo de caso em uma fábrica de insumos para à

construção civil e contextualizado sobre a ótica da gestão de risco relacionado à

qualidade em sua produção, bem como o emprego de técnicas propostas pela norma

na produção do bloco de concreto simples que é referenciada pela norma ABNT NBR

6136.

As ferramentas utilizadas no estudo de caso seguiram recomendação da tabela 5.1,

onde consta recomendações para uso nas etapas do sistema de gerenciamento de

riscos, de acordo com a norma ISO 31010, para a obtenção dos melhores resultados.

Todos os resultados obtidos pelo emprego na etapa de identificação de riscos foram

qualitativos devido ao baixíssimo percentual de perda na produção e o auto custo de

implementação de um método que possibilite uma análise quantitativa e que por isso,

também, parte das sugestões propostas serão, ao menos momentaneamente,

absorvidas devido ao auto custo para seu tratamento.

Há também o entendimento de que parte do problema enfrentado com segurança e

saúde no processo fabril se deve a precariedade da mão de obra, que possui

baixíssima qualificação.

Porém, com a necessidade do mercado cada vez mais competitivo, as empresas se

viram na necessidade de oferecer treinamento adequado com o intuito de aprimorar

práticas e obrigar, conforme a legislação vigente, o uso de equipamentos que

resguardem à integridade física dos operários, sob riscos de multas e embargos, e

adotar práticas que valorizem a saúde, o que também pode ser associado ao

gerenciamento de risco.

Como sugestão para próximos trabalhos, deve-se, por exemplo, desenvolver um

estudo de caso em uma obra onde possa ser feito uma correlação entre a viabilidade

econômica para emprego das recomendações obtidas através do sistema de

gerenciamento riscos aplicados na qualidade e os ganhos apresentados no processo

e/ou produto, e propor, economicamente, quais as ferramentas forneceriam o melhor

resultado em termos econômicos, de praticidade e de identificação e mitigação de

riscos.

123

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10. Anexo

Anexo A – Questionário realizado na entrevista semi-estruturada

Local -

Data - / / Participante -

Questionário com objetivo de identificar riscos 1 - O que você acha que poderia afetar a produção de blocos?

2 - O que você acha que poderia paralisar a produção de bloco?

3 - O que você acha que poderia reduzir a eficiência da equipe?

4 - O que você acha que poderia comprometer a qualidade do produto

5 - Em qual etapa você acha que ocorrem as maiores quebras de bloco?

6 - Há alguma outra etapa em que você diria que também ocorrem quebra de blocos?

7 - Onde você identificaria riscos para você? - Existe algo que ache perigoso?

8 - Sobre a quebra de blocos, o que você identifica como causador da quebra?

9 - Sobre os resíduos (poeira e pós de pedra principalmente), o que você têm a dizer?

Observações: