a alternativa, n.º3 - a arte de humanizar

36
Nº 3 Trimestral Preço: 1,50 € Julho a Setembro de 2011 Nesta edição: Intercâmbio em Lagunas de Ruidera Fitoterapia Fábrica do Empresário 3ªs Férias Alternativas Entrevista com Lurdes Silva Jornadas Mundiais da Juventude 2011 “Barafunda em Festa” Retiro Baptista alternativa A arte de humanizar (ver notícia nas pp. 13 a 15) Entrevista com Susanne E. da Silva

Upload: percursos-alternativos

Post on 11-Mar-2016

221 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Projeto Percursos Alternativos Jornal Jovem - A Alternativa Julho a Setembro 2011

TRANSCRIPT

Page 1: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

Nº 3 Trimestral Preço: 1,50 € Julho a Setembro de 2011

Nesta edição:

Intercâmbio em Lagunas de Ruidera

Fitoterapia

Fábrica do Empresário

3ªs Férias Alternativas

Entrevista com Lurdes Silva Jornadas Mundiais da Juventude 2011 “Barafunda em Festa”

Retiro Baptista

alternativa

A arte de humanizar (ver notícia nas pp. 13 a 15)

Entrevista com Susanne E. da Silva

Page 2: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

2

Índice PENSAMENTO DO TRIMESTRE

“A guerra é a saída cobarde para os problemas da paz‖.

Thomas Mann

FOTOGRAFIAS DO TRIMESTRE

Fotografias seleccionadas do site ―Olhares‖ (www.olhares.aeiou.pt) pelos redac-

tores da ―Alternativa‖

Redacção e Editorial 03

Barafunda - AJCSS 04

Percursos Alternativos 09

Publicidade / Divulgação 16

Cultura 17

Religião 21

Saúde 25

Ambiente 26

Desporto 27

Lazer 29

Literatura / Jovens Escritores

30

Gastronomia 33

Caricatura 33

Horóscopo 34

Inquérito Local 35

Fotografia de ―Mico‖ Fotografia de ―Pessoa N Beat‖

Fotografia de ―Mário Pereira‖ Fotografia de ―António Leão‖

Pág.

Page 3: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

3

alternativa

Nesta edição, entrevistámos duas

artistas, viajámos pela Península Ibérica à

procura de novos ideais e demos voz aos

nossos pensamentos. Vivemos estas férias

de forma alternativa, sempre sem abandonar

a escrita.

Decidimos tomar como ponto de

partida o tema da arte. Apesar de a sua defi-

nição ser subjectiva, a verdade é que ela está

presente no nosso quotidiano. A própria vida

pode ser encarada como uma peça de arte:

devemos moldá-la à nossa maneira e fazer

todos os ajustes necessários enquanto temos

tempo, porque depois estará exposta num

museu. Aí não poderemos alterar nada, visto

que é impossível regressar ao passado.

Embora ―o passado, dizia alguém, é aquele

que mais muda.‖ Assim sendo, podemos con-

cluir que praticámos a ―arte de humanizar‖

com os que nos rodeiam, construindo amiza-

des e divulgando a fraternidade. Tomámos

como nosso o seguinte lema de Vinicius de

Moraes: ―A vida é a arte do encontro, embora

haja tanto desencontro pela vida‖. Neste sen-

tido, segundo a máxima: ―A vida é a arte de

empreender‖ surge o Projecto Fábrica do

Empresário. Encontramo-nos na próxima

edição!

A Redacção

Daniela Fernandes Margarida Serralheiro

Sónia Felizardo Xavier Belo

Editorial Redacção

A Redacção no seu Melhor!

Em Lagunas de Ruidera, Carla tenta meter con-

versa:

- Martin, Martin, Martin!

- What?

- I Kilhio!

Beatriz Sousa

Rute Madaleno

Page 4: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

4

ADEB arranca com “Fábrica do Empresário”

na Benedita, um projecto de formação de empreen-

dedores inovador a nível nacional.

O colóquio no dia 1 de Outubro «Passado é

Presente», deu o arranque formal do projecto Fábrica do

Empresário, desenvolvido pela ADEB – Associação de

Desenvolvimento Empresarial da Benedita, a freguesia

mais industrializada do Oeste português, em parceria

com a Câmara Municipal de Alcobaça, a Associação

Barafunda AJCSS e a CEPSE – Cooperativa de Estu-

dos e Intervenção em Projectos Socioeconómicos.

A Fábrica do Empresário visa a mobilização

dos actores regionais na valorização do potencial de

sustentabilidade das empresas do Sistema Produtivo

Local da Benedita. Calçado, marroquinaria, cutelaria,

extracção e transformação de pedra são hoje a base

actual da economia da Freguesia. São cerca de 450 as

unidades empresariais existentes que empregam cerca

de 5.000 activos. A região contribui ainda com 25% de

toda a indústria transformadora do concelho de Alcoba-

ça. Este projecto pretende unir em rede empresários,

articulá-los e mobilizá-los para um fim comum, fabrican-

do outros empreendedores. Na base da sua metodolo-

gia estão os colóquios semestrais, com recurso a espe-

cialistas nacionais e internacionais, e os conselhos con-

sultivos que envolverão as pessoas no contacto com

este projecto em empreendedorismo. Materializa-se na

criação de um espaço de alojamento e incubação de

empresas, sito nas instalações da ADEB, na Benedita.

O espaço de cowork (partilha de trabalho) está desde já

disponível para receber empreendedores que terão

acesso a serviços partilhados, facilitadores do negócio,

como telefone, internet, fax e fotocopiadora – 70€ men-

sal para os primeiros candidatos.

Foi já criado um gabinete de atendimento físico e em

criação um espaço virtual (na internet), onde se disponi-

biliza informação como a criação de empresas na hora,

ofertas na internet, mercados globais, financiamentos e

apoios. Pretende-se ainda fomentar a criação do Centro

de Formação em Empreendedorismo, através de jogos

empreendedores a aplicar na região, e criar uma ligação

directa ao Gabinete de Empreendedorismo da Câmara

Municipal de Alcobaça.

Pretende-se com esta acção contribuir, sobre-

tudo, para renovar o espírito empreendedor da região,

assente no mercado de exportação e com este a redu-

ção do desemprego pela articulação das empresas em

rede.

Mais informações: http://fabricadoempresario.blogspot.com/ [email protected]

Barafunda AJCSS - Notícias

Colóquio “O Passado é Presente- Que Futuro”

Page 5: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

5

Barafunda AJCSS - Notícias

Jornadas “Histórias de, Vida, Portugal adentro” - na Barafunda Local: Casa da Vila - Junta de Freguesia da Benedita

Sete noites para sete temas Com convidados especialistas e três adultos certificados pelo CNO Barafunda

Programa Sexta-feira, 28 de Outubro, 20:30 horas

“O autodidacta é uma pessoa que se auto-instrui, auto-educa e que embarca num processo de auto-

aprendizagem.” *

“Putos electrónicos” e Autodidactas convictos Oradores: Almiro Lopes (Avaliador Externo CNO)

António Sales, Edgar Pina, Liliana Lopes

Sexta-feira, 04 de Novembro, 20:30 horas

“Começa então uma nova fase da minha existência...”

De um País de emigrantes a um País de…

emigrantes!

Oradores: Jorge Malheiros (Investigador, U. Lisboa)

Eugénia Ferreira, Francisco Ribeiro, José Pinto

Sexta-feira, 11 de Novembro, 20:30 horas

“…este filósofo grego advogava uma teoria que justificava a exclusão das mulheres dos assuntos públicos.”

No feminino: restrições e conquistas

Oradores: A confirmar Conceição Ascenso, Paulo Faustino, Ilda Figueiredo

Sexta-feira, 18 de Novembro, 20:30 horas

“Aos 12 anos decidi abandonar a escola.”

A Escola da Vida: Causas e consequências de uma escolha condicionada

Oradores: Ana Benavente (Ex. Sec. Est. Educação

José Luís Coelho, José Santos, Paulo Penas

A Equipa do CNO da Barafunda e Adultos CONVI-

DAM a participar nas presentes jornadas — fomentando a

resistência daqueles com quem trabalhamos — uma forma

de combater a crise. (Com a apresentação de excertos de

portefólios elaborados no processo de RVCC no CNO da

Barafunda)

Construir a partir da Benedita é o Lema;

Ligar aos pensadores, aos que buscam o conhecimento

para lá dos recursos disponíveis, é a afirmação da cora-

gem;

―Sabemos o que vivemos‖ é o mote que move para

empreender e dar a conhecer as modalidades de autofor-

mação, permanente e ao longo da vida, neste caso inscri-

tas nas histórias de vida constantes nos portefólios elabo-

rados em processo de reconhecimento, validação e certifi-

cação de competências pelos/as adultos/as que frequen-

tam o CNO Barafunda;

Mostrar e confrontar paradigmas alternativas de formação

- aprendizagem recorrendo ao expediente das pessoas

―simples‖ que marcaram e são marcas/marcos do Portu-

gal de hoje é o desafio a transferir para as novas gera-

ções, mobilizando energia e recursos para a edificação de

um Centro de Formação em Empreendedorismo na Bene-

dita.

A Equipa CNO Barafunda

Page 6: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

6

Barafunda AJCSS - Notícias

Barafunda em Festa

No passado dia 30 de Setembro, a Associação Bara-

funda comemorou os 5 anos de Centro Novas Oportunidades –

Pessoas e Profissões com a divulgação das empresas e dos

nomes dos 2 040 certificados/as.

A ―Barafunda em Festa‖, nome do evento, contou com

a participação de pessoas da nossa comunidade, sobretudo de

adultos/as que realizaram o processo RVCC no CNO. Expuse-

ram e demonstraram-se actividades profissionais. Importante

foram também as artes decorativas, escultura, costura, cozi-

nha/doçaria, apicultura e animação com fado e poesia.

Agradecimentos Mª de Jesus Rafael

Lurdes Silva Luís Jorge Almerinda Pereira Ana Maria Ramalho Cláudia Gabriel Mº Celeste Jorge Maria Manuela Ferreira Pureza Custóias Isabel Roxo Carlos Tomé Luís Pedro Ferreira Ana Maria Ramalho

Sábado, 19 de Novembro, 20:30 horas

“Ao longo da vida fui obtendo muitas competências sociais e culturais, resultantes de muitos anos como

dirigente associativo.”

Cidadãos pelo desenvolvimento local Oradores: A confirmar

Jorge Horta, José Domingos, António Frazão

Sexta-feira, 25 de Novembro, 20:30 horas

“Filho de pais humildes, nasci numa pequena aldeia…”

Rurais, Urbanos, Rurbanos – A paisagem em muta-ção

Oradores: Paulo Peixoto (Investigador, U. Coimbra)

Deolinda Policarpo, Rita Magalhães, , a confirmar

Sábado, 26 de Novembro, 20:30 horas

“Entreguei a carta de despedimento para seguir a minha vida por conta e risco.”

Inovação na tradição, novas tecnologias e

oportunidades Oradores: Pedro Janela

(Director do WYgroup/Partner na Eggnest) Francisco Vale, Rui Sousa, Valter Luís,

* Excertos de portefólios de adultos que frequentaram o

processo de RVCC no CNO da Barafunda AJCSS.

A equipa CNO Barafunda

Page 7: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

7

Barafunda AJCSS - Notícias Paralelamente, este evento contou também com a

participação da Carla Pereira e da Bernardina Pereira (ambas

certificadas pelo CNO) que durante o jantar (caldo verde e

chouriço assado), presentearam os presentes com fado e poe-

sia.

Além das actividades acima referidas, foi realizada

também a entrega de certificados e diplomas às pessoas que

frequentaram o processo de RVCC e outras formações da Aca-

demia de Trabalho e Formação.

Rita Mendes

Bernardina Pereira

Declamar Poesia

Carla Pereira — Cantar Fado

Pessoas e Profissões

Page 8: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

8

Barafunda AJCSS - Notícias

ATL O Centro lúdico da Barafunda AJCSS, a funcionar

desde 1997, é um espaço de intervenção sociocultural educati-

va, que presta prolongamento do horário pré-escolar, para

crianças dos 5 aos 12 anos. Além do apoio ao estudo e do trei-

no de competências, os educandos têm ao seu dispor activida-

des como a informática, cinema, leitura e dança hip-hop.

Ana Luísa

Gerações e saberes

O projecto ―Encontro de Gerações e Saberes‖,

localiza-se na Vila de Benedita surgiu como forma de pro-

mover a relação intergeracional, envolvendo diversos

actores individuais (crianças, jovens, adultos – activos,

desempregados e idosos) e colectivos (associação de

empresários – ADEB, Associação IPSS – Barafunda e

Associação Cultural e Recreativa – Norte da Vila de Bene-

dita). Permitindo dessa forma, a relação interorganizacio-

nal e intergeracional, orientada para a conscientização da

transmissão e aquisição de saberes, por parte de todos/

as, em partilhas identitárias de saberes de trabalho e

lazer. Tendo em conta a finalidade do projecto - pôr em

prática as potencialidades dos sujeitos envolvidos. A cria-

ção dos subprojectos de cariz cultural, lazer, recreativo e

desportivo, vieram possibilitar a resposta à promoção /

construção do desenvolvimento pessoal, social e intelec-

tual de todos/as os/as envolventes - o empowerment , isto

é, o desenvolvimento comunitário. Como tal, surgem um

conjunto de subprojectos nomeadamente:

―Atelier de Artes e Ofícios‖

―Colóquios‖

Actividades na Quinta Pedagógica (Erva Daninha)

Márcia Zambumba

Page 9: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

9

Barafunda AJCSS - Notícias

Festa da criança 2011 Todos os anos, a Barafunda ACJSS e o Projecto

Percursos Alternativos colaboram na ―Festa da Criança‖

celebrada no MercoAlcobaça. Este ano não foi excepção.

Entre os dias 1 e 6 de Junho de 2011, os técnicos do

Projecto reuniram-se com crianças e jovens voluntários

para realizar várias actividades infantis relacionadas com

o tema ―A floresta e a música‖. Para proporcionar esta

comemoração foram montados seis módulos de minigolfe

e uma baliza de golfe, um stand de jogos tradicionais e

uma faixa de papel cenário para que as crianças pudes-

sem desenvolver a sua capacidade criativa através da

pintura.

O sucesso foi notório: quase todas as escolas do

Concelho de Alcobaça participaram, bem como um gran-

de número de famílias. Este tipo de actividades fornece

algum dinamismo à criança, fortalecendo a sua estabilida-

de física e emocional e melhorando a sua relação com a

sociedade. Ser criança é uma festa e para o ano há mais!

Margarida Serralheiro

As participantes das actividades

Notícia de última hora

Prémio Europeu de Prevenção da Criminalidade, atribuído

pela União Europeia.

―Em primeira mão: O Programa Escolhas foi

seleccionado como Boa Prática pelo MAI (Ministério da

Administração Interna), no âmbito do Prémio Europeu de

Prevenção da Criminalidade, atribuído pela União Euro-

peia. O tema deste ano é "Desporto, Ciência e Arte na

prevenção do crime com crianças e jovens" e o Escolhas

vê reconhecido o seu impacto pelo júri nacional. Em

Dezembro estaremos em Varsóvia a representar Portugal

na Conferência Europeia de Boas Práticas, organizada

pela Presidência da UE. Parabéns a toda a família Esco-

lhas! ‖

Coordenador do Programa Escolhas: Dr. Pedro Calado

Percursos Alternativos

Page 10: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

10

Era uma vez um Sábado que cheirava a verde.

Milhares de crianças, jovens e familiares preparavam a sua

viagem para Lisboa, mais precisamente para Alvalade. O

Programa Escolhas comemorava 10 anos nesse dia, 9 de

Abril de 2011, e decidiu oferecer bilhetes para um jogo de

futebol em vez de um jantar. Aliado ao ―Sporting Solidário‖,

o Escolhas quis criar um movimento cor-de-rosa, oferecen-

do cachecóis a todos os integrantes do programa. Além

disso, tinha também outro trunfo na manga: o projecto que

levasse as máscaras mais originais ganharia um prémio. A

partir das 20h, o Sporting iria disputar a vitória com a Aca-

démica de Coimbra, dando a oportunidade a milhares de

pessoas de visitar um estádio pela primeira vez.

O projecto Percursos Alternativos levou ao está-

dio cerca de 50 jovens e familiares. Até os benfiquistas

torceram pelos ―lagartos‖, os quais saíram vitoriosos no fim

da noite. Apesar de não ter aderido às máscaras, o projec-

to cumpriu a sua função: deu aos participantes um Sábado

feliz e um cheiro a verde. No entanto, espera pelo 20º ani-

versário do Escolhas. Pode ser que nessa altura a festa

seja outra!

Margarida Serralheiro

Alguns dos participantes do desafio “Todos ao Estádio”, oriundos do Projecto Percursos Alternativos

Um sábado feliz e verde

Percursos Alternativos

As 3.as férias Alternativas organizadas pelo

Projecto Percursos Alternativos da Benedita, decorre-

ram no mês de Julho e em média frequentaram por dia

cerca de 15 Jovens, sendo que era a própria equipa do

projecto a dinamizar as diversas actividades disponíveis.

Deste modo, as actividades gratuitas que estavam ao

dispor de todas as crianças e jovens da comunidade

eram as seguintes: actividades relacionadas com os

computadores, usualmente de manhã; visitas culturais,

nomeadamente a uma fábrica de calçado artesanal, à

fábrica de papel - OFIMPOR, aos Bombeiros Voluntários

da Benedita; ―Quinta Pedagógica - Erva Daninha‖, onde

era possível realizar Desporto Aventura, jogos tradicio-

nais, golfe, mini-golfe, landarte, escultura em barro e

manutenção da horta biológica; acção de sensibilização

com o comandante da GNR; artes plásticas; controlo e

observação dos espaços florestais com os Bombeiros

Voluntários da Benedita; Hip Hop e sessão de relaxa-

mento (Zen); hora do conto e visualização de filmes.

Uma profissão em vias de extinção

Sapateiro, uma profissão pouco exercida

actualmente, ―fazer sapatos à mão‖, poucas são as pes-

soas que hoje em dia o fazem, por essa razão, decidi-

mos um dia, visitar o Sr. Manuel, que vive nos Candeei-

ros e é sapateiro. Quando chegamos, a sua esposa,

recebeu-nos de braços abertos e guiou-nos até uma

pequena casa, a oficina, onde o Sr. Manuel nos espera-

va.

O Sr. Manuel, começou por nos explicar, que

primeiro o cliente tem de escolher o modelo/molde do

sapato, assim como a pele, esta compra-se em Alcane-

na.

3ªs Férias Alternativas

Page 11: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

11

Percursos Alternativos

Após o cliente ter realizado as suas escolhas o Sr.

Manuel desenha o molde na pele. Posteriormente e

como o calçado é todo feito à mão, corta-se a pele que

foi desenhada anteriormente, com uma faca de sapatei-

ro. De seguida, tem que se coser as peças que foram

cortadas para formar o sapato. Neste momento o sapato

está pronto para colocar na forma, objecto de madeira

com o formato do pé, que deve corresponder ao número

do cliente, depois de colocar o sapato na forma, prega-

se a palmilha à forma e o sapato à palmilha. De seguida

palmilha-se (coser uma vira ao sapato com fio de nylon)

para depois ―assentar‖ (pregar) a sola. O Sr. Manuel

explicou que antes de coser a sola à vira com fio de

linhol tem que se encher o espaço entre a sola e a pal-

milha com restos de pele, a isto, chama-se encher a

alma do sapato. Depois da sola estar cosida ao sapato

faz-se o tacão e o respectivo rasto e por fim pinta-se o

arranjado (o topo da sola), com cera, ou seja inicia-se a

última fase do processo de fabrico de calçado artesanal,

o acabamento. Para finalizar o sapato, deixa-se durante

algum tempo na forma, e depois tira-se com um ferro

apropriado (gancho). Normalmente cada par de sapatos

custa entre 80 e 300 euros.

Antes de finalizar a visita, o Sr. Manuel contou

que já teve outras visitas de escolas e que as crianças

mostram muito interesse em aprender o ofício e que ele

tem muito gosto em poder ensinar uma arte já esqueci-

da e que provavelmente no futu-

ro vai estar perdida. Informou,

também, que na época de verão

e portanto de festas, costuma

fazer mais sapatos para grupos

de Folclore, de vários sítios do

país.

Beatriz Sousa

Sr. Manuel na oficina

No dia 19 de Julho de 2011, as crianças e

jovens do Projecto Percursos Alternativos foram visitar os

Bombeiros Voluntários da Benedita.

Quando chegaram foram recebidos pelo Marco e

pelo Eurico, membros da Associação dos Bombeiros da

Benedita, que lhes falaram do início da construção das

infra-estruturas e da corporação dos Bombeiros. Começa-

ram por mostrar o Salão Nobre que continha: troféus;

fotografias dos Bombeiros com alguns presidentes, onde

figura a do actual presidente, e outras de falecidos mem-

bros, entre os quais apenas um que morreu em serviço;

medalhas; livros antigos; etc. De seguida, visitaram os

quartos que estavam equipados com camas e com uma

casa de banho. Depois apresentaram-lhes a ―Sala do

Bombeiro‖ que estava dividida em duas partes. A primeira

tinha uma televisão, um mini-balcão e uma mini-cozinha.

A segunda era destinada ao lazer, visto que continha uma

playstation 2, uma mesa de snooker, um alvo para o jogo

das setas e uma televisão. Logo depois foram ver um dos

balneários e lá encontraram vários cacifos numerados e

―fardas‖ que serviam para o combate a incêndios urbanos

e florestais (compostas por botas, calças, casacos apro-

priados que aguentavam cerca de 200 a 300 graus e

capacetes).

Para finalizar, o Marco e o Eurico mostraram-

lhes uma série de ambulâncias, veículos de combate a

incêndios e de armazenamento de água (cerca de 12 mil

litros a 18 mil litros), entre outros. Todos os jovens se

interessaram por esta

visita e pela história dos

Bombeiros, uma entida-

de muito importante na

zona e no país.

Beatriz Sousa

Visita aos Bombeiros

Visita aos Bombeiros

Page 12: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

12

.

Percursos Alternativos

A Palestra do comandante No dia 21 de Julho, os jovens dos Percursos

Alternativos receberam na Barafunda o Comandante da

Guarda Nacional Republicana da Benedita, que vinha com

o objectivo de abordar alguns temas, como por exemplo,

drogas, tabagismo, álcool, furtos, entre outros…

O Comandante começou por falar de furtos, deu

alguns exemplos nomeadamente, de uma pessoa que

estava a passear a pé e viu uma bicicleta numa garagem

que estava aberta, já estando farto de andar, roubou a

bicicleta, sem pensar nas consequências, entretanto o

dono da bicicleta acabou por apresentar queixa ao posto

da G.N.R. e o culpado foi apanhado com a bicicleta que

não lhe pertencia. O Comandante explicou que nesta situa-

ção as consequências são graves e no caso de ser um

jovem entre os 14 e os 16 anos uma das medidas de puni-

ção é a integração num centro tutelar educativo.

De seguida abordou o tema do álcool, referindo

que os jovens menores de 16 anos embora não possam

por lei ser punidos directamente, ficam com graves seque-

las a nível físico e mental. No entanto, aos pais destes

jovens podem ser aplicadas várias medidas de sanção.

Após o tema ―álcool‖, falou-nos um pouco sobre

os estupefacientes e dos problemas que podem resultar do

seu consumo. Os estupefacientes abordados foram o

―haxixe‖ e a ― canabis, que no senso comum são conside-

radas drogas leves e por isso não fazem mal, mas tudo

isso é mentira porque, todas as pessoas que são toxicode-

pendentes, começaram dessa mesma maneira. Deste

modo, o comandante deixou a mensagem clara de que não

se deve mesmo nunca consumir qualquer tipo de drogas.

Para finalizar a pequena palestra, esclareceu

pequenas dúvidas, abordando vários temas.

Beatriz Sousa

HIP HOP No dia 18 de Julho, os jovens dos Percursos

Alternativos participaram em mais uma das muitas activida-

des organizadas pela equipa do Projecto nas 3as Férias

Alternativas. Desta vez, foi uma aula de Hip Hop que durou

duas horas (14:00 às 16:00), tendo tido uma grande afluên-

cia de Jovens.

O Hip Hop caracteriza-se por ser uma aula coreo-

grafada com novas ideias, que ajuda a desenvolver a coor-

denação motora, a criatividade, o ritmo, além de trabalhar

a frequência cardio-respiratória, através de música e de

energia. Deste modo, os jovens estiveram a aprender uma

coreografia, dada pela instrutora, que após uma hora esta-

va totalmente assimilada. Na outra hora, os jovens, em

grupos, estiveram a criar a sua própria coreografia que

apresentaram na última meia hora. Podemos concluir que

esta actividade foi um sucesso pelo feedback positivo que

foi transmitido.

É importante referir que esta actividade não é

apenas pontual, mas

existe durante todo o

ano, sendo que este

ano lectivo teve início

no dia 13 de Outubro

de 2011 e decorrerá à

quinta-feira das 18:30

às 20:30.

Beatriz Sousa

Page 13: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

13

Percursos Alternativos

3ªs Férias Alternativas

Intercâmbio em Lagunas de Ruidera (Espanha) 2011 “Os 8 Objectivos do Milénio/ Senses for the Millenium”

Page 14: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

14

Percursos Alternativos

Intercâmbio em Espanha É no cora-

ção da Península

Ibérica que se locali-

za Lagunas de Rui-

dera (interior de

Espanha), um paraí-

so em terra. Este

fantástico parque

natural espanhol

recebeu nos dias 20

a 30 de Agosto de

2011 cerca de 30 pessoas vindas de cinco países euro-

peus: Lituânia, Eslováquia, Itália, Portugal e Espanha.

Estes reuniram-se para elaborar um intercâmbio assina-

lando o tema ―Os 8 objectivos do Milénio/ Senses for the

Millenium‖, organizado pela Associación Juvenile Trota-

mundos, uma associação espanhola. Para representar

Portugal, três integrantes do Projecto Percursos Alternati-

vos (Tamára Martins, Carla Sousa e Margarida Serralhei-

ro) e uma líder (Vânia Delgado) deslocaram-se a Espa-

nha. Já tinham em mente um radioso sol e um grande

lago com vista para o belo.

Antes de embarcarem no aeroporto de Lisboa,

às 13h20m, as três raparigas deram as mãos e guincha-

ram de ansiedade. ―Não é todos os dias que ando literal-

mente nas nuvens‖, pensei. A líder sentia-se feliz, um

pouco exausta, mas satisfeita por saber que ia voltar ao

topo. Afinal de contas, há quem goste de andar de avião.

Depois de 50 minutos no ar, as portuguesas

chegaram ao aeroporto de Madrid. Mal aterraram, corre-

ram para ir buscar as malas. Estiveram cerca de cinco

minutos à procura dos outros membros do grupo e depois

seguiram viagem para Lagunas de Ruidera num autocar-

ro alugado pela organização espanhola. Depois de três

horas e meia de caminho, chegaram finalmente ao desti-

no.

Juventude em Acção ―O Programa Juventude

em Acção é uma grande aposta

na emancipação dos jovens e

das suas organizações, com

resultados na expressão interna-

cional do movimento associativo

e num significativo aumento de

competências, não só no domínio

do multilinguismo, mas também

no desenvolvimento pessoal e social dos seus participan-

tes. A Comissão Europeia e o Governo disponibilizam com

o «Juventude em Acção» uma oportunidade de trabalho,

de reflexão e partilha que se reflectem num aumento signi-

ficativo da qualidade da prestação de todos quantos neste

sector operam, sendo responsáveis pela criação de novas

oportunidades e de novos cenários para uma cada vez

maior e mais diversificada expressão da emancipação

juvenil. (….) Por último, apostamos muito na formação dos

jovens. Tivemos em 2008, e temos em 2009, um calendá-

rio de formações europeias que tem sido uma clara mais-

valia para que se faça mais e melhor no nosso país neste

sector. Este ano, Portugal receberá o maior evento euro-

peu em matéria de ferramentas e de boas práticas em

Juventude. A Tool Fair IV, a ter lugar em Évora, no próximo

mês de Novembro, será o coroar de um ano intenso de

formações internacionais e uma demonstração de confian-

ça na capacidade de organização da Agência Portuguesa

por parte dos Centros de Recurso SALTO. Portugal tem,

hoje, uma Agência que os jovens conhecem e que conhe-

ce os jovens portugueses. ―

Pompeu Miguel Martins

In “www.juventude.pt”

(site oficial do programa Juventude em Açcão)

Lagunas de Ruidera, parque natural

Logótipo oficial do progra-ma Juventude em Acção

Page 15: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

15

Percursos Alternativos

Nos primeiros dias, nem todos falavam, havia ain-

da muita vergonha. O inglês, língua utilizada para comuni-

carmos, era considerado por alguns uma barreira, visto que

não o dominavam. Apesar disso, todos se conseguiram

entender.

Antonio Dorado, o líder da organização espanhola,

explicou-nos o horário das actividades: depois do pequeno-

almoço às 9h da manhã, realizávamos um ou dois energi-

zers, discutíamos um objectivo do milénio através de jogos

ou actuações e um pouco antes do almoço tínhamos um

tempo livre (por vezes aproveitávamos e íamos à piscina da

pousada). Às 13h30m almoçávamos e de seguida podía-

mos ir nadar no lago, ficar no quarto ou simplesmente estar

na esplanada. Às 16h tínhamos de nos encontrar na Sala

de Actividades e voltar a debater o mesmo objectivo ou

outro assunto relacionado com o tema. Às 18h fazíamos

uma pausa para lanchar e depois agrupávamo-nos para

elaborar o ―See, listen & feel‖, uma actividade que decorria

durante a semana e que tinha como objectivo uma actua-

ção no último dia (tínhamos de preparar algo para represen-

tar dois objectivos do milénio, escolhidos por sorteio). Des-

de teatro de marionetas a vídeos, tudo nos era concedido.

Pouco antes das 20h, todos os países se reuniam e discu-

tiam entre si a avaliação do dia (o que mais gostaram, o

que menos gostaram, o que se podia mudar, etc.). Os líde-

res de cada país participavam numa posterior reunião e

representavam as ideias dos membros. Às 20h:30m servia-

se o jantar e cada noite pertencia a um país.

Uma perspectiva da pousada O grupo do Projecto Percur-sos Alternativos

Nessas noites, cada país tinha a liberdade de mostrar a

sua cultura através de vídeos, músicas, jogos, danças ou

comidas típicas (a capa desta edição refere-se a uma

das actividades realizadas com pinturas corporais). Este

foi o nosso horário durante oito dias, apesar de termos

sido surpreendidos com um passeio de bicicleta nos tri-

lhos do parque natural, uma volta de caiaque pelo lago e

ainda uma visita às minas de Dom Quixote.

Foi na viagem de regresso ao aeroporto de Lis-

boa que as imagens desta experiência me passaram

pela retina em câmara lenta: o lago às oito da noite,

quente, meio laranja devido ao pôr-do-sol; os pássaros a

voar bem por cima da minha cabeça; as árvores grandes

e robustas trajadas de um verde juvenil; a voz de peque-

nos pescadores, enfim, um espanhol ainda débil e vaga-

roso; uma cascata que jorra águas sem piedade e eu…

eu, viva e pequena, mais morena do que outrora, de

olhos fechados dentro de um avião a tentar voltar a essa

paisagem, a tentar comê-la como se ela fosse um postal,

a tentar retê-la para não se perder… eu, tão triste por

saber que as pessoas vão e vêm, mas tão feliz por lá ter

estado… eu, tão portuguesa, tão melancólica. É com

este bocado de literatura e descrição que me despeço

deste artigo, sorrindo por ter sido livre ao ponto de não

hesitar. Se tivesse hesitado, com certeza que teria perdi-

do toda esta riqueza que hoje possuo: a capacidade de

arriscar, as novas amizades que fiz e as boas memórias

que relembrarei no futuro.

Margarida Serralheiro

Os participantes nas minas de Dom Quixote

Page 16: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

16

Publicidade / Divulgação

Page 17: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

17

Cultura

Impressão Digital: As quatro mãos mágicas!

A arte é uma forma de expressão que nos

acompanha todos os dias. Enche as nossas vidas e dá-

lhes alguma emoção. No entanto, aqueles que dão vida

à arte, os chamados ―artistas‖, nem sempre são reco-

nhecidos na sociedade. A nossa missão é informar os

leitores da existência de pelo menos duas artistas na

nossa região. Como é que o faremos? Não será através

da escultura, mas sim da escrita, uma outra forma de

arte.

A designer gráfica e ilustradora Susanne Estevão da Silva

Susanne no ateliê das maravilhas

Susanne Estevão da Silva, designer gráfica e

ilustradora, foi outrora monitora dos ateliês criativos do

Projecto Percursos Alternativos. Licenciada em Artes

Plásticas e Design (ESAD - Caldas da Rainha) e em

Gráfica (IADE – Lisboa), Susanne tem vindo a desenvol-

ver alguns projectos relacionados com modelagem, exi-

bindo assim o gosto por aquilo que faz. As repórteres da

AAlternativa, que não quiseram perder a oportunidade de

saber mais sobre esta jovem artista, foram recebidas mui-

to amavelmente e a entrevista decorreu da maneira mais

doce: acompanhada de chá e bolinhos!

AAlternativa – Costumava ser responsável pelos ateliês

de arte no nosso Projecto. Quando é que nasceu essa

paixão?

Susanne da Silva – Desde pequenina que gosto de tudo

o que esteja relacionado com trabalhos manuais. Optei

pela área de artes visuais e ainda hoje lido com essa ver-

tente. Sempre me cativaram as aulas, os workshops e os

ateliês de arte. Acho importante existir a oportunidade de

qualquer pessoa poder participar e explorar o seu lado

criativo. Cada vez mais devemos investir nessa faceta,

nessa capacidade artística.

AAlternativa – Tomámos conhecimento de dois projectos

da sua autoria, ambos relacionados com a modelagem.

Poderia revelar-nos em que consistem?

Susanne da Silva – Ambos os projectos partem da minha

paixão pela ilustração. Há uns anos comecei por fazer

modelagem em pasta de açúcar, o que me levou a fre-

quentar diversos workshops de decoração de bolos e de

trabalho profissional em chocolate, tanto em Portugal

como na Inglaterra. Nessa altura criei um blog onde expus

os meus trabalhos (www.bolosbolinhosebiscoitinhos.blogs

pot.com) e a pedido de amigos e familiares comecei a

elaborar bolos criativos para diversas ocasiões. Passei

pela experiência de trabalhar nesta área em Londres e em

simultâneo desenvolvi um projecto de ilustração em pasta

de açúcar, a convite da escritora/professora Vanda Furta-

do Marques para o livro ―A Padeira de Aljubarrota‖.

Page 18: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

18

A partir daí fui explorando outras técnicas de modela-

gem que deram início a um novo projecto: uma lojinha

(donde nasceu o blog ―Bonequitos Susanne da Silva‖ –

www.bonequitos.blogspot.com) localizada nas Salinas

de Rio Maior, onde exponho e vendo os meus trabalhos

de ilustração.

AAlternativa – Que materiais costuma utilizar nos seus

trabalhos? Porquê?

Susanne da Silva – Em relação a materiais, gosto mui-

to de trabalhar com pasta de açúcar (realização de

bolos), plasticina (elaboração de bonecos que são foto-

grafados, perfazendo assim os postais) e porcelana fria,

embora também trabalhe com aguarela, graffite, tinta

acrílica e desenho vectorial (através de programas de

computador próprios para o efeito). A modelagem permi-

te visualizar o objecto tridimensionalmente e conciliando

estas figuras com as novas tecnologias, criam-se resul-

tados muito interessantes.

AAlternativa – Foi difícil conseguir estes objectivos?

Que obstáculos teve de ultrapassar?

Bolo confeccionado por Susanne Silva

Susanne Silva – Todos os dias vamos encontrando

novos obstáculos, mas o gosto que se tem pelo trabalho

criativo transforma esses obstáculos em desafios. Para

compor um trabalho de ilustração é necessário fazer mui-

ta pesquisa e dedicar muitas horas a um só projecto. Em

relação aos materiais, alguns não foram fáceis de encon-

trar no início, mas hoje já se encontram com facilidade.

AAlternativa – Está satisfeita ou ainda tem desejos para

realizar no campo artístico?

Susanne da Silva – Temos sempre desejos por realizar!

Enquanto existir motivação, queremos sempre aprender

mais e mais e mais e melhorar a nossa técnica! Estou

neste momento empenhada em explorar a modelagem e

a ilustração dos costumes e tradições portuguesas, por

achar muito importante darmos ênfase à nossa cultura

que é tão rica e diversificada… Pretendo também comple-

mentar ―textos que estejam escondidos na gaveta‖ com

os meus trabalhos, incentivando as pessoas a escrever, e

organizar workshops nestas áreas para serem iniciados a

partir de Outubro.

Beatriz Sousa e Margarida Serralheiro

As repórteres Beatriz Sousa e Margarida Serralheiro com a artista Susanne da Silva.

Cultura

Page 19: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

19

Cultura

A Lurdes de todas as crianças

As repórteres da ―AAlternativa‖, Beatriz Sousa e

Margarida Serralheiro, decidiram saber mais sobre

Maria de Lurdes Silva, tão conhecida no ATL da Bara-

funda e nas actividades artísticas do Percursos Alternati-

vos. Explorar as capacidades da população da região é

um dos nossos objectivos, por isso entrevistámos esta

preciosa artista.

AAlternativa – Olá Lurdes Silva! Podemos começar a

entrevista?

Lurdes Silva – Claro!

AAlternativa – Poderia descrever-nos o seu percurso

profissional?

Lurdes Silva – Sobre o meu percurso profissional não há

muito a dizer: trabalhei numa fábrica de calçado, criei

animais, tive uma loja de artes decorativas e agora cola-

boro com a Barafunda.

AAlternativa – Quando é que reconheceu o seu gosto

pela arte?

Lurdes Silva – O gosto pela arte acompanha-me desde

que tenho memória. Na escola, as minhas colegas

pediam-me para lhes fazer desenhos para pintarem. Na

fábrica, pediam-me que fizesse retratos a carvão. Quando

estudava de noite participei num concurso organizado

pelo Dr. Sapinho, que na altura era o director do Externa-

to Cooperativo da Benedita (ECB). Era um concurso de

desenhos para assinalar o dia de Camões e das Comuni-

dades Portuguesas. Ganhei o primeiro prémio e isso mar-

cou-me para sempre! Nessa altura não existia o curso de

artes no ECB e eu sentia essa lacuna, essa falta de

conhecimentos, sentia a falta de algo mais.

AAlternativa – Em que se inspira na realização dessas

tarefas?

Lurdes Silva – Inspiro-me sempre na mensagem que

quero ou preciso de transmitir. Depois agarro nas ferra-

mentas de que disponho e meto mãos à obra. Trabalho

até que o resultado me satisfaça.

AAlternativa – Alguma vez pensou em tornar-se ape-

nas artista profissionalmente?

Lurdes Silva – Estou certa de que esse é o sonho de

qualquer amante das artes, mas acho que isto é comum

a qualquer outra área. Quem não sonha em fazer, um

dia, só aquilo que realmente gosta?

AAlternativa – Qual é a sensação de ter publicado o

livro ―A Raposa Amarela‖?

Lurdes Silva – ―A Raposa Amarela‖ foi outro marco

importante. Não consigo descrever a alegria que senti

quando a editora me deu o seu parecer sobre o conto e

se prontificou a publicá-lo! Foi uma grande dádiva e

sinto-me muito grata a Deus por essa grande alegria.

As repórteres Margarida Serralheiro e Beatriz Sousa com Lurdes Silva e algumas crianças do ATL da Barafunda

Page 20: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

20

Cultura

AAlternativa – Como é que surgiu o convite para ilustrar

o livro ―O Rei e a Estrela‖ de Vanda Furtado Marques?

Lurdes Silva – O convite surgiu muito naturalmente. A

Vanda gostou das ilustrações que fiz no meu livro e con-

vidou-me para ilustrar um dos seus.

AAlternativa – Segundo o seu ponto de vista, qual é o

papel que a arte desempenha nesta região? Acha que se

deveria investir mais nela?

Lurdes Silva – Acho que se deveria investir sempre mais

e mais na arte. A arte é uma forma de comunicação muito

abrangente, até se costuma dizer que ―uma imagem vale

mais do que mil palavras!‖… A arte é partilharmos com os

outros o nosso sentir, o que há de mais íntimo em nós.

Vivemos numa altura em que cada um tende a isolar-se

cada vez mais e a arte pode desempenhar aqui um papel

muito importante.

AAlternativa – Como trabalha com crianças e jovens,

qual é a relação entre eles e esta vertente actualmente?

Lurdes Silva – O que tenho observado é que as crianças

adoram fazer arte! O que os desmotiva muitas vezes é

aperceberem-se de que não o conseguem fazer! Existe

analfabetismo artístico! Tal como

se aprende a ler e a escrever

através do alfabeto de letras,

deveria também haver um alfabe-

to visual e assim poderíamos

atingir uma outra dimensão de

comunicação. Acredito que no

futuro isso irá acontecer, pois

presentemente já existem vários

investigadores debruçados

sobre este tema!

Beatriz Sousa e Margarida Serralheiro

Academia de Música de Alcobaça

Actualmente, a Academia de Música de Alco-

baça (AMA) conta com cerca de 400 alunos e 50 profes-

sores responsáveis pelos vários cursos do ensino artísti-

co especializado de Música. Nos últimos anos, a princi-

pal prioridade tem sido a formação através da Academia

de Música de Alcobaça, escola oficialmente reconhecida

pelo Ministério da Educação (a partir do ano lectivo de

2002-2003) como escola especializada no ensino da

música (vulgo conservatório).

A AMA organiza, desde 2002, o ―Cister música

- Festival de Música de Alcobaça‖, desejando com este

projecto proporcionar à população de Alcobaça e aos

seus alunos a oportunidade de ouvirem alguns dos

melhores intérpretes nacionais e internacionais. Para

além da audição dos grandes clássicos, também se

pode assistir à estreia de obras de compositores portu-

gueses. Este, considerado um dos melhores festivais de

música erudita realizados em Portugal, destina-se tam-

bém à participação de alunos em actividades que pos-

sam complementar os seus cursos.

Apresentação da Academia Lurdes Silva nas artes plásticas

Page 21: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

21

Religião

A Poeira da Fé A poeira Alentejana, pelo menos em tempos de

calor, é abundante. Uma quinta situada em Lavre (onde

é praticada a agricultura biológica a mando dos proprie-

tários Jan e Helen, dois Cristãos Holandeses) recebeu

um grupo de jovens cristãos, maioritariamente Baptistas,

nas férias da Páscoa. Entre os dias 13 e 16 de Abril,

esta pequena comunidade integrou-se na vida rural e

explorou o tema ―Os Cristãos e o Ambiente‖. O principal

objectivo foi o fortalecimento da relação entre o Homem

e Deus através do contacto com a Natureza.

Este retiro, um retiro de paz e amizade decora-

do com queijo e leite quente pela manhã, ajudou na cria-

ção de laços entre os integrantes, bem como na verda-

deira aprendizagem do trabalho numa quinta. Os cris-

tãos voluntariaram-se para lavar iglos (pequenas caso-

tas que servem para albergar bezerrinhos), arrancar

ervas daninhas, limpar um pequeno lago (estava poluído

devido ao processo de eutrofização: processo responsá-

vel pelo nascimento de algas que sugam o oxigénio e

impedem a sobrevivência de seres aquáticos) e ainda

plantar algumas espécies. Além destas contribuições,

assistiram à ordenha das vacas e visitaram as instala-

ções próprias para a produção de produtos rurais. Os integrantes debateram temas muito interes-

santes, alguns ligados ao tema principal, dando a cada

um a oportunidade de expor a sua opinião. À noite, cos-

tumavam-se reunir numa pequena sala para cantarem

músicas de louvor a Deus com a ajuda de instrumentos

como a guitarra acústica e o jambé. Além de tudo isto,

os jovens também puderam desfrutar da mesa de ping-

pong, do campo de basquetebol e dos trilhos que rodea-

vam a casa, propícios para uma caminhada.

Da poeira Divina nasceu o Homem e da poeira

Alentejana cresceu a fé. O que o mundo precisa é de

um retiro de amor como este para se curar da loucura.

Margarida Serralheiro O grupo de jovens participantes e os donos da quinta,

Jan e Helen

Os jovens conviveram ao ar livre

O grupo ajudou na limpeza do lago

Page 22: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

22

Religião

Jornada Mundial da Juventude em Madrid

De dois em dois anos a

Igreja organiza uma Jornada

Mundial da Juventude, um encon-

tro de jovens de todo o mundo

com a presença do Papa. Já

aconteceu em sítios tão diversos

como a Polónia, a França, o

Canadá, a Alemanha, a Austrá-

lia… e desta vez foi aqui perto de

nós, em Madrid, nos passados

dias 16 a 21 de Agosto de 2011.

Neste evento participaram bas-

tantes jovens dos quatro cantos

do mundo e não só. Viver uma

Jornada Mundial da Juventude foi viver uma experiência

única de aprofundamento da fé e de aproximação a Jesus

Cristo com a oração e os sacramentos, juntamente com

milhares de jovens que partilharam as mesmas inquieta-

ções e ambições. A JMJ é um acontecimento aberto a

todos os jovens, não só católicos, mas também de outras

vertentes que queiram partilhar um encontro à volta de

Jesus Cristo.

Logótipo oficial deste evento

As pessoas que participaram ficaram bastante

satisfeitas - ouviram-se com frequência os elogios à

equipa da cozinha e ao serviço desempenhado pelos

jovens: atencioso e rápido. Os jovens ocuparam-se da

maior parte dos trabalhos (preparativos, o serviço

durante o almoço, as arrumações e limpezas finais),

mas contaram também com a colaboração de vários

adultos. Além do almoço, os jovens aproveitaram a

ocasião para vender artigos realizados artesanalmente

por eles (colares, pregadeiras, etc). No final, o balanço

foi muito positivo: todos ficaram muito contentes com a

afluência de pessoas (encheram-se todas as mesas) e

a receita foi apurada, o que foi muito bom, pois corres-

pondeu às expectativas.

Este foi um dos ―projectos‖ organizados para

que se pudesse ir ao encontro do Papa nas JMJ. Foi

uma excelente oportunidade para os jovens partilharem

e manifestarem a sua Fé junto de outros jovens prove-

nientes de todo o mundo. E, à semelhança de JMJ

anteriores, os jovens ficaram bastante sensibilizados e

cresceram como cristãos pelo contacto com outros

jovens, pela proximidade com o Papa e pela escuta das

suas palavras durante toda a jornada.

Da Benedita foram 28 participantes. Jovens

que sem medo mostram, e mostraram ao irem a

Madrid, a sua fé em Deus. Antes da viagem houve

uma grande preparação de bagagem por parte de

todos os membros: algumas malas, algum peso. A

expectativa era elevada, apesar de não sabermos o

que poderíamos encontrar. Todos os jovens tinham

apenas como ponto de partida alguns vídeos da inter-

net sobre jornadas anteriores.

“Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”

Almoço organizado para angariação

Para conseguirmos ir a Madrid, tivemos de come-

çar a trabalhar desde muito cedo para angariar fundos.

Começámos por realizar actividades como: venda de fritos,

animação de casamentos (coro), quotização dos próprios

jovens (pagamento da viagem em prestações), etc. A 20

de Fevereiro de 2011 foi organizado um almoço, também

para angariação de fundos, em que o preço representou

um valor significativo. O almoço foi servido a mais de 140

pessoas no Salão do Centro Comunitário Pastoral.

Jovens da Benedita

Page 23: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

23

Religião

A jornada

Em Portugal, começámos a Jornada em Lisboa

no dia 15 de Agosto. Neste dia, D. José Policarpo

(Cardeal Patriarca) celebrou, entre cerca de 2800 jovens

de Lisboa que iam partir para Madrid rumo à Jornada

Mundial da Juventude, os 50 anos da sua Ordenação no

Mosteiro dos Jerónimos. Não foram só os jovens a cami-

nho de Madrid que participaram nesta eucaristia, mas

também muitas outras pessoas. Depois, entre as 18h00 e

as 19h00, e no fim de um grande dia com temperaturas

altas, foi o regresso aos autocarros e a partida para Fáti-

ma, onde chegámos por volta das 20h30 para podermos

jantar antes da eucaristia. Em Fátima encontravam-se

peregrinos de outros países, que antes de partirem para a

Jornada Mundial da Juventude quiseram rezar um pouco

e pedir à Nossa Senhora que os protegesse durante a

viagem. Às 22h30m realizou-se a Celebração do Envio na

Igreja SS.ª Trindade e de seguida, por volta das 23h30 –

24h00 partimos para Madrid.

No dia 16 de Agosto chegámos ao alojamento

por volta das 09:00 e pudemos recolher as acreditações e

mochilas nos lugares indicados pela organização. Depois

de um dia de cansaço e de arrumações, fomos visitar o

centro da cidade de Madrid, onde mais tarde pudemos

almoçar, e de seguida dirigimo-nos para a Praça de Cibe-

les. Apesar de termos ficado um pouco longe, pudemos

assistir através de ecrãs gigantes ao início oficial da Jor-

nada Mundial da Juventude, presenteado com uma missa

de inauguração presidida pelo arcebispo de Madrid e

celebrada por Bispos e Sacerdotes presentes. A esta

missa juntaram-se bastantes peregrinos.

No segundo dia da JMJ, os participantes, organi-

zados por grupos linguísticos, tiveram sessões de cate-

queses com Bispos vindos de todo o mundo.

Todos os portugueses inscritos na JMJ receberam o Kit

Nacional: duas bandeiras de Portugal, uma grande e uma

mais pequena, o livro do peregrino, o guia para a cate-

quese dos bispos, um pólo verde, necessário para poder

entrar na catequese dos bispos e uma t-shirt vermelha

para ser usada na Vigília com o Papa no Aeródromo de

Cuatro Vientos (símbolo da presença de Portugal).

Catequese dos Bispos no Madrid Arena

O Bispo D. José Policarpo

Depois de muitas actividades para angariarmos

dinheiro para a Jornada Mundial da Juventude, final-

mente conseguimos os fundos necessários para a via-

gem. Eu ia com grandes expectativas e fazia a conta-

gem decrescente a cada dia que passava. Ao longo de

alguns meses fui seguindo no site oficial da JMJ Madrid

2011 as novidades (vídeos, informação, testemunhos,

etc).

Quando finalmente chegou o dia, comecei a

sentir o ―nervosismo da partida‖. Logo no início da via-

gem já se sentia o verdadeiro espírito de uma jornada

da fé: uma grande alegria por parte de todos.

Testemunho

Page 24: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

24

Religião

Depois de um dia de calor e da eucaristia em

Lisboa, a viagem feita durante a madrugada serviu para

descansar. Quando chegámos a Madrid já se encontra-

vam alguns jovens, pois, no mesmo alojamento ficaram

cerca de 1000 jovens provenientes de todo o pais.

No primeiro dia da jornada utilizámos o metro

para visitar a cidade de Madrid e eu comecei logo a sentir

o espírito de ajuda e o constante convívio entre jovens

das mais diversas nacionalidades. Ao caminharmos pelas

ruas de Madrid podíamos ver o rosto de felicidade dos

peregrinos e dos participantes que se cruzavam connos-

co. Fizemos longos percursos para conseguirmos chegar

aos locais das actividades, suportámos muitas horas de

espera e um calor abrasador.

No dia do encontro com os bispos portugueses,

no Madrid Arena, pôde sentir-se o grande ―calor humano

português‖: cerca de 12 mil portugueses reunidos para

ouvir as boas-vindas do Patriarca de Lisboa, que também

viajou para Espanha para participar na JMJ.

No dia 19 de Agosto fizemos uma caminhada de

cerca de 3 quilómetros até chegarmos ao Aeródromo de

Cuatro Vientos para assistir à Vigília nocturna com o

Papa. Apesar de ter havido uma tempestade, isso não

conseguiu demover os 1,5 milhões de participantes que

se encontravam no aeródromo.

No seguinte e penúltimo dia (20 de Agosto) da

JMJ, celebrou-se uma eucaristia de despedida em Cuatro

Vientos.

JMJ 2013: Bento escolhe tema para o Rio de Janeiro

JMJ foi uma ―ocasião especial para reflectir, dialogar,

trocar experiências positivas e, sobretudo, rezar em

conjunto e renovar o empenho de radicar a vida em

Cristo‖.

A 26.ª JMJ constituiu para o Papa um ―dom

precioso, que dá esperança‖ para o futuro do catolicis-

mo, com os fiéis a expressarem ―o desejo firme e since-

ro de radicar a sua vida em Cristo, permanecerem uni-

dos na fé, caminharem juntos na Igreja‖.

O Papa pediu aos jovens que participaram na

Jornada que, ―‗Enraizados e edificados em Cristo, firmes

na fé‘ [lema da JMJ Madrid 2011], levem ao mundo intei-

ro a alegria do evangelho, com a palavra e uma vida

preenchida de obras de caridade‖.

Xavier Belo

O grupo de jovens da Benedita e Cela

O grupo da Benedita marcou presença no evento com bandeiras e cartazes

Bento XVI anunciou no dia 21 de Agosto que o

lema da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2013,

na cidade brasileira do Rio de Janeiro, será ―Ide e fazei

discípulos de todos os povos‖, expressão baseada no

evangelho segundo São Mateus. ―O encontro de Madrid

foi uma magnífica manifestação de fé para a Espanha e

para o mundo‖, assinalou o Papa, acrescentando que a

Page 25: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

25

Saúde

Fitoterapia - Porque a saúde é natural!

A Fitoterapia é uma ciência que estuda a utilização da parte activa das plantas com finalidade terapêutica para prevenir, atenuar ou curar um esta-

do doente.

A origem da Fitotera-

pia é conhecida desde longos

séculos e tem ocupado diferen-

tes posições na medicina.

A colheita de plantas

para uso medicinal tornou-se

impossível nos dias actuais,

não só pela extinção das mes-

mas mas também pela ampla

necessidade humana de obter

cura para tudo.

Assim, a fitoterapia

tornou-se um método saudável para a cura de doenças

sem recurso a químicos. Actualmente é considerada

uma terapêutica suave, não agressiva, útil no tratamento

de afecções leves, moderadas e crónicas.

A fitoterapia racional obedece a regras muito

rigorosas e as plantas utilizadas são avaliadas segundo

técnicas modernas. Os medicamentos à base de plantas

cumprem estes requisitos, sendo desta forma fundamen-

tados todos os princípios dos medicamentos, na evidên-

cia científica, na qualidade, na segurança, na eficácia, no

uso adequado, tendo em conta os riscos e possíveis

interacções a nível da saúde.

nando resistências como os antibióticos. Dai a procura

de um ―modo de vida‖ mais saudável e natural com res-

peito ao meio ambiente.

Assim, a fitoterapia apresenta-se como a res-

posta ideal aos ―males do século‖ tais como stress, obe-

sidade ou problemas de sono. A solução natural e alter-

nativa para proteger a saúde sem agredir o organismo.

Actualmente gozar de uma saúde de ferro é

algo cobiçado e difícil de obter. Assim, diariamente sofre-

mos de pequenos mal-estares que milagrosamente

podem ser apagados de uma forma cientificamente natu-

ral – o poder das infusões de plantas!

Exemplos de utilização de diversas plantas para

vários tipos de patologias actuais:

Próstata:

Óleo de pevides de abóbora – Rica em fitoesteróis, tem

acção anti-inflamatória e inibidora do crescimento da

próstata.

Reforçar o sistema Imunitário:

Equinácea – esta planta tem propriedades anti-virais e

ajuda a regular o sistema imunitário aquando de agres-

sões bacterianas devido a diversos constituintes na sua

raiz.

Valeriana – Graças à sua acção sedativa e relaxante,

fornece o adormecimento e melhora a qualidade do

sono, sem causar habituação.

A importância da Fitoterapia

O actual séc. XXI tem apostado incondicional-

mente no desenvolvimento da medicina química. Contu-

do estes medicamentos mostram limitações no que toca

a efeitos secundários causando problemas e origi-

A base da farmacologia moderna

Page 26: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

26

Saúde

Enxaquecas:

Matricária – uma planta rigorosamente rica em partenóli-

dos, reduzindo a intensidade, duração e frequência das

enxaquecas.

Outras plantas usadas em fitoterapia:

Ginkgo Biloba – Tem propriedades antioxidantes e melho-

ra a circulação cerebral e periférica.

Ginseng – Ajuda o organismo a lutar contra o stress, com-

bate a fadiga e estimula o sistema imunitário.

Alcachofra – É indicada para facilitar a digestão e ajudar a

diminuir os níveis de colesterol.

Oliveira – É usada no controlo da hipertensão arterial e da

arteriosclerose.

Uva Ursina – Com propriedades anti-séptica e anti-

inflamatória. É utilizada no tratamento de infecções uriná-

rias.

Cenoura – Rica em betacaroteno, protege a pele e possi-

bilita um bronzeado duradouro.

Sónia Felizardo

Águia-real A biodiversidade é

um valor muito importante na

sociedade, pois é a base da

sobrevivência de todos os

seres. O ano de 2011, consa-

grado o Ano Internacional das

Florestas, é mais um dos anos

que apela à luta pela preserva-

ção do ambiente, incluindo o

respeito pelas espécies amea-

çadas. A águia-real é uma delas.

A Águia Real (Aquila chrysaetos), coberta de

penas castanhas, é uma das aves que está em vias de

extinção no território Nacional, já que o Homem está

constantemente a retirar-lhe o alimento e a caçar a sua

espécie, destruindo o seu habitat e tornando assim a

sua sobrevivência quase impossível. Esta ave é consi-

derada a rainha das montanhas, já que habita nelas, e

normalmente voa em círculos.

A Águia-real é um animal carnívoro: alimenta-

se de roedores, crias de coelhos e lebres, assim como

de outras aves de menor porte. Tem um método de

caça muito eficaz, pois quando escolhe uma presa é

quase sempre bem sucedida no ataque (fecha as asas

e lança-se em voo picado). Esta ave inicia a reprodu-

ção em meados de Janeiro e pode prolongar-se até

Maio – Setembro, podendo variar de acordo com a

região geográfica. Cada casal pode ter até 10 ninhos

mas só 2-3 são usados em rotação. Em cada postura,

normalmente, são colocados dois ovos que ficam à

responsabilidade da fêmea, fazendo o seu ninho com

ramos em rochedos ou no alto das árvores.

Beatriz Sousa

Águia-real (Aquila chry-saetos)

Ambiente

Equinácea Alcachofra

Matricária

Page 27: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

27

Ambiente

A poluição visual é baseada em cartazes, anúncios,

placas e propagandas (especialmente em sítios como cen-

tros comerciais, shoppings, hiper e super mercados) espa-

lhadas por todo o Mundo. Acredita-se que o problema,

porém, não é a existência da propaganda, mas o seu exage-

ro. Também é considerada poluição visual alguns comporta-

mentos humanos que não estão ligados necessariamente à

publicidade, tais como a arte urbana, os fios de electricidade

e telefónicos, as construções com falta de manutenção, o

lixo exposto não orgânico e outros resíduos urbanos. Hoje

em dia é impossível sair à rua sem nos depararmos com a

poluição visual, até porque esta afecta a vida de milhões de

pessoas, tendo em consideração o facto de nos encontrar-

mos numa sociedade maioritariamente consumista. A crise

actual não é uma surpresa, mas sim uma das consequên-

cias.

Beatriz Sousa

Poluição Visual

Poluição Hídrica A poluição Hídrica baseia-se na poluição das

águas, rios, mares, lagos… Este tipo de poluição normal-

mente é gerado em zonas industriais. Com o avanço da

tecnologia e da indústria aumenta o número de fábricas e

muitas delas trabalham com produtos químicos prejudi-

ciais. Estes, depois de utilizados, são geralmente deposita-

dos em sítios impróprios como rios e lagos.

A principal fonte de poluição hídrica é o Homem,

quer seja através de fábricas, quer seja através de simples

gestos como atirar lixos e colocar detritos na água, fazer

lavagens de barcos em alto mar ou causar derrames de

substâncias perigosas. O Homem é o principal responsável

pela sua condenação, visto que é ―o único animal que cos-

pe na sua água‖.

Beatriz Sousa

Desporto Aventura Hoje em dia a preocupação com a prática do

desporto tem vindo a aumentar na maioria dos portu-

gueses, uma vez que o desporto permite obter benefí-

cios ao nível físico (circulação sanguínea, crescimento

dos tecidos nos músculos e nos ossos) e mental (auto-

estima, alivio da fadiga provocada pela tensão nervosa

e pela vida sedentária). A forma como as pessoas prati-

cam exercício físico varia muito, pois a oferta também é

grande. Deste modo, a prática desportiva pode ser reali-

zada através de desporto indoor, no ginásio, e outdoor,

nomeadamente o Desporto Aventura. Este abrange

várias modalidades, entre as quais o slide, a escalada, a

ponte himalaia e o tiro com arco, que podem ser encon-

trados e praticados na nossa ―Quinta Pedagógica - Erva

Daninha‖. Segue a descrição de alguns destes despor-

tos, na próxima página.

Beatriz Sousa

Desporto

Page 28: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

28

Desporto

A história da escalada desportiva começou nos

anos 70, quando um ucraniano teve a ideia de durante o

inverno, pendurar pedras numa parede para que pudesse

treinar. A ideia foi tão boa que logo todos os outros escala-

dores locais fizeram o mesmo. Surgiu aí a escalada des-

portiva.

Em 1985, em Itália, foi efectuado o primeiro cam-

peonato mundial. Que teve como obstáculo uma parede

natural. Passados dois anos, foi realizado pela primeira vez

um campeonato numa parede artificial.

A prática de escalada ajuda a desenvolver tanto

em adultos como em crianças, o raciocínio, a concentra-

ção, a coordenação motora, a resistência física e a cons-

ciência corporal. Somando-se a isso temos ainda o prazer

da conquista, cada vez que uma via é completada. O aces-

so a uma parede nem sempre é fácil. Exige muitas vezes

que o atleta faça trilhas de horas

para chegar até a base de uma

parede e iniciar a escalada.

Beatriz Sousa

O slide originalmente começou nos campos mili-

tares, consistia em ter de passar de um ponto a outro,

sabendo que se começava num ponto alto e acaba num

ponto baixo, através de um cabo de aço pelo qual se des-

ce com uma roldana, trata-se de uma descida rápida,

com sensações fortes e com imensa adrenalina.

Actualmente, todas as pessoas podem fazer

este desporto, sabendo que tem de ser praticado em

espaços amplos.

Beatriz Sousa

Slide

Nos dias de hoje este tipo de desporto pode ser

praticado como forma de superação a nível pessoal, no

sentido de conseguir atingir uma meta, uma vez que este

desporto consiste em passar de um ponto a outro através

de um apoio que está suspenso no ar, tornando a tarefa

difícil de concluir.

É importante realçar que normalmente no segui-

mento da ponte pode-se optar por realizar as paralelas,

cujo objectivo é progredir em altura num determinado

circuito com o corpo de forma paralela.

Beatriz Sousa

O tiro com arco, é uma prática onde se utiliza um

arco e flechas para atingir um alvo, surgiu como actividade

de caça e guerra no princípio da civilização, com os sinais

da sua prática ainda na pré-história. A partir dos séculos

XVI e XVII, a prática passou a ser cada vez mais tratada

como desporto, com torneios idênticos aos actuais surgin-

do cada vez mais na Inglaterra. O mais antigo torneio de

tiro com arco registado, foi disputado em 1673.

O tiro com arco actualmente é praticado como

forma lúdica em que o objectivo é sempre atingir o alvo, no

entanto existem diversas maneiras de o concretizar.

Beatriz Sousa

Ponte himalaia

Escalada

Tiro com arco

Slide na “Quinta Pedagógica‖

Parede escalada artificial

Ponte na “Quinta Pedagógica‖

Page 29: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

29

Lazer

Influenciados pelos bons rumores, outros emigra-

ram para lá: Ludwig van Beethoven, Johannes Brahms e

Carl Maria von Weber.

Uma das razões porque escolhi aconselhar uma

visita à Áustria foi o facto de nela se localizar parte dos

Alpes, uma das cordilheiras mais famosas da zona Euro-

peia, bem como a presença dos rios Danúbio (o maior da

Europa) e Inn. Estes três dons naturais são mais uma das

causas de muito turismo. Além de trunfos naturais, existem

outros trunfos construídos pelo homem que vale a pena visi-

tar: a abadia de Melk (localizada na cidade de Melk, perto do

rio Danúbio, e considerada património da Humanidade pela

UNESCO); os palácios de Schwarzenberg, de Schönbrunn,

de Belvedere e de Hofburg (Viena); o centro histórico da

cidade de Salzburgo (património da Humanidade – UNES-

CO); a casa de Mozart (Linz); o Museu do Futuro (Linz); a

Ópera de Viena; a Fortaleza de Hohensalzburg (Salzburgo);

o palácio e os jardins Mirabell (Salzburgo); a igreja de São

Carlos (Viena); o parlamento Austríaco (Viena); o Palácio de

Linz; o Mosteiro de São Pedro (Salzburgo); etc. Devido a

todo este núcleo cultural, a Áustria é um país que deve estar

na nossa lista de preferências.

Margarida Serralheiro

Localizada no centro da Europa (faz fronteira

com a Alemanha, República Checa, Eslováquia, Hungria,

Eslovénia, Itália, Suiça e Liechenstein), a Áustria é um

país de grandes génios e de muita cultura. Partilha o idio-

ma oficial (o alemão) com a Alemanha e Liechtenstein e

ainda aceita outras línguas não oficiais: a croata, a eslove-

na e a húngara. Estima-se que albergue cerca de 8,40

milhões de pesso as num território de 83 879 km2.

Este país já foi palco de algumas guerras e con-

quistas, mas hoje é pacífico e desempenha uma democra-

cia representativa parlamentar (comemora o Dia da Inde-

pendência a 26 de Outubro). Pertence à União Europeia

desde 1995 (aderiu ao Euro em 1999) e é considerada um

dos países mais ricos da Europa, produzindo um PIB sig-

nificativo e mantendo um nível de vida razoavelmente alto.

Dividida em nove estados (Viena, Alta Áustria, Baixa Áus-

tria, Burgenland, Caríntia, Estíria, Salzburgo, Tirol e Voral-

berg), a Áustria apresenta três grandes focos turísticos:

Viena, a capital, Linz e Salzburgo.

A capital, Viena, é uma das mais belas cidades,

constituindo uma riqueza a nível cultural (é um centro de

inovação artística). Grandes génios como Wolfgang Ama-

deus Mozart, Franz Schubert, Anton Webert, a família

Strauss, Gustav Klimt, Oskar Kokokschka, Egon Schiel,

Otto Wagner, Victor Franz Hess, Karl Popper, Ludwig Witt-

genstein, Konrad Lorenz, Ferdinand Porsche, Sigmund

Freud, Alfred Adler, Karl Landsteiner, Franz Kafka, Elfried

Jelinek, etc., nasceram neste país, dando-lhe o prestígio

que ele ainda hoje mantém.

Áustria: o pote da genialidade

Sigmund Freud Mapa da localização da Áustria

A famosa Abadia de Melk

Page 30: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

30

Lazer

“Contraluz”

O filme ―Contraluz‖ (―Backlight‖ em inglês),

escrito e realizado pelo português Fernando Fragata em

Hollywood (uma parceria nunca antes feita), estreou em

Portugal a 22 de Julho de 2010. Tendo como principais

personagens Joaquim de Almeida (Jay) e Evelina Perei-

ra (Helena), ambos lusos, ―Contraluz‖ é uma espécie de

drama que retrata a vida de várias personagens que se

cruzam e que acabam por partilhar preciosas ligações.

Este filme é fascinante, pois consegue cativar o

espectador logo no primeiro minuto. A intriga não é muito

usual e explora o conceito de destino, mostrando como

este é construído ao interligar várias personagens com

características diferentes mas com algo em comum: o

perigo da morte a qualquer momento.

É um filme português que tenta alcançar uma

nova meta: a internacionalização. Assim sendo, só nos

resta apreciar o enredo e desejar que mais parcerias

deste género se estabeleçam!

Margarida Serralheiro

Cartaz do filme “Contraluz”

Leitura: Jardins Proibidos?

O livro ― Tom e o Jardim da Meia-Noite‖, da auto-

ria de Philippa Pearce, conta a his-

tória de Tom, irmão de um rapaz

que teve sarampo e que foi obriga-

do a ficar de quarentena. Tom é

levado para morar com seus tios, a

Tia Gwen e o Tio Alan Kitson,

enquanto o seu irmão está doente.

Os tios trabalhavam no grande

casarão da Sra. Bartolomew e esta

possuía um grande Relógio de Pên-

dulo que estava exposto no hall de

entrada. O Relógio tinha um proble-

ma: mostrava sempre a hora errada.

Numa noite, o relógio badalou 13

horas (normalmente os relógios de

pêndulo, tal como os relógios antigos, tinham apenas 12

horas). Intrigado com este acontecimento, Tom desceu

para o hall e descobriu uma porta que dava acesso a um

jardim totalmente misterioso (ninguém sabia que ali havia

um jardim, pois de dia era apenas um estacionamento).

Tom passou a ir todas as noites ao jardim para estar com

Hatty, uma rapariga que conheceu nesse mundo oculto.

No entanto, os dias passaram, os segredos aumentaram e

o dia em que Tom deveria deixar para sempre o jardim

transformou-se numa verdadeira aventura.

Este livro é um dos livros que mais me cativou,

não só pela história, mas também pela fácil escrita de

Philippa Pearce. Aconselho-o a todos aqueles que gostam

de sonhar .

Beatriz Sousa

“Tom e o jardim da

Meia-noite” de Philippa

Pearce.

Literatura / Jovens Escritores

Page 31: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

31

“Soldado” -Que venha a dor! Rápido!

Sofrer? Isso é de valor!

Viver? Só sem maior pavor!

Arrepender? Já não há tempo!

Apressa o vir do que vem...

Insólita vida vitoriosa

Dona dos incríveis guerreiros

Que nossa luta, não seja harmoniosa!

No acto das armas armar, os meus

Morrem e morrem e morrem...

Mas será que foi a lutar

Ou a obedecer a inúteis ordens?

Mas eu luto porque amo

Ninguém agora me ordena

Nas trincheiras me ajoelho

Com desejo da minha glória.

Flávio Penas

Acreditas no amor? Perguntei-lhe. E ele respon-

deu, com aquele riso de místico, que não. Voltou a pegar

no cigarro, olhou em frente e centrou-se nos montes. De

vez em quando sorria. Eu gostava de lhe dizer muitas coi-

sas, mas como ele vinha de outro planeta, pensei que não

percebesse a minha linguagem. Porque é que não acredi-

tas no amor? Perguntei-lhe. O amor é uma ilusão. Está

nas tuas veias como se fosse o sangue, mas nada mais é

do que ciência. O único nome possível para aquilo a que

chamam ―amor‖ é atracção física. Corpo a corpo, desejo,

nada mais. Tudo o resto são miragens que o teu cérebro

cria, porque sabe que precisas, mesmo que não o admi-

tas. Enquanto pensava nisto, ele respondeu que não que-

ria falar, pois ia soar doido. Voltou a rir-se, desta vez com

mais força, e depois acariciou-me a cara. Parecia que

olhava para mim como se fosse tomar conta daquilo que

era seu. De facto, eu era sua, mas não o queria ser. Então

disse-lhe que pretendia ser livre, livre como o vento, e

quase que lhe gritei sílaba a sílaba numa outra realidade

paralela, porque queria que ele entendesse que estava

com fome de liberdade. Daí a pouco germinava uma garra

nos punhos. Mas ele não me deixava ir e cada vez que

pegava no cigarro e se ria misticamente, eu sentia uma

revolta no estômago como se estivesse a ser gozada.

Estou a falar a sério! Disse-lhe. Ele parou e deixou cair o

cigarro nas águas. Fechou os olhos. Não podes ser livre,

ninguém pode, disse ele. E depois levantou-se e deixou o

pedaço de madeira flutuante em que nos encontrávamos.

Percorreu descalço as areias negras e entrou no carro

sem olhar para trás. Nunca mais o vi, mas ainda hoje lhe

guardo os sapatos.

Ana Cardoso

“O místico”

Literatura / Jovens Escritores

Page 32: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

32

Não pertenço a ninguém. Não sou um mero brin-

quedo teu. Não me digas o que fazer ou o que dizer. Não

vale a pena. Sou jovem e adoro ser jovem. Sou livre e

adoro ser livre.

Se eu quero e posso e se ninguém sai magoado,

quem és tu para me impedir de o fazer? Quero-me diver-

tir! Quero rir à gargalhada, quero saltar nas pequenas

poças de água, quero andar de baloiço e ir até ao céu,

quero ir à praia e dar um mergulho depois da meia-noite,

quero acampar num sítio completamente desconhecido e

sair de casa com apenas as roupas que tenho no meu

corpo.

Adoro ser rebelde à minha maneira! Escapulir-

me do meu quarto depois das duas da manhã, nem que

seja para ir à casa-de-banho, roubar umas bolachas da

cozinha e regressar à minha cama como se nada se pas-

sasse.

Gosto de fechar os olhos enquanto sinto vento a

deslizar pelos meus cabelos doirados e ondulados. Gosto

de abrir os braços e fingir que tenho asas. Gosto de atirar

coisas ao vento, sussurrar-lhe segredos e fazer com que

algo se transforme em belo. Gosto de ouvir os outros a

falar, as suas vozes acalmam-me a alma e fazem-me

sentir menos só.

Não tenho saudades da escola. Sou obrigada a

abdicar da minha rebeldia de escrever textos às cinco e

meia da manhã.

Rute Madaleno

“O corredor”

Andava lentamente por entre os corredores

macambúzios e sombrios da escola. Não tinha paciência.

Tirava o casaco de Inverno, pois a manhã apresentava um

sol brilhantemente vivo e empacotava a impaciência no

seu deambular repugnante de um lado para o outro à

espera do toque de entrada. A demora tornava-o incansá-

vel no seu balançar agoniante e já irritava observar aquele

indivíduo a pousar a sola dos sapatos, um tanto "cinzentos

amarelados", no chão. Um assento na pequena cadeira de

madeira suportada por uns pedaços de ferro sem cor era o

que mais desejava, aquilo porque à cinco minutos atrás

aguardava naquele corredor demoníaco com centenas de

histórias presentes nas paredes coloridas de um amarelo

literalmente deprimente.

Agora várias criaturas se juntavam em grupos e

abandalhavam à porta da sala. Era o segundo toque, e ao

fundo, nuns sapatos brancos rendados de preto, vinha

carregada de matéria a professora hedionda dos cabelos

em pé.

A Porta da Sala fora aberta e os corredores aban-

donados.

Sónia Felizardo

“Young”

Literatura / Jovens Escritores

Page 33: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

33

Humor Alternativo

Caricatura de Amy Winehouse:

Amy Winehouse, uma das grandes revelações

da música soul, faleceu recentemente devido aos vícios

que sustentava: o álcool e as drogas. Para relembrar esta

artista, decidimos colocar neste número a caricatura de

Winehouse, focando os seus pontos característicos. Can-

ta em paz, Amy!

Daniela Fernandes

Caricatura Gastronomia

Ingredientes:

3 cebolas (pequenas) 3 dentes de alho 3 colh. (sopa) de azeite 2 alhos franceses (grandes) 1 pacote (grande) de batatas fritas (palha) 2 ovos sal q.b. salsa q.b. azeitonas q.b.

Execução:

Numa panela, coloque as cebolas cortadas às rode-las muito finas e os alhos muito picadinhos. Deite o azeite por cima e deixe cozer durante cerca de 20 minutos em lume brando (até a cebola ficar transparente); mexa de vez em quando.

Lave os alhos franceses e corte às rodelas muito fininhas (aproveite apenas a parte branca; retire as ramas verdes).

Acrescente os alhos franceses ao preparado das cebolas e azeite (envolva bem) e deixe cozer por mais 15 minutos. Adicione sal, se necessário.

Depois de cozidos, coloque as batatas fritas e envolva-as bem no preparado dos alhos e cebolas.

Bata os ovos numa tigela à parte e adicione à mistu-ra; mexa. Polvilhe com salsa picada e decore com azeitonas.

Diana Coelho

Alho Francês à Brás

Page 34: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

34

Carneiro Sente necessidade de organização na realização do seu

trabalho e actividades diárias. Terá vontade de agir, pelo que

deverá dar andamento a assuntos cujo fim tem vindo a ser

adiado. Para melhorar o seu bem–estar físico faça exercício

e corte com o que lhe pode prejudicar a saúde.

Balança

É tempo de descobrir quais são os seus verdadeiros ideais.

Olhando para o passado, verifique se conseguiu atingir as

metas pretendidas. Clarifique os seus objectivos, desfazendo

confusões e más interpretações. Seja mais claro e conciso e

verá que é melhor compreendido.

Horóscopo

Touro A forte colocação do Sol irá beneficiar os contactos com os

amigos, os trabalhos de grupo e dar-lhe maiores capacida-

des de convencer os outros para projectos ou ideias. Esta

fase irá trazer-lhe mais actividade, ânimo e segurança em si

para poder brilhar.

Leão Vai-se reconhecer a si próprio através dos bens materiais

que possui e da sua capacidade para os obter. O prazer e

bem-estar que estes lhe proporcionam, estão intensificados

pelo que terá tendência a exibi-los com alegria, proporcio-

nando festas ou oferecendo presentes aos seus amigos.

Escorpião Terá grande importância para si a sua relação com os ami-

gos, grupos de trabalhos ou vida social. A colaboração de

outras pessoas consigo poderá ser muito benéfica para o

desenvolvimento de um projecto. Nestes dias a sua atenção

estará centrada tanto nos seus ideais como nos do grupo.

Aquário Poderá aprender mais sobre si próprio através da relação

com os outros ou de uma relação amorosa. Poderá precisar

de conselhos ou da colaboração de outras pessoas para a

concretização dos seus planos. Pode também dar-se o caso

de haver pessoas que necessitem do seu apoio num

momento difícil.

Xavier Belo

Virgem Irá verificar em si uma maior energia e impulsividade. O seu

corpo reclama mais atenção, pelo que deve aproveitar e

fazer uma alimentação mais saudável ou um novo regime

alimentar. Dedique-se também mais à actividade física e

verá que depois se sentirá muito melhor.

Sagitário Poderá ter oportunidades de progresso e sucesso em

empreendimentos. Invista na sua carreira profissional e pre-

pare sucessos futuros. Este é o momento certo para pôr em

prática esse plano que já desenvolve há algum tempo. Pode-

rá ser convidado a chefiar um projecto.

Caranguejo Nesta semana você irá expressar-se de forma lógica e criati-

va, o que lhe trará capacidade para chegar a acordo com os

outros. Fase óptima para expor os seus pontos de vista, pois

a sua excelente capacidade comunicativa irá fazer com que

os outros aceitem as suas ideias e as sigam.

Capricórnio Deve fazer uma análise dos seus objectivos de vida. Se essa

análise for feita envolvendo outras pessoas, melhor. É a épo-

ca ideal para fazer uma viagem e alargar os horizontes. É

possível que sinta alguma curiosidade pelas ciências ocultas

ou tudo o que tenha a ver com o sobrenatural.

Peixes A Casa VII está relacionada com os amores e com as

uniões. Este poderá vir a ser um período em que a relação

com o cônjuge ou com um sócio se solidifica. É o momento

oportuno para analisar o seu relacionamento afectivo e amo-

roso e para descobrir aquilo que o cônjuge necessita para

evoluir como pessoa.

Gémeos Poderá sentir necessidade de proteger os outros ou de ser

protegido por eles. Vai sentir vontade de se dedicar mais à

sua vida familiar, íntima, e ao seu lar. Está mais sensível

neste momento. Situações não resolvidas da sua vida passa-

da podem surgir agora para serem analisadas e soluciona-

das.

Page 35: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

35

Inquérito Local

Inquérito Local Com a crise actual, não faz sentido fazer perguntas coerentes. Qual era o objectivo de sabermos se as pessoas con-

cordam com o novo governo? Ou se o Jorge Jesus é um bom treinador? Nenhum. É por isto que nesta edição a per-

gunta será: “Se pudesse ter super-poderes por um dia, qual deles é que escolhia? E porquê?”. Se a tolice não

paga imposto, então abusemos dela!

Nome: Ana Rodrigues

Idade: 27 anos

Profissão: Técnica Superior

Resposta: ―Escolhia o poder da transformação! Se

tivesse super-poderes transformava as pessoas más

em pessoas boas.‖

Nome: Patrícia Alexandra Almeida Catarino

Idade: 21 anos

Profissão: Técnica Administrativa

Resposta: ―Eu gostaria de ter o poder da força para pren-

der todos aqueles que assaltam e roubam, para podermos

andar com segurança e sem medos.‖

Nome: Ana Costa

Idade: 33 anos

Profissão: formadora

Resposta: ―Gostaria de ter o poder da transformação.

Transformava a sociedade numa sociedade mais igua-

litária, pois as desigualdades económicas, sociais, de

género, etc. ainda persistem nesta ―aldeia global‖ em

que vivemos.‖

Nome: Ana Cruz

Idade: 18 anos

Profissão: Estudante

Resposta: “Escolheria o teletransporte, ou seja, a capaci-

dade de me poder deslocar para onde quisesse, fazendo

com que os factores tempo e distância não existissem.

Seria ainda mais hilariante poder deslocar-me de continen-

te em continente, conhecendo novos países e novas cultu-

ras sem ter de me preocupar com a reserva de bilhetes e

cansaço das viagens!‖

Nome: Cláudia Sofia Grilo Belchior

Idade: 24 anos

Profissão: Empregada fabril

Resposta: ―Se pudesse ter algum super poder escolheria

poder rechear as contas de todos os pobres que necessi-

tam e dar mais saúde aos que estão doentes.‖

Nome: Rafael José Rodrigues dos Santos

Idade: 13 anos

Profissão: Estudante

Resposta: ―Se eu pudesse ter super-poderes eu esco-

lheria ter super força para poder levantar coisas muito

pesadas.‖

Margarida Serralheiro

Page 36: A Alternativa, n.º3 - A arte de humanizar

36

Consórcio: Financiado por: Co-financiado por:

Morada (Sede):

Espaço CID@NET

Rua do Mercado, Edifício Casa da Vila - Porta 4

2475-126 Benedita

Telefone/Fax:

262 186 000

Telemóveis:

925 041 925 / 917 253 250 / 934 394 665

Email:

[email protected]

Contactos Percursos Alternativos