a água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

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Ericka Martins de Matos, Bióloga Mestre em Ecologia Aplicada Unimonte, Santos - SP Cidade-se, 24 out. 2016 A água de lastro transportada pelas embarcações que atracam nos portos nacionais e seu impacto para o meio ambiente

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Page 1: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Ericka Martins de Matos, Bióloga Mestre em Ecologia Aplicada

Unimonte, Santos - SPCidade-se, 24 out. 2016

A água de lastro transportada pelas embarcações que atracam nos portos nacionais e

seu impacto para o meio ambiente

Page 2: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Sumário1. Apresentar os impactos ambientais da atividade portuária2. Conceituar água de lastro e espécies exóticas invasoras3. Histórico de bioinvasão no Brasil 4. Consequências da bioinvasão5. Principais espécies invasoras no Brasil 6. Medidas preventivas e tratamento de água de lastro7. Ações para controle de espécies exóticas marinhas no Brasil8. Dificuldades9. Gestão Ambiental Portuária10. Desafios para o futuro

Page 3: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Evolução das embarcações

Page 4: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente
Page 5: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Quais os impactos ambientais de UMA embarcação?

Page 6: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Incrustação

(PEREIRA, 2012)

Page 7: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente
Page 8: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Impactos ambientais da atividade portuária1. Pela implantação de um porto:

Construção da infraestrutura

marítima e terrestre

- Alteração da linha de costa- Alteração do padrão hidrológico - Alteração da dinâmica sedimentar- Destruição ou alteração de áreas naturais costeiras- Supressão de vegetação- Modificação no regime e alteração no fundo dos corpos

d´água

Page 9: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Impactos ambientais da atividade portuária2. Pela operação de um porto:

Embarcações

- Resíduos de embarcações- Emissões atmosféricas- Água de lastro- Incrustações no casco das embarcações

Porto

- Dragagem- Obras de manutenção- Gestão dos resíduos de embarcações- Operação de máquinas e veículos portuários- Manuseio de cargas perigosas- Abastecimento e limpeza das embarcações

Alteração qualidade da águaPoluição do arTrânsito de veículos pesadosOdoresAlteração da paisagemRuídosDistúrbio na faunaInteração com outras atividades (turismo, pesca, recreação)

Bioinvasão

Page 10: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Definição de água de lastro• Segundo ANVISA (Art.4 - RDC 72/2009): “água colocada em tanques

de uma embarcação com o objetivo de alterar o seu calado, mudar suas condições de flutuação, manter a sua estabilidade e melhorar sua manobrabilidade”

• Segundo NORMAM 20/2014: “ÁGUA DE LASTRO - É a água com suas partículas suspensas levada a bordo de uma embarcação nos seus tanques de lastro, para o controle do trim, banda, calado, estabilidade ou tensões da embarcação”

Page 11: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Licença Creative Commons

(Associação Água de Lastro Brasil, 2009)

Page 12: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Água de lastro• Embora seja essencial para a segurança e eficiência das operações , a

água de lastro do navio pode representar problemas ambientais, econômicos e de saúde grave, devido à multiplicidade de espécies marinhas que ele contém. • É considerada um das grandes ameaças aos oceanos, juntamente

com a exploração insustentável dos recursos marinhos vivos, a destruição de habitats marinhos, a poluição marinha e as mudanças globais no clima.

Page 13: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

• É toda espécie introduzida em outro ambiente onde não ocorreria naturalmente• Podem ser sinantrópicas ou não• Encontram condições ideais de

sobrevivência e reprodução“3As = ÁGUA, ABRIGO e ALIMENTO”• Exemplos: sagui, pardal, lírio do

brejo, eucalipto, plantas daninhas, chapéu de sol (amendoeira) etc.

O sagui de tufo branco (Callithrix jachhus), espécie nativa da Mata Atlântica da região Nordeste e da Caatinga, é considerado exótico no Rio de Janeiro, onde foi introduzido na Floresta da Tijuca e Ilha Grande.

O que são espécies exóticas ou bioinvasoras?

Page 14: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Histórico da bioinvasão no BrasilPRIMEIRA FASE: DESCOBRIMENTO ATÉ O SÉCULO XIX• A primeira fase refere-se à época da colonização e

tráfico de escravos e se caracteriza pela chegada de navios originários do continente europeu e da África. • Desde essa época, a incrustação em cascos de navios

já era responsável por um grande número de introduções marinhas no litoral brasileiro, entre elas o Mexilhão Perna perna e o vibrião da cólera.

Mexilhão (Perna perna)

Cólera (Vibrio cholerae)

Page 15: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Histórico da bioinvasão no BrasilPRIMEIRA FASE: DESCOBRIMENTO ATÉ O SÉCULO XIX• Nas expedições à África e às Índias, as rochas eram lançadas ao mar

no porto de destino e substituídas pela carga de especiarias, que faziam o papel de lastro na viagem de volta. • No Brasil, essa rocha era chamada de “pedra do reino”, tratava-se do

calcário lioz procedente de Lisboa que foram reaproveitado em construções, hoje históricas, como as de São Luiz do Maranhão – conjunto urbano de arquitetura colonial classificado pela UNESCO em 1997 como Patrimônio da Humanidade, em Salvador (BA), em Natal (RN) e em Santos (SP).

Page 16: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

“Pedra do Reino” Lisboa que é considerada a “Cidade Branca”, devido a sua grande luminosidade, reflexo da proximidade do mar e ao calcário lioz branco aplicado na construção dos principais monumentos históricos. Torre de Belém

Estação de trem de Rossio

Page 17: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

“Pedra do Reino”O lioz que se encontra no Brasil é procedente de Lisboa, vindo como lastro dos navios que voltavam à metrópole portuguesa carregados de mercadorias, por isso chamada de “Pedra do Reino”.

Museu do Pelé em Santos

Centro Histórico de São Luís, MaranhãoIgrejas históricas em Salvador, Bahia

Page 18: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Histórico da bioinvasão no BrasilSEGUNDA FASE: Século XIX• Grandes avanços econômicos e tecnológicos no país e no mundo

intensificaram o comércio marítimo.• Em 1880 iniciou-se o uso da água em substituição ao lastro usado

com pedras e areia. A partir daí, generalizou-se o uso de água de lastro e até hoje, não se encontrou substituto.

Page 19: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Histórico da bioinvasão no BrasilTERCEIRA FASE: Século XX• Intensificação das pesquisas científicas e aumento dos registros das

espécies exóticas introduzidas no Brasil. • As invasões biológicas passaram, então, a ser analisadas com uma

visão mais ampla e multidisciplinar. • O conhecimento da biologia e biogeografia das espécies, bem como

o monitoramento do ambiente marinho são fundamentais para o o entendimento e gerenciamento do problema da bioinvasão, surgindo a necessidade de se investir nos procedimentos de prevenção e controle.

Page 20: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

(SOUZA et al, 2009)

Page 21: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Situação atual• Cerca de 5 bilhões de toneladas/ano de água de lastro são

transferidas no mundo • Estima-se que são transportados em torno de 7 mil espécies de seres

vivos por meio da água de lastro por dia• Aproximadamente 40 milhões de toneladas/ano de água de lastro

são lançadas em águas brasileiras • Não é possível definir se o aumento dos eventos de bioinvasão nos

anos recente deve-se ao agravamento do problema ou se reflete o resultado de uma maior esforço de pesquisa científica e conscientização a respeito

Page 22: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Condições para o sucesso da bioinvasão• Espécies transferidas por água de lastro podem sobreviver por longas

viagens e estabelecer uma população reprodutora no ambiente de acolhimento• Se os portos forem ecologicamente compatíveis, o risco de introdução é

relativamente alto• As características biológicas das espécies (número de indivíduos para

estabelecer uma população, tipo de reprodução)• As características do meio onde elas estão sendo introduzidas (áreas

abrigadas, substratos disponíveis, qualidade físico-químico da água, salinidade, temperatura, luminosidade, disponibilidade alimento) • Forte influência antropogênica (poluição, atividades industriais e dragagens,

ambientes degradados)

Page 23: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Bioinvasão – impactos ambientais • Desequilíbrio ecológico das áreas invadidas• Competição com espécies nativas – alimento e espaço• Perda de biodiversidade• Sem predadores naturais, ausência de organismos competidores,

predadores ou parasitas• Espécies com alto grau de reprodução que competem e se proliferam

rapidamente tornando-se verdadeiras pragas

Page 24: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Bioinvasão – impactos sociais e econômicos• A dispersão de espécies invasoras cria desafios complexos e de grande

extensão ao bem-estar das populações humanas• Embora o problema seja global, a natureza e a severidade dos

impactos variam entre diferentes países e regiões• Risco à saúde humana, disseminação de doenças em populações

costeiras• Risco às atividades pesqueiras e desestabilização social de

comunidades tradicionais• Prejuízos em atividades econômicas, custo de manutenção de

equipamentos em Usinas Hidrelétricas, hélices de embarcações etc

Page 25: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Percentual das regiões de origem biogeográfica das espécies exóticas marinhas reportadas para o Brasil

(LOPES et al, 2009)

Page 26: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Percentual de ocorrência dos vetores de transporte das espécies exóticas marinhas reportadas para o Brasil

(LOPES et al, 2009)

Page 27: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Principais espécies invasoras• Mexilhão zebra europeu infestou 40% das vias navegáveis dos EUA,

entre 1989 e 2000.• Alga marinha asiática que está invadindo áreas da Austrália• Água viva norte americana atingiu o Mar Negro, causando um

colapso nas atividades de pesca local• Vibrião da cólera suspeito de causar surtos da doença em Paranaguá• Siri bidu de origem indo-pacífico, prejudicou a pesca do siri nativo da

Bahia e já foi observado em SP e RJ

Page 29: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

• Mexilhão dourado (Limnoperna fortunei), originário dos rios asiáticos, principal responsável pela maior invasão no território brasileiro.

• Introduzido na Bacia do Prata, na Argentina em 1991. Causa impactos no meio ambiente e sobre as atividades econômicas na Usina de Itaipu.

• Já ocorre na região do Pantanal brasileiro.• Ampla resistência à variedade de fatores

ambientais• Rápida maturação sexual, ciclo reprodutivo

rápido e forte capacidade de dispersão• Indivíduos crescem lado a lado ou uns sobre os

outros formando camadas• Densidade supera 100.000 hab/m³

Mexilhão Dourado

(RESENDE & MARTINEZ, 2008)

Page 30: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Mexilhão Dourado

(RESENDE & MARTINEZ, 2008)

Page 31: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Mexilhão Dourado

(RESENDE & MARTINEZ, 2008)

Page 32: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Prejuízos causados pelo mexilhão dourado• Prejuízos à pesca, destruição da vegetação aquática, ocupação do

espaço, disputa por alimento com os moluscos nativos = menos moluscos nativos, menos alimento para os peixes• Prejuízo à empresas de Saneamento, entupimento de canos e dutos

de água para abastecimento humano, sistemas de esgoto e irrigação;• Prejuízos à UH, entupimento de sistemas de tomada de água para

geração de energia elétrica, causando interrupções frequentes para limpeza e encarecendo a produção;• Prejuízos à navegação, com o comprometimento de bóias e trapiches

e de motores e estruturas das embarcações.

Page 33: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Como o mexilhão se dispersa?Dispersa das larvas • A larva se desloca de modo passivo, levada pelas correntes aderidas em cascos,

redes, conchas, qualquer coisa molhada.• Pode estar presente no sistema de refrigeração do motor do barco ou nos baldes

de iscas vivas, podendo causar uma nova infestação, mais incômodo e prejuízo aos usuários dos recursos hídricos e à sociedade em geral.

Dispersão dos adultos • É feita pelo seu transporte em cascos de embarcação, redes, conchas, galhos e

outros objetos lançados ou presentes na água. Quando a concha está fechada, o mexilhão pode sobreviver bastante tempo fora da água.• Depois que as colônias estão instaladas, é impossível erradicá-las com os

recursos e os conhecimentos atuais.

Page 34: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

O que fazer?Usuários de embarcações de qualquer tamanho• Examinar periodicamente o barco e raspar as incrustações que encontrar,

enterrando-as longe da água; • Retirar a água acumulada no fundo do barco ou em outras partes do mesmo,

descartando-a em terra firme; • Lave a embarcação com solução de água sanitária antes de colocá-lo em outras

águas.Pescadores• Descartar a água das iscas vivas em terra, longe de rios, lagos e esgotos; • Limpar os petrechos de pesca com solução de água sanitária caso vá usá-los em

outro local.

Page 35: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

https://www.youtube.com/watch?v=wjNCJ_akzao

Page 36: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Coral sol• Coral sol (Tubastraea coccinea e

T. Tagusensis), organismos formadores de colônias e de crescimento rápido, que se reproduzem assexuadamente por fecundação interna. Suas larvas são planctônicas e se dispersam na coluna d´água.

Page 37: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Coral sol: como evitar proliferação?• Retirar os corais-sol de locais onde foram encontrados, e monitorar estas áreas

a fim de prevenir novos aparecimentos.• Realizar treinamentos junto às operadoras de mergulho, para que mais

pessoas estejam aptas a localizar espécies invasoras E COMUNICAR AO IBAMA• Mergulhadores não devem coletar nem quebrar as colônias, pois ao manipulá-

lo incorretamente, pode-se estimular a desova deste organismo, contribuindo com a amplificação do problema. • Os pescadores também podem contribuir com a remoção, mas precisam ser

treinados e qualificados. Eles devem ter acesso à tecnologia que permita a eles fazer a retirada do organismo invasor sem criar maiores problemas ao meio ambiente.

Page 38: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

https://www.youtube.com/watch?v=iLYMDA-e1hQ

Page 39: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Prevenção e Tratamento • Um sistema de gerenciamento e controle pode reduzir a

probabilidade de introdução de espécies indesejáveis. • A troca de água de lastro em alto-mar é um dos mais efetivos

métodos preventivos, já que, o meio ambiente oceânico não serve de hábitat a organismos de águas costeiras. • O tratamento a ser utilizado, precisa ser seguro, prático, de baixo

custo e ambientalmente aceitável. Diversos métodos de tratamentos vêm sendo testados, entre eles: a filtração; o tratamento térmico; aplicação de biocidas; tratamento elétrico; ultravioleta; acústico; de oxigenação e biológico.

Page 40: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Medidas preventivas• Estabelecer normas internas referentes ao deslastro em seus portos;• Exigir, para autorizar a atração do navio, a apresentação de

certificados e documentos que demonstrem o atendimento às exigências da autoridade marítima e sanitária, e das normas aplicáveis;• Monitorar a biota existente na área de entorno do porto a fim de

detectar possíveis modificações e novas espécies invasoras.

Page 41: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

• Convenção sobre o Direito do Mar das Nações Unidas de 1982 (Convenção de Montego Bay, Jamaica)

Ela define o mar territorial, zona contígua, zona econômica exclusiva e plataforma continental, delineando regras internacionais para prevenir, reduzir e controlar a poluição do meio marinho, assim como para a realização de pesquisa científica, a transferência de tecnologia marinha e a solução de controvérsias na utilização do mar por meio pacíficos.

Artigo 196 que trata do “Uso da Técnica e Introdução de Espécies Exóticas” requer dos países membros a adoção de todas as medidas necessárias à prevenção, redução e controle da introdução intencional ou acidental de espécies exóticas em ambiente marinho.

Entrou em vigor no Brasil a partir do Decreto Federal nº 1.530/1995

Ações para controle de espécies exóticas no Brasil

Page 42: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Ações para controle de espécies exóticas no Brasil • ECO 92 Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB): tratado

internacional multilateral que, como seu nome sugere, trata da proteção e do uso da diversidade biológica em cada país signatário.

Page 43: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

• Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB):

“Artigo 8 - Conservação In SituCada Parte Contratante deve, na medida do possível e conforme o caso: (...)h) Impedir que se introduzam, controlar ou erradicar espécies exóticas que ameacem os ecossistemas, habitats ou espécies.”

• Artigo adotado também na VI Conferência das Partes (COP VI), da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (2002);

Ações para controle de espécies exóticas no Brasil

Page 44: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

• Ministério do Meio Ambiente (MMA) é o órgão responsável em implantar e fazer cumpri a CDB:

Ações para controle de espécies exóticas no Brasil

Page 45: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

• Agenda 21 Internacional:

Capítulo 17 Proteção dos oceanos, de todos os tipos de mares, inclusives mares fechados e semifechados, e das zonas costeiras, e proteção, uso racional e desenvolvimento de seus recursos vivos.

Orienta a adoção de regras aproprias à descarga de águas residuais, visando a prevenção da disseminação de organismos exóticos.

Ações para controle de espécies exóticas no Brasil

Page 46: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Convenção Internacional para controle e Prevenção de Água de Lastro e Sedimentos 2004• Adotada pela Organização Marítima Internacional (IMO) em 13/02/2004, a

Convenção tem como objetivo prevenir a introdução de espécies exóticas e nocivas por meio da água de lastro dos navios. • Entra em vigor 12 meses após ser ratificada por pelo menos 30 países que

juntos representem no mínimo 35% da arqueação bruta da frota mercante mundial. • No Brasil, o texto foi aprovado pelo Decreto Legislativo nº 148 de 15 de

março de 2010, tendo o País depositado o instrumento de ratificação junto à IMO em 14 de abril de 2010.

Ações para controle de espécies exóticas no Brasil

Page 47: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente
Page 48: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Convenção Internacional para controle e Prevenção de Água de Lastro e Sedimentos 2004• Obrigação das partes em prevenir, minimizar e eliminar a transferência

de organismo aquáticos nocivos e agentes patogênicos, por meio do controle e gestão da água de lastro e sedimentos• Foco é a responsabilidade do navio• Cada parte deverá assegurar que seus portos e terminais ofereçam

instalações adequadas para limpeza ou reparo de tanques de lastro, recebimento de sedimentos• Troca de lastro deverá ocorrer, distante 200 milhas náuticas e fora de

Zona Exclusiva Econômica, e em águas com pelo menos 200 metros de profundidade.

Ações para controle de espécies exóticas no Brasil

Page 49: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

NORMAM nº 20 de 14 de junho de 2005:• Estabelece requisitos referentes à prevenção da poluição por parte

das embarcações em Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), no que tange ao Gerenciamento da Água de Lastro. O gerenciamento tem como base fundamental a troca da Água de Lastro de acordo com a Resolução da Assembleia da Organização Marítima Internacional (IMO) A.868(20), de 1997 e com a Convenção Internacional de Controle e Gestão da Água de Lastro e Sedimentos de Navios, adotada em fevereiro de 2004.

Ações para controle de espécies exóticas no Brasil

Page 50: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

NORMAM nº 20 de 14 de junho de 2005:• Aplicado à todos navios nacionais ou estrangeiros dotados de tanque de lastro,

que utilizem os portos ou terminais brasileiros;• Plano de Gerenciamento de Água de Lastro;• Inspeção Naval para averiguação de conformidade com dispositivos da Norma;• Envio de Formulário de Água de Lastro para Capitania dos Portos pelos

Comandantes dos navios;• Apresentação de Certificado Internacional de Gestão de Água de Lastro, Plano de

Gestão de Água de Lastro e Livro de Registro da Água de Lastro;• Inspetores poderão coletar amostras da água de lastro para análise e comparação

com as informações do Livro de Registro e Formulário

Ações para controle de espécies exóticas no Brasil

Page 51: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

NORMAM nº 20 de 14 de junho de 2005:• Troca de água de lastro deverá ocorrer a pelo menos 200 milhas da

costa, em águas com profundidade de pelo menos 200 metros e uma eficiência de 95%• Quando não possível, a água deve ser retida a bordo, autorizando-se

apenas uma descarga mínima, com prévia autorização da Capitania dos Portos• Os sedimentos só poderão ser descartados no mar se autorizados ou

em instalações ou serviços para recepção desses sedimentos, quando disponíveis.

Ações para controle de espécies exóticas no Brasil

Page 52: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

(Associação Água de Lastro Brasil, 2009; Licença Creative Commons)

Page 53: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

• ANVISA - Resolução da Diretoria Colegiada - RDC Nº 72 /2009

Dispõe sobre o Regulamento Técnico que visa à promoção da saúde nos portos de controle sanitário instalados em território nacional, e embarcações que por eles transitem.

CAPÍTULO VIIDAS DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 115. O descumprimento das disposições contidas nesta resolução e no regulamento por ela aprovado constitui infração sanitária, nos termos da Lei nº. 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo das responsabilidades civil, administrativa e penal cabíveis.

Ações para controle de espécies exóticas no Brasil

Page 54: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

• ANVISA - Resolução da Diretoria Colegiada - RDC Nº 72 /2009

Seção VIDa Água de LastroArt. 62. Quando houver recomendação específica ou evidência de risco sanitário em determinada área geográfica, o lançamento de água de lastro captada nestas áreas, em águas sob jurisdição nacional, deve ocorrer após análise e autorização da autoridade sanitária.Art. 63. Toda embarcação, a critério da autoridade sanitária, está sujeita a coleta de amostra de água de lastro para análise, com vistas à identificação da presença de agentes nocivos e patogênicos e indicadores físicos e componentes químicos.

Ações para controle de espécies exóticas no Brasil

Page 55: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

• ANVISA - Resolução da Diretoria Colegiada - RDC Nº 72 /2009

Seção VIDa Água de LastroArt. 64. O formulário referente à troca de água de lastro deve ser preenchido conforme o modelo previsto no anexo X deste Regulamento.Art. 65. À medida que novas tecnologias e novos sistemas de gerenciamento ou tratamento de água de lastro forem desenvolvidos, a autoridade marítima estabelecerá, oportunamente, as instruções normativas apropriadas.

Ações para controle de espécies exóticas no Brasil

Page 56: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Dificuldades Declaração dos comandantes: • Estudo realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa (2003)

apresenta os resultados de 99 amostragens de água de lastro de navios em 9 portos brasileiros, em que “foi verificado que 62% das embarcações cujos comandantes declararam ter efetuado a substituição da água de lastro em área oceânica, conforme orientação da IMO, provavelmente não o fizeram ou fizeram de forma parcial, por possuírem água de lastro com salinidade inferior a 35ppm” (PEREIRA et al, 2015)

Retirada de amostras:• Há dificuldades operacionais para o controle da água de lastro, com relação à

retirada de amostras, já que as embarcações mais antigas não previam instalações para essa finalidade.

Page 57: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

• Renovação da frota mercante mundial, com previsão de instalações para retirada de amostras de água de lastro• Empresas desenvolvendo diferentes sistemas de tratamento para promover a

desinfecção da água de lastro a bordo das próprias embarcações• Internalização dos preceitos internacionais sobre troca de lastro oceânica por

meio da NORMAM 20• Portaria Secretaria Especial dos Portos nº 104/2009 que dispõe sobre a

criação e estruturação do Setor de Gestão Ambiental e de Segurança e Saúde no Trabalho nos portos e terminais marítimos, bem como naqueles outorgados às Companhias Docas• Avanços e novo modelo de Gestão Ambiental Portuária: Porto Verde

Gestão Ambiental Portuária

Page 60: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Índice de Desempenho Ambiental - IDA• Lei Federal nº 10.233/2001 que dispõe sobre a reestruturação dos

transportes aquaviário e terrestre, Art. 11 - V: “o gerenciamento da infraestrutura e a operação do transporte aquaviário também devem ser regidos pelo princípio da sua compatibilização com a preservação do meio ambiente.” • ANTAQ instituir, por meio da Resolução nº 2650/2012, o Índice de

Desempenho Ambiental (IDA) como instrumento de acompanhamento e controle de gestão ambiental em instalações portuárias. • O IDA permite quantificar e simplificar informações de forma a

facilitar o entendimento do público e de tomadores de decisão acerca das questões ambientais portuárias.

Page 61: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente
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Desafios para o futuroFatores internos e externos que comprometem melhoria dos valores indicadores de desempenho ambiental: • Falta de investimentos• Falta de pessoal capacitado ou equipe em número adequado• Falta de articulação entre partes envolvidas• Falta de poder de atuação• Falta de conscientização e comprometimento ambiental

Page 66: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Desafios para o futuro• Normas, legislação e fiscalização aplicadas ao controle da água de lastro• Novos estudos e monitoramento de espécies bioinvasoras marinhas propagadas

pela água de lastro • Retomar a preocupação com espécies invasoras associadas ao problema de

incrustações em vetores materiais sólidos flutuantes: LIXO MARINHO• Redução do lixo plástico que também assume um papel importante na mediação

de bioinvasões marinhas em escala global• O lixo marinho inclue madeira, plástico, borracha, isopores e materiais orgânicos

variados, que podem cruzar oceanos, rios e províncias biogeográficas, introduzindo espécies até em áreas polares como já constatado na Antártida e alguns servindo de ALIMENTO IMPRÓPRIO para muitos animais, provocando a sua morte. Portanto, seja responsável pelo descarte correto do seu lixo e oriente outras pessoas a fazerem o mesmo!

Page 67: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Para saber mais:

A Bioinvasão do Coral Sol na Ilha Grande – 1ª partehttps://www.youtube.com/watch?v=sACTPyljNHs

O Projeto Coral Sol – 2ª partehttps://www.youtube.com/watch?v=ihlrGCXHfBo

TRF3 forma grupo de trabalho para combater o Mexilhão Douradohttps://www.youtube.com/watch?v=buEjDmkTQPM

A mensagem do giro oceânico (termo da oceanografia física)

https://www.youtube.com/watch?v=buEjDmkTQPM

Page 68: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

Para saber mais: NORMAM 20https://www.dpc.mar.mil.br/sites/default/files/normam20.pdf

ANVISA RDC Nº 72/2009 http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cruzeiros/documentos/2013/RDC%2072-09%20CONSOLIDADA%20COM%20RDC%2010-2012.pdf

Informe sobre as Espécies Exóticas Invasoras Marinhas no Brasilwww.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_dcbio/_publicacao/147_publicacao07072011012531.pdf

O Porto Verde (ANTAQ) http://www.antaq.gov.br/portal/pdf/portoverde.pdf

Guia de Boas Práticas Portuárias http://www.portosdobrasil.gov.br/assuntos-1/meio-ambiente/arquivos/guia-boas-praticas-anexo.pdf

Índice de Desempenho Ambiental - ANTAQhttp://www.antaq.gov.br/portal/MeioAmbiente_IDA.asp

Organização Marítima Internacional www.imo.org

Projeto GloBallast http://globallast.imo.org/

Page 69: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

ReferênciasAGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTE AQUAVIÁRIO. Uso da Água de Lastro. Disponível em <http://www.antaq.gov.br/Portal/MeioAmbiente_AguaDeLastro.asp> acesso em 15. out 2016

ALMADA, G. B. A bioinvasão do coral sol no licenciamento ambiental de petróleo e gás conduzido pelo IBAMA. Audiência Pública MPF/PRRJ: Medidas de ações no controle da bioinvasão do coral sol. Rio de Janeiro: 28 abr. 2014 Disponível em <http://www.prrj.mpf.mp.br/sala-de-imprensa/eventos-e-audiencias/documentos-relacionados-as-audiencias/anexo-1-ibama> acesso em 16 set. 2016

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Page 70: A água de lastro e seu impacto para o meio ambiente

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