a aÇÃo do assistente social.pdf

66
iI VPDZU o Dew). JTb J&1 CaE t ./LIVSQ UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIO ECONÔMICO DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL A AÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROGRAMA JOVEM TRABALHADOR DA PROMENOR Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina, orientado pela pro- fessora Vera Maria Ribeiro Nogueira, para a ob- tenção do titulo de Assistente Social. Adriana do Nascimento de Souza Florianópolis - SC Julho/2000.

Upload: schaianny-lima-rios

Post on 21-Dec-2015

23 views

Category:

Documents


15 download

TRANSCRIPT

  • iI VPDZU o Dew). JTb J&1

    CaEt ./LIVSQ

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SCIO ECONMICO

    DEPARTAMENTO DE SERVIO SOCIAL

    A AO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROGRAMA JOVEM TRABALHADOR

    DA PROMENOR

    Trabalho de Concluso de curso apresentado ao Departamento de Servio Social da Universidade Federal de Santa Catarina, orientado pela pro-fessora Vera Maria Ribeiro Nogueira, para a ob-teno do titulo de Assistente Social.

    Adriana do Nascimento de Souza

    Florianpolis - SC

    Julho/2000.

  • , (-4a/re,V,S4Z9i-af`

    No so muito os gros que existem numa espiga de arroz, de milho ou trigo; Mas some-os um por um, em todo o seu trigal, e ver que, talvez, encham todo o celeiro! A vida questo de "soma"... E preciso somar todos os gros de bondade e de amor que vamos recebendo, dia-a-dia, de Deus e dos irmos. Some os sorrisos, some amizades, some palavras e abraos de conforto que rece-beu nas horas de amargura... Some as caricias do amor que puro e de-sinteressado, elogios sinceros que nunca pedem "troco". Some a esmola que deu, naquele dia... a visita que faz quele doente, o pranto que enxugou naqueles olhos... Some os desnimos vencidos, rancores su-perados. A vida sempre uma soma de coisinhas pequenas como gros mas que, no fim das contas, deixam repletos, transbordantes, os celeiros da Esperana! E, mesmo subtraindo, as dores e tristezas voc ver que o saldo imensamente posi-tivo! Sim, nossa vida feita s de gros, minsculos, talvez, mas, de gro em gro, que a Felicidade enche o celeiro do nosso corao.

    1-1Irber Salvador de Lima

  • AGRADECIMENTOS

    Este trabalho representa a conquista de mais uma etapa de minha vi-da. Muito empenho, muitas privaes e muitas alegrias marcaram esta caminha-da, sempre, com a certeza, de no ea:ar so. Por isso agradeo:

    A supervisora Regina Panceri, que extrapolando a relao de supervi-sora, foi tambm amiga e incentivadora, durante todo o percurso desta caminha-

    da... A Orientadora Vera Maria Nogueira, Assistente Social e orientadora

    deste trabalho, pela disponibilidade e interesse. As Colegas de estagio Roselaine e Melissa pelos momentos agrad-

    veis em suas presenas. A Dona Arlete, Karina, Karine, Eveline, Ana, Alda, Alexandre, Renato,

    Vanildo e os demais funcionrios do PROMENOR pelos momentos de crescimen-tos.

    Aos adolescentes da PROMENOR que contriburam para construo deste estudo.

    PROMENOR, Instituidc que possibilitou minha experincia profis- sional.

    As colegas de aula Audrilara, Patricia, Mariluse, Marcia, Elen e Leatrici pelas brincadeiras e gargalhadas.

    A minha amiga do "corao" Vania, especialissima, agradeo a Deus por ter te conhecido.

    A minha amiga Maneia, pelo incentivo e auxilio nos momentos difceis. Aos meus sogros Magali e Joo Tom pelo apoio e carinho. A Deus, pela fora espiritual e pela vida que nos concedeu.

  • 3

    Aos meus pais Antnio e Adelina por abdicaram dos seus sonhos, para que eu pudesse realizar os meus, no medindo esforos para minha formao profissional. Amo vocs!

    Aos meus irmos Andreia e Alexsandro pelo carinho e incentivo em to-

    dos os momentos de minha vida.

    E especialmente a meu esposo Sandro, pelo companheirismo, amor e garra de vencer. Te amo muito!

    As minhas lindas e amadas filhas Alexia e Michaella que so minha ra-

    zo de viver. E a todos aqueles que, de alguma forma, contribuiram para a realiza-

    gdo deste trabalho.

  • SUMARIO

    INTRODUO

    5

    CAPTULO 1 A AO DA PROMENOR/IDES 8 1.1 A trajetria Institucional 8 1.2.A Ao Institucional da PROMENOR e o Trabalho Infanto-Juvenil 13

    CAPTULO 2 0 SERVIO SOCIAL NA DIVISO SCIO-TCNICA DO TRABALHO 21 2.1.A categoria trabalho em Marx 21 2.2.0 Trabalho Produtivo e Improdutivo 22 2.3 , Os Servios na Sociedade Contempornea 26 2.4.0 Servio Social e os Servios 27

    CAPTULO 3 A PARTICULARIDADE DO PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIO SOCIAL NO PROGRAMA JOVEM TRABALHADOR 41 3.1 Elementos Constitutivos da Ao Profissional 41

    CONSIDERAES FINAIS 57

    BIBLIOGRAFIAS 60

    ANEXO I 64

  • INTRODUO

    O presente trabalho de concluso de curso "A ao do Assistente So-

    cial no Programa Jovem Trabalhador - PROMENOR" consiste em uma exigncia

    do curso de Servio Social da Universidade Federal de Santa Catarina.

    O interesse por este tema surgiu a partir da experincia de estgio na

    PROMENOR, no perodo de outubro de 1998 a dezembro de 1999.

    O tema a ser tratado tem por objetivo refletir e resgatar a ao do as-

    sistente social, a partir da identificao dos contedos atribuidos aos elementos

    constitutivos, do que vem sendo desinado por processos de trabalho em Servio

    Social .O espao scio-institucional, onde se realizou a coleta de informaes, foi

    a PROMENOR. Pretende-se ainda identificar as atribuies que cabem ao Servi-

    o Social desenvolver neste momento, para garantir a qualidade dos servios

    prestados aos adolescentes e a instituio.

    O estgio curricular se deu especificamente no Programa Jovem Tra-

    balhador. Participvamos da inscrio, admisso, avaliao escolar, avaliao as

    empresas, atendimento individual, atendimento de planto, coordenao de reu-

    nies, treinamentos de capacitao e desligamento do Jovem Trabalhador.

    Essa anlise permitiu compreender como as mudanas conjunturais

    afetam as aes do Assistente Social e quais respostas a categoria vem produ-

    zindo para dar conta dessas demandas. Respostas essas tambm vislumbradas

    atravs da reflexo sobre a prtica de cada profissional, o que demonstra a ampli-

  • 6

    tude do produto de suas aes, no espao particular da PROMENOR, revelando

    a importncia de um profissional comprometido terica, tica e politicamente.

    0 fazer profissional no mais compreendido somente como prtica,

    entendida como conjunto de atividades ou prxis sociais, mas como urn tipo de

    trabalho especializado, que se realiza no mbito dos processos e relaes de tra-

    balho. Tendo como elementos fundamentais, "condimentos internos (competn-

    cia, leitura da realidade) e externos (recursos, instituio, polticas sociais) com-

    preendidos como elementos do processo de trabalho, conjuntamente com o pr-

    prio trabalho" (NETTO, 1996, p.96).

    Deste modo, nossa proposta analisar a compreenso das Assistentes

    Sociais da PROMENOR sobre o processo de trabalho no Programa Jovem Traba-

    lhador.

    Para melhor entendimento do leitor, este trabalho encontra-se distribui-

    do em trs captulos.

    No primeiro capitulo, abordamos a ao da PROMENOR, sua trajetria

    institucional, bem como sua ao dentro da instituio e o trabalho infanto-juvenil,

    onde foram feitas pesquisas documentais em relatrios, TCCs, para uma obten-

    co de conhecimento mais profundo sobre a trajetria da Instituio e, de uma

    forma mais especifica, do programa Jovem Trabalhador.

    No segundo capitulo, discutiremos o Servio Social na diviso scio-

    tcnica do trabalho, a partir de uma breve reviso de literatura sobre a categoria

    trabalho em Marx, bem como sua indicao acerca do trabalho produtivo e impro-

    dutivo. Tambm ser aqui abordado o Servio Social e os servios, que corres-

    pondem a tudo aquilo que voltado para manuteno fsica e sobrevivncia. En-

    quanto o trabalho improdutivo produz servios e parte do modo de produo

  • 7

    capitalista, o setor de servios voltado para manuteno fsica e sobrevivncia,

    ou seja, o que til para algum na forma de mercadoria.

    No terceiro capitulo sera abordada a particularidade do processo de

    trabalho do Servio Social no Programa Jovem Trabalhador, tendo como elemen-

    tos constitutivos a ao profissional. Para a apreenso do nosso objeto de estudo,

    realizamos um processo de investigao que sera aqui apresertado.

    No que se refere a metodologia utilizamos como instrumento de coleta

    de dados:

    1. a entrevista, por considerar que

    "... um instrumemo utilizado quando h interesses de desen-

    volver um trabalho em que necessrio priorizar um aten-

    dimento individual e aprofundar atravs do estabelecimento

    de um dilogo que vai se realizando medida que vamos

    desvelando o real/concreto e ampliando a conscincia do

    entrevistado". (Gil, 1994, p. 97).

    Foram entrevistadas as 03 Assistentes Sociais que atuam na

    PROMENOR no perodo compreendido entre abril a julho de 2000. Utilizou-se urn

    roteiro orientador, construido a partir dos objetivos propostos para a pesquisa. As

    entrevistas foram gravadas, o que possibilitou um melhor aproveitamento da cole-

    ta de dados e tiveram a durao mdia de 1 hora.

    Esperamos que este trabalho venha contribuir para o aprimoramento da

    poltica institucional da PROMENOR e para a pratica do Assistente Social.

  • CAPTULO 1 A AO DA PROMENOR/IDES

    1.1 A trajetria Institucional

    Para compreenso do trabalho do Assistente Social na Promenor, fa-

    remos, primeiramente um breve histrico da trajetria institucional.

    "A falta de centros assistenciais em Florianpolis, no inicio da

    dcada de 70, direcionados a crianas e adolescentes ca-

    rentes sem orientao dos seus direitos, levou a criao da

    PROMENOR - Sociedade Promocional do Menor Trabalha-

    dor. Uma organizao civil de carter privado, promocional

    beneficente, constituda sem fins lucrativos, surge neste m-

    bito em, 1971 com a principal finalidade de prevenir a margi-

    nalizao do menor, oferecendo oportunidade para seu de-

    senvolvimento. A PROMENOR tinha como objetivo primordi-

    al promover, estimular e prevenir a marginalizao do menor

    economicamente necessitado, educando, organizando, diri-

    gindo e assistindo sua atividade laboral, facilitando-lhe opor-

    tunidade de desenvolvimento integral e acendendo suas ne-

    cessidades basicas.(Sade, educao, alimentao, com-

    preenso, amor, recreao e seguridade social) baseado mi-

  • 9

    cialmente na figura do engraxate, mas tornou-se j em abril

    de 1972 uma Empresa locadora de servios" (TCC XAVIER,

    1994 p.23).

    Neste mesmo ano, surgiu o Projeto do Menor l Trabalhador, que tinha o

    propsito de prevenir a marginalizao. Este projeto levou a elaborao do Pro-

    grama do Menor Trabalhador que teve sua execuo atravs do apoio da ento

    1 a Dama do Estado, Sra. Dayse Werner Salles, e pela 1 a Dama do Municpio, Sra.

    Lucinda Arajo Oliveira.

    "Assim, em 12 de julho de 1971, foi constituda a Promenor,

    com a finalidade, segundo seus estatutos, de promover o

    menor economicamente necessitado, disciplinando, organi-

    zando, orientando, dirigindo e assistindo sua atividade labo-

    riosa, mantendo, para tal, servios que realizem seus objeti-

    vos" (Xavier, 1996)

    As atividades foram iniciadas somente em setembro do mesmo ano,

    com o atendimento limitado a 10 menores cadastrados no Projeto de Engraxates

    da Prefeitura Municipal de Florianpolis.

    Foi inserido no Mercado de Trabalho, em 1972, pela 1a vez, um ado-

    lescente da PROMENOR, na funo de office-boy nomenclatura utilizada pela

    instituio - no Banco do Estado de Santa Catarina - BESC.

    1 0 termo menor ser usado devido sua referncia histrica, mudando para chanc a e adolescente somente com o advento do Estatuto da Criana e do Adolescente.

  • 10

    At aquele momento o projeto vinha sendo mantido pelo Governo do

    Estado e Prefeitura Municipal. Com o trmino do mandato do Governador Colom-

    bo Salles, os problemas financeiros surgiram e a Prefeitura Municipal, junto a Di-

    retoria da Assistncia Social da Promenor, declararam-se impossibilitados de via-

    bilizar o projeto, alegando falta de recursos. Diante de tais dificuldades, a

    PROMENOR estava prestes a ser vinculada FUCABEM. Foi, ento, que seus

    dirigentes, no concordaram com essa idia e procuraram, na poca, o Provedor

    da Irmandade do Divino Espirito Santo - IDES, Dr. Paulo Medeiros Vieira, pedindo

    que assumisse a administrao e manuteno da PROMENOR.

    No dia 04 de maio de 1977, a Irmandade do Divino Espirito Santo pas-

    sou a ser mantenedora da PROMENOR, devido a falta de recursos pblicos para

    a continuidade do seu projeto educativo-scio-promocional. (Zimmermann, 1994,

    p. 54).

    Em 1973, foi inaugurada a la sede da PROMENOR. tendo capacidade

    para atender 60 crianas. No ano posterior tivemos o inicio da ao profissional

    dos assistentes sociais na Instituio, alm de duas estagirias do Curso de Ser-

    vio Social. (Xavier).

    Iniciou-se, ern 1978, um trabalho com grupo em que se aprendia tric,

    croch e costura, cursos esses que foram escolhidos pelos membros do grupo.

    "Percebemos que os profissionais no buscavam apenas um grupo pa-

    ra realizar trabalhos manuais, mas buscavam implantar tambm, com as mes, os

    princpios do ento Servio Social de Grupo, isto 6, a busca da auto determina-

    o, respeito pelo usurio e integrao social".(XAVIER)

  • 11

    Os assistentes sociais comearam , tambm a desenvolver um traba-

    lho no sentido de trazer o pai das crianas para a instituio, pois o Servio Social

    considerava que no s a me que faz parte da famlia.

    Em 26 de julho de 1982 os profissionais de Servio Social realizaram a

    primeira reunido com pais, tendo apenas a presena de 3 pais.

    0 grupo trabalhava em consertos de sapatos e, enquanto isso, as es-

    tagirias de Servio Social conversavam com cada um deles para conhec-los.

    Mas no teve xito, sendo extinto no inicio de 1983.

    Foi no ano de 1986 que ocorreu a troca de Assistente Social, que deu

    continuidade ao trabalho j realizado.

    No que se refere ao programa de trabalho desenvolvido pela insituio

    buscando insero dos adolescentes ao mercado de trabalho, a Assistente Social

    buscou viabilizar uma maior aproximao entre a Instituio e a Empresa, sendo

    que a CASAN foi a primeira a montar o Programa de Acompanhamento do Jovem

    Trabalhador dentro da empresa, juntamente com os responsveis (chefes).

    De acordo com o Projeto de Interveno, elaborado pela Assistente

    Social, em 1990, as atribuies do Servio Social na Instituio Promenor eram

    bastante diversificadas, de acordo corn os programas que eram desenvoividos .

    Em 1992 os programas "Educao pelo Trabalho" e "Jovem Trabalha-

    dor" constituram-se em programas autnomos cada qual com sua prpria coor-

    denao e funcionamento

    No Programa Jovem Trabalhador so realizados convnios com em-

    presa pblicas e privadas para a prestao de servios dos adolescentes como

    office-boys, assegurando-lhes todos os direitos previdencidrios e trabalhistas.

  • 12

    Na atual conjuntura temos como empresas conveniadas: Centro de In-

    formtica e Automao do estado de Santa Catarina - CIASC, Companhia Catari-

    nense de Aguas e Saneamentos - CASAN, Companhia de Habitao do Estado

    de Santa Catarina - COHAB, Associao Brasileira de Agentes de Viagens de

    Santa Catarina - ABAV, Amrica Latina Companhia de Seguros, Biguau Trans-

    portes Coletivos, Centrais Eltricas do Sul do Brasil S/A - Eletrosul, Centro de

    Pesquisas Oncolgicas - CEPON, Minas Brasil, Coynebllie Engenharia Ltda., CBS

    Produtos ticos, Farmcia Dermus Cosmticos Ltda., Fundao Casan - FUCAS,

    GERASUL, LEME Investimentos Ltda., Secretaria da Famlia, Servio Nacional da

    Indstria - SENAI, Cooperativa de Economia de Crdito Mutuo dos Mdicos da

    grande Florianpolis - UNICRED, UNIMED, Representao de Produtos ticos -

    REPRO, Caixa Econmica Federal - CAIXA e Banco do Estado de Santa Catari-

    na - BESC.

    0 principal objetivo do Programa a insero do Jovem no Mercado de

    Trabalho Formal, visando o seu desenvolvimento pessoal e intelectual, atravs

    das relaes mantidas no local de trabalho.

    Os assistentes sociais na PROMENOR convivem diariamente com al-

    gumas ambigidades e contradies no que tange ao seu processo de trabalho,

    devido instituio ser mantida por uma entidade filantrpica de carter religioso

    e assistencial, pois, neste contexto, comum os usurios, muitas vezes, virem em

    busca de favores por entenderem que os atendimentos que lhes so prestados o

    so por "caridade". Diante disso, importante que os profissionais e estagirias

    de Servio Social estejam alertas para no reforar essa cultura do paternalismo

    e clientelismo, e, sim, contribuir e possibilitar o reconhecimento do usurio en-

    quanto cidado de direitos.

  • 13

    Praticamente desde sua criao o programa tem uma grande demanda

    de adolescentes interessados e/ou necessitados em ingressar no mercado de

    trabalho. No entanto, nos ltimos anos, esse nmero vem aumentando e muito. 0

    programa atende atualmente cerca de 350 adolescentes inseridos no mercado de

    trabalho, prestando servios de office-boy/girl nas empresas conveniadas (pbli-

    cas, privadas ou de economia mista).

    Diariamente chegam ao planto de atendimento diversas solicitaes

    por trabalho, algumas vezes so pais ou responsveis que buscam uma "ocupa-

    co" para os filhos, outras vezes so os prprios adolescentes que procuram

    (SANTOS, 1999). Alis, muitos dos adolescentes que chegam instituio em

    busca de trabalho, defrontam-se com o limite de idade, ou seja, possuem idade

    inferior A minima permitida que, de acordo com a Emenda Constitucional n. 9 20,

    de 16 anos. Assim, faz-se necessrio outros encaminhamentos, para outros pro-

    gramas dentro da Instituio.

    O Programa Jovem Trabalhador norteia-se pelo Estatuto da Criana e

    do Adolescente (ECA) e pela Consolidao das Leis Trabalhistas (CLT).

    1.2. A Ao Institucional da PROMENOR e o Trabalho Infanto-Juvenil

    A instituio Promenor, especificamente o Programa Jovem Trabalha-

    dor P.J.T., tem por finalidade primeira, prestar atendimento aos usurios, pos-

    sibilitando a incluso de jovens no mundo do trabalho, preparando-os e qualifi-

    cando-os com vistas sua permanncia neste ambiente de constantes transfor-

    maes.

  • 14

    0 Servio Social atualmente no P.J.T. tem como objetivo viabilizar a

    implementao das polticas sociais da criana e do adolescente, junto ao jovem

    trabalhador e seus familiares. Visa a instaurao de um processo de formao

    pessoal e profissional, bem como o exerccio da cidadania, da participao e da

    reflexo critica no contexto social.

    Atualmente atravessa-se um perodo de intensas e constantes mudan-

    as no mundo do trabalho, provenientes tanto do avano tecnolgico, quanto da

    presena da poltica neoliberal que excluem do mercado de trabalho os indivduos

    no qualificados. Alis, a ideologia neoliberal vem se instaurando no Brasil desde

    1970, consolidando-se somente no inicio desta dcada.

    0 atual mercado de trabalho sofre influncia da globalizao financeira

    que exige a conquista de novos mercados, a universalizao dos padres de qua-

    lidade e o acirramento da competitividade, pela preconizao das relaes de tra-

    balho, desregulamentao das leis trabalhistas, ocasionando baixa qualidade de

    vida e pelo desenvolvimento tecnolgico que passa a exigir maior qualificao e

    competncia por parte dos trabalhadores (Menegasso, 1998).

    Percebe-se, assim, que est surgindo uma nova concepo de empre-

    go, ou melhor, caminhamos para um sociedade em que o emprego, conhecido at

    ento, como sinnimo de estabilidade e segurana, est para extinguir-se, surgin-

    do outros atendimentos e formas de trabalho.

    A precarizao do trabalho j vem ocorrendo tambm em relao aos

    jovens, como apontam algumas pesquisas, que nos trazem como dados que a

    Juventude vem sendo uma das parcelas mais afetadas pela crise. Pois, na busca

    por pessoal mais qualificado, os jovens, por possurem pouca ou nenhuma expe-

    rincia, ficam impossibilitados de ingressar no mercado de trabalho, o que causa

  • 15

    muita ansiedade, uma vez que o "primeiro emprego funciona como uma espcie

    de aprendizado das regras do jogo". (SHAPPE, 1998, p.02).

    A juventude passa, ento, a compreender que seu ingresso no merca-

    do de trabalho um desafio maior do que foi para geraes anteriores, j que tor-

    na-se evidente que o emprego, tal qual o conhecemos hoje, tende a acabar, que o

    desemprego cresce assustadoramente e a competio acirrada inevitvel. Se-

    gundo Silva (1997), torna-se imprescindvel o investimento na competncia prof is-

    sional, pois o mercado requer

    "... um trabalhador cidado com capacidades mais abrangen-

    tes e complexas para operar com novas tecnologias e esta-

    belecer novas relaes sociais (...) o indivduo precisa co-

    nhecer o processo como um todo, que pense de forma glo-

    bal e criativa e que saiba encontrar os problemas as respec-

    tivas solues ou sadas". (Silva, 1997, p. 253-255).

    neste contexto instvel e excludente, que o trabalho de crianas e

    adolescentes, ocorre corno estratgia de sobrevivncia das famlias, em virtude

    do processo de pauperizao, imposto nos ltimos anos, ou at mesmo com pos-

    sibilidade do consumo, prtica instigada pela sociedade, em apelos dirios nos

    meios de comunicao.

    Segundo Pereira (1994) o trabalho do adolescente pode deixar segue-

    las comprometendo seu desenvolvimento fsico, intelectual e emocional. Assim,

    sua proteo deve ter como centralidade a escola, visando a formao e capaci-

    tao para futura e efetiva insero no mercado de trabalho e garantir a profissio-

  • 16

    nalizao (ECA, a61-65), para tanto , a fiscalizao do trabalho do adolescente

    dever ser rigorosa, mobilizando a sociedade em articulao com as polticas de

    ateno e garantias ao adolescente para que este, possa ir construindo e vivenci-

    ando sua cidadania que 6, segundo SAWAIA (1994, p.152).

    "... a conscincia dos direitos iguais, mas esta conscincia

    no se compe apenas do conhecimento da legislao e do

    acesso justia. Ela exige o sentir-se igual aos outros, com

    os mesmos direitos iguais".(Sawaia, 1994: 152)

    0 trabalho infanto-juvenil no deixa de ser tambm uma forma de vio-

    lncia social. Historicamente, crianas e adolescentes das camadas populares

    esto sendo inseridas no mercado de trabalho, sendo utilizadas como mo-de-

    obra barata.

    grande o nmero de jovens no mercado de trabalho, porm infeliz-

    mente, o trabalho no est envolvendo apenas adolescentes, mas tambm crian-

    as que participam efetivamente do processo de trabalho.

    A insero de crianas e adolescentes no mercado de trabalho, na

    maioria das vezes, acaba por ferir o que preconiza o Estatuto da Criana e do

    Adolescente - ECA, onde reserva um capitulo especial questo do trabalho, tra-

    tado na condio de aprendiz

    Crianas e adolescentes ocupam o mercado de trabalho formal, infor-

    mal e at mesmo o trabalho clandestino.

    No mercado formal, os jovens aparecem atravs de atividades ligadas

    ao setor de servio e comrcio, como tambm, a participao em programas de

  • 17

    gerao de renda, desenvolvendo tarefas como office-boy, embalador, empacota-

    dor, etc.

    Segundo PEREIRA et al.,

    "so programas que geralmente pecam pela ausncia de

    propostas audaciosas e criativas, capazes de entusiasmar o

    adolescente: o que oferecem apenas a perspectiva de um

    ganho temporrio e de ocupao do seu tempo." (1994: 26)

    Atualmente, crianas e adolescentes vindas de famlias desfavorecidas

    economicamente, encontram tambm no mercado informal urna alternativa para

    busca de recursos financeiros, de forma que possa garantir a sua sobrevivncia e

    at de sua famlia, tomando conta de carros, engraxando sapatos, vendendo mer-

    cadorias nas avenidas.

    Segundo PEREIRA et al,

    "Para estas crianas e adolescentes s6 lhes resta o trabalho

    como valor de poltica pblica. Isto 6, o trabalho como possi-

    bilidade de garantir-lhes cidadania, prevenir o cio e supos-

    tamente garantir aumento da renda para suas famlias vulne-

    rabilizadas pela pobreza".

    Enquanto se mantiverem os atuais nveis de pobreza e desemprego,

    no haver como evitar que as crianas e adolescentes das classes menos favo-

  • 18

    recidas participem da atividade econmica, deixando de lado seus direitos, como

    os estudos, lazer etc...

    E, para sentir-se igual aos outros, com os mesmos direitos faz-se ne-

    cessria a viabilizao de reais oportunidades de participao e igualdade de

    condies na disputa de espaos comuns.

    Para que os adolescentes vivenciem a cidadania desta forma, preciso

    que lhes seja oferecido muito mais que ocupao, mas sim, reais oportunidades

    que, atravs da mobilizao e articulao de recursos da sociedade civil torna-se

    possvel.

    s proporcionando-lhes reais oportunidades que, poder-se- estar

    colaborando para que, num futuro prximo, sua histria seja menos marcada pela

    excluso, j que esta "6 um fenmeno multidimensional que superpe uma multi-

    disciplinariedade de trajetria de desvinculao", (WANDERLEY, 1997). Fenme-

    no este que vem se estendendo de fraes da sociedade para contingentes popu-

    lacionais.

    Outra categoria importante ao qual nos referenciamos sempre no que

    se refere questo da Proteo do Trabalho e da Profissionalizao de Adoles-

    centes o Estatuto destina o Capitulo 5, artigo 60 a 69 que estabelece e regula-

    menta que:

    "0 programa social que tenha por base o trabalho educativo,

    sob responsabilidade de entidade governamental ou no go-

    vernamental sem fins lucrativos, dever assegurar ao ado-

    lescente que dele participe condies de capacitao para o

    exerccio de atividade regular remunerada.

  • 19

    1 2 - Entende-se por trabalho educativo laboral em que as

    exigncias pedaggicas relativas ao desenvolvimento pes-

    soal e social do educando prevalecem sobre o aspecto pro-

    dutivo.

    22 - A remunerao que o adolescente recebe pelo trabalho

    efetuado ou a participao na venda dos produtos do seu

    trabalho no desfigura o carter educativo". (ECA, Capitulo

    V, Art. 68)

    "0 adolescente tem direito a profissionalizao e 'proteo no

    trabalho', observados os seguintes aspectos, entre outros:

    I respeito condio peculiar de pessoas ern desenvolvi-

    mento;

    II capacitao profissional adequada ao mercado de traba-

    lho". (ECA, Capitulo V, Art. 69)

    A PROMENOR continuou sua trajetria no atendimento de crianas e

    adolescentes, alicerado no ECA.

    Ainda no ECA Capitulo V, onde fala sobre a questo do trabalho,

    sendo vedado o exerccio do trabalho de adolescentes, nas seguintes condies:

    "I noturno realizado entre 22 horas de um dia e 5 horas do

    dia seguinte;

    II perigosos, insalubredade ou penoso;

  • 20

    ll Realizado em locais prejudiciais sua formao e ao seu

    desenvolvimento fsico, psquico, moral e social;

    IV Realizao em locais e horrio que no permitam a fre-

    qncia escola". (ECA, Cap. V, art. 67).

    Sabemos que o ECA no est sendo cumprido, pois existem crianas e

    adolescentes ocupando o mercado de trabalho de forma informal e at mesmo

    clandestino, conforme nos mostrou experincias vistas em videos e leituras reali-

    zadas no perodo acadmico.

  • CAPITULO 2 0 SERVIO SOCIAL NA DIVISO SCIO-TCNICA DO

    TRABALHO

    2.1. A categoria trabalho em Marx

    0 trabalho compreendido como processo social de transformao

    que visa atender necessidades sociais de reproduo humana. O trabalho cons-

    titutivo do homem, portanto o trabalho a relao entre o homem e a natureza,

    manifestam como categoria central para as diferentes formas de sociedade e a-

    presenta determinados elementos possveis do trabalho humano em geral. (Marx,

    1987, p. 97). Marx coloca que o processo de trabalho e o processo de formao

    de valor constituem uma unidade do processo de produo capitalista.

    0 desenvolvimento das foras produtivas possui um aspecto positivo e

    um negativo. 0 positivo que possibilita o desenvolvimento humano, tanto dos

    indivduos como das sociedades. 0 negativo o que produz a desumanidade,

    que pode ser cada vez mais intensa.

    Este aspecto negativo compe o complexo chamado alienao.

    A alienao o processo :3ocial pelo qual a humanidade, no seu pro-

    cesso de reproduo, produz sua prpria desumanidade, sua prpria negao

    enquanto ser humano. a construgao social de desumanidade pelos prprios

    homens, estando aliada a diviso do trabalho, onde no se tem conscincia do

  • 22

    processo de produo (mudana de estrutura), somente executam o trabalho com

    subordinao e desqualificao (MOTA., 1991, p. 211).

    Para pensarmos em processos de trabalho no setor de servios, temos

    que pensar na diferenciao entre trabalho produtivo e improdutivo e tambm ul-

    trapassar os limites histricos e conceituais, ou seja, Rexamina-la nos marcos de

    um nova fase do desenvolvimento do prprio capitalismo.

    2.2. 0 Trabalho Produtivo e Improdutivo

    Podemos diferenciar o trabalho produtivo do trabalho improdutivo com

    o estabelecimento de certas relaes que expressam o tipo do modo de produo

    capitalista. Um exemplo a ser dado para diferenciarmos trabalho produtivo e tra-

    balho improdutivo respectivamente:

    O trabalhador de cho de fabrica, onde a produo da mercadoria

    da forma mais tradicional, palpvel e visvel (manual).

    Enquanto o planejamento desta mesma mercadoria, que foi feita fo-

    ra do mbito da fabrica de uma maneira menos concreta e mais in-

    telectual.

    Que segundo Braverman (1974, p. 344).

    "A mudana em toda forma social de trabalho a partir do que

    6, do ponto de vista capitalista, improdutivo, para o que

    produtivo, significa transformao do emprego por conta

  • 23

    prpria em emprego capitalista, de simples produo de

    mercadorias em produo capitalista de mercadorias, de re-

    laes entre pessoas e relaes entre coisas, de uma socie-

    dade de capitalismo empresarial. Assim. a distino entre

    trabalho produtivo e improdutivo, que despreza sua forma

    concreta, a fim de analisa-lo com a forma social, longe de

    ser urna abstrao ociosa, representa uma questo decisiva

    na anlise do capitalismo, e mostra-nos mais um vez como

    as formas social:3 dominam e transforma a significncia das

    coisas e processos materiais".

    Desta forma, mesmo que todo trabalho vinculado ao processo de acu-

    mulao seja necessrio ao capital, nem sempre, por essa razo exclusivamente,

    ele pode ser considerado produtivo no sentido apontado por Marx. Para Braver-

    man, Marx situou a problema como ele de fato ainda aparece no mundo moderno:

    "0 trabalho improdutivo controlado ou apropriado para ajud-

    lo na concretizao ou apropriao do valor excedente 6, ao

    ver de Marx, semelhantes ao trabalho produtivo em todos os

    sentido, exceto ern: ele no produz valor e valor excedente,

    e por conseguinte aumenta no como causa, mas muito pelo

    contrrio, como conseqncia da expanso do valor exce-

    dente". (1974, p. 357).

  • 24

    "0 aumento significativo da massa de capital na fase mono-

    polista da acumulao capitalista favoreceu a sobremaneira

    a ampliao da quantidade de atividades ditas improdutivas

    que servem para a distribuio do excedente aos vrios ca-

    pitais, acarretando por sua ordem, a diminuio de trabalhos

    improdutivos que orbitavam fora do alcance do capital e o

    aumento deste mesmo tipo de trabalho na sua dinmica in-

    terna." (Almeida, 1996, p.37)

    Por sua vez, a diviso do trabalho inclui tanto o trabalho intelectual co-

    mo o manual, que assumem, no processo de organizao da produo, a caracte-

    rstica de trabalho produtivo e improdutivo, dependendo da participao do traba-

    lhador no processo da produo social

    Segundo Marx (1980, a "conceituao de trabalho produtivo, derivado

    apenas do processo de trabalho, no de modo nenhum adequado ao processo

    da produo capitalista".

    Na discusso das teorias da mais-valia, Marx volta a afirmar:

    "0 conceito de trabalho produtivo no compreende apenas

    uma relao entre atividade e efeito til, entre trabalhador e

    produto de trabalho, mas tambm uma relao de produo

    especificamente social, de origem histrico, que faz do tra-

    balhador o instrumento direto de criar mais-valia". (1980, p.

    98).

  • 25

    Com essa afirmao, parece possvel pensar que a questo do traba-

    lho produtivo tem um sentido restrito ao se falar de processo de trabalho, das ope-

    raes ligadas fabricao do produto, e em sentido mais abrangente ao referir-

    se indistintamente s tarefas "intermedirias", facilitadoras de quaisquer condi-

    es da gerao da mais-valia.

    Segundo Kowarick,

    "Uma definio do que trabalho produtivo implica uma defi-

    nio das necessidades humanas e do capital (...) pelo me-

    nos em tese parece possvel vislumbrar (...) em conjunto de

    bens e servios mais voltados satisfao das necessida-

    des humanas em contraposio a um outro conjunto para a

    manuteno e expanso do sistema capitalista" (1983, p.

    49).

    Embora se possa aceitar como correta a questo da relao entre ne-

    cessidades e trabalho produtivo/improdutivo, Kowarick no conceitua tais neces-

    sidades, quer humanas, quer de capital, deixando dvidas quanto totalidade

    referida.

    "No entanto, a questo fundamental para o capitalista no

    propriamente satisfazer as tais necessidades, mas sim eco-

    nomizar o tempo despendido pelo trabalhador quando se

    tornar usurio de tais servios fora do ambiente e do contro-

    le da empresa. Para isso o capital desenvolve tcnicas de

  • 26

    administrao de pessoal, cujos agentes no passam de

    trabalhadores improdutivos. Em conseqncia, para aumen-

    tar a produtividade do trabalho produtivo ,a empresa cria

    uma srie de funes improdutivas, resultando que a distin-

    o entre necessidades humanas e do capital nada mais

    do que a aparncia de um mesmo fato, isto 6, a necessidade

    crescente do capital em produzir mais-valia." (MOTA, 1985,

    p.26)

    Portanto com relao s profisses podemos dizer que a sua constru-

    co se d face estreita relao dialtica entre necessidades humanas bsicas e

    organizaes de produo, determinada pela necessidade de acumulao e da

    reproduo capitalista.

    2.3. Os Servios na Sociedade Contempornea

    Braverman (1987) tratou de duas questes essenciais para o estudo do

    processo de trabalho no setor de servios: as distines entre trabalho manual e

    intelectual e entre trabalho produtivo e improdutivo.

    0 trabalho produtivo a produo da mais-valia e o trabalho em um

    escritrio, por exemplo, um trabalho improdutivo, pois produz servios. Que se-

    gundo Braverman os dois servem e so parte constitutiva do modo de produo

    capitalista. parte da concepo do que significa servio, servio o que OW

    para algum na forma de mercadoria, mas so teis como sade, segurana.

  • 27

    0 setor de servios corresponde a tudo aquilo que voltado para ma-

    nuten o fsica e sobrevivncia.

    Braverman (1987) incorporou trs importantes elementos a discusso

    sobre o processo de trabalho na direo de seu enfrentamento do mbito do setor

    de servio: a compreenso de que o processo de ampliao, ern larga escala, das

    chamadas funes e atividades improdutivas decorrem de fatores intrnsecos ao

    prprio processo de expanso do capital na sua fase monopolista; que este mes-

    mo processo determinou a diminuio destas atividades e funges fora do alcan-

    ce do capital aumentando-as, em contrapartida, no seu interior, sob sua prpria

    diviso do trabalho improdutivo, do trabalho produtivo, em termo de estruturao.

    Diante disto, o processo de trabalho do Servio Social , se v diante de

    um conjunto de mudanas, no s relativas ao mundo da prcduo, com fortes

    implicaes tanto na esfera do controle do trabalho, como no controle das formas

    de solidariedade e das estratgias de sobrevivncia da populao.

    2.4. 0 Servio Social e os Servios

    No produto que o Assistente Social produz est imbudo um valor-de-

    uso, ou seja, existe uma utilidade social no trabalho que esse profissional execu-

    ta.

    0 trabalho do assistente social se dirige, no mbito ca diviso do traba-

    lho (trabalho coletivo), para a obteno de efeitos especficos sobre as carncias

    sociais. Ento o trabalho do assistente social 6 requerido como especialidade na

    diviso sociotecnica do trabalho e na forma assalariada, para responder as estra-

    tgias de dominao burguesa no enfrentamento das questes sociais que emer-

  • 28

    gem da diferenciao e conflito das classes sociais, possuindo legislao que as-

    segura condies para o exerccio profissional.

    Conforme coloca Barbosa et al. (1998, p. 98), a atuao do assistente

    social no terreno scio-institucional configura-se:

    "...a partir de polticas sociais, sendo que possui um amplo e

    difuso campo de interveno nas esferas: da famlia, vizi-

    nhana, trabalho, movimentos associativos, justia, educa-

    o, sade, cultura e seguridade social, inclusive no campo

    empresarial, onde trabalha com administrao e execuo

    de programas socioassistenciais - aes amparadas nas le-

    gislaes sociais e/ou negociaes coletivas entre patres e

    empregados. Para entender a realidade complexa onde se

    materializam as relaes de trabalho tem-se que compreen-

    der as dimenses que lhe do forma: dimenso poltica das

    relaes com Estado e os movimentos sociais, dimenso

    econmico-institucional da unidade produtiva especifico; di-

    menso institucional legal das relaes trabalhistas; dimen-

    so da organizao do processo de trabalho; dimenso tec-

    nolgica do processo de trabalho (objeto, meios, produto de

    trabalho); dimenso de gesto de recursos humanos; di-

    menso simblica (valores, idias do cotidiano formal e in-

    formal).

  • 29

    O trabalho do assistente social tem uma autonomia legal que confronta

    com o assalariamento, pois ao vender.sua fora de trabalho, o assistente social

    tem que submeter-se s normas regulatrias e hierarquias administrativas que

    organizam os servios, sendo este profissional inserido na reestruturao produti-

    va, onde cresce o setor tercirio e a diversidade de demandas para o assistente

    social.

    Como coloca lamamoto (1994) nesse contexto de transformao so-

    cietria, que ganha espao o trabalho do assistente social, para responder a de-

    terminadas necessidades sociais, oriundas da acumulao capitalista. E conforme

    expe Almeida (2000, p. 36) a atividade de servio contribui modestamente para o

    aumento da mais-valia por meio da rotao do capital.

    O Servio Social decorre do prprio processo histrico, como as de-

    mais profisses, buscando atender algumas particularidades da questo social

    emergente, com o objetivo de atenuar os efeitos das contradies criadas pela

    consolidao do sistema capitalista mundial, em fins do sculo XIX e inicio do s-

    culo XX.

    O Servio Social veio integrar os mecanismos de execuo das polti-

    cas sociais do Estado e dos setores empresariais, enquanto .forma de enfrenta-

    mento da questo social emergente no contexto do desenvolvimento urbano-

    industrial.

    Portanto o profissional de Servio Social tem como desafio compreen-

    der, decifrar a realidade, e principalmente, formular propostas para esta realidade.

    Este profissional, alm de ser executor de programas e polticas, tem que apreen-

    der o que esta realidade est colocando, o contexto em que a demanda aparece.

    (lamamato, 1998, p. 56)

  • 30

    0 papel do Assistente Social hoje de propositor, formulador e gestor

    de polticas sociais, partindo das demandas para formular essas polticas. Con-

    vm citar que no inicio dos anos 80, que comea-se a pensar o Servio Social

    como uma profisso inserida na diviso scio-tcnica do trabalho, o que implica

    na forma de compreender a profisso. (lamamato, 1998, p. 57)

    A profisso surge porque seus profissionais tm um conhecimento tc-

    nico que til para algum, que por sua vez paga para exercermos nosso traba-

    lho, ou seja, prestamos os servios atendendo a demanda para qual somos solici-

    tados.

    Nesse contexto nossa profisso no simplesmente uma prtica, mas

    um processo de trabalho, que por sua vez mais amplo, pois a prtica, segundo

    lamamoto (1998) um dos elementos constitutivos do processo de trabalho, que

    o prprio trabalho.

    Para realizar seu trabalho o Assistente Social, como bem coloca la-

    marnoto (1992, p. 102):

    "dispe de uma relativa autonomia no exerccio de suas fun-

    es institucionais, o que se expressa numa relao singular

    de contato direto com o usurio, em que o controle institu-

    cional no total, abrindo a possibilidade de redefinir os ru-

    mos da ao profissional, conforme a maneira pela qual ele

    interprete o seu papel profissional".

    Diante da colocao da autora, podemos refletir sobre nossa prtica,

    no sentido de que temos autonomia para modificar, por mil-limo que seja a reali-

  • 31

    dade colocada. Podemos ampliar os programas sociais com a apresentao de

    novas propostas de trabalho que ultrapassem a mera demanda institucional, es-

    tendendo, inclusive, seu campo de autonomia. Assim, mesmo que o objetivo da

    instituio seja o controle dos trabalhadores atravs principalmente da adminis-

    trao de programas sociais, o Servio Social pode ampliar e adensar o espao

    ocupacional com propostas de trabalho que potencializem as possibilidades de

    sua prtica, redirecionando-a prioritariamente no sentido de torrid-la um reforo ao

    atendimento das reais necessidades sociais e estratgias de sobrevivncia - ma-

    teriais e scio-polticas dos grupos trabalhadores atendidos pelo Servio Social

    (lamamoto, 1992).

    Diante disto o Servio Social uma profisso socialmente requisitada

    por produzir servios que atendem as necessidades sociais, ou seja, por produzir

    valor de uso. Ento, como todo valor de uso mercantilizado na sociedade capi-

    talista, transformando-se em valor de troca os Assistentes Sociais tambm parti-

    cipam como trabalhador assalariado do processo de trabalho e de redistribuio

    da riqueza social. Portanto, compreender o Servio Social como trabalho com-

    preend-lo a partir do processo de trabalho.

    ( "o processo de trabalho no Servio Social como qualquer tra-

    balho no setor de servios, gera 'valor de uso' apesar de no

    'produzir' diretamente mais valia. Seu produto no neces-

    sariamente de base corprea, material, mas expressa um

    resultado, um valor de uso". (GENTILLI, 1997: 132 )'

  • 32

    Sendo assim, o profissional de Servio Social tambm capaz de

    transformar a matria-prima do seu trabalho, que deve desencadear aes prof is-

    sionais que contribuam efetivamente na garantia e ampliao de direitos sociais.

    Portanto a matria-prima do Servio Social a questo social em suas

    mltiplas expresses particulares, pois ela que provoca a necessidade de aes

    profissionais, junto a criana e adolescente, idosos, portadores de HIV, sade,

    educao, mundo do trabalho, entre outros.

    Segundo lamamoto, a questo social 6:

    "0 conjunto das expresses das desigualdades da sociedade

    capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produo

    social cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais

    amplamente social, enquanto a aproximao de seus frutos

    mantem-se privado, monopolizada por urna parte da socie-

    dade". (1997, p. 13).

    A base da fundao do Servio Social a questo social, que a ma-

    tria de trabalho do Assistente Social, na qual o profissional vai contribuir na cons-

    truo de uma sociedade mais igualitria e menos antagnica. Onde possa haver

    um poder aquisitivo mais igualitrio. Onde a renda no se concentre somente na

    mo da minoria, fazendo com que o fruto de seu trabalho no se torne to ausen-

    te.

    A questo social se materializa diante das desigualdades sociais ad-

    vindas do atual modelo econmico, onde as pessoas vivenciam esta realidade e o

  • 33

    Assistente Social deve levar em conta o padro cultural que diferente em cada

    local, precisando ter estratgias diferenciadas de sobrevivncia.

    Essas questes relacionadas ao mundo do trabalho se refletem na vida

    familiar, desemprego e subemprego. Os pais acabam no tendo como sustentar

    suas famlias. No entanto o dia-a-dia das famlias por si estressante, sendo que

    estes problemas mais tarde acarretam em manifestaes dentro de casa, como

    brigas entre o casal e entre os pais e filhos, vcios e at mesmo agresses. Sendo

    assim, as crianas, por serem indefesas, acabam sendo as maiores vitimas dos

    adultos, pois "o homem adulto mais poderoso, e a criana destinada de qual-

    quer poder" (AZEVEDO e GUERRA, 1989: 51). Dessa forma, crianas e adoles-

    centes acabam sendo uma das expresses da questo social.

    A inexistncia das polticas pblicas que garantem s crianas e aos

    adolescentes "o acesso cultura, ao ldico, oportunidade efetiva do esporte, a

    projetos socializantes, a programas de frias escolares, enfim, acesso sade

    fsica e psquica, com liberdade criadora e solidria" (PEREIRA et alli, 1994: 5),

    fazem com que estas busquem no trabalho sua autonomia e tambm como forma

    de preencher seu tempo, j que ficar "toa", seja em casa ou na rua, eleva os

    conflitos tanto familiares como aumentam os riscos de violncia e drogas.

    0 profissional precisa estar atento as conseqncias scio-econmicas

    do modelo neoliberal, no deixando de reagir, articular e qualificar-se de forma

    competente, fundamentando-se em referenciais tericos, crticos, que lhe dem

    uma viso de totalidade do real. Essa viso deve contemplar todas as transforma-

    es societrias que se colocam em todo o mundo, para que possa traar linhas

    de ao, capazes de dar resposta aos usurios

  • 34

    Portando, cabe ao Assistente Social a responsabilidade de, junto a es-

    sa realidade, modific-la, oportunizando as pessoas condies de acesso ao mer-

    cado de trabalho, garantindo, desta forma, o acesso aos seus direitos e contribu-

    indo para o exerccio da cidadania. Nesse sentido, os instrumentos utilizados se

    tornam veculos indispensveis na potencializao da ao.

    De acordo com lamamoto (1997, p.43):

    "Os instrumentos no devem ser apenas considerados como

    arsenal de tcnicas (entrevista, reunies, visita domicili-

    ar,...), mas tambm como recursos que contribuam para e-

    liminar a leitura da realidade e imprimir rumos ao, ao

    mesmo tempo em que a moldam".

    0 instrumental a categoria importante que nos permite a operaciona-

    lizao da ao profissional, sendo que na realizao do trabalho do Assistente

    Social, existem alguns instrumentos que so centrais, alm evidentemente dos

    conhecimentos acerca da questo que fundamenta nossa ao. Convm, citar-

    mos algumas categorias que sustentam nossa ao. A "tica" a categoria supor-

    te de nossas relaes, para tanto achamos fundamental, referendar alguns auto-

    res que trabalham com essas categorias:

    "Debrua-se sobre o real, que tem como pressuposto a mate-

    rialidade da existncia social humana, no sentido de enten-

    d-lo, porm sem se limitar a ele. Implica, pois, o desven-

    damento do presente, mas tambm vislumbre de novas re-

  • 35

    laes. A tica ultrapassa, desse modo, o imediato, o con-

    juntural e o passageiro". (SALES apud BONETT1 et al, 1996,

    p.112).

    "A tica no pode existir sem uma realizao prtica. sem se

    realizar na prtica de algum modo". (AGNES HELLER apud

    BONETTI et al., 1996, p. 193).

    "A tica se estabelece no plano trgico da dvida e da res-

    ponsabilidade". (ADAM SHAFF apud BONETTI et al, 1996).

    A efetivao da tica garante o sucesso do profissional e suas aes.

    esta a base das relaes do Servio Social da PROMENOR, sendo que o cdi-

    go de tica a referncia.

    Outra categoria norteadora da ao profissional do Assistente Social

    na PROMENOR a "liberdade". Para entend-la melhor, buscamos, em alguns

    autores, conceitu-la:

    "A liberdade a capacidade para darmos sentido novo ao

    que parecia fatalidade, transformando a situao de fato

    numa realidade nova, criada por nossa ao. Essa fora

    transformadora, que torna real o que era somente possvel o

    que se achava apenas Latente como possibilidade, o que

    faz surgir". (CHAUf apud BENETTE, 1996, p. 183).

  • 36

    "A liberdade amadurece no conforto com outras liberdades,

    na defesa de seus direitos em face da autoridade". (FREIRE, 1998, p. 119).

    A categoria Liberdade permite-nos entender o usurio em sua individu-

    alidade, dando-lhe espao de participao e de escolha no processo de diviso,

    considerando sempre sua opinio e, a partir disso, procura-se traar os objetivos

    em conjunto.

    Outra categoria, que no podemos deixar de lado, sobre a "adoles-

    cncia":

    "Para compreendermos os adolescentes, tanto no seu

    desenvolvimento pessoal quanto na sua relao com o

    mundo preciso olharmos no somente para as transforma-

    es biolgicas e psicolgicas que neles ocorrem, como

    tambm nas transformaes scio-econmicas, cultural poli-

    tica em que eles esto inseridos". (PEREIRA, 1994, p. 15).

    As desigualdades e a injustia social refletem profundamente na ado-

    lescncia e para sua superao, muitas vezes, o trabalho apresenta-se como al-

    ternativa.

    A presena do adolescente no mercado de trabalho tem provocado

    muitos questionamentos, o que vem dificultando e interferindo na implementao

    de polticas voltadas para o trabalho dos adolescentes.

  • 37

    Portanto, entendemos que o Servio Social no trabalha exatamente

    com a produo da mercadoria, mas sim com as expresses da questo social.

    due so decorrentes do processo de produo da circulao.

    "Assim, o Servio Social socialmente necessrio porque ele

    atua sobre questes que dizem respeito a sobrevivncia so-

    cial e material dos setores majoritrios da populao traba-

    lhadora. Viabiliza o acesso no so a recursos materiais, mas

    as aes implementadas incidem sobre as condies de so-

    brevivncia social dessa populao'. (IAMAMOTO, 1997: 47)

    A finalidade maior dos profissionais do servio social ser a luta pelos

    direitos sociais, a plena realizao da cidadania e a consolidao da democracia,

    rompendo com uma viso fragmentada e desarticulada, as vezes presente entre

    os profissionais, visando atingir um projeto societrio do qual os profissionais de-

    vem estar comprometidos.

    Sendo assim, o Assistente Social vende sua fora de trabalho as enti-

    dades empregadoras, que dispem dos recursos necessrios para sua atuao,

    onde organizam as atividades e facilitam o acesso dos usurios.

    Os instrumentos tcnicos operativos consistem nos codificadores e

    transformadores da realidade. Estes instrumentos referem-se a entrevistas, visitas

    domiciliares, reunies, treinamentos, plantes, atendimentos individuais e grupais,

    pesquisa de carter interventivo. A pesquisa fundamental para conhecermos a

    realidade na qual vamos intervir.

    Segundo IAMAMOTO,

  • 38

    "a investigao adquire um peso privilegiado no Servio So-

    cial: o reconhecimento das atividades de pesquisa e do espi-

    rito indagativo como condies essenciais ao exerccio pro-

    fissional". (1994: 37)

    No podemos deixar de ressaltar os meios e os recursos que a institui-

    co oferece. Atravs desta que o profissional vende o seu trabalho, sua mo-

    de-obra, onde consegue desenvolver sua prtica profissional.

    Portanto, existem alguns instrumentos que possibilitam a ao. Um ins-

    trumento muito utilizado na PROMENOR para possibilitar o acesso de nossos

    usurios aos direitos sociais, a entrevista, que segundo Sarmento 6:

    "... um instrumento utilizado quando h interesse de desen-

    volver um trabalho individual e aprofundar um determinado

    conhecimento da realidade humana-social, atravs do esta-

    belecimento de um dilogo que vai se realizando medida

    que vamos desvelando o real/concreto e ampliando a cons-

    cincia do entrevistado e do assistente social". (1996).

    Na entrevista busca-se resgatar a necessidade dos usurios em buscar

    o Servio Social ou vice-versa (do Servio Social em marcar a entrevista com o

    usurio), para, a partir de ento, realizar a devida orientao e os respectivos en-

    caminhamentos, nunca deixando de ressaltar os direitos dos mesmos perante a

    situao.

  • 39

    Outro instrumento utilizado pelo Servio Social a visita domiciliar.

    Faz-se necessrio anteriormente a abordagem, onde o profissional desenvolve

    sua relao com o usurio. Abordar, como o prprio termo indica, significa ache-

    gar-se, aproximar-se. Este ato pode revelar diferentes tendncias e objetivos e,

    como tal, marcar decisivamente o desenrolar do processo. Para tanto visita domi-

    ciliar segundo Sarmento 6:

    "... um instrumento que potencializa as possibilidades de co-

    nhecimento da realidade (conhecendo com o usurio as su-

    as dificuldades e no o que j sabemos como o fato de ser

    pobre, conflitos, drogas, e etc.) e que tem como ponto de re-

    ferncia a garantia de seus direitos (atravs do servio que

    lhe so levados), onde se exerce um papel educativo (colo-

    cando o saber tcnico a disposio) de reflexo sobre a qua-

    lidade de vida". (SARMENTO, 1996, p. 20).

    A visita domiciliar, bem como a visita hospitalar so instrumentos utili-

    zados pelo Assistente Social, que devem ser realizados com objetivos claros, de

    acordo com cada situao. A funo do Assistente Social, nos casos de visitas

    o de orientao quanto aos direitos do usurio.

    Outro instrumento utilizado a Observao que :

    "... consiste na ao de perceber, tomar conhecimento de um

    fato ou acontecimento que ajude a explicar a compreenso

    da realidade objeto de trabalho e, como tal encontrar os ca-

  • 40

    minhas necessrios aos objetivos e serem alcanados'.

    (SOUZA).

    A observao , na maior parte das situaes, o pr ncipio de qualquer

    ao profissional, pois a partir desta que se inicia o conhecimento que permite a

    busca de alternativas de superao da realidade posta.

    Para relacionar a prtica profissional do Servio Social, procuramos a-

    inda enfocar algumas categorias particulares, que se tornam evidentes para o tra-

    balho de mediao dos objetos de interveno na PROMENOP.

  • CAPTULO 3 A PARTICULARIDADE DO PROCESSO DE TRABALHO DO

    SERVIO SOCIAL NO PROGRAMA JOVEM TRABALHADOR

    3.1. Elementos Constitutivos da Ao Profissional

    O Trabalho do Assistente Social ocorre no cenrio capitalista, e por es-

    sa razo o valor-de-uso de seu trabalho se torna evidente, pois troca a fora de

    trabalho por um salrio, em uma atividade que no agrega valor para o Estado,

    tendo em vista que a profisso surgiu para responder aos problemas advindos do

    capitalismo.

    A partir das falas das Assistentes Sociais, podemos analisar que em

    vrios momentos, elas reconhecem os elementos do processo de trabalho no

    Servio Social, tais como matria prima, meios e o prprio trabalho (objetivos,

    produto, etc.), apesar de no estar explicito, em todas as falas.

    Identificam como inerentes a ao profissional os aspectos das polti-

    cas sociais e os direitos, passando de uma perspectiva assistencialista para outra

    inovadora, como apontam os depoimentos abaixo:

    "Dentro do Programa a Insero do assistente social importante, por-

    que at quem faz a gesto e d a direo no programa, so as Assistentes Soci-

    ais. Por isso a necessidade (...) d-se ter urna viso do Servio Social inovadora

    e no s uma viso de carter assistencia lista ou benficente, pois toda esta vi-

    so, de direito de cidadania, de formao contnua(...). Eu acho que a insero do

  • 42

    Assistente Social ou at do Servio Social, extremamente significativa e impor-

    tante, mas o Servio Social tem que ter uma viso na verdade inovadora, claro

    que tem que considerar polticas, mas esta viso ela tem que estar muito clara de

    cidadania, de direito, de formao, de capacitao destes adolescentes e as pr-

    prias mudanas no mundo do trabalho.... "(AS 1) 2

    Portanto, no processo de trabalho do Servio Social est embutido a

    defesa dos direitos sociais, a consolidao da democracia e a ampliao da cida-

    dania. Desta forma, faz-se necessrio a realizao de aes, viabilizadas atravs

    dos servios prestados aos usurios.

    0 Servio Social produz bens e servios que nem sempre expressam

    um significado material. 0 produto do Servio Social pode adquirir um significado

    socialmente objetivo que no corporificado, isto 6, o Assistente Social, enquanto

    profissional produtor de conhecimentos, valores e cultura, interfere na reproduo

    social dos indivduos. Tal ocorrre a partir das demandas a ele colocadas.

    Com relao a isso, a maior demanda que aparece ao servio social da

    PROMENOR est ligada s dificuldades financeiras. E, diante disto, os adoles-

    centes acabam tendo que trabalhar para ajudar no oramento da famlia.

    0 perfil das demandas colocadas ao profissional so conforme a Assis-

    tente Social 1.

    "Perfil da demanda dos usurios que a busca pelo trabalho, busca

    tambm pela qualificao; capacitao que a parte dos cursos que so feitos,

    as dificuldades escolares que so apresentadas pelos adolescentes ou at muitas

    vezes, a famlia as prprias relaes familiares que so uma demanda. As solici-

    2 Observao : Os depoimentos das Assistentes Sociais foram transcritos das "fitas" para este documento, sem alterar-lhes absolutamente nada.

  • 43

    taes que nos recebemos das empresas, so tanto nos pedidosde insero de

    adolescentes para o trabalho como tambm de desligamento dos adolescentes.

    As atividades esportivas, recreativas, atividades de lazer so demandas, como

    tambm os prprios temas que os adolescentes solicitam para as nossas reuni-

    des de capacita co; a prpria solicitao das empresas para acompanhamento a

    colaborao de um documento; ou de um relatrio; ou de uma pesquisa, isto tam-

    bm uma demanda, a prpria demanda que vocs muitas vezes acabam at

    dando conta pelos TCCs, que uma demanda pela construo do conhecimento

    dentro do programa . O prprio atendimento individualizado, no deixa de ser uma

    demanda ou quando tem dificuldades com a prpria repetncia escolar dos ado-

    lescentes ou muitas vezes o remanejamento de empresas..

    Assistente Social 2 - Muitas familias procuram o programa, no s as

    que esto necessitadas, muitos vem em busca de trabalho. Primeiro decorrente

    de uma situao em que vivemos que no s aquele pobre, pobre que est pre-

    cisando trabalhar, mas o mdio tambm precisa trabalhar. E tem muito tambm a

    questo da cidadania a importncia do adolescente se sentir participante de se

    sentir til. E tem muitas pessoas que procuram considerando que tambm se faz

    um trabalho de formao. Ento entre arrumar servio em outro lugar e arrumar

    pela PROMENOR, esta estaria dando este respaldo, ento por isto que eu digo

    no vem so aquele necessitado mas vem vrios, e um nmero sempre muito

    grande que voc nunca consegue atender a todos. E tambm porque quando

    eles esto prximo da idade de 17 anos fica mais difcil de encaminhar, sendo

    que at este adolescente fazer o curso de preparao e ser chamado vai algum

    tempo. E a sua permanncia no programa at 17anos e 11 mses quando

  • 44

    desligado. E em conseqncia disto muitos ficam sem atendimento e voc no

    consegue atender a todos."

    Podemos perceber na resposta das assistentes sociais que existem v-

    rias demandas e que embora o Servio Social seja regulamentado como uma pro-

    fisso liberal na sociedade, o Servio Social no se realiza como tal. Isto significa

    que o assistente social no detm todos os meios necessrios para a efetivao

    de seu trabalho: financeiros, tcnicos e humanos necessrios ao exerccio profis-

    sional autnomo. Depende de recursos previstos nos programas e projetos da

    instituio que o requisita e o contrata, atravs dos quais exercido o trabalho

    especializado.

    Com relao aos objetivos de ao profissional estas destacam que:

    "Os objetivos dentro do programa seria o de preparar o adolescente pa-

    ra o trabalho que ele vai fazer continuar a formao deste adolescente ter a

    preocupao de que ele esteja se instrumentalizando para enfrentar tudo que o-

    corre na vida l fora e sair j com sua segurana, com sua formao, com a sua

    at compete' ncia.(AS 2)

    "- 0 objetivo da ao profissional dentro da instituio alcanar as

    metas estabelecidas de atendimento as empresas que temos conv nios e como

    de tambm encaminhar o maior nmero possvel de adolescentes para o trabalho,

    isto claro so resultados. E este encaminhamento no s encaminhar por en-

    caminhar, trabalhar esse adolescente para que ele seja melhor, para que ele

    possa competir de igualdade com outros no mercado de trabalho, considerando

    este nosso mercado to competitivo. E geralmente a primeira oportunidade dada

    a este adolescente atravs da PROMENOR. que hoje voc vai se apresentar

    no mercado de trabalho voc pode ter um currculo bom mas no tem experincia

  • 45

    em nada, nunca exercitou a questo trabalho, tornando-se difcil. Ns escutamos

    muito de adolescentes que esto com 18, 19 anos que nunca trabalharam, e o

    que eles mais falam, que ningum lhes do oportunidade, "- todos os lugares

    que vou dizem que no tenho experincia mas se ningum me da oportunidade

    para adquirir experincia como posso t-la?." Ento um dos nossos objetivos

    oportunizar realmente esta primeira experincia ao trabalho (AS3).

    Percebemos na resposta das assistentes sociais, que seu objetivo

    principal, fazer com que o adolescente cresa como pessoa e para que ele

    cresa numa sociedade com muito mais chances para competir em condies

    iguais a outros que tm o nvel de vida melhor. Afim de despertar o adolescente

    para estas mudanas que esto ocorrendo no mundo do trabalho.

    Quanto as atividades desenvolvidas no programa jovem trabalhador

    so:

    "Desde o atendimento quando o cliente procura informa e, os enca-

    minhamentos de adolescentes as empresas; determinadas situaes que os ado-

    lescentes apresentam na empresa, temos que cham-lo para um atendimento,

    seja situaes familiares que esto interferindo no trabalho, as entrevistas de ins-

    crio as entrevistas de admisso, desligamentos quando o adolescente completa

    idade ou desligamento quando solicitado a substituio, por muitos motivos,

    acompanhamento escolar atravs de boletins e atestados escolares, treinamentos

    que so feitos uma vez por ms(AS 3)..

    "As atividades no programa so bastante amplas, porque entra desde o

    planejamento, as inscries, as admisses, os desligamentos, a negociao com

    as empresas, e muitas vezes at, quando tem um pedido de substituio, ou de

  • 46

    desligamento, uma outra atividade organizar os momentos de capacitao do

    treinamento, das reunies dos campeonatos, nas mostras de talentos (AS 2)..

    Corn relao As atividades, ou sela, os meios de trabalho das assisten-

    tes sociais, podemos perceber, atravs de suas falas, que elas apresentam como

    meio o conhecimento da realidade e tambm os instrumentos tcnicos utilizados.

    Segundo lamamoto (1997, p. 43) "o conhecimento no so um verniz

    que se sobrepe superficialmente prtica profissional podendo ser dispensada,

    mas um meio atravs do qual possvel decifrar a realidade e clarear a condi-

    co do trabalho a ser realizado". Nesse sentido instrumento que potencializa a

    ao.

    Portanto, acredita-se que o trabalho do servio social prev, primeira-

    mente, estar fundamentado numa teoria que consiga absorver da realidade sua

    essncia.

    Assim, podemos perceber que assistentes sociais tambm trabalham

    com as perspectivas expostas acima. Neste sentido deve-se analisar a realidade

    do adolescente e da famlia na sua totalidade, sendo a ao profissional uma pra-

    tica reflexiva (ao reflexo ao). "0 contedo das atividades so decididas juntamente com as estagi-

    rias de Servio Social como tambm as atividades que vo ser desenvolvidas, e

    agora tambm, junto com a coordenao tcnica que desde o ano passado tam-

    bm discutido junto com esta coordenao, onde depois socializado nas reu-

    nies com os tcnicos e tambm repassado para diretoria desde o planejamen-

    to. Por exemplo, neste ano e ai no so com o PJT, mas tambm com todos os

    programas da Irmandade. 0 nosso planejamento foi semestral. Ento foi estabe-

    lecido at junho, agora ele est sendo avaliado, e sendo feito o replanejamento

  • 47

    para o segundo semestre. Todas as atividades e as formas corno elas so desen-

    volvidas, so discutido pelos tcnicos do programa, junto com os estagirios (AS

    1).

    Portanto, o assistente social como um trabalhador especializado, atua

    juntamente com outros profissionais, formando uma equipe de trabalho.

    De acordo com Severino "em todas as esferas de sua prtica os ho-

    mens atuam como sujeitos coletivos. Por esta razo, o saber, enquanto expres-

    so da prtica simbolizadora dos homens, s ser autenticamente humano e au-

    tenticamente saber, quando se der interdisciplinarmente". (1992, p. 46).

    Vasconcelos (1997, p. 140) nos coloca a definio de interdisciplinari-

    dade como "axiomtica comum a um grupo de disciplinas conexas, definidas no

    nvel hierarquicamente superior, introduzindo noo de findidade tendendo (mas

    no necessariamente) para criao de campo de saber "autnomo" e multidisci-

    plinaridade como gama de disciplinas que propomos simultaneamente, mas sem

    fazer aparecer as relaes existentes entre elas.

    0 instrumento de trabalho, como conjunto de tcnica, aparece nas se-

    guintes expresses:

    Assistente Social 3 Entrevistas para o trabalho de admisso, atendi-

    mentos, reunies, relatrios, pareceres, planos, projetos.

    Assistente Social 2 Temos fichas que utilizamos para admisso dos

    adolescentes s empresas; a ficha de inscrio para o trabalho; a ficha de acom-

    panhamento cadastral deste jovem quando est inserido na empresa, onde co-

    locado todo o seu histrico escolar, e histrico dentro da empresa. Estas fichas

    logo vo fazer parte do passado, pois agora est ficando tudo informatizado, es-

  • 48

    tamos passando tudo para o computador. Temos tcnicas de entrevistas, reuni-

    es com pais, adolescentes, estagirias e tambm entre ns Assistentes Sociais.

    Assistente Social 1 Instrumentos e tcnicas so vrios, desde o trei-

    namento, visita s empresas, visitas domiciliares quando necessrio, visita as es-

    colas quando necessrio, mas um instrumento o relatrio, o prprio parecer

    tanto nas inscries dos adolescentes quanto na admisso, ou muitas vezes num

    parecer que solicitado, muitas vezes pelo Conselho ou pelo conselho tutelar.

    Quando recebemos adolescentes que so encaminhados pelo conselho ou mui-

    tas vezes at para as empresas que temos convnios, as reunies, entrevistas,

    pesquisas que so feitas pelas estagirias de Servio Social do Programa Jovem

    Trabalhador, contatos com doadores quando recebemos doaes, o estabeleci-

    mento de convnio um instrumento, os encaminhamentos para outras organiza-

    es, ou dependendo da solicitao. Entra como instrumento o referencial terico,

    voltado para o adolescente que entra toda as questes trabalhistas esto envolvi-

    das. A questo de direito, de cidadania, do trabalho, da categoria trabalho, da ca-

    tegoria formao e de todas as categorias que vo se associando. Que desde o

    relacionamento interpessoal, competncia, da capacitao, isto tudo entra como

    instrumento, a forma como ns vamos estabelecer as dinmicas tanto nas reuni-

    es, quanto dentro do prprio atendimento que est sendo feito, entra ainda como

    instrumento a prpria utilizao de equipamentos, o fax, o computador, e-mail,

    agora uma inova co tambm e a nossa homepage, ento o acesso que voc

    tambm se utiliza da Internet, tanto para divulgar o programa, quanto para voc

    obter outras informaes. Isto tudo entra, o prprio planto, o atendimento de

    planto, relatrios, os estagirios com o dirio de campo um instrumento a ficha

    cadastral, o estabelecimento de contatos com empresas.

  • 49

    0 que se pode perceber nas falas das assistentes sociais que estas

    utilizam os instrumentos de trabalho como conjunto de tcnicas para uma ao

    mais eficaz. Uma das assistentes sociais coloca outras dimenses instrumentais,

    que superam o arsenal de entrevistas, reunies e encaminhamentos.

    De acordo com lamamoto (1997, p. 43) "o conjunto de conhecimentos

    e habilidades adquiridos pelo assistente social ao longo do seu processo formati-

    vo so parte do acervo dos seus meios de trabalho".

    No que se refere ao registro das aes desenvolvidas pelo profissional

    de Servio Social, existem alguns meios utilizados como: relatrios, dirio de

    campo, questionrios, formulrios, documentao oficial.

    Como coloca Souza, a documentao um recurso educativo, ajuda a

    conhecer, analisar e avalia a realidade comunitria, assim como o processo pe-

    daggico em desenvolvimento, no se reduzindo somente ao registro desse pro-

    cesso. Por isso, sua concepo assume elementos que lhe do maior amplitude.

    "A documentao um conjunto sistemtico de registros so-

    bre situaes gerais ou contingncias especificas da comu-

    nidade sobre a dinmica pedaggica dos trabalhos desen-

    volvidos". (SOUZA).

    A documentao supe sistematizao e registro de dois ngulos in-

    terdependentes da pratica social comunitria, conforme cita Souza:

    A documentao enquanto sistematizao de informaes gerais sobre a a-

    rea;

    A documentao enquanto registro do processo pedaggico em ao.

  • 50

    Para o registro de nossas aes utilizamos o dirio de campo:

    "Trata-se de um caderno comum de anotaes, onde regis-

    tramos as ocorrncias dirias ou peridicas resultantes das

    relaes profissionais que se vo desenvolvendo na rea.

    (...) Nele, registra-se dose e horrio de aes relatadas, in-

    formes gerais sobre a rea e a realidade de participao da

    pop u lao". (SOUZA),

    O relatrio tambm nosso aliado no registro de nossas aes, para

    isso caracteriza-se:

    "... como um registro sistemtico dos preparativos de ao

    pedaggica a ser desenvolvidas em reunies, encontros de-

    terminados e entrevistas. 0 relatrio registra os preparativos,

    o desenvolvimento e as novas propostas de ao para con-

    tinuidade dos trabalhos". (SOUZA)

    Diante de nossa prtica e dos conceitos aqui mencionados, notamos a

    importncia dos instrumentos e dos registros na sistematizao da prtica profis-

    sional do Assistente Social, tendo em vista melhor apropriao de realidade social

    e o alcance de um produto com maior qualidade.

    ' Segundo Sarmento (1996) temos que reconhecer a prtica profissional

    enquanto um processo de trabalho, sem deixar de levar em considerao os ins-

  • 51

    trumentos e tcnicas que permitem a operacionalizao da proposta de ao.

    Portanto:

    "(...) no processo de trabalho, apreender e fundamentar que

    os instrumentos e tcnicas so as, mediaes atravs das

    quais objetivamos nossos projetos. ou seja, "lanamos mo",

    deste para a efetivao de nossas aes no conjunto das re-

    laes sociais". (SARMENTO, 1996)

    A base terico-metodolgica fundamental para o xito profissional e

    so esses recursos essenciais que o assistente social aciona para exercer o seu

    trabalho, pois ela contribui para iluminar a leitura da realidade e imprimir rumos

    ao, ao mesmo tempo que a moldam.

    Assim, o conhecimento um meio atravs do qual possvel decifrar a

    realidade e clarear a conduo do trabalho a ser realizado.

    As dificuldades encontradas no programa, segundo a assistente social

    1 so:

    Assistente Social 1 Uma das dificuldades voc estabelecer novos

    convnios com empresas, quando a inteno na verdade, querer ter um adoles-

    cente que no tenha carteira de trabalho assinada, que a empresa pague o menor

    possvelEnto muitas vezes, a empresa entra em contato conosco e ela acaba se

    "decepecionando" em funo do valor, por que ela quer que o adolescente traba-

    lhe meio perodo, que ganhe meio salrio mnimo. Ento, muitas vezes, esta

    uma dificuldade, de voc tentar conseguir junto com esta empresa. Onde ela en-

    tre todos os direito sociais e outros benefcios como vale refeio. As vezes,

  • 52

    uma dificuldade, que implica num processo de negociao, mas eu acho que, a

    ampliao de encaminhamento hoje, c5 uma dificuldade at em funo da reduo

    de empregados pelas empresas, dificuldades mesmo das empresas se mante-

    rem.

    Dificuldades por parte dos tcnicos, de entenderem a situao do ado-

    lescente, ou da famlia, por que so questes de valores. Outra dificuldade de se

    trabalhar no programa o nmero de adolescentes grvidas no sentido de cons-

    cientizao. Frente a isto que vem ocorrendo e de uma certa forma vai repercutir

    na vida dessa pessoa tambm.

    Assistente Social 2 Dificuldades de atender todas as demandas, por

    ser muito grande, no conseguimos atender a todos que nos procuram; dificulda-

    de na ampliao de convnios; fechamento de convnios; as privatizaes das

    empresas, que diminuem o nmero de vagas no caso de Gerasul, o prprio

    BESC. Ento estas so dificuldades que encontramos.

    E no lado financeiro o programa praticamente se auto mantm, por que

    ele tem os recursos que vem das empresas. E no lado geral da instituio, ns

    sabemos que a instituio tem dificuldade, por que ela tem outros programas que

    no tem nenhuma repasse financeiro. Ento a instituio coloca que est sempre

    em dificuldades, diminuindo o nmero de pessoas e tudo mais. Mas com relao

    ao programa no, ns no temos dificuldades para dar continuidade ao nosso

    trabalho, o que precisamos dentro do programa, ns temos.

    0 profissional de Servio Social na Promenor, dentro de seu quadro de

    aes profissionais, tem como atribuies um conjunto de atividades j detalha-

    das anteriormente. Precisa vender a sua fora de trabalho, dependendo ento da

    instituio para sua ao profissional.

  • 53

    Compreender a instituio como parte do processo de trabalho do Ser-

    vio Social de fundamental importncia, para no interpret-la como limite e

    obstculo ao profissional. Ela meio imprescindvel realizao do trabalho

    do Servio Social. 0 Servio Social uma especializao do trabalho e possui um

    valor de uso e um valor de troca, que caracteriza o Assistente Social como traba-

    lhador assalariado.

    A anlise da qualidade das atividades desenvolvidas pelas Assistentes

    Sociais se da atravs:

    Assistente Social 2 - Se ns formos olhar pelo lado do compromisso,

    interesse, responsabilidade, boa vontade, isto no falta, para termos atividades

    com qualidade.

    0 ano passado ns fizemos um curso que respondeu muito em nossas

    necessidades, s que falta uma continuidade. Mas o nmero de atividades do dia

    a dia, grande e exige muito, (is vezes, no temos tempo. Sim, vejo que ns nos

    envolvemos muito com as atividades e perdemos em fazer leituras, acho que le-

    mos pouco.

    Ento, a concluso que, ns perdemos um pouco isto, as instituies

    de modo geral perde, inicia e deixa de lado a continuidade dessa formao. Ento

    nos envolvemos mais com a prtica e deixamos um pouco de lado a teoria.

    Ns discutimos temas, assistimos videos, ento ns temos debates.

    No podemos dizer, est timo, por causa da falta de recursos para o profissional

    fazer cursos, participar de mais seminrios, fruns, etc.

    Em relao a qualidade de atendimento aos adolescentes, est boa

    dentro do possvel, aquela demanda que atendemos. Claro que poderia ser me-

    lhor, se ns assistentes sociais pudssemos nos instrumentalizarmos melhor,

  • 54

    mas eu penso que ela no deixa a desejar. Nas nossas reunies com os adoles-

    centes, quem vem dar palestras, so mdicos, psiclogos, pedagogos, so pes-

    soas preparadas no qualquer palestra, no eles vem falar na rea que eles atu-

    am.

    Assistente Social 3 - A anlise uma busca permanente, por isso tem

    que ter um processo de avaliao constante, de voc estar sempre refletindo so-

    bre este agir e esta reflexo. Tambm implica em que voc utilize um referencial

    terico para dar conta disso. Mas de um modo geral, o programa presta um aten-

    dimento de qualidade, pelo menos ele busca fazer esta prestao de qualidade,

    tanto no atendimento com o adolescente, tanto nas empresas onde temos conv-

    nios, com outras organizaes que ns acabamos interagindo. O profissional ele

    tem que ter uma busca, que a busca dele, a instituio nem sempre ela tem o

    recurso para patrocinar a inscrio nos seminrios, ou num determinado curso,

    mas ela no se nega a liberar a pessoa do trabalho para participar.Claro que se

    isto acontecesse era muito melhor, porque oportunizaria que esta qualificao

    fosse intensificada, mas o que eu vejo que tambm depende do profissional.

    Porque qualificao no s de seminrios, congressos, cursos, mas a qualifica-

    o, voc investir em leituras, na aquisio de revistas, em livros e etc.

    Portando de acordo com lamamoto (1997, p.43) "o conjunto de conhe-

    cimento e habilidade adquiridos pelo assistente social ao longo do seu processo

    formativo parte do acervo do seus meios de trabalho".

    Em relao ao produto resultante do trabalho do assistente social, este

    torna-se visvel no momento que passa a ter valor para algum.

  • 55

    Neste sentido o produto do trabalho das assistentes sociais da

    PROMENOR, se concretiza na medida em que tem utilidade para seus usurios,

    que so os adolescentes.

    Portanto, a finalidade do Servio Social, com relao ao Programa Jo-

    vem Trabalhador tem por objetivo prestar atendimento aos usurios, possibilitan-

    do-os incluso dos jovens no mercado de trabalho e prepard-os. qualificando-o s .

    visando sua permanncia neste cenrio de constantes transformaes.

    Atualmente a preocupao maior do Programa Jovem Trabalhador

    justamente estar contribuindo na efetiva preparao do adolescente para o en-

    frentamento do mundo do trabalho. Para tanto busca-se a arr pliao do acesso

    aos cursos de informtica e ingls, assim como a parceria com outras instituies

    que possibilitam outros cursos como ecoempreenderismo e tambm estimula-se a

    elaborao de projetos que possam estar contribuindo neste sentido.

    Partindo da temtica de conjuntura e do processo de trabalho, vemos

    que o profissional de Servio Social, que atua na PROMENOR, tem como instru-

    mento de trabalho a utilizao de seus referenciais tcnicos, trabalhando os obje-

    tos de interveno de categorias que se fazem presentes e necessrios na atua-

    o profissional. Os instrumentos e os registros so os meios para operacionali-

    zao da prtica.

    A profisso do Assistente Social passa a constituir-se como um ele-

    mento de composio da organizao da sociedade. As peculiariedades do Servi-

    o Social so evidenciadas na concretizao da dinmica das relaes sociais

    vigentes que, por sua vez, esto inseridas em determinadas conjunturas histri-

    cas.

  • 56

    Sendo assim, 0 Servio Social tem o compromisso de lutar, junto com

    os adolescentes, por uma qualidade de vida melhor, por isso seu dever estar

    sempre inovando e aperfeioando-se cada vez mais.

  • CONSIDERAES FINAIS

    Sendo este um trabalho em que se concentram muitos os conhecimen-

    tos acumulados pela troca de experincia entre estagirios, adolescentes, e pro-

    fissionais de Servio Social, proporcionou-nos, em nosso campo de estgio, a

    relao entre teoria e prtica e contribuiu para a realizao deste trabalho de con-

    cluso de curso.

    Neste nos detivemos em realizar uma reflexo dos novos desafios que

    se colocam para o servio social e como se d o processo de trabalho na

    PROMENOR, com relao ao Programa Jovem Trabalhador.

    A partir dos objetivos por ns propostos, constatamos que a capacita-

    co profissional a necessidade de obter maiores informaes, referentes a atua-

    lidade vigente no mundo do trabalho e na estrutura da PROMENOR, estas perce-

    bem que representamos atuais objetivos dos adolescentes, e para tanto perce-

    bem, no servio social, a possibilidade de potencializar seus objetivos.

    Portanto, cabe ao Assistente Social imprimir uma ao critica e criado-

    ra e assumir com autonomia e responsabilidade, quando efetiva o trabalho que

    lhe demandado profissionalmente.

    Frente realidade apresentada, pelo processo de globalizao da eco-

    nomia, da reestruturao do capital e do avano da tecnologia que representam o

    pano de fundo sobre as transformaes ocorrentes no mundo do trabalho, que

    surgem os novos desafios a serem enfrentados pelo servio social e apresentam

  • 58

    novas demandas, o que faz com que o Servio Social reveja o conjunto de tcni-

    cas e competncia que permeia o agir profissional.

    O servio social, como profisso, deve desenvolver um trabalho bus-

    cando alavancar condies que proporcionem aos adolescentes fazer uma avali-

    ao da realidade, estimulando-os na busca de suas potencialidades, criatividade,

    participao e conhecimento das situaes que perpassam a organizao.

    Percebe-se, dessa maneira, que a importncia do servio social est

    justamente na contribuio ao fortalecimento das aes coletivas, voltadas ao

    controle social e planejamento das polticas pblicas, em particular na

    PROMENOR. A contribuio est tambm na formao de novas concepes no

    pensar e no agir do usurio, atravs do acesso a informaes bsicas de cidada-

    nia. Contudo, a importncia central est justamente na contribuio mudana

    nas trajetrias de vida de indivduos e grupos, na perspectiva da desalienao e

    de melhoria das condies de vida.

    Neste sentido, a profisso depara-se com a necessidade de uma revi-

    so constante de seus valores e prticas institudas, apontando para a implemen-

    tao de um projeto politico comprometido com os sujeitos coletivos, na amplia-

    co e consolidao da cidadania e na efetivao da verdadeira democracia. Prin-

    cpios ticos que necessitam ser efetivados no cotidiano do exerccio profissional,

    atravs de intervenes competentes. Competncia que deve estar aliada a tica,

    como pressuposto terico-politico no enfrentamento das contradies postas

    profisso, numa perspectiva critica e fundamentada do ponto de vista terico, o

    que contribui no aprimoramento profissional e qualidade dos servios prestado.

    Enfim, acreditamos que considerando a natureza do trabalho, o tempo

    disponvel e as condies existentes, que a este trabalho venha a contribuir para

  • 59

    uma melhor apreenso sobre o processo de trabalho e as mudanas que esto

    ocorrendo no mundo do trabalho e na profisso para os Assistentes Sociais e ou-

    tros profissionais.

  • BIBLIOGRAFIAS

    ALMEIDA, Ney Texeira. Consideraes para o processo de trabalho do Servio

    Social. In: Revista Servio Socia e Sociedade. So Paulo: Cortez, n 53, A-

    bril, 1996.

    BARBOSA. R. N. de C.; CARDOSO, F. G. & ALMEIDA, N. L. T. A categoria pro-

    cesso de trabalho e o trabalho do Assistente Social In: Servio Social e Soci-

    edade. N 9 58,Margo So Paulo: Cortez, 1992.

    BONETTI. Dilsa A. et al. [Org.] Servio Social e tica: convite a uma nova pra-xis. Cdigo de tica profissional do Assistente Social. So Paulo: Cortez, 1996.

    BRAVERMAN, Harrx. Trabalho e capital monopolista. Rio de Janeiro: Zahar,

    1974.

    COSTA, Alexa Albuquerque Marcano. A gnese e a trajetria do Servio Social na Instituio Promenor. Trabalho de concluso do Curso da UFSC. Floria-

    npolis, 1992.

    Estatuto da Criana e do Adolescente. Lei: n.8.609, de 13 de julho de 1990.

    FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessrios prtica e-

    ducativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.

  • 61

    GENT1LL, Raquel. "A prtica como definidora da identidade profissional do Servi-

    go Social In: Revista Servio Social e Sociedade. Sao Paulo: Cortez, n 9 53,

    Abril, 1997.

    GIL, Antnio. Mtodo e tcnicas de pesquisa social. zr- ed. So Paulo: Atlas,

    1994

    IAMAMOTO, MariIda Vilela. "Renovao e Conservadorismo no Servio Soci-

    al: Ensaios crticos". So Paulo:C:ortez, 1994.

    IAMAMOTO, MariIda Vilela. 0 Servio Social na Contemporaneidade: trabalho

    e formao profissional. So Paulo: Cortez, 1998.

    IAMAMOTO, MariIda. 0 Servio Social na contemporaneidade: Dimenses

    histricas, tericas e tico-polticas. Fortaleza: CRESS-CE, 1997.

    MARX, Karl. Processo de trabalho e processo de produzir mais-valia IN: Ca-

    pital l, Vol 1. So Paulo: Diet, 1987.

    MEN EGASSO, Maria Ester. 0 declnio do emprego e ascenso da empregabi-

    lidade na empresa pblica do setor bancrio. Florianpolis: UFSC/EPS,

    1998.

    MINAYO, Maria Cecilia de Souza. O desafio do conhecimento. Pesquisa quali-

    tativa e