a abordagem do ritmo na análise da música mensurada

14
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO INSTITUTO DE ARTES CURSO DE COMPOSIÇÃO GUILHERME AFONSO DOS SANTOS A ABORDAGEM DO RITMO NA ANÁLISE DA MÚSICA MENSURADA SÃO PAULO 2014

Upload: guilherme

Post on 10-Nov-2015

10 views

Category:

Documents


6 download

DESCRIPTION

Aspectos de pesquisa.

TRANSCRIPT

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JLIO DE MESQUITA FILHO

    INSTITUTO DE ARTES CURSO DE COMPOSIO

    GUILHERME AFONSO DOS SANTOS

    A ABORDAGEM DO RITMO NA ANLISE DA MSICA MENSURADA

    SO PAULO 2014

  • GUILHERME AFONSO DOS SANTOS

    A ABORDAGEM DO RITMO NA ANLISE MSICA MENSURADA

    Projeto de iniciao cientfica a ser submetido ao departamento de graduao da Universidade Estadual Paulista, Instituto de Artes, curso de Bacharelado em Msica com Habilitao em Composio. Orientador: Prof. Dr. Marcos Fernandes Pupo Nogueira

    SO PAULO 2014

  • RESUMO Na anlise da msica da poca da prtica comum (aprox. 1600-1900) imprescindvel a utilizao de marcaes ao tratarmos o ritmo. Assim, termos como pulso, beat, acento, metro e

    ataque so amplamente utilizados em tratados e anlises da msica desta poca, sejam recentes ou

    no. Este trabalho parte da perspectiva de que nas formas de anlise da msica vocal do perodo

    pr-tonal (1300-1600) os referenciais rtmicos citados podem tambm ser levados em considerao

    ainda que nesta poca a msica produzida no objetivasse uma fundamentao rtmica

    independente da prosdia o que nos leva a uma gama de formas de anlises distintas, cada uma

    com sua maneira especfica de abordar o ritmo. A esta msica pr-tonal, d-se o nome de msica

    mensurada, uma vez que esta era a forma mais usual de notao da poca.

    Prope-se neste trabalho a realizao de um mapeamento, seguido de um estudo terico e

    prtico, de diferentes formas de anlise da msica mensurada, usando como fundamento principal o

    fator rtmico desta msica. Partindo dos resultados destes procedimentos, visa-se estabelecer um

    dilogo entre as abordagens aqui estudadas e o contexto histrico-social da poca da msica

    mensurada, valendo-se da perspectiva terica da nova musicologia (ou musicologia crtica).

    Palavras-chave: msica mensurada; ritmo mensurado; pr-tonalismo; nova musicologia;

    musicologia crtica.

    ABSTRACT On the analysis of the music from the common-practice era, the usage of rhythmic markings

    is vital. Therefore, terms such as pulse, beat, accent, meter and attack are highly used in treatises

    and analysis that concern the music from this period, recent or not. This work raises the point that in

    the approaches on the analysis of the vocal music from the pre-tonal period (1300-1600) such

    rhythmic references can also be taken into consideration - even though during this time the musical

    content produced did not have a foundation on a rhythm that was independent from prosody - which

    brings us to an array of different analytic forms, each with its specific approach on rhythm. The

    term mensural music is used to name this pre-tonal music, since it was the usual form of notation at

    that time.

    This research aims at achieving a mapping, followed by a theoretical and practical study of

    different approaches on the analysis of mensural music, using as a main feature the rhythmic aspect

    of this music. From the results of such procedures, this research seeks the establishment of a

    dialogue between the approaches here studied and the sociohistorical context of the age of the

    mensural notation, using the reflections of the new musicology (or critical musicology) as basis.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO E JUSTIFICATIVA 5

    2 OBJETIVOS 8

    3 PLANO DE TRABALHO E CRONOGRAMA 9

    4 MATERIAL E METODOLOGIA 9

    5 FORMA DE ANLISE DOS RESULTADOS 11

    6 BIBLIOGRAFIA 12

  • 5

    1. INTRODUO E JUSTIFICATIVA Dentre as vrias ferramentas disponveis ao estudante de composio hoje em dia, a anlise

    de peas de perodos e pocas diferentes de vital importncia. Desta forma, o aluno pode observar

    como compositores de diversas pocas resolviam certas condies impostas pela realizao musical,

    como possveis problemas no tratamento meldico, harmnico e rtmico. Por este motivo, a fim de

    facilitar o processo analtico, importante que o aluno tenha disponvel para si diversos mtodos e

    abordagens, visando facilitar a compreenso do material composicional.

    No entanto, a msica ocidental no homognea quanto estas abordagens. Perodos

    diferentes apresentam tratamentos diferentes para com o ritmo, a melodia e/ou a harmonia. O

    resultado destes contrastes um aumento da complexidade na anlise da msica de tais pocas,

    dentre as quais se destaca a poca da msica mensurada, pois tanto o tipo de notao musical,

    quanto sua forma de abordar o ritmo, a melodia e a harmonia se distanciam grandemente dos

    perodos da tradio maior-menor (ou prtica comum).

    Apesar deste distanciamento, trabalhos realizados tais quais os indicados neste projeto

    principalmente a partir da segunda metade do sculo XX e mais intensamente nos ltimos anos

    argumentam sobre a importncia de uma aproximao entre as caractersticas musicais destas duas

    pocas, mensurada e prtica comum, nas circunstncias da anlise musical. Estes trabalhos se

    apoiam em diversos aspectos analticos da msica da prtica comum, como agrupamentos rtmicos

    e abordagens schenkerianas, para oferecer uma nova perspectiva ao estudo da msica mensurada.

    Logo, por mais que haja certa resistncia por parte de alguns tericos que defendem uma posio

    mais conservadora, a noo antiga de que a msica mensurada deve ser analisada apenas dentro das

    perspectivas da tradio que a constri j no so mais unnimes. (ETHIER, p.7-27)

    Portanto, mesmo com um aumento na quantidade de publicaes relacionadas ao tpico da

    msica mensurada e as diferentes abordagens analticas quanto mesma, a diversidade das

    investigaes desta msica considervel. Desta forma, o estudante deste tema encontra-se dentro

    de um universo com muitos materiais, mas sem um guia para ajud-lo na busca. Este projeto visa

    preencher esta lacuna atravs do mapeamento de diferentes formas de anlise da msica mensurada

    considerando que um dos fatores de distanciamento entre esta msica e a da prtica comum o

    ritmo, tornando necessrio o exame das abordagens listadas neste projeto conforme a relevncia

    dada a este parmetro. Como complemento a estes passos, este projeto visa traar uma via de

    comunicao entre os trabalhos estudados e o contexto histrico-social da poca da msica

    mensurada, baseando-se na perspectiva da nova musicologia. Assim, objetiva-se demonstrar que

    diferentes autores procuram desmistificar o ritmo da msica mensurada, seja aproximando-o do

    ritmo da msica da tradio maior-menor ou tratando-o de forma tradicionalista, e que estes

    trabalhos oferecem um novo horizonte para os que se interessam pelo estudo da msica pr-tonal.

  • 6

    Para realizao do presente projeto, foram delimitadas e mais detalhadamente examinadas,

    como objetos iniciais de pesquisa, quatro abordagens de anlise da msica mensurada. Sua escolha

    foi feita tendo em vista a perspectiva rtmica na anlise deste repertrio presente em cada uma

    delas. Segue abaixo uma breve descrio destes trabalhos:

    1. Marking Mensural Time de Graeme M. Boone. Neste texto, o autor descreve que h uma

    relao direta entre a msica mensurada e a msica da prtica comum na questo do rtmo:

    ambas possuem inseridas na sua composio um pulso imutvel e abstrato. A partir deste

    axioma, o estudo determina outros parmetros como ictus, initium e um conceito prprio do

    autor: pulse framework (ou grade de pulsos). A seguir segue com anlises rtmicas de cinco

    peas que vo desde o perodo da Ars Nova at a Renascena, concluindo que h uma

    relao muito prxima entre estas peas e as do repertrio Barroco, Clssico e Romntico.

    2. A Methodology for the Analysis of Melodic Accent in Reinassance Sacred Polyphony de

    Glen Edward Ethier. Apresentado como tese de Doutorado para a Universidade de British

    Columbia, este texto prope uma nova forma de anlise da msica sacra polifnica

    renascentista sobre o parmetro analtico da percepo de acentos meldicos cruciais para a

    obra, em um contexto polifnico, e sua importncia em estabelecer pontos temporais

    especficos na mente do ouvinte. Feito isso, o autor define uma metodologia analtica que

    enfatiza os aspectos meldicos da msica sacra renascentista.

    3. Mode and Structure in the masses of Josquin de Leeman L. Perkins. Este artigo representa

    uma abordagem mais tradicionalista quanto anlise da msica mensurada, pois baseia-se

    na disposio de modos e nas suas estruturas cadenciais. O texto segue argumentando que as

    relaes modais presentes nas obras de Josquin Des Prez analisadas, principalmente na

    Missa de Beata Virgine, so aspectos da poca e no parece ser pertinente para o autor uma

    anlise que as colocassem sob tica comparativa com a tradio maior-menor, j que no

    esto presentes na obra relaes que sugiram tal possibilidade.

    4. Towards a more Rigorous Methodology for the Analysis of Pre-Tonal Repertory de

    Frederick J. Bashour. Aqui o autor busca uma abordagem mais rigorosa e sistemtica do

    repertrio pr-tonal mesclando as ideias de Heinrich Schenker e conceitos da teoria modal e

    do discanto.

    Como fundamentao terica, este projeto divide o material selecionado em duas partes, a

    saber: o material que ser utilizado no processo de exame das abordagens descritas acima e o

    material que ser utilizado para a anlise dos resultados obtidos neste exame.

    Para a primeira parte, selecionamos textos que possibilitem uma compreenso direta do

    material geral: msica mensurada. Este fim nos prope as obras The Notation of Polyphonic Music,

    de Willi Apel e Mensuration and Proportion Signs: Origin and Evolution, de Anna Maria Busse

  • 7

    Berger. O primeiro, datado originalmente de 1941, busca de forma simples e didtica explicar as

    diferentes formas de notao musical, que vo desde o incio da polifonia at o incio do Barroco. O

    segundo, mais recente (1993), servir como complemento ao primeiro, uma vez que sua proposta

    dirige-se ao mesmo fim, mas atravs de uma perspectiva histrica do material terico das

    propores rtmicas da msica mensurada. Como amparo a estes dois trabalhos, este projeto utiliza-

    se de um material especfico encontrado em artigos e verbetes a respeito do ritmo na msica

    mensurada. Alm disso, como h uma inter-relao entre as tradies musicais (mensurada e prtica

    comum), visto que os objetos escolhidos neste projeto defendem ou criticam uma aproximao

    analtica entre estas, textos que analisam o sistema do perodo da prtica comum tambm sero

    estudados. Neste caso, temos End-Accented Phrases: An Analytical Exploration de David

    Temperley, Generative Theory of Tonal Music de Fred Lerdahl e Ray S. Jackendoff, The Rhythm of

    Tonal Music de Joel Lester e The Rhythmic Structure of Music de Grovesnor Cooper e Leonard B.

    Meyer e Structural Hearing de Felix Salzer. Este ltimo, por mais que no se aproxime de uma

    teoria do ritmo propriamente dita, traa uma srie de paradigmas e pormenores, advindos da teoria

    schenkeriana, que so relevantes para o processo analtico da msica tonal.

    Para o processo seguinte o projeto busca um alinhamento com a tendncia musicolgica,

    denominada nova musicologia, ou musicologia crtica. Ao obterem-se os resultados das anlises,

    uma gama de material histrico ser levantado e, principalmente, um grande nmero de

    informaes a respeito do tratamento rtmico dado pelos compositores da msica mensurada ser

    obtido. As perguntas a serem feitas neste passo so: paralelos entre as abordagens so possveis de

    serem traados (se sim, sob qual perspectiva)? A abordagem correlaciona o material terico-

    analtico com as implicaes histrico-sociais da era da msica modal? Qual abordagem analtica

    prioriza mais o aspecto rtmico e como ocorre a conexo entre esta priorizao e o levantado pelo

    analista do ponto de vista histrico? O trabalho, neste ponto, visa relacionar os objetos mapeados

    com a msica mensurada exacerbando o contexto terico-analtico propriamente dito. Para isso, esta

    etapa fundamenta-se no enfoque dado por Joseph Kerman em seu livro Musicologia (1985). Neste,

    o autor defende que o musiclogo deve manter uma postura crtica e interpretativa de cada fato

    histrico levantado em pesquisas. O autor ainda sugere que ferramentas como a semitica, a

    hermenutica e a fenomenologia sejam vistas com maior interesse pelos musiclogos:

    [...] intil lamentar ou queixarmo-nos de que o pensamento crtico em msica se encontra conceitualmente muito menos desenvolvido do que em outras artes. De fato, quase todos os pensadores musicais esto muito aqum das locomotivas mais recentes da vida intelectual em geral, como veremos nas pginas que se seguem. Somente alguns dos mais ousados estudos musicais da atualidade recorrem semitica, hermenutica e fenomenologia. (KERMAN, 1985, p.10)

  • 8

    Outro texto utilizado como fundamentao terica nesta etapa do trabalho Re-Placing

    Medieval Music, de Judith A. Peraino. Aqui, a pesquisadora busca traar conexes entre a pesquisa

    da msica medieval e os requisitos crticos normatizados pelos tericos da nova musicologia. Tal

    qual aconselhado por Kerman no pargrafo citado acima, a autora busca fundamentao na teoria

    intertextual da crtica literria Wai Chee Dimock, visando defender uma postura enquanto crtica e

    historiadora que mantenha a dicotomia passado-presente em harmonia inerente. A autora ainda

    demonstra como esta postura pode propiciar novas leituras do material terico e musical da poca.

    Como suporte a estes trabalhos, este projeto se utilizar de materiais musicais e no-musicais para

    colocar cada abordagem analisada em perspectiva com o contexto histrico-cultural da poca da

    msica mensurada, complementando com artigos que visam ampliar a discusso sobre a pesquisa

    musicolgica atual. Portanto, textos chave como Medieval Music and the Art of Memory, de Anna

    Maria Busse Berger, Medieval Music, de Richard H. Hoppin, Music in the Reinassance de Gustave

    Reese e Art and Beauty in the Middle Ages de Umberto Eco; e os artigos Music Theory and

    Musicology de J. Peter Burkholder, Between Hermeneutics and Formalism de David Clarke,

    Musicology and Meaning de Lawrence Kramer, How We Got into Analysis and How to Get Out e

    American Musicology in the 1990s de Joseph Kerman e Por uma Nova Musicologia de Maria Alice

    Volpe foram escolhidos para atender tais propsitos.

    2. OBJETIVOS O primeiro objetivo deste projeto mapear as diferentes abordagens de anlise do repertrio

    da msica mensurada para tornar possvel o desenvolvimento de um estudo sistemtico de cada uma

    delas, calcando-se tanto nos materiais puramente terico-analticos, em primeira instncia, como na

    integrao entre repertrio e histria, utilizando-se de mtodos interpretativos que inserem-se no

    discurso acadmico atual. Alm disso, busca-se organizar estas abordagens conforme a relao de

    cada uma com o ritmo da msica mensurada.

    Ressaltamos, no entanto, que o enfoque deste trabalho se d sobre o quesito rtmico da

    msica pr-tonal, visando estabelecer como analistas diversos, de dcadas diferentes, teorizam

    sobre tal mbito. No de interesse imediato deste projeto relacionar como se deu a evoluo do

    ritmo musical na msica mensurada, mas sim, em primeiro lugar, qual a valia dada ao ritmo

    enquanto fundamento terico pelas abordagens analisadas e, feito isso, como tais abordagens

    inserem o tema ritmo dentro da cultura e da sociedade medieval e renascentista, ou ainda se as

    pesquisas analisadas pretendem fazer essa insero ou se buscam seu desenvolvimento amparadas

    sobre bases que tangem quesitos terico-analtico apenas.

  • 9

    3. PLANO DE TRABALHO E CRONOGRAMA Planeja-se desenvolver o projeto de forma crescente e gradual, com aumento considervel das atividades durante o perodo de frias escolares e com certa diminuio das atividades durante o

    perodo de provas e entrega de trabalhos na universidade.

    O cronograma previsto para um ano ser montado de acordo com as seguintes etapas:

    1. Leitura da bibliografia levantada;

    2. Mapeamento das abordagens;

    3. Anlises (fundamental e prtica);

    4. Apreciao e exame dos resultados das anlises;

    5. Organizao das abordagens;

    6. Sntese e divulgao dos resultados obtidos.

    A seguir o cronograma mensal das atividades descritas:

    Ms 1 Ms

    2 Ms

    3 Ms

    4 Ms

    5 Ms

    6 Ms

    7 Ms

    8 Ms

    9 Ms 10

    Ms 11

    Ms 12

    Leitura da bibliografia levantada X X X X X X X X X X X X Mapeamento das abordagens X X X Anlises (fundamental e prtica) X X X X X Apreciao e exame dos resultados das anlises

    X X X X X X Organizao das abordagens X X X Sntese e divulgao dos resultados obtidos X X X X

    4. MATERIAL E METODOLOGIA Os materiais de maior importncia deste trabalho so as abordagens analticas listadas no

    tpico 1 (Introduo e Justificativa) e os trabalhos de fundamentao terica, tanto aqueles que

    visam prover ferramentas na anlise prtica do material quanto os que tratam de questes

    musicolgicas atuais. Alm destes, este trabalho se utilizar de exemplos musicais e anlises do

    fator rtmico em obras dos perodos Barroco, Clssico e Romntico, e outros de msica Medieval e

    Renascentista. Ademais, conforme especificado no cronograma, durante o curso da pesquisa, os

    textos sero consultados periodicamente, pois, se por um lado as prprias abordagens so parte da

    bibliografia levantada, por outro a etapa seguinte anlise das abordagens necessita de amparo

    bibliogrfico constante.

  • 10

    A metodologia deste trabalho divide-se em trs etapas: o mapeamento, a anlise das

    abordagens e o exame dos resultados.

    Para o mapeamento, visa-se definir quais so as abordagens utilizadas, em que ano foram

    publicadas, o que cada uma delas pretende, qual a argumentao terica por trs destas, quais

    peas (de quais pocas, compositores, etc.) foram analisadas pelos autores, qual a concluso

    destas abordagens e como elas se inter-relacionam. Neste processo, busca-se levantar o mximo de

    informaes e detalhes possveis sobre cada uma das abordagens descritas neste trabalho e

    sistematiz-las atravs da contextualizao de seus objetivos.

    Aps o mapeamento, cada abordagem ser examinada isoladamente, de forma que seus

    mtodos sero examinados textualmente e colocados em prtica sobre algumas obras chave do

    repertrio medieval e renascentista. O objetivo delinear os alcances do fator rtmico delimitados

    pela abordagem em seu contexto explicativo e a relevncia de tal fator dentro da perspectiva prtica

    apresentada em cada trabalho. Isto , o que possvel apreender sobre o fator rtmico antes e depois

    da execuo prtica do que proposto na abordagem estudada. Esta etapa exegtica a priori e

    prtica a posteriori, portanto dividimo-la em:

    Anlise fundamental: Aqui ser levantada a relevncia dada ao aspecto rtmico atravs da

    interpretao textual de cada abordagem. Visa-se esclarecer o quo relevante o fator

    rtmico enquanto fundamento terico basilar.

    Anlise prtica: Aqui sero considerados os resultados prticos obtidos durante a anlise de

    obras medievais e renascentistas seguindo a metodologia proposta pela abordagem em

    questo. Esta parte calca-se sobre a mincia dada em cada mtodo analtico, do ponto de

    vista prtico, para o aspecto rtmico da msica mensurada. Apontamos que tambm sero

    considerados as anlises prticas descritas nas prprias abordagens.

    Assim, esta etapa um estudo do contedo mapeado atravs da conjuno de suas propostas

    textuais com seus respectivos resultados prticos. Como explicado acima, o parmetro essencial

    usado para a listagem das propostas analticas ser o ritmo.

    O exame dos resultados ser feito a partir do que for obtido nas etapas de mapeamento e de

    exame das abordagens listadas. Prope-se relacionar este material com as perspectivas histricas

    encontradas nos livros e textos citados como fundamentao terica. Do mesmo modo, ser

    estabelecida uma relao entre cada material e o contexto da nova musicologia, uma vez que o

    estudo de tcnicas e estilos do passado, por mais tericos que sejam, no se alienam do espectro

    musicolgico, isto , teoria musical e musicologia so complementares so um mesmo campo

    abordado atravs de mtodos diferentes. (BURKHOLDER, p.12). A resultante deste processo

    dever consistir da utilizao do que for levantado no estudo da relao entre a abordagem e o

    contexto histrico-cultural da poca da msica pr-tonal como base para deduo de uma estratgia

  • 11

    metodolgica de cada abordagem que aponte (ou no) para a tica atual da musicologia.

    5. FORMA DE ANLISE DOS RESULTADOS Os resultados obtidos durante o curso da pesquisa sero analisados de forma que seja feita

    uma relao entre o material relevante e o seu respectivo contedo. Ao finalizar o mapeamento, a

    anlise e o exame dos resultados, objetiva-se definir quais so as relaes entre os objetos de estudo

    e seus resultados prticos, considerando os quesitos rtmicos, meldicos e harmnicos, alm de

    relacion-los com o contexto histrico da msica modal, culminando no vnculo de cada trabalho

    com o contexto musicolgico atual. Aps esta sistematizao, ser possvel estabelecer uma escala

    relacionando cada mtodo com seu enfoque sobre o ritmo, definindo tambm o quo historicamente

    engajada cada abordagem. Desta forma, a pesquisa se concluir definindo quais destes mtodos

    proporcionam maior relevncia ao aspecto rtmico da msica mensurada, dentro da dimenso de

    simetria entre teoria e musicologia.

    Por fim, de desejo do pesquisador tornar pblicos os resultados obtidos durante o trabalho,

    a fim de proporcionar uma opo sistemtica para todos os que se dispem a estudar msica.

  • 12

    6. BIBLIOGRAFIA

    BIBLIOGRAFIA PRIMRIA

    APEL, Willi. The Notation of Polyphonic Music 900-1600. Cambridge, Mass: the Mediaeval Academy of America, 1961. BASHOUR, Frederick J. Towards a more Rigorous Methodology for the Analysis of Pre-Tonal Repertory. College Music Symposium, College Music Society. v. 19, n. 2, outono 1979, p. 140-153. Disponvel em: < http://www.jstor.org/stable/40374025> Acesso em: 17/02/2014 BERGER, Anna Maria B. Mensuration and Proportion Signs: Origins and Evolution. Oxford: Clarendon Press, 1993. BOONE, Graeme M. Marking Mensural Time. Music Theory Spectrum, Califrnia, v. 22, n. 1, primavera 2000, p. 1-43. Disponvel em: Acesso em: 15/01/2014 ETHIER, Glen Edward. A Methodology for the Analysis of Melodic Accent in Reinassance Sacred Polyphony. Vancouver: Universidade de British Columbia. Originalmente apresentado como tese de Doutorado. 1996. Disponvel em: Acesso em: 17/02/2014 KERMAN, Joseph. Musicologia. So Paulo: Martins Fontes, 1987. PERAINO, Judith A. Re-Placing Medieval Music. Journal of the American Musicological Society. Califrnia: University of California Press em nome da American Musicological Society. v. 54, n. 2, vero 2001, p. 209-264. Disponvel em: Acesso em: 26/05/2014 PERKINS, Leeman L. Mode and Structure in the masses of Josquin. Journal of the American Musicological Society. Califrnia: University of California Press em nome da American Musicological Society. v. 26, n. 2, vero 1973, p. 189-239. Disponvel em: < http://www.jstor.org/stable/830665> Acesso em: 17/02/2014

    BIBLIOGRAFIA SECUNDRIA BENT, Ian, et. al. Notation. In: Grove Music Online. Oxford Music Online. Disponvel em: Acesso em: 25/02/2014 BERGER, Anna Maria B. Medieval Music and the Art of Memory. Califrnia: University of California Press, 2005. BLACKBURN, Bonnie J. On Compositional Process in the Fifteenth-Century. Journal of the American Musicological Society. Califrnia, v. 40, n. 2, 1987, p. 210-284. Disponvel em: Acesso em: 23/01/2014 BURKHOLDER, J. Peter. Music Theory and Musicology. The Journal of Musicology. Califrnia: University of Califrnia Press, v. 11, n. 1, inverno 1993, p. 11-23. Disponvel em: Acesso em: 26/05/2014

  • 13

    CLARKE, David. Between Hermeneutics and Formalism: the Lento from Tippets Concerto for Orchestra (Or: Music Analysis After Lawrence Kramer). Music Analysis. Wiley-Blackwell, v. 30, n. 2-3, 2011, p. 309-359. Disponvel em: < http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1468-2249.2011.00307.x> Acesso em 26/05/2014. COOPER, Grosvenor, MEYER, Leonard B. The Rhythmic Structure of Music. Chicago: University of Chicago Press, 1963. DE FORD, Ruth. Tempo Relatioships Between Duple and Triple Time in the Sixteenth Century. Early Music Theory. Cambridge, v. 14, 1995, p. 1-51. Disponvel em: Acesso em: 17/12/2013 ________. Zacconis Theories of Tactus and Mensuration. The Journal of Musicology. Califrnia, v. 14, n. 2, 1996, p. 151-82. Disponvel em: Acesso em: 17/12/2013 ECO, Umberto. Art and Beauty in the Middle Ages. New Haven: Yale University Press, 1986. HOPPIN, Richard H. Medieval Music. Nova Iorque: W. W. Norton & Company, 1978. HOUGHTON, Edward. Rhythm and Meter in 15th Century Polyphony. Journal of Music Theory. Durham, v. 18, n. 1, 1974, p. 190-212. Disponvel em: Acesso em: 15/01/2014 KERMAN, Joseph. American Musicology in the 1990s. The Journal of Musicology. Califrnia: University of California Press, v. 9, n. 2, primavera 1991, p. 131-144. Disponvel em: Acesso em: 26/05/2014 _________. How We Got into Analysis, and How to Get out. Critical Inquiry. Chicago: University of Chicago Press, v. 7, n. 2, inverno 1980, p. 311-331. Disponvel em: Acesso em: 26/05/2014. KRAMER, Lawrence. Musicology and Meaning. The Musical Times. Londres: The Musical Times Publications, v. 144, n. 1883, vero 2003, p. 6-12. Disponvel em Acesso em: 26/05/2014 LERDAHL, Fred, JACKENDOFF, Ray. A Generative Theory of Tonal Music. Cambridge: The MIT Press, 1990. LESTER, Joel. The Rhythms of Tonal Music. Carbondale: University of Illinois Press, 1986 LONDON, Justin. Rhythm. In: Grove Music Online. Oxford Music Online. Disponvel em: Acesso em: 25/02/2014 REESE, Gustave. Music in the Reinassance. Nova Iorque: W. W. Norton & Company, 1959. SALZER, Felix. Structural Hearing. Nova Iorque: Dover Publications Inc. 1982. SEGERMAN, Ephraim. Tempo and Tactus after 1500. Companion to Medieval and Renaissance Music. Londres: J. M. Dent & Sons Ltd. 1992, p. 337-344

  • 14

    SHERR, Richard. Tempo to 1500. Companion to Medieval and Renaissance Music. Londres: J. M. Dent & Sons Ltd. 1992, p. 327-336 TEMPERLEY, David. End-Accented Phrases: An Analytical Exploration. Journal of Music Theory. Durham: Duke University Press, em nome de Yale University Music Department, v. 47, n. 1, primavera de 2003, p. 125-154. Disponvel em: Acesso em: 30/05/2014. VOLPE, Maria Alice. Por uma Nova Musicologia. Revista do Programa de Ps-Graduao em Msica da Universidade de Braslia. Braslia: Universidade de Braslia, ano 1, v. 1, julho de 2007, p. 107-122. Disponvel em: Acesso em: 26/05/2014.