a abordagem dada a os moluscos nos livros … · o que faço me apóiam e demonstram -se orgulhosos...

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE BIOLOGIA ROBERTO ALCANTARA GOMES DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA JAQUELINE LOPES DE OLIVEIRA A ABORDAGEM DADA AOS MOLUSCOS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS NATURAIS Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA ROBERTO ALCANTARA GOMES

DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA

JAQUELINE LOPES DE OLIVEIRA

A ABORDAGEM DADA AOS MOLUSCOS NOS

LIVROS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS NATURAIS

Rio de Janeiro

2010

II

JAQUELINE LOPES DE OLIVEIRA

A ABORDAGEM DADA AOS MOLUSCOS NOS

LIVROS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS NATURAIS

Trabalho final apresentado ao Instituto de Biologia

Roberto Alcantara Gomes da Universidade do

Estado do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do grau de licenciado em

Ciências Biológicas.

Orientadora: Profª Drª Marilene de Sá Cadei

Rio de Janeiro

2010

CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC-A

Oliveira, Jaqueline Lopes de.

A abordagem dada aos moluscos nos livros didáticos de ciências naturais / Jaqueline Lopes de Oliveira. – 2010.

82f. : il. Orientadora: Marilene de Sá Cadei. Banca Examinadora: Gleisse Kelly Meneses Nunes, Andrea

Espinola de Siqueira. Projeto Final apresentado ao Instituto de Biologia Roberto

Alcantara Gomes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, para obtenção do grau de Licenciado em Ciências Biológicas.

Inclui bibliografia.

1. Livros didáticos – Avaliação. 2. Molusco. 3. Ciência. I. Cadei, Marilene de Sá. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes. IV. Título.

CDU 371.671:594

O48

IV

JAQUELINE LOPES DE OLIVEIRA

A ABORDAGEM DADA AOS MOLUSCOS NOS LIVROS

DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS NATURAIS

Trabalho final apresentado ao Instituto de Biologia

Roberto Alcantara Gomes da Universidade do

Estado do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do grau de licenciado em

Ciências Biológicas.

Aprovado em: _____/______/_____

Banca Examinadora

____________________________________________

MSc. Gleisse Kelly Meneses Nunes IBRAG - Departamento de Zoologia

Laboratório de Malacologia Límnica e Terrestre Universidade de Estado do Rio de Janeiro

_____________________________________________

Profª Drª Andrea Espinola de Siqueira Departamento de Ensino de Ciências e Biologia

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro

2010

V

DEDICATÓRIA

A minha família, base forte de toda a minha vida e apoio incondicional a

minha formação.

A minha mãe pelo apoio, incentivo, carinho e orgulho, ao meu pai pela

estabilidade e proteção.

Aos meus irmãos pelo companheirismo e amizade.

VI

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Maria Cristina e Jorge e meus irmãos Jr. e Horrana pela base

forte, carinho e apoio.

Aos meus familiares queridos que apesar de não compreenderem muito bem

o que faço me apóiam e demonstram-se orgulhosos e solícitos.

A minha orientadora Sonia Barbosa dos Santos pelo incentivo.

A Marilene de Sá Cadei pela orientação e doação de seus conhecimentos.

Aos meus amigos de Laboratório que são verdadeiros incentivadores da

minha graduação, ajuda para todas as horas, apoio para decisões difíceis e colegas

de brincadeiras. Agradeço a Claudia pelas dicas de sofisticação, a Lú pelos

trabalhos manuais talentosíssimos e os toques de celulares, a Gleisse por ser

companheira para certas metas, ao Eduardo pela paciência de explicar tão

minuciosamente e perfeitamente algumas dúvidas, a Renatinha por ser tão “fofa”, a

Mari pelas dicas de limpeza e organização, a Renata Ximenes companheira de

“bobeiras” e gargalhadas (“bobeiras” que somente eu e ela entendemos), a Vivi

pelas trufas derrubadoras de dieta, ao Tiago pela enrolação saudável, a Francielle

pelas dicas e parcerias de “nights”, a Isabela pelas decepções, momentos de raiva,

chatices e “zoações”, tudo bem garota, apesar de tudo, ainda te considero amiga! Ao

Amilcar pelas suas tiradas engraçadas, ajuda em inúmeros trabalhos e pela

confiança e finalmente ao meu amigo “japonês peludo” Igor que sempre me atura e

está sempre disposto a ajudar quando eu grito: Ôôôôô! IGOOOR! Ajuda aqui? Ou

para o: “Partiu Lorena?” Obrigada por tudo gente!

A minha turminha querida, que adoro 2005/2. A turma mais peluda de todos

os tempos. Foi perfeita essa combinação, todos vocês ajudaram na minha formação,

cada um, de um jeito especial. Principalmente as gatonas Carol gata, Paulinha,

Graziiiii lindaaa, Laíses, Raquel Mariana peluda, Adriana super inteligente e aos

meninos: Clayton, Anderson, Ulisses, Tiaguinho e Allan são tão poucos que é

possível contá-los nos dedos!

As minhas amigas, onde verdadeiros laços de companheirismos foram

criados. Agradeço a Patrícia, amiga inseparável e leal (JAK-STAT), a minha amada

VII

Jureminha Nata, a Jana figuraça de dançinhas pela UERJ, a Evelin sempre risonha,

a Debiiiiii toda tímida e chorona, a Andreza sempre marcante, a Cíntia Milk-shake

carente, ao Ulisses sempre calmo, a Vivi com toda a sua meiguice, a Ellen baladeira,

a Cíntia estilosa. Obrigada peludos!

As minhas amigas de infância Raphaela, Cristiane, Bianca e Bia, que apesar

de não fazerem parte desse meu mundo, são bastante incentivadoras da minha

profissão.

Aos meus amigos “Uerjianos” que foram companheiros de disciplinas,

bagunças, diversões, choros e lutas: Leandra, Aline, Paula, Sandra, Alessandra e

muitos outros que tenho imenso carinho.

Aos meus professores amigos do AMV-Mangueira que foram fundamentais na

minha escolha pela UERJ.

Aos funcionários da UERJ que foram prestativos e ajudaram nas burocracias.

Ao IBRAG.

“Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela

desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a

qualidade”

Confúcio

VIII

“Quem não tem conhecimento, desconhece o poder que possui.”

Autor desconhecido

IX

RESUMO

O livro didático (LD) é um dos recursos didáticos mais importantes e mais

utilizado nas instituições de ensino público e privado, sendo muitas vezes o único material de ensino disponível para o professor. O LD de Ciências Naturais apresenta grande relevância na alfabetização científica dos alunos, como incentivador da aplicação da metodologia científica, na atualização dos avanços científicos e tecnológicos, bem como veículo disseminador dos alarmantes problemas ambientais em vigência atualmente. O filo Mollusca é o segundo grupo zoológico em número de espécies, mas sofre grande dificuldade para o real dimensionamento de sua diversidade devido à visível carência de estudos na área. O LD de Ciências Naturais pode incentivar os alunos a estudarem a biodiversidade e se engajarem em ações conservacionistas. Desta forma, o presente estudo teve por objetivo verificar se a abordagem dada a este filo nos LDs de Ciências Naturais contribui para a conservação do mesmo. Os moluscos são estudados no 7° ano, dentro do contexto dos seres vivos. Sendo assim, foi analisado o capítulo sobre os moluscos em cinco LDs de Ciências Naturais direcionados para o 7° ano utilizados nas redes públicas e privadas de ensino. Os livros foram avaliados através de quatro categorias (conteúdos teóricos, recursos visuais, atividades propostas e contribuição para a conservação do filo) que se subdividiram em 12 critérios. Esses critérios abordavam a clareza e correção do texto, a qualidade das ilustrações e correção da legendas, a qualidade das questões ao final do capítulo, a problematização do conteúdo através das questões, a existência de propostas de atividades em grupo, a indicação de fontes complementares de informações, a estimulação de novas tecnologias e se ao longo do capítulo existia textos, atividades e ilustrações voltados para o incentivo à conservação dos moluscos. Os resultados mostraram que a maioria dos LDs apresentou conteúdos equivocados, má qualidade das ilustrações, atividades avaliativas insuficientes e principalmente não apresentam conteúdo contributivo para a conservação do filo, ou seja, os conceitos eram apresentados de maneira superficial ou indireta. Diante das informações obtidas podemos perceber que muitos aspectos dos conteúdos dos moluscos nos LDs precisam ser aprimorados ou incrementados para que haja uma contribuição efetiva na conservação do filo. Por fim, são sugeridas modificações pertinentes nos LDs para se atingir o aprimoramento sugerido.

Palavras-chave: Livro didático, Mollusca, diversidade, conservação

X

ABSTRACT

The textbook is one of the most important teaching resources and it is widely used in public and private education institutions. Sometimes, textbook is unique teaching material available to teacher. Natural Sciences’ textbook are highly relevant in students scientific literacy, such as encouraging the application of scientific methodology, the update of scientific and technological advances as well as vehicle disseminator of the alarming environmental problems currently in effect. The phylum Mollusca is the second group in zoological species, but remains very difficult for the actual design of diversity due to its apparent lack of studies in the area. The LD of Natural Sciences can encourage students to study biodiversity and engage in conservation actions. Thus, this study aimed to verify whether the approach given to this phylum in LDs Natural Science contributes to the conservation of it. The snails are studied in 7th grade, within the context of living beings. Therefore, we analyzed the chapter on molluscs at five LDs of Natural Sciences directed to the 7th grade used on public and private schools. Therefore, we analyzed the chapter on molluscs at five LDs of Natural Sciences directed to the 7th grade used on public and private schools. The books were evaluated by four categories (theoretical content, visuals, proposed activities and contribution to the preservation of the phylum) which are subdivided into 12 criteria. These criteria addressed the clarity and correctness of the text, the quality of illustrations and subtitles correction, the quality of the questions at the end of the chapter, the questioning the content through questions, the existence of proposals for group activities, an indication of additional sources information, the stimulation of new technologies and there throughout the chapter texts, illustrations and activities aimed at encouraging the conservation of mollusks.The results showed that most of the LDs had mistaken content, poor quality of illustrations, evaluation activities and above all do not have enough content contributory to the conservation of the phylum, namely, the concepts were presented in a superficial or indirectly. Considering the information obtained we can see that many aspects of the content of molluscs in LDs need to be improved and expanded so that there is a real contribution in preserving the phylum. Finally, relevant changes are suggested in the LDs to achieve the improvements suggested.

Keywords: Textbook, Mollusca, diversity, conservation

XI

SUMÁRIO

RESUMO.............................................................................................................. IX

ABSTRACT.......................................................................................................... X

INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1

1. O LIVRO DIDÁTICO........................................................................................ 5

1.1 Plano Nacional do livro didático - PNLD.............................................. 6

1.2 O livro didático de Ciências Naturais................................................... 8

2. O FILO MOLLUSCA........................................................................................ 11

2.1 As classes de moluscos....................................................................... 14

2.3 Por que estudar os moluscos?............................................................ 22

2.4 Educação e a conservação do filo Mollusca....................................... 27

3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................ 29

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 33

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 61

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 66

- 1 -

INTRODUÇÃO

O livro didático (LD) é considerado um dos mais importantes recursos de

ensino, já que em muitos casos é a única fonte de apoio didático disponível para

professores e alunos (VASCONCELLOS e SOUTO, 2003; CASSAB e MARTINS

2003). É um dos recursos mais difundidos no meio educacional, abarcando os

setores sociais de ensino (escolas públicas e privadas).

Muitos autores já realizaram estudos sobre o livro didático de Ciências:

Fracalanza, 1993

Bizzo, 1996;

Lajolo, 1996;

Amaral e Neto, 1997;

Bizzo, 2002

Mohr, 2000;

Filho e Tomazello, 2002;

Martins e Guimarães, 2002;

Cassab e Martins, 2003;

Neto e Fracalanza, 2003;

Núnez et al, 2003;

Vasconcelos e Souto, 2003;

Vasconcellos, Gomes e Ferreira, 2003

Choppin, 2004;

Sandrin, Puorto e Macedo, 2004;

Nardi, 2005;

Santos et al. 2007;

Bandeira, 2010;

Pereira et al. 2010.

Estes autores indicaram a grande relevância dos livros didáticos na

alfabetização científica dos alunos, bem como o incentivo à aplicação da

metodologia científica e seu papel significativo de informar sobre diferentes aspectos

- 2 -

os avanços tecnológicos, científicos, como também um dos assuntos de grande

vigência atualmente - a degradação ambiental e a redução de espécies.

Segundo Gowdak e Martins (2006) um dos objetivos do estudo de Ciências

Naturais para o 6° e 7º ano do ensino fundamental é incentivar entre os alunos a

valorização da vida, em sua diversidade, a conservação dos ambientes e das

espécies. No entanto, para que isto se mostre efetivo é preciso o desenvolvimento

de estudos analíticos sobre os diferentes aspectos dos LDs de Ciências Naturais,

que visem contribuir para o aperfeiçoamento dos conteúdos presentes neste recurso

didático.

Um exemplo de conteúdo que merece a atenção dos pesquisadores são os

conteúdos ecológicos e zoológicos, pois são amplamente difundidos no ensino

fundamental e, portanto, necessitam ser ensinados corretamente. Como exemplo de

conteúdos sobre Zoologia que são estudados na educação básica, podemos citar o

estudo dos moluscos que, segundo a análise de alguns autores, vêm sendo

apresentando nos livros didáticos com vários tipos de erros (SANTOS et al. 2007).

O filo Mollusca é o segundo maior grupo zoológico em número de espécies

(SIMONE, 1999; RUPERT; FOX; BARNES, 2005) e pode estar sofrendo uma grande

carência de estudos dentro de determinados setores da área, formando algumas

lacunas e dificultando o real dimensionamento do estado de conservação do grupo.

Muitas medidas para promover o incentivo à conservação do grupo estão

sendo elaboradas, dentre elas estão as ações de Educação Ambiental (CADEI,

2009) e a divulgação de informações científicas corretas sobre o grupo. Como

instrumento de potencial valor educativo, podemos citar o LD de Ciências Naturais.

Entretanto, para que possamos divulgar estas informações, é preciso que os

conteúdos apresentados pelos LDs estejam corretos e sejam capazes de suprir

todas as bases teóricas sobre o filo, como os aspectos anatômicos, fisiológicos,

taxonômicos e ecológicos.

A teoria presente nos LDs deve abordar a integração dos animais com seus

ambientes evitando os estudos destes de forma isolada, acrescentando as relações

ecológicas existente entre as espécies e seus habitats.

- 3 -

Considerando que:

1. o livro didático é um dos recursos didáticos mais utilizado pelos professores

em suas aulas;

2. O LD funciona na maioria das vezes como única fonte de consulta para o

preparo de aulas pelos professores;

3. a maioria dos alunos utiliza o LD como referência bibliográfica para as

chamadas ―pesquisas‖ ou como guia de estudo;

4. é extremamente importante a apresentação correta de conceitos oferecidos no

LD de Ciências ou de outras áreas do ensino, pois erros graves podem prejudicar

o desenvolvimento intelectual e expor a riscos os leitores;

5. muitas espécies de moluscos são encontradas em lugares de fácil acesso

como parques, jardins, hortas e quintais de casas ou escolas e remetem a

algumas crianças a curiosidade, sentimentos de repugnância e o receio devido

as crenças que acompanham este grupo;

6. poucos estudos a respeito dos moluscos são realizados (SANTOS; LACERDA;

MIYAHIRA, 2009), principalmente para os grupos terrestres, e como

conseqüência, não são considerados em programas de políticas públicas

decisivas que levem a conservação (NUNES, 2007).

7. os moluscos formam um grupo com grande importância para a economia

(alimento e ornamentações), para a saúde pública (hospedeiras de parasitas

patogênicos ) e para as relações ecológicas como agentes recicladores do

ecossistema, relações tróficas, polinizadores, disseminadores de semente e

como bioindicadores (BARKER, 2001; THOMÉ; GOMES; PICANÇO, 2006).

- 4 -

É imprescindível a realização de estudos que tenham por objetivo o

aprimoramento do conteúdo sobre a conservação dos moluscos nos LDs de

Ciências Naturais, tendo em vista a grande importância do filo para a biodiversidade

e o equilíbrio ecológico.

Sendo assim o objetivo geral do trabalho foi verificar se a abordagem dada

aos moluscos nos livros didáticos de Ciências Naturais contribui para a conservação

do filo.

A análise sobre o filo Mollusca em LD de Ciências Naturais nesse trabalho, se

justifica, pois contribui amplamente com estudos em educação que levam a

conservação de moluscos, bem como dos ambientes onde estão inseridos. Este

estudo pode funcionar também como um subsídio para a elaboração de projetos de

tomada de decisões por meio de entidades de estudos sobre os aspectos

relacionados aos livros didáticos, visando à melhoria deste recurso.

- 5 -

1. O LIVRO DIDÁTICO

O livro didático (LD) tem sido o material didático tradicional mais utilizado em

sala de aula pelos professores. (VASCONCELLOS; GOMES; FERREIRA, 2003).

Muitas vezes é a única fonte bibliográfica de consulta entre os professores e alunos.

Este recurso didático é empregado freqüentemente para complementar os

conhecimentos do docente e, como principal guia de estudos para os alunos

referente ao conteúdo ensinado pelo professor. (NETO e FRACALANZA, 2003).

Santos et al. (2007 p.312) cita:

O material didático – em especial, o livro didático [...] - é um dos principais recursos utilizados, pelos professores, no seu trabalho diário de preparação de aulas; e, para os alunos, é uma das únicas fontes de pesquisa e estudo.

Sendo assim, o livro didático pode funcionar como uma das ferramentas de

potencial valor para o processo de alfabetização científica, para a construção do

conhecimento, elaboração do raciocínio lógico e conduta questionadora entre os

alunos. Além de incentivar a busca do conteúdo escolar, através de temas

abordados em suas páginas. É uma "fonte viva de sabedoria", devendo ser capaz

de orientar os processos do desenvolvimento da personalidade integral das crianças

(NÚNEZ, 2003).

Pode funcionar ainda como um importante material de veiculação do

conhecimento científico produzido. Além disso, é de fácil penetração nas diferentes

comunidades escolares, podendo atingir instituições públicas ou privadas. Segundo

Lajolo (1996) é um dos materiais escolares mais influenciadores no processo de

aprendizagem. Lajolo (1996 p.4):

Em sociedades como a brasileira, livros didáticos e não-didáticos são centrais na produção, circulação e apropriação de conhecimentos, sobretudo dos conhecimentos por cuja difusão a escola é responsável.

- 6 -

Dentre a variedade de livros existentes, todos podem ter — e efetivamente têm — papel importante na escola.

Com essa ampla penetração e importância, criaram-se preocupações acerca

dos conteúdos abordados através desse recurso didático (SANDRIN; PUORTO;

NARDI, 2005), possibilitando um novo campo de estudos em Educação. Choppin

(2004) corrobora isto quando relata que o LD, após ter sido negligenciado por

pesquisadores, vem se destacando como temática de inúmeros estudos,

construindo uma área crescente de pesquisas em vários países.

Mohr (2000) enfatiza que existe a necessidade de trabalhos que objetivem a

qualidade do livro didático, bem como, seu uso como potencial questionador da

prática docente. Conteúdos equivocados encontrados nos LDs podem ser

prejudiciais no processo de aprendizagem do aluno, daí se justifica a relevância de

estudos para denunciarem os erros encontrados nos LDs (CASSAB et al. 2003).

Todos os componentes dos LD devem estar em perfeita harmonia, para que o

objetivo final proposto por ele seja alcançado. Lajolo (1996) explica que não

somente a linguagem verbal deve ser perfeita, mas outros fatores que compõem os

livros e complementam seu conteúdo, devem ser de qualidade, como: impressões

perfeitas, encadernação resistente, fotografias, tabelas e diagramas nítidos que

sejam relacionadas e complementares ao texto. Deve está totalmente direcionado a

funcionar como mais uma ferramenta de ensino, de tal maneira, que os alunos

possam compreender o que é oferecido em suas páginas e resolver as atividades

propostas. Assim, a qualidade dos conteúdos dos livros deve ser levada em conta

no momento de escolha e adoção dos mesmos pelas escolas.

1.1. Plano Nacional do livro didático– PNLD

O Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) é o mais antigo dos programas

voltados à distribuição de obras didáticas aos estudantes da rede pública de ensino

brasileira. Foi criado em 1929 pelo Estado com outra denominação (Instituto

- 7 -

Nacional do livro- INL) para criar ou regulamentar leis sobre políticas do livro

didático. Ao longo desses 81 anos, o programa se aperfeiçoou e teve diferentes

nomes e formas de execução. O PNLD é totalmente direcionado para o ensino

fundamental público, incluindo as classes de alfabetização infantil (MEC, 2010).

Para analisar a qualidade dos livros didáticos, o Ministério da Educação

(MEC) e outros setores do governo como o FAE - Fundação de Assistência ao

Estudante coordenaram e aperfeiçoaram em meados de 1995 o PNLD. Esta

renovação teve como objetivo, o aprofundamento dos critérios de análise, permitindo

uma avaliação mais pedagógica dos conteúdos. Bizzo (1996) observa que, essa

nova proposta de análise, deve contribuir para a redução dos danos intelectuais

causados por erros conceituais veiculados pelos livros didáticos, que futuramente

podem comprometer a vida social e profissional do aluno, bem como, expô-lo a

riscos. Bizzo (1996, p.28) cita:

Não se pretendeu fazer julgamentos morais de livros didáticos, mas sim

uma análise do conhecimento ali veiculado, preocupada com sua

correção e sua adequação educacional aos estudantes a que se destina.

Procuramos evidenciar a acuidade da informação transmitida,

identificando erros conceituais capazes de comprometer o

desenvolvimento intelectual do aluno. Da mesma forma, a adequação

pedagógica dos livros foi analisada […]

O Guia de Livros Didáticos (sinopse de cada publicação, classificada de

acordo com a qualidade do conteúdo) foi um dos frutos dessa renovação, permitindo

aos professores fazer uma avaliação mais adequada dos LDs de acordo com a

região em que sua escola e seus alunos estão inseridos.

Em 2001, a execução do programa foi ampliada para as escolas regulares,

que possuem alunos com deficiência visual que utilizam livros didáticos em Braille.

A partir do PNLD/2002, ocorreu uma descentralização da avaliação dos LD

pelo MEC, que passou a buscar parcerias com instituições públicas de ensino

- 8 -

superior com o objetivo de promover o envolvimento das universidades públicas, e

transferência dos conhecimentos acumulados pelo ensino superior de pesquisa

sobre os LD, ao longo de várias edições do PNLD (MEC, 2010).

No ano de 2004, com a Resolução nº 40, de 24/08/2004, o atendimento foi

ampliado também aos estudantes portadores de necessidades especiais das

escolas de educação especial públicas, comunitárias e filantrópicas, onde foram

avaliados livros didáticos de língua portuguesa, matemática, ciências, história,

geografia e dicionários.

1.2. O Livro de Ciências Naturais

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), um dos objetivos do

ensino fundamental é fazer com que os alunos se integrem, percebam-se

dependentes e ao mesmo tempo agentes transformadores do ambiente. Neves et al.

(2004) ainda explica que são inúmeras as relações entre os seres vivos e o

ambiente, sendo estas fundamentais para a manutenção da vida, ou seja, o quanto

é importante, o mínimo de esclarecimento do nosso papel na natureza, bem como

dos outros seres vivos.

No período do ensino fundamental, os alunos já apresentam capacidade

cognitiva ideal para adquirir noções básicas teóricas, para enriquecerem a sua visão

de mundo, fazendo com que, ao longo de suas vidas, sejam capazes de se

posicionarem diante de questões apresentadas de maneira crítica. Neto e

Fracalanza (2003) ressaltam que, na educação básica, devem ser oferecidos livros

didáticos que possibilitem aos alunos uma gama de interpretações sobre o mundo.

É ainda extremamente importante que a cidadania dos educandos seja

exercida, para que todo o processo de construção do indivíduo no período da

educação básica, também esteja direcionada para se obter uma conduta ativa

socioambientalmente (SILVA, 2009). O LD de Ciências Naturais pode e deve

contribuir vigorosamente com esses objetivos.

- 9 -

Núnez (2003) destaca que com a atual reforma do ensino fundamental, é

altamente exigido que os LDs apresentem-se de acordo com as recentes exigências

de uma educação do século XXI, no qual o conhecimento, os valores, a estimulação

da busca de informações e a alfabetização científica e tecnológica sejam elementos

essenciais para o ensino de Ciências.

Segundo Vasconcellos e Souto (2003), o LD de Ciências tem um diferencial

que o destaca dos demais - a aplicação do método científico. O LD deve ser capaz

de estimular a capacidade investigativa, fazendo a promoção da reflexão sobre os

diferentes aspectos da realidade, ou seja, tornar o leitor/aluno menos passivo,

permitindo a ele, ser o agente de sua própria conduta de construção do

conhecimento. Ele também pode ter um papel importante de aproximar a

comunidade científica e o meio escolar, apresentando as inovações alcançadas,

através de pesquisas científicas e tecnológicas em vigência no mundo atual.

(NÚÑEZ, 2003; SANTOS et al. 2007).

No entanto, livros didáticos de Ciências também podem ser carreadores de

conceitos errôneos ou preconceitos sociais, raciais e culturais em suas páginas

(BIZZO, 1996). Esses erros podem ser detectados em todos os segmentos do livro,

mas podem ser rapidamente e facilmente ponderados pelos professores por meio de

seus conhecimentos sobre o assunto, através do auxílio de colegas de escola,

outros recursos didáticos e a assessoria de profissionais especializados.

Muitas vezes o LD apresenta empecilhos para o desenvolvimento intelectual

dos alunos. Segundo Neto e Fracalanza (2003) o conteúdo científico abordado em

alguns livros são apresentados como um produto inerte e acabado, apresentado por

especialistas insuperáveis e privilegiados da sociedade, que confeccionam estes

conceitos como verdade absoluta, desconsiderando o contexto político, histórico,

ideológico e econômico. Tratam os alunos como um leitor passivo, sem capacidade

crítica e que recebe idéias descontextualizadas da realidade.

Outro fator presente no LD de Ciências das séries iniciais é o

antropocentrismo. Muitos livros ainda formulam seus textos com a velha visão

ocidental do homem como fator central, dominador da natureza. Inúmeras vezes

- 10 -

dificultando o entendimento e a ação dos leitores, que levem a redução dos

problemas gerados pelo homem que consequentemente degradam o ambiente

(MARTINS; GUIMARÃES, 2002).

Kindel et al. (1997) complementam essa idéia, quando enfatizam que os LDs

de Ciências, muitas vezes, apresentam informações de como o homem pode tirar

proveito dos seres vivos, enquadrando-os nas categorias ―úteis‖ e ―nocivos‖.

Devido à importância dos livros didáticos na educação brasileira, em especial

o livro de ciências, que pode oferecer um papel relevante para a sociedade, quando

se apresenta em certas ocasiões, como uma exclusiva forma de mostrar as

descobertas científicas e os avanços tecnológicos que estão presentes no mundo

científico, torna-se de suma importância sua análise, buscando melhorias na

qualidade da apresentação do conteúdo, bem como em sua forma de estruturação,

para que os equívocos nos conteúdos teóricos sejam denunciados e possam ser

veiculados livros de alta qualidade científica.

- 11 -

2. O FILO MOLLUSCA

Os moluscos (do latim molluscus, -i: mole; moll, mollis: mole) são o segundo

maior grupo de animais em número de espécies, sendo superado apenas pelos

artrópodes. O número de espécies conhecidas para esse grupo atinge cerca de

100.000, variando de 50.000 a 150.000, esta variação, é devida, em grande parte, a

uma mesma espécie ser descrita com nomes diferentes (RUPERT; FOX; BARNES,

2005) Para o Brasil 1.600 espécies estão descritas cientificamente (SIMONE, 1999).

Apresentam uma enorme diversidade morfológica reunindo os famosos

caracóis, ostras, mexilhões, lulas e polvos, assim como formas pouco conhecidas

como os quítons, conchas dente-de-elefante e espécies vermiformes. Segundo

Rupert; Fox e Barnes (2005) Mollusca inclui os sete táxons:

1.Classe Aplacophora

2.Classe Monoplacophora

3.Classe Polyplacophora

4.Classe Bivalvia

5.Classe Scaphopoda

6.Classe Gastropoda

7.Classe Cephalopoda

Em abordagens filogenéticas mais recentes Barnes et al. (2008) descrevem o

filo Mollusca como detentor de oito classes, onde destacam-se os gastrópodes e os

bivalves que juntos reúnem acima de 98% das espécies viventes conhecidas, são

elas:

1. Classe Chaetodermorpha

2. Classe Neomeniomorpha

3. Classe Monoplacophora

4. Classe Polyplacophora

5. Classe Gastropoda

6. Classe Bivalvia

7. Classe Scaphopoda

- 12 -

8. Classe Cephalopoda

Devido à grande diversidade morfológica, Mollusca pode ser considerado um

filo não natural por iniciantes no estudo do grupo. A fim de modificar esta idéia

precoce e facilitar a compreensão da trajetória evolutiva, que resultaram nesta gama

de formas tão diversificadas, os livros textos apresentam inicialmente o ―molusco

generalizado‖ (SIMONE, 1999). Muitos explicam que as classes de moluscos

derivaram deste ancestral hipotético, mas apesar de ser um modelo teórico,

facilitador do entendimento de como as diferentes formas derivaram deste ancestral,

a adição de estudos filogenéticos para este grupo mostram que o molusco

generalizado que possivelmente viveu no pré-cambriano, teria estruturas

morfológicas distintas, levando a pontos controversos em relação ao surgimento das

classes (SIMONE, 1999).

São conhecidas espécies de moluscos desde o pré- Cambriano. Com origem

marinha e bentônica, esse grupo invadiu quase todos os ambientes, mesmos os

mais especializados micronichos ecológicos (BARBOSA, 1995; RUPERT; FOX;

BARNES, 2005). Ocorrem desde as mais profundas fossas abissais, até as grandes

altitudes de montanhas como também em regiões de temperaturas extremas como

geleiras da Antártica até desertos tórridos (SIMONE, 1999).

Farias e Barreira (2007) relatam que os moluscos têm uma grande

importância para o homem, desde as remotas épocas pré-históricas até os dias

atuais. Principalmente nas épocas mais antigas quando serviam de alimento, e suas

conchas eram utilizadas como peças ornamentais, utensílios de corte, moedas, ou

como símbolos de poder. Na Roma antiga as ostras eram consideradas uma iguaria

requintada (BAUTISTA, 1989).

Atualmente os moluscos são o grupo de animais que oferecem melhores

perspectivas sobre a produção e rentabilidade econômica. Principalmente na

aquicultura marinha, onde os custos investidos para a produção dessa atividade são

menores comparativamente à produção de outros grupos zoológicos (BAUTISTA,

1989).

- 13 -

Lobão (2005) comenta que a aquicultura mundial tem se destacado, devido

ao seu sucessivo crescimento em produtividade, ganhando papel importante dentro

do setor econômico do cultivo internacional.

Bivalves são os mais utilizados para o cultivo e contém a maioria das

espécies utilizadas para a alimentação humana (BRASIL, 2008), principalmente

ostras, mexilhões, sernambis, etc., seguido de alguns representantes da classe

Gastropoda como certas espécies do gênero Haliotis conhecido popularmente como

abalones, a espécie Strombus gigas Schröder, 1805 ricamente cultivada no Caribe

(BAUTISTA, 1989) e o Helix aspersa Müller, 1774, vulgo ―escargot‖ muito difundido

na culinária européia e altamente comercializado no sul do Brasil (THOMÉ; GOMES;

PICANÇO, 2006). A produção de cefalópodes também contribui para a economia.

Vidal (2005) exprime que as pescarias de polvos têm atingido um alto valor

comercial, principalmente em países da Ásia e Europa. Hilsdorf (2007) ressalta que

o polvo comum (Octopus vulgaris Cuvier, 1797) vem aumentando gradativamente

sua contribuição na produção pesqueira na costa brasileira principalmente nas

regiões sul e sudeste do Brasil. Além disso, Vidal (2005) incentiva o cultivo de polvos

para suprir as grandes demandas mundiais de comercialização desse molusco e

sugere para essa prática, o polvo comum, que se mostra amplamente distribuído

pela costa brasileira e apresenta uma biologia e características ecológicas altamente

atrativas para o cultivo.

Um grande interesse médico-veterinário também está atrelado aos moluscos

devido a algumas espécies servirem como potenciais hospedeiros de parasitas

agentes etiológicos de doenças (BRASIL, 2008). Entre essas espécies, se destacam

as da classe Gastropoda que inclui espécies transmissoras da esquistossomose e

de outras helmintoses (BRASIL, 2008).

Fischer et al. (2010) salientam que o parasitismo é normal nos moluscos e

pode ser facilitado pela consistência do corpo (mole) que funciona como ótima porta

de entrada de parasitas e também pelos habitats e hábitos desse grupo.

Algumas espécies de moluscos podem ser hospedeiras de trematódeos

digenéticos e de alguns nematóides parasitos do homem e de animais domésticos.

- 14 -

No Brasil, as principais parasitoses as quais os moluscos estão relacionadas são a

esquistossomose, a fasciolose e as angiostrongilíases (BRASIL, 2008). Como

principais famílias de importância médica e veterinária podemos destacar as da

Ordem Basommatophora, que são elas: Chilinidae, Lymnaeidae, Physidae,

Ancylidae e Planorbidae.

2.1. As classes de moluscos

2.1.1. Classe Chaetodermorpha

São indivíduos muitos primitivos que evoluíram antes do surgimento de

conchas sólidas. São moluscos pequenos, vermiformes (corpo cilíndrico de 2 mm a

14 cm de comprimento), alongados em seu eixo anteroposterior, os quais escavam

em sedimentos das profundezas marinhas. Algumas espécies passam a vida inteira

nos ramos de vários cnidários, dos quais eles se alimentam. Os quetodermomorfos

não têm pé bem desenvolvido e concha sólida ausente. Não há órgãos excretores

ou gonodutos. A cabeça é pouco diferenciada e desprovida de olhos ou tentáculos

sensoriais e algumas espécies não apresentam rádula (BARNES et al. 2008).

- 15 -

Figura 1: Dois exemplares da espécie Chaetoderma canadense, Nierstrasz,

1902. Foto no site: http://www.whoi.edu/science/B/aplacophora/defchaetneo.htm

2.1.2. Classe Neomeniomorpha

São moluscos desprovidos de concha, totalmente acéfalos, vermiformes,

alongados segundo o eixo anteroposterior e similarmente aos quetodermomorfos

não possuem órgãos excretores, gonodutos, e em alguns grupos a rádula está

ausente. O corpo dos neomeniomorfos pode apresentar entre 1 mm a 30 cm de

comprimento, é comprimido lateralmente e possui um sulco ventral longitudinal, no

qual estão localizadas, uma ou mais cristas baixas, consideradas como um pé

reduzido (BARNES et al. 2008)..

2.1.3. Classe Monoplacophora

Monoplacóforos são moluscos com concha formada de uma única peça em

forma de capuz (Figuras 2a e b), como uma lapa, e variam em comprimento desde

Foto: R. Robertson

15 cm

- 16 -

vários milímetros a aproximadamente 4 cm. Eles vivem nos oceanos em

profundidades moderadas a grandes. O arranjo repetido de vários órgãos é a

característica mais notável desse grupo, levando a especulação que eles teriam uma

ligação com um ancestral segmentado dos Mollusca (BRUSCA; BRUSCA, 2007).

Figuras 2a e b: Um exemplar do monoplacóforo da espécie Neopilina galathea

(Lenche, 1957). A- Vista ventral e B- Vista dorsal. Foto no site:

http://animaldiversity.ummz.umich.edu/site/accounts/information/Monoplacopho

ra.html

2.1.4. Classe Polyplacophora

Os poliplacóforos, ou quítons, têm contorno oval e uma concha com oito

placas dorsais, circundadas e unidas por um cinturão coberto por escamas,

espinhos, espículas ou cerdas calcárias ou quitinosas. As placas são

independentes, porém articuladas. Possuem comprimentos que variam desde

aproximadamente 7 mm a mais de 35 cm. São animais marinhos que habitam

regiões entremarés ao redor do mundo e em todas as latitudes (BRUSCA; BRUSCA,

2007).

A B A B

10 mm 10 mm

- 17 -

Figura 3: O quíton Ischnochiton striolatus (Gray,

1828), distribuição Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Foto no site:

http://www.conchasbrasil.org.br/english/conchology/d

escricao.asp?id=385

2.1.5. Classe Bivalvia

Esta classe inclui ostras, mexilhões e seus aparentados. Possuem uma

concha dividida em duas valvas (Figura 4) articuladas pela região dorsal e com

região cefálica extremamente reduzida sem apresentar cabeça, tentáculos, olhos e

rádula. Os menores bivalves podem atingir até 2 mm de comprimento, os maiores

são espécies que podem apresentar massa de até 400kg. Bivalves habitam todos os

tipos de ambiente marinhos e muitos habitats de água doce (BRUSCA; BRUSCA,

2007).

Foto: Matt Knoth

1 cm

- 18 -

Figura 4: O bivalve da família Pectenidae Lyropcten nodosus

(Linnaeus, 1758) distribuição no litoral brasileiro: São Paulo, Rio de

Janeiro, Espírito Santo e Bahia. Detalhe da seta indicando um ocelo.

Foto: Igor C. Miyahira.

2.1.6. Classe Scaphopoda

Escafópode, ou conchas dente-de-elefante vivem enterrados superficialmente

em sedimentos marinhos de várias profundidades. Apresentam corpo cilíndrico

alongado, protegido por uma concha tubular não enrolada, aberta nas duas

extremidades, sendo a anterior, ou basal, mais larga e a posterior um simples

orifício. Geralmente medem de 2 a 15 cm de comprimento (Figura 5) (BRUSCA;

BRUSCA, 2007).

Foto: I. C. Miyahira

Ocelo

1 cm

- 19 -

Figura 5: Concha do escafópode Antalis cerata (Dall,

1881). Distribuição Rio Grande do Sul, Santa

Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e

Amapá. Foto no site:

http://www.conchasbrasil.org.br/english/conchology/d

escricao.asp

2.1.7. Classe Gastropoda

O nome Gastropoda, que vem do grego Gaster = Ventre + podos = pé, deve-

se a expansão musculosa de superfície ventral achatada em forma de sola que

permite a locomoção do animal. Os gastrópodes são provavelmente os moluscos

mais bem conhecidos. Esta classe inclui os populares caramujos, caracóis e lesmas,

que ocorrem em todos os ambientes marinhos, e em muitos dos ambientes de água

doce e terrestres. É a classe que possui o maior número de espécies, estima-se

entre 40.000 a mais de 100.000 espécies viventes, ou seja cerca de 80% dos táxons

de Mollusca (BARKER, 2001; THOMÉ; GOMES; PICANÇO, 2006.). Apresenta uma

grande diversidade morfológica, resultando no grande êxito na conquista ambiental

(ambientes terrestres, de água doce e marinho) (THOMÉ; GOMES; PICANÇO,

1 cm

- 20 -

2006). Está entre os mais adaptados invertebrados, conferindo a eles extraordinária

resistência as variações extremas de temperatura, umidade do ambiente terrestre,

profundidade do meio marinho, altitude do ambiente terrestre, pressão da água ou ar

e salinidade no meio aquático (BARBOSA, 1997). Os gastrópodes são os únicos

moluscos que sofrem torção, um incomum processo de giro que afeta unicamente a

porção do corpo que ocorre no dorso do pé (BRUSCA; BRUSCA, 2007) (Figuras 6-

15).

- 21 -

Figuras 6-15: Representantes de algumas famílias da Classe Gastropoda,

mostrando a diversidade morfológica do grupo. Fig. 6- Hastula sp. Fig. 7-

Littoridina flava King & Broderip, 1832, Fig. 8- Fissurelidae, Fig. 9-Stramonita

sp., Fig. 10- Cochlorina aurisleporis (Bruguiére, 1792), Fig. 11- Helicina sp.

Fig. 12- Biomphalaria tenagophila (D‘Orbingy, 1835), Fig.13- Megalobulimus

sp., Fig. 14- Streptaxis sp., Fig. 15- Philocaullis sp. Fotos 6-10, 14 e 15 – I.

C. Miyahira. Foto 13- C. Cronenberger e Fotos 11 e 12 – S. Gonçalves.

2.1.8. Classe Cephalopoda

- 22 -

Os cefalópodes estão entre os moluscos mais modificados e incluem os

náutilos, lulas, sibas, polvos e uma infinidade de formas extintas. Pertence a este

grupo o maior invertebrado, a lula gigante, que chega a medir aproximadamente 20

metros de comprimento. Dentre os cefalópodes viventes, somente o náutilo reteve a

concha externa. Esta classe se diferencia dos outros moluscos em vários aspectos.

Possuem, por exemplo, uma ampla cavidade corpórea que inclui o pericárdio, a

cavidade gonadal, conexões nefrídios-pericárdicas, gonodutos e vários outros canais

e espaços, todos formando um sistema interconectado, que representa um celoma

altamente modificado, mas verdadeiro.

Diferentemente dos outros moluscos, possuem sistema circulatório

funcionalmente fechado. Seu sistema nervoso é o mais sofisticado de todos os

moluscos, senão de todos os invertebrados. A maioria dessas modificações está

associada ao seu modo de vida especializado em fugas em altas velocidades e

predação (BRUSCA; BRUSCA, 2007).

Figuras 16. A e B: Exemplares da Classe Cephalopoda. A- Polvo da espécie

Octopus vulgaris Cuvier, 1797 e B - Lula da espécie Loligo vulgaris reynaudii

d′Orbigny, 1845. Foto 16. A- V. Padula e foto 16. B- G. Neto.

2.3. Por que estudar os moluscos?

Foto: V. Padula A

B

16. A

16.B

- 23 -

Apesar do grande número de espécies e da grande importância ecológica,

econômica e para a saúde, os estudos voltados para os moluscos não contam com

um número satisfatório, principalmente em alguns biomas como a Mata Atlântica,

Cerrado e Floresta Amazônica (NUNES, 2007; SANTOS et al. 2009).

Santos, Lacerda e Miyahira (2009) indicaram a existência de um déficit de

pesquisas em alguns ramos da Malacologia, isto se mostra mais evidente dentro do

grande grupo dos gastrópodes terrestres, apesar de serem considerados o táxon de

invertebrados mais ameaçado, principalmente pela ação antrópica de destruição de

seus habitats (SANTOS et al. 2009).

Nunes (2007) menciona ainda a grande carência de estudos que envolvem os

moluscos em seus habitats, apesar de sua enorme importância nos ecossistemas

em que vivem.

Santos et al. (2009) contribuem para a discussão, quando relatam que apesar

da grande importância ecológica dos moluscos terrestres, ainda são insatisfatórias

as pesquisas que enfoquem listas de espécies e mapeamentos das áreas de

ocorrência.

Em oposição à privação de estudos sobre a ecologia de moluscos, Hermida et

al. apud Nunes (2007) distingui que os estudos sobre a fauna malacológica terrestre

abrange tradicionalmente estudos taxonômicos, excluindo das análises os habitats

onde os animais estão inseridos.

Apesar de ser considerado o segundo maior filo em número de espécies

descritas (SIMONE, 1999; THOMÉ; GOMES; PICANÇO, 2006; BRUSCA &

BRUSCA, 2007), as populações de moluscos estão em declínio em todo o mundo

(PARENT, 2008).

Inúmeros estudos sugerem esta realidade quando afirmam que das 736

espécies reconhecidamente extintas, 41% destas são de moluscos, ultrapassando

qualquer outro grupo animal. Pesquisas também mostram que existe uma

subestimação do nível de ameaça, ou seja, menos de 2% das espécies de moluscos

descritos teve o seu estado de conservação devidamente avaliado (PARENT, 2008).

- 24 -

Cada espécie tem um papel essencial e diferenciado em cada ecossistema,

fundamental para a manutenção dos processos ecológicos (SANTOS et al. 2009). E

dentro dessa temática inserem-se os moluscos que são fundamentais para sustentar

muitos ecossistemas (PARENT, 2008).

Moluscos terrestres, por exemplo, são importantes para a cadeia trófica,

servindo de alimento para pequenos mamíferos, aves, cobras, lagartos e planárias

(NUNES; SANTOS, 2004), são importantes polinizadores de vegetais e

disseminadores de sementes e esporos que podem estar aderidos no muco ou

serem liberados pelas fezes (THOMÉ; GOMES; PICANÇO, 2006), também

desempenham papel de recicladores de nutrientes nas florestas, especialmente o

cálcio (BARKER, 2001; THOMÉ; GOMES; PICANÇO, 2006; SANTOS et al. 2009;

PARENT, 2008).

Os moluscos dulceaquícolas são os principais alimentos de alguns peixes e

funcionam como excelentes filtradores (bivalves) de partículas na água, mantendo-a

limpa (DILLON, 2000).

Espécies de moluscos ainda são consideradas como ótimos bioindicadores

de poluição, por causa da sua grande capacidade de acumular diferentes

substâncias (as vezes tóxicas) em seus tecidos (BARKER, 2001).

São importantes no lazer e na educação, no recolhimento de material

instrucional e como modelos experimentais para pesquisas científicas devido a

facilidade de criação em vivários (THOMÉ; GOMES; PICANÇO, 2006).

Representantes de todas as classes de Mollusca vivem no ambiente marinho.

Em algumas comunidades marinhas certas espécies de moluscos dominam como

consumidores primários auxiliando no controle da biomassa vegetal (PARENT,

2008).

As causas da redução da diversidade de moluscos podem ser associadas a

dois fatores principais, mas estão longe de serem os únicos. O primeiro fator pode

estar atrelado a perda e fragmentação de habitats. O segundo fator do declínio das

espécies de moluscos é a introdução de espécies exóticas invasoras, sendo esta, a

- 25 -

segunda principal causa de extinção em todo o mundo (PAGLIA et. al. 2008;

SANTOS et al. 2009; PARENT, 2008).

A alteração dos habitats pode afetar a sobrevivência de muitas espécies, e

como exemplos dessa degradação, podemos citar os desmatamentos para o

desenvolvimento agrícola ou para a pecuária; as construções de barragens e

poluição dos recursos hídricos (MACHADO et al. 2008; PARENT, 2008).

Como alternativa para cessar a redução da diversidade malacológica, e inserir

estratégias para a conservação de moluscos, Machado et al. (2008), Santos et

al.(2009) e Parent (2008) sugeriram algumas ações:

Ampliar o conhecimento sobre a anatomia, distribuição, biologia e ecologia

das espécies.

Preservação e recuperação dos habitats ainda existentes, a fim de proteger a

malacofauna nativa.

Criação de listas de espécies de moluscos, com dados eficazes de sua

distribuição e implicações ecológicas.

Estudos de ocorrência e densidade de espécies invasoras, incluindo seus

efeitos sobre a fauna nativa.

A promoção do interesse e participação pública em projetos que visem a

conservação, juntamente com a comunidade acadêmica.

Avaliação mais precisa do estado de conservação das espécies de moluscos.

Relacionando estes fatores ao caso dos LD de Ciências Naturais, Wortmann

et al. 1997 discutem a apresentação do estudo dos seres vivos nos livros didáticos

focado no método descritivo-classificatório, seguindo um modelo consagrado e

tradicionalista que reduz as explicações à taxonomia, preocupando-se apenas em

citar a existência de diferentes espécies em diferentes táxons.

Estes autores também relatam a insuficiência ou até mesmo a inexistência

dos conceitos ecológicos nos LD de ciências sobre as diferentes relações e a

localização das espécies em seus ambientes naturais e como a redução ou a

extinção desses seres vivos podem trazer danos à natureza.

- 26 -

Ainda sobre este tema, Zilli e Müller (2006) também ressaltam a rarefação de

temas que abordam a preservação e/ou a conservação dos grupos zoológicos nos

LD de ciências e adicionalmente indicam a grande ênfase dada aos aspectos

anatômicos e taxonômicos dos grupos.

David e Peres (2003) corroboram estes autores quando divulgam como

resultado de um dos seus trabalhos sobre o ensino da Malacologia, a ausência total

da abordagem sobre a importância ecológica dos moluscos em livros didáticos do

ensino fundamental.

Cadei (2009) indica que a escassez de informações sobre o filo Mollusca

pode gerar atitudes equivocadas e medos que podem acarretar em mitos,

ocasionando na população repulsão, transtornos para a vida cotidiana, destruição de

habitas e ameaças a diferentes espécies do filo.

Como alternativa a este grupo de fatores negativos, podemos citar a

Educação Ambiental, que pode funcionar como uma grande aliada, minimizadora

dos problemas veiculados a degradação do filo, acrescentando medidas dentro das

informações repassadas nos LD de Ciências, que levem a conservação das

espécies de moluscos (CADEI, 2009).

O LD de Ciências pode contribuir juntamente com outras estratégicas

didáticas, para subsidiar a divulgação de medidas educativas de conservação e

preservação das espécies de moluscos, bem como suas integrações com os

ecossistemas, se obtiverem em suas páginas, tópicos que promovam a participação

coletiva ativa que gerem uma conduta socioambiental militante. Para isso, precisam

apresentar além dos textos clichês e tradicionais sobre as classificações

taxonômicas, conteúdos teóricos-prático que levem ao aumento dos conhecimentos

ecológicos das espécies, contribuindo com a melhoria na qualidade do ensino

malacológico.

- 27 -

2.4. Educação e a conservação do Filo Mollusca

É evidente que a fauna de vertebrados provoca sensibilização e apelo na

população em relação à preservação (NUNES, 2009). Esforços mobilizadores que

levem a conservação são mais efetivos, quando estes grupos de animais se

mostram em perigo.

Nunes (2007) comenta este fato, quando destaca que em estudos faunísticos

de ecossistemas, geralmente uma grande ênfase é dada a espécies de forte apelo

sentimental (mamíferos), mobilizando o conhecimento apenas para alguns grupos

zoológicos.

Além disso, os invertebrados em especial os moluscos perdem espaço na

divulgação de medidas conservacionistas (S.B. SANTOS, Comunicação pessoal) 1.

Estes fatores se mostram preocupantes, já que a redução global do número de

espécies de invertebrados resultará em uma maior perda da biodiversidade (COWIE,

2001).

Santos et al. (2009) enriquecem esses dados quando, especificam esta

escassez de estudos para os invertebrados terrestres brasileiros, onde afirmam que,

o número de especialistas e pesquisas voltados para este grupo ainda estão longe

do desejado.

Os moluscos, que estão incluídos no grande grupo dos invertebrados, se

mostram deficientes de estudos e/ou pesquisadores especialistas (SIMONE, 1999).

Isso fica evidente quando observamos que os percentuais de invertebrados

ameaçados de extinção são menores que de outros grupos, apesar da grande

diversidade mundial de espécies do grupo.

Comparativamente os vertebrados apresentam maiores percentuais de

espécies ameaçadas representadas em pesquisas direcionadas para esta

abordagem, embora seja um grupo menor em diversidade (MACHADO, 2005). Esta

1 Depoimento dado pela Profª Drª Sonia B. dos Santos na disciplina Discussões em Ecologia- tema: Corredores

ecológicos, realizada em 2007. Esta disciplina é oferecida pelo PPGEE da UERJ.

- 28 -

explicação pode vir do excesso de especialistas e estudos direcionados para este

grupo.

A educação pode ser uma ferramenta de ação para a mudança do cenário que

envolve diversos problemas ambientais. Sensibilizar os alunos pode funcionar

estrategicamente para mobilizações futuras de ações conservacionistas. Isto se

mostra mais efetivo, quando constatamos que as crianças de hoje através da

educação, futuramente serão os cidadãos e agentes transformadores do meio e da

realidade social (SILVA, 2009). Acreditamos que quando, mostramos

conhecimentos, ensinamos valores e ressaltamos habilidades se torna mais fácil o

envolvimento do aluno, em atitudes individuais ou coletivas que visem minimizar

problemas ambientais atuais e futuros (PUIDA et al. 2008; SILVA, 2009).

Para que haja um envolvimento ativo dos alunos em medidas que levem a

conservação de grupos zoológicos ou ecossistemas, é preciso que os LDs

apresentem estratégias de ensino que os envolvam, de modo que estimule seus

saberes, suas capacidades, a busca de informações, a necessidade do trabalho

coletivo e multidisciplinar e o anseio pela divulgação do aprendido (OLIVEIRA et al.

2007).

É claro que não somente o LD, o professor também deve ser parte integrante

e fundamental do processo que leve a sensibilização ambiental. O docente pode ser

capaz de contextualizar o conteúdo a ser explorado, promovendo atividades de

vivências para envolver os alunos.

No caso dos moluscos ou em outro grupo zoológico, o docente poderia

desenvolver atividades práticas, enfatizando aspectos morfológicos e fisiológicos

das espécies, aula de campo para reconhecimento de espécies de moluscos em

seus habitats, bem como suas implicações ecológicas ao meio ambiente.

O professor pode ainda promover palestras com diferentes especialistas no

grupo e outros profissionais, além de oferecer visitas a museus para complementar à

educação tradicional, dando aos alunos conhecimentos básicos sobre outros grupos

animais, vegetais e minerais favorecendo a interdisciplinaridade (CARVALHO et al,

2007).

- 29 -

3. MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa bibliográfica foi utilizada como metodologia para embasar a

análise do material (livros didáticos). Do ponto de vista dos objetivos, esse trabalho

se caracteriza como uma pesquisa do tipo exploratória (GIL, 2000).

Para a realização dessa pesquisa foram utilizados cinco livros didáticos de

Ciências Naturais do 7º ano do Ensino Fundamental (antiga 6ª série) e de diferentes

autores, relacionados na Tabela 1 e ilustrados na figura 17. Os livros selecionados

são amplamente utilizados na rede pública e privada de ensino e foram publicados

nos períodos entre 2005 e 2009.

As análises foram feitas em textos sobre o filo Mollusca, nas atividades

propostas (exercícios e pesquisas), leituras complementares, desenhos, esquemas

e fotos. O estudo foi realizado com base em procedimentos de análises propostas

por e Santos et al. (2007) e Vasconcelos e Souto (2003). A correção conceitual foi

feita com bases nas obras clássicas de estudos sobre invertebrados de Rupert, Fox

e Barnes (2005), Brusca e Brusca (2007), Rupert et al. (2008) e Costa e Marinoni

(2006). Periódicos científicos e livros de autores especialistas no grupo também

foram utilizados.

Tabela 1: Relação dos livros didáticos analisados.

Livros Didáticos Autores Edição Ano Editora

Passaporte para a Ciência

Ana Maria Pereira; Margarida Santana; Mônica Waldhelm

1ª 2006 Editora do

Brasil

Investigando a Natureza

Mônica Jakievicius; Ana Paula Hermanson

1ª 2006 IBEP

Ciências- Projeto Radix/raiz do conhecimento

Leonel Delvai Favalli; Karina Alessandra Pessôa; Elisangela Andrade Angelo

1ª 2009 Editora

Scipione

Projeto Araribá Ciências

Obra coletiva. Editor chefe José Luiz Carvalho da

Cruz

1ª 2006

Editora Moderna

Ciências BJ Nélio Bizzo; Marcelo

Jordão 1ª 2005

Editora do Brasil

- 30 -

Figura 17: Capa dos livros didáticos analisados.

Os livros foram analisados através de uma leitura rigorosa em todo capítulo

correspondente aos moluscos, na busca de qualquer temática que indicasse

conceitos sobre a conservação dos moluscos. Foram propostas quatro categorias

avaliativas para a análise do material didático:

Conteúdo teórico

Recursos visuais

Atividades propostas

Contribuição para a conservação dos moluscos.

Dentro dessas categorias, foram elaborados critérios de análise conforme

apresentado na tabela 2.

- 31 -

Tabela 2: Categorias avaliativas e critérios de análise.

Categorias avaliativas Critérios de análise

Conteúdos teóricos

Clareza do texto.

Correção do conteúdo.

Recursos visuais

Qualidade das ilustrações.

Relação com as informações

contidas no texto.

Correção das informações

contidas nas ilustrações.

Correção das legendas.

Legendas auto-explicativas.

Atividades propostas

Presença de questões ao final do

capítulo.

Presença de questões priorizando

a problematização.

Apresentação de propostas de

atividades em grupo e/ou projetos.

Indicação de fontes

- 32 -

complementares de informações.

Existência da estimulação de uso

de novas tecnologias (ex.

internet).

Contribuição para a conservação

dos moluscos.

Presença de textos, atividades e

ilustrações voltados para o

incentivo à conservação dos

moluscos.

- 33 -

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os conteúdos do filo Mollusca se apresentaram nos LDs conforme a tabela 3:

Tabela 3: Apresentação e número de páginas dos capítulos referentes aos moluscos nos cinco LDs.

LD Capítulo Número de páginas

LD1 Capítulo 3 -―Anelídeos e moluscos‖ 6

LD2 Capítulo 2 – ―Respiração‖ 21

LD3 Módulo 3 – ―Reino dos animais os invertebrados

(parte 1) – Anelídeos e moluscos‖ 10

LD4 Capítulo 5 – ―Moluscos (Filo Mollusca)‖ 4

LD5 Capítulo 4 – ―Diversidade de invertebrados –

Moluscos‖ 8

O LD2 não segue a organização tradicional, onde os seres vivos estão

distribuídos em capítulos seguindo a classificação evolutiva. A organização dos

capítulos segue uma temática que enfoca a fisiologia e morfologia dos seres vivos:

Capítulo 1- Alimentação; Capítulo 2- Respiração; Capítulo 3- Cadeias e Teias

alimentares; Capítulo 4- Circulação; Capítulo 5- Excreção; Capítulo 6- Reprodução.

Não existe uma separação entre invertebrados e vertebrados, os autores explicam a

fisiologia de uma maneira geral e acrescentam exemplos de alguns dos grupos

animais. Os moluscos foram citados em apenas um dos seis capítulos (tabela 3).

4.1. CONTEÚDOS TEÓRICOS

4.1.1. Clareza do texto:

Todos os livros analisados apresentaram textos concisos, de linguagem clara,

de fácil leitura e compreensão dos termos e definições. No geral apresentam boa

adequação à série (7º ano, antiga 6º série).

4.1.2. Correção conceitual:

Os tipos de erros observados durante a análise da correção conceitual foram

classificados em:

4.1.2. A) Aspectos morfológicos

- 34 -

4.1.2. B) Nomenclatura

4.1.2. C) Contradições

4.1.2. D) Classificação taxonômica

4.1.2. E) Atualização

4.1.2. A) Aspectos morfológicos:

LESMAS E POLVOS SÃO MOLUSCOS SEM CONCHA.

Os LDs 1, 3 e 4 definiram inadequadamente que lesmas e polvos são

moluscos totalmente desprovidos de concha:

LD 1 - ―... e os que não tem concha como o polvo e a lesma...‖ (PEREIRA;

SANTANA; WALDHELM, 2006, p. 146).

LD 3 - ―A lesma é um molusco que não tem concha [...]". "O polvo não possui concha

[...]‖ (FAVALLI; PESSÔA; ANGELO, 2009, p. 109).

LD 4 - ―A maioria das espécies apresenta concha espiralada. Entretanto em outras

como a lesma a concha é ausente.‖ (CRUZ, 2006, p. 153).

Os autores estão equivocados quando generalizam lesmas e polvos como

moluscos sem concha. Thomé; Gomes; Picanço (2006) explicam que existem

espécies de lesmas com concha totalmente ausente, espécies em que a concha se

apresenta com um pequeno vestígio, localizado internamente e recoberto pelo

manto dorsal e também espécies de lesmas onde as partes moles não cabem na

concha. Estes autores ainda explicam que em lesmas terrestres a concha pode ser

unguiforme (em forma de unha), ou estar reduzida a grânulos de carbonato de

cálcio. Brusca e Brusca (2003) e Rupert; Fox e Barnes (2005) descrevem que

existem espécies de polvos com conchas vestigiais, além de outras onde a concha é

totalmente ausente. Os LDs 2 e 5, não discutem o assunto concha em seus textos.

- 35 -

BIVALVES NÃO POSSUEM CABEÇA

Apenas o LD1 descreve os bivalves como moluscos sem cabeça:

LD 1 – ―Os lamelibrânquios [...] não possuem cabeça...‖ (PEREIRA; SANTANA;

WALDHELM, 2006, p. 147).

Ruppert, Fox e Barnes (2005) explicam que nesse grupo a cabeça é vestigial,

e os órgãos sensoriais estão localizados em outras partes do corpo, principalmente

nas margens do manto.

MOLUSCOS APRESENTAM PULMÕES.

Todos os LDs analisados descrevem o pulmão como a estrutura respiratória

dos moluscos:

LD 1 - ―Os gastrópodes [...] terrestres apresentam pulmões‖. (PEREIRA; SANTANA;

WALDHELM, 2006, p. 147).

LD 2 - ―Caracóis e lesmas apresentam um poro bem pequeno por onde entra o ar

que será levado até os pulmões‖. (JAKIEVICIUS; HERMANSON, 2006, p.52)

LD 3 - ―A respiração dos moluscos pode ser pulmonar ou branquial‖. (FAVALLI;

PESSÔA; ANGELO, 2009, p. 108).

LD 4 – ―[...] os gastrópodes aquáticos respiram por brânquias e as espécies

terrestres por pulmões‖. (CRUZ, 2006, p.153).

LD 5 – ―[...], mas a cavidade do manto torna-se um pulmão cheio de ar‖. (BIZZO;

JORDÃO, 2005, p. 121).

Thomé; Gomes e Picanço (2006) descrevem que a cavidade palial nos

gastrópodes terrestres adaptou-se a respiração aérea e que erroneamente esta

estrutura é designada como ―pulmão‖. Esta descrição pode submeter à idéia de que

os moluscos terrestres possuem estrutura respiratória semelhante aos vertebrados,

já que o pulmão é um órgão exclusivo para este grupo. É mais adequado descrever

que a respiração ocorre por meio de um saco vascularizado que funciona como

pulmão.

- 36 -

Thomé; Gomes e Picanço (2006, p.26) explicam a adaptação dos

gastrópodes terrestres à respiração aérea:

Os ctenídeos (brânquias) desapareceram, o teto da cavidade tornou-se ricamente vascularizados e as bordas da cavidade selaram-se ao dorso do animal, com exceção do pneumostômio, uma abertura contrátil [...] localizada á direita da borda do manto, que permite trocas gasosas.

Ainda sobre este assunto, podemos observar que no LD4 ocorre uma

generalização em relação ao tipo de respiração associado ao habitat. Os autores

explicam que: ―[...] os gastrópodes aquáticos respiram por brânquias e as espécies

terrestres por pulmões‖. (CRUZ, 2006, p.153). Isso não é regra geral, pois existem

espécies de gastrópodes aquáticos que apresentam o teto da cavidade palial

ricamente vascularizada, onde é predominante a respiração atmosférica, mas

também ocorre a respiração aquática. Como exemplo, podemos citar o gênero

Biomphalaria pertencente à subclasse Pulmonata, a ordem Basommatophora e a

família Planorbidae, onde durante a respiração aérea, a hematose ocorre na rede

vascular da parede vascularizada da cavidade palial, de onde o sangue flui para o

coração através da veia pulmonar. A respiração no meio aquático ocorre através de

uma estrutura denominada pseudobrânquia (estrutura análoga as brânquias)

(FRETTER; PEAKE, 1978) e do tegumento em contato com o meio líquido (BRASIL,

2008).

Outro exemplo de dupla função respiratória nos gastrópodes aquáticos ocorre

nos gêneros da família Ampulariidae como a Pomacea (Perry, 1810) que apresenta

brânquias e parede vascularizada da cavidade palial, que permitem a respiração

aquática e aérea respectivamente. Uma área da cavidade palial se transforma em

um saco aéreo, e nesta cavidade também estão alojadas as brânquias. Ou seja,

parte da cavidade palial está adaptada para retirar o oxigênio do ar e parte para

retirar da água (RIBEIRO-COSTA; MARINONI, 2006). Espécies deste gênero

demonstram adaptações que permitem a sobrevivência em ambiente aéreo, por isso

são chamados de moluscos ―anfíbios‖ (BARBOSA, 1995).

OS MOLUSCOS POSSUEM PÉS OU UM ÚNICO PÉ?

- 37 -

No LD1 a idéia explicitada pelos autores é de que os moluscos possuem mais

de um pé, descrito por ele como ―pés‖, levando aos leitores a interpretação de que

os moluscos possuem membros inferiores igualmente aos vertebrados:

LD 1 – ―... é composto por: cabeça, pés e massa visceral‖. (PEREIRA; SANTANA;

WALDHELM, 2006, p. 146).

Grupos de moluscos possuem um único pé grande e muscular, apresentando-

se muitas vezes como uma sola achatada, ampla e rastejadora como nos

gastrópodes e poliplacóforos, lateralmente comprimido e espatuliforme como nos

bivalves, totalmente reduzido como nas classes Chaetodermorpha e

Neomeniomorpha e modificado em um conjunto de braços ou tentáculos nos

cefalópodes (RUPERT; FOX; BARNES, 2005; RUPERT et al. 2008).

NÚMERO DE TENTÁCULOS

LD 1 – ―A cabeça da lesma, do caracol e do caramujo possui dois pares de

tentáculos [...]‖ (PEREIRA; SANTANA; WALDHELM, 2006, p. 147).

O número de tentáculos não é padrão nos diferentes grupos taxonômicos da

classe Gastropoda. Existem grupos que apresentam dois pares de tentáculos como

espécies do gênero Megalobulimus Miller, 1878 (figura 18), como também grupos

que possui apenas um par de tentáculos, como é o caso da espécie Helicina sp.

(figura 19).

- 38 -

Figura 18: Megalobulimus abbreviatus (Bequaert, 1948). As setas preta indicam a presença de dois pares de tentáculos. Fonte: Os caracóis e as lesmas dos nossos bosques e jardins (Guia ilustrado) Thomé; Gomes e Picanço (2006).

Figura 19: Helicina sp. As setas preta indicam a presença de um par de tentáculos. Foto: A. C. Freitas

4.1.2.B) Nomenclatura:

QUAL A DIFERENÇA ENTRE CARAMUJO E CARACOL?

- 39 -

Alguns autores classificam incorretamente a terminologia geral dos moluscos

em relação ao seu habitat:

LD1 – ―[...] o caramujo e a lesma ficam em canteiros de horta e jardim, enfim onde

houver vegetação e a terra estiver bem úmida [...]‖ (PEREIRA; SANTANA;

WALDHELM, 2006, p. 146).

LD5 - ―Os caramujos são moluscos herbívoros que vivem em locais úmidos‖. ―há [...]

cerca de 10 mil espécies de caramujos terrestres.‖ (BIZZO; JORDÃO, 2005, p. 123).

Nestes dois trechos existem equívocos ao classificar os gastrópodes

terrestres e aquáticos. Thomé; Gomes; Picanço (2006) propõem que ―[...] ‗caracol‘

seja a designação popular reservada a todos os moluscos terrestres com concha

[...]‖. Já o termo popular caramujo é utilizado para denominar gastrópodes aquáticos

também dotados de concha.

4.1.2.C) Contradições:

Nestes trechos os autores demonstram contradições na formulação dos

conceitos:

LD1 - ―[...] o caramujo e a lesma ficam em canteiros de horta e jardim, enfim onde

houver vegetação e a terra estiver bem úmida [...]‖. (PEREIRA; SANTANA;

WALDHELM, 2006, p. 146).

LD 1 – ―O caracol é um gastrópode terrestre‖. (PEREIRA; SANTANA; WALDHELM,

2006, p.147).

LD 1 – ―O caramujo é um gastrópode aquático‖. (PEREIRA; SANTANA;

WALDHELM, 2006, p. 147).

LD 1 – Os moluscos têm composição frágil [...] mas a maioria deles possui uma

concha que protege o corpo. [...] Há também os que apresentam a concha interna e

reduzida, como a lula, e os que não têm concha, como o polvo e a lesma, entre

outros exemplos (PEREIRA; SANTANA; WALDHELM, 2006, p. 146).

- 40 -

LD 1 – [...] a lesma, apesar de não apresentar conchas ou apresentá-la muito

reduzida [...] (PEREIRA; SANTANA; WALDHELM, 2006, p. 146).

LD 4 – ―Os moluscos são animais de corpo mole e musculoso [...]‖ (CRUZ, 2006, p.

152).

Os autores do LD1 se contradizem quando explicam que caramujos são

moluscos que habitam ambientes terrestres e logo após, na página seguinte,

evidenciam que caramujos são moluscos de ambientes aquáticos e caracóis são

moluscos de habitats terrestres. Também ocorre contradição em relação à presença

e ausência de conchas nas lesmas. Anteriormente os autores explicam que lesmas

são moluscos totalmente desprovidos de concha, mas logo em seguida, na página

seguinte citam que lesmas também apresentam conchas reduzidas.

Já no LD 4 os autores demonstram-se incoerentes quando colocam em uma

mesma frase as palavras ―corpo mole ― e ―musculoso‖. Estas palavras podem levar

aos leitores uma idéia contraditória dentro da definição geral da morfologia dos

moluscos. Já que a idéia de ―musculoso‖ pode levar ao leitor a concepção de que os

moluscos apresentam certa robustez que anteriormente foi anulada pela definição

de ―corpo mole‖. Estas contradições conceituais podem se tornar grandes

empecilhos no processo de aprendizagem, dificultando um total entendimento do

conteúdo.

A presença de contradições nos conteúdos teóricos indica que as revisões

impostas nos livros são insuficientes e falhas, resultado de uma economia dos

fabricantes na produção do livro, quando abdica de atualizações e correções dos

conteúdos, retirando parte da culpa pelos equívocos, dos autores da obra (SILVA;

ALVES; GIANOTTI, 2006).

Vasconcelos e Souto (2003) sugerem que ao surgirem informações

contraditórias nos conteúdos teóricos, os professores de Ciências devem ser

capazes de detectá-las e corrigi-las. É importante ressaltar que o desenvolvimento

do aluno está fortemente ligado ao nível de conhecimento do professor, para isso,

precisamos chamar a atenção para a formação dos docentes, que precisam se

mostrar aptos, atualizados, com bases seguras de respaldo científico, objetivando a

- 41 -

redução de erros que podem surgir ao longo dos textos (SILVA; ALVES; GIANOTTI,

2006).

4.1.2. D) Classificação taxonômica:

NÚMERO DE CLASSES DO FILO MOLLUSCA

A maioria dos LDs cita os conteúdos das classes Gastropoda, Bivalvia e

Cephalopoda e não consideram o restante das classes que constituem o filo

Mollusca.

LD1 - ―Atualmente, esses animais estão divididos em três classes: os gastrópodes,

os lamelibrânquios (ou bivalves) e os cefalópodes.‖ (PEREIRA; SANTANA;

WALDHELM, 2006, p. 147)

LD3 - ―Os moluscos estão divididos em várias classes. Estudaremos três delas:

gastrópodes, cefalópodes, e bivalves.‖ (FAVALLI; PESSÔA; ANGELO, 2009, p.

109).

LD4 - ―Os moluscos podem ser divididos em três classes principais: gastrópodes,

bivalves e cefalópodes.‖ (CRUZ, 2006, p.153).

LD 5 - Apenas as classes Bivalvia, Gastropoda e Cephalopoda são citadas em todo

o texto (BIZZO; JORDÃO, 2005, p. 121).

Segundo Rupert; Fox e Barnes (2005) o filo Mollusca é classificado em sete

classes: Aplacophora, Polyplacophora, Monoplacophora, Gastropoda, Scaphopoda,

Bivalvia e Cephalopoda. Atualmente, devido à um novo rearranjo filogenético,

Barnes et al. (2008) destaca em seu livro oito classes de Mollusca: classe

Chaetodermorpha, classe Neomeniomorpha, classe Monoplacophora, classe

Polyplacophora, classe Gastropoda, classe Bivalvia, classe Scaphopoda, classe

Cephalopoda.

No entanto, apenas Bivalvia, Gastropoda e Cephalopoda recebem destaques nos

livros didáticos analisados. A explicação pode está veiculada a grande importância

econômica (alimentação, ornamentações e praga agrícola), médica e veterinária

- 42 -

(hospedeiros de parasitas e modelos experimentais) dessas classes que demandam

um grande número de estudos direcionados para estes grupos. Além de serem

classes abundantes em termos de espécies (tabela 4) que proporcionam uma gama

extensa de áreas de pesquisas.

As outras classes destacadas são exclusivamente de ambientes marinhos,

muitas vezes de zonas muitos profundas, como é o caso da classe Monoplacophora,

algumas espécies de Polyplacophora, Chaetodermorpha e Neomeniomorpha estas

duas últimas, segundo Rupert; Fox e Barnes (2005) apresentam a biologia ainda

pouca conhecida.

Os ambientes onde são encontrados, muitas vezes, têm acessos limitados e

requerem uma maior infraestrutura para a exploração, o que dificulta a coleta,

inibindo o desenvolvimento de pesquisas relacionadas à ecologia, à biologia, à

taxonomia e ao comportamento desses indivíduos. Outro fator que impede o

aumento do conhecimento sobre esses grupos é a falta de especialistas.

Tabela 4: Número aproximado de espécies descritas das classes do filo Mollusca (BARNES et al. 2008).

Classes Espécies

Chaetodermorpha 70

Neomeniomorpha 180

Monoplacophora 8

Polyplacophora 550

Gastropoda 67.000

Bivalvia 20.000

Scaphopoda 350

Cephalopoda 656

4.1.2.E) Atualização

De todos os livros analisados apenas o LD1 apresenta termos desatualizados

em seu conteúdo:

- 43 -

LD1 - ―Atualmente, esses animais estão divididos em três classes: os gastrópodes,

os lamelibrânquios (ou bivalves) e os cefalópodes‖.(PEREIRA; SANTANA;

WALDHELM, 2006, p.147).

Dentro do âmbito malacológico são pertinentes grandes discussões por meio

de especialistas em relação às formas de denominação da classe Bivalvia. São

consideradas três formas de designação: Pelecypoda e Lamellibranchia que são

consideradas formas desatualizadas e Bivalvia mais recente e utilizada.

Muitos autores apresentam diversos critérios que explicam a adoção do nome

para a classe em seus trabalhos, levando a altercações no meio taxonômico. Em

abordagens mais recentes, Brusca e Brusca (2007) consideram os três termos

sinônimos. Rupert; Fox e Barnes (2005; 2008) apenas denomina a classe como

Bivalvia e explicam que Lamellibranchia é um grupo morfológico dentro da classe,

utilizado como nível de organização, distinguidos dentre os outros grupos por

diferenças em suas brânquias.

Devido a essa grande confusão na nomenclatura do grupo, salienta-se a

importância do uso dos três termos nos conteúdos teóricos referentes à classe, pois

podem ser citadas em outras referências e não serem conhecidas pelo leitor

dificultando o processo de aprendizagem especialmente quando o leitor utiliza o livro

fora do espaço formal da escola (VASCONCELOS; SOUTO, 2003).

O termo Lamellibranchia adotado pelos autores do LD 1 indica para outro

problema encontrado nos LDs, a desatualização dos conceitos. Os debates em

relação à nomenclatura da classe estão em vigor atualmente, e os resultados em

relação aos termos já poderiam está refletidos nos LD de Ciências.

Este fator demonstra que os autores, muitas vezes, não estão em sintonia

com os avanços das Ciências Biológicas, devido a displicência para inserir as novas

abordagens ou consultar fontes mais atualizadas (BIZZO, 1996; VASCONCELOS e

SOUTO, 2003).

4.2. RECURSOS VISUAIS

- 44 -

4.2.1. Características das ilustrações:

As ilustrações são um importante subsídio para auxiliar nas construções das

concepções pelos alunos acerca dos variados temas, podendo se transformar numa

importante ferramenta no processo de ensino-aprendizagem das questões

ecológicas, que podem ser exploradas mais intensamente nos livros didáticos e

pelos docentes. Contudo é importante ressaltar que as ilustrações apresentadas

podem erroneamente proporcionar uma economia de tempo, de tal modo, que os

alunos apenas aceitem o conteúdo transmitido pelo professor em forma de

exemplos, inibindo o estabelecimento do diálogo sobre as diferentes representações

trazidas por ela (FILHO; TOMAZELLO, 2002).

Ao todo foram analisadas 61 ilustrações representando os moluscos, dessas

ilustrações 62,29% são fotografias, 36,06% são desenhos e 1,63% são

fotomontagens (figura 20).

Figura 20: Tipos de ilustrações apresentadas nos livros didáticos.

As ilustrações, em sua grande maioria, representam somente exemplos de

gastrópodes, bivalves e cefalópodes e a morfologia interna e externa do caracol. A

maioria tem função ilustrativa, com intuito estético. As ilustrações estão

- 45 -

representadas isoladamente, enfocando apenas as questões morfológicas sem

nenhuma interação com o ambiente e com o homem.

É notável que a fotografia represente o tipo de ilustração mais utilizado

(62,29%). Este fato pode ser explicado pelo baixo custo e facilidade de obtenção

deste material em relação aos desenhos e fotomontagens, que muitas vezes

necessitam de especialistas para a elaboração da obra, acarretando um custo a

mais para as editoras.

No LD1 as ilustrações e fotografias se mostram nítidas e coloridas. Em

contrapartida os desenhos esquemáticos apresentados são insuficientes, pobres em

detalhes e imperfeitos, aparentando uma má qualidade do trabalho gráfico. A

avaliação do LD1 pode ser observada no quadro representado pela figura 21.

I R B E

Qualidade das ilustrações (nitidez e coloração)

Relação com as informações contidas no texto

Correção das informações contidas nas ilustrações

Correção das legendas

Legendas auto-explicativas

Figura 21: Quadro da avaliação das Ilustrações do LD1. I – Insuficiente, R – Regular, B – Bom, E – Excelente.

Os esquemas simplificados da morfologia interna do caracol e do sistema

digestório de um gastrópode mostram bem essa insuficiência. No primeiro esquema

(Figura 22) os órgãos aparentam estar ―flutuando‖ e ―soltos‖ dentro do corpo do

animal, sem o cuidado de estudarem a partir de critérios a disposição correta dos

- 46 -

órgãos internamente. Apresentam também estruturas sem identificação. Erros

grosseiros podem ser observados neste esquema, quando detectamos a presença

de brânquias no desenho, e aparentemente o molusco que está representado na

figura é pertencente ao ambiente terrestre, ou seja, totalmente desprovido de

brânquias.

Figura 22: Esquema da morfologia interna do caracol apresentado pelo LD1.

O segundo esquema (Figura 23) visa explicar o sistema digestório, mas

apenas destaca o estômago e o ânus, excluindo os outros órgãos que constituem o

sistema como o intestino, a boca, os palpos labiais, o bulbo bucal, a glândula salivar

e digestiva, o esôfago, o papo, o intestino e o reto, o que demonstra explicações

inacabadas.

Figura 23: Ilustração do LD1 que demonstra o sistema digestivo dos gastrópodes.

- 47 -

O LD2 apresenta uma fotomontagem sobre o pulmão do caracol (figura 24). A

imagem demonstra um pulmão esquematizado sobre a concha do caracol, sendo

este, nada semelhante com a estrutura respiratória dos caracóis e apresenta

estruturas que não são mencionadas no texto (poro respiratório).

Figura 24: Fotomontagem do sistema respiratório do caracol demonstrado pelo LD2.

Ainda nesta imagem, as partes moles do caracol não aparentam sair da

concha. A disposição da concha demonstra que ela está apenas apoiada sobre o

caracol. A avaliação do LD2 está representada na figura 25.

- 48 -

I R B E

Qualidade das ilustrações (nitidez e coloração)

Relação com as informações contidas no texto

Correção das informações contidas nas ilustrações

Correção das legendas

Legendas auto-explicativas

Figura 25: Avaliação das ilustrações do LD2. I – Insuficiente, R – Regular, B – Bom, E – Excelente.

O LD3 apresenta uma legenda com conteúdo equivocado. Esta é pertencente

à figura do polvo, e seu conteúdo indica que esses não têm concha. Segundo

Rupert, Fox e Barnes (2005) nos octópodes a concha é vestigial, sendo assim,

anulando a generalização de que todo o grupo é desprovido de concha.

Quadro avaliativo do LD3 representado pela figura 26.

I R B E

Qualidade das ilustrações (nitidez e coloração)

Relação com as informações contidas no texto

Correção das informações contidas nas ilustrações

Correção das legendas

Legendas auto-explicativas

Figura 26: Avaliação das ilustrações do LD3. I – Insuficiente, R – Regular, B – Bom, E – Excelente.

No esquema geral da morfologia interna e externa do caracol terrestre do LD 4,

alguns órgãos são demonstrados indicando a posição anatômica desses órgãos

(Figura 27).

- 49 -

Figura 27: Esquema geral da morfologia interna e externa de um caracol de um caracol terrestre apresentado pelo LD4.

O esquema do LD4 representado pela figura 27 se torna insuficiente quando

os autores apenas citam esses órgãos no esquema, não explicitando em nenhum

momento, ao longo do texto teórico qualquer explicação em relação às funções

dessas estruturas no organismo do molusco. As avaliações do LD4 estão

representadas na figura 28.

Novamente podemos citar que os professores precisam ter aptidão, para

suprir as necessidades teóricas que possam surgir ao longo dos conceitos, a fim de

orientar corretamente os alunos quando os LDs apresentarem falhas em seus

conteúdos.

I R B E

Qualidade das ilustrações (nitidez e coloração)

Relação com as informações contidas no texto

Correção das informações contidas nas ilustrações

Correção das legendas

Legendas auto-explicativas

Figura 28: Avaliação das ilustrações do LD4. I – Insuficiente, R – Regular, B – Bom, E – Excelente.

- 50 -

O LD5 apresenta a maioria das ilustrações sem legendas, detalhe que pode

impedir o total processo de ensino-apredizagem, o que demonstra mais uma vez

ilustrações insuficientes. Exemplos destas falhas podem ser observados nas figuras

29 e 30.

Figura 29: Fotografia de um mexilhão apresentada pelo LD5 sem legenda.

Figura 30: Fotografia de ostras apresentada pelo LD5 sem legenda.

Este livro apresenta um maior grau de complexidade em relação aos outros

livros, pois apresenta uma ilustração, além de uma singela discussão sobre o

ancestral hipotético dos moluscos (figura 31). A avaliação do LD5 está representada

pela figura 32.

- 51 -

Figura 31: Esquema do ancestral hipotético dos moluscos apresentado pelo LD5. A figura também não possui legenda.

I R B E

Qualidade das ilustrações (nitidez e coloração)

Relação com as informações contidas no texto

Correção das informações contidas nas ilustrações

Correção das legendas

Legendas auto-explicativas

Figura 32: Avaliação dos Recursos visuais do LD5. I – Insuficiente, R – Regular, B – Bom, E – Excelente.

4.3. ATIVIDADES PROPOSTAS

Nesta categoria, as análises foram feitas nos exercícios de avaliação, nas

atividades práticas oferecidas. Também foi verificada, a existência de estímulos para

a busca de atualizações tecnológicas e trabalhos em grupo (figura 33).

Dos cinco livros analisados apenas o LD2 não apresentou questões ao final

do capítulo. Este livro se mostra insuficiente dentro do processo de ensino-

aprendizagem e construção do conhecimento. A presença de questões ao final da

teoria é uma oportunidade dos professores avaliarem o conteúdo aprendido, e

perceberem quais foram as principais dificuldades no processo de transmissão do

- 52 -

conteúdo e os temas mais significativos e estimulantes para os alunos. Através

dessa rápida avaliação, os professores podem melhorar suas aulas explorando os

assuntos mais instigantes, além de aperfeiçoar os pontos menos entendidos.

CRITÉRIOS DE ANÁLISE LD1 LD2 LD3 LD4 LD5

Presença de questões ao final do capítulo. Sim Não Sim Sim Sim

Presença de questões priorizando a problematização.

Não Não Sim Não Sim

Apresentação de propostas de atividades em grupo e/ou projetos.

Sim Não Não Não Não

Indicação de fontes complementares de informações. Sim Não Sim Sim Sim

Existência da estimulação de uso de novas tecnologias (ex. internet)

Não Não Sim Sim Sim

Figura 33: Quadro da avaliação das atividades propostas.

4.3.1. Características das atividades propostas

Do total dos livros analisados apenas o LD2 não apresentou questões ao final

do capítulo e somente os LD3 e LD5 apresentaram questões que priorizam a

problematização do conteúdo. O restante dos livros demonstraram questões que

estimulam a passividade dos alunos, através de exercícios limitados que incentivam

apenas a busca no texto e a transcrição das respostas, a memorização de

nomenclaturas e de funções das estruturas morfológicas estudadas. Como

exemplos dessas características podemos citar uma questão do LD1 e do LD4

respectivamente: ―O polvo é um cefalópode. Que característica deu nome a essa

classe de molusco?‖ (PEREIRA; SANTANA; WALDHELM, 2006, p. 151) e ―Qual é a

função da concha?‖ (CRUZ, 2006, p.153).

É preciso priorizar nos livros didáticos questões que permitam aos alunos a

reconstrução dos conceitos (VASCONCELOS; SOUTO, 2003). Para tal, é preciso a

elaboração de atividades estimulantes com problemas realistas, que valorizem a

experiência de vida do aluno, que necessitem de buscas bibliográficas

complementares e que através delas, seja possível a realização de debates,

- 53 -

dramatizações, enquetes, experimentos e exposições de trabalhos, para que no

final, seja possível a troca de idéias na sala de aula, com intuito de valorizar a

tolerância e as idéias prévias dos alunos (BIZZO, 1996).

A maioria dos livros analisados não oferece propostas de atividades em grupo

ou elaboração de projetos de pesquisa sobre os moluscos, ou seja, de cinco livros

analisados apenas um (LD1) apresenta atividades desse tipo que é exemplificada a

seguir pela figura 34:

Figura 34: Quadro apresentado no LD1 que propõe atividades em grupo que abordam conceitos sobre os moluscos.

Os textos didáticos são importantes guias que sugerem ações e posturas a

serem incentivadas nos alunos (BIZZO, 1996), portanto, propor atividades em grupo

e elaboração de projetos através dos LDs são ações fundamentalmente importantes,

para construir nos alunos uma conduta investigativa, pesquisadora e questionadora,

além de trabalhar conceitos como a socialização, cooperatividade, criatividade,

raciocínio lógico, independência na busca de teoria, incentivo a experimentação e

utilização de conhecimentos já adquiridos pelos estudantes. Desta maneira, a

passividade dos discentes ao receberem o conteúdo transmitido pelo professor e a

idéia estereotipada que os alunos não ―sabem nada‖ antes de serem ensinados

possam ser eliminadas do âmbito escolar.

A maior parte dos livros analisados apresentou indicações de fontes

complementares de informações em formato de textos adicionais extraídos de

periódicos científicos ou sugestão de leitura de livros. Dentre os exemplos temos os

- 54 -

quadros ―Você vai gostar de ler‖ do LD1 (figura 35), ―Lendo textos do LD3 (figura 36)

e ―para saber mais‖ do LD5 (figura 37).

Figura 35: Quadro ―Você vai gostar de Ler‖ apresentado pelo LD1, neste quadro os autores sugestionam a leitura de alguns livros relacionados ao capítulo dos moluscos.

Figura 36: Quadro ―Lendo textos‖ apresentado pelo LD3, neste quadro, os autores oferecem informações complementares ao capítulo retiradas de artigos científicos.

- 55 -

Figura 37: Quadro ―para saber mais‖ do LD5 indicando a presença de fontes complementares de informações sobre os moluscos.

Sugestões de fontes adicionais (revistas científicas ou comuns, jornais, livros

paradidáticos ou literários, etc.) nos livros didáticos são importantes para explorar a

autonomia dos alunos para a busca complementar e aprofundamento do conteúdo

ensinado. As idéias de que somente o professor é detentor de todo o conhecimento

científico, e que as informações transmitidas por ele são verdade absoluta não

passível de erro e complementos, precisam ser modificadas nos alunos, além da

acomodação adquirida por eles, em relação ao que é ensinado. Este comportamento

é muitas vezes incentivado através da elaboração e distribuição de apostilas, folhas

de resumos, cópias de livros, etc. onde os conteúdos se mostram totalmente prontos

sem o incentivo para pesquisas adicionais.

- 56 -

O uso de novas tecnologias foi pouco incentivado nos livros didáticos

analisados. Apenas o LD4 estimulou essa prática, através da indicação de um site

de curiosidades e informações complementares sobre os moluscos (Figura 38).

Figura 38: Quadro apresentado pelo LD4 que sugestiona aos leitores o uso da internet para a busca de informações adicionais sobre os moluscos.

A internet é a mídia mais promissora, aberta e descentralizada atualmente, e

pode ter várias aplicações educacionais para pesquisas e atividades de apoio

(MORAN, 2003). Ao estimularem o uso de novas tecnologias, principalmente a

internet, os livros didáticos não só permite enriquecer como também adequar

determinados assuntos a realidade dos alunos (região onde está inserido)

(GOWDAK; MARTINS, 2006). Claro que estes recursos precisam ser explorados

adequadamente pelo professor, para que seja uma atividade com objetivos

pedagógicos satisfatórios, e as metas propostas, atinjam pontos positivos no

processo de aprendizagem.

4.4. CONTRIBUIÇÃO PARA A CONSERVAÇÃO DOS MOLUSCOS

Nas análises foram verificados em todos os segmentos dos livros conteúdos

que mencionasse de forma contributiva conceitos que levasse a conservação do filo

- 57 -

direta ou indiretamente. Dos cinco livros analisados 60% ( LDs 1, 3 e 5)

mencionaram em seu conteúdo textos que podem ser utilizados de forma

exploratória incentivando a conservação dos moluscos.

LD1 – Na seção ―Os moluscos e o meio ambiente‖ os autores abordam o problema

da introdução de espécies através da água de lastro de navios cargueiros. O texto

descreve danos causados por essas espécies introduzidas, abordando as

implicações das invasões no meio ambiente na economia e na saúde.

Em relação direta com os moluscos, esta problemática surge quando os

autores explicam a possível contaminação de moluscos filtradores por bactérias

invasoras patogênicas que foram introduzidas através da água de lastro. Como

exemplos de filtradores, eles citam os mexilhões e ostras utilizadas na alimentação

humana. O consumo destes moluscos infectados pode prejudicar a saúde, devido à

ingestão dessas bactérias patogênicas.

Neste texto eles ainda abordam os danos ecológicos acarretados pela

introdução de espécies e permite uma série de discussões acerca deste tema que

atualmente está em vigor nos debates ecológicos globais. Nesta seção os autores

proporcionam aos professores subsídios para elaborações de questões e trabalhos

que demandem pesquisas sobre o tema, que posteriormente podem ser oferecidos

aos alunos. Estas medidas podem favorecer a ampliação do conhecimento sobre as

bioinvasões, considerada a segunda causa da perda da biodiversidade mundial,

ficando atrás apenas da redução de habitats (IUCN, 2001; WIEDMANN, 2008).

Estas ações oferecidas no LD 1 podem funcionar como fatores contributivos

para a atualização do docente e do aluno, ampliação do conhecimento e

esclarecimentos sobre a introdução de espécies e suas implicações para o

ambiente, na economia e para a saúde e finalmente incentivar através de medidas

educativas a conservação do filo.

LD3- A conservação dos moluscos é citada indiretamente no capítulo. Os

autores explicam a biologia, a ecologia e a degradação dos recifes de corais através

de textos de dois autores retirados de periódicos científicos. Nestes textos são

colocados a importância dos recifes para a biodiversidade do planeta, citando as

- 58 -

espécies que habitam este ecossistema incluindo os moluscos. Eles ainda ressaltam

que medidas como a criação de áreas de proteção e efetiva implantação das leis

ambientais são importantes para a conservação dos recifes de corais.

Após a leitura dos textos, seis questões estão disponíveis para os alunos.

Através destas questões os professores podem sugerir discussões que envolvam

questões ambientais como desenvolvimento econômico em detrimento do meio

ambiente, desenvolvimento sustentável e medidas preservacionistas, etc. Várias

estratégias de ensino (debates, pesquisas, dramatizações, maquetes, exposições,

palestras, visitas técnicas, etc.) podem ser exploradas através dessas atividades

propostas que tornará o ensino mais lúdico e estimulante despertando o interesse

real dos alunos pelo assunto.

LD5 – Nos textos, a ênfase recai sobre os aspectos ecológicos, não prioriza

aspectos anatômicos ou de nomenclatura zoológica.

Em todo o capítulo os autores citam os problemas acarretados pela

bioinvasão enfatizando os moluscos. Espécies como: Achatina fulica (caracol

africano), o Limnoperna fortunei (mexilhão dourado) e o gênero Stramonita são

citadas como espécies causadoras de prejuízos econômicos. Em nenhum momento

no decorrer do discurso, existe qualquer discussão que explique os danos

ambientais ou para a saúde pública causados pela introdução dessas espécies.

Em alguns trechos do texto do LD5, os moluscos recebem status de ―vilões‖:

―As lesmas são uma conhecida praga de horticultores‖. (BIZZO; JORDÃO, 2005, p.

123) e ―As lesmas e os caramujos são gastrópodes que saem á noite e devoram

folhas, botões florais e até raízes.‖ (BIZZO; JORDÃO, 2005, p. 123).

Nos dois exemplos do LD5, são citados alguns prejuízos atrelados as

lesmas. Nestes trechos os autores permitem a construção de idéias preconceituosas

pelos alunos sobre os moluscos, quando conferem ao grupo somente características

negativas.

É importante ressaltar incansavelmente nos LDs, a importância das espécies

de moluscos (além de outros grupos) para as funções ecológicas e como sua

- 59 -

extinção prejudicaria o andamento dessas funções. Ao destacar atividades

prejudicais das espécies em detrimento dos benefícios ecológicos do grupo,

realçamos, muitas vezes, uma visão antropocêntrica e egoísta, onde as espécies

são separadas em categorias beneficiadoras e danosas, e ao causarem qualquer

incômodo ao homem, já é totalmente estigmatizada.

Para a construção de uma conduta conservacionista é preciso a valorização

dos moluscos, enfocando que o desaparecimento das espécies do filo pode ser

demasiadamente prejudicial ao ambiente e para as relações homem-molusco.

Em um quadro no LD5, os autores ensinam como controlar (eliminar) alguns

moluscos terrestres (Figura 39):

Figura 39: Quadro presente no LD5 que apresenta um pequeno texto ensinando aos leitores como eliminar lesmas e caracóis através da construção de armadilhas de cerveja e sal.

Este pequeno texto indica a irresponsabilidade dos autores quando ensinam

uma maneira de matar animais. Medidas de controle de espécies de moluscos ou de

qualquer outro grupo zoológico ou botânico precisam ser executadas com cautela, e

com um mínimo de estudos preliminares para não prejudicar outras espécies, ou de

forma mais geral, o ambiente. Geralmente o controle é indicado para espécies

exóticas que podem trazer riscos para a saúde, tornam-se pragas para a agricultura

e danosas para o meio ambiente.

Wiedmann (2008) enfatiza que é condenável qualquer prática que coloquem

em risco, de forma deletéria a fauna, bem como as relações ecológicas associadas e

- 60 -

indica que as leis ambientais visam proteger as espécies da extinção e também

manter o equilíbrio ambiental. Ao indicarem a eliminação dos moluscos nos livros, os

autores podem levar a riscos além de muitas espécies de moluscos, outras espécies

de animais e plantas que habitam o local, além de irem contra uma postura

conservacionista que visa se construir entre os alunos, postura essa incentivada nos

PCNs (1998, p.2) quando objetivam que os estudantes sejam capazes de ―perceber-

se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus

elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do

meio ambiente;‖

Quando os autores do LD5 incentivam o uso de sal e cerveja para a

construção da armadilha, os alunos podem ser incitados a eliminar os animais

tornando-se uma prática banal, apenas pelo fato divertido da construção da

―arapuca‖ e não entenderem o verdadeiro motivo do controle.

Esta atividade além de induzir uma conduta predatória entre os alunos pode

também, colocá-los em risco, pois induzem o manuseio de bebida alcoólica (cerveja)

pelos alunos do 7º ano que geralmente são menores de idade. Bizzo (1996) salienta

em um dos seus trabalhos sobre erros graves em LDs, que esses recursos precisam

ser livres de erros e de ações que coloquem em risco a integridade física dos

leitores. Mas em seu livro não foi cuidadoso e propõe atitudes prejudiciais, que

podem vir a ser danosa para os alunos como também para outros seres vivos e para

o solo. Os autores poderiam apresentar uma explicação prévia da importância do

controle de espécies exóticas no ambiente, indicando suas implicações na saúde e

na economia, como reconhecê-las, evitá-las e o modo correto de eliminá-las se for

necessário.

- 61 -

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos perceber vários pontos nos LDs em relação ao filo Mollusca que

necessitam ser corrigidos, acrescentados e mais explorados pelos autores.

Em relação ao conteúdo teórico, todos os autores enfatizam somente três,

das oito classes de Mollusca: Gastropoda, Bivalvia e Cephalopoda. É notável que

essas classes sejam maiores em número de espécies e detentoras de grande

importância médica e econômica e devido a esses aspectos recebem grande espaço

nestes recursos didáticos em detrimento das outras classes do grupo.

Para a total contribuição dos livros didáticos na conservação dos moluscos, é

necessário abarcar extensivamente todos os aspectos que cercam o filo. Quando

todas as classes não são ensinadas, ou nem sequer mencionadas nos conteúdos,

os estudantes deixam de obter grande parcela de todo o conhecimento sobre a

diversidade dos moluscos, tornando o ensino incompleto, e consequentemente, não

contributivo para os objetivos conservacionistas do grupo como um todo.

Conceitos incorretos ou inadequados em relação aos aspectos morfológicos

foram verificados em vários LDs e foram notados devido às expressões que afirmam

que:

Gastrópodes respiram através de pulmões;

Lesmas e polvos são desprovidos de conchas;

Bivalves não possuem cabeça;

Moluscos têm pés ao invés de um único pé.

Algumas contradições foram observadas nos conteúdos e remetem aos

estudantes interpretações confusas em relação a algumas definições.

As incorreções e contradições presentes nos conceitos podem ser produtos

de falhas conceituais e revisões insuficientes dos autores e editores. Estes fatores

demonstram o descaso dos autores em relação a correção dos conteúdos e cria

―barreiras‖ no processo de aprendizagem que pode impedir o total desenvolvimento

intelectual do aluno.

Apenas o LD1 apresenta conceitos desatualizados sobre os conteúdos, que

demonstra a displicência dos autores na busca de definições atualizadas com

respaldo científico.

- 62 -

De um modo geral, existem divergências em relação à exposição dos

conteúdos. Alguns livros apresentam conceitos reduzidos, enquanto que outros se

mostram mais completos. A maioria dos livros focaliza no ensino das estruturas

morfológicas em esquemas, onde somente percebe-se a preocupação em

demonstrar a localização dos órgãos nos corpo do animal, sem considerar a

funcionalidade e a integração destas estruturas no organismo, ou ao menos tentar

comparar anatomicamente com outros grupos. E como agravante a estes fatores, as

funções destas estruturas não são explicadas no decorrer dos textos. Isto nos leva a

observar a priorização da memorização dos conceitos pelos alunos, sem possibilitar

contextualizações ou questionamentos.

Para a ênfase nos ensinamentos morfológicos é indispensável um suporte

com atividades práticas oferecidas pelos professores e pelas instituições de ensino,

fato este que raramente acontece no ensino básico, por causa da enorme

precariedade da educação brasileira.

Estes aspectos observados, também nos levam a outra discussão de que o

aumento da complexidade dos conteúdos sobre os moluscos seja relevante para os

estudantes do 7° ano. É preciso levantar questões acerca da mensuração dos

conteúdos e qual nível de conhecimento é realmente necessário aplicar para os

estudantes desta série.

As análises feitas também nos mostram de maneira geral, em todos os livros

uma grande generalização dos conceitos. O filo apresenta uma grande diversidade

morfológica, até dentro de uma mesma classe, resultado da ampla irradiação

adaptativa sofrida pelo grupo. Ou seja, não é possível considerar um padrão

anatômico geral dentro de um mesmo grupo taxonômico. Sendo assim, não

podemos considerar as definições do grupo como regra geral. É importante deixar

claro nos textos a existência de exceções e da grande variedade morfológica do filo.

As fotografias são preferencialmente o recurso visual mais utilizado nos LDs,

seguido de desenhos esquemáticos e, por último, das fotomontagens.

As fotos são utilizadas na maioria das vezes para exemplificar um indivíduo

da classe estudada, sem nenhuma preocupação com a identificação da espécie, ou

com a interação do animal com o meio ambiente. Algumas fotografias não

apresentam créditos, escalas ou legendas esta em alguns livros, se mostram

- 63 -

incorreta. Estas características atribuem às ilustrações apenas a função estética,

não permitindo que este recurso seja explorado mais didaticamente, como forma de

subsídios para as aulas.

Todos os livros apresentaram desenhos esquemáticos, sendo que estes se

mostraram incompletos, incorretos e de má qualidade na maioria dos livros.

Observamos que algumas estruturas do esquema não são identificadas, estão com

a posição anatômica equivocadas e os desenhos têm baixa qualidade artística.

Em relação às atividades propostas, apenas o LD2 não apresenta questões

sobre o filo. A maioria das questões prioriza o modelo de respostas transcritas dos

textos, de formato objetivo, e que não valorizam a complexidade do raciocínio. As

atividades avaliativas também não sugestionam questionamentos acerca da

conservação.

Apenas o LD1 oferece questões que levam a atividades em grupo. Esta

minoria indica a ausência de subsídios para o incentivo a pesquisa complementar, o

que determinaria a construção de uma conduta autônoma entre os alunos (tão

incentivada nos estudos pedagógicos), estes auxílios podem funcionar como um

ótimo recurso que acarretará em levantamentos de dados adicionais sobre o filo,

motivados pelo professor, que acrescentará aspectos que contribua para a

conservação do filo.

Alguns autores, durante as atividades propostas, sugerem como fontes

complementares, a leitura de livros e textos adicionais (adendos, ―curiosidades‖,

textos complementares, etc.), sendo este último, mais voltado para a abordagem

ecológica. O uso desses recursos adicionais facilita a abordagem didática em

relação às funções ecológicas atreladas aos moluscos, mas para que estes recursos

se mostrem mais efetivos é necessário, que o docente, esteja totalmente

contextualizado e capacitado a problematizar o tema.

O incentivo as novas tecnologias se dá, principalmente pelo uso da internet e

apenas os LDs 4 e 5 incitam o uso desta ferramenta. Verificamos que o incentivo às

inovações tecnológicas, ainda não está amplamente disseminado nos recursos

didáticos. Para o uso da internet, é indispensável um suporte das escolas através da

disponibilidade de computadores e acesso a rede internet, aliado a isso, os

- 64 -

professores precisam ser capazes de interagir com esse recurso para que sejam

capazes de oferecer tarefas contributivas ao ensino.

A conservação dos moluscos é abordada nos LDs de maneira superficial, e

indireta, tornando o tema insuficiente para os estudantes.

A maioria dos autores (LD 1, 3, 4 e 5) apresentam textos que podem ser

utilizados didaticamente para o ensinamento de temas que abordem a conservação

do filo Mollusca embora a ênfase dada nos conceitos ainda recai sobre os aspectos

anatômicos e não mencionam as interações ecológicas dos moluscos e sua

importância nos inúmeros ciclos biológicos.

A malacofauna nativa representativa da nossa biodiversidade não é abarcada

nos livros. Ao representar a nossa fauna, podemos divulgar o quanto o grupo é

megadiverso e numeroso, e o aumento do conhecimento sobre os moluscos

servirão, certamente, para as políticas públicas que tratam das medidas

conservacionistas (THOMÉ; GOMES; PICANÇO, 2006). A ampliação do

conhecimento sobre os moluscos nas escolas pode estimular a afetividade dos

alunos em relação ao grupo, ao perceberem a nossa riqueza de espécies e o quanto

elas são importantes para as funções ecológicas.

Os fatores debatidos anteriormente nos levam a outros aspectos divulgados

nos LDs: a visão dos moluscos como ―vilões‖ que pode acarretar diretamente na

construção de idéias que estimulam mitos, crendices, medos e repugnância nos

alunos sobre o filo. Este comportamento apresentado pelos alunos pode se tornar

um empecilho na sensibilização dos estudantes para a conservação.

A introdução de espécies é abordada na maioria dos livros com principal

problemática causadora de danos ao ambiente e ao homem. Mas esse tema é

citado, na maioria das vezes, seguindo uma postura capitalista, salientando os

prejuízos econômicos que as bioinvasões podem ocasionar. Em segundo plano, os

danos a saúde são mencionados e explicam os agentes patogênicos que podem ser

associados às espécies invasoras. De maneira geral, os danos ambientais são

destacados de forma indireta ou pouco fundamentados.

Visando um aprimoramento do conteúdo sobre a conservação dos moluscos

nos LDs de Ciências Naturais, algumas medidas precisam ser tomadas:

- 65 -

propor a reformulação estrutural das teorias, ressaltando a importância

ecológica dos moluscos;

demonstrar o quanto o grupo é diverso e abundante e que a sua

degradação traria conseqüências catastróficas aos ecossistemas;

investir em atualizações e revisões satisfatórias das edições, a fim de

acompanhar os estudos filogenéticos, que apresentam inúmeras

novidades em relação aos táxons;

valorizar a malacofauna nativa com exemplos de espécies típicas dos

ambientes onde os estudantes estão inseridos;

promover ações educativas que auxiliem na redução do sentimento de

repulsa dos moluscos entre os alunos;

sugerir atividades informais e lúdicas para aumentar o conhecimento

sobre os moluscos substituindo um pouco os ensinamentos

enfadonhos que muitas vezes são impostos.

Aplicando as medidas propostas teríamos uma adequação dos conteúdos do

filo Mollusca nos livros didáticos de Ciências Naturais, a fim de reduzir erros

conceituais e as abordagens ultrapassadas. Este estudo pode funcionar, de modo

contributivo, para a construção de guias de análises de LDs, para que os docentes

tenham inúmeras ferramentas para fazer a escolha mais adequada dos LD para os

seus alunos.

O LD é uma ferramenta didática de muito valor no processo de aprendizagem

dos alunos. É importante que ele ofereça informações conceituais corretas e que se

mostre um bom estimulador de ―saberes‖ nos alunos. Para que esses aspectos

sejam inseridos e/ou melhorados (a fim de minimizar os erros e torná-lo mais

incentivador) nesse recurso didático é importante o investimento em pesquisas de

instituições superiores de ensino juntamente com órgãos que regulamentam,

selecionam e distribuem os LDs. Os estudos científicos podem buscar soluções e

identificar os equívocos que encontramos nos livros além de aprimorar os conteúdos

com o intuito de transformá-lo mais dinâmico e lúdico.

Diante das informações obtidas podemos perceber que muitos aspectos dos

conteúdos dos moluscos nos LDs precisam ser aprimorados ou incrementados para

que haja uma contribuição efetiva na conservação do filo.

- 66 -

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