9.15 a instituição do batismo cristão _autoridade divina e fórmula batismal_

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1 9.15 A Instituição do Batismo Cristão (Autoridade Divina e Fórmula Batismal)  1. Foi Instituído com Autoridade Divina.  O batismo foi instituído por Cristo depois que Ele consumou a obra de reconciliação e depois que esta recebeu a aprovação do Pai na ressurreição. É digno de nota que Ele prefaciou a grande comissão com as palavras: "Ide, portanto (isto é, porque todas as nações estão sujeitas a Mim), fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado". Mt 28.19,20. A forma complementar de Mc 16..15,16 tem esta redação:"Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado." Assim, nesta ordem repassada de autoridade estão claramente indicados os seguintes elementos: (a) Os discípulos deveriam ir por todo o mundo e pregar o Evangelho a todas as nações, a fim de levar as pessoas ao arrependimento e ao reconhecimento de Jesus como o Salvador prometido; (b) Os que aceitavam a Cristo pela fé deveriam ser batizados em nome do Deus triúno, como sinal e selo do fato de que tinham entrado numa nova relação com Deus e, nesta qualidade, estavam obrigados a viver de acordo com as leis do reino de Deus; (c) Deveriam ser colocados sob o ministério da Palavra, não meramente como proclamação das boas novas, mas como exposição dos mistérios, privilégios e deveres da nova aliança. Para encorajamento dos discípulos, Jesus acrescentou as palavras: "E (Eu, que estou revestido de autoridade para dar esta ordem) eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século". 2. A Formula Batismal. Os apóstolos receberam instruções específicas para batizarem eis to onoma tou patros kai tou hyiou kai tou hagiou pneumatos  (para uma relação com o nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo). A Vulgata traduziu as primeiras palavras, "eis to onoma" pela expressão latina "in nomine" (em nome), tradução seguida pela de Lutero, "im namen".* Dá-se-lhes assim o sentido de "sobre a autoridade do trino Deus", Em sua Gramática do Novo Testamento (Grammar of the Greek New Testament), p. 649, Robertson lhes atribui este sentido, mas não apresenta nenhuma prova em seu favor. O fato é que esta interpretação é exegeticamente insustentável. A idéia de " sobre a autoridade de" é expressão pela frase en toi onomati, ou pela frase mais curta en onomati, Mt 21.9; Lc 10.17; Jo 14.26; At 3.6; 9.27, etc. A preposição eis (para dentro de) é mais indicativa de um fim e, portanto, pode ser interpretada no sentido de "em relação a", ou "para a profissão de fé em alguém e sincera obediência a alguém". Está em completa harmonia com isso o que Allen diz em su comentário de Mateus: "A pessoa batizada era simbolicamente introduzida "no nome de Cristo", isto é, tornava-se Seu discípulo, isto é, entrava num estado de lealdade a Ele e de comunhão com Ele". Este é o sentido dado por Thayer, Robinson e, substancialmente, também por Cremer-Koegel e Baljon, em seus léxicos. É também o sentido adotado por comentadores como Meyer, Alford, Allen, Bruce, Grosheide e Van Leeuwen. Este significado do termo é plenamente confirmado por expressões paralelas com eis ton Mousen, 1 Co 10.2; eis to onoma Paulou, 1 Co 1.13 eis hen soma, 1 Co 1213; e eis Christon, Rm 6.3; Gl 3.27. O argumento do doutor Kuyper tocante a este ponto acha-se em

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9.15 A Instituição do Batismo Cristão (Autoridade Divina e Fórmula Batismal) 

1. Foi Instituído com Autoridade Divina. 

O batismo foi instituído por Cristo depois que Ele consumou a obra de reconciliação e

depois que esta recebeu a aprovação do Pai na ressurreição. É digno de nota que Eleprefaciou a grande comissão com as palavras: "Ide, portanto (isto é, porque todas asnações estão sujeitas a Mim), fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nomedo Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as cousas que vostenho ordenado". Mt 28.19,20. A forma complementar de Mc 16..15,16 tem estaredação:"Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.Quem crer e forbatizado será salvo; mas quem não crer será condenado." Assim, nesta ordem repassadade autoridade estão claramente indicados os seguintes elementos:

(a) Os discípulos deveriam ir por todo o mundo e pregar o Evangelho a todas as nações, afim de levar as pessoas ao arrependimento e ao reconhecimento de Jesus como oSalvador prometido;

(b) Os que aceitavam a Cristo pela fé deveriam ser batizados em nome do Deus triúno,como sinal e selo do fato de que tinham entrado numa nova relação com Deus e, nestaqualidade, estavam obrigados a viver de acordo com as leis do reino de Deus;

(c) Deveriam ser colocados sob o ministério da Palavra, não meramente comoproclamação das boas novas, mas como exposição dos mistérios, privilégios e deveres danova aliança. Para encorajamento dos discípulos, Jesus acrescentou as palavras: "E (Eu,que estou revestido de autoridade para dar esta ordem) eis que estou convosco todos os

dias até à consumação do século".2. A Formula Batismal. 

Os apóstolos receberam instruções específicas para batizarem eis to onoma tou patros kai tou hyiou kai tou hagiou pneumatos (para uma relação com o nome do Pai e do Filho e doEspírito Santo). A Vulgata traduziu as primeiras palavras, "eis to onoma" pela expressãolatina "in nomine" (em nome), tradução seguida pela de Lutero, "im namen".* Dá-se-lhesassim o sentido de "sobre a autoridade do trino Deus", Em sua Gramática do NovoTestamento (Grammar of the Greek New Testament), p. 649, Robertson lhes atribui estesentido, mas não apresenta nenhuma prova em seu favor. O fato é que esta interpretação

é exegeticamente insustentável. A idéia de "sobre a autoridade de" é expressão pela fraseen toi onomati, ou pela frase mais curta en onomati, Mt 21.9; Lc 10.17; Jo 14.26; At 3.6;9.27, etc. A preposição eis (para dentro de) é mais indicativa de um fim e, portanto, podeser interpretada no sentido de "em relação a", ou "para a profissão de fé em alguém esincera obediência a alguém". Está em completa harmonia com isso o que Allen diz em sucomentário de Mateus: "A pessoa batizada era simbolicamente introduzida "no nome deCristo", isto é, tornava-se Seu discípulo, isto é, entrava num estado de lealdade a Ele e decomunhão com Ele". Este é o sentido dado por Thayer, Robinson e, substancialmente,também por Cremer-Koegel e Baljon, em seus léxicos. É também o sentido adotado porcomentadores como Meyer, Alford, Allen, Bruce, Grosheide e Van Leeuwen. Estesignificado do termo é plenamente confirmado por expressões paralelas com eis ton

Mousen, 1 Co 10.2; eis to onoma Paulou, 1 Co 1.13 eis hen soma, 1 Co 1213; e eisChriston, Rm 6.3; Gl 3.27. O argumento do doutor Kuyper tocante a este ponto acha-se em

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Uit het Woord, Eerste Serie, Eerste Bundek**. Ao que parece, devemos traduzir apreposição esi por "para dentro de" ou "para" (isto é, "em relação a") o nome. O vocábuloonoma (nome) é empregado no sentido do hebraico shem como indicativo de todas asqualidades pelas quais Deus se faz conhecido e que constituem a soma total de tudoquanto Ele é para os Seus adoradores. Em sua obra intitulada Bible Studies (Estudos

Bíblicos)***, Deissman se refere a exemplos interessantes deste uso particular da palavraonoma nos papiros. Interpretado sob esta luz, a fórmula batismal indica que, pelo batismo(isto é, por aquilo que é significado ou simbolizado no batismo), o participante é colocadonum relacionamento especial com a auto-revelação divina, ou com Deus como Ele serevelou e revelou o que deseja ser para o Seu povo, e, ao mesmo tempo, torna-se deverimperativo vive à luz dessa revelação.

Não é necessário presumir que, quando Jesus empregou estas palavras, Ele tencionavatê-las como uma fórmula a ser utilizada para sempre. Ele as empregou apenas comodescritivas do caráter do batismo que Ele instituiu exatamente como expressões similaresse prestam para caracterizar outros batismos, At 19.3; 1 Co 1.13; 10.2; 12.13. Ás vezes sediz, com recurso a passagens como At 2.48; 8.16; 10.48; 19.5, e também Rm 6.3 e Gl3.27, que os apóstolos evidentemente não usaram a fórmula trinitária; mas esta não éuma dedução necessária, embora seja inteiramente possível, desde que eles nãocompreenderam as palavras de Jesus na grande comissão como prescrevendo umafórmula definida. Também é possível, porém, que as expressões utilizadas nas passagensindicadas servissem para acentuar certas particularidade concernentes ao batismoministrado pelos apóstolos. Devemos notar que as preposições variam. At 2.38 [E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo,para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo;] fala de um batismo epitoi anomati Iesou Christou, que provavelmente se refere a um batismo baseado na

confissão de Jesus como o Messias. Segundo At 10.18 [E mandou que fossem batizadosem nome do SENHOR. Então rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias.], os quese achavam presentes na casa de Cornélio foram batizados en onomati Iesou Christou,para indicar que foram batizados sobre a autoridade de Jesus. Todas as passagensrestantes mencionam um batismo eis to anoma Iesou Christou (ou tou Kyriou Iesou), ousimplesmente um batismo eis Christon. Talvez as expressões sirvam apenas para salientaro fato de que os participantes foram colocados numa relação especial com Jesus, a quemos apóstolos estavam pregando, e, por isso, Lhe estavam sujeitos como seu Senhor. Masqualquer que tenha sido a prática na era apostólica, é evidente que quando, mais tarde, aigreja sentiu a necessidade de uma fórmula, não pôde achar outra melhor do que a contidanas palavras de instituição do batismo. Esta fórmula já estava em uso quando o Didaquê

(O Ensino dos Doze Apóstolos) foi escrita (c. 100.A.D.)****.

Notas: * Seguida geralmente pelas versões na língua portuguesa. Nota do tradutor.** P. 263 e segtes.*** P. 146.**** Capítulo VII.1 [Quanto ao batismo, faça assim: depois de ditas todas essas coisas,batize em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.]

Autor: Louis BerkhofFonte: Teologia Sistemática do autor, p. 629 -631, Ed Cultura Cristã (CEP).

Mais estudos no site - http://sites.google.com/site/estudosbiblicossolascriptura/ 

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