9 identidade eo - casa de saúde do bom...

75
Identidade e Missão 9 9 PRATICAI A HOSPITALIDADE Documento do XXI Capítulo Geral do Sagrado Coração de Jesus Irmãs Hospitaleiras

Upload: others

Post on 23-Sep-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Identidade e Missão

9

9

PRATICA

I A H

OSPITA

LIDA

DE

Docum

ento do XXI Capítulo Geral

do Sagrado Coração de JesusIrm

ãs Hospitaleiras

Page 2: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,
Page 3: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,
Page 4: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

PRATICAI A HOSPITALIDADE

DOCUMENTO DO XXI CAPÍTULO GERAL

Roma, junho 2018

Irmãs Hospitaleirasdo Sagrado Coração de Jesus

Page 5: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Edita: Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de JesusDepósito legal: M-xxxxx-2018Desenho de Capa: EscriñaAcabamento e Impressão: ADVANTIA, Comunicación Gráfica, S.A.

Page 6: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

ÍNDICE

APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 07

ÍCONES: A MULHER SAMARITANA E O HOMEM SAMARITANO .................. 13Textos bíblicos ........................................................................................................ 15Comentário .............................................................................................................. 17

I. COMUNIDADES EM MISSÃO SAMARITANA .................................. 191. Buscadoras de Água Viva ....................................................................... 212. Testemunhas de Hospitalidade em comunidade .......................... 223. Em processo contínuo de formação .................................................. 234. O anúncio da Água Viva ......................................................................... 25

II. ANIMAÇÃO E GOVERNO COMO SERVIÇO ...................................... 291. Obedientes ao Espírito ............................................................................ 312. Formação e acompanhamento no serviço de animação e

governo ......................................................................................................... 323. Revisão das estruturas de governo e organização ....................... 334. Reorganização da área económico-financeira ............................... 35

III. MISSÃO HOSPITALEIRA EM SAÍDA ..................................................... 411. Dimensão evangelizadora da missão ................................................ 432. Leigos Hospitaleiros a caminho ........................................................... 443. Corresponsáveis na mesma missão .................................................... 454. Análise e sustentabilidade da Obra hospitaleira ........................... 475. Solidariedade e Cooperação internacional...................................... 49

AVALIAÇÃO ............................................................................................................ 55

QUADROS ............................................................................................................... 59

Page 7: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,
Page 8: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

APRESENTAÇÃO

Page 9: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,
Page 10: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Apresentação

9

Em sintonia com o dinamismo evangelizador da Igreja, ca-racterizado pela alegria, a conversão pastoral e missionária e o paradigma da saída1, celebrámos o XXI Capítulo geral como acontecimento forte de renovação, em ambiente de fé e fra-ternidade, de forte comunhão congregacional, de responsabi-lidade partilhada e de compromisso com as pessoas doentes e necessitadas.

Foi um tempo oportuno para: recolher os frutos do processo de reestruturação e revitalização para uma Hospitalidade recria-da, vivido no sexénio 2012-2018; acolher as reflexões e o sentir de toda a Comunidade hospitaleira comprometida na prepa-ração deste acontecimento; e discernir as procuras e propostas que nos hão de orientar nos próximos anos.

Sob o olhar benevolente de Maria, Nossa Senhora do Sagrado Coração de Jesus, e impulsionadas pelo Espírito, a “Ruah” divina, sentimo-nos urgidas a viver com radicalidade o mandato do após-tolo Paulo à comunidade cristã de Roma: “Praticai a hospitalidade” (Rm 12,13).

Este mandamento é um “imperativo carismático” para a nos-sa Congregação de Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e para todos aqueles que, pela sua dedicação, qualidade profissional, criatividade e humanização, assumem o sentido de missão inerente à vivência da Hospitalidade.

Desde as nossas origens, este imperativo animou a vida e missão; agora, torna-se de novo envio, colocando-nos em pro-cesso de conversão, de “volta ao essencial”, fazendo-nos criati-vas e determinadas, questionando-nos sobre a nossa forma de vida e interrogando-nos sobre se as nossas obras e presenças respondem ao que Deus quer e a humanidade exige de nós2.

1 Cf. Papa Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (daqui para a frente EG), 3.

2 Cf. Papa Francisco, Carta aos Consagrados no ano da vida consagrada, I.2 e II.5.

Page 11: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Apresentação

10

Como corpo congregacional somos parte da Igreja sama-ritana que, movida pela entranhável compaixão de Deus, se aproxima da humanidade ferida e cuida dela com misericórdia3. Estamos profundamente convencidas, evangélica e carismatica-mente, que não pode existir compaixão pela dor da humanidade se não existir paixão por Deus que, em Jesus, nos revela todo o amor do seu coração.

Por isso, tomamos como referência dois ícones bíblicos, um homem e uma mulher samaritanos e deixamo-nos acompanhar por eles. Uma mulher que, no encontro com Jesus, descobre a sua sede e Aquele que é a “Água viva” e, pela paixão pela sua pessoa, ministério e mensagem, abandona o cântaro e transforma-se em testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho, encontrou outro meio morto e, pela compaixão do seu coração, aproximou-se e teve misericórdia, cuidando dele com generosidade e delicadeza4.

Numa perspetiva vivencial humana ou crente, podemos en-contrar nestes dois samaritanos uma referência para o nosso ser e atuar que impulsione o caminho dos próximos anos e nos torne capazes de viver a nossa identidade samaritana como projeto comum.

O Documento capitular, “tesouro” que agora colocamos nas mãos de toda a Comunidade hospitaleira, pretende, através de uma leitura crente e carismática da nossa realidade, respon-der aos desafios identificados como prioritários à luz da Palavra de Deus, das orientações eclesiais, das vozes proféticas e auda-zes do nosso mundo e, sobretudo, dos destinatários da nossa missão.

O documento está formado por três partes, cada uma com um texto iluminador que sintetiza convicções e desafios, apre-

3 Cf. Lc 10, 37.4 Cf. Instrumentum Laboris do Congresso de Vida Consagrada, 2004, 10.

Page 12: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Apresentação

11

sentando depois uma parte operacional, em forma de PROCU-RAMOS e PROPOMOS:

- PROCURAMOS (objetivos), assinala o que queremos alcan-çar durante o sexénio, aquilo para o qual se hão de dirigir prioritariamente os nossos esforços;

- PROPOMOS (ações), determina o que temos de fazer para alcançar esses objetivos, aquilo que devemos ir realizando processualmente.

A primeira parte, COMUNIDADES EM MISSÃO SAMARITA-NA, desafia-nos: a sermos mulheres “buscadoras de água viva”, que se deixam transformar pelo encontro pessoal com Cristo, vivendo com alegria e radicalidade a vocação e o envio a ser instrumentos de misericórdia; a assumir que a vida fraterna é um pilar fundamental da nossa vida que temos de humanizar e renovar, valorizando a interculturalidade; a desenvolver uma cultura de formação contínua como processo revitalizador que nos configura com os sentimentos do coração de Jesus; a anun-ciar a outros a alegria do seguimento de Jesus na vida consa-grada hospitaleira convidando-os para as nossas comunidades, e a encarnar uma pastoral em chave de missão.

A segunda parte, ANIMAÇÃO E GOVERNO COMO SERVIÇO, projeta-nos para uma mudança no nosso estilo de animação e governo que promova a espiritualidade de comunhão e o sentido de colaboração na missão sanadora de Jesus. Para isso, precisa-mos de cuidar particularmente, o acompanhamento, a formação e a avaliação das pessoas que assumem este ministério; é neces-sário também rever as estruturas de governo, nos diferentes ní-veis, assim como a organização canónica da Congregação, numa realidade em constante transformação; igualmente, urge reorga-nizar a área económico-financeira em fidelidade ao carisma e à missão, potenciando a sustentabilidade e a comunicação de bens.

A terceira parte, MISSÃO HOSPITALEIRA EM SAÍDA, com-promete-nos: a reavivar a dimensão evangelizadora do projeto

Page 13: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Apresentação

12

hospitaleiro e a dar respostas novas e criativas aos clamores da-queles que vivem nas fronteiras existenciais; a favorecer o de-senvolvimento e a estruturação dos grupos de leigos cristãos que, em sintonia com o carisma da hospitalidade, se sentem en-viados para o serviço das pessoas doentes; a impulsionar a inte-gração dos colaboradores potenciando um modelo de missão partilhada que fortaleça o sentido de pertença e a fidelidade à cultura institucional; a analisar as obras hospitaleiras para que, com os valores nucleares do nosso projeto assistencial, sejamos capazes de discernir o futuro de ditas obras e atividades e tor-nar sustentável a missão; e, por último, a aumentar o espírito de solidariedade e cooperação na nossa Instituição presente em países muito necessitados.

Uma visão global do Documento permite identificar cinco eixos transversais que, além de articular as partes entre si, hão de inspirar e caraterizar as nossas procuras e propostas: a evan-gelização, através da própria vida hospitaleira; o discernimen-to, como atitude de vida; a interculturalidade que transforma a universalidade em tecido relacional; a reestruturação como necessidade de adaptação em fidelidade criativa; e a avaliação, como ocasião de melhoria contínua.

Desejo que, por intercessão dos nossos Fundadores, S. Ben-to Menni, Maria Josefa Récio e Maria Angústias Giménez, todos os que formamos a Comunidade hospitaleira, sejamos capazes de fazer deste Documento “palavra viva” que renove em nós a alegria do Evangelho na prática da Hospitalidade5.

Anabela CarneiroSuperiora geral

5 Irmãs Hospitaleiras SCJ, Oração pelo XXI Capítulo geral.

Page 14: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

ÍCONES:

A MULHER SAMARITANA E O HOMEM SAMARITANO

Page 15: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,
Page 16: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Ícones: A mulher samaritana e o homem samaritano

15

Para iluminar a dinâmica mobilizadora, que implica êxodo, oferecemos a luz do Evangelho que nos é dada pelos relatos de dois samaritanos, uma mulher e um homem; são duas ima-gens, dois ícones bíblicos: a água viva para percorrer o caminho samaritano e o olhar samaritano para nos aproximarmos dos “descartados” nas margens do caminho.

Textos bíblicos

A MULHER SAMARITANA (Jo 4, 5-15.28-30.39-42)

Jesus chegou, pois, a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto do terreno que Jacob tinha dado ao seu filho José. Ficava ali o poço de Jacob. Então Jesus, cansado da caminhada, sentou-se, sem mais, na borda do poço. Era por volta do meio-dia.

Entretanto, chegou certa mulher samaritana para tirar água. Dis-se-lhe Jesus: «Dá-me de beber.» Os seus discípulos tinham ido à cidade comprar alimentos. Disse-lhe então a samaritana: «Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber a mim que sou sama-ritana?» É que os judeus não se dão bem com os samaritanos. Respondeu-lhe Jesus: «Se conhecesses o dom que Deus tem para dar e quem é que te diz: ‘dá-me de beber’, tu é que lhe pedirias, e Ele havia de dar-te água viva!» Disse-lhe a mulher: «Senhor, não tens sequer um balde e o poço é fundo... Onde consegues, então, a água viva? Porventura és mais do que o nosso patriarca Jacob, que nos deu este poço donde beberam ele, os seus filhos e os seus rebanhos?» Replicou-lhe Jesus: «Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede; mas, quem beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der há-de tornar-se nele em fonte de água que dá a vida eterna.» Disse-lhe a mulher: «Senhor, dá-me dessa água, para eu não ter sede, nem ter de vir cá tirá-la.» Então a mulher deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àquela gente: «Eia! Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz! Não será Ele o Messias?» Eles saíram da cidade e

Page 17: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Ícones: A mulher samaritana e o homem samaritano

16

foram ter com Jesus. Muitos samaritanos daquela cidade acre-ditaram nele devido às palavras da mulher, que testemunhava: «Ele disse-me tudo o que eu fiz.» Por isso, quando os samarita-nos foram ter com Jesus, começaram a pedir-lhe que ficasse com eles. E ficou lá dois dias. Então muitos mais acreditaram nele por causa da sua pregação, e diziam à mulher: «Já não é pelas tuas palavras que acreditamos; nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é verdadeiramente o Salvador do mundo.

O HOMEM SAMARITANO (Lc 10, 25-37)

«Levantou-se, então, um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?» Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês?» O outro respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.» Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e viverás.»

Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?» Tomando a palavra, Jesus respondeu: «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pan-cadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. Por coincidên-cia, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, pas-sou ao largo. Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: ‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.’ Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?» Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.»

Page 18: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Ícones: A mulher samaritana e o homem samaritano

17

Comentário

SAMARITANA – Sede de “Água viva”

Jesus, sedento e cansado do caminho, espera junto do poço a mulher samaritana e pede-lhe água. É uma mulher estrangei-ra, de cul tura diferente que vem ao poço fora de horas e Jesus, contrariando os costumes sociais, dialoga com ela provocan-do uma transformação total na sua vida. Agora é a mulher que pede a Jesus água para a sua sede.

Esta mulher é símbolo da rotina e dispersão que não deixam ver o essencial. O encontro com este Mestre desconhecido en-sina-a a distinguir o que é importante do que é urgente; leva-a a reconhecer o que realmente vale e a relativizar todo o resto.

Na Água viva que só Jesus lhe pode dar, ela descobre o cen-tro e o sentido da sua existência. A mulher passa da dispersão ao essencial, da superficialidade à interioridade.

O culto, as tradições, a lei perdem significado quando des-cobre que Deus a ama tal como ela é, e que Ele se deixa encon-trar por aqueles que o buscam com um coração sincero. Aquela Água viva que mata a sede do seu coração não é só para si mesma, mas é oferecida a todas as gerações. A mulher passa do particular ao universal, do próprio ao intercultural, do egoísmo à entrega generosa, da experiência pessoal de libertação inte-rior ao anúncio gozoso.

A semente de esperança e vida nova colocada no seu cora-ção impulsiona-a a sair de si mesma para ir anunciar aquela tor-rente de Água viva que Jesus tem para dar. O seu testemunho dá frutos de evan gelização e de construção da comunidade. A mulher samaritana passa do pessoal para o comunitário, do seu pequeno mundo limitado para a hospitalidade sem fronteiras.

No encontro com Jesus, também a nossa vida se vai trans-formando quando escutamos as suas palavras: acolhe, escuta,

Page 19: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Ícones: A mulher samaritana e o homem samaritano

18

redescobre, deixa-te transformar; vai, anuncia, leva a todos a água da ternura, da sanação e do amor de Deus, pratica a hos-pitalidade.

SAMARITANO – Proximidade compassiva

É a história de um caminhante que vai pelo mundo com os olhos abertos e o coração atento, olha à sua volta, deixa-se sur-preender pela realidade, acolhe-a, dialoga com ela e compro-mete-se com a sua transformação.

Perante a pessoa ferida e maltratada, o samaritano altera os seus planos, dedica o seu tempo, utiliza os meios ao seu alcance e compromete outros na atenção necessária ao homem caído, indefeso, vulnerável. O seu exemplo desafia-nos a transformar a nossa forma de realizar a missão e a rever o estilo e método evangelizador das nossas comunidades e obras.

Neste encontro com o sofrimento humano, o homem sa-maritano realiza um processo de “saída” de si mesmo para se aproximar daquele que está “meio morto”, daquele que não tem voz, nem poder, nem futuro.

Enche-se de compaixão e transforma a sua vida num “êxodo” humano e espiritual fecundo em obras de sanação. Esta atitude de “saída” de nós mesmos e dos nossos interesses é essencial para o nosso modo de cuidar.

Na sua proximidade compassiva, o samaritano toma cons-ciência de ser portador de um carisma capaz de congregar e comprometer, em corresponsabilidade, a outros que darão con-tinuidade ao processo sanador. O samaritano humaniza-se a si mesmo quando humaniza a relação e o serviço prestado.

A hospitalidade acontece quando escutamos as palavras de Jesus: Vai e faz tu o mesmo; para, vê, compadece-te, aproxima--te, toca na ferida, cura, ama, pratica a hospitalidade.

Page 20: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

I.

COMUNIDADES EM MISSÃO SAMARITANA

Page 21: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,
Page 22: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

I. Comunidades em missão samaritana

21

1. Buscadoras de Água Viva«Dá-me de beber» (Jo 4,7)

1. Jesus vem ao nosso encontro junto ao poço da nossa quotidianidade, pede-nos de beber e chama-nos para o essen-cial. A sua sede gera em nós processos pessoais e fraternos de conversão: desafia-nos a abandonar o cântaro da dispersão e da superficialidade e a focalizar-nos no amor que cura e salva. A força transformadora deste encontro leva-nos a viver a nos-sa vocação com alegria e radicalidade,6 testemunhando que o Cristo compassivo e misericordioso do Evangelho permanece vivo.7

Como a mulher samaritana, queremos renascer vocacional-mente a partir da experiência fundante da centralidade de Cristo na nossa vida. Isto impele-nos a uma renovada escuta da Palavra de Deus e a recuperar o valor do silêncio para a meditarmos e nos deixarmos interpelar.

2. Cristo é a Água Viva que sacia a nossa sede de interio-ridade e sentido, fortalece a koinonia e torna fecundo o nosso serviço hospitaleiro. O encontro pessoal com Ele há de levar-nos a renovar a nossa aliança de amor. “Ele permite que levantemos a cabeça e recomecemos, com uma ternura que nunca nos defrau-da e sempre nos pode restituir a alegria”.8 Esta união convida-nos também a contemplar a realidade com um novo olhar9 e a com-prometermo-nos com as novas formas de sofrimento, partindo de uma atitude profética.10

6 Cf. Irmãs Hospitaleiras SCJ, Constituições [seguidamente, Const.], 69.7 Cf. Const. 5.8 Papa Francisco, Exortação apostólica Evangelii Gaudium [seguidamente,

EG], 3.9 Cf. Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades

de Vida Apostólica [seguidamente: civcsva], Sondai o Horizonte, Cidade do Vaticano 2014, 6.

10 Cf. EG, 210.

Page 23: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

I. Comunidades em missão samaritana

22

Este encontro vital com a misericórdia revelada por Deus e encarnada em Jesus Cristo transforma-nos em instrumentos da misericórdia11 e é fonte de alegria, serenidade e paz.12 Quere-mos ser mulheres samaritanas que se deixam interpelar pela sede de Cristo na pessoa do pobre, do doente, do mais vulnerá-vel, e que respondem com gestos samaritanos de hospitalidade. A missão à qual Cristo nos envia configura toda a nossa vida, não só porque estamos em missão, mas porque somos missão.

2. Testemunhas de hospitalidade em comunidade“Vinde e vede … e acreditaram” (Jo 4, 29)

3. O mesmo dinamismo que moveu a mulher de Samaria a sair do seu próprio poço e a comunicar a sua transformação por meio do encontro com Jesus e a compaixão que comoveu o homem samaritano para descer do seu cavalo e acolher o próximo ferido, impelem-nos a tornarmo-nos testemunho de Hospitalidade, na vida fraterna e na missão apostólica.13

Conscientes de que a fecundidade da vida religiosa depen-de da qualidade da vida fraterna em comunidade,14 assumimos esta dimensão como um pilar fundamental da nossa vida hos-pitaleira e também a maneira concreta de evangelizar. Recebe-mos esta herança da “primeira comunidade”15 e foi o grande sonho que a nossa Fundadora, a Venerável Maria Josefa Récio,

11 Cf. Menni Bento, Cartas do Servo de Deus, C. 587.12 Cf. Papa Francisco, Misericordiae Vultus, Bula de proclamação do Jubileu

Extraordinário da Misericórdia, Cidade do Vaticano, 11 de abril de 2015, 2 e 13.

13 Cf. Papa Francisco, Carta aos Consagrados no Ano da Vida Consagrada, II.3; João Paulo II, Exortação apostólica pós-sinodal Vita Consecrata [seguidamente: VC], 51.

14 Cf. civcsva, A Vida Fraterna em Comunidade, 55.15 Cf. Giménez Vera M. A., Relação sobre as Origens da Congregação

[seguidamente: RMA], p. 56

Page 24: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

I. Comunidades em missão samaritana

23

nos transmitiu com as suas palavras e o seu testemunho.16 Hoje somos chamadas a humanizar as nossas comunidades resga-tando valores fundamentais, como a simplicidade, a pobreza, a disponibilidade, o acolhimento, a estima recíproca, o perdão, a alegria e a gratuitidade no serviço ao doente.17

4. A Congregação vai-se definindo cada vez mais no plural, enriquecendo-se e expandindo-se na universalidade e diversi-dade de culturas onde o carisma vai mostrando os seus dife-rentes rostos e matizes. Isso coloca-nos dois grandes desafios: a valorização da inculturação e a potenciação da interculturali-dade.

O mandado missionário da Hospitalidade obriga-nos a pros-seguir com mais audácia a dinâmica de revitalização, renovando o estilo e a configuração das nossas comunidades para que o seu projeto específico da vida e missão tenha a força profética que a Igreja e o mundo esperam de nós.

3. Em processo contínuo de formação“Se conhecesses o dom que Deus tem para dar” (Jo 4, 10)

5. Viver em fidelidade a vocação e o carisma, com um esti-lo samaritano, exige uma atitude permanente de purificação e crescimento, de maturação e transformação nas diferentes di-mensões que nos constituem como mulheres consagradas. A formação, precisamente, visa “ajudar-nos a crescer no aspeto humano, cristão, religioso e hospitaleiro, tendo como meta atin-gir a ‘medida da estatura completa de Cristo’, preparando-nos com competência e fidelidade para realizar a missão a que fo-mos chamadas”.18

16 Cf. RMA, p. 240.17 Cf. Const., 51.18 Const., 72.

Page 25: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

I. Comunidades em missão samaritana

24

Nesta perspetiva, a formação é um caminho de fidelidade ao chamamento recebido, dom e tarefa19 que pede a responsabili-dade de viver em permanente busca e disponibilidade. Seguin-do o exemplo da samaritana e do samaritano, devemos estar disponíveis para nos deixarmos educar, provocar e iluminar pela vida e pela história, pelo que se faz, anuncia e celebra, pelos po-bres e pelos excluídos, pelos que estão próximos e por aqueles que estão longe.20

6. A análise da nossa realidade revela que precisamos de desenvolver uma “cultura de formação contínua”,21 assumindo a formação como um processo, integrador e performativo, reno-vador e revitalizante, o qual, partindo do reconhecimento e da valorização do feminino, favoreça o amadurecimento e o forta-lecimento da dimensão antropológica e carismática. O seu lugar privilegiado é a comunidade e a missão, porque a vida quotidia-na é a primeira escola de formação.

As orientações da Igreja e a realidade da Congregação pe-dem-nos hoje uma resposta de qualidade, sabedoria e eficácia na formação inicial, dando maior incidência às dimensões hu-mana, espiritual, carismática e profissional e tendo em conta os diferentes contextos culturais. É indispensável uma reflexão sobre a nossa realidade formativa, atualizando as estruturas, os métodos e os conteúdos de modo que ajudem a uma progres-siva conformação com os sentimentos de Jesus.22

7. A era digital e as novas tecnologias são uma realidade da cultura de hoje que nos afeta. Oferecem vantagens em termos de informação, facilitam a comunicação, favorecem aprendizagens, possibilitam a formação em rede (online) e potenciam a globali-

19 Cf. Const., 93.20 Cf. civcsva, Vinho novo, odres novos, 35-c.21 Cf. Idem, 35-b.22 Cf. Idem, 35-d,e.

Page 26: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

I. Comunidades em missão samaritana

25

zação dos conhecimentos23, mas apresentam também desafios e riscos, nomeadamente, a desumanização das relações, a falta de veracidade na transmissão de informações, possíveis dependên-cias. Todos estes aspetos afetam de modo especial a experiência da consagração hospitaleira e, portanto, é necessário que a utili-zação destes meios faça parte dos vários programas de formação, para nos podermos situar com responsabilidade nesta “viragem epocal” do mundo da informação e comunicação.

4. O anúncio da Água Viva“Senhor, dá-me dessa Água” (Jo 4, 15)

8. O ser humano é chamado a realizar-se como pessoa atra-vés de uma missão concreta. Deus configura os crentes com Cristo através do batismo mediante o qual nos compromete-mos a segui-lo numa vocação específica dentro da comunidade eclesial. Nós, como a mulher samaritana, sentimo-nos impulsio-nadas a anunciar aos outros a beleza da vocação e a alegria do seguimento de Jesus na vida consagrada hospitaleira.

As nossas comunidades são o lugar a partir do qual é pos-sível fazer o convite para o seguimento de Jesus Cristo, Bom Samaritano. Nelas, os jovens devem poder encontrar um espaço para experimentar o sentido transcendente da vida, a alegria da vocação consagrada, a beleza de uma missão na Igreja, o acompanhamento fraterno no discernimento e o testemunho do serviço gratuito às pessoas doentes e necessitadas. O Papa Francisco encoraja-nos neste projeto pastoral, afirmando que as comunidades onde “falta ardor apostólico contagiante não en-tusiasmam nem fascinam. Pelo contrário, quando há vida, fervor, paixão de levar Cristo aos outros, surgem vocações genuínas”.24

23 Irmãs Hospitaleiras do SCJ, Plano Geral de Formação em Identidade Hospitaleira segundo a Carta de Identidade Institucional, 18.

24 EG, 107.

Page 27: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

I. Comunidades em missão samaritana

26

9. Somos chamadas a encarnar uma pastoral em chave de missão que nos comprometa a “sermos audazes e criativas na tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os mé-todos evangelizadores”25 da nossa Pastoral Juvenil Vocacional, adaptando-os à cultura atual e à realidade dos jovens. O anún-cio vocacional brota do dinamismo do carisma hospitaleiro e da fidelidade ao chamamento recebido; é uma exigência da missão que vai além de um único modelo de resposta ao envio: “Vai e faz tu também o mesmo”.26

Fazemos hoje uma opção clara e decidida pela Pastoral Ju-venil Vocacional em todos os lugares onde estamos presentes. Isso implica a criação de ambientes comunitários que testemu-nhem uma saudável realização humana e espiritual, uma expe-riência forte de Deus e o compromisso com a missão; além disso, temos o dever de convidar, implícita e explicitamente, outras pessoas para seguirem este caminho. Nas origens da nossa história temos um verdadeiro paradigma pastoral que nos ilumina.27

25 EV, 33.26 Lc 10,37.27 Cf. RMA, p. 142-143.

Page 28: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

I. Comunidades em missão samaritana

27

PROCURAMOS PROPOMOS

1. B

usca

dora

s de

Águ

a vi

va Ser testemu-nhas credíveis da hospitali-dade de Deus, reavivando, pessoal e co-munitariamen-te, a experiên-cia fundante da nossa voca-ção.

1. Identificação e aplicação de dinâmicas que nos levem à es-cuta, ao acolhimento e à con-templação da Palavra de Deus, partilhando-a e assumindo-a como critério de discernimen-to e ação.

2. Aprofundamento do sentido teológico e carismático da missão, que nos ajude a re-descobrir o Senhor no rosto das pessoas doentes.

3. Realização, em toda a Con-Realização, em toda a Con-gregação, de um processo espiritual que nos impulsione a revitalizar a identidade voca-cional através da revisão das Constituições.

2. T

este

mun

has

de

hosp

ital

idad

e em

com

unid

ade

Reconfigurar as nossas comunidades com diferentes projetos de vida e de missão.

4. Realização de um processo de discernimento sobre as comu-nidades, a fim de promover um renovado estilo de vida e de missão.

5. Criação de comunidades in-Criação de comunidades in-terculturais e intergeracionais, onde se viva a experiência de comunhão na diversidade, se manifeste a riqueza da encar-nação do carisma e sejam si-nal da fraternidade universal.

Page 29: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

I. Comunidades em missão samaritana

28

PROCURAMOS PROPOMOS

3. E

m p

roce

sso

cont

ínuo

de

form

ação

Promover uma cultura de formação contínua que desencadeie processos de renovação.

6. Realização gradual de proces-Realização gradual de proces-sos de formação progressivos e sistemáticos, acompanhados e integrais, adaptados aos di-ferentes ciclos de vida, às eta-pas de formação e aos contex-tos pessoais e comunitários.

7. Elaboração de programas de formação que incidam no amadurecimento humano a partir do feminino, no uso dos meios de comunicação social, no valor do silêncio e na inter-culturalidade.

4. O

anú

ncio

da

Águ

a vi

va Desenvolver uma Pastoral Juvenil Vocacional que convide ao seguimento de Jesus a partir de uma missão específica na Igreja.

8. Concretização do comprome-Concretização do comprome-timento de todas, a nível pes-soal e comunitário, que nos torne audazes e criativas na tarefa da Pastoral Juvenil Vo-cacional.

9. Reconfi guração das comuni-Reconfiguração das comuni-dades segundo diferentes pro-jetos de vida e de missão, que privilegiem a experiência de Deus e o serviço aos doentes.

10. Revisão das “Linhas Gerais de Pastoral Vocacional” para adaptar à realidade os conte-údos, as estruturas e os mé-todos.

Page 30: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

II.

ANIMAÇÃO E GOVERNO COMO SERVIÇO

Page 31: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,
Page 32: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

II. Animação e governo como serviço

31

1. Obedientes ao Espírito«Faz isso e viverás» (Lc 10,28)

10. A comunidade religiosa, seguindo o exemplo da Igreja primitiva, tem de “perseverar na comunhão do mesmo Espírito”.28 Esse único Espírito é aquele que entrelaça na unidade de um só corpo os diferentes ministérios existentes na comunidade e nos conduz a recuperar o sentido evangélico do exercício da autori-dade e da obediência religiosa.

Como o Samaritano, também nós somos chamadas a ter um olhar contemplativo da vida, para descobrir que o caminho da entrega a Deus e aos irmãos se percorre através da lógica do amor e da docilidade ao Espírito.

11. As mudanças profundas e aceleradas, a nível sociocultural e na própria vida religiosa, desvelam-nos uma nova maneira de viver e de compreender as relações que desafiam o nosso modo de ser, de partilhar e de agir e nos pedem uma mudança na animação e no governo da Congregação, nos seus diferentes níveis e âmbitos.

A autoridade na vida consagrada é, em primeiro lugar, espi-ritual; é chamada a “construir em Cristo, uma comunidade fra-terna” na qual se promova a “espiritualidade de comunhão” e se ajude cada um dos seus membros a sentir-se enviado e a colaborar na missão de Jesus.29

Temos de encarnar hoje a paixão de Jesus por fazer a von-tade do Pai30 e a sua atitude de serviço: “veio para servir e não para ser servido”.31 “A autoridade é sempre sinónimo de serviço, humildade, amor; pressupõe entrar na lógica de Jesus que se abaixa a lavar os pés dos apóstolos”.32

28 Concílio Ecuménico Vaticano II, Decreto Perfectae Caritatis [seguidamente: PC], 15. Cf. Atos 2, 42.

29 Cf. civcsva, O Serviço da Autoridade e a Obediência, 13, 17, 19, 20, 23.30 Cf. Jo 4, 34.31 Mc 10, 44; Cf. Mt 20, 27; Lc 22, 24; Jo 13, 14-15.32 Papa Francisco, Discurso às Religiosas participantes na Assembleia Plenária

da UISG, Cidade do Vaticano, 8 de maio de 2013.

Page 33: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

II. Animação e governo como serviço

32

12. A nossa Fundadora, Venerável Maria Josefa Récio, é o modelo deste ministério de autoridade ao serviço da fraternida-de e da missão.33 Também o Papa Francisco nos diz que “quem serve com autoridade é chamado a orientar com clareza evan-gélica o caminho que devemos percorrer juntos, ajudando a encontrar, como prioridade, o rosto do Senhor. É importante ul-trapassar o perigo de nos tornarmos gestores da rotina (...), sem coragem para indicar as metas da autêntica vida religiosa”.34

Tornar visível uma Igreja de comunhão exige um modelo de organização que promove a corresponsabilidade, o diálogo e a subsidiariedade,35 e requer discernimento pessoal e comu-nitário36 realizado com desprendimento, sabedoria espiritual e competência humana. Deste modo, conseguiremos que nos governos haja participação, lealdade, transparência e coerência.

2. Formação e acompanhamento no serviço de animação e governo

“Vendo-o, encheu-se de compaixão…” (Lc 10, 33)

13. No XX Capítulo Geral já se evidenciava a necessidade de acompanhar as superioras para que pudessem exercer a sua missão com liderança e visão de futuro.37 A análise da situação do serviço de animação espiritual, comunitária e apostólica das comunidades e das províncias mostra uma variedade de dados que, juntamente com as solicitações apresentadas pelas Irmãs que o assumem, exige que se cuide de modo especial deste ministério.38 O apelo torna-se mais urgente naqueles ambientes

33 Cf. RMA, p. 233, 257.34 civcsva, Sondai o Horizonte, 12.35 Cf. Const., 99, 100.36 Cf. Const., 31, 126, 140.37 Cf. Irmãs Hospitaleiras SCJ, Documento do XX Capítulo Geral, Recriar a

Hospitalidade, 13.38 Cf. Irmãs Hospitaleiras SCJ, Plano de Formação Geral, 300.

Page 34: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

II. Animação e governo como serviço

33

onde a presença hospitaleira é mais jovem ou está mais distante das sedes geral ou provincial.

É necessário preparar de forma sistemática aquelas que re-cebem hoje esta missão, de maneira que possam adquirir com-petências que lhes permitam “tornar-se próximas” das Irmãs que lhes estão confiadas e orientar a obra hospitaleira. O acompa-nhamento deve incentivar a viver esse exercício a partir da hu-mildade, a dar apoio no diálogo sincero e construtivo, e ajudar a discernir, tanto a nível pessoal como comunitário, a vontade de Deus na vida e no envio para a missão.

14. Além disso, a universalidade da Congregação exige capa-cidade criativa para respeitar cada cultura na tarefa de animação e recriá-la, fecundando-a com a semente do Evangelho e a tradição carismática.39 A fim de promover a melhoria e a aprendizagem do exercício da autoridade, para que seja cada vez mais evangélico e encarnado nas circunstâncias atuais, considera-se essencial fazer um acompanhamento do seu desenvolvimento, que inclui a ne-cessária avaliação, tanto do estilo de animação como da execução das funções que lhe são inerentes.

3. Revisão das estruturas de governo e organização“Aproximou-se, ligou-lhe as feridas” (Lc 10, 34)

15. O convite do Papa Francisco a “ser audazes e criativas (...), a repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos”,40 também é válido para os órgãos e a prática do governo, assim como para a própria estrutura orgânica da Congregação. Para nos adaptarmos à realidade atual e enfatizar mais um estilo de animação e de governo que não se limite ao cumprimento de tarefas administrativas, mas que anime a vida e a missão da Con-gregação, precisamos de rever não só o nosso modo de exercer

39 Cf. civcsva, Vinho novo, odres novos, 35, 36, 37.40 Cf. civcsva, Idem, 19.

Page 35: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

II. Animação e governo como serviço

34

este serviço, mas as próprias estruturas organizacionais que o sustentam, as quais, em algumas situações, já não respondem à finalidade para que foram criadas. São necessárias outras estru-turas de participação e representatividade para acompanhar de forma integral as diferentes realidades congregacionais.

16. Um outro aspeto a considerar, quanto à reorganização das estruturas de governo, é a necessidade de assegurar, nos níveis de autoridade geral, provincial e local, a autonomia que corresponde à subsidiariedade própria de cada um deles. Só desta forma se garante a corresponsabilidade.

A avaliação, realizada neste âmbito de reorganização, valori-za o caminho de mudança na estrutura orgânica da Congrega-ção que se tem vindo a percorrer. A unificação das províncias da Espanha e da América Latina, e o início do mesmo processo em África, são expressões de “um corpo” que, respondendo à rea-lidade congregacional, procura adaptar-se para melhor atender às necessidades das comunidades e da obra hospitaleira.

17. O convite do Papa com que abrimos este ponto, a nos-sa atual realidade plural e a reorganização estrutural descrita induzem-nos a colocar perguntas de fundo sobre a missão e o seu significado, sobre aquilo que ela oferece e as linguagens que usa para se tornar compreensível, útil e eloquente. É uma interpelação de profundidade e longo alcance, não fácil, mas esclarecedora. Neste sentido, é urgente refletir e tomar decisões relativamente às obras hospitaleiras e a algumas estruturas or-gânicas da Congregação.

4. Reorganização da área económico-financeira“Levou-o para uma estalagem e cuidou dele” (Lc 10, 34)

18. “A dimensão económica está intimamente relacionada com a pessoa e a missão. Pela economia passam opções fun-damentais para a vida e nelas deve transparecer o testemunho

Page 36: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

II. Animação e governo como serviço

35

evangélico, atento às necessidades dos nossos irmãos e irmãs”.41 O magistério eclesial convida a conjugar a “dimensão prioritária carismático-espiritual com a dimensão económica e a eficiência, que tem o seu próprio húmus na tradição administrativa dos institutos que não tolera desperdícios e está atenta ao bom uso dos recursos”.42

Esta abordagem e prática administrativa fazem parte da tradição da nossa Congregação desde os primórdios da sua fundação. Nas Constituições de 1882 afirma-se que uma boa administração duplica os meios de caridade para fazer o bem aos outros.43 A laboriosidade, a austeridade e a transparência, tão profundamente enraizadas na nossa história, continuam a ser necessárias. Todas participamos na economia congrega-cional através do nosso trabalho, dos diferentes modos de co-laboração, da nossa pobreza vivida segundo o Evangelho e do nosso compromisso com a missão hospitaleira.44

19. A realidade mostra que as nossas comunidades e obras hospitaleiras estão a crescer em alguns países da África e da Ásia. Nestes continentes, os projetos iniciais precisam da coo-peração da restante parte da Congregação através da comuni-cação de bens. A promoção humana, a fraternidade evangélica e a doutrina social da Igreja consideram que a sustentabilidade e o futuro passam pela autonomia financeira. Isso exige de nós uma coordenação na exploração dos recursos e um progresso na realização de projetos que sejam autossustentáveis.

41 CIVCSVA, Linhas orientativas para a gestão dos bens nos Institutos de Vida Consagrada e nas Sociedades de Vida Apostólica (2 de agosto de 2014), Carta Circular, Apresentação, 2014.

42 Papa Francisco, Mensagem aos participantes no Simpósio Internacional so-bre o tema “Gestão da propriedade da Igreja dos institutos de vida consagra-da e sociedades de vida apostólica, ao serviço do “humanum e da missão na Igreja”, 8 de março de 2014.

43 Irmãs Hospitaleiras SCJ, Constituições de 1882, 24.44 Cf. Const. 23, 21 e 24.

Page 37: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

II. Animação e governo como serviço

36

A boa administração hospitaleira mostra que a comunhão de bens é certa, fiel, fecunda e se desenvolve dando uma ima-gem clara e compreensível da situação económica, praticando uma correta atribuição dos recursos e testemunhando que o princípio da gratuitidade e a lógica do dom encontram o lugar que lhes compete na atividade económica.45 Na nossa adminis-tração de bens temos de procurar fórmulas e estabelecer canais adequados que permitam desenvolver em todos os lugares a vida e a missão congregacional.

20. A formação na dimensão económica, em harmonia com o próprio carisma, é fundamental para que as opções na missão possam “ser inovadoras e proféticas”.46 A Congregação preci-sa de Irmãs preparadas e dispostas a exercer o seu ministério hospitaleiro, servindo a missão através do seu trabalho na área económico-financeira. As orientações da Igreja sobre a gestão dos bens são uma ajuda para, com audácia e profecia renova-das, respondermos aos desafios do nosso tempo e continuar a ser sinal profético do amor misericordioso de Deus.47

45 Papa Francisco, Mensagem aos participantes no Simpósio Internacional so-bre o tema “Gestão da propriedade da Igreja dos institutos de vida consagra-da e sociedades de vida apostólica, ao serviço do humanum e da missão na Igreja”, 8 de março de 2014.

46 CIVCSVA, Linhas orientativas para a Gestão dos bens nos Institutos de Vida Consagrada e nas Sociedades de Vida Apostólica (2 de agosto de 2014), Carta Circular, 1.

47 Idem, Introdução.

Page 38: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

II. Animação e governo como serviço

37

PROCURAMOS PROPOMOS

1. O

bedi

ente

s ao

Esp

írit

o

Encarnar um estilo de animação e de governo evangélico e carismático.

1. Identificação e aplicação das características de um estilo de animação e de governo evangélico e hospitaleiro que responda à realidade da nossa vida e missão.

2. Capacitação das Irmãs e co-munidades no discernimento espiritual e na sua utilização na tomada de decisões.

2. F

orm

ação

e a

com

panh

amen

to

no s

ervi

ço d

e an

imaç

ão e

gov

erno

Realizar um processo de for-mação, acom-panhamento e avaliação das Irmãs neste ser-viço.

3. Implementação de um pro-grama de formação contínua na animação e no governo para as Irmãs que assumem este serviço e para as que exercem outros serviços de animação e liderança.

4. Elaboração de orientações que garantam o acompanha-mento e a avaliação do servi-ço de animação e de governo.

Page 39: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

II. Animação e governo como serviço

38

PROCURAMOS PROPOMOS

3. R

evis

ão d

as e

stru

tura

s de

gov

erno

e

orga

niza

ção

Continuar o processo de revitalização e reestruturação reorganizando as estruturas de governo e adequando as presenças à realidade congregacional.

5. Consolidação das novas pro-víncias da Espanha e da Amé-rica, avanço no processo em África e iniciação do estudo de outras estruturas.

6. Reorganização das estruturas de governo e dos canais de informação/comunicação en-tre os diferentes níveis.

7. Implementação de um estilo de governo corresponsável e participativo, determinando as áreas de intervenção e as funções das conselheiras, para todos os níveis.

Page 40: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

II. Animação e governo como serviço

39

PROCURAMOS PROPOMOS

4. R

eorg

aniz

ação

da

área

eco

nóm

ico-

fina

ncei

ra

Gerir os recursos económicos e impulsionar a angariação de outros com critérios evangélicos e carismáticos.

8. Reorganização da área de gestão económica nos gover-nos geral e provincial.

9. Atualização do Plano de Con-tabilidade e de Procedimentos Gerais de Administração como ajuda para um melhor contro-lo económico e financeiro.

10. Definição de uma política de gestão do património finan-ceiro da Congregação.

11. Estudo dos bens patrimoniais da Congregação atualizando o património imobiliário e a atribuição ao património es-tável.

12. Preparação de Irmãs na di-mensão económica e finan-ceira para uma gestão de acordo com o carisma.

Page 41: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,
Page 42: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

III.

MISSÃO HOSPITALEIRAEM SAÍDA

Page 43: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,
Page 44: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

III. Missão hospitaleira em saída

43

1. Dimensão evangelizadora da missão“Água que brota para a vida eterna” (Jo 4,14)

21. A dimensão evangelizadora da missão é o eixo transver-sal que nos define e dá sentido à Hospitalidade à qual, juntos, como comunidade hospitaleira, devemos dar continuidade no tempo. “Desde as origens e ao longo da história, o projeto as-sistencial hospitaleiro está ao serviço da evangelização. Integra--se, pelo testemunho, no processo anunciador da Boa Nova do Reino e atualiza a missão sanadora de Jesus através do serviço da caridade. A nossa missão continua a narrar, na história e de um modo credível, através dos gestos hospitaleiros de todos os seus protagonistas, os paradigmas evangélicos que fundamen-tam a nossa Hospitalidade. À semelhança do Samaritano, não passamos ao largo: olhamos e vemos; deixamo-nos comover; e, de forma compassiva e solidária, agimos; numa palavra, somos hospitaleiros.48

A comunidade hospitaleira torna-se insistentemente eco desta inquietude, escuta o clamor dos homens e mulheres que vivem nas fronteiras existenciais49 e compromete-se com a sua libertação. O Papa Francisco convida-nos a viver “a dinâmica do êxodo e do dom, do sair de si, do caminhar e semear sempre de novo”.50

22. Queremos continuar a tornar presente o espírito fun-dacional, no acolhimento e no cuidado das pessoas doentes e em situações de maior vulnerabilidade, de preferência no campo da saúde mental. Fazemo-lo com a audácia que nos impele a dar resposta aos sinais dos tempos e a encarnar a hospitalidade hoje como ontem e sempre. Esta fidelidade ao carisma e a resposta criativa que somos chamados a dar im-

48 Irmãs Hospitaleiras SCJ, Carta de Identidade da Instituição (seguidamente: MII), 25.

49 Cf. EG, 30, 46, 53, 63.50 EG, 21.

Page 45: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

III. Missão hospitaleira em saída

44

pelem-nos a “não poder deixar as coisas como elas estão”.51 Como a mulher samaritana, quando acolhemos a água viva da hospitalidade sentimos a urgência de a deixar transbordar no exercício da nossa missão, saciando a sede de Deus e transmi-tindo esperança.52

Também a situação de mudança rápida que nos afeta pode levar-nos a viver de emergências e não de horizontes, atarefados na gestão da vida quotidiana. Pelo contrário, estamos empenha-dos em procurar juntos uma vida plena de sentido e de testemu-nho profético.53 O projeto hospitaleiro é o canal através do qual expressamos o nosso ser Igreja de comunhão e solidariedade;54 e, também, um modo de viver a hospitalidade recíproca entre nós e com aqueles com quem interagimos.

2. Leigos Hospitaleiros em caminho“Quem beber da água que Eu lhe der,

nunca mais terá sede” (Jo 4, 13)

23. O dinamismo da missão hospitaleira convida todos para o serviço da pessoa doente. Ao longo dos anos, algumas pesso-as foram desenvolvendo uma sensibilidade particular para com o carisma hospitaleiro e descobrindo nele um novo significado para a sua vida. Assim, em diferentes lugares da geografia con-gregacional, vão-se formando grupos de Leigos Hospitaleiros que procuram viver a sua fé cristã mediante o compromisso de serviço às pessoas assistidas nos nossos centros ou que vivem ao seu redor.

51 civcsva, Anunciai [Cidade do Vaticano, 2016], 47.52 Cf. EG, 86.53 Cf. civcsva, Vinho novo, odres novos, 8.54 Cf. Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição dogmática Lumen Gentium,

1, 3, 4, 9; Constituição pastoral Gaudium et Spes, 32, 40, 44, 45, 93; Irmãs Hospitaleiras SCJ, MII, Apresentação, p. 8, n. 4.

Page 46: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

III. Missão hospitaleira em saída

45

A Igreja afirma que este caminho de comunhão e colabo-ração merece ser incentivado, porque permite a irradiação do carisma, gera novos dinamismos apostólicos e, além disso, pos-sibilita “unir esforços entre pessoas consagradas e leigos em ordem à missão”.55

24. O desejo manifestado por esses grupos que pedem acolhimento, formação e acompanhamento, desafia-nos a criar um clima adequado para o desenvolvimento da vocação laical e a dar unidade e significado a este processo, no respei-to pela diversidade que enriquece a dimensão evangelizado-ra da missão hospitaleira.

Existem outras pessoas que, sem uma referência explícita à fé cristã, também desejam participar no carisma e na espiritua-lidade hospitaleiras. A Congregação acolhe e acompanha essas pessoas, para que possam viver plenamente o seu compromisso com as pessoas que sofrem.

3. Corresponsáveis na mesma missão“Vai e faz tu também o mesmo” (Lc 10, 37)

25. A Hospitalidade que realizamos torna-nos corresponsá-veis na mesma missão: servir a pessoa que sofre. Fazemos isso valorizando, respeitando e integrando a pluralidade de pessoas, vocações, culturas e modos de compreender a vida,56 como ma-nifestação da missão partilhada.

O Documento do XIX Capítulo Geral – “Missão Hospitaleira, Boa Notícia” – diz-nos que “atualmente, por missão partilhada, entendemos não só a proposta de um espaço concreto de tra-balho, mas também um espaço de comunhão, o fazer parte de

55 VC, 55.56 Cf. MII, 7.

Page 47: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

III. Missão hospitaleira em saída

46

um mesmo carisma”.57 E também o documento do XX Capítulo Geral refere que isso “exige que se partilhe o mesmo projeto e o sentido de missão que ele detém”.58

26. Ao mesmo tempo, verificamos que se vai desenvol-vendo e consolidando um modelo de missão partilhada que permite diferentes encarnações do carisma fundacional: como consagradas, como fiéis leigos, como pessoas de boa vonta-de.59 Esse desenvolvimento gera a necessidade de uma clari-ficação que produza significados comuns. Todos nós precisa-mos de nos abeirarmos da fonte da Hospitalidade para ilumi-nar e orientar a missão partilhada, fortalecendo os espaços de encontro, a comunicação, o enriquecimento mútuo e a busca corresponsável das opções mais oportunas e urgentes na mis-são hospitaleira.

Os Colaboradores são uma parte essencial da nossa Insti-tuição e partilham a missão, principalmente através das suas competências específicas e do papel que desempenham. Po-rém, é percetível, de forma global e generalizada, a neces-sidade de consolidar a identidade e a cultura hospitaleiras em todos aqueles que estão envolvidos no mesmo projeto. “Formar em identidade, com todas as suas implicações, é ur-gente para hoje e um caminho para que a Hospitalidade te-nha futuro”.60

27. Esta formação é necessária em todos os níveis, mas requer uma ênfase especial nas pessoas que assumem cargos de responsabilidade.61 As iniciativas de formação, que pro-

57 Irmãs hospitaleiras SCJ, XIX Capítulo Geral, Missão Hospitaleira, Boa Notí-cia. 25.

58 Irmãs hospitaleiras SCJ, XX Capítulo Geral, Recriar a Hospitalidade, 24.59 Ver nota 49.60 Irmãs hospitaleiras SCJ, Formação em Identidade Hospitaleira. Plano Ge-

ral, 10.61 Cf. MII, 14.

Page 48: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

III. Missão hospitaleira em saída

47

movam a internalização e a experiência dos valores hospita-leiros e impulsionem o sentido de pertença, ajudar-nos-ão a dar visibilidade à identidade que nos define e a salvaguardar, numa época de relativismo globalizado e de profundas mu-danças sociais e culturais, a fidelidade à cultura institucional que sustenta a nossa missão específica.

A consolidação das dinâmicas de missão partilhada e de fortalecimento da identidade hospitaleira obriga, igualmen-te, a organização a favorecer o acolhimento e a promoção dos colaboradores através de uma cuidadosa seleção, do acompanhamento no processo de integração, da atualiza-ção profissional, de uma definição clara das funções, tarefas e responsabilidades e da justa remuneração do seu traba-lho. A isto acrescente-se a promoção de um estilo próprio de direção, relações laborais positivas e espaços saudáveis no trabalho.

4. Análise e sustentabilidade da Obra hospitaleira“O que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar”

(Lc 10, 35)

28. A análise da Instituição apresenta-nos a existência, nas nossas obras, de diferentes níveis de aplicação e desenvolvi-mento do modelo hospitaleiro. Perante esta constatação, rea-firmamos que a atenção holística à pessoa, a sua integração na sociedade e a defesa da sua própria dignidade são premissas indispensáveis e constituem a base do nosso modelo.

Consideramos que é um dever dar uma resposta corres-ponsável, em qualquer contexto, aos atuais desafios a partir da inspiração do carisma fundacional e em conformidade com os valores hospitaleiros.62 Fazemos isso seguindo o caminho inicia-do por S. Bento Menni, ícone que combina ciência e caridade,

62 Cf. MII, 41.

Page 49: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

III. Missão hospitaleira em saída

48

permanecendo fiéis ao legado que ele nos deixou relativamente às características para conceber e realizar a Obra hospitaleira: compaixão criativa, capacidade organizacional, audácia inova-dora e visão de futuro.

Para a sustentabilidade das obras, de acordo com as circuns-tâncias específicas de cada uma, devemos combinar as dimen-sões evangélica, carismática, relacional e económica, cuidando sempre da qualidade. As regras e os procedimentos estabele-cidos são um recurso necessário para a organização e a gestão das obras, imprimindo nelas a marca hospitaleira própria, cujo objetivo final é sempre a atenção da pessoa.63

29. Tendo em conta o processo de reestruturação e revitali-zação empreendido pela Congregação, é de suma importância analisar criticamente a realidade das obras nos seus diferentes contextos, tendo em conta o carisma, a atualidade institucional e as circunstâncias do ambiente. Na Ásia e na África estamos a encontrar novas possibilidades e novas problemáticas, que im-plicam tornar a missão sustentável nesses lugares e consolidá-la em todos os níveis. Na Europa e na América Latina, surgem per-guntas sobre como dar respostas no momento presente à Obra hospitaleira, em sintonia com o carisma e a sua continuidade no tempo. Isto sugere a necessidade da criação de fundações ou de outras estruturas que permitam a sobrevivência da missão, garantindo a identidade do modelo hospitaleiro.

Tudo isso torna necessário discernir a viabilidade e o futu-ro das obras e atividades, tendo como critérios de referência a fidelidade ao carisma, o dinamismo evangelizador, o senti-do eclesial, as necessidades dos doentes e os recursos da Con-gregação. É igualmente importante manter uma visão global e vasta do mundo do sofrimento, especialmente psíquico, como

63 Cf. Irmãs Hospitaleiras SCJ, Requisitos básicos dos centros da Obra Hospi-taleira.

Page 50: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

III. Missão hospitaleira em saída

49

exige a nossa presença nos diferentes continentes, uma sensibi-lidade para as diferentes culturas e a disponibilidade para cuidar dos mais desfavorecidos no campo do nosso serviço.64

5. Solidariedade e Cooperação internacional“Tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro”

(Lc 10, 35)

30. Somos uma Instituição com um caráter cada vez mais internacional, situada em contextos com diferentes possibilida-des e recursos. A presença de obras e projetos nos países em desenvolvimento ou em lugares com necessidades prementes continua a precisar, ainda hoje, do apoio solidário para a sua sustentabilidade e a continuidade da missão.

Somos chamados a passar da “solidariedade caracterizada por subsídios assistenciais” para uma “solidariedade fecunda”, que procura administrar os recursos com responsabilidade e eficácia, e a pôr em ação as mediações adequadas para cuidar-mos da nossa “casa comum” e dos que nela habitam, indo ao encontro daqueles que vivem em necessidade.65

31. A partir da solidariedade e da cooperação institucio-nal partilhamos os recursos financeiros, bem como o inter-câmbio de conhecimento, de profissionais e tecnologia, pro-movendo assim o sentido de pertença e a universalidade da Congregação. Estamos conscientes de que haverá sempre situações extremas, exigindo a comunicação de bens para tornar possível a realização de projetos concretos, em conso-nância com o espírito da hospitalidade.

S. Bento Menni estimula-nos, pela palavra e pelo exemplo, a desenvolver a sensibilidade para partilhar os bens como de-

64 Cf. MII, 83.65 Papa Francisco, Carta Encíclica Laudato Si’, 1.

Page 51: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

III. Missão hospitaleira em saída

50

ver ético e manifestação do sentido de pertença a um só corpo congregacional.66

Reconhecemos que o espírito de solidariedade e de coope-ração nos deve abrir “a um verdadeiro encontro com os pobres e a dar origem a uma partilha que se torna em estilo de vida... Abençoadas as mãos que se abrem para acolher e socorrer os pobres: são mãos que levam esperança (...), são mãos que fazem descer a bênção de Deus sobre os irmãos”.67

66 Cf. B. Menni, C. 89, 800.67 Papa Francisco, Mensagem para a I Jornada Mundial dos Pobres, 19 de no-

vembro de 2017.

Page 52: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

III. Missão hospitaleira em saída

51

PROCURAMOS PROPOMOS

1. D

imen

são

evan

geliz

ador

a da

mis

são

Fortalecer o sentido evangelizador da Obra hospitaleira, como expressão do nosso carisma e da missão na Igreja e para o mundo.

1. Promoção dos valores do Evan-gelho em todos os âmbitos e níveis da organização para for-talecer a dimensão evangeliza-dora da missão hospitaleira.

2. Atualização do modelo de Pas-toral da Saúde da Congregação, adaptando-o às diferentes cul-turas e características dos des-tinatários.

3. Desenvolvimento de políticas de comunicação que deem visi-bilidade ao Projeto Hospitaleiro e sensibilizem a sociedade em favor da inclusão das pessoas mais desfavorecidas.

4. Elaboração de indicadores para a avaliação do impacto dos va-lores hospitaleiros nas diferen-tes áreas da gestão.

5. Abertura de projetos que deem resposta a novas necessidades que envolvam sofrimento psí-quico, com recursos próprios ou em cooperação com outras organizações.

Page 53: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

III. Missão hospitaleira em saída

52

PROCURAMOS PROPOMOS

2. L

eigo

s H

ospi

tale

iros

em

cam

inho

Impulsio-nar em toda Congregação o desen-volvimento integrado de Leigos Hospi-taleiros.

6. Elaboração de critérios gerais comuns de identidade e de pertença a Leigos Hospitaleiros para orientar os processos a re-alizar pelos diferentes grupos.

7. Esboço de um itinerário de for-mação e acompanhamento, bem como criação de estruturas de coordenação geral e provin-ciais, para acompanhar os Lei-gos Hospitaleiros.

3. C

ores

pons

abili

dade

na

mis

são

Consolidar o processo de Missão com-partilhada, identificando as diferentes maneiras de a viver.

8. Definição do modelo de missão partilhada, que explicite a sua fundamentação, o seu alcance e os meios para consolidar a sua prática.

9. Promoção da identificação ins-titucional de todos os colabo-radores, de acordo com o Plano Geral de Formação em Identi-dade Hospitaleira e no que diz respeito às diferentes opções de vida.

Page 54: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

III. Missão hospitaleira em saída

53

PROCURAMOS PROPOMOS

4. A

nális

e e

sust

enta

bilid

ade

das

obra

s

Analisar as obras hospi-taleiras com visão de futu-ro, para orien-tar a tomada de decisões, coerente-mente com a identidade hospitaleira.

10. Estudo da viabilidade das obras, tendo como referência os critérios fundacionais e o estabelecimento de estratégias globais para o seu melhor de-senvolvimento.

11. Constituição de grupos de es-tudo e de reflexão que ajudem a Congregação a posicionar-se e a tomar decisões sobre ques-tões relevantes que afetem a sua vida e missão.

12. Elaboração e posta em prática de um sistema integrado de avaliação das obras, conside-rando o cumprimento das nor-mas e das orientações congre-gacionais.

13. Revisão da vinculação entre a Congregação e as estruturas jurídicas por ela criadas e/ou geridas, e criação de outras que permitam a melhor gestão das obras hospitaleiras.

Page 55: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

III. Missão hospitaleira em saída

54

PROCURAMOS PROPOMOS

5. S

olid

arie

dade

e c

oope

raçã

o in

tern

acio

nal

Reforçar a solidariedade e a cooperação internacional na Instituição.

14. Reestruturação e profissionali-zação do Serviço de Coopera-ção para o Desenvolvimento, da Fundação Benito Menni e de outras estruturas semelhantes para favorecer a solidariedade hospitaleira.

15. Criação e coordenação de uma rede de cooperação intercen-tros que torne possível, entre outras coisas, o intercâmbio de pessoas, conhecimentos e re-cursos entre as diferentes obras da Congregação e outras enti-dades análogas.

16. Fortalecimento da cultura da solidariedade, envolvendo toda a Comunidade Hospitaleira em ações de cooperação e de sen-sibilização da sociedade.

Page 56: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

AVALIAÇÃO

Page 57: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,
Page 58: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Practicad la HosPitalidad

Avaliação

5757

Conscientes de que a avaliação é um meio para verificar se estamos a caminhar em direção às metas que estabelecemos, este Capítulo oferece um método de avaliação que mede o grau de realização daquilo que nos PROPOMOS tendo em vista al-cançar o que PROCURAMOS.

Essa avaliação ajudar-nos-á a ir crescendo em consistência e em projeção inovadora, tanto da nossa vida congregacional como da Obra hospitaleira. Além disso, a avaliação “é fonte de sabedoria” porque não se reduz a um juízo de verificação, mas é também uma metodologia de aprendizagem e de discernimen-to. Na revisão, não nos limitamos simplesmente a responder SIM ou NÃO a quanto proposto. Bem realizada, deverá ser uma maneira de descobrir os pontos fortes, as lacunas e as áreas de melhoria (deficiências). Trata-se de uma prática que vai para além da medição, pois confirma consolidações, indica correções e faz propostas de mudança.

Por esta razão, não é suficiente uma avaliação final; é ne-cessário inseri-la no processo de trabalho para que desperte a vigilância e evite que os afazeres urgentes de cada dia façam esquecer os compromissos deste Plano capitular. Por isso, o processo de avaliação decorre em três momentos:

- A avaliação anual, realizada pelos responsáveis de cada Cen-tro, Comunidade e Província.

- A avaliação trienal, por ocasião da Assembleia Provincial de Ava-liação.

- A avaliação no final do sexénio, destinada à preparação do Capítulo Geral.

Para que a avaliação produza os seus frutos, o Governo que a solicita responde com as orientações pertinentes.

O nosso Fundador, embora no seu tempo não existisse esta metodologia, cuidava de fatores que de facto implicam de algu-

Page 59: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Practicad la HosPitalidad

Avaliação

58

ma forma esta intencionalidade, prosseguindo objetivos similares. Recordemos a sua proposta de “diligência no cumprimento das diretrizes”;68 a sua exigência de “apresentar um relatório no final de cada ano”;69 a sua insistência em que houvesse “revisores(as)”, embora explicitamente se referisse apenas ao âmbito da admi-nistração, tão meticulosamente cuidada por ele; e recordemos que uma das suas características pessoais era a excelência na or-ganização e gestão baseada na valorização-avaliação da situação e a consequente tomada de decisões.

68 Cf B. Menni, C 713, 7.69 Cf. Menni B., Cartas particulares. Carta de proyección personal, in: LIZASO F.,

Perfil Juandediano, p. 305, 5.

Page 60: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Practicad la HosPitalidad

Avaliação

59

PROCURAMOS PROPOMOS

Ava

liaçã

o Conhecer o grau de aplicação do Documento capitular e os seus resultados.

- Realização da avaliação com o apoio de um instrumento homo-géneo:

Æ Avaliação anual, realizada pelos responsáveis de cada Centro, Comunidade e Pro-víncia.

Æ Avaliação trienal, por oca-Avaliação trienal, por oca-sião Assembleia Provincial de Avaliação.

Æ Avaliação no final do sexénio, em ordem à preparação do Capítulo Geral.

- Resposta do Governo à avaliação trienal, emanando orientações pertinentes.

Page 61: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,
Page 62: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

QUADROS

Page 63: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,
Page 64: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Quadros

63

I. COMUNIDADES EM MISÃO SAMARITANA

PROCURAMOS PROPOMOS

1. B

usca

dora

s de

Águ

a vi

va Ser testemu-nhas credíveis da hospitali-dade de Deus, reavivando, pessoal e co-munitariamen-te, a experiên-cia fundante da nossa voca-ção.

1. Identificação e aplicação de di-nâmicas que nos levem à escuta, ao acolhimento e à contempla-ção da Palavra de Deus, parti-lhando-a e assumindo-a como critério de discernimento e ação.

2. Aprofundamento do sentido teológico e carismático da mis-são, que nos ajude a redesco-brir o Senhor no rosto das pes-soas doentes.

3. Realização, em toda a Con-gregação, de um processo espiritual que nos impulsione a revitalizar a identidade voca-cional através da revisão das Constituições.

2. T

este

mun

has

de h

ospi

-ta

lidad

e em

com

unid

ade

Reconfigurar as nossas comunidades com diferentes projetos de vida e de missão.

4. Realização de um processo de discernimento sobre as comuni-dades, a fim de promover um re-novado estilo de vida e de missão.

5. Criação de comunidades in-terculturais e intergeracionais, onde se viva a experiência de comunhão na diversidade, se manifeste a riqueza da encar-nação do carisma e sejam si-nal da fraternidade universal.

Page 65: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Quadros

64

PROCURAMOS PROPOMOS

3. E

m p

roce

sso

cont

ínuo

de

form

ação

Promover uma cultura de formação contínua que desencadeie processos de renovação.

6. Realização gradual de proces-sos de formação progressivos e sistemáticos, acompanhados e integrais, adaptados aos di-ferentes ciclos de vida, às eta-pas de formação e aos contex-tos pessoais e comunitários.

7. Elaboração de programas de formação que incidam no amadurecimento humano a partir do feminino, no uso dos meios de comunicação social, no valor do silêncio e na inter-culturalidade.

4. O

anú

ncio

da

Águ

a vi

va Desenvolver uma Pastoral Juvenil Vocacional que convide ao seguimento de Jesus a partir de uma missão específica na Igreja.

8. Concretização do comprome-timento de todas, a nível pes-soal e comunitário, que nos torne audazes e criativas na tarefa da Pastoral Juvenil Vo-cacional.

9. Reconfiguração das comu-nidades segundo diferentes projetos de vida e de missão, que privilegiem a experiência de Deus e o serviço aos doen-tes.

10. Revisão das “Linhas Gerais de Pastoral Vocacional” para adaptar à realidade os conte-údos, as estruturas e os mé-todos.

Page 66: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Quadros

65

II. ANIMAÇÃO E GOVERNO COMO SERVIÇO

PROCURAMOS PROPOMOS

1. O

bedi

ente

s ao

Esp

írit

o

Encarnar um estilo de animação e de governo evangélico e carismático.

1. Identificação e aplicação das características de um estilo de animação e de governo evan-gélico e hospitaleiro que res-ponda à realidade da nossa vida e missão.

2. Capacitação das Irmãs e co-munidades no discernimento espiritual e na sua utilização na tomada de decisões.

2. F

orm

ação

e a

com

panh

amen

to

no s

ervi

ço d

e an

imaç

ão e

gov

erno

Realizar um processo de for-mação, acom-panhamento e avaliação das Irmãs neste ser-viço.

3. Realização de um programa de formação contínua na ani-mação e no governo para as Irmãs que assumem este ser-viço e para as que exercem outros serviços de animação e liderança.

4. Elaboração de orientações que garantam o acompanha-mento e a avaliação do serviço de animação e de governo.

Page 67: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Quadros

66

PROCURAMOS PROPOMOS

3. R

evis

ão d

as e

stru

tura

s de

gov

erno

e

orga

niza

ção

Continuar o processo de revitalização e reestruturação reorganizando as estruturas de governo e adequando as presenças à realidade congregacional.

5. Consolidação das novas pro-víncias da Espanha e da Amé-rica, avanço no processo em África e iniciação do estudo de outras estruturas.

6. Reorganização das estruturas de governo e dos canais de informação/comunicação en-tre os diferentes níveis.

7. Implementação de um estilo de governo corresponsável e participativo, determinando as áreas de intervenção e as funções das conselheiras, para todos os níveis.

Page 68: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Quadros

67

PROCURAMOS PROPOMOS

4. R

eorg

aniz

ação

da

área

eco

nóm

ico-

fina

ncei

ra

Gerir os recursos económicos e impulsionar a angariação de outros com critérios evangélicos e carismáticos.

8. Reorganização da área de gestão económica nos gover-nos geral e provincial.

9. Atualização do Plano de Con-tabilidade e de Procedimentos Gerais de Administração como ajuda para um melhor contro-lo económico e financeiro.

10. Definição de uma política de gestão do património finan-ceiro da Congregação.

11. Estudo dos bens patrimoniais da Congregação atualizando o património imobiliário e a atribuição ao património es-tável.

12. Preparação de Irmãs na di-mensão económica e finan-ceira para uma gestão de acordo com o carisma.

Page 69: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Quadros

68

III. MISSÃO HOSPITALEIRA EM SAÍDA

PROCURAMOS PROPOMOS

1. D

imen

são

evan

geliz

ador

a da

mis

são

Fortalecer o sentido evangelizador da Obra hospitaleira, como expressão do nosso carisma e da missão na Igreja e para o mundo.

1. Promoção dos valores do Evangelho em todos os âm-bitos e níveis da organização para fortalecer a dimensão evangelizadora da missão hospitaleira.

2. Atualização do modelo de Pastoral da Saúde da Congre-gação, adaptando-o às dife-rentes culturas e característi-cas dos destinatários.

3. Desenvolvimento de políticas de comunicação que deem visibilidade ao Projeto Hospi-taleiro e sensibilizem a socie-dade em favor da inclusão das pessoas mais desfavorecidas.

4. Elaboração de indicadores para a avaliação do impacto dos valores hospitaleiros nas diferentes áreas da gestão.

5. Abertura de projetos que deem resposta a novas neces-sidades que envolvam sofri-mento psíquico, com recursos próprios ou em cooperação com outras organizações.

Page 70: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Quadros

69

PROCURAMOS PROPOMOS

2. L

eigo

s H

ospi

tale

iros

em c

amin

ho

Impulsio-nar em toda Congregação o desen-volvimento integrado de leigos hospi-taleiros.

6. Elaboração de critérios gerais comuns de identidade e de pertença a Leigos Hospitalei-ros para orientar os proces-sos a realizar pelos diferentes grupos.

7. Esboço de um itinerário de formação e acompanhamen-to, bem como criação de es-truturas de coordenação geral e provinciais, para acompa-nhar os Leigos Hospitaleiros.

3. C

ores

pons

abili

dade

na

mis

são

Consolidar o processo de Missão partilhada, identificando as diferentes maneiras de a viver.

8. Definição do modelo de mis-são partilhada, que explicite a sua fundamentação, o alcance e os meios para consolidar a sua prática.

9. Promoção da identificação institucional de todos os co-laboradores, de acordo com o Plano Geral de Formação em Identidade Hospitaleira e no que diz respeito às diferentes opções de vida.

Page 71: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Quadros

70

PROCURAMOS PROPOMOS

4. A

nális

e e

sust

enta

bilid

ade

das

obra

s

Analisar as obras hospi-taleiras com visão de futu-ro, para orien-tar a tomada de decisões, coerente-mente com a identidade hospitaleira.

10. Estudo da viabilidade das obras, tendo como referência os critérios fundacionais e o estabelecimento de estraté-gias globais para o seu melhor desenvolvimento.

11. Constituição de grupos de es-tudo e de reflexão que ajudem a Congregação a posicionar--se e a tomar decisões sobre questões relevantes que afe-tem a sua vida e missão.

12. Elaboração e posta em práti-ca de um sistema integrado de avaliação das obras, con-siderando o cumprimento das normas e das orientações congregacionais.

13. Revisão da vinculação entre a Congregação e as estruturas jurídicas por ela criadas e/ou geridas, e criação de outras que permitam a melhor ges-tão das obras hospitaleiras.

Page 72: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Quadros

71

PROCURAMOS PROPOMOS

5. S

olid

arie

dade

e c

oope

raçã

o in

tern

acio

nal

Reforçar a so-lidariedade e a cooperação internacional na Instituição.

14. Reestruturação e profissiona-lização do Serviço de Coope-ração para o Desenvolvimen-to, da Fundação Benito Menni e de outras estruturas seme-lhantes para favorecer a soli-dariedade hospitaleira.

15. Criação e coordenação de uma rede de cooperação intercen-tros que torne possível, entre outras coisas, o intercâmbio de pessoas, conhecimentos e recursos entre as diferentes obras da Congregação e ou-tras entidades análogas.

16. Fortalecimento da cultura da solidariedade, envolvendo toda a Comunidade Hospita-leira em ações de cooperação e de sensibilização da socie-dade.

Page 73: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,

Praticai a HosPitalidade

Quadros

72

AVALIAÇÃO

PROCURAMOS PROPOMOS

Ava

liaçã

o Conhecer o grau de aplicação do Documento capitular e os seus resultados.

- Realização da avaliação com o apoio de um instrumento homo-géneo:

Æ Avaliação anual, realizada pelos responsáveis de cada Centro, Comunidade e Pro-víncia.

Æ Avaliação trienal, por oca-Avaliação trienal, por oca-sião Assembleia Provincial de Avaliação.

Æ Avaliação no final do sexénio, em ordem à preparação do Capítulo Geral.

- Resposta do Governo à avaliação trienal, emanando orientações pertinentes.

Page 74: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,
Page 75: 9 Identidade eo - Casa de Saúde do Bom Jesuscsbj.irmashospitaleiras.pt/attachments/article/137/praticaihospit... · testemunha e semeadora de Evangelho. Um homem que, no seu caminho,