9- 12 meses

40
ÍNDICE 1- Introdução…………………………………………………………………...... 2 2- Desenvolvimento.…………………………………………………………….. 3 2.1- Conceito…………………………………………………………………. 3 3- Desenvolvimento motora……………………………………………………... 4 4- Desenvolvimento sócio emocional…………………………………………… 5 4.1- Desenvolvimento sócio emocional dos 9 aos 12 meses………………… 6 5- Motricidade oral e respiratória………………………………………………... 7 5.1- Motricidade oral e respiratória dos 9 aos 12 meses……………………... 8 6- Desenvolvimento sensorial…………………………………………………… 9 6.1- Desenvolvimento sensorial dos 9 aos 12 meses………………………… 10 7- Motricidade global……………………………………………………………. 12 7.1- Motricidade global dos 9 aos 12 meses…………………………………. 12 8- Motricidade fina………………………………………………………………. 13 8.1- Motricidade fina dos 9 aos 12 meses……………………………………. 13 9- Brincar………………………………………………………………………... 14 9.1- Brincar dos 9 aos 12 meses……………………………………………… 15 10- Conclusão………………………………………………………………….... 16 11- Referências bibliográficas……………………………………………….….. 18 12- Anexo A - O desenvolvimento do bebé entre os 9 e os 12 meses................... 21

Upload: isabel-pereira

Post on 29-Nov-2015

78 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: 9- 12 Meses

ÍNDICE

1- Introdução…………………………………………………………………...... 2

2- Desenvolvimento.…………………………………………………………….. 3

2.1- Conceito…………………………………………………………………. 3

3- Desenvolvimento motora……………………………………………………... 4

4- Desenvolvimento sócio emocional…………………………………………… 5

4.1- Desenvolvimento sócio emocional dos 9 aos 12 meses………………… 6

5- Motricidade oral e respiratória………………………………………………... 7

5.1- Motricidade oral e respiratória dos 9 aos 12 meses……………………... 8

6- Desenvolvimento sensorial…………………………………………………… 9

6.1- Desenvolvimento sensorial dos 9 aos 12 meses………………………… 10

7- Motricidade global……………………………………………………………. 12

7.1- Motricidade global dos 9 aos 12 meses…………………………………. 12

8- Motricidade fina………………………………………………………………. 13

8.1- Motricidade fina dos 9 aos 12 meses……………………………………. 13

9- Brincar………………………………………………………………………... 14

9.1- Brincar dos 9 aos 12 meses……………………………………………… 15

10- Conclusão………………………………………………………………….... 16

11- Referências bibliográficas……………………………………………….….. 18

12- Anexo A - O desenvolvimento do bebé entre os 9 e os 12 meses................... 21

Page 2: 9- 12 Meses

1 – INTRODUÇÃO

A realização deste trabalho surge no âmbito da unidade curricular da

Disfunção do Desempenho Ocupacional I, integrado no segundo semestre do

primeiro ano do curso de Terapia Ocupacional da Escola Superior de Saúde do

Instituto Politécnico de Beja, sendo esta leccionada pela docente Guadalupe

Almeida.

Percebe-se um interesse cada vez maior acerca da compreensão sobre o bebé,

das suas habilidades iniciais e o aprimoramento dessas habilidades dada a crescente

constatação da importância das experiências iniciais do desenvolvimento.

De acordo com Lopes, Nascimento, Souza e Mallet (2010), sabe-se que a mãe

assume um papel importante no desenvolvimento do bebé e consequentemente nas

suas relações futuras.

De acordo com Willrich, Azevedo e Fernandes (2009), o desenvolvimento

motor é considerado como um processo sequencial, contínuo e relacionado à idade

cronológica, pelo qual o ser humano adquire uma enorme quantidade de habilidades

motoras, as quais progridem de movimentos simples e desorganizados para a

execução de habilidades motoras altamente organizadas e complexas. Inicialmente,

acreditava-se que as mudanças no comportamento motor reflectiam directamente as

alterações de maturação do sistema nervoso central. Hoje, porém, sabe-se que o

processo de desenvolvimento ocorre de maneira dinâmica e é susceptível a ser

moldado a partir de inúmeros estímulos externos. A inteiração entre aspectos

relativos ao indivíduo, como suas características físicas e estruturais, ao ambiente em

que está inserido e à tarefa a ser aprendida são determinantes na aquisição e

refinamento das diferentes habilidades motoras.

Os objectivos deste trabalho prendem-se em adquirir um conjunto de

conhecimentos mais aprofundado acerca do desenvolvimento motor da criança. De

igual modo, pretende-se também entender como este desenvolvimento poderá

influenciar o futuro, e como ele poderá influenciar o nosso desempenho ocupacional.

2

Page 3: 9- 12 Meses

2 - DESENVOLVIMENTO

2.1 - CONCEITO

Segundo Bower (1983), a primeira infância é aquele breve período da vida

humana que precede o uso da fala. A despeito da sua curta duração, a primeira

infância é considerada por muitos especialistas como a fase mais crítica da vida, o

período em que são traçados os caminhos básicos do desenvolvimento de todas as

capacidades humanas, de todos os processos mentais.

De acordo com Smith, Cowie & Blades (2001), o termo desenvolvimento

refere-se ao processo segundo o qual uma criança, um feto, um organismo humano

ou animal, cresce e se modifica ao longo do seu período de vida. Nos seres humanos

as alterações mais dramáticas a nível de desenvolvimento ocorrem durante o período

pré-natal e a primeira e a segunda infância, à medida que o recém nascido se

desenvolve até se transformar num jovem adulto capaz, por sua vez, de vir ele

próprio a tornar-se progenitor.

Para Piaget (1990), o desenvolvimento psíquico, que se inicia com o

nascimento e termina na idade adulta, é comparável ao crescimento orgânico. O

desenvolvimento psíquico bem como o desenvolvimento orgânico está em evolução

até um nível relativamente estável, caracterizado pelo termo do crescimento e pela

maturidade dos órgãos, também a vida mental pode ser concebida como evoluindo

em direcção a uma forma de equilíbrio final, representada pelo espírito adulto. O

desenvolvimento é portanto, de certa forma, um equilíbrio progressivo, a passagem

de um estado de menor equilíbrio a um estado de equilíbrio superior.

Segundo Papalia, Olds & Feldman (2006), o desenvolvimento humano

apresenta uma determinada complexidade pelo facto de que a mudança e a

estabilidade ocorrem em diversos aspectos da pessoa. Alguns cientistas falam de um

modo distinto sobre o desenvolvimento físico, desenvolvimento cognitivo e

desenvolvimento psicossocial, contudo estes aspectos ou domínios do

desenvolvimento estão interligados. Durante toda a vida, cada um deles influência os

outros. O crescimento do corpo do cérebro, das capacidades sensoriais, das

habilidades motoras e da saúde são parte do desenvolvimento físico e podem

influenciar outros aspectos de desenvolvimento.

De acordo com Frisancho, Gallahue & Ozmun, Malina et al., Papalia & Olds

e Rogoff, (cit. por Ré, 2011) o desenvolvimento é entendido como uma interacção

3

Page 4: 9- 12 Meses

entre as características biológicas individuais (crescimento e maturação) com o meio

ambiente ao qual o sujeito é exposto durante a vida.

De um modo geral, segundo Smith et al. (2001), os processos de

desenvolvimento têm sido relacionados com a idade, uma criança com 3 anos possui

um determinado domínio da expressão oral da sua língua, ao passo que uma outra

com 4 anos já evoluiu para uma fase mais avançada.

3 - DESENVOLVIMENTO MOTOR

Segundo Bower (1983), o desenvolvimento motor é o aspecto mais

facilmente observável da primeira infância. Transcorridas poucas semanas de vida, o

bebé adquire comportamentos e capacidades que, sem dúvida, não possuía ao nascer.

De acordo com Willrich et al. (2009), o desenvolvimento motor é considerado

como um processo sequencial, contínuo e relacionado à idade cronológica, pelo qual

o ser humano adquire uma enorme quantidade de habilidades motoras, as quais

progridem de movimentos simples e desorganizados para a execução de habilidades

motoras altamente organizadas e complexas.

Para Papalia et al. (2006), refere que os bebés não precisam aprender

habilidades motoras básicas como agarrar, engatinhar e andar. Eles só precisam de

espaço para se movimentar e liberdade para ver o que podem fazer. Quando o

sistema nervoso central, os músculos e os ossos estão preparados e o ambiente

oferece as devidas oportunidades de exploração e prática os bebes adquirem novas

capacidades

De acordo com Diamond, Malina et al., Tiemeier et al. (cit. por Ré, 2011) a

actividade motora do recém-nascido é bem activa, mas desordenada e sem finalidade

objectiva, movimentando de modo assimétrico tanto os membros superiores como os

inferiores. Alguns reflexos são próprios desta idade e ocorrem em praticamente todos

os bebés, sendo inibidos nos meses subsequentes devido principalmente ao

amadurecimento do cerebelo e do córtex frontal, iniciando-se assim o surgimento de

movimentos voluntários e melhor organizados, como a locomoção, manipulação de

objectos e controle postural. Por isso, é fundamental que o bebé seja exposto a

estímulos motores adequados ao seu nível de desenvolvimento.

Assim, desta forma e também para Gibson (cit. por Cole & Cole, 2003) um

dos desenvolvimentos mais dramáticos do primeiro ano de vida é o enorme aumento

na capacidade dos bebés para explorar o seu ambiente, olhando para ele,

4

Page 5: 9- 12 Meses

movimentando-se em torno dele, escutando o que se passa nele e manipulando o que

existe nele.

Também para Lopes et al. (2010), à medida que a criança se movimenta,

aumenta o seu campo de acção, e através das percepções visuais e tácteis ela vai

conhecer os objectos. Na apreensão, a maturidade ocorre devido ao desenvolvimento

dos músculos do ombro, braço, pulso, mão e dedos. Além desse desenvolvimento, é

necessário que haja também amadurecimento das áreas corticais, responsáveis pela

integração das sensações e pela coordenação das actividades motoras.

De acordo com Bonvicine et al. (cit. por Lopes et al., 2010) as habilidades

dos recém nascidos são precárias, eles não conseguem manter a cabeça erecta, rolar,

sentar ou alcançar as coisas que vêem. O primeiro desenvolvimento motor da criança

é quando ela consegue ficar de bruços puxando os joelhos para cima do abdómen, e

ficar com a pélvis erguida e a cabeça ao lado para respirar.

Papalia et al. (2006), descreve que o desenvolvimento motor é caracterizado

por uma série de marcos, capacidades que a criança adquire antes de avançar para

outras, mais difíceis. Esses marcos não são realizações isoladas, eles se desenvolvem

sistematicamente, e cada capacidade adquirida prepara o bebé para lidar com a

seguinte. Os bebés primeiramente adquirem habilidades simples e depois as

combinam em sistemas de acção cada vez mais complexos, os quais permitem uma

gama mais ampla ou mais precisa de movimentos e um controle mais eficiente do

ambiente.

4 - DESENVOLVIMENTO SÓCIO EMOCIONAL

De acordo com Berryman, Hargreaves, Herbert & Taylor (2001), o primeiro

contacto social que a criança realiza é com a mãe, ainda antes do nascimento, o bebé

consegue conhecer características do seu meio. A voz da mãe é familiar, os sons do

meio em que vive também são conhecidos e, logo após o nascimento, o bebé

consegue mostrar uma resposta preferencial à sua mãe, ao seu cheiro ou ao do seu

leite, à sua voz e possivelmente ao seu rosto.

Para Bower (1983), o aspecto mais significativo do desenvolvimento social

ocorre no primeiro ano de vida, e é através do sorrir, um agradável comportamento

social.

5

Page 6: 9- 12 Meses

Segundo Schaffer (1996), considera que o desenvolvimento social engloba os

padrões de comportamentos, os sentimentos, as atitudes e os conceitos da criança em

relação aos outros e ainda ao modo como estes aspectos se modificam com a idade.

Smith et al. (2001), refere que os bebés começam, logo a partir do seu

nascimento, a exprimir o seu estado emocional. A primeira distinção que podemos

provavelmente fazer no caso dos bebés é entre o afecto positivo e negativo, se estão

satisfeitos e felizes, indicado pelo sorriso, ou insatisfeitos e inquietos, indicado pelo

beicinho ou pelo choro.

Segundo Bower (1983), a ligação que se cria entre a mãe e o filho é, na

verdade, um rico canal de comunicação, uma forma de comunicação não verbal,

altamente específica destes dois seres humanos.

4.1 - DESENVOLVIMENTO SÓCIO EMOCIONAL DOS 9 AOS 12 MESES

De acordo com Bower (1983) e Brazelton (2007), a partir dos nove meses as

separações serão cada vez mais difíceis. Nesta idade, o bebé está a desenvolver o

conceito de independência e o de afastamento, mas á medida que o faz torna-se cada

vez mais dependente. Todas as transições são agora mais difíceis, porque estão

repletas de novas implicações.

Segundo Bower (1983), o medo de estranhos no sentido clássico surge por

volta desta idade, e atinge o auge durante o segundo ano e, depois, declina. A

ansiedade de separação aparece ligeiramente mais tarde do que o medo de estranhos,

esta ansiedade de separação refere-se à ansiedade que uma criança sente quando se

separa da mãe ou da pessoa que habitualmente trata dela.

É a partir dos 9 meses, segundo Brazelton & Sparrow (2004), que o bebé

espera encontrar no rosto de quem cuida dele informação sobre toda e qualquer

situação. Ele já “lê” as expressões faciais no sentido de descobrir o que estas têm a

dizer-lhe sobre o mundo. Está a perceber o quanto as pessoas são importantes para

ele.

De acordo com Debray-Ritzen, Bidault, Bursztejn, Caillard, Charlet, Debray,

Durning, Mattlinger & Vacola (1979), é nesta altura que o bebé sorri quando se olha

para ele e quando se brinca com ele. Aparecem os primeiros sinais de timidez,

tornando-se menos sorridente e o choro é mais frequente. Surgem as primeiras trocas

sociais, sob a forma de brincadeiras. O bebé recomeça uma acção ou um gesto que o

6

Page 7: 9- 12 Meses

fizera rir. Afasta-se dos desconhecidos, sabe fazer adeus e se lhe pedem ele dá o

objecto que tem. Nesta fase passa a exigir mais da mãe, mas também é mais gentil

com ela, gosta de dar abraços, é sociável.

Para Einon (2005), é nesta idade que o medo a estranhos e de locais

desconhecidos aumenta, perturba-se quando a mãe ou o cuidador se ausenta, tem

medo que o abandonem mesmo em locais conhecidos e fica ansioso pelo regresso da

mãe. Tenta agradar e serve-se da mãe como bóia de salvação quando não está em

casa, e pára quando lhe é dito “não” diz adeus e imita expressões e actos. Gosta de

fazer rir e puxa a roupa para atrair a atenção da mãe, reage à sua disposição e

consegue exprimir alegria, frustração e ser ciumenta. Gosta também de outras

crianças mas não brinca com elas, integra-se em actividades que se centrem à sua

volta. Nesta fase consegue também prever os actos da mãe, por exemplo, estende os

braços para lhe vestirem o casaco.

De acordo com o estudo levado a cabo por Lewis e Brooks-Gunn (cit. por

Smith et al. 2001), as crianças com idades compreendidas entre os 9 e os 12 meses

são capazes de distinguir uma representação pictórica de si próprias das

representações dos outros, uma vez que sorriam mais ou fixavam durante mais tempo

as fotografias delas que as de outros bebés da mesma idade, além de conseguirem

distinguir fotografias de rostos de bebés das de rostos de adultos.

5 - MOTRICIDADE ORAL E RESPIRATÓRIA

De acordo com Cavassani, Ribeiro, Nemr, Greco, Kohle & Lehn (2003), os

hábitos orais têm sido alvo de interesse dos profissionais de saúde ligados à área de

motricidade. A motricidade engloba os aspectos relacionados à acção de grupos

musculares nas movimentações, nas características morfológicas e na descrição de

processos funcionais como articulação de fonemas, sucção, mastigação e deglutição.

Eles estão ligados à postura, mobilidade, tonicidade e sensibilidade dos órgãos

fonoarticulatórios.

Marchesan (cit por Siqueira, 1998), refere que a boca cumpre muito

precocemente na vida extra uterina funções vitais para o recém nascido como a

respiração, alimentação por meio da amamentação e mecanismos reflexos de

protecção das vias aéreas, como o vomito ou tosse.

Segundo Neiva, Cattoni, Ramos & Issler (2003), o aleitamento materno, além

dos benefícios nutricionais, imunológicos, emocionais e económico sociais, também

7

Page 8: 9- 12 Meses

tem efeitos positivos na saúde foniatria, uma vez que está relacionado ao crescimento

e desenvolvimento craniofacial e motor oral do recém nascido.

A sucção durante o aleitamento natural, promove o desenvolvimento

adequado dos órgãos fonoarticulatórios, quanto à mobilidade, força, postura,

desenvolvimento das funções de respiração, mastigação, deglutição e articulação dos

sons e da fala.

No entanto Siqueira (1998), descreve que durante este período de

desenvolvimento, a mandíbula ainda apresenta pouco crescimento e que a língua fica

em contacto com o lábio inferior, numa postura rebaixada, levando à formação de um

espaço aéreo – faríngeo que permite a respiração nasal, comum no recém nascido.

Nesta fase os lábios não possuem um tónus adequado, o que será conseguido

lentamente com a movimentação realizada através da sucção.

De acordo com Xavier (cit por Siqueira, 1998), refere que a sucção ocorre

associada a outros aspectos, por isso a coordenação com a respiração, deglutição,

postura e movimento da mandíbula é imprescindível.

Neiva et al. (2003), refere que é através da sucção, as estruturas se

desenvolvem, de modo que ocorra a absorção das sucking pads, o crescimento da

mandíbula e posteriormente, o aumento do espaço intra oral, com maior

possibilidade de movimentação da língua.

Reflexão esta também partilhada por Proença (cit por Siqueira, 1998), onde

descreve que a exercitação da sucção natural contribui para o crescimento ósseo

mandibular, favorecendo o desenvolvimento facial, mobilidade da língua dentro da

cavidade oral e facilitação de um tónus muscular normal, o que influenciará na

articulação dos sons da fala.

Segundo Junqueira (cit por Siqueira 1998), a amamentação promove

estímulos adequados à musculatura da língua e consequentemente à produção

correcta dos sons e da fala, uma vez que as alterações da fala podem estar

relacionadas com o mau funcionamento das estruturas orais.

5.1 - MOTRICIDADE ORAL E RESPIRATÓRIA DOS 9 AOS 12 MESES

De acordo com Siqueira (1998), a partir de uma maturidade neurológica

maior e das experiências diárias de sucção, e do número elevado de movimentos

mandibulares que o bebé realizou, haverá uma modificação do crescimento da

8

Page 9: 9- 12 Meses

cavidade oral. É por volta do quarto e sexto mês de vida que essas modificações

começam e continuam ao longo do primeiro ano de vida.

O espaço intra-oral aumenta, a mandíbula cresce para a frente e para baixo.

As bolsas de gordura na região das bochechas começam a ser absorvidas e a cavidade

oral passa a ser mais alongada. A língua começa a movimentar-se para cima e para

baixo, com actividade evidente dos músculos intrínsecos, onde a mandíbula realiza

um movimento vertical menor e dissociado da língua. Passa a haver uma

aproximação mais firme dos lábios e juntamente com o novo padrão de movimentos

de língua, permite o aparecimento de uma pressão negativa intra-oral o que facilitará

a ingestão de líquidos e também uma alimentação mais pastosa.

Segundo Griffiths (cit. por Ferreira, Corrais, Boavida & Tiago 1996), o bebé

entre os 9 e 12 meses apresenta um conjunto de movimentos mais elaborados,

podendo destacar-se movimentos muito finos dos lábios e língua, uso do copo da

colher, o uso do biberão é menos frequente. Nesta altura dá-se o inicio da auto-

alimentação, e já usa uma palavra clara e com significado. Por volta do 9.º mês o

bebé consegue balbuciar 4 ou mais sílabas seguidas de uma só vez e ao 11.º mês tem

um vocabulário de 2 palavras claras e cada uma usada consistente e apropriadamente.

Ao 12.º mês o balbuciar do bebé é agora mais variado e mais comprido, já ultrapassa

as quatro sílabas.

6 - O DESENVOLVIMENTO SENSORIAL

Segundo Haywood & Getchell (2004) o desenvolvimento sensorial é um

processo de maturação dos sentidos e inclui a aquisição da capacidade da integração

e interpretação de estímulos, sob forma de perceções. Estudos das últimas décadas,

descobriram que além dos cinco sentidos especulados classicamente por Aristóteles,

como a visão, a audição, o tato, o paladar e o olfato, o ser humano possui mais dois

sentidos: o vestibular e o propriocetivo (ou cinestésico).

O sistema vestibular confere-nos a consciência sobre a posição da cabeça no

espaço, permite-nos manter o nosso corpo numa posição de equilíbrio e controlar a

coordenação do movimento ocular.

O sistema propriocetivo é importante para o desempenho das ocupações

humanas, porque dá-nos informação sobre: a posição das partes do corpo relativas

umas às outras, a posição do corpo no espaço, os movimentos corporais, a natureza

dos objetos com os quais o corpo estabelece contato.

9

Page 10: 9- 12 Meses

Nesse sentido, as investigações e a formulação da teoria da integração

sensorial pela psicóloga e terapeuta ocupacional Jean Ayres (1979) testemunham,

que a maturação sensorial inicial foca-se primeiramente nos sentidos vestibular, tátil

e propriocetivo. Do ponto de vista da integração sensorial, estes sentidos proximais

são enfatizados, por terem um papel extremamente dominante na capacidade precoce

da criança de interagir com o mundo. Os sistemas sensoriais distais, como a visão e a

audição, começam a ter uma função, somente a medida que a criança amadurece.

Ayers (1979) defende que as sensações são tão importantes para

funcionamento do cérebro, quanto a comida para o funcionamento do nosso

organismo. De acordo com a perspetiva ecológica Parham (2002), Spitzer & Roley

(2001), quanto maior for a variedade de experiências que um bebé vivência, maior é

a oportunidade de este integrar sensações e gerar respostas adaptativas. Em suma,

promover o desenvolvimento da integração sensorial, favorece o envolvimento não

somente no brincar, mas também na participação social.

Sempre de acordo com Parham (2002) a criança tem dentro de si uma espécie

de instinto de exploração, que faz com que ela consiga encontrar exatamente o tipo

de desafio que ela precisa para poder progredir no seu desenvolvimento. O desafio

escolhido nunca é tão difícil, ao ponto de desencorajar ou induzir a criança ao

fracasso, nem nunca tão fácil, de modo a cair no aborrecimento. É fascinante

observar, como um bebé de nove meses, já sabe escolher o brinquedo, que mais o

diverte e que mais se adapta às suas capacidades de percepção. A maioria das

crianças também não exige nenhuma orientação ou ensino de um adulto, para

conseguir adquirir as habilidades básicas do desenvolvimento motor, como o

manipular objetos, o sentar, o gatinhar, o andar e o descer uma escorrega.

6.1 - O DESENVOLVIMENTO SENSORIAL DOS 9 AOS 12 MESES

As duas professoras americanas em terapia ocupacional pediátrica Case-

Smith & O´Brien (2010), constataram que, as habilidades de locomoção que a

criança adquire entre o 9º e o 12º mês, são o produto das muitas respostas

adaptativas. Por sua vez, estas últimas se desenvolvem numa integração cada vez

mais sofisticada dos inputs somatosensoriais, vestibulares e visuais.

As mesmas autoras testemunham que nesta idade, o bebé, como já se desloca

por distâncias maiores, explora cada vez mais ambientes, o que faz com que se criam

maiores oportunidades para a integração de uma variedade de sensações cada vez

10

Page 11: 9- 12 Meses

mais complexas. A integração de tal panóplia de sensações permite à criança

desenvolver o conhecimento do esquema corporal e a percepção espacial. Por outras

palavras, experiencias sensoriomotoras conferem uma aprendizagem cada vez mais

completa sobre o meio envolvente e sobre a relação do corpo com o espaço externo.

Sempre de acordo com Case- Smith & O´Brien (2010), a percepção tátil

torna-se mais refinada e desempenha um papel importante no desenvolvimento das

habilidades do movimento da mão. A criança necessita de respostas tátils muito

precisas, para poder desenvolver a preensão de pinça fina, para pegar pequenos

objetos.

Continuando de acordo com as mesmas autoras, a Informação propriocetiva

também exercita uma importante influência no desenvolvimento das habilidades

manipulativas, um único objeto serve ao bebé para a performance de uma variedade

de ações. Estas respostas adaptativas baseadas no processamento somatossensorial

contribuam para o desenvolvimento motor e da capacidade de planeamento. As

habilidades de manipulação de objetos progridem, até ao ponto que, a criança

descobre a capacidade de transferir objetos de uma mão para a outra.

O processamento auditivo também desempenha um papel importante na

percepção do meio envolvente, especialmente quando se trata do ambiente social. Ao

momento que a criança ensaia as suas primeiras vocalizações, as informações

auditivas integram-se às sensações táteis e propriocetivas centrando-se no interior da

boca e nos lábios. Gradualmente a criança tenta de reproduzir os sons da língua

utilizada pelos cuidadores. Vocalizações como repetições de consoante-vogal (baba,

mama) são comuns. Os pais muitas vezes anexam significados a tais vocalizações

infantis e encorajam os seus filhotes mostrando-se contentes. O bebé também acaba

por dar significados a esses sons. No fim do 12º mês as crianças já possuem um

pequeno vocabulário de palavras e sons. A estes a criança anexa significados de

modo poder comunicar os seus desejos aos cuidadores.

Outra importante etapa do desenvolvimento é alcançada na altura em que a

criança começa a querer fazer as atividades da vida diária de forma autónoma, como

por exemplo o comer sozinha. Esta ocupação é complexa e exige processamentos de

informações somatosensoriais muito refinados, do momento que requere o saber

guiar a colher para a boca, ao mesmo tempo de coordenar os movimentos orais na

mastigação e deglutição… E não é de esquecer, que as sensações gustativas e

olfativas também fazem parte de tal processo. O planeamento psicomotor ainda não

11

Page 12: 9- 12 Meses

progrediu o suficiente, para a criança alimentar-se mediante talheres, sem sujar-se a

roupa.

Empiricamente, podemos considerar que, pedacinhos de legumes cozidos e

fruta, bolachas e esparguetes sem molho, são muitas vezes comidas de eleição, pelo

fato de poderem ser conduzidas à boca mediante as mãozinhas. Deste modo a hora

dos pastos pode proporcionar à criança a exploração de novas texturas, de modo a

poder desenvolver uma cultura alimentícia saudável e encontrar novas respostas

adaptativas.

7 - MOTRICIDADE GLOBAL

Segundo Neto (2002), a motricidade global refere-se aos movimentos

dinâmicos corporais, envolvendo a habilidade de controlar as contracções de grandes

músculos corporais na geração de movimentos amplos.

De acordo com Willrich et. al (2006), a motricidade global envolve em sua

manifestação a mobilização de grandes grupos musculares produtores de força de

tronco, braços e pernas e inclui as reacções posturais, o equilíbrio da cabeça, o sentar,

o ficar em pé, o engatinhar e o andar.

Para Neto (2002), a motricidade global é a capacidade da criança, dos seus

gestos, atitudes, deslocamentos e do seu ritmo que nos permitem, por vezes, conhecê-

la e compreendê-la melhor. A criança brinca imitando cenas da vida quotidiana, ou

seja, fala movimentando-se, canta a dançar, ou ao contrário, primeiro começa a

dançar e só depois começa o cantar. Ela expressa, de forma simultânea, a sua

afectividade e exercita a sua inteligência.

7.1 - MOTRICIDADE GLOBAL DOS 9 AOS 12 MESES

Como se pode verificar anteriormente e segundo Willrich et al. (2006), a

motricidade global envolve grandes grupos musculares.

Assim, e de acordo com Einon (2005), estes grupos musculares são

responsáveis por um conjunto de actividades que a criança consegue realizar. Por

volta dos 9 meses o bebé consegue gatinhar ou rastejar, consegue sentar-se sozinha

sem apoio e em segurança. Segura-se de pé apoiada nas mãos e por vezes quando

deitada passa a sentada. Suspenso de barriga para baixo tem movimentos de

protecção esticando as mãos e braços para baixo. Aos 12 meses o bebé já engatinha,

12

Page 13: 9- 12 Meses

anda agarrado à mobilia ou apoiado pelas mãos e consegue sentar-se a partir da

posição de pé.

8 - MOTRICIDADE FINA

De acordo com Neto (2002), a motricidade fina refere-se à capacidade de

controlar um conjunto de actividades de movimento de certos segmentos do corpo,

com emprego de força mínima, a fim de atingir uma resposta precisa à tarefa. Refere-

se à actividade manual, guiada por meio da visão, ou seja, coordenação visuo-

manual.

A coordenação viso-manual representa a atividade mais frequente e mais

comum no homem, sendo esta usada para pegar em objetos e lançá-los assim como

para escrever, desenhar, pintar, recortar, etc. Esta coordenaçaõ inclui a fase de

transporte da mão, seguida de uma fase de apreensão e manipulação, tendo como

resultado um conjunto de três componentes principais, o objecto, a visão e a mão.

A actividade manual, guiada essencialmente pela visão, faz funcionar em

simultâneo o conjunto dos músculos que asseguram a manutenção dos ombros e dos

braços, do antebraço e da mão, sendo estes particularmente responsáveis pelo ato

manual de agarrar.

Segundo Thelen et al. e Hofsten (cit. por Cole & Cole, 2003), logo após o

nascimento, a percepção e a acção estão vinculadas, quando os bebés percebem um

objecto a mover-se diante deles, estendem a mão em sua direcção. No início as

percepções e as acções envolvidas no alcançar e no agarrar ainda não estão

coordenadas. Os bebés podem alcançar um objecto, mas não conseguem fechar as

mãos em torno dele, porque fecham as mãos muito cedo. Por volta dos dois meses os

bebés começam a adquirir controle voluntário sobre os seus movimentos quando

alcançam um objecto. Ao mesmo tempo, alcançar e agarrar começam a se tornar

acções coordenadas na sequência apropriada.

8.1 - MOTRICIDADE FINA DOS 9 AOS 12 MESES

De acordo com Mathew & Cook (cit. por Cole & Cole, 2003), por volta dos

nove meses de idade, a grande maioria dos bebés consegue guiar os seus movimentos

com um único olhar, e os movimentos que usam para alcançar e agarrar os objectos

parecem tão bem integrados e automáticos, quanto um reflexo.

13

Page 14: 9- 12 Meses

Connolly & Dalgleish (cit. por Cole & Cole, 2003), referem que entre os 7 e

os 12 meses de idade, os movimentos motores finos das mãos e dos dedos tornam-se

expressivamente mais subtis e melhor coordenados. Aos 12 meses conseguem mover

os seus polegares e outros dedos para posições adequadas ao tamanho do objecto que

estão tentando agarrar.

Segundo Neto (2002) e Einon (2005), os bebés com idades compreendidas

entre os 9 e os 12 meses, é possível verificar-se algumas alterações ao nível da

motricidade fina. Com 9 meses, o bebé tem a capacidade de pegar num objecto

suspenso ou numa bola que alguém lhe atire, serve-se das duas mãos ao mesmo

tempo para alcançar objectos grandes, passa brinquedos de uma mão para a outra. O

bebé começa a servir-se de dedos separadamente e pode empurrar ou servir-se da

mão espalmada para bater, agarra melhor os objectos com a palma da mão, e o

polegar funciona em oposição aos outros dedos. Consegue pegar nos objectos mais

pequenos, consegue empurrar e apanhar ervilhas ou outros pequenos objectos com o

polegar e o indicador, e consegue pegar num objecto de cima e não apenas de lado.

Por volta dos 12 meses, o bebé aprende a largar os objectos, e serve-se dos

mesmos de forma adequada para atingir os seus fins, e não como extensões da mão

para bater ou chupar.

9 - BRINCAR

De acordo com Ferreira (cit por Fantacholi, 2011) brincar é divertir-se,

recrear-se, entreter-se, distrair-se, ou seja brincar é algo muito presente nas nossas

vidas.

Do ponto de vista de Oliverira (cit por Fantacholi, 2011) brincar significa

desenvolver-se integralmente. É caracterizado como uma das formas mais complexas

que a criança tem de se comunicar consigo mesma e com o mundo, o

desenvolvimento acontece através de trocas recíprocas que se estabelecem durante

toda a vida. É através do brincar que a criança pode desenvolver capacidades

importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imiginação, proporcionando

ainda à criança o desenvolvimento de áreas da personalidade como afectividade,

motricidade, inteligência, sociabilidade e criatividade.

14

Page 15: 9- 12 Meses

Segundo Parham & Fazio (1997), existem várias razões para brincar, pois

sabe-se que é extremamente importante para o desenvolvimento cognitivo, motor,

afetivo e social da criança.

O brincar é a ocupação principal da criança e constitui um pré-requisito para

competências requeridas por papeis ocupacionais mais tarde na vida (Reilly, 1974).

De acordo com Freud (cit por Reis, 2009) o brincar para a criança assume um

importante papel no seu desenvolvimento. A actividade lúdica da criança cumpre

uma importante função, permite à criança elaborar os seus conflitos a partir do

brincar. Esta actividade permite à criança adpatar o mundo real ao mundo

imaginário. O brincar da criança é determinado por um desejo que contribui para o

seu desenvolvimento, um único desejo, o de ser adulta, assim ela reproduz em suas

brincadeiras aquilo que ela apreende do mundo dos adultos que ela conhece.

É a brincar que a criança expressa vontades e desejos construídos ao longo de

sua vida, e quanto mais oportunidades a criança tiver de brincar mais fácil será o seu

desenvolvimento. Segundo Carneiro & Dodge (2007, pág. 59), “... o movimento é,

sobretudo para a criança, uma forma de expressão e mostra a relação existente entre

ação, pensamento e linguagem”. A criança consegue lidar com situações novas e

inesperadas, e age de maneira independente, e consegue visualizar e entender o

mundo fora do seu quotidiano.

9.1 - BRINCAR DOS 9 AOS 12 MESES

Segundo Batllori & Escandell (2004) entre os 9 e os 12 meses a criança já

consegue realizar algumas atividades quer só ,quer acompanhada, tirando assim o

prazer que as mesmas lhes oferecem.

Existem várias atividades que a criança consegue desempenhar neste estádio e

das quais a ela mostra mais interesse, nesta idade já começam a usar objectos como

ferramentas, empurram uma bola com uma varinha ou caçar uma cenoura no prato

com o auxilio de uma colher. Elas também estão mais interessadas em jogos

interactivos, e todas as brincadeiras nesta fase acabam acontecendo repetidas vezes.

A sua habilidade está melhor, nesta fase a criança consegue abrir uma caixa e brincar

com o brinquedo que ela quiser.

Estas crianças nesta idade estão mais predispostas para brinquedos de

empurrar, encaixar, livros com texturas e figuras grandes.

15

Page 16: 9- 12 Meses

10 – CONCLUSÃO

Na abordagem da idade compreendida entre os 9 e os 12 meses, aprofundou-

se os conhecimentos acerca dos domínios do desenvolvimento motor (motricidades

global, fina e oral-respiratória), sensorial, sócio-emocional e do brincar.

A motricidade global durante esta fase de crescimento, manifesta-se mediante

as ações circulares dos movimentos do rastejar, gatinhar, sentar sem apoio, segurar-

se de pé com apoio nas mãos, sentar a partir das posições de deitado e a partir da

posição de pé. Compreendeu-se, que todas estas aprendizagens motoras, somente são

possíveis, devido às maturações do sistema vestibular, que permite o equilíbrio, da

propricepção, que proporciona ao bebé a percepção da direção dos movimentos das

várias partes corporais, e do sistema nervoso central, que controla as contrações

musculares.

Tais maturações também se refletem no desenvolvimento da motricidade fina.

Em particular a visão, a propriocepção e a dosagem da contração muscular dos

dedos, permitem os movimentos da oponencia do polegar e da pinça fina.

As mesmas maturações exercem ainda um papel decisivo nas movimentações

de precisão dos lábios e da língua, que permitem à criança de começar a usar

autonomamente o copo e a colher e de executar balbucios cada vez mais refinados.

O início da alimentação autónoma coincide com o emergir do desejo de fazer

coisas sozinho. No entanto, a necessidade de autonomia faz com que o bebé, aos 9-

12 meses, se encontra emocionalmente num dilema: de um lado o instinto de

exploração leva-o à procura de novos contextos (o bebé gatinha por distâncias cada

vez maires) e à interação com estranhos, do outro lado ainda sente muita ânsia de

poder perder a mãe. Conclui-se que é mediante a interação com os pais, em forma de

brincadeiras e através da linguagem, (ainda maiormente gestual), que a criança

aprende a ler as expressões faciais. O elogio dos pais para a criança conseguir

desempenhar pequenas partes das atividades da vida diária sozinha, faz com que ela

ganhará a autoconfiança necessária para a pouco a pouco superar tal ânsia de

separação.

Concluiu-se ainda que, a ocupação principal do bebé entre os 9 e 12 meses é o

explorar, manipular e levar à boca todo o tipo de objetos que se apresentam ao seu

alcance. Sentindo as várias texturas e diferenciando entre várias cores e formas, o

bebé se apercebe das características de um determinado objeto, atribui-lhe um ou até

mais significados, ou usa-o como uma ferramenta para alcançar um determinado fim.

16

Page 17: 9- 12 Meses

Nesse sentido, constata-se que, o explorar é sem dúvida um pré-requisito

indispensável para o saber brincar e para que o nosso objeto de estudo passa de bebé

à ser uma criança propriamente dita. Quer-se reforçar ainda, que o brincar é de facto

a oupação principal da criança (Reilly, 1974), e quanto mais oportunidades a criança

tiver de brincar mais completo será o seu desenvolvimento (Oliverira, cit por

Fantacholi, 2011).

Por fim, concluiu-se que todos os domínios de desenvolvimento abordados,

se encontram num continuum de interação biunívoca, que permite ao bebé de

alcançar a mudança e a adaptação aos vários contextos da vida ocupacional. Nesse

sentido, capacidades sensoriais, habilidades motoras e saúde promovem a maturação

física e influenciam também outros aspectos do desenvolvimento, como a esfera

socio-emocional e ocupacional do bebé.

17

Page 18: 9- 12 Meses

11 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ayres, A.J. (1979). Sensory integration and the child. Los Angeles: Western

Psychological Services.

Batllori, J. & Escandell, V. (2004). Vamos Brincar! O primeiro Ano. Setúbal: Marina

Editoras.

Berryman, J.C., Hargreaves, D. Herbert, M. & Taylor, A. (2001). A psicologia do

desenvolvimento humano. Lisboa: Instituto Piaget.

Bower, T.G.R. (1983). Uma introdução ao desenvolvimento da primeira infância.

Lisboa: Morais editores.

Brazelton T.B. (2007). O grande livro da criança: o desenvolvimento emocional e do

comportamento durante os primeiros anos, 10.ª edição, Lisboa: Editorial Presença.

Brazelton, T.B. & Sparrow D.J. (2004). O método Brazelton: a criança e a

disciplina, 6.ªedição, Lisboa: Editorial Presença.

Carneiro, M. A. B. & Dodge, J. J. (2007). A descoberta do brincar. São Paulo:

Editora Melhoramentos.

Case-Smith, J. & O´Brien, C.J. (2010). Occupational therapy for children. 6ª edição,

326-331. Maryland Heights: Mosby Inc., an affiliate of Elsevier Inc.

Cavassani, V.G.S., Ribeiro, S.G., Nemr, N.K., Greco, A.M., Kohle, J. & Lehn, C.N.

(2003). Hábitos orais de sucção: estudo piloto em população de baixa renda. Revista

Brasileira Otorrinolaringologia. Vol. 69, 1, 106-108.

Charlet, A. (1979). Desenvolvimento afectivo. In: Debray-Ritzen, P., Bidault, H.,

Bursztejn, C., Caillard, V., Charlet, A., Debray, Q., Durning, P., Mattlinger, M.J. &

Vacola, G. (Eds), Psicologia moderna: Dicionário de psicologia da criança, 61-64.

Lisboa: Verbo.

18

Page 19: 9- 12 Meses

Cole, M., & Cole S. R. (2003). O desenvolvimento da criança e do adolescente. 4.ª

edição, São Paulo: Artmed.

Einon, D. (2005). Aprender cedo. Lisboa: Editorial Estampa.

Fantacholi, F.D.N. (2011). O Brincar na Educação Infantil: Jogos, Brinquedos e

Brincadeiras - Um Olhar Psicopedagogico. Revista Científica Aprender, 5ª edição.

Ferreira. M.C.T.R., Corrais. M.C., Boavida, M.M.P.M. & Tiago, M.A.U.F. (1996).

Escala de desenvolvimento mental de Ruth Griffiths.

Haywood, K.M. & Getchell, N. (2004). Desenvolvimento motor ao longo da vida. 3ª

edição, 184-211. Porto Alegre: Artmed.

Kramer, P. & Hinojosa J. (2010). Frames of reference for pediatric occupational

therapy. 3ª edição, 100. New York: Wolters Kluwer, Lippincott Williams & Wilkins.

Lopes, R.M.F., Nascimento, R.F.L. & Souza, L.G. (2010). Desenvolvimento

cognitivo e motor de crianças de zero a quinze meses: Um estudo de revisão.

Psicologia.com.pt. Recuperado em 18 de fevereiro, 2013 de

http://www.psicologia.pt/.

Neiva, F.C.B., Cattoni, D.M., Ramos, J.L.A. & Issler, H. (2003). Desmame precoce:

implicações para o desenvolvimento motor-oral. Jornal Pediátrico. Vol. 79, 1, 7-12.

Neto, F.R. (2002). Manual avaliação motora. Porto Alegre: Artmed

Papalia, E.D., Olds, S.W. & Feldman R. D. (2006). Desenvolvimento humano. 8.º

edição, Porto Alegre: Artmed.

Parham, L.D. (2002). Sensory integration and occupation. In: Bundy, A.C., Lane,

S.J. & Murra,. E.A. (Eds), Sensory integration: Theory and practice. 2ª edição, 413-

434. Philadelphia: F. A. Davis.

19

Page 20: 9- 12 Meses

Parham, L.D., & Fazio, L.S. (1997). Play in occupational therapy for children. St.

Louis: Mosby.

Piaget, J. (1990). Seis estudos de psicologia. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

Ré, A.H.N. (2011). Crescimento, maturação e desenvolvimento na infância e

adolescência: Implicação para o esporte. Revista Motricidade. 3: 55-67.

Reilly, M. (1974). Play as exploratory learning. Beverly Hills: Sage.

Reis, B.M.C (2009). A importância do brincar para o desenvolvimento infantil e

suas contribuições para o atendimento de humanização (Trabalho Estágio do Curso

de Psicologia). Minas Gerais: Universidade Católica

Schaffer, R. (1996). Desenvolvimento social da criança. Lisboa: Instituto Piaget.

Siqueira, A.T. (1998). Aleitamento materno – influências no desenvolvimento

miofuncional oral (Monografia de Licenciatura em Especialização em Motricidade

Oral – Fonoaudiologia Hospitalar). São Paulo: CEFAC.

Smith, P.K., Cowie, H. & Blades M. (2001). Compreeender o desenvolvimento da

criança. Lisboa: Colecção Horizontes Pedagógicos.

Spitzer, S., & Roley, S.S. (2001). Sensory integration revisited: A philosophy of

practice. In: Roley, S.S., Blanche, E.I. & Schaaf, R.C. (Eds), Understanding the

nature of sensory integration with diverse populations, 3-27. San Antonio: TX:

Therapy Skill Builders.

Willrich, A., Azevedo, C.C.F. & Fernandes, J.O. (2009). Desenvolvimento motor na

infância: Influência dos factores de risco e programas de intervenção. Revista

Neurociencias. 17: 51-56.

20

Page 21: 9- 12 Meses

ANEXO A

12- O DESENVOLVIMENTO DO BEBÉ ENTRE OS 9 E OS 12 MESES

MOTRICIDADE GLOBAL

9 meses:

rasteja ou gatinha;

senta- se sozinha sem apoio e em segurança;

segura-se de pé apoiada nas mãos e por vezes quando deitada passa a sentada;

suspenso de barriga para baixo tem movimentos de protecção esticando as

mãos e braços para baixo.

até 12 meses

gatinha com destreza;

anda agarrado à mobilia ou apoiado pelas mãos;

consegue sentar-se a partir da posição de pé.

MOTRICIDADE FINA

9 meses

consegue guiar os seus movimentos com um único olhar;

os movimentos que usa para alcançar e agarrar os objectos parecem tão bem

integrados e automáticos, quanto um reflexo;

os movimentos motores finos das mãos e dos dedos tornam-se

expressivamente mais subtis e melhor coordenados;

tem a capacidade de pegar num objecto suspenso ou numa bola que alguém

lhe atire;

serve-se das duas mãos ao mesmo tempo para alcançar objectos grandes;

passa brinquedos de uma mão para a outra;

começa a servir-se dos dedos separadamente;

pode empurrar ou servir-se da mão espalmada para bater;

agarra melhor os objectos com a palma da mão;

o polegar funciona em oposição aos outros dedos;

21

Page 22: 9- 12 Meses

consegue pegar nos objectos mais pequenos, como ervilhas ou outros

pequenos objectos com o polegar e o indicador;

consegue pegar num objecto de cima e não apenas de lado.

até 12 meses

consegue mover os seus polegares e outros dedos para posições adequadas ao

tamanho do objecto que está tentando agarrar;

aprende a largar os objectos, e serve-se dos mesmos de forma adequada para

atingir os seus fins, e não como extensões da mão para bater ou chupar.

MOTRICIDADE ORAL E RESPIRATÓRIA

9 meses

aperfeiçoamento dos movimentos finos dos lábios e da língua;

uso do copo da colher;

uso do biberão menos frequente;

inicio da auto-alimentação;

consegue balbuciar 4 ou mais sílabas seguidas de uma só vez.

11 meses

vocabulário de 2 palavras claras, usadas consistente e apropriadamente.

até 12 meses

o balbuciar torna-se mais variado e mais comprido;

ultrapassa as quatro sílabas.

DESENVOLVIMENTO SENSORIAL

22

Page 23: 9- 12 Meses

9-12 meses

integração cada vez mais sofisticada dos inputs somatosensoriais, vestibulares

e visuais;

se desloca por distâncias maiores;

explora cada vez mais ambientes;

integração de uma variedade de sensações cada vez mais complexas;

melhora o conhecimento do esquema corporal;

melhora a percepção espacial, sobre a relação do seu corpo com o espaço

externo;

a percepção tátil torna-se mais refinada (pinça fina);

informação propriocetiva: um único objeto serve ao bebé para a performance

de uma variedade de ações;

processamento somatossensorial: capacidade de planeamento motor,

capacidade de transferir objetos de uma mão para a outra;

processamento auditivo: percepção do meio envolvente e do ambiente social;

informações auditivas integram-se às sensações táteis e propriocetivas

centrando-se no interior da boca e nos lábios;

tenta de reproduzir os sons da língua, como repetições de consoante-vogal

(ex: baba, mama);

anexa significados às vocalizações, de modo poder comunicar os seus desejos

aos cuidadores;

gosta comer com as mãos e sentir a textura da comida, aguçando o olfato e o

paladar.

DESENVOLVIMETO SÓCIO EMOCIONAL

9 meses

surge o medo de estranhos (auge aos 2 anos);

desenvolve o conceito de independência e o de afastamento;

a ansiedade sentida nas primeiras tentativas de separação da mãe fá-lo voltar à necessidade de sentir-se seguro (volta à dependência);

23

Page 24: 9- 12 Meses

perturba-se quando a mãe ou o cuidador se ausenta;

tem medo que o abandonem mesmo em locais conhecidos;

fora de casa, serve-se da mãe como uma boia de salvação;

fica ansioso pelo regresso da mãe;

todas as transições são criticas;

espera encontrar no rosto de quem cuida dele informação sobre toda e

qualquer situação;

lê as expressões faciais no sentido de descobrir o que estas têm a dizer-lhe

sobre o mundo;

apercebe-se de quanto as pessoas são importantes para ele;

sorri quando se olha para ele e quando se brinca com ele;

aparecem os primeiros sinais de timidez, torna-se menos sorridente;

o choro é mais frequente;

surgem as primeiras trocas sociais, sob a forma de brincadeiras;

tenta de imitar os gestos ou ações que o fazem rir;

sabe fazer adeus;

se lhe for pedido, dá o objecto que tem, a outra pessoa;

exige mais atenção da mãe, mas também é mais gentil com ela;

puxa a roupa para atrair a atenção da mãe;

gosta de dar abraços aos familiares;

para a olhar, quando lhe é dito “não”;

consegue exprimir alegria, frustração e ser ciumenta;

gosta também de outras crianças mas não brinca com elas;

até aos 12 meses

integra-se em actividades que se centrem à sua volta;

consegue prever os actos da mãe, por exemplo, estende os braços para lhe

vestirem o casaco;

consegue distinguir uma representação pictórica de si próprias das fotografias

dos outros;

consegue distinguir fotografias de rostos de bebés das de rostos de adultos.

24

Page 25: 9- 12 Meses

O BRINCAR

9-12 meses

consegue realizar algumas atividades quer só, quer acompanhada, tirando

assim o prazer que as mesmas lhes oferecem;

usa objectos como ferramentas, como empurrar uma bola com uma varinha

ou caçar uma cenoura no prato com o auxilio de uma colher;

interessa-se por jogos interactivos;

repete as brincadeiras por muitas vezes;

consegue abrir uma caixa e brincar com o brinquedo que ela quiser;

gosta de brinquedos de empurrar;

gosta de brinquedos do tipo encaixar;

entretem-se com livros com texturas e figuras grandes.

25