88501824 poda de frutiferas

6
que está chegando a hora cor- reta de se fazer uso da tesoura de poda. Deve-se então prepa- rar com antecedência as ferra- mentas com por exemplo: a- molar as ferramentas, limpar as lâminas impregnadas de fer- rugem por estarem guardadas desde o ano anterior, lubrificar a mola da tesoura e afiar o ser- rote. O ritual do corte está pa- ra começar. A arte de podar nasceu da irracional iniciativa de um asno e essa origem muar desse ramo da horticultura parece ter influído até hoje na evolução pouco esclareci- da dos processos e métodos mundiais de poda. Contam- nos Portes & Ruyssen (1884) que, segundo Pausâmias, ge- ógrafo e historiador grego, foi um jumento que, devo- rando os sarmentos de uma videira, deu aos nauplianos a idéia de podá-la (Inglez de Souza, 1986). Considera-se que cabras, ovelhas e burros foram os descobridores da poda e, portanto, são cha- mados de os pais da poda. Quando as plantas começam a diminuir a sua atividade fi- siológica, ou seja, com a chegada do frio, é sabido A Arte de Podar Embrapa – Meio Ambiente Setembro de 2009 Poda de frutíferas Uma poda mal feita pre- judica de forma irreversí- vel uma determinada fru- teira, trazendo sérias con- seqüências para a sua formação e produção, sendo preferível não rea- lizar a poda a fazê-la in- corretamente planta; 2º- Produzir mais e melhor fru- ta; 3º- Manter a planta com um porte conveniente ao seu trato e manuseio; 4º- Modificar a tendência da planta em produzir mais ramos vegetativos que frutíferos ou vice-versa; 5º- Conduzir a planta a uma forma desejada; 6º- Suprimir ramos supérfluos, inconvenientes, doentes e mortos; 7º- Regular a alternância das safras, de modo a obter anual- mente colheitas médias com regularidade. Por que é necessário o recurso da poda? Não é verdade que, no seu estado selvagem, as plantas não são podadas e, a- pesar disso, se desenvolvem em perfeitas condições? Esta pergunta é formulada muitas vezes, mas, de fato, a natureza tem o seu próprio método de poda. Os ramos pequenos des- prendem-se naturalmente e os galhos finos, as folhas e as flo- res morrem e caem. Vagarosa mas continuamente, todas as plantas sofrem um processo de renovação natural. Pela po- da não fazemos mais do que a- celerar, embora parcialmente esse processo normal. Para Joaquim Rasteiro, po- dar “é o conjunto de cortes executados numa árvore, com o fim de lhe regularizar a produção, aumentar e me- lhorar os frutos, mantendo o completo equilíbrio entre a frutificação e a vegetação normal, e, também com o fim de ajudar a tomar e a conservar a forma própria da sua natureza, ou mesmo de a sujeitar a formas con- sentâneas ao propósitos e- conômicos de sua explora- ção”. A importância de se podar varia de espécie para espé- cie, assim poderá ser decisi- va para uma, enquanto que para outra, ela é pratica- mente dispensável. Com re- lação à importância, as espé- cies podem ser agrupadas em: Decisiva: Videira, pesse- gueiro, figueira, nesperei- ra. Relativa: Pereira, macieira, caquizeiro, oliveira. Pouca importância: Citros, abacateiro, mangueira, no- gueira, pecã. Como regra geral para se sa- ber se a poda é uma opera- ção importante ou não, po- de-se estabelecer que ela é tanto mais necessária quan- to mais intensiva for a explo- ração frutícola e, inversa- mente menor a sua impor- tância quanto mais extensi- va for a cultura. Esta impor- tância da poda está também diretamente relacionada com o objetivo da explora- ção, ou seja, que tipo de produto o mercado exige; pois com a poda pode-se melhorar o tamanho e a qualidade dos frutos. O podador deverá fazer uso de seus conhecimentos e habilidades, onde um gesto seguro reflete a convicção de quem acredita que a in- terferência humana é im- prescindível para modelar um pomar. Na natureza, as plantas crescem sem qual- quer modelamento, buscam sempre a tendência natural de crescerem em direção à luz, tomando a forma verti- cal, e com isso perdem a re- gularidade de produção. Para que a poda produza os resultados esperados, é im- portante que seja executada levando-se em consideração a fisiologia e a biologia da planta e seja aplicada com moderação e oportunidade. Segundo Inglez de Souza, 1986, os sete objetivos prin- cipais da poda são: 1º- Modificar o vigor da Definições e Objetivos

Upload: cassio-batista-marcon

Post on 29-Oct-2015

53 views

Category:

Documents


5 download

TRANSCRIPT

Page 1: 88501824 Poda de Frutiferas

que está chegando a hora cor-reta de se fazer uso da tesoura de poda. Deve-se então prepa-rar com antecedência as ferra-mentas com por exemplo: a-molar as ferramentas, limpar as lâminas impregnadas de fer-rugem por estarem guardadas desde o ano anterior, lubrificar a mola da tesoura e afiar o ser-rote. O ritual do corte está pa-ra começar.

A arte de podar nasceu da irracional iniciativa de um asno e essa origem muar desse ramo da horticultura parece ter influído até hoje na evolução pouco esclareci-da dos processos e métodos mundiais de poda. Contam-nos Portes & Ruyssen (1884) que, segundo Pausâmias, ge-ógrafo e historiador grego, foi um jumento que, devo-

rando os sarmentos de uma videira, deu aos nauplianos a idéia de podá-la (Inglez de Souza, 1986). Considera-se que cabras, ovelhas e burros foram os descobridores da poda e, portanto, são cha-mados de os pais da poda. Quando as plantas começam a diminuir a sua atividade fi-siológica, ou seja, com a chegada do frio, é sabido

A Arte de Podar

Embrapa – Meio Ambiente Setembro de 2009

Poda de frutíferas

“Uma poda mal feita pre-

judica de forma irreversí-vel uma determinada fru-teira, trazendo sérias con-

seqüências para a sua formação e produção,

sendo preferível não rea-lizar a poda a fazê-la in-

corretamente ”

planta; 2º- Produzir mais e melhor fru-ta; 3º- Manter a planta com um porte conveniente ao seu trato e manuseio; 4º- Modificar a tendência da planta em produzir mais ramos vegetativos que frutíferos ou vice-versa; 5º- Conduzir a planta a uma forma desejada; 6º- Suprimir ramos supérfluos, inconvenientes, doentes e mortos; 7º- Regular a alternância das safras, de modo a obter anual-mente colheitas médias com regularidade. Por que é necessário o recurso da poda? Não é verdade que, no seu estado selvagem, as plantas não são podadas e, a-pesar disso, se desenvolvem em perfeitas condições? Esta pergunta é formulada muitas vezes, mas, de fato, a natureza tem o seu próprio método de poda. Os ramos pequenos des-prendem-se naturalmente e os galhos finos, as folhas e as flo-res morrem e caem. Vagarosa mas continuamente, todas as plantas sofrem um processo de renovação natural. Pela po-da não fazemos mais do que a-celerar, embora parcialmente esse processo normal.

Para Joaquim Rasteiro, po-dar “é o conjunto de cortes executados numa árvore, com o fim de lhe regularizar a produção, aumentar e me-lhorar os frutos, mantendo o completo equilíbrio entre a frutificação e a vegetação normal, e, também com o fim de ajudar a tomar e a conservar a forma própria da sua natureza, ou mesmo de a sujeitar a formas con-sentâneas ao propósitos e-conômicos de sua explora-ção”. A importância de se podar varia de espécie para espé-cie, assim poderá ser decisi-va para uma, enquanto que para outra, ela é pratica-mente dispensável. Com re-lação à importância, as espé-cies podem ser agrupadas em:

Decisiva: Videira, pesse-gueiro, figueira, nesperei-ra. Relativa: Pereira, macieira, caquizeiro, oliveira. Pouca importância: Citros, abacateiro, mangueira, no-gueira, pecã.

Como regra geral para se sa-ber se a poda é uma opera-ção importante ou não, po-de-se estabelecer que ela é tanto mais necessária quan-to mais intensiva for a explo-

ração frutícola e, inversa-mente menor a sua impor-tância quanto mais extensi-va for a cultura. Esta impor-tância da poda está também diretamente relacionada com o objetivo da explora-ção, ou seja, que tipo de produto o mercado exige; pois com a poda pode-se melhorar o tamanho e a qualidade dos frutos. O podador deverá fazer uso de seus conhecimentos e habilidades, onde um gesto seguro reflete a convicção de quem acredita que a in-terferência humana é im-prescindível para modelar um pomar. Na natureza, as plantas crescem sem qual-quer modelamento, buscam sempre a tendência natural de crescerem em direção à luz, tomando a forma verti-cal, e com isso perdem a re-gularidade de produção. Para que a poda produza os resultados esperados, é im-portante que seja executada levando-se em consideração a fisiologia e a biologia da planta e seja aplicada com moderação e oportunidade. Segundo Inglez de Souza, 1986, os sete objetivos prin-cipais da poda são: 1º- Modificar o vigor da

Definições e Objetivos

Page 2: 88501824 Poda de Frutiferas

Página 2 Poda de frutíferas

Embrapa, Setembro de 2009

Princípios fisiológicos

brotações espaçadas entre si em 3 a 5 cm. Existe também a poda realizada por ocasião do transplante (desplantio) antes da muda ser levada para o plantio definitivo, denominada de poda de trans-plantação, que se faz eliminando as brotações excessivas e, de a-cordo com a espécie e a forma de copa que se deseja, deixa-se três a quatro ramos bem distri-buídos e fazendo o desponte de ramos longos, com o cuidado de executar o corte deixando uma gema vegetativa voltada para fo-ra da copa inicial. Cortam-se também as raízes muito longas, quebradas e tortas, buscando o equilíbrio entre a copa e o siste-ma radicular. As formas das árvores podem ser naturais ou artificiais. As naturais têm o seu emprego nas espécies de folhas persistentes (citros, mangas, abacates, cajus, etc.) quando praticamente não há ne-cessidade de intervenção do ho-mem, devido ao hábito de vege-tação e frutificação dessas plan-tas. Porém, as espécies de folhas caducas, dada a formação de su-as gemas frutíferas, exigem po-das anuais para maior rendimen-to. Essas plantas adquirem, por-tanto, por meio de podas cons-tantes, formas artificiais.

Poda de frutificação A poda de frutificação é iniciada após a copa da planta encontrar-

tende a favorecer o desenvol-vimento vegetativo, enquanto a lenta favorece o desenvolvi-mento dos ramos frutíferos.

5. A seiva, devido à fotossíntese, tende a dirigir-se para os ra-mos mais expostos à luz, em vez de se dirigir àqueles sub-metidos à sombra.

6. As folhas são órgãos que rea-lizam a síntese das substân-cias minerais, e a sua redução debilita o vegetal.

7. Há espécies que só frutificam em ramos formados anual-mente, e outras produzem durante vários anos nos mes-mos ramos.

8. O aumento do diâmetro do tronco está em relação inver-sa com a intensidade da poda.

9. O vigor das gemas depende da sua posição e do seu nú-mero nos ramos.

10.Quanto mais severa a poda num ramo, maior é o seu vi-gor.

11.A poda drástica retarda a fru-tificação. As funções reprodu-tivas e vegetativas são anta-gônicas.

Segundo Inglez de Souza, 1986: A circulação da seiva é tanto mais intensa quanto mais retilí-neo for o ramo e quanto mais vertical for a sua posição na co-pa. Quanto mais intensa essa circu-lação, mais gemas se desenvol-verão em produções vigorosas de lenho e, ao contrário, quanto mais embaraçada e mais lenta essa circulação da seiva, maior será o acúmulo de reservas e, conseqüentemente, maior o nú-mero de gemas que se transfor-marão em botões floríferos. Cortada uma parte da planta, a seiva refluirá para as remanes-centes, aumentando-lhes o vigor vegetativo. Assim, poda curta re-sulta sempre em ramos vigoro-sos, nos quais a seiva circulará com grande intensidade. As po-das severas, portanto, têm geral-mente a tendência de provocar desenvolvimentos vegetativos, retardando a entrada da planta em frutificação. Diminuindo a intensidade de cir-culação da seiva, o que ocorre a-

pós a maturação dos frutos, veri-fica-se uma correspondente ma-turação dos ramos e das folhas. Nesse período acumulam-se grandes reservas nutritivas, que são utilizadas para transformar as gemas foliares em frutíferas. A frutificação é uma conseqüên-cia da acumulação de carboidra-tos. Essa acumulação é maior nos ramos novos do que nos ve-lhos, nos finos do que nos gros-sos. Dos objetivos enunciados, pode-se concluir que as plantas frutífe-ras necessitam de modalidades bem diversas de poda, perfeita-mente distintas umas das outras, de conformidade com a função que cada uma exerce sobre a e-conomia da planta. A poda a-companha a planta desde a sua infância até a sua decrepitude. É, pois, natural que vá tendo dife-rentes funções, adequadas cada uma às diferentes necessidades da planta, que por sua vez vari-am com a idade. Podemos distin-guir quatro modalidades princi-pais de poda:

Poda de formação Que tem por fim proporcionar à planta uma altura de tronco (do solo às primeiras ramificações da copa) e uma estrutura de ramos adequados à exploração frutíco-la. Se a poda de formação for correta, a copa se disporá com harmo-nia, simetricamen-te, proporcionando uma distribuição e-quilibrada da frutifi-cação, com areja-mento e iluminação convenientes. É executada nos pri-meiros anos de vida da planta. Podem-se formar mudas em haste única, co-mum em macieira e pereira, onde todas as brotações late-rais são eliminadas no viveiro. Já em mudas que formam uma copa maior como as cítricas, de goiabeira e caquizeiro na for-mação da muda a copa é distri-buída no tronco em três a quatro

O conhecimento de algumas re-gras sobre a fisiologia vegetal em muito auxilia o podador. Ele fica sabendo porque se poda, o que se pode e quando se poda. Os vegetais nutrem-se por meio de suas raízes, que retiram do solo sais minerais e água, neces-sários para o seu desenvolvimen-to e frutificação. A absorção determina uma pres-são de baixo para cima. A seiva também pode ter sua ascendên-cia ligada à transpiração, pela a-ção da capilaridade, pela osmo-se, etc. A poda não é uma ação unilate-ral. Ela vai ensinando quem a es-tá praticando. Mas, para isso, é preciso respeitar seu ritmo, en-tender e conhecer sua fisiologia, saber qual é o momento certo da intervenção. A poda baseia-se em princípios de fisiologia vege-tal, princípios fundamentais que regem a vida das fruteiras. Um desses princípios mais importan-tes é a relação inversa que existe entre o vigor e a produtividade. O excesso de vegetação reduz a quantidade de frutos, e o exces-so de frutos é prejudicial à quali-dade da colheita. Assim, conse-guimos entender que a poda, vi-sa justamente estabelecer um e-quilíbrio entre esses extremos. Mas deve ser efetuada com ex-tremo cuidado. Se efetuada no momento impróprio, ou de for-ma incorreta, a poda pode gerar uma explosão vegetativa muito grande, causando um problema ainda maior para o produtor. Baseando-se na hidráulica vege-tal, estabelecem-se leis nas quais se baseiam as podas das plan-tas :

1. O vigor e a fertilidade de uma planta dependem, em grande parte, das condições climáti-cas e edáficas.

2. O vigor de uma árvore, como um todo, depende da circula-ção da seiva em todas as suas partes.

3. Há uma relação íntima entre o desenvolvimento da copa e o sistema radicular. Esse equi-líbrio afeta o vigor e a longevi-dade das plantas.

4. A circulação rápida da seiva

Poda de formação vista de cima: a) pernada; B) braços; C) ramos.

Page 3: 88501824 Poda de Frutiferas

se formada. Tem por fim regula-rizar e melhorar a frutificação, quer refreando o excesso de ve-getação da planta, quer pelo contrário, reduzindo os ramos frutíferos, para que haja maior intensidade de vegetação, evi-tando-se, dessa maneira, a su-perprodução da planta, que a-baixa a qualidade da fruta e acar-reta a decadência rápida das ár-vores.

Poda de rejuvenescimento, re-

generação e tratamento

Tem por fim livrar as plantas fru-

tíferas dos seus ramos doentes, praguejados, improdutivos e de-crépitos ou, se mais energica-mente executada, reformar in-teiramente a copa, renovando-a a partir das ramificações princi-pais, eliminando focos de doen-ças e de pragas, reconstituindo a ramagem já estéril, reativando assim a produtividade perdida. Esse tipo de poda radical é fre-qüentemente usado no trans-plante de grandes árvores frutí-feras adultas e no rejuvenesci-mento de pomares abandona-

dos, mas de vigor ainda razoável, apresentando troncos íntegros. Normalmente, são cortadas as pernadas principais, a 40 cm do solo e com isso, deve-se iniciar o processo de formação da planta novamente.

Poda de limpeza É uma poda leve, quase simples visita geral a que anualmente se procede nos pomares, com a te-soura de poda em punho, consis-tindo na retirada dum eventual ramo doente, quebrado, seco, praguejado, mal localizado ou in-

conveniente. É poda sumária, a-plicada às plantas adultas daque-las frutíferas que requerem pou-ca poda, como laranjeiras, aba-cateiros, jabuticabeiras, man-gueiras e outras tropicais. Geral-mente, todas as fruteiras neces-sitam deste tipo de poda. É um tipo de poda executada normal-mente em períodos de baixa ati-vidade fisiológica da planta, ou seja, durante o inverno ou, como nas cítricas, logo após sua colhei-ta.

Página 3 Poda de frutíferas

Embrapa, Setembro de 2009

Intensidade e época de poda

A intensidade da poda depende da espécie, da idade, do número de pernadas/ramificações exis-tentes, do sistema de condução da planta, do vigor, do hábito de vegetação. Com relação à intensidade, a po-da pode ser curta, média ou lon-ga. A poda curta ou drástica consiste na quase total supressão do ra-mo. Pode-se praticar ainda a po-da ultracurta, a qual deixa sobre o ramo de uma a duas gemas. A longa, também chamada leve, deixa o ramo com o máximo de comprimento (0,40 a 0,60 m). A poda média é um tipo intermedi-ário entre os dois anteriores. Dependendo da espécie frutífe-ra, uma mesma árvore, pode re-ceber simultaneamente os três tipos de podas, dependendo do vigor, da posição e da sanidade dos ramos.

Basicamente, a poda, pode ser e-xecutada em duas épocas: no in-verno ou no verão.

Poda de inverno ou seca

A poda de inverno ou poda em seco é recomendada para frutí-feras que perdem as folhas (caducifólias), como pessegueiro, macieira, ameixeira, figueira. Mas o inverno é uma referência muito teórica e pode induzir al-guns erros. Um bom momento para iniciar a poda é quando os primeiros botões florais surgirem nas pontas dos ramos, indicando que a seiva começou a circular de novo pela planta. Se a poda for feita antes, estimulará a bro-

tação na hora errada. Se efetua-da depois, forçará a brotação ve-getativa, exigindo mais tarde u-ma nova poda. Por ocasião da poda seca ou de inverno, deve-se considerar a lo-calização do pomar, as condições climáticas e o perigo de geadas tardias antes da operação. A po-da deve ser iniciada pelas culti-vares precoces, passando as de brotação normal e finalizando pelas tardias. Em regiões sujeitas a geadas tardias, deve-se atrasar o início da poda o máximo possí-vel, até mesmo quando as plan-tas já apresentaram uma consi-derável brotação, normalmente as de ponteiros. Deve ser praticada após a queda das folhas. Essa orientação tem por finalidade propiciar a acumu-lação de substâncias de reserva no tronco e nas raízes.

Poda verde ou de verão

A poda verde ou de verão é rea-lizada quando a planta está ve-getando, ou seja, durante o perí-odo de vegetação, florescimen-to, frutificação e maturação dos frutos e destina-se a arejar a co-pa, melhorar a insolação, melho-rar a qualidade e a coloração dos frutos, manter a forma da copa pela supressão de partes da planta e diminuir a intensidade de cortes na poda de inverno. É também executada em plantas perenifólias (com folhas perma-nentes) como as cítricas, abaca-teiro, mangueira. A poda verde consiste em dife-rentes operações, tais como:

desponte, desbrota, desfolha, esladroamento, incisões e anela-mentos, desbaste, desnetamen-to. Desponte � tem por finalidade frear o crescimento de determi-nados ramos em comprimento, de modo a propiciar o desenvol-vimento de ramos inferiores. Desbrota � é a supressão de brotos laterais improdutivos, ou seja brotos inúteis, que se de-senvolvem à custa das reservas, em detrimento do florescimento e da frutificação. Esladroamento � os ramos que nascem da madeira velha (do porta-enxerto, por exemplo) são denominados de ramos ladrões, e não apresentam nenhuma van-tagem, pois exaurem as substân-cias nutritivas da planta, pertur-bando seu desenvolvimento. De-vem ser eliminados. Só não o são quando as plantas encontram-se em decrepitude e, neste caso particular, eles são utilizados pa-ra revigorar a árvore. Desfolha � é a supressão das folhas com diversas finalidades: melhor iluminação e arejamento das flores ou dos frutos, elimina-ção de focos de doenças e pra-gas iniciadas na folhagem, é um recurso que melhora a coloração de frutos, assim com a elimina-ção do excesso de folhas, princi-palmente daquelas que reco-brem os frutos, que necessitam de luz para adquirir coloração (pêra, maçã, ameixa e kiwi). Incisões e anelamentos � é o descasque circular, ou seja, re-moção de um anel de casca da

base dos ramos novos, têm por finalidade interromper a descida e com isso a retenção da seiva e-laborada próximo à sua gema ou ao seu fruto. Desbaste � é a supressão de certa quantidade de frutos de u-ma árvore, antes da maturação fisiológica destes, assim propor-cionar melhor desenvolvimento aos frutos remanescentes. Dentre as finalidades do desbas-te pode-se citar: melhorar a qua-lidade dos frutos (tamanho, cor, sabor e sanidade); evitar a que-bra de ramos (superprodução); regularizar a produção; eliminar focos de pragas e doenças; redu-zir as despesas com colheita de frutos imprestáveis (defeituosos, raquíticos e doentes). Emprega-se normalmente o des-baste para o pessegueiro, a ma-cieira, a pereira, a goiabeira, vi-deira (uvas de mesa), etc., por estar o tamanho de seus frutos ligado a uma maior cotação e, em alguns casos, na tentativa de eliminar a produção alternada e manter a árvore com produção anual quase idêntica. Esse pro-cesso pode ser praticado em mangueira, macieira e pereira. O desbaste é feito à mão quando o fruto ainda se encontra em de-senvolvimento inicial e não atin-giu 2 cm de diâmetro. Desnetamento � é uma poda verde aplicada às videiras, con-siste em aparar com a unha, ou simplesmente arrancar, os ramos secundários que nascem lateral-mente do ramo principal e que são chamados de netos.

Page 4: 88501824 Poda de Frutiferas

Página 4 Poda de frutíferas

Embrapa, Setembro de 2009

podem, às vezes, entrar na rela-ção das ferramentas do podador. Existem também instrumentos especializados como tesouras para desbaste de cachos de uva, alicate para incisão e anelamen-to, etc. A tesoura de poda é a ferramen-ta típica do podador, servindo para os diversos tipos de poda. É empregada para corte de ramos com diâmetro de até meia pole-gada, além desse limite convém empregar o serrote de poda.

to. Na supressão de galhos grossos, feita naturalmente com o serro-te, o corte deve ser bem rente à base do galho e bem inclinado. Um corte ideal e preciso, realiza-do de uma só vez, deve observar uma inclinação de 45 graus apro-ximadamente, no sentido oposto ao da gema mais próxima, o que evita o acúmulo de água, que poderia causar o apodrecimento do ramo e aparecimento de fun-gos. Assim cortes de espessura maior que 3,0 cm devem ser protegidos com pastas cicatri-

zantes à base de cobre.

Instrumentos utilizados para

poda Não existe bom podador sem boa ferramenta, isto é, a apropri-ada, a limpa, a afiada e lubrifica-da. Não considerando os casos especiais e raros, três ferramen-tas são indispensáveis ao poda-dor: tesoura de poda, serrote de podar e a decotadeira. Porém inúmeros são os instrumentos e ferramentas utilizados na execu-ção das diferentes modalidades de poda, até o machado, a foice e a serra grande ou trançadeira

É importante antes de empunhar qualquer instrumento de poda conhecer bem a fruteira a ser podada, sua fisiologia e seu esta-do nutricional e sanitário, o obje-tivo da exploração, a época em que deve ser realizada a poda, que tipo de poda e em que in-tensidade deve ser praticada, para que se tenha êxito nessa operação. A poda de um ramo pode ser por supressão, ou seja, pela elimina-ção desse ramo pela base ou rebaixamento, quando apenas se apara esse ramo em comprimen-

Execução das podas

A poda da Jabuticabeira

ta. Os ramos retirados pode ser aproveitados como lenha (parte mais grossa) e como adubo (parte mais fina repicada). No caso da jabuticabeira, pode ser dispensado o uso de fungicida nos cortes.

lascada. Também pode ser utili-zada uma serra elétrica que auxi-lia no rendimento do trabalho. A poda é muito útil para indivíduos muito sombreados e varia de planta para planta porque de-pende do crescimento da árvore.

Os cortes auxiliam no controle de pragas e doenças, como a ferrugem da jabuticaba. A pode pode ser feita uma vez ao ano, com a retirada de até 30% da copa da árvore. Mais que isso pode trazer prejuízos à plan-

O melhor período para fazer a poda da jaboticabeira é no inver-no antes da floração. Como ins-trumentos podem ser utilizados tesoura de poda, tesourão e serrote de poda. O importante é que a árvore não seja danificada,

A poda da Goiabeira

manter o equilíbrio entre as

funções reprodutivas e vegeta-

tivas da planta, baseando, den-

tro dos limites do possível, real-

çá-las ao máximo.

Nos pomares destinados à pro-dução de goiabas de mesa, após as operações anteriormente relacionadas, devem-se subme-ter os ramos remanescentes a uma poda de encurtamento. Este encurtamento, que depen-de do vigor dos ramos, é realiza-do em ramos normais deixando de 2 a 3 pares de folhas. A inten-sa brotação que ocorre após a poda, deve ser reduzida através de sucessivas desbrotas, deixan-do-se em média dois brotos, em posições distintas, por ramos podado. Os frutos que se desen-volvem nestes brotos devem ser desbastados, quando apresen-tam de 2 a 3cm de diâmetro, deixando-se em média 2 frutos por broto. Com o objetivo de se obter uma sobre-colheita que irá prolongar o período de safra, muitos pro-dutores costumam despontar estes ramos deixando no mínimo

taram em crescimento vegeta-tivo, enquanto a poda longa de ramos fracos tende a enfraque-cer a nova brotação. A poda pode ser continua ou to-tal. Na poda continua, cada ramo é podado individualmente a cada repasse do pomar, quando é realizado o encurtamento dos ra-mos produtivos primários cerca de um mês apos a colheita dos últimos frutos para que produ-zam uma segunda safra, de for-ma que cada planta produza continuadamente ao longo de todo o ano. É importante que se de ao ramo esse período de repouso de pelo menos trinta dias, para que haja acumulo de reservas, tanto nu-tritivas quanto hormonais, ne-cessárias a uma brotação e fru-tificação adequada. Na poda total, todos os ramos são podados de uma só vez, de forma que a produção ocorra ao mesmo tempo. Essa poda deve ser feita em duas etapas. Na pri-meira é deixado um ramo pul-mão por planta, para a finalidade de manter a transpiração, asse-

gurando a uniformidade da bro-tação e a produção de maior nú-mero de ramos frutíferos. Na se-gunda com inicio da brotação re-sultante da primeira poda, é feita a poda do ramo pulmão. Em lavouras irrigadas, a época de poda define a época de co-lheita, sendo possível planejar a safra para qualquer mês do ano (6 a 7 meses após a poda ocorre a maturação dos frutos). Na execução da poda de frutifi-cação, podem-se adotar certas regras úteis, por estabelecerem uma seqüência lógica para a operação:

Remova os ramos quebrados,

mortos, e doentes;

Remova os ramos “ladrões”;

Remova os ramos que, por

estarem encostados, se atritam

com o movimento da planta;

Remova os ramos que crescem

em direção ao centro da planta

ou que cruzam na copa;

Remova os ramos que crescem

para baixo, pois, geralmente

são improdutivos;

Execute a poda dos ramos re-

manescentes com o objetivo de

A goiabeira é uma árvore que responde muito bem às podas. Existem, basicamente, três tipos de podas em goiabeiras: poda de formação, poda de limpeza e poda de frutificação. Poda de formação— É dividida em duas fases: na primeira, deve-se fazer a poda do ramo apical quando o local do corte, à altura de 40 a 60 cm, dependendo da variedade, estiver lenhoso. Nesta fase, a casca tem coloração acastanhada. Na segunda fase, após ramificação abundante ocasionada pela poda apical, escolhem-se de três a cinco ramos bem distribuídos, saindo de pontos diferentes do tronco. Poda de frutificação—Como a goiabeira produz em ramos, em crescimento, a poda de frutifi-cação consiste no encurtamento dos ramos que já produziram, de modo a manter a planta em atividade, pelo estimulo à nova brotação, que devera ser frutífe-ra. Para que isso aconteça, o ramo devera ser podado no com-primento correto. Ramos vigoro-sos, podados em esporão, resul-

Page 5: 88501824 Poda de Frutiferas

6 pares de folhas acima dos fru-tos. Deste desponte, que possibi-lita nova brotação na extremida-de dos ramos, deixam-se apenas dois brotos localizados em posi-ções opostas por ramo, para que frutifiquem. Durante todo o período de cres-cimento da brotação devem ser feitas sucessivas desbrotas para reduzir os ramos em excesso e manter o centro da copa aberto, a fim de assegurar adequada penetração de ar e luz no interi-or da planta, garantindo assim a sua sanidade e a qualidade de sua produção. Tanto o desbaste como o encur-tamento são praticas importan-tes na formação e manejo da goiabeira. O encurtamento é mais importante na fase de for-

mação, tendo por finalidade obtenção de uma copa bem formada, enquanto o desbaste favorece a produção de ramos frutíferos e a sua manutenção em boas condições. A medida que a planta vai ficando mais velha, há maior necessidade de mais desbaste e menos encurta-mento. Entre outras formas de supres-são de ramos ou de suas partes os mais importantes são: Desponte: é o encurtamento praticado em verde, sobre a extremidade do ramo novo. Sua prática diminui o vigor da planta. Desbrota: é a intervenção que se faz em verde, para eliminar ramos supérfluos e concor-rentes. Poda em coroa: é o encurta-

mento total do ramo, que fica reduzido à "coroa", que é a porção mais grossa existente em sua base e onde existe um cordão de gemas. Poda em esporão: é o encur-tamento deixando-se apenas a base do ramo, geralmente com duas ou três gemas, ou com qua-tro a seis centímetros de compri-mento. Poda em vara: é o encurtamento em que se deixa o ramo com um número maior de gemas, em geral com 10 a 20 cm de comprimento.

Desbaste e o Ensacamento dos

Frutos— Em pomares exclusivos de goiaba de mesa o desbaste de frutos é obrigatório para a ob-

tenção de frutos grandes com ótimo aspecto. O desbaste deve ser feito quan-do os frutos apresentarem de 2 a 3cm de diâmetro, deixando-se de 2 a 3 frutos por ramo. Em plantas adultas são deixados entre 600 a 800 frutos. Durante a operação de desbaste devem ser retirados os restos do cálice floral existentes na base dos frutos, para melhorar o seu as-pecto. Nos mais tecnificados pomares, os frutos remanescentes são protegidos por sacos de papel manteiga com dimensões usuais de 15x12cm. Estes sacos são presos no pedúnculo do fruto ou no ramo que o sustenta, sendo no ramo mais aconselhável.

Página 5 Poda de frutíferas

Embrapa, Setembro de 2009

A poda da Mangueira

e) Poda de topo - É a poda efetu-ada para manter a altura da planta num limite adequado à condução do pomar. Normal-mente, considera-se como ideal, uma altura máxima igual a 55% do espaçamento entre fileiras da planta, ou seja, num espaçamen-to de 8,0m x 5,0m, a altura máxi-ma da planta deve ser de 4,4m (55%). f) Poda de equilíbrio - Esta poda se faz nas árvores que já alcança-ram sua maturação fisiológica, com a finalidade de balancear o equilíbrio entre a produção de frutos e a folhagem da planta. Durante os primeiros anos da mangueira, existe uma estreita relação entre o incremento da folhagem e a produção de fru-tos; esta relação vai se modifi-cando com os anos, até alcançar um ponto em que os novos in-crementos da folhagem não contribuem para aumentar a produção de frutos e sim, reduzi-la. Essas perdas da eficiência produtiva da planta podem ser minimizadas por meio da poda da folhagem. No primeiro ano de execução, a poda da folhagem limita-se ao raleio de ramos que se localizam ao redor e no centro da copa da planta, e que comprometem a adequada aeração e iluminação. O melhor momento para execu-

externa da copa. Essa fase é atingida pela planta entre 2,5 e 3 anos de idade.

Podas anuais ou de produção -

Nesta prática estão incluídas as atividades de limpeza, levanta-mento de copa, abertura central, equilíbrio, correção da arquitetu-ra, além da poda lateral e de topo. a) Poda de limpeza - Consiste na remoção dos ramos secos e do-entes da planta, como também, daqueles com frutificação tardia, e dos restos de colheita. Deve ser realizada rigorosamente uma vez ao ano e tem como objeti-vos, eliminar material doente ou infectado, especialmente com Fusarium e Lasiodiploidia; obter material produtivo, ou seja, ge-mas apicais, homogêneas em idade e capacidade produtiva, para produção no ano seguinte; além de material bem localizado em relação à exposição ao sol (necessário para o amadureci-mento das gemas e para o colori-do dos frutos), como também, dispor de árvores mais baixas e com copa mais adequada aos diversos manejos. Quando a poda pós-colheita/limpeza não é feita, tem-se que esperar a brotação espontânea da planta, o que pode atrasar ou inviabilizar a produção do ano seguinte.

b) Levantamento da copa da

planta - Consiste na eliminação dos ramos que estiverem até 0,70m de altura. Essa operação ajuda no controle das ervas dani-nhas e a melhor distribuição da água de irrigação por aspersão; também evita que os frutos dos ramos baixos entrem em contato com o solo. c) Abertura central da planta

(poda central de iluminação) - A poda de abertura central da mangueira consiste em eliminar ramos que tenham um ângulo de inserção com o tronco menor que 45º. Com isso, consegue-se uma maior iluminação. Os ramos de maior diâmetro da planta, que tenham uma parte voltada para o sol poente, devem ser pincelados com uma solução de água: cal (1:2) logo após a poda, a fim de serem evitadas rachadu-ras provocadas pelo sol. d) Poda lateral - É a poda que se efetua para manter um espaça-mento adequado entre as fileiras de plantas, e que vai permitir a passagem de máquinas e veícu-los, e facilitando o processo de pulverizações, colheitas, etc. É comum deixar que a rua entre plantas corresponda a 45% do espaçamento entre fileiras. E-xemplo: um espaçamento de 8,0m x 5,0m deve ter uma rua com largura de 3,6m (45%).

A poda da mangueira tem como principais objetivos orientar a forma das plantas em função do meio, espécie, vigor da varieda-de e do porta-enxerto; manter um crescimento vegetativo equi-librado nas diferentes partes da planta; conservar o equilíbrio entre raízes e a parte aérea, para regular o vigor e a produ-ção das plantas e facilitar a aera-ção e iluminação da copa.

Podas de formação - Para acele-rar a maturação dos ramos das mangueiras, é necessário produ-zir uma estrutura bem ramifica-da; isso se faz por meio da poda de formação, despontando os brotos vegetativos no primeiro ou segundo entrenó. A poda de formação consiste em cinco a seis operações para formar uma planta com esqueleto equilibra-do e robusto. A primeira poda é feita a uma altura de 60 a 80 cm do solo; o local deve ser abaixo do nó, quando o tecido se en-contrar lignificado (maduro). Após a brotação, selecionam-se três ramos, que formarão a base da copa; os demais ramos devem ser eliminados. A partir da quarta poda, o corte deverá ser feito acima do nó, em tecido lignificado, com tratamen-to dos ramos podados com fun-gicida, selecionando-se de três ramos voltados para a parte

Page 6: 88501824 Poda de Frutiferas

Página 6 Poda de frutíferas

Embrapa, Setembro de 2009

Execução das podas

terminal, no estádio de chumbi-nho (após a fertilização). Essa prática vai estimular a emissão de brotos vegetativos vigorosos. A eliminação da floração termi-nal em algumas cultivares provo-ca uma segunda emissão de inflorescência axilar, que deve produzir um número me-nor de frutos abortados. Essa eliminação deve ser feita acima do nó terminal (na base da inflo-rescência), no estádio em que a flor estiver aberta (ainda não polinizada). Essa prática permite retardar a floração por um perío-do curto, de até 30 dias.

Poda de renovação e rejuvenes-

cimento

O objetivo das podas de renova-ção e rejuvenescimento é revita-lizar as árvores velhas ou descui-dadas, que não mostram uma produção abundante, mas cujos troncos e ramos principais estão sadios. Consiste na eliminação da folhagem e ramos secundá-rios, deixando-se apenas o es-queleto dos ramos principais. Com isso, as brotações vegetati-vas que formarão a nova copa são estimuladas. Esse tipo de poda também se realiza quando se quer trocar a cultivar de man-gueira, aproveitando o mesmo cavalo. A nova cultivar deve ser enxertada nos brotos emitidos depois da poda.

da copa, eliminando os ramos que tenham um ângulo de inser-ção menor que 45º com o tron-co. Com isso, consegue-se uma melhor iluminação interna.

Intensidade da poda

A poda mais severa da manguei-ra não deve ser praticada quan-do se deseja a floração da planta fora da época normal, e que coincide com a ocorrência de altas temperaturas e altos índices de precipitação pluvial. Nessa época, são recomendadas podas menos drásticas e, ainda, aguardar a emissão de dois a três fluxos vegetativos, antes de se aplicar o regulador de cresci-mento (paclobutrazol).

Desfolha

A desfolha na mangueira é prati-cada com a finalidade de melho-rar a capacidade produtiva da planta e a coloração dos frutos. Quanto a folhagem abundante, o sombreamento traz como conse-qüência a existência de um ma-terial vegetal que atua de forma parasitária e que reduz a possibi-lidade de acumular reservas para a produção de frutos. A remoção de 15% a 20% da vegetação ve-lha, incluindo ramos, com a fina-lidade de melhorar a disposição e o balanço da copa da árvore, produz uma melhora significativa na eficiência produtiva. Essa desfolha é feita por meio da

poda praticada logo após a co-lheita. Após a segunda queda de frutos, é conveniente fazer uma desfolha nos ramos produti-vos, deixando-se apenas os dois fluxos de folhagem mais próxi-mos da infrutescência. A desfolha, para melhorar a colo-ração dos frutos, deve ser feita próxima na fase final da matura-ção, eliminando as folhas que os sombreiam. Essa prática deve ser feita com bastante cuidado, principalmente na parte da copa voltada para o poente, a fim de evitar a queima dos frutos, cau-sada pelo sol.

Podas para manejo da floração

Eliminação da brotação vegeta-

tiva - Quando há ocorrência de brotação vegetativa, próximo à época de aplicação do nitrato para quebrar a dormência da gema, pode-se manter o estresse hídrico para aumentar o grau de maturação do fluxo vegetativo inferior (folhas quebradiças) e, em seguida, podar a vegetação nova e iniciar as pulverizações com nitrato (potássio ou cálcio) para estimular a brotação das gemas axilares. Eliminação da inflorescência -

Quando se quer eliminar a inflo-rescência de um ramo sem que haja imediata emissão de novos brotos florais, deve-se cortá-la, pelo menos, aos 5 cm do nó

tar essa prática é imediatamente após a colheita dos frutos. A vegetação dos ramos e os brotos de folhas jovens, que normal-mente contêm de 3 a 5 folhas, também devem ser raleados até ficarem com uma ou duas folhas sadias. Nos anos seguintes, a poda de equilíbrio limita-se ao raleio de folhas que se localizam nos brotos novos, entre 4 e 5 meses antes da floração. Tam-bém devem ser eliminados os ramos que afetam o balanço do desenvolvimento da copa das árvores. g) Correção da arquitetura -

Com relação à arquitetura, pro-cura-se definir determinada forma para as plantas, e as mais utilizadas são as formas pirami-dal e vaso aberto (taça). Forma “piramidal” - Uma vez que a árvore tenha alcançado o espaço disponível, é necessário realizar uma poda de manuten-ção, que permita conservar o máximo da superfície produtiva. A poda, visando a forma pirami-dal, é recomendada principal-mente para espaçamentos me-nores e deve ser feita logo após a colheita, seletivamente, cor-tando os brotos situados na par-te alta da árvore até o primeiro nó (abaixo) e eliminando-se to-dos os brotos verticais. Forma em “vaso aberto” - Con-siste em abrir espaços no centro

Saiba Mais...

Brickell, C., A Poda. Portugal: Publicações Europa-América, 1979, 228 p.: il.

Como fazer a poda do pé de jabuticaba. Disponível em <http://locuraviajes.com/blog/destinos/America/Brasil/Sao%20Paulo/Sao%20Paulo/videos/JeiIu887GKU/Como%20fazer%20a%20poda%20do%20p%C3%A9%20de%20jabuticaba>. Acesso em 13 de setembro de 2009.

De Souza, E. Globo rural responde: Goiaba. Disponível em <http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC578417-1489-1,00.html>. Acesso em 13 de setembro de 2009.

Inglez de Souza, J. S., Poda das Plantas Frutíferas. São Paulo: Nobel, 1986, 224 p.: il.

Mouco, M. A. Do C.; Albuquerque, J. A. S. 2004. Cultivo da Mangueira. Disponível em <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Manga/CultivodaMangueira/poda.htm>. Acesso em 13 de setembro de 2009.

Simão, S., Tratado de Fruticultura. Piracicaba: FEALQ, 1998. 760 p.: il.

Souza, O. P.; Mancin, C.A.; Melo, B. Cultura da Goiabeira. Disponível em <www.fruticultura.iciag.ufu.br/goiabao.html>. Acesso em 13 de setembro de 2009.

Vieira Júnior, H. C.; Melo, B. Poda das fruteiras. Disponível em <http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/poda.html>. Acesso em 13 de setembro de 2009.