8474368 apontamentos dto romano

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    Espcies do saber Sapincia; Prudncia; Tcnica. Como cincia, diz-nos o que justo e o que injusto; como tcnica, diz-nos como alcanar o justo e como evitar oinjusto.Direito Romano conjunto de normas ou regras de carcter social.Sumrio:

    a) Necessidade da existncia de normas sociais. Razes: liberdade e sociabilidade doHomem.

    Em resumo A necessidade da existncia de normas sociais fundamenta-se em duasrazes: liberdade e sociabilidade do homem.

    b) Vrias espcies de normas sociais. Uma dessas espcies so as normas jurdicas o Direito (Ius); sua especial necessidade.

    As normas sociais podem ser de vria ordem: religiosas, morais, ticas, de educao, dediplomacia, de etiqueta e tambm jurdicas.Pessoas jurdicas so entidades, diferentes das pessoas fsicas, capazes de direitos e deobrigaes. Se essas entidades so formadas de pessoas fsicas, chamam-se associaes;se so constitudas por um conjunto de bens, especialmente afectados realizao de

    certas finalidades, denominam-se fundaes.Normas jurdicas normas que determinam o domnio e o uso das coisas, no horizonte daintersubjectividade.

    c) Caractersticas das normas jurdicas:I. Externa, a sua coercibilidade

    As normas jurdicas distinguem-se de todas as outras normas socais, externamente, peloseu carcter coercitivo, pela sua fora imperativa. Impem-se-nos coactivamente.O direito (ius) , fundamentalmente, uma vis (fora).

    II. Interna, preceitos (enumerao, significado, alcance, valor, hierarquizao)As normas jurdicas distinguem-se das outras normas sociais principalmente pela suacaracterstica interna, isto , pelo seu contedo ntimo, pois da prpria essncia de

    qualquer norma jurdica, sempre, em tudo, a todos, preceituar: No abusar dos seus poderes, isto , exercer rectamente as suas

    faculdades ou direitos; No prejudicar ningum; Atribuir (ou s dar ou s entregar ou dar e entregar) a cada um o

    que seu.Dar significa transferir para outrem a propriedade duma coisa.Entregar significa transferir a posse.Juridicamente, algum pode: dar e no entregar (se transfere a propriedade, mas fica coma posse da coisa), entregar e no dar (se transfere a posse, mas continua proprietrio); dare entregar (se transfere a propriedade e a posse da coisa).

    Direito (ius) uma norma jurdica, ao conjunto das normas jurdicas e aos preceitosjurdicos (quer fundamentais quer gerais).Sumrio:

    a. Ius (noo etimolgica)Sempre que se pretenda definir um instituto jurdico ou expressar um conceito jurdico,deve atender-se ao significado natural, espontneo dos termos.As palavras em Direito, mas sobretudo em Direito Romano, esto carregadas de sentido.Por exemplo: repetir, em Direito, no significa fazer outra vez, recomear, mas, sim,

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    exigir (pedir a devoluo de uma coisa judicialmente). Conserva o sentido primitivo re-petere (pedir para trs, pedir outra vez, logo, pedir a devoluo).Ius principais opinies quanto sua etimologia:

    1. Significaria que est preceituado ou ordenado.2. Significado materialstico de fechado, circunscrito e da a assembleia

    em forma de circo, o tribunal.3. Modernamente, significa algo procedente da divindade.A partir talvez do sculo V a. C. A palavra latina ius perdeu bastante essa tal ideiareligiosa, ara significar ordenamento laico (civil).

    b. Ius (noo real)Ius (direito) tudo aquilo que tem especiais atinncias com o iustum (o justo, o exacto, odevido).

    1. Em sentido normativo, ius (direito) a norma jurdica ou o conjunto de normasjurdicas ou o ordenamento jurdico, que determina o modo de ser ou de funcionarduma comunidade social, ou ainda os princpios jurdicos

    2. Em sentido subjectivo, ius (direito) a situao jurdica, o poder ou faculdade

    moral que algum (indivduo ou entidade) tem de exigir, fazer, possuir ousimplesmente reter uma coisa. Ex.: Antnio (indivduo) tem direito de passagempelo terreno dos Bombeiros Voluntrios (entidade).

    3. Em sentido objectivo, ius (direito) significa o iustum, o devido; a prpria coisajusta; a realidade justa.

    4. Ius (o local) tem o significado de lugar onde se administra a justia; grossomodo, o tribunal.

    5. Ius (direito) significa o saber jurdico. Ex.: Antnio estuda Direito emCoimbra. O Direito difcil.

    6. Ius (direito) significa o patrimnio (quer activo quer passivo) duma pessoa.Direito o problema principal O Direito teve sempre o seu grande smbolo ou

    smbolo real. O primeiro elemento desse grande smbolo do Direito, colocado na suaparte central, uma balana de dois pratos, ao mesmo nvel, e o fiel a meio,perfeitamente a prumo.

    a) O smbolo grego completo do Direito teve diversas apresentaes, sendo aseguinte a que gozou de maior popularidade: a deusa (Dk), filha de Zeuse de Thmis, incarnando, mas sobretudo administrando a justia, tendo namo direita uma espada e na esquerda uma balana de dois pratos, pormsem fiel ao meio, e estando de p e de olhos bem abertos.

    b) O smbolo romano completo do Direito: a deusa Iustitia, a incarnar, massobretudo a administrar a justia, mediante o emprego da balana (de doispratos e com o fiel bem a meio), que ela segura com as duas mos, de p, e

    de olhos vendados.Corpus Iuris Civilis O Corpus Iuris Civilis (Corpo de direito civil) uma obrajurdica fundamental, publicada entre 529 e 534, por ordens do imperador bizantinoJustiniano I. Justiniano quis restaurar em toda a sua plenitude a tradio jurdica dosromanos, ao mesmo tempo que procurou reconstruir a grandeza do imprio e instaurar emtodo ele a unidade religiosa. O esforo legislativo e restaurador de Justiniano, graas aoqual o Direito Romano pode ser transmitido Idade Media e chegar at ns, teve comoresultado uma importantssima compilao, constante das seguintes partes:

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    I. As Institutiones, um manual de direito, que serve de introduo didcticaelementar s outras partes do Corpus Iuris Civili;

    II. Os Digesta ou as Pandectae O Digesto, conhecido igualmente pelo nomegrego Pandectas, uma compilao de fragmentos de jurisconsultos clssicos. a obra mais completa que o Cdigo tem e ofereceu maiores dificuldades na

    sua elaborao. Digesto vem do latim digerere - pr em ordem. As Pandectasconstituam uma suma do direito romano, em que inovaes teis semisturavam a decises clssicas;

    III. O Codex, coleco de constituies imperiais;IV. As Novellae, uma srie de constituies novas ou Novelas (leges novas), que

    foram promulgadas depois do Codex e que no chegaram a ser recolhidasnuma coleco oficial.

    O Corpus Iuris Civilis , pois, uma colectnea de fragmentos de obras de juristasclssicos e de constituies imperiais.pocas histricas da vida do Ius Romanum desde h muito os romanistas vmestabelecendo uma periodizao na histria do Ius Romanum. Para isso, tem sido

    utilizados vrios critrios, devendo considerar-se como mais importantes o critriopoltico, o normativo e o jurdico, desdobrando-se este em critrio jurdico externo ecritrio jurdico interno.Segundo o critrio poltico, as fases do Ius Romanum so tantas quantos os perodos dahistria poltica de Roma. E assim, teramos: direito romano da poca monrquica; direitoromano da poca republicana; direito romano da poca imperial, e direito romano dapoca absolutista.Crtica Este critrio no pode ser utilizado como critrio-base, pois nem sempre e nems as transformaes polticas de Roma influem na evoluo do Ius Romanum. Todavia,este critrio no deve ser totalmente posto de parte, pois o Ius Romanum, sob certoaspecto, uma manifestao do poderio poltico de Roma.

    Segundo o critrio normativo, h tantas pocas do Ius Romanum quantos os modos deformao das normas jurdicas (costume, lei, iurisprudentia, constituies imperiais; eassim, teramos um direito romano consuetudinrio, um direito romano legtimo, umdireito romano jurisprudencial e um direito romano constitucional.Crtica Este critrio no deve ser usado como principal, pois no nos indica duma formadirecta a evoluo do direito privado de Roma, mas sobretudo a evoluo do (chamado)direito pblico de Roma.O critrio jurdico externo. Fixa a periodizao atendendo a certas caractersticas do IusRomanum. Segundo este critrio, o Direito Romano dividir-se-ia em trs perodoshistricos: perodo do Direito Romano nacional ou quiritrio; perodo do Direito Romanouniversal ou do ius gentium; perodo do Direito Romano oriental ou helnico.

    O critrio jurdico interno atende ao prprio valor do Ius Romanum, perfeio jurdicadas suas instituies, numa palavra, sua vida, examinando atentamente como esse Iusnasce, cresce, atinge o apogeu e se codifica; procura conhecer-lhe a essncia e no apenasas propriedades.Adoptaremos como fundamental o critrio jurdico interno. Seguindo, pois, o critriojurdico interno, teremos as seguintes pocas histricas do Ius Romanum:

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    A. ArcaicaAbrange o perodo histrico que vai desde os primrdios da vida jurdica em Roma atcerca do ano 130 a.C., altura em que Roma domina o Mediterrneo e estabelece as basesdo seu Imprio e do seu Direito, j que este, sob certos aspectos, uma manifestao dopoderio poltico de Roma.

    Conceito da poca arcaica o perodo da formao e do estado rudimentar dasinstituies jurdicas romanas, sobre as quais, muitas vezes, somente podem formular-sehipteses, devido escassez de documentos.Caractersticas Impreciso: no se v ainda bem o limite do jurdico, do religioso e domoral; estes trs mundos formam como que um todo, um s mundo; as instituiesjurdicas surgem sem contornos bem definidos, como que num estado embrionrio.Subdiviso Podemos estabelecer duas etapas dentro da poca arcaica:

    I. O Ius Romanum da primeira etapa da poca arcaica , pois, um direitofechado, privativo dos cives.

    II. Devido aos prejuzos causados aos prprios cives, esta situao teve demodificar-se.

    B. Clssica (130 a.C. a 230 d.C.)Conceito da poca clssica o perodo de verdadeiro apogeu e culminao doordenamento jurdico romano. Por isso, a poca clssica muito justamente consideradamodelo e cnon comparativo para as pocas posteriores e etapa final da evoluo jurdicaprecedente.Caracterstica Exactido; preciso. Portanto, o Ius Romanum da poca clssica omodelo. A grandeza do Direito Romano encontra-se nesta poca.Subdiviso A poca clssica no toda igual, subdividindo-se em trs fases:

    I. A pr-clssica: perodo de intenso desenvolvimento ascensional em direco aoestado de grandeza do Ius Romanum atingindo a etapa seguinte.

    II. A clssica central: perodo de esplendor e de maior perfeio do Direito Romano.III. A clssica tardia: perodo em que j se nota, por vezes, o incio de certa

    decadncia, manifestada sobretudo na falta de gnio criador.C. Post-clssica (230 d.C. a 530 d.C.)

    Caracterstica geral da poca post-clssica Confuso (de terminologia, de conceitos, deinstituies, por vezes at de textos.

    D. Justinianeia (530-565)Caracterstica Generalizao; porm a caracterstica principal a actualizao ecompilao do Ius Romanum.Estado-cidade agrupamento de homens livres, estabelecidos sobre um pequenoterritrio, todos dispostos a defende-lo contra qualquer ingerncia estranha e sobretudoonde igualmente todos detm uma parcela do poder. Distingue-se, neste aspecto, do

    estado-territrio. No estado-cidade os seus membros participam juntamente das decisesque dizem respeito ao interesse comum.Estado-territrio onde s um homem exerce o poder duma forma absoluta e exclusiva.Monarquia (753 a.C. - 510 a.C.). Rei, Senado, Povo.Roma nasce, politicamente, como um estado-cidade, e assim continua durante a repblicae, sob certo aspecto, at ao sculo III d. C., quer dizer, at ao dominado.Cria existe, quando certo numero de comunidades familiares, abandonando a suareligio particular, celebram, juntas, cerimnias religiosas em honra de uma divindade

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    superior s divindades domsticas, e para isso nomeiam um chefe, o crio (curio), quepreside aos sacrifcios rituais.No regime monrquico de Roma, o poder poltico (soberania) est repartido por trsrgos: rei, senado, povo (comcios).

    1. Rei sumo sacerdote, chefe do exrcito, juiz supremo, numa palavra, o director

    da civitas. O seu cargo vitalcio, mas no hereditrio. Todavia, este, em qualquerhiptese, s era considerado rei, depois de investido pelo povo reunido nocomcio das crias. Esta investidura, que era uma espcie de delegao do poder,chamava-se lex curiata de imprio. Os romanos tinham a convico bemarreigada de que o poder (soberania) residia no povo, e de que era este que otransmitia ao chefe.

    2. Senado O rex, alm de outros auxiliares, era assistido principalmente pelosenado. Este, ao que parece, de incio foi constitudo pelos patres das gentesfundadoras da civitas; mais tarde, pelos homens experimentados na vida,escolhidos s entre os patrcios. Era uma assembleia aristocrtica. Os plebeus,inicialmente, no podiam fazer parte do senado. O senado uma das instituies

    polticas mais antigas de Roma. Foi criado sobretudo para aconselhar o rexformando assim uma espcie de junta consultiva do rei. Posteriormente, teveainda as atribuies de conceder a auctoritas patrum (consentimento, ratificao)s leis votadas nos comcios, para que elas fossem vlidas. A resposta do senado,dada s consultas que lhe eram feitas, chama-se senatusconsultum.

    3. Povo A sociedade romana, desde o incio, era formada essencialmente pelospatrcios (os aristocratas, a classe social elevada) e pelos plebeus (a classehumilde). Os patrcios tinham todos os direitos; os plebeus, no. Da que, muitocedo, principiasse a luta entre plebeus e patrcios. Ao lado dos patrcios e dosplebeus viviam os escravos, que no faziam parte da sociedade romana, visto noserem considerados pessoas, mas simplesmente coisas. O Populus Romanus eraconstitudo inicialmente por patrcios e plebeus. Estes, sob certo aspecto, eram tocidados como os patrcios; possuam a condio de membros da civitas naorganizao poltico-militar, que era feita por centuriae (companhia de soldados) etribus (diviso territorial de carcter predominantemente militar). O povo,detentor duma parcela do poder poltico, exercia os seus direitos manifestando asua vontade em assembleias, denominadas comcios. Os comcios mais antigos emais importantes foram os comcios das crias (comitia curiata). Das vriasatribuies que teriam os comitia curiata da poca monrquica deve destacar-se ainvestidura do rei no poder, por meio da lex curiata de imprio. Notemosfinalmente que nos comcios no se contam os votos por cabea, mas,respectivamente, por crias, centrias ou tribus; cada um destes agrupamentos,por maior que seja, possui um nico voto.

    Repblica (510 a.C. - 27 a.C.). Magistraturas (poderes dos magistrados potestas, imperium, iurisdictio); o pretor, Senado, Povo.A partir de 510 a. C., o poder supremo j no reside num nico chefe (o rex), mas,geralmente, em dois (os cnsules); estes exercem o cargo por um ano e no por toda avida; so eleitos pelo povo e no designados pelo antecessor ou pelo senado). Aconstituio republicana consta de trs grandes elementos: as magistraturas, o senado e opovo.

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    1. Magistratura. Magistrados Significa o cargo de governar (magistratura) comopessoa que governa (magistrado). Na terminologia romana, magistradocompreende todos os detentores de cargos polticos de consulado para baixo.Eram ilegveis, anuais. Inicialmente, os magistrados so os verdadeiros detentoresdo imperium, que anteriormente tinham os reis. Este carcter absoluto do

    imperium fica limitado por trs circunstncias muito importantes:I. A temporalidade (os magistrados, normalmente, ocupavam o cargo por umano);

    II. A pluralidade (o poder estava repartido por vrias magistraturas);III. Colegialidade (dentro de cada magistratura, no consulado, havia mais do

    que um magistrado; cada um dos colegas estava encarregado dumdeterminado sector, dentro do qual tinha poder absoluto, imperium; mas ooutro colega ou um magistrado de ordem superior podia exercer o direito deveto).

    As magistraturas importantes eram: a dos cnsules, a dos censores, a dos pretores, a dosquestores e a dos edis curis. Estas magistraturas designavam-se magistraturas

    ordinrias. A ordem hierrquica, a contar do cargo inferior, estava instituda desta forma:1. questor; 2. edil curul; 3. pretor; 4. cnsul; 5. censor (so eleitos por 18 meses: mass de 5 em 5 anos se podem candidatar outra vez). S depois de ter exercido durante umano o 1 cargo, que algum podia ser eleito para o 2; s depois de ter exercido duranteum ano o 2; que podia ser eleito para o 3, e assim sucessivamente.Caractersticas dos magistrados: Temporalidade (variveis entre um e dois anos);Limitados no se conseguia concorrer ao cargo seguinte a menos que tivessem passadodois anos; No se podia concorrer ao mesmo cargo; Facto de no se poder candidatar aomesmo cargo num espao de tempo de 10 anos; No remunerao dos cargos; Caminhohonor (de honra por se servir de forma gratuita a cidade).Poderes dos magistrados:

    a) A potestas era o poder de representar o Populus Romanus. Cada magistrado tinhaas suas atribuies, dentro das quais podia vincular, com a sua vontade, a vontadedo povo romano, criando assim direitos e obrigaes para a civitas.

    b) O imperium, poder de soberania, continha as faculdades; de comandar osexrcitos; de convocar o senado; de convocar as assembleias populares; deadministrar a justia. O imperium no como a potestas comum a todos osmagistrados, mas prpria dos cnsules, dos pretores e do ditador.

    c) A iurisdictio o poder especfico de administrar a justia duma forma normal oucorrente. Era o poder principal dos pretores.

    Como se verifica, o pretor era um magistrado que tinha os trs poderes: potestas,imperium e iurisdictio. No aspecto jurdico, a magistratura mais importante a dospretores.

    A. Pretor A princpio, era uma designao genrica para indicar o chefe dequalquer organizao. Por isso, os cnsules, que so os magistrados maisantigos, considerados os imediatos continuadores dos reis como detentores dopoder supremo, de incio intitularam-se praetores, isto , chefes militares,visto os primeiros cnsules terem sido os dirigentes da rebelio popular,formada sobretudo de patrcios, que derrubou a monarquia. Em 367 a. C., foicriada a magistratura dos pretores. Ento praetor deixa de ter carcter

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    genrico para significar apenas o magistrado especificamente encarregado deadministrar a justia duma forma normal ou corrente, nas causas civis. Presidia 1 fase do processo, onde era analisado o aspecto jurdico da causa.Concretizava-se numa ordem dada pelo pretor ao juiz para proferir sentenaneste ou naquele sentido, conforme se provasse ou no determinado facto. Na 2

    fase, que se apreciava a questo de facto, sobretudo o problema da prova, e sedava a sentena; esta fase desenrolava-se perante o iudex, que no eramagistrado mas um particular, e portanto distinto do pretor. H um aplicar odireito, isto , julgar, decidir conforme uma ordem jurdica j anteriormentefixada.De incio, s havia um pretor. A partir do ano 242 a. C., a administrao dajustia distribuda por dois: o pretor urbano, encarregado de organizar osprocessos civis em que s interviessem cidados romanos; e o pretor peregrino,incumbido de organizar os processos em que pelo menos uma das partes eraum peregrino, quer dizer, um non-civis. O pretor era o intrprete da lex, massobretudo o defensor do ius. Caractersticas do pretor: Tratava dos casos da

    justia (iurisdictio); Para ser eleito recorria propaganda; Era eleito por umano; Tinha obrigatoriamente de apresentar um programa, o qual era obrigadocumprir, caso contrrio seria afastado do cargo.

    2. Senado O senado o segundo elemento da constituio republicana. o rgopoltico por excelncia da repblica. Nas relaes internacionais de Roma, j novem indicado em primeiro lugar o povo, mas o senado. Constitudo pelas pessoasmais influentes da civitas, tinha um verdadeiro carcter aristocrtico. Ali seencontravam reunidas a autoridade (formada sobretudo por antigos magistrados),a riqueza e o saber tcnico. O senado no possua o imperium mas tinha aauctoritas (que, neste caso, podemos traduzir por prestgio); devido ao seucarcter permanente, gozava duma influncia social extraordinria. No aspectojurdico, as suas decises (senatusconsulta) tinham a forma de conselho, mas, napratica, eram verdadeiras ordens. A atribuio mais importante, dentro do campojurdico, era ainda a da concesso da auctoritas patrum para que as leis, depois devotadas e aprovadas nos comcios, tivessem validade. A partir de 339 a. C., essaaprovao do senado passa a ser concedida antes de ser votada pelos comcios aproposta de lei. Desta forma, a verdadeira deliberao, a autntica ordem comcarcter ou efeito normativo a auctoritas patrum do senado; o povo noscomcios, agora, como que se limita a sancionar (a dar, portanto, um meroconsentimento, aquilo que na realidade a vontade dos senadores ou, quandomuito, dum magistrado).

    3. Povo Rene-se em assembleias ou comcios, cujos poderes so essencialmente ode eleger certos magistrados e o de votar, nos termos acima referidos, as leispropostas por aqueles magistrados. Na Repblica, h 3 espcies de comcios:comitia curiata, que entram em franca decadncia; comitia centuriata, queintervm na eleio dos cnsules, dos pretores, do ditador e dos censores, e navotao das leis propostas por estes magistrados; comitia tributa, que elegiamalguns magistrados menores e que votavam certas leis. Alm destes trs, haviaainda os concilia plebis, cujas decises, denominadas plebiscita, a princpio notinham carcter vinculativo nem sequer em relao plebe; depois -lhe

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    reconhecida fora obrigatria em relao plebe; depois assam a obrigar todo opovo romano e portanto tambm os patrcios. Desta forma, os plebiscitos soequiparados totalmente s leis comiciais. A constituio poltica da Repblica deRoma fundava-se portanto no equilbrio de trs grandes foras: o imperium dosmagistrados; a auctoritas do senado; a maiestas do populus. Este equilbrio

    entre as foras autocrticas, aristocrticas e democrtica embora com uma certapreferncia plutocrtica (favorecendo sempre os mais ricos) , dotou a Repblicaromana duma grande flexibilidade.

    Crise da Repblica: razes auctoritas patrum passa a prvio; Adriano codifica o editodo pretor ( o poder poltico que apresenta o programa aos candidatos a pretor para queestes o cumpram); Ius respondendi.Principado (27 a.C. - fins do sculo III). Princeps, Senado, Povo.A constituio republicana, a certa altura, torna-se insuficiente para as novas realidades.Essas novas realidades so, principalmente: o alargamento extraordinrio do poder deRoma; uma grave e profunda desmoralizao da gente de Roma; o aparecimento denovas classes sociais; o antagonismo entre a velha nobreza e a nova aristocracia formada

    por armadores de navios, banqueiros e industriais; lutas de classes de vria ordem; revoltados escravos que pretendem liberdade.O povo romano, desiludido com o absolutismo de Sila, com o reinado de Pompeu e coma monarquia de Csar, volta-se confiante para Octvio. Todos vem nele o primeiro entreos cives, o mais indicado para restaurar a paz e a justia, vencendo o caos moral, poltico,econmico dos ltimos tempos. Octvio Csar Augusto aproveita-se inteligentemente detodas as circunstncias e afirma-se um poltico muito hbil quando finge no querer nada,nenhumas honras, para consegui-las todas e todos os poderes. Instaura uma nova formaconstitucional o principado. No lhe chamou repblica, para no exasperar osmonrquicos; no lhe chamou monarquia, para no ferir os republicanos. Logo de incio,o principado era uma monarquia sui generis, de tendncia absolutista, baseada no

    prestgio do seu fundador, mas sem desprezar (pelo menos, na aparncia) as estruturasrepublicanas existentes: um imprio com aparncias republicanas e democrticas.Augusto impulsionou o engrandecimento de Roma em todos os ramos do saber. Poetas,historiadores, artistas e juristas fazem desta poca o sculo de ouro. Augusto foisobretudo o pacificador, conseguindo obter uma paz duradoura que ficou conhecida naHistria pela designao de pax augusta.

    1. Princeps a figura central da nova constituio poltica. Acumula uma srie dettulos e de faculdades que lhe so outorgadas pelos rgos republicanossobreviventes. Em 23 a.C., Augusto habilmente renuncia ao consulado, que vinhaexercendo desde 27 a.C., e recebe, com carcter vitalcio, a tribunicia potestas. Oprinceps no um magistratus. Encarna um novo rgo poltico, de carcter

    permanente, investido de um imperium especial e da tribunicia potestas. Asantigas magistraturas republicanas, na aparncia, mantm-se, mas o seu poder quase irrelevante; esto subordinadas ao princeps e numa situao de colaboraoforosa; os magistrados transformam-se em funcionrios executivos,nomeadamente os cnsules e os pretores.

    2. Senado Logo no tempo de Augusto, perde grande parte da sua velha autoridadepoltica, que vai passando gradualmente para o princeps. Mais tarde, acontece omesmo com as suas atribuies legislativas: no final do principado, os

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    senatusconsulta so meros discursos do imperador.3. Povo Os comitia no foram abolidos; mas, pouco a pouco, deixam de funcionar,

    e vm a morrer por inactividade.a. Governadores das provncias Provncia significa cargo confiado a um

    magistrado, e especialmente administrao dum territrio conquistado;

    num sentido secundrio, o prprio territrio sobre o qual um magistradoexerce os seus poderes. Os governadores das provncias, alem deimperium, tinham iurisdictio; publicavam igualmente o seu edictum. Emvirtude do princpio geral da personalidade do direito, nas questes entreromanos o governador aplicava as normas do Ius Romanum; nos pleitosentre indgenas da mesma cidade, o governador agia discricionariamente,sem desprezar os costumes locais; nos litgios entre os habitantes decidades distintas, o governador ou seus delegados aplicavam as normasque mais se ajustassem s partes litigantes.

    Dominado (284 476). Absolutismo.Os cinquenta anos antes da subida de Diocleciano ao poder, verificada em 284,

    caracterizam-se por: lutas internas, por causa do problema da sucesso dos imperadores eainda por causa da exigncia manifestada por vrias provncias de quererem equiparar-sea Roma; falta de prestgio da autoridade pblica; conflitos entre o Imprio Romano e oCristianismo; crise econmica; infiltrao dos brbaros; demasiada extenso do Imprio.Diocleciano, soldado severo, enrgico e autoritrio, sobe ao poder em 284, aclamadoimperador pelos seus companheiros de armas. Inaugura um novo regime poltico, nosmoldes do absolutismo maneira oriental. Intitula-se deus; o seu poder no provm maisde uma lex curiata de imprio, mas de uma investidura divina. O Cristianismo tentadestruir o mito da divindade do imperador. Estabelece-se ento uma profunda rivalidadeentre ele e o chefe da Igreja. Diocleciano ordena uma perseguio violenta contra oscristos. Diocleciano reconhece a impossibilidade de manter todo o Imprio sob um

    nico comando. Em 286, estabelece-se a 1 diviso do Imprio, ficando Diocleciano noOriente e Maximiano no Ocidente, assistido cada imperador por um Caesar, que ntimocolaborador e ser o sucessor. Constantino consegue outra vez a unio do Imprio, maspor pouco tempo. As divises sucedem-se. Teodsio, em 394, rene, pela ltima vez,Oriente e Ocidente; mas em 395, pouco antes de morrer, divide definitivamente o Impriopelos seus dois filhos, ficando Honrio no Ocidente e Arcdio no Oriente. Em sntese,podemos indicar como factos principais da poca do dominado: a reforma poltico-administrativa de Diocleciano; o reconhecimento do Cristianismo, a partir do tempo deConstantino, como religio oficial; a tendncia para dividir o Imprio entre doisimperadores, por se considerar demasiadamente extenso; as invases dos povos brbaros,por um lento processo de infiltrao.

    Queda do Imprio Romano do Ocidente, em 476 A penetrao quase insensveldos brbaros dentro das fronteiras do Imprio criou, primeiro, um verdadeiroregionalismo, a princpio no exrcito e depois em toda a populao e, por ltimo, umabarbarizao geral no Ocidente. Em 476, Roma cai definitivamente Rmulo Augusto,seu ltimo imperador, derrotado por Odoacro, chefe de um grupo misto de brbaros.Queda do Imprio Romano do Oriente, em 1453 O Imprio do Oriente, mais ricoe sobretudo mais bem organizado, no sucumbiu s invases brbaras. Chegou mesmo,no tempo de Justiniano, a restaurar parte do velho Imprio Romano. Os sucessores de

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    Justiniano no conseguiram manter estas provncias. O Imprio Romano do Oriente veioa desaparecer em 1453, quando os turcos se apoderaram de Constantinopla.Supervivncia do Ius Romanum (sculos VII-XX) Depois da queda de Roma,em 476, o Ius Romanum no desaparece, mas continua; depois da codificao ordenadapor Justiniano, no sculo VI, no fica morto ou fossilizado, mas permanece vivo. No

    Ocidente, em todos os pases da Europa (Itlia, Frana, Portugal, Alemanha, Blgica,Holanda, Polnia, etc.), o Direito Romano esteve vigente por mais ou menos tempo,duma ou doutra forma, at publicao dos respectivos cdigos civis.Fases caractersticas do estudo do Direito Romano:

    1. 1 fase vai desde a sua vida em Roma e da sua posterior supervivncia, mais oumenos em todo o mundo, at cerca do ano de 1900. Nesta 1 fase do estudo doDireito Romano, este era tido como fonte inesgotvel, donde se extraam normasaplicveis em cada momento histrico.

    2. 2 fase vai desde cerca de 1900 at cerca de 1950. Esse estudo deixa de tercarcter prtico, para tomar uma feio essencialmente histrico-crtica. umafase de profunda crise.

    3. 3 fase vai desde 1950 em diante. Esta fase de verdadeiro ressurgimento dosestudos romansticos, que tm, de incio, um carcter acentuadamenteneohumanista.

    Fontes do Ius Romanum Conceito: Fonte de direito uma metfora. No mundojurdico romano, deve ter sido introduzida ou pelo menos foi consagrada por Ccero.Portanto, fonte de Direito Romano tudo aquilo onde nos aparece algo para o IusRomanum: ou produo ou modos de formao ou mero conhecimento.

    Espcies de fontes do Ius Romanum:i. Fontes existendi so os rgos produtores (isto , onde se verifica

    a gerao das normas, mas no a sua criao) das normas jurdicas(o populus, os comcios, o senado, os magistrados, o imperador e

    os iurisprudentes);ii. Fontes manifestandi so os modos de produo ou formao das

    normas jurdicas (o costume; a lei, num sentido muito amplo,compreendendo no s as leges sensu stricto mas tambm asleges sensu lato; e, sob certo aspecto, a iurisprudentiaenquanto no foi reconhecida como fazendo parte das fontesexistendi);

    iii. Fontes cognoscendi so textos onde se encontram as normasjurdicas.

    Mores maiorum - Clarificao de conceito.1. Etimologia: Mores = mos (costume); Maiorum = maior (pode ser entendido no

    sentido estrito de duas geraes anteriores; no sentido amplo, diz respeito aosantepassados e aos mais antigos).

    Para os romanos, ius (direito) e costume (mores) so conceitos distintos mas, desde ostempos antigos, tm relaes estreitas. Os mores maiorum referem-se boa tradio dosantepassados.

    2. A expresso, mores maiorum, foi a primeira a ser usada pelos romanos paraexprimir a ideia de costume, impondo-se aos cidados como fonte de normas. Deacordo com Sebastio Cruz significa, essencialmente ... a tradio duma

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    comprovada moralidade. Portanto, mores maiorum corresponde s tradies dosantepassados e valoriza aquilo que se estima como sendo justo, tendo servido debase organizao social romana, bem como a todo o sistema de relaesprivadas e estrutura jurdica, religiosa, cultural e social dos romanos, at aoaparecimento da Lei das XII Tbuas (meados do sculo V a. C.).

    3. Os mores maiorum traduziam uma orientao moral e tica, conciliando aspectosprofanos e religiosos, cuja observncia prescrita ao cidado romano pela suaconscincia.

    Relao entre mores maiorum, consuetudo e usus.1. De acordo com Sebastio Cruz, a palavra consuetudo distingue-se de mores

    maiorum, surgindo, na terminologia jurdica, muito depois da expresso moresmaiorum, sendo destinada, quase exclusivamente, para designar o costume nosentido moderno, isto , como a observncia constante e uniforme de uma regrade conduta pelos membros de uma comunidade social, com a convico da suaobrigatoriedade, quer dizer de que isso corresponde a uma necessidade jurdica.

    2. Usus poucas vezes empregue no sentido de verdadeira fonte de Direito, sendo

    mais utilizada com o significado de hbito de agir, sem que isso constituapropriamente uma obrigao ou at um simples dever.. Constituem modos deagir no vinculativos (Kaiser professor da Universidade de Hamburgo).

    3. Os mores maiorum foram tambm invocados no sentido da obrigao moral paralimitar a esfera subjectiva do direito, para contrapor aos abusos (ou violao dosdeveres morais) doparterfamilias (o homem da casa, o chefe da famlia na RomaAntiga). Estas infraces, de acordo com Kaiser, foram muitas vezes punidascomo direitos sacrais contra a divindade.

    Fases dos mores maiorum como fonte do Direito Romano.1. poca arcaica:

    a. I etapa: 753-242 a. C. At ao aparecimento da Lei das XII Tbuas(cerca de 450 a. C.), mores maiorum era fonte nica do Direito, estando asua interpretao a cargo dos sacerdotes-pontfice. Depois doaparecimento da Lei das XII Tbuas, mores maiorum perde importncia anvel do Direito Privado (regula as relaes jurdicas nas quais sedefrontam as pessoas singulares ao mesmo nvel, portanto sem haver opoder soberano de um sobre o outro), mas continua como fonteimportante do Direito Pblico - todo o direito que regula as relaes dascomunidades jurdicas (Estado, municpio, outras entidades pblicas, etc.).

    b. II etapa: 242-130 a. C. Nesta etapa, o mores maiorum reduz-se aomnimo no Direito Privado, mas ainda prossegue no Direito Pblico(sobretudo no Direito Constitucional e Direito Administrativo).

    2. poca Clssica: 130 a. C. A 230 d. C. Os mores maiorum quase desaparecerampor completo como fonte autnoma, integrando-se nas outras fontes do DireitoRomano.

    3. poca Post-Clssica: a partir de 230 d. C. Surge o costume enquantoconsuetudo como fonte do Direito Romano. Contudo, entre 284 e 476 (queda doimprio romano do Ocidente), a lex (lei), enquanto vontade do imperador, tornou-se oficialmente a nica fonte do Direito.

    Lei das XII Tbuas A lei , na ordem do tempo, a segunda fonte manifestandi. Nos

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    primeiros tempos do Ius Romanum, sempre que se fala de lei (lei pblica), entende-seapenas a lex rogata, quer dizer, uma determinao geral (norma) aprovada pelo povo (deincio, ordenada pelo povo), sob a proposta dum magistrado. A lei das XII Tbuas juma verdadeira lei (comicial) pois foi votada e aprovada pelos comcios.

    A. O que diz a tradio Segundo a tradio, efectuou-se em Roma uma obra

    codificadora de grande envergadura. Foi elaborada por um organismoespecialmente constitudo para esse fim, os decenviri legibus scribundis(comisso de dez homens para redigir as leis); depois, aprovadas nos comcios dascentrias, afixada publicamente no frum e finalmente publicada em 12 tbuas demadeira. Ainda segundo o relato da tradio, esse extraordinrio documento teveorigem nas reivindicaes jurdicas dos plebeus. Na interpretatio dos moresmaiorum, os plebeus eram tratados quase sempre desfavoravelmente. Estasituao de tratamento desigual criou um ambiente de clamores sucessivos porparte dos plebeus a exigirem: uma lei escrita; um regime de igualdade. Ou seja,este trabalho fora decidido, diz-se, por pedido expresso da plebe, que se queixavade que o direito, por ser at ento puramente oral, no era aplicado com equidade,

    dependendo da arbitrariedade dos magistrados que, nesse tempo, eramobrigatoriamente patrcios. Em 451 a.C., o povo reunido nos comcios das crias edas centrias nomeia uma magistratura extraordinria, composta de dez cidadospatrcios. Redigiram 10 Tbuas ou captulos de leis, que foram aprovadas peloscomcios das centrias. Como essas 10 Tbuas no eram suficientes, foiconstitudo para o ano seguinte (450 a.C.) um novo decenvirato desta vez,formado por patrcios e plebeus , para que terminasse o cdigo. Estes decemvirielaboraram as duas Tbuas restantes, mas governaram com profundo desagradodo povo. Em consequncia da m vontade gerada no povo, este no aprovou noscomcios as duas ltimas Tbuas. Para o ano de 449 a.C. foram eleitos pelo povo,j duma forma normal, os dois cnsules, Valrio e Horcio. Estes, sem atenderemao descontentamento que tinha havido por parte do populus, mandaram afixar asXII Tbuas.

    B. Data da Lei das XII Tbuas de aceitar como data provvel, 450 a.C.C. Diviso, contedo e importncia A lei das XII Tbuas, formalmente, encontra-se

    dividida em 12 partes (tbuas) e cada uma subdividida em fragmentos ou leis.a. Contedo As tbuas:

    i. I: do chamamento a juzo;ii. II: do procedimento em juzo;

    iii. III: do procedimento em caso de confisso ou condenao;iv. IV: do ptrio poder (direito da famlia);v. V: das heranas e tutelas;

    vi. VI: do domnio e da posse;vii. VII: do direito relativo aos edifcios e campos;

    viii. VIII: dos delitos;ix. IX: do direito pblico;x. X: Ius Sancrum (sobre funerais);

    xi. XI e XII: tbuas suplementares (disposies dispersas: comocasamento entre plebeus e patrcios).

    D. Actividade da interpretatio (iurisprudentia) depois da Lei das XII Tbuas

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    Em vez de se consagrar revelao dos mores maiorum, dedica-se quaseexclusivamente a descobrir o contedo da Lei das XII Tbuas; e essedescobrir, muitas vezes, era criar direito novo. Criaram instituies novas, que,de facto, no estavam contidas na Lei das XII Tbuas; mas, como formalmenteeram apenas simples descobertas ou re + velaes (re velare: tirar o vu,

    tornar claro), essas novas instituies eram tambm consideradas formas de iuslegitimum.Interpolao recolher as fontes aplicveis, actualizao dos textos, tendo queadequar aos tempos em que j vivem, adequar s suas fontes.

    Leges (sensu stricto): Rogatae, Datae, Dictae.Depois da Lei das XII Tbuas, o Ius Romanum deixou de ser ius consuetudinarium,para principiar a ser um ius legitimum (direito legtimo, isto , baseadofundamentalmente na lex, tomado este termo num sentido muito amplo).Lex: noo etimolgica tudo norma escrita que pode ser lida. Noo real a lex toda a declarao solene com valor normativo, baseado num acordo (expresso ou tcito)entre quem a emite (a declarao) e o destinatrio ou destinatrios. A lex vincula num

    duplo sentido: vincula aquele que a declara, e a pessoa ou pessoas s quais se destina.Lex privata a declarao solene com valor normativo, que tem por base um negocioprivado.Lex publica depois da lex privata que surgiu a lex publica. A lex publica derivaduma promessa solene da comunidade social; portanto, baseia-se num negocio pblico.Lex publica uma declarao solene com valor normativo, feita pelo povo, pelo factode aprovar em comum, nos comcios, com uma autorizao responsvel, a propostaapresentada pelo magistrado.Leges publicae. Evoluo:

    1. A princpio, sculos V a III a.C., s h leis comiciais ou rogatae eplebiscitos

    a. Lex rogata a deliberao proposta por um magistrado e votada peloscomitia.b. Plebiscitum uma deliberao apresentada pelos tribunais da plebe e

    votada nos concilia plebis. Os plebiscita:i. De incio, embora tivessem um certo carcter normativo no

    jurdico, no vinculavam coercitivamente, nem patrcios nemplebeus;

    ii. A partir de 449 a.C., adquirem fora vinculativa igual das leges,mas s em relao aos plebeus;

    iii. Em 287 a.C., vinculam, como as leges, tanto plebeus comopatrcios. Os plebiscitos so, portanto, equiparados totalmente s

    leis comiciais.Ditador uma magistratura extraordinria e excepcional.As leges (rogatae) e os plebiscita foram as nicas leis pblicas, existentes em Romaat sua expanso mediterrnica. Fases do processo de formao das leges rogatae

    o Promulgatio Os projectos de leges a propor votao dos comitia, em geral,eram feitos pelos magistrados que tinham a faculdade de convocar oscomcios. O texto do projecto devia ser afixado, num lugar pblico, para que o

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    As leges rogatae principiam a diminuir extraordinariamente com a decadncia doscomcios. No sculo I d.C., o senado comea a sua actividade legislativa, e no sculo IId.C. inicia-se a afirmao e a consagrao do poder imperial. Perante isto, a lex rogatadesaparece por completo antes do sculo III.

    4. A partir do Baixo-Imprio (sculos IV-V), a palavra leges significa ius

    novum e contrape-se a ius ou ius vetusA partir do Baixo-Imprio, estabelece-se uma nova terminologia. A palavra legescomea a significar apenas as constituies imperiais. Por isso, o Cdigo do Corpus IurisCivilis uma colectnea de leges, isto , de constituies imperiais. As constituiesimperiais, a partir dos sculos IV-V, so a nica fonte de direito. O ius ou o ius vetus,segundo esta terminologia estabelecida a partir dos sculos IV-V, todo o direito antigoou tradicional, formado portanto pelas leges rogatae, datae, dictae, pelossenatusconsultos, pela iurisprudentia, pelos edictos dos magistrados e at pelasconstituies imperiais anteriores ao sculo IV.Leges sensu lato:

    A. Senatusconsultos De incio, significa uma consulta feita ao senado, j que,

    desde os tempos mais remotos, certos magistrados, para resolver determinadasquestes, eram obrigados a ouvir (a consultar) o senado, mas no a seguir aopinio. Desde que a opinio do senado comeou a ter valor, senatusconsultumprincipiou a significar uma deciso do senado. Como adquiriram fora legislativa:

    I. De incio at ao sculo I a.C., os senatusconsultos eram meros pareceres dosenado, dados aos magistrados que o consultavam, sem que essesmagistrados ficassem de alguma forma vinculados a tais pareceres oudecises. Tinham apenas carcter consultivo.

    II. A partir do sculo I a.C., os senatusconsultos so fonte mediata de direito,sobretudo atravs do edicto do pretor. O senado, valendo-se do seu prestgiosempre crescente, principiou a sugerir aos pretores, e depois at a indicar, a

    matria para os seus edictos. Desta forma, os senatusconsulta tornavam-sefonte de direito, atravs do edicto do pretor. Eram fonte mediata, porque afonte imediata continuava a ser sempre o edicto; mas o certo que o povono atendia a essa distino e principiou a habituar-se ideia de que osenado podia criar fontes imediatas de direito; por outras palavras, de quetambm podia legislar.

    III. Desde o incio do principado, os senatusconsulta j so fonte imediata dedireito. No ano10 d.C., surge o primeiro senatusconsulto, com foralegislativa, sobre direito substantivo. o senatusconsultum Silanianum.Determina que na hiptese de assassinato de um dominus e de serdesconhecido o criminoso: 1 todos os escravos do falecido e da sua mulher

    e todos os escravos que tivessem tido qualquer negcio ou relaes com ele,fossem sujeitos a torturas, e por ltimo condenados morte, at se descobriro assassino, mas seriam imediatamente condenados morte se, tendo podidosocorrer o dominus, no o tivessem feito; 2 proibia a abertura do testamentodo assassinato, enquanto no se conclussem as diligncias para a descobertado criminoso, a fim de evitar que uma possvel manumissio contida nessetestamento frustrasse o disposto no nmero anterior, pois um escravomanumitido era um homem livre, e ento j no se lhe podia aplicar, quer

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    pena de morte quer mesmo essas torturas; 3 todo o escravo que descobrisseo assassinato do dominus adquiria a liberdade, mediante um decreto dopretor. A finalidade do senatusconsultum Silanianum foi reprimir osfrequentes assassnios de proprietrios cometidos por escravos.

    curioso observar que os senatusconsultos s comearam a ter fora legislativa a

    partir do principado. Tratava-se de mais um estratagema da excepcional sagacidadepolitica de Augusto: 1 retiraria ao senado, quanto possvel, toda a actividadepolitica, para reduzir as suas funes a uma actividade legislativa; 2 transferiria dopovo para o senado o poder de fazer as leis, quer dizer, a legislao senatorialsubstituiria a legislao comicial; 3 e uma vez que o poder legislativo seencontrasse no senado, o princeps deveria esforar-se por lhe imprimir as suasdirectrizes e comandar, portanto, as resolues senatoriais.

    A partir de Adriano, princpios do sculo II, em rigor, j no era o senado queestabelecia a norma, mas o imperador. Apresentava-se perante o senado, propunha,num discurso (oratio), o projecto dum senatusconsultum e os senadoressistematicamente aprovavam, sem ao menos o discutir. Dessa forma, os

    senatusconsulta deixam de ser a expresso da vontade autnoma e independente dosenado para se converterem numa expresso da vontade do prncipe. Em fins dosculo II, a oratio perde todo o seu carcter duma proposta apresentada ao senado,para adquirir o carcter dum verdadeiro edicto do imperador.

    Exemplos de senatusconsultos. Especial anlise dos senacs. Velleianum,Neronianum e Macedonianum.

    i. Senac. De Bacchnalibus Proibia as festas nocturnas em honra do deusBaco, que degeneravam em orgias escandalosas.

    ii. Senac. Claudianum Se uma mulher livre se unir sexualmente a umescravo alheio contra a vontade expressa do proprietrio desse escravo eessa unio, quando modo maritali, isto , permanente, era uma espcie de

    matrimnio , e se ela, depois de trs intimaes feitas pelo dono doescravo para abandonar essa situao, continuar na mesma, reduzida aescrava do dominus do escravo. A ele ficavam tambm a pertencer todosos bens dela e os filhos (como escravos) que nascessem dessas relaesconcubinrias. Se o escravo, a quem se unisse sexualmente, fosse prprioda mulher, ela no sofria nenhuma sano. Se o dominus do escravoconsentia, nesse caso ela no perdia a liberdade; mas, de incio, os filhosnasciam escravos e ficavam a pertencer ao dono do escravo; mais tarde, apartir de Adriano, consideravam-se livres.

    Senatusconsultum Velleianum Proibiu a todas as mulheres a pratica de actos deintercessio a favor de qualquer homem; quer dizer, proibiu que elas se

    responsabilizassem, e de qualquer forma, pelas dvidas contradas por um homem. Maistarde, para evitar sobretudo determinada fraude ao senatusconsulto (em que uma outramulher funcionava como devedora testa-de-ferro para conseguir emprstimo para umhomem), foi proibida a todas as mulheres a intercessio mesmo a favor de mulheres.Intercessio Intercedere (intercesso, interceder), em direito privado, significa, emgeral, interveno favorvel, intervir a favor de outrem. Em direito pblico, tem osignificado de proibio, proibir, vetar. Aqui, tratamos da intercessio no direito privado.Consiste em algum se responsabilizar, de qualquer modo, pela dvida dum terceiro. H

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    trs espcies de intercessio:a) Cumulativa quando algum se responsabiliza pela dvida dum terceiro

    conjuntamente com ele. Verifica-se, portanto, que algum vem juntar-se aodevedor inicial ou principal no prprio momento da constituio da dvida ouposteriormente responsabilizando-se tambm pela sua dvida.

    b) Privativa se algum se coloca no lugar do devedor inicial, cuja obrigao seextingue.c) Tacita se algum se obriga ab initio para que outra pessoa, que naturalmente

    seria o devedor principal, no se obrigue.Verdadeira finalidade do senac. Velleianum Proteger as mulheres contra o risco emque ficavam sendo intercedentes dos homens, e isto, sob certo aspecto, at no interesse daprpria moral pblica.Efeito da proibio estabelecida pelo senac. Velleianum A proibio da intercessiono anulava o negcio de intercesso efectuado pela mulher; o negcio jurdico eravlido, mas totalmente ineficaz, pois nem sequer originava uma obrigao natural. Opretor podia, logo de comeo, inutilizar o pedido do credor ao demandar a mulher

    intercessora; ou ento a mulher, se pagasse, ignorando estar assistida pela proteco destesenac., ou se fosse levada a pagar, podia reclamar o que deu.Alcance do senac. Velleianum: Casos de no-aplicao do senac. Velleianum no proibiu s mulheres os

    actos de liberdade. Por conseguinte, no proibiu nem o pagamento duma dvidaalheia, nem as doaes nem at a alienao ou mesmo a garantia a favor deterceiro, desde que se fizesse unicamente com esprito de liberdade. S proibiu smulheres as obrigaes, contradas (de qualquer maneira) a favor de outrem(obrigaram-se por outrem e no interesse desse outrem), e no as doaes.

    Casos de excepo ao senac. Velleianum essa proteco mulher intercedentedesaparecia:

    o

    Se se provasse que ela tinha agido com algum interesse patrimonialprprio;o Se se demonstrava que ela tinha intercedido com inteno de prejudicar o

    credor.Senatusconsultum Neronianum O seu autor foi o imperador Nero. Trata daconverso de certo tipo de legados nulos (e desses, apenas dos nulos por determinadovicio de forma) em legados damnatrios.Legado uma disposio mortis causa contida num testamento a favor dum terceirosobre bens concretos. O cumprimento dessas disposies est a cargo do herdeiro. Legatum por vindicationem tambm chamado legado dispositivo ou legado

    de propriedade; a aquisio da coisa legada faz-se directamente do de cuius

    testador para o legatrio, sem passar pelo herdeiro. Morto o testador, e aps aaceitao da herana (se no se tratasse de herdeiros necessrios), o escravopassava automaticamente para o patrimnio do legatrio que dispunha de acoreal para efectuar o seu direito ir buscar o escravo onde quer que ele estivesse.

    Legatum por dammationem legado damnatrio. Tambm designado legadode obrigao. O legatrio tem uma actio pessoal para exigir do herdeiro, caso eleno cumpra, que lhe d o que lhe foi legado.

    Legatum sinendi modo um legado de permisso. O meu herdeiro fica obrigado

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    a permitir ao legatrio apropriar-se da coisa legada. Legatum per praeceptionem um legado de preferncia ou pr-legado. O

    lagatrio podia adquirir algo de herana, com preferncia a qualquer co-herdeiroou co-legatrio.

    Senatusconsultum Macedonianum O senac. Macedonianum proibiu o emprstimo

    de dinheiro a todo o filiusfamilias, mesmo que ele ocupasse um alto cargo. A finalidadedo senac. Macedonianum foi evitar a devassido dos filiofamilias, e por conseguinteprotege-los at contra esse perigo. A proibio estabelecida pelo senac. Macedonianumvisava s os emprstimos de dinheiro, pois tambm os romanos entendiam que na mode rapazes, o dinheiro mau conselheiro.Iurisprudentia Espcies de saber:

    1. O saber-puro o conhecimento em si, abstracto, sem atender ao concreto, aolado prtico. Saber-puro a cincia do Ser.

    2. Saber-agir a cincia que tende para a aco, para o agir. V as coisas no seuaspecto valorativo, de utilidade para o homem e para a comunidade. Saber-agir acincia dos Valores.

    3. Saber-fazer um saber realizvel, uma tcnica pura; o fazer do saber.O saber-jurdico algo complexo cincia e tcnica. O Direito, como cincia, diz-nos oque justo ou injusto; como tcnica, ensina-nos o como; diz-nos como alcanar o justo ecomo evitar o injusto; como obter para os indivduos e para a colectividade a mximautilitas compatvel com a convivncia humana.Iurisprudentia Cincia-prtica do Direito; a cincia do justo e do injusto.Iurisprudentia e Lgica Os iurisprudentes so prticos, adaptando-se s exignciasmutveis e complexas da vida. No se deixam dominar pela lgica abstracta. Quando seservem dela, colocam-na ao servio da aco e da vida.Evoluo histrica da iurisprudentia:

    I. Desde o incio at ao sculo IV a.C. s os pontfices que podiam ser

    prudentes (cultores desta cincia; os que sabem agir; tambm chamadosde iurisprudentes) Como a iurisprudentia no tinha carcter lucrativo, maisdo que doutrinrios, os juristas romanos eram verdadeiros sacerdotes daJustia (eram escolhidos s entre patrcios). Este carcter sacerdotal(sacrifcio, desinteressado) do jurista e ainda porque, no incio, Religio,Moral e Direito constituam em todo nico, por estas duas razes,unicamente os sacerdotes pontfices eram juristas.

    II. A partir do sculo IV a.C., verifica-se a laicizao da iurisprudentia,ficando a cargo de nobres factores:

    a. 1 - Surgimento da Lei das XII Tbuas.b. 2 - O Chamado ius Flavianum, uma colectnea de frmulas legais

    processuais. a primeira grande revelao das normas jurdicasmisteriosas.c. 3 - O ensino pblico do direito.

    Verifica-se ento a completa laicizao da iurisprudentia. No mais um privilgio dossacerdotes-pontfices. No entanto, fica reservada aos nobres ou a certas classesconsideradas superiores.

    III. A partir do imprio, universalidade da iurisprudentia Augusto resolveuadmitir para cargos importantes jurisconsultos, mesmo pessoas da classe

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    mdia a ltima consequncia da laicizao da iurisprudentia. Mas comoo jurista tem de possuir alem do saber jurdico tambm autoridade social,Augusto concede, pelo menos aos melhores, autoridade de carcter politico.Adriano, depois, avanou mais um pouco. Concede aos jurisconsultosautoridade social de carcter burocrtico. o triunfo do funcionalismo sobre

    a aristocracia. a universalidade da iurisprudentia.Funes dos iurisprudentes: Cavere aconselhar os particulares como deviam realizar os seus negcios

    jurdicos. Agere funo de assistir s partes no processo: qual a frmula a empregar, que

    palavras a usar, quais os prazos para apresentar provas. Respondere consistia em dar sentenas ou pareceres a particulares ou a

    magistrados sobre questes jurdicas.Consagrao legal da iurisprudentia:

    o Na poca republicana A iurisprudentia no considerada oficialmentefonte imediata de direito.

    o Desde Augusto a Adriano Augusto, hbil como era, certamente com afinalidade de captar os juristas de maior valor para a defesa da sua politica,permitiu os responsa dados por esses iurisprudentes privilegiados aos seusconsulentes, que tinham tanto valor como se fossem respostas dadas peloprprio imperador.

    o A partir de Adriano A iurisprudentia considerada fonte imediata dedireito, de carcter geral. Houve um rescrito de Adriano que elevou osresponsa dos juristas privilegiados categoria de leges, fazendo-osvigorar, portanto, no s para o caso concreto, a propsito do qual tinhamsido elaborados, como para todos os casos iguais, que de futuro seapresentasse.

    Leges sensu lato: Constitutiones Principum A expreso decreta principum estnum sentido amplo, significando decises (decretum) do imperador. Num sentidorigoroso, decreta principum so um dos vrios tipos de decises imperiais.

    As constituies imperiais durante o principado e parte do dominado (scs. I-IV) As constituies imperiais so decises de carcter jurdico proferidasdirectamente pelo imperador. Directamente, quer dizer, no sentido de que oprinceps no necessita de cooperao, nem mesmo mediata ou indirecta, quer dosenado quer do povo; so decises que procedem (do imperador) unilateralmente.O princeps a nova e grande figura da constituio politica de Roma. No sendonem rei nem cnsul nem sequer magistratus, tem um poder quase absoluto, porestar investido da tribunitia potestas com carcter vitalcio, e do imperium

    proconsulare maius praticamente tambm com carcter vitalcio. As antigasmagistraturas republicanas, sobretudo os cnsules e pretores, transformam-se emfuncionrios executivos. O princeps, cheio de prestgio e de poderes, comea aproferir edictos para fora, em voz alta, isto , para o pblico. Os edictos dosmagistrados eram fonte de ius honorarium; mas, como o princeps no ummagistratus, os seus edictos passam a ser fonte do ius civile.

    Partes de uma constitutio : Inscriptio: a primeira parte. Contem o nome ou nomes dos

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    imperadores, autores da constituio, e o da pessoa a quem dirigida. Corpus: a parte dispositiva, onde est a matria ou contedo da

    constituio. Subscriptio: a parte final; contem a data e a indicao do lugar onde

    foi escrita.

    Como que as constituies imperiais adquiriram carcter normativo-jurdico um facto que, a partir do sculo II, as constitutiones principum tm valor de lei;so como uma lex rogata. Depois, so uma lex; e finalmente, s elas que soleges. Como explicar esta evoluo ou, se se quiser, como justificar o seu carcternormativo-jurdico? As constituies imperiais adquiriram carcter normativo-jurdico, portanto com valor igual ao das leges e dos senatusconsulta, devido aum equivoco do populus. Este, quando viu o imperador carregado de prestgio,cheio de auctoritas, convenceu-se de que tudo o que ele ordenasse tinha valor delei. Por sua vez o imperador, ao tomar conhecimento desta convico do povo,comea a impor a sua vontade e a criar leis. Mas os juzes recusaram-se a aplicarnos tribunais as constituies, sobretudo quando viam que eram injustas.

    Comeou ento uma verdadeira luta entre juzes e imperador. Este, para vencer,recorreu energicamente aplicao de penas graves aos juzes que dolosamenteno fizessem caso das constitutiones. A certa altura, o desprezo das constituiesimperiais por parte dos juzes comeou a qualificar-se de sacrilegium, portque asconstituies imperiais passaram a ser designadas sacrae principumconstitutiones.

    Vrios tipos de constituies imperiais deste perodo (scs. I-IV) : Edicta: so constituies de carcter geral, proferidas pelo imperador

    no uso do imperium proconsulare maius. Decreta (sensu stricto): eram decises judiciais, pronunciadas pelo

    imperador, naqueles pleitos submetidos sua apreciao. Rescripta: as perguntas feitas pelos magistrados denominavam-se

    consultas; a resposta do imperador chamava-se epstola, em rigor,escrita, toda, pelo imperador. As perguntas e os pedidos feito pelosparticulares tinham o nome de preces, supplicationes ou libelli; aresposta do imperador intitulava-se subscriptio; pois era apenasassinada pelo imperador e no escrita, toda por ele.

    Mandata: eram ordens ou instrues dadas pelo imperador aosgovernadores das provncias, funcionrios.

    As constituies imperiais (scs. IV-VI) A partir do sculo IV, leges so apenasas constituies imperiais. Formam o novo e nico modo de criar direito. o iusnovum. Contrape-se a ius. Ius ou ius vetus, a partir do sculo IV, todo odireito tradicional. Quanto ao valor, o ius superior s leges em matrias dedireito privado; as leges so superiores ao ius em matria de direitoconstitucional e de direito administrativo.

    Vrios tipos de constituies imperiais (scs. IV-VI) : Edicta: so leges generales, de aplicao a todo o Imprio. Rescripta: so leges speciales, com igual sentido como no perodo

    anterior. No valem contra as disposies estabelecidas num edictum,

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    Como se v, o pretor no derrogava o ius civile; simplesmente, conformeera justo ou no, (ele) conseguia que o ius civile se aplicasse ou no.

    o 3 fase (a partir de 130 a.C.): o pretor, baseado na sua iurisdictio poderespecfico de administrar a justia de um modo normal , medianteexpedientes adequados, cria tambm direito (ius praetorium) e agora duma

    forma directa, embora por via processual. E assim, em vrios casos noprevistos pelo ius civile, o pretor procede uma actio prpria, por issodenominada actio praetoria. E como em Direito Romano ter actio ter ius,o pretor concedendo actio, cria directamente ius.

    Expedientes do pretor baseados no seu imperium Os expedientes do pretorbaseados no seu imperium, para bem interpretar, integrar e corrigir o ius civile eram osseguintes:

    Stipulationes praetoriae uma stipulatio como outra qualquer, que tem deespecfico o facto de ser imposta pelo pretor a fim de proteger uma situaosocial no prevista pelo ius civile e que merecia proteco. A stipulatio um negocio jurdico tipicamente obrigacional. Consiste estruturalmente

    numa pergunta, feita pelo credor (o stipulator), e numa resposta spondeo, dada pelo devedor (o promissor). Esta pergunta e esta resposta unem-sede tal maneira que no formam uma pergunta-resposta, mas geram algototalmente novo: a obligatio. A stipulatio, realizada sob coaco, para o iuscivile, era vlida; que o efeito opera-se naturalmente, por fora dos seuselementos da natureza.

    Efeitos da stipulatio Da stipulatio nascia uma obligatio para o devedor (promissor) euma actio para o credor (stipulator), a fim de obrigar o promissor a cumprir, caso no ofizesse voluntariamente.A stipulatio um negocio jurdico:

    o Solene: era feito com a invocao e a presena espiritual dos

    deuses. Empregava-se a palavra spondeo, que se usavaprimitivamente s nas promessas perante os deuses.o Formal: este negcio tinha uma forma jurdica, pois devia ser

    realizado entre presentes, mas sobretudo porque devia ser usadauma frmula prpria, sacramental. Bastava alterar a ordem destaspalavras ou substituir uma palavra pelo seu significado (em vez despondeo, dizer promitto) para o negcio ficar nulo.

    o Verbal-oral: deviam empregar-se palavras, no escritas, mas orais.o Abstracto: um negcio jurdico, em que se prescinde da sua causa

    jurdica. A causa jurdica no elemento constitutivo do negcio. Apartir do sculo III a stipulatio deixa de ser abstracta, e at oral, para

    se converter num documento escrito. No se fala na causa jurdicadesse negcio, ao efectuar-se esse negcio.

    Se A disser promitio em vez de spondio, ento a stipulatio est nula, porque um negciojurdico formal, e no se respeitou a frmula. Assim o pretor recorre ao seu imperium poder de soberania a que ningum ousa opor-se, e se se opuser, o pretor tem meios parafazer respeitar as suas ordens. Este era o modo indirecto de o pretor criar direito, nestafase do ius praetorium.

    Restitutiones in integrum um expediente de pretor para obter um efeito

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    propriedade e posse de A. 2 Hiptese (interdictum fraudatorium) Mas os bens do devedor A

    podiam j ter passado das mos do directo adquirente C para outros.,nesta 2 hiptese, tambm esto de m f. Igualmente conhecem oprejuzo doloso causado ao credor B. Contra os ulteriores adquirentes,

    concedia o pretor um interdictum fraudatorium, isto uma ordem detipo sumario baseado no seu imperium, para que os bens, sem maisconsideraes, de momento, regressassem imediatamente aopatrimnio do devedor, portanto de A.

    3 Hiptese (o negcio continua eficaz) Supnhamos agora que odirecto adquirente C ou um ulterior adquirente qualquer (G) recebe osbens dum dos adquirentes de m f. Este G est de boa f (isto ,ignora a fraude causada ao credor B), e, alem disso, o negcio queefectuou foi a ttulo oneroso. Esse negcio continua no s vlido face do ius civile mas tambm eficaz, mesmo perante o ius praetorium.

    4 Hiptese Consideremos nesta hiptese que o directo adquirente C

    ou um ulterior adquirente de boa f tinha recebido dum adquirente dem f os bens, mas a ttulo gratuito. Neste caso, o pretor, depois de seinteirar do estado da questo, isto , com conhecimento sumario dacausa, concedia a favor do credor B um interdictum utile, para que osbens alienados regressassem imediatamente ao patrimnio do devedorA, e assim ele (credor) j os pudesse executar e desta forma satisfazeros seus crditos.

    Missiones in possessionem um meio de coaco, justa, de que dispe opretor. Quantas vezes, temos j dito que o pretor ordena fazer determinadoacto, uma stipulatio praetoria, ou desfazer determinado negcio, atravsduma restitio in integrum. Pois bem, esse ordenar do pretor est sempre

    protegido pela amaeaa duma misio in possessionem, dum embargo debens. A missio in possessionem uma ordem dada pelo pretor, baseada noseu imperium, autorizando algum a apoderar-se, duramte certo tempo, debens de outrem, com poderes de administrao e de fruio. Espcies Missio in rem, se recaa sobre uma coisa determinada ou sobre um conjuntodeterminado de bens; missio in Bona, se incidia sobre o patrimnio dumapessoa ou sobre um conjunto indeterminado de bens.

    Interdicta (os interditos) Era uma ordem sumria, dada pelo pretorbaseada no seu imperium, para resolver de momento uma situao quetem a proteg-la pelo menos uma aparncia jurdica, ficando porm essaordem condicionada a uma possvel apreciao ulterior. O interdicto era

    concedido ou a pedido dum interessado ou, em caso de interesse pblico, apedido de qualquer cidado, e ento esses interdicta denominavam-seinterditos populares. Espcies de interdicta: Exibitrios: se a ordem do pretor se destinava a que algum

    apresentasse ou mostrasse, exibisse uma coisa. Restitotrios: se a sua finalidade era ordenar a devoluo, a

    restituio duma coisa. Proibitrios: se se destinavam a impedir (proibir) que algum

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    fosse perturbado no gozo dum direito que est desfrutandopacificamente.

    o Interditos possessrios So expedientes do pretor destinados a proteger aposse, pois o ius civile no lhe concedia proteco jurdica. No formam,portanto, uma espcie parte de interditos, pois alguns interditos possessrios so

    proibitrios e outros so restitutrios, e, em rigor, no h nenhum que sejaexibitrio. Classes de interditos possessrios:o Interdicta retinendae possessionis (interditos para reter a posse; so

    proibitrios): estes interditos tm por objecto obter o reconhecimento daposse, no caso de perturbao ou incmodo por parte de terceiros. Proibirque algum perturbe a posse pacfica de outrem.

    o Interdicta recuperandae possessionis (interditos para recuperar a posse; sorestitutrios): Destinam-se a recuperar a posse; de alguma forma perdida,pelo menos momentaneamente, pelos seguintes factos:

    Ou porque algum entregou, por favor, uma coisa a outrem, porcerto tempo, e este agora recusa-se a devolv-la, para o obrigar a

    restituir; Ou porque algum, que tinha obtido a posse duma coisa, de uma

    forma normal, foi privado dela pela violncia, contra quem seapoderou fora;

    Ou porque algum, embora tendo obtido a posse pela violncia,foi, depois, esbulhado pela fora armada, contra este (que usouhomens armados para expulsar o outro que tinha conseguido aposse pela fora simples).

    Expedientes do pretor, a partir de 130 a.C., baseados na sua iurisdictio Osistema jurdico romano primitivo de processar, e que durou at cerca do ano 130 a.C.como forma nica, denominava-se sistema das legis actiones (aces da lei). Quer

    dizer, as actuaes processuais tinham de se acomodar rigorosamente ao prescrito naleges. Caracterizavam-se as legis actiones sobretudo por serem orais. O processo romano,quase desde o incio, estava dividido em duas fases: in iure e apud iudicem. O pretorpresidia fase in iure. A sua posio no processo era simples e apagada: conceder ou noconceder a actio.

    Posio do pretor na organizao dos processos, depois da lex Aebulia deformulis Caracterstica: era um processo escrito (pelo menos em parte). Osistema de agere per formulas, a princpio existia a par do sistema das legisactiones. Mais tarde, acabou por ser praticamente o nico. As legis actionesdesaparecerem, excepto para algum tipo especial de processar que no se adaptouao novo regime. E agora, segundo este novo sistema de processar, ter uma actio

    equivale e concretiza-se em ter uma frmula.Conceito de frmula processual A frmula uma ordem por escrito, dada pelo pretor aojuiz, para condenar ou absolver, conforme se demonstrasse ou no determinado facto.A posio do pretor, depois da lex Aebulia de formulis, era alm de subtrair ou de colocarsob a aco do ius civile, tambm a de neutralizar a actio civile (ou recusando aconcesso da actio ou inutilizando a sua eficcia concedendo uma exceptio) a de criaractiones prprias. Desta forma, o pretor passou a integrar e a corrigir directamente o iuscivile por via processual.

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    Anlise dos vrios expedientes baseados na iurisdictio Para neutralizar umaactio civilis, cuja aplicao redundaria numa injustia, agora o pretor tem suadisposio tambm, isto , alm duma restitutio in integrum:

    o Uma denegatio actionis, se ele nega a concesso da actio civilis,pois verifica nitidamente que essa concesso, embora prevista pelo

    ius civile, em determinado caso concreto, seria uma injustia;o Uma exceptio, pela qual se frustra a actio civilis, que ele mesmo

    concedeu. uma clusula directamente a favor do demandado, queinutiliza a pretenso do demandante.

    As vrias actiones praetoriae:o Actiones in factum conceptae O pretor, vendo que determinada situao

    social merece prpteco jurdica e no a tem do ius civile, concede umaactio baseada nesse facto, para que se faa justia.

    o Actiones ficticiae Se o pretor para aplicar a justia, finge como existenteuma coisa ou um facto que se sabe no existir, ou finge como no-existenteuma coisa ou um facto ou at um negcio que se sabe que existe. a

    imposio duma irrealidade ou duma inexactido. Tudo isto fazia o pretorpara administrar bem a justia.

    o Actiones utiles Se o pretor aplica, por analogia, actiones civiles a casosdiferentes, mas semelhantes, dos que o ius civile protege; aqui, h lgica,por semelhana.

    o Actiones adiecticiae qualitatis So actiones que responsabilizam tambmo paterfamilias, total ou parcialmente, pelas dvidas dum seu filius ouservus, provenientes de contratos celebrados por estes alieni iuris.

    O Edictum do pretor A misso do pretor era administrar a justia nas causascivis. Exercia essa misso atravs, duma trplice actividade a de interpretar, a deintegrar e a de corrigir o ius civile. Toda essa actividade era sempre orientada por aqueles

    grandes princpios jurdicos: o de no abusar dos seus poderes; o de no prejudicarningum; o de atribuir a cada um o que seu. No agia arbitrariamente. Tanto mais que asua actividade podia ser sempre controlada: pelo ius intercessionis dos cnsules; porquem detivesse a tribuncia potestas; por um provocatio ad populum; pelas reaces daopinio pblica; e sobretudo pela critica, bem temvel, dos iurisprudentes.

    Formas utilizadas pelo pretor, na concesso dos seus expedientes : Decretum (decreto), quando resolvia imperativamente um caso

    particular; Edictum (edicto), quando anunciava ao pblico, com a devida

    antecedncia, a concesso de certos expedientes integrada numprograma geral das suas actividades.

    Forma interna do edictum do pretor O pretor (urbano), como qualquer outromagistrado, tinha o ius edicendi, isto , a faculdade de fazer comunicaes aopovo. Essas comunicaes, quando tinham carcter programtico geral, que,rigorosamente, se denominavam edicta. O edictum do pretor era, pois, umacomunicao para anunciar ao pblico as atitudes que tomaria e os actos quepraticaria, no exerccio das suas funes; era o seu programa de aco. Os edictapodiam ser:

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    Perpetua ou anuais: os que eram dados pelo pretor, no incio da suamagistratura, contendo os vrios critrios que seguiria, no exerccio dassuas funes durante esse ano.

    Repentina: surgem, como actos do imperium do pretor, proferidos emqualquer altura do ano, para resolver situaes novas, surgidas

    inesperadamente, e que nem o ius civile e nem o edictum perpetuumsolucionavam. Tralaticia: os que permanecem iguais dum ano para o outro, como que

    trespassando do pretor anterior para o sucessor. Nova: so as disposies que o pretor, de determinado ano, acrescenta

    por sua prpria iniciativa. Codificao dos edicta do pretor Por um lado, no h j necessidade de

    grandes inovaes a fazer pelo pretor; por outro lado, tambm dificilmente aspoderia fazer, pois ele, como todos os magistrados, est muito subordinado aoimperador. Nestas circunstncias, a deciso de Adriano mandando codificar todosos edictos, para serem fixados ordenada e definitivamente num s, no constituiu

    um facto verdadeiramente novo ou estanho. Concludo e confirmado pelo senado,foi publicado volta do ano 130 d.C.; desde o sculo IV, designado porEdictum Perpetuum (ordenao definitiva dos edictos). Aps a sua fixao, opretor quase se limitava a publicar, todos os anos, o Edictum Perpetuum. Destemodo, o edictum perdeu a sua importncia como fonte autnoma, para seconverter quase num texro legal. O Edictum, fora de ser comentado pelosjuristas e de ser alterado pelos imperadores, tendia inevitavelmente a confundir-se com o direito criado pela iurisprudentia e pelas constituies imperiais, paramais tarde ingressar naquele direito, misto de normas civis e pretrias, fundidassob o impulso da chancelaria imperial o ius novum.