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CRISTIANE SANDES TOSTA

INSERÇÃO DA ANÁLISE DE CICLO DE VIDA NO ESTADO DA BAHIA ATRAVÉS DA ATUAÇÃO DO ÓRGÃO AMBIENTAL�

Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo – Ênfase em Produção Limpa, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Asher Kiperstok

Salvador 2004

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T716i Tosta, Cristiane Sandes Inserção da análise de ciclo de vida no estado da Bahia através da

atuação do órgão ambiental. / Cristiane Sandes Tosta. --- Salvador-Ba, 2004.

187p. il.

Orientador: Prof. Dr. Asher Kiperstok Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo) - Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2004.

1. Ciclo de Vida (Análise) 2. Impacto Ambiental 3. Meio Ambiente (Preservação e Controle). I. Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. II. Kiperstok, Asher. III. Centro de Recursos Ambientais (CRA). IV. Titulo.

CDD 363.7

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� Esta dissertação tem como objetivo apresentar uma proposta para a inserção da Análise de Ciclo de Vida – ACV no Estado da Bahia assim como identificar oportunidades de utilização da ACV nas atividades do Centro de Recursos Ambientais - CRA, órgão ambiental do Estado, com vistas à melhoria de sua atuação, a apoiar o uso da ferramenta ACV no Estado da Bahia e no Brasil e à disseminação desta ferramenta e “pensamento no ciclo de vida” na indústria, governo e na sociedade em geral. Tal estudo é feito a partir da realização de entrevistas, de pesquisa documental, de revisão bibliográfica, de um ZRUNVKRS com funcionários do CRA, de um treinamento com uso da ferramenta ACV e da própria experiência prática da autora do trabalho, que é funcionária do CRA. Partindo de uma análise crítica e detalhada da ACV, conclui que esta ferramenta/conceitual tem grande potencial benéfico a ser explorado pelo setor produtivo, por organizações governamentais e não governamentais. Em seguida, analisa a regulação ambiental no Brasil e na Bahia, identificando elementos que facilitariam, ou não, a execução desta proposta. Nesta análise, conclui que não foram identificados elementos que impediriam a execução da proposta. Na legislação ambiental baiana identificaram-se elementos que podem oportunizar a inserção de considerações no ciclo de vida, embora a ausência de elementos que incentivem a realização de avaliação tecnológica dos empreendimentos sob licenciamento pode ser um fator limitante da eficácia desta proposta. A análise feita em seguida, sobre a atuação do CRA, identifica elementos que habilitariam este órgão a execução desta proposta, a saber: * tratamento diferenciado para empresas, segundo o porte; * o uso de estratégias de autocontrole ambiental; * a prática de parcerias com outros organismos; * a criação do Núcleo de Estudos Avançados de Meio Ambiente; * a instituição do programa de capacitação de sua equipe, dentre outros. Por outro lado, identifica também pontos que precisam ser mais bem ajustados nas ações do órgão, destacadamente, o desenvolvimento da capacidade de realizar análise do mérito das proposições encaminhadas pelos empreendimentos, o aperfeiçoamento do processo de escolha locacional, a avaliação do cumprimento de condicionantes, dentre outros.

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The objective of this dissertation is to present a proposal to promote the implementation of Life Cycle Assessment – LCA – in the state of Bahia, Brazil, as well as, to identify opportunities to use LCA in the activities of the Center for Environmental Resources – CRA – Bahia’s environmental agency - in order to improve its performance, to support the use of the LCA tool in the state and in Brazil, and to spread the use of this tool and the “life cycle thinking” throughout the industry, the government and throughout society, in general. The basis of this study stems from interviews, documentary research, bibliographical revision, analysis of the results of a workshop with CRA employees, training with the use of the LCA tool, and from the author’s practical experience, as an employee of CRA. By ways of a critical and detailed analysis of LCA, it concludes that this tool/thinking has a great beneficial potential to be explored by the productive sector and by government and non government organizations. This work analyses the environmental regulations in Brazil and in Bahia, identifying elements that could facilitate, or not, the execution of this proposal. It concludes that there were no identifiable elements that would prevent the execution of this proposal. There are elements in Bahia’s environmental legislation that can optimize the inclusion of considerations of the life cycle concept. Although, there is an absence of elements that incite the execution of technological assessment of the enterprises under licensing. This can be a restrictive factor for the effectiveness of this proposal. The following analysis about the performance of CRA, identifies elements that would enable this agency to execute this proposal, like: * a different treatment for companies, according to their size; * the use of strategies for “environmental self-control”; * the establishment of partnerships with other agencies; * the creation of the Center for Advanced Environmental Studies – NEAMA, within CRA; * the establishment of a training program for its team, among others. On the other hand, it also identifies points that need to be improved within the activities of the agency, mainly, the development of the capacity to improve the quality of the analysis of the proposals made by enterprises, the improvement of the process for location choice, and the evaluation of the complying conditions, among others. Finally, the proposal of incorporating LCA in the activities of CRA is presented, identifying opportunities within the activities of licensing and environmental inspection, in the use of tools for “environmental self-control”, in supporting the development of technical and legal norms, in the activities of NEAMA, in the State System for Environmental Information - SEIA, in the analysis and execution of environmental studies, and in providing support elements to develop a LCA database.

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Ao Profº Asher Kiperstok, orientador deste trabalho;

Aos Profº Severino Agra Filho e Prof ª Márcia Marinho, pela colaboração

efetiva à consecução desta dissertação;

À Dra.Maria Lúcia Cardoso Souza, que se mostrou sempre disponível e

prestou grande apoio a este trabalho;

Aos entrevistados, pela paciência, disponibilidade e interesse;

À Minha Família, em especial aos meus pais, pelo apoio incondicional e por

seus exemplos de vida;

Aos colegas e amigos pelas inúmeras contribuições diretas e indiretas ao

trabalho, em especial a João, Walter, Cláudia e Clarissa;

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AA Autorização Ambiental AAE Avaliação Ambiental Estratégica ABCV Associação Brasileira de Análise de Ciclo de Vida ACV Análise de Ciclo de Vida; Avaliação de Ciclo de Vida ACVGD Análise de Ciclo de Vida Geograficamente Dependente AIA Avaliação de Impacto Ambiental AICV Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida AIRS Aerometric Information Retrieval System (Sistema de Recuperação de Informações

Aerométricas) ALA Auto-avaliação para o Licenciamento Ambiental ANA Agência Nacional de Águas APA Área de Proteção Ambiental APEC Cooperação Econômica Ásia-Pacífico APR Análise Preliminar de Risco AR Análise de Risco ART Anotação de Responsabilidade Técnica AT Avaliação Tecnológica ATRP Autorização para Transporte de Resíduos Perigosos BACT Best Available Control Technology (Melhor Tecnologia de Controle Disponível) BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico BRS Biennial Reporting System (Sistema Bienal de Apresentação de Resultados) BTS Baía de Todos os Santos BUWAL Ministério do Meio Ambiente Suíço BVQI Bureau Veritas Quality International CB Comitê Brasileiro CEEA Cadastro Estadual de Entidades Ambientalistas CENADEM Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação CEPED Centro de Pesquisas e Desenvolvimento CEPRAM Conselho Estadual de Meio Ambiente CERB Companhia de Engenharia Rural da Bahia CESAT Centro de Saúde do Trabalhador CETEA Centro de Tecnologia de Embalagem de Alimentos CIA Centro Industrial de Aratu CIMA Centro de Informações e Memória Ambiental CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente CONDER Companhia de Desenvolvimento Urbano CRA Centro de Recursos Ambientais CRA Info Sistema de Informações Internas do CRA CRA SECTA Sistema de Formulários Padrão CRA CRA SIG Sistema de Informações Gerenciais do CRA CRA SIREQ Sistema de Exposição sobre Riscos de Exposição Química CRA CTCA Cadastro Técnico de Consultores Ambientais CTGA Comissão Técnica de Garantia Ambiental Desenbahia Agência de Fomento do Estado da Bahia DERBA Departamento de Estradas e Rodagens da Bahia DfE Projeto para o Meio Ambiente DIVEP Divisão de Vigilância Epidemiológica DIVISA Divisão de Vigilância Sanitária DOE, US-DOE Departamento de Energia (EUA)

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DTS Programa Holandês de Desenvolvimento de Tecnologias Sustentáveis EDIP Environmental Design Industrial Programme (Programa Industrial de Projetos Ambientais) EIA Estudo de Impacto Ambiental EIOLCA Entradas e Saídas Econômicas da ACV EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento EMPA Laboratórios Federais da Suíça para Testes e Pesquisas EOL End of Life (Fim de Vida) EPA Agência de Proteção Ambiental EPI Equipamento de Proteção Individual EUA Estados Unidos da América ERB Estação Rádio-Base FIRE Factor Information Retrieval (Recuperação de Informações) FERFA Fundo de Recursos para o Meio Ambiente GEDNet Rede Global de Declaração Ambiental de Produtos Tipo III GERCO Gerenciamento Costeiro GISWEB Sistema de Geolocalização na WEB GR Gerenciamento de Riscos GTACV Grupo Técnico de Análise de Ciclo de Vida IAC Banco de Dados do Centro de Avaliação Industrial do DOE IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis IBEB International Barometer Environmental Business (Barômetro Internacional de Negócios

Ambientais) ICV Inventário de Ciclo de Vida IDEMAT Interduct Environmental Product Development (Desenvolvimento de Produtos Ambientais) INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial IPP Política Integrada de Produtos ISO International Organisation for Standardization (Organização Internacional para

Padronização) ITAL Instituto Tecnológico de Alimentos JEMAI Associação Japonesa de Gestão Ambiental para a Indústria JLCA Fórum Japonês de Análise de Ciclo de Vida LA Licença de Alteração LAER Lowest Achievable Emission Rate (Menor Taxa de Emissões Alcançáveis) LCC Life Cicle Costing (Custo do Ciclo de Vida) LI Licença de Implantação LL Licença de Localização LO Licença de Operação LP Licença Prévia LS Licença Simplificada MECS Manufacturing Energy Consumption Survey (Pesquisa de Consumo de Energia dos

Processos de Manufatura) MFA Análise de Fluxo de Massa/Materiais MPBa Ministério Público do Estado da Bahia MPF Ministério Público Federal MRI Midwest Research Institute NEAMA Núcleo de Estudos Avançados de Meio Ambiente NEPA National Environmental Policy Act (Política Nacional Ambiental) ONU Organização das Nações Unidas OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público PCA Plano de Controle Ambiental PCS Permit Compliance System (Sistema de Licenças de Aceitação) PGRS Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos PIB Produto Interno Bruto PNMA Política Nacional de Meio Ambiente PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PRAD Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

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PT Parecer Técnico REPA Research and Environmental Profile Analysis (Análise de Recursos e Perfil Ambiental) RAB Registrar Accreditation Board (Conselho de Credenciamento de Registradores) RACT Reasonably Available Control Technology (Tecnologia de Controle Disponível mais

Razoável) RBLC RACT BACT LAER Clearinghouse RCA Relatório de Controle Ambiental RCE Roteiro de Caracterização do Empreendimento RFA Relatório de Fiscalização Ambiental REPA Resource and Environmental Profile Analysis (Análise de Recursos e Perfil Ambiental) RI Relatório de Inspeção RIMA Relatório de Impacto Ambiental RLO Renovação de Licença de Operação RLS Renovação de Licença Simplificada SEARA Sistema Estadual de Administração de Recursos Ambientais SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano SEI Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia SEIA Sistema Estadual de Informações Ambientais SEMA Secretaria Especial de Meio Ambiente SEMARH Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos SEPLANTEC Secretaria de Planejamento Ciência e Tecnologia SESAB Secretaria de Saúde do Estado da Bahia SETAC Society of Environmental Toxicology and Chemistry (Sociedade para Toxicologia e

Química Ambiental) SFC Superintendência de Desenvolvimento Florestal e Unidades de Conservação SI Sistema de Informação SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente SPOLD Society for Promotion of LCA Development (Sociedade para a Promoção do

Desenvolvimento da ACV) SRH Superintendência de Recursos Hídricos TC Termo de Compromisso TCA Total Cost Assessment (Avaliação de Custo Total) TEAM Tool for Environmental Assessment and Management (Ferramentas para Análise e Gestão

Ambiental) TG CRA Tecnologia de Gestão CRA TRI Toxics Release Inventory (Inventário de Resíduos Tóxicos) TR Termo de Referência UE União Européia UFBa Universidade Federal da Bahia UKAS United Kingdom Accreditation Sistema (Serviço de Acreditação do Reino Unido) UnB Universidade de Brasília UNEB Universidade do Estado da Bahia UNEP United Nations Program Environmental (Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente) USEPA United States Environmental Protection Agency (Agencia de Proteção Ambiental

Americana) ZEE Zoneamento Econômico Ecológico �

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1.1 Objetivo ................................................................................................................20

1.1.1 Objetivo Geral...............................................................................................20 1.1.2 Objetivos Específicos ...................................................................................20

1.2 Justificativa ...........................................................................................................21

1.3 Método ..................................................................................................................23

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2.1 Introdução .............................................................................................................26

2.2 O Que é Análise de Ciclo de Vida ........................................................................27

2.3 O Produto como Foco ...........................................................................................31

2.4 Histórico................................................................................................................33

2.4.1 Destaques dos Usos da ACV no Mundo.......................................................36 2.5 A Ferramenta ACV...............................................................................................40

2.5.1 Objetivo e Escopo do Estudo........................................................................41 2.5.2 Inventário ......................................................................................................44 2.5.3 Avaliação de Impactos Ambientais ..............................................................45 2.5.4 Interpretação dos Resultados ........................................................................46

2.6 As Diferentes Abordagens da ACV......................................................................46

2.7 Os Bancos de Dados de ACV ...............................................................................50

2.8 Peculiaridades da ACV.........................................................................................52

2.9 Interface da ACV com Outras Ferramentas..........................................................63

2.9.1 Avaliação Ambiental Estratégica..................................................................64 2.9.2 Design for Environment................................................................................65 2.9.3 Produção Limpa/ Produção Mais Limpa ......................................................67 2.9.4 Ecologia e Metabolismo Industrial/ Análise de Fluxo de Massa (MFA) .....69 2.9.5 Avaliação Tecnológica .................................................................................71

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2.9.6 Estudo de Impacto Ambiental - EIA.............................................................71 2.9.7 Análise e Gerenciamento de Riscos..............................................................74

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3.1 Introdução .............................................................................................................76

3.2 Ação do Governo na Questão Ambiental .............................................................76

3.2.1 Regulação Ambiental no Brasil ....................................................................79 3.2.2 Regulação Ambiental do Estado da Bahia....................................................84

3.3 Algumas Potencialidades da Ação Governamental no Meio Ambiente...............91

3.3.1 Promoção da ACV pelo Governo .................................................................92 3.3.2 A Questão da Disponibilidade da Informação ..............................................97

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4.1 Introdução .............................................................................................................99

4.2 O Licenciamento Ambiental .................................................................................99

4.3 A Fiscalização Ambiental ...................................................................................105

4.4 O Autocontrole Ambiental..................................................................................108

4.5 Diferenciais de Atuação do CRA........................................................................110

4.5.1 Trabalho de Parceria ...................................................................................110 4.5.2 O Núcleo de Estudos Avançados de Meio Ambiente.................................110 4.5.3 Programa de Capacitação da Equipe Técnica.............................................111 4.5.4 Sistemas de Gestão da Qualidade ...............................................................112

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5.1 Introdução ...........................................................................................................113

5.2 Contextualização da Proposta.............................................................................113

5.3 Escopo Geral da Proposta ...................................................................................116

5.3.1 Licenciamento Ambiental...........................................................................120 5.3.2 Autocontrole Ambiental .............................................................................125 5.3.3 Termos de Compromisso ............................................................................126 5.3.4 Apoio à Elaboração de Normas Técnicas e Legais.....................................127 5.3.5 Sistema Estadual de Informações Ambientais............................................127 5.3.6 Estudos Ambientais ....................................................................................128 5.3.7 Divulgação e Ação Disseminadora.............................................................128 5.3.8 Apoio à Estruturação de Banco de Dados Regional ...................................129

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6.1 Áreas para Futuro Desenvolvimento ..................................................................135

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Durante muitos anos a economia mundial foi conduzida sobre o pressuposto de que os recursos

naturais se constituíam em bens infindáveis e, por isso, em externalidades aos processos

produtivos e à economia.

A construção de toda uma sociedade, e especialmente, de um modelo de desenvolvimento e

industrialização sob este pressuposto, levou a hábitos de produção e consumo difíceis de mudar.

Pior que isto, levou a um nível de exploração da natureza que hoje exige que mudanças

significativas e urgentes sejam tomadas para racionalizar o uso dos recursos naturais e promover

a sua recuperação.

A compreensão dos impactos ambientais negativos decorrentes da ação antrópica se evidenciou

com a aceleração do crescimento da industrialização, a partir de quando o governo efetivamente

se iniciou na proteção ambiental. Para gerenciar o uso dos recursos naturais, este impôs à

indústria limites máximos toleráveis de lançamento de resíduos/efluentes/emissões no meio

ambiente. Por sua vez, a indústria passou a desenvolver tecnologias para tratamento destes

poluentes, adicionando etapas ao final dos processos produtivos o que, via de regra, implicou em

aumento de custos de produção, tornando a proteção ambiental um ônus para as empresas.

Num cenário onde economia e proteção ambiental eram conceitos concorrentes, o governo

precisou ampliar a postura de polícia para exigir e fiscalizar o atendimento a tais padrões.

O desenvolvimento tecnológico, o crescimento das discussões sobre o tema e o envolvimento de

um maior número de partes interessadas na discussão ambiental evidenciaram que este modelo de

produção e de controle da poluição conduziria a um quadro de colapso dos recursos naturais por

não conseguir, efetivamente, promover um uso sustentável1 destes recursos.

1 O termo “ sustentável” se popularizou após a I Conferência Mundial sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, realizado no Estocolmo em 1972, quando se definiu como 'HVHQYROYLPHQWR�6XVWHQWiYHO aquele desenvolvimento econômico capaz de garantir também às gerações futuras o direito de usufruir o meio ambiente e os recursos naturais de forma satisfatória, garantindo o atendimento às suas necessidades.

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A Equação Mestra do Impacto Ambiental (ou Identidade de Ehrlich) considera os fatores

População, Riqueza (aqui representada por PIB SHU� FDSLWD) e o impacto ambiental gerado por

cada unidade produzida como as parcelas constituintes do impacto ambiental global

(REIJNDERS, 1998; CHERTOW, 2001)

Embora o esforço para reduzir o impacto ambiental passe pela redução das três parcelas (que, em

verdade são interdependentes), Huesemann (2003), ressalta que as duas primeiras parcelas desta

equação envolvem aspectos diversos, como valores culturais, estilo de vida e taxa de natalidade.

Por esta razão, Graedel e Allemby (1995) acreditam que é no terceiro fator da Equação Mestra

(impacto por produto), que estão as melhores perspectivas para a transição para um

desenvolvimento sustentável, por estar relacionado à tecnologia.

Partindo destes pressupostos, alguns autores (REIJNDERS, 1998; CHERTOW, 2001, WEAVER

HW�DO, 2000; KIPERSTOK HW�DO, 2003), utilizando-se da Equação Mestra do Impacto Ambiental e

fazendo considerações sobre o crescimento populacional e o crescimento da renda SHU� FDSLWD

num período de 50 anos entendem que, quanto ao aspecto ambiental, o alcance da

sustentabilidade pode ser representado pela adoção de um conjunto de ações que resultem na

estabilização do processo de degradação ambiental nas condições atuais (manter constante o

impacto ambiental global), o que poderia ser conseguido com avanços tecnológicos que

impliquem numa produção industrial de forma dez vezes mais ecoeficiente2.

A identidade de Ehrlich foi desenvolvida a cerca de 34 anos atrás e, portanto, é anterior ao termo

Desenvolvimento Sustentável, mas é útil no traçar de metas para alcance deste desafio. A

importância do estabelecimento do Fator 10 como meta para o desenvolvimento sustentável se

Desta forma, conforme afirma Layrargues (1997), o objeto de escolha do pensamento ecológico não mais se situava entre desenvolvimento econômico ou proteção do meio ambiente e sim, no tipo de desenvolvimento que se desejaria implementar a partir de então. 2 O termo Ecoeficiência foi cunhado por Frank Bosshardt a partir de um concurso interno na sua empresa para escolher o termo que melhor expressasse a idéia do “ macro” conceito de Desenvolvimento Sustentável

Impacto Ambiental = (População) x (PIB/Pessoa) x Impacto Ambiental/Unidade de Produto

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estabelece na medida em que aumenta a visibilidade da aplicação deste conceito. Com relação a

isto, Andrade, Kiperstok e Marinho (2001) afirmam que a inserção do conceito Fator X (4, 10,

40, etc) no arcabouço legal ambiental, ajuda na integração entre controle e prevenção da

poluição, na medida em que:

9 dá maior consistência ao desafio do desenvolvimento sustentável e às declarações de

melhoria contínua;

9 gera melhores condições para um desenvolvimento ambiental, estimulando a renovação

de hábitos de consumo e inovação tecnológica.

Mudanças desta natureza (aumento em dez vezes na eficiência do uso dos recursos naturais)

requerem esforços vultuosos vindos de diversas direções para que sejam alcançadas. Com relação

à redução no impacto ambiental por produto (3º fator da equação), é necessário que a sociedade

demande dos fabricantes produtos ambientalmente mais amigáveis, é necessário que a indústria

encontre formas mais ecoeficientes de produzir e é necessário que o governo coordene este

processo, esclarecendo a sociedade do impacto ambiental de suas escolhas, cobrando da indústria

comportamentos mais arrojados com relação à proteção ao meio ambiente e criando uma

estrutura de estímulo ao estabelecimento deste processo.

O aumento da ecoeficiência passa pela busca da prevenção da poluição, dentro e além do

processo produtivo, desde a concepção do produto, incluindo extração das matérias-primas,

beneficiamento e transformação, uso, disposição “ final” e remanufatura. Diversos conceitos e

ferramentas auxiliam na identificação de oportunidades para aumento da eoeficiência e alguns

deles (Projeto para o Meio Ambiente, Ecologia Industrial, Análise de Fluxo de Materiais, Análise

de Ciclo de Vida e outras) o fazem através da análise integrada do produto, processo ou atividade

em todo o seu ciclo de vida.

A avaliação do ciclo de vida é uma estratégia que se propõe à caracterização dos potenciais

impactos ambientais associados a um produto, processo ou atividade considerando todas as

(HENRIQUES DSXG MEIRA, 2003). Expressa a eficiência no uso de materiais e energia, sob a perspectiva ambiental.

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etapas do ciclo de vida de, identificando oportunidades de melhoria. A utilização de ferramentas

que se utilizem desta abordagem tem crescido bastante em todo o mundo, embora no Brasil o seu

uso ainda seja incipiente.

Diante deste contexto, esta dissertação se apresenta com o propósito de identificar oportunidades

de uso da Análise de Ciclo de Vida no órgão ambiental da Bahia, com vistas ao melhoramento de

sua atuação, à indução ao uso da ACV no Estado da Bahia por parte dos setores produtivos,

governamental e sociedade em geral e ao apoio à utilização desta ferramenta/conceito3 pela

indústria.

Assim sendo, procede-se a uma extensa, porém direcionada, revisão crítica da Análise de Ciclo

de Vida, estudando o histórico de seu desenvolvimento, a sua evolução conceitual, a sua

utilização no mundo, as diferentes abordagens relacionadas e as suas peculiaridades, fragilidades

e potencialidades. Tal discussão se propõe a, a partir da revisão bibliográfica, das entrevistas

realizadas e de conhecimentos adquiridos, incluindo um curso de ACV, apresentar uma análise

crítica sobre esta ferramenta/conceito.

Em seguida, discute-se de forma breve a atuação do poder público na questão ambiental, de

forma histórica no mundo, no Brasil e na Bahia. Dentro da perspectiva da proposta deste

trabalho, procede-se a análise crítica de alguns documentos legais ambientais considerados

prioritários no cenário nacional e estadual. Discute-se, em seguida, algumas possibilidades de

envolvimento do governo na proteção/gestão ambiental, dando destaque para a promoção da

ACV pelo governo possibilitada por, entre outras razões, um cenário de crescente transparência e

pela disponibilização e facilitação de acesso à informação ambiental.

O Centro de Recursos Ambientais – órgão ambiental do Estado da Bahia – é analisado em

seguida de forma crítica, porém pontual, direcionada para compreensão de aspectos relacionados

a atuação do órgão que poderiam ter importância na aplicação da proposta deste trabalho.

3 O termo ferramenta/conceito é aqui utilizado porque, como será visto adiante nos itens 2.2 e 2.6, a ACV pode ser entendida através de abordagens diferenciadas, destacadamente enquanto ferramenta e conceito.

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Por fim, a proposta final é apresentada, apontando oportunidades de uso da ACV no CRA que

poderiam levar, por conseqüência, a utilização da ACV pelo setor produtivo e pelo setor público

e propiciar uma possível melhoria na atuação deste órgão, além de identificar mecanismos que

façam com que esta atuação apóie o uso da ACV na Bahia e no Brasil.

Os Anexos A e B trazem, respectivamente, o quadro-guia utilizado nas entrevistas e uma

listagem de alguns dos principais bancos de dados e VRIWZDUHV comerciais de Análise de Ciclo de

Vida existentes no mundo. Os Apêndices A e B trazem, respectivamente, uma descrição um

pouco mais detalhada de alguns procedimentos executados pelo CRA e um resumo das

entrevistas realizadas.

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20

����2EMHWLYR�

������ 2EMHWLYR�*HUDO�

Identificar oportunidades de utilização da Análise de Ciclo de Vida nas atividades do órgão

ambiental do Estado da Bahia, com vistas à melhoria de sua atuação, a apoiar o uso da ferramenta

ACV no Estado da Bahia e no Brasil e à disseminação desta ferramenta e do “ pensamento no

ciclo de vida” na indústria, governo e na sociedade em geral.

������� 2EMHWLYRV�(VSHFtILFRV�

a) Analisar criticamente a Análise de Ciclo de Vida

b) Fazer análise crítica de alguns documentos da legislação ambiental brasileira e baiana, sob

a perspectiva da Análise de Ciclo de Vida

c) Analisar criticamente a atuação do Centro de Recursos Ambientais, quanto a aspectos que

possam facilitar ou dificultar a incorporação da ACV

d) Identificar oportunidades para incorporação da ACV, enquanto concepção e ferramenta,

às atividades desenvolvidas pelo CRA

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����-XVWLILFDWLYD�

A motivação inicial deste trabalho é o reconhecimento da importância de se explorar

positivamente o potencial da Análise de Ciclo de Vida em avaliar a ecoeficiência no consumo de

materiais e energia e identificar os impactos ambientais potenciais ao longo do ciclo de vida de

um produto, um processo ou uma atividade.

A avaliação do consumo de materiais e energia e dos impactos ambientais a eles associados faz-

se importante na medida em que se compreende que tais impactos não se originam apenas na

disposição de emissões atmosféricas, efluentes líquidos e resíduos sólidos na natureza, mas

também, nos materiais e energia consumidos na produção de bens e serviços à sociedade. Tal

avaliação é possível através de considerações ambientais ao longo do ciclo de vida. O

Environment Canada (2000) afirma que, para muitos produtos, o principal veículo de poluição e

degradação da natureza não é as tubulações e chaminés, mas as prateleiras de produtos finais.

Considerações ambientais desta natureza podem trazer benefícios para os setores produtivos e

para o poder público. Nos setores produtivos, o uso de tais considerações pode conduzir a

oportunidades de prevenção da poluição, algumas vezes com retornos econômicos positivos e

podendo-se utilizar desta condição a seu favor como diferencial de mercado. O poder público,

por sua vez, encontra subsídios para o desenvolvimento de melhores políticas públicas

ambientais, além de dispor de elementos que potencialmente melhorem sua ação regulatória.

A aplicação de ferramentas com considerações no ciclo de vida tem requisitos a serem cumpridos

que aumentam a viabilidade do alcance dos objetivos esperados para as mesmas e para isso, o

governo, a indústria e a sociedade civil organizada precisam se estruturar e, num trabalho de

cooperação, buscar o atendimento a estas demandas. Parte-se da hipótese que o governo e, em

particular, o órgão ambiental, podem colaborar, de forma significativa, com esta questão.

O órgão ambiental apresenta-se como ator estratégico na disseminação deste conceito, uma vez

que tem intensa penetração nos meios produtivos e é um ponto comum de ligação entre diversos

setores governamentais na questão da preservação e do gerenciamento dos recursos naturais.

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Além disso, as informações relacionadas aos processos produtivos, manuseadas pelos órgãos

ambientais, devidamente organizadas, sistematicamente armazenadas e agregadas, podem se

configurar em fonte importante de informações para inserção da ACV.

A ACV tem sido utilizada, prioritariamente, de forma voluntária pela indústria e governo.

Entretanto, existe mundialmente uma expectativa que os Rótulos Ambientais Tipo III (que fazem

declarações ambientais a partir de estudos ACV) passem a ser requisito para comercialização de

produtos em alguns mercados internacionais. Em se confirmando tal expectativa, é necessário

que as empresas brasileiras e, em particular, baianas que fazem transações comerciais

internacionais e/ou cujo processo produtivo seja etapa do ciclo de vida de algum produto para o

qual se deseje obter tal rotulação, estejam aptas a elaborar estudos ACV.

Segundo o superintendente do CB-384 da ABNT Haroldo Mattos de Lemos, é importante que as

empresas brasileiras se prepararem para a rotulagem ambiental baseada na avaliação do ciclo de

vida. Esta é uma tendência mundial e o ideal é começar com formação de pessoal, criando as

declarações ambientais de produtos e apoiando a criação de institutos nacionais para desenvolver

as informações do ciclo de vida das principais cadeias produtivas.

Para isso, é importante que o governo induza, estimule e apóie o uso da Análise de Ciclo de Vida.

Tal apoio pode vir de diversas vertentes, dentre elas do órgão ambiental, para o qual se identifica

um importante papel a ser cumprido.

Para este apoio, é necessário que o governo esteja criticamente capacitado para entender as

diversas nuances envolvidas em estudos de ciclo de vida, compreendendo suas limitações e seus

pressupostos, para que estudos equivocados, tendenciosos ou mal intencionados não conduzam

ao atendimento de interesses particulares em detrimento do interesse da comunidade.

Assim, com a consideração destes diversos elementos, identificar oportunidades de indução ao

uso da Análise de Ciclo de Vida pelo setor produtivo e pelo poder público apresenta-se como

4 O CB-38 é o Comitê da Associação Brasileira de Normas Técnicas que está envolvido com as discussões das Normas da série ISO 14000 relacionadas a ACV

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medida de importante caráter estratégico, para que se possibilite o desenvolvimento de

mecanismos e estratégias de planejamento, gestão e regulação ambiental que efetivamente

conduzam a um meio ambiente de melhor qualidade.

����0pWRGR�

O método utilizado para o levantamento dos dados nesta pesquisa envolveu a SHVTXLVD�GRFXPHQWDO em documentos públicos, a realização de HQWUHYLVWDV com componentes do Centro

de Recursos Ambientais - CRA e com conhecedores da ACV, a realização de um ZRUNVKRS com

funcionários do CRA e a UHYLVmR�ELEOLRJUiILFD, apoiada ainda pelo treinamento num curso de

ACV.

O posicionamento do pesquisador frente ao objeto de pesquisa (CRA) caracteriza o estudo como

uma observação participante, tendo em vista que a autora é funcionária deste órgão.

A SHVTXLVD� GRFXPHQWDO visou a identificação de elementos facilitadores ou dificultadores em

documentos legais federais e estaduais quanto a proposta deste trabalho. Os documentos

avaliados foram a Lei 6938/81 (Política Nacional de Meio Ambiente), a Resolução CONAMA nº

237/97 (que trata do Licenciamento Ambiental) e a Resolução CONAMA nº 001/86 (que trata do

Estudo de Impacto Ambiental), na esfera federal e a Lei Estadual 7799/01 (Política Estadual de

Administração dos Recursos Ambientais) e seu Regulamento (aprovado pelo Decreto 7967/01),

na estadual. Com o intuito de melhor enquadrar a proposta, mas sem necessariamente, identificar

oportunidades e obstáculos, analisou-se ainda algumas licenças ambientais, processos de

licenciamento, Relatórios de Impacto Ambiental e modelos para elaboração de Roteiros de

Caracterização de Empreendimentos, elaborados pelo CRA.

As HQWUHYLVWDV realizadas com os componentes do CRA tiveram por objetivo buscar respostas às

questões relacionadas no Quadro 4, Anexo A, com vistas à identificação de oportunidades e

obstáculos na legislação, na estrutura e na atuação do CRA à proposta deste trabalho. As

entrevistas realizadas com profissionais conhecedores da ACV, de forma similar, buscaram

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identificar oportunidades e dificuldades encontradas por estas pessoas no uso desta ferramenta,

além de registrar as potencialidades identificadas por estes atores com o uso da ACV.

As entrevistas foram não-estruturadas. Tal modelo apresenta respostas com menor objetividade,

mas permite maior flexibilidade, interação e extrapolações, ensejando exploração mais ampla do

tema, ainda que com menor detalhe. O procedimento para tal envolveu a confecção de um

pequeno descritivo de cerca de duas páginas contendo informações básicas sobre a Análise de

Ciclo de Vida e os objetivos deste trabalho. Em seguida, apresentou-se o problema a ser

investigado com a formulação de algumas questões básicas, diferenciadas para o grupo do órgão

ambiental e conhecedores da ACV (ANEXO A).

Foram entrevistados individualmente três diretores do CRA. Embora não se configure como uma

amostra representativa do órgão, entrevistaram-se pessoas estratégicas para a implementação de

tal proposta: a Diretora Geral e os diretores das duas maiores diretorias técnicas do órgão.

As entrevistas com especialistas em ACV ocorreram de forma individualizada com cinco

pessoas, sendo quatro delas componentes da ABCV – Associação Brasileira de Análise de Ciclo

de Vida. Há que se destacar que tais especialistas têm origens bastante diversas. Assim, foi

possível manter contato com industriais, consultores, professores e pesquisadores.

O ZRUNVKRS� foi realizado com técnicos do CRA. Tal evento foi conduzido pelo Dr. Asher

Kiperstok, orientador deste trabalho, e contou com a presença de cerca de 10 técnicos, que

voluntariamente se apresentaram. Esta oficina de trabalho, além de se caracterizar numa etapa de

capacitação à equipe técnica, permitiu a inferência de possíveis resistências e obstáculos

verificados na proposta de trabalho, avaliados através do comportamento de técnicos com

diferentes perfis, como experiência profissional dentro e fora do órgão e área de formação.

A UHYLVmR� ELEOLRJUiILFD buscou a análise crítica de algumas das principais publicações que

abordam a Análise de Ciclo de Vida, explorando temas como os obstáculos e necessidades da

ACV, a atual condução das políticas públicas de meio ambiente com o uso de ACV e a sua

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interação com outras ferramentas. Revisou-se ainda a regulação ambiental, particularmente no

que concerne a atuação do órgão ambiental da Bahia.

A utilização dos resultados da pesquisa documental, da revisão bibliográfica, das entrevistas e do

workshop foi complementada pelo conhecimento e experiência profissional do autor, que por ser

funcionário do órgão ambiental traz do seu dia a dia informações que podem não estar expressas

ou respaldadas documentalmente ou bibliograficamente, além dos conhecimentos adquiridos em

curso sobre o uso da ferramenta ACV.

O Quadro 1, a seguir, apresenta de forma esquemática como o método foi usado para alcance dos

objetivos específicos.

Quadro 1: Método Usado para Alcance dos Objetivos Específicos

2EMHWLYRV�(VSHFtILFRV� 3HVTXLVD�'RFXPHQWDO� 5HYLVmR�%LEOLRJUiILFD� (QWUHYLVWDV� :RUNVKRS� &XUVR�1. Analisar criticamente a Análise de Ciclo de Vida

x x

x

2. Fazer análise crítica de alguns documentos da legislação ambiental brasileira e baiana sob a perspectiva da Análise de Ciclo de Vida

x

3. Analisar criticamente a atuação do Centro de Recursos Ambientais, quanto a aspectos que possam estar relacionados à ACV

x x x

4. Identificar oportunidades para incorporação da ACV, enquanto concepção e ferramenta, às atividades desenvolvidas pelo CRA

x x x

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�� $�$1È/,6(�'(�&,&/2�'(�9,'$�

����,QWURGXomR�

O capítulo a seguir apresentado pretende fazer uma análise crítica da Análise de Ciclo de Vida,

com vistas ao conhecimento de suas limitações e possibilidades, a partir da revisão bibliográfica,

dos resultados alcançados nas entrevistas e em informações obtidas num treinamento com a

ferramenta ACV.

Com vistas à exploração e conhecimento de aspectos componentes da ACV que levariam a sua

compreensão mais ampla, esta discussão se inicia com a comparação entre algumas definições

utilizadas para a ACV, identificando-se seus diferenciais e como eles determinariam formas

diferentes de condução da ACV; são identificadas diferentes possíveis aplicações da ACV,

balizadas pela opinião de diversos autores; discute-se o foco do trabalho da ACV e como isso

pode determinar o tipo de resultado por ela identificado. Por fim, aborda-se alguns dos usos

atuais da ACV no mundo e de seu histórico e como isso teria determinado os usos atuais e a

forma de condução da ACV.

A ferramenta ACV, suas simplificações, o “ pensar o ciclo de vida” e suas peculiaridades são

apresentados em seguida, finalizando com a identificação do potencial da ACV em ser usada de

forma associada a outras ferramentas de gestão, planejamento e regulação ambiental.

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����2�4XH�p�$QiOLVH�GH�&LFOR�GH�9LGD�

A Análise de Ciclo de Vida - ACV é uma estratégia (estrutura, abordagem e método) utilizada

para a avaliação do potencial impacto ambiental associado a um produto, processo ou atividade5

ao longo de todo o seu ciclo de vida.

Durante muitos anos a definição mais conhecida e utilizada para a ferramenta ACV foi aquela

proposta pela SETAC – Sociedade para Toxicologia e Química Ambiental que a define como um

processo para (FAVA HW�DO, 1991)

i. avaliar as cargas ambientais associadas a um produto, processo ou atividade, através

da identificação e quantificação de energia e materiais usados e resíduos liberados;

ii. avaliar o impacto da energia e materiais lançados no meio ambiente;

iii. identificar e avaliar as oportunidades que afetam o melhoramento ambiental durante

todo o ciclo-de-vida do produto, processo ou atividade, envolvendo a extração e o

processamento de matérias-primas brutas, manufatura, transporte, distribuição, uso,

reuso, manutenção, reciclagem e destinação final.

Com o crescimento da utilização da ACV e das discussões a este respeito, especialmente a partir

dos esforços para a padronização dos procedimentos envolvidos nestes estudos, tem ganhado

maior destaque a definição proposta pela ISO 14040 (ISO, 1997), que diz que a ACV é uma

técnica para avaliar os aspectos ambientais e os potenciais impactos ambientais associados a um

produto (ou serviço) pela

- Compilação de um inventário das entradas e saídas relevantes do sistema;

- Avaliação dos impactos ambientais potenciais associados com essas entradas e saídas

- Interpretação dos resultados das fases de análise de inventário e avaliação de impactos

em relação aos objetivos do estudo

5 Por mera simplificação na redação deste trabalho, sempre que se falar em produto, deve-se ter em mente que o mesmo pode ser dito para processos e para atividades, a não ser que se discuta explicitamente de forma diferente.

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A definição proposta pela SETAC foi feita no início da década de 90, enquanto que a ISO definiu

a ferramenta em 1997. Desta forma, ela já incorpora conclusões provenientes de discussões

posteriores. Por outro lado, a definição da SETAC contém informações não presentes na

definição da ISO. Alguns de seus principais diferenciais conceituais são:

• A SETAC se refere à avaliação de impactos ambientais, enquanto que a ISO fala

em impactos ambientais potenciais. A ACV determina os aspectos ambientais

associados às matérias-primas, energia e resíduos do produto, sem particularizar o

entorno ambiental da etapa em estudo. Neste sentido a definição ISO é mais

coerente, uma vez que, por não fazer considerações locais específicas a ACV

pode, no máximo, apontar impactos potenciais associados aos materiais e energia

consumidos.6

• Na definição ISO não se usa o aspecto “ avaliação de oportunidades para

melhoramento ambiental” como uma obrigatoriedade da ACV. Tal decisão facilita

e aumenta a viabilidade da execução da ferramenta, além de contornar as

dificuldades relacionadas à normatização de uma etapa como esta. Além disso, há

a compreensão de que o alcance de melhorias ambientais ao longo do ciclo de vida

é conseqüência da interpretação dos resultados do estudo.

• Na medida em que a ISO fala em “ entradas e saídas relevantes do sistema” ela já

induz à compreensão de que o estudo ACV precisa de cortes que o tragam a

proporções gerenciáveis e viáveis de estudo.

Ainda, segundo Curran (2002), a ACV promove uma estrutura para identificar e analisar cargas

ambientais associados com o ciclo de vida de materiais e serviços, numa abordagem “ do berço-

ao-túmulo” (ou “ do berço-ao-berço” , considerando a reciclagem de materiais).

A definição de Curran não atrela os objetivos positivos alcançáveis com a ACV apenas à

aplicação da ferramenta quantitativa, tal como expressam a SETAC e a ISO. Tais instituições

definem a ACV com termos como quantificar/inventariar energia e materiais, omitindo a

6 Uma discussão mais extensa a este respeito é feita no Capítulo 2.8.

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possibilidade de condução do estudo de forma qualitativa, utilizando-se do “ pensamento” no

ciclo de vida. Diversos autores (CURRAN, 2002; BERKHOUT, 1998; JENSEN HW� DO, 1997;

CLIFT DSXG JENSEN HW� DO, 1997; HINDLE DSXG JENSEN HW� DO, 1997) têm demonstrado o

alcance de importantes resultados com uma avaliação qualitativa7 do ciclo de vida.

A norma ISO 14040 (ISO, 1997, p. iii) aponta as seguintes situações onde a ACV pode ser útil:

i. “ Identificar oportunidades de melhorias de aspectos ambientais de produtos em vários

pontos de seu ciclo de vida;

ii. Orientar a tomada de decisões na indústria e em organizações governamentais e não-

governamentais (ex: planejamento estratégico, definição de prioridades, projeto ou

reprojeto de produtos e processos);

iii. Seleção de indicadores relevantes de desempenho ambiental, incluindo técnicas de

mensuração;

iv. 0DUNHWLQJ (ex: numa afirmação ambiental, projetos de ecorotulagem ou declarações

ambientais de produtos)”

Enquanto orientação para a tomada de decisões (item ii), a ACV é muito utilizada na comparação

de produtos diferentes com a mesma funcionalidade. Alguns pesquisadores (GARCIA, 2003;

JANSEN et al, 1997) vêem com muitas ressalvas tal aplicação, uma vez que comparações só

devem ser feitas levando-se em consideração todas as limitações, suposições e pontos de corte

realizados no estudo, além de não dever extrapolar o resultado encontrado a outros casos. Garcia

(2003) acredita até que este tipo de aplicação levou a situações de mau uso da ferramenta, (seja

pelo alcance de resultados equivocados ou questionáveis, seja pela manipulação destas condições

para a elaboração de um resultado tendencioso) arranhando a sua credibilidade e levando ao

descrédito de alguns pesquisadores. Mais importante que apontar produtos “ vencedores” e

“ perdedores” é a identificação de oportunidades de potenciais melhorias em cada ciclo de vida.

Uma finalidade importante do uso da ACV – que freqüentemente não é apontada – é o seu papel

educador àqueles que se envolvem com o estudo. Baumann DSXG Karlson (2002) entende que

7 Uma discussão maior a este respeito é feita no Capítulo 2.6

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este resultado prático da ACV tem sido observado em diversos estudos de caso, sobrepujando a

sua função como suporte à tomada de decisões, frente às subjetividades inerentes ao seu

processo. Tal atributo também foi observado por Garcia (2003).

Por sua concepção e foco de análise diferenciados, freqüentemente ela conduz a reflexões e

questionamentos inusitados. Heiskanem (2002), entende a adoção de ferramentas baseadas no

ciclo de vida como processos de translação, o que significa que usuários e ferramentas são

transformados neste processo.

O conhecimento das implicações ambientais de um produto na definição das matérias-primas que

o comporão, leva a busca de materiais renováveis, traz considerações com relação ao transporte

(distância entre extração da matéria-prima e seu beneficiamento, modal utilizado no transporte de

produtos perigosos, embalagens mais adequadas para sua estocagem, etc). Na produção e

distribuição busca-se a prevenção da poluição, através do uso de tecnologias limpas e da redução

de riscos nos processos.

No uso, passa-se a incorporar a preocupação com a redução do consumo energético e com a

geração de emissões e resíduos. Na disposição final, além dos aspectos já usuais, adicionam-se

preocupações com a reciclagem do material, a sua degradabilidade e suas características

intrínsecas, como sua combustibilidade, toxicidade, etc.

Se a ACV é conduzida na etapa de projeto8 de um produto, pode-se levar em consideração os

requisitos para todas as etapas, além de considerações típicas do final de vida do produto, como

facilidade para desmontagem, reaproveitamento ou reciclagem (no todo ou em partes), vida útil,

etc. Pode-se, por exemplo, chegar a conclusão que, sob diversos aspectos, é melhor mudar o

negócio “ produção e venda de artigos” para a “ prestação dos serviços” que aqueles artigos

executariam.

Ainda com relação ao uso da ACV, Kiperstok HW�DO (2003, p. 57) afirmam que

8 Uma ferramenta comumente utilizada para inserção de considerações de ciclo de vida no projeto do produto é o “ Projeto para o Meio Ambiente” ('HVLJQ�IRU�(QYLURQPHQW�±�'I(), brevemente discutido no capítulo 2.9

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a abordagem sistêmica utilizada na ACV evita a substituição de um problema por outro, o que pode acontecer quando a intervenção ocorre a partir da consideração de apenas uma etapa do ciclo de vida de um produto ou processo. A avaliação pontual pode levar ao deslocamento de um impacto ambiental de um determinado estágio do ciclo de vida para outro; de um local específico para outro; ou gerar outro tipo de problema em substituição ao que foi evitado.

����2�3URGXWR�FRPR�)RFR�

A percepção de que os problemas ambientais não se resumem às emissões, resíduos e efluentes

conseqüentes dos processos produtivos trouxe à discussão ambiental a incorporação de aspectos

relacionados a considerações sobre o impacto conseqüente do consumo de materiais e energia, ao

longo do ciclo de vida dos produtos. Ao se deslocar o foco de análise da discussão ambiental para

os produtos, a incorporação de considerações sobre o ciclo de vida destes tornou-se automática.

Heiskanem (2002) entende que ao ligar os produtos a uma variedade de inimagináveis – mas em

princípio, calculáveis – impactos ambientais, a abordagem de ciclo de vida fez dela mesmo um

“ ponto de passagem obrigatório” , sem o qual, não se poderia pensar em fazer afirmações sobre o

mérito ambiental de um produto.

Costuma-se afirmar que a ferramenta ACV pode estudar um produto, um processo ou uma

atividade. Entretanto, mesmo quando avalia processos e atividades ela o faz através da

quantificação de materiais e energia (que são produtos de outros processos) consumidos para a

realização desta atividade. Desta forma, mesmo quando avalia um serviço ela o faz a partir da

quantificação dos produtos utilizados para a execução deste serviço. Neste sentido, a ACV é

também uma medida de ecoeficiência.

Rubik (2002) apresenta um relatório produzido pelo IBEB (Barômetro Ambiental de Negócios

Internacionais) de 1997 onde se questionou os empreendimentos sobre quais etapas do ciclo de

vida de seus produtos são feitas considerações do ponto de vista ambiental.

Os resultados (ver Figura 2) mostraram que na maioria dos países consultados as maiores

considerações ambientais do produto são feitas dentro das etapas de produção. Rubik (2002)

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mostra que as empresas apontaram a fase uso como a menos importante para eles (do ponto de

vista ambiental).

Estes resultados parecem indicar que os empresários não costumam sentirem-se responsáveis

pelas conseqüências ambientais de seus produtos por todo o ciclo de vida (seja por

desconhecimento de suas implicações e/ou por inexistência de obrigação legal) e mostram que

apenas as etapas de processo que estão sob seu controle direto e indireto são consideradas

importantes.

Figura 1: Considerações Ambientais no Ciclo de Vida do Produto Fonte: BAUMAST DSXG RUBIK, 2002

Dentre os países estudados, apenas na França, Itália e Noruega a produção não foi o item

apontado pelos empresários como o mais importante. Destaca-se que o autor não aponta quais

eram os produtos das empresas entrevistadas (vida útil, periculosidade, etc), o que deve ter

implicações no resultado apresentado.

Com relação ao aspecto uso, 27% das empresas holandesas apontaram este etapa como

importante. Em verdade, quase todas as curvas apresentam seu máximo na Holanda, o que

significa que as empresas daquele país consideraram importantes quase todos os itens apontados.

Embora o estudo não faça conclusões sobre o tema, mas esta situação pode ter sido conseqüência

do tipo de produto das indústrias questionadas e/ou do Programa de Desenvolvimento de

Tecnologias Sustentáveis (DTS) dentro do Plano Holandês de Políticas Ambientais (discutido em

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Weaver (2000)) e da postura arrojada e grande desafio imposto por este país de trabalhar numa

perspectiva de aumento de Ecoeficiência num Fator 40, gerando uma tomada de consciência mais

ampla pelos empresários.

Na média dos resultados dos países avaliados, a disposição final passa a ser o segundo item em

importância, perdendo apenas para produção. Embora o estudo não faça considerações acerca

deste resultado, isto pode ser conseqüência de ações de regulação ambiental. Na última posição,

com 16%, está a fase uso.

����+LVWyULFR�

Para melhor compreender a Análise de Ciclo de Vida, mostra-se importante conhecer o seu

processo de desenvolvimento. Heiskanem (2002) entende que a evolução histórica das idéias

baseadas na ACV moldou os interesses, objetivos e intenções atuais de sua condução muito

profundamente. Inicialmente ela foi elaborada mais como ferramenta do que como abordagem e

hoje, em paralelo com a ferramenta, também se busca a sua promoção enquanto concepção9.

Por volta da década de 60, como conseqüência de um cenário sócio-econômico que se

transformava e passava a exigir naturalmente concepções mais arrojadas quanto à questão

ambiental, em várias partes do mundo se iniciaram estudos que hoje se identificam como

precursores da ACV.

Os primeiros estudos publicados com esta abordagem se constituíam em inventários referentes a

diversas etapas do ciclo de vida de produtos (embora ainda não fossem conhecidos como ACV).

O seu surgimento em meio a um cenário que culminou, em 1973, com a crise do petróleo, explica

porque os estudos enfatizavam os aspectos energéticos, desprezando-se os demais aspectos

ambientais associados ao produto em análise.

FAVA HW� DO (1993a) apontam como uma das primeiras publicações a este respeito, a

contabilização dos cálculos dos requisitos cumulativos de energia na produção de químicos

9 Uma discussão sobre as diferenças entre a “ ferramenta ACV” e o “ pensar o ciclo de vida” é apresentada no cap 2.6

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intermediários e finais, apresentado por Harold Smith na Conferência Mundial de Energia em

1963.

Em 1965, o MRI (0LGZHVW� 5HVHDUFK� ,QVWLWXWH) realizou um estudo para comparar os aspectos

ambientais associados às embalagens de bebidas da Coca-Cola. Este estudo (REPA - 5HVRXUFH�DQG� (QYLURQPHQWDO� 3URILOH� $QDO\VLV10), foi utilizado outras vezes, inclusive em estudos

patrocinados pela agência ambiental americana EPA e pela organização 5HVRXUFHV�IRU�WKH�)XWXUH

para outros setores produtivos. Neste mesmo período, na Europa, estudos similares utilizando

inventários eram desenvolvidos, mais tarde ficando conhecidos como (FREDODQFHV (MOURAD,

GARCIA e VILHENA, 2002). Assim, o REPA e o (FREDODQFH desenvolveram-se quase que

paralelamente e vieram a se constituir as bases do que hoje se conhece por ACV.

Alguns anos depois (1972), no Reino Unido, Ian Boustead calculou a energia total usada na

produção de vários tipos de embalagens de bebidas, incluindo vidro, plástico, aço e alumínio.

Nos anos seguintes, ele consolidou sua metodologia e, em 1979, publicou o +DQGERRN� IRU�,QGXVWULDO�(QHUJ\�$QDO\VLV (BOUSTEAD, 1999; JENSEN HW�DO, 1997).

Entre o final da década de 60 e o início da década de 70, FAVA HW�DO (1993a) contabilizaram

cerca de 12 estudos desenvolvidos nos Estados Unidos sobre o “ ciclo do combustível” , estimando

custos e implicações ambientais associadas com fontes alternativas de energia.

Após este período, alguns anos se passaram sem a ocorrência de grande evolução da ACV. A

crescente complexidade assumida pelos problemas ambientais levou à necessidade da volta da

utilização de estudos que levassem em consideração o ciclo de vida dos produtos. Jensen HW�DO (1997) afirmam que, possivelmente, o esforço de entender o mal da “ vaca louca” que assolou a

Europa foi um importante fator para o ressurgimento da ACV na década de 80.

10 Segundo Mourad, Garcia e Vilhena (2002), embora estes estudos focassem as características energéticas, os seus cálculos requeriam a construção de um fluxograma de processo com balanço de massa e de energia, passando a ser automática a inclusão de dados sobre consumo de matérias-primas e de combustíveis e o resíduo sólido gerado. Por isso, alguns analistas se referem ao estudo como “ análise de recursos” (UHVRXUFH� DQDO\VLV), “ análise de perfil ambiental” (HQYLURQPHQWDO�SURILOH�DQDO\VLV) ou ainda “ análise de energia” (HQHUJ\�DQDO\VLV).

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35

A sua retomada de crescimento, cerca de duas décadas depois do seu “ nascimento” foi

capitaneada pela SETAC, que promoveu diversos ZRUNVKRSV publicando uma série de livros

sobre o assunto. A metodologia desenvolvida enfatizava a utilização de balanços mássicos e

energéticos. Tal sistematização trouxe rigor científico e confiabilidade ao estudo, mas agregou

custos e demanda de tempo.

A grande demanda de tempo e dinheiro, associado à necessidade de tornar a ACV mais objetiva

na sua aplicação a casos específicos, conduziu naturalmente ao desenvolvimento de estudos que

otimizassem os procedimentos, através de cortes na sua extensão, profundidade ou largura, ou

através da realização de estudos puramente qualitativos.

Mourad, Garcia e Vilhena (2002) apontam que ainda na década de 80, com base nas antigas

“ Análises de Perfil Ambiental” , o Instituto Suíço EMPA (Laboratórios Federais Suíço para Teste

e Pesquisa), por solicitação do Ministério do Meio Ambiente (BUWAL) daquele país, realizou

um estudo sobre embalagens e o armazenou em um banco de dados, mostrando que este era um

passo fundamental na utilização e viabilização da ACV, criando a possibilidade de poupar os

esforços da repetição de estudos já realizados. Versões aprimoradas do estudo e do banco de

dados foram publicados pelo EMPA em 1991 e em 1998, que se tornaram fontes públicas. Hoje,

muitos dos VRIWZDUHV europeus têm como base o banco de dados originado do BUWAL.

No campo de aplicação das políticas públicas, em 1996, uma importante utilização da ACV se

deu na revisão do Quinto Programa de Ação Ambiental da UE (estabelecido em 1992),

estabelecendo que “ o desenvolvimento de uma estrutura para uma SROtWLFD� LQWHJUDGD� GH�SURGXWRV�RULHQWDGD�SHOR�FLFOR�GH�YLGD fosse priorizada dentro do programa até o ano de 2000” ,

formando as bases do IPP11 - Política Integrada de Produtos.

11 Ver item 2.4.1, a seguir

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������ 'HVWDTXHV�GRV�8VRV�GD�$&9�QR�0XQGR�

As ações a seguir citadas buscam ilustrar algumas das principais iniciativas de utilização da ACV

em políticas públicas em alguns países e em organizações internacionais, mas sem esgotar o

tema. Ao contrário, apenas ilustram o que vem sendo feito com o uso da ACV.

União Européia

Sem dúvida, a maior utilização da ACV no campo das políticas públicas em nível mundial se deu

na União Européia, através da IPP – Política Integrada de Produtos. Segundo Commission of the

European Communities (2000):

O IPP é uma abordagem que busca reduzir os impactos ambientais no ciclo de vida dos produtos desde a extração de matérias primas, produção, distribuição, uso e gestão de resíduos. A idéia motriz é que a integração dos impactos ambientais de cada estágio do ciclo de vida do produto é essencial e deve estar refletida nas decisões das diversas partes envolvidas e interessadas. �

A ACV permeia o IPP desde seu conceito, fundamentos e objetivos, estando o conceito ACV

intrinsecamente amarrado ao do IPP. O desafio do IPP é organizar uma estrutura política que

influencie os aspectos: tecnologia, condições de mercado e estrutura regulatória, estimulando a

eco-inovação de produtos (RUBIK, 2002).

�Organização Internacional para Normatizacão (ISO)

�A padronização dos procedimentos da ACV pela ISO se deu dentro da estrutura da ISO 14000 –

Sistema de Gestão Ambiental. Os documentos relacionados a ACV são:

�ISO 14040: ACV – Princípios Gerais e Estrutura

ISO 14041: ACV – Definição de Escopo e Análise de Inventário

ISO 14042: ACV – Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida

ISO 14043: ACV – Interpretação do Ciclo de Vida

ISO TR 14047: Exemplos de Aplicação da ISO 14042

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ISO TR 14048: Formato da Apresentação de Dados

ISO TR 14049: Exemplos de Aplicação da ISO 14041

Stano (2003), membro do CB-38, acrescenta que já é consenso entre os sub-comitês da ISO dos

diversos países que estas normas precisam de atualização, especialmente para torná-las mais

facilmente compreensíveis pelos seus usuários. Este autor acrescenta que a forma como estão

redigidos estes documentos não estimula ou facilita a adoção da ferramenta.

Furtado (2003) acredita, entretanto, que estas normas não serão certificáveis. Ele aposta que elas

serão muito mais utilizadas como suporte à norma ISO 14025, que trata da rotulagem ambiental

Tipo III, baseada na ACV. A rotulagem ambiental pode ser uma ferramenta de uso

governamental para controle indireto.

Há uma grande movimentação mundial para pôr em prática tal norma. Stano (2003), Garcia

(2003), Furtado (2003), Anderi (2003), Mendes (2003), Clift DSXG Jensen HW�DO (1997) acreditam

que, caso isso venha a ocorrer, poderá se configurar no maior estímulo a execução de ACV’ s, já

que ela pode ser requisito para comercialização de produtos internacionalmente e, com

freqüência, os ciclos de vida dos produtos extrapolam os limites de um país.

De uma forma geral, os países da União Européia pressionam bastante para a utilização desta

rotulagem, ao passo que países como o Brasil e os Estados Unidos têm se posicionado contra

isso. A razão, é que as empresas destes países ainda não estão devidamente preparadas para

utilizar a ACV de forma ampla e, como norma internacional, poderia se configurar em barreira

não tarifária aos seus produtos no mercado internacional.

A este respeito, foi criada a Rede Global de Declaração Ambiental de Produtos Tipo III

(GEDNet), com nove países-membro (Canadá, Dinamarca, Alemanha, Hong Kong, Itália, Japão,

Noruega, Coréia do Sul e Suécia). Seu objetivo é difundir experiências práticas entre os membros

e procurar por reconhecimento mútuo fora do processo ISO (EUROPEAN COMISSION, 2001).

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Segundo Andrade [2003?] e Stano (2003), as normas ISO oferecem uma importante contribuição

à ferramenta ACV, porque se configuram em:

9 Princípios para assegurar ética, transparência, verificabilidade e justificação de escolhas

subjetivas

9 Normatizam metodologias científicas e internacionalmente aceitas

9 O seu cumprimento exige relatos acurados

9 Envolve a participação das partes interessadas e afetadas pelo estudo

9 Busca a inibição de maus usos

9 Facilitam a comparação de estudos conduzidos por grupos diferentes

ISO 14020: Rótulos e Declarações Ambientais – Princípios Básicos

ISO 14021: Rótulos e Declarações Ambientais – Autodeclarações Ambientais – Tipo II

ISO 14024: Rótulos e Declarações Ambientais – Rótulo Ambiental Tipo I – Princípios e

Procedimentos

ISO 14025: Rótulos e Declarações Ambientais – Rótulo Tipo III

“ Rótulo Tipo I: conhecido como “ selo verde” , toma como base os resultados da estudos de ACV

setoriais, com o objetivo de reduzir os impactos ambientais da categoria do produto selecionada.

O “ selo verde” , que consiste num símbolo expresso no rótulo da embalagem, é concedido pelo

órgão de certificação, que no Brasil é a Associação Brasileira de Normas Técnicas- ABNT, que

usa os dados das ACV’ s para orientação na definição dos parâmetros de controle.”

“ Rótulo Tipo II: consiste em declarações de cunho ambiental que a empresa divulga no rótulo

das embalagens de seus produtos e que fazem referência ao desempenho ambiental do produto

como, por exemplo, “ reciclável” , “ consumo de energia reduzido” , “ reutilizável” , etc” (...)

“ Rótulo Tipo III: contém uma série de informações ambientais baseadas em resultados de ACVs

individualizadas, ou seja, específicas para o produto/serviço em questão. Devido a sua

complexidade, provavelmente tende a ter maior aplicação em relações comerciais (B2B –

EXVLQHVV�WR�EXVLQHVV) do que para divulgação para o público em geral” .

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UNEP

A UNEP/PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente procura, em cooperação

com a SETAC, ser um catalisador global de transferência de conhecimento em abordagens de

ciclo de vida, destacando a importância de se trabalhar as questões ambientais, sociais e

econômicas de forma conjunta (SOLGAARD, 2002; UNEP,2000).

Solgaard (2002) relata a iniciativa da UNEP em usar a abordagem de ciclo de vida e incentivar

ações que encorajem mudanças nos padrões correntes de produção e consumo e sublinhem a

necessidade e ferramentas para o “ pensar o ciclo de vida” . Além disso, trabalha de forma a

envolver também os países em desenvolvimento com a ACV.

Alguns Países em Destaque

�A Environment Canada, agência ambiental FDQDGHQVH, trabalha no desenvolvimento de políticas

e ferramentas que têm o produto como foco, buscando a melhoria do desempenho ambiental

através da responsabilização estendida do produtor, política integrada de produtos, avaliação de

ciclo de vida, projeto para o meio ambiente e aquisições verdes. A concepção de ciclo de vida é

básica em todo o programa, permeando-o em diversos momentos (YOUNG, 2003).

�Em 1996 foi estabelecido o fórum MDSRQrV de Análise de Ciclo de Vida (JLCA), composto por

associações industriais, empresas e pesquisadores. Para desenvolvimento da ACV no Japão,

julgou-se necessário atuar nas seguintes ações (JEMAI, 2002):

1. Estabelecimento de ferramentas de ACV para todo o Japão;

2. Construção de um banco de dados público japonês;

3. Estabelecimento de regras de aplicação da ACV;

4. Estabelecimento de sistemas de educação e popularização para o público e a indústria.

A estratégia para desenvolvimento da ACV na 6XpFLD se iniciou com uma parceria entre

universidades, empresas (prestadoras de serviços, consultoras, certificadoras ambientais e aquelas

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usuárias de ACV). Atacou-se primeiramente a capacitação de pessoas, formando multiplicadores,

sendo criado, tempos depois, um VRIWZDUH próprio (ABCV, 2002; JENSEN HW�DO, 1997).

A 6XtoD, já tendo um desenvolvimento relativamente robusto da ACV e de bancos de dados que

apóiam esta ferramenta, desenvolve um programa através da EMPA que visa disseminar a ACV à

países em desenvolvimento (entendendo que as necessidades destes podem não ser as mesmas

dos países desenvolvidos). Isto é feito dentro do programa da ISO para países em

desenvolvimento DEVPRO (FAWER,1999).

No %UDVLO, em 29 de novembro de 2002 foi criada a ABCV – Associação Brasileira de Análise de

Ciclo de Vida, associação que reúne os expoentes brasileiros neste tema e se propõe à

disseminação deste conceitual.

����$�)HUUDPHQWD�$&9��Os detalhes e etapas para condução de um estudo com uso da ferramenta ACV são extensa e

detalhadamente descritas pela ISO, pela SETAC12 e outras referências. O que aqui se pretende é

dar uma visão geral da ferramenta.

�Há um consenso entre os diversos organismos internacionais que têm conduzido este tipo de

estudo que a ACV pode seguir as quatro etapas a seguir:

�i. Objetivo e Escopo

ii. Inventário

iii. Avaliação do Impacto

iv. Interpretação de Resultados

12 A SETAC possui em sua linha editorial pelo menos seis livros bastante ilustrativos do uso da ferramenta ACV (ver em “ Referências” ) . A ISO possui um conjunto de normas ISO 14040 – 43 que definem, passo a passo, a condução da ACV.

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Este é o esquema trabalhado pela SETAC, padronizado pela ISO e utilizado pela maioria dos

praticantes da ACV e parece ser o mais conveniente e sensato, por levar em consideração a

interdependência de todas as etapas.

Figura 2: Estrutura Metodológica da ACV �Embora se proponha este modelo, a ISO prevê que o estudo possa não ser conduzido até a última

etapa. Garcia (2003) relata a opção de conduzir a ACV até o inventário e então, interpretar esses

resultados em função das especificidades do estudo.

������ 2EMHWLYR�H�(VFRSR�GR�(VWXGR�

Sem uma definição clara do objetivo e do escopo do estudo, a condução deste poderá ser

equivocada, com lacunas significativas e não necessariamente atendendo ao objetivo inicial e

dando a resposta necessária ao problema apresentado. É, pois, uma etapa de planejamento.

A definição do objetivo do estudo deve ser feita de forma clara e sem qualquer ambigüidade ou

possibilidade de segunda interpretação, além de ser consistente com o que se intenciona estudar.

Segundo a ISO 14040 (ISO, 1997), a definição do escopo de uma ACV deve considerar e

claramente descrever, pelo menos, os seguintes itens:

''HHIILLQQLLoommRR����22EEMMHHWWLLYYRR������������������HH��((VVFFRRSSRR��

$$QQiiOOLLVVHH��GGRR��,,QQYYHHQQWWiiUULLRR��

$$YYDDOOLLDDoommRR��GGHH��,,PPSSDDFFWWRR��

,,QQWWHHUUSSUUHHWWDDoommRR��

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a. As funções do produto ou dos sistemas de produção;

b. A unidade funcional;

c. O sistema de produção e seus limites;

d. Os procedimentos para alocação13 dos impactos

e. Os tipos de impacto e de metodologia para sua avaliação que serão utilizados;

f. Dados requeridos e seus requisitos de qualidade

g. Suposições

h. Limitações

i. Tipo de revisão crítica, se existir

�É importante ter-se em mente que o que se pretende fazer é conduzir um estudo com o objetivo

final focado na funcionalidade do produto. Mais importante do que o produto sob análise é a

função que ele cumpre, a razão de sua existência. O propósito primário da unidade funcional é

promover uma referência a qual se relacionem as entradas e saídas do sistema. Ela é também

necessária para assegurar a comparabilidade dos resultados da ACV, numa base comum.

Os limites do sistema de produção devem ser determinados pela aplicação intencionada para o

estudo, pelas suposições feitas, por critérios previamente estabelecidos de corte (justificados no

trabalho), por limitações de dados e custos, pelo público previsto, pela existência de técnicas com

valor científico e pela unidade funcional escolhida. As dimensões de um estudo ACV podem ser

mais facilmente compreendidas pelas figuras 3, 4 e 5, a seguir.

13 Alocação é a repartição dos fluxos de entrada e saída de uma unidade de processo para o sistema de produção em estudo (ISO, 1997). Como exemplo, ela se propõe a estimar que percentual dos impactos associados à produção de cloro pode ser associado à água potável (uma vez que nem todo cloro produzido é usado no tratamento de água).

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43

Figura 3: Dimensões de um Estudo ACV Fonte: CHEHEBE, 1998

Figura 4: Exemplo dos Limites Ocupados por um Estudo Extenso de ACV. Fonte: CHEHEBE, 1998

Figura 5: Exemplo dos Limites Ocupados por um Estudo Detalhado de ACV Fonte: CHEHEBE, 1998

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������ ,QYHQWiULR�

A análise de inventário é o estágio no qual os dados são coletados e onde são realizados os

cálculos visando quantificar as entradas e saídas relevantes do sistema como um todo.

Tipicamente, o inventário de dados inclui o consumo de matéria-prima, água e energia e a

emissão de resíduos sólidos, líquidos e gasosos (BOUSTEAD-CONSULTING, 2003).

O esquema gráfico apresentado na Figura 6 auxilia na condução do levantamento dos dados.

Figura 6: Procedimentos Simplificados para Análise de Inventário Fonte: ISO, 1998

Dados ou unidades de processo adicionais requeridos

Dados validados por unidade funcional

Dados validados

Dados validados por unidade de processo

Revisão de ficha de coleta de dados

Objetivo e Definição de Escopo

Preparação para a coleta de dados

Coleta de dados

Validação dos dados

Relacionar dados às unidades de processo

Relacionar dados à unidade funcional

Refinar os limites do sistema

Agregar dados

Alocação de fluxos e resíduos

Ficha de coleta de dados

Coleta de dados

Inventário calculado

Inventário completo

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Segundo Consoli HW�DO (1993) e Fava HW�DO�(1993), os principais objetivos do inventário são:

i. Estabelecer a base de informações dos requerimentos do sistema para futuras análises

ii. Identificar pontos dentro do ciclo de vida como um todo, ou dentro de um dado

processo, onde as melhores oportunidades de redução na demanda de recursos e na

geração de emissões podem ser alcançadas

iii. Comparar as entradas e saídas do sistema estudado com o de produtos alternativos

iv. Ajudar a guiar o desenvolvimento de novos produtos através da redução de demanda

de recursos e geração de emissões

v. Ajudar a identificar necessidades para análise de impacto no ciclo de vida

vi. Promover informações necessárias para conduzir a análise de melhorias

������ $YDOLDomR�GH�,PSDFWRV�$PELHQWDLV�

A definição de objetivo e escopo e, principalmente, a análise de inventário já indica os aspectos

ambientais, fazendo pontes entre aquelas etapas e esta. Entretanto, a avaliação de impactos é uma

etapa constituída de metodologias específicas e científicas para realização desta análise.

Segundo a ISO 14042 (ISO, 2000) o objetivo de uma AICV – Avaliação de Impacto do Ciclo de

Vida é examinar o sistema de produção sob uma perspectiva ambiental14 usando categorias de

impactos e indicadores de categorias conectados com os resultados do inventário. A fase AICV

também promove informações para a fase seguinte, de Interpretação do Ciclo de Vida.

Segundo a ISO 14042 (ISO, 2000) os itens que devem constituir a AICV são:

i. Seleção de categorias de impactos, indicadores de categorias e modelos de

caracterização;

ii. Relacionar os resultados do ICV à categoria de impactos;

iii. Cálculo de indicadores de categorias resultantes.

14 Deve-se destacar que a norma ISO considera que a ACV faz considerações dos aspectos saúde humana, meio ecológico e depleção de recursos naturais, mas esta norma não considera aspectos sociais e econômicos.

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Não existem categorias de impacto internacionalmente estabelecidas. Lindfors DSXG Karlson

(2002) sugere 15 categorias de impacto ambiental, relacionadas à saúde humana, depleção de

recursos naturais e ao meio ecológico. Kasai (1999) ilustra a AICV da seguinte forma:

“ A AICV é uma das etapas da ACV que traduz os resultados ICV que tem unidades físicas como kg, l, m3, em formas mais gerenciáveis. Os resultados traduzidos através dos cálculos do estágio AICV são expressos na forma de ‘indicadores de categoria’ . Por exemplo, x kg emissões de CO2 e y kg de CH4 que são resultados do ICV, são transformados numa unidade única [kg de CO2 equivalente], sendo então categorizados como ‘aquecimento global’ ou ‘mudança climática global’ ” .

������ ,QWHUSUHWDomR�GRV�5HVXOWDGRV�

A última componente da avaliação do ciclo de vida é interpretação dos resultados do estudo,

avaliando sistematicamente as oportunidades para redução dos impactos de um produto, processo

ou atividade no meio ambiente, alcançando conclusões, explicando as limitações e provendo

recomendações baseadas nas conclusões das fases precedentes.

As características-chave da Interpretação do Ciclo de Vida são (ISO, 2000):

i. o uso de um procedimento sistemático para identificar, qualificar, checar, avaliar e

apresentar resultados baseados nas conclusões de toda a ACV ou apenas do ICV,

atendendo aos requisitos definidos no objetivo e escopo do estudo;

ii. o uso de um procedimento iterativo, fazendo interpretações a partir das demais fases

da ACV

iii. a provisão de OLQNV entre a ACV e outras técnicas de gestão ambiental enfatizando os

pontos fortes e as limitações do estudo

����$V�'LIHUHQWHV�$ERUGDJHQV�GD�$&9�

Conduzir um estudo ACV seguindo-se rigorosamente todas as etapas, conforme prescrito nas

normas ISO e tão completo em largura, profundidade e extensão quanto possível, pode levar a um

estudo caro, extenso e pouco objetivo para a finalidade pretendida inicialmente. Tais

características podem tornar a execução do estudo inviável.

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Assim, mostra-se importante o estabelecimento de pontos de corte e simplificações que possam

trazer o estudo para proporções gerenciáveis. Em verdade, a etapa de definição de escopo já

prevê a realização de tais cortes, fazendo parte da rotina de definição do escopo do estudo. O

importante é que isso seja trabalhado de forma sistemática para que estes cortes se dêem de forma

sensata e justificada, especialmente quando eles são especialmente acentuados. USEPA DSXG

Todd e Curran (1999) exemplifica este tipo de simplificação:

9 Remoção parcial ou completa dos componentes à montante

9 Remoção parcial ou completa dos componentes à jusante

9 Remoção de componentes à jusante e à montante

9 Utilização de entradas específicas para representação dos impactos

9 Utilização de entradas específicas para composição do inventário (ex: água, energia)

9 Utilização de critérios de eliminação

9 Utilização de dados qualitativos ou menos precisos

9 Utilização de dados de processos substitutos

9 Limitação das matérias primas

A este respeito, um estudo conduzido por Verschoor e Reijnders (1999) em sete empresas que

utilizaram a ACV mostra que nenhuma delas utilizou a metodologia completa da ACV. Em

verdade, entre as sete foram utilizados cinco diferentes métodos de estudo. Em cinco situações, a

intenção do estudo foi alcançar melhor desempenho ambiental e nas outras duas, fomentar banco

de dados internacionais.

Verschoor e Reijnders (1999) destacam que no seu estudo, todas as empresas alcançaram

importantes resultados apenas com o ICV, não obtendo grandes acréscimos com as fases

subseqüentes, quando desenvolvidas. Este estudo pode indicar que a ACV, mais que um estudo

de impacto ambiental, é antes de qualquer coisa um instrumento para conhecimento do produto e

que as carências de desenvolvimento metodológico das etapas “ avaliação de impactos

ambientais” e “ implementação de melhorias no ciclo de vida” podem estar levando a uma

subutilização da ferramenta.

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Heiskanem (2002) aponta que alguns autores por ela citados (Berkhout e Schaltegger) chegam a

duvidar que os usos normais da ACV, conforme prescrito pelas normas ISO, chegarão a

tornarem-se rotinas práticas nas empresas. Ela acredita ser inconcebível, por exemplo, que uma

ACV completa possa ser conduzida para os dois milhões de produtos nos mercados do mundo,

sem falar nas dezenas de centenas de novos produtos que são lançados todos os dias. Além disso,

ela afirma não parecer ser viável que a informação complexa então produzida possa ser usada

pelos bilhões de tomadores de decisão no mundo.

Encontram-se na literatura diversas denominações específicas para as formas resumidas da ACV,

a depender da natureza das simplificações propostas e do autor que as utiliza. Alguns dos nomes

que têm sido propostos para as ACV’ s resumidas são o VWUHDPOLQHG /&$ (ACV otimizada),

3DUWLDO�/&$ (ACV parcial)��VFUHHQLQJ�/&$ (Revisão Geral da ACV)��/LIH�&\FOH�5HYLHZ (Revisão

do Ciclo de Vida)��6LPSOLILHG�/&$ (ACV Simplificada)��/LIH�&\FOH�7KLQNLQJ (“ Pensar” o Ciclo de

Vida)��/&$�FRQFHSW (Conceito ACV)��entre outros.

O grupo de trabalho 6FUHHQLQJ� DQG� 6WUHDPOLQLQJ� /&$ da SETAC Européia define a ACV

simplificada como (CHRISTIANSEN DSXG JENSEN HW�DO, 1997, p. 30):

$&9�6LPSOLILFDGD é uma aplicação da metodologia ACV para uma avaliação genérica, i.e. cobrindo todo o ciclo de vida, porém de uma forma apenas superficial, como por exemplo, usando dados genéricos (qualitativos e/ou quantitativos), módulos padrão para transporte ou produção de energia, seguido por uma avaliação simplificada, tocando os mais importantes aspectos ambientais e/ou estágios do ciclo de vida e/ou fases da ACV, podendo haver uma avaliação da confiabilidade dos resultados.

Os termos� 6FUHHQLQJ e 6WUHDPOLQHG são usados freqüentemente como sinônimos. Entretanto, o

6FUHHQLQJ, é uma etapa do 6WUHDPOLQH (simplificação) e consiste numa avaliação geral do ciclo de

vida (em geral ampla em cobertura e superficial em detalhes) com o objetivo de identificar os

pontos que poderão ser omitidos (JENSEN HW�DO,1997; TODD DSXG TODD E CURRAN, 1999).

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Um conceito extremamente importante é o /LIH�&\FOH�7KLQNLQJ15. Clift DSXG Jensen HW�DO (1997)

afirma que a Concepção de Ciclo de Vida tem sido amplamente – e de forma justa – adotada nas

indústrias e no governo, enquanto que a ferramenta tem tido uma aceitação mais limitada, embora

as decisões oriundas de uma ACV conceitual devam ser usadas com cautela, por carecerem de

respaldo cientifico. Heiskanem (2002) vê a ACV além da ferramenta instrumental (que entende

meramente como uma pequena parte da discussão e das práticas envolvidas com o “ pensar o ciclo

de vida” ), mas como uma emergente lógica institucional que influencia a forma que os problemas

ambientais e a responsabilidade sobre eles são concebidos.

Uma definição de /LIH� &\FOH� 7KLQNLQJ proposta pelo grupo de trabalho 6FUHHQLQJ� DQG�6WUHDPOLQLQJ�/&$ da SETAC Européia é (CHRISTIANSEN DSXG JENSEN HW�DO, 1997, p. 30):

/LIH�&\FOH� 7KLQNLQJ� é uma discussão predominantemente qualitativa para identificar estágios do ciclo de vida e/ou potenciais impactos ambientais mais importantes, por exemplo, para uso num projeto rápido ou uma discussão introdutória de medidas políticas. O maior benefício é que isso ajuda a focar a consideração no ciclo de vida completo do produto ou sistema; os dados são tipicamente qualitativos (afirmações) ou muito genéricos ou ainda dados quantitativos disponíveis de memória (não necessariamente retirados de uma banco de dados).

APEC16 (2002), Kiperstok HW� DO (2002), Kiperstok HW� DO (2003) apontam como fundamental o

desenvolvimento do “ pensar o ciclo de vida” , por entender as dificuldades inerentes ao

desenvolvimento e implementação, em larga escala, de instrumentos complexos como a ACV.

Hindle DSXG Jensen HW�DO�(1997) vê “ enorme progresso” e é otimista sobre o futuro e a aceitação

do /LIH� &\FOH� 7KLQNLQJ na gestão ambiental. Fawer (1999) e Solgaard (2002) entendem que

ferramentas simplificadas e treinamento são essenciais para promover o “ pensar o ciclo de vida”

para sistemas de gestão ambiental em países em desenvolvimento. Solgaard (2002) destaca ainda

que o “ Pensar o Ciclo de Vida” é um paradigma chave na questão ambiental, especialmente

quando se fala em mudança de padrão de produção e consumo.

15 Pelas similaridades entre os termos Life Cycle Thinking, “ Pensar” o Ciclo de Vida, ACV Qualitativa e ACV Conceitual, Concepção de Ciclo de Vida, neste trabalho eles serão considerados sinônimos, embora possa haver sutis diferenças entre cada um deles. 16 Cooperação Econômica Ásia-Pacífico

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Quadro 2: Abordagem ACV Segundo sua Aplicação � 1tYHO�GH�'HWDOKH�GD�$&9� �

$SOLFDomR� &RQFHLWXDO� 6LPSOLILFDGD� 'HWDOKDGD� &RPHQWiULRV�'HVLJQ�IRU�(QYLURQPHQW� [� [� � Não tem ligação formal

com a ACV Desenvolvimento de Produtos

[� [� [� Grande variação de sofisticação

Melhoramento de Produtos � [� � Freqüentemente baseado em produtos já existentes

Declarações Ambientais (Rótulo ISO tipo I)

[� � � Requer a ACV apenas para os critérios de desenvolvimento

Declarações Ambientais (Rótulo ISO tipo II)

[� � � Raramente baseada na ACV

Declarações Ambientais (Rótulo ISO tipo III)

� � [� Inventário e/ou avaliação de impacto

0DUNHWLQJ Organizacional � [� [� Inclusão da ACV nos relatórios ambientais

Planejamento Estratégico [� [� � Desenvolvimento gradual do conhecimento da ACV

Compras Verdes [� [� � ACV não tão detalhada como na ecorotulagem

Projetos de Depósito/Fundos econômicos

� [� � Freqüentemente é suficiente um reduzido número de parâmetros

Taxação Ambiental � [� � Freqüentemente é suficiente um reduzido número de parâmetros

Escolha entre embalagens [� � [� Inventário detalhado. Fonte: JENSEN HW�DO, 1997

����2V�%DQFRV�GH�'DGRV�GH�$&9�

O estudo do ciclo de vida de um produto, via de regra, exige o conhecimento das implicações

ambientais de outros produtos, para os quais também se deve conhecer o ciclo de vida.

Informações referentes a água, energia, produtos químicos básicos, madeira, aço, alumínio, papel

e outros se repetem com muita freqüência e a realização de um novo estudo a cada nova ACV

pode ser inviável e até injustificável. Assim, a disponibilização dos dados de estudos já realizados

é condição de suprema importância para ACV.

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Mundialmente, a disponibilização de dados de ACV se dá através do armazenamento destas

informações em bancos de dados públicos17. Em algumas situações, o banco de dados está

inserido num VRIWZDUH comercial que, além das informações, disponibiliza uma interface gráfica e

de cálculos, otimizando os procedimentos.

Para que estes dados possam ser apropriados por terceiros é necessário que eles sejam adequados

e compatíveis com o novo processo em estudo. A fonte energética, a tecnologia utilizada e os

procedimentos de produção são alguns dos elementos que diferenciam informações geradas em

regiões diferentes (especialmente em países diferentes) e precisam ser consideradas antes de

qualquer utilização.

Agências ambientais, órgãos públicos, universidades e indústrias são algumas das potenciais

fontes geradoras deste tipo de dado. Garcia (2003) entende que existem potencialmente muitas

fontes de dados disponíveis. O que resta a fazer é arruma-los com a cara que precisam ter – o que

não é uma tarefa simples. No ANEXO B segue uma lista com alguns dos mais conhecidos bancos

de dados disponíveis no mundo e com alguns dos VRIWZDUHV mais populares. Embora cada banco

de dados e cada VRIWZDUH tenha particularidades como o tipo de dado de que dispõem (dados

gerais, de um setor específico), o tipo de recursos que estão à disposição do usuário (recursos

tecnológicos para execução de cálculos e produção de gráficos) e informações relacionadas à

qualidade dos dados (idade do dado, método para sua determinação, etc.), não é objeto deste

trabalho discutir as particularidades de cada fonte citada.

Outra importante função cumprida pelos bancos de dados é a possibilidade de fornecer dados

agregados, médios ou setoriais. Isto confere maior segurança àqueles que fornecem o dado (de

forma individual) e fornece um dado final que em muitas situações é de maior qualidade (por

representar uma condição média e não uma particularidade).

17 Neste trabalho, considera-se “ público” aquilo que está ao acesso da população, como um oposto a “ secreto” . Ao usar o termo “ dado público” não se tem a intenção de dizer que, necessariamente, foi produzido por órgão público ou que a informação é gratuita. Dados produzidos por uma entidade privada e acessíveis ao público em geral mediante pagamento são aqui considerados igualmente “ públicos” .

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Mourad, Garcia e Vilhena (2002) afirmam que informações do setor papeleiro, automobilístico,

energético, de alumínio, de plásticos, etc. catalogadas e organizadas num banco de dados

públicos seriam de grande auxílio ao governo do país para um melhor gerenciamento de seus

recursos naturais .

Organizar um banco de dados tem requisitos importantes de serem cumpridos para que se garanta

a qualidade da informação, que vão muito além da simples catalogação de informações oriundas

do inventário. Há que se estabelecer as condições exigíveis de funcionamento do banco, a

qualidade necessária dos dados (atributos quali-quantitativos que exprimam esta qualidade), a

política de acesso a estes, entre outros.

����3HFXOLDULGDGHV�GD�$&9�

A análise da ACV aponta peculiaridades associadas a este conceito/ferramenta que podem ser

entendidos como obstáculos a serem superados, características particulares ou oportunidades a

serem exploradas, a depender de quem faça essa análise e do contexto em que ela está inserida.

Quanto aos itens apontados como dificuldades, ressalta-se que eles não devam ser entendidos

como impeditivos ao seu uso. Elas podem indicar:

i. que a ferramenta precisa de refinamento;

ii. que para tal situação a ACV não é a ferramenta mais adequada;

iii. que precisam ser complementadas por outras ferramentas; ou

iv. que precisam de uma estratégia adequada para sua aplicação.

Acima de tudo deve-se entender que a ACV não encaminha resposta para todos os problemas

ambientais.

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Conhecimento e capacitação técnica em ACV

Muitos autores apontam que um dos principais passos a serem dados na viabilização da ACV é

uma consistente capacitação a um grupo amplo e diversificado de usuários. Os usuários diretos da

ferramenta, os industriais da alta gerência, o governo, os consultores, a universidade, entre outros,

precisam conhecer de forma crítica a ACV.

Afirmações semelhantes são feitas por Garcia (2003), Stano (2003), Anderi (2003) e Allen HW�DO (1995), destacando que este deve ser o primeiro passo para qualquer país, estado, empresa ou

entidade que deseje executar uma ACV ou analisar estudos desta natureza.

Conhecer a ACV não se restringe ao domínio de sua definição. Para uma adequada utilização da

ferramenta ou interpretação de seus resultados, faz-se necessário o conhecimento dos seus

objetivos, limitações, potencialidades e condições adequadas de uso, para evitar enganos e maus

usos que podem levar a perda de credibilidade da ferramenta, ou a resultados equivocados ou

questionáveis.

Metodologia em Desenvolvimento

Um dos problemas relacionados ao uso da ferramenta ACV é que ela ainda se encontra em

desenvolvimento e a metodologia para todas as suas etapas ainda não está claramente definida.

As etapas que ainda carecem de maior consolidação metodológica e consenso no meio científico

são aquelas que aparentemente apresentariam maior potencial: a avaliação de impactos

ambientais e a implantação de melhorias. Os modelos usados para a análise de inventários ou

para avaliação dos impactos ambientais são limitados por suas suposições e podem não estar

disponíveis para todos os impactos ou aplicações (ISO, 1997).

O crescimento da ACV, a diversificação de sua aplicação (rotulagens, desenvolvimento de novos

produtos, políticas públicas, etc), a sua associação a outras ferramentas e, fundamentalmente, a

inserção de seu conceito nos meios acadêmico, produtivo e governamental também demandam

refinamentos no procedimento ACV.

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Subjetividade na tomada de decisões

A ACV usa intensivamente julgamentos subjetivos, suposições e estabelece cortes no estudo. Tal

atributo não é exclusivo da ACV, mas de muitos estudos ambientais. Entretanto, como a

intensificação de seu uso é recente, algumas vezes torna-se óbvio a falta de dados técnicos e

científicos, requerendo a realização de estimativas. Todas estas escolhas estão inerentemente

relacionadas a julgamentos de valores, podendo tornar o estudo frágil a questionamentos (ISO,

1997; ALLEN HW�DO, 1995; JENSEN HW�DO, 1997).

Com relação as assunções subjetivas que precisam ser feitas na execução da ferramenta ACV,

Heiskanem (2002, p. 428) pensa que:

A ACV é sempre apresentada (...) como baseada em princípios científicos naturais, como as leis da termodinâmica e da coleção de dados dos processos observados. Entretanto, se você analisar de perto esses procedimentos, como por exemplo, no processo de padronização ISO ou no ,QWHUQDWLRQDO�-RXUQDO�RI�/LIH�&\FOH�$VVVVVPHQW, você vê que não é óbvio o que realmente acontece na natureza como conseqüência de comprar ou produzir um produto. Ainda que você deixe de lado todo o debate sobre a avaliação de impactos e a valoração na ACV, ainda no inventário de ciclo de vida (o que normalmente é considerado como a etapa objetiva central da ACV) envolve problemas em definição de unidade funcional, alocação de cargas ambientais em processo multi-produtos ou usando dados médios ou dados de emissão e energia marginais.

Embora não represente a superação desta dificuldade, o esclarecimento explícito no estudo de

cada consideração, suposição e corte feito garante as condições de interpretação dos resultados,

esclarecendo se e quando estes podem ser extrapolados para outros casos. Garcia (2003) afirma

que é fundamental que cada passo dado na ACV seja devidamente justificado e esclarecido, para

que seus resultados não sejam futuramente utilizados de forma inadequada.

Além disso o envolvimento de diversas partes interessadas na condução do estudo leva a

diminuição da possibilidade de condução de um estudo tendencioso. A crescente sistematização

da informação conduz naturalmente à redução de suposições, tornando mais objetivo o processo

como um todo.

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Disponibilidade de Dados

Os estudos de ACV demandam grande quantidade de dados dos setores produtivos. Estes dados

permeiam toda uma cadeia produtiva, extrapolando os limites do empreendimento que conduz o

estudo. Assim, uma primeira dificuldade com que freqüentemente se defrontam aqueles que

desejam conduzir a ACV é o acesso a estes dados.

A dificuldade na disponibilidade dos dados existe porque, em muitos casos, os dados necessários

para a composição dos balanços de massa e energia do ciclo de vida de um produto são

considerados confidenciais. Por outro lado, com freqüência, não existe a informação no formato

necessário à condução do estudo, sendo necessário a sua inferência através de dados de literatura,

cálculos estequiométricos ou aproximações a partir de dados similares.

Esta é uma questão de solução controversa. Allen HW�DO (1995) ressaltam a necessidade de que

todas as partes interessadas no estudo precisam ser sensíveis a ACV e trabalhar conjuntamente

para encontrar uma solução viável para promover e dividir informações que servirão para o bem

comum. Eles ainda apontam como possibilidades a estruturação de um acordo de revelação e

publicação de dados de forma agregada, apresentando valores médios setoriais. Jensen HW� DO (1997), Garcia (2003) e Anderi (2003) reforçam esta idéia, lembrando que os dados sem

“ tratamento” não são úteis para a ACV. Ainda assim, Stano (2003) e Furtado (2003) entendem

que alguns dados são realmente sigilosos e não devem ser divulgados.

A publicidade de dados agregados deixa muitas empresas confortáveis na divulgação destes. Os

dados podem ser fornecidos por setor produtivo, por categoria de produto, sem a definição do

modelo ou da marca daquele produto, etc. Deve-se lembrar, entretanto, que esta não é uma

solução possível para qualquer produto. Muitos mercados têm poucos ou apenas um componente,

evidenciando a origem dos dados.

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Há que se destacar também, que o receio de fornecer os dados reside na pouca utilização da

ACV. A medida que se dissemina a sua utilização, apresentando resultados importantes para a

indústria, aumenta-se a confiança no uso da ferramenta e diminui-se o receio com relação a ela.

De forma resumida, pode-se elencar os problemas relacionados à disponibilidade dos dados,

como:

1. A não existência dos dados

2. A não existência dos dados no formato desejado (em relação à unidade funcional

desejada, por exemplo)

3. Os fabricantes não desejam disponibilizar os dados (confidencialidade)

As soluções podem ser muitas e diversas, mas se aponta, principalmente:

1. Envolvimento maior das diversas partes interessadas com a questão ambiental e com os

resultados do estudo (que poderiam vir a ter vantagens de mercado, por exemplo)

2. Os dados devem ser coletados individualmente, mas somente tornarem-se públicos os

dados setoriais, agregados

3. Envolvimento do governo, que pode demandar, de forma voluntária ou compulsória, a

execução dos estudos

4. Disseminação e popularização dos estudos ACV, para se perder o “ receio” no uso da

ferramenta e de seus resultados

Avaliação dos Efeitos Ambientais de Natureza Local/Global

Conforme já citado no Capítulo 2.2, a ACV consegue apontar com muita propriedade os aspectos

ambientais associados ao produto, mas algumas vezes é difícil fazer a devida associação entre os

aspectos e os impactos ambientais.

Os impactos de natureza global conseguem ser determinados com maior facilidade, uma vez que

eles, de uma forma geral, são independentes do local que são produzidos. Determinar os impactos

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em nível regional e local pode não ser tão simples. Em geral, os impactos à saúde humana e à

vegetação são dependentes das condições locais onde se dará o impacto. Tal dependência é

notadamente marcante quando se avalia as fases uso e destinação final, onde é especialmente

difícil determinar as condições de uso e as características ambientais do entorno.

A este respeito, APEC (2002) chama a atenção para as diferenças regionais que precisam ser

levadas em conta nos estudos ACV. Clima, solo, temperatura média do ar, amplitude de variação

de temperatura, proximidade do mar e presença de outros poluentes são fatores que podem

determinar diferenças expressivas interlocais. Tais efeitos são tratados por alguns autores como

“ avaliação de impactos geograficamente dependentes” . Este fator é levantado por Ekvall (2002) e

pela própria ISO 14040. Ekvall cita, como exemplo, a avaliação da acidificação e de efeitos

toxicológicos, como abordagens que necessitam de considerações geograficamente dependentes .

Além disso, por determinar impactos potenciais, algumas vezes faz-se necessário a análise de

risco do problema ocorrer. Um impacto ambiental potencial pode ser iminente ou, a depender de

condições específicas, ser improvável a sua ocorrência.

Avaliação dos Efeitos de um Poluente na Água e no Solo

Bastante próxima à dificuldade de avaliação dos impactos de natureza local, está a avaliação dos

impactos ambientais do lançamento de efluentes líquidos em corpos hídricos e no solo.

Em verdade, esta não é uma dificuldade da ACV apenas, mas de muitas outras ferramentas (como

a Análise de Risco, por exemplo). Algumas vezes é difícil, impreciso e cientificamente

questionável a modelagem dos efeitos ambientais de um poluente num corpo hídrico e no solo.

Além de requerer informações precisas do local afetado (recaindo na situação descrita no item

anterior) são necessárias muitas variáveis (físicas, geológicas, hidrológicas e biológicas) para

caracterizar um corpo hídrico, nem sempre alcançado num modelo matemático confiável capaz

de lidar com todos estes fatores para qualquer corpo hídrico ou solo.

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Matthews, Lave e MacLean (2002) chamam a atenção para este fator, especialmente quando se

trata dos efeitos na saúde humana. Eles lembram ainda que as pessoas não estão expostas à

poluição da água até que elas a bebam ou ingiram comida contaminada. Para tanto, seria

necessário inserir um traçador em cada efluente lançado na água e acompanhar seu

desenvolvimento, o que seria um processo único para cada lugar e método de descarga. Por

exemplo, injeção de água contaminada em poços profundos pode nunca chegar à exposição

humana.

De igual forma, um poluente lançado num corpo hídrico só se configurará efetivamente num

impacto à saúde humana se ele estiver biodisponível, se houver hospedeiros intermediários

adequados naquele KDELWDW, etc. APEC (2002) acrescenta ainda as diferentes limitações de

micronutrientes nestes corpos (N, P, K), diferentes extensões dos rios, comportamentos daquela

água ou solo em ecossistemas diferentes, etc.

Assim, modelar os efeitos na saúde da poluição da água e dos solos requer uma abordagem muito

mais complexa e desagregada do que para as emissões atmosféricas, por exemplo.

Não Avalia Efeitos Sinérgicos

Ainda relacionada à dificuldade de compreensão dos problemas ambientais a nível local a ACV,

assim como muitas outras ferramentas, ainda não consegue avaliar os efeitos sinérgicos de

diferentes emissões num mesmo ambiente, permitindo uma melhor avaliação ambiental. Mourad,

Garcia e Vilhena (2002) apontam esta como uma importante vertente a ser desenvolvida pelos

estudiosos da ACV.

Esta dificuldade reflete o atual estágio de desenvolvimento da ACV, embora as metodologias em

construção e novos estudos de caso trabalham na possibilidade de, paulatinamente, suplantar este

problema.

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Falta das Dimensões Espaciais e Temporais no Inventário

A ACV tem dificuldade para avaliar a questão temporal dos impactos ambientais, como por

exemplo, o efeito de poluentes persistentes no ambiente. Um pouco desta dificuldade está

relacionada a forma como os dados de ACV são organizados – em inventários.

Em geral, se dá pouca atenção na ACV na distribuição temporal dos impactos. Enquanto os

impactos podem ser gerados ao longo de muitos anos (ou levar muitos anos para ser detectado), a

representação temporal é crítica no inventário da ACV e na avaliação dos impactos. A maioria

dos estudos de ACV tende a não lidar com estas distribuições temporais e não descontar

apropriadamente os impactos referidos a determinado período (JENSEN HW�DO,1997).

De forma casada e bastante próxima dos aspectos temporais estão os espaciais. Poluentes que são

resistentes em longo prazo podem atingir áreas maiores - e isto precisa ser avaliado pelo estudo

ambiental (KIPERSTOK HW�DO, 2002).

Por um lado, a não especificidade na distribuição temporal não é uma característica totalmente

desfavorável. O desempenho de uma empresa não é estável, além de haver mudanças de

fornecedores, por exemplo. Assim, um dado médio e não específico a um fornecedor ou a uma

condição temporária pode melhor representar a carga ambiental do produto. Já o lançamento de

um poluente degradativo num corpo hídrico precisa estar associado à variável tempo.

Algumas vezes nos estudo de ACV, informações temporais são pré-requisitos, conforme

recomendam as normas ISO 14040 e 14041, mas aparentemente estes “ rótulos” têm sido mais

utilizados para qualificar a informação do que para ser efetivamente inserido e considerado no

estudo. Ou seja, ainda é necessário o aperfeiçoamento da metodologia de modo a incluir estas

informações e habilitem a serem utilizadas de forma sistematizada.

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A Ferramenta ACV faz Considerações Ambientais para Todo o Ciclo de Vida, mas Não Faz

Considerações Sociais e Econômicas

As normas ISO que descrevem a ACV postulam que esta ferramenta estuda os aspectos

ambientais no meio ecológico, na saúde humana e na depleção de recursos naturais (FAVA HW�DO 1991, 1993, 1994; CONSOLI HW�DO, 1993; ALLEN HW�DO, 1995; BARNTHOUSE HW�DO, 1997), não

considerando aspectos sociais e econômicos. Como qualquer modelo científico, a ACV é uma

simplificação de sistemas físicos e não promove uma completa e absoluta representação de todas

as interações. Ela nasceu e foi concebida inicialmente apenas para avaliar os aspectos ambientais.

Como ferramenta que se propõe a auxiliar processos decisórios na esfera privada e pública, a

ACV não deve estudar apenas informações sobre a dimensão ambiental da sustentabilidade,

deixando de lado os aspectos sociais e econômicos. Aos poucos surgem novas ferramentas que

buscam a incorporação destes aspectos, a exemplo do LCC – Custo do Ciclo de Vida e do TCA –

Avaliação do Custo Total para a esfera econômica (SOLGAARD, 2002). Há ainda o EIO-LCA

(ACV com Entradas e Saídas Econômicas), modelo construído pelo Departamento de Comércio e

Análises Econômicas dos EUA (MATTHEWS, LAVE e MacLEAN, 2002).

Fawer (1999) e Solgaard (2002) têm defendido a inclusão destas componentes nos diversos

estudos. UNEP DSXG�Solgaard (2002) e UNEP (2000) ressaltam esta necessidade, especialmente

para os países em desenvolvimento, que têm necessidades diferenciadas dos países desenvolvidos

e não precisam seguir, necessariamente, o mesmo modelo trabalhado por eles.

Há que se destacar que esta é uma dificuldade enfrentada pela ferramenta ACV. O “ pensar” o

ciclo de vida não está sujeito a estes moldes, não se deparando com este tipo de obstáculo.

O Resultado Final da Ferramenta ACV é um Indicador Simplificado

Fruto da forma como historicamente a ferramenta ACV foi construída – desde a década de 60

quando o objetivo do estudo REPA era apontar a melhor embalagem para a Coca-Cola – os

pesquisadores da ACV buscaram uma forma de normalizar os diversos impactos (associados às

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extrações de materiais, à energia, às emissões/lançamentos/disposições) num único indicador,

permitindo assim uma mais fácil comparação entre produtos diferentes e buscando facilitar a

análise de todos os dados manuseados num estudo ACV.

Embora facilite a comparação entre produtos com a mesma funcionalidade, o uso de indicadores

é visto com receio por alguns pesquisadores, como Garcia (2003) e Jansen HW� DO (1997). A

construção destes indicadores envolve considerações que comparam emissões de gases, a

captação de água, a extração de matéria-prima, o consumo de energia, o lançamento de efluentes

líquidos e disposição de resíduos sólidos sem considerações específicas sobre o ambiente que

sofreu esta alteração.

Os VRIWZDUHV comumente utilizados para a avaliação dos impactos costumam utilizar-se de um

sistema de pesos previamente estabelecido e atribuição de pontuação para cada impacto

levantado, normalizando estes números e gerando uma pontuação final para o produto em estudo.

A solução que tem sido usada pelos pesquisadores que não se sentem confortáveis com este

resultado – e que parece ser a solução mais sensata – é a condução da ACV até a etapa de

inventários ou, no máximo, até a avaliação de impactos ambientais, dispensando a fase de

normalização dos resultados. Alguns centros de pesquisa, por sua vez, trabalham com PLGSRLQWV, agrupando os impactos em algumas categorias, ao invés de reuni-los num único índice.

Estudo Caro e Extenso

Uma dificuldade apontada por muitos dos que descrevem ou que tentaram utilizar a ACV é que

este estudo tem alta demanda de tempo e recursos financeiros (STANO, 2003; GARCIA, 2003).

Pela quantidade de dados demandados pode-se chegar a custos proibitivos. Tal situação se altera,

entretanto, com a continuidade da realização de estudos e a utilização de bancos de dados,

reduzindo a necessidade de geração de novo dado e encurtando o tempo necessário ao estudo.

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Além disso, a realização de ACV’ s simplificadas reduz, em muito, os custos necessários, sendo

mais objetiva no alcance de resultados. No caso de uma ACV qualitativa, os custos demandados

tornam-se pouco significativos, além de não ser necessária a redução no escopo do estudo.

Relacionamento com as Partes Interessadas

O envolvimento e comprometimento dos diversos VWDNHKROGHUV�mostra-se como etapa importante,

já que ajuda a reduzir os problemas referentes ao receio de dispor os dados, aumenta a

credibilidade no estudo por reduzir a possibilidade de condução tendenciosa do estudo, além de

fazer permear o senso de responsabilidade por todos os envolvidos.

Identificar as partes interessadas e ganhar a sua participação pode não ser fácil em algumas

situações. Serão necessários tempo e cuidados, particularmente com itens mais sensíveis, para

avançar com estas parcerias. Se há, historicamente, uma relação conflituosa entre as partes

interessadas, os formuladores das políticas deverão trabalhar no sentido de construir pontes para

ganhar participação efetiva. Confiança e credibilidade devem ser estabelecidas através de todo o

processo, não apenas na definição dos objetivos, mas também para colher dados, completar a

análise e comunicar e implementar as decisões (ALLEN HW�DO, 1995).

A falta de envolvimento e de participação ativa das diversas partes interessadas é um problema

não só da ACV, mas de toda questão ambiental e, quiçá, social, econômica e política. A crescente

democratização da informação e abertura de discussões é uma questão cultural que, de forma

lenta porém progressiva, tem-se buscado solucionar.

�Confiabilidade dos Estudos

Todos os fatores anteriormente descritos levam à questionamentos sobre à confiabilidade dos

estudos da ACV. Uma pesquisa conduzida por Jensen HW�DO (1997) questionou os entrevistados

sobre quais seriam as melhores formas de construir e manter a confiança pública na ACV, os

quais mencionaram:

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9 O profissionalismo e treinamento daqueles que estão conduzindo os trabalhos

9 A aceitação de padronizações e metodologias

9 A análise de sensibilidade interna e a checagem dos dados

9 Revisão crítica dos trabalhos, incluindo questionamento público em seminários e

conferências

9 Relatório transparente dos processos e resultados

9 Diálogo com as partes interessadas

9 Verificação externa (por terceira parte)

����,QWHUIDFH�GD�$&9�FRP�2XWUDV�)HUUDPHQWDV�

Este capítulo não pretende esgotar o tema. Não é objeto deste trabalho a discussão exaustiva de

cada ferramenta, mas a apresentação de sua definição e informações mínimas necessárias à

compreensão de sua concepção, apontando-se a partir daí as possibilidades de interação com a

ACV, sendo esta pré-requisito ou complemento.

Diversos autores do mundo têm proposto a associação das mais diversas ferramentas à ACV, de

modo a se obter as vantagens desta interação. Apontam-se grandes oportunidades com a

associação da ACV com a Avaliação Ambiental Estratégica, Avaliação de Impactos Ambientais,

Análise de Risco, Ecologia Industrial, Tecnologias Limpas, Gestão do Ciclo de Vida, Gestão da

Qualidade Total, Avaliação de Fluxo de Massa, Responsabilidade Estendida e muitos outros.

Aqui se buscou descrever brevemente aquelas ferramentas que se acredita que possam vir a ter

maior destaque no cenário baiano e brasileiro. Acredita-se que a ampliação do escopo de análise

trazida pela ACV poderá viabilizar a introdução de outras ferramentas na gestão ambiental das

empresas e do Estado, além de melhorar o uso de algumas ferramentas já existentes.

São grandes as possibilidades de sinergia entre as ferramentas, mas deve-se ter em mente que

nenhuma ferramenta será tão prática a ponto de substituir a análise humana (MATTHEWS,

LAVE E MacLEAN, 2002).

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64

������ $YDOLDomR�$PELHQWDO�(VWUDWpJLFD�

Com a intensificação de uso dos Estudos de Impacto Ambiental - EIA, as suas limitações

começaram a se mostrar, como a evidência de que muitas decisões importantes já haviam sido

tomadas num momento anterior, na definição das políticas públicas ou de planos governamentais.

Kiperstok HW� DO (2002) pensam de forma similar, acrescentando que algumas destas “ decisões

importantes” seriam os aspectos locacionais, tecnológicos e de investimentos definidos quando

da formulação da política, do plano e do programa onde o projeto em questão se insere.

Segundo Agra Filho (2001):

A Avaliação Ambiental Estratégica – AAE é um termo usado para descrever o processo de avaliação dos impactos ambientais de ações estratégicas (planos, projetos e programas). São consideradas ações estratégicas aquelas que ocorrem em todos os níveis decisórios governamentais que precedem a fase de projetos específicos. Nesses termos, a adoção da seguinte definição tem sido recomendada por expressar as perspectivas da AAE de compatibilizar a noção de procedimento sistemático, proativo e participativo com a natureza contínua e estratégica dos processos decisórios e ainda com a visão integrada das vertentes fundamentais em processo de sustentabilidade:

A AAE é um processo sistemático e contínuo de avaliação da qualidade e das conseqüências ambientais de visões, e intenções alternativas, de desenvolvimento incorporadas em iniciativas de política, planos e programas, assegurando a integração efetiva de considerações biofísicas, econômicas, sociais e políticas, o mais cedo possível nos processos públicos de tomada de decisão.�

Assim como a AAE, a ACV não se presta a considerações locais específicas. Segundo Agra Filho

(2001), “ a AAE pretende enfatizar mais os aspectos conceituais ou intencionais de uma

determinada ação e menos uma definição geográfica ou tecnológica específica e, por isso, tem

um papel subjacente primordial de se refletir na mudança de atitudes e de práticas de decisão, o

qual se torna mais relevante que a de avaliar as conseqüências de uma ação” .

Conforme afirma Solgaard (2002) o Pensar o Ciclo de Vida é um paradigma chave na questão

ambiental e, como tal, a sua associação a avaliação ambiental de planos, projetos e políticas pode

contribuir de forma importante para internalização da questão ambiental de forma mais

apropriada à atuação governamental.

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Tukker (2002), que fez um estudo avaliando as potencialidades de associação entre os EIA’ s18 e a

ACV, cita como exemplo a análise da melhor combinação entre produção, reuso e tratamento

final num plano de gerenciamento de resíduos. Estas alternativas têm um impacto que podem se

perdurar numa cadeia completa de produção. Por exemplo, promover o reuso de resíduos de

produção diminui o uso de matéria-prima (assim poupa os efeitos devido à extração de matéria-

prima), mas pode consumir mais energia. Estes tipos de efeitos secundários só podem ser

medidos se uma abordagem similar a da ACV for incorporada a avaliação de políticas.

������ 'HVLJQ�IRU�(QYLURQPHQW�

O Projeto para o Meio Ambiente ou 'HVLJQ�IRU�(QYLURQPHQW é uma iniciativa para incorporação

da dimensão ambiental (especificações, características, considerações) na concepção do projeto

de um produto ou processo, assegurando a minimização dos impactos ambientais que ele provoca

(consumo de recursos naturais, de energia, geração de emissões e resíduos, etc) ao longo de todo

o seu ciclo de vida (fabricação, utilização, desmobilização) e que pode viabilizar a reutilização ou

reciclagem do produto ou de partes do mesmo após o fim de sua vida útil (STANO, 2002?;

ARAUJO, 2002; PENEDA e FRAZAO DSXG KIPERSTOK HW� DO, 2003; MASSACHUSETTS

UNIVERSITY, 1994).

Ainda que seu uso não exija a aplicação da ferramenta ACV, a avaliação qualitativa do ciclo de

vida sempre será necessária. Jensen HW�DO (1997) afirmam que não há um vínculo formal entre a

ACV e o DfE. Certamente, eles estão restringindo o termo “ ACV” à ferramenta ACV, não

levando em consideração a sua aplicação qualitativa.

18 Este autor considera EIA também os estudos que avaliam políticas e programas, que aqui é chamado de AAE.

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Quadro 3: Aspectos Importantes no 'HVLJQ�IRU�(QYLURQPHQW * 6HOHomR�GH�PDWHULDLV�

• Minimização de conteúdo químico tóxico • Incorporação de materiais reciclados e recicláveis • Uso de materiais mais duráveis • Redução do uso de materiais

* ,PSDFWR�QD�SURGXomR • Redução de água no processo • Redução do consumo de energia • Redução do uso de produtos químicos tóxicos

* 8VR�GR�SURGXWR • Eficiência energética • Redução da produção de emissões e resíduos • Minimização de embalagens

* 3URMHWR�SDUD�UHFLFODJHP�H�UHXVR • Incorporação de materiais recicláveis • Assegurar fácil desmontagem • Reduzir a diversidade de materiais • Separação do Rótulo • Simplificação de produtos (por exemplo, em número de partes) • Padronização de tipos de materiais

* ([WHQVmR�GD�YLGD�~WLO�GRV�SURGXWRV�H�FRPSRQHQWHV • Projetar para remanufaturar • Projetar para atualizações • Tornar as partes acessíveis para facilitar a manutenção • Incorporar partes recondicionadas

* 3URMHWDU�SDUD�R�ILQDO�GD�YLGD • Disposição segura

Fonte: WICE DSXG�JENSEN HW�DO, 1997; STANO, [2002?] adaptado pelo autor

Um dos valores agregados por esta ferramenta é a possibilidade de apontar em quais momentos

as mudanças são mais úteis e trazem maiores vantagens. O uso de uma ACV de conseqüência19

pode avaliar se as mudanças feitas realmente apresentam ganhos ambientais no ciclo de vida.

Peneda e Frazão DSXG Kiperstok HW� DO (2003) ressaltam que, com o DfE, a variável ambiental

assume o mesmo nível de importância das tradicionalmente ponderadas como funcionalidade,

custo e viabilidade técnica.

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Segundo Stano [2002?] o 'HVLJQ� IRU� (QYLURQPHQW – DfE é a incorporação ao projeto de um

produto de especificações e características que assegurem a minimização dos impactos

ambientais que ele provoca (consumo de recursos naturais, de energia, geração de emissões e

resíduos, etc) ao longo de todo o seu FLFOR�GH�YLGD (fabricação, utilização, desmobilização) e que

viabilizem a reutilização ou reciclagem do produto ou de partes do mesmo após o ILP�GH� VXD�YLGD�~WLO. Tal definição relaciona de forma inequívoca as duas ferramentas, ficando difícil definir

o DfE sem falar na avaliação de ciclo de vida

������ 3URGXomR�/LPSD��3URGXomR�0DLV�/LPSD�

A Produção Mais Limpa é definida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(PNUMA/UNEP) como a aplicação contínua de uma estratégia integrada preventiva ambiental

para a redução de riscos em processos e produtos para seres humanos e meio ambiente.

A ACV não é uma demanda formal do programa da UNEP, mas esta instituição tem promovido e

procurado facilitar a integração entre essas ferramentas. A disseminação dos resultados dos

programas de produção mais limpa pode ser uma fonte de informações para a ACV. O uso desta,

por sua vez, permite a identificação de oportunidades de produção limpa ao longo do ciclo de

vida do produto. Ekvall (2002) trata a ACV como uma ferramenta de produção limpa.

19 Ekvall (2002) diferencia a ACV de atribuição a ACV de conseqüência. A primeira objetiva descrever as propriedades ambientais de um ciclo de vida e seus subsistemas. Uma ACV de conseqüência objetiva descrever os efeitos de mudanças dentro do ciclo de vida.

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Figura 7: Evolução das Práticas Ambientais Fonte: MARINHO E KIPERSTOK, 2001

A ACV pode atuar positivamente nos diversos níveis propostos, mas por ter o foco no produto,

em geral alcança resultados já a partir do nível definido na Figura 7 como “ modificação do

produto” e na Figura 8 como “ modificação no produto” e “ modificação nos insumos” . A

metodologia para produção limpa tem conseguido maiores resultados em tecnologias, boas

práticas operacionais e reuso. A este respeito, Bradley e Kiperstok (2002) afirmam que as

medidas de produção limpa têm seus focos voltados para dentro da fábrica enquanto que a ACV,

a ecologia industrial e o DfE se ocupam das relações interfabris.

Disposição de resíduos

Tratamento

Melhoria na operação

Modificação do processo

Modificação do produto

Consumo sustentável

Reciclagem

Ecologia industrial

0HGLGDV�ILP�GH�WXER�

3UHYHQomR�GD�SROXLomR�3URGXomR�OLPSD�

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69

��������� ���� ��������������������� �������� �����

ORDEM DE APLICAÇÃO PRIMEIRO NO FIM

DESEJÁVEL DO PONTO DE VISTA AMBIENTAL ALTAMENTE POUCO

������������ ��!"�������

��������#������������������$ �������

������� ���%�&'��#�� ��������������(���������

�����������'���)��!��������

#'����������*�� ������������

Substituição do produto Conservação do produto Alterações na composição do produto

����&����������������+���������

Retorno ao processo original Substituto da matéria prima para outro processo

�������� �����������

Processamento para recuperação de material Processamento como sub-produto

#'��������,����� ������#����

Purificação de materiais Substituição de materiais

#'���������������������������&��

Mudanças no processo Mudanças no equipamento, na tubulação ou layout Maior automação Mudanças nas condições operacionais

-����� ���.���� ������ ��������� ������ �

Procedimentos apropriados Prevenção de perdas Práticas gerenciais Segregação de correntes de resíduos Melhorias no manuseio dos materiais Programação da produção

���� "����������������������������������������$ �������

-�����������/������$ ������

�������� ���������������������&�� 0���1#��������� ��

� ����� ������������

��� �� ������ ������!�� ����

Figura 8: Organograma das ações para prevenção e controle da poluição FONTE – LaGREGA HW�DO, 1994, modificado por KIPERSTOK HW�DO, 2003

A ordenação das medidas propostas na Figura 8 indica que quanto à esquerda, mais eficientes

tendem a ser as técnicas descritas para a redução da poluição. Os dois quadros pontilhados

diferenciam as medidas preventivas daquelas denominadas de fim-de-tubo.

������ (FRORJLD�H�0HWDEROLVPR�,QGXVWULDO2�3 ��$QiOLVH�GH�)OX[R�GH�0DVVD��0)$��

Marinho e Kiperstok (2001) conceituam a Ecologia Industrial como

A Ecologia Industrial visa, assim como a Prevenção da Poluição ou a Produção Mais Limpa, prevenir a poluição, reduzindo a demanda por matérias-primas, água e energia e a devolução de resíduos à natureza. Porém, enfatiza a sua obtenção através de sistemas integrados de processos ou indústrias, de forma que os resíduos ou subprodutos de um processo possam servir de matéria-prima para outro.

20 Embora este capítulo trate de ferramentas, a Ecologia Industrial e o Metabolismo Industrial, são, em verdade, abordagens.

3UHYHQomR

)LP�GH�7XER

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A concepção da Ecologia Industrial e da Análise de Fluxo de Massa vê a indústria, a humanidade

e a natureza como um sistema de armazenamento temporário de fluxos de materiais e energia

(FROSCH, 1997).

Frosch (1997) entende que se os materiais fossem vistos como elementos químicos combinados

associados pela energia incorporada nas ligações químicas, os produtos seriam apenas instâncias

no fluxo de materiais e energia. Assim, desde a extração até a disposição final é uma seqüência

de reagrupamentos de elementos e energia. Ainda nesta linha, os resíduos são apenas outra forma

de arrumação destes elementos e desta energia.

O objetivo dos estudos de metabolismo industrial é ampliar o conhecimento e compreensão dos

usos sociais dos recursos naturais e seu total impacto no meio ambiente. A idéia básica é analisar

o fluxo completo dos materiais e identificar e avaliar todas as possíveis fontes de emissões e

outros efeitos relacionados a esses fluxos (ANDERBERG, 1998). De forma diferente da ACV, a

MFA, em geral, não foca os produtos individualmente, mas setores industriais, países ou regiões

e áreas com demandas, tais como construção civil (OEKO, 2004).

Para a maioria dos materiais, o seu fluxo através da sociedade consiste de cinco etapas principais:

extração de matéria prima, refino, fabricação de produtos, uso e disposição final (ANDERBERG,

1998), que é uma consideração de ciclo de vida.

Anderberg (1998) identifica abordagens similares entre o metabolismo industrial, as tecnologias

limpas e a Análise de Ciclo de Vida. A ACV, a minimização de resíduos, reciclagem e auditoria

ambiental foram passos iniciais tomados pelas industriais alemãs que facilitaram sobremaneira a

implementação do metabolismo industrial.

Ao analisar os ciclos de vida presentes dentro de uma área geográfica delimitada, buscando

otimizações ao interligar etapas destes ciclos, o metabolismo industrial suplementa a ACV

tradicional, que em geral peca por não fazer considerações geográficas (ANDERBERG, 1998).

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������ $YDOLDomR�7HFQROyJLFD�

A avaliação tecnológica pode ser definida como a avaliação dos impactos da introdução de uma

nova tecnologia. Não foi identificada uma metodologia internacionalmente definida para a

realização de avaliação tecnológica. Assim, é interessante que se busque a sua consolidação

assentada nos princípios da prevenção da poluição, como as tecnologias limpas, DfE, ACV,

ecologia industrial.

Por seu potencial de avaliação de ecoeficiência, a ACV pode ser convenientemente conduzida

para estudo da tecnologia utilizada, podendo avaliar além das emissões, resíduos e efluentes

gerados, também a eficiência na utilização de recursos naturais.

Via de regra, uma avaliação tecnológica leva em consideração aspectos ambientais, sociais e

econômicos, enquanto que a ACV está apenas timidamente se iniciando na consideração de

aspectos além dos essencialmente ambientais.

������ (VWXGR�GH�,PSDFWR�$PELHQWDO���(,$�

O EIA é um instrumento de política ambiental que se constitui num conjunto de procedimentos

técnicos e administrativos visando avaliar os impactos ambientais decorrentes da implementação

de uma atividade, estudando-os previamente, comparando alternativas locacionais e tecnológicas,

permitindo o acesso do público aos resultados e possibilitando a participação pública no processo

de decisão (MARINHO e LACERDA NETA, 2002).

Os EIA’ s no Brasil ocorrem, via de regra, dentro do processo de licenciamento ambiental. A

Resolução CONAMA 001/86 estabelece que os EIA’ s devem atender os princípios estabelecidos

na Política Nacional de Meio Ambiente, tendo os seguintes objetivos:

I – Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto, confrontando-as

com a hipótese de não execução do projeto;

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II – Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de

implantação e operação das atividades;

III – Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos,

denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica

na qual se localiza;

IV – Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de

influência do projeto, e sua compatibilidade.

Em geral, a abordagem utilizada para o atendimento destes itens é focada no empreendimento

apenas e não traz considerações além das etapas produtivas. Ela abarca uma área definida como

área de abrangência direta e indireta do empreendimento. Por outro lado, mesmo com este foco

reduzido, são avaliadas além das questões ambientais, as sociais e as econômicas.

As avaliações tecnológicas e locacionais podem ser substancialmente apoiadas se elas são feitas

também com considerações do ciclo de vida do produto ou apoiadas pelo uso de ferramentas que

se utilizem deste tipo de consideração, como a ACV e a MFA.

A previsão dos impactos é feita para as fases implantação e operação da atividade, mas não há

um procedimento sistematizado para avaliação dos impactos relacionados ao produto,

especialmente nas suas fases uso e disposição final. Mais uma vez tal situação está relacionada ao

foco de análise utilizado pela ferramenta: o EIA no empreendimento, a ACV no produto.

O foco no empreendimento, por sua vez, permite uma análise mais apropriada dos impactos de

natureza local, sendo o EIA mais adequado que a ACV para considerações desta natureza. Por

essa mesma razão, o EIA pode conseguir avaliar impactos na água/solo e fazer considerações

espaciais e temporais de emissões, complementando alguns pontos frágeis da ACV.

As emissões de cada atividade e os efeitos de sua localização têm efeitos que influenciam a

demanda de atividades a montante e a jusante da cadeia produtiva. Além disso, cada processo

industrial precisa da entrada de matérias-primas ou outros produtos a serem processados. As

intervenções relacionadas a estas entradas e saídas geralmente acontecem em locações totalmente

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diferentes, formando a conhecida “ Ecological Rucksack” 21 do processo central. Assim, o EIA

requer uma abordagem sistêmica como as considerações de ciclo de vida que levem em conta os

efeitos secundários relevantes. (TUKKER, 2000) .

As Figuras 9 e 10 ilustram a diferença de abordagem entre EIA e ACV.

Figura 9: Uma Avaliação Ambiental Típica num Projeto EIA Fonte: TUKKER, 2000

������

21 O termo “ mochila ambiental” foi cunhado pelo :XSSHUWDO� ,QVWLWXWH para indicar todos os impactos ambientais associados aos processos secundários que “ servem” o processo de produção central. (TUKKER, 2000)

/LPLWHV�GR�6LVWHPD�Emissões como:

&29�����62 2 �12 4 ���'%2�����

$YDOLDomR�GH�,PSDFWR��Avaliação dos efeitos locais via abordagens como:

Contribuição à concentrações locais já existentes; risco de formação de smog Via abordagens similares: cálculo do risco de efeitos locais à saúde relacionados à SO2 e NOx Concentrações em águas servidas, risco de ultrapassar os padrões de lançamento ...

Materiais Auxiliares

Matérias Primas

3URGXomR��XPD�SODQWD��

Uso

Gestão de Resíduos

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������������

Figura 10: Uma Avaliação Ambiental Típica de uma ACV Fonte: TUKKER, 2000

������ $QiOLVH�H�*HUHQFLDPHQWR�GH�5LVFRV�

A Análise de Risco - AR investiga os riscos potenciais para a saúde humana ou meio ambiente

envolvidos no transporte e manipulação de produtos perigosos. O Gerenciamento de Riscos - GR

busca soluções que tragam o risco de ocorrência daquele problema a um nível aceitável.

Conforme ressalta Matthews, Lave e MacLean (2002), a AR e a ACV estão intimamente

interligadas. Uma importante contribuição que a ACV pode trazer à AR e ao GR é melhorar a

análise dos riscos ambientais, diminuindo a possibilidade de que uma medida adotada em um

ponto da etapa de produção esteja apenas transferindo o risco para outro ponto da cadeia

produtiva ou do ciclo de vida do produto

Por sua vez, a ACV costuma ter dificuldade em fazer a correspondência entre as emissões para o

meio ambiente descritas no inventário e os impactos potenciais na saúde e no meio ambiente.

Sem a avaliação do risco de ocorrência do dano, pode-se chegar a conclusões simplistas, como

/LPLWHV�GR�6LVWHPD� Emissões como:

����&2 2&+ 5 �+&)& 6&29�62 2 �12 4 �'%2�����

$YDOLDomR�GH�,PSDFWR��Pontuação em aspectos ambientais como:

Aquecimento global Depleção da camada de ozônio Formação de smog fotoquímico Acidificação Eutrofização ...

Materiais Auxiliares

Matérias Primas

Produção

Uso

Gestão de Resíduos

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que a emissão de qualquer produto químico em qualquer meio é igualmente tóxica. Sem o

subsídio da AR, a ACV pode ter dificuldade para a avaliação de WUDGHRIIV (geração de um

problema em substituição de outros) (MATTHEWS, LAVE e MacLEAN, 2002).

Como a AR busca apontar riscos ao homem e à natureza, as soluções identificadas poderiam

tender a “ fim-de-tubo” , como o uso de EPIs ao invés de buscar a eliminação de risco na fonte. Ou

seja, a primeira pergunta a ser feita na AR não deve ser: “ como trazer o risco a um nível de

probabilidade de ocorrência aceitável?” , mas “ como surgiu este risco? Ele pode ser evitado?” . A

ACV pode ser um elemento de indução de uso de tecnologias limpas na AR e no GR.

Um ponto em comum nos estudos de ACV e AR é o uso de bancos de dados. Embora os bancos

utilizados para tais ferramentas tenham focos diferentes, eles podem ser úteis na complementação

de informações requeridas nestes estudos.

É difícil se considerar que serão conduzidos, paralelamente, ACVs e a AR para um mesmo

interessado. A solução mais sensata parece ser a aplicação da análise de risco sobre um estudo de

ACV já existente ou a incorporação do OLIH�F\FOH�WKLQNLQJ dentro dos métodos da análise de risco.

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76

�� $78$d­2�'2�*29(512�1$�48(67­2�$0%,(17$/�

����,QWURGXomR�

O capítulo a seguir apresentado contextualiza como a história tem determinado a forma de

atuação do governo na questão ambiental, seja na Bahia, no Brasil ou no Mundo. Em seguida,

analisa-se a atuação do governo brasileiro e baiano através da regulação. Na esfera federal,

analisa-se a Lei 6938/581 e as Resoluções CONAMA nº 01/86 e 237/97 como representativas e,

no Estado da Bahia, a Lei 7799/01 e seu Regulamento, aprovado pelo Decreto 7967/01, a luz da

Análise de Ciclo de Vida.

A análise realizada identifica o potencial do governo induzir a práticas de Produção Limpa e a

utilizar a regulação (apropriadamente concebida) para melhorar a gestão ambiental na indústria,

podendo resultar em soluções inovativas, destacando a possibilidade do uso da ACV pelo

governo e ilustrando o seu uso através do gerenciamento do fim de vida de produtos. Lembra

ainda que a disponibilidade de informação é pré-requisito para tais mudanças.

����$omR�GR�*RYHUQR�QD�4XHVWmR�$PELHQWDO�

O envolvimento do governo com o meio ambiente se iniciou de forma pontual e fragmentada. Na

Inglaterra do século XIV, Ghirardi (1999) relata a existência de leis isoladas de cunho ambiental,

como a de uso de madeira como combustível ou de preservação das florestas. Mesmo no Brasil

do século XX, verificavam-se legislações isoladas como o Código das Águas e o Código

Florestal, carecendo de um corpo integrado de leis ambientais.

Àquela época, o impacto ambiental das atividades antrópicas e as interações e sinergias destes

diversos efeitos eram pouco conhecidos, ao passo que a toxicologia já era uma ciência bem

consolidada. Porter e Linde (1995) entendem que, por essa razão, essa ciência teve influência

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importante nos primeiros estudos ambientais, centralizando a pesquisa e a ação governamental

para os limites de concentração de poluentes toleráveis pelo organismo humano. Além disso, ela

atendia e dava resposta aos principais reclamos da população, que eram os aspectos de saúde

humana e dos animais conseqüentes do lançamento de poluentes em corpos receptores22.

Este tipo de regulação teve um impacto social importante em muitos países. Porter e Linde

(1995) afirmam que foram criados milhares de empregos na Alemanha em função da “ indústria

de tratamento” . Foi praticamente um novo setor produtivo que se abriu, empregando engenheiros,

projetistas, consultores e trabalhadores na linha de produção.

No Brasil, a ação governamental com relação ao meio ambiente se deu em resposta aos

acontecimentos mundiais e a consolidação e integração das ações só ocorreram a partir do

crescimento da industrialização (destacadamente, a partir da década de 70), que trouxe a intensa

utilização de produtos químicos, com reflexos negativos importantes para os recursos naturais e

para a saúde pública.

O crescimento da industrialização e a ocorrência da I Conferência Mundial das Nações Unidas

sobre o Meio Ambiente (1972) foram fatores decisivos para um maior envolvimento do governo

brasileiro e baiano com o meio ambiente. Nesta década foram criados a SEMA - Secretaria

Especial de Meio Ambiente (no nível federal) e, na Bahia, o CEPED – Centro de Pesquisas e

Desenvolvimento, a SEPLANTEC23 – Secretaria de Planejamento Ciência e Tecnologia e o

CEPRAM – Conselho Estadual de Meio Ambiente, à época, Conselho Estadual de Proteção

Ambiental.

Andrade, Kiperstok e Marinho (2001) entendem que a década de 80 pode ser entendida como o

período da institucionalização e regulação da questão ambiental. Na Bahia, em 1980 é aprovada a

22 Kiperstok (2003) entende que a visão da sociedade tende a concentrar-se na eliminação dos impactos mais visíveis e que trazem riscos mais imediatos. Na medida em que a sociedade prioritariamente exige o que vê e sente, as medidas reguladoras tendem a atacar estes sintomas e a legislação acompanha esta visão. Como os problemas são mais visíveis na interface empreendimento – corpo receptor, a regulação também tende a ocupar-se de soluções neste mesmo espaço. 23 O CEPED e a SEPLANTEC não foram concebidos para a realização de regulação ambiental, mas, para apoiar a instalação de indústrias na Bahia. Anos depois é que passaram a assumir este papel [SOUZA, 200?].

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sua primeira Lei Ambiental (Lei 3858/80), instituindo o SEARA24 – Sistema Estadual de

Administração dos Recursos Ambientais. Um ano depois, na esfera federal, é criada a Política

Nacional de Meio Ambiente (Lei 6938/81). Em 1983, na Bahia, é criado o CRA – Centro de

Recursos Ambientais, como órgão coordenador e executor do SEARA. No campo normativo

destaca-se ainda, a criação da Resolução CONAMA 001/86, sobre a Avaliação de Impacto

Ambiental, a inserção de capítulos sobre Meio Ambiente na Constituição Federal em 88 e na

Constituição do Estado da Bahia em 89, além do crescente envolvimento de outros parceiros na

questão ambiental, como o BNDES, o Ministério Público e Organizações Não-Governamentais

(ANDRADE, KIPERSTOK E MARINHO, 2001; CAMPRA HW�DO, 2002; SOUZA, 200?)

A PNMA permanece vigente até hoje, embora tenha sofrido complementações por seu Decreto

regulamentador e por outros documentos legais. A Lei Baiana 3858/80, por sua vez, frente à

mudanças no cenário econômico, ao crescimento e diversificação da produção no Estado, ao

maior conhecimento da questão ambiental e à necessidade de harmonizar um conjunto Leis,

Decretos, Leis Complementares, Normas Técnicas, Portarias e Resoluções suprindo lacunas,

conflitos e inconsistências foi substituída por uma nova Lei Ambiental (Lei 7799/01) e

regulamentada através do Decreto 7967/01. Esta Lei, ainda em vigor, poderá ser substituída ainda

no ano de 2004, por uma nova Lei, já em elaboração (VIEIRA HW�DO, 2000; SOUZA, 200?).

Na esfera federal, destaca-se o surgimento de novos documentos legais na década de 90, a

exemplo da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9605/98), relativa à responsabilidade ambiental e a

Política Nacional de Recursos Hídricos, que introduziu a cobrança pelo uso dos recursos naturais

(ANDRADE, KIPERSTOK E MARINHO, 2001).

Analisando o corpo legal ambiental brasileiro, Milaré (2001, p. 97) destaca que:

não obstante essa imensa gama de diplomas versando sobre itens ambientais, podemos afirmar, sem medo de errar, que somente a partir da década de 1980 é que a legislação sobre a matéria passou a desenvolver-se com maior consistência e celeridade. É que o conjunto das leis até então não se preocupava em proteger o meio ambiente de forma específica e global, dele cuidando de maneira diluída, e mesmo casual, e na exata medida de atender a sua exploração pelo homem.

24 A esta época, o Estado não possuía uma Política Ambiental legalmente instituída. Em verdade, o Regulamento da Lei 3858/80 previa no seu Art 10 a formulação da Política Ambiental do Estado como uma competência, a ser executada pelo CEPRAM. A Política Ambiental veio a ser instituída em 2001, através da Lei 7799.

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E ainda (MILARÉ, 2001; p. 100)

...estruturada em retalhos, a legislação ambiental brasileira tem vastíssimas clareiras normativas, verdadeiros “ buracos negros ambientais” , onde inexistem normas de regramento das condutas dos envolvidos.

������ 5HJXODomR�$PELHQWDO�QR�%UDVLO�

O corpo legal ambiental brasileiro dispõe de um vasto número de Leis, Decretos, Resoluções, etc.

A avaliação realizada não teve a pretensão de estudar profundamente os mecanismos de

regulação ambiental no Brasil, mas analisar alguns dos principais documentos legais relativos ao

meio ambiente. Assim, procedeu-se a uma avaliação da Lei Federal 6938/81, que dispõe sobre a

PNMA - Política Nacional de Meio Ambiente e constitui o SISNAMA – Sistema Nacional do

Meio Ambiente, da Resolução CONAMA 001/86 que dá critérios básicos e diretrizes gerais para

a Avaliação de Impacto Ambiental e da Resolução CONAMA 237/97 que dispõe sobre o

licenciamento ambiental.

A análise destes três documentos, por sua vez, foi direcionada, unicamente, para identificação de

elementos facilitadores ou não à implantação de uma proposta de inserção da Análise de Ciclo de

Vida em ações do órgão ambiental do Estado da Bahia.

O uso, pelo governo, de estratégias de indução ao uso de ferramentas de gestão ambiental na

indústria tem pressupostos que precisam ser cumpridos pelo poder público, com vistas à

viabilização desta proposta. Um elemento de destaque, sob este aspecto, é a capacidade do poder

público questionar, julgar e discutir de forma crítica os processos tecnológicos.

Assim, a existência de elementos legais que induzam a prática de avaliação tecnológica é, de

forma indireta, uma condição favorável à implantação da proposta deste trabalho. De forma

similar, a existência de princípios relacionados à prevenção da poluição também se configuram

propícios.

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Entendem-se como condições favoráveis a existência de elementos que tratem da abordagem de

ciclo de vida e abertura ao uso de novos conceitos e ferramentas, que estimulem ao

desenvolvimento de estudos e pesquisas, que postulem a importância da divulgação da

informação ambiental, que oportunizem a interação e ação conjunta do poder público com os

setores produtivos, que estimule e induza o poder público proceder a avaliação crítica dos

modelos tecnológicos, que tratem do uso racional e eficiente dos recursos naturais, que utilizem

princípios da Prevenção da poluição, entre outros.

Lei Federal 6938/81

$UW���� A Política Nacional de Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: (...) VI – LQFHQWLYRV�DR�HVWXGR�H�j�SURWHomR�GRV�UHFXUVRV�DPELHQWDLV (grifo do autor)

$UW���: A Política Nacional de Meio Ambiente visará: I – compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; (...) IV ±�DR�GHVHQYROYLPHQWR�GH�SHVTXLVDV�H�GH� WHFQRORJLDV�QDFLRQDLV�RULHQWDGDV�SDUD�R�XVR�UDFLRQDO�GH�UHFXUVRV�DPELHQWDLV� V – difusão de tecnologias de manejo de meio ambiente, à GLYXOJDomR� GH� GDGRV� H�LQIRUPDo}HV� DPELHQWDLV� H� j� IRUPDomR� GH� XPD� FRQVFLrQFLD� S~EOLFD� VREUH� D�QHFHVVLGDGH�GH�SUHVHUYDomR�GD�TXDOLGDGH�DPELHQWDO�H�GR�HTXLOtEULR�HFROyJLFR. (grifos do autor) $UW���� São instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente: (...) XI – D�JDUDQWLD�GD�SUHVWDomR�GH�LQIRUPDo}HV�UHODWLYDV�DR�0HLR�$PELHQWH��REULJDQGR�VH�R�3RGHU�3~EOLFR�D�SURGX]L�ODV��TXDQGR�LQH[LVWHQWHV�(grifo do autor) $UW���º: O Poder Executivo incentivará as atividades voltadas ao meio ambiente, visando: I – R� GHVHQYROYLPHQWR�� QR� 3DtV�� GH� SHVTXLVDV� H� SURFHVVRV� WHFQROyJLFRV� GHVWLQDGRV� D�UHGX]LU�D�GHJUDGDomR�GD�TXDOLGDGH�DPELHQWDO; (...) III – a outras iniciativas que propiciem a UDFLRQDOL]DomR�GR�XVR�GH�UHFXUVRV�DPELHQWDLV. Parágrafo Único: Os órgãos, entidades e programas do Poder Público, destinados ao incentivo das pesquisas científicas e tecnológicas, considerarão, entre as suas metas

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prioritárias, o DSRLR�DRV�SURMHWRV�TXH�YLVHP�D�DGTXLULU�H�GHVHQYROYHU�FRQKHFLPHQWRV�EiVLFRV�H�DSOLFiYHLV�QD�iUHD�DPELHQWDO�H�HFROyJLFD. (grifos do autor)

A análise destes fragmentos da PNMA identifica os seguintes aspectos favoráveis:

- incentivo a estudos e desenvolvimento de pesquisas e tecnologia (art 2, 4, 9 e 13)

- uso racional dos recursos naturais (art 4, 13)

- divulgação de dados e informação ambiental (art 4, 9)

Por “ incentivo a estudos” , pode-se inferir a abertura para conhecimento e uso de novas

informações, tendo o governo não apenas a função de incentivar e desenvolver pesquisas como

também , a obrigação de produzir informações ambientais relevantes, quando inexistentes.

Conforme discutido no capítulo 2.3, a ACV é uma ferramenta com o potencial de avaliar a

ecoeficiência no uso de materiais, adequando-se ao postulado nos itens destacados. Já a

disponibilidade da informação ambiental (em formato adequado) é uma questão crucial para

viabilização da ACV, conforme discutido em 2.8.

Resolução CONAMA nº 237/97

$UW���� Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições25: I – Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. II – Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. III – Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco

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A definição usada para Licenciamento permite a interpretação de que a licença é, tão somente,

uma autorização para a qual o órgão concorda ou não concorda. Ainda que isso não seja

necessariamente verdadeiro, ela não explicita o papel a ser cumprido pelo órgão ambiental de

avaliador crítico da proposta apresentada.

Não se pretende afirmar com isso que, na prática, o licenciamento não se preste ao julgamento

crítico da proposta, nem tampouco que nenhum licenciamento faça avaliação do mérito do

descritivo apresentado. O que se afirma aqui é que a definição não induz a esta prática.

A definição de licença avança um pouco mais, na medida em que diz que este ato traz as

condições, restrições e medidas de controle ambiental, mostrando que a análise reguladora

interage com o empreendimento, impondo regras às condições propostas.

Ainda assim, entende-se que a proposição de uma definição que explicite o papel (crucial) do

governo de, junto com o empreendedor, ter a possibilidade de melhorar a proposta do

empreendimento, seja elemento positivo para melhorar a ação regulatória.

Quanto a definição de estudo ambiental, identifica-se o fato de ela estar atrelada,

necessariamente, ao processo de licenciamento e relacionados à localização, instalação,

ampliação e operação. Assim, um estudo eventualmente conduzido com foco no produto, não

seria, por esta definição, um estudo ambiental, no âmbito desta resolução.

A análise geral da Resolução CONAMA 237/97 mostra ainda que não há elementos, em toda ela,

que induzam à prática de avaliação tecnológica, aqui entendida como importante requisito à

inserção da Análise de Ciclo de Vida nas ações do CRA.

25 As considerações feitas sobre as definições são igualmente válidas para a análise da Regulação Ambiental do Estado da Bahia, já que sua Lei adota as mesmas definições de “ licenciamento” e “ licença” e uma definição bastante similar para “ estudo ambiental”

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Resolução CONAMA nº 001/86

Art 5º- O estudo de impacto ambiental, além de atender à legislação, em especial os princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional de Meio Ambiente, obedecerá as seguintes diretrizes gerais: I – Contemplar todas as DOWHUQDWLYDV� WHFQROyJLFDV� H� GH� ORFDOL]DomR� GH� SURMHWR, confrontando-as com a hipótese de não-execução do projeto; II – Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da atividade; III – Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza; (...) Art 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas: (...) III – Definição das PHGLGDV� PLWLJDGRUDV� GRV� LPSDFWRV� QHJDWLYRV, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas.

Tal Resolução destaca, de forma importante, o papel do instrumento Estudo de Impacto

Ambiental em fazer escolhas tecnológicas e de localização do projeto. Destaca-se entretanto, que

a falta de elementos que detalhem e explorem melhor esta questão em artigos subseqüentes pode

levar à comparação entre alternativas tecnológicas e de localização previamente definidas (junto

a hipótese de não execução), mas sem a participação do órgão ambiental na construção destas

alternativas26.

A análise desta diretriz de forma associada ao art 6º Inciso III, corrobora a afirmação anterior.

Parte-se do pressuposto que cada alternativa proposta tem impactos positivos e negativos

associados e a escolha definirá a aceitação por um “ grupo de impactos” aos quais resta definir

medidas mitigadoras. Não há a indicação explícita de que o poder público junto com o

empreendedor possa intervir neste processo, propondo ajustes à proposta e tornando o estudo

mais dinâmico e interativo.

26 Lembra-se aqui Fink e Macedo (2002) que dizem que o licenciamento não é uma proibição ao direito constitucional da liberdade empresarial. O que se destaca é a importância de que o Poder Público possa, caso considere oportuno, apresentar uma nova alternativa tecnológica ou propor uma adaptação de uma alternativa apresentada.

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A segunda diretriz apontada, por sua vez, especifica as fases implantação e operação para

identificação e avaliação sistemática dos impactos ambientais. Não são avaliados,

necessariamente, os efeitos sistêmicos demandados e conseqüentes por/destas fases. A avaliação

isolada destes segmentos do ciclo de vida do empreendimento podem levar a decisões que

acabem por “ transferir” os impactos do segmento avaliado para outro.

Tal consideração poderia ser feita com o uso da ACV, o que implicaria no redesenho e provável

ampliação dos limites da área geográfica afetada pelos impactos, tal como indicado no item III.

Ao estabelecer, no Art 6º Inciso III, a “ definição das medidas mitigadoras dos impactos

negativos” parece partir do pressuposto que os impactos negativos existirão e a única medida

cabível é a sua mitigação. Não há a indicação de procedimentos que, sistematicamente, busquem

a não ocorrência destes impactos.

De forma sintética, pode-se afirmar que a análise feita não concluiu por considerar nenhum destes

três documentos impeditivos à uma possível implantação de tal proposta. Naturalmente, eles não

foram concebidos com tal previsão, mas também não foram identificadas restrições que

inviabilizem a consecução da proposta e sim, a ausência de elementos que incentivariam o uso de

uma concepção de análise de ciclo de vida.

������ 5HJXODomR�$PELHQWDO�GR�(VWDGR�GD�%DKLD�

A Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais foi instituída pela Lei Estadual

7799 de 02/02/01 e Regulamentada pelo Decreto 7967 de 05/06/01. Esta Lei e seu Regulamento

definem as principais diretrizes da atuação do governo do Estado da Bahia na esfera regulatória

ambiental e, por esta razão, estes foram os documentos legais analisados� com vistas a

identificação de elementos facilitadores ou dificultadores à implantação de uma proposta e

inserção da Análise de Ciclo de Vida em ações do órgão ambiental do Estado da Bahia.

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Destaca-se, mais uma vez, que não se pretende apresentar uma análise exaustiva do tema, mas,

identificar elementos favoráveis ou não à inserção de considerações de ciclo de vida nas ações do

órgão ambiental baiano.

Política Ambiental do Estado da Bahia

O Estado da Bahia possui uma das primeiras legislações ambientais brasileiras, promulgada no

ano de 1980 (Lei 3858/80). Esta Lei vigorou até 07 de Fevereiro de 2001, quando foi instituída a

Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais pela Lei Estadual 7.799/01, vindo a

ser regulamentada através do Decreto 7967/01 de 05/06/01.

Alguns dos destaques desta legislação, quanto à possibilidade de inserção de considerações de

ciclo de vida nas atividades do CRA são:

i. Na Lei 3858/80 que instituiu o SEARA, não estavam previstos os seguintes

componentes para este sistema: os órgãos executores, os locais e os colaboradores,

que foram introduzidos pela Lei 7799/01. Tal Lei se destaca pela melhor definição de

papéis de cada órgão do SEARA.

Desta forma, potencializa-se a inter-relação e interlocução do CRA com os demais órgãos do

SEARA (SEMARH, o CEPRAM, Prefeituras, OSCIP’ s e demais órgãos executores estaduais),

além de explicitar a co-responsabilidade dos diversos órgãos quanto à proteção e a gestão do

meio ambiente e possibilitar melhor diálogo, troca de experiência, transferência de conhecimento

e estabelecimento de parcerias entre estes atores.

Por este aspecto, o CRA tem uma posição favorecida quanto ao seu potencial de disseminação de

considerações no ciclo de vida no pensar a questão ambiental, dentro de uma estratégia a ser

desenvolvida em consonância com os interesses do órgão e do Estado.

ii. Alguns dos princípios da Política Ambiental Estadual são:

I - o Poder Público e a coletividade têm o dever de defender o meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida, a ser necessariamente assegurado e

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protegido, mediante o planejamento, administração, medidas de precaução, prevenção, controle e XVR�UDFLRQDO�GRV�UHFXUVRV�DPELHQWDLV; II - a qualidade ambiental deve ser assegurada para uso das gerações presentes e futuras, devendo ser observadas e adotadas medidas no sentido de garantir seu aproveitamento e uso continuado, PHGLDQWH�D�DGRomR�GH�SUiWLFDV�TXH�DXPHQWHP�D�HILFLrQFLD�GR�XVR�GD�iJXD��GR�VROR��GD�IDXQD�H�GD�IORUD�H�GH�RXWURV�UHFXUVRV�QDWXUDLV; VI - RV�XVXiULRV�GRV�UHFXUVRV�QDWXUDLV�GHYHUmR�RWLPL]DU�R�XVR�GDV�PDWpULDV�SULPDV�H�IRQWHV� GH� HQHUJLD�� DGRWDQGR�PHFDQLVPRV�GH� UHGXomR�� UHXWLOL]DomR� H� UHFLFODJHP�GRV�PDWHULDLV�GH�PRGR�D�HYLWDU�R�GHVSHUGtFLR�GHVWHV�UHFXUVRV��FDEHQGR�DR�3RGHU�3~EOLFR�LPSOHPHQWDU�PHFDQLVPRV�GH�LQFHQWLYR�j�DGRomR�GHVVDV�SUiWLFDV; (grifos do autor)

“ Uso racional” , “ eficiência no uso de recursos naturais” , “ otimização do uso de recursos” são

mecanismos possíveis de serem geridos pelo uso de diversos procedimentos/instrumentos,

inclusive pela Análise de Ciclo de Vida. A ACV, por ter seu foco na mensuração de materiais e

energia consumidos e liberados, se configura num instrumento de medição de ecoeficiência,

possibilitando inclusive a comparação entre o desempenho ambiental de sistemas diferentes com

mesma funcionalidade27.

iii. Entre as diretrizes para a proteção e melhoria da qualidade ambiental do Estado, estão:

I - R�LQFHQWLYR�DR�GHVHQYROYLPHQWR�GH�SHVTXLVDV��WHFQRORJLDV�H�Do}HV�RULHQWDGDV�SDUD�R�XVR� VXVWHQWiYHO�GRV�UHFXUVRV�DPELHQWDLV��GD�PLQLPL]DomR�� UHFLFODJHP�H�UHXWLOL]DomR�GH�UHVtGXRV�H�PDWHULDLV, bem como à implantação de instalações que a elas se dedicam; V - a incorporação da dimensão ambiental nas políticas, planos, programas, projetos e atos da administração pública; (grifos do autor)

Este item se relaciona ao anterior, com o acréscimo de que, além do uso racional de recursos ser

um princípio da Lei, o incentivo ao desenvolvimento de pesquisas e ações orientadas para este

fim é também uma diretriz.

Na Subseção I, Seção X, que trata dos resíduos sólidos, os princípios da minimização da geração

de resíduos são claramente expressos nos art 130 e 133. Consideração semelhante está presente

na Subseção III, que trata dos Resíduos Industriais (art 148).

Art. 130 - Para atendimento aos princípios e objetivos estabelecidos na política ambiental do Estado, ficam definidas as seguintes diretrizes para a gestão de resíduos sólidos: I - QmR� JHUDomR�� PLQLPL]DomR�� UHXWLOL]DomR� H� UHFLFODJHP� GH� UHVtGXRV� DWUDYpV� GH�DOWHUDomR� GH� SDGU}HV� GH� SURGXomR� H� GH� FRQVXPR� H� GHVHQYROYLPHQWR� GH� WHFQRORJLDV�OLPSDV� II - desenvolvimento de programas de gerenciamento integrado de resíduos sólidos;

27 A este respeito ver itens 2.3 e 3.2.1.

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III - XVR�GH�HPEDODJHQV�UHWRUQiYHLV�H�VXD�UHXWLOL]DomR; IV - GHVHQYROYLPHQWR� GH� WHFQRORJLDV� OLPSDV� SDUD� D� UHXWLOL]DomR�� UHFLFODJHP��WUDWDPHQWR�H�GLVSRVLomR�ILQDO�GRV�UHVtGXRV; (grifos do autor) (...) Art. 133 - A gestão dos resíduos sólidos deverá ser pautada nos seguintes princípios, hierarquizados nesta ordem: I - não geração de resíduos; II - minimização da geração; III - reutilização; IV - reciclagem; V - tratamento; VI - disposição final Art.148 - As unidades geradoras de resíduos industriais devem adotar soluções pautadas no princípio de Produção Limpa, que possibilitem maximizar a não-geração, a minimização, a reutilização e a reciclagem dos resíduos.

A questão dos resíduos sólidos é tratada por princípios vinculados à Prevenção da Poluição, como

tecnologias limpas, produção limpa e minimização de geração de resíduos, fortemente vinculados

ao uso de ferramentas de gestão. Além disso, o gerenciamento de fim-de-vida de produtos

encontra abordagem adequada com o uso de considerações de ciclo de vida, partindo-se do

pressuposto que prever as condições de disposição final e fim de vida útil desde o projeto do

produto oportunizará melhores soluções.

iv. Princípios de autocontrole ambiental. Para sua implementação, as instituições sujeitas

ao licenciamento devem constituir uma CTGA – Comissão Técnica de Garantia

Ambiental, a quem cabe, dentre outras atividades:

III - coordenar a elaboração dos estudos ambientais necessários para o licenciamento ambiental de projetos ou atividades sob a sua responsabilidade; XII – pesquisar e manter-se informado sobre o desenvolvimento de tecnologias mais limpas pertinentes à atividade; XIV - colaborar com a execução da política ambiental do estado, através da implementação de planos, programas e projetos ambientais que contribuam para a promoção da conscientização ambiental pública;

Um dos grandes diferenciais contidos nos instrumentos da Política Ambiental da Bahia está nas

estratégias de autocontrole ambiental, entendidas como “ práticas e mecanismos que minimizem,

controlem e monitorem os impactos da atividade, (...) de forma a compartilhar a gestão ambiental

com o Poder Público” (BAHIA, 2001a, 2001b).

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A constituição de CTGA, assim como de outras práticas de autocontrole, propicia um maior

envolvimento e comprometimento da empresa com a questão ambiental, num processo que pode

aumentar a sua sensibilização às responsabilidades e conseqüências de seu empreendimento com

o meio ambiente.

Desta forma, acresce-se o número de atores aliados. Além disso, a empresa é a maior

conhecedora de seu processo produtivo, sendo a sua participação na operacionalização desta

proposta fundamental.

v. Abordagem que se aproxima àquela feita pela ACV

$UW���� - Com vistas a garantir a observância das normas e padrões ambientais, o CRA poderá determinar aos responsáveis por fonte degradante, medidas de prevenção, controle e recuperação do meio ambiente, tais como: (...) V - caracterização qualitativa e quantitativa dos poluentes emitidos para o ambiente (água, ar e solo) através de monitoramento, medições, balanço de massa, inventário de emissões ou qualquer outro método aprovado pelo CRA;

A ACV inventaria, não só emissões, efluentes e resíduos, como também materiais e energia

consumidos. Além disso, a ACV o faz ao longo do ciclo de vida e não apenas na exata etapa em

análise. Assim, a previsão do uso da ACV para tal fim aumentaria o alcance desta medida.

vi. Faz considerações sobre o EIA com avanços em relação à Resolução CONAMA

001/86:

$UW�� ��� - O Estudo de Impacto Ambiental - EIA engloba o diagnóstico ambiental, a identificação, a medição, a interpretação e quantificação dos impactos, a proposição de medidas mitigadoras e de programas de monitorização, e sem prejuízo de outras informações que vierem a ser exigidas, deverá conter dados do proponente, objetivos do empreendimento e sua relação com os programas, planos e projetos setoriais; I - caracterização detalhada da concepção do empreendimento, suas alternativas locacionais e tecnológicas, descrevendo as ações necessárias à sua implantação e operação, de forma a permitir a identificação e análise dos impactos ambientais decorrentes; II - diagnóstico ambiental da área de influência do empreendimento, com a descrição e

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análise dos fatores ambientais passíveis de sofrerem direta ou indiretamente os efeitos decorrentes da implantação e operação do empreendimento e, quando for o caso, da sua desativação, considerando-se o meio físico, biológico e antrópico; (...) IV - definição das medidas que objetivem prevenir, eliminar ou reduzir os impactos adversos, compensar aqueles que não poderão ser evitados e ainda valorizar os efeitos positivos do empreendimento; (...)

Embora traga menos detalhamento neste procedimento que a Resolução CONAMA nº 001/86, a

Lei 7799/01 avança em alguns aspectos na descrição do EIA.

Ao especificar “ caracterização detalhada da concepção do empreendimento” ele acrescenta um

elemento de análise, induzindo à equipe técnica responsável (da empresa e do órgão ambiental) a

avaliar, julgar a pertinência e fazer considerações sobre a concepção do projeto.

Ao descrever a etapa de diagnóstico ambiental ela acrescenta às etapas de análise “ implantação e

operação” (previstas na Resolução CONAMA 001/86) a etapa desativação, acrescendo uma etapa

do ciclo de vida do empreendimento e, assim, levando a considerações sobre o fim de vida.

Acrescenta à proposta de “ definição de medidas mitigadoras” da Resolução 001/86, as medidas “ prevenir, eliminar ou reduzir os impactos adversos, compensar aqueles que não poderão ser

evitados e ainda valorizar os efeitos positivos do empreendimento” .

vii. Quanto aos procedimentos para elaboração do Parecer Técnico Conclusivo

Obrigatório ao final de cada processo de licenciamento:

$UW����� - O CRA, ao final do exame de cada etapa do procedimento de autorização ou de licenciamento ambiental, deverá elaborar parecer técnico conclusivo obrigatório, que fará parte do corpo da decisão, contendo: I - dados do proponente, objetivos do empreendimento e sua relação com os programas, planos e projetos setoriais; II - caracterização detalhada do empreendimento, das ações necessárias à sua implantação e operação, de forma a permitir a avaliação do seu potencial de impacto; III - análise dos possíveis impactos ambientais associados aos aspectos ambientais do projeto; IV - estabelecimento de condicionamentos e prazos de cumprimento; V - prazo de validade.

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Como se vê, a análise do mérito das proposições ou ainda, a avaliação crítica das tecnologias e

procedimentos relacionados ao empreendimento requerente da Licença, não está explicitamente

colocado na Lei. Naturalmente, isso não quer dizer que tal avaliação nunca é feita, mas indica que

a ausência de etapas e procedimentos expressos em Lei ou nos procedimentos internos do CRA

sistematicamente apresentados pode levar a não consecução desta importante etapa.

Em verdade, o que está explicitado nestes procedimentos da Lei é a caracterização detalhada do

empreendimento (já apresentada pelo próprio empreendedor, quando da solicitação da licença,

complementada pelas informações obtidas em campo) e a análise dos possíveis impactos

ambientais conseqüentes do que foi proposto e não uma avaliação crítica do quanto proposto.

viii. Quanto a definição de competência dos fiscais:

$UW����� - No exercício das atividades de fiscalização cabe aos técnicos credenciados: I - efetuar inspeção, avaliação, análise e amostragem técnicas e elaborar os respectivos autos, relatórios e laudos; II - elaborar o relatório de inspeção para cada vistoria realizada; III - pronunciar-se sobre o desempenho de atividades, processos e equipamentos; IV - verificar a procedência de denúncias, bem como constatar a ocorrência da infração ou de situação de risco potencial à integridade ambiental; V - impor as sanções a eles atribuídas neste Regulamento; VI - fixar prazo para: a) correção das irregularidades constatadas, bem como para a tomada de medidas objetivando a redução ou cessação de risco potencial à saúde humana e à integridade ambiental; b) cumprimento de condições, restrições e medidas de controle ambiental; c) cumprimento das normas de melhoria e gestão da qualidade ambiental. VII - exercer outras atividades que lhe forem designadas.

Ainda que esta descrição pudesse ser mais bem realizada com a inserção de itens que induzissem

à análise crítica do material apresentado, já se nota certa evolução em relação ao Art 184, na

medida em que compete aos técnicos “ pronunciar-se sobre o desempenho das atividades...” .

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Há que se levar em conta que o licenciamento, à exceção da RLO é prévio à localização,

implantação e operação do empreendimento. Assim, a ação fiscalizatória teria mais elementos

para análise, como laudos de monitoramento, verificação dos resultados das medidas

anteriormente aplicadas, etc.

����$OJXPDV�3RWHQFLDOLGDGHV�GD�$omR�*RYHUQDPHQWDO�QR�0HLR�$PELHQWH�

À medida que se aumentou o conhecimento e a preocupação com o meio ambiente,

especialmente com a ocorrência de encontros técnicos mundiais sobre o tema28 , a atuação do

governo precisou também evoluir de modo a responder às expectativas da sociedade.

O governo passou a agir de forma menos pontual na questão ambiental e, em alguns casos,

acrescentou às medidas regulatórias outros instrumentos, como os econômicos, os voluntários e

os educativos.

Porter e Linde (1995a, 1995b) entendem que uma regulação ambiental apropriadamente

desenhada é um dos elementos prioritários para impulsionar mudanças na gestão ambiental da

indústria, podendo levar a vantagens competitivas de mercado, não implicando necessariamente

em aumento de custos para o setor produtivo e podendo ainda alavancar soluções inovativas.

Afirmações similares são feitas por Christie, Rolfe e Legard (1995); Andrade, Dias e Souza

(1998); Andrade, Kiperstok e Marinho (2001); Berkhout (1998); Meira (2003); Feis (1994).

Além disso, Porter e Linde (1995b) relatam que muitos pesquisadores tentaram demonstrar, sem

sucesso, que uma regulação ambiental rigorosa diminui o crescimento econômico. Eles citam

estudos conduzidos por Meyer, Leonard, Wheeler e Mody, Repetto e Jaffe HW�DO.

Porter e Linde (1995b) apontam diversos propósitos alcançáveis com uma regulação ambiental

adequadamente desenhada, dos quais se destacam:

28 Alguns exemplos são: Convenção das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano – 1972; Convenção sobre proteção Ambiental (países escandinavos) – 1974; Convenção para Proteção dos Trabalhadores contra Problemas Ambientais – 1977; Convenção sobre Proteção Transfronteiriça – 1979.

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• A regulação aponta às empresas prováveis ineficiências no uso dos recursos e

oportunidades potenciais de melhoria tecnológica e dirige a atenção para as áreas

potenciais de inovação.

• A regulação focada em informações agregadas pode atingir grandes benefícios por

aumentar a conscientização da indústria.

• A regulação cria uma pressão que motiva a inovação e o progresso.

������ 3URPRomR�GD�$&9�SHOR�*RYHUQR�

Por suas potencialidades, a ACV pode e deve ser estimulada por diversas frentes. Segundo US –

DOE (1994), hoje a ACV é dirigida por forças externas, como selos verdes e padrões ISO e está

integrada dentro de programas de gestão ambiental, motivada pela consciência do mercado,

percepção do público e economia de custos. É necessário o desenvolvimento de um novo vetor de

demanda: a regulação.

Além disso, caso se confirme a expectativa de implementação e uso dos rótulos ambientais Tipo

III (com uso da ACV), é provável que diversas empresas iniciem estudos ACV, objetivando a

obtenção do rótulo. É preciso que o governo esteja preparado para uma possível avaliação destes

estudos, ou, principalmente, que seja capaz de compreender e avaliar criticamente mudanças

adotadas em conseqüência destes estudos e utilizar isso a seu favor na sua atuação.

Embora se conheça e muito se discuta as potencialidades da ACV nas políticas públicas, esta tem

sido uma corrente ainda pouco explorada. O governo de alguns países tem usado os resultados

encontrados nestes estudos para orientar ações de políticas públicas, mas não são conhecidas

demandas legais para realização da ACV pelas empresas. Um estudo conduzido por Verschoor e

Reijnders (1999) em sete empresas que utilizaram a ACV mostrou que nenhuma delas

mencionaram estar respondendo à processos regulatórios como uma razão para estes estudos. Isto

pode indicar a ausência da atuação governamental neste setor ou ainda, que ainda não se enxerga

a ACV dentro da ação regulatória..

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Christiansen HW�DO DSXG Karlson (2002), relatando um questionamento feito a 38 H[SHUWV em ACV

na Europa, Estados Unidos e Canadá apontam o que foi considerado por este grupo como as

quatro principais aplicações da ACV: desenvolvimento estratégico de empresas, desenvolvimento

de produtos e melhoria de sistema de produção, em marketing e no desenvolvimento de políticas

e UHJXODo}HV�JRYHUQDPHQWDLV�(grifo do autor).

Berkhout (1998) entende que a regulação deve assumir o importante papel de encorajamento das

firmas a adotarem as abordagens de ciclo de vida. Andrade, Kiperstok e Marinho (2001)

consideram importante que os instrumentos de uma política de meio ambiente considerem,

necessariamente, o ciclo de vida dos produtos e processos, analisando e propondo métodos e

práticas preventivas para os impactos ambientais negativos de médio e longo prazos.

Hoo DSXG�Meira (2003) entende que, quanto ao incentivo à assunção de novas posturas pelo setor

produtivo, o governo poderia dar apoio em pelo menos quatro áreas chave (grifo do autor):

• prover informações sobre tecnologias mais limpas, incluindo assistência técnica;

• DX[LOLDU� QR� GHVHQYROYLPHQWR� GH� IHUUDPHQWDV� GH� JHVWmR� QD� LQG~VWULD� FRPR�� SRU�H[HPSOR��$&9��

• organizar treinamento em Produção Mais Limpa;

• desenvolver o currículo educacional necessário nas escolas de engenharia e universidades.

Incorporar conceitos de prevenção da poluição, fazer considerações sobre empreendimentos e

seus produtos, avaliando seus efeitos sistêmicos, ampliando a visibilidade dos impactos além dos

empreendimentos, influenciando os empreendimentos fornecedores, parceiros e clientes deve

gerar novas e importantes oportunidades de regular, gerenciar e produzir.

A regulação feita a partir de considerações no ciclo de vida pode induzir a mudanças de projeto, a

concepção de um produto que facilite a sua reutilização/reciclagem, a considerações no

empreendimento que impliquem na melhor escolha locacional, a inclusão de novas variáveis a

este processo de escolha, como por exemplo, considerar o impacto da fase transporte de matéria-

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prima, além de embalagens, considerações quanto ao fim-de-vida do produto, implicações dos

impactos da fase uso, entre outros.

Rubik (2002) ressalta que ao trazer o foco da regulação para o produto, deve-se rediscutir as

possibilidades surgidas na relação entre inovação e política ambiental. Ele entende que a

regulação com foco nos produtos devem oferecer novas oportunidades interessantes para

transformar o mercado e estimular reduções significativas das cargas ambientais.

Segundo Martins (2003), a ACV aliada ao processo licenciatório viria a cumprir efetivamente

uma atribuição do Estado. Entende também que o CRA poderia criar algum tipo de premiação,

por mais simples que esta fosse, como a criação de um UDQNLQJ de empresa com atuação

responsável e publicá-la.

Hunt DSXG Heiskanem (2002) relata que as primeiras tentativas da EPA americana com a

abordagem de ciclo de vida foram abandonadas devido a dificuldade da micro-gestão da imensa

variedade de produtos no mercado. Além de tudo, a responsabilidade e autoridade primária das

agências ambientais são o meio ambiente local ou nacional, enquanto que a abordagem global da

ACV implica algumas vezes em soluções do tipo “ é melhor proteger o meio ambiente de outro

estado/país do que o do local onde me insiro” 29.

Jensen DW� DO (1997) entendem que a ACV deverá ser amplamente explorada pelos governos

dentro de regulações e programas de eco-rotulagem, embora paulatinamente deva ser incorporado

à tomada de decisões das agências ambientais.

O’ Connor DSXG Jensen HW� DO (1997) já postula que o governo pode ter um importante papel

promovendo incentivos financeiros e possibilitando o acesso a dados de registros públicos

(obtidos pela agência ambiental) acerca das emissões/efluentes/resíduos.

29 Este tipo de situação pode ocorrer pela identificação, por exemplo, de que uma ação com efeito positivo local tenha conseqüências danosas em outros pontos de sua cadeia, aumentando a carga ambiental associada àquele produto ou procedimento.

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Curran (2002) entende que é fundamental integrar esta ferramenta numa escala mais ampla

dentro dos Estados Unidos, dados os LQVLJKWV econômicos e ambientais que o uso flexível desta

ferramenta deve trazer. Ela lembra ainda que agências ambientais, como a USEPA, têm sido

lentas na integração deste conceito (OLIH� F\FOH� WKLQNLQJ) no desenvolvimento de políticas e

regulações. Jensen HW�DO (1997) entendem que os governos têm importantes papéis a executar no

que diz respeito a ACV, seja através de regulações ou de eco-rotulagens.

Na discussão sobre a possibilidade da ACV tornar-se obrigatória, Cockburn DSXG Jensen HW� DO (1997) diz que tal pressão regulatória deve ser entendida como uma estratégia de prevenção e

controle integrado da poluição. Sobre o mesmo tema, O’ Connor DSXG Jensen HW�DO (1997) sugeriu

que tais procedimentos mandatários venham acompanhados com incentivos financeiros ou

taxação em aterros, emissões e matérias-primas.

O Governo do Estado da Bahia já registra ao menos um uso e reconhecimento da importância da

análise de ciclo de vida nas suas ações. Em 28/11/03 foi publicado no Diário Oficial do Estado o

Edital do Prêmio Bahia Ambiental, que “ visa premiar as melhores iniciativas e idéias que

contribuam para melhoria da qualidade de vida, com foco na conservação de meio ambiente no

Estado da Bahia” . Tal prêmio foi instituído pelo Decreto Estadual 8.554 de 05 de junho de 2003.

O prêmio conta com as categorias “ empresa sustentável” , “ idéia sustentável” , “ atuação

sustentável” e “ município sustentável” .

A descrição da premiação para a categoria “ empresa sustentável” diz que “ premia a atuação de

empresas públicas ou privadas que investiram na melhoria de seus sistemas de gestão e controle

ambiental tornando o seu processo produtivo menos impactante. Serão valorizadas as iniciativas

que contemplem a vida do produto ‘do berço ao túmulo’ ” .

Gerenciamento do Fim-de-Vida dos Produtos

Dentro das perspectivas de inserção da ACV na atuação governamental, uma das aplicações que

tem sido bastante utilizada é o gerenciamento de fim de vida dos produtos, que tem apresentado

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resultados promissores. Tal regulação já incorpora algumas considerações de ciclo de vida e se

utiliza de conceitos como a prevenção da poluição, a Análise de Ciclo de Vida e a busca pela

inovação.

Este tipo de regulação tem encontrado respaldo pela crescente tendência de responsabilização do

fabricante pelos impactos ambientais ao longo do ciclo de vida de seu produto. Tais Leis têm sido

conhecidas como EOL – (QG�RI�/LIH ou Legislação WDNH�EDFN. Conforme afirma Toffel (2003), as

EOL representam uma nova manifestação de outras leis ambientais que crescentemente têm

buscado imputar aos fabricantes a responsabilidade pelos impactos ambientais de seus produtos

através de um crescente número de estágios do ciclo de vida dos produtos.

Observam-se estas iniciativas principalmente em países da Ásia, Europa, e América do Norte. No

Brasil, há algumas legislações que tratam pontualmente da responsabilização do produtor pelo

final de vida de seu produto, como pneus, baterias e embalagens de agrotóxicos.

Segundo Toffel (2003) estas legislações têm basicamente três objetivos: o primeiro é reduzir a

quantidade de material perigoso que está indo para os aterros sanitários, onde eles poderiam ser

lixiviados e para os incineradores, onde eles podem ser lançados na atmosfera. O segundo, é

aumentar a viabilidade e reduzir o preço de materiais recicláveis em relação aos virgens.

Em verdade, os dois objetivos supracitados podem ser alcançados por diversos instrumentos

políticos. A grande vantagem deste tipo de política é que ela associa as duas primeiras vantagens

a uma terceira: prevenção da poluição pela redução da carga ambiental associada ao fim de vida

dos produtos, na sua fonte de geração. Ou seja, com este desenho, uma legislação que proponha

condições para o gerenciamento do fim de vida dos produtos acaba por influenciar o seu projeto,

atuando em toda a cadeia.

Toffel (2003) diz que alguns dos resultados esperados a partir da aplicação destas legislações são:

I. Facilitar a coleta, reforma e o reparo dos produtos: usando componentes modulares

que podem ser reusados em novos modelos ou partes separadas;

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II. Reduzir o custo de desmontagem e reciclagem através do uso de módulo ou partes

facilmente separáveis, poucos materiais e componentes, poucas substâncias tóxicas e

materiais mais claramente rotulados;

III. Promover a reciclabilidade evitando o uso de recobrimentos e pinturas desnecessários;

IV. Usar materiais reciclados

V. Incorporar o valor residual dentro da seleção de materiais (por exemplo, considerar o

custo de materiais como a diferença entre o preço de compra inicial e o preço residual,

ao invés de simplesmente o inicial).

������ $�4XHVWmR�GD�'LVSRQLELOLGDGH�GD�,QIRUPDomR�

A incorporação de uma avaliação ambiental mais completa e complexa não somente está

relacionada a melhor percepção dos nexos causais dos problemas ambientais, mas também por

uma questão de disponibilidade de informação.

Segundo o CENADEM – Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação

“ a humanidade gerou a mesma quantidade de informação nos últimos 50 anos que nos cinco mil

anos anteriores. Este número duplicará nos próximos 26 meses. Em 2010, a informação duplicará

a cada 11 horas” (CENADEM, 2003). Ainda que se considere toda a imprecisão desta

informação, é possível identificar-se a tendência de, cada vez mais, lidarmos com aspectos e

abordagens que tragam dimensões diferentes a um mesmo ponto de vista.

Com o universo de informações e o conhecimento que se tinha do meio ambiente em períodos

anteriores, as medidas tomadas pelo governo foram condizentes com o conhecimento à época.

Numa sociedade globalizada, com a circulação de informações garantida pela LQWHUQHW, pela

crescente transparência das relações sociais, é natural que se busquem soluções mais arrojadas.

Com relação a esta questão, em 16 de Abril de 2003 foi promulgada a Lei Federal nº 10.650 que

“ dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades

integrantes do SISNAMA” . A Lei ainda não está regulamentada. O direito à informação é

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inscrito como um instrumento da PNMA (art 4º inciso V) e é previsto no art 5º, XIV, da

Constituição Federal. (MILARÉ, 2001, p. 261).

Um cenário de troca de informações, acesso a bancos de dados nacionais e internacionais, acesso

à informações dos órgãos do SISNAMA, transparência, é necessário para melhor consecução dos

estudos da ACV. Sem tal cenário, a viabilidade destes estudos pode ficar comprometida.

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�� $�$78$d­2�'2�&(1752�'(�5(&85626�$0%,(17$,6�

����,QWURGXomR�

Os aspectos aqui ressaltados são aqueles identificados com maior destaque na revisão

bibliográfica e documental, nas entrevistas e na experiência prática do autor que é funcionário

deste órgão, sem no entanto, se pretender a esgotar o tema. Tal descrição do CRA e a avaliação

feita, pretendem ressaltar os itens de destaque que o habilitariam a execução de uma proposta

como a deste trabalho.

Ressalta-se que a análise da atuação do CRA já utiliza alguns resultados apresentados na análise

da legislação ambiental federal e estadual, apresentados nos itens 3.2.1 e 3.2.2.

Diante deste cenário, procede-se a uma breve análise de algumas funções exercidas pelo CRA, a

saber: licenciamento ambiental, fiscalização ambiental e ferramentas de autocontrole ambiental,

que são instrumentos da Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais, além de

seu papel no apoio a elaboração de leis, o Núcleo de Estudos Avançados de Meio Ambiente –

NEAMA, os trabalhos de capacitação da equipe técnica, o sistema de gestão da qualidade e a

prática de estabelecimento de parcerias, entendidos como elementos que se configuram além do

cumprimento de suas atribuições legais, em diferenciais importantes na sua forma de atuar.

����2�/LFHQFLDPHQWR�$PELHQWDO 7�8 �

A discussão a seguir apresentada não tem a pretensão de esgotar as características,

potencialidades e deficiências deste instrumento, mas destacar os aspectos presentes no

licenciamento ambiental que propiciariam ou poderiam representar dificuldades à incorporação

da Análise de Ciclo de Vida. Para tanto, definiram-se os seguintes aspectos: procedimentos

30 Diversas análises pertinentes a este tema foram feitas nos capítulos 3.2.1 e 3.2.2, que trata da análise da Regulação Ambiental no Brasil e no Estado da Bahia.

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diferenciados de licenciamento segundo o porte dos empreendimentos, o processo de

escolha/aprovação locacional do empreendimento, o processo de avaliação das tecnologias

propostas pelas empresas, além de considerações gerais sobre a estruturação do licenciamento.

No Estado da Bahia, a Lei 7799/01 prevê a existência de procedimentos diferenciados para

empreendimentos de micro e pequeno porte e os de médio, grande e excepcional porte. Tal

procedimento encontra respaldo, entre outros documentos legais, na Resolução CONAMA

237/97, no seu artigo 12 que diz:

O órgão ambiental competente definirá, se necessário, procedimentos específicos para as licenças ambientais, observadas a natureza, as características e peculiaridades da atividade ou empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação. Parágrafo 1º - Poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente. Parágrafo 2º - Poderá ser admitido um único processo de licenciamento ambiental para pequenos empreendimentos e atividades similares e vizinhos (...)

Assim, a Política Ambiental baiana instituiu a Licença Simplificada que, num único

procedimento, autoriza a localização, a implantação e a operação de empreendimentos de micro e

pequeno portes. Tal diferenciação é considerada positiva, uma vez que evita sobrecarga de

procedimentos burocráticos sobre empreendimentos pequenos que nivelariam, num mesmo

patamar, empreendimentos de porte e investimento econômico muito diferenciados. Há que se

lembrar, entretanto, que esta diferenciação é feita sob o ponto de vista econômico, mas não leva

em consideração o potencial poluidor/degradador destas atividades.

Para os empreendimentos classificados como médio, grande ou excepcional porte, cabe a

concessão de todas as licenças, a saber: LL – Licença de Localização, LI – Licença de

Implantação e LO – Licença de Operação, que é periodicamente renovável31.

31 De acordo com Antunes (2000), a previsão da revisão e renovação do licenciamento impede a perenização de padrões que sempre são ultrapassados tecnologicamente. Goldemberg DSXG Meira (2003) entende que a renovação da licença cria a possibilidade de incorporação do princípio de melhoria contínua do desempenho ambiental, uma vez que a licença passa a ganhar um perfil dinâmico de ajuste permanente.

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A primeira licença concedida, a LL, apresenta designação diferente daquela utilizada pela

legislação federal a este respeito, que a trata como LP – Licença Prévia. A Resolução CONAMA

237/87 define a LP como a licença “ concedida na fase preliminar do planejamento do

empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade

ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas

fases de sua implementação” , que é a mesma definição utilizada pela legislação baiana para LL.

Embora aparentemente não haja muitas diferenças na condução que o órgão federal e o CRA dão

a este tipo de licença, a denominação Licença de Localização parece direcionar à idéia de que a

avaliação feita neste processo é predominantemente locacional, não ocorrendo a avaliação da

tecnologia que será usada. Esta avaliação, neste momento, se dá tão somente pela nomenclatura

dada à primeira licença.

A Resolução CEPRAM 2983/02 estabelece os documentos necessários para o requerimento da

Licença Ambiental, diferenciando as etapas LL, LI, LO, RLO e LS32. Analisando-se tais

exigências, vê-se que a solicitação de outorga de direito do uso da água, para execução de obras

ou serviços que alterem o regime dos recursos hídricos, para extração de materiais em leitos ou

margens de mananciais e para lançamento de efluentes em corpo hídrico é exigida pelo CRA na

etapa de implantação do empreendimento. Logo, o processo de escolha e aprovação da

localização do empreendimento não dispõe desta informação como subsídio.

Embora o instrumento “ estudo de impacto ambiental” , preveja a realização de avaliação

tecnológica e tal atributo também seja esperado nos processos de licenciamento que envolva

EIA, isto não está sistematicamente inserido nos procedimentos do órgão ambiental. Martins

(2003) pensa de forma semelhante, chegando a afirmar enfaticamente que “ o CRA não faz

avaliação tecnológica” . Martins (2003) destaca que tal procedimento seria fundamental,

especialmente na LL, quando teoricamente a empresa ainda não fez qualquer investimento.

32 LS – Licença Simplificada, que é “ concedida para a localização, implantação e operação de empreendimentos e atividades de micro e pequeno porte” (BAHIA, 2001).

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O que se verifica na prática diária é que, via de regra, a análise técnica do licenciamento avalia a

proposta do empreendedor concordando (por completo), discordando (por completo) e, na

maioria das vezes, concordando com ressalvas (onde se pode notificar e solicitar mudanças ou

concordar com a liberação da Licença e estabelecer condicionantes).

Esta não deixa de ser uma avaliação tecnológica e de procedimentos mas, sem dúvida, tal

oportunidade é subutilizada. A falta de infra-estrutura de apoio (bancos de dados de tecnologias

possíveis e desempenho previsto, medidas que viabilizem o acesso à informações técnicas

atinentes, especialmente, ações passadas no CRA, executadas por outros técnicos em situações

similares, entre outros), além da ausência de procedimentos sistematicamente estabelecidos (na

Lei, no seu Regulamento ou em procedimentos internos do CRA) não induzem a que este tipo de

análise seja correntemente realizada33.

Há que se destacar que foi criada no CRA, no ano de 2002, uma coordenação ligada à Diretoria

de Controle Ambiental denominada NATA – Núcleo de Avaliação Tecnológica que tinha como

principal linha de ação as Tecnologias Limpas. Não se conhecem estudos que tenham avaliado o

desempenho e efetivos resultados encontrados por este grupo, mas ele já foi desfeito.

Quanto a estrutura geral do licenciamento, vale destacar a opinião de Milaré (2001), que acredita

que a forma aparentemente simples do licenciamento, que permite apenas a gestão ambiental

local, traduz com precisão um modo de pensar globalmente, enfatizando que a soma de todos os

licenciamentos ambientais juntos, multiplicam os seus resultados positivos em benefício do

ecossistema planetário.

Tal pensamento parece não levar em consideração as limitações do estabelecimento do

procedimento de forma fragmentada, por processo produtivo e a falta de consideração dos efeitos

sistêmicos, conseqüentes deste empreendimento. Embora não sejam conhecidos estudos que

demonstrem o contrário, merece maior reflexão a afirmação de que “ a soma de todos os

licenciamentos ambientais juntos” traduziriam com precisão “ um modo de pensar globalmente” .

33 A este respeito, ver discussão sobre o Art 184 do Regulamento da Lei 7799/01 apresentada no capítulo 3.2.2

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103

A avaliação feita de forma isolada de cada etapa do processo produtivo perde a visão sistêmica de

uma avaliação da cadeia produtiva ou do produto, por exemplo.

Além disso, via de regra, a análise dos processos de licenciamento é feita por apenas um técnico,

em geral com área de formação correlata a atividade realizada pelo empreendimento. Tal aspecto

pode dificultar a maior interação e maior possibilidade de análise do processo, que em geral

envolve aspectos multidisciplinares.

Assim, o resultado de uma análise feita por apenas um profissional pode ter a sua qualidade final

prejudicada, levando a situações como ausência de análise de aspectos importantes ou

dimensionamento incorreto do impacto produzido pela atividade, seja por erro de avaliação, por

subdimensionamento ou por superdimensionamento dos riscos envolvidos.

Um outro aspecto relacionado a estrutura geral do licenciamento, de alguma forma já discutido, é

a falta de sistematização das informações analisadas no CRA. Tal situação faz com que sejam

necessários muitos retrabalhos e uma atuação setorizada e fragmentada. Conhecer a atuação de

outros técnicos em situações semelhantes e/ou conhecer estudos desenvolvidos para etapas da

mesma cadeia produtiva, dentro do ciclo de vida do produto ou empreendimento, poderia

fornecer informações importantes à análise, permitindo um possível melhor atuação e melhor

planejamento do órgão ambiental.

Além disso, os avanços e importantes conclusões obtidas de forma isolada por um técnico ou por

um pequeno grupo nem sempre são estendidos e postos ao conhecimento dos demais, levando a

retrabalhos e até retrocessos, uma vez que as informações conseqüentes da análise de um

empreendimento (no licenciamento, na fiscalização ou em outro procedimento), nem sempre são

difundidas ou não existe um mecanismo de armazenamento e de fácil acesso aos demais técnicos,

que permitam o conhecimento, reprodução e aperfeiçoamento de ações passadas.

Essa situação é chamada a atenção por Martins (2003), que destaca a importância da existência

de bancos de dados sistematicamente organizados que disponham as ações passadas realizadas

pelo CRA e, além disso, classifique algumas das principais tecnologias conhecidas para os

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diversos processos produtivos, apontando seus benefícios e pontos a serem melhorados. Dados

agregados sistematicamente organizados podem levar a decisões de melhor qualidade,

beneficiando a atuação do CRA , dos meios produtivos e da sociedade como um todo.

Em verdade, muito além da catalogação de dados em um banco informatizado, o que se requer

para suporte a ação do órgão ambiental é a estruturação de um sistema de gestão de

conhecimento, que disponha de dados catalogados, forneça informações a partir da síntese destes

e, sobretudo, seja capaz de gerar conhecimento34. Estes Sistemas de Informação sobre os

processos produtivos são estimuladores das práticas de EHQFKPDUNLQJ e fomentadores da adoção

de tecnologias limpas.

Vê-se que ainda não é explorado, em todo o seu potencial, o uso e análise de toda a gama de

informações que circulam no CRA, que acabam por se perder pela falta de sistematização nos

procedimentos internos e de criação de mecanismos e ferramentas que facilitem o acesso e

manuseio destas informações.

O CRA licencia (a localização, implantação, operação, ampliação e desativação) e fiscaliza quase

todo o setor produtivo35 do Estado da Bahia, há 21 anos. A quantidade de informações

conseqüentes destes procedimentos, especialmente estudos ambientais diversos, monitoramento e

pareceres técnicos associados a estes empreendimentos representam um imenso potencial, que

poderia contribuir fornecendo subsídios para todo o setor produtivo, desenho de políticas públicas

e conhecimento da questão ambiental de uma forma geral não é aproveitada, explorada e bem

utilizada por falta de sistematização e de mecanismos que o viabilizem.

34 Segundo Informal (2004), o conhecimento não é nem dado nem informação, mas está relacionado a ambos. É, em verdade, um conjunto formado por experiências, valores, informação de contexto e criatividade aplicada à avaliação de novas experiências e informações. Nas organizações, a informação se encontra não apenas nos documentos, bases de dados e sistemas de informação, mas também nos processos de negócio, nas práticas dos grupos e na experiência acumulada pelas pessoas. 35 As atividades sujeitas a licenciamento são listadas no Art. 180 e no Anexo V do Regulamento da Lei 7799/01.

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105

����$�)LVFDOL]DomR�$PELHQWDO�

A fiscalização ambiental no CRA atua, basicamente, segundo cinco tipos diferentes de demandas:

a) Denúncias ambientais, encaminhadas pela população em geral através de ofícios,

telefonemas, e-mails ou do serviço Disque Meio-Ambiente (0800-711400);

b) Demandas judiciais, originárias principalmente do Ministério Público Estadual,

Ministério Público Federal e da Justiça Estadual ou Federal;

c) Operações planejadas de fiscalização ambiental

d) Avaliação de cumprimento de condicionantes

e) Atendimento a Emergências Ambientais

Para efetivação destas ações, ela se vale da aplicação de autos de infração, a exemplo das

advertências, multas, embargos, interdições, demolições, apreensões, destruição ou inutilização

de produtos, além dos Termos de Compromisso.

O Termo de Compromisso tem a função de fazer o ajustamento de conduta ambiental com os

responsáveis da degradação ambiental. Ele propõe medidas corretivas a serem cumpridas pelo

degradador ou medidas compensatórias pelos danos já causados e não recuperáveis. Assim, os

Termos de Compromisso caracterizam-se como oportunos à demandas por estudos ambientais

específicos, como a Análise de Ciclo de Vida que além de fornecer elementos importantes para a

empresa que a executa, forneceria elementos para a sua regulação pelo Estado e poderia

contribuir para a formação dos bancos de dados pertinentes.

Além do atendimento de demandas externas, como as denúncias, as demandas judiciais e o

atendimento emergencial e da realização de atividades programadas, uma importante função que

deve ser cumprida por este instrumento é a avaliação do cumprimento de condicionantes

estabelecidos nas Licenças Ambientais.

Os condicionantes estabelecidos implicam que o atendimento àquelas questões não impede a

liberação da licença, mas é fundamental que ocorra dentro de um prazo determinado. Com

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freqüência, matérias como execução de trabalhos de educação ambiental, recuperação de áreas

degradadas, complementação de projeto e do aperfeiçoamento de sistemas de tratamento de

efluentes/emissões/resíduos são colocadas como condicionantes a serem cumpridos após a

liberação da licença. Além disso, a verificação do cumprimento dos condicionantes é uma forma

do CRA acompanhar a empresa durante a vigência de sua licença, que no caso das Licenças de

Operação, pode variar de 4 a 8 anos.

Assim, a avaliação dos itens solicitados e a verificação do seu cumprimento são questões das

mais importantes para que efetivamente, o instrumento licenciamento ambiental cumpra o papel a

que se propõe.

A fiscalização do cumprimento dos condicionantes e, principalmente, a avaliação e julgamento

do material apresentado são ações que encontram dificuldades de ordem prática para serem

plenamente executadas.

Cada licença carrega consigo uma série de condicionantes, que podem variar desde algumas

unidades até uma centena. Fiscalizar o atendimento e avaliar o material apresentado por todos o

condicionantes de todas as licenças em vigor pode representar uma demanda de tempo e,

especialmente, de profissionais envolvidos hoje não disponíveis em quantidades e qualificação

suficientes. Tal situação fica mais bem evidenciada se for levada em consideração a variedade de

natureza dos condicionantes que para serem verificados podem demandar:

• A apresentação de documentos comprobatórios. Ex: carta de viabilidade expedida pela

Embasa

• Apreciação, julgamento e deliberações pela equipe técnica. Ex: submeter ao CRA,

previamente à execução, Plano de Recuperação de Área Degradada

• Inspeções complementares em campo.

• Reuniões e discussões complementares.

• Podem não demandar ações específicas, uma vez que se constituem em recomendações.

Ex: Qualquer alteração no projeto deverá ser previamente encaminhada ao CRA.

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Souza [200?], diretora geral do CRA, relatando algumas dificuldades que identifica, não somente

no cumprimento de condicionantes, mas na atuação do CRA como um todo, lembra que as

dimensões do Estado da Bahia fazem com que a atuação ocorra algumas vezes de forma pontual,

com ações corretivas momentâneas, em face dos emergentes problemas ambientais enfrentados.

Lembra ainda a sobrecarga imputada pela sua ação supletiva em questões associadas ao

desmatamento, combate a fogo, comércio de animais silvestres e o combate à pesca com

explosivos, são verificações demandam muito de sua equipe técnica.

Silva DSXG Meira (2003) chama a atenção para a importância de rapidamente organizar-se tal

tarefa, uma vez que a revisão dos condicionantes é a garantia do Poder Público poder rever,

alterar ou interromper uma atividade, se a mesma não estiver mais atendendo aos parâmetros ou

exigências ambientais.

Há que ser dito que o CRA, paulatinamente, está se estruturando para melhor atendimento desta

questão. No ano de 2002 foi criada uma coordenação que, dentre as suas atribuições, está a

avaliação do cumprimento de condicionantes. Sem dúvida, a quantidade de técnicos de que

dispõe para a execução desta atividade, além das demais ações fiscalizatórias, consegue verificar

o atendimento de apenas uma pequena parte dos condicionantes.

Alguns condicionantes são também verificados por outras demandas, como na obtenção de nova

licença ambiental, onde é verificado o cumprimento dos condicionantes da licença anterior, nos

processos fiscalizatórios para atendimento de denúncias, demandas judiciais e operações

planejadas, onde eventualmente é verificado o atendimento destes itens.

A experiência prática mostra que, seja por falta de procedimentos sistematizados, seja pelo

grande volume de serviço que resulta num pequeno tempo disponível para cada atendimento, via

de regra, avalia-se a apresentação de evidências do atendimento (como documentos

comprobatórios de entrega de estudos ambientais complementares), mas tais estudos não chegam

a ser julgados. Eventualmente se apura o cumprimento dos itens propostos na conclusão do

estudo, mas o seu mérito não é avaliado. Sem dúvida, esta é uma das vertentes da atuação do

CRA que ainda requerem maior fortalecimento.

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����2�$XWRFRQWUROH�$PELHQWDO�

O Autocontrole Ambiental é entendido como a adoção de práticas e mecanismos que minimizem,

controlem e monitorem os impactos ambientais resultantes da atividade e que visem a melhoria

contínua de seu desempenho ambiental e do ambiente de trabalho (BAHIA, 2001b). O princípio

do autocontrole ambiental encontra na legislação baiana diversos mecanismos de atuação, como a

CTGA, a Política Ambiental, a ALA - Auto-avaliação para o Licenciamento Ambiental e o

Balanço Ambiental, além das ações de automonitoramento ambiental. Neste trabalho, se

destacam as funções cumpridas pela CTGA e pela ALA.

O entendimento das ações de licenciamento e fiscalização não como um processo externo, mas

em interação do CRA com a empresa aproxima estes atores, sensibilizando-os quanto as

limitações oferecidas pela tecnologia utilizada em seu processo produtivo e quanto os impactos

ambientais por ela gerados, fazendo as empresas parceiras não passivas neste processo. Os

mecanismos de autocontrole ambiental representam uma forma da empresa internalizar o espírito

da regulação ambiental, compreendendo seu objetivo e se coadunando ao poder público nesta

tarefa.

A principal justificativa para o uso do autocontrole ambiental, é que a empresa é a principal

conhecedora de seu processo produtivo e por isso pode, apoiada e/ou impulsionada pela ação

questionadora de uma equipe técnica do CRA, fornecer importantes contribuições à melhoria de

seu próprio processo.

O poder de resolução dos problemas ambientais da empresa potencialmente se amplia pela

melhoria no relacionamento entre governo e setor produtivo promovido por esta abordagem, já

que agora não se posicionam governo – como personagem exclusivo de comando e setor

produtivo – como réu em processo de investigação. Ao contrário, se estabelece uma relação de

diálogo entre as partes que, juntas, equacionam a questão ambiental da melhor forma possível.

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Assim, a capacidade de diálogo do órgão ambiental com a empresa amplia as possibilidades de

resultado positivo desta estratégia.

A CTGA, que teve sua criação tornada obrigatória em 1990, tem por objetivo coordenar,

executar, acompanhar, avaliar e pronunciar-se sobre os planos, programas, projetos e atividades

potencialmente degradadoras desenvolvidos no âmbito de sua atividade cabendo o atendimento

de, pelo menos, os dezenove itens listados no Art 210 do Regulamento da Lei 7799/01 e

constantes no Apêndice A deste trabalho.

Os componentes da CTGA são co-responsáveis pelas ações adotadas pela empresa, notadamente

o seu coordenador, que assina ART – Anotação de Responsabilidade Técnica por este cargo,

junto ao seu Conselho Profissional.

Maron (2003) vê na CTGA um instrumento poderoso de gestão ambiental, uma vez que chama

ao comprometimento os membros desta comissão, configurando-se como “ aliados” do CRA na

proteção ao meio ambiente.

A ALA - Auto Avaliação para o Licenciamento Ambiental, instituído em 1992, é o procedimento

de elaboração de estudos ambientais acompanhados de parecer técnico e jurídico, a exemplo de

um licenciamento ambiental, segundo um termo de referência aprovado pelo CRA. É assinada

pelo coordenador da CTGA e pelos demais técnicos responsáveis pela elaboração. Para ele valem

as mesmas considerações anteriormente feitas para o licenciamento, ao que se acresce que os

resultados positivos para a análise técnica são também sofridos pelos executores deste estudo na

empresa.

Souza [200?] entende ainda que o modelo da CTGA e do ALA representam importantes

instrumentos de educação ambiental na medida em que propiciam a internalização dos princípios

do autocontrole ambiental junto à comunidade empresarial, que permanentemente é estimulada e

motivada a refletir sobre os aspectos ambientais de sua atividade.

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����'LIHUHQFLDLV�GH�$WXDomR�GR�&5$�

������ 7UDEDOKR�GH�3DUFHULD�

É prática do CRA o estabelecimento de parcerias com a iniciativa privada, universidades,

prefeituras, Ministério Público, outros órgãos públicos e outros grupos. Essa postura aproxima o

órgão ambiental de outros atores na gestão e proteção do meio ambiente, além de buscar a

supressão das deficiências possivelmente conseqüentes de uma atuação excessivamente centrada

nos instrumentos de Comando e Controle, priorizando a solução dos problemas ao uso isolado de

instrumentos reguladores, meramente repressivos. A este respeito Souza (2003), diretora geral do

CRA, afirma que o CRA tem encontrado importantes e positivos resultados com seus trabalhos

de parceria.

Diversas iniciativas do CRA, a exemplo do NEAMA, das Quintas Ambientais, de publicações,

entre outros, foram conseguidas com o apoio de diversas empresas da iniciativa privada. Tais

parcerias se observam também nas ações institucionais, buscando o trabalho conjunto com os

demais órgãos do SEARA e do SISNAMA, com o Ministério Público, Prefeituras, com entidades

ambientalistas e/ou ligadas a categorias profissionais, etc. Desta forma a iniciativa privada apóia

e se coaduna ao poder público na preservação ambiental.

Embora não se configure exatamente numa parceria, o CRA tem um trabalho de capacitação de

prefeituras que as habilitam a assumir o licenciamento e a fiscalização dos empreendimentos de

impacto local. Essa competência é estabelecida pela Constituição Federal de 1988, mas o CRA

mantém o trabalho de capacitação às prefeituras, contando inclusive, com um curso de

especialização para gestores ambientais municipais.

������ 2�1~FOHR�GH�(VWXGRV�$YDQoDGRV�GH�0HLR�$PELHQWH�

O NEAMA – Núcleo de Estudos Avançados de Meio Ambiente, é um espaço dentro da estrutura

do CRA dedicado à promoção do conhecimento e capacitação técnico-científica em parceria com

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universidades, poder público e a sociedade, promovendo cursos de especialização e mestrados

para a formação de capital intelectual na área ambiental (CRA, 2003). Conta com salas de

reunião, salas de conferência e auditório e se propõe a ser o OyFXV das mais diversas discussões

ambientais, integrando o poder público, as universidades e centros de pesquisa e a comunidade

nestes eventos, além de dispor de um conselho editorial que com freqüência faz publicações

ambientais. A sua linha editorial publica livros, revistas e vídeos.

Além disso, o CRA, mantém permanentemente uma programação de palestras e mini-cursos,

disponíveis à equipe técnica do CRA e à comunidade, sobre as mais variadas temáticas

relacionadas ao meio ambiente, destacando-se o Programa Quintas-Feiras Ambientais.

������ 3URJUDPD�GH�&DSDFLWDomR�GD�(TXLSH�7pFQLFD�

Desde o ano de 2002, o CRA mantém um programa sistematizado de capacitação de sua equipe

técnica. Fundamentalmente, esta capacitação se dá a partir de três linhas: cursos de língua

estrangeira, pós-graduação e participação em encontros técnicos.

Destaca-se o esforço que vem sendo desprendido por este órgão para a capacitação em pós-

graduação à sua equipe técnica. Atualmente o CRA mantém funcionários em dois cursos de

mestrado e três cursos de especialização. O primeiro deles – Mestrado Profissionalizante em

Desenvolvimento Sustentável – é fruto do convênio deste órgão com a UNEB – Universidade do

Estado da Bahia e a UnB – Universidade de Brasília. O segundo curso – Mestrado

Profissionalizante em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo – Ênfase

em Produção Limpa – é fruto de convênio do CRA com a UFBa – Universidade Federal da

Bahia.

Já com relação aos cursos de especialização, o primeiro deles é ligado ao Mestrado em Produção

Limpa e é denominado Especialização em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo

Produtivo – Ênfase em Produção Limpa e o segundo, Especialização em Gerenciamento de

Recursos Hídricos – Aspectos Técnicos, Jurídicos e Institucionais e o terceiro é a Especialização

Engenharia de Segurança do Trabalho.

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Destaca-se a realização destes cursos por se acreditar ser este um ponto de especial importância e

diferencial, elevando o nível técnico e crítico de sua equipe funcional e propiciando espaço para

discussões sobre novas temáticas, mudanças e questionamentos de procedimentos, visando a

melhoria da atuação desta entidade.

������ 6LVWHPDV�GH�*HVWmR�GD�4XDOLGDGH�

O CRA foi o primeiro órgão ambiental brasileiro a receber a certificação internacional de

qualidade ISO 9001:2000, conferida em 2001 ao sistema de Licenciamento Ambiental; em 2002,

às atividades de Fiscalização Ambiental e Atendimentos Emergenciais e, em 2003, para o sistema

de Atendimento ao Público.

Embora estas certificações não sejam efetivamente uma garantia de qualidade no atendimento, a

certificação colaborou na ordenação e padronização dos procedimentos definidos como

adequados, buscando harmonizar a atuação de profissionais diferentes dentro de um mesmo

modelo proposto.

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113

�� 3523267$� '2� 75$%$/+2�� 862� '$� $1È/,6(� '(� &,&/2� '(� 9,'$�3(/2�&(1752�'(�5(&85626�$0%,(17$,6�

����,QWURGXomR�

O capítulo apresenta, inicialmente, o contexto em que a proposta se insere e o seu escopo geral,

identificando elementos que apresentam o potencial de se adequar ao objetivo geral deste

trabalho.

A proposta é apresentada em linhas gerais porque, muitas das questões abordadas já foram

discutidas em capítulos anteriores. Para se evitar repetir, buscou-se, sempre que possível, citar os

outros capítulos pertinentes. Pretende-se aqui, então, fornecer elementos de ligação entre os

capítulos anteriores que comporiam, de forma conjunta, esta proposta.

����&RQWH[WXDOL]DomR�GD�3URSRVWD�

A proposta de inserção da Análise de Ciclo de Vida no Estado da Bahia, através da atuação do

Órgão Ambiental se pauta nos seguintes princípios:

- A ferramenta ACV e o pensamento no ciclo de vida são abordagens capazes de

melhorar o conhecimento sobre o produto, empreendimento ou serviço em análise

e sobre seus aspectos ambientais e impactos ambientais potenciais associados,

configurando-se em importante ferramenta de gestão ambiental nos setores

produtivos e subsídio à regulação ambiental e à elaboração de políticas públicas

ambientais.

- É importante que se conheçam e se adotem medidas no sentido de melhor

controlar os impactos ambientais potenciais em todo o ciclo de vida do produto,

processo ou atividade, visando evitar que a adoção de uma ação numa etapa

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implique em conseqüências negativas em etapas subseqüentes, especialmente na

etapa uso, sobre a qual nem sempre há conhecimento e controle sistemático para

todos os produtos

- O uso da ferramenta ACV e do “ pensamento no ciclo de vida” apresentam,

potencialmente, vantagens adicionais no seu uso como a geração de um ambiente

propício à identificação de novas e melhores soluções ambientais na indústria,

ensejando oportunidades de prevenção da poluição e até de geração de soluções

inovativas, podendo levar a empresa a vantagens competitivas de mercado,

algumas vezes com retornos financeiros positivos

- a iminente possibilidade de que os mercados internacionais, especialmente a

União Européia, imponham a rotulagem ambiental Tipo III como requisito para

comercialização de produtos e que a não existência do rótulo se configure como

barreira comercial não-tarifária deve levar a uma corrida pelo setor industrial para

utilização desta ferramenta. É dever do Estado apoiar e incentivar o uso da ACV

pela indústria, devendo ele (órgão ambiental e demais órgãos públicos

relacionados) estar capacitado para compreender de forma crítica os resultados

deste estudo, evitando conclusões e decisões equivocadas, tendenciosas ou mal

interpretadas por parte das empresas ou do Estado

- É importante que as indústrias brasileiras e baianas se capacitem e utilizem a

ferramenta ACV e considerações no ciclo de vida, de modo a se beneficiarem dos

atributos anteriormente atribuídos a este conceitual

- O CRA, enquanto órgão executor da Política Estadual Ambiental e com

importante papel central na gestão ambiental do Estado (ao se relacionar com

todos os empreendimentos com potencial poluidor, demais órgãos públicos

constituintes do SEARA e do SISNAMA, órgãos judiciais, universidade,

sociedade civil organizada e sociedade em geral), situa-se numa posição

estratégica para induzir e incentivar aos demais organismos parceiros a

incorporarem a ACV, usufruindo desta interação para também melhorar a sua

própria atuação

- Igualmente importante ao uso e divulgação da ACV é o uso e divulgação do

pensamento do ciclo de vida, ambos apoiados por uma concepção estruturada e

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não dissociada das demais questões ambientais, ancoradas em princípios como o

Desenvolvimento Sustentável, Fator X, Ecoeficiência, Prevenção da

Poluição/Tecnologias Limpas/Produção Limpa, entre outros.

Enfim, considerando que o uso da ferramenta ACV e do pensamento no ciclo de vida é positivo

para o CRA, para a indústria, órgãos públicos e sociedade em geral, faz-se importante encontrar

mecanismos de indução, introdução e incorporação deste conceitual na sociedade como um todo.

A análise da legislação ambiental baiana e da atuação do CRA levam a acreditar que suas

peculiaridades e diferenciais positivos são atributos que habilitariam o órgão ambiental baiano à

incorporação de uma proposta como essa37.

A proposta desta dissertação – inserir a ACV no Estado da Bahia através do órgão ambiental –

possivelmente não seria possível se o CRA não tivesse hoje as características que ele tem. As

constantes atualizações da legislação ambiental baiana, a postura de estabelecimento de parcerias

pelo CRA, a adoção de ferramentas de autocontrole por parte das empresas, o programa de

capacitação em pós-graduação de sua equipe técnica, a criação do Núcleo de Estudos Avançados

em Meio Ambiente são alguns elementos que diferenciam a atuação do CRA, muito embora

ainda existam questões a serem amadurecidas no seu funcionamento. Tal ambiente pode

favorecer a diminuição da resistência de sua equipe a novas propostas, embora esta questão tenha

sido apenas brevemente estudada neste trabalho.

Entende-se que a ACV – especialmente o pensamento no ciclo de vida, pode e deve ser usada em

diversos momentos e em diversas atividades do CRA. Entretanto, este trabalho não tem a

pretensão de apresentar uma proposta detalhada e pronta para execução, mas de identificar

momentos e oportunidades adequados e propícios.

37 Há que se destacar que nas entrevistas realizadas com três diretores do CRA não se identificou qualquer resistência a aceitação de uma proposta desta natureza, embora àquele momento se conhecesse com muito menor detalhe os resultados aqui encontrados.

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A opção pelo não detalhamento da proposta levou em conta que algumas decisões (ou todas elas)

extrapolam a ação técnica, envolvendo e requerendo a participação da alta diretoria do órgão, de

sua procuradoria jurídica, do seu setor financeiro e, mais do que tudo, de um grupo maior,

multidisciplinar, que possa discutir tal proposta a luz das possibilidades e interesses do CRA e do

Governo do Estado, definir prioridades de ação e, então, definir pela sua execução.

����(VFRSR�*HUDO�GD�3URSRVWD�

A proposta a seguir apresentada indica aspectos a serem observados, requisitos a serem

cumpridos e atributos que, se atendidos, ensejariam melhores condições de implementação da

ACV.

Capacitação da Equipe Técnica

A viabilização e execução de uma proposta de trabalho que envolve conceitos novos, nova forma

de pensar, mudanças na estrutura de um órgão com procedimentos já estabelecido ao longo dos

anos e, especialmente, a capacidade de fomentar mecanismos de internalização do conceito de

ciclo de vida pelos técnicos e pela gerência do CRA, passa, necessariamente, por um intenso,

sistemático e continuado programa de capacitação.

Este programa de capacitação, deve envolver a promoção e participação em cursos e encontros

técnicos (palestras, seminários, congressos, mesas redondas, ZRUNVKRSV, etc.), além da

necessidade de aquisição de livros e revistas técnicas para o acervo do CRA.

É preciso formar uma consciência crítica da ferramenta e do conceitual ACV, conhecendo suas

limitações, pontos frágeis e potencialidades, de modo a se evitar mau uso, erros, inconsistências,

resultados excessivamente frágeis a questionamentos, tendenciosidade e, sobretudo, explorar este

conceito da melhor forma possível, de modo a se otimizar o seu potencial.

Destaca-se que o conceito e a ferramenta ACV não podem estar dissociados de um pensamento

maior, de busca à Prevenção da Poluição e nem das demais discussões técnicas específicas

ambientais, como se tratassem de coisas diferentes.

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Discutir conceitos como a ACV envolve também a discussão dos desafios (ambientais,

econômicos e sociais) para o alcance de um desenvolvimento sustentável, dos desafios à

consecução deste alcance (que podem ser expressos, por exemplo, pela adoção do Fator X), do

conhecimento e uso de conceitos como ecoeficiência, Prevenção da Poluição, Produção Limpa

(ou Mais Limpa), Ecologia Industrial, Projeto para o Meio Ambiente, dentre outros que se

mostrem oportunos.

O fato é que, na execução das tarefas cotidianas do órgão, não se pode perder de vista o objetivo

maior a que tudo isso se propõe, que é uma ação efetiva para o alcance de um meio ambiente de

melhor qualidade.

Tratar a Prevenção da Poluição e, em particular, a Análise de Ciclo de Vida de forma integrada às

demais questões ambientais, às atividades do órgão, aos estudos ambientais realizados, às novas

tecnologias desenvolvidas para atendimento a um problema ambiental específico, é indispensável

para a real incorporação deste conceitual e a efetividade do seu uso.

É importante que o programa de capacitação envolva níveis diferenciados de abordagem, como:

• O conhecimento da ferramenta ACV, sua metodologia, estudos de caso em diferentes

áreas de aplicação, uso de VRIWZDUHV, manipulação de bancos de dados

• “ Pensamento” no Ciclo de Vida

• Associação da ACV com outras ferramentas

• Aplicações da ACV: projeto e desenvolvimento de novos produtos, avaliação de

empreendimentos, avaliação de serviços, aplicação nas políticas públicas, etc

Formação de Grupo Técnico de Análise de Ciclo de Vida

A condução e coordenação dos trabalhos, determinação de diretrizes, elaboração de planos e

metas, escolha de prioridades e outras atividades relacionadas à implementação de ações

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orientadas para o ciclo de vida dos produtos requer um grupo técnico orientador dos trabalhos,

especialmente na fase inicial de implementação da proposta.

Este grupo precisa ser, necessariamente, multidisciplinar, envolvendo não apenas participantes do

CRA, mas também do setor produtivo e das universidades ou de centros de pesquisa, podendo-se

ainda avaliar a participação de outros atores da seara ambiental.

A formação de tal grupo mostra-se essencial para definição de medidas capazes de pôr em prática

as diretrizes aqui apontadas como oportunidades de incorporação deste conceitual às atividades

do órgão ambiental. Entende-se que para se operacionalizar tal proposta faz-se necessário o

desenvolvimento de mecanismos que induzam à sua utilização.

Esta estratégia de indução pode passar pela incorporação de itens específicos na Lei, no

desenvolvimento de Normas Técnicas pertinentes, no desenvolvimento de estruturas que

facilitem o acesso à informação sistematizada, como bancos de dados e construção de

procedimentos internos o CRA a este respeito.

De igual forma, mostra-se necessário o envolvimento de um corpo técnico consultivo

especializado. Tal apoio se mostra fundamental, frente a diversidade de atividades que podem se

envolvidas neste trabalho e ainda, tomando-se em consideração o pioneirismo de tal atividade. Os

estudos deverão ser discutidos caso-a-caso, refinando-se os procedimentos associados à

incorporação deste ferramental no CRA.

Não parece ser fundamental que esta equipe (parcela de funcionários do CRA) esteja

exclusivamente envolvida com os trabalhos da ACV, dissociando-se das demais atividades do

órgão, nem tampouco este grupo precise ser necessariamente dissociado de qualquer outro grupo

técnico já existente no CRA. Em qualquer caso, é importante que se encontrem mecanismos de

associação da ACV aos demais instrumentos e áreas de conhecimento, sob pena de, não obstante

os esforços realizados, não se ver operacionalizada tal proposta. Além disso, há o potencial efeito

multiplicador destes componentes, que podem levar à sua coordenação o pensamento no ciclo de

vida.

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119

Assim sendo, poderia se propor como objetivo geral do GTACV – Grupo Técnico de Análise de

Ciclo de Vida:

Coordenar e orientar a implantação e incorporação da Análise de Ciclo de Vida na

atuação do CRA e na disseminação deste conceitual a demais setores da sociedade, como

outros órgãos governamentais, indústria, universidade, grupos ambientalistas, associações

de classe e sociedade, em geral.

Montagem de Projeto Piloto

Levar à execução um conjunto teórico de propostas significa submeter esta proposta a ajustes,

adaptações, complementações e cortes, tornando a sua operacionalização viável.

A tentativa de executar uma proposta é que mostra seus pontos frágeis e suas melhores

oportunidades, nem sempre percebidas na análise puramente teórica.

Assim, mostra-se fundamental que, uma vez que um grupo de pessoas esteja capacitada para tal,

promova-se a execução de um projeto piloto junto a uma empresa que, após consenso entre as

partes, aceite participar deste trabalho.

A execução dos pilotos deve se dar com indústrias voluntárias ou que, uma vez convidadas,

aceitem participar deste processo, sem contudo envolver qualquer nível de exigência legal por

parte do CRA. Trata-se de um trabalho de parceria, cuja intenção é envolver a empresa com a

ACV e capacitar mutuamente CRA e empresa neste processo.

A montagem de projetos pilotos mostra-se fundamental para a implementação das diretrizes aqui

apontadas. Refere-se a “ projetos pilotos” – no plural – porque se mostra importante o

desenvolvimento de pilotos nas diversas aplicações intencionadas (item 5.3).

Propõe-se a execução de pilotos nas seguintes áreas:

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120

1. Licenciamento ambiental

a. Envolvendo as estratégias de autocontrole ambiental

b. Com e sem a realização de Estudo de Impacto Ambiental

c. Com e sem a associação da ACV com alguma outra ferramenta (ex: Análise de

Risco)

2. Fiscalização Ambiental

a. Na execução de um Termo de Compromisso

As empresas participantes deste processo devem ser reconhecidas por tal empreitada. Uma

possibilidade de reconhecimento é a divulgação de seu feito no Portal SEIA como uma empresa

que, preocupada e interessada no desenvolvimento de estratégias de Prevenção da Poluição e

preocupada com uma melhor gestão ambiental, aceitou participar desta proposta.

������ /LFHQFLDPHQWR�$PELHQWDO�

O licenciamento é a atividade de controle mais difundida e bem consolidada no CRA. A

construção de seu PRGXV� RSHUDQGL se dá dia-a-dia, durante a sua execução. Não são raros os

casos onde se observa que a sua prática avança em relação ao postulado na Lei. O seu processo é

dinâmico e permanentemente ajustado.

O licenciamento é um importante momento de incorporação da ACV, seja por poder beneficiar a

análise reguladora do CRA, seja pelo seu poder de induzir o setor produtivo à utilizar a ACV.

Além disso, é um procedimento necessário a grande maioria do setor produtivo baiano e que

envolve, de forma mais marcante, a avaliação de estudos ambientais de naturezas diversas.

Alguns fatores identificados na análise da regulação ambiental brasileira e baiana e na análise da

atuação do CRA mostram-se importantes neste momento, como balizadores da estratégia de

implantação.

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121

Identificam-se momentos e oportunidades diferenciadas dentro do processo de licenciamento que

possam ser adequados à incorporação da proposta. Destacam-se os momentos de solicitação da

licença, análise técnica pelo CRA, solicitação de estudos ambientais pelo CRA, concessão da

licença, entre outros.

Solicitação da Licença

Um RCE38 adequadamente desenhado pode induzir a que, na caracterização do empreendimento

sejam também consideradas algumas das etapas anteriores e posteriores ao empreendimento,

dentro de sua cadeia produtiva, podendo ainda levar a uma condição que se evite a transferência

de impactos de uma etapa para outra ou substituição de um problema ambiental por outro.

Neste sentido, mostra-se importante que uma equipe multidisciplinar revise os termos de

referência para elaboração dos roteiros existentes no CRA e até elabore novos, para as atividades

que ainda não possuem tal referência, introduzindo neles elementos para solicitação de

informações que levem o consultor e/ou o empreendedor a pensarem sobre os aspectos

ambientais associados às diversas etapas do ciclo de vida do produto, destacadamente às etapas

além do processo produtivo.

Além disso, uma vez que este procedimento esteja suficientemente amadurecido e bem

estruturado no CRA, ele pode ser utilizado para a solicitação às empresas que inventariem seu

processo, segundo uma unidade de referência única, de caráter funcional. Tais resultados

poderiam ser futuramente armazenados num sistema de dados, com resultados importantes para o

trabalho do CRA, da indústria e da sociedade como um todo. Tal aspecto é mais bem discutido no

item 5.3.8.

O GTACV conjuntamente com a empresa, consultores, universidade e outros atores

oportunamente identificados, devem identificar quais seriam estes elementos a serem inseridos

nos Roteiros de Caracterização dos Empreendimentos, em especial, os dos itens que deveriam

constar num possível inventario. Destacam-se desde já:

38 RCE – Roteiro de Caracterização do Empreendimento. O CRA possui alguns termos de referência para confecção de RCE’ s, segundo a tipologia da atividade (ver Apêndice A, Quadro 9).

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- o produto ou os produtos que deverão ser objeto de análise

- a unidade funcional mais adequada de cada um dos produtos

- definição de objeto e abrangência do estudo qualitativo a ser desenvolvido

- um fluxograma indicativo do ciclo de vida deste produto, envolvendo todo o seu ciclo

de vida

- um balanço de massa quantitativo (quando possível) ou qualitativo para todo o ciclo

de vida dos produtos sob análise

- o levantamento dos principais aspectos ambientais e impactos ambientais potenciais

associados a cada etapa de ciclo de vida ou componente do inventário

- Avaliação qualitativa do ciclo de vida do(s) produto(s)

- Sugestão de possíveis melhoramentos no ciclo de vida do(s) produto(s)

- Esclarecimentos dos pressupostos assumidos, dos limites do estudo e do método

utilizado para tanto

Análise Técnica pelo CRA

O capítulo de análise da atuação do CRA identificou aspectos da análise técnica feita pelo órgão

que têm forte relação com a aplicação da proposta deste trabalho.

Um aspecto de destaque, sem dúvida, é a capacidade da equipe técnica do CRA interagir com os

empreendimentos discutindo de forma crítica aspectos da concepção do projeto e os

procedimentos tecnológicos a serem utilizados na empresa.

Vê-se que a proposta deste trabalho ficaria bastante prejudicada se não for buscada a avaliação do

mérito do descritivo e dos estudos apresentados pela empresa ao CRA, o que vale tanto para o

licenciamento quanto para a avaliação de condicionantes. Desta forma, a sistematização de

procedimentos e a criação de mecanismos que induzam à realização deste tipo de análise

mostram-se condições importantes à consecução da proposta.

Um primeiro momento para inserção de considerações no ciclo de vida na análise técnica do

licenciamento é na elaboração do RCE. Se o termo de referência apresentado ao empreendedor

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para a confecção do RCE ou de estudos ambientais tiver sido convenientemente preparado para

obtenção de informações de ciclo de vida e conduzir à realização de considerações além da etapa

específica em análise, a elaboração do RCE deverá contribuir para a sensibilização do empresário

e deverá subsidiar a análise técnica do CRA.

O técnico do CRA, por sua vez, sendo conhecedor da ACV e do tipo de considerações a que ela

pode conduzir, passa a dispor de um memorial descritivo que a aborda a avaliação qualitativa ao

longo do ciclo de vida ou até, dispor de um inventário de materiais e energia e avaliação de

impactos ambientais destes dados, tendo condições de discutir e interagir com o empreendedor e,

potencialmente, de sugerir melhorias ambientais substanciais.

A incorporação desta abordagem deve trazer novos aspectos à análise da LL, por exemplo. Por

ser a fase onde se deveria discutir a concepção do projeto e onde, teoricamente, ainda não foram

feitos investimentos financeiros que comprometam possíveis mudanças, mostra-se momento

oportuno para uso intensivo do “ pensar o ciclo de vida” .

Há que se lembrar, entretanto, que um aspecto permanentemente levantado por aqueles que

executam e analisam EIA’ s, por exemplo, é que, embora ainda não tenham sido aplicados

investimentos financeiros, algumas decisões importantes sobre o empreendimento já foram

tomadas num momento anterior, nos planos, políticas e programas governamentais.

Assim, remonta-se à discussão da importância da inserção de considerações ambientais

considerando o ciclo de vida nos setores governamentais que atuam no fomento e na atração de

investimentos e unidades industriais para o Estado. Trata-se de criar as melhores condições para a

sua implantação. Sobre a inserção do pensamento no ciclo de vida em demais setores

governamentais, ver itens 5.3.4 e 5.3.7.

Ainda com relação à escolha locacional, a incorporação de conceitos de Prevenção da Poluição e

do uso de ferramentas como a Análise de Fluxo de Materiais e a Ecologia Industrial podem trazer

informações significativas à matriz de variáveis para melhor localização do empreendimento e

sua cadeia produtiva.

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A localização é, muitas vezes, definida no EIA. A este respeito, ver Item 5.3.6 e, no Item 5.3.1,

“ Solicitação de Estudos Ambientais” .

Solicitação de Estudos Ambientais

No item 2.9, observou-se que diversas modalidades de estudos ambientais podem ser

complementadas, com vantagens, pela adoção de considerações no ciclo de vida. Isto pode ainda

ser facilitado caso se desenvolvam termos de referência, normas técnicas ou outro tipo de

procedimento sistematizador que induza à utilização de considerações desta natureza nestas

ferramentas.

Destaca-se aqui o Estudo de Impacto Ambiental, que é instrumento da PNMA e da PEARA e,

por isso, tem uso freqüente no órgão ambiental.

Na Concessão da Licença

A concessão da licença é o momento onde o licenciador estabelece as condições, restrições e

estudos adicionais relativos ao empreendimento, através dos condicionantes da licença. Neste

momento pode-se estabelecer, dentre os estudos adicionais, a realização de estudos ACV do

produto ou empreendimento ou mesmo, etapas deste estudo, acrescendo paulatinamente maior

número de informações.

Para tanto, remete-se à importância do acompanhamento do cumprimento de condicionantes,

conforme discutido em 4.3 (Fiscalização Ambiental).

Neste momento, o grupo técnico de ACV aqui proposto, em consonância com um representante

indicado pela empresa deverá estabelecer um termo de referência - TR mínimo do estudo de

análise de ciclo de vida, a ser apresentado pela empresa na renovação da sua licença.

Seja por exigência do CRA, seja em conseqüência de um acordo entre o órgão e a empresa, este

pode ser o momento de partida de um estudo ACV, a ser executado durante o período de vigência

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da licença. Desde que esteja devidamente capacitada para tal, mostra-se importante que o escopo

deste estudo seja discutido de forma conjunta com o GTACV, determinando-se os aspectos a

serem incluídos, entre os quais:

- Produto(s) a ser(em) analisados pela ACV;

- Unidade funcional de cada produto, em relação a qual estarão referenciados todos os

dados apresentados no estudo

- Objetivo e escopo do estudo, claramente definidos;

- Etapas a serem consideradas no inventário;

- Balanço mássico e energético etapa-a-etapa do(s) ciclo(s) de vida do(s) produto(s)

- Inventário de dados referenciados à unidade funcional

- Qualificação dos dados fornecidos pela sua origem (medido, estimado, de literatura)

- Interpretação do inventário, com a associação de aspectos ambientais

- Definição metodológica do levantamento dos impactos ambientais

- Determinação dos impactos ambientais potenciais

- Proposição de melhorias ao longo do(s) ciclo(s) de vida do(s) produto(s)

������ $XWRFRQWUROH�$PELHQWDO�

Auto-Avaliação para o Licenciamento Ambiental

A exemplo do licenciamento realizado totalmente pelo CRA, a auto-avaliação para o

licenciamento deverá ser permeada de elementos de ciclo de vida. Neste caso, entretanto, o

envolvimento do GTACV poderia ser menor, ao passo que se incumbirá de maior

responsabilidade a CTGA da empresa envolvida. Neste caso, destaca-se a importância da CTGA

e de sua capacitação em ACV.

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Balanço Ambiental39

O Balanço Ambiental pode ser um meio de divulgação das iniciativas da empresa com relação a

ACV. Deve-se divulgar não só a realização do estudo, como também as ações eventualmente

adotadas a partir dos resultados de ciclo de vida.

Assim, o balanço ambiental deverá trazer de forma clara para a sociedade um extrato sucinto e

explicativo do estudo realizado, apresentando de forma qualitativa (descrição, tabelas e gráficos)

os principais aspectos ambientais associados ao longo do ciclo de vida do produto, bem como a

indicação de onde se encontram os maiores impactos.

O CRA pode desenvolver uma forma de divulgação destes trabalhos ou ainda, divulgação das

empresas que assumiram tal compromisso, destacando a importância desta iniciativa para a

sociedade. Este seria um mecanismo de reconhecimento público por parte do órgão ambiental do

esforço desenvolvido pela empresa.

������ 7HUPRV�GH�&RPSURPLVVR�

Dentro de suas atividades regulatórias e punitivas, o órgão ambiental dispõe dos Termos de

Compromisso para Ajustamento de Conduta Ambiental.

Tais termos se caracterizam como contratos firmados entre o órgão ambiental e a empresa, em

geral em resposta a uma situação em que a mesma se encontre em infração, ou na posse de um

passivo ambiental. Assim, o termo é um documento no qual a empresa afirma estar ciente de sua

irregularidade mas mostra-se disposta a cumprir o quanto estabelecido pelo órgão para sua

adequação ou para compensação de um dano já causado.

Desta forma, os termos mostram-se momentos oportunos para o desenvolvimento de estudos de

caso de ciclo de vida. Um estudo ACV pode ser exigido pelo órgão, que estabelecerá as

condições no qual o mesmo ocorrerá.

39 Uma breve discussão sobre o balanço ambiental é apresentado no Apêndice A.

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Neste caso, a ACV pode ser um estudo que ajude a buscar soluções específicas para os problemas

ambientais discutidos ou ser usado como uma medida compensatória a danos causados, devendo

a empresa realizar este estudo, ou ainda apoiar, promover ou patrocinar a ACV por outras

entidades. É importante que os resultados deste trabalho sejam públicos.

������ $SRLR�j�(ODERUDomR�GH�1RUPDV�7pFQLFDV�H�/HJDLV�

O CRA tem atuação importante no apoio à construção das leis ambientais do Estado da Bahia,

não apenas elaborando e aprovando normas técnicas através de Resoluções, como também,

apoiando a fundamentação das Regulamentações aprovadas pelo CEPRAM e algumas vezes até

pelo CONAMA, além de ter atuação importante no desenho da Política Estadual de Meio

Ambiente. Tal função é instrumento previsto pela política ambiental baiana.

A elaboração das normas e padrões propostos pelo CRA e pelo CEPRAM deverá buscar em sua

metodologia a incorporação de conceitos de ciclo de vida, quer na sua elaboração, quer nos

quesitos para cumprimento da mesma.

O pensamento no ciclo de vida pode e deve ser usado na elaboração de documentos legais, sejam

eles Normas Técnicas, Portarias, Resoluções ou Leis. Por sua vez, dados catalogados oriundos de

estudos com a aplicação da ferramenta ACV podem fornecer importante subsídio à construção de

políticas públicas.

Há que se destacar que informações oriundas de bancos de dados podem ter valor adicional na

medida em que se caracterizam por dados agregados, que podem ser conseqüentes de mais de um

estudo, dos quais eventualmente pode-se extrapolar conclusões.

������ 6LVWHPD�(VWDGXDO�GH�,QIRUPDo}HV�$PELHQWDLV�

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Através de sua página na internet, o Sistema Estadual de Informações Ambientais pode divulgar

empresas que fizerem a ACV, como forma de dar reconhecimento público a este esforço. Além

disso, o SEIA, seja através da página, seja através do acervo do CRA/NEAMA pode

disponibilizar informações, artigos técnicos, periódicos e, notadamente no Portal SEIA,

informativos virtuais e material disponível para baixar eletronicamente.

������ (VWXGRV�$PELHQWDLV�

Os estudos ambientais podem e devem ser conduzidos com o apoio do “ pensamento no ciclo de

vida” , levando os seus elaboradores e leitores a fazer considerações sistêmicas do elemento de

estudo.

Notadamente, o Estudo de Impacto Ambiental, deve encontrar oportunidades de utilização desta

forma de abordagem. Isto pode se iniciar no adequado desenho de seu Termo de Referência,

passando pelos trabalhos de diagnóstico ambiental e avaliação de impactos propriamente dita,

envolvendo os diversos atores participantes como, técnicos do CRA, consultores, empresa e

outros órgãos públicos e privados envolvidos. Há que se destacar a sua característica de

potencialmente favorecer a avaliação tecnológica, etapa dos Estudos de Impacto Ambiental, nem

sempre efetivamente realizada.

A literatura já apresenta uso conjunto da ACV com diversas ferramentas, como a Análise de

Risco, avaliação de sítios contaminados, etc. com importantes resultados. Há também trabalhos

que associam a ACV à Avaliação Ambiental Estratégica na avaliação de políticas, planos e

programas governamentais, usando a AAE não apenas como um elemento de inserção do

pensamento ambiental nas ações do governo, mas como um potencial elemento de inserção do

pensamento ambiental considerando o ciclo de vida de produtos nas ações governamentais.

������ 'LYXOJDomR�H�$omR�'LVVHPLQDGRUD�

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129

Identifica-se o potencial de divulgação do conceito de ciclo de vida e de indução ao uso da

ferramenta ACV por duas linhas principais de ação do CRA.

A primeira delas é através da promoção de eventos técnicos como congressos, seminários, fóruns

técnicos, que divulguem a proposta e capacitem ao uso. O CRA e, especialmente o NEAMA, tem

um trabalho permanente de promoção e apoio a eventos deste tipo, tendo como público não só a

equipe do CRA, mas também órgãos parceiros e, algumas vezes, a todos os interessados.

A outra linha é que, através das ações corriqueiras do CRA, a sua interação com o Ministério

Público, com as prefeituras, a Universidade, demais órgãos públicos da esfera municipal, estadual

e federal (a exemplo do IBAMA, Prefeituras, EMBASA, CONDER, DERBA, CERB, CAR,

Vigilância Sanitária), CEPRAM e seus componentes, empresas de consultoria e o setor produtivo

levem ao envolvimento também destes atores.

No caso dos demais órgãos públicos, especialmente os órgãos setoriais do SEARA, deve-se

promover um envolvimento da CTGA destes na capacitação, utilizando-os como multiplicadores.

������ $SRLR�j�(VWUXWXUDomR�GH�%DQFR�GH�'DGRV�5HJLRQDO� Os estudos ACV executados em conseqüência de ações do CRA devem ser públicos. Identifica-

se a necessidade, no Brasil, de organismos e instituições que gerenciem bancos de dados de

ACV.

Assim, os dados conseqüentes destes estudos devem servir para alimentação destes bancos. Além

disso, uma vez que o CRA consiga criar mecanismos de acesso, disponibilização e manuseio das

informações que circulam no órgão, esta será, sem dúvida, uma importante fonte potencial de

dados para diversos estudos ambientais, inclusive a Análise de Ciclo de Vida.

O desenvolvimento de indicadores ambientais adequados e a solicitação de informações (por

parte do órgão) às empresas num formato conveniente à ACV, são também condições que

resultariam num importante apoio à execução de estudos ACV na Bahia e no Brasil.

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131

��� &21&/86­2�

A incorporação da ferramenta ACV e do “ pensamento no ciclo de vida” no setor produtivo, nas

organizações governamentais e não governamentais no Estado da Bahia e no Brasil é uma

medida que, pela sua importância e potencialidade de resultados, faz-se necessária, devendo ser

desenvolvidas estratégias e mecanismos que busquem este propósito.

Com este propósito geral, foi desenvolvida esta dissertação, buscando identificar oportunidades

junto às atividades executadas pelo CRA para incorporação do conceito, para complementação e

aperfeiçoamento da atuação do órgão e para disseminação do conceito de ciclo de vida a agentes

como as universidades, as organizações governamentais, não governamentais e o setor produtivo.

Para tanto, a dissertação se estruturou em seis capítulos organizados de um modo tal a atender os

objetivos específicos do trabalho. O capítulo 1, introdutório, contextualiza o problema, justifica a

relevância de sua demanda, descreve os seus objetivos e por quais métodos pretende alcançá-los.

O capítulo 2 realizou análise crítica da ACV, de onde se destacam os seguintes resultados

principais:

• Trata-se de uma poderosa ferramenta/conceitual que pode e deve ser explorada no setor

produtivo e no poder público, com benefícios para a sociedade em geral.

• É crucial que, a exemplo de outras ferramentas, tenha-se permanentemente o olhar e o

julgamento crítico de suas etapas e resultados. Observe-se que, seja pelo fato da

intensificação de seu uso ainda ser recente, seja pelo fato de que ela requer imensa

quantidade de dados, tendo como resultado um único indicador de impacto, os resultados

apresentados podem conduzir a decisões equivocadas ou até, intencionalmente

direcionadas.

• A ACV tem foco no produto e, mesmo quando avalia processos e atividades, ela o faz

através dos produtos e energia consumidos para execução daquele processo ou atividade

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• A ACV tem o potencial de avaliar a ecoeficiência no uso de materiais e de induzir a

práticas de produção limpa

• A ACV tem aplicações positivas tanto no setor produtivo como no poder público

• Os bancos de dados são estruturas indispensáveis para a realização de ACV´s

• A ACV, por suas peculiaridades, não é adequada para avaliação de impactos locais, de

impactos de poluentes na água e no solo e tem dificuldade de avaliar efeitos sinérgicos

No Capítulo 3 abordou-se a atuação do governo na questão ambiental, notadamente na esfera

regulatória, utilizando para isso da análise de alguns documentos legais Federais e Estaduais no

meio ambiente. Em seguida, discutiu-se a possibilidade de adoção da ACV pelo governo.

Na análise deste tópico:

• Não foram identificados elementos impeditivos à implantação da proposta

• A PNMA tem elementos que, ainda que de forma tímida, ensejariam a proposta deste

trabalho

• Na Resolução CONAMA 237/97 não se identificaram elementos que conduziriam a

realização de avaliação tecnológica no processo de licenciamento

• Na PNMA e nas Resoluções CONAMA 237/97 e 001/86 não se identificam elementos

que levariam a considerações além da etapa em análise

• O Regulamento da Lei Estadual 7799/01 apresenta alguns elementos que poderiam

facilitar a implementação da proposta deste trabalho

• No Regulamento da Lei Estadual 7799/01 não se identificaram elementos que sejam

capazes de induzir à realização de análise de mérito das proposições apresentadas

Ao se abordar a atuação do CRA no Capítulo 4 de forma direcionada para a perspectiva de

implantação da proposta deste trabalho, não se pretendeu fazer uma análise exaustiva do tema.

Foram identificados contudo, aspectos de destaque de alguma forma relevantes à proposta, dentre

os quais pode se destacar:

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• O tratamento diferenciado dispensado a empresas de micro e pequeno porte em relação às

de médio, grande e excepcional porte pela Legislação Ambiental Baiana e pelo CRA

• A Licença Ambiental ser renovável

• A escolha locacional dos empreendimentos, realizada dentro dos procedimentos do

licenciamento, pode ser melhorada com a incorporação de considerações de ciclo de vida,

e, entre outros elementos, pelo subsídio trazido por requerer outorga de água nesta etapa

• O CRA não avalia, de forma sistemática, o mérito e conteúdo tecnológico das proposições

apresentadas ao órgão pelos empreendimentos

• O licenciamento do CRA não faz considerações sistemáticas dos aspectos ambientais

presentes além das etapas em análise

• O CRA não dispõe de mecanismos de fácil acesso aos dados e informações existentes no

órgão (oriundos dos procedimentos administrativos da execução dos instrumentos legais)

• A análise do licenciamento é fragmentada por não considerar na análise reguladora de

uma etapa do empreendimento, possíveis efeitos sistêmicos oriundos das etapas anteriores

e com conseqüências em etapas futuras

• A avaliação de mérito fica ainda mais dificultada com o trabalho individual de técnicos do

órgão

• O Termo de Compromisso é um instrumento que permite alguma flexibilidade de ação do

CRA, sendo propício à demanda de estudos ACV

• O CRA ainda não consegue avaliar, de forma sistemática, o cumprimento dos

condicionantes estabelecidos na Licença Ambiental e quando consegue, é feita a

verificação da apresentação de material escrito ao CRA e, não necessariamente, a análise

e julgamento quanto a sua qualidade e pertinência

• As estratégias de autocontrole ambiental utilizadas pelo CRA são consideradas favoráveis

à implantação desta proposta

• O CRA tem prática no estabelecimento de parcerias com a iniciativa privada e organismos

governamentais e não-governamentais

• O NEAMA apresenta grande potencial de atuação diferenciada dentro do Governo do

Estado em relação a questão ambiental, especialmente quanto a aspectos não regulatórios

ou que complementariam/apoiariam a ação regulatória

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134

• O programa de capacitação da equipe técnica representa uma postura arrojada, que bem

caracteriza e adequa o CRA à aplicação deste trabalho

Ao apresentar a proposta de trabalho no Capítulo 5 – Inserção da ACV nas atividades do CRA,

identificaram-se como requisitos importantes à viabilização da proposta, a capacitação em ACV

da equipe técnica, a formação de um Grupo Técnico em Análise de Ciclo de Vida para conduzir,

orientar e definir prioridades para as aplicações da ACV no CRA.

Identifica ainda que a proposta precisa ser experimentada através de iniciativas piloto, com vistas

a ajustes de ordem prática que levem ao aperfeiçoamento das preposições, tornando-as mais

objetivas no alcance de seus propósitos.

Mais do que chegar a conclusões definitivas a proposta aponta para as diversas possibilidades e

para o leque de oportunidades e potencialidades que se apresentam com o uso da abordagem de

ciclo de vida.

Nas ações do CRA, identificam-se oportunidades no Licenciamento, na auto-avaliação para

licenciamento ambiental, nas Comissões Técnicas de Garantia Ambiental, no balanço ambiental,

nos termos de compromisso, no apoio à elaboração de normas técnicas e legais, no SEIA, nos

Estudos Ambientais e ainda, o papel do CRA em ajudar a divulgar e disseminar o conceito ciclo

de vida e a estruturação de um banco de dados de ACV, através do fornecimento de dados de

ciclo de vida.

Por fim, conclui-se que as diretrizes apontadas na proposta deste trabalho podem levar de forma

efetiva à incorporação da ACV, especialmente do “ pensamento de ciclo de vida” nas ações do

órgão ambiental. Como afirmado, a proposta foi feita apontando-se diretrizes, que identificam

oportunidades a serem exploradas, com resultados positivos para o órgão ambiental, para o setor

produtivo, para os órgãos governamentais e não governamentais e para a sociedade como um

todo.

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����ÈUHDV�SDUD�)XWXUR�'HVHQYROYLPHQWR��

1. São necessários estudos que colaborarem para o desenvolvimento de bancos

de dados nacionais.

2. São necessários que estudem que estreitem a interação da ACV com outras

ferramentas

3. Mostra-se necessário o estudo de mecanismos que levem a incorporação de

considerações ambientais ao longo do ciclo de vida nos órgãos públicos de

fomento à produção

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$3Ç1',&(6�� $3Ç1',&(�$�±�'(6&5,d­2�'$�$78$d­2�'2�&5$�� ,QWURGXomR�

O CRA é o órgão coordenador, executor da Política Estadual de Administração dos Recursos

Ambientais e secretaria executiva do CEPRAM e tem a competência de, além de coordenar e

executar a Política Estadual de Meio Ambiente, integrar as atividades do Poder Público e da

iniciativa privada, visando à preservação e a conservação ambiental, com vistas à garantia da

melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável do Estado (BAHIA, 2001a,

2001b).

Suas atribuições previstas em Lei são (BAHIA, 2001a, 2001b):

I - coordenar a execução da política estadual de administração dos recursos ambientais; II - elaborar, em articulação com a Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia, o Plano Estadual de Meio Ambiente a ser incorporado ao Plano Plurianual do Estado; 40 III - propor ao CEPRAM o estabelecimento de normas para conservação, defesa e melhoria do meio ambiente; IV - propor ao CEPRAM normas e critérios para o licenciamento ambiental e para a exigência e elaboração de estudo prévio de impacto ambiental e demais estudos ambientais; V - emitir parecer, com base em análise prévia de projetos específicos e laudos técnicos, para concessão das licenças de competência do CEPRAM, dos processos que este avocar, ou daqueles que lhe forem submetidos; VI - conceder autorizações, anuências prévias, manifestação prévia e licenças ambientais de empreendimentos ou atividades efetiva ou potencialmente causadoras de impactos ambientais, excetuados os casos de competência do CEPRAM; VII - submeter ao CEPRAM, quando for o caso, processos de licenciamento que não se enquadrem no disposto nos incisos VIII e IX, do Art. 6º, deste Regulamento; VIII - emitir parecer técnico por solicitação de órgãos federais e municipais, no caso de licenciamento ambiental de competência dos mesmos; IX - exercer o poder de polícia administrativa, preventiva ou corretiva, no que concerne ao controle, disciplina e fiscalização das atividades efetiva ou potencialmente degradadoras; X - manter sistema de informação relativo ao meio ambiente, bem como sobre as fontes, causas e níveis da poluição e degradação ambiental; XI - assessorar o CEPRAM na regulamentação de espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos; XII - administrar os espaços territoriais especialmente protegidos que lhe forem atribuídos, expedindo as licenças, autorizações ou anuências prévias para execução de

40 Com a criação da SEMARH, em 20/12/02, o CRA e alguns outros órgãos, deixaram de estar ligados à SEPLANTEC e passaram a estar submetidos à SEMARH, que com a redistribuição das funções previstas para os órgãos, deve assumir a execução do Plano Estadual de Meio Ambiente

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obras ou atividades em seu interior ou áreas circundantes41; XIII - exercer a gestão do Fundo de Recursos para o Meio Ambiente – FERFA42; XIV - aplicar as penalidades administrativas de advertência, multa simples ou diária, apreensão, embargo e interdição temporários, na forma prevista neste Regulamento; XV - determinar, se necessário e sem prejuízo das penalidades pecuniárias cabíveis, a redução das atividades geradoras de poluição, para manter as emissões gasosas, os efluentes líquidos e os resíduos sólidos dentro das condições e limites estipulados na licença ou autorização ambiental; XVI - emitir certidão relativa ao cumprimento das obrigações da legislação ambiental; XVII - promover e estimular a celebração de convênios e acordos entre entidades públicas, privadas e organizações não governamentais, nacionais e estrangeiras, tendo em vista a articulação e otimização do SEARA; XVIII - promover meios de conscientização pública para a proteção do ambiente; XIX - expedir normas técnicas e administrativas necessárias ao cumprimento do disposto neste Regulamento; XX - promover medidas judiciais e administrativas visando responsabilizar os causadores de poluição ou degradação ambiental; XXI - promover, isoladamente ou em colaboração com outros órgãos, a consolidação dos inventários dos recursos naturais, a proposição de indicadores de qualidade e o estabelecimento de critérios para melhoria desses recursos; XXII - emitir pareceres sobre assuntos submetidos à sua apreciação; XXIII - representar perante as autoridades federais competentes, sempre que se fizer necessário e pertinente.�

Em 04/07/03, através do Decreto Estadual 8578/03, o governador do Estado da Bahia transferiu à

Superintendência de Desenvolvimento Florestal e Unidades de Conservação, a gestão das

Unidades Estaduais de Conservação.

O Sistema Estadual de Informações Ambientais �O Sistema Estadual de Informações Ambientais - SEIA tem por finalidade a coordenação, a

produção, o registro, o armazenamento, a sistematização e a disseminação de informações sobre a

qualidade do meio ambiente, R�XVR�GRV�UHFXUVRV�QDWXUDLV, as fontes degradadoras, a presença de

substâncias potencialmente danosas à saúde nos alimentos, na água, no ar e no solo e as situações

de riscos de acidentes, de modo a possibilitar o conhecimento da situação ambiental do Estado,

bem como subsidiar a tomada de decisões, no âmbito público ou privado (CRA, 2003).

O CRA é responsável pela articulação entre os diversos órgãos integrantes do SEARA e pela

orientação aos usuários do SEIA sobre como e onde obter as informações que o compõem.

41 Através do Decreto 8578/03 a gestão das APA’ s, que até então estavam sob a responsabilidade do CRA, foi transferida à Superintendência de Desenvolvimento Florestal e Unidades de Conservação

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Constitui-se de ZHE� SDJH, mapas temáticos (nos locais tradicionais) , RIMA’ s43 e acervo da

biblioteca.

Alguns dos serviços disponíveis no portal SEIA44 são45: (BAHIA, 2003b):

- Avaliação da qualidade das águas: textos informativos e avaliação da qualidade das

águas de algumas bacias hidrográficas, das praias de Salvador e da BTS;

- Licenciamento Ambiental: informativo, legislação, formulários e livro

“ Licenciamento Ambiental Passo-a-Passo”

- CEPRAM: informativos, arquivos de reuniões CEPRAM;

- Fiscalização Ambiental: informativos e relação mensal das multas aplicadas

- Cadastro Ambiental: informativos, CEEA e CTCA

- Atendimento ao Empreendedor46

- Municipalização: informativo e quadro de municípios habilitados a realizar

licenciamento ambiental

- GISWEB ambiental47

- Projetos Especiais: informativos

- NEAMA: informativo

- Acesso aos outros sub-sistemas (recursos hídricos, saúde humana, cartografia)

- Notícias e matérias

- Publicações CRA

- Serviço “ Fale Conosco”

- Informativo sobre o SEIA e o CRA

O SEIA é composto de um conjunto de sub-sistemas:

Gestão Ambiental

42 Hoje, sob responsabilidade da SEMARH 43 O Relatório de Impacto Ambiental - RIMA é o documento contendo a síntese do Estudo de Impacto Ambiental - EIA 44 www.seia.ba.gov.br 45 A maioria dos documentos relatados está disponível para GRZQORDG 46 Interface para consulta do andamento dos processos de Licenciamento em tramitação no CRA

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Recursos Florestais

Recursos Hídricos

Cartográfico

Saúde humana

Os órgãos públicos envolvidos diretamente com as informações ambientais são: Centro de

Recursos Ambientais – CRA; Superintendência de Desenvolvimento Florestal e Unidades de

Conservação – SFC; Superintendência de Recursos Hídricos – SRH; todos ligados diretamente

ou como autarquias da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMARH;

Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI, ligada a Secretaria de

Planejamento – SEPLANTEC; Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia –

CONDER, ligada a Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEDUR; e Divisão de Vigilância

Epidemiológica – DIVEP, Sanitária – DIVISA e Centro de Saúde do Trabalhador – CESAT,

vinculadas à Secretária de Saúde do Estado.

2�/LFHQFLDPHQWR�$PELHQWDO�

O licenciamento é o principal instrumento de controle ambiental, utilizado pela maioria dos

órgãos ambientais no mundo.

No Brasil, os sistemas de licenciamento são dirigidos segundo a Lei Federal 6.938/81 (Política

Nacional de Meio Ambiente) e seu regulamento, aprovado pelo Decreto Federal 99.274/90, bem

como a Resolução CONAMA 237/97. No Estado da Bahia, o licenciamento é previsto na Lei

Estadual 7799/01 (Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais) e está detalhado

no Regulamento aprovado pelo Decreto Estadual 7967/01.

De acordo com a Resolução CONAMA 237/97, licenciamento ambiental é:

Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental

47 Geolocalização no ZEE – Zoneamento Econômico Ecológico na APA Litoral Norte

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considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

Já a Licença ambiental é definida por este mesmo documento legal como:

Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, possam causar degradação ambiental

Por estas definições propostas, já se pode tirar algumas conclusões a respeito deste procedimento.

Ao tratar em “ órgão ambiental competente” remete-se ao fato de que o licenciamento não é feito

por um único órgão. De fato, no Brasil o licenciamento pode ser feito pelo órgão federal, o

IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, pelos órgãos

ambientais estaduais e pelas Prefeituras48.

Tendo como objetivo destacar os diferenciais (positivos e negativos) da condução deste

procedimento administrativo no Estado da Bahia, a tabela 7 apresenta de forma resumida, os

procedimentos para o licenciamento ambiental estabelecidos na Legislação Federal Brasileira.

48 Segundo a Resolução CONAMA nº 237/97, é competência do órgão federal: o licenciamento de empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de: empreendimentos transfronteiriços, no mar territorial, na plataforma continental, na zona economia exclusiva, em terras indígenas, em Unidades de Conservação de domínio da União; localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais estados; cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do país ou de mais de um estado; com o envolvimento de material nuclear ou radioativo; militares. Aos municípios cabem o licenciamento das atividades de impacto local. Ao órgão estadual, as demais atividades. Em qualquer caso, sempre há a possibilidade de delegação de competência para outras esferas e, sempre que pertinente, ouvir as demais esferas.

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Quadro 4: Resumo dos Procedimentos de Licenciamento Ambiental

Fonte: RESOLUÇÃO CONAMA 237/97

Finalizando, pontua-se algumas das diferenças perceptíveis tão somente pela leitura da Resolução

CONAMA 237/87 e pela análise dos passos estabelecidos no documento “ Novo Licenciamento

Ambiental Passo-a-Passo” de Bahia (2002a), além do próprio conhecimento pela vivência no

órgão ambiental da Bahia são:

9 Na Bahia, a definição dos documentos que farão parte do processo licenciatório não se dá

com a participação do empreendedor. Em verdade, esta documentação já está pré-

estabelecida em diversos documentos de procedimentos internos do CRA, sofrendo uma

O Decreto Federal 99.274 de 06/06/90 que aprova o regulamento da Lei Federal 6.938/81 (Política Nacional de Meio Ambiente) e a Resolução CONAMA 237/97 prevêem três categorias de licenças ambientais, a saber: LP – Licença Prévia, LI – Licença de Implantação e LO – Licença de Operação. A Resolução CONAMA 237/87 estabelece os seguintes passos a serem seguidos no procedimento de licenciamento (grifos do autor): , – Definição pelo órgão ambiental competente, FRP�D�SDUWLFLSDomR�GR�HPSUHHQGHGRU, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida; ,, – Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade; ,,, – Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias; ,9 – Solicitações de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, XPD� ~QLFD� YH]� HP� GHFRUUrQFLD� GD� DQiOLVH� GH�GRFXPHQWRV, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; 9�– Audiência Pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente; 9,� – Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reintegração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; 9,, – Emissão de parecer técnico conclusivo e, TXDQGR�FRXEHU, SDUHFHU�MXUtGLFR; VIII – Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade.

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verificação final por um técnico de nível superior deste órgão que avalia a pertinência de

cada exigência, a luz da caracterização do empreendimento.

9 Não está explicitamente definido em nenhum documento legal do Estado da Bahia que a

solicitação de complementação de documentação se dará uma única vez, embora seja uma

condição naturalmente desejável. Na prática, entretanto, não raro são solicitadas, mais de

uma vez, complementação na documentação solicitada.

9 O parecer jurídico é parte integrante do processo licenciatório na Bahia, existindo sempre

em qualquer licenciamento.

O Licenciamento Ambiental no Estado da Bahia

O procedimento do licenciamento ambiental no Estado da Bahia é conduzido segundo as etapas

apresentadas na Figura 11, válido para os empreendimentos de médio, grande e excepcional

porte. Os empreendimentos de micro e pequeno portes, que recebem a licença simplificada,

podem ser mais bem compreendidos pela Figura 12.

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151

Figura 11: Fluxograma Simplificado do Licenciamento Ambiental Fonte: BAHIA, 2002a

Requerimento da Licença

SIM Licença de

Localização? Passível de

EIA/RIMA? Audiência Prévia

Local

Elaboração do TR*

Aprovação do TR pelo Cepram

Elaboração EIA/RIMA

Emissão Certificado da Licença

Publicação da Licença

Deliberação pelo CRA ou &(35$0

Parecer Técnico Conclusivo

Inspeção Técnica

Parecer Jurídico Audiência Pública

Apresentação EIA/RIMA ao CRA

SIM

NÃO NÃO

*TR – Termo de Referência CRA – Órgão Ambiental do Estado da Bahia CEPRAM – Conselho Estadual do Meio Ambiente do Estado da Bahia

$1È/,6(�7e&1,&$�

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152

Figura 12: Esquema Simplificado para o Licenciamento de Empreendimentos de Micro e Pequeno Portes Fonte: a partir do esquema proposto por Bahia (2002a) adaptado pelo autor

O sistema de licenciamento ambiental desenvolvido na Bahia prevê as seguintes Licenças:

I - /LFHQoD� GH� /RFDOL]DomR� �//�: concedida na fase preliminar do planejamento do

empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade

ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas

fases de sua implementação;

II - /LFHQoD� GH� ,PSODQWDomR� �/,�: concedida para a instalação do empreendimento ou

atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos

Requerimento da Licença

Micro ou Pequeno porte?

SIM NÃO

Inspeção Técnica

Parecer Técnico Conclusivo

Parecer Jurídico Conclusivo

Deliberação pelo CRA

Publicação da Licença

Emissão Certificado da Licença

$1È/,6(�7e&1,&$�

Esquema 01

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aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes;

III - /LFHQoD�GH�2SHUDomR��/2�: concedida para a operação da atividade ou empreendimento,

após a verificação do cumprimento das exigências constantes das licenças anteriores e

estabelecimento das medidas de controle ambiental e condicionantes a serem observados para

essa operação;

IV - /LFHQoD� GH�$OWHUDomR� �/$�: concedida para a ampliação, diversificação, alteração ou

modificação de empreendimento ou atividade ou processo regularmente existente;

V - /LFHQoD� 6LPSOLILFDGD� �/6�: concedida para a localização, implantação e operação de

empreendimentos e atividades de micro ou pequeno porte.

As Licenças de Operação e Licenças Simplificadas são renovadas periodicamente. Nestes casos,

estes procedimentos são denominados 5HQRYDomR� GH� /LFHQoD� GH� 2SHUDomR� �5/2� e

5HQRYDomR�GH�/LFHQoD�6LPSOLILFDGD��5/6�. Segundo Bahia (2002a), as etapas para obtenção de licença ambiental são os seguintes:

,�±�5HTXHULPHQWR�GD�/LFHQoD�

Para requerer a licença, o interessado deverá procurar o CRA, que após análise prévia

determinará qual a tipologia da licença, bem como os documentos básicos necessários à

apresentação. O CRA fornece o Roteiro de Caracterização do Empreendimento – RCE, que é um

termo de referência mínimo para estruturação do descritivo a ser apresentado à análise. Hoje, o

CRA dispõe de cerca de 23 modelos de RCE, específicos para cada modalidade de licença,

conforme mostra a Tabela 8.

Por meio do RCE, são fornecidas informações sobre a atividade a ser implantada, as

características da área afetada, os objetivos do projeto e as possíveis interferências no meio

ambiente contendo inclusive plantas, mapas, estudos ambientais, fotos, dentre outros. (CRA,

2003).

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Quadro 5: Relação dos Roteiros de Caracterização do Empreendimento que o CRA dispõe (em 21/11/03) Aqüicultura NT CEPRAM 001/99 ATRP modelo interno do CRA Autorização Ambiental modelo interno do CRA Barragens de pequeno e médio portes TR para Estudos Ambientais, modelo interno

do CRA Canalização de drenagem natural modelo interno do CRA Cemitério Resolução CONAMA 335 de 03/04/03 Depósito de Produtos Químicos modelo interno do CRA Destilarias e Usinas de Açúcar modelo interno do CRA Empreendimentos Rodoviários Resolução CEPRAM 2289 de 21/07/2000 ERB NT CEPRAM 003/02 Esgotamento sanitário modelo interno do CRA Hospitais modelo interno do CRA Irrigação Resolução CEPRAM 1212 de 19/04/96 Irrigação tipo “ 0” modelo interno do CRA Lavra de Jazida de petróleo e gás natural Resolução CEPRAM 3022 de 23/08/02 LL para indústrias modelo interno do CRA Manuseio, estocagem, utilização de defensivos e fertilizantes

modelo interno do CRA

Mineração de grande e excepcional porte modelo interno do CRA Mineração de micro, pequeno e médio porte modelo interno do CRA Projetos Urbanísticos e Residenciais modelo interno do CRA Roteiro Geral modelo interno do CRA Transformação de madeira em mobiliário modelo interno do CRA Transportadoras de Produtos Perigosos modelo interno do CRA

O requerimento de qualquer modalidade de licenciamento e de sua renovação, a exceção das

Licenças Simplificadas, é objeto de publicação resumida em jornal de grande circulação. Tal

exigência provém da Resolução CONAMA 006/86 e visa tornar público a requisição de

licenciamento da atividade.

,,�±�$QiOLVH�7pFQLFD�

Hoje o CRA dispõe de diferentes coordenações para tratar o licenciamento. Uma delas trata,

prioritariamente, da análise dos estudos de impacto ambiental e as demais tratam dividem o

gerenciamento com as diversas licenças. A análise técnica do processo fica a cargo, geralmente,

de um técnico apenas, preferencialmente com formação específica naquela área de conhecimento.

Hoje, a equipe técnica de licenciamento do CRA dispõe de um plantel fixo (ver Quadro 10), além

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de componentes de outras coordenações que eventualmente se fazem necessários.

Quadro 6: Plantel do Licenciamento Ambiental na Bahia Engenheiro Químico 9 Engenheiro Sanitarista 5 Geólogo 5 Biólogo 4 Engenheiro Agrônomo 4 Engenheiro Civil 3 Arquiteto 2 Farmacêutico-Bioquímico 2 Economista 1 Engenheiro de Minas 1 Engenheiro Florestal 1 7RWDO� ���

Fonte: BAHIA, 2003c

No caso da LL, há a possibilidade da implantação ser passível de Estudo de Impacto Ambiental.

Este estudo é conduzido a partir de um Termo de Referência aprovado pelo CRA e às expensas

do empreendedor, sendo passível a ocorrência de Audiências Públicas.

No caso de RLO, RLS ou LA há a possibilidade da empresa proponente conduzir um ALA –

Auto Avaliação para Licenciamento Ambiental, que pode reduzir o tempo de licenciamento por

otimizar diversos de seus procedimentos.

A análise técnica se inicia com a avaliação dos documentos apresentados pelo empreendedor. A

etapa seguinte é a inspeção técnica, que via de regra, é feita por apenas um técnico, uma única

vez.

Há que se destacar que, em se tratando de LI ou LO de empreendimento regularmente

estabelecido ou qualquer modalidade de renovação de licença, uma das etapas da análise técnica

é a verificação de cumprimento dos condicionantes da licença anterior.

Após inspeção e com base na documentação apresentada, o técnico procede a avaliação do

empreendimento a luz da legislação ambiental e das normas técnicas vigentes, elaborando um

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Relatório de Inspeção (RI) e um Parecer Técnico (PT), que pode ser favorável ou não ao

licenciamento.

O processo é então encaminhado à Procuradoria Jurídica, que emite parecer jurídico conclusivo.

Caso o parecer técnico tenha sido favorável à concessão da licença, acompanharão o parecer os

condicionantes que deverão ser atendidos dentro dos prazos definidos.

No caso das licenças emitidas pelo CRA (LS ou LI, LO, RLO, RLS, LA, AA de

empreendimentos regularmente estabelecidos), o processo está concluído. Nas que necessitam do

CEPRAM (LL ou primeira licença de empreendimento irregularmente instalado), os pareceres

técnico e jurídico seguem para apreciação pelo Conselho.

Os processos encaminhados ao CEPRAM são direcionados para um Conselheiro – Relator que

aprecia o processo (documentos encaminhados pelo empreendedor, RI, PT e Parecer Jurídico) e

emite o seu voto por escrito, o qual é dado conhecimento aos demais conselheiros, anteriormente

à reunião deliberativa. Na reunião mensal do Conselho os demais componentes do CEPRAM

tomam conhecimento das avaliações de cada conselheiro, sendo-lhes facultado o direito de

concordar ou discordar do voto dado, ou ainda, pedir vistas ao processo para melhor avaliar a

questão. Se o licenciamento ambiental for aprovado pelo CEPRAM, este autorizará o CRA a

emitir o certificado de licença (BAHIA, 2002a).

,,,�±�3XEOLFDomR�GD�/LFHQoD�

As Licenças emitidas diretamente pelo CRA são publicadas no DOE – Diário Oficial do Estado

através de Portaria CRA. As Licenças emitidas por CEPRAM são publicadas através de

Resolução CEPRAM. No Diário Oficial é publicado apenas a minuta da Portaria ou Resolução.

,9�±�(PLVVmR�GR�&HUWLILFDGR�GD�/LFHQoD�

O CRA emite o certificado da licença ambiental, anexado a licença na íntegra, que é

encaminhado ao interessado. O certificado da licença contém o número do processo, o número da

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Resolução ou Portaria, data da publicação no Diário Oficial, o prazo de validade da Licença e a

íntegra dos condicionantes (BAHIA, 2002a).

Para a instrução dos processos de licenciamento ambiental, faz-se necessário dispor dos subsídios

de estudos ambientais. O licenciamento das atividades e empreendimentos suscetíveis de causar

impacto no meio ambiente deve ser instruído, quando necessário, com a realização de estudos

ambientais, a serem definidos em cada caso e apresentados nas diferentes etapas do

procedimento, conforme as características do projeto. A Política Ambiental do Estado da Bahia,

prevê a utilização de estudos tais como:

I - relatório de controle ambiental - RCA;

II - plano de controle ambiental - PCA;

III - plano de recuperação de área degradada - PRAD;

IV - análise preliminar de risco - APR;

V - auto-avaliação para o licenciamento ambiental -ALA;

VI - estudo de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental - EIA/RIMA;

VII -diagnóstico ambiental;

VIII -plano de manejo.

$YDOLDomR�(VWXGR�GH�,PSDFWR�$PELHQWDO�

Segundo o Regulamento da Lei Estadual 7.799/01 aprovado pelo Decreto Estadual 7.967/01, a

Avaliação de Impacto Ambiental - AIA é o instrumento que possibilita diagnosticar, avaliar e

prognosticar as conseqüências ambientais relacionadas à localização, instalação, construção,

operação, ampliação, interrupção ou ao encerramento de uma atividade ou empreendimento.

Segundo a Política Estadual de Recursos Ambientais, o EIA engloba o diagnóstico ambiental, a

identificação, a medição, a interpretação e quantificação dos impactos, a proposição de medidas

mitigadoras e de programas de monitorização, e sem prejuízo de outras informações que vierem a

ser exigidas, deverá conter: dados do proponente, objetivos do empreendimento e sua relação

com os programas, planos e projetos setoriais.

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O EIA é uma categoria de estudos inserida no instrumento político Avaliação de Impacto

Ambiental e estabelecido em diversos documentos legais. Ele é proposto pela Constituição

Federal, Cap. VI – Do Meio Ambiente, Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6.858/81) e seu

Regulamento, pela Resolução CONAMA 001/86, pela Política Estadual de Administração dos

Recursos Ambientais (Lei 7.799/01) e seu Regulamento. Tais documentos estabelecem que a

licença ambiental para empreendimentos e atividades considerados efetiva ou potencialmente

causadores de significativa degradação do meio ambiente dependerá de prévio Estudo de Impacto

Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á

publicidade.

O EIA foi introduzido no sistema normativo brasileiro via Lei 6.803/80, que seu art. 10, § 3º, que

tornou obrigatória a apresentação de “ estudos especiais de alternativas e de avaliações de

impacto” para a localização de pólos petroquímicos, cloroquímicos, carboquímicos e instalações

nucleares. Posteriormente a Resolução CONAMA 001/86 passou a exigir o EIA e o RIMA para o

licenciamento de diversas atividades modificadoras do meio ambiente.

O EIA é sempre acompanhado do RIMA – Relatório de Impacto Ambiental. Segundo o

Regulamento da Lei Estadual 7799/01 aprovado pelo Decreto Estadual 7967/01, o RIMA é o

documento contendo a síntese do EIA, em linguagem acessível, ilustrado por mapas, cartas,

quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual de modo que se possa entender as

vantagens e desvantagens do projeto, bem como as conseqüências ambientais de sua

implementação.

A Figura, mostra o macro-fluxo do processo de licenciamento que origina a realização de EIAs.

Para os empreendimentos na fase de obtenção de LL, o técnico responsável, com base no

descritivo apresentado, na listagem exemplificativa constante da Resolução CONAMA 001/86 e

na inspeção técnica realizada, conclui pela necessidade ou não do Estudo de Impacto Ambiental.

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159

Sendo determinado a execução do EIA, procede-se a realização de Audiência Pública Prévia. O

Estado da Bahia é um dos poucos, senão o único, a realizar Audiências Públicas Prévias no local

no empreendimento (MEIRA, 2003).

�Subsisdiado pela audiência prévia e pelos demais estudo ambientais, o CRA procede à elaboração

do Termo de Referência – TR mínimo, norteador do EIA, o qual é submetido à aprovação pelo

CEPRAM.

O EIA/RIMA é elaborado e apresentado ao CRA, após o que ocorre mais uma audiência pública.

Após a finalização de todo este processo, o técnico ou a equipe técnica responsável procede a

elaboração de um Parecer Técnico Conclusivo, favorável ou não ao empreendimento.

O Parecer Técnico é encaminhado à Procuradoria Jurídica, que emite o seu parecer e todo o

processo é encaminhado ao CEPRAM, que conclui pela emissão ou não da LL.

O EIA como parte integrante do Estudo de Impacto Ambiental, foi inspirado no Direito

Americano (National Environmental Policy Act – NEPA, de 1969) e introduzido na legislação

brasileira de forma tímida em 1980, através da Lei 6.803/80 que “ dispõe sobre as diretrizes

básicas para o zoneamento industrial de áreas críticas de poluição” (MILARÉ, 2001, p. 243-244).

$�)LVFDOL]DomR�$PELHQWDO�

A fiscalização ambiental no CRA está dividida em duas coordenações que atuam, basicamente,

segundo cinco tipos diferentes de demandas.

f) Denúncias ambientais, encaminhadas pela população em geral através de ofícios,

telefonemas, e-mails ou do serviço Disque Meio-Ambiente (0800-711400);

g) Demandas judiciais, originárias principalmente do Ministério Público Estadual,

Ministério Público Federal e da Justiça Estadual ou Federal;

h) Operações planejadas de fiscalização ambiental

i) Avaliação de cumprimento de condicionantes

j) Atendimento a Emergências Ambientais

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Denúncias Ambientais

As denúncias ambientais coletadas através do serviço Disque Meio Ambiente, através de correio

eletrônico encaminhados ao Portal SEIA, através de ofícios encaminhados pessoalmente ou por

fax, através de contato telefônico ou pessoalmente são avaliadas pelo coordenador da área que

avalia a pertinência da denúncia, a suficiência das informações relatadas e a possibilidade de

atendimento considerando o seu efetivo, para então autorizar a formação de processo. Todos os

processos formados são atendidos.

Cada processo é encaminhado a um técnico, de formação preferencialmente relacionada à

denúncia em questão, que então procede a análise técnica da denúncia.

A análise técnica consiste no levantamento prévio de informações sobre o evento denunciado,

inspeção técnica, elaboração de um Relatório de Fiscalização Ambiental (RFA). O RFA sempre

tem um desdobramento, que pode ser a recomendação de conclusão do processo, a emissão de

uma notificação ou de um auto de infração (advertência, multa, apreensão, demolição, embargo e

interdição temporários ou definitivos49). Há ainda a possibilidade de deliberação pela assinatura

de um TC – Termo de Compromisso.

O Termo de Compromisso tem a função de fazer o ajustamento de conduta ambiental com os

responsáveis pela fonte de degradação ambiental. Ele propõe medidas corretivas a serem

cumpridas pelo degradador ou medidas compensatórias pelos danos já causados e não

recuperáveis.

Caso tenha sido emitido notificação, auto de advertência ou estabelecido TC, o processo

fiscalizatório prossegue até a solução do evento.

49 A advertência é o único auto emitido diretamente pelo técnico responsável. As demais penalidades requerem a elaboração de um Parecer Técnico prévio e encaminhamento à diretoria técnica para apreciação e aprovação ou não.

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Demandas Judiciais

Regularmente órgãos judiciais estaduais e federais demandam pela atuação do órgão ambiental.

Esta demanda se dá em conseqüência de dois motivos prioritários: i) o órgão judicial necessita

dos serviços de um perito técnico e não dispõem deste profissional; ii) o órgão judicial solicita

esclarecimentos ou demanda a atuação do órgão am questões pertinentes a sua atuação.

Estas demandas se dão através da emissão de ofícios do Ministério Público Estadual e Federal,

Justiça Estadual e Federal e outros órgãos da esfera judicial. Cada ofício forma um processo de

fiscalização, que a exemplo dos processos de denúncia, são encaminhados a um técnico de área

de formação correlata, que procede a análise técnica, inspeção, elaboração de relatório e define os

desdobramentos do evento.

Operações Planejadas

As operações planejadas constituem-se do planejamento conjunto da fiscalização de diversos

empreendimentos, em geral numa mesma área geográfica, por uma equipe multidisciplinar,

intencionando verificar o cumprimento da legislação ambiental, a existência de empreendimentos

em funcionamento sem a devida licença ambiental, a verificação do cumprimento de

condicionantes de licenças já vigentes, além de se configurar numa ação ostensiva, que visa

também a adequação de empreendimentos que não foram vistoriados.

As operações planejadas costumam se dar em distritos industriais, em Áreas de Proteção

Ambiental ou em outros espaços geográficos de destaque no Estado e podem ter os mesmos itens

relatados no item “ denúncia” .

Avaliação de Cumprimento de Condicionantes

Esta é uma das vertentes da atuação de Comando e Controle do CRA que ainda requerem maior

fortalecimento. Hoje o CRA não consegue ter uma ação sistemática efetiva de avaliação de

cumprimento de condicionantes.

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Esta avaliação é feita quando da renovação de alguma licença ambiental ou da obtenção de LI e

LO, o que, no entanto, é avaliado de forma apenas parcial. Os condicionantes costumam ter um

prazo para atendimento (30, 60 dias) ao passo que a licença ambiental tem um prazo muito maior

(por exemplo, as LO costumam ter uma validade de aproximadamente 5 anos). Assim sendo,

somente 5 anos depois é verificado o atendimento dos condicionantes que tinham um prazo de

trinta dias para cumprimento.

Além disso, condicionantes que requerem avaliação detalhada da documentação apresentada (a

exemplo de estudos ambientais complementares, PRADs, PGRS, Planos de Monitoramento,etc.)

não têm condição de serem avaliados nestas situações. Via de regra, é verificada apenas se houve

a apresentação do material escrito, mas não se avalia o seu conteúdo.

Ademais, o CRA não possui ainda uma estrutura organizada e sistematizada para recebimento

dos documentos comprobatórios do cumprimento de condicionantes. Freqüentemente é difícil

localizar os documentos apresentados ou mesmo, certificar-se de que eles foram apresentados.

Em geral, essa comprovação se dá quando o empreendedor apresenta o protocolo de entrega do

material, mas ainda carece de melhorias o sistema de armazenamento destes documentos dentro

do CRA.

Recentemente (a partir do ano de 2002) o CRA passou a contar com uma coordenação específica

onde um dos objetivos é a verificação do cumprimento de condicionantes, inserindo esta

demanda às operações planejadas e melhorando um pouco o atendimento a esta vertente.

Tal ação é de suma importância de ser rapidamente organizada. Silva DSXG Meira (2003) afirma

que a revisão dos condicionantes é a garantia do Poder Público poder rever, alterar ou

interromper uma atividade, se a mesma não estiver mais atendendo aos parâmetros ou exigências

ambientais.

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Hillary DSXG� Meira (2003) entretanto, entende que, para o exercício do Controle da lei, é

necessário alto investimento financeiro e de recursos humanos para monitorar, fiscalizar e quando

necessário, punir os infratores, o que dificulta e torna falha a ação de controle

Atendimento a Emergências Ambientais

Através dos mesmos mecanismos de denúncia ambiental, o CRA recebe denúncias cujo

atendimento necessita ser feito de imediato, ou de outra forma, não mais seria necessário o

envolvimento do órgão ambiental. A natureza dos atendimentos emergenciais varia bastante se

caracterizando, na maioria das vezes, em acidentes envolvendo cargas perigosas.

Para tal atendimento, o CRA dispõe de uma equipe de atendimento emergencial composta de 8

técnicos e cinco motoristas que se revezam semanalmente. A equipe mantém-se de plantão

durante uma semana, na qual não realizam outros atendimentos a não ser os emergenciais. A

equipe pode ser acionada a qualquer hora do dia ou da noite, através do telefone celular próprio

deste atendimento. Este atendimento conta ainda com um veículo exclusivo dotado de

equipamentos de segurança e utensílios auxiliares em atendimentos emergenciais (lanternas,

cones de trânsito, faixa isoladora de áreas, etc.)

Suplementarmente, o atendimento emergencial pode ser feito por qualquer funcionário técnico do

CRA, desde que dentro do horário de expediente e na impossibilidade do atendimento pela

equipe de plantão.

Quadro 7: Plantel da Fiscalização Ambiental na Bahia Biólogo 10 Engenheiro Agrônomo 8 Engenheiro Químico 6 Geólogo 3 Engenheiro Civil 2 Arquiteto 1 Engenheiro Sanitarista 1 Químico 1 7RWDO� ���

Fonte: BAHIA, 2003c

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A fiscalização ambiental conta, além de funcionários lotados em Salvador, com sete escritórios

regionais de fiscalização no interior do Estado (Feira de Santana, Jequié, Ilhéus, Eunápolis,

Barreiras, Juazeiro, Senhor do Bonfim). Os funcionários listados no Quadro 11 referem-se a todo

o Estado da Bahia.

2�$XWRFRQWUROH�$PELHQWDO�

O princípio do autocontrole ambiental encontra na legislação baiana diversos mecanismos de

atuação, como a CTGA, a Política Ambiental, a Auto-avaliação para o Licenciamento Ambiental

e o Balanço Ambiental.

A &7*$� – Comissão Técnica de Garantia Ambiental que tem como atribuição catalisar a

aplicação das diretrizes ambientais pela empresa; estar permanentemente atualizada com a

legislação ambiental e suas tendências e divulga-las na organização; estar continuamente a par da

situação ambiental, alertando e acionando em cada caso os responsáveis operacionais e educar e

conscientizar os integrantes da organização sobre a questão ambiental [SOUZA, 200?].

A Comissão Técnica de Garantia Ambiental deve ser constituída nas empresas de médio, grande

ou excepcional porte com potencial poluidor quando de sua Licença de Operação e tem como

função coordenar, executar, acompanhar, avaliar e pronunciar-se sobre os planos, programas,

projetos e atividades potencialmente degradadoras desenvolvidas no âmbito da empresa que

representam.

A obrigatoriedade da criação da CTGA por parte das empresas se iniciou em 1990, com o

objetivo básico de avaliar, acompanhar e promover o autocontrole ambiental da atividade. A

CTGA deve ser formada por técnicos que desempenhem as suas atividades profissionais na

unidade objeto da licença ambiental, devendo ser constituída em reunião de diretoria, ficando

limitado a um mínimo de três componentes, de acordo com o porte da empresa, sendo um dos

membros indicados o Coordenador da Comissão.

Segundo a Política Ambiental do Estado da Bahia, as funções a serem cumpridas pela CTGA são:

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I - analisar, avaliar e pronunciar-se sobre o desempenho ambiental da atividade; II - acompanhar e observar a legislação ambiental; III - coordenar a elaboração dos estudos ambientais necessários para o licenciamento ambiental de projetos ou atividades sob a sua responsabilidade; IV - realizar o estudo ambiental denominado Auto-avaliação para o Licenciamento Ambiental - ALA, de acordo com o Termo de Referência aprovado pelo CRA, na fase de renovação da Licença de Operação ou de Alteração da atividade; V - acompanhar a licença ambiental da atividade, avaliando e controlando os prazos para o cumprimento dos condicionantes, bem como o prazo de validade da respectiva licença; VI - pronunciar-se previamente sobre os condicionantes a serem estabelecidos pelo CRA ou pelo CEPRAM na licença ambiental; VII - comunicar ao CRA, de imediato, as situações anormais e/ou emergenciais que possam provocar qualquer forma de degradação do meio ambiente e apresentar, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, relatório preliminar com estimativa qualiquantitativa do material derramado, bem como as providências tomadas para apuração, solução e minimização do impacto causado. VIII - apresentar ao CRA, nos quinze (15) dias seguintes à comunicação prevista no inciso anterior, relatório conclusivo da ocorrência, relacionando causas, quantidades, extensão do dano e providências adotadas. IX - acompanhar os técnicos credenciados do CRA, durante as inspeções técnicas, prestando as informações necessárias e promovendo os meios adequados à realização da vistoria; X - verificar a procedência de denúncias referentes à atividade, apurar responsabilidades e implantar as medidas necessárias para a correção das irregularidades; XI - apresentar ao CRA os relatórios mensais de automonitoragem, conforme condicionado na licença ambiental da atividade; XII - pesquisar e manter-se informado sobre o desenvolvimento de tecnologias mais limpas pertinentes à atividade; XIII - apresentar ao CRA, anualmente, até o último dia do mês de fevereiro, o Relatório Técnico de Garantia Ambiental – RTGA, contendo: a) resumo das principais ações da CTGA no ano anterior; b) atas das reuniões ocorridas no período anual; c) demonstrativos do desempenho ambiental da atividade, ilustrados com gráficos e planilhas; d) situação dos condicionantes da licença em vigor, dentre outras informações relevantes; XIV - colaborar com a execução da política ambiental do estado, através da implementação de planos, programas e projetos ambientais que contribuam para a promoção da conscientização ambiental pública; XV - acompanhar a formulação da Política Ambiental da Empresa, por parte da alta administração e propor a sua revisão de acordo com os objetivos e metas estabelecidos; XVI - promover e coordenar programa interno sistemático de educação ambiental; XVII - dar conhecimento aos empregados diretos ou indiretos sobre a situação ambiental da atividade e promover a atuação destes de forma ambientalmente responsável; XVIII - comunicar-se com as partes interessadas frente às questões ambientais inerentes à atividade; XIX - responsabilizar-se por toda documentação encaminhada ao CRA, com a devida assinatura do Coordenador da CTGA, acompanhada do seu registro no Conselho de Classe.

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A 3ROtWLFD� $PELHQWDO é a declaração pública da empresa que reflete seu comprometimento

corporativo no que se refere ao atendimento às leis aplicáveis e à melhoria contínua, expressando

suas intenções e princípios com relação ao desempenho ambiental da atividade (Bahia, 2001b).

A Política Ambiental foi instituída em 1997. Souza [200?] entende que a política ambiental

apropriada à natureza, ao porte e aos impactos ambientais da atividade representa o conjunto de

intenções da organização na busca do aprimoramento contínuo do desempenho ambiental, sendo

necessariamente respaldada pela alta administração, amplamente divulgada para conhecimento

das partes interessadas e apresentada ao CRA na fase de requerimento da Licença de Operação.

A responsabilidade pelo estabelecimento da política ambiental da empresa é da alta

administração, competindo ao corpo gerencial a implementação e atualização desta política, de

modo a adequá-la a situação atual da atividade, tornando-se uma ferramenta de orientação para o

estabelecimento do plano de ação da empresa.

A $/$���$XWR�$YDOLDomR�SDUD�R�/LFHQFLDPHQWR�$PELHQWDO é o procedimento de elaboração de

estudos ambientais acompanhados de parecer técnico e jurídico, a exemplo de um licenciamento

ambiental, segundo um termo de referência aprovado pelo CRA.

A ALA deve ser feita pelas empresas de médio, grande e excepcional porte quando da renovação

de sua licença de operação, devendo ser assinada pelo coordenador da CTGA e pelos demais

técnicos responsáveis pela elaboração.

Instituído em 1992, como um processo de autocontrole que permite às empresas incorporarem ao

processo de licenciamento de suas unidades as suas propostas de controle para um melhor

desempenha ambiental da atividade. Este modelo configura um sistema de cooperação mútua

entre Governo – que tem a atribuição legal de regular as atividades com potencial impacto no

ambiente e as empresas, que detém maiores informações sobre a tecnologia do seu processo

produtivo, visando garantir a segurança do seu processo de licenciamento e a harmonia entre o

controle ambiental e o crescimento econômico [Souza, 200?].

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“ No processo do ALA há a participação conjunta entre o CRA e a empresa durante toda a fase do

licenciamento. A empresa elabora o estudo denominado Auto-Avaliação para o licenciamento

Ambiental – ALA, contendo a caracterização ambiental da atividade, os seus principais aspectos

ambientais e as soluções propostas, através das seguintes etapas:

- O CRA fornece o termo de referência para elaboração do ALA;

- A empresa designa a equipe que executará o ALA, sob a coordenação da sua CTGA,

dando conhecimento a todos os seus empregados e acionistas;

- Concluído o ALA, contendo as propostas de melhorias a serem adotadas pela empresa

(condicionantes) e devidamente assinado pelo coordenados da CTGA e equipe técnica

envolvida, este é enviado ao CRA que o analisará e emitirá o seu parecer técnico

[SOUZA, 200?]” .

Souza [200?] vê as seguintes vantagens para a empresa:

- Auto-avaliação do gerenciamento ambiental

- Melhoria no atendimento à legislação

- Maior credibilidade perante os seus empregados e a sociedade

- Melhor imagem pública

- Maior eficiência e redução de perdas

- Segurança do processo de licenciamento

Souza [200?] entende ainda que o modelo da CTGA e do ALA representam fortes instrumentos

de educação ambiental na medida e que propiciam a internalização dos princípios do autocontrole

ambiental junto à comunidade empresarial, que permanentemente é estimulada e motivada a

refletir sobre os aspectos ambientais de sua atividade.

A concepção do autocontrole ambiental provém da compreensão da insuficiência da

responsabilidade exclusiva do governo para lidar com todas as questões ambientais. Insuficiente,

porque ele sozinho não é capaz de resolver todas as questões ambientais (os técnicos da empresa

conhecem a atividade muito melhor do que qualquer técnico do governo e, portanto, tem

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melhores condições de encontrar soluções) e insuficiente porque ele não pode e nem deve se

responsabilizar por conseqüências negativas ao meio ambiente conseqüentes das atividades de

particulares (ou de outros setores governamentais).

A principal justificativa para o uso do autocontrole ambiental, é que a empresa é a principal

conhecedora de seu processo produtivo e por isso pode, melhor do qualquer equipe técnica do

CRA, fornecer importantes contribuições à melhoria de seu processo. Isto pode se dar durante a

Auto-avaliação para o Licenciamento Ambiental ou qualquer outro momento na atuação do

CTGA. A responsabilidade pelas medidas sugeridas é de responsabilidade da empresa que, em

caso de confirmação de má-fé responderá judicialmente pelas suas ações e ainda, pelo CTGA –

Comissão Técnica de Garantia Ambiental, que assina ART por este cargo e passa a ser co-

responsável com a empresa por todos os seus atos.

Visa a efetiva integração da industria – principal interessada – no seu processo de regulação,

fazendo-as parceiras não passivas neste processo. Ao se envolver com o processo licenciatório,

há um aumento de comprometimento e maior envolvimento com as questões ambientais.

Os mecanismos de autocontrole ambiental representam uma forma da empresa internalizar o

espírito da regulação ambiental, compreendendo seu objetivo e se coadunando ao poder público

nesta tarefa.

Fazer com que a empresa se envolva neste processo, construindo ela própria a análise

licenciadora e se responsabilizando pela emissão de um parecer técnico sobre o empreendimento,

contando inclusive com condicionantes a serem atendidos, faz com que a empresa se sinta parte

realmente envolvida no processo, ensejando a oportunidade e conduzindo à obrigação de sentir os

impactos ambientais conseqüentes de seu empreendimento. Por outro lado, os técnicos da própria

empresa são os maiores conhecedores de sua tecnologia e das limitações e conseqüências a ela

associadas.

A auto-avaliação para o licenciamento, associada à responsabilidade pessoal conferida pela

CTGA é um momento importante para o comprometimento da empresa e para o alcance de uma

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regulação mais próxima da adequada, do ponto de vista técnico e legal. É um desafio e uma

oportunidade para empresa e CRA encontrarem o melhor ponto de trabalho.

Os mecanismos de autocontrole ambiental promovem o envolvimento ativo dos setores

produtivos, na identificação de novas oportunidades para soluções dos problemas ambientais. A

resolução destes problemas se potencializa pela melhoria no relacionamento entre governo e setor

produtivo promovido por esta abordagem, já que agora não se posicionam governo – como

personagem exclusivo de comando e setor produtivo – como réu em processo de investigação. Ao

contrário, se estabelece uma relação de diálogo entre as partes que, juntas, equacionam a questão

ambiental da melhor forma possível.

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$3Ç1',&(�%�±�(175(9,67$6 �

• Pontuações resumidas dos comentários destacados como mais importantes para este trabalho

• Sempre que adequado buscou-se trabalhar com o próprio vocabulário utilizado no momento da entrevista (especialmente os elogios e críticas)

• Embora o texto faça referência aos entrevistados, neste momento optou-se por não identifica-los

• Todas entrevistas foram gravadas, a exceção da de número 7 • Procurou-se manter a seqüência dos comentários na mesma ordem em que eles foram

apresentados ��(175(9,67$���

Entrevistado: Dirigente do CRA Data da Entrevista: 01 de julho de 2003, 16:30 – 17:15

9 Ressaltou que há espaço e abertura no órgão para implantação de uma proposta como essa. É de interesse do órgão desenvolver trabalhos com a ACV.

�9 Mostrou-se interessado na proposta e disponibilizou-se (de forma voluntária) a fazer

alguns levantamentos de informações que pudessem auxiliar no trabalho. Apresentou idéias, sugestões, fez contatos, se comprometeu a buscar informações a respeito.Ex: Solicitou que a proposta fosse apresentada ao grupo de Tecnologias Limpas do CRA; Antes mesmo da entrevista, manteve contato com o sr. Hubmaier Andrade, visando a realização de uma palestra ou curso sobre o assunto, no CRA. Ressaltou a importância de convidar para esta palestra empresas da Bahia que atuem em ramos diversos. Solicitou o envio de arquivos eletrônicos para o CRA e NEAMA; sugeriu que fosse feita uma apresentação interna no CRA, antes da palestra; Sugeriu nomes de diversas pessoas para contato, livros, VLWHV, etc; Se comprometeu a consultar a ABEMA, o IBAMA, o CONAMA, o CEPRAM, etc.

9 Afirma de forma recorrente e veemente que inserir a ACV na legislação é “ fácil” ; que este

jamais seria um obstáculo à implementação de uma boa proposta; que sensibilizar os atores envolvidos com a construção da legislação para uma proposta como essa é fácil. Afirma que, se for necessário qualquer incorporação à Lei para viabilização de tal proposta, isto poderá ser conseguido, desde que bem justificado. Destaca oportunidades de incorporação da Nova Política Estadual de Recursos Ambientais (a época, em elaboração), em Resoluções CEPRAM, encaminhamento para o CONAMA, em portarias CRA, em normas técnicas CRA, etc.

�9 Sente que pode haver dificuldades na implantação da proposta por conta do ainda

pequeno amadurecimento metodológico da ACV (ferramenta).

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9 Vê problemas na proposta quanto ao desconhecimento geral (falta de capacitação) dos profissionais do CRA, da indústria e de empresas de consultoria.

9 Preocupa-se com questões operacionais ligadas à proposta, o tornar prático o uso. Lembra

que embora a Lei 7799/01 cite a AAE, ainda hoje não se conseguiu pôr em prática. Lembra que tornar operacional passa pelo pressuposto de que haja uma metodologia conhecida, difundida e assimilada no âmbito dos estados e das empresas. E para o CRA exigir, ele precisa estar capacitado, até para que ele possa julgar a avaliar de forma crítica os documentos recebidos e possa fazer as demandas adequadas. Lembra, como exemplo, que a incorporação do EIA que passou por muitos erros, até que se conseguisse ajustar todas as questões operacionais a ele relacionadas, embora já houvesse legislação exigindo o seu uso.

9 Vê como possibilidade a implantação de um piloto. Cita como exemplo da implantação

do ALA, onde se trabalhou com algumas empresas baianas, dando possibilidade a refinar e ajustar os procedimentos. Fez a seguinte proposta: mobilizar uma empresa que queira, no seu processo licenciatório, interagir com o CRA e fazer um piloto. Sugere que isso seja feito de forma conjunta com o grupo de tecnologias limpas do CRA. Será necessário sensibilizar as empresas que desejem trabalhar com isso, em parceria com o CRA.

9 Destaca que é muito mais interessante e salutar trabalhar num processo de parcerias e

convencimento. Acha melhor pensar num programa voluntário, de parceria, do que inserir diretamente na ferramenta licenciamento. Ressalta que desta forma o CRA tem conseguido suas principais conquistas. Lembra que até hoje as tecnologias limpas não estão bem consolidadas no âmbito do CRA.

(175(9,67$���Entrevistado: Dirigente do CRA

Data da Entrevista: 08 de julho de 2003

9 Acha que inserir a ACV nas análises realizadas pelo CRA é essencial. Acha a proposta fundamental, porque o seu atendimento viria a cumprir – efetivamente – uma atribuição do Estado – hoje não atendida. Acha importante discutir com o empreendedor que existem tecnologias melhores, com menores impactos e que ele pode – muitas vezes com pouco investimento – reformular essa tecnologia.

�9 Faz críticas, lembrando que não apenas o CRA, mas todos os órgãos ambientais

brasileiros apenas avaliam as proposições; ele próprio já discute a muito tempo a necessidade de se avaliar e questionar as tecnologias que estão sendo propostas ao CRA. Critica o licenciamento que hoje não discute a tecnologia usada, apenas avalia o atendimento a padrões em seu efluente e o tipo de tratamento oferecido. Cita exemplos falhos do CRA nestas questões, lembrando situações vinculadas a algumas empresas.

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9 Acha que este processo (inserção da ACV) deveria ser intensamente discutido na fase de localização, quando teoricamente, a empresa ainda não fez investimentos. É o momento ideal para esta discussão. Hoje se avalia apenas o quanto vai se desmatar, terraplenar.

9 Acha essencial que o CRA passe a incorporar novos conceitos e práticas e passe isso para

empresa. Com certeza ela terá inclusive melhores retornos financeiros. Vê no CRA também o papel de educador e de indutor de novas práticas nas empresas.

9 Identifica dois problemas importantes na atuação do CRA: 1º. Abordagem pontual.

Analisa cada indústria ou processo de forma fragmentada; 2º só se avalia o que se propõe. O CRA não contribui para o processo. Vê a necessidade do CRA de montar um banco de dados de tecnologia, mudar a cultura interna, fazendo um trabalho grande junto à equipe interna do CRA, à diretoria, às coordenações, de forma a que você passe a ter essa visão de tecnologia incorporada ao seu processo de análise. Acha importante isso ser levado a outros setores governamentais.

9 Vê que o planejamento dentro Estado é fragmentado. Cita como exemplos Secretarias de

fomento à produção e crescimento econômico que incentivam a instalação de novos empreendimentos sem haver qualquer tipo de consulta ou consideração ambiental ou interação com o CRA ou SEMARH. Acha necessário um grande trabalho tanto internamente, para mudar a cabeça do técnico, quanto externamente, e passar isso para as áreas que fomentam o setor produtivo, de forma que eles passem também a fazer este tipo de questionamento.

9 Acha que falta ao CRA e ao Estado da Bahia um trabalho de análise das informações que

circulam no CRA, organizadas num banco de dados, de modo a poder se chegar a informações mais estratégicas e ampliar a atuação instantânea apenas do dia-a-dia. O CRA processa uma quantidade fabulosa de informações. É necessário que elas estejam sistematizadas para que sejam aproveitadas por outros técnicos ou para que se consiga obter informações setoriais e se consiga um melhor planejamento.

9 Cita a importância de ter no CRA um banco de dados de tecnologias, de processos, de

fluxos. A partir deste banco de dados, sempre quando houvesse qualquer tipo de avaliação a ser feita (licenciamento e fiscalização) este banco deveria ser consultado.

9 Acha que deve ser mudado o enfoque da fiscalização, do licenciamento, que não digam

apenas sim ou não ao proposto, mas julguem a sua qualidade. Cita exemplo de empresas licenciadas totalmente irregulares. Entende o licenciamento apenas como o cumprimento de um papel burocrático perante os órgãos ambientais brasileiros. A fiscalização identifica se há ou não infrações. É muito passivo. Acha que deve-se mudar a abordagem. Esta deve ser uma das atividades da fiscalização (a punição das infrações), mas não é a única.

9 Acha que se você faz uma inspeção técnica e detecta que existem melhores técnicas de

trabalho, com melhores resultados, é dever do CRA informar e questionar o empreendedor sobre sua unidade. Não ser só o punidor, mas ser capaz de avaliar, orientar. Ao CRA não cabe o apoio técnico, mas deve-se estar preparado e capacitado para discutir e questionar as tecnologias.

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9 Acha que os trabalhos de boa qualidade, que tragam melhores soluções devem ser

reconhecidos, por exemplo, na internet: UDQNLQJ de empresas com atual responsável. Acha que o CRA não está explorando esta vertente e isso provavelmente não representaria custos significativos.

9 Não acha difícil implantar tal proposta no CRA, não é necessário mudar a sua estrutura; o

CRA hoje tem características que o habilitam a isso. O grande desafio talvez seja levar isso para as outras estruturas governamentais, que fomentam a produção. A Secretaria da Indústria e Comércio está atraindo empresa, pensando na arrecadação que vai obter. Ela não tá pensando ou preocupada se aquela empresa vai poluir ou não, porque acredita que isso tecnicamente pode ser resolvido.

(175(9,67$��� Entrevistado: Dirigente do CRA

Data da Entrevista: 09 de julho de 2003, 11:00 – 12:00

9 Destaca que tem pouco conhecimento da ACV para discutir aspectos práticos. 9 Acha o tema interessantíssimo, está interessadíssimo no assunto e afirma que o momento

é mais do que oportuno (quase tardio) tendo em vista que a nova legislação deveria ficar pronta até Setembro/03 (60 dias). Acha a proposta realmente oportuna. Lembra que a Bahia e o CRA tem tido uma posição de vanguarda no Brasil nesta área.

9 Lembra que a pouco tempo havia sido instituído o Balanço Ambiental, que ele já vê como

um instrumento que já teria espaço para abarcar uma análise deste tipo, desde que a ACV fosse contemplada no roteiro prévio à licença. É uma oportunidade para registro destas transformações, embora perceba que ainda não tem sido usado pelo empreendedor como poderia, como um instrumento de PDUNHWLQJ ambiental, numa linha de transparência, revelando ao público e ao seu cliente como tem atuado.

9 Acha que seria muito útil à indústria a incorporação da ACV, de forma incentivada pelo

governo, podendo ser explorada inclusive na linha de PDUNHWLQJ ambiental. Vê um interesse crescente, em nível mundial, da preocupação ambiental do consumidor. Vê um vínculo com o selo verde. Vê a ACV como instrumento de transparência, de poder mostrar ao seu público, que o seu produto está sendo corretamente conduzido, do ponto de vista ambiental. É o tipo de informação mais correta e adequada, por provir de uma fonte tão ampla de dados. Vê ainda a possibilidade de benefícios econômicos para as indústrias que a utilizarem.

9 Lembra que a sociedade está numa linha crescente de responsabilização ambiental. Se

você trabalha com um mercado mais exigente, o fabricante se vê inserido em duas situações: 1º) o consumidor vai estar atento às características do produto e à sua divulgação (lembra do selo verde); 2º) o fabricante sabe que pode ser responsabilizado pelo passivo. Quando o fabricante for realmente responsabilizado pelas conseqüências de

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seu produto, a ACV crescerá em importância, mas lembra que o nível de responsabilização hoje ainda está baixo, embora haja tendência de que esse nível de cobrança pela responsabilização seja cada vez maior.

9 Vê a ACV também como um instrumento de indução a um “ consumo sustentável” . Acha

que rótulos ambientais baseados na ACV podem levar a fatia da sociedade com maior poder de compra – e de decisão – a utilizar-se deste parâmetro na escolha de produtos ambientalmente mais amigáveis.

9 Acha que a grande vantagem da ACV é o conhecimento do produto. Acha que muitos

passivos são gerados por desconhecimento, a exemplo da Plumbum em Santo Amaro.

9 Acha a proposta positiva, uma vez que fala em fomento e não em obrigatoriedade. Acha que este é um salto importante e que já evita algumas dificuldades. Acha que, de fato, o grande papel do Estado, neste primeiro momento, seria o de fomento, até porque tudo é muito recente. Não se pode exigir uma coisa tão nova e acreditar que suas exigências tecnológicas estejam acessíveis a todo mundo.

9 A proposta, desde que encaminhada de uma forma objetiva, poderá ser bem acolhida pelo

CRA. Lembra que o licenciamento ainda é o carro chefe do CRA, embora saiba que certamente não é o instrumento mais eficiente, mas que sem dúvida hoje é o mais importante que se tem. Casar com a auto-gestão, auto-controle em paralelo com a responsabilização do fabricante (que deve ser tratada em níveis bem diferenciados, para as pequenas e as grandes empresas).

9 A ACV poderia vir como uma vertente, um estímulo, e isso pode ser para todo mundo,

algum benefício que o empreendedor alcance, à medida que demonstre uma evolução.

9 Uma grande contribuição para os pequenos empreendedores seria um trabalho de informação, de divulgação em palestras, a exemplo das Quintas-Feiras Ambientais.

9 Acha que o trabalho tem que começar pela capacitação dos técnicos do CRA, através de

palestras. Há que se ter em mente que tudo que é novo, recebe alguma resistência dos técnicos e do setor produtivo. É importante mostrar que isso não é mais um encargo, mais uma exigência burocrática do órgão ambiental e sim, uma oportunidade, um estímulo.

9 Reconhece que pode ser tão receptivo à idéia por ser muito otimista ou por desconhecer as

dificuldades reais da aplicação, ou pelas duas coisas.

9 Lembra que exatamente naquele dia (09/07/03) haveria a votação na Comissão de Constituição e Justiça de uma Lei Federal que “ Torna Obrigatória a Divulgação pela Internet de Informações sobre o Licenciamento Ambiental” de Aloísio Mercadante, já com parecer favorável do Relator. Em sua opinião, ainda que não seja aprovado, acha que a transparência é um caminho sem volta. Há uma clara e crescente tendência de maior acesso às informações ambientais.

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9 Uma virtude que vê na ACV é que você passa a conhecer o ciclo de vida de seu produto, no sentido de torna-lo mais durável (ainda que esta não seja a intenção de todos). Ressalta o grande valor destas informações para o fabricante, apto a gerar novas e melhores soluções e até, inovações, por estar trabalhando com um número de informações muito maiores. Conhecer melhor o seu produto pode significar ao fabricante não só aumentar a sua participação no mercado, como também diminuir o seu custo de produção.

9 Lembra que outras ferramentas novas no CRA, a exemplo do ALA, da CTGA e do

Balanço Ambiental não funcionam perfeitamente, mas certamente já foram responsáveis por um grande avanço, especialmente a CTGA, pelo comprometimento legal de seu coordenador

��(175(9,67$�� Entrevistado: Industrial, membro do CB-38

Data da Entrevista: 29 de julho de 2003, 16:00 – 17:15

9 Em sua opinião a ACV é a única forma consistente de se avaliar impactos ambientais de determinada atividade. Tudo mais que se faz implica em fragmentações de análises de segmentos da cadeia produtiva, perdendo qualidade dos dados pela abordagem simplista. Sem a ACV os resultados são, na melhor das hipóteses, inconsistente, na pior, falso.

9 Relata que na própria ISO existe a constatação de que a técnica não está avançando como

poderia e uma das questões colocadas é que as normas não ajudam: são complexas e de legibilidade difícil e isso não está estimulando as iniciativas voluntárias. O esforço agora é melhorar a legibilidade. Hoje, a grande dificuldade é como traduzir tais documentos: não são amigáveis, simples.

9 Acha que o trabalho proposto poderá colaborar para o aumento do uso da ACV.

9 Acha que os problemas “ altos custos” e “ alto consumo de tempo” na ACV são problemas

indiretos. A ABCV pretende atacar os dois problemas reais: não há pessoas capacitadas para trabalhar com a ACV no Brasil e não dispomos de um banco de dados de ACV. Uma das iniciativas da ABCV seria estimular às Universidades a oferecer – num nível inicialmente da pós-graduação – a oportunidade das pessoas se aperfeiçoarem na ACV. O problema é que se as empresas não estão usando a ACV por que os profissionais iriam se especializar nisso? Por outro lado, como as empresas não dispõem destes profissionais, acabam não fazendo ACV. Outro ponto é a inexistência de dados sistematizados de ACV, que quase inviabiliza a realização destes estudos.

9 Sugere que qualquer estudo ACV no Brasil, os trabalhos pilotos deverão ser feitos nos

setores mais básicos da economia, para a geração de dados fundamentais aos demais, como energia, aço, combustível, etc.

9 Lembra que não há coerência em obter estes dados em outros países.

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9 Acha que o Estado pode estimular que isso aconteça. Mostra exemplos de outros países onde o governo está estimulando as empresa a produzirem estudos de ACV.

9 Acha que sem o estímulo do Estado as empresas demorarão muito a tomar esta iniciativa

por si próprias. Algumas empresas poderiam fazer uma ACV por ordem do governo, de forma fácil. Mas isso não seria possível para a maioria das outras, a não ser que houvesse um programa nacional que estimulasse este tipo de coisa. Acha que o Estado tem que pensar nestes aspectos. Na ABCV há pessoas dos ministérios (como Ciência e Tecnologia) e todos falaram que o estado deveria, de alguma maneira, estimular o uso da ACV, mas não se definiu como.

9 O Brasil sempre foi contra a aprovação da ISO 14025 (Rotulagem Ambiental Tipo III,

baseada na ACV) porque não está estruturado para encarar a ACV e ficaria em clara desvantagem em relação aos demais mercados. Mesmo com voto contrário, isso foi aprovado e vai virar uma norma ISO (para 2005, 2006). Como norma internacional, pode ser usada como barreira não tarifária. Você pode usar essa norma, por exemplo, para não comprar o aço brasileiro, porque não tem uma declaração, uma rotulagem ambiental que prove qual é o impacto ao longo de todo o ciclo de vida, privilegiando o aço de outro lugar porque o nosso não tem isso. Essa rotulagem, a princípio, não vai chegar ao relacionamento %XVLQHVV�WR�&RQVXPHU e sim %XVLQHVV�WR�%XVLQHVV. Ou seja, vai ser entre empresas que vendem insumos para empresas que compram insumos. Isso pode estimular fortemente as empresas aqui.

9 Este é um ponto que se acredita que vai ser necessária intervenção do governo, na medida

que pode representar uma barreira não tarifária aos produtos brasileiros.

9 Acha que um banco de dados brasileiro precisaria ser público, que a administração deve ficar com o Ministério de Ciência e Tecnologia, que através de seus vários institutos poderia assumir este papel de gerenciar este banco de dados, embora esteja claro que eles não vão gerar os dados.

9 No Japão e na Malásia o governo tem um movimento grande na capacitação de pessoal e

na formação de bancos de dados. Alguma coisa tem que ser feita no Brasil, a menos que esta rotulagem tipo III tenha um impacto tão grande que conduza sozinha a adesão a ACV.

9 [Quando provocado sobre o envolvimento dos órgãos ambientais estaduais nesta questão,

após longo silêncio, foi respondido que não enxerga como isso seria possível]. Não percebe como os dados de ACV seriam usados no órgão ambiental. Fala, vezes repetidas, que empresa nenhuma vai fazer isso porque não tem obrigação legal. (ex: “ Pra que fazer isso? Você tem que fazer a legislação nacional, estadual ou local exigir. Não existe nenhuma lei que trate da ACV. Por que as empresas fariam isso?” ) Existe uma possibilidade de que a ACV traga benefícios para as empresas mas elas ainda não perceberam isso em relação ao custo do estudo.

9 Acha que a ACV consegue avaliar bem os impactos locais.

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9 Acha que a ACV nunca vai entrar como matéria de regulação local, nacional. Internacional, entraria através da rotulagem ambiental.

9 Qualquer atuação do órgão ambiental, por menor que seja, terá que acontecer com uma

cobertura da Lei Federal

9 Não imagina como o órgão ambiental poderia atuar, especialmente porque seria necessário uma articulação com outros órgãos ambientais estaduais

9 Os agentes de uso dos produtos não estão acessíveis à regulação do órgão ambiental, a

exemplo do motorista que não faz revisões periódicas de seu veículo, usa combustível adulterado e dirige “ afogando” o motor.

9 [após longa reflexão] Conclui que o órgão ambiental poderia se envolver em coisas como

consumo de recursos naturais e com as etapas a montante do processo de produção, enquanto que a jusante é mais difícil (especialmente por causa do uso).

9 Faz uma ressalva: o CRA é famoso por ser mais avançado nas mudanças de atuação do

que os outros órgãos.

9 Acha que a ACV ainda vai levar bastante tempo para ser viável. Acha que mais viável que a ACV completa é a extensão da Avaliação de Impacto para outras fronteiras, incluindo fornecedores. Acha que a ACV pode ajudar expandindo, ao menos, para o fornecedor primário a sua análise. Quer dizer, uma empresa sob o processo de regulação, vai ter que dizer quem são os seus fornecedores, como eles atuam.

9 Uma outra limitação geralmente apontada na ACV é que ela é exclusivamente voltada

para a questão ambiental, desconsiderando aspectos econômicos e sociais. Destaca que isso está começando a surgir, a crescer, a incomodar e a tendência é que venham a ser incorporados esses fatores. Lembra das normas de responsabilidade social SSA 8000 que vão ao fornecedor. Já faz parte dela você considerar como é que os seus fornecedores estão considerando as mesmas questões de forca de trabalho, descriminação, trabalho escravo, de crianças, de mulheres, de minorias. Acha que isso pode ser estendido a ACV, usando a sua ligação com seus fornecedores como uma forma de estender tais considerações.

9 Na empresa em que atua, não está tentando usar a ferramenta, mas o pensar o ciclo de

vida, ter a visão de que seu processo não começa e termina ali, que ele tem impactos pra frente e pra trás e que é preciso ter uma visão disso. Entende que esse é o caminho para começar as coisas.

9 Entende que o “ pensamento no ciclo de vida” (ao contrário da ferramenta) pode ser

estimulado, e neste caso, o órgão ambiental pode ter um papel importante de começar a legislar neste sentido e ampliar esta visão do licenciamento, englobando, outros elos da cadeia. Acha difícil usar a ACV na sua abrangência total. Não acredita que o órgão ambiental vai chegar até o uso do produto.

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9 A constatação da ISO, na última reunião em Bali, no mês anterior, é que a ACV não está avançando no ritmo que se pensou que avançaria. Isso ainda não está incorporado ao dia a dia de indústria nenhuma no mundo, ainda está muito nos centros de pesquisa. O processo é caro demais e os benefícios alcançados nem sempre compensam. O que está avançando é o pensar, o conceito do ciclo de vida e a tentativa de se trabalhar em aspectos.

9 Acha que o órgão ambiental poderia estender a avaliação um pouquinho pra frente, um

pouquinho pra trás e isso já seria um grande avanço, a exemplo das considerações com o transporte. A ferramenta ACV do jeito que a ISO coloca, não acredita possibilidade de uso no órgão ambiental

9 Relata que a norma 14025, de rotulagem bypassava as normas de ACV dentro da ISO,

tendo sido objeto de grandes discussões e discordâncias dentro da ISO. Agora foi decidido que ela vai ter que incorporar as normas de CV da ISO. Quer dizer, quando as normas de rotulagem tipo III, terão que ser feitas com as normas de CV da ISO. Se este rótulo tipo III for pra frente, e existe uma grande pressão dos países europeus p q vá, porque o eles querem é garantir o espaço contra os americanos. Quem votou contra fomos nós, os EUA, alguns países, porque o desenvolvimento da questão de CV está todo na Europa e muito menos nos EUA. Então eu tenho a impressão que o interesse enorme dos europeus em usar o rótulo tipo III tem muito a ver com proteção de mercado. Eles tão vendo uma possibilidade de se cercarem e excluírem outros, inclusive nós, coitados. A Alemanha é a ponta de lança disso. Os países Escandinavos também. A França está bem desenvolvida com relação a ACV na construção civil. (...)

(175(9,67$��� Entrevistado: Professor Universitário e Pesquisador

Data da Entrevista: 31 de julho de 2003, 14:00 – 15:30

9 Considera o conceito de ciclo de vida intuitivo. Todo o seu grupo de trabalho é voltado para a ACV. Assim, para eles, a ACV é um fim e não um meio.

9 Na linha de trabalho dele, foi necessário inicialmente se familiarizar com a metodologia

de estudo da ACV. Entende que hoje não há uma metodologia consolidada, o que considera condição VLQH�TXD�QRQ para que se consiga, de fato, usar a ACV. Há pontos que precisam se uniformizar para que os resultados de estudos diferentes possam “ conversar” . Não acha possível pegar uma publicação internacional e se copiar o modelo. Por isso, começaram a fazer os estudos, com muitos erros e acertos, para desenvolver um modelo mais adequado ao Brasil. Não necessariamente o que a Dinamarca faz vai poder ser adotado para o Brasil.

9 Para se fazer ACV, é necessário um banco de dados brasileiros. Precisa-se formar

recursos humanos. A indicação destas duas necessidades levou a criação da ABCV.

9 Decidiu-se então que os próximos trabalhos seriam voltados a construção de bancos de dados.

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9 Não se considera um usuário típico da ferramenta. A dificuldade que teve relacionada a

ACV foi a falta de experiência.

9 Acha que um software, deve ter uma linguagem e metodologia comum. O importante é que você possa mexer nele e adaptar para a realidade brasileira. A ABCV, poderá propor o uso prioritário de um software. Há uma pesquisadora que procurou fazer uma comparação entre os softwares e a conclusão que chegou é que não existe supremacia.

9 Ressalta a dificuldade de falta de diálogo, embora ache que a ABCV pode ajudar. É

preciso criar mecanismos de fazer os diversos órgãos utilizadores da ACV no Brasil poderem sentar para conversar e trocar experiências, ainda que virtualmente.

9 Acha que o órgão ambiental poderia, incentivar ou realizar estudos básicos para levantar

impactos que pudessem ajudar estudos ACV. Não tem certeza se a indústria permitiria a divulgação de seus dados. Ainda assim, entende que como órgão que defende o interesse do cidadão, ela poderia fazer esta exigência.

9 Acredita mais no órgão ambiental como agente de promoção da execução, talvez até com

dado cativo. Se ela julgar que não deve divulgar, não divulga. Ela deve ser o cliente para que o dado seja gerado. Acha que a agência ambiental pode e deve ser um agente promotor e indutor destes estudos para uso próprio da agência e da sociedade.

9 Lembra que para condução de estudos ACV o que se necessita são dados consolidados,

especialmente num banco de dados.

9 Acha a confidencialidade dos dados um problema muito sério. Se acrescenta a esta dificuldade o fato da agência ambiental ser estadual. Precisaria criar-se mecanismos que faça as agências “ conversarem” .

9 Entende que toda ACV tem cortes e, por isso precisa, necessariamente passar pelo

VFUHHQLQJ. Para contribuição a um banco de dados está realizando estudos FUDGOH�WR�JDWH. Não faz sentido a ACV em toda a sua extensão para a energia ou o polietileno, por exemplo.

9 Acha extremamente pertinente o desenvolvimento de pesquisas qualitativas da ACV, no

estágio de desenvolvimento que esta ferramenta se encontra. �

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180

(175(9,67$�� Entrevistado: Pesquisador

Data da Entrevista: 01 de agosto de 2003, 16:30 – 17:30�

9 Entende que inicialmente se tinha uma visão muito simplista que a ACV serviria para fazer comparações entre produtos, dizendo que essa era melhor do que aquela, o que é uma visão já ultrapassada. Ela foi muito mal usada também, utilizando-se de fronteiras convenientes para se determinar “ vencedores” e “ perdedores”

9 Entende que não há pessoal capacitado no país, não há dados brasileiros e não se pode

trabalhar com dados europeus.

9 Na execução de ACV’ s, sentiu dificuldade de acesso aos dados. Não é só ir na indústria e pegar os dados. Você tem que ter um banco de dados de energia, de transporte. Você tem fases importantes da ACV que você não faz ACV sem aquilo: o lixo, a energia, os combustíveis, etc.

9 Por lidar com dados que podem ser considerados sigilosos, teve muito medo do mau uso.

Destaca que uma coisa é o pesquisador conhecer a técnica e saber de suas limitações e outra coisa é o leitor do relatório, pegar uma frase isolada e dizer que aquele centro de pesquisa afirmou que aquilo era verdade. Nada pode ser interpretado numa única página, desconsiderando o restante, as limitações, as suposições, os modelos,... tudo contribui para aquela conclusão. Outro trabalho que teve foi ensinar a cada cliente a corretamente interpretar os resultados.

9 Identifica dificuldades em verificar as emissões para água. É sempre um dado difícil de

aproveitar (mesmo DBO ou DQO). Precisaria ter a quantidade de gordura, de fosfatos e isso as empresas não medem. Então, sempre que faz um inventário, faz a ressalva que provavelmente há problemas nos dados de emissão para água.

9 Algumas vezes é difícil relacionar a medição feita com a unidade funcional. Há um a

questão de alocação e nem sempre se pode fazer uma relação direta. Muitas vezes a empresa tem o dado mas ele não está no formato que precisamos.

9 Uma grande dificuldade no estudo é você ter a interpretação do ponto de vista da ACV da

energia brasileira, do transporte, do combustível. Isso tem um peso muito grande no estudo da ACV, às vezes até maior do que o próprio processo produtivo. Outra é a falta de dados e a não disposição das empresas a fornecerem os dados, porque os dados são confidenciais e porque se tem muito medo do que você vai ser feito com os dados. Quem trabalha com a ACV tem que tomar muito cuidado para não fazer conclusões levianas. Você tem que ser crítico na hora de fazer uma análise de impacto.

9 Acha fundamental a auditoria dos dados. Acredita na prática da ACV como uma coisa que

se cria competência. Inicialmente apenas executou inventários e interpretou os dados. Só em estudos futuros também será utilizada a avaliação de impactos.

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9 Afirma que quem estuda produtos brasileiros com dados europeus e usa isso para tomar decisões está apensa se iludindo, não é aplicação da técnica e não tem nenhum valor científico. Quem aplica a ACV deve ser o maior crítico dos seus próprios dados, e se possível, ter verificação externa.

9 Lembra que a ACV não é a grande solução e não aponta bons e ruins. Sente-se

“ encantado” pela visão ampla que a ACV dá de meio ambiente. Acha que o VRIWZDUH só ajuda, “ é um DFFHVV melhorado” . Acha importante o órgão ambiental divulgar, desmistificar a técnica. Considera a ACV importante para uma próxima etapa da rotulagem ambiental, com a ACV. O governo pode incentivar a ACV de produtos para melhorar a competitividade na exportação. Mais cedo ou mais tarde vão ser exigidos rótulos para exportação e pra isso você vai precisar de ACV bem feita, com bons dados e para se chegar lá é preciso uns cinco anos. Acha que a participação de um órgão ambiental é muito importante, não fazendo uma ACV, mas induzindo a que todo mundo faça

9 Acha que o órgão ambiental tem que estimular a rotulagem ambiental, como forma de

estimular todo mundo a fazer. Será preciso análise crítica externa. Cada empresa começará a montar bancos de dados.

9 Pra ser feito um banco de dados representativo do Brasil, para todos os produtos, tem que

ser feito um acordo nacional, um projeto integrado envolvendo a Petrobrás e o sistema elétrico brasileiro na coleta de dados. Qualquer banco de dados no Brasil começa com a Petrobrás e com as empresas de energia. Os bancos de dados têm que ser disponibilizados. Precisa-se de bancos de dados para o aço, o alumínio, o petróleo.

9 Não sabe como fazer para aumentar a credibilidade nos estudos. Acha que as pessoas

precisam primeiro passar por um processo de aprendizado das limitações da técnica.

9 A ACV educa. Afirma ter mudado sua postura pessoal de vida depois que começou a trabalhar com ACV.

9 O selo é uma forma da pessoa praticar a ACV. A outra forma é o Estado dar benefícios

para quem pratica a ACV, por exemplo, facilitando o trabalho de fiscalização e licenciamento para quem adotar.

9 Outro papel que pode ser cumprido pelo órgão é casar a linguagem, porque muitos dados

que são obrigatórios de se medir não são úteis a ACV.

9 Acha possível que o órgão faça exigências na produção porque sabe que isso tem repercussões no uso.

9 Acha que o órgão ambiental pode usar a ACV; acha até que é obrigação daquele que se

propõe a fazer a gestão ambiental do Estado.

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(175(9,67$�� Entrevistado: Industrial

Data da Entrevista: 01 de agosto de 2003, 08:30 – 11:00

(Não gravada)

9 Entende a ACV dentro da ISO 14000 como filtro de significância

9 Vê importância na medida e que os resultados da ACV podem determinar indicadores ambientais na empresa

9 Para estabelecimento de limites no estudo ACV por ele conduzido, adotou o critério de

avaliar o que estava sob controle da empresa e cortar etapas que fogem totalmente ao seu controle, a exemplo da etapa de transportes

9 Assume um erro de 10 a 12%

9 Utilizou o SimaPro, com o Ecoindicator 99 9 Levantou dados na sua empresa e os demais foram assumidos do próprio software 9 Não vê problema nesta forma de conduzir o estudo; como faz estudos comparativos entre

produtos de mesma funcionalidade, acredita que possíveis erros inseridos num estudo também o são no estudo do segundo produto. Assim, como se faz uma avaliação relativa e não absoluta (comparação entre os dois) a assunção de dados gerados em outros países não é considerado um problema significativo

9 O estudo foi feito apenas para uso interno 9 Entende a ACV, essencialmente, para uso gerencial 9 Não vê grandes dificuldades para uso da ACV. Não considera caro (o dinheiro gasto foi

apenas para adquirir o software) 9 Acha que a ACV requer certo tempo para ficar pronta. Numa empresa, entende que é

necessário que um profissional ocupe pelo menos 50% de seu tempo com esta finalidade 9 Acha que o Estado ajuda o setor produtivo com relação à ACV se ele puder fornecer o

pesquisador 9 Quanto a um uso mais amplo da ACV, vê problemas com a confidencialidade dos dados 9 Acha que não se deve trabalhar com dados de uma empresa, mas de um grupo de

atividades 9 A ACV tem potencial de ajudar no planejamento de uma empresa

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(175(9,67$�� Entrevistado: Consultor e Pesquisador

Data da Entrevista: 07 de agosto de 2003, 18:00 – 21:00h

9 Entende que não há uma massa de inteligência no país que discuta CV no contexto do processo produtivo. Acaba parecendo para o pesquisador acadêmico e para o empresariado que isso é um assunto acadêmico de tese, de pesquisa, de SDSHU. Ele não vê isso, porque não faz parte da nossa agenda normal de discussão.

9 Falar em Produção Mais Limpa já está no jargão corrente da discussão. Mesmo que o

empreendedor não saiba do que se trata e que talvez um dia ele tenha que saber, é um assunto que as pessoas estão falando e ninguém quer ficar de fora da discussão. Do ponto de vista imunológico ele já está sendo estimulado; seu sistema endócrino já está sendo estimulado para ele reagir e dizer “ Oh, é isso mesmo!” , agora, ACV? Isso custa 200, 250 mil dólares, isso é pra grandes empresas!

9 O primeiro problema é a percepção da importância da ACV, da sua praticidade e da

viabilidade do seu uso. O segundo é que o próprio ambiente acadêmico não discute ACV. Assim, é preciso ter este conceito melhor consolidado na própria comunidade científica. As pessoas não distinguem com muita clareza LCA de &RVW�/LIH�&\FOH e de /LIH�&\FOH�,PSDFW. Estas coisas estão misturadas nas cabeças das pessoas.

9 Outro problema, que é anterior a ACV, é que nós não temos ainda o conceito de criar

indicadores. É necessário a criação de indicadores métricos de efeitos ambientais e sócio-ambientais. Eu tenho a impressão que esta linguagem só está sendo trabalhada aqui no TECLIM. Uma linguagem que envolva DfE, LCA, Avaliação de Impacto, Ecoeficiência. Esta linguagem no conjunto só está sendo desenvolvida aqui. Isto dificulta este tema virar ferramenta de empresa. O terceiro é a falta de banco de dados.

9 Historicamente no Brasil as empresas sempre esperam que o Estado faça alguma coisa.

Partem da premissa “ enquanto não exigir eu não faço” ou esperam estímulo através de algum incentivo, como apoio de projetos especiais do MMA, FINEP e CNPQ.

9 O Estado da Bahia é diferente. Já conseguiu alguns avanços que os outros órgãos não

conseguiram. Inserir a ACV significaria ir além do que já é pedido, aprimorando este pedido e incluindo algumas coisas mais. Hoje a empresa já produz um conjunto de informações. Se viesse a ser incluída a questão da ACV você estaria aprimorando algumas, redefinindo a questão em outras, acrescentando outras, que seriam no meu entender, indicadores.

9 Outra questão é que precisa-se do respaldo da Lei, para esta proposta. Não se pode

sobrecarregar a empresa com mais informações do que as que hoje estão sendo solicitadas, a não ser que você tenha a oportunidade de oferecer alguma coisa em troca, como assistência técnica, por exemplo. Preocupa-se um pouco com esta coisa de só regulamentar como Comando e Controle sem oferecer nada de apoio técnico. Parte do esforço hoje estabelecido para o comando e controle deveria ser relocado para o apoio técnico.

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9 Para consecução desta proposta, acha necessário que o órgão ambiental inicie algum

contato com as agências de fomento de forma colateral. Além disso, há que se desenvolver competência local para dar apoio às empresas que se aventurem a fazer isso.

9 Acha que as normas ISO 14040-43 nunca chegarão a ser certificáveis. Já a 14025,

certamente será adotado pelas empresas e serão usadas como barreira não-tarifária. Se isso acontecer, não precisa o órgão ambiental fazer nada porque o mercado vai fazer isso sozinho.

9 Lembra a questão da confiabilidade dos dados, onde vê um importante papel a ser

cumprido pelo Estado, determinando o formato e a qualidade dos dados. Vê importância no estado como um regulador de qualidade.

9 Acha que essa questão deve extrapolar o nível do órgão regulamentador estadual e

envolver agências federais, principalmente aquelas que tenham recurso para provocar um modelo de desenvolvimento de capacitação técnica para construção desses bancos de dados. O MMA está muito ausente destas questões técnicas e de tecnologias de políticas de desenvolvimento científico nestas áreas. O MMA tem que se juntar ao MCT e ao Ministério de Relações Exteriores nesta discussão. É preciso ter um envolvimento que chame as Universidades, as empresas de consultoria. O CRA tem o grande papel de desencadear este processo.

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185

$1(;26�

$1(;2�$�±�)LFKD�(QFDPLQKDGD�DRV�(QWUHYLVWDGRV�

Quadro 8: Questões Propostas aos Entrevistados do CRA

352%/(0$ Como incorporar a concepção e ferramenta ACV nas atividades do órgão ambiental? Como o órgão ambiental pode fomentar o uso da ACV no Estado da Bahia?

48(67¯(6 Você acha que seria útil à indústria a incorporação desta ferramenta? De que forma? Quais seriam as potenciais vantagens? De que forma você imagina que o Estado poderia fomentar o seu uso? Quais as dificuldades que você enxerga na aplicação desta proposta? Que sugestões você faria para a execução deste trabalho? Quadro 9: Questões Propostas aos Conhecedores de ACV

48(67¯(6�De que forma você utiliza ou já utilizou a ACV? Que dificuldades você encontrou neste uso? Você acha que o Estado poderia colaborar para o contorno de tais dificuldades? O que você acha da incorporação da ACV nas atividades do órgão ambiental? Quais os ganhos que o setor produtivo poderia obter com a implementação de tal proposta?

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$1(;2�%�±�%DQFR�GH�'DGRV�

Quadro 10: Bancos de Dados Públicos Disponíveis nos Estados Unidos. Banco de Dados Observações Aerometric Information Retrieval System (AIRS)

Dados referentes a poluição do ar, mantido pela EPA. É de graça e é atualizado mensalmente

Permit Compliance System (PCS) Dados referentes a efluentes líquidos, mantido pela EPA.

Biennial Reporting System (BRS) Dados referentes a resíduos perigosos, mantido pela EPA.

Toxic Release Inventory (TRI) Dados referentes a poluentes tóxicos, mantido pela EPA.

DOE – Departamento de Energia. Banco de dados do Centro de Avaliação Industrial (IAC)

Referente a eficiência energética, minimização de resíduos e produtividade. Mantido pelo DOE.

Manufacturing Energy Consumption Survey (MECS)

Levantamento quadrianal em todos os estabelecimentos produtivos dos 50 estados americanos e do distrito de Columbia

Reasonably Available Control Technology/Best Available Control Technology/Lowest Achievable Emissions Rate Clearinghouse (RACT/BACT/LAER Clearinghouse (RBLC))

Banco de dados de tecnologias de controla da poluição do ar, mantido pela EPA.

Compilation of Air Pollutant Emissions Factors AP-42, Volume I: Stationary Point and Área Sources

Preparado pela EPA

Compilation of Air Pollutant Emissions Factors AP-42, Volume II: Móbile Sources

Preparado pela EPA

Locating and Estimating Air Emissions from Sources (A series of L&E documents prepared by USEPA)

EPA

Factor Information Retrieval (FIRE) EPA recommended emission estimation factors for criteria and hazardous air pollutants Fatores recomendados para estimativa de emissões por critérios e poluentes perigosos do ar

EPA Sector Notebooks EPA �

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Quadro 11: 6RIWZDUHV Comerciais Mais Utilizados no Mundo 6RIWZDUH� 2ULJHP� 2EVHUYDo}HV�

Advantage

Battelle Columbus, Ohio, EUA

www.battelle.org/environment/lcm/LCA.htm

SimaPro Pré Consultants.Amersfoort, Holanda www.pre.nl GaBi (Ganzheitliche Bilanzierung)

University of Stuttgart (IKP)/ PE Product Engineering Dettingen/Teck, Alemanha

www.pe-product.de/english/frame_e.htm

SPINE

Chalmers University Gothemburg, Suécia

http://deville.tep.chalmers.se/SPINE_EIM/

TEAM (Tools for Environmental Analysis and Management)

EcoBalance Nanterre Cedex, França

www.ecobalance.com/contact/contindx.html

Umberto ifeu Institut für Umweltinformatik Hamburg, Alemanha

www.ifu.com/software/umberto-e/

Athena The Athena Sustainable Materials Institute, Canada

www.athenasmi.ca área de arquitetura e construção

KCL-ECO 3.0 The Finnish Pulp and Paper Research Institute. Espoo, Finlândia

[email protected]

Boustead Consulting Database and Software

ECO-it Ecoindicator Tool for Environmentally Friendly Design

Pré Consultants Amersfoort, Holanda www.pre.nl

EcoPro – sinum Corporate Environmental Management

EMPA Suíça

Montado principalmente a partir dos dados do BUWAL (Ministério do Meio Ambiente Suíço)www.sinum.com

EDIP – Environmental Design of Industrial Projects

EPA Dinamarquesa

EIOLCA – Economic Input-Output

Carnegie Melon University

IDEMAT - Interduct Environmental Product

Delft University Clean Technology Institute

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Development LCAiT CIT EkoLogik (Chalmers

Industriteknik)

LCNetBase Sylvatica Life cycle assessment using traceble US data

SPOLD - Society for the Promotion of Life-cycle Assessment Development

CUMPAN 1.2 Debis systernhaus Engineering AG www.debis.de/debis/systernhaus Euklid Fraunhofer Institut

ILV Systemanalyse Software Alemanha

www.ivv.fhg.de/sysana_soft.html

PEMS Pira International Reino Unido

www.pira.co.uk

PIA Toegepaste Millieu Economie TME Holanda

EcoScan TNO Industrial Technology

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0(675$'2�352),66,21$/�(0�*(5(1&,$0(172�(�7(&12/2*,$6�$0%,(17$,6�12�352&(662�352'87,92Rua Aristides Novis, 02, 4º andar, Federação, Salvador BA

CEP: 40.210-630Tels: (71) 235-4436 / 203-9798

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