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UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL – USCS BACHARELADO EM DIREITO DÉBORAH ATHAYDE A CONCILIAÇÃO E OS OUTROS MÉTODOS EXTRAJUDICIAIS DE SOLUÇÃO DE CONFLITO À LUZ DO NCPC São Caetano do Sul 2016

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UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL – USCS

BACHARELADO EM DIREITO

DÉBORAH ATHAYDE

A CONCILIAÇÃO E OS OUTROS MÉTODOS EXTRAJUDICIAIS DE SOLUÇÃO

DE CONFLITO À LUZ DO NCPC

São Caetano do Sul

2016

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DÉBORAH ATHAYDE

A CONCILIAÇÃO E OS OUTROS MÉTODOS EXTRAJUDICIAIS DE SOLUÇÃO

DE CONFLITO À LUZ DO NCPC

Trabalho Interdisciplinar apresentado como requisito à obtenção do título de Bacharel em Direito no curso de Graduação da Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS.

Orientadora: Professora Doutora Cristiane Vieira de Mello e Silva

São Caetano do Sul

2016

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DÉBORAH ATHAYDE

A CONCILIAÇÃO E OS OUTROS MÉTODOS EXTRAJUDICIAIS DE SOLUÇÃO

DE CONFLITO À LUZ DO NCPC

Trabalho Interdisciplinar apresentado como requisito à obtenção do título de Bacharel em Direito no curso de Graduação da Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS.

Orientadora

Professora Doutora Cristiane Vieira de Mello e Silva

Área de Concentração

Data da defesa:

Resultado:

BANCA EXAMINADORA

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REITOR DA UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL – USCS:

Prof. Dr. Marcos Sidnei Bassi

PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO:

Prof. Ms. Marcos Antônio Biffi

GESTOR DO CURSO DE BACHAREL EM DIREITO:

Prof. Dr. Robinson Henrique Alves

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Dedicatória

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por ser essencial em minha vida, autor do meu destino, meu guia, socorro presente nas horas das angustias e aflições.

Aos meus pais Ubirajara Athayde Filho e Joseane Gomes Athayde, meus exemplos e referencias na minha vida, pois cuidaram de mim e me ensinaram a amar o próximo como a si mesmo, que me incentivaram nesta caminhada e não deixaram que eu desistisse do meu sonho, por acreditarem em mim, na minha capacidade como pessoa, por não desistirem de mim quando os decepcionei, por me amarem incondicionalmente acima de qualquer coisa.

Ao meu irmão Ubirajara Athayde Neto, o qual pela distância não pude acompanhar o crescimento dele, mas que por ele farei tudo que for possível.

E por fim dedico a toda minha família e a minha avó materna Cecilia Farias Ferreira, que infelizmente não está presente fisicamente para comemorar esta conquista, mas que esteve presente em todos os momentos orgulhosa da primeira neta a se formar em um curso de Graduação, e que acima de tudo está presente em meu coração, além de estar me guardando e me protegendo onde quer que esteja.

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Agradecimentos

Primeiramente a Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, ao longo da minha vida, e não somente nestes anos como universitária, mas que em todos os momentos é o maior mestre que alguém pode conhecer.

Agradeço também a todos os professores que me acompanharam durante a graduação, em especial a minha orientadora Professora Dra. Cristiane Vieira de Mello e Silva, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos.

À minha família, pela capacidade de acreditar em mim, Pai, Mãe, os cuidados e dedicações que foram me dado, em muitos momentos a esperança para seguir e nunca desistir, a presença diária mesmo com a distância significou segurança e certeza de que não estou sozinha nesta caminhada.

Agradeço imensamente aos meus avós paternos Elza de Jesus Oliveira e Samuel Oliveira que me acolheram em sua casa para que pudesse iniciar e concluir o tão sonhado Curso de Direito.

Por fim, agradeço ao meu namorado Everaldo Farias, que no pouco tempo de convivência se demonstrou um grande incentivador e apoiador na conclusão do Curso bem como na vida.

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Tudo tem o seu tempo determinado, e a tempo para todo o proposito debaixo do céu:

(Eclesiastes 3)

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Resumo

O presente trabalho apresentará as formas de soluções de conflito extrajudiciais e

os principais aspectos da conciliação, mostrando as diversas formas de

autocomposição, será apresentado um breve conceito das diversas formas de

soluções de conflitos extrajudiciais, quais sejam, a transação; a negociação; a

mediação; e a arbitragem.

A conciliação será tratada sob seus diversos pontos, aspectos e formas,

demostrando suas vantagens e desvantagens na aplicação cotidiana e judicial.

A escolha do tema deve-se a necessidade de resolver os conflitos existentes na

sociedade de forma célere e eficaz, a fim de obter melhor qualidade processual de

forma que as próprias partes resolvam a situação de maneira que melhor lhes couber.

Palavras-chave: Conciliação, aspectos processuais, solução de conflitos, transação, negociação, mediação e arbitragem.

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Abstract

This paper will present the forms of extra-judicial conflict solutions and the main aspects of reconciliation, showing the various forms of autocomposição will be presented a brief concept of the various forms of extra-judicial conflict resolution, namely the transaction; the deal; mediation; and arbitration.

The reconciliation will be treated under its various points, aspects and forms, showing their advantages and disadvantages in everyday and judicial application.

The choice of theme is the need to resolve existing conflicts in the society swiftly and effectively in order to get better quality procedure so that the parties themselves resolve the situation in a way that best fits them.

Keywords: Reconciliation, procedural aspects, conflict resolution, transaction, negotiation, mediation and arbitration.

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LISTA DE ABREVISÇÕES E SIGLAS

NCPC – Novo Código de Processo Civil de 2016

CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas

CF – Constituição Federal

CNJ – Conselho Nacional de Justiça

TST – Tribunal Superior do Trabalho

TJ – Tribunal de Justiça

CC – Código Civil

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................13

1. Aspectos gerais...............................................................................................15

1.1. Conceito..........................................................................................................15

1.2. Origem............................................................................................................16

1.3. Meios de composição......................................................................................19

1.3.1. Autotutela.........................................................................................................19

1.3.2. Autocomposição..............................................................................................20

1.3.3. Heterocomposição...........................................................................................21

2. Aspectos processuais......................................................................................22

2.1. Princípios que regem a conciliação..................................................................22

2.2. Objetivo da conciliação....................................................................................24

2.3. O papel do conciliador......................................................................................24

2.4. Natureza jurídica .............................................................................................26

2.4.1 Aplicação do CPC 2015...................................................................................26

2.5. Da homologação..............................................................................................28

2.6. Rito da conciliação...........................................................................................29

2.7. Reforma do acordo...........................................................................................30

3. Das formas extrajudiciais de soluções de conflito............................................31

3.1. Da transação....................................................................................................32

3.1.1. Conceito...........................................................................................................32

3.1.2. Cabimento.......................................................................................................32

3.2. Da negociação.................................................................................................33

3.2.1. Conceito...........................................................................................................34

3.2.2. Cabimento.......................................................................................................35

3.3. Da mediação....................................................................................................35

3.3.1. Conceito...........................................................................................................37

3.3.2. Cabimento.......................................................................................................38

3.4. Da arbitragem..................................................................................................39

3.4.1. Conceito...........................................................................................................40

3.4.2. Cabimento........................................................................................................41

4. Diferenças dos meios alternativos de soluções de conflitos.............................42

5. Vantagens e desvantagens dos meios alternativos de conflitos......................43

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5.1. Vantagens........................................................................................................43

5.2. Desvantagens..................................................................................................44

6. Considerações Finais.......................................................................................46

7. Referencias Bibliograficas................................................................................48

8. Anexos.............................................................................................................50

8.1. Resolução 125 do Conselho Nacional de Justiça............................................50

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo apresentar as diversas formas de solução

de conflitos de maneira diversa do judiciário.

O tema é de grande importância, pois retrata nossa atualidade, onde podemos

verificar a grande movimentação para implantar um sistema extrajudicial que propicie

grandes resultados satisfatório para as partes, tendo em vista que o Poder Judiciário

está congestionado com o grande número de demandas a procura de solução.

Uma das principais vantagens da conciliação e dos meios extra judiais de conflito,

é seu efeito apaziguador, que faz com que as partes se reaproximem e em um comum

acordo cheguem a uma conclusão para resolverem o caso em questão.

O grande aspecto processual envolvido com a conciliação é a celeridade, por não

permitir recurso, o tempo torna-se curto e também de baixo custo.

Sendo ainda demostrado no estudo, a grande importância do papel do conciliador

na construção do acordo, pois é ele quem conduz a conciliação sem que julgue ou

imponha uma solução, apenas conduz de maneira eficaz para que as partes cheguem

a uma conclusão. Apesar da grande demanda de processos que possam ser

condicionados as sessões de conciliação ainda há uma grande falta de profissionais

habilitados para essa função.

Mesmo com essa carência a conciliação vem sendo estimulada pelo nosso

ordenamento jurídico.

Foram feitas diversas pesquisas em livros, revistas, internet e legislação.

Na internet foram encontrados diversos artigos, entrevistas em sites Judiciais e de

Câmaras Privadas, com informações importantes, que puderam auxiliar na conclusão

do presente trabalho.

Em primeiro momento o trabalho traz algumas definições e conceitos históricos,

passando pelos meios de composição para chegar nos aspectos processuais da

conciliação, onde fala dos princípios que regem a conciliação, qual o objetivo, o papel

do conciliador.

Após falamos sobre a natureza jurídica da conciliação e como está sendo a

aplicação com o Novo Código de Processo Civil.

Em um terceiro momento falamos sobre as diversas formas de soluções de conflitos

extrajudiciais, bem como explicamos cada uma e seus cabimentos.

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Além disso, ainda falamos das diferenças dos meios alternativos de solução de

conflitos, assim como suas vantagens e desvantagens.

Desse modo, anexamos ao presente trabalho a referida resolução do Conselho

Nacional de Justiça para que possa ser analisado.

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1. Aspectos Gerais

1.1. Conceito

Com a existência dos estados modernos, foram atribuídas três funções ao Estado:

legislar, administrar e julgar os conflitos existentes entre as pessoas, para que existam

paz e harmonia na sociedade. Neste sentido, cabe ao Poder Judiciário, salvo as raras

hipóteses que se permite a autotutela, resolver os conflitos gerados neste meio social.

Assim, a jurisdição é a função do Estado pelo qual são solucionados os conflitos

surgidos entre as pessoas. Como ensina Fredie Didier Junior,

“Jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial de realizar o Direito de modo imperativo e criativo, reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas concretamente deduzidas, em decisão de controle externo e com aptidão para tornar-se indiscutível. ” (DIDIER JUNIOR, Fredie, 2010, p. 83).

Para exercitar a função jurisdicional, o Estado confere aos magistrados o poder

de, ao fim de um processo judicial observado os princípios que garantam às partes

envolvidas a possibilidade de defender suas razoes, dizer de modo imparcial a

solução do conflito em questão, sendo que, uma das partes sairá perdedora e terá

que se submeter aquilo que foi determinado.

Já a conciliação é um método utilizado em conflitos mais simples, ou restritos, no

qual o terceiro facilitador pode adotar uma posição mais ativa, porém neutra com

relação ao conflito e sendo imparcial entre as partes. É um processo consensual

breve, que busca uma efetiva harmonização social e a restauração, dentro dos limites

possíveis, da relação social das partes.

A conciliação visa solucionar a lide entre as partes de modo que nenhuma delas

sejam prejudicadas, visto que elas devem buscar a solução entre si com o auxílio do

conciliador, ou seja, será uma forma benéfica para ambos.

A conciliação é feita de forma técnica, sendo norteada por princípios como

informalidade, simplicidade, economia processual, celeridade, oralidade e flexibilidade

processual.

Os conciliadores atuam de acordo com princípios fundamentais, estabelecidos na

Resolução 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça: confidencialidade, decisão

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informada, competência, imparcialidade, independência e autonomia, respeito à

ordem pública e às leis vigentes, empoderamento e validação.

1.2. Origem no Brasil

Antes de falarmos da origem da conciliação no Brasil, importante mencionar que

já existiam nos registos históricos contidos na Bíblia Sagrada, no livro de Mateus

capitulo 5 e verso 17 - 26,

“entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estas com ele a caminho, para que o adversário não t entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão”.

Vale dizer, que a conciliação é muito praticada em países como a França, Estados

Unidos, Portugal e Japão, cujos resultados nestas sociedades tem se mostrado

bastante eficaz na resolução de conflitos.

No Brasil a conciliação começou a aparecer na época imperial (século XVI e XVII),

precisamente nas Ordenações Manuelinas (1514) e Filipinas (1603) que trazia em seu

livro III, título XX, § 1º, o seguinte preceito:

“E no começo da demanda dirá o Juiz a ambas as partes, que antes que façam despesas, e sigam entre eles os ódios e dissensões, se devem concordar, e não gastar suas fazendas por seguirem suas vontades, porque o vencimento da causa sempre é duvidoso. [...].”(ALVES, 2008, p. 3)

É certo que a conciliação foi marcada ao longo da história por idas e vindas. No

entanto, foi no século XIX, através da primeira Constituição Imperial Brasileira (1924),

que a conciliação ganhou status constitucional, trazendo em seu artigo 161, o seguinte

texto: “Sem se fazer constar que se tem intentado o meio da reconciliação não se

começara processo algum”. (VIEIRA, s/d, p. 2).

Em 1943, entra em vigor a Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n.

5.452, de 1/5/1943), trazendo em seu artigo 764 e parágrafos, a obrigatoriedade de

se buscar sempre nos dissídios individuais e coletivos do trabalho, a conciliação entre

as partes, deixando a decisão do Juízo somente para o caso de não haver acordo (art.

831). Neste caso é bom registrar que mesmo após a instrução do processo, o Juiz

deve renovar a proposta de conciliação antes de proferir a decisão (art. 850).

Art. 764 - Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.

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§ 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos.

§ 2º - Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á obrigatoriamente em arbitral, proferindo decisão na forma prescrita neste Título.

§ 3º - É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório.

Art. 831 - A decisão será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de conciliação.

Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas.

Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão.

Parágrafo único - O Presidente da Junta, após propor a solução do dissídio, tomará os votos dos vogais e, havendo divergência entre estes, poderá desempatar ou proferir decisão que melhor atenda ao cumprimento da lei e ao justo equilíbrio entre os votos divergentes e ao interesse social.

Se por um lado a CLT valorou e até hoje prima pela conciliação, o Código de

Processo Civil de 1939 praticamente a deixou de lado.

Vale acrescentar que a Constituição Brasileira de 1988, também tem dentre seus

objetivos fundamentais, a implementação de alternativas adequadas e céleres para

resolução de conflitos (art. 3º, inciso I, e art. 5, LXXVIII).

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Em 1990, entra em vigor o Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90), que

prioriza dentre as Políticas Nacionais de Relações de Consumo a “Criação de

Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de

litígios de consumo (art. 5, IV)”, obviamente para buscar a conciliação entre as partes

de maneira mais simplória e rápida.

Com a entrada em vigor da Lei n. 9.099/95, que regulamentou os procedimentos

dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, a conciliação ganhou papel importante,

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dispondo em seu artigo 2º, “que o processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade,

simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando sempre que

possível, a conciliação ou a transação”. A partir daqui a conciliação começou a ganhar

espaço no cenário jurídico.

No ano de 1996, foi publicada a Lei da arbitragem, a qual dispõe em seu artigo 1º

que “as pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir

litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis”, ou seja, outra maneira de

conciliação por esta Lei.

Em 2001, foi instituída a Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito

da Justiça Federal (Lei 10.259, de 12-6-2001), a qual também prioriza na resolução

de conflitos de sua competência, a conciliação entre as partes (art. 3º). Outra lei

importante que ajudou em muito a disseminar a ideia da conciliação.

Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças.

O Código Civil de 2002 também não foi alheio em relação ao presente instituto,

dispondo em seu artigo 840, que, “É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem

o litígio mediante concessões mútuas”.

No ano de 2006 a conciliação renasce no cenário jurídico, através do Conselho

Nacional de Justiça, que lançou naquele ano a campanha ‘Movimento pela

Conciliação’ e vem desde então, em parceria com órgãos do Poder Judiciário, OAB,

Conselho Nacional do Ministério Público, Defensoria Pública, Entidades e

Universidades, lançando campanhas anuais em prol da utilização do presente instituto

na resolução de conflitos.

Em 2010, o Conselho Nacional de Justiça lançou a Resolução n. 125,(anexo)

regulamentando a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos

de interesses no âmbito do Poder Judiciário, sedimentando e apoiando a prática da

conciliação e mediação por reconhecer nestes institutos, verdadeiros instrumentos de

pacificação social.

A referida Resolução serviu de base ao Novo Código de Processo Civil que

entrou em vigor em março de 2016, que vem trazendo no Capítulo III, Seção V, artigos

165 a 175 (anexo), os procedimentos legais para a escolha e o desenvolver dos

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trabalhos dos Conciliadores e Mediadores judiciais, reforçando, portanto, a

importância do instituto da conciliação e que de fato ela veio para ficar.

Todavia, tendo em vista o acúmulo de processos no Poder Judiciário, fruto de um

sistema extremamente formalista, complexo e caro, a conciliação começou a ganhar

espaço no Código de Processo Civil de 1973, que esteve em vigor de 1º de janeiro de

1974 até 16 de março de 2016, nos artigos 125, inciso IV, 277, 331 e 448, porem, com

o Novo Código de Processo Civil que entrou em vigor em 18 de março de 2016 a

conciliação está sendo expressas em alguns dispositivos que serão mostrados em a

diante.

Percebe-se que a conciliação não é algo recente, apenas esteve esquecida por

algum tempo em detrimento do formalismo processual centralizador que impregnou o

judiciário brasileiro, mas que agora vem renascendo com força, impulsionada pelo

Conselho Nacional de Justiça, órgão responsável por sua disseminação, bem como

pelo Novo Código de Processo Civil.

1.3. Meios de Composição

É importante analisar os mecanismos de composição de forma detalhada para que

sejam aplicados de forma eficiente conforme cada conflito social.

As formar de solução de conflitos interessa a qualquer sociedade organizada, pois

visa extinguir o mal que perturba a paz de cada cidadão.

1.3.1. Autotutela

Nas épocas primitivas, não havia a imposição do Estado, visto que não havia a

força suficiente para resolver os conflitos e impor o direito acima da vontade das

partes, nem mesmo leis com intuito de auxiliar os particulares.

A autotutela ou autodefesa como é conhecida, é um mecanismo em que a disputa

é solucionada pelas próprias partes, há uma imposição da vontade de uma das partes,

ou seja, é a solução do conflito pela força imposta por uma das partes. Essa forma de

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composição é própria dos primórdios da civilização, sendo assim raras vezes é

permitido no ordenamento jurídico vigente.

Art. 1.210, CC: O possuidor tem direito a ser mantido na posso em caso de turbação, restituído no esbulho, e segurado de violência eminente, se tiver justo receio de ser molestado. §1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restitui-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de esforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

Neste mecanismo a disputa é solucionada pelas próprias partes. Segundo Moacyr

dos Santos, “é a forma primitiva, e ainda não totalmente extinta, de solução dos

conflitos de interesses individuais ou coletivos.” Seria a conhecida e malvista “justiça

com a próprias mãos” que por ser a primeira forma de solução encontrada pelo homem

é considerada primitiva, pois não causa o efeito de justiça, mas sim de subordinação

entre o mais forte e o mais fraco. Segundo Chiovenda a autotutela é uma atividade

“meramente privada, movida por impulsos e intenções particulares e egoísticos,

embora consentidos e moderados pelo Estado”. (TARTUCE, Fernanda, 2008, p. 37 e

38)

1.3.2. Autocomposição

A autocomposição é outra forma possível de solução do conflito em que as partes

buscam a solução conciliativa através de acordo entre elas, onde uma ou ambas

procuram a solução para atender seus interesses chegando a um acordo.

A busca pelo consenso e pelos meios alternativos de solução de conflitos é a tônica

do Poder Judiciário uma vez que é extremamente vantajoso que as partes se

comuniquem e conjuntamente superem não só o litígio, mas também restabeleçam a

relação pessoal ou profissional havida entre elas.

Neste sentido diz Ada Pellegrini Grinover,

“se é certo que, durante um longo período, a heterocomposição e a autocomposição foram considerados instrumentos próprios das sociedades primitivas e tribais, enquanto o ‘processo’ jurisdicional representava insuperável conquista da civilização, ressurge hoje o interesse pelas vias alternativas ao processo, capazes de evitá-lo ou encurtá-lo, conquanto não o excluam necessariamente”. (GRINOVER, Ada Pellegrini. 2008).

A autocomposição pode ser feita sem a intervenção de um terceiro que é chamada

de autocomposição direta, que pode ser dividida em negociação e transação.

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Temos também a autocomposição mediada ou assistida, que é quando as partes

são auxiliadas por um terceiro neutro, que pode ou não propor alternativas para a

solução do conflito, chamado de mediador, já quando o terceiro interfere de forma

imparcial propondo opções para a celebração do acordo, opera-se a conciliação.

Sendo observado que os terceiros têm seus valores pessoais que podem influenciar

nas atividades a eles propostas, assim nem sempre sendo possível agir de modo

absolutamente neutro e imparcial.

Alexandre Araújo Costa ressalta que a imparcialidade do terceiro não é uma

exigência lógica, mas ética, somente fazendo sentido dentro de uma perspectiva que

valorize a subjetividade das pessoas e que considere legítimo apenas o acordo que é

realizado por uma vontade livremente expressada, o que implica a ausência de

influências externas, como ameaças, subornos ou pressões. (COSTA, Alexandre

Araújo. 2004, p.174)

Em síntese, em todas as formas de autocomposição o conflito é solucionado pelas

partes e a existência do terceiro (mediador/conciliador) serve apenas como um

facilitador para que as partes reorganizem suas posições sem deixarem-se levar pelas

emoções.

1.3.3. Heterocomposição

A heterocomposição é uma das formas de técnica de resolução de conflitos em

que as partes elegem um terceiro imparcial que tem autoridade para julgar a lide com

as mesmas prerrogativas do poder judiciário e impor uma solução adequada, nesta

situação a decisão é tomada por este terceiro que não auxilia e nem representa as

partes que estão em conflito.

A heterocomposição também conhecida como heterotutela se divide em duas vias:

a arbitragem, em que o terceiro escolhido pelas partes decide o impasse; e

jurisdicional, no qual há a provocação do Poder Judiciário por uma das partes e o

terceiro (autoridade estatal investida de poder coercitivo) impõe uma decisão.

Contudo, Ada Pellegrini Grinover conclui que:

“o instrumento de heterocomposição, embora apresente altos méritos, sendo mais adequada do que o processo para um determinado grupo de

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controvérsias, ainda é um método adversárial, em que a decisão é imposta as partes” (GRINOVER, Ada Pellegrini, 2008)

2. Aspectos Processuais

2.1. Princípios que regem a Conciliação

A conciliação assim como outras áreas do direito, também é regida por princípios

e regras, que devem sempre ser rigorosamente observados, para que os resultados

a serem alcançados sejam satisfatórios.

De acordo com o artigo 1º da Resolução 125/10 do CNJ (anexo), são princípios

que norteiam a conciliação:

a) Confidencialidade – o sigilo do conciliador com as partes, bem como entre elas

mesmas, acerca das informações obtidas na sessão conciliatória é primordial para o

sucesso do acordo;

b) Competência – o conciliador deve ser pessoa habilitada à atuação judicial, com

capacitação na forma da resolução 125/10, CNJ, bem como ter sua inscrição validada

pelo CNJ;

c) Imparcialidade – o conciliador não deve pender para um lado ou para outro, não

deve interferir no resultado do trabalho nem aceitar qualquer tipo de favor ou presente,

para impor um resultado;

d) Neutralidade – o conciliador deve atribuir valores iguais a cada uma das partes,

respeitando sempre os seus respectivos pontos de vistas de cada uma delas, e não

impor algo para que o outro aceite;

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e) Independência e autonomia – o conciliador deve atuar na seção com liberdade,

sem pressão interna ou externa;

Além dos princípios descritos acima que constam no artigo 1º da resolução 125/10

do CNJ, a conciliação também se encontra vinculada diretamente com os princípios

da economia processual que se tratam das alternativas econômicas na composição

de conflitos; o princípio da celeridade processual que tem se mostrado célere, eficiente

e segura; e o princípio da simplicidade, tendo em vista que o processo deve ser

simples e claro, ou seja, sem as formalidades que o judiciário demanda.

Podemos dizer ainda que a conciliação além dos princípios ela também possui

suas regras que devem ser observadas durante a composição de acordos, conforme

se vê adiante transcrito de acordo com o art. 2º, resolução 125, CNJ, (anexo).

a) Informação – Cabe a quem preside a conciliação esclarecer as devidas

informações aos envolvidos sobre o método de trabalho a ser empregado e de forma

clara e precisa, as etapas da seção;

b) Autonomia da vontade – o conciliador deve velar sempre pelo respeito aos

diferentes pontos de vista dos envolvidos, a fim de que alcancem com liberdade uma

decisão voluntária e não coercitiva;

c) Ausência de obrigação de resultado – o presidente da seção, não se deve forçar

um acordo, ele pode no muito criar opções, porém, ficando a critério das partes acolhe-

las ou não;

d) Desvinculação da profissão de origem – o conciliador deve esclarecer as partes

que está à frente do trabalho desvinculado de sua profissão de origem e que, caso as

partes necessitem de aconselhamentos afetos a área em discussão, poderá ser

convocado profissional, desde que consintam;

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e) Teste de realidade – o conciliador deve assegurar que as partes envolvidas no

acordo compreendam suas disposições, garantindo assim o seu cumprimento.

2.2. Objetivo da Conciliação

A Conciliação tem por principal objetivo, propor a pacificação social entre as partes

em litigio para que cheguem a um acordo em comum, para que ambos não se

prejudiquem e fiquem satisfeitos com a decisão tomada por eles.

É um método para a solução de conflito em que as partes são dirigidas por um

terceiro, onde esse terceiro pode levar a um resultado em que as partes não

imaginavam para resolverem a lide em questão, pois é um problema que está sendo

visto de fora da relação conflituoso das partes.

Apesar do muito que se fala sobre as vantagens da conciliação, nem todas as

matérias estão sujeitas ao seu procedimento. Isso porque alguns direitos são

fundamento da personalidade humana e permitem que cada um possa exercer sua

liberdade sem que isso afete sua dignidade.

Deste modo, alguns direitos são indisponíveis para o seu titular e sobre eles não

pode haver negociação. Servem, pois, para proteção de certas condições inerentes

ao ser humano. Na conciliação ocorrem concessões mútuas, ou seja, as partes abrem

mão de parte dos direitos que acreditam serem titulares para solucionar uma

controvérsia. Por isso, a princípio, a conciliação só pode envolver direitos disponíveis

para as partes.

2.3. O Papel do Conciliador

Na definição traçada pelo Conselho Nacional de Justiça, “o conciliador é uma

pessoa que atua, de forma voluntária e após treinamento específico, como facilitador

do acordo entre os envolvidos, criando um contexto propício ao entendimento mútuo,

a aproximação de interesse e a harmonização das relações”. (online)

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Assim, entende-se que não é função do conciliador orientar, ou dizer o que deve

ser feito as partes sobre a decisão que está tomando.

Entretanto o conciliador, como presidente da sessão, deve abri-la esclarecendo aos

litigantes sobre os riscos e consequências do litígio, escutando atentamente a posição

e os interesses de cada uma das partes, só devendo intervir para orientar o diálogo.

Tal postura está vinculada aos princípios que a rege como dito anteriormente cada um

deles.

A Lei 9.099/95 em seu Art. 73, parágrafo único dispõe que:

“Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação.

Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da Justiça Criminal. ”

Neste sentido, o conciliador, é um auxiliar da justiça que exerce um múnus público,

e necessariamente deve estar preparado para exercer a função, onde o primordial é

fazer a conexão de diálogo entre as partes, ou restabelecê-la quando necessária,

conduzindo a negociação entre eles com neutralidade até alcançar a resolução do

conflito.

Importante mencionar que o Conselho Nacional de Justiça, através dos Tribunais

de Justiças, tem buscado desde o ano de 2006, capacitar, treinar e aperfeiçoar

conciliadores em todas as regiões do país, através de cursos de capacitação, bem

como reciclagem para aperfeiçoar sempre mais.

Este processo de capacitação foi regulamentado pela Resolução número 125 de

2010, do referido Conselho, que estabelece em seu art. 12, que:

“Nos Centros, bem como todos os demais órgãos judiciários nos quais se realizem sessões de conciliação e mediação, somente serão admitidos mediadores e conciliadores capacitados na forma deste ato (Anexo I), cabendo aos Tribunais, antes de sua instalação, realizar o curso de capacitação, podendo fazê-lo por meio de parcerias.”

Além das capacitações, vale esclarecer ainda a questão da escolha preferencial

por bacharel em direito, mencionado no parágrafo único do artigo 73, da lei 9.099/95.

Tal preferência não tem sido aceita pelos Tribunais do país, onde vem se admitindo

profissionais de outras áreas para presidirem as sessões conciliatórias, embora haja

quem discorde, pois, qualquer profissional que realize o curso de capacitação pode

conduzir perfeitamente uma sessão de conciliação.

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2.4. Natureza Jurídica

A conciliação tem natureza jurídica de transação, pois as partes, através de

conversa amigável, extinguem o litígio existente entre elas.

O Código Civil, em seu art. 840, estabelece que “É lícito aos interessados

prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas. ”.

A mediação possui natureza contratual, pois o acordo nela realizado nasce da

vontade das partes, criando, extinguindo e modificando direitos.

Nesse sentido, é o magistério de Rosane da Rosa Cachapuz, ao dizer que a

mediação

“É firmada na soberania da vontade das partes, criando, extinguindo ou modificando direitos, devendo constituir-se de objeto lícito e não defeso em lei, razão pela qual estão presentes os elementos formadores do contrato, tem como objeto o comportamento humano, pois sua finalidade é a resolução dos conflitos relativos à interação do ser na sociedade.”. (CACHAPUZ, Rosane da Rosa, 2003)

A conciliação, em sua maior parte é regida pela Resolução 125 de 2010 do

Concelho Nacional de Justiça (anexo), juntamente com o auxílio atual do NCPC que

passáramos a expor a seguir.

2.4.1 Aplicação do CPC 2015

O poder Legislativo tem dado sua contribuição, com a tramitação no Congresso

Nacional, para a implementação do Novo Código de Processo Civil que entrou em

vigor em 18 de março de 2016.

O NCPC traz novos artigos e avança muito sobre o tema da conciliação e mediação,

apesar de ter havido serias discussões com a criação de um marco regulatório para o

instituto da mediação, assim como já existe a Lei da arbitragem, ou seja, as

discussões seriam para que exista uma lei especifica para conciliação e mediação

como acontece com a arbitragem.

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O Novo Código de Processo Civil que entrou em vigor em 18 de março de 2016 a

conciliação está sendo expressas nos dispositivos que passamos a expor a seguir:

a) Artigo 3º, § 3º “A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual

de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos

e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.”, ou seja,

realizar um acordo entre as partes será prioridade em todas as fases processuais,

inclusive pré-processual.

b) Artigo 139, inciso V, deixa claro que compete ao Juiz “promover, a qualquer

tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e

mediadores judiciais”, primando assim, pela rápida solução do litígio, conforme

preceitua o inciso II do mesmo artigo em discussão, dando ao Juiz a oportunidade

de buscar a resolução da lide logo no começo ou em qualquer fase do processo;

c) Artigo 165, “Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de

conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e

mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e

estimular a autocomposição.

d) No artigo 166, deixa especificado os princípios que regem a conciliação e a

mediação.

e) O artigo 167, trata de como deve ser feita as inscrições para atuação dos

conciliadores em áreas privadas.

f) No artigo 168, diz que as partes podem escolher em comum acordo quem será o

conciliador, o mediador ou a câmara privada.

g) No artigo 169, trata-se da remuneração do conciliador, bem como, no §1º fala que

o conciliador pode ser voluntário.

h) No artigo 173, fala das hipóteses de exclusão dos conciliadores e mediadores do

cadastro.

i) O artigo 174, diz que A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios

criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à

solução consensual de conflitos no âmbito administrativo.

j) No artigo 319, inciso VII, diz que um dos requisitos da petição inicial de que o autor

pode optar pela realização de audiência de conciliação ou mediação.

k) No artigo 334 e seus parágrafos, trata-se de como procederá a audiência de

conciliação e mediação.

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l) O artigo 335, e seus incisos, trata-se de como o réu procederá em sua contestação

quanto a conciliação e seus prazos.

m) No artigo 340, parágrafos 3º e 4º, fala-se sobre quando uma audiência de

conciliação será suspensa e quem é o juiz competente para designa-la

n) No capítulo X, nos artigos 694, 695 e 695, trata-se da conciliação no âmbito das

ações de Família.

Esses artigos descritos anteriormente, são um norte para se compor a conciliação,

a mediação e as câmaras, tendo em vista que o NCPC é uma das principais

legislações para se seguir, pois além de tratar das aplicações para a conciliação, trata-

se também dos outros métodos alternativos de solução de conflitos extrajudiciais e

judicias que passaremos a expor adiante.

2.5. Da Homologação

Quando se resolve a conciliação, ou seja, é uma conciliação frutífera, a mesma

deverá ser assinada pelas partes para que seja homologada pelo Juiz e terá força de

sentença.

Caso o acordo homologado não seja cumprido pelas partes, pode gerar um

procedimento de execução, pois a sentença homologada pelo juiz se torna um título

executivo judicial conforme artigo 515 do NCPC:

Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:

III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;

Uma vez resolvido o litigio entre as partes por meio de um acordo homologado pelo

Juiz, não há mais que se discutir sobre os aspectos relativos a este conflito, ou seja,

a conciliação homologada faz coisa julgada material e põe fim a fase de conhecimento

do processo.

Há uma outra característica da homologação, é que a coisa julgada pode atingir

inclusive as parcelas que não foram postas no pedido inicial, como afirma Luiz

Rodrigues Wambier:

“A característica básica da transação é a reciprocidade de concessão, sendo licito as partes levar a transação elementos, em princípio, estranhos a

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lide. A lide é praticamente redefinida na transação, pois que, do contrário, de transação não se trataria. O Juiz, havendo transação, terá a liberdade de optar, ao decidir, cingida e esfera mínima de verificação da existência dos requisitos formais – ficando, após essa etapa, vinculado”. (WAMBIER, Luiz Rodrigues, 2008, p. 553).

Desta forma, o transito em julgado poderá ir além do pedido e obrigar

definitivamente tanto o autor quanto o réu, pois uma vez descumprido o acordo, o

procedimento de execução é cabível para ambas as partes.

2.6. Rito da conciliação

O código de Processo Civil determina que a conciliação deve ser tentada tanto no

procedimento sumario como no procedimento ordinário, tendo em vista que não há

tempo para que haja uma composição amigável entre as partes.

Da mesma forma nos Juizados Especiais também é voltado para a

autocomposição. Nota-se na leitura do artigo 334 do NCPC, que o juiz após designar

audiência mandara citar as partes para a audiência de conciliação:

Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.

A doutrina por sua vez prefere denominar esta audiência como audiência

preliminar, tendo em vista que a conciliação não é o seu único objetivo, é o que diz

Alexandre Freitas Câmara:

“Deferida que seja a petição inicial, determinará o juiz a citação do demandado para comparecer a uma audiência chamada pelo CPC de audiência de conciliação (art. 277), embora também aqui tenha a doutrina preferido a termologia audiência preliminar. Isto porque tal audiência (assim como a prevista no art. 331 do CPD para o procedimento ordinário) tem múltiplas finalidades, como ela se visando alcançar não só a conciliação das partes, mas também (se o acordo não for obtido) a prática da maior parte dos autos que compões o procedimento sumário, como a apresentação de resposta, sendo possível, até mesmo, que nesta audiência seja proferida sentença. ” (CÂMARA, Alexandre Freitas, 2009, 363).

A audiência de conciliação visa a realização de um acordo, mas no caso isso não

ocorra, outras finalidades serão atendidas, é neste momento que caso o réu não

concorde com o acordo proposto, apresentará sua resposta (contestação), assim

prosseguirá com o devido processo legal.

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2.7. Reforma do acordo

Como já mencionamos anteriormente, a homologação do acordo pelo Juiz tem

força de sentença e transita em julgado, inclusive sobre as matérias não propostas no

pedido da inicial, desta forma, a conclusão é que sobre a sentença que homologa o

acordo não cabe recurso, como esclarece Humberto Theodoro Junior:

“O recurso visa evitar ou minimizar a risco de injustiça do julgamento único. Esgotada a possibilidade de impugnação recursal, a coisa julgada entra em cena para garantir a estabilidade das relações jurídicas, muito embora corra o risco de acobertar alguma injustiça latente no julgamento. Surge, por último, a ação rescisória que colima reparar a injustiça da sentença transita em julgado, quando seu grau de imperfeição é de tal grandeza que supere a necessidade da segurança tutelada pela res judicata”. (THEODORO JUNIOR, Humberto, 2007, p. 768).

Para desconstituir o acordo, é necessária uma nova ação, que se funde em uma

das hipóteses elencadas o artigo 966 do Código de Processo Civil:

Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:

I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;

II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;

III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;

IV - ofender a coisa julgada;

V - violar manifestamente norma jurídica;

VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória;

VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;

VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.

§ 1o Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado.

§ 2o Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça:

I - nova propositura da demanda; ou

II - admissibilidade do recurso correspondente.

§ 3o A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão.

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§ 4o Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei.

§ 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento.

§ 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá ao autor, sob pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor outra solução jurídica.

Conforme vemos no §4º acima descrito, os atos homologados pelo juízo, bem

como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à

anulação, nos termos da lei.

Apesar de a conciliação ser apenas uma homologação pelo juiz, não se confunde

com a situação acima descrita, pois, como vimos anteriormente esta homologação

tem força de sentença, pois pela sistemática do NCPC, a homologação tem força de

sentença com resolução do mérito e atribui os efeitos da coisa julgada formal e

material, neste sentido, não há que se falar em ação anulatória de sentença que

homologou a conciliação.

Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso.

Vale ressaltar que nos juizados especiais, conforme determinado no artigo 41 da

Lei 9099/1995, da decisão que homologa a conciliação não cabe recurso, do mesmo

modo, que transitada em julgado, contra ela não cabe ação rescisória, conforme o

artigo 59 da mesma Lei.

Art. 41. Da sentença, executada a homologação de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio juizado.

Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento instituído por esta lei.

3. Das formas extrajudiciais de soluções de conflito

Aqui falaremos das diversas formas de solução de conflito, pois podemos perceber

que não existe somente a forma judicial, mas também as extrajudiciais como a

transação, a negociação, a mediação e a arbitragem, que passamos as expor cada

uma delas a seguir além da conciliação que falamos anteriormente.

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3.1. Da Transação

A transação é uma outra forma de autocomposição, assim como a conciliação,

mesmo porque a conciliação é feita por uma transação, assim define Renata Helena

Paganoto Moura em um artigo publicado na internet:

” A conciliação é um ato que tem em vista as partes no propósito de prevenirem ou resolverem um litígio, a conciliação se refere a conduta - as partes se conciliaram - enquanto a transação se refere ao conteúdo - a transação versou sobre. Logo, podemos afirmar que no processo a conciliação ocorre mediante uma transação. As partes se conciliam transigindo. ”

3.1.1 Conceito

Transação é um termo que vem do latim, transigere, que significa transigir, ceder,

chegar a um acordo, ou seja, é uma forma de solução de conflito controversa, onde

as partes as partes resolvem a lide por meio de uma concessão recíproca.

Ela pode ocorrer de duas maneiras, sendo elas: judiciaria e extrajudiciária;

Quando judiciaria ela ocorre durante o processo e para ter validade é necessária

que seja homologada pelo juiz.

Já da maneira extrajudiciária não pode ser concluída nos autos de um processo

existente, mas será dado um termo por escritura pública, ou por qualquer outra forma

particular eu seja escrita e homologada posteriormente.

3.1.2 Cabimento

No artigo 841 do CC determina que só quanto a direitos patrimoniais de caráter

privado permite-se a transação, ou seja, direitos indisponíveis, ou patrimoniais de

caráter público não podem ser objetos da transação.

Assim, os objetos das transações são somente os direitos patrimoniais de caráter

privado, excluindo-se as coisas passiveis de comercio; as inalienáveis; os direitos

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personalíssimos (a vida, a liberdade, a honra, etc.); as situações de família de caráter

não patrimonial (alimentos, guarda dos filhos, tutela, etc.).

É aplicável nos casos onde existe o direito objetivo e o interessado tem direito,

devendo ainda ser provada sua alegação para que não exista dúvida sobre o caso.

3.2. Da Negociação

A negociação está diariamente presente na vida de todas as pessoas, tendo em

vista as situações do cotidiano, desde uma conversa no café da manhã com os

familiares em volta da mesa, até a compra e venda diária no comercio. Um exemplo

simples e muito interessante para caracterizar a negociação sempre esteve presente

em nossas vidas nas relações cotidianas do mundo é citado por Luiz Antunes

Caetano, na Obra Arbitragem e Mediação, dizendo que:

“quando Adão e Eva discutiam sobre a maça, estavam negociando” (2002, p.99).

A negociação também é conhecida como uma das técnicas de desenvolvimento

para a composição do litigio, do conciliador, do mediador e até mesmo do juiz, pois a

negociação é uma habilidade (técnica) adquirida por eles para poderem desenvolver

entre as partes, para que haja a solução do conflito havida entre eles.

Na lição do professor Petrônio Calmon,

“A negociação é o mecanismo de solução de conflitos com vistas à obtenção da autocomposição caracterizado pela conversa direta entre os envolvidos sem qualquer intervenção de terceiro como auxiliar ou facilitador. É uma atividade inerente à condição humana, pois o homem tem por hábito apresentar-se diante de outra pessoa envolvida sempre que possui interesse a ela ligado. Ao apresentar-se para demonstrar seu interesse (pretensão) é sempre possível que seja atendido, não se caracterizando a resistência, não havendo o que falar em conflito. Em decorrência da aproximação para demonstrar a pretensão, é natural que havendo resistência (constituindo-se, então, o conflito) se inicie imediatamente o diálogo (o que já caracteriza a negociação) com vistas à solução do conflito. Trata-se, então, de prática que pode ser pessoal e informal, fazendo parte da natural convivência em sociedade. ” (CALMON, Petrônio, 2007, p.113).

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3.2.1 Conceito

A negociação é precisamente uma técnica para os meios alternativos aqui tratados,

mas sem ela não se faz um bom conciliador, um bom mediador, um bom árbitro e até

mesmo um bom juiz, daí a sua importância nos escritos sobre esse assunto.

Existem algumas obras sobre negociação e na maioria delas fogem ao mundo

jurídico que a descobriu depois, porque negociar era algo que não preocupava os

operadores do direito.

Os juristas viam o conflito sob a ótica de um processo litigioso, onde cada um

sentava de um lado para brigar e ver afinal quem ganhava, a quem o juiz dava razão.

Vendo por este lado, não que se falar que tudo isso faz parte de um passado e que

cada vez fica mais distante, pois, negociar faz parte do dia a dia de todos nós e hoje

também do profissional do direito.

Bom, como falamos que a negociação é uma forma de técnica, existem hoje em

dia vários estudos sobre essas técnicas de negociação, conforme um artigo na

internet de Renata Helena Paganoto Moura, uma das técnicas que vem ganhando

muito espaço entre nós operadores do direito é a da Escola de Negociação Harvard

chamado de negociação baseada em princípios. (MOURA, Renata Helena Paganoto,

2006).

“Segundo esse método há quatro posições que um negociador deve adotar:

1. Separar as pessoas do problema

2. Concentrar-se nos interesses e não nas posições

3. Inventar opções de ganhos mútuos

4. Utilizar critérios objetivos.

Todas essas quatro posições são fartamente explicadas na obra citada”.

Como dissemos anteriormente existem diversas técnicas de negociação, mas o

mais importante que devemos saber é que negociar é algo que fazemos a todo

momento e por isso quanto melhor realizada melhor a chance de empreendermos

bons acordos em que a preocupação não seja somente no seu conteúdo, mas

também, e, principalmente na relação entre as partes.

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3.2.2 Cabimento

A negociação por se tratar de uma técnica, cabe em qualquer fase judicial, pois é

uma forma de resolver as disputas e conciliar os interesses.

Existe ainda dois tipos de negociação, aquela voltada aos interesses materiais e

outra denominada aos interesses de “direitos”.

Aquela baseada nos interesses materiais é cabível em situações para negociar a

compra ou venda de determinado bem, ou ainda para determinar o valor do salário

por exemplo.

Já a negociação por direito é aquela que provem de lei, conforme explicado por

Fátima Nancy Andrighi:

“A negociação de direito decorre da lei, de um contrato, enfim de uma situação contemplada pelo direito e que seria passível de uma demanda judicial. Mas as partes, neste caso, não querem criar um relacionamento jurídico novo entre elas como ocorre na negociação de interesses, em que, ao combinar o preço e as condições da venda de uma casa, faz-se nascer um contrato e direitos dele advindos. No caso de negociações de direito as partes agem a partir de direitos pré-existentes que poderiam reivindicar judicialmente; daí este tipo de negociação estar contemplada no nosso Código Civil com o nome de "transação". (ANDRIGHI, 1999).

A citação acima mostra formas alternativas de solução de litígios, de modo que

criando situações favoráveis ao desenvolvimento de algumas delas, poderiam ser

aplicáveis ao nosso sistema jurídico.

3.3. Da Mediação

A mediação tem uma importante atuação para a solução de conflitos extrajudiciais

e tem sido cada vez maior, que tem como suas vantagens principais o fato de ser

célere, confidencia, econômica, justa e produtiva.

O tempo gasto em um processo de mediação é muito reduzido em comparação ao

processo judicial, pois em maior parte dos casos são resolvidos na mesma sessão,

ou no máximo em dois ou três encontros, que pode demorar de 15 minutos a cerca

de duas ou três horas cada encontro. Porém, as partes podem requerer sessões

adicionais, para que sejam ouvidos em separado pelo mediador e para que possam

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consultar seus parentes ou até mesmo outros envolvidos, no caso de uma sociedade,

para falarem sobre as propostas em questão.

Além das vantagens para a obtenção da autocomposição destacam-se ainda,

alguns fatores decisivos para uma opção mais segura, visto que, em primeiro lugar

deve-se pensar na mediação como um sistema abrangente, onde é necessário a

formação de um corpo de profissionais liberais especializados, aptos para exercer a

mediação, e para receber quaisquer pessoas ou empresas envolvidas no conflito, para

que possa lhes proporcionar condições necessárias para que deem uma solução

adequada para o determinado assunto em questão, sem qualquer envolvimento do

judiciário.

Isso significa que o Estado não imporá sobre eles uma decisão, que neste caso a

sessão de mediação é posta como uma opção diferenciada as pessoas, que não

precisarão recorrer ao poder judiciário, ou seja, ao Estado para revelar-lhe o seu

conflito.

Petrônio Calmon diz:

“Essa situação de conforto jamais poderia ser atingida pela conciliação ou qualquer outro mecanismo judicial ou para judicial, porquanto exigem que a pessoa revele publicamente seu problema”. (CALMON, Petrônio, 2007.)

Após muitos empecilhos o Poder Legislativo tem contribuído juntamente com o

Congresso Nacional, surgiu o Novo Código de Processo Civil e novos projetos para a

lei de mediação.

Na mediação, os mediadores poderão, por sua vez, serem judiciais ou

extrajudiciais.

Serão mediadores judiciais os advogados com três anos de exercício de atividade

profissional e extrajudiciais, qualquer profissional desde que inscrito no Registro de

Mediadores, conforme a lei, já os mediadores extrajudiciais serão os profissionais de

qualquer formação, mas que realizarem o curso de capacitação e ainda serem

inscritos pelo CNJ, conforme determina a Resolução 125/2010 (anexa).

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3.3.1. Conceito.

A mediação é o meio de solução de conflitos que vem ganhando muito destaque

entre os meios de solução de conflitos extrajudiciais, pode ainda ser definida coo o

meio que se utiliza de uma terceira pessoa, como o facilitador do acordo, neste caso

o Mediador.

Sendo assim considerado um meio heterocompositivo, por existir a presença de um

terceiro que auxilia as partes na busca da solução do seu problema.

Fernanda Tartuce ao defini-la diz que:

"A mediação consiste na atividade de facilitar a comunicação entre as partes para propiciar que estas próprias possam, visualizando melhor os meandros da situação controvertida, protagonizar uma solução consensual. ” (TARTUCE, Fernanda, 2008.)

Porém, não é o mediador quem decide o litigio, como acontece na arbitragem ou

no judiciário, neste aspecto a mediação é muito semelhante á conciliação, pois é difícil

diferencia-los quando estão em sessão.

Costuma-se dizer que a figura do conciliador é mais ativa enquanto a do mediador

é mais passiva. O conciliador propõe o acordo, sugere o acordo, já o mediador age

para que as partes cheguem a essa composição, mas sem impor nada para elas.

Nesse sentido, essa sutil diferença é percebida por Joel Figueira Dias que a explica

da seguinte forma:

" A mediação (judicial ou extrajudicial) propicia aos contendores o encontro da solução amigável capaz de resolver definitivamente a controvérsia, seja pela conciliação ou pela transação. ” (FIGUEIRA JÚNIOR, Joel Dias, 1999)

Porém, por ser uma das técnicas de composição dos conflitos, não se identifica

totalmente com a conciliação.

Pois, o mediador tenta aproximar os litigantes promovendo o diálogo entre elas a

fim de que as próprias partes encontrem a solução e ponham termo ao litígio.

Diversamente, na conciliação, o terceiro imparcial chamado a mediar o conflito (o

conciliador) não só aproxima as partes como ainda realiza atividades de controle das

negociações, aparando as arestas porventura existentes, formulando propostas,

apontando as vantagens ou desvantagens, buscando sempre facilitar e alcançar a

autocomposição.

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Também Fernanda Tartuce em sua obra sobre mediação aponta esta diferença

"O mediador não impõe decisões, mas dirige as regras de comunicação entre as partes". (TARTUCE, Fernanda, 2008.)

Em sua obra Fernanda Tartuce relata sobre o Projeto de Lei n° 4287/98, que diz em seu art. 2°

"a atividade técnica exercida por terceiro imparcial que, escolhido ou aceito pelas partes interessadas, as escutas, orienta e estimula, sem apresentar soluções, com o propósito de lhes permitir a prevenção ou solução de conflitos de modo consensual".

Por isso se disse que é muito difícil em uma atuação prática da mediação,

principalmente envolvendo conflitos jurídicos, diferenciá-la da conciliação. A própria

Justiça tem usado a terminologia "sessão de conciliação e mediação" para designar a

audiência em que se tentará uma solução pacífica do conflito.

Mas a atuação da mediação não se dá somente nos conflitos jurídicos a sua

abrangência é muito mais extensa envolvendo várias áreas que inclusive classifica a

atuação da mediação como, por exemplo: mediação familiar; mediação corporativa;

mediação comunitária; mediação de pares e outras.

Ou seja, por fim, a Mediação é uma forma de solução de conflitos na qual uma

terceira pessoa, neutra e imparcial, facilita o diálogo entre as partes, para que elas

construam entre si, com autonomia e solidariedade, a melhor solução para seu

problema. Em regra, é utilizada em conflitos multidimensionais, ou complexos.

A Mediação é um procedimento estruturado, não tem um prazo definido, e pode

terminar ou não em acordo, pois as partes têm autonomia para buscar soluções que

compatibilizem seus interesses e necessidades.

3.3.2. Cabimento

Hoje, pelo NCPC ficou determinado que antes de prosseguir com um processo

judicial, deverá conter na petição inicial expressamente se existe interesse na

audiência de conciliação ou mediação.

Nestes termos o juiz pode determinar que primeiro haja essa sessão conciliatória,

para eu caso não havendo interesse na composição amigável entre as partes, possa

prosseguir com o processo judicialmente, onde haverá a determinação do Juiz sobre

o litigio.

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3.4. Da Arbitragem

Na Lei 9307 de 23 de setembro de 1996 dispões em seu artigo 1º que "As pessoas

capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a

direitos patrimoniais disponíveis".

De acordo com o Professor Carmona a arbitragem é um mecanismo privado de

solução de litígios, através do qual um terceiro, escolhido pelos litigantes, impõe sua

decisão, que deverá ser cumprida pelas partes.

Assim a arbitragem como as outras formas de solução de conflitos também é

classificada como um meio heterocompositivo, pois há a intervenção de um terceiro

(árbitro) a quem será conferido pelos litigantes o poder de decidir o litígio, impondo a

sua solução, tal como no Judiciário.

O árbitro é alguém eleito pelas partes e de confiança destas. Diz o art. 13 da citada

Lei "Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes".

O processo arbitral pode ocorrer de duas maneiras: pela cláusula compromissória

ou pelo compromisso arbitral (art. 3º, lei 9307/96).

Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral.

Esta cláusula compromissória é uma determinação por escrito em que as partes

estabelecem em um contrato expressando o compromisso de submeterem à

arbitragem os litígios que venham a surgir daquele pacto (art. 4º). Nesse sentido a

cláusula compromissória antecederia o conflito.

“Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.

§ 1º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira.

§ 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula. ”

O autor Luiz Antônio Scavone Junior diz:

“A clausula compromissória ou cláusula Arbitral pode ser cheia ou vazia”. É uma cláusula compromissória cheia quando não só determina que o conflito

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daquele contrato será resolvido por arbitragem, mas indica quem é o árbitro ou qual órgão arbitral resolverá este litígio. Por exemplo: "Qualquer litígio oriundo deste contrato, decorrente de sua interpretação ou execução, deverá ser solucionado por Arbitragem, por meio da Câmara de Mediação e Arbitragem Empresarial de Campo Limpo Paulista, entidade que administrará o processo arbitral, de acordo com seu Regulamento". A cláusula vazia por sua vez, apenas indica que o litígio será solucionado por arbitragem, mas não indica nem o árbitro nem a entidade. (SCAVONE JUNIOR, Luiz Antônio, 2011, p.77)

No caso da cláusula vazia há a necessidade da instauração de um procedimento,

de acordo com o art. 6° da Lei, que pode inclusive resultar em ação judicial com a

finalidade de lavrar-se o compromisso arbitral.

Art. 6º Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir a arbitragem, a parte interessada manifestará à outra parte sua intenção de dar início à arbitragem, por via postal ou por outro meio qualquer de comunicação, mediante comprovação de recebimento, convocando-a para, em dia, hora e local certos, firmar o compromisso arbitral.

Parágrafo único. Não comparecendo a parte convocada ou, comparecendo, recusar-se a firmar o compromisso arbitral, poderá a outra parte propor a demanda de que trata o art. 7º desta Lei, perante o órgão do Poder Judiciário a que, originariamente, tocaria o julgamento da causa.

Já o compromisso arbitral seria a convenção estabelecida pelas partes de um litígio

a resolvê-lo através de um árbitro escolhido por estas (art. 9º). Nesse sentido o

compromisso arbitral não precederia ao conflito. Havendo o conflito as partes optariam

por solucioná-lo por arbitragem.

Art. 9º O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial.

§ 1º O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda.

§ 2º O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público.

3.4.1. Conceito

Segundo Luiz Antônio Scavone Junior, a arbitragem pode ser definida como:

“meio privado e alternativo de solução de conflitos referentes aos direitos patrimoniais e disponível através do árbitro, normalmente um especialista na matéria controvertida, que apresentará uma sentença arbitral.” (SCAVONE JUNIOR, Luiz Antônio, 2011, p.15).

Sentença Arbitral é o nome dado para a solução do conflito do arbitro, como tal

denominação, possui a mesma força de uma sentença judicial transitada em julgado,

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mesmo porque no Condigo de Processo Civil coloca esta decisão como título

executivo judicial.

Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:

VII - a sentença arbitral;

Neste sentido, nota-se a vantagem de uma sentença arbitral, por se equivaler a

uma sentença judicial, porém, não há a demora na solução final.

Como dito anteriormente, é necessário em um contrato estar expressamente

transcrito no entre as partes a vontade de estra perante um juízo arbitral, para que

isso signifique que previamente as partes concordem em levar o litigio a um arbitro ou

de um tribunal arbitral, e assim de tal forma que a solução do conflito seja rápida.

Vale se dizer, que a celeridade da decisão de mérito é extremamente vantajosa,

além, daqueles que preferem a arbitragem por suas vantagens, como as que Luiz

Antônio Scavone Junior menciona em seu manual:

a) Especialização: na arbitragem, é possível nomear um árbitro especialista na matéria controvertida ou no objeto do contrato entre as partes. A solução judicial de questões técnicas impõe a necessidade pericia que, além do tempo que demanda, muitas vezes não conta com especialista de confiança das partes do ponto de vista técnico.

b) Rapidez: na arbitragem, o procedimento adotado pelas partes é abissalmente mais célere que o procedimento judicial.

c) Irrecorribilidade: a sentença arbitral vale o mesmo que uma sentença judicial transitada em julgado e não é passível de recurso.

d) Informalidade: o procedimento arbitral não é formal como o procedimento judicial e pode ser, nos limites da Lei 9.307/1996, estabelecidos pelas partes no que se refere à escolha dos árbitros e do direito material e processual que serão utilizados na solução do conflito.

e) Confidencialidade: a arbitragem é sigilosa em razão do dever de discrição do árbitro, insculpido no §6º do artigo 13 da Lei 9.307/1996, o que não ocorre no procedimento judicial que, em regra, é público, aspecto que pode não que pode não interessar aos contendores, notadamente no âmbito empresarial, no qual escancarar as entranhas corporativas pode significar o fim do negócio. (SCAVONE JUNIOR, Luiz Antônio, 2011, p.17).

3.4.2. Cabimento

A arbitragem é encontrada na Lei n° 9307/96 e é a forma e meio de pessoas,

empresas ou instituições poderem exercer a faculdade ou dever, nos casos de tal

método em contrato, para resolver conflitos gerados entre elas, seja pessoal, seja

negocial, fora do Poder Judiciário.

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Pode valer-se da arbitragem qualquer pessoa ou mesmo uma empresa, que quiser

negociar ou comerciar qualquer coisa com outra (outrem). Diante de uma “diferença”,

ou problema que possa existir entre os envolvidos, poderão, mediante mútuo

consentimento, resolver a questão divergente valendo-se da arbitragem.

Cabe em qualquer aspecto material que possa ser discutido o direito entre as

partes, conforme dispõe o artigo 1º da Lei n° 9307/96

Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.

§ 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.

§ 2o A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações.

4. Diferenças dos meios alternativos de soluções de conflitos

É necessário fundamentar e diferenciar a mediação de práticas como a arbitragem

e a conciliação, pois em primeiro momento é fácil confundi-los, pois confundem de

modo que esses métodos não são muito divulgados, assim vamos para facilitar tal

entendimento.

Conciliação: sua finalidade é a obtenção de um acordo, as partes, com a ajuda de

um terceiro imparcial (conciliador) auxilia e procuram chegar a um acordo que seja

proveitoso para ambas.

Mediação: o acordo é uma consequência possível quando realmente se consegue

evidenciar o real interesse de cada parte, pois o terceiro imparcial (mediador) não

interfere para que cheguem em um acordo, ou seja, a solução a ser obtida tem que

nascer da vontade das partes.

Arbitragem: neste caso as partes através de um contrato, determinar por cláusula

compromissória e depositam em um terceiro (árbitro ou entidade especializada), a

confiança para resolver seus conflitos e proferir uma sentença arbitral que vale como

título executivo perante o judiciário.

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5. Vantagens e desvantagens dos meios alternativos de conflitos

Temos aqui o objetivo de destacar os pontos positivos e negativos e esclarecer

quais as melhores condições para que os meios de autocomposição possam resolver

o conflito.

Diante desses métodos alternativos, as partes poderão encontrar a melhor forma

de encaminhar o conflito, considerado principalmente o perfil das partes.

5.1.1. Vantagens

As vantagens dos meios alternativos de resolução do conflito é uma tendência

mundial, e que vem sendo estimulado por tantos problemas ocorrentes no judiciário

já existente e para o progresso da sociedade rumo a uma cultura pacifica, no qual o

cidadão é o protagonista da situação, por meio de um diálogo entre as partes para

que cheguem a um consenso.

Vale citar que a escolha por tais mecanismos gera muitos prós como:

A obtenção de resultados rápidos – celeridade: as sentenças serão proferidas até

o prazo máximo de seis meses;

Confiáveis – Sigilo: nenhum dado do processo é levado a conhecimento público;

Econômico e ajustados às mudanças tecnológicas em curso;

Ampliação de opções ao cidadão, que teria diversas oportunidades de tratamento

do conflito;

Aperfeiçoamento da justiça estatal, tendo em vista a redução do número de

processos em curso;

Acesso a uma ordem jurídica justa – as partes têm livre poder de escolha, sendo

que os mesmos podem ser especialistas na área do conflito;

Informalidade e flexibilidade no procedimento – o processo é mais humano pela

informalidade de tratamento com as pessoas e mais rápido em sua finalização;

Autonomia de vontade das partes – desde a decisão das partes em se submeterem

o litigio ao juízo/sessão escolhidos por eles;

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Sentença Irrecorrível – a sentença arbitral diferentemente da judicial não se admite

recurso, ou seja, resulta no encerramento da demanda apresentada pelas partes;

Seriedade – os presidentes das sessões atuam de forma responsável, no intuito de

garantir o melhor desfecho para o conflito, bem como reduzir ao máximo, ou até

extinguir, as possibilidades de anulação da sentença;

Vale ressaltar que o principal benefício que as soluções alternativas de conflito

visam é o custo financeiro e a curta duração em chegar a uma solução adequada por

eles.

5.1.2. Desvantagens

As desvantagens como fato contraditório podem ser sintetizados em duas

situações: Substituição do Poder Judiciário, retirando do Estado uma de suas funções

essenciais; e o conceito de “justiça de segunda classe”.

Mauro Cappelletti ao ponderar sobre as soluções alternativas diz que:

“O risco, obviamente, é o de que a alternativa só proporcione uma justiça de segunda classe, porque é quase inevitável que faltem aos julgadores nos tribunais alternativos, pelo menos em parte, as salvaguardas de independência e treino de que dispõem os Juízes ordinários. E aos próprios procedimentos poderiam faltar, pelo menos em parte, as garantias formais de equidade processual que são típicas do procedimento ordinário...” (CAPPELLETTI, Mauro. 1994, ano 19, nº 74, p. 89.)

Junto com Mauro Cappelletti temos José Ignácio Botelho de Mesquita afirmando

que na autocomposição o litígio:

“se resolve por ato das próprias partes apaziguadas pelo juiz (que passa a agir como amiga de ambas, em lugar de atuar como órgão da jurisdição). Configura administração pública de interesses privados, que qualifica a função como sendo de jurisdição voluntária, administrativa ou graciosa. O Estado se abstém de definir a norma aplicável e atuá-la no caso concreto, subtraindo-se ao dever de prestar a jurisdição. Essa forma de extinção do processo pode, em certos casos, ter suas vantagens. Preferi-la, porém, emprestando-lhe valor maior do que à solução de conflito mediante sentença, pode ter para as partes, e a meu ver tem, um custo institucional muito alto, porque transfere para elas a responsabilidade pela solução do litígio. O que é particularmente grave em matéria penal, pois faz a vítima responsável pelo destino do acusado

(...) A preferência estatal pela conciliação constitui um fator de enfraquecimento do direto, enquanto método para a solução dos conflitos intersubjetivos, porque abala a confiança no império da lei. Torna desconfiados os homens simples e mais confiados os aventureiros. Para cada processo a que põe fim, estimula o nascimento de outros tantos. Abala

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os alicerces da coesão social”. (MESQUITA, José Ignácio Botelho de. 2005, v. 1, p. 62.)

Uma das desvantagens dos acordos está na sua própria origem, já que sua

celebração é impulsionada por fatores negativos que ocorreram entre as partes, até

mesmo aqueles fatores negativos do judiciário, devido aos elevados custos

processuais, a má qualidade da prestação jurisdicional, em razão do excesso de

demanda.

Neste sentido, como consequência, existe a celebração de acordos lesivos a uma

das partes ou para ambas, que podem querer rediscutir matérias que para elas não

foram satisfeitas.

Entretanto, a que se considerar que a atividade do juiz, de acalmar os ânimos, deve

ser intrínseca de qualquer mecanismo de solução de conflito. Não há que se falar em

enfraquecimento do direito, mas sim fortalecimento uma vez que as partes irão cumprir

espontaneamente o acordado, sem necessidade de coerção.

A métodos alternativos de solução de conflito já foram aceitos como meio eficaz de

pacificação social, hoje as preocupações se voltam para a utilização adequada do

instituto com a devida utilização dos princípios e garantias constitucionais no

processo, a fim de que seu objetivo principal, que é a satisfação das partes envolvidas,

seja concluído.

A que se falar ainda que encontramos uma grande resistência dos profissionais de

Direito para atuar nessas áreas de resolução do conflito, pois muitos preferem o

método tradicional, eles acreditam que o juiz é quem deve resolver o conflito existente.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como pudemos perceber, o Poder judiciário cada vez mais abalroado de

processos, desta forma a melhor maneira para a solução desses conflitos, são os

métodos extrajudiciais, entre as quais se destaca a Conciliação.

A conciliação é uma forma de autocomposição que as partes criam uma solução

para o problema através de diálogos entre eles, assim podendo restabelecer um

vínculo social.

Podemos observar que não há unanimidade na doutrina, tendo em vista, que a

conciliação tem natureza de jurisdição, e sua decisão devendo ser homologada pelo

juiz terá caráter de sentença judicial transitada em julgado, podendo apenas ser

revista em ação rescisória.

A conciliação por sua eficácia na celeridade, e os baixos custos, tem maior

eficiência no seu cumprimento espontâneo no compromisso assumido entre as partes,

pois foram elas que decidiram a melhor forma de resolve-las.

Assim, portanto, que hoje a conciliação é o método mais eficaz para resolver o

litigio, para que não seja apena uma decisão imposta pelo entendimento do juiz, e que

o advogado defenda exaustivamente os interesses de seu cliente.

A implantação da conciliação no poder judiciário e extrajudiciário foi a maneira mais

adequada de desburocratizar os processos judiciais e desafogar o Poder Judiciário,

visto que na maioria das vezes as lides recaem sobre diretos patrimoniais disponíveis.

A conciliação não pode ser forçada, deve ser em comum acordo entre as partes, e

conduzida corretamente pelo conciliador, que houve e procura compreender o desejo

de cada um, respeitando sempre os princípios que regem a conciliação e informando

as partes de cada procedimento exercido por ele, sendo que as estratégias

apresentadas pelo conciliador são voltadas a captação de informações sobre a

perspectiva acerca da controvérsia, sendo assim, conclui-se que somente quando se

distinguem as intenções das partes é que se passa a pensar na fase de acordo.

Denota que todo o trabalho, há pouca exploração de alguns temas doutrinários,

este reflexo, também acontece no meio acadêmico, onde pouco se aborda sobre a

conciliação e os métodos extrajudiciais para a solução de conflito, mesmo sendo

esses os instrumentos mais adequados para a busca das soluções dos problemas do

Poder Judiciário.

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Além disso, podemos acreditar que através de campanhas e incentivo do Judiciário,

existira o aumento e aceitação aqueles que buscam o judiciário, espera ainda que

assim haja maior condicionamento dos jurisdicionados em resolver seus problemas

sem a intervenção do juiz, fazendo com que a conciliação não seja apenas utilizada

como uma alternativa para se tornar um meio frequente no judiciário brasileiro.

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7. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

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processo de conhecimento. 12a ed. rev., ampl., e atual. de acordo coma EC/45. Vol.

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01/05/2016.

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em: <http://blog.newtonpaiva.br/direito/wp-content/uploads/2012/08/PDF-D13-

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GRINOVER, Ada Pellegrini. Fundamentos da Justiça Conciliativa. Revista da Escola

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Brasília: Grupos de Pesquisa, 2004, p. 174.

TARTUCE, Fernanda. Mediação nos Conflitos Civil. São Paulo: Método, 2008.

MOURA, Renata Helena Paganoto. Uma tentativa de reflexão - jurídica e extra-jurídica

- sobre a arbitragem. Revista do Curso de Direito da Faculdade Campo Limpo

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http://mediacaoeadvocacia.com.br/artigos-juridicos/meios-alternativos-de-solucao-

de-litigios-62 – Acesso em 04/05/2016.

CAETANO, Luiz Antunes. Arbitragem e mediação: rudimentos. São Paulo: Atlas,

2002.

CALMON, Petrônio. Fundamentos da Mediação e da Conciliação. Rio de Janeiro:

Forense, 2007. Capítulos 9, 10 e 11.

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ANDRIGHI, Fátima Nancy. Formas alternativas de solução de conflitos. 16 maio 2006.

Disponível em:

http://bdjur.stj.gov.br/dspace/bitstream/2011/2385/1/Formas_Alternativas_de_Soluçã

o.pdf>. – Acesso em 10/05/2016.

FIGUEIRA JÚNIOR, Joel Dias. Arbitragem. Legislação Nacional e Estrangeira e o

Monopólio Jurisdicional. São Paulo: LTR, 1999;

CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo. São Paulo: Malheiros, 1998;

SCAVONE JUNIOR, Luiz Antônio, Manual de Arbitragem, São Paulo, 2011.

CAPPELLETTI, Mauro. Os métodos alternativos de solução de conflitos no quadro do

movimento universal de acesso á justiça. Revista de Processo: São Paulo. 1994, ano

19, nº 74, p. 89.

MESQUITA, José Ignácio Botelho de. As novas tendências do direito processual: uma

contribuição para o seu reexame. São Paulo: RT. 2005, v. 1, p. 62.

CACHAPUZ, Rosane da Rosa. Mediação nos Conflitos & Direito de Família. 1ª ed.,

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WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo; ALMEIDA, Flávio Renato Correia

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conhecimento. 10a ed., rev., atual. e ampl. São Paulo, 2008.

CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. 19a ed. Rio de Janeiro:

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THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: Teoria geral do

direito processual civil e processo de conhecimento. 47º ad. Atual. Até a Lei nº 11.441,

de 04 de jan. De 2007. Volume 1. Rio de Janeiro: Forense, 2007.

http://www.cnj.jus.br/

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8. Anexo:

8.1. Resolução Nº 125 de 29/11/2010

Ementa: Dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências.

Origem: Presidência

Resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010

Dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências.

O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso de suas atribuições constitucionais e regimentais,

CONSIDERANDO que compete ao Conselho Nacional de Justiça o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, bem como zelar pela observância do art. 37 da Constituição da República;

CONSIDERANDO que a eficiência operacional, o acesso ao sistema de Justiça e a responsabilidade social são objetivos estratégicos do Poder Judiciário, nos termos da Resolução/CNJ nº 70, de 18 de março de 2009;

CONSIDERANDO que o direito de acesso à Justiça, previsto no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal além da vertente formal perante os órgãos judiciários, implica acesso à ordem jurídica justa e a soluções efetivas;

CONSIDERANDO que, por isso, cabe ao Judiciário estabelecer política pública de tratamento adequado dos problemas jurídicos e dos conflitos de interesses, que ocorrem em larga e crescente escala na sociedade, de forma a organizar, em âmbito nacional, não somente os serviços prestados nos processos judiciais, como também os que possam sê-lo mediante outros mecanismos de solução de conflitos, em especial dos consensuais, como a mediação e a conciliação;

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CONSIDERANDO a necessidade de se consolidar uma política pública permanente de incentivo e aperfeiçoamento dos mecanismos consensuais de solução de litígios;

CONSIDERANDO que a conciliação e a mediação são instrumentos efetivos de pacificação social, solução e prevenção de litígios, e que a sua apropriada disciplina em programas já implementados no país tem reduzido a excessiva judicialização dos conflitos de interesses, a quantidade de recursos e de execução de sentenças;

CONSIDERANDO ser imprescindível estimular, apoiar e difundir a sistematização e o aprimoramento das práticas já adotadas pelos tribunais;

CONSIDERANDO a relevância e a necessidade de organizar e uniformizar os serviços de conciliação, mediação e outros métodos consensuais de solução de conflitos, para lhes evitar disparidades de orientação e práticas, bem como para assegurar a boa execução da política pública, respeitadas as especificidades de cada segmento da Justiça;

CONSIDERANDO que a organização dos serviços de conciliação, mediação e outros métodos consensuais de solução de conflitos deve servir de princípio e base para a criação de Juízos de resolução alternativa de conflitos, verdadeiros órgãos judiciais especializados na matéria;

CONSIDERANDO o deliberado pelo Plenário do Conselho Nacional de Justiça na sua 117ª Sessão Ordinária, realizada em de 23 de 2010, nos autos do procedimento do Ato 0006059-82.2010.2.00.0000;

RESOLVE:

CAPÍTULO I

DA POLÍTICA PÚBLICA DE TRATAMENTO ADEQUADO DOS CONFLITOS DE INTERESSES

Art. 1º Fica instituída a Política Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos de interesses, tendente a assegurar a todos o direito à solução dos conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade. (Redação dada pela Emenda nº 1, de 31.01.13)

Parágrafo único. Aos órgãos judiciários incumbe oferecer mecanismos de soluções de controvérsias, em especial os chamados meios consensuais, como a mediação e a conciliação bem assim prestar atendimento e orientação ao cidadão. Nas hipóteses

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em que este atendimento de cidadania não for imediatamente implantado, esses serviços devem ser gradativamente ofertados no prazo de 12 (doze) meses.

Parágrafo único. Aos órgãos judiciários incumbe, nos termos do art. 334 do Novo Código de Processo Civil combinado com o art. 27 da Lei de Mediação, antes da solução adjudicada mediante sentença, oferecer outros mecanismos de soluções de controvérsias, em especial os chamados meios consensuais, como a mediação e a conciliação, bem assim prestar atendimento e orientação ao cidadão. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Art. 2º Na implementação da política Judiciária Nacional, com vista à boa qualidade dos serviços e à disseminação da cultura de pacificação social, serão observados: (Redação dada pela Emenda nº 1, de 31.01.13)

I - centralização das estruturas judiciárias;

II - adequada formação e treinamento de servidores, conciliadores e mediadores;

III - acompanhamento estatístico específico.

Art. 3º O CNJ auxiliará os tribunais na organização dos serviços mencionados no art. 1º, podendo ser firmadas parcerias com entidades públicas e privadas.

Art. 3º O CNJ auxiliará os tribunais na organização dos serviços mencionados no art. 1º, podendo ser firmadas parcerias com entidades públicas e privadas, em especial quanto à capacitação de mediadores e conciliadores, seu credenciamento, nos termos do art. 167, § 3°, do Novo Código de Processo Civil, e à realização de mediações e conciliações, na forma do art. 334, dessa lei. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

CAPÍTULO II

DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

Art. 4º Compete ao Conselho Nacional de Justiça organizar programa com o objetivo de promover ações de incentivo à autocomposição de litígios e à pacificação social por meio da conciliação e da mediação.

Art. 5º O programa será implementado com a participação de rede constituída por todos os órgãos do Poder Judiciário e por entidades públicas e privadas parceiras, inclusive universidades e instituições de ensino.

Art. 6º Para desenvolvimento dessa rede, caberá ao CNJ: (Redação dada pela Emenda nº 1, de 31.01.13)

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I - estabelecer diretrizes para implementação da política pública de tratamento adequado de conflitos a serem observadas pelos Tribunais;

II - desenvolver conteúdo programático mínimo e ações voltadas à capacitação em métodos consensuais de solução de conflitos, para magistrados da Justiça Estadual e da Justiça Federal, servidores, mediadores, conciliadores e demais facilitadores da solução consensual de controvérsias, ressalvada a competência da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM;

II - desenvolver parâmetro curricular e ações voltadas à capacitação em métodos consensuais de solução de conflitos para servidores, mediadores, conciliadores e demais facilitadores da solução consensual de controvérsias, nos termos do art. 167, § 1°, do Novo Código de Processo Civil; (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

III - providenciar que as atividades relacionadas à conciliação, mediação e outros métodos consensuais de solução de conflitos sejam consideradas nas promoções e remoções de magistrados pelo critério do merecimento;

IV - regulamentar, em código de ética, a atuação dos conciliadores, mediadores e demais facilitadores da solução consensual de controvérsias;

V - buscar a cooperação dos órgãos públicos competentes e das instituições públicas e privadas da área de ensino, para a criação de disciplinas que propiciem o surgimento da cultura da solução pacífica dos conflitos, bem como que, nas Escolas de Magistratura, haja módulo voltado aos métodos consensuais de solução de conflitos, no curso de iniciação funcional e no curso de aperfeiçoamento;

VI - estabelecer interlocução com a Ordem dos Advogados do Brasil, Defensorias Públicas, Procuradorias e Ministério Público, estimulando sua participação nos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania e valorizando a atuação na prevenção dos litígios;

VII - realizar gestão junto às empresas, públicas e privadas, bem como junto às agências reguladoras de serviços públicos, a fim de implementar práticas autocompositivas e desenvolver acompanhamento estatístico, com a instituição de banco de dados para visualização de resultados, conferindo selo de qualidade;

VIII - atuar junto aos entes públicos e grandes litigantes de modo a estimular a autocomposição.

VIII - atuar junto aos entes públicos de modo a estimular a conciliação, em especial nas demandas que envolvam matérias sedimentadas pela jurisprudência; (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

IX - criar Cadastro Nacional de Mediadores Judiciais e Conciliadores visando interligar os cadastros dos Tribunais de Justiça e dos Tribunais Regionais Federais, nos termos do art. 167 do Novo Código de Processo Civil combinado com o art. 12, § 1°, da Lei de Mediação; (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

X - criar Sistema de Mediação e Conciliação Digital ou a distância para atuação pré-processual de conflitos e, havendo adesão formal de cada Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal, para atuação em demandas em curso, nos termos do art. 334, § 7º, do Novo Código de Processo Civil e do art. 46 da Lei de Mediação; (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

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XI - criar parâmetros de remuneração de mediadores, nos termos do art. 169 do Novo Código de Processo Civil; (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

XII - monitorar, inclusive por meio do Departamento de Pesquisas Judiciárias, a instalação dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania, o seu adequado funcionamento, a avaliação da capacitação e treinamento dos mediadores/conciliadores, orientando e dando apoio às localidades que estiverem enfrentando dificuldades na efetivação da política judiciária nacional instituída por esta Resolução. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

CAPÍTULO III

DAS ATRIBUIÇÕES DOS TRIBUNAIS

Seção I

DOS NÚCLEOS PERMANENTES DE MÉTODOS CONSENSUAIS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS

Art. 7º Os Tribunais deverão criar, no prazo de 60 (sessenta) dias, Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos, compostos por magistrados da ativa ou aposentados e servidores, preferencialmente atuantes na área, com as seguintes atribuições, entre outras: (Redação dada pela Emenda nº 1, de 31.01.13)

Art. 7º Os tribunais deverão criar, no prazo de 30 dias, Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Núcleos), coordenados por magistrados e compostos por magistrados da ativa ou aposentados e servidores, preferencialmente atuantes na área, com as seguintes atribuições, entre outras: (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

I - desenvolver a Política Judiciária de tratamento adequado dos conflitos de interesses, estabelecida nesta Resolução;

II - planejar, implementar, manter e aperfeiçoar as ações voltadas ao cumprimento da política e suas metas;

III - atuar na interlocução com outros Tribunais e com os órgãos integrantes da rede mencionada nos arts. 5º e 6º;

IV - instalar Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania que concentrarão a realização das sessões de conciliação e mediação que estejam a cargo de conciliadores e mediadores, dos órgãos por eles abrangidos;

V - incentivar ou promover capacitação, treinamento e atualização permanente de magistrados, servidores, conciliadores e mediadores nos métodos consensuais de solução de conflitos;

VI - propor ao Tribunal a realização de convênios e parcerias com entes públicos e privados para atender aos fins desta Resolução;

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VII - criar e manter cadastro de mediadores e conciliadores, de forma a regulamentar o processo de inscrição e de desligamento; (Incluído pela Emenda nº 2 de, 08.03.16)

VIII - regulamentar, se for o caso, a remuneração de conciliadores e mediadores, nos termos do art. 169 do Novo Código de Processo Civil combinado com o art. 13 da Lei de Mediação. (Incluído pela Emenda nº 2 de, 08.03.16)

§ 1º A criação dos Núcleos e sua composição deverão ser informadas ao Conselho Nacional de Justiça.

§ 2º Os Núcleos poderão estimular programas de mediação comunitária, desde que esses centros comunitários não se confundam com os Centros de conciliação e mediação judicial, previstos no Capítulo III, Seção II.

§ 3º Nos termos do art. 73 da Lei n° 9.099/95 e dos arts. 112 e 116 da Lei n° 8.069/90, os Núcleos poderão centralizar e estimular programas de mediação penal ou qualquer outro processo restaurativo, desde que respeitados os princípios básicos e processos restaurativos previstos na Resolução n° 2002/12 do Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas e a participação do titular da ação penal em todos os atos.

§ 3º Na hipótese de conciliadores, mediadores e Câmaras Privadas de Conciliação e Mediação credenciadas perante o Poder Judiciário, os tribunais deverão criar e manter cadastro ou aderir ao Cadastro Nacional de Mediadores Judiciais e Conciliadores, de forma a regulamentar o processo de inscrição e de desligamento desses facilitadores. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 4º Na hipótese de conciliadores e mediadores que atuem em seus serviços, os Tribunais deverão criar e manter cadastro, de forma a regulamentar o processo de inscrição e de desligamento desses facilitadores.

§ 4º Os tribunais poderão, nos termos do art. 167, § 6º, do Novo Código de Processo Civil, excepcionalmente e desde que inexistente quadro suficiente de conciliadores e mediadores judiciais atuando como auxiliares da justiça, optar por formar quadro de conciliadores e mediadores admitidos mediante concurso público de provas e títulos. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 5º Nos termos do art. 169, § 1°, do Novo Código de Processo Civil, a Mediação e a Conciliação poderão ser realizadas como trabalho voluntário. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 6º Aos mediadores e conciliadores, inclusive membros das Câmaras Privadas de Conciliação, aplicam-se as regras de impedimento e suspeição, nos termos do disposto no art. 134, IV, do Código de Processo Civil de 1973; no art. 148, II, do Código de Processo Civil de 2015 e na Resolução CNJ 200/2015. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 7º Nos termos do art. 172 do Código de Processo Civil de 2015, o conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo prazo de 1 (um) ano, contado do término da última audiência em que atuaram, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Seção II

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DOS CENTROS JUDICIÁRIOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS E CIDADANIA

Art. 8º Para atender aos Juízos, Juizados ou Varas com competência nas áreas cível, fazendária, previdenciária, de família ou dos Juizados Especiais Cíveis, Criminais e Fazendários, os Tribunais deverão criar os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania ("Centros"), unidades do Poder Judiciário, preferencialmente, responsáveis pela realização das sessões e audiências de conciliação e mediação que estejam a cargo de conciliadores e mediadores, bem como pelo atendimento e orientação ao cidadão. (Redação dada pela Emenda nº 1, de 31.01.13)

Art. 8º Os tribunais deverão criar os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (Centros ou Cejuscs), unidades do Poder Judiciário, preferencialmente, responsáveis pela realização ou gestão das sessões e audiências de conciliação e mediação que estejam a cargo de conciliadores e mediadores, bem como pelo atendimento e orientação ao cidadão. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 1º As sessões de conciliação e mediação pré-processuais deverão ser realizadas nos Centros, podendo, excepcionalmente, serem realizadas nos próprios Juízos, Juizados ou Varas designadas, desde que o sejam por conciliadores e mediadores cadastrados pelo Tribunal (inciso VI do art. 7o) e supervisionados pelo Juiz Coordenador do Centro (art. 9o).

§ 1º As sessões de conciliação e mediação pré-processuais deverão ser realizadas nos Centros, podendo, as sessões de conciliação e mediação judiciais, excepcionalmente, serem realizadas nos próprios Juízos, Juizados ou Varas designadas, desde que o sejam por conciliadores e mediadores cadastrados pelo tribunal (inciso VII do art. 7º) e supervisionados pelo Juiz Coordenador do Centro (art. 9°). (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 2º Os Centros poderão ser instalados nos locais onde exista mais de uma unidade jurisdicional com pelo menos uma das competências referidas no caput e, obrigatoriamente, serão instalados a partir de 5 (cinco) unidades jurisdicionais.

§ 2º Nos tribunais de Justiça, os Centros deverão ser instalados nos locais onde existam 2 (dois) Juízos, Juizados ou Varas com competência para realizar audiência, nos termos do art. 334 do Novo Código de Processo Civil. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 3º Nas Comarcas das Capitais dos Estados e nas sedes das Seções e Regiões Judiciárias, bem como nas Comarcas do interior, Subseções e Regiões Judiciárias de maior movimento forense, o prazo para a instalação dos Centros será de 4 (quatro) meses a contar do início de vigência desta Resolução.

§ 3º Os tribunais poderão, enquanto não instalados os Centros nas Comarcas, Regiões, Subseções Judiciárias e nos Juízos do interior dos estados, implantar o procedimento de Conciliação e Mediação itinerante, utilizando-se de Conciliadores e Mediadores cadastrados. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 4º Nas demais Comarcas, Subseções e Regiões Judiciárias, o prazo para a instalação dos Centros será de 12 (doze) meses a contar do início de vigência deste ato.

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§ 4º Nos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça, é facultativa a implantação de Centros onde exista um Juízo, Juizado, Vara ou Subseção desde que atendidos por centro regional ou itinerante, nos termos do parágrafo anterior. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 5º Os Tribunais poderão, excepcionalmente, estender os serviços do Centro a unidades ou órgãos situados em locais diversos, desde que próximos daqueles referidos no § 2o, e instalar Centros nos chamados Foros Regionais, nos quais funcionem 2 (dois) ou mais Juízos, Juizados ou Varas, observada a organização judiciária local.

§ 5º Nas Comarcas das Capitais dos Estados bem como nas Comarcas do interior, Subseções e Regiões Judiciárias, o prazo para a instalação dos Centros será concomitante à entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 6º Os Centros poderão ser organizados por áreas temáticas, como centros de conciliação de juizados especiais, família, precatórios e empresarial, dentre outros, juntamente com serviços de cidadania.

§ 6º Os tribunais poderão, excepcionalmente, estender os serviços do Centro a unidades ou órgãos situados em outros prédios, desde que próximos daqueles referidos no § 2º, podendo, ainda, instalar Centros Regionais, enquanto não instalados Centros nos termos referidos no § 2º, observada a organização judiciária local. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 7º O coordenador do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania poderá solicitar feitos de outras unidades judiciais com o intuito de organizar pautas concentradas ou mutirões, podendo, para tanto, fixar prazo.

§ 8º Para efeito de estatística de produtividade, as sentenças homologatórias prolatadas em razão da solicitação estabelecida no parágrafo anterior reverterão ao juízo de origem, e as sentenças decorrentes da atuação pré-processual ao coordenador do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania.

§ 8º Para efeito de estatística de produtividade, as sentenças homologatórias prolatadas em processos encaminhados de ofício ou por solicitação ao Centro Judiciário de Conflitos e Cidadania reverterão ao juízo de origem, e as sentenças decorrentes da atuação pré-processual ao coordenador do Centro. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 9º Para efeito de estatística referida no art. 167, § 4º, do Novo Código de Processo Civil, os tribunais disponibilizarão às partes a opção de avaliar Câmaras, conciliadores e mediadores, segundo parâmetros estabelecidos pelo Comitê Gestor da Conciliação. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 10. O Cadastro Nacional de Mediadores Judiciais e Conciliadores conterá informações referentes à avaliação prevista no parágrafo anterior para facilitar a escolha de mediadores, nos termos do art. 168, caput, do Novo Código de Processo Civil combinado com o art. 25 da Lei de Mediação. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

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Art. 9º Os Centros contarão com um juiz coordenador e, se necessário, com um adjunto, aos quais caberão a sua administração e a homologação de acordos, bem como a supervisão do serviço de conciliadores e mediadores. Os magistrados da Justiça Estadual e da Justiça Federal serão designados pelo Presidente de cada Tribunal dentre aqueles que realizaram treinamento segundo o modelo estabelecido pelo CNJ, conforme Anexo I desta Resolução. (Redação dada pela Emenda nº 1, de 31.01.13)

Art. 9º Os Centros contarão com 1 (um) juiz coordenador e, se necessário, com 1 (um) adjunto, aos quais caberão a sua administração e a homologação de acordos, bem como a supervisão do serviço de conciliadores e mediadores. Salvo disposição diversa em regramento local, os magistrados da Justiça Estadual e da Justiça Federal serão designados pelo Presidente de cada tribunal dentre aqueles que realizaram treinamento segundo o modelo estabelecido pelo CNJ, conforme Anexo I desta Resolução. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 1º Caso o Centro atenda a grande número de Juízos, Juizados ou Varas, o respectivo juiz coordenador poderá ficar designado exclusivamente para sua administração.

§ 1º Caso o Centro atenda a grande número de Juízos, Juizados, Varas ou Região, o respectivo juiz coordenador poderá ficar designado exclusivamente para sua administração. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 2º Os Tribunais deverão assegurar que nos Centros atuem servidores com dedicação exclusiva, todos capacitados em métodos consensuais de solução de conflitos e, pelo menos, um deles capacitado também para a triagem e encaminhamento adequado de casos.

§ 2º Os Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais Federais deverão assegurar que nos Centros atue ao menos 1 (um) servidor com dedicação exclusiva, capacitado em métodos consensuais de solução de conflitos, para a triagem e encaminhamento adequado de casos. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 3º O treinamento dos servidores referidos no parágrafo anterior deverá observar as diretrizes estabelecidas pelo CNJ conforme Anexo I desta Resolução.

Art. 10. Os Centros deverão obrigatoriamente abranger setor de solução pré-processual de conflitos, setor de solução processual de conflitos e setor de cidadania. (Redação dada pela Emenda nº 1, de 31.01.13)

Art. 10. Cada unidade dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania deverá obrigatoriamente abranger setor de solução de conflitos pré-processual, de solução de conflitos processual e de cidadania. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Art. 11. Nos Centros poderão atuar membros do Ministério Público, defensores públicos, procuradores e/ou advogados.

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Seção III

DOS CONCILIADORES E MEDIADORES

Art. 12. Nos Centros, bem como todos os demais órgãos judiciários nos quais se realizem sessões de conciliação e mediação, somente serão admitidos mediadores e conciliadores capacitados na forma deste ato (Anexo I), cabendo aos Tribunais, antes de sua instalação, realizar o curso de capacitação, podendo fazê-lo por meio de parcerias. (Redação dada pela Emenda nº 1, de 31.01.13)

§ 1º Os Tribunais que já realizaram a capacitação referida no caput poderão dispensar os atuais mediadores e conciliadores da exigência do certificado de conclusão do curso de capacitação, mas deverão disponibilizar cursos de treinamento e aperfeiçoamento, na forma do Anexo I, como condição prévia de atuação nos Centros.

§ 1º Os tribunais que já realizaram a capacitação referida no caput poderão dispensar os atuais mediadores e conciliadores da exigência do certificado de conclusão do curso de capacitação, mas deverão disponibilizar cursos de treinamento e aperfeiçoamento, na forma do Anexo I, como condição prévia de atuação nos Centros. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 2º Todos os conciliadores, mediadores e outros especialistas em métodos consensuais de solução de conflitos deverão submeter-se a reciclagem permanente e à avaliação do usuário.

§ 2º Todos os conciliadores, mediadores e outros especialistas em métodos consensuais de solução de conflitos deverão submeter-se a aperfeiçoamento permanente e a avaliação do usuário. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 3º Os cursos de capacitação, treinamento e aperfeiçoamento de mediadores e conciliadores deverão observar o conteúdo programático, com número de exercícios simulados e carga horária mínimos estabelecidos pelo CNJ (Anexo I) e deverão ser seguidos necessariamente de estágio supervisionado.

§ 3º Os cursos de capacitação, treinamento e aperfeiçoamento de mediadores e conciliadores deverão observar as diretrizes curriculares estabelecidas pelo CNJ (Anexo I) e deverão ser compostos necessariamente de estágio supervisionado. Somente deverão ser certificados mediadores e conciliadores que tiverem concluído o respectivo estágio supervisionado. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 4º Os mediadores, conciliadores e demais facilitadores do entendimento entre as partes ficarão sujeitos ao código de ética estabelecido pelo Conselho (Anexo II).

§ 4º Os mediadores, conciliadores e demais facilitadores de diálogo entre as partes ficarão sujeitos ao código de ética estabelecido nesta Resolução (Anexo III). (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 5º Ressalvada a hipótese do art. 167, § 6º, do Novo Código de Processo Civil, o conciliador e o mediador receberão, pelo seu trabalho, remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal, conforme parâmetros estabelecidos pela Comissão

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Permanente de Acesso à Justiça e Cidadania ad referendum do plenário. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Seção III-A

Dos Fóruns de Coordenadores de Núcleos

(Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Art. 12-A. Os Presidentes de Tribunais de Justiça e de Tribunais Regionais Federais deverão indicar um magistrado para coordenar o respectivo Núcleo e representar o tribunal no respectivo Fórum de Coordenadores de Núcleos. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 1º Os Fóruns de Coordenadores de Núcleos deverão se reunir de acordo com o segmento da justiça. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 2º Os enunciados dos Fóruns da Justiça Estadual e da Justiça Federal terão aplicabilidade restrita ao respectivo segmento da justiça e, uma vez aprovados pela Comissão Permanente de Acesso à Justiça e Cidadania ad referendum do Plenário, integrarão, para fins de vinculatividade, esta Resolução. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

§ 3º O Fórum da Justiça Federal será organizado pelo Conselho da Justiça Federal, podendo contemplar em seus objetivos outras matérias. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Art. 12-B. Os Fóruns de Coordenadores de Núcleos poderão estabelecer diretrizes específicas aos seus segmentos, entre outras: (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

I - o âmbito de atuação de conciliadores face ao Novo Código de Processo Civil; (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

II - a estrutura necessária dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania para cada segmento da justiça; (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

III - o estabelecimento de conteúdos programáticos para cursos de conciliação e mediação próprios para a atuação em áreas específicas, como previdenciária, desapropriação, sistema financeiro de habitação entre outras, respeitadas as diretrizes curriculares estabelecidas no Anexo I. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Seção III-B

Das Câmaras Privadas de Conciliação e Mediação

(Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

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Art. 12-C. As Câmaras Privadas de Conciliação e Mediação ou órgãos semelhantes, bem como seus mediadores e conciliadores, para que possam realizar sessões de mediação ou conciliação incidentes a processo judicial, devem ser cadastradas no tribunal respectivo (art.167 do Novo Código de Processo Civil) ou no Cadastro Nacional de Mediadores Judiciais e Conciliadores, ficando sujeitas aos termos desta Resolução. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Parágrafo único. O cadastramento é facultativo para realização de sessões de mediação ou conciliação pré-processuais. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Art. 12-D. Os tribunais determinarão o percentual de audiências não remuneradas que deverão ser suportadas pelas Câmaras Privadas de Conciliação e Mediação, com o fim de atender aos processos em que foi deferida a gratuidade da justiça, como contrapartida de seu credenciamento (art.169, § 2º, do Novo Código de Processo Civil), respeitados os parâmetros definidos pela Comissão Permanente de Acesso à Justiça e Cidadania ad referendum do plenário. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Art. 12-E. As Câmaras Privadas de Mediação e Conciliação e os demais órgãos cadastrados ficam sujeitos à avaliação prevista no art. 8º, § 9º, desta Resolução. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Parágrafo único. A avaliação deverá refletir a média aritmética de todos os mediadores e conciliadores avaliados, inclusive daqueles que atuaram voluntariamente, nos termos do art. 169, § 2º, do Novo Código de Processo Civil. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Art. 12-F. Fica vedado o uso de brasão e demais signos da República Federativa do Brasil pelos órgãos referidos nesta Seção, bem como a denominação de "tribunal" ou expressão semelhante para a entidade e a de "Juiz" ou equivalente para seus membros. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Seção IV

DOS DADOS ESTATÍSTICOS

Art. 13. Os Tribunais deverão criar e manter banco de dados sobre as atividades de cada Centro, com as informações constantes do Portal da Conciliação. (Redação dada pela Emenda nº 1, de 31.01.13)

Art. 13. Os tribunais deverão criar e manter banco de dados sobre as atividades de cada Centro, nos termos de Resolução própria do CNJ. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

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Art. 14. Caberá ao CNJ compilar informações sobre os serviços públicos de solução consensual das controvérsias existentes no país e sobre o desempenho de cada um deles, por meio do DPJ, mantendo permanentemente atualizado o banco de dados.

Art. 14. Caberá ao CNJ compilar informações sobre os serviços públicos de solução consensual das controvérsias existentes no país e sobre o desempenho de cada um deles, por meio do Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ), mantendo permanentemente atualizado o banco de dados. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

CAPÍTULO IV

DO PORTAL DA CONCILIAÇÃO

Art. 15. Fica criado o Portal da Conciliação, a ser disponibilizado no sítio do CNJ na rede mundial de computadores, com as seguintes funcionalidades, entre outras: (Redação dada pela Emenda nº 1, de 31.01.13)

I - publicação das diretrizes da capacitação de conciliadores e mediadores e de seu código de ética;

II - relatório gerencial do programa, por Tribunal, detalhado por unidade judicial e por Centro;

II - relatório gerencial do programa, por tribunal, detalhado por unidade judicial e por Centro, com base nas informações referidas no art. 13. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

III - compartilhamento de boas práticas, projetos, ações, artigos, pesquisas e outros estudos;

IV - fórum permanente de discussão, facultada a participação da sociedade civil;

V - divulgação de notícias relacionadas ao tema;

VI - relatórios de atividades da "Semana da Conciliação".

Parágrafo único. A implementação do Portal será gradativa, observadas as possibilidades técnicas, sob a responsabilidade do CNJ.

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 16. O disposto na presente Resolução não prejudica a continuidade de programas similares já em funcionamento, cabendo aos Tribunais, se necessário, adaptá-los aos termos deste ato. (Redação dada pela Emenda nº 1, de 31.01.13)

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Parágrafo único. Em relação aos Núcleos e Centros, os Tribunais poderão utilizar siglas e denominações distintas das referidas nesta Resolução, desde que mantidas as suas atribuições previstas no Capítulo III.

Art. 17. Compete à Presidência do Conselho Nacional de Justiça, com o apoio da Comissão de Acesso ao Sistema de Justiça e Responsabilidade Social, coordenar as atividades da Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses, cabendo-lhe instituir, regulamentar e presidir o Comitê Gestor da Conciliação, que será responsável pela implementação e acompanhamento das medidas previstas neste ato.

Art. 18. Os Anexos integram esta Resolução e possuem caráter vinculante. (Redação dada pela Emenda nº 1, de 31.01.13)

Art. 18-A. O Sistema de Mediação Digital ou a distância e o Cadastro Nacional de Mediadores Judiciais e Conciliadores deverão estar disponíveis ao público no início de vigência da Lei de Mediação. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Art. 18-B. O CNJ editará resolução específica dispondo sobre a Política Judiciária de tratamento adequado dos conflitos de interesses da Justiça do Trabalho. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Art. 18-C. Os tribunais encaminharão ao CNJ, no prazo de 30 dias, plano de implantação desta Resolução, inclusive quanto à implantação de centros. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Art. 19. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 19. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, ressalvados os dispositivos regulamentados pelo Novo Código de Processo Civil, que seguem sua vigência. (Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Ministro CEZAR PELUSO

ANEXO I (Redação dada pela Emenda nº 1, de 31.01.13)

CURSOS DE CAPACITAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO

Considerando que a política pública de formação de instrutores em mediação e conciliação do Conselho Nacional de Justiça tem destacado entre seus princípios informadores a qualidade dos serviços como garantia de acesso a uma ordem jurídica

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justa, desenvolveu-se inicialmente conteúdo programático mínimo a ser seguido pelos Tribunais nos cursos de capacitação de serventuários da justiça, conciliadores e mediadores. Todavia, constatou-se que os referidos conteúdos programáticos estavam sendo implantados sem os exercícios simulados e estágios supervisionados necessários à formação de mediadores e conciliadores.

Para esse fim mostrou-se necessário alterar o conteúdo programático para recomendar-se a adoção de cursos nos moldes dos conteúdos programáticos aprovados pelo Comitê Gestor do Movimento pela Conciliação. Destarte, os treinamentos referentes a Políticas Públicas de Resolução de Disputas (ou introdução aos meios adequados de solução de conflitos), Conciliação e Mediação devem seguir as diretrizes indicadas no Portal da Conciliação, com sugestões de slides e exemplos de exercícios simulados a serem utilizados nas capacitações, devidamente aprovados pelo Comitê Gestor da Conciliação.

Os referidos treinamentos somente poderão ser conduzidos por instrutores certificados e autorizados pelos Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos.

ANEXO I

DIRETRIZES CURRICULARES

(Redação dada pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

(Aprovadas pelo Grupo de Trabalho estabelecido nos termos do art. 167, § 1º, do Novo Código de Processo Civil por intermédio da Portaria CNJ 64/2015)

O curso de capacitação básica dos terceiros facilitadores (conciliadores e mediadores) tem por objetivo transmitir informações teóricas gerais sobre a conciliação e a mediação, bem como vivência prática para aquisição do mínimo de conhecimento que torne o corpo discente apto ao exercício da conciliação e da mediação judicial. Esse curso, dividido em 2 (duas) etapas (teórica e prática), tem como parte essencial os exercícios simulados e o estágio supervisionado de 60 (sessenta) e 100 (cem) horas.

I - Desenvolvimento do curso

O curso é dividido em duas etapas: 1) Módulo Teórico e 2) Módulo Prático (Estágio Supervisionado).

1. Módulo Teórico

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No módulo teórico, serão desenvolvidos determinados temas (a seguir elencados) pelos professores e indicada a leitura obrigatória de obras de natureza introdutória (livros-texto) ligados às principais linhas técnico-metodológicas para a conciliação e mediação, com a realização de simulações pelos alunos.

1.1 Conteúdo Programático

No módulo teórico deverão ser desenvolvidos os seguintes temas:

a) Panorama histórico dos métodos consensuais de solução de conflitos. Legislação brasileira. Projetos de lei. Lei dos Juizados Especiais. Resolução CNJ 125/2010. Novo Código de Processo Civil, Lei de Mediação.

b) A Política Judiciária Nacional de tratamento adequado de conflitos

Objetivos: acesso à justiça, mudança de mentalidade, qualidade do serviço de conciliadores e mediadores. Estruturação - CNJ, Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos e Cejusc. A audiência de conciliação e mediação do novo Código de Processo Civil. Capacitação e remuneração de conciliadores e mediadores.

c) Cultura da Paz e Métodos de Solução de Conflitos

Panorama nacional e internacional. Autocomposição e Heterocomposição. Prisma (ou espectro) de processos de resolução de disputas: negociação, conciliação, mediação, arbitragem, processo judicial, processos híbridos.

d) Teoria da Comunicação/Teoria dos Jogos

Axiomas da comunicação. Comunicação verbal e não verbal. Escuta ativa. Comunicação nas pautas de interação e no estudo do interrelacionamento humano: aspectos sociológicos e aspectos psicológicos. Premissas conceituais da autocomposição.

e) Moderna Teoria do Conflito

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Conceito e estrutura. Aspectos objetivos e subjetivos.

f) Negociação

Conceito: Integração e distribuição do valor das negociações. Técnicas básicas de negociação (a barganha de posições; a separação de pessoas de problemas; concentração em interesses; desenvolvimento de opções de ganho mútuo; critérios objetivos; melhor alternativa para acordos negociados).

Técnicas intermediárias de negociação (estratégias de estabelecimento de rapport; transformação de adversários em parceiros; comunicação efetiva).

g) Conciliação

Conceito e filosofia. Conciliação judicial e extrajudicial. Técnicas (recontextualização, identificação das propostas implícitas, afago, escuta ativa, espelhamento, produção de opção, acondicionamento das questões e interesses das partes, teste de realidade). Finalização da conciliação. Formalização do acordo. Dados essenciais do termo de conciliação (qualificação das partes, número de identificação, natureza do conflito...). Redação do acordo: requisitos mínimos e exequibilidade. Encaminhamentos e estatística.

Etapas (planejamento da sessão, apresentação ou abertura, esclarecimentos ou investigação das propostas das partes, criação de opções, escolha da opção, lavratura do acordo).

h) Mediação

Definição e conceitualização. Conceito e filosofia. Mediação judicial e extrajudicial, prévia e incidental; Etapas - Pré-mediação e Mediação propriamente dita (acolhida, declaração inicial das partes, planejamento, esclarecimentos dos interesses ocultos e negociação do acordo). Técnicas ou ferramentas (co-mediação, recontextualização, identificação das propostas implícitas, formas de perguntas, escuta ativa, produção de opção, acondicionamento das questões e interesses das partes, teste de realidade ou reflexão).

i) Áreas de utilização da conciliação/mediação

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Empresarial, familiar, civil (consumeirista, trabalhista, previdenciária, etc.), penal e justiça restaurativa; o envolvimento com outras áreas do conhecimento.

j) Interdisciplinaridade da mediação

Conceitos das diferentes áreas do conhecimento que sustentam a prática: sociologia, psicologia, antropologia e direito.

k) O papel do conciliador/mediador e sua relação com os envolvidos (ou agentes) na conciliação e na mediação

Os operadores do direito (o magistrado, o promotor, o advogado, o defensor público, etc) e a conciliação/mediação. Técnicas para estimular advogados a atuarem de forma eficiente na conciliação/mediação. Contornando as dificuldades: situações de desequilíbrio, descontrole emocional, embriaguez, desrespeito.

l) Ética de conciliadores e mediadores

O terceiro facilitador: funções, postura, atribuições, limites de atuação. Código de Ética - Resolução CNJ 125/2010 (anexo).

1.2 Material didático do Módulo Teórico

O material utilizado será composto por apostilas, obras de natureza introdutória (manuais, livros-textos, etc) e obras ligadas às abordagens de mediação adotadas.

1.3 Carga Horária do Módulo Teórico

A carga horária deve ser de, no mínimo, 40 (quarenta) horas/aula e, necessariamente, complementada pelo Módulo Prático (estágio supervisionado) de 60 (sessenta) a 100 (cem) horas.

1.4 Frequência e Certificação

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A frequência mínima exigida para a aprovação no Módulo Teórico é de 100% (cem por cento) e, para a avaliação do aproveitamento, o aluno entregará relatório ao final do módulo.

Assim, cumpridos os 2 (dois) requisitos - frequência mínima e apresentação de relatório - será emitida declaração de conclusão do Módulo Teórico, que habilitará o aluno a iniciar o Módulo Prático (estágio supervisionado).

2. Módulo Prático - Estágio Supervisionado

Nesse módulo, o aluno aplicará o aprendizado teórico em casos reais, acompanhado por 1 (um) membro da equipe docente (supervisor), desempenhando, necessariamente, 3 (três) funções: a) observador, b) co-conciliador ou co-mediador, e c) conciliador ou mediador.

Ao final de cada sessão, apresentará relatório do trabalho realizado, nele lançando suas impressões e comentários relativos à utilização das técnicas aprendidas e aplicadas, de modo que esse relatório não deve limitar-se a descrever o caso atendido, como em um estágio de Faculdade de Direito, mas haverá de observar as técnicas utilizadas e a facilidade ou dificuldade de lidar com o caso real. Permite-se, a critério do Nupemec, estágio autossupervisionado quando não houver equipe docente suficiente para acompanhar todas as etapas do Módulo Prático.

Essa etapa é imprescindível para a obtenção do certificado de conclusão do curso, que habilita o mediador ou conciliador a atuar perante o Poder Judiciário.

2.1 Carga Horária

O mínimo exigido para esse módulo é de 60 (sessenta) horas de atendimento de casos reais, podendo a periodicidade ser definida pelos coordenadores dos cursos.

2.2 Certificação

Após a entrega dos relatórios referentes a todas as sessões das quais o aluno participou e, cumprido o número mínimo de horas estabelecido no item 2.1 acima, será emitido certificado de conclusão do curso básico de capacitação, que é o necessário para o cadastramento como mediador junto ao tribunal no qual pretende atuar.

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2.3 Flexibilidade dos treinamentos

Os treinamentos de quaisquer práticas consensuais serão conduzidos de modo a respeitar as linhas distintas de atuação em mediação e conciliação (e.g. transformativa, narrativa, facilitadora, entre outras). Dessa forma, o conteúdo programático apresentado acima poderá ser livremente flexibilizado para atender às especificidades da mediação adotada pelo instrutor, inclusive quanto à ordem dos temas. Quaisquer materiais pedagógicos disponibilizados pelo CNJ (vídeos, exercícios simulados, manuais) são meramente exemplificativos.

De acordo com as especificidades locais ou regionais, poderá ser dada ênfase a uma ou mais áreas de utilização de conciliação/mediação.

II - Facultativo

1. Instrutores

Os conciliadores/mediadores capacitados nos termos dos parâmetros acima indicados poderão se inscrever no curso de capacitação de instrutores, desde que preencham, cumulativamente, os seguintes requisitos:

Experiência de atendimento em conciliação ou mediação por 2 (dois) anos.

Idade mínima de 21 anos e comprovação de conclusão de curso superior.

ANEXO II

SETORES DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS E CIDADANIA

(Revogado pela Emenda nº 1, de 31.01.13)

ANEXO III

CÓDIGO DE ÉTICA DE CONCILIADORES E MEDIADORES JUDICIAIS

INTRODUÇÃO

(Redação dada pela Emenda nº 1, de 31.01.13)

O Conselho Nacional de Justiça, a fim de assegurar o desenvolvimento da Política Pública de tratamento adequado dos conflitos e a qualidade dos serviços de

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conciliação e mediação enquanto instrumentos efetivos de pacificação social e de prevenção de litígios, institui o Código de Ética, norteado por princípios que formam a consciência dos terceiros facilitadores, como profissionais, e representam imperativos de sua conduta.

Dos princípios e garantias da conciliação e mediação judiciais

Art. 1º - São princípios fundamentais que regem a atuação de conciliadores e mediadores judiciais: confidencialidade, decisão informada, competência, imparcialidade, independência e autonomia, respeito à ordem pública e às leis vigentes, empoderamento e validação.

I - Confidencialidade - dever de manter sigilo sobre todas as informações obtidas na sessão, salvo autorização expressa das partes, violação à ordem pública ou às leis vigentes, não podendo ser testemunha do caso, nem atuar como advogado dos envolvidos, em qualquer hipótese;

II - Decisão informada - dever de manter o jurisdicionado plenamente informado quanto aos seus direitos e ao contexto fático no qual está inserido;

III - Competência - dever de possuir qualificação que o habilite à atuação judicial, com capacitação na forma desta Resolução, observada a reciclagem periódica obrigatória para formação continuada;

IV - Imparcialidade - dever de agir com ausência de favoritismo, preferência ou preconceito, assegurando que valores e conceitos pessoais não interfiram no resultado do trabalho, compreendendo a realidade dos envolvidos no conflito e jamais aceitando qualquer espécie de favor ou presente;

V - Independência e autonomia - dever de atuar com liberdade, sem sofrer qualquer pressão interna ou externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão se ausentes as condições necessárias para seu bom desenvolvimento, tampouco havendo dever de redigir acordo ilegal ou inexequível;

VI - Respeito à ordem pública e às leis vigentes - dever de velar para que eventual acordo entre os envolvidos não viole a ordem pública, nem contrarie as leis vigentes;

VII - Empoderamento - dever de estimular os interessados a aprenderem a melhor resolverem seus conflitos futuros em função da experiência de justiça vivenciada na autocomposição;

VIII - Validação - dever de estimular os interessados perceberem-se reciprocamente como serem humanos merecedores de atenção e respeito.

Das regras que regem o procedimento de conciliação/mediação

Art. 2º As regras que regem o procedimento da conciliação/mediação são normas de conduta a serem observadas pelos conciliadores/mediadores para o bom desenvolvimento daquele, permitindo que haja o engajamento dos envolvidos, com

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vistas à sua pacificação e ao comprometimento com eventual acordo obtido, sendo elas:

I - Informação - dever de esclarecer os envolvidos sobre o método de trabalho a ser empregado, apresentando-o de forma completa, clara e precisa, informando sobre os princípios deontológicos referidos no Capítulo I, as regras de conduta e as etapas do processo;

II - Autonomia da vontade - dever de respeitar os diferentes pontos de vista dos envolvidos, assegurando-lhes que cheguem a uma decisão voluntária e não coercitiva, com liberdade para tomar as próprias decisões durante ou ao final do processo e de interrompê-lo a qualquer momento;

III - Ausência de obrigação de resultado - dever de não forçar um acordo e de não tomar decisões pelos envolvidos, podendo, quando muito, no caso da conciliação, criar opções, que podem ou não ser acolhidas por eles;

IV - Desvinculação da profissão de origem - dever de esclarecer aos envolvidos que atuam desvinculados de sua profissão de origem, informando que, caso seja necessária orientação ou aconselhamento afetos a qualquer área do conhecimento poderá ser convocado para a sessão o profissional respectivo, desde que com o consentimento de todos;

V - Compreensão quanto à conciliação e à mediação - Dever de assegurar que os envolvidos, ao chegarem a um acordo, compreendam perfeitamente suas disposições, que devem ser exequíveis, gerando o comprometimento com seu cumprimento.

Das responsabilidades e sanções do conciliador/mediador

Art. 3º Apenas poderão exercer suas funções perante o Poder Judiciário conciliadores e mediadores devidamente capacitados e cadastrados pelos Tribunais, aos quais competirá regulamentar o processo de inclusão e exclusão no cadastro.

Art. 4º O conciliador/mediador deve exercer sua função com lisura, respeitar os princípios e regras deste Código, assinar, para tanto, no início do exercício, termo de compromisso e submeter-se às orientações do Juiz Coordenador da unidade a que esteja vinculado.

Parágrafo único. O mediador/conciliador deve, preferencialmente no início da sessão inicial de mediação/conciliação, proporcionar ambiente adequado para que advogados atendam o disposto no art. 48, § 5º, do Novo Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)

Art. 5º Aplicam-se aos conciliadores/mediadores os motivos de impedimento e suspeição dos juízes, devendo, quando constatados, serem informados aos envolvidos, com a interrupção da sessão e a substituição daqueles.

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Art. 6º No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o conciliador ou mediador deverá informar com antecedência ao responsável para que seja providenciada sua substituição.

Art. 7º O conciliador ou mediador fica absolutamente impedido de prestar serviços profissionais, de qualquer natureza, aos envolvidos em processo de conciliação/mediação sob sua condução.

Art. 8º O descumprimento dos princípios e regras estabelecidos neste Código, bem como a condenação definitiva em processo criminal, resultará na exclusão do conciliador/mediador do respectivo cadastro e no impedimento para atuar nesta função em qualquer outro órgão do Poder Judiciário nacional.

Parágrafo único - Qualquer pessoa que venha a ter conhecimento de conduta inadequada por parte do conciliador/mediador poderá representar ao Juiz Coordenador a fim de que sejam adotadas as providências cabíveis.

ANEXO IV

Dados Estatísticos

(Revogado pela Emenda nº 1, de 31.01.13)