80 anos da acipi

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ACIPI80 anos

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Copyright c Associação Comercial e Industrial de Piracicaba1ª edição: 2013Tiragem: 5.000

DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO:Miriam Miranda - Impar Comunicação

REVISÃO:Mariana Leite Ferraz Peron

COLABORAÇÃO:Adriana Furlan MartinEliana TerciJuliana FerrazFelipe Rodrigues (textos)

FOTOGRAFIAS:Acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP)Acervo da Gazeta de PiracicabaAndré VidalBolly VieiraChristiano Diehl NetoHenrique SpavieriIsa Spruck

IMPRESSÃO:www.graficamundo.com.br

ACIPIAssociação Comercial e Industrial de PiracicabaRua do Rosário, nº 700 – Centro13.400-183 – Piracicaba – SPTel.: 19 3417 - 1766e-mail: [email protected]

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UMA HISTÓRIA DE SUCESSO ................................................................................... 15O perfil da Acipi ao comemorar oito décadas e a gestão do presidenteAngelo Frias Neto (2012-2015).

PONTO DE PARTIDA ................................................................................................. 33O comércio e a indústria a partir da fundação de Piracicaba, em 1767.

O ANO / 1933 ........................................................................................................... 69Fundação da Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (Acipi), a atuação dospresidentes ao longo dos anos, a modernização e os serviços prestados aos.associados e à comunidade.

MODERNIZAÇÃO .................................................................................................... 107A descentralização do comércio, a informatização e inovações que transformaram aAcipi em uma respeitada entidade empresarial e prestadora de serviço por excelência.

SERVIÇOS ............................................................................................................... 139A Acipi estimula a prática do empreendedorismo e capacita e qualifica profissionaispara atender à demanda do mercado.

INDÚSTRIA ............................................................................................................. 149Das primeiras empresas às indústrias atuais, que conferem a Piracicaba posição dedestaque no desenvolvimento do estado e do país.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 180

Sumário

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Palavra do presidente

Penso que um sentimento resume o que vivemos neste momento: orgulho.Afinal de contas, não é todo dia que uma entidade chega aos 80 anos deexistência. Diante de nossos olhos, desfila uma história de luta, uma históriamarcada pela união e pelo desejo de avançar, de fazer acontecer. O legado daAcipi inspira a todos. Tanto, que entendemos que seria importante documentaressa trajetória, resgatar e perpetuar o que a energia transformadora conseguiufazer. De tal desejo, nasceu este livro.

Curioso que a base de tudo vem de palavras muito modernas, mas deconceituação milenar. O empreendedorismo e a livre iniciativa são elementosfundamentais na construção de um país democrático, desenvolvido socialmentee economicamente. Esses valores pautaram a origem das associações comerciaise acompanham a trajetória dessas entidades desde os seus primórdios. Pautarama origem da nossa Acipi.

Acipi: 80 anosde empreendedorismo e engajamento

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Para nos situar nesse contexto, apelo para um breve passeio pela história,para que possamos entender o quanto a origem e a trajetória dessasorganizações impactaram na própria história do nosso país. Tudo começacom as primeiras Praças de Comércio, como foram denominadas asprecursoras das Associações Comerciais.

Elas surgiram no Brasil Colonial. Nelas, os comerciantes se reuniam com oobjetivo de fortalecer, dignificar e proteger os que viviam no entorno das áreascomerciais, além de defender a liberdade e cidadania. A formação dessas praçasera, inclusive, estimulada pelos governos, que viam nelas um importante indutordo desenvolvimento econômico.

O modelo evoluiu a partir de 1808, com a vinda da família real para oBrasil. A transferência do centro do poder de Lisboa para o Rio de Janeiroexigia adequações e, na primeira delas, D. João VI abriu os portos às naçõesamigas, este o marco histórico da abertura comercial brasileira e seuconsequente crescimento econômico.

Três anos depois, o Brasil ganhava oficialmente sua primeira entidadeempresarial. Em 15 de julho de 1811, era fundada em Salvador a AssociaçãoComercial da Bahia, na época Praça de Comércio. A ideia frutificou. Em 1819,foi fundada a Associação Comercial do Pará e, em 1820, a Associação Comercialdo Rio de Janeiro. Apesar de ser a terceira entidade a se instalar no Brasil, ela jáfazia parte dos anseios da sociedade fluminense, já que, em 1809, por meio dealvará, o príncipe regente D. João VI oficializou a vontade de construir a Praçado Comércio, cujas obras tiveram início apenas no ano de 1819.

Em meio à emancipação política do território brasileiro e à vigência dosegundo reinado do Império, a quarta entidade empresarial nasce no Nordestedo país. Em 1839, é fundada a Associação Comercial de Pernambuco.

Três décadas depois, já em um período de intensa atividade portuária noslitorais do Brasil, em 1870, é constituída a Associação Comercial de Santos,primeira entidade empresarial paulista e a quinta no país.

Pouco mais à frente, em outro momento político, marcado pelas profundasmudanças trazidas no fim do século 19 com a Abolição da Escravatura e a Proclamaçãoda República, e já no mandato do terceiro presidente civil do Brasil, PrudenteJosé de Moraes Barros, surge, em 1894, a Associação Comercial de São Paulo.

Formada por fazendeiros de café, empresários e homens ligados a todos ostipos de atividades comerciais, é criada justamente para construir relações noâmbito econômico necessárias aos novos modelos de administração pública.

Depois vieram as Associações Comerciais de Ribeirão Preto (1904), Lorena(1917), São José do Rio Preto, Mogi das Cruzes e Campinas (1920), Sorocaba,Rio Claro e Jaú (1922), Jundiaí e Araras (1923), Bariri e Botucatu (1924),Presidente Prudente (1927), Araçatuba e São Miguel (1929), Catanduva eMirassol (1930).

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Já no regime do presidente Getúlio Vargas, as associações paulistas tiverampapel relevante, inclusive na condução da Revolução Constitucionalista de 32- que reclamava a promulgação de uma nova Constituição para o Brasil. Elascuidaram da captação de recursos e infraestrutura para os combatentes, o queredundou no fortalecimento das entidades e do espírito associativista. Nesseclima, surge a Acipi (Associação Comercial e Industrial de Piracicaba), no dia 9de julho de 1933, um ano após o histórico movimento cívico.

O nascimento de nossa entidade neste momento tão expressivo, nacomemoração do primeiro aniversário de uma revolução - que materializou odescontentamento do povo paulista, por extensão do povo piracicabano, comum regime de ditadura e censura -, marca a condução da nossa associação e suabrilhante trajetória.

A Acipi se estabelece em ambiente e momento propícios à defesa da livreiniciativa, liberdade de expressão e a luta voluntária pelo ideal da liberdade deempreender.

A partir dessa perspectiva, empenha os esforços no incentivo aoempreendedorismo e, nos últimos 80 anos, tem colhido os frutos das ações dosprincipais protagonistas de sua história, associados dedicados e imbuídos emfazer a cidade avançar.

A cultura progressista das associações comerciais ganha asas e invade todoo país. Hoje, somos uma força porque descobrimos que, juntos, podemos mais.

Integramos uma rede nacional que reúne 2 milhões de empresários, ligadosa 2.300 associações comerciais reunidas em 27 federações estaduais, todasrepresentadas pela CACB (Confederação das Associações Comerciais eEmpresariais do Brasil). Essa entidade é presidida por José Paulo DornellesCairoli (RS) e tem como 1º vice-presidente Rogério Amato (SP).

Isso quer dizer que, dos 5.564 municípios brasileiros (IBGE/2007), os2.300 maiores contam com associações comerciais.

Em São Paulo, o Estado mais rico do país, responsável por 33% do PIB (ProdutoInterno Bruto) brasileiro (Seade/2010), a Facesp (Federação das AssociaçõesComerciais do Estado de São Paulo), atualmente presidida por Rogério Amato,reúne 420 associações comerciais, em um universo de 645 municípios.

Em Piracicaba - cidade do interior paulista que impulsiona a economia nosâmbitos nacional e regional e é responsável pela geração de um PIB de poucomais de R$ 10,9 milhões –, nossa entidade, a Acipi, é positivamente reconhecidapor sua atuação junto aos seus 4.000 associados, dos setores da indústria,comércio e prestação de serviços.

Com trabalho incansável, ganhamos o respeito e a credibilidade dospiracicabanos, deixamos nossa marca em importantes conquistas e colaboramoscom a elaboração de políticas públicas, que têm contribuído com odesenvolvimento de nossa cidade.

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Em 2013, no período em que celebramos os 80 anos de fundação da Acipi,recebemos diversas manifestações em reconhecimento a nossarepresentatividade. Em pronunciamento na Câmara dos Deputados, no mês dejulho, o deputado federal Antônio Carlos Mendes Thame compartilhou acomemoração histórica em sessão da Casa.

No mesmo mês, em cerimônia que marcou o aniversário da entidade, nasede da associação, tivemos a participação do empresário Francisco Munhoz,102 anos - que presidiu a Acipi entre os anos de 1953 e 1955 –, que conoscocompartilhou inúmeros cumprimentos de autoridades, dos poderes constituídosdo município, da imprensa, de associados e de cidadãos piracicabanos. Nesteencontro, a entidade foi homenageada pelo vereador André Bandeira com“Moção de Aplausos”.

Em agosto, por solicitação do deputado estadual Roberto Morais, nossaentidade foi homenageada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo,em sessão especialmente realizada no Plenário “Presidente Juscelino Kubitschekde Oliveira”. No mesmo mês, durante sessão requerida pelo vereador PedroLuiz da Cruz, a Câmara de Vereadores de Piracicaba concedeu à Acipi o“Diploma de Mérito” em reconhecimento a nossa atuação.

Pelas ações de incentivo ao empreendedorismo, homenagem também nosfoi prestada pela EsalqTec (Incubadora de Empresas de Tecnologia da Esalq),em outubro, durante evento realizado nas dependências da Esalq/USP (EscolaSuperior de Agricultura “Luiz de Queiroz”).

Para dar continuidade às comemorações alusivas aos 80 anos da Acipi egarantir o registro histórico de uma data sem precedentes, temos a honra deapresentar este livro.

Além de resgatar a trajetória bem-sucedida da entidade, em meio a tantasmudanças no cenário nacional e ao desenvolvimento empresarial de nossa cidade,este livro apresenta relatos sobre o posicionamento transparente que semprenorteou nossa história, inclusive nossa proposta de ser ponte de aproximaçãoentre o empresariado, o mercado e as atividades que influenciam no desempenhode seus negócios.

Nas páginas que se seguem, os leitores poderão conhecer os fatos queconstruíram a reputação da nossa querida Acipi, entidade que, formada porhomens e mulheres comprometidos com o aprimoramento da atividadeempresarial, possui uma extensa folha de serviços prestados em benefício dodesenvolvimento socioeconômico de nossa cidade, um orgulho para todosnós que fazemos parte dessa história.

Angelo Frias NetoAngelo Frias NetoAngelo Frias NetoAngelo Frias NetoAngelo Frias Neto, presidente da Acipi (Associação Comercial e Industrialde Piracicaba)

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O significado do 9 de julho

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No dia 9 de julho comemora-se o Movimento Constitucio-nalista queSão Paulo deflagrou, em 1932, para defender a autonomia do estado e areconstitucionalização do país.

As associações comerciais paulistas participaram ativamente dessemovimento, que lutava pela defesa dos valores que sempre nortearam nossasentidades. Em manifesto divulgado em 17 de fevereiro de 1932 e lideradaspela Associação Comercial de São Paulo, associações pediam “a restauraçãodo regime constitucional, mediante a decretação imediata de uma nova leieleitoral, que assegurasse a moralidade e a verdade do sufrágio e consequenteconvocação de uma Constituinte em moldes liberais, de acordo com osentimento público, com as tradições nacionais e com o grau de adiantamentoda civilização brasileira”.

E foi exatamente num 9 de julho que a Acipi (Associação Comercial eIndustrial de Piracicaba) foi fundada, em 1933. Não há data mais propícia.

Com 80 anos de idade, a Acipi se consagra como uma entidade comtradição, numa região estratégica e fundamental para o estado – e tambémmuito promissora.

Para quem é de fora, uma das referências sobre Piracicaba é o seu polo

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educacional, com universidades e centros de estudos de ponta e de altatecnologia. Também chamam a atenção a sua vocação agrícola e a imensidãodos canaviais a se perder de vista.

Mas o município se destaca, também, em mais um quesito: tornou-seum dos principais centros industriais da região. A sua população tem vocaçãopara o empreendedorismo - e tem o privilégio de contar com o apoio daAcipi.

A entidade faz isso de forma inovadora, com criatividade, olhando paraa frente, com a realização de cursos, debates e palestras sobre temas deinteresse de seus quatro mil associados. E o faz em parceria comuniversidades e entidades - como o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio àsMicro e Pequenas Empresas) - e prezando, sempre, pela troca deexperiências. Projetos como a Escola de Negócios e um memorial que contaa história do empreendedorismo em Piracicaba são alguns dos exemplos desucesso das empreitadas da Acipi.

Diante de tudo isso, parabenizo a Acipi pelo trabalho em favor dosempresários e consumidores piracicabanos, da livre iniciativa, dodesenvolvimento sustentável da economia de sua terra natal, do seu estadoe do seu país.

As associações comerciais têm a tradição de participar profundamenteda vida das nossas cidades, tanto no campo econômico, como nos planospolítico e social. E com a Acipi não é diferente. A entidade pode contarsempre conosco e com a Facesp (Federação das Associações do Estado deSão Paulo), pois juntos somos mais fortes.

Rogério AmatoRogério AmatoRogério AmatoRogério AmatoRogério Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo e daFacesp.

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Apresentação

Ao mesmo tempo em que foi prazeroso, escrever a história dos 80 anosda Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (Acipi) foi umaexperiência enriquecedora, um mergulho apaixonante no passado dePiracicaba na busca por memórias, fatos e ações de gerações que deixaramum legado de ensinamentos, valores, tradições e costumes.

Este livro é resultado de vigorosas pesquisas em atas e documentos,livros, jornais, entrevistas com pesquisadores, historiadores, economistas,professores, presidentes e ex-presidentes da Acipi. Enfim, uma somatóriade importantes e ricas informações - muitas delas colhidas para a produçãodo livro dos 75 anos da entidade - que me permitiram traçar não somente atrajetória da associação, como também a do comércio e da indústria a partirda fundação de Piracicaba, uma cidade que nasceu com o DNA doempreendedorismo, que teve em sua história personalidades de grandedimensão visionária que fizeram dela um importante município. Entre elas,homens que cruzaram o oceano em busca de uma nova vida, que escolherampara viver “o lugar onde o peixe para” (significado indígena de Piracicaba).Aqui, transformaram a coragem, o conhecimento e a esperança que traziamna bagagem em prósperos negócios que passaram a compor a paisagem dacidade. Os imigrantes impulsionaram o desenvolvimento de Piracicaba.

O comércio crescia e as indústrias também. Empresários sentiram anecessidade de se organizar para formar uma entidade que representasse aclasse. Nasce, então, a Acipi, que estende os braços para acolher a cidade,defendendo as causas e necessidades de seus moradores, buscando soluçõespara os problemas. Com o passar do tempo, a entidade foi se tornando umasenhora madura e moderna, arrojada, eu diria, ousada. É assim que ela chegaaos 80 anos. Na vanguarda de seu tempo, acompanha as rápidastransformações e se rejuvenesce para atender às demandas que lhe sãocolocadas pelos associados.

Acipi grandiosa

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A realização deste trabalho foi possível graças à colaboração de muitaspessoas, entidades e empresas. O meu agradecimento a todas. Agradeçoespecialmente ao presidente Angelo Frias Neto e diretores por teremconfiado a mim essa importante tarefa de dimensionar a importância dagrandiosa Acipi, que sempre teve à frente homens que fizeram valer seusideais em defesa dos interesses do comércio e da indústria, com desempenhosrelevantes. Homens que fizeram e fazem ecoar as vozes de seusrepresentados, sempre confiantes no futuro.

O pulsar forte da veia jornalística, para a qual me rendo diariamente, e apaixão que sinto pela história, tão importante para a compreensão do hoje,compuseram o enredo dessa obra, a qual dedico aos meus pais (in memoriam),aos meus irmãos e ao meu querido filho, Matheus.

Angela Furlan,Angela Furlan,Angela Furlan,Angela Furlan,Angela Furlan, jornalista e graduada em História.

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Uma históriade sucesso

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Acipi contemporânea

Ao longo de seus 80 anos, a Associação Comercial e Industrial dePiracicaba (Acipi) transformou-se em uma das mais importantesentidades empresariais do interior do Estado de São Paulo emodelo para outras associações comerciais. A história mostra

que respeitando os princípios que nortearam a fundação da entidade, ospresidentes imprimiram seus ideais, apostando na eficiência da prestação deserviço e de informações.

Com o passar do tempo, a entidade incorporou novos objetivos. Com asexigências da sociedade moderna e as transformações no mercado de trabalho,não bastava defender os interesses e expressar a opinião do empresariado docomércio e da indústria. Era preciso participar, agir, realizar, formar, qualificar,reinventar. “A Acipi tem esse papel, precisa estar atenta ao fato de termosuma sociedade cada vez mais crítica. Vivemos um momento de mudançasem que os clientes exigem mais e as atualizações devem ser constantes”,observa o presidente Angelo Frias Neto, 56 anos, empresário do setorimobiliário, ao falar do perfil arrojado da entidade, sempre atenta às demandas.

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A Acipi passou por transformaçõesimportantes a partir de 2001, quando assume, commais ênfase, seu papel articulador na sociedadepiracicabana, contribuindo com ações para odesenvolvimento da cidade e bem-estar dosmoradores. A formação e a atualização profissionalpassaram a fazer parte dos planos dos presidentes.Vieram os cursos, workshops, congressos epalestras dirigidos a empresários, executivos efuncionários. “Com o mundo globalizado e omercado de trabalho cada vez mais competitivo,surge a necessidade de qualificar e preparar parao futuro cada vez mais”, afirma Frias Neto.

Assim, a Acipi surpreende com a instalaçãoda Escola de Negócios, inaugurada em 2012 eque coloca a entidade à frente de seu tempo.Angelo Frias Neto, que assumiu a presidênciaem julho do ano passado, tem o grande desafio de consolidar este e outrosprojetos ousados. Em parceria com instituições de ensino renomadas, a Acipioferece cursos que auxiliam na preparação das pessoas para o trabalho.“Educação é a base de tudo. Conhecimento é a maior riqueza do ser humanoe das empresas. Ao melhorarmos a capacitação técnica e intelectual muda-se a forma com que vemos o mundo. Isso é uma grande necessidade dasempresas”, afirma.

Para Frias Neto, proprietário da Frias Neto Consultoria Imobiliária,repensar o momento faz parte da filosofia da Acipi. “Não podemos nosacomodar, precisamos buscar sempre algo a mais que trará benefícios para acomunidade. Os seminários, cursos e palestras ajudam a preparar os executivospara planejamentos estratégicos. É necessário sempre pensar na evolução dasociedade. O país está passando por transformações. Apoiamos e precisamosacompanhar”, disse, referindo-se às manifestações populares que tomamconta das ruas das cidades e capitais.

Contemporânea, a Acipi atua para dar mais inteligência à área de gestãodas empresas, de forma a fomentar o empreendedorismo e a boa administraçãodos mais diferentes negócios. Os tempos de hoje exigem agilidade e eficiência.A evolução tem como uma das suas principais características a digitalizaçãoe as oportunidades proporcionadas pela internet, um poderoso instrumentode marketing e vendas. Por isso, a Acipi trabalha, também, paradisponibilização da plataforma web de negócios.

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Lançado em 2012, o Portal de Negócios permite que as empresasassociadas à Acipi veiculem seus serviços na rede social. “A internet temuma vantagem significativa, que é a expansão do espaço físico,proporcionando maior visibilidade aos produtos”, avalia o presidente. Muitosconsumidores têm preferência pela compra digital, mesmo estando ao ladoda loja, pela comodidade e conforto desse tipo de compra. “A Acipi trabalhapara oferecer essa possibilidade a uma quantidade maior de empresários,que em condições normais teriam uma série de dificuldades paraimplementação da plataforma web”.

Os pequenos e médios associados também contam com o programa ISOem Grupo, pelo qual podem ser certificados pela norma ISO 9001: 2008,referência mundial para atestar a boa gestão de procedimentos de umadeterminada empresa. “Muitos fornecedores exigem ISO e, por meio doprograma da Acipi, fica mais em conta obter as normas”.

Voz ativaA Acipi representa as vozes dos seus quatro mil associados ligados à

indústria, ao comércio e aos serviços, mas se consolidou como uma forçaativa da sociedade civil organizada do município na busca por melhoriasnas mais diferentes áreas. A entidade procura fomentar o desenvolvimentode Piracicaba, que hoje conta com cerca de 385.287 habitantes, conformedados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Assim, participa de várias ações que contribuem com o bem-estar dacidade, tornando os cidadãos mais felizes. Campanhas para arrecadaragasalhos, brinquedos, alimentos; para conscientizar sobre o câncer de mama;pela duplicação da rodovia SP-304, que liga Piracicaba a São Pedro; pormelhor segurança. “Somos parceiros dos poderes constituídos (Executivo,Legislativo, Judiciário) e da polícia, sempre lutando pela livre iniciativa e aolado da liberdade de expressão e pela justiça. Trabalhamos para dar umaqualidade de vida melhor às pessoas”, afirma o presidente Frias Neto.

A Associação Comercial participou de projetos importantes para a dinâmicada cidade, que fizeram a diferença, como o Cidade Limpa, que disciplina ainstalação de placas de publicidade nas fachadas dos estabelecimentos - o quepossibilitou a diminuição da poluição visual e o resgate da arquitetura dosprédios comerciais -; do Centro Vivo, de revitalização da área comercial; eda implementação da Zona Azul Digital, que passou a valer no final de 2011e colocou um ponto final em uma série de reclamações relacionadas à faltade vagas ou ao sistema de pagamento do estacionamento nas áreas centrais.De acordo com Pesquisa de Opinião Pública, realizada pelo Centro Abril

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Pesquisas, um ano após a instalação dos parquímetros, 75,13% dos usuáriosmostraram-se satisfeitos com o sistema. Implantada inicialmente na área central,em 2013 a Zona Azul chegou aos bairros: Paulista, Bairro Alto e Vila Rezende.

A entidade esteve representada nas discussões e audiências públicassobre a instalação da Aglomeração Urbana de Piracicaba para odesenvolvimento regional. “A Acipi acaba tendo um papel fomentador deações para o município. A aglomeração é um embrião de uma futura regiãometropolitana de Piracicaba”, diz o presidente.

O comércioAngelo Frias Neto vê o comércio piracicabano com otimismo. Aos

corredores comerciais da área central, como a rua Governador, rua do Rosário,Alferes José Caetano, Benjamin Constant, somam-se novas ruas em regiõescomo Santa Teresinha, Paulista, Paulicéia, Vila Rezende, avenidas DoisCórregos, Rio das Pedras, Carlos Botelho, Cássio Paschoal Padovani,Sandanha Marinho, Rui Brabosa e praça Takaki. “O comércio estáaumentando cada vez mais. Está distribuído pela cidade. Os corredorescomerciais se multiplicam, estão se espalhando por toda a extensão dePiracicaba”.

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Com a correria do dia a dia e escassez de tempo, o consumidor buscafacilidades na hora da compra, optando, muitas vezes, pelas lojas que ficampróximas às suas casas, dinamizando o comércio de bairro. “Na aquisiçãode produtos, esse tipo de vantagem é bastante precioso, o que estimula odesenvolvimento”.

Pelo crescimento do setor nas últimas décadas, o presidente não temdúvidas de que a cidade é um polo comercial regional. “Piracicaba tem essepapel de liderança na região e isso acaba encontrando eco na questãocomercial. A cidade recebe pessoas das mais diferentes cidades localizadasnas proximidades. Por isso os trabalhos de atualização precisam ser constantes,a fim de reforçar essa vocação para o comércio e o empreendedorismo que apopulação piracicabana carrega consigo”.

GestãoAngelo Frias Neto assumiu a Acipi em solenidade realizada no dia 12

de julho de 2012 para uma gestão de três anos. Com o lema “Acipi lado alado com você”, Frias Neto quer estar mais perto dos empresários e atenderaos seus anseios. Tem como meta aumentar em 20% o número de associadosda Acipi e quer desenvolver parcerias com as associações comerciais dascidades que integram o Aglomerado Urbano de Piracicaba, para ofortalecimento do comércio e das indústrias, garantindo novos serviços aosassociados e ações para o crescimento dos empresários locais, com maiorfacilidade de acesso ao conhecimento que a entidade vem buscando com aFederação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).Frias Neto quer, junto aos demais presidentes, elaborar uma agenda quereflita os municípios e contribua para o desenvolvimento econômico, sociale ambiental da região.

A Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano destaca que aAglomeração Urbana de Piracicaba ocupa território de 6.998,15 quilômetrosquadrados. Abrange 22 municípios de uma das regiões mais desenvolvidasdo Estado de São Paulo. São cerca de 1,4 milhão de habitantes.

A aglomeração é polarizada por Piracicaba e, secundariamente, porLimeira, Rio Claro e Araras, que possuem manchas urbanas interligadaspelas rodovias Anhanguera, Bandeirantes e Washington Luiz.

É constituída pelos municípios de Águas de São Pedro, Analândia, Araras,Capivari, Charqueada, Conchal, Cordeirópolis, Corumbataí, Elias Fausto,Ipeúna, Iracemápolis, Leme, Limeira, Mombuca, Piracicaba, Rafard, Rio Claro,Rio das Pedras, Saltinho, Santa Gertrudes, Santa Maria da Serra e São Pedro.

Piracicaba, sede dessa unidade, polariza diretamente os municípios de

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Rio das Pedras, Saltinho, Águas de São Pedro, São Pedro, Charqueada,Iracemápolis, Rafard, Mombuca e Capivari, com os quais tem ligaçãofuncional direta e um significativo processo de conurbação. Além disso,mantém intensos fluxos econômicos e de pessoas com Limeira, Rio Claro eAraras, cidades de porte médio na mesma unidade regional, Americana, SantaBarbara D’Oeste e Campinas, na Região Metropolitana de Campinas, Tietê eSorocaba e, numa abrangência macrorregional, com as próprias RegiõesMetropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista.

A localização desse agrupamento, por suas características ambientais -com a presença relevante de recursos hídricos estratégicos - e econômicas- impulsionadas pelo transporte hidroviário em expansão e investimentosno sistema viário e na área social -, demanda planejamento integrado e açõesconjuntas para um desenvolvimento econômico e social equilibrado.

Campanhas promocionaisA moderna gestão Frias Neto conjuga com ênfase o verbo interagir. Em

abril de 2013, o presidente anunciou o novo modelo de campanhaspromocionais, desenvolvidas nas principais datas comemorativas do comércio,como Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Pais e Dia das Crianças:os concursos culturais. O objetivo é a interação com a população. “Queremosmarcar as datas comemorativas envolvendo as empresas associadas e apopulação com foco no entretenimento e na criatividade. Gestos quemanifestam o apreço e a troca de presentes são também formas de declarar aimportância do outro em nossa vida”, dizia Frias Neto. Duas datas foramincluídas no calendário de comemorações da Acipi: Mês do Associado, emjulho, e Dia do Cliente, em setembro.

O primeiro concurso cultural foi o Dia das Mães. O tema “Sua mãe bemna foto” incentivava os filhos a fotografar suas mães, de forma a destacar assuas qualidades. No Dia dos Namorados, os participantes responderam afrase: “O meu amor por você vale...”, com até 10 palavras. No Dia dos Pais,os filhos fotografaram os seus pais inspirados no tema: “Esse cara é meupai!”. No mês de outubro, as crianças de até 10 anos desenharam e pintaramo tema “O mundo ideal para se viver”.

Os ganhadores dos concursos foram escolhidos por comissões integradaspor profissionais da área de comunicação e marketing, fotógrafos, educadorese empresários.

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ComemoraçãoOs 80 anos da Acipi foram comemorados com programação especial,

que teve início em abril, com o lançamento do carimbo postal e o selopersonalizado, alusivos à data, e se estendeu até dezembro com homenagens,jantar festivo e lançamento do livro comemorativo.

Em solenidade no dia 10 de abril, na sede da associação, o presidenteAngelo Frias Neto deu início às comemorações com o lançamento das peçasconfeccionadas pelos Correios. O empresário realizou as primeirasobliterações – ato de carimbação.

“Para a nossa entidade, trata-se de um dia muito especial e escolhemoso selo e o carimbo para perpetuar esta efeméride. Por meio dessas marcas,os 80 anos da associação serão divulgados por todo o país e o mundo”,disse o presidente. O selo foi utilizado nas correspondências oficiais daAcipi e o carimbo, durante o período de 10 de abril a 9 de maio de 2013, foiimpresso pelos Correios nas postagens enviadas para o Brasil e exterior.

O carimbo traz, no centro, o logo comemorativo, alusivo aos 80 anosda associação, e os anos 1933 - 2013. Em cima está a sigla ACIPI e, embaixo,a inscrição Correios - Piracicaba - SP - 10.04 a 09.05.2013.

O selo personalizado é composto por duas partes: na primeira, a bandeiranacional, tremulando ao vento, compõe o plano secundário e emoldura omapa do Brasil, preenchido pelas flores do ipê amarelo, árvore símbolonacional. Na segunda parte, a peça apresenta o logo comemorativo dos 80anos da associação.

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Aplausos à AcipiNo dia 10 de julho, cerca de 180 convidados participaram da solenidade

que marcou as oito décadas de fundação da Acipi. O presidente AngeloFrias Neto prestou homenagem especial aos ex-presidentes, destacando aimportância do trabalho realizado em suas gestões. Francisco Munhoz, 102anos, que presidiu a associação de 1953 a 1955, participou da reunião solenee recebeu, de Frias Neto, um troféu. O público aplaudiu em pé.

Na ocasião, a Acipi recebeu Moção de Aplausos de autoria do vereadorAndré Bandeira e homenagens das entidades parceiras: Câmara de DirigentesLojistas (CDL) e Sindicato do Comércio Varejista de Piracicaba (Sincomércio).“Estar à frente da Acipi no ano em que a entidade completa o seu 80o.

aniversário é um desafio, o qual pode ser mensurado pelo impacto daassociação ao longo das suas oito décadas de atuação nas questões importantespara o desenvolvimento da classe empresarial, daeconomia e da geração de empregos na cidade”.

Durante a cerimônia, os convidados assistiram, pormeio de link, ao pronunciamento do deputado federalAntonio Carlos de Mendes Thame, em homenagem àentidade, na Câmara dos Deputados, em Brasília. “Deixoaqui registrado nos anais desta Casa,os quais, via de regra fazem oimportante papel de ‘arquivo nacional’,parabéns pelo trabalho de todos daAcipi nessa comemoração de 80 anosde história”.

Mendes Thame lembrou que aassociação foi fundada em 9 de julhode 1933, quatro anos após a grandedepressão de 1929. “Nesse cenáriodesfavorável, nasceu a AssociaçãoComercial e Industrial de Piracicaba,sob a égide da inovação e doenfrentamento das dificuldades,conceitos que nortearam as atividadesda Acipi até hoje. Inovação significacriar algo que rompa ou supere ospadrões anteriores. Quando há esterompimento, aliado à persistência etrabalho inteligente, desenvolve-se o

Frias Netorecebe Moçãode Aplausodo vereadorAndré Bandeira

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Homenagemna Câmara deVereadores dePiracicaba

poder de mudar a vidas das pessoas. E foi isso que aconteceu na cidade eregião a partir de uma atuação séria, crédula e com estratégias bem definidas,descortinando oportunidades e sabendo aproveitar o que temos de melhorem nossa região. Foi com o olhar sempre à frente que se consolidou estainstituição. Por isso é enorme a nossa alegria ao celebrar oito décadas deconcretos avanços.”

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Antonio PedroCarvalho, da CDL,entrega placaalusiva aos 80 anos

Homenagem deVladir Passini,

do Sincomércio

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OUTRA HOMENAGEM - A Acipi foi homenageada também no Palácio9 de Julho, sede da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, emsessão solene prestigiada por diversas autoridades, entre elas o prefeitoGabriel Ferrato. A iniciativa foi do deputado Roberto Morais (PPS). Oparlamentar destacou que a Acipi é parceira de Piracicaba. “A Acipi mantémuma proposta de contribuição com a cidade, que é motivo de orgulho aospiracicabanos”.

Angelo Frias Neto falou sobre a honraria. “Estendemos nossosagradecimentos ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado SamuelMoreira (PSDB) e, por meio dessa solenidade, reforçamos o nosso papel deentidade representante de classe, ao mesmo tempo em que mostramos nossasinergia com o Poder Público, na busca pelo desenvolvimento e crescimentodos nossos segmentos e de nossa cidade”. Agradeceu ainda aos presidentes,diretores, membros do conselho, equipe executiva e aos piracicabanos, que“nos enobrecem pelo seu caráter receptivo e empreendedor”. “Estar à frenteda entidade, em 2013, ano do seu aniversário simbólico mais importante,

Frias Neto eRoberto Moraisna AssembleiaLegislativa

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até aqui, é mesmo um desafio que exige força e determinação, característicasque são essenciais para um empreendedor, a classe a qual representamos”,disse.

O prefeito Gabriel Ferrato elogiou a participação da entidade no debatepolítico e nas ações de melhorias para a cidade. “Foi na Acipi que começarama surgir os primeiros debates sobre o Aglomerado Urbano de Piracicaba. Aentidade debate questões da cidade, ajuda a formular preposições. É umimportante espaço democrático, que ao mesmo tempo consegue sediversificar e acompanhar o mundo moderno. A entidade chega aos 80anos moderna, dinâmica e ágil”. O presidente do Legislativo, João Manoeldos Santos, ressaltou a atuação social da associação empresarial e o vice-presidente da Região Administrativa (RA7), Jorge Aversa Jr., representandoa Federação das Associações do Estado de São Paulo, enfatizou o importantepapel da entidade no desenvolvimento do município.

No dia 6 de agosto, foi a vez da Câmara de Vereadores de Piracicabacongratular-se com a associação, fazendo a entrega do Diploma de Méritoao presidente Angelo Frias Neto e ao vice Fernando José Nardotto Kroll. Ainiciativa foi do vereador Pedro Cruz (PSDB). “A associação é uma entidadeque representa muito bem a cidade em nível estadual e federal. Temparticipado muito das decisões e feito parte do desenvolvimento domunicípio”, disse.

Definiu a Acipi como sinônimo de credibilidade e inovação, referênciaregional, estadual e nacional. Frias Neto agradeceu e se referiu à Câmaracomo “parceira de discussões de temas importantes e dos problemas dacidade, na busca pelo bem-estar comum e o desenvolvimento dacomunidade”. O empresário destacou que, ao longo desses anos, a Acipicresceu e se solidificou, sempre em transformação e inovando. O secretáriomunicipal de Trabalho e Renda, Sérgio Furtuoso, que é membro daassociação há 18 anos, ressaltou a importância da Acipi ao observar quenela discutem-se os valores éticos e morais em benefício de todos.

Durante a sessão solene na Câmara, a Associação Comercial e Industrialde Piracicaba foi homenageada também pela Unimed. Em nome de todos osmédicos cooperados, o presidente Carlos Alberto Joussef entregou umaplaca alusiva aos 80 anos ao presidente Frias Neto.

Em outubro, durante a entrega do prêmio Empreendetec, edição 2013,na Escola de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), às empresas que sedestacaram na consolidação de empreendimentos de inovação e tecnologiaem Piracicaba e região, a EsalqTec homenageou a Acipi pelos 80 anos comuma placa comemorativa.

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Jantar comemorativoO jantar festivo em celebração aos 80 anos da Acipi ocorreu no dia 28

de setembro, no Clube de Campo, onde membros da Diretoria Executiva edo Conselho Consultivo receberam associados, autoridades e convidados.Na ocasião, o presidente Angelo Frias Neto falou sobre a data: “A Acipinasceu em ambiente e momento propícios à defesa da livre iniciativa,liberdade de expressão e luta voluntária pelo ideal da liberdade deempreender. É a partir dessa expectativa que empenhamos nossos esforçosno incentivo ao empreendedorismo e, nos últimos 80 anos, colhemos frutosde ações dos principais protagonistas de nossa história”.

Naquela noite de festa, o livro comemorativo, que narra a história daentidade, foi apresentado ao público.

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ACIPI EM NÚMEROS

4.000 associadoscomércio, indústria e prestação de serviço

2.400 comércio

400 indústrias

1.200 prestação de serviços

25 diretores

27 conselheiros

03 conselhosda Mulher Empresária, do Jovem Empresário e de Ex-presidentes

26 presidentes ao longo nos 80 anos

03 parceriasUnimep, ESPM e Boa Vista Serviços

01 regional, localizada no distrito de Santa Teresinha

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Diretoria Executiva da AcipiAngelo Frias Neto PresidentePaulo Roberto Checoli 1° Vice PresidenteFernando José Nardotto Kroll 2° Vice PresidenteAntonio José Miotto 3° Vice PresidenteIrandir Cardinalli 1° SecretárioDoracy Piva Davanzo 2ª SecretáriaAntonio Carlos Schievano 1° Diretor FinanceiroRamon Rodrigues Vidal Netto 2° Diretor FinanceiroJosé Antonio de Godoy Diretor AdministrativoAldano Benetton Filho Diretor de Relações PúblicasEliana Caneva Aguileira Diretora de EventosWaldomiro Scarpari Diretor de PatrimônioMaurício Benato Diretor de PromoçõesLuiz Carlos Furtuoso Diretor de Gestão de Crédito e ConselhoLuís Guilherme Schnor Diretor da Escola de NegóciosLourenço Jorge Tayar Diretor de Gestão de NegóciosFlávio Henrique Salles Camargo Diretor de T.I.Orlando José Berto Diretor CulturalMarcelo Delfini Cançado Diretor de ConvêniosLuis Francisco Schievano Bonassi Diretor JurídicoDairo Bicudo Piai Diretor AdjuntoLuiz Andreello Filho Diretor AdjuntoLuiz Carlos Calil Diretor AdjuntoSérgio Luiz Bazzanelli Diretor AdjuntoSueli Lopes Garcia Diretora Adjunto

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Conselho ConsultivoJorge Aversa Junior Presidente do ConselhoEuclides Baraldi Libardi Vice-PresidenteNelson Roberto Quartarolo Secretário do ConselhoAdenir José Graciani ConselheiroAdilson Sartori ConselheiroAnselmo Borges da Silva Filho ConselheiroCarlos Eduardo Guidotti ConselheiroCésar Lásaro Ferreira Costa ConselheiroCezário de Campos Ferrari ConselheiroCláudio Luiz Monte Bello ConselheiroCláudio Roberto Zambello ConselheiroFlávio Luis Cópoli ConselheiroGabriel de Oliveira Duarte ConselheiroGiácomo de Mattos Inforzato ConselheiroJoão Carlos Antonio Rodrigues ConselheiroJoaquim Mario Pires Ferreira ConselheiroJosé Cione Filho ConselheiroJosé Maria Saes Rosa ConselheiroJosé Rosário Losso Neto ConselheiroMario Dresselt Dedini ConselheiroMoacir José Lordello Beltrame ConselheiroPedro Isamu Mizutani ConselheiroPedro Luiz da Cruz ConselheiroReinaldo Lopes Belardin ConselheiroRoberto Guerino Roncato ConselheiroSônia Luzia Gonsalves ConselheiraVera Lúcia de Almeida Pizzinatto Conselheira

Rodrigo Mario dos Santos Coordenador do CJE – Conselho doJovem Empresário

Damaris Verderame Coordenadora do CME – Conselho daMulher Empresária

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Adenise de Oliveira RosaAdolfo João Sartini LibardiAdriana Fernandes da Silva

Adriana Renata Rocha IbanezAilton Sabino de CamargoAntonio Marcos da Silveira

Bruno Bianchim MartimCaiquy Wellington Santos de Souza

Carla Melina Forti de OliveiraCaroline Cerignori NegriCleusa Faganello CaputoDaiane Cristina CaldanaDaniele Correa de Godoy

Edirlei Carlos RosaElisete de Fatima Sterzeck de MeloFlavia Provenzano Coleta Buzatto

Hellen Silva dos ValesJoão Visentim da Silva

Jonattan Felipe Morais CaçãoJosé Reinaldo Bistaco

Joselaine Aparecida de OliveiraJuliana de Fátima Lopes Barrios

Juliana Macário Ferraz SilvaJuliane Cardelli Gomes

Leandro BettiolLeila Aparecida dos Santos Leite

Letícia de Assis MoraesLucas Lopes Magioli

Luciana GimenezMargarete Batista de LimaPatrícia de Oliveira Jarra

Rafael SalmazziRodrigo Ribeiro MariotoSalen Nascimento SilvaSamuel Oliveira Cardoso

Sandra de Castro Queiroz CruzSergio Antonio Fortuoso

Simone de Souza CamargoTalita de Oliveira FortuosoTatiane dos Santos FonsecaVanessa Brugnaro Barbosa

Vânia da Silva PortaViviane Aparecida Ciriaco de Camargo

Washington José Pereira Marciano

Funcionários da Acipi

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O início

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Ponto de partida

Ahistória na qual a Acipi está inserida há 80 anos teve inícioquando Piracicaba era um simples povoado, uma parada do ladodireito do rio, que se encontrou com o desenvolvimento aovencer as águas, instalando-se do outro lado, no alto da colina.

De lá para cá, cruzaram essa história homens que atuaram de forma decisivapara o progresso da cidade, entre eles Luiz de Queiroz, que instalou a primeirafábrica de tecidos na cidade, e Estevão Ribeiro Souza, o Barão de SerraNegra, um dos fundadores do Engenho Central.

E também os Krähenbühl, Diehl, Dedini, Martini, D’Abronzo, Chaddad,Cury, Salum, Maluf, Morganti, Almeida, Müller, Becker, Carmignani,Botene, Gobin e tantos outros imigrantes ou descendentes deles que,atuando no comércio e nas indústrias, inovaram e ajudaram a fazer dePiracicaba um dos municípios mais progressistas do Brasil.

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De simples parada a centro urbano A história do centro urbano de Piracicaba começa no período colonial,

quando o povoado é transferido para o lado esquerdo do rio e sobe a colinapara avizinhar-se da fronteira agrícola que avançava naquela direção nosúltimos anos do século XVIII. O projeto de fabricação de canoas, utilizandoas árvores que existiam ao longo do Piracicaba, que desde a fundação oficialda cidade (1767) gerava riquezas e dava retaguarda para o Forte Iguatemi,na fronteira do Paraguai, havia sucumbido.

As primeiras ruas começaram a ser delineadas em 1784. O terreno que ocapitão-povoador Antônio Corrêa Barbosa havia adquirido da sesmaria deFelipe Cardoso, para torná-lo rocio da freguesia, ficava entre o rio Piracicabae o ribeirão Itapeva. Segundo o historiador Guilherme Vitti, do InstitutoHistórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP), estudos mostram que neleforam demarcados o pátio para a construção da matriz, duas ruas e duastravessas, nas quais os habitantes ergueriam suas moradas.

O primeiro arruamento, propriamente dito, esboçado em 1808, consistiaem ruas, pátio da igreja e praça destinada para cadeia. O simples desenhojá revelava a preocupação com o sítio urbano. Eram cinco ruas e cincotravessas que terminavam em terrenos que circundavam a área, mas apenasuma delas chegava até o rio: a estrada do Picadão do Mato Grosso (hojerua Moraes Barros), também conhecida como Caminho do Oeste. Por eleera feito o escoamento da produção da região - chá, café, algodão, açúcare milho – no final do século XVIII e início do século XIX. A carga eralevada em carroções de boi e lombo de animais até Itu e Porto Feliz e, delá, para São Paulo e Santos.

A terra roxa e fértil era um atrativo para os agricultores e proprietáriosde engenhos. Iniciou-se a cultura da cana-de-açúcar e do chá e, por volta de1850, chega o café. Surgiram as grandes fazendas. Em 1816, a Freguesia dePiracicaba (desde 1774) somava dois mil habitantes, 18 engenhos, sendo 14de açúcar, quatro de aguardente e muitas terras cultivadas.

Em 1822, Piracicaba era elevada à categoria Vila, sendo denominada deVila Nova da Constituição. Deu-se também a eleição da primeira Câmara deVereadores. A planta da cidade daquele ano não difere do projeto pioneiro,de 1808, com exceção feita a detalhes, como prédios, objetos e símbolos.Com a colaboração do projetista Menotti Lucchesi, no bicentenário dePiracicaba, o historiador Guilherme Vitti montou uma maquete na qual seidentificam a matriz, o pelourinho - símbolo da independência administrativa -,a rua, que mais tarde viria a ser rua do Commercio (João Pessoa e atualGovernador Pedro de Toledo), e as fazendas das sesmarias ao redor.

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Vila Nova crescia, empurrando as propriedades para mais longe. Osnúmeros da economia, referentes a 1837, revelam um lugarejo em plenodesenvolvimento, com uma produção de 115.600 arrobas de açúcar e 17.078canadas (antiga unidade de medida de capacidade de líquidos equivalente aquatro quartilhos, ou seja, 2.622 litros – Aurélio - p. 331) de aguardente,além de café, arroz, feijão, milho, fumo, algodão, porcos e gado. O excedenteera exportado para outras localidades.

A elite da Vila Nova da Constituição era formada pelo Juiz Municipal,Promotor, Juiz de Paz, pelo Juiz de Órfãos, por 155 jurados, um advogado,um tabelião, um escrivão, um vigário, um coletor, 93 comerciantes e 395pessoas que sabiam ler e escrever (Manual de História Piracicabana, 1966).

Em 1843, o lugar já contava com o prédio da Câmara Municipal. Emconsequência do crescimento da Vila, foram elaboradas algumas leis paradisciplinar a convivência dos moradores. “O trânsito das tropas e boiadaspelas ruas principais teve de ser regulamentado, ninguém podia falar palavrõesem voz alta em lugares públicos e particulares, os proprietários de prédioseram obrigados a limpar e consertar as frentes nas ruas e os negociantes quefalseassem os pesos eram penalizados com multas que variavam de 6 a 12mil réis, perda dos gêneros ou prisão de oito dias”, segundo Guilherme Vitti.

A população, diz o historiador, divertia-se frequentando quermesses eassistindo a apresentações de teatro em um rancho construído ao lado dosobradão da Câmara, que abrigava também a Guarda Civil e a cadeia. Emum coreto, localizado próximo ao salto, a banda de música animava senhorase cavalheiros ao cair da tarde. No início de 1883, a Gazeta cobrava dosvereadores a colocação de bancos e a arborização do local. Nessa época, ojornal anunciava a realização de “corrida” de touros em Itu, Capivari ePiracicaba: “Os emprezarios tem a honra de apresentar ao ilustrado publicode Piracicaba, uma boiada escolhida ao capricho na fazenda do exmo. Sr.Visconde do Pinhal, tendo contratado os muitos conhecidos artistas que tantosapplausos receberão nesta cidade”.

Vapores transportavam mercadoriasDesde o começo, a povoação era frequentada pelos sertanejos que

chegavam pelo rio. Vinham de Paranaíba, Botucatu, Jaú e Lençóis e traziamseus gêneros. O historiador Guilherme Vitti ressalta que, na verdade, ocomércio da povoação, quando ainda situava-se à margem direita, foifavorecido indiretamente com o desenvolvimento de Porto Feliz no rio Tietê,ponto de passageiros e cargas para a capitania de Mato Grosso. O transportefluvial era alternativa à má situação das estradas. Pelo caminho das águas

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O Picadão do Mato Grosso

A rua Moraes Barros, a mais antiga de Piracicaba, jáfoi chamada de “Ladeira do Picadão” por terconstituído o caminho terrestre para um centrode mineração localizado em Cuiabá (MatoGrosso). Esse caminho também atravessava ossertões dos rios Tietê e Capivari e foi idealizadopor Rodrigo de Menezes, que, em 1721, chegouao Estado do Brasil para governar a capitania deSão Paulo. Sua incumbência era a abertura decaminhos coloniais. O caminho foi completadoem 1724 e colaborou para que o porto doPiracicaba se tornasse essencial para otransporte, abastecimento de comboios,hospedagem e todo tipo de assistência aosviajantes. (Marly Therezinha Germano Perecin -revista do IHGP - ano III, nº 3, 1994)

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escoavam também a cana e o açúcar dos engenhos.Todos os dias, os moradores ouviam o silvar alegre das “macchinas” no

rio. Chegavam mercadorias e passageiros. Em janeiro de 1886, por exemplo,a Gazeta de Piracicaba anunciava “o animado movimento de cinco vapores,os quais quatro chegaram de Lençóis...”.

Em 1873, criou-se a Companhia de Navegação Fluvial, que fazia otrânsito de passageiros e mercadorias pelas águas do Piracicaba. A cidadefoi a segunda do Brasil a ter navegação oficializada pelo governo. Umaoutra notícia importante foi a chegada do vaporzinho “Explorador”, com oobjetivo de regularizar o transporte que era interrompido na época de seca.Deu-se o início à navegação comercial pelo rio Piracicaba. Sob protesto, anavegabilidade foi interrompida no início do século XX, retomada mais tarde,para acabar de vez na década de 50.

Em 1877, o impulso ao desenvolvimento social e econômico da regiãochegava pelos trilhos da Companhia Ituana de Estrada de Ferro. No dia 20de fevereiro daquele ano, a cidade parou para acompanhar a chegada daprimeira locomotiva, que marcou a inauguração da estação instalada ondehoje fica a Escola Estadual Dr. Alfredo Cardoso, no Bairro Alto. Em janeirode 1885, a estação foi transferida para a avenida Armando de Salles Oliveira.

Em 1922, acontecia a inauguração da Estação da Companhia Paulista,“ligando Piracicaba aos caminhos do comércio”. A professora Eliana Terci,da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), e apesquisadora colaboradora do Departamento de História da Unicamp, MariaBeatriz Bilac, afirmam que a Ituana já era considerada ultrapassada para ospadrões modernos alcançados pela cidade, que reclamava da má administração,atrasos constantes e greves dos funcionários da Cia. Ituana.

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ATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEPara incrementar a

logística do transporte dasriquezas piracicabanas estásendo implementado oprojeto de ampliação danavegabilidade da hidroviaTietê/Paraná, que inclui aconstrução da barragem deSanta Maria e o redesenho dotrecho navegável do rioPiracicaba, atualmente restritoa embarcações de pequenoporte. O consórcio contratadopelo Departamento Hidroviá-rio do Estado de São Paulopara construir a barragem deSanta Maria da Serra iniciouem 2012 os estudos geológicosna área a ser inundada. Aconstrução da barragem e doporto de Ártemis está orçadaem mais de R$ 400 milhões.

A barragem deve ter umdesnível de 13,5 metros. O Departamento Hidroviário calcula que a extensãoda navegação deverá triplicar o volume de cargas que passam pela hidrovia,dos atuais sete milhões de toneladas para 21 milhões de toneladas ao ano. Aconstrução da barragem de Santa Maria da Serra, sonho antigo da região, vaiampliar a navegação da hidrovia Tietê-Paraná em 55 Km até o distrito deÁrtemis.

O Porto de Piracicaba

O porto do Rio Piracicaba,estabelecido ao pé do salto, erareferência geográfica nos anos de1723, especialmente para osentradistas vindos de Itu, que seutilizavam dos caminhos fluviais dosrios Tietê e Paraná.Marly Therezinha Perecin, no texto“Boca de Sertão: o Porto, a Paragem,a Sesmaria, a Povoação (1723-1767)” (Revista do IHGP - ano III, nº3, 1994), afirma que o porto era“considerado um marco nas rotas depenetração aos Morros de Araraquara(São Pedro) onde a tradiçãobandeirante dizia existir ouro”.

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Movimento do comércio atesta o progressoVinte e quatro de abril de 1856. Piracicaba é elevada à categoria de

cidade por lei provincial. Não houve festa nem fogos. Dois anos depois,foi criada a Comarca. Até 1877, a cidade denominava-se Constituição, oque não agradava a população. Por iniciativa de Prudente de Moraes, entãovereador, é restituído o nome – Piracicaba, que na língua indígena significalugar onde o peixe para. Desta vez, o povo comemorou.

A nova cidade tinha nove mil habitantes, sendo cinco mil escravos, e1.600 casas. No município (zonas rural e urbana) somavam 22 mil pessoas.“A preocupação central da edilidade residia na comercialização da produçãolocal com outras localidades, através de construção e melhorias de estradas,da vinda de estrada de ferro e melhoria dos transportes fluviais”. (MarlyTherezinha Germano Perecin - Revista do IHGP).

Após visita em 1860, o Barão Tschudi, ministro suíço, ressaltou aimportância da cidade como entreposto, principalmente do sal, que vindode Santos era distribuído por todas as fazendas e vilas do interior do Estadoe muito usado para a salga dos peixes, apanhados por profissionais da pescanos rios Tietê e Piracicaba.

O ministro citou ainda uma fábrica de cal, perto da embocadura doCorumbataí, como única indústria, quatro grandes fazendas de cana, 29 decafé, seis de chá e quatro de criar. Consta da descrição a localização docemitério no centro da cidade, na atual praça Tibiriçá, as péssimas condiçõesdo teatro, a largura das ruas, a simetria das praças, a solidez e beleza dealgumas casas, estranhando, contudo, que a população se servisse de águado rio (Guilherme Vitti – Manual de História Piracicabana).

A água era transportada do rio Piracicaba em carroças para ser vendidaaos moradores, situação regularizada em 1887. A cidade comemorou combaile a inauguração do serviço de abastecimento de água. A praça foi tomadapelos moradores que viram, pela primeira vez, a água jorrar a uma altura de12 metros no chafariz em frente à matriz.

Desde 1883 o lixo era recolhido regularmente por carrocinhas, mesmoaos domingos e dias santos. Em 1893, graças ao pioneirismo de Luiz deQueiroz, a luz fraca dos lampiões alimentados com querosene, implantadaem 1874, começava a se apagar de vez com a inauguração oficial da iluminaçãopública, com 120 lâmpadas sendo acesas. Ele também foi pioneiro ao instalaro telefone na cidade. Em 1898, teve início o serviço de esgoto. Ainda nosanos 80 e 90, surgiam as entidades representativas dos imigrantes italianos,espanhóis, portugueses e árabes.

Artigo publicado na Gazeta de Piracicaba, em 20 de outubro de 1882,

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fazia referência ao progresso local: “Marchamos progressivamente, não háduvida, e isto attesta-o o movimento de nosso commercio, osemprehendimentos postos em pratica ultimamente, e constante entrada depessoas de fora, que vêm engrossar nossas fileiras”. Piracicaba gozava,segundo o mesmo jornal dois meses depois, da denominação de “adiantada”,sendo classificada como “a terceira da província, por seu desenvolvimentoconstante e animador...”

Mas as ruas de terra batida irritavam moradores e visitantes. Na épocade seca o pó era tanto que um visitante fluminense escreveu, em 1886:“Piracicaba, como todas as cidades assentes em chão de terra roxa, é detristonho aspecto, devido isso a cor dominante de roxo-terra, que não sóassombra todos os objectos exteriores, mas intromette-se pelas casas, pelosmoveis, dando-lhes a nuance terrena que tão desagradavelmente impressionaos forasteiros visitantes” (Gazeta de Piracicaba – 22/5).

No ano seguinte, as ruas começaram a receber pedregulhos.

Ares de provínciaNos anos 80, do século XIX, a dobradinha cana-café impulsionava o

desenvolvimento de Piracicaba, que aos poucos perdia o jeitão de boca do

Piracicabacomemorou ainauguração dochafariz napraça central

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ClubPiracicabano,lugar deencontroda elite

sertão para ganhar ares de núcleo urbano. O númerode residências aumentava, a praça da matriz recebiaajardinamento, a cidade ganhava um coreto e era feitoo primeiro calçamento da cidade, na rua da Quitanda,(hoje, 15 de Novembro). A elite passava a contar como Club Piracicabano, que deu origem ao fidalgoCoronel Barbosa, e as novidades tecnológicas ficavam por conta da instalaçãode 21 telefones públicos na cidade.

As casas e ruas começaram a ser identificadas com placas. Os nomeseram ligados ao cotidiano: da Praia (Rua do Porto), do Sabão (Antonio CorreaBarbosa), da Palma (rua Tiradentes), da Matriz (rua Boa Morte), das Flores(13 de Maio), da Quitanda (15 de Novembro) e da Estrada para Mato Grosso(Moraes Barros).

As lojas se concentravam principalmente na rua Commercio (hoje, aGovernador Pedro de Toledo), que no século XX foi símbolo de status aoabrigar o comércio mais elegante de Piracicaba. Na antiga rua ficavam, entreoutras, a Loja do Sol, com seus “preços moderados” - anunciada como oestabelecimento mais antigo da cidade -; À Porta Larga, sempre com“explendorosas novidades”; Casa do Gottlob, com “preços commodos”;Casas do Eugenio Rozo, que desejava “vender muito, porem só a dinheiro”;e outras, como Dois Martelos, Duas Ancoras, Alfaiate a Tesoura D’Ouro, aThezoura Sem Rival e a Casa Krähenbühl, que, no final do século XIX,anunciava o atendimento da clientela por “operarios habilissimos”. A oficinaconstruía carros, troles e carroças.

Na Loja dos Lavradores, à rua do Commercio, esquina com a rua da

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Quitanda (15 de Novembro), encontravam-se chapéus, miudezas dearmarinhos e calçados. A poucos quarteirões dali, na rua dos Pescadores(Prudente de Moraes), no Largo São Benedito, ficava a Loja da Gaiola, que,contrário do que possa sugerir o nome, vendia “casemiros de cores, chitas,lãns, colchas de malha, toalhas felpudas, flanellas, sabonetes em barra,chinellos charlot e brinquedos para crianças”.

Na rua Direita (Moraes Barros) ficava Ao Rei dos Barateiros, quedominava a praça no final do século XIX e início do século XX, mantendoo estoque de fazendas, louças, ferramentas, calçados continuamenterenovados, e na rua dos Pescadores, a Loja do Carlos, de Carlos Aguiar, jáfalava em pechincha dos preços.

Na alfaiataria Ao Chic Piracicabano, de Manoel dos Santos, no Largo doJardim, os fregueses podiam ter as últimas novidades em tecidos importadostrazidos do Rio de Janeiro e até comprar coroas para finados. O anúncio, noAlmanaque de 1900, lista os produtos, revelando o que ditava a moda: “...casemirois inglezas de varias côres, diagonaes francezes e inglezes, tudo depura lã, (o que há de chic); córtes de fustão para colletes, puro linho, (mimosospadrões); explendido sortimento de brins de linho e algodão; infinidade decamisas de linho, brancas e de cores: ditas de meias; suspensórios para homens,punhos e collarinhos de linho; lenços de seda, brancos e de côres; magníficosortimento de chapéus pretos e de cores, para homens; gravatas de plaston,regatas, laços, etc. Sortimento completo de chapéus de palha para senhoras emeninas, enfeitados a gosto do freguês; corôas para finados e para anjos, grinaldaspara noivas, fitas roxas, lettras douradas para dísticos em coroas...”

A padaria Nova América, de Jacob Bruner Filho, satisfazia o paladardos consumidores com biscoitos para chá, roscas de ovo e manteiga. Osfregueses tinham a comodidade de receber os produtos em casa, por meiodos quatro carrinhos que Bruner Filho mantinha circulando pela cidade. Apadaria vendia ainda velas, especiarias e açúcar refinado.

Para acabar com as “violentas” dores de ouvido ou de dentes nada melhordo que as “Gottas verdes”, que integravam a lista dos “Preparados Chaves”,na Pharmacia Central, à rua Direita (rua Moraes Barros), próximo ao Jardim.O “Xarope peitoral” era recomendado como “calmante e expecctorante de proveitoincontestavel nas tosses simples, bronchites agudas e chronicas, rouquidão,accessos asthmaticos etc.” e o “Collyrio amarello” era soberano “na cura deophtalmia ou conjunctivite catarrhal (vulgarmente dor d’olhos)”. As mulheresinteressadas em branquear o rosto e extinguir espinhas e sardas encontravam asolução na “Água de Beleza” vendida no Salão Commercial, à rua Direita.

O movimento comercial e industrial, em 1885, era bastante ativo com

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23 lojas de fazendas, calçados e armarinhos, 170 armazéns de secos emolhados, cinco restaurantes e botequins, sete açougues, duas tipografias,uma confeitaria, três padarias, seis farmácias, uma refinadora de açúcar, oitosapatarias, três lojas de couros e arreios, uma chapelaria, cinco fábricas decerveja, três fábricas de torrar café e descascar arroz, uma fábrica de tecido,um engenho central e uma fábrica de louça de barro. (Almanaque de 1900).

A imprensa cobrava a instalação de um gabinete de leitura, a reconstruçãodo edifício da cadeia, o conserto do chafariz no córrego Itapeva, à rua Direita,e as construções de um matadouro em local apropriado e de um mercadomunicipal. Até então, os comerciantes contavam com “as casinhas”construídas em 1858, destinadas à venda da produção agrícola.

“Em relação ao mercado, os beneficios que lhe advêm augmentandosem dúvida a importação, em vista da facilidade e ordem estabelecidas paraa venda das mercadorias, demonstrando a differença no movimentocommercial”. (Gazeta de Piracicaba - 22 de setembro de 1882).

Os produtores efetuavam a venda de seus gêneros na praça, nãooferecendo aos compradores a vantagem da estabilidade de preços, queresultaria o mercado.

“Aquelles que trazem as producções de sua lavoura para a cidade,estacionam em quartos situados em diversos pontos, effectuam ahi as vendasque podem, e outros sahem pelas ruas offerecendo os gêneros de casa emcasa, vendendo-os pelo maior preço que na occasião alcançam”.

O mercado era tido como um símbolo de progresso de uma localidade,um termômetro das atividades comerciais. “O mercado é expressão viva ecaracterística do movimento da industria e do commercio, e, portanto, umdos elementos de progresso material e moral das cidades populosas em quea concorrência de nossas habilidades faz augmentar de dia em dia”. (Gazeta12/08/1882). Apenas quatro anos depois, em janeiro de 1886, a Câmara deVereadores se sensibilizava e aprovava a construção do Mercado Municipal,inaugurado em julho de 1888.

No início do século XX, todos os produtos originários de sítios eramlevados para o Mercado Municipal para vistoria e liberação, antes de seremcomercializados. A determinação constava em lei e o aval para as vendasvalia apenas para um dia. A única exceção era para os gêneros produzidosdestinados à exportação, que poderiam ser entregues diretamente na estaçãode trens (Memorial de Piracicaba – julho/2002).

A administração do Mercado publicava na imprensa a tabela de preçodos produtos comercializados.

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Transporte da carne verde

“...acham-se desde 1º de outubro trabalhando comperfeita regularidade, dois auto-caminhões “Federal”com capacidade de transporte para 2 a 2 ½ toneladas,montados com carrosserias apropriadas para 12 a 15rezes, toda forrada com chapa de ferro galvanisado. Opessoal necessario ao serviço é diminuto: além dochauffeur, cada vehiculo tem um carregador, vestido decapa impermeável, gastando-se apenas duas horas paraa carga e descarga de carne a ser distrubuida aos 32açougues da cidade.” (Jornal de Piracicaba 11/01/1930)Antes dos veículos, o transporte de carne verde emPiracicaba era feito por meio de grandes carroções,puxados por quatro a seis animais, conforme exigiamas condições de conservação da estrada, já que oMatadouro ficava a dois quilômetros do perímetrourbano. A distribuição era morosa e a parte higiênicadeixava muito a desejar.

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FarmáciaCoraçãode Maria

Caminhão detransportede massas

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MercadoMunicipal,inaugurado emjulho de 1888

Mercado é pura históriaPor muita insistência, o vereador Manoel de

Moraes Barros conseguiu fazer com que a CâmaraMunicipal aprovasse indicação para “a construção de um Mercado Públicoem que se reúnam, com vantagem recíproca, todos os vendedores e oscompradores de gêneros alimentícios”.

A localização inicial seria o chamado Largo do Gavião (praça daPinacoteca), mas a necessidade de desapropriar e aterrar o terreno depropriedade particular aumentaria o custo da obra. Optou-se, então, pelaárea localizada na rua do Commercio (Governador Pedro de Toledo) com arua Esperança (Dom Pedro I).

O responsável pela construção do prédio foi o engenheiro MiguelAsmussen, que o entregou pronto em março de 1887, mas o Mercado sópoderia ser aberto ao público após a regulamentação ser aprovada pelaAssembleia Provincial. Em maio, Prudente de Moraes apresentou à Câmarao regulamento e a inauguração deu-se em 5 de julho de 1888, sem solenidade.

Para o coordenador do Banco de Dados Socioeconômicos da Unimep(Universidade Metodista de Piracicaba), Francisco Constantino Crocomo, aorganização da comercialização de hortifrutigranjeiros em Piracicaba começaa ser delimitada historicamente na fundação do Mercado. Entende-se por

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organização a concentração e arrumação disciplinada dos produtos, em localestratégico, não espalhado pela cidade. Até então, aponta o professor, asprincipais vias da cidade - rua da Palma (Tiradentes) e rua dos Pescadores(Prudente de Moraes) - eram as preferidas dos sitiantes, que levavam suasmercadorias nos lombos dos burros para comercialização.

Havia também transações de porta em porta, uma espécie de mascateação,considerado um sistema primitivo, sem estabilidade dos preços. Os problemasconstatados na época eram a falta de higiene na manipulação dos produtos,monopólio de alguns produtores e fluxo de comerciantes que causavatranstornos à circulação nas ruas.

O Mercado passou a funcionar como centralizador das atividades deabastecimento e comercialização. As feiras livres, apesar de regulamentadasem 1923, só começaram a funcionar em 1957, o que fez do Mercado essencialno varejo, por anos seguidos.

As vendas no atacado - que abasteciam as próprias feiras e quitandas dacidade - só deixaram de ser feitas no local em 1974, quando a Prefeituramontou um entreposto municipal em Santa Teresinha (bairro localizado acerca de oito quilômetros do Centro) para minorar o movimento intenso decaminhões da praça em frente ao Mercado.

Em 1982, o poder público local implantou sistema de varejões e, trêsanos após, foi criado o Ceasa (Centro de Abastecimento S/A), que por muitotempo se ressentiu da atividade de atravessadores que continuavamcomercializando produtos em frente ao Mercado.

“Com o crescente movimento comercial, o Largo do Mercado se tornouum atraente entreposto de mercadorias de primeira necessidade, facilitandoa presença de intermediários que exploravam os produtores sob a desculpade que permitiam que eles se livrassem das mercadorias bem cedo e voltassemaos seus penates, para continuar sua jornada de trabalho”, salienta MariaThereza Miguel Peres, professora de Economia da Faculdade de Gestão eNegócios da Unimep. Ela observa que os animais que circulavam livrementepela cidade incomodavam mesmo no final dos anos 50 e que na área doMercado havia estrume por toda parte.

ATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEO Mercado Municipal de Piracicaba é considerado referência histórica

por ser um dos mais antigos do Estado de São Paulo. O prédio do Mercadão,como é chamado, foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Culturalde Piracicaba (Codepac), em 1987, como Patrimônio Cultural. Alguns dosboxes são, há décadas, administrados pelas mesmas famílias, passados de

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geração para geração. Lá, o tradicional e o moderno se harmonizam.O Mercadão, que completou em julho 125 anos, vem sofrendo uma série

de intervenções que tem garantido a ampliação e a modernização para atenderà exigência dos clientes. São 152 boxes, 62 permissionários que oferecemverduras, frutas, massas, doces, condimentos, carnes, peixes e frios, materialde pesca, utensílios, flores, artesanato, entre outros produtos. Além de produtosde boa qualidade, no Mercadão pode-se saborear um bom café, acompanhadode pão de queijo, salgados, pastéis. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 6 às 17h30, aos sábados, das 6 às 13 horas, e aos domingos, das 6às 12 horas. O mercado está localizado na praça Alfredo Cardoso, à ruaGovernador Pedro de Toledo, 1.336.

A dinâmica do comércioPiracicaba chega ao século XX como berço das principais figuras

republicanas do país, entre elas o primeiro presidente civil, Prudente deMoraes, o senador Moraes Barros e o administrador público Paulo de MoraesBarros. Com a abolição da escravatura (1888) e a Proclamação da República(1889), a cidade passa por um processo de modernização intenso, resultandona diversificação e crescimento das atividades comerciais.

Os republicanos disciplinam o espaço urbano, instituindo o passeiopúblico. Até então caminhavam pelas ruas os escravos que vendiam quitutes,aqueles que haviam fugido e ficavam vadiando de um lado para outro, epessoas pobres. A República inaugura a cidade moderna. A rua não deveriaser mais um lugar de aglomeração e de vendas, e sim de passagem, umcartão de visita. A ordem era modernizar. “Tornar o Brasil modernosignificava romper com o atraso, a doença, a epidemia, a vadiagem, aignorância, as tradições, enfim, adotar os modos de vida e costumeseuropeus”, observa a professora Eliana Terci.

A concepção do novo é colocada em Piracicaba pelos Moraes Barros, quepassam a nortear ações disciplinadoras e saneadoras. As consequências dessaonda modernizante, segundo Eliana, podiam ser evidenciadas na alteraçãototal da paisagem urbana, principalmente nos grandes centros. Casarões foramdemolidos, população pobre e mendigos foram expulsos das ruas e das praçascentrais. “A mendicância nas ruas estava estreitamente relacionada ao processode formação do mercado de trabalho e à urbanização crescente que atraía apopulação pobre para as cidades em busca de melhores oportunidades”(Piracicaba – De Centro Policultor a Centro Canavieiro – 1930-1950).

Convulsionada pelas novas ideias, Piracicaba vai se tornando polode atração. A partir de 1915, o centro urbano já tinha dinâmica própria,

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Luto pela morte do presidente

O comércio de Piracicaba não abriu as portas no dia 3 dedezembro de 1902. A cidade amanheceu de luto pela morte dePrudente de Moraes Barros, primeiro presidente civil da República.Prudente faleceu a uma hora da madrugada e a notícia se espalhourapidamente. As bandeiras foram hasteadas a meio pau nasSociedades e em muitas casas comerciais.As ruas ficaram vazias. Uma multidão se aglomerava em frente aocasarão da Santo Antonio (hoje Museu Histórico), onde Prudenteresidia. O Jornal de Piracicaba descreveu: “Só via aqui, ali, gruposde homens que lastimavam o fato”. Milhares de pessoasacompanharam o cortejo até a Matriz e dali para o cemitério daSaudade, debaixo de muita chuva.Uma semana depois, a cidade parou novamente para homenageara memória do ex-presidente. Representantes de várias entidadesde Piracicaba e região, Senado da Câmara e do Tribunal de Justiça,prefeitos, estudantes, comerciantes, industriais, advogados eoutros profissionais participaram do cortejo que saiu da matriz emdireção ao jazigo da família Moraes Barros. “Todos osestabelecimentos nas ruas por onde passou a romaria tinham asportas cerradas e os postes electricos, de lampadas accesas,estavam envoltos em crepes” – descreveu a Gazeta de Piracicaba.No dia 19 de janeiro de 1903, Piracicaba participa de um novocortejo. Desta vez, a homenagem é para o senador Moraes Barros,irmão de Prudente que havia falecido um mês antes. Além daromaria ao cemitério da Saudade, houve missa e sessão cívica.

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com prestações de serviços e de lazer implementadas pelos imigrantesque não se adaptavam na lavoura e se incorporaram à vida urbana, dandonovo impulso ao comércio com barbearias, confeitarias, farmácias,restaurantes, marcenarias, carpintarias, tabacarias, bares e padarias. Acidade ganha ar cosmopolita.

A força dos imigrantesOs imigrantes imprimiram suas marcas no comércio e indústria de

Piracicaba, introduzindo novos hábitos, costumes e padrões alimentares. Nabagagem, eles traziam otimismo e o jeito europeu de fazer as coisas.

Eles atuaram em vários ramos de atividades. Os judeus, no comércio demóveis e tapeçarias; os italianos, nas mercearias, pastifícios e panificadoras,mas também no comércio de ferragens e comércio de aguardente; enquantoos portugueses e os espanhóis, segundo texto do memorista WaldemarIglesias Fernandes, comercializavam frutas, hortaliças, ovos e frangos.

“Notáveis os ibéricos, precedendo dos japoneses, só chegados ao Brasilem 1908. Eles penderam muito para as lavanderias, enquanto os chinesesforam para as pastelarias e restaurantes”, observa Fernandes. Os sírioslibaneses dedicavam-se ao comércio de tecidos e armarinhos, “constituindo-se, nos anos 30 e 40, na grande força da rua do Commercio”.

Os alemães, de acordo com o texto “Rua do Commercio” (TribunaPiracicabana 5/7/1978), de João Chiarini, comercializavam da rua 15 de Novembropara o Mercado. Lá ficavam Mutschelle (selaria), Wolghemut (chapelaria erelojoaria) e Müller (ferragens), mas publicidades da época apontavam a presençade alemães e franceses também no ramo de padarias e confeitarias.

A primeira referência sobre a chegada dos alemães em Piracicaba é de1853, com os médicos Hermann Kupper e Hermann Melchet. Mais tarde, osStipp se fixaram na povoação, abrindo uma venda em 1885.

Vieram ainda os Vollet, Ritter, Diehl, Fischer, Schmidt, Graner,Krähenbühl, entre outros. Chegaram também os suíços franceses (Martin,Gobeth e Gerdes), os italianos, espanhóis, portugueses, judeus, sírios elibaneses, turcos, japoneses.

A partir de 1888, as notícias sobre a imigração eram mais frequentes. Emfevereiro daquele ano, a imprensa anunciava a chegada de quatro famílias deitalianos, compostas por 18 pessoas. Até aquele mês, Piracicaba tinha recebido1.600 imigrantes (Gazeta de Piracicaba). Faltavam braços para o trabalho nalavoura. “Precisa-se de trabalhadores na fazenda de café do coronel CarlosBotelho”, dizia o anúncio. Criou-se a hospedaria italiana especializada ematender imigrantes, já que muitas fazendas não tinham casas de colonos.

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Em 1889, a cidade já contava com farmácias,confeitarias, relojoarias, cafés, alfaiatarias, fábricasde calçados, chapelaria, oficina de serralheiro,linguiçaria, fábrica de sabão, fábrica de massa -que anunciava a venda a quilo ou em caixa -,fábricas de cerveja. E também máquinas debeneficiar arroz, torrar café e secadora de grãos.Os estabelecimentos misturavam-se às residências,aos hotéis, restaurantes e bares, principalmente nasruas do Commercio (Governador), da Direita(Moraes Barros), dos Pescadores (Prudente deMoraes), da Constituição (Alferes José Caetano),da Palma (Tiradentes), Largo do Theatro, Largo daMatriz e Largo de S. Benedito.

Crescia o número de armazéns de secos emolhados, nos quais a população encontravaalimentação, tecidos, produtos agrícolas epequenas ferramentas. Os estabelecimentosvendiam produtos variados, a exemplo da ÁNapolitana, de Geraldo Lopes dos Santos, ondese comercializava “musicas, instrumentos,brinquedos, livros, tintas, armas de fogo e papel”.A padaria Francesa anunciava uma novidade: a venda de “batatinhas brotadaspara plantação”.

DOCES CASEIROS - Jacques Wolf abriu em sua casa à rua dosPescadores, um negócio de venda de doces caseiros: “Doces para chá,sobremesa em caldas, fructas crystalizadas para presentes, assados, e asafamadas empadas de galinha e camarões” -, conforme anúncio na Gazetade Piracicaba, em 16 de janeiro de 1889. A casa de Wolf tinha o perfil dasrotisserias de hoje e recebia encomendas para festas. “Aceita-se encommendaspara soirées, baptisados e casamentos”. “Preparam-se assados de toda aqualidade, com asseio e promptidão”. O proprietário observava que no preparodos doces não substituía “os ovos pelo carbonato de ammoniaco”.

Um ano depois, Wolf abriu um restaurante em sua casa. Recebiapensionistas e enviava comida a casas particulares, fazendo o serviço depronta entrega, como atualmente. Negócio próspero. No mesmo ano,inaugurou uma confeitaria no Largo do Theatro. Ele era o único“depositário” da cerveja Antarctica na cidade.

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Entre as lojas de tecidos e armarinhos, destacavam-se no período de1887 a 1899: A Loja do Sol, da Gaiola, do Veado, da Lealdade, Au BomMarché, Empório das Novidades, dos Lavradores e do Moraes, Casa deModas Elegantes, do Barateiro, Notre Dame e A Porta Larga - a única queresistiu ao tempo, cruzou o século. Foi fechada em 2006.

A partir de 1884, os comerciantes começaram a anunciar pelo jornal avenda somente à vista e cobravam os devedores, a exemplo de Candido daCunha Nepomuceno, que publicou na Gazeta de Piracicaba: “O abaixo-assinado, proprietário do Chalet Victorio, roga a todos os senhores que lhesão devedores o obséquio de mandarem quanto antes saldar suas contas,pelo que desde já agradece”.

Quatro anos depois, Francisco Arieta é mais enfático ao cobrar a freguesia.Com o título “Liquidação forçada”, a nota dizia: “O abaixo assinado pedeaos seus devedores para Piracicaba: virem saldar sua conta no praso de 30dias, integralmente, e avisa-os que no final d’esse tempo, contra os que nãoo attenderem ver-se-á obrigado a proceder judicialmente, suspendendodesde já as contas, vendas a praso, sem excepção de pessoa alguma”.

As liquidações eram feitas por 30 dias. No final dos anos 90, algumaslojas liquidaram o estoque para fechar o estabelecimento. Motivos: problemasde saúde, entrega do imóvel ao proprietário ou por que o comerciante estavadeixando a cidade, como Leopoldo Lagreca, que viajaria para a Itália. ACasa da Lealdade associou o pavor e o pânico pelo fim do mundo na viradado século com uma liquidação, em 1898: “Visite a Loja da Lealdade eencontrareis a verdade”. Na porta, mantinha uma bandeira vermelha. No anoseguinte, em outro anúncio, comunicava: “A Loja da Lealdade tendo que seacabar, como tudo, na rua 15 de Novembro, resolveu fazê-lo antes do fim”.

OUTROS SETORES – Em 1894, a Casa Comercial de Cruzeiro do Suloferecia uma série de serviços à população, como compra e venda de imóveis,móveis, fazendas, sítios e fazia cobranças “amigáveis”. No setor empresarialestavam estabelecidos: Fábrica de Chapéus, de Henrique Wolghemut (rua 13de Maio); Moderna Serraria Santa Rita, de Mendes & Comp. (rua da Glóriaesquina com a Ypiranga); Fábrica de Fogos de Artifícios, de Gaspare Greco(rua 15 de Novembro); Fábrica de Confeti Nacionais (rua do Commercio,111); Fábrica de Malas, de Luiz Bion, (rua da Glória); Fábrica de Carros eOficina Mecânica, de João Krähenbühl & Irmão (rua do Commercio, 103);Fábrica de Massas, de João Dati (rua Prudente de Moraes); Granja, Salles &Comp; Serra a Vapor, de Jacob e Bento Diehl; Fábrica de Gelo; Fábrica deMoveis a Vapor, de Bertholdo Graner (rua Prudente de Moraes); La Saison

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(oficina de costura); Oficina de Marceneiros eCarpinteiros, de Claes & Com. (rua da Palma, esquina

com a São José); Olaria Espanhola, na Rua do Porto.A partir de 1895 surgem novos profissionais: pedreiro, carpinteiro,

serralheiro, tintureiro e ferreiro. E são observados os anúncios de advogados,cobradores, casas de empréstimos, comissários, fotógrafos, dentistas,médicos, engenheiros civis, agrimensor, pessoas se oferecendo para vendero imóvel de outro (corretores) e professores de música e piano.

Essas eram as características da sociedade piracicabana depois de umséculo de existência.

Wolghemut(chapelaria),na antigarua doCommercio

Comerciantes criam a guarda-noturna

Desde o século 19, os comerciantes preocupavam-se com asegurança. Tanto que, em fevereiro de 1900, segundo o historiadorNoedi Monteiro, organizaram a guarda noturna para vigiar as ruascentrais da cidade. Manoel Gonçalves Lima, Pedro de Camargo (AsDuas Ancoras), João Batista de Camargo (A Porta Larga - 1887),Domingos A. de Carvalho, Pinto de Almeida (Loja do Sol -1851), eJoão de Brito & Filhos, comerciantes da Rua do Commercio,transformavam-se em vigilantes, fazendo revezamento à noite. Aindade acordo com o historiador, em 1938, surge o Corpo de VigilantesNoturnos de Piracicaba, transformado em Guarda Municipal emjaneiro de 1969.

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O bonde e os chapéus

Artigo publicado no Jornal de Piracicaba em 9 de fevereiro de 1916, escritopor uma mulher de iniciais LGW, aponta o chapéu como um artigo de luxo ecritica o não uso nos bondes e na cidade. Seguem alguns trechos:“Ora, nós não vamos a qualquer das cidades mais adeantadas do Brasil, quelogo não nos salte agradavelmente a vista o uso do chapéu entre senhoras esenhoritas de todas as edades, até entre as meninas que ainda são botões deflores. No próprio cinema encontramos o attestado vivo indiscutível, dascidades mais cultas do mundo inteiro: é o chapeu a servir de remate ecomplemento indispensável de todo o seu próprio quadro. Não se trataapenas de um artifício fantasia e esquipatico. O chapéu numa senhora bemvestida é do bom tom, em passeio, é necessario como a moldura para umquadro como um capital para uma columna. (...)Entretanto, não sei porque minhas companheiras da elite picacicabanacrearam tamanha ogerisa contra o chapéu feminil! Será por economia? Oargumento traria desde logo a nota cômica do ridículo. (...). Em que é que vãoaugmentar a despeza de um anno mais 3 ou 4 chapéus? (Está claro queincluo até chapeus para meninas)Em que?....Não compensamos taes despezas com a administração dacozinha, da roupa, da dispenza? Não compensamos poupando diariamenteaquillo que um homem não seria capaz de fazer?Bem se vê que não me refiro a um chapeu qualquer, isto é, a uma congene deextravagâncias amontoadas, mas a chapeu moderno, elegante, discreto ecujas cores e combinações não afugentem o espirito de seriedade que seexige, não só em chapeu, mas em tudo mais.Porque só em Piracicaba seremos japonezas?Ora, no Japão, si as mulheres não fazem uso do chapeu, os homens tambémnão o fazem: os hábitos lá são outros. Se a tivessemos de imitar... os banhospúblicos diriam o resto.Não somos japonezas, felizmente, por isso que repugna que só Piracicaba,cidade que vive a fazer praça do seu adeantamento, repilla a instauração deum habito moderníssimo, hygienico, indispensável para belleza da cútis,necessario para a vista do clima em que vivemos, muitíssimo elegante,quando mais não seja, revelador ao menos de bom gosto e de educação.O luxo, disse Guilherme Ferraro, não é prova de decadência moral, aocontrario - é uma das manifestações vivas de progresso. Onde já se viuprogresso sem embellezamento?”

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Porta Larga

A Portalarga foi uma das lojas que venceu o tempo como protagonista dodesenvolvimento do comércio local, consolidando-se como uma dasprincipais lojas de Departamentos de Piracicaba até 2006, quando suasportas foram fechadas.O nome Porta Larga (original) surgiu em fevereiro de 1884, quando Eduardode Paula Carvalho abriu uma sapataria na rua do Commercio (Governador)canto com a rua Direita (Moraes Barros). O anúncio na Gazeta referia-se à lojacomo Lê Grand Pschuttisme. O proprietário trazia as últimas novidades dasmelhores lojas da Corte: calçados e também armarinho, chapéus de sol e“lindíssimos artigos da moda”.Em 10 de fevereiro de 1886, a mensagem era para os foliões: “Brevementechegará um grande sortimento de roupas, máscaras, bisnagas e muitosoutros objectos próprios para o carnaval. Em roupas vem o que foiencontrado na Corte de mais chic e que se alugará por preços os maisrazoáveis possíveis. O proprietário desta casa avisa, portanto, a rapaziada dobom gosto que espere o sortimento que mandar vir, afim de então munir-seda roupa e mais objectos que possa precisar para os folguedos do pandegoDeus Momo.”No final de 1887, Carvalho promove uma grande liquidação na loja. Durantevários dias, anúncios de meia página na Gazeta convidavam o público aaproveitar os preços baixos.No mesmo ano, José Basílio (ou Baptista) de Camargo compra loja e participaseus fregueses que estava mudando seu depósito de secos para o prédioonde ficava a Porta Larga. O anúncio na imprensa comunicava: “Abriu-se ogrande deposito de seccos e molhados, por atacado e a varejo. Exposiçãocompleta de vinhos, cervejas, licores, conservas, doces, kerozene, sal,assucar, carne secca, presunto, salame, banha e formicida”.Em 1895, a loja passa por reforma e o proprietário começa, também, a venderferragens e em 1921, quando foi comprada por Phelippe Zaidan Maluf, com aajuda de Elias Zaidan, Jorge e Hide Maluf, era uma loja de tecido. O novoproprietário, ao longo dos anos, inova o setor, expande o estabelecimento e,com o tempo, a A Porta Larga tornou-se o mais tradicional e elegantemagazine de Piracicaba. Em 2006, encerrou as suas atividades, deixandosaudades a muitas famílias piracicabanas.

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A Porta Largasurgiu emfevereirode 1884 eencerrou asatividadesem 2006

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Mascates encurtavam distânciasSem experiência para lidar com a terra, os sírios e libaneses vieram para

Piracicaba com o firme propósito de se dedicar aos negócios. Estimularamo comércio com as vendas de mercadorias nas ruas, sítios e fazendas. Coma atividade de mascate, encurtaram distância entre as zonas urbana e rural,facilitando a vida de quem morava longe da cidade. Levavam informações,cultura, cartas e até o pão do café da manhã.

A história é contada pelo presidente honorário da Sociedade BeneficenteSírio Libanesa, Elias Salum. “Os mascates entregavam as cartas de amor dosnamorados, que moravam em bairros diferentes e tinham hábito de acertarcasamento”, relembra.

Quando criança, ele acompanhava o pai, Issa Salum, que percorria ossítios vendendo mercadorias. O dia começava muito cedo, por volta das 4horas. Com a carroça carregada de mercadorias, Issa seguia em direção aosbairros Boa Vista, Bela Vista, Batistada, Taquaral e outros. A viagem erademorada, cerca de três horas.

No lento andar da carroça, o pai de Elias aproveitava para lhe ensinarfilosofia, orações e idioma árabes. Orientava-o a ser independente e criativo.Os filhos acompanhavam os pais para anotar na caderneta as compras, umavez que eles não sabiam ler nem escrever.

Além de ser “correio sentimental” dos apaixonados dos sítios, o pai deElias Salum ainda oferecia a casa na cidade para as festas de casamento, debatismo e de crisma dos filhos dos fregueses, e até para se recuperarem dealguma cirurgia, que era realizada na Santa Casa. “Minha casa era oprolongamento da casa deles”, conta. Desta forma, mantinha a fidelidadedos consumidores.

Os mascates faziam a troca de mercadorias, como meias e tecidos porgalinhas e outros produtos, e levavam para a zona rural o saldo não vendidodos estoques das lojas. “A carroça ia e voltava lotada”, conta Salum. Seupai comprava frangos, ovos, cabritos, cabras, galinhas e, na cidade, vendiatudo para Fernando Gutierrez, que, por sua vez, revendia para comerciantesde São Paulo.

CHEGADA – O primeiro grupo de libaneses chegou a Piracicaba em1880. No início do século XX, em uma casa na rua 13 de Maio, é instaladaa Sociedade Síria para amparar os novos patrícios que viriam. “Era um lugaronde eles podiam dizer: estamos na nossa casa”, comenta Elias. Mais tarde,a entidade foi transformada em Sociedade Sírio-Libanesa, com sede, hoje,na rua Governador Pedro de Toledo.

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Em 1919, depois da Grande Guerra, chegavam outros árabes,entusiasmados por virem morar na cidade do primeiro presidente civil daRepública, Prudente de Moraes. Em 1938, Piracicaba recebeu novo grupo.

Os sírios e os libaneses concentravam-se próximo ao Grupo EscolarMoraes Barros. As lojas ficavam nas ruas do Rosário, 13 de Maio, AlferesJosé Caetano, percurso dos ônibus que vinham da zona rural. A saída echegada eram no Largo São Benedito. Eles esperavam os sitiantes desceremdos ônibus e os convenciam a entrar em suas lojas. Quando o trajeto dosônibus foi transferido para a rua Governador Pedro de Toledo, elesacompanharam e se instalaram ao longo daquela rua, com o comércio dearmarinhos e tecidos na Loja Central, Casa da Paz, Casa da Liberdade, Casada Confiança, Casa Vermelha, Casa Espéria, Estrela do Oriente, Loja Ingleza,Loja da Lua.

“Na década de 20, cerca de 60% das lojas eram de árabes”, estima EliasSalum, que escreveu a história da Sociedade ede homens como Zaiden, Jumha, Cury, Hamot,Nassin, Salum e tantos outros que participaramdo desenvolvimento do comércio de Piracicaba.

Primeirosdiretores daSociedadeSírio-Libanesa

Fonte: Almanaque 2000

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Krähenbühl inovou o transporteO sonho de consumo das damas e dos cavalheiros da elite da então Vila

Nova da Constituição, pelos anos de 1870, era possuir uma das carroçasfabricadas pela família Krähenbühl numa oficina localizada na antiga rua doCommercio (Governador Pedro de Toledo), onde também funcionava umcomércio de ferragens, a Casa Krähenbühl.

Os veículos movidos a tração animal eram conhecidos pela elegância,leveza, estabilidade e segurança, item essencial, já que eram comuns asderrapagens nas pedras e atolamentos na lama. Carroças e carros de praça,por exemplo, tinham lanternas a carbureto, com capotas e assentos forradoscom couro russo.

Conhecida como a mais antiga oficina mecânica do Estado, a empresafoi responsável pelos troles, charretes, jardineiras (ônibus puxados poranimais), carros fúnebres e carroções para o comércio e a lavoura.

Representou, ainda, uma importante opção de trabalho, criando mão deobra especializada, especialmente quando se tornou fábrica. Com a PrimeiraGuerra Mundial, a dependência externa acabou diminuindo e o produtotornou-se totalmente nacional. A empresa já estava modernamente divididaem setores: serralheria, estufa para maturação da madeira, seção mecânica,ferraria, fundição para ferro e bronze, carpintaria, marcenaria e pintura, etinha à frente Peter Krähenbühl.

A família teria sido a primeira de origem suíça a morar na cidade,aportando no Brasil em 1854 para fugir das más condições de vida da terranatal e estimulada pelos movimentos de imigração. Peter atravessou a serrade Santos e cortou a Província de São Paulo no lombo de um burro parachegar à região.

Veio para trabalhar na lavoura, para dedicar-se à agricultura, mas ficoudecepcionado com o primitivismo da Vila. Também imigraram seus irmãosSamuel, Christian e Nicolaus, que acabaram se mudando para a região deCampinas. O mais novo, Ulrich, permaneceu na Suíça.

Em Piracicaba, Peter comprou uma área nas proximidades do riachoItapeva e fundou uma pequena oficina de fundição e serralheria, que viria adar origem à fábrica de troles Krähenbühl. Tornou-se amigo de Luiz deQueiroz, com quem discutia ideias abolicionistas.

Em 1882, os filhos mais velhos de Peter, Frederico e João, compraramparte da oficina, passando a administrá-la. Deram um novo impulso aosnegócios, tornando os veículos de tração animal Krähenbühl famosos tambémfora do país. Peter faleceu em 1887, aos 63 anos.

Os trolleys conquistaram medalhas de ouro em exposições europeias

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nas cidades de Roma, Turim e outras, bem comonuma exposição realizada no Rio de Janeiro.“Atravessaram fronteiras e levaram o nome dePiracicaba para além-mar”. (Nizze Krähenbühl Ferraz de Moraes - Jornal dePiracicaba de 11/4/1970). Em 1993, João vendeu a sua parte da oficina parao irmão.

ATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEA Krahenbuhl dos tempos modernos não só aboliu os tremas do

sobrenome da família, mas soube sobreviver aos altos e baixos da economia,modificando seu ramo de atuação. Hoje, a Krahenbuhl S/A Comércio eImportação dedica-se à distribuição de produtos para manutenção industrial,atendendo especialmente empresas do setor sucroalcooleiro. Está instaladana rua Santa Cruz, próxima ao Teatro Municipal Dr. Losso Netto. Naadministração, membros da quinta geração da família.

Trabalhadoresem frente àoficinaKrähenbühl

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No início do século XX,famílias abastadas jáexibiam seus carros

Em cena, os veículos motorizadosTrens, bondes, eletricidade, água encanada, telefones, automóvel.

Piracicaba do início do século XX oferecia conforto aos seus moradores. Obarulho dos motores é incorporado à rotina da cidade a partir de 1910,quando os carros já circulavam pela cidade, segundo a historiadora MarlyTherezinha Perecin. Em 1913, como observa, podiam ser vistas marcas comoRambler, Landaulet, Soower, Jackson, Ford e Motobloc.

Em 1916, a Gazeta de Piracicaba chamava atenção para “o perigo dosautos”, noticiando um “abalroamento” entre dois veículos no cruzamentodas ruas Moraes Barros e Glória. “Ao desviar o carro, para evitar o grandeencontro que seria violento dado á marcha dos dois carros, bateu em umposte telefonico. Nenhum dos choufeurs fez uso da corneta de aviso”.

Os moradores podiam alugar carros nas chamadas “garages” para viajar.A Garage Esperança anunciava a redução de preço das viagens de automóveisde Piracicaba para Limeira e Rio Claro, e a Piracicabana oferecia a linhaautojardineira com 12 lugares, diariamente, entreLimeira e Piracicaba. Victorio Faganello ofereciaviagens até Rio Claro.

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Em 1920, a Ford realizou uma excursão de 8horas e 40 minutos de São Paulo a Piracicaba,passando por Barueri, Pirapora, Itu, Porto Feliz,Boituva, Cerquilho e Tietê. Garages, como aMüller (rua do Commercio) e a Brasil, de Esmeraldo Müller & Cia,anunciavam nos jornais a venda e o aluguel de automóveis.

Em 20 de outubro de 1921, Piracicaba passa a contar com a primeiraagência de veículos: a Ford Piracicaba, de Loprete & Müller, aberta comautorização da Ford Motor Company. Em 1927, Esmeraldo Müller eraproprietário da agência Chevrolet. A cidade, em 1928, tinha 647 veículoscirculando pelas ruas ao lado dos troles e outros carros de tração animal.

Um salto para o final dos anos 30 e década de 40. Surgem os pontos deautomóveis, que atendiam a qualquer hora do dia e da noite. Os números, em1948, indicavam 561 automóveis, 638 caminhões, 531 carroças, três ônibuse seis motocicletas (Memorial de Piracicaba - setembro/2002). Nos anos 50,Piracicaba já contava com as concessionárias Ford, de Gerolamo Ometto;Chevrolet, da família Petrocelli; GMC, de Luciano Guidotti; e AgênciaDodge, de Antonio Schavinatto. Nas ruas rodavam o Dodge, Fago, Jaguare o imponente Buick. Em 1959, no final do governo de JuscelinoKubitschek, a Volkswagen lança o Fusca, que invade as ruas.

Ford, a primeiraagência deveículos emPiracicaba

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ATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEDesde a Ford, primeira agência especializada na venda de carros, em

1921, até os dias atuais, o segmento tem crescido de forma significativa emPiracicaba. O aquecimento do mercado automotivo local pode serverificado pela quantidade de concessionárias. São 50 estabelecimentosque atuam no comércio a varejo e por atacado de veículos automotores,de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais. Trabalhamna área 1.140 pessoas.

Boa parte dessas concessionárias está localizada na avenida CássioPaschoal Padovani - Stefanini (Fiat), West Motors (GM Chevrolet), Caminho(Ford), Caoa (Hyundai), Aversa (Honda), Nippokar (Toyota), Sansul(Nissan), Le Mans (Citroën), Pirasa (Mercedez Benz). Antes, nesta avenida,ficavam o grupo Pirasa e diversas chácaras. Os terrenos muito largos efáceis de serem vistos ao longe atraíram as agências.

União Vecol (Volkswagen), Marché (Peugeot), Aversa (Kia) e Andreta(Renault) são outras lojas presentes em outros pontos da cidade.Espalhados por Piracicaba há, ainda, estacionamentos que vendem carrosusados e seminovos. A cidade conta hoje com uma frota de cerca de268.223 veículos, incluindo carros, motos, ônibus, caminhões e outros.Os dados são do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo.

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Voluntáriosda RevoluçãoConstitucionalistade 1932

O comércio e os conflitosUma multidão saiu às ruas para se despedir

do 1º Batalhão Patriótico que partiu, em trem daPaulista, para a luta contra o governo GetúlioVargas, na Revolução de 1932. Durante os meses que durou o conflito, acidade se mobilizou realizando campanhas como “Tostão do Soldado” –em que as mulheres recolhiam auxílio aos soldados constitucionalistas.

Piracicaba também aderiu à Cruzada do Ouro, para possibilitar que ogoverno mantivesse as operações financeiras. Atendendo apelo da CruzVermelha, os comerciantes doaram algodão, lenços, meias e suprimentosque foram enviados para o campo de batalha. Comissão de “moças syrias”conseguiu capas impermeáveis para os soldados.

No item consumo, algumas medidas atingiram os comerciantes,principalmente os proprietários de padarias que se viram obrigados a fabricaro “Pão de Guerra”, adicionando 10% de fubá à farinha de trigo tipo única e15% à farinha tipo antigo. Preço máximo comercializado era de 900 réis oquilo do tipo “panhoca” e de 1.300 réis o quilo para o tipo “filão”.

Em setembro de 1932, o prefeito Luiz Dias Gonzaga baixou decretosautorizando a fabricação e venda de apenas um tipo de pão, o “pão typoúnico”, redondo, fabricado com farinha de trigo, fubá e mandioca em três

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tamanhos: 200, 400 e 1.000 gramas, vendido ao preço de $900 o quilo. Afabricação do pão à tarde era permitida apenas às segundas-feiras.

Outra medida proibia a fabricação de macarrão e de qualquer tipo depão doce e pastelaria em geral, quando manipulados com a farinha detrigo, “ficando os infratctores sujeitos ás penalidades estabelecidas pelosdecretos estaduaes que criaram commissão Pão de Guerra”. (Gazeta dePiracicaba, setembro de 1932). A venda da farinha de trigo era autorizadaapenas para os depositários do produto com prévia autorização da Prefeitura.A determinação publicada pela administração proibia aumento nos preçosdos produtos alimentícios e obrigava os comerciantes de colchões,travesseiros e cama a seguirem tabela de preço máximo.

Durante a Primeira Grande Guerra (1914-1918), a preocupação era com oconsumo, já que a importação se tornava escassa e com custo muito elevado. Em1915, a Alemanha era o único país que cumpria os compromissos comerciaiscom o Brasil. Dois anos depois, era a hipótese de os EUA entrarem na guerraque preocupava. Explica-se: o mercado europeu estava em dificuldades e muitosprodutos passaram a ser importados do país americano: carvão de pedra, cimento,trilhos, canos, tubos, papel para impressão, aparelhos para eletricidade,ferramentas, máquinas, locomotivas, medicamentos, gasolina, querosene e outros.Entre 1914 e 1915, por exemplo, o carvão era quase em sua totalidade importado.

Dia 7 de agosto de 1924, Piracicaba acordou sem o pão nosso de cadadia, por causa da greve dos padeiros. Eles reivindicavam aumento salarial eoutros benefícios, como o cumprimento à lei de férias e pagamento até odia 10 de cada mês, no máximo. Pararam os aprendizes, ajudantes e mestresde mesa, entregadores, trabalhadores de “machinas” e forneiros. Aparalisação terminou no dia 12 de agosto.

Em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial (1938-1945), notíciaalertava sobre a ameaça de Piracicaba ficar sem pão. Uma comissão depadeiros solicitava providências para a escassez do sal e açúcar, cujas reservasestavam no final. Reduziu-se a cota individual de açúcar à população para750 gramas. A falta de transportes impossibilitava a vinda de novossuprimentos do Norte.

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O Ano | 1933

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9 de Julho

Oano transcorre num clima de incerteza e expectativa depois dacrise do café que atingiu profundamente o Brasil. O país está sobo comando do governo provisório de Getúlio Vargas, após golpeque derrubou Washington Luís, colocando fim na chamada

República Velha, e deixa sua vocação agrária para vislumbrar uma etapamodernizadora voltada para a industrialização e desenvolvimento urbano.São Paulo ainda tem à flor da pele os ideais liberais que mobilizaram 135mil soldados e voluntários paulistas na Revolução Constitucionalista contrao governo de Vargas e vive a agitação política com a convocação daAssembleia Constituinte, principal causa do levante.

No mundo da literatura, o sociólogo Gilberto Freyre provoca críticas com aobra “Casa Grande & Senzala”, que trata da formação cultural e racial do povobrasileiro. Tarsila do Amaral pinta o quadro “Os Operários”, marcando o inícioda pintura social no Brasil. Na moda, os vestidos justos valorizam as curvas dasmulheres que têm como modelo de beleza a atriz Greta Garbo. Nos rádios, asvozes de Francisco Alves, Noel Rosa, Silvio Caldas e Carmem Miranda.

Piracicaba conta com cerca de 73 mil habitantes que se divertem no

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Theatro Santo Estevam e nos dois cinemas, São José e Politeama. É grandea expectativa para a exibição do filme Tarzan, com Johnny Weissmuller, “ohomem mais perfeito do mundo”.

A cidade cresce. A economia reage bem à depressão de 29. Os produtoresse beneficiam do fato de não terem trocado totalmente a cana pelo café,optando pela dupla cultura. O perfil monocultor do município começa a serdelineado. Piracicaba conta com 361 estabelecimentos ligados à área industrial,entre eles as fábricas de açúcar, de aguardente e de calçados, ferrarias, serrariase carpintarias, na pesquisa da economista e professora Eliana Terci, da Esalq/USP. No comércio, são 1.211 negócios, destacando-se armazéns de secose molhados, botequins, barbearias, sapatarias, padarias, açougues e bombasde gasolina.

Trabalhadores das indústrias e do comércio movimentam-se na formaçãode sindicatos e associações.

Neste cenário, no dia 9 de julho de 1933, em reunião no Theatro SantoEstevam, na praça 7 de Setembro (hoje praça José Bonifácio), nascia aAssociação Commercial de Piracicaba para defender os interesses e expressara opinião do empresariado do comércio e da indústria. Uma entidade quechega aos 80 anos moderna, arrojada, pontuando o fortalecimento da classe ecrescimento da cidade, promovendo a integração de empresas e comunidadee destacando-se pela excelência dos serviços prestados.

Theatro SantoEstevam, ondefoi fundadaa Acipi

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Nasce a AcipiCento e seis pessoas atenderam à convocação feita pela imprensa e

compareceram ao Theatro Santo Estevam para a reunião que efetivou afundação da Associação Commercial de Piracicaba, naquela tarde de 9 dejulho de 1933. A entidade nascia com fôlego: 230 comerciantes e industriaisjá estavam inscritos para integrar o quadro de sócios.

A assembleia foi presidida pelo comerciante de café Luiz Coury, queexpôs a necessidade de organizar a associação com “presteza e segurança”,nos moldes das existentes em outras localidades do estado e do país.Integraram a mesa diretora dos trabalhos Luiz Delfine, Elias Daibes, HenriqueNehring, Luiz Dias Gonzaga e Joaquim Rodrigues de Almeida – membrosda comissão responsável pelos preparativos da assembleia. Também fizeramparte, como convidados, Moacyr Amaral Santos e João de Oliveira Bueno,que não integravam a classe, mas colaboraram para a efetivação da meta doscomerciantes e industriais.

Foi o advogado Moacyr Amaral Santos, diretor do jornal O Momento,que delineou os objetivos das associações congêneres, justificando oanteprojeto de Estatutos que havia redigido a pedido de alguns membros dacomissão. Luiz Coury passou a presidência a Amaral Santos. Este acentuouque se deveria nomear ou eleger uma comissão ou uma diretoria que desseos fundamentos à Associação e que a mesma seria aclamada. Propostaaprovada. A dúvida era sobre o número de integrantes. Após muito debatee sugestões apresentadas por Egydio Stolf, Elias Maluf, Esmeraldo Müller,Luiz Gonzaga de Lima, Atílio Barrilli, Luiz Dias Gonzaga, Henrique Nehring,Elias Daibes, venceu a proposta de nove membros.

A reunião foi suspensa por 15 minutos para a definição da diretoriaprovisória que se encarregaria de traçar os primeiros fundamentos da entidade.Reaberta a sessão, o presidente propôs que prestassem homenagem aos“soldados que tombaram no campo de luta, na revolução constitucionalista,com um minuto de silêncio, permanecendo por espaço de um minuto aassembléia toda de pé, em silencio.”

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Primeirosdiretoresda Acipi

Em seguida, foram anunciados os nomes dos primeirosdirigentes da Associação Comercial, indicados pela assembleia: Luiz DiasGonzaga, Luiz Coury, Vicente Rando, Henrique Nehring, Justo Moretti,Luiz Delfini, Elias Maluf, Esmeraldo Müller e Moacyr do Amaral Santos. Adiretoria provisória teve prazo de um mês para concluir o trabalho deorganização da entidade e eleição da diretoria definitiva pelo voto secreto.

VOTAÇÃO – A eleição da diretoria e conselho consultivo da AssociaçãoComercial de Piracicaba aconteceu no dia 30 de julho daquele ano, na sededa Sociedade Beneficente Syria, à rua João Pessoa (Governador Pedro deToledo).

A sessão foi aberta às 14 horas sob a presidência de Terênzio Gallese,com colaboração de Antonio Toledo Godinho (secretário), JoaquimRodrigues de Almeida, Jorge Daibes e Octavio Amaral Gurgel (mesários).Dois “gabinetes indevassáveis” estavam preparados para o pleito. Foram92 votantes. Às 18h10, o último votante depositou a cédula na urna. EraManoel Silveira.

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Luiz Dias GonzagaAgricultor, comerciante,exportador de café,primeiro presidente daAssociação, reeleitocinco vezes. Foi prefeitode Piracicaba e era umadas maiores forçaspolíticas da região.

Luiz CouryComerciante de café.Por indicação daAssociação, integravao Conselho ConsultivoMunicipal. Eleitopresidente da entidadeem 1938.

Terênzio GallesePossuía a Casa

Gallese, de comércioem geral, e também

uma das maisdestacadas agênciasbancárias da região,

que funcionava na ruaPrudente de Moraes.

Vice-presidente daprimeira diretoria.

Coronel ManoelIgnácio da Motta

PachecoEra proprietário de

uma farmácia naVila Rezende, foi

vereador e figurouno Conselho

ConsultivoMunicipal,

representando aAssociação. Era tido

como um doshomens maisdinâmicos e

influentes da época.

André FerrazSampaioTeve efetivaparticipação naAssociação,ocupando o cargode presidente de1939 a 1940. Tevedestacada influênciana política.Foi vereador.

Os primeiros diretores

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Luiz Gonzaga deLima

Comerciante,proprietário de uma

loja de tecidos na ruado Commercio

(Governador Pedrode Toledo). Foi

vereador e atuoucomo secretário em

várias gestões.

Ermelindo Del NeroProprietário de umdepósito de bebidas,situado à rua BoaMorte. Foi presidenteda Associação noperíodo de 1940 a1944.

Elias DaibesComerciante,

proprietário da CasaDaibes, que

trabalhava com secose molhados. Seu

armazém ficava narua do Commercio.

Participouativamente da

fundação daAssociação, atuando

como tesoureiro.

Esmeraldo MüllerProprietário de postode gasolina, oficinamecânica, agência deautomóveis, relojoaria,restaurante “O Ponto”e escritório decontabilidade.Acompanhou aAssociação desde afundação, exercendo afunção de secretárioexecutivo de 1938 a1964.

Mário LordelloComerciante, tinha

uma loja na ruaMoraes Barros,

antigamente chamadade rua Direita.

Participou ativamentena política dos anos

30. Foi vereador. NaAssociação, ocupou o

cargo de tesoureiro.

Henrique NehringFormado emagronomia pela Esalq,trabalhava no ramo daagricultura. Colaboroumuito com a parteburocrática daAssociação. Ocupou ocargo de 1º secretário.

Fonte: Revista da ACIPI – agosto de 1979

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Para apuração dos votos,constituíram-se duas juntas. A primeiraintegrada por Terênzio Gallese, OctavioAmaral Gurgel, Joaquim Rodrigues deAlmeida, Luciano Guidotti e ManoelSilveira. A outra era formada porAntonio Toledo Godinho, JorgeDaibes, José Guerra, Aurélio Spotto ePhelippe Maluf.

Os 10 nomes mais votados para adiretoria foram Luiz Dias Gonzaga, com97 votos; Elias Daibes (87); Luiz Coury(85); Terênzio Gallese (84); HenriqueNehring (83); Vicente Rando (74);Esmeraldo Müller (65); Manoel Ignácioda Motta Pacheco (47); André FerrazSampaio (45); e Primo Falzoni (41).

Para o Conselho Consultivo, os 11 mais votados foram: Elias Maluf,com 88 votos; Ermelindo Del Nero (79); Antonio Toledo Godinho (72);Luiz Gonzaga de Lima (72); Luiz Delfini (66); Joaquim Rodrigues deAlmeida (63); Luciano Guidotti Almeida (63); Phelippe Maluf (62); LucianoGuidotti (62); José Monteiro (58). Com 57 votos ficaram Sebastião Ferrazde Barros e Nathan Mitelman.

A posse dos eleitos deu-se no dia 6 de agosto de 1933, em assembleiageral. A primeira diretoria da Associação ficou assim constituída: Luiz DiasGonzaga (presidente), Luiz Coury (1º vice-presidente), Henrique Nehring(1º secretário), Luiz Gonzaga de Lima (2º secretário), Vicente Rando (1ºtesoureiro), Elias Daibes (2º tesoureiro).

Luiz Dias Gonzaga,primeiro presidente

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No dia da Revolução de 32

Não há referência nas atas sobre a fundação da Acipi no dia 9 dejulho com a comemoração da Revolução Constitucionalista, achamada Guerra Paulista, mas para o presidente Angelo FriasNeto a data não foi escolhida por acaso. O sentimento depatriotismo tomava conta do Estado de São Paulo, que lutou pelaliberdade e por um Brasil melhor no ano anterior, em 1932.“Simboliza a posição contrária dos comerciantes e empresárioslocais à censura, a favor da liberdade de se expressar eempreender”, afirma.O anteprojeto da associação foi elaborado pelo advogado MoacyrAmaral Santos, diretor do jornal O Momento, de 1931 a 1936, apedido da comissão responsável pela organização da entidade.Moacyr Amaral, com menos de 30 anos, era um dosconspiradores contra o governo de Getúlio Vargas e quandoeclodiu a revolta foi um dos primeiros a se alistar e partir parafrente de batalha. Jurista respeitado, em 1967, assumiu oministério do Supremo Tribunal Federal. Amaral também foiprofessor das universidades Mackenzie e São Francisco/USP(Universidade de São Paulo).A história mostra que os comerciantes e a comunidade dePiracicaba se engajaram na luta, dando suporte aos seuscombatentes. Em São Paulo, a Associação Comercial teve intensaparticipação na Revolução contra o governo de Vargas. Em suasede, meses antes, eram realizadas as reuniões pela elitefinanceira e intelectual paulistana. Após a guerra, todos osintegrantes da diretoria da Associação Comercial de São Paulo(ACSP) foram exilados pelo governo federal. Por decreto, Vargastentou acabar com a associação. Sem sucesso, acabouimportando o modelo italiano sindical corporativista.

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Vista geral dapraça central,tendo ao fundoo Theatro SantoEstevam

A trajetóriaDesde o começo de sua fundação, a Associação Comercial de Piracicaba

se tornou um fórum de discussão dos problemas dos comerciantes, dosindustriais e da sociedade piracicabana. Participou de decisões importantespara o município, como a elaboração do Orçamento Municipal, sendo, em1933, representada no Conselho Consultivo da Câmara por Manoel Ignácioda Motta Pacheco. Chamada a se posicionar frente a problemas queinterferiam na rotina da cidade, não se intimidou: denunciou, cobrou, agiuem favor do bem-estar de seus associados e dos moradores, como nomovimento contra o abusivo preço cobrado pela empresa responsável pelofornecimento de energia elétrica, que marcou o mandato do primeiropresidente da entidade, o agricultor, comerciante e exportador de café LuizDias Gonzaga, reeleito cinco vezes para o cargo. Ele foi prefeito dePiracicaba em quatro mandatos.

Nem bem a diretoria assumiu e já recebeu uma enxurrada de reclamaçõese reivindicações. Os comerciantes queriam da prefeitura ação contra osambulantes e atravessadores de negócios; Luiz Coury pedia solução para o“imposto capitalista” que havia sido aprovado naquele ano; os comerciantes

de ovos reclamavam da cobrança de impostossociais e outros reivindicavam medidas enérgicase imediatas que coibissem a vinda de“forasteiros”, que prejudicavam o comércio local

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com a realização de leilões. Os varejistas denunciavam a falta de fiscalizaçãomunicipal; Vicente Rando expunha o prejuízo que vinha acarretando aocomércio a proibição do prefeito, coronel Joaquim Norberto Toledo, detransportar pequenos volumes de compras nas jardineiras. Em 1933, asegurança já preocupava: donos de lojas queriam aumento no número deguardas noturnos em “virtude dos últimos roubos”.

Mas a gritaria maior era contra os preços exorbitantes da energia elétricafixados pela The Southern Brasil Electric Company Limited. Por meio dedocumentos, industriais solicitavam que a Associação intercedesse para obter“modificação nos preços”, para que “as indústrias não desaparecessem emvirtude das taxas exorbitantes que eram cobradas”. A diretoria nomeou umacomissão para se “entender” com o gerente da empresa. O resultado doencontro foi uma redução nos preços enquanto perdurasse a crise.

ANO SEGUINTE - No segundo mandato de Luiz Dias Gonzaga, reeleitoà presidência com nove votos, contra um obtido pelo coronel Manoel IgnácioMotta Pacheco, a reclamação contra a empresa Electric continuava. A diretoria- integrada por Luiz Coury (1º vice-presidente), Terênzio Gallese (2º vice),Henrique Nehring (1º secretário), Luiz Gonzaga de Lima (2º secretário),Elias Daibes (1º tesoureiro) e Ermelindo Del Nero (2º tesoureiro) - intensificao movimento para “suavizar” as taxas que estavam levando as indústrias a fechar.

Uma comissão vai a São Paulo cobrar maior controle do interventorfederal, Armando de Salles Oliveira, nomeado após a Revolução de 1932.Em Piracicaba, as associações de classe são convocadas para um debate eestudo da revisão do contrato da empresa Electric. No encontro, Luiz Couryressalta a importância da união em torno do mesmo ideal, uma vez que aAssembleia Constituinte havia aprovado a extinção da taxa e a revisão doscontratos das usinas hidroelétricas. O médico Paulo de Moraes Barros éconvidado a defender os interesses de Piracicaba, como delegado, na Comissãode Estudos dos Contratos da empresa Electric, nomeada pelo estado.

Naquele ano, a Associação Comercial sugere ao prefeito coronelJoaquim Norberto de Toledo a doação de um terreno para a construção doprédio da Agência de Correios, a exemplo de outras cidades, comoCampinas. Solicita a nomeação de uma pessoa estranha ao corpo fiscal paraque o fechamento do comércio nos feriados fosse fiscalizado com rigor emaior atenção às instalações de depósitos de inflamáveis localizados noperímetro urbano, mesmo com a proibição da lei.

Na cidade, a atenção estava voltada à Assembleia Nacional Constituinte,que discutia a elaboração da nova Constituição, um dos ideiais da Revolução

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de 1932, que substituiria a de 1891. A promulgação foi em julho de 1934 eao receber a notícia, em Piracicaba, estabelecimentos estaduais e municipaissuspenderam o expediente às 15 horas e hastearam a Bandeira Nacional.Nessa mesma hora, as aulas foram suspensas e, à noite, no coreto da praçaJosé Bonifácio, a Corporação Musical Luiz Dutra tocou por determinaçãoda prefeitura. Por iniciativa dos partidos políticos e terceiros, “espocaramno ar muitos foguetes”.

Em fevereiro de 1935, a reclamação era sobre o mau funcionamento doserviço telefônico. Iniciava-se a discussão para a criação de uma “pequenacorporação para extinção de incêndios”. No mesmo mês, a Associação recebeabaixo-assinado dos moradores da Rua do Porto e do Porto João Alfredo,solicitando energia elétrica.

Em meados daquele ano, estudantes da escola de Agronomia,chamados agricolões, esperavam o bonde na rua Moraes Barros, esquinacom o largo da Matriz (praça José Bonifácio), quando ficaram sabendoda morte do ex-governador Pedro de Toledo pelos jornais de São Paulo.Virgílio Lopes Fagundes, que sempre se referia à atual rua Governadorcomo rua do Commercio, por entender que o paraibano João Pessoa, quedava nome à via, não tinha nada a ver com Piracicaba, teve a ideia dehomenagear Pedro de Toledo.

Contou com a ajuda dos colegas, confeccionou as placas de identificaçãoutilizando tábuas de caixa de querosene e nanquim. Às 11 horas da noite,ele e um grupo de nove amigos se reuniram em uma república deestudantes, que ficava na rua São José, esquina com o Largo da SantaCruz, onde definiram a ação.

Virgílio e mais dois amigos se encarregaram de substituir todas as placasno trecho entre o Mercado Municipal e a estação da Paulista; os demaisficaram de fazer o mesmo nos quarteirões centrais. Trabalharam noite adentroe a rua amanheceu com outro nome: Governador Pedro de Toledo.

A iniciativa foi bem recebida. Ninguém reclamou, nem protestou. ACâmara Municipal demorou para votar a mudança, mas acabou confirmandoa nova denominação.

HORÁRIO DO COMÉRCIO - - - - - Em agosto de 1935, Luis Dias Gonzaga é,novamente, reeleito. O Conselho Consultivo Municipal propõe à AssociaçãoComercial patrocinar um plebiscito a fim de solucionar de vez a questão dofechamento das casas comerciais aos domingos. A consulta popular foi realizadano dia 7 de setembro. Tiveram direito ao voto os negociantes atingidos pelalei do fechamento do comércio, sócios ou não da Associação. Foram 222

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Rua GovernadorPedro de Toledona décadade 1940

votantes. A votação secreta apontou 112 a favordo fechamento e 110 contra.

Foi solicitada à prefeitura outra denominaçãoao bairro Corumbatay, a fim de evitar confusão na distribuição dascorrespondências pelos Correios, com outra localidade de mesmo nome. Obairro passa, então, a se chamar Santa Teresinha. Uma outra conquista daentidade refere-se à suspensão da carta de habilitação para os condutores deveículos a tração animal.

O trabalho da diretoria prossegue. A visita do governador Armando deSalles Oliveira - que estava na condição de interventor federal no Estado deSão Paulo -, em 13 de março de 1936, é uma oportunidade para acabar comos abusos da empresa responsável pela energia elétrica. O porta-voz daassociação, Luiz Coury, em solenidade na sede da associação, à rua JoãoPessoa, saudou o visitante pela “larga visão administrativa, a energia e afirmeza de atitudes e coragem e audacia de emprehendimentos, homem deação”. Chamando o chefe de Estado de “defensor do povo piracicabano”,cobrou solução para o problema da energia elétrica, revelando a preocupaçãoda entidade com a grave situação que se arrastava há anos, com reflexosnegativos à economia da cidade.

Em julho de 1936, Luiz Dias Gonzaga é eleito para mais um ano demandato como presidente, ficando Luiz Coury com a vice-presidência, Cel.Manoel Ignácio da Motta Pacheco, 1º secretário; Henrique Nehring, 2ºsecretário; Esmeraldo Müller, 1º tesoureiro; e Mário Lordello, 2º tesoureiro.

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Luiz Coury cobra posição de governador

“Senhor governador: antes de entrar neste recinto, V.Exa. visitou o célebre salto queconstitui a beleza, a riqueza, o orgulho da Noiva da Colina; ali tem, admirado agrandiosa cachoeira capaz de gerar milhões de kilowats de energia elétrica. Pois bem,sr. governador, este salto, capital inestimável no coração da cidade, foi em 1927entregue, mediante um contrato infeliz, a uma Empresa, para explorá-lo durante 30anos, fornecendo força e luz à população por preços excessivos e intoleráveis. Povo:um motor de 25HP, antes do contrato, era taxado à razão de 250$000 mensalmente,com o direito de trabalhar dia e noite. Hoje, o mesmo motor, funcionando 10 horasdiárias apenas, gasta no fim do mês 1:200$000. Resultado: o preço decuplicou.E, portanto, os municípios vizinhos, como Limeira, Rio Claro e Campinas, possuemtaxas muito mais baixas. Desde aquela época, as conseqüências foram desastrosas: opovo vive murmurando e protestando, tendo, latente, uma injustificável revolta contraeste estado de coisas. A indústria, que era o fator de progresso de Piracicaba,paralisou-se consideravelmente. Algumas pararam, outras abandonaram a forçaelétrica para substituí-la, por motores a óleo e vapor. E desde 1927, nenhumaindústria nova surgiu por pequena que seja. Em conseqüência, a cidade foi perdendoaos poucos centenas de operários, que demandaram para outros centros para osseus sustentos, e assim, a população foi decrescendo. E o comércio foi o principalprejudicado. Diante desse quadro sombrio, a Associação Comercial, fundada em1933, patrocinou a causa do Comércio, da Indústria e do povo, em geral, apelandopara a boa vontade da Empresa, a fim de suavizar os preços da luz da forçaprincipalmente: mas foi em vão, alegando a empresa que as cláusulas contratuaiseram intangíveis.Fracassada esta tentativa conciliatória, apareceu o decreto federal, nº 29.501, de 27de novembro de 1933, anulando a cláusula ouro e prometendo a revisão doscontratos imediatamente, o povo piracicabano exultou, certo então, que o peso lheseria aliviado, esperando melhores dias. Mas, uma amarga decepção não tardou ainvadir a sua alma, causada pelo despacho do sr. secretário da Interventoria, em 29de janeiro de 1934, estabelecendo um acordo provisório que perdura até hoje. Foijustamente um mês depois, que a Associação Comercial de Piracicaba levou aoconhecimento de V. Excia., as reivindicações da população piracicabana, apelandopara o espírito esclarecido e o critério judicioso de V. Excia., a fim de solucionar comequidade e justiça o problema da força e da luz, de cuja solução dependiam comodependem ainda o progresso e o bem estar de Piracicaba. V.Excia. manifestou boavontade para atender à solicitação, criando em seguida uma comissão especializadapara fazer a revisão dos contratos: mas até hoje, a comissão encarregada não sepronuncia a respeito do contrato de Piracicaba. Por isso, aproveitando a presença deV. Excia. nesta casa, a Associação Comercial, por minha vez, reitera o seu pedidofeito em 27 de janeiro, no Palácio do Governo, depositando nas mãos de V. Excia.,esse problema de vida e de morte para Piracicaba, constituindo V. Excia. o melhordefensor do povo piracicabano, desse povo que, com a maior espontaneidadeacorreu ontem para receber V. Excia. com vivas entusiásticas”.

(Discurso de Luiz Coury durante visita a Piracicaba do governador Armando de Salles Oliveira)

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Naquele ano ainda, ofícios do Conselho Consultivo Municipal e doprefeito Joaquim Norberto de Toledo informavam a redução do imposto delicença de 10% para 7%, conforme havia sido solicitado pela associação. Oprefeito também anunciava, pela imprensa, sua preocupação com a rede deesgoto projetada há quatro décadas.

Carta de Luiz Abrahão pedia interferência da entidade contra guardascivis que estavam fiscalizando as estradas e multando lavradores por nãopossuírem carteiras de habilitação, exigência que havia sido suspensa pelaprefeitura. Abrahão comenta ainda sobre a solenidade de instalação da CâmaraMunicipal “a se reunir em breves dias” e a sugestão do prefeito para ofechamento do comércio às 12 horas naquele dia. Luiz Coury é encarregadode “saudar a nova edilidade”.

A diretoria decide oficiar à administração municipal a inexatidão de preçosda tabela do Mercado Municipal e solicitar a intervenção à empresa elétricaem virtude do mau funcionamento dos aparelhos de rádio, os principais meiosde comunicação que sofriam interferências da corrente elétrica “muito variável”.É nomeada uma comissão para elaborar projeto sobre redução dos preços deenergia elétrica. A diretoria congratula-se com o presidente Luiz Gonzaga,que se tornará prefeito, e com Jorge Pacheco Chaves, presidente da Câmara.

Os açougueiros da cidade também recorreram à associação para obter aelevação do preço da carne. Os diretores da entidade reclamaram na prefeituracontra manutenção do gado, sem condições de ser consumido e comercializadono Matadouro Municipal. Eles solicitaram a criação de cargo de veterináriopara fiscalizar e orientar o abate.

Em setembro daquele ano, a diretoria envia ofício à prefeitura solicitandoa criação de um “pequeno” CB (Corpo de Bombeiros) ou a “disponibilizaçãode materiais destinados a facilitar a extinção de incendios”. E ainda: exigiuesclarecimentos sobre cobrança de taxa sanitária em ruas sem redes de esgoto.

O diretor Henrique Nehring reivindica aos “illustres vereadores”,presentes à reunião da diretoria, que representem a Associação Comercial dePiracicaba, apresentando projeto que autorizasse o prefeito a desapropriar osterrenos necessários para a ampliação do campo de aviação já existente, naocasião, em frente à Escola Agrícola (atual Esalq/USP). A aviação comercial,segundo ele, estava “fadada grande perspectiva”, e diversas cidades dointerior, “menos importantes que Piracicaba, cogitavam a construção de campode aterrisagem”.

VIGILANTES NOTURNOS - Em abril de 1937, Luiz Dias Gonzaga pedeafastamento de seu cargo na associação para assumir a prefeitura de Piracicaba.

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Responde pela presidência o comerciante de caféLuiz Coury. Na eleição de julho, Dias Gonzaga,mesmo exercendo o cargo de prefeito, éescolhido para a presidência. Solicita, mais uma vez, afastamento e, Coury,primeiro vice-presidente, assume novamente. Ele reassume em 6 de julho de1938.

Em reunião extraordinária os comerciantes e industriais deliberaram sobreuma representação assinada por 25 sócios, solicitando a intervenção da entidadepara impedir que a Coletoria Estadual local fizesse revisão em grande escalados impostos de indústrias e profissões, elevando consideravelmente as taxas.Coury ressaltava que “o comércio piracicabano, sabidamente pobre, nãosuportaria o aumento”, projetado entre 50% a 200% sobre os impostos emvigor. Nomeou-se uma comissão para ir a São Paulo solicitar ao diretor geralda Receita Federal e ao secretário da Fazenda a sustação da cobrança damajoração dos impostos até o término das negociações.

Nova eleição e, em agosto de 1938, Luiz Coury é reconduzido àpresidência da associação. Na primeira reunião, comunica aos diretores sobrea organização de um Corpo de Vigilantes Noturnos, uma iniciativa do Chefedo Executivo, que solicitava apoio para a compra de fardas e munições. ÂngeloPalma foi indicado para compor a diretoria e Esmeraldo Müller para a secretaria.A corporação foi extinta em 1956 com a criação da Guarda Municipal.

Combater a elevadataxa da energiaelétrica foi uma daslutas da Acipi

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O presidente participava de reuniões promovidas pelo Delegado dePolícia para a elaboração de um plano para melhoria do trânsito na cidade.Este plano foi aprovado conforme ofício da Associação Comercial enviadoao prefeito, sugerindo a criação de mão de direção para os veículos quetrafegavam pela rua Governador Pedro de Toledo, subindo em direção àPaulista, a partir da rua São José até o Largo do Mercado, e descendo a ruaBoa Morte até a São José.

Dois meses depois de assumir a presidência, Coury comunica suaimpossibilidade de continuar à frente da entidade. O 1º vice-presidente, AndréFerraz Sampaio, fundador da Casa Krähenbühl na rua do Commercio, assume ocargo e uma de suas primeiras medidas foi solicitar à prefeitura providência paracoibir o abuso de vendedores ambulantes sem licença, que percorriam a cidadee, especialmente, a zona rural “em prejuízo do comércio legalmente estabelecido”.

O problema da taxa elevada da luz persistia, conforme protesto deHenrique Nehring, do ramo da agricultura: “Piracicaba nunca poderá ser ummunicípio industrial devido à taxa elevada de energia elétrica. São ironias dodestino: Piracicaba com um salto em sua coluna vertebral e ter que se curvarà inércia e à inaptidão”.

Pautando-se em uma administração transparente, Ferraz Sampaio determinaà secretaria da associação a elaboração de boletim mensal, a ser distribuídoaos sócios e demais interessados com as notícias e indicações de interesse daclasse comercial e industrial, a exemplo de outras associações comerciais.

No mesmo mês, a diretoria constitui uma comissão para representar aentidade dos festejos de 3 de dezembro, quando o interventor Adhemar deBarros estaria na cidade. Ficou decidido que seria entregue ofício ao visitante,solicitando a instalação de uma Escola Profissional em Piracicaba. Na ocasião,os diretores manifestaram-se: “A Associação Comercial, como é sabido,não é uma agremiação política. Pelo seu estatuto, se poderá notar que a suaesfera de ação se limita apenas aos interesses das classes comercial e industrial.No entanto, está ela imbuída de cooperar com os poderes constituídos, emprol das boas e justas causas. De fato, a criação e instalação da EscolaProfissional é uma aspiração antiga dos piracicabanos”.

O ano seguinte começa com a nomeação de mais uma comissão para“se entender” com o prefeito Ricardo Ferraz de Arruda Pinto sobre a novataxa de conservação das estradas municipais e o fornecimento de energiaelétrica. O problema das estradas volta à tona no meio do ano, quando oprefeito é cobrado pelo mau estado das vias, que causava prejuízo aoscomerciantes. Outra reclamação era relativa aos serviços dos Correios eTelégrafos: apenas três carteiros atendiam os moradores.

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A pacata PiracicabaDécada de 40. A economia da cidade era

ritmada pelo Engenho Central, a FábricaArethuzina Boyes, o Grupo Dedini e a UsinaMonte Alegre, além de várias usinas de açúcar. Os limites da cidade eram aEstação Paulista, Rua do Porto e Cemitério da Saudade. As ruas eram de terra.Paralelepípedos apenas em algumas vias centrais.

O menino de nove anos, Jayme Rosenthal, conhecia essa cidade comoninguém. Era ele que no dia de pagamento das empresas percorria asresidências para receber as prestações feitas pelos trabalhadores na CasaRosenthal - de móveis e roupas feitas, situada à rua Governador Pedro deToledo, ao lado da Igreja Metodista.

Rosenthal, hoje com 80 anos, proprietário da Rosenthal Veículos, lembraque seu pai, Pedro, comprava estopa na Arethusina para fazer colchões.“Ele forrava a armação de mola, com estopa, algodão piolho (tecido deterceira categoria), uma manta de algodão limpo e a revestia com tecido”,conta. Como as casas eram pequenas, sempre alguém da família dormia na salae, os colchões, que serviam de cama à noite, durante o dia viravam sofás.

A relação entre os proprietários de lojas e os fregueses era de puraconfiança. Não havia crediário, carnês ou promissórias. Sequer um papelassinado. O pai sabia quando as empresas realizavam o pagamento. Assim,todos os dias 13 Jayme ia até a Vila, onde moravam os funcionários daBoyes, para receber. “O caminho até lá era pelo mato, não existiam casasnaquela região. Onde está o Clube de Campo ficava a Chácara do Conde

De bonde, ospiracicabanos iamaté a Vila Rezende

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Lara, que, como o meu pai, tinha os cavalos mais bem cuidados da cidade”-relembra. Dia 16 de cada mês, de bonde, o menino ia receber dostrabalhadores da empresa Dedini, na Vila Rezende. “Cerca de 70% dosmoradores da Vila trabalhavam ou prestavam algum tipo de serviço para aDedini”, observa. Dias 25, ele batia nas portas dos fregueses do bairro MonteAlegre.

No bolso, levava um cartão com o nome e o valor da compra. “Às vezeseu chegava lá e a pessoa dizia que não tinha dinheiro naquele mês”. Na VilaRezende, a maioria dos proprietários de lojas de móveis era judeus,“introdutores das vendas à prestação no país”. Ele conta que o primeirojudeu chegou a Piracicaba por volta de 1896. Chamava-se José Kardonski. Adificuldade na pronúncia levou-o a pedir mudança do sobrenome para Cardosoe ficou conhecido como José Cardoso.

Em 1912, Piracicaba recebeu os proprietários da casa Nova York: Natan(que emprestava dinheiro a juros menores que os bancos), Salomão e Kraner.Dois anos depois, David Becker abria a Casa Inglesa. Pedro Rosenthal,acompanhado da esposa Ana e seis filhos, veio de Barretos, em 1940.

Transporte era uma dificuldade. Em 1946, Atílio Gianetti inaugurou alinha Piracicaba-São Paulo. A viagem, uma aventura que durava cerca dequatro horas, era feita em uma perua Ford, com carroceria de madeira. Ospassageiros vestiam guarda-pó para se proteger da poeira.

O único meio de transporte eficiente era o trem, pelo qual chegavam deSão Paulo as mercadorias das lojas e seguiam as compras dos moradores deCharqueada, São Pedro e Rio das Pedras. Na cidade, o carreto era feito porcaminhão ou carrinho de tração animal. A Estação da Paulista era ponto doscarroceiros.

A casa de Rosenthal fazia a entrega das compras num Ford 36. “Meupai cortava a parte de trás do carro, a partir da porta traseira, e adaptava umacarroceria”, conta.

Na Acipi, a movimentação era para a nova eleição. No final de julho de1940, Ferraz Sampaio é reeleito para mais um ano de mandato. Atende àsolicitação dos moradores para dar fim ao problema das jardineiras eautocaminhão que permaneciam estacionados na rua Governador Pedro deToledo, entre as ruas São José e Prudente de Moraes, dificultando o trânsitonaquele trecho. Com aprovação da diretoria, indica Antonio Corazza pararesolver o caso com o delegado de Polícia.

Para cumprir a lei federal 1.402, de 5 de julho de 1939, que tratava daorganização de sindicatos pelas categorias patronais, o presidente tomou as

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primeiras medidas para a constituição da Associação Profissional dosComerciantes Varejistas de Piracicaba, registrada no Departamento Estadualdo Trabalho em 2 de abril de 1941 e, depois, transformada em Sindicato doComércio Varejista, atual Sindicato do Comércio (Sincomércio). FerrazSampaio indica um grupo de diretores para coletar assinaturas dos comerciantesvarejistas para a organização da nova entidade e o encaminhamento do processode fundação. Posteriormente, seriam formados outros grupos, como deTurismo e Hospitalidade da Indústria da Alimentação.

A resposta à consulta do prefeito Ricardo Ferraz de Arruda Pinto sobreabertura do comércio indicava que não havia consenso sobre o funcionamentodas lojas aos domingos até as 12 horas. Parte era de opinião que continuasseem vigor o fechamento total, mas com referência aos dias de feriados e diassantos de guarda, a totalidade era contra o fechamento o dia todo, porémdeveria ser respeitada a relação de dias do governo federal, decretados paratodo o país.

Em agosto de 1941, é a vez de Ermelindo Del Nero assumir a presidência.Continuava em evidência o deficiente serviço de distribuição de energiaelétrica, que tanto prejudicava o comércio e a indústria. Esgotadas astentativas de se resolver o problema com a companhia, deliberou-se oficiarao interventor federal para apelar por providências.

Em setembro do mesmo ano, os moradores do Bairro Alto queriammudança no plantão das farmácias, para que todo domingo ficasse uma aberta.E mais: pediam melhor iluminação na rua Governador Pedro de Toledo.

Del Nero recebe ofício da Secretaria da Interventoria Federal no Estadoinformando sobre a decisão do Conselho Nacional de Águas e EnergiaElétrica de autorizar a Light and Power a fornecer energia elétrica à empresalocal para suprir a falta em virtude da prolongada seca.

No ano seguinte, em 1942, a presidência da associação local pede àAssociação Comercial de São Paulo que interceda junto ao governo estadualpara autorizar o Centro de Saúde local a conceder maiores prazos para oscomerciantes revestirem com azulejos as paredes internas dos armazéns,padarias e outros estabelecimentos.

Em maio, a prefeitura comunica que as modificações no trânsito jáestavam valendo: os automóveis deveriam parar de um só lado das ruas demaior movimento, alternando de acordo com os dias pares e ímpares. Erapermitida a parada de carga e descarga.

O presidente Del Nero não se acomoda diante da falta de gasolina, ocasionadapelo racionamento imposto pelo governo durante a Segunda Grande Guerra,que prejudicava o transporte da safra de algodão, laranjas e cereais. Telegrafa

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Modificações do estatuto

No dia 30 de abril de 1944, numa reunião extraordináriapresidida por Del Nero, optou-se pela reforma dos estatutossociais da entidade, que deixou de ser Associação Comercialde Piracicaba para se tornar Associação Comercial, Industrial eAgrícola de Piracicaba. O quadro de sócios passou a contartambém com invernistas, criadores, barqueiros, proprietários,corretores, agentes comerciais, capitalistas, empresasmercantis e industriais, os que exerciam profissões dirigidas àsatividades econômicas, associações de classe ourepresentativas de atividades econômicas e ex-diretores deassociações.Só em 14 de outubro de 1966 apareceu a sigla Aciap, pelomenos em ata. Em 26 de maio de 1967, o termo “Agrícola” foiretirado do nome da Associação e excluídos todos os sóciosque haviam ingressado na entidade quando de sua inclusão(invernistas, criadores, etc). A justificativa era de que a classeestava amparada na cidade por órgãos específicos. Foiaprovada a aceitação de profissionais liberais. Em 14 de junhodo mesmo ano, a denominação Acipi aparece nos documentosda entidade.

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para o Conselho Nacional do Petróleo sugerindo permissão para as usinas locaisvenderem o álcool comum desnaturado, que gozava de isenção de impostopara abastecimento de veículos.

Em 1943, a entidade recebe ofício da Associação Comercial de SãoPaulo comunicando o controle do sal e pedindo a indicação de um nome dediretor para compor a comissão local, que regularia o fornecimento na cidade.Em 1944, a exemplo de outras localidades, a cidade vivia a escassez deprodutos como o sal, o açúcar e o trigo. As panificadoras alertavam para orisco da falta de pão. Os estoques estavam baixos e as indústrias paradas,com grande dano para a economia da cidade. Essa situação aflitiva levou DelNero a telegrafar para a Federação das Indústrias e à Comissão deAbastecimento, sendo informado que o problema estava na falta de transportepara escoamento de produtos. O setor vivia um colapso.

A sede própria já era preocupação. A presidência manteve contato comproprietários da usina Monte Alegre, por intermédio do empresário MarioDedini, para conseguir, por compra ou doação, terreno localizado na praçaJosé Bonifácio para construir o prédio da sede da associação.

Da Cia Paulista de Estradas de Ferro cobrava providências aos constantes epersistentes roubos de mercadorias verificados nos despachos. O presidenteErmelindo Del Nero permaneceu no cargo até julho de 1944, quando foi eleitoCalvet Guariglia, que era ligado à Estação Ferroviária Sorocabana. Tambémreeleito, permaneceu à frente da entidade até julho de 1948.

De olho no bem da saúde pública, a àssociação posicionava-se contra avenda de carne verde ou carne de vaca pelo sistema contrabandogeneralizado na cidade e reivindicava enérgica e necessária fiscalização da

prefeitura. Outubro daquele ano foi marcado pela falta deleite para a população.Estação

FerroviáriaSorocabana

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POSTO ELEITORAL - O presidente Calvet Guariglia insiste com a CiaPaulista de Estradas de Ferro sobre a aflitiva situação do exportador emfunção do acúmulo dos produtos na Estação da Sorocabana pela falta devagões. Cerca de 18 mil sacas estariam acumuladas, em decomposição,situação exposta ao diretor da estação e ao chefe de tráfego.

Em maio de 1945, pede ao delegado de polícia tabelamento de serviçosde carreto de carroças de aluguel e intervenção na empresa de ônibusresponsável pelo serviço de transporte à Santa Casa e ao cemitério, quevinha prejudicando os usuários pela “inobservância de horários e, algumasvezes, interrompendo o serviço sem qualquer aviso à população que se servedesse único meio de transporte”.

Em agosto, a Associação pleiteia à Companhia Telefônica Brasileira(CTB), concessionária dos serviços locais, a remodelação do seu atendimentoem Piracicaba, com a instalação de aparelhos automáticos. No mesmo mês,a diretoria opta por instalar um ponto de alistamento eleitoral na sede, semqualquer caráter partidário.

No ano seguinte, Henrique Nehring, representando a Associação, participada reunião extraordinária do Conselho das Associações filiadas à AssociaçãoComercial de São Paulo, que decidiu pleitear ao governo federal a plenaliberdade de comércio e extinção de todas as restrições então em vigor,principalmente o racionamento, estabelecimento de preços de gênerosalimentícios e utilidades de primeira necessidade.

Em 1948, assume a Associação Comercial, Industrial e Agrícola dePiracicaba (Aciap), Cássio Paschoal Padovani, , , , , proprietário da padariaAliança. Naquele ano, uma solenidade marcou a inauguração do abrigo debondes atrás da Catedral. Reeleito em 1949, Padovani permanece à frenteda entidade até julho de 1950. Durante a sua gestão, cedeu uma sala aoDepartamento do Estado do Trabalho para o funcionamento de um postopara emissão de carteiras profissionais, registro de livro de empregados eoutros serviços atinentes às Leis do Trabalho. Com apoio do Jornal Diáriode Piracicaba e do Rotary Club, constituiu uma comissão para levantar fundopara sinalização do trânsito local, considerado precário.

TELEFÔNICA PIRACICABA - Em julho de 1951, eleição aponta odiretor da Telefônica Piracicaba Ltda., Laymert Garcia dos Santos Neto comovencedor. Laymert é reeleito em 52. Seu trabalho, considerado muitoimportante, foi o empenho para melhorar o serviço telefônico na cidade.Trouxe para Piracicaba o engenheiro técnico da Secretaria da Viação e umdiretor da Companhia Ericson do Brasil para tratar da reforma dos serviços

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Lei institui a Semana Inglesa

A Semana Inglesa foi instituída em Piracicaba, em 1949, pela Lei nº 48,assinada pelo prefeito Luiz Dias Gonzaga no dia 1º de outubro. Os artigos 1º e2º estabeleciam o horário de funcionamento do comércio aos sábados, das 8às 14 horas, com exceção aos salões de barbeiro, cabeleireiros, institutos debeleza e estabecimentos congêneres. Estes, de acordo com a lei, fechariam às18 horas, enquanto as farmácias funcionariamem regime de plantão.A lei foi resultado de um movimento na cidade, liderado por Álvaro Azevedo,Francisco Silva Caldeira, Abelardo Libório e Elias Salum. Álvaro Azevedo, 79anos, explica que, como na prática esse horário não dava certo por causa dahora do almoço, conseguiram antecipar o fechamento para as 12 horas.O movimento rendeu muita discussão entre os comerciantes, uns contra,outros a favor. Em outubro de 1945, Antonio Romero e um grupo decomerciantes solicitavam à prefeitura, através de abaixo-assinado, apoio àproposta. O prefeito decidiu consultar a Associação Comercial, que, por suavez, foi ouvir a classe. Em novembro já tinha oresultado: uma lista com 100 nomes a favor e outra com 141, contrários.Em reunião de diretoria, o presidente Calvet Guariglia dizia que, apesar depessoalmente ter manifestado simpatia à comissão de comerciários pró-Semana, empenhava-se junto ao prefeito municipal para que nada fosseresolvido sem que fossem ouvidas as associações de classe e os maisinteressados na questão, que eram “os comerciantes varejistas e osconsumidores, especialmente os lavradores”.O movimento continuava. Antonio Stolf buscava esclarecimentos sobre aação da associação, uma vez que, em ofício lido em sessão da CâmaraMunicipal, a entidade manifestava-se contra a adoção da Semana Inglesa. Umgrande número de associados solicitava interferência da entidade para que aproposta não fosse aprovada, pois traria muitos prejuízos. Assim, convenceu-se de que a maioria absoluta era contrária à inovação. O projeto de lei“Semana Inglesa” acabou sendo rejeitado pela Câmara em 9 de setembro de1948, mas, no ano seguinte, os vereadores aprovaram a proposta.Aos poucos os comerciantes foram se adaptando ao novo horário deatendimento. Em 18 de setembro de 1962, um comunicado publicado noJornal de Piracicaba informava “amigos e fregueses”, que, a partir do dia 22,o expediente no comércio encerraria às 12 horas. Assinavam o documento 32lojistas.

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telefônicos. Sua proposta era a instalação dos telefones automáticos, umavez que havia constatado que a Companhia Telefônica Brasileira não poderiafazer qualquer coisa em benefício dos serviços. Seu empenho resultou nosurgimento da Telefônica Piracicaba Ltda, transformada em SociedadeAnônima e, que poucos anos depois, contava com 1.800 acionistas.

Em 6 de novembro de 1951, a diretoria recebe uma notícia importante:a promulgação da lei nº 1.266, declarando de utilidade pública estadual aAssociação Comercial, Industrial e Agrícola de Piracicaba. A lei foi publicadano Diário Oficial do Estado em 8 de novembro de 1951. Durante a gestãode Laymert, foram aprovadas mudanças no estatuto da entidade. A duraçãodo mandato da diretoria passou para dois anos e pequenos comerciantes eindustriais eram isentos da taxa de inscrição.

O primeiro presidente a ter mandato de dois anos foi comercianteFrancisco Munhoz, proprietário da Casa Munhoz - secos e molhados, eleitoem julho de 1953. Quando assumiu o cargo, a entidade contava com apenas70 sócios. Por isso, seu principal trabalho foi organizar uma campanha paraaumentar o número de associados. Mapeou a cidade e atribuiu aos diretoresa responsabilidade de conseguir um determinado número de novos sócios.Deixou a diretoria com 700.

Munhoz não aceitou concorrer à reeleição porque estava se mudandopara São Paulo. Assim, em 9 de julho de 1955, é eleito Eduardo FernandesFilho, , , , , gerente da Usina Monte Alegre e proprietário da Casa Mercantil. Elemovimentou o comércio ao solicitar aos lojistas que ornamentassem as vitrinescom bandeiras, flâmulas e bandeirolas para as festividades dos 188 anos dePiracicaba. Para “maior brilhantismo”, enviou ofício ao Departamento deÁgua e Energia Elétrica pedindo a suspensão do racionamento de energiadurante a semana do aniversário, de 30 de julho a 6 de agosto.

Premiou com medalhas os melhores indicados por uma comissãointegrada por artistas da cidade: Elmo Magazine e Mercantil Piracicabaficaram com prata, e A Nacional, Casa Maracanã e Caruso, com bronze.

Fernandes Filho hipotecou integral apoio à campanha lançada pelo Diáriode Piracicaba, para dotar a cidade de um Corpo de Bombeiros. Em ofícioencaminhado aos Irmãos Munhoz, lamentou o incêndio que destruiu oarmazém, localizado na avenida Armando de Salles Oliveira, e garantiuesforços da Associação para aparelhar a cidade com equipamentos contrafogo. Em 1º de agosto de 1956, na gestão de Luciano Guidotti, aconteceua inauguração do primeiro Corpo de Bombeiros de Piracicaba, instalado naavenida Dr. Paulo de Moraes, na Paulista. Naquele dia, a cidade festejava o189o. aniversário.

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Professoras analisam o comércio

Análise sobre o comportamento do comércio entre 1930 e 1950,elaborada pelas professoras Eliana Terci e Maria Beatriz Bilac, indicaum crescimento considerável de estabelecimentos quecomercializavam produtos de primeira necessidade nesse período.A população crescia e os armazéns secos e molhados também.“Eram pequenos e atendiam praticamente a todas as necessidadesbásicas da população”. Neles, a população urbana e rural encontravadesde alimentação, tecidos, produtos agrícolas até aguardente epequenas ferramentas.As professoras citam outros gêneros de comércio: venda deprodutos alimentícios, bebidas, cigarros, fumo e artigos de tabacaria,que “teve participação crescente no setor em número deestabelecimentos”, comércio de tecidos - artigos de vestuário - e dearmarinho, comércio de móveis, artigos de colchoaria e tapeçaria,comércio de artigos diversos, que incluem artefatos de borracha e deplásticos.Neste último item, elas agruparam os estabelecimentos quecomercializavam aparelhos elétricos, areia, bebida, bicicleta paraaluguel, cinema, depósito de materiais, gramofone, licores, pianos,serraria, torrefação, laticínios e farmácias.Outros gêneros comerciais elencados pelas professoras: o comérciode ferragens, produtos metalúrgicos, material de construção, artigossanitários, artigos de cerâmicas, vidros e louças. Elas destacamtambém o ramo de farmácia. No período estudado, Piracicabacontava com a Farmácia Popular, São Paulo, Nossa Senhora dasGraças, Coração de Maria e Farmácia do Povo (Drogal S/A).

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A crise de energia elétrica persiste e leva uma comissão até o escritórioda Companhia de Energia Elétrica, em outubro, para protestar contra oracionamento. Fernandes Filho, acompanhado do prefeito, presidentes deLions Club, Rotary e representantes da imprensa, ouviu do gerente que asituação era resultado da falta de chuva na região e no Estado.

Outra medida foi solicitar aos Correios e Telégrafos a construção daAgência Postal no terreno cedido pela municipalidade, no Largo São Benedito.A Telefônica Piracicaba inaugura na cidade os serviços telefônicosautomáticos.

Em janeiro de 1956, Fernandes Filho pede licença do cargo por tempoindeterminado, porque estava transferindo residência para São Paulo. Assumiuo 1º vice-presidente, Lineu Siqueira, que saiu em defesa da cidade e apoioua campanha do Diário contra a supressão do ramal da Sorocabana, São Pedro-Ártemis. A extinção foi denunciada pelo vereador Antonio Stolf.

O comerciante Lineu Siqueira, proprietário da Casa Siqueira, foi eleitoem 30 de junho de 1957 e se ausentou do cargo durante os três meses em queesteve viajando pela Europa, e não pode acompanhar, em agosto daqueleano, a inauguração do Museu Prudente de Moraes, instalado no casarão emque residiu o primeiro presidente civil da República. Em sua ausênciarespondeu pela presidência Álvaro Azevedo Ribeiro. De volta ao cargo,coube a Siqueira preparar as comemorações dos 25 anos da Aciap. Duranteo seu mandato, fez um trabalho intenso de divulgação dos serviços prestadospela entidade.

PROTEÇÃO AO CRÉDITO - - - - - Em 4 de agosto de 1959, foi a vez deFued Helou Kraide, da Kraide Magazine e Confecções, assumir aresponsabilidade de dirigir a associação. Ele se dedica a reestruturar o quadrosocial, dividindo os sócios em categorias de pagamento de mensalidades.Kraide deu início ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) ao solicitar àsfirmas locais que enviassem à Aciap a relação de seus fregueses negativos.Ele também desenvolveu campanha para conseguir das empresas e comérciobancos para serem colocados nos jardins públicos da cidade.

Reeleito para o biênio 61/63, abre o “Livro de Ouro” para angariarfundos para a aquisição da sede própria. Em 18 de maio de 1962, em reuniãogeral, os sócios deliberaram sobre a compra de um prédio. Em julho, duranteassembleia extraordinária na sede da rua 15 de Novembro, no.744, tambémficou deliberada a venda de títulos de propriedade da futura sede social.Sócios contribuiriam com donativos ou compra desses títulos, com valor enúmero variáveis, pagos à vista ou em prestações, transferíveis de um sócio

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para outro, mediante notificação por carta à associação. Poderiam serresgatados pela entidade, após o quinto ano de construção ou aquisição dasede, por meio de doação ou compra, a preço nunca inferior ao seu valornominal. Proposta aprovada: fixar em 400 o número de títulos, valendoCr$25mil pagáveis em 25 prestações iguais.

Durante a sua gestão, Kraide requereu do governador do Estado aexecução imediata do Plano Bandeirante, elaborado para ampliar os serviçostelefônicos no interior do Estado.

Solicitou ao prefeito providências para facilitar o trânsito no centro dacidade, determinando que o estacionamento de motocicleta, lambreta ebicicletas fosse do lado oposto ao estacionamento dos automóveis. Ao prefeito,ainda, reivindicou maior rigor na fiscalização do funcionamento do comérciofora das horas regulamentares, principalmente aos domingos, e redução de40% do adicional criado sobre o imposto de Indústria e Profissões e 5%sobre o de licença. Do governo do Estado cobrou a demora nas obras depavimentação das estradas Piracicaba-Tietê.

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A cidade se renovaNos tempos do rock and roll, vestidos e saias rodadas, rabos-de-cavalo

e penteados fixados com laquê, Piracicaba ganha cara nova com a intervençãourbanística do prefeito Luciano Guidotti. Nos anos 50 e 60, a cidade serenova, os prédios antigos dão lugar aos de fachadas modernas. “Devido aoalargamento da Praça 7 de Setembro (atual praça José Bonifácio), váriaslojas foram desapropriadas e tiveram que se mudar, como a Luzitana e aCasa Bonilha” (Jornal de Piracicaba, em março de 1950).

“As demolições e as construções vão imprimindo expressões grandiosasna arquitetura da cidade, instituindo novas memórias, destruindo espaçosque foram marcos de referência, alterando a planta física da cidade”, afirmaa professora Maria Theresa Miguel Perez. A preocupação do prefeito Guidotticom o espaço urbano incluía largas avenidas, pavimentação asfáltica econstrução de edifícios, a exemplo do conjunto arquitetônico na praça, omais importante empreendimento da renovação da cidade. A construção foiassumida pela Comurba (Companhia de Melhoramentos Urbanos S/A).

Piracicaba dá a largada para o crescimento vertical com a inauguração,em 1958, do edifício Georgete Dias Brasil, de sete andares, abrigando notérreo ampla galeria, conhecida como Galeria Brasil. Ganha fonte luminosa,modernas construções e as avenidas Armando de Salles Oliveira,Independência e Saldanha Marinho. “Com Guidotti acontecia a primeiragrande transformação urbana de Piracicaba”, observa Maria Theresa. Acobertura do Itapeva, riacho genuinamente piracicabano, conforme defineo historiador Guilherme Vitti, é concluída e anunciada pela imprensa como“a maior obra urbanística de Piracicaba”.

Nas ruas, as moças da sociedade desfilavam as últimas novidades damoda na “calçadinha de ouro”, localizada entre as ruas São José e MoraesBarros, na praça José Bonifácio, onde hoje fica o Banco Bradesco.

José Passarella abriu, em 1935, a primeira bonbonnière da cidade, queviveu o seu auge na década de 50. Era ponto de encontro dos estudantes daescola do Commercio, que funcionava ao lado.

Nos anos 40, a cidade contava com as concessionárias Ford, AgênciaChevrolet. Em 1959, Jayme Rosenthal e Ibrahim Daibes decidiram abriruma loja de automóveis na parte de baixo da Rádio Difusora, então PRD-6,com apenas três carros – Simca Chambord, Gordini e Fusca. Com o sucesso,acabaram transferindo o negócio para um espaço maior, na rua Governador,onde hoje está instalada a Demanos. Naquele quarteirão ficavam a padariaInca - ponto de encontro dos jovens, Supermercado Brasil, Relojoaria Gatti,Bazar Modelo, entre outras. “Nossa loja virou atração”, relembra Rosenthal.

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CuriosidadeA “jupe-culotte”

Em maio de 1911, uma senhora foi vaiada,aplaudida e fotografada ao desfilar na cidadetrajando “jupe-culotte” (saia-calça que realçava asformas femininas). A mulher percorreu diversasruas, passou pela Matriz e pelo jardim que estavalotado. “Durante todo o tempo que permaneceunaquelle local a arrojada modista, grande numerode rapazes prorompiam em palmas e acclamaçõesvibrantes”.(Gazeta de Piracicaba - 23/5/1911)

No comércio, a revolução ficava por conta da roupa em série (prêt-à-porter - pronto para vestir), que popularizou a moda, principalmente nosanos 60/70, preocupando os alfaiates e costureiras que executavam ospedidos dos clientes. Piracicaba contava com o Rei das Roupas Feitas,Popular Magazine, Metidieri, Camisaria Carbon, A Nacional, Casa Neusa,Kraide Magazine. A exemplo da Portalarga, com o tempo, muitas lojasdeixaram de vender tecidos para comercializar roupas feitas.

Nas ruas, vestidos tubinhos, saias evasés, calças saint-tropez que jádeixavam os umbigos à mostra. Botas de cano longo acompanhavam aminissaia, que reinava e arrancava assovios a partir de 1964.

Nas tardes de domingos, a Jovem Guarda, sob o comando de RobertoCarlos, era assistida nas televisões em preto e branco. Cabelos lisos, olhosevidenciados por rímel e delineador. Ainda na década de 60, o jeans - aschamadas calças Lee – sinônimo de liberdade, era a novidade vendida comexclusividade na loja Ao Zequita. Mais tarde era encontrada também na lojaGermano.

Na área de serviços, Lélio Ferrari, que desde 1936 mantinha um empóriona rua Governador, transforma o negócio na primeira loja pegue-pague nointerior de São Paulo, inaugurando no coração de Piracicaba, em 1962, oSupermercado Brasil.

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Sistema pegue-pagueEmpreendedor e audacioso, o

empresário Lélio Ferrari surpreendeua cidade, deixando os pessimistas deplantão de queixo caído, com ainauguração, em 1962, do primeirosupermercado do sistema pegue-pague no interior de São Paulo.Muita gente dizia que não daria certopor acreditar que Piracicaba nãocomportaria um estabelecimentodaquele porte.

Lélio começou, em 1934,montando uma torrefação de café.Dois anos depois, abriu um empóriona rua Governador Pedro de Toledoe, em 1957, já formava umasociedade com os irmãos Oswaldoe Orlando, denominada Lélio Ferrari

e Irmãos, que chegou a instalar 10 lojas em Piracicaba, uma em Limeira euma em São Pedro.

Em São Paulo, Lélio conheceu alguns americanos interessados emimplantar na capital uma rede de lojas de autosserviço, know-how já conhecidodos americanos. Informou-se sobre a novidade e acabou transformando oempório em um moderno e arrojado supermercado - o Supermercado Brasil.

O novo sistema tirou de cena as velhas cadernetas de compras, substituindo-as pelas caixas registradoras, sem, no entanto, prejudicar a filosofia dos irmãosde sempre “servir bem os nossos clientes”. Acreditavam que o consumidorgostava de ser atendido “por quem manda” e “faziam relações públicas juntoaos check-outs todos os sábados pela manhã”. (Revista de Promoção de Vendase Merchandising do Comércio Varejista - fevereiro/ 74).

Reportagem de capa, intitulada “Uma lição para sair do vermelho”,relatava como, após dois anos trabalhando no prejuízo, os irmãos deram avolta por cima graças a uma reestruturação administrativa.

Em 1974, Piracicaba já contava com cinco lojas da Rede deSupermercados Brasil S/A, que serviam, segundo estimativa de Lélio Ferrarina época, a 40% dos 160 mil habitantes da cidade. Sem contar osconsumidores que vinham das cidades da região.

Os estabelecimentos ficavam no Centro, Bairro Alto, Paulista, Vila

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Rezende e São Dimas. Esta última, a menina dos olhos dos Ferrari, era ampla,contava com uma grande área frigorificada e uma inovação: uma butique.

A grande preocupação era com a arrumação das lojas. Mantinham umaseção de frutas e verduras - o chamariz para a venda de outros produtos -,laticínios, importados, massas, latarias, frios em geral e outras, chegando aum total de quase oito mil itens.

Nem mesmo a chegada da concorrente Eletroradiobraz, “a baleia dePiracicaba”, que se instalou no Bairro Alto com uma loja que ocupava umquarteirão, intimidou os Ferrari. Quando Lélio faleceu, em agosto de 1974,empregava cerca de 160 pessoas nos cinco estabelecimentos. A Rede continuoua crescer e foi ao encontro dos consumidores de outros bairros, com ainstalação de supermercados menores, chegando a 10.

No início dos anos 80, a Rede de Supermercados Brasil foi vendida paraa Rede Catarinense.

ATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADE Em 1965, Piracicaba era servida também pelo supermercado Serv-Só,

o primeiro do Estado com panificadora, segundo anúncio que destacava:“Nossos preços são marcados uma só vez, preço justo, preço real, honestoacima de tudo. A comunidade não merece ser iludida. Para não aumentar ainflação”. Em 1973, os piracicabanos tinham como opção de compra ossupermercados Brasil, Guerra, Pão de Açúcar, Jumbo, Vendero e Moral.

Atualmente, grandes redes e pequenos mercados de bairro formam umacadeia de abastecimento que compreende a totalidade da área urbana domunicípio. São 172 mercados, além de 154 rotisserias, 37 estabelecimentosligados ao comércio de hortifrutigranjeiros, 62 açougues e peixes, com 40mercados sem predomínio de produtos alimentícios, os populares armazéns.

Entre as grandes redes presentes em Piracicaba estão o Pão de Açúcar,Carrefour, Extra, Delta, Beira Rio, Walmart e Jaú. Os mercados de bairrossão menores, mas essenciais para o consumo de famílias que estão emlocalidades mais afastadas do centro. Há, ainda, os estabelecimentosatacadistas, entre os quais estão o Atacado Munhoz, Makro e o Atacadão.

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SEDE PRÓPRIA - - - - - Na eleição da Acipi, de julho de 1963, Lélio Ferrarie Arnaldo Ricciardi obtiveram quatro votos cada um. Prevaleceu adeterminação do Estatuto da época: no caso de empates, na composição doscargos, a decisão seria pelo critério da idade. Assumiu Lélio Ferrari, o maisidoso. Como primeira medida, nomeia uma comissão para planejar e executaro projeto da sede própria. Já em agosto, assembleia geral aprovavaempréstimo bancário de seis milhões de cruzeiros para a construção. Reuniãono dia 6 de dezembro decide pela venda do terreno na rua Alferes JoséCaetano, 1.112. A partir de março de 1964, a sede da associação é transferidapara a praça da Catedral, 1.023, no Edifício Gianetti.

Em 1964, a Aciap protestava contra a pretensão do governo de liberar aimportação de equipamentos para usinas de açúcar, visto ser Piracicaba ogrande centro produtor. É sugerida à prefeitura modificação do serviço detrânsito na parte central, a fim de permitir estacionamento de veículos emambos os lados das ruas.

Outra crítica era dirigida à Companhia Telefônica Brasileira em razãodo deficitário serviço interurbano. Ao governo do Estado, à Secretaria daFazenda, ao deputado Domingos Aldrovandi e a Luiz Guidotti, presidente dodiretório do PSP, reivindicava a instalação da Delegacia Regional de Fazendae Instituto Adolfo Lutz, já criados por lei.

Naquele ano, no dia 9 de abril, o comércio e as indústrias de Piracicabasuspenderam as atividades às 15 horas para engrossar a Marcha da Famíliacom Deus e pela Liberdade. O movimento marcou “repúdio ao comunismo,reafirmando inequivocadamente sua vocação democrática”, conforme noticiouo Jornal de Piracicaba no dia seguinte. Foi a maior concentração popularrealizada, até então, na cidade. “Piracicaba mostrou ao Brasil que é digna deguardar em seu seio o mausoléu do grande primeiro presidente civil daRepública, Prudente de Moraes”, destacava a imprensa.

A concentração foi na Estação da Paulista. Uma multidão tomou conta darua Boa Morte, descendo até a praça da Catedral. Nas faixas, os apelos: “SãoPaulo de pé, pela Lei”, “A mulher cristã, pela Liberdade”, “Conservemossem macula nossa herança democrática”, “Salve Caxias, patrono do Exército”,“Uma nação não subsiste sem fé”, “Antes morrer que viver escravo”.

As fanfarras da Escola Industrial Cel. Fernando Febeliano da Costa edo Colégio D. Bosco marcavam um ritmo marcial à passeata, enquanto ascorporações musicais, União Operária e Pedro Sérgio Morganti davam otom mais alegre, tocando dobrados e marchas. A marcha terminou na praçacentral, onde muitas pessoas discursaram exaltando a democracia e a “vocaçãocristã dos brasileiros”.

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O imponenteComurba ficavana praça JoséBonifácio

E foi na mesma praça que aconteceu uma dasmaiores tragédias da cidade. Naquela época, o setorimobiliário delirava com a febre da renovação que,nos anos 50 e 60, modernizava Piracicaba, uma dascinco cidades mais progressistas do Brasil, segundo

concurso da revista O Cruzeiro, em 1958. O centro urbano passava por umaverdadeira revolução arquitetônica com o novo substituindo prédios antigos.A cidade se orgulhava de ver, na praça central, o mais importante conjuntoarquitetônico do interior do Estado de São Paulo - o Comurba -, que acabouse transformando em um amontoado de entulhos e ferros retorcidos.

Era 6 de novembro de 1964. O início de tarde estava tranquilo quando,às 13h40, parte do prédio voltada para a rua Prudente de Moraes desabou.Uma densa nuvem de poeira tomou a área central. Correria, gritos, gemidos.Pessoas se aglomeravam. Os bombeiros isolaram a área e com ajuda devoluntários iniciaram o trabalho de resgate aos feridos. Formou-se umacorrente de solidariedade, envolvendo indústrias, comércio, entidades,voluntários e prefeitura.

As indústrias enviavam máquinas para remover os escombros e osoperários faziam fila para doar sangue. A cidade fornecia alimentos paraque fossem preparados para soldados, bombeiros e voluntários quetrabalhavam incansavelmente na busca por sobreviventes. O socorro vinha,também, de várias cidades da região. Os comerciantes lamentavam as mortes,entre elas, a família do dono da Casa Portuguesa, Francisco Candeias Coroa,soterrado na casa onde morava.

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O edifício contava com escritórios, clube e galeria de lojas, apartamentos,cinema e garagem no subsolo. Estava em fase final de construção, mas ocinema - Plaza – já havia sido inaugurado. O prédio ocupava 22 mil metrosquadrados em área desapropriada na administração de Samuel Neves parareforma da praça. Comurba era a sigla da Companhia de MelhoramentosUrbanísticos, integrada por 100 acionistas e formada para construir omonumento denominado “Luiz de Queiroz”, personagem considerado pelaelite local como “o maior benfeitor de todos os tempos”. (Piracicaba - AAventura Desenvolvimentista 1950-1970 – Eliana Terci e Beatriz Bilac).Inicialmente, o prédio foi projetado para 12 andares, mas chegou a 15.

Durante anos, enquanto se apurava a responsabilidade do acidente, partedo prédio que restou em pé, com as lajes penduradas, não deixava ospiracicabanos esquecerem da tragédia. Em 21 de novembro de 1965, aAssociação Comercial, Industrial e Agrícola de Piracicaba solicitava àSecretaria de Segurança Pública providências para o problema Comurba,“que vem se tornando quase insolúvel”. A cidade pedia providências e aconstrução foi derrubada à picareta por homens contratados na administraçãoCássio Paschoal Padovani. O trabalho foi concluído em novembro de 1971 eos culpados nunca apareceram.

Segundo as professoras Eliana e Beatriz, o laudo pericial do Instituto dePolícia Técnica indicou que o “desabamento aconteceu por deficiência doprojeto de reforço para aumento de três andares...”. Reportagem publicadano Jornal de Piracicaba, em 8 de outubro 1996, afirma que “a queda provocouna cidade um verdadeiro hiato em seu crescimento”. A construção civilficou estagnada nos anos seguintes. Na época, a construtora de VirgílioFagundes estava concluindo o edifício D. Mimi Lopes Fagundes, na esquinada rua Governador Pedro de Toledo com a São José. Dos 46 interessadosna compra de apartamentos, apenas um acabou confirmando.

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Novas mudanças no Estatuto

Em 1967, a diretoria passa a concorreratravés de chapas, não maisindividualmente, que deveriam serregistradas para poder participar do pleito.Cada chapa teria 15 nomes (não mais 12)e cinco suplentes. Em caso de empate, eraconvocada nova assembleia. Os cargossão: presidente, 1°., 2°. e 3°. vice-presidentes; 1°. e 2°. secretários, 1°. e2°. tesoureiros; um diretor e um vice-diretor do Serviço de Proteção aoCrédito, um diretor de Relações Públicase quatro diretores sem pasta. Tambémpassou a contar com 15 membros, oConselho Consultivo.

DENOMINAÇÃO ACIPIO comerciante Salim PhelippeMaluf , um dos proprietários daPorta Larga, chega à presidênciada Associação em julho de 1965,dois meses antes da inauguraçãodo Estádio Barão de Serra Negra.Durante a sua gestão, foramrealizadas importantes mudançasno estatuto da entidade ecampanha de apoio às entidadesassistenciais, para evitar a doaçãode esmolas aos pedintes.

Em agosto de 1965,acontecia o primeiro jantar deconfraternização entre diretores,conselheiros da entidade,representantes da imprensa,vereadores, comerciantes, convi-dados e um grupo da classe

farmacêutica. A finalidade da reunião era demonstrar o trabalho que aAssociação Comercial vinha realizando para o progresso da Noiva da Colina.

Outras deliberações durante a sua gestão: pedido de emplacamentode ruas da periferia e numeração de casas; alerta sobre o comportamentode estudantes estrangeiros que, depois de formados na Escola deAgricultura Luiz de Queiroz, efetuavam suas compras e desapareciam,dando avultados prejuízos às lojas. Outra preocupação era com o grandenúmero de cheques sem fundos emitidos à praça. Em contato com osbancos, solicitou medidas “acauteladoras”, especialmente no que sereferia à entrega e emissão de talões, à Câmara de Compensação do Bancodo Brasil, a relação de contas de clientes canceladas a fim de se evitarmais prejuízos.

A educação também era preocupação da entidade. Por isso, solicitou aogovernador Laudo Natel a instalação da Faculdade de Engenharia de Piracicaba,que iniciou suas atividades em 1969 com o curso de Engenharia Civil. Foiele quem propôs a mudança no nome da entidade para Associação Comerciale Industrial de Piracicaba (Acipi). Para isso, o estatuto passou por nova reforma.

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DIRETORIA POR CHAPA – Em 1967, ano em que a prefeituramunicipal criava, por decreto, a Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba(Fumep), na Acipi era eleita a primeira diretoria constituída por meio dechapa - a II Centenário, uma homenagem a Piracicaba, que completava 200anos de fundação. Chapa única, dos 60 votos depositados na urna obteve59. Um foi voto em branco. Encabeçava a chapa Pedro Pereira dos SantosJúnior, da Elmo Magazine, que assumiu a presidência.

Em agosto de 1967, Pedro Pereira propõe a transformação do SPC emDepartamento de Proteção ao Crédito. Justificativa: propiciar o bomfuncionamento do serviço com maior amparo da Acipi.

Em janeiro de 1968, passa a integrar o Conselho Municipal de Trânsito,órgão criado pelo prefeito para estudar a organização e disciplinar o trânsitode Piracicaba. Durante reunião de diretoria, o vice Salim Maluf comentousobre as deficiências do Corpo de Bombeiros e dos planos para colocar naárea comercial dispositivos de emergência para combate a incêndios, quepoderiam ser acionados por populares. Diversas firmas instalaram mangueiraspor conta própria. Ficou acertado, também, reivindicar à prefeitura melhorserviço de limpeza das ruas centrais.

A Acipi colaborou para a criação da Delegacia Regional da Fiesp/Ciespe ampliou o serviço telefônico para maior eficiência dos trabalhos doDepartamento de Proteção ao Crédito. Apoiou a campanha do Lions deexaltação à Pátria.

Em agosto de 1968, Guerino Morini & Cia. Ltda. ganha um distintivode ouro como o sócio de número mil. O sorteio foi realizado entre osúltimos 23 inscritos.

Em dezembro, uma comissão integrada por membros da Acipi esteve emSão Paulo em audiência com o secretário dos Transportes para solicitar aconstrução de uma rodovia ligando Piracicaba-Capivari, Salto e estrada D’Oeste.

Em julho de 1969, Pedro Pereira foi reeleito para os anos 1969 a 1971, como total de votos colocados na urna: 39. A chapa Expansão foi a única a concorrer.

Durante a sua gestão, foi realizada a campanha de limpeza das ruas, uma vezque os próprios comerciantes deixavam suja a frente de suas lojas, e elaboradauma pesquisa sobre abertura do comércio às sextas-feiras à noite, que apontou 54contrários e 27 favoráveis. A diretoria discutia também a realização de campanhapara esclarecer os consumidores sobre o Departamento de Proteção ao Crédito.

Em 1970, solicitou ao Banco Central providências para que o comérciofosse abastecido de moedas. A população reclamava que por causa da faltade troco as tarifas dos transportes coletivos urbanos, que eram NCr$ 0,18,acabavam custando NCr$ 0,20 ao usuário.

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Modernização

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Anos 70/80

No final da década de 70, os jovens curtiam “Os Embalos de Sábadoà Noite”, com John Travolta, que usava calça boca-de-sino emuita brilhantina nos cabelos. Estampas psicodélicas davam tomà moda. Também as saias muito curtas e maxissaias, jeans surrados,

túnicas, camisetas coloridas. Nas sapatarias, a procura era pelos saltosplataforma. Tempo das discotecas, sandálias de salto alto com meias, depreferência com brilho, influência da novela Dancing Days, da Rede Globo.

Na Acipi, em outubro de 1970, Pedro Pereira licencia-se da presidência,que é ocupada por Salim Maluf, segundo vice-presidente, uma vez que oprimeiro vice, Cássio Paschoal Padovani, era prefeito do município. Emjaneiro de 1971, Pereira apresenta ofício pedindo demissão e, Salim Maluf,impossibilitado de assumir, é substituído pelo advogado Nelson de OliveiraBueno, prestador de serviços nas áreas de direito e contábil, que permaneceno cargo até julho, quando ocorre nova eleição.

A chapa única, Situação, encabeçada por José Luz Júnior, conseguiu 73votos de um total de 75. Sua administração modernizou a Acipi com a

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aquisição de máquinas de escrever elétricas. Luz Júnior havia adquirido deCássio Padovani a padaria Aliança.

Em dezembro de 1971, o Departamento de Proteção ao Crédito fornecemais de 20 mil informações. Os bancos começam a usufruir do serviço paraaberturas de contas e de créditos. Para tornar a rua Governador mais atrativa ànoite, Francisco Raya apelava aos comerciantes para que deixassem as vitrinesdas lojas acesas aos sábados, domingos e feriados.

A Acipi já se preocupava com o mercado de trabalho, oferecendoseminários e cursos, como o de análise de balanço e administração deempresas, de aperfeiçoamento de mão de obra destinado ao pessoal daspanificadoras - psicologia, técnicas de vendas e administração comercial.Em agosto de 1972, é realizada pela primeira vez, em Piracicaba, a Convençãodas Associações do Estado de São Paulo e instalada a Feira Exposição Expo-7,com a participação de empresas locais e de todo o Estado. Outra preocupaçãoera com o fato de as indústrias estarem se transferindo para outras cidades,por falta de apoio da municipalidade.

De 28 de fevereiro a 3 de maio, responde pela presidência o primeirovice-presidente, Jorge Perina, da Casa Standard. Luz Júnior retorna àpresidência no dia 4.

CURSO INTENSIVO - - - - - O ano de 1973 é marcado com a inauguração,no Bairro Alto, da Eletroradiobraz, “A Baleia de Piracicaba”, instalada em12 mil metros quadrados, divulgada como “um dos maiores centros de comprasda região”. O anúncio dizia ainda que o novo empreendimento englobava“todas áreas de comercialização, supermercados, eletrodomésticos, centrode moda, lanchonete e veículos, móveis e lazer de variedades”.

A Acipi também estava em festa com a posse do comerciante José Macluf,da Woltzmac Art. Cimento Ltda., no dia 9 de julho, após pleito com chapaúnica. A associação do presidente Macluf realizou campanha para ajudar ojovem Lélio Marcos Lacerda a viajar para os Estados Unidos, onde participoudo Campeonato Internacional de Damas. Foram arrecadados cinco milcruzeiros. Lacerda conquistou o sétimo lugar.

O presidente solicitou à Empresa de Correios e Telégrafos autorizaçãopara o uso de um carimbo comemorativo dos 40 anos de fundação da entidadee providências à prefeitura para a regulamentação do estacionamento deveículos no centro. Em 1974, a Associação Comercial firmou parceria com aEscola Superior de Administração de Negócios para o desenvolvimento docurso intensivo de aperfeiçoamento em Administração de Empresas (GestãoGlobal de Empresas). Objetivo: preparar mão de obra especializada, atender

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e promover os interesses do comércio. À Telesp, reivindicou a instalaçãodo Sistema DDD (Discagem Direta a Distância).

No final de 1973, a empresa de telefonia havia inaugurado novo PostoPúblico, considerado o mais moderno do Estado, com sete cabines paraligações interurbanas e dois aparelhos do tipo “moedeiro” para ligaçõeslocais. Em agosto de 1974, a cidade soltava o riso com a realização do 1ºSalão Internacional de Humor de Piracicaba e, na Acipi, José Maclufintensificava discussão em torno da construção da sede própria da associação.

Em 1975, quando Piracicaba recebe a notícia da criação da UniversidadeMetodista de Piracicaba (Unimep), ele é reeleito. Neste ano aconteceu tambéma inauguração do atual prédio da Câmara e da rodovia do Açúcar. No anoseguinte, os comerciantes estavam bem atentos: eleito, o prefeito JoãoHerrmann Neto tinha em mãos um plano para reformulação total da áreacentral da cidade. Em julho de 1977, Macluf é substituído por Telmo Otero,proprietário da Casa Triângulo, materiais de construção.

A descentralização do comércioO comércio de Piracicaba se fortaleceu e expandiu para vários bairros,

tornando-se novas alternativas para os consumidores. A rua Governador Pedrode Toledo, que concentrava o maior número de lojas da cidade, considerada ocoração do setor, começou a sentir mudanças a partir de 1975 com os empresárioslocais negociando a venda de seus pontos e chegada de empresas de fora.

A descentralização do comércio ocorreu da década de 80 para cá. Oempresário Luiz Carlos Furtuoso conta que a rua Governador deixou de serreferência única e o tímido comércio de bairro foi turbinado com novosinvestimentos, lojas, serviços e diversidades de produtos, conquistando efidelizando os clientes. Destacam-se os corredores comerciais da Vila Rezende,rua do Rosário, avenida São Paulo, Bairro Alto, Dois Córregos e Santa Terezinha.Também contam com comércio rua Benjamim, São Dimas e Vila Sônia. OShopping Piracicaba, inaugurado em 1987, trouxe a proposta de descentralização.

O setor continua se expandido, pulverizado em vários pontos da cidadecom pequenos centros comerciais e o comércio de Piracicaba tornou-sereferência na região. Os empresários acompanham as tendências do mercadoe oferecem aos clientes as últimas novidades, comodidade, produtos dequalidade e preços competitivos. O piracicabano conta também com lojasde grandes redes para fazer as suas compras.

A história mostra que os primeiros corredores comerciais surgiram naVila Rezende, na Paulista e no Bairro Alto. O interesse maior de algunscomerciantes em se estabelecerem na Vila Rezende teve início em 1916,

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quando o bairro começa a receber benfeitorias, como a chegada da linha dobonde e a inauguração da empresa Dedini, na década de 20. Miguel Tacla eCélio Cardinali são dois exemplos: o primeiro se estabeleceu na avenida RuiBarbosa, vendendo armarinhos e tecidos, enquanto Cardinali montou umapadaria, que com o tempo foi transformada no Bar do Gustinho, ponto deencontro dos moradores da Vila e de bairros rurais. Vendiam sorvetes defrutas, doces e lanches.

A memória de Irandir Cardinali, 82 anos, revela uma Vila pacata, compoucas lojas na avenida Rui Barbosa, onde hoje se concentra um comérciopujante e diversificado. Destacavam-se o Restaurante Papini, Casa Valler,Armazém Giovanetti, Bazar Santos, Móveis Zanin, Loja do ValdomiroScarpari, Loja do Lala, Loja do Bertine - que confeccionava ternos e vendiatecidos - e uma farmácia.

Irandir Cardinali era criança e já ajudava o pai, Augusto, a atender afreguesia. “Para fazer os sorvetes a gente pegava milho verde na roça, oabacaxi era descascado na hora e o coco ralado pelo Martini”, conta. O Bardo Gustinho vendia sanduíches e doces. Mário Dedini encomendava os lanchesque servia aos funcionários que faziam hora extra.

Por volta de 1949, a família abriu uma casa de presentes ao lado do bar.Dois anos depois instalou uma filial na rua Governador, no quarteirão emque se encontra atualmente, entre as ruas São José e Prudente de Moraes.Com o tempo, o bar e a loja na Vila foram fechados.

Atualmente, o comércio da Vila Rezende é pujante, com maiorconcentração na avenida Rui Barbosa.

BAIRRO ALTO - No alto da rua Moraes Barros, o barbeiro José OrtizSobrinho instalava, no final da década de 40, a primeira loja do comércio doBairro Alto. Era a Ao Zequita, que nasceu dentro da barbearia Bom Jesus.

José Ortiz enfrentava longas jornadas diárias de trabalho, que começavamàs 6 horas – quando os sinos da igreja Bom Jesus tocavam a Ave Maria - ese prolongavam até a madrugada. Ele tinha muitos fregueses e montou umapequena perfumaria na barbearia e, com o tempo, incluiu armarinhos. Eraele quem preparava as loções de barbear.

Em 1949, vendeu a barbearia e comprou o terreno onde construiu oprimeiro prédio de Ao Zequita. A rua era de paralelepípedo e existiam apenasfarmácia, açougue, padaria, alfaiataria e bares.

Ao Zequita (nome originado do apelido Zé) diversificou sua venda combrinquedos, eletrodomésticos e roupas, conquistando os consumidores etransformando a loja em uma das mais tradicionais daquela região e da cidade.

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A freguesia encontrava desde uma agulha até geladeira em sua loja. Foi aprimeira a vender televisão Empire e as calças jeans, as conhecidas Leeimportadas, que viraram febre da juventude nos anos 60.

No início de 1979, sob a direção de Luiz Carlos Furtuoso, passou poruma reestruturação. A loja ganhou novo perfil com confecções, presentese perfumaria. Com o tempo, especializou-se em confecções e se expandiu.O atual endereço é um moderno prédio, à rua Moraes Barros, esquina coma São João. A loja, hoje, dedica-se à venda de cosméticos.

A cinco quarteirões dali fica a loja São Luiz, de Itacir Nozella, a segundainstalada no comércio do Bairro Alto. O proprietário conta que o bar de seupai, na esquina da rua Moraes Barros com a Manoel Ferraz de Arruda Campos,foi o embrião da loja de tecidos de seu irmão Antonio Nozella.

Por volta de 1962, Itacir e o cunhado Carraro decidiram também entrarno comércio, abrindo uma loja de artigos para presentes, roupas, tecidos ebrinquedos em um pequeno salão. Três anos depois, Itacir comprou a parteda sociedade e, em 1966, adquiriu a loja do irmão. Ele se recorda: “Orelacionamento dos comerciantes e fregueses naquela época era de fidelidade.Compravam a mãe, o pai e os filhos. Algumas famílias faziam suas comprasduas vezes ao ano, no inverno e verão”.

Hoje, o comércio da rua Moraes Barros é bastantediversificado. Ao Zequita, a

primeira lojacomercial

instalada noBairro Alto

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PAULISTA – A Estação da Paulista impulsionou o crescimento do bairroe atraiu para suas imediações a elite da época, que construiu “as casas maismodernas e suntuosas” de Piracicaba dos anos 20, conforme estudos daprofessora Eliana Terci. Vislumbrando bons negócios, comerciantes seinstalaram na rua do Rosário, atualmente um importante corredor comercialda cidade.

A comerciante Antonietta Valverde, proprietária da butique Antonietta,instalada no bairro há 52 anos, comenta: “O comércio se resumia em umaçougue, um bar, um homem que fazia garapa, um circo e a Casa dos Presentes.De anos para cá, este trecho virou centro comercial, onde o consumidorencontra de tudo para satisfazer as suas necessidades”.

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Shopping chega no final dos anos 80A inauguração do Shopping Piracicaba, à margem direita do rio

Piracicaba, em outubro de 1987, foi um acontecimento que alvoroçou acidade e região. Até então, o piracicabano frequentava os shoppings deCampinas e São Paulo. Isso mudou. O Shopping Piracicaba conta com 145lojas, que formam um mix bem equilibrado de grifes consagradas, entreelas: Fórum, Zoomp, Lacoste, Ópera Rock, M.Officer, TNG, Guaraná Brasil,World Tennis, Levi’s, Hering Family Store e Lojas Marisa. A praça dealimentação conta com Mc Donald’s, Pizza Hut, Bob’s, Via Canova e outrasmarcas conhecidas.

Instalado em 27.248 mil metros quadrados de Área Bruta Locável (ABL),o empreendimento possui ainda cinco salas de cinema, área de lazer e lojasde serviços. Está ancorado pelas Casas Bahia, C&A, Centauro, Dicico, LojasAmericanas, Marisa, Nobel Mega Store, Ponto Frio e Renner. Cerca de600 mil consumidores passam pelo centro comercial mensalmente, sendo70% dos frequentadores das classes A e B. Pesquisa realizada pelaadministração indica predominância do sexo feminino, com 63%, e a faixaetária dos frequentadores entre 24 e 45 anos. Constatou-se ainda que a maioriavai ao shopping pelo menos duas vezes por semana.

ShoppingPiracicaba,inaugurado emoutubro de 1987

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Atualmente, o Shopping Piracicaba passa por obras de expansão e emabril de 2014 entregará aos seus clientes mais 103 novas lojas, novosrestaurantes, mais uma sala de cinema, com tecnologia inovadora, além deampliação do estacionamento, que contará com vagas cobertas. A ABLpassará para 43.220 metros quadrados.

De acordo com a Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce),o primeiro shopping foi inaugurado no País na década de 60 e houve umboom entre meados das décadas de 80 e 90, com concentração nas metrópoles,que detinham maior poder aquisitivo.

NOVO EMPREENDIMENTO - A construção do segundo shopping emPiracicaba está no início, mas já começa a gerar impactos na região. O PraçaTaquaral Shopping Center - resultado da sociedade entre a 5R Shopping Centerse a THCM - faz projeções sobre a área de influência que, de acordo com aadministração, é de cerca 539 mil pessoas. Após a inauguração, o PraçaTaquaral deve gerar dois mil empregos diretos e 2.300 indiretos.

O shopping está sendo construído em um terreno de 70 mil metrosquadrados e contará com 176 lojas. São oito âncoras, um hipermercado, umhome center, duas semiâncoras, um complexo de cinema com seis salastotalmente digitais e outro de lazer infantil, 136 lojas satélites, além de praçade alimentação com dois restaurantes e 21 operações de fastfood. A ABLserá de 30.100 metros quadrados. O estacionamento terá capacidade para2.200 vagas, sendo 1.300 cobertas. O empreendimento é âncora do projetomultiuso - Park Unimep Taquaral, que inclui a construção de hotel,residenciais planejados, centro de convenções e edifícios corporativos emum único lugar.

O Praça Taquaral traz no projeto arquitetônico uma essênciagenuinamente piracicabana. Por meio de uma análise detalhada do terreno,de um estudo aprofundado das referências históricas e culturais do lugar eum longo processo de criação nasceu o conceito arquitetônico inspirado nonome da cidade, cujo significado “o lugar onde o peixe para” permitiu aligação com outras referências, tais como o salto do rio, as rochas, o peixe.

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Boicotes e protestosEm Piracicaba, a década de 80 começou com as donas de casa liderando

um boicote à carne, movimento que teve repercussão em todo o Brasil e foinotícia no New York Times com título “Brazilian Boycott Fightes MeatPrices”. Pelo telefone, as mulheres ligavam umas às outras solicitando quedeixassem de comprar o produto até que os preços fossem reduzidos.

Em 1985, os panificadores de Piracicaba desafiaram a SuperintendênciaNacional de Abastecimento (Sunab) e reajustaram o preço do pão. A populaçãoreclamava e as donas de casa colocavam em prática, mais uma vez, a táticainfalível: boicotaram o pão, fazendo o produto em casa. O governo, por suavez, agiu com rigor tabelando o preço do pão em Piracicaba.

O país convivia com uma inflação de 255%. O presidente José Sarneyanunciou, em 1986, o Plano Cruzado. Substituiu o cruzeiro pelo cruzado econgelou os preços e salários. Os brasileiros viveram um clima de guerracontra a inflação, com as donas de casa transformando-se em verdadeiras“fiscais do Sarney”.

Remarcação de preço era caso de polícia. O momento era de muita euforia. Oconsumo aumentou, as mercadorias desapareceram das prateleiras e o ágioapareceu, fazendo voltar a inflação. Para combatê-la, é lançado o Cruzado II,que instituiu o Cruzado Novo e congelou, novamente, preços e salários.Não deu certo.

Em 1988, a Acipi apelava aos empresários que fortalecessem o pactosocial vigente para evitar um processo hiperinflacionário. Telmo Oteroobservava: “No momento é, talvez, a única alternativa para se dar um mínimode estabilidade política e econômica ao país”.

Preocupação justificada. Em 1989, com a inflação fora de controle, éanunciado o Plano Verão. Em Piracicaba, o comércio tentava incentivar osconsumidores a irem às compras com a 1ª Grande Liquidação, promovidapela Acipi e Clube dos Diretores Lojistas (CDL). Participaram lojas da CidadeAlta e do Shopping Center. Consumidores concorreram a prêmios.

Em 1990, mais um impacto na economia: o Plano Collor congelavatemporariamente os preços e salários e surpreendia com o confiscomonetário. Naquele ano, outra grande preocupação era com a insegurançana cidade. O comércio protestou fechando as suas portas em 13 de março.Foi uma decisão inédita que envolveu lojistas do Centro, da Paulista, VilaRezende e dos shoppings Piracicaba, Ziliat e Cidade Alta. As indústriasacionaram as sirenes e as igrejas repicaram os sinos. Telmo Otero ressaltavaà imprensa: “As forças vivas de Piracicaba estão se levantando para exigirdo governo algo a que temos direito: a segurança pública”.

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COBRANÇA ILEGAL - - - - - Telmo Otero presidiu a Acipi de 1977 a 1991.Foram 14 anos de dedicação que contribuíram para o amadurecimento daentidade que manifestava, de maneira contundente, sua posição diante demedidas contrárias aos interesses da classe e da população. Um exemplo eraa cobrança ilegal do Imposto Predial e Territorial, em 1978, na administraçãode João Herrmann Neto. “O prefeito elevou o imposto sem a publicação noDiário Oficial do Município, do decreto que regulamentava o aumento”,denunciou a Acipi. O assunto ganhou manchetes nos jornais locais. Respaldadapor um estudo elaborado por uma comissão de advogados - José Gorga,Paulo Checoli e José Roberto Caldari -, a Acipi, em defesa dos associadose da comunidade, entrou na Justiça contra a Prefeitura Municipal. O resultadofoi o cancelamento de duas parcelas do imposto.

A gestão de Telmo Otero começa com a discussão sobre a abertura docomércio à noite. Reuniões na Câmara, na prefeitura, na Acipi. Os vereadoresaprovaram projeto de lei de Elias Domingos da Silva, regulamentando ohorário do funcionamento do comércio das 8 horas às 18 horas. Apesar deter recebido manifestações favoráveis de comerciários e comerciantes, nãofaltou polêmica, já que inviabilizava a proposta do hipermercadoEletroradiobrás de atender à noite. Pelo projeto também não poderia abriraos domingos e feriados. Em janeiro do mesmo ano, a lei nº 2.111 é revogada,restabelecendo o funcionamento noturno dos supermercados e similares.

Protesto. Em 1977, a Acipi e o CDL (Clube dos Diretores Lojistas)organizaram um movimento contra o desinteresse, “da parte de quem dedireito”, em solucionar o problema de estacionamento de veículos no centroda cidade. Dia 31 de outubro daquele ano, o comércio protestava fechandosuas portas às 17 horas.

Os comerciantes prestigiaram, em 1978, palestra do diretor do Institutode Economia “Gastão Vidigal”, da Associação Comercial de São Paulo,sobre “Preços, etiquetagem e visualização de preços em vitrines – conceitosde marcação em mercadorias”. Na época, Lei Federal obrigava a colocaçãode etiquetas visíveis nos preços à vista e a prazo nos produtos. A palestraaconteceu na Câmara de Vereadores.

Em 1978, como parte da programação dos 45 anos de fundação da Acipi,foi realizado o I Seminário de Apoio à Exportação, que reuniu em Piracicabadirigentes da Carteira de Comércio Exterior e representantes dos governosestadual e federal, diretor da Federação das Indústrias do Estado de SãoPaulo. O encontro abordou vários temas, entre eles o “Engajamento doComércio no Processo de Exportação”, “Incentivos e Formação de Preços”e “Canais de Comercialização”. Um dos pontos destacados foi o fato de o

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encontro ter tirado dos grandes centros a discussão sobre o tema“exportação”. Participaram empresários de Piracicaba e região.

Para despertar a consciência da classe em defesa de interesses comuns,a Acipi constituiu, em 1979, o Conselho de Apoio a Pequenas e MédiasEmpresas da Região de Piracicaba. A Secretaria Estadual dos Negócios daFazenda sugeriu a criação de um fundo especial para empréstimo, a jurosmódicos, aos pequenos e médios empresários que não tivessem condiçõesde pagar o ICM (Imposto de Circulação de Mercadorias).

A entidade lançou ainda uma campanha milionária para promover ocomércio local. O objetivo era incentivar os consumidores a comprar emPiracicaba, com sorteios de carros, televisores, geladeiras, entre outros objetos.

A campanha Contribuinte do Futuro movimentou o comércio e premiou,com cadernetas de poupança especiais, crianças de 10 a 14 anos. “VamosConstruir Juntos” contou com a participação de mais de 300 trabalhos sobreimpostos, apresentados por estudantes das quartas e quintas séries das escolasde Piracicaba.

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AUTOMAÇÃO - Em setembro de 1987, a Acipi iniciava luta pela voltado horário antigo dos bancos – das 9 horas às 16 horas - em nome da “classeeconômica e do povo em geral”. Depois de quatro anos de discussão eestudos, em outubro, assembléia geral aprovava a automação na Associação.A implantação do sistema de informática custaria à entidade CZ$ 7 milhões.Os motivos que levaram à efetivação do programa foram a construção doShopping Center Piracicaba e o aumento das consultas no Serviço de Proteçãoao Crédito (SPC). Com a informatização, o tempo para obter informaçõesseria reduzido para 30 segundos. Até então demorava um minuto e 20segundos.

Na época eram atendidas 60 mil consultas e a previsão era de aumentopara 80 mil com a vinda do shopping. O sistema de fichas, manipuladas por12 funcionários, seria substituído por 14 terminais de computadores. Dia 10de novembro, a Acipi assinava contratos com as empresas SID e PDI -fornecedoras dos equipamentos e programas ao SPC. “É um momentohistórico para a Acipi e para Piracicaba. É um novo tempo”, dizia TelmoOtero. A inauguração do sistema deu-se em abril de 1988, fornecendo, empoucos segundos, informações sobre cheques sem fundos, crédito na praça eprotestos de pessoas jurídicas.

Em outubro de 1990, novo serviço é implantado na Associação, depoisde quase dois anos de testes: o Telecheques, um cadastro em nível nacionalde emitentes de cheques sem fundos ou com contas encerradas, tanto depessoas físicas como jurídicas. Por este sistema, o lojista pode ter informaçõesde cheques roubados ou extraviados.

CHAPA OPOSIÇÃO - Pela primeira vez na história da Acipi, em 1991,mais de uma chapa disputava a presidência. A eleição foi realizada no dia 27de junho, na nova sede da entidade, “uma boa ocasião para mostrar aosassociados onde o dinheiro foi gasto”, conforme observou à imprensaOsvaldo Palma, um dos candidatos. A chapa de oposição “Acipi Viva”,encabeçada por Mário Antônio Sturion venceu as eleições por 241 votoscontra 191.

No dia da posse, em 10 de julho de 1991, antes de transmitir o cargo,Telmo Otero descerrou a placa inaugural do prédio com os dizeres: “Quereré poder. A obra perpetua no tempo os que quiseram”.

Em novembro daquele ano, a Acipi entrou na Justiça contra o Finsocial. Anotícia era de que a entidade coordenaria a entrada de uma ação coletiva naJustiça Federal, em São Paulo, contra a cobrança do Fundo, criado no início dadécada de 30, com alíquota de 0,5%, sobre o faturamento de estabelecimentos

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comerciais e industriais e folha de pagamento das empresas prestadoras deserviços. A reclamação era contra o aumento no índice para 2%.

Pela imprensa, a diretoria repudiava a forma pela qual a PrefeituraMunicipal desencadeou a campanha Fiscalização do ICMS, “taxando todocomerciante de sonegador”. Apoiou vários eventos, entre eles a Feira deExposição, realizada pelas empresas Morales Promoções e Montagens, onovo traçado da rodovia dos Bandeirantes, passando perto de Piracicaba, oCentro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e a Feira de Saldos. Em reuniãocom o prefeito José Machado e secretário de Planejamento, Eduardo Gianetti,o presidente Sturion reivindicou a troca da iluminação pública no centro dacidade de vapor de mercúrio para vapor de sódio.

A Zona Azul foi outro assunto muito discutido a partir daquele ano. Osjornais publicavam: “Acipi quer explorar a Zona Azul”; “Acipi quer serresponsável pela organização e reestruturação da Zona Azul”; “Acipi cobrasolução para a Zona Azul”.

A discussão em torno do problema se arrastou até dezembro de 1992,quando a prefeitura abriu concorrência para o gerenciamento do serviço. Emcontato com a presidência do Sindicato dos Motoristas, Sturion tentasensibilizá-la no sentido de que o momento não era oportuno para a greveque estava sendo cogitada. Na reunião de 10 de fevereiro de 1992, LuizCarlos Furtuoso sugere que a Acipi faça um convite aos supermercados paraum pacto na cesta básica, com congelamento de preços por tempo determinado.Ele participava do Fórum de Combate à Crise e à Recessão e conseguiu quealguns supermercados mantivessem o preço inalterado por uma semana. Ainflação naquele ano ultrapassou os 1.000%, segundo o IGPM (Índice Geralde Preços do Mercado).

Em abril, a campanha RaspACIPI envolveu 230 lojas, que distribuírammais de 90 mil raspadinhas. Durante 15 dias, o consumidor que atingissecerto valor de compra concorria a prêmios.

Outros trabalhos: lançamento da campanha Telecheque; associação daAcipi a Sophus faz surgir a ACIPI&Sophus Informática, um novo departamentopara criação de software e comercialização; homenagem à SociedadeBeneficente Sírio-Libanesa pelos seus 90 anos de fundação; apresentação danova sede a representantes de entidades de classe, universidades e prestadorasde serviço; envio de ofício à Polícia Militar para reclamar da falta de segurançano centro da cidade. Em 1993, Piracicaba se engajava no movimento nacionalcontra o IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira). MárioSturion, que presidia a Acipi, questionava a legalidade do imposto e clamavapela união das entidades. “O país não suporta mais tributações” - dizia. Vigoravam

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58 impostos. A inflação brasileira bateu recorde naquele ano: ultrapassou a2.400%. O presidente Itamar Franco criticava o movimento de empresáriose trabalhadores dizendo que a intenção era a de prolongar a crise econômica.

Mário Sturion não terminou o seu mandato e deixou a presidência daAcipi em abril de 1993. . . . . Ricardo Caruso, proprietário das Joias Caruso, assumiu.

VINDA DO SEBRAE - Em 9 de julho de 1993, a nova diretoria tomaposse em reunião festiva que comemorou os 60 anos de fundação da entidadeno clube de Campo de Piracicaba. Assumiu a presidência Oswaldo Palma,da Palmaq e loja Palma Computadores, para mandato até 1997.

Uma das primeiras medidas tomadas pelo novo presidente foi reivindicara instalação do escritório do Sebrae em Piracicaba. A inauguração aconteceuno início de 1994. No mesmo ano, dia 18 de outubro, oficializou a mudançada Acipi para a sede própria, à rua do Rosário, 700. E mais: inaugurou acozinha e o refeitório da Associação; promoveu palestra para as esposasdos diretores sobre o Dia Internacional da Mulher - tema abordado porEliana Zocoli; doou ao Centro de Reabilitação um sistema telefônico; realizouo seminário de Modernização de SPC’s, com apoio da Itautec e participaçãodas Associações Comerciais do Estado de São Paulo; reivindicou um postode atendimento da Unimed na Acipi; e colaborou com a campanha doConselho Coordenador das Entidades Civis de Piracicaba doando doishidrantes para serem instalados na cidade. Oswaldo Palma fez parceria como Sebrae para a realização de dois cursos: “Qualidade no Atendimento” e“Custos na Indústria”; promoveu a campanha “Presentão pro Meu Paizão”para alavancar as vendas no Dia dos Pais; doou máquina fotográfica ao 1ºDistrito Policial; abriu espaço para o artista Eduardo Borges Araújo expor“Retratos de Piracicaba” no hall do auditório “Antonio Perecin”.

Em conjunto com o Sebrae e Ciesp, Palma realizou o I Fórum Empresarialsobre Hidrovia; lançou o Acipi-Seguros, acordo operacional com a Finasa -Seguradora e a SAG - Corretora; e discutiu o traçado da rodovia dosBandeirantes, passando próximo de Piracicaba. Atendendo ao pedido deBarjas Negri, do Ministério da Educação, Acipi doou ao Fundo Nacionalde Educação um vídeo, uma TV e antenas, no valor de R$ 1.500,00.

Palma inaugurou a galeria dos ex-presidentes.

INFORMATIZAÇÃO - Há mais de 30 anos, Paulo Checoli, da AdvocaciaChecoli, participa como membro da Diretoria ou do Conselho Consultivoda Acipi. Em 1997, por insistência de alguns amigos, dentre eles TelmoOtero e Oswaldo Palma, acabou aceitando candidatar-se a presidente da

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Acipi, cargo que exerceu por dois mandatos: 1997/1999 e 1999/2001.

À frente da entidade, , , , , Paulo Checoli inauguroua Unidade de Resposta Audível (URA) para asconsultas dos associados ao SCPC. Marcou, assim, o início da era dainformatização da Associação. O presidente inaugurou também o auditório“Antonio Perecin” e delegou atribuições aos diretores, imprimindo umagestão descentralizadora. Por sua iniciativa, a Acipi passou a contar com a“transparência diretiva”, com o registro em Cartório de Títulos e Documentosdas atas das reuniões plenárias da diretoria, o que possibilitou ao associadoou não sócio obter, oficialmente, tudo o que fosse aprovado pelos diretoresda entidade.

Com a aprovação unânime da diretoria, ele deu ênfase à participaçãoem programas e atividades sociais da comunidade. Dessa deliberação,resultou a criação do Conselho da Mulher Empresária (CME) e intensificoua realização de cursos, palestras e seminários. Em setembro de 1998, ogerente administrativo Oswaldo Palma sugeriu a distribuição de folhetospara incentivar a população a votar em candidatos de Piracicaba e orientá-laa fazer cola dos números dos candidatos. Foi lançada a campanha Vote porPiracicaba, com apoio da CDL e Sindicato do Comércio Varejista dePiracicaba (Sicovapi).

Atualmente,todos osdepartamentosda Acipi estãoinformatizados

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No período 1999/2001, registrou-se a participação de 6.209 pessoasnas atividades promovidas pela entidade, sendo 3.244 em palestras. Noprimeiro semestre de 2001, a entidade promoveu, no Teatro Municipal,palestra com o professor Luiz Marins, assistida por 676 pessoas, enquanto200 ficaram em “fila de espera”.

Durante mandato de Checoli, houve a formalização de convênio com aFederação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo para acentralização das informações e consultas do SCPC. O número total de649.615 ligações em 1999 passou para 818.412 em 2000, com acréscimode 26% “graças à eficiência dos serviços e aumento no número deassociados”. O quadro associativo cresceu de 1.320 associados em julhode 1997 para 1.756 em junho de 2001 (acréscimo de 33% no quadriênio).

A Acipi participou de várias campanhas, como a do Alimento e PiracicabaContra a Fome e o Frio. Foi a primeira Associação Comercial do Brasil areceber o diploma “Empresa Amiga da Criança” e teve uma efetivaparticipação nas comemorações dos 500 anos do Brasil.

No quadriênio 1997/2000, a Acipi registrou um superávit financeirode R$ 822.416,17, o que proporcionou investimentos em construções,móveis, utensílios e equipamentos. Um exemplo é o auditório, comcapacidade para 201 pessoas, confortavelmente sentadas e com bom espaçoentre as poltronas, com mesa retrátil em cada uma delas e, ainda, com duascabines para tradução simultânea, além de equipamentos de ar condicionadoe de projeção.

A inauguração oficial do atual prédio da Acipi, à rua do Rosário, deu-se no mandato de Checoli. Durante a sua gestão, foi indicado o diretorOrlando José Berto como secretário da Indústria e Comércio. A indicaçãofoi uma conquista das entidades empresariais. Paulo Checoli deixou apresidência em 2001, quando assumiu o cargo Luiz Carlos Furtuoso, daA&Z ao Zequita.

INOVAÇÕES - A gestão de Luiz Carlos Furtuoso, iniciada em julhode 2001, foi marcada por inovações. As diretorias passaram a contar comdotação orçamentária anual, iniciativa que dinamizou as respectivas áreasde atuação dos diretores, e investiu na qualificação dos funcionários daAcipi, oferecendo-lhes bolsa de estudo de 50% do valor do curso técnicoou superior nas áreas de interesse da entidade. Pela primeira vez, em 2005concedeu abono especial aos funcionários.

Foram criados departamentos de Estágios, Cultural, ComércioInternacional e Gestão de Sócios. Destacam-se a ligação em rede do sistema

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administrativo e de informações e amudança de todo o sistema de telefoniapara digital.

Nos quatro anos da atuação deFurtuoso, duas áreas ganharam grande impulso: comunicação e treinamento.Pautado em uma administração transparente, também criou o Departamentode Comunicação para estreitar o relacionamento com os associados, meiosde comunicação e a comunidade. Uma das iniciativas foi a publicação doinformativo da Acipi com a tiragem de três mil exemplares.

O Departamento de Comunicação é responsável também pela “Coluna daAcipi”, publicada semanalmente no Jornal de Piracicaba, Gazeta de Piracicabae pela “TV Acipi” no programa “Piracicaba em Destaque”, apresentado pelojornalista César Costa, na TV Beira Rio.

A formação e atualização profissional foram pontos fortes de suapresidência, por meio do Departamento de Cursos e Formações. Em quatroanos, cerca de 12.850 pessoas - empresários, executivos e funcionários -passaram por cursos, palestras, congressos e workshops, nas diversasatividades realizadas na sede da Acipi e em outros espaços da cidade.Apresentaram-se nos eventos nomes como Arnaldo Jabor, Alfredo Rocha,Marcos Cintra, Dorothea Werneck, Leila Navarro, J. R. Gretz, Maria Carolinade Souza, Gianmarco Basaglia, João Bassi, Ludivico Novaes e Silva, TarsoGenro, Aylza Munhoz, Hamid Charad Bdine Júnior, Waldez Ludwig, PauloChecoli, Clarisse Leal, David Mendonça, Paulo Botelho, Professor Marins,Roberto Shinyashiki, Joelmir Beting, Sérgio Azevedo e J. D. Zanco.

As atividades do departamento incluíram ainda videotreinamentos com

Luiz CarlosFurtuosopriorizou aatualizaçãoprofissional

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objetivo de qualificar funcionários dos associados da Acipi. Os temas sãovoltados à gestão empresarial, motivação, venda, atendimento e relaçõeshumanas. As turmas são formadas de acordo com as necessidades das empresas.

Em parceria pioneira de uma associação comercial com umauniversidade, em abril de 2003, teve início o curso Sequencial Superior deComplementação de Estudos em Administração no Varejo, realizado pelaAcipi/Unimep. Empresários, sucessores e gerentes são o público-alvo.

Outra parceria desenvolvida com a Unimep permitiu a implantação docurso Tecnologia em Administração de Marketing no Varejo. O Curso deCiências Contábeis, também da Unimep, iniciou consultoria para empresasassociadas em março daquele ano. Com a Fundação Getúlio Vargas (FGV),a Acipi implantou a pós-graduação em Administração FGV - Júnior a partirde julho de 2003 e lançou, em 2005, o curso de MBA em Gestão Empresarial.Também ofereceu, em 2005, curso gratuito voltado para afrodescendentessobre Gestão Sistêmica Baseada em Valores Humanos.

Iniciativa de vanguarda, o 1º Congresso Empresarial realizado em abrilde 2003, no Teatro Municipal Dr. Losso Netto, com a presença de convidadosde renome que integraram os associados e a comunidade num contexto dereflexão, analisou assuntos importantes do mercado e economia. O 2ºCongresso reuniu, em abril de 2004, cerca de 300 empresários de Piracicabae região, também no Teatro Municipal. Em abril de 2005, a Acipi sediou o3º Congresso Empresarial, com a presença dos palestrantes professor Marins,Sérgio Azevedo e J. D. Zanco, e técnicos do Sebrae-SP, que ministraramatividades complementares.

O Curso Sequencial e o Congresso foram incluídos no programa deatividades em comemoração dos 70 anos da Acipi, completados em julhode 2003. Constaram ainda lançamento do carimbo comemorativo,homenagens aos ex-presidentes, à Diretoria Executiva, ao ConselhoConsultivo e ao Conselho da Mulher Empresária (CME), realização desessões solenes na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa de SãoPaulo, propostas pela então vereadora Cida Abe e pelo deputado estadualRoberto Morais. As comemorações foram encerradas com um jantar e posseda nova diretoria e conselho eleitos para o biênio 2003/2005.

Com a criação do Departamento Cultural, a Acipi promoveu, nesseperíodo, várias atividades culturais aos associados, incluindo exibições defilmes, apresentações de dança e de música, exposições de arte, passeiosculturais, espetáculos teatrais e o I Encontro de Arte no Cotidiano. AAssociação adquiriu um piano de cauda, estreado em abril de 2005, comapresentação de Cecília Bellato e Cidinha Mahle.

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CampanhasPara incentivar os consumidores de Piracicaba e região a comprar no

comércio local, a associação realizou, no final de 2002 e durante 2003, acampanha de vendas “O Comércio de Piracicaba tem tudo o que vocêprocura”. No mesmo ano promoveu a campanha “Um sonho de Natal”.Foram 650 mil cupons preenchidos pelos compradores que participaram desorteios de inúmeros prêmios, incluindo um carro zero quilômetro, umaMotocicleta Honda BIZ e viagens para Natal.

Com o sucesso da promoção, repetiu-se a campanha em 2004, destavez com o slogan “O seu melhor Natal é aqui”. Foram sorteados um carroHonda Civic Sedan, uma Motocicleta Honda CG Titan, um computador emais 13 prêmios. No ano seguinte, a campanha teve o slogan “AnoPremiado Acipi 2005 – Uma campanha daqui!!!”, contemplando asprincipais datas comemorativas do comércio: Dia das Mães, dos Pais, dosNamorados, das Crianças e Natal. A campanha teve apoio da CDL,Sincomércio e Prefeitura Municipal.

Potencial exportadorLevantamento feito pelo Departamento de Comércio Internacional (DCI),

em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas eEquipamentos (Abimaq), constatou em 2004, a partir de consultas a 1,6 milempresas do comércio, indústria e prestação de serviços, a existência de 84empresas de vários ramos de atividades exportando regularmente ou que jáhaviam exportado, e outras 173 interessadas no mercado externo.

Potencialmente, seriam 257 empresas dos setores metal-mecânico,equipamentos hidráulicos, máquinas agrícolas, artigos funerários, produtosquímicos, construção civil, confecção têxtil, móveis, biotecnologia,aguardente, alimentos, autopeças, gráfica, artigos em madeira, equipamentoseletrônicos, cerâmicas, pisos e revestimentos, em condições de participaremde um programa voltado à conquista do mercado externo.

O DCI presta orientações gratuitas às empresas que se interessam pelainserção no mercado externo. Informa sobre legislação e emite documentoindispensável para ingresso em outros países, o Certificado de Origem.

Em 2003 e 2004 foram realizados vários eventos importantes, como:palestra com a presidente da Apex (Agência de Promoção de Exportações),Dorothea Werneck; seminário “Exportar para Crescer – Novos Caminhospara o Mercado Externo”; projeto “Pool de Comércio Exterior”; Workshopde Comércio Exterior e Rodada de Negócios Internacionais.

Em abril, a Acipi movimentou diversos setores da cidade com o 77º

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Encomex (Encontro de Comércio Exterior), que levou 900 pessoas aoTeatro da Unimep. Sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o evento teve como meta estimulara cultura exportadora em Piracicaba e região. O secretário de ComércioExterior, Ivan Ramalho, recebeu das entidades locais documentoexpressando a preocupação com a logística de exportação. “Face ao notávelcrescimento das exportações brasileiras, aliado ao fato de que o nosso paísnão está preparado para um escoamento tão grande de mercadorias destinadasao mercado exterior, nota-se que as estradas, portas e aeroportos não estãoadaptados para tal demanda”, destacava o texto. O encontro foi realizadopela Acipi, em parceria com diversas instituições e órgãos municipais eestaduais. Foram parceiros: Abimaq, Banco do Brasil, Caixa EconômicaFederal, Câmara Italiana, Câmara Temática de Negócios Internacionais dePiracicaba, Caterpillar Brasil, Correios, Fiesp/Ciesp, Tecnologia,Desenvolvimento Econômico e Turismo e Estado de São Paulo, Semic,Simespi, Simtec e Unimep.

Para melhorar o desempenho empresarial e abrir o mercado de trabalhopara estudantes, criou-se também o Departamento de Estágios, ligandoempresas e o conhecimento técnico-científico das universidades. No anode 2005, foi constituída a diretoria de Gestão de Negócios com o objetivode estabelecer, coordenar, controlar e promover a gestão de negócios dosserviços prestados pela associação e a captação de novos associados. Onúmero de sócios foi elevado de 1.750 para 2.693.

Na presidência de Furtuoso, o Serviço Central de Proteção ao Crédito(SCPC) foi agilizado com a implantação de terminais de consultas portáteisnas lojas, consultas pela internet e investimentos na área de informática,sistemas e equipamentos. A Acipi conta com a Rede de Informação e Proteçãoa Crédito (RIPC), o mais completo banco de dados em âmbitos estadual enacional, criado pela Federação das Associações Comerciais do Estado deSão Paulo (Facesp). Essa sofisticação contribui para a redução de um dosmaiores vilões da atividade econômica: a inadimplência.

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Acipi participativaA Acipi teve participação importante nas eleições de 2002, quando

realizou, em parceria com o Jornal de Piracicaba, a campanha “EleitoresUnidos pela Região de Piracicaba”, incentivando eleitores a votar noscandidatos da cidade. Promoveu encontros com os candidatos a deputadoestadual e federal, distribuiu cartazes, adesivos, faixas, banners e materiaisinformativos sobre como votar.

Foram realizadas simulações de voto nos terminais de ônibus e naprefeitura e a associação disponibilizou orientadores para a utilização dasurnas eletrônicas, que seriam novidade para muitos eleitores. Foram eleitoso deputado estadual Roberto Morais e dois federais – João Herrmann Nettoe Antonio Carlos de Mendes Thame. A Acipi recebeu moção de aplausos daCâmara de Vereadores.

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SEGURANÇA - - - - - José Antonio de Godoy, da Perecin Godoy AuditoresIndependentes S/C Ltda., assumiu a presidência em julho de 2005 e durantea sua gestão deu ênfase ao treinamento dos associados e funcionários;iniciou o convênio com o Curso de Ciências Contábeis, da Unimep, parafazer diagnóstico gratuito para associados da Acipi; participou do processode instalação do Fundo de Segurança (Funseg) na cidade; iniciou econcluiu a construção do Anexo Salim Maluf; implantou a Cooperativade Economia e Crédito Mútuo dos Empresários de Piracicaba (Coopcred),que já vinha em estudo, junto ao Banco Central, nas gestões anteriores;deu prosseguimento à modernização administrativa da entidade e apoioua requalificação da praça José Bonifácio.

Godoy destaca que o Sicoob Coopcred é uma cooperativa de créditopara o desenvolvimento dos negócios dos empresários ligados à Acipi. Oobjetivo é gerar mais trabalho e renda para Piracicaba e microrregião. ACoopcred iniciou as suas atividades no dia 1º de março de 2007. Podemassociar-se à cooperativa todas as pessoas físicas que estejam na plenitudede sua capacidade civil, concordem com o Estatuto da Cooperativa,preencham as condições nela estabelecidas e pertençam às categorias deempresários nas áreas de comércio, indústria ou prestação de serviços,previstas no estatuto.

O Fundo de Segurança de Piracicaba (Funseg) foi um trabalho dedestaque de sua gestão. O órgão foi criado em 2006 com a participação daAcipi, Ciesp/Regional Piracicaba, Câmara de Dirigentes Lojistas de Piracicaba(CDL), Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico,Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho e Rio das Pedras(Simespi), Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo(Coplacana) e Sindicato do Comércio Varejista de Piracicaba (Sincomércio).

A proposta do Funseg é arrecadar, por meio de doações de pessoas físicase jurídicas, recursos financeiros, materiais, produtos e serviços para seremaplicados na manutenção, aquisição de equipamentos, veículos, dentre outrasnecessidades apresentadas pela Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo deBombeiros, Guarda Civil e Polícia Federal. As doações são feitas de formavoluntária. As necessidades de cada corporação são apresentadas e analisadaspelo Funseg. Os diretores estão sempre em contato com os responsáveis ecom os comandantes da polícia de Piracicaba. O Funseg também realizapesquisas para identificar quais áreas necessitam de maior atenção.

O Fundo participa no desenvolvimento de campanhas e ações educativase oferece treinamentos educativos e motivacionais às corporações.

Foi no mandato de Godoy que o viaduto localizado no quilômetro 134

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da rodovia dos Bandeirantes (SP-348), entroncamento com a rodovia SP-304, em Santa Bárbara D’Oeste, passa a se chamar viaduto “Acipi Piracicaba”.O governador do Estado de São Paulo, José Serra (PSDB), promulgou nodia 19 de maio a lei nº 1405/07, proposta pelo deputado estadual RobertoMorais (PPS). O descerramento da placa fez parte das festividades dos 75anos da entidade, em 2008.

Segundo justificativa do projeto de lei, o nome foi escolhido porque aassociação tem demonstrado ao logo de sua história ser “peça de grandeimportância no desenvolvimento econômico de Piracicaba e região”. Ahonraria foi um reconhecimento pelo fato de a Acipi, nos seus 75 anos deexistência, ter sido parceira da sociedade paulista na busca de soluções queauxiliam o desenvolvimento econômico do Estado, sem perder, nem porum único instante, o senso aguçado de responsabilidade social.

Sob gestão de José Antonio de Godoy, a Acipi participou do processode revitalização da praça José Bonifácio, entregue no final de 2005. Foramfeitas aberturas de acessos, renovação do paisagismo e reurbanização daárea para melhorar o trânsito de pedestres e motoristas. O projeto contemploutambém a pavimentação asfáltica de ruas, abertura epavimentação de acessos, construção de rotatória,

godoy

José Antôniode Godoy ficouà frente da Acipide 2005 a 2009

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modernização da iluminação, implantação de estacionamentos, reforma dossanitários, coreto e fonte luminosa, recuperação do paisagismo e sinalização(vertical e horizontal).

Desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba(Ipplap), com apoio da população e das entidades ligadas ao comércio, oprojeto criou 100 vagas de estacionamento e delimitou espaço para osdeficientes físicos e idosos. Agências bancárias investiram na modernizaçãoda iluminação para melhorar a segurança dos frequentadores e proporcionarum ambiente mais moderno. Houve a troca de aproximadamente 120 lâmpadasde vapor de sódio pelas modernas de vapor metálico.

DINAMISMO - Foi a marca da gestão do empresário Jorge AversaJunior, da Aversa Automóveis, que assumiu a Acipi em julho de 2009, paraum mandato de três anos, após permanecer oito anos na vice-presidência.Sua missão: implantar a ISO 9001-2008, normas técnicas que estabelecemmodelo de gestão de qualidade e conferem às empresas maior organização,produtividade e credibilidade. Sua meta: transformar a Acipi em uma grandeescola para formar e reciclar líderes, atendendo às necessidades das empresas.Para isso, manteve parceria com duas instituições renomadas de ensino: EscolaSuperior de Propaganda e Marketing (ESPM) e Universidade Metodista dePiracicaba (Unimep). Dessa união nasceu a Escola de Negócios Acipi, quetem como objetivo qualificar empresários e profissionais de Piracicaba e região.

Outro projeto desenvolvido na gestão de Aversa Jr. e que coloca aassociação na vanguarda é o Memorial do Empreendedorismo. O espaçoresgata a história de Piracicaba e de homens que contribuíram com o seudesenvolvimento, empreendedores que colocaram a Noiva da Colina emdestaque no cenário estadual e nacional. “Não existe futuro sem passado,não tem como a sociedade se desenvolver sem respeitar o passado. A realidadeé resultado do trabalho de grandes homens”, enfatiza Aversa Jr. A trajetóriadesses personagens da história de Piracicaba é contada de forma interativano Memorial, que tem um caráter didático e educacional.

Desafios não faltaram em sua gestão. Entre eles, a implantação dos projetosCidade Limpa e de Requalificação do Centro, de autoria do Executivo. A açãoredescobriu a história arquitetônica da cidade e tornou a rua Governador Pedrode Toledo e o comércio mais atraentes. “Era um anseio antigo da população econseguimos fazer com que o prefeito entendesse a importância. A Governadorfoi planejada para andar com carros de bois e, hoje, temos uma via estreita ecom muitos carros”, observa. Com a intervenção, as esquinas tiveram ascalçadas alargadas e ganharam espaços de convivência, onde vasos e bancos

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enfeitam e servem de descanso para população. A acessibilidade foi garantidacom a construção de rampas em todos os cruzamentos e sinalização tátil.

O Cidade Limpa veio evidenciar o novo perfil da rua Governador. Oprojeto disciplina a colocação dos letreiros, outdoors e placas luminosasem frente a estabelecimentos comerciais. Antes, a poluição visual confundiao consumidor e escondia parte da história da cidade. Atualmente, com umvisual mais leve, pode-se observar a beleza da arquitetura de alguns prédiosdo século 19. Ir às compras no centro tornou-se mais agradável.

Reivindicação antiga dos piracicabanos e pauta da maioria dospresidentes da Acipi, o estacionamento na área central ganhou atençãoespecial de Aversa Jr. A implantação do parquímetro eletrônico, no qual ousuário usa dinheiro ou cartão, colocou fim à falta de vagas e abordagemconstrangedora e abusiva dos guardadores de carros, chamados de“flanelinhas”. “Nosso objetivo foi o de melhorar a eficiência das áreasdemarcadas pela Zona Azul e minimizar os desgastes gerados com as multas”,comenta.

Até chegar à instalação dosistema foram realizadas reuniõescom associações, sindicatos,igrejas, prefeitura. Temia-se oproblema social que poderia sergerado com os guardadores decarros que atuavam na área da ZonaAzul, o que não ocorreu. Ocontrole do estacionamento, antesfeito com talões de papel, deulugar ao sistema eletrônico e asreclamações praticamente acabaram.O sistema oferece a facilidade dacompra do tíquete pela internet ecelular.

Jorge Aversa Junioridealizou o Memorial

do Empreendedorismo

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Ao lado de outras unidades de classeespalhadas pelo País, a Acipi participa de

movimentos importantes, como a luta contra a cobrança abusiva de impostosem todas as esferas. No dia 13 de setembro de 2011, em frente à sede daentidade, Aversa Jr. comandou um apitaço contra os impostos abusivos.“Somos veementemente contra a sonegação. A exemplo do que aconteceem outros países, queremos saber o destino de tudo o que pagamos. Cercade 70% do volume de R$ 1 trilhão fica em Brasília. E os municípios, ondeas coisas de fato acontecem?”, disse na ocasião.

O manifesto reuniu várias lideranças e empresários. Foram distribuídosbandeirinhas verde e amarelo e panfletos destacando a força da união no sentidode lutar contra o excesso de impostos. No Feirão do Imposto, o piracicabanopodia observar os impostos pagos sobre vários produtos usados no dia a dia.

Na gestão Aversa Jr., a Acipi, em parceria com a Diretoria Regional deEnsino e as Secretarias Municipais de Educação e do Governo, lançou acartilha “Administre Bem seu Orçamento Doméstico”, a fim de orientar opiracicabano sobre a forma correta de gerir as finanças pessoais e domésticas.Os 50 mil exemplares foram distribuídos em escolas, empresas, centroscomunitários e residências.

A Acipi participou da campanha pela duplicação da SP-304, trecho que

Zona Azul digitalfoi implantada nofinal de 2011

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liga Piracicaba a Águas de São Pedro, realizada pela Gazeta de Piracicaba eRádio Onda Livre FM. Foram reunidas cerca de 42 mil assinaturas entreguespelas lideranças da cidade ao governador José Serra em dezembro de 2007.Aversa Jr., então vice-presidente da Acipi, representou a entidade. Aduplicação foi autorizada em 2012 pelo governador Geraldo Alckmin, comprevisão de início em 2013.

Em 2009, em parceria com a Prefeitura, lançou o projeto Luz & Arte,que todo final de ano, no mês do Natal, transforma Piracicaba na cidade-luz.A ideia é resgatar o espírito de Natal. Em 2012, já na gestão de Frias Neto,mais de um milhão de lâmpadas do tipo led enfeitaram lugaresrepresentativos de Piracicaba. A iluminação da passarela pênsil e das árvoresque ficam em sua entrada, na avenida Beira Rio, foi o pontapé inicial parailuminar a frondosa Sapucaia, a fonte da praça José Bonifácio, oestacionamento da Estação da Paulista, armazéns do Engenho Central, CentroCívico, Casa do Povoador e o Casarão do Turismo.

Uma série de atrações culturais reforça o clima natalino com o que háde melhor na cultura local, incluindo corais, teatro, música, dança. As lojas,com promoções e ações voltadas para a data, têm no projeto Luz & Arteuma oportunidade de incremento das vendas naquele que é o período emque há a maior procura por presentes.

Aversa preside a RA-7Em 2013, Jorge Aversa Junior assumiu a presidência da Região

Administrativa de Campinas (RA-7), a maior das 20 regiões que compõema Federação do Estado de São Paulo (Facesp). A RA-7 é integrada por 38cidades e considerada a mais importante, inclusive com o maior PIB paulista.É a primeira vez na história da Federação que um piracicabano assume ocargo. Aversa Junior, empresário do ramo automobilístico, foi eleito porunanimidade. “Isso é gratificante, mas de uma grande responsabilidade”, disse.

Na presidência, Aversa pauta o seu trabalho em dois pilares: noassociativismo e coletivismo. Desenvolvendo uma “gestão compartilhada”,o empresário disse que, junto aos presidentes das entidades ligadas à regional,buscará recursos para capacitar, orientar e trazer novos produtos para ocomércio, indústria e serviços da região.

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Conselho do Jovem EmpresárioEles são dinâmicos, movidos pelo desafio, vislumbram o sucesso e

dominam a tecnologia. É neles, nos jovens empreendedores, que a Acipiestá focada. São o futuro, a renovação, a inovação. “Nossa proposta édespertar o empreendedorismo e o interesse dos jovens para a sucessão daempresa familiar”, observa Rodrigo Santos, coordenador do Conselho doJovem Empresário (CJE). O Conselho tem esse papel de agregar à Acipi oespírito do jovem empreendedor.

Criado em 2002, o Conselho realiza reuniões e palestras para discutirsobre a gestão, incentivar o empreendedorismo, despertar lideranças epromover a troca de experiências. O CJE está sendo reformulado para tornarainda mais eficaz na proposta de ser o canal da associação com os jovens,filhos de empresários que se preparam ou já assumiram os negócios, aolado dos pais. O coordenador diz que os trabalhos serão retomados em umnovo formato, que vai envolver os jovens em conversas com empresários eprofissionais de diversas áreas. Novos temas devem ser incluídos nos debatescomo a livre iniciativa, democracia, gastômetro, entre outros. A ideia éproporcionar informações.

Há quatro anos, o desenvolvimento sustentável passou a ser um dosfocos do CJE, que inseriu a Associação Comercial e Industrial na luta porum mundo mais limpo, de respeito à natureza. O meio ambiente ganhou umaliado em potencial. “Nós, jovens, temos a obrigação de fazer alguma coisapara mudar, reverter esse quadro de degradação que nosso planeta estávivendo. Aqui é a nossa casa e temos que cuidar bem dela”, diz Rodrigo.

É com essa filosofia que o CJE firmou parceria com várias entidades eempresas da cidade para elaborar a série de cartilhas “Meio ambiente, cuidandoele fica inteiro” com os temas: resíduos sólidos, água, solo e ar. É um guiapara a indústria, agricultura, prestação de serviço e cidadãos piracicabanosentregue nas escolas, entidades, bibliotecas, empresas. “Precisamosdespertar para a questão ambiental. Ações simples no dia a dia fazem adiferença”, observa o coordenador.

A Acipi, por intermédio do CJE, também orienta a população sobre odestino correto de resíduos por meio de panfletos que ensinam o que fazercom óleo de frituras, material de construção civil, pilhas, baterias, lâmpadasfluorescentes e pneus. “Dessa forma, estamos cumprindo nosso papel deresponsabilidade social e ambiental”, afirma Rodrigo Santos.

O primeiro coordenador do CJE foi o empresário Giacomo Inforzato.

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Conselho das MulheresO Conselho da Mulher Empresária (CME) reúne profissionais e mulheres

que vivenciam a rotina de negócios para discutir temas do universoempresarial e proporcionar a ampliação da rede de relacionamentos.

A Acipi foi uma das primeiras associações a integrar o projeto doConselho das Mulheres Empresárias, idealizado pela Federação dasAssociações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). Criado em 2000,o CME nasceu com caráter filantrópico e com a evolução das atividades ofoco passou a ser a integração das mulheres empresárias com a realização deencontros e palestras. O diretor de Conselhos, Luiz Carlos Furtuoso, explica:“Com o passar dos anos, o Conselho tomou dimensão maior. Além do social,ainda presente na realização dos encontros com a arrecadação de donativospara entidades assistenciais, a atualização das mulheres tornou-se apreocupação central do CME. Os temas das palestras passaram a serdirecionados não apenas às mulheres que possuem uma empresa, mas tambémàs suas colaboradoras ou àquelas que vivenciam o empreendedorismo, poisa família é de empreendedores”, afirma Furtuoso.

Os encontros promovidos pelo CME ganharam um novo formato paramelhor interação com as mulheres. A nova concepção traz espaço maior paradiscussão e troca de ideias, e também proporciona maior amplitude aos temasapresentados.

Dispostos em uma “sala de visitas”, dois profissionais convidados,na presença de uma conselheira mediadora, opinam sobre assuntos douniverso empresarial, como economia, recrutamento e seleção, finanças,empreendedorismo.

A coordenadora do CME, Damaris Verderame, ressalta que o Conselhoconta com um time de conselheiras experientes, conhecedoras do mercadoe das tendências para uma mulher de negócios.

O CME já teve como coordenadora: Ivone Maluf, Marcia Dedini, CristinaAmalfi e Damaris Verderame.

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Uma sede moderna e funcionalA Associação Comercial e Industrial de Piracicaba está instalada em um

moderno prédio, localizado bem no centro da cidade, na rua do Rosário, deonde testemunha o crescimento da Noiva da Colina, hoje com 385.287habitantes e um dos principais municípios do Estado de São Paulo. Funcional,o prédio foi construído dentro de um conceito que possibilita a extremamobilidade na ocupação do espaço, que corresponde a 3.653,74 metrosquadrados de área construída.

A construção teve início em abril de 1985 e o projeto de Luis EgidioSimoni e Renata Leme contemplou a funcionalidade, favorecendo o layoutinterno. Em 1991, Telmo Otero inaugurava parte do prédio. Quando a obrafoi concluída, com 2.536,41 metros quadrados, uma segunda inauguraçãoaconteceu na gestão de Paulo Checoli e, em 18 de outubro de 1994, foioficializado o novo endereço da Acipi: rua do Rosário, 700.

Um jardim e o espelho d’água contrastam com a estrutura do prédio elevam o visitante até a porta de vidro escuro da entrada. No térreo fica oatendimento ao público, consulta ao Serviço Central de Proteção ao Crédito(SCPC) gratuita ao consumidor, certificação digital, estágios (CIEE), emissãode guias pela Unimed e o setor administrativo.

No subsolo, cujo acesso pode ser pelas escadas ou elevador, fica oauditório para 201 pessoas, com sala de projeção e programação de traduçãosimultânea para quatro idiomas. A acústica foi estudada pelo engenheirorusso Igor Sresnewsky. O espaço foi equipado com revestimento acústico,sistemas de áudio e vídeo, internet wi-fi e hall para coffes e coquetéis.

As instalações da Acipi foram ampliadas em 1.117,33 metros quadradoscom a construção do anexo, onde ficam a Cooperativa de Economia e CréditoMútuo dos Empresários de Piracicaba (Coopcred), Escola de Negócios eseis salas para aulas e reuniões, sendo uma com capacidade para 50 pessoas,com sistema de som, iluminação e lousa digital, onde são realizadas asplenárias da diretoria e dos Conselhos. No anexo fica também a sala dapresidência, o Memorial do Empreendedorismo e Região Administrativade Campinas (RA-7), da Federação das Associações Comerciais do Estadode São Paulo.

A Acipi adquiriu também uma área para estacionamento com vagas para25 carros.

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AuditórioAntônioPerecin

Hall doauditório

Recepçãoda Acipi

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Serviços

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Memorial doEmpreendedorismo

A voz portentosa de Cid Moreira dá as boas-vindas aos visitantesdo Memorial do Empreendedorismo, inaugurado em 2012 pelaAssociação Comercial e Industrial de Piracicaba. Logo na entrada,o locutor global explica, em um vídeo, o intuito do projeto, que

resgata a história dos empreendedores do município, a partir do povoadorAntonio Corrêa Barbosa, passando por séculos de história até chegar aempreendimentos que acabaram de se instalar no município, como a montadoracoreana Hyundai.

Ao adentrar-se no espaço, as águas projetadas ao chão criam a ilusão deque o rio Piracicaba passa por ali. Peixes nadam e encantam os visitantes.No auditório localizado em uma das laterais do memorial, um vídeo comduração de oito minutos resume a proposta do Memorial. Nele, Jorge AversaJunior, idealizador do projeto, e a historiadora Marly Therezinha GermanoPerecin, que coordenou os trabalhos, destacam o fato de Corrêa Barbosa teriniciado, assim que a cidade foi fundada, à margem direita do rio, uma fábricade canoas, aproveitando a madeira das árvores então existentes. Nascia ali o

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espírito empreendedor que acompanha Piracicaba até os dias atuais.Cerca de 90% do acervo do memorial é virtual. Painéis com a linha do

tempo traçam, de forma resumida e didática, a história do empreendedorismode Piracicaba. Revelam fatos importantes, como a instalação da cidade em 1767ao lado direito do rio, a chegada dos imigrantes, a vinda de grandes empresas,pontuando os principais acontecimentos que contribuíram para odesenvolvimento da cidade e apresentando o contexto da história geral do país.

Personalidades da história local, entre elas, Mário Dedini, LucianoGuidotti, Luiz de Queiroz e o Barão de Rezende, são evidenciadas. Emtelas de vídeos disponibilizadas nas paredes, é possível ouvir, utilizando osfones, explicações mais detalhadas sobre momentos emblemáticos para ahistória local. Monitores com telas sensíveis ao toque permitem o acesso aarquivos digitais de páginas de jornais com história do município e da Acipi,que surgiu em 1933 e, desde então, tem auxiliado o comércio local naadoção de medidas empreendedoras, em busca da inovação.

O Memorial do Empreendedorismo, que integrou a programação daSemana Nacional de Museus 2013, tem o caráter pedagógico. Grupos deestudantes fazem visitas monitoradas e conhecem não só a história dos

empreendedores como também as transformaçõesgeográficas que mudaram a paisagem da cidade ao longo

O acervo doMemorial daAcip é virtual

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de seus 246 anos. Ao fundo, o som de uma viola torna o ambiente lúdico,genuinamente piracicabano.

BLOG - Em agosto de 2013, o presidente Angelo Frias Neto lançou oblog oficial do Memorial do Empreendedorismo. “Acreditamos que adisseminação desse conteúdo na internet ajudará a estimular as práticas doempreendedorismo e possibilitará ao internauta conhecer mais sobre a nossahistória”. Pelo endereço memorialacipi.wordpress.com pode-se consultardetalhes e registros sobre o desenvolvimento econômico e social da cidade,além de informações sobre a associação.

O site tem espaço para repercussão e discussão que fazem parte darotina da entidade e de Piracicaba.

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Portal de NegóciosUma oportunidade de negócio com apenas um clique no computador.

Assim pode ser resumida a filosofia do Portal de Negócios da AssociaçãoComercial e Industrial de Piracicaba, lançado em 2012, com informaçõesdas cerca de quatro mil empresas associadas à entidade. Este foi o primeiropasso para que o empresariado local veicule, de forma gratuita, seus serviçosna rede virtual. O objetivo é fazer com que as empresas recebam treinamentose possam realizar operações de venda por meio do site.

Para a Acipi, o lançamento busca alcançar todos os perfis de empresas.Dos micros aos grandes empreendedores. O objetivo é disponibilizar novaferramenta, principalmente aos pequenos e médios empresários que aindanão têm um portal na rede, como o E-commerce, modalidade de vendasonline. Por meio da internet, elas ganham visibilidade com o site e podemvislumbrar, a um curto prazo, um volume de venda maior. Essas empresaspodem ganhar mais competitividade. Os associados de grandes empresasque já tiverem o sistema E-commerce poderão postar um link no Portal deNegócios da Acipi.

“Nós queríamos oferecer uma ferramenta que quebrasse qualquerresistência em relação ao E-commerce, que é uma tendência mundial.Traçamos então um caminho para aqueles que não sabiam como resolveressa dificuldade sozinhos”, afirmou Jorge Aversa Junior.

A parceira no desenvolvimento do serviço, Balaminut, disse que asegurança foi o item que demandou mais tempo na elaboração do portal.Foram dois anos de trabalho para o desenvolvimento de site que ofereçatotal segurança aos seus associados.

O volume de vendas online vem crescendo e, hoje, o Brasil é o quintopaís no mundo com o maior número de navegantes virtuais. No total, sãocerca de 80 milhões. Uma realidade que o Portal de Negócios ajuda adisseminar.

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Escola de NegóciosA busca constante pelo aperfeiçoamento, o foco na capacitação e a

necessidade da qualificação da gestão empresarial levaram a Acipi a criar aEscola de Negócios, em parceria com a Universidade Metodista de Piracicaba(Unimep) e a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), quepassaram a oferecer cursos de capacitação.

A direção da Escola é do professor Clóvis Pinto de Castro, profissionalcom longa experiência na área de gestão educacional e que ocupou cargos derelevância em instituições de ensino renomado, entre eles, a vice-reitoriada Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) e a reitoria da Unimep.Segundo ele, a meta é fazer da Escola de Negócios a principal referênciaregional na formação de líderes com competências e habilidades para inovare enfrentar as mudanças geradas por uma sociedade complexa e globalizada.

“Queremos fortalecer a área de capacitação e qualificação profissional,que sempre foi uma demanda da instituição”, observa o diretor. Para atingiro objetivo, Clóvis Castro conta com a credibilidade da marca Acipi, comuma excelente infraestrutura física e a qualidade da atual equipe para projetarum futuro promissor.

As aulas acontecem em oito salas de aula instaladas no primeiro andardo prédio da Acipi, com capacidade para receber entre 40 a 80 alunos, cadauma. O projeto atende a um dos pilares da entidade comercial, que é acapacitação. A Acipi sentiu necessidade de uma nova demanda por umaescola que tivesse como objetivo a gestão, não só para o empresário, mastambém para os seus sucessores. E aproveita um nicho de mercado paraconsolidar o novo empreendimento, apostando na qualidade e inovação. Entreos primeiros cursos estão um MBA em Varejo e Serviços, que é oferecidopela Unimep, e uma pós-graduação em Gestão de Negócios com Ênfase emMarketing, por parte da ESPM. O público-alvo: empreendedores, gestorese colaboradores dos setores do comércio, indústria e prestação de serviços.Outros cursos de curta duração e também na modalidade in company sãooferecidos pela escola. O diretor diz que estuda, junto à direção da Acipi, aampliação dos cursos de lato sensu, de curta duração, ensino a distância.

A Escola de Negócios nasceu com um conceito inovador na capacitaçãode empresários e demais profissionais. O foco na qualificação proporciona aoportunidade de atualização e conhecimento em diversas áreas de gestão edesenvolvimento humano por meio de cursos. Na Acipi, o aluno tem acessoa uma variedade de temas exclusivos com o melhor custo, benefício elocalização.

Há anos, a Acipi desenvolve projetos e parcerias com o objetivo de

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preparar as empresas para os desafios do mercado, cadavez mais competitivo. A Escola de Negócios vemconsolidar o compromisso da entidade com odesenvolvimento de Piracicaba e região, tendo como

principal ferramenta o ensino. Um dos objetivos traçados é o fortalecimentodas atuais parcerias e a busca de outras que ofereçam cursos, tecnologias ouserviços que ampliem a possibilidade de atuação da escola, especialmentepor meio da Educação a Distância (EAD), em níveis nacional e internacional.

A Escola deNegócios temfoco naqualificaçãoe formaçãode líderes

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Posto da Jucesp A Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) inaugurou em

junho de 2012 um novo posto de serviços em Piracicaba.A unidade, que era administrada em convênio com a Associação

Comercial e Industrial de Piracicaba, foi transferida para a PrefeituraMunicipal dentro do Programa Via Rápida Empresarial, implantado pelogoverno estadual em maio de 2013, que possibilita a abertura de empresasem até cinco dias úteis pelo Sistema Integrado de Licenciamento (SIL).Trata-se do 72º posto da Junta Comercial no Estado.

Vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência eTecnologia do Estado de São Paulo, a Jucesp é responsável pelo registropúblico de empresas mercantis e atividades afins, dando garantia, publicidade,segurança e eficácia aos atos jurídicos submetidos a registro. A JuntaComercial efetua ainda a autenticação de livros contábeis e a matrícula dearmazéns gerais, leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais. Contacom 5,6 milhões de empresas registradas atualmente.

Compete ao posto de serviços da Jucesp receber, protocolar e devolverdocumentos; informar sobre a existência de nomes empresariais idênticos ousemelhantes; emitir ficha cadastral das empresas registradas; encaminharaos escritórios regionais ou à Junta Comercial os documentos para análisesingular e os requerimentos de certidão simplificada; encaminhar à Jucespos documentos para análise colegiada e os requerimentos de fotocópia, certidãoespecífica e Ficha de Breve Relato.

Proteção ao créditoUm dos principais serviços oferecidos pela Acipi é o Serviço Central de

Proteção ao Crédito (SCPC), administrado pela Boa Vista Serviços, e quepossibilita a consulta no maior banco de dados de inadimplentes do Brasil,uma vez que armazena registros de débito em nível nacional, oferecendomaior segurança nas operações de crédito.

O serviço permite obter informações relevantes para avaliação econcessão de crédito e previne a ação de golpistas e falsificações dedocumentos, contribuindo para a redução da inadimplência. As consultasao SCPC são usadas como indicador de consumo pela entidade. O serviçofoi criado há 54 anos, em 1959, com o objetivo de proteger o comerciantede pessoas que recebiam o crédito e não cumpriam seus compromissos paraquitar a dívida. O sistema da Acipi é integrado à Rede Nacional deInformações Comerciais (Renic), que conta com banco de dados de 150milhões de informações sobre negócios efetuados a crédito.

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A população pode consultar gratuitamente o SCPC na rua do Rosário,700. A consulta é feita mediante apresentação de documentos (CPF e RG)e o serviço é feito somente para o próprio solicitante. Não são autorizadasconsultas em nome de terceiros.

CoopcredA Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Empresários de

Piracicaba (Coopcred) existe desde 2007 quando 29 entusiastas se unirampara abrir a instituição, com apoio do Sistema de Cooperativas de Crédito doBrasil (Sicoob). Seis anos depois, mais de 400 sócios usufruem das vantagensde ser um cooperado: facilidade de acesso ao crédito e juros reduzidos. Namoderna sede, prédio anexo à Acipi, eles são atendidos com conforto esegurança. O prédio facilita a acessibilidade com rampas e banheiros paradeficientes físicos e tem porta giratória com detector de metais e câmeras.Os clientes contam com três caixas, sala de reunião e guarita de orientaçãoe monitoramento.

O objetivo da Coopcred é oferecer oportunidades de crédito aosempresários do comércio, indústria e serviço do município, especialmentepequenos e médios, ligados à Acipi e ao Simespi (Sindicato das IndústriasMetalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas eFundições de Piracicaba). Fiscalizada e autorizada pelo Banco Central, aCooperativa possui todos os serviços regularmente oferecidos pelas demais

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instituições financeiras tradicionais, como conta corrente, aplicaçõesfinanceiras, seguros, cobrança bancária manual e automatizada, descontosde cheques e duplicatas, cartões de crédito e débito e empréstimos comtaxas de juros diferenciadas das praticadas no mercado. Convênio firmadocom a Prefeitura Municipal permite também o recolhimento de receita etributos municipais.

No sistema cooperativista o voto é igualitário e atua de forma organizadae coletiva. As taxas são mais baixas nas operações, comparadas às do mercado.

Índice de Confiança do VarejoA Acipi e a Ejea (Esalq Jr. Economia e Administração) firmaram, em

setembro de 2013, parceria para divulgação do ICV-P (Índice de Confiançado Varejo de Piracicaba) aos empresários, ao setor público e à sociedade. Oíndice mede as expectativas dos lojistas em relação à economia, ao segmentoem que atuam e as suas próprias empresas. O indicador é importante paraverificar a confiabilidade deles em novos negócios, possibilitando a definiçãode estratégicas para alavancar as vendas. Em datas comemorativas como Diadas Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Pais, Dia das Crianças e Natal, aAcipi realiza, em parceria com a CW7 Pesquisas, pesquisas de intenção decompra e venda para subsdiar os empresários com dados gerados pelaeconomia local.

O ICV-P é tido como um termômetro do comércio da cidade. Os dadossão coletados todo final do mês com os comerciantes e divulgados no iníciodo mês seguinte. A partir dessas informações, os empresários poderão planejaro melhor momento para fazer investimentos ou conter despesas.

“Ao associarmos nossa entidade à divulgação do ICV-P, cumprimoscom nossa missão de promover o fortalecimento do comércio, fornecendoconhecimento e tecnologia sustentável aos nossos associados”, afirma opresidente Angelo Frias Neto.

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Indústria

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Produção de canoas

Aprodução de canoas nos arredores do rio, fabricadas com asfrondosas árvores tamboril, símbolo de Piracicaba, é consideradao marco inicial da industrialização da cidade. A presença deestaleiros, desde o início da povoação, tornava a cidade um dos

escoadouros dos produtos agrícolas da região. A importância dessa atividadeera tamanha que, em 1873, o Barão de Rezende criou uma companhia denavegação fluvial para disciplinar as operações.

Até as primeiras décadas do século XX, o movimento de embarcações evapores foi intenso, transportando principalmente café e madeira vindos doporto de João Alfredo (atualmente, Ártemis). Enquanto o café era embarcadona estrada de ferro com destino ao porto de Santos, a madeira era entreguenas serrarias.

A energia fornecida pelo salto do rio Piracicaba também facilitou eestimulou o desenvolvimento das atividades urbanas industriais,especialmente dos engenhos e das primeiras fábricas, como a de tecidosSanta Francisca – fundada em 1876 por Luiz de Queiroz, à margem esquerda

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do rio, e que alterou a planta da cidade com o fechamento de algumas ruas,despertando resistência da população.

Também pode ser citada a Empresa de Luz Elétrica, outra que teveQueiroz à frente: ele conseguiu um contrato com o poder público local,válido de julho de 1891 a setembro de 1928, para o fornecimento de energiaelétrica destinada à iluminação pública e particular.

As atividades manufatureiras já existiam em Piracicaba desde o final doséculo XIX, constituindo uma pequena produção mercantil com fortescaracterísticas de empreendimentos familiares, segundo a professora MariaThereza Miguel Peres. “Diferenciam-se apenas a Companhia Agrícola eIndustrial Boyes e as duas grandes usinas - Engenho Central e Monte Alegre- que já representavam grande potencialidade de expansão comercial”, afirma.

Exemplarda árvoreTamboril

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Primeira grande indústriaA fábrica de tecidos Santa Francisca, que posteriormente ganhou o nome

de Arethusina e, mais tarde, Boyes, é considerada como o primeiro grandeestabelecimento industrial de Piracicaba e dos maiores do interior paulista.Nas suas atividades de fiação e tecelagem, ela chegou a empregar 420 pessoasainda no início do século passado, número expressivo para a ocasião.

A Santa Francisca foi criada por Luiz de Queiroz em 1876, com 50teares e 70 operários. Os mais especializados eram todos europeus. A produçãoanual de 600 a 700 mil metros de algodão era enviada para São Paulo, Rio deJaneiro e Paraná. A matéria-prima era buscada em Santa Bárbara D‘Oeste,Sorocaba, Tietê e Tatuí, enquanto Queiroz tentava incrementar o cultivo doalgodão na própria cidade.

De acordo com o economista e pesquisador Renato Maluf, desde 1898 aSanta Francisca esteve hipotecada ao Banco do Brasil, Buarque de Macedo. Estevendeu o estabelecimento para Rodolfo Nogueira da Rocha Miranda, que o batizoude Arethusina em homenagem à sua mulher, Arethusa Pompéia de Miranda.

Em 1918, a fábrica passou para as mãos da empresa Boyes Irmãos e Cia,dirigida pelos ingleses Herbert James Boyes e Alfred Simenson Boyes. Nessaépoca, atingiu o número de 2,5 mil funcionários,o que representava 6% do operariado do setor têxtildo Estado. Fábrica de Tecido

Arethusina, àmargem esquerdado rio Piracicaba

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Visita à Arethusina

Em julho de 1903, a fábrica de Tecidos Arethusina, à margem esquerda doPiracicaba, empregava 250 pessoas, homens e mulheres, e produzia mais ou menos5600 metros de tecidos, ou 900 quilos. A empresa apresentava edificaçõesespaçosas, sólidas, bem iluminadas e ventiladas.Em uma visita que redatores do Jornal de Piracicaba fizeram à fábrica dia primeirodaquele mês, observaram o espírito republicano e o bom relacionamento doindustrial Rodolpho Miranda com os empregados. Seguem trechos do relato davisita: “À margem esquerda do nosso deslumbrante e encantado Salto, funcciona aFabrica de Tecidos Arethusina, que é um incontestavel elemento de prosperidade paraPiracicaba.Visitamos hontem aquelle estabelecimento em companhia do seu hábil guarda-livrossr. capitão Octaviano Pinto César. Um belo jardim acaba de ser construido na frentedo edifício da fabrica, não tendo deixado o sr Rodolfpho Miranda, os seus conhecidossentimentos de patriotismo e de religião, pois à entrada principal do mesmo edifícioacham-se inscriptas estas palavras: “Deus, Pátria e Familia – Tudo pela Republica”.Em tudo, como já dissemos, que o visitante alli vê, nota-se que o espírito dirigente daFabrica de Tecidos Arethusina, que é um estabelecimento que honra Piracicaba e aindustria nacional – é atilado e observador, procurando unir as coisas úteis, tudoquanto é agradável aos olhos e à commodidade.Há entre os operários dalli a maior cordialidade e admirável disciplina, correndo oserviço em boa ordem.Cada operário tem consigo um regulamento empresso e nesse folheto,criteriosamente redigido tem um artigo, que é o que trata da liberdade do votooperário. É livre o pensamento do operário da Fabrica de Tecidos Arethusina. Cadaum deles, é um eleitor livre, que sem prejuízo absolutamente de seus interesses e dosde seu patrão votará em quem bem lhe parecer.O edifício principal foi construido especialmente para o fabrico de tecidos de algodão,com fiação própria. Em seu interior são movimentadas as secções de fiação, cardas,tecelagem e preparação por perfeitas machinas de Plat & Brothers.Ao fundo, nos baixos deste edifício, vêm-se, de um lado, a grande turbina de fiação,e, de outro, completa officina mechanica, dividida com o assentamento de um novodynamo com capacidade para 100 ampers.Ligado ao edifício principal, por uma ponte, vê-se o magnífico predio da tinturariacom alta torre em que descança grande caixa d’ágúa elevada por bomba hydraulica –funcionando, no pavimento superior, duas engommadeiras e três machinasremettentes de rolos, e, no pavimento térreo, com machinismos e todos osacessórios apropriados.Destacadamente está o edificio dos descaroçadores onde tambem funccionam umapossante machina de transformar estopa com 6 tambores, e ao fundo a carpintaria,iluminação electrica em todo o edifício.”

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Patrimônio históricoO Engenho Central de Piracicaba, que hoje é um dos pontos turísticos

e culturais mais relevantes do município, foi uma das principais indústriassituadas às margens do salto do rio Piracicaba, junto à antiga fábricaArethusina. Líder no processamento de cana-de-açúcar durante suaexistência, impulsionou o desenvolvimento industrial da cidade e foi umgrande gerador de empregos diretos e indiretos, especialmente paratrabalhadores das fazendas que forneciam matéria-prima.

O Engenho foi fundado em 19 de janeiro de 1881 por Estevão Ribeirode Souza Rezende, conhecido como Barão de Rezende, e empresários quese mobilizaram para formação do empreendimento, que “mal chegou afuncionar devido às más condições do mercado e pela dificuldade de matéria-prima” (Jornal de Piracicaba 24/11/1983).

O próprio Barão de Rezende comprou o estabelecimento dez anos depois,dando-lhe o nome de Companhia Niagara Paulista. Em julho de 1899, noentanto, acabou vendendo-a para a empresa Societé Sucrèries de Piracicaba,que conseguiu um salto na produção, conquistando o primeiro lugar no Estado.

Em dezembro de 1907, com a incorporação de seisusinas - Piracicaba, Vila Raffard, Porto Feliz e Lorena,em São Paulo; Cupim e Paraíso, no Rio de Janeiro -,transformou-se em Societé Sucrèries Brésiliennes.

A prosperidade não durou muito: fortes geadas

Engenho Central,patrimôniohistórico dePiracicaba

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no ano de 1918 causaram prejuízos. Além disso, o crescimento da Vila Rezendefoi dificultando cada vez mais as operações do engenho. Ao longo dos anosfoi se tornando um inconveniente, já que os caminhões de cana tinham deatravessar a cidade dividindo espaço com automóveis, caminhões, ônibus ebondes. Paulatinamente, as leis de urbanização foram impondo limites para asatividades e não havia como concorrer com outras unidades produtoras.

Em novembro de 1970, o Engenho foi vendido para as UsinasBrasileiras de Açúcar S/A (Ubasa), do empresário paulista José Adolfo daSilva Gordo, que o desativou quatro anos depois. Quase todas as fazendasque compunham a propriedade foram loteadas e vendidas, restando apenaso próprio Engenho, devido a um acordo com a prefeitura.

Em março de 1982, o então prefeito João Herrmann Neto declarou oEngenho como de utilidade pública para fins de desapropriação, processoconcluído em 1989, durante a gestão José Machado. O tombamento veio em11 de agosto daquele ano e, em 1º de maio de 1990, o local foi aberto aopúblico com uma festa em homenagem ao Dia do Trabalho.

Reportagem publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, em 22 denovembro de 1990, classificava a criação do Engenho Central como umprojeto ousado: “O Brasil nem conhecia as estradas de ferro e a Lei Áureasó viria em 1888”, registrou.

De acordo com o texto, o objetivo do empreendimento foi o de mecanizaro processo de fabricação do açúcar e substituir o trabalho escravo peloassalariado. Teria contribuído para o fracasso da ideia a falta de mão de obraespecializada e os custos com a reposição de peças, que tinham de serimportadas uma vez que o maquinário era francês.

Para os profissionais do setor da construção civil, os 12 mil metros quadradosde área construída do engenho, sem similar no País, os cerca de 80 mil metrosquadrados de área verde e, principalmente, o fato de os prédios terem sidoerguidos com tijolos de barro, sem uma única peça de concreto, provocamcuriosidade e admiração. São os antigos armazéns e residências dos empregados.

O barulho das moendas engolindo a cana, o apito que anunciava o começoe fim da jornada e o cheiro da cana no ar viraram lembranças e histórias dotempo em que a água do Piracicaba era utilizada para resfriar as colunas dedestilação, acionar as turbinas de geração elétrica e encaminhar o restilo.

O Engenho Central foi transformado em um espaço cultural que sediaeventos de projeção nacional e internacional, como a Festa das Nações,Paixão de Cristo, Salão Internacional de Humor, Simpósio Internacional eMostra de Tecnologia e Energia Canavieira (Simtec). Nele, está localizadoo Teatro Municipal Erotídes de Campos.

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Italianos empresáriosQuase 50% dos empresários que operavam de forma regular em

Piracicaba, entre 1889 a 1930, eram italianos, de acordo com estudo realizadoa partir de uma amostragem de 69 empresas de capital totalmente nacional.Na distribuição dos empresários de acordo com a origem étnica, a pesquisamostra ainda que 13% eram brasileiros, 1,5% austríaco, 1,5% espanhol,1,5% tiroles e 1,5% alemão. Não foi apurada a proporção das demaisnacionalidades.

A professora Ana Maria Romano Carrão, do Centro de Estudo ePesquisa em Administração da Unimep (Universidade Metodista dePiracicaba), realizou o trabalho em parceria com a pesquisadora colaboradorada Unicamp, Maria Beatriz Bianchini Billac. Ela acredita que esse númeropode chegar a 86% se forem considerados os sobrenomes que, emborasupostamente italianos, não puderam ser confirmados como tais.

As empresas dos imigrantes se caracterizavam pelo pequeno porte.Juntas, elas empregavam aproximadamente 8% da mão de obra, seguidaspelas Oficinas Dedini (6%), a Refinadora Paulista, Monte Alegre (39%),Companhia Industrial e Agrícola Boyes (34%) e Societé SucrèriesBrésiliennes, Engenho Central (12%).

O período de mais acentuado crescimento no número de empresas foide 1921 a 1930, com destaque para os anos de 1924 (quando foram abertas12), 1926 (nove) e 1930 (oito firmas novas). Das 12 instaladas em 1924,nove eram destinadas à produção e comercialização de açúcar e aguardente,com predominância para as italianas.

Sobre as áreas de atuação nas quais os imigrantes das diversas origensatuaram e os locais em que eles acabaram se instalando na cidade, aprofessora Ana Maria disse que há somente indícios de que os imigrantesestiveram fortemente ligados às áreas de alimentação (açúcar, aguardente,pães, beneficiamento de fubá e arroz), vestuário (ternos e chapéus) eprodução de calçados.

DescendentesEstima-se em torno de 55% a 65% os descendentes de italianos em

Piracicaba, segundo o Memorial do Imigrante. Seus antepassados viram naimigração para o Brasil a solução para a onda de desemprego que assolava aItália. Os fazendeiros brasileiros, por sua vez, tiveram de buscar alternativasa partir de 1850, quando a Lei Eusébio de Queiroz passou a proibir o tráficonegreiro e os preços dos escravos subiram muito.

O governo colaborou na atração de imigrantes ao criar, em 1871, uma

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lei que permitia a emissão de apólices de dinheiro paraajudar a pagar a passagem e instalação das famílias.

As sociedades de mútuo socorro foram sendoorganizadas pelos italianos que já estavam instaladosno país para garantir a subsistência, orientação e uniãodos conterrâneos recém-chegados. Em Piracicaba, foi criada, em 13 denovembro de 1887, a Società Italiana Di Mútuo Soccorso.

Os estrangeiros que chegaram com conhecimentos tecnológicos oualgum capital investiram em pequenos comércios e nas primeiras indústrias,sempre voltadas para a agricultura canavieira, de acordo com EvaristoMarzabal Neves (Revista do IHGP - novembro/1999). Grande contingentedeles, no entanto, permaneceu por muito tempo trabalhando duramente nocampo como empregado, especialmente a partir do século XX. Não foi só

essa a dificuldade para osimigrantes. No início dadécada de 40, por exemplo,cidadãos de origem alemã eitaliana eram atacados nas ruas.

No Jornal de Piracicabade 23 de setembro de 1942, aAssociação Comercial de

Società ItalianaMútuo DiSoccorso,fundada emnovembrode 1887

SOCIEDADES BENEFICENTES EM ATIVIDADE

• Societá Italiana di Mútuo Soccorso - 1887• Sociedade Beneficente Espanhola - 1898• Sociedade Sírio Libanesa - 1902• A Sociedade Beneficente 13 de Maio, 1901,que surgiu nos mesmos moldes dasimigratórias, mas prestando assistênciaaos negros contra a repressão.

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Piracicaba comunicava que os “súditos” alemães, italianos ou japonesesque tivessem ou fossem sócios de empresas tinham de comunicar à JuntaComercial ou ao Cartório de Registro Geral qual o gênero do negócio ouobjeto de comércio, o capital ou parte dele que detivessem, o nome e anacionalidade de pessoas físicas e jurídicas estrangeiras, seus sócios ouacionistas e o número e valor das quotas e ações. A medida tinha umaexplicação: o mundo vivia a Segunda Guerra e todo cuidado com eventuais“traidores da Nação” era considerado essencial.

Quatro anos depois, ainda no Jornal, era citado o texto de GeraldoRezende, um representante das classes patronais brasileiras na ConferênciaInternacional do Trabalho em Paris (França), que destacava o “quão vantajosoera dispor da mão de obra europeia naquele momento de fragilidade doVelho Mundo”.

Além de conseguir braços para a lavoura, na opinião do articulista, oBrasil baratearia seu custo de vida e ganharia projeção mundial “enorme”caso conseguisse “dar de comer ao mundo”. Na Europa, segundo ele, faltavaadubo, as colheitas eram muito pequenas e, comparada à sua extensão territorial,a população de 45 milhões de pessoas era insignificante para a época.

O próprio Jornal de Piracicaba noticiava, dias depois, que estrangeiros“imbuídos de ideias políticas” eram indesejáveis e que os demais deveriamvir aos poucos e ser escolhidos “a dedo”. Além de apresentarem uma condutaque não perturbasse “a ordem vigente e a harmonia”, os estrangeiros nãopoderiam estar acometidos dos flagelos causados pela guerra e pela miséria.

OUTRA VISÃO - O fato de o mercado de trabalho não ter sedesestabilizado com a vinda dos imigrantes fez com que, já nos anos 50,passassem a ser vistos pela população local de uma outra maneira.

De acordo com a professora da Unimep Maria Thereza Miguel Peres,as crônicas demonstravam admiração por eles ajudarem a cidade a prosperare a projetar-se no Estado como importante centro de progresso agroindustrial.

Nesse período, segundo ela, surgiram os comendadores, quase todosde famílias italianas, bem-sucedidos e ricos: Mário Dedini, Morganti, AntonioRomano, Almeida, entre outros. O título, inicialmente, era distribuído pelaIgreja Católica aos que se destacavam nas obras assistenciais e similares.

No Memorial dos Imigrantes, com sede em São Paulo, é extensa a listacom os nomes de italianos relacionados a Piracicaba. Entre os empresáriosestão Pedro Morganti e o império industrial que construiu; VincenzoOrlando, Carlo Carmignani, DeI Nero e Cia. e Pasquale D’Ambrosio, comfábrica de cerveja; Emilio Bertozzi e Cia. e Giovanni Batista Cardinali, com

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fábrica de macarrão; Giuseppe Petrin, com fábrica de doces; AntonioMonaco, Cesare Bortolazzo, Umberto Cosentino, Fratelli Negri, GiuseppeSchiavinato, Alessandro Balistiero, Luigi Sangelmie, Mario Dedini, comfábrica de construção e reparação de carroças. Vittorio L. Furlan, AlfonsoSenofonte Pecorari, Pasquale Guerrini, com serraria e fábrica de móveis;Alcibiade Bottene, Dino Corazza, Fratelli Paterniani e Guerino Bottene, comoficina mecânica; Abramo Manfrinato, Antonio Nardi e Figli, e FratelliSansigolo, Giuseppe Simoni, Margherita Zarac Vincenzo Mauro e Fratelli,com fábrica de móveis; Antonio Bellini, com fabbrica di colchões; CesareBrozzi, Delmo Brozzi e Fratello, com fábrica de sabonetes; Settimo Giustic eFigli, com fábrica de meias; Luigi Leonardi, com marmoraria; Emilio Adamolie Figli e Fratelli Peresin, con fabbriche di vassouras de palha; Carlo Cossa eFigli, com fábrica de couro; Augusto Baldo e L. Bottene, com fábricas deartigos de couro; Nicola Labate e Spoto e Cia, com fábrica de calçados.

Como comerciantes ou negociantes, os italianos lembram OlimpioConsolmagno, Mazzonetto e Cia, Domenico Vizioli, Giuseppe Appezzato,Antonio Testa, Enrico Umberto, Olimpio Barsotti, Natale Boldrini, VincenzoRondo, Giuseppe Dommarco, Vincenzo Rigitano, Primo Falzoni, FrancescoMaiolino, Giuseppe Fasanaro, Michele Zilio, Antonio Cardinali, Umberto Aldrovandi, Antonio Bcrgamini, Aldo Benatti, Francesco Mitidieri, Giulio Scalanari,Francesco Nucci, Fratelli Cofani, Luigi Verderesi, Pasquale Gatti, Pietro Chiarini,Battista Signorelli, Giuseppe Testa, Pasquale Casale, Giocondo Bandiera, AgostinoAntonucci, Giovanni Moretti, Giuseppe Rosário Losso, Ermínia Lagato, Raffaeleltali, Pucci e Fratelli, Frediano Giovannetti, Santo Belloni, Ludovico Pevatelli,Antonio Botti, Antonio Sciarantola, Vincenzo Nardi. Como profissionais, ositalianos lembram Rosário Averna Saccà, Lucia Manica, Inês Fraschini eMaria Testa, Enrico Trotta, Ottavio Dalla Libera e Mario Schraider.

Entre as famílias de italianos que contribuíram para o crescimento dePiracicaba estão os Martini, com os “Doces Martini”, e os Orlando, com atradicional Gengi-birra. As histórias são marcadas pelo trabalho árduo epersistente da italianada.

De volta ao tempo, na pacata Piracicaba daquela época, o som da AveMaria anunciava a aproximação da ximbica do Neguinho que adoçava a vidados moradores diariamente. O Neguinho era o italiano Agostinho MartiniNeto, proprietário da indústria de “Doces Martini”, que teve início muitosanos antes, no fundo de quintal de sua casa, onde sua mãe fazia, em umtacho, as cocadas que ele vendia pela cidade, quando menino. Com umacesta debaixo do braço, ele percorria as casas e conquistava a freguesia.

A fábrica propriamente dita teve início em 1930, na rua Moraes Barros,

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em uma casa que existia em frente a um bosque queficava onde hoje é o estádio Barão da Serra Negra.Dois anos depois, foi transferida para a rua Boa Morte, na esquina com a ruaGomes Carneiro. Os negócios prosperavam e a família decidiu compraruma chácara na rua Ipiranga, onde até hoje está instalada a indústria queganhou expressão nacional.

Os doces eram feitos em tachos e mexidos com espátulas de madeira.Não havia água encanada e luz. No início as vendas eram feitas de charrete,mas, em 1939, melhorou com o Fordinho 28, comprado de Lélio Ferrari, queo havia transformado em um furgão. Agostinho chamava o veículo de ximbica,uma relíquia da família até hoje.

As vendas cresciam e a ximbica logo foi substituída por uma frota defurgões que permitiu a venda dos doces para fora de Piracicaba. A primeiracidade foi Iracemápolis. Na empresa, a família exibe, com orgulho, um doscarros utilizados na entrega dos doces e os três tachos do início da indústria.

Os doces Martini são vendidos para todo o Estado de São Paulo. Sãococadas, pés-de-moleque, queijadinhas, paçocas, doces de mamão, docesde batata-doce, doces sírios de goma, além de compotas e geleias.

Agostino, aolado da ximbica,uma relíquia dafamília Martini

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Dupla irresistívelEspumoso e com gostinho de limão, aquele refrigerante incolor caiu

no gosto do povo, principalmente das crianças, logo que foi lançado no iníciodo século XX. Na verdade, a gengi-birra surgiu em São Paulo, em 1870, e foitrazida a Piracicaba 28 anos depois, em 1898, pela família Andrade. Mas foihá 100 anos, com Vicente Orlando e sua família, que o refresco gasoso passoua ser a bebida da família piracicabana a partir de 1913, quando teve início aprodução numa fábrica de bebidas instalada no Bairro Alto, à rua 15 deNovembro, onde permaneceu dois anos, antes de ser transferida para a ruaBenjamin, antiga rua da Glória. Em 1920, os Orlando iniciaram a produção daetubaína, à base de banana, pêssego, morango e pera.

No começo, a gengi-birra e a etubaína chegavam aos bares e residênciasem carroça ou carrinho de mão. Os entregadores enfrentavam as ruas deterra batida. Em 1937, Vicente e os filhos Caetano e José compraram umcaminhão Chevrolet para atender Piracicaba, que se expandia, e levar ossabores da marca até cidades vizinhas.

Eram vendidas cerca de 100 dúzias de gengi-birra por dia, mas no finaldo ano, durante as festas, a procura aumentava muito. Para não deixar os

Rótulo de identificaçãoda Gengi-birra

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fregueses na mão, os funcionários produziam durante o ano todo para estocar.Aquele refresco fermentado à base de gengibre, açúcar e limão cortado

com casca ganhou tanta fama que em muitas residências, antigamente, osdomingos eram dias de macarronada, frango e gengi-birra. A etubaína tambémdava sabor especial às reuniões das famílias. O auge foi nos anos 60 e 70,época de boas vendas. Com o surgimento das marcas famosas, os bares erestaurantes deixaram de vender apenas os refrigerantes regionais.

Em 1987, as máquinas da fábrica Orlando silenciaram. Findou-se a fabricaçãoprópria, mas a força da marca Orlando, sob a administração de Renato e seusfilhos Maria Elisa e Eduardo Orlando, resistiu aos tempos e completa 100anos, mantendo o sabor inigualável da dupla etubaína e gengi-birra.

Dedini consolida perfil açucareiroA empresa Dedini é um capítulo à parte na história de Piracicaba. Nos

anos 50, por exemplo, a cidade era considerada rica por causa do dinamismoda indústria Dedini. Tudo começou em 1920, quando Mário Dedini instalouuma modesta oficina de carpintaria e ferraria paraconsertos de carroças e charretes. Paulatinamente,passou a fazer reparos em engenhos nos períodosde entressafras da cana-de-açúcar.

Em 1929, com a crise do café e o crash naComplexometalúrgicoDedini, na VilaRezende, nadécada de 50

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Bolsa de Valores de Nova York, o que dificultou a importação deequipamentos, os irmãos Armando e Mário Dedini passaram a produzir peças,aceitando os engenhos usados como forma de pagamento.

Para ter acesso à tecnologia importada, Mario Dedini desmontou umengenho que havia adquirido no Rio de Janeiro, transportou-o em lombode boi até Piracicaba, onde estudou a tecnologia utilizada no processo demontagem. A partir daí, os empresários brasileiros não precisaram maiscomprar, no exterior, equipamentos para o complexo canavieiro.

A empresa começou a se destacar, também, na fabricação de moendas ecaldeiras e a pequena oficina se tornou decisiva no desenvolvimento daindústria sucroalcooleira da cidade e acabou resultando na criação da M.Dedini S/A Metalúrgica. A partir de então, o grupo amplia o mercado deatuação, diversifica os produtos e instala novas unidades.

Em seu livro Concentração e Desconcentração Industrial em São Paulo(1880-1990), o economista Barjas Negri afirma que a “Dedini foifundamental na formação de um proletariado local fundamentalmentemetalúrgico”. Sua afirmação demonstra a relevância da empresa no aspectoda organização industrial do município.

Economia doceA cana-de-açúcar sempre esteve presente na economia de Piracicaba,

mesmo quando o café se tornou a principal cultura do país, transformando-se em riqueza nacional e enriquecendo muitos fazendeiros. Ao lado de Jundiaí,Mogi das Cruzes e Sorocaba, Piracicaba integrava o chamado “quadriláterodo açúcar”, que se tornou o maior centro produtor de açúcar do Estado deSão Paulo e foi desfigurado com a chegada do café.

O economista Pedro Ramos conta que os municípios, com exceçãode Piracicaba, abdicam-se da cana, substituindo-a totalmente pela plantade aroma e sabor inconfundíveis. Precavidos, os fazendeiros locaisaderem à euforia do café, sem, no entanto, abandonar de vez a cana-de-açúcar, promovendo a convivência das duas culturas no período entre1850 a 1880. Depois disso, segundo Ramos, as atividades ligadas à canavoltam a predominar.

A importância e o impacto da introdução e da concentração da produçãoaçucareira em Piracicaba e áreas mais próximas são avaliados pelo economistacom base no número de engenhos existentes: em 1798 havia apenas três;um ano depois, nove; e em 1816 eram 18 engenhos e mais 12 em construção.

Já em 1836, a então Vila Nova da Constituição destacava-se como umadas principais produtoras de açúcar para exportação no Estado de São Paulo,

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EngenhoMonte Alegrefoi fundadoem 1887 com 78 engenhos. Proliferam-se as oficinas mecânicas

para consertos dos engenhos, até a chegada dos Dedini,no século XX, que viria a ser “a matriz geradora da

indústria local”, como define a professora Eliana Terci.Segundo ela, a dupla cana-café teve uma convivência saudável no

município, que entrou na contramão do contexto da época, quando o caféestava em alta, modernizando a produção açucareira com a fundação doEngenho Central (1881) e do engenho de Monte Alegre (1887),fundamentais para a economia local. Com a quebra do café, em 1929, a canatoma conta das terras de Piracicaba, consolidando o perfil canavieiro que semantém em destaque até os anos 40. Em 1926, o prefeito Luiz Dias Gonzagajá reclamava, em entrevista ao Jornal de Piracicaba, da compra crescente deterras por proprietários de engenhos.

As usinas, consideradas os embriões da indústria atual em Piracicabaaté a década de 30, produziram açúcar num ritmo superior ao do estado.Segundo trabalho coordenado pelo economista Renato Maluf, relacionadoao desenvolvimento do mercado e trabalho no município, é a partir de 1930que a região e a cidade vão viver singular processo de desenvolvimentocapitalista, incrementado pelas usinas.

A partir da segunda metade da década de 40, Piracicaba alcançava

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significativa posição na expansão da produçãoaçucareira e canavieira nacional, querepresentou “o início de um processoirreversível de transferência de hegemonia daregião nordestina para a região Centro Sul, comdestaque para a posição que o Estado ocuparia”,afirma a professora Maria Thereza Miguel Peres.

Das décadas de 40 a 60, Piracicaba registrao gradativo desaparecimento das chamadasengenhocas. As unidades que processavam acana tiveram de se transformar em usinas e, asque não se adaptaram, acabaram fechando asportas. Os produtores de alambiques, quetambém eram muitos, não resistiram àmodernidade. Para se ter ideia das modificações,nos anos 30, em São Paulo, 79% do açúcar eraproveniente de usinas e 21% de engenhos. Em1940, esses números foram para 85% e 15%,respectivamente.

Em 1950, quando Juscelino Kubitschekpromove a industrialização e a modernizaçãoda economia do país, Piracicaba está embaladano dinamismo da indústria Dedini, que tinhasua atividade voltada para o complexocanavieiro. Em novembro de 1950, o Jornal dePiracicaba referia-se à cidade como o maiormunicípio açucareiro do Estado, destacando aprodução de aguardente pela famíliaD´Abronzo, com a empresa Tatuzinho. Foi ojingle da empresa que deu a Piracicaba a famade terra da pinga boa.

O recenseamento de 1953 constatou quePiracicaba era de fato o maior município produtorde cana do Estado, com cerca de 16% do totalproduzido. Na produção nacional, ficou somenteatrás de estados como São Paulo, Pernambuco,Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia.

Ao lado do açúcar, destacava-se a produçãode álcool, aguardente, tecidos de algodão,

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tijolos e telhas. Em 1958, o editorial do Jornal declarava a cidade como“Capital açucareira do Brasil”.

O Proálcool impulsiona a economiaNão há como falar da economia piracicabana sem mencionar o Proálcool

(Programa Nacional do Álcool), criado pelo Governo Federal na década de70, quando o mundo vivia a crise do petróleo, com redução da produção eelevação dos preços. O programa teve duas fases: de 1975 a 1979, quando oálcool anidro era misturado com a gasolina; e de 1980 a 1985, de consolidação,quando o álcool hidratado passou a substituí-la. O carro a álcool foi lançadoem 1979. Cinco anos depois, quase 95% da frota nacional era movida poreste combustível, que se tornou alternativa às oscilações do preço do petróleo.

Na primeira fase do Proálcool, a indústria açucareira passava por umacrise provocada pela queda acentuada nos preços internacionais do produto,perda de mercados preferenciais, expansão da produção de açúcar de beterrabapor outros países e pelo processo de substituição do açúcar de cana poroutros adoçantes.

A solução para os usineiros foi anexar destilarias de álcool às unidadesprodutoras de açúcar, o que permitiu ao setor livrar-se da crise.

A segunda fase privilegia a instalação de destilarias autônomas. Estima-se que o programa tenha gerado 600 mil empregos diretos e indiretos, dois

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Primeiro carro a álcool

Na década de 30, o piracicabano João Bottene, chamado de “gêniomecânico”, percorreu cerca de oito quilômetros de terra batida, queligavam a cidade à usina de açúcar, no bairro Monte Alegre, com umFordinho 29 movido a álcool.Bottene teria iniciado suas experiências com o uso de álcool emmotores de explosão estacionários e em seu Fordinho, numa oficinamecânica que ficava na rua 13 de Maio com o córrego Itapeva, hojeavenida Armando de Salles Oliveira. Segundo o seu filho Artemio, naprimeira metade do século o pai utilizava o seu carro com êxito. Elechegou a ir a São Paulo com o seu Fordinho movido a álcool.Informações levantadas por Artemio indicam que o veículo resistiu pormuitos anos, superando o gasogênio de 1942.Ainda na década de 30, na Usina Monte Alegre, de propriedade dePedro Morganti, que o contratou como gerente técnico da oficina demanutenção de equipamentos, João Bottene prosseguiu com suasexperiências adaptando os motores dos automóveis e caminhões parao consumo do álcool. E não parou aí: construiu barcaças fluviais para otransporte de cana, acionadas por motores de caminhão tambémtransformados para o uso de álcool e chegou a realizar testes com oseu avião Piper Club PP-TXT, utilizando o álcool com combustível.Em 1980, o ex-folclorista e advogado João Chiarini publicou, no Diáriode Piracicaba, que as companhias americanas, fornecedoras degasolina, “boicotaram e bloquearam o nascedouro do empreendimentoque se antecipara 47 anos aos modelos contemporâneos de carros aálcool”. Ele escreveu ainda que José Vizziolli, graduado pela Escola deAgricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e pela Universidade de Cornell,nos Estados Unidos, criou o motor a álcool e que João Bottenecondicionou o veículo ao combustível.

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terços no Estado e, grande parte, durante a crise que durou de 1981 a 1983.Entre as safras de 1975/76 e 1979/80, a produção no interior cresceu setevezes, representando 70% da produção nacional.

Economistas afirmam que o Programa Nacional do Álcool impulsionouas atividades das indústrias de equipamentos para agroindústria canavieira.“O município pode ser considerado o grande centro de produção nacionalde destilarias, já que nele estão localizadas as duas principais empresasprodutoras - a Codistil S/A e a Conger”, afirma Eliana Terci, citando ainda oGrupo Dedini e a Zanini como as duas indústrias beneficiadas pelo Proálcool.

Em 1983, tem início o declínio do programa. Em 1989, há crise deabastecimento e, nove anos depois, o Proálcool foi abandonado pelogoverno, culminando, em 1999, com uma crise aguda: sobra de álcool,excedente de açúcar, baixos preços e restrições à queimada de cana. Naqueleano ocorreu a desregulamentação do setor por parte do governo.

Piracicaba torna-se cidade industrialNos anos 40, Piracicaba já apresentava aspectos socioeconômicos que

expressavam de forma mais definida “a imagem de uma cidade industrialcom amplas disposições para o progresso”. A avaliação é da professoraMaria Thereza Miguel Perez.

Após a Segunda Guerra, segundo ela, ocorreram transformações quesuscitaram imagens veiculadas pela imprensa de cidade moderna, emconsonância com o que ocorria no país. Os indicadores dessa modernidadeeram a produção industrial, a redefinição e ampliação de áreas residenciais ecomerciais com ruas largas e avenidas, os arranha-céus, o automóvel, atelevisão e o telefone.

Na relação dos municípios mais populosos do estado, em 1950, Piracicabaaparece em sétimo lugar, com 87.835 habitantes, tendo somente Sorocaba eRibeirão Preto à sua frente no interior. Apenas 22 dos 369 municípios, na ocasião,tinham mais de 50 mil habitantes e somente quatro mais de 100 mil. Além daevolução populacional, a taxa de urbanização e a densidade demográfica eramsignificativas, próximas à tendência geral do estado. Em termos comparativos,na década de 40/50, a taxa média anual de crescimento em Piracicaba foi 0,68%.No estado, 2,71%. De 50 para 60, cresceu para 4,05% na cidade e 3,84% noEstado. Os cálculos são do economista Renato Maluf.

Entre 1936 e 1956, as rendas federais de Piracicaba aumentaram 5.001%,revelando percentuais significativos de progresso que conferiu à cidade,em 1954, 38o. lugar entre as cidades brasileiras de maior renda. Entre aspaulistas, ela ficou em 15o.". (Jornal de Piracicaba – 10/04/1957).

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Para “coroar” o boom daexpansão industrial, verificadoentre 1950 e 1960, em 1957 oprefeito Luciano Guidotti recebeu,do então presidente JuscelinoKubitschek de Oliveira, o prêmio“Município mais Progressista doBrasil”, conferido pelo concurso de grande repercussão política nacional,promovido pela revista O Cruzeiro e pelo Instituto Brasileiro deAdministração Municipal (Ibam).

Na época, o governo estadual de Jânio Quadros dava total apoio aPiracicaba. O Brasil estava inserido no contexto internacional monitoradopela ideologia do nacional desenvolvimentismo, iniciada nos anos 40 comGetúlio Vargas e que marcaria a gestão de JK.

Guidotti, apesar de descrito por historiadores como “inculto esemialfabetizado”, tornou-se um empresário rico e de sucesso com umaconcessão da General Motors. Foi na sua época, como prefeito, que a cidadeviveu uma grande transformação urbanística, com alargamento de avenidas,asfaltamentos, construções de edifícios e loteamentos em bairros distantes.

A cidade ganha novacara com o alargamentodas avenidas Armandode Salles e Centenário

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CONCENTRAÇÃO - Perto da década de 40, as indústrias apresentavamtendência para se concentrar nas proximidades da Estação Sorocabana. Naregião ficavam as serrarias Guerrini e Kock, a fábrica de filtros e a fundiçãodo Doutor Otavio Teixeira Mendes, a fábrica de ladrilhos Carracedo, os“estabelecimentos de João Bottene” de fabricação dos pregos dos trilhos ede consertos das locomotivas e a fábrica de balas Nechar.

“Para muitos empreendedores, lá estava o local ideal para a expansãoindustrial. Mas, a partir de 1941, com a construção da Estação Sorocabana, aseção de reparos e consertos da empresa foi transferida para Sorocaba, deixandoocioso o prédio recém-construído e a indústria foi-se expandindo nosentido horizontal da cidade, pela Cidade Alta ao longo da rua Santa Cruz,esvaziando tal expansão junto à estação”. (Jornal de Piracicaba – 1/5/1957)

As atividades comerciais e parte das industriais ainda se mantinham naárea urbana, próximas às ruas centrais, e já desencadeavam problemas pelomovimento de chegada e saída dos veículos nas fábricas, dificultando a circulaçãodos demais veículos e pessoas nessas ruas. Os ruídos, a fumaça e a poeiraindustrial obrigaram a revisão no zoneamento da cidade.

Na Vila Rezende estava a segunda concentração industrial, com apresença específica de atividades mecânicas e metalúrgicas expandidas apartir da iniciativa do Grupo Dedini, ou seja, a siderúrgica, a Codistil e aMetalúrgica Dedini.

Parque industrialA monocultura da cana predominava na economia de Piracicaba na década

de 70, mais precisamente em 1973, quando o então prefeito Adilson Malufcriou o primeiro distrito industrial de Piracicaba - o Unileste, instalado àsmargens da rodovia SP-304. Na época, estudos apontavam as terras próximasde Anhembi, consideradas impróprias para a cultura agrícola, como localideal para a instalação de um Distrito Industrial.

Sem dar ouvidos àqueles que, segundo o jornalista Cecílio Elias Neto,alertavam para os problemas imediatos que a “industrialização desorganizada”poderia trazer, como o “acréscimo excessivo da população, falta de empregos,de habitação, de escola, com o consequente processo de favelização, aumentode criminalidade, insegurança etc”, Maluf anunciava a vinda da Caterpillare, pouco tempo depois, da Phillips do Brasil.

Uma reportagem no jornal O Estado de São Paulo de 1º de agosto de1974, intitulada “Piracicaba opta pelas indústrias”, revelava um pouco daeuforia que a ampliação do setor industrial causava. Só a Caterpillar, queestava em fase de instalação no Unileste, geraria cinco mil empregos.

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“Desde a criação do distrito Unileste, a Prefeituravem investindo maciçamente no desenvolvimentoindustrial, ao mesmo tempo em que procura atrairgrandes empresas nacionais e estrangeiras”, afirmava

O Estado. Especificamente sobre o distrito, o jornal registrou que a Prefeiturapreparava a área, dotando-a de infraestrutura para a implantação de cinco grandesempresas que haviam tido seus projetos aprovados.

Quarenta anos depois de sua criação, o Unileste conta com cerca de120 empresas, entre elas, companhias tradicionais e algumas das maioresfontes de arrecadação de impostos para a cidade, como Caterpillar Brasil,Case, Delphi, Bom Peixe, Café Morro Grande, Candura, Elring Klinger,Transportadora Rodomeu, Weidmann, Fundiart, Stork. São em torno de 15a 20 mil funcionários.

O Distrito Unileste foi o precursor de todos os conceitos deempreendedorismo e de geração de empregos, nas últimas décadas, paraPiracicaba. Foi a partir da construção do núcleo industrial que as projeçõesde outros distritos foram intensificadas.

Unileste, àsmargens darodovia SP-304

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UNINORTE – Criado em 1998, somente em 2009a Prefeitura concedeu alvará para o distrito industrialUninorte. O loteamento também recebeu licença de

instalação da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.Atualmente, são cerca de 75 empresas associadas em quase um milhão de

metros quadrados estrategicamente localizados. O Uninorte fica próximo aoanel viário e de várias rodovias importantes que margeiam a cidade, o que facilitao escoamento dos produtos, além de transformar o distrito em ponto econômicoestratégico. O Distrito dispõe de pavimentação asfáltica de alta qualidade e estaçãoautônoma para tratamento de esgoto e de redes de água e energia elétricaadequadas. No Uninorte, estão empreendimentos como Dedini, Acemil,Faromar, Ananda Metais, Aroma Biocombustíveis, Biocane, Rezentrac,Unimil, Supricel Logística, Puma Tambores e Transportadora Courier.

O último dos distritos industriais é o Uninoroeste. Criado pela LeiComplementar nº 175 de 2 de agosto de 2005, o Distrito Industrial localizadona região noroeste de Piracicaba possui cinco milhões de metros quadrados.Lá estão instaladas as empresas CJ do Brasil e Biomim Brasil Nutrição Animal.

Em 2012, teve início em Piracicaba uma das iniciativas mais arrojadasdas últimas décadas com a chegada do Parque Automotivo. A Hyundai passoua fabricar, em Piracicaba, o HB20, mudando de maneira radical o perfilindustrial do município.

Distrito IndustrialUninorte foi criadoem 1998

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O total de colaboradores na planta brasileira da Hyundai fica em torno de2,7 mil pessoas. Além dos funcionários que estão na montadora de veículos, háos trabalhadores que atuam nos fornecedores automotivos coreanos, que tambémestabeleceram unidades produtivas no Distrito. Isso representa mais três milempregos diretos para economia local. O Parque Automotivo em Piracicabagera mais de cinco mil empregos diretos e outros 22 mil indiretos.

Do total de funcionários da montadora coreana, cerca de 80% é de Piracicabae região. Isso se deve à preocupação da empresa de estimular a economia local,com aquecimento na quantidade de empregos com alto grau de qualificação, oque também diversifica o ambiente econômico de toda a região.

A montadora coreana fabrica cerca de 150 mil veículos por ano, capacidadeda planta industrial de Piracicaba. O valor do investimento da unidade chega aUS$ 600 milhões, além de outros US$ 300 milhões na construção das empresasfornecedoras. O HB20 representa a chegada da montadora coreana à fatia domercado automobilístico, maior e mais competitiva, responsável por 60% dasvendas: os compactos. O modelo tem como principais concorrentes carros comoo Novo Gol, Novo Palio, Novo Uno e o Fox.

Indústrias diversificadas Falar sobre a indústria em Piracicaba é relembrar uma história marcada

pelo empreendedorismo e inovação. De empreendimentos como a fábricade canoas de Antonio Corrêa Barbosa no século XVIII, passando peloEngenho Central e Arethusina, até a chegada das grandes multinacionais nametade do século XX, a cidade modernizou seu parque industrial, tornando-se referência em desenvolvimento e tecnologia.

O parque industrial de Piracicaba conta com 1.219 empreendimentosque atuam e recolhem tributos no município e que respondem pelos seguidossuperávits na balança comercial de Piracicaba. São mais de 40 mil pessoasempregadas na área industrial local. Os dados são do Ministério do Trabalho.

O setor de produção de açúcar e álcool representa um capítulo à partena economia de Piracicaba. A vocação para este mercado está ligada à históriado município com as grandes propriedades de terra e os engenhos quemarcaram o desenvolvimento do município. Desde o início de sua história,a cidade se destacou pelas grandes marcas na produção de aguardente, comoTatuzinho e a Cavalinho.

Atualmente, as atividades ligadas ao setor são realizadas em usinas,refinarias e terminais portuários. O Grupo Raízen, um dos mais importantesdo país, é uma joint venture criada a partir da fusão de negócios da Shell eCosan, em junho de 2011, para impulsionar o desenvolvimento sustentável

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no mercado de energia, para fazer do etanol uma commodity, sem perder devista o compromisso com o meio ambiente e com a qualidade de vida daspessoas. São cerca de 40 mil funcionários. Com 24 unidades, a Raízen produzdois bilhões de litros de etanol por ano, quatro milhões de toneladas deaçúcar, gera 940 MW de energia elétrica a partir do bagaço da cana-de-açúcar e comercializa 22 bilhões de litros de combustíveis em todo o país.Atualmente, o conglomerado Raízen atua nos mercados de distribuição decombustíveis, produção de açúcar, etanol e bioeletricidade e trading.

Além das unidades produtoras de álcool e etanol, o setor conta com aforça dos produtores agrícolas ligados à Cooperativa dos Plantadores deCana do Estado de São Paulo (Coplacana), referência para quem vive doplantio da cana e da agricultura. Presidida por Arnaldo Bortoletto, a entidadede 65 anos conta com cerca de nove mil produtores associados, que contamcom serviços de assistência e assessoria agronômica e veterinária de altíssimaqualidade. Além de acompanhar o desenvolvimento dos produtores ruraise incrementar a diversificação de culturas, a entidade tem o compromissode subsidiar as demandas sazonais e lutar por política justa. A Coplacanaoferece mais de 12 mil itens utilizados na agricultura. O atendimento é feitonas lojas na matriz e nas 21 filiais espalhadas pelo Brasil.

O crescimento na produção de açúcar e álcool fez o município se tornarreferência no setor sucroalcooleiro, com o surgimento da agroindústria. Anomenclatura abrange não só as usinas de açúcar e álcool, mas evidencia aexistência de empresas com produção relacionada à cadeia produtiva doaçúcar e, principalmente, do álcool utilizado como combustível – o etanol.

O Arranjo Produtivo Local do Álcool (Apla) foi criado para intensificara expressão mercadológica das empresas piracicabanas do setor em umcontexto internacional. O Apla reúne destilarias, indústrias, instituições ecentros de pesquisa. A articulação do arranjo integra o Ministério doDesenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, governo do Estado deSão Paulo e a Prefeitura de Piracicaba.

O Arranjo discute alternativas da cadeia produtiva do setor sucroalcooleiro,com diminuição dos custos de produção e aumento da competitividade. Entreos parceiros estão a Associação Comercial e Industrial de Piracicaba, EscolaSuperior de Agricultura Luiz de Queiroz, o Centro de Tecnologia Canavieira(CTC), sindicatos e empresas relacionadas ao setor sucroalcooleiro.

No bairro Santo Antonio, próximo ao Monte Alegre, está o Centro deTecnologia Canavieira (CTC), criado em 2004 quando a então Coopersucarabriu o seu capital e deixou de ser a mantenedora dos programas de pesquisas.Foram 25 anos de atuação do Centro de Tecnologia Coopersucar, que ficoureconhecido internacionalmente como referência em tecnologia da

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agroindústria da cana-de-açúcar. Com a reestruturação, tornou-se umaassociação civil de direito privado, formada por produtores de cana, açúcare álcool do Brasil, com o objetivo de investir no desenvolvimento devariedades de cana mais produtivas e agregar qualidade à produção de açúcare álcool. O CTC tornou-se o principal centro mundial de desenvolvimentoe integração de tecnologias da indústria sucroenergética. Em 2011, foitransformado em Sociedade Anônima (S.A).

Para se manter na vanguarda das pesquisas ligadas ao setor canavieiro,Piracicaba conta com o Parque Tecnológico, que tem como objetivoincentivar a pesquisa de biocombustíveis e bioenergia, com a integraçãoentre educação e mercado. Lá estão instados a Faculdade de Tecnologia dePiracicaba (Fatec), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologiade São Paulo (IFSP), a Esalqtec, incubadora de tecnologia da Escola Superiorde Agricultura Luiz de Queiroz, o Centro de Apoio ao Negócio (CAN) -central administrativa da Raízen, o Arranjo Produtivo do Álcool (Apla). Háainda uma série de empreendimentos paralelos, particulares, como condomínios,hotéis e centros de convenções em andamento.

A iniciativa do Parque Tecnológico é uma parceria entre a prefeitura e aSecretaria de Desenvolvimento do Estado de SãoPaulo.

Caterpillar Brasilfoi instalada emPiracicaba nadécada de 70

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Outras empresasApesar da vocação para os setores açúcar e álcool, agroindústria e

máquinas, o parque industrial de Piracicaba conta com grandes e importantesempresas. Instalada em Piracicaba desde a década de 70, a Caterpillar Brasilvem investindo em alta tecnologia, adotando modernos conceitos paraflexibilizar suas operações e oferecer produtos e serviços da mais altaqualidade. Esses investimentos permitiram-lhe desenvolver forte perfilexportador de produtos, como escavadeiras hidráulicas, compactadores,carregadeiras de rodas, motoniveladoras, retroescavadeiras e tratores de esteiras.Em novembro de 2013, a Caterpillar inaugurou uma unidade no DistritoUnileste: a fábrica de Remanufatura & Mangueiras.

A indústria de base em Piracicaba se destaca no parque industrial local,com a participação de empresas como a Dedini, NG Metalúrgica, Femaq,Mausa e a ArcelorMittal. O conceito desse tipo de empreendimento é simples:toda indústria que produz matéria-prima para outra empresa é classificada comoindústria de base. O segmento industrial também é conhecido como indústriade bens de produção (ou indústria pesada) e diz respeito principalmente aosramos siderúrgico, metalúrgico, petroquímico e de cimento.

A NG Metalúrgica planeja projetos para os segmentos de papel e celulose,química e petroquímica, alimentos e equipamentos para produção submarinade petróleo. A empresa também atua na fabricação de peças e equipamentossob desenho para diversos segmentos da cadeia de bens de capital.

A Mausa S/A Equipamentos Industriais, fundada por João Bottene eRomeu de Souza Carvalho para construir centrífugas para açúcar e filtrosrotativos a vácuo, fornece equipamentos para diversos setores, comosucroalcooleiro, alimentício, químico, farmacêutico, papel e celulose,mineração, siderúrgico, hidroelétrico. Sua linha de fabricação é compostaprincipalmente por centrífugas automáticas, contínuas, filtradoras eseparadoras; filtros rotativos a vácuo, de pressão, autofiltros e filtros prensa;bombas de vácuo e pontes e pórticos rolantes.

A Femaq tem como clientes empresas dos ramos da indústriaautomobilística, geração de energia, indústria de papel e celulose, naval(offshore), petrolífera, alimentícia, entre outros.

A Dedini S/A Indústrias de Base é um dos mais importantes gruposempresariais do país, que se destaca como líder mundial no fornecimentode equipamentos e plantas completas para o setor sucroalcooleiro.Atualmente, possui fábricas em Piracicaba, Sertãozinho e Maceió. Outraempresa do grupo é a Codistil Nordeste, localizada em Recife. A empresamantém comércio na América do Sul, América do Norte, América Central,

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Caribe, Ásia, Oceania e Sudeste Asiático.A Dedini surgiu há 93 anos, por iniciativa de Mário e Armando César

Dedini, em uma pequena oficina instalada na Vila Rezende. Sua forte atuaçãocontribuiu para consolidar o perfil açucareiro de Piracicaba. Em 1943, foifundada a Codistil (Construtora de Destilarias Dedini), que iniciou suasatividades reformando alambiques e, posteriormente, especializou-se naprodução e instalação de destilarias de álcool e aguardente. Em 1955, é criadaa Dedini S/A Siderúrgica, hoje ArcelorMittal.

A ArcelorMittal, antigas Belgo e siderúrgica Dedini, foi constituída em2006 pela fusão da Mittal Steel e da Arcelor. A empresa tornou-se a maiorsiderúrgica do mundo, com aproximadamente 300 mil empregados em 61países e produção de 1032,3 milhões de toneladas de aço (dados de 2009). Aunidade de Piracicaba dedica-se à produção de vergalhões para a construçãocivil, utilizando sucata metálica como principal insumo em sua aciaria elétrica.

A diversidade da indústria local engloba também o ramo de papel e celulose.A Oji Papéis Corporation, fábrica de papéis especiais e líder mundial nosegmento, está localizada no tradicional bairro Monte Alegre, cuja históriateve início em 1804, quando o latifundiário padre Joaquim Amaral Gurgelfundou a fazenda de mesmo nome. O Engenho Monte Alegre foi criadocom a união das fazendas Taquaral e Monte Alegre, em 1824, sendodesativado em 1980.

Italiano da província de Lucca, região da Toscana, Pedro Morganti entrapara a história do bairro em 1910. Ele comprou Monte Alegre e, anos depois,em 1924, instalou a Refinadora Paulista. Sua trajetória de vida revela que elechegou ao Brasil pobre, mas que graças à sua visão empreendedora construiuum dos maiores patrimônios de Piracicaba ao ingressar para a indústriaaçucareira, numa época em que o setor vivia uma fase de ouro. Ele constituiua “família montealegrina”, segundo a doutora em História, professora MariaThereza Miguel Peres. Seus estudos sobre Pedro Morganti constataram quepara seus ex-empregados e os descendentes deles, o usineiro ainda ocupa oespaço similar ao de um pai. Envolvia-se nos variados aspetos das vidas dasfamílias que trabalhavam para ele. A comunidade organizada pelo italianochegou a ter cinco mil pessoas, que contavam com padaria, armazém, farmácia,barbearia, ambulatório médico, bar e até cinema.

Com os filhos de Morganti, o tradicional bairro viu surgir, em outubrode 1953, a fábrica de papel e celulose utilizando o bagaço da cana. Com opassar dos anos, vieram as vendas das usinas, fábrica, fazendas. A RefinadoraPaulista foi vendida para a família Silva Gordo em 1971 e, nove anos depois,

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surge a Indústria de Papel Piracicaba (IPP), sob o comando do Grupo Simão.Em 1992, a unidade é incorporada pela Votorantim Celulose e Papel (VCP).Nova negociação e da fusão da VCP com a Aracruz Celulose S/A surge aFibria Celulose S/A, em setembro de 2009. Após dois anos, em 30 de setembrode 2011, a fábrica é adquirida pela Oji Papéis, que ajuda a preservar e a difundira história do bairro Monte Alegre. As construções históricas do lugar, muitasem ruínas, são testemunhas da grandeza do império construído por Morganti.Os mais antigos relembram, saudosos, dos tempos em que Monte Alegrepulsava forte, como uma verdadeira cidade. Agora, o empresário WilsonGuidotti Junior, o Balu, quer que o bairro renasça como polo turístico ecultural. Ele está recuperando as casas da antiga Vila Heloisa.

Ainda no ramo de papel e celulose, a unidade da Klabin de Piracicaba foiincorporada em 1967 com a aquisição da Cia. Manufatura de Papel Embalagens,do grupo Dedini. A unidade de Piracicaba é recicladora de papéis do Brasil,além de ser considerada a mais moderna unidade produtora de papéis recicladosda companhia, com fornecimento de matéria-prima para a confecção de caixasde papelão ondulado.

O setor industrial de alimentação é desenvolvido em Piracicaba comempresas de destaque não só no Brasil, mas também em nível internacional.Localizada no distrito industrial Unileste, o Café Morro Grande trabalhaintensamente para levar aos consumidores uma bebida que proporcionebenefícios ao corpo e à mente. O objetivo da empresa é oferecer produtoscom padrão internacional de qualidade.

A história do Café Morro Grande começou a ser escrita em 1930 e, atéhoje, mantém-se atualizada, sempre acrescida de novos capítulos que detalhamconquistas como a modernização fabril, as certificações de qualidade e asações de responsabilidade social.

Desde 1981, a Bom Peixe Indústria e Comércio atua no mercado deatacado de pescados e frutos do mar, oferecendo uma ampla variedade deprodutos e atendendo todo o território nacional. Atualmente, a Bom Peixe éuma empresa de marca forte, que conquistou a confiança de clientes econsumidores. Com instalações industriais de última geração, as máquinas eequipamentos proporcionam maior segurança e qualidade desde a manipulação,congelamento, embalagem e armazenamento dos produtos.

Outra empresa conhecida pela fabricação de alimentos industrializados éa Mondeléz Internacional, antiga Kraft Foods, localizada na avenida CássioPaschoal Padovani. A marca Kraft, presente no Brasil desde 1993, ano emque adquiriu a Q-Refreski, foi substituída em outubro de 2012, com a cisão

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do negócio norte-americano. Em Piracicaba, a Kraft havia adquirido a Nabiscoem julho de 2000 e se tornado a segunda maior empresa de alimentos domundo e a primeira em lucratividade. A fábrica Nabisco funcionou muitosanos no Bairro Alto, onde eram produzidos o macarrão Aurora e as famosasbolachas Júpter.

Construção civilO setor imobiliário vive um momento de plena expansão. A cidade

cresce por todos os lados. São obras residenciais, comerciais e industriais.Na zona rural e área urbana, surgem os condomínios horizontais e

verticais. São empreendimentos para atender todas as classes sociais,construções de alto padrão, menores e mais populares. Atualmente, estãoem construção, em Piracicaba, cerca de 20 mil unidades habitacionais. APrefeitura Municipal tem, por meio de convênio com a Caixa EconômicaFederal e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU),incentivado a habitação popular com a entrega de casas, reduzindo o déficithabitacional estimado, em 2013, em cerca de seis mil moradias para famíliasde baixa renda.

Preocupado em reordenar e planejar o crescimento da cidade, a partirde 2014, o Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba (Ipplap)começa a escrever o novo Plano Diretor do município, que vem sendodiscutido e delineado em fórum aberto com a sociedade e lideranças devários setores. A proposta é criar “regiões satélites” para dar autonomia aosbairros distantes do centro, que terão acesso à mobilidade, às escolas, àscompras, ao trabalho e lazer. O objetivo é o desenvolvimento ordenado esustentável de Piracicaba.

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Livro de Ouro

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