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GRUPO DE ESTUDOS SOBRE FRATURA DE MATERIAIS DEMET/EM/UFOP TEORIA DE DISCORDÂNCIAS ESTRUTURA DE MATERIAIS

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  • GRUPO DE ESTUDOS SOBRE FRATURA DE MATERIAIS

    DEMET/EM/UFOP

    TEORIA DE DISCORDNCIAS

    ESTRUTURA DE MATERIAIS

  • Tipos de descontinuidades cristalinas.

    DESCONTINUIDADES LINEARES

  • TEORIA DE

    DISCORDNCIAS

    Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Sugestes para consulta inicial:

    http://www.doitpoms.ac.uk

    http://www.matter.org.uk

  • Introduo histrica ao conceito de discordncias

    A tenso requerida para deformar plasticamente um cristal muito menor

    do que a tenso calculada considerando a estrutura cristalina livre de descontinuidades.

    Materiais endurecem por deformao:

    quando um material se deforma plasticamente, ele requer uma tenso maior para continuar se

    deformando.

    O conceito de discordncias foi

    inventado independentemente por Orowan, Taylor e Polanyi

    em 1934, como uma forma de explicar duas

    observaes experimentais sobre a deformao plstica de materiais

    cristalinos

  • Trabalhos pioneiros:

    Mgge (1883) e Ewing-Rosenhain (1899): observaram que a deformaoplstica dos metais se processa pela formao de bandas de deslizamento,

    devido ao cisalhamento de uma poro do cristal em relao outra, em um

    plano do cristal.

    Volterra (1907) e Love (1927): trataram o comportamento elstico de um meioisotrpico e homogneo deformado, sendo que alguns de seus modelos

    correspondem s discordncias.

    Darwin (1914) e Ewald (1917): a intensidade de raios-X difratada de cristaisreais era cerca de 20 vezes maior do que aquela esperada para cristais

    perfeitos.

    Frenkel (1926): calculou a tenso terica de cisalhamento, encontrando valoresda ordem de 103 a 104 da tenso real.

    Massing e Polnyi (1923), Prandtl (1928) e Dehlinger (1929): propuseram vriosdefeitos precursores das discordncias.

    Orowan, Polnyi e Taylor (1934): propuseram a existncia da discordncia emcunha.

    Burgers (1939): props a existncia da discordncia em hlice.

  • Vito Volterra (1860-1940)

    Johannes Burgers (1895-1981)

    Mihly Polnyi (1891-1976)

    Geoffrey Taylor (1886-1975) Egon Orowan (1902-1989)

    Rudolf Peierls (1907-1995)Nevill Mott (1905-1996)

    Frank Nabarro(1916-2006)

  • Curva tenso-deformao para um monocristal

    de magnsio.

    Linhas de deslizamento na

    superfcie do monocristal.

    Constatao experimental (Ewing e Rosenhain, 1899):

    Formao de marcas superficiais em um monocristal deformado plasticamente.

  • Bandas de deslizamento num

    monocristal de alumnio deformado

    em trao na temperatura ambiente.

    MEV.

    Bandas de deslizamento num policristal

    de cobre deformado em compresso

    na temperatura ambiente. MEV.

  • Um cilindro cortado (a) e deformado de seis formas distintas (b-g), conforme

    proposta de Volterra.

  • Clculo da resistncia mecnica - cristais perfeitos

    RESISTNCIA TERICA DE CISALHAMENTO

    (Frenkel, 1926 tenso limite de escoamento)a

    bGmx

    2

    Deslocamento, x

    Tenso

  • Valores reais do limite de escoamento de materiais

  • Tabela: limite de escoamento terico e experimental para vrios materiais.

    Adaptao de R.W.Hertzberg, Deformation and Fracture Mechanics of Engineering Materials, Wiley, 1989.

    Material G/2 Limite de Escoamento experimental

    (GPa) (MPa) m / exp

    Prata 12,6 0,37 3 x 104

    Alumnio 11,3 0,78 1 x 104

    Cobre 19,6 0,49 4 x 104

    Nquel 32,0 3,2-7,35 1 x 104

    Ferro 33,9 27,5 1 x 103

    Molibdnio 54,1 71,6 8 x 102

    Nibio 16,6 33,3 5 x 102

    Cdmio 9,9 0,57 2 x 104

    Magnsio (basal) 7,0 0,39 2 x 104

    Magnsio (prismtico) 7,0 39,2 2 x 102

    Titnio (prismtico) 16,9 13,7 1 x 103

    Berlio (basal) 49,3 1,37 4 x 104

    Berlio (prismtico) 49,3 52,0 1 x 103

  • Imperfeies em um cristal deformado por flexo, de acordo com

    Massing e Polnyi.

  • Em 1934, E. Orowan, M. Polanyi e G. I. Taylor propuseram, em

    trabalhos independentes, a existncia de uma descontinuidade

    cristalina linear denominada Versetzung, em alemo, por Orowan e

    Polanyi, e dislocation, por Taylor. Esta descontinuidade ser

    denominada discordncia neste curso, embora alguns grupos de

    pesquisa no Brasil prefiram o termo deslocao.

    O conceito de discordncia, na verdade de discordncia em cunha,

    pode justificar a discrepncia entre as tenses calculada e medida nos

    slidos cristalinos para a deformao plstica. O conceito de

    discordncia em hlice, que ser apresentado a seguir, foi

    introduzido por J. M. Burgers somente em 1939, junto com os

    conceitos de vetor e circuito, hoje conhecidos como vetor de Burgers

    e circuito de Burgers.

  • Uma discordncia em cunha em um

    cristal cbico simples.

    Uma discordncia em hlice em um

    cristal cbico simples.

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Quando um cristal submetido a uma deformao plstica, descontinuidades da

    rede tendem a se acomodar ao longo dos planos de deslizamento. Estas

    descontinuidades so chamadas de discordncias. Uma observao no microscpio

    eletrnico de transmisso teria o seguinte aspecto:

    (A) Representao esquemtica de uma foto de MET, mostrando uma seo do

    plano de deslizamento. (B) Vista tridimensional da mesma seo.

    Definio de discordncias

  • Outra maneira para evidenciar a presena de discordncias: interseo de

    discordncias na superfcie do cristal, tcnica de etch-pits.

  • Imagem no MET de uma folha de alumnio, mostrando

    o arranjo de discordncias ao longo de um plano de

    deslizamento, idntico ao esquema anterior.

    Imagem no MET de uma folha de ao inoxidvel

    18Cr-8Ni, mostrando o arranjo de discordncias ao

    longo de um plano de deslizamento, idntico ao

    esquema anterior.

  • A discordncia pode ser definida como o limite, no plano de deslizamento, onde a

    operao da deformao plstica ocorre. Em outras palavras, a discordncia uma

    linha que forma o limite, no plano de deslizamento, entre a regio que foi

    deslocada e a regio que no foi deslocada. Desta forma, a linha da discordncia

    ou ser um anel fechado ou terminar em uma superfcie livre do cristal, ou em um

    contorno de gro.

    Esquemas para discordncia em cunha e discordncia em hlice.

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Classificao de discordncias

    Tipos de Discordncias

    Cunha Hlice Mista

    Formas de Discordncias

    Reta Curva Anel

  • Descontinuidades Lineares (Discordncias)

    So descontinuidades unidimensionais ao redor das quais os tomos esto desalinhados.

    Discordncia em cunha : meio-plano extra de tomos inserido na estrutura do cristal

    b linha da discordncia

    Discordncia em hlice: rampa planar espiral resultante da deformao cisalhante

    b linha da discordncia

    vetor de Burgers, b: medida da distoro da rede.

  • Discordncia em cunha, proposta em 1934 por Polanyi, Orowan e Taylor.

  • Discordncia em cunha, (a) sob o

    ponto de vista da mecnica do

    contnuo e (b) mostrando a posio

    dos tomos.

  • Discordncia em hlice, proposta por Burgers em 1939.

  • Discordncia em hlice, (a) sob o

    ponto de vista da mecnica do

    contnuo e (b) mostrando a posio

    dos tomos.

  • Cunha

    Hlice

    Mista

  • Comparao entre a disposio dos planos cristalinos.

    (a) Cristal perfeito.

    (b) Ao redor de uma discordncia cunha (observe a introduo da cunha).

    (c) Ao redor de uma discordncia hlice (observe o movimento helicoidal).

  • Modelos para discordncia em cunha e discordncia em hlice.

  • Discordncia em cunha.

  • Discordncia em hlice.

  • Uma linha de discordncia pode formar um

    anel fechado. Na figura ao lado, CF e DE

    so componentes cunha, enquanto CD e FE

    so componentes hlice.

  • Anis de discordncias no so necessariamente quadrados. Uma forma elptica

    seria energeticamente mais favorvel do que o quadrado. Neste caso, o tipo de

    discordncia muda continuamente ao longo da linha.

  • Existe um outro tipo de anel, chamado de

    anel prismtico, criado quando um disco

    de lacunas inserido ou removido do

    cristal. Este anel formado por

    discordncias cunha de sinal contrrio.

  • a) Discordncia em

    cunha positiva.

    b) Discordncia em

    cunha negativa.

    c) Discordncia em

    hlice direita.

    d) Discordncia em

    hlice esquerda.

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • O vetor de Burgers

    O vetor de Burgers o vetor que define a magnitude e a direo de deslizamento,

    sendo assim uma das principais caractersticas geomtricas de uma discordncia.

    Uma maneira conveniente de se definir o vetor de Burgers de uma discordncia

    atravs de seu circuito de Burgers. O vetor b mede a falha de fechamento do

    circuito, sendo orientado no sentido do fim para o incio de mesmo.

    Uma vez que o campo de foras peridico da rede cristalina requer que os tomos

    se movam de uma posio de equilbrio para outra posio de equilbrio, conclui-

    se que o vetor de Burgers precisa conectar uma posio de equilbrio outra. Da,

    a estrutura cristalina determinar os possveis vetores de Burgers.

  • Um vetor de Burgers especificado pelos seus componentes ao longo dos eixos da

    clula cristalogrfica.

    Exemplos para o sistema cbico:Origem ao centro do cubo:

    Vetor de Burgers =

    Mdulo =

    Origem ao centro de uma face do cubo:

    Vetor de Burgers =

    Mdulo =

    Origem a um vrtice:

    Vetor de Burgers =

    Mdulo =

    1112

    1b

    2

    3

    444

    222 aaaab

    1012

    1b

    2

    2

    40

    4

    22 aaab

    1001b

    aab 002

  • Circuito de Burgers para uma discordncia em cunha.

    a) A linha da discordncia perpendicular ao seu vetor de Burgers.

    b) Uma discordncia em cunha move-se (no seu plano de deslizamento) na

    direo do vetor de Burgers (direo de deslizamento).

  • Circuito de Burgers para uma discordncia em hlice.

    a) A linha da discordncia paralela ao seu vetor de Burgers.

    b) Uma discordncia em hlice move-se (no seu plano de deslizamento)

    numa direo perpendicular ao vetor de Burgers (direo de

    deslizamento).

  • (a) Circuito de Burgers ao redor de

    uma discordncia em cunha

    (b) Mesmo circuito para um cristal

    perfeito

    (a) Circuito de Burgers ao redor de

    uma discordncia em hlice

    (b) Mesmo circuito para um cristal

    perfeito

  • O plano de deslizamento definido pelo vetor de Burgers e sua discordncia.

    Assim, o plano de deslizamento para uma discordncia em cunha bem definido,

    pois b perpendicular discordncia. Por outro lado, para uma discordncia em

    hlice, como b paralelo discordncia, nenhum plano especfico por eles

    definido.

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Movimento sem discordncia

  • Movimento com discordncia

  • Como uma discordncia em cunha se move no interior de um cristal.

  • Agora podemos afirmar que a deformao plstica ocorre pelo

    movimento de discordncias varrendo os planos de

    escorregamento. O movimento das discordncias envolve o rearranjo

    de apenas alguns tomos ao seu redor e no mais o movimento

    simultneo e cooperativo de todos os tomos de um plano cristalino,

    conforme supe o modelo de Frenkel. Os planos de escorregamento,

    isto , os planos onde as discordncias se movimentam, so

    normalmente aqueles de maior densidade atmica. A movimentao

    atmica ao redor de uma discordncia em cunha em movimento

    mostrada na figura abaixo.

  • Analogias para o movimento de uma discordncia: (a) tapete; (b) lagarta.

    Intuitivamente, evidente que a deformao plstica causada pela

    movimentao de uma discordncia exige uma tenso muito menor

    que a necessria para movimentar um plano de tomos como um

    todo.

    muito freqente fazer-se a analogia do tapete ou da lagarta para

    justificar o movimento facilitado pela presena de discordncias.

  • Analogia com o deslocamento de um tapete. Para deslocar o tapete (parte

    superior do cristal) sobre o cho (parte inferior do cristal), pode-se deslizar em

    bloco todo o tapete sobre o cho. Por outro lado, ao formar uma corcova

    (discordncia) ao longo da largura do tapete, e deslocar esta corcova pelo

    comprimento do tapete, o resultado final ser o mesmo, mas a fora necessria

    ser notadamente inferior ao primeiro caso.

  • Como uma discordncia em

    hlice se move no interior de

    um cristal.

  • Analogia com o movimento de tbuas no cho de uma fbrica. mais

    fcil deslocar cada tbua separadamente do que todas de uma s vez.

  • Uma discordncia cunha positiva e uma discordncia cunha negativa, movendo-se em

    sentidos opostos, produzem o mesmo cisalhamento. Neste caso, as direes de

    cisalhamento e de movimento das discordncias so idnticos.

    Uma discordncia hlice direita e uma discordncia hlice esquerda, movendo-se

    em sentidos opostos, produzem o mesmo cisalhamento. Neste caso, as direes de

    cisalhamento e de movimento das discordncias so perpendiculares.

  • Um anel tambm pode ser ejetado do cristal, atravs de sua expanso.

  • Deslocamento de (a) uma

    discordncia cunha, (b)

    uma discordncia hlice,

    (c) uma discordncia mista,

    e (d) criao de um degrau

    de deslizamento

    irreversvel igual ao vetor

    de Burgers da discordncia

    considerada.

  • Regra da mo direita

    Dada uma discordncia, existem quatro direes importantes associadas ela:

    direo e sentido da linha de discordncia; vetor de Burgers, que d o mdulo e a direo do escorregamento; direo do movimento da linha e direo do fluxo ou movimento do material. Esta direo sempre paralela

    direo do vetor de Burgers, mas no tem necessariamente o mesmo sentido

    dele.

    As direes mencionadas acima no so independentes e esto amarradas na

    chamada regra da mo direita. Segundo a regra da mo (aberta) direita:

    o dedo indicador deve apontar na direo da linha de discordncia; o polegar deve estar voltado para o lado em que o fluxo ou movimento do

    material ocorre no mesmo sentido do vetor de Burgers e

    o dedo mdio, o qual deve fazer um ngulo reto com o indicador, indica ento adireo do movimento da linha de discordncia.

    Vamos aplicar a regra da mo direita na discordncia em hlice da figura a seguir.

  • Discordncia em hlice em movimento da

    posio AA para BB.

    Se assumirmos que a linha da discordncia da figura acima est orientada de A

    para A, o dedo indicador ter esta direo e sentido. O polegar dever estar

    voltado para cima, pois a parte de cima ou superior do cristal est deslocando da

    esquerda para a direita, isto , no mesmo sentido do vetor de Burgers.

    Conseqentemente, o dedo mdio indica a direo e o sentido da linha de

    discordncia, isto , perpendicular AA e no sentido de AA para BB. Note que,

    se o sentido da linha de discordncia for invertido, o sentido do movimento da

    linha tambm o ser. De uma maneira geral, o sentido da linha de discordncia no

    indicado nos livros textos, mas na maioria dos casos ele pode ser rapidamente

    determinado com auxlio da regra da mo direita. Procure determinar como

    exerccio, o sentido das discordncias nos textos que voc utilizar.

  • Se a deformao plstica

    enormemente facilitada por meio da

    movimentao de discordncias, duas

    possibilidades decorrem imediatamente

    para aumentar a resistncia mecnica

    de um material:

    Aumento da resistncia mecnica

    Dificultar o movimento das discordncias: mecanismos de endurecimento

    Projeto de ligas

    Tratamentos termomecnicos

    Reduzir drasticamente a densidade de discordncias

    Whiskers

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Origem das discordncias

    a. Discordncias provenientes de abaixamento de temperatura

    b. Discordncias provenientes da conformao mecnica

  • Discordncias provenientes de abaixamento de temperatura:

    a) Defeitos presentes em sementes nucleadoras

    b) Nucleao acidental:

    i. Tenses internas geradas por impurezas ou contrao trmica

    ii. Coalescimento de dendritas

    iii. Colapso de lacunas, para resfriamento bem rpido

    iv. Crescimento epitaxial de deposio em substratos

  • Representao esquemtica da

    formao de uma discordncia a

    partir de uma partcula. A

    nucleao da discordncia resulta

    da tenso produzida ao redor da

    partcula, por contrao diferente

    entre a matriz e a partcula

    durante o resfriamento.

    Aneis prismticos de

    discordncias produzidos em um

    monocristal de cloreto de prata,

    para relaxar o campo de

    deformao criado ao redor de

    uma pequena esfera de vidro,

    causado por contrao diferencial

    durante o resfriamento do

    material. Mitchell (1958).

  • Representao esquemtica da formao de discordncias a partir da nucleao

    de gros durante a solidificao.

  • Anis de lacunas formados em uma amostra de nquel, aquecida a

    660oC por 10 mim, e temperada em nitrognio lquido.

  • Crescimento epitaxial de filmes finos.

  • Discordncias provenientes da deformao plstica dos materiais:

    a) Nucleao homognea:

    Deformao convencional

    Ondas de choque

    b) Nucleao heterognea:

    i. Fontes de Frank-Read

    ii. Deslizamento cruzado mltiplo

    iii. Escalada

    iv. Contornos de gros

  • Nucleao homognea de discordncias atravs de deformao convencional.

  • Nucleao homognea de discordncias,

    a partir de carregamento por choque.

    Distribuio uniforme de discordncias em

    nquel carregado por choque, 15GPa, 2s, 77K.

  • Representao esquemtica do

    movimento de discordncia na

    fonte de Frank-Read. O

    deslizamento ocorreu na rea

    hachurada.

  • Fonte de Frank-Read em uma amostra de silcio.

    Dash (1957).

    Fonte de Frank-Read em uma amostra de alumnio.

  • Crescimento lateral de bandas de

    deslizamento em um monocristal de

    fluoreto de ltio. As discordncias so

    observadas pela tcnica de etch pit.Gilman e Johnston (1962).

    Sequncia de eventos para o

    deslizamento cruzado em um metal

    CFC.

  • Anis concntricos formados a partir de uma fonte de escalada em uma

    liga de Al-13,5%Mg temperada a partir de 550oC. Smallman et alli, 1962.

  • Emisso de discordncias a partir de um contorno de gro.

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Observao das discordncias

    Principais tcnicas:

    a) Mtodos superficiais

    b) Mtodos de decorao

    c) Topogafia por difrao de raios-X

    d) Microscopia de campo inico

    e) Microscopia eletrnica de transmisso

    f) Simulao computacional

  • Mtodos superficiais:

    Se um cristal contendo discordncias for submetido a um ambiente que remove

    tomos de sua superfcie, a taxa de remoo de tomos ao redor do ponto onde as

    discordncias emergem na superfcie deve ser diferente da taxa relativa matriz.

    Como consequncia, pites sero formados nestes locais.

    Formao de etch pits nolocal onde uma discordncia

    emerge na superfcie.

    Principais tcnicas:

    i. Ataque qumico e

    eletroqumico;

    ii. Ataque trmico

    (evaporao);

    iii.Ataque por

    bombardeamento

    inico.

  • Etch pits produzidos na superfcie deum monocristal de tungstnio

    (Schadler e Low).

    Etch pits formados no contorno de gro entre dois grosde germnio (Vogel et alli, 1953). Este foi o primeiro

    trabalho realizado para confirmar a correspondncia entre

    as discordncias e os etch pits.

  • Discordncias observadas pela tcnica de etch-pits em uma amostra de LiF, econtornos de sub-gros. Johnson e Gilman, 1957.

  • Etch pits produzidos na superfcie de um monocristal de fluoreto de ltio (Gilman e Johnston, 1957). Ocristal foi atacado trs vezes, para se estudar o movimento das discordncias em funo de uma tenso

    aplicada.

  • Uma lmina monocristalina de KCl examinado em um microscpio tico. Partculas de prata

    precipitaram em discordncias, que se apresentam aqui na forma de uma rede. Amelinckx, 1958.

    Mtodos de decorao:

    Discordncias em uma lmina cristalina so transparentes luz visvel e luz

    infravermelha, no sendo portanto visveis quando iluminadas com esta radiao.

    Por outo lado, possvel decorar as discordncias, forando a precipitao aolongo destas descontinuidades. A posio das discordncias ser ento revelada

    pelo espalhamento da luz nos precipitados, podendo ser observadas em um

    microscpio tico.

  • Arranjo hexagonal de discordncias em uma

    amostra de NaCl decorada com prata.

    Amelinckx, 1947.

    Precipitao de carboneto de molibdnio

    em discordncias de um ao ferrtico.

    Irani, 1964.

  • Microscopia eletrnica de transmisso:

    Trata-se da tcnica mais utilizada para

    observao de discordncias e outras

    descontinuidades cristalinas. Um feixe de

    eltrons com energia da ordem de 100

    keV deve atravessar uma amostra

    bastante fina (100 a 1000 nm). A interao

    resultante forma figuras de difrao e uma

    imagem ampliada de 102 a 106 vezes. A

    imagem simplesmente revela a variao

    de intensidade do feixe de eltrons

    selecionado transmitido pela amostra.

    Duas operaes bsicas dos sistemas de

    formao de imagem do MET, envolvendo a

    projeo (a) das figuras de difrao e (b) da

    imagem na tela de observao.

  • Formao de contraste.

    Como certos planos prximos linha da discordncia

    so distorcidos, podem surgir orientaes fortemente

    propcias para a difrao de eltrons (equao de

    Bragg). Com isto, a intensidade do feixe diretamente

    transmitido ser reduzida (e do feixe difratado ser

    aumentada). As discordncias aparecero como

    linhas escuras na imagem por campo claro (ou linhas

    claras na imagem por campo escuro).

    O vetor g perpendicular aos planos que difratam os

    eletrons; o vetor u representa o deslocamento de

    tomos provocados pelas discordncias. Solues

    para as equaes que fornecem a intensidade do

    feixe eletrnico contm um fator g u.

    Consequentemente, condies de difrao que

    forneam g u = 0 no produziro contraste. Esta

    situao de chama critrio de invisibilidade.

  • Micrografia de folha fina no MET mostrando

    dois conjuntos paralelos de discordncias.

    Cada linha escura produzida por uma

    discordncia. O diagrama esquemtico

    ilustra a distribuio das discordncias na

    folha fina, e demonstra que a foto acima

    representa uma imagem projetada de um

    arranjo tridimensional de discordncias.

    A forma real da imagem da discordncia

    depende das condies de difrao, da

    natureza das discordncias e a sua

    profundidade na folha fina. Ela pode

    aparecer como uma linha nica (no

    necessariamente centrada na discordncia

    real), uma linha dupla, uma linha ondulada

    ou uma linha partida. A linha tambm pode

    estar invisvel, fato que pode ser explorado

    para determinao do vetor b de Burgers.

  • Ilustrao do uso do mtodo g b = 0, para

    determinar o vetor de Burgers b de

    discordncias. Aqui, trs diferentes vetores de

    difrao g foram escolhidos para produzir trs

    diferentes imagens do mesmo campo de

    viso. Ele contm uma rede de quatro

    conjuntos de linhas de discordncias.

    Lindroos, 1971.

  • Aplicao do critrio g b = 0. O efeito da mudana da condio de difrao faz

    com que a discordncia B, que aparece em (a) desaparea em (b). Hirsch, Howie e

    Whelan, 1960.

  • Arranjos de discordncias produzidos por deformao plstica no ferro. (a) Clulas de

    discordncias formadas aps 9% de deformao a 20oC. (b) Arranjo uniforme de discordncias

    formadas aps 7% a -135oC. Keh e Weissmann, 1963.

  • Evoluo da subestrutura de discordncias em Fe-3,25%Si deformado e recozido. (a) Distribuio uniforme

    de discordncias em um cristal deformado 20%. (b) Formao de pequenos subgros em material

    deformado e recozido por 15min a 500oC. (c) Mesma situao de (b), porm recozido por 15min a 600oC.

    (d) Mesma situao de (b), porm recozido por 30min a 600oC. Hu, 1964.

  • Extensivas redes de discordncias observadas em ferro CCC. Dadian e Talbot-Besnard.

  • Discordncias em uma amostra de titnio

    observada em um MET. Plichta, 1990

    Discordncias em um ao inoxidvel,

    observadas em um MET. Ashby, 1980.

  • Discordncias em (a) nquel, (b)

    titnio e (c) silcio, observadas em um

    MET.

  • Discordncias em (a) Al2O3 e (b) TiC, observadas em um MET.

  • Topografia por difrao de raios-X:

    Esta tcnica tambm chamada de mtodo de Berg-Barrett (1945), e utiliza princpios

    semelhantes microscopia eletrnica.

    A amostra colocada em um dispositivo mvel, e orientada com relao ao feixe de raios-X

    de tal sorte que um conjunto de planos cristalogrficos que obedeam a equao de Bragg

    vai provocar difrao. O feixe refletido ento examinado em uma tela contendo um filme

    sensvel aos raios-X, colocada bem prxima da amostra.

    Como no caso da difrao de eltrons, qualquer distoro da rede causada pela presena de

    discordncias resulta numa mudana das condies de reflexo, e os raios-X sero

    espalhados diferentemente nesta regio. A diferena na intensidade dos raios-X difratados

    ser gravada fotograficamente.

    Uma vez que a penetrao de raios-X maior do que a penetrao de eltrons, esta tcnica

    tem a vantagem de poder utilizar amostras mais espessas.

    Esquema mostrando uma amostra montada

    em um gonimetro, em posio para o

    mtodo de Berg-Barrett.

  • Topografia por difrao de raios-X mostrando discordncias em um monocristal de silcio.

    Nenhuma ampliao da topografia obtida, mas com a posterior utilizao de emulses

    fotogrficas, aumentos de at 500X podem ser conseguidos. Jenkinson e Lang, 1962.

  • Topografia por difrao de raios-X mostrando anis de discordncias em um monocristal de

    magnsio. g = 0110. Vale e Smallmann, 1977.

  • (a) LiF observado no MO. Discordncias cunha diagonais e discordncias hlice horizontais.

    (b) Raios-X na difrao (200), discordncias cunha. (c) Raios-X na difrao (220),

    discordncias hlice. (d) Raios-X na difrao (202), os dois tipos. Newkirk, 1959.

  • Microscopia de campo inico:

    Esta tcnica possibilita aumentos de 106 vezes e resolues de 0,2 a 0,3nm. A

    amostra um arame fino com uma das pontas polida eletroliticamente com forma

    hemisfrica de raio entre 100 a 300 raios atmicos. A amostra carregada

    positivamente em uma cmara de alto vcuo contendo traos de gs hlio ou

    nenio. Os tomos do gs tornam-se polarizados, se aproximam e colidem com a

    ponta da amostra. Eles cedem eltrons, se ionizam, e so projetados em um

    anteparo fluorescente, produzindo a imagem.

    Esquema de um microscpio de

    campo inico.

    Coliso de tomo de gs polarizado e emisso de

    on de gs a partir da ponta da amostra.

  • Imagem de campo inico de um contorno de gro na ponta de uma agulha de

    tungstnio. Cada spot brilhante representa um tomo de tungstnio. 1967.

  • Discordncia hlice em uma amostra de

    tungstnio observada em um microscpio

    de campo inico. Inal, 1990.

    Interseo de discordncias na superfcie

    de uma amostra de platina observada em

    um microscpio de campo inico.

    10.000.000 X. Muller, 1962.

  • Simulao computacional:

    O potencial dos computadores tem sido explorado em duas reas particulares

    relacionadas com a estrutura atmica e com a morfologia de discordncias.

    Na primeira situao, os computadores auxiliam alguma tcnica experimental bem

    conhecida, como a microscopia eletrnica de transmisso.

    Na segunda situao, os computadores so empregados para modelar o

    comportamento atmico dos cristais, e promover informaes que no so obtidas

    por investigao experimental.

  • (a) Posies atmicas em um plano (112)

    perpendicular a uma discordncia em

    cunha situada na direo [112], com

    vetor de Burgers [110] em um cristal

    de cobre. A discordncia se dissociou

    em duas parciais de Shockley nas

    posies mostradas. Os deslocamentos

    atmicos tanto dentro como fora do

    plano da figura so indicados por

    pequenos ou grandes crculos,

    respectivamente.

    (b) O plano (112) visto com certa

    inclinao, para mostrar mais

    claramente as componentes cunha e

    hlice das parciais.

  • Imagem real e imagem obtida por simulao computacional de anis de lacunas

    produzidas por severo bombardeamento inico de rutnio. O vetor de difrao

    g , os anis e possuem o vetor de Burgers b e a normal n aos anis.

  • Tetraedro de falha de empilhamento em cobre

    irradiado. (a) tomos em dois planos {111}

    atravs de um tetraedro na simulao

    computacional. (b) Imagem experimental e (c)

    simulada , mostrando a orientao do defeito.

    Schaublin et alli, 1998.

  • (a) Estrutura atmica obtida por simulao

    computacional da estrutura de uma

    discordncia maclada em um contorno de

    macla (1012) em titnio HC. As clulas

    unitrias so mostradas e a posio do

    contorno indicada por uma linha

    tacejada. A discordncia maclada, definida

    pelos vetores da rede t e t , tem um vetor

    de Burgers muito pequeno, mas requer um

    deslocamento de tomos nas camadas

    marcadas com um S. Bacon e Serra

    (1994). (b) Imagem experimental no MET

    de um contorno em titnio contendo uma

    discordncia maclada. A linha tracejada

    mostra a localizao da interface, e os

    pontos negros indicam as posies de

    alguns tomos prximos da interface.

    Serra et alli (1996).

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Tenso de Peierls-Nabarro

    O processo de movimento de uma discordncia na rede cristalina perfeita

    pode ser encarado como uma transio de estados de energia:

  • Para minimizar a energia do processo, o material deslizado crescer s custas

    da regio no deslizada, atravs do avano de uma regio interfacial, que uma

    discordncia de largura w.

    b

    aG

    b

    wGNP

    )1(

    2exp

    1

    22exp

    1

    2

    w p

    Metais: W grande

    Cermicos: W

    pequeno

    Relao a/b : planos densos e direes densas

    fornecem menor valor para p.

    A relao de Peierls-Nabarro representa a

    resistncia que uma rede perfeita oferece a uma

    discordncia retilnea.

    A fora necessria para movimentar uma discordncia atravs da rede cristalina

    est relacionada com a largura da discordncia atravs da relao de Peierls-

    Nabarro (1940/1947):

  • O movimento das discordncias pode ser conservativo ou no

    conservativo. Quando a discordncia se movimenta no plano de

    deslizamento, que so normalmente os planos de maior densidade

    atmica (e a direo de deslizamento tambm a direo de maior

    densidade atmica), diz-se que o movimento conservativo. Se o

    movimento da discordncia se der fora do plano de deslizamento,

    perpendicularmente ao vetor de Burgers, diz-se que ele no

    conservativo, ou de escalada.

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Fora exercida sobre uma discordncia

    Seja um cristal de espessura unitria (e = 1), submetido a um cisalhamento

    absoluto b, que corresponde ao vetor de Burgers de uma discordncia.

    Seja F a fora por unidade de comprimento da discordncia, necessria para

    promover este deslizamento irreversvel.

    Para deslocar uma unidade de comprimento de discordncia, da face A para a

    face B, o trabalho ser igual a F.L .

  • A fora exercida no plano de

    deslizamento igual a .L (tenso

    cisalhante multiplicada pela rea

    do plano de deslizamento), e

    promove um cisalhamento

    absoluto b .

    O trabalho, que igual a .L.b ,

    deve ser igual ao trabalho

    necessrio para deslocar a

    discordncia.

    Concluso (Mott e Nabarro, 1948):

    A fora F , portanto, a fora que se deve exercer sobre uma discordncia por

    unidade de comprimento de discordncia, para a promoo do cisalhamento do

    cristal.

    bFbLLF

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Tenso de linha de uma discordncia

    Toda discordncia possui uma energia de deformao elstica por unidade de

    comprimento de sua linha.

    A energia de deformao de uma discordncia a energia necessria para

    deslocar os tomos situados na vizinhana da linha da discordncia, em relao

    sua posio terica de equilbrio na rede cristalina perfeita.

    No sentido de manter a energia total do cristal a mais baixa possvel, a

    discordncia tende a encurtar o seu comprimento. Surge ento uma tenso de

    linha, que age no sentido de tornar a discordncia mais retilnea, para reduzir o

    seu comprimento.

    Em primeira aproximao, a tenso de linha T de uma discordncia igual sua

    energia de deformao elstica por unidade de comprimento (Nabarro, 1952):

    2

    2bGT

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Redes de discordncias

    Em cristais recozidos, as discordncias

    formam uma rede tridimensional,

    chamada de rede de Frank.

    A quantidade de discordncias

    presentes por unidade de volume do

    cristal a densidade de discordncias ,caracterizada pelo comprimento total de

    discordncias por unidade de volume.

  • Redes de discordncias

    Mesmo os cristais mais perfeitos

    possuem uma densidade entre 102 e103 cm/cm3. Em geral, a maioria dos

    cristais metlicos no deformados

    contm entre 106 e 107 cm/cm3,

    enquanto aqueles severamente

    deformados contm entre 1011 e 1012

    cm/cm3.

  • Rede de discordncias em uma amostra de ferro normalizado. MET, 50.000X.

    McLean, 1960.

  • Rede de discordncias em uma amostra de diboreto de titnio. MET.

    Hoke e Gray.

  • Um exemplo tpico de redes bidimensionais de discordncias observado em

    contornos de gro de baixo ngulo e em sub-gros. Estas redes so

    freqentemente formadas durante o recozimento de metais trabalhados a frio.

    Sub-gros formados em amostra de alumnio.

  • Os diversos segmentos de discordncias convergem para pontos chamados de

    ns. Considerando l a distncia mdia entre os ns, esta distncia se relaciona

    com a densidade pela relao:

    1l

    Uma caracterstica bsica dos ns que a soma dos vetores de Burgers

    correspondentes nula:

    01

    n

    ib

    Considere uma discordncia b1, que se dissocia em

    duas discordncias b2 e b3. Um circuito de Burgers foi

    desenhado ao redor de cada discordncia, seguindo do

    diagrama que b1 =b2 + b3.

    O circuito maior direita engloba duas discordncias,

    mas como ele passa atravs do mesmo material que o

    circuito menor esquerda, o vetor de Burgers precisa

    ser o mesmo. Da, tem-se b1 + b2 + b3 =0.

  • Os ns da rede de Frank constituem pontos de ancoragem das linhas de

    discordncias. Como conseqncia, quando o cristal est submetido a uma

    tenso, os segmentos de discordncias tendem a se curvar, mas permanecem

    fixos nos pontos de ancoragem. Pode-se ento calcular a tenso cisalhante

    necessria para curvar um segmento de discordncias. Para tal, usa-se o

    conceito de tenso de linha da discordncia.

    Considera-se uma discordncia curva, com um

    raio de curvatura igual a R. A tenso de linha T

    se ope a esta curvatura, produzindo uma

    fora perpendicular discordncia e

    apontando para o centro de curvatura.

    A discordncia somente se manter curva se

    uma tenso cisalhante desenvolver umafora igual e oposta tenso de linha.

  • As foras que agem no segmento dS

    so iguais e opostas, da:

    2sen2

    TdSb

    Considerando o ngulo muito pequeno, ento sen(/2) /2 e/dS igual a 1/R. Da, a tenso necessria para manter adiscordncia na forma curva ser:

    R

    bG

    Rb

    T

    2

  • Na realidade, a expresso para a tenso cisalhante capaz de movimentar umadiscordncia atravs de obstculos deve ser acrescida de um termo 0 , chamadode tenso de frico da rede cristalina.

    A tenso 0 corresponde ao cisalhamento necessrio para vencer a resistnciaintrnsica da rede cristalina ao deslocamento da discordncia.

    Esta tenso depende da natureza e da intensidade das ligaes atmicas, assim

    como de sua estrutura cristalina. Trata-se da tenso de Peierls-Nabarro.

    Quanto mais intensas e direcionais forem as ligaes atmicas, maior ser a

    resistncia intrnsica da rede cristalina. Para os metais, a tenso de frico ser

    mais elevada para estruturas CCC do que para estruturas mais compactas CFC e

    HC.

    R

    bG

    20

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Campo de tenses em torno de discordncias

    Ao observar atentamente o esquema de uma discordncia pode-se constatar que os

    tomos ao seu redor esto fora das suas posies de equilbrio, ou seja, o reticulado

    cristalino est distorcido. Pode-se notar tambm que as distores so diferentes e

    dependem do tipo de discordncia. estas distores (deformaes) pode-se

    associar campos elsticos de tenso, calculados com auxlio da Teoria da

    Elasticidade.

    Antes de analisar os campos elsticos de

    tenso ao redor das discordncias, deve-se

    definir uma notao para as tenses

    normais e cisalhantes. Para isto

    conveniente considerar um cubo unitrio

    (uma unidade de volume), que est em

    equilbrio sob ao de um estado

    tridimensional de tenses. A figura ao lado

    apresenta um cubo unitrio submetido ao

    estado de tenses mencionado. xy

    z

  • Discordncia hlice

  • Discordncia cunha

  • x

    y

    z

    xy

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Energia da discordncia

    A presena de uma discordncia no reticulado cristalino causa um aumento da

    energia interna. Esta energia tem duas parcelas: a energia do ncleo da

    discordncia e a energia elstica.

    Pode-se notar nas figuras relacionadas com os campos de tenses a presena de um

    raio r0, o qual delimita o ncleo da discordncia. Dentro do ncleo, as deformaes

    do reticulado so muito grandes, impossibilitando o uso da teoria da elasticidade,

    pois as deformaes elsticas nos slidos cristalinos so em geral bem menores

    que 1%. Fora do ncleo, isto , fora de r0 pode-se calcular a energia da

    discordncia com auxlio da teoria da elasticidade.

    Dentro do ncleo, o clculo da energia extremamente complexo. Por outro lado,

    pode-se confirmar experimentalmente que a energia do ncleo da discordncia

    representa menos de 5% do valor total.

  • Energia de uma discordncia hlice:

    Energia de uma discordncia cunha:

    Energia de uma discordncia mista:

    Energia total: UT = Uncleo + Uperiferia

    Energia do ncleo da discordncia:

    o

    hr

    rbGU ln

    4

    2

    o

    cr

    rbGU ln

    14

    2

    o

    mr

    rbGU lncos1

    14

    2

    2

    10

    2bGU ncleo

    bro 5

  • Energia de uma discordncia curva.

    Exemplo: discordncia cunha.

    oo

    cr

    RbG

    r

    rbGU 1

    22

    ln14

    ln14

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Campo de foras entre discordncias

    Considerando que as discordncias possuem seu prprio campo interno de

    tenses, deve-se esperar que, quando duas discordncias se aproximam uma da

    outra, alguma interao deva ocorrer.

    Os casos mais simples so de duas discordncias em cunha e em hlice,

    situados em planos de deslizamento paralelos.

    Interao entre (A) duas discordncias em cunha paralelas e (B) duas discordncias em hlice paralelas.

  • Para o caso de discordncias em cunha paralelas, assume-se que a linha das

    discordncias est orientada segundo o eixo OZ e que o plano de deslizamento

    XZ. A fora exercida entre as duas discordncias possui as componentes Fx e

    Fy, respectivamente paralelas aos eixos OX e OY.

    Para o caso de discordncias em hlice paralelas, assume-se que os dois vetores

    de Burgers so paralelos ao eixo OZ. Como no caso anterior, existem duas

    componentes Fx e Fy.

    222222

    12 yx

    yxxbGFx

    222

    222 3

    12 yx

    yxybGFy

    222

    2 yx

    xbGFx

    222

    2 yx

    ybGFy

  • Pode-se mostrar que duas discordncias em hlice paralelas sempre se repelem

    uma em relao outra quando os vetores de Burgers de ambas discordncias

    possuem o mesmo sinal, e sempre se atraem para vetores de Burgers de sinais

    opostos. Em qualquer um dos casos, a magnitude da fora inversamente

    proporcional distncia entre as duas discordncias.

    Por outro lado, a fora que atua entre duas discordncias em cunha apresenta

    uma reverso de sinal, quando a distncia horizontal x entre as duas

    discordncias torna-se menor do que a distncia vertical y entre os planos de

    deslizamento. Observa-se que as discordncias de mesmo sinal se repelem para

    x > y ( < 450) e se atraem para x < y ( > 450) , o inverso ocorrendo para

    discordncias de sinais opostos.

    Fx igual a zero para x = 0 e x = y. A situao x = 0, onde as discordncias

    esto situadas uma sobre a outra, uma condio de equilbrio: trata-se da

    situao encontrada para arranjos de discordncias em contornos de gros de

    pequeno ngulo (sub-gros).

  • Variao de Fx com a distncia x, onde x expresso em unidades de y, entre duas discordncias cunha.

    (A) de mesmo sinal. (B) de sinais opostos.

    T

    T

    x

    y

  • Arranjos de discordncias em

    cunha com vetor de Burgers

    paralelos:

    (a)De mesmo sinal e contidas

    no mesmo plano;

    (b)De sinais opostos e contidas

    no mesmo plano;

    (c)De sinais opostos e contidas

    em planos paralelos;

    (d)Combinao das duas

    discordncias de (c),

    deixando uma fileira de

    lacunas.

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Deslizamento

    cruzado

    Movimento de uma discordncia hlice durante o deslizamento cruzado.

    Inicialmente, a discordncia move-se em um plano vertical. Em seguida, ela muda

    de plano, passando a se movimentar em um plano horizontal.

  • Representao esquemtica do deslizamento

    cruzado em um metal hexagonal compacto.

    Deslizamento cruzado em uma

    amostra de magnsio. Reed-Hill e

    Robertson, 1957.

  • Deslizamento cruzado em uma amostra de alumnio. Cahn, 1950.

  • Representao esquemtica do deslizamento cruzado duplo.

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Escalada

    Escalada: processo termicamente ativado de movimento de discordncias

    em cunha na direo perpendicular ao plano de deslizamento (no conservativo).

    Formao de degraus ao longo da linha de discordncia:

    nj : nmero de degraus por comprimento da discordncia

    no: nmero de ns por comprimento da discordncia

    Uj : energia de ativao necessria para nuclear um degrau

    k : constante de Boltzmann

    T : temperatura

    : constante (aprox. 0,2)

    G : mdulo de cisalhamento

    b1 : vetor de Burgers da discordncia

    b2 : comprimento do degrau

    Tk

    Unn

    j

    oj exp

    2

    2

    1 bbGU j

  • Escalada positiva da discordncia cunha.

    Escalada negativa da discordncia cunha.

  • A existncia de uma tenso compressiva na direo de

    deslizamento causa uma fora na direo da escalada positiva.

    Similarmente, uma tenso trativa perpendicular ao plano extra

    causa uma fora na direo da escalada negativa. Assim, a

    superposio de tenso com elevada temperatura necessria para

    difuso resulta numa elevao da taxa de escalada.

    Escalada no possvel com discordncias hlice, uma vez que

    neste caso no existe plano extra de tomos.

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Interseo de discordncias

    Interseo de duas discordncias cunha com vetores de Burgers perpendiculares.

  • Interseo de duas discordncias cunha com vetores de Burgers paralelos.

  • (a) Interseo de uma discordncia cunha com uma discordncia hlice.

    (b) Interseo de duas discordncias hlice.

  • De uma maneira geral, a presena de degraus em discordncias em cunha no afeta o posterior

    movimento deste tipo de discordncias. O mesmo no ocorre com as discordncias em hlice.

    Na figura abaixo, o plano de deslizamento do degrau PRRP. Se a discordncia em hlice se

    deslocar no plano BQPR o movimento do degrau no plano PQQP no ser conservativo, e

    requer a ocorrncia de escalada. Portanto, a mobilidade de discordncias em hlice fica restrita.

    Pode-se imaginar que durante a deformao plstica as discordncias vo adquirindo degraus e a

    sua mobilidade vai se tornando cada vez mais dificultada. Esta explicao foi proposta por Hirsch

    e Mott, no incio da dcada de 1960, para explicar o aumento da resistncia de um material

    medida que ele vai sendo deformado (encruamento).

    Discordncia em hlice contendo um degrau em cunha.

  • Movimento de uma discordncia em hlice

    contendo degraus. (a) Discordncia retilnea, na

    ausncia de tenso aplicada. (b) A discordncia se

    curva sob a ao da tenso cisalhante aplicada. (c)

    Movimento da discordncia e emisso de lacunas

    pelos degraus.

    O movimento de discordncias em

    hlice contendo degraus um dos

    mecanismos responsveis pela gerao

    de lacunas (e de instersticiais) durante

    a deformao plstica.

    Pode-se criar e reter em baixa

    temperatura este tipo de

    descontinuidade por meio de

    resfriamento rpido a partir de altas

    temperaturas, por meio de irradiao

    do cristal com partculas de alta energia

    (por exemplo, nutrons, eltrons e

    ons), ou por meio de deformao

    plstica.

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Fonte de Frank-Read

    Representao esquemtica da operao de uma fonte de Frank-Read. A

    discordncia impedida de se movimentar. Para continuar o deslizamento, deve-se

    elevar a tenso aplicada. A discordncia vai dobrando-se, at a gerao de um anel.

  • A operao de uma fonte de Frank-Read consiste numa aplicao do conceito

    de tenso de linha T e da tenso para curvar uma discordncia.

    a) Um segmento de discordncia de comprimento l est ancorado entre os

    pontos P e P.

    b) Sob a ao da tenso a discordncia se curva; o seu raio de curvatura R superior a l / 2. Aqui vale a expresso:

    R

    bG

    Rb

    T

    2

    c) Uma elevao na tenso provoca uma curvatura mais pronunciada; o raiode curvatura R vai diminuindo, at alcanar seu valor mnimo, R = l / 2. Nesta

    situao a tenso atinge seu mximo valor:

    l

    bG

    d) A partir deste momento, as configuraes seguintes vo surgir para tenses

    cisalhantes menores. Um anel ser formado, a partir da anulao de

    segmentos com vetores de Burgers opostos. Novos anis sero gerados, at

    que o sistema crie uma resistncia sua formao.

  • A fonte de Frank-Read foi proposta por estes dois pesquisadores, de forma

    independente em 1950, como um mecanismo de multiplicao de discordncias.

    Um tratamento mais rigoroso fornece a seguinte expresso para a tenso

    necessria para provocar o encurvamento da linha da discordncia:

    O raio de curvatura ser mnimo quando

    R = l / 2. Assim, tomando-se valores

    tpicos de = 0,33 e l = 103 , tem-se a

    tenso mxima para o equilbrio local:

    a) Discordncia cunha:

    b) Discordncia hlice:

    21lncos43

    21

    14

    22

    R

    bG

    R

    Tb

    bG

    2

    1

    bG

    2

    3

  • Fonte de Frank-Read em uma amostra de silcio.

    Dash, 1957. Observe que a configurao do anel

    formado no um arco de circunferncia,

    porque o valor local da tenso da linha varia

    com a orientao. Fonte de Frank-Read em uma amostra de alumnio.

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Densidade de discordncias

    A tenso cisalhante necessria para que o limite de escoamento de um

    monocristal seja atingido (ou seja, a tenso para movimentar discordncias na

    rede de Frank) dada pela equao abaixo, onde R = l / 2 (l a distncia mdia

    entre ns da rede):

    R

    bG

    20

    Quando as discordncias entram em movimento, se multiplicam e varrem os

    planos de deslizamento, elas se cruzam e sua densidade aumenta.

    Conseqentemente, a distncia l, que inversamente proporcional a , diminui,

    devendo-se aplicar uma tenso mais elevada para que a deformao plsticaprossiga. Este fenmeno se chama encruamento.

    O raciocnio tambm vlido para policristais.

  • Multiplicao de discordncias durante a deformao plstica, superliga Hastelloy.

    a) Material recozido;

    b) Material deformado 5%;

    c) Material deformado 15%.

    Equao geral que descreve o encruamento: 0

  • Variao do limite de escoamento com a densidade de discordncias

    para amostras de titnio deformadas na temperatura ambiente e

    numa taxa de 10-4s-1. Jones e Conrad, 1969.

    = o + k 1/2

  • = o + k 1/2

    Variao da tenso de cisalhamento resolvida com a densidade de

    discordncias para amostras de cobre. Rall, Courtney e Wulff, 1976.

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Velocidade de discordncias

    Experincia de Gilman e Johnson, para determinao da velocidade de

    uma discordncia.

    TRQ

    kv m exp

  • Compilao de resultados da

    literatura, sobre a dependncia

    da velocidade de discordncias

    com a tenso aplicada.

  • Cisalhamento produzido pela passagem de discordncias paralelas.

    vb

    bdxb

    dxdxdx

    dxN

    dx

    bN

    p

    l

    113

    321

    2

    3

    13

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  • Discordncias Parciais e Falhas de Empilhamento

    Seja um cristal CFC, obtido por meio

    do empilhamento de planos de mxima

    densidade atmica, do tipo {111},

    sendo que a seqncia de

    empilhamento do tipo

    ABCABCABC...

    A passagem de uma discordncia por

    um plano deste tipo causa deformao

    plstica e no deve provocar alterao

    da estrutura original do cristal. Este tipo

    de discordncia denominada

    discordncia unitria ou perfeita.

    Quando a estrutura original no

    mantida, a discordncia denominada

    discordncia parcial ou imperfeita.

    Deformao plstica em um cristal CFC.

  • A passagem de uma discordncia unitria com vetor de Burgers b1 no altera a

    seqncia de empilhamento. No entanto, o mesmo resultado final pode ser

    obtido de maneira mais fcil, desde que o movimento seja feito em duas etapas,

    em ziguezague. Neste caso, o deslocamento representado por duas

    discordncias parciais, denominadas de parciais de Schockley, com vetores de

    Burgers b2 e b3, respectivamente.

    As parciais de Schockley se repelem com uma fora:

    onde

    b2 . b3 o produto escalar e

    d a distncia entre as parciais

    d

    bbGF

    232

  • Dissociao de Schockley em um cristal CFC.

    Se as parciais mantiverem-se

    separadas (dissociadas), a

    seqncia de empilhamento

    na regio externa s parciais

    ser ABCABCABC... e numa

    faixa, dentro das parciais, a

    seqncia de empilhamento

    ser alterada para

    ABCACABC... Esta regio

    denominada falha de

    empilhamento.

    Existe uma fora de repulso

    entre as parciais, uma vez que

    o ngulo entre os vetores de

    Burgers b2 e b3 igual a 600

    (conforme visto no item

    anterior Fora entre

    discordncias).

  • Formao de duas discordncias

    parciais e de uma regio falhada, a

    partir de uma discordncia normal.

    Esta combinao chamada de

    discordncia estendida.

  • Formao de duas discordncias parciais e de uma regio falhada em uma

    estrutura CFC. A falha corresponde a um empilhamento HC. Comparao

    com a formao de uma macla.

  • Outro tipo de discordncia parcial so as chamadas parciais de Frank. Estas

    discordncias podem ser criadas pela remoo ou pela insero de um plano de

    tomos do tipo {111}. A seqncia de empilhamento ser alterada nos dois

    casos, gerando falhas denominadas:

    (a) Falha intrnsica ou simples.

    (b) Falha extrnsica ou dupla.

  • Um tipo de reao entre discordncias muito

    importante o que leva formao das

    barreiras ou travas de Lomer-Cottrell.

    Considere duas discordncias unitrias,

    contidas em planos do tipo {111}, e paralelas

    linha de interseco entre os dois planos. Estas

    duas discordncias podem dissociar-se em

    parciais, as quais delimitam falhas de

    empilhamento. Se duas destas parciais

    reagirem, a discordncia parcial formada do

    tipo cunha, situa-se na interseco dos planos,

    tem vetor de Burgers fora dos planos e no

    pode movimentar-se neles. Esta discordncia

    uma barreira (ou trava) ao movimento das

    outras discordncias. O encruamento dos

    metais e ligas tambm pode ser atribudo

    formao de barreiras de Lomer-Cottrel

    durante a deformao plstica.

  • As falhas de empilhamento so delimitadas por discordncias parciais. Estas discordncias parciais se

    repelem. Quanto maior for a energia por unidade de rea da falha de empilhamento, mais prximas

    estaro as discordncias parciais, de modo a minimizar a rea defeituosa.

    A EFE um dos mais importantes parmetros indicativos das propriedades dos materiais. Por

    exemplo, um material com baixa EFE apresenta aps deformao plstica maior densidade de

    discordncias, distribuio mais uniforme de discordncias e maior energia armazenada na

    deformao, do que um material com elevada EFE e deformado nas mesmas condies. Alm disto, os

    materiais com baixa EFE geralmente apresentam maior taxa de encruamento, maior resistncia

    fluncia e maior susceptibilidade corroso sob tenso do que materiais de elevada EFE.

  • A energia de falha de empilhamento EFE pode ser determinada experimentalmente medindo-se a

    distncia entre as discordncias parciais, com auxlio do MET. A distncia de equilbrio de separao

    entre duas discordncias reflete o balano entre a fora de repulso das parciais e a associada EFE.

    Tem-se ento:

    Medio da distncia d entre parciais no MET. Ao AISI 304.

    EFEbG

    d

    12

    2

  • Energia de falha de empilhamento EFE de alguns metais e ligas.

    EFE

  • Imagens de discordncias e de falhas de empilhamento no MET.

    Falha de empilhamento em um

    ao inoxidvel.

    a) Contraste normal de franjas;

    b) Contraste realando as

    discordncias parciais.

  • Imagens de discordncias estendidas no MET.

    Exemplo de dissociao em cristal CFC.

  • Grupo de falhas de empilhamento em um ao SAE 302,

    barradas em um contorno de gro. Wilsdorf, 1986.

    Falhas de empilhamento em um ao 18Cr-8Ni.

    Michalak, 1973.

  • Falhas de empilhamento em GaP. P.Pirouz.

  • Introduo histrica Definio de discordncias Classificao O vetor de Burgers Movimento de discordncias Origem das discordncias Observao das discordncias Tenso de Peierls-Nabarro Fora exercida sobre uma discordncia Tenso de linha de uma discordncia Redes de Frank Campo de tenses em torno de discordncias Energia da discordncia Campo de foras entre discordncias Deslizamento cruzado Escalada Interseo de discordncias Fonte de Frank-Read Densidade de discordncias Velocidade de discordncias Discordncias parciais e falhas de empilhamento Clulas de discordncias e sub-gros

  • Clulas de discordncias e sub-gros

    A distribuio de discordncias em um metal ou liga deformado plasticamente depende de vrios

    fatores: estrutura cristalina, energia de falha de empilhamento, temperatura e velocidade de

    deformao.

    Por exemplo, quando um metal com estrutura CFC e baixa EFE deformado por mtodos usuais

    (ensaio de trao, laminao, forjamento, etc.), suas discordncias tm baixa mobilidade, devido ao

    fato das discordncias parciais estarem muito afastadas entre si. Isto implica em dificuldade para

    ocorrncia de fenmenos de deslizamento cruzado e escalada de discordncias. Uma vez tendo baixa

    mobilidade, as discordncias geradas na deformao tendero a ter uma distribuio plana

    (homognea) na microestrutura.

    Arranjo esquemtico de

    discordncias homogeneamente

    distribudas em um gro encruado.

  • Por outro lado, metais e ligas com estrutura CCC, ou com estrutura CFC e elevada EFE, deformados

    plasticamente por mtodos habituais na temperatura ambiente apresentam discordncias dissociadas

    em parciais prximas umas das outras, facilitando a ocorrncia de deslizamento cruzado e de escalada.

    Isto implica em discordncias com elevada mobilidade, que tendem a se localizar em planos

    cristalinos de baixos ndices de Miller, assim como aniquilar-se com discordncias vizinhas de sinal

    oposto. Devido a estes fatores, materiais com elevada EFE tendem a apresentar uma distribuio

    heterognea de discordncias.

    Arranjo esquemtico de clulas de

    discordncias distribudas em um

    gro encruado.

    As discordncias concentram-se preferencialmente em

    paredes de clulas (formando emaranhados de

    discordncias), e o interior das clulas permanece

    praticamente livre de discordncias. A diferena de

    orientao entre clulas vizinhas em geral muito pequena,

    menor que 20.

    Uma elevao na temperatura de deformao e/ou

    diminuio na velocidade de deformao favorecem a

    formao da estrutura celular.

  • (a) Liga Fe-34%Ni de elevada EFE, arranjo de

    clulas de discordncias.

    (b) Liga Fe-15%Cr-15%Ni de baixa EFE,

    arranjo planar de discordncias.

    Efeito da EFE na subestrutura de

    discordncias. Ambos materiais foram

    deformados por choque, numa presso de

    pico de 7,5 GPa em um pulso de 2s.

  • Um monocristal ou um gro em um agregado policristalino pode estar subdividido em sub-gros , que

    tm entre si pequenas diferenas de orientao, em geral menores do que 50. A fronteira que separa

    dois sub-gros denominada contorno de pequeno ngulo ou sub-contorno.

    Em geral, os contornos de pequeno ngulo podem ser descritos por arranjos convenientes de

    discordncias. Um tipo particular de sub-contorno o contorno inclinado puro, composto apenas de

    discordncias em cunha.

    Arranjo de discordncias em cunha,

    formando um contorno de sub-gros.

    A diferena de orientao dada neste caso pelo ngulo, em

    radianos, que pode ser calculado pela relao:

    D

    b

    onde b o vetor de Burgers e D o espaamento mdio

    entre discordncias.

    Note que as discordncias neste tipo de arranjo minimizam

    a energia, devido a seus campos de tenso. Embora sub-

    contornos do tipo inclinado puro realmente existam, a

    maioria dos sub-contornos mais geral e contm vrios

    tipos de discordncias.

    D

  • Representao esquemtica do mecanismo de poligonizao. (a) Distribuio ao acaso de discordncias em

    um monocristal deformado por flexo. (b) Rearranjo das discordncias ativado termicamente, originando os

    sub-contornos (poligonizao).

    Um mecanismo de formao de sub-contornos foi proposto por Cahn em 1950. Segundo seu modelo,

    durante o aquecimento de um metal deformado plasticamente, as discordncias so reagrupadas,

    havendo aniquilao de discordncias de sinais opostos e rearranjo das restantes, minimizando seus

    campos de tenso elstica. Este mecanismo denominado poligonizao.

  • Uma das primeiras fotografias em MET do extensivo trabalho pioneiro de Hirth, Horne e Whelan, 1956,

    sobre a poligonizao em alumnio, 65.000 X.

  • A diferenciao entre clulas de discordncias e

    sub-gros um tanto arbitrria. O principal

    critrio para diferenci-los o grau de ativao

    trmica envolvido na sua formao, j que ambos

    so constitudos de arranjos de discordncias e a

    diferena de orientao entre regies vizinhas que

    eles separam da mesma ordem de grandeza.

    Em geral, um sub-contorno mais aperfeioado

    que uma parede de clula, pois a subestrutura de

    sub-gros envolve uma considervel ativao

    trmica durante sua formao, o que permite o

    rearranjo das discordncias.

    A energia dos sub-contornos depende fortemente

    da diferena de orientao, ao contrrio da energia

    dos contornos de gros. Esta energia depende

    tambm da natureza do sub-contorno, ou seja, do

    tipo e do arranjo de discordncias do sub-

    contorno.

    A figura abaixo compara os arranjos atmicos

    nas vizinhanas de contornos de baixo e de alto

    ngulo.