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    LAUDO PERICIAL:

    sinistro ocorrido em edificao residencial

    Coordenao

    Paulo Roberto de Oliveira Rosa

    Gegrafos Autnomos Associados

    Ms. Maria Jos Vicente de Barros CREA n 8047-D/PB fone: (83) 8825 7938

    Ms Pablo Rodrigues Rosa Gegrafo CREA n 8036-D/PB fone: (83) 8852 7729Bel Conrad Rodrigues Rosa Gegrafo CREA n 8264-D/PB fone: (83) 8856 4933

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    SUMRIO

    Prembulo............................................................................................................ 2

    Histrico.............................................................................................................. 3Do objetivo pericial............................................................................................. 4

    Dos exames......................................................................................................... 4

    Da descrio................................................................................................................. 4

    Dos vestgios materiais................................................................................................. 5

    Do exame relativo vizinhana................................................................................... 5

    Dos exames laboratoriais............................................................................................. 5

    Das consideraes tcnico-periciais.................................................................... 6

    Concluso............................................................................................................. 7

    Anexos.................................................................................................................. 8

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    PREMBULO

    A IlmProf. Renata Paes Barros Cmara, face ao ocorrido na madrugada entre os

    dias 22 e 23 de abril (de sbado para domingo) de 2006, quando sua residncia foi acometida

    de um sinistro (FIG 01 e 02) como resultado da magnitude da precipitao abundante que

    houve na referida data, nos contatou imediatamente a fim de compreender o motivo e as

    causas que levaram a esse sinistro que foi amplamente divulgado pela imprensa local em nvel

    de TV, rdio e jornais de circulao estadual. A carta da Prof Renata datada de 20 de maio de

    2006 nos solicita a leitura tcnica com rigor pericial, do comportamento (da paisagem)

    geogrfico(a) no tocante principalmente ao relevo, vegetao e escoamento superficial

    oriundo das precipitaes.

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    HISTRICO

    A residncia da Prof. Renata est localizada na Rua Joaquim Francisco Veloso

    Galvo, n1569 do Bairro Pedro Gondim da cidade de Joo Pessoa, PB (FIG 03). A

    construo da residncia ocorreu na dcada de noventa. Na poca de sua construo, j

    haviam outras residncias nas proximidades, tendo o loteamento sido aprovado pela Prefeitura

    municipal.

    Nesse perodo de construo foi observada a drenagem do terreno e como forma

    de proteo foi construda uma vala nas proximidades do muro visando a drenagem da gua

    do terreno, ainda baldio, para outra rua de forma que alcanasse seu curso indo desaguar na

    Lagoa do Boi S. Ao comprar a referida casa em 2003, a mesma passou pelo crivo dos

    tcnicos engenheiros da Caixa Econmica Federal para que o FGTS da atual proprietria

    fosse utilizado na aquisio do imvel. Em 2005, visando uma maior segurana para o

    imvel, a proprietria procedeu a uma reforma, quando reforou as estruturas dos muros para

    que os mesmos pudessem ser elevados. O reforo do muro tambm levou em considerao a

    enxurrada que descia no perodo chuvoso de forma que o mesmo foi reforado na sua base de

    sustentao, recomendada pelo engenheiro Eduardo Alves de Vasconcelos, CREA 7086

    D/PB, visando a proteo da casa.

    Residindo na casa desde o incio de 2003 a famlia presenciou vrios invernos

    com ndices elevados de precipitao como ocorrido em 2004 mas no entanto no haviam tido

    problemas com a gua pluvial, apenas pequenos transtornos logo resolvidos a partir de um

    terraceamento do terreno baldio que fica ao lado da casa, que constitui o lote de esquina.

    Entretanto, em incio de 2006 a Prefeitura Municipal de Joo Pessoa, atravs da Secretaria de

    Infraestrutura realizou uma limpeza do lote (FIG 04), o que acabou desfazendo o desvio da

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    vrias ruas que desguam no local para a Rua Joaquim Francisco Veloso Galvo caminho

    adequado para o mesmo. Para ocupar esta rea o mesmo cidado procedeu a um aterramento

    com entulhos que devido a alta precipitao e conseqente enxurrada desceram bloqueando a

    passagem anteriormente feita pela proprietria para o escoamento da enxurrada,

    transformando o muro da citada residncia em uma verdadeira barragem.

    O fato que na madrugada entre os dias 22 e 23 de abril (de sbado para

    domingo) de 2006 houve intensa precipitao pluvial e acumulao de gua na base do muro

    que acarretou na derrubada dos muros e inundao da casa, trazendo grandes prejuzos

    financeiros e emocionais para a famlia que viveu o drama.

    DO OBJETIVO PERICIAL

    O presente laudo teve por objetivo realizar uma leitura regional da paisagem, cuja

    casa da Prof Renata Paes de Barros Cmara est localizada, visando identificar os possveis

    elementos que contriburam significativamente para a ocorrncia do sinistro.

    DOS EXAMES

    Da descrio do local

    Para melhor entendimento do ocorrido necessrio compreender de forma

    dedutiva o espao regional representado pela bacia hidrogrfica onde ocorreu o sinistro (FIG.

    06). Toma-se como sinistro o evento que provocou danos3 edificao sendo que esta tem

    como funo o abrigo e a segurana familiar da solicitante.

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    impedindo a passagem da gua (FIG. 07). Devemos aqui anunciar que dentro da

    geomorfologia (disciplina cientfica que estuda o modelado terrestre), a bacia hidrogrfica

    uma unidade geogrfica cujo relevo que comandado pela diferena entre os nveis mais

    elevados em relao aos mais baixos, e a bacia, cuja drenagem busca os nveis de menos

    energia, logo ela (a microbacia) sempre orienta essa drenagem para um curso dgua

    principal, que no caso da rea do acidente foi o afunilamento dado pelas edificaes

    residenciais e impediram o fluxo do curso.

    Dos vestgios materiais

    Nas inspees feitas no local, verificou-se os sinais (marcas) da gua acumulada

    no muro adjacente ao que foi derrubado pela enxurrada, bem como os entulhos e metralhas

    carregados do terreno baldio carregados pela fora da gua que entupiram a passagem da gua

    pela canaleta. A vegetao (plantao de milho) do terreno do vizinho do lado esquerdo da

    casa rebaixada ao cho denota a fora da tromba dgua ao romper os muros (FIG. 08). Partes

    dos muros foram distribudos por todo o trajeto que a gua passou, o que denota a fora da

    enxurrada.

    Do exame relativo vizinhana

    A observao da vizinhana do local em estudo revelou que o que o canal

    principal de transporte das guas pluviais foi interrompido pelas edificaes (FIG. 06 e 07),

    pois a chuva quando precipitada numa bacia hidrogrfica busca os nveis de menor energia.

    Ainda nessas mesmas Figuras fica tambm exposta a rea de menor energia que

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    Dos exames laboratoriais

    Em laboratrio foi elaborado um MNT - Modelo Numrico de Terreno (FIG 09 e

    10) a partir de Ortofotocarta na escala 1:2000 de 1978 com eqidistncia entre as curvas de

    nvel de um metro. Esse modelo visou a representao e melhor visualizao da bacia

    hidrogrfica em que est localizada a residncia. Observa-se a partir da Figura 09 que a

    residncia ocupa uma rea de vertente entre as cotas de 20 e 22 metros acima do nvel do mar.

    J a Figura 10 denota o direcionamento do escoamento superficial.

    DAS CONSIDERAES TCNICO-PERICIAIS

    Numa primeira observao o que ficou ntido foi a presena do elemento

    climtico pluviosidade, que no dia 22 de abril de 2006 se apresentou com elevada magnitude,

    visto que a concentrao da precipitao no final da madrugada (dia 23 de abril) e incio da

    manh (informaes orais fornecidas pelos moradores vizinhos) foi de elevada intensidade. A

    precipitao no intervalo de doze horas foi acumulado, concentrando-se em um volume de

    43mm (dados do LES4) o que inevitavelmente resulta em se estabelecer uma enxurrada5, visto

    que o relevo na rea inclinado permitindo a ocorrncia de concentrao torrencial6 (FIG.

    11).

    Nesse primeiro momento, de relevncia anunciar os conceitos que representam

    fenmenos climticos como pluviosidade, e aqueles decorrentes tanto da precipitao como

    tambm do relevo como enxurrada e torrente. No tocante ao relevo faz-se necessrio destacar

    outros elementos que a esto contidos, pois o relevo assim como o clima, ou mesmo a

    hidrografia e a comunidade bitica, podendo ser vistos como conjuntos individuais, mas

    acabam por interagir de forma sistmica. Um agindo sobre o(s) outro(s), mantendo o

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    elementos que constituem o relevo numa escala maior e que mais vem interessar para o fato

    ocorrido so as vertentes, vales que esto inseridos na bacia hidrogrfica; pontos esses que de

    uma forma ou de outra dizem respeito a maior ou menor concentrao de energia; sendo

    tambm pontos dissipadores dessa energia.

    Diante das provas fotogrficas, podemos afirmar que a interrupo do canal de

    escoamento pluvial foi ocasionado pelas edificaes residenciais, pois com o calamento da

    rua Coronel Francisco Lopes Filho, a gua pluvial deveria ser redirecionada para a rua Prof.

    Joaquim Francisco Veloso Galvo, no entanto o meio-fio foi retirado (FIG 12) permitindo que

    a enxurrada torrencial mantivesse o rumo e a direo da poca antecedente ao loteamento, ou

    seja, o curso natural do escoamento superficial. A rua Jos Faustino Cavalcanti foi sobreposta

    por uma edificao comercial o que tambm corroborou para a manuteno do rumo e direo

    da enxurrada torrencial.

    CONCLUSO

    A partir do aceite pela prefeitura municipal no que se refere implantao e

    implementao do parcelamento do solo urbano para fins de loteamentos e conseqentemente

    a construo de edificaes, esse fato deve-se observao do comportamento dos elementos

    naturais para que seja praticamente anulada qualquer possibilidade de desastres por conta de

    condies tcnicas, no entanto, considerando que:

    a)

    a edificao em tela, est regulamentada pela prefeitura e com seus impostos em dia;

    b) a limpeza do terreno no edificado retirando a vegetao que sempre age como um

    dissipador de energia;

    c) a no observao da retiradada edificao referente ao meio fio que interrompia a

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    ANEXOS

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    Figura 01: Destroos aps a passagem das guasData: 23 de abril de 2006

    Parte do muro sobre o telhado da edificao

    Marca da gua acumulada durante o momento torrencial

    Tampo da Pia deslocada pela fora da gua

    Figura 1.1: Detalhe denotando a forada gua.

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    Figura 02: Muro e colunas (com ferros) abatidos pela fora da guaData: 23 de abril de 2006

    Figura 2.1: Escombros deixadosaps a passagem da enxurrada nooutro lado da casaData: o dia do desastre

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    Figura 03: Localizao da rea de ocorrncia do sinistro.

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    Figura 04: Terreno baldio onde os moradores fizeram o terraceamento desfeito pela prefeitura na ocasio da limpeza realizada.

    Casa atingida pelo sinistroPlaca indicando alimpeza

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    Figura 05: Impedimento da passagem da gua pela Rua Jos Faustino Cavalcanti a partir de construo.

    Barraca de Churrasco implantada na Rua Jos Faustino Cavalcanti

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    Figura 06: rea provvel de captao de gua que desce pela vertente indo parar no muro da casa

    - rea provvel de captao da gua da chuva.

    - Solo totalmente impermeabilizado o quepermite o escoamento da gua na superfcie.

    Gargalo

    Figura 6.1: Local de concentrao dagua trazida pela enxurrada

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    Figura 07: Ponto de estrangulamento

    Rua prof. Joaquim Francisco VelosoGalvo

    Residncia que foi acometida pelo sinistro

    Ponto de estrangulamentodo escoamento superficial

    rea de menor energia: recepo de guas

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    Figura 08: Vista do outro lado da casa

    Detalhe da lanta o de milho

    Local onde vieram parar os

    pedaos do muro

    Direo e caminho da trombadgua depois que derrubou oprimeiro e segundo muro

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    Figura 09: Modelo Numrico de Terreno da vertente de localizao da casa onde ocorreu o sinistro

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    Figura 10: Modelo Numrico de Terreno da vertente de localizao da casa onde ocorreu o sinistro denotando o direcionamento do fluxo.

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    Figura 11: Fluxo dgua oriundo da enxurrada como agente provocador das torrentes

    Torrente provocada pela enxurrada

    Figura 11.2: Detalhe do fluxo dguaao final da rua xxx

    Figura 11.1: Detalhe do fluxo dgua apartir da rua XXX

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    Figura 12: Caminho das guas pluviais na poca do acidente

    Figura 12.1: Fluxo dgua

    Figura 12.2: Local poronde a gua passou

    Figura 12.3: Fluxo dgua