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ESTUDO DA FAUNA DE VERTEBRADOS TERRESTRES DO VERDE VALE DO ITAPEMIRIM: Anfbios, Rpteis, Aves e Mamferos

Relatrio de Campo

TramirimInstituto de Meio Ambiente e desenvolvimento Sustentvel

Abril de 2008Cachoeiro de Itapemirim, ES Paz e Venturini, 2008

3 Tcnicos Responsveis

Mastofauna Pedro Rogerio de Paz - Bilogo CRBio 12721/02 Avifauna Ana Cristina Venturini - Biloga CRBio 12707/02 Anurofauna e Herpetofauna Dr. Jos Luiz Helmer - Bilogo - CRBio 7428/02 Equipe de campo Pedro Rogerio de Paz Ana Cristina Venturini Jos Luiz Helmer Claudia Aparecida Pimenta Cleunice Ferreira Pimenta Alexandre Mendona Thiago Herzog Adeilto Jos Moreira

Apoio de campo (Apecarb/Usina Paineiras) Ailton Ablio Rosa Manoel de Oliveira Rosa

Coordenao de Projeto Jorge Edson Machado ( Gerente Ambiental - Usina Paineiras S.A.) Vera Lcia de Paz (Superintendente Excecutiva - Instituto Tramirim)

Apoio e execuo Institucional Cludio de Carvalho Britto Vital Brasil (Diretor Superintendente Usina Paineiras S.A)

4 SUMRIO 1. APRESENTAO______________________________________________________5 2. INTRODUO ________________________________________________________62.1. Enquadramento regional e caracterizao da rea _____________________________ 6 2.2. Enquadramento zoogeogrfico ____________________________________________ 10

3. METODOLOGIA______________________________________________________123.1. Equipe_________________________________________________________________ 12 3.2. Procedimentos __________________________________________________________ 133.2.1. Anurofauna ___________________________________________________________________ 14 3.2.2. Herpetofauna _________________________________________________________________ 16 3.2.3. Avifauna _____________________________________________________________________ 17 3.2.4. Mastofauna ___________________________________________________________________ 18

4. RESULTADOS E COMENTRIOS_______________________________________224.1. Anurofauna ____________________________________________________________ 234.1.1. Composio geral das espcies ___________________________________________________ 24 4.1.2. Espcies ameaadas de extino __________________________________________________ 27 4.1.3. Espcies endmicas de Mata Atlntica _____________________________________________ 27 4.1.4. Espcies de atividade cinegtica e de xerimbabo _____________________________________ 28 4.1.5. Nomes locais _________________________________________________________________ 29

4.2. Herpetofauna ___________________________________________________________ 294.2.1. Composio geral das espcies ___________________________________________________ 30 4.2.2. Espcies ameaadas de extino __________________________________________________ 32 4.2.3. Espcies endmicas de Mata Atlntica _____________________________________________ 32 4.2.4. Espcies de atividade cinegtica e de xerimbabo _____________________________________ 34 4.2.5. Nomes locais _________________________________________________________________ 34

4.3. Avifauna _______________________________________________________________ 354.3.1. Composio geral das espcies ___________________________________________________ 36 4.3.2. Espcies ameaadas de extino __________________________________________________ 42 4.3.3. Espcies endmicas de Mata Atlntica _____________________________________________ 44 4.3.4. Espcies de atividade cinegtica e de xerimbabo _____________________________________ 45 4.3.5. Nomes locais _________________________________________________________________ 46

4.4. Mastofauna ____________________________________________________________ 464.4.1. Composio geral das espcies ___________________________________________________ 47 4.4.2. Espcies ameaadas de extino __________________________________________________ 49 4.4.3. Espcies endmicas de Mata Atlntica _____________________________________________ 51 4.4.4. Espcies de atividade cinegtica e de xerimbabo _____________________________________ 52 4.4.5. Nomes locais _________________________________________________________________ 53

5. CONSIDERAES FINAIS ____________________________________________545.1. Anlise geral da rea_____________________________________________________ 54 5.2. Potencialidades _________________________________________________________ 58 5.3. Necessidades____________________________________________________________ 59

6. REGISTRO FOTOGRFICO____________________________________________60 7. REFERNCIA BIBLIOGRFICAS ______________________________________96 8. ANEXO 1 Licena IBAMA 13212-1 ____________________________________101

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1. APRESENTAOEste trabalho apresenta os dados parciais do estudo em desenvolvimento da fauna de vertebrados terrestres (anfbios, rpteis, aves e mamferos) visando subsidiar a implantao de uma Reserva Particular do Patrimnio Natural (RPPN), no municpio de Itapemirim (ES) pela Apecarb/Usina Paineiras.

Esse estudo foi desenvolvido como uma das metas do projeto Verde Vale do Itapemirim - Plano de educao ambiental, comunicao e capacitao para populaes rurais e apoio a criao da primeira RPPN, na Fazenda do Ouvidor, no entorno da rea de reserva Vale Verde do Itapemirim, rea prioritria para a Conservao da Mata Atlntica, executado pelo Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel do Corredor Central da Mata Atlntica (TRAMIRIM), com recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente (PDA) para a Mata Atlntica.

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2. INTRODUO2.1. Enquadramento regional e caracterizao da reaA rea de estudo usualmente denominada Verde vale do Itapemirim localiza-se no municpio de Itapemirim, sul do estado do Esprito Santo (figura 1) e pertencente Agropecuria Carvalho Britto S. A. (Apecarb) a qual tambm proprietria da Usina Paineiras S.A. Acar e lcool. As coordenadas geogrficas da rea (referncia da Mata do Crrego do Ouro) so 20 58 15.5 S e 41 02 56.9 W. Seu principal acesso pela Rodovia ES-490 que liga o municpio de Cachoeiro de Itapemirim a Maratazes. Est inserida entre dois micro-corredores ecolgicos definidos pelo IEMA (Instituto Estadual do Meio Ambiente): o Guanandy (no litoral) e o Burarama-Pacotuba-Cafund (em Cachoeiro de Itapemirim). Localiza-se na bacia hidrogrfica do rio Itapemirim. Possui reas planas (vales) com morros ondulados em altitudes que variam de 20 a 100 m. A formao vegetacional predominante a Floresta Estacional Semidecidual (F.E.S) sendo que, devido variao altitudinal da regio, se subdivide em F. E. S. de Terras Baixas (5-50 m) e F. E. S. Submontana (entre 50-500 m) (IBGE 1983, Simonelli e Fraga 2007). considerada a segunda formao mais importante do Esprito Santo em termos de rea ocupada (IPEMA 2005).

Os locais estudados englobaram os diferentes ambientes da regio incluindo a rea da Usina Paineiras (especialmente o alagado e parte da rea urbanizada com jardins pomares e parte do canavial) e as demais reas de remanescentes florestais e seu entorno (pastagem, canavial e alagados). A rea florestal, principal objeto do trabalho (figura 2), possui um total de 1.546,20 ha que se apresentam em dois fragmentos principais: a Mata do Ouvidor (figura 3). a Mata do Crrego do Ouro e do Ouro Branco, que formam, praticamente, um s fragmento (ao lado esquerdo da rodovia sentido Itapemirim x Cachoeiro) e a Mata do Brejo (figura 4) ao lado direito da mesma rodovia. Este bloco recebe diferentes nomes localmente e separado pela rodovia ES-490.

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Figura 1 - Mapa de localizao geogrfica referenciando o municpio de Itapemirim, sul do Esprito Santo, Brasil regio do presente estudo.

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Figura 2 - Mapa esquemtico de localizao da rea central dos estudos de fauna dos vertebrados terrestres do Verde Vale do Itapemirim, Itapemirim/ES (baseado no levantamento planimtrico cadastral, Usina Paineiras / APECARB, 2006 e Google Earth, 2008)

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Figura 3 Aspecto da Mata do Ouvidor e a lagoa s suas margens um dos ambientes integrantes do Complexo do Verde Vale do Itapemirim.

Figura 4 Detalhe da Mata do Brejo. O maior bloco contnuo de mata da regio.

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2.2. Enquadramento zoogeogrficoA rea em estudo est localizada na regio Zoogeogrfica Neotropical que compreende toda a Amrica do Sul, as Antilhas e Mxico. A sua fauna bastante diversificada, constituda principalmente por espcies autctones (originrias do prprio local, nativas), ao lado das que invadiram mais recentemente (plioceno cerca de 12.000.000 de anos atrs). Existe abundncia em espcies endmicas (devido ao isolamento da Amrica do Sul durante o Terciro). Uma caracterstica importante da fauna neotropical o grande nmero de espcies com pequena abundncia de indivduos com alta especializao em habitats e recursos restritos o que est diretamente relacionado diversidade morfoclimtica (Paiva 1999).

A provncia neotropical desta regio de estudo a Tupi (figura 5) caracterizada por uma zona de matas costeiras e seus ecossistemas associados (manguezais, formaes de restinga e campos de altitude) localizada do sul da Bahia, at Santa Catarina, incluindo todo territrio do Esprito Santo e Rio de Janeiro, parte oriental de Minas Gerais, grande parte de So Paulo e a poro oriental do Paran e Santa Catarina (Fittkau 1969 in Paiva, 1999). Nela merecem destaque os primatas e as aves, juntamente com as espcies de maior porte, que se encontram entre os grupos mais ameaados de extino devido destruio dos habitats naturais e por necessitarem de grandes reas florestadas para sua sobrevivncia (Paiva, 1999 modif.). Os endemismos da Mata Atlntica (que o principal bioma da provncia Tupi) pode ser evidenciado em estudos realizados com anfbios, rpteis, aves, mamferos e plantas vasculares, dentre outros grupos (Muller 1973, Bauer 1999, Arruda 2001).

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Figura 5 - Provncias zoogeogrficas da Amrica do Sul (Segundo FITTKAU, 1969), com algumas modificaes destacando a localizao do presente trabalho.

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3. METODOLOGIA3.1. EquipeO presente trabalho foi desenvolvido por uma equipe de tcnicos devidamente capacitados e habilitados para tal com conhecimento e experincia de

levantamento de campo em especial da fauna silvestre brasileira e com o auxilio de guias de campo locais, conhecedores da regio em estudo (figuras 6 e 7).

Figura 6 Equipe de campo da esquerda para direita: Ailton Ablio Rosa(guia de campo), Ana C. Venturini (Biloga), Cleunice Pimenta e Alexandre Mendona (tcnico de campo).

Figura 7 Equipe de Bilogos em trabalho de campo a partir da esquerda: Pedro Paz, Ana C. Venturini, Claudia Pimenta Jos L. Helmer e Adeilto J. Moreira.

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3.2. ProcedimentosOs dados deste trabalho foram obtidos atravs diferentes procedimentos: informaes primrias em trs excurses de campo realizadas no perodo de 7 a 11/08/2007, 19 a 25/11/2007 e 12 a 17/03/2008 somando 139 h/campo, dados anteriores dos autores (outubro de 1997 com cerca de 3 horas/campo para aves), dados bibliogrficos (Bauer 1999 e Bauer et al. 1997 para aves) e entrevista com dois funcionrios da Apecarb que nasceram e moram na regio e auxiliaram nos trabalhos de campo (Ailton Ablio Rosa e Manoel de Oliveira Rosa).

Os quatro grupos de vertebrados terrestres (anfbios, rpteis, aves e mamferos) foram investigados em grande parte da regio pertencente Agropecarb, especialmente, nos blocos de mata, mas tambm em outras reas abertas. Podem ser assim determinadas: Ambiente florestal (F): engloba os diferentes blocos de floresta estacional semidecidual que recebem localmente nomes prprios: Mata do Ouvidor (0285802 e 7686099), Mata do Crrego do Ouro(0285945 e 7679820), Mata do Brejo (0288245 e 7682555) e Mata do Barro Branco. rea alagada (A): engloba diferentes ambientes incluindo a lagoa da mata do ouvidor, brejos e pasto alagado dentro da Usina Paineiras e outras rea alagadas prximas aos crregos e matas. reas abertas (C): em toda regio de pastos e cultivo de cana-de-acar. Pomar/jardim (P): dentro da Usina, prximo rea administrativa e outras similares.

Os nomes comuns para as espcies citadas neste relatrio esto de acordo com nomes conhecidos localmente ou com a bibliografia especfica de cada grupo.

Os animais registrados foram documentados, sempre que possvel, atravs de gravao de vocalizao (GV), fotografia (FO) e filmagem (FI) (figura 8).

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Figura 8 Documentao de fauna (anfbio) atravs de fotografia e filmagem.

Para verificao do estado de conservao das espcies (status), verificando o grau de ameaa, foram consultadas as listas de espcies ameaadas de extino em nvel estadual (Esprito Santo-DOE 2005), nacional (Brasil-MMA 2003) e global (IUCN 2007).

Para captura de indivduos (licena de captura Ibama n 13212-1, em anexo I) foram utilizados equipamentos especficos e metodologias de acordo com cada grupo, sendo que todos indivduos capturados foram documentados, identificados e devolvidos ao local de captura. As diferentes metodologias de registro das espcies e as bibliografias utilizadas para cada grupo so descritas a seguir.

3.2.1. AnurofaunaPara o estudo dos anfbios foram realizadas capturas manuais (figura 9), atravs de busca ativa com auxlio de lanternas, nos diferentes locais como serrapilheira, rvore, troncos cados, pedras, buracos no solo, clareiras, borda de estradas, vegetao marginal de reas alagadas, brejos, e outros ambientes propcios. Especialmente noite, a localizao de indivduos era orientada atravs da vocalizao. Os indivduos quando capturados eram acondicionados em sacos plsticos para se proceder medio de tamanho (figura 10), identificao da espcie e documentao. Algumas espcies foram registradas apenas atravs de

15 vocalizao e sua documentao foi atravs de gravao de vocalizao com auxlio de gravadores e microfones.

Figura 9 Exemplo de anfbio capturado manualmente.

Figura 10 Tomada de padro biomtrico (comprimento rostro-anal) de anfbio.

Para a identificao das espcies, determinao de endemismo de Mata Atlntica e os nomes comuns foram consultadas as seguintes fontes Kwet e Di-Bernardo (1999), Izecksonh e Carvalho-e-Silva (2001), Freitas e Silva (2004), Ramos e Gasparini (2004), Eterovick e Sazima (2004), Freitas e Silva (2005a), Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH 2007a), Deiques et al. (2007), AMNH (2007), Amphibiaweb (2008). A sistemtica segue SBH (op. cit.).

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3.2.2. HerpetofaunaO estudo dos Rpteis foi desenvolvido atravs de busca direta de indivduos com auxlio de ganchos (figura 11) ou de seus vestgios (muda de pele, rastro, ovos) revirando-se os diferentes substratos (serrapilheira, troncos cados, buracos no solo, casca de rvores e outros) no ambiente florestal ou reas abertas. Os exemplares capturados foram medidos, fotografados e/ou filmados (figuras 11 e 12). Tivemos registro de exemplares atravs de captura por terceiros e atravs de observao (sem captura).

Figura 11 Equipe com exemplar de rptil capturado, manuseado com gancho, sendo documentado.

Figura 12 Tomada de padres biomtricos de rptil.

17 A identificao das espcies, determinao de endemismo de Mata Atlntica e a determinao dos nomes comuns, quando necessrio, foi realizada atravs de Grantsau (1991), Borges (2001), Marques et al. (2001), Lema (2002), Freitas (2003), Freitas e Silva (2005a), Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH 2007b), Deiques et al. (2007). A sistemtica segue SBH (op. cit.)

3.2.3. AvifaunaO estudo das aves foi realizado atravs observao de indivduos ou seus vestgios (ninhos, penas) com auxlio de binculos e luneta (figura 13). Registro e procura de algumas espcies por play back foi realizado com auxlio de gravadores e microfones (figura 14). Para a captura de aves no sub-bosque do ambiente florestal foram utilizadas 4 redes de neblina durante a 2 excurso perfazendo 32 horas/rede (figura 15).

As bibliografias utilizadas para auxiliar na identificao das espcies, verificao de espcies endmicas de Mata Atlntica e nomes comuns, quando necessrio, foram Schauensee e Phelps Jr. (1978), Sick (1997), Ridgely e Tudor (1989 e 1994), Souza (1998) e del Hoyo et al. (1992, 1994, 1996, 1997, 1999, 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005), Bencke et al. (2006), CBRO (2007). A sistemtica est de acordo com CBRO (op. cit.).

Figura 13 Observao de aves com auxilio de binculos e luneta.

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Figura 14 Uso de gravador e microfone para documentao de aves.

Figura 15 Uso de rede de neblina para captura de aves no sub-bosque.

3.2.4. MastofaunaPara o conhecimento dos mamferos da regio foram realizadas observaes de indivduos ou vestgios (como tocas, pegadas, unhas e fezes) com auxlio de binculos e luneta (figura 16). O uso de play back atravs de gravadores e microfones foi utilizado para busca de algumas espcies. Capturas foram realizadas utilizando-se armadilhas do tipo Tomahawk (figura 17) e Sherman (figura 18) nas 3 excurses de campo totalizando um esforo de captura de 650

19 armadilhas/noite. Elas foram distribudas dentro do ambiente florestal em pontos eqidistantes de 25 m sendo duas por ponto, cada ponto foi devidamente sinalizado (figura 19) . As armadilhas foram iscadas com diferentes tipos de atrativo (banana, laranja, abacaxi, leo de fgado de bacalhau, lingia e outras) e eram vistoriadas todo dia pela manh e novamente iscadas tarde. Armadilhas fotogrficas (camaras trap) (4 nas duas primeiras excurses e 7 na ltima) foram distribudas na regio de estudo, em locais estratgicos (cevas naturais, trilhas de animais previamente avaliadas) totalizando 14 dias (24 horas cada) e somando 71 armadilhas/noite (figura 20).

Figura 16 Observao de mamfero com auxilio de binculo.

Figura 17 Armadilha Tomahawk utilizada na captura de pequenos mamferos.

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Figura 18 Uso de armadilha Sherman para captura de mamferos.

Figura 19 Uso de fita zebrada para a sinalizao de pontos de captura por armadilha.

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Figura 20 Armadilha fotogrfica de trilha.

As bibliografias utilizadas para o estudo de mamferos para auxiliar na identificao de espcies, nomes comuns quando necessrio e determinao de espcies endmicas de Mata Atlntica foram Emmons (1990, 1997), Silva (1994), Fonseca et al. (1996), Eisenberg e Redford (1999), Cmara e Murta (2003), Freitas e Silva (2005b), Reis et al. (2005), Oliveira e Cassaro (2005), Mamede e Alho (2006), Auricchio e Auricchio (2006), Reis et al. (2006). A sistemtica segue Wilson e Reeder (2005) e Reis et al. (2006).

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4. RESULTADOS E COMENTRIOSForam registradas at o momento 22 espcies de Anfbios, 16 espcies de Rpteis, 165 espcies de Aves e 31 espcies de Mamferos. Soma-se assim, 234 espcies registradas de vertebrados terrestres (figura 21).

Mamferos

31

Aves

165

Rpteis

16

Anfbios 0

22 50 100 n de espcies 150 200

Figura 21- Nmero de espcies registradas por classe animal.

Do total de espcies at agora registradas (n = 234), 16 so ameaadas de extino (6,8%) nos diferentes nveis aqui considerados (estadual, nacional e global) e 41 espcies (17,5%) so endmicas de Mata Atlntica (tabela 1).Tabela 1 Espcies ameaadas de extino e/ou endmicas de Mata Atlntica registradas no Verde Vale do Itapemirim e arredores entre agosto de 2007 e maro de 2008. Status: AE: espcie ameaada em nvel estadual (ES), AB: espcie ameaada em nvel nacional (Brasil), AG: espcie ameaada em nvel global e MA: espcie endmica de Mata Atlntica. CLASSE ESPCIE NOME COMUM STATUS MA Amphibia MA Eleutherodactylus binotatus r-da-mata MA Rhinella crucifer sapo-comum MA Dendropsophus anceps perereca-coral MA Dendropsophus berthalutzae pererequinha MA Dendropsophus bipunctatus pererequinha MA Dendropsophus branneri perereca-pequena MA Dendropsophus decipiens perereca-pequena MA Hypsiboas faber sapo-ferreiro MA Hypsiboas semilineatus perereca-dormideira MA Phyllodytes kautskyi perereca-de-bromlia MA Scinax alter perereca MA Sphaenorhynchus planicola pereca-verde-pequena MA Leptodactylus spixi r-de-bigode

23CLASSE Reptilia ESPCIE Gymnodactylus darwinii Leptotyphlops salgueiroi Helicops carinicaudus Bothrops jararaca Crypturellus noctivagus Crypturellus variegatus Primolius maracana Pyrrhura cruentata Amazona rhodocorytha Pulsatrix koeniswaldiana Nyctibius grandis Phaethornis idaliae Veniliornis maculifrons Thamnophilus ambiguus Conopophaga melanops Dendrocincla turdina Tripophaga macroura Hemitriccus orbitatus Myiornis auricularis Rhynchocyclus olivaceus Pyroderus scutatus Tachyphonus coronatus Tangara brasiliensis Didelphis aurita Marmosops incanus Bradypus torquatus Cebus nigritus Callithrix geoffroyi Callicebus personatus Alouatta guariba Leopardus pardalis Leopardus sp. Guerlinguetus ingrami Sphigurus sp. 4 47 NOME COMUM largartixa-da-mata cobra-da-terra cobra-dgua jararaca ja-do-sul inhambu-anhang maracan querequet papagaio corujo me-da-lua-gigante rabo-branco-mirim picapauzinho conconha cuspidor-de-mscara-preta arapau-liso rabo-amarelo tiririzinho-do-mato miudinho bico-chato-grande pav ti-preto cambada-de-chaves gamb cuca preguia-de-coleira macaco-prego saui guig barbado jabutirica gato-do-mato caxinguel ourio-cacheiro STATUS AE, AB, AG AG AG AE, AB, AG AE, AB, AG AE AB, AG AG AE AG AE, AB, AG AB, AG AE, AB, AG AG AE, AB AE, AB (AG) 16 MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA MA 41

Aves

Mammalia

4.1. AnurofaunaOs anfbios, de modo geral, so considerados importantes controladores biolgicos de insetos e outros invertebrados dos quais se alimentam. Porm, devido ao fato de a maioria das espcies dependerem de ambientes midos, muitas espcies no conseguem sobreviver em ambientes alterados que no conservam as caractersticas necessrias para a sua existncia.

Os Anfbios foram os primeiros vertebrados a conquistarem o ambiente terrestre e atualmente ocupam os cinco continentes, estando ausentes apenas nas regies polares e algumas ilhas ocenicas (Ramos e Gasparini 2004, Eterovick e Sazima 2004). So representados por mais de 5.500 espcies e a regio neotropical

24 possui a maior riqueza de espcies conhecidas com mais de 1740 espcies (Ramos e Gasparini op. cit). um grupo ainda com conhecimento em ampla expanso existindo referncia de 6.184 espcies (AMNH 2007) e at 6.300 espcies conhecidas (Amphibiaweb 2008). Somente no Brasil foram descritas 40 novas espcies de anfbios desde 2005 que somam, atualmente, 825 espcies (SBH 2007a). Assim, o Brasil se confirma como o pas de maior riqueza de espcies de anfbios, seguido por Colmbia e Equador (SBH op. cit.).

Os dados disponveis para o Estado so esparsos e pulverizados em diferentes tipos de trabalhos. Para a regio de baixada do Esprito Santo podemos citar Cepemar (2004) com resultados de Itanas, Lopes (s.d.) para a rea de Ubu, em Anchieta e Cepemar (2007) para Setiba, dentre outros.

Os resultados obtidos da fauna de Anfbios para a regio do Verde Vale do itapemirim apresentados a seguir contribuem para o conhecimento da diversidade deste grupo para o Estado bem como fornece uma idia da importncia da rea na conservao deste grupo.

4.1.1. Composio geral das espciesForam registradas neste trabalho, at o momento, 22 espcies de Anfbios pertencentes a 1 ordem (Anura) e 5 famlias de acordo com a sistemtica adotada por SBH (2007a) (tabela 2).Tabela 2 Anfbios registrados no Verde Vale do Itapemirim e arredores entre agosto de 2007 e maro de 2008. Local: F: floresta, A: alagado (margens de brejo e/ou pasto alagado), C: campo (reas abertas: estrada, pasto); Tipo de Registro: Vi: visualizao, VO: Vocalizao, CM: captura manual, EN: entrevista (1: Ailton Ablio Rosa, 2: Manoel de Oliveira Rosa); Documentao (DOC.): IM: imagem (FO: foto, FI: filmagem), GV: gravao de vocalizao.N ORDEM/FAMLIA/ESPCIE ANURA Brachycephalidae 1. Eleutherodactylus binotatus Bufonidae 2. 3. 4. Rhinella crucifer Rhinella granulosa Rhinella schneideri sapo-comum sapinho sapo-boi F F C C VI VI CM CM 2 2 FO FO r-da-mata F VI CM FO, FI NOME COMUM LOCAL F A C T. REGISTRO VI VO CM EN DOC. IM GV

25N ORDEM/FAMLIA/ESPCIE Hylidae 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. Dendropsophus anceps Dendropsophus berthalutzae Dendropsophus bipunctatus Dendropsophus branneri Dendropsophus decipiens Dendropsophus elegans Hypsiboas albomarginatus Hypsiboas crepitans Hypsiboas faber Hypsiboas semilineatus Phyllodytes kautskyi Scinax alter Sphaenorhynchus planicola Trachycephalus nigromaculatus Leiuperidae 19. 20. 21. 22. Physalaemus cuvieri Leptodactylidae Leptodactylus fuscus Leptodactylus ocellatus Leptodactylus spixi r-assoviadeira r r-de-bigode F 8 1 3 5 A C A VI VO CM VO VI VO CM 19 16 19 3 2 FO. FI 19 13 FO GV rzinha A VI CM FO perereca-coral pererequinha pererequinha perereca-pequena perereca-pequena perereca-de-moldura perereca-verde perereca sapo-ferreiro perereca-dormideira perereca-de-bromlia perereca pereca-verde-pequena perereca-cabea-de-osso F A A A A A A A A F A F A F A A VI VO CM VI VO CM VI VO CM VI VO CM VI VO CM VI VO CM VI VO CM VI CM FO, GV FI FO FO, GV FI FO GV FO GV FO GV FO, GV FI FO FO, GV FI FO, GV FI GV FO GV FO GV FO, GV FI NOME COMUM LOCAL F A C T. REGISTRO VI VO CM EN DOC. IM GV

VI VO CM VI VO CM VO VI VO CM VI VO CM VI VO CM

1 ordem / 5 famlias / 22 espcies

Dentre as famlias registradas, a que possui maior nmero de espcies Hylidae (n = 14: 63,6%), seguida de Leptodactylidae e Bufonidae (n = 3: 13,6% cada) e Brachycephalidae e Leiuperidae (n = 1: 4,5% cada famlia) (figura 22).

3 1

1

3

14 Brachycephalidae Leiuperidae Bufonidae Leptodactylidae Hylidae

Figura 22 Riqueza de espcies de anfbios de acordo com as famlias.

26 De acordo com os dados obtidos at o momento as espcies foram agrupadas em 3 ambientes com predominncia do florestal e alagados (tabela 2, figura 23). A maioria das espcies, at o momento, foram exclusivas de um s ambiente com predominncia para o ambiente alagado de reas abertas (brejos, pasto alagado, borda de crrego). As espcies registradas nos diferentes fragmentos florestais foram aquelas encontradas especialmente no cho da mata (serrapilheira) durante o dia (r-da-mata Eleutherodactylus binotatus e r-de-bigode

Leptodactylus spixi ), ou na borda da mata com alagado (sapo-ferreiro Hypsiboas faber e perereca-dormideira H. semilineatus) noite, ou em bromlia arbrea (perereca-de-bromlia Phyllodytes kautskyi) ou em trilhas no cho noite (sapocomum Rhinella crucifer e sapinho R. granulosa). J perereca-cabea-de-osso Trachycephalus nigromaculatus foi registrada noite tanto no cho como nas rvores.16 14 n de espcies 12 10 8 6 4 2 0 Alagado Floresta Campo3 8 15

Figura 23 Distribuio das espcies de anfbios de acordo com o ambiente.

Os dados levantados em apenas 3 excurses de campo demonstram uma riqueza de espcies (n = 22) significativa. Outros trabalhos de regies de baixada no Esprito Santo possuem os seguintes resultados: 36 espcies para a APA de Setiba (Cepemar 2007), 31 para Itanas e arredores (Venturini e Paz in litt.) e 17 em Ponta de Ubu (Lopes s.d.). Apesar das diferenas de metodologia de cada trabalho (incluindo a durao dos mesmos) e dimenses de cada rea possvel perceber que o nmero de espcies at agora registrado , relativamente, elevado. Alm disto, deve-se tambm levar em considerao o nmero de espcies endmicas de Mata Atlntica (item 4.1.3) presentes na rea.

27

4.1.2. Espcies ameaadas de extinoDe acordo com as espcies registradas at o momento nenhuma encontra-se ameaada de extino em nvel estadual (Esprito Santo-DOE 2005), nacional (Brasil-MMA 2003) e global (IUCN 2007). Quando consulta-se a lista global podese verificar que todas as espcies de anfbios encontradas na regio esto na categoria least concern, ou seja porque no se enquadram em nenhuma das categorias de espcies ameaadas (criticamente em perigo, em perigo e vulnervel) ou no est prximo a ameaada.

4.1.3. Espcies endmicas de Mata AtlnticaA definio das espcies de anfbios como endmicas de Mata Atlntica ainda uma tarefa complicada visto o conhecimento sobre a distribuio das espcies est em franca expanso. Porm, baseado em algumas das fontes disponveis (bibliografias j referidas para o grupo, IUCN 2007 e Amphibiaweb 2008), foi possvel chegar a uma relao de 13 espcies (59,1%) cuja ocorrncia conhecida est inserida, basicamente, no domnio da Mata Atlntica (tabela 3, figuras 24 e 25).

Tabela 3 Anfbios endmicos de Mata Atlntica registrados na rea de estudo. ESPCIE Eleutherodactylus binotatus Rhinella crucifer Dendropsophus anceps Dendropsophus berthalutzae Dendropsophus bipunctatus Dendropsophus branneri Dendropsophus decipiens Hypsiboas faber Hypsiboas semilineatus Phyllodytes kautskyi Scinax alter Sphaenorhynchus planicola Leptodactylus spixi NOME COMUM r-da-mata sapo-comum perereca-coral pererequinha pererequinha perereca-pequena perereca-pequena sapo-ferreiro perereca-dormideira perereca-de-bromlia perereca pereca-verde-pequena r-de-bigode 13 espcies

28

Figura 24 Rhinella crucifer sapo-comum, uma das espcies de anfbio endmica de mata atlntica

Figura 25 A perereca verde-pequena Sphaenorhynchus planicola encontrada geralmente na vegetao aqutica e tambm endmica da mata atlntica.

4.1.4. Espcies de atividade cinegtica e de xerimbaboOs anfbios em geral no so utilizados para fins de alimentao ou animal de estimao. Exceo a r Lepitodactylus ocellatus usualmente utilizada como alimento e possvel que este fato tambm ocorra na regio.

29

4.1.5. Nomes locaisDe acordo com as informaes obtidas na regio, pode-se constatar que o conhecimento do grupo bem superficial. H pouca diferenciao nos nomes locais, havendo referncias genricas para sapo, r e perereca. Apenas trs espcies citadas puderam ser associadas aos nomes cientficos (tabela 2). Devese ressaltar que uma destas espcies, o sapo-boi Rhinella schneideri, no foi ainda detectada em campo o que demonstra a importncia da participao de agentes locais no trabalho.

4.2. HerpetofaunaOs rpteis so vertebrados terrestres com uma grande variedade na estrutura do corpo. Algumas espcies no possuem membros, outras possuem membros vestigiais, outras possuem patas com at 5 dedos e outras ainda os tm em forma de remos. Existem espcies que ocupam os mais diversos habitas, por exemplo, as espcies arborcolas, aquticas e fossoriais e muitas das espcies so sensveis s modificaes de seus ambientes.

De acordo com Reptile database (s.d.) so conhecidas 8.728 espcies de rpteis no mundo. At o momento foram reconhecidas 684 espcies de rpteis naturalmente ocorrentes e se reproduzindo no Brasil. Diante dos nmeros atuais, o Brasil deve ocupar a terceira colocao na relao de pases com maior riqueza de espcies de rpteis, atrs da Austrlia e do Mxico, mas suplantando ndia, Indonsia, Colmbia, China e Peru, mais ou menos nessa ordem (SBH 2007b). No Esprito Santo no existem dados atualizados da quantidade de espcies de rpteis. Trabalhos em reas de baixada para o Estado so, por exemplo, para Setiba (Cepemar 2007), para Itanas (Cepemar 2004) e para Ubu, Anchieta (Lopes s.d.). Sero apresentados a seguir os resultados de Rpteis obtidos, at o momento, para a regio do Verde Vale do Itapemirim.

30

4.2.1. Composio geral das espciesFoi possvel registrar, at o momento, 16 espcies de Rpteis distribudas em 2 ordens e 10 famlias (tabela 4).Tabela 4 Rpteis registrados no Verde Vale do Itapemirim e arredores entre agosto de 2007 e maro de 2008. Local: F: floresta, A: alagado (lagoa e outras reas alagadas), C: campo (reas abertas: estrada, pasto); Tipo de Registro: Vi: visualizao, CM: captura manual, EN: entrevista (1: Ailton Ablio Rosa, 2: Manoel de Oliveira Rosa); Documentao (DOC.): FO: foto, FI: filmagem.N ORDEM/FAMLIA/ESPCIE CROCODYLIA Alligatoridae NOME COMUM LOCAL F A C REGISTRO VI CM EN DOC. FO FI

1.

Caiman latirostris SQUAMATA Polychrotidae

jacar

A

2

2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.

Anolis sp. Polychrus marmoratus Tropiduridae Tropidurus torquatus Gekkonidae Gymnodactylus darwinii Hemidactylus mabouia Teiidae Tupinambis merianae Leptotyphlopidae Leptotyphlops salgueiroi Boidae

lagarto cambaleo cambaleo lagartixa-da-mata tarura lagarto, teu cobra-da-terra jibia cobra-veadeira cobra-dgua cobra-dgua cobra-cip-bicuda corredeira cobra-coral surucucu (jararaca) 2 ordens / 10 famlias / 16 espcies

F F C F C F F F F A A C F F F F 1 3 4 1 C

VI VI CM VI VI CM VI VI VI CM 2 VI VI VI VI C** 1, 2 VI 13 6 1, 2 7 FO 10 FI 4 C* FO FO FO FO FO FI FI FI 2 2 FO 2 FO FO FO

9. Boa constrictor 10. Corallus hortulanusColubridae

11. 12. 13. 14.

Helicops carinicaudus Liophis miliaris Oxybelis aeneus Philodryas patagoniensis Elapidae

VI CM

15. Micrurus sp.Viperidae

16. Bothrops jararaca

* capturada por terceiros (pescadores). ** encontrada atropelada.

A famlia com maior riqueza de espcies registrada foi Colubridae com 4 espcies (25%), seguida de Polychrotidae, Gekkonidae e Boidae com 2 espcies cada (12,5%), Alligatoridae, Tropiduridae, Leptotyphlopidae, Elapidae e Viperidae com 1 espcie cada (6,25%) (figura 26).

311 1

1

2 1

4 2 2 Alligatoridae Gekkonidae Boidae Viperidae 1 Polychrotidae Teiidae Colubridae 1 Tropiduridae Leptotyphlopidae Elapidae

Figura 26 Riqueza de espcies de rpteis de acordo com as famlias.

De acordo com os dados disponveis at o momento o ambiente florestal foi o que teve maior nmero de espcies (11: 68,8%) com apenas 1 que no foi exclusiva (tabela 4, figura 27).12 10 n de espcies 8 64 11

4 2 0 Floresta Campo

3

Alagado

Figura 27 Distribuio das espcies de acordo com o ambiente.

O nmero de espcies registradas at o momento fornece uma idia geral do grupo de rpteis. Deve-se ressaltar que o esforo empreendido ainda , relativamente pequeno e capturas com armadilhas de queda (pitfall) importante para a captura de espcies com deslocamento terrestre (como algumas espcies de cobras e lagartos) ainda no foram realizadas. Apesar das diferenas de metodologia (incluindo durao dos trabalhos) e tamanho das reas amostradas, comparativamente outros trabalhos em reas de baixada do Estado tiveram os seguintes resultados: Cepemar (2007) 43 espcies, Lopes (s.d.) 14 e Cepemar

32 (2004) 29 espcies. Assim, pode-se verificar que o nmero de espcies para a rea, mesmo que ainda atravs de dados iniciais, relativamente significativo.

4.2.2. Espcies ameaadas de extinoDe acordo com as espcies registradas at o momento nenhuma encontra-se ameaada de extino em nvel estadual (Esprito Santo-DOE 2005), nacional (Brasil-MMA 2003) e global (IUCN 2007). Em nvel global, o jacar Caiman latirostris est na categoria de baixo risco subitem Least concern, ou seja, no se enquadra nas categorias de criticamente em perigo, em perigo ou vulnervel, porm, poder vir a integrar uma destas categorias estando, no momento no subitem de menos risco.

4.2.3. Espcies endmicas de Mata AtlnticaDe acordo com as informaes disponveis, 4 espcies (25%) podem ser, em princpio, consideradas como ocorrentes apenas no domnio da Mata Atlntica (tabela 5) e por isto sero consideradas como endmicas deste bioma.Tabela 5 Rpteis endmicos da Mata Atlntica na rea de estudo. ESPCIE Gymnodactylus darwinii Leptotyphlops salgueiroi Helicops carinicaudus Bothrops jararaca NOME COMUM largartixa-da-mata cobra-da-terra cobra-dgua surucucu, jararaca 4 espcies

Trs so florestais: lagartixa-da-mata Gymnodactylus darwinii, (figura 28) jararaca Bothrops jararaca (figura 29) e cobra-da-terra Leptotyphlops salgueiroi , das quais a ltima fossorial. J a cobra-dgua Helicops carinicaudus (figura 30) aqutica e 1 exemplar desta cobra foi capturada em anzol deixado por pescadores na lagoa do Ouvidor (na inteno de capturar trara) e outro foi predado por um soc Tigrisoma lineatum na mesma lagoa.

33

Figura 28 Gymnodactylus darwinin lagartixa-da-mata,rptil florestal endmico da Mata Atlntica.

Figura 29 Bothrops jararaca conhecida localmente como surucucu, (mas usualmente chamada de jararaca em outros locais) uma das espcie endmicas da Mata Atlntica registrada na rea.

34

Figura 30 Helicops carinicaudus a cobra-dgua endmica da Mata Atlntica e uma importante espcie dentro do elo da cadeia alimentar da regio.

4.2.4. Espcies de atividade cinegtica e de xerimbaboDe maneira geral a populao no possui um bom relacionamento ou empatia pelos rpteis, especialmente pela ordem Squamata, subordem Ofdia (as cobras) devido ao fato de existirem espcies peonhentas as quais podem ser potencialmente perigosas ao homem. Por isto, historicamente, as cobras so, preferencialmente, eliminadas quando avistadas. Outras 2 espcies registradas na regio so, geralmente e historicamente, de atividade cinegtica: o tei Tupinambis merianae e o jacar Caiman latirostris.

4.2.5. Nomes locaisAs informaes obtidas localmente demonstram uma relao da populao com a fauna de rpteis que enfoca as espcies de cobras (vrios nomes foram citados, mas nem todos puderam ser identificados com a espcie correspondente), alguns lagartos e o jacar. So espcies de grande porte (algumas que culturalmente foram ou ainda so utilizadas como alimento) e/ou as que so consideradas perigosas (as cobras).

35 Chama a ateno a denominao de Bothrops jararaca como surucucu e no jararaca. O nome de jacar apenas ao invs, por exemplo, de jacar-do-papoamarelo faz sentido, visto que s ocorre uma espcie e no h necessidade de diferenci-lo de outro.

4.3. AvifaunaAs aves, no geral, so consideras como um importante grupo na discusso de estratgias de conservao da biodiversidade, devido, especialmente ao fato de (I) a maioria ser de hbitos diurnos e, relativamente, de fcil observao facilitando a coleta de dados, (II) ocupar diferentes hbitats, sendo algumas espcies especialistas, e reagir s mudanas ambientais facilitando a deteco de tal mudana e (III) a sistemtica e distribuio serem relativamente bem conhecidas, comparativamente a outros grupos animais (Alves e Silva, 2000).

O Brasil um dos pases com maior nmero de espcies de aves possuindo 1801 no total, segundo CBRO (2007). O Esprito Santo ainda no possui uma compilao de dados de aves mas Venturini e Paz (2003) estimam entre 620 e 700 espcies.

A avifauna da regio zoogeogrfica Neotropical possui cerca de 3300 espcies [este nmero deve ser maior atualmente] e considerada a mais rica do mundo. Vrias so as espcies que se originaram e evoluram nesta regio, apresentando vrios centros de endemismos (ou seja, com espcies de distribuio geogrfica restrita a esta regio), em especial nas reas de florestas como a Amaznia e a Mata Atlntica (Sick 1997).

No Esprito Santo as aves foram citadas em diferentes trabalhos desde a poca dos naturalistas viajantes como o prncipe Wied-Neuwied no sculo XIX e pesquisadores mais recentes, do sculo XX, como Olivrio Pinto (Bauer 1999, Venturini e Paz 2003). Nas ltimas dcadas o conhecimento das aves no Estado tem sido realizado atravs de diferentes trabalhos incluindo estudos diversos. Na regio de baixada podemos citar alguns exemplos: Venturini et al. (1996) sobre o

36 Parque E. P. Csar Vinha; Bauer (1999) abordando a regio sul do Esprito Santo, ao sul do rio Jucu; Lopes (s.d) abrangendo a regio de Ubu em Anchieta; Venturini e Paz (2003) sobre a Reserva Natural da Vale em Linhares. Assim, o conhecimento das aves nesta regio vem somar mais dados alm de revelar a contribuio desta parte sul do Esprito Santo na conservao das espcies.

Sero apresentados a seguir os resultados sobre o estudo de aves do Verde Vale do Itapemirim obtidos at o momento.

4.3.1. Composio geral das espciesForam registradas at o momento 165 espcies de aves distribudas em 20 ordens e 48 famlias de acordo com a sistemtica adotada por CBRO (2007) (tabela 6). Nenhuma espcie foi capturada (rede de neblina).Tabela 6 Aves registradas na Mata do Ouvidor e arredores, Itapemirim, Esprito Santo entre agosto de 2007 e maro de 2008. Local: F: floresta, A: alagado, C: campo, P: pomar, jardim, O: outros (em vo, no identificado). Tipo de Registro: VI: visualizao, VO: vocalizao, NI: ninho, EN: entrevista (1: Ailton Ablio Rosa, 2: Manoel de Oliveira Rosa), BB (Bibliografia): a: Bauer 1999, b: Bauer et al. 1997, c: informaes inditas anteriores. Documentao (DOC.): IM: imagem (FO: fotografia, FI: filmagem), GV: gravao de vocalizao.N ORDEM/FAMLIA/ESPCIE TINAMIFORMES Tinamidae NOME COMUM LOCAL F A C P O TIPO DE REGISTRO VI VO NI EN BB DOC. IM GV

1. 2. 3. 4. 5. 6.

Crypturellus soui Crypturellus noctivagus Crypturellus variegatus Crypturellus tataupa Rhynchotus rufescens Nothura cf. maculosa ANSERIFORMES Anatidae

tururim ja-do-sul inhambu-anhang inhambu perdiz codorna

F F F F C C

VO VO VO VO

1, 2 a

GV

a a1 1, 2 2 GV

7. 8. 9. 10.

Dendrocygna viduata Dendrocygna autumnalis Cairina moschata Amazonetta brasiliensis GALLIFORMES Cracidae

arer arer pato-do-mato marreca

A A A A

VI VI VI VI VO

1 1 1 1, 2 c

11.

Penelope superciliaris PODICIPEDIFORMES Podicipedidae

jacupemba

F

1, 2

12.

Tachybaptus dominicus CICONIIFORMES Ardeidae

mergulho

A

VI

1

c

13.

Tigrisoma lineatum

soc, soc-da-mata

F A

VI

1, 2

FO

37N ORDEM/FAMLIA/ESPCIE Botaurus pinnatus Nycticorax nycticorax Butorides striata Bubulcus ibis Ardea cocoi Ardea alba Pilherodius pileatus Egretta thula CATHARTIFORMES Cathartidae NOME COMUM LOCAL F A C P O TIPO DE REGISTRO VI VO NI EN BB DOC. IM GV

14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21.

soc-boi-baio savacu socozinho gara-vaqueira gara-moura gala-grande gala-azul gala-pequena F

A A A C A F A A

VI VI VI VI VI VI VI VI 2 1 2 VO VO

cGV

c c

FO FO FO

22. 23. 24.

Cathartes aura Cathartes burrovianus Coragyps atratus FALCONIFORMES Accipitridae

urubu-de-cabea-vermelha urubu-de-cabea-amarela bica-couro, urubu

O O O

VI VI VI

c1, 2 c

25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36.

Leptodon cayanensis Elanoides forficatus Ictinia plumbea Geranospiza caerulescens Heterospizias meridionalis Rupornis magnirostris Buteo albicaudatus Falconidae Caracara plancus Milvago chimachima Herpetotheres cachinnans Micrastur semitorquatus Falco sparverius GRUIFORMES Rallidae

gavio-de-cabea-cinza gavio-tesoura sovi gavio-pernilongo gavio-telha gavio-carij gavio-de-rabo-branco caracar pinh ca falco-relgio gavio-rapina F F C F F C C C C F F

O O O

VI VI VI VI VI VI VI

VO 1 FO VO VO 1

c c

FO GV GV FO

O O

VI VI VI VI VI VO VO VO 2 2 1, 2

c c

GV GV GV GV

37. 38. 39. 40. 41. 42.

Porzana albicollis Pardirallus nigricans Gallinula chloropus Gallinula melanops Porphyrio martinica Cariamidae Cariama cristata CHARADRIIFORMES Charadriidae

saricria saracura-san frango-dgua frango-d'gua-carij frango-dgua seriema

A A A A A C VI VI VI VI

VO VO

1 1 1

c c c b, c c

FO

VO

1

43. 44. 45. 46.

Vanellus chilensis Scolopacidae Gallinago undulata Tringa solitria Jacanidae Jacana jacana COLUMBIFORMES Columbidae

quero-quero rola-pau maarico-solitrio piaoca A A

C O

VI

VO 1

c

GV

VI VI VO 1

c cFO GV

47. 48. 49. 50. 51. 52.

Columbina minuta Columbina talpacoti Patagioenas picazuro Leptotila verreauxi Leptotila rufaxilla Geotrygon montana

rolinha-de-asa-canela rolinha pombo juriti juriti juriti F F F

A C C

VI VI VI VO VO VO 2 2 2

a, c c

FO GV GV GV

38N ORDEM/FAMLIA/ESPCIE PSITTACIFORMES Psittacidae NOME COMUM LOCAL F A C P O TIPO DE REGISTRO VI VO NI EN BB DOC. IM GV

53. 54. 55. 56. 57. 58.

Primolius maracana Aratinga aurea Pyrrhura cruentata Forpus xanthopterygius Pionus maximiliani Amazona rhodocorytha CUCULIFORMES Cuculidae

maracan periquito-rei querequet periquitinho, periquito maitaca papagaio

F C F C P F F

VI VI VI VI VI VI

VO VO VO VO VO VO

1 1,2 a 1, 2 1, 2 1, 2

GV GV FO GV GV GV

59. 60. 61. 62. 63.

Piaya cayana Crotophaga major Crotophaga ani Guira guira Tapera naevia STRIGIFORMES Tytonidae

rabilonga anum-coroi anum anu-branco peixe-frito

F F A C C C

VI VI VI VI

VO VO VO VO VO

1, 2 2 2 1 FO GV

c c c

FO FO

64. 65. 66. 67. 68.

Tyto alba Strigidae Megascops choliba Pulsatrix koeniswaldiana Glaucidium brasilianum Athene cunicularia CAPRIMULGIFORMES Nyctibiidae

coruja-da-igreja corujinha-do-mato corujo cabur corujinha F F F

C

VO VO VI VO VO 1 2 2 FO GV

C

VI

69. 70.

Nyctibius grandis Caprimulgidae Nyctidromus albicollis APODIFORMES Apodidae

me-da-lua-gigante bacurau

F F

VI VI

VO VO 2

GV FO GV

71. 72. 73. 74. 75. 76. 77. 78.

Streptoprocne zonaris Chaetura cinereiventris Trochilidae Glaucis hirsutus Phaethornis idaliae Eupetomena macroura Hylocharis sapphirina Hylocharis cyanus Polytmus guainumbi TROGONIFORMES Trogonidae

taperuu-de-coleira-branca andorinho-de-sobre-cinzento balana-rabo-de-bico-torto rabo-branco-mirim beija-flor-tesoura beija-flor-safira beija-flor-roxo beija-flor-de-bico-curvo F F F A F F P

O O

VI VI VI VI VI VI VI VI VO

a

aGV

c

79.

Trogon viridis CORACIIFORMES Alcedinidae

joo-bobo

F

VI

VO

1

FO GV

80.

Megaceryle torquata GALBULIFORMES Galbulidae

martim-pescador-grande

A

VI

81.

Galbula ruficauda PICIFORMES Ramphastidae

bico-de-agulha

F

VI

FO

82. 83.

Ramphastos vitellinus Pteroglossus aracari Picidae

tucano araari

F F VI

VO VO

1 1 GV

39N ORDEM/FAMLIA/ESPCIE Picumnus cirratus Melanerpes candidus Veniliornis maculifrons Piculus flavigula Colaptes campestris Celeus flavescens PASSERIFORMES Thamnophilidae NOME COMUM LOCAL F A C P O TIPO DE REGISTRO VI VO NI EN BB DOC. IM GV

84. 85. 86. 87. 88. 89.

pica-pau-ano-barrado pica-pau-do-branco-branco picapauzinho-de-testa-pintada pica-pau-bufador pica-pau-do-campo pica-pau-de-cabea-amarela

F C F F C F

VI VI VI

VO VO 1

GV

VO VI VO

a cGV

90. 91. 92. 93. 94. 95. 96. 97. 98. 99. 100. 101. 102. 103. 104. 105. 106. 107. 108. 109. 110. 111. 112. 113. 114. 115. 116. 117. 118. 119. 120. 121. 122. 123. 124. 125. 126. 127.

Thamnophilus ambiguus Myrmotherula axillaris Conopophagidae Conopophaga melanops Dendrocolaptidae Dendrocincla turdina Furnariidae Furnarius figulus Furnarius rufus Certhiaxis cinnamomeus Thripophaga macroura Phacellodomus rufifrons Tyrannidae Leptopogon amaurocephalus Hemitriccus orbitatus Todirostrum cinereum Elaenia flavogaster Camptostoma obsoletum Capsiempis flaveola Myiornis auricularis Rhynchocyclus olivaceus Tolmomyias sulphurescens Tolmomyias poliocephalus Tolmomyias flaviventris Myiobius barbatus Cnemotriccus fuscatus Xolmis velatus Fluvicola nengeta Arundinicola leucocephala Machetornis rixosa Myiozetetes similis Pitangus sulphuratus Myiodynastes maculatus Megarynchus pitangua Tyrannus melancholicus Tyrannus savana Rhytipterna simplex Myiarchus tuberculifer Myiarchus ferox Cotingidae Pyroderus scutatus Pipridae Manacus manacus Tityridae Pachyramphus polychopterus

conconha choquinha-de-flanco-branco cuspidor-de-mscara-preta arapau-liso casaca-de-couro-da-lama joo-de-barro curuti rabo-amarelo joo-palito cabeudo tiririzinho-do-mato ferreirinho-relgio guaracava-de-barriga-amarela risadinha marianinha-amarela miudinho bico-chato-grande bico-chato-de-orelha-preta bico-chato-de-cabea-cinza bico-chato-amarelo assanhadinho guaracavuu noivinha-branca lavadeira-mascarada freirinha siriri-cavaleiro bentevizinho-penacho-vermelho bem-te-vi bem-te-vi-rajado neinei siriri tesourinha vissi maria-cavaleira-pequena maria-cavaleira pav rendeira caneleiro-preto

F F F F A C C P A F C F F C P C P F F F F F F F F F C A C A C C P F F F F F F F F F F C C C C P C C

VI VI VI VI VI VI VI VI VI

VO VO VO VO VO VO VO VO VO NI VO VO

2

FO GV GV GV GV

c c c a1

GV GV GV GV GV

VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI

VO VO VO VO VO NI VO VO VO

a c c

GV GV GV GV GV GV

aGV GV GV

a a c cVO VO VO VO VO VO VO VO

c

GV FO GV FO GV

cFO

GV

a a

VI VI VI

VO FO VO

GV

GV

40N ORDEM/FAMLIA/ESPCIE Pachyramphus marginatus Vireonidae Vireo olivaceus Hylophilus thoracicus Hirundinidae Progne tapera Progne chalybea Stelgidopteryx ruficollis Troglodytidae Troglodytes musculus Pheugopedius genibarbis Donacobiidae Donacobius atricapilla Turdidae Turdus rufiventris Turdus leucomelas Turdus amaurochalinus Mimidae Mimus saturninus Thraupidae Nemosia pileata Habia rubica Tachyphonus cristatus Tachyphonus coronatus Thraupis sayaca Thraupis palmarum Tangara brasiliensis Tangara cayana Dacnis cayana Hemithraupis flavicollis Conirostrum speciosum Emberizidae Ammodramus humeralis Sicalis flaveola Volatinia jacarina Sporophila caerulescens Parulidae Parula pitiayumi Geothlypis aequinoctialis Icteridae Cacicus haemorrhous Gnorimopsar chopi Chrysomus ruficapillus Molothrus bonariensis Fringillidae Euphonia chlorotica Euphonia violacea Estrildidae Estrilda astrild Passeridae Passer domesticus NOME COMUM LOCAL F A C P O TIPO DE REGISTRO VI VO NI EN BB DOC. IM GV

128. 129. 130. 131. 132. 133. 134. 135. 136. 137. 138. 139. 140. 141. 142. 143. 144. 145. 146. 147. 148. 149. 150. 151. 152. 153. 154. 155. 156. 157. 158. 159. 160. 161. 162. 163. 164. 165.

caneleiro-bordado juruviara vite-vite andorinha-do-campo andorinha-domstica-grande andorinha-serradora corrura garrincho-pai-av japacanim sabi-laranjeira sabi-barranco sabi-poca sabi-do-campo sara-de-chapu-preto ti-do-mato-grosso ti-galo ti-preto sanhao sanhao-do-coqueiro cambada-de-chaves sara sara sara-galega figuinha-de-rabo-castanho tico-tico-do-campo canrio-da-terra-verdadeiro tiziu papa-capim mariquita pia-cobra guaxo merro godero vira-bosta gaturamo gaturamo bico-de-lacre pardal

F F F C P C P F A F F F C F F F P P P F P P F F C C C C F A F C A C P F C P 8 3 4 1 1 3 0 6 7 1 P

VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VI VO VO VO VO 2 2 VO VO VO VO VO VO VO VO VO VO VO VO VO 2 1 1 2 2 2 VO 2 VO VO VO VO VO VO VO VO 2 VO VO

aGV GV

c

c

GV GV

c

a c a

c c c cGV FO

cGV

c

FO GV

c c58 64

20 ordens / 48 famlias / 165 espcies

141 103 2

41 Dentre as ordens registradas a que possui maior nmero de espcies a Passeriformes com 76 (46,1%), seguida de Falconiformes com 12 (7,3%) e as demais tiveram entre 9 e 1 espcies (figura 31).

6 76

4 11

9

3 12 6 4 6

8 Tinamif. Ciconiif. Charadriif. Strigif. Coraciif. Anserif. Cathartif. Columbif. Caprimulgif. Galbulif.

1 11

8

5 2 5

6

Gallif. Falconif. Psittacif. Apodif. Picif.

Podicipedif. Gruif. Cuculif. Trogonif. Passerif.

Figura 31 - Nmero de espcies de aves em cada ordem.

De acordo com as informaes obtidas em campo bem como com informaes adicionais (dados de campo outubro 1997, Bauer 1999 e Baeur et al. 1999), possvel distribuir as espcies registradas em grandes grupos por ambiente (tabela 6 e figura 32).

90 80 70 n de espcies 60 50 40 30 20 10 0

83

46 30 17 11

Floresta

Alagado

Campo

Pomar

Outros

Figura 32 Distribuio das espcies de aves de acordo com o ambiente.

42 Dentre as espcies florestais (n = 83 50,3%) 73, em princpio, so exclusivas deste ambiente. Isto reflete a importncia da rea para a conservao das espcies deste ambiente natural. As espcies de campo e pomar so especialmente as sinantrpicas. Outros foi utilizado especialmente quando no se teve certeza do ambiente de registro e/ou a espcies foi registrada voando sobre a rea.

A riqueza de espcies levantada para a rea at o momento mostra-se significativa, especialmente quando consideradas as espcies ameaadas de extino e endmicas de Mata Atlntica (itens 4.3.2 e 4.3.3). Mesmo considerando-se as diferenas de metodologias em outros trabalhos de aves em reas de baixada do Esprito Santo, tem-se os seguintes resultados comparativos: Ubu, Anchieta (Lopes s.d.) com 91 espcies, Setiba (Cepemar 2007) com 225 , Itanas (Venturini e Paz in litt.) com 242 e a Reserva de Linhares (Paz e Venturini 2003) com 369 espcies. A maioria destes trabalhos teve durao maior que 1 ano.

Deve-se ressaltar ainda que neste trabalho foi registrado o periquito-rei Aratinga aurea espcie que tinha sido considerada possivelmente extinta para a regio sul do Esprito Santo de acordo com o trabalho de Bauer (1999). Esta espcie foi observada em pequenos bandos nas reas mais abertas (pasto com rvores isoladas, borda de mata) prximo Mata do Crrego do Ouro.

4.3.2. Espcies ameaadas de extinoDentre as 165 espcies at agora registradas, 9 (5,5%) esto inseridas em pelo menos uma das trs listas de espcies ameaadas de extino nas diferentes categorias (tabela 7). Todas as nove so aves florestais.Tabela 7 Aves ameaadas de extino que ocorrem na regio do Verde Vale do Itapemirim. ES: espcie ameaada de extino em nvel estadual (CP: criticamente em perigo, EP: em perigo, VU: vulnervel); BR: espcie ameaada de extino em nvel nacional; GL: espcie ameaada de extino em nvel global (VU: vulnervel, EP: em perigo, PA: prximo a ameaada). ESPCIE NOME COMUM ES BR GL Crypturellus noctivagus ja-do-sul CP BR PA

43ESPCIE Crypturellus variegatus Primolius maracana Pyrrhura cruentata Amazona rhodocorytha Nyctibius grandis Tripophaga macroura Hemitriccus orbitatus Rhynchocyclus olivaceus NOME COMUM inhambu-anhang maracan querequet papagaio me-da-lua-gigante rabo-amarelo tiririzinho-do-mato bico-chato-grande 9 espcies ES EP EP CP VU BR BR BR VU 6 PA VU EP VU PA 6 BR GL

4

Trs espcies se enquadram nas 3 listas: o ja-do-sul Crypturellus noctivagus, o querequet Pyrrhura cruentata (figura 33) e o papagaio Amazona rhodocorytha.

Figura 33 o querequet Pyrrhura cruentata psitacdeo ameaado de extino em nvel estadual, nacional e global . As matas da regio so importantes stios de conservao da espcie no Estado j tendo sido observado um grupo com cerca de 50 indivduos.

Em nvel global a categoria PA indica que a espcie no est ainda em risco, porm, uma srie candidata a compor a lista das espcies ameaadas se no forem adotadas medidas para sua conservao e duas espcies se enquadram somente nesta categoria: a maracan Primolius maracana e o tiririzinho-do-mato Hemitriccus orbitatus. Duas espcies, Crypturellus variegatus o inhambu-anhang e Rhynchocyclus olivaceus o bico-chato-grande so consideradas ameaadas de extino apenas em nvel estadual. Deve-se ressaltar que dentre as 9 espcies ameaadas de extino 5 tambm so endmicas de Mata Atlntica (ver tabelas 1 e 8, item 4.3.3).

44

4.3.3. Espcies endmicas de Mata AtlnticaDentre as espcies de aves registradas (n = 165) 15 (9,1%) so endmicas da Mata Atlntica de acordo com Bencke et al 2006 (tabela 8). Cinco delas tambm so ameaadas de extino. Todas ocorrem em ambiente florestal tais como Thamnophilus ambiguus o conconha (figura 34) e Pulsatrix koeniswaldiana o corujo (figura 35) sendo que, com exceo do ti-preto, que ocorre na borda da mata e pode ser tambm encontrado em reas alteradas (como capoeiras e macegas), as demais so mais exigentes quanto ao habitat.Tabela 8 Espcies de aves endmicas registradas na regio. ESPCIE Crypturellus noctivagus Pyrrhura cruentata Amazona rhodocorytha Pulsatrix koeniswaldiana Phaethornis idaliae Veniliornis maculifrons Thamnophilus ambiguus Conopophaga melanops Dendrocincla turdina Tripophaga macroura Hemitriccus orbitatus Myiornis auricularis Pyroderus scutatus Tachyphonus coronatus Tangara brasiliensis NOME COMUM ja-do-sul querequet papagaio corujo rabo-branco-mirim picapauzinho conconha cuspidor-de-mscara-preta arapau-liso rabo-amarelo tiririzinho-do-mato miudinho pav ti-preto cambada-de-chaves 15 espcies

Figura 34 Macho de conconha Thamnophilus ambiguus Passeriforme endmico da mata atlntica.

45

Figura 35 Uma das aves noturnas o corujo Pulsatrix koeniswaldiana uma espcie endmica de Mata Atlntica.

4.3.4. Espcies de atividade cinegtica e de xerimbaboSo conhecidas as interaes entre homem e aves para os diferentes usos como alimentao, adorno e estimao desde a antigidade. Este costume tem passado de gerao a gerao. Porm, o uso indiscriminado das espcies silvestres um dos fatores de risco para a conservao da diversidade local.

No so conhecidos dados atualizados sobre a realidade estadual ou local no que se refere ao uso de aves silvestres de maneira ilegal. Citamos algumas espcies registradas neste trabalho que, historicamente, so utilizadas como aves de estimao seja pelo canto (espcies canoras), pela colorao ou pela combinao de ambos: todos representantes das famlias Tinamidae (especialmente para alimentao, Psittacidae (aves de estimao com destaque para o papagaio Amazona rhodocorytha) e alguns Passeriformes tais como - sabis (Turdus spp.), sanhaos (Thraupis spp.) saras (Tangara spp.), canrio-da-terra (Sicalis flaveola), coleiros e afins (Sporophila spp), tempera-viola (Saltator maximus), dentre outros. Estas so algumas das espcies potenciais vtimas de caa na regio. Foram encontradas duas crianas em atividade cinegtica na regio.

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4.3.5. Nomes locaisAtravs das entrevistas realizadas foi possvel verificar os nomes comuns conhecidos regionalmente para 58 espcies de aves (35,2%). Usualmente so aquelas que, historicamente, so de atividades cinegticas e/ou so comuns (ocorrendo inclusive nas proximidades das casas).

Alguns nomes chamam a ateno como o querequet Pyrrhura cruentata no tendo sido encontrada esta referncia anteriormente no Estado (obs. pes.) e a literatura cita como sinnimo de tiriba gnero Pyrrhura (Andrade 1982). Outra espcie a conconha Thamnophilus ambiguus cujo nome similar concom foi encontrado em Setiba (Venturini et al. 1996). Alguns nomes genricos parecem variantes locais (tambm utilizados no Estado em outras regies) como gala ao invs de gara, anum para anu e siricria ao invs de saracura. Este um valor cultural que tem se perdido ao longo dos anos e corre o risco maior ainda com a globalizao onde no se leva em conta as diversidades regionais e no trabalhada a cultura local.

4.4. MastofaunaExistem aproximadamente 5.416 espcies de mamferos no mundo (Wilson e Reeder 2005) destas, cerca de 652 so listadas para o Brasil (Reis et al. 2006) incluindo aqui os continentais e os marinhos. Sendo assim o Brasil figura como o pas de maior diversidade de espcies de mamferos do mundo.

Em termos de rea de baixada para o Esprito Santo os poucos estudos de mastofauna conhecidos so, por exemplo, em Setiba (Venturini et al. 1996), Linhares (Paz e Venturini 2003), Anchieta (Lopes s.d.), Itanas (Venturini e Paz in litt.) e Linhares (Paz e Venturini 2003). Outras informaes do sculo XIX se devem graas viagem do prncipe Wied-Neuwied (Wied-Neuwied 1958) que percorreu parte do litoral brasileiro.

Sero apresentadas a seguir informaes inditas sobre Mamferos para regio do Verde Vale do Itapemirim.

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4.4.1. Composio geral das espciesForam registradas at o momento 31 espcies de Mamferos pertencentes a 6 ordens e 16 famlias (tabela 9).Tabela 9 - Mamferos registrados no Verde Vale do Itapemirim e arredores, Itapemirim, Esprito Santo entre agosto de 2007 e maro de 2008. Local: MO: Mata do Ouvidor, BB: Mata do Barro Branco, CO: Mata do Crrego do Ouro, MB: Mata do Brejo, ND: No identificado; Registro: VI: visualizao, VO: vocalizao, CA: captura, VE: Vestgio (p: pegada, f: fezes, c: crnio, l: plos, u: unhas); AF: armadilha fotogrfica; EN: entrevista; AT: animais atropelados na Rodovia; Documentao (DOC.): IM: imagem (FO: foto, VI: vdeo), GV: gravao de vocalizao.N ORDEM/FAMLIA/ESPCIE DIDELPHIMORPHIA Didelphidae NOME COMUM LOCAL VI REGISTRO VO CA VE AF EN AT DOC. IM GV

1. 2. 3. 4.

Didelphis aurita Metachirus nudicaudatus Marmosops incanus Philander frenatus XENARTHRA Myrmecophagidae

gamb jupati cuca cuca-de-quatro-olhos

MB / CO CO CO ND

CA

AF AF

EN AT

FO GV FI FO, FO, FI

CA EN

5. 6. 7. 8. 9. 10.

Tamandua tetradactyla Bradypodidae Bradypus torquatus Dasypodidae Euphractus sexcinctus Cabassous sp Dasypus septemcinctus Dasypus novemcinctus PRIMATES Cebidae

tamandu-mirim ou colete preguia-de-coleira tatu-testa-de-ferro, tatu-peludo tatu-de-rabo-mole tatu-mirim tatu-galinha

ND MB ND ND ND VI u/p

EN EN AT EN EN EN EN AT

11. 12. 13.

Cebus nigritus Callithrix geoffroyi Pitheciidae Callicebus personatus Atelidae

macaco-prego sau , sagi-da-cara-branca guig, sau

CO/MB ND CO/MB/ MO CO/BB/ MB/MO

VI VO

AF

EN AT EN

FO

VI VO

EN

GV

14.

Alouatta guariba CHIROPTERA Phyllostomidae

barbado

VI VO

f

EN

FO, GV FI

15.

Sturnira lilium CARNIVORA Felidae

morcego-fruteiro

BB

AF

FO

16. 17. 18. 19. 20. 21.

Leopardus pardalis Leopardus sp Canidae Cerdocyon thous Mustelidae Lontra longicaudis Galictis sp Procyonidae Nasua nasua

jabutirica gato-do-mato cachorro-do-mato lontra furo quati

ND ND ND ND ND ND

EN AT EN EN AT EN EN EN

48N ORDEM/FAMLIA/ESPCIE Procyon cancrivorus RODENTIA Sciuridae NOME COMUM LOCAL VI REGISTRO VO CA VE AF EN AT EN DOC. IM GV

22.

mo-pelada

ND

23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31.

Guerlinguetus ingrami Cricetidae Oryzomys sp. Mus musculus Rattus norvegicus Rattus rattus Caviidae Cavia aperea Cuniculus paca Hydrochoerus hydrochaeris Erethizontidae Sphiggurus sp

caxinguel rato-do-cho camundongo rato-da-barriga-amarela rato-preto pre paca capivara ourio-cacheiro

MB BB MB/MO/ BB MO/CO MB/MO CO ND MB ND 31 7 VI VI VI

VO

EN FO, FI CA CA CA EN EN EN EN EN f EN EN

GV

6 ordens / 16 famlias / 31 espcies

4

5

3

4

27

6

7

4

A ordem com maior nmero de espcies foi Rodentia com 9 (29%), seguida de Carnvora com 7 (22,6%), Xenarthra com 6 (19,4%), Didelphimorphia e Primates com 4 cada (12,9%) e Chiroptera com 1 (3,2%) (figura 36).

4 9 6

7

1

4

Didelphimorphia Chiroptera

Xenarthra Carnivora

Primates Rodentia

Figura 36 - Nmero de espcies de mamferos de acordo com as ordens.

De acordo com a tabela 9, as espcies de Mamferos foram registradas basicamente no ambiente florestal, nos diferentes fragmentos (MO: Mata do Ouvidor, BB: Mata do Barro Branco, CO: Mata do Crrego do Ouro, MB: Mata do Brejo). Quando a informao foi obtida apenas por entrevista e no foi suficiente para determinar a regio especfica de ocorrncia, foi considerada como no identificado o local (ND). Mesmo assim, a maioria destas espcies so florestais, com exceo da lontra Lontra longicaudis que uma espcie semi-aqutica.

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Comparativamente com outros trabalhos de levantamento de mastofauna em reas de baixada do Estado, apesar de ressalvar as diferenas metodolgicas (incluindo a durao de cada trabalho) e o tamanho das rea avaliadas, tem-se os seguintes resultados: em Setiba 70 espcies (incluindo 18 Chiroptera morcegos), 19 espcies em Ubu, Anchieta (Lopes s.d.) e 88 na Reserva de Linhares incluindo 38 espcies de morcegos (Paz e Venturini 2003). Assim, podese perceber que a riqueza de espcies levantadas para a rea, at o momento, significativa, especialmente quando associada ao nmero de espcies

ameaadas de extino e endmicas de Mata Atlntica (itens 4.4.2 e 4.4.3).

4.4.2. Espcies ameaadas de extinoDe acordo com a anlise das listas de espcies ameaadas de extino nos 3 nveis (ES-DOE 2005, MMA-Brasil 2003 e IUCN 2007) 7 espcies (22,6%) dentre as registradas (n = 31) (tabelas 1 e 10) so consideradas ameaadas de extino.Tabela 10 Espcies e mamferos ameaados de extino registradas na regio do Verde Vale do Itapemirim. ES: espcie ameaada de extino em nvel estadual (EP: em perigo, VU: vulnervel); BR: espcie ameaada de extino em nvel nacional; GL: espcie ameaada de extino em nvel global (VU: vulnervel, EP: em perigo, PA: prximo a ameaada). ESPCIE NOME COMUM STATUS ES BR GL Marmosops incanus cuca PA Bradypus torquatus preguia-de-coleira EP BR EP Callithrix geoffroyi saui BR VU Callicebus personatus guig VU BR VU Alouatta guariba barbado PA Leopardus pardalis jaguatirica VU BR Leopardus sp. gato-do-mato VU BR ? 7 espcie 4 5 5 (6)

A espcie de gato-do-mato Leopardus sp. pode ser L. wiedii ou L. tigrinus e ambas so ameaadas em nvel estadual e nacional e uma delas tambm em nvel global por isto foi assinalada com (?) na tabela. Todas espcies ameaadas so florestais tais como Marmosops incanus cuca (figura 37) e Alouatta guariba barbado (figura 38). Isto refora a importncia da rea na conservao destas e outras espcies.

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Figura 37 Marmosops incanus a cuca uma espcie ameaada de extino em nvel global na categoria prximo a ameaada e endmica de Mata Atlntica.

Figura 38 Uma das espcies de primata que ocorre na regio o barbado Alouatta guariba que considerado em nvel global como prximo a ameaada de extino.

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4.4.3. Espcies endmicas de Mata AtlnticaForam registradas 9 espcies (29%) endmicas de Mata Atlntica de acordo com Reis et al. (2006) (tabela 11, figura 39).Tabela 11 - Espcies de mamferos endmicos de Mata Atlntica registrados na rea. ESPCIE Didelphis aurita Marmosops incanus Bradypus torquatus Cebus nigritus Callithrix geoffroyi Callicebus personatus Alouatta guariba Guerlinguetus ingrami Sphigurus sp. NOME COMUM gamb cuca preguia-de-coleira macaco-prego saui guig barbado caxinguel ourio-cacheiro 9 espcies

Sphigurus sp. pode se tratar de espcies diferentes de ourio cacheiro (S. insidiosus ou S. villosus) e ambos so endmicos.

A preguia-de-coleira Bradypus torquatus foi registrada atravs de vestgios de 1 indivduo na Mata do Brejo e 1 outro indivduo adulto que atravessava a Rodovia ES-490 que corta a regio tentando atravessar de um fragmento florestal para o outro.

Figura 39 Didelphis aurita uma espcie endmica de Mata Atlntica.

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4.4.4. Espcies de atividade cinegtica e de xerimbaboA relao do homem com a fauna remonta aos primrdios, quando era necessrio caar para se alimentar. Atualmente existem legislaes especficas que cuidam da fauna.

No conhecemos dados atualizados sobre a realidade estadual ou local no que se refere ao uso de mamferos silvestres de maneira ilegal. Historicamente, porm, so conhecidas diversas espcies da fauna silvestre, dentre os mamferos, utilizadas pelo homem com diversas finalidades. Vrias destas espcies ocorrem na regio e algumas so citadas a seguir: espcies que tm registro para uso como animais de estimao - preguia (Bradypus torquatus), sagi (Callithrix geoffroyi), macaco-prego (Cebus nigritus) (figura 40), quati (Nasua nasua), todos os Felidae; uso em atividade cinegtica (caa: para alimentao) - tatus (Dasypodidae), pre (Cavia aperea), capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), paca (Cuniculus paca); supostos fins medicinais- espinhos de ourios (Sphiggurus sp.) utilizados especialmente no sul da Bahia atravs de infuses e outros mtodos caseiros (Oliver e Santos 1991).

Figura 40 Macaco-prego Cebus nigritus historicamente utilizada como animal de estimao.

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4.4.5. Nomes locaisO conhecimento da mastofauna local muito expressivo verificado no s pelo conhecimento de espcies de atividade cinegtica, espcies de estimao mas tambm espcies florestais ou menos perceptveis. Este conhecimento foi importante na determinao de ocorrncia de vrias espcies do grupo que no puderam ainda ser registradas pelos outros mtodos de estudo.

Dentre os nomes citados, destacamos jabutirica que uma variao da forma mais conhecida jaguatirica tambm j registrado em outras partes do Estado. Este um fator cultural que tende a ser perdido com o desconhecimento da fauna pelas novas geraes ou o uso de nomes populares de literaturas gerais que no levam em conta a regionalizao.

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5. CONSIDERAES FINAIS5.1. Anlise geral da reaSob a denominao de Usina Paineiras a regio de estudo considerada como uma das reas prioritrias para a conservao da Mata Atlntica na categoria B (muito alta importncia biolgica) baseada especialmente na presena de aves endmicas e ameaadas de extino e a recomendao para ao de conservao a criao de unidade de conservao (Rede de Ongs da Mata Atlntica et al. 2001). De acordo com Conservation International do Brasil et al. (2000) na anlise mais ampla, os grupos de importncia biolgica de fauna indicados para a rea (ou ela em conjunto com outras) foram mamferos (categoria B), aves (categoria C) e invertebrados (categoria A).

Os estudos faunsticos desenvolvidos na rea at o momento, mesmo que ainda iniciais, apontam e reforam a importncia biolgica da rea. Foram registradas 234 espcies de vertebrados terrestres das quais 16 so ameaadas de extino (6,8%) nos diferentes nveis aqui considerados (estadual, nacional e global) e 41 (17,5%) so endmicas de Mata Atlntica. Isto refora no s a importncia em termos quantitativos mas tambm qualitativos. Quando comparamos os dados obtidos com outros trabalhos em reas de baixada no Esprito Santo (apesar de metodologias diferentes incluindo a durao dos trabalhos, normalmente maior nas outras reas) possvel confirmar a importncia da rea para a fauna localmente e no todo: Anfbios so 36 espcies para a APA de Setiba (Cepemar 2007), 31 para Itanas e arredores (Venturini e Paz in litt.), 17 em Ponta de Ubu (Lopes s.d.) e 22 neste trabalho; Rpteis so 43 para APA de Setiba (Cepemar 2007), 29 para Itanas (Cepemar 2004), 14 para Ponta de Ubu (Lopes s.d.) e 16 neste trabalho; Aves so 369 para a Reserva de Linhares (Paz e Venturini 2003), 242 em Itanas (Venturini e Paz in litt.), 225 em Setiba (Cepemar 2007), 91 para Ubu, Anchieta (Lopes s.d.) e 165 para este trabalho; Mamferos em 88 na Reserva de Linhares (incluindo 38 espcies de morcegos) (Paz e Venturini 2003), Setiba 70 espcies (incluindo 18 Chiroptera morcegos) (Cepemar 2007), 19 espcies em Ubu, Anchieta (Lopes s.d.), e 31 espcies neste trabalho.

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Outro item revelado neste trabalho diz respeito relao da populao com a fauna atravs dos nomes locais pelos quais os animais so conhecidos. Muitos so bem particulares como o querequet no tendo sido encontrado esta referncia em outro local no Esprito Santo. Todo o conhecimento sobre a fauna local faz parte da cultura regional e que reflete vrias coisas como a existncia (mesmo que no passado) de uma relao direta com a fauna em aes de utilizao (animais de estimao e/ou alimentao) ou perigo (espcies peonhentas e venenosas) o que geralmente leva a criao de mitos e lendas. Existe, porm, uma tendncia atual da no continuidade na difuso deste conhecimento o que compromete este valor cultural portanto os trabalhos de educao ambiental na regio devem ter como foco a realidade conservacionista atuando na linha de divulgao e conhecimento da fauna e flora (Biota) da rea e estas informaes aqui geradas podem ser a base para esta ao.

Outras consideraes importantes decorrentes dos trabalhos de campo dizem respeito a alguns problemas que afetam diretamente a fauna local so: Atividades cinegticas dentro da rea: foram encontrados diferentes poleiros (figura 41) como por exemplo na Mata do Crrego do Ouro normalmente utilizados para a caa de mamferos de trilha como paca e tatus e na Mata do Barro Branco foram ouvidos cachorros em atividade cinegtica, alm de cartuchos deflagrados. Captura de animais de estimao: foram observadas escadas (figura 42) de acesso a ninhos de papagaio em rvores dentro da mata, normalmente utilizada para apanhar filhotes para serem vendidos e criados como animal pet o que no Esprito Santo costuma ocorrer no ms de novembro. Tambm nos arredores das matas foram observados adolescentes utilizando-se de alapo para captura de Passeriformes canoros (ex.: coleiros). Presena de cachorros domsticos: algumas vezes encontramos

cachorros-domsticos andando pela rea. A exemplo dos outros, citados acima, e por um processo de asselvajamento supostamente estavam em processo de predao da fauna silvestre local.

56 Impacto da Rodovia ES 490: durante os trabalhos algumas espcies foram encontradas atropeladas (mortas e/ou em estado agonizante). Embora no tenha sido feito um trabalho especfico para este item, algumas informaes obtidas em conversas com moradores locais apontam para este problema que demonstra ser freqente atuando diretamente na reduo das populaes da fauna local. Espcies como jabutirica, tatu, cachorro-do-mato, gamb (e grupo), preguia, jacupemba, papagaios, diferentes cobras, tei e outros lagartos esto entre os mais citados como atropelados na rea. A continuidade dos trabalhos e o desenvolvimento de uma metodologia para o levantamento do problema pode levantar melhor esta situao e indicar alternativas mais claras.

A no ser por pequenas populaes isoladas que vivem longe dos grandes centros urbanos, os animais silvestres no representam mais fonte bsica de protenas, tendo sido substitudos, neste papel, pelos animais de criao. Mas o consumo de iguarias de caa tem tido um efeito muito negativo sobre os ecossistemas em geral e fauna em particular. Na Mata Atlntica brasileira alguns animais mais ameaados por esse motivo so, dentre os mamferos: os tatus, a paca, alguns macacos; dentre as aves: os inhambus e jacupemba; dentre os rpteis: jacar e tei e entre os anfbios: as rs de grande porte. Os caadores de iguarias no respeitam o escasseamento dos recursos e nem mesmo as pocas de reproduo das vrias espcies. Tambm algumas espcies so muito visadas para animais de estimao: os primatas em geral, os papagaios e seus semelhantes, alm dos pssaros canoros em geral. Com isso, populaes locais desaparecem em curto espao de tempo, e os ambientes ficam ainda mais desprotegidos. Aes educativas de mdio e longo prazo associadas a planos eficazes de proteo a fauna tende a reverter esta situao.

Estes itens apontam a necessidade de incremento de medidas com a comunidade do entorno para se tentar evitar a presena de cachorros e/ou caadores na rea, alm de outras aes que envolvam um reforo do sistema de vigilncia da rea.

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Figura 41 Poleiro construdo por caadores no interior da mata usualmente utilizado para abate de mamferos como paca e tatus.

Figura 42 Escada rudimentar construda em rvore na mata, encontrada na regio de estudo, com objetivo de captura de filhotes de papagaio (e grupo) no ninho.

A expressiva diversidade da Mata Atlntica comprovada neste trabalho atravs dos resultados levantados at o momento e, embora ainda no conclusivos, demonstram a importncia da preservao destes fragmentos florestais que so cruciais para a manuteno de um bom contingente populacional de espcies significativas da fauna brasileira. Entre outras, pode-se destacar a populao de

58 Pyhurra cruentata a tiriba fura-mato conhecida localmente como querequet um Psitacdeo ameaado de extino em todos os nveis e ainda encontrado com freqncia na rea o que no ocorre em outros fragmentos especialmente no sul do Esprito Santo (obs. pess.) sendo esta rea de grande importncia para a conservao da espcie; o Amazona rhodocorytha (papagaio) que, embora localmente aparenta ser menos freqente que a P. cruentata, uma espcie tambm florestal que tem suas populaes praticamente isoladas nestas reas de Ilhas de matas que restaram no sul do ES. Mamferos como a preguia-de-coleira (Bradypus torquatus), a jaguatirica (Leopardus pardalis) e os diversos anfbios e rpteis tambm possuem na rea um grande refugio com possibilidade de conservao de suas espcies.

5.2. PotencialidadesJ recorrente o conhecimento de que o Brasil um dos pases de megadiversidade e que a Mata Atlntica contribui consideravelmente para este posto. Porm, a Mata Atlntica um dos 34 hotspots, sendo a 5 do ranking ou seja, est entre as 5 regies biologicamente mais ricas e ameaadas do planeta restando hoje em torno de 8% da sua cobertura original (Conservao Internacional do Brasil 2005).

O Estado do Esprito Santo est completamente inserido no domnio da Mata Atlntica e, portanto, a regio de estudo, o Verde vale do Itapemirim, com mais de 1.500 ha um expressivo componente desta realidade no Estado, sendo um dos ltimos fragmentos de baixada de Floresta Estacional Semidecidual.

De acordo com as exposies anteriores, no que diz respeito especialmente anlise da fauna, pode-se elencar um rol de potencialidades que a regio apresenta para a conservao da biodiversidade: Alta riqueza faunstica. Presena de espcies de vertebrados raras, a maioria florestais (muitas ameaadas e/ou endmicas de Mata Atlntica) dependentes destes fragmentos florestais.

59 Topografia de fcil acesso para possveis trilhas. Ocorrncia de espcies-alvo para observadores de aves (birdwatchers) do mundo inteiro como Tripophaga macroura, Amazona rhodocorytha, Pyrrhura cruentata, Hemitriccus orbitatus, Conopophaga melanops,

Nyctibius grandis, dentre outras. Possibilidade para desenvolver atividades educativas conservacionistas junto s comunidades locais e estaduais. Marketing verde positivo para a empresa representada por aes conservacionistas atravs da manuteno e proteo da rea. Est inserida entre dois corredores ecolgicos (Iema): BurararmaPacotuba-Cafund e Guanandy.

Tudo isto aponta para a necessidade e viabilidade de consolidar a rea como uma Unidade de Conservao. Por se tratar de rea particular e devido s suas caractersticas a categoria mais indicada Reserva Particular do Patrimnio Natural (RPPN) uma categoria privada, porm reconhecida pelo poder pblico (nacional ou estadual).

5.3. NecessidadesDe maneira bem objetiva citamos algumas aes que so necessrias para a consolidao da rea como uma unidade demostrativa de conservao: Definio e delimitao da UC. Implantao de um sistema de segurana (vigilncia, queimadas e etc.). Implantao de equipamentos para atender ao pblico em geral. Equipe mnima (vigilantes, orientadores ambientais, estagirios e outros)

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6. REGISTRO FOTOGRFICO

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8. ANEXO 1 Licena IBAMA 13212-1

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