7041995 jacques bergier os livros malditos o[1]

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    OS LIVROS MALDITOS

    Jacques Bergier

    PRLOGO OS HOMENS DE PRETO

    Parece fantstico imaginar que existe uma Santa Aliana contra o saber, umaorganizao para fazer desaparecer certos segredos. Entretanto, tal hiptese no mais fantstica do que a da grande conspirao nazista. que, somente agora, nosapercebemos at que ponto era perfeita a Ordem Negra, at que ponto seus filiadoseram numerosos em todos os pases do mundo, e at que ponto essa conspiraoestava prxima do xito.

    por isso que no podemos rejeitar, a priori, a hiptese de uma conspiraomais antiga.

    O tema do livro maldito, que tem sido sistematicamente destrudo ao longo dahistria, serviu de inspirao a muitos romancistas, H. P. Lovecraft, Sax Rohmer,Edgar Wallace. Entretanto, esse tema no somente literrio. Essa destruiosistemtica existe em tal amplido, que se pode perguntar se no umaconspirao permanente que visa impedir o saber humano de desenvolver-se maisdepressa. Coleridge estava persuadido que uma tal conspirao existira e chamavaseus membros de persons from Porlock. Esse nome lhe recordava a visita de umpersonagem vindo da cidade de Porlock e que o impedia de realizar um trabalhomuito importante que iniciara.

    Encontram-se traos dessa conspirao, tanto na histria da China ou dandia, quanto na do Ocidente. Dessa forma, pareceu-nos necessrio reunir toda

    informao possvel sobre certos livros malditos e sobre seus adversrios.Alguns exemplos precisos de livros malditos antes de tudo. Em 1885, oescritorSaint-Yves dAlveydre recebeu uma ordem, sob pena de morte, de destruirsua ltima obra: Misso da ndia na Europa e Misso da Europa na sia. Aquesto dos Mahatmas e sua soluo.

    Saint-Yves dAlveydre obedeceu a essa ordem. Entretanto, um exemplarescapou da destruio e, a partir desse exemplar nico, o editor Dorbon voltou aimprimir a obra, com tiragem limitada, em 1909. ora, em 1940, desde a sua entradaem Frana e em Paris, os alemes destruram todos os exemplares dessa edioque puderam encontrar. duvidoso que reste algum.

    Em 1897, os herdeiros do escritor Stanislas de Guaita receberam ordem,

    sob pena de morte, de destruir quatro manuscritos inditos do autor que versavamsobre magia negra, assim como todo seu arquivo. A ordem foi executada e no maisexistem tais manuscritos.

    Em 1933, os nazistas queimaram na Alemanha uma infinidade de exemplaresdo livro sobre os Rosa-Cruzes, Die Rosenckreuzer, Zur Geschichte einerReformation.

    Uma edio desse livro reapareceu em 1970, mas nada prova que realmenteseja conforme o original.

    Poderia multiplicar tais exemplos, mas podemos encontrar um nmerosuficiente no curso desse livro.

    Quem so os adversrios desses livros malditos? Suponhamos a existnciade um grupo ao qual chamarei Homens de Preto. A idia dessa denominaosurgiu-me quando comecei a notar, em todas as conferncias pr-Planeta e anti-

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    Planeta, um grupo de homens vestidos de preto, de aspecto sinistro, sempre omesmo. Penso que esses homens vestidos de preto so to antigos como acivilizao: creio que se pode citar entre seus membros o escritor francs Josephde Maistre e Nicolau II da Rssia.

    A meu ver, seu papel impedir uma difuso mais rpida e mais

    compreensvel do saber, difuso que conduziu destruio civilizaes passadas.Ao mesmo temo que os traos dessas civilizaes nos chegam, com eles nos vem,penso eu, uma tradio cujo princpio consiste na pretenso de que o saber podeser terrivelmente perigoso. Os tcnicos na conservao da magia e da alquimiajuntam-se, ao que parece, a esse ponto de vista.

    Pode-se constatar, tambm, que a cincia moderna admite, hoje, que se tornapor vezes muito perigosa. Michel Magat, professor no Colgio de Frana, declarourecentemente numa obra coletiva sobre os armamentos modernos (Flammarion):Talvez seja necessrio admitir que toda cincia maldita.

    O grande matemtico francs Grothendieck escreveu no primeiro nmero doboletim Survivre, a propsito dos possveis efeitos da cincia: A fortiori, se

    evocarmos a possibilidade de desapario da humanidade nos prximos decnios(trs bilhes de homens, trs bilhes de anos de evoluo biolgica...), isto muitogigantesco para ser concebvel, uma abstrao absolutamente nula comocontedo emotivo, impossvel de se levar a srio. Luta-se por aumento de salrio,pela liberdade de expresso, contra a seleo para a universidade, contra aburguesia, o alcoolismo, a pena de morte, o cncer, o racismo a rigor, contra aguerra do Vietnam ou contra qualquer guerra. Mas a aniquilao da vida sobre aTerra? Isto ultrapassa nosso entendimento, um irrealizvel. Sente-se quasevergonha de falar disso, sente-se suspeito de procurar efeitos fceis como recurso aum tema que, no entanto, o mais antiefeito que podemos encontrar.

    E ainda:Hoje que enfrentamos o perigo da extino de toda a vida sobre a Terra,

    esse mesmo mecanismo irracional se ope realizao desse perigo e s reaesde defesa necessrias entre a maior parte de ns, a compreendidas as elitesintelectuais e cientficas de todos os pases. Pode-se, to-somente, esperar que eleseja superado por alguns, atravs de um esforo extenuante e da tomada deconscincia de tais mecanismos inibidores.

    Depois deste texto ter sido escrito, recentemente, comecei a perceber noscongressos essa idia de que as descobertas muito perigosas deviam sercensuradas ou suprimidas. Ao cabo de um ano, na reunio da Associao Inglesapara o Avano das Cincias, foi citada como exemplo de uma descoberta a ser

    censurada a possibilidade de as diversas variedades da espcie humana no seremigualmente inteligentes. Os sbios afirmavam que uma tal descoberta encorajaria oracismo em tais propores, que seria preciso impedir a publicao disso por todosos meios. Podemos ver muitos sbios eminentes de nossos dias juntarem-se aosHomens de Preto.

    Percebeu-se, com efeito, que tais descobertas consideradas muito perigosaspara serem reveladas, existem tanto nas cincias exatas, como nas cincias ditasfalsas, isto , aquelas que chamo de paracincias.

    Mas, h muito tempo que a destruio sistemtica de livros e documentoscontendo descobertas perigosas tem sido praticada, antes ou no momento mesmoda publicao. E tem sido assim ao longo da histria. E isto que tentaremos

    demonstrar.

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    O LIVRO DE TOTH

    Sir Mortimer Wheeler, clebre arqueologista ingls, teria escrito: Aarqueologia no uma cincia, mas uma vindicta.

    Em nenhuma parte, tal afirmao foi to verdadeira como no domnio da

    arqueologia egpcia, onde se afrontam, ferozmente, os arqueologistas romnticos eos arqueologistas clssicos. Para os arqueologistas clssicos, a arqueologia egpciano apresenta nenhum problema e pode perceber-se nela uma passagem contnuado neoltico a uma forma de civilizao mais avanada, passagem que se efetuou damaneira mais natural. Para os arqueologistas romnticos, ao contrrio, e para osinvestigadores independentes que no participam do cl da arqueologia oficial, aAntigidade do Egito muito mais importante, e os problemas sem resoluo muitomais numerosos do que se possa imaginar. Entre esses adversrios da arqueologiaclssica egpcia, cito dois nomes: Ren Schwaller de Lubicz e C. Daly King. Oprimeiro nasceu em 1891 e morreu em 1961, escreveu Aor, Adam, O HomemVermelho (1925); A chamada de fogo; Aor, sua vida, sua obra (1963); O rei da

    teocracia faranica (1961); O milagre egpcio (1963); O templo do homem Apetdo Sul em Luxor(1957, 3 vol.); Estudo sobre esoterismo e simbolismo (1960) ediversos artigos nos Cahiers du Sud, em Marselha, notadamente no nmero 358. Foiprimeiro pintor, aluno de Matisse. Durante a Grande Guerra foi qumico do Exrcito,e a qumica conduziu-o alquimia. Formou, ento, um grupo batizado com o nomede Fraternidade dos Vigias. Fazia parte, notadamente, deste grupo, Henri deRgnier, Paul Fort, Andr Spire, Henri Barbusse, Vincent dIndy, Antoine Bourdel,Fernand Lger e Georges Polti.

    No interior desse grupo, um crculo esotrico fechado, os Irmos da OrdemMstica da Ressurreio, estudavam um certo nmero de problemas, entre eles odas civilizaes desaparecidas. Schwaller de Lubicz, morando em Saint-Moritz edepois em Palma de Maiorca, e finalmente em Luxor, estudou os segredos egpcios.

    Um certo nmero de egiptlogos, como Alexandre Varille, reuniu-se a seuponto de vista; outros, ao contrrio, opuseram-se a ele, violentamente, e umavindicta surgiu, que dura at hoje.

    Quanto a C. Daly King, um sbio inserido na linha mais oficial, psiclogomaterialista, autor de 3 tratados clssicos utilizados nas escolas dos pases anglo-saxes. C. Daly King apresentou em 1946, em Yale, uma tese de doutorado emfsica sobre fenmenos eletromagnticos que aparecem durante o sono. Depois,estudou os estados superiores da conscincia, estados que esto sempre maisdespertos que quando se est acordado normalmente, apresentando esse trabalho

    em outro livro clssico, The states of human consciousness (1963).Morreu quando corrigia as provas desse livro, e quando preparava umaimportante obra sobre as cincias do esprito do antigo Egito.

    O nico ponto em comum, talvez, entre Schwaller de Lubicz e C. Daly King, o nvel elevado de seus conhecimentos cientficos. Ora, esses dois espritos todiferentes se juntam em duas concluses essenciais. Primeiro, a considervelAntigidade da civilizao egpcia, mais ou menos 20.000 anos, talvez 40.000; poroutro lado, o estado avanado dos conhecimentos do Egito antigo, tanto no queconcerne ao universo exterior quanto ao esprito humano. Confrontemos esse pontode vista com o da arqueologia oficial. De acordo com esta, h 6.000 anos osegpcios eram ainda membros de tribos selvagens. Um intrprete srio e

    reconhecido pelos arquelogos oficiais, Leonard Cottrell, no livro The Penguin Bookof Lost Words, pg. 18, escreveu: Alguma coisa aconteceu que, em tempo

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    notadamente curto, transformou esse aglomerado de tribos semi-rabes que viviams margens do Nilo, num estado civilizado que durou 3.000 anos. Quanto naturezadaquilo que teria ocorrido, no podemos seno tentar adivinhar. Mas as provasarqueolgicas nos fornecem indcios vrios e podemos esperar que descobertasfuturas preencham tais lacunas.

    Os arquelogos romnticos e os arquelogos dissidentes vo contra isso,dizendo que essa transformao brutal nunca se deu. Segundo eles, a civilizaoegpcia nada tem a ver com os primitivos que foram seus contemporneos, como osda Nova Guin so, hoje, nossos contemporneos. Segundo eles, as origens dacivilizao egpcia esto em alguma outra parte e no foram ali ainda encontradas.

    A maior parte dos arquelogos da frica livre so dessa opinio, e algunsdentre eles pensam mesmo que os antigos egpcios eram negros, e que precisobuscar na frica as origens secretas do Egito.

    a partir dessa hiptese de uma civilizao pr-egpcia muito antiga que preciso colocar-se para examinar o problema do Livro de Toth.

    Toth um personagem mitolgico, mais deus que homem que, por todos os

    documentos egpcios que possumos, precedeu o Egito. No instante do nascimentoda civilizao egpcia, os sacerdotes e os faras tinham em seu poder o Livro deToth, constitudo, provavelmente, de um rolo manuscrito ou de uma srie de folhasque continham os segredos de diversos mundos e que davam poderesconsiderveis aos seus detentores.

    Em 2.500 a.C., os egpcios j escreviam e faziam livros. Esses livros eramescritos em papiro. A palavra bblia, que quer dizer livro, deriva do nome do porto deBiblos, no Lbano, que era o principal porto de exportao de rolos de papiro. Naliteratura egpcia de 2.500 a.C., j se encontram tratados cientficos de medicina,textos religiosos, manuais e mesmo obras de fico cientfica!

    Em particular, a histria das aventuras do fara Snofru, pai de Quops, umverdadeiro romance de antecipao de invenes extraordinrias, de monstros emquinas. Poderia ser publicado em nossos dias.

    O Livro de Toth devia, pois, ser um papiro muito antigo, recopiadosecretamente muitas vezes e cuja Antigidade remontaria a 10.000 ou talvez 20.000anos. Mas um objeto material no de modo algum um smbolo.

    Objeto material que se pode facilmente destruir no fogo. Vamos ver que foiexatamente isso que se deu.

    Fixemo-nos primeiro no prprio Toth. representado como um ser humanotendo a cabea de um pssaro bis. Tem na mo uma pluma e um palheta dessatinta que se usa para escrever sobre pergaminho. Seus dois outros smbolos so a

    Lua e o macaco. De acordo com a tradio mais antiga, ele inventou a escrita eserviu de secretrio a todas as reunies dos deuses.Est associado cidade de Hermpolis, da qual se sabe pouca coisa, e aos

    domnios subterrneos dos quais se sabe menos ainda. Daqui por diante Toth seridentificado com Hermes.

    Transmitiu humanidade a escrita, e escreveu um livro fundamental, essefamoso Livro de Toth, livro mais antigo entre os antigos, e que continha o segredo dopoder ilimitado.

    Uma primeira aluso a esse livro apareceu no papiro de Turis, decifrado epublicado em Paris, em 1868. Esse papiro descreve uma conspirao mgica contrao fara, conspirao que visava destru-lo atravs de feitiarias, a ele e a seus

    principais conselheiros, por meio de esttuas de cera feitas de acordo com aimagem de cada um. A represso foi atroz. Quarenta oficiais e seis altas damas de

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    Corte foram condenados morte e executados. Outros se suicidaram. O livromaldito de Toth foi queimado pela primeira vez.

    Esse livro apareceu mais tarde na histria do Egito, entre as mos deKhanuas, filho de Ramss II. Ele tinha o exemplar original escrito pelo prprio Toth eno por um escriba. De acordo com os documentos, este livro permitia ver o Sol face

    a face. Dava o poder sobre a Terra, o oceano, os corpos celestes. Dava o poder deinterpretar os meios secretos usados pelos animais para se comunicarem entre si.Permitia ressuscitar os mortos e agir distncia. Tudo isto nos relatado nos livrosegpcios da poca.

    Seguramente, um tal livro um perigo insuportvel. Khanuas queimou ooriginal ou pretendeu faz-lo. O mesmo texto, dizendo que esse livro foi destrudo nofogo mas indestrutvel pois foi escrito com fogo, contraditrio. Mas essadesapario no seno provisria, se aconteceu. O livro reapareceu eminscries sobre o monlito de Metternich, monumento que tem esse nome, pois foioferta de Mohamad Ali Pacha a Metternich. Foi descoberto em 1828 e data de 360a.C. Na escala da histria egpcia um documento moderno. Parece que ele

    protege contra mordidas de escorpio, virtude dificilmente verificvel, pois osescorpies so raros na ustria. Esse monumento representa, em todo caso, maisde trezentos deuses, e entre eles os deuses dos planetas ao redor de estrelas noinvento nada, a maior parte dos decifradores modernos do monumento deMetternich diz que ele interessaria a autores de fico cientfica.

    Toth, ele mesmo, anunciou sobre esse monumento, que queimou seu livro eque caou o demnio Seth e os sete senhores do mal.

    Desta vez, a questo parece regulada. No ano de 360 a.C., o Livro de Toth foisolenemente destrudo. Mas, entretanto, a histria somente comeou. A partir de 300a.C., viu-se o aparecimento de Toth identificado desta vez com Hermes Trismegisto,o fundador da alquimia. Todo mgico que se respeite, em particular na Alexandria,pretende possuir o Livro de Toth, mas nunca se viu aparecer o prprio livro: cada vezque um mago gloria-se de possu-lo, um acidente interrompe sua carreira.

    Entre o comeo do sculo I a.C. e o fim do sculo II d.C., numerosos livrosapareceram e constituram juntos o Corpus Hermeticum. A partir do sculo V, taistextos so colecionados e se encontram a referncias ao Livro de Toth, masnenhuma indicao precisa para encontr-lo. Os textos mais clebres dessa sriechamam-se: Asclpio, Kore Kosmou e Poimandres. Todos se referem ao Livro deToth, mas nenhum o cita diretamente nem d meios de consult-lo.

    O Asclpio fornece, entretanto, estranhas imagens de poder das civilizaesdesaparecidas:

    Nossos ancestrais descobriram a arte de criar os deuses. Fabricaramesttuas e como no soubessem criar as almas, chamaram os espritos dosdemnios e dos anjos e os introduziram graas ao mistrio sagrado nas imagensdos deuses, de maneira que essas esttuas receberam o poder de exercer o bem eo mal.

    Os deuses egpcios e o prprio Toth teriam sido, assim, criados.Criados por quem? Isto no dito. Pela grande civilizao que precedeu o

    Egito.Segundo o Asclpio, esses deuses estavam presentes e ativos, ainda, no

    tempo de Cristo: Eles vivem numa grande cidade nas montanhas da Lbia, mas nodirei mais nada.

    Esse conjunto de escritos hermticos pode ser encontrado, publicado porNock e Festugire, no Corpus Hermeticum. Mesmo considerados mais prprios da

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    fico cientfica, tais textos excitam a imaginao. Santo Agostinho e numerososoutros telogos e filsofos por eles se interessaram.

    Certamente so esses textos que propagaram o Livro de Toth. Estereapareceu com tanta freqncia do sculo V da era crist at nossos dias, quepodemos perguntar como foi reproduzido antes da inveno da imprensa e da

    fotografia. A inquisio queimou-o pelo menos umas trinta vezes e seria preciso umlivro para enumerar os acidentes bizarros que acontecem queles que pretendempossuir o Livro de Toth.

    Seja como for, nunca o vimos impresso ou reproduzido de qualquer maneira.Uma lenda estranha comeou a circular desde o sculo XV. Segundo ela, asociedade secreta que possua o Livro de Toth vulgarizou um resumo dele, umaespcie de fichrio acessvel a todos. Esse fichrio no outro seno o famoso jogode cartas. Encontramos tal idia pela primeira vez, expressa com todas as letras,num livro de Antoine Court de Gbelin: Le Monde Primitif. Court de Gbelin,homem de cincia, membro da Academia Real de La Rochelle, publicou essa obraem nove volumes, de 1773 a 1783. Pretendeu ter tido acesso a um antigo livro

    egpcio que teria escapado da destruio de Alexandria, e declarou a propsitodesse livro: Ele contm ensinos perfeitamente conservados sobre os assuntos maisinteressantes. Esse livro do antigo Egito o jogo de cartas ns o temos nas cartasdo baralho.

    Essa passagem no me parece clara. O autor diz que j havia um jogo decartas na biblioteca de Alexandria? Ou diz que um livro egpcio, escapado aodesastre de Alexandria, afirmava que o jogo de cartas era um fichrio, um resumodos ensinamentos do Livro de Toth?

    No sei. certo que o jogo de cartas tem sido objeto, na poca moderna emparticular, de estudos interessantes, entre eles aquele que ficou infelizmente indito,o do pintor contemporneo Baskine.

    Para ficarmos no domnio dos fatos, podemos notar que aparece o jogo decartas mais ou menos, em 1100. Compreendia, e compreende ainda hoje, 78 cartas,e diz-se comumente que o jogo de 52 cartas para jogar e o jogo que serve para ler asorte derivam dele. uma idia recebida, falsa como a maior parte da idiasrecebidas.

    Na origem, essas cartas se chamavam nabi, palavra italiana que quer dizerprofeta. No se sabe a origem da palavra tarot.

    Pode-se manifestar o maior ceticismo diante da hiptese segundo a qualtar, pronncia francesa da palavra tarot, seria anagrama de orta ou ordem dotemplo. Com os anagramas chega-se a no importa onde. possvel que os

    templrios tenham possudo e recebido cartas de jogo, mas nada prova que eles astenham propagado volta deles. O bibliotecrio de Instruo Pblica, sob NapoleoIII, Christian Pitois, disse em sua Histria da Magia, surgida em 1876, que os maisimportantes segredos cientficos do Egito, antes da destruio de sua civilizao,esto gravados nas cartas, e que o essencial do Livro de Toth a se encontra.

    Aceito-o, mas gostaria de dados mais precisos, mais convincentes. Nossmbolos bastante vagos como as cartas, pode encontrar-se e efetivamente seencontra, no importa o qu. At nova ordem, pois esta histria do Livro de Tothresumido pelas cartas me parece legendria.

    No sculo XVIII, qualquer charlato que se preza diz possuir o Livro de Toth.Nenhum o reproduziu e muitos foram mortos nas fogueiras da Inquisio por isto,

    at 1825; em 1825, com efeito, a Inquisio queimava ainda na Espanha.

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    No sculo XIX, como no XX, no faltaram charlates que pretenderam,igualmente, possuir o papiro ou o Livro de Toth (que acabou intervindo no clebreromance de Gaston Leroux, A poltrona mal-assombrada).

    Mas ningum ousaria public-lo, pois os acidentes acontecidos a essespossuidores foram numerosos.

    Se existe, como creio e como este livro tenta prov-lo, uma associaointernacional de Homens de Preto, ela deve ser contempornea de mais antiga noEgito, e exercer suas atividades desde ento. Encontram-se referncias sobre esseassunto em autores srios como C. Daly King, que fez aluso a gruposcontemporneos possuidores e utilizadores dos segredos do Livro de Toth. C. DalyKing pretendeu que Orage e Gurdjieff fazem parte de tais grupos. No conheciOrage, mas conheci Gurdjieff que era um farsante.

    Nesse ponto, em particular, a boa f de C. Daly King pde ser enganada.Escreveu, entretanto, que no se pode chegar conscincia superior, segundo omtodo egpcio, somente pelo trabalho pessoal e, segundo ele, efetuar umatentativa dessa natureza sem estar dirigido extremamente perigoso. Isto pode ter

    as conseqncias mais graves, principalmente causar ferimentos.Sempre, segundo ele, somente uma organizao de pessoas qualificadas e

    eficientes pode ensinar essa tcnica, somente no interior de uma tal organizaoque a disciplina apropriada pode ser aplicada. Eu advirto o leitor de maneira a maissria para no tentar sozinho tais experincias. Entretanto, essa tcnica constitui ummeio prtico para ativar a conscincia humana.

    Se uma tal organizao existe, ela deve, necessariamente, possuir o Livro deToth ou que o que resta dele. E se os egpcios aplicaram ao papiro as mesmastcnicas de conservao das mmias, no ser absurdo pensar que um papirotenha podido subsistir at o sculo XIX, quando ento poderia ser fotografado. Amenos que a organizao em questo tenha conhecido a fotografia bem antes dosculo XIX, o que no possvel.

    Thurloe, o cunhado de Cromwell e chefe de sua polcia secreta, parece terempregado em sua cmara escura uma tcnica anloga fotografia.

    Pode-se decifrar esse texto? Voltamos querela dos egiptlogos. SaxRohmer escreveu a propsito dos egiptlogos oficiais: Se pusssemos todos eles aferver e se fosse destilado o lquido assim obtido, no se extrairia nem ummicrograma de imaginao. Isto parece verdadeiro. Parece que houve, por volta de1920, arquelogos no-oficiais capazes, realmente, de traduzir hierglifos. Schwallerde Lubicz teria recebido ensinamentos de tais especialistas. Se bem que, a priori,no se possa rejeitar a existncia de um pequeno grupo, to esperto em 1971 d.C.

    quanto o fora em 1971 a.C., que possuiria alguns elementos da cincia secreta.Eis, segundo C. Daly King, um exemplo dessa cincia secreta: No Egito,existiam verdadeiras escolas e a Grande Escola, a que ensinava nas pirmides, erarealmente sria. Sua especialidade era o conhecimento objetivo, real, do universoreal. E uma das possibilidades dada aos estudantes era a de, com o auxlio de umcurso cuidadosamente estudado, utilizar as funes naturais mais insuspeitveis deseu prprio corpo, para transform-los, de seres sub-humanos que somos, em seresverdadeiros.

    A Grande Escola chegara a uma cincia que no possumos: era a cincia daptica psicolgica. Tal cincia permitia estudar espelhos que no refletiam seno oque era mau num rosto que lhe era apresentado. Um tal espelho se chamava ankh-

    em-maat, espelho da verdade. O candidato admitido na Grande Escola no via mais

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    nada no espelho pois tinha-se purificado at a eliminao de tudo o que era maunele. Um tal candidato chamava-se Senhor do Espelho Puro.

    Tudo isto mostra um saber avanado. Mas compreensvel que algunspensem que a humanidade no est pronta a receber estes conhecimentos, e queuma organizao de Homens de Preto faa tudo para impedir a publicao do Livro

    de Toth.At hoje parece que ela o conseguiu plenamente.Como no sei o que esse livro contm, -me difcil emitir uma opinio, receia-

    se que existam segredos realmente muito perigosos para serem conhecidos, e o daptica psicolgica me parece, realmente, fazer parte deles. Mas existem tambmsupersticiosos e fanticos.

    Desses supersticiosos, e entre parnteses, assinalemos que foi feita umaestatstica exata da durao mdia da vida de todos aqueles que participaram daabertura do tmulo de Tout Ankh Amon; em mdia, suas vidas foram mais longasque a de seus contemporneos. No admitamos sem verificao todas as histriasde tmulo maldito e de maldio do fara. Mas o tmulo de Tout Ankh Amon foi

    inteiramente aberto.De outro lado, um certo papiro egpcio que anuncia o conhecimento de todos

    os segredos do cu e da terra, no descreve mais que a resoluo de equaes deprimeiro grau... possvel que os adversrios do Livro de Toth dramatizem pordemais a situao.

    possvel, igualmente, que eles tenham razo.O que certo que, se existisse uma traduo do Livro de Toth, com provas

    e fotografia do texto original, qualquer editor hesitaria, sem dvida, antes de public-lo. Mesmo eu.

    COMPLEMENTO AO CAPTULO 1COMO NEFER-KA-PTAH ENCONTROU O LIVRO DE TOTH

    Encontrei essa histria ingnua, mas autntica, no The wisdom of theEgyptians, de Brian Brown (New York, 1928), citado por Lin Carter numa antologia.

    O papiro egpcio de onde esta histria foi extrada data mais ou menos detrinta e dois sculos.

    Nefer-Ka-Ptah encontrou o vestgio do Livro de Toth graas a um sacerdoteantigo. O livro era guardado por serpentes e escorpies, e principalmente por uma

    serpente imortal. Estava fechado numa sucesso de recipientes encaixados, osquais estavam no fundo de um rio. Auxiliado por um mgico, sacerdote de sis,Nefer-Ka-Ptah apoderou-se da caixa graas a um engenho de soerguimento mgico.Cortou ento a serpente imortal em duas, enterrou as duas metades na areia, longebastante uma da outra para que elas no se pudessem juntar. Leu, ento, a primeirapgina do livro e compreendeu o cu, a Terra, o abismo, as montanhas e o mar, alinguagem dos pssaros, dos peixes e dos animais. Leu a segunda pgina e viu oSol brilhar no cu noturno e em volta do Sol grandes formas dos deuses.

    Entrou em sua casa, procurou um papiro novo e uma garrafa de cerveja,escreveu as frmulas secretas do Livro de Toth no papiro, lavou-as com cerveja ebebeu essa cerveja. Assim, todo o saber do grande mgico ficou nele.

    Mas Toth voltou do pas dos mortos e vingou-se terrivelmente. O filho deNefer-Ka-Ptah, e depois o prprio Nefer-Ka-Ptah e sua mulher morreram. Foi

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    enterrado com todas as honras devidas a um filho de rei e o livro secreto de Toth foienterrado com ele.

    Aparentemente no para sempre. Pois o Livro de Toth reapareceu atravs dossculos. Uma lenda posterior diz que a mmia de Nefer-Ka-Ptah, com suaas moscerradas em torno do Livro de Toth, foi encontrada por Apolnio de Tiana.

    O QUE FOI DESTRUDO EM ALEXANDRIA

    A destruio da grande biblioteca de Alexandria foi rematada pelos rabes em646 da era crist. Mas essa destruio fora precedida de outras, e o furor com queessa fantstica coleo de saber foi aniquilada particularmente significativo.

    A biblioteca de Alexandria parece ter sido fundada por Ptolomeu I ou porPtolomeu II. A cidade foi fundada, como seu prprio nome diz, por Alexandre, oGrande, entre 331 e 330 a.C. Escoou-se quase mil anos antes de a biblioteca ser

    destruda.Alexandria foi, talvez, a primeira cidade do mundo totalmente construda em

    pedra, sem que se utilizasse nenhuma madeira. A biblioteca compreendia dezgrandes salas, e quartos separados para os consultantes. Discute-se, ainda, a datade sua fundao e o nome de seu fundador, mas o verdadeiro fundador, no sentidode organizador e criador da biblioteca, e no simplesmente do rei que reinava aotempo de seu surgimento, parece ter sido um personagem de nome Demtrius dePhalre.

    Desde o comeo, ele agrupou setecentos mil volumes e continuouaumentando sempre esse nmero. Os livros eram comprados s expensas do rei.

    Esse Demtrius de Phelre, nascido entre 354 e 348 a.C., parece terconhecido Aristteles. Apareceu em 324 a.C. como orador pblico, em 371 foi eleitogovernador de Atenas e governou-a durante dez anos, de 317 307 a.C.

    Imps um certo nmero de leis, notadamente uma, de reduo do luxo nosfunerais. Em seu tempo, Atenas contava 90.000 cidados, 45.000 estrangeiros e400.000 escravos. No que concerne prpria figura de Demtrius, a histria no-loapresenta como um juiz de elegncia em seu pas; foi o primeiro ateniense adescolorir os cabelos, alourando-os com gua oxigenada.

    Depois foi banido de seu governo e partiu para Tebas. L escreveu um grandenmero de obras, uma com ttulo estranho: Sobre o feixe de luz no cu, que ,provavelmente, a primeira obra sobre os discos voadores.

    Em 297 a.C., o fara Ptolomeu persuadiu Demtrius a instalar-se emAlexandria. Fundou, ento, a biblioteca. Ptolomeu I morreu em 283 a.C. e seu filhoPtolomeu II exilou Demtrius em Busiris, no Egito. L, Demtrius foi mordido poruma serpente venenosa e morreu.

    Demtrius tornou-se clebre no Egito como mecenas das cincias e dasartes, em nome do Rei Ptolomeu I. Ptolomeu II continuou a interessar-se pelabiblioteca e pelas cincias, sobretudo pela zoologia. Nomeou como bibliotecrio aZenodotus de feso, nascido cm 327 a.C., e do qual ignoram as circunstncias edata da morte.

    Depois disso, uma sucesso de bibliotecrios, atravs dos sculos, aumentoua biblioteca, a acumulando pergaminhos, papiros, gravuras e mesmo livros

    impressos, se formos crer em certas tradies. A biblioteca continha, portanto,

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    documentos inestimveis. Colecionou, igualmente, documentos dos inimigos,notadamente de Roma.

    Pela documentao de l, poder-se-ia constituir uma lista bastante verossmilde todos os bibliotecrios at 131 a.C.:

    Bibliotecrios de a.C.Demtrius de Phalre - 282Zenodotus de feso 282 260Callimanchus de Cyrne 260 240Apolonius de Rodes 240 230Eratosthenes de Cyrne 230 195Aristophanes de Bizncio 195 180Apolonius, o Eidgrafo 180 160Aristarco da Samocrcia 160 131

    Depois disso, as indicaes se tornam vagas. Sabe-se que um bibliotecrio

    se ops, violentamente, primeira pilhagem da biblioteca por Jlio Csar, no ano 47a.C., mas a histria no tem seu nome. O que certo que j na poca de JlioCsar a biblioteca de Alexandria tinha a reputao corrente de guardar livrossecretos que davam poder praticamente ilimitado.

    Quando Jlio Csar chegou a Alexandria, a biblioteca tinha pelo menossetecentos mil manuscritos. Quais? E por que se comeou a temer alguns deles?

    Os documentos que sobreviveram do-nos uma idia precisa. Havia l livrosem grego. Evidentemente, tesouros: toda essa parte que nos falta da literatura gregaclssica. Mas entre esses manuscritos no deveria aparentemente haver nada deperigoso.

    Ao contrrio, o conjunto de obras de Brose que poderia inquietar.Sacerdote babilnico refugiado na Grcia, Brose nos deixou um relato de umencontro com extraterrestres: os misteriosos Apkallus, seres semelhantes a peixes,vivendo em escafandros e que teriam trazido aos homens os primeirosconhecimentos cientficos.

    Brose viveu no tempo de Alexandre, o Grande, at a poca de Ptolomeu I.Foi sacerdote de Bel-Marduk na Babilnia. Era historiador, astrlogo e astrnomo.Inventou o relgio de sol semicircular. Fez uma teoria dos conflitos entre os raios doSol e da Lua que antecipa os trabalhos mais modernos sobre a interferncia da luz.Podemos fixar as datas de sua vida em 356 a.C., nascimento, e 261, sua morte.Uma lenda contempornea diz que a famosa Sybila, que profetizava, era sua filha.

    A Histria do Mundo, de Brose, que descrevia seus primeiros contatos comos extraterrestres, foi perdida. Restam alguns fragmentos, mas a totalidade destaobra estava em Alexandria. Nela estavam todos os ensinamentos dosextraterrestres.

    Encontrava-se em Alexandria, tambm, a obra completa de Manethon. Este,sacerdote e historiador egpcio, contemporneo de Ptolomeu I e II, conhecera todosos segredos do Egito. Seu nome mesmo pode ser interpretado como o amado deToth ou detentor da verdade de Toth.

    Era o homem que sabia tudo sobre o Egito, lia os hierglifos, tinha contatocom os ltimos sacerdotes egpcios. Teria ele mesmo escrito oito livros, e reuniuquarenta rolos de pergaminho, em Alexandria, que continham todos os segredos

    egpcios e provavelmente o Livro de Toth. Se tal coleo tivesse sido conservada,

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    saberamos, quem sabe, tudo o que seria preciso saber sobre os segredos do Egito.Foi exatamente isto que se quis impedir.

    A biblioteca de Alexandria continha igualmente obras de um historiadorfencio, Mochus, ao qual se atribui a inveno da teoria atmica.

    Ela continha, ainda, manuscritos indianos extraordinariamente raros e

    preciosos.De todos esses manuscritos no resta nenhum trao. Conhecemos o nmerototal dos rolos quando a destruio comeou: quinhentos e trinta e dois mil eoitocentos. Sabemos que existia uma seo que se poderia batizar de CinciasMatemticas e outra de Cincias Naturais. Um catlogo geral igualmente existia.Tambm este foi destrudo.

    Foi Csar quem inaugurou essas destruies. Levou um certo nmero delivros, queimou uma parte e guardou o resto. Uma incerteza persiste ainda emnossos dias, sobre esse episdio, e 2.000 anos depois da sua morte, Jlio Csartem ainda partidrios e adversrios. Seus partidrios dizem que ele jamais queimoulivros na prpria biblioteca; alis, um certo nmero de livros prontos a ser

    embarcados para Roma, foi queimado num dos depsitos do cais do porto deAlexandria, mas no foram os romanos que lhes atearam fogo.

    Ao contrrio, certos adversrios de Csar dizem que grande nmero de livrosfoi deliberadamente destrudo. A estimativa do total varia de 40.000 70.000.

    Uma tese intermediria afirma que as chamas provenientes de um bairroonde se lutava, ganharam a biblioteca e destruram-na, acidentalmente.

    Parece certo, em todo caso, que tal destruio no foi total. Os adversrios eos partidrios de Csar no do referncia precisa, os contemporneos nada dizeme os escritos mais prximos do acontecimento lhe so posteriores de dois sculos.

    Csar mesmo, em suas obras, nada disse. Parece que ele se apoderou decertos livros que lhe pareciam especialmente interessantes.

    A maior parte dos especialistas em histria egpcia pensa que o edifcio dabiblioteca deveria se de grandes dimenses para conter setecentos mil volumes,salas de trabalho, gabinetes particulares, e que um monumento de tal importnciano pde ser totalmente destrudo por um princpio de incndio. possvel que oincndio tenha consumido estoques de trigo, assim como rolos de papiro virgem.No certo que tenha devastado grande parte da livraria, no certo que ela tenhasido totalmente aniquilada. certo, porm, que uma quantidade de livrosconsiderados particularmente perigosos, desapareceu.

    A ofensiva seguinte, a mais sria contra a livraria, parece ter sido feita pelaImperatriz Zenbia. Ainda desta vez a destruio no foi total, mas livros importantes

    desapareceram. Conhecemos a razo da ofensiva que lanou depois dela oImperador Diocleciano (284-305 d.C.). Documentos contemporneos esto deacordo a este respeito.

    Diocleciano quis destruir todas as obras que davam os segredos defabricao do ouro e da prata. Isto , todas as obras de alquimia. Pois ele pensavaque se os egpcios pudessem fabricar vontade o ouro e a prata, obteriam assimmeios para levantar um exrcito e combater o imprio. Diocleciano mesmo, filho deescravos, foi proclamado imperador em 17 de setembro de 284. Era, ao que tudoindica, perseguidor nato e o ltimo decreto que assinou antes de sua abdicao emmaio de 305, ordenava a destruio do cristianismo. Diocleciano foi de encontro auma poderosa revolta do Egito e comeou em julho de 295 o cerco a Alexandria.

    Tomou a cidade e nessa ocasio houve massacres inominveis. Entretanto,segundo a lenda, o cavalo de Diocleciano deu um passo em falso ao entrar na

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    cidade conquistada, e Diocleciano interpretou tal acontecimento como mensagemdos deuses que lhe mandavam poupar a cidade.

    A tomada de Alexandria foi seguida de pilhagens sucessivas que visavamacabar com os manuscritos de alquimia. Eles continham, ao que parece, as chavesessenciais da alquimia que nos faltam para a compreenso dessa cincia,

    principalmente agora que sabemos que as transmutaes metlicas so possveis.No possumos lista dos manuscritos destrudos, mas a lenda conta que algunsdentre eles eram obras de Pitgoras, de Salomo ou do prprio Hermes. evidenteque isto deve ser tomado com relativa confiana.

    Seja como for, documentos indispensveis davam a chave da alquimia eesto perdidos para sempre: mas a biblioteca continuou. Apesar de todas asdestruies sistemticas que sofreu, ela continuou sua obra at que os rabes adestrussem completamente. E se os rabes o fizeram, sabiam por que o faziam. Jhaviam destrudo, no prprio Islo assim como na Prsia grande nmero delivros secretos de magia, de alquimia e de astrologia.

    A palavra de ordem dos conquistadores era no h necessidade de outros

    livros, seno O Livro, isto , o Alcoro. Assim, a destruio de 646 d.C. visava nopropriamente os livros malditos, mas todos os livros. O historiador muulmano Abdal-Latif (1160-1231) escreveu: A biblioteca de Alexandria foi aniquilada pelaschamas por Amr ibn-el-As, agindo sob as ordens de Omar, o vencedor. Esse Omarse opunha alis a que se escrevessem livros muulmanos, seguindo sempre oprincpio: o livro de Deus -nos suficiente. Era um muulmano recm-convertido,fantico, odiava os livros e destruiu-os muitas vezes porque no falavam do profeta.

    natural que terminasse a obra comeada, por Jlio Csar, continuada porDiocleciano e outros.

    Se documentos sobreviveram a esses autos-de-f, foram cuidadosamenteguardados desde 646 d.C. e no mais reapareceram. E se certos grupos secretospossuem atualmente manuscritos provenientes de Alexandria, dissimulam isso muitobem.

    Retomemos, agora, o exame desses acontecimentos luz da tese quesustentamos: a existncia desse grupo que chamamos de Homens de Preto e queconstitui uma organizao visando a destruio de determinado tipo de saber.

    Parece evidente que tal grupo se desmascarou em 391, depois que procurou,sistematicamente, sob Diocleciano, e destruiu as obras de alquimia e de magia.

    Parece evidente, tambm, que tal grupo nada teve a ver com osacontecimentos de 646: o fanatismo muulmano foi suficiente.

    Em 1962, foi nomeado para o Cairo um cnsul francs chamado de M.

    Maillete. Ele assinalou que Alexandria uma cidade praticamente vazia e sem vida.Os raros habitantes, que so sobretudo ladres, se encerram em seus esconderijos.As runas das construes esto abandonadas. Parece provvel que, se livrossobreviveram ao incndio de 646, no estavam em Alexandria naquela poca;trataram de evacu-los.

    A partir da, fica-se reduzido a hipteses.Fiquemos nesse plano que nos interessa, isto , o dos livros secretos que

    dizem respeito s civilizaes desaparecidas, alquimia, magia ou s tcnicasque no mais conhecemos. Deixaremos de lado os clssicos gregos, cujadesapario evidentemente lamentvel, mas escapa a nosso assunto.

    Voltemos ao Egito. Se um exemplar do Livro de Toth existiu em Alexandria,

    Csar apoderou-se dele como fonte possvel de poder. Mas o Livro de Toth no eracertamente o nico documento egpcio em Alexandria. Todos os enigmas que se

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    colocam ainda sobre o Egito teriam, talvez, soluo, se tantos documentos egpciosno tivessem sido destrudos.

    E entre esses documentos, eram particularmente visados e deveriam serdestrudos, no original e nas cpias, depois os resumos: aqueles que descreviam acivilizao que precedeu o Egito conhecido. possvel que alguns traos subsistam,

    mas o essencial desapareceu, e essa destruio foi to completa e profunda que osarquelogos racionalistas pretendem, agora, que se pode seguir no Egito odesenvolvimento da civilizao do neoltico at s grandes dinastias, sem que nadavenha a provar a existncia de uma civilizao anterior.

    Assim tambm a histria, a cincia e a situao geogrfica dessa civilizaoanterior nos so totalmente desconhecidas. Formulou-se a hiptese que se tratavade uma civilizao de Negros. Nessas condies, as origens do Egito deveriam serprocuradas na frica. Talvez tenham desaparecido em Alexandria, registros, papirosou livros provenientes dessa civilizao desaparecida.

    Foram igualmente destrudos tratados de alquimia os mais detalhados,aqueles que permitiriam, realmente, obter a transmutao dos elementos. Foram

    destrudas obras de magia. Foram destrudas provas do encontro comextraterrestres do qual Brose falou, citando os Apkallus. Foram destrudos... mascomo prosseguir enumerando tudo o que ignoramos! A destruio completa dabiblioteca de Alexandria , certamente, o maior sucesso dos Homens de Preto.

    COMPLEMENTO AO CAPTULO 2E AS PIRMIDES?

    Haver, certamente, leitores que pensaro que os manuscritos queescaparam das mltiplas destruies da biblioteca de Alexandria encontraramrefgio nas cavernas secretas sob as pirmides. O mais extraordinrio que elespodem no estar totalmente enganados. O mistrio do Egito est longe de estardefinitivamente resolvido.

    Citemos, simplesmente, a respeito, duas notas do egiptlogo francsAlexandre Varille. Este morreu em 1 de novembro de 1951 num estranho acidenteque estamos tentados a atribuir aos Homens de Preto; ele escreveu:

    Ignora-se a filosofia faranica, pois a mentalidade ocidental se mostraimpotente para decifrar esse pensamento.

    E ainda:

    A egiptologia comeou a esterilizar-se quando entrou no quadro oficial dauniversidade, e quando os egiptlogos profissionais tomaram, progressivamente, olugar dos egiptlogos de vocao.

    Varille est longe da superestimao ingnua e demente das pirmides. Sabiaque os edifcios egpcios so de uma previso cientfica extrema e que pode serdescoberta.

    O conjunto desses segredos cientficos teria sido redigido por Quops eestariam ao mesmo tempo num livro do qual se teriam feito muitos exemplares eguardados nas prprias pirmides. Notadamente, nas duas grandes pirmides deGiz.

    A maior parte desse saber deve ter sido destrudo em Alexandria. Mas talvez

    no tudo. No est excluso que, antes mesmo da chegada de Csar, alguns

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    documentos essenciais tivessem sido levados e guardados. E no impossvel queeles ainda existam.

    O fsico americano Luiz Alvarez tentou sondar a grande pirmide com raios.Os primeiros resultados pareceram revelar inteiramente a existncia de cmarassecretas que esto por descobrir. A sondagem das outras pirmides e dos tmulos

    no foi feita. No se deve excluir uma descoberta to importante como a do tmulode Tout Ankh Amon, mas que se votasse mais a documentos que a objetos.

    AS ESTNCIAS DE DZYAN

    difcil saber quem foi o primeiro a fazer aluso a um livro trazido aosindianos e proveniente do planeta Vnus. Parece ter sido o astrnomo francsBailly, no fim do sculo XVIII, mas possvel que haja referncias anteriores.

    O francs Louis Jacolliot, no sculo XIX, parece ter sido o primeiro a batizar

    esse livro de As Estncias de Dzyan. Desde meados do sculo XIX, pode notar-seuma srie de acidentes acontecidos a pessoas que pretenderam possuir essasestncias. Mas foi com a ascenso e queda de Madame Blavatsky que a histriadas Estncias de Dzyan apareceram em toda sua extenso.

    O melhor livro, em francs, sobre o assunto, foi escrito por Jacques Lantier: ATeosofia (CAL). Falarei de Madame Blavatsky somente o que me parece necessriopara compreender a histria fantstica das Estncias de Dzyan.

    Helena Petrovna Blavatsky nasceu na Rssia em 30 de julho de 1831, sob osigno de mltiplas calamidades. Desde o seu batismo, a coisa teve incio: a casulado sacerdote pegou fogo e ele ficou gravemente queimado, e muitas pessoas queassistiam feriram-se, tomadas de pnico. Aps esse brilhante comeo, desde aidade de cinco anos, Helena Petrovna Blavatsky espalhava o terror em torno de si,hipnotizando seus companheiros de brinquedo: um deles se lanou no rio, afogando-se.

    Com a idade de 15 anos comeou a desenvolver os dons da clarividncia,inteiramente imprevistos, e passou a descobrir criminosos que a polcia era incapazde desmascarar.

    A loucura comeou a espalhar-se e queria-se colocar a jovem na priso atque fornecesse de suas atividades e de seus dons explicaes racionais.Felizmente, a famlia interveio: casaram-na, pensando que se acalmasse, mas elaescapou e embarcou em Odessa para Constantinopla. De l, chegou ao Egito.

    Uma vez mais, voltamos s mesmas pistas do primeiro captulo: o Livro deToth, as obras que escaparam do desastre de Alexandria.Fosse como fosse, no Cairo, Madame Blavatsky viveu com um mgico, de

    origem copta, grande letrado muulmano. Este lhe revelou a existncia de um livromaldito, muito perigoso, mas que ele lhe ensina a consultar por clarividncia. Ooriginal, segundo o mgico, est num mosteiro do Tibet.

    O livro chama-se As Estncias de Dzyan.Segundo o mgico copta, o livro revelaria segredos provenientes de outros

    planetas e referentes a uma histria de centenas de milhes de anos.Como disse H. P. Lovecraft:Os telogos anunciam coisas que gelariam o sangue de terror se eles no as

    anunciassem com um otimismo to desarmante quanto beato.

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    Desejou-se procurar a origem dessas estncias. Meu amigo Jacques VanHerp cr ter encontrado uma num obscuro artigo do Asiatic Review, que MadameBlavatsky, provavelmente, no teve nunca ocasio de consultar.

    Pode-se dizer, ao menos, que Madame Blavatsky, cuja imaginao erasempre muito viva, deixa-se levar por relatos fantsticos que correspondem a uma

    tradio muito antiga. Se levarmos a hiptese ao mximo, podemos imaginarqualquer coisa. Casos de clarividncia excepcional existem. Outro bom exemplodisso o de Edgar Cayce. Que Madame Blavatsky tenha lido, realmente pelaclarividncia, uma obra extraordinria, no , talvez, de todo impossvel.

    Mais tarde ela pretender possuir, sob a forma de um livro, essas Estnciasde Dzyan. Deixando o Cairo, rumou a Paris, onde viveu dos subsdios do pai. Depoisem Londres, depois na Amrica, onde tomou contato com os Mrmons e estudou oVodu.

    Depois disso, tornou-se assaltante no faroeste no exagero, histrico.Voltou depois a Londres onde pretendeu encontrar um certo Kout Houmi Lal

    Sing. A propsito desse personagem, quatro hipteses foram emitidas.

    1 - S existiu na imaginao de Madame Blavatsky.2 - Jamais existiu, mas era a projeo de foras mentais provenientes de

    adeptos que viviam na sia.3 - Era um hindu, agente de uma sociedade secreta que manipulava

    Madame Blavatsky para faz-la instrumento da independncia da ndia. Tal teseparece ser preferida por Jacques Lantier, que policial de profisso.

    4 - Esse personagem era agente do Servio de Inteligncia.Essa quarta tese se encontra na literatura sovitica, onde Madame Blavatsky

    considerada, com todo seu trabalho, como um instrumento do imperialismo ingls. interessante notar que um sculo depois desses acontecimentos, depois de

    milhares de artigos e centenas de livros, nada se tenha conseguido saber sobreesse personagem designado pelas iniciais K.H. Estamos no terreno das conjecturas,mas no excluso afirmar que as quatro hipteses propostas sejam todas falsas.

    Seja como for, K. H. manteve correspondncia com Madame Blavatsky. Umaparte dessas cartas foi publicada. Entre outras coisas, falava do perigo das armasconstrudas com energia atmica, e da necessidade, conseqentemente, de guardarcertos segredos. Isto h cem anos! Encontra-se um eco dessas cartas no romancede fico cientfica de Louis Jacolliot, Os devoradores de fogo, onde se assiste j converso total da matria em energia.

    Tais cartas contm muitas outras coisas. medida que as recebia, MadameBlavatsky, mulher inculta cuja biblioteca era composta unicamente de romances

    baratos comprados em estaes de trem, tornava-se, bruscamente, a pessoa melhorinformada do sculo XIX, no que concerne s cincias. suficiente ler livros comoA Doutrina Secreta, sis Desvendada, O Simbolismo das Religies, livros estesque ela assinou, para constatar uma imensa cultura que ia da lingstica (ela foi aprimeira a estudar a semntica do snscrito arcaico) at a fsica nuclear, passandopor todos os conhecimentos de sua poca, da nossa, e por algumas cincias aindano inventadas.

    Pode-se alegar que seu secretrio, George Robert Stow Mead, era umhomem de grande cultura. Mas Mead s encontrou Madame Blavatsky em 1889 eno ficou com ela seno os trs ltimos anos de sua vida. De mais a mais, se esseantigo aluno de Cambridge conhecia muito bem os problemas relativos ao

    gnosticismo, no tinha essa cultura universal, to avanada para a poca, que semanifestava na obra de Madame Blavatsky.

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    Esta pretendeu sempre que suas informaes provinham das Estncias deDzyan, que ela consultara distncia, primeiramente, e que depois recebera dosindianos um exemplar. No se sabe onde ela teria aprendido o snscrito: isto fazparte do mistrio.

    Em 1852, Madame Blavatsky voltou ndia, rumou depois para New York e

    viveu novamente dois anos no faroeste. Em 1855, novamente em Calcut, depoistentou penetrar no Tibet: impediram-na com energia. Comeou ento a receberadvertncias: se ela no restitusse o exemplar das Estncias de Dzyan, umainfelicidade se abateria sobre ela. Com efeito, em 1860 ela caiu doente. Durante trsanos perambulou pela Europa como se estivesse sendo perseguida.

    Em 1870 voltou ao Oriente, a bordo de um navio que atravessou o Canal deSuez, que acabava de ser aberto. O navio explodiu. Diz-se que transportava plvorapara canho, mas isto no est provado. A maior parte dos viajantes foi reduzida,em todo caso, poeira to fina que nem se achou mais vestgio de seus cadveres.A descrio da exploso lembra antes a de uma bomba atmica, que outra coisa.Madame Blavatsky escapou miraculosamente.

    Tentou depois, em Londres, dar uma entrevista coletiva imprensa. Umlouco(?) atingiu-a com tiros. Declarou, em seguida, que fora teleguiado, precedendo,assim, Lee Harvey Oswald, Shirhan Shirhan e Charles Manson.

    Madame Blavatsky escapou, mas ficou terrivelmente assustada. Organizououtra entrevista coletiva para apresentar as Estncias de Dzyan, pensando, assim,suprimir a ameaa. Mas o manuscrito desapareceu. Desapareceu de um cofre-forte,moderno para a poca, que se encontrava num grande hotel.

    Madame Blavatsky ento persuadida que luta contra uma sociedade secretaextremamente poderosa. O episdio principal dessa luta deveria desencadear-sealguns anos mais tarde, quando Madame Blavatsky encontrou, na Amrica, HenrySteel Olcott, homem de negcios, que se dizia coronel, como muitos de sua poca,notadamente Bffalo Bill.

    Olcott se apaixonou pela estranha. Madame Blavatsky lhe pareceu fascinante.Fundou, ento, com ela, um clube de milagres. Depois disso, uma sociedade quequis batizar como Sociedade Egiptolgica. Depois de muitas advertncias, o nomefoi mudado para Sociedade Teosfica. Estamos a 8 de setembro de 1875. os sinaise prodgios logo se manifestaram. A sociedade quer incinerar os restos mortais doBaro de Palm, improvvel aventureiro, membro dessa sociedade. A cremao novidade, principalmente na Amrica. preciso uma autorizao especial para aSociedade Teosfica construir um forno crematrio. Quando l foi posto o cadverdo Baro de Palm, seu brao direito levantou-se para o cu, em sinal de protesto. Ao

    mesmo tempo, no mesmo instante, um incndio gigantesco apareceu no Brooklyn:um grande teatro queimou e duzentos nova-iorquinos morreram. A cidade inteiratremeu.

    Ao cabo de algum tempo, decidiu-se que o Coronel Olcott e MadameBlavatsky partiriam para a sia, a fim de entrar em contato com os grandes mestresda Loja Branca. A misso era encarada to seriamente pelo governo dos EstadosUnidos que, quando da partida, em 1878, o Presidente Rutherford Hayes designouMadame Blavatsky e o Coronel Olcott como seus enviados especiais, deu-lhesordens da misso assinadas e passaportes diplomticos. Tais documentos evitariamque, mais tarde, eles fossem mantidos presos na ndia, pelos ingleses, comoespies russos; s faltava a espionagem nessa histria, a est.

    Em 16 de fevereiro de 1879, a expedio chegou ndia. Foi recebida peloPandit Schiamji Krishnavarma e outros iniciados. Aspecto menos agradvel da

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    recepo: todos os documentos e dinheiro dos viajantes foram roubados nachegada. A polcia inglesa reencontrou o dinheiro, mas jamais os documentos.

    o comeo de uma guerra sem quartel que terminar catastroficamente. Asprises e interrogatrios policiais se sucederam. O Coronel Olcott protestou,exibindo a carta do presidente dos Estados Unidos e escreveu: O governo da ndia

    recebeu falsas informaes a nosso respeito, baseadas na ignorncia e na malcia,e estamos colocados sob uma vigilncia to inbil que o pas inteiro a percebe, eque faz crer aos indianos que o fato de ser nossos amigos, lhes atrair amalquerena de funcionrios superiores, e poderia prejudicar seus interessespessoais. As intenes louvveis e generosas da sociedade encontram-se, assim,entravadas seriamente, e estamos sendo vtimas de indignidades absolutamenteimerecidas pela deciso do governo, enganado por falsos rumores.

    Aps isso, a perseguio policial diminuiu, mas as ameaas se multiplicaram:se Madame Blavatsky se obstinasse em falar do livro de Dzyan, deveria esperar pelopior. Ela se obstinou.

    Tinha agora em seu poder as Estncias de Dzyan, que nem mesmo estavam

    redigidas em snscrito, mas numa lngua chamada Senzar, da qual ningum ouvirafalar, nem antes nem depois dela. Madame Blavatsky mesma traduziu o texto parao ingls: essa traduo apareceu em 1915 na Hermetic Publishing Company, deSan Diego, Estados Unidos, com um prefcio do Dr. A. S. Raleigh. Pude consulta-laem 1947 na biblioteca do Congresso de Washington. muito curiosa e mereceriaser estudada.

    A rplica dos Desconhecidos terrvel e admiravelmente organizada. Tiraramde Madame Blavatsky aquilo que lhe era mais caro: suas pretenses ao ocultismo. Asociedade de pesquisas psquicas inglesa publicou um relatrio absolutamenteacabrunhador, redigido pelo Dr. Hodgson: Madame Blavatsky no passaria de umprestidigitador banal; toda sua histria seria uma farsa. Ela nunca se recuperoudesse ataque. Viveu at 1891, completamente abatida psiquicamente, num estadode depresso mental lamentvel.

    Declarou publicamente que lamenta ter falado das Estncias de Dzyan; muito tarde. Investigadores indianos, como E. S. Dutt, criticaro e demoliro amatria de Hodgson, mas no h mais tempo para salvar Madame Blavatsky.

    Provou-se, aps sua morte, que uma verdadeira conspirao fora organizadaao mesmo tempo pelo governo ingls, pelos servios de polcia do vice-rei da ndia,pelos missionrios protestantes na ndia, e por outros personagens que no se pdeidentificar, e que seriam, provavelmente, os mais importantes participantes dessecompl. No plano da guerra psicolgica, a operao montada contra Madame

    Blavatsky uma obra-prima.Tal conspirao prova, por outro lado, que existem certas organizaes contraas quais a prpria proteo de um presidente dos Estados Unidos incua. Oresultado foi visto. No plano poltico, Madame Blavatsky teve uma vitria total:Mohandas Karamchand Gandhi reconheceu que devia a Madame Blavatsky terencontrado seu caminho, a conscincia nacional, e que graas a ela ele libertara,finalmente, a ndia. Foi um discpulo de Madame Blavatsky que lhe forneceu a drogaSoma que lhe permitiu ultrapassar os momentos mais difceis. E , provavelmente,devido a esses contatos, que Gandhi foi assassinado em 30 de janeiro de 1948 porum fantico estranhamente teleguiado e estranhamente precursor, uma vez mais.

    Mas as idias de Madame Blavatsky triunfavam. certo que a Sociedade

    Teosfica desempenhou importante papel, se no decisivo, na libertao da ndia. certo tambm que o Servio de Inteligncia e outros instrumentos do imperialismo

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    ingls tomaram parte na conspirao contra Madame Blavatsky e contra o livro deDzyan.

    A impresso que se depreende, portanto, que uma organizao maispoderosa que o prprio Servio de Inteligncia, e no poltica, procurou impedirMadame Blavatsky de falar.

    Objetar-me-o que tal organizao no impediu a publicao do texto em1915, mas o que prova que a publicao tenha a menor relao com o original?Afinal, no conheo nada sobre a sociedade hermtica de San Diego...

    Em todo caso, Madame Blavatsky comeou a morrer depois do desastre. Nsa reencontraremos, numa ltima imagem, na rua Notre-Dame-des-Champs, emParis. A terminou sua vida, para ir morrer depois em Londres, em 1891.

    Olhemos atravs dos olhos de um de seus inimigos, o russo V. S. Solovyoff,que descreveu seus encontros com ela no Mensageiro da Rssia, uma revista dapoca. Parece que ele aborreceu-se principalmente com as crticas mudas que elaconstantemente parecia dirigir-lhe. Apesar de abatida, Madame Blavatsky foi aindaobjeto de fenmenos bizarros. Eis o que aconteceu ao ctico Solovyoff no Hotel

    Vitria, em Elverfeld (Alemanha), quando acompanhava Madame Blavatsky e algunsdiscpulos em viagem:

    De repente, acordei. Fui despertado por um hlito quente. Ao meu lado, naobscuridade, uma figura humana de talhe alto, vestida de branco se erguia. Ouviuma voz, no saberia dizer em que lngua, ordenando-me para acender a vela. Umavez a vela acesa, vi que eram duas horas da manh e que um homem vivo seencontrava ao meu lado. Esse homem parecia exatamente o retrato do mahatmaMorya que eu j vira. Falou-me numa lngua estranha, mas, no entanto, eu ocompreendia. Disse-me que eu tinha grandes poderes pessoais e que meu deverera empreg-los. Depois desapareceu. Reapareceu logo, sorrindo, e na mesmalngua desconhecida, mas inteligvel, disse: Esteja certo, no sou uma alucinao evoc no est a ponto de perder a razo. Depois desapareceu novamente. Eram,ento, 3 horas. A porta continuava fechada chave.

    Se esse o gnero de fenmeno que acontecia aos cticos, no nadaespantoso que Madame Blavatsky tivesse conhecido experincias maisextraordinrias. Parece, em todo caso, que ela empregou uma espcie declarividncia para escrever. Um crtico ingls, William Emmett Coleman, conta quena obra sis Desvendada, Madame Blavatsky cita perto de 1.400 livros que ela nopossua. As citaes so corretas.

    Acusam-me de ter procedido da mesma maneira oculta para escrever oDespertar dos Mgicos, mas nenhuma citao desse livro, e nem dos meus livros

    seguintes, nem do presente livro, foram feitas de memria. Porque eu no pudeencontrar as fotocpias que tirei, em 1947, das Estncias de Dzyan, publicadas naedio de 1915, que no as cito de memria.

    Madame Blavatsky, em todo caso, no ameaar mais ningum de publicaras Estncias de Dzyan. O leitor poderia perguntar-me de onde me vem a idia deque as obras pertencentes s civilizaes muito antigas, obras, talvez, de origeminterplanetria, se encontram na ndia. Tal idia no nova: foi introduzida noOcidente por um personagem to fantstico quanto Madame Blavatsky: Apolnio deTiana. Apolnio de Tiana foi estudado notadamente por George Robert Stow Mead(1863-1933), que por acaso foi o ltimo secretrio de Madame Blavatsky nos trsltimos anos de sua vida.

    Apolnio de Tiana parece ter realmente existido. Uma biografia dele foi escritapor Flavius Philstratus (175-245 d.C.). Apolnio de Tiana impressionou tanto seus

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    contemporneos e a posteridade que, hoje ainda, investigadores srios afirmam queJesus Cristo jamais existiu, mas que seus ensinamentos provm, na realidade, deApolnio de Tiana. uma tese que no existe somente entre os racionalistas.Atribui-se a Apolnio de Tiana poderes sobrenaturais que ele prprio negou comgrande energia.

    Parece, entretanto, ter visto, pela clarividncia, o assassinato do imperadorromano Domiciano, em 18 de setembro do ano 96 d.C. Certamente, viajou ndia.Morreu em idade avanada, depois dos cem anos, provavelmente em Creta.

    Deixemos de lado as lendas que o envolvem e notadamente aquela que dizque Apolnio de Tiana ainda vive entre ns. Deixemos, igualmente, de lado, asrelaes de seus ensinamentos e o cristianismo. Mencionemos simplesmente, depassagem, que Voltaire o colocou acima de Jesus Cristo, mas isto foi, sem dvida,para atacar os cristos.

    O certo que Apolnio de Tiana afirmou existir em seu tempo, no sculo Idepois de Cristo, na ndia, extraordinrios livros antigos contendo o saber vindo deeras desaparecidas, de um passado muito recuado. Apolnio de Tiana parece ter

    tido acesso a alguns desses livros, em particular a ele que devemos, na literaturahermtica, passagens inteiras dos Upanishads e do Bhagavad Gita.

    Foi ele, antes de Bailly e Jacolliot, quem lanou essa idia que no cessa decircular. Seu discpulo Damis fez anotaes sobre esses livros, mas como porencanto as notas de Damis desapareceram. O prefaciador da obra de Mead, LeslieShepard, escreveu em julho de 1965, recentemente, portanto, no estar fora decogitao que as notas de Damis aparecero um dia. Seria muito interessante e,antes de tudo, a histria dos manuscritos do Mar Morto prova que as reapariesmais curiosas so ainda possveis.

    Damis fala, no que nos resta de suas notas, de reunies secretas das quaisera excludo, entre Apolnio e sbios hindus. Descreveu, tambm, fenmenos delevitao e de produo direta de chamas por um efeito da vontade, sem auxlio deinstrumentos. Assistiu fenmenos desse gnero, produzidos pelos sbios indianos.Estes parecem ter acolhido Apolnio como seu igual e t-lo ensinado o que jamaisteriam ensinado a qualquer ocidental.

    Apolnio de Tiana parece ter visto as Estncias de Dzyan. Teria trazido umexemplar ao Ocidente. Quem o saber?

    O SEGREDO DO ABADE TRITHME

    O abade Trithme possui, sobre outros personagens do presente livro, avantagem de ter realmente existido. Nasceu em 1462 e morreu em 1516. tevenumerosos historiadores, entre os quais Paul Chacornac: Grandeza e adversidadedo Abade Trithme (Paris, 1963). No entanto, devo deixar claro desde j que noestou totalmente de acordo com esse eminente historiador. No queroabsolutamente dizer que ponho em dvida seu valor como historiador, mas quetenho em meu poder certas informaes que Chacornac consideraria, talvez,secundrias, mas que me parecem, a mim que sou especialista, ao mesmo tempo,em criptografia e no estudo das tcnicas desaparecidas, de capital importncia.

    De outra parte, minhas fontes no ultrapassam as de Chacornac.

    Isto dito, comeamos pelo comeo. O Abade Jean de Heidenberg, que se fezchamar Abade Trithme, nasceu em 2 de fevereiro de 1462, em Tritthenheim. Entrou

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    para a clebre universidade de Heidemberg em 1480, para a fazer seus estudos.Obteve certificado de pobreza que o dispensou de pagar os estudos. Fundou comJean de Dalberg e Rudolphe Huesmann uma sociedade secreta para estudarastrologia, a magia dos nmeros, as lnguas e a matemtica. Os participantesadotaram pseudnimos. Jean de Dalberg tornou-se Jean Camerarius; Rudolphe

    Huesmann tornou-se Rudolf Agrcola; Jean de Heidemberg tornou-se Jean Trithme.No se escolhia, geralmente, pseudnimos ao acaso, mas no se conhece aorigem dessas escolhas, salvo que o nmero trs nelas figurava visivelmente. Asociedade mesma adotou um nome secreto muito significativo: Sodalitas Cltica, aConfraria Celta. Aos primeiros participantes juntou-se o judeu Paul Ricci, que lhesensinou a Kabala. Em 2 de fevereiro de 1482, dia em que completava vinte anos,Jean Trithme entra para a Ordem dos Beneditinos, no mosteiro de Saint-Martin-de-Spanheim. Seria mais tarde abade de Spanheim, depois de Wurtzbourg. Suapiedade crist no parecia duvidosa.

    Ser ela quem o proteger de certas tentaes, quando ele se interessa pelaalquimia e pela magia. Esse interesse parece ter sido aquele de um cientista

    desinteressado que no busca nem riqueza nem poder pessoal. A atitude do abadeTrithme parece ter sido idntica quela do cnego de nossos dias, Lemaitre deLouvain, que criou a teoria do universo em expanso e que foi admirado pelo prprioEinstein. O que no o impedia de buscar nesse fenmeno suposto do universo emexpanso, a prova da existncia de Deus.

    Trithme reuniu no mosteiro de Saint-Martin a biblioteca mais rica daAlemanha, que se compunha, essencialmente, de manuscritos. No gostava delivros impressos, recentemente inventados, e que achava vulgares. Essa biblioteca,constituda s suas expensas, custou-lhe mais de 1.500 ducados de ouro.

    Fazendo-se passar por erudito e historiador, prosseguiu nas buscas. Bemestranhas buscas. Buscas sobre as quais cometeu o erro de escrever cartasimprudentes a indiscretos e a invejosos que se vingariam dele, prejudicando-o. Suasbuscas voltavam-se a um processo para hipnotizar pessoas distncia, portelepatia, como o auxlio de certas manipulaes de linguagem. A lingstica, amatemtica, a kabala e a parapsicologia se misturavam estranhamente em seustrabalhos.

    O livro, em oito volumes, que reunia suas buscas e que continha os segredosde um incrvel poder, chamava-se Steganographie. O manuscrito completo foidestrudo pelo fogo sob as ordens do Eleitor Philippe II, que o encontrou nabiblioteca de seu pai e ficou aterrorizado.

    Nenhum exemplar completo desse livro subsistiu. Insistimos, o

    manuscrito que continha a chave dos maiores poderes foi destrudo. No existenenhuma cpia. O Dr. Armitage, que na novela de Lovecraft A abominao deDunwich, se serve de manuscritos para decifrar antigos cdigos cifrados, foiinventado por Lovecraft, que no acreditava, absolutamente, que seu heri tivessetido uma realidade histrica, e que no teve certamente em mos a Steganographiecompleta, como nenhum outro.

    Existe, entretanto, um manuscrito fragmentrio que cobre mais ou menos 3/8da obra, a que nos reportaremos.

    Que havia nessa Steganographie?Citemos, primeiro, alguns testemunhos do prprio Trithme:Um dia deste ano de 1499, aps sonhar muito tempo com a descoberta de

    segredos desconhecidos, persuadido, afinal, que o que eu procurava no erapossvel, fui deitar-me, um pouco envergonhado, pela loucura de querer encontrar o

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    impossvel. Durante a noite (em sonho), algum se apresentou a mim chamando-mepelo nome: Trithme, disse me, no creia ser em vo seus pensamentos. Mesmoque as coisas que procura sejam impossveis, a voc e a qualquer outro homem,elas iro ao seu encontro.

    Ensine-me, disse eu, o que preciso fazer para t-las?

    Ento, ele descobriu todo o mistrio e me mostrou que nada era mais fcil.Trithme ps-se, ento, a trabalhar e eis aqui, sempre de sua prpria boca, orelato do que ele encontrou:

    Posso assegurar que essa obra pela qual ensino numerosos segredos emistrios pouco conhecidos, parecer a todos, ainda mais aos ignorantes, contercoisas sobre-humanas, admirveis e incrveis, visto que nenhuma outra pessoaanteriormente sobre isto escreveu ou falou antes de mim.

    O primeiro livro contm e mostra mais de cem maneiras de escreversecretamente, e sem nenhuma suspeita, tudo o que quisermos e no importa emque lngua conhecida, sem que se possa suspeitar o teor, e isto sem mettese nemtransposio de letras, e tambm sem nenhum temor nem dvida que o segredo

    possa ser conhecido por algum, a no ser aquela a quem cabalisticamente eu tiverensinado essa cincia, ou quela a quem meu binrio cabalisticamente transmitir.Como todas as palavras e letras empregadas so simples e familiares, noprovocam nenhuma desconfiana e no haver ningum, por mais experimentadoque seja, que possa por si mesmo descobrir meu segredo, o que parecer a todosuma coisa formidvel, e aos ignorantes uma impossibilidade.

    No segundo livro, tratarei de coisas ainda mais maravilhosas, que se aliam acertos meios, graas aos quais, de maneira segura, posso impor minha vontade aqualquer pessoa que receber o sentido de minha cincia, o mais longe que esteja,mesmo a mais de cem lguas de mim, e isto sem que me possam suspeitar deempregar sinais, figuras ou quaisquer outros caracteres, e se uso para isso ummensageiro e que ele seja preso a caminho, nenhum rogo, ameaa ou promessa,nem mesmo a violncia poder obrigar esse mensageiro a descobrir meu segredo,pois dele no ter nenhum conhecimento; e isto porque ningum, por mais espertoque seja, poder descobrir o segredo.

    E mesmo todas essas coisas, posso fazer quando quiser, facilmente, sem oauxlio de ningum, nem mensageiro, mesmo com um prisioneiro encerrado numlugar to profundo e sob guarda vigilante.

    So pretenses formidveis.A maior parte dos historiadores do abade Trithme diz que disso ele nada

    encontrou e que vivia de iluses. No esta nossa opinio. Penso que Trithme,

    realmente, fez uma admirvel descoberta, que foi obrigado a calar-se, e que adestruio de seu livro faz parte de uma ao que j se torna natural dos Homens dePreto, aos quais meu livro consagrado.

    Trithme agiu mal ao ser muito racionalista para sua poca, notadamente poratacar a astrologia. Eis o que ele disse:

    Para trs, homens temerrios, homens vos e astrlogos mentirosos, queenganam as inteligncias e que ficam em frivolidades. Pois a disposio das estrelasnada influi sobre a alma imortal, nenhuma ao tem sobre a cincia natural; ela nadatem a ver com o saber supra-celeste, pois o corpo no pode ter poder a no sersobre o prprio corpo. O esprito livre e no est submetido s estrelas, noabsorve suas influncias e no segue seus movimentos, mas est em comunicao

    somente com o princpio supra-celeste, pelo qual foi feito e pelo qual se tornoufecundo.

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    Nessa nota, como em muitas outras cartas e escritos de Trithme, apareceuma mentalidade absolutamente racional. O que ele chama de magia natural, oque chamamos de tcnicas.

    Atribui-se a ele livros sobre a pedra filosofal. No certo. Os livros deTrithme foram extensamente comentados pelo alquimista ingls George Ripley, que

    escreveu: Suplico aos que sabem para no publicar. Depois de sua morte, umareputao de mago negro caiu sobre o abade Trithme. Um dos jesutas maisferozes da Inquisio, Del Rio, perguntar por que a Steganographie, que entretantos circulava sob a forma de notas incompletas, no estava entre os livros proibidoscensurados. Logo, livros que fazem o tema de meu trabalho.

    Em 1610, s ento, em Frankfurt, uma primeira edio do que restava daSteganographie foi publicada por Mathias Becker. Tal edio traz a indicao comprivilgio e permisso dos Superiores, mas nenhum imprimatur a figura. O que nosfaz indagar de quais Superiores se trata.

    O livro contm um prefcio que desaparecer em seguida e onde se encontrauma frase curiosa: Mas, talvez, algum me objetar, pois se queres que esta

    cincia fique escondida, por que, ento, quiseste revelar o sentido das cartas emquesto?

    Eu te responderei que porque quis beneficiar com estes excelentesprincpios certos grupos de pessoas dos quais fao parte, a fim de defend-los demltiplos perigos, e a fim de coloc-los ao abrigo de certos acidentes fortuitos.

    um ponto de vista perfeitamente razovel. Mas o livro, mesmo truncado,parecia ainda perigoso. Tambm essa edio, apesar de incompleta, foi includa noIndex pela Congregao do Santo Ofcio, em 7 de setembro de 1609. tal proibiodeveria durar at 1930.

    Em 1616, uma defesa do abade Trithme, feita pelo abade Cigisemon, domosteiro beneditino de Con, na Baviera, foi publicada. Em 1621, apareceu umanova edio reduzida. Trazia igualmente a meno com a permisso e de acordocom os Superiores. Desta vez, no podia tratar-se de superiores eclesisticos, poisa obra estava no Index desde 1609. quem so esses Superiores misteriosos?

    Existem em algumas bibliotecas alguns nmeros dessa edio. O que sepode encontrar a uma teoria geral dos cdigos de transposio, tais como aindaempregamos, em nossos dias, na diplomacia e na espionagem.

    Um certo nmero de exemplos de textos de transposio conteriam, segundoos eruditos, uma parte ao menos dos ensinamentos contidos na edio completadestruda. Nenhum dos ensinamentos convence. Mais tarde, o Padre L Brunassinala que a utilizao da Steganographie comporta o uso de uma aparelhagem:

    Ouvi dizer, muitas vezes, que algumas pessoas comunicam-se segredos, a mais decinqenta lguas de distncia, usando agulhas imantadas. Dois amigos tomaramcada um uma bssola, ao redor da qual estavam gravadas as letras do alfabeto epretendiam que um dos dois, fazendo aproximar a agulha de algumas letras, a outraagulha da outra bssola, distanciada de algumas lguas, se voltasse para asmesmas letras.

    Isto parece muito interessante. Um aparelho desse tipo seria perfeitamenterealizvel em nossos dias, graas a transistores. Mas se os homens tivessem essepoder no comeo do sculo XVII, teriam a vantagem de ter em mos um meio detransmisso absolutamente indetectvel e, naturalmente, sem nenhum pacto com odemnio e sem colocar em perigo a alma de seu usurio.

    Se uma sociedade se apropriou desses segredos, bem verossmil que tenhaquerido guard-los. Isto, ela parece ter conseguido.

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    Uma outra obra de Trithme, a Poligrafia, trata exclusivamente das escriturassecretas, e de maneira extremamente moderna. A obra apareceu em 1518 e umatraduo francesa foi feita em 1561. Foi largamente plagiada. Nessa obra, s setrata da criptografia pura, sem nenhum segredo do tipo oculto.

    Para ser mais exato, assinalemos que, em 1515, Trithme publicou uma

    teoria cclica da histria da humanidade, lembrando ao mesmo tempo a tradiohindu e certas teorias modernas. O livro se intitula Das sete causas secundrias,isto , as Inteligncias, ou Espritos do mundo aps Deus, ou cronologiamstica, encerrando maravilhosos segredos dignos de interesse. A obra baseada nos trabalhos do cabalista e mago Pierre dApone. Este inquietara de talmodo a Igreja, que, quando morreu, em 1313, em Pdua, a Inquisio procurou seucorpo para queim-lo, mas no conseguiu encontr-lo. Amigos de Pierre dAponehaviam guardado seu corpo na Igreja Santa Justina. Raivosa, a Inquisio queimou,em seu lugar, uma efgie sua.

    A obra de Trithme tem um grande interesse para o leitor de romances defico e de imaginao modernos. Foi nela, com efeito, que C. S. Lewis encontrou a

    idia dos edila, anjos que fazem funcionar o sistema solar. Isto dado, a teoria dosciclos admitida por pessoas srias, e uma vez mais Trithme nos fornece idiasmodernas. Bem entendido, no se pode t-lo como responsvel dos delrios que seulivro produziu, e notadamente da explicao que, por volta de 1890, dele forneceuuma sociedade secreta, a Hermetic Brotherhood of Luxor. Pode-se, entretanto,lembrar, a propsito, a opinio de Trithme sobre astrologia, opinio que citamosanteriormente.

    Para os que apreciam ninharias, assinalamos que Trithme predisse em seulivro, dando-lhe a data exata, 1918, a declarao Balfour relativa criao de umEstado Judeu em Israel, e que tal afirmao foi feita 400 anos antes doacontecimento.

    Passemos sobre os livros desaparecidos de Trithme, dos quais no estamoscertos se ele realmente os escreveu, e voltemos nossa hiptese relacionando-acom a Steganographie.

    Parece-nos que Trithme teria encontrado um meio, manipulando smbolos apartir da linguagem, de produzir efeitos que podem ser constatados por outrosespritos a grande distncia, e que permitiria controlar tais espritos. Isto pareceextraordinrio, mas bem possvel. Trithme via o mundo com olhos novos, e eraperfeitamente capaz de ter inventado alguma coisa inteiramente nova.

    Ele mesmo nunca teve seno pretenses razoveis: Nada fiz deextraordinrio, e no entanto corre o boato de que sou mago. Li a maior parte dos

    livros de magos, no para imit-los, mas com a idia de refutar um dia suasperigosas supersties.Por isto, estou inclinado a crer nos poderes perfeitamente naturais, nos quais

    Trithme insiste, da Steganographie. Um tal poder evidentemente perigoso.Trithme logo tornou-se prudente. Recomendou, tambm, a prudncia a HenriCornelius, diz Agrippa, que parece nunca ter sido seu discpulo, mas que o felicitavaardorosamente por sua filosofia adulta. Ele o aconselhou sabiamente:

    D feno aos bois, mas aos papagaios somente acar.Quanto a Paracelso, tinha doze anos quando Trithme morreu e nunca se

    encontrou com ele. Paracelso no lhe inspiraria nenhuma confiana. Quando muito,Paracelso podia ter lido seus livros. Ademais, em quem Trithme poderia confiar se,

    como sustentamos, ele realmente descobriu um meio de controle teleptico distncia? Qual Papa, qual Imperador, seria to sbio para dispor de um tal poder?

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    Compreende-se que Trithme se tenha calado. Compreende-se, tambm, que seumanuscrito tenha sido destrudo e que as edies truncadas no podiam aparecerseno com a autorizao dos Superiores.

    Citemos, ainda, uma de suas cartas, e imaginemos, por um instante, que eledizia a verdade. Pois esta cincia um caos de uma profundidade infinita que

    ningum pode compreender de maneira perfeita, pois apesar de todo oconhecimento e experincia dessa arte, sempre o que tiveres aprendido ser beminferior em quantidade a tudo o que no sabes. Essa arte profunda e to secretapossui, com efeito, essa particularidade, que o discpulo tornar-se- facilmente maissbio que seu mestre, se contudo esse discpulo estiver bem disposto paraprogredir, e se ele mostra zelo nessas matrias contidas na Kabala hebraica. Sealgum leitor no se espantar com o nome, a ordem e a natureza de certasoperaes dirigidas a espritos, e pensa ser eu um mago, necromante, ou queconclu algum pacto com o demnio, e que adoto tal ou qual superstio, julgoconveniente erguer um protesto solene neste prefcio, e de preservar, assim, meunome e minha honra dessa semelhante mancha.

    O caos onde se encontra todo o saber no o que mais tarde chamaramosde inconsciente coletivo? Foi talvez interessante que o segredo de Trithme tenhadesaparecido, mas no tenho dvida de que Trithme realmente descobriu umgrande e terrvel segredo.

    O QUE JOHN DEE VIU NO ESPELHO NEGRO

    Como o abade Trithme, John Dee realmente existiu. Nasceu em 1527 emorreu em 1608. Sua vida foi to extraordinria que foram os romancistas quemelhor o descreveram em obras de imaginao do que a maior parte de seusbigrafos. Estes romancistas so Jean Ray e Gustav Meyrink. Matemtico distinto,especialista nos clssicos, John Dee inventou a idia de um meridiano de base: omeridiano de Greenwich. Levou Inglaterra, tendo-os encontrado em Louvain, doisglobos terrestres de Mercator, assim como instrumentos de navegao. E foi assim oincio da expanso martima da Inglaterra.

    Pode-se dizer, dessa forma no participo dessa opinio que John Dee foio primeiro a fazer espionagem industrial, pois levou Inglaterra, por conta da RainhaElizabeth, quantidade enorme de segredos de navegao e fabricao. Foicertamente um cientista de primeira ordem, ao mesmo tempo que um especialista

    dos clssicos, e manifesta a transio entre duas culturas que, no sculo XVI, noeram, talvez, to separadas como o so agora.Foi tambm muitas outras coisas, como veremos. No curso de seus brilhantes

    estudos em Cambridge, ps-se, infelizmente para ele, a construir robs entre osquais um escaravelho mecnico que soltou durante uma representao teatral e quecausou pnico. Expulso de Cambridge por feitiaria, em 1547, foi para Louvain. L,ligou-se a Mercator. Tornou-se astrlogo e ganhou a vida fazendo horscopos,depois foi preso por conspirao mgica contra a vida da Rainha Mary Tudor. Maistarde, Elizabeth libertou-o da priso e o encarregou de misses misteriosas nocontinente.

    Escreveu-se com freqncia que sua paixo aparente pela magia e feitiaria

    seriam uma cobertura sua verdadeira profisso: espio. No estou totalmenteconvencido disto.

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    Em 1563, numa livraria de Anvers, encontrou um manuscrito, provavelmenteincompleto, da Steganographie de Trithme. Ele a completou e pareceu ter chegadoa um mtodo quase to eficaz quanto o de Trithme.

    Publicando a primeira traduo inglesa de Euclides, e estudando para oexrcito ingls a utilizao de telescpios e lunetas, continuou suas pesquisas sobre

    a Steganographie. E em 25 de maio de 1581, elas superaram todas as suasesperanas.Um ser sobre-humano, ou ao menos no-humano, envolto em luz, apareceu-

    lhe. John Dee chamou o anjo, para simplificar. Esse anjo deixou-lhe um espelhonegro que existe ainda no Museu Britnico. um pedao de antraciteextremamente bem polido. O anjo lhe disse que olhando naquele cristal veria outrosmundos e poderia ter contato com outras inteligncias no-humanas, idiasingularmente moderna. Anotou as conversaes que teve com seres no-humanose um certo nmero foi publicado em 1659 por Meric Casaubon, sob o ttulo A trueand faithfull relation of what passed between Dr. John Dee and some spirits.

    Um certo nmero de outras conversaes indito e os manuscritos se

    encontram no Museu Britnico.A maior parte das notas tomadas por John Dee e dos livros que preparava,

    foram, como veremos, destrudos. Entretanto, restam-nos suficientes elementospara que possamos reconstituir a lngua que esses seres falavam, e que Deechamou a Lngua Enochiana.

    a primeira linguagem sinttica, a primeira lngua no-humana de que se temconhecimento. , em todo caso, uma lngua completa que possui um alfabeto e umagramtica. Entre todos os textos em lngua enochiana que nos restam, algunsconcernem cincia matemtica mais avanada do que ela estava no tempo deJohn Dee.

    A lngua enochiana foi a base da doutrina secreta da famosa sociedadeGolden Dawn, no fim do sculo XIX.

    Dee percebeu logo que no poderia lembrar-se das conversaes que tinhacom os visitantes estrangeiros. Nenhum mecanismo para registrar a palavra existia.Se dispusesse de um fongrafo ou de um magnetide, o seu destino, e talvez o domundo, estariam mudados.

    Infelizmente, Dee teve uma idia que o levou a perder-se. Entretanto, tal idiaera perfeitamente racional: encontrar algum que olhasse o espelho mgico emantivesse conversaes com os extraterrestres, enquanto ele tomaria nota dasconversas. Em princpio, tal idia era muito simples. Infelizmente, os dois visionriosque Dee recrutou, Barnabas Saul e Edward Talbot, revelaram-se como grandes

    canalhas. Desvencilhou-se rapidamente de Saul, que parecia ser espio a soldo deseus inimigos. Talbot, ao contrrio, que trocou seu nome pelo de Kelly, agarrou-se. Eagarrou-se tanto que arruinou Dee, seduziu sua mulher, levou-o a percorrer aEuropa, sob o pretexto de fazer dele um alquimista, e acabou por estragar sua vida.Dee morreu, finalmente, em 1608, arruinado e completamente desacreditado. O ReiJames I, que sucedera a Elizabeth, recusou-lhe uma penso e ele morreu namisria. A nica consolao que se pode ter de pensar que Talbott, alis, Kelly,morreu em fevereiro de 1595, tentando escapar da priso de Praga. Como era muitogrande e gordo, a corda que confeccionara rompeu-se e ele quebrou os braos e aspernas. Um justo fim a um dos mais sinistros crpulas que a histria conheceu.

    Apesar da proteo de Elizabeth, Dee continuou a ser perseguido, seus

    manuscritos foram roubados assim como uma grande parte de suas anotaes.

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    Se estava na misria, temos que reconhecer que parcialmente a merecera.Com efeito, aps ter explicado Rainha Elizabeth da Inglaterra que era alquimista,solicitara um amparo financeiro. Elizabeth da Inglaterra disse-lhe, muitojudiciosamente, que se ele sabia fazer o ouro, no precisava de subvenes, poisteria suas prprias. Finalmente, John Dee foi obrigado a vender sua imensa

    biblioteca para viver e, de certo modo, morreu de fome.A histria reteve sobretudo os inverossmeis episdios de suas aventuras comKelly, que so evidentemente pitorescos. Vimos aparecer a, pela primeira vez, atroca de mulheres que, atualmente, to popular nos Estados Unidos.

    Mas essa estaturia de Epinal obscureceu o verdadeiro problema, que o dalngua enoquiana, a dos livros de John Dee que nunca chegaram a ser publicados.

    Jacques Sadoul, em sua obra O Tesouro dos Alquimistas, conta muitobem parte propriamente alquimista das aventuras do Dr. Dee e de Kelly.Recomendo-a ao leitor.

    Voltemos linguagem enoquiana e ao que se seguiu. E falemos primeiro daperseguio que se abateu sobre John Dee, desde que comeou a dar a entender

    que publicaria suas entrevistas com anos no-humanos. Em 1597, em suaausncia, desconhecidos excitaram a multido a atacar sua casa. Quatro mil obrasraras e cinco manuscritos desapareceram definitivamente, e numerosas notas foramqueimadas. Depois a perseguio continuou, apesar da proteo da Rainha daInglaterra. Foi, finalmente, um homem alquebrado, desacreditado, como o seria maistarde Madame Blavatsky, que morreu aos 81 anos de idade. Em 1608, em Mortlake.Uma vez mais a conspirao dos Homens de Preto parece ter vencido.

    A excelente enciclopdia inglesa Man, Mith and Magic observou muitooportunamente em seu artigo sobre John Dee: Apesar de os documentos sobre avida de John Dee serem abundantes, fez-se pouca coisa para explic-lo e interpret-lo. Isto verdadeiro.

    Ao contrrio, as calnias contra Dee no faltam. Nas pocas de superstioafirmava-se que ele faria magia negra. Em nossa poca racionalista pretendeu-seque seria um espio, que fazia alquimia e magia negra para camuflar suasverdadeiras atividades. Tal tese notadamente a da enciclopdia inglesa quecitamos acima.

    Entretanto, quando examinamos os fatos, vemos primeiro um homem bemdotado, capaz de trabalhar 22 horas ao dia, leitor rpido, matemtico de primeiraordem. Ademais, ele construiu autmatos, foi um especialista de ptica e de suasaplicaes militares, da qumica.

    Que foi ingnuo e crdulo, possvel. A histria de Kelly o mostra. Mas que

    fez uma importante descoberta, a mais importante, talvez, da histria dahumanidade, no est totalmente excluso. Parece-me possvel contudo, que Deetenha tomado contato, por telepatia ou clarividncia, ou outro meio parapsicolgico,com seres no-humanos. Era natural, dada a mentalidade da poca, que eleatribusse a esses seres uma origem Anglica, em vez de faz-los vir de outroplaneta ou de outra dimenso. Mas comunicou-se bastante com eles para aprenderuma lngua no-humana.

    A idia de inventar uma lngua inteiramente nova no pertencia poca deJohn Dee e nem de sua mentalidade. Foi muito depois que Wilkins inventou aprimeira linguagem sinttica. A linguagem enoquiana completa e no se parececom nenhuma lngua humana.

    possvel, evidentemente, que Dee a tenha tirado integralmente de seusubconsciente ou inconsciente coletivo, mas tal hiptese to fantstica quanto a da

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    comunicao com seres extraterrestres. Infelizmente, a partir da interveno deKelly, as conversaes esto visivelmente truncadas. Kelly inventa-as e faz dizer aosanjos ou espritos o que lhe convinha. E do ponto de vista de inteligncia eimaginao, Kelly era pouco dotado. Possui-se notas sobre uma conversao ondepede a um dos espritos cem libras esterlinas durante quinze dias.

    Antes de conhecer Kelly, entretanto, Dee publicara um livro estranho: AMnada Hieroglfica. Trabalhou nesse livro sete anos, mas aps ter lido aSteganographie, terminou-o em doze dias. Um homem de Estado contemporneo,Sir William Cecil, declarou que: os segredos que se encontram na MnadaHieroglfica so da maior importncia para a segurana do reino.

    Certamente, quer-se ligar tais segredos criptolografia, o que