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6. MODELAGEM FINAL E INTERPRETAÇÃO 6.1 Introdução Os problemas de propagação de ondas desempenham um papel importante em vários ramos da Geofísica, entre os quais está o método de investigação do campo das ondas elásticas dentro da crosta e do manto superior da Terra, cuja estrutura é muito complicada. Em muitas regiões a velocidade das ondas sísmicas muda consideravelmente em todas as direções, regiões estas que são de grande interesse para estudos contemporâneos de Geodinâmica. Além disso, existem descontinuidades estruturais nas camadas mais superficiais da Terra que apresentam formas geométricas e propriedades físicas das mais complicadas. Para estudar a propagação das ondas elásticas em estruturas complicadas podem ser utilizados métodos analíticos de aproximação, tais como o método do raio. Nas aplicações sismológicas este método foi utilizado inicialmente para investigar principalmente a estrutura interna da Terra a partir das curvas de tempos de percurso das body waves e para calcular raios e tempos de percurso teóricos, em vários tipos de meio, para, finalmente, compará-los com os dados observados. Uma das limitações na aplicação do método do raio é que dá resultados aproximados, mesmo assim é o método que permite obter respostas aproximadas para muitos problemas da propagação das ondas sísmicas de volume em meios com modelos complicados. A grande utilidade do método de raio e, conjuntamente, do pacote SEIS, é possibilitar a modelagem de meios lateralmente heterogêneos com interfaces curvas.

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6. MODELAGEM FINAL E INTERPRETAÇÃO

6.1 Introdução

Os problemas de propagação de ondas desempenham um papel importante

em vários ramos da Geofísica, entre os quais está o método de investigação do

campo das ondas elásticas dentro da crosta e do manto superior da Terra, cuja

estrutura é muito complicada. Em muitas regiões a velocidade das ondas sísmicas

muda consideravelmente em todas as direções, regiões estas que são de grande

interesse para estudos contemporâneos de Geodinâmica. Além disso, existem

descontinuidades estruturais nas camadas mais superficiais da Terra que

apresentam formas geométricas e propriedades físicas das mais complicadas.

Para estudar a propagação das ondas elásticas em estruturas complicadas

podem ser utilizados métodos analíticos de aproximação, tais como o método do

raio. Nas aplicações sismológicas este método foi utilizado inicialmente para

investigar principalmente a estrutura interna da Terra a partir das curvas de tempos

de percurso das body waves e para calcular raios e tempos de percurso teóricos, em

vários tipos de meio, para, finalmente, compará-los com os dados observados.

Uma das limitações na aplicação do método do raio é que dá resultados

aproximados, mesmo assim é o método que permite obter respostas aproximadas

para muitos problemas da propagação das ondas sísmicas de volume em meios

com modelos complicados. A grande utilidade do método de raio e, conjuntamente,

do pacote SEIS, é possibilitar a modelagem de meios lateralmente heterogêneos

com interfaces curvas.

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6.2 O Pacote SEIS

O pacote SEIS consiste em uma série de programas que auxiliam na

modelagem numérica de um campo de ondas sísmicas em estruturas de camadas

em duas dimensões, através do método de propagação de raios e da elaboração de

sismogramas sintéticos, que foi originalmente elaborado na Charles University,

Praga- Rep. Tcheca. (Cerveny & Psencik, 1988). Este pacote possui os programas

fontes abertos dando possibilidade de qualquer pesquisador alterá-los de acordo

com as suas necessidades, desse modo, com o passar dos anos é possível

encontrar várias versões desse pacote.

O pacote SEIS é constituído de seis programas. O programa principal

SEIS88, calcula as trajetórias dos raios, a partir de um modelo inicial, com seus

respectivos tempos de percurso e as amplitudes para a construção dos

sismogramas sintéticos. Os programas RAYPLOT, SYNTPL e SEISPLOT são

utilizados para construir os gráficos dos dados calculados no SEIS88, ou seja, eles

permitem principalmente a visualização dos modelos com o traçado de raios, as

curvas caminho-tempo e os sismogramas sintéticos. Estes programas possibilitam a

utilização da escala de tempo em tempo reduzido (Seção 2.5.1). Finalmente, os

programas SMOOTH e POLARPLOT tem por finalidade auxiliar na construção de

modelos de velocidade e para construir o diagrama de movimento de uma partícula,

respectivamente.

Para cada programa é necessário criar um arquivo de entrada. Nestes

arquivos de entrada são colocadas as informações básicas como o modelo

estrutural, grade de velocidades, posições dos registradores, escalas de tempo e de

distância para os gráficos dos modelos, densidade do meio e fator de qualidade,

entre as principais. Todos estes dados são colocados em arquivos formato ASCII,

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estruturados para que o pacote localize em cada posição do arquivo os valores que

deverão ser utilizados para determinado processamento.

Um ponto positivo do pacote de programas SEIS é que ele proporciona o

processamento de modelos relativamente complicados. Permite a elaboração de

modelos com interfaces inclinadas e curvas, regiões em forma de lente, camadas

com quinas, além de poder considerar gradientes verticais e variações laterais de

velocidades. A limitação numérica do programa, no caso da grade de velocidades é

de 1000 pontos para todas as camadas, consideradas no modelo, o que é suficiente

para descrever uma estrutura complexa. O traçado de raios, que está limitado a 400

pontos por raio, e o número total de estações de registro que está limitado a 99

posições. O limite de 400 pontos força-nos, algumas vezes, a reduzir a precisão do

traçado do raio (curvatura) ou ampliar o círculo de precisão de chegada do raio em

torno do registrador, para que haja uma convergência. O problema do número

máximo de registradores pode ser contornado diminuindo-se o número de

registradores concentrando-os nas regiões da maior interesse do modelo. No caso

dos modelos das Seções 1 e 2, estes problemas não chegaram a afetar tanto,

porque os raios tem uma distância menor para percorrer se comparados aos raios

do modelo para uma seção com 300 km. No caso da seção de 300 km de extensão

é necessário reduzir a amostragem dos raios e o número de posições de registro,

pois no nosso caso, existem mais de 99 posições de registro e os raios percorrem

trajetórias mais extensas. Os raios que excedem os 400 pontos são

desconsiderados automaticamente.

Outro ponto positivo deste pacote é a quantidade de documentos explicativos

(manuais) que ele possui, dando respaldo para os iniciantes e para quem deseja

alterar o seu código fonte.

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Para determinar os raios que chegam aos registradores é utilizado o método

de traçado de raios entre dois pontos (two-point ray tracing): o programa faz partir

um raio da fonte sísmica até determinado registrador e depois, se o raio atingir um

círculo ao redor do registrador com um diâmetro que é estipulado pelo usuário, faz o

caminho de volta até a fonte. Desta forma, o programa vai gerando raios com

distâncias próximas ao registrador até conseguir o raio mais próximo da posição do

registrador. Este raio é armazenado em um arquivo. Se não é obtido êxito em um

certo número de iterações (também determinado pelo usuário), ou se o raio passar

de 400 pontos, esta posição de registrador é desconsiderada, então o programa não

cria um raio para esta posição. O tempo de percurso para um determinado

registrador é obtido através de uma interpolação linear entre os tempos de percurso

dos raios mais próximos, em ambos os lados da posição do registrador em questão

e é utilizada a amplitude do raio mais próximo.

Quanto a distribuição de velocidades em cada camada, o pacote SEIS utiliza

a aproximação bicubic spline interpolation, que é a mais utilizada neste tipo de

modelamento. Esta aproximação consiste numa interpolação suave dos valores de

velocidade na interface (as primeiras e segundas derivadas são contínuas). Este

procedimento é utilizado quando é necessário efetuar uma interpolação em um

intervalo razoavelmente grande, dividindo este intervalo em intervalos menores e

utilizando polinômios de graus baixos (geralmente do 3º grau) para fazer a

interpolação nestes intervalos menores. Finalmente, unem-se estes intervalos

menores, cada uma com a sua interpolação, voltando a formar o intervalo original

totalmente interpolado. Esse processo garante uma interpolação bem suave.

O programa também possui em sua documentação uma tabela de código de

erros que ocorrem com mais freqüência. Esta tabela é muito útil para direcionar a

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construção dos arquivos de entrada no caminho certo, entretanto muitas mensagens

não são diretas, por exemplo, se uma mensagem indica que o raio não consegue

alcançar a superfície o problema pode estar no gradiente de velocidade escolhido,

ou na posição da fonte, ou na escolha do intervalo dos ângulos dos raios que saem

da fonte, ou seja, é exigido um conhecimento razoável da lógica do programa para

identificar onde estariam as prováveis fontes de erro.

Este pacote, possui a opção de gerar automaticamente ondas diretas e

refletidas, do tipo P e/ou S. Também permite gerar manualmente ondas refletidas e

as diving waves através de um código simples definido por seus programadores.

Neste código indica-se o tipo de raio (refletido ou transmitido), o número de

elementos que os raios terão e por quais camadas passarão. Os códigos que iniciam

com 1 indicam reflexão e os que iniciam com 0 indicam transmissão, e o segundo

algarismo indica o número de componentes que o raio possuirá. Por exemplo, o

código 1 4 1 2 2 1, indica que o raio é refletido na segunda interface, tem quatro

elementos e passará duas vezes pela primeira e duas vezes pela segunda camada.

No caso das ondas “refratadas”, o código 0 1 1, indica que o raio será transmitido,

que tem um elemento e que passará pela primeira camada e pelas seguintes

camadas, dependendo da distância epicentral considerada, desse modo, o

programa gerará todos os raios com estas características que o modelo permitir.

Observando-se os exemplos de códigos de raios acima, pode-se perceber

que no caso do código 0 1 1, é mencionado que o raio é transmitido e não refratado,

o que significa que o programa não traça as refrações críticas seguindo as

interfaces, mas sim uma sucessão de raios que mergulham e curvam-se em várias

profundidades da mesma camada, devido ao gradiente de velocidade. Desse modo,

o código acima (0 1 1) é suficiente para o programa traçar todas os raios

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transmitidos possíveis para um determinado modelo, pois os raios iniciais (primeira

camada) são transmitidos para as demais camadas e, de acordo com os gradientes,

são curvados e redirecionados à superfície quando for o caso. Assim, ajustando-se o

gradiente de velocidade para um valor adequado obtêm-se raios que simulam com

precisão satisfatória as refrações críticas.

Outra limitação do pacote SEIS é que não mostra nos gráficos caminho-

tempo, as curvas correspondentes as ondas refletidas em conjunto com as diving

waves. As reflexões são mostradas somente nos sismogramas sintéticos.

Além de utilizar o programa SEIS, foram utilizados também diversos pacotes

de programas instalados nas estações de trabalho do Laboratório de Sismologia do

IAG/USP, tais como: GMT, para a construção das seções sísmicas e traçado das

curvas caminho-tempo teóricas nessas seções; XMGR, para visualizar o refinamento

dos modelos e alguns scripts elaborados em Unix por diversos autores, que

permitem transformar os arquivos do SAC em formato ASCII e utilizá-los no GMT.

Todos estes pacotes acima citados são de grande auxílio no processo de

modelagem, pois permitem uma visualização rápida dos traços em conjunto com as

linhas correspondentes às velocidades sísmicas.

6.3 Modelagem dos Dados

Iniciou-se com o programa SEIS dos dados relativos à Seção 1 (tiros direto e

reverso). O primeiro modelo considerado foi o modelo refinado obtido

preliminarmente com o programa TVEL. Desta vez, delimitou-se melhor a interface

relativa à Bacia do Paraná, considerando camadas inclinadas, e utilizou-se um

gradiente de velocidade mais realístico, 0.01km/s (Mooney et al., 1983), que o

utilizado anteriormente no programa TVEL. A partir deste modelo começou-se o

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aperfeiçoamento contínuo do modelo através da comparação entre os resultados

teóricos, gerados do modelo, e os dados reais obtidos no campo.

Para cada modelo (Seção 1) foram gerados o diagrama de raios, o gráfico

com as curvas caminho-tempo e os sismogramas sintéticos para fazer a

comparação com os dados reais. Como o programa SEIS88 salva em arquivos

ASCII as tabelas para a construção do gráficos, fica facilitada a leitura dos tempos

teóricos de chegada que o programa calculou para as fases principais. Desse modo,

pode-se comparar os valores calculados com os tempos de chegada observados

originais e ir modificando o modelo, sucessivamente.

Os modelos finais conseguidos, utilizando o pacote SEIS, estão apresentados

nas Figuras 6.1a e 6.1b, correspondentes, respectivamente, ao gráfico das curvas

caminho-tempo e ao traçado de raios do tiro direto da Seção 1. Na Figura 6.2 se

apresentam os sismogramas sintéticos correspondentes a esse tiro. Na Figura 6.3

são apresentados resultados semelhantes para a porção inicial da linha

correspondente ao tiro direto. Os resultados correspondentes ao tiro reverso da

Seção 1 são apresentados nas Figuras 6.4 e 6.5.

Nas Figuras 6.6 e 6.7 são apresentados, respectivamente, os gráficos

caminho-tempo/traçado de raios e os sismogramas sintéticos do tiro direto da Seção

2 (EX34-Ex37). O modelo apresentado nessas figuras foi extrapolado do tiro reverso

da Seção 1

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A.

B.

Figura 6.1 - A) Curvas Caminho-Tempo - Seção 1 - Tiro Direto - Modelo Final(Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).

Figura 6.1 - B) Traçado de Raios - Seção 1 - Tiro Direto - Modelo Final

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Figura 6.2 - Sismogramas Sintéticos com ondas refratadas e refletidas - Seção 1 - Tiro Direto -Modelo Final (Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).

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A.

B.

Figura 6.3 - A) Curvas Caminho-Tempo - Seção 1 - Tiro Direto - Tempo Reduzido (Vred = 6km/s)

Figura 6.3 - B) Traçado de Raios - Seção 1 (Região da Bacia do Paraná) - Tiro Direto

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A.

B.

Figura 6.4 - A) Curvas Caminho-Tempo - Seção 1 - Tiro Reverso - Modelo Final(Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).

Figura 6.4 - B) Traçado de Raios - Seção 1 - Tiro Reverso - Modelo Final

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Figura 6.5 - Sismogramas Sintéticos com ondas refratadas e refletidas - Seção 1 - Tiro Reverso-Modelo Final (Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).

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A.

B.

Figura 6.6 - A) Curvas Caminho-Tempo - Seção 2 - Tiro Direto(Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).

Figura 6.6 - B) Traçado de Raios - Seção 2 - Tiro Direto

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Figura 6.7 - Sismogramas Sintéticos com ondas refratadas e refletidas - Seção 2 - Tiro Direto -(Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).

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Foi elaborado um modelo teórico preliminar para a linha sísmica integral entre

as explosões EX31 e EX37, principalmente para ser utilizado como orientação na

identificação de algumas reflexões de ângulo amplo de refletores mais profundos

(20km e 40km), utilizando como base o modelo obtido na porção superficial da

Seção 1 e complementado com dados da porção mais profunda da crosta

publicados em trabalhos anteriores (Giese & Schutte, 1975; Pedreschi, 1989;

Alarcon, 1989; Assumpção, 1994). Nos registros originais da linha L3 aparecem

alguns sinais relativamente claros, com tempos superiores a 30 segundos e

distâncias superiores a 150 km, sugerindo tratar-se de prováveis reflexões de

camadas mais profundas. Através deste modelo preliminar tenta-se neste trabalho

identificar essas prováveis reflexões. Os resultados correspondentes a este modelo

são apresentados nas Figuras 6.8 (gráficos das curvas caminho-tempo e traçado de

raios) e 6.9 (sismogramas sintéticos). Nas Figuras 6.10 e 6.11 pode-se observar as

reflexões da camada cuja velocidade inicial é de 8 km/s (descontinuidade de Moho),

que não aparece nas figuras anteriores por uma limitação numérica do programa.

6.4 Resultados Finais

6.4.1 Seção 1

A Seção 1, de 150 km de extensão, entre os tiros EX31 e EX34, como foi dito

anteriormente, é importante porque cruza a interface da Bacia do Paraná com a

Faixa de Dobramentos Brasília. Durante o processo de modelagem e verificação dos

traços iniciais das primeiras chegadas, foram observadas fases secundárias

importantes que ajudaram a definir os parâmetros do modelo. Isso auxiliou na

reformulação da grade de velocidades, tornando-a mais realística.

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A.

B.

Figura 6.8 - A) Curvas Caminho-Tempo - Seção Total - Tiro Direto - Modelo Final(Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).

Figura 6.8 - B) Traçado de Raios - Seção Total - Tiro Direto - Modelo Final

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Figura 6.9 - Sismogramas Sintéticos - Seção Total (ref. Figura 6.8) - Tiro Direto -Modelo Final (Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).

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A.

Reflexão MOHO

Figura 6.10 - A) Curvas Caminho-Tempo - Seção Total - Tiro Direto - Modelo Final(Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).

Figura 6.10 - B) Traçado de Raios enfatizando a reflexão na descontinuidade de MOHOSeção Total - Tiro Direto - Modelo Final

B. MOHO

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Figura 6.11 - Sismogramas Sintéticos incluindo a reflexão na descontinuidade de MOHO -Seção Total - Tiro Direto - Modelo Final (Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).

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Os resultados apresentados nas Figuras 6.1 a 6.3 foram obtidos através de

diversas tentativas de comparação entre os dados reais com os dados teóricos do

modelo, até conseguir-se a melhor aproximação entre esses dados, como se mostra

na Figura 6.12 (modelo final), que corresponde ao tiro direto da Seção 1. De forma

semelhante, para o tiro reverso da Seção 1, os resultados apresentados nas Figuras

6.4 e 6.5 foram obtidos através das comparações como as mostradas na Figura 6.13

(modelo final). Esse procedimento tornou-se de grande utilidade para a conseguir o

modelo final, considerando-se a qualidade pobre dos sinais desta linha de RSP.

Os tempos de percurso teóricos, dos primeiros 60 km do tiro direto da Seção

1 mostrados na Figuras 6.3, concordam, em grande parte, com os tempos de

percurso reais. Entretanto, não é possível identificar a reflexão da camada de baixa

velocidade nos sismogramas registrados devido a sua proximidade com outras fases

secundárias, apesar dessa camada ter sido incluída no modelo.

6.4.2 Seção 2

Nas Figuras 6.6 e 6.7 foram apresentados os resultados parciais do tiro direto

da Seção 2. O modelo apresentado nessas figuras foi extrapolado do tiro reverso da

Seção 1. Esse modelo não chegou a ser refinado, principalmente, devido a

qualidade dos dados (Figura 5.3) ser inferior aos da Seção 1 (Figuras 5.1 e 5.2).

6.4.3 Seção Total

Para o modelo de 300 km de extensão não foram elaboradas grades de

velocidades específicas. Foi utilizada a grade da Seção 1, extrapolando a penúltima

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camada dessa grade e para as camadas mais profundas foram utilizados dados

retirados de modelos existentes na literatura.

Neste caso, da mesma forma que nas seções anteriores, os resultados

mostrados nas Figuras 6.8 e 6.9 foram conseguidos de ajustes obtidos através de

gráficos como o da Figura 6.14, que mostra o resultado final dessa seção.

6.5 Interpretação dos Resultados

Os resultados obtidos para a Seção 1 não permitiram a elaboração de um

modelo único representativo dessa seção. Isto foi devido a baixa qualidade dos

sinais que não atingiram a extensão completa desta seção em ambos sentidos. Além

disso, a presença da Bacia do Paraná num extremo desta seção dificultou o cálculo

das profundidades devido a presença da camada de baixa velocidade sob a camada

de basalto. Por este motivo o modelo final proposto para esta seção é apresentado,

na Tabela 6.1, para os tiros direto e reverso.

Tabela 6.1 – Modelos finais para a Seção 1 (150km)

Seção 1 – Tiro Direto Seção 1 – Tiro Reverso

Camada Prof. (km) V (km/s) Camada Prof. (km) V (km/s)

1 0 2,00 1 0 2,0

2 0,086 5,15 2 0,060 5,69

3 0,350 4,60 3 0,860 6,25

4 0,650 5,75 4 16,5 6,7

5 4,00 6,07 5 41,5 8,00

6 20,00 6,70

7 40,00 8,00

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Fig

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6.1

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Na Tabela 6.1 as fases definidas com as primeiras chegadas estão diferen-

ciadas das definidas com chegadas secundárias (sombreadas), em ambos os tiros.

A Bacia do Paraná é a feição tectônica dominante na região do tiro direto da

Seção 1. Ela está presente nos primeiros 125 km da porção superficial SW dessa

seção, como pode ser observado na Figura 6.1, porém com mais detalhe na Figura

6.3. Os dados reais também mostram a presença dessa bacia, como se observa na

Figura 6.12. Na seção da Figura 6.16 aparece uma curva correspondente a reflexão

no topo da camada de baixa velocidade, porém esta fase não foi identificada nos

sismogramas reais.

As seções das Figuras 6.15 e 6.16, em escala de tempo normal e reduzido,

respectivamente, não mostram uma correlação clara entre os sinais registrados e as

curvas caminho-tempo teóricas, devido a baixa qualidade dos dados como se

explica anteriormente e a escala em que os dados são representados. Essa

correlação pode ser observada no gráfico da Figura 6.12 que mostra as mesmas

curvas caminho-tempo teóricas juntamente com as leituras das fases identificadas

nos sismogramas reais.

Os sismogramas sintéticos foram utilizados principalmente para identificar

algumas fases através do tempo de percurso teórico das mesmas, no entanto eles

também podem ser utilizados para correlacionar as amplitudes dos sismogramas

sintéticos e as amplitudes das fases reais observadas.

Nas Figuras 6.18 e 6.18 são apresentadas as seções em tempo normal e

reduzido para o tiro reverso da Seção 1, respectivamente. Nestas seções observa-se

a melhor qualidade dos sinais correspondentes a explosão EX34 que foi efetuada

num poço perfurado numa rocha competente (granitóide da Formação Araxá),

apesar de ter sido utilizada uma carga de 500 kg de explosivo, ou seja, a metade da

carga utilizada na explosão EX31. Outro fator que pode ter influenciado na qualidade

pobre dos sinais do tiro direto, além da falta de coesão no local do tiro, é a geologia

da Bacia do Paraná que teria atenuado os sinais da carga de 1000 kg da explosão

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EX31. O gráfico da Figura 6.13 também mostra uma correlação melhor entre os

dados teóricos e reais do que os dados mostrados nas seções das Figuras 6.17 e

6.18.

O gráfico da Figura 6.13 apresenta algumas peculiaridades que podem

corresponder a feições geológicas existentes em algumas porções desta seção. Por

exemplo, o tiro reverso apresenta, em torno dos 25 km a partir da origem, uma

distribuição de pontos formando uma curva com tempos de chegada mais rápidos

que a velocidade sugerida pelos pontos anteriores e posteriores a essa porção da

linha. Esta feição resultou na opção de uma velocidade média maior que a dos

pontos extremos, que talvez não seja a mais apropriada para esta camada.

Finalmente, a Seção Total (tiro direto) com dados da explosão EX31. Nas

Figuras 6.19 e 6.20, são mostradas as seções com tempo normal e reduzido,

respectivamente, juntamente com as curvas caminho-tempo teóricas

correspondentes ao modelo apresentado na Tabela 6.1 (tiro direto). Na seção da

Figura 6.19 foi possível observar algumas fases secundárias (prováveis reflexões)

em torno dos 150 km e dos 200 km e outras mais que ajudaram a definir um modelo

preliminar para a crosta sob a região de estudo. Estas fases podem ser verificadas

no gráfico da Figura 6.14, o modelo é apresentado na Tabela 6.2.

Tabela 6.2 – Modelo final para a Seção Total

Seção Total – Tiro Direto

Camada Prof. (km) V (km/s)

1 0 2,00

2 0,086 5,15

3 0,350 4,60

4 0,650 5,75

5 4,00 6,07

6 20,00 6,70

7 40,00 8,00

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Fig

ura

6.1

5-

Seção

Sís

mic

are

fere

nte

ao

tiro

dir

eto

da

Seção

1.

01234567891

011

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

05

01

00

15

0

000-501

001-503002-508

003-509

004-510

005-511

006-512

007-513

008-515

010-518

011-533

012-521

013-522

015-525

019-534

020-535

023-538

025-540

027-542

029-543

030-SSR1

032-SSR1

035-552

036-553

037-554

038-558

039-559

040-560

041-561

043-569

044-570

045-572

046-575

047-578

049-580

050-581

051-582

053-584

054-SSR1

055-585056-SSR1

059-587 060-588

Tempo(s)

Dis

tância

(km

)

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Fig

ura

6.1

6-

Seção

Sís

mic

a,em

tem

po

red

uzid

o,re

fere

nte

ao

tiro

dir

eto

da

Seção

1.

Dis

tância

(km

)

-1012345

050

100

150

000-501

001-503002-508

003-509

004-510

005-511

006-512

007-513

008-515

010-518

011-533

012-521

013-522

015-525

019-534

020-535

023-538

027-542

029-543

030-SSR1

032-SSR1

036-553

037-554

038-558

039-559

040-560

041-561

042-563

043-569

044-570

046-575

047-578

049-580

050-581

053-584

054-SSR1

055-585056-SSR1

059-587 060-588

t-X/6(s)

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Fig

ura

6.1

7-

Seção

Sís

mic

are

fere

nte

ao

tiro

revers

od

aS

eção

1.

Tempo(s)

Dis

tância

(km

)

012345678910

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

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22

23

24

25

26

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050

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150

003-509

004-510

006-512

007-513

008-515

010-518

011-533

012-521

013-522

014-523

019-534

020-535

023-538

025-540

027-542

029-543

032-SSR1

033-549

035-552

036-553

037-554

038-558

039-559

040-560

041-561

042-563

043-569

044-570

045-572

046-575

047-578

049-580

050-581

051-582 052-583

053-584

054-SSR1

055-585056-SSR1

058-SSR1059-587060-588

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Fig

ura

6.1

8-

Seção

Sís

mic

a,em

tem

po

red

uzid

o,re

fere

nte

ao

tiro

revers

od

aS

eção

1.

t-X/6(s)

Dis

tância

(km

)-1012345

05

01

00

15

0

000-501

001-503

002-508

003-509

004-510

005-511

006-512

007-513

008-515

009-517

010-518

011-533

012-521

013-522

014-523015-525

017-531

019-534

020-535

023-538

025-540

028-SSR1

029-543

030-SSR1

032-SSR1

033-549

035-552

036-553

038-558

039-559

040-560

041-561

043-569

044-570

045-572

046-575

047-578

049-580

050-581

051-582 052-583

053-584

054-SSR1

055-585056-SSR1

058-SSR1059-587060-588

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Fig

ura

6.1

9-

Seção

Sís

mic

are

fere

nte

ao

tiro

dir

eto

da

Seção

To

tal.

Tempo(s)

Dis

tância

(km

)

05

10

15

20

25

30

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40

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00

000-501001-503002-508003-509004-510005-511006-512007-513008-515

010-518011-533012-521013-522

023-538

025-540

029-543

032-SSR1033-549

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039-559040-560

043-569

047-578049-580050-581

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058-SSR059-587 060-588

061-589062-590

066-594067-SSR1068-596

071-SSR3072-598073-599074-600075-601

077-603078-604079-605080-606 081-608 082-609

086-615087-616 088-617090-PRG1091-619092-620094-622

096-623

099-PRG4 100-625101-626102-627103-628104-629105-630106-631107-633108-641

110-643

115-656

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Fig

ura

6.2

0-

Seção

Sís

mic

a,em

tem

po

red

uzid

o,re

fere

nte

ao

tiro

revers

od

aS

eção

To

tal.

Dis

tância

(km

)

-5-4-3-2-1012345

050

100

150

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250

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000-501001-503002-508003-509004-510005-511006-512

008-515

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023-538

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035-552036-553

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047-578049-580050-581

053-584054-SSR1055-585 056-SSR1

058-SSR059-587 060-588

061-589062-590

066-594067-SSR1068-596

071-SSR3072-598073-599074-600075-601

077-603078-604079-605080-606 081-608 082-609083-612

087-616 088-617090-PRG1

094-622095-PRG2096-623

100-625101-626102-627103-628104-629105-630106-631107-633108-641

110-643

115-656

t-X/6(s)