6. modelagem final e interpretaÇÃo - teses.usp.br · traçado do raio (curvatura) ou ampliar o...
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6. MODELAGEM FINAL E INTERPRETAÇÃO
6.1 Introdução
Os problemas de propagação de ondas desempenham um papel importante
em vários ramos da Geofísica, entre os quais está o método de investigação do
campo das ondas elásticas dentro da crosta e do manto superior da Terra, cuja
estrutura é muito complicada. Em muitas regiões a velocidade das ondas sísmicas
muda consideravelmente em todas as direções, regiões estas que são de grande
interesse para estudos contemporâneos de Geodinâmica. Além disso, existem
descontinuidades estruturais nas camadas mais superficiais da Terra que
apresentam formas geométricas e propriedades físicas das mais complicadas.
Para estudar a propagação das ondas elásticas em estruturas complicadas
podem ser utilizados métodos analíticos de aproximação, tais como o método do
raio. Nas aplicações sismológicas este método foi utilizado inicialmente para
investigar principalmente a estrutura interna da Terra a partir das curvas de tempos
de percurso das body waves e para calcular raios e tempos de percurso teóricos, em
vários tipos de meio, para, finalmente, compará-los com os dados observados.
Uma das limitações na aplicação do método do raio é que dá resultados
aproximados, mesmo assim é o método que permite obter respostas aproximadas
para muitos problemas da propagação das ondas sísmicas de volume em meios
com modelos complicados. A grande utilidade do método de raio e, conjuntamente,
do pacote SEIS, é possibilitar a modelagem de meios lateralmente heterogêneos
com interfaces curvas.
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6.2 O Pacote SEIS
O pacote SEIS consiste em uma série de programas que auxiliam na
modelagem numérica de um campo de ondas sísmicas em estruturas de camadas
em duas dimensões, através do método de propagação de raios e da elaboração de
sismogramas sintéticos, que foi originalmente elaborado na Charles University,
Praga- Rep. Tcheca. (Cerveny & Psencik, 1988). Este pacote possui os programas
fontes abertos dando possibilidade de qualquer pesquisador alterá-los de acordo
com as suas necessidades, desse modo, com o passar dos anos é possível
encontrar várias versões desse pacote.
O pacote SEIS é constituído de seis programas. O programa principal
SEIS88, calcula as trajetórias dos raios, a partir de um modelo inicial, com seus
respectivos tempos de percurso e as amplitudes para a construção dos
sismogramas sintéticos. Os programas RAYPLOT, SYNTPL e SEISPLOT são
utilizados para construir os gráficos dos dados calculados no SEIS88, ou seja, eles
permitem principalmente a visualização dos modelos com o traçado de raios, as
curvas caminho-tempo e os sismogramas sintéticos. Estes programas possibilitam a
utilização da escala de tempo em tempo reduzido (Seção 2.5.1). Finalmente, os
programas SMOOTH e POLARPLOT tem por finalidade auxiliar na construção de
modelos de velocidade e para construir o diagrama de movimento de uma partícula,
respectivamente.
Para cada programa é necessário criar um arquivo de entrada. Nestes
arquivos de entrada são colocadas as informações básicas como o modelo
estrutural, grade de velocidades, posições dos registradores, escalas de tempo e de
distância para os gráficos dos modelos, densidade do meio e fator de qualidade,
entre as principais. Todos estes dados são colocados em arquivos formato ASCII,
70
estruturados para que o pacote localize em cada posição do arquivo os valores que
deverão ser utilizados para determinado processamento.
Um ponto positivo do pacote de programas SEIS é que ele proporciona o
processamento de modelos relativamente complicados. Permite a elaboração de
modelos com interfaces inclinadas e curvas, regiões em forma de lente, camadas
com quinas, além de poder considerar gradientes verticais e variações laterais de
velocidades. A limitação numérica do programa, no caso da grade de velocidades é
de 1000 pontos para todas as camadas, consideradas no modelo, o que é suficiente
para descrever uma estrutura complexa. O traçado de raios, que está limitado a 400
pontos por raio, e o número total de estações de registro que está limitado a 99
posições. O limite de 400 pontos força-nos, algumas vezes, a reduzir a precisão do
traçado do raio (curvatura) ou ampliar o círculo de precisão de chegada do raio em
torno do registrador, para que haja uma convergência. O problema do número
máximo de registradores pode ser contornado diminuindo-se o número de
registradores concentrando-os nas regiões da maior interesse do modelo. No caso
dos modelos das Seções 1 e 2, estes problemas não chegaram a afetar tanto,
porque os raios tem uma distância menor para percorrer se comparados aos raios
do modelo para uma seção com 300 km. No caso da seção de 300 km de extensão
é necessário reduzir a amostragem dos raios e o número de posições de registro,
pois no nosso caso, existem mais de 99 posições de registro e os raios percorrem
trajetórias mais extensas. Os raios que excedem os 400 pontos são
desconsiderados automaticamente.
Outro ponto positivo deste pacote é a quantidade de documentos explicativos
(manuais) que ele possui, dando respaldo para os iniciantes e para quem deseja
alterar o seu código fonte.
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Para determinar os raios que chegam aos registradores é utilizado o método
de traçado de raios entre dois pontos (two-point ray tracing): o programa faz partir
um raio da fonte sísmica até determinado registrador e depois, se o raio atingir um
círculo ao redor do registrador com um diâmetro que é estipulado pelo usuário, faz o
caminho de volta até a fonte. Desta forma, o programa vai gerando raios com
distâncias próximas ao registrador até conseguir o raio mais próximo da posição do
registrador. Este raio é armazenado em um arquivo. Se não é obtido êxito em um
certo número de iterações (também determinado pelo usuário), ou se o raio passar
de 400 pontos, esta posição de registrador é desconsiderada, então o programa não
cria um raio para esta posição. O tempo de percurso para um determinado
registrador é obtido através de uma interpolação linear entre os tempos de percurso
dos raios mais próximos, em ambos os lados da posição do registrador em questão
e é utilizada a amplitude do raio mais próximo.
Quanto a distribuição de velocidades em cada camada, o pacote SEIS utiliza
a aproximação bicubic spline interpolation, que é a mais utilizada neste tipo de
modelamento. Esta aproximação consiste numa interpolação suave dos valores de
velocidade na interface (as primeiras e segundas derivadas são contínuas). Este
procedimento é utilizado quando é necessário efetuar uma interpolação em um
intervalo razoavelmente grande, dividindo este intervalo em intervalos menores e
utilizando polinômios de graus baixos (geralmente do 3º grau) para fazer a
interpolação nestes intervalos menores. Finalmente, unem-se estes intervalos
menores, cada uma com a sua interpolação, voltando a formar o intervalo original
totalmente interpolado. Esse processo garante uma interpolação bem suave.
O programa também possui em sua documentação uma tabela de código de
erros que ocorrem com mais freqüência. Esta tabela é muito útil para direcionar a
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construção dos arquivos de entrada no caminho certo, entretanto muitas mensagens
não são diretas, por exemplo, se uma mensagem indica que o raio não consegue
alcançar a superfície o problema pode estar no gradiente de velocidade escolhido,
ou na posição da fonte, ou na escolha do intervalo dos ângulos dos raios que saem
da fonte, ou seja, é exigido um conhecimento razoável da lógica do programa para
identificar onde estariam as prováveis fontes de erro.
Este pacote, possui a opção de gerar automaticamente ondas diretas e
refletidas, do tipo P e/ou S. Também permite gerar manualmente ondas refletidas e
as diving waves através de um código simples definido por seus programadores.
Neste código indica-se o tipo de raio (refletido ou transmitido), o número de
elementos que os raios terão e por quais camadas passarão. Os códigos que iniciam
com 1 indicam reflexão e os que iniciam com 0 indicam transmissão, e o segundo
algarismo indica o número de componentes que o raio possuirá. Por exemplo, o
código 1 4 1 2 2 1, indica que o raio é refletido na segunda interface, tem quatro
elementos e passará duas vezes pela primeira e duas vezes pela segunda camada.
No caso das ondas “refratadas”, o código 0 1 1, indica que o raio será transmitido,
que tem um elemento e que passará pela primeira camada e pelas seguintes
camadas, dependendo da distância epicentral considerada, desse modo, o
programa gerará todos os raios com estas características que o modelo permitir.
Observando-se os exemplos de códigos de raios acima, pode-se perceber
que no caso do código 0 1 1, é mencionado que o raio é transmitido e não refratado,
o que significa que o programa não traça as refrações críticas seguindo as
interfaces, mas sim uma sucessão de raios que mergulham e curvam-se em várias
profundidades da mesma camada, devido ao gradiente de velocidade. Desse modo,
o código acima (0 1 1) é suficiente para o programa traçar todas os raios
73
transmitidos possíveis para um determinado modelo, pois os raios iniciais (primeira
camada) são transmitidos para as demais camadas e, de acordo com os gradientes,
são curvados e redirecionados à superfície quando for o caso. Assim, ajustando-se o
gradiente de velocidade para um valor adequado obtêm-se raios que simulam com
precisão satisfatória as refrações críticas.
Outra limitação do pacote SEIS é que não mostra nos gráficos caminho-
tempo, as curvas correspondentes as ondas refletidas em conjunto com as diving
waves. As reflexões são mostradas somente nos sismogramas sintéticos.
Além de utilizar o programa SEIS, foram utilizados também diversos pacotes
de programas instalados nas estações de trabalho do Laboratório de Sismologia do
IAG/USP, tais como: GMT, para a construção das seções sísmicas e traçado das
curvas caminho-tempo teóricas nessas seções; XMGR, para visualizar o refinamento
dos modelos e alguns scripts elaborados em Unix por diversos autores, que
permitem transformar os arquivos do SAC em formato ASCII e utilizá-los no GMT.
Todos estes pacotes acima citados são de grande auxílio no processo de
modelagem, pois permitem uma visualização rápida dos traços em conjunto com as
linhas correspondentes às velocidades sísmicas.
6.3 Modelagem dos Dados
Iniciou-se com o programa SEIS dos dados relativos à Seção 1 (tiros direto e
reverso). O primeiro modelo considerado foi o modelo refinado obtido
preliminarmente com o programa TVEL. Desta vez, delimitou-se melhor a interface
relativa à Bacia do Paraná, considerando camadas inclinadas, e utilizou-se um
gradiente de velocidade mais realístico, 0.01km/s (Mooney et al., 1983), que o
utilizado anteriormente no programa TVEL. A partir deste modelo começou-se o
74
aperfeiçoamento contínuo do modelo através da comparação entre os resultados
teóricos, gerados do modelo, e os dados reais obtidos no campo.
Para cada modelo (Seção 1) foram gerados o diagrama de raios, o gráfico
com as curvas caminho-tempo e os sismogramas sintéticos para fazer a
comparação com os dados reais. Como o programa SEIS88 salva em arquivos
ASCII as tabelas para a construção do gráficos, fica facilitada a leitura dos tempos
teóricos de chegada que o programa calculou para as fases principais. Desse modo,
pode-se comparar os valores calculados com os tempos de chegada observados
originais e ir modificando o modelo, sucessivamente.
Os modelos finais conseguidos, utilizando o pacote SEIS, estão apresentados
nas Figuras 6.1a e 6.1b, correspondentes, respectivamente, ao gráfico das curvas
caminho-tempo e ao traçado de raios do tiro direto da Seção 1. Na Figura 6.2 se
apresentam os sismogramas sintéticos correspondentes a esse tiro. Na Figura 6.3
são apresentados resultados semelhantes para a porção inicial da linha
correspondente ao tiro direto. Os resultados correspondentes ao tiro reverso da
Seção 1 são apresentados nas Figuras 6.4 e 6.5.
Nas Figuras 6.6 e 6.7 são apresentados, respectivamente, os gráficos
caminho-tempo/traçado de raios e os sismogramas sintéticos do tiro direto da Seção
2 (EX34-Ex37). O modelo apresentado nessas figuras foi extrapolado do tiro reverso
da Seção 1
A.
B.
Figura 6.1 - A) Curvas Caminho-Tempo - Seção 1 - Tiro Direto - Modelo Final(Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).
Figura 6.1 - B) Traçado de Raios - Seção 1 - Tiro Direto - Modelo Final
75
Figura 6.2 - Sismogramas Sintéticos com ondas refratadas e refletidas - Seção 1 - Tiro Direto -Modelo Final (Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).
76
A.
B.
Figura 6.3 - A) Curvas Caminho-Tempo - Seção 1 - Tiro Direto - Tempo Reduzido (Vred = 6km/s)
Figura 6.3 - B) Traçado de Raios - Seção 1 (Região da Bacia do Paraná) - Tiro Direto
77
A.
B.
Figura 6.4 - A) Curvas Caminho-Tempo - Seção 1 - Tiro Reverso - Modelo Final(Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).
Figura 6.4 - B) Traçado de Raios - Seção 1 - Tiro Reverso - Modelo Final
78
Figura 6.5 - Sismogramas Sintéticos com ondas refratadas e refletidas - Seção 1 - Tiro Reverso-Modelo Final (Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).
79
A.
B.
Figura 6.6 - A) Curvas Caminho-Tempo - Seção 2 - Tiro Direto(Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).
Figura 6.6 - B) Traçado de Raios - Seção 2 - Tiro Direto
80
Figura 6.7 - Sismogramas Sintéticos com ondas refratadas e refletidas - Seção 2 - Tiro Direto -(Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).
81
82
Foi elaborado um modelo teórico preliminar para a linha sísmica integral entre
as explosões EX31 e EX37, principalmente para ser utilizado como orientação na
identificação de algumas reflexões de ângulo amplo de refletores mais profundos
(20km e 40km), utilizando como base o modelo obtido na porção superficial da
Seção 1 e complementado com dados da porção mais profunda da crosta
publicados em trabalhos anteriores (Giese & Schutte, 1975; Pedreschi, 1989;
Alarcon, 1989; Assumpção, 1994). Nos registros originais da linha L3 aparecem
alguns sinais relativamente claros, com tempos superiores a 30 segundos e
distâncias superiores a 150 km, sugerindo tratar-se de prováveis reflexões de
camadas mais profundas. Através deste modelo preliminar tenta-se neste trabalho
identificar essas prováveis reflexões. Os resultados correspondentes a este modelo
são apresentados nas Figuras 6.8 (gráficos das curvas caminho-tempo e traçado de
raios) e 6.9 (sismogramas sintéticos). Nas Figuras 6.10 e 6.11 pode-se observar as
reflexões da camada cuja velocidade inicial é de 8 km/s (descontinuidade de Moho),
que não aparece nas figuras anteriores por uma limitação numérica do programa.
6.4 Resultados Finais
6.4.1 Seção 1
A Seção 1, de 150 km de extensão, entre os tiros EX31 e EX34, como foi dito
anteriormente, é importante porque cruza a interface da Bacia do Paraná com a
Faixa de Dobramentos Brasília. Durante o processo de modelagem e verificação dos
traços iniciais das primeiras chegadas, foram observadas fases secundárias
importantes que ajudaram a definir os parâmetros do modelo. Isso auxiliou na
reformulação da grade de velocidades, tornando-a mais realística.
A.
B.
Figura 6.8 - A) Curvas Caminho-Tempo - Seção Total - Tiro Direto - Modelo Final(Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).
Figura 6.8 - B) Traçado de Raios - Seção Total - Tiro Direto - Modelo Final
83
Figura 6.9 - Sismogramas Sintéticos - Seção Total (ref. Figura 6.8) - Tiro Direto -Modelo Final (Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).
84
A.
Reflexão MOHO
Figura 6.10 - A) Curvas Caminho-Tempo - Seção Total - Tiro Direto - Modelo Final(Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).
Figura 6.10 - B) Traçado de Raios enfatizando a reflexão na descontinuidade de MOHOSeção Total - Tiro Direto - Modelo Final
B. MOHO
85
Figura 6.11 - Sismogramas Sintéticos incluindo a reflexão na descontinuidade de MOHO -Seção Total - Tiro Direto - Modelo Final (Tempo Reduzido com Vred = 6km/s).
86
87
Os resultados apresentados nas Figuras 6.1 a 6.3 foram obtidos através de
diversas tentativas de comparação entre os dados reais com os dados teóricos do
modelo, até conseguir-se a melhor aproximação entre esses dados, como se mostra
na Figura 6.12 (modelo final), que corresponde ao tiro direto da Seção 1. De forma
semelhante, para o tiro reverso da Seção 1, os resultados apresentados nas Figuras
6.4 e 6.5 foram obtidos através das comparações como as mostradas na Figura 6.13
(modelo final). Esse procedimento tornou-se de grande utilidade para a conseguir o
modelo final, considerando-se a qualidade pobre dos sinais desta linha de RSP.
Os tempos de percurso teóricos, dos primeiros 60 km do tiro direto da Seção
1 mostrados na Figuras 6.3, concordam, em grande parte, com os tempos de
percurso reais. Entretanto, não é possível identificar a reflexão da camada de baixa
velocidade nos sismogramas registrados devido a sua proximidade com outras fases
secundárias, apesar dessa camada ter sido incluída no modelo.
6.4.2 Seção 2
Nas Figuras 6.6 e 6.7 foram apresentados os resultados parciais do tiro direto
da Seção 2. O modelo apresentado nessas figuras foi extrapolado do tiro reverso da
Seção 1. Esse modelo não chegou a ser refinado, principalmente, devido a
qualidade dos dados (Figura 5.3) ser inferior aos da Seção 1 (Figuras 5.1 e 5.2).
6.4.3 Seção Total
Para o modelo de 300 km de extensão não foram elaboradas grades de
velocidades específicas. Foi utilizada a grade da Seção 1, extrapolando a penúltima
88
camada dessa grade e para as camadas mais profundas foram utilizados dados
retirados de modelos existentes na literatura.
Neste caso, da mesma forma que nas seções anteriores, os resultados
mostrados nas Figuras 6.8 e 6.9 foram conseguidos de ajustes obtidos através de
gráficos como o da Figura 6.14, que mostra o resultado final dessa seção.
6.5 Interpretação dos Resultados
Os resultados obtidos para a Seção 1 não permitiram a elaboração de um
modelo único representativo dessa seção. Isto foi devido a baixa qualidade dos
sinais que não atingiram a extensão completa desta seção em ambos sentidos. Além
disso, a presença da Bacia do Paraná num extremo desta seção dificultou o cálculo
das profundidades devido a presença da camada de baixa velocidade sob a camada
de basalto. Por este motivo o modelo final proposto para esta seção é apresentado,
na Tabela 6.1, para os tiros direto e reverso.
Tabela 6.1 – Modelos finais para a Seção 1 (150km)
Seção 1 – Tiro Direto Seção 1 – Tiro Reverso
Camada Prof. (km) V (km/s) Camada Prof. (km) V (km/s)
1 0 2,00 1 0 2,0
2 0,086 5,15 2 0,060 5,69
3 0,350 4,60 3 0,860 6,25
4 0,650 5,75 4 16,5 6,7
5 4,00 6,07 5 41,5 8,00
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Teo
rica
s
92
Na Tabela 6.1 as fases definidas com as primeiras chegadas estão diferen-
ciadas das definidas com chegadas secundárias (sombreadas), em ambos os tiros.
A Bacia do Paraná é a feição tectônica dominante na região do tiro direto da
Seção 1. Ela está presente nos primeiros 125 km da porção superficial SW dessa
seção, como pode ser observado na Figura 6.1, porém com mais detalhe na Figura
6.3. Os dados reais também mostram a presença dessa bacia, como se observa na
Figura 6.12. Na seção da Figura 6.16 aparece uma curva correspondente a reflexão
no topo da camada de baixa velocidade, porém esta fase não foi identificada nos
sismogramas reais.
As seções das Figuras 6.15 e 6.16, em escala de tempo normal e reduzido,
respectivamente, não mostram uma correlação clara entre os sinais registrados e as
curvas caminho-tempo teóricas, devido a baixa qualidade dos dados como se
explica anteriormente e a escala em que os dados são representados. Essa
correlação pode ser observada no gráfico da Figura 6.12 que mostra as mesmas
curvas caminho-tempo teóricas juntamente com as leituras das fases identificadas
nos sismogramas reais.
Os sismogramas sintéticos foram utilizados principalmente para identificar
algumas fases através do tempo de percurso teórico das mesmas, no entanto eles
também podem ser utilizados para correlacionar as amplitudes dos sismogramas
sintéticos e as amplitudes das fases reais observadas.
Nas Figuras 6.18 e 6.18 são apresentadas as seções em tempo normal e
reduzido para o tiro reverso da Seção 1, respectivamente. Nestas seções observa-se
a melhor qualidade dos sinais correspondentes a explosão EX34 que foi efetuada
num poço perfurado numa rocha competente (granitóide da Formação Araxá),
apesar de ter sido utilizada uma carga de 500 kg de explosivo, ou seja, a metade da
carga utilizada na explosão EX31. Outro fator que pode ter influenciado na qualidade
pobre dos sinais do tiro direto, além da falta de coesão no local do tiro, é a geologia
da Bacia do Paraná que teria atenuado os sinais da carga de 1000 kg da explosão
93
EX31. O gráfico da Figura 6.13 também mostra uma correlação melhor entre os
dados teóricos e reais do que os dados mostrados nas seções das Figuras 6.17 e
6.18.
O gráfico da Figura 6.13 apresenta algumas peculiaridades que podem
corresponder a feições geológicas existentes em algumas porções desta seção. Por
exemplo, o tiro reverso apresenta, em torno dos 25 km a partir da origem, uma
distribuição de pontos formando uma curva com tempos de chegada mais rápidos
que a velocidade sugerida pelos pontos anteriores e posteriores a essa porção da
linha. Esta feição resultou na opção de uma velocidade média maior que a dos
pontos extremos, que talvez não seja a mais apropriada para esta camada.
Finalmente, a Seção Total (tiro direto) com dados da explosão EX31. Nas
Figuras 6.19 e 6.20, são mostradas as seções com tempo normal e reduzido,
respectivamente, juntamente com as curvas caminho-tempo teóricas
correspondentes ao modelo apresentado na Tabela 6.1 (tiro direto). Na seção da
Figura 6.19 foi possível observar algumas fases secundárias (prováveis reflexões)
em torno dos 150 km e dos 200 km e outras mais que ajudaram a definir um modelo
preliminar para a crosta sob a região de estudo. Estas fases podem ser verificadas
no gráfico da Figura 6.14, o modelo é apresentado na Tabela 6.2.
Tabela 6.2 – Modelo final para a Seção Total
Seção Total – Tiro Direto
Camada Prof. (km) V (km/s)
1 0 2,00
2 0,086 5,15
3 0,350 4,60
4 0,650 5,75
5 4,00 6,07
6 20,00 6,70
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007-513
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011-533
012-521
013-522
015-525
019-534
020-535
023-538
025-540
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029-543
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nte
ao
tiro
revers
od
aS
eção
1.
Tempo(s)
Dis
tância
(km
)
012345678910
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
050
100
150
003-509
004-510
006-512
007-513
008-515
010-518
011-533
012-521
013-522
014-523
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029-543
032-SSR1
033-549
035-552
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037-554
038-558
039-559
040-560
041-561
042-563
043-569
044-570
045-572
046-575
047-578
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050-581
051-582 052-583
053-584
054-SSR1
055-585056-SSR1
058-SSR1059-587060-588
97
Fig
ura
6.1
8-
Seção
Sís
mic
a,em
tem
po
red
uzid
o,re
fere
nte
ao
tiro
revers
od
aS
eção
1.
t-X/6(s)
Dis
tância
(km
)-1012345
05
01
00
15
0
000-501
001-503
002-508
003-509
004-510
005-511
006-512
007-513
008-515
009-517
010-518
011-533
012-521
013-522
014-523015-525
017-531
019-534
020-535
023-538
025-540
028-SSR1
029-543
030-SSR1
032-SSR1
033-549
035-552
036-553
038-558
039-559
040-560
041-561
043-569
044-570
045-572
046-575
047-578
049-580
050-581
051-582 052-583
053-584
054-SSR1
055-585056-SSR1
058-SSR1059-587060-588
98
Fig
ura
6.1
9-
Seção
Sís
mic
are
fere
nte
ao
tiro
dir
eto
da
Seção
To
tal.
Tempo(s)
Dis
tância
(km
)
05
10
15
20
25
30
35
40
45
50
05
01
00
15
02
00
25
03
00
000-501001-503002-508003-509004-510005-511006-512007-513008-515
010-518011-533012-521013-522
023-538
025-540
029-543
032-SSR1033-549
035-552036-553
039-559040-560
043-569
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061-589062-590
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086-615087-616 088-617090-PRG1091-619092-620094-622
096-623
099-PRG4 100-625101-626102-627103-628104-629105-630106-631107-633108-641
110-643
115-656
99
Fig
ura
6.2
0-
Seção
Sís
mic
a,em
tem
po
red
uzid
o,re
fere
nte
ao
tiro
revers
od
aS
eção
To
tal.
Dis
tância
(km
)
-5-4-3-2-1012345
050
100
150
200
250
300
000-501001-503002-508003-509004-510005-511006-512
008-515
010-518011-533012-521013-522
023-538
025-540
029-543
032-SSR1
035-552036-553
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043-569
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077-603078-604079-605080-606 081-608 082-609083-612
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094-622095-PRG2096-623
100-625101-626102-627103-628104-629105-630106-631107-633108-641
110-643
115-656
t-X/6(s)