6 - congresso da unificação

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OUTUBRO 2009 - 6ª edição - ANO III QUADRIMESTRAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - VENDA PROIBIDA www.sintetel.org [email protected] Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo EM REVISTA PAULINHO DA FORÇA Deputado federal explica desafios para a redução da jornada de trabalho Serra Negra recebe sindicatos filiados à Fenattel para definir diretrizes nacionais dos trabalhadores em telecomunicações COPA A política entra em campo

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Linha Direta - Revista do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações no Estado de São Paulo – SINTETEL-SP

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Page 1: 6 - Congresso da Unificação

OUTUBRO 2009 - 6ª edição - ANO III QUADRIMESTRAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - VENDA [email protected]

Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo

EM REVISTA

Congresso da Unificação

PAULINHO DA FORÇADeputado federal explica desafios para a redução da jornada de trabalho

Serra Negra recebe sindicatos filiados à

Fenattel para definir diretrizes nacionais

dos trabalhadores em telecomunicações

COPAA política entra em campo

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Nem só de trabalho vive o homem. Foi com esse lema em mente que o Sintetel, em busca pela qualidade de vida do trabalhador, tornou disponível aos associados quatro colônias de férias em diferentes praias do litoral paulista. Saiba o que cada uma delas oferece e, para reserva ou informações mais detalhadas, entre em contato com a Secretaria. Telefone: (11) 3351-8899.

Caraguá I - Ministro João CléofasAv. José Herculano , 5035 – Porto Novo Cep: 11667-500 – Caraguatatuba – SPFone: (012) 3887-2782 / Fax: (012) 3887-2856

Caraguá II - José Fernandes da SilvaRua José Cândido Capelli, 395 - Porto NovoCEP: 11667-500 - Caraguatatuba - SPFone: (12) 3887-3469/ Fax: (12) 3888-3228

Ilha Comprida (Nova Capri)Av. Beira Mar, 24.340 - Vila Capri CEP: 11.925-000 - Ilha Comprida - SP Fone: (13) 3842-6252 / E-mail:[email protected]

Praia Grande- Dr. José dos Santos NetoAv. Eponina , 320 – Aviação Cep: 11725-240 – Praia Grande - SPFone: (013) 3481-2142 / Fax: (013) 3481-2142

Viaje no próximo verão. Vá para as colônias de férias do Sintetel !

Não fique fora dessa! Informe-se e viaje nas próximas férias.

Page 3: 6 - Congresso da Unificação

LINHA DIRETA em revista 3

ÍNDICE

EM REVISTA

16

20

32

10

Editorias

4 Editorial

12 Subsedes

30 Telecomunicações

32 Mulher

34 Notícias

36 Aposentados

38 Cultura

41 Passatempo

Artigo

40 Suicídios de Telefônicos - João Guilherme Vargas Netto

Homenagem

42 Concretização do Talento - Conheça Paulo Rodrigues

Articulação - A rede de relacionamentos do Sintetel .......... 5As frentes de atuação e parcerias do Sindicato

Fique por dentro - O que é e como surgiu o Twitter ............. 8Saiba mais sobre a nova ferramenta de interação digital

Esporte - Como fica a capital paulista na Copa 2014 ........... 10A estruturação de São Paulo para o campeonato mundial de futebol

Entrevista - Paulinho da Força ............................................. 16Sindicalista fala sobre economia, redução da jornada e política

Saúde - Saiba mais sobre a gripe suína .............................. 18O diagnóstico, formas de contágio e os números da doença no Brasil

Capa - Congresso de telecomunicações ................................ 20Fenattel organiza encontro sindical para discutir futuro da área

Juventude - Estudantes vivenciam o poder político ................ 26Parlamento Jovem promove aproximação com a política

Privatização - Os últimos 10 anos em telecomunicações... 28Um balanço da área e do emprego após a desestatização

Mulher - A inserção feminina no emprego ............................... 32Sintetel cria iniciativa para reinserir mulheres no mercado de trabalho

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É com muito orgulho que apre-sento a sexta edição de nossa re-vista. O projeto está caminhando, em grande parte, graças às enti-dades parceiras que acreditaram no Sintetel. A presente edição conta com a parceria da ABET que comemora, em 2009, o seu centenário de existência.

Quero destacar a realização do 3º Congresso da Fenattel, ocorrido no mês de setembro, abordado com ênfase nesta edição. Con-fesso que fiquei feliz por participar ativamente da realização deste evento, que marca uma nova era dos trabalhadores em teleco-municações no Brasil. Trata-se da reunificação da categoria que se encontrava dividida por divergências ocorridas no passado. Vale ressaltar que o companheiro Gilberto Dourado (licenciado da presidência da Fenattel) também lutou muito para que atingísse-mos este patamar de unidade da categoria.

Tive o privilégio de observar nos representantes de cada sindicato filiado a vontade de remar para o mesmo lado. Pude também per-ceber durante as plenárias, nas apresentações das teses, nas dis-cussões nos corredores, nas votações e até mesmo nos momentos de lazer, a união e a determinação das 350 lideranças presentes pela busca da aliança em favor do trabalhador brasileiro.

O 3º Congresso aconteceu na cidade de Serra Negra, no interior do estado de São Paulo. Mas, para nossa categoria, a cidade sempre será lembrada como a Serra da Unificação, da Unidade e da Mobili-zação. A cidade foi palco de um acontecimento histórico para nossa categoria. Rumo à nova fase! Agora a luta é de todos!

Boa leitura.

*Almir Munhoz é presidente do Sintetel.

4 LINHA DIRETA em revista

Momento histórico

EDIToRIAL

Almir Munhoz *

DIRETORIA DO SINTETEL

Presidente: Almir Munhoz

Vice-Presidente: Gilberto Rodrigues Dourado

Diretoria Executiva: Cristiane do Nascimento, Fábio Oliveira da Silva, José Carlos Guicho, Joseval Barbosa da Silva e

Marcos Milanez Rodrigues.

Diretores Secretários: Alcides Marin Salles, Ana Maria da Silva, Aurea Meire Barrence, Germar Pereira da Silva, José Clarismunde

de Oliveira Aguiar, Kátia Silvana Vasconcelos de Barros, Maria Edna Medeiros e Welton José de Araújo.

Diretores Regionais: Elísio Rodrigues de Sousa, Eudes José Marques, Jorge Luiz Xavier, José Roberto da Silva, Ismar José

Antonio, Genivaldo Aparecido Barrichello e Mauro Cava de Britto.

Jurídico: Humberto Viviani [email protected]

OSLT: Paulo Rodrigues [email protected]

Recursos Humanos: Sergio Roberto [email protected]

COORDENAÇÃO EDITORIAL

Diretor Responsável: Almir Munhoz

Jornalista Responsável: Marco Tirelli MTb 23.187

Revisão Geral: Amanda Santoro MTb 53.062

Redação: Amanda Santoro, Emilio Franco Jr., Larissa Armani e Marco Tirelli

Diagramação: Priscila Manzari ([email protected])

Fotos: Jota Amaro e Osmar Cardes

Colaboradores: João Guilherme Vargas Netto, Paulo Rodrigues e Theodora Venckus

Impressão: Gráfica Unisind Ltda. (www.unisind.com.br)

Distribuição: Sintetel

Tiragem: 25.000 exemplares

Periodicidade: QuadrimestralLinha Direta em Revista é uma publicação do Sindicado dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo

Rua Bento Freitas, 64 - Vila Buarque | 01220-000 | São Paulo SP 11 3351-8899

www.sintetel.org | [email protected]

SUBSEDESABC: (11) 4123-8975 [email protected]: (14) 3231-1616 [email protected]

Campinas: (19) 3236-1080 [email protected]: (16) 3610-3015 [email protected]

Santos: (13) 3225-2422 [email protected] Preto: (17) 3232-5560 [email protected]

V. Paraíba: (12) 3939-1620 [email protected] Sintetel é filiado à Fenattel (Federação Nacional dos Trabalha-dores em Telecomunicações), à UNI (Rede Sindical Internacional) e à Força Sindical. Os artigos publicados nesta revista expressam

exclusivamente a opinião de seus autores.

CartasSou leitora assídua de Linha Direta em Revista. E gostaria de parabenizar a redação, pois a publicação está melhor a cada edição. Para melhorar só mesmo se Linha Direta em Revista fosse uma publicação mensal.

Atenciosamente,

Suzana Campos Souza, 23Analista de Projetos, Captação e Parcerias

Você também pode enviar as suas sugestões, opiniões e comen-tários para a redação de Linha Direta em Revista. Basta encaminhar um e-mail para [email protected], ligar para (11) 3351-8892 ou mandar uma carta para o seguinte endereço:

Rua Bento Freitas, 64 – Vila BuarqueCEP: 01220-000 – São Paulo - SP

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LINHA DIRETA em revista 5

A política por trás do Sintetel Conheça a rede de entidades que eleva as reivindicações do

Sindicato em escala nacional e mundialAmanda Santoro e Emilio Franco Jr.

SINTETEL E ENTIDADES

Interação

Mas para assimilar a filiação do Sintetel a essa entidade é preciso compreender como a globalização aportou na área das telecomunica-ções e trouxe mudanças significa-tivas para o cenário nacional. Uma delas, e com certeza a mais marcante de todas, foi a privatização do setor em 1998. Os serviços, que até en-tão eram garantidos pelo Estado, foram repassados a empresas pri-vadas com o objetivo de abranger todo o território brasileiro. Mui-tas dessas companhias, inclusive, começaram seus trabalhos com forte atuação em diferentes estados, dificultando a luta unitária contra a precarização dos contratos, a falta de qualificação da mão de obra e a desmobilização da categoria.

Vislumbrando esse cenário alarman-te, Osvaldo Rossato, presidente da Fenattel e do Sintetel entre o fim da década de 80 até meados dos anos 90, sentiu a necessidade de se articular com os demais sindicatos de telecomunicações do País. A in-tenção era endossar a luta contra as multinacionais que – de olho nos lucros – diminuíram as condições dos trabalhadores da categoria. Po-rém, apesar da necessidade la-tente, ainda havia um problema: o Sintetel era filiado à Fetcop (Fede-ração Estadual dos Trabalhadores dos Correios e Publicidade). “Como nosso foco de atuação sempre foi o ramo das telecomunicações, achei melhor sairmos dessa federação es-tadual para nos filiarmos à Fenattel.

Era o caminho natural das coisas”, afirmou Rossato. E foi assim que o Sindicato paulista ingressou na Fe-deração Nacional do setor.

Desde então, a importância do Sin-tetel no cenário nacional começou a ser ampliada. A tendência atual de refiliação de diversos sindicatos es-taduais à Fenattel, citada pelo presi-dente do sindicato de telecomuni-cações do Rio, é em grande parte fruto do trabalho exercido por re-presentantes do próprio Sintetel, já que a federação era, até pouco tem-po, presidida pelo vice-presidente do Sindicato, Gilberto Dourado, que se licenciou do cargo, e agora a entidade está sob o comando do presidente Almir Munhoz.

Já não é segredo que a força e a representatividade do Sinte-tel têm aumentado significativamente ao longo das últimas décadas. A entidade conta hoje com uma base de 200 mil trabalhadores e, para garantir as melhores conquistas a seus representados, encontra-se inserida em uma ampla rede de entidades com as quais mantém relações políticas.

São federações, centrais, confederações e associações que

executam papéis estratégicos na formulação e execução de políticas públicas e setoriais em parceria com o Sintetel. Esse tipo de laço fortalece o poder de organização de uma entidade grande e complexa como é atualmente o Sindi-cato dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo. Conhecer melhor as instituições que cercam o Sindicato é uma boa forma de aprofundar o conhecimento também sobre o próprio Sintetel.

A FenattelCriada em 1948, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunica-ções é uma entidade suprapartidária e pluralista que congrega 18 sindicatos de diferentes estados brasileiros. A sua finalidade é dar diretrizes aos dirigentes sindicais dessas entidades para que, juntos, atuem por melhores condições de trabalho em escala nacional. “A tendência é que os principais sindicatos do País se unam à Fenattel para que existam melhores condições de luta”, afirma Luis Antonio Souza da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Rio de Janeiro (Sinttel-RJ), que possui a segunda maior base de trabalhadores da categoria, atrás apenas de São Paulo.

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CONTCOP

Anagrama Sindical

Confederação

Federação

Sindicatos

UNI

Central Sindical

6 LINHA DIRETA em revista

Presidida atualmente por Paulo Pereira da Silva, também deputado federal pelo estado de São Paulo, a Força Sindical desponta como uma das grandes defensoras dos traba-lhadores brasileiros. “A Força está solidificando sua imagem como referência mundial. A central está à frente de importantes reivindicações como a luta pela redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem arrocho salarial, campanhas sa-lariais unificadas, unidade das cen-

trais e constituição do secretaria-do nacional”, disse Almir Munhoz, presidente do Sintetel, que também foi eleito vice-presidente da Força no último mês de julho.

Por duas vezes, em diferentes perío-dos, o Sintetel se filiou à Força Sin-dical. A primeira filiação aconteceu ainda na gestão de Osvaldo Rossato, no início dos anos 90, data próxima à fundação da central. Porém, quan-do Luiz Antonio Medeiros, então

presidente da Força, posicionou-se abertamente a favor da privatiza-ção do setor, uma ruptura fez-se necessária. O Sintetel fazia oposição categórica à privatização setorial e, inclusive, em 1997, apresentou um plano alternativo ao então Presi-dente da República, Fernando Hen-rique Cardoso, sobre a questão. Já na gestão Almir Munhoz, iniciada em 1998, o Sintetel retorna à enti-dade, permanecendo filiado a ela até os dias de hoje.

A Força SindicalFundada em 8 de março de 1991 por Luiz Antonio de Medeiros, atual secretário de Relações do Trabalho do governo Lula, a Força Sindical possui hoje cerca de 1.200 sindicatos filiados. Com estrutura diferente das confederações, federações e sindicatos, a central sindical não reúne apenas trabalhadores de um mesmo setor, mas de diversas categorias do mundo do trabalho. As lutas encabeçadas pela entidade devem ser vis-tas pela ótica da macroestrutura e devem abranger os anseios de todos os trabalhadores brasileiros.

A CONTCOPO trabalho da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Comunicações e Publicidade (CONTCOP), fundada em 13 de outubro de 1964, é semelhante ao das centrais sindicais. O seu diferencial, entretanto, é que sua atuação é voltada exclusivamente para a categoria profissional que representa, e não para os trabalhadores em geral, como acontece com a Força Sindical, por exemplo.

A Confederação luta junto às au-toridades por melhorias para o seu setor de representação, neste caso, evidentemente, de comunicações, no qual estamos inseridos. São as federações que se filiam à con-federação, completando assim a gerência da pirâmide sindical (veja anagrama ao lado).

Mas como acontece a atuação de uma confederação? Pode parecer complicado, mas na verdade não é. Através de reuniões periódicas, as confederações recebem as reivindi-cações das federações que, por consequência, são os anseios dos sindicatos de base. Ou seja, as preocupações cotidianas dos trabalhadores e dos sindicatos regionais são elevadas à macroestrutura para uma discussão ampliada.

SINTETEL E ENTIDADES

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LINHA DIRETA em revista 7

SINTETEL E ENTIDADES

O Sintetel sempre participou da Contcop por meio das federações a que estava filiado – primeira-mente a Fetcop e, posteriormente, a Fenattel, que se filiou à entidade logo que surgiu. “O auge político das confederações aconteceu um pouco antes da ditadura militar.

Naquela época não havia centrais sindicais e, por conta disso, eram as confederações que faziam a ati-vidade sindical em nível interna-cional”, afirmou o ex-dirigente sindical Osvaldo Rossato.

Com o surgimento das centrais sin-dicais, as confederações inevitavel-

mente perderam espaço. A grande maioria dos convites de cursos e seminários globais que o Sintetel re-cebe hoje é via Força Sindical. “Eu, por exemplo, cheguei a fazer cursos na Itália e nos Estados Unidos por meio da Contcop, o que denota essa mudança de posicionamento das entidades”, conclui Rossato.

A Força Sindical

Para se ter uma ideia de como fun-ciona a UNI, no ano de 2008, por exemplo, a entidade firmou um có-digo de conduta no exterior com as empresas Ability e Icomon para garantir que elas respeitarão a orga-nização sindical dos trabalhadores nos demais países da América do Sul nos quais, por ventura, venham a atuar. “Nós acreditamos que po-demos criar uma nova relação entre empresas e trabalhadores. Temos que manter o diálogo, vamos discutir, mas sempre de maneira civilizada”, afirmou na ocasião Philip Bowyer, vice-secretário geral da UNI.

A filiação junto à entidade é feita, via de regra, pelas federações e con-federações, mas o Sintetel optou pela adesão direta, ainda na época em que a denominação da UNI era IPCTT (Internacional do Pessoal de Correios, Telégrafos e Telefones). Essa decisão foi tomada com vis-tas na representatividade global da instituição, e porque a filiação do Sindicato ocorreu antes mesmo que

a Fenattel a fizesse – vale lembrar que a Contcop nunca esteve ligada à Rede Sindical Mundial.

As entidades filiadas à UNI recebem ajuda política dos seus secretariados profissionais internacionais. Casos como o de Sérgio Morello*, que ficaram mundialmente famosos, só foram resolvidos porque a UNI en-viou comunicados às embaixadas e consulados para chamar a atenção do mundo e trazer visibilidade à pressão desencadeada pelo Sintetel.

As diretrizes da UNI são debati-das a cada quatro anos quando a organização realiza um congresso global para a discussão dos proble-mas gerais dos trabalhadores em telecomunicações. A antiga secre-tária da mulher do Sintetel, Cenise Monteiro, hoje diretora da UNI, explica em linhas gerais a atuação da entidade. “Atualmente as empre-sas costumam ser multinacionais e, por isso, é necessário existir solida-

riedade internacional a favor do tra-balhador”, explica. “Somente com ações de união e organização sem fronteiras é que podemos conseguir mais respeito das multinacionais que operam em nosso país. É fun-damental que os sindicatos façam parte de entidades globais como a UNI”, afirma.

O Sintetel, desse modo, está cer-cado por entidades que defendem com características particulares os direitos trabalhistas. Os quatro exemplos citados acima são funda-mentais para se entender a ampli-tude do trabalho desenvolvido pelo Sindicato e em quem ele se apoia para manter a eficácia.

*Sérgio Morello foi coagido pela empresa como forma de neutralizar sua atuação sindical. Isolado em outro setor, Sérgio contou com o auxílio do Sintetel e da UNI para denunciar a empresa por disfunção e cárcere privado.

A UNIA UNI (Union Network International – Rede Sindical Mundial) é uma instituição que abrange todos os continentes do planeta e mantém acordos globais com empresas importantes de 14 setores distintos para assegurar o exercício das atividades sindicais junto às instituições privadas e zelar pela qualidade do trabalho dentro das empresas.

A entidade foi fundada em 1º de janeiro de 2000, como resultado da fusão de quatro federações internacionais (FIET, IC, FGI, MEI), e representa atualmente 900 sindicatos, que somam juntos 20 milhões de trabalhadores espalhados pelo mundo.

Page 8: 6 - Congresso da Unificação

8 LINHA DIRETA em revista

FIQUE PoR DENTRo

Como micro mensagens harmonizam conteúdo e interatividade no mundo

da internet

Larissa Armani

Mídias Sociais

O que você está fazendo?

Como funciona

A pergunta pode soar despretensiosa e corriqueira para a maioria das pessoas, mas quando inserida no contexto virtual é capaz de revolucionar os parâmetros de comunicação e interação. Para quem tem pouco ou quase nenhum contato com as mídias sociais que a web nos proporciona (como o Orkut, que é fenômeno entre os internautas brasi-leiros) pode não entender do que se trata a nova febre. O que você está fa-zendo? é a pergunta respondida pelos milhões de usuários que fazem parte

do Twitter, uma nova rede de relacio-namentos que funciona como uma es-pécie de miniblog.

Criado em 2006, o Twitter ficou co-nhecido por usar um recurso bem co-mum hoje em dia: a internet através do aparelho celular. Foi por meio das curtas mensagens de texto, mais co-nhecidas como SMS, que as primeiras atualizações e ideias foram publicadas na rede. Bastava cadastrar o número do aparelho em um site e as mensagens enviadas com destino ao Twitter logo

se tornavam textos na web. O caráter de microblog surgiu a partir de então, já que mensagens enviadas por celulares ocupavam no máximo 140 toques (que contam letras e espaços), o que fez com que o site também adotasse um padrão bem enxuto de atualizações (para se ter uma ideia, o último parágrafo aqui tem 579 caracteres). Hoje, além do aparelho celular, existem ferramentas como o Twitter Fox ou o Tweeter Feed, que são aplicativos que podem ser instalados para facilitar o envio de mensagens para o microblog.

A página trabalha de modo bem sim-ples, com uma pequena biografia e imagem que identifica cada partici-pante. O endereço do usuário é sempre uma junção do apelido por ele escolhi-do precedido de “@”. O relacionamen-to entre todos os conectados funciona por meio de seguidores, ou seja, cada perfil cadastrado pode ser seguido por pessoas conhecidas ou novos mem-bros que estejam interessados em ler suas atualizações.

A ideia deu tão certo que hoje o Twitter possui cerca de 10 milhões de contas cadastradas (segundo levantamento do ComScore), número infinitamente su-

perior aos 600 mil usuários que acom-panharam a novidade a partir do seu surgimento. A facilidade para postar novos conteúdos através das mensa-gens compactas despertou interesse mundial e trouxe uma avalanche de informações dos mais diversos tipos para os usuários. A rapidez com que assuntos polêmicos se alastram e re-cebem tratamento pelos “twiteiros” é impressionante, e fez com que o recurso fosse utilizado também por grandes personalidades e empresas. O dinamismo e facilidade em comparti-lhar conhecimento ou simplesmente poder dar uma pequena bisbilhotada transformou o microblog no terceiro site com maior audiência no mundo,

perdendo apenas para o Facebook (68 milhões de visitas no mês de janeiro) e MySpace (58 milhões), conforme da-dos divulgados pelo blog da Compete.

Para entender tais números é neces-sário ressaltar que assim como o Fa-cebook, que ainda não teve grande procura no Brasil, o site do Twitter é estruturado em inglês, ao contrário do que acontece no Orkut, que permite aos usuários escolherem a língua de preferência. Talvez esse pequeno de-talhe seja o suficiente para entender o porquê de a rede não ter tido uma aceitação massiva e, ainda assim, o quanto o seu número de usuários é expressivo.

Twittar é o verbo da vez

Page 9: 6 - Congresso da Unificação

Fórmula do sucesso

Saiba Mais:Google e Yahoo são sites de busca de conteúdo na internet.Orkut, Facebook e MySpace são sites de relacionamento online, em que pessoas de todo do mundo podem se cadastrar.

SMS do inglês Short Message Service - Serviço de Mensagens Curtas que enviamos do celular.Blog: Espaço onde o internauta divulga suas ideias sem a limitação de texto. É uma espécie de diário virtual.

Mariana Musa mostra como um mundo de informações invade sua casa e vida. Computadores, laptop, celular com internet e diversos objetos permitem que a jovem esteja sempre conectada com as novidades.

LINHA DIRETA em revista 9

FIQUE PoR DENTRo

O aparente paradoxo de ser uma ferramenta extremamente simples, porém muito eficaz fez com que a nova rede tam-bém se tornasse excelente aliada de marketing das em-presas. O número de perfis corporativos cadastrados tem aumentado cada vez mais e a tendência é que o Twitter seja utilizado como um canal direto com o consumidor. Segundo Mariana Musa, 23 anos, mestranda de biologia e administradora do perfil @cineseries (ligado a um site sobre conteúdos de programas televisivos que traz cerca de 3.800 seguidores), “o Twitter corporativo bem admi-nistrado agrada o usuário e gera uma imagem positiva para a empresa graças à maior proximidade entre consumidor e fornecedor”. Musa atenta ainda para o uso incorreto desses perfis, o que gera mal estar entre empresa e interessados por conta de sua má administração.

Os benefícios não param por aí. Perfis corporativos tentam estreitar relações com seus seguidores por meio de peque-nas promoções, enquetes, disponibilidade de vagas, entre outras tentativas de interação. É comum sites que estejam cadastrados no microblog oferecerem ingressos para cine-ma, passeios e produtos ligados à sua área de atuação.

Porém, como toda criação da internet em que milhões de pessoas podem acessar seu perfil e ler informações so-bre os mais diversos temas, há quem ache que o sistema possa agredir sua privacidade. Para quem é adepto de uma vida virtual mais reclusa, também é possível criar uma pá-gina no blog instantâneo que poderá ser vista apenas por pessoas autorizadas.

A esmagadora maioria, porém, apesar dos riscos de exposição exagerada da vida pessoal (que pode inclusive servir para meios não tão escusos assim, já que muitas empresas revelam visualizar os perfis online de seus candidatos para fatores de seleção), posta conteúdos abertos e faz o possível para ter o maior número possível de seguidores, o que é encarado como um símbolo de status no meio. Marcelo Myer, 25 anos, blogueiro e twitteiro, defende que a rede é realmente uma das melhores para compartilhar informações em tempo real mas fica “preocupado com esse boom de usuários mais recentes, pois talvez o uso esteja perdendo seu verdadeiro sentido, que é o de compartilhar, e não criar bate-papos dentro dos perfis.”

O fato incontestável, apesar das divergências levantadas pelos usuários, é de que o novo conceito de microblog-ging surgiu como um marco no estilo de interação virtual. O Twitter traz consigo um novo vocabulário, como twittar e twitteiros, além de uma nova forma de se comunicar e expor conteúdos. É o termômetro certo para dizermos que o futuro da comunicação está espalhado nos milhões de teclados ao redor do mundo.

Quem está lá

A miscelânea é notável. No site podem ser vistos tanto Barack Obama (que durante as eleições norte-americanas foi seguido por 2 milhões de usuários) quanto subcele-bridades que almejam repercussão no mundo digital. Essa é uma das principais características do Twitter: a demo-cracia com que milhares de usuários e assuntos surgem instantaneamente, sem se anularem, dando a chance de cada um pesquisar aquilo que mais lhe interessa.

Além da procura notória por atores, políticos e apresenta-dores, a nova rede de relacionamentos foi diversas vezes transformada em um enorme fórum de discussão sobre temas de maior destaque na mídia. É o caso, por exem-plo, do lançamento do filme Harry Potter e o Enigma do Príncipe, das eleições barulhentas no Irã e da mobilização nacional de maior repercussão ligada à insatisfação popular com a atuação de José Sarney à frente do Senado. Milhões de pessoas postaram diariamente tópicos sobre o assunto com o ícone “#forasarney” no final.

O jogo da velha, que consta no teclado do computador, seguido pelo discurso “fora Sarney” é uma tentativa de transformar o assunto em um dos dez mais comentados na página inicial do Twitter. Ou seja, quanto mais pes-soas postarem a frase, mais vezes o sistema de buscas irá contabilizá-lo, fazendo com que ele entre para os Tren-ding Topics, ou “assuntos comentados”. A repercussão em tempo real também fez com que a visibilidade do microblog aumentasse exponencialmente e despertasse o interesse de sites como o Google eYahoo, que já estão consolidados no mercado há muito mais tempo.

Twittar é o verbo da vez

Page 10: 6 - Congresso da Unificação

Walter Feldman discorreu sobre a estrutura dos estádios brasileiros.

Cel. José Vicente da Silva Filho enfatizou a importância da segurança em um evento dessa magnitude.

PREPARATIVoS

10 LINHA DIRETA em revista

Uma década de esporte

e superação Entenda os desafios que o País enfrenta para sediar a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016

Emilio Franco Jr. e Amanda Santoro

Que o Brasil é o país do futebol ninguém duvida. E essa será uma máxima que ganhará ainda mais força até 2014, ano em que a Copa do Mundo de Futebol, organizada pela FIFA, será realizada em terras nacionais. Até lá, o País passará por muitos testes, desde infraestrutura urbana até a segurança pública. Os desafios extracampo são vários e, sendo a maior cidade brasileira, a capital paulista precisa de muitas adequações para dar exemplo na organização. O primeiro passo é o próprio estádio e, para acabar com qualquer tipo de especulação, o Secretário Municipal de Esportes, Lazer e Recreação de São Paulo, Walter Feldman, é taxativo: “o estádio de São Paulo para a Copa do Mundo é o Morumbi e ponto final. Não existe outra alternativa”.

O secretário acrescentou que na visão do poder público, por tudo o que a cidade representa para o País, a abertura do campeonato mun-dial de futebol deve acontecer em São Paulo e, por isso, o estádio do tricolor paulista é a única escolha viável para os jogos. “O Pacaembu será modernizado, mas é um estádio pequeno, sem capacidade para sediar a abertura de um evento de tamanho porte”, afirmou Feldman. “Nunca questionamos o fato de a final ser no Rio e também não deve haver discussão em relação à abertura em São Paulo”, emendou. “Aqui se pratica o melhor futebol brasileiro e esta é a cidade de maior desenvolvimento do País”, finalizou.

O secretário não faz essas afirmações à toa. São Paulo organiza mais de 90 mil eventos por ano, conta com 42 mil leitos de hotéis, o que a deixa na confortável situação, ao lado de Curitiba e Natal, de já ter cumprido com sobra o número mínimo exigido pela FIFA, e disponibiliza mais de mil campos de futebol. No quesito segurança pública, apresenta um quarto da violência do Rio de Janeiro, e há pouco tempo implementou um rigoroso sistema de preparação de agentes. “Um policial demora atualmente dois anos para completar

seu processo de formação”, contou o Cel. José Vicente da Silva Filho. Tudo isso para garantir a segurança de mais de 11 milhões de pessoas e dos 600 mil turistas esperados para a época da competição. “Serão for-mados 10 mil novos policias para substituir os que se aposentarão nesse período e ampliar nosso efetivo”, acrescentou o Coronel. “O policial é uma referência para o turista e precisa estar preparado”.

Para receber bem essa quantidade enorme de estrangeiros, a cidade precisa investir fortemente na preparação de profissionais de diversos segmentos, além de ampliar consideravelmente a estrutura dos trans-portes. A principal crítica dos especialistas é em relação ao sistema aeroportuário que, do jeito que está hoje, não poderia receber adequa-damente mais de meio milhão de pessoas. “A situação aeroportuária não é das mais favoráveis. Não podemos achar que Viracopos mini-miza alguma coisa, pois está a 95 km da Capital”, afirmou o arquiteto Jorge Wilheim. “A solução pode ser melhorada com o trem de alta velocidade”, completou. O Governo Federal ainda não abriu licitação para a construção do chamado trem-bala entre as cidades do Rio de

Page 11: 6 - Congresso da Unificação

J Havilla alertou que o prazo é curto, pois tudo deve funcionar perfeitamente em 2013, durante a Copa das Confederações.

LINHA DIRETA em revista 11

Olimpíadas 2016

O Brasil recebeu com festa a notícia de que o Rio de Ja-neiro foi escolhido para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. A cidade carioca realizou uma campanha milionária, contou com nomes de peso em sua defesa durante todo o processo de escolha e derrotou de forma incontestável as concorrentes Madri, Tóquio e Chicago. Após a emoção que tomou conta dos brasileiros ao ver o presidente do COI (Comitê Olímpico Inter-nacional) anunciar o Rio como vitorioso, as autoridades, tam-bém em festa, já começaram a voltar suas atenções para os in-vestimentos milionários que o País fará. Serão R$ 30 bilhões gastos em infraestrutura, o que promete deixar um legado de progresso para os cariocas.

E a escolha do Rio também trouxe mais desafios para São Paulo. A estrutura da Copa de 2014 servirá ainda para as Olimpíadas de 2016. Isso porque o futebol não será dis-putado apenas na cidade ma-ravilhosa e, assim, o Morumbi tem o desafio de se enquadrar nas exigências rigorosas da FIFA e do COI.

Com a Copa das Confederações em 2013, Copa do Mundo em 2014 e Olimpíadas em 2016, não é exagero nenhum afirmar que na próxima década o Brasil será o País do esporte.

Janeiro e São Paulo. O projeto prevê paradas nos principais aeroportos das duas capitais e no de Campinas.

Além disso, o trânsito caótico da capital ainda é um empecilho a ser solucionado. “O trans-porte público paulista é defasado e existe o problema do congestionamento crônico”, aponta Josef Barat, presidente do Conselho de Desenvolvimento das Cidades da Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo). O Secretário Adjunto de Transportes Metropolitanos, João Paulo de Jesus Lopes, concorda que ainda há muito a ser feito e aponta os investimentos no setor. Segundo ele, serão investidos mais R$ 20 bilhões até 2010 na ampliação do transporte público. “A linha amarela será uma das mais moder-nas do mundo e passará a pouco mais de 1 quilômetro do estádio do Morumbi”, enfatiza Lopes. Essa obra, afirma ele, será totalmente finalizada em setembro de 2012.

O secretário conta ainda que por intermédio do PAC (Programa de Aceleração do Cresci-mento) haverá a construção de uma nova linha do Metrô, a Ouro. A intenção é ligar o aeroporto de Congonhas à nova estação São Paulo-Morumbi, da linha Amarela. Além disso, existirá o expresso aeroporto, um trem que partirá da estação da Luz com destino aos aeroportos da região. “Um dos grandes pro-blemas é o da recepção do turista, que começa no aeroporto e se estende pelo sistema de transporte”, afirmou o arquiteto Jorge Wi-lheim. Ele acrescenta que seriam necessárias três vezes mais linhas de metrô, mas que não há como construir tudo isso até a Copa. En-tretanto, ele concorda com os elogios à rede hoteleira da cidade e atenta para a necessidade de qualificar os profissionais do setor. “A nossa principal dificuldade será o idioma e as pes-soas precisam ser capacitadas”, afirmou.

O presidente da Traffic Assessoria e Comuni-cação, J Hawilla, alerta que a preparação para o mundial deve ser focada em 2013, ano em que o País sediará a Copa das Confederações, que serve como teste para o ano seguinte. “Todas as obras de infraestrutura têm que estar prontas em dezembro de 2012”, lembrou. Assim como a maioria dos eventos em escala mundial, o grau de exigência e os pré-requisitos solicitados para a realização da Copa têm ficado cada vez mais rígidos. “A FIFA esconderá, assim como na Copa da África, uma carta na manga, um plano B para o evento brasileiro. O Brasil não pode bobear, pois a entidade organizadora sabe utilizar muito bem este artifício quando necessário”, alertou.

Em relação ao estádio do Morumbi, o custo para modernizá-lo será bancado pela iniciativa

privada, já que ele é patrimônio do São Paulo Futebol Clube. A estimativa é que os gastos fiquem em torno dos R$ 250 milhões. E o ad-vogado do clube paulista, Dr. José Francisco Mansur, garante: “o São Paulo tem interesse total em conseguir fazer todas as mudanças requisitadas pela FIFA, só falta alcançarmos os meios”. Dr. Francisco ainda complementa: “Se fomos capazes de construir o estádio do Morumbi, quais motivos existem para pensar-mos que não conseguiremos reformá-lo?”. Ruy Ohtake, arquiteto responsável pelo projeto do “novo” Morumbi, afirma que são necessárias adaptações no estádio e que o último projeto entregue à entidade máxima do futebol trouxe alterações significativas em relação ao original. “A capacidade total do estádio ficará em 67 mil pessoas”, contou.

Adequações de estádios, investimentos em in-fraestrutura e qualificação da mão de obra são metas inquestionáveis, e o Brasil estima um gasto entre R$ 60 bilhões e R$ 100 bilhões para que isso se concretize. A margem de erro ainda é muito flutuável, pois as estimativas estão, por enquanto, no campo das hipóteses. Apesar do alto custo, a Copa de 2014 também produzirá um giro econômico muito alto em nosso País. Isso porque a renda proveniente do turismo é injetada diretamente no mercado, o que per-mite uma movimentação mais ágil e perceptível da economia. Estima-se que o município de São Paulo, segundo maior pólo turístico brasi-leiro, atrás somente do Rio de Janeiro, terá um aumento de turistas na casa dos 70%, o que torna o evento extremamente desejável para as autoridades locais. A Copa de 2014 também trará uma visibilidade enorme para o Brasil. “Imagina só sermos o foco do mundo durante 35 dias, é algo que não conseguimos mensu-rar”, finalizou Ruy Ohtake. O arquiteto Jorge Wilhein ainda completa este pensamento: “a Copa do Mundo alcança uma audiência tele-visiva dez vezes maior do que as Olimpíadas e é um pretexto para os estrangeiros escolherem o nosso País como destino de viagem.”

PREPARATIVoS

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Catedral Metropolitana de São Sebastião, um dos pontos turís-ticos da cidade, consagrada em 15 de junho de 1917. Ao lado, a antena da Embratel, uma das empresas da base do Sintetel.

Ribeirão Preto

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Em 1990, a região de Ribeirão Preto foi apresentada ao Bra-sil como a “Califórnia brasileira”. Segundo reportagem da Rede Globo, graças aos empresários da indústria do açúcar e do álcool, esta seria uma região moderna e sem problemas de pobreza.

Entretanto, alguns contrastes são encontrados, como a reali-dade precária dos cortadores de cana e os mecanismos de su-perexploração a que são submetidos, ou ainda o triste episó-dio ocorrido com os trabalhadores em telecomunicações após a venda das Centrais Telefônicas de Ribeirão Preto (Ceterp).

Conheça nesta reportagem a estratégica região onde o Sindi-cato instalou uma subsede.

A história de Ribeirão PretoRibeirão Preto é o centro da região que mais tem se desen-volvido no Brasil. Nascida em 1856, a cidade ganhou impulso com a lavoura de café cultivada pelos imigrantes e fertilizada pela terra vermelha (“rossa” para os italianos e “roxa” no lin-guajar caboclo).

A terra, então, transformou a região no maior produtor de grãos na virada do século XIX. Banhada por dois córregos, a

Foi através da subsede de Ribeirão Preto que o Sintetel resistiu bravamente contra um destino inevitável: a privatização da Ceterp. A seguir, Linha Direta em Revista convida o leitor a entrar na história e conhecer um pouco da realidade da região que luta até hoje para sanar as consequências da venda da empresa

Uma história de resistência

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Marco Tirelli

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Consultório dentário da subsede atende diariamente. Mais um benefício aos associados.

Equipe Sintetel: Os diretores Virgilio, José Roberto e Almir Soares; Dra. Márcia (dentista), José Carlos (assessor) e Dna. Leonira, coordenadora dos aposentados.

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área logo se transformou em uma importante cidade e novas culturas, como a cana-de-açúcar, a soja, o milho, o algodão, a laranja e, mais tarde, a agroindústria, foram implantadas.

Cerca de 90 municípios compõem a região de Ribeirão Preto, obtendo um total de três milhões de habitantes em uma área de 30 mil km². O destaque, obviamente, fica por conta do município-sede, que forma um pólo de atração de atividades comerciais e de prestação de serviços, estendendo-se para as regiões de Franca, Barretos, São Carlos e São João da Boa Vista.

A região também é um dos principais centros universitários e de pesquisa do País, com destaque para as áreas médicas em Ribeirão Preto, engenharia em São Carlos, agronomia e vete-rinária em Jaboticabal, e zootecnia e engenharia de alimentos em Pirassununga. A área ainda é a maior produtora mundial de açúcar e álcool. As usinas representam uma das principais atividades econômicas da região. São 21 fábricas que empre-gam cerca de oito mil trabalhadores.

Mas existe o contraponto. Leandro Amorim Rosa, no trabalho acadêmico “O perfil dos cortadores de cana da região de Ri-beirão Preto”, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da cidade, aponta a precariedade e a superexploração desta mão de obra. Além disso, o autor discorre sobre as condições de ex-trema sobrecarga de trabalho com alta insalubridade. Fato este também denunciado pela Pastoral do Migrante.

Localização e AcessoRibeirão Preto situa-se no nordeste do Estado de São Paulo, a 313 km da capital. O principal acesso ao município é feito pela Rodovia Anhanguera (SP 330). Em um raio de 200 km, encon-tram-se algumas das principais cidades do interior de São Paulo e de Minas Gerais – Araraquara, Bauru, Barretos, Campinas, Franca, Limeira, São Carlos, São José do Rio Preto, Uberaba e Uberlândia. Com mais de 500 mil habitantes, segundo o Cen-so Demográfico realizado pelo IBGE em 2007, Ribeirão Preto é uma das maiores cidades de São Paulo e do Brasil.

Referência em SaúdeO município está entre os primeiros do Brasil no ranking na-cional de proporção médico por habitante. São 3 mil médicos,

um para cada 160 habitantes. A rede de saúde de Ribeirão Preto desponta como uma das mais importantes e desenvolvidas do País. São 16 hospitais e 35 unidades de saúde. Integram a rede as faculdades da USP, da Unaerp, do Centro Universitário Barão de Mauá, do Centro Universitário Moura Lacerda e da Unip.

Como tudo começou

A subsede de Ribeirão Preto foi fundada em 1986, na gestão do então presidente Geraldo de Vilhena Cardoso. Mas a história começou um pouco antes, conforme conta o diretor regional José Roberto da Silva. “Éramos funcionários da Ce-terp e trabalhávamos para a prefeitura, pois se tratava de uma empresa municipal. Aqui havia muito sofrimento. Quando vinha aumento pela Telebrás, os patrões falavam que pertencía-mos à prefeitura. E quando vinha aumento pela prefeitura, diziam que pertencíamos à Telebrás. Em resumo, não tínhamos reajustes salariais”, afirma.

A situação se tornou insustentável e, no final de 1985, um grupo de funcionários decidiu procurar o Sintetel. “Em 28 de janeiro de 1986, o TRT-SP concedeu o direito à nossa sindi-calização e o Sintetel assinou o primeiro acordo coletivo. Vale lembrar que ninguém faz nada sozinho e nesta luta temos que destacar os companheiros Pardal, Sete, Camilo, Ederson, San-tina, o falecido Silvio, e o Artur, que foi uma grande liderança sindical na região”, destaca José Roberto.

A primeira atuação sindical da recém inaugurada subsede foi contra o descumprimento das cláusulas do acordo coletivo. “Quando começamos a atuar, nossos salários eram um dos piores do setor de telecomunicações. Assim que a Ceterp acabou, em 2000, tínhamos os maiores salários do setor brasi-leiro graças ao Sindicato”, relembra.

A luta contra a privatizaçãoO Sintetel teve uma destacada ação contra a privatização do setor de telecomunicações. Em Ribeirão Preto não foi dife-rente. Em 1993, Antonio Palocci foi eleito pelo PT prefeito da cidade. A sua eleição foi apoiada em entidades sociais e sindicatos da região, inclusive o Sintetel, pois se acreditava na

SUbSEDES

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SUbSEDES

Diretor Regional José Roberto atende trabalhador da TEL.Companheiros Artur, Anselmo e José Roberto protestam na Câmara de Vereadores.

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construção de um governo democrático e voltado para o lado social. “Para a nossa surpresa, após dois anos de administra-ção, ele resolveu abrir o capital da Ceterp, ou seja, passou de empresa pública para sociedade anônima (S.A.)”, conta José Roberto.

O então prefeito Palocci privatizou a Ceterp em partes, pois o controle acionário de 51% continuou nas mãos da prefeitura. Os compradores foram os fundos de pensão Telos da Embra-tel, o Previ do Banco do Brasil e o Sistel do Sistema Telebrás. Naquele momento, o Sintetel posicionou-se fortemente con-tra a venda. “Na primeira sessão na Camâra dos Vereadores para votar o projeto que transformaria a Ceterp em S.A., o Sindicato reuniu grande número de trabalhadores, fizemos pressão e conseguimos ganhar a votação. Depois disso, a pre-feitura, com todo seu poder econômico e oferta de vantagens aos vereadores, fez um acordo e conseguiu aprovar o projeto”, conta José Roberto.

O Sindicato teve uma atuação marcante. Apesar da venda par-cial, o Sintetel negociou cinco anos de estabilidade para os tra-balhadores, de 1995 a 2000. Por conta deste acordo, a empresa só poderia demitir através do artigo 482 da CLT, que configura justa causa.

Em 1998, Roberto Jábali foi eleito prefeito pelo PSDB com a missão de vender a outra parte da Ceterp, acompanhando a prática do governo FHC que já tinha privatizado todas as teles. O Sintetel, mais uma vez, teve atuação exemplar. “Lota-mos a Câmara de Vereadores com uma ampla mobilização dos trabalhadores, de outros sindicatos e da sociedade local. Foi uma verdadeira batalha. A prefeitura liberou os assessores e diretores de gabinete para lotar o plenário com o objetivo de apoiar o projeto de privatização. A sessão aconteceria às 18h e conseguimos impedir a votação até as 23h, quando não pode-ria acontecer mais nada”, destaca José Roberto.

A situação se repetiu por mais seis sessões. “Foi uma luta muito grande, mas o poder da prefeitura e do capital acabou vencendo e a empresa foi vendida”, relembra. Após nove anos da privatização da Ceterp, o Sintetel ainda se esforça para reestruturar a categoria, pois a venda da empresa trouxe a

precarização dos salários, maior rotatividade e más condições de trabalho.

O cotidiano da subsedeA rotina na subsede começa às 8h. Por uma questão de or-ganização foi elaborada uma divisão do trabalho da seguinte forma: o companheiro Virgilio acompanha as prestadoras de serviços terceirizadas; Almir está voltado para os trabalhadores em teleatendimento; dona Leonira é a responsável pelos apo-sentados e o companheiro José Carlos, mais conhecido como Tarzan, assessora os diretores nos serviços gerais. Tudo isso sob a coordenação geral do companheiro José Roberto, que além de atender todos os trabalhadores que comparecem à sede, auxilia os demais companheiros quando necessário. O atendi-mento odontológico é efetuado pela Dra. Márcia todos os dias das 8h às 12h.

Quem é o responsável pela subsede ?José Roberto da Silva é o mais antigo diretor regional do Sin-tetel, ocupando o cargo desde 1990. Bacharel em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), entrou para o movimento sindical em 1988 como delegado sindical. Palmei-rense convicto, José Roberto iniciou sua carreira no setor como técnico em telecomunicações das Centrais Telefônicas de Ribeirão Preto (Ceterp). Com a venda da empresa, hoje ele é funcionário da Telefônica.

Fontes: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Prefeitura de Ribeirão Preto, Pastoral do Migrante e USP (Universidade de São Paulo) – Campus Ribeirão Preto.

Subsede de Ribeirão PretoAtendimento das 8h às 12h e das 13h30 às 17h30

Rua Américo Brasiliense, 405 - sala 407Cep:14015-050 - Centro

Fone: (16) 3610-3015 - Fax: (16) 3610-3080Correio Eletrônico: [email protected]

A regional abrange 85 cidades,15 empresas,

5.500 trabalhadores.

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Paulo René Soares e José Carlos Guicho comemoram primeiro centenário da ABET

INSTITUCIoNAL

ABET comemora centenário na gestão de benefícios voltados para a saúde e muitas realizações

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Apoiada em valores como ética, respeito e transparência, a principal missão da ABET, há 100 anos, é gerar e administrar benefícios para a saúde de seus associados e familiares e também operar planos de autogestão em saúde

O que é a ABET?A Associação Beneficente dos Empregados em Telecomunicações (ABET) é uma empresa geradora de benefícios e saúde em sistema de autogestão para o setor de telecomunicações. Fundada em 1 de outubro de 1909, a entidade conta com cerca de 270 empregados e administra atualmente uma carteira de clientes de aproximadamente 60 mil beneficiários entre planos médicos e odontológicos e 25 mil associados. Empresas como Telefônica, Vivo, Oi, Contax e Sistel fazem parte do portfólio da empresa que gera benefícios como planos de saúde e odontológico, programas de promoção da saúde e prevenção de doenças, financiamento e sub-sídio de medicamentos e produtos óticos e ortopédicos, farmácia privativa, seguros através da ABET Corretora, passeios e viagens através da ABETtur, entretenimen-tos (descontos em shows, cinema e teatro), treinamentos e palestras gratuitas, in-cluindo temas de promoção à saúde, finanças pessoais, empregabilidade, básicos de informática, entre outros. A ABET é dirigida pelo Conselho de Administração, Conselho Fiscal, presidente executivo e corpo gerencial, comprometidos com a qualidade no atendimento dos associados. Suas instalações compõem unidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Santos, Bauru, São José do Rio Preto e representantes comerciais em diversas localidades do Brasil. ABET, 100 anos valorizando o ser humano.

A Associação Beneficente dos Empregados em Telecomu-nicações (ABET), fundada em outubro de 1909, completa 100 anos de atividades no Brasil. Reconhecida pela gestão de benefícios voltados para a saúde dos dirigentes, emprega-dos, ex-empregados, aposentados e familiares do segmento de telecomunicações do País, a entidade, que não tem fins lucrativos, reverte toda a sua receita e os superávits de suas controladas, ABET Corretora, SABET e ABETtur, em novos benefícios para os seus associados e vem, ano após ano, su-perando as expectativas de crescimento e realizações, com-prometida com uma política de qualidade.

“A história da ABET está diretamente ligada à evolução das telecomunicações e da saúde no Brasil, e nós, nestes 100 anos, reafirmamos o nosso propósito de entidade séria e ino-vadora, que cumpre a sua missão, gerando benefícios para a saúde e qualidade de vida dos nossos associados e seus familiares, o que lhes proporciona condições para um bom desempenho no trabalho e me permite afirmar, com certeza, que agregamos valor na gestão de pessoas pelas empresas”, afirma Paulo René S. Soares, presidente executivo da ABET.

O centenário da ABET está sendo comemorado com mui-tas ações e atividades que registram este marco junto aos seus públicos, como a produção de um livro e de uma revista que resgatam a história da empresa; a criação de um selo; a produção do Gibi da Abetinha, personagem da ABET que se comunica mensalmente com o associado mirim da entidade; a veiculação de anúncios na imprensa, o envio de cartão postal e e-mail marketing registrando a data. A empresa está prepa-rando para o mês de outubro, um evento com seus públicos; associados, parceiros, clientes e autoridades, com a entrega de troféus de homenagem e reconhecimento para personali-dades que, de alguma forma, contribuem para a construção da história da empresa. “Estamos muito felizes e orgulhosos por estarmos comemo-rando os primeiros 100 anos de atividades da ABET. Uma das mais importantes metas da nossa gestão é gerar, cada vez mais, superávit para serem transformados em mais benefícios para os nossos associados, fazendo assim, a entidade crescer ainda mais e se preparar para os próximos 100 anos, dando continuidade à nossa missão”, comenta José Carlos Guicho, presidente do conselho de administração da ABET.

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ENTREVISTA

“A Constituição de 1988 diminuiu a jornada de trabalho e não houve quebradeira. Podemos

dizer que é possível, sim, reduzir novamente”

O deputado federal Paulo Pereira da Silva afirma, em entrevista exclusiva a Linha Direta em Revista, que o discurso neoliberal é mais uma manobra política do empresariado

Em tempos de crise financeira e redução das ofertas de trabalho, as empresas procuram minimizar suas perdas compartilhando-as com os trabalhadores. Os sindicatos e as centrais sindicais, que lutam para barrar essa prática neoliberal, são importantes atores sociais na defesa dos

direitos trabalhistas. No entanto, além dessas en-tidades, outros agentes de representatividade são ne-cessários para que as lutas do sindicalismo elevem-se ao nível mais alto de dis-cussão nacional. Esse é o papel que alguns depu-tados surgidos nas bases trabalhadoras têm junto ao Congresso.

Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, como é conhecido no meio sindi-

cal, é o exemplo mais expressivo de político defensor dos direitos trabalhistas. Nascido no dia 25 de janeiro de 1956, em Porecatu, no Paraná, Paulinho iniciou sua trajetória como metalúrgico. Anos depois, entrou para o sindica-lismo e ganhou reconhecimento por ocupar a presidência da Força Sindical. Em 2006, foi eleito deputado federal pelo PDT-SP com a 12ª votação mais expressiva do País

(287.443 votos). Confira abaixo os principais trechos da entrevista com Paulinho da Força.

Linha Direta em Revista: De que maneira a legalização das centrais afeta o cenário sindical nacional?Paulinho: A legalização das centrais sindicais, ocorrida em 2008, fortaleceu a luta dos trabalhadores. Vale destacar que a legalização era uma reivindicação antiga do movi-mento sindical. Podemos dizer que tivemos uma con-quista histórica.

LDR: A Força Sindical conta com quantas entidades filiadas? Paulinho: Crescemos muito nos últimos anos. Isso é resultado da nossa luta em questões nacionais como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)que recentemente evitou 60 mil demissões; o acordo que garante reajuste para os aposentados que ganham acima do salário mínimo, o acordo que reajusta o piso nacional até 2023, a correção da tabela do imposto de renda, nossa vitória contra a nefasta Emenda 3 que retirava direitos, e as nossas campanhas salariais unificadas que têm obtido ótimos resultados. Em números, temos 1.200 sindicatos filiados e cerca de 12 milhões de trabalhadores.

LDR: Em um passado não muito distante, as divergên-cias entre as centrais eram constantes. Isso não é tão per-ceptível nos dias de hoje. A que se deve essa mudança?Paulinho: O que muitas vezes acontece é que temos nossas

Amanda Santoro, com colaboração de Marco Tirelli

“Toda luta é árdua. Precisamos

informar e sensibilizar a

sociedade sobre a importância de reduzirmos a jornada de

trabalho”

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LINHA DIRETA em revista 17

divergências locais. Isso faz parte do processo democrático, visto que em algumas eleições sindicais disputamos em lados opostos, com plataformas de atuação diferentes. Mas vale destacar que na unidade de ação atuamos juntos. As Marchas à Brasília são um bom exemplo disso. Nossa luta pela redução da jornada de trabalho é outra ação executada em parceria.

LDR: O governo Lula pode ser considerado um dos responsáveis pelo fortalecimento das centrais?Paulinho: Esse governo respeita e atua de forma demo-crática em relação aos movimentos sociais. Todas as questões que envolvem o mundo do trabalho passaram por mesas de negociações com o movimento sindical. Podemos dizer que o governo tem atendido os anseios dos trabalhadores. Tivemos participações nos acordos que resultaram aumento para o salário mínimo e para os aposentados, na correção da tabela do IR, na redução do IPI que preservou postos de trabalho e na ampliação das parcelas do seguro-desemprego.

LDR: Qual é a sua avaliação sobre o 6º Congresso da Força Sindical?Paulinho: Realizamos um Congresso extraordinário que apontou caminhos para o movimento sindical. Reuni-mos 4.500 sindicalistas de todos os estados e ramos de produção, e elaboramos propostas para o fortalecimento da luta dos trabalhadores. O companheiro Almir (presi-dente do Sintetel) teve imensa participação e colaborou de forma intensa e enriquecedora nos debates do evento. Saímos mais fortes do Congresso.

LDR: Em que patamar de discussão se encontra a PEC 231/95 que reduz a jornada de trabalho para 40 horas semanais?Paulinho: A redução da jornada de trabalho só trará benefícios para o país. Além de gerar dois milhões de empregos, vai contribuir para a diminuição de acidentes de trabalho e fará com que o trabalhador tenha mais tempo para a família, para o lazer e para sua própria qualificação profissional. Isso é positivo para todas as categorias.

LDR: Você acredita que os trabalhadores sairão vitorio-sos desta luta pela redução da jornada? O que o movi-mento sindical articula para que isso seja alcançado?Paulinho: Toda luta é árdua. Precisamos informar e sen-sibilizar a sociedade sobre a importância de reduzirmos a jornada de trabalho. Os sindicatos devem orientar seus trabalhadores a cobrarem dos parlamentares a aprova-ção dessa medida. Isso pode ser feito através de e-mail, cartas, telefonemas para os gabinetes e escritórios políti-cos. As entidades sindicais também devem informar em

seus sites, boletins, jornais e revistas quais os benefí-cios resultantes da redução da jornada.

LDR: Os empresários argu-mentam que a redução da jornada poderá levar empre-sas à falência. Esse argu-mento tem fundamento?Paulinho: Um discurso pa-recido foi usado quando se reduziu a jornada em 1988, que era de 48 e passou a ser 44 horas semanais. A Cons-tituição de 88 diminuiu a jornada de trabalho e não houve quebradeira. Podemos dizer que é possível, sim, reduzir novamente. Além disso, de 2002 até agora, houve aumento de produtividade de 27% nas empresas e o impacto da redução é de apenas 1,99%, segundo o Dieese. Portanto, há margem segura para absorver a redução.

LDR: Quais são as dificuldades encontradas para con-ciliar o cargo de presidente da Força Sindical ao man-dato de deputado federal? Paulinho: As funções acabam se completando. Ambas são correlatas, visam a defesa dos interesses dos trabalhadores.

LDR: Qual é o balanço que você faz do seu mandato até agora? Quais são suas principais lutas, dificuldades e vitórias?Paulinho: O meu mandato é um instrumento de forta-lecimento da luta dos trabalhadores no Congresso Nacio-nal. Fui eleito para defender seus interesses e me envolvo em todas as matérias relacionadas ao mundo do trabalho. É importante ressaltar que as conquistas no Congresso foram resultado da luta conjunta com o movimento sindical. Juntos, derrubamos a Emenda 3 que prejudi-cava os trabalhadores, conseguimos ampliar as parcelas do seguro-desemprego para as categorias que tinham alto índice de desemprego, legalizamos as centrais sindicais, entre muitas outras coisas. Recentemente fiz uma Emenda pedindo que os trabalhadores tenham a opção de comprar ações da Petrobrás.

LDR: Quais são as dificuldades que o movimento sindi-cal encontra para eleger deputados que defendam os interesses dos trabalhadores?Paulinho: O movimento sindical precisa trabalhar para eleger homens públicos comprometidos com os interesses da classe trabalhadora. É necessário sempre esclarecer e orientar as bases a depositarem seus votos em candidatos que irão atuar em prol dos trabalhadores.

ENTREVISTA

“O movimento sindical precisa

trabalhar para eleger

homens públicos comprometidos com os interesses

da classe trabalhadora”

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18 LINHA DIRETA em revista

Relembre como tudo começou e saiba as formas de contágio e prevenção da doença

SAÚDE

Emilio Franco Jr.

A gripe que assusta o mundo

Gripe Suína

O vírus se alastra pelo mundo Logo no início, no México, as pessoas ficaram quase uma semana sem transitar em locais com aglomerações e aqueles que eram obrigados a irem ao trabalho usavam máscaras. Mesmo assim a doença se espalhou. Após chegar aos Estados Unidos, o vírus H1N1 foi confirmado também no Canadá e, na sequência, che-garam notícias da doença na Europa. Com a quantidade crescente de infectados, a OMS (Organização Mundial de Saúde) rapidamente decretou a doença em nível máximo, classificando-a como pandemia – quando a doença se espalha por todos os continentes.

Entretanto, apesar da nova onda de pânico instaurada, logo se percebeu que a letalidade do vírus era menor do que se supunha. Apesar de perigoso, o vírus exige os mesmos cuidados de uma gripe comum, sendo tão ou menos mortal do que a influenza tradicional. De acordo com Dr. Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, médico Infectologista do Hospital das Clínicas, a gripe A se mostra até o mo-mento muito semelhante à gripe comum. “Não existe uma diferença grande entre as gripes. O que ocorre é o acometimento simultâneo de um grande número de pessoas em vários países”, explica. Enquanto o vírus se espalhava com velocidade pelo mundo, no Brasil a doença demorou um pouco mais a chegar. O primeiro diagnóstico foi feito em um jovem carioca recém-chegado do México.

Aos poucos a doença foi se espalhando. Enquanto o mundo inteiro continuou a registrar casos do vírus, mas sem grandes preocupações, a América do Sul se viu diante de um problema maior. O inverno no hemisfério sul ajudou a propagar a doença e países como a Argentina e o Chile registraram rapidamente milhares de casos, inclusive com centenas de óbitos. Demorou um pouco mais, en-tretanto o vírus H1N1, nome científico da doença, também ganhou força em terras nacionais.

Durante o mês de julho, o aumento de casos foi gigantesco e o Ministério da Saúde desistiu de fazer a contagem caso a caso (Os suspeitos de terem contraído a doença passaram a ser tratados de acordo com as recomendações de seus médicos de confiança, e não mais pelos especialistas dos hospitais de referência). Hoje a contagem é feita mensalmente através de um banco de dados interligados. Os casos de morte por complicações da doença também começaram a surgir com rapidez. O Rio Grande do Sul foi o primeiro estado a confirmar o falecimento

Uma nova doença entrou no vocabulário da população: a gripe A. Popularmente conhecida como gripe suína, a enfermidade causou pânico na população, levou diversos governos a toma-rem medidas extremas, e provocou a morte de milhares pacientes infectados. No Brasil, o número de vítimas fatais da doença já passa dos 900. Essa pandemia registrou seu primeiro caso no México, no início do ano, e rapidamente atravessou a fronteira com os Estados Unidos. Assim que a doença surgiu pouco se sabia sobre ela. Era de conhecimento público apenas que o vírus havia sido transmitido de um porco para um ser humano e que, depois disso, começou a contaminação interpessoal.

Vale ressaltar, entretanto, que o vírus apenas tornou-se popular agora, mas sua existência já é conhecida há muito tempo. Ainda em 1974, o governo norte-americano já divulgava por meio de propaganda televisiva as atitudes que os seus cidadãos deveriam tomar para evitar o contágio da doença. O comercial convocava as pessoas, inclusive, para a vacinação contra a gripe suína. Atualmente, porém, pouco se fala sobre isso. Contudo, a principal conclusão é que não se trata de um vírus totalmente desconhecido. A gripe A sempre existiu, mas só agora o vírus se propagou entre os seres humanos.

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Especialista em infectologia do HC, Dr. Evaldo Stanislau acompanha aten-tamente a evolução do vírus H1N1.

LINHA DIRETA em revista 19

SAÚDE

Contágio, prevenção e lendasSão duas as formas de contágio da doença: a direta e a indireta. A primeira é quando alguém espirra ou tosse perto de você, e o vírus que paira no ar é contraído. A segunda maneira é quando uma pessoa infectada toca em algum objeto após ter espirrado ou tossido, fazendo com que uma outra contraia a doença quando toca es-ses objetos e leva suas próprias mãos ao nariz e à boca. O vírus não voa, ou seja, ele não fica pairando no ar. Além disso, não alcança mais de um metro de distân-cia. Entretanto, ele é capaz de permanecer vivo nas su-perfícies por até 10 horas.

Para prevenir o contágio, basta lavar bem as mãos com água e sabão, evitar passar a mão nos olhos, boca e na-riz, evitar também aglomerações e locais fechados e usar máscara descartável em caso de contato com doentes. A utilização de máscaras sem necessidade é inútil e pode até ser pior. Com o uso, a máscara fica úmida e torna a pessoa mais vulnerável ao vírus. Só devem utilizar esse tipo de proteção as pessoas que estão infectadas pela nova gripe. O uso de álcool em gel é eficaz, pois con-segue tornar o vírus inativo. Tomar vitamina C não serve para prevenir o contágio, mas ajuda a resistir a seu ataque. Aspirinas não são recomendáveis, pois podem ocasionar outras doenças.

A ingestão de carne de porco não transmite a doença e a vacina contra a influenza tradicional não ajuda na prevenção da nova gripe. As únicas pessoas imunes a doença são, até agora, aquelas que já contraíram o vírus. O Dr. Evaldo Stanislau conta que a fabricação da vacina contra a gripe suína já começou e que não deve demorar para que ela esteja disponível por aqui. “A tecnologia para fabricação desse tipo de vacina é am-plamente dominada e por isso não houve dificuldade em seu desenvolvimento”. Nos EUA, alguns estados já começaram a imunizar seus cidadãos.

Sintomas e riscosEntre os sintomas estão febre acima de 39ºC, coriza e es-pirros, dor de cabeça e no cor-po, falta de apetite, tosse, dor de garganta e moleza. Ainda podem ocorrer sintomas co-mo diarréia, náusea e vômi-tos. Em média, o vírus age no corpo humano de cinco a sete dias e os sintomas apare-cem quase imediatamente após a contração da doença. Se o tratamento for iniciado até 72 horas após os sin-tomas iniciais, a melhora do paciente é de 100%. O vírus não é letal, o que ocasiona as mortes são as complicações que a doença pode causar caso não seja tratada, como a pneumonia.

Portadores de outras doenças são mais suscetíveis às complicações do vírus tipo A e devem ter cuidado redobrado. As mulheres grávidas fazem parte do grupo de risco.

A estudante Roberta Guedes, de 23 anos, contraiu a doença em um fim de semana, quando foi a um bar com amigos. “À noite comecei a ter tosse e de madrugada acordei com febre e muita dor no corpo, principal-mente na cabeça e nos olhos”, conta. Após o diagnóstico, a estudante foi submetida a um tratamento a base de paracetamol e inalação. Ela acrescenta que não sentiu nenhuma dor no decorrer do tratamento. “O importante para a minha melhora rápida foi procurar o hospital logo que eu notei que era uma gripe diferente das que eu estou acostumada”, alerta a garota.

No entanto, o tratamento tem sido feito à base de um medicamento de venda controla-da, o Tamiflu. O Governo Federal providen-ciou a distribuição de diversos kits do remé-dio para os Estados que, por sua vez, ficaram responsáveis pela logística de distribuição aos pacientes com casos suspeitos da nova gripe. O Dr. Evaldo Stanislau diz que, de maneira geral, o Tamiflu é um medicamente bem to-lerado, mas que pode gerar reações como náusea e vômitos. Atenção especial deve ser dedicada às crianças e adolescentes. “Nessa faixa etária foram descritos eventos psiquiátri-cos, inclusive com casos de suicídio”, conta. “Por isso, é importante que as pessoas sigam as orientações médicas”, conclui. Apesar da grande repercussão sobre a propagação da doença, a melhor forma para evitá-la con-tinua sendo seguir as dicas de prevenção.

de um cidadão em função do vírus. Logo na sequência vieram São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Não tardou, e com a aproximação do fim do recesso escolar, as férias foram prorrogadas pelas secretarias de educação de diversos estados. São Paulo foi o primeiro e recomendou a extensão das férias em universidades e es-colas de ensino público e privado. Apesar do alarde por conta da doença, é importante esclarecer certas dúvidas acerca da gripe suína, como forma de contágio e pre-venção, além de tentar entender os motivos para tanta preocupação com esse vírus.

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Almir Munhoz, presidente do Sintetel e presidente em exercício da Fenattel, enfatizou a necessidade de unificar a Fe-deração. “Ter a Fenattel forte é um so-nho que temos há anos”, confidenciou.

Luiz Antônio de Medeiros, secretário

de Relações do Trabalho, do Minsté-

rio do Trabalho e Emprego, prestigia

o Congresso e enfatiza o amadure-

cimento do movimento sindical no

decorrer dos últimos anos.

20 LINHA DIRETA em revista

Construindo a unidadeOrganizado pela Fenattel, o 3º Congresso Nacional de Trabalhadores em Telecomunicações reuniu mais de 300 sindicalistas na cidade de Serra Negra, interior de São Paulo

Serra Negra abriu suas portas e aco-lheu durante três dias 21 sindicatos brasileiros para o 3º Congresso Na-cional de Trabalhadores em Tele-comunicações. Organizado pela Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunica-ções), o evento teve início na quarta-feira, dia 16 de setembro, e se esten-deu até a sexta-feira, dia 18. Nesse período, os sindicalistas puderam participar de mesas de debates sobre temas relativos ao setor.

A abertura contou com cerca de 300 participantes que acompanharam as palestras ministradas por Marcos Ver-laine, do DIAP, Silvestre do Prado, do DIEESE, Fernando Pimentel, da Fundação Atlântico, João Guilherme

Vargas Netto, assessor sindical, e Maurício Rombaldi, sociólogo. Os participantes destacaram a importân-cia do processo de fortalecimento da Federação. “Antes de vir para o Con-gresso, participei de um debate sobre a terceirização e falei que me reuniria com representantes de mais de 95% dos trabalhadores de telecomunica-ções do País. Afirmei para eles que conseguiremos mudar o nosso setor”, destacou Almir Munhoz, presi-dente do Sintetel e da Fenattel, du-rante o discurso de abertura. “Con-fesso que estou emocionado. Ter a Fenattel forte é um sonho que temos há anos”, finalizou.

Marcos Verlaine aproveitou sua palestra para enfatizar o papel de destaque do movimento sindical na sociedade brasileira. “Se tirássemos todos os pólos sindicais do País, as relações de trabalho voltariam para o século XVI”, apontou. “O movi-mento sindical é um importante ator social, nunca devemos perder isso de vista”, alertou.

Apresentação das tesesPara dar continuidade aos trabalhos, os 21 sindicatos – de 19 estados – pre-sentes no 3º Congresso apresentaram suas teses para a unificação das lutas da categoria. Todas as delegações tiveram a oportunidade de defender

suas propostas, que foram encami-nhadas à votação na plenária da sexta-feira. Algumas teses debatidas referiam-se à organização sindical no local de trabalho, mapa da saúde em teleatendimento e projeto de organização dos jovens em telecen-tros. “Foi através da OSLT que co-nheci o sindicalismo. Nós, diretores, temos que fidelizar o trabalhador na base. Temos que conscientizá-lo dos seus direitos e deveres”, destacou Aurea Barrence, diretora do Sinte-tel. “Não existe diretor que fica atrás de uma mesa. O sindicalista tem que estar próximo ao trabalhador. Somos hoje diretores, mas acima de tudo somos trabalhadores”, afirmou a sindicalista durante discurso ova-cionado pela plateia.

Da redação

CAPA

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O discurso da diretora Aurea Barrence empolgou o público e deixou clara sua paixão pelo sindicalismo.

LINHA DIRETA em revista 21

CAPA

No segundo dia de atividades, os participantes foram divididos em três grupos de discussão: operadores, prestadores de serviços e trabalha-dores em teleatendimento. Separados nesses blocos específicos, os sindi-calistas travaram debates aprofunda-dos sobre as particularidades de cada segmento. Após a apresentação das propostas, acontecida no segundo dia do evento, as ideias foram submetidas à votação dos participantes. O obje-tivo foi eleger as principais reivindi-cações nacionais para o plano de luta unificada da Fenattel. O resultado foi a aprovação unânime de todas as propostas. Veja os principais pontos debatidos durante o segundo dia e as propostas apresentadas no decorrer da sexta-feira:

- Operadoras

Na comissão que discutiu os proble-mas e reivindicações das operadoras destaca-se a questão da transição na Oi. Uma grande preocupação dos sindicalistas refere-se à terceirização que ocorre na categoria. “Os com-panheiros das terceirizadas estão cada vez mais precarizados. É fundamental incluir um item que fale dos trabalha-dores terceirizados nas negociações coletivas, além de firmar compro-misso para que lutemos por um con-trato coletivo nacional”, afirmou Luis Antonio Souza da Silva, presidente do Sinttel-RJ.

A plenária também discutiu a necessi-dade de unificar a pauta de reivindi-cações da TIM, além de trazer à tona a prática antissindical verificada na Embratel. “Além de lutar para romper a resistência da Embratel em relação aos sindicatos, temos que exigir que o PPR (Programa de Participação nos Resultados) seja sempre negociado

pelas comissões”, destaca Joaquim Castro, presidente do Sinttel-GO.

Principais propostas: criação das se-cretarias nacionais da juventude, mulher e dos aposentados; apoio total às causas das centrais sindicais como, por exemplo, a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e o posicionamento contra qualquer forma de preconceito.

- Prestadores de serviços

Os prestadores de serviços avaliaram a situação do segmento em todo o Brasil. Um dos principais pontos abordados pelos presidentes e repre-sentantes dos sindicatos foi, também, a terceirização. “É preciso resolver de uma vez por todas essa questão ver-gonhosa e resgatar a dignidade do trabalhador”, enfatizou Joselito Fer-reira, presidente do Sinttel-BA.

Outro ponto discutido foi o piso sa-larial unificado da categoria. Os par-ticipantes classificaram como vergo-nhosa a distorção nas remunerações e os baixos salários pagos pelas empresas do setor. A plenária funcionou como uma oportunidade para que os re-presentantes sindicais pudessem co-nhecer melhor os problemas nacionais da categoria e, assim, desenvolver um Plano de Ação mais eficaz.

Principais propostas: criação de uma convenção coletiva nacional; piso salarial nacional; ampliação da co-municação da Federação por meio da criação de um jornal e o fim do banco de horas.

- Teleatendimento

A plenária dos trabalhadores em te-leatendimento focou atenções na unificação da data-base. “Temos que

parar de trabalhar regionalmente, devemos ganhar peso nacional. A in-tenção é fazer uma campanha sala-rial robusta, que faça tanto alarde quanto a campanha praticada pelos bancários e metalúrgicos”, afirmou Francisco Isidoro, diretor de finan-ças do Sinttel-RJ. “O Rio de Ja-neiro ainda não conseguiu unificar as datas-base do teleatendimento, mas esperamos alcançar esse feito a partir do pontapé inicial dado pelo Sintetel”, finalizou.

Dois outros pontos que ganharam repercussão no debate referiam-se ao adicional de insalubridade e à precarização do piso salarial. Ficou estabelecido que o adicional de insa-lubridade deve ser incluído na pauta de reivindicações nacional devido ao alto desgaste da profissão. Com relação aos baixos salários, ficou es-tipulado que haverá uma luta contí-nua para que os trabalhadores não recebam abaixo do mínimo nacional – apesar de não cumprirem jornada diária de oito horas.

Principais propostas: unificação das datas-base da Federação; criação da OSLT (Organização Sindical nos Lo-cais de Trabalho) e a realização do 1º Encontro Nacional da OSLT.

Comissões discutem particularidades

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22 LINHA DIRETA em revista

O começo de uma nova eraChapa Unidade na Luta assume direção do Sintetel até 2013. Com a adoção do lema “Experiência, Juventude e Trabalho”, os 103 mem-bros da nova diretoria foram empossados no último dia 24 de julho, em cerimônia realizada na cidade de São Paulo. Na foto, da esquerda para a direita, os diretores executivos Fábio Oliveira (Social), Gilberto Dourado (Vice-presidente), José Carlos Guicho (Finanças), Almir Munhoz (Presidente), Cristiane do Nascimento (Diretora secretária), Joseval Barbosa (Relações sindicais) e Marcos Milanez (Secretário-geral).

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LINHA DIRETA em revista 23

O começo de uma nova eraChapa Unidade na Luta assume direção do Sintetel até 2013. Com a adoção do lema “Experiência, Juventude e Trabalho”, os 103 mem-bros da nova diretoria foram empossados no último dia 24 de julho, em cerimônia realizada na cidade de São Paulo. Na foto, da esquerda para a direita, os diretores executivos Fábio Oliveira (Social), Gilberto Dourado (Vice-presidente), José Carlos Guicho (Finanças), Almir Munhoz (Presidente), Cristiane do Nascimento (Diretora secretária), Joseval Barbosa (Relações sindicais) e Marcos Milanez (Secretário-geral).

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Propostas discutidas nas comissões específicas de trabalhadores de teleatendimento, operadoras e prestadoras de serviço foram aprovadas por unanimidade.

Os sindicatos participantes do 3º Congresso elaboraram o Manifesto dos Trabalhadores Brasileiros em Telecomunicações, também chama-do de “Carta de Serra Negra”.

Por intermédio do documento, os trabalhadores defendem com fir-meza a continuidade da política de valorização do salário mínimo como um dos principais instrumentos de

distribuição da riqueza nacional, a redução da carga de impostos e a reafirmação da agenda nacional do trabalho decente, dando amplo destaque à redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.

Através do manifesto, as entidades assumiram o compromisso de união e mobilização na luta por uma nova regulação do mercado de trabalho,

por um piso nacional digno, o fim das demissões imotivadas e do fim do assédio moral e pela extinção do fa-tor previdenciário.

A Carta de Serra Negra ainda de-nuncia o aprofundamento das más condições de trabalho, em espe-cial no setor de teleatendimento, e a prática desrespeitosa aos direitos dos funcionários realizada por algu-

24 LINHA DIRETA em revista

As resoluções do Congresso

CAPA

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mas prestadoras de serviço contrata-das pelas operadoras de telefonia.

Os trabalhadores reafirmaram que intensificarão as ações pela unificação total da categoria. Por fim, a Fenattel conclamou que todos se unam para lutar pela continuidade das políti-cas públicas que atendam aos an-seios populares.

Congresso aprova duas moçõesA primeira delas foi apresentada pelo secretário geral da Fenattel e diretor de Finanças do Sintetel, José Carlos Guicho, e pede apoio dos trabalha-dores brasileiros em telecomunicações aos companheiros da France Telecom. O que gerou esse apoio foi o fato de parte dos trabalhadores da empresa, privatizada no final dos anos 90 pelo governo francês (que ainda detém 27% das ações), ser demitida diante do Programa de Reestruturação ins-taurado. A France Telecom dispen-sou cerca de 40 mil trabalhadores até 2004. Hoje a ação continua através de pressões, ameaças e assédio moral para a conquista de metas.

A gravidade da situação é revelada por análises de acompanhamento que mostram que, em apenas 18 meses, mais de 24 trabalhadores da empresa cometeram suicídio. O espantoso é que em todas as cartas de despedida são feitas menções ao trabalho na France Telecom e às pressões sofridas dentro da empresa.

Já a segunda moção foi apresentada pela diretora de Saúde do Trabalho do Sinttel-RJ, Edna Maria do Sacramen-to, e manifesta repúdio às empresas, em especial no setor de teleatendimen-to, que insistem em praticar assédio moral, provocando graves problemas físicos e emocionais aos trabalhadores. O 3º Congresso convocou os sindi-catos filiados para denunciarem estas práticas às autoridades competentes, particularmente ao Ministério Público do Trabalho.

Para finalizar o evento, o presidente do Sinttel-TO, Paulo Galvão, resu-miu o pensamento das lideranças que compareceram a Serra Negra: “o obje-tivo do congresso foi melhorar a qua-lidade das relações de trabalho. Nesse sentido, o evento foi maravilhoso”, afirmou. “Quanto mais unidos for-mos, mais fortes seremos”, concluiu.

LINHA DIRETA em revista 25

Vitória histórica! Primeira Convenção Coletiva é assinada durante Congresso

Após longo e exaustivo processo de negociação, os trabalhadores em empresas de teleatendimento con-solidam mais uma conquista. Pela primeira vez uma Convenção Co-letiva abrangerá todo o segmento. A contraproposta do Sintetel, apro-vada em assembleias por mais de 15 mil trabalhadores entre os dias 9 e 11 de setembro, finalmente foi aceita pelo sindicato patronal. No dia 18 de setembro, durante o 3° Congresso Nacional dos Tra-balhadores em Telecomunicações, a presidente da referida entidade, Vivien Mello Suruagy, e o presi-dente do Sintetel, Almir Munhoz, assinaram o documento e conso-lidaram a antiga reivindicação do Sindicato. Com a assinatura da Convenção Coletiva de Trabalho 2009 / 2010, o Sindicato passa a ter mais voz frente às empresas de teleatendimento.

Dentre os pontos estabelecidos pelo documento destacam-se rea-juste de 5,45% e piso salarial de R$ 510 em janeiro de 2010, abono de R$ 240 na folha de pagamento de setembro de 2009, mudança da data-base para 1º de janeiro, auxílio-creche de R$ 127,50 e abo-no de R$ 90 na folha de pagamento de junho de 2010.

CAPA

As resoluções do Congresso

Almir Munhoz e Vivien Mello Suruagy comemoram assinatura da 1ª Conven-ção Coletiva para todos os trabalhadores de teleatendimento.

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26 LINHA DIRETA em revista

JoVEM

Parlamento da cidadaniaSimulação ensina crianças sobre o trabalho de deputados e vereadores

Emilio Franco Jr.

Fotografias antigas e livros de História ainda reproduzem com firmeza como os jovens brasileiros saíram às ruas no início dos anos 90 para pedir o impeachment do então presidente da República, Fernando Collor de Mello. Quase duas décadas após o movimento “Fora Collor”, o passado não tão distante parece palpável apenas na memória daqueles que vivenciaram o período. Escândalos vergonhosos e a transformação do jargão popular “político é tudo bandido” em verdade absoluta são alguns dos fatores que em vez de fazerem os jovens lutarem para mudar o atual quadro, tem causado o afastamento deles da política nacional.

Preocupados com o descaso dessa parcela da população com o trabalho legislativo, políticos de diversos locais do Brasil organizaram o chamado Parlamento Jovem com o intuito de

mostrar para as crianças como acontece o trabalho dos parlamentares e como funciona o sistema de apresentação e aprovação dos projetos.

Na Câmara Municipal de São Paulo, o Parlamento Jovem foi criado no ano de 2001. O vereador Goulart (PMDB) explica que iniciativas como essa são de vital importância para que a juventude possa conhecer o funcionamento do poder legislativo. “O Parlamento Jovem é importante para o aprimoramento da democracia. Ele permite que as novas gerações sejam capazes de conhecer a competência dos poderes responsáveis pelo gerenciamento da cidade”, afirma. “Essa iniciativa, quando levada a sério, pode ajudar a construir um futuro político eficaz a longo prazo”, conclui.

O Parlamento Jovem funciona da seguinte maneira: alunos de escolas

públicas e particulares criam possíveis projetos que devem ser encaminhados a uma comissão de vereadores para análise. Os idealizadores das 55 melho-res propostas, no caso da Câmara de São Paulo, são automaticamente eleitos jovens vereadores. No dia estipulado, todas as crianças são recebidas no plenário da Câmara, ocupam as cadeiras destinadas a elas e recebem os diplomas de posse. Feito isso, os jovens parlamentares elegem a mesa diretora e se dividem em partidos, que não são os mesmos dos vereadores de verdade. Os novos parlamentares representam partidos intitulados, por exemplo, Assistência Social, Habitação, Esporte e a partir daí passam por uma simulação fiel do trabalho desempenhado nas casas legislativas.

Os participantes se encarregam de apresentar seus projetos de lei, que são

Política

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Jovens parlamentares participam da 10ª edição do programa

O vereador Goulart aponta a importância de educar politicamente os jovens

LINHA DIRETA em revista 27

JoVEM

Parlamento da cidadaniadebatidos em plenário e seguem para a votação. Nenhum projeto apresentado pelo Parlamento Jovem pode virar lei de fato, pois a sua atuação é meramente educativa. Porém, algumas ideias podem interessar aos vereadores – uma comissão de parlamentares acompanha o trabalho dos jovens – e, nesse caso, eles podem adaptá-las a um projeto de lei para ser apresentado na Câmara.

Em 2008, a estudante Jéssica Kayashima, do partido da Saúde, foi escolhida para presidir a casa. Em declaração ao portal da Câmara de São Paulo, a garota mostrou sensibilidade com os problemas alheios e vontade de seguir na carreira política. “Instituí a criação de centros comunitários para o tratamento de crianças com deficiência visual, para que todos possam ter acessos iguais. Gostaria muito de, no futuro, poder realizar um trabalho tão importante quanto o de um vereador”, explica.

Na Assembleia Legislativa do Estado, o Parlamento Jovem também é uma iniciativa consolidada. Na opinião da deputada Célia Leão (PSDB) qualquer iniciativa que aproxime o cidadão do

poder público é importante. “Os jovens que passaram pelo Parlamento nesses últimos anos aprenderam muito, e a maioria deles se envolveu de fato com a atuação política em várias esferas, desde a participação no grêmio escolar até mesmo se elegendo vereadores em suas cidades”, conta Célia.

A própria deputada aproveitou a ideia de um jovem parlamentar para sugerir um projeto de lei que obriga os novos empreendimentos, escolas, casas de espetáculos, centros comerciais e simi-lares a especificarem a reutilização das águas residuais. O projeto foi inspirado na proposta de Felipe Casseb de Jesus, do Colégio Objetivo de Santos, que foi deputado jovem em 2006.

Célia faz questão de deixar um recado para os jovens que não se interessam por política. “Eu peço que eles pensem a política de outra maneira, não do modo como acompanham na imprensa, cheia de escândalos, de coisas erradas, de denúncias, mas em um conceito mais amplo da atividade, que envolve a participação de cada cidadão na construção de seu futuro. É assim que

se faz política de verdade”. E ela ainda ressalta a importância da conscienti-zação. “Não é preciso ser político para praticar a atividade política, basta estar vivo e ter consciência de seu papel e de seu espaço neste mundo”. O pensamen-to da deputada está de acordo com a opinião do vereador Goulart. Para ele, “não se constrói uma sociedade mais justa e igualitária sem a efetiva participação e envolvimento da sociedade civil”. Nada melhor do que ensinar desde cedo para criar pessoas mais conscientes de seus direitos e deveres.

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28 LINHA DIRETA em revista

Uma década de privatização

Retrato da realidadeo EMPREGo NAS TELECoMUNICAÇÕES

Marco Tirelli

Faz uma década que a iniciativa privada passou a controlar o sistema brasileiro de telecomunicações. Diante desse fato, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos So-cioeconômicos (DIEESE) elaborou um estudo sob o título “O emprego no setor de telecomunicações - 10 anos após a privatização”. A pesquisa revela muito daquilo que o Sinte-tel, às vésperas da quebra do monopólio do setor, denunciou à sociedade.

Cooordenado por Clóvis Scherer, supervisor do DIEESE no Distrito Federal, o estudo procurou dimensionar as conse-quências provocadas pela mudança do capital controlador das telecomunicações sobre os trabalhadores e o perfil do emprego no setor. A pesquisa foi elaborada a partir dos dados divulga-

dos anualmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego via RAIS (Relação Anual de Informações Sociais). “O trabalho demorou uns dois meses para ser concluído e, mais adiante, foi feita uma complementação que levou mais um mês e meio. Isso nos permitiu agregar dados de 2007 que na primeira versão não tinham sido publicados”, explica Clóvis.

O trabalho do Dieese resgata de forma breve a história das telecomunicações brasileiras. A partir de então, o documento aprofunda-se nos preparatórios da pré-privatização que o go-verno brasileiro, a partir de 1995, promoveu para criar atrati-vos ao capital estrangeiro. Atos como os expressivos aumentos no valor da assinatura mensal e do pulso local, a criação da Lei Geral das Telecomunicações, o fim da chamada telefonia social e os Planos de Demissões Voluntárias são os mais repre-sentativos e merecem atenção redobrada no estudo.

O início de tudoA privatização começou a tomar forma em meados de 1997 com a abertura do mercado brasileiro de telefonia à inicia-tiva privada após a venda das concessões da Banda B (se-gunda faixa de frequência reservada para telefonia móvel. No Brasil começou a operar em 1998).

A desestatitazação do setor trouxe profundas mudanças para o emprego e para a organização do trabalho. Além do desem-prego causado pelo enxugamento dos quadros funcionais das

Estudo concluído pelo Dieese em julho de 2009 confirma previsão feita pelo Sintetel há 10 anos: a privatização do setor deixou as relações de

trabalho mais instáveis e o emprego mais vulnerável

Clóvis Scherer, supervisor do DIEESE no Distrito Fe-deral. “Não se vê uma relação positiva entre a elevação da escolaridade e a melhoria dos salários dos trabalha-dores do setor após a privatização.”

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Para obter na íntegra a pesquisa “O emprego no setor de telecomunicações - 10 anos após a privatização”, entre em contato pelo site www.dieese.org.br

LINHA DIRETA em revista 29

Retrato da realidadeempresas, a mudança do controle acionário implicou em uma transformação significativa no perfil do trabalhador em termos de faixa etária, grau de escolaridade e remuneração.

A reestruturação do setor veio acompanhada de modificações importantes nas relações de trabalho e nas negociações coleti-vas. O trabalhador que está há mais tempo na categoria deve se lembrar que, antes da privatização, prevaleciam as relações de trabalho assentadas em vínculos empregatícios relativamente estáveis, promoções por tempo de serviço, carreiras prolon-gadas e salários significativamente superiores a média do tra-balhador brasileiro.

As negociações coletivas, por sua vez, eram bastante centra-lizadas. Existia um acordo coletivo de abrangência nacional, no qual constava a maioria das cláusulas e direitos mais relevantes, e acordos regionais específicos de interesse exclusivo dos tra-balhadores das concessionárias estaduais. A data-base da ca-tegoria também era unificada.

O empregopós-privatizaçãoCom a quebra do monopólio e a venda das empresas estatais, as relações de trabalho tornaram-se mais instáveis e vulneráveis: “a rotatividade ampliou-se significativamente; as regras de pro-gressão funcional e a remuneração tornaram-se mais vinculadas ao comportamento da produtividade e ao desempenho indivi-dual; os salários declinaram; e o ritmo de trabalho intensificou-se consideravelmente”. Esse trecho foi retirado do citado estudo do Dieese, mas se buscarmos os materiais impressos nos arqui-vos do Sindicato tudo isso já era previsto. Tanto é que o Sinte-tel, sob a coordenação do professor da Unicamp e especialista em telecomunicações Márcio Wohlers (entrevistado por Linha Direta em Revista edição número 4) elaborou um projeto al-ternativo ao do governo com o intuito de minimizar as conse-quências negativas aos trabalhadores e à sociedade. Infeliz-mente o governo de Fernando Henrique Cardoso não aceitou alterar um item sequer de seu projeto de entrega das empresas nacionais aos estrangeiros.

Segundo o pesquisador Clóvis Scherer, “há uma série de pontos negativos no emprego e condições de trabalho pós-privatização. O principal deles certamente foi a redução do emprego direto pelas empresas de telecomunicações, que em parte se converteu em uma terceirização precarizada e em um alto grau de explo-ração da força de trabalho. Outro ponto negativo a destacar foi a queda dos salários reais no setor, que apenas nos últimos anos começou a ser revertida, ainda que timidamente”.

De positivo, Clóvis destaca apenas a elevação da escolaridade dos trabalhadores, que nos permite pensar numa força de tra-

balho mais qualificada. No entanto, não se vê uma relação posi-tiva entre escolaridade e melhoria dos salários, por exemplo.

O comportamento do mercado de trabalhoO período analisado pelo Dieese demonstra dados interessantes sobre o comportamento do emprego no setor. Vejamos:

• 1994/1998 – declínio significativo de 16% no número de empregos. Essa queda pode ser explicada pelos ajustes na quan-tidade de funcionários por intermédio de Planos de Demissão Voluntária e pela terceirização dos serviços das atividades de apoio como vigilância, limpeza e até mesmo serviços de instala-ção e manutenção de equipamentos.

• 1999/2000 – houve a abertura de novas vagas e o crescimento atingiu 9,5%, recuperando parcialmente os empregos suprimi-dos no período anterior.

• 2001/2003 – registrou-se mais um período de queda. Em 2003, o emprego no setor atingiu o menor patamar: perdeu-se 88,1 mil postos de trabalho atingindo o índice de 30% quando comparado ao montante de empregos existentes em 1994.

• 2004/2005 – Houve uma ampliação dos postos de trabalho em 34%.

A recuperação recente não foi capaz de compensar a perda acu-mulada. Para se ter uma ideia, em 2005, o setor reunia em torno de 118,1 mil trabalhadores contra 128,5 mil em 1994, o que significa uma perda de 8,1%.

O estudo do DIEESE avalia que a privatização do sistema brasi-leiro de telecomunicações impôs uma nova configuração para o mercado de telefonia e alterou profundamente as estratégias de atuação das empresas no setor. Além disso, trouxe também importantes transformações para o emprego, para as relações de trabalho e para a forma e natureza das negociações coletivas.

Ao ser perguntado se a quebra do monopólio do Sistema Te-lebrás foi um bom negócio para o Brasil, o supervisor de pesqui-sa do DIEESE respondeu positivamente em relação ao acesso aos serviços de telecomunicações, pois houve uma maior uni-versalização. “No entanto, o país hoje tem este setor com uma presença muito forte dos capitais estrangeiros e, sobretudo, controlado por poucos grupos empresariais numa forma de oli-gopólio. Sabe-se das dificuldades que as estatais enfrentavam no pré-privatização, mas a situação atual gera questionamentos em relação ao significado para uma nação”, conclui.

o EMPREGo NAS TELECoMUNICAÇÕES

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TELECoMUNICAÇÕES

Mundo do Trabalho

Mortes na France TelecomNos últimos 18 meses, 24 trabalhadores se suicidaram e, em registros

deixados, culpam a empresa por tomarem tal decisãoDa redação

A France Telecom tem atualmente 100 mil funcionários e sua taxa de suicídio anual é de 17,6 a cada 100 mil, média bem próxima a da própria França. Muitos trabalhadores deixa-ram cartas nas quais diziam não suportar mais a pressão, ou simplesmente afirmavam que o motivo para tirar a própria vida era a France Telecom. Uma situação alarmante como essa gerou duras críticas por parte dos sindicatos, que protestaram contra as mudanças realiza-das internamente na empresa. Os sindicalistas criticam todo o processo de reestruturação, posto em prática para aumentar a competi-tividade de mercado.

Mortes ocorreram após a privatização Até 1997, a France Telecom era um monopó-lio estatal, mas o governo decidiu empre-gar um modelo de negócios mais agressivo e privatizou a empresa. Assim, 40 mil emprega-dos foram dispensados e a rotina para os que ficaram foi severamente alterada. Expressões como “metas de produtividade”, “maior eficiência” e “promoção por mérito” passaram a fazer parte do dia a dia dos funcionários. A pressão tornava-se, aos poucos, insuportável. “O suicídio é o extremo do problema no tra-balho e, neste caso, a empresa sempre alegará problemas pessoais. O silêncio em torno desses

Nenhuma empresa gosta de ter sua imagem vinculada a acontecimentos negativos, nem mesmo por uma única vez. Bem pior seria aparecer 24 vezes nas manchetes de jornais sem uma única linha positiva. E essa é justamente a quantidade de vezes que a opera-dora de telefonia France Telecom estampou as manchetes dos jornais. Esse número, 24, representa a quantidade de trabalhadores da empresa que se suicidaram alegando não suportar mais a pressão a que eram submetidos no cumprimento do dever.

Leda Leal Ferreira afirma que existe um silêncio em relação ao assunto no Brasil.

30 LINHA DIRETA em revista

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LINHA DIRETA em revista 31

TELECoMUNICAÇÕES

fatos tem que ser quebrado.”, afirma Leda Leal Ferreira, médica e doutora em ergonomia. “Uma morte dentro de uma empresa já é motivo mais do que suficiente para que haja uma investigação”, completou.

Com o alarmante número de 24 suicídios, dois sindicatos de funcionários da France Telecom pediram o início de uma investigação parlamentar so-bre as práticas da empresa. As mortes começaram em fevereiro de 2008, isso significa que, por mês, mais de um trabalhador deu fim à própria vida. “Se alguém se suicida no trabalho deve-se acender o sinal de alerta. Sempre houve suicídios na sociedade francesa, a questão é que eles estão aumentando muito no local de trabalho”, aponta Leda. “Com certeza algo está errado”.

O estarrecedor é que a companhia apresentou lucro líquido de 2,559 bi-lhões de euros, entre janeiro e junho deste ano. A rentabilidade para os acionistas também foi altíssima, 2,579 bilhões de euros, uma alta de 2,3% em comparação com o primeiro semestre de 2008. Os dados comprovam que os trabalhadores continuam a gerar lucros enormes para a empresa, mesmo com a redução no quadro de funcionários por conta da priva-tização. Consequentemente, a carga de trabalho aumentou. “Esse sistema maluco e intenso não é normal e precisa ser alterado”, afirma Leda. Ela acrescenta que as pessoas têm o costume de adaptar a rotina para estarem mais dispostas no trabalho, quando o correto seria que as pessoas, por intervenção dos empregadores, alterassem suas rotinas no emprego.

Intervenção política O governo francês se viu sem saída e resolveu pressionar a France Telecom que, em resposta, comprometeu-se a adotar um modelo de gestão mais hu-mano como forma de evitar o que o presidente da empresa classificou como “espiral infernal de suicídios”. Entre as medidas tomadas estão o aumento das equipes médicas e de recursos humanos, formação profissional mais in-tensa para a evolução tecnológica, aumento do diálogo com os sindicatos e a disponibilização de psicólogos externos para os funcionários.

Além disso, a companhia anunciou recentemente a saída do diretor de operações Louis-Pierre Wenes como resposta à crise interna que con-tagiou a empresa. O diretor foi um dos principais responsáveis pelo programa de cortes de custos implantado na France Telecom. Os sindicatos acusam Wenes de impor uma cultura gerencial agressiva e apontam os cortes de custos, as reorganizações e a exigência de metas individuais como as principais causas para a desmoralização dos funcionários. Para a doutora Leda, “os novos métodos de gestão estão pressionando as pessoas e criando uma realidade de competição que não é saudável”.

Fenattel apoia os trabalhadores daFrance TelecomDurante o 3º Congresso Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações (destaque desta edição), organizado pela Fenattel, diversos sindicatos e instituições brasileiras cria-ram um documento de apoio aos trabalhadores franceses. Os sindicalistas brasileiros quiseram mostrar o clima apreensivo em torno do trágico momento pelo qual passa o setor de telecomu-nicações francês.

A moção realizada no Brasil foi entregue pela Diretora Regional do Setor de Telecomunicações da UNI Américas e representante do Sintetel, Cenise Monteiro, aos representantes sindicais fran-ceses Jacques Lemercier (Presidente do Comitê UNI Europa Telecom), Maryse Piotrowski e Bernard Duppin.

Os autores do livro, Christophe Dejours e Florence Bègue, preocupam-se com a falta de interesse dos médicos pelos hábitos de trabalho. É necessário ter o entendimento do tra-balho e a ligação dele com doenças e problemas psicológicos. O livro foi lançado em setembro de 2009 e ainda não possui tradução para o português.

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Grupo reunido em uma das primeiras aulas sobre como agir no ambiente de trabalho, ministrada pela instrutora Hermínia.

32 LINHA DIRETA em revista

MULHER

Uma segunda chanceCurso Maturidade e Talento garante nova oportuni-dade para mulheres entre 35 e 50 anos voltarem ao mercado de trabalho

Larissa Armani

O jargão popular “lugar de mulher é na cozinha” já não faz

parte da realidade brasileira. As Amélias das últimas três

décadas tornaram-se muito mais complexas e completas:

superado o estigma enraizado na criação, elas encontra-

ram tempo para dividir

atenções entre família,

afazeres domésticos e

inserção no mercado

de trabalho. Aliás, as

mulheres são hoje as

grandes movimentado-

ras dos indicadores

econômicos, fato com-

provado pelos dados

do IBGE (Instituto Bra-

sileiro de Geografia e

Estatística) e da PNAD

(Pesquisa Nacional de

Amostra por Domicílio). Entre a década de 70 e a virada

do milênio, por exemplo, a participação de trabalhadoras

saltou de 30,3% para 35,8%, enquanto o índice masculino

sofreu uma queda de 5%.

Apesar da importância feminina na força de trabalho na-

cional, certos empecilhos históricos continuam a agir em

um mercado de trabalho preconceituoso e intransigente.

A maior prova disso é a disparidade de salários entre

sexos. Uma pesquisa realizada pelo Fórum Econômico

Mundial, em 2006, constatou que as mulheres recebem

metade do salário masculino e detêm apenas 15% do

poder político exercido por eles (número que cai para

vergonhosos 6,1% no Brasil).

Para auxiliar a população feminina a desenhar um

cenário mais justo, o Sintetel, em parceria com o

Instituto Apse, criou o programa Maturidade e Talento.

O objetivo da iniciativa é elevar a autoestima, educar

e dar direcionamento

profissional a mulheres

desempregadas. O alvo

do curso é focado em

participantes de 35 a

50 anos, e Eloiza Neres,

uma das responsáveis

pelo programa, explica

o porquê: “apesar da

vontade de trabalhar,

elas encontram difi-

culdades, pois saíram

do mercado para rea-

lizar o sonho de ser

mãe ou não tiveram boas oportunidades devido à

dupla jornada.”

Para a participante do curso Regina Costa, 49 anos, “o

projeto é uma compilação de realidades diferentes, mas

que podem ser aplicadas a qualquer mulher”. Regina

ainda completa: “tive a oportunidade de começar

duas universidades, mas acabei afastada do mercado de

trabalho quando optei por dedicar-me à vida pessoal”.

A aluna também afirma que o Maturidade e Talento

é uma injeção de ânimo e, paralelamente, estimula a

autoestima e a força de vontade das envolvidas.

O programa, com duração total de 120 horas, divide-se

em dois módulos. O primeiro deles conta com aulas de

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As alunas aprendem conceitos básicos de informática e digitação com o intuito de se tornarem mais competitivas no mercado de trabalho.

Alunas e instrutores reconhecem a importância dessa iniciativa para a reintrodução no mercado de trabalho

LINHA DIRETA em revista 33

MULHER

Uma segunda chance português, matemática, ética e temas ligados à atuação

profissional e posicionamento no mercado de trabalho.

Já na segunda etapa, a orientação é mais focada: as estu-

dantes recebem noções básicas de atuação em teleaten-

dimento, além de conhecimento em informática e digita-

ção. Todo esse universo

de aprendizagem e su-

peração tem um fundo

social nítido: capacitá-

las para o trabalho em

empresas de telecen-

tro (que não param de

crescer e dão chances

a outros grupos mar-

ginalizados, como defi-

cientes físicos e jovens

sem experiência).

O envolvimento com

as aulas e a vontade

de ter uma segunda chance agem como combustíveis

para Ana Lúcia dos Santos Pontes, 45, também aluna

da primeira turma. “Não tem um conteúdo que eu julgue

mais ou menos importante, tudo nos ajuda de alguma for-

ma”, afirmou. “O nosso propósito é superar o preconceito

e arrumar um novo emprego, e devemos enxergar isso

em qualquer oportuni-

dade”, complementou.

Segundo a instrutora

Heminia Passaretti, res-

ponsável por ministrar

as aulas de preparação

para processos seleti-

vos, o grupo é ex-

tremamente engajado:

“elas são pragmáticas

e identificam quais

são suas reais necessi-

dades”. “Também com-

preendem que estão numa faixa etária de maior

dificuldade para inclusão e, por isso, é fácil ensinar-

lhes o conteúdo”.

O ápice desse investimento educacional é ter uma

chance palpável nos processos de recrutamento e

seleção oferecidos também pelo Centro de Forma-

ção Profissionalizante Sintetel. Para a secretária da

mulher da entidade, Maria Edna Medeiros, essa é uma

oportunidade única a-

trelada ao momento

econômico: “o núme-

ro de trabalhadoras

que constitui o mer-

cado é muito significa-

tivo, e essa tendência

deve ser multiplicada

com a valorização e a

readmissão daquelas

que lutam por uma se-

gunda chance. A par-

ticipação e a capaci-

dade femininas devem

ser valorizadas.”

Além da questão do emprego, objetivo final de quase

todas as alunas, diver-

sas questões sociais e

de autoconhecimento

são suscitadas durante

a execução do Maturi-

dade e Talento. A busca

vai muito além da ga-

rantia pelo salário no

final do mês. Nesse

caso, a tentativa é de

reencontro com quali-

dades esquecidas pelo

tempo, pela sociedade

e pelas próprias mu-

lheres, além do reconhecimento e superação de bar-

reiras que elas mesmas criaram para sua atuação e

representatividade no meio social.

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34 LINHA DIRETA em revista

NoTÍCIAS

Posse da nova diretoria

A sede do Sindicato (Rua Bento Freitas, 64, SP) está em reformas. O aten-dimento acontece agora em prédios diferentes, mas os telefones e emails para contato continuam os mes-mos. A portaria do prédio, que se encontra em re-formas, continua prestando serviços e informações aos associados. Em breve, a casa do trabalhador será reaberta com maior conforto e funcionalidade para o atendimento. Aguarde!

Centro de Formação Profissionalizante Sintetel completa 3 anos

Está em discussão no Congresso a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas se-manais. O tema tem sido alvo de grande mo-bilização por parte das centrais sindicais, que se uniram pela aprovação do projeto. Para o movimento sindical, essa conquista poderá representar a criação de mais de dois milhões de novos empregos, a melhora na qualidade de vida dos trabalhadores e no desempenho profissional.

OSLT em teleatendimento

No final do primeiro semestre, o Sintetel organizou um seminário de Organização Sindical no Local de Trabalho (OSLT) exclusivo para os trabalhadores de teleatendimento. Os funcionários das empresas do setor conheceram melhor o que é uma entidade sindical e como agem seus repre-sentantes. Na ocasião, formaram-se novos representantes sindicais, sendo 12 deles trabalhadores da Atento. Partici-param do seminário ainda funcionários da Dedic/Mobitel, Contax, Teleperformance, Alma Viva e Casas Bahia.

“Para mim é um orgulho comandar esse Sindicato, que é muito grande não só pela sua estrutura, mas também pela questão política, já que o Sintetel é muito respeitado em todo o cenário sindical nacional e internacional. Isso me deixa muito orgulhoso.”

Almir Munhoz, presidente reeleito em 2009

Sintetel em obras

Redução da Jornada de Trabalho

Há pouco mais de três anos, em 11 de agosto de 2006, era inau-gurado o Centro de Formação Profissionalizante Sintetel. Em pouco tempo de existência, essa iniciativa vanguardista já rendeu muitos frutos para aqueles que tiveram a oportunidade de conhecer seus trabalhos. Por meio da atuação do Centro, grandes oportunidades para a categoria e para a sociedade foram abertas. Para comemo-

rar essa importante data, o Sintetel convida a todos para conhecer os cursos oferecidos na entidade! Ligue agora mes-mo para (11) 3224-9123.

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LINHA DIRETA em revista 35

NoTÍCIAS

“A minha expectativa após essa eleição é a melhor possível. O Sintetel mostrou que é uma instituição de peso dentro da Força Sindical e teve seu reconheci-mento. O Congresso serviu para lançar novos líderes e ban-deiras de lutas que garantirão os direitos dos trabalhadores”

Mauro Cava de Britto sobre o 6º Congresso da Força Sindical

Em julho, o presidente do Sintetel Almir Munhoz e seu vice Gilberto Dourado reuniram-se com o ministro do Trabalho Carlos Lupi para a tomada de medidas quanto à venda do Speedy. Durante o encon-tro esteve também presente o deputado Paulo Pereira da Silva, e Antônio Toschi, assessor sindical, que participaram da discussão sobre a ameaça de demissões no ramo de telecomunicações por conta da parali-sação do Speedy, que voltou a ser vendido em setembro.

No dia 3 de setembro aconteceu a cerimônia de formatura da primeira turma de jovens participantes da Prejal (Promoção do Emprego de Jovens na América Latina). Essa é uma ini-ciativa introduzida no país pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) que promove a capacitação de jovens de 17 a 24 anos para o primeiro emprego. O projeto foi viabilizado graças a parceria entre Sintetel, Fundação Telefônica, Instituto Apse e a empresa Atento Brasil. Além da qualificação para o telesserviço, o curso enfatiza a recuperação de conteúdos de português e matemática.

Centro de Convívio dos Aposentados completa uma década de existência

A 6ª edição do Congresso da Força Sindical, realizada em agosto, foi uma das grandes movimentações sindicais do semestre. O evento serviu para que uma nova ban-deira de lutas fosse levantada, além de estratégias e di-recionamentos para a campanha das 40 horas semanais. Na oportunidade, a nova diretoria da Central foi eleita, contando com alguns representantes do Sintetel. Almir Munhoz foi eleito vice-presidente, Mauro Cava de Britto, 1º Secretário Nacional do Esporte, e os companheiros Genivaldo Barrichello e Maria Edna Medeiros para a executiva nacional.

O CCA, uma iniciativa do Sintetel, completou aniversário de 10 anos em agosto. O espaço trabalha para reunir os antigos trabalhadores e criar uma força de ação na defesa de seus direitos. O bem-estar e saúde dos companheiros também recebem foco do Sindicato: diversas aulas, passeios e viagens relaxantes são realizados constantemente.

Parceria do Sintetel forma jovens de baixa renda

6º Congresso da Força elege nova diretoria

Sintetel auxilia liberação do Speedy Aspas sobre o Congresso

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Zulmira relembra com brilho nos olhos os tempos de trabalho na antiga CTB.

36 LINHA DIRETA em revista

APoSENTADoS

Família telefônica

Marco Tirelli e Amanda Santoro

Zulmira Gonzales Zozoloto nasceu em um posto telefônico no município de Presidente Alves, interior de São Paulo. Seus pais se conheceram e trabalharam na Companhia Telefôni-ca Brasileira (CTB). Linha Direta em Revista conta agora a história de uma família que nasceu e se consolidou graças à expansão das telecomunicações no Brasil

A trajetória de dona Zulmira começa antes mesmo do seu próprio nascimento, com a admissão da jovem Rosa Gonçalves de Lima na CTB. “Mamãe morava em Itu e uma amiga a indicou para a CTB de Presidente Alves”, conta. A árdua viagem entre as duas cidades foi feita de trem, único meio de transporte disponível, e durou cerca de três dias. Dona Rosa, então, com o advento do novo trabalho, passou a morar dentro do posto telefônico de Presidente Alves. “Minha mãe, avó e tia moravam nos fundos das instalações da CTB”, relembra.

No ano seguinte, em 1931, Vicente Cabrera Gonzalez chegou à cidade. “Papai foi para lá, chefiado por Santos Scapool, para construir a linha telefônica de Bauru a Glicério”, destaca. “Eles foram a bordo de um Fordinho 1929 e demoraram muitos dias até chegar ao destino final”, completa. Foi nesta época que Vi-cente começou a namorar Rosa, após se conhecerem no posto telefônico onde ela era chefe e telefonista.

“Papai foi designado para trabalhar na região como guarda-fios, função extinta nos dias de hoje”, destaca dona Zulmira. Nos anos 30, os guarda-fios monitoravam a extensa linha telefônica com o intuito de conservá-las. Os postes ainda eram feitos de madeira e os trabalhadores utilizavam cordas e esporas para alcançar a rede. “Ele fazia o percurso a pé ou a cavalo, depois utilizava uma bicicleta”, relembra.

Ano históricoRosa estava no posto telefônico da CTB quando estourou a Re-volução Constitucionalista de 1932. Na ocasião, ela ainda não era casada com Vicente, com quem firmaria matrimônio em ou-tubro do mesmo ano. Foi nessa época que dona Rosa assistiu de camarote a história brasileira atrelar-se à sua própria trajetória.

Em Presidente Alves havia uma grande usina de açúcar, a Usina Miranda. Insultados pelo gerente local, o comando regional re-volucionário invadiu a cidade. O então destacamento de forças revolucionárias deslocou-se até o município e ocupou a estação ferroviária, onde se localizava o telégrafo. Em seguida, o posto telefônico foi tomado. “Os militares mandaram minha mãe, tia e avó para dentro de casa e tomaram o controle do posto telefôni-co, assumindo tarefas como atender e fazer ligações”, comenta dona Zulmira.

Ela afirma ainda que suas parentas ficaram morrendo de medo, pois não podiam sequer conversar com os militares. “Mas vovó não se conformava com a situação e fez um café escondido dos comandantes, chamando os soldados um a um para se servirem. Fazia muito frio e o café acabou por aquecê-los”, destaca. Após alguns dias, os revolucionários viram que não havia perigo de

ataque inimigo e foram embora de Presidente Alves. Tudo não passou de um grande susto.

Um casamento e um funeralA história que envolve os pais de dona Zulmira às vésperas do matrimônio é única. Dificilmente o leitor leu ou ouviu algo parecido. Quando Rosa e Vicente ainda namoravam, a mãe da jovem infelizmente faleceu. Para a sociedade da época, Vicente - frequentador assíduo da casa dos Gonçalves - não poderia visitá-la na ausência da sogra, longe de seus olhares e supervisão. “Assim, em 16 de outubro de 1932, foi realizado o casamento de papai e mamãe, com o corpo da vovó ainda presente”, conta Zulmira.

O padre pediu autorização ao então bispo de Lins para realizar a inusitada cerimônia. “Em uma sala aconteceu o velório e, ao lado, o casamento civil e religioso dos meus pais”, afirma. “Coube aos únicos médico e delegado da cidade a função de padrinhos do casal”, relembra. No ano seguinte, em 1933, nas-ce a primeira filha do casal, dona Zulmira. O parto aconteceu no próprio posto telefônico onde trabalhavam seus pais.

Page 37: 6 - Congresso da Unificação

Zulmira e Helena guardam com carinho todas as carteiras profissionais da família.

Dona Helena exibe a carteirinha de associado do seu pai Vicen-te Cabreira, demonstrando a confiança depositada no Sintetel.

LINHA DIRETA em revista 37

APoSENTADoS

Histórias da redeVicente trabalhou 37 anos na CTB. Quando fez o teste para entrar na Companhia, seus conhecimentos equivaliam ao quarto ano primário sem nunca ter frequentado a escola. Ele foi alfabe-tizado na fazenda, pelos familiares. “Papai aprendeu a ler e a es-crever de noite, sob a luz de lamparina”, recorda dona Zulmira.

Porém, a dedicação de Vicente não se limitou aos estudos. Em 1934, uma tempestade arrebentou alguns fios da rede, derru-bando-os em poças d’água. “Santos Scapool foi cortar o condu-tor e ficou grudado ao material devido à passagem da corrente elétrica. Papai sempre foi muito cuidadoso, tinha um alicate com cabo emborrachado, conseguindo cortar o fio e salvar a vida do colega”, relembra.

Zulmira conta ainda que, durante as noites, os colegas de seu pai se reuniam na casa da família para contar histórias, tocar violão e bebericar café. “Eu era bem pequena e presenciei muitas reu-niões. Sempre fomos criados como uma família”, finaliza.

Vicente se aposentou com 35 anos de prestação de serviços. Ficou na CTB de 1931 a 1966, mas como não conseguia ficar em casa, solicitou ao antigo chefe voltar à Companhia em qualquer fun-ção disponível. Solicitação aceita, ele trabalhou mais dois anos como servente, até 1968.

Início de jornadaEm junho de 1955, Zulmira foi admitida na CTB por intermé-dio do pai. “Fiz o teste para admissão com a sra. Jandira, chefe em Sorocaba. Meu pai trabalhava na companhia e ela afirmou que a empresa dava preferência a filhos de funcionários. Fui admitida”, relembra com felicidade.

Zulmira ficou na empresa 23 anos e a sua saída aconteceu em 1978, devido a problemas na coluna. O prédio onde ela tra-balhava situava-se no cruzamento das ruas XV de Novembro e Rio Branco, em Sorocaba. Porém, a história de sua família nas telecomunicações não terminou por aí. “Meu marido, durante o serviço militar, foi designado para cuidar do serviço telefônico do quartel. Minha irmã Helena também trabalhou na CTB durante dois anos”, destaca.

Valorização e gratidãoA administração geral da CTB, com sede no Canadá, oferecia na época diversos benefícios aos funcionários. Cozinha e quar-to para descanso e abonos de férias e Natal eram alguns deles. A diretoria também liberava verba anual para a realização da festa das telefonistas e para a ceia de Natal. Pelos serviços prestados, as telefonistas rece-biam presentes como forma de gratidão. “A extinta Compa-nhia Nacional de Es-tamparia enviava de quatro a cinco cortes de tecido para cada moça”, conta dona Zulmira. “As pada-rias também manda-vam bolos e refrige-rantes”, completa.

Uma particularidade interessante daquela época é que os ban-cos doavam cheques ao posto telefônico. “Nossa chefe juntava tudo o que recebíamos e colocava no quadro de avisos. Quando chegava o dia 6 de janeiro, ela somava e divida igualitariamente entre nós”, finaliza.

Comprometimento e solidariedade O assinante sempre foi prioridade e tinha preferência, mesmo que as telefonistas tivessem que trabalhar mais para alcançar esse objetivo. Zulmira conta que, certa vez na época do Natal, estava passeando à noite na Praça de Sorocaba, antes da Missa do Galo. “Ligamos para a CTB e perguntamos às nossas colegas como estava o serviço. Elas estavam sobrecarregadas e fomos até lá, de livre e espontânea vontade, para substituí-las enquanto lancha-vam”, afirma. “Éramos uma família, tínhamos muito comprome-timento e solidariedade”, finaliza Helena Gonzales, irmã de dona Zulmira, que também auxiliou as colegas de trabalho.

Festas juninas alegravam a CTB. No destaque, dona Zulmira na compa-nhia do marido.

Dona Zulmira se diverte em mais um amigo secreto promovido pela empresa.

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38 LINHA DIRETA em revista

Cinema DemocráticoPanorama

Larissa Armani, com colaboração de Amanda Santoro

Produções nacionais e internacionais movimentam o Festival de Cinema do Rio. Veja ainda o que rola no meio musical e na literatura

CULTURA

O cenário que compõe a imagem é o Rio de Ja-neiro. Os personagens

são muitos e variados: produ-tores, diretores, atores, jornalistas e curiosos. O Cine Odeon, ícone cultural da cidade, é também um dos protagonistas – assim como diversos outros cinemas espa-lhados pelas terras cariocas. Todo esse enredo é apenas um breve resumo do que é o Festival de Cinema do Rio, que nesse ano aconteceu entre os dias 24 de se-tembro e 8 de outubro.

Quem prontamente associa o ci-nema nacional ao Festival de Gra-mado deixa escapar um detalhe pequeno, porém fundamental: o Festival do Rio é hoje conside-rado um dos maiores da América Latina. Realizado desde 1999, com a fusão do Rio Cine Festival e da Mostra Rio Branco, o evento surge como um enorme centro de con-vergência das últimas produções nacionais e internacionais.

Pluralidade é a palavra que rege os números expressivos alcançados nas últimas edições – em 2008, por exemplo, 220 mil pessoas prestigiaram 350 filmes de 60 países espalhados em 30 salas de cinema. A mostra agrega ainda em um mesmo contex-to curtas-metragens, documentá-rios, produções hollywoodianas,

filmes de baixo investimento, e o que mais despontar no campo do audiovisual. Segundo o produtor Dario Caregaro, 24 anos, a opor-tunidade para o cinema nacional é única: “o Festival do Rio lança ao grande público algumas obras, especialmente do cinema brasi-leiro, que merecem valor. É uma peça fundamental para integração do circuito nacional”.

Todos os materiais inscritos no Festival são selecionados por produtores e estão divididos em 10 mostras: Panorama Mundial, Expectativa, Limites e Frontei-ras, Mostra Geração, Tesouros da Cinemateca, Dox, Doc Latino, Midnight Movies/ Midnight Songs, Mundo Gay e Pocket Films. O evento também seleciona um país que recebe destaque durante os dias de apresentação. O Reino Unido foi o escolhido do ano de 2008, com 21 produções exibidas, enquanto em 2007 foi a vez dos chineses serem homenageados.

As disputas mais acirradas fi-cam por conta da mostra Pre-mière Brasil, em que todas as produções nacionais, divididas em curta-metragem, longa-me-tragem ficção e longa-metragem documentário, concorrem a pre-miações variadas. Os grandes destaques nacionais da última

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Festival do Rio 2009Rio de Janeiro Int´l Film Festival

LINHA DIRETA em revista 39

Cinema Democrático

edição foram Se Nada Mais Der Certo e Apenas o Fim, sendo este último totalmente produzido por estudantes da universidade PUC-RJ. Matheus Nachtergaele, ator consagrado na TV e nas telonas, impressionou também como dire-tor à frente do longa-metragem A Festa da Menina Morta.

Mais uma vez, Caregaro afirma que a qualidade dos produtos cinema-tográficos do Brasil aumentou muito, mas que as leis de incenti-vo do País ainda são muito falhas e fazem com que poucas produções, como o belíssimo Apenas o Fim, cheguem aos telespectadores. “Nós precisamos ficar atentos a alguns detalhes, existem filmes que são super bem repercutidos porque ganharam o Festival de Paulínia ou incentivos em excesso, mas simplesmente não são um ex-poente da produção nacional”.

Contracenando com todo esse burburinho nacional, nomes de peso costumam marcar presença no Festival. Caso de Josh Ber-man, responsável por séries de tv de grande sucesso como CSI e Bones.

Uma mistura típica, que só pode ser formada e oferecida pelo Brasil, País dos contrastes, onde a cidade do carnaval abre espaço para que outras artes sejam prestigiadas.

Vencedor incontestável do prêmio APCA* no ano de 2008, Flores Azuis veio para consolidar o trabalho da escri-tora Carola Saavedra. Nascida em Santiago do Chile e radica-da no Brasil desde a infância, a autora retrata, em sua terceira obra, o universo feminino com sutileza e maturidade. Quem pensa encontrar no romance uma visão simplista das coisas levará um baita susto com a complexidade dos persona-gens. Marcos, um arquiteto re-cém-separado, começa a rece-ber em seu novo apartamento cartas de amor de uma mulher que se auto-intitula “A”. Ao que tudo indica, os bilhetes são en-dereçados ao antigo morador do local, mas ele não resiste à tentação de lê-las. Bastante envolvido com a dona dos en-velopes, Marcos se distancia das reais mulheres de sua vida – a ex-esposa, a filha e a atual namorada – que o acuam de diversas maneiras. Flores Azuis ainda intercala duas linguagens e perspectivas. É uma narrativa que se despe inteira por meio de cartas, em primeira pes-soa, de uma mulher que quer se entregar perdidamente ao amor. Reflete também a angús-tia de um homem, com discur-so em terceira pessoa, que ma-terializa seus anseios em uma fantasia. Flores azuis merecem admiração no campo e, agora, também na literatura.* Associação Paulista dos Críticos de Arte

Dica de leitura

F L O R E S A Z U I S

CULTURA

Sete anos após iniciar a carreira nos palcos de Cuiabá, no Mato-Grosso, a banda Vanguart tor-nou-se referência no cenário independente do Brasil. Porém, apesar do recente reconheci-mento da crítica, nem sempre a história foi essa. Vanguart era um projeto solo do vocalista e violonista Hélio Flanders, que gravou dois cds independen-tes em seu quarto e disparou o conteúdo na internet. Em 2005, Flanders agregou Regi-naldo Lincol (baixo), David Da-fré (guitarra), Douglas Godoy (bateria) e Luiz Lazzaroto (teclado) ao projeto. O Van-guart passou a ter notoriedade em festivais independentes, e – com o álbum que leva o nome da banda, em 2007 – ganhou o respeito que merecia. A partir daí, a trajetória da banda foi meteórica: os meninos foram chamados para se apresentar em programas televisivos como Altas Horas e Som Brasil. Hélio Flanders também apadrinhou a cantora Mallu Magalhães – com quem teve um breve namoro – chamando-a para participar do projeto folk “Overcom-ing Trio”, que também con-tou com a participação de Zé Mazzei, baixista do Forgotten Boys. Para o ano de 2009, o Vanguart preparou o cd e dvd “Multishow Registro Vanguart”, com participação do maestro Arthur de Faria, Luiz Carlini, Quarteto de Cordas, entre outros. Não deixe de con-ferir o som da banda: acesse www.myspace.com/vanguar ou www.vanguart.com.br.

Dica de música

vanguart

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EM PAUTA

40 LINHA DIRETA em revista

Suicídios de telefônicos

Ficar sem trabalho é muito ruim, mas trabalhar, frequentemente, faz mal à saúde. Nós estamos acostuma-dos a isso. É a intensidade frenética do ritmo de trabalho, a repetição mecânica e monótona, as exigências humilhantes e descabidas, a insalu-bridade, os perigos graves, o assédio moral, a opressão e a exaustão.

Mas o neoliberalismo, em sua fome de lucros, criou, por assim dizer, uma maneira nova de assassínio no trabalho, o suicídio.

Essa forma cruel - o suicídio no lo-cal de trabalho, em decorrência das más condições - existia apenas entre os agricultores. Veja-se o exemplo, entre nós, da cultura do fumo no Rio Grande do Sul. Mas, atualmente, a partir dos anos 80 do século pas-sado, ondas nefastas de suicídio no trabalho varreram os países capita-listas mais desenvolvidos, na indús-tria e nos serviços.

Causaram comoção - mas quase nenhuma reação efetiva - os suicí-dios acontecidos na França, na Re-nault e na Peugeot (indústrias au-tomobilísticas, a primeira das quais, privatizada) e na EDF (empresa privatizada de energia elétrica) sub-metidas à famigerada “reestrutura-ção produtiva”.

Agora, também na França, foi a vez da telefônica France Telecom. A empresa estatal abriu seu capital em 1997 e foi privatizada em 2004,

tendo demitido nesse processo 40 mil trabalhadores. Nos últimos 18 meses aconteceram nos locais de trabalho 24 suicídios, de gerentes e outros trabalhadores que revelaram o mal-estar existente na empresa e provocaram reações fortes na Fran-ça e no mundo inteiro.

O 3º CNTT, realizado pela Fenattel em setembro, aprovou uma moção de solidariedade aos colegas fran-ceses e de repúdio às práticas em-presariais lesivas aos trabalhadores.

O psicanalista Christophe Dejours - conhecido no Brasil pelo seu livro clássico “A loucura do trabalho”, edi-tado pela Oboré em 1987 - publicou pela PUF, em setembro de 2009, seu livro de 136 páginas “Suicide et tra-vail: que faire?” (“Suicídio e trabalho: o que fazer?”) ainda sem tradução portuguesa, em colaboração com a psicóloga do trabalho e consultora de empresas Florence Bègue.

Suas informações e discussões são muito sérias, fundamentadas e per-tinentes. “A partir dos anos 1980 os gestores se impuseram, introdu-zindo a ideia de que se pode ganhar dinheiro não com o trabalho, mas economizando nos estoques e nos empregados. Os gestores que só olham o resultado não querem sa-ber como você o obtém: é um con-trato de objetivos, afirmam. É assim que os trabalhadores enlouquecem, porque eles não o atingem. Os objetivos designados são incom-

patíveis com o tempo que eles dis-põem”. Falando sobre os suicídios na France Telecom, disse em entre-vista ao jornal Le Monde, que essas mortes “são uma ruptura na cultura e na civilização”. E conclui, enfático: “estamos pagando agora!”.

A categoria dos trabalhadores em telecomunicações, uma das que mais sofreu nos processos neoliberais de privatização e reestruturação, precisa ser informada e discutir os malefícios causados a ela para me-lhor enfrentar os riscos e superar os problemas. Este é um grande pa-pel a ser desempenhado por todas as suas organizações sindicais.

João Guilherme*

* João Guilherme Vargas Netto é assessor sindical do Sintetel e de outras entidades de trabalhadores.

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PASSATEMPo

CURIOSIDADES

Por que os alimentos fritos ficam tão gostosos?

A revista Super Interessante pesquisou e descobriu: o óleo é capaz de deixar mais

evidente o paladar da comida. Isso acontece porque quando atinge a temperatura de 170ºC,

o óleo incorpora-se ao alimento e deixa mais nítido o sabor do que vamos comer.

Para quem não sai de casa sem ouvir a previsão do tempo e, ainda assim, tem boas surpresas com o clima, a resposta é óbvia: a meteorologia não acerta sempre. Cerca de 90% dos diagnós-ticos feitos pelos meteorologistas dão certo, número infinitamente maior do que os 50% de acerto que existiam há 25 anos. Apesar de todos os equipamentos e tecnologias a serviço dessa ciência, os imprevistos podem acontecer e algumas conclusões sobre o clima podem de-rivar da opinião dos próprios meteorologistas.

Fonte: www.superinteressante.com.br

Fritura: um novo sabor para os alimentos

A meteorologia é uma ciência exata?

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Concretização do talento

HoMENAGEM

Amanda Santoro

As Vozes do Sótão, terceira obra de Paulo Rodrigues, solidifica o comprometimento do escritor com a literatura brasileira contemporânea

Quem se depara com o andar tranquilo e cadenciado de Paulo Rodrigues pelos corredores do Sintetel – e não está familiarizado com a história da entidade – dificilmente consegue imaginar a trajetória meteórica traçada pelo assessor sindical na literatura brasi-leira. Bem conceituado entre nomes de importância inquestionável como Raduan Nassar (Lavoura Arcai-ca), Paulinho – como é conhecido no Sintetel – abre as portas da imaginação em sua terceira obra, As Vozes do Sótão.

Após a aclamada estreia de À Margem da Linha, em 2001, e o lançamento da coletânea de contos Redemoinho, em 2004, Paulo Rodrigues retorna às origens. Em As Vozes do Sótão, o autor retoma o estilo literário consagrado em sua primeira obra, mas – ao contrário do que o leitor possa imaginar – não se aco-moda dentro da estrutura de sucesso que o revelou.

A sua terceira obra, também lançada pela editora Cosac & Naify, recebe as recomendações de Luiz Fer-nando Carvalho, diretor de televisão e cinema. Na orelha do livro, Fernando define-o como uma traves-sia particular que, de forma surpreendente, permite a repetição de fatos em momentos e lugares distintos.

O leitor, ao se embrenhar na trama bem amarrada pelo escritor, percebe que Damiano, o protagonista do romance, reflete os traumas sofridos pela rejeição materna e situações vexatórias da infância. Aliás, são esses acontecimentos – atrelados às insistentes vozes do sótão e acrescidos pela traição da esposa – que possibilitam a Damiano refugiar-se espiri-tualmente em terras uruguaias. A opção por Montevi-

déu converge, inconscientemente, com os anseios da sua rígida mãe, que descreve a cidade como o único lugar onde foi verdadeiramente feliz.

Com uma aparente chance de recomeçar, Damiano assume a identidade de Guido e, temporariamente, se liberta da soturna voz que teima em não deixá-lo. Porém, como fantasmas do passado não são esque-cidos facilmente, Guido volta a sofrer com os trau-mas há muito temidos, e uma nova traição ocorre. “Trágico. Repete-se a história, mas não a forma”, afir-mou Antonio Gonçalves Filho em sua crítica literária publicada no jornal O Estado de São Paulo.

O livro As Vozes do Sótão já pode ser encontrado nas principais livrarias brasileiras. Em razão do seu lan-çamento, Linha Direta em Revista utilizou este es-paço, ocupado em edições passadas pelas crônicas do caricato Zanganor, para homenagear nos-so talentoso colunista. No próximo volume da publicação, Paulo Ro-drigues volta ao seu posto com novas e ir-reverentes estórias.

Vale lembrar que a pri-meira obra de Paulo Ro-drigues, À Margem da Linha , já foi editada em Portugal, na Espanha e, em março de 2010, será lançada na França.

Paulo Rodrigues

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Já pensou em expor sua marca nas publicações

do Sintetel?O Sindicato possui um amplo sistema de

comunicação com o trabalhador por meio de seus jornais, revista quadrimestral e

site na internet.

A tiragem de Linha Direta em Revista, por exemplo, é de 25 mil exemplares e é lida

pelos trabalhadores associados e seus familiares, já que a publicação é enviada

diretamente para a casa de seus leitores. Somam-se a isso os três jornais impressos da entidade, cada qual voltado para públi-cos específicos - aposentados, telecentro e telecom. Essas publicações juntas ultra-

passam a marca de 100 mil exemplares.

Além disso, o site do Sindicato (www.sintetel.org) é atualizado diaria-mente pela nossa equipe e conta com

milhares de visitas.

Anunciar nas publicações do Sintetel é uma ótima forma de reforçar o nome

de sua marca junto aos trabalhadores da categoria de telecomunicações. Entre em

contato pelo número (11) 3351-8884 ou pelo e-mail [email protected] e

saiba como anunciar.

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