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IHbHHÍ vossos corações á desventura, dissipando os hor-rores da noite escura da desgraça, com festas e flores,assegurastes ás creanças: protecçao contra a adversidade,pão e luz contra a fome e as trevas que ameaçavam seufuturo.

Campinas, 15 de Agosto de 1890.

Dr. Pereira Lima.

— 2 —

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ASYLO DE ORPHÃS

Convidado por um amigo por muitos títulos' illustre a enunciar por escripto algunspensamentos sobre o interessantíssimo as-sumpto definido pelas palavras Asylo deOrphãs, senti-me embaraçado em face dagrandeza da idéa, e outrosim pelas recor-dações mil, pelos sentimentos múltiplos

que em tropel $eme assomaram ao espirito e aocoração.

Quiz escusar-me; mas a delicadeza do convite«xigia imperiosamente uma correspondência. Fal-le, pois, o coração, sem pedir á intelligencia osatavios da rhetorica.

Asylo de Orphãs: esta< palavras por si sós,exprimem as duas idéas que formam o apanágio dahumanidade, apresentam bem patentes os doiscampos diversos em que se agita o gênero humano:grandeza e miséria, prosperidade e desventura...um que dá, outro que recebe.

Estes dois extremos se communicam, se auxi-liam mutuamente, se estreitam por um laço divinoque se chama — caridade. O Pae commum inspi-ra de continuo ao filho prospero o sentimento dafraternidade: olha, aquelle pobre infeliz é teu ir-mão, tem os mesmos direitos que tu : olha que ospapeis de um momento para o outro podem inver-ter-se ; dá, pois, do teu supérfluo o que é necessa-rio ao teu irmão.

E' principal característico do povo campineiroa generosidade: apalpei-lhe o coração, \pul-o er.iprovas muitas vezes, e a experiência confirmousempre o conceito. \

Mas, a bella cidade, centro de vida e de acti-vidade, estremeceu-se um dia possuída de terrivelpânico: um hospede importuno, um inimigo for-midavel penetrou-lhe o seio, rasgou-lhe a* entra-nhas... uma terrivel epidemia semeou a morte,cei-fou milhares de victimas, inundou de lagrimas afamilia -campineira!! Então, viam-se pelas ruasmulheres chorando a sua viuvez, pães p esposos la-mentando o desapparecimento de entes que lheseram caros ; e o que mais é : infelizes orphãos, es-tendendo mãos suppiicantes aos transeuntes, crean-ças implorando uma paternidade qualquer...Gommovéu-se o coração campineiro, abriu-se;mas era mister alguém apparecesse e ajuntasseesses bons sentimentos. e os crystalisasse em umabrigo á infância desvalida.

Um varão respeitável, mineiro por nascimen-to e paulista por coração, apresentou-se animadode sublime dedicação, cercado de grande prestigioadquirido por longos e honrosos precedentes, e as-sim fallou : Campineiros, dai-me cada um de vósuma pequena parcella de vossos recursos, e eucompletarei uma idéa que já está em meio de suarealisação.

Dito e feito; e o echo dessa voz repercutiuaté ao Norte do P$iz, e quem escreve estas linhasteve a consolação de vêr um illustre cearense di-zer-lhe: «Os paulistas nào são surdos ás necessi-dades do Ceará, quando soffre ; eu que^o, pois, emnome da minha terra, pôr uma pedrinha no gran-ue edifício da caridade — chamado «Asylo de Or-phãs de Campinas.»

Muito bem ; já não é mais uma idéa, mas umarealidade o Asylo de Orphãs em Campinas.

Honra aos seus fundadores, congratulações áspobres orphãs.

Já saudámos o dia 15«ie Agosto em 1876 ; sau-damos o 15 de Agosto de 1878, sa#udemos agora ju-bilosos o dia 15 de Agosto de 1890, e aguardemosesperançosos um outro dia de próximo futuro emque possamos saudar a fundação de um lyceu ouescola agricola ou de qualquer instituição parameninos pobres.

E' mister educar um e outro sexo.Campinas, 15 de Agosto de 1890.

f JOAQUIM, Bispo do Ceará.

' Dr. Pereira Lima€> inaugurardes o Asylo de orphans*|p nesta cidade, que hoje tanto vos deve,¦':$. permitti-me que, em nome dessas po-bres filhas da desventura, eu venha depor

aos vossos pés seus eternos agradecimentos.Ha, lá, nas regiões da eternidade um

cortejo de mães que, ao cerrarem-se seusolhos na terra, vos confiaram suas inno-centes filhinhas.

De lá não descem coroas de louros,nem ephemeras e vaidosas manifestaçõesde agradecimento ; mas d'aqui voarão nasazas do incenso, na hora augusta do Sacri-fido, essas preces singelas, partidas desseslabiosinhos empallidecidos pela dor, que,recebidas no céo por aquellas que em vidachamavam-se suas mães, transformar-se-hão^ em orvalhos de bênçãos celestiaes ecahirão abundantíssimas sobre vossa fronteveneranda !

As orphams deste Asylo vos agrade-cem por intermédio de seu humilde pae es-piritual.

O Vigário Corrêa Nery.

^íHIíéé>

MÃES, que tendes ainda a su-prema ventura de poder a cadainstante beijar vossos filhinhos,essa metade de vosso coração'

exultai por aquelles filhos da desgraça hojeam-arados, e deixai cahir sobre as mãosvenerandas de Pereira Lima uma lagrimade ternura e reconhecimento, por essa obraque na terra se chama Asylo de Orphãose no céo^uma festa entre os anjos. '

• Alzira Pujol.

— 3 —

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COUSAS TRISTES

ífl epidemia visitouMf8

a vossa cidade,» supprimiu muitas mães e augmentou

o numero dos orphãos. :Me pedistes duas linhas para o jornal

de hoje, e eu não sei o que dizer deante dagrande obra que realizais, inaugurando oAsylo de Orphãos.

Sinto a grandiosa magnitude da inicia-tiva popular e beijo as mãos a Campinaspela caridade com que ella substitfte ásmães que já não existem.

Entretanto, aborrece-me a contingen-ciada vida;.

Si a existência de Deus dependesse deuma eleição popular eu me apresentariacandidato para dar um quinau no vossoDeus, que mata as mães e conserva osseus fllhinhos.

Eu não mataria as mães que os tives-sem pequeninos ; mas, quando uma dellascahisse na asneira de morrer, eu não deixa-ria os seus fllhinhos na terra. ;

Sem as mães, elles são como os perfumesfora das flores : — afroucham-se, mirram e,mesmo que se não desfaçam de todo; so-brepujados pelas exhalações do ambiente,também não chegam a dar a menor idéada flor de onde se desprenderam.

Eu os transformaria em estrellas, paraque no infinito dos espaços, eternamente,alumiassem o eterno movimento das mãesmortas, das mães que se atomizaram.

E Campinas, onde a caridade é umabandeira, entraria para a formação doastro central desse meu systema planetário.

Santos, i5 Agosto de 1890.

Horacio de Carvalho.

T^^t2^*-3c—^sisi/Z^*

CEBHBHO E CGBAÇÃG(AO DR. PEREIRA LIMA)

Orgulhosa apostropha a IntelligericiaAo Coração: «Eu fundo,

Diz uma vez, o templo da scienciaE o erro mato» !... Que fazes tu no mundo?

E o Coração responde-lhe tranqüilo,Certo de seu valor:

«Eu faço mais que tu, eu fundo o asyloE mato a fome e a dôr».

S. Paulo, Í890.

SUBLIME PRECEITO

|9 desterrado de Pathmos, alquebradopela idade, quando já não podia dirigir oseu verbo erbquente ao povo, fazia-se con-duzir á praça publica e não se cançava delhe repetir o sublime preceito : Amai-vosuns aos outros. \

Eis a base immorredoura sobre a qualse assenta a grande virtude da caridade.

Eis o circulo luminoso dentro do qualse formam os puros sentimentos do coraçãohumano.

Abrem-se hoje de par em par as por-tas do Asylo de Orphans desta terra.

Vós, pobres creanças, que já não go-zaes das suavíssimas caricias de vossospães arrebatados pela sombria voragem dotúmulo, gravae bem em vossa mente osnomes daquelles que, condoidos de vossasorte mesquinha, promoveram a fundaçãodesse grande templo do Bem : D. JoaquimJosé Vieira e dr. F. A. Pereira Lima.

Diante de tão generosos corações, ver-dadeiros thesouros de serena bondade,creanças, ajoelhai-vos!

Leopoldo Amaral.

Eduardo Chaves.

ASYLO DE ORPHÃOS

A lei do altruísmo proclamada pelo gran-de philosopho, encontra plena justificaçãono procedimento honroso dos illustres cam-pineiros que acabam de promover a crea-ção do Asylo de Orphãos* estabelecimentoútil e democrático, considerando-se a de-mocracia c<omo a personificação do bemrcomo ura symptoma inilludivel do pro-gresso.

Nem se diga que falha o motivo sócio-lógico n'este emprehendimento : a caridadeé uma bella cousa, mas os que sabem rea-lisal-a, constituem a phalange dos fortes,exemplificando o principio sociológico queaffirma a devinação do bem—isto é, o re-sultado commum, do auxilio directo dasforças particulares para o bem gerai.

Recebam os iniciadores do brilhantecommettimento os meus sinceros parabéns.

S. Paulo—7—8—90. /Rufiro Tavares.

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I**5* iVendo essa luz dos olhos teus divinos .—Inspiradora estrophe aprimorada—Mais que o ciarão de esplendida alvoradaEspadanando effluvios peregrinos!...Vendo assomar-te aos lábios purpurinosA palavra de affecto abençoada,E ouvindo a tua voz doce e sagradaVibrar no gspaço como vibram hymnos...Vendo o teu vulto immenso, imperturbávelO' Caridade! Esplendida impeccavel-Toda sonhos de amor e toda encantos,Cantam no azul inflndo astros e auroras :—Bemdicta sejas tu que a dorminoras,Bemdicta a tua mão que enxuga prantos!..

CA RL OS FERREIRA.

!p solemnidade de hoje é a festa dosW corações.

Basta um nome, para syntheti-sar tudo quanto vae de alegria e

alvoroço em minha alma, pela ventura dospequeninos:—é o do seu meigo e generosoprotector, dr. F. A. Pereira Lima.

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Alfredo Pujol.:. 1

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tgA educação moral e intellectual damulher depende a felicidade da fa-milia brazileira, assim como á edu-

cação popular está filiada a regeneraçãodos nossos costumes, sem a qual nada te-mos feito.

E' assim que tenho razão para, apro-veitando a opportunidade, apertar a mãodo meu distineto e humanitário collega,dr. Pereira Lima, por ter sido o fundadordo Asylo de Orphãos nesta cidade. Acriança é como a flor. E quantas não fe-neceriam si não fossem o orvalho e os raiosvivificadores do sol, secundados pela mãocarinhosa do j&rdineiro? ! Pois bem, o jar-dineiro destas florinhas mimosas é o dr.Pereira Lima, ô orvalho e os raios solaressão o arrimo e a educação que * lhes pro-porcionam o dr. Pereira Lima e os seusbeneméritos companheiros desta cruzadatoda humanitária.

Campinas, i5 de Agosto de 1890.Dr. Alberto Senra.

0 TEMPLO DA CARIDADEuereis compulsar o progresso de umpovo, a sua grandeza, o nivel de suamoral, disse o grande pensador do

século o notável publicista Augusto Comte:examinai na sua estatística o numero desuas escolas e de suas instituições pias, etereis com exactidão todas as grandes vir-tudes do mesmo.

A Pátria Paulista deve orgulhar-se deter e\n seu sóllo o pedaço de território oc-cupado por Campinas, a terra dos grandesemprehendimentos, a terra onde a hospita-lidade fez quartel no seio deste povo emque as grandes qualidades se destacam, tor-nando bem patente o nome heróico dopaulista, sempre acclamado desde as maislongiquas gerações

A festa que hoje celebra a populaçãocampineira abrindo de par em par as por-tas do grande templo da caridade, onde aoiphandade vai encontrar o abrigo e o le-nitivo que lhes roubou a fatalidade arreba-tando-lhes os pais, é uma prova exhube-rante do seu patriotismo, da pujança egrandeza de seus sentimentos nobilissimos.Bemaventurados aqueiles que se arrojaramna grande cruzada do bem, os que aposto-usaram tão sublime causa, colhendo oslouros que lhes atiram as mãos pequeninasdessas crianças louras.

Salve pais !Salve irmãos !Salve filhos !

R. Coeiho.

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|AIS um monumento da iniciativae da caridade do povo campineiro ;mais uma bella pagina na sua his-toria, reflexo de uma das maissympathicas feições do seu carac-ter, transformação paradisíaca do

cyclo lugubre—1889 e 1890.O heroísmo está na alma de todos ;basta só desenvolver essa virtude latente.O povo que fundou dous hospitaes,

que fundou o Culto á Sciencia, devia ne-cessariamente completar a sua obra porum Asylo de Orphãos: Sciencia e Carida-de, dois poemas inspirados pelo mesmopensamento, ligados por aquelle fio mys-terioso do Labyrintho humano de que fallouV. Hugo e por onde se guiam os seusgrandes espíritos. «

H. G. Pujol.

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3»__:____G3-_S;_íl!

A peste e os seus horrores!..; Como é miserável e ridícula a sabedo-na humana, ante o flagello que irromperero do desconhecido e se eleva iracundosobre os destroços da fragilidade impo-tente! r

Que lueta tremenda, a da scienciacontra o inimigo formidável, que o micros-copio do observador materialista foi encon-trar n'um organismo infinitamente pequenoe quasi invisível! 9

Quasi invisível e quasi invencível!Que decepção, para os orgulhosos e

vaidosos scepticos deste ultimo quartel doséculo das luzes, que se julgavam fortes egrandes porque perfuraram as cordilheiras,porque rasgaram extensos canaes e oppu-zeram diques á marcha do oceano!

A peste e os seus horrores !Acaso, será, a peste, um mal nec essa-

rio—uma compensação ao rápido cresci-mento da familia humana, como preten-dem alguns economistas?

Ou antes—será uma communicaçãodo Jehovah doshebreos: um aviso celeste,aos que já não tem têas de aranha no co-ração, de que isto de sciencias e vãs philo-sophias não passam de babuseiras de cere-bros doentes ? !

Ou—quem o dirá ?—uma intervençãodirecta do Deus bom e misericordioso, norumo torto que damos a esta curta passa-gem pela terra, deslembrados daquelle mo-mento do juizo derradeiro... que os ajui-zados de hoje fingem despresar ?

Como quer que seja, cumpramos, an-tes de tudo, o dever ; conservemos a féintacta, porque ella é a consolidação su-prema da religião—da caridade e humildade

Nas batalhas da vida, o valor não estána violência do ataque, nem na perícia dadefesa.: um animo sereno e justo não temeos perigos, nem a reprovação dos ) censo-res de officio—cumpre o dever simples-mente, sinceramente.

Martyr ou heróe glorioso, o que obe-dece á uma consciência recta, terá, emoutra região, longe da terra, o prêmio justoque houver merecido.

E', entretanto, uma doce consolaçãoprelibar, a gente, aqui mesmo, algumasgottas do famoso licor que a eterna vidanos destina.

Beato em vida !...E o é, o meu nobre amigo dr Francis-

co Augusto Pereira Lima.

m Obedecendo á inspiração da caridadecrhistã, que esta época de reformas e bam-bochatas scientificas pretende chrismar dealtruísmo, o dr. Pereira Lima entendeu que,com as lagrimas e o lucto de uma cidadeinteira, po^er-se-ia levantar um edificio im-morredor! Mais do que isso : um asylo,onde os orphãos tristes encontrassem o en-sino, a educação e o affago brando e con-solador de uma doutrina santa.

Para obra de tanta magnitude não fal-taram estímulos : o milagre é uma lei natu-ral dos christãós.

Vibrantes de enthusiasmo caridoso, oscorações das mulheres—redueto inexpug-navel da religião de nossos maiores—pul-saram monocordes pelo bem e pelos des-amparados da sorte !

Dahi as associações, as festas, o con-curso de todos em prol da orphandade.

Dahi a execução de um plano, cujaidéa primitiva germinara na paz do lar, nasexpansões de um outro coração de mulher—da mulher abençoada dos'livros santos :—a mulher esposa, a mulher mãe !

E o Asylo ahi está feito.Cumpriu-se o milagre !Graças ao altruismo do dr. Pereira

T OLim^i (..'Graças á proverbial generosidade doscampineiros ?..

Graças á gentilesa das mulheres?..Não. Nada disso !Graças a Deus e ao sentimento de ca-

ridade christã, porque só o christianismo écapaz destes milagres.

Campinas, i5 de Agosto de 1890.

POLYCARPO DE QUEIROZ.

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Deus ó a fonte da caridade.(Sermão do Conego Nery.)

Quando Christo foi pregado,Corpo nú, ensangüentado,INás travas toscas dascruz,E dos olhos seus profundosVoltados á outres mundos— Eternidades de luz—Uma lagrima brilhante,Banhando o frio semblante,A' terra ingrata desceu...Dessa gota christallina—Semente pura e divina—A caridade nasceu !

JOÃO EGYDIO.

o

HOMENAGEM DEYIMÜfeai

riÉiÍ|Í dia em que se inaugura o Asylo*Y de Orphãos um homem merece todasj as homenagens. Esse homem é o be-nemento fundador do Asylo. Esse cidadãobenemérito é o dr. Francisco Augusto Pe-reira Lima. &

. ¦ Ter levado a cabo essa obra, imagina-da por elle no horror da epidemia de i88oconcluída agora por elle tambem com oauxilio da munificencia popular, é ter con-quistado a gratidão de Campinas. E' poisjustíssimo que o nome de Pereira Limaque symbohsa a dualidade de uma alta in-telhgencia e de um affectuoso e nobre co-ração, voe de lábio a lábio.

m Imagino que immensa alegria deveinundar-lhe a alma hoje ! Parece-me quea somma de prazer que elle deve experi-mentar neste dia só pode ter rigoroso ter-mo de comparação na dor e na piedadeque lhe çonirangeram a alma quando haanno e meio a vaga negra da morte arre-batava, furiosa e indomita, o amparo áspobres creancinhas.

Respeitos e homenagens ao nobre ei-dadao. §$Deixae passar o benemérito !

NA FESTA DA-CARrDADEEu aperto a mão ao dr. Pereira LimaAo seu esforço, ao seu louvável esfor-

ço patriótico é que Campinas deve essacasa de caridade, respirando a frescura dosnobres sentimentos.^Aperto a mão a esse benenemerito quesoube calar em todas as almas, essa reli-

giao conf )rtante de fazer o Bem, syntheti-sando o seu objectivo nesse asylo, onde oseu coração e a sua caridade vão dar asa-salno â milhares de crianças desamparadas.y Aperto a mão ao dr. Pereira Lima ebeijo as das gentilissimas protectoras desseAsylo.

S. Paulo, i5 de Agosto de 1890.Américo de Campos Sobrinho.

A's Orphãs do Asylo

Henrique de Barcellos.

iüü Caridade I tudo quanto ella faca ém .rnmt° ! tudo quanto, delia se

'dicaf e nada! D '

Julia Lopes d'Almeida.

^fcK#

^bm

Asylo de Orphãs^sylar é praticar a caridade.fesí Quem piedosamente a pratica é um

s evangehsador. '•.'

olhnf871^ é.e^ndecer-se aos própriosolhos — fitando o bem.

Quem asyla gera alegrias aos profusosda m.seria, insc«lpe ò brazão da incorrup-tibihdade - rasga horisontes que o recom-mendam á posteridade... Jovens desvalidas — erguei preces aoinfinito — enaltecei a apotheose ao vossobemfeitor.

' >' ' , ¦

^ J. Miranda.

tiepoíó dos luetuosbs tempos da epi--ssa^tm^- demia, brotou no cérebro deum homem bom e generoso, perso-mficação do altruismo, a idéa deamparar as. miseras crianças, queficaram na orphandade com aquellaformidável catastrophe.O Asylo surgiu como brilhante estreilanas sombras crepusculares da vida socialdas ramihas pobres, inundando-a de luznumarrebol de esperanças e promessasconsoladoras, qual se rompera festão derosas opulentas e primaveris por entre asurzes bravas da desgraça.Hoje o Asylo é uma realidade ; suas

portas abrem-se de par em par, e o dísticoque íllumina-lhe a frontaria são as meigase acariciadoras palavras do Christo : Sinitepar pulos ventre ad me.

Filhas sem pae e mãe, mães do futuro,os espinhos da via dolorosa da vida nãovos magoarão, desde a infância, os débeispesinhos, graças a vosso generoso bemfei-tor: exultai de prazer, os horisontes devosso futuro enfloram-se com o rosicler daesperança, seu negrume outr'ora caligi-noso dissipa-se, enchendo vossos parentesae felicidade e alegria.

> N'uma ardente preghiera de amor en-'toai hymnos de gratidão, levantai hosannasa vosso protector, o dr. Pereira Lima.Dr.cVieira Bueno.

V-

'•':•'

7 —

J. orphandade é uma noite de inverno :^ trevas e frio ; trevas para o espirito,frio para o coração.

Bem haja quem lhe dér luz e calor :calor de aífeições que adormente. saúda-des, luz de sciencia e de fé, que illumine,horisontes de esperanças. '.'"¦¦

Pobres creancas! que seria de vóssem corações ternos e bondosos, que vosfaçam esquecer, nas caricias, as commó-ções de vossa dôr? Que seria de vós semcorações ternos e bondosos que recebam,como vasos de ouro, as gottas de ^sanguede vossos olhos, e as lagrymas penosas devossos macerados corações ; que resguar-dem, com o escudo de uma caridade purae desinteressada, as vossas frágeis cabeçasdos golpes tremendos da adversidade ; queprotejam as vossas singelas e desprevenidasconsciências dos ataques do mal, das inva-soes do vicio, do toque maléfico de dou-trinas Ímpias e de máximas mundanaes ?!

Oh! flores mimosas,pobres creancas!...Bem haja quem vos dér luz e calor: luzque vos seja guia nas trevas desta vida, ca-lor que vos dé vida na noite do coração...bem haja !... bem hajaao dr. Pereira Lima,que tem coração bom e terno,, segundoocoração de Deus,

Bem haja quem vos matar a fome e asede, quem cubrir a nudez de vossos mem-bros delicados e franzinos.., A chuva nãovos ha de entanguecer os movimentos, nemo relento vos cobrirá sobre a calçada dasruas. • -C

Orphãos, tereis pães e mães que voseduquem para a vida social, sereis consu-midoras úteis e productòras intelligentes ;não sereis pesadas á sociedade pelo ócio; epelo vicio, aprendereis a viver do trabalhona paz de uma pureza inalterável, de umaingenuidade encantadora;- para serdes nofuturo mães zelosas, ou' virgens abnegadas,desprendidas dos prazeres da terra ^ara vi-verdes da dedicação generosa em prol -dahumanidade qüe soffre. -, - ¦¦¦¦

Que uma-atmqsphèra lücidá vos circun-de, é seja a aurora ;dô' dia; i:5; de Agosto

quem, vos qer mz e caior?:iu^^ángenciá,

"calor pàFa ò coràdáb.

- H

grPãülò^gòstó de! iStíò'* !i';:¦¦¦•¦¦ ' ¦¦ -7'r.r • ,, .-¦>.•'*< ,

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"Conego Manoel V

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J^u não podia recusar-me ao convitef? honroso que me fez o iüustrado dr.

.'$ Pereira Lima para escrever duas pa-$' lavraS no jornal commemorativo da

installaçao do Asylo.Eu não podia recusar-me, embora sa-

bendo que o meu pobre estylo vacillantenão tem o colorido digno de um jornalcomo aquelle, porque sou campineiro, queama a sua terra, e porque sou ¦ cidadão,que respeita e estima os cidadãos credo-res da sympathia e reconhecimento so-ciaes.

A minha qualidade de campineiro im-põe-me, imposição a que gostosamente mesubmetto, que eu exprima neste momentoo meu orgulho e a minha profunda satisfa-ção por vêr, ao lado do |monumento daCaridade — a Santa Casa — , erguido omonumento do Amor — o Asylo de Or-phãps —..-, que este povo generoso e dignolevantou em boa hora.

A minha qualidade de cidadão orde-na-me que eu venha publicamente bateçpalmas sinceras, na festa de urn benemeri-to, porque a inauguração do Asylo, se épartí as creancas que' vivem na tristeza im-*-mensa da orphandádè a abertura do hinhpaconchegado e quente do corpo e o retirosereno e moraüsador do espirito, é tam-bem para o dr. Pereira Lima a festa doexito qüe a sua infatigabilidade alcançou,a festa da victoria que obteve* o seu cora-ção •--— sacrario em que reside angélicabondade. .;

Foi òorno campineiro e còmò cidadãosomente, que eu animei-me a escrever /es-tas duas palavras, certo incolor;es e simrpies; mas não menos certo filhas da minhasinceridade. ; ;:' /' ,' :

Como campineiro eu saudo agradecidoo dr. Pereira LimaLj como cidadão eu dou,contente, parabéns á sociedade.r

Eram estas-ás duas palavras. •" i.v-.*:.-... • m »..*. -Joaquim Gomes Pinto, i

f* a : •:":*'i <•¦'ICENTE.

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NjQ.ss.os ante^passados, sedentos ;cje re-nome, levantaram.-•; outr'ora : :iiq =4 Oriente,enormes 'fõrtalezias,^ donde feziam. guerraaos1 tuteos. Nós,'hoje, em pleiíà^az, m'ódos de serítimentos míiis süavqs^ ^rgúeüiò^as)dos par.aiQs^eíS^mp^rados/" • Nt

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A CARIDADE A' MORTE__' __TJC3-TJSXO C_3S__X=2.

Bebeste tanto sangue e ainda alagasem caudalosos jorros o meu seio!—disse, escondendo de seu pranto as bagasA Caridade em suspiroso anceiq,

E' tempo! Corta o curso dessas vagas,desse lethifero e nefasto veio.Quanto ninho innocente tu me tragasquando eu das ondas negras afastei-o.

Ah! respondeu-lhe a morte, vil nojenta,mostrando em feio gesto, a pestilentababa e mais outros pútridos humores,

Choras diante de mim que sou tyranna,tu, a quem chamam, linda e soberana,e que convertes este sangue em flores?..

PAULO LOBO.

0 fundador do Asylo de Orphãs de CampinasH_)iscreteando um dia acerca da justiça, n'um

M rapto de enthusiasmo, Bossuet exclamou : —«A justiça é uma espécie de martyrio...»

Tambem a sinceridade implacável do pensa-mento é ás vezes uma espécie de martyrio.

Por felicidade nossa, e mais feliz do que o il-lustre oratoriano, mais feliz do que Paulo Bourget,a quem pertence o segundo pensamento, não senti-mos contrariedade alguma no dia de hoje, em quese inaugura o Asylo de Orphãs de^Gampinas, aoenaltecer o subido mérito do seu illustre fundador,o afamado clinico dr. Francisco Augusto PereiraLima.

Nascida no dia 20 de Abril de 1889 a idéa dafundação, era Campinas, de um Asylo de Orphãs,que servisse de amparo e arrimo ás creancas que amortífera epidemia de febre amarella daquelle an-no deixara sem protecção e amparo, o caridosocommettimento teve, da parte do povo da illustra-da cidade, o mais generoso acolhimento, e já no dia24 do mesmo mez reuniram-se, no consistorio damatriz da Conceição, diversos cavalheiros e os re-presentantes da imprensa local, com o fim de re-solverem quanto aos meios de ser fundado o pio es-tabelecimento.

A semente lançada pelo illustre dr. PereiraLima, na abençoada terra campineira, produziu osseus benéficos fructos, e nem outra cousa era deprever, desde que elle appellava para a populaçãode Campinas, que a nenhuma cede, no Estado de S.Paulo, na iniciação da» emprezas úteis e mérito-rias.

Mais feliz do q\ie Moysés, o afamado clinicotocou hoje a terra da promissão, porque vê coroa-dos os seus esforços de uma maneira brilhante.

Nós o felicitamos de toda a abundância do co-ração, como amigo e como pensador. *

Como amigo, porque é-nos sempre grato o verque o nosso coração palpita de accòrdo com outro,que nos é caro na vida, sôb o impulso de grandes' egenerosos sentimentos.

Como pensador, porque entendemos, apesardas nossas profundas convicções scientificas, que

faz uma obra útil, pratica e meritoria todo aquelleque trabalha, para que não^lesappjireçam do mun-do os últimos vestígios do sentimento christão, osquaes animam e vivificam a vida.

E se não, imagine-se que o christianismo detodo desapparecia da face do planeta, que habita-mos...

Nesse dia, o nosso coração seria abysmadon'uma desolação e ifuma tristeza égua'S ás que ocaminheiro sente nas steppes interminas, sem quea mais tênue esperança fluctue para elle no hori-sonte longiquo!

Não.O christianismo não ha de morrer, porque

Christo o fundou na pureza do coração e na frater-nidade humana, e apesar do egoisrm que se en-thronisou nas cousas da vida, o esp. to humanodeixa-s§ por vezes dominar pelas fascinações doideal e o nosso coração ainda é capaz de saltar dopeito, em romaria piedosa pelas almas afflictas.

Parabéns, pois, ao illustre amigo e afamadoclinico, dr. Francisco Augusto Pereira Lima !

S. s. e todos os que concorreram para a funda-ção do Asylo de Orphãs de Campinas vão sahircontentes da festa de hoje, porque levarão na con-sciencia a convicção de que deixam atraz de si, nacaminhada para a casa, um rasto luminoso, á cujasombra amanhã se abrigarão muitas lagrimas emuitas dores.

Dr. Pedro Sanches de Lemos.

• • •

feij Í^I é verdade que outros mais habi-j'tf-^r-litados sentem a difficuldade de se

exprimir na oceasião em que se dá um gran-de acontecimento como o que hoje se ceie-bra em Campinas, que hei de dizer aqui, eu,pobre desprotegido do facundo Mercúrio, euque, nem por hereditariedade nem por ata-vismo, nunca pude tanger com o plectroas cordas da lyra camoena ?

Não me pesa, comtudo, a segurançade que nada valem as minhas singelas phra-ses ; não serão os elogios d'este ou daquel-le, a melhor recompensa do Dr. PereiraLima.

Que prazer dulcissimo, que suave sa-tisfacção, será para elle a certeza da éter-na gratfdão desse enxame de adoráveischerubins, que a injustiça do acaso divor-ciou dos beijos e carinhos maternos, daprotecção e, dos conselhos paternos, paralançar na escura incerteza da orphandade !As pobres criancinhas abandonadas, semcasa e sem familia, hoje abrigam-se sob asazas da immensa bondade d'um medicodistincto e mais tarde verterão para elle aslagrimas que o reconhecimento fará brotar.O generoso cavalheiro, o pae dos orphãos.esse já sorve e saborêa de antemão essaspérolas ainda de maior valor qu£ a que be-

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beu essa caprichosa rainha do velho Eev-pto. bJE têm, além d'e#sse, um galardão tal-vez mais nobre : é o simples facto de terlevado ao fim a caridosa empreza que a simesmo impoz, o que em grande parte devea... a quem ? Sei que vou tocar num dospontos mais vulneráveis da sua sensibili-dade, mas irresistivelmente sae-me do bicoda penna o nome da sua virtuosíssima se-nhora—D. Anna Lima.

E' certo que o fundador do Asylo sa-bia e contava com as difficuldades e comos obstáculos que encontrou; entretanto,si na lueta vacillava alguma vez, eratnatu-ralmente a sua esposa quem lhe dava aforça e a coragem, quem o incitava a pro-seguir na realisação do désideratum que écausa das justas festas que se vão celebrar.

A mulher tem sido em todos os tem-pos a grande protectora das idéas gênero-sas e humanitárias ; e a historia nos attestamilhões de vezes em que ella, tomando opartido do fraco, fel-o vencedor contra oforte.

Ella tem auxiliado aos grandes empre-hendimentos e mais de um facto notável,mais de um acontecimento assombroso, de-ye-se á sua vontade ; no emtanto, um sen-timento ha de que ella se orgulha e em queé, por vezes, inexcedivel—a charidade ! ^

Devemos, portanto, glorifical-a tam-bem, por se achar entre os principaes e de-dicadissimos iniciadoifcs e protectores dapiedosa instituição que hoje se inauguraamparada pelo altruísmo da nata da socie-dade campineira.

Desde as primeiras tentativas para acreação do estabelecimento, as senhorasde Campinas se pozeram ao serviço dasaneta causa. Citarei, para exemplo, aKer-messe ultima, certamen onde a generosida-da feminina se esforçou o quanto foi pos-sivel para a obtenção dos meios necessa-rios para levar a effeito o grande e philan-trópico pensamento. •

E ahi está o Asylo !Conhecida pelas bellissimas qualidades

de que é dotada a Exma. esposa do Dr. Pe-reira Lima foi talvez a que mais se dedicou,a que mais energicamente trabalhou emprol deste instituto.

E para isso não era preciso haver ou-tra causa, bastava apenas que ella fossemulher, porque a mulher tem comsigo, lon-ge das vistas da multidão, oceulto como othesouro do avaro, um outro thesouro mais

ncoxiinda—o seu coração,—sagrado repo-sitono de todas as virtudes, o livro emcujas paginas se lê eternamente o sublimepoema da charidade e do amor !

José Augusto Quirino dos Santos.

NITE PARVÜLOS AD ME V£NIM

«importante e adiantada cidade deCampinas que tantas e tão bri-lhantes provas tem dado de fe-cunda iniciativa, de civismo e

de amor ao progresso em todasas suas manifestações, levantandomonumentos como a Matriz, a Mi-

sericordia, o Culto á Sciencia e tantos outrosque hão de attestará posteridade o quilateda geração actual ; Campinas que desenvol-veu amais tenaz e heróica resistência á de-vastadora epidemia, luetou com indomitacoragem e lueta ainda, já reparando os es-tragos, já premünindo-se contra novas in-vasões, não podia deixar de commover-sediante do lugubre quadro que a peste abriuno seio dás classes desfavorecidas—o espe-ctacu/ío da orphandade entregue aos horro-res da miséria. Fora isto esquecer o com-plemento da obra.

Graças á iniciativa de um medico decoração e á caridade que realça as virtu-descivicasde dignos campineiros, já assí-gnalados por actos de abnegação, vae-seinaugurar o—Asylo de Orphãos—que, hon-rando seus fundadores, honrará tambem agrande cidade.

Oxalá conjurem as preces da innocen-cia futuras provaçães.

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Dr. M. S, Chaves.

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Mestre e Amigo Dr. Pereira Lima.Campinas, i 5 de Agosto de 1890.

Um dos homens mais notáveis desteséculo foi Gavarni, e eu gabo-me de ser fi-lho do século por isso... Na vossa preoc-cupação de medico, no estudo e na obser-vação constante desta sciencia, túnica deNessus, déterto vos terá escapado aquellaindividualidade. Houve quem o chamassemysanthropo, a Gavarni! e no emtanto ti-nha o seguinte principio :—«Pratico o bemporque ha um grande senhor que me paga

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para isso, e esse grande senhor, é o prazerde praticar o bem.»

Felizes os que praticam o bem, e dei-xam no caminhar monótono da vida umtraço de sua passagem, como a charruadeixa o sulco revolvendo a terra ; aben-coados os instantes em que o homem es-tremece perante a miséria, éntristece-sediante dos males e pondo de parte precon-ceitos egoistas, procura alliviar dores econsolar magoas.

Timon, o typo de Shakspeare, é queera um mysanthropo : «habitando, o velhotriste, uma praia visinha das ondas salsas,que uma vez por dia cobre a vaga turbu-lenta com espuma... desejava que a pedrado seu túmulo fosse o oráculo dos povosde Athenas, a peste e o contagio os corre-ctivos do mal; que o túmulo, o trabalhoúnico do homem, e a morte a unica re-compensa.» Felizmente não é assim, osdesilludidos da sorte hoje não pensam comTimon, os que assistem os grandes males eos grandes flagellos* têm coragem bas-tante para oppor uma barreira a tudo, epermitti que sem querer offender a vossamodéstia admire justamente essa corageme vontade em... vós...

Morria-se então aqui gritando-se, mi-sericordia .... lembram-se todos, con\o sipezasse a maldição invocada por um pro-pheta sinistro ; a morte saciava-se, sem fa-tigar-se, indo e voltando, como as meretri-.zes que se refazem nos somnos curtos : foium incêndio que deixou após si a esterili-dade e a fome. Ouvia-se o sol crepitar naherva secca dos campos resequidos, os gril-los cantarem como chocalhos sinistros, dacascavel, e as codornas implumes e eston-teadas irem de um lado para o outro semreconhecerem os recantos dos ninhos. Masa boa natureza, a boa mãe, tem o sol, achuva * tem a terra que recebe tudo : a sei-va e as enchurradas em que encharca-se, orevive aos raios quentes do sol e entumescefértil, fecunda como entumesce ás pequenasgottas do orvalho o ovario occulto dos ly-rios ; transformam-se os campos, re verde-cem as macegas e os matagaes.

O homem tem em si a acção benéfica danatureza ; aos desherdados da familia e daforça accode-lhes com a caridade que é achuva benéfica que tudo vivifica e anima,é o resultado daquella grande batalha en-tre o anjo da justiça e o anjo do amor, quevos comprazeis,não em contemplar só, ami-go, mas combater em companhia dos quese armam para restabelecer entre os ho-

mens o reino da justiça e do amor, comoentrevira o sublime vMente ^chamado La-menais. Recebei as felicitações

Do amigo e discípuloThomaz Alves Filho. r

CARIDADE

Duas vezes passara, desgraçado,Das misérias o triste vendaval;Duas vezes, atroz fora vibradoEsse*terrível latego domai;

Um scenario de dor resta enluctadoComo após a tormenta, em matagal,Nem um arbusto só, e o chão crivadoDos destroços da triste bacchanal.

E das aves nos vagos, tristes, ninhos,Nem um implume só entre osarminhos...Levára-os o furor da tempestade!

Quem óra lhes dará um novo abrigoE o orphão hade arrancar ao fado imigo?...Teuo lhar bemfeitor oh! Caridade...

CEZAR BIERRENBACII.TijpF—;

Dr. Pereira LimaO fundador do Asylo de Orphãos vê

hoje coroada a sua obra.Duas inaugurações!Abrem-se as portas de um asylo aos

orphãos desvalidos e no Pantheon dos gran-des beneméritos inaugura-se mais uma es-tatu a.

Na posteridade fulgura mais um nomevenerando.

O dr. Pereira Lima, bemdito dos or-phãos, terá na prece desses infortunados aglorific^ção que aureola os santos e na gra-tidão popular a eternidade beatifica dosque souberam memorar-se na lucta glorio-sa da beneficência contra ó infortúnio.

A Igreja santificou Vicente de Paulo eJoão de Deus, predecessores do Dr. Pe-reira Lima na fundação de institutos pie-dosos.

Pouco é, pois, que nós, o povo, glo-rifiquemos o homem venerando a cujo es-forço se deve a inauguração do Asylo deOrphãos.

J. Gonçalves J^nheiró.

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Recolhei, recolhei essas coitadas,Tristes creanças, desbotadas flores,Que a morte despojou dos seus cultores,E pendem já das hastes maltratadas. *Trocai, trocai as fomes e os horrores,Os despresos e as ríspidas noitadasPelo affago dos peitos protectores.Ensinae-lhes a amar e a ser amadas.E quando a obra que encetaes agoraAvultar, prosperar, subir ao cume,Tornada em sol esta ridente aurora,Sentireis ao calor do grande lume jTanta ventura, que, se fordes tristes,Jubilareis da obra que cumpristes.

* .

Machado de Assis.^p:

h CÍGAGE GE CAMPINAS

Campinas, esta industriosa e rica ei-dade, infeliz por ser continuadamente vi-ctima dos vaivéns da Fatalidade, causa ef-ficiente de seus males, que tudo destróe eanniquilla mysteriosameffte, paralysando asciencia e transformando em um cáhos osaber humano ; é no entretanto grandiosa,soberba pela somma de actividades, ener-gias e stoica abnegação do seu grande povo.

Mais sublime e edificante exemplo decivismo, não poderia, dar um povo como ode Campinas, que trabalha, esforça-se eabre lueta renhida com a adversidade emprol da grandeza e prosperidade da terra,—«que concretisa o seu espirito e espiritua-lisa o seu coração.»

Salve ! ó povo campineiro ! '.

S. Paulo,—13—8—go. .

David Jardim.

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crificios, a inveja e a calumnia para sópensar na realisação de idéa tão portento-sa, conseguiu vêr hoje coroada de succès-so a missão a que se impoz deve estar or-gulhoso, bem orgulhoso do que fez.

Com a inauguração do Asylo de Or-phãs entrega Pereira Lima á Campinasum melhoramento da mais alta importan-cia para esta cidade, facto esse que cons-situirá sem duvida a maior gloria da vidade tão illustre cidadão.

Hosannas ao dr. Pereira Lima ! Ho-sannas ao bemfeitor de Campinas!

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cAatêm?creação de um estabelecimento onde

i-S se eduque e agazalhe os desprotegidosda fortuna e da familia era uma ne-

v cessidade entre nós ha muito recla-

mada. ' .E aquece que, pondo de parte os sa-

i 5.8.90.Dr. Ângelo Simões.

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/-.-.Asylo de Orphãos

ampinas celebra a maior de todas as° . *¦ . 1 *i *

solemnidades, com que um povo po-de honrar a obra do seu destino.

A creação de um asylo de orphanda-de. não é somente o cumprimento de uradever que nobityta o coração humano, é slsolução pratica/de um dos problemas maiscomplicados ^árduos da vida social.iy O destiridtem seus desastres, & nomeio delles aH sociedade previdente e re-paradora, assume um pouco o papel gran-dioso da providencia, invade os domíniosda sorte, alinha as tortuosidades dos cegosdesígnios da fatalidade, e restabelece o equi-librio da vida, para milhares de creaturas*

Levantando essa espécie de lar colle-ctivo, onde a mão implacável da morteplantou suppremio o propicio amor da fa-milia, offerece aos despojados da sorte asombra carinhosa e doce da maternidadeperdida.

Do seio dessa espécie de geração ano-nyma, que o infortúnio desperça, e ameaçade extinguir, do meio dessas existências in->certas e votadas á desgraça, a pátria vê,satisfeita, surgirem o trabalho e a virtude,e não raro, o gênio que lhe retribue emgloria o exforço que fizera. -

Eu venho saudar Campinas, a viril eheróica Campinas que resurge de seus lu-ctos e de suas dores abrindo os seus pri-meiros so/risos sobre as tenras cabeças dainfância desvalida e ás suaves alegrias dacaridade.

Rio, Agosto de 1890.Aristides Lobo.

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OBÊNÇÃOS vè>.

Abençoado seja o coração em quegerminou a idéia da fundação deste Asylo !(Eu digo que essa idéia germinou no cora-ção porque para mim esse «músculo ôcco»pensa, como o cérebro ; apenas não racio-cina. L)o coração nascem todas as idéasgenerosas e begeficas. E? elle que pensapara o Bem.vA mulher, principalmente, re-cebe do coração todos os seus pensamen-tos e com elle é que raciocina. Por isso ra-ciocina tão mal; mas, tambem por isso, éque é ella a inspiradora de todas as grandesidéias humanitárias, beneficentes e piedo-sas). S \

Abençoado seja o coração em quegerminou a idéia da fundação deste Asylo !

Abençoados sejam aquelles que têm

levado por diante esta obra de amor e dereparação. Sim, de reparação, porqye asociedade, substituindçfcse junto das crian-ças aos pães e ás mães que a Natureza,cega e esplendida, chama aos seus labora-'torios mysteriosos, arrebatando-os a essamorte incessante que se chama a Vida etransformando-os nessa vida eterna quetem o nome de Morte, a sociedade reparaesse crime que não foi commettido porella, mas de que muitas vezes é cúmplicepelo seu egoísmo implacável.

Bênçãos, bênçãos de luz e de flores,bênçãos de risos e lagrimas, sobre as ca-becas de toçlos quantos deram ninho e aga-salho,ca luz e o pão ás crianças feridas pelamaior das calamidades terrenas—a orphan-dade !

Rio, 8 de Agosto de 1890.

Valentim Magalhães.

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