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Direito ao Descanso nas Relações de Trabalho O Trabalho aos Domingos como Elemento de Dissolução da Família e Restrição do Direito ao Lazer

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Direito ao Descanso nas Relações de Trabalho

O Trabalho aos Domingos como Elemento de Dissolução da Família

e Restrição do Direito ao Lazer

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Leonel MaschiettoAdvogado. Especialista. Mestre e Doutor em Direito do Trabalho

pela PUC-SP. Professor dos Cursos de Especialização em Direito do Trabalho da PUC-SP, FGVLaw, ESA-OAB e do Instituto Êxito de Pós-Graduação.

Autor do livro “A Litigância de Má-Fé na Justiça do Trabalho” (LTr Editora).

Direito ao Descanso nas Relações de Trabalho

O Trabalho aos Domingos como Elemento de Dissolução da Família

e Restrição do Direito ao Lazer

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Maschietto, Leonel Direito ao descanso nas relações de trabalho : o trabalho aos do-mingos como elemento de dissolução da família e restrição do direito ao lazer / Leonel Maschietto. — São Paulo : LTr, 2015. Bibliografi a.

1. Direito do trabalho 2. Domingo 3. Horário de trabalho 4. Lazer 5. Relações de trabalho I. Título.

15-03800 CDU-34:331.316

Índice para catálogo sistemático:

1. Descanso semanal : Jornada de trabalho :Direito do trabalho 34:331.316

R

EDITORA LTDA.

© Todos os direitos reservados

Rua Jaguaribe, 571

CEP 01224-001

São Paulo, SP — Brasil

Fone: (11) 2167-1101

www.ltr.com.br

Junho, 2015

Projeto Gráfi co e Editoração Eletrônica: Peter Fritz Strotbek

Projeto de Capa: Fabio Giglio

Impressão: Pimenta Gráfi ca e Editora

Versão impressa: LTr 5082.7 – ISBN 978-85-361-8461-6

Versão digital: LTr 8735.3 – ISBN 978-85-361-8470-8

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Dedico este livro a toda minha família,em especial a minha querida filha Mariana,

e a Daniela Duarte Murayama.

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente a todos os professores do Curso dePós-Graduação (Doutorado) da Pontifícia Universidade Católica

de São Paulo, em especial à professora doutora Maria Helena Diniz e aos Professores Doutor Pedro Paulo Teixeira Manus

e Doutor Renato Rua de Almeida.

Uma declaração de gratidão especial ao meu orientador professor Doutor PAULO SERGIO JOÃO, pela confiança, paciência e pelos

valiosos ensinamentos, os quais levarei para toda minhavida acadêmica e profissional.

Agradeço aos queridos amigosRicardo Pereira de Freitas Guimarães,

Márcio Mendes Granconato,Cristina Paranhos Olmos e Mauro Schiavi,

pela amizade de sempre.

E, por fim, meu agradecimento a todos meus colegas e professores do Curso de Especialização em Direito do Trabalho da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo, em especial às professoras Fabíola Marques, Cláudia Abud, Ivone Laraia,

Raissa Tokunaga, Elessandra Válio, Zélia Montal e Roberta Fattori, e aos professores Jurandir Zangari, Rodrigo Chagas e Michel Giraudeau, pelo incentivo e pela amizade.

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Sumário

Prefácio .................................................................................................................................... 13

Introdução .............................................................................................................................. 15

Capítulo I — Questões Gerais sobre Intervalos e Repousos ................................. 17

1. Considerações iniciais .......................................................................................... 17

2. Intervalos e saúde do trabalhador ........................................................................ 19

3. Transação e flexibilização dos intervalos: possibilidades e limites ..................... 20

4. Modalidades de intervalos trabalhistas................................................................ 26

Capítulo II — Intervalos Intrajornadas ................................................................. 28

1. Objetivos ............................................................................................................... 28

2. Classificação .......................................................................................................... 30

2.1. Intervalos comuns e especiais ....................................................................... 31

2.2. Intervalos remunerados e não remunerados ................................................ 32

3. Repercussões jurídicas de seu desrespeito ........................................................... 33

3.1. Desrespeito a intervalo remunerado ............................................................. 33

3.2. Desrespeito a intervalo não remunerado ..................................................... 34

4. Regras adicionais aplicáveis .................................................................................. 36

5. Aplicação da Súmula n. 437 do TST .................................................................... 376. Criação infralegal de novos intervalos intrajornadas ......................................... 39

Capítulo III — Intervalos Interjornadas ................................................................ 41

1. Objetivos ............................................................................................................... 41

2. Classificação .......................................................................................................... 42

2.1. Intervalos interjornadas e intersemanais ...................................................... 42

2.2. Intervalos comuns e especiais ....................................................................... 43

2.3. Intervalos remunerados e não remunerados ................................................ 44

3. Repercussões jurídicas pela não concessão dos intervalos ................................. 45

3.1. Desrespeito a intervalo interjornada ............................................................ 45

3.2. Desrespeito a intervalo intersemanal ............................................................ 46

Capítulo IV — Descanso Semanal e em Feriados .................................................. 48

1. Introdução............................................................................................................. 48

2. Origem e conceito ................................................................................................. 48

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3. Descanso Semanal no Ordenamento Jurídico Brasileiro.................................... 53

4. Características ....................................................................................................... 56

4.1. Lapso temporal .............................................................................................. 57

4.2. Ocorrência semanal do descanso .................................................................. 57

4.3. Imperatividade do descanso semanal ........................................................... 59

5. Coincidência “preferencialmente” aos domingos ............................................... 60

5.1. Da inconstitucionalidade do art. 6o da Lei n. 10.101/2000 .......................... 60

5.2. Descanso semanal obrigatoriamente aos domingos .................................... 67

5.3. Repouso e trabalho aos domingos no comércio .......................................... 74

5.4. Cláusula geral do contrato ............................................................................ 83

6. Descanso Semanal: remuneração......................................................................... 84

6.1. Requisitos da remuneração ........................................................................... 85

6.2. Valor da remuneração ................................................................................... 85

6.3. Remuneração do dia de descanso efetivamente trabalhado ........................ 87

7. Ausência de trabalho em feriados ........................................................................ 89

7.1. Tipos de feriados ............................................................................................ 90

7.1.1. Feriados civis e religiosos ..................................................................... 90

7.1.1.1. Feriados civis ............................................................................ 90

7.1.1.2. Feriados religiosos ................................................................... 91

7.1.2 Feriados nacionais, regionais e locais .................................................. 92

Capítulo V — O Trabalho aos Domingos como Elemento de Dissolução do Núcleo de Convivência Familiar e Social ........................................................... 93

1. Considerações iniciais .......................................................................................... 93

2. Relação do Direito do Trabalho com a Sociologia .............................................. 94

2.1. Conceito de família e de entidade familiar ................................................... 94

2.2. Conceito de Sociologia do Trabalho ............................................................. 96

2.3. Relação do Direito do Trabalho com a Sociologia ....................................... 97

3. Trabalho aos domingos e suas repercussões sociológicas ................................... 98

3.1. Repercussões relacionadas à ausência de convívio familiar ........................ 99

3.1.1. Fragilidade na educação dos filhos...................................................... 101

3.1.2. Dissolução da entidade familiar .......................................................... 105

3.1.2.1. Desestabilização da entidade familiar ..................................... 105

3.1.2.2. Desestabilização matrimonial ................................................. 105

Capítulo VI — O Trabalho aos Domingos como Elemento de Restrição do Direito ao Lazer ................................................................................................................. 106

1. Introdução............................................................................................................. 106

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2. Questões econômicas e Direito Social ................................................................. 107

3. Direito ao lazer ...................................................................................................... 113

3.1. Conceito de lazer............................................................................................ 114

3.2. Previsões legais ............................................................................................... 116

4. Trabalho aos domingos e suas repercussões quanto ao lazer ............................. 120

4.1. Repercussões relacionadas à ausência do lazer ............................................. 121

4.1.1. Limitação do convívio social ............................................................... 121

4.1.2. Limitação das atividades esportivas e recreativas ............................... 122

4.1.3. Limitação das atividades religiosas dominicais .................................. 122

4.1.4. Limitação da saúde do trabalhador ..................................................... 123

4.2. Atuação do Ministério Público do Trabalho ................................................ 124

4.2.1. Ações afirmativas por parte do Ministério Público do Trabalho ...... 124

Conclusão .................................................................................................................. 129

Bibliografia ................................................................................................................ 131

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Prefácio

Ao receber o convite para prefaciar a obra do Dr. Leonel Maschietto fui tomado pela honra natural da estima e pelo sentimento de um privilégio incomum que me foi reservado neste momento.

O autor e sua obra, Direito ao Descanso nas Relações de Trabalho, se confundem e se completam. A reflexão de um sentimento se transformou na tese com que o autor, de forma qualitativa, acrescenta à biblioteca jurídica trabalhista.

O desafio do Direito do Trabalho está na compatibilização do desenvolvimento econômico com a geração de oportunidades aos trabalhadores de um lado, sem que ocorra a degradação da qualidade de vida, permitindo a realização pessoal dos trabalhadores e sua vida em sociedade. Essa é a advertência que o pensamento do autor nos traz.

A obra privilegia o descanso semanal aos domingos, reservado historicamente por razões religiosas e tornado preferencial pela Constituição Federal, considerado como dia de congraçamento social, de convivência com amigos e como dia em que o lazer no seu sentido mais amplo poderá ser efetivado e, deste modo, atender um dos direitos fundamentais do trabalhador. O descanso aos domingos, na leitura do autor, deve ser obrigatório e não preferencial.

Há, na obra, uma crítica direta ao modelo consumista da legislação brasileira que permite o trabalho aos domingos no comércio e que, deste modo, por força do contrato de trabalho impõe aos trabalhadores o sacrifício da convivência social e familiar. Segundo o autor, o descanso semanal isolado, em dias úteis, não atende à dignidade do trabalhador e poderá ser motivo de depressão. A utilização de compras via internet poderia ser utilizada como alternativa para poupar os trabalhadores dos trabalhos aos domingos.

O Professor Dr. Leonel demonstra pelo trabalho de pesquisa que fez que está alinhado àquele que podemos chamar de apaixonado pelo Direito do Trabalho: dedicado, revela o prazer de para novas reflexões, instigando os alunos com relevantes questões e dando opções jurídicas seguras e competentes.

De minha parte, tenho acompanhado sua trajetória de competente advogado e dedicação acadêmica, prestativo aos alunos, atuando com seriedade e bom senso, qualidades que recomendam a leitura dessa obra.

Professor Doutor Paulo Sergio João

Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Mestre em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), Mestre em Direito Social pela Université Catholique de Louvain (Bélgica) e Doutor em Direito (PUC-SP). É professor na FGV-SP e da PUC-SP, onde atua nos Cursos de Graduação, Pós-Graduação e Coordena os Cursos de Especialização em Direito do Trabalho.

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Introdução

Certa inquietação nos acometeu ao depararmos com uma situação insólita e, por que não, bem constrangedora envolvendo o Direito do Trabalho.

Sucede que há vários anos temos observado que no domingo de feriado do Dia das Mães, geralmente chuvoso pelas condições metereológicas da estação, no horário entre 7 e 8 horas da noite, há funcionamento de certas lojas de eletrodomésticos e com número considerável de vendedores (infelizmente não se observa essa proporção quanto aos consumidores).

Essa triste constatação nos levou às seguintes reflexões e indagações:

“Deus, o que é que uma mãe está fazendo no feriado do Dia das Mães, num domingo chuvoso, às 8 da noite e de tão necessário para não estar em sua casa no seu dia com seus filhos?”

“Deus, o que é que um filho está fazendo no feriado do Dia das Mães, num domingo chuvoso, às 8 da noite e de tão necessário para não estar em sua casa com sua mãe nesse dia tão especial?”

E por fim,

“Deus; o que é que um pai está fazendo no feriado do Dia das Mães, num domingo chuvoso, às 8 da noite e de tão necessário para não estar em sua casa com sua esposa, mãe de seus filhos?”

E isso tem ocorrido indiscriminadamente em todo seguimento comercial e, não raras vezes, também no industrial.

Claramente nota-se que as questões econômicas estão sendo colocadas à frente das questões sociais, e isso deve ser motivo de preocupação.

Assim, nos perguntamos se o Direito do Trabalho, além do seu papel fundamental de proporcionar melhores condições de vida ao trabalhador, também não poderia servir de instrumento para criar melhores condições de vida à família do trabalhador.

Será que não poderíamos falar em repercussões sociológicas do trabalho aos domin-gos e os impactos na desconstrução do seio familiar que esse trabalho poderia ocasionar ?

E mais: ainda que haja gozo de uma folga durante a semana, esta seria capaz de satisfazer plenamente o efetivo direito ao lazer do empregado, conforme lhe conferem os dispositivos constitucionais?

Essas dúvidas foram efetivamente os motivos ensejadores da escolha do tema e do desenvolvimento do presente livro, sendo o objeto de nosso estudo, por conseguinte, tentar obter as respostas a tais indagações.

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Para tanto, sistematizamos nosso trabalho em seis capítulos, efetivamente seguidos das conclusões.

No primeiro capítulo abordamos as questões gerais sobre os intervalores e repousos nos seus conceitos, valores e funções, bem como a preocupação do legislador quanto aos reflexos na saúde do trabalhador, pois entendemos ser indispensáveis diante da sistematização proposta do presente estudo.

No segundo e terceiro capítulos procuramos tratar dos intervalos intrajornadas e interjornadas, abordando suas origens, seus conceitos, suas modalidades e as efetivas repercussões legais pelo seu eventual descumprimento.

O quarto capítulo constitui um passo intermediário do estudo, onde tratamos especificamente do descanso semanal, conceituando-o, estudando suas origens e pro-curando localizá-lo na história por meio de sua evolução através dos tempos. Tratamos, ainda nesse capítulo, de dois dos objetos centrais no presente estudo, que são a tese da “obrigatoriedade” do repouso aos domingos e não noutro dia da semana e a inconsti-tucionalidade do art. 6o da Lei n. 10.101/2000. Para isso, apontamos os fundamentos filosóficos, axiológicos, legais e os mais variados e valiosos ensinamentos da melhor doutrina.

As repercussões sociais e no seio familiar em decorrência do trabalho aos domingos são tratadas diretamente no quinto capítulo. Ali discorremos sobre os efeitos sociológicos e familiares e de que forma o trabalho aos domingos interfere diretamente na ausência do convívio familiar e na precarização da educação dos filhos. Por fim, concluímos o capítulo apontando as consequências diretas do trabalho aos domingos na desestabilização da célula familiar e até mesmo do matrimônio.

Finalmente, no sexto capítulo analisamos as restrições do pleno e efetivo gozo do direito ao lazer em decorrência do trabalho aos domingos. Tratamos das questões econômicas como fator de limitação dos direitos sociais, em especial o direito ao lazer. No mesmo capítulo, procuramos trazer os conceitos de lazer e suas previsões no orde-namento jurídico laboral. Ao final tentamos apontar as repercussões da ausência do exercício do direito ao lazer em razão do trabalho aos domingos.

No desenvolvimento do presente livro, utilizamos técnicas científicas gerais de pesquisa, predominando efetivamente a bibliográfica, envolvendo doutrinadores nacionais e estrangeiros, inclusive com a consulta direta a textos legais.

Também foram adotados os métodos sociológicos, históricos, comparativos, especialmente com o exame e o cotejo dos estudos mais históricos.

Obviamente que não pretendemos esgotar o assunto com o presente trabalho, contudo as questões apresentadas neste livro têm o objetivo único de trazer maiores elementos para uma melhor compreensão dos valores do descanso semanal aos domingos, bem como da necessidade de aprimoramento da reprimenda ao rompedor das obrigações legais e sociais.

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Capítulo IQuestões Gerais sobreIntervalos e Repousos

1. Considerações iniciais

Já ensinava Evaristo de Moraes(1) que “na regulamentação do trabalho não há questão mais intimamente ligada aos interesses vitais da criatura humana do que a que diz respeito ao tempo ou duração da atividade profissional”.

Para Maria do Rosário Palma Ramalho,(2) o Direito do Trabalho foi reconhecido como uma área do universo jurídico, no período entre o final do século XIX e o início do século XX, em razão do caráter sistemático e a incidência progressivamente mais alargada das normas laborais na matéria das condições de trabalho, dentre outras.

O estudo da duração do trabalho, compreendida como o tempo em que o empregado coloca-se em disponibilidade perante o empregador, em decorrência do contrato, ou, sob outra perspectiva, conforme nos ensina Mauricio Godinho Delgado,(3) o tempo em que o empregador pode dispor da força de trabalho do empregado, em um período delimitado, remete, necessariamente, ao exame dos períodos de descanso.

Efetivamente, a duração diária (jornada) surge, de maneira geral, entrecortada por períodos de descansos mais ou menos curtos (intervalos intrajornadas) separando-se das jornadas fronteiriças por distintos e mais extensos períodos de descanso (intervalos interjornadas). Os períodos de descanso comparecem, mais uma vez, na interseção dos módulos semanais de labor, no que se denomina repouso semanal ou, eventualmente, por meio de certos dias excepcionalmente eleitos para descanso pela legislação federal, regional ou local (os feriados). Finalmente, marcam sua presença até no contexto anual da duração do trabalho, mediante a figura das férias anuais remuneradas.

Os períodos de descanso, no sentido amplo, conceituam-se como lapsos temporais regulares, remunerados ou não, situados intra ou intermódulos diários, semanais ou anuais do período de labor, em que o empregado pode sustar a prestação de serviços e sua disponibilidade perante o empregador, com o objetivo de recuperação e imple-mentação de suas energias ou de sua inserção familiar, comunitária e política.

Sérgio Pinto Martins(4) esclarece que os intervalos para descanso “são períodos de tempo na jornada de trabalho, ou entre uma e outra, em que o empregado não presta serviços, seja para se alimentar ou para descansar”. (grifamos)

(1) MORAES, Evaristo de. Apontamentos de direito operário. 2. ed. São Paulo: LTr, 1971. p. 83.

(2) RAMALHO, Maria do Rosário Palma. Direito do Trabalho. Parte I – Dogmática Geral. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2009. p. 43.

(3) DELGADO, Mauricio Godinho. Jornada de trabalho e descansos trabalhistas. 3. ed. São Paulo: LTr, 2003. p. 117.

(4) MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 1996. p. 454.

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Tais períodos de descanso abrangem, como visto, os descansos intrajornadas (usualmente denominados intervalos), os descansos interjornadas (também usualmente denominados intervalos), o descanso semanal (ou repouso semanal), os descansos em feriados, e, por fim, o descanso anual (denominado férias).

Os distintos períodos de descansos têm duração padrão normalmente fixada pela legislação heterônoma estatal. No tocante aos intervalos intrajornadas, fixa a CLT, no art. 71, um lapso temporal de 1 (uma) hora a 2 (duas) horas para jornadas contínuas superiores a 6 (seis) horas, e de quinze minutos para jornadas contínuas situadas entre 4 (quatro) e 6 (seis) horas.

A Lei de Trabalho Rural, é importante esclarecer, prefere reportar-se aos usos e costumes da região do que fixar um parâmetro numérico para o intervalo intrajornada para refeição e descanso no campo: art. 5o da Lei n. 5.889/73.(5)

No tocante aos intervalos interjornada (entre um dia e outro de labor), o parâmetro numérico é de 11 (onze) horas (art. 66 da CLT;(6) art. 5o da Lei n. 5.889/73).

Ao lado dessa duração padrão dos intervalos intra e interjornadas existem inúmeros intervalos especiais fixados pelo Direito do Trabalho, seja em decorrência do exercício pelo empregado de certas funções específicas (por exemplo, art. 72 da CLT(7)), seja em decorrência da prestação de trabalho em circunstâncias especiais ou gravosos (ilustra-tivamente, arts. 253 e 298 da CLT(8)(9)).

A duração padrão do repouso semanal, por sua vez, é de 24 horas (art. 67 da CLT;(10) Lei n. 605/49). Na mesma fronteira situa-se o descanso em feriado, embora este se fixe em dia, e não em horas (art. 70 da CLT;(11) 605/49; Lei n. 9.093, de 12.9.95). Finalmente, no tocante ao descanso anual, a duração padrão legalmente fixada é de 30 dias (art. 130, I, CLT(12)).

(5) Art. 5o Em qualquer trabalho contínuo de duração superior a seis horas, será obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação observados os usos e costumes da região, não se computando este intervalo na duração do trabalho. Entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo de onze horas consecutivas para descanso.

(6) Art. 66 – Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso.

(7) Art. 72 – Nos serviços permanentes de mecanografia (datilografia, escrituração ou cálculo), a cada período de 90 (noventa) minutos de trabalho consecutivo corresponderá um repouso de 10 (dez) minutos não deduzidos da duração normal de trabalho.

(8) Art. 253 – Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1 (uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será assegurado um período de 20 (vinte) minutos de repouso, computado esse intervalo como de trabalho efetivo.

(9) Art. 298 – Em cada período de 3 (três) horas consecutivas de trabalho, será obrigatória uma pausa de 15 (quinze) minutos para repouso, a qual será computada na duração normal de trabalho efetivo.

(10) Art. 67 – Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte.

(11) Art. 70 – Salvo o disposto nos arts. 68 e 69, é vedado o trabalho em dias feriados nacionais e feriados religiosos, nos termos da legislação própria.

(12) Art. 130 – Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção:

I – 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes;

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2. Intervalos e saúde do trabalhadorOs intervalos e a jornada de trabalho são assuntos que carregam correlação, eis

que se inserem naquilo que a teoria jurídico-trabalhista tem denominado de duração do trabalho, estando aí envolvido o tempo de disponibilidade do trabalhador às circunstâncias decorrentes do seu contrato de trabalho e também do seu efetivo cumprimento.

É claro que as extensões da jornada e dos intervalos concorrentes se combinam, de modo a fixarem o efetivo período de disponibilidade do trabalhador em face de seu contratante.

Adalberto Martins(13) leciona que a expressão jornada de trabalho “está relacionada com o trabalho diário, e mesmo a expressão giornata, da língua italiana, deriva de giorno, que significa ‘dia’”.

Já Juarez Varallo Pont,(14) citando Marques de Lima, afirma que a jornada de trabalho equivale ao total das horas trabalhadas ao dia pelo empregado (oito horas/dia é a regra). “O ser humano tem suas limitações biológicas, físicas, razões pelas quais a lei estabelece um mínimo de descansos obrigatórios”, completa.

Aliás, quanto a essa regra de “oito horas/dia”, Evaristo de Moraes(15) assevera que fora adotada “a teoria chamada de três-oito, segundo a qual a duração do trabalho deve ser limitada a uma ‘terça’ parte do dia (oito horas)”.

Cláudia José Abud,(16) em excelente obra sobre o tema, conclui que “a lei brasileira acolhe o critério do tempo à disposição do empregador para medir o tempo de trabalho”. E continua: “isso quer dizer que a expressão ‘jornada de trabalho’ vai além do tempo diário destinado à execução dos serviços para os quais o empregado foi contratado”.

Pelas definições anteriores, podemos concluir que os temas intervalos e jornada não se enquadram atualmente como problemas somente econômicos, relativos ao montante de força de trabalho que o obreiro tem transferido ao seu empregador em face do contrato pactuado.

Como bem lembra Mauricio Godinho Delgado,(17) não se amoldam como proble-mas econômicos, pois “os avanços das pesquisas acerca da saúde e segurança no cenário empregatício têm ensinado que a extensão do contato do empregado com certas atividades ou ambientes laborativos é elemento decisivo à configuração do potencial efeito insalubre ou perigoso desses ambientes ou atividades”.

E ainda ensina Mauricio Godinho Delgado:

Tais reflexões têm levado à noção de que a redução da jornada em certas ativi-dades ou ambientes ou a fixação de intervalos constituem medidas profiláticas importantes no contexto da moderna medicina laboral. Em outras palavras,

(13) MARTINS, Adalberto. Manual didático de Direito do Trabalho. 4. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2011. p. 207.

(14) PONT, Juarez Varallo. Teoria e prática de cálculos do processo trabalhista. 10. ed São Paulo: LTr, 1996. p. 133.

(15) MORAES, Evaristo de. Apontamentos de direito operário. 2. ed. São Paulo: LTr, 1971. p. 83.

(16) ABUD, Cláudia José. Jornada de trabalho e a compensação de horários. São Paulo: Atlas, 2008. p. 12.

(17) DELGADO, Mauricio Godinho. Jornada de trabalho e descansos trabalhistas. 3. ed. São Paulo: LTr, 2003. p. 119.

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as normas jurídicas concernentes à jornada e intervalos não são, hoje, tenden-cialmente, normas estritamente econômicas, já que podem alcançar, em certos casos, o caráter determinante de normas protetivas da saúde e segurança do trabalhador, portanto, normas de saúde pública.

Por conseguinte, a Constituição arrolou naqueles direitos dos trabalhadores a “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança” (art. 7.o, XXII, CF).

Ainda e inclusive pelo mesmo motivo, também foi autorizada pela Constituição a ação administrativa estatal, mediante regras de saúde pública e de medicina e segurança do trabalho que venham reduzir o tempo lícito de exposição do trabalhador a certos ambientes ou atividades.

Essa autorização pode ser observada por meio de diversos dispositivos que têm se harmonizado organicamente.

Mauricio Godinho Delgado(18) lembra, exemplificativamente, os seguintes dispo-sitivos à garantia da minimização dos riscos decorrentes do trabalho:

— o mencionado art. 7o, XXII, que se refere ao direito à redução dos riscos do trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança;

— o art. 194, caput, que menciona a seguridade social com um “conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde...”;

— o art. 196, que coloca a saúde como “direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos...”;

— o art. 197, que qualifica como de “relevância pública as ações e serviços de saúde...”;

— cite-se, finalmente, o art. 200, II, que informa competir ao Sistema Único de Saúde “executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador”.

Temos que concordar que essas normas jurídicas concernentes a intervalos intra-jornadas possuem caráter de normas de saúde pública, sendo que, a princípio, há grande dificuldade em serem suplantadas pela ação privada dos indivíduos e grupos sociais.

A dificuldade decorre do valor que está em jogo: a saúde do trabalhador.

3. Transação e fl exibilização dos intervalos: possibilidades e limites

Leciona Luciano Martinez,(19) com apoio no art. 24 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que toda pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente,

(18) DELGADO, Mauricio Godinho. Jornada de trabalho e descansos trabalhistas. 3. ed. São Paulo: LTr, 2003. p. 119.

(19) MARTINEZ , Luciano. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 298.

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a uma limitação razoável da duração do trabalho, e que “trata-se, portanto, de uma proteção oferecida ao trabalhador visando, fundamentalmente, a sua saúde laboral e a sua integridade física”. (grifamos)

Daí a rigidez na proteção e a limitação às transações que, a princípio, pressupõem lesividade.

O termo “a princípio” foi aposto propositadamente, pois entendemos que a Constituição não fez vedações legais e sequer impôs limites às negociações coletivas, conforme podemos observar pelo disposto no seu art. 7o in verbis:

Art. 7o São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;

Aliás, bem lançada a definição de “negociação coletiva” por Paulo Sergio João(20), a qual, segundo ele, “deve ser entendida como uma forma de adequação de interesses entre as partes, cujo objetivo é o alcance de uma solução capaz de satisfazer, no pl ano imediato, as divergências emergentes e, no plano mediato, ser uma opo rtunidade de aprendizado na busca de melhores condições sociais e de trabalho”.

Nesse mesmo sentido, Suely Ester Gitelman,(21) que entende que “no Direito do Trabalho vigente não se busca mais somente a proteção do contrato individual de trabalho e sim, a oferta de emprego para toda a coletividade, razão pela qual, em decorrência da flexibilização das normas trabalhistas, os direitos individuais de trabalho podem ser objeto de transação, uma vez que em decorrência da concessão desses direitos advirão vantagens mais favoráveis ou benéficas para todos os trabalhadores”.

E conclui:

A flexibilização laboral surgida da crise econômica que assola o país, é um me-canismo de ajuste da empresa face à instabilidade econômica, com o intuito de garantir postos de emprego, e deve ser recebida não com surpresa e indignação, mas como forma de sindicatos que atuam na mesma posição celebrarem acordo afastando definitivamente o paternalismo estatal das relações de trabalho.(22)

Porém, este não é o entendimento predominante na doutrina.

(20) JOÃO, Paulo Sergio. Estrutura sindical no Brasil e negociações coletivas — efeito das cláusulas em negociações coletivas sobre o direito material. In: DELBONI, Denise Poiani; JOÃO, Paulo Sergio (Coords.). Direito, gestão e prática: direito empresarial do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2012. Série GVlaw, p. 31.

(21) GITELMAN, Suely Ester. A convenção coletiva de trabalho no direito brasileiro. São Paulo, 2001. Dissertação de Mestrado. Programa: Direito, Orientador: MANUS, Pedro Paulo Teixeira, p. 119.

(22) Ibidem, p. 123.

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