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o jovem o jovem Entrevista | Há um ano assumiu o desafio mais importante da sua vida. O Jovem esteve à conversa com a Deputada do CDS e Presidente do Conselho Nacional da JP [p.16] Vera Rodrigues Dossier | Tudo sobre “O Liberalismo Clássico” – 2ª Parte, por Miguel Ribeiro. [p.12] Convidado | Hugo Nunes, militante da JP Lisboa, assina o espaço de Junho. [p.14] Especial | Balanço de um ano de Governo de coligação PSD/CDS, na Maia. [p.6] Jornal Oficial da Juventude Popular da Maia 50 | Junho 2012 | Ano XXVI www.jpmaia.com

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Edição de Junho de 2012 d'O Jovem

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Page 1: 50 | O Jovem | Junho de 2012

o jovem o jovem

Entrevista | Há um ano assumiu o

desafio mais importante da sua vida.

O Jovem esteve à conversa com a

Deputada do CDS e Presidente do

Conselho Nacional da JP [p.16]

Vera Rodrigues

Dossier | Tudo sobre “O

Liberalismo Clássico” – 2ª Parte,

por Miguel Ribeiro. [p.12]

Convidado | Hugo Nunes,

militante da JP Lisboa, assina o

espaço de Junho. [p.14]

Especial | Balanço de um ano de

Governo de coligação PSD/CDS,

na Maia. [p.6]

Jornal Oficial da Juventude Popular da Maia

50 | Junho 2012 | Ano XXVI www.jpmaia.com

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2 | junho 2012 o jovem

ficha técnica

Propriedade: Comissão Política Concelhia da Juventude Popular da Maia | Edição: Manuel Oliveira | Colunistas desta edição: Miguel Ribeiro, Ângelo Miguel, João Ribeirinho Soares, Manuel Oliveira, Vânia Peres | Entrevistada desta edição: Vera Rodrigues | Convidado especial desta edição: Hugo Nunes | www.jpmaia.com | [email protected] | Distribuição Digital | Junho 2012 | O Jovem 1985 - 2012

A cultura da (in)dependência por André Correia [pág.10]

sumário

Um ano de Governo em análise na Maia por Vânia Peres [pág.6]

especial

Manuel Oliveira [pág.4 e 25 ] João Ribeirinho Soares [pág.4] Ângelo Miguel [pág.23]

opinião

Liberalismo Clássico | 2ª Parte por Miguel Ribeiro [pág.12]

dossier convidado especial

Hugo Nunes [pág.14]

entrevista Vera Rodrigues, deputada do CDS

[pág.16]

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o jovem junho 2012 | 3

EDITORIAL Comissão Política Concelhia Juventude Popular da Maia

Foi eleita a nova Distrital do Porto do CDS

notícia

A edição de Junho de 2012 d’O Jovem é quase toda ela

centrada numa mulher: Vera Rodrigues. Não é que sejamos a

favor das quotas na política e muito menos as praticamos neste

jornal mas a verdade é que os exemplos femininos na política

são tão escassos que temos de os aproveitar. Ainda mais se os

forem do CDS. Ainda mais se os forem do Porto. Ainda mais se

os forem de sucesso. E a Vera é um sucesso presente e uma

aposta clara e contínua de futuro. Nas páginas seguintes terás

não só a oportunidade de apreender todos os conceitos que a

deputada da JP passou na última iniciativa da Juventude

Popular da Maia sobre o primeiro ano de Governo mas também

de te deliciar com uma entrevista alargada sobre pormenores

da vida da deputada e a sua visão de Portugal. A não perder.

E aqui vamos nós. O tempo passa verdadeiramente a correr.

Nesta edição damos-te a conhecer tudo sobre a tomada de

posse da ainda oficialmente, e para sempre oficiosamente,

melhor concelhia da Juventude Popular.

A Jota da Maia está mais madura e atenta. Cansada, talvez.

Mas com muito sangue novo também. É o trabalho e a

dedicação que esgota capacidades, horas e ideias. Há um claro

comprometimento nesta casa com nunca desistir. E já se

passou tanto para que isso pudesse acontecer. Tanto que agora

já parece uma volta no parque. Sabemos o que fazemos,

sempre soubemos. Sabemos como sempre seremos. Assim,

como hoje, e nem mais nem menos.

A ausência de liderança nas estruturas pode conA contar desta

edição contaremos com novos espaços de opinião com ilustres

convidados. Todos os meses a Distrital do Porto da Juventude

Popular assinará uma coluna apelidada de “Este é o Norte!”,

pela mão do seu Presidente João Ribeirinho Soares, que

permitirá aos leitores d’O Jovem um acompanhamento mais

intenso e crítico da actividade desta recém-formada equipa.

Activamos ainda um conceito perdido: dar espaço de reflexão a

uma personalidade actual da Juventude

O tema do “Liberalismo Clássico” continua presente agora com

a segunda, e penúltima, parte do texto produzido pelo Miguel

Ribeiro. Sabe mais sobre a influência da Escola de Chicago e

Milton Friedman.

Há poucos dias a Juventude Popular da Maia emitiu a sua

opinião sobre a demolição de uma obra – quase, vá – referência

do município da Maia: as piscinas olímpicas. Um dos sonhos do

Presidente Vieira de Carvalho cai finalmente por terra sendo

que a JP Maia tinha vindo a alertar desde 2010 para esta

indefinição. Prova disso são as várias campanhas realizadas e as

posições assumidas sempre no momento certo.

Este mês os textos de opinião ficam a cargo do João Ribeirinho

Soares, do Ângelo Miguel, do Manuel Oliveira e do convidado

especial Hugo Nunes.

Não percas a primeira parte do Dossier sobre Liberalismo

Clássico, pelo Secretário-Geral da Juventude Popular da Maia,

Luís Miguel Ribeiro e acompanha mais dois textos de enorme

qualidade do André Bazan e do Ângelo Miguel. Este mês temos

também mais um amigo a ocupar um espaço reservado apenas

a essas pessoas especiais: Daniel Albino, militante da

Juventude Popular de Lisboa e ex-Secretário Geral adjunto, é o

convidado.

Motivos mais do que suficientes para acompanhares O Jovem

naquela que será uma edição que antecede a cobertura especial

da próxima iniciativa da concelhia maiata: Tertúlia “Um Ano de

Governo” com a deputada Vera Rodrigues. Entretanto, e com

uma vontade enorme, continuaremos por aqui a trazer-te todas

as notícias no mais antigo jornal da JP. Há uma alma que não se

mata. Nem que tenha só uma página.

nesta nova edição que mantém o espaço de entrevista a uma

figura destacada. Este mês contamos com o incansável José

Lello, Secretário-Geral da Juventude Popular. Como uma

leitura leve e descontraída podes encontrar a secção “Sabias

que…” com dados curiosos e pertinentes da história da

concelhia da Maia, da JP e do CDS.

Desafiamos-te a escreveres connosco mais um capítulo desta

tão recheada história. Há jornais épicos.

Uma mulher de sucesso

Álvaro Castello-Branco é o novo Presidente da Comissão

Política Distrital do Porto do CDS. Num cargo que já

anteriormente tinha ocupado, o Ex-Presidente da Câmara

Municipal do Porto sucede a Henrique Campos Cunha que

liderou a estrutura nos últimos dois anos conseguindo, por

exemplo, impressionantes números ao nível de novas filiações

no partido. Licenciado em Direito, Álvaro Castello-Branco tem

uma imensa experiência política tendo sido já deputado à

Assembleia da República e Presidente da Assembleia Municipal

do Porto.

Na nova Comissão Política Distrital estarão vários elementos da

Juventude Popular. Destaque para Manuel Oliveira, Presidente

da Juventude Popular da Maia, para João Ribeirinho Soares,

Presidente da Distrital do Porto da Juventude Popular, para

Ana Castro, Presidente da Juventude Popular do Porto e para

Luciano Amorim, Presidente da Juventude Popular de

Felgueiras. Vera Rodrigues, deputada da JP, também figura na

nova equipa.

e Reuniu no passado dia 17 de Maio o Conselho Municipal da

Juventude para uma sessão especial. Subordinada ao tema do

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Este é o Norte! Por Terras de Lidador

por João Ribeirinho Soares Presidente da Distrital do Porto da JP

por Manuel Oliveira Presidente da Juventude Popular da Maia

Tenham calma, senhores!

facebook.com/juventudepopularmaia

A nova Distrital do Porto do CDS

Como sabem, na passada semana milhares de militantes

do CDS e da JP elegeram a nova Comissão Política

Distrital do Porto do CDS. A Distrital que vai ter pela

frente o grande desafio que são as eleições autárquicas de

2013 mas também a constante luta pela defesa dos

interesses da região como as questões relacionadas com a

Junta Metropolitana do Porto e a gestão autónoma do

Porto de Leixões. Num momento da maior dificuldade

para o País, para o Porto e para a Região Norte, o Dr.

Álvaro Castello-Branco mostrou uma vez mais que não

vira a cara à luta e aos desafios candidatando-se a

Presidente desta CPD. Podia dizer-vos que não há melhor

timoneiro mas os resultados falam por si. A votação

esmagadora que esta lista teve não é só um voto de

confiança por parte dos militantes do CDS como é

também uma prova que o partido está vivo, alinhado com

o projecto proposto e pronto para os desafios que se

seguem.

Outro facto que não me podia deixar mais contente e feliz

foi o voto de confiança dado à Juventude Popular. A JP é

por excelência o fornecedor de quadros do partido e estas

eleições além de o confirmarem mostram também o

reconhecimento do nosso trabalho e da qualidade dos

nossos militantes e dirigentes. A presença da Ana Castro,

do Manuel Oliveira, do Pedro Pinto Lopes, da Michele e do

Luciano Amorim em cargos da maior responsabilidade

são exemplos disso mesmo.

Para o Sr. Engenheiro Henrique Campos Cunha, dedico

este último parágrafo. Julgo ser justo reconhecer o seu

excelente trabalho. Coordenar campanhas legislativas,

desenvolver trabalho político, exponenciar a implantação

do partido, ajudar a JP, promover e defender a sua

autonomia e aumentar 35% o número de militantes do

Distrito em 2 anos estão ao alcance de muito poucos.

Obrigado Engenheiro! Em último lugar, estou certo que a

sua presença na Comissão Técnica da RAT será

fundamental para fazer passar a visão do CDS nesta que é

uma reforma fulcral para a construção de um País

sustentável, solidário e de Futuro.

As eleições de 2013 são uma oportunidade única para o

CDS, para a nossa região e para o País de mostrar um

cartão vermelho ao terror e à ditadura autárquica que

tem vindo a vigorar ao longo dos últimos anos. A somar

facebook.com/jpdistritalporto

É certo e sabido que o poder autárquico (instalado) dá

emprego a muita boa gente. Boa gente, sublinho. É um

facto que não me enche de orgulho mas sinceramente

também não me afecta minimamente. Não sou

daqueles, nunca fui, que diz que um dos principais

cancros da despesa pública deste país são as câmaras

municipais. São um cancro, sim, mas não comparado

com outros como as Parcerias Público Privadas ou os

Aeroportos do Eng. José Sócrates onde os aviões não

aterram nem levantam. As câmaras municipais são

essenciais para o exercício da Democracia e a ajuda na

manutenção da taxa de empregabilidade… perdão, dos

serviços mínimos do Estado ao cidadão. Até aqui, tudo

bem.

O que as Câmaras Municipais não servem é para circo

mediático e alavanca para um nível superior e mais

visível de esbanjamento do bem público. Temo,

honestamente, que todas as dúvidas, indignações,

revoltas, marchas e faixas de protesto contra a mais do

que necessária reforma administrativa estejam a

camuflar a verdadeira razão dos autarcas escaldados: a

manutenção da taxa de empregabilidade… perdão, dos

serviços mínimos do Estado ao cidadão. Seria uma

verdadeira injustiça acabar com serviços, como por

exemplo, registar o cão ou pedir licença para, no que é

nosso, construirmos uma piscina ou um simples lago

mal cheiroso para umas rãs nojentas. Sim, as Câmaras

Municipais e as Freguesias são essenciais. Essenciais,

sublinho.

Mas para juntar mais à histeria de toda esta reforma

que não avança são as eleições que se aproximam. Isso

é que faz as noites passarem em claro e as unhas das

mãos desaparecerem. Já diziam os The Clash: “será

que fico, será que vou? Se for haverá problemas.” É

mais ou menos isto. Sr. Presidente, não adie mais isso.

A malta quer saber se continua a servir os cidadãos ou

se tem mesmo de procurar trabalho a sério.

ego para

Jamais se endireita. O povo é sábio no que toca a

análises frias e reais dos problemas do dia-a-dia e até

os da forma de ser de cada um de nós. Parece que há

opinião

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o jovem junho 2012 | 5

Adelino Amaro da Costa é o patrono da tua JP?

Adelino Manuel Lopes Amaro da Costa, nascido a 18 de

Abril de 1943, foi, conjuntamente com Diogo Freitas do

Amaral, fundador do Centro Democrático Social uns meses

depois da revolução de 25 de Abril de 1975.

Por muitos, das mais variadas áreas ideológicas, é

considerado um dos políticos mais brilhantes e capazes de

sempre da história contemporânea portuguesa. Foi

Ministro da Defesa Nacional num Governo de Francisco Sá

Carneiro sustentado pela coligação do Partido Social

Democrata, pelo Centro Democrático Social e pelo Partido

Popular Monárquico. Juntos constituíram a Aliança

Democrática que só viria a ser afectada em 1980 pelo

desastre aéreo de Camarate que assassinou Amaro da

Costa e Sá Carneiro. Assim nascia o mito.

Um dia disse que “a Juventude não é instalada!” Hoje é o

lema da Juventude Popular da qual é o seu patrono e a

maior referência.

Eduardo Urze Pires (Interino - 1976-1977), Alexandre de

Sousa Machado (1977-1979), Francisco Cavaleiro Ferreira

(1979-1981), Jorge Goes (1981-1986), Manuel

Monteiro (1986-1990), Martim Borges de Freitas (1990-

1994), Nuno Correia da Silva (1994-1996), Pedro Mota

Soares (1996-1999), João Almeida (1999-2007), Pedro

Moutinho (2007-2009), Michael Seufert (2009-2011) e

Miguel Pires da Silva (2011-). São estes os 12 Presidentes

que compõem a história da Juventude Centrista/Juventude

Centrista-Gerações Populares/Juventude Popular.

Jovens que começaram, tal como tu, cedo a trilhar os

caminhos da política e hoje representam, ou

representaram, altos cargos de extrema importância para a

governação do país. Pedro Mota Soares, hoje Ministro da

Segurança Social, Michael Seufert e João Pinho de

Almeida, hoje deputados do CDS, são exemplos claros da

Sabias que...

Adelino Amaro da Costa

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6 | junho 2012 o jovem

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especial iniciativa

por Vânia Peres

facebook.com/vania.f.peres

1 ano de Governo

Presidente da Mesa do Plenário da JP Maia

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Juventude Popular da Maia levou a cabo no

passado dia 4 de Junho de 2012 uma iniciativa que se

impunha pela sua importância actual: é este mês que o

Governo de coligação PSD/CDS festeja o primeiro

aniversário da confiança que os Portugueses lhe

depositaram. Como sempre a estrutura maiata

convidou uma personalidade destacada da política em

Portugal e que tem acompanhado de perto o árduo

trabalho do executivo de Passos Coelho. Vera

Rodrigues, deputada do CDS eleita pelo Porto e

Presidente do Conselho Nacional da JP, passou a pente

fino a actividade política portuguesa do último ano.

Vamos então ao balanço.

A Herança Socialista

De 1995 a 2011 só houve três anos em que estivemos

abaixo dos 3% de défice – valor que é actualmente o

objectivo do Pacto de Estabilidade e Crescimento. A

dívida pública teve sempre um comportamento

crescente, passando a perigosa barreira dos 80% do PIB

a partir e 2009 e a taxa de Desemprego passa pela

primeira vez a barreira dos 8& no Governo de José

Sócrates. Mais assustador ainda: segundo dados do

Instituto de Crédito Público, em seis anos de Governo

Sócrates a dívida directa do Estado cresceu tanto como

em vinte anos e o dobro do que em 1999 a 2004.

Tudo somado, 61 mil milhões de euros foi quanto

aumentou a dívida em apenas seis anos. Resultado?

Pedido internacional de resgate financeiro, vergonha

e novo Governo.

o passado Sábado dia 21 de Abril, a Juventude Popular

da Maia foi novamente a votos para a eleição ordinária

dos seus órgãos concelhios. Com listas únicas à

Comissão Política Concelhia e à Mesa do Plenário

Concelhio, os militantes votaram esmagadoramente na

reeleição do Manuel Oliveira para mais um mandato.

Com uma aposta clara em dar continuidade ao projecto

que iniciou há 4 anos atrás, Manuel Oliveira conta com

uma Comissão Política Concelhia representada pelos

Vice-Presidentes Carlos Pinto, Nuno Silva e Tiago

Oliveira. A Secretaria-Geral está entregue a Luís Miguel

Ribeiro e o cargo de Vogal entregue a Ângelo Miguel,

Teresa Guedes e Daniela Monteiro.

em vinte anos e o dobro do que em 1999 a 2004. Tudo

somado, 61 mil milhões de euros foi quanto aumentou a

dívida em apenas seis anos. Resultado? Pedido

internacional de resgate financeiro, vergonha e novo

Governo.

O Memorando

O pedido de ajuda a Portugal foi inevitável. Quando a

Troika aterrou em Lisboa não só colocou um ponto final

num Governo de eterna má memória para o país mas

para impor as suas condições num futuro que todos

prevíamos difícil mas necessário para restaurar a

credibilidade de Portugal. O Memorando de

entendimento, ainda assinado por José Sócrates, tem

como pilares essenciais a consolidação orçamental, a

diminuição do endividamento e das necessidades de

financiamento da economia e a transformação

estrutural, visando criar condições para a

competitividade da economia e crescimento

sustentável. Já com Governo PSD/CDS, o ano de 2011

fechou já com indicadores relevantes: o défice das

administrações públicas situou-se em 4,2% do PIB

(substancialmente abaixo do limite de 5,9& do PIB do

programa), o défice estrutural reduziu-se em cerca de 4

pontos percentuais do PIB (o que torna o ajustamento

de Portugal consideravelmente superior à média da

área do euro) e a contracção da actividade económica

foi menos do que a prevista inicialmente (em vez dos

2,2% inicialmente previstos, o PIB terá caído apenas

1,6%).

A Comissão Política Concelhia da Juventude Popular da

Maia fez a sua tomada de posse no passado dia 24 de

Abril. A sede da Juventude Popular / CDS da Maia foi

pequena para receber tantos amigos e simpatizantes

desta concelhia. Esteve presente toda a Distrital da

Juventude Popular do Porto, alguns elementos da

Comissão Política Concelhia do CDS Maia, a Juventude

Popular Matosinhos, a Juventude Popular Gondomar, a

Juventude Popular Penafiel, Juventude Popular Porto,

vários elementos da Comissão Política Nacional e

alguns elementos da JSD Maia.

Muitos foram os amigos e militantes que quiseram,

num breve discurso, deixar o seu contributo nesta noite

de tomada de posse. Manuel Oliveira, que inicia agora o

A

Vera Rodrigues, deputada do CDS, esteve na Maia a convite da JP para falar do primeiro ano de Governo PSD/CDS

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de Portugal consideravelmente superior à média da

área do euro) e a contracção da actividade económica

foi menos do que a prevista inicialmente (em vez dos

2,2% inicialmente previstos, o PIB terá caído apenas

1,6%).

Um ano de medidas objectivas

Desde que tomou posse em Junho de 2011, o Governo

de Passos Coelho tem-se esforçado para cumprir os

duríssimos objectivos que a Troika impôs. No entanto, e

mesmo com margem de manobra limitada, foram

tomadas medidas efectivas em várias áreas

estratégicas.

Como Racionalização da Administração Pública foi

decretado o fim dos Governos Civis, uma redução entre

dezassete a vinte mil pessoas do número de

funcionários da administração central, uma redução dos

cargos dirigentes que representou uma poupança de

cinquenta milhões de euros assim como uma redução

no número de Institutos Públicos de setenta e quatro

para cinquenta e seis.

A redução do peso do Estado verificou-se na alteração

do estatuto do pessoal dirigente da administração

pública (suspensão do pagamento de prémios aos

gestores públicos; remunerações dos gestores

públicos em sectores concorrenciais não podem

ultrapassar o vencimento mensal do Primeiro-

Ministro), na proibição de criação de novas empresas

municipais e na alteração do regime jurídico das

Fundações.

entre os 25 e os 26 anos, por isso, é preciso ajudar a

construir uma nova geração com a intenção de

assegurar a sua continuidade. Esse é o maior desafio,

deixar a estrutura de uma forma que a pessoa que vier a

seguir a mim não deixe morrer a concelhia, ao ponto

que esteve há 10 anos, que ninguém sabia quem era a

JP e hoje, mesmo fora do partido, é uma referência. Isso

é um trabalho que não deve ser perdido. A segunda

prioridade vai passar pelas eleições autárquicas de 2013:

Vamo-nos preparar como fizemos em 2009, agora sim

mais maduros e com uma experiência que eu pessoal e

politicamente não tinha, agora já tenho e vou saber

preparar o processo no que diz respeito à JP da Maia e

apoiar o CDS naquilo que for preciso. O nosso terceiro

<<

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gestores públicos; remunerações dos gestores públicos

em sectores concorrenciais não podem ultrapassar o

vencimento mensal do Primeiro-Ministro), na proibição

de criação de novas empresas municipais e na alteração

do regime jurídico das Fundações.

O Governo não esqueceu ainda da importância da Ética

Social na austeridade com, por exemplo, a actualização

das pensões mínimas, sociais e rurais, a majoração de

10% do montante do subsídio de desemprego para

casais com filhos a cargo em que ambos estejam no

desemprego e a criação de uma linha de crédito de

cinquenta milhões de euros específica para instituições

sociais.

Quanto à estratégia para a Economia verificou-se a

suspensão imediata de grandes obras públicas, a

avaliação e a renegociação dos encargos das Parcerias

Público Privadas, a recapitalização dos bancos, a

redução dos atrasos de pagamento do Estado aos seus

fornecedores, o reforço da diplomacia económica para

a captação de investimento externo, a fusão de

empresas públicas e um exigente programa de

privatizações (EDP, REN, TAP e ANA), a revisão da lei

da concorrência e vários apoios e reforços às Pequenas

e Médias Empresas no seu processo de inovação,

investigação e desenvolvimento.

As políticas de emprego ficam marcadas

essencialmente pelo acesso ao Subsídio de

Desemprego após 360 dias de trabalho, pela redução de

novecentos para quinhentos e quarenta dias o período

máximo de permanência com esse mesmo subsídio,

pela reprogramação do QREN num aumento da taxa de

co-financiamento para 85% em todos os projectos,

pelas novas leis do mercado de trabalho e flexibilização

do código que o regula.

A Lei das Rendas e a Reabilitação urbana também são

grandes bandeiras de um Governo que quer criar um

verdadeiro mercado de arrendamento e eliminar

constrangimentos nas relações entre inquilinos e

senhorios.

À sempre polémica área da Educação tem sido

recorrente notícia a revisão do estatuto do aluno, dos

contractos de associação e do mapa escolar.

Quanto à Justiça verificou-se a introdução de um novo

código da insolvência e da recuperação das empresas, a

implementação dos julgamentos em 48 horas para

detidos em flagrante delito e a reorganização do

mapa judiciário.

código da insolvência e da recuperação das empresas, a

implementação dos julgamentos em 48 horas para

detidos em flagrante delito e a reorganização do mapa

judiciário.

A Administração Interna viu mais 900 novo agentes

para a PSP e GNR, a implementação da vídeo-

protecção e antecipação de pagamentos aos

bombeiros.

Grandes avanços foram registados na Saúde com a

possibilidade de prescrição por Unidose e a redução nos

preços dos medicamentos.

Os resultados

As medidas dos últimos doze meses permitiram a

Portugal obter da Troika sucessivas avaliações positivas

que libertam as várias “tranches” do empréstimo, o

cumprimento do défice de 2011 e do primeiro trimestre

de 2012, um maior equilíbrio da Balança Comercial,

recorrentes descidas das taxas de juro, sucesso nas

colocações de dívida a 18 meses e avaliações positivas

da parte das agências de rating como a Moody’s e a

Fitch. Tudo isto contribui necessariamente para um

aumento da confiança generalizada dos consumidores e

investidores que percebem o esforço monumental que

Portugal está a fazer para restaurar a sua plena

credibilidade e distanciar-se de casos profundamente

adversos como o da Grécia.

pretender fundir os Portos e partir para uma gestão

centralizada dos mesmos, em Lisboa.

Da ordem de trabalhos do Conselho Distrital, faziam

ainda parte a análise da implementação da JP no

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dossier

O Liberalismo Clássico

por Luís Miguel Ribeiro

<< existem falhas dos Estados, isto é, quando a

intervenção do estado na economia provoca uma

alocação dos recursos ineficiente. No entanto quando

comparadas estas duas falhas, aquela que geralmente

provoca maiores danos à economia são as falhas dos

Estados uma vez que a ineficácia é repartida por todos

os seus cidadãos.

Portanto quando os políticos identificam uma falha de

mercado tendem em assumir que um governo perfeito

pode intervir e resolver o problema, embora estes não

existam. Para a escola de Chicago deve-se proceder a

uma comparação entre os mercados de concorrência

imperfeita com todos os problemas reconhecidos ao

Estado imperfeito.

Assim, quando realizado este exercício de comparação

de mercados imperfeitos passa existir um

desfasamento entre as intenções dos decisores políticos

e os resultados que advogam. Por exemplo, a

introdução de rendas máximas têm como objectivo que

um número maior de famílias carenciadas possam

encontrar uma habitação, no entanto reduzindo o preço

das rendas também se reduz a oferta de casas para

arrendar pelo que torna mais difícil para essas famílias

encontrar uma casa, o que se traduz numa

consequência oposta às intenções iniciais.

Em certos casos os decisores políticos chegam mesmo a

ignorar as consequências não intencionais de certas

medidas como é o exemplo dado por Milton Friedman

no caso do aumento do salário mínimo que tem como

efeito previsto o aumento do salário para alguns

trabalhadores mas que ao mesmo tempo se obtém

como consequência não intencional a exclusão de

trabalhadores que com o novo salário não lhes é

correspondida a sua produtividade e consequente

exclusão do mercado de trabalho.

Teoria da Escolha Pública

A teoria da escolha pública teve origem nos trabalhos

do prémio nobel de 1986, James Buchanan (1919 -…) e

Gordon Tullock (1922 -…). A forma de como abordam a

12 | junho 2012 o jovem

>> segunda parte

Das correntes de pensamento do liberalismo clássico

esta edição destaca a visão da Escola de Chicago onde

explica qual deve ser o limite da actuação dos governos.

A Escola de Chicago

A escola de Chicago teve como percursor Milton

Friedman (1912 – 2006) prémio Nobel da Economia de

1976. A abordagem económica de Milton Friedman

baseia-se na realização de testes empíricos às

abordagens teóricas, isto é, apresentam hipóteses onde

se prevê que a medida X irá ter como resultado Y.

Para compreender o porquê de Friedman acreditar que

o estado deve ser limitado deve-se ao facto de que

como na economia existem falhas de mercado - quando

a alocação dos recursos de uma economia num

mercado livre não é a mais eficiente - também existem

falhas dos Estados, isto é, quando a intervenção do

estado na economia provoca uma alocação dos

recursos ineficiente. No entanto quando comparadas

estas duas falhas, aquela que geralmente provoca

maiores danos à economia são as falhas dos Estados

Secretário-Geral da Juventude Popular da Maia

Page 13: 50 | O Jovem | Junho de 2012

o jovem junho 2012 | 13

exclusão do mercado de trabalho.

Desta forma, segundo a escola de Chicago terá que ser

feito o exercício de comparação das consequências

intencionais com as consequências não intencionais,

onde se chega à conclusão que a maior parte das

consequências não intencionais superam as

consequências previstas.

Friedman argumenta ainda que as consequências não

intencionais acontecem porque os decisores políticos

ao elaborarem as leis, ignoram sempre o

comportamento humano, isto é, que estes actuam

sempre motivados pelo interesse próprio o que gera as

consequências não intencionais.

Uma vez que os estados não são perfeitos e causam

consequências não intencionais nas economias, então a

escola de Chicago identifica quatro funções que devem

ser da competência dos Estado:

- Defesa nacional e Policia Interna - Para a protecção

contra inimigos internos e externos e de forma a

manter a paz social é necessário uma forma militar

sobre a alçada do estado.

- Justiça - Para se reduzir os conflitos e disputas internas

que ocorrem naturalmente numa sociedade é

necessário um “árbitro” independente das partes em

disputa para a resolução do problema, sendo portanto

da competência dos estados o fornecimento dos

tribunais.

Friedman deixa ainda em aberto a possibilidade de em

alguns casos específicos a intervenção estatal e

portanto a necessidade de intervir em pequena escala:

- Nos Bens Públicos e Externalidades Negativas – Em

economia, um “bem publico” não significa que o estado

seja o detentor da sua propriedade e/ou fornecimento.

Um bem público é um bem que é consumido por todos

os indivíduos (universalidade) ao mesmo tempo e que

ninguém pode ser excluído (não-rivalidade). O caso

clássico de um bem público é a já referida defesa militar

ou o meio ambiente pois todos os indivíduos quer

queiram ou não estão a consumir este bem todos ao

mesmo tempo. Os estados devem ainda intervir quando

na economia existem efeitos negativos provocados

de um bem público é a já referida defesa militar ou o

meio ambiente pois todos os indivíduos quer queiram

ou não estão a consumir este bem todos ao mesmo

tempo. Os estados devem ainda intervir quando na

economia existem efeitos negativos provocados pelos

agentes económicos que não são decorrentes de uma

transacção monetária, por exemplo a poluição que é

gerada pela criação de indústrias. Assim, nestes casos

torna-se necessária a intervenção do estado para

resolver o problema.

- Protecção de crianças e dos deficientes – Uma outra

função que os Estados devem intervir é para cuidar

daqueles que não são capazes de cuidar de si mesmos,

nem actuar de forma responsável como por exemplo as

crianças que não estão em posição de tomarem

decisões por elas próprias, uma vez que nem todos os

países tratam os adultos de forma responsável.

É também ainda de salientar que segundo a escola de

Chicago embora os Estados tenham estas

responsabilidades sempre que possível devem seguir o

caminho do mercado livre, por exemplo Milton

Friedman refere que todas as crianças deve ter acesso à

educação no entanto não significa que seja o Estado a

fornecer as escolas necessárias, esta pode ser

conseguida através da entrega de vouchers aos alunos

para que eles escolham a escola privada que queiram

frequentar. Torna-se claro que embora o Estado tenha

responsabilidades sociais, não significa que este seja o

responsável por exercer essas mesmas

responsabilidades.

está associada ao desenvolvimento de uma nova

filosofia denominada de Objectivismo onde refere que

uma determinada realidade existe independentemente

da consciência que o ser humano possa ter.

Assim, poderemos afirmar que está na natureza do

homem querer viver ou sobreviver e para isso todos os

indivíduos devem ter certos direitos naturais porque

derivam da própria natureza do homem. Em suma, os

direitos naturais existem para finalidade ou propósito

dos seres humanos.

Liberty!

fonte: A Dictionary of Conservative and Libertarian Thought

Page 14: 50 | O Jovem | Junho de 2012

m debate que já se fez muito e hoje pouco se faz é o da situação profissional

de quem esta na politica. Parece-me bem voltar a esta questão.

Lembro-me como se fosse hoje de um debate que fiz em representação da

Juventude Popular na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra nas

últimas legislativas.

Entre trocas de argumentos e questões de carácter acerca da actividade de

alguns políticos, José Soeiro trouxe à baila a sua tese, e daquela esquerda

desfeita a que pertence, que hoje se enfeita com o resultado do Syriza na Grécia,

que desconfiava de deputados com profissões, os advogados dos escritórios da

capital, os economistas consultores de bancos, os quadros de grandes empresas,

enfim, falávamos de pelo menos todos os deputados do CDS a altura, pessoas

que têm as suas profissões, a par das funções politicas, e que da política não

dependem. Dizia ele que a política só não levantava questões de influências

externas quando os deputados se dedicavam única e exclusivamente a essas

funções, pouco lhe parecia interessar o que tinham feito antes e o que iam fazer

depois.

A minha cara de espanto e a minha resposta discordante daquela barbaridade

fizeram-se notar minutos depois e têm feito com que medite cada vez mais sobre

isto. Não é uma questão simples nem é ideologicamente fácil de definir posições,

mas parece que sempre houve essa tendência de apontar o dedo a direita, por

termos vida além da política.

Por isso mesmo, e como se diz hoje em dia para tudo, há uma linha que separa a

minha posição da de José Soeiro, uma linha que de tão longa e fortificada mais

parece um muro de betão. Para mim a politica não é profissão, nem aqui nem na

Albânia!

A minha visão é a de que um político tem tanto a dar a sociedade e aos cidadãos

que o elegeram quanta leva na bagagem em experiência profissional,

competência, experiência, formação, visão e proximidade das situações reais

sobre as quais vai tomar decisões. Fazer política pela política e porque se é

político é dizer que se sabe fazer três coisas pelo menos, em teoria, são elas:

saber discursar, falar em público com entusiasmo e expressividade suficientes

que convençam o eleitor da firmeza das palavras que lhe saem da boa; saber

debater, saber argumentar e contra-argumentar, esperando ser forte o suficiente

para ganhar a contenda e nobre o suficiente para não parecer que se placou o

adversário brutalmente, há qualquer coisa de semideus no politico que, em

debate, põe o adversário encostado as cordas e não lhe da o ultimo golpe; saber

fazer campanha, no fundo apertar a mão a um industrial com o mesmo

sentimento com que se aperta a mão a um talhante que nem tempo teve de a

lavar, dar um beijinho a peixieira do mercado a velhinha que compra

couves ou a mais bela mulher da arruada, empurrar as mesmas ideias,

criar laços com as pessoas em poucos minutos. Ora, saber fazer estas três

coisas em pleno é ser um politico brilhante, e ai tenho que dizer de mãos

Da profissionalização da política

convidado especial

Presidente da Comissão Superior de Fiscalização e

Disciplina da JP

Hugo Nunes

facebook.com/hugo.nunes.31

14 | junho 2012 o jovem

U

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<<

15 | junho 2012 o jovem

lavar, dar um beijinho à peixeira do mercado à velhinha que compra couves ou à mais bela mulher da arruada,

empurrar as mesmas ideias, criar laços com as pessoas em poucos minutos. Ora, saber fazer estas três coisas

em pleno é ser um político brilhante, e aí tenho que dizer de mãos limpas que temos como líder do partido

alguém que tira nota máxima neste exame, pouco são os que conseguem ser assim, poucos são os que

conseguem sequer juntar dois destes três atributos, mas só isto não basta.

De que nos serviriam mais de mil quadros políticos neste pais se todos eles só soubessem fazer isto, como é

que sabiam gerir finanças, reformar a educação, fazer leis, coordenar a justiça, enfim, fazer o seu trabalho?

Não serviriam de nada, posso garantir isso mesmo! O CDS não teria a experiência profissional da Sra. Dra.

Isabel Galriça Neto nos cuidados paliativos, teria um qualquer sujeito que iria ler meia dúzia de leis de outros

países e pensar numa adaptação para a sua proposta ao Parlamento em vez de pensar de raiz o nosso

problema, com conhecimentos que só alguém da área medica e com a sua experiencia tem; o CDS não teria

tido na última legislatura o melhor deputado do Parlamento, a hoje ministra da Agricultura, Assunção Cristas,

professora de direito na Universidade Nova de Lisboa, para quem a vida parlamentar foi de rigor e qualidade

dada a sua formação e experiência no Direito; o CDS não teria em Nuno Magalhães o valor que tem em

matéria de polícias e administração interna sem a sua vida prática nos tribunais, no direito penal aplicado; o

CDS não teria a experiência de trabalho de grupo, coordenação de equipas, marketing, que Paulo Portas

trouxe da sua vida de director de um semanário.

Enfim, se a politica fosse de políticos profissionais andavam uns sujeitos a tomar decisões para as quais não

tinham conhecimento, para as quais não sabiam as consequências, para as quais estariam tão competentes

como o seu vizinho do lado nos assentos do Parlamento, é a formação profissional e, creio eu, a manutenção

desta vida profissional, mesmo com limitações, que faz com que um politico tenha informação e percepção

real do trabalho que faz, destacando-se nas áreas onde mais sabe, afinal de contas a Assembleia da República,

por exemplo, divide-se em Comissões, e nessas devem estar os melhores especialistas, nas suas áreas, de

cada partido, o trabalho é técnico, e só sabe fazer trabalho técnico quem sabe da matéria, quem trabalha na

matéria, quem conhece a matéria.

A visão de José Soeiro é simples, ao seu partido dá jeito os políticos profissionais, afinal há uma questão

importante, não têm especialistas em todas as áreas para por nas comissões, depois para o seu eleitorado é

indiferente, não querem saber, só querem votar de protesto, e no fim de contas, quem acha mesmo que estes

deputados estão interessados em servir a economia? Além disso, José Soeiro sabe uma coisa que eu sei, de

eleição a eleição a única forma dos políticos do BE terem como sobreviver é a política passar a profissão

porque assim eles poderiam encher os corredores dos centros de emprego e pedir subsídios ao país.

m debate que já se fez muito e hoje pouco se faz é o da situação profissional de quem esta na politica.

Parece-me bem voltar a esta questão.

Lembro-me como se fosse hoje de um debate que fiz em representação da Juventude Popular na Faculdade

de Economia da Universidade de Coimbra nas últimas legislativas.

Entre trocas de argumentos e questões de carácter acerca da actividade de alguns políticos, José Soeiro

trouxe a baila a sua tese, e daquela esquerda desfeita a que pertence, que hoje se empeita com o resultado do

Syriza na Grécia, que desconfiava de deputados com profissões, os advogados dos escritórios da capital, os

economistas consultores de bancos, os quadros de grandes empresas, enfim, falávamos de pelo menos todos

os deputados do CDS a altura, pessoas que têm as suas profissões, a par das funções politicas, e que da

política não dependem. Dizia ele que a política só não levantava questões de influências externas quando os

deputados se dedicavam única e exclusivamente a essas funções, pouco lhe parecia interessar o que tinham

feito antes e o que iam fazer depois.

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16 | junho 2012 o jovem

Page 17: 50 | O Jovem | Junho de 2012

Vera Rodrigues Deputada do CDS pelo círculo do Porto.

Presidente do Conselho Nacional da Juventude

Popular. Numa entrevista reveladora e essencial,

descobre a experiência política de um dos nomes

mais promissores do futuro da direita portuguesa.

entrevista

Page 18: 50 | O Jovem | Junho de 2012

O primeiro ano de Governo PSD/CDS coincide com o

teu primeiro ano como deputada na AR. Como tem

sido a experiência?

Fantástica. Recordo, desde logo, o telefonema do João

Almeida a 27 de Junho de 2011: “Tens que vir já!”. Ao que

respondi: “Já, quando?”… Do lado de lá ouvi: “Amanhã!”

E assim foi. No próprio dia, comecei por comunicar à

administração da empresa em que trabalhava há 5 anos

a minha saída, transmitir a notícia à minha equipa e aos

meus clientes e no dia seguinte, rumar a Lisboa para

tomar posse. Foi uma surpresa na altura, mas que está a

consubstanciar-se numa experiência muito rica, diria

mesmo, acima das expectativas! Por outro lado, é um

privilégio fazer parte de um grupo parlamentar como o

do CDS, sendo de destacar o que tenho crescido e

aprendido, também com a ajuda e disponibilidade do

João Almeida e do Micha.

O CDS é hoje um partido de Governo. Em que medida

é que esta posição facilita ou dificulta o trabalho de

um deputado?

Não tenho a experiência de ter estado na oposição. Mas

diria que sermos um partido de governo, no que ao

trabalho dos deputados respeita, não é um exercício

propriamente fácil. Por um lado, porque estando a

suportar um governo de coligação, há que estar em

sintonia quer com o “eixo” do lado do Governo, quer

com o outro partido da coligação. É um equilíbrio, no

mínimo, exigente e que implica muitas vezes estabelecer

“árduos” consensos- Por outro lado, porque este

governo está à frente dos destinos do país num dos

momentos mais difíceis da história recente, com um

campo de acção limitado, pelo que, isso significa sermos

necessariamente identificados com os sacrifícios que

estão a pedir-se aos portugueses. Ouvimos críticas

muito injustas. Diria que, tendo em conta o cenário que

conheço e a experiência que tenho vivenciado, é mais

fácil ser-se deputado na oposição. A margem de

liberdade é maior, o exercício da política propriamente

dito, está mais “facilitado”, porque requer muitas vezes

menor “ responsabilidade”, pela ausência efectiva de

consequências sobre determinadas propostas que são

formuladas (especialmente no BE e no PCP).

1. Pertences a uma das comissões mais

importantes da AR: Orçamento, Finanças e

Administração Pública. Quais são as principais

matérias que tens defendido?

Pertences a uma das comissões mais importantes da

AR: Orçamento, Finanças e Administração Pública.

Quais são as principais matérias que tens defendido?

O nosso raio de acção é muitíssimo limitado, pelo menos

enquanto durar o programa de assistência financeira, na

medida em que a política orçamental está totalmente

condicionada pelo memorando de entendimento. Mas,

posso exemplificar o trabalho de melhoria das propostas

que vêm do lado do governo, em matérias que constam

do próprio Memorando, e que tem tido efectivamente,

um importante contributo da parte dos deputados, no

parlamento. Em matéria de promoção de uma maior

equidade fiscal, por exemplo. Lembro-me que no último

orçamento rectificativo, o qual acompanhei de forma

particularmente intensa, uma das propostas que se fez

nesse âmbito, foi fazer uma clarificação relevante na lei

que pretende taxar mais significativamente as entidades

com domicílio fiscal/actividade em ”off-shores”, mas que

estava a incluir injustamente, simples emigrantes que

residem ou trabalham em territórios como Andorra, por

exemplo, e que estavam a receber notificações para

pagar milhares de euros de IMI. O mesmo trabalho foi

feito em relação ao IMT. Dentro da limitação do nosso

raio de acção actual, promover e defender uma maior

equidade fiscal é de toda a justiça e de inquestionável

importância. Em matéria de administração pública,

defendo uma maior flexibilidade e mobilidade para os

funcionários públicos. Só uma administração pública que

acompanhe as necessidades de modernização e de

transformação do país, pode efectivamente servir

melhor os interesses dos contribuintes e dos

portugueses como um todo.

O primeiro ano de Governo PSD/CDS coincide com o

teu primeiro ano como deputada na AR. Como tem

sido a experiência?

Fantástica. Recordo, desde logo, o telefonema do João

Almeida a 27 de Junho de 2011: “Tens que vir já!”. Ao que

respondi: “Já, quando?”… Do lado de lá ouvi: “Amanhã!”

E assim foi. No próprio dia, comecei por comunicar à

administração da empresa em que trabalhava há 5 anos

a minha saída, transmitir a notícia à minha equipa e aos

meus clientes e no dia seguinte, rumar a Lisboa para

tomar posse. Foi uma surpresa na altura, mas que está a

consubstanciar-se numa experiência muito rica, diria

mesmo, acima das expectativas! Por outro lado, é um

privilégio fazer parte de um grupo parlamentar como o

do CDS, sendo de destacar o que tenho crescido e

aprendido, também com a ajuda e disponibilidade do

João Almeida e do Micha.

<<

18 | junho 2012 o jovem

Page 19: 50 | O Jovem | Junho de 2012

És militante de uma distrital forte e muito

representativa tanto na JP como no CDS. Consegues

avaliar ambas no tempo desde que te filiaste?

Sempre disse que uma JP forte, significa um CDS mais

robusto. E vice-versa. Essa realidade é visível no âmbito

do nosso distrito, sendo que muitas vezes a dinâmica e a

pujança da JP deixa o partido, no mínimo, atento. Mas

entendo que no distrito do Porto, a afirmação de ambas

as estruturas é inquestionável, fruto dessa boa

colaboração e cumplicidade. Temos assistido a um

crescimento e a uma maturação de ambos, com

benefícios mútuos.

O CDS tem privilegiado um combate no terreno “fora”

das eleições. Como deputada eleita por este Distrito,

qual é a importância deste trabalho?

É crucial. No distrito do Porto tem havido um incentivo

enorme para que assim seja, e nós, os deputados eleitos

por este distrito, somos claramente um exemplo. Não é

possível fazer-se um bom trabalho no parlamento, e até

poder dar um contributo válido ao governo, se não se

estiver em contacto com a realidade e com a noção clara

dos impactos que as medidas têm no terreno. Tem que

haver esse fluxo de comunicação para que haja um

trabalho mais compatível com a realidade e com as

expectativas das pessoas que nos elegeram.

Pessoalmente, também devo dizer que não ficaria

confortável com o facto de, numa próxima campanha

eleitoral, ouvir as pessoas dizerem “ só vêm cá, para

pedir o voto”. E não conseguindo evitar certamente que

possa vir a ouvi-lo em algum sítio, tento sempre, através

do meu trabalho, minimizar a possibilidade de que isso

venha a acontecer, apesar de ter decorrido apenas um

ano de mandato.

2012 é anunciado por muitos como o último ano da

crise. Acreditas que Portugal ultrapassará este cenário

negativo macroeconómico?

Não creio que seja exactamente “o último” ano da crise,

mas é claramente o mais difícil do ciclo económico em

que vivemos. O próximo ano, será já um ano de

crescimento, atendendo às projecções

macroeconómicas que temos neste momento, mas

será de um crescimento, ainda assim, relativamente

ténue.

Page 20: 50 | O Jovem | Junho de 2012

<< >>

eventualmente outras funções ou experiências nas quais

nunca tinham pensado. Da parte do governo, creio que

não pode vender ilusões, mas sob o ponto de vista

legislativo deve obviamente contribuir para que

tenhamos de facto um mercado de trabalho mais

flexível, que facilite a entrada no mercado de trabalho de

quem nunca trabalhou. As leis que tínhamos, só

protegiam quem já estava no mercado de trabalho e

“blindavam” a entrada destas novas gerações. Também

por isso, os sindicatos foram mais resistentes ao novo

código laboral. Em suma, medidas como a que permite a

renovação extraordinária de contractos a termo,

beneficiam sobretudo quem tem menos experiência, e

portanto, menos provas dadas no mercado de trabalho.

Num cenário em que, ficar desempregado, significa ter

mais dificuldade em voltar a breve prazo a encontrar

emprego, esta é uma medida exemplar da parte deste

governo.

Centremo-nos na Juventude Popular. Como vês, como

Presidente do seu Conselho Nacional, o presente e

futuro da estrutura?

À medida que vou conhecendo melhor as outras

estruturas partidárias e os seus protagonistas, mais

certezas tenho de que a JP é a melhor juventude

partidária que temos em Portugal. Temos militantes e

dirigentes com uma capacidade de trabalho e uma

qualidade incríveis, dignos de destaque. Temos a

capacidade e a visão que claramente escasseia,

noutras “paragens”.

Por isso, sabendo preservar esse património,

que já é nosso, só posso esperar um futuro

auspicioso. Mas isso, nunca esquecendo que

que vivemos. O próximo ano, será já um ano de

crescimento, atendendo às projecções

macroeconómicas que temos neste momento, mas será

de um crescimento, ainda assim, relativamente ténue.

Por outro lado, a UE vive neste momento, numa

encruzilhada à qual não estamos alheios e, da saída dela,

também dependerá o nosso futuro. Mas acredito que no

nosso país, está a ser feito tudo o que depende de nós ,

que está ao nosso alcance, para que o futuro próximos

seja mais risonho. Isso sem dúvida.

A crise trouxe também um crescimento da taxa de

emigração jovem. Que medidas deverão ser tomadas

para que os jovens portugueses encontrem a solução

em Portugal?

A geração que agora está prestes a integrar o mercado

de trabalho ou que já está à procura de emprego, não

teve de facto a melhor sorte. O nível de confiança dos

empresários e dos investidores está num nível

baixíssimo, o que prejudica especialmente, quem não

tem qualquer experiência profissional. Se por um lado,

preferia que os nossos jovens encontrassem cá uma

oportunidade, por outro, não vejo um drama em ter uma

experiência lá fora, na medida em que acredito que o

país voltará a ter condições de oferecer trabalho

qualificado, a médio prazo. Creio que os jovens devem

ter sobretudo uma atitude flexível, serem mais

polivalentes e mais disponíveis para equacionarem

eventualmente outras funções ou experiências nas

quais nunca tinham pensado.

Da parte do governo, creio que não pode

vender ilusões, mas sob o ponto de vista

legislativo deve obviamente contribuir para

20 | junho 2012 o jovem

Page 21: 50 | O Jovem | Junho de 2012

capacidade e a visão que claramente escasseia, noutras

“paragens”. Por isso, sabendo preservar esse património,

que já é nosso, só posso esperar um futuro auspicioso.

Mas isso, nunca esquecendo que exige trabalho e

dedicação, à causa, todos dos dias.

Por último, que mensagem gostarias de deixar a

todos os militantes da Juventude Popular e aos

leitores d’O Jovem?

Que na sua acção enquanto militantes, possam dar

sempre o privilégio aos valores, às ideias e à visão de

vanguarda que sempre caracterizou a JP.O resto, o

tempo se encarregará de trazer, virá por si!

És militante de uma distrital forte e muito

representativa tanto na JP como no CDS. Consegues

avaliar ambas no tempo desde que te filiaste?

Sempre disse que uma JP forte, significa um CDS mais

robusto. E vice-versa. Essa realidade é visível no âmbito

do nosso distrito, sendo que muitas vezes a dinâmica e a

pujança da JP deixa o partido, no mínimo, atento. Mas

entendo que no distrito do Porto, a afirmação de ambas

as estruturas é inquestionável, fruto dessa boa

colaboração e cumplicidade. Temos assistido a um

crescimento e a uma maturação de ambos, com

benefícios mútuos.

O CDS tem privilegiado um combate no terreno “fora”

das eleições. Como deputada eleita por este Distrito,

qual é a importância deste trabalho?

É crucial. No distrito do Porto tem havido um incentivo

enorme para que assim seja, e nós, os deputados eleitos

por este distrito, somos claramente um exemplo. Não é

possível fazer-se um bom trabalho no parlamento, e até

poder dar um contributo válido ao governo, se não se

estiver em contacto com a realidade e com a noção clara

dos impactos que as medidas têm no terreno. Tem que

haver esse fluxo de comunicação para que haja um

trabalho mais compatível com a realidade e com as

expectativas das pessoas que nos elegeram.

Pessoalmente, também devo dizer que não ficaria

confortável com o facto de, numa próxima campanha

eleitoral, ouvir as pessoas dizerem “ só vêm cá, para

Rodrigues Vera

numa palavra um político: Margaret Tatcher

um país: Portugal

uma cidade: Porto

uma viagem: Botswana

um filme: O Rapaz do Pijama às Riscas

uma música: The Story

um livro: A Pérola

uma qualidade: Transparência

um defeito: ser “fala barato”

uma bebida: Vinho Tinto

Page 22: 50 | O Jovem | Junho de 2012

Sobre a demolição

das “Piscinas Olímpicas”

Perante as mais recentes notícias sobre a demolição da “Piscina Olímpica” da Maia, situada no complexo desportivo

da freguesia de Vermoim, a Comissão Política da Maia vem por este meio apontar as seguintes considerações:

1. Como símbolo inequívoco da má gestão autárquica que assombrou Portugal durante décadas, as “Piscinas

Olímpicas da Maia” são um cancro evidente no coração do concelho para o qual a Juventude Popular da Maia, pelo

menos desde 2010, tem chamado a atenção recorrente não só dos munícipes mas também das autoridades

autárquicas competentes;

2. Numa história que ficará para sempre como uma das mais obscuras e inexplicáveis em termos de obras públicas

maiatas, a Juventude Popular da Maia procurou sempre fundamentar-se sobre o porquê deste “monstro de betão”

e as suas causas e responsáveis. Mostrou-se um processo em vão que se perdeu em histórias contraditórias e

pouco fiáveis de quem conheceu todo este projecto desde o início. Há, sempre houve e haverá um medo e uma

enorme resistência de falar publicamente sobre esta obra. Suspeitamos, claramente, porquê;

3. Ficamos contentes por ao fim de vinte longos anos a Câmara Municipal da Maia assumir aquilo que, precisamente

há vinte anos, era uma visão de futuro e a colocação da Maia num patamar sem igual. Bem sabemos que na altura

os protagonistas eram outros mas lamentamos que esses sejam apenas invocados quando à Câmara Municipal é

conveniente;

4. Não esqueceremos que tudo isto custou muito dinheiro aos contribuintes e que, até com a demolição, continuará

a custar. A Maia não se pode esquecer dos milhões comunitários que a sustentam e da consequente loucura dos

nossos autarcas por equipar todas as paróquias, pelo menos, com um polidesportivo. Foi isto que nos trouxe

também onde hoje estamos, à situação de lixo financeiro internacional. Que o exemplo perdure para que não se

comentam os mesmos erros de deslumbramento de dinheiro e obra fácil.

5. Aguardaremos com paciência, mesmo que até ao fim das nossas vidas, por uma clara e inequívoca

responsabilização judicial de todo este processo e responsáveis;

6. A título de curiosidade, recorde-se que esta estrutura tem militantes activos que desde que nasceram coabitam

com esta “obra de arte” municipal não conhecendo eles outra tão grande realidade motivo de chacota

intermunicipal;

7. Por último, acreditamos piamente que esta medida em nada tem a ver com as eleições autárquicas do próximo

ano. Acreditamos piamente que, por não haver dinheiro para construir, não é também com destruições que se

alimentam votos e messias.

A Comissão Política Concelhia da Juventude Popular da Maia

comunicado 22 | junho 2012 o jovem

Page 23: 50 | O Jovem | Junho de 2012

Ao longo dos últimos anos a

Juventude Popular da Maia

chamou a atenção em várias

campanhas para este caso

singular de incompetência

autárquica e irresponsabilidade

na gestão de fundos públicos.

A Campanha “Sorria está

na Maia” de 2010 foi a

primeira vez que a JP

abordou o tema. A

Campanha “Um Presente

para si” no Natal de 2011

sublinhou a máscara que

em tempos a Câmara

Municipal da Maia aplicou

neste “monumento”.

O último cartaz

comemorativo do

funeral há muito

desejado. São 20

anos de sofrimento

que acabam em ano

pré-eleitoral.

Page 24: 50 | O Jovem | Junho de 2012

o longo das nossas vidas pertencemos a vários

lugares, identificamo-nos com várias coisas e vamos

crescendo apegados ao que nos ensinaram e às

experiencias que desde novos a nossa terra nos

proporciona. Ao olhar para trás e reflectindo sobre o

nosso percurso até então entendemos que devemos

muito à nossa Terra e à nossa Gente, uns porque de

tenra idade começaram a jogar no clube da localidade,

outros porque se estrearam em palco na associação

recreativa, alguns pelo simples facto de nas associações

locais terem criado laços com os que ainda hoje são os

seus melhores amigos. Podemos encontrar inúmeros

motivos de ordem pessoal para valorizar as associações

locais porém o que representam e o quanto a sua

actividade é importante para a nossa sociedade e

economia são factores que não devemos descorar.

Estas associações geram fluxo de capitais nas cidades,

movem toda a sociedade envolvente em prol da sua

actividade, representam união, cultura e diversidade;

declaram-se como utilidade pública, que o são, mas

quando não nos são mais úteis viramos as costas e não

as apoiamos mais, reflexo do panorama actual nacional

que acima de uma crise monetária está uma crise de

valores geradora dos problemas da nossa sociedade.

Fomentar o crescimento das associações locais não é

solução para nada, trata-se de preservar o que é nosso, é

nas pequenas coisas que se faz a diferença e é nos

momentos mais difíceis que os portugueses se superam

a si mesmos.

Assim entendo que cada munícipe devia filiar-se a pelo

menos uma associação local do município a que

pertence independentemente de daí ser natural e desta

forma contribuir para o desenvolvimento da região a que

A Gente e a Terra [1ª parte]

Assim entendo que cada munícipe devia filiar-se a pelo

menos uma associação local do município a que

pertence independentemente de daí ser natural e desta

forma contribuir para o desenvolvimento da região a

que faz parte bem como a sua integração no meio que

será muito mais rápida uma vez que passa a conviver

com a população local e inteirar-se dos costumes,

cultura e tradições dos mesmos. Um simples gesto de

cada um pode mudar muitas mentalidades no caminho

de uma sociedade melhor dada a pluralidade do papel

das associações locais.

criticar a Jerónimo Martins por ter feito esta campanha

publicitária? Os trabalhadores que trabalharam nesse

dia tiveram um aumento de 500 % no seu salário e

podiam ainda usufruir de 50% de desconto nos

produtos. Quando falamos em dia do trabalhador,

temos necessariamente que faltar e ir para a rua bater

panelas, ou temos que ganhar dinheiro para o país

seguir em frente?

A realidade foi transmitida várias vezes, através de

dados concretos fornecidos pelo presidente da

Jerónimo Martins. “Preocupante, extremamente

preocupante, é a situação social das pessoas que

trabalham no nosso grupo. Neste momento, tenho mais

de mil pessoas com os salários penhorados pelo

Tribunal. Tenho pessoas com o ordenado penhorado

até 2020, pessoas que têm fome, que vão para casa com

um salário muitíssimo reduzido e que às vezes têm o

marido ou a mulher desempregados. Isto está a colocar-

nos problemas sociais gritantes que não sabemos como

resolver”.

Uma empresa é construída com o objectivo de gerar

Ângelo Miguel

A

Vogal da Juventude Popular da Maia [email protected]

24 | junho 2012 o jovem opinião

O papel das Associações Locais

Page 25: 50 | O Jovem | Junho de 2012

<<

Page 26: 50 | O Jovem | Junho de 2012

uatro meses sem espaço de opinião alargada

n’O Jovem parece uma eternidade. Não é que não

me tenha apetecido fazer rolar cabeças ou tão

pouco proteger-me com a tradicional desculpa da

falta de tempo. A verdade é que todos passamos por

momentos de resignação perante a qualidade que

vemos noutros. Tenho optado por deixar um espaço

de destaque para as fantásticas linhas do Ângelo

Miguel e do André Bazan, dois produtos de futuro

desta casa. Mas, e perdoem-me meus caros colegas,

a ansiedade tem limites só comparáveis ao desejo

de escrever neste espaço. E como todos sabemos

que há coisas que apenas se escrevem n’O Jovem,

como se ele fosse o palco perfeito, aqui vai.

Acredito em Portugal. Sim, na selecção de futebol

também mas mau seria se o Portugal em que

acredito se esgotasse dentro de quatro linhas e de

dois em dois anos. Acredito em Portugal pelo

esforço de milhões em mais de oitocentos anos de

história. Parece um acreditar vulgar e superficial?

Talvez, mas é o princípio da minha fé. Portugal é a

nação com as fronteiras mais antigas da Europa que

por sua vez é o continente com evoluções sociais,

políticas e culturais mais rápidas e progressivas do

Mundo. Não terá um país com esta robustez e

independência alguma coisa que seja especial,

diferente dos outros? Sim, chama-se fibra.

Tirando a vertente terrorista, a última década foi

possivelmente a pior da política portuguesa quando

comparada com a Primeira República do início do

século passado. Socialismo a mais dizem uns,

corrupção por todo o lado dizem outros. Concordo,

infelizmente, com ambos. O espírito de regabofe

que os responsáveis políticos deste país

implantaram no Estado e que acabou por influenciar

mais de treze mil os reclusos em Portugal, uma

subida a rondar os dois mil em apenas dois anos, os

Acredito em Portugal!

Manuel Oliveira Presidente da Juventude Popular da Maia facebook.com/oacm1

o modo de vida de milhares de famílias deverá

constar nos melhores livros de Gestão do futuro

como exemplos a não seguir. Portugal, país

pequeno de recursos, foi tratado com desleixo anos

e anos a fio por um punhado de incompetentes de

todas as forças políticas. Dos vários Governos, às

várias oposições, o patriotismo e a estima pelo bem

comum foram enfiados na gaveta ou simplesmente

ignorados pelo simples facto das suas ausências nos

vários estados evolutivos das vidas destes

energúmenos. Como foi possível tal

irresponsabilidade e cegueira dos decisores? Parece

inacreditável que se faça duplicar em seis anos a

despesa pública do Estado e ninguém seja preso por

isso. Parece inacreditável que perante casos

claríssimos de crime e burla ao Estado não se

encontre um único culpado que exemplarmente

seja punido para afastar outros pretensiosos.

Parece inacreditável que a Justiça esteja mesmo

separada do poder Legislativo e Executivo do

Estado.

Mas eu acredito em Portugal. Acredito em quem

lhe quer bem e sei que há muitos que lhe querem

bem. Querem evolução e verdadeira

competitividade em todos os sectores desta

sociedade quase milenar. Competitividade

construtiva e sustentável. Acredito que este esforço

hercúleo não será em vão e que tal como nas

batalhas da independência os mártires serão

honrados pela defesa e crença nesta grande nação.

Nem poderia ser de outra forma. Seremos o caso de

sucesso que falta a esta Europa socialista e podre

de apatia. Oitocentos anos de história não

terminam aqui. Estamos a escassos meses de voltar

à mó de cima e da reconstrução. Eu acredito.

mais lá se vende. A punição de crimes cometidos?

Não porque estão mais ocupados a ver televisão.

Apercebemo-nos que compensa ser criminoso em

Q

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