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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSADEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
TAL 652 - PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS
Relatório de Aula Prática Nº 05:
DOCE DE BANANA EM MASSA
Aluna: Anna Lídya da Cunha Quintão
Professor: Afonso Mota Ramos
VIÇOSA-MG
ABRIL-2015
Introdução
No Brasil, praticamente toda a produção de banana é consumida in natura e
somente uma pequena parcela é submetida a algum processo de industrialização
(EMBRAPA, 1997), cerca de 2,5% a 3,0%, sendo 33% desses produtos consumidos no
mercado interno (FOLEGATTI; MATSUURA, 2004).
A banana, independentemente de seu grupo genômico, é, sem dúvida, uma das
frutas mais consumidas no mundo. É um alimento altamente energético (cerca de 100
kcal por 100 g de polpa), cujos carboidratos (cerca de 22%) são facilmente
assimiláveis. Embora pobre em proteínas e lipídeos, seus teores superam os da maçã,
pêra, cereja ou pêssego. Contém tanta vitamina C quanto a maçã, além de razoáveis
quantidades de vitamina A, B1, B2, pequenas quantidades de vitaminas D e E, e maior
percentagem de potássio, fósforo, cálcio e ferro do que a maçã ou a laranja
(EMBRAPA, 1997).
Para se obter um produto industrializado derivado da banana é necessário tomar
cuidado com o estágio de maturação da fruta, pois se este estiver em período avançado o
produto pode ficar comprometido, pois pode haver alterações no sabor, aroma e textura.
Doce de banana em massa também conhecido como bananada, é obtido a partir
da mistura da polpa da fruta triturada com açúcar, ácido orgânico e pectina. A adição do
ácido visa reduzir o pH para melhor atuação da pectina. Portanto, parte do ácido deve
ser adicionado no início e o restante no final do processamento evitando a hidrólise
acentuada da pectina. A concentração do doce é feita em tacho aberto ou a vácuo e para
doce em massa deve ser superior a 74ºBrix.
Objetivos
Conhecer as etapas que fazem parte do fluxograma de processamento de doce e
processar o doce em massa de banana de acordo com os padrões legais vigentes
verificando suas etapas de fabricação.
Revisão de Literatura
Banana
A palavra banana, originária das línguas liberiana e serra-leonesa, é um termo
que engloba espécies do gênero Musa da família botânica Musaceae (NASCENTE;
COSTA; COSTA, 2005; PEREIRA, 2010).
As espécies comestíveis da banana são originárias do sudeste asiático. A
população de Papua Nova Guiné foi pioneira no cultivo da fruta, com indícios de
plantação de bananeiras que ocorreram entre 10.000 a 5.000 a.C. (CONCEIÇÃO, 2010).
Os colonizadores portugueses iniciaram o cultivo sistemático de bananais no Brasil, na
costa ocidental africana e nas ilhas atlânticas entre os séculos XV e XVI (CEAGESP, s.
d.).
Rapidamente, o cultivo se espalhou pelas comunidades indígenas no Brasil,
fazendo parte de grande número de pratos tradicionais e se mostrando ótima matéria-
prima na produção de artefatos (CONCEIÇÃO, 2010). Apesar de não ser nativa do
continente americano, a banana se adaptou muito bem ao solo e ao clima brasileiro,
transformando-se em um dos mais importantes produtos de exportação do país (SILVA,
2013).
Existe grande variação no formato, número e tamanho dos frutos, dependendo
das condições de vegetação e da cultivar da planta. A banana nanica é a mais
disseminada das Cavendish e possui porte mais baixo que os demais tipos.Possui frutos
longos, encurvados, delgados, e de cor amarelo-esverdeada (SILVA; SANTOS-
SEREJO; CORDEIRO, 2004).
A banana é uma fruta climatérica e seu amadurecimento é composto por uma
série de modificações na coloração da casca e firmeza, além da intensificação do aroma
e sabor. Possui carboidratos e sais minerais, tais como fósforo, magnésio e potássio, teor
médio de açúcares e vitaminas A, B e C. Contém baixo teor de gordura e proteína
(NASCENTE; COSTA; COSTA, 2005; GOUVEIA et al., 2004).
Tabela 1: Composição nutricional de 100 gramas de parte comestível da banana nanica cruaComponente Unidade QuantidadeUmidade % 73,80Valor energético kcal 92,00Carboidratos g 23,80Proteínas g 1,40Fibra alimentar g 1,90Cálcio mg 3,00Vitamina C mg 5,90Piridoxina B6 mg 0,14Fósforo mg 27,00Manganês mg 0,14Magnésio mg 28,00Lipídios g 0,10Ferro mg 0,30Potássio mg 376,00Cobre μg 0,10Zinco mg 0,20Riboflavina B2 mg 0,02Cinzas g 0,88
Fonte: TACO (2011)
Doce de banana
De acordo com Resolução Normativa nº 9, de 11/12/78, “doce em pasta” é o
produto resultante do processamento adequado das partes comestíveis desintegradas de
vegetais com açúcares, com ou sem adição de água, pectina, ajustador do pH e outros
ingredientes e aditivos permitidos por estes padrões até uma consistência apropriada,
sendo finalmente, acondicionado de forma a assegurar sua perfeita conservação
(BRASIL, 1978).
Conforme tal resolução, os doces em pasta classificam-se quanto ao vegetal
empregado (simples quando preparado com uma única espécie vegetal, ou misto
quando preparado com a mistura de mais de uma espécie vegetal); e quanto à
consistência (cremoso quando a pasta for homogênea e de consistência mole, não
devendo oferecer resistência nem possibilidade de corte, ou em massa quando a pasta
for homogênea e de consistência que
possibilite o corte) (BRASIL, 1978).
A ANVISA (1978) preconiza que são ingredientes obrigatórios dos doces em
pastas, as partes comestíveis de vegetais e sacarose, glicose, açúcar invertido e seus
xaropes de forma isolada ou em combinação adequada. Além desses, os doces em
pasta podem conter ingredientes opcionais como suco de frutas, mel de abelha, ervas e
especiarias, ou seus princípios ativos, em quantidades suficientes para uma boa
elaboração do produto.
A bananada é o produto obtido da mistura do purê ou polpa de banana com
açúcar, ácido orgânico e pectina, que é posteriormente concentrada. O purê é um
importante produto derivado da banana, utilizado como matéria-prima para o
processamento de vários outros, como o néctar, doce em massa, flocos e farinha.
Basicamente, consiste no esmagamento da polpa e posterior conservação por
tecnologia apropriada que pode ser: congelado, acidificado, preservado quimicamente
e asséptico (FOLEGATTI; MATSUURA, 2004).
O açúcar utilizado pode ser exclusivamente a sacarose, no entanto, pode-se
substituir parte da sacarose por glicose (até 20%), objetivando evitar a cristalização do
açúcar. A acidificação visa reduzir o pH para 3,7 – 3,8, condição na qual a pectina atua
melhor. A pectina, adicionada em quantidade equivalente a 0,5% - 1,0%, tem a função
de promover a formação de um gel firme, entretanto, esse produto não deve ser
adicionado inteiramente no início do processamento para evitar que ocorra uma
hidrólise acentuada da pectina durante o mesmo (FOLEGATTI; MATSUURA, 2004).
Tecnologicamente, o principal problema no processamento da banana está
relacionado com o escurecimento do produto. Com o descascamento e exposição ao
oxigênio, são desencadeadas reações enzimáticas envolvendo compostos fenólicos e
enzimas oxidativas (polifenoloxidadese), que têm como produto final um composto de
cor marrom (melanoidina), que escurece a banana ou o produto processado
(FOLEGATTI; MATSUURA, 2004).
Para que tal produto chegue ao mercado e tenha boa aceitabilidade pelos
consumidores, é necessário que ele atenda certas exigência, como de cor, que deve ser
própria dos produtos; sabor e odor também próprios dos ingredientes, devendo o
produto ser isento de sabores e odores estranhos à sua composição; consistência
apropriada para cada tipo de produto; e ausência de defeitos, o produto deve estar
praticamente isento de defeitos, tais como: matérias estranhas inócuas, fragmentos
vegetais não comestíveis ou outros, apresentados, conforme o tipo do produto
(BRASIL,1978).
Processamento de doce em massa
O processamento do doce em massa é bastante variável conforme as matérias-
primas, de um modo geral, pode ter as seguintes fases: Recepção da matéria-prima,
lavagem, seleção, classificação, corte, eliminação dos defeitos internos, extração do
suco, clarificação, adição de açúcar, concentração, determinação do ponto final,
acondicionamento e tratamento térmico. Algumas destas fases podem ser
desnecessárias para certas frutas, enquanto que, para outras, temos necessidade de
acrescentar mais algumas (GAVA, 1978).
Colheita
A colheita das frutas deve ser realizada quando o produto atinje o ponto ótimo de
maturação, para que se minimize a injúria mecânica e reduza a infecção de patógenos e
o ataque de insetos mediante os tratamentos pré e pós-colheita. Ela pode ser realizada
manual ou mecanicamente.
O tempo decorrente entre a colheita e o processamento deve ser o mais curto
possível, para que as características físico-químicas e sensoriais da fruta não sejam
prejudicadas.
Transporte
O transporte pode ser realizado tanto por vias ferroviárias e rodoviárias, quanto
por vias aérea, marítima ou fluvial. A forma escolhida depende da viabilidade
econômica e da localização.
Geralmente o transporte de alimentos representa significativa percentagem no
preço final do produto, uma vez que, são na maioria volumosos e exige uma
especialização durante o transporte.
A qualidade é extremamente afetada pelo tempo decorrido entre a colheita e o
processamento. Assim, o transporte deve ser efetuado no menor prazo possível.
Outro parâmetro importante a ser controlado é a temperatura. Os caminhões que
transportam as frutas devem estar bem ventilados, para evitar o aceleramento do
metabolismo da fruta, ou deve-se adotar horários nos quais a temperatura não seja tão
“agressiva”.
Recepção da matéria-prima e Pré-seleção
As frutas ao chegaram na indústria são pesadas e pré-selecionadas. Na pré-
seleção as frutas estragadas, atacadas por insetos e fungos, germinadas e as que
encontram-se maduras demais ou verdes demais são separadas.
Selecionar é subdividir matéria-prima segundo critérios de qualidade
organoléptica ou sensorial, química e/ou microbiológica.
Análises sensoriais são feitas para avaliar: cor, sabor, odor e textura das frutas.
Análises laboratoriais também podem ser feitas para: sólidos totais, acidez, pH dentre
outras que poderão ser realizadas com o objetivo de se estabelecer um padrão industrial.
A seleção química e microbiológica é determinada por realização dessas análises e a
comparação dos resultados com padrões pré-estabelecidos.
Lavagem
A lavagem permite remover sujidades e contaminantes que se encontram junto às
frutas. Pode ser efetuada mecanicamente ou por processo manual.
A eliminação da maior parte dos contaminantes requer talvez mais de um tipo de
sistema. A limpeza é feita em equipamentos especiais, que segue as etapas:
Imersão: consiste em promover, o amolecimento e desprendimento de sujidades
superficiais da fruta, através da imersão desta em água clorada ou não,
utilizando ou não agitação e aquecimento, dependendo do tipo de fruta que será
processada.
Aspersão: consiste na aplicação de jatos de água a alta pressão, auxiliando na
retirada mais eficaz das sujidades aderidas à superfície da fruta; é realizada
logo quando as frutas saem da imersão e são transportadas por esteira.
Túneis rotatórios cilíndricos: este sistema garante uma limpeza completa
através do uso de agitação mecânica combinada com pulverização a alta
pressão, mas seu uso depende do tipo de fruta, sendo que frutas mais sensíveis
são normalmente danificadas.
O método mais utilizado consiste na imersão das frutas com água limpa e
clorada. A lavagem pode ser feita também por agitação em água ou aspersão, sendo
este muito recomendado.
Classificação
É essencial para a obtenção de uma matéria-prima de qualidade, proporcionando
uma maior uniformidade ao produto final e melhora a padronização nos métodos de
preparo, tratamento e conservação.
Na classificação as frutas são separadas de acordo com o grau de maturação, cor,
rendimento (peso) e tamanho, e podem ser separadas de forma manual ou mecânica.
Descascamento
Esta operação consiste na remoção da casca das frutas, extremidades e partes
danificadas. Pode ser realizado de forma manual ou mecânica. O descasque manual é
realizado com o auxílio de facas inox totalmente higienizadas. Já o descascamento
mecânico pode ser realizado por corte da pele ou da casca, ou por raspagem da pele ou
da casca por abrasivos.
Antes do descascamento as frutas podem passar por processos físico ou químico
para abrandar a casca e facilitar o descasque, tais como aplicação de vapor, calor seco
ou pelo frio. Normalmente, o processo de descascamento da banana para retirada da
polpa, é realizado manualmente.
Corte / Despolpamento
O corte, realizado com o auxílio de facas inox, é mais comum para frutas que
serão conservadas em pedaços. Porém o processo de desintegração das frutas para
polpa é o mais empregado. Os desintegradores podem funcionar a temperatura
ambiente ou a quente, com temperaturas de até 90 °C. O aquecimento favorece o
amolecimento das frutas auxiliando a trituração, além de inibir o escurecimento
enzimático.
O despolpamento é realizado utilizando despolpadeiras que realizam a separação
da polpa de caroços ou sementes e algumas vezes da casca. A polpa obtida pode ser
direcionada para a linha de processo ou passar por uma prévia prensagem e
classificação.
Branqueamento
Este tratamento tem por finalidade retirar o ar dos tecidos das frutas, inativação
de enzimas, principalmente as oxidativas responsáveis pelas reações de escurecimento
e redução da carga microbiana. Consiste em um tratamento térmico brando realizado
pela imersão das frutas em tanques com água limpa quente ou jatos de vapor.
Formulação
O doce em pasta deve ser elaborado a partir de uma mistura que contenha não
menos que 50 partes dos ingredientes vegetais para cada 50 partes em peso dos
açúcares utilizados. A proporção mínima de cada ingrediente vegetal será de 20%
sobre o total dos ingredientes vegetais quando participar mais de um vegetal na
composição do produto.
A matéria-prima para a elaboração do doce deve conter suficiente pectina e ácido
para formar um bom gel. A acidez, o valor do pH e o conteúdo de pectina devem ser
determinados por análise, e as correlações de pectina e ácido devem ser feitas quando
necessárias. O açúcar é adicionado sob forma sólida ou em xarope, sempre
proporcional à riqueza da pectina na fruta.
Concentração
É um dos passos mais importantes na elaboração de doces. A concentração do
doce até o Brix desejado é feita através da cocção em fervura, que tem também a
finalidade da dissolução do açúcar no suco e a sua união com a pectina e o ácido para
formar o gel. Durante a cocção são também destruídos os fungos, os microrganismos e
as enzimas presentes, dando melhores condições de conservação ao produto. Outros
compostos orgânicos presentes na mistura são coagulados durante a fervura, devendo
ser retirados com o auxílio de uma escumadeira no final da concentração, não sendo
necessário removê-los continuamente.
A duração da cocção é variável, dependendo do tipo e tamanho do tacho, do tipo
de aquecimento, do volume da mistura e, principalmente, da temperatura. De qualquer
forma, deve-se adequar os parâmetros acima como o tipo de doce que está sendo
processado, de forma que o tempo de fervura seja o mínimo possível, visto que o
aquecimento prolongado pode causar alterações sensoriais (sabor e cor), inversão
excessiva da sacarose e hidrólise da pectina, dificultando ou mesmo impedindo que o
gel seja formado. Os tachos para cozimento são geralmente abertos, com camisa de
vapor. O aço inoxidável, sempre que possível, deve ser preferido porque não altera o
gosto e sabor, como o cobre (GAVA, 1978).
Em geral, a fervura da polpa ou suco deve ser lenta antes da adição do açúcar e
muito rápida depois, a fim de se obter um doce de boa qualidade. Recomenda-se que o
período total de cocção não ultrapasse 20 minutos. Em tachos grandes, o tempo de
cocção pode ser prolongado excessivamente, com prejuízo da qualidade do produto.
Duas temperaturas devem ser consideradas durante a cocção. A primeira é a
temperatura de aquecimento, que depende da pressão de vapor e é necessária para dar
início ao processo de cocção, e a segunda é a temperatura de cocção, na qual se deve
efetuar a fervura do produto até alcançar o ponto final. A manutenção da pressão de
vapor é, portanto, importante para um aquecimento homogêneo, sendo indispensável a
instalação de manômetro para seu controle.
Determinação do ponto final
O ponto final pode ser verificado pelo índice de refração, pela determinação da
temperatura de ebulição e pelo teste da colher. O uso do refratômetro é mais
aconselhado, podendo-se fazer uma leitura direta ou então encontrar o índice de
refração e em seguida procurar o teor correspondente de sólidos solúveis. Uma
concentração de 65 a 75% de sólidos totais depois do resfriamento é a desejável.
Poderemos também encontrar este ponto pela determinação do ponto de ebulição do
líquido que, no momento da formação de gel, deverá estar entre 104º a 105º, tomado ao
nível do mar (decresce 1 ºC para cada 250 metros de altitude). Esta temperatura
corresponde à concentração anterior em sólidos solúveis (GAVA, 1978).
A concentração final depende da consistência desejada para o produto. Para o
doce em pasta, embalado em latas altas ou potes de vidro, a concentração final é de 70°
Brix. Para o doce de corte, embalado em latas ou embalagens de plástico rígido baixas
ou em celofane, a concentração final é superior a 74° Brix (FOLEGATTI;
MATSUURA, 2004).
Acondicionamento
O doce em massa ao atingir o ponto final é embalado em recipientes apropriados
para a sua comercialização. Esta etapa é geralmente executada manualmente e apenas
nas grandes indústrias é automática. Prefere-se para a embalagem dos doces em massa,
latas estanhadas revestidas de verniz e potes de polipropileno. Não há necessidade de
tratamento térmico (pasteurização) quando o enchimento for feito a quente (em torno
de 87º) (GAVA, 1978).
Exaustão e Fechamento hermético
Após o acondicionamento, a embalagem é submetida à exaustão que consiste na
retirada de ar. Uma adequada remoção de ar é da maior importância para evitar
deformação nos recipientes. Se o espaço livre tem apenas vapor e água, haverá
equilíbrio entre quantidade de água e de vapor formado, o que não provocará grandes
tensões internas. Por outro lado, se o ar permanece no espaço livre, irá expandir-se
conforme o aumento da temperatura, e a pressão poderá ser tão alta, que provocará
deformações permanentes. Este fato torna-se especialmente crítico para grandes
embalagens e em processos sob altas temperaturas (acima de 100º C).
As embalagens passam por uma esteira e ao final são levadas a uma recravadeira
onde é realizado um fechamento hermético. Após o fechamento hermético, a
embalagem é invertida e permanece nesta posição por um período de três a cinco
minutos, para então seguir para o resfriamento.
Armazenamento
Os doces resfriados são rotulados e acondicionados em caixas próprias. O
ambiente de armazenamento deve ser fresco, seco, ao abrigo da luz e bem ventilado
para que não ocorra corrosão das embalagens, danos nos rótulos e amolecimento das
caixas de papelão (embalagem secundária para facilitar o transporte). A temperatura de
armazenamento deve ser de 38 °C, evitando, assim, o crescimento de microorganismos
termófilos.
Material e Métodos
Polpa de banana
Pectina
Ácido cítrico
Balança
Tacho à vapor
Refratômetro
Tabuleiros e filme plástico para acondicionar
Para preparo do doce de banana, foram realizadas as seguintes etapas de
processamento:
Inicialmente realizou-se o descascamento manual de 61 kg de banana, que
posteriormente foram transferidas para um liquidificador industrial para obtenção de
40 kg de uma polpa homogênea de banana.
Após esse processo, a polpa foi levada ao tacho aberto concentração e mistura do
produto alimentício com os demais ingredientes.
Primeiramente, foi adicionado o açúcar, não completamente, pois uma parte foi
reservada para ser adicionada junto com a pectina. Utilizou-se no total, 40% do peso da
polpa em açúcar. A mistura polpa + açúcar foi pré-aquecida por 1 hora no tacho aberto.
Depois adicionou-se a pectina na proporção de 1% em relação à polpa, juntamente com
a parte do açúcar que foi reservada.
A concentração do doce foi realizada sob agitação em tacho aberto até atingir o
teor de sólidos solúveis adequado, entre 75 e 80º brix, que pode ser visualizado através
do refratômetro. Após alcançado o brix, foi adicionado o ácido cítrico, 0,2% em
relação à polpa, para atingir o pH desejado para o produto. Após a realização do doce
de banana, ele foi então retirado do tacho e colocado em um recipiente grande para
serem separadas “porções”, após o resfriamento, que foram então embaladas com
plástico.
O fluxograma realizado durante o processamento do doce de banana está
esquematizado na Figura 1.
Figura 1 – Processamento de Doce de Banana em Massa
Recepção e Pré-Seleção
Lavagem
Classificação
Descascamento Cascas
Banana descascada
Trituração Perdas
Pasta de Banana
Formulação AçúcarPectina
Concentração
Doce de Banana em Massa78°Brix
Acondicionamento
Embalagem
Armazenamento
Ácido cítrico
Colheita
Transporte
Peso:
Banana= 50 Kg
Doce de Banana em Massa:
Açúcar: 8,85 Kg
Pectina: 200 g
Ácido Cítrico: 20 g
Foram realizadas análises visuais e análises físico-químicas que determinaram:
Potencial Hidrogeniônico (pH)
É medida a diferença de potencial entre os dois eletrodos imersos na amostra, e
em seguida é relacionada com a concentração de íons de H+. Um dos eletrodos tem um
potencial que é a função definida do pH, e o outro tem um potencial fixo e conhecido
que constitui o eletrodo de referencia. Com auxílio do pHmetro, previamente calibrado
com pH 4 e 7, o eletrodo foi introduzido em um béquer que continha 10 mL de amostra.
Sólidos solúveis
Os sólidos solúveis (°Brix) indicam a quantidade de substâncias que se
encontram dissolvidos na amostra, sendo constituído em sua maioria por açúcares. Para
essa quantificação utilizou-se refratômetro de bancada com prévia limpeza e calibração
com água destilada, e a leitura direta foi realizada em duplicata.
Acidez titulável
O método de determinação da acidez podem ser os que avaliam a acidez titulável
ou fornecem a concentração de íons de hidrogênio livres, por meio do pH. Os métodos
que avaliam a acidez titulável resumem-se em titular com soluções de álcali padrão a
acidez do produto ou de soluções aquosas ou alcoólicas do produto e, em certos casos,
os ácidos graxos obtidos dos lipídios.
Pode ser expressa em mL de solução molar por cento ou em gramas do componente
acido principal.
Cálculo
Acidez=V x f x 100 x 0,064Px c
V = n° de mL da solução de hidróxido de sódio 0,1 ou 0,01 M gasto na titulação
Polpa: 29,47 KgCasca: 20,51 Kg
f = fator da solução de hidróxido de sódio 0,1 ou 0,01 M
P = n° de g da amostra usado na titulação
c = correção para solução de NaOH 1 M, 10 para solução NaOH 0,1 M e 100 para
solução NaOH 0,01 M.
Atividade de água
Para a avaliação da atividade de água (Aa ou Aw – activity water), utilizou-se o
aparelho AquaLab, que utiliza a técnica de determinação do ponto de orvalho em
espelho encapsulado para medir a atividade de água de um produto. Sendo colocado
aproximadamente um grama de amostra no aparelho.
Resultados e discussão
O rendimento do doce foi de 20,410 kg, comparando com o rendimento teórico a
partir da quantidade inicial da banana e da quantidade de doce obtido, tem-se
Rendimento na Prática:
Bananas in natura com casca: 50 kg
Polpa de banana extraída: 29,47 Kg
Doce de banana pronto: 20,41 kg
Cálculo do Rendimento Teórico:
Água evaporada (A)
Polpa 29,47 kg P (78°Brix)
(22°Brix)
8,85 kg Açúcar
0,200 kg de pectina Balanço Global de Massa:
29,47 + 8,85+ 0,200= A + P A= 56,200 – 20,410 = 18,110 kg de água
evaporada
Balanço de Sólidos:
Concentração em taxo
29,47 x 0,24 + 8,85x1 + 0,200 x 1 = A x 0 + P 0,78 P = 20,41 kg de doce
de banana no rendimento teórico com 78°Brix.
Tabela 1 – Resultados das análises físico-químicas .
O teor
de sólidos
solúveis para doce em massa não deve ser menor que 65Brix (Resolução normativa nº
9, de 1978, D.O de 11/12/1978). O Brix do doce de banana produzido foi de 88 ºBrix,
portanto de acordo com a legislação específica, antes mencionada.
Os valores de acidez titulável e pH do doce apresentado estão dentro da
normalidade, significando, portanto, que a adição do ácido cítrico foi adequada para
reduzir o pH e proporcionar um gel satisfatório. A acidez titulável esta dentro 0,5 e
0,8% de ácido cítrico.
Quanto ao valor da atividade e água apresentado, não há risco de crescimento de
bactérias patogênicas, pois esse nível de Aa associado com a temperatura, pH e
concentração de oxigênio exerce um importante efeito inibidor sobre o crescimento
microbiológico e mantém a conservação do alimento sem perdas apreciáveis no seu
valor nutricional e características sensoriais (FELLOWS, 2006).
Quanto à análise visual, o produto estava satisfatório, cor característica, sabor
agradável, textura e odor característico.
Análises do doce de banana
Teor de sólidos solúveis (ºBrix) 88
pH 4,79
Acidez titulável (% ác. cítrico) 0,58
Atividade de água (24,5°C) 0, 631
Análise visual
Cor
OdorApropriada
Apropriada
Conclusão
De acordo com a legislação de alimentos, o doce em massa processado
demonstrou possuir os fatores essenciais de qualidade como cor, odor, com consistência
apropriada para cada tipo de doce elaborado.
O processamento de polpas de frutas para a obtenção de derivados é um
procedimento válido no intuito de preservar a fruta e criar novas alternativas de
consumo para as mesmas. A possibilidade de estocar a polpa é importante para que esta
esteja disponível durante todo o ano e não somente nas épocas específicas da colheita.
A produção de doce em massa muito utilizado pela população brasileira, o qual
dá origem aos mais diversos doces caseiros e industriais e que constitui numa grande
contribuição para a geração de renda de milhares de famílias.
A aplicação de diferentes métodos de conservação de alimentos oferece ao
consumidor alimentos variados em sua alimentação cotidiana, com fontes diversas de
nutrientes, que guardam as qualidades organolépticas do alimento antes do
processamento. Assim, o produto devidamente processado e embalado está apto a
atender às necessidades do consumidor em qualquer época.
Referências Bibliográficas
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