4540

409
O Planejamento Regional e Urbano e a Questão Ambiental: Análise da relação entre o Plano de Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré e os Planos Diretores Municipais de Araraquara e São Carlos, SP. TESE DE DOUTORADO Orientador Aluna Renata Bovo Peres Prof. Dr. Ricardo Siloto da Silva 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana São Carlos, SP.

Upload: adilson-simao

Post on 27-Dec-2015

56 views

Category:

Documents


19 download

TRANSCRIPT

  • O Planejamento Regional e Urbano e a Questo Ambiental:Anlise da relao entre o Plano de Bacia Hidrogrfica Tiet-Jacar e os

    Planos Diretores Municipais de Araraquara e So Carlos, SP.

    TESE DE DOUTORADO

    Orientador

    AlunaRenata Bovo Peres

    Prof. Dr. Ricardo Siloto da Silva

    2012

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS

    Centro de Cincias Exatas e de Tecnologia

    Programa de Ps-Graduao em

    Engenharia Urbana

    So Carlos, SP.

  • UNIVERSIDADEFEDERALDESOCARLOSCENTRODECINCIASEXATASEDETECNOLOGIA

    PROGRAMADEPSGRADUAOEMENGENHARIAURBANA

    OPLANEJAMENTOREGIONALEURBANOEAQUESTOAMBIENTAL:ANLISEDARELAOENTREOPLANODEBACIAHIDROGRFICATIETJACAREOS

    PLANOSDIRETORESMUNICIPAISDEARARAQUARAESOCARLOS,SP.

    RENATABOVOPERES

    SoCarlos2012

  • UNIVERSIDADEFEDERALDESOCARLOSCENTRODECINCIASEXATASEDETECNOLOGIA

    PROGRAMADEPSGRADUAOEMENGENHARIAURBANA

    OPLANEJAMENTOREGIONALEURBANOEAQUESTOAMBIENTAL:ANLISEDARELAOENTREOPLANODEBACIAHIDROGRFICATIETJACAREOS

    PLANOSDIRETORESMUNICIPAISDEARARAQUARAESOCARLOS,SP.

    RENATABOVOPERES

    Tese apresentada ao Programa de PsGraduao em Engenharia Urbana daUniversidadeFederalde SoCarlos, comoparte dos requisitos para a obteno dottulodeDoutoremEngenhariaUrbana.

    Orientao:Prof.Dr.RicardoSilotodaSilva

    SoCarlos2012

  • Ficha catalogrfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitria/UFSCar

    P437pr

    Peres, Renata Bovo. O planejamento regional e urbano e a questo ambiental : anlise da relao entre o plano de bacia hidrogrfica TietJacar e os planos diretores municipais de Araraquara e So Carlos, SP / Renata Bovo Peres. -- So Carlos : UFSCar, 2012. 370 f. Tese (Doutorado) -- Universidade Federal de So Carlos, 2012. 1. Planejamento urbano. 2. Gesto territorial. 3. Gesto ambiental. 4. Planejamento regional. 5. Bacias hidrogrficas. 6. Plano diretor. I. Ttulo. CDD: 711 (20a)

  • Joo,Carmen,AldoeMurilo,Avocs,comtodomeuamordefilha,esposaeme...

  • AGRADECIMENTOS

    HquemdigaqueoDoutoradosignificaummomentodeafirmaoprofissional,noum fim,masum comeo...um tema comoqualvoc se identifica,emqueacredita,peloqual seapaixonaequedesejatrabalharaolongodesuavida.

    Paramim,oprocessodeelaboraodesteDoutoradorealmentesignificou isso.Ummomentodeconciliartemasqueeudesejavaconhecerafundoe,aomesmotempo,ummomentode somatria de diversas fases da minha vida: uma fase de intensa atuao prticoprofissionalenvolvendoprojetosetrabalhoscomgruposerealidadesdistintas;umafasedeexperinciadocentequemeproporcionoutrocaseaprendizadoscontnuos;eumafasedemergulhoterico,cujodilogosedavacomostextoseautorescomosquaiseumeidentificavaoudequediscordava.Daadiodetodasessas fasessederamos trsanosdeconstruodestaTese,daunioentre teoriaeprtica,frutificandoemummomentodenso,contnuoebastanteprazeroso.

    E,paraqueaconstruodessetrabalhofossepossvel,comcertezarecebioapoiodemuitas pessoas que participaram diretamente, ou contriburam das mais diversas formas. justamenteaessaspessoasqueeugostariadeagradecernestemomento...

    Agradeo aomeu orientador, Ricardo Siloto da Silva, um grande professor e umagrandepessoa,queaomesmotempome incentivouatervoosaltosaosugerirumaexperincianoexteriore,poroutro lado,ajudouacolocarmeuspsnochomeauxiliandoafocarnotrabalhoedizernoparaoutrasdemandas.Avoc,Ricardo,que,acimadetudo,setornouumqueridoamigo,o meu muito obrigada, e que possamos trabalhar ainda mais na reflexo para a construo deterritriosmaissustentveis.

    Agradeo aos professores Helosa Soares deMoura Costa, Nemsio Neves BatistaSalvador,RicardodeSousaMoretti,SarahFeldmaneJosSalatielPiresquecontriburamcomnovasreflexes,focoedirecionamentodestetrabalhonomomentodaBancadeQualificao,deDefesaetambmemdemaisencontros.

    Agradeo ao meu orientador do estgio no exterior, David Saur Pujol, doDepartamento de Geografia da Universidad Autnoma de Barcelona, Espanha, com o qual pudecompartilhareconhecerconceitoseprticasinternacionaistrazendonovosrepertriosaotrabalho.

    Fapesp, Capes, aos docentes, funcionrios e colegas do Programa de PsGraduaoemEngenhariaUrbanadaUFSCar,peloapoiotcnicoefinanceiroparaarealizaodestapesquisa.SandraMota,quehtemposvemcompartilhandocomigoasdiscusses,anseiosenovasideiassobreaspossveisinterlocuesentreasdimensesambientais,regionaisemunicipais.

  • Agradeo tambm a todos os docentes, funcionrios e alunos do recm criadoDepartamentodeCinciasAmbientaisdaUFSCar.Nesteespaopudecontribuirecolocaremprticameusconhecimentosprofissionaiscomodocente,almdeconvivercompessoasqueenriqueceramminhasreflexesinterdisciplinares.AosprofessoresMarcelOkamotoTanakaeLuizEduardoMoschini,representandotodososamigosqueconhecinoCursodeGestoeAnliseAmbiental,agradeopeloapoioeincentivoparaafinalizaodesteprocesso.rica,emespecial,obrigadapelaforaeparcerianestanovatrajetria.

    minha famlia,meuspais, JooeCarmen,quemepassaramasbasesslidasdosvalorese ideais,permitindoqueeuos levasseparaaminhavidapessoaleprofissional.Aosmeusirmos,RodrigoeMarcelo,quemesmo longe torceram, cadaum com seu jeitoprprio,paraestaconquista.Karina,Cassiana,Tat,MariaHelena,seuAldo,Ana,Paulo,Isadora,Norma.

    Aosmeusgrandesequeridosamigos,que se tornaramminha famlia socarlense,comosquaiseucompartilheimomentosdedescontraoetambmmomentosdemuitasdvidasedecises...ThaseDaniel,LueMariano,LciaeGabriel,BiancaeDu,LiseThiago,VileJoo.Avocs,amigos,obrigadapor tudo.Thas,minhaqueridairm,obrigadapeloseusorrisoesuacarinhosaateno.

    novageraodaTeiacasadecriao,organizaocujonascimentomeorgulhomuitodetersemeadoequecontribuiudemltiplasformasparaminhasreflexesprofissionais.

    A todososentrevistadosque, commuitagentileza,me concederammomentosdetrocaseexperincias incrveisquepuderamenriquecerminhas interpretaesparaestetrabalho,eparaalmdele.

    Deixo, por fim, embora merecendo o mais alto pdio do agradecimento, meusgrandesamores,AldoeMurilo.Estes,sim,meensinaramaserumaesposamelhor,umamequeaprendea cadadiaeumaprofissionalqueamaoque faz.Aldo, semas suas sbiaspalavras, suaatenoeoseujeitoalegre,eunoconseguiriachegaraopontofinal.Murilo,oseusorrisoeoseuabraomeanimavamtodososdias.Vocsdoissoaminhaenergia.Eparavocs,meusprotetoreseparceiros inseparveis,queeuagradeo imensamenteporestarmos juntosepelosmomentosdecumplicidade,bomhumoretorcidaparadarmaisessepasso.

  • osonhoqueobrigaohomemapensar.

    MiltonSantos

  • RESUMO

    EstaTesese inserenodebatesobrea integraodadimensoambientalnagestoterritorial.Maisespecificamente, discute como a questo ambiental vem sendo tratada nos instrumentos e nasprticas de gesto localizadas em dois recortes territoriais: no planejamento municipal e noplanejamento regional por bacias hidrogrficas. Ainda que estejam ocorrendo avanos relativos preocupaoambientalnaspolticasterritoriais,estaumadasmaioresfronteirasdeembateentreos diversos agentes que atuam e modificam os espaos, apresentando situaes de conflitos. Aimplementao de um planejamento e gesto ambiental integrados enfrenta como um de seusdesafios, a construo de interfaces e articulaes entre os instrumentos e esferas da polticaambiental com aspolticas regional e amunicipal.Nesse contexto,oobjetivo geraldo trabalho analisar a relao da dimenso ambiental com o planejamento regional e municipal,respectivamente, por meio dos instrumentos Planos de Bacia Hidrogrfica e Planos DiretoresMunicipais,tendocomolocusparaanliseaUnidadedeGerenciamentodeRecursosHdricosTietJacardoEstadodeSoPaulo(UGRHI13).Comoobjetosdepesquisa,soselecionadosoPlanodeBaciaHidrogrficaTietJacareosPlanosDiretoresdeAraraquaraeSoCarlos,municpiosinseridosnessemesmo territrio.Apesquisaexploratria,descritivaeanaltica,considerandoasseguintescategoriasdeanlise:definiodasunidadesdeplanejamentoegestoregionalelocal;instrumentosdecarterambientalcontidosnoPlanodeBaciaenosPlanosDiretores;instnciasdeplanejamentoegesto regional e local; grau de influncia entre os instrumentos analisados. So realizadoslevantamentoseanlisesbibliogrficasedocumentais,entrevistassemiestruturadasequestionrios.Oplanejamento regionalporbaciashidrogrficasapresentaumgrandepotencialnoque concerneaosaspectosdaintegraodossistemasnaturaiseantrpicos,apartirdoadequadousoeocupaodo territrio, tendo em vista as condies socioambientais. O Plano de Bacia Hidrogrfica uminstrumentode refernciaparadirecionarosusosdaguaeosusosdo solona respectiva regio,emboraaindaapresente lacunasedificuldadesparauma implementaomaisefetivaeampliada.Nosmoldesatuais,tratasedeumapeaexcessivamentetcnicaquevemsendopoucoincorporadanocotidianodas instnciasdegesto.Tem seapresentadomais comoumdiagnsticoda situaoambientaldaBaciadoqueum instrumento indutordepolticasdefato.Noreconheceosconflitosdeusodaterraedeorganizaoterritorialcomoumavulnerabilidadequeprecisaserenfrentada.Oplanejamentomunicipaloprincipalagentecondutordousodosolo,sobretudourbano.Emtermosde polticas territoriais, na escalamunicipalonde asdecises so tomadas.Os PlanosDiretoresMunicipais tm potencial em nortear polticas pblicas que foram construdas a partir das forassociais,emboraaindaconcentramsenaaplicaodos instrumentosvoltadosaoparcelamentoeaozoneamento urbano. As condies e os aspectos ambientais ainda apresentamse como umatemticaperifricaepoucoarticulada comasdemaispolticas.Domesmomodo,huma faltadetratamentodequestesdecarterregionalnosPlanosDiretores,nosentidodecompreenderqueadiscussoambiental temumaespacialidadequevaialmdos limitesmunicipais.Aparecempoucasrefernciasaoutras instnciase instrumentosdeplanejamentoregional,comoosPlanoseComitsde Bacias Hidrogrficas. Desse modo, as anlises que percorreram as reflexes deste trabalhoprocuraramdemonstrar a complexa relao entre aspolticas,osprocessos,os instrumentos e asinstncias de planejamento e gesto municipal e regional, explicitando os obstculos tcnicos,polticoinstitucionaiselegaisquedificultamaaplicaodoconceitodeGestoTerritorialIntegrada.Palavraschave: Gesto Territorial Integrada. Gesto Ambiental. Planejamento Regional.PlanejamentoMunicipal.PlanosdeBaciasHidrogrficas.PlanosDiretoresMunicipais.

  • ABSTRACT ThisThesisisincludedonthediscussionabouttheintegrationoftheenvironmentaldimensionintheterritorialmanagement.More specifically,discuss themannerhow theenvironmental issueshavebeen treated in the tools and practices of management located at two territorial limits: in themunicipal planning and in the regional planning by river basin. Even there have been advancesrelatedontheenvironmentalconcern intheterritorialpolicies,this isoneofthemajorfrontiersofconfrontationbetweenagentswhoactandtransformspaces,presentingsituationsofconflicts.Theimplementationofan integratedenvironmentalmanagementandplanningdealswithoneofthesechallenges,thebuildofinterfacesandjointsamongthetoolsandlevelsoftheenvironmentalpolicywiththemunicipalandregionalpolicies.Inthiscontext,thegeneralgoalofthisworkistoanalyzetherelationbetweentheenvironmentaldimensionandthemunicipalandregionalplanning,respectively,bytheRiverBasinPlansandtheMasterPlans,specificallytheUnitofWaterResourcesManagementTietJacar from So Paulo State (UGRHI13).As research objects,were selected the RiverBasinTietJacarPlanandtheMasterPlansofAraraquaraandSoCarlos,bothmunicipalities locatedatthis territory. The research is exploratory, descriptive and analytic, considering the followingcategories of analyzes: definition of the local and regional units of management and planning;environmental tools in the river basin plan and in the urban plans; forums of local and regionalmanagement and planning; influence degree among the analyzed tools. Bibliographic anddocumentary revisionandanalyses,semistructured interviewsandquestionnairesweredone.Theregionalplanningbyriverbasinpresentsagreatpotentialabouttheintegrationaspectsbetweenthenaturalandhumansystems,fromtheproperuseandoccupationofterritory,taking inaccountthesocialandenvironmentalconditions.TheRiverBasinPlan isareferencetooltoguidethewateruseandlanduseintherespectiveregion,althoughtherearestillgapsanddifficultiesinamoreeffectiveandexpanded implementation. In theactualmanner, it isconsideredasa toolextremely technicalwhichhasbeingpoorlyusedinthemanagementforums.Ithasbeingusedmoreasadiagnosisoftheenvironmental condition of the river basin than as a really inducer tool for policies. It doesntrecognize theconflictsof landuseand territorialorganizationasavulnerabilitywhichneeds tobeaddressed. The townplanning is the principal conductive agent to the landuse,mainly urban. Intermsof territorialpolicies, thedecisions aremade atmunicipal levels. Themasterplanspresentopportunities to guide public policies which have been built from social forces, although stillconcentrateon theapplicationof tools tourbanzoning.Theenvironmentalconditionsandaspectsarepresentedasamarginthematicandweaklyarticulatedwithotherpolicies.Inthesameway,thereis a lack of regional aspects in themaster plans, in order to understand that the environmentaldiscussion presents an extension beyond the municipal limits. In the master plans appear fewreferencestootherforumsandtoolsofregionalplanning,astheRiverBasinPlansandCommittees.Therefore, theanalysisof thiswork tried todemonstrate thecomplex relationamong thepolicies,tools and forums of municipal and regional management and planning, showing the technical,politicalinstitutional and legal barriers which hinder the application of the Integrated TerritorialManagementconcept.Keywords:IntegratedTerritorialManagement.EnvironmentalManagement.RegionalPlanning.TownPlanning.RiverBasinPlans.MasterPlans.

  • LISTADEQUADROS

    Quadro1. EsquemaMetodolgicodaPesquisa. 12Quadro2. RelaodosEntrevistadosparacadaEstudodeCasodaPesquisa. 15Quadro3. RelaodosMunicpiospertencentesBaciaHidrogrficadoTietJacareo seu

    respectivonmerodepopulaototal.17

    Quadro4. CategoriaseAspectosconsideradosnaanlisedoPlanodeBaciaHidrogrfica. 19Quadro5. CategoriaseAspectosconsideradosnaanlisedosPlanosDiretoresMunicipais. 19Quadro6. ndicesdecoberturadecoletaetratamentodeesgotos,segundoresultadosdoAtlas

    doSaneamento2011IBGE(%).44

    Quadro7. EvoluodainstalaodeComitsdeBaciaHidrogrficanoBrasil. 61Quadro8. Arranjo Institucionaldo SistemaNacionaldeGerenciamentodeRecursosHdricos

    (SINGREH).62

    Quadro9. CompetnciaseResponsabilidadesdoSINGREH. 62Quadro10. TiposdePlanosdeRecursosHdricosnoBrasil. 70Quadro11. EstruturaGeraldoPlanoNacionaldeRecursosHdricos. 73Quadro12. CompetnciasconstitucionaisdoMunicpio. 113Quadro13. ArticulaeshorizontaiseverticaisdoPlanoDiretorMunicipal. 117Quadro14. OrganogramadosInstrumentosdaPolticaUrbana. 118Quadro15. EstratgiasePropostasprevistasnoDocumentoCidadesSustentveis. 124Quadro16. Conflitos socioambientais decorrentes dos processos inadequados de Gesto

    MunicipaleGestoRegionalporBaciasHidrogrficas.133

    Quadro17. CronologiadosPlanosEstaduaisdeRecursosHdricosdoEstadodeSoPaulo. 139Quadro18. EstadoatualdasUGRHIsemrelaoCobranadeUsodosRecursosHdricos. 141Quadro19. Classificaodosmunicpiospornmerodehabitantes. 146Quadro20. ContedodoPlanodeBaciaHidrogrficaTietJacar. 162Quadro21. AesrecomendadasnoPlanodeBaciaHidrogrficaTietJacarvisandocontribuir

    comosMunicpios,cujaresponsabilidadepelaexecuoseriadesegmentosregionais(ComitdeBacia,SecretariaEstadual,Universidades,Fundaesetc):AESDOREGIONALPARAOLOCAL

    178

    Quadro22. Aes recomendadasnoPlanodeBaciaquecaberiamaosMunicpiosdesenvolvervisandocontribuirparaaBacia:DOLOCALPARAOREGIONAL.

    180

    Quadro23. Aesqueforampriorizadas(apartirdaOficinadePriorizaodoPlanodeBaciarealizadaem11/08/2008econsultaeletrnicacoordenadospelaUFSCar).

    183

    Quadro24. Critriono1daFichadePontuaodosProjetosenviadosaoCBHTJ. 186Quadro25. PlanoseProgramasSetoriaisindicadosnoPlanodeBaciaHidrogrficaTietJacar. 189Quadro26. Critriono4daFichadePontuaodosProjetosenviadosaoCBHTJ. 191Quadro27. rea territorial, Populao, Densidade Demogrfica e Taxa de Urbanizao dos

    MunicpiosdeAraraquaraeSoCarlos.214

    Quadro28. NveldeAtendimentodeAbastecimentodegua,ColetadeLixoeEsgotoSanitrioe 215

  • TratamentodeEsgotoSanitriodosMunicpiosdeAraraquaraeSoCarlos.Quadro29. DemandasdeguadosMunicpiosdeAraraquaraeSoCarlos 215Quadro30. Resduosslidos,efluentesedisponibilidadesdeguadeAraraquaraeSoCarlos. 215Quadro31. EstruturadoPlanoDiretordeAraraquara. 224Quadro32. ProcessoParticipativodoPlanoDiretordeAraraquara. 225Quadro33. ContedodoPlanoDiretordeAraraquara. 226Quadro34. EtapasdoprocessoparticipativodoPlanoDiretordeSoCarlos. 275Quadro35. ContinuidadedasEtapasdoprocessoparticipativodoPlanoDiretordeSoCarlos

    apsentregadoProjetodeLeinaCmaradosVereadores.277

    Quadro36. ContedodaLei13.691/2005doPlanoDiretordeSoCarlos. 278Quadro37. ArticulaesparaaGestoTerritorial. 328

  • LISTADEFIGURAS

    Figura1. RecortesRegionaisfeitospeloSistemaNacionaldeUnidadesdeConservao. 33Figura2. Recortes Regionais feitos pelo Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos

    HdricosdelimitandoasSubbaciasHidrogrficasEstaduais.34

    Figura3. RecortesRegionaisfeitospelos120TerritriosdaCidadania. 37Figura4. RecortesRegionaisfeitospelos164TerritriosRurais. 37Figura5. MapacomadivisodasRegiesHidrogrficasBrasileiras. 42Figura6. Situao de rios brasileiros quanto relao demanda x disponibilidade hdrica

    superficial.44

    Figura7. AvanodainstituiodePolticasEstaduaisdeRecursosHdricos. 57Figura8. InstrumentosdeGestodosRecursosHdricos. 72Figura9. SituaodosPlanosEstaduaisdeRecursosHdricosnoBrasilem2009. 74Figura10. SituaodosPlanosEstaduaisdeRecursosHdricosnoBrasilem2011. 74Figura11. SituaodosPlanosdeBaciasHidrogrficasnoBrasil. 74Figura12. Divisodas22UGRHIsdoEstadodeSoPaulo. 136Figura13. Usospredominantesdas22UGRHIsdoEstadodeSoPaulo. 136Figura14. ArquiteturadoSistemaPaulistadeGestodeRecursosHdricos. 138Figura15. Grande Bacia do Rio Tiet dentro do Estado de So Paulo, com destaque para a

    UGRHI13.144

    Figura16. UnidadesdeGerenciamentodosRecursosHdricosdeSoPaulocomdestaqueparaUGRHI13.

    145

    Figura17. MapadaUGRHI13comadivisodosMunicpios. 146Figura18. MapadaUGRHI13comdestaqueparaasreasurbanasdosMunicpios. 147Figura19. Evoluo da Demanda por tipo de uso nas UGRHIs da Bacia do Rio Tiet, com

    destaqueparaaBaciaHidrogrficadoTietJacar.147

    Figura20. DistribuioespacialdaUGRHI13paraousoeocupaodosoloparaoanode2005. 149Figura21. UnidadesdeConservaodaBaciaTietJacar. 150Figura22. MapacomosprincipaisriosdaBaciaTietJacar. 151Figura23. MapadasSubBaciasdaUGRHITietJacar. 152Figura24. MapadosAquferosdaBaciaTietJacar. 152Figura25. MapadeSuscetibilidadeaProcessosErosivosnaBaciaTietJacar. 155Figura26. Divisooriginaldassubbacias(RelatrioZero)daUGRHITietJacar. 167Figura27. NovadivisodassubbaciasdaUGRHITietJacar. 167Figura28. NovadivisodasSubBaciasdaUGRHITietJacar 168Figura29. Correlaocomoslimitesmunicipais. 168Figura30. SobreposiodaUnidadedePlanejamentoBaciaTietJacarcomasAPASdaregio. 169Figura31. Sobreposio da Unidade de Planejamento Bacia TietJacar com as Unidades

    MicrobaciasdaRegio.170

  • Figura32. MapadaBaciaHidrogrficadoTietJacar(UGRHI13)comdestaqueparaoslimitesmunicipaiseparaalocalizaodasreasurbanas(emvermelho)deAraraquaraeSoCarlos.

    213

    Figura33. Localizaodosloteamentosaprovadosnadcadade1970. 218Figura34. Localizaodosloteamentosaprovadosnadcadade1980. 218Figura35. RedeHdricadoMunicpiodeAraraquara. 220Figura36. ZoneamentoAmbientaldoMunicpiodeAraraquara. 232Figura37. MacrozonadeGestoAmbiental:RegiesdePlanejamentoAmbiental. 234Figura38 MacrozonadeGestoUrbana:RegiesdeOramentoePlanejamentoParticipativo. 235Figura39. MacrozonadeGestoporBairros:RegiesdeOramentoePlanejamentoporBairros. 236Figura40. RegiesdeOramentoParticipativoatualdeAraraquara. 238Figura41. MacrozoneamentoMunicipaldeAraraquara. 239Figura42. MapadosCorredoresdeIntegraoEcolgica(CIECOs). 252Figura43. MapaEvoluodaOcupaoUrbanadeSoCarlos. 267Figura44. RedeHdricadoMunicpiodeSoCarlosemdivisesporBaciasHidrogrficas. 269Figura45. VetoresdeExpansoUrbanadiagnosticadospeloPlanoDiretordeSoCarlos. 285Figura46. MacrozoneamentodoMunicpiodeSoCarlos. 288Figura47. ZoneamentoUrbanodeSoCarlos. 290Figura48. EvoluodaOcupaoUrbanaemSoCarlos. 293Figura49. reasdeEspecialInteresseAmbientalUrbanas. 295Figura50. Diretrizesdeparcelamentosemreasrurais. 306Figura51. Dimensoambientalnocontextomunicipaleregional. 325Figura52. Articulaesentreasinstnciasdegestomunicipaiseregionais. 343

  • LISTADEGRFICOS

    Grfico01. Conhecimento do Municpio sobre o pertencimento na Bacia Hidrogrfica TietJacar.

    204

    Grfico02. ConhecimentodoMunicpiosobreaBaciaHidrogrficaTietJacar. 204Grfico03. Importncia das aes do Comit de Bacia Hidrogrfica TietJacar para o

    Municpio.205

    Grfico04. ImportnciadasaesdoComitdeBaciaHidrogrficaTietJacarparaaproteoambientalregional.

    205

    Grfico05. Conhecimento sobre as aes desenvolvidas pelo Comit de Bacia HidrogrficaTietJacar.

    206

    Grfico06. EnvolvimentodoMunicpionoComitdeBaciaHidrogrficaTietJacar. 207Grfico07. Importncia de uma maior articulao entre as instncias de gesto regionais e

    municipais.208

    Grfico08. ConhecimentosobreoPlanodeBaciaHidrogrficaTietJacar. 209Grfico09. Contribuio do Plano de Bacia Hidrogrfica TietJacar para o Planejamento

    Municipal.210

    Grfico10. Instrumentos/aes municipais nos quais o Plano de Bacia Hidrogrfica podecontribuir.

    211

  • LISTADEABREVIATURASESIGLAS

    AAE AvaliaoAmbientalEstratgica.ABES AssociaoBrasileiradeEngenhariaSanitria.ABRH AssociaoBrasileiradeRecursosHdricos.AEASC AssociaodeEngenheiros,ArquitetoseAgrnomosdeSoCarlos.AEI readeEspecialInteresse.ANA AgnciaNacionaldasguas.APA readeProteoAmbiental.APL ArranjosProdutivosLocais.APP readePreservaoPermanente.APRM readeProteoeRecuperaodeManancial.AURA AtlasAmbientalUrbanodeAraraquara.BNH BancoNacionaldaHabitao.CATI CoordenadoriadeAssistnciaTcnicaIntegral.CBH ComitdeBaciaHidrogrfica.CBHTJ ComitdeBaciaHidrogrficaTietJacar.CE ComunidadeEuropeia.CEEIBH ComitEspecialdeEstudosIntegradosdeBaciasHidrogrficas.CEPAM CentrodeEstudosePesquisasdeAdministraoMunicipal.CF ConstituioFederal.CEPEU CentrodePesquisaseEstudosUrbansticos.CETESB CompanhiadeTecnologiadeSaneamentoAmbiental.CIBPU ComissoInterestadualdaBaciaParanUruguai.CIECOS CorredoresdeIntegraoEcolgica.CMPUA ConselhoMunicipaldaPolticaUrbanaeAmbientaldeAraraquara.CNRH ConselhoNacionaldeRecursosHdricos.COMDEMA ConselhoMunicipaldeDefesadoMeioAmbientedeSoCarlos.COMDUSC ConselhodeDesenvolvimentoUrbanodeSoCarlos.CONAMA ConselhoNacionaldeMeioAmbiente.CONSEMA ConselhoEstadualdeMeioAmbiente.CORHI ComitCoordenadordoPlanoEstadualdeRecursosHdricos.CPTI CooperativadeServios,PesquisasTecnolgicaseIndustriais.CRH CoordenadoriadeRecursosHdricos.CRH ConselhoEstadualdeRecursosHdricos.DAAE DepartamentoAutnomodeguaseEsgotodeAraraquara.DAEE DepartamentodeguaseEnergiaEltrica.

  • EEA EnvironmentalEuropeanAgency.EC EstatutodaCidade.EIARIMA EstudodeImpactoAmbientalRelatriodeImpactoAmbiental.EIVRIVI EstudodeImpactodeVizinhanaRelatriodeImpactodeVizinhana.EMBRAPA EmpresaBrasileiradePesquisaAgropecuria.ENID EixoNacionaldeIntegraoeDesenvolvimento.FEHIDRO FundoEstadualdeRecursosHdricos.FNHIS FundoNacionaldeHabitaodeInteresseSocial.FNRU FrumNacionaldeReformaUrbana.GAPROARA GrupodeAnliseeAprovaodeProjetosediretrizesurbansticasdeAraraquara.GEA GrupoEspecialdeAnlise.GTI GrupodeTrabalhoInterministerial.IAB InstitutodosArquitetosdoBrasil.IBAM InstitutoBrasileirodeAdministraoMunicipal.IBAMA InstitutoBrasileirodoMeioAmbienteedosRecursosNaturaisRenovveis.IBGE InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatstica.IGC InstitutoGeogrficoeCartogrfico.IPEA InstitutodePesquisaEconmicaAplicada.IPT InstitutodePesquisasTecnolgicasdoEstadodeSoPaulo.IPTU ImpostosobreaPropriedadePredialeTerritorialUrbana.LDO LeideDiretrizesOramentrias.LOA LeidoOramentoAnual.MAPES MapasEstratgicos.MCMV PacoteHabitacionalMinhaCasaMinhaVida.MI MinistriodaIntegraoNacional.MMA MinistriodoMeioAmbiente.ONG OrganizaoNoGovernamental.PAC ProgramadeAceleraodoCrescimento.PD PlanoDiretor.PDC ProgramadeDuraoContinuada.PDPUA PlanoDiretordeDesenvolvimentoePolticaUrbanaeAmbientaldeAraraquara.PDSC PlanoDiretordoMunicpiodeSoCarlos.PERH PlanoEstadualdeRecursosHdricos.PLHIS PlanoLocaldeHabitaodeInteresseSocial.PMA PrefeituraMunicipaldeAraraquara.PMSC PrefeituraMunicipaldeSoCarlos.PNDR PolticaNacionaldeDesenvolvimentoRegional.PND PlanoNacionaldeDesenvolvimento.

  • PNMA PolticaNacionaldeMeioAmbiente.PNOT PolticaNacionaldeOrdenamentoTerritorial.PNRH PolticaNacionaldeRecursosHdricos.PNUMA ProgramadasNaesUnidasparaoMeioAmbiente.PPA PlanoPlurianual.PSA PagamentoporServiosAmbientais.PTDRS PlanoTerritorialdeDesenvolvimentoRuralSustentvel.RIDES RegiesIntegradasdeDesenvolvimentoSAAE ServioAutnomodeguaeEsgotodeSoCarlos.SABESP CompanhiadeSaneamentoBsicodoEstadodeSoPaulo.SERFHAU ServioFederaldeHabitaoeUrbanismo.SIGRH SistemaIntegradodeGerenciamentodeRecursosHdricosdoEstadodeSoPaulo.SINGREH SistemaNacionaldeGerenciamentodeRecursosHdricos.SISNAMA SistemaNacionaldeMeioAmbiente.SMA SecretariadoMeioAmbiente.SNHIS SistemaNacionaldeHabitaodeInteresseSocial.SNUC SistemaNacionaldeUnidadesdeConservao.SSRH SecretariadeSaneamentoeRecursosHdricos.SUDAM SuperintendnciadoDesenvolvimentodaAmaznia.SUDENE SuperintendnciadoDesenvolvimentodoNordeste.TAC TermodeAjustamentodeConduta.UC UnidadedeConservao.UGRHI UnidadedeGerenciamentodeRecursosHdricos.ZEE ZoneamentoEcolgicoEconmico.ZEIS ZonaEspecialdeInteresseSocial.

  • SUMRIO

    INTRODUO

    APRESENTAO:CONTEXTUALIZAO,PROBLEMTICAEJUSTIFICATIVA.QUESTESDEPESQUISA.OBJETIVOS.METODOLOGIA.ORGANIZAODATESE.

    01

    CAPTULO1 REFLEXOCONCEITUAL 1.1.OTERRITRIOEAREGIO,AGESTOTERRITORIALEADIMENSOAMBIENTAL.

    CONCEITOSEDEFINIESSOBRETERRITRIOEGESTOTERRITORIAL.OORDENAMENTOTERRITORIALNOBRASILESUASINTERLOCUESCOMAQUESTOAMBIENTAL.OPLANEJAMENTOREGIONALNOBRASIL:INDCIOSPARAPENSARORECORTEPORBACIASHIDROGRFICAS.AQUESTODAGUANOORDENAMENTOTERRITORIALENOPLANEJAMENTOREGIONALBRASILEIRO.

    21

    1.2.ABACIAHIDROGRFICA,AGESTODAGUAEARELAOCOMAGESTOMUNICIPAL.ATRAJETRIADAGESTODAGUANOBRASIL.APOLTICANACIONALDERECURSOSHDRICOS.ODESENHOINSTITUCIONALPARAOGERENCIAMENTODOSRECURSOSHDRICOS.ABACIAHIDROGRFICACOMOUNIDADEDEPLANEJAMENTOREGIONALAMBIENTAL.OPLANODEBACIAHIDROGRFICACOMOINSTRUMENTOCENTRALDAPOLTICADERECURSOSHDRICOS.ADIMENSOAMBIENTALNAGESTODEBACIASHIDROGRFICAS:NECESSIDADEDEDILOGO.AQUESTOURBANAEARELAOCOMAGESTODEBACIASHIDROGRFICAS:CONFLITOSEDESAFIOS.

    41

    1.3.OMUNICPIO,AGESTOMUNICIPALEARELAOCOMAGESTODEBACIASHIDROGRFICAS.ATRAJETRIADAGESTOEDOPLANEJAMENTOURBANONOBRASIL.APOLTICANACIONALURBANA.ODESENHOINSTITUCIONALPARAODESENVOLVIMENTOURBANO.OMUNICPIOCOMOUNIDADEDEPLANEJAMENTOLOCAL.OPLANODIRETORMUNICIPALCOMOINSTRUMENTOCENTRALDAPOLTICAURBANA.ADIMENSOAMBIENTALNAGESTOMUNICIPAL:NECESSIDADEDEDILOGO.AQUESTODAGUAEARELAOCOMAGESTOMUNICIPAL:CONFLITOSEDESAFIOS.

    87

  • CAPTULO2 OPLANODEBACIAHIDROGRFICATIETJACAR.

    2.1.CARACTERIZAODOPLANODEBACIAHIDROGRFICATIETJACAR.ASUNIDADESDEGERENCIAMENTODERECURSOSHDRICOS(UGRHIS).CARACTERIZAODABACIAHIDROGRFICADOTIETJACAR(UGRHI13).OPROCESSODEELABORAODOPLANODEBACIAHIDROGRFICATIETJACAR.

    135

    2.2.ANLISEDOPLANODEBACIAHIDROGRFICATIETJACAR.DEFINIODASUNIDADESDEPLANEJAMENTOEGESTOREGIONAL.OBJETIVOS,AESEINSTRUMENTOSDECARTERAMBIENTALCONTIDOSNOSPLANODEBACIAHIDROGRFICA.ATUAODASINSTNCIASDEPLANEJAMENTOEGESTOREGIONAL.GRAUDEINFLUNCIADOSPLANOSDIRETORESNOPLANODEBACIA.

    2.3.ABORDAGEMGERALDOS34MUNICPIOSPERTENCENTESBACIAHIDROGRFICATIETJACAR.

    165

    203

    CAPTULO3 OPLANODIRETORDOMUNICPIODEARARAQUARA.

    3.1.CARACTERIZAODOPLANODIRETORDOMUNICPIODEARARAQUARA.OPROCESSODEUSOEOCUPAODOSOLODOMUNICPIODEARARAQUARA.OPROCESSODEELABORAODOPLANODIRETORDEARARAQUARA.

    213

    3.2.ANLISEDOPLANODIRETORDOMUNICPIODEARARAQUARA.DEFINIODASUNIDADESDEPLANEJAMENTOEGESTOLOCAL.OBJETIVOS,AESEINSTRUMENTOSDECARTERAMBIENTALCONTIDOSNOSPLANODIRETOR.ATUAODASINSTNCIASDEPLANEJAMENTOEGESTOLOCAL.GRAUDEINFLUNCIADOPLANODEBACIANOPLANODIRETOR.

    229

    CAPTULO4 OPLANODIRETORDOMUNICPIODESOCARLOS.

    4.1.CARACTERIZAODOPLANODIRETORDOMUNICPIODESOCARLOS.OPROCESSODEUSOEOCUPAODOSOLODOMUNICPIODESOCARLOS.OPROCESSODEELABORAODOPLANODIRETORDESOCARLOS.

    265

    4.2.ANLISEDOPLANODIRETORDOMUNICPIODESOCARLOS.DEFINIODASUNIDADESDEPLANEJAMENTOEGESTOLOCAL.OBJETIVOS,AESEINSTRUMENTOSDECARTERAMBIENTALCONTIDOSNOSPLANODIRETOR.ATUAODASINSTNCIASDEPLANEJAMENTOEGESTOLOCAL.GRAUDEINFLUNCIADOPLANODEBACIANOPLANODIRETOR.

    281

    CAPTULO5 DISCUSSODOSRESULTADOS:INTERLOCUESEPERSPECTIVASPARAUMA 325 GESTOTERRITORIALINTEGRADA.

    CAPTULO6 CONCLUSES. 347

    REFERNCIAS 351

  • APNDICES

    APNDICEA.PROTOCOLODEPESQUISAFASE1

    APNDICEB.PROTOCOLODEPESQUISAFASE2

    APNDICEC.PROTOCOLODEPESQUISAFASE3

    APNDICED.MODELODOSQUESTIONRIOS

    APNDICEE.ROTEIRODASENTREVISTASSEMIESTRUTURADAS

  • INTRODUO

  • 1

    INTRODUO

    CONTEXTUALIZAO,PROBLEMTICAEJUSTIFICATIVA

    Adimensoambiental,ao longodasltimasdcadas,vem sendo incorporadanaspolticas pblicas demuitasmaneiras e intencionalidades. Para que sejam aplicadas, tais polticasdefinemregiesespecficasque,porsuavez,constituemseemterritriosquepodemcaracterizarsecomo unidades de planejamento e gesto territorial. As extenses e as abrangncias dessasunidadesdeplanejamentoegestopodem serorientadaspordiversosaspectosqueenvolvemascondiessocioeconmicaseadministrativas,os fatoresantrpicoseculturais,osrecursosnaturaisetc.

    Aindaqueestejamocorrendoavanosrelativosinserodapreocupaoambientalnaspolticasterritoriais,estaumadasmaioresfronteirasdeembateentreosdivergentesinteressese forasatuantesquemodificame transformamespaosurbanoseruraisapresentandocomplexassituaesdeconflitos.

    Constantemente temosobservadoas inmeras consequncias socioambientaisquese do pela falta de controle sobre o uso e a ocupao inadequada do solo.Algo extremamentecomplexo, pois controlar a ocupao da terra tem sido sinnimo domonoplio de ummercadosocialmenteexcludentemovidoaganhosespeculativosecomnovosprotagonistas.

    Diante dessas inmeras transformaes que os territrios vm sofrendo, algunsconceitosedefiniesvmsendorediscutidoserepensadosnosentidoderefletir:Quaisasrelaesquesedoentreagestoambientaleasdiferentesunidadesdeplanejamentoegestoterritorial?Quais so os conflitos existentes? Existem articulaes possveis para uma gesto territorialintegrada?Quaissoospotenciaisdagestointegradaparasuperarosconflitosexistentes?

    EstaTeseseinsere,portanto,nodebateentreainserodadimensoambientaleagesto territorial.Mais especificamente,discute como aquesto ambiental vem sendopermeadanosinstrumentosenasprticasdegestolocalizadasemdoisrecortesterritoriais:noplanejamentomunicipalenoplanejamentoregionalporbaciashidrogrficas.

    No que tange aos territrios municipais, diversos autores consideram que, nosltimos anos, temhavidoum significativo avanonoque se refere criaoe implementaodenovos instrumentosdeplanejamentourbanoambientalnas cidades.Aexperincia recente sugeretambm haver ganhos significativos na adoo, no planejamento urbano, de instrumentosoriginalmente concebidos na esfera da gesto ambiental (Silva e Porto, 2003; Carter et al, 2005;Bueno,2007;Costa,2008).

    Entretanto,ainserodaquestoambientalintegradaaoplanejamentourbanoainda um aspecto recente, apresentando, em muitos casos, pouco aprofundamento, dificuldades de

  • 2

    integraoediversas lacunasdo conhecimentoa seremmaisbem compreendidase sanadas.Taisdificuldades justificamseaoverificarqueessesdoiscamposdeconhecimento,urbanoeambiental,percorreramlutasetrajetriasdiferenciadas,aindaqueaquestoambientalvenhasendotrabalhadademaneira transversal emmuitas polticas.As polticas urbanas e ambientais viverammomentosinstitucionaisbemdiferentes.

    Costa(2008,p.81)argumentaque,vindosdereasdoconhecimentoedetrajetriasdiferentes,asmatrizesdepensamentourbanoeambiental incorporaramprincpioseconceitosquesematerializaramemlgicasdiferenciadas,equeforam,ento,incorporadassrespectivaspolticas.Ressalta, tambm, que,mesmo que parea haver uma convergncia de olhares entre esses doiscampos, isso no significa que houve eliminao de conflitos sociais formados por interessesantagnicosemtornodasformasdeproduoeapropriaodoespaourbano.

    Dessemodo,mesmodiantedasconquistaspresentesemrelaoincorporaodaspremissasda sustentabilidadenas cidades,a temticaambientalemescalaurbananoBrasilaindaencontrase em fase de consolidao, sendo o interrelacionamento entre planejamento e gestoambientaleurbanaaindabastantecomplexoemotivodemuitosembates.

    Em relaoao contextomunicipal,os instrumentosdisponveisnomarco legaldaspolticasurbanaseambientaisbrasileirasnotmconseguido lidarcomsuasespecificidades,sendovisvel, na prtica da gesto territorial, um conflito entre tais conceitos, como se constitussemcamposdisciplinaresdeobjetivosdiversoseopostos,enocomplementarescomoseriaocernedeumagesto integrada.Acselrad (2004)enfatizaqueadesarticulaodagestoambientaleurbanatemprovocado,historicamente,danosaoentornonaturaleaoaproveitamentodosrecursosebensambientais.

    Durantemuitas dcadas, a lgica dominante do desenvolvimento econmico e docrescimentoilimitadoimperounoBrasil,tendocomobaseumplanejamentourbanoconstitudoporPlanos Diretores de carter progressista, com nfase na implantao de rodovias, marginais,canalizaodecrregos,impermeabilizaodeviaseocupaodereasperifricas(Villaa,1999).Oplanejamentourbanoao longodessesanos,quecoincidiam tambmcomumperododeditaduramilitar no pas, deparavase com persistentes embates dos grupos conflitantes e no conseguiaenfrentarosobstculosimpostosporumapolticaquenofavoreciaosinteressescoletivos.

    Entreosanos1960e1980,aurbanizaodopaspassoudeumterodepopulaourbana, para dois teros em 1980, acarretando o crescimento dos problemas e dos conflitos eampliando o universo de desigualdade social. Foi justamente nesse perodo que essa progressivaurbanizao se traduziuemdegradaoambiental,ocupaodereasde riscoedepreservaoeausnciadeinfraestruturasmnimas.Emmenosdevinteanos,oBrasiltevemultidesconcentradasemvastasregiesmorros,alagados,vrzeasmarcadaspelapobrezahomognea(Maricato,2001,p.22).Nose tratou,entretanto,deausnciadeplanejamentos,mas,sim,deuma interaoentreprocessos socioeconmicos, opes de planejamento e prticas polticas que constituram ummodeloexcludente(Brasil,2005,p.24).Afaltadeumapolticaurbanaintegradoraepreventivacominvestimentos para o atendimento dos direitos dessas populaes conduziu a uma profundadegradaodoambienteurbano.

  • 3

    Visandoreverteressecenrioamplamentedesigualeexcludente,foiseconstituindonopas,umprocessodearticulaosocialquedesembocounaconstituiodoMovimentoNacionalpela Reforma Urbana, que amadureceu a concepo deste termo, caracterizandoo como umconjunto articulado de polticas pblicas, de carter redistributivo e universalista, voltado para areduo dos nveis de injustia social no meio urbano e promoo da democratizao doplanejamento e gesto das cidades (Souza, 2008; Silva e Silva 2005).A intensidade e fora desteMovimentoculminaramnaconquistada inserodosartigos182e183naConstituioFederalde1988, relacionados ao captulo Da Poltica Urbana, que foi destacado por Silva (2004) como aprimeiravez,nahistriaconstitucionaldopas,emqueaquestourbanatratadaemumcaptuloespecial.

    Adespeitodesseimportantemomentohistrico,encontravamsesituaesdefortespresseseembatespolticosquevinham,deum lado,pelosmovimentossociaisedeoutro,pelossetores imobilirios. Contrariando as propostas do Movimento pela Reforma Urbana, os PlanosDiretoresMunicipaisforamresgatadoseapresentadoscomooinstrumentocentraldeplanejamentodas cidades, assim como os municpios foram definidos como instncias responsveis peloordenamentodousoeocupaodosolo.

    Comoconsequnciadesseprocesso,em2001,foiaprovadooEstatutodaCidade,LeiFederal 10.257/2001 que regulamentou os artigos 182 e 183 da Constituio Federal, traando asdiretrizesgeraisparaaexecuodapolticaurbanaedestacando,deformacentral,afunosocialdacidadeedapropriedade.EstanormativareforouaimportnciadoPlanoDiretorcomoinstrumentocentral e articulador das polticas urbanas, tendo omunicpio como unidade de planejamento egestoarticulandoreasurbanaserurais.

    Entre as diretrizes gerais estabelecidas pelo Estatuto da Cidade, a quarta diretrizevidenciouaquestodecrescimentourbanocomproteoambiental,aodizerqueoplanejamentododesenvolvimentodascidadesedasatividadeseconmicasdomunicpiodeveriaevitarecorrigirasdistoresdo crescimentourbano e seus efeitosnegativos sobreomeio ambiente.Neste item,oEstatutodaCidadeabriuespaoparaumacompreensodequeocrescimentoeodesenvolvimentourbano, como um processo, pressionam o equilbrio social e o ambiental. Portanto, a ideia decrescimentourbanoemconflitocomomeioambientefoiassumida,aindaquesuperficialmente.

    NavisodeArajo (2003,p.3),asnormasdoEstatutodaCidade,apesarde ligadasmais diretamente ao campo do direito urbanstico e no do direito ambiental, apresentaramrepercussesevidentesnaproteo,noapenasdomeioambienteconstrudo,mastambmdomeioambientenatural.Porm,deacordocomRibaseBezerra(2003),comoseuescopofoiestruturadonadcadade80,emplenoperododeredemocratizaodoPas,apresentouumaforteconotaosocialcompequenavisibilidadedaquestoambientalpoca.

    Os instrumentos que legislam sobre a dimenso ambiental foram referidos noEstatuto da Cidade, mas no foram caracterizados seus processos e a obrigatoriedade de suaimplementao, sendo possvel identificar, pelo menos, dois eixos de inadequao e conflitos: instrumentosdaspolticasurbanaeambientalquenopossuemescopoe finalidadedefinidos;econflitosquantocompetnciadeaplicaodosinstrumentosrelativossestruturasinstitucionaiseaosagentespblicosdedicadostemticaambientalouurbana.

  • 4

    Dessemodo,os instrumentos,as competnciase aprticada gesto territorialnoBrasil mostram que a dimenso ambiental e a dimenso urbana ainda trabalham com lgicasdiferentes, internalizadasemseus instrumentos.Apartirdessasanlises,doisblocosdepolaridadespodemserdestacados:doprivadoedopblico;edadescentralizaodaregulaourbanaedacentralizaodaregulaoambiental(Ribas,2003).Enquantoqueaesferaprivadaconstituiuabasefundamentaldos instrumentosdegestodoespaourbano calcadosnodireitodepropriedade,odiretoambiental,porsuavez,fundamentasenaesferapblica,peloprincpiodobemdeusocomumdo povo. Ao mesmo tempo, a competncia da execuo da poltica urbana concentrase nomunicpio. De modo reverso, a competncia da poltica ambiental,mesmo tendo um carter decompetncias complementares, surgeno mbitodaUnio,dosEstadosepor fimdosMunicpios,demandandoummovimentoemsentidocontrrio,rumodescentralizao.

    Embora essas lgicas estejam evidentes, Carneiro (2008) destaca o papel domunicpiocomoentefederativointegrantedoSistemaNacionaldeMeioAmbiente(SISNAMA),poisaeste incumbe organizarse de forma a assumir as competncias inerentes gesto ambiental dasquestes locais. Devem os municpios, sob essa tica, responsabilizarse pela avaliao e peloestabelecimento de normas, critrios e padres relativos ao controle emanuteno da qualidadeambientalemseuterritrio.

    Mesmodiantedosconflitoselacunasacimaapontados,comaaprovaodaPolticaNacionalUrbana,osprocessosderevisoeimplementaodoplanejamentourbanofizeramemergirnovosprincpiosquefundamentaramoplanejamentoeagestodoterritriocomprometidoscomasustentabilidade. Com isso foi possvel observar uma tendncia ampliao do papel das esferaspblicas locais em relao gesto domeio ambiente, onde algumas posturas de planejamentoforamrediscutidaseaquestoambientalcomeouasercontemplada.

    De acordo com Santos (2004, p.22), a temtica ambiental foi incorporada novageraodePlanosDiretoresMunicipaiselaboradosapsoEstatutodaCidade,sendoapartirdessestrabalhos que se obtiveram informaes contundentes que relacionavam qualidade de vida,sociedadeemeioambiente.

    Embora houvesse no discurso a incoporao da sustentabilidade ambiental nessanovasafradePlanosDiretores,oquepodeserobservado,noentanto,foiqueadimensoambientalestevepresentemaisemsuas linhasgeraisemenosemseus instrumentoseaesconcretas.Almdisso,otemadomeioambientemanifestousenosPlanosDiretoresMunicipais,especialmentenosproblemasespecficosmaisconhecidosrelativosareasverdes,saneamentoeresduosslidos,notendo uma incluso efetiva nos processos de planejamento territorial enquanto um aspectoestruturante e articulador com as questes fundirias e socioespaciais. O entendimento daimportnciade incorporaradimensoambientalpolticadousoeocupaodosolo,devidoaosdesequilbriosprovocadospelosprocessosdeurbanizaofoi,nessesentido,poucoaprofundado.

    Anlisesrecentesquevisaramavaliarocontedoambiental,dentrodocontextodosatuais Planos Diretores Municipais (Costa, 2011; Junior e Montandon, 2011), observaram que odiscursoambientalperpassouagrandemaioriadessageraodePlanosDiretores,emboraaquestoambientalaindaestejasendotratadademodoperifricoemrelaoquelasmaisligadastrajetriada reforma urbana. As ideias de sustentabilidade e de qualidade ambiental esto presentes nas

  • 5

    diretrizeseobjetivosdosplanos,contudoelesaindanodemonstraram,aocerto,oqueseriaessaideiaenodesenvolverammecanismoseinstrumentosefetivosquebuscassemcontempllas.

    Dessemodo,apolticaambientaldentrodoarcabouodoinstrumentoPlanoDiretorno vem sendo compreendida e adotada como uma dimenso mais ampla da estruturasocioterritorial, aparecendo desvinculada do ordenamento territorial e das condies de acesso terra,moradiaeinfraestrutura.

    Nosetrata,porm,depriorizaroaspectoambiental,mas,sim,deincorporlonaspolticasterritoriaisjuntamentee,deformaestruturante,aosaspectossociais,econmicos,polticos,culturais,entreoutros,emumespaonoqual sedefrontam interessesdivergentesouatmesmoantagnicos.

    possvel observar tambm que a gesto ambiental encontra, muitas vezes,exigncias de aes que ultrapassam a capacidade de ao de um municpio isolado, cujoenfrentamentoenvolveumaarticulaoentreterritriosmunicipaiseregionais.

    Nesse sentido,aatuao regionaldaproblemticaambientalvem sendocadavezmaisabordadaedesenvolvida,umavezqueosproblemasambientais,frequentemente,extrapolamasfronteirasdasdivisespolticoadministrativaslocais.

    Temas como preservao de recursos hdricos, recuperao da vegetao nativa,prticasagrcolasorientadasparaaconservaodomeioambienteegestoderesduosvmsendotratadosevidenciandoanecessidadede iniciativasque de forma implcitaouexplcita envolvemuma articulao entre a problemtica urbana e regional. Essas iniciativas se fortaleceram numcontexto em que se verificou que a degradao do meio ambiente no prejudicava apenas umdeterminadomunicpio,mastodasuaregio.

    Farah (2003,p.89)evidenciaqueaexperinciarecentenocampodagestopblicalocalnopasvemrevelandoaemergnciadeiniciativasqueprocuramintegrarourbanoaoregionalsobdiversosaspectos,incluindooaspectoambientalcomoumdosmaisevidentes.

    Uma das temticas ambientais mais consolidadas em termos de planejamentoregional e que possui grande estreitamento com o planejamento municipal a conservao epreservao dos recursos hdricos, sobretudo, atravs da formulao de polticas pblicas, daconstituiodenovasinstituiesedenovasprticasdealcanceregional.

    Agestode recursoshdricos,pormeiodaatuao consorciada, tornousepolticafederal atravs da Lei das guas (Lei 9.433/1997), que implantou a PolticaNacional de RecursosHdricosecriouoSistemaNacionaldeRecursosHdricos.TendoaBaciaHidrogrficacomounidadede planejamento e gesto, essa poltica definiu os Comits de Bacias Hidrogrficas (rgoscolegiados)esuasrespectivasAgnciasdegua (rgos tcnicos)como instnciasregionaisparaogerenciamentodasguas.

    ApromulgaodaLeidasguassignificouum importantemarcoparaagestodosrecursoshdricosnoBrasiltrazendoavanossignificativosenovosparadigmas.Umdosprincipaisfoiadescentralizao da gesto pblica, a participao e a referncia nas bacias hidrogrficas como

  • 6

    unidades territoriais. Outros paradigmas definidos pela Lei foram os usosmltiplos das guas; aconceituaoda gua comobemdedomniopblico e como recursonatural limitado,dotadodevaloreconmicoea combinaode instrumentos tcnicos (PlanosDiretoresMunicipais), jurdicos(Outorga dos Direitos de Uso de Recursos Hdricos), polticoinstitucionais (Comits de BaciasHidrogrficas)eeconmicofinanceiros(CobranapeloUsodosRecursosHdricos).

    Comoprincipalinstrumentoarticuladorentreoplanejamentoeagestodosrecursoshdricos, a Lei das guas estabeleceu a criao dos Planos de Recursos Hdricos, que devem serelaboradosparaopas,porEstadoeporBacia(denominadosPlanosdeBaciaHidrogrfica).

    Os Planos de Recursos Hdricos (ou Planos de Bacias Hidrogrficas) visam afundamentareorientaraimplementaodaPolticadeRecursosHdricoseseugerenciamento.Elestmabaciahidrogrficacomounidadedeplanejamentoeestudoedevemlevaremconsideraoaspolticas, os planos, programas, projetos e demais estudos existentes na rea de abrangncia dasrespectivasbaciashidrogrficas.

    A LeiFederal9.433/1997estabeleceuqueosPlanosdeBaciasHidrogrficasdevemconter diretrizes gerais, em nvel regional, capazes de orientar os Planos Diretores Municipais,notadamente nos setores de crescimento urbano, localizao industrial, proteo dosmananciais,exploraomineral, irrigaoe saneamento, segundo asnecessidadesde recuperao,proteoeconservao dos recursos hdricos das bacias ou regies hidrogrficas correspondentes. Devemtambmpropormetaseprogramasdembitoregional,ajustadosscondiesepeculiaridadesdarespectivabaciahidrogrfica.

    De acordo com Porto e Porto (2008. p.51), o Plano de Bacia Hidrogrfica uminstrumentoquepossuiumpapelbastanterelevantenumadasfronteirasdeintegraomaisdifceisparaagestoderecursoshdricos,quesuaarticulaocomagestoterritorial.Aoseremdefinidasas aptides dabaciahidrogrfica em seuplano e osobjetivosdequalidadeda gua,haver,porconsequncia, um direcionamento da gesto territorial, pois algumas atividades podero serincentivadaseoutrasreprimidas,considerandoseuimpactosobreosrecursoshdricos.

    AomesmotempoemqueaLei9.433/1997pressupsagestointegradadasguasnoBrasil, esse conceito, mesmo amplamente aceito, apresenta ainda uma grande complexidade eencontra inmerasdificuldadesparasua implantao.Aefetividadedagesto integradaedosusosmltiplosdasguas,muitasvezes,questionadapelaforteinflunciadossetoreseltricoeagrcolaepela ausncia de um planejamento integrado em nvel de governo, de forma a incorporar seusprincpiosempolticassetoriaisepelanoregulamentaodepartedeseusinstrumentos.

    Dentrodisso,umdosgrandesdesafiosdosPlanosdeBaciaHidrogrficaharmonizaras condutas dos diferentes agentes, nas esferas federal, estadual e municipal, que tmresponsabilidades no aproveitamento de recursos hdricos, alm, claro, dos agentes privados.SegundoPagnoccheschi (2003,p.257),osPlanosdeBaciaHidrogrficamerecemaperfeioamento,sobretudo pela falta de articulao com outros instrumentos de planejamento territorial,principalmentecomosPlanosDiretoresMunicipais.

  • 7

    AlgunsdosprincipaisinstrumentosdeplanejamentoPlanosDiretoresMunicipaisePlanos de Bacia Hidrogrfica dialogamse ainda muito pouco, embora possuam um grandepotencialdearticulaoeumcampodepossibilidadescomuns.

    Dessemodo,possvelobservaraexistnciadeumazonade sombranagestoregionalcomfoconosrecursoshdricosnoqueconcernesinterfacescomosaspectosrelacionadosspolticasmunicipaisdegestodoterritrio.Emboraexistampontosdecongrunciaentreagestodosrecursoshdricoseagestourbanoregional,hindcios(Carneiroetal.,2008;Leal,2003;SilvaePorto,2003)dequeas legislaesmunicipais so,emgrandemedida, inadequadaspara tratar asquestesfundamentaisquevisamapreservaoeconservaodasguasquepercorremascidadesetambm de seus espaos lindeiros, refletindo uma certa deslegitimao do planejamento e dalegislao urbanstica nas cidades brasileiras, marcadas pelo forte grau de informalidade e deilegalidadenousoenaocupaodosolo.

    Na anlise de Carneiro et al (2008, p.167), os instrumentos de controle do uso eocupaodosolo,atualmentedisponveiseasseguradospor lei,so ferramentaspotenciaisparaodesenvolvimento urbano em bases mais sustentveis e deveriam ser utilizados de formacomplementaraosinstrumentospreconizadospeloSistemaNacionaldeGerenciamentodeRecursosHdricos.Masestavisonoaqueprevalecenosrgosdegestorelacionados.

    Diante desse contexto, no qual a dimenso ambiental permeia entre urbano eregional,percebeseuma faltade interlocuesemdiversossentidos:asdiretrizesdosPlanosdeBacia Hidrogrfica no so incorporadas pelos instrumentos contidos nos Planos DiretoresMunicipais; os instrumentos e aes propostos em ambos os Planos no almejam os mesmosobjetivos; as unidades de planejamento e gesto no so convergentes; as instncias deplanejamentoe gesto regionais, com foconos recursoshdricos,nodialogam com as instnciaslocais etc. Permanecem, portanto, indefinies quanto ao papel dos municpios e das baciashidrogrficascomounidadesgestorasdepolticasde impactonosrecursoshdricos,queratravsdedeterminaes contidasnos instrumentosprpriosdeordenamento territorial,querpelaausnciaformal,oudefato,dessesinstrumentos.

    Ressaltase, assim,opapel fundamentalqueomunicpiopossuipara a gestodosrecursoshdricos.Emboraosmunicpiosnopossuamcompetnciadiretano tocantegestodasguas, atuam em reas correlatas, cabendolhes o adequado ordenamento territorial medianteplanejamentoecontroledousoeocupaodosolourbanopelosPlanosDiretores,oquerepercutenaqualidadeequantidadedasguas.Asaes,tantopreventivas,quantocorretivas,dependemdeinstrumentosdoplanejamento locale regionalestruturadosdemodoaenvolveraparticipaodetodos os nveis da sociedade e de estratgias destinadas proteo ambiental e s formas deproduodoespaourbano.

    Almdaexistnciadeinmerosconflitosdeordemsocialepoltica,asituaoatualdagestodoterritrio,empartes,decorrentedafaltadeintegraodessasduasescalasregionalemunicipal. E, por existir essa acentuada desarticulao, da gesto regional com foco nos recursoshdricoscomadeusoeocupaodosolo,asconexesentreasaesdepreservaoderecursoshdricoseagestomunicipaltornamsecadavezmaisnecessrias.

  • 8

    Nesse sentido, possvel identificar as potencialidades de instrumentais queabranjamdiferentesescalasdegesto, integrandoaquestoambientalnessasdiferentesunidadesterritoriais.Paraumagestodo territriomaisconsolidada,podehaverumaconvergnciaemaiorrelao entre o enfoque ambiental, urbano e regional. Ao mesmo tempo, percebese que aimplementaodeumplanejamentoegestoambientalintegradosenfrenta,hoje,comoumdeseusprincipais desafios, a construo de interfaces e articulaes entre os instrumentos e esferas dapolticaambientalcomapolticaregionaleapolticamunicipal.

    Demonstrarasnecessidadesdearticulaodessasduasescalas,bemcomoexplicitarosobstculospolticoinstitucionaiselegaisexistentesquedificultamaaplicaoprticadoconceitodegestointegradadosrecursoshdricos(Carneiroetal.,2008,p.173),certamente,umaformadeestimularabuscadesoluesparaasatuaisdificuldades.

    Desse modo, esta Tese se fundamenta diante da atual lacuna do conhecimentorelacionado construo de interfaces entre os instrumentos da poltica ambiental e da polticaregionaleurbana,querepresentamumgrandedesafioparaoplanejamentoegestoterritorialmaissustentveis. Buscase, assim, trazer o tema da gesto integrada para o debate, direcionando adiscussoparaasquestesrelativasintegraodagestoambiental,comfoconosrecursoshdricosecomoplanejamentodousodosolomunicipal,procurandocontribuircomamelhorcompreensoelevantamentodediretrizesparaessaproblemtica.

    QUESTESDEPESQUISA

    Diantedocontextoedasproblemticasapresentadas,otrabalhoapontaasseguintesQuestesdePesquisa:

    De que forma os Instrumentos Plano de Bacia Hidrogrfica e Plano Diretor MunicipalcontribuemparaaGestoTerritorial?ComotratadaaquestodaGestodousodosoloearelaocomosMunicpiosnosPlanosdeBaciaHidrogrfica?Como abordada a questo da Gesto dos Recursos Hdricos e a relao com a BaciaHidrogrficanosPlanosDiretoresMunicipais?

    QuaissoasrelaesestruturaisentreasUnidadesdePlanejamentoeGestoMunicipaiseasUnidadesdePlanejamentoeGestodeBaciaHidrogrfica?Quais soas competncias especficas e convergentes e como sedoas relaes entreasInstnciasdePlanejamentoeGestoMunicipaiseas InstnciasdePlanejamentoeGestoRegionalporBaciaHidrogrfica?

  • 9

    OBJETIVOS

    Este trabalho apresenta como Objetivo Geral analisar a relao da dimensoambientalcomoPlanejamentoRegionaleMunicipal, respectivamente,pormeiodos InstrumentosPlanosdeBaciaHidrogrficaePlanosDiretoresMunicipais,tendocomolocusparaanliseaUnidadedeGerenciamentodeRecursosHdricosdoEstadodeSoPauloUGRHI13TietJacar.

    Paraodesenvolvimentodoobjetivogeral,sodefinidoscomoObjetivosEspecficos:1.CompreenderastrajetriasdaGestoAmbientalRegional (porBaciasHidrogrficas)edaGestoMunicipalverificandosuaslacunasearticulaes.

    2. Analisar os instrumentos de Planejamento Regional (Planos de Bacia Hidrogrfica) e dePlanejamentoMunicipal(PlanosDiretores);

    3.Indicarsubsdiosediretrizesaplicaoearticulaodosinstrumentosanalisados;4.ContribuirparaoaperfeioamentodaGestoTerritorialedoPlanejamentoRegionaleMunicipalintegradosnaperspectivadoaumentodaSustentabilidadeAmbiental.

    METODOLOGIA

    Ametodologiadesta pesquisa fundamentouse emuma anlise comparativa entreduas Unidades de Planejamento: Unidade de Planejamento Regional (delimitada pela BaciaHidrogrfica)eUnidadedePlanejamentoLocal(delimitadapeloMunicpio),eentreduasTemticasprincipais:TemticaAmbiental,comfoconosrecursoshdricoseTemticaUsoeOcupaodoSolo.

    Para essa anlise comparativa, adotouse ametodologiaMltiplo Estudo de Caso(Yin,2001),apartirdaqualforamidentificados,sistematizadosecompreendidosdoisInstrumentos,considerados centrais em relao ao Planejamento Regional e Municipal: o Plano de BaciaHidrogrfica e o Plano Diretor Municipal, respectivamente. Como Universo da Pesquisa, foramselecionadosumPlanodeBaciaHidrogrfica[PlanodeBaciaHidrogrficaTietJacar]edoisPlanosDiretoresMunicipais[PlanoDiretordeAraraquaraePlanoDiretordeSoCarlos],todosinseridosnaBaciaHidrogrficaTietJacar.

    Nesse sentido, foram investigadosaorigem,aevoluo,ograudeabrangncia,aspotencialidadeseasrestriesdessesinstrumentos,assimcomosuasdivergncias,compatibilidadesepossveisarticulaes.

  • 10

    AescolhadametodologiaMltiploEstudodeCasofoifeitaporserumaestratgiadepesquisanaqual seanalisa,de formaprofunda,um fenmenocontemporneo,que secaracterizapela identificao evidente entre o fenmeno e o contexto em que ele est inserido e pelacoexistnciademltiplasfontesdeevidnciasdisponveis.

    Complementarmente,deacordo comGil (2002),oEstudodeCasopode contribuirparaainvestigaodeumfenmenocontemporneo,poisexplorasituaesdavidarealcujoslimitesno esto claramente definidos e descreve a situao do contexto em que est sendo feitadeterminadainvestigao.Paraoautor,existemmuitassituaesqueutilizamoEstudodeCasocomoestratgiadepesquisa,nasquaisincluemse:estudosorganizacionaisegerenciais,polticaepesquisaemadministraopblicaepesquisasdeplanejamentoregionalemunicipal.Esteltimoexemplorepresenta,justamente,ograndetemadapesquisaemquesto.

    MTODOSDAPESQUISA

    Deacordo comas formasde classificaodepesquisa (Gil,2002;SilvaeMenezes,2005), do ponto de vista da natureza do trabalho esta pesquisa foi aplicada, objetivando gerarconhecimentosparaaplicaoprticaedirigindosesoluodeproblemasespecficos.Dopontodevistadaformadeabordagemdoproblema,elafoiqualitativa,ondeainterpretaodosfenmenoseaatribuiodesignificadossobasesdoprocesso.

    Do ponto de vista de seus objetivos, a pesquisa estruturouse em trs fasescomplementares:exploratria,descritivaeanaltica.

    FASE1EXPLORATRIA

    AFaseExploratriavisouproporcionarmaior familiaridade comoproblema,assimcomoaprimorarasideiaseconceitosrelacionadospesquisa.Nessesentido,ostemaschaveforamamplamenteexploradosesistematizados.

    De acordo com os objetivos dessa pesquisa, a Fase Exploratria conduziu a umamaior aproximao tericoconceitual com as temticas: Gesto Territorial e Regional, GestoAmbientaldeBaciasHidrogrficaseGestoMunicipal,bemcomoasrelaesporelasestabelecidas.

    Como tcnicas de pesquisa para esta Fase, foram desenvolvidos Levantamentos eAnlisesBibliogrficaseDocumentais.Afimdenortearoslevantamentoseanlises,elaborouseumProtocolodePesquisadaFase1,quefoidivididoemtrsCategoriasdeAnlise:[1]OTerritrio,a

  • 11

    GestoTerritorialeRegionaleaDimensoAmbiental;[2]ABaciaHidrogrfica,aGestodaguaearelaocomaGestoMunicipale[3]OMunicpio,aGestoMunicipalearelaocomaGestodaBaciaHidrogrfica(ApndiceAProtocolodePesquisaFase1).

    A anlise dessas categorias resultou na Fundamentao Terica apresentada nositens1.1,1.2e1.3doCaptulo1destaTese.

    FASE2DESCRITIVA

    A Fase Descritiva objetivou apresentar as caractersticas e as dinmicas dosfenmenosenvolvidos,afimdeproporcionarmaiorcontextualizaodosEstudosdeCaso.

    Nessapesquisa,paracompreendertaisfenmenos,foielaboradaumaCaracterizaoGeraldaBaciaHidrogrficadoTietJacaredosMunicpiosdeAraraquaraeSoCarlos.

    Como tcnicas de pesquisa para esta fase, desenvolveramse Levantamentos eAnlisesBibliogrficaseDocumentais.Adicionalmente, tambm foram realizadasEntrevistas Semiestruturadas,quepuderamcontribuirnacompreensodacaracterizaoedinmicadaBaciaedosMunicpiosemquesto.

    Para essa fase da pesquisa, foi elaborado um Protocolo de Pesquisa da Fase 2,dividido em duas Categorias deAnlise: [1]O Plano de BaciaHidrogrfica TietJacar, e [2]OsPlanosDiretoresdosMunicpiosdeAraraquaraeSoCarlos.Paracadaumdeles foi realizadaumacaracterizaogeraleoprocessodeelaboraodoPlano(ApndiceBProtocolodePesquisaFase2).

    Os Resultados dessa Fase so apresentados nos itens Caracterizao do Plano deBaciaTietJacareCaracterizaodosPlanosDiretoresMunicipais,respectivamenteitens2.1,3.1e4.1,apresentadosnosCaptulos2,3,e4destaTese.

    FASE3ANALTICA

    A Fase Analtica buscou verificar a hiptese e discutir os objetivos da pesquisa eprocedeusduas fasesanteriores ExploratriaeDescritiva vistoqueaanlisedos fatoresquedeterminamumfenmenodemandasuaprviaidentificaoedescriodetalhada.

    Como tcnicas de pesquisa para esta fase, foram realizadas entrevistassemiestruturadase aplicadosquestionrios.Aestruturaodasentrevistas edosquestionrios foinorteadapelasquestesdefinidasnoProtocolodePesquisadaFase3,que foidivididoemquatroCategoriasdeAnliseparaoPlanodeBacia:[1]DefiniodasUnidadesdePlanejamentoeGestoRegional, [2] Objetivos, Aes e Instrumentos de carter ambiental contidos no Plano de BaciaHidrogrficarelacionadosaosMunicpios,[3]CompetnciaeatuaodasInstnciasdePlanejamentoeGestoRegionale[4]GraudeinflunciadosPlanosDiretoresnoPlanodeBacia.Tambm,deformaequivalente,foramdefinidasquatroCategoriasdeAnliseparaosPlanosDiretores:[1]DefiniodasUnidades de Planejamento e Gesto Municipal, [2] Objetivos, Aes e Instrumentos de carterambiental contidosnoPlanoDiretor, [3]Competnciaeatuaodas InstnciasdePlanejamentoe

  • 12

    GestoMunicipale[4]GraudeinflunciadoPlanodeBaciaHidrogrficanoPlanoDiretor(ApndiceCProtocolodePesquisaFase3).

    Os resultados dessa fase so descritos nos itensAnlise do Plano deBacia TietJacar e Anlise dos Planos Diretores Municipais, respectivamente itens 2.2, 2.3, 3.2, 4.2apresentadosnosCaptulos2,3e4destaTese.OCaptulo5abordaadiscussodosresultadosdeformamaisamplaeintegrada,paraalmdosEstudosdeCaso.EoCaptulo6apresentaasconclusesgerais.Oesquemametodolgicodasfasesdapesquisasistematizadonoquadroabaixo:

    Quadro1EsquemaMetodolgicodaPesquisa.

    FASE1 FASE2 FASE3 Exploratria Descritiva Analtica

    Categoria

    sdeA

    nlise

    FundamentaoTericaOTerritrio,aGestoTerritorialeRegionalaDimensoAmbiental

    ABaciaHidrogrfica,aGestodaguaearelaocomaGesto

    Municipal.OMunicpio,aGesto

    MunicipalearelaocomaGestodeBaciasHidrogrficas.

    PLANODEBACIAHIDROGRFICACaracterizaodaBaciaHidrogrficaTietJacar.

    OprocessodeelaboraodoPlanodeBaciaHidrogrfica

    TietJacar.

    PLANOSDIRETORESMUNICIPAISCaracterizaodosMunicpiosdeAraraquaraeSoCarlos.

    OProcessodeelaboraodoPlanoDiretorde

    DesenvolvimentoePolticaUrbanaeAmbientalde

    AraraquaraedoPlanoDiretordoMunicpiodeSoCarlos.

    PLANODEBACIAHIDROGRFICAAdefiniodasUnidadesde

    PlanejamentoeGestoRegional.OsObjetivos,AeseInstrumentosdecarterambientalcontidosnoPlanodeBaciarelacionadosaosMunicpios.

    ACompetnciaeatuaodasInstnciasdePlanejamentoeGestoRegional.

    OgraudeinflunciadosPlanosDiretoresnoPlanodeBacia.

    PLANOSDIRETORESMUNICIPAISAdefiniodasUnidadesdePlanejamentoeGestoLocal.

    OsObjetivos,AeseInstrumentosdecarterambientalcontidosnoPlano

    Diretor.ACompetnciaeatuaodasInstncias

    dePlanejamentoeGestoLocal.OgraudeinflunciadoPlanodeBacia

    noPlanoDiretor.

    Tcnicas

    de

    Pesquisa

    PesquisaBibliogrficaeDocumental

    PesquisaBibliogrficaeDocumental

    EntrevistasSemiestruturadasEntrevistasSemiestruturadasAplicaodeQuestionrio

    Resulta

    dos

    Captulo1Itens1.1;1.2;1.3.

    Captulos2,3e4Itens2.1,3.1e4.1.

    Captulos2,3,4e5Itens2.2,2.3,3.2,4.2e5.

  • 13

    UNIVERSODAPESQUISADEFINIODAUNIDADEDEPESQUISA

    Visandodefiniros recortesdaUnidadedePlanejamentoRegional (delimitadapelaBaciaHidrogrfica) edaUnidadedePlanejamento Local (delimitadaspeloMunicpio), aPesquisapautousenoSistemadeGerenciamentodeRecursosHdricosdoEstadodeSoPaulo.Essesistemaapresenta comodiviso regional22UnidadesdeGerenciamentodeRecursosHdricos (UGRHIs).OfocoterritorialnaBaciaHidrogrficadesenvolveuse,enquantoconceito,prioritariamentedentrodaspolticasderecursoshdricoserepresentaumareorganizaoespacial,quevemsendoabsorvidadediversasformasporpolticaspblicasemvriasescalas.

    Paradefinirouniversodessapesquisa,foiselecionadaaUGRHI13,comoUnidadedePlanejamentoRegional,denominadaBaciaHidrogrficaTietJacar,localizadanaregiocentraldoEstadodeSoPaulo.

    A escolha da Bacia Hidrogrfica TietJacar deveuse ao relevante papeldesempenhadopelosRecursosHdricosnoseuprocessodeocupao,quevmsendoutilizadosporusosmltiplos: abastecimento urbano, agricultura, indstria, transporte, energia, turismo e lazer.Algunsdessesusos,realizadossemnenhumapreocupaoquantosuapreservao,acabaramporgerar a degradao destes importantes recursos naturais.Do ponto de vista da disponibilidade equalidade hdrica esta Bacia j considerada crtica, pois vem apresentando diversos problemasrelacionadosinsuficinciadeinfraestruturaurbana,bemcomoaquelesligadosaomeiofsico.

    Outro fatorde escolha foio fatode aBacia TietJacarpossuiruma instnciadegestoregional(ComitdeBaciaHidrogrfica)relativamenteestruturadaeorganizada,apresentandorelatriossistematizadoseumPlanodeBaciaHidrogrficaatualizadoparaanlisedosdados.

    ABaciaHidrogrficaTietJacarengloba34municpios,dentreosquais,16estoinseridosdentrodareadaUGRHIe18possuempartedeseusterritriosemUGRHIsadjacentes.

    Como recorte das Unidades de Planejamento Local foram selecionados doismunicpioslocalizadosdentrodoterritriodaUGRHI13,sendoeles:AraraquaraeSoCarlos.

    Aescolhadessesmunicpios justificouseporelespertenceremBaciaHidrogrficadoTietJacare,sobretudo,porseremmunicpiosdeportemdiodaBacia,exercendosignificativasinfluncias regionais.Araraquara e SoCarlos formamumpolode integrao regionalde cidadesmdiasde importnciano cenrioeconmicodoEstado.Almdeapresentarem caractersticasdeaglomeraourbana,soclassificadospeloInstitutodePesquisaEconmicaAplicadaIPEA(CBHTJ,2000),comoCentrosSubRegionaisde1Ordem.Essaclassificaosedcombaseem indicadoresrelacionados escala da urbanizao, diversidade das atividades e elevado nvel de articulaosetorialeregional.Osmunicpiostmseconsolidadocomocentroscomerciaisedeservios,inclusivecomocentrosdeensinosuperioredepesquisasdebasetecnolgicaecientfica.Consequentementeso municpios que possuem um dos maiores ndices de urbanizaes desta Bacia, responsveistambmporgrandepartedosimpactosambientaisurbanoscausadosnesteterritrio.

  • 14

    Devido sua localizao geogrfica estratgica, Araraquara e So Carlos possuemdisponibilidadedeumsignificativosistemadetransporteintermodal.Ambasascidadessoservidaspela rodoviaWashingtonLuiz, interligadascomas rodoviasAnhangueraeBandeirantes,acessandovriosmunicpiosimportantescomoaCapitalpaulista,almdaproximidaderegionalcomahidroviaTietParan. O entroncamento ferrovirio atualmente utilizado para transporte de cargas,interligadolestecomCampinas,SoPauloeSantos;aonortecomBarretosePortoColmbia(divisadeMinasGerais);eaoestecomSo JosdoRioPretoePortoRubineia (divisadeMatoGrossoeGois). A regio conta com aeroportos locais e, na proximidade, com o aeroporto internacionalViracopos.

    3.3.TCNICASDEPESQUISAPROCEDIMENTOSTCNICOS

    Para a aplicao dos mtodos, foram selecionadas quatro tcnicas de pesquisa:LevantamentoeAnliseBibliogrficaeDocumental,EntrevistasSemiestruturadaseQuestionrios.

    LEVANTAMENTOEANLISEBIBLIOGRFICA

    O levantamentobibliogrficoconsistiudepesquisaelaboradaapartirdematerial jpublicado, constitudo principalmente de Livros, Artigos de peridicos, Teses e Dissertaes comanlisesconcludasquetangenciamosobjetosdepesquisa.

    LEVANTAMENTOEANLISEDOCUMENTAL

    A pesquisa documental foi realizada a partir de materiais que no receberamtratamento analtico, como todos os documentos relacionados aos processos de elaborao dosPlanos de Bacia e dos PlanosDiretores (Relatrios deDiagnsticos, Atas de reunies, AudinciasPblicasetc);LeisaprovadassobreosPlanosDiretoresedocumentosaprovadossobreosPlanosdeBacia; documentos relacionados aplicao dos Planos de Bacia e Planos Diretores (RelatriosAvaliaoeMonitoramento),almdereportagensepublicaessobreosobjetosdaPesquisa.

    ENTREVISTAFOCALSEMIESTRUTURADA

    Asentrevistasobjetivaramadquiririnformaesessenciaisquecorroborassemcomoexamedahipteseestabelecida.Paraapesquisa,a realizaodaEntrevistaFocalSemiestruturadateve como objetivo fazer com que o entrevistado auxiliasse no detalhamento das informaes einterpretaesdasCategoriasdeAnliseparacadaEstudodeCaso,aproximandosedopapeldeuminformantechave(BonieQuaresma,2005)queforneceaopesquisadorpercepeseinterpretaesespecficas sobo tema, como tambm sugestesde fontesnasquaispodemsebuscarevidnciascomplementares.

  • 15

    O tipo de entrevista selecionado para esta pesquisa foi a Entrevista FocalSemiestruturada, que espontnea, mas segue um conjunto de perguntas, conduzidas por umRoteirode Entrevista (Apndice E Roteirosde Entrevistas),que foi formuladobuscando coletarsubsdios, sobretudo, para as trs primeiras Categorias de Anlise estabelecidas no Protocolo dePesquisaFase3,sendoelas:[1]AdefiniodasUnidadesdePlanejamentoeGestoRegional;[2]OsObjetivos,Aese InstrumentosdecarterambientalcontidosnoPlanodeBacia relacionadosaosmunicpios;[3]AatuaodasInstnciasdePlanejamentoeGestoRegional.

    ParaadefiniodonmerodeEntrevistasSemiestruturadasforamconsideradosdoiscritriossimultneos:[1]pessoasqueatuarametiveramproximidadeeexperinciasprticascomoproblema pesquisado, e [2] representantes das trs esferas de Gesto Regional e Local poderpblico, rea tcnica ou consultoria e sociedade civil que tiveram envolvimento no processo deelaboraoe/ou implementaodoPlanodeBaciaHidrogrficaedosPlanosDiretores, tendoemvistaosdiferentesolharessobreosprocessosdeplanejamentoegesto.

    Todasasentrevistasrealizadas foramtranscritase,posteriormente,enviadasaoseurespectivoentrevistado,afimdequeelefizesseumaverificaoemanifestasseconcordnciacomoseucontedo.

    Quadro2RelaodosEntrevistadosparacadaEstudodeCasodaPesquisa.

    Entrevistado PlanodeBacia TietJacarPlanoDiretorde

    AraraquaraPlanoDiretorde

    SoCarlosRepresentantesdergosGestoresRegionais/Locais

    SecretrioExecutivodoComitdeBaciaTiet

    Jacar.[entrevistadoA]

    VicepresidentedoComitdeBaciaTietJacar.

    [entrevistadoB]

    SecretriadeDesenvolvimentoUrbano.

    [entrevistadoF]

    DiretordeDesenvolvimentoSustentveldaSecretariado

    MeioAmbiente.[entrevistadoG]

    SecretriodeDesenvolvimentoUrbano.

    [entrevistadoL]DiretordoDeptode

    PlanejamentoTerritorial.[entrevistadoM]

    CoordenadordeMeioAmbiente.

    [entrevistadoN]RepresentantesdergosTcnicos/Consultorias/Legislativo

    EspecialistaAmbientalda

    SecretariadoMeioAmbientedoEstadodeSP.

    [entrevistadoC]

    ConsultoradaCmaraMunicipalsobreaelaborao

    doPD.[entrevistadoH]

    RepresentantedoDAAE.

    [entrevistadoI]

    ConsultoradarevisodoPD,exDiretoradePlanejamento

    Territorial.[entrevistadoO]

    ConsultoradoprocessodeelaboraoerevisodoPD.

    [entrevistadoP]RepresentantesdaSociedadeCiviledeInstituiesAcadmicas

    RepresentantedaSociedadeCivilnoComitdeBaciaTJeconsultordo

    PlanodeBaciaHidrogrfica.[entrevistadoD]

    ConsultordoPlanodeBaciaHidrogrfica.

    [entrevistadoE]

    ExSecretriodePlanejamentoUrbanona

    pocadoPD.[entrevistadoJ]

    RepresentantedeOng.

    [entrevistadoK]

    RepresentantedeOngedoComdema.

    [entrevistadoQ]

    RepresentantedeOngedoComdema.

    [entrevistadoR]

    RepresentantedaEmbrapa.[entrevistadoS]

    TotaldeEntrevistas=19 05 06 08

  • 16

    QUESTIONRIO

    Para a pesquisa, a aplicao do questionrio teve o objetivo de verificar a quartaCategoriadeAnliseestabelecidanoProtocolodePesquisaFase3,denominadaGraudeinflunciadoPlanodeBaciaHidrogrficanosPlanosDiretoresMunicipais,eapercepodosGestoresLocaisemincorporarasdiretrizesregionaisemseusplanejamentos.

    Nesse sentido, definiuse como critrio de escolha para o preenchimento doquestionrio os representantes dos rgos gestoresmunicipais ligados gesto ambiental urbana(sobretudo profissionais das Secretarias de Planejamento Urbano ou de Meio Ambiente). Almdesses, tambm foram enviados aos gestores regionais, representadospelosmembrosdaCmaraTcnicadePlanejamentoeGestodoComitdeBaciaTietJacar,responsveispelaelaboraoeacompanhamentodoPlanodeBaciaHidrogrfica.

    AfimdebuscarumapercepocompletaparatodooterritriodaBaciaHidrogrficado TietJacar, todos os 34 municpios contidos nessa regio foram elencados para compor aamostradepreenchimentodoQuestionrio.

    Com base em Gil (2002), o Questionrio seguiu os seguintes procedimentos: foiconstrudo emblocos temticosobedecendo aumaordem lgicana elaboraodasperguntas; aredaodasperguntasfoifeitaemlinguagemcompreensvelaoinformanteeasperguntasestiveramrelacionadasaosobjetivosdapesquisa.Portanto,oModelodoQuestionrio(ApndiceDModelodeQuestionrio)estruturouseapartirdoProtocolodeEstudodeCasoFase3.

    OQuadroabaixoapresentaototaldosmunicpiosdaBaciaHidrogrficaTietJacar,destacando,emazul,osdoismunicpiosrelacionadosaoEstudodeCaso[AraraquaraeSoCarlos]e,emcinza,osdemaismunicpiosquedeveriamterelaboradosseusPlanosDiretoresMunicipaispelocritriodepossuremmaisdevintemilhabitantes.

  • 17

    Quadro3RelaodosMunicpiospertencentesBaciaHidrogrficadoTietJacareoseurespectivonmerodepopulaototal.

    1 Agudos 34.5322 Araraquara 208.7253 Arealva 7.8424 Areipolis 10.5815 Bariri 31.6036 BarraBonita 35.2567 Bauru 344.0398 BoaEsperanadoSul 13.6589 Bocaina 10.86210 Boracia 4.26811 Borebi 2.29512 Brotas 21.58013 DoisCrregos 24.76814 Dourado 8.60715 GavioPeixoto 4.42016 Iacanga 10.01017 Ibat 30.72418 Ibitinga 53.16619 IgaraudoTiet 23.37020 Itaju 3.26321 Itapu 12.18122 Itirapina 15.52823 Ja 131.06824 LenisPaulista 61.45425 Macatuba 16.24626 MineirosdoTiet 12.04227 NovaEuropa 9.30128 Pederneiras 41.53029 RibeiroBonito 12.12930 SoCarlos 221.93631 SoManuel 38.39032 Tabatinga 14.68633 Torrinha 9.33034 Trabiju 1.544

    TotaldepopulaodaBaciaTJ 1.480.934

    Municpio PopulaoCenso2010

    Fonte:CensoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatsticaIBGE(2010).

  • 18

    FORMADEANLISEDOSRESULTADOS

    AformadeAnlisedosresultadospautousenoProtocolodePesquisaFase3(quefoisistematizadonoQuadro4),afimdedisporasevidnciasdentrodasquatroCategoriasdeAnliseformuladas para discutir a hiptese e atingir os objetivos da pesquisa, alm de recombinar asevidncias, tendo em vista as proposies iniciais do Estudo de Caso.Dessemodo, a anlise dosdadosfoidenatureza,predominantemente,qualitativa.

    SeguindoasCategoriasdeAnlise,foramdefinidosdoisconjuntosdeanlises:

    1. Anlise individual do Plano de Bacia Hidrogrfica TietJacar, observando asquatro Categorias de Anlise da Fase 3: [1] A definio dasUnidades de Planejamento eGestoRegional; [2]OsObjetivos,Aese Instrumentosde carterambiental contidosnoPlanodeBaciarelacionadosaosmunicpios;[3]Acompetnciaeatuaodas InstnciasdePlanejamentoeGestoRegionale[4]OgraudeinflunciadosPlanosDiretoresnoPlanodeBacia;eAnliseindividualdosdoisPlanosDiretoresMunicipais [Araraquara e SoCarlos]observando: asquatroCategoriasdeAnlisedaFase3: [1]AdefiniodasUnidadesdePlanejamentoeGestoLocal; [2]OsObjetivos,AeseInstrumentosdecarterambientalcontidosnoPlanoDiretor;[3]AatuaodasInstnciasdePlanejamentoeGestoLocal;[4]OgraudeinflunciadoPlanodeBacianoPlanoDiretor.

    EssasanlisesencontramsenosCaptulos,2,3e4.2.AnlisedasrelaesentreosInstrumentosPlanodeBaciaHidrogrficaePlanos

    DiretoresMunicipaisobservando,sobretudo,ascompatibilidades,asdivergncias,aslimitaeseaspossveisarticulaesentreeles.

    Essesdoisconjuntosdeanliseforamfundamentadospela: Anlise conjunta das Entrevistas Semiestruturadas para o Plano de Bacia

    HidrogrficaTietJacareparaosdoisPlanosDiretoresMunicipaisrelacionadosaoEstudodeCaso. Anlise conjunta das respostas dos gestores municipais e regionais a partir do

    questionrioparaoPlanodeBaciaHidrogrficaTietJacareparaosPlanosDiretoresMunicipais.Anlisedapesquisadoracombasenabibliografia,nosdocumentosconsultados,nas

    entrevistasrealizadasenosquestionriosaplicados.EssasanlisesencontramsenoCaptulo5.

    Os Quadros 4 e 5 apresentam os aspectos que foram considerados para cadaCategoriadeAnlise.

  • 19

    Quadro4CategoriaseAspectosconsideradosnaanlisedoPlanodeBaciaHidrogrfica.

    CATEGORIADEANLISE ASPECTOSCONSIDERADOS 1.DefiniodasUnidadesdePlanejamentoeGestoRegional.

    LeituraseDiagnsticos.UnidadesdePlanejamentoeGesto.Macrozoneamentoezoneamento.reasdeEspecialInteresse(UCs).

    contraponto:

    OquefoipropostonoPlanodeBaciaHidrogrfica.

    X

    Oquefoiaplicadonaprtica.

    2.Objetivos,AeseInstrumentosdecarterambientalcontidosnoPlanodeBacia.

    Princpios,metaseobjetivosgerais.MetaseAesespecficas.Instrumentoseconmicos.Instrumentosparaorural.PlanosSetoriais.

    3.CompetnciaeatuaodasInstnciasdePlanejamentoeGestoRegional.

    EstruturaparaoSistemadeGerenciamentodeRecursosHdricos.SistemadeInformaesRegionais.Monitoramento,revisoeatualizao.Relaoentreasinstnciasregionaisemunicipais.

    4.GraudeInflunciadosPlanosDiretoresnoPlanodeBacia.

    Quadro5CategoriaseAspectosconsideradosnaanlisedosPlanosDiretoresMunicipais.

    CATEGORIADEANLISE ASPECTOSCONSIDERADOS 1.DefiniodasUnidadesdePlanejamentoeGestoLocal.

    LeituraseDiagnsticos.UnidadesdePlanejamentoeGesto.Macrozoneamentoezoneamento.reasdeEspecialInteresse.

    contraponto:

    OquefoipropostonaLeidoPlano

    Diretor.X

    Oquefoiaplicadonaprtica.

    2.Objetivos,AeseInstrumentosdecarterambientalcontidosnoPlanodeDiretor.

    Princpios,diretrizeseobjetivosgerais.Instrumentospotenciaisdecontribuioambiental(EIVs,LicenciamentoAmbiental)Instrumentoseconmicos.Instrumentosparaorural.PlanosSetoriais.

    3.CompetnciaeatuaodasInstnciasdePlanejamentoeGestoLocal.

    EstruturaparaoSistemadeGestoAmbientalMunicipal.SistemadeInformaesMuncipais.Monitoramento,revisoeatualizao.Relaoentreasinstnciasregionaisemunicipais.

    4.GraudeInflunciadoPlanodeBacianoPlanoDiretor.

  • 20

    ORGANIZAODOTEXTO

    AIntroduoinsereatemticadaquestoambientalesuaarticulaocomagestourbanaegesto regional com foconasbaciashidrogrficas,apresentandouma contextualizaoeproblematizao do assunto, assim como a justificativa da pesquisa. As principais questes depesquisa sodelineadas,bem comoahiptese,osobjetivosgeraiseespecficosque seprocuramalcanar.OCaptulodescreve tambm ametodologia adotadaonde analisamse EstudosdeCaso,apresentando,osmtodos,ouniversodapesquisa,astcnicaseaformadeanlisedosresultados.

    OPrimeiroCaptuloabordaa fundamentao terica,explorandoasbases tericasque embasaram a pesquisa, tendo como mote trs categorias principais que se intercalam: OTerritrioeaRegio,aGestoTerritorialeRegionaleaDimensoAmbiental;ABaciaHidrogrfica,aGestodaguaearelaocomaGestoMunicipal;OMunicpio,aGestoMunicipalearelaocom a Gesto da Bacia Hidrogrfica. Todos esses temas so entrelaados buscando justamentepercebersuasconexes,interfaceseincongruncias.

    NoSegundo,TerceiroeQuartoCaptulossoapresentadasasanlisesediscutidososresultadosdosEstudosdeCaso,respectivamente:aCaracterizaodaBaciaHidrogrficaTietJacar,aAnlisedoPlanodeBaciaHidrogrficaTietJacar,aCaracterizaodoMunicpiodeAraraquaraeaAnlisedoPlanoDiretordeAraraquara;aCaracterizaodoMunicpiodeSoCarloseaAnlisedoPlanoDiretordeSoCarlos.

    O Quinto Captulo prope uma anlise integrada a partir da discusso dosinstrumentosestudadoseumareflexoparaalmdosEstudosdeCaso.OSextoCaptuloapresentaasconcluseseconsideraesfinais.

    So apresentados tambm os elementos de suporte utilizados na pesquisa,envolvendoabibliografia, legislaes,almda relaodasentrevistas realizadas.ComoApndices,socompiladososProtocolosdePesquisa,osModelosdoQuestionrioedasEntrevistas.

  • CAPTULO1

    REFLEXOCONCEITUAL

  • 21

    CAPTULO1.1.

    OTERRITRIOEAREGIO,AGESTOTERRITORIALEADIMENSOAMBIENTAL

    Os conceitos de territrio e ordenamento territorial vm sendo rediscutidos erevalorizadosemdiversoscamposdoconhecimento.TericosdereascomoGeografia,SociologiaeUrbanismo (Santos, 2000; Dias e Santos, 2003; Penha, 2005; Vainer, 2007; Cidade et al., 2008;AlmeidaeSoares,2009),trazemdiscussoastransformaesemudanassofridaspelosterritrioseaampliaodesteconceitoatualmente.

    Alm da redefinio de termos, a articulao entre polticas de diversos recortesterritoriaisparece serumdosprincipaisdesafiosatuaisdagestopblica,poiselas tm impactosdiferenciadosquantoaosindivduos,categoriaissociais,comunidadesecontextosregionais.

    Nesse sentido, a abordagem territorial do desenvolvimento um conceito queemerge da forma integral de leitura e interpretao de uma realidade, das interaes entre osdiversos aspectos que caracterizam um sistema social construdo em certa base natural que,modificada,tambmcaracterizaedelimitaumterritrio.Aabordagemouenfoqueterritorialtentacompatibilizar vrias ideias, princpios e valores na promoo do desenvolvimento, segundopreceitosdasustentabilidadeedeparticipaosocial.umavisoessencialmenteintegradoraenosetorializada(Guimares,2011,p.39).

    Partindodaideiadequeanoodeterritrioesthistoricamenteligadanoodepoderedeapropriaodoespao,Penha (2005,p.7) ressaltaquea temtica territorial tornouseatual, precisamente no momento em que, de um lado, deflagrouse uma nova onda detransnacionalizao da economia e de renovao tecnolgica, e de outro, fez emergir novosfundamentalismos do territrio na forma de novos nacionalismos e localismos. Nesse sentido, aquestoterritorial,porestarazo,hojeigualmentechave,porqueabreaperspectivadasmltiplasdimenses do poder referente prtica espacial dos atores sociais, em diferentes nveis e demltiplasescalas.

    Assim,anooclssicadeterritriovem,acadadia,revelandosuaslimitaes,emespecialnocampoambiental,ondeecossitemasecorposhdricosnoconhecemoureconhecemoslimitesterritoriaisdefinidosnageografiapolticadohomemmoderno.

    Dessa forma, falar nas transformaes do territrio significa compreender o queessastransformaesacarretamnassuasdiferentesescalasenasmaisdiversastemticassquaisestorelacionadas,como:meiourbano,meiorural,asreasambientalmenteprotegidas,todoseles,tambmsendomodificadosnamedidaemqueosterritriosvosendoapropriados,sobrepostoseinterligados.

  • 22

    Saber que territrios so esses e que mecanismos causaram as suas formaesconstituem os primeiros passos para desvendar a compreenso dessas mudanas e as possveisrelaesentreadiversidadedasescalasespaciaisdeplanejamentoegesto.

    CONCEITOSEDEFINIESSOBRETERRITRIOEGESTOTERRITORIAL

    Partindodavisodequeanoodeterritriotemsuaorigemnapalavraterritorium,que significa pedao de terra apropriado (Magdaleno, 2005, p.118), permite pressupor que arelao entre o termo territrio e a noo de apropriao de um espao sempre estiverampresentes. Desse modo, saber, portanto, o que compreende o termo territrio significa,anteriormente,saberosignificadodeespao.

    NasanlisesdeCastells(1976),oespaoumprodutomaterialqueestemrelaocom outros elementos materiais, entre eles as pessoas, os quais estabelecem historicamentedeterminadas relaes sociaisquedoaoespaoeaoutroselementos componentesuma forma,umafunoeumsignificadosocial.

    A defesa da noo de espao socialmente construdo tambm oriunda dasreflexesdeLefebvre(1974),Harvey(1996)eSantos(1996).ParaSantos(1996),oespaoincluiumacombinaodematerialidadeedavidaqueoanima.Anaturezadoespaoseria,ento,frutodofatodequeeleformadotantopeloresultadomaterialdasaesdasociedadenahistria,comopelasaescontemporneasquelhesconcedemumdinamismoeumafuncionalidade.

    Na concepo de Heidrich (1998, p.10), espao a propriedade da mtria emmovimento em todas as suas variedades, estados e manifestaes. Locus da ocorrncia defenmenosqueserelacionamcompostopordoisordenamentos:[a]asdeterminaesuniversais,ligadas constituio e transformaes da natureza; [b] as determinaes histricas, ligadas constituio e transformao das sociedades. Portanto, a organizao de um espao estdiretamenterelacionadaapartirdomomentoqueumacoletividadedelimitaeapropriasedele,ouseja,criaumaprimeiraconfigurao:oterritrio.Osterritriosdocarterespecficoeparticularaoespao,sejaeleregional,urbano,produtivo,domsticoetc(Pradilla,19841apudFernandez,2007).

    Nestes termos, territrio adelimitaodeum espao:ou seja, sua apropriao,determinadapelanecessidadededomnioepossederecursosnaturaisepelaocupaofsicacomohabitat.Ademarcaodeterritriosobjetiva imporodomniohumanosobreoespao,tantosobreascondiesdeextensividadecomoasdecontiguidadeedevizinhana.Assim,oterritriopassaaexistirquandosedefinem:[1]umarelaodeapropriaodascondiesnaturaisefsicasporumacoletividade;[2]umaorganizaodasrelaes,demodoaformarumacomunidade,diferenciadadeoutras.Portanto,territrioumaqualificaodoespaogeogrfico (Magdaleno,2005,p.118)quenodeveserconfundidacomoprprio,equeaconfiguraoterritorialsecompedoconjuntodesistemasnaturaisedosacrscimossuperpostospelasociedadeemumareaoupas.

    1 PRADILLA,CobosEmilio.ContribuicinalaCrticadelaTeoriaUrbana.DelEspacioalaCrisisUrbana.UniversidadAutnomaMetropolitana.CasaAbiertaalTiempo.ColeccinEnsayos.Mxico,1984.

  • 23

    Foi somente apartirdapocamodernaqueo termo territrio comeoua ganharimportncia e a aparecer, com maior frequncia, a partir de uma abordagem jurdica, que irconstituirabasedesustentaododesenvolvimentodoconceitonaGeografia.

    Osignificadojurdicodotermoterritrioestdiretamenterelacionadoatrsnoesbsicas:rea,limitesedominao.Destamaneira,todoterritriopossuiumalocalizaoparticular,resulta de um processo de apropriao, organizado e gerido por um grupo.O territrio no necessariamenteumarea fechada,no sempreum tecidoespacialunido (Bonnemaison,19812apudHolzer,1997),elenos induzsomenteaumcomportamentonecessariamenteestvel,eantesdeseruma fronteira,podeserumconjuntode lugareshierrquicos,conectadosporuma rededeitinerrios.

    Na medida em que se acentuou o processo de fixao da populao ao solo,legitimouse a noo de territrio como elemento jurdico de competncias, consubstanciado naforma de Estado Nacional. Portanto, territrio uma poro do espao geogrfico onde soprojetadasrelaesdepoder,quegeramumaapropriaoeumcontrolesobreesteespao.

    OEstadonacionalcaracterizasecomoo institutopoltico,uma formaorganizadaeunificadoradamanifestaodopoderdeumacoletividade,numterritriodelimitado.Destaforma,territriodoEstadocorrespondeaoespaomarcadosobreoqualoEstadoexercesuasoberania.Porisso,muitasvezesotermoterritriorelacionadocomotermopas.Entretanto,asimplesexistnciadeumEstadonoeliminaasmuitasterritorialidadescomasquaisoseupodersoberanoconvive.

    Os territriosdos Estados sodemarcadospor limitesquepodem sernaturaisousuperficiais.Cadaumadessasdivisespodeserchamadadedomnio.OEstado,emsuaconstituiojurdica, pode criar mecanismos que ampliem ou restrinjam o exerccio do direito individual propriedade.Nunes (2006, p.73) acrescenta a essa idia a condio da biodiversidade, que podesignificarumanovafronteiranatransformaodoconceitodeterritriodoEstado.Aanlisepartedoprincpioqueoterritrionomaisapenastridimensional(terra,guaear)equeavisoclssicadeve ser revista. O territrio continua vinculado a uma base geogrfica, no entanto comea aestenderseemdireoaorganismosvivosquenosopessoas,nemelementosculturais.

    ApartirdemeadosdosculoXIX,comaaceleraodaindustrializao,aconcepodo territrio como elemento integrante da produo foi realada, sendo desenvolvida umaabordagem econmica que tender a substituir a abordagem jurdica (Penha, 2005, p.10). aapropriaocomoprocesso,ao invsdapropriedadecomoestatuto,quepassaramerecermaiorateno.Nessesentido,o territrioserdefinidopelouso,apartirdo trabalhoenoapenaspelodomnio.

    Compartilhandocomestaabordagem,Santos(2000,p.22)consideraqueoterritrioem si no um conceito. Ele s se torna um conceito utilizvel para a anlise social quando oconsideramosapartirdeseuuso,nomomentoemqueopensamosjuntamentecomaquelesatoresquedele seutilizam.Paraoautor,no sedeve falarde territrioem simesmo,masde territriousado, de modo a incluir todos os atores. O importante saber que a sociedade exerce

    2 BONNEMAISON,Jol.VoyageAutorduTerritoire.In:LEspacegographique,10(4),p.249262.

  • 24

    permanentementeumdilogocomoterritriousadoequeessedilogo incluiascoisasnaturaiseartificiais,aheranasocialeasociedadeemseumovimentoatual.

    Assim, o termo territrio vai alm da simples definio de poro do espaoconcreto.A formaodanoode territrioumaconsequnciadavidaem sociedadeou,comoexpressaSouza (1995), territriosso relaessociaisprojetadasnoespaoconcreto.Entendidooterritriocomooespaoqueservedepalcoparaasrelaesdepoder,admissvelqueumamesmazonasejasimultaneamentevriosterritrioscomdiversasrelaesdepoder.

    Em uma cidade, por exemplo, podem ser encontradas vrias relaes de poder:empresasquedisputamummesmomercado,comerciantesformaisversuscomerciantes informais,facescriminosas, interessepblicoversus interesseprivadoetc.presenadecadaumadessasrelaes de poder em ummesmo espao, dse o nome de territorialidade (Sposito, 1998). E aterritorialidade compreendidaatravsdas relaes sociaise culturaisqueogrupomantm comestarededelugareseitinerriosqueconstituemseuterritrio.

    ParaSack(19833apudHolzer,1997,p.82),aterritorialidadebaseiasenoprincpiodaao pelo contato e todas as relaes territoriais devem ser definidas no contexto social de umacesso diferenciado s coisas e s pessoas. a tentativa de um grupo de influenciar, afetar oucontrolar objetos, pessoas e relacionamentos pela delimitao e pela afirmao de seu controlesobreumareageogrfica.Eestareaoterritrio.

    Aterritorialidadepodeseexpressaratravsdediferentesescalas.Assim,obairro,acidade,aregioouumpasconstituemasescalasdaterritorialidadeeoquepodetransformarumlugaremumterritriooconstantemonitoramentoecontroledelepelossujeitoscorrespondentes(Penha,2005,p.15).Nessesentido,incorporase,nesteespaopresente,umplanejamentoeprojetoparaofuturo,determinando,assim,aideiadegestoterritorial.

    Nombitoterritorial,asrelaesdepodersematerializamapartirdeumapoltica,queumpressupostoparaagestodopoder sobrea sociedadeeoespao.Apoltica implicaoestabelecimentodeobjetivosetticasdosatoressociais frenteaoutrosmembrosdasociedade,afim de imporem seus critrios e formas de atuao (Silva, 1993, p.46). Com efeito, a poltica conflito, ao ser um instrumento de controle e articulao da divergncia social, mediante umconjuntoderegraseprocedimentosprpriosparacadagruposocial.ParaSanchez(19914apudSilva,1993, p.46), se observarmos a poltica a partir de uma perspectiva territorial, a apropriao econtroledo territrioexigesuagesto.Assim,agesto territorialprocuracontrolaras relaesdepoderterritorializadaseosconflitosdeinteresse,quesemanifestamnaapropriaoedefiniodoespao.

    Alm do esforo de Sanchez (1991) para a elaborao do conceito de gesto doterritrio, encontramos na literatura outras formulaes tericas. Becker (1988. p.99) conceituagestodoterritriocomoaprticaestratgicaecientficotecnolgicadopodernoespaotempo.estratgicaaoenvolverfinalidadeeconmica,absorodeconflitosinseridosnasrelaesdepodere elaborao de tcnicas e tticas para a consecuo dos objetivos propostos. cientfico 3 SACK,RobertoD.HumanTerritoriality:ATheory.AnnaisoftheAssociationofAmericanGeographers,73(1),p5474,1983.4 SANCHEZ,JoanEugeni.(1991).GeografiaPoltica.Madrid:Sintesis,1991.

  • 25

    tecnolgica, pois pressupe a instrumentalizao do saber e controle poltico, desenvolvendosecomoumacincia.

    Davidovich(19885apudSilva,1993),complementaestaviso,dizendoqueagestorefereseprticadopoderondeo territrioaparececomosuporte.Aprticasocialno territrioimplica conflito entre vrias esferas do poder, que buscam seu domnio espacial a partir daterritorialidadedesuaao.Paraaautora,agestodoterritriopressupeaaodeatoressociais,queviaderegraresultanasegregaosocioespacialemconsequnciadaestruturaodeumabaseterritorialespecfica.

    Agestodo territrio,desta forma,adimenso espacialdoprocessodegesto,vinculandoseaoterritriosobrecontroledeumEstado,gruposocialouinstituio.Tratasedeumconjuntodeaesque temcomoobjetivoacriaoeocontroledaorganizaodoespaoedasformasespaciais,suasfunesedistribuioespacial,assimcomodedeterminadosprocessos,comoconcentraoedispersoespacial.

    Agestodo territrioconstituiumpoderosomeiopara,atravsdaorganizaodoespao,viabilizaraexistnciaeareproduodoconjuntodasociedade.Poroutrolado,possuiumahistoricidadequesetraduzemagentessociaiseprticasespaciaisdistintas,historicamentevariveis.Nessesentido,afirmaseque,nassociedadesdeclasse,agestodoterritrioummeioatravsdoqualsoviabilizadasacriaoeamanutenodediferenaseconmicasesociais.

    Tratasedeumagestodasdiferenas territoriais (Correa,1996.p.23), sendoumaforma de controle da organizao espacial visando garantir condies de produo e reproduodiferenciadasdoespaoparaqueoprocessodeacumulaoserealizeemantenhaareproduodosdiferentesgrupos sociais. Soas corporaesmultifacetadase commltiplas localizaesque,nafaseatualdocapitalismo,atuamemamplosterritriosporelascontrolados,destemodogarantindoeficientementeaacumulaocapita