42 | junho 2011

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[4] [8] [12] A privatização da RTP voltou a ganhar destaque na agenda política nos últimos tempos. Nesta edição, propomos-te que tomes conhecimento dos vários argumentos e das várias posições para esclareceres a dúvida: afinal, deve a RTP ser privatizada ou manter-se sob tutela pública? [18] A Juventude Popular da Maia realizou mais uma tertúlia na sua sede. Desta vez, falou-se dos “Desafios da nova Legislatura”, com o deputado do CDS-PP eleito pelo Porto, João Pinho de Almeida. Há pouco mais de dois anos, fechou um ciclo de 16 anos de militância na JP. Hoje, é deputado à Assembleia da República, membro da Comissão Executiva do CDS e promete dar muito que falar no futuro. No dia 5 de Junho, os portugueses foram chamados às urnas para escolher a nova composição do Parlamento português, dando legitimidade a PSD e CDS-PP para governar. Fica a saber tudo sobre o dia em que Portugal mudou de vida.

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O Jovem, jornal oficial da Juventude Popular da Maia. www.jpmaia.com

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Page 1: 42 | Junho 2011

[4] [8] [12]

A privatização da RTP voltou a ganhar destaque na agenda política nos

últimos tempos. Nesta edição, propomos-te que tomes conhecimento dos

vários argumentos e das várias posições para esclareceres a dúvida: afinal,

deve a RTP ser privatizada ou manter-se sob tutela pública?

[18]

A Juventude Popular da Maia realizou mais uma tertúlia na sua sede. Desta vez, falou-se dos “Desafios da nova Legislatura”, com o deputado do CDS-PP eleito pelo Porto, João Pinho de Almeida.

Há pouco mais de dois anos, fechou um ciclo de 16 anos de militância na JP. Hoje, é deputado à Assembleia da República, membro da Comissão Executiva do CDS e promete dar muito que falar no futuro.

No dia 5 de Junho, os portugueses foram chamados às urnas para escolher a nova composição do Parlamento português, dando legitimidade a PSD e CDS-PP para governar. Fica a saber tudo sobre o dia em que Portugal mudou de vida.

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Se há coisa em que a esquerda é

reconhecidamente superior à direita, é

na capacidade de se reclamar guardiã da

virtude e exemplo impoluto de

moralidade. Uma das manifestações

mais tradicionais desse complexo de

superioridade é a crença de que as

preocupações existem apenas na

humildade e compaixão de uma pessoa

de esquerda, esquecendo que as

mesmas não exigem soluções emanadas

de um coração condescendente, mas

que as mesmas devem ser encontradas

por uma cabeça consciente.

O erro está, obviamente, na percepção

de que as preocupações em matéria

social devem estar sustentadas na

crença insofismável na capacidade de

um estado social que dá tudo – apesar

de ser um todo feito das partes de cada

um de nós – e não deve pedir nada em

troca – nem sequer um sentido de

racionalidade e eficácia produzidos por

uma efectiva justiça social. À esquerda,

acredita-se que qualquer visão diferente

da sua, configura, automaticamente,

um buraco negro cheio de nada.

A convicção esquerdista de que as

preocupações sociais são sua

propriedade, tem-se sedimentado

também por falta de comparência da

direita. Impotentes contra o mito atrás

descrito ou receosos das acusações

acéfalas de liberalismo com prefixo

dúbio e adjectivação que não se ficam e

tom agressivo e reprovador, muita

direita tem optado por não questionar o

“status quo” e copiar ou prosseguir as

más práticas que vêm sendo uma

realidade à sombra da asa protectora do

estado e que, à sua conta, a levam a

ficar cada vez mais depenada.

Foi por isso que, nessa matéria, o

manifesto eleitoral do CDS representou

uma lufada de ar fresco. O CDS optou

por desfazer a tradição de que a direita

não se preocupa com estas questões

dedicando uma parte substancial do seu

manifesto a esta matéria; e, finalmente,

fugiu das práticas incipientes do

costume, das certezas absolutas e dos

preconceitos inquestionáveis. As

palavras do nosso entrevistado nesta

edição, Adolfo Mesquita Nunes, servem

bem para resumir a visão do CDS sobre

as questões sociais: "o Estado só tem de

estar onde a sociedade não consegue e

não é a sociedade que só deve estar

onde o Estado não consegue".

Foi por isso que desagrado que

constatei que nem todos os

preconceitos foram atirados para trás

das costas. Na hora de o CDS se afirmar

como um partido de direita que dá

atenção à questão social, com ideias

diferentes, mais eficazes do ponto de

vista prático e económico, a opção

passou por embarcar nos mitos que a

esquerda usa, e proclamar o partido,

nesse tipo de matérias, à esquerda do

PSD. Perdeu-se uma boa oportunidade

para desfazer falsas convicções; mas o

essencial foi conseguido e, por isso, o

CDS está de parabéns.

PÁGINAS 3 E 4

PÁGINA 3

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PÁGINA 18

PÁGINA 26

EDITORIAL

Page 3: 42 | Junho 2011

No passado dia 18 de Junho, a

Juventude Popular reuniu os seus

conselheiros nacionais na cidade de

Leiria. Este Conselho Nacional foi

marcado comum fim muito específico

e especial, que passava pela marcação

do XVIII Congresso Nacional da

Juventude Popular, uma vez passado

o período eleitoral em que a estrutura

se envolveu empenhadamente em

todo o país e que não permitiu que a

reunião magna da Juventude Popular

ocorresse na altura mais desejável.

Desta forma, após discussão

relativamente ao regulamento do

Congresso

Congresso, o mesmo foi aprovado,

com algumas alterações relativa-

mente ao que habitualmente é

adoptado, por sugestão de um grupo

de militantes e aprovação da maioria

dos conselheiros nacionais. O mesmo

regulamento definiu que o Congresso

será realizado no fim-de-semana de

23 e 24 de Julho.

O local onde o Congresso será

realizado está ainda por definir pela

Comissão Organizadora, da qual

faz parte o Presidente da conce-

lhia da Juventude Popular da

Maia, Manuel Oliveira.

(Ao final de um mês a pensar nos

factos mais relevantes da política

maiata depois das tertúlias da JP Maia,

cheguei a esta conclusão.)

Lidador Por terras de

CONSELHO NACIONAL REÚNE EM LEIRIA

Page 4: 42 | Junho 2011

Dando sequência às tertúlias que vem

levando a cabo na sua sede concelhia,

a Juventude Popular da Maia voltou a

receber num evento de sua iniciativa o

deputado do CDS eleito pelo Porto e

antigo Presidente da Juventude

Popular, João Pinho de Almeida.

Desta vez, o tema, que não podia ser

mais pertinente. Numa noite de

temperatura amena, a discussão

sobre os “Desafios da Nova

Legislaturas” não podia ter sido,

também ela, mais agradável.

João Almeida começou por realçar o

carácter extraordinário da legislatura

que agora começa e os desafios que

ele propõe a quem vai ter uma

actividade parlamentar. Congra-

Congratulando-se pelo resultado das

ultimas eleições, e com o Governo

delas resultante, o orador destacou o

facto de as últimas legislativas terem

tulando-se pelo resultado das ultimas

eleições, e com o Governo delas

resultante, o orador destacou o facto

de as últimas legislativas terem

terminado com “o mito de que, em

Portugal, o futuro era da esquerda".

Determinado em cumprir aquele que

diz ser um dos principais papeis de

cada deputado, cumprir os

compromissos estabelecidos inter-

nacionalmente e ajudar a criar as

condições para a recuperação do país,

João Almeida entende que nesta

legislatura todos terão de ser capazes

de fazer de Portugal um exemplo à

escala europeia. "A Europa precisa de

um caso de sucesso”, disse

o deputado do CDS-PP.

Como um dos grandes desafios para

os próximos quatro anos, o entretanto

eleito Vice-Presidente do Grupo

“OS DESAFIOS DA NOVA LEGISLATURA”, COM JOÃO PINHO DE ALMEIDA

Como um dos grandes desafios para os

próximos quatro anos, o entretanto

eleito Vice-Presidente do Grupo

Parlamentar do CDS-PP referiu a

revisão constitucional, que deve ser

aproveitado para proceder às

alterações mais prementes.

Por fim, João almeida referiu ainda que

o poder de fiscalização do Parlamento

não se esgota no Governo. ”É essencial

os deputados estarem nas regiões e

nas autarquias", referiu o deputado que

tem por hábito cumprir essa função

com distinção, o que mais uma vez

ficou provado com a sua total

disponibilidade para participar em mais

um debate de interesse público da

Juventude Popular da Maia.

Page 5: 42 | Junho 2011
Page 6: 42 | Junho 2011

Ban Ki-moon foi reeleito para o cargo

de Secretário-geral das Nações

Unidas formalmente na reunião

do Conselho de Segurança de 17

de Junho e oficializado pela

“Resolução 1987” do Conselho de

Segurança tendo a eleição sido

unânime entre os membros de

Conselho e, consequentemente,

pela Assembleia Geral das Nações

Unidas. O segundo mandato só

começará dia 1 de Janeiro de 2012

e prolongar-se-á até ao final de

2016. O resultado da eleição era

antecipado pelo facto de se ter

confirmado que Ban Ki-moon seria

candidato único à corrida pelo lugar

que desempenhou nos últimos

4 anos e que foi reconhecido

pela unanimidade do apoio,

que até recebeu (não oficialmente,

da Coreia do Norte.

pela voz de Robert Gates, sempre

mostrou reticências a um ataque à

que até recebeu (não oficialmente,

da Coreia do Norte.

Nos EUA, e com o Presidente Obama

a garantir que será o candidato

Democrata à Presidência sem grandes

complicações, os media começam a

centrar-se na corrida Republicana para

apurar o candidato que, em

Novembro de 2012, confrontará

Obama na luta pela Casa Branca. Mas

a “silly season” começou mais cedo

nos EUA com o espectáculo ridículo

que são as prestações dos candidatos

republicanos ao cargo. Os candidatos

mais consensuais na corrida têm sido

muito fracos e o ridículo já chegou à

campanha. Com nomes como Rick

Santorum, Herman Cain, Tim

Pawlenty ou Michele Bachmann

(espera-se que Sarah Palin formalize a

campanha que está a fazer há meses),

nomes como Mitt Romney parecem

supra-sumos da política em

comparação. O GOP está

(espera-se que Sarah Palin formalize a

campanha que está a fazer há meses),

nomes como Mitt Romney parecem

supra-sumos da política em

comparação. O GOP está

decididamente “entregue aos bichos”.

Entre gaffes de Michele Bachmann e a

sua clínica que “cura” a

homossexualidade, o ridículo

Pawlenty ou Santorum a esforçarem-

se para parecerem “plain spoken”,

Sarah Palin e o seu espectáculo

ambulante num autocarro pela costa

este americana e Newt Gingrich a

recuperar de ter liquidado a sua

candidatura um dia depois de a lançar,

a coisa parece preta. Candidatos

libertários como Ron Paul ou Gary

Johnson obviamente não tem

hipótese da nomeação, mas são bons

para manter o debate honesto. Venha

alguém para a corrida levantar o nível,

por favor.

depois de os considerar culpados,

organizou uma queima do Corão, livro

Page 7: 42 | Junho 2011

alguém para a corrida levantar o nível,

por favor.

No dia 24 de Junho, em Nova Iorque,

o casamento entre pessoas do mesmo

sexo passou a ser legal. Num estado

como Nova Iorque, que se tornou o

oitavo nos EUA, nada de especial se

não fosse o facto de terem sido quatro

republicanos a fazerem passar a lei.

Nova Iorque, que é dos mais liberais

estados americanos, tem Governador

e Casa de Representantes demo-

cratas, mas um Senado republicano

onde, durante anos, esta lei foi

bloqueada. O novo Governador

Andrew Cuomo fez desta lei uma

bandeira eleitoral e jurou passa-la, e

com estes surpreendentes quatro

republicanos Cuomo cumpriu o que

prometeu. Obviamente que grupos

conservadores por toda a América

enlouqueceram ao ver quatro

membros do seu partido assinarem

uma lei que a sua base rejeita por

conservadores por toda a América

enlouqueceram ao ver quatro membros

do seu partido assinarem uma lei que a

sua base rejeita por completo. Para

Nova Iorque, é um vitória.

Mais um escândalo sexual assola os

Democratas nos EUA. Anthony Weiner,

enérgico congressista por Nova Iorque,

foi obrigado a demitir-se ao final de

uma semana de negação, admissões e

tentativa de esconder um escândalo em

que, via Twitter, enviou fotos suas em

tronco nu e em boxers para mulheres

espalhadas pelo país. Este promissor

Democrata, que muitos tinham como

garantido ser eleito Mayor de Nova

Iorque em 2013, foi obrigado a demitir-

se no meio de ataques dos media que o

massacraram durante uma semana e

que, por fim, o obrigou a sair em

desgraça do lugar que há dez anos

ocupava em Washington.

vitória para o AKP (que pertence, como

que, por fim, o obrigou a sair em

desgraça do lugar que há dez anos

ocupava em Washington.

Recep Tayyip Erdoğan ganhou pela

terceira vez a corrida para ser

Primeiro-Ministro turco. Por quatro

deputados não conseguiu conquistar

os mandatos suficientes para poder

convocar um referendo para reformas

constitucionais sem precisar de outros

partidos. Com aqueles quatro

mandatos extra, poderia fazer as

reformas suficientes para conseguir,

finalmente, garantir o cumprimentos

dos critérios de Copenhaga e entrar na

União Europeia. Foi uma grande vitória

para o AKP (que pertence, como

observador, a família do PPE) mas por

pouco teria consequências históricas.

Page 8: 42 | Junho 2011

As eleições Legislativas do passado

dia 5 de Junho tiveram um carácter

decisivo e atingiram uma importância

há muito não vista. Após seis anos de

governação socialista, personificada

em José Socrates, numa altura em que

Portugal se aproxima de um sério

risco de cair numa situação de penúria

nunca vista e com compromissos

internacionais extremamente exi-

gente a cumprir no curto prazo, os

portugueses que exerceram o seu

direito de voto decidiram entregar a

sua confiança maioritariamente aos

partidos da direita.

O PSD foi, assim, o grande vencedor

da noite. Apesar de não ter

sua confiança maioritariamente aos

partidos da direita.

O PSD foi, assim, o grande vencedor

da noite. Apesar de não ter

conseguido chegar à maioria absoluta

que muitas vezes pediu, Pedro Passos

Coelho conseguiu recolocar os sociais-

democratas no rumo do poder, depois

de uma travessia no deserto onde

vários líderes foram “triturados” por

um clima de constante instabilidade e

crispação interna. Relativamente a

2009, o PSD subiu quase dez pontos

percentuais, obteve mais 500 mil

votos e aumentou a sua bancada

parlamentar em 27 deputados,

contando agora com um total de 108.

Perante a insuficiencia do partido

mais votado para formar uma maioria

parlamentar sólida, o seu parceiro de

coligação mais natural foi chamado a

actuar, no rumo de se firmar mais um

compromisso de governo à direita. O

CDS, manteve nestas eleições a sua

parlamentar sólida, o seu parceiro de

coligação mais natural foi chamado a

actuar, no rumo de se firmar mais um

compromisso de governo à direita. O

CDS, manteve nestas eleições a sua

confortável tendência de subida que

se verifica desde 2009 e, contrariando

o que habitualmente acontece,

conseguiu subir em número de votos e

de mandatos ao mesmo tempo que o

PSD também subiu, mesmo

enfrentando um apelo tão forte ao

voto útil. Feitas as contas, o CDS

conseguiu obter mais 60 mil votos do

que em 2009, o que se traduziu na

eleição de 24 deputados, mais três do

que nas últimas Legislativas. Se

tivermos em conta que, em 2002, da

última vez em que ambos os partidos

se coligaram, o CDS elegeu 14

deputados e obteve cerca de 9% dos

votos, o partido obteve um notável

aumento da sua expressão eleitoral e

parlamentar.

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Se coligaram, o CDS elegeu 14

deputados e obteve cerca de 9% dos

votos, o partido obteve um notável

aumento da sua expressão eleitoral e

parlamentar.

À esquerda, o sentimento de derrota

foi transversal. Apesar de tudo,

fazendo uso da fidelidade do seu

eleitorado tradicional, a CDU foi a

força política que mais incólume

passou por estas eleições. Apesar de,

em termos absolutos, ter tido menos

votos do que nas Legislativas de 2009,

os comunistas aumentaram a sua

percentagem eleitora e conseguiram

mesmo eleger mais um deputado,

reforçando o seu grupo parlamentar

que agora conta com 16 eleitos.

Mas o grande derrotado da noite foi o

Bloco de Esquerda. Depois da

estraórdinária subida que obteve em

2009, altura em que dobrou o seu

número de deputados, o partido

liderado por Francisco Louçã parece

ter passado de moda e, apenas um

ano e meio depois, voltou à forma

inicial, perdendo metade dos seus

deputados, entre os quais o seu líder

parlamentar e cabeça-de-lista por

Coimbra, José Manuel Pureza. O

número de votos no Bloco passou

também para quase metade, o que

levou o partido a ficar reduzido a

quinta força política no panorama

nacional. Este resultado abre a porta a

grandes especulações relativamente

ao futuro (ou falta dele) do Bloco de

Esquerda.

Finalmente, o Partido Socialista. Com

uma derrota que, mais do que

merecida, estava anunciada, José

Sócrates assumiu a figura de grande

perdedor da noite e, sem glória, fez o

seu discurso de despedida e demitiu-

se da liderança dos socialistas. O PS

obteve o seu pior resultado em

Eleições Legislativas dos últimos 20

perdedor da noite e, sem glória, fez o

seu discurso de despedida e demitiu-

se da liderança dos socialistas. O PS

obteve o seu pior resultado em

Eleições Legislativas dos últimos 20

anos, conseguindo pouco mais de

28% dos votos. O novo ciclo que estas

eleições trouxeram para o país terá

também paralelo no PS, que terá de

mudar de rumo na sua liderança,

numa escolha que se fará entre

Francisco Assis e António José

Seguro.

Embora não tenha reflectido os

resultados a nível nacional, o distrito

do Porto apresentou as tendências

expressas neste acto eleitoral no país.

O PSD registou a maior subida (10

pontos percentuais), aumentando o

seu número de deputados eleitos por

do Porto apresentou as tendências

expressas neste acto eleitoral no país.

O PSD registou a maior subida (10

pontos percentuais), aumentando o

seu número de deputados eleitos por

este círculo. Já o CDS conseuguiu

aproximar-se dos 100 mil votos,

consolidando os quatro deputados

eleitos em 2009 e ficando muito

próximo de eleger mais um.

O PS, que nas anteriores Legislativas

obtivera 41% dos votos, viu a sua

expressão eleitoral reduzida

drasticamente, perdendo mais de

uma centena de milhar de votos.

Ainda à esquerda, a CDU recuperou

alguns votos recolocando-se como

quarta força política no distrito, uma

vez que o Bloco de Esquerda não

evitou uma queda para quase metade

relativamente aos resultados de 2009,

tendo, inclusivamente, perdido um

deputado.

Com o regresso de PSD e CDS ao poder, a direita cumpre o sonho de Sá Carneiro: um Presidente, um

Governo e uma maioria.

Page 10: 42 | Junho 2011

Pedro Passos Coelho festejou o regresso do PSD ao Governo depois de uma vitória clara sobre o PS.

O CDS, liderado por Paulo Portas obteve uma subida em toda a

linha: mais votos e mais deputados, tantos quanto a CDU

e o BE juntos.

Depois da derrota, José Sócrates apresentou a demissão de secretário-geral do PS. Será substituido por Francisco Assis ou António José Seguro.

Jerónimo de Sousa conduziu a CDS a um resultado

tranquilo e na linha do que acontecera em 2009, fazendo

o grupo parlamentar crescer em mais um deputado.

O Bloco de Esquerda obteve uma derrota estrondosa, que conduziu o partido a ver a sua bancada parlamentar reduzida a metade. Apesar da contes-tação interna, Francisco Louçã não apresentou a demissão.

evitou uma queda para quase

metade relativamente aos

resultados de 2009, tendo,

inclusivamente, perdido um

deputado.

O concelho da Maia acompanhou

as tendêcias globais das eleições

do passado dia 5 de Junho. O

facto mais marcante terá sido

o facto de o PSD ter ficado

em primeiro lugar com cerca

de 39% dos votos. O facto torna-se

curioso uma vez que, se é verdade

que, em eleições autárquicas, os

larajas obtém tradicionalmente

grandes resultados, no que diz

respeito a eleições de carácter

nacional,o concelho “pinta-se”

normalmente de cor-de-rosa. Desta

vez, os socialistas não foram

além dos 30%, averbando uma

pesada derrota.

Relativamente aos partidos mais

pequenos, verificou-se também

uma semelhança com os

resultados eleitorais a nível

nacional: o CDS subiu para terceira

força, com uma contundente subida

em toda a linha (ler na página

seguinte o depoimento do

Presidente do CDS-PP

Maia, José Eduardo Azevedo,

sobre os resultados do partido

no concelho); a CDU registou

uma ligeira subida, mantendo-se

na casa dos 5%; o Bloco de

Esquerda viu a sua votação encolher

de cerca de 11% para apenas

6%, tendo, com isto, descido

para a posição de quarta força

dominante no concelho em

eleições Legislativas.

eleitorais: o CDS subiu para terceira

força, com uma subida em toda a

linha (ler quadro ao lado); a CDU

registou uma ligeira subida,

mantendo-se na casa dos 5%; o

Page 11: 42 | Junho 2011

Esta é a primeira vez que me

pronuncio publicamente acerca dos

resultados eleitorais das últimas

legislativas. É, no entanto, com muita

honra e prazer que o faço aqui neste

espaço de opinião e informação de

reconhecida qualidade e de carácter

único no âmbito das organizações de

juventude partidária.

No entanto, apenas comentarei os

números relativos ao concelho e ao

distrito, deixando para uma próxima

oportunidade, uma outra reflexão

sobre os resultados Nacionais.

Entendo que a melhor forma de

comentar e interpretar o resultado do

CDS no concelho da Maia é fazendo

uma análise objectiva dos números.

Os números, caros amigos, são claros!

O CDS atingiu em 2011, no concelho

da Maia, 10,62% dos votos. Mais

1,62% do que em 2009.

No concelho da Maia o CDS cresceu

em números de votos. Mais 1.314 que

em 2009.

O CDS subiu, quer em percentagem

quer em número de votos, em todas

as freguesias do concelho da Maia.

O CDS ultrapassou o BE, passando a

ser a terceira força partidária no

Concelho da Maia.

O resultado do CDS na Maia foi o

quarto melhor do distrito, sendo

apenas superado por Póvoa do

Varzim, Porto e Matosinhos. Em

percentagem, apenas os concelhos do

O resultado do CDS na Maia foi o

quarto melhor do distrito, sendo

apenas superado por Póvoa do

Varzim, Porto e Matosinhos. Em

percentagem, apenas os concelhos do

Porto e Matosinhos apresentaram

uma subida superior à da Maia.

Objectivamente, temos de reconhecer

que o CDS teve na Maia um bom

resultado. Não sendo um resultado

com motivos para euforias, foi um

resultado que, na opinião de muitos,

foi superior às expectativas. Não às

minhas, porque sempre acreditei que

o trabalho desenvolvido pela

Comissão Politica Concelhia do CDS

Maia e pela JP Maia iria produzir

resultados.

O facto de o CDS ter subido, no

concelho da Maia, em percentagem e

em número de votos, significa, na

minha muito modesta opinião, que o

trabalho desenvolvido pelas

estruturas locais permitiu que a

população Maiata conhecesse e se

revisse nos principais desígnios,

ideias, orientações e linhas

programáticas do CDS. O resultado

eleitoral no concelho da Maia é um

sinal inequívoco que a mensagem

passou.

Também o facto de o efeito do

chamado “voto útil” não se ter

sentido no concelho é também sinal

que a população estava e está

devidamente esclarecida. O que, mais

Também o facto de o efeito do

chamado “voto útil” não se ter

sentido no concelho é também sinal

que a população estava e está

devidamente esclarecida. O que, mais

uma vez, entendo ser resultado de um

contacto muito próximo com a

população exaustivamente realizado

pelas estruturas locais do CDS.

Por outro lado, o CDS é, neste

momento, a terceira força politica do

concelho. Para alguns este facto

parece insignificante, pois não deixa

de continuar a ser “apenas” a terceira

força politica. No entanto, o peso

institucional e partidário da Comissão

Politica e Concelhia ganha outro

fôlego. Só quem representa ou

representou o partido em estruturas

locais, consegue compreender e sentir

a importância de tal facto.

Por último, fico também muito

satisfeito por verificar que o CDS teve

na Maia um dos melhores resultados

do Distrito. Este facto vem, em meu

entender, provar que não é apenas o

trabalho realizado em período de

campanha eleitoral que produz

resultados. Como se pode verificar no

concelho da Maia existiram

pouquíssimas acções de campanha,

tendo inclusive a visita do Dr. Paulo

Portas passado despercebida à

população Maiata.

Contudo, a Comissão Politica

Concelhia da Maia orgulha-se de ter

cumprido escrupulosamente o que lhe

havia sido solicitado. Uma campanha

sóbria, austera, sem grande aparato

ou festejos, tudo porque a situação do

país não se coaduna com esse tipo de

comportamentos.

O que interessa, efectivamente, é o

resultado. E esse está à vista e sujeito

à apreciação e julgamento de todos.

José Eduardo Azevedo

«Fico muito satisfeito por

verificar que o CDS teve na

Maia um dos melhores

resultados do Distrito.»

Presidente do CDS-PP Maia

Page 12: 42 | Junho 2011
Page 13: 42 | Junho 2011

Há pouco mais de dois anos,

o então Presidente da Mesa

do Conselho Nacional da JP

fechava um ciclo de 16 anos

na estrutura juvenil do CDS.

Hoje, é deputado à

Assembleia da República,

membro da Comissão

Executiva do CDS e promete

dar muito que falar no futuro.

O FUTURO PASSA POR AQUI

«Fico muito satisfeito por

verificar que o CDS teve na

Maia um dos melhores

resultados do Distrito.»

Page 14: 42 | Junho 2011

Despediste-te da militância na JP no

seu último congresso. No último

congresso do CDS foste eleito para a

Comissão Executiva do partido e

agora assumes o teu lugar como

deputado. Após dois anos, em que

muita coisa mudou, que diferenças

existem entre estes dois “Adolfos”? Com excepção dos cabelos brancos,

espero que pouca coisa tenha

mudado. Sempre me assustou a

possibilidade de a idade me fazer

perder a galhardia, a capacidade de

trabalho e o sentido de humor, que

são as minhas armas para combater o

modelo socialista que tanto impede

Portugal de crescer. Lutarei para que

isso não aconteça. E espero

sinceramente que a Juventude

Popular, onde vivi algumas das

melhores experiências da minha vida,

me ajude e incentive a manter essas

armas sempre prontas! Uma das novidades da última noite

eleitoral foi a tua eleição para a

Assembleia da República. Quando é

que a perspectiva de te tornares

deputado começou a tornar-se

realidade para ti? Fosse por optimismo, que tenho para

dar e vender, ou fosse por convicção,

que também tenho de sobra, acreditei

na eleição desde que aceitei o convite.

Mas nem por isso me imaginei

realidade para ti? Fosse por optimismo, que tenho para

dar e vender, ou fosse por convicção,

que também tenho de sobra, acreditei

na eleição desde que aceitei o convite.

Mas nem por isso me imaginei

deputado a partir daí, razão pela qual

tentei participar na campanha

eleitoral como se a minha eleição dela

dependesse. A propósito da posição elegível que

ocupavas nas listas, houve quem

considerasse que esse era um sinal

de alguma descaracterização

ideológica do CDS uma vez que te

afastas da posição do CDS quanto a

algumas matérias como o aborto ou

o casamento entre pessoas do

mesmo sexo. O que pensas disso? A caracterização ideológica do CDS

não é fixada centralmente. Ela

corresponde à mescla de todos

aqueles que militam (e, já agora,

daqueles que votam) no CDS e será o

resultado dessa mesma mescla. Não

me parece, quanto aos temas que

referes, que o CDS, no seu conjunto

de experiências e militâncias, esteja

na disposição de mudar de posição.

Nem eu estou sequer empenhado,

como sempre disse, em fazer o

partido mudar de posição nesses

temas. Por isso não antevejo qualquer

descaracterização ideológica do CDS

na disposição de mudar de posição. Nem

eu estou sequer empenhado, como

sempre disse, em fazer o partido mudar

de posição nesses temas. Por isso não

antevejo qualquer descaracterização

ideológica do CDS a este respeito, se é

que esse termo está correcto. Ressalvado esse aspecto, e respeitando

integralmente a legitimidade daqueles

que se manifestaram contra a minha

presença nas listas, gostaria de dizer que

o CDS só será um grande partido (e está

destinado a sê-lo, por ser a verdadeira

alternativa não socialista em Portugal) se

deixar de exigir aos militantes (e

consequentemente aos eleitores, que

são militantes em potência) que

concordem absolutamente com tudo

aquilo que o CDS diz e é. O CDS deve,

isso sim, apostar na reunião de todos

aqueles que não acreditam no socialismo

como modelo de desenvolvimento. É

com esses que pode fazer-se a ruptura

necessária para assegurar o desen-

volvimento de Portugal. E acredita que

eu estarei na linha da frente, como

sempre estive, no combate ao

socialismo. E por isso o CDS é o partido

em que quero estar, e pelo qual e no

qual, luto há mais de 16 anos.

Que análise global fazes dos

resultados das últimas Legislativas?

O CDS chegou a estas eleições

embalado por um ciclo de sucesso

iniciado nas Legislativas de 2009 e

por sondagens e declarações que

elevaram as expectativas eleitorais

em torno do partido. Face às

expectativas criadas, parece-te que

o resultado do CDS ficou aquém do

esperado? O resultado das últimas eleições

legislativas correspondeu, mais coisa

menos coisa, à minha previsão:

crescimento sustentado, urbano e

jovem do partido, num contexto de

intenso e convincente apelo ao voto

útil e de generalizado desejo de

impedir José Sócrates de ser reeleito.

Nesse contexto, foi um extraordinário

resultado, que nos oferece vários

“ O CDS só será um grande

partido se deixar de exigir aos

militantes que concordem

absolutamente com tudo aquilo

que o CDS diz e é, reunindo,

isso sim, todos aqueles que não

acreditam no socialismo como

modelo de desenvolvimento.

Page 15: 42 | Junho 2011

jovem do partido, num contexto de

intenso e convincente apelo ao voto

útil e de generalizado desejo de

impedir José Sócrates de ser reeleito.

Nesse contexto, foi um extraordinário

resultado, que nos oferece vários

motivos de esperança: o CDS é o

único partido a crescer desde 2005,

com fidelização do seu eleitorado e

com extraordinário crescimento nos

mais jovens. Agora que já conheces os cantos à

casa, que papel esperas vir a ter no

Parlamento durante a Legislatura

que agora começa? Esta é uma Legislatura muito especial.

A minha prioridade está, por isso, e

neste momento, em oferecer todo o

empenho e trabalho tendente ao

cumprimento dos compromissos

internacionais assumidos pelo Estado

Português sem com isso descurar,

antes pelo contrário, a necessidade de

oferecer esse mesmo empenho e

trabalho à consagração de um novo

modelo de desenvolvimento e

crescimento que substitua o modelo

socialista que nos tem governado.

Temos socialismo a mais e

crescimento a menos: é hora de

termos mais crescimento e menos

socialismo. Como analisas o trabalho feito nos

últimos anos pelo grupo

parlamentar que agora vais

integrar? O crescimento eleitoral do CDS nestas

eleições, no contexto que descrevi

anteriormente, teria sido impossível

sem o trabalho empenhado do nosso

Grupo Parlamentar. O insistente e

convincente apelo ao voto útil teria

tido mais eco se o eleitorado não

estivesse tão ciente, como está, de

que o CDS fez a melhor e mais

construtiva oposição ao socialismo

que nos governa, mais coisa menos

coisa, há 15 anos. Desse grupo parlamentar faz parte o

Page 16: 42 | Junho 2011

afirmação da única alternativa ver-

dadeiramente não socialista em

Portugal. Tendo em conta essa coligação

governamental, não temes que o

papel do grupo parlamentar do CDS

perca importância e se torne tão

discreto que passe a ser indiferente? É evidente que a imagem do CDS será

contaminada pelo sucesso ou insucesso

do Governo, mas para a esmagadora

maioria da população a imagem CDS

que é primeiramente formada depende

do desempenho parlamentar do CDS.

São os deputados que diariamente, e de

forma mais directa e partidária,

transmitem a imagem do partido.

Penso que no CDS estamos todos

cientes disto pelo que não há nada a

temer. Que comentário te merece o novo

Governo, em particular os ministros

emanados do interior do CDS? A arte de governar é tão complexa e

interfere com realidades tão próprias

que sou daqueles que considera que um

governante só se prova a si próprio no

momento de governar. Mas isso não

significa que, olhando para Paulo

Portas, Assunção Cristas e Pedro Mota

Soares, não sinta um enorme orgulho

no contributo do CDS para este

governo. À partida, está lá tudo:

compromisso, trabalho, inteligência,

seriedade e, sobretudo, uma visão não

socialista do futuro. Não podia querer

melhor. Proponho-te que dês aos nossos

leitores uma resposta resumida a uma

pergunta que conheces bem: se o

socialismo é tão bom, porque é que

esta geração está à rasca? Essa pergunta parte do pressuposto,

correcto (ou não tivesse sido feita por

mim…), de que o modelo de

desenvolvimento que temos seguido é

um modelo socialista. Partindo desse

pressuposto, torna-se fácil explicar por

que razão esta geração está à rasca.

Governo, em particular os ministros

emanados do interior do CDS? A arte de governar é tão complexa e

interfere com realidades tão próprias que

sou daqueles que considera que um

governante só se prova a si próprio no

momento de governar. Mas isso não

significa que, olhando para Paulo Portas,

Assunção Cristas e Pedro Mota Soares,

não sinta um enorme orgulho no

contributo do CDS para este governo. À

partida, está lá tudo: compromisso,

trabalho, inteligência, seriedade e,

sobretudo, uma visão não socialista do

futuro. Não podia querer melhor. Proponho-te que dês aos nossos

leitores uma resposta resumida a uma

pergunta que conheces bem: se o

socialismo é tão bom, porque é que

esta geração está à rasca? Essa pergunta parte do pressuposto,

correcto (ou não tivesse sido feita por

mim…), de que o modelo de

desenvolvimento que temos seguido é

um modelo socialista. Partindo desse

pressuposto, torna-se fácil explicar por

que razão esta geração está à rasca. Mas

o nosso verdadeiro desafio começa

antes. É que a esmagadora maioria dessa

geração não parte desse pressuposto e

continua a negar que o actual modelo é

um modelo socialista, talvez porque

acredite que o socialismo não pode

falhar. Só depois de evidenciarmos, de

facto, que foi o socialismo que nos trouxe

aqui é que poderemos ter essa geração a

responder a essa pergunta. Que soluções pode um jovem esperar

do CDS e, em particular, do deputado

Adolfo Mesquita Nunes, para resolver

os problemas que o socialismo criou à

sua geração? Respondo por mim. Não me

comprometo a encontrar soluções para

os problemas de cada um dos jovens.

Comprometo-me, isso sim, e de forma

muito firme e empenhada, a tentar

eliminar todas as barreiras estaduais que

impedem os jovens de encontrarem

essas soluções e fazerem o seu caminho.

construtiva oposição ao socialismo

que nos governa, mais coisa menos

coisa, há 15 anos. Desse grupo parlamentar faz parte o

Presidente da Juventude Popular,

Michael Seufert. Parece-te que tem

estado à altura dos desafios

inerentes à função e que tem sido

um bom transmissor dos problemas

dos jovens? O crescimento eleitoral do CDS nos

mais jovens é uma boa resposta a essa

questão, parece-me, embora

desconfie um pouco dessa

compartimentação entre problemas

dos jovens e problemas dos menos

jovens, uma vez que o modelo

socialista de desenvolvimento cria

problemas a todos. A superação desse

modelo será a melhor forma de ajudar

o país, e também os jovens, e não

conheço, nesse sentido, deputado

mais empenhado que o Micha. Nove anos depois, o CDS volta ao

Governo. Que papel será o partido

chamado a assumir no mesmo, uma

vez que, em comparação com o que

aconteceu em 2002, a relação de

forças com o PSD lhe é, agora, mais

favorável? O aumento do peso do CDS na

relação de forças com o PSD é muito

importante, num primeiro momento,

para definir e influenciar o Programa

de Governo e, nesse sentido, marcar a

capacidade de o CDS poder cumprir

com aquilo a que se comprometeu.

Mas um Governo de coligação que

dependa permanentemente da

relação de forças para gerir o dia-a-dia

da governação rapidamente se

esgotará e prestará um mau serviço

ao país. Por isso, qualquer que seja a

relação de forças, o papel do CDS será

sempre, do meu ponto de vista, o da

afirmação da única alternativa

verdadeiramente não socialista em

Portugal. Tendo em conta essa coligação

Page 17: 42 | Junho 2011

14 cm

“ Sinto um enorme orgulho no contributo do CDS para o governo. Está lá tudo: compro-

misso, trabalho, inteligência, seriedade e, sobretudo, uma visão não socialista do futuro.

Um país: Israel

Uma cidade: Tel Aviv

Uma viagem: Está por fazer, mas um dia será feita: Antártida

Um livro: Sangue Sábio, de Flannery O'Connor. E se puder dizer outro, O Nó do Problema, de Graham Greene

Um filme: Sunset Boulevard, de Billy Wilder

Uma música: Send in the Clowns, de Stephen Sondheim

Um político: Margaret Thatcher

Uma bebida: Limonada

Uma qualidade: Estar bem a par dos meus defeitos

Um defeito: Não dar grande uso à qualidade acima descrita

“ Perfil Adolfo Mesquita Nunes, 33 anos. Lisboeta de gema mas beirão por

adopção. Advogado, mestre em direito público. Pouco dado aos números,

é pela economia política que gosta de navegar. Diz-se bem-humorado.

Gostava de saber falar hebraico mas tem preguiça de perder os fins-de-

semana a aprendê-lo. Foi militante da Juventude Popular desde os 16 anos

mas só apresentou ficha de filiação no CDS no dia em que Manuel

Monteiro, em conferência de imprensa, apresentou a sua demissão.

Que soluções pode um jovem esperar

do CDS e de ti para resolver os

problemas que o socialismo criou à sua

geração? Respondo por mim. Não me com-

prometo a encontrar soluções para os

problemas de cada um dos jovens.

Comprometo-me, isso sim, e de forma

muito firme e empenhada, a tentar

eliminar todas as barreiras estaduais que

impedem os jovens de encontrarem

essas soluções e fazerem o seu caminho.

Se quiserem dar de si, contem

incondicionalmente comigo para isso. Se

quiserem alguém que vos ofereça

soluções mágicas, é melhor procurarem

outro deputado. Que mensagem deixas para os leitores

d’O Jovem? A importância e qualidade da nossa

actividade partidária e política é

proporcional à bagagem académica,

profissional e pessoal que soubermos ter.

Sem essa bagagem a política quase que

se transforma numa actividade lúdica ou

viciosa, que pouco ou nada traz de útil.

Se querem, de facto, dar o vosso

contributo para mudar o país, não

descurem nunca, nem secundarizem,

essa bagagem.

soluções mágicas, é melhor procurarem

outro deputado. Que mensagem deixas para os leitores

d’O Jovem? A importância e qualidade da nossa

actividade partidária e política é

proporcional à bagagem académica,

profissional e pessoal que temos. Sem

essa bagagem a política quase se

transforma numa actividade lúdica ou

viciosa, que pouco ou nada traz de útil.

contributo para mudar o país, não descu-

rem nunca, nem secundarizem, essa

bagagem.

mim…), de que o modelo de

desenvolvimento que temos seguido é

um modelo socialista. Partindo desse

pressuposto, torna-se fácil explicar por

que razão esta geração está à rasca. Mas

o nosso verdadeiro desafio começa

antes. É que a esmagadora maioria dessa

geração não parte desse pressuposto e

continua a negar que o actual modelo é

um modelo socialista, talvez porque

acredite que o socialismo não pode

falhar. Só depois de evidenciarmos, de

facto, que foi o socialismo que nos trouxe

aqui é que poderemos ter essa geração a

responder a essa pergunta. Que soluções pode um jovem esperar

do CDS e, em particular, do deputado

Adolfo Mesquita Nunes, para resolver

os problemas que o socialismo criou à

sua geração? Respondo por mim. Não me

comprometo a encontrar soluções para

os problemas de cada um dos jovens.

Comprometo-me, isso sim, e de forma

muito firme e empenhada, a tentar

eliminar todas as barreiras estaduais que

impedem os jovens de encontrarem

essas soluções e fazerem o seu caminho.

Se quiserem dar de si, contem

incondicionalmente comigo para isso. Se

quiserem alguém que vos ofereça

soluções mágicas, é melhor procurarem

outro deputado. Que mensagem deixas para os leitores

d’O Jovem? A importância e qualidade da nossa

actividade partidária e política é

proporcional à bagagem académica,

profissional e pessoal que soubermos ter.

Sem essa bagagem a política quase que

se transforma numa actividade lúdica ou

viciosa, que pouco ou nada traz de útil.

Page 18: 42 | Junho 2011

O tema da privatização da RTP voltou à agenda mediática

aquando da preparação do novo governo. Segundo informações

avançadas por vários orgãos de comunicação social, uma das

divergências entre os partidos da nova maioria situava-se no facto

de o PSD querer privatizar o canal público, enquanto que o CDS

parecia mais disposto a não o fazer. Mesmo dentro de ambos os

partidos, a questão parece não ser consensual, existindo várias

sensibilidades dentro de cada um deles.

Com o intuito de ajudar os nossos leitores a perceber alguns dos

prós e contras de ambas as opções, convidamos Rafael Borges e

Luís Rocha, respectivamente contra e a favor da privatização, para

exporem os seus argumentos.

O que fazer

à RTP?

Afinal, deve a RTP ser

privatizada ou manter-se sob

tutela pública?

Page 19: 42 | Junho 2011

Julgo que nos habituámos, desde

cedo e desde sempre, a ter uma

dimensão privada de riqueza e uma

dimensão pública. Em público,

repetimos o que ouvimos dizer sobre

não ter o suficiente. Em privado, não

abdicamos de mariscadas ao

Domingo e de oferecer carros aos

filhos. Nos países do Norte da Europa,

eles tipicamente não têm empregada,

não costumam comer fora, nem têm o

hábito de oferecer carros aos filhos.

Nós estamos tão habituados a isso

que não nos passa pela cabeça que a

Julgo que nos habituámos, desde

cedo e desde sempre, a ter uma

dimensão privada de riqueza e uma

dimensão pública. Em público,

repetimos o que ouvimos dizer sobre

não ter o suficiente. Em privado, não

abdicamos de mariscadas ao

Domingo e de oferecer carros aos

filhos. Nos países do Norte da Europa,

eles tipicamente não têm empregada,

não costumam comer fora, nem têm o

hábito de oferecer carros aos filhos.

Nós estamos tão habituados a isso

que não nos passa pela cabeça que a

Page 20: 42 | Junho 2011

Interesse nacional

«A privatização da RTP não é uma

questão ideológica. É um problema de

efectivo interesse nacional.»

Sou tão de Direita quanto é possível

sê-lo: patriota no mundo exterior a

nós, conservador na sociedade e

liberal na economia. E por essa

ordem. Não me digo democrata-

cristão porque acho o conceito

demasiado ambíguo. É que,

normalmente, não me deixo

convencer por ideologias que vão da

esquerda (como na América Latina) à

direita (como na Alemanha) do

espectro político. Portanto, pelo

menos para mim, a questão da RTP

não é uma questão ideológica. Não é

um problema de falta de liberalismo

económico. O problema é outro: de

efectivo interesse nacional.

Sou contra a privatização da RTP, e

sou-o frontalmente. Sem rodeios,

sem vergonhas e sem medo de

incoerências, porque não as há. E isso

por uma razão que escapa, mais do

Sou contra a privatização da RTP, e

sou-o frontalmente. Sem rodeios,

sem vergonhas e sem medo de

incoerências, porque não as há. E isso

por uma razão que escapa, mais do

que seria aconselhável, aos policy-

makers portugueses: primazia do

interesse nacional sobre todos os

outros e, acima de tudo, sentido de

Estado. É que, desenganem-se os

leitores, as necessidades estratégicas

de Portugal e a sua relevância para o

nosso futuro colectivo são bem mais

importantes do que as coerências

políticas e doutrinárias que, cuja

importância, goste-se ou não, se

relativiza com as circunstâncias.

Se confio no Estado para liderar uma

empresa de comunicação social? De

maneira nenhuma. Não confio no

Estado para liderar empresas de

transportes, quanto mais empresas de

comunicação social. No entanto, não

é só isso que importa. Note-se isto:

Portugal é muito, muito mais, do que

os mercados, e o facto é que da RTP,

e, muito em especial, da RTP África,

comunicação social. No entanto, não

é só isso que importa. Note-se isto:

Portugal é muito, muito mais, do que

os mercados, e o facto é que da RTP,

e, muito em especial, da RTP África,

depende boa parte da nossa

diplomacia com o ex-Ultramar. Onde,

muitas vezes, não chega um MNE

demasiado ocupado e preocupado

com a Europa, chega sempre a RTP. É

ela que não deixa o espaço euro-afro-

atlântico português diluir-se e perder

o seu sentido de comunhão e de

História comum. E fá-lo todos os dias

do ano, independentemente do

tempo e das crises europeias que

distraem a diplomacia portuguesa.

Há, de facto, que compreender que,

presentemente – e desde a sua

fundação – a CPLP é uma organização

fantasma, incapaz de gerar entre os

seus estados-membros e, mais

importante que isso, entre as

populações dos seus estados-

membros qualquer tipo de

sentimento de proximidade. Assim

sendo, o mais próximo de um

Page 21: 42 | Junho 2011

importante que isso, entre as

populações dos seus estados-

membros qualquer tipo de sentimento

de proximidade. Assim sendo, o mais

próximo de um guardião do legado de

500 anos de projecto nacional

ultramarino - isso no tempo em que

tínhamos um desígnio nacional -, é,

precisamente, a RTP. E isso, essa

preocupação constante com a defesa

da História, traz vantagens: para além

da possibilidade de avançarmos,

futuramente, para a criação de uma

organização de cariz político e

económico com esses países,

proximidade cultural significa

proximidade política, e proximidade

política significa proximidade

económica. Também aí, no que toca à

captação de investimentos

estrangeiros cá e de investimentos

portugueses lá, uma RTP pública, nas

mãos do Estado e com uma

programação que assegure a

manutenção de um espaço cultural

português, pode ser-nos muito útil.

Mas há mais: com o mercado

publicitário em queda acentuada

desde meados de 2000, mais um canal

generalista poderá ter efeitos

perniciosos sobre ele. De facto, e nem

é necessário lembrar que estamos

num período de recessão económica,

mais canais generalistas levarão,

seguramente, a uma queda dos preços

de publicidade que não afectará

apenas as televisões, mas também as

rádios nacionais e locais que, se agora

enfrentam enormes dificuldades,

passarão, em muitos casos, a

enfrentar, e bem de perto, o fantasma

da falência. É esse o corolário natural

da irresponsabilidade: um grave

acréscimo de dificuldades para

privados para, em troca, se

conseguirem poupanças pouco

significativas para o Estado.

Em último lugar (e por essa ordem de

importância), aparece o problema da

privados para, em troca, se

conseguirem poupanças pouco

significativas para o Estado.

Em último lugar (e por essa ordem

de importância), aparece o problema

da inexistência de alternativa ao

estilo brejeiro e, vão perdoar-me a

expressão, absolutamente medíocre

das duas estações privadas. Não há

opção para um público que, não

sendo, certamente, maioritário em

Portugal, não merece ver-se

escorraçado ao ponto de ser deixado

sem nada para ver. É que, espantem-

se os mais elitistas, há quem

veja na RTP, e neste caso a

atenção vai para a RTP 2, a

única possibilidade de ver

televisão no domingo à noite sem

ter de levar com programas sobre as

aventuras africanas do Esquadrão

dos Inúteis ou sobre a gloriosa luta

de um grupo de indivíduos para

perderem metade do seu peso.

Por todas estas razões e mais

algumas, sou, por mais que me

custe, obrigado pela Razão e pela

consciência, a controlar o meu

impulso liberal no que toca à RTP. É

que, apesar de tudo, prefiro que o

Estado perca 13 milhões de euros

anualmente mas assegure uma

alternativa à programação

estupidificante da SIC e da TVI, evite

uma crise grave nos media que, sem

mercado que chegue para 2 estações

generalistas, dificilmente aguentará

sem problemas sérios uma terceira,

e que, acima de tudo, não se esqueça

da CPLP. Compreenda-se bem este

ponto: não é só a proximidade

política e cultural geradora de

investimentos que está em causa. É

também o nosso legado histórico, a

nossa obra-prima civilizacional, que

consubstanciado no mundo

português enquanto união cultural e,

principalmente, linguística, poderá

afirmar-se como o fermento de um

televisão no domingo à noite sem ter

de levar com programas sobre as

aventuras africanas do Esquadrão

dos Inúteis ou sobre a gloriosa luta

de um grupo de indivíduos para

perderem metade do seu peso.

Por todas estas razões e mais

algumas, sou, por mais que me

custe, obrigado pela Razão e pela

consciência, a controlar o meu

impulso liberal no que toca à RTP. É

que, apesar de tudo, prefiro que o

Estado perca 13 milhões de euros

anualmente mas assegure uma

alternativa à programação

estupidificante da SIC e da TVI, evite

uma crise grave nos media que, sem

mercado que chegue para 2

estações generalistas, dificilmente

aguentará sem problemas sérios

uma terceira, e que, acima de tudo,

não se esqueça da CPLP.

Compreenda-se bem este ponto:

não é só a proximidade política e

cultural geradora de investimentos

que está em causa. É também o

nosso legado histórico, a nossa

obra-prima civilizacional, que

consubstanciado nomundo

português enquanto união cultural

e, principalmente, linguística,

poderá afirmar-se como o fermento

de um novo projecto nacional extra-

europeu, virado para onde Portugal

se virou sempre que foi grande: o

mar, como fim e como meio. Para

isso, a coesão linguística, que

depende, em boa parte da RTP, será

determinante. E para isto, será

necessário olhar mais para aquilo

que é, verdadeiramente, interesse

nacional do que para aquilo que não

passa de um objectivo imediato sem

visão de futuro.

Page 22: 42 | Junho 2011

Uma questão de princípio

«Ou se define um rumo claro com vista a

uma efectiva mudança de paradigma e não

se sai dele, ou manteremos a "mesmice"

de sempre, sejam os decisores “socretinos”

ou não.»

Chamem-lhe fundamentalismo,

princípios, ideologia, o que

quiserem. Mas ou se define um rumo

claro com vista a uma efectiva

mudança de paradigma e não se sai

dele, ou manteremos a “mesmice”

de sempre, sejam os decisores

“socretinos” ou não. No caso da RTP,

o “fundamentalismo” é de princípio

e também financeiro.

Questão de princípio: o Estado não

deve ter qualquer posição na

comunicação social, ponto! Isto quer

dizer que deverá sair quanto antes

da RTP, da RDP e da Lusa. E sair

significa isso mesmo, desfazer-se de

tudo até à última acção e não vender

apenas um canal. Conceitos como

“serviço público”, “arquivos”, “canais

internacionais ou regionais”, não

passam de eufemismos para

tudo até à última acção e não vender

apenas um canal. Conceitos como

“serviço público”, “arquivos”, “canais

internacionais ou regionais”, não

passam de eufemismos para

justificar uma drenagem brutal de

recursos que dura há décadas e que

vai extorquindo o contribuinte de

todo o país em favor de uma clique

de pouco mais de 2.000 pessoas, por

sinal muito bem remunerada a todos

os níveis.

Questão financeira: a RTP vive há

longos anos do erário público (sendo

totalmente indiferente se o dinheiro

que recebe é via indemnizações

compensatórias ou via taxas de

audiovisual) e é imoral que seja, de

longe, a empresa pública que mais

dinheiro sugue aos contribuintes,

mais que os conhecidos e também

eternos sorvedouros da CP, da

Carris, do STCP ou dos Metros, mas

que prestam um efectivo serviço

social. Ou seja, se a RTP

mais que os conhecidos e também

eternos sorvedouros da CP, da

Carris, do STCP ou dos Metros, mas

que prestam um efectivo serviço

social. Ou seja, se a RTP

desaparecer, ninguém lhe sentirá

grandemente a falta; o mesmo não

se diga porém das empresas de

transporte público, cuja falta

coarctaria a mobilidade a milhares

de pessoas.

Mas vamos então aos números, para

testar as nossas contas. Em 2010, a

RTP, tendo embora apresentado um

resultado positivo de 15 milhões de

euros (vd. Relatório e Contas de

2010), custou aos contribuintes a

bonita soma de 334,4 milhões, assim

repartidos:

121 milhões de indemnizações

compensatórias;

109,6 milhões da famigerada

contribuição para o audiovisual,

incluída nos recibos da EDP;

120,3 milhões de dotação de

Page 23: 42 | Junho 2011

compensatórias;

109,6 milhões da famigerada

contribuição para o audiovisual,

incluída nos recibos da EDP;

120,3 milhões de dotação de

capital;

15,1 milhões de resultado positivo

e 1,4 milhões de impostos

pagos, que deduzem

marginalmente às centenas de

milhões supra referidas.

Foi um ano bom ou mau? Na óptica

do contribuinte, foi pior que a média

dos últimos 10 anos em que todos

nós pagámos anualmente qualquer

coisa como 324,6 milhões. É

totalmente irrelevante que a

empresa liberte “cash flow

operacional”, pois esse jamais será

superior aos subsídios e taxas de

audiovisual, que constituem 75% dos

seus proveitos operacionais. Mas

pior do que isso, a RTP é e tem sido

uma empresa que, em termos

económicos, destrói valor, com um

contributo para o PIB (valor

acrescentado) sistematicamente

negativo, à média anual de 100,8

milhões nos últimos 10 anos (87,7

milhões em 2010). Julgo ser

impossível encontrar em Portugal

pior exemplo de parasitismo e rent-

seeking.

O passivo da RTP é de facto

horrendo (932,8 milhões, quase o

triplo do seu “importante activo”) e

isso torna desaconselhável a sua

liquidação, pois o Estado teria de

cobrir quase 600 milhões de euros,

que é a quanto ascende o valor

negativo dos seus capitais próprios.

Mas não obsta à sua privatização,

com todos os ónus e encargos,

através de concurso público

internacional e com base de licitação

de… 1 Euro. Este valor ou superior,

Mas não obsta à sua privatização,

com todos os ónus e encargos,

através de concurso público

internacional e com base de licitação

de… 1 Euro. Este valor ou superior,

constitui um excelente negócio para

o Estado. E se Balsemão e Pais do

Amaral manifestam tamanha

preocupação é porque sabem que há

interessados…

Numa perspectiva política, é óbvio

que existe um racional por parte do

governo em não privatizar a RTP.

Não só abdicaria de um importante

instrumento de propaganda, como

teria definitivamente contra si a SIC

e a TVI em contínua campanha de

desgaste. Daí que, não sendo

embora muito ligado a simbolismos,

considero que a privatização total da

RTP deveria constituir a primeira –

que não a única – medida simbólica

do governo. Porque transmitiria 3

mensagens fundamentais: uma clara

mudança de

paradigma, focalizando-se na

redução da despesa e começando

por um valor que se visse e sentisse,

não por esta ridicularia; o fim de

uma actividade tipicamente

parasitária do sector não

transaccionável; mostraria coragem

– muitos diriam que suicidária, mas

que define os estadistas – de

afrontar claramente os lobbies e

corporações dominantes.

Optar pela mesmice empobrecedora

do aumento de impostos e manter a

delapidação e parasitagem da RTP, é

algo de escabroso, uma total falta de

respeito a quem produz alguma

coisa neste país.

que não a única – medida simbólica

do governo. Porque transmitiria

três mensagens fundamentais:

uma clara mudança de paradigma,

focalizando-se na redução da

despesa e começando por um valor

que se visse e sentisse, não por esta

ridicularia; o fim de uma actividade

tipicamente parasitária do sector

não transaccionável; mostraria

coragem – muitos diriam que

suicidária, mas que define os

estadistas – de afrontar claramente

os lobbies e corporações dominantes.

Optar pela “mesmice” empobrece-

dora do aumento de impostos

e manter a delapidação e

parasitagem da RTP, é algo de

escabroso, uma total falta de

respeito a quem produz alguma

coisa neste país.

dominantes.

Optar pela “mesmisse”

empobrecedora do aumento de

impostos e manter a delapidação e

parasitagem da RTP, é algo de

escabroso, uma total falta de respeito

a quem produz alguma coisa neste

país.

Page 24: 42 | Junho 2011

No Programa de Governo PSD/CDS

é proposta a reestruturação do

Grupo RTP, com vista à privatização

de um dos canais de sinal aberto,

mantendo o Estado a sua função de

serviço público através do outro

canal e da RTP Internacional e da

RTP África. Assim, o Programa de

Governo refere expressamente que:

«O Estado deve repensar o seu

posicionamento no sector da

Comunicação Social, enquanto

operador, tanto ao nível do Grupo RTP

como da Lusa. Para tal deverá

igualmente proceder-se a uma

definição de serviço público que

inclua, entre outras realidades, a

administração e gestão do acervo de

memória.

O Grupo RTP deverá ser reestruturado

de maneira a obter-se a uma forte

contenção de custos operacionais já

em 2012 criando, assim, condições

tanto para a redução significativa do

esforço financeiro dos contribuintes

quanto para o processo de

privatização. Este incluirá a

privatização de um dos canais

públicos a ser concretizada opor-

tunamente e em modelo a definir face

às condições de mercado. O outro

canal, assim como o acervo de

memória, a RTP Internacional e a RTP

África serão essencialmente

orientados para assegurar o serviço

público.»

O que diz o Governo?

Reestruturação da RTP

é para avançar.

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É SÓ MAIS UM COMEÇO? Não. Há algo de diferente e apelativo neste novo

Governo. Independentemente das emoções e

renovadas esperanças que todos os inícios trazem, a

característica sem antecedentes de um Presidente, um

Governo e uma maioria de direita (ok, uns mais do que

outros…) faz com que surja um sentimento de

estabilidade ao nível político que Portugal há muito

tempo reclama. É óbvio que o desejo desesperante de

ver Sócrates pelas costas era enorme mas isso só não

justifica a vitória do PSD e o crescimento do CDS.

Verdade seja dita, Pedro Passos Coelho deu também

um novo sentido de união ao partido e, com mais ou

menos destreza, manteve uma rectidão de ideias e

coerências que escasseiam por estas bandas. Já Paulo

Portas reafirmou o seu estatuto de “melhor político”

português com uma campanha, ainda que por vezes

demasiado populista, certeira a específicos grupos de

eleitores. Mas a curiosidade reside mesmo no novo

Governo.

Dos presumíveis futuros ministros, só a indicação de

Paulo Portas para a pasta dos Negócios Estrangeiros

contrariou a enorme surpresa dos restantes nomes.

Dos desconhecidos Álvaro Santos Pereira e Vítor

Gaspar aos improváveis Paulo Macedo e Nuno Crato,

este novo executivo passa uma imagem de capacidade

técnica e comprometimento com uma gestão rigorosa.

Em relação ao novo Ministro da Economia todos

esperamos que consiga mais do que um bom blogue e

livros pertinentes, e do Ministro de Estado e das

Finanças a sua experiência e vasto conhecimento da

família da União Europeia para colocar as contas

públicas ao nível de um verdadeiro país desenvolvido e

comprometido com as gerações futuras. Não escondo

a satisfação pessoal pelas indicações para a Saúde e a

Educação/Ensino Superior: se Paulo Macedo é um

verdadeiro gestor e o homem certo para acabar de vez

com o desperdício do sector, Nuno Crato é por si só

uma inteligência natural com um sentido objectivo

públicas ao nível de um verdadeiro país desenvolvido e

comprometido com as gerações futuras. Não escondo

a satisfação pessoal pelas indicações para a Saúde e a

Educação/Ensino Superior: se Paulo Macedo é um

verdadeiro gestor e o homem certo para acabar de vez

com o desperdício do sector, Nuno Crato é por si só

uma inteligência natural com um sentido objectivo

muito claro sobre a prioridade da promoção do mérito,

da disciplina e da autoridade.

A curiosidade centra-se também nos restantes dois

nomes do CDS: Assunção Cristas, na mega pasta da

Agricultura, terá muito mais a provar do que

simplesmente gerir apoios comunitários pois carrega

consigo uma bandeira do partido e terá à sua espera

uma avaliação dura dos mais atentos, já Pedro Mota

Soares vai caminhar em solo que domina e a sua forma

de estar humilde, justa e descomplexada é o melhor

que podia acontecer no Ministério da Segurança

Social. Embora Mota Soares vá ficar

inquestionavelmente mais exposto que Assunção

Cristas, será interessante seguir o percurso destes

“jovens” que personificam muito a nova geração de

políticos portugueses.

Dos Ministros PSD não escondo algumas reticências

salvo no nome de Paula Teixeira da Cruz na Justiça e o

de Miguel Relvas nos Assuntos Parlamentares. Aguiar

Branco e Miguel Macedo, respectivamente Ministro da

Defesa e Ministro da Administração Interna, sabem a

insosso: se o primeiro não se percebe muito bem

porque foi lá parar a não ser pelo comprometimento

prévio de Passos Coelho em envolver os seus antigos

opositores, do segundo espera-se que não seja mais

um caso de bom parlamentar desperdiçado para uma

área em que havia mais nomes que agradariam as

forças de segurança e, certamente, têm um trabalho

político de campo já de vários anos.

Até ao final do ano, Portugal vai ter de implementar

um vasto conjunto de medidas acordadas com as

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opositores, do segundo espera-se que não seja mais

um caso de bom parlamentar desperdiçado para uma

área em que havia mais nomes que agradariam as

forças de segurança e, certamente, têm um trabalho

político de campo já de vários anos.

Até ao final do ano, Portugal vai ter de implementar

um vasto conjunto de medidas acordadas com as

instâncias profissionais. Até ao final do ano, Portugal

vai conhecer reformas que há muitos anos deveriam

ter sido implementadas para provocar as necessárias

desigualdades (sublinho, desigualdades) entre quem

quer trabalhar e quem prefere dormir todo o dia, entre

quem quer estudar e quem destrói a escola, entre

quem precisa de uma ajuda vital para vencer e quem

gasta sem um pingo de vergonha os impostos de todos

nós. Uma sociedade justa é aquela em que não me

nega o direito à felicidade pelas minhas conquistas e o

meu esforço. É agora ou nunca.

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ENTENDER O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Um dos principais responsáveis para o

desenvolvimento global e interdependência do mundo

moderno foi conseguido graças ao crescimento e

evolução das trocas comerciais internacionais, onde

aos poucos foi deixando cair o sistema que assentava

num mundo de completa autarcia, onde os países

deveriam ser capazes de se auto-sustentar utilizando

apenas os seus próprios recursos.

Na origem do estudo desta actividade de trocas

comerciais e interpretação dos seus mecanismos

internacionais esteve David Ricardo, que ao analisar as

relações comerciais, desenvolveu a teoria das

vantagens comparativas. Assim, David Ricardo

demonstrou através de uma pequena matriz que o

comércio entre dois países sairia bastante reforçado ao

nível das quantidades produzidas e consumidas, caso

nas relações económicas entre dois países, cada um

deles se especializasse naquilo que comparativamente

teria maior vantagem na sua produção.

Para melhor explicar o seu ponto de vista, o autor

demonstrou um exemplo no seu livro “The Principles of

Political Economy and Taxation” que o comércio

internacional entre Portugal e Inglaterra sairia

largamente beneficiado quando Portugal se

especializasse na produção de vinho e Inglaterra se

especializasse na produção de tecidos. Embora

comparativamente a Inglaterra, Portugal tivesse uma

vantagem absoluta na produção de ambos os bens ao

especializar-se no bem que necessitaria de aplicar

menos recursos – neste caso o vinho – a Inglaterra

poderia especializar-se na produção de tecidos. No

decurso desta situação a globalidade dos agentes

beneficiariam uma vez que os produtores

aumentariam as quantidades capazes de ser

produzidas, trabalhando em economias de escala, e

por seu lado os consumidores viam os preços dos

produtos descer e consequentemente ficariam com

maior capacidade para os adquirir aumentando

consideravelmente o seu nível de vida.

Assim, todos os países ganhariam quando existe uma

liberdade de comércio. No entanto uma das criticas

especializar-se no bem que necessitaria de aplicar

menos recursos – neste caso o vinho – a Inglaterra

poderia especializar-se na produção de tecidos. No

decurso desta situação a globalidade dos agentes

beneficiariam uma vez que os produtores

aumentariam as quantidades capazes de ser

produzidas, trabalhando em economias de escala, e

por seu lado os consumidores viam os preços dos

produtos descer e consequentemente ficariam com

maior capacidade para os adquirir aumentando

consideravelmente o seu nível de vida.

Assim, todos os países ganhariam quando existe uma

liberdade de comércio. No entanto uma das criticas

que lhe é apresentada, é que apenas para alguns

agentes económicos, poderia haver lugar a uma

redução do seu rendimento onde beneficiariam mais

com restrições ao comércio em detrimento da

melhoria das condições de vida do consumidor, o que

dá origem a grupos de pressão tentando-se defender

do “inimigo internacional” e aludindo ao

“proteccionismo” que é uma politica que tenta

proteger as indústrias nacionais das importações

colocando entraves como taxas alfandegárias e quotas

de importação.

Embora seja uma teoria que também seja criticada por

ser limitada por não tentar identificar as diferenças

existentes entre as diferenças de produtividade entre

países nem compreender as suas razões, serviu e

continua a servir de base para o desenvolvimento teses

de autores actuais que estudam o comércio

internacional.

Assim, a teoria das vantagens comparativas apesar das

suas limitações hoje é uma das verdades mais

profundas de toda a economia onde um país que não

as respeite paga um preço elevado em termos de

níveis de vida e de crescimento económico.

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continua a servir de base para o desenvolvimento teses

de autores actuais que estudam o comércio

internacional.

Assim, a teoria das vantagens comparativas apesar das

suas limitações hoje é uma das verdades mais

profundas de toda a economia onde um país que não

as respeite paga um preço elevado em termos de

níveis de vida e de crescimento económico.

ENTENDER O COMÉRCIO INTENACIONAL

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Desemprego jovem, jovens desempregados. “O

desemprego subiu” (…) “formam-se filas nos centros

de emprego” (…); mais disto, mais daquilo e nada é

explicado e a única coisa que ficamos a saber é que

os desempregados são cada vez mais e pronto,

ficamos por aí. O que é certo é que subiu mesmo e

que a maior parte dos desempregados são os jovens

e muitos licenciados; sim, os jovens, aqueles que

todos dizem “ah e tal são o futuro do país” são os

que hoje não têm emprego e que provavelmente no

próximo mês também não vão ter, são aqueles que

entregam currículo atrás de currículo, vão a

entrevista atrás de entrevista e saem de lá com

menos dinheiro no bolso culpa das fotocópias e dos

transportes e com mais uma pena arrancada da asa

que os seus queridos pais lhes derem para um dia

voarem alto.

É esta a realidade em que vivemos e depois há quem

se aproveite disso como uma certa marca de um

produto que não interessa que faz um anúncio “ai,

vamos combater a crise, toca a arranjar um

emprego de verão” quando depois de uma pessoa

realmente se informar vai parar a nada mais nada

menos que a um de muitos sites de procura de

emprego. É caso para dizer “meus senhores, até á

parte em que temos de procurar já todos tínhamos

chegado”! Também se criam redes sociais para

ajudar a procura de emprego mas uma coisa é certa

emprego há mas acontece quase sempre o mesmo,

ou os requisitos são no mínimo estranhos, ou não se

chega a uma 2ª entrevista ou então o cargo para o

qual nos candidatamos no dia da entrevista é outro

completamente diferente e tentam-nos convencer

emprego. É caso para dizer “meus senhores, até á

parte em que temos de procurar já todos tínhamos

chegado”! Também se criam redes sociais para

ajudar a procura de emprego mas uma coisa é certa

emprego há mas acontece quase sempre o mesmo,

ou os requisitos são no mínimo estranhos, ou não se

chega a uma 2ª entrevista ou então o cargo para o

qual nos candidatamos no dia da entrevista é outro

completamente diferente e tentam-nos convencer

que é melhor com todo o tipo de conversa quando

não foi para aquilo que ali nos apresentamos. E

quanto a isto dos requisitos, não o digo sem

fundamento porque um dia estava também eu á

pesquisa de emprego e vi um anúncio já não me

lembro para que cargo em que pediam uma pessoa

com o 12ºano e que dominasse a língua inglesa,

francesa e … RUSSA! Das duas uma, ou procuravam

uma pessoa russa ou então alguém com

possibilidades que tenha aprendido russo num

centro de línguas, sinceramente cheguei ao fim e

fiquei sem perceber o que pretendiam realmente.

Depois não nos espantemos quando ouvimos

muitos jovens dizer “mais valia emigrar”!

No outro dia li que a Troika estima que só em 2016 o

desemprego deverá baixar a fasquia dos 10%. Será?

Eu tenho as minhas dúvidas assim como muitos a

quem perguntei. Acho que já ninguém acredita

numa grande mudança e se esta existir será para

estagnar.

Para finalizar fica um conselho retirado de um

famoso poster produzido na Segunda Guerra

Mundial: “Mantenham a calma e sigam em frente!”.

OS JOVENS E O DESEMPREGO

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desemprego deverá baixar a fasquia dos 10%. Será?

Eu tenho as minhas dúvidas assim como muitos a

quem perguntei. Acho que já ninguém acredita

numa grande mudança e se esta existir será para

estagnar.

Para finalizar fica um conselho retirado de um

famoso poster produzido na Segunda Guerra

Mundial: “Mantenham a calma e sigam em frente!”.