4.1 atividade econômica - banco central do brasil · 2011. 5. 10. · 4.1 atividade econômica as...

10
Março 2010 | Relatório de Inflação | 59 4 Economia internacional A intensicação na retomada da atividade econômica mundial nos últimos meses reetiu os aumentos observados nos gastos relativos a consumo e investimentos e o maior dinamismo do comércio internacional, ressaltando-se que essa trajetória, com desdobramentos favoráveis sobre a normalização do mercado de trabalho, mostra-se dependente, ainda, das medidas transitórias adotadas pelas principais economias maduras e emergentes, em resposta ao ambiente recessivo que sucedeu o agravamento da crise mundial. Ao mesmo tempo, os impactos da deterioração das contas públicas vêm-se tornando mais acentuados, conforme evidenciado pelas turbulências derivadas dos questionamentos em relação à sustentabilidade scal de alguns países europeus, em especial Grécia, Portugal, Irlanda e Espanha. Nesse contexto, em que o comportamento dos mercados nanceiros tem sido condicionado pelo aumento da aversão ao risco relacionada à fragilidade fiscal mencionada e aos questionamentos a respeito da retomada do crescimento, em especial na Área do Euro, o dólar voltou a apresentar valorização em relação às principais moedas, os mercados acionários das economias maduras interromperam a trajetória de ganhos descrita nos dois últimos Relatórios de Inação e os prêmios de risco soberano de países europeus com diculdades scais sofreram expressivo aumento. 4.1 Atividade econômica As taxas de crescimento trimestral anualizadas do PIB dos Estados Unidos da América (EUA) e do Japão registraram aceleração no último trimestre de 2009, atingindo, na ordem, 5,9% e 3,8%, enquanto no Reino Unido ocorreu o primeiro resultado positivo desde o início de 2008 (1,2%) e na Área do Euro, 4 embora em 4/ O crescimento da Área do Euro evidencia ainda um aumento na dispersão entre as taxas de variação do PIB da França, 2,4%, da Alemanha, 0%, e da Itália, -0,8%, em bases anualizadas. Um trimestre antes, os mesmos países apresentaram crescimentos anualizados, na ordem, de 0,7%, 2,9% e 2,3%.

Upload: others

Post on 25-Aug-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 4.1 Atividade econômica - Banco Central Do Brasil · 2011. 5. 10. · 4.1 Atividade econômica As taxas de crescimento trimestral anualizadas do PIB dos Estados Unidos da América

Março 2010 | Relatório de Inflação | 59

4Economia internacional

A intensifi cação na retomada da atividade econômica mundial nos últimos meses refl etiu os aumentos observados nos gastos relativos a consumo e investimentos e o maior dinamismo do comércio internacional, ressaltando-se que essa trajetória, com desdobramentos favoráveis sobre a normalização do mercado de trabalho, mostra-se dependente, ainda, das medidas transitórias adotadas pelas principais economias maduras e emergentes, em resposta ao ambiente recessivo que sucedeu o agravamento da crise mundial.

Ao mesmo tempo, os impactos da deterioração das contas públicas vêm-se tornando mais acentuados, conforme evidenciado pelas turbulências derivadas dos questionamentos em relação à sustentabilidade fi scal de alguns países europeus, em especial Grécia, Portugal, Irlanda e Espanha.

Nesse contexto, em que o comportamento dos mercados fi nanceiros tem sido condicionado pelo aumento da aversão ao risco relacionada à fragilidade fiscal mencionada e aos questionamentos a respeito da retomada do crescimento, em especial na Área do Euro, o dólar voltou a apresentar valorização em relação às principais moedas, os mercados acionários das economias maduras interromperam a trajetória de ganhos descrita nos dois últimos Relatórios de Infl ação e os prêmios de risco soberano de países europeus com difi culdades fi scais sofreram expressivo aumento.

4.1 Atividade econômica

As taxas de crescimento trimestral anualizadas do PIB dos Estados Unidos da América (EUA) e do Japão registraram aceleração no último trimestre de 2009, atingindo, na ordem, 5,9% e 3,8%, enquanto no Reino Unido ocorreu o primeiro resultado positivo desde o início de 2008 (1,2%) e na Área do Euro,4 embora em

4/ O crescimento da Área do Euro evidencia ainda um aumento na dispersão entre as taxas de variação do PIB da França, 2,4%, da Alemanha, 0%, e da Itália, -0,8%, em bases anualizadas. Um trimestre antes, os mesmos países apresentaram crescimentos anualizados, na ordem, de 0,7%, 2,9% e 2,3%.

Page 2: 4.1 Atividade econômica - Banco Central Do Brasil · 2011. 5. 10. · 4.1 Atividade econômica As taxas de crescimento trimestral anualizadas do PIB dos Estados Unidos da América

60 | Relatório de Inflação | Março 2010

desaceleração, a expansão do produto situou-se em 0,5%. É relevante enfatizar que desde o último trimestre de 2007 essas economias não registravam, de forma generalizada, taxas de crescimento do PIB positivas na margem.

As taxas de crescimento trimestrais anualizadas do consumo das famílias no Reino Unido e no Japão, impulsionadas pelos incentivos governamentais à aquisição de bens duráveis, registraram expansões respectivas de 1,1% e 2,9% no quarto trimestre de 2009. O consumo aumentou 1,7% nos EUA, com ênfase no crescimento de 4,1% assinalado nas vendas de bens de consumo não duráveis, enquanto na Área do Euro a redução gradual dos efeitos de programas de incentivos à troca de veículos exerceu contribuição relevante para a retração de 0,1%, observada na mesma base de comparação.

Os investimentos empresariais, evidenciando as perspectivas de aceleração da retomada da atividade econômica, registraram aumentos trimestrais anualizados de 6,5% nos EUA e de 3,8% no Japão, se constituindo, na ordem, nas primeiras variações positivas observadas, nesse tipo de comparação, desde o primeiro e o segundo trimestres de 2008. Os investimentos residenciais cresceram 5% nos EUA, comparativamente à expansão anualizada de 18,9% no trimestre encerrado em setembro, contrastando com a retração de 12,6% observada no Japão.

As exportações de bens e serviços apresentaram taxas de crescimentos anualizadas respectivas de 22,4%, 21,7%, 13,3% e 7% nos EUA, Japão, Reino Unido e Área do Euro, enquanto as importações elevaram-se, na ordem, 15,3%, 5,1%, 18,6% e 3,7%. Nesse cenário, as contribuições da demanda externa para o crescimento anualizado do PIB dessas economias no último trimestre de 2009 atingiram, na ordem, 0,3 p.p., 2,2 p.p., -0,8 p.p. e 1,3 p.p.

O avanço do processo de ajuste de estoques, a expansão das exportações e a evolução positiva do consumo favoreceram os crescimentos assinalados na produção manufatureira do Japão, 22,9%; Área do Euro, 7,9%; EUA, 5,5%; e Reino Unido, 3,2%, com desdobramentos favoráveis sobre as condições do mercado de trabalho. Vale ressaltar que as expansões mensais de 0,9% e 2,3% nas produções manufatureiras dos EUA e do Japão, assinaladas em janeiro, e a trajetória favorável dos indicadores de sentimento empresarial sugerem a continuidade da evolução positiva da produção manufatureira e do comércio externo nas economias desenvolvidas.

Tabela 4.1 – Maiores economias desenvolvidasComponentes do PIB e outros indicadores

Taxa % anualilzada

I II III IV I II III IV

PIB

Estados Unidos -0,7 1,5 -2,7 -5,4 -6,4 -0,7 2,2 5,9

Área do Euro 3,2 -1,2 -1,6 -7,5 -9,6 -0,5 1,7 0,5

Reino Unido 2,9 -0,3 -3,7 -7,0 -10,2 -2,5 -1,2 1,1

Japão 3,8 -5,2 -4,3 -11,4 -12,3 5,2 0,0 4,6

Consumo das famílias

Estados Unidos -0,6 0,1 -3,5 -3,1 0,6 -0,9 2,8 1,7

Área do Euro 0,9 -1,4 -0,1 -2,3 -1,9 0,3 -0,7 -0,1

Reino Unido 3,5 -1,0 -1,2 -4,5 -5,8 -3,7 0,6 1,5

Japão 2,4 -6,2 -0,6 -3,2 -5,2 4,7 2,4 2,8

Investimento empresarial

Estados Unidos 1,9 1,4 -6,1 -19,5 -39,2 -9,6 -5,9 6,5

Área do Euro1/ 2,8 -5,3 -4,8 -15,3 -19,9 -6,7 -3,7 -3,3

Reino Unido1/ -10,1 12,7 -8,7 -6,3 -30,7 -35,2 -2,3 nd

Japão 19,5 -4,5 -14,7 -26,0 -30,6 -15,6 -9,8 4,0

Investimento residencial

Estados Unidos -28,2 -15,8 -15,9 -23,2 -38,2 -23,3 18,9 5,0

Área do Euro2/ 6,7 -7,7 -5,6 -7,2 -3,8 -2,7 -4,0 -4,5

Reino Unido -4,7 -17,6 -24,5 -23,4 -33,7 -22,8 7,3 nd

Japão 16,0 0,5 17,0 10,2 -23,7 -32,7 -27,7 -12,8

Exportações de bens e serviços

Estados Unidos -0,1 12,1 -3,6 -19,5 -29,9 -4,1 17,8 22,4

Área do Euro 8,3 -1,7 -4,9 -26,1 -29,3 -4,5 11,9 7,0

Reino Unido 4,8 1,2 -2,2 -16,8 -26,5 -6,2 0,4 15,9

Japão 14,8 -5,6 -2,8 -46,6 -66,3 42,2 37,8 21,7

Importações de bens e serviços

Estados Unidos -2,5 -5,0 -2,2 -16,7 -36,4 -14,7 21,3 15,3

Área do Euro 8,3 -4,3 0,0 -18,2 -27,2 -11,0 11,8 3,7

Reino Unido -1,2 -3,0 -4,5 -22,1 -24,3 -10,9 5,4 17,6

Japão 4,2 -10,3 10,8 0,3 -53,9 -14,7 23,3 5,3

Gastos Governamentais

Estados Unidos 2,6 3,6 4,8 1,2 -2,6 6,7 2,6 -1,2

Área do Euro3/ 2,1 2,9 1,9 2,4 2,2 2,4 3,1 -0,5

Reino Unido3/ 3,4 3,3 2,2 4,5 -1,4 3,0 1,4 4,9

Japão -3,6 -7,5 -0,3 4,1 5,2 5,2 -0,7 1,6

Produção manufatureira

Estados Unidos -1,2 -5,4 -9,2 -18,2 -21,9 -8,9 8,4 5,5

Área do Euro 8,8 -10,0 -12,3 -21,8 -26,9 -10,1 3,2 7,9

Reino Unido 2,2 -6,0 -8,8 -19,7 -19,4 -0,3 -1,0 3,2

Japão 2,1 -7,4 -11,6 -37,3 -61,1 28,2 37,8 22,9

Taxa de desemprego4/

Estados Unidos 5,1 5,5 6,2 7,4 8,6 9,5 9,8 10,0

Área do Euro 7,2 7,4 7,7 8,2 9,1 9,4 9,8 9,9

Reino Unido 5,2 5,4 5,9 6,4 7,1 7,8 7,8 7,8

Japão 3,8 4,1 4,0 4,3 4,8 5,4 5,3 5,2

Fontes: BEA, Cabinet Office e Eurostat

1/ Inclui investimentos com construções residenciais e investimentos públicos.2/ Gastos totais com contruções.3/ Exclusivamente gastos com consumo.4/ Taxa ao final do período.

2008 2009

Page 3: 4.1 Atividade econômica - Banco Central Do Brasil · 2011. 5. 10. · 4.1 Atividade econômica As taxas de crescimento trimestral anualizadas do PIB dos Estados Unidos da América

Março 2010 | Relatório de Inflação | 61

O mercado de trabalho dos EUA registrou a eliminação de 269 mil empregos no quarto trimestre de 2009, ante 780 mil naquele encerrado em setembro e 1.955 mil em igual período de 2008. Adicionalmente, foram extintos 62 mil vagas no primeiro bimestre de 2010, ante 1,5 milhão em igual intervalo do ano anterior – ressalve-se, contudo, que os dados mais recentes foram afetados por condições climáticas adversas. Ressalte-se, por outro lado, que, em cenário de aumentos no número médio de horas trabalhadas por pessoas empregadas e na renda pessoal disponível, a taxa de desemprego mensal passou de 10%, em dezembro de 2009, para 9,7%, em fevereiro. No mesmo sentido, foram extintos 347 mil postos de trabalho na Área do Euro, ante 755 mil no trimestre fi nalizado em setembro e 454 mil em igual período de 2008, enfatizando-se que a eliminação de vagas assinalada no último trimestre de 2009 traduziu, em grande parte, o corte de 194 mil empregos observado, em conjunto, na Alemanha, França e, em especial, na Espanha, onde a eliminação de 150 mil postos de trabalho mostrou-se consistente com a retração anualizada de 0,6% registrada no PIB do país.

O PIB da China, favorecido pela recuperação das exportações, registrou crescimento anualizado de 10,7% no último trimestre de 2009, resultado 1,6 p.p. superior ao assinalado no trimestre encerrado em setembro. As vendas externas chinesas expandiram-se 13,9% no período, ante contrações respectivas de 5,5% e 9,1%, no mesmo tipo de comparação, nos trimestres encerrados em setembro e em junho, enquanto as importações do país – favorecendo a retomada da atividade nos países do sudeste asiático, no Japão e nos países exportadores de matérias-primas – cresceram 25,9%, ante 28,7% no trimestre fi nalizado em setembro.

A formação bruta de capital fi xo chinesa, refl etindo o impacto das medidas governamentais para a prevenção do superaquecimento do setor de construção residencial, assinalou aumento anualizado de 29,9% no quarto trimestre, resultado 17,5 p.p. inferior ao observado no trimestre encerrado em setembro. A produção industrial chinesa registrou crescimento anualizado de 18% no quarto trimestre de 2009, resultado 5,6 p.p. superior ao observado, na mesma base comparação, no terceiro trimestre daquele ano.

4.2 Política monetária e inflação

O caráter acomodatício das políticas monetárias adotadas nas principais economias maduras, em resposta

Tabela 4.2 – ChinaComponentes do PIB e outros indicadores

% [(T)/(T-4)]

I II III IV I II III IV

PIB 10,6 10,1 9,0 6,8 6,1 7,9 9,1 10,7

Vendas no varejo 11,7 13,4 17,1 17,6 15,7 16,8 16,8 16,5

Vendas de veículos1/ 21,8 15,4 -1,9 -8,2 3,6 31,6 73,8 85,7

Formação Bruta de

Capital Fixo 20,3 20,1 20,2 25,3 38,8 50,1 47,4 29,9

Exportações de bens 17,3 17,3 18,5 4,4 -10,9 -9,1 -5,5 15,7

Importações de bens 15,7 17,1 10,6 -2,4 -3,9 18,1 28,7 30,3

Produção industrial 16,3 15,9 12,9 6,4 5,6 9,0 12,4 18,0

Taxa de desemprego2/ 4,0 4,0 4,0 4,2 4,3 4,3 4,3 4,3

Fonte: Thomson

1/ Inclui vendas a empresas.2/ Taxa de desemprego urbano ao final do período.

2008 2009

3

5

7

9

11

Jan2008

Jul Jan2009

Jul Jan2010

EUA Área do Euro JapãoFonte: Bloomberg

Gráfico 4.2 – Evolução das taxas de desempregoMaiores economias desenvolvidas

%

20

30

40

50

60

70

Jan2008

Jul Jan2009

Jul Jan2010

Gráfico 4.1 – PMI manufaturaMaiores economias desenvolvidas

EUA Área do Euro JapãoFonte: Bloomberg

Page 4: 4.1 Atividade econômica - Banco Central Do Brasil · 2011. 5. 10. · 4.1 Atividade econômica As taxas de crescimento trimestral anualizadas do PIB dos Estados Unidos da América

62 | Relatório de Inflação | Março 2010

à intensificação da crise mundial, deverá persistir nos próximos meses – mesmo no cenário recente de esgotamento ou reversão dos processos defl acionários ou desinfl acionários observados em importantes economias –, perspectiva consistente com o ritmo, ainda modesto, de recuperação da atividade econômica. De forma diversa, nas economias emergentes, em especial no Sudeste Asiático, onde a retomada do crescimento tem sido mais vigorosa e as pressões de preços mais intensas, se acumulam evidências de reversão dos ciclos de afrouxamento monetário.

Nos EUA, a variação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) acumulada em doze meses atingiu 2,6% em janeiro, ante retração de 2,1% em julho de 2009, com ênfase no impacto da elevação de 51,3% assinalada, no período, nos preços do item gasolina. Embora a variação do IPC apresentasse reversão relevante, o Federal Reserve(Fed), tendo em vista a estabilidade registrada pela variação em doze meses do núcleo do indicador no decorrer de 2009 e a manutenção das expectativas infl acionárias em patamar consistente com o padrão histórico, segue priorizando – em ambiente de reduzida utilização da capacidade instalada – a sustentabilidade da retomada do crescimento.

Nesse cenário, o Fed manteve, em dezembro, os limites da banda de fl utuação da meta para os Fed fundsem 0% e 0,25%, enquanto, reconhecendo a melhora nos mercados fi nanceiros e visando a normalização das condições monetárias, voltou a reduzir o alcance dos programas de assistência à liquidez criados durante a crise. Adicionalmente, iniciando a preparação operacional para o desmonte dos programas de assistência à liquidez, o Fed efetuou duas vendas de Treasuries, em operações de recompra de US$180 milhões, cada, e anunciou, para fevereiro de 2010, o encerramento dos programas Asset-Backed Commercial Paper Money Market Mutual Fund Liquidity Facility (AMLF), Commercial Paper Funding Facility (CPFF), Primary Dealer Credit Facility (PDCF) e Term Securities Lending Facility (TSLF). No mesmo sentido, deu-se o encerramento das linhas de swap de moedas entre o Fed e os bancos centrais da Austrália, Brasil, Canadá, Cingapura, Coreia do Sul, Dinamarca, Inglaterra, Japão, México, Noruega, Nova Zelândia, Suécia, Suíça e Banco Central Europeu (BCE). Em meados de fevereiro, além de aumentar, para 0,5%, o spread entre o limite superior da banda de fl utuação da meta para os Fed funds e a taxa de redesconto, fi xada em 0,75% desde então, o Fed anunciou que os empréstimos concedidos via redesconto, cujo prazo máximo já havia sido reduzido de 90 para 28 dias em janeiro, voltarão a cursar apenas no overnight, a partir de 18 de março.

-3

-1

1

3

5

7

9

Jul 2006

Jan2007

Jul Jan2008

Jul Jan2009

Jul Jan2010

EUA Área do Euro JapãoReino Unido China

Gráfico 4.3 – Inflação ao consumidorVariação anual%

Fontes: BLS, Eurostat, Bloomberg e ONS

-30

-20

-10

0

10

20

30

Abr 2007

Jul Out Jan2008

Abr Jul Out Jan2009

Abr Jul Out Jan 2010

EUA Área do EuroJapão Reino Unido

Fonte: Thomson

Gráfico 4.4 – Inflação de energiaVariação anual%

012345678

Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Gráfico 4.5 – Taxas de juros oficiaisTaxas anuais%

EUA Área do Euro Reino Unido

Japão China

Fontes: Fed, BCE, BoJ, Banco da Inglaterra e Banco do Povo da China

Page 5: 4.1 Atividade econômica - Banco Central Do Brasil · 2011. 5. 10. · 4.1 Atividade econômica As taxas de crescimento trimestral anualizadas do PIB dos Estados Unidos da América

Março 2010 | Relatório de Inflação | 63

No Reino Unido, o Banco da Inglaterra (BoE) considerou que a variação do IPC acumulada em doze meses, em janeiro (3,5%), se constituía em um episódio transitório decorrente da elevação, de 15% para 17,5%, registrada no imposto sobre valor agregado, dos aumentos dos preços da energia e da depreciação da libra. Nesse contexto, a autoridade monetária optou, em fevereiro, pela manutenção da taxa de juros básica em 0,5% a.a., resultando em juros reais de -3% a.a.

Na Área do Euro, a variação do IPC acumulada em doze meses, impactada pelo crescimento de 4% registrado no preço da energia, atingiu 1% em janeiro, ante -0,7% em julho de 2009, maior patamar em onze meses. O BCE, mesmo considerando essa trajetória, avaliou que o elevado hiato do produto e o reduzido consumo das famílias justifi cavam a manutenção da taxa básica de juros em 1% a.a. Ressalte-se que, em dezembro, reconhecendo a melhora nas condições fi nanceiras, a autoridade monetária anunciou, para março de 2010, o encerramento das operações de refi nanciamento de longo prazo.

No Japão, a variação do IPC acumulada em doze meses atingiu -1,3% em janeiro, ante -2,5% em outubro. Apesar dessa desaceleração, refl exo, em parte, do comportamento do preço do petróleo, a expectativa de persistência do processo defl acionário em curso no país incentivou que o Banco do Japão (BoJ) voltasse a ampliar as medidas monetárias de afrouxamento quantitativo. Nesse sentido, reafi rmando o objetivo de manter condições extremamente acomodatícias na condução da política monetária, o BoJ, paralelamente à manutenção da taxa básica em 0,1% a.a., anunciou, em reunião extraordinária ocorrida em 1º de dezembro, que voltará a emprestar até ¥10 trilhões em operações de três meses, à taxa de 0,1%, aceitando bônus do governo japonês, bônus corporativos e commercial papers como colaterais. Adicionalmente, visando o fortalecimento da absorção interna, o governo anunciou, em dezembro, novas medidas expansionistas, como a ampliação dos gastos públicos em ¥7 trilhões.

A infl ação anual ao consumidor atingiu 1,5% em janeiro, na China, ante -1,8% em julho de 2009, com ênfase nos impactos da elevação de 3,7% nos preços dos alimentos e das pressões de demanda associadas à forte recuperação da economia do país, enquanto a variação do índice de preços ao produtor assinalou reversão de -8,2% para 4,3%. Nesse cenário de aumento das expectativas infl acionárias, em que a elevada liquidez e o crescimento do crédito bancário contribuem para o aumento nos preços dos imóveis urbanos,

-4

-2

0

2

4

6

8

Jan2007

Abr Jul Out Jan2008

Abr Jul Out Jan2009

Abr Jul Out Jan2010

Gráfico 4.6 – Taxas de juros reaisTaxas anuais deflacionadas pelo IPC%

EUA Área do Euro Reino Unido

Japão China

Fontes: Fed, BCE, BoJ, BoE, BPC, BLS, Eurostat, ONS e Bloomberg.

Page 6: 4.1 Atividade econômica - Banco Central Do Brasil · 2011. 5. 10. · 4.1 Atividade econômica As taxas de crescimento trimestral anualizadas do PIB dos Estados Unidos da América

64 | Relatório de Inflação | Março 2010

o Banco do Povo da China (BPC), mantendo a taxa de juros básicos inalterada em 5,31% a.a., elevou, em janeiro, as taxas de juros de referência para os títulos de três e doze meses. Adicionalmente, o BPC aumentou, em 12 de fevereiro, a taxa do depósito compulsório para os grandes bancos, fi xando-a em 16,5%. Além de demonstrar preocupação com a trajetória corrente e prospectiva dos preços de bens e serviços, as autoridades chinesas têm manifestado desconforto com o comportamento dos preços de ativos, notadamente de imóveis urbanos.

4.3 Mercados financeiros internacionais

Os Credit Default Swaps (CDS) dos bancos norte-americanos e europeus, apesar da divulgação de resultados corporativos favoráveis em importantes instituições, passaram a sinalizar tendência altista, interrompendo a trajetória benigna observada nos dois últimos relatórios de infl ação. Essa mudança traduziu o aumento das incertezas regulatórias, em ambas as regiões, e os temores relativos à exposição de grandes bancos, em especial europeus, nos mercados de países com expressiva deterioração fi scal e maior risco de default soberano na Área do Euro. Nesse cenário, o prêmio médio dos CDS dos cinco maiores bancos americanos, selecionados pelo critério de capitalização de mercado, situou-se em 134 p.b. ao fi nal de fevereiro, ante 87 p.b. em 14 de dezembro, enquanto o prêmio médio dos CDS associado aos cinco maiores bancos europeus, selecionados pelo mesmo critério, atingiu 98 p.b., comparativamente a 57 p.b. em 11 de janeiro.

Por outro lado, a liquidez acentuada experimentada pelo mercado interbancário norte-americano favoreceu a continuidade da trajetória decrescente da TED Spread – diferença entre a Tresury Bill de três meses, taxa de curto prazo considerada livre de risco, e a libor em dólar de mesmo prazo, que atingiu 12 p.b. ao fi nal de fevereiro, patamar inferior ao observado antes do agravamento da crise nos mercados fi nanceiros.

As condições de financiamento para empresas, em especial as consideradas de maior risco, seguiram evidenciando descompressão. Nesse sentido, o iTraxx Crossover, que representa o prêmio de risco exigido para garantir empréstimos para companhias europeias consideradas de alto risco, atingiu 402 p.b. no fi nal de fevereiro, recuando 54 p.b. em relação ao fi nal de novembro. O iTraxx IG, que representa o prêmio exigido para companhias europeias consideradas

0

1

2

3

4

5

6

15.22008

30.4 14.7 25.9 9.12 20.22009

6.5 20.7 1.10 15.12 26.22010

Fonte: Bloomberg

Gráfico 4.9 – TED spreadp.b.

-4048

12162024

Jul 2006

Jan2007

Jul Jan2008

Jul Jan2009

Jul Jan2010

EUA Área do Euro Japão

Reino Unido China

Gráfico 4.7 – Inflação de alimentos1/

Variação anual%

1/ Para Área do Euro e Reino Unido, dado inclui bebidas alcoólicas e tabaco.Fonte: Thomson Datastream

0

80

160

240

320

400

6.82008

26.9 18.11 8.12009

2.3 22.4 12.6 4.8 24.9 16.11 6.12010

26.2

Bancos Europa Bancos EUAFonte: Thomson1/ Calculado pela média aritmética dos prêmios de CDS de 5 anos dos maiores

bancos dos EUA e da Europa pelo critério de capitalização de mercado.Por tratar-se de amostra não aleatória, pode não refletir o comportamentodo sistema financeiro como um todo.

Gráfico 4.8 – Prêmios CDS 5 anos – Principais bancos1/

p.b.

Page 7: 4.1 Atividade econômica - Banco Central Do Brasil · 2011. 5. 10. · 4.1 Atividade econômica As taxas de crescimento trimestral anualizadas do PIB dos Estados Unidos da América

Março 2010 | Relatório de Inflação | 65

grau de investimento, atingiu 84 p.b. ao fi nal de fevereiro, mantendo-se estável no período.

A trajetória de ganhos registrada nos mercados acionários das principais economias maduras foi interrompida em meados de dezembro, em resposta tanto ao aumento da aversão ao risco provocada por incertezas associadas ao risco soberano, em especial das economias europeias com elevados défi cits fi scais, quanto aos questionamentos em relação à sustentabilidade do crescimento econômico da Área do Euro. Nesse cenário, os índices Nikkei, do Japão; Financial Times Securities Exchange Index (FTSE 100), do Reino Unido; Standard and Poor's 500 (S&P 500), dos EUA; e Deutscher Aktienindex (DAX), da Alemanha, embora registrassem variações respectivas de 8,4%, 3,2%, 0,8% e -0,5% no trimestre encerrado em fevereiro, acumularam, na ordem, perdas de 4%, 1,1%, 1% e 6% no primeiro bimestre de 2010. O índice Chicago Board Options Exchange (VIX), que mede a volatilidade implícita de curto prazo do índice S&P 500, atingiu 19,5 pontos no fi nal de fevereiro, recuando 5 pontos no trimestre e 2 pontos em 2010.

O aumento da aversão ao risco atingiu mais fortemente os mercados acionários emergentes. Nesse sentido, os índices Korea Composite Stock Price Index(Kospi), da Coreia do Sul; Ibovespa, do Brasil; Bombay Stock Exchange Sensitive Index (Sensex), da Índia; e Shanghai Composite, da China, registraram variações respectivas de 2,5%, -0,8%, -2,9% e -4,5% no trimestre encerrado em fevereiro, acumulando, no primeiro bimestre do ano, recuos de 5,2%, 3%, 5,9% e 6,9%, respectivamente.

As medidas expansionistas de política fiscal que sucederam a intensificação da crise nos mercados fi nanceiros exerceram desdobramentos desfavoráveis sobre a sustentabilidade fiscal de longo prazo de economias maduras, expressos na evolução recente dos rendimentos dos respectivos títulos de longo prazo. Nesse ambiente, os rendimentos médios anuais dos títulos de dez anos do Reino Unido e dos EUA elevaram-se, na ordem, de 3,7% e 3,4%, em novembro de 2009, para 4% e 3,7%, em fevereiro de 2010, enquanto os relativos aos títulos do Japão e da Alemanha registram, na ordem, estabilidade e recuo de 0,1 p.p., situando-se em 1,3% e 3,2%, respectivamente.

Adicionalmente, o anúncio da reestruturação da dívida do fundo soberano Dubai World aumentou os questionamentos em relação aos riscos da trajetória fi scal nas economias de Portugal, Espanha, Itália, Irlanda e Grécia, que têm se caracterizado por elevados défi cits fi scais e em

0

200

400

600

800

1 000

1 200

16.92008

13.11 12.12009

11.3 8.5 7.7 3.9 2.11 30.12 26.22010

Companhias com classificação alto riscoCompanhias com classificação grau de investimento

Fonte: Thomson

Gráfico 4.10 – iTraxx Europa – séries 9, 10 e 11p.b.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

25.42007

20.9 15.22008

14.7 9.12 6.52009

1.10 26.22010

Fonte: Thomson

Gráfico 4.12 – VIX

60

90

120

150

180

210

18.12008

28.3 6.6 15.8 24.10 2.12009

13.3 22.5 31.7 9.10 18.12 26.22010

S&P500 Reino UnidoJapão Alemanha

Gráfico 4.11 – Bolsas de valores: EUA, Europa e Japão 31.12.2003 = 100

Fonte: Bloomberg

100

170

240

310

380

18.12008

28.3 6.6 15.8 24.10 2.12009

13.3 22.5 31.7 9.10 18.12 26.22010

Brasil Coreia do Sul Índia China

Gráfico 4.13 – Bolsas de valores: mercados emergentes31.12.2003 = 100

Fonte: Bloomberg

Page 8: 4.1 Atividade econômica - Banco Central Do Brasil · 2011. 5. 10. · 4.1 Atividade econômica As taxas de crescimento trimestral anualizadas do PIB dos Estados Unidos da América

66 | Relatório de Inflação | Março 2010

conta-corrente, relações dívida/PIB elevadas e crescentes, baixa produtividade dos fatores de produção e reduzidas expectativas de crescimento do PIB. Nesse cenário, os mercados passaram a precifi car o aumento no risco de default, em especial da Grécia, Portugal e Espanha, cujos prêmios dos CDS soberanos de cinco anos aumentaram, entre os fi nais de novembro e de fevereiro, 174 p.b., 90 p.b. e 43 p.b., respectivamente, atingindo, na ordem, 364 p.b., 164 p.b. e 130 p.b.

O indicador de risco soberano Emerging Markets Bond Index Plus (Embi+), evidenciando a maior solidez dos fundamentos fi scais e as perspectivas mais favoráveis em relação ao crescimento dessas economias, atingiu 292 p.b. ao fi nal de fevereiro, ante 326 p.b. ao fi nal de novembro. Ressaltem-se, no período, os recuos observados nos indicadores associados ao Brasil, 16, p.b.; Turquia e México, ambos de 24 p.b.; e Rússia, 51 p.b.

As expectativas de ampliação do diferencial entre o crescimento das economias dos EUA, de um lado, e da Área do Euro e Reino Unido, de outro, e o receio sobre a sustentabilidadefi scal de alguns países europeus favoreceram o processo de apreciação do dólar norte-americano entre os fi nais de novembro e de fevereiro. Nesse sentido, a moeda dos EUA experimentou, no período, valorizações respectivas de 10%, 7,9% e 3% em relação ao euro, à libra esterlina e ao iene. A maior demanda pela moeda norte-americana se traduziu, igualmente, em sua apreciação em relação ao forint, 8,3%; ao rand, 4,2%; ao real, 3%; e ao rublo, 2,3%.

4.4 Commodities

O índice Commodity Research Bureau (CRB), uma medida do comportamento dos preços das commodities,registrou valorização de 3,1% no trimestre encerrado em fevereiro. A combinação do otimismo envolvendo a recuperação da economia mundial (especialmente das economias emergentes), da elevada liquidez nos mercados financeiros e da retomada das importações chinesas contribuiu para que o CRB valorizasse 4%, de 30 de novembro a 6 de janeiro. A partir da segunda semana deste mês, o crescimento do risco soberano em alguns países da Europa, em especial na Grécia, o anúncio de medidas de redução de liquidez na China e a sinalização de países desenvolvidos no sentido de restringir a atuação de bancos nos mercados de commodities traduziram-se no recuo de 5,5% experimentado pelo CRB, de 6 de janeiro a 5 de fevereiro. A partir de então, as perspectivas de auxílio fi nanceiro à

0

75

150

225

300

375

450

8.82008

10.10 12.12 13.22009

17.4 19.6 21.8 23.10 25.12 26.22010

Irlanda Espanha GréciaReino Unido Portugal

Fonte: Thomson

Gráfico 4.15 – CDS Soberanos 5 anosp.b.

0

150

300

450

600

750

900

8.82008

10.10 12.12 13.22009

17.4 19.6 21.8 23.10 25.12 26.22010

África do Sul Brasil RússiaTurquia México

Fonte: Bloomberg

Gráfico 4.16 – Emerging Markets Bond Index Plus(Embi+) – Paísesp.b.

70

80

90

100

110

120

130

140

10.62008

8.9 5.12 5.32009

3.6 1.9 30.11 26.22010

Libra/dólar Euro/dólar Iene/dólar

Gráfico 4.17 – Cotações do dólar1.6.2005 = 100

Fonte: Bloomberg

1

2

3

4

5

6

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

EUA AlemanhaJapão Reino Unido

Fonte: Bloomberg1/ Média mensal dos rendimentos nominais dos títulos de dez anos,

até 20 de novembro de 2009.

Gráfico 4.14 – Retorno sobre títulos governamentais1/% a.a.

Page 9: 4.1 Atividade econômica - Banco Central Do Brasil · 2011. 5. 10. · 4.1 Atividade econômica As taxas de crescimento trimestral anualizadas do PIB dos Estados Unidos da América

Março 2010 | Relatório de Inflação | 67

Grécia e a divulgação de indicadores econômicos positivos na China favoreceram a recuperação dos preços das commodities, que, de acordo com o CRB, elevaram-se 5% até o fi nal de fevereiro. Consideradas médias trimestrais, o CRB registrou, no trimestre encerrado em fevereiro, aumentos respectivos de 8,5% e 33,3% em relação aos trimestres fi nalizados em novembro e em fevereiro de 2009.

De acordo com o índice S&P GSCI, da Standard & Poor’s em conjunto com o Goldman Sachs, os preços das commodities aumentaram 1% no trimestre encerrado em fevereiro, refl exo das variações respectivas de -5,6%, 1,9% e 4,3% assinaladas nos segmentos de itens agrícolas, energéticos e metálicos.

A redução observada nos preços das commoditiesagrícolas refl etiu, em grande parte, o volume intenso da safra norte-americana de grãos e as perspectivas favoráveis em relação às colheitas na América do Sul. Considerando os contratos futuros para primeira entrega, registraram-se, entre os fi nais de novembro e fevereiro, reduções respectivas de 10,7%, 10,3% e 6,1% nos preços do trigo, soja e milho, negociados na Chicago Board of Trade (CBT); e de 9% na cotação do café, na Intercontinental Exchange de Nova York(ICE). Em sentido oposto, os contratos de açúcar negociados na ICE – embora apresentassem signifi cativa correção a partir do fi nal de janeiro, em linha com as perspectivas favoráveis em relação à próxima safra mundial da commodity– registraram valorização de 9,3% no período.

A valorização das commodities metálicas, mesmo em ambiente de estoques mundiais elevados, seguiu associada à retomada da demanda chinesa por esses produtos. De acordo com a London Metal Exchange (LME), registraram-se, no trimestre encerrado em fevereiro, elevações nos preços das principais commodities metálicas, com ênfase nas relativas ao níquel, 29,1%; estanho, 12,3%; cobre, 3,8%; e alumínio, 3,6%, contrastando com as reduções assinaladas nas cotações referentes ao chumbo, 7,6%; e zinco, 5,3%.

Adicionalmente, a demanda por minério de ferro seguiu impulsionada pela recuperação da produção mundial de aço, em especial na China, onde o preço da commodity cresceu 29,4% no trimestre. Nesse contexto, a recente recuperação da indústria siderúrgica na Rússia, União Europeia e EUA deverá se constituir em elemento adicional para a consolidação de expressiva elevação do preço de referência do minério de ferro na negociação anual de 2010.

60708090

100110120130140150160170

10.62008

8.9 5.12 5.32009

3.6 1.9 30.11 26.22010

Rublo/dólar Real/dólarRand/dólar Forint/dólar

Gráfico 4.18 – Moedas de países emergentes1.6.2005 = 100

Fonte: Bloomberg

110

120

130

140

150

160

170

180

190

200

210

2.72008

8.9 13.11 20.1 2009

27.3 3.6 10.8 15.10 22.12 26.2 2010

Gráfico 4.19 – Índice CRBJan/2003 = 100

Fonte: Commodity Research Bureau

100

150

200

250

300

350

400

450

500

2.72008

8.9 13.11 20.12009

27.3 3.6 10.8 15.10 22.12 26.22010

Agrícolas Metais EnergéticasFonte: S&P GSCI

Gráfico 4.20 – Índice de preço de commoditiesJan/2003 = 100

100

150

200

250

300

350

400

450

2.72008

8.9 13.11 20.12009

27.3 3.6 10.8 15.10 22.12 26.22010

Trigo Milho SojaAçúcar Café

Fontes: NYB-ICE e Chicago Board of Trade

Gráfico 4.21 – Commodities agrícolasJan/2003 = 100

Page 10: 4.1 Atividade econômica - Banco Central Do Brasil · 2011. 5. 10. · 4.1 Atividade econômica As taxas de crescimento trimestral anualizadas do PIB dos Estados Unidos da América

68 | Relatório de Inflação | Março 2010

4.4.1 Petróleo

As cotações médias dos barris de petróleo WTI e Brent passaram, na ordem, de US$74,60 e US$74,70, em dezembro, para US$76,30 e US$74,31, em fevereiro, respectivamente. Consideradas posições de fi nal de período, os preços mencionados registraram variações respectivas de 0,38% e -0,67% no bimestre. Vale mencionar que, de acordo com o relatório de fevereiro, do Departamento de Energia dos EUA (DOE), o preço médio do petróleo WTI deverá atingir US$81 no segundo semestre de 2010 e US$84 em 2011.

4.5 Conclusão

Ao cenário recente de esgotamento ou reversão dos processos defl acionários observados em importantes economias, mesmo acompanhado pela retomada mais intensa do ritmo da atividade mundial, se contrapõe o ainda reduzido nível de utilização da capacidade instalada, o que por ora mitiga, nas economias maduras, os riscos inflacionários. Esse cenário favorece a postura dos bancos centrais que vêm priorizando a consolidação da recuperação das respectivas economias e, nesse sentido, mantendo a postura acomodatícia da política monetária. Por outro lado, em economias maduras mais dinâmicas, como a Austrália, e em diversas economias emergentes, como China, Índia e Malásia, a política monetária já tem adotado viés mais restritivo.

A questão predominante no momento, no que se refere ao sentimento dos mercados, elemento fundamental para a sustentabilidade do ciclo de recuperação da economia mundial, diz respeito à extensão dos impactos das políticas fi scais expansionistas, adotadas a partir do fi nal de 2008, sobre a sustentabilidade fi scal de economias importantes da Europa.

25

40

55

70

85

100

115

130

145

160

6.62008

15.8 24.10 2.1 2009

13.3 22.5 31.7 9.10 18.12 26.22010

Brent WTIFonte: Bloomberg

Gráfico 4.22 – Petróleo – Mercado à vistaUS$ por barril