4. pesquisa e positivismo

Revista HISTEDBR On-line Artigo

O LEGADO DO POSITIVISMO SOBRE A PESQUISA NA UNIVERSIDADE BRASILEIRA1

Marijane Zanotto2

RESUMO: O pressuposto terico Positivista, presente na sociedade capitalista brasileira, mobilizador histrico das polticas educacionais, bem como dos rumos da universidade, no que tange a produo da pesquisa. Compreender as influncias do Positivismo enquanto legado na construo do conhecimento o foco central deste estudo. A metodologia caracteriza-se por uma pesquisa bibliogrfica, desencadeada pela necessidade de compreenso da Educao Superior, nas suas mltiplas faces, dilemas e perspectivas no delineamento da pesquisa na universidade. Os resultados parciais encontrados at o presente momento, elencam o Positivismo como legado decisivo, marcando a produo da pesquisa pelo modelo neoliberal. O carter mercadolgico e os fins apenas lucrativos inibem a produo da pesquisa na sua essncia, enquanto se promove e consolida a universidade empresa, que faz pesquisa como produto para o mercado. Palavras-chave: Capitalismo, Positivismo, Poltica Educacional, Universidade, Pesquisa,

THE POSITIVISM LEGACY AND THE RESEARCH AT THE BRAZILIAN UNIVERSITY.

ABSTRACTS: The theoretical Positivist assumption, found in the Brazilian capitalist society, is the historical mover of the educational politics, as well as of the routes of the university, in what refers to the production of researches. To understand the influences of the Positivism while legacy in the construction of the knowledge is the central focus of this study. The methodology is characterized to be a bibliographical research, unchained by the necessity of understanding the Superior Education, in its multiple facets, dilemmas and perspectives in the delineation of the research in the university. The results up to now, list the Positivism as a decisive legacy, marking the research production in the neoliberal model. The marketing characteristic and the only lucrative ends, inhibit the production of the research in its essence, while the university is promoted and consolidated as a company, which makes research as a product to the market. Key -words: Capitalism, Positivism, Educational Politics, University, Research,

Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.18, p. 134 - 140, jun. 2005 - ISSN: 1676-2584 134

1 Artigo apresentado disciplina: Tendncias Tericas da Educao Brasileira, do Programa de Mestrado em Educao da Universidade Estadual de Ponta Grossa UPEG. 2 Mestranda em Educao pela Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG, Pesquisadora do HISTEDBR Campos Gerais, graduada em Geografia e Pedagogia pela Universidade Estadual do Oeste do Paran UNIOESTE, Francisco Beltro-Pr. Especialista em Superviso Educacional pela Faculdade de Palmas FACEPAL, Palmas-Pr. Coordenadora e professora do curso de Pedagogia da Faculdade de Cascavel FADEC, Cascavel-Pr. Rua Rafael Picoli, 2675, Bl. 02 Ap. 32. Country, Cascavel Pr. Fone: (45) 222-2593. E-mail: [email protected].


A Universidade pblica brasileira, contextualizada na sociedade como um direito

democrtico, ope-se claramente s medidas estatais que, por vezes, visando o seu desaparecimento, ferem os princpios da democracia. Sob o prisma do capitalismo, segue-se o modelo de sociedade autoritria, onde quem tem mais, manda mais. As novas formas de acumulao do capital geram novos meios de o Estado neoliberal administrar a sociedade, ou melhor, de no gerenci-la, nessa intencional poltica de desonerao do Estado do que publico para beneficiar o privado. Interferindo diretamente na Universidade, esto as questes ligadas s mudanas (novas exigncias) no tocante s cincias e s tecnologias; para que a universidade parece estar inserida na sociedade como se fosse uma entidade isolada. Sobre isso, Chau (2001) afirma:

[...] a universidade uma instituio social. Isso significa que ela realiza e exprime de modo determinado a sociedade de que e faz parte. No uma realidade separada e sim uma expresso historicamente determinada de uma sociedade determinada (p. 35).

A Educao Superior capta e manifesta claramente as idias e prticas do neoliberalismo3 vigentes, hoje. Historicamente, se pode constatar as polticas (reformas universitrias) de conteno e liberao do acesso educao superior de acordo com as necessidades do mercado. Sobre este aspecto, Cunha (1991) ressalta:

As aparncias das medidas de poltica educacional, em todos os

nveis, sugerem a existncia de uma tentativa de redistribuir os benefcios educacionais em proveito dos trabalhadores, j que contm as demandas (e logo, a oferta) ao ensino de 2 e 3 graus, disputados pelas camadas mdias e pela classe dominante, e os libera no 1 grau justamente o que interessa, de imediato, classe trabalhadora. Entretanto, os pontos comentados acima permitem que possamos verificar a convergncia das polticas educacionais contenedoras e liberadoras no sentido do alcance de uma mesma e nica meta: a reproduo das classes sociais e das relaes de dominao que as definem, sustentam e do vida (p. 288)

Assim, ao longo de sua trajetria, a Universidade recebeu tarefas a cumprir, o que a

impossibilitou de descobrir, consolidar e intensificar suas reais tarefas. Hoje isto est manifesto pela crise de legitimidade, em que o ensino, a pesquisa e a extenso assumem funes distintas, vinculadas s exigncias (tarefas) do mercado. Assim, a dimenso econmica assume os princpios, meios e fins da educao. Neste sentido, afirma Demo (2000):

[...] parece claro que a sociedade est a reboque das inovaes econmicas, no pedaggicas. O mercado tornou-se a turbina das inovaes, ultrapassando as universidades e escolas com velocidade astronmica. Estas vm se arrastando atrs, distanciando-se cada vez mais. (p. 94)


3 O neoliberalismo pode ser compreendido como um complexo processo da construo hegemnica. Isto , como uma estratgia de poder que se implementa em dois sentidos articulados: por um lado, atravs de um conjunto razoavelmente regular de reformas concretas no plano econmico, poltico, jurdico, educacional, e, por outro atravs de uma srie de estratgias culturais orientadas a impor novos diagnsticos acerca da crise e construir novos significados sociais a partir dos quais legitimar as reformas neoliberais, como sendo as nicas que podem e vo ser aplicadas no atual contexto histrico de nossas sociedades e que estas geraro os resultados esperados, principalmente para a questo educacional (SILVA e GENTILI, 1996).


Para que a Universidade possa gerar progresso (lucro), nos moldes do mercado, ela precisa ser administrada. Assim sendo, todos os princpios da administrao, segundo Chau (2001), seguem a estruturao do modelo organizacional de grande empresa, isto , tem o rendimento como fim, a burocratizao como meio e as leis do mercado como condio. Nessa perspectiva, no h a menor diferena entre Volkswagen, a Petrobrs ou a Universidade.

As questes se alargam ao adentrar na ampliao da percepo acerca da Universidade, hoje, sob a gide do neoliberalismo. Os ditames do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Organizao Mundial do Comrcio (OMC) se sobressaltam a qualquer vontade de alterar os rumos da Universidade na luta pela autonomia. As Reformas universitrias vm indicando um percurso penoso e sombrio, distante da Universidade desejada pelos denominados humanistas utpicos e bem prximo do pretendido pelos tecnocratas eficientes.

Apresenta-se assim a Universidade com sua problemtica: de um lado, a Idia de Universidade construda pela sociedade que dela exige e pelo Estado que reduz as polticas de financiamento da Educao e, de outro lado, a incipiente luta de alguns, os que fazem a universidade, para mant-la ou faz-la ser a Universidade de Idias. Deflagra-se assim um grande embate, no qual a universidade desafiada a mudar. A grande questo : o que mudar, se na sua trajetria histrica percebe-se que as transformaes que ocorreram foram na sua maioria superficiais e conjunturais apenas, quando o eixo central da questo, o estrutural, permanece intacto?

Os objetivos da pesquisa na Universidade, ficam comprometidos pela ausncia de uma identidade prpria, em virtude de uma identidade que lhe atribuda. Compreende-se que difcil definir os fins de algo que se encontra em busca de um comeo, da identidade prpria, num processo de crise.

Santos (1999) aborda trs crises na universidade: a de hegemonia, a de legitimidade e a institucional. Apresenta estas crises condicionando-as ao tempo histrico que as constituram dentro do modelo capitalista. Sendo assim, fica confirmada a necessidade de refletir sobre e na Universidade, de forma contextualizada, compreendendo-a como reflexo de uma determinada sociedade. Implica tambm em pensar a prpria sociedade e como a mesma concebe, almeja e faz a universidade.

O Estado, e por conseqncia a sociedade, parecem partilhar de forma marcante na concepo de Universidade vinculada diretamente produtividade. Fica ento vigente, o discurso da funo social (redeno da sociedade) da Universidade como subsidiria do progresso. O mercado capitalista, muito dinmico, e a universidade, repleta de crises, no conseguem nem mesmo entrar em um consenso. Parece assim, que a universidade na sua intensa precariedade, no d conta de acompanhar a demanda do prprio mercado.

Entre tantos equvocos da Idia de Universidade para a perspectiva da Universidade de Idias vlido ressaltar que se faz necessrio, (claro que vinculado a uma mudana estrutural) avaliar4 a Universidade no trip ensino, pesquisa e extenso, pensando-a de dentro para fora, no intuito de construir a sua identidade, misso ou fins.


4 Avaliar compreendido pelos propsitos que Sobrinho e Balzan (2000) ressaltam: A avaliao uma categoria imprescindvel dessa produo contnua da Universidade. A instituio precisa saber, de forma permanente e integrada, quais so os valores dominantes nas suas atividades de ensino, pesquisa e extenso e nas suas prticas administrativas [...] Deve ser uma atividade sistemtica e permanente que resulte em uma compreenso global e integrada da Universidade, produza conhecimentos sobre as diversas estruturas acadmicas e institucionais, seja um processo enriquecedor da vida comunitria, instaurando-se como instrumento de melhoria da qualidade de todos os aspectos e setores cientficos, pedaggicos, polticos e administrativos. A avaliao, em suas dimenses internas e externas, deve procurar apreender a multiplicidade das faces e os sentidos normalmente escondidos e tentar reconstruir significativamente as partes integrando-as no conjunto da Universidade (p. 33-34).


REFLEXES SOBRE O POSITIVISMO E SEU LEGADO SOBRE A

PRODUO DO CONHECIMENTO

No plo do debate metodolgico e epistemolgico, das Cincias Sociais modernas, a produo do conhecimento na esfera universitria, est submetida diferentes abordagens tericas, que definem a dimenso do que se produz. Neste sentido, o Positivismo, com inegvel contribuio no desenvolvimento das cincias exatas e naturais, apresenta-se incompatvel como suporte terico para a abordagem das complexas relaes pertinentes aos fenmenos sociais e culturais. Sobre isso afirma Lwy (1998):

O positivismo em sua figurao ideal-tpica est fundamentado num certo nmero de premissas que estruturam um sistema coerente e operacional: 1. A sociedade regida por leis naturais, isto , leis invariveis, independentes da vontade e da ao humanas: na vida social, reina uma harmonia natural. 2. A sociedade pode, portanto, ser epistemologicamente assimilada pela natureza (o que classificaremos como naturalismo positivista) e ser estudada pelos mesmos mtodos, dmarches e processos empregados pelas cincias da natureza. 3. As cincias da sociedade, assim como as da natureza, devem limitar-se observao e explicao causal dos fenmenos, de forma objetiva, neutra, livre de julgamentos de valor ou ideologias, descartando previamente todas as prenoes e preconceitos. (p. 17)

Limitar-se a observao e explicao causal dos fenmenos, de forma objetiva,

neutra, livre de julgamentos de valor, sem preconceitos, tarefa destinada as cincias da sociedade, assim como as da natureza. Constitui-se assim, um embate em torno da produo cientfica . De um lado, a inteno de alguns em produzir conhecimento a partir da verdade, e para constituir novas verdades em benefcio de muitos. Em contra partida, outros, desenvolvendo conhecimentos extracientficos puramente mercadolgicos, vendveis, de grande aceitao, enfim, lucrativos, porm para poucos. Sobre isso, expe Lwy (1998):

[...] h um ncleo racional na problemtica positivista: a vontade de conhecimento, a investigao obstinada da verdade, a inteno de verdade uma condio necessria da prtica cientifica. Se a investigao e deliberadamente submetida a outros fins considerados mais importantes do que a verdade imperativos ticos, polticos ou simplesmente pecunirios , ela est condenada de antemo do ponto de vista de sua validade cognitiva, de seu contedo de conhecimento. Neste caso, ela deixa de ser cincia para se tornar outra coisa: sermo, mistificao, propaganda, publicidade, etc. Sem ter inteno de buscar a verdade, o discurso no tem contedo cientifico: ele se torna simples instrumento a servio de objetivos extracientificos. Esta condio alias quase tautolgica: para ter acesso verdade necessrio querer ter acesso verdade necessria mas de forma alguma suficiente para assegurar a objetividade cientifica. Ela elimina os determinantes exteriores direitos, mas no o condicionamento estrutural (scio-cultural) do pensamento; ela permite afastar a mistificao sicofanta, mas no o ponto de vista de classe. (p. 33)



Na perspectiva de compreender o legado do Positivismo sobre a pesquisa na Universidade, evoca-se a seguir algumas reflexes sobre a origem, percurssores e pressupostos do Positivismo, na histria da construo do conhecimento enquanto Cincia.

A Revoluo Cientfica, iniciada nos sculos XVI e XVII, com Coprnico, Bacon, Galileu, Descartes, entre outros, foi prescritiva, como marco para a evoluo do pensamento metafsico. Desde ento, a evoluo da Cincia passa por um acelerado desenvolvimento. Hoje, com metodologia objetiva e rigorosa faz-se pesquisas em todas as reas do mundo fsico e humano.

Embora suas razes possam ser encontradas no empiricismo, j na Antiguidade, o Positivismo nasce o sculo XIX, tendo como representantes ilustres Augusto Comte (a ser evidenciado posteriormente) e Emile Durkheim.

Reformar a Sociedade meta para Comte (1976). Procurando acabar com as investigaes sobre o incognoscvel e superar a especulao teolgica e metafsica, prope nova base para a vida humana, constri um sistema poltico-religioso, assentado no real, na observao e na Cincia: o Positivismo.

Afirmava que, o que se conhece so somente os fenmenos e suas relaes, jamais suas essncias, as origens, as razes ltimas. Estas so um enigma. Assim, assentou a perspectiva do conhecimento absoluto, para a realidade fenomnica, pela experincia, no entanto inviabilizou essa possibilidade para a realidade teolgica e metafsica. Defendeu que a experincia basta para se chegar certeza rigorosa; que o conhecimento dos fatos particulares suficiente para conhecer as leis mais globais que se apresentam na realidade (COMTE, 1976). Referenciando-se nos filsofos empiricistas Bacon e Hume entre outros, Comte preconizava que a via para o conhecimento a experincia, atravs dos sentidos, a observao e a experimentao poderiam, como mtodo de investigao indutivo, ser importante na reforma econmica e social, a qual se propunha. (COMTE, 1976) Segundo o pai do Positivismo, a Cincia seria a sistematizao do bom censo, pela qual nos convenceramos de que somos espectadores passivos dos fenmenos exteriores. Positivo para Comte (1976), termo de origem latina que significa positium, que quer dizer dado, posto a. Como atitude positiva, se busca a relao entre os fatos, as coisas, atravs de questionrios, escalas, e diferentes amostragens, seguindo o modelo estatstico e matemtico. Com essa conduta na investigao cientfica , chega-se a objetividade cientfica e a Cincia neutra, to almejadas pelo autor. Diante dos pressupostos epistemolgicos preconizados pelo Positivismo, emergiram crticas, por se tratar de uma prtica de investigao que se tornou mecnica, que quantifica dados, prendendo-se apenas aos fenmenos como fim e no como um ponto de partida para a compreenso de contextos maiores, significativos, globais, com o pensar qualitativo. Sobre isso, Trivios (1987) define a posio do pesquisador, quando afirma que a busca de resultados estatsticos amarrou o pesquisador ao dado, ao receber relaes estatisticamente significativas entre os fenmenos, terminando a anlise da realidade o ponto onde deveria comear. Certamente aqui se desencadeia um dos grande pontos que bloqueiam a constituio da Cincia5 pelo paradigma emergente que deveria ser visada, no mbito da Pesquisa a Universidade.


5 Entende-se aqui Cincia pelo prisma de Santos (2003): sendo uma revoluo cientfica que ocorre numa sociedade ela prpria revolucionada pela cincia, o paradigma a emergir dela no pode ser apenas um paradigma cientifico (o paradigma de um conhecimento prudente), tem de ser tambm um paradigma social (o paradigma de uma vida decente). (p. 60)


CONSIDERAES FINAIS Presente no iderio educacional brasileiro, o Positivismo marca sua passagem com um

ampla herana, contribuindo para o fortalecimento dos princpios do liberalismo na sociedade capitalista. Os positivistas atribuam a educao funes conservadoras, de preservao da sociedade com um ensino moral burgus, que daria aos indivduos uma segunda natureza social. Assim, para Saviani (1981) a escola assume a funo de aparelho ideolgico do Estado. O Positivismo teve em Augusto Comte e em Emile Durkheim, os seus dois grandes referncias. O principal elemento da ideologia positivista foi o de construir indivduos para uma sociedade ordenada. Esta sociedade, ordenada para o progresso (da cincia e da indstria) e em que as pessoas so preparadas para assumir funes e medida que as exercem, qual um organismo humano, uma sociedade tende a ser harmoniosa, sadia ou no, a medida em que as funes forem ou no cumpridas. Ao contrrio do liberalismo clssico, ao Estado so atribudas funes. um Estado positivo, um Estado de notveis, de sbios, responsveis por direcionamentos que o Estado imprime a sociedade. As elites tero como funo, direcionar a sociedade. Dois elementos esto fortemente presentes no Positivismo: a funo formadora ou conformadora a uma ordem e o elemento coercitivo presente na hierquizao das funes e na manuteno da ordem pela disciplina. Assim como o capitalismo se rearticula em momentos diferentes, o mesmo tambm ocorre com relao educao, no entanto, esta sempre tem como sua grande funo, dar o suporte metodolgico a se constituir num elemento produtivo, pela qualificao dos recursos humanos para o capital.

Certamente, diante destas premissas, a produo da pesquisa, submete-se aos destinos da prpria sociedade capitalista. Forma-se um circuito que reproduz uma Universidade que, para modernizar-se, precisa mostrar resultados, ou seja , ser administrada para que se torne cada vez mais til ao mercado. Sobre isto, apresenta-se o que afirma Chau , (2001):

Modernizar criar a universidade de servios baseada na docncia e pesquisa de resultados. A salvao modernizante consiste em levar a idia e a prtica da privatizao do pblico s suas ultimas conseqncias, pois as pesquisas no sero privatizadas apenas pelo financiamento, mas porque sero reduzidas a servios encomendados cujos critrios, objetivos, padres, prazos e usos no sero definidos pelos prprios pesquisadores, mas pelos mecenas (p. 166)

Pesquisar na Universidade que pretende ser moderna (nos moldes neoliberais) no significa conhecer alguma coisa, mas sinnimo de posse dos instrumentos para intervir e controlar alguma coisa. A Universidade operacional o pretendido para uma perspectiva positivista. O equivoco que, neste enfoque a pesquisa deixa de ser autnoma e segue os fins da neutralidade e objetividade cientfica. Por pesquisa na Universidade operacional, destaca-se a reflexo de Chau (2000):

Em suma, se por pesquisa entendermos a investigao de algo que nos lana na interrogao, que nos pede reflexo, crtica, enfrentamento com o institudo, descoberta, inveno e criao; se por pesquisa entendermos uma viso compreensiva de totalidades e snteses abertas que suscitam a interrogao e a busca; se por pesquisa entendermos uma ao civilizatoria contra a barbrie social



e poltica, ento, evidente que no h pesquisa na universidade operacional. (p.193)

Vislumbra-se assim, o interesse em manter uma certa ordem disciplinar na produo do conhecimento, regida pelas leis naturais (do mercado) vigentes na sociedade. O Positivismo ento, permanece vivo. A isso se contrape um olhar global que pretende uma viso de totalidade. A clareza de que o capitalismo um sistema que no incorpora o humano, mas sim o lucro e acumulao, pressupe a necessidade de construir novos valores sobre a pesquisa, para alm da primazia ao acumulo material. A universidade precisa trabalhar para desmontar o consenso criado e, a prtica de pesquisa utilitria para desenvolver a pesquisa autnoma. REFERNCIAS BALZAN, N. C.; SOBRINHO, J. D. (orgs). Avaliao Institucional. 2 ed. So Paulo: Cortez, 2000. CHAU, M. Escritos sobre a universidade. So Paulo: Unesp, 2001. COMTE, A. Discurso sobre o esprito positivo. Porto Alegre: Globo, 1976. CUNHA, L. A. Educao e desenvolvimento social no Brasil. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1991. DEMO, P. Ironias da educao. Mudana e contos sobre a mudana. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. GENTILI, P. (org.) Ps-neoliberalismo: as polticas sociais e o estado democrtico. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. LOWY, M. As Aventuras de Karl Marx contra o Baro de Munchhausen. Marxismo e Positivismo na Sociologia do conhecimento. 6 ed. So Paulo: Cortez, 1998. SANTOS, B. S. Pela mo de Alice: o social e o poltico na ps-modernidade. So Paulo: Cortez, 1999. ___________. Introduo a uma cincia ps moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1989. ___________. Um discurso sobre as cincias. So Paulo: Cortez, 2003. SAVIANI, D. Escola e democracia. 12 ed. So Paulo: Cortez, 1986. TRIVIOS, A. N. S. Introduo pesquisa em cincias sociais: pesquisa qualitativa em educao. So Paulo: Atlas, 1987.


RESUMO: O pressuposto terico Positivista, presente na soci

4. pesquisa e positivismo

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