389 apostila do curso introdutorio de acs

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  • Prefeitura Municipal de Parauapebas

    Secretaria Municipal de Sade

    Departamento das Aes e Servios de Sade

    Curso Introdutrio para

    Agentes Comunitrios de Sade

    Processo Seletivo

  • Prefeitura Municipal de Parauapebas

    Secretaria Municipal de Sade

    Departamento das Aes e Servios de Sade

    Curso Introdutrio para

    Agentes Comunitrios de Sade

    Processo seletivo

    Parauapebas - PA Junho - 2012

  • Prefeito Municipal de Parauapebas Darci Jos Lermen Vice Prefeito Municipal de Parauapebas Afonso Arajo Andrade Secretrio Municipal de Sade Alex Pamplona Ohana Secretrio Municipal de Sade Adjunto Afonso Mata Vidinha Superviso e coordenao geral Francisco Saraiva Pereira Diretor das Aes e Servios de Sade Coordenao e elaborao tcnica Marcelo Cludio Monteiro da Silva Diretor da Vigilncia em Sade Neyva Nara Brito Souza Coordenadora da Estratgia de Agentes Comunitrios de Sade e Estratgia Sade da Famlia Cleice Rosani Azevedo dos Reis Coordenadora Sade da Mulher Dhatilane M. Alves Mergulho Coordenadora Sade da Criana Lgia Mendona Coura Coordenadora de Hipertenso, Diabetes e Tabagismo Diellin Michele dos Santos Ferreira Coordenadora de Tuberculose e Hansenase Ana Lcia de Sousa Silva Coordenadora de Epidemiologia Projeto grfico e diagramao Tiago Cristo da Silva e Silva Colaboradores Katiscia Karla Ferreira Diretora das Distritais de Sade

  • Alyne Leal Trindade Coordenadora de Sade do Idoso e Pessoa com deficincia Silvana C. V. Manito Coordenadora Sade do Adolescente Natlia de Deus Queiroz Coordenadora Sade Alimentar e Nutricional

  • Sumrio Apresentao .......................................................................................................................................... 8

    1 - DE ONDE VEM O SUS? ........................................................................................................................ 9

    1.1 - Princpios e diretrizes do Sistema nico de Sade (SUS) .......................................................... 11

    2 - ATENO PRIMRIA SADE (APS) ............................................................................................... 14

    3 - APS/SADE DA FAMLIA .................................................................................................................. 17

    4 - AGENTE COMUNITRIO DE SADE: VOC UM AGENTE DE MUDANAS! ................................. 19

    4.1 - Detalhando um pouco mais as aes do ACS ........................................................................... 20

    5 - O PROCESSO DE TRABALHO DO ACS E DESAFIO DE TRABALHO EM EQUIPE ................................... 25

    5.1 - Cadastramento das famlias ...................................................................................................... 31

    5.1.1 - Dando um exemplo ................................................................................................................ 32

    5.2 - Mapeamento da rea de atuao ............................................................................................. 33

    5.3 - Visita domiciliar ......................................................................................................................... 36

    5.4 - Trabalhando educao em sade na comunidade ................................................................... 39

    5.4.1 - Como trabalhar educao em sade na comunidade ........................................................... 39

    5.4.2 - Recomendaes gerais para atividades educativas ............................................................... 40

    5.5 - Participao da comunidade ..................................................................................................... 44

    5.6 - Atuao intersetorial ................................................................................................................. 44

    6 - PLANEJAMENTO DAS AES ................................................................................................. 47

    6.1 - Etapas do planejamento ........................................................................................................... 48

    6.1.1 - Diagnstico ............................................................................................................................. 48

    6.1.2 - Plano de ao ......................................................................................................................... 49

    6.1.2.1 - Meta .................................................................................................................................... 49

    6.1.2.2 - Estratgia ............................................................................................................................ 49

    6.1.2.3 - Recursos .............................................................................................................................. 49

    6.1.2.4 - Cronograma ........................................................................................................................ 49

    6.1.3 - Execuo ................................................................................................................................ 50

    6.1.4 - Acompanhamento e Avaliao .............................................................................................. 50

  • 7 - FERRAMENTAS DE TRABALHO .............................................................................................. 51

    7.1 - Orientaes para preenchimento da ficha de cadastramento Ficha A .................................. 51

    7.2 - Cadastramento e acompanhamento da Ficha B ....................................................................... 58

    7.3 - Orientaes para preenchimento da Ficha C cpia das informaes pertinentes da

    Caderneta da Criana ........................................................................................................................ 61

    7.4 - Orientaes para preenchimento da Ficha D registro de atividades, procedimentos e

    notificaes ....................................................................................................................................... 62

    8 - SADE NOS CICLOS DE VIDA ................................................................................................. 65

    8.1 - Sade da criana ....................................................................................................................... 66

    8.1.1 - Triagem neonatal ................................................................................................................... 66

    8.1.1.1 - Teste do pezinho ................................................................................................................. 66

    8.1.1.2 - Teste da orelhinha .............................................................................................................. 67

    8.1.1.3 - Teste do olhinho ................................................................................................................. 67

    8.1.2 - Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criana ...................................... 67

    8.2 - Caderneta de sade da criana ................................................................................................. 68

    8.3 - Orientaes alimentares para a criana ................................................................................... 72

    9 - SADE DO ADOLESCENTE ...................................................................................................... 72

    10 - SADE DO ADULTO ................................................................................................................. 73

    10.1 - Sade do homem .................................................................................................................... 73

    10.2 - Sade da mulher ..................................................................................................................... 75

    10.2.1 - Planejamento familiar .......................................................................................................... 75

    10.2.2 - Pr-natal ............................................................................................................................... 76

    10.2.3 - Preveno do cncer de mama e de colo de tero ............................................................. 76

    10.3 - Hansenase .............................................................................................................................. 77

    10.3.1 - Conceito ............................................................................................................................... 77

    10.3.2 - Preveno ............................................................................................................................. 78

    10.3.3 - Modo de Transmisso (como se pega) ................................................................................ 78

    10.4 - Tuberculose ............................................................................................................................. 78

  • 10.4.1 - Conceito ............................................................................................................................... 78

    10.4.2 - Transmisso (como se pega) ................................................................................................ 79

    10.4.3 - Preveno ............................................................................................................................. 79

    10.4.3.1 - Vacinao BCG .................................................................................................................. 80

    10.5 - Diabetes mellitus ..................................................................................................................... 80

    10.5.1 - Conceito ............................................................................................................................... 80

    10.5.2 - Classificao do diabetes ..................................................................................................... 80

    10.5.2.1 - Tipos de diabetes .............................................................................................................. 80

    10.5.3 - Preveno ............................................................................................................................. 80

    10.6 - Hipertenso arterial ................................................................................................................ 81

    10.6.1 - Conceito ............................................................................................................................... 81

    10.6.2 - Fatores de risco que podem levar a pessoa a se tornar hipertensa: ................................... 81

    10.6.3 - Forma de preveno: ........................................................................................................... 82

    10.7 - Sade do idoso ........................................................................................................................ 82

    11 - VIGILNCIA EM SADE .................................................................................................................. 83

    11.1 - Vigilncia epidemiolgica ........................................................................................................ 83

    11.2 - Vigilncia sanitria .................................................................................................................. 84

    11.3 - Vigilncia ambiental em sade .......................................................................................... 84

    11.4 - Vigilncia da sade do trabalhador................................................................................... 85

    11.5 - Integrao das aes na ateno primria e da vigilncia em sade. ....................... 85

    11.6 - Sistema de informao em sade..................................................................................... 86

    11.7 - Sistema de Informao de Agravos de Notificao (SINAN) ....................................... 87

    11.8 - Zoonoses .............................................................................................................................. 90

    11.8.1 - Dengue .............................................................................................................................. 90

    11.8.1.1 - Conceito ......................................................................................................................... 90

    11.8.1.2 - Como se pega ............................................................................................................... 90

    11.8.1.3 - Preveno ...................................................................................................................... 91

  • 11.8.2 - Malria................................................................................................................................ 91

    11.8.2.1 - Conceito ......................................................................................................................... 91

    11.8.2.2 - Como se pega ............................................................................................................... 91

    11.8.2.3 - Como suspeitar da doena .......................................................................................... 92

    11.8.2.4 - Preveno ...................................................................................................................... 92

    11.8.3 - Leptospirose ...................................................................................................................... 93

    11.8.3.1 - Conceito ......................................................................................................................... 93

    11.8.3.2 - Como se pega ............................................................................................................... 93

    11.8.3.3 - Como se previne ........................................................................................................... 93

    11.8.4 - Leishmaniose .................................................................................................................... 94

    11.8.4.1 - Conceito ......................................................................................................................... 94

    11.8.4.2 - Como se pega ............................................................................................................... 94

    11.8.4.3 - Preveno ...................................................................................................................... 94

    11.8.5 - Febre amarela ................................................................................................................... 95

    11.8.5.1 - Conceito ......................................................................................................................... 95

    11.8.5.2 - Como se pega ............................................................................................................... 95

    11.8.5.3 - Preveno ...................................................................................................................... 95

    11.8.6 - Doena de chagas ........................................................................................................... 95

    11.8.6.1 - Conceito ......................................................................................................................... 95

    11.8.6.2 - Como se pega ............................................................................................................... 96

    11.8.6.3 - Preveno ...................................................................................................................... 96

    12 - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................................................... 97

  • 8

    Apresentao

    O agente comunitrio de sade ACS um

    personagem muito importante na implementao do

    Sistema nico de Sade, fortalecendo a integrao

    entre os servios de sade da Ateno Primria

    Sade e a comunidade.

    No Brasil, atualmente, mais de 200 mil agentes

    comunitrios de sade esto em atuao, contribuindo

    para a melhoria da qualidade de vida das pessoas,

    com aes de promoo e vigilncia em sade.

    O Ministrio da Sade reconhece que o

    processo de qualificao dos agentes deve ser

    permanente. Nesse sentido, esta apostila apresenta as

    informaes gerais sobre o trabalho do agente, que ir

    ajud-lo no melhor desenvolvimento de suas aes.

  • 9

    1 - DE ONDE VEM O SUS?

    O Sistema nico de Sade (SUS) foi criado pela Constituio Federal de 1988

    para que toda a populao brasileira tenha acesso ao atendimento pblico de sade.

    Anteriormente, a assistncia mdica estava a cargo do Instituto Nacional de

    Assistncia Mdica da Previdncia Social (Inamps), ficando restrita s pessoas que

    contribussem com a previdncia social. As demais eram atendidas apenas em

    servios filantrpicos.

    A Constituio Federal a lei maior de um pas, superior a todas as outras leis.

    Em 1988, o Brasil promulgou a sua 7 Constituio, tambm chamada de

    Constituio Cidad, pois na sua elaborao houve ampla participao popular e,

    especialmente, porque ela voltada para a plena realizao da cidadania. a lei

    que tem por finalidade mxima construir as condies polticas, econmicas, sociais

    e culturais que assegurem a concretizao ou efetividade dos direitos humanos,

    num regime de justia social.

    A Constituio Brasileira de 1988 preocupou-se com a cidadania do povo

    brasileiro e se refere diretamente aos direitos sociais, como o direito educao,

    sade, ao trabalho, ao lazer e aprendizagem.

    Em relao sade, a Constituio apresenta cinco artigos os de n 196 a

    200.

    O artigo 1961 diz que:

    1. A sade direito de todos.

    2. O direito sade deve ser garantido pelo Estado. Aqui, deve-se entender Estado

    como Poder Pblico: governo federal, governos estaduais, o governo do Distrito

    Federal e os governos municipais.

    3. Esse direito deve ser garantido mediante polticas sociais e econmicas com

    acesso universal e igualitrio s aes e aos servios para sua promoo, proteo

    e recuperao e para reduzir o risco de doena e de outros agravos.

    1 BRASIL. Constituio (1988). Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia: Senado

    Federal, 2005.

  • 10

    Polticas sociais e econmicas so aquelas que vo contribuir para que o

    cidado possa ter com dignidade: moradia, alimentao, habitao, educao, lazer,

    cultura, servios de sade e meio ambiente saudvel.

    Conforme est expresso na Constituio, a sade no est unicamente

    relacionada ausncia de doena. Ela determinada pelo modo que vivemos, pelo

    acesso a bens e consumo, informao, educao, ao saneamento, pelo estilo de

    vida, nossos hbitos, a nossa maneira de viver, nossas escolhas. Isso significa dizer

    que a sade determinada socialmente.

    Segundo a Organizao Mundial da Sade

    (OMS), sade um estado de completo bem-

    estar fsico, mental e social e no apenas a

    ausncia de doenas.

    O artigo 198 da Constituio define que as

    aes e servios pblicos de sade integram

    uma rede regionalizada e hierarquizada e

    devem constituir um sistema nico, organizado

    de acordo com as seguintes diretrizes:

    1. Descentralizao, com direo nica em cada

    esfera de governo;

    2. Atendimento integral, com prioridade para as

    atividades preventivas, sem prejuzo dos

    servios assistenciais;

    3. Participao da comunidade.

    Em dezembro de 1990, o artigo 198 da Constituio Federal foi regulamentado

    pela Lei n 8.080, que conhecida como Lei Orgnica de Sade ou Lei do Sistema

    nico de Sade (SUS). Essa lei estabelece como deve funcionar o sistema de

    sade em todo o territrio nacional e define quem o gestor em cada esfera de

    governo. No mbito nacional, o Ministro da Sade; no estadual, o Secretrio

    Estadual de Sade; no Distrito Federal/DF, o Secretrio de Sade do DF; e, no

    municpio, o Secretrio Municipal de Sade. As competncias e responsabilidades

    de cada gestor tambm foram definidas.

    Outra condio expressa no artigo 198 a participao popular, que foi

    detalhada posteriormente pela Lei n 8.142, de dezembro de 1990.

  • 11

    Apesar de ser um sistema de servios de sade em construo, com problemas

    a serem resolvidos e desafios a serem enfrentados para a concretizao dos seus

    princpios e diretrizes, o SUS uma realidade.

    Faz parte do processo de construo a organizao e a reorganizao do

    modelo de ateno sade, isto , a forma de organizar a prestao de servios e

    as aes de sade para atender s necessidades e demandas da populao,

    contribuindo, assim, para a soluo dos seus problemas de sade.

    Ao SUS cabe a tarefa de promover e proteger a sade, como direito de todos e

    dever do Estado, garantindo ateno contnua e com qualidade aos indivduos e s

    coletividades, de acordo com as diferentes necessidades.

    1.1 - Princpios e diretrizes do Sistema nico de Sade (SUS)

    Para o cumprimento da tarefa de promover e proteger a sade, o SUS precisa

    se organizar conforme alguns princpios, previstos no artigo 198 da Constituio

    Federal de 1988 e na Lei n 8.080/1990, em que destacamos:

    Universalidade significa que o SUS deve atender a todos, sem distines ou

    restries, oferecendo toda a ateno necessria, sem qualquer custo. Todos os

    cidados tm direito a consultas, exames, internaes e tratamentos nos servios de

    sade, pblicos ou privados, contratados pelo gestor pblico.

    A universalidade princpio fundamental das mudanas previstas pelo SUS, pois

    garante a todos os brasileiros o direito sade.

    Integralidade pelo princpio da integralidade, o SUS deve se organizar de

    forma que garanta a oferta necessria aos indivduos e coletividade,

    independentemente das condies econmicas, da idade, do local de moradia e

    outros, com aes e servios de promoo sade, preveno de doenas,

    tratamento e reabilitao. A integralidade no ocorre apenas em um nico local, mas

    no sistema como um todo e s ser alcanada como resultado do trabalho integrado

    e solidrio dos gestores e trabalhadores da sade, com seus mltiplos saberes e

    prticas, assim como da articulao entre os diversos servios de sade.

    Equidade o SUS deve disponibilizar servios que promovam a justia social,

    que canalizem maior ateno aos que mais necessitam, diferenciando as

    necessidades de cada um.

  • 12

    Na organizao da ateno sade no SUS, a equidade traduz - se no

    tratamento desigual aos desiguais, devendo o sistema investir mais onde e para

    quem as necessidades forem maiores. A equidade , portanto, um princpio de

    justia social, cujo objetivo diminuir desigualdades.

    Participao da comunidade o princpio que prev a organizao e a

    participao da comunidade na gesto do SUS.

    Essa participao ocorre de maneira oficial por meio dos Conselhos e

    Conferncias de Sade, na esfera nacional, estadual e municipal. O Conselho de

    Sade um colegiado permanente e deve estar representado de forma paritria, ou

    seja, com uma maioria dos representantes dos usurios (50%), mas tambm com os

    trabalhadores (25%), gestores e prestadores de servios (25%). Sua funo

    formular estratgias para o enfrentamento dos problemas de sade, controlar a

    execuo das polticas de sade e observar os aspectos financeiros e econmicos

    do setor, possuindo, portanto, carter deliberativo.

    A Conferncia de Sade se rene a cada quatro anos com a representao dos

    vrios segmentos sociais, para avaliar a situao de sade e propor as diretrizes

    para a formulao da poltica de sade. convocada pelo Poder Executivo

    (Ministrio da Sade, Secretaria Estadual ou Municipal de Sade) ou,

    extraordinariamente, pela prpria Conferncia ou pelo Conselho de Sade.

    Descentralizao esse princpio define que

    o sistema de sade se organize tendo uma nica

    direo, com um nico gestor em cada esfera de

    governo. No mbito nacional, o gestor do SUS o

    Ministro da Sade; no estadual, o Secretrio

    Estadual de Sade; no Distrito Federal/DF, o

    Secretrio de Sade do DF; e, no municpio, o

    Secretrio Municipal de Sade. Cada gestor, em

    cada esfera de governo, tem atribuies comuns e

    competncias especficas.

    O municpio tem papel de destaque, pois l

    onde as pessoas moram e onde as coisas

    acontecem. Em um primeiro momento, a

    descentralizao resultou na responsabilizao dos municpios pela organizao da

  • 13

    oferta de todas as aes e servios de sade. Com o passar do tempo, aps

    experincias de implantao, percebeu-se que nem todo municpio, dadas suas

    caractersticas sociais, demogrficas e geogrficas, comportariam assumir a oferta

    de todas as aes de sade, e que h situaes que devem ser tratadas no nvel

    estadual ou nacional, como o caso da poltica de transplantes.

    Com o fim de atender s necessrias redefinies de papis e atribuies das

    trs esferas de gesto (municpios, estados e unio) resultantes da implementao

    do SUS, houve um processo evolutivo de adaptao a esses novos papis,

    traduzidos nas Normas Operacionais de Assistncia Sade (NOAS 01/01 e NOAS

    01/02). Mais recentemente as referidas Normas formam substitudas por uma nova

    lgica de pactuao onde cada esfera tem seu papel a ser desempenhado, definido

    no chamado Pacto pela Sade.

    Regionalizao orienta a descentralizao das aes e servios de sade,

    alm de favorecer a pactuao entre os gestores considerando suas

    responsabilidades. Tem como objetivo garantir o direito sade da populao,

    reduzindo desigualdades sociais e territoriais.

    Hierarquizao uma forma de organizar os servios e aes para atender

    s diferentes necessidades de sade da populao. Dessa forma, tm-se servios

    voltados para o atendimento das necessidades mais comuns e frequentes

    desenvolvidas nos servios de Ateno Primria Sade com ou sem equipes de

    Sade da Famlia. A maioria das necessidades em sade da populao resolvida

    nesses servios. Algumas situaes, porm, necessitam de servios com

    equipamentos e profissionais com outro potencial de resoluo. Citamos como

    exemplo: as maternidades, as policlnicas, os prontos-socorros, hospitais, alm de

    outros servios classificados como de mdia e alta complexidade, necessrios para

    situaes mais graves.

    Esses diferentes servios devem possuir canais de comunicao e se relacionar

    de maneira que seja garantido o acesso a todos conforme a necessidade do caso,

    regulado por um eficiente sistema de regulao.

    Todas as pessoas tm direito sade, mas importante lembrar que elas

    possuem necessidades diferentes. Para que se faa justia social, necessrio um

    olhar diferenciado, por meio da organizao da oferta e acesso aos servios e aes

  • 14

    de sade aos mais necessitados, para que sejam minimizados os efeitos das

    desigualdades sociais.

    O SUS determina que a sade um direito humano fundamental e uma

    conquista do povo brasileiro.

    2 ATENO PRIMRIA SADE (APS)

    A Ateno Primria Sade (APS), tambm conhecida no Brasil como Ateno

    Bsica (AB), da qual a Estratgia Sade da Famlia pea fundamental, caracteriza-

    se pelo desenvolvimento de um conjunto de aes de promoo e proteo da

    sade, preveno de agravos, diagnstico, tratamento, reabilitao e manuteno

    da sade.

    Essas aes, desenvolvidas por uma equipe de sade, so dirigidas a cada

    pessoa, s famlias e coletividade ou conjunto de pessoas de um determinado

    territrio.

    Bem estruturada e organizada, a Ateno Primria Sade (APS) resolve os

    problemas de sade mais comuns / frequentes da populao, reduz os danos ou

    sofrimentos e contribui para uma melhor qualidade de vida das pessoas

    acompanhadas.

    Alm dos princpios e diretrizes do

    SUS, a APS orienta-se tambm pelos

    princpios da acessibilidade, vnculo,

    continuidade do cuidado

    (longitudinalidade), responsabilizao,

    humanizao, participao social e

    coordenao do cuidado. Possibilita uma

    relao de longa durao entre a equipe

    de sade e os usurios,

    independentemente da presena ou

    ausncia de problemas de sade, o que

    chamamos de ateno longitudinal. O

    foco da ateno a pessoa, e no a doena.

  • 15

    Ao longo do tempo, os usurios e a equipe passam a se conhecer melhor,

    fortalecendo a relao de vnculo, que depende de movimentos tanto dos usurios

    quanto da equipe.

    A base do vnculo o compromisso do profissional com a sade daqueles que o

    procuram. Para o usurio, existir vnculo quando ele perceber que a equipe

    contribui para a melhoria da sua sade e da sua qualidade de vida. H situaes

    que podem ser facilitadoras ou dificultadoras. Um bom exemplo disso pode ser o

    horrio e dias de atendimento da Unidade Bsica de Sade (UBS), a sua

    localizao, ter ou no acesso facilitado para pessoas com deficincia fsica, entre

    outras coisas.

    As aes e servios de sade devem ser pautados pelo princpio da

    humanizao, o que significa dizer que as questes de gnero (feminino e

    masculino), crena, cultura, preferncia poltica, etnia, raa, orientao sexual,

    populaes especficas (ndios, quilombolas, ribeirinhos etc.) precisam ser

    respeitadas e consideradas na organizao das prticas de sade. Significa dizer

    que essas prticas devem estar relacionadas ao compromisso com os direitos do

    cidado.

    O acolhimento uma das formas de concretizar esse princpio e se caracteriza

    como um modo de agir que d ateno a todos que procuram os servios, no s

    ouvindo suas necessidades, mas percebendo aquilo que muitas vezes no dito.

    O acolhimento no est restrito a um espao ou local. uma postura tica. No

    pressupe hora ou um profissional especfico para faz-lo, implica compartilhamento

    de saberes, necessidades, possibilidades, angstias ou formas alternativas para o

    enfrentamento dos problemas.

    O ACS tem um papel importante no acolhimento, pois um membro da equipe

    que faz parte da comunidade, o que ajuda a criar confiana e vnculo, facilitando o

    contato direto com a equipe.

    A APS tem a capacidade de resolver

    grande parte dos problemas de sade da

    populao, mas em algumas situaes

    haver a necessidade de referenciar o

    usurio a outros servios de sade. Mesmo

    nesses momentos, a APS tem um importante papel ao desempenhar a funo de

    O agente dever identificar o que pode estar dificultando ou facilitando o acesso do usurio na unidade de sade em que trabalha.

  • 16

    coordenao do cuidado, que entendido como a capacidade de responsabilizar-se

    pelo usurio (saber o que est acontecendo com ele) e apoi-lo, mesmo quando

    este est sendo acompanhado em outros servios de sade.

    na APS em que acontece o trabalho do agente comunitrio de sade (ACS).

    Para refletir: Como

    o ACS pode tornar

    o trabalho mais

    humanizado?

  • 17

    3 APS/SADE DA FAMLIA

    O Ministrio da Sade definiu

    a Sade da Famlia como

    estratgia prioritria para a

    organizao e fortalecimento da

    APS no Pas.

    Por meio dessa estratgia, a

    ateno sade feita por uma

    equipe composta por profissionais

    de diferentes categorias

    (multidisciplinar) trabalhando de

    forma articulada (interdisciplinar), que considera as pessoas como um todo, levando

    em conta suas condies de trabalho, de moradia, suas relaes com a famlia e

    com a comunidade.

    Cada equipe composta, minimamente, por um mdico, um enfermeiro, um

    auxiliar de enfermagem ou tcnico de enfermagem e ACS, cujo total no deve

    ultrapassar 12 ACS. Essa equipe pode ser ampliada com a incorporao de

    profissionais de Odontologia: cirurgio-dentista, auxiliar de sade bucal e/ou tcnico

    em sade bucal. Cabe ao gestor municipal deciso de incluir ou no outros

    profissionais s equipes.

    Alm disso, com o objetivo de ampliar a abrangncia das aes da APS, bem

    como sua capacidade de resoluo dos problemas de sade, foram criados em 2008

    os Ncleos de Apoio Sade da Famlia (Nasf). Eles podem ser constitudos por

    equipes compostas por profissionais de diversas reas do conhecimento

    (nutricionista, psiclogo, farmacutico, assistente social, fisioterapeuta, terapeuta

    ocupacional, fonoaudilogo, mdico acupunturista, mdico ginecologista, mdico

    homeopata, mdico pediatra e mdico psiquiatra) que devem atuar em parceria com

    os profissionais das ESF. Logo, importante que o agente, saiba se a sua equipe

    est vinculada a algum Nasf e, em caso positivo, como se d a articulao entre a

    ESF e este Nasf.

    necessrio que exista entre a comunidade e os profissionais de sade relao

    de confiana, ateno e respeito. Essa relao uma das principais caractersticas

  • 18

    da reorganizao do processo de trabalho por meio da Sade da Famlia e se d na

    medida em que os usurios tm suas necessidades de sade atendidas.

    A populao sob responsabilidade da equipe deve ser cadastrada e

    acompanhada, entendendo-se suas necessidades de sade como resultado tambm

    das condies sociais, ambientais e econmicas em que vive.

    Equipe e famlias devem compartilhar responsabilidades pela sade. Isso

    particularmente importante na adequao das aes de sade s necessidades da

    populao e uma forma de controle social e participao popular.

    A participao popular e o controle social devem ser estimulados na ao cotidiana

    dos profissionais que atuam na APS.

  • 19

    4 AGENTE COMUNITRIO DE SADE: VOC UM AGENTE DE

    MUDANAS!

    O trabalho do ACS considerado uma extenso dos servios de sade dentro

    das comunidades, j que ele um membro da comunidade e possui um

    envolvimento pessoal.

    um personagem fundamental, pois quem est mais prximo dos problemas

    que afetam a comunidade, algum que se destaca pela capacidade de se

    comunicar com as pessoas e pela liderana natural que exerce.

    A ao do ACS favorece a transformao de situaes- problema que afetam a

    qualidade de vida das famlias, como aquelas associadas ao saneamento bsico,

    destinao do lixo, condies precrias de moradia, situaes de excluso social,

    desemprego, violncia intrafamiliar, drogas lcitas e ilcitas, acidentes etc.

    O trabalho do ACS tem como principal objetivo contribuir para a qualidade de

    vida das pessoas e da comunidade. Para que isso acontea, o ACS deve estar

    alerta. Tem que estar sempre vigilante.

  • 20

    Todas as famlias e pessoas do territrio de cada ACS devem ser

    acompanhadas por meio da visita domiciliar, na qual se desenvolvem aes de

    educao em sade. Entretanto, a atuao no est restrita ao domiclio, ocorrendo

    tambm nos diversos espaos comunitrios.

    Todas essas aes que esto voltadas para a qualidade de vida das famlias

    necessitam de posturas empreendedoras por parte da populao e, na maioria das

    vezes, o ACS que exerce a funo de estimular e organizar as reivindicaes da

    comunidade.

    4.1 Detalhando um pouco mais as aes do ACS

    O ACS deve estar sempre atento ao que acontece com as famlias do territrio,

    identificando com elas os fatores socioeconmicos, culturais e ambientais que

    interferem na sade. Ao identificar ou tomar conhecimento da situao-problema,

    precisa conversar com a pessoa e/ou familiares e depois encaminh-la (los)

    unidade de sade para uma avaliao mais detalhada. Caso a situao-problema

    seja difcil de ser abordada ou no encontre abertura das pessoas para falar sobre o

    assunto, deve-se relatar a situao para a equipe.

  • 21

    Os diferentes aspectos de um problema devero ser examinados

    cuidadosamente com as pessoas, para que sejam encontradas as melhores

    solues. Orientaes de preveno de doenas, promoo sade, entre outras

    estabelecidas pelo planejamento da equipe. Todas as pessoas da comunidade

    devero ser acompanhadas, principalmente aquelas em situao de risco.

    H situaes em que ser necessria a atuao de outros profissionais da

    equipe, sendo indicado o encaminhamento para a unidade de sade. O ACS dever

    comunicar equipe quanto situao encontrada, pois, caso no ocorra o

    comparecimento unidade de sade, dever ser realizada busca-ativa ou visita

    domiciliar.

    Todas as aes so importantes e a soma delas qualifica o trabalho. No entanto

    fundamental compreender a importncia da

    participao popular na construo da sade,

    estimulando assim as pessoas da comunidade

    a participarem das discusses sobre sua

    sade e o meio ambiente em que vivem,

    ajudando a promover a sade e a construir

    ambientes saudveis.

    Situaes de risco so aquelas em que uma pessoa ou grupo de pessoas corre

    perigo, isto , tem maior possibilidade ou chance de adoecer ou at mesmo de

    morrer.

  • 22

  • 23

    Nesses casos, as pessoas tm mais chance de adoecer e morrer se no forem

    tomadas as providncias necessrias.

    A situao de risco pode ser agravada por obstculos ou fatores que dificultam

    ou impedem as pessoas de terem acesso s unidades de sade, como:

    Localizao do servio com barreiras geogrficas ou distante da

    comunidade;

    Ausncia de condies para acesso das pessoas com deficincia fsica: falta

    de espao para cadeira de rodas, banheiros no adequados;

    Servios de transporte urbano insuficientes;

    Horrios e dias de atendimento restritos ou em desacordo com a

    disponibilidade da populao;

    Capacidade de atendimento insuficiente;

    Burocratizao no atendimento;

    Preconceitos raciais, religiosos, culturais, sociais, entre outros.

    Haver acessibilidade quando esse conjunto de fatores contribuir para o acesso

    do usurio aos servios de sade.

    Existem situaes de risco que afetam a pessoa individualmente e, portanto, tm

    solues individuais. Outras atingem um nmero maior de pessoas em uma mesma

  • 24

    comunidade, o que ir exigir uma mobilizao coletiva, por meio da participao da

    comunidade integrada s autoridades e servios pblicos. Os Conselhos de Sade

    (locais, municipais, estaduais e nacional) e as Conferncias so espaos que

    permitem a participao democrtica e organizada da comunidade na busca de

    solues.

    importante ressaltar que essa participao no deve restringir apenas aos

    Conselhos e Conferncias, podendo se dar de outras formas reunio das equipes

    de sade com a comunidade e associao de moradores, caixas de sugestes,

    ouvidoria, disque-denncia, entre outras.

  • 25

    5 O PROCESSO DE TRABALHO DO ACS E DESAFIO DE TRABALHO EM

    EQUIPE

    O processo de trabalho, respondendo aos seguintes objetivos:

    Compreender o processo de trabalho na sua totalidade e a inter-relao dos

    seus elementos;

    Identificar as especificidades de cada elemento do processo de trabalho e suas

    implicaes prticas;

    Perceber o funcionamento do processo de trabalho numa perspectiva dinmica

    e reiterativa;

    Compreender a importncia da avaliao constante no processo de trabalho.

    O modo como desenvolvemos nossas atividades profissionais, o modo como

    realizamos o nosso trabalho, qualquer que seja, chamado de processo de

    trabalho. Dito de outra forma, pode-se dizer que o trabalho, em geral, o conjunto

    de procedimentos pelos quais os homens atuam, por intermdio dos meios de

    produo, sobre algum objeto, fundamental que os profissionais das Estratgia de

    sade da famlia e Unidades Bsicas de sade a inseridos desenvolvam habilidades

    para a aplicao de instrumentos que possibilitem a reflexo crtica e a

    transformao do seu processo de trabalho.

    Todo processo de trabalho realizado para se atingir alguma(s) finalidade(s)

    determinada(s) previamente. O objetivo do processo de trabalho a produo de um

    dado objeto ou condio que determina o produto especfico de cada processo de

    trabalho. Com esse produto, por sua vez, pretende-se responder a alguma

    necessidade ou expectativa humanas, as quais so determinadas ou condicionadas

    pelo desenvolvimento histrico das sociedades.

    Trabalhar na rea da sade atuar em um mundo onde um conjunto de

    trabalhadores diversos se encontram para produzir cuidado sade da populao.

    Se pensarmos no conjunto de trabalhadores de uma unidade de sade, poderemos

    observar que cada trabalhador atua em um certo lugar, tem determinadas

    responsabilidades e produz um conjunto de aes para que esse objetivo seja

    alcanado. Alm disso, para cada ao e responsabilidade, o trabalhador precisa

    contar com uma srie de conhecimentos, saberes e habilidades para conseguir

    executar da melhor forma possvel a sua funo.

  • 26

    muito comum na rea da sade utilizar instrumentos e equipamentos para

    apoiar a realizao das aes de cuidado.

    Exemplo: o mdico da unidade de sade tem como uma de suas aes a

    realizao de consultas. O que ele precisa ter

    para realizar bem essa ao? Para fazer uma

    boa anamnese (entrevista que busca levantar

    todos os fatos referentes pessoa e doena

    que ela apresenta) e um bom exame fsico, ele

    precisa contar com conhecimentos tcnicos

    que adquiriu durante a sua formao e durante

    a sua vida. Nessa atividade, ele provavelmente

    vai utilizar tambm alguns instrumentos, como

    um roteiro/questionrio, um estetoscpio

    (aparelho para escutar o corao, pulmes e

    abdome), aparelho para medir a presso, entre

    outros. Alm disso, ele vai precisar ter outra

    habilidade, que a das relaes, que se mostra no modo como ele consegue

    interagir com as pessoas atendidas.

    Vamos ver ento dois exemplos diferentes de como esse mdico poderia

    realizar essa consulta:

    1 situao mobilizando mais os conhecimentos tcnicos e os instrumentos:

    nesta situao o mdico cumprimenta o usurio j olhando para a sua

    ficha/pronturio e comea a fazer perguntas seguindo o roteiro/questionrio,

    anotando as respostas e agindo de modo formal e objetivo. Realiza o exame fsico

    enquanto termina as perguntas do questionrio e faz a prescrio e/ou

    encaminhamento. A consulta termina rapidamente.

    2 situao mobilizando os conhecimentos, os instrumentos e a habilidade

    das relaes: nesta outra situao o mdico cumprimenta o usurio, utiliza o

    roteiro/questionrio como guia, mas incentiva e abre espao para a fala e a escuta

    do usurio sobre aspectos que no esto no roteiro. Nesse caso, ocorre uma

    conversa com o usurio para deix-lo mais vontade, a fala no se restringe s

    perguntas do questionrio, existe troca de olhares e discusso dos problemas

    percebidos. O exame fsico realizado e, aps todos os esclarecimentos de dvidas

  • 27

    que o profissional e o usurio julgaram necessrios, a prescrio e/ ou

    encaminhamento realizado e a consulta finalizada.

    O que vimos acima foram dois exemplos de processo de trabalho diferenciados:

    um que privilegia os conhecimentos tcnicos e os instrumentos, sem dar muita

    ateno para a relao de cuidado com o usurio (situao 1), e outro em que o

    profissional utilizou seus conhecimentos tcnicos em uma interao que valorizou o

    aspecto relacional e o cuidado com o usurio (situao 2). Verificamos tambm,

    nessa segunda situao, que o instrumento roteiro/questionrio serviu como apoio

    ao processo, e no como elemento central.

    Agora pense no processo de trabalho. Qual o papel do ACS na unidade e na

    equipe de sade? O ACS um membro da equipe e essencial para o

    desenvolvimento das aes da Ateno Primria Sade.

    de fundamental importncia lembrar que o trabalho em sade tem uma

    dimenso de cuidado humanizado insubstituvel, que ocorre no momento da

    interao com o usurio nesse encontro programado para produzir cuidado.

    O trabalho em equipe

    A equipe de sade formada por pessoas com histrias, formaes, saberes e

    prticas diferentes. um conjunto de pessoas que se encontram para produzir o

    cuidado de uma populao. Nessa equipe h sempre movimentos permanentes de

    articulao/ desarticulao, nimo/desnimo, inveno/resistncia mudana,

    crena/descrena no seu trabalho, pois a equipe viva, est sempre em processo

    de mudana.

    No entanto, somente o fato de as pessoas trabalharem juntas no constitui uma

    equipe: as pessoas precisam aprender a ser equipe. Ou seja: a equipe precisa ser

    construda.

  • 28

    Para essa construo acontecer, os trabalhadores precisam aprender um

    modo-equipe de trabalhar, reorganizando-se em torno de projetos teraputicos

    para assistir os usurios em sua integralidade. importante que toda a equipe

    assuma a tarefa de cuidar do usurio, reconhecendo que, para abordar a

    complexidade do trabalho em sade, so necessrios diferentes olhares, saberes e

    fazeres.

    O seu lugar na equipe de sade

    Para cuidar da sade da populao de um determinado territrio, a unidade de

    sade deve estar organizada de um modo que seus trabalhadores estejam divididos

    em funes e assumam responsabilidades diferentes e complementares.

    Vamos pensar no caso de uma enfermeira da unidade de sade. Uma de suas

    atribuies realizar consultas de enfermagem, no entanto, ela compartilha com o

    ACS e com os demais membros da equipe uma srie de outras responsabilidades e

    objetivos.

    Veja a seguir o quadro com algumas aes que so especficas e outras que

    so comuns aos profissionais da equipe da unidade de sade.

    Observando o quadro, percebemos que h muitas atividades que so comuns a

    todos da equipe, afinal, todos atuam no mesmo campo da sade. Um exerccio

    importante ao olhar para esse quadro avaliar se aquelas atividades comuns aos

    diversos trabalhadores esto acontecendo de forma articulada. Isso um bom

    indicador de trabalho em equipe, pois quando realizadas em conjunto trazem

    benefcios para todos.

    Como podemos observar no quadro, as atividades de planejamento e avaliao

    so comuns a todos os trabalhadores e, se realizadas em conjunto, traro benefcios

    tanto aos trabalhadores quanto ao trabalho da equipe como um todo.

  • 29

    * Enfermeiro pode prescrever observando a legislao vigente.

    ** Cirurgio-dentista pode prescrever observando a legislao vigente.

    *** Realizar cadastramento das famlias uma atribuio do ACS, mas pode ser

    desenvolvida pelos demais membros da equipe de sade.

    Semelhantes aos agentes

    comunitrios de sade (ACS) h os

    agentes indgenas de sade (AIS) e

    os agentes indgenas de saneamento

    (AISAN), que atuam nos Distritos

    Sanitrios Especiais Indgenas (DSEI)

    compondo as equipes

    multidisciplinares de sade indgena

    (EMSI), cuidando da sade indgena

    nas aldeias no mbito da APS.

  • 30

    A equipe de sade precisa conhecer a realidade da comunidade e para tal

    dever reunir informaes identificando suas principais necessidades em sade.

    Com essas informaes, ser realizado o diagnstico de sade da comunidade, o

    planejamento e a execuo das aes.

    H diversos instrumentos que podem ser utilizados para a coleta dos dados e

    cada um deles tem um objetivo. A soma de todos ajuda na construo do

    diagnstico.

    Cadastro das famlias;

    Mapa da comunidade;

    Visita domiciliar/ entrevista;

    Reunies so alguns exemplos.

  • 31

    5.1 Cadastramento das famlias

    A etapa inicial do trabalho do ACS o cadastramento das famlias do seu

    territrio de atuao (micro rea) com, no mximo, 750 pessoas. Para realizar o

    cadastramento, necessrio o preenchimento de fichas especficas.

    O cadastro possibilita o conhecimento das reais condies de vida das famlias

    residentes na rea de atuao da equipe, tais como a composio familiar, a

    existncia de populao indgena, quilombola ou assentada, a escolaridade, o

    acesso ao saneamento bsico, o nmero de pessoas por sexo e idade, as condies

    da habitao, o desemprego, as doenas referidas etc.

    importante identificar os diversos estabelecimentos e instituies existentes no

    territrio, como escolas, creches, comrcio, praas, instituies de longa

    permanncia (ILP), igrejas, templos, cemitrio, depsitos de lixo/aterros sanitrios

    etc.

    Ao identificar a populao indgena, o ACS deve levar em considerao que,

    mesmo residindo no espao urbano ou rural, longe de sua aldeia de origem ou em

    aldeamento no reconhecido oficialmente, o indgena possui o direito de ser

    acompanhado, respeitando-se as diferenas culturais.

    necessrio considerar que o indgena nem sempre tem domnio da lngua

    portuguesa, podendo entender algumas palavras em portugus, sem compreender a

    informao, a explicao dada ou mesmo a pergunta realizada. importante

    observar e tentar perceber se esto entendendo e o que esto entendendo,

    cuidando para no constrang-los. O esforo de comunicao deve ser mtuo de

    modo a promover o dilogo.

    Ainda como informaes importantes para o diagnstico da comunidade, vale

    destacar a necessidade de identificar outros locais onde os moradores costumam ir

    para resolver seus problemas de sade, como casa de benzedeiras ou rezadores,

  • 32

    raizeiros ou pessoas que so conhecidas por saberem orientar sobre nomes de

    remdio para algumas doenas, bem como saber se procuram servios (pronto-

    socorro, hospitais etc.) situados fora de sua rea de moradia ou fora do seu

    municpio. Tambm importante o ACS saber se as pessoas costumam usar

    remdios caseiros, chs, plantas medicinais, fitoterapia e/ou se utilizam prticas

    complementares como a homeopatia e acupuntura, e saber se existe disponvel na

    regio algum tipo de servio de sade que utilize essas prticas.

    Ao realizar o cadastramento e identificar os principais problemas de sade, o

    trabalho do ACS contribui para que os servios possam oferecer uma ateno mais

    voltada para a famlia, de acordo com a realidade e os problemas de cada

    comunidade.

    Os dados desse cadastramento devem ser de conhecimento de toda a equipe

    de sade.

    5.1.1 Dando um exemplo

    Em uma comunidade, muitos casos de diarreia comearam a acontecer. As

    pessoas procuravam o posto de sade ou iam direto ao hospital para se tratar. Eram

    medicadas, mas pouco tempo depois estavam doentes de novo. Essa situao

    alertou a equipe de que algo no estava bem.

    O ACS, por meio das visitas domiciliares, observou a existncia de esgoto a cu

    aberto prximo a tubulaes de gua. Alm disso, as pessoas daquela comunidade

    costumavam no proteger adequadamente suas caixas dgua.

    A equipe identificou os fatores de risco e constatou que os casos de diarreia

    estavam relacionados aos hbitos de vida daquelas pessoas.

    Observa-se que um mesmo problema de sade pode estar relacionado a

    diferentes causas e que o olhar dos diversos membros da equipe pode contribuir

    para a resoluo do problema.

  • 33

    O territrio a base do trabalho do ACS. Territrio, segundo a lgica da sade,

    no apenas um espao delimitado geograficamente, mas sim um espao onde as

    pessoas vivem, estabelecem relaes sociais, trabalham, cultivam suas crenas e

    cultura.

    Trabalhar com territrio implica processo de coleta e sistematizao de dados

    demogrficos, socioeconmicos, polticoculturais, epidemiolgicos e sanitrios,

    identificados por meio do cadastramento, que devem ser interpretados e atualizados

    periodicamente pela equipe.

    importante a elaborao de mapa que retrate esse territrio com a

    identificao de seus limites, populao, nmero de famlias e outras caractersticas.

    5.2 Mapeamento da rea de atuao

    Trabalhar com mapas uma forma de retratar e aumentar conhecimentos sobre

    a comunidade. O mapa um desenho que representa no papel o que existe naquela

    localidade: ruas, casas, escolas, servios de sade, pontes, crregos e outras coisas

    importantes. O mapa deve ser uma ferramenta indispensvel para o trabalho. o

    desenho de toda a rea/territrio de atuao.

    O mapa pode ajudar a organizar melhor o trabalho.

    O conjunto dos mapas produzido pelos ACS formar um grande mapa da rea

    de atuao da equipe de Sade da Famlia (eSF).

    Esse mapa mais abrangente, feito com todas as informaes sobre a rea, pode

    dar origem a outros mais especficos. Como exemplos:

    Podemos ter mapas de territrios feitos manualmente com auxlio da

    comunidade e fotos de territrios utilizando recursos de informtica ou internet.

  • 34

    Podem-se destacar as informaes das ruas, caminhos e as linhas de nibus de

    uma comunidade, desenhando um mapa especfico. Em uma regio que chove

    muito, importante conhecer bem os rios, audes, lagos, lagoas da regio e locais

    propensos inundao.

    necessrio identificar no territrio da equipe quais os riscos da micro rea.

    Como j foi dito anteriormente, o mapa retrata o territrio onde acontecem

    mudanas, portanto, ele dinmico e deve ser constantemente atualizado. O

    ACS deve sempre ter a cpia do mapa da micro rea para facilitar o

    acompanhamento das mudanas na comunidade.

    Figura 1 - Foto ilustrativa de um mapa, construdo com o auxlio da comunidade.

  • 35

    Com o mapa o ACS pode:

    Conhecer o caminho mais fcil para chegar aos locais de visitas;

    Marcar as barreiras geogrficas que dificultam o caminho das

    pessoas ate os servios de sade (rios, morros, mata cerrada, etc.);

    Conhecer a realidade da comunidade e planejar como resolver

    os problemas de sade com mais eficcia;

    Planejar as visitas de cada dia sem perder tempo;

    Marcar as micro reas de risco;

    Identificar com smbolos as situaes de risco;

    Identificar com smbolos os grupos prioritrios: gestantes,

    idosos, hipertensos, diabticos, pessoas acamadas, crianas menores

    de cinco anos, pessoas com deficincia, usurio de drogas, pessoas

    com hansenase, pessoas com tuberculose, etc.

  • 36

    O mapa, juntamente com as informaes coletadas no cadastramento das

    famlias, vai ajudar toda a equipe no diagnstico de sade da rea.

    5.3 Visita domiciliar

    A visita domiciliar a atividade mais importante do processo de trabalho do

    agente comunitrio de sade. Ao entrar na casa de uma famlia, o ACS entra no

    somente no espao fsico, mas em tudo o que esse espao representa. Nessa casa

    vive uma famlia, com seus cdigos de sobrevivncia, suas crenas, sua cultura e

    sua prpria histria.

    A sensibilidade/capacidade de compreender o momento certo e a maneira

    adequada de se aproximar e estabelecer uma relao

    de confiana uma das habilidades mais importantes

    do ACS. Isso ajudar a construir o vnculo necessrio

    ao desenvolvimento das aes de promoo,

    preveno, controle, cura e recuperao.

    Muitas vezes o ACS pode ser a melhor

    companhia de um idoso ou de uma pessoa deprimida

    sem extrapolar os limites de suas atribuies. O ACS

    pode orientar como trocar a fralda de um beb e pode ser o amigo e conselheiro da

    pessoa ou da famlia. Nem sempre fcil separar o lado pessoal do profissional e os

    limites da relao ACS/famlia. Isso pode determinar ou reorganizar seu processo de

    trabalho e a forma como se vincula famlia. Recomenda-se que o ACS estabelea

    um bom vnculo com a famlia, mas saiba dissociar a sua relao pessoal do seu

    papel como agente comunitrio de sade.

  • 37

    Cada famlia tem uma dinmica de vida prpria e, com as modificaes na

    estrutura familiar que vm ocorrendo nos ltimos tempos, fica cada vez mais difcil

    classific-la num modelo nico. Essas

    particularidades ou caractersticas prprias

    fazem com que determinada conduta ou ao

    por parte dos agentes e equipe de sade

    tenha efeitos diferentes ou atinjam de modo

    distinto, com maior ou menor intensidade, as

    diversas famlias assistidas.

    O ACS, na funo de orientar, monitorar, esclarecer e ouvir, passa a exercer

    tambm o papel de educador. Assim, fundamental que sejam compreendidas as

    implicaes que isso representa.

    Para ser bem feita, a visita domiciliar deve ser planejada. Ao planejar, utiliza-se

    melhor o tempo e respeita-se tambm o tempo das pessoas visitadas.

    Para auxiliar no dia a dia do trabalho, importante que o ACS tenha um roteiro

    de visita domiciliar, o que vai ajudar muito no acompanhamento das famlias da sua

    rea de trabalho. Tambm recomendvel definir o tempo de durao da visita,

    devendo ser adaptada realidade do momento.

    A pessoa a ser visitada deve ser informada do motivo e da importncia da visita.

    Cham-las sempre pelo nome demonstra respeito e interesse por elas.

    Na primeira visita, indispensvel que voc diga seu nome, fale do seu trabalho, o

    motivo da visita e sempre pergunte se pode ser recebido naquele momento.

    Para o desenvolvimento de um bom trabalho em equipe, fundamental que

    tanto o ACS quanto os demais profissionais aprendam a interagir com a

    comunidade, sem fazer julgamentos quanto cultura, crenas religiosas, situao

    socioeconmica, etnia, orientao sexual, deficincia fsica etc.

    Todos os membros da equipe devem respeitar as diferenas entre as pessoas,

    adotando uma postura de escuta, tolerncia aos princpios e s distintas crenas e

    valores que no sejam os seus prprios, alm de atitudes imparciais.

  • 38

    Aps a realizao da visita,

    importante verificar se o objetivo dela foi

    alcanado e se foram dadas e colhidas

    as informaes necessrias. Enfim,

    deve-se avaliar e corrigir possveis

    falhas. Esse um passo muito

    importante que possibilitar planejar as

    prximas visitas.

    Da mesma forma, necessrio

    partilhar com o restante da equipe essa

    avaliao, expondo as eventuais

    dvidas, os anseios, as dificuldades

    sentidas e os xitos.

    Toda visita deve ser realizada tendo como base o planejamento da equipe,

    pautado na identificao das necessidades de cada famlia. Pode ser que seja

    identificada uma situao de risco e isso demandar a realizao de outras visitas

    com maior frequncia.

    Por meio da visita domiciliar, possvel:

    Identificar os moradores, por faixa etria, sexo e raa, ressaltando situaes como

    gravidez, desnutrio, pessoas com deficincia etc.;

    Conhecer as condies de moradia e de seu entorno, de trabalho, os hbitos, as

    crenas e os costumes;

    Conhecer os principais problemas de sade dos moradores da comunidade;

    Perceber quais as orientaes que as pessoas mais precisam ter para cuidar

    melhor da sua sade e melhorar sua qualidade de vida;

    Ajudar as pessoas a refletir sobre os hbitos prejudiciais sade;

    Identificar as famlias que necessitam de acompanhamento mais frequente ou

    especial;

    Divulgar e explicar o funcionamento do servio de sade e quais as atividades

    disponveis;

    Desenvolver aes que busquem a integrao entre a equipe de sade e a

    populao do territrio de abrangncia da unidade de sade;

  • 39

    Ensinar medidas de preveno de doenas e promoo sade, como os

    cuidados de higiene com o corpo, no preparo dos alimentos, com a gua de beber e

    com a casa, incluindo o seu entorno;

    Orientar a populao quanto ao uso correto dos medicamentos e a verificao da

    validade deles;

    Alertar quanto aos cuidados especiais com purperas, recm-nascidos, idosos,

    acamados e pessoas portadoras de deficincias;

    Registrar adequadamente as atividades realizadas, assim como outros dados

    relevantes, para os sistemas nacionais de informao disponveis para o mbito da

    Ateno Primria Sade.

    5.4 Trabalhando educao em sade na comunidade

    5.4.1 Como trabalhar educao em sade na comunidade

    As aes educativas fazem parte do dia a dia e tm como objetivo final contribuir

    para a melhoria da qualidade de vida da populao. O desenvolvimento de aes

    educativas em sade pode abranger muitos temas em atividades amplas e

    complexas, o que no significa que so aes difceis de serem desenvolvidas.

    Ocorre por meio do exerccio do dilogo e do saber escutar.

    Segundo o educador Paulo Freire (1996)1, ensinar no transferir

    conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produo ou a sua

    construo.

    O enfoque educativo um dos elementos fundamentais na qualidade da

    ateno prestada em sade.

    Educar um processo de construo permanente.

    As aes educativas tm incio nas visitas domiciliares, mas podem ser

    realizadas em grupo, sendo desenvolvidas nos servios de sade e nos diversos

    espaos sociais existentes na comunidade. O trabalho em grupo refora a ao

    educativa aos indivduos.

    A ao educativa de responsabilidade de toda a equipe.

    1 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessrios prtica educativa. So Paulo: Paz

    e Terra, 1996. 165 p.

  • 40

    Existem diferentes metodologias para se trabalhar com grupos. O ACS e a

    equipe devem avaliar a que melhor se adapte s suas disponibilidades e dos demais

    membros da equipe, de tempo e de espao, assim como as caractersticas e as

    necessidades do grupo em questo. A linguagem deve ser sempre acessvel,

    simples e precisa.

    importante considerar o conhecimento e experincia dos participantes

    permitindo a troca de ideias. Isso estimula a pessoa a construir um processo

    decisrio autnomo e centrado em seus interesses.

    As aes educativas devem estimular o conhecimento e o cuidado de si mesmo,

    fortalecendo a autoestima, a autonomia e tambm os vnculos de solidariedade

    comunitria, contribuindo para o pleno exerccio de poder decidir o melhor para a

    sua sade.

    5.4.2 Recomendaes gerais para atividades educativas

    No h frmula pronta, mas h passos que podem facilitar o trabalho do ACS

    com grupos. Inicialmente, deve-se planejar a reunio definindo objetivos, local, dia e

    horrio que facilitem a acomodao e a presena de todos. importante garantir as

  • 41

    condies de acessibilidade no caso de existir pessoas com deficincia fsica na

    comunidade e pensar estratgias que facilitem a comunicao no caso de deficiente

    visual ou auditivo. No deve esquecer-se de providenciar o material que ser

    utilizado durante a atividade e, se necessrio, convidar com antecedncia algum

    para falar sobre algum assunto especfico de interesse da comunidade.

    No grupo, ao compartilhar dvidas, sentimentos e conhecimentos, as pessoas

    tm a oportunidade de ter um olhar diferente das suas dificuldades. A forma de

    trabalhar com o grupo (tambm conhecida como dinmica de grupo) contribui para o

    indivduo perceber suas necessidades, reconhecer o que sabe e sente, estimulando

    sua participao ativa nos atendimentos individuais subsequentes.

    Desenvolver atividades educativas faz parte do processo de trabalho de todos

    os membros da equipe.

    Para o desenvolvimento de atividades educativas, recomenda-se:

    Divulgar uma etapa que no deve ser esquecida. Espalhar a notcia para o maior

    nmero de pessoas, elaborar cartazes com letras grandes, de forma criativa, e

    divulgar a reunio nos lugares mais frequentados da comunidade fazem parte desse

    processo;

    Realizar dinmicas que possibilitem a apresentao dos participantes e integrao

    do grupo, quebrando a formalidade inicial;

    Apresentar o tema que ser discutido, permitindo a exposio das necessidades e

    expectativas de todos. A pauta da discusso deve ser flexvel, podendo ser

    adaptada s necessidades do momento;

    Estimular a participao de todos;

  • 42

    Identificar os conhecimentos, crenas e valores do grupo, bem como os mitos,

    tabus e preconceitos, estimulando a reflexo sobre eles. A discusso no deve ser

    influenciada por convices culturais, religiosas ou pessoais;

    Discutir a importncia do autoconhecimento e autocuidado, que contribuiro para

    uma melhor qualidade de vida;

    Abordar outros temas segundo o interesse manifestado pelo grupo;

    Facilitar a expresso de sentimentos e dvidas com naturalidade durante os

    questionamentos, favorecendo o vnculo, a

    confiana e a satisfao das pessoas;

    Neutralizar delicada e firmemente as pessoas

    que, eventualmente, queiram monopolizar a

    reunio, pedindo a palavra o tempo todo e a

    utilizando de forma abusiva, alm daqueles que

    s comparecem s reunies para discutir seus

    problemas pessoais;

    Utilizar recursos didticos disponveis como

    cartazes, recursos audiovisuais, bonecos, bales

    etc.;

    Ao final da reunio, apresentar uma sntese dos

    assuntos discutidos e os pontos-chave, abrindo a

    possibilidade de esclarecimento de dvidas.

    Entre as habilidades que todo trabalhador de sade deve buscar desenvolver,

    esto:

    Ter boa capacidade de comunicao;

    Usar linguagem acessvel, simples e precisa;

    Ser gentil, favorecendo o vnculo e uma relao de confiana;

    Acolher o saber e o sentir de todos;

    Ter tolerncia aos princpios e s distintas crenas e valores que no sejam os

    seus prprios;

    Sentir-se confortvel para falar sobre o assunto a ser debatido;

    Ter conhecimentos tcnicos;

  • 43

    Buscar apoio junto a outros profissionais quando no souber responder a alguma

    pergunta.

    Durante o desenvolvimento da atividade, devem ser oferecidos, se possvel,

    materiais impressos e explicar a importncia do acompanhamento contnuo na UBS,

    assim como o funcionamento dos servios disponveis.

    Sempre que possvel envolver os participantes do grupo no planejamento,

    execuo e avaliao dessa atividade educativa. Isso estimula a participao e o

    interesse das pessoas na medida em que se sentem capazes, envolvidos e

    responsveis pelo sucesso do trabalho.

  • 44

    5.5 Participao da comunidade

    Participao quer dizer tomar parte, partilhar, trocar, ter influncia nas decises

    e aes. Isso significa que voc no trabalha sozinho, nem a equipe de sade a

    nica responsvel pelas aes de sade.

    importante participar e auxiliar na

    organizao dos Conselhos Locais de Sade e

    estimular as pessoas da comunidade a

    participarem de todos os Conselhos de Sade.

    Tambm possvel recomendar aos

    representantes da comunidade a conversarem

    com os conselheiros sobre as aes de sade que j esto sendo desenvolvidas e

    estratgias para enfretamento dos problemas que ainda existem.

    Cada pessoa da comunidade sabe alguma coisa, sabe fazer alguma coisa e

    sabe dizer alguma coisa diferente. So os saberes, os fazeres e os dizeres da

    comunidade. A comunidade funciona quando existe troca de conhecimentos entre

    todos. Cada um tem um jeito de contribuir, e toda contribuio deve ser considerada

    e valorizada. Deve se estar muito atento a tudo isso.

    A troca de conhecimentos entre as pessoas de uma comunidade faz parte de

    um processo de educao para a participao em sade.

    5.6 Atuao intersetorial

    Muitas vezes a resoluo de problemas de sade requer no s empenho por

    parte de profissionais e gestores de

    sade, mas tambm o empenho e

    contribuio de outros setores. Quando

    se trabalha articuladamente com outros

    setores da sociedade, aumenta-se a

    capacidade de oferecer uma resposta

    mais adequada s necessidades de

    sade da comunidade.

    Por exemplo, o ACS pode suspeitar

    de um caso de maus-tratos com uma criana aps verificar que h marcas e

  • 45

    hematomas na pele dela. Partilhando esse caso com a equipe, um dos profissionais

    de sade verifica no pronturio que a criana agressiva quando comparece s

    consultas na unidade e h relato de problemas com o desenvolvimento dela. Sente-

    se a necessidade de uma visita casa daquela famlia e o auxlio de outros

    profissionais (psiclogo, servio social etc.). Se constatado algum indcio de maus

    tratos, ser necessria uma abordagem que extrapole o campo de atuao da sade

    com o envolvimento de rgos de outras reas, como o Conselho Tutelar e/ou

    Juizado da Infncia.

  • 46

    Faz parte do ACS o acompanhamento de todas as gestantes e

    crianas menores de sete anos de idade contempladas com o

    benefcio do programa.

    Os compromissos dos beneficirios so:

    Gestante:

    Fazer inscrio do pr-natal e comparecer s consultas,

    conforme o preconizado pelo Ministrio da Sade;

    Participar de atividades educativas sobre aleitamento materno,

    orientao para uma alimentao saudvel da gestante e preparo

    para o parto.

    Me ou responsvel pelas crianas menores de sete anos:

    Levar a criana unidade de sade para a realizao do

    acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, de acordo

    com o preconizado pelo Ministrio da Sade;

    Participar de atividades educativas sobre aleitamento materno

    e cuidados gerais com a alimentao e sade da criana;

    Cumprir o calendrio de vacinao da criana, de acordo com o

    preconizado pelo Ministrio da Sade.

    As aes de sade que fazem parte das condicionalidades do

    Programa Bolsa-Famlia, descritas acima, so universais, ou

    seja, devem ser ofertadas a todas as pessoas que procuram o

    Sistema nico de Sade (SUS).

  • 47

    6 PLANEJAMENTO DAS AES

    J falamos muito sobre planejamento, e o que isso?

    Planejar no improvisar. preparar e organizar bem o que se ir fazer,

    acompanhar sua execuo, reformular as decises j tomadas, redirecionar sua

    execuo, se necessrio, e avaliar o resultado ao seu trmino.

    No acompanhamento da execuo das aes, verifica-se se os objetivos

    pretendidos esto sendo alcanados ou no, para poder intervir a tempo de

    modificar o resultado final, alcanando assim seu objetivo.

    Quanto mais complexo for o problema, maior a necessidade de planejar as

    aes para garantir melhores resultados.

    Existem vrias formas de fazer planejamento. O centralizado aquele que no

    garante a participao social e normalmente no reflete as reais necessidades da

    populao. J no planejamento participativo, garante-se a participao da populao

    junto equipe de sade discutindo seus problemas e encontrando solues. A

    populao participa na tomada de deciso, assumindo as responsabilidades que lhe

    cabem. As respostas aos problemas identificados devem ser explicitadas a partir da

    anlise e reflexo entre tcnicos e populao sobre a realidade concreta, seus

    problemas, suas necessidades e interesses na rea de sade.

    De modo geral, o planejamento um instrumento de gesto que visa promover o

    desenvolvimento institucional, objetivando melhorar a qualidade e efetividade do

    trabalho desenvolvido.

    No que se refere s aes de sade, o planejamento participativo o mais

    adequado, na medida em que envolve diversos atores/participantes, permitindo

    realizar um diagnstico mais fidedigno da realidade local. A partir da, torna-se mais

    fcil uma atuao mais adequada voltada para a melhoria das condies de sade

    com o comprometimento de todos com o trabalho.

    Planejar bem, portanto, condio necessria, porm no suficiente para que

    as aes de sade sejam implementadas de forma qualificada, gerando benefcios

    efetivos para a populao em geral.

    O ACS de forma sintonizada com a equipe pode planejar o seu trabalho, dando

    prioridade para aquelas famlias que necessitam ser acompanhadas com maior

    frequncia.

  • 48

    Portanto, as famlias em risco e as que pertencem aos grupos prioritrios

    precisam ser acompanhadas mais de perto. Esse diagnstico um ponto de partida

    para o ACS e equipe organizarem o calendrio de visitas domiciliares e demais

    atividades.

    6.1 Etapas do planejamento

    O planejamento pressupe passos, momentos ou etapas bsicas estabelecidos

    em uma ordem lgica. De forma geral, seguem- se as seguintes etapas:

    6.1.1 Diagnstico

    a primeira etapa do planejamento para quem busca conhecer as

    caractersticas socioeconmicas, culturais e epidemiolgicas, entre outras.

    As fontes de dados podem ser fichas, bem como anotaes prprias, relatrios,

    livros de atas, aplicao de questionrio, entrevistas, dramatizao e outras fontes

    disposio.

    O diagnstico se compe de trs momentos especficos: levantamento, anlise e

    reflexo dos dados, e priorizao das necessidades.

    O diagnstico da comunidade nada mais do que uma leitura da realidade local.

    o momento da identificao dos problemas, suas causas e consequncias e

    principais caractersticas da comunidade. o momento em que tambm se buscam

    explicaes para os problemas identificados.

  • 49

    6.1.2 Plano de ao

    Nesse momento a equipe de sade, grupos e populao interessada definem,

    entre outros problemas identificados,

    aqueles que so passveis de interveno

    e que contribuem para a melhoria da

    sade da comunidade. Deve-se sempre

    conhecer a capacidade de realizao do

    trabalho pela equipe e as condies da

    unidade de sade. Assim, evitam-se

    definir objetivos que no tm a execuo vivel.

    O plano de ao que viermos a estabelecer deve ser bem claro e preciso, pois

    ele que ir apontar a direo do nosso trabalho.

    6.1.2.1 Meta

    A meta tem como foco o alcance do trabalho. A meta estabelece concretamente

    o que se pretende atingir.

    6.1.2.2 Estratgia

    Na estratgia, so definidos os passos a serem seguidos, os mtodos e as

    tcnicas a serem utilizadas nas atividades e as responsabilidades de cada um.

    6.1.2.3 Recursos

    o levantamento de tudo que necessrio para realizar a atividade. Recursos

    humanos, recursos fsicos, recursos materiais e recursos financeiros.

    6.1.2.4 Cronograma

    Cronograma e estratgia esto intimamente ligados. O cronograma organiza a

    estratgia no tempo.

    O diagnstico vai mostrar a

    importncia do trabalho do ACS,

    porque ele vai descrever como

    estava a situao de sade antes e

    como ficou depois de algum tempo

    de trabalho desenvolvido na

    comunidade.

  • 50

    6.1.3 Execuo

    Implica operacionalizao do plano de ao, ou seja, colocar em prtica o que

    foi planejado.

    6.1.4 Acompanhamento e Avaliao

    A avaliao deve acompanhar todas as fases do planejamento. Quando

    realizada aps a execuo, identifica os resultados alcanados e fornece auxlio

    para a reprogramao das aes, alm de indicar a necessidade de novo

    diagnstico ou reformulao do j existente.

  • 51

    7 FERRAMENTAS DE TRABALHO

    Todas as informaes que o ACS, conseguir sobre a comunidade ajudar na

    organizao do seu trabalho. Algumas dessas informaes o agente anota em fichas

    prprias para compor o Sistema de Informao da Ateno Bsica (Siab).

    O agente comunitrio de sade utiliza quatro fichas: Ficha A cadastramento

    das famlias; Ficha B acompanhamento de gestantes; Ficha C Carto da

    Criana; e Ficha D registro das atividades dirias do ACS.

    7.1 Orientaes para preenchimento da ficha de cadastramento Ficha A

    As anotaes na ficha devem ser feitas de preferncia a lpis, pois, se o agente

    errar ou necessitar atualizar, s apagar.

    No alto, esquerda, est identificada a Ficha A. Depois vem a referncia

    Secretaria Municipal de Sade e ao Siab, sistema de informao nacional que

    constitui ferramenta importante para monitoramento da Estratgia Sade da Famlia,

    para juntar todas as informaes de sade das micro reas dos municpios

    brasileiros onde atuam os agentes comunitrios de sade. Assim, as informaes

    registradas na Ficha A vo para a Secretaria de Sade do municpio, desta, para a

    Secretaria de Sade do Estado e, posteriormente, para o Departamento de Ateno

    Bsica do Ministrio da Sade. uma forma de o governo federal saber a realidade

    da sade das pessoas nos municpios brasileiros e ter mais subsdios para fortalecer

    a Poltica Nacional de Ateno Bsica.

    No canto direito da ficha, ao lado das letras UF (Unidade da Federao), h dois

    quadrinhos que devem ser preenchidos com as duas letras referentes sigla do

    Estado. Por exemplo: PB para Paraba; MG para Minas Gerais; PE para

    Pernambuco; GO para Gois; RS para Rio Grande do Sul; BA para Bahia, e assim

    por diante.

    Logo abaixo, encontra-se o espao para escrever o endereo da famlia, com o

    nome da rua (ou avenida, praa, beco, estrada, fazenda, ou qualquer que seja a

    denominao), o nmero da casa, o bairro e o CEP, que a sigla para Cdigo de

    Endereamento Postal.

    Na linha de baixo, esto os espaos que devem ser preenchidos com nmeros

    fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) o cdigo do

  • 52

    municpio; pela Secretaria Municipal de Sade segmento e rea; ou pela equipe de

    sade micro rea. A equipe de sade fornece esses nmeros e explica o que eles

    significam.

    Depois esto os trs quadrinhos para o prprio agente comunitrio de sade

    registrar o nmero da famlia na ficha. A primeira famlia ser a de nmero 001, a

    dcima ser 010, a dcima terceira ser 013, a centsima ser 100, e assim por

    diante. Por fim, o espao para a data, onde o ACS deve colocar o dia, o ms e o ano

    em que est sendo feito o cadastramento daquela famlia.

    Vamos, agora, continuar a orientao para preencher o cadastro da famlia:

    Abaixo da palavra nome, h uma linha reservada para cada pessoa da casa

    (inclusive os empregados que moram ali) que tenha 15 anos ou mais. direita, na

    continuao de cada linha, esto os espaos (campos) para dizer o dia, ms e ano

    do nascimento, a idade e o sexo de cada pessoa (M para masculino, F para

    feminino). Caso no tenha informao sobre a data do nascimento, anotar a idade

    que a pessoa diz ter.

    O quadro alfabetizado para informar se a pessoa sabe ler e escrever, ou no.

    No alfabetizada a pessoa que s sabe escrever o nome. Se alfabetizada, um X

    na coluna sim. Se no alfabetizada, um X na coluna no. Para ser considerada

    alfabetizada ela deve saber escrever um bilhete simples.

    Depois vem o espao para informar a ocupao de cada um. muito importante

    que se registre com cuidado essa informao. Ocupao o tipo de trabalho que a

    pessoa faz. Se a pessoa estiver de frias, licena ou afastada temporariamente do

    trabalho, o ACS deve anotar a ocupao mesmo assim. O trabalho domstico uma

    ocupao, mesmo que no seja remunerado. Se a pessoa tiver mais de uma

    ocupao, registre aquela a que ela dedica mais horas de trabalho.

    Ser considerada desempregada a pessoa que foi desligada do emprego e no

    est fazendo qualquer atividade, como prestao de servios a terceiros, bicos etc.

  • 53

    Por fim, vem o quadro para registrar o tipo de doena ou condies em que se

    encontra a pessoa. No se deve solicitar comprovao de diagnstico e no se deve

    registrar os casos que foram tratados e j alcanaram cura.

    Os campos para nome, data de nascimento, idade e sexo devem ser

    preenchidos como no primeiro quadro de pessoas com 15 anos e mais. No campo

    destinado a informar se frequenta a escola, marcar com um X se ela est indo ou

    no escola. Se ela estiver de frias, mas for continuar os estudos no perodo

    seguinte, marcar o X para sim.

    Anotar a ocupao de crianas e adolescentes importante no cadastramento,

    pois ir ajudar a equipe de sade a procurar as autoridades competentes sobre os

    direitos da criana e do adolescente, para medidas que possam proteg-los contra

    violncia e explorao.

    Veja a situao descrita que serve de exemplo:

  • 54

    A famlia cadastrada na Ficha A a famlia do sr. Nelson, que composta de

    sete pessoas: ele, a esposa, trs filhos, D. Umbelina (sua me) e Ana Rosa

    (empregada domstica que mora com eles).

    O ACS registrou na ficha os dados de idade, sexo, escolaridade, ocupao e

    ocorrncia de doenas ou condies referidas de todas as pessoas da famlia.

    A data de nascimento de D. Umbelina no foi anotada, porque ela no sabia

    informar. Mas sabia que tinha mais ou menos 63 anos. Ento o ACS anotou no

    campo idade, o nmero 63.

    Cristina tem sete meses, menos de um ano de idade. Assim, o ACS registrou 0

    (zero).

  • 55

    Os campos do verso da Ficha A servem para caracterizar a situao de moradia e saneamento e outras informaes

    importantes acerca da famlia.

    Repare que h um quadrado para o tipo de casa, com quadrinhos para assinalar com X o material usado na construo. Se o

    material no nenhum dos referidos, voc tem um espao para explicar o que foi usado na construo da moradia. ali onde est

    escrito outro especificar.

    .

  • 56

    Logo abaixo, contem o lugar onde se informa o nmero de cmodos. Uma casa

    com quarto, sala, banheiro e cozinha tem quatro cmodos. Se s h um quarto e

    uma cozinha, so dois cmodos. Ateno para o que no considerado cmodo:

    corredor, alpendre, varanda aberta e outros espaos que pertencem a casa, mas

    que so utilizados mais como rea de circulao.

    Abaixo, deve ser informado se a casa tem energia eltrica, mesmo que a

    instalao no seja regularizada. Em seguida, o destino do lixo.

    No lado direito da ficha, esto os quadros para informar sobre o tratamento da

    gua na casa, a origem do abastecimento da gua utilizada e qual o destino das

    fezes e urina.

    Na metade de baixo da ficha, esto os quadros para outras informaes.

    Primeiro, h um quadrinho (sim ou no) para dizer se algum da famlia possui plano

    de sade e outro para informar quantas pessoas so cobertas pelo plano. Logo

    abaixo, existem quadrinhos para cada letra do nome do plano.

    Depois, o ACS deve anotar que tipo de socorro aquela famlia est acostumada

    a procurar em caso de doena e quais os meios de comunicao mais utilizados na

    casa.

  • 57

    direita, esto os quadros para anotar se aquela famlia participa de grupos comunitrios e para informar que meios de

    transporte mais utiliza.

    Para completar, vem o espao para registro das observaes que considerar importantes a respeito da sade daquela famlia.

  • 58

    7.2 Cadastramento e acompanhamento da Ficha B

    Na Ficha B-GES o ACS cadastra e acompanha mensalmente o estado de sade das gestantes. A cada visita, os dados da

    gestante devem ser atualizados nessa ficha, que deve ficar de posse do ACS, sendo discutida mensalmente com o enfermeiro

    instrutor/supervisor.

  • 59

    A Ficha B-HA serve para o cadastramento e acompanhamento mensal dos hipertensos.

    Ateno: s devem ser cadastradas as pessoas com diagnstico mdico estabelecido.

    Os casos suspeitos (referncia de hipertenso ou presso arterial acima dos padres de normalidade) devem ser

    encaminhados imediatamente Unidade Bsica de Sade para realizao de consulta mdica. S aps esse procedimento, com o

    diagnstico mdico estabelecido, que o ACS cadastra e acompanha o hipertenso.

  • 60

    A Ficha B-DIA serve para o cadastramento e acompanhamento mensal dos diabticos.

    Ateno: s devem ser cadastradas as pessoas com diagnstico mdico estabelecido.

    Os casos suspeitos (referncia de diabetes) devem ser encaminhados Unidade Bsica de Sade para realizao de consulta

    mdica. S aps esse procedimento que o ACS cadastra e acompanha o diabtico. Os casos de diabetes gestacional no

    devem ser cadastrados nessa ficha.

  • 61

    A Ficha B-TB serve para o cadastramento e acompanhamento mensal de

    pessoas com tuberculose. A cada visita os dados dessa ficha devem ser

    atualizados. Ela fica de posse do ACS e deve ser revisada periodicamente pelo

    enfermeiro instrutor/supervisor.

    A Ficha B-HAN serve para o cadastramento e acompanhamento mensal de

    pessoas com hansenase.

    Assim como na ficha B da gestante, o ACS deve atualizar os dados especficos

    de cada ficha a cada visita realizada por ele. Esta ficha permanece com o ACS, pois

    de sua responsabilidade, e deve ser revisada periodicamente pelo enfermeiro

    instrutor/supervisor.

    Deve-se lembrar que sempre ao se cadastrar um caso novo, seja de gestante,

    hipertenso, diabtico, seja de pacientes com tuberculose ou hansenase, o agente

    comunitrio de sade deve discutir com o enfermeiro instrutor/supervisor, solicitando

    auxlio para o preenchimento e acompanhamento deles.

    7.3 Orientaes para preenchimento da Ficha C cpia das informaes

    pertinentes da Caderneta da Criana

    Ficha C o instrumento utilizado para o acompanhamento da criana. A Ficha

    C uma cpia das informaes pertinentes da Caderneta da Criana, padronizada

    pelo Ministrio da Sade e utilizada pelos diversos servios de sade. Essa

    Caderneta produzida em dois modelos distintos: um para a criana de sexo

    masculino e outro para a criana de sexo feminino. Toda famlia que tenha uma

    criana menor de cinco anos deve possuir essa caderneta, que servir como fonte

    de dados que sero coletados pelos ACS.

    O ACS dever transcrever para o seu carto sombra/carto espelho os dados

    registrados na Caderneta da Criana.

    Caso a famlia no a tenha, o ACS dever preencher o carto sombra com base

    nas informaes referidas e orientar a famlia a procurar unidade de sade em que

    realizou as vacinas para providenciar a 2 via.

    No Guia Prtico do ACS, contem as informaes sobre esquema vacinal da

    criana e sobre o correto preenchimento das curvas de crescimento.

  • 62

    7.4 Orientaes para preenchimento da Ficha D registro de atividades,

    procedimentos e notificaes

    A Ficha