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Universidade Federal de Pelotas Centro de Pesquisas Epidemiológicas Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem CAA – DAB – SAS – MINISTÉRIO DA SAÚDE Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família (PROESF) Relatório Final Estudo de Linha de Base Pelotas, RS Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Denise Silva da Silveira Vanessa Andina Teixeira Setembro de 2006

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Universidade Federal de Pelotas Centro de Pesquisas Epidemiológicas

Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem

CAA – DAB – SAS – MINISTÉRIO DA SAÚDE

Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família

(PROESF)

Relatório Final Estudo de Linha de Base

Pelotas, RS

Luiz Augusto Facchini

Roberto Xavier Piccini

Elaine Tomasi

Elaine Thumé

Denise Silva da Silveira

Vanessa Andina Teixeira

Setembro de 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Reitor: Antônio Cesar Gonçalves Borges Vice-Reitor: Telmo Pagana Xavier Pró-Reitor de Graduação: Luiz Fernando Minello Pró-Reitor de Extensão e Cultura: Vitor Hugo Manzke Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Alci Enimar Loeck Pró-Reitor Administrativo: Francisco Carlos Luzzardi Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Elio Paulo Zonta Diretor da Faculdade de Medicina: Farid Iunan Butros Nader Diretor da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia: Emília Nalva Ferreira da Silva Chefe do Departamento de Medicina Social: Anaclaudia Gastal Fassa Chefe do Departamento de Enfermagem: Afra Suelene de Souza Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia: Aluisio J. D. Barros Coordenador do Centro de Pesquisas Epidemiológicas: Cesar Gomes Victora Presidente da Fundação Delfim Mendes Silveira: Antonio Costa de Oliveira

Projeto de Monitoramento e Avaliação do Programa de Expansão e

Consolidação da Saúde da Família (PROESF): Relatório

Municipal do Estudo de Linha de Base de Pelotas – Lote 2 Sul /

Luiz Augusto Facchini ... [et al.]. – Pelotas: Universidade

Federal de Pelotas, 2006.

100p. : il.

1. Saúde Pública – Brasil – Administração 2. Programa de Saúde da Família 3. Atenção Básica - Avaliação. I. Facchini, Luiz Augusto. II. Piccini, Roberto Xavier. III. Tomasi, Elaine. IV. Thumé, Elaine. V. Silveira, Denise Silva da. VI Teixeira, Vanessa Andina.

CDD 362.109

Maria de Fátima S. Maia CRB 10/134

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EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO

Coordenação Geral Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Organização do Relatório Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Denise Silva da Silveira Maria de Fátima dos Santos Maia Alitéia Santiago Dilélio Vanessa Andina Teixeira Thiago Garcia Martins Turene Bastos Coordenação de Trabalho de Campo Fernando Vinholes Siqueira Coordenação de Processamento de Dados Denise Silva da Silveira Elaine Tomasi Coordenação Executiva Maria de Fátima dos Santos Maia Alessander Osório Mercedes Lucas Coordenação do Estudo Qualitativo Luciane Prado Kantorski Rita Heck Vanda Maria da Rosa Jardim Equipe Técnica do Estudo Qualitativo Luciane Prado Kantorski Vanda Maria da Rosa Jardim Emília Nalva Ferreira da Silva Valéria Christello Coimbra Michele Mandagará Oliveira Equipe de Apoio do Estudo Qualitativo Fernanda Barreto Mielke Sidnei Teixeira Junior Ana Paula Giacomelli Tavares Gimene Cardozo Braga Rebeca Castilhos Gabriel Pereira Apoio de Informática Alessander Osório Filipe da Silva Ribeiro

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Codificação de Dados Augusto Duarte Faria Desirée Fripp Luciane Scherer Pahim Maria Aparecida Rodrigues Turene Bastos Suelen dos Santos Saraiva Vanessa Teixeira Suele Silva Danton Duro Filho Alitéia Santiago Dilélio Digitação Alisson Morales Ary Morales Neto Carla da Cruz Teles Daniel de Souza Pereira Emanuele Braga Fabiana de Souza Pereira Thiago Garcia Martins Controle de qualidade Vera Vieira Helena Souza van der Laan Susete Aschidamini Ferreira Supervisores do Trabalho de Campo Alitéia Santiago Dilélio Arilson da Rosa Catiúscia Souza Cleonice Valadão Danton Duro Filho Janaína dos Santos João Luis Rosado Michele Padilha Rodrigues Maria Márcia Ambrósio Patrícia Mendonça Raquel Barboza Sandra de Souza Silvia da Costa Suele Silva Vanessa Teixeira Professores Colaboradores José Justino Faleiros Anaclaudia Gastal Fassa Fábio Lima Gabriela Lobata Helen Denise Gonçalves da Silva Alunos voluntários e bolsistas de Iniciação Científica dos Cursos de Medicina e Enfermagem da UFPel e de Psicologia da UCPel Clarissa de Souza Cardoso Emanuela Maria Dalvit Helena Souza van der Laan Inês Soria Alvaro Jeanine Porto Brondani Lorielle Soares Wachs Mariangela Uhlmann Soares

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Escrever é sempre ocultar algo de modo que possa ser descoberto.

Ítalo Calvino

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AGRADECIMENTOS

Este projeto é o resultado de um esforço coletivo de professores, técnicos e

alunos vinculados ao Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina, ao

Departamento de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia, ao Centro de

Pesquisas Epidemiológicas e ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. A

equipe destaca o reconhecimento a esta parceria, fundamental para o êxito do Projeto. Igualmente se externa a gratidão ao apoio e estímulo recebidos de um grande

número de pessoas que, em diferentes âmbitos, institucionais, administrativos e

acadêmicos, viabilizaram o desenvolvimento do Projeto. Agradecimentos especiais e

em particular são destinados a:

Antonio César Borges, reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel),

André Luiz Haack, ex-reitor da UFPel,

Francisco Luzzardi, pró-reitor de administração e sua equipe de trabalho,

Antonio Costa de Oliveira, presidente, José Carlos Fernandes Filho e Sérgio Luis

Ribeiro dos Santos, colegas do setor de administração da Fundação Delfim Mendes da

Silveira,

Anaclaudia Fassa, chefe, e colegas do Departamento de Medicina Social,

Emília Nalva Ferreira, diretora, e colegas da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,

Afra Suelene de Souza, chefe, e colegas do Departamento de Enfermagem,

Renato Moreira, Dalvina Bueno de Almeida, Luis Cleber Wilke, Jorge Augusto Rollo

Cardozo, Fabiane dos Santos Luiz, Odete Almeida, Vera Lucia Govea da Silveira e

demais funcionários da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,

Cesar Victora, diretor, e colegas do Centro de Pesquisas Epidemiológicas,

Aluísio Barros, coordenador, e colegas do Programa de Pós-Graduação em

Epidemiologia,

Eronildo Felisberto, coordenador, e equipe da Coordenadoria de Avaliação e

Acompanhamento do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à

Saúde do Ministério da Saúde,

Maria do Carmo Leal, coordenadora, e colegas do Grupo de Acompanhamento do

Estudo de Linha de Base do PROESF, junto ao Ministério da Saúde.

É digna de especial registro a gratidão à professora Emília Nalva Ferreira,

diretora da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia e aos colegas do Departamento de

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Enfermagem pelo acolhimento na área física que a equipe deste Projeto ocupa hoje

nesta Unidade de Ensino. A iniciativa da professora Emília e colegas oportunizou a

participação de sua unidade no cotidiano das inúmeras atividades técnicas e

administrativas de um Projeto de grande porte.

Externa-se ainda entusiásticos agradecimentos a gestores e coordenadores de

atenção básica e de saúde da família dos Estados e Municípios de Pelotas,

representantes do controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes

comunitários de saúde, população entrevistada e todos aqueles que participaram do

Projeto fornecendo informações e contribuindo para a realização do trabalho.

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SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS .................................................................................................. 11 LISTA DE TABELAS .............................................................................................. 13 APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 15 RESUMO .................................................................................................................. 17 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................19 2 METODOLOGIA....................................................................................................21 2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB) ............................................... 21 2.2 Amostra e Amostragem do ELB.......................................................................... 23 2.2.1 Amostra de UBS............................................................................................... 23 2.2.2 Amostra de profissionais de saúde .................................................................. 23

2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS................................................ 23 2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS.................................. 24

2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária... 24 2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias.................................................. 27 2.5 Processamento dos Dados.................................................................................... 28 2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos...................................................... 29 2.5.2 Identificação e constituição dos lotes .............................................................. 29 2.5.3 Bancos de Dados Estruturados........................................................................ 30

2.6 Controle de Qualidade......................................................................................... 30 2.7 Análise dos Dados............................................................................................... 31

3 RESULTADOS .......................................................................................................33 3.1 Contexto.............................................................................................................. 33 3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Pelotas ....................................... 33 3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde.......................................................... 34 3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde ................................................................. 34 3.1.3.1 Distribuição dos Profissionais por Modelo de Atenção............................... 34 3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Profissionais........................ 35

3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde ..................... 35 3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde............................. 35

3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de Saúde................................................................................................................................ 36 3.1.5.1 Distribuição da População.......................................................................... 36 3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de Abrangência das UBS............................................................................................ 36

3.2 Dimensão Político-Institucional........................................................................... 39 3.2.1 Projeto de Governo ....................................................................................... 41 3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura do Programa de Saúde da Família. .......................................................................41

3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do Sistema Municipal de Saúde.................................................................................. 42 3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação do Programa de Saúde da Família............................................................................... 42 3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da Atenção Básica.................................................................................................................... 42

3.2.2 Capacidade de governo................................................................................... 43 3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde..................................................... 43 3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da Família .................................................................................................................. 43 3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde................................ 43

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3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde ........................... 44 3.2.3 Governabilidade ............................................................................................. 46 3.2.3.1 Despesas per capita com saúde................................................................... 46 3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios ..................................... 46 3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família........... 47 3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde........................................ 47

3.3 Dimensão Organizacional da Atenção ................................................................. 48 3.3.1 Práticas de gestão da ABS .............................................................................. 48 3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à saúde ..................................................................................................................... 49 3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda ......................................... 49 3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal ............................ 50 3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde ............................................................. 50

3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município................................................... 50 3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde ............................................................... 50 3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF .................................................... 54 3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde......................................................... 54 3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados ............................................................ 55 3.3.2.5 Adstrição da demanda................................................................................ 55 3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino ............................................................ 56 3.3.2.7 Assistência farmacêutica............................................................................ 56

3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde........................................ 56 3.4 Dimensão do Cuidado Integral ............................................................................ 57 3.4.1 Estratégias de indução da integralidade........................................................... 57 3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral ................................ 57 3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares.................................................... 58 3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos.............................................................. 59 3.4.1.4 Utilização de protocolos............................................................................. 60 3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais............................................. 62 3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados ............................................................... 62 3.4.1.7 Acesso a publicações ................................................................................. 62

3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde.............................................. 63 3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS .............................................. 63 3.4.2.2 A categoria processo de trabalho................................................................ 63 3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde ......................... 64 3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho ........................ 67

3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde ...................................................... 68 3.5.1 Desempenho do Município de Pelotas ............................................................ 68 3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde .................... 68

3.5.2 Desempenho dos Modelos de Atenção Básica à Saúde.................................... 72 3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS........................................................ 72 3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS.................... 74 3.5.2.2.1 Crianças ................................................................................................74 3.5.2.2.2 Mulheres ...............................................................................................80 3.5.2.2.3 Adultos .................................................................................................85 3.5.2.2.4 Idosos....................................................................................................90

4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM PELOTAS ..................................................................................................................97 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................99

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LISTA DE SIGLAS

AB – Atenção Básica

ABS – Atenção Básica à Saúde

ACS – Agente Comunitário de Saúde

CID-10 – Classificação Internacional de Doenças - 10ª. Revisão

CMS – Conselho Municipal de Saúde

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

CONASEMS – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde

DEGES / SEGETS – Departamento de Gestão da Educação em Saúde / Secretaria de

Gestão da Educação e Trabalho em Saúde

ELB – Estudo de Linha de Base

ESF – Equipe de Saúde da Família

GLAS – Grupo Local de Avaliação em Saúde

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

MS – Ministério da Saúde

PROESF – Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família

PSF – Programa de Saúde da Família

RH – Recursos Humanos

RM – Região Metropolitana

SF – Saúde da Família

SM – Salário Mínimo

SIAB – Sistema de Informações da Atenção Básica

SIA – Sistema de Informações Ambulatoriais

SMS – Secretaria Municipal de Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

TC – Trabalho de Campo

UBS – Unidade Básica de Saúde

USF – Unidade de Saúde da Família

UERGS – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

UFPEL – Universidade Federal de Pelotas

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Indicadores demográficos e socioeconômicos para o município de Pelotas, o

estado do Rio Grande do Sul e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

pág. 33

Tabela 3.2 Distribuição da amostra de profissionais de saúde atividade profissional em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 34

Tabela 3.3 Renda média mensal dos profissionais em saúde estudados em Pelotas e no Lote 2 Sul. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 35

Tabela 3.4 Condições de habitação das crianças, mulheres, adultos e idosos estudados em Pelotas por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

pág. 37

Tabela 3.5 Escolaridade dos profissionais em saúde estudados em Pelotas, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.. pág. 45

Tabela 3.6 Cursos de capacitação realizados pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

pág. 46

Tabela 3.7 Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de Pelotas e para o Lote 2 Sul. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 47

Tabela 3.8 Estruturas adequadas entre as Unidades Básicas de Saúde estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 51

Tabela 3.9 Utilização de protocolos para as ações desenvolvidas pelas Unidades Básicas de Saúde estudadas em Pelotas e no Lote 2 Sul. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

pág. 60

Tabela 3.10 Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da Saúde nas Unidades Básicas de Saúde de Pelotas e no Lote 2 Sul. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

pág. 62

Tabela 3.11 Médias alcançadas em relação à satisfação dos profissionais de saúde em uma escala de 0 a 10 em Pelotas e no Lote 2 Sul. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

pág. 68

Tabela 3.12 Indicadores de desempenho do sistema de saúde de para o município de Pelotas, Rio Grande do Sul e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

pág. 69

Tabela 3.13 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para o município de Pelotas, Rio Grande do Sul e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF–UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

pág. 69

Tabela 3.14 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para o município de Pelotas, Rio Grande do Sul e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

pág. 70

Tabela 3.15 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para o município de Pelotas, Rio Grande do Sul e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

pág. 71

Tabela 3.16 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2005 relativos à saúde bucal para o município de Pelotas, Rio Grande do Sul e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

pág. 71

Tabela 3.17 Participação dos profissionais no atendimento à demanda no município de Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 73

Tabela 3.18 Condições de nascimento das crianças de Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 74

Tabela 3.19 Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 76

Tabela 3.20 Características do estado vacinal das crianças estudadas em Pelotas, de acordo com o registro do cartão de vacinas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

pág. 77

Tabela 3.21 Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

pág. 78

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Tabela 3.22 Prevalência de pneumonia nos últimos 6 meses e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

pág. 79

Tabela 3.23 Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, 2005.

pág. 80

Tabela 3.24 Características do pré-natal das mulheres estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 81

Tabela 3.25 Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde da área de abrangência em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

pág. 82

Tabela 3.26 Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 83

Tabela 3.27 Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 84

Tabela 3.28 Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 84

Tabela 3.29 Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 85

Tabela 3.30 Atividade física dos adultos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 85

Tabela 3.31 Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 86

Tabela 3.32 Diabetes Mellitus nos adultos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 88

Tabela 3.33 Problemas de nervos nos adultos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 89

Tabela 3.34 Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de adultos de Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 90

Tabela 3.35 Atividade física dos idosos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 91

Tabela 3.36 Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 92

Tabela 3.37 Diabetes Mellitus nos idosos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 94

Tabela 3.38 Problemas de nervos nos idosos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 95

Tabela 3.39 Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 96

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APRESENTAÇÃO

O relatório apresenta os resultados do Estudo de Monitoramento e Avaliação do

Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) no município de

Pelotas incluído na amostra do Lote 2 Sul, coordenado e financiado nacionalmente pelo

Ministério da Saúde.

O ELB, através de uma abordagem epidemiológica, avaliou a atenção básica à

saúde em suas dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado

integral e desempenho do sistema.

Os resultados enfatizam o recorte utilizado no ELB e descrevem os achados

sobre a atenção básica no Município estabelecendo uma avaliação do Estudo no

Município de Pelotas.

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RESUMO

O Projeto de Monitoramento e Avaliação do PROESF no Lote 2 Sul, sob responsabilidade da Universidade Federal de Pelotas, foi iniciado em fevereiro de 2005, incluindo 21 municípios de mais de 100 mil habitantes dos estados de Rio Grande do Sul1 e Santa Catarina2.

O Estudo de Linha de Base utilizou um delineamento transversal e incluiu a coleta de dados primários no município. Em Pelotas o estudo foi realizado em nove dias. O trabalho de campo abrangeu a entrevista com o Presidente de Conselho Municipal de Saúde e o Coordenador de Atenção Básica/ PSF e a coleta de dados documentais. Em relação aos instrumentos do âmbito da UBS, a caracterização da estrutura alcançou os nove serviços amostrados. Também foram coletadas informações de 196 profissionais de saúde, o que corresponde a uma média de 22 profissionais por UBS. O somatório da avaliação da demanda de um dia típico de trabalho das UBS estudadas, totalizou 1782 atendimentos, o que corresponde a uma média de 198 atendimentos por dia por UBS. Na amostra populacional, foram entrevistadas 118 crianças (73% do estimado); 107 mulheres (66% do estimado); 115 adultos (71% do esperado) e 98 idosos (60% do esperado). Na média foram aplicados cerca de 12 questionários em cada estrato da amostra populacional de cada UBS. O processamento e análise dos dados foram concluídos em dezembro de 2005. O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de questionários reduzidos alcançando cerca de 5% dos domicílios selecionados para a amostra populacional.

Os indicadores demográficos e socioeconômicos de Pelotas são iguais ou melhores quando comparados aos do Brasil. A grande maioria da população da área de abrangência das UBS de Pelotas residia em moradias adequadas. A inclusão no estrato social E foi em torno de 30%. Pelotas mostrou um aprendizado institucional baixo, cobertura de PSF de 16% sem um aumento do número de UBS, refletindo mais uma tímida conversão de modelo do que expansão da rede no Município. O ingresso por concurso público foi de 60% entre os trabalhadores da rede básica e o trabalho tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) alcançou 8% dos trabalhadores da atenção básica estudados em Pelotas.

O gestor municipal não respondeu ao instrumento específico para emitir as informações inerentes ao cargo. Dois terços dos profissionais de saúde de Pelotas consideraram a qualidade dos serviços prestados nas UBS como boa ou muito boa.

A ABS em Pelotas apresenta um desempenho semelhante a média do Lote, embora seus problemas tenham sido um pouco maiores do que o revelado pelo conjunto dos municípios avaliados e suas desvantagens necessitem de uma importante atenção, no sentido de ampliar e qualificar esta atenção à população local.

A complexidade do estudo e sua abrangência não impediram o cumprimento adequado do cronograma previsto. A qualidade da equipe técnica envolvida nas diversas atividades do estudo e a participação dos representantes dos municípios deve ser destacada como razões fundamentais para o bom andamento do Projeto. Este resultado também se deveu ao apoio recebido do Ministério da Saúde, com especial destaque para a Coordenação de Acompanhamento e Avaliação do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde e o Grupo de Acompanhamento dos Estudos de Linha de Base.

1 Municípios do Rio Grande do Sul: Alvorada, Bagé, Cachoeirinha, Canoas, Caxias do Sul, Gravataí, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Rio Grande, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Uruguaiana e Viamão. 2 Municípios de Santa Catarina: Chapecó, Criciúma, Florianópolis e Lages.

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1 INTRODUÇÃO

O Projeto Integrado de Capacitação e Pesquisa em Avaliação da Atenção Básica

à Saúde, sob responsabilidade do Departamento de Medicina Social, do Departamento

de Enfermagem e do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de

Pelotas (UFPel), está vinculado ao Componente 3 (Monitoramento e Avaliação) do

Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) do Ministério da

Saúde (MS), incluindo a totalidade dos 21 municípios dos estados de Santa Catarina e

Rio Grande do Sul do Lote 2 Sul, contando com a participação de gestores e de

trabalhadores de saúde.

A pesquisa através do Estudo de Linha de Base (ELB) incluiu quatro dimensões

orientadoras da avaliação da atenção básica: político-institucional, organizacional da

atenção, cuidado integral e desempenho do sistema de saúde (Ministério da Saúde,

2004). Através de abordagem epidemiológica se avaliou o quanto as exposições ao

PROESF e ao PSF afetam a variabilidade dos indicadores de cobertura, desempenho do

sistema de saúde e situação de saúde da população, estabelecendo uma referência para

avaliações e acompanhamentos futuros.

Os municípios estudados estão recebendo apoio à Conversão do Modelo de

Atenção Básica à Saúde, buscando estruturar a Estratégia Saúde da Família como porta

de entrada do SUS e viabilizar o acesso a outros níveis de complexidade, para assegurar

assistência integral aos usuários (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Este processo foi

analisado como uma intervenção, cujos efeitos no presente podem ser observados em

municípios e população estratificados por estado da federação, porte populacional,

região metropolitana e modelo de atenção básica à saúde. Os efeitos históricos da

intervenção poderão ser observados em um segundo tempo, através da repetição do

estudo.

O ELB corresponde ao primeiro tempo de uma avaliação prospectiva sobre a

ABS e o PSF, mas também de uma análise da intervenção do PROESF na reorientação

do modelo de ABS.

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A epidemiologia foi o eixo que estruturou a abordagem do ELB, orientando a

articulação complexa entre as dimensões sob estudo e os níveis de análise empírica. As

dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado integral e

desempenho do sistema foram tomadas como categorias abstratas da avaliação e

hierarquizaram conceitualmente as variáveis estudadas, enquanto os níveis de análise

hierarquizaram as variáveis, conforme sua operacionalização nas diversas fontes de

informação, primárias e secundárias, quantitativas e qualitativas, individuais e coletivas.

Este relatório apresenta a metodologia e os resultados do ELB no Município de

Pelotas, RS. A metodologia detalha as diversas etapas do estudo, desde seu

delineamento e o planejamento do trabalho de campo, até o processamento e a análise

dos dados.

Os resultados enfatizam os recortes utilizados no ELB e descreve os achados

sobre a atenção básica no Município, contrastando com indicadores do Estado do RS e

do país.

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2 METODOLOGIA

2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB)

O delineamento é um meio de garantir relações válidas de causa e efeito entre as

variáveis em estudo (SUSSER, 1996). Os delineamentos ideais na avaliação de

programas ou serviços de saúde dependem da natureza dos programas e da precisão das

estimativas a serem obtidas. Estudos transversais são excelentes para avaliações de

adequação da cobertura ou qualidade de serviços, mas também podem ser utilizados em

avaliações de plausibilidade na comparação de modelos ou programas de saúde

(HABICHT, 1999, SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).

Na área da saúde pública, estudos observacionais que testem a efetividade das

intervenções sob condições de rotina são mais adequados do que ensaios randomizados.

Para que seus resultados forneçam subsídios para as políticas de saúde, os estudos não

randomizados precisam ser alvo de tanta atenção quanto a que tem sido dedicada, nos

últimos anos, aos estudos randomizados (SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).

A declaração TREND é uma iniciativa recente que busca contribuir para esse

fim, ao definir uma série de normas para o delineamento e divulgação de estudos

observacionais de avaliação de programas e serviços de saúde (DES JARLAIS, 2004).

O ELB segue os fundamentos dos estudos transversais, com grupos de

comparação, utilizando medidas com múltiplos níveis de agregação, em relação às

diferentes dimensões observadas (ROTHMAN, 1998). O estudo também pode ser

caracterizado como multicêntrico de efetividade e linha de base para determinar o

impacto do PROESF/ PSF nos indicadores de desempenho do sistema de saúde e de

situação de saúde da população, incluindo todos os 21 municípios.

O delineamento do estudo procurou minimizar o viés de seleção incluindo a

totalidade dos municípios e amostras proporcionais de unidades básicas de saúde do

Lote 2 Sul, juntamente com uma complexa estratificação de variáveis independentes

para o estabelecimento de comparações (DES JARLAIS, 2004; ROTHMAN, 1998).

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O delineamento transversal foi qualificado tanto através da estratificação das

UBS segundo o modelo de atenção (Tradicionais e PSF), quanto pela possibilidade de

controlar o efeito do PSF, estratificando suas UBS conforme o período de implantação,

anterior ou posterior a intervenção do PROESF. No caso de Pelotas foram selecionadas

três UBS Tradicionais e seis de PSF (cinco UBS pré-PROESF e uma pós-PROESF). A

obtenção de informações estruturadas para o âmbito da gestão, do controle social, das

unidades básicas de saúde, dos usuários e da população também enriqueceu o

delineamento do estudo, especialmente com a inclusão de questões abertas que

qualificaram as questões fechadas que predominam na abordagem epidemiológica. A

coleta de dados secundários de bases nacionais também foi outro aspecto do

delineamento do estudo que complementou a abordagem transversal do objeto.

As variáveis selecionadas caracterizaram as dimensões político-institucional,

organizacional da atenção, cuidado integral e desempenho do sistema.

A dimensão político-institucional examina principalmente os aspectos relativos à

gestão do SUS e da ABS. Seu âmbito é fundamentalmente o do agregado do município.

Neste âmbito, os modelos de atenção são caracterizados como políticas, ilustradas por

diferenças históricas e conjunturais na cobertura populacional.

A dimensão organizacional da atenção caracteriza aspectos da gestão da ABS e

do PSF, mas aproxima seu olhar da UBS e dos fluxos entre os níveis de atenção do

SUS. Neste âmbito, a dicotomia entre os modelos de ABS, tradicional e PSF, passa a se

materializar nas práticas de gestão e a oferta de serviços básicos e especializados. Este é

o âmbito do detalhamento e constituição das políticas de saúde e, particularmente, da

reorientação do modelo de atenção básica à saúde.

A dimensão do cuidado integral focaliza a UBS, suas práticas e recursos na

abordagem das necessidades de saúde da população. Examina as estratégias de indução

da integralidade e o processo de trabalho na ABS.

Por fim, a dimensão desempenho do sistema analisa a utilização dos serviços de

ABS e a situação de saúde da população, permitindo observar as diferenças tanto para

os agregados geopolíticos, quanto para os modelos de ABS.

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2.2 Amostra e Amostragem do ELB

O universo para este recorte do estudo é constituído pelo município de Pelotas.

Neste universo foi realizada uma amostra estratificada por múltiplos estágios para

selecionar unidades básicas de saúde, profissionais de saúde, usuários e indivíduos

residentes na área de abrangência dos serviços (LEMESHOW, 1990; LEVY, 1980;

LWANGA, 1991).

2.2.1 Amostra de UBS

Tomando-se uma lista de UBS fornecida pelo município foram sorteadas

aleatoriamente nove UBS, que orientaram a seleção das amostras de profissionais de

saúde, usuários e população da área de abrangência dos serviços. Foram incluídas seis

UBS do PSF e três Tradicionais.

2.2.2 Amostra de profissionais de saúde

Em cada UBS se procurou entrevistar todos os trabalhadores de saúde em

atividade.

Foram incluídos tanto os profissionais de saúde de nível superior (médicos,

enfermeiros e outros de nível superior), quanto os profissionais de nível médio

(auxiliares de enfermagem, recepcionistas, ect) e os ACS.

2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS

Em relação à amostra de usuários, a estratégia amostral foi registrar todos os

atendimentos de um dia de trabalho em cada UBS selecionada, incluindo aqueles

realizados por ACS. A base de registro utilizada foi a Ficha de Atendimento

Ambulatorial (FAA) do SUS, documento utilizado cotidianamente nas UBS para efeitos

gerenciais e contábeis. Utilizou-se um formulário-espelho, que continha todas as

informações da FAA e facilitava a digitação eletrônica dos dados. As informações sobre

a avaliação da demanda estão mais detalhadas no item de instrumentos do estudo e na

seção de Resultados do ELB.

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2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS

A amostra populacional foi dividida em 4 grupos, crianças de um a três anos de

idade, mulheres que tiveram filhos nos últimos dois anos, adultos entre 30 e 64 anos de

idade e idosos a partir dos 65 anos de idade. Estes indivíduos foram localizados na área

de abrangência de cada uma das UBS, através de amostragem sistemática. Para compor

a amostra do Lote 2 Sul, selecionou-se cerca de 2100 indivíduos em cada um dos

grupos, cujo tamanho era suficiente para examinar diferenças de 25 a 30% entre os

modelos de atenção das UBS (PSF x Tradicional), com um poder estatístico de 80% e

prevalências dos desfechos de no mínimo 25%. Estes parâmetros permitiram avaliar

diferenças na utilização de serviços de saúde, realização de procedimentos preventivos e

acompanhamento de atividades programáticas. Esta amostra foi dividida pelo número

de UBS selecionadas (120) resultando em um número de 18 entrevistas a serem

realizadas para cada grupo populacional da área de abrangência de cada uma delas.

2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária

O trabalho de campo em Pelotas iniciado em 15 de março de 2005 e concluído

em 23 de março de 2005 foi realizado por uma equipe de 15 supervisores

criteriosamente selecionados e capacitados para o desenvolvimento de cada uma das

etapas do trabalho de campo.

A pactuação de uma agenda de trabalho de campo com o Município foi uma das

estratégias utilizadas para operacionalizar o cronograma estabelecido. O apoio recebido

do gestor, coordenação de atenção básica e de saúde da família, representantes do

controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes comunitários de

saúde e população entrevistada foram fundamentais para a realização do trabalho. A

capacitação e a motivação do grupo de supervisores também foram extremamente

relevantes para o sucesso deste trabalho.

Apresenta-se a seguir o detalhamento da logística no trabalho de campo para

cada um dos instrumentos utilizados na coleta de dados primários. Os instrumentos

estão disponíveis da página do PROESF-UFPEL na Internet e são de livre acesso –

http://www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm

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a. Gestor e Coordenador de Atenção Básica e PSF

Os dados referentes ao gestor (questionário não preenchido pelo gestor de

Pelotas) e coordenador foram coletados através de questionário auto-aplicado destinado

a registrar informações demográficas, de formação profissional e experiência na gestão,

além de caracterizar os aspectos político-institucionais da ABS e do PSF no município.

Depois de preenchidos, os instrumentos foram enviados á coordenação do Projeto para

revisão, codificação e digitação na sede do estudo na cidade de Pelotas.

b. Entrevista com o Presidente do Conselho Municipal de Saúde

Para a aplicação deste instrumento foi solicitado o agendamento prévio da

entrevista realizada por um supervisor do TC.

c. Processo de Trabalho

Este instrumento foi preenchido em reuniões nas unidades básicas amostradas,

após a convocação por parte dos coordenadores das UBS. Os trabalhadores presentes no

dia da reunião discutiam os aspectos da organização do trabalho, as atividades

realizadas, os responsáveis por sua realização, os instrumentos e insumos utilizados,

além de identificar os principais problemas do processo de trabalho e sugestões de

melhoria.

d. Estrutura da UBS

O instrumento para captar informações sobre a estrutura da UBS era

fundamentalmente fechado e poderia ser preenchido coletivamente em uma reunião de

equipe, ou por um responsável pela UBS, com o apoio de pessoas-chave nos diversos

setores. A tarefa foi realizada durante o TC na UBS. Enquanto realizavam o

levantamento de informações populacionais na área de abrangência, os supervisores

apoiaram o responsável na UBS pelo instrumento.

e. Equipe de saúde

O questionário individual auto-aplicado era dirigido a todos os trabalhadores

lotados na UBS, incluindo profissionais de nível superior, médio e ACS. As questões

eram todas estruturadas e predominantemente fechadas, mas várias questões abertas

foram utilizadas para qualificar a informação quantitativa. O instrumento da equipe de

saúde foi distribuído pelos supervisores às UBS, juntamente com os demais

questionários. Durante o TC na UBS, os supervisores orientaram o preenchimento e

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motivaram os trabalhadores a participar do estudo. Depois de preenchidos, os

instrumentos foram recolhidos pelos supervisores e enviados para revisão, codificação e

digitação na sede do estudo na cidade de Pelotas.

f. Demanda da UBS – PACOTAPS

Utilizando um formulário baseado na Ficha de Atendimento Ambulatorial

(FAA) do SUS, todos os atendimentos de um dia de trabalho na UBS foram registrados,

incluindo os agentes comunitários de saúde.

Estes formulários foram digitados no software PACOTAPS (TOMASI, 2003),

capaz de identificar a dimensão do acesso da população aos serviços, a qualidade do

registro das atividades, produzir análises sobre o perfil demográfico e epidemiológico

da demanda de unidades básicas de saúde.

O software é de fácil utilização por indivíduos sem conhecimentos prévios de

informática e epidemiologia e possibilita delinear com maior nitidez o perfil da

demanda, avaliar os serviços ao longo do tempo, comparar serviços entre si, em

momentos determinados, de acordo com as demandas do espaço de gestão. Permite

ainda, identificar com precisão e atualidade através de seus relatórios, informações

sobre o gênero, os grupos etários, os principais motivos de consulta, os medicamentos

mais prescritos, os exames mais solicitados e os encaminhamentos realizados.

O software foi distribuído ao município e os representantes das SMS e das UBS

foram capacitados para sua utilização na avaliação dos serviços básicos. Este aplicativo

também pode ser obtido na página do Projeto na Internet no endereço citado

anteriormente.

g. Amostra Populacional

Foram realizadas entrevistas individuais, domiciliares, com questionários

estruturados, abordando questões relevantes para o estudo em amostras independentes

de crianças, mulheres, adultos e idosos. As questões eram todas estruturadas e

predominantemente fechadas, mas também havia questões abertas para qualificar as

respostas fechadas. Para a caracterização socioeconômica das amostras, foram utilizadas

a renda per capita em salários mínimos e a classificação da ANEP /ABIPEME

(RUTTER, 1988), esta última composta de informações sobre a escolaridade do chefe

da família, da disponibilidade de empregada mensalista e sobre a posse de bens

eletrodomésticos.

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Para a aferição de alcoolismo (adultos), foi utilizado o teste CAGE (MASUR,

1983; SOINBELMAN, 1992), composto de quatro questões, sendo mais de duas

afirmativas um indicador de dependência de bebida alcoólica.

As entrevistas foram realizadas por supervisores selecionados e capacitados

especialmente para estas atividades pela equipe técnica do projeto. A amostra

populacional foi localizada na área de abrangência da UBS, que foi o ponto inicial para

a coleta de dados. Todos os domicílios do percurso seguido a partir da UBS até os

limites da área foram visitados em busca dos indivíduos elegíveis de acordo com o

grupo populacional.

A baixa densidade de indivíduos elegíveis em cada domicílio facilitou a

distribuição da amostra por toda a área de abrangência da UBS, minimizando as

possibilidades de viés de seleção ou efeito de cluster nas amostras (ROTHMAN, 1998).

Assim, se procedeu à inclusão consecutiva dos domicílios para a composição da

amostra.

Caso em um domicílio não residisse o indivíduo com as características

requeridas, passava-se ao seguinte, respeitando a orientação do deslocamento pela área

de abrangência. Nos domicílios selecionados, somente um indivíduo elegível (crianças,

mulheres que tiveram filho nos últimos dois anos, adultos e idosos) foi convidado a

participar do estudo, explicando-se a sua finalidade e apresentando termo de

consentimento informado. Nos domicílios em que se encontraram duas crianças ou duas

mulheres elegíveis, a mais jovem foi entrevistada. Para os adultos e idosos esta regra se

inverteu, sendo elegível o mais velho.

2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias

Integrando o Estudo de Linha de Base do PROESF, foram sistematizados para o

município, o Estado, o Lote e o país, dois conjuntos de informações oriundas de bases

nacionais disponíveis (Ministério da Saúde, DATASUS, IBGE, etc.).

O primeiro conjunto diz respeito aos 34 indicadores do Pacto da Atenção Básica,

instrumento de monitoramento e avaliação do desempenho da atenção básica por parte

do Ministério da Saúde (2003).

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O segundo conjunto de informações está baseado nos Indicadores de

Monitoramento da Expansão do PSF em Grandes Centros Urbanos, de Julho de

2002, trabalho coordenado pela Dra. Ana Luiza D’Ávila Viana (2002). Do total dos

indicadores propostos, foi selecionado para análise um conjunto que fornece

informações de acordo com três eixos:

1. Perfil epidemiológico e sócio-demográfico da população;

2. Financiamento da saúde, da atenção básica e do PSF;

3. Organização da assistência, do cuidado e desempenho do sistema.

2.5 Processamento dos Dados

A complexidade da avaliação da atenção básica no âmbito do PROESF requer

que o conhecimento produzido seja baseado em informações as mais fidedignas

possíveis. Até traduzir-se em informações, todos os dados coletados durante o trabalho

de campo são objeto de um conjunto de atividades, sistemática e rigorosamente

encadeadas. Estas atividades vão desde a recepção e classificação dos instrumentos até

as análises mais complexas e informativas.

Uma das peculiaridades do nosso estudo sobre a atenção básica no Brasil é a

extensa e variada gama de abordagens e instrumentos utilizados: dados quantitativos e

qualitativos, dados primários e secundários, dados com foco na gestão municipal da

saúde, dados com foco nas unidades básicas e dados com foco na população residente

na área de abrangência da UBS. Cada uma destas categorias se relaciona com as demais,

o que imprime um alto grau de complexidade a todas as tarefas de preparar estes dados

para análise.

As atividades relacionadas ao processamento dos dados oriundos dos diferentes

instrumentos do estudo estão descritas em ordem cronológica e seqüencial. Em seguida,

são apresentados os diferentes bancos de dados, agregados por tipos de instrumentos.

Estão disponibilizados na página do Projeto na Internet os materiais de apoio ao

processamento dos dados, especialmente construídos para o estudo.

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2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos

Os instrumentos completados no trabalho de campo entravam no processamento

por município, na mesma ordem da realização da coleta de dados. Uma vez “na bancada

de trabalho”, os diferentes instrumentos eram separados por tipo para identificação.

2.5.2 Identificação e constituição dos lotes

Nesta fase, o questionário recebia um identificador numérico único. Para os

questionários da população da área de abrangência da UBS e dos profissionais, o

identificador possuía sete algarismos: um para o Estado, dois para o município, dois

para a UBS e dois para o entrevistado. Para os questionários da estrutura e do processo

de trabalho na UBS, o identificador possuía cinco algarismos: um para o Estado, dois

para o município e dois para a UBS. Para os questionários do nível municipal, o

identificador era de três algarismos: um para o Estado e dois para o município. Para o

estudo de demanda, cujo instrumento é a “ficha-espelho” da Ficha de Atendimento

Ambulatorial, a identificação era dada pelo código da UBS junto ao Sistema de

Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA – SUS).

Para cada conjunto de instrumentos do mesmo tipo e da mesma UBS era

constituído um lote de questionários, obedecendo a uma numeração seqüencial utilizada

no formulário “capa de lote”. Neste formulário, eram registrados os números de

identificação de cada questionário do lote, além do município, UBS, total de

questionários, data e responsável pelo fechamento do lote.

Para cada município, foram sistematizados os totais de cada instrumento

efetivamente completados no trabalho de campo, excluídas as perdas e recusas. Estes

números eram registrados em uma planilha do processamento por município e UBS,

denominada “Listagem de Controle de Lote”. Esta rotina dava início ao processamento

propriamente dito, com a seguinte seqüência de tarefas para os questionários

populacionais e dos profissionais:

• codificação de questões fechadas

• tabulação de questões abertas

• codificação de questões abertas

• revisão final

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• digitação

A primeira folha de cada questionário recebia um carimbo com a seqüência das

tarefas acima citadas para registro de data e responsável.

2.5.3 Bancos de Dados Estruturados

a.Questionários populacionais, estrutura de UBS e profissionais de saúde.

Para os questionários populacionais (crianças, mulheres, adultos e idosos), da

estrutura da UBS e dos profissionais foram criados bancos de dados no EPI-INFO, que

permite validação da entrada de dados para amplitude e consistência das variáveis.

b. Demanda ambulatorial

As fichas-espelho do estudo de demanda foram inicialmente contadas e

revisadas. Para cada procedimento era identificado um código na Tabela de

Procedimentos do SIA-SUS e para cada diagnóstico era identificado um código na

Classificação Internacional de Doenças – 10ª. Revisão (CID-10). Para facilitar o

trabalho de codificação, foram identificados os códigos de maior utilização, o mesmo

acontecendo com os códigos da CID-10 para os diagnósticos.

A seguir, as fichas-espelho eram digitadas no aplicativo PACOTAPS, uma

ferramenta desenvolvida pela equipe (TOMASI, 2003) para subsidiar o planejamento e

a avaliação de serviços básicos de saúde.

c. Processo de trabalho, Gestor Municipal, Coordenador da Atenção Básica

e Presidente do Conselho Municipal de Saúde.

Todas as questões abertas destes instrumentos foram digitadas em programa de

edição de textos para posterior análise.

Para as questões fechadas (pré-codificadas) foram criados bancos de dados no

EPI-INFO, a exemplo dos instrumentos populacionais, da estrutura da UBS e dos

profissionais de saúde.

2.6 Controle de Qualidade

O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de

questionários reduzidos para alcançar, no mínimo, 5% dos domicílios selecionados.

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Estes questionários eram compostos por perguntas-chave para identificar possíveis erros

ou respostas falsas. Para tanto, foi sorteado um questionário relativo a cada grupo

populacional investigado (criança, mulher, adulto e idoso) por Unidade Básica de

Saúde.

Para padronizar e qualificar a coleta dos dados do controle de qualidade, uma

pessoa especialmente treinada para este fim, realizou o contato telefônico. Não

existindo a possibilidade de contato telefônico com a pessoa sorteada, uma busca pelo

endereço ou pela respectiva UBS, era realizada na tentativa de localizar e coletar os

dados do entrevistado, não havendo, portanto, substituição para evitar possíveis viéses.

Para checagem imediata da consistência das informações, através de uma

planilha, algumas respostas referidas pelo entrevistado no contato feito pelo supervisor

eram comparadas com as repostas referidas no momento da aplicação do questionário

de controle de qualidade. Esta medida facilitava a detecção precoce de possíveis erros

na coleta dos dados e possibilitava a intervenção imediata junto ao supervisor do

trabalho de campo. A atividade de controle de qualidade era supervisionada diariamente

por um dos membros da equipe. Ao final, foi realizada a checagem da consistência das

informações através do índice de concordância de Kappa (LANDIS, 1977).

Os resultados do controle de qualidade para a totalidade dos municípios estão

disponíveis no Relatório Final do Lote 2 Sul, na página do Projeto na Internet.

2.7 Análise dos Dados

Digitados no programa EPI-INFO 6.04b, os bancos de dados foram exportados

através do aplicativo STAT TRANSFER 5.0 para o pacote estatístico SPSS 10.0 para

Windows, utilizado para as análises. Inicialmente, procedeu-se às análises descritivas,

verificando a distribuição dos casos em cada variável. Nas comparações também foram

considerados os achados do Lote 2 Sul, Estado e país. Em continuação, as variáveis de

interesse foram analisadas segundo o modelo de UBS, buscando-se identificar padrões

de desempenho em serviços do PSF e Tradicionais.

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33

3 RESULTADOS

3.1 Contexto

3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Pelotas

Em 2000, Pelotas possuía 323.158 habitantes. Seu Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH) era de 0,816, semelhante ao do estado do RS (0,814) e superior ao do

Brasil (0,766). Também em relação ao RS e ao Brasil, apresentava maior proporção de

idosos, de alfabetizados e de água encanada. Taxa bruta de natalidade, expectativa de

vida, proporção de menores de cinco anos, proporção de pobres e de esgoto, tiveram

índices que variaram entre os do RS e do Brasil (Tabela 3.1).

Tabela 3.1 - Indicadores demográficos e socioeconômicos para o município de Pelotas, o estado do Rio grande do Sul e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF

– UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas RS Brasil

IDH-2000 0,816 0,814 0,766

Taxa bruta de natalidade 17,4 14,9 17,5

Expectativa de vida 71,6 72,1 68,6

% de menores de 5 anos 8,2 8,4 9,7

% de idosos 11,8 10,4 8,5

% de pobres 21,7 19,7 32,8

% de alfabetizados 91,1 90,6 83,3

% de água encanada 90,3 78,9 75,8

% de esgoto 39,1 26,3 44,4

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34

3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde

As UBS de Pelotas selecionadas para o estudo foram cinco do PSF pré-PROESF

(Arco Íris, Barro Duro, Getúlio Vargas, Navegantes e Simões Lopes), uma do PSF pós-

PROESF (Bom Jesus) e três Tradicionais (Cohab Tablada II, Fraget e PAM Fragata).

3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde

Durante a avaliação das nove UBS foram estudados 196 profissionais de saúde,

sendo 37 médicos (19%), 18 enfermeiros (9%), 18 outros profissionais de nível superior

(9%), 26 auxiliares e técnicos de enfermagem (13%), 60 agentes comunitários de saúde

(31%) e 37 outros profissionais de nível médio (19%) - (Tabela 3.2).

Tabela 3.2 - Distribuição da amostra de profissionais de saúde por atividade profissional em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul,

2005.

Atividade profissional Pelotas (%)

Médicos 19

Enfermeiros 9

Outros profissionais de nível superior 9

Auxiliares e técnicos de enfermagem 13

Agentes comunitários de saúde 31

Outros profissionais de nível médio 19

3.1.3.1 Distribuição dos Profissionais por Modelo de Atenção

Em relação ao modelo de atenção, 111 (57%) profissionais estavam vinculados à

UBS do PSF pré-PROESF, 40 (20%) à do PSF pós-PROESF e 45 (23%) às

Tradicionais.

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35

3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Profissionais

A amostra foi formada por 156 (80%) profissionais do sexo feminino e 39 (20%)

do sexo masculino. A proporção de mulheres foi maior nas UBS do PSF (83%) do que

nas Tradicionais (71%).

A média de idade foi de 37,5 anos, sendo menor nas UBS do PSF (36,4) do que

nas UBS Tradicionais (41,0 anos).

A renda bruta mensal referida pelos trabalhadores relaciona-se exclusivamente

ao emprego na UBS e foi classificada de acordo com a formação e nível de

escolaridade. A renda bruta mensal dos trabalhadores de saúde entrevistados em Pelotas

foi inferior à média observada no Lote 2 Sul, com exceção à renda média dos médicos

que foi similar à observada no Lote (Tabela 3.3).

Tabela 3.3 - Renda média mensal dos profissionais em saúde estudados em Pelotas e no Lote 2 Sul. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Atividade profissional Pelotas (R$) Lote 2 Sul (R$)

Médicos 2.341,23 2.749,66

Enfermeiros 1.797,85 2.050,41

Demais profissionais de nível superior 1.315,06 2.326,44

Auxiliares e técnicos de enfermagem 603,00 859,08

Demais profissionais de nível médio 389,60 534,40

Agentes Comunitários de Saúde 366,66 381,99

3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde

3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde.

Para o estudo da demanda foram registrados 1782 atendimentos realizados pelos

profissionais das UBS amostradas, em um dia de trabalho. Em relação ao modelo de

atenção, 1086 (61%) atendimentos foram realizados nas UBS do PSF e 696 (39%) nas

UBS Tradicionais.

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36

3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de

Saúde

3.1.5.1 Distribuição da População

As amostras populacionais selecionadas nas áreas de abrangência das UBS

totalizaram 118 crianças de um a três anos, 107 mulheres que tiveram filhos nos dois

últimos anos, 115 adultos entre 30 e 64 anos e 98 idosos com 65 anos e mais.

3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de

Abrangência das UBS

a. Condições de habitação

A presença de água encanada dentro de casa beneficiava 98% dos domicílios de

adultos, 100% dos idosos, 88% das mulheres e 92% das crianças.

A proporção de banheiro no domicílio foi de cerca de 91% para as crianças, 96%

para as mulheres, 99% para os adultos e de 100% para os idosos.

A totalidade dos domicílios de adultos e idosos, 99% dos de mulheres e 98% dos

domicílios das crianças dispunha de recolhimento do lixo domiciliar por caminhão de

serviço municipal.

Residências de tijolo com / sem reboco, mistas (madeira e tijolo) e com madeira

regular foram consideradas adequadas, enquanto aquelas construídas de madeira

irregular e papelão, lata ou lona foram classificadas de inadequadas. A proporção de

construção adequada foi de 98% nas residências de adultos, 97% nas de mulheres, 99%

nas de idosos e 92% nas de crianças.

A média de pessoas por domicílio de crianças e mulheres foi de 4,8 (dp = 1,8 e

2,0, respectivamente). No caso dos adultos esta média foi 3,7 (dp = 1,6) e nos idosos 2,9

(dp = 1,9). A concentração de sete ou mais pessoas por domicílio foi identificada em

13% da amostra de crianças, 15% de mulheres, 5% de adultos e 6% de idosos. Foi

observado que 11% dos adultos e 16% dos idosos referiram morar desacompanhado.

A Tabela 3.4 descreve as prevalências dos indicadores estudados em cada grupo

populacional por modelo de UBS. Em geral, as condições de moradia eram melhores

para as áreas das UBS Tradicionais.

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Tabela 3.4 - Condições de habitação das crianças, mulheres, adultos e idosos estudados em Pelotas por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF –

UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Crianças Mulheres Adultos Idosos Indicador

PSF Tradicional PSF Tradicional PSF Tradicional PSF Tradicional

Água encanada no domicílio (%)

91 95 97 100 98 100 100 100

Banheiro no domicílio (%)

89 95 97 95 99 100 100 100

Recolhimento do lixo por caminhão (%)

97 100 99 100 100 100 100 100

Construção adequada (%) 56 95 65 84 98 100 97 88

Pessoas por domicílio (média)

4,8 4,6 4,9 4,6 3,6 3,8 3,2 2,4

a. Perfil das Crianças e Mães

Na amostra de 118 crianças, 48% (n = 56) eram do sexo masculino e a idade

média foi de 28,3 meses (dp = 10,1), variando de 12 a 47 meses. A proporção de

crianças brancas foi de 61% (n = 71), de pardas 15% (n = 18) e de negras 24% (28),

sendo a primeira maior nas áreas de UBS do PSF (73%; n = 29) e a última nas áreas das

UBS Tradicionais (31%; n = 24).

As mães das crianças estudadas tinham idade média de 27 anos (dp = 6,8),

variando de 16 a 49 anos. Em relação à escolaridade dessas mães, 56% (n = 63)

possuíam primeiro grau incompleto, 22% (n = 25) primeiro grau completo e 22% (n =

24) segundo grau completo ou mais. Entre as UBS do PSF a proporção de mulheres

com segundo grau completo foi de 11% (n = 8) e entre as UBS Tradicionais de 40% (n

= 16).

A renda média per capita da amostra foi de 0,4 salário mínimo (SM), sendo de

0,3 SM nas áreas do PSF e de 0,6 SM nas de UBS Tradicionais.

Pouco mais de um terço (38%; n = 45) destas mães e crianças estavam incluídas

nos estratos A, B e C agregados, 28% (n = 33) pertencia ao D e 34% (n = 40) ao E, com

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maior proporção de mães e crianças no estrato A, B e C nas UBS Tradicionais (60%; n

= 24) e no estrato E entre as UBS do PSF (44%; n = 34).

b. Perfil das Mulheres

Na amostra de 107 mulheres, 62% (n = 66) eram brancas, sendo semelhante

entre as áreas por modelo de atenção. A idade média das entrevistadas foi de 27,2 anos

(dp = 7,6), variando de 15 a 45 anos. A proporção de menores de 20 anos foi de 17% (n

= 18), em maior proporção nas áreas de UBS Tradicionais (18%; n = 7).

Entre as mulheres, 55% (57) não havia completado o primeiro grau, 26% (n =

27) possuía o 2º grau incompleto e 19% (n = 20) tinha o segundo grau completo ou

mais. A proporção de mulheres com o 2º grau completo ou mais foi maior nas áreas de

UBS Tradicionais (23%; n = 9), quando comparadas as do PSF (17%; n = 11).

A renda mensal média da amostra foi de 0,5 SM, de 0,4 SM entre as mulheres

residentes em áreas do PSF e de 0,6 SM nas UBS Tradicionais.

A exemplo da amostra de crianças, os grupos sociais A,B e C foram agregados.

Mais de um terço das mulheres (37%; n = 39) foram classificadas nos grupos B e C,

39% (n = 41) no grupo D e 24% (n = 26) no grupo E. A proporção do grupo social

menos favorecido (E) foi maior nas UBS do PSF (27%; n = 18).

c. Perfil dos Adultos

Na amostra de 115 adultos, a idade média era de 47 anos (dp = 8,6), variando de

30 a 64 anos. Deste total, 59% (n = 68) eram mulheres, em maior proporção nas áreas

de UBS Tradicionais (64%; n = 21); 70% (n = 81) eram de cor branca, também em

maior freqüência na abrangência das UBS Tradicionais; e, 65% (n = 75) eram casados

ou viviam com companheiro (66% nas áreas do PSF e 64% nas UBS Tradicionais).

A quase totalidade dos adultos sabia ler e escrever (94%; n = 108), sendo a

proporção maior na área das UBS Tradicionais (97%; n = 32).

A renda média per capita dos adultos foi de 0,9 SM, observando-se maior renda

média entre os adultos da amostra que residiam em áreas de abrangência das UBS

Tradicionais (1,2 SM) do que nas do PSF (0,8 SM).

Na distribuição por grupo social, identificaram-se 13% nos estratos A e B, 28%

no C, 36% no D e 23% no E. De acordo com o modelo de atenção, as áreas de UBS do

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PSF registraram maior representatividade da população adulta entrevistada no estrato E,

(29%; n = 22), em comparação com as de UBS Tradicionais (9%; n = 3).

Mais da metade dos adultos (62%; n = 71) informou trabalho remunerado no

último mês, situação superior nas áreas das UBS do PSF (65%; n = 53) do que nas

Tradicionais (55%; n = 18). Das pessoas que trabalhavam 51% (n = 36) eram

empregadas, 42% (n = 30) autônomas e 7% (n = 5) empregadores.

d. Perfil dos Idosos

Na amostra de 98 idosos, em termos do perfil demográfico, a idade média foi de

74,3 anos (dp = 8,1), variando de 65 a 104 anos. Deste total, 67% (n = 66) eram

mulheres, com distribuição semelhante por modelo de UBS; 70% (n = 69) eram de cor

branca, também com freqüências semelhantes entre as áreas das UBS do PSF e

Tradicionais; e, a maioria era viúvo (a) (49%; n = 48), sendo essas proporções também

semelhantes entre os modelo de atenção.

Cerca de metade da amostra dos idosos sabia ler e escrever (53%; n = 52) em

proporção bastante superior nas áreas das UBS Tradicionais (74%; n = 25) do que nas

do PSF (42%; n = 27).

A renda média per capita dos idosos foi de 1,2 SM, sendo maior entre idosos

residentes em área das UBS Tradicionais (1,3 SM) do que nas do PSF (1,1 SM).

De acordo com a estratificação social, 30% (n = 26) dos idosos estavam no

grupo B e C, 44% (n = 38) no D e 26% (n = 23) no E. Os estratos D e E juntos reuniram

70% (n = 61) da amostra de idosos, chegando a 74% (n = 46) entre residentes das áreas

do PSF (60% nas UBS Tradicionais).

A grande maioria (78%; n = 76) estava aposentada, em maior proporção nas

áreas de UBS Tradicionais (79%; n = 27) do que nas do PSF (77%; n = 49) e a média de

idade da aposentadoria foi de 60,6 anos (dp = 7,5) variando de 35 a 75 anos, sendo

semelhante entre as áreas por modelo de atenção.

3.2 Dimensão Político-Institucional

A dimensão político-institucional reúne alguns aspectos da conformação do

modelo de atenção básica à saúde, com ênfase particular no desenvolvimento da gestão

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municipal e nas estratégias de descentralização do SUS. Buscando dar historicidade ao

recorte temporal do estudo, esta abordagem do processo de constituição da ABS no SUS

utilizou as categorias centrais do planejamento estratégico de Matus (MATUS, 1997):

projeto de governo, capacidade de governo e governabilidade.

Planejar a ação política em uma perspectiva estratégica significa pensar um

conjunto de atividades, com metodologia, objetivos e metas definidos.

O Projeto de Governo procura caracterizar as bases materiais e históricas do

SUS nos municípios do Lote, com especial ênfase para a atenção básica à saúde. Os

atributos que qualificam um Projeto de Governo são os recursos disponíveis e passíveis

de alcançar, o conhecimento acumulado sobre o tema, o poder necessário para

desencadear as ações propostas, as chances de implantação e a possibilidade de sucesso.

De modo simplificado, mas ilustrativo, estes atributos estão sintetizados na identificação

da “maturidade” da gestão municipal (tipo de gestão, índice de aprendizado

institucional, adequação institucional do sistema municipal de saúde, critérios na

definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação do PSF, características do

emprego e da remuneração dos trabalhadores da atenção básica), da capacidade

instalada da rede básica e do processo de conversão do modelo da atenção básica

através do PSF.

A Capacidade de Governo compreende o conhecimento institucional acumulado,

o conjunto de saberes e técnicas disponíveis para operar o Projeto de Governo e a

política setorial. Nesta categoria se identificam os recursos intelectuais mobilizados para

a condução da ABS nos municípios, como por exemplo, o perfil do Secretário, do

Coordenador da Atenção Básica ou do PSF, do Presidente do Conselho Municipal de

Saúde e dos Profissionais das UBS.

A Governabilidade descreve os fundamentos político-financeiros para efetivação

das políticas de ABS, ou seja, recursos e margem de manobra política que, articulados à

Capacidade de Governo, permitem transformar as intenções de um projeto em gestos ou

ações concretas. A Governabilidade reúne mecanismos e instrumentos de poder

(político, econômico) capazes de desencadear as decisões e os respectivos movimentos

necessários para que os objetivos e as metas sejam alcançados. Neste estudo foram

utilizados como indicadores de governabilidade as despesas per capita com saúde, o

financiamento da atenção básica nos municípios, o apoio a projetos de atenção básica à

saúde e de saúde da família e as características do Conselho Municipal de Saúde.

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0 0 0 01,6

28,3

39

0 0 0 0 0

19,220,9

0

9,27,6

9,9

13,4

27,329,3

0 0 02

5,6

16

22,1

0 0 0

5,4 5,5

12,5

28,6

0

13,2 12,7 12,714,1

17,9

20,8

0 0 0 0 0

6,1

13

0 0 0 0 01,1

5,9

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Bagé

Caxias doSul

PassoFundo

Pelotas

Rio Grande

Santa Cruzdo Sul

Santa Maria

Uruguaiana

PROESF

3.2.1 Projeto de Governo

3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura

do Programa de Saúde da Família.

Pelotas encontra-se na modalidade de gestão plena do sistema municipal. Com o

PSF implantado desde 2002, seu aprendizado institucional foi considerado baixo pela

avaliação do Ministério da Saúde realizada em 2000.

A cobertura de PSF passou de 2% em 2002 para 16% em 2004, com crescimento

relativo de oito vezes no período (Figura 3.1).

Figura 3.1 - Evolução da cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF) nos municípios de mais de 100.000 habitantes do interior do Rio Grande do Sul, do

Lote 2 Sul, de 1999 a 2005. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Em 2002, o número de ESF instaladas no município era de 15, passando para 27

em 2004, o que representou cerca de 8% das ESF do Lote 2 Sul e 11% do RS. No Lote,

o número de ESF implantadas em 2001 era 144 e, em 2001, 358.

O número total de UBS de Pelotas, 50 em 2004, manteve-se inalterado no

período de 2001 a 2004, indicando que o PSF está sendo uma tímida estratégia de

conversão do modelo de atenção básica, mais do que de expansão da rede de UBS.

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3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do

Sistema Municipal de Saúde

Não foi possível obter informações sobre a adequação dos diversos setores

estudados (Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Controle, Avaliação,

Auditoria e Regulação, Atenção Básica à Saúde, Programa de Saúde da Família,

Assistência Farmacêutica e Recursos Humanos) assim como dos modelos de atenção

para o funcionamento do sistema de saúde, a partir da percepção do gestor municipal,

pois o mesmo não respondeu ao questionário.

O Presidente do CMS considerou que os temas relacionados ao PSF, tais como,

ampliação das equipes, questões de saúde bucal e saúde mental foram os mais

discutidos no período de 2001 a 2004, e considerados como principais projetos

aprovados.

3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação

do Programa de Saúde da Família

Não se têm informações para Pelotas por falta de preenchimento do instrumento

do gestor municipal.

3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da

Atenção Básica

O ingresso por concurso público alcançou 61% (n = 117) dos trabalhadores da

rede básica, sendo maior nas UBS Tradicionais (91%; n = 39) do que no PSF (52%; n =

78). A forma de contratação mais prevalente foi Estatutária (60%; n = 114), com

predomínio entre os profissionais vinculados as UBS Tradicionais (91%; n = 38),

seguida de CLT (33%; n = 33).

O vínculo de trabalho tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) alcançou

8% (n = 15) dos trabalhadores da atenção básica em Pelotas, com maior proporção em

trabalhadores de UBS do PSF (8%; n = 12).

Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) foi referido por 18% (n = 32) dos

profissionais entrevistados, destacando-se entre os trabalhadores do modelo Tradicional

(21%; n = 7).

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O pagamento em dia do salário foi informado por 95% (n = 186) dos

profissionais de saúde de Pelotas, com distribuição semelhante por modelo de atenção, e

o pagamento de incentivos por 27% (n = 52) dos trabalhadores, em maior proporção

entre aqueles das UBS Tradicionais (39%; n = 17).

Dos entrevistados 18% (n = 35) fizeram referência ao trabalho atual como

primeiro emprego, com proporções semelhantes por modelo de atenção, enquanto que a

freqüência de profissionais de saúde com outro emprego foi de 25% (n = 49), sendo

maior para os lotados em UBS Tradicionais (48%; n = 21) do que nas UBS do PSF

(19%; n = 28).

O tempo médio de trabalho dos profissionais na prefeitura local foi de 64,9

meses (dp = 73,3) e na UBS atual de 40,1 (dp = 48,6), com médias superiores para os

vinculados as UBS Tradicionais (95, 1 - dp = 91,9 e 60,1 - dp = 70,0, respectivamente).

3.2.2 Capacidade de governo

3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde

Não há informações para Pelotas por falta de preenchimento do instrumento do

gestor municipal.

3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da

Família

O coordenador da Atenção Básica à Saúde era do sexo masculino, enfermeiro,

possuía pós-graduação e curso de aperfeiçoamento em outras áreas de saúde e idade de

39 anos. Exercia o cargo atual há cerca de dois meses, tendo anteriormente ocupado a

coordenação em outra gestão por 12 meses. Tinha experiência prévia como profissional

liberal na área da saúde.

3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde

O presidente do CMS era do sexo feminino, tinha 38 anos de idade, havia

completado 15 anos de estudo e não possuía curso de pós-graduação. Era

Fonoaudióloga e representava o Conselho Regional de Fonoaudiologia. Atuava no

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cargo há onze meses, desde o ano de 2001, e possuía experiência anterior em coordenar

atividades coletivas (Campanha de Prevenção do Câncer de Laringe).

3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde

As características de sexo, idade e renda dos 196 profissionais entrevistados nas

nove UBS de Pelotas estão apresentadas no item 3.1.3.2, que aborda o perfil

sociodemográfico da amostra estudada. Na perspectiva da capacidade de governo, estão

enfatizados os aspectos relacionados à escolaridade, formação profissional,

especialização e capacitação dos profissionais, fundamentais para o enfrentamento dos

desafios cotidianos e estratégicos da ABS.

Em relação à escolaridade superior, 41% (n = 96) dos trabalhadores de saúde

tinha o curso completo e 6% (n = 14) incompleto.

Concluíram o ensino médio 31% (n = 66) dos profissionais. Possuíam ensino

médio incompleto 11% (n = 17) do total, fundamental completo 5% (n = 9) e

fundamental incompleto 6% (n = 7).

A Tabela 3.5 descreve a distribuição da escolaridade dos profissionais com

relação aos modelos de atenção. Considerando as escolaridades concluídas, destacaram-

se as diferenças proporcionais de trabalhadores com ensino superior e médio completos

entre os modelos de UBS, com freqüência maior da primeira nas UBS do modelo

Tradicional e da segunda no PSF. Observou-se ainda que nas UBS do PSF não foram

encontrados profissionais com escolaridade fundamental incompleta.

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Tabela 3.5 - Escolaridade dos profissionais em saúde estudados em Pelotas, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Pelotas Escolaridade

PSF (%) Tradicional (%) Total (%)

Superior completo 36 60 41

Superior incompleto 5 9 6

Ensino médio completo 34 22 31

Ensino médio incompleto 13 4 11

Fundamental completo 5 4 5

Fundamental incompleto 0 7 6

De um total de 57 profissionais com especialização, 13 (23%) haviam concluído

especialização na área de saúde pública, saúde coletiva, ou saúde da família, com

predomínio no PSF (31%; n = 11). Três profissionais possuíam mestrado e um

doutorado.

Entre os profissionais da Atenção Básica foi pesquisada a realização dos

seguintes cursos de capacitação: Introdutório ao PSF, SIAB, Saúde da Criança, Saúde

da Mulher, Saúde do Adulto, AIDPI, Diabetes, Hipertensão, DST/ AIDS, Hanseníase,

Tuberculose e Imunizações. A Tabela 3.6 apresenta as proporções observadas em

Pelotas e No Lote 2 Sul, na qual observa-se que a maioria dos índices são inferiores no

município.

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46

Tabela 3.6 - Cursos de capacitação realizados pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF –

UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Curso Pelotas (%) Lote 2 Sul (%)

Introdutório ao PSF 47 52

SIAB 30 43

Saúde da Criança 51 52

Saúde da Mulher 49 54

Saúde do Adulto 22 42

AIDPI 12 24

Diabetes 44 51

Hipertensão 47 52

DST / AIDS 60 58

Hanseníase 23 42

Imunizações 44 56

Tuberculose 24 45

3.2.3 Governabilidade

3.2.3.1 Despesas per capita com saúde

Para realizar as atividades do SUS a cada ano, Pelotas teve uma despesa média

em saúde de R$ 171,58 por habitante.

3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios

Em Pelotas 23% do PAB total estava vinculado às transferências federais do

incentivo PACS / PSF. O PAB Fixo de Pelotas era de R$ 9,20 por habitante e 23% era a

proporção de despesas com recursos humanos em relação às despesas totais em saúde.

Eram aplicados em saúde 15,6% dos recursos próprios, de acordo com exigências da EC

29 (Tabela 3.7).

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Tabela 3.7 - Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de Pelotas e para o Lote 2 Sul. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2

Sul, 2005.

Indicador Pelotas Lote 2 Sul

PAB Fixo (R$ / habitante) 9,20 9,15

% Despesas Recursos Humanos 23,4 43,7

% Transferências PSF/ PACS no PAB total 22,8 19,2

% Recursos próprios aplicados em saúde (EC 29) 15,6 16,0

3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família

As informações para Pelotas com relação a percepção do gestor sobre o apoio a

projetos da atenção básica e PSF, tanto de parlamentares como do CMS e profissionais

de saúde, foram comprometidas pela falta de preenchimento do instrumento destinado

ao Secretário Municipal de Saúde.

A satisfação com o vínculo de trabalho foi de 79% (n = 153), superior entre os

trabalhadores do modelo PSF (80%; n = 120) do que do Tradicional (77%; n = 33).

3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde

O PCMS relatou que o CMS possuía regimento interno e que a última

atualização ocorreu no ano de 2005. O ano de criação do CMS foi 1991.

O CMS era composto de 48 entidades, sendo cinco representantes da área

governamental, sete prestadores de serviços ao SUS privados ou conveniados sem fins

lucrativos, doze dos profissionais de saúde e vinte e quatro da sociedade civil

organizada.

O PCMS relatou diversos assuntos abordados nas reuniões ordinárias do CMS

entre os quais se pode destacar: relatório de gestão da SMSBE, questões referentes ao

Pronto Socorro municipal, prestações de contas diversas, requerimento interno de

entidade aprovando ou não modificações e plano de ações e metas. Foram identificadas

sete reuniões extraordinárias e os assuntos mais discutidos foram modificações no

regimento interno e relacionados aos hospitais do município. A Secretaria Municipal de

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Saúde (SMSBE), no período de 2001 a 2004, sempre buscou aprovação do CMS para a

implantação de políticas de saúde. Finalizando, o relacionamento do CMS com a

SMSBE foi avaliado positivamente.

Foi realizada apenas uma Conferência Municipal de Saúde de 2001 a 2004 e,

nesse período, ocorreram seis capacitações para conselheiros, que atingiram a maioria,

tendo como temas o SUS, histórico da saúde pública, reforma sanitária e

municipalização da atenção à saúde.

Até o ano de 2004, haviam sido implantados 30 Conselhos Locais de Saúde no

município.

O relacionamento da Secretaria Municipal de Saúde com o CMS foi

caracterizado como tendo momentos positivos, mas também polêmicos. Havia um

entendimento, por parte da secretária, que o CMS tinha um poder deliberativo relativo.

Em alguns pontos havia discordância de que o conselho pudesse referir alguma

deliberação com relação às questões financeiras. O assunto mais sério de desrespeito foi

a questão do pronto socorro municipal, onde houve uma assinatura de contrato de

mudança do local sem anuência do CMS.

A ocorrência de conflitos entre os Conselheiros foi considerada como necessária

e saudável, resultando da interação de muitos grupos com interesses diferentes. O

PCMS considerou o CMS bastante maduro.

3.3 Dimensão Organizacional da Atenção

3.3.1 Práticas de gestão da ABS

Ao caracterizar as práticas de gestão nos municípios do Lote foram identificados

princípios, normas e funções, procedimentos e recursos cuja finalidade é ordenar a

estrutura e o funcionamento da atenção básica à saúde. Muitos destes aspectos se

confundem com as práticas de oferta de serviços, pois uma estratégia de gestão

estabelecida pode implicar em uma oferta de serviços ao público.

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3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à

saúde

Em Pelotas, não foi possível conhecer a opinião do gestor sobre as ações

desenvolvidas para a gestão da Atenção Básica.

Através das informações do formulário de fonte documental foi referido que não

existe produção de relatórios periódicos a nível central com indicadores selecionados

para a tomada de decisão.

As atividades de supervisão do trabalho nas UBS foram relatadas por 46% (n =

89) dos trabalhadores de saúde, sendo 53% (n = 79) para os profissionais das UBS do

PSF e 23% (n = 10) para os das Tradicionais. Entre esses, apenas 42% (n = 35) referiu

uma periodicidade semanal da supervisão, enquanto 21% (n = 17) informou

periodicidade indefinida.

3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda

O setor de Controle, Avaliação, Auditoria e Regulação estava constituído no

município, cuja modalidade é gestão plena do sistema municipal. Não foi possível

identificar as principais estratégias de controle e regulação da demanda para o

atendimento em serviços de maior complexidade a partir da percepção do gestor.

A principal forma de acolhimento das reclamações dos usuários era a

disponibilidade de um telefone específico da Secretaria Municipal de Saúde.

Considerando os tipos de centrais implantadas para acolher e ordenar as

necessidades de saúde dos usuários, o município dispunha de Central de Consultas

Especializadas e de Exames implantadas, mas não dispunha, na época da pesquisa, de

Central de Leitos e de SAMU.

O município informou avaliar e acompanhar os recursos programados por

grupos de procedimentos, por produção e faturamento sem especificar o sistema de

informação utilizado.

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3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal

Do ponto de vista da tecnologia da informação, entre as nove UBS estudadas no

município apenas uma dispunha de microcomputador (UBS Barro Duro).

No município, de acordo com informações de fonte documental, no período de

2001 a 2004, não existiam UBS informatizadas alimentando o SIA-SUS, contrastando

com a inclusão de todas as UBS no Sistema de Vigilância Epidemiológica.

3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde

Em 2004, os sistemas de informação de base nacional estavam bastante inseridos

na rotina do município, responsável pelo gerenciamento e preenchimento regular do

SINASC, do SIM, do SINAN, do SISVAN e do SIAB.

A proporção de óbitos mal definidos no município foi igual a 7,1% em 2001,

13,7% em 2002, 16,1% em 2003 e 13,7% em 2004. Por outro lado, Pelotas referiu

investigar 100% dos óbitos infantis em 2004.

3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município

Este tópico descreve recursos e estratégias utilizados nos municípios para

oferecer os serviços básicos de saúde à população. Há uma ênfase importante na

estrutura das UBS e em sua caracterização nos diferentes modelos de atenção básica,

estado, região e porte do município. Também é abordada a disponibilidade de

profissionais do PSF, na perspectiva de avaliar o acesso da população ao novo modelo

de atenção.

3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde

A área física da maioria das nove UBS estudadas contemplava sala de espera,

recepção, consultórios, consultórios com banheiros, consultório odontológico, sala de

cuidados de enfermagem, sala de vacinas, sala de reuniões, farmácia, sala de

esterilização e cozinha. A UBS Cohab Tablada II não possuía em sua estrutura

consultório odontológico, sala de reuniões, expurgo e sala de esterilização. Ausência de

sala de reuniões e de esterilização foi apontada pela UBS PAM Fragata.

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A adequação da estrutura, considerando as dependências estudadas, não foi

avaliada em todos os itens somente pela UBS Arco Íris. Todas as UBS consideraram a

estrutura física da sala de procedimentos de enfermagem inadequada e, somente três,

emitiram parecer com relação à sala de vacinas. A Tabela 3.8 descreve a adequação dos

componentes da estrutura por unidade de saúde.

Tabela 3.8 - Estruturas adequadas entre as Unidades Básicas de Saúde estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Estruturas adequadas UBS estudadas Sala de espera Barro Duro

Conhab Tablada II Getúlio Vargas Simões Lopes

Recepção Getúlio Vargas Consultórios Fraget

Simões Lopes Consultórios com banheiro Barro Duro

Fraget Getúlio Vargas Simões Lopes

Consultórios odontológicos Barro Duro

Fraget Getúlio Vargas Simões Lopes

Sala de vacinas Fraget

Getúlio Vargas Simões Lopes

Sala de reuniões Barro Duro

Fraget Simões Lopes

Farmácia Fraget

Barro Duro Expurgo Fraget

Simões Lopes Sala de esterilização Fraget

Simões Lopes Cozinha Fraget

Getúlio Vargas Simões Lopes

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A existência de tapetes na sala de espera foi relatada somente pela UBS Barro

Duro. Por outro lado, sete das UBS estudadas relataram a presença de degraus

dificultando o acesso de deficientes (Arco Íris, Barro Duro, Bom Jesus, Getúlio Vargas,

Navegantes, PAM Fragata e Simões Lopes).

Apenas as UBS Barro Duro e PAM Fragata dispunham de rampas alternativas

para facilitar o acesso destas pessoas. Encontrou-se calçadas permitindo o deslocamento

seguro de deficientes visuais apenas na UBS Barro Duro. Nenhuma UBS possuía

corrimãos nas escadas, rampas ou corredores.

Somente na UBS Simões Lopes havia portas de banheiros que possibilitassem o

acesso de pessoas usuárias de cadeiras de rodas e espaço de circulação interna da UBS

suficiente para manobras de aproximação dos cadeirantes.

Cadeira de rodas para pacientes com esta necessidade somente estava disponível

nas UBS Fraget e PAM Fragata. As cadeiras da sala de espera foram consideradas

adequadas para o local do atendimento na UBS Fraget.

Em relação aos equipamentos de trabalho em condições de uso estavam

disponíveis nas nove UBS balança para adultos, estetoscópio, foco de luz, mesa

ginecológica, nebulizador e termômetro.

A seguir estão descritos os equipamentos de trabalho não disponíveis por UBS:

- Balança infantil: PAM Fragata.

- Espéculos vaginais: Cohab Tablada II.

- Estetoscópio de Pinard: Cohab Tablada II e Getúlio Vargas.

- Foco de Luz: Cohab Tablada II.

- Glicosímetro: Fraget e Simões Lopes.

- Microscópio: Arco Íris, Bom Jesus, Cohab Tablada II, Fraget, Getúlio Vargas,

Navegantes, PAM Fragata e Simões Lopes.

- Oftalmoscópio: Arco Íris, Bom Jesus, Cohab Tablada II, Getúlio Vargas, PAM

Fragata e Simões Lopes

- Otoscópio: Arco Íris.

- Sonar: Cohab Tablada II.

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- Tensiômetro: Cohab Tablada II.

- Negatoscópio: Arco Íris, Bom Jesus, Cohab Tablada II, Getúlio Vargas,

Navegantes e PAM Fragata.

Impressoras e conexão com a Internet não estavam disponíveis em todas as UBS

estudadas.

Entre os equipamentos e instrumentos odontológicos em condições de uso foram

coletadas informações para a maioria das oito UBS com consultório odontológico,

exceto para a UBS Fraget.

Foi referida a existência de amalgamador, aparelho fotopolimerizador, cadeira e

equipo odontológicos, compressores, estufa, mocho, refletor, unidade auxiliar,

instrumental de urgências, para dentística, exame clínico e procedimentos básicos na a

grande maioria dos sete serviços estudados. As deficiências encontradas foram: de

amalgamador na UBS Navegantes, de compressor na UBS Bom Jesus, de instrumental

para urgências na UBS Bom Jesus, de instrumental para procedimentos básicos na UBS

Navegantes e unidade auxiliar nas UBS Getúlio Vargas e Navegantes.

Na investigação do abastecimento de materiais e insumos foram considerados

insuficientes ou inexistentes os seguintes recursos por UBS:

- Arco Íris – agulhas descartáveis, algodão, material para pequenas cirurgias.

- Barro Duro – algodão, material para pequenas cirurgias e retirada de pontos.

- Bom Jesus – agulhas descartáveis, algodão, fio de sutura, gaze, luvas

esterilizadas, luvas esterilizadas, material para pequenas cirurgias e retirada de pontos,

cartão da criança, ficha de cadastramento domiciliar.

- Cohab Tablada II – agulhas descartáveis, álcool, descartéx, fio de sutura, gaze,

luvas esterilizadas e de procedimentos, material para pequenas cirurgias e retirada de

pontos, seringas para outras injeções, cartão para gestante e fichas para cadastramento

domiciliar.

- Fraget - material para pequenas cirurgias

- Getúlio Vargas – algodão, luvas esterilizadas, material para pequenas cirurgias.

- Navegantes – agulhas descartáveis, algodão.

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- PAM Fragata – álcool, fio de sutura, luvas esterilizadas, material para pequenas

cirurgias e retirada de pontos, seringa para vacinas.

- Simões Lopes – agulhas descartáveis, gaze, luvas esterilizadas, material para

pequenas cirurgias e retirada de pontos.

3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF

Havia uma ESF nas UBS Arco Íris e Barro Duro, três nas UBS Getúlio Vargas e

Simões Lopes, e quatro nas UBS Bom Jesus e Navegantes, totalizando 16 ESF.

Na análise da composição da ESF mínima, tomou-se como referência a

disponibilidade de médico, enfermeiro, auxiliares ou técnicos de enfermagem e agentes

comunitários. Observou-se a ausência de médicos na UBS Bom Jesus e ACS na UBS

Getúlio Vargas. Na UBS Bom Jesus havia odontólogo diretamente vinculados as ESF (n

= 3).

3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde

Em relação ao tempo de funcionamento obteve-se informação para cinco das

seis UBS do PSF e uma das três Tradicionais. As UBS do PSF existiam, em média, há

cerca de 11 anos e a Tradicional (PAM Fragata) há 21 anos.

A população adstrita foi de 9.890 mil pessoas nas UBS do PSF (respondentes =

5) e de 66.140 mil pessoas na UBS PAM Fragata. Da amostra, uma UBS funcionava em

um turno de atendimento (Cohab Tablada), quatro UBS funcionavam em dois (Getúlio

Vargas, Simões Lopes, Arco Íris e Barro Duro) e quatro em três (Navegantes, Bom

Jesus, Fraget e PAM Fragata).

A carga horária contratada pelos profissionais de saúde foi, em média, de 34

horas semanais, sendo maior no PSF (35 horas) do que nas UBS Tradicionais (28

horas).

Nas UBS estudadas, a média diária de consultas médicas foi 16, de atendimentos

realizados por enfermeiros 20, por auxiliares / técnicos de enfermagem 24 e por outros

profissionais de nível médio 59, sendo maior entre os atendimentos médicos das UBS

do PSF (19) e os de auxiliares / técnicos de enfermagem das UBS Tradicionais (33).

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3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados

O acesso aos serviços do SUS no município acontecia através de diversas portas

de entrada: as UBS, os serviços de pronto atendimento e o atendimento de urgências dos

hospitais públicos.

Foram referidas consultas imediatas para ginecologia, pediatria, psiquiatria e

odontologia; tempo de espera de sete dias para consultas especializadas em cardiologia,

cirurgia geral, gastroenterologia e nutrição; de 60 dias para neurologia e fisioterapia; e

de 180 dias para angiologia, oftalmologia e otorrinolaringologia.

O tempo de espera relatado para a realização de ECG, quimioterapia e

radioterapia foi de 30 dias; ultra-sonografia geral de 20 dias; exames de análises

clínicas, radioimuniensaio e radiologia de 30 dias; hemodinâmica de 75 dias; e,

ecocardiografia e tomografia de 300 dias. Não havia espera para a realização de

hemodiálise e o município não dispunha do exame de ressonância magnética a nível

local.

A disponibilidade satisfatória de consulta médica para a atenção especializada

foi investigada através da opinião da equipe de saúde, em instrumento coletivo sobre a

UBS. Foi percebida como suficiente ao redor de 10% para dermatologia, cardiologia,

neurologia e ortopedia; de 30% para nefrologia; de 40% para pneumologia e psiquiatria;

de 70% para pediatria e de 90% para ginecologia. Nas áreas de oftalmologia e

otorrinolaringologia o acesso foi julgado como inexistente.

As equipes das nove UBS julgaram o acesso direto à retaguarda para

atendimento em Pronto Socorro e internação hospitalar como não satisfatório.

O município dispunha de estratégias de articulação das UBS com serviços de

maior complexidade ou de apoio diagnóstico, como, por exemplo, o agendamento por

profissionais das equipes do PSF e a utilização de protocolo para atendimento de

urgências.

3.3.2.5 Adstrição da demanda

A existência de área geográfica definida e mapa foi verificada em sete das nove

UBS estudadas, nas seis do PSF e em uma Tradicional (PAM Fragata). Não foi possível

avaliar esta informação para a UBS Cohab Tablada II. O cadastramento das famílias

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residentes na área geográfica não estava concluído em duas UBS do PSF: Bom Jesus e

Simões Lopes.

A participação da equipe em atividades na área de abrangência da UBS nos

últimos 12 meses foi de 46% (n = 87), sendo de 55% (n = 82) entre os trabalhadores das

UBS do PSF e de 13% (n = 5) nas UBS Tradicionais.

3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino

A vinculação com atividades de ensino esteve presente em cinco das UBS

amostradas, especificamente três do PSF (Bom Jesus, Navegantes e Simões Lopes) e

duas Tradicionais (Fraget e PAM Fragata), através de instituição pública de ensino

superior em todos os serviços. A área de ensino predominante foi a de enfermagem,

encontrada em cinco UBS, seguida pela de Nutrição (n = 4). Campo de estágio em

medicina era oferecido apenas na UBS PAM Fragata.

3.3.2.7 Assistência farmacêutica

As informações de fonte documental mostraram que o município adota uma lista

básica de medicamentos para as UBS.

Os medicamentos eram estocados em local centralizado, com área física de

dimensões suficientes e havia a presença de farmacêutico administrando o local.

Foi referido ainda que a temperatura ambiente para conservação dos

medicamentos não era adequada, mas existiam condições de armazenamento

satisfatórias, como por exemplo, prateleiras e estrados para a acomodação dos

medicamentos.

O controle do estoque de medicamentos era informatizado e, de modo geral, os

medicamentos eram dispensados nas UBS.

3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde

Não foi possível conhecer a opinião do gestor sobre a existência de experiências

inovadoras em AB em Pelotas por não preenchimento do questionário.

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57

3.4 Dimensão do Cuidado Integral

3.4.1 Estratégias de indução da integralidade

O direito universal à saúde da população brasileira define a integralidade como

um dos princípios constitucionais do SUS. Entretanto, a integralidade ainda não

assumiu a esperada relevância estratégica na organização e desenvolvimento das ações

de saúde. Alcançar a integralidade em saúde requer ações planejadas com esta

finalidade tanto no âmbito da UBS e em seu vínculo com a comunidade, quanto na

referência e contra-referência entre os níveis de atenção à saúde. Além disso,

compreende a articulação das práticas não apenas no âmbito setorial, mas também no

âmbito intersetorial (PINHEIRO, 2005). Neste estudo, a integralidade foi captada

através de alguns “proxis”, como, por exemplo, as práticas realizadas nas UBS, com

ênfase em ações programáticas a grupos prioritários, o acesso direto a exames

complementares, a disponibilidade de medicamentos, a utilização de protocolos, a

utilização de computadores pelos profissionais de saúde, a percepção dos profissionais

sobre a qualidade dos serviços prestados e o acesso a publicações do Ministério da

Saúde.

3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral

A investigação do conjunto de ações realizadas na UBS para o cuidado integral

envolveu o questionamento da realização das seguintes atividades: atendimento a

demanda sentida; atendimento odontológico a grupos prioritários; atendimento de pré-

natal; cuidado domiciliar e visita domiciliar; diagnóstico e tratamento da hanseníase e

da tuberculose; diagnóstico e tratamento da hipertensão e do diabetes; glicemia capilar;

atendimento a desnutrição e suplementação alimentar; notificação compulsória de

doenças; manejo de agravos mais prevalentes na infância, planejamento familiar;

pequenas cirurgias; prevenção do câncer de colo uterino; promoção do aleitamento

materno e promoção do crescimento e desenvolvimento infantil. A seguir estão descritas

as ações não realizadas na UBS por serviço estudado:

- Arco Íris - diagnóstico e tratamento da hanseníase, glicemia capilar,

atendimento a desnutrição e suplementação alimentar e pequenas cirurgias.

- Barro Duro - diagnóstico e tratamento da hanseníase e glicemia capilar.

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- Bom Jesus - diagnóstico e tratamento da hanseníase e da tuberculose, glicemia

capilar e pequenas cirurgias.

- Cohab Tablada II - pré-natal, cuidado domiciliar, diagnóstico e tratamento da

hanseníase e da tuberculose, atendimento a desnutrição e suplementação alimentar,

atendimento dos agravos mais prevalentes na infância, pequenas cirurgias, planejamento

familiar, prevenção do câncer do colo uterino, promoção do aleitamento materno,

puericultura.

- Fraget - atendimento da demanda sentida, atendimento odontológico a grupos

prioritários, cuidado domiciliar, diagnóstico e tratamento da tuberculose, pequenas

cirurgias e visita domiciliar.

- Getúlio Vargas - diagnóstico e tratamento da hanseníase e da tuberculose,

glicemia capilar, atendimento a desnutrição e suplementação alimentar e pequenas

cirurgias.

- Navegantes - glicemia capilar.

- PAM Fragata - cuidado domiciliar, diagnóstico e tratamento da hanseníase e da

tuberculose, glicemia capilar, atendimento a desnutrição e suplementação alimentar,

pequenas cirurgias e visita domiciliar.

- Simões Lopes - glicemia capilar.

A realização de atividades de grupos foi referida nos nove serviços. Grupos de

hipertensos e diabéticos eram desenvolvidos em todas as UBS; de sofrimento psíquico

na UBS Getúlio Vargas; de pré-natal nas UBS Bom Jesus, Fraget, Getúlio Vargas,

Navegantes e Simões Lopes; de adolescentes na UBS Navegantes; de idosos nas UBS

Barro Duro, Bom Jesus e Navegantes; e, de puericultura, nas UBS Arco Íris, Bom Jesus

e Navegantes.

3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares

O acesso direto a exames complementares utilizados rotineiramente na atividade

clínica peculiar à Atenção Básica foi investigado quanto à suficiência do exame de

ácido úrico, creatinina, de HIV, de glicemia, hemograma, tipagem sanguínea, VDRL,

Baar no escarro, exame comum de urina, urocultura, citopatológico, colposcopia,

eletrocardiograma, ultrassonografia obstétrica e radiografia simples.

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59

Acesso suficiente para o exame citopatológico foi referido por mais de 80% dos

serviços; e, aos exames ácido úrico, colposcopia, creatinina, uréia, eletrocardiograma,

glicemia de jejum, hemograma, Baar no escarro, radiografia simples, comum de urina,

urocultura, ultrassonografia obstétrica e tipagem sanguínea, para menos de 40% das

UBS.

3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos

Foi julgada satisfatória pela maioria das equipes das nove UBS a disponibilidade

de analgésico e antitérmico, penicilina benzatina, antibiótico de largo espectro,

broncodilatador, inibidor da enzima de conversão, diurético, digitálico, hipoglicemiante,

anticoncepcional oral (ACO), creme com corticosteróide e bactericida.

A seguir estão descritas as deficiências especificas destes insumos por UBS:

- Arco Íris – dexametasona pomada, diclofenaco de potássio, digoxina,

metronidazol comprimidos, penicilina benzatina 600.000 UI e sulfametoxazol /

trimetoprima comprimidos.

- Barro Duro – aminofilina, dexametasona pomada, diclofenaco de potássio,

digoxina, metronidazol e sulfametoxazol / trimetoprima comprimidos.

- Bom Jesus - aminofilina, dexametasona pomada, diclofenaco de potássio,

digoxina furosemida, hidroclorotiazida e sulfametoxazol / trimetoprima comprimidos.

- Cohab Tablada II – aminofilina, ampicilina, metronidazol geléia e neomicina /

bacitracina pomada.

- Fraget - metronidazol geléia e comprimidos e neomicina / bacitracina pomada

- Getúlio Vargas – diclofenaco de potássio, digoxina, furosemida, metronidazol

comprimidos, penicilina benzatina 600.000 UI, sulfametoxazol / trimetoprima

comprimidos e suspensão.

- Navegantes - ácido acetilsalisílico, aminofilina, dexametasona pomada,

diclofenaco de potássio, digoxina, furosemida, metronidazol comprimidos, penicilina

benzatina 600.000 UI, sulfametoxazol / trimetoprima comprimidos e suspensão.

- PAM Fragata - aminofilina, ampicilina, diclofenaco de potássio, digoxina,

hidroclorotiazida, metronidazol geléia e comprimidos e neomicina / bacitracina pomada

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- Simões Lopes – ácido acetilsalisílico, diclofenaco de potássio, digoxina,

hidroclorotiazida, metronidazol comprimidos, penicilina benzatina 600.000 UI e

sulfametoxazol / trimetoprima comprimidos.

A dispensação das medicações desta lista básica pela própria UBS só não era

feita na UBS Cohab Tablada II.

3.4.1.4 Utilização de protocolos

A utilização de protocolos para as ações desenvolvidas pela UBS investigada

através do instrumento coletivo da estrutura variou de 0 a 100% dependendo do tipo de

protocolo. Para a maioria das ações programáticas, a utilização de protocolos nas UBS

estudadas em Pelotas foi pouco freqüente e, de modo geral, menor em relação aos

índices observados no Lote (Tabela 3.9).

Tabela 3.9 - Utilização de protocolos para as ações desenvolvidas pelas Unidades Básicas de Saúde estudadas em Pelotas e no Lote 2 Sul. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Ação programática Pelotas (%) Lote 2 Sul (%)

Cuidados de enfermagem 22 50

Cuidado domiciliar 22 34

Diagnóstico e tratamento do diabetes 56 64

Diagnóstico e tratamento da hanseníase 0 29

Diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial 67 68

Diagnóstico e tratamento da tuberculose 22 43

Imunizações 100 81

Manejo da desnutrição e suplementação alimentar 33 44

Manejo dos agravos mais prevalentes na infância 22 42

Planejamento familiar 57 50

Pré-natal 78 75

Prevenção do câncer de colo uterino 89 75

Promoção crescimento e desenvolvimento infantil 56 57

Promoção do aleitamento materno 67 55

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As deficiências específicas por serviço foram as seguintes:

- UBS Arco Íris: diagnóstico e tratamento da hanseníase e manejo da desnutrição

e suplementação alimentar.

- UBS Barro Duro: cuidado de enfermagem e domiciliar, diagnóstico e

tratamento do diabetes, da hanseníase, da hipertensão e da tuberculose, manejo da

desnutrição e suplementação alimentar, manejo dos agravos mais prevalentes na

infância, planejamento familiar, pré-natal, promoção do crescimento e desenvolvimento

infantil e aleitamento materno.

- UBS Bom Jesus: cuidado de enfermagem e domiciliar, diagnóstico e

tratamento da hanseníase e da tuberculose.

- UBS Cohab Tablada II: cuidado de enfermagem e domiciliar, diagnóstico e

tratamento do diabetes, da hanseníase e da tuberculose, manejo dos agravos mais

prevalentes na infância, planejamento familiar, pré-natal, prevenção do câncer de colo

uterino, promoção do crescimento e desenvolvimento infantil e aleitamento materno.

- UBS Fraget: cuidado de enfermagem e domiciliar, diagnóstico e tratamento da

hanseníase e da tuberculose, manejo da desnutrição e suplementação alimentar, manejo

dos agravos mais prevalentes na infância, planejamento familiar, promoção do

crescimento e desenvolvimento infantil e aleitamento materno.

- UBS Getúlio Vargas: cuidado de enfermagem e domiciliar, diagnóstico e

tratamento do diabetes, da hanseníase e da tuberculose, manejo da desnutrição e

suplementação alimentar, manejo dos agravos mais prevalentes na infância e

aleitamento materno.

- UBS Navegantes: diagnóstico e tratamento do diabetes, da hanseníase e da

tuberculose, manejo da desnutrição e suplementação alimentar, e manejo dos agravos

mais prevalentes na infância.

- UBS PAM Fragata: cuidado de enfermagem e domiciliar, diagnóstico e

tratamento da hanseníase e da tuberculose, manejo dos agravos mais prevalentes na

infância e promoção do crescimento e desenvolvimento infantil.

- Simões Lopes: cuidado de enfermagem e domiciliar, diagnóstico e tratamento

do diabetes, da hanseníase e da tuberculose, manejo da desnutrição e suplementação

alimentar, manejo dos agravos mais prevalentes na infância e planejamento familiar.

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62

3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais

A utilização de computador em suas atividades foi referida por apenas 22% (n =

42) dos profissionais entrevistados, sendo maior nas UBS Tradicionais (34%; n = 15) do

que nas do PSF (18%; n = 27).

3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados

A opinião dos profissionais sobre a qualidade dos serviços prestados na UBS foi

boa ou muito boa para aproximadamente 65% (n = 125) dos entrevistados em Pelotas,

sendo de 62% (n = 91) nas UBS do PSF e de 76% (n = 34) nas UBS Tradicionais.

3.4.1.7 Acesso a publicações

O município de Pelotas mostrou um acesso muito pequeno dos profissionais às

publicações do Ministério da Saúde, variando de 3% para a Revista Brasileira de Saúde

da Família a 40% para o Manual do Agente Comunitário de Saúde. Além disso, os

todos os índices foram inferiores aos do Lote (Tabela 3.10). De acordo com o modelo

de atenção o acesso a estas publicações foi maior para os profissionais das UBS do PSF,

exceto para a Revista Brasileira de Saúde da Família.

Tabela 3.10 - Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da Saúde nas Unidades Básicas de Saúde de Pelotas e no Lote 2 Sul. Estudo de Linha

de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Acesso às publicações do Ministério da Saúde Pelotas (%) Lote 2 Sul (%)

Revista Brasileira Saúde da Família 3 10

Informes de Atenção Básica 29 35

Manual do SIAB 25 30

Manual do Agente Comunitário de Saúde 40 42

Avaliação Normativa do PSF no Brasil 6 14

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63

3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde

3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS

O objeto destes comentários foi o Processo de Trabalho em Atenção Básica à

Saúde, descrito através de um formulário semi-estruturado, preenchido por nove equipes

de Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Pelotas.

As doze variáveis abordadas como etapas componentes do Processo de Trabalho

em Atenção Básica à Saúde foram: planejamento, gestão e coordenação, recepção,

acolhimento, cuidado clínico, cuidado de enfermagem, cuidado odontológico, ações

programáticas, ações educativas, cuidados domiciliares, gestão da informação,

supervisão e suporte técnico e participação no Conselho Local de Saúde.

Os atributos propostos para caracterizar cada uma das variáveis foram: descrição

da atividade – o que é feito e como é feito?; responsáveis pela atividade – quem faz?;

insumos para a atividade – que recursos são utilizados?; dificuldades para realizar a

atividade; sugestões para realizar a atividade; experiências inovadoras.

3.4.2.2 A categoria processo de trabalho

A universalização do direito à saúde, a descentralização da gestão e a atenção

básica à saúde distinguem positivamente o SUS, em comparação a outros sistemas de

saúde, incluindo aqueles já experimentados no Brasil (BRASIL, 1990).

Apesar disso, possivelmente em função de seu curto tempo de implantação e da

escassez de recursos materiais e humanos, o SUS ainda não dispõe de um processo de

trabalho em atenção básica à saúde plenamente formulado e operacionalmente efetivo.

Neste sentido, a descrição do processo de trabalho nas UBS estudadas pode representar

importante contribuição para a melhoria da ABS em Pelotas.

O processo de trabalho, enquanto categoria abstrata, permite compreender a

organização e a divisão das tarefas necessárias à transformação de um dado objeto de

trabalho em um produto desenvolvido, valorizado socialmente, tanto em seu valor de

uso, quanto em seu valor de troca (FACCHINI, 1986). Cada espaço concreto de

trabalho, cada unidade produtiva, conforma um processo de trabalho particular,

incomparável em suas nuances e características mais singulares. Mas cada processo de

trabalho também guarda as características essenciais do modo de produção em que está

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inserido e, de modo mais objetivo, de seu ramo de produção e da natureza da atividade

produtiva predominante (FACCHINI, 1986).

O uso da categoria processo de trabalho neste estudo, permitiu a análise

individualizada de cada UBS e a busca de regularidades, de semelhanças e de contrastes

entre as UBS de Pelotas. Nestas análises, além de perceber a dinâmica da organização e

divisão do trabalho em cada atividade, buscou-se identificar o objeto de trabalho, os

recursos disponíveis e os responsáveis por sua realização. Problemas e sugestões para a

melhoria das atividades também foram captados. Fruto do processo de construção do

SUS, o trabalho nas UBS Tradicionais é um simulacro daquele realizado em hospitais e

unidades ambulatoriais especializadas, sendo fortemente centrado no médico e nas

clínicas básicas, atendendo a demanda espontânea de usuários. No PSF, o processo de

trabalho pretende se distanciar do viés hospitalar e da especialização, fortalecendo a

participação da equipe de saúde e do médico “geral” no atendimento integral das

necessidades de saúde da população.

O processo de trabalho em ABS está essencialmente vinculado ao trabalho vivo,

à atividade, à qualidade técnico-científica do trabalhador, à sua motivação e

compromisso com o resultado de seu trabalho. Nas UBS, a tecnologia disponível tem

muita dificuldade em dinamizar o processo de trabalho, orientando a ação do

trabalhador. A escassez crônica de equipamentos, instrumentos e os mais variados

insumos, mesmo os mais básicos para o funcionamento de uma UBS, dificultam a

efetivação do processo de trabalho em ABS com um significado mais amplo que

extrapole a prática individual do trabalhador em relação a um usuário do serviço e

alcance o resultado do trabalho da equipe em relação à comunidade em que está

inserido.

3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde

O trabalho de Planejamento, de Gestão e de Coordenação das atividades era

realizado através de reuniões que avaliavam as atividades das equipes e programavam a

agenda de atividades a curto prazo. Essas reuniões contavam com a presença de toda

equipe, sendo que apenas a UBS Bom Jesus disse ter a colaboração da SMS. A equipe

da UBS Simões Lopes afirmou utilizar o SIAB como um instrumento de planejamento.

Todas unidades utilizavam um turno semanal para a atividade. Referiram como

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dificuldades a operacionalização das atividades, a falta de entrosamento entre membros

das equipes, e para a UBS Barro Duro a dificuldade enfrentada foi o fato de que os

trabalhadores não pertencentes a equipe do PSF, não participarem das reuniões. As

sugestões propostas foram para que exista uma pessoa externa à UBS que possa ajudar,

no sentido de orientar o grupo na solução das divergências, além de melhorar a infra-

estrutura e aumentar o número de profissionais. As UBS Getúlio Vargas, Cohab

Tablada II, Fraget e PAM Fragata não realizavam esta atividade.

As equipes das UBS Bom Jesus, Navegantes e Barro Duro referiram não realizar

a atividade de Suporte Técnico e Supervisão. Na UBS Cohab Tablada II a atividade

foi relacionada com a avaliação trimestral para funcionário em período probatório. Nas

UBS Fraget e PAM Fragata a supervisão foi descrita como uma atividade que os

professores das Universidades realizam com os alunos estagiários dos cursos de

graduação e técnico de enfermagem. As equipes das demais UBS referiram que a

supervisão não é uma prática do cotidiano e quando há necessidade solicitam a presença

de algum técnico do nível central vinculado aos programas. Na UBS Simões Lopes foi

relatada a iniciativa local de capacitação e supervisão de agentes comunitários de saúde

e auxiliares de enfermagem realizada pela própria equipe. Observou-se falta de rotina da

SMS para as ações de suporte técnico e supervisão.

Para a Gestão da Informação o SIAB foi o instrumento de suporte que contava

com a participação das equipes. As dificuldades apresentadas foram: a falta de

comprometimento dos integrantes das equipes; número reduzido de ACS e não

existência de retorno eficiente por parte da SMS sobre os dados enviados. Foi sugerido

investir na educação continuada, contratação de ACS e de funcionário específico para

preenchimento dos formulários, além do retorno das informações às UBS. As unidades

Tradicionais não realizam a atividade.

Em Pelotas, a Recepção estava sob responsabilidade dos agentes

administrativos, podendo ter a presença de ACS e auxiliares de enfermagem. Os

trabalhadores da recepção realizavam a distribuição das fichas, a marcação de consultas,

o agendamento, prestavam orientações e encaminhamento para os profissionais.

Destacaram como dificuldade o número reduzido de recepcionistas, problemas de

estrutura física e sobrecarga de trabalho. Solicitaram informatização, capacitação e

aumento do número de funcionários. A experiência relatada pelas UBS Navegantes e

Simões Lopes foi a de organizar os prontuários por micro-áreas, e a da UBS Cohab

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Tablada II de agendar um dia na semana para os atendimentos do presídio,

separadamente da comunidade.

O Acolhimento foi caracterizado pelo atendimento do recepcionista, que após

escutar o problema do usuário e conforme a necessidade, encaminhava ao profissional

solicitado. Apenas a UBS Arco-Íris contava com a presença de assistente social e equipe

de enfermagem no acolhimento. Pouca qualificação e número reduzido de profissionais,

excesso de burocracia, inadequação do espaço físico e não informatização do sistema

foram apontados como limitadores. As UBS Fraget, Navegantes e Simões Lopes não

realizavam esta atividade.

O Cuidado Clínico era realizado para cerca de 15 pessoas por turno, as

dificuldades encontradas foram: excesso da demanda, pouca medicação, sistema de

referência e contra-referência não efetiva, ausência de equipamentos, problemas de

relacionamento nas equipes e demanda de fora da área. Além da melhoria dos

problemas citados, desejavam um programa de educação continuada e divulgação do

PSF para a comunidade.

O Cuidado Odontológico foi caracterizado pela ausência de ACD e THD e não

pertencer à equipe de saúde da família (nas UBS PSF). Era realizado o atendimento de

oito usuários por turno, em média. Foi referida a inadequação dos consultórios

dentários, ausência periódica de material e necessidade de ACD e THD como

problemas necessitando de soluções. Na UBS Cohab Tablada II não estava disponível

esta atividade.

As Ações Programáticas foram referidas principalmente para as atividades

vinculadas a programas de atenção básica (criança, mulheres, hipertensos, diabéticos,

DST e saúde bucal), visitas domiciliares, grupos e assessoria jurídica (Arco-Íris). Existia

a participação de toda a equipe. A UBS Barro Duro realizava atividade

multiprofissional nas escolas. Apontaram como dificuldade a grande demanda, a

estrutura física inadequada para estas atividades e necessidade de material didático.

Ações Educativas eram realizadas semanalmente através de grupos de crônicos

e pré-natal, uso de material didático, orientação de acadêmicos, palestras em escolas e

creches e também nas consultas individuais, sendo que a UBS Barro Duro considerava

apenas as ações programáticas como ações educativas. Havia a participação de todos os

membros da equipe. O espaço físico limitado, a falta de material didático de apoio e

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número reduzido de profissionais foi apontado como dificuldades. A UBS Barro Duro

sugeriu melhor avaliação e investigação das necessidades da comunidade para

programar as atividades educativas e a inserção dos profissionais não PSF nas equipes.

A UBS Arco-Íris não realizava esta atividade.

O Cuidado Domiciliar era demandado pelos ACS e realizado por toda a equipe

de acordo com a necessidade; foi caracterizado por ações curativas, sendo que as

preventivas descritas na forma de mapeamento da situação de risco e busca ativa.

Necessidade de transporte, violência na comunidade e pouco material foram

dificuldades apontadas para a realização desta atividade. A UBS Bom Jesus referiu a

internação domiciliar como experiência inovadora.

Nas UBS a participação no Conselho Local de Saúde se dava através de

reuniões entre equipes e representantes da comunidade com propostas levadas à reunião

do Conselho Municipal de Saúde. A participação era de toda a equipe, com a presença

permanente da assistência social. Uma dificuldade encontrada foi à falta

comprometimento dos profissionais e dos usuários na atividade. A sugestão dada foi a

de esclarecer a comunidade sobre a importância do Conselho. Na UBS Simões Lopes

foi realizado plebiscito entre os usuários, sem a imposição do conselho deliberativo,

para escolher a forma de distribuição de fichas e agendamento. Nas UBS Cohab

Tablada II e Barro Duro não havia CLS.

3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho

O estudo adotou uma escala de adequação organizada de 0 a 10, a partir da qual

os trabalhadores das UBS da amostra (n = 196) emitiram sua opinião em relação a

algumas variáveis componentes das condições de trabalho e do trabalho em equipe.

A observação das médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores

de Pelotas e cada uma das variáveis estudadas revelou que o maior índice de satisfação

foi referido para o trabalho e reuniões de equipe, o preenchimento de formulários e a

demanda para atendimento, tanto individual quanto a domicílio, e, o menor, para a

satisfação com a estrutura da unidade. Em relação ao Lote, as médias foram de modo

geral semelhantes (Tabela 3.11). Quanto ao modelo, em geral, a satisfação dos

profissionais das UBS do PSF foi maior para a maioria dos itens investigados exceto

quanto à estrutura física, o atendimento individual na UBS e trabalho em equipe.

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Tabela 3.11 - Médias alcançadas em relação à satisfação dos profissionais de saúde em uma escala de 0 a 10 em Pelotas e no Lote 2 Sul. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Satisfação dos profissionais Pelotas Lote 2 Sul

Trabalho em equipe 7,0 7,4

Reuniões de equipe 7,0 6,5

Preenchimento de formulários e relatórios 7,0 6,7

Demanda para atendimento individual a domicílio 7,0 6,5

Demanda para atendimento individual na unidade 7,0 6,9

Reuniões com a coordenação local da unidade 6,0 6,3

Reuniões com a comunidade 6,0 5,2

Estrutura física da unidade 5,0 5,4

3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde

3.5.1 Desempenho do Município de Pelotas

3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde

As informações apresentadas abaixo (Tabela 3.12) se referem ao município de

Pelotas, ao estado de Rio Grande do Sul e ao Brasil.

Os indicadores são favoráveis ao município com relação à média de consultas

médicas habitantes / ano, proporção de recém-nascidos com quatro ou mais consultas de

pré-natal e proporção de partos cesariana, e desfavoráveis com relação a proporção de

baixo peso ao nascer e o coeficiente de mortalidade infantil. A informação sobre a taxa

de mortalidade infantil por causas evitáveis só foi encontrada para o município e para o

estado do RS.

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Tabela 3.12 Indicadores de desempenho do sistema de saúde de para o município de Pelotas, Rio Grande do Sul e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF –

UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas RS Brasil

Consultas médicas básicas / hab / ano 1,8 1,4 1,4

% RN com 4 ou + consultas Pré-Natal 90,5 83,1 83,1

% de Baixo peso ao nascer 10,1 9,3 8,1

Mortalidade Infantil / 1.000 NV 22,3 15,6 19,3

MI Causas evitáveis 11,8 9,3 --

% Partos por cesariana 38,9 43,2 38,8

a. Crianças

Comparado com o estado, Pelotas apresentou maior proporção de óbitos em

menores de um ano por causas mal definidas, maior taxa de internação por IRA em

menores de cinco anos e maior taxa de mortalidade neonatal. Comparando-se o

município com o Brasil, a proporção de óbitos em menores de um ano por causas mal

definidas foi menor, enquanto as taxas de internação por IRA em menores de cinco anos

e de mortalidade neonatal foram maiores (Tabela 3.13).

Tabela 3.13 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para o município de Pelotas, Rio Grande do Sul e Brasil. Estudo de Linha

de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas RS Brasil

Número absoluto de óbitos de < de 1 ano 104 2.429 58.916

% de óbitos em < de 1 ano por causas mal definidas 4,8 4,4 8,8

Taxa de internação por IRA em < de 5 anos 37,6 24,0 26,4

Cobertura vacinal por tetravalente em < de 1 ano -- 3,4 21,

Número absoluto de óbitos neonatais 70 1.497 38.679

Taxa de mortalidade infantil neonatal 15,0 9,6 12,6

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b. Mulheres

Os indicadores do Pacto da Atenção Básica para a saúde da mulher favoráveis ao

município de Pelotas, quando comparados ao RS e Brasil, foram a taxa de mortalidade

materna e a proporção de nascidos vivos com sete ou mais consultas de pré-natal. Ao

contrário, foram desfavoráveis ao município as taxas de mortalidade por câncer de colo

uterino e de mortalidade por câncer de mama (Tabela 3.14).

Tabela 3.14 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para o município de Pelotas, Rio Grande do Sul e Brasil. Estudo de Linha

de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas RS Brasil

Taxa de mortalidade materna 21,4 60,5 52,7

Razão entre exames CP em mulheres de 25 a 59 anos e a população na faixa etária 0,2 0,2 0,2

Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de colo de útero 6,4 5,7 4,6

Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de mama 25,0 16,8 10,2

% de nascidos vivos com 7 ou mais consultas de pré-natal 81,5 56,8 47,8

c. Adultos e idosos: doenças crônicas

Com exceção das taxas de internação por acidente vascular cerebral e de

internação por insuficiência cardíaca, os demais indicadores do Pacto da Atenção Básica

relativos às doenças crônicas foram desfavoráveis ao município de Pelotas, quando

comparados com os do estado de Rio Grande do Sul e com os do Brasil (Tabela 3.15).

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Tabela 3.15 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para o município de Pelotas, Rio Grande do Sul e Brasil. Estudo de Linha

de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas RS Brasil

Taxa de internação por acidente vascular cerebral (AVC) 27,2 34,5 32,7

Taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares 197,6 159,7 137,9

Taxa de internação por insuficiência cardíaca congestiva ( ICC) 63,0 77,2 66,3

% de internação por cetoacidose e coma diabético 62,9 18,7 15,1

% de internação por diabetes mellitus 2,00 1,7 1,3

Taxa de mortalidade por tuberculose 3,4 3,0 3,0

d. Saúde bucal

Em Pelotas, encontrou-se maior cobertura de primeira consulta odontológica

com relação ao RS, e semelhante com relação ao país. A razão entre procedimentos

odontológicos coletivos e a população de 0 a 14 anos foi menor e a proporção de

exodontias em relação às ações básicas individuais foi maior quando comparadas ao RS

e Brasil (Tabela 3.16).

Tabela 3.16 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde bucal para o município de Pelotas, Rio Grande do Sul e Brasil. Estudo de Linha de

Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas RS Brasil

Cobertura de primeira consulta odontológica 13,1 10,4 13,1

Razão entre procedimentos odontológicos coletivos e a população de 0 a 14 anos 0,1 0,2 0,2

% de exodontias em relação às ações básicas individuais 13,6 12,1 8,8

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72

3.5.2 Desempenho dos Modelos de Atenção Básica à Saúde

3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS

a. Idade, sexo e escolaridade da demanda.

A demanda estudada era composta predominantemente por mulheres (68%; n =

1200). A predominância do gênero feminino na utilização dos serviços se manifestou a

partir dos 15 anos de idade. Antes disto, a demanda apresentou um equilíbrio entre os

gêneros. Entre os 15 e os 49 anos de idade, o predomínio das mulheres está muito

vinculado à vida reprodutiva.

Da amostra, 73% (n = 1230) das pessoas eram de cor branca, observando-se

proporção maior entre os usuários das UBS Tradicionais (81%; n = 538).

Cerca de 15% (n = 272) da demanda ficou representada pelo grupo de menores

de cinco anos de idade. Desse grupo etário quase a metade da carga de trabalho diário

esteve dirigida aos cuidados específicos do primeiro ano de vida (48%; n = 88).

As crianças de cinco a 14 anos constituíram 12% (n = 214) da amostra. As

mulheres de 15 a 49 anos de idade eram 29% (n = 511) e os homens nesta faixa etária

representaram apenas 9% (n = 161). A demanda de 50 anos e mais correspondeu a 35%

(n = 617), sendo 21% (n = 373) de 50 a 64 anos e 14% (n = 244) de 65 anos e mais.

Assim, a carga de trabalho com enfoque nos cuidados das necessidades crônicas e

degenerativas mais prevalentes na população adulta e idosa foi 1,4 vezes maior do que

aquela relacionada às crianças menores de cinco anos de idade.

A demanda por grupo etário foi distinta entre os modelos de atenção, sendo

maior na faixa etária de crianças menores de um ano, de 5 a 14 anos e de 30 a 39 nas

UBS Tradicionais.

Em relação à escolaridade, 13% (n = 214) dos usuários eram analfabetos, 8% (n

= 122) eram apenas alfabetizados, 42% (n = 668) tinha o ensino fundamental

incompleto, 8% (n = 131) o fundamental completo, 4% (n = 70) o médio incompleto,

8% (n = 128) o médio completo e 2% (n = 24) o superior. Encontraram-se maiores

proporções de analfabetos (20%) e com ensino fundamental incompleto (43%) na

demanda das UBS Tradicionais, e de alfabetizados (8%), com ensino fundamental

incompleto (9%) e superior (2%) entre os usuários das UBS do PSF. Da amostra, 15%

(n = 239) estava fora da idade escolar.

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b. Participação dos profissionais no atendimento à demanda

Os enfermeiros realizaram 12% (n = 204) dos atendimentos, os médicos 32% (n

= 569), os odontólogos 7% (n = 115) e os demais profissionais de nível superior 6% (n

= 112). Os profissionais de nível médio realizaram 21% (n = 369) dos atendimentos e os

ACS 23% (n = 406). Proporções maiores de atendimento por médicos (43%), outros

profissionais de nível superior (8%) e de nível médio (32%) foram encontradas nas UBS

Tradicionais. A Tabela 3.17 apresenta a distribuição dos atendimentos por profissional

de saúde em Pelotas e no Lote 2 Sul.

Tabela 3.17 - Participação dos profissionais no atendimento à demanda no município de Pelotas e no Lote 2 Sul. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,

Lote 2 Sul, 2005.

Profissional Pelotas (%) Lote 2 Sul (%)

Enfermeiros 12 10

Médicos 32 24

Odontólogos 7 6

Nível Médio 21 41

ACS 23 15

c. Procedimentos realizados no atendimento à demanda

As ações dos profissionais de enfermagem representaram 45% (n = 790) da

demanda de procedimentos, as ações médicas básicas 32% (n = 570), as ações básicas

por outros profissionais de nível superior 14% (n = 254), ações básicas em odontologia

7% (n = 116) e as consultas especializadas 3% (n = 45). Entre as UBS do PSF,

observou-se proporção maior da realização das ações dos profissionais de enfermagem

(51%) e das ações básicas em odontologia (8%), e, entre as Tradicionais, das ações

médicas básicas (43%), de outros profissionais de nível superior (15%) e das consultas

especializadas (3%).

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74

3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS

3.5.2.2.1 Crianças

Condições do parto e peso ao nascer

O nascimento da maioria das crianças (98% ; n = 118) ocorreu em ambiente

hospitalar. Quanto ao tipo de parto, 31% (n = 36) nasceu através de cesariana. Entre as

crianças residentes nas áreas de UBS do PSF a prevalência de cesariana foi de 28% (n =

22) e nas Tradicionais de 35% (n = 14) – (Tabela 3.18).

O peso médio dos recém-nascidos de Pelotas foi de 3.084gramas (n = 82), com

peso médio de 2.995 gramas nas áreas do PSF e de 3.222 gramas nas áreas das UBS

Tradicionais, enquanto que a proporção de baixo peso ao nascer foi de 13% (n = 15),

sendo que todas pertenciam às áreas do PSF, como observado na Tabela 3.18.

Tabela 3.18 - Condições de nascimento das crianças de Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas

% Parto hospitalar 98

% Parto cesariana 31

Média de peso ao nascer em gramas 3.084g

% Baixo peso ao nascer 19

Puericultura

Em Pelotas, 87% (n = 103) das crianças possuíam cartão para acompanhamento

do peso, com proporção de 89% (n = 69) entre as moradoras de áreas do PSF e de 85%

(n = 34) entre as de UBS Tradicionais (Tabela 3.19).

Mais de metade das crianças (63%; n = 74) foi pesada e medida na UBS de sua

área de abrangência. Quanto ao modelo de atenção, 71% (n = 55) das crianças que

residiam nas áreas do e 48% (n = 19) das de UBS Tradicionais realizaram puericultura

na UBS da abrangência (Tabela 3.19).

Uma proporção de 49% (n = 37) de mães informou que era preciso marcar

consulta para realizar a puericultura na UBS. Puericultura em um dia específico da

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75

semana foi uma realidade informada por 55% (n = 41) das mães de Pelotas (47% do

Lote), com proporção de 69% (n = 38) nas UBS do PSF e de 16% (n = 3) nas

Tradicionais; e, a espera na fila para realizar puericultura foi confirmada por 71% (n =

53) das mães entrevistadas, 71% (n = 40) das moradoras da abrangência do PSF e 68%

(n = 13) das UBS Tradicionais. Quando se questionou sobre haver pesado e medido a

criança 12 vezes ou mais, a proporção foi de 49% (n = 36) para Pelotas, sendo menor

nas UBS do PSF (42%; n =23) do que nas Tradicionais (68%; n = 13) – (Tabela 3.19).

Este acompanhamento foi realizado em outro local que não a UBS da área de

abrangência por 50% (n = 100) das crianças, sendo proporcionalmente maior nas áreas

de UBS Tradicionais (53%; n = 20) do que nas do PSF (48%; n = 30). Os principais

motivos informados para não realizar a puericultura na UBS de sua área de abrangência

foram juízo insatisfatório da UBS (56%; n = 31), com menor proporção nas UBS do

PSF (48%; n = 12) do que nas Tradicionais (63%; n = 19); não morar no bairro /cidade

(26%; n = 14), com proporções de 44% (n = 11) nas UBS do PSF e de 10% (n = 3) nas

Tradicionais; e, possuir cobertura por plano de saúde (16%; n = 9), com prevalência de

plano de saúde maior nas UBS Tradicionais (27%; n = 8) – (Tabela 3.19).

A opinião sobre a puericultura foi boa, muito boa ou ótima para 70% (n = 51)

das mães que vivenciaram esta situação. Quando estas mães foram estimuladas a

atribuir uma nota de zero a dez para avaliar a UBS de sua área de abrangência, a média

alcançada foi de 74, nas UBS do PSF 7,2 e 8,2 nas Tradicionais (Tabela 3.19).

No momento das entrevistas 31% (n = 51) das crianças estudadas em Pelotas

estavam sendo amamentadas, com distribuição semelhante entre os modelos de atenção

(Tabela 3.19).

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Tabela 3.19 - Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul,

2005.

Indicador Pelotas

Tem cartão de peso (%) 87

Pesada e medida na UBS da área de abrangência (%) 63

Era preciso marcar consulta para puericultura na UBS (%) 49

Tinha dia específico da semana para puericultura (%) 55

Tinha que esperar na fila para puericultura (%) 71

Puericultura 12 vezes ou mais (%) 49

Puericultura em outro local que não a UBS da área (%) 50

Não realizou puericultura na UBS de sua área por juízo insatisfatório (%)

56

Opinião sobre puericultura foi boa, muito boa ou ótima (%) 70

Nota de zero a dez para avaliar a UBS 7,4

Crianças amamentadas (%) 31

Imunizações

Na avaliação da cobertura vacinal utilizaram-se informações disponíveis no

cartão da criança e, na sua ausência, informações fornecidas pela mãe ou responsáveis.

Conforme descrito no item anterior sobre puericultura, 13% das crianças não possuíam

cartão, ocasionando perda de informações a esse respeito. As perdas também ocorreram

quando a mãe não lembrava as vacinas recebidas pela criança. A análise das

imunizações isoladamente mostrou que as coberturas vacinais alcançaram 84% para a

poliomielite (n = 78), 92% contra o Sarampo (n = 96), 100% contra a tuberculose (n =

112), 82% contra a Hepatite B (n = 88), enquanto que para a vacina contra a difteria, o

tétano e a coqueluche (DPT) + Haemophilus influenza tipo b+ Tetravalente a cobertura

foi de 73% (n = 61).As coberturas vacinais foram superiores entre as crianças residentes

na abrangência das UBS do PSF (Tabela 3.20).

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Tabela 3.20 - Características do estado vacinal das crianças estudadas em Pelotas, de acordo com o registro do cartão de vacinas. Estudo de Linha de Base, PROESF

– UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Cobertura vacinal Pelotas (%)

Sabin 84

Sarampo 92

Tuberculose 100

Hepatite B 82

DPT + Hib + Tetravalente 73

Consulta por Diarréia

A ocorrência de diarréia no último mês nas crianças entrevistadas foi de 25% (n

= 29, acometendo 30% (n = 23) das estudadas nas áreas do PSF e 15% (n = 6) nas de

UBS Tradicionais (Tabela 3.21).

Menos da metade da amostra de crianças com diarréia (39% ; n = 11) necessitou

consultar por este motivo (53% no Lote), sendo oito crianças procedentes das áreas do

PSF (35%) e três das UBS Tradicionais (60%). Entre estas, sete (64%) consultaram a

maior parte das vezes na UBS da área de abrangência, seis em UBS do PSF e um em

Tradicional. Consultar na UBS da área por diarréia a maior parte das vezes e com o

mesmo médico alcançou 45%. Todas as sete crianças que consultaram a maior parte das

vezes na UBS da área receberam alguma orientação a respeito da prevenção e

abordagem inicial da diarréia durante as consultas. O tipo de orientação recebida está

detalhado na Tabela 3.21 e, com exceção da orientação sobre o uso do soro caseiro, as

demais foram mais freqüentes entre as crianças que consultaram nas UBS do PSF.

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Tabela 3.21 - Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas (%)

Diarréia no último mês 25

Consultou por diarréia 39

Maioria das consultas na UBS da área 64

Recebeu orientação sobre:

Soro caseiro

Prevenir desidratação

Reidratação oral

Água de arroz

86

100

67

50

Hospitalização por diarréia no último ano 4

As mães de crianças com diarréia que não procuraram a UBS da área,

justificaram o motivo: posto estava fechado (n = 1), era difícil (n = 1), tinha plano de

saúde (n = 1) e a UBS não resolveu o problema de saúde (n = 1).

A ocorrência de hospitalização por diarréia no último ano foi informada para

11% (n = 3) das crianças com diarréia estudadas em Pelotas, sendo estas residentes de

área do PSF.

Consulta por Pneumonia

Para o período dos últimos seis meses, a ocorrência de pneumonia foi referida

para 7% (n = 8) das crianças, sendo quatro residentes em áreas das UBS do PSF e

quatro das Tradicionais (Tabela 3.22).

A totalidade das crianças que tiveram pneumonia necessitou consultar pela

doença. Entre as crianças que consultaram, 63% (n = 5) o fizeram na UBS de sua área,

sendo duas moradoras das áreas de UBS do PSF e três de UBS Tradicionais (Tabela

3.22).

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Questionadas sobre o motivo ou justificativa para as três crianças com

pneumonia não consultar por pneumonia na UBS da área, aos motivos foram: a UBS

não resolve (n = 2) e ter convênio (n = 1) – (Tabela 3.22).

A ocorrência de hospitalização por pneumonia no último ano foi informada para

uma criança com pneumonia, residente em área de abrangência do PSF (Tabela 3.22).

Tabela 3.22 - Prevalência de pneumonia nos últimos 6 meses e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de

Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas (%)

Pneumonia nos últimos seis meses 7

Consultou por pneumonia 100

Maioria das consultas na UBS da área 63

Hospitalização por pneumonia no último ano 0

Consulta por outro motivo

Consulta na UBS da área de abrangência por outro motivo, exceto puericultura,

diarréia e pneumonia, foi referida para 31% das crianças (n = 35), destas, 30% (n = 23)

residente em áreas do PSF e 33% (n = 12) residente em áreas de UBS Tradicionais

(Tabela 3.23).

Cerca de 64% das mães (n = 28) alegaram que as crianças não consultaram por

outros motivos na UBS da área porque não precisaram, com proporção de 65% (n = 15)

no PSF e de 62% (n = 13) nas áreas de UBS Tradicionais, 14% (n = 6) porque tinham

convênio (9% no PSF e 19% nas UBS Tradicionais) e 21% (n = 9) devido à avaliação

insatisfatória do serviço, sendo de 22% (n = 5) no PSF e de 19% (n = 4) nas UBS

Tradicionais (Tabela 3.23).

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Tabela 3.23 - Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF

– UFPel, 2005.

Indicador Pelotas (%)

Consultou na UBS da área por outros motivos 50

Não consultou na UBS da área por juízo insatisfatório 21

3.5.2.2.2 Mulheres

Pré-natal

A proporção de mulheres estudadas que fizeram alguma consulta de pré-natal,

na última gravidez, foi de 99% (n = 106) em Pelotas, alcançando 99% das entrevistadas

(n = 67) das áreas do PSF, a totalidade das de UBS Tradicionais (n = 39) – (Tabela

3.24).

De modo geral, as mulheres entrevistadas referiram o início do pré-natal do

último filho em torno da 10ª semana de gestação, com média de nove semanas entre as

residentes em áreas do PSF e de 12 entre as de UBS Tradicionais. Em menos da metade

dos casos para Pelotas (44% ; n = 47), em maior proporção entre as residentes das áreas

do PSF (55%; n = 37) do que das Tradicionais (26%; n = 10), o pré-natal foi feito na

UBS da área de abrangência (Tabela 3.24).

Dentre as mulheres que fizeram o pré-natal fora da área da UBS, quase metade

(49%; n = 26) referiu como motivo ter convênio, 36% (n = 19) juízo insatisfatório da

UBS e 15% (n = 8) não moravam no bairro. A insatisfação com a UBS da área foi maior

nas áreas das UBS Tradicionais (39%; n = 11) do que nas do PSF (32%; n = 8) –

(Tabela 3.24).

Durante o pré-natal, a vacina contra o tétano deixou de ser aplicada em 35% (n =

6) das mulheres que efetivamente necessitavam, sendo quatro do PSF e duas das áreas

das UBS Tradicionais. Esta vacina foi realizada desnecessariamente em 67% (n = 33)

das mulheres, em 67% no PSF (n = 22) e em 69% (n = 11) nas UBS Tradicionais

(Tabela 3.24).

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81

A maioria das entrevistadas que realizaram o pré-natal na UBS da área de

abrangência expressou opinião positiva sobre o programa (81% ; n = 38), sendo de 78%

(n = 29) nas áreas do PSF e de 90% nas de UBS Tradicionais (n = 9) – (Tabela 3.24).

Tabela 3.24 - Características do pré-natal das mulheres estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas

Fez pré-natal na última gravidez (%) 99

Início do pré-natal (semana) 10ª semanas

Fez pré-natal na UBS da área (%) 44

Não fez pré-natal na área por juízo insatisfatório (%) 36

Deixou de fazer vacina antitetânica (%) 35

Fez antitetânica desnecessariamente (%) 67

Teve opinião positiva sobre o pré-natal (%) 81

Aleitamento materno

A informação sobre a importância de iniciar a amamentação na 1ª hora de vida

da criança alcançou 85% (n = 39) das mulheres entrevistadas. A escuta das

preocupações ou problemas com a amamentação e a orientação sobre dificuldades e

problemas com a amamentação foi referida por 84% (n = 37) das mulheres. Apenas

23% (n = 11) das mulheres mencionaram ter recebido apoio ou suporte para amamentar

imediatamente após o parto, através de reuniões ou atividades em grupo (Tabela 3.25).

As prevalências de aconselhamento sobre aleitamento materno foram variáveis entre os

modelos de UBS, por vezes maiores entre as moradoras das áreas de UBS do PSF, e em

outras, entre as de UBS Tradicionais (Tabela 3.25).

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82

Tabela 3.25 - Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde da área de abrangência em Pelotas. Estudo de Linha de

Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Orientação sobre o aleitamento materno Pelotas (%)

Importância de amamentar na 1ª hora de vida 85

Vantagens da amamentação 87

Hábitos de amamentação 83

Importância de estimular a criança a sugar 82

Importância da continuidade da amamentação 72

Preocupações sobre amamentação ouvidas 84

Prejuízo da mamadeira 70

Prejuízo do bico/ chupeta 75

Orientação sobre dificuldades para amamentar 87

Orientações sobre posições para o aleitamento 67

Orientações sobre extração do leite 65

Apoio para amamentar por grupo pré-natal 53

Apoio para amamentar por grupo após o parto 23

Planejamento familiar

A utilização de algum método anticoncepcional foi uma realidade para 89% (n =

95) das mulheres da amostra, sendo 91% (n = 62) das de áreas do PSF e 85% (n = 33)

de UBS Tradicionais. Entre as entrevistadas, 67% (n = 62) fazia uso de

anticoncepcional oral, 23% (n = 21) de preservativo, 9% (n = 8) havia se submetido à

laqueadura tubária e 5% (n = 5) fazia uso de DIU. Considerando o método

anticoncepcional mais utilizado, a proporção de mulheres que referiram tomar

anticoncepcional foi menor nas áreas de UBS do PSF (65%; n = 39) do que nas

Tradicionais (70%; n = 23) – (Tabela 3.26).

O anticoncepcional oral foi obtido na UBS da área para 36% (n = 23) das

mulheres, foi comprado por 61% (n = 39) das usuárias e conseguido em outra UBS, que

não a da abrangência, por 3% (n = 2). A proporção de entrevistadas que tiveram acesso

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83

ao método através da UBS da abrangência foi de 46% (n = 19) para as residentes em

áreas do PSF e de 17% (n = 4) para as de UBS Tradicionais (Tabela 3.26).

Tabela 3.26 - Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Métodos anticoncepcionais Pelotas (%)

Utiliza algum método anticonceptivo 89

Utiliza ACO 67

Utiliza preservativo 23

Fez laqueadura tubária 9

Utiliza DIU 5

Obtém ACO na UBS da área 36

Precisa comprar ACO 61

Atendimento ginecológico

Cerca de mais de um terço das mulheres estudadas no município (40% ; n = 42)

realizou consulta ginecológica no último ano na UBS da área de abrangência, em maior

proporção nas UBS do PSF (43%; n = 29) com relação as Tradicionais (33%; n = 13) –

(Tabela 3.27).

A opinião de 75% (n = 30) destas mulheres sobre o atendimento ginecológico na

UBS foi positiva. Considerando-se as categorias bom, muito bom e ótimo, o percentual

foi de 69% (n = 20) nas UBS do PSF e de 82% (n = 10) nas Tradicionais. Ao se

questionar sobre uma quantificação para esta avaliação, em uma escala de 0 a 10, a

resposta atingiu o valor 7,8 para Pelotas, sendo de 7,7 nas UBS do PSF e de 7,9 nas

Tradicionais (Tabela 3.27).

Quanto ao tempo de espera para conseguir a consulta na UBS da área, 20% (n =

7) relatou que conseguiu ser atendida no mesmo dia e 43% (n = 16) em outro dia da

mesma semana (Tabela 3.27).

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84

Tabela 3.27 - Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul,

2005.

Consulta ginecológica Pelotas

Consulta ginecológica na UBS da área no último ano (%) 40

Opinião positiva sobre atendimento (%) 75

Nota para atendimento 7,8

Consegue consulta para mesmo dia (%) 20

Consegue consulta em outro dia na mesma semana (%) 43

Prevenção do câncer ginecológico

O conhecimento sobre o exame para prevenção do câncer de colo uterino

alcançou 91% das mulheres (n = 97) estudadas, sendo que 93% (n = 133) já o havia

realizado alguma vez na vida, com proporção de realização do exame de 88% (n = 52)

entre as residentes nas áreas do PSF e de 100% (n = 38) entre as de UBS Tradicionais

(Tabela 3.28).

Tabela 3.28 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas (%)

Conhece exame pré-câncer 91

Já fez pelo menos um exame pré-câncer 93

Já fez pelo menos uma mamografia --

Utilização da UBS da área por outros motivos

Vinte por cento das mulheres da amostra do município (n = 21) consultou na

UBS por outros motivos, diferentes daqueles incluídos nas ações programáticas de

saúde da mulher (ginecologia), com proporção de 27% (n = 18) entre as residentes das

áreas do PSF e de 8% (n = 3) entre as de UBS Tradicionais. As mulheres que não

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85

consultaram na UBS da área referiram, em 53% (n = 27) dos casos, que não

necessitaram da consulta (Tabela 3.29).

Tabela 3.29 - Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul,

2005.

Indicador Pelotas (%)

Consultou por outros motivos 21

Não consultou na UBS da área por não necessitar 53

3.5.2.2.3 Adultos

Atividade física

A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta

alcançou 24% (n = 20) da amostra do município, superior nas UBS do PSF (25%; n =

17). Esta mesma recomendação na última consulta foi referida por 15% (n = 12) dos

adultos, com distribuição também superior entre as áreas do PSF (17%; n = 10) –

(Tabela 3.30).

Tabela 3.30 - Atividade física dos adultos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas (%)

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos

24

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos na última consulta

15

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)

O diagnóstico de HAS foi informado por 35% (n = 38) dos adultos estudados,

sendo a proporção de 38% (n = 29) entre os residentes em áreas do PSF e de 28% (n =

9) entre os residentes na abrangência de UBS Tradicionais, com duração média

conhecida do problema de 10,6 anos (Tabela 3.31).

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86

Haviam consultado na UBS da área nos últimos seis meses pelo problema 35%

(n = 13) dos adultos da amostra, todos em UBS do PSF. O tempo decorrido desde a

última consulta por HAS foi de 48,8 dias (Tabela 3.31).

Em termos terapêuticos, 84% (n = 32) dos hipertensos utilizava medicamentos,

enquanto este percentual foi de 86% (n = 25) nas áreas do PSF e de 78% (n = 7) nas de

UBS Tradicionais (Tabela 3.31).

Menos de metade dos adultos hipertensos (n = 13) da amostra de Pelotas

informou utilizar outras formas de tratamento além daquelas preconizadas pelo médico,

com predomínio entre os residentes de áreas do PSF (38%; n = 11) – (Tabela 3.31).

A participação em atividades de grupos para hipertensos na UBS da área foi

informada por 24% (n = 9), todos residentes em áreas do PSF. A hospitalização por

HAS aconteceu nos últimos dois anos para sete pacientes (18%) da amostra (Tabela

3.31).

Tabela 3.31 - Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas

Prevalência de HAS (%) 35

Tempo médio de diagnóstico (anos) 10,6

Consulta por HAS na UBS da área (%) 35

Consulta agendada (%) 23

Agendamento para o mesmo dia (%) 84

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 8

Agendamento para mais de uma semana (%) 8

Tempo desde a última consulta (dias) 48,8

Precisa usar medicamentos para HAS (%) 84

Outras formas de tratamento (%) 34

Participação em grupos de HAS (%) 24

Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%) 18

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Diabetes Mellitus (DM)

O diagnóstico de diabetes foi informado por sete adultos (6%), sendo quatro

residentes na abrangência do PSF e três de UBS Tradicionais, e o tempo de

conhecimento do diagnóstico foi de 5,9 anos (Tabela 3.32).

O local de consulta nos últimos seis meses para a doença foi a UBS da área de

sua moradia para dois pacientes, ambos da área do PSF. O agendamento das consultas

aconteceu para ambos, que conseguiram consultar no mesmo dia da solicitação do

atendimento. O tempo decorrido desde a última consulta foi de 52,5 dias (Tabela 3.32).

O uso de medicação para o tratamento da doença foi referido por cinco

pacientes, sendo três da abrangência do PSF e dois das UBS Tradicionais. A adoção de

outras formas de tratamento, além daquelas preconizadas pelo médico foi relatada por

quatro dos adultos com diabetes, sendo três moradores da área do PSF e um das UBS

Tradicionais.

A participação em atividades de grupo na UBS da área foi realidade para um dos

adultos com diabetes, morador da abrangência do PSF, enquanto que nenhum referiu

hospitalização por DM nos últimos 2 anos.

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88

Tabela 3.32 - Diabetes Mellitus nos adultos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas

Prevalência de diabetes (%) 6

Tempo médio de diagnóstico (anos) 5,9

Consulta por diabetes na UBS da área (%) -

Consulta agendada (%) -

Agendamento para o mesmo dia (%) -

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) -

Agendamento para mais de uma semana (%) -

Tempo desde a última consulta (dias) 52,5

Precisa usar medicamentos para diabetes (%) -

Outras formas de tratamento (%) -

Participação em grupos de diabetes (%) -

Hospitalização por diabetes nos últimos dois anos (%) -

Consulta por problemas psíquicos

“Problema de nervos” foi referido por 25% (n = 28) dos adultos estudados em

Pelotas, observando-se menor proporção entre os moradores das áreas do PSF (22%; n

= 18). A média de duração deste sofrimento foi de 17,9 anos e maior entre as áreas de

UBS do PSF (19,5) – (Tabela 3.33).

Apenas um entrevistado com problema de nervos consultou na UBS da área nos

últimos seis meses. O tempo transcorrido desde o último atendimento foi de 114 dias

(Tabela 3.33).

Aproximadamente 44% (n =12) das pessoas que se consideraram portadoras

deste tipo de problema, mencionaram a necessidade de usar medicamento, sendo oito

moradores das áreas do PSF e quatro das UBS Tradicionais (Tabela 3.33).

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Outras formas de tratamento, além da orientada pelo médico, foram

mencionadas por oito adultos portadores de sofrimento psíquico estudados em Pelotas,

sete residentes nas áreas do e um nas de UBS Tradicionais – (Tabela 3.33).

Nenhum dos entrevistados participou de atividades de grupo na UBS para

portadores deste tipo de sofrimento e não foi relatada hospitalização por problemas

psíquicos nos últimos dois anos (Tabela 3.33).

Tabela 3.33 - Problemas de nervos nos adultos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas

Prevalência de problema de nervos (%) 25

Tempo médio de diagnóstico (anos) 17,9

Consulta por problema de nervos na UBS da área (%) 0

Tempo desde a última consulta (dias) 114

Precisa usar medicamentos para problema de nervos (%) 44

Outras formas de tratamento (%) 30

Participação em grupos (%) 0

Hospitalização por problema de nervos nos últimos dois anos (%) 0

Saúde da Mulher

Na amostra de adultos estudados em Pelotas, 59% (n = 68) eram mulheres. A

idade média das mulheres estudadas foi de 46,1 anos, sendo de 46,7 anos nas áreas das

UBS do PSF e de 44,7 anos nas Tradicionais.

Aproximadamente 21% (n = 14) das mulheres estudadas no município, todas

residentes na abrangência do PSF haviam consultado no último ano para problemas

ginecológicos. O tempo de espera entre a marcação da consulta e sua realização foi de

10,5 dias.

História familiar de câncer de mama na mãe e irmãs das mulheres entrevistadas

foi referida por três das entrevistadas, todas residentes na abrangência do PSF. Dez das

14 mulheres que consultaram na UBS da área por problemas ginecológicos no último

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ano tiveram as mamas examinadas na última consulta ginecológica, sendo moradoras

das áreas do PSF.

A quase totalidade das mulheres conhecia o exame para prevenção do câncer de

colo uterino, 96% na mostra de Pelotas (n = 65). A grande maioria delas (97%) já o

havia realizado alguma vez na vida, sendo esta proporção maior nas UBS do PSF (98%;

n = 43) do que nas Tradicionais (95%; n = 20) – (Tabela 3.34).

Do total das mulheres estudadas no município, 61% (n = 41) realizou

mamografia, em menor freqüência nas áreas do PSF (59%; n = 27) – (Tabela 3.34).

Nos últimos três meses, oito mulheres consultaram na UBS da área por outro

motivo diferente do ginecológico, realizando em média 2,9 consultas por mulher.

Tabela 3.34 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de adultos de Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas (%)

Conhece exame pré-câncer 96

Já fez pelo menos um exame pré-câncer 97

Já fez pelo menos uma mamografia 61

Opinião sobre o atendimento na UBS

Na opinião dos adultos, em uma escala de zero a dez, a qualidade do

atendimento foi avaliada em 6,9.

3.5.2.2.4 Idosos

Atividade física

A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta

alcançou 22% (n = 20) da amostra, em menor proporção nas áreas do PSF (20%; n =

12). Esta mesma recomendação na última consulta foi referida por 13% (n = 11) dos

idosos, sendo oito de áreas do PSF e quatro das UBS Tradicionais (Tabela 3.35).

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Tabela 3.35 - Atividade física dos idosos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas (%)

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos

22

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos na última consulta

13

Hipertensão Arterial Sistêmica

A prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica entre os idosos foi de 51% (n =

50), de 53% (n = 34) na abrangência de UBS do PSF e de 47% (n = 16) das

Tradicionais, e o tempo médio que os idosos sabiam de sua hipertensão foi de 14,4 anos,

12,9 anos na abrangência de UBS do PSF e 19,1 anos nas Tradicionais (Tabela 3.36).

A consulta por hipertensão aconteceu na UBS da área para 29% dos idosos (n =

14), sendo de 36% (n = 12) entre os residentes nas áreas do PSF e de 13% (n = 2) nas de

UBS Tradicionais (Tabela 3.36).

Entre os idosos hipertensos que utilizaram a UBS da área apenas cinco

responderam sobre o agendamento das consultas, todos residentes em área do PSF. As

consultas por hipertensão na UBS foram agendadas para três desses idosos, sendo que

todos consultaram no mesmo dia da solicitação de atendimento. O tempo médio que

decorreu da última consulta até a data da entrevista foi de 21,7 dias para os idosos

entrevistados em Pelotas, sendo maior para as UBS Tradicionais (30 dias) – (Tabela

3.36).

O uso de medicamentos para o controle da pressão arterial era uma realidade

para 88% (n = 44) dos idosos hipertensos, em maior freqüência entre os das áreas do

PSF (94%; n = 32) – (Tabela 3.36).

Outras formas de tratamento além daquelas indicadas pelo médico foram

adotadas por 40% (n = 20) das pessoas, 47% no PSF e 25% nas Tradicionais (Tabela

3.36).

Participar de atividades de grupo dedicadas aos hipertensos na UBS foi uma

afirmação de 25% (n = 12) desta amostra (Tabela 3.36).

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92

A hospitalização por hipertensão aconteceu para quatro idosos hipertensos,

sendo três residentes na abrangência do PSF e um das UBS Tradicionais (Tabela 3.36).

Tabela 3.36 - Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas

Prevalência de HAS (%) 51

Tempo médio de diagnóstico (anos) 14,4

Consulta por HAS na UBS da área (%) 29

Atendimento no mesmo dia (%) 6

Tempo desde a última consulta (dias) 21,7

Precisa usar medicamentos para HAS (%) 88

Outras formas de tratamento (%) 40

Participação em grupos de HAS (%) 25

Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%) 8

Diabetes Mellitus

O diagnóstico de diabetes foi informado por 17% (n = 16) dos idosos

entrevistados em Pelotas, 19% nas áreas do PSF e 12% das Tradicionais). O tempo

médio que tinham conhecimento do diagnóstico foi de 9,4 anos, de maior duração entre

os moradores na abrangência do PSF (9,9 anos) – (Tabela 3.37).

Cinco idosos consultavam por diabetes na UBS da área (38%), todos residentes

de áreas do PSF. A consulta foi agendada para três casos e marcada para o mesmo dia

para todos. O tempo médio decorrente desde a última consulta foi de 31 dias. A

necessidade de usar medicação para a doença foi informada por 88% (n = 14) dos

diabéticos, sendo maior entre os residentes da abrangência do PSF (92%; n = 11) –

(Tabela 3.37).

O uso de outras formas para o tratamento além daquelas indicadas pelo médico

foi relatado por sete idosos diabéticos (44%) entrevistados em Pelotas (42% dos

moradores das áreas do PSF e 50% das UBS Tradicionais) – (Tabela 3.37).

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A participação em atividade de grupo dirigida aos diabéticos foi informada por

seis (34%) idosos entrevistados no município, todos residentes em áreas do PSF.

Nenhum idoso com diabetes hospitalizou pela doença nos últimos dois anos (Tabela

3.37).

Tabela 3.37 - Diabetes Mellitus nos idosos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas

Prevalência de diabetes (%) 17

Tempo médio de diagnóstico (anos) 9,4

Consulta por diabetes na UBS da área (%) 38

Consulta agendada (%) 60

Agendamento para o mesmo dia (%) 100

Tempo desde a última consulta (dias) 31,0

Precisa usar medicamentos para diabetes (%) 88

Outras formas de tratamento (%) --

Participação em grupos de diabetes (%) --

Hospitalização por diabetes nos últimos dois anos (%) --

Problemas Psíquicos

A proporção de idosos que referiram problemas de nervos foi de 29% (n = 28)

em Pelotas, sendo de 27% (n = 17) no PSF e de 32% (n = 11) nas UBS Tradicionais. O

tempo médio que sabiam ter problemas de nervos foi de 28,8 anos, sendo superior nas

áreas do PSF (30,1 anos) – (Tabela 3.38).

A consulta por este motivo foi realizada na UBS por um paciente da amostra do

município. Esse atendimento foi agendado com espera de quatro dias para ser atendido.

O tempo decorrente da última consulta em relação à data da entrevista foi de 120 dias

(Tabela 3.38).

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O uso de medicamentos para problema de nervos foi referido por 54% (n = 15)

dos idosos, com proporções semelhantes entre as áreas por modelo de UBS (Tabela

3.38).

Outras formas de tratamento além da indicada pelo médico foram adotadas por

36% (n = 10) dos informantes, com proporção de 41% (n = 7) nas áreas do PSF e de

27% (n = 3) das UBS Tradicionais (Tabela 3.38).

Nenhum idoso participou de atividade de grupo para portador de sofrimento

psíquico (PSP) na UBS. A hospitalização nos últimos dois anos por este tipo de

problema ocorreu para um dos entrevistados de Pelotas (Tabela 3.38).

Tabela 3.38 - Problemas de nervos nos idosos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas

Prevalência de problema de nervos (%) 29

Tempo médio de diagnóstico (anos) 28,8

Consulta por problema de nervos na UBS da área (%) 4

Tempo desde a última consulta (dias) 120

Precisa usar medicamentos para problema de nervos (%) 54

Outras formas de tratamento (%) 36

Participação em grupos (%) 0

Hospitalização por problema de nervos nos últimos dois anos (%) --

Cuidado domiciliar

A necessidade de cuidado domiciliar nos últimos três meses foi informada por

14% (n = 14) dos idosos amostrados no município, com prevalência maior nas áreas do

PSF (20%; n = 13) – (Tabela 3.39).

Dos idosos, oito (9%) afirmaram necessitar de cuidados domiciliares com

regularidade, em maior proporção nas áreas do PSF (11%; n = 7). Utilizando uma escala

de zero a dez, a satisfação média informada com o atendimento domiciliar foi de 8,6

(Tabela 3.39).

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95

Tabela 3.39 - Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Pelotas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Indicador Pelotas

Cuidado domiciliar nos últimos três meses (%) 14

Necessidade de cuidado domiciliar com regularidade (%) 9

Satisfação com cuidado recebido (0 a 10) 8,6

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97

4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM

PELOTAS

O desenho transversal do ELB foi concebido para descrever a ABS e comparar

os modelos de atenção, Tradicional e PSF. A pesquisa incluiu o universo dos

municípios com mais de 100.000 habitantes do País, de seus gestores, Presidentes do

Conselho Municipal de Saúde e uma amostra representativa das UBS em cada

município.Em cada UBS foram estudados todos os trabalhadores da equipe, uma sub-

amostra de usuários e da população adstrita que contribuíram para compor a amostra

calculada para o lote de acordo com o delineamento do estudo.Assim, quando o recorte

destaca o município, a descrição é representativa do que acontece até o nível da UBS e

de seus trabalhadores. A amostra de usuários e da população, em função do desenho do

estudo, permite uma descrição do que acontece nestas comunidades do município. As

comparações entre os modelos estudados são possíveis apenas para o conjunto do lote,

mas não no interior de cada município em função do tamanho sub-amostral pequeno e

da falta de representatividade para comparações externas ao objeto de estudo do ELB

que foi o modelo de atenção das UBS. A comparação dos dados do município com os

do Lote e, eventualmente com os do Brasil, pode ser um marcador utilizado por gestores

para avaliar seus esforços na implantação da política de saúde nos seus Municípios.

Os indicadores demográficos e socioeconômicos de Pelotas são iguais ou

melhores quando comparados aos do Brasil, exceção feita a proporção de esgoto.

Quando comparados ao Rio Grande do Sul se revelam também bastante semelhantes.

A grande maioria da população da área de abrangência das UBS de Pelotas

residia em moradias adequadas, com água encanada e banheiro dentro de casa e

dispondo de recolhimento do lixo domiciliar por caminhão de serviço municipal,

exceção feita para as residências das crianças da amostra. A média de pessoas por

domicílio foi de aproximadamente 5 pessoas, alcançando a concentração de sete ou

mais pessoas por domicilio em cerca de 15% da amostra de crianças e mulheres e 5% de

adultos e idosos.

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98

As mães das crianças estudadas, como as mulheres e os adultos informaram

renda média per capita de menos de um salário mínimo. A renda nas comunidades do

PSF foi sistematicamente menor do que a observada nas comunidades das unidades

tradicionais. Um terço a um quarto da amostra de todos os segmentos populacionais

estudados estava incluída no estrato social E.

Pelotas mostrou um aprendizado institucional baixo, cobertura de PSF de 16% e

uma tímida conversão do modelo uma vez que não ocorreu aumento das UBS existentes

na rede do Município. O ingresso por concurso público foi de 60% entre os

trabalhadores da rede básica e o trabalho tipicamente precário (sem garantias

trabalhistas) alcançou 8% dos trabalhadores da atenção básica estudados em Pelotas. O

pagamento aos trabalhadores não sofre atrasos.

Os profissionais de Pelotas referiram baixas proporções de capacitação para

todas as possibilidades de capacitações estudadas. A despesa per capita com saúde em

Pelotas foi semelhante a média mostrada pelos municípios do Lote 2 Sul, embora o

investimento em Recursos Humanos tenha sido quase a metade do que o revelado nos

demais municípios do Lote 2 Sul.

As nove unidades estudadas não se mostraram adequadas para o acesso de

idosos e pessoas com deficiência. Para a maioria das ações programáticas, a utilização

de protocolos nas UBS estudadas em Pelotas foi pouco freqüente. Dois terços dos

profissionais de saúde de Pelotas consideraram a qualidade dos serviços prestados nas

UBS como boa ou muito boa.

De modo geral, os indicadores do Pacto da Atenção Básica são desfavoráveis ao

município, com exceção do número de consultas médicas básicas por habitante por ano

e a proporção de nascidos vivos com sete ou mais consultas de pré-natal.

A ABS em Pelotas apresenta um desempenho semelhante a média do Lote,

embora seus problemas tenham sido maiores do que aqueles revelados para o conjunto

dos municípios avaliados e suas desvantagens necessitem de uma importante atenção

dos gestores, no sentido de ampliar e qualificar esta atenção à população local.

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