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XI SEMINÁRIO MODERNIZAÇÃO TECNOLÓGIA PERIFÉRICA RECIFE, 4 a 6 de NOVEMBRO de 2009 Fundação Joaquim Nabuco, Apipucos, Sala Gilberto Osório, Rua Dois Irmãos, 92 Estudo da gestão dos Centros Tecnológicos (NCT) de Pernambuco. Capital Social, Stakeholders e Conhecimento Rezilda Rodrigues Oliveira NIECS/PROPAD/UFPE [email protected] RESUMO Apresenta-se a modelagem do estudo da gestão dos Centros Tecnológicos (CTs) de Pernambuco, que buscou: a) delinear as redes de desenvolvimento e conhecimento correlacionadas com o contexto institucional em que eles se inserem; b) analisar a gestão dos CTs no âmbito do processo de desenvolvimento local em Pernambuco; e c) identificar seus principais stakeholders e a forma como trabalham o conhecimento no seu contexto organizacional e institucional. Duas abordagens interdisciplinares e interdependentes são destacadas: uma que trata de capital social e outra das redes de conhecimento, precedidas pelo confronto de três questões levantadas acerca dos modelos dos CTs. Foi adotada a estratégia do estudo de caso, de natureza qualitativa e contextual, reunindo pesquisa bibliográfica, documental e de campo (visitas, entrevistas, observações pessoais e anotações). Por motivo de acessibilidade e conveniência de tempo, o estudo se concentrou no Centro Tecnológico do Agreste Central (CTA), antes denominado de Centro Tecnológico da Moda. Como resultado, observou-se haver grande impulso à regionalização da ciência e tecnologia em Pernambuco, contando com o apoio da dinâmica do capital social para se incorporar diferentes atores institucionais ao quadro de racionalidade institucional da gestão pública. Dentre outros aspectos a serem apontados, um deles indica que já se pode captar reflexos de uma inovação conduzida pelo Estado, de modo compartilhado com diferentes atores, denotando sinergias e evidências de uma rede de cooperação, sobretudo no tocante à Educação Profissional, dando margem à formação de uma promissora base local de conhecimento. Palavras Chave: gestão de centros tecnológicos; capital social; centros tecnológicos. OLIVEIRA, RR. Estudo da gestão dos Centros Tecnológicos (NCT) de Pernambuco 199

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XI SEMINÁRIO MODERNIZAÇÃO TECNOLÓGIA PERIFÉRICARECIFE, 4 a 6 de NOVEMBRO de 2009

Fundação Joaquim Nabuco, Apipucos, Sala Gilberto Osório, Rua Dois Irmãos, 92

Estudo da gestão dos Centros Tecnológicos (NCT) de Pernambuco. Capital Social, Stakeholders e Conhecimento

Rezilda Rodrigues OliveiraNIECS/PROPAD/[email protected]

RESUMOApresenta-se a modelagem do estudo da gestão dos Centros Tecnológicos (CTs) de Pernambuco, que buscou: a) delinear as redes de desenvolvimento e conhecimento correlacionadas com o contexto institucional em que eles se inserem; b) analisar a gestão dos CTs no âmbito do processo de desenvolvimento local em Pernambuco; e c) identificar seus principais stakeholders e a forma como trabalham o conhecimento no seu contexto organizacional e institucional. Duas abordagens interdisciplinares e interdependentes são destacadas: uma que trata de capital social e outra das redes de conhecimento, precedidas pelo confronto de três questões levantadas acerca dos modelos dos CTs. Foi adotada a estratégia do estudo de caso, de natureza qualitativa e contextual, reunindo pesquisa bibliográfica, documental e de campo (visitas, entrevistas, observações pessoais e anotações). Por motivo de acessibilidade e conveniência de tempo, o estudo se concentrou no Centro Tecnológico do Agreste Central (CTA), antes denominado de Centro Tecnológico da Moda. Como resultado, observou-se haver grande impulso à regionalização da ciência e tecnologia em Pernambuco, contando com o apoio da dinâmica do capital social para se incorporar diferentes atores institucionais ao quadro de racionalidade institucional da gestão pública. Dentre outros aspectos a serem apontados, um deles indica que já se pode captar reflexos de uma inovação conduzida pelo Estado, de modo compartilhado com diferentes atores, denotando sinergias e evidências de uma rede de cooperação, sobretudo no tocante à Educação Profissional, dando margem à formação de uma promissora base local de conhecimento.

Palavras Chave: gestão de centros tecnológicos; capital social; centros tecnológicos.

OLIVEIRA, RR. Estudo da gestão dos Centros Tecnológicos (NCT) de Pernambuco 199

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XI SEMINÁRIO MODERNIZAÇÃO TECNOLÓGIA PERIFÉRICARECIFE, 4 a 6 de NOVEMBRO de 2009

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1. Introdução

O trabalho tem como objetivo apresentar a modelagem do estudo da gestão dos Centros Tecnológicos (CTs) de Pernambuco, cujo contexto de referência se demarca pela vigência do 1º e 2º. Governo Jarbas Vasconcelos (1999-2002) e (2003-2006), tendo continuidade na gestão atual do Governo de Eduardo Campos. Inicialmente cabe apontar que a delimitação temática do trabalho se insere na investigação de estratégias e práticas implementadas para que os CTs possam viabilizar suas três funções básicas: Educação Profissional, Inovação Tecnológica e Empreendedorismo. Isto não apenas no sentido de se buscar crescimento econômico mas também de conjuga-lo com um projeto social, desde que esta constitui a forma contemporânea de se qualificar o que é desenvolvimento. Para tanto, no referencial adotado é clara a opção por duas abordagens interdisciplinares típicas da gestão pública, da mesma forma também interdependentes: a primeira leva em conta os estudos sobre capital social, até como forma de se identificar a existência de condições objetivas de incentivo ao surgimento de sinergias de desenvolvimento local, sobretudo pela presença de instituições e redes de relacionamento envolvendo pessoas, grupos, organizações e comunidades, com suas atitudes, normas e valores; e a segunda, de forma associada, trata da temática das redes de conhecimento em termos desse mesmo desenvolvimento local, vista como um componente sociocultural básico para o estudo dos processos interativos, em cujo cerne atuam os atores da inovação e do conhecimento, sobretudo no que se refere à problemática da produção e compartilhamento do conhecimento.

Como contexto de referência se partiu do reconhecimento de que havia um propósito governamental de regionalização do desenvolvimento e de interiorização do conhecimento, pela estruturação de um sistema estadual de inovação, de que faz parte o objeto deste estudo, ou seja, o Programa dos Centros Tecnológicos, cuja dimensão espacial se articula com as 12 Regiões de Desenvolvimento (RDs) do Estado de Pernambuco.1 Assim, o funcionamento ficou atrelado a projetos econômico-sociais relevantes e estrategicamente escolhidos por RDs do Estado, ou seja: confecções (Agreste Central), uva e vinho (Sertão do São Francisco), gesso (Sertão do Araripe), laticínios (Agreste Meridional) e ovinocaprinocultura (Sertão do Pajeú). Por definição governamental, a escolha das RDs para sediar os CTs recaiu naquelas detentoras dos mais significativos Arranjos Produtivos Locais (APLs) de Pernambuco (MACIEL, 2006), cuja localização pode ser vista na Figura 1(1), que permite visualizar cada um deles ou seja: confecções (Agreste Central), uva e vinho (Sertão do São Francisco), gesso (Sertão do Araripe), laticínios (Agreste Meridional) e ovinocaprinocultura (Sertão do Pajeú).

A idéia era de que o Programa dos Centros Tecnológicos do Governo de Pernambuco fosse desenvolvido pela parceria entre Secretarias e órgãos do governo estadual, entidades e empresas do setor produtivo, universidades e centros de pesquisa, agências de fomento, bancos de investimento e organizações não governamentais. A Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP) foi designada como gestora desse Programa, tendo sido criado um Núcleo de Gestão dos Centros Tecnológicos (NCT). Neste mesmo processo institucional, o ITEP, que era uma Fundação, passou a ser uma Organização Social, desempenhando atividade prevista no Contrato de Gestão firmado com o Governo do Estado de Pernambuco.2

1 A Lei Estadual no. 12.427, de 25/09/2003 organiza os 184 municípios pernambucanos em 12 Regiões de Desenvolvimento (RDs), a saber: Itaparica, São Francisco, Araripe, Sertão Central, Pajeú, Moxotó, Agreste Meridional, Agreste Central, Agreste Setentrional, Mata Sul, Mata Norte e Metropolitana.

2 À época em que isso aconteceu, o então secretário de Ciência e Tecnologia de Pernambuco, Cláudio Marinho, justificou que o governo do Estado propôs a transformação do Itep em OS (sociedade civil sem fins lucrativos) visando ao aumento da capacidade de contribuição da pesquisa do Instituto para o desenvolvimento pernambucano e, além disso, “para facilitar a prestação de serviços tecnológicos ao governo, às empresas e à sociedade em geral”. Em sua visão, havia “um reconhecimento do governo, dos funcionários e da direção do Itep de que a condição de fundação pública ‘engessa’ a instituição, inibindo o seu crescimento e a melhoria de produtividade. O Itep completou seis décadas de serviços prestados a Pernambuco e precisa se preparar para os próximos 60 anos, rejuvenescendo o seu modelo de gestão”, argumentou Cláudio Marinho. Disponível em:

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Fonte: PERNAMBUCO (2004, p. 54)

São estes marcos institucionais a que se recorreu para desenvolver este trabalho, o qual toca de perto em três questões básicas: a) que esforços devem ser envidados para a geração de capital social no campo da gestão pública, do desenvolvimento local e da gestão do conhecimento; b) como o modelo de gestão dos Centros Tecnológicos (CTs), adotado pelo governo estadual, enquadra-se nesse processo; e c) quem são os principais stakeholders dos CTs e como eles se inserem nas redes de conhecimento existentes no entorno local.

Do ponto de vista metodológico, o trabalho recebeu aportes de estudos exploratórios anteriormente realizados (AMARO, 2007; OLIVEIRA et al, 2007; OLIVEIRA e CABRAL, 2008; CABRAL, 2009), indicativos dos caminhos de ordem política, estratégica, institucional e organizacional que caracterizam o caso em foco, colaborando para que se chegasse às fundamentações e evidências apresentadas, começando pelas questões levantadas na próxima seção e que se desdobram no desenvolvimento deste artigo e dos resultados alcançados. A pesquisa realizada teve natureza qualitativa e contextual, com adaptações que foram sendo feitas na medida em que se avançou no trabalho, optando-se pela estratégia do estudo de caso (YIN, 2001). Com efeito, para os fins deste trabalho, por motivo de acessibilidade e conveniência operacional da pesquisa, o estudo se concentrou no Centro Tecnológico do Agreste Central (CTA), antes denominado de Centro Tecnológico da Moda. A seguir, precedendo o referencial adotado, discorre-se sobre as questões levantadas no trabalho.

http://www.gestaoct.org.br/eletronico/jornais/numero152.htm#manchete30. Acesso em 03 abr. 2008.

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Serra Talhada

PetrolinPetrolinaa

RecifRecifee

AraripinAraripinaa

Belo Belo JardimJardim

Serra Serra TalhadaTalhada

GaranhunGaranhunss

CarpinCarpinaa

CaruarCaruaruu

Gesso

Vitivinicultura/Fruticultura irrigada

Caprinocultura

Artesanato

Moda - Confecção

Pecuária Leiteira/Laticínios

Tecnologia da informação, Serviços de saúde, indústria metal-mecânica, Cultura.

Diversificação econômica(Agricultura Familiar Orgânica)

Figura 1(1) – CTs em Pernambuco

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2. Questões levantadas

A primeira questão levantada liga-se à governança do modelo de gestão, sabendo-se da interdependência mútua que os CTs teriam que ter com instituições estatais, organizações da sociedade civil, organização social e entidades do setor produtivo local e regional. Sob esse aspecto, deve-se observar que a proposição do Programa e a própria instauração dos CTs tiveram como cenário iniciativas associadas ao surgimento de novas formas de articulação com a sociedade civil e com o mercado, envolvendo organizações governamentais, organizações não governamentais, comunidade organizada e setor privado na provisão de serviços públicos, sabidamente fruto do processo de Reforma do Estado, gerador de teses ligadas à descentralização e à participação, como é salientado por Farah (2000, grifos do original), em muito responsáveis por novas formas de gestão serem introduzidas no domínio do público-privado e na própria macroestrutura estadual em Pernambuco (GUSMÃO, 2007).

Neste estudo, considerando que os CTs originalmente significam a possibilidade de criação de uma dada base local de conhecimento, na qual eles se inserem, buscou-se estabelecer uma aproximação com configurações virtuais pré-existentes, principalmente as que reúnem entes encontrados entre os que integram instituições ligadas ao Estado, à universidade, à indústria e às organizações não governamentais, compreendendo uma expansão do princípio da Tríplice Hélice (ETZKOWITZ e LEYDESDORFF, 2000; LEYDESDORFF e ETZKOWITZ, 2001). Considerado fundamental no processo de inovação, sabe-se que, a partir dessa triangulação, pode-se delinear configurações dinâmicas que assumem características específicas e mesmo inverter e trocar momentaneamente os papéis uns dos outros e entre eles, conforme o ambiente institucional e regional, assim como das próprias redes entre os atores da inovação e do conhecimento. Neste espaço se assinala, quase sempre, a presença de empresas, universidades, centros de pesquisas, órgãos de Ciência & Tecnologia (C&T) da região, incubadoras de empresas, parques tecnológicos, organizações não governamentais, associações, etc.

A segunda questão considerou que, no tocante à Ciência & Tecnologia (C&T) do Estado, esse desenho institucional estava associado à mobilização de atores que estivessem comprometidos com a dimensão espacial do conhecimento, sobretudo porque a política pública se vinculava ao desenvolvimento sustentável do território. Isto, para Sicsú e Bolaño (2006), implica saber o potencial das cadeias (ou da cadeia) do conhecimento que dão sustentação aos sistemas produtivos existentes. No caso, deve-se ressaltar o diagnóstico de que a base de C&T pernambucana, apesar de consolidada e reconhecida nacionalmente, encontra-se concentrada no Recife e nas suas instituições científicas e tecnológicas públicas, principalmente na UFPE, com poucas articulações com o setor produtivo e o interior do Estado (PERNAMBUCO, 2007).

Com efeito, na capital estão 10 das onze instituições de pesquisa de Pernambuco, constantes da base Lattes do CNPq, o que aumenta em complexidade a problemática relativa ao processo de interiorização do conhecimento em meio à essa concentração territorial, de tal sorte que logo se percebeu que o modelo de gestão teria como principal desafio verificar em que condições estava ocorrendo a construção dessa dada base local de conhecimento. Neste sentido, uma peça chave vem a ser a construção ou mobilização de capital social entre os atores institucionais empenhados nessa transformação do foco espacial do conhecimento, entendida como a busca de se obter conhecimento distribuído, cujo conceito está implícito no teor deste trabalho. Isto explica a perspectiva metodológica adotada, ou seja, de direcionar a estratégia para o estudo do papel dos atores, dando-se ênfase à importância dos vínculos e interações entre eles, visando saber se a formulação e a implementação de políticas contemplavam seus interesses, necessidades e possibilidades de promoção de processos de inovação e conhecimento, no marco desta ação coletiva (AROCENA e SUTZ, 2002).

A terceira questão diz respeito, dessa forma, a como estaria ocorrendo essa transformação

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institucional, sob a premissa de desenvolvimento de um modo de produção do conhecimento diferenciado, ainda sendo apreendido e aprendido por parte dos atores envolvidos. Para identifica-los, a indicação consiste em evidenciar o conceito de stakeholders, visto como indivíduos ou grupos de indivíduos que, direta ou indiretamente, podem afetar ou ser afetados pela organização na perseguição de seus objetivos (STONER e FREEMAN, 1989). Stakeholders reúnem grande potencial de influenciar tanto o ambiente como a estrutura, de acordo com a natureza do contexto institucional e os recursos postos à sua disposição. Vale ressalvar que tais interesses são múltiplos e nem sempre cooperativos, sobretudo quando a referência é feita aos stakeholders do conhecimento (OLIVEIRA, 2004). Para que se melhor conheça os stakeholders, Frooman (1999) recomenda mapear e identificar quem eles são, quais são seus interesses e as estratégias que usam para alcançar seus objetivos. Mais especificamente, o foco na análise de stakeholders é tido como de grande utilidade para os gestores públicos e sua habilidade para se relacionar com atores-chave no que diz respeito à geração de valor para os empreendimentos públicos (BRYSON, 2004). Em verdade, de modo compreensivo, deve-se não somente indagar quem são eles e o que fazem nesse processo, mas também inseri-los nos arranjos e redes de eles fazem parte, para assim descobrir-se sua lógica de ação.

Na próxima seção, trabalha-se com o referencial teórico que deu suporte à discussão das questões ora levantadas, assim como à metodologia empregada no trabalho.

3. Referencial

3.1 Capital Social: diferentes visões (interdisciplinaridades)

Estudos sobre capital social se inserem no âmbito de trabalhos que o relacionam com certos fenômenos pesquisados nas áreas de desenvolvimento de capital humano (COLEMAN, 1988); do capital intelectual das firmas (NAHAPIET e GHOSHAL, 1998); de comunidades (PUTNAM, 2000); de organizações (LEANA e VAN BUREN, 1999). Pode-se, ainda, estabelecer vínculos com investigações que o relacionam a atributos de atores individuais que obtêm vantagens próprias em relação ao seu status relativo (USEEM e KARABEL, 1986); ou em função da localização dentro do grupo de que fazem parte ou das relações por eles estabelecidas (BURT, 2000). Sem prejuízo dessa visão minimalista, há que se admitir um contexto que remete o capital social à perspectiva de desenvolvimento local, entendida como o conjunto de atividades culturais, econômicas, políticas e sociais integrantes de um projeto de transformação consciente da realidade local (MILANI, 2004).

Apropriadamente, a emergência do tema do capital social leva à considerações feitas em torno de seu papel de recurso potencial na ação social, assinalado em idéias presentes em trabalhos produzidos por bancos internacionais de desenvolvimento e naqueles provenientes de programas de políticas públicas, incluindo sua inserção nas chamadas políticas de modernização (MONTGOMERY, 2000). Nesses casos, o capital social tem sido visto como um fator que contribui para que pessoas e instituições trabalhem juntas e desenvolvam relacionamentos cooperativos entre si e com grupos externos, destacando-se a geração de confiança recíproca, amparada em valores compartilhados entre os participantes de projetos tanto do Estado como de grandes organizações. Seu uso como recurso político é argüido por Montgomery (2000), em estudo exploratório no qual levantou estratégias e táticas empregadas, focalizando dimensões, conseqüências e dinâmica interna do capital social. Outro foco do autor se concentrou nas formas pelos quais lideranças o utilizam buscando fazer com que suas organizações atinjam os objetivos traçados. O trabalho reforça a idéia do capital social como recurso e instrumento de política pública.

Assim, a ação coletiva em busca do alcance de benefícios mútuos reflete o que ocorre nos processos de geração e mobilização de capital social, cujo estudo pode ser feito em termos de suas fontes e dos próprios recursos que ele permite acessar (WOOLCOCK; NARAYAN, 2000).

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Segundo esse entendimento o conceito de capital social deve ser apoiado na estrutura social e nos conteúdos dos relacionamentos, podendo ser operacionalmente definido em diferentes níveis de análise: indivíduo, comunidades, organizações, arranjos interorganizacionais, redes e sociedades (COLEMAN, 1988; TSAI; GHOSHAL, 1998; BURT, 2000).

O capital social é um tipo de ativo embebido em todos esses relacionamentos, que vão do nível micro (relações interpessoais) ao nível macro (constituído pelo contexto das institucionalidades que vão sendo construídas e desconstruídas), onde operam atores individuais e coletivos, cuja percepção acerca da adoção de formas solidárias pode levá-los a obter benefícios em virtude de participarem de redes sociais e de poderem exercer influências nas estruturas onde atuam (PORTES, 1998). Por conseguinte, este seria mais uma interpretação do capital social como recurso, com significativa função ligada ao surgimento e manutenção de padrões identificados com práticas participativas e interativas, envolvendo indivíduos, formação de redes e inovações, carentes de institucionalização. Ou seja, que necessitam passar pela aquisição de formas institucionais resultantes de trocas sociais, objeto de mobilização tanto endógena como de iniciativas externas voltadas para o desenvolvimento.

No campo da gestão pública, pondo-se o foco mais especificamente nos processos de geração de capital social, as experiências apontam para contextos de transformação institucional buscando o alcance do desenvolvimento local (BUARQUE, 1999; DALLABRIDA, 2000; BANDEIRA, 2000; PERES, 2000; LLORENS, 2001; LIMA, 2001; AQUINO; OLIVEIRA, 2007; RIGO; OLIVEIRA, 2007). Nesse sentido, a incorporação e o protagonismo de novos atores sociais em processos de desenvolvimento local são sempre fontes de especulação, uma vez que o capital social porventura existente pode estar inativo ou ser contraproducente, visto que as intervenções institucionais têm potencial tanto para construí-lo quanto para destruí-lo (FREY, 2003).

Necessariamente, isto implica analisar o papel das instituições na formação do capital social, no qual está implícita a atuação da agência governamental, mesmo que se admita o protagonismo de atores locais integrantes desse processo. Como visto em Evans (1997), a concepção de capital social requer associação com vínculos sociais baseados em confiança e enraizamento nas interações do dia a dia, que se desenvolve através da sinergia Estado-sociedade. Sob esse aspecto, é digno de nota a assunção da visão neo-institucionalista, que reserva ao Estado a liderança desse tipo de iniciativa, de certo modo atribuindo-lhe centralidade no processo de desenvolvimento.3

Entretanto, devido à temática aqui estudada, que focaliza os CTs, cabe referir que aqui se fala de uma multi-institucionalidade, pois sua concepção, como já mencionado, compreende a associação de diferentes atores, com a aderência do Estado e dos demais agentes sociais ao contexto local, ou seja, sua inserção nos arranjos institucionais emergentes e nas redes de desenvolvimento. Mais precisamente, ressalta-se a importância da existência (e necessidade) de redes de cooperação entre os atores envolvidos e a própria formação de um sistema local de inovação, o que exige esforços significativos e de longo prazo dos agentes econômicos e sociais. Até porque a inovação ocorre em arenas estratégicas,4 nas quais as relações são imprevisíveis e as racionalidades são diversas, conforme as circunstâncias e a natureza das interações e experiências entre setores produtivos, consumidores, gestores públicos e experts, entre outros (ANDRADE, 2006). Para tanto, torna-se necessário favorecer a emergência de ambientes propícios à geração, à incorporação e à disseminação de conhecimento, de modo a

3 Como é sabido, historicamente, o papel do Estado está associado à “primeira onda desenvolvimentista”, que emergiu nos anos 50 e 60, seguindo a premissa de que a ele cabia promover a mudança estrutural (EVANS, 1993; 1992). A reversão dessa expectativa correspondeu à chamada “segunda onda”, mediante a qual o Estado passou a ser considerado o obstáculo primeiro do desenvolvimento sofrendo forte influência da reorientação político-institucional, apoiada justamente na ideologia neoliberal, profundamente questionadora do tamanho e peso atribuídos à máquina pública, deveras enfraquecida em função da crise fiscal sofrida principalmente pelos países periféricos. Em seu lugar, propôs-se uma “terceira onda” desenvolvimentista, cuja contribuição teve o mérito de desvendar a necessidade de inserção de instâncias democráticas em toda a extensão e articulação do processo de formulação e implementação de políticas públicas, por meio de mecanismos de conciliação da autonomia do Estado com a manutenção de vínculos entre sua burocracia e os atores sociais (EVANS, 1993).

4 Conforme análise feita por Lastres (1996), entre as principais características mais positivas e gerais do sistema de inovação japonês, aponta-se a definição de estratégias dentro de um processo de constantes interações, discussões e negociações entre esferas governamentais, industrial, técnico-científica e outras correlatas.

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assegurar a sobrevivência, a manutenção ou o crescimento consistente dos agentes produtivos, como discutido na próxima seção.

3.2 Capital social, redes de desenvolvimento e de conhecimento

Para Granovetter (1985), as redes de relações sociais são potencialmente criadoras de capital social, significando ações econômicas dos atores inseridos em redes de relações sociais e imersão (embeddedness), podendo contribuir na redução de comportamentos oportunistas e na promoção da confiança mútua entre agentes econômicos. A duração das relações nas quais há capital social tem implicações consideradas positivas e simétricas, quando existe intensidade emocional, intimidade e serviços recíprocos prestados. Torna-se, portanto um bem privado e público, ao mesmo tempo. Segundo essa concepção, redes devem ser entendidas como um dos elementos estruturais do capital social, cuja mobilização pode ser feita por seu intermédio (UPHOFF, 2000).

Não há dúvida de que relações em rede são fundamentais na criação de conhecimento para o desenvolvimento local (MARTELETO e SILVA, 2004), englobando a participação de diferentes atores, notadamente os interessados no incremento da ênfase na colaboração. Sendo assim, enfocar a teoria do capital social permite entender a formação e o estabelecimento de redes de conhecimento, devendo-se respeitar suas especificidades. Por exemplo, o estudo feito por Ximenes (2008), em dois projetos em desenvolvimento na Amazônia, que visavam a motivar e a treinar as populações locais para ações organizativas e gestão comunitária, mostra que a formação de redes, compartilhando interesses coletivos, não é espontânea, especialmente quando se trata de grandes grupos. Como constatou a autora, incentivos ou “coerção” externos se fazem necessários, sobretudo na interação de competências técnico-científicas e o diálogo dos “saberes”, que se constituem elementos de conexão e de agregação, capazes de diminuir riscos e incertezas nos processos de tomada de decisões.

Sem embargo, em um ambiente de redes, espera-se que exista ambiente propício para que seus participantes coloquem à disposição seus conhecimentos em favor de demandas sócio-técnicas e em questões que envolvam a aplicação de determinadas tecnologias ou procedimentos científicos, centrada em padrões inerentemente associativos. Neste particular, segundo Casarotto Filho e Alvez (2006, p. 2)

O que se observa é que nenhuma organização, de nenhum setor, tem conseguido atingir o objetivo de gerar desenvolvimento trabalhando sozinha, devido à natureza complexa dos fatores que compõem o desenvolvimento. Os projetos exitosos nesse sentido, têm sido aqueles nos quais as instituições apresentam a capacidade de atuar em redes, trocando conhecimentos e otimizando recursos.

De acordo com esse raciocínio, interessa saber a forma com que se trabalha o conhecimento nas redes, englobando a sua aquisição, o compartilhamento e a incorporação ao produto que está sendo gerado na ação coletiva empreendida por seus integrantes. O entendimento é de que o capital social, caso existente, pode expressar visões e valores compartilhados por pessoas, grupos e organizações, significando uma “cola” que os mantêm juntas e os habilita a incrementarem o conhecimento requerido pelo processo de desenvolvimento. A propósito desta colocação, tem-se o tripé básico que cerca o contexto de referência dos CTs: inovação, conhecimento e interiorização, sendo razoável a preocupação de se chegar ao modo de articulação capaz de dar suporte a esse desenho institucional, ou seja, delineando conteúdos ligados à inter-relações, associações encadeadas, interações e vínculos não-hierarquizados, todos envolvendo relações de comunicação e/ou intercâmbio de informação e trocas culturais.

Com efeito, a constante e recíproca interação visando a apropriação de conhecimento e sua difusão não é fato comum, a menos que sejam estimuladas tanto a capacidade humana como a gerencial e a institucional para que isso venha a acontecer. Neste sentido, o estudo de organizações centradas no conhecimento, como demonstrado por Choo (2003), mostra que a introdução de uma inovação deve ser acompanhada de um sistema social que lhe dê apoio,

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considerando que apenas não basta atender à preocupações de ordem técnica mas também a requisitos sociais e econômicos. Em termos práticos, as redes melhor estruturadas são aquelas nas quais se percebe maior flexibilidade para resolver problemas, sobretudo quando se trata da transposição de fronteiras, considerada um requisito cada vez mais importante devido ao surgimento de novas formas de conexão entre pessoas, em que organizações aparentemente isoladas passam a ocupar um espaço maior no mercado global. Neste ponto, entende-se que a necessidade de compartilhar impulsiona o funcionamento das redes, tanto na natureza quanto na sociedade.

De forma mais situada, a rede pode ser caracterizada por arranjos sociotécnicos interdependentes, de tal modo que as políticas públicas não são formuladas, e muito menos implementadas, no contexto de uma única organização e sim de um campo dito institucionalizado. Os intrincados processos decisórios em questão dizem respeito a um conjunto de organizações e a um complexo sistema de relações formais e informais que entre elas se estabelece, com predomínio das primeiras, quando há acordos firmados entre as partes, visando assegurar estabilidade e recursos que lhes dêem sustentabilidade. Casas (2001) observa que a transferência de conhecimento, predominantemente informal, vai se aperfeiçoando com a formação de redes de conhecimento, envolvendo artifícios que viabilizem tanto as redes profissionais e de treinamento ou capacitação, quanto as redes de difusão e transmissão de conhecimento ou inovações. A autora refere-se à redes sociais que “se constroem mediante intercâmbio entre um conjunto de atores que têm interesses em comum no desenvolvimento ou aplicação do conhecimento para um propósito específico, seja científico, de desenvolvimento tecnológico e melhorias dos processos produtivos” (CASAS, 2001, p. 6).

Em seu trabalho, Casas (2001) aponta quais são os aspectos centrais para a análise das redes de conhecimento:

1) Condições institucionais para a colaboração entre os setores públicos e privados: por meio da análise de políticas e programas, assim como as capacidades e a base do conhecimento acumuladas;

2) Estrutura e morfologia das redes de conhecimento: qual a dimensão; limites; formalidade e informalidade; até onde as relações informais são indispensáveis; quais são as instituições articuladoras da rede;

3) Processos de interação e comunicação: nível dos projetos de colaboração; os objetivos da rede; a escala geográfica; quais os processos de aprendizagem pelos quais passam os atores da rede; distribuição de poder na rede; como se constroem os processos de transação e conhecimento.

Conforme a discussão estabelecida, a existência de capital social e de redes de conhecimento corre pari passu com esses processos informacionais, tanto entre agentes internos como externos às organizações, desta forma criando uma plataforma mais ampla para que se possa atuar na geração de valores culturais voltados para o desenvolvimento local. Deve-se notar que a economia do conhecimento pressupõe não só a conversão de conhecimento tácito em explícito (NONAKA; TAKEUCHI, 1997), mas também a emergência do conhecimento cultural, visto como sendo aquele que é compartilhado por um grupo ou comunidade em um processo de construção social (CHOO, 2003).

Como afirma Silveira (2005), numa sociedade interconectada, a fonte primária de criação de valor mudou a ênfase da produtividade para os relacionamentos. Da mesma forma, implica a gestão de agentes sociais em rede (STEWART, 1998), visando articular vários saberes e habilidades em torno de uma atividade, de modo dinâmico, com iniciativa, flexibilidade e participação dos integrantes, para que aconteça o incremento da conectividade e do intercâmbio de conhecimento. À luz dessa perspectiva, o compartilhamento de conhecimento pode ser entendido como produto da reciprocidade adotada pelos participantes da rede da qual são parte. Entretanto, como o capital social é possuído pelos integrantes de uma rede e não por um indivíduo isoladamente, o processo de acumulação que ele engendra vem a ser significativamente afetado por fatores configurados ao longo dos relacionamentos sociais, requerendo institucionalização, capacidade interativa, respeito à interdependência e às

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contingências ligadas ao escolher entre laços fortes ao invés de laços fracos em um relacionamento. O importante é que haja conexões facilitadoras do acesso a recursos, interligando a laços sociais que interessam, de acordo com o contexto, afirma Lin (2001).

Isto é especialmente importante no caso dos CTs, cuja iniciativa de criação é fruto de uma política governamental, que deveria ser implementada com apoio de mecanismos de articulação institucionais responsáveis pelo atendimento de demandas emergentes dos processos deles decorrentes. A problemática remete a estudos desta nova forma de organização, ela mesma inserida em espaços de inovação, promovidos por um conjunto de instituições e atores atuando em redes de conhecimento. Por estar ainda em formação, sabe-se que esta é uma experiência na qual a vulnerabilidade dos agentes (e dos relacionamentos entre eles) não é surpreendente, nem tampouco é a própria existência de comportamentos mais dinâmicos por alguns de seus integrantes, em detrimento de outros, em especial quando não se sabe muito sobre sua predisposição para compartilhar. Vale reforçar de que se está destacando àquele tipo de comportamento inerentemente colaborativo, capaz de gerar possibilidades de ação envolvendo idéias, pessoas e recursos por meios dessas novas formas associativas (CASAS e DETTMER, 2007).

3.3 Redes de Conhecimento e compartilhamento

Como visto até aqui, vê-se que a literatura indica que o uso de políticas públicas de desenvolvimento calcadas na disseminação do conhecimento requer o fortalecimento de institucionalidades relacionadas ao compartilhamento de informações e o incentivo à geração de mecanismos de articulação entre diferentes atores, ensejando a criação de oportunidades e contextos adequados para o aprendizado. Autores como Havens e Knapp (1999) atribuem às redes correspondência com o termo comunidade, que, enquanto grupo social delimitado, ao compartilhar laços em comum, faz com que seus membros trabalhem juntos no alcance dos objetivos conjuntos, constituindo fator diferenciador das organizações, por propiciarem condições favoráveis à função de identificação, aquisição e disseminação das melhores práticas e de princípios da gestão do conhecimento.

Por seu turno, o caráter institucional das redes se dá na medida em que são elas que moldam as ações e estratégias dos atores, dependendo de sua posição, bem como ajudam a construir as preferências, os projetos e as visões de mundo. Dentre as crenças que permeiam essa análise, uma delas aponta para a instauração de uma cultura que propicie ambiência favorável, pois se há mecanismos que ao invés de estimularem a criação e a alavancagem de ativos do conhecimento, o inibem ou impedem sua disseminação, é possível que não se esteja explorando as potencialidades das redes de relacionamentos. Pode parecer simples, mas é básico fortalecer a ligação entre as partes envolvidas, tendo em vista que a difusão e o compartilhamento de informações e conhecimentos requerem que os atores estejam conectados, que haja canais ou mecanismos de comunicação que propiciem os vários fluxos de conhecimento e o aprendizado interativo (ALBAGRI e MACIEL, 2004). Aliás, o fato de as organizações atuarem conjuntamente e de forma associada, partilhando os mais diversos recursos, informação e conhecimento, justamente é o que dá fundamento às teses da necessidade de cooperação interorganizacional e a de que o compartilhamento de conhecimento e a inovação andam juntos graças ao capital social, cuja inexistência pode ser indício de um padrão de atuação isolado, introvertido, de insulamento, sinalizando para dificuldades de se lidar com a economia do conhecimento, sabidamente associada ao trabalho holístico e em rede, intrinsecamente colaborativo.

Neste sentido, a menção ao capital social integra o argumento de que ele facilita não só o compartilhamento de conhecimento, mas também o acesso a novas fontes de conhecimento, sendo este um de seus principais benefícios (KOGUT e ZANDER, 1993; NAHAPIET e GHOSHAL, 1998). Em termos de compartilhamento, a questão que se apresenta vem a ser como criar os mecanismos interativos (e lhes dar conteúdo cognitivo) que permitam aos atores da tríplice hélice (universidade-indústria-governo), expandida pela inclusão na rede de desenvolvimento de outros atores institucionais relevantes, de modo a potencializar a

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transmissão de dados, de recursos e do próprio conhecimento. O pressuposto, então, é de que, reunir tantos atores quanto for necessário, visando ao compartilhamento de conhecimento, no âmbito de um modelo de cooperação socialmente aceito (legítimo), requer investimento em capital social, sobretudo o de natureza cognitiva e institucional. Como afirmam Cunha et al (2007, p. 4), isto “depende de estruturas formadas entre os próprios envolvidos, e deles, desenvolverem-se até se atingir níveis mais maduros de evolução, formais e com maior amplitude”, ou seja, requer institucionalização. Para os autores, sem que haja certo caráter institucional nas relações e, mesmo, no capital social, é extremamente difícil obter o concurso de elementos básicos para o processo de transmissão de conhecimentos, sendo previsível a ocorrência de prejuízos para o desenvolvimento do aglomerado regional como conjunto (CUNHA et al, 2007).

Essa preocupação é reconhecida por Leydesdorff e Etzkowitz (2001), cujo modelo da tríplice hélice focaliza mecanismos de ação e mudança, bem como enfatiza a necessidade de se dispor de instrumentos comunicativos ao longo do processo, que realimentem todo o tempo as relações bilaterais e trilaterais emergentes durante a interação entre os atores, que tanto influenciam como sofrem influência uns dos outros, chegando a passar por ajustes em suas próprias estruturas internas, constituindo este um efeito recursivo de natureza institucional, capaz de alavancar os elementos constitutivos do conhecimento (sobretudo criação e compartilhamento). Neste particular, a motivação e a disponibilidade dos atores nesse processo interativo trazem significativo impacto para o nível de envolvimento participativo que eles terão, a alocação de recursos nessa rede e as expectativas quanto aos resultados que pretendem alcançar (VAN HORNE et al, 2008).

A próxima seção discorre sobre os procedimentos metodológicos adotados na elaboração do trabalho.

4. Metodologia

Como dito na introdução, este trabalho tem como objetivo apresentar a modelagem do estudo da gestão dos Centros Tecnológicos (CTs) de Pernambuco, em confronto com os pressupostos decorrentes de três questões que foram levantadas (seção 2) e no referencial utilizado (seção 3), amparado no binômio capital social e redes de conhecimento, com algumas variações, aqui chamadas de conexões temáticas. Para tanto, procurou-se: a) delinear as redes de desenvolvimento e conhecimento correlacionadas com o contexto institucional em que se inserem os CTs; b) analisar a gestão dos Centros Tecnológicos (CTs) no âmbito do processo de desenvolvimento local em Pernambuco; c) identificar os principais stakeholders dos Centros Tecnológicos (CTs) e a forma como trabalham o conhecimento no seu contexto de referência organizacional e institucional. É interessante dizer que a formulação deste trabalho, por ser integrante de uma agenda de pesquisa, também se apropriou de discussões precedentes, relacionadas com redes e arranjos associados ao desenho das esferas institucionais do modelo de gestão adotado para o funcionamento dos CTs. O desenho da pesquisa está sendo apresentado no Quadro 1(4), mais adiante.

A estratégia escolhida para a realização da pesquisa foi a do estudo de caso, de natureza qualitativa, que permite combinar múltiplas fontes de dados, para se expor as evidências e com elas se chegar ao domínio da problemática e sua complexidade (PATTON, 2002). Da mesma forma, essa estratégia, reconhecidamente abrangente, comporta se investigar diversas variáveis de interesse do pesquisador, que pode se basear em várias formas de explicitação de suas idéias e esboçar o desenvolvimento prévio de concepções teóricas e empíricas capazes de conduzi-lo adequadamente à coleta e à análise dos dados (YIN, 2001). Na coleta e validação dos dados obtidos na pesquisa de campo e seu tratamento foram feitas constantes aproximações com os elementos teórico e empíricos (MATTAR, 2001; GIL, 1991), colhidos de fontes bibliográficas e de fontes documentais, bem como de entrevistas, observações pessoais e notas de campo das visitas técnicas feitas pela autora e pela equipe de pesquisa a que

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pertence. Também foram feitos registros fotográficos. Este ponto é importante, para justificar a escolha de um dos CTs como objeto focal deste trabalho, que resultou de experiências que foram e estão sendo feitas no entorno, como anteriormente assinalado. Desse modo, optou-se por destacar o Centro Tecnológico do Agreste (CTA), antes Centro Tecnológico da Moda, pelo contato mais intensivo com ele mantido, inclusive pela acessibilidade.

Sendo assim, uma primeira iniciativa do estudo consistiu em se buscar familiaridade com o formato institucional adotado para os CTs, sem dúvida uma inovação organizacional, assim como são os arranjos provenientes de sua instalação, que embora acompanhados de políticas e procedimentos típicos da iniciativa governamental, continham em sua concepção, um afastamento da lógica de intervenção estatal. Uma explicação vem a ser a nítida a emergência de um processo de reestruturação e modernização da máquina pública de Pernambuco, o qual indicou, inclusive, a necessidade de se pesquisar material referente à introdução de novos arranjos institucionais no domínio do público-privado como também à transferência para organizações públicas não-estatais, de atividades que antes eram de competência exclusiva de órgãos governamentais.

Por outro lado, considerando o referencial teórico empregado, logo foi percebida a interdisciplinaridade que cerca a análise, com correntes identificadas com contribuições de ordem cognitivas, estruturais e culturais, cujos aspectos são determinantes para que o capital social seja considerado um fator chave para se entender a mudança social e institucional presentes nos processos de desenvolvimento local. Não é demais lembrar que a abordagem não é apenas de um referencial ligado aos temas inerentes ao enfoque do capital social, mas também ao ciclo do conhecimento e seu compartilhamento entre atores no nível individual, organizacional e interorganizacional. Das conexões temáticas nasceram os indicativos relativos aos passos da coleta de dados da pesquisa, começando pela validação dos mapeamentos feitos por Amaro (2007), dentre os quais se elegeu os stakeholders tidos como os mais relevantes do CTA, assinalados na Figura 2(4).

Figura 2(4) – Mapeamento dos Stakeholders do CTM, hoje CTAFonte: Amaro (2007, p. 36)

Na construção do modelo de análise recorreu-se a Zurbriggen (2006), considerando que a autora explana bem que elementos básicos e dinâmicos da interpretação institucional podem

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ser enfocados nesse tipo de análise, quais sejam: os atores (com suas preferências, percepções e capacidades); as instituições (formadas por conjunto de regras constitutivas que delimitam cursos de ação, modos de interação e resultados); a rede de atores existente (conjunto de atores que interagem e influenciam, com suas opiniões estratégicas nos resultados) e o modo de interação (formas específicas nas interações entre os atores em determinadas redes).

Para o tratamento dos conteúdos resultantes dos dados coletados (pesquisa bibliográfica, documental, entrevistas, notas de campo e das observações pessoais), seguiu-se a recomendação de Richardson (1985), considerada a mais adequada para confrontar a teoria com os fatos, sendo que o sistema de categorização foi definido a priori, ao passo que a análise de conteúdo foi realizada por temas, desdobrados em principais e secundários, conforme consta do Quadro 1(4). Desta forma, chegou-se à discussão dos resultados, na próxima seção.

Quadro 1(4) - MODELO DE ANÁLISEObjetivo:

apresentar a modelagem do estudo da gestão dos Centros Tecnológicos (CTs) de Pernambuco, de modo a: a) delinear as redes de desenvolvimento e conhecimento correlacionadas com o contexto institucional em que se inserem os CTs; b) analisar a gestão dos Centros Tecnológicos (CTs) no âmbito do processo de desenvolvimento local em Pernambuco; c) identificar os principais stakeholders dos Centros Tecnológicos (CTs) e a forma como trabalham o conhecimento no seu contexto de referência organizacional e institucional.

Estratégia da pesquisa:

Confronto entre as três questões levantadas: em termos dos modelos dos CTs, que formatos de articulação e de governança são mais adequados, em face de sua interdependência com instituições estatais, organizações da sociedade civil, organização social e entidades do setor produtivo local e regional; quanto à formação de redes de desenvolvimento, que práticas são inovativas e levam à cooperação; e quais são os desafios do tripé básico que cerca o contexto de referência dos CTs: inovação, conhecimento e interiorização

Plano de pesquisa utilizado- Estudo de natureza qualitativa e contextual, com adaptações feitas na medida em que se avança no trabalho, cuja estratégia metodológica é a do estudo de caso - Reunião de pesquisa bibliográfica, documental e de campo (visitas, entrevistas, observações pessoais e anotações. Utilização de fotos)

Categorias Temáticas Principais

a) Capital social: visões interdisciplinares

Temas Secundários

a1)Redes de

desenvolvimento

a2) Redes de conhecimento

Visão integrativa das categorias temáticas

Interdisciplinaridade em face da relação estabelecida entre a interrelação com o plano das políticas públicas de desenvolvimento local, da análise institucional/organizacional e das redes de conhecimento

Fonte: elaboração própria

5. Discussão dos resultados

5.1 Contexto Institucional do CTA

A ação do governo do Estado, considerando a criação do sistema estadual de inovação, leva a entender que, com o Programa dos CTs, foi dado um passo essencial na criação de condições de competitividade para a economia pernambucana (PERNAMBUCO, 2003). Com esse pressuposto, foram identificados os APLs, buscou-se estabelecer identificar, estabelecer e consolidar parcerias com entidades públicas e privadas em torno de projetos associados aos APLs; erigiu-se uma base legal visando formalizar uma rede de gestão dos CTs (e de cada CT);

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definiu-se o modelo de gestão do Programa e dos próprios CTs; promoveu-se investimentos no fortalecimento dos Núcleos de Apoio Tecnológico/ITEP; elaborou-se e obteve-se a aprovação de projetos junto ao Programa de Expansão da Educação Profissional (PROEP/MEC); elaborou-se e buscou-se validar o projeto de cada CT; regulamentou-se o Programa dos CTs; e foram feitos investimentos com vistas à operacionalização desses Centros. Restou, entretanto, fazer a avaliação dos impactos ambientais de seu funcionamento (PERNAMBUCO, 2003). Tudo isso foi delimitado para um período de quatro anos, sofrendo mudanças decorrentes da própria configuração do processo sucessório político-eleitoral que levou Eduardo Campos ao governo estadual.

Com base na evolução histórico-institucional-administrativa recente, então, a análise mostra que o ITEP também passou por grande transformação, ao deixar de ser uma fundação e transmutar-se em organização social, a fim de poder assumir as incumbências previstas na Política Estadual de Ciência e Tecnologia, o que aconteceu no processo de Reforma do Estado promovido pelo governo de Pernambuco. Ao ITEP foi dado gerir não só o Programa dos CTs mas prover cada um dos CTs, em particular, de infra-estrutura material e gerencial, sob um regime de parceria com organizações da sociedade civil, tendo à frente sua missão de difusão tecnológica orientada para os APLs de Pernambuco conforme já salientado. Segundo esse modelo de gestão, o ITEP-OS recebe do Governo do Estado de Pernambuco a delegação para execução das ações do Programa de Centros através de Contratos de Gestão, tendo-lhe sido aportados por meio desse instrumento os recursos financeiros públicos vinculados e ampliando, como também os recursos negociados com outras fontes e os obtidos de serviços prestados, os meios requeridos para a implantação e funcionamento dos CTs (OTG, 2007). O ITEP-OS participa como gestor e, em alguns casos, como executor de ações das principais funções dos CT's: educação profissional, inovação tecnológica e empreendedorismo.

O relato do ITEP, feito ao Observatório de Tecnologias de Gestão (OTG, 2007, p. 5), explicita bem as práticas adotadas na implantação e funcionamento dos CTs:

Os Centros Tecnológicos são implantados através do ITEP-OS, evoluindo posteriormente para gestão por uma organização autônoma como estágio final de evolução do modelo organizacional preconizado. Isto não impede, no entanto, que a própria fase de implantação de um Centro não possa ser conduzida, de logo, por uma organização gestora autônoma, desde que existam condições objetivas para sua estruturação de modo sustentável dentro da cadeia produtiva considerada. Nesse caso, o ITEP-OS teria, desde o primeiro momento, a tarefa de supervisionar, em nome do Governo do Estado, a implantação do Centro e sua posterior administração, enquanto contasse o mesmo com recursos públicos governamentais para seu funcionamento.

Segundo essa concepção, por exemplo, para a gestão local do Centro Tecnológico da Moda, rebatizado de Centro Tecnológico do Agreste Central, foi fundado o Instituto da Moda do Agreste (IMA), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, formada pelos empresários da região.5 A idéia era de que cada assim, cada Centro Tecnológico tivesse um gestor que se relacionasse com o ITEP e os atores locais. No caso do CTA, essa proposta não funcionou, porque mudou a configuração de poder e houve conflitos de interesses. O ITEP foi quem assumiu a gestão do CTA. 6

5 O argumento foi de que esta seria uma forma de concentrar a ação do Estado em suas inalienáveis funções de formulação e coordenação das políticaspúblicas, cuja implementação tanto pode ser feita por Organizações Sociais (OS) como pelas já citadas OSCIPs, de acordo com os instrumentos de contratualização criados com essa finalidade, favorecimento o trabalho em parcerias destas com o poder público, como já mencionado. Isto é possível porque, “o título de OSCIP possibilita a essas instituições, o acesso a recursos públicos, demonstrando que o Estado está disposto a compartilhar com a sociedade civil organizada, a tarefa de buscar o desenvolvimento” (CASAROTTO FILHO; ALVEZ, 2006, p. 2).

6 A IMA seria administrada pelos próprios empresários, tanto é que houve a escolha daqueles que seriam da diretoria. Eram 12 empresários, sendo quatro de Caruaru, quatro de Santa Cruz do Capibaribe e quatro de Toritama. Com o objetivo de beneficiamento das três cidades. Quando surgiu idéia de formar o IMA, à época o APL de Confecção era formado por essas três cidades. Então, os empresários eram dessas três cidades. Houve reuniões, e foi discutido o que estava acertado: como ficaria a questão dos investimentos e recursos financeiros. O então Governo do estado ficaria responsável por uma parte dos recursos, o SEBRAE entraria com outra parte dos recursos e as empresas entrariam com a terceira parte (Entrevista A, 2008). Segundo o entrevistado, os empresários sentiram dificuldades em assumir esse compromisso, até porque eles tinham as atividades deles. E aí o que aconteceu? O CTA parou. Porque

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O CTA , instalado em Caruaru, funciona desde o final de 2003, quando começou a destacar o design como instrumento de promoção da competitividade do Pólo de Confecções do Agreste de Pernambuco (Caruaru/Toritama/Santa Cruz do Capibaribe). O prédio onde está instalado abriga o Núcleo de Design em Moda, além de salas de aula e de treinamento, auditório, biblioteca e um Laboratório de Análises de Água, para apoiar pequenas e médias empresas locais. Nas visitas feitas, foi possível observar a confirmação da mudança de nomenclatura olhando a fachada do prédio do CTA em Caruaru. No primeiro momento pela Figura 2(5) em 2007, vê-se a nomenclatura de Centro Tecnológico da Moda (CTM), no Governo Jarbas. Com a mudança de governo para Eduardo Campos, houve alteração da nomenclatura para Centro Tecnológico do Agreste (CTA), segundo Figura 3(5) de 2008, com o objetivo de incluir outros bens produzidos no APL, como o artesanato, por exemplo, ampliando o foco de sua atuação.

Figura 2(5) – Foto do Centro Tecnológico da Moda - 2007Fonte: Cabral (2009)

Figura 3(5) – Foto do Centro Tecnológico do Agreste - 2008Fonte: Cabral (2009)

os gestores que eram para ser os empresários não quiseram assumir. Acharam que não tinham tempo, alegaram a falta de tempo. Então, nós do ITEP como tínhamos acabado de virar OS – Organização Social, de dentro da parceria com o governo do estado, ficamos encarregados de sua gestão.

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A mudança, realmente, não foi apenas na parte externa e estética do prédio. Segundo o Programa de Governo de Eduardo Campos, a idéia agora é de transposição do conhecimento, a qual está relacionada com as ações a serem realizadas visando à interiorização e à melhoria da distribuição regional do desenvolvimento. Em destaque, sobressai toda a ação que envolva e estimule a descentralização das entidades públicas, estaduais e federais, com o objetivo de apoiar a transferência para o setor produtivo do conhecimento gerado nessas instituições e nos centros de pesquisa localizados na região (FRENTE POPULAR DE PERNAMBUCO, 2007).

Estando em curso a implementação do Plano Plurianual do governo de Eduardo Campos, a informação da gestora do Núcleo de Gestão dos CTs, é de que ele está concentrado nas ações de educação profissional, requalificação profissional de jovens e adultos; gestão administrativa e financeiras dos CTs (LIRA, 2007). A justificativa é de que uma grande quantidade de profissionais forma-se anualmente, mas a maioria se encontra na Região Metropolitana do Recife, gerando excesso de profissionais qualificados (LIRA, 2007). Já nas outras regiões do estado, como por exemplo, o Agreste Central, faltam profissionais e cursos de capacitação. A configuração atual da interação entre os atores da rede permite observar um grande número de atores desagregados, porém, com o mesmo objetivo (LIRA, 2007).

Ao lado dos CTs, a intenção governamental é a de priorizar a implementação de Centros de Inovação e Difusão de Tecnologias – CidTec, também orientados para operar em rede, objetivando articular e mobilizar competências, organizadas em estruturas leves, ágeis e flexíveis, compatíveis com as especificidades do setor econômico e da base institucional de educação, tecnologia da sub-região onde estes se instalem. Fica claro que houve, igualmente, a busca de parceiros e o uso de múltiplas instituições, com a previsão do estabelecimento de consórcios entre os governos dos municípios onde se desenvolvam os arranjos produtivos correspondentes, de modo a viabilizar a estruturação de número cada vez maior de unidades, formando um verdadeiro sistema de inovação sub-regional (PERNAMBUCO, 2007). Aqui, trata-se de destacar a introdução do formato institucional, o do CidTec, que se confunde com a figura dos CTs, aos quais se juntam os Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs), os quais funcionam em Pernambuco desde que o então governador ocupava o cargo de Ministro de Ciência & Tecnologia. No caso do CidTec foi estabelecido um ordenamento envolvendo as demais instituições existentes, conforme níveis estipulados pelo Programa de Ciência, Tecnologia & Inovação (C,T & I) do governo. Tais níveis levam em conta classificação decorrente do estágio vigente da atividade econômica onde o CidTec esteja localizado, além da dinâmica e perspectivas de crescimento em médio e longo prazo, ou seja, “(tipo 1. localizados em pequenos centros urbanos, tipo 2, em centros urbanos de maior centralidade na rede urbana estadual, e tipo 3 nos centros nodais de maior área de influência e onde estão presentes instituições científicas e tecnológicas)” (PERNAMBUCO, 2007, p. 31). A Figura 4(5) expõe a idéia básica dos CidTec, sobretudo a do tipo 1, porque aplicável aos CTs, que serão examinados, à luz da rede de conhecimento na qual ele se insere.

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Figura 4(5) - CidTec Tipo 1

Fonte: Adaptado de Pernambuco (2007, p. 32)

5.2 Redes de Desenvolvimento x Redes de Conhecimento x Atuação e inserção dos atores

A ação das pessoas e suas redes de relacionamento, através do compartilhamento das informações, fazem com que as instituições se tornem sustentáveis e dá condições para que haja o desenvolvimento organizacional em permanente processo de aprendizagem e inovação. Essa sustentabilidade se dá por meio de inovações que são cruciais para a sobrevivência das organizações. Para as organizações produtoras não é significativo dar ênfase para certo conhecimento que ela não acredita ser o mais representativo de sua crença, valores e cultura.

Com o mapeamento realizado, leitura e releitura das entrevistas, confronto documental e das notas de campo, pode-se chegar ao entendimento das relações sociais, por meio de suas ações e projetos conjuntos, que justificam a promoção da inovação e compartilhamento do conhecimento no âmbito do CTA. Uma das formas de análise consistiu em se identificar quem mais se destaca como articuladores da rede, suas instituições; suas ações; seu espaço; suas associações; projetos comuns; cooperações e parcerias. Além disso, levantou-se a percepção dos demais atores da rede acerca do CTA.

Assim, constatou-se que os articuladores SEBRAE e ACIC têm desempenhado um papel relevante na captação de recursos e na coordenação da rede de conhecimento no APL de confecções na região agreste de Pernambuco, ao instituírem uma série de ações viabilizando a logística e capacitação do empresariado local. Observou-se que as instituições que formam a rede são interdependentes, sendo as relações coordenadas pelos próprios participantes, facilitando a integração. A participação na rede é combinada para o alcance do objetivo comum.

O SENAI, por exemplo, enquanto ator institucional vem desenvolvendo cada vez mais suas competências, e dessa forma atendendo melhor às necessidades do APL. Passou a ser ofertante de treinamentos para cursos técnicos de alta qualidade. O SENAI Caruaru a partir da década de 90, sabendo da necessidade e da demanda do mercado por profissionais mais

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Núcleos Avançados (IES e ICT)

Centro

Tipo 1Assistência Técnica

Treinamento e ensinoMédio/Profissional(CEFET, EAF, SENAI, SENAR)

Demandas Técnicas

Demandas de Competências

Informações

Respostas técnicas (encaminhamentos)

Demandas (problemas técnicos)

Setor produtivo

RH Qualificado (nível Médio/Técnico

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qualificados que tivessem massa crítica, começou a trabalhar em parceria com SEBRAE, SENAC, FIEPE, ACIC e CDC, sobre quais as competências necessárias aos novos profissionais da área de confecções no Agreste. O trabalho do SENAI foi mais participativo, observando não apenas as competências, mas as fragilidades (Entrevista B, 2008). Após discussão com parceiros foram montados novos cursos para atender à demanda local. Sobre os cursos do SENAI, vale trazer este depoimento:

O SENAI quando fez essa reforma em 2004 implantou na escola de Caruaru, além dos cursos técnicos houve uma modernização do maquinário e foram implantados 3 cursos de moda e designe nas 3 escolas de moda do SENAI em Santa Cruz, Caruaru e em Paulista. O que é o núcleo de design? Você tem lá uma estação CAD, o nosso modelo desenvolve a modelagem computadorizada. A pessoa leva a modelagem para o SENAI nós fazemos a PLOTAGEM dessa modelagem no computador, é encaixada, feita a digitalização e aquela impressora já dá o risco pronto. Em vez do profissional de moda perder várias horas com o trabalho manual, o computador já faz o encaixe e entrega o risco pronto. É só ele colocar em cima do risco e cortar. Como muitas pessoas não têm condições de fazer um investimento aqui, o SENAI além de capacitar as pessoas no curso técnico, nossos técnicos recebem o certificado de qualificação no curso de modelagem computadorizada, damos o curso para o mercado de modelagem computadorizada e prestamos serviços para várias empresas. O SENAI está realizando esta semana mais um curso técnico. O SENAI de 2 anos para cá tomou a iniciativa de, em vez de lançar um caderno de moda em cada estado, lançar um caderno de moda de nível nacional aonde são reunidos os técnicos da área de designe e você tem todas as característica de cores de todas as regiões em um único local.

Na pesquisa foi anotado que o SENAI possui um núcleo de apoio ao Design, pelo qual oferece cursos técnicos de: Costura industrial em tecido plano; Customização de peças de vestuário; Adaptação de modelos de vestuário feminino; Modelagem industrial; Modelagem computadorizada; Desenho de Moda; Modelagem Moda Praia /Lingerie; Tecnologia de risco e corte, além de consultorias na área de Design e gestão da produção. Os serviços prestados pelo SENAI em Caruaru vão do nível de criação e desenvolvimento de produtos até risco, corte, modelagem computadorizada, design e gestão da produção.

Um dos entrevistados (E, 2007) salienta que a inovação local se dá por meio das coleções de moda, tendo em vista que, a cada estação, as empresas locais precisam expor novos produtos. Seu depoimento indica que, para tanto, é preciso criatividade e conhecimento na área, estar atualizado com as tendências mundiais, para não permanecer na cultura de cópia, como citado inclusive, por outros entrevistados. Logo, o Design é de fundamental importância para apoiar a competitividade do setor, assim como agregar valor aos produtos produzidos na localidade. Sob esse aspecto, viu-se que o SENAI passou a investir de forma intensiva, tendo criado um caderno de tendências, em nível nacional, do qual estudantes da unidade de Caruaru fizeram parte da elaboração.

Por sua vez, o SINDVEST/PE tem empenhado suas ações e investindo recursos nas Rodadas de Negócios, juntamente com a FIEPE e o SEBRAE. Tudo isso para o fortalecimento e logística dos produtos da região. Para não deixar os empresários locais apenas com a possibilidade de vendas passivas na feira. E sim uma iniciativa proativa e que traz retorno significativo.

A intervenção do Governo do Estado, por meio da SECTMA e órgão gestor ITEP, pode-se dizer que vem por meio das ações do CTA, com os cursos de lavanderia. Segundo a entrevista D (2008), o curso foi estruturado é presencial de lavanderias, com um laboratório de primeira categoria, primeiro mundo, onde existe o reaproveitamento da água para o meio ambiente e toda uma estrutura. As fontes de financiamento para os cursos oferecidos pelo CTA vêm tanto do Governo do Estado quanto de repasses do Governo Federal, há uma parceria. “Atualmente existem dois editais abertos na página institucional da SECTMA de cursos para o CTA (Entrevista D, SECTMA, 2008).” “Os principais parceiros da SECTMA são a UPE, o ITEP, o SENAI e o SENAC. Porque eles já têm conhecimento, têm história e passam muita segurança” (Entrevista D, SECTMA, 2008).

No caso da Universidade,7 deve-se registrar que o Campus do Agreste da UFPE - CAA, foi

7 O caso da Universidade de Pernambuco - UPE foi estudado por Oliveira, Guerra e Lins (2008), que destacam a

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instalado em 2006, ministrando os cursos de Design e Engenharia Civil, Pedagogia, Economia e Administração. O objetivo é que sejam desenvolvidas na região atividades tecnológicas e de laboratório que atendam as necessidades locais. O entrevistado C (2008) assinalou que a formação dos universitários é a forma mais tradicional de contribuição e interação da universidade com a sociedade, de modo que a UFPE passou a integrar a realidade local, contribuindo para a formação e elevação do nível de escolaridade local. O campus vem se estruturando para uma maior aproximação com os atores locais visando projetos conjuntos. Em relação ao estímulo à difusão do conhecimento tecnológico, é digno de nota a instalação do núcleo de tecnologia da UFPE em Caruaru, incluindo-se a proposta de se implantar o curso de Engenharia de Produção, junto com ações voltadas para o fomento às atividades de pesquisa, formação profissional, projetos de formação de professores nas áreas de química, matemática e biologia.

Já a ACIC contribui para estimular o senso associativo local, estimulando o empresariado. Mas, segundo o entrevistado E (2007), o empresariado local precisa se associar ainda mais e pensar no futuro. Há uma demanda crescente por capacitação e o perfil da nova geração de empresários na região terá um perfil bem diferente afirma o dirigente da ACIC. Mas no atual contexto há grande competição entre empresas e muitas empresas são informais no setor de confecções.

Pelo que foi visto, então, a rede social da região agreste, no âmbito do CTA conta com a participação de atores institucionais do setor empresarial, associações comerciais, instituições internacionais de pesquisa e tecnologia, sistema S, Universidades Federal e Estadual, além das particulares. Um dos entrevistados aponta que se trata de uma rede que está em plena ascensão, com instalação recente das universidades e todo esse esforço com o objetivo de estruturar e capacitar a mão de obra local (Entrevista C, 2008). Nesse depoimento, o entrevistado sugere que uma atividade que precisa ser explorada é a da exportação, ainda não desenvolvida, apesar dos esforços. Ele constata que as principais ações da rede estão voltadas para a capacitação técnica e profissionalizante na região, que cresceu de forma endógena e, até bem pouco tempo, atrás possuía índices muito baixos de escolaridade da população. Outra ação forte da rede é a questão da prospecção e promoção comercial por meio das rodadas de negócios.

Com efeito, outro entrevistado (E, 2008) assinala que a Rodada de Negócios promovida pela ACIC consegue angariar recursos do SEBRAE, FIEPE e AD-DIPER. Segundo ele, a ACIC possui grande número de associados e isso lhe garante sustentabilidade financeira e visibilidade na região. O entrevistado revela que muitos cursos são feitos em parceria com a ACIC. Além disso, aponta que há muitos encontros de negócios realizados em parceria com o Rotary Club de Caruaru. Em outras oportunidades, os empresários locais e dirigentes institucionais reúnem-se em almoços informais e decidem muitos negócios nesse ambiente de interação. Nessa análise, o SEBRAE é considerado como grande articulador e financiador, com seus agentes de negócios que orientam empresários e, dessa forma, conseguem influenciar a tomada de decisões. É parceiro financiador de quase todos os integrantes da rede.

Pela reflexão feita entre os entrevistados e as percepções da pesquisa, cabe já antecipar que o conhecimento que flui na rede é do tipo convencional, codificado e tácito. É transferido de e por meio de intercâmbios de informações, capacitações, palestras e cursos oferecidos pelo CTA, SENAI e SENAC, pelas universidades (embora de forma incipiente). Os agentes de negócios do SENAI, por exemplo, entram em contato todos os dias com os empresários locais, constituindo uma via de mão dupla no aprendizado. Um dos entrevistados (D, 2008) diz que, nessa interação por meio de visitas, os agentes sociais interagem com os empresários e

estrutura multicampi distribuída por seis regiões do estado. Em particular, a instalação do campus de Caruaru, em 2006, foi igualmente proveniente de demanda da sociedade local. Deste modo, foi feita concepção de um Projeto Político e Pedagógico para o Curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda, visando promover ações identificadas com a geração de conhecimentos integrados ao Pólo de Confecções, como forma de incrementá-lo, respeitando os princípios do desenvolvimento local e sustentável. Inclusive, o estudo aponta o caráter inovador e interdisciplinar do Projeto Político e Pedagógico desse Curso, principalmente em função da adoção de projetos experimentais e das exigências de interação com o meio local, tanto público como privado, por meio de parcerias, produção e troca de conhecimento. Deste modo, a UPE começou abrir canais de comunicação junto ao empresariado local, a fim de promover boa integração com o espaço sóciotécnico que irá viabilizar um inovador modelo de ensino em Administração (OLIVEIRA, GUERRA e LINS, 2008).

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aprendem cada vez mais sobre o setor.

Na síntese das falas, um achado importante é de que há no Agreste uma infraestrutura cada vez melhor, aliada à iniciativas para alavancar a competitividade, além do foco maciço na qualificação educacional e profissional, por se entender que esta seja a principal fragilidade atualmente. Observa-se que a principal estratégia da região é esta, pois o nível de educacional empresarial ainda é baixo. Pelos depoimentos, entende-se que o objetivo é que, com maior capacitação educacional, a longo prazo, a região conseguirá participação cada vez maior do empresariado nas decisões locais, assim como um maior compartilhamento do conhecimento e iniciativas de exportação de produtos.

Ainda em observância aos dados levantados, procurou-se também ver aspectos relevantes sobre resultados alcançados no ciclo de conhecimento. Neste sentido, Casas (2001) destaca a cooperação técnica como sendo fundamental para grandes mudanças e inovação. Assim, cria uma proposta de estudo com o objetivo de analisar, de forma empírica, as redes de conhecimento e os fluxos entre setores distintos da sociedade, os quais produzem conhecimento e incentivam o desenvolvimento econômico e social de determinada região. Na pesquisa, então, foram levantadas evidências sobre os tipos de cooperação existentes entre as instituições atuantes na rede de conhecimento do Agreste apresentada na Figura 5(5). Já o Quadro 2(5) expõe um extrato das falas que exemplificam os modos de cooperação.

Figura 5(5) - Rede de Conhecimento no AgresteFonte: Cabral (2009)

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SEBRAE

EMPRESAS Campus Regional

da UFPE, UPE, Centro Tecnológico

da Moda e ITEP

SENAI

ACIC – Câmaras Setoriais

SENAC SINDVEST

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Quadro 2(5) – Síntese das Evidências sobre tipos de cooperação entre as instituições

INSTITUIÇÕESTIPO DE

COOPERAÇÃO

EVIDÊNCIASSENAC/SEBRAE

Técnica“O SEBRAE é quem financia uma parte dos cursos profissionalizantes oferecidos pelo SENAC Caruaru”

SENAC/Prefeitura de Caruaru Técnica

“A Prefeitura de Caruaru, por meio de projetos de Ação Social, disponibiliza verba para cursos profissionalizantes”

SENAC/SENAIComercial

“Nós temos parcerias com o SENAI em Santa Cruz do Capibaribe. Nós oferecemos o curso de informática e o SENAI o de costura,

usamos o mesmo espaço.”SENAC/CTA

Espaços Compartilhados

“Tivemos vários cursos do SENAC ministrados no espaço do CTA”.

SEBRAE/CTATécnica

“Nós temos engenheiros químicos, experiência em projetos de estação de tratamento da água e começamos a fazer o projeto de

lavanderias. O SEBRAE financiou 50% dos projetos de implementação de Lavanderias em parceria com o CTA. Os outros 50

% dos recursos ficou por parte dos empresários”ACIC e Parceiros

Comercial“Na Rodada de Negócios há parceria entre SEBRAE, AD-DIPER e FIEPE como financiadores. Temos o SINDVEST, e Associações de

Toritama, Santa Cruz do Capibaribe, Surubim e Pão de Açúcar.ACIC e CTA

Espaços Compartilhados

“Foram ministrados vários cursos, palestras, Workshopno espaço do CTA”.

SINDVESTEspaços

Compartilhados

“Vários cursos do SINDVEST foram realizados nas instalações do CTA. Em parceria com o Governo do Estado. Houve também desfiles

técnicos feitos lá”SINDVEST/BFZ/ASCAP/ACIC/

CPRH/COMPESAFIEPE/Prefeitura

de CaruaruSEBRAE

Técnica“Através da BFZ foi feita parceria técnica com a entidade Alemã para

solucionar a questão das lavanderias”

Fonte: Cabral (2009)

Cabe salientar que o esboço do desenho da rede de conhecimento do Agreste é fruto do exame das possibilidades interativas geradas por características tais como conectividade, modos de cooperação, facilidades de comunicação e o alinhamento dos interesses compartilhados pelos atores inseridos nessa ambiência e no modo de cooperação encontrado nos achados da pesquisa.

Para finalizar a análise do Quadro 3(5) aponta a visão de alguns atores da rede de conhecimento do Agreste, acerca do papel do CTA.

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Quadro 3(5) – Visão dos atores da rede de conhecimento – papel do CTA

INSTITUIÇÕES

DepoimentosPrefeitura de

Caruaru Nós entendemos que é muito importante a presença em Caruaru de um Centro Tecnológico. Estamos tentando imprimir uma velocidade importante no setor Industrial em Caruaru. Exemplo disso é o empenho que a municipalidade vem tendo na ampliação do distrito industrial, construindo uma infra-estrutura para o distrito industrial, tivemos recentemente convênio firmado com a Alemanha nesse sentido. O fato de termos um Centro Tecnológico é um diferencial competitivo para a cidade. Nós ainda estamos aquém do potencial desse centro, não é? Eu participei da concepção desse Centro quando era dirigente do SINDIVEST (período de 1998 até hoje, como vice-presidente), então eu participei da mobilização de transformá-lo em um Centro Tecnológico da Moda, ele não tinha essa especificidade no setor, isso foi um pleito nosso do SINDIVEST ao Governo do Estado na época o Governador Jarbas Vasconcelos que entendeu que em Caruaru deveria priorizar esse setor de confecções. Em princípio foi montada uma estrutura de gestão que foi a OSCIP, que infelizmente não funcionou. A OSCIP montada se chamava IMA (Instituto da Moda do Agreste), porém infelizmente não funcionou. A IMA está inativa, não funcionou porque houve todo um processo de desgaste na Brasil desse tipo de instituição OSCIP. Houve acontecimentos em vários estados de problemas com OSCIP, os empresários ficaram ressabiados e o Governo ficou ressabiado, logo houve um consenso em abortar esse processo de OSCIP (Entrevistado C, 2007)

SENAIO associativismo, o próprio sindicato, as associações todas incorporadas na construção dessa informação. Então o próprio CT está aí trabalhando com essa vocação, voltado muito para a área de lavanderias, então é uma informação nova, não é? Lá na frente vão se associar as próprias universidades federais. Para trazer um intercambio. A própria UFPE e a UPE estão aqui fazendo parceria conosco do SENAI. Onde eles têm a parte do conhecimento da informação, nós temos a parte prática a gente se associa e tem contribuído para a ampliação e difusão desse conhecimento. Graças a Deus a gente tem feito isso. Um grande boom nessa coisa toda foi a proliferação de universidades, nós em Caruaru tínhamos 2 a 3 cursos há uns três anos e hoje nós temos 42 cursos aqui na região. Nós temos a própria faculdade de direito , que era conservadora, que hoje tem 6 ou 7 cursos. A FAFICA tem 8 cursos, a FADIPE também, a UPE a UFPE com o campus construído, ou seja, é a interiorização do conhecimento, com um crescimento fantástico da região, eu diria par você que Caruaru sofreu o efeito nefasto da violência, mas o desenvolvimento traz dessas coisas assim. Mas também tem trazido muitas coisas boas, tem gerado trabalho, renda, tecnologia. Foi excelente (Entrevistado D, 2008).

ACIC O papel do CTA é proporcionar ferramentas tecnológicas que as empresas sozinhas não pudessem comprar; desde confecção de modelagem; impressão de moldes; tudo aquilo que o industriário/comerciante não pudesse comprar isoladamente e serviços também. A região do Agreste se desenvolveu muito na cultura da cópia. Precisa ser modificada. O centro tecnológico poderia desenvolver produtos. O centro poderia servir de apoio ao desenvolvimento de produtos. No geral o CT da Moda, ponto de vista de puxar a tecnologia no segmento que é vocação na região, deve ter a iniciativa privada no centro tecnológico, mas o governo tem o seu papel de prospector e deve fazer investimentos para que equipamentos, serviços e desenvolver pesquisas, direcionem para que o setor cresça. É modesta. O volume de serviços é muito pequeno. São feitos cursos, palestras, que poderiam ser feitas em qualquer lugar. Até algum tempo atrás existiam algumas empresas incubadas. Não sei se ainda existem. Haviam serviços na área de design, em software de plotagem para corte. Até algum tempo atrás quando tive meus contatos havia esse serviço lá (Entrevistado A, 2007).

SENAC“O CTA deve ter a função de unir. Justamente todos os parceiros bem articulados. O Centro deve ser o maior interessado no Pólo de Confecções de Caruaru. É um Centro de Moda. Têm outros papéis, mas isso fortalece muito a cidade. Mas o CTA não tem atuado em sua plenitude. Tem muito a se desenvolver, pois depende muito da pessoa que está à frente. De procurar o caminho, de estar sempre por dentro do que está acontecendo. Trazendo os parceiros para junto. Agregando outras pessoas. Há um leque enorme de possibilidades. Dessa forma, acredito que ganharia como Centro Tecnológico e a região também. O CTA precisa aparecer mais, ele não está em sua plenitude (Entrevistado E, 2008).

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Fonte: elaboração própria

6. Conclusões

A modelagem do estudo da gestão dos CTs em Pernambuco foi delineada em termos do desenho das políticas de desenvolvimento local fortemente influenciada pelo impulso dado à regionalização da ciência e tecnologia em Pernambuco, envolvendo uma ação articulada entre as esferas federal, estadual e municipal, visando a estratégia da interiorização do conhecimento. Ações conjuntas do Ministério da Educação, com a implantação de campus universitário no Agreste, assim como da Universidade de Pernambuco dão sentido à discussão em torno do Programa dos Centros Tecnológicos do Governo de Pernambuco.

O que se fez com apoio da dinâmica do capital social, pela qual se fez a reflexão visando entender o esforço realizado para se incorporar diferentes atores institucionais ao quadro de racionalidade institucional da gestão pública, ela mesma colocada frente ao desafio de promover o desenvolvimento com seus agentes burocráticos, encarregados de elaborar e implementar programas governamentais, a exemplo do estudo ora relatado. Porém, com a missão de aperfeiçoar o aparato organizacional e de promover a relação Estado x sociedade, de modo compatível com a das práticas em rede. Por conta disso, foram levantadas questões básicas acerca da existência do capital social nas redes de relacionamentos dos stakeholders dos CTs, no pressuposto de sua influência sobre o ciclo de conhecimento em uma ambiência de inovação.

Neste sentido, a própria experiência de criação e institucionalização desses arranjos institucionais, diga-se de um arranjo local, com a especificidade estudada, já significa captar reflexos de uma inovação levada a efeito em uma era recente da história de Pernambuco, Também merece atenção, a forma como se procedeu, pelo modo sustentado de ação mobilizadora de iniciativas de atores estatais e sociais. Assim, dentre os resultados obtidos na pesquisa, torna-se preciso frisar que é bem promissora a identificação de sinergias e de evidências de uma rede de cooperação entre os atores investigados, sobretudo no tocante à Educação Profissional, dando margem à formação de uma promissora base local de conhecimento, fato que exigirá esforços expressivos e de longo prazo dos agentes econômicos e sociais.

Como é sabido, a constante e recíproca interação visando a apropriação de conhecimento e sua difusão não é fato comum, a menos que sejam estimuladas tanto a capacidade humana como a gerencial e a institucional para que isso venha a acontecer. Como sugere Albagri (2006), a economia do aprendizado envolve a aquisição e a construção de diferentes tipos de conhecimentos, experiências, competências e habilidades, não se limitando simplesmente ao acesso à informações. Ou seja, não se trata de “transferir” informação e conhecimento, mas de um processo de interação e comunicação, de que resulte a construção de novos conhecimentos e informações. Isto em um contexto de reconhecida cobrança de aumento da articulação com o setor produtivo, que, no caso do Agreste, de acordo com o trabalho de Cabral (2007), remonta a um crescimento de um aglomerado de confecções muito mais decorrente de iniciativas empresariais e de agentes informais, do que propriamente da intervenção estatal, arriscando-se a premissa de que se tratou de um desenvolvimento regional autônomo. Tanto é que, chama a atenção o papel do governo de Pernambuco, ao investir, na última década na Região de Desenvolvimento ora focalizada, ao lado da presença do sistema S e dos que acreditaram no sucesso do que é conhecido como a Rota da Moda.

Desta forma, o trabalho ora apresentado, não poderia deixar de ressaltar a importância assumida pelas instituições de fomento e de apoio empresarial, ensejando que assumam papéis de parceiros ativos na consecução do processo de desenvolvimento, configurando uma gestão compartilhada. Nela, a primazia neoinstitucionalista do Estado continua valendo como forte agente da tríplice hélice, apontada como expandida, a título de destaque dado a

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incorporação de agentes empresariais, ao lado dos que são originários de comunidades que passaram a ser alavancadas nesse ciclo de conhecimento investigado, que se acredita, tortuoso, porém facilitado pelas condições favoráveis criadas em um contexto de sinergia e inovação.

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