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Page 1: 347a em Enfermagem primeiro semestre 2014) - ufjf.br§a-em-Enfermagem.pdf · DISCIPLINA ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM II LIDERANÇA EM ENFERMAGEM Bernadete Marinho Bara De Martin

(admII/sem1/2014)

UNIVERSIDADE FEDERALDE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENFERMAGEM

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM BÁSICA DISCIPLINA ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM II

LIDERANÇA EM ENFERMAGEM

Bernadete Marinho Bara De Martin Gama

Objetivos: Compreender o significado da liderança para o trabalho do enfermeiro; conhecer os fundamentos de liderança e sua importância para o desenvolvimento do trabalho em equipe na enfermagem; discutir a influência dos estilos de liderança no trabalho em equipe,na prática de enfermagem e seus reflexos no cuidar.

Fonte: https://www.google.com.br/ O mercado está em busca de profissionais que sejam muito mais do que líderes de equipes.As organizações querem alguém que articule e envolva pessoas, sim.Mas não se trata apenas de subordinados. Elas estão à procura de gente que consiga influenciar chefes, pares e colegas de outras áreas. E que saiba exatamente por que está fazendo isso.O líder agora vai além da gestão de pessoas para ser efetivo na entrega de resultados, na construção de uma relação com os clientes e com o mercado. Deve principalmente, ser líder de si mesmo. Isso significa ter um plano de carreira consistente e coerente com os próprios valores e, claro, encontrar muito prazer no que faz. Esse é o perfil do líder completo. O conceito de liderança evoluiu. É preciso ir além. (Macucci,J.V., 2007)

I.Introdução

- Os desafios organizacionais de hoje exigem cada vez mais profissionais qualificados e a liderança vem como um dos principais requisitos para o enfretamento das situações e alcance de resolutividade nas instituições/organizações. - A liderança efetivamente renovadora é a que vai construir grupos autônomos e maduros para atender clientes com excelência. É mais pertinente do que nunca instrumentalizar gestores para que suas gestões tenham visões mais abrangentes do que apenas a obtenção de resultados. A liderança necessária para o nosso momento é a que obtém comprometimento para resultados e ao mesmo tempo busca o crescimento das pessoas. - Saber trabalhar no mercado globalizado, levar em conta os relacionamentos e o trabalho em equipe/time e adaptar-se rapidamente às mudanças, são atributos necessários àqueles que vão exercer cargos de liderança no mundo de hoje e no futuro. - Dizer que vivemos um tempo de grandes mudanças é “chover no molhado”, pois todos já o sabemos, no entanto a novidade é o desafio de se trabalhar os recursos humanos, tarefa muito mais humana e complexa, que visa contribuir para ampliar o campo de consciência de cada um dos colaboradores de suas organizações. - Sabemos que ninguém motiva ninguém, podemos, no máximo contribuir, de modo a facilitar que o outro perceba onde se encontra em relação ao seu momento de desenvolvimento. Assim, o próprio indivíduo pode ou não motivar-se a realizar um movimento em direção às mudanças, que ele mesmo deve fazer em seu perfil profissional/pessoal. ___________________________________________________________________________________

Texto elaborado como Material Instrucional para a Disciplina Administração em Enfermagem II. Curso de Graduação em Enfermagem. Faculdade de Enfermagem. Universidade Federal de Juiz de Fora. 01/2014

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- E o enfermeiro não tem como negar sua parcela de participação e compromisso nesse contexto, no qual o desenvolvimento do potencial do ser humano no trabalho será o grande diferencial das organizações. E é justamente aí que entra o líder, cabendo a ele demonstrar, por meio de seu próprio exemplo, a possibilidade de crescimento para mudança. Cabe ao enfermeiro enquanto líder, ser um facilitador desse processo de aprendizagem, criando um ambiente no qual seus colaboradores possam compreender seu passado, entender seu propósito nas organizações e vislumbrar novas possibilidades. - Assumir a liderança do trabalho de enfermagem, como instrumento de direção, é compromisso do enfermeiro fundamentado na Lei 7.498 de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem. Vejamos o que o Art. 11 da referida Lei apresenta: O enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe: I - privativamente: a) direção do órgão de unidade de enfermagem; b)organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços. - A figura abaixo ilustra a relação de liderança, enquanto desdobramento da função de direção, com as demais funções administrativas para subsidiar o processo de trabalho do enfermeiro.

Fonte: https://www.google.com.br

II. A Liderança em Enfermagem - De acordo com Trevizan (2007), uma grande dificuldade ao se discutir a questão da liderança, é que esse termo tem significados diferentes mesmo entre os próprios administradores. Uns entendem a liderança como organização, outros a consideram como sinônimo de gerência e há os que a vinculam aos aspectos informais da organização, acreditando ser seu objeto as relações humanas no trabalho. - Para Marquis e Huston (2010), é necessário procurar entender a relação entre liderança e administração, e aí devemos examinar o que caracteriza os gerentes e os lideres. O que se deseja é que o gerente seja de fato um líder. Observe o quadro a seguir apresentado por estes autores.

GERENTES LÍDERES Têm uma posição determinada na organização formal.

Freqüentemente não têm autoridade formal, mas obtêm seu poder por intermédio de outros meios, como por exemplo, a influência.

Têm uma fonte legítima de poder formal oriundo de sua posição.

Têm maior variedade de funções que os gerentes.

Espera-se deles que executem funções, tarefas e responsabilidades específicas.

Freqüentemente não fazem parte da organização formal.

Dão ênfase ao controle, à tomada de decisões, à análise e aos resultados.

Concentram-se nos processos grupais, na coleta de informações, no feedback e na delegação de poderes.

Manipulam os indivíduos, o ambiente, o dinheiro, o tempo e outros recursos para atingir os objetivos organizacionais.

Dão ênfase às relações interpessoais.

Têm maior responsabilidade formal em relação à racionalidade e controle que os líderes.

Dirigem seguidores dispostos a colaborar.

Dirigem subordinados que tanto podem ser bem colaborativos como pouco cooperativos.

Têm objetivos que podem ou não refletir aqueles da organização.

Fonte: (Marquis e Huston,2010) - O conceito de liderança é muito mais abrangente e alguns autores apontam que a característica principal que distingue uma organização bem sucedida das organizações mal sucedidas é uma liderança dinâmica e eficaz. - O termo “líder” é usado desde o século XIV, mas a palavra “liderança” não era conhecida na língua inglesa até a primeira metade do século XIX. Segundo ainda Marquis e Huston (2010), desde a

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definição técnica de Chapin (1924), “liderança é um ponto de polarização para a cooperação do grupo”; muitas outras definições têm surgido, e não há uma única que aborde de forma ampla e suficiente todo o processo de liderança. - Robins (1991), define liderança como “o processo de estabelecer formas de pensar e ensinar aos outros como desenvolver suas totais capacidades modificando as crenças que as têm limitado”. - Para Chiavenato (1999), a liderança é um fenômeno tipicamente social que ocorre exclusivamente em grupos sociais e organizacionais e a define como “uma influencia interpessoal exercida numa dada situação e dirigida através do processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos. Os elementos que caracterizam a liderança, e que afetam portanto a liderança do enfermeiro, são quatro, a saber: a influência; a situação; o processo de comunicação; os objetivos a alcançar. - Segundo Fleishman citado por Chiavenato (1999), a liderança é uma tentativa, no âmbito da esfera interpessoal, dirigida por um processo de comunicação, para a consecução de alguma ou algumas metas. A clareza e a exatidão do processo de comunicação afetam o comportamento e o desempenho dos liderados. - O líder eficaz terá que lidar com indivíduos, grupos e metas e essas eficácia será considerada em termos de grau de realização de uma meta ou combinação de metas. O líder servira ao grupo/equipe como um instrumento para ajudar a alcançar os objetivos. - Durante algum tempo considerou-se que a liderança era uma qualidade pessoal originada da própria personalidade do indivíduo, e hoje aceita-se a existência de fatores determinantes e que interferem na capacidade de liderança como a posição hierárquica, a competência profissional e a personalidade. - Segundo Michael Useem (1998), professor de Liderança da Wharton Business School nos Estados Unidos, citado em VOCÊ S.A. (abril/1999) são nove os princípios da liderança.

Princípios de Liderança 1. Conheça a si mesmo Entender seus valores e onde quer chegar irão garantir que você

saiba que direção tomar. 2. Explique-se Somente assim os funcionários poderão entender onde você quer

chegar e se querem acompanhar. 3. Exija o máximo Exigir o melhor é um pré-requisito para obtê-lo. 4.Busque o comprometimento Obter consenso antes de uma decisão irá mobilizar aqueles dos

quais você depende após tomar a decisão. 5. Comece já Obter apoio hoje é indispensável, se você planeja lançar mão dele

no futuro. 6. Prepare-se Buscar tarefas variadas e desafiadoras agora irá desenvolver

confiança e habilidades que serão necessárias mais tarde. 7. Aja com rapidez A inércia é sempre tão desastrosa quanto a ação imprópria. 8. Encontre-se Para usar seu potencial de liderança é necessário que você

combine seus objetivos e talentos à empresa certa. 9. Mantenha-se firme A fé em sua visão irá assegurar que seus seguidores permaneçam

inabaláveis na busca de seus objetivos. Fonte: (Michael Useem,1998)

� A liderança é um processo contínuo de escolha e ao ajudar o grupo a lidar com escolhas, a liderança passa a ser também considerada uma questão de processo decisorial. Assim, o enfermeiro tem no planejamento, como unidade de direção, um forte subsídio para o processo de tomada de decisão e para o exercício de sua liderança. O enfermeiro líder é aquele que mesmo não dispondo de qualquer autoridade estatutária – organização formal é aceito e respeitado, porque é capaz de unir o grupo e transforma-lo em equipe/time de trabalho, de representá-lo e de conduzi-lo coeso para a busca de seus objetivos e anseios compartilhados, de manter relações interpessoais positivas. Chiavenato (1999) aponta alguns traços de personalidade desejáveis no líder: inteligência, otimismo, calor humano, comunicabilidade, mente aberta, espírito empreendedor, habilidades humanas, empatia, assunção de riscos, criatividade, tolerância, impulso para a ação, entusiasmo, disposição para ouvir, visão do futuro, flexibilidade, responsabilidade, confiança, maturidade, curiosidade e perspicácia.

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�Estilos de Liderança - Vejamos este fragmento de texto sobre Perfil de liderança de Noely de Carvalho David (2003): “Antes de falarmos sobre o perfil, temos que entender o que é ser líder e, de uma vez por todas, desvincular o conceito de cargos ou posições que detêm poder nas estruturas hierárquicas. Numa definição simplista “líder é todo aquele que obtém resultados com, para e por intermédio das pessoas”. Esse é um desafio que requer um perfil diferenciado, que já se distancia do perfil técnico. O líder da atualidade não tem todas as respostas, mas deve ter todas as perguntas, para permitir que as respostas sejam criadas pela sua equipe. Estimular a criatividade e inovação, o desaprender para reaprender, torna-se uma característica importante nesse novo perfil. Outro fator determinante é o envolvimento total; a “paixão” como tem sido chamada, é a única forma de um líder contagiar as pessoas e conduzi-las a resultados efetivos. Não estamos nos referindo a “falar o que deve ser feito, com entusiasmo”, mas a liderar pelo exemplo, ser o reflexo do comportamento esperado dos liderados. Compete, também, a esse líder, saber identificar e reconhecer os potenciais, ser o fio condutor do processo de desenvolvimento de sua equipe. Técnicas para isso são facilmente aprendidas, estão à disposição no mercado. Porém de nada adiantam sem a pré-disposição pessoal, inclusive em compartilhar seu poder. A liderança eficaz se estabelece, ainda, com o entendimento e a valorização das diferenças, de forma a otimizar as competências individuais, extraindo de cada um o seu melhor, gerando melhores resultados para a organização e aumento no nível de satisfação dos profissionais. O líder de nossos tempos sabe que reter talentos só é possível se for instalado um ambiente de total transparência e confiança; se os compromissos forem claramente definidos; se os valores forem explicitados e compartilhados, sendo ele seu grande disseminador. Esse líder administra o hoje enquanto constrói o amanhã e seu principal desfio é “ser líder de futuros líderes”.

- Na medida em que se desenvolveu o estudo sobre a liderança, a pesquisa afastou-se do estudo das características do líder para dar maior ênfase nas coisas que ele fazia, quais as maneiras e estilos de se comportar adotados pelo líder, e assim definir o estilo de liderança do líder. - Alguns autores referem-se à liderança carismática, paternalista, maquiavélica, entre outros, porém os estilos de liderança mais divulgados e estudados na atualidade são os apresentados a seguir.

Aspectos Liderança Autocrática Liderança Liberal/ Laissez-

faire Liderança Democrática

Tomada de Decisões

Apenas o líder decide e fixa as diretrizes, sem nenhuma participação do grupo.

Total liberdade ao grupo para tomar decisões, com

mínima intervenção do líder.

As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo, que é estimulado e orientado pelo

líder. Programação dos Trabalhos

O líder dá ordens e determina providências para a execução de tarefas, sem explica-las ao grupo.

Participação limitada do líder. Informações e

orientações são dadas desde que solicitadas pelo

grupo.

O líder aconselha e dá orientação para que o grupo esboce objetivos e ações. As tarefas ganham perspectivas

com os debates.

Divisão do trabalho

O líder determina a tarefa a cada um e qual o seu companheiro de

trabalho.

A divisão das tarefas e escolha dos colegas são

do grupo. Nenhuma participação do líder.

O grupo decide sobre a divisão das tarefas e cada

membro tem liberdade para escolher os colegas.

Comportamento do Líder

O líder é dominador e pessoal nos elogios e nas críticas ao grupo.

O líder assume o papel de membro do grupo e atua

somente quando é solicitado.

O líder é objetivo e limita-se aos fatos nos elogios ou críticas. Trabalha como orientador da equipe.

Fonte: (Adaptado de CHIAVENATO, 1999). - Fazendo uma correlação entre os 3 estilos de liderança e a postura do subordinado, Chiavenato (1999), nos apresenta o seguinte quadro:

Líder Autocrático (Chefão)*

Líder Liberal (Mero colega)

Líder Democrático (Impulsionador)*

Manda, impõe, exige, coage.

Ausenta-se, omite-se, ignora, deixa ficar.

Orienta, estimula, ensina, ajuda.

� � � Subordinado Subordinado* Subordinado*

Obedece, aceita cegamente, desconhece

Faz o que quer e quando quer.

Colabora, participa, sugere, decide, ajuda, coopera.

(Obs.: Os * indicam predominância)

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- No exercício da liderança o enfermeiro utiliza os 3 estilos de acordo com a tarefa/atividade a ser desenvolvida, a situação e as pessoas, pois ele tanto determina o cumprimento de ordens, como sugere a seu pessoal a realização de certas atividades e ainda consulta a equipe antes de tomar alguma decisão. O desafio está, portanto em saber quando aplicar cada estilo, com quem e em que circunstâncias e tarefas a serem desenvolvidas.

� Kurcgant (2010) apresenta o Modelo Contingencial – Situacional de Liderança, que adota o conceito do comportamento adaptativo do líder, e considera que os diferentes estilos podem ser eficientes ou não, dependendo dos elementos envolvidos na situação. A liderança é considerada um fenômeno que surge à medida que o grupo se forma e de desenvolve. Assim, o papel que um individuo assume no grupo é determinado pelas necessidades do próprio grupo, pelas características de cada um que pertence a esse grupo e pela maneira como essas são percebidas pelo grupo como um todo. Em conseqüência dessa situação, “desaparece o líder” e surgem diferentes lideres em diferentes situações e momentos de vivência do próprio grupo, e isso vai caracterizar a liderança situacional. Não podemos negar a importância da interação entre indivíduo e meio, e a abordagem e estilo de liderança é uma conseqüência dessa interação. � A mesma autora afirma ainda que para o reconhecimento de como ocorre a liderança em enfermagem , faz-se necessário compreender o ambiente organizacional onde a liderança se desenvolve. � A estruturação dos serviços de enfermagem segue, na grande maioria das instituições, modelos tradicionais característicos das Escolas Científica e Clássica da Administração, onde existe um grande apego às regras, normas e a seu cumprimento. E assim, o enfermeiro desenvolve sua prática assumindo com freqüência cargos de chefia e a liderança do grupo de enfermagem, formalizando seu papel intermediário na estrutura organizacional das instituições. � Considerando que as necessidades dos pacientes estão continuamente se alterando e crescendo em complexidade, que as expectativas e necessidades das instituições e da equipe de enfermagem também passam por profundas e sérias modificações, o enfermeiro se sente desafiado para o exercício de uma liderança incisiva, o que ira determinar a eficácia de seu trabalho como um todo. � Ao conceder à equipe mais autoridade e ferramentas para executarem o serviço, o enfermeiro amplia sua liderança e o funcionário adquire maior incentivo para trabalhar. Com a obtenção de resultados o funcionário desenvolve condições para adquirir mais poder e fazer um trabalho ainda mais positivo. E o mesmo acontece com a liderança do enfermeiro, pois não se trata apenas de ter seguidores, mas principalmente de saber quantos lideres se conseguiu criar entre esses seguidores. Quanto mais a liderança existir, mais eficiente será a liderança do enfermeiro responsável pelo serviço de enfermagem, pois difundir liderança não é apenas questão de delegar trabalho.

���� “Seja um líder completo - esteja de bem com a vida” (DINIZ , 2007)

Mais do que um gestor de pessoas, as empresas querem alguém que dê resultados, conheça bastante o cliente e o mercado, fale a língua do acionista - e ainda esteja de bem com a vida. Revendo a trajetória da liderança em enfermagem e sua relação com as Teorias da Administração Geral, vale a pena lembrar o perfil de líder de cada um destes momentos. Vejamos:

1950 / 1970 1970 / 1980 1970 / 1980 1980 /1990 Líder nato Líder comportamental Líder situacional Líder completo

Nesta época acreditava-se que alguns profissionais nasciam com o dom de liderar.Características: ambição,integridade e autoconfiança e profundo conhecimento técnico.Embora há alguns que acreditem nisso, os especialistas dizem que esse conceito é um mito.

Aqui surgem os líderes voltados para os resultados e para as pessoas.Essa teoria deu origem ao Managerial Grid ( grade gerencial), que classifica as pessoas em eixos (produção x pessoas).Daí nasceram rótulos como 9/9 ( nota máxima em resultado e em gestão de equipes). Já o 1/1 era o fracasso total.

Detectaram-se falhas no modelo anterior.Um líder 9/9 acabou levando uma empresa à ruína, enquanto o 1/1 levantou um negocio de forma brilhante.O que fez a diferença ?A situação.O líder situacional surge porque traz resultados num cenário específico, desenvolvendo pessoas.

Agora o conceito de liderança exige nova postura profissional. O líder traz resultados, constrói relação com os clientes e o mercado, fala a língua do acionista, é exemplo na gestão de pessoas. E é líder de si mesmo.

Fonte: (DINIZ , 2007)

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�Liderar é um ato de coragem - liderança é só para quem tem coragem! Coragem implica em sair do lugar, arriscar, tentar, mexer-se e não se acomodar. O líder é exatamente aquele que desacomoda, que interfere positivamente no status quo, que mobiliza as pessoas, que define as metas, mostra e busca junto os caminhos e faz com que todos tenham vontade e orgulho de caminhar ao seu lado. Por isso, afirmo que liderar é um ato de coragem! Nem sempre o líder será aceito por todos ou suas idéias serão assimiladas. Nesta hora é fundamental coragem para aceitar críticas e, se necessário, mudar. O grupo percebe aquele que titubeia diante de uma decisão. A pior coisa que pode acontecer a um "líder" é não ter o respeito de sua equipe. Sabemos que a verdadeira liderança não se conquista pela força opressiva, mas pelas atitudes de coragem reconhecidas pelos liderados. É importante ressaltar que coragem nada tem a ver com impulsividade. A primeira é um ato planejado, estruturado, com um alvo a se alcançar. Daí o indivíduo utiliza esta força para superar os desafios e alcançar suas metas. A segunda é resultante do descontrole que, conseqüentemente, trará um resultado imprevisível. O líder, antes de tudo, precisa ter a confiança de seus liderados e isso somente será possível com atitudes corajosas e não impulsivas. Imagine uma situação de risco: um incêndio, por exemplo. Líder é aquele que corajosamente organiza o grupo, orienta e tomas as decisões acertadas. Aqui está a diferença: ele toma as decisões corretas! Mas como saber que as decisões foram as melhores? Simples: ele atua com determinação, planejamento, senso crítico e não por impulso. O líder tem que prever o futuro, imaginar as possibilidades, enxergar o que ainda não veio. Assim, poderá tomar as atitudes acertadas e com isso garantir sua eficácia na condução de equipes (MARTINS, 2003). �Comunicação:ferramenta fundamental para o líder Uma das principais habilidades que formam um líder é a de se comunicar e se relacionar com as pessoas, haja vista que um líder vende suas idéias, influencia, motiva, conduz, incentiva, levanta o ânimo, representa o grupo, define, compartilha, ouve, tem sensibilidade para perceber as diferenças individuais, adequa-se ao contexto. Além disso, é bem quisto, respeitado e admirado. Ora, estamos falando da capacidade do líder em se comunicar com os seus liderados (lembre-se que para haver um líder é fundamental que haja liderados), ou seja, outros seres humanos com seus objetivos pessoais, seus medos e suas carências. A habilidade de se comunicar é reflexo do seu poder pessoal de influenciar os seus liderados. A questão fundamental dessa reflexão é: Um líder é líder porque se comunica, ou, o desenvolvimento da capacidade de comunicação que torna alguém líder?Conhecemos muitas pessoas com grande capacidade de comunicação, mas não são líderes, todavia não conhecemos líderes que não saibam se comunicar. Um das principais realizações que um líder pode ter, é ajudar as pessoas no seu processo de mudanças e através das mudanças, vê-las prosperar e crescer. Para exercer tal influência de até modificar a vida das pessoas, o líder deve ter grande sensibilidade para perceber cada ser humano como verdadeiramente é, inspirar confiança de forma a ter seguidores (PASSADORI, 2003).

III. Liderança e Motivação - Servir é a chave da verdadeira liderança

- A qualidade essencial do líder não é a perfeição, mas a credibilidade. A liderança como construir relações de confiança. Os líderes verdadeiros não são o centro das atenções: na verdade, sendo possível eles evitam isso. Infelizmente, muitos líderes de hoje começam como “servos”, mas terminam como “celebridades”. Eles se tornam viciados em atenção, sem tomar consciência de que estar sempre sob os holofotes, acaba por deixar a pessoa “cega”. A autopromoção e a atividade de servir não se misturam: os verdadeiros líderes não agem pela aprovação e pelo aplauso dos outros. As pessoas devem ser capazes de confiar em você, caso contrário não o seguirão. - Como você constrói credibilidade? Não fingindo ser perfeito, mas sendo sincero (ROSSO et al.,2012). - Mantendo a motivação no trabalho de equipes � se a equipe está sem vontade, “amarelando” e perdendo cada vez mais a motivação, o líder precisa tomar uma atitude. Todo empreendedor é líder e como tal precisa entender como funciona a motivação no trabalho.

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Veja a relação entre Liderança e Motivação segundo Menegatti (2010) no gráfico a seguir:

Fonte: Menegatti (2010)

- Se no ambiente de trabalho encontra-se com freqüência alta rotatividade de funcionários, diminuição da produtividade, erros constantes, faltas, atrasos e justificativas sistemáticas, pessoas tristes, melancólicas, mal humoradas e frequentemente irritadas, desempenho a desejar, resultados aquém das metas definidas entre outros � provavelmente o grupo está sem motivação.

�Movimento e Motivação • Movimento é fácil e tem resultados rápidos (estímulo externo): quando alguém faz algo para

evitar punição, ganhar uma recompensa ou competição e o impulso inicial partiu de um terceiro e não dela própria, essa pessoa foi posta em movimento. Se não houvesse o estímulo externo ela não teria feito nada.

• Motivação é difícil e tem resultados duradouros (estímulo interno): se a iniciativa para realizações parte da própria pessoa por uma necessidade interior, se ela é levada a agir por um impulso interno, um desejo, então essa pessoa está motivada (mesmo que haja fatores externos colaborando para sensibilizar a pessoa no seu agir).

- Com a verdadeira motivação em cena, é possível transformá-la em ação voluntária constante, direcionada a metas e objetivos com a ajuda do processo educativo.Já no movimento, se os estímulos cessarem ou não forem progressivos, tudo volta a estaca zero, podendo até ficar pior do que estava antes, gerando insatisfação. Então é preciso cuidado e planejamento.

�Como liderar e motivar a equipe de trabalho: se a verdadeira motivação precisa vir de dentro de cada um, é um desejo interno, uma vontade espontânea, então ninguém motiva ninguém. Então como é que faz?! Não é possível ter controle sobre as vontades de outras pessoas, mas o trabalho também é um laboratório e dentro deste espaço é possível fazer mudanças visando alterações comportamentais, basta saber separar motivação genuína de movimento artificial. Somente sabendo separar os tipos de motivação é possível começar a catalogar as técnicas separando-as nas duas categorias: motivação e movimento. Assim pode-se criar um plano de motivação, estimulando quando necessário o ’movimento’ inserido dentro de uma plataforma contínua de ‘motivação genuína’ (Menegatti, 2010).

� A Clark Wilson Group, empresa que atua a mais de vinte anos, como líder na área de diagnóstico organizacional, desenvolvendo Inventários de Competências e realizando pesquisas, com sede em Silver Spring, Maryland/EUA, propõe o Ciclo de competências de liderança. O “Inventário de Competências de Liderança” (ICL) é um instrumento específico para diagnosticar as competências críticas que configuram o processo de liderança. O ICL proporciona um feedback de amplo espectro para o líder. Permite a comparação da percepção do líder sobre ele próprio com a de seus subordinados, seu superior imediato e seus pares ou clientes. Este é o Processo 360º (Clark Wilson Group, 2007).

�As competências mensuradas abrangem os três principais vetores da liderança efetiva: a visão do líder, sua sensibilidade para perceber as necessidades de mudança e sua habilidade de Implementação dessas mudanças.

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O Ciclo de Competências de Liderança da Clark Wilson Group aborda as seguintes fases:

Fonte: Clark Wilson Group, 2007

Ciclo de Competências de Liderança (Clark Wilson Group, 2007) I. Visão empreendedora • A Visão / Imaginação, Riscos/ Ousadia

II. Liderança para mudança • Sensibilidade organizacional, Encorajando a participação

III. Obtenção de comprometimento • Espírito de Equipe, Persuasão

IV. Sensibilidade Pessoal • Feedback

V. Implementação ( Drive) • Padrões de desempenho, Energia, Perseverança

VI. Reconhecimento do Desempenho • Compartilhando Crédito

VII. Impacto Residual • Efetividade/ Resultados, Lidando com Tensão, Credibilidade

VIII. Fontes de Influência • Fonte de poder Temporário, Fonte de Poder Permanente

IV. Considerações Finais

“Uma empresa é formada por pessoas.Uma empresa líder é formada por pessoas que a tornaram líder e, consequentemente, exercem grande influência sobre as demais pessoas, não só na visão dos negócios, mas principalmente na canalização de esforços e direcionamentos das atitudes para que objetivos sejam alcançados.Entre as características principais que tornam uma pessoa líder, ou seja, a capacidade de influenciar o comportamento humano destaca-se: consciência da missão; capacidade de pensar grande e ser um visionário; capacidade de tomar decisões; capacidade de administrar mudanças;sensibilidade;flexibilidade (PASSADORI, 2003). “Trabalhar em equipe é fator essencial para se conseguir realizar mais por meio de pessoas. As pessoas maximizam seu potencial quando trabalham em conjunto dentro de um espírito de unidade e de harmonia, voltadas para uma meta ou propósito comum. Quando isso ocorre, desenvolve-se uma capacidade maior que a soma das capacidades individuais”. É isso que nos diz Willingham (1999), e que acreditamos ser fator essencial para o desencadeamento do processo de liderança. A atividade de liderança é basicamente uma atividade de direção, ativação, comunicação e coordenação, e o enfermeiro deve buscar junto a equipe alcançar as metas necessárias à sobrevivência das pessoas/profissionais e do serviço/instituição, gerenciando os processos e sobretudo inspirando e guiando os indivíduos ou grupos/equipes. Para se pensar em liderança em enfermagem, é necessário primeiro pensar em equipes/times de trabalho, que constituem base para o exercício da própria liderança. Assim, o enfermeiro com

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competência em liderança deve articular e despertar o entusiasmo por uma visão ou missão compartilhada, adiantar-se para liderar quando necessário, independentemente de sua posição, guiar mo desempenho de outras pessoas, mantendo-as responsáveis pelo que fazem e liderar dando exemplo, com coerência, competência técnico-científica e humana e com postura profissional na observância dos princípios éticos. “Só assim, ele estará em condições de ocupar seu verdadeiro lugar, sensibilizando e energizando” as pessoas, mas não as empurrando na direção certa, como se fossem mecanismos de controle, e sim satisfazendo suas necessidades humanas básicas de realização, transmitindo a elas a sensação real de ser parte integrante, um sentimento de controle sobre a própria vida e a capacidade de corresponder aos seus ideais. A liderança desse tipo será, sobretudo um “ofício emocional”.

“Um líder é aquele que sabe como ajudar as pessoas a atingir o máximo de si mesmas” (Willinghan, 1999)

“Gente é mais importante que processos; gente sim. Processos não pensam, sentem ou criam. Gente, sim. Antes que processos possam ser melhorados, nossa gente deve ser melhorada".

(Willinghan, 1999)

“... líder é aquele que sabe o que quer, e quer o que sabe. Saber o que quer significa ter um sonho. É um louco com uma idéia. Kennedy querendo colocar o homem na lua, Gandhi querendo libertar a Índia. O sonho que vai orientar as opções. A partir daí, a característica do líder é que ele é seguro nas escolhas que faz. E o líder quer o que sabe. Ele quer a mudança e não a glória de ter feito a mudança. Numa reunião, tem um cara que está falando fatos com uma certa superficialidade. Se eu quiser a glória da mudança, mostro em público que ele não está sabendo. Se eu quiser a mudança, chamo-o em particular para que ele, em público, faça bonito. É o levantador do vôlei, o que faz assistência no basquete. Eu quero que o time ganhe. Se sou assim, sou capaz de ouvir, de delegar, de reconhecer.” (P. Gaudêncio, 1999) V. Referências CHIAVENATO, I. Administração nos Novos Tempos, MAKRON Books, São Paulo, 1999.

DINIZ, D. Seja um líder completo esteja de bem com a vida. Voce Sa. Julho/07

GAMA, B.M.B.D.M. Liderança em Enfermagem . Apostila de Curso. Administração em enfermagem. Faculdade de enfermagem. UFJF,2012.

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TREVIZAN, M.A. Liderança do Enfermeiro: O Ideal e o Real no Contexto Hospitalar, Sarvier, São Paulo, 2007. USEEM M. A hora de Ser Líder, In: VOCÊ S.A. São Paulo, Ano 1, nº10, abril/99. VIANNA, M.A.F. O Primeiro Grande Desafio., In:Talento, São Paulo, nº149, outubro/99. WILLINGHAM, R. Gente – O Fator Humano – Uma revolucionária Redefinição de Liderança, Educator, São Paulo, 1999.

VI.Leitura Recomendada

HUNTER, J.C. O Monge e o Executivo - uma história sobre a essência da liderança . Rio de Janeiro . Ed. Sextante. 2004 HUNTER, J.C. Como se tornar um líder servidor. Rio de Janeiro . Ed. Sextante. 2006.

Page 10: 347a em Enfermagem primeiro semestre 2014) - ufjf.br§a-em-Enfermagem.pdf · DISCIPLINA ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM II LIDERANÇA EM ENFERMAGEM Bernadete Marinho Bara De Martin