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Administração e Análise Financeira e Orçamentária 2 Prof. Isidro Copyright Pereira, F. I. Atividade Individual 21: Análise Natureza da Atividade: Questões para discussão Assunto: Ética financeira, empresas em recuperação judicial, fator de insolvência, gestão de capital de giro e overtrading. PRÁTICA DA TEORIA # 5 1 – Por trás da moda há um submundo de exploração Colapso de prédio com confecções em Bangladesh expõe o amplo uso da mão de obra barata, apesar da falta de segurança e da miséria dos operários No mundo da moda, campanhas de publicidade apresentam jovens conscientes das dimensões sociais do mundo, do desafio ecológico e mesmo do respeito à diversidade. Mas suas cadeias de produção escondem um submundo corroído pela exploração da mão de obra barata e por condições deterioradas de fábricas. Agora, essa situação começa a ganhar contornos políticos - e até religiosos - que ameaçam governos. O colapso de um edifício em Bangladesh no final de abril, deixando mais de 1,2 mil mortos e mais de 2 mil feridos (mais informações nesta página), abriu as feridas do setor têxtil e da moda, que nos últimos anos embarcou na busca por fornecedores de baixo custo para poder colocar no mercado camisas, calças e centenas de outros artigos a preços baixos. Temendo prejuízos globais diante das tragédias, empresas de todo o mundo se apressaram na semana passada a assinar acordos com sindicatos se comprometendo em garantir a segurança de seus funcionários. Especialistas afirmam que a atitude tem muito mais a ver com salvar a imagem do setor que com os trabalhadores, que há anos alertam sobre as más condições nas fábricas. Já outros alertam que a ação pode ter sido tardia. Em Bangladesh, protestos se proliferam e grupos islamistas já usam o acidente para mobilizar um movimento para depor o governo. O país asiático transformou-se na última década no segundo maior fornecedor de produtos têxteis do mundo, com 3,5 mil empresas exportando, 4 milhões de trabalhadores e investimentos externos no valor de US$ 19 bilhões. Mas a chegada dos investimentos só ocorreu graças a um fator: 90% desses trabalhadores ganham apenas US$ 1,1 por dia, o que permite à indústria têxtil mundial a movimentar US$ 1 trilhão por ano e gerar lucros, mesmo em plena crise mundial. As multinacionais da moda não escolheram Bangladesh por acaso. O país tem o menor salário mínimo do planeta: US$ 38 por mês. Para o sindicato internacional IndustriALL, bastaria um aumento de US$ 0,02 no preço de cada camisa vendida no Ocidente para garantir que a renda dos trabalhadores em Bangladesh dobrasse. Com US$ 0,10 a mais, todas as 3,5 mil fábricas poderiam ser renovadas e estar dentro dos padrões europeus. Quando o edifício Rana Plaza desabou o impacto foi global. Algumas empresas rapidamente reconheceram seu envolvimento. Outras negaram mesmo depois que suas etiquetas foram encontradas ensanguentadas entre corpos - entre elas a italiana Benetton e a alemã Kik. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

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Page 1: 341tica da Teoria # 6) · 2013. 11. 7. · O Rana Plaza era o espelho da expansão descontrolada do setor no país. O prédio ganhou três andares suplementares para garantir uma

Administração e Análise Financeira e Orçamentária 2 Prof. Isidro Copyright Pereira, F. I. Atividade Individual 21: Análise Natureza da Atividade: Questões para discussão Assunto: Ética financeira, empresas em recuperação judicial, fator de insolvência, gestão de capital de giro e overtrading.

PRÁTICA DA TEORIA # 5 1 – Por trás da moda há um submundo de exploração

Colapso de prédio com confecções em Bangladesh expõe o amplo uso da mão de obra barata, apesar da falta de segurança e da miséria dos operários

No mundo da moda, campanhas de publicidade apresentam jovens conscientes das

dimensões sociais do mundo, do desafio ecológico e mesmo do respeito à diversidade. Mas suas cadeias de produção escondem um submundo corroído pela exploração da mão de obra barata e por condições deterioradas de fábricas. Agora, essa situação começa a ganhar contornos políticos - e até religiosos - que ameaçam governos.

O colapso de um edifício em Bangladesh no final de abril, deixando mais de 1,2 mil mortos e mais de 2 mil feridos (mais informações nesta página), abriu as feridas do setor têxtil e da moda, que nos últimos anos embarcou na busca por fornecedores de baixo custo para poder colocar no mercado camisas, calças e centenas de outros artigos a preços baixos.

Temendo prejuízos globais diante das tragédias, empresas de todo o mundo se apressaram na semana passada a assinar acordos com sindicatos se comprometendo em garantir a segurança de seus funcionários. Especialistas afirmam que a atitude tem muito mais a ver com salvar a imagem do setor que com os trabalhadores, que há anos alertam sobre as más condições nas fábricas.

Já outros alertam que a ação pode ter sido tardia. Em Bangladesh, protestos se proliferam e grupos islamistas já usam o acidente para mobilizar um movimento para depor o governo.

O país asiático transformou-se na última década no segundo maior fornecedor de produtos têxteis do mundo, com 3,5 mil empresas exportando, 4 milhões de trabalhadores e investimentos externos no valor de US$ 19 bilhões. Mas a chegada dos investimentos só ocorreu graças a um fator: 90% desses trabalhadores ganham apenas US$ 1,1 por dia, o que permite à indústria têxtil mundial a movimentar US$ 1 trilhão por ano e gerar lucros, mesmo em plena crise mundial.

As multinacionais da moda não escolheram Bangladesh por acaso. O país tem o menor salário mínimo do planeta: US$ 38 por mês. Para o sindicato internacional IndustriALL, bastaria um aumento de US$ 0,02 no preço de cada camisa vendida no Ocidente para garantir que a renda dos trabalhadores em Bangladesh dobrasse. Com US$ 0,10 a mais, todas as 3,5 mil fábricas poderiam ser renovadas e estar dentro dos padrões europeus.

Quando o edifício Rana Plaza desabou o impacto foi global. Algumas empresas rapidamente reconheceram seu envolvimento. Outras negaram mesmo depois que suas etiquetas foram encontradas ensanguentadas entre corpos - entre elas a italiana Benetton e a alemã Kik.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

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O Rana Plaza era o espelho da expansão descontrolada do setor no país. O prédio ganhou três andares suplementares para garantir uma maior produção. Mas, num país com falta de investimentos em energia, geradores muito pesados foram colocados no teto, vibrando 24 horas por dia. A capital, Daca, situa-se em uma zona de terremoto e, segundo a ONU, 72 mil edifícios não resistiriam a um desastre natural de magnitude 6.

Empresas como a inglesa Primark e a canadense Loblaw admitiram sua produção no prédio que desabou. Mas lançaram um desafio ao fato de que outras 28 empresas ocidentais estavam em silêncio sobre sua participação. Nos dias após o colapso, campanhas promovidas por ativistas reuniram mais de 1 milhão de assinaturas cobrando uma resposta das empresas têxteis ocidentais.

Depois de semanas de negociações, um acordo foi obtido na quarta-feira na Suíça, envolvendo gigantes como a H&M, Zara, Hennes & Mauritz AB, PVH, Tchibo, Tesco, Marks & Spencer, El Corte Inglés, Mango, Carrefour, Benetton, Esprit e C&A. O plano prevê que inspeções independentes sobre a segurança das fábricas serão realizadas e obras terão de ser feitas em locais que não cumpram padrões mínimos. As empresas Ocidentais ainda se comprometem legalmente a garantir a segurança dos trabalhadores e asseguram que o fornecedor que se recusar a seguir essa linha terá seu contrato suspenso.

Figura 1 – Pobreza: Fábrica em Bangladesh; salário mínimo de U$$ 38

Mas as empresas não deixam de atacar o governo de Bangladesh, apontando para inspetores que fazem visitas apenas para receber propinas e leis pouco transparentes sobre os direitos de trabalhadores.

A maior rede de varejo do mundo, o Walmart, rejeitou aderir ao acordo e disse que realizará de forma independente a vistoria sobre as 279 fábricas instaladas em Bangladesh. O problema é que essa não é a primeira vez que o Walmart faz tal promessa. Em novembro, uma outra fábrica foi destruída por um incêndio que matou 112 pessoas, levando o Walmart a anunciar que estava rompendo o acordo de fornecimento com a empresa.

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Fonte: O Estado de S. Paulo, 20.05.13 Pergunta-se:

a. Qual deve ser o objetivo primordial das empresas têxteis ocidentais? Por quê? b. Avalie a atitude das empresas em relação ao baixíssimo salário pago à mão de obra. Parece

ser uma atitude ética? c. A partir das informações fornecidas, que recomendações específicas você faria às empresas?

O caso que segue corresponde as questões de 2 a 4. A Mangels Industrial, fornecedora de rodas de liga leve de alumínio para montadoras, entrou com pedido de recuperação judicial.

Apesar dos esforços da administração com credores para solucionar a situação econômico-financeira, explicou em nota, o pedido tornou-se inevitável diante do insucesso na renegociação das dívidas com instituições financeiras em termos que permitissem a continuidade das atividades industriais do grupo.

O ajuizamento do pedido de recuperação judicial visa preservar o valor do conjunto empresarial, atender na medida dos recursos disponíveis às partes interessadas e, principalmente, assegurar a continuidade das atividades produtivas com pleno aproveitamento de seu potencial de negócios, afirma a empresa em documento.

A companhia, fundada em 1928 em São Paulo, começou a apresentar dificuldades financeiras em 2008, com a crise financeira internacional. A partir de então, não foi possível manter

PARA LEMBRAR

Desabamento matou 1,2 mil

O edifício Rana Plaza, em Savar, subúrbio de Daca, desabou na tarde de 24 de abril. Um dia antes, após uma vistoria, a polícia havia exigido a retirada dos trabalhadores, mas as confecções ignoraram a ordem. Ao fim das operações de busca, a contagem oficial de mortos ficou em 1.127. A costureira Reshma Begum virou um dos símbolos da tragédia ao ser resgatada após 16 dias soterrada nos escombros. Em novembro, um incêndio na fábrica Tazreen Fashions matou 112 trabalhadores

Nas ruas de Daca, nem mesmo o acordo acalmou os trabalhadores. Ao menos mil fábricas estão paralisadas pelos protestos que, segundo observadores, ganham dimensões políticas. Cerca de 70 deputados nacionais são donos de empresas do setor têxtil.

Gilbert Houngbou, vice-diretor da Organização Internacional do Trabalho, admitiu ao Estado que um dos temores é que a crise seja usada justamente por grupos islâmicos radicais para atrair a população frustrada pelas mortes e mobilizar um apoio popular suficiente para depor o governo. "Esse aspecto político é real", declarou.

Os militantes logo perceberam que poderiam aproveitar o sentimento de indignação para ganhar força. Manifestantes saíram às ruas e pelo menos 22 pessoas morreram em choques com a polícia. O governo sabe que os radicais estão usando a crise e vem apelando à comunidade internacional a não promover um boicote sobre as exportações do país. Daca teme que o abandono das empresas Ocidentais amplie a miséria, que apenas garantiria o avanço dos islâmicos.

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os níveis de crescimento e de aumento da produção até então obtidos, diz a empresa no pedido de recuperação judicial.

As dificuldades foram agravadas com a reversão do entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação a créditos prêmio de exportação obtidos no fim dos anos 90 e início da década de 2000. Para encerrar esse litígio com a Receita Federal, a Mangels teve de pagar R$ 54 milhões, em 12 parcelas, sendo a primeira em novembro de 2009.

O agravamento da crise na Europa em 2011 teve impacto direto na divisão de aços. Os preços no mundo todo, inclusive no Brasil, tiveram de ser reduzidos de 30% a 40%, afirma, no pedido de recuperação judicial. Esse fato resultou em prejuízo para o setor da Mangels - o primeiro em 20 anos de produção.

As margens negativas da divisão de aços prosseguiram em 2012, tornando-a insustentável. Dessa forma, a Mangels decidiu fechar a fábrica de São Bernardo do Campo (SP), que teve as operações gradativamente reduzidas até a paralisação em julho deste ano.

No início deste ano, a Mangels começou a renegociar sua dívida bancária e a implementar um processo de venda de ativos, como a fábrica desativada de São Bernardo. Entretanto, não obteve sucesso na discussão com os bancos, o que gerou enorme dificuldade na administração do fluxo de caixa.

A companhia tem registrado prejuízo desde o segundo semestre de 2011, com exceção do primeiro trimestre do ano passado, quando teve um pequeno lucro. Nos seis meses iniciais deste ano, a empresa acumulou prejuízo de R$ 9,3 milhões. Em todo o ano de 2012, o prejuízo foi de R$ 53,2 milhões; em 2011, correspondeu a R$ 11,6 milhões.

A receita líquida nos seis meses de 2013 soma R$ 229,75 milhões. Em todo o ano de 2012, o indicador ficou em R$ 474,3 milhões e, em 2011, em R$ 722,9 milhões. Os custos de produtos vendidos nos seis primeiros meses deste ano ficaram em R$ 205,138 milhões.

Fonte: Folha de S. Paulo, 01.11.13 2 – O que se pode inferir do caso? 01.Trata-se de um problema financeiro. 02.Trata-se da manifestação do efeito tesoura. 04.Trata-se de um descompasso econômico do fluxo de receitas. 08.Trata-se de overtrading. 16.Trata-se de um desequilibrio patrimonial. 32.Trata-se de um problema de passivo a descoberto. 64. Trata-se de efeitos colaterais decorrentes de um CGP inexistente. Soma: ________ 3 – O modelo desenvolvido por Stephen C. Kanitz, utilizando a orientação metodológica de análise discriminante para mensurar a solvência de uma empresa é constituído pela fórmula:

�� = 0,05�� + 1,65�� + 3,55�� − 1,06�� − 0,33�� Dicionário das variáveis:

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�� = Fator de insolvência �� = Lucro Líquido/Patrimônio Líquido �� = (Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo)/Passivo Exigível �� = (Ativo Circulante – Passivo Circulante)/Passivo Circulante �� = Ativo Circulante/Passivo Circulante �� = Exigível Total/Patrimônio Líquido Explique o comportamento de cada variável constituinte da fórmula acima descriminada tendo como referência o caso supra mencionado. 4 – Qual será o papel do gestor financeiro na Mangels Industrial? 5 – Observe o conteúdo da figura

Explique.

6 – A ThyssenKrupp vai investir R$ 100 milhões na construção de uma fábrica de componentes de motor em Poços de Caldas, no sul de Minas Gerais. No local, a empresa terá um inédito processo de produção no país, que integra em um único subconjunto os eixos de comando de válvula à tampa do cabeçote do cilindro.

No total, a Thyssen terá capacidade de fabricar peças para mais de 1 milhão de motores por ano de diversos tipos de veículos, desde carros de passeio a caminhões pesados. Toda essa capacidade inicial já foi contratada por um cliente. A empresa, contudo, não revela quem está por trás do primeiro contrato.

Paulo Alvarenga, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Thyssen, diz que a nova fábrica mineira foi projetada para receber mais duas fases de expansão no futuro. "A depender de novos contratos, a fábrica pode ser ampliada. Há espaço para a construção de novos galpões no

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terreno", adianta o executivo. A primeira linha vai ocupar apenas 6% de uma área de 200 mil metros quadrados.

A cerimônia de lançamento da pedra fundamental, que marca o início das obras, está agendada para a próxima quinta-feira. Se tudo sair dentro do cronograma, a produção será iniciada no primeiro semestre de 2015.

A Thyssen informa que, ao montar os eixos de comando diretamente na tampa do cabeçote, os subconjuntos serão até 30% mais leves do que as peças convencionais, o que pode contribuir para as metas de eficiência energética assumidas pelas montadoras no novo regime automotivo. Como contrapartida aos incentivos fiscais concedidos pela política automotiva - editada em outubro do ano passado -, os fabricantes se comprometem a tornar os carros, no mínimo, 12% mais eficientes até 2017.

A fábrica em Poços de Caldas, que vai gerar de 170 a 200 empregos diretos, será a primeira no Brasil operada pela Valvetrain, o braço da Thyssen na área de produção de eixos de comando de válvulas. Segundo a empresa, a escolha do local foi baseada no acesso logístico e na disponibilidade de mão de obra qualificada na região. Contudo, será necessário desenvolver alguns fornecedores, diz Alvarenga.

Conhecida por negócios na indústria siderúrgica, onde é sócia da Vale na usina CSA - colocada à venda pelo grupo de origem alemã desde maio do ano passado -, a Thyssen também é um dos maiores fabricantes de autopeças do mundo. No Brasil, onde produz componentes de motor, transmissão e suspensão, a fábrica de Poços de Caldas será a sétima de componentes automotivos e a terceira em Minas Gerais, somando-se às unidades de Ibirité e Santa Luzia, ambas as cidades da região metropolitana de Belo Horizonte.

Essa presença, contudo, já foi maior em um passado recente. Em dezembro de 2011, a Thyssen vendeu para a canadense Magna quatro fábricas de componentes e estruturas de chassi localizadas em São Bernardo do Campo (SP), Ibirité, Camaçari (BA) e São José dos Pinhais (PR).

Conforme Alvarenga, o novo investimento faz parte da estratégia do grupo de investir em mercados em crescimento e de alto retorno para investimentos, como é o caso do Brasil.

Fonte: Valor Econômico, 01.11.13 Considerando a lógica do Plano de Resultados e Controle (Plano Orçamentário) identifique as variáveis constituintes tendo como referência o caso descrito supra.

7 – Dívida da Odebrecht vai a R$ 62 bi Débito dobrou em dois anos e provocou um prejuízo de R$ 1,58 bilhão ao grupo no ano passado;

empresa diz que se não tivesse ocorrido variação cambial teria obtido lucro e que a dívida aumentou para bancar investimentos em novos negócios.

Depois de se firmar como a maior empreiteira do País, dominar o setor petroquímico com a

Braskem e espalhar sua marca por áreas tão diferentes quanto a produção de etanol e a construção de submarinos, a Odebrecht começa a encarar a conta dessa trajetória fulminante nos últimos anos: a dívida do grupo disparou e atingiu R$ 62 bilhões, com bancos e investidores que compraram suas debêntures.

Essa dívida está espalhada por várias empresas - e praticamente dobrou desde 2010. O débito cresceu 36% apenas em 2012, segundo o balanço consolidado do ano. As demonstrações

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foram publicadas no dia 25 de abril no Diário Oficial da Bahia e em um jornal daquele Estado, onde fica o conselho de administração da Odebrecht.

Figura 1 – Desempenho do Grupo Odebrecht

Uma das consequências imediatas do aumento no endividamento foi um prejuízo

consolidado de R$ 1,58 bilhão em 2012. No conjunto, as empresas da Odebrecht até tiveram lucro operacional de R$ 4,6 bilhões. Mas esse desempenho foi todo comido pelo crescimento das despesas financeiras decorrentes da dívida e virou prejuízo. O grupo pagou R$ 3,3 bilhões em juros e seu balanço ainda sofreu impacto negativo de R$ 3,5 bilhões, consequência da valorização do dólar em sua dívida. "Sem a variação cambial, teríamos dado lucro", afirma Felipe Jens, vice-presidente de Finanças do grupo.

Embora a receita tenha crescido 22%, totalizando R$ 76 bilhões no ano passado, a dívida equivale hoje a pouco mais de 3,5 vezes o patrimônio líquido de R$ 17 bilhões da Odebrecht. O vice de Finanças reconhece que o tamanho do passivo pode assustar quem olha de fora. Mas Jens diz que a companhia está acostumada a trabalhar alavancada em empréstimos e que internamente a avaliação é de que o risco está bem calculado e a dívida segue sob controle.

Este ano, vencem compromissos de R$ 9,2 bilhões - 15% da dívida total. O restante são compromissos de longo prazo. Segundo Jens, o endividamento vem aumentando principalmente para bancar investimentos nos novos negócios do grupo. "É dívida para fazer investimento, com prazo de maturação compatível com a capacidade de geração de receita, custo adequado e na moeda correta", afirma o executivo. "A dívida está crescendo porque a companhia investe, não é para cobrir buraco de empresa." Investimentos

Pelo balanço, o grupo investiu R$ 12 bilhões no ano passado. Boa parte dos negócios ainda está em fase pré-operacional ou devem começar a gerar receitas a partir de agora, como a Odebrecht Oil & Gas, ou novas divisões de concessões de serviços da Odebrecht Ambiental. "Quando começarem a gerar receita, a situação se reverte. Nosso desafio é ‘performar’ para pagar as dívidas. E isso esta empresa sabe fazer", afirma o vice de Finanças.

De acordo com o executivo, a situação hoje é muito diferente do que ocorreu entre o fim dos anos 90 e o começo dos 2000. Naquela fase, o grupo investiu pesado em novas áreas, como papel e celulose e concessões de rodovias. Acabou se endividando além do suportável e precisou se

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desfazer de vários ativos, como as participações na indústria de celulose Veracel e na concessionária CCR.

"O momento é completamente diferente", afirma Felipe Jens. "Grande parte daquela dívida era fruto de aquisições. Agora, temos muitos projetos que começam do zero e os financiamentos estão atrelados a projetos estruturados e a composição de risco é outra."

Os negócios da Odebrecht só cresceram desde então. Suas operações se espalham da Argentina aos Estados Unidos, da África à Europa e à Ásia.

A Construtora Norberto Odebrecht, que deu origem ao grupo, partiu da Bahia para o Sudeste nos anos 80. E deixou para trás construtoras tradicionais no ramo de obras públicas como Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Mendes Júnior. O plano já traçado para os próximos três anos prevê investimentos de R$ 47,5 bilhões, no Brasil e no exterior. "Com dívida", diz o vice de Finanças. "Faz parte do espírito empreendedor das Organizações Odebrecht."

Braskem e ETH puxam dívidas da Odebrecht O impacto mais pesado nas contas do grupo Odebrecht, que teve prejuízo de R$ 1,58 bilhão

no ano passado, vem de duas de suas principais apostas: a Braskem, indústria da área petroquímica, e a ETH, produtora de etanol. Nesses dois setores, nos quais a indústria como um todo enfrenta dificuldades, o grupo carrega dívidas que somam aproximadamente R$ 20 bilhões. A ETH, que passou a se chamar Odebrecht Agroindustrial, ainda está em fase de investimento. Desde 2007 o grupo já investiu quase R$ 10 bilhões na empresa, que já é a segunda do País em capacidade de moagem. Com os preços da gasolina na prática congelados pelo governo e as margens de lucro apertadas do etanol, a empresa teve prejuízo de R$ 898 milhões no ano passado.

Figura 2 – Petroquímica: unidade de Braskem em Triunfo, RS

O maior problema está na Braskem. Como a empresa responde por metade das receitas do

grupo, seus resultados têm impacto direto nos números globais da Odebrecht. A empresa carrega uma dívida histórica, tomou dinheiro para fazer aquisições e financiar novos projetos. Ao mesmo

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tempo, enfrenta um mercado em momento difícil. A valorização do dólar no ano passado aumentou sua dívida, de mais de R$ 12 bilhões, provocando um prejuízo de mais de R$ 700 milhões em 2012.

Fora dessas duas áreas problemáticas, o quadro da Odebrecht é bem mais animador. A empresa de empreendimentos imobiliários lucrou quase R$ 300 milhões no ano passado e a Odebrecht Transport, concessionária na área de transportes criada há menos de cinco anos, deu um resultado positivo de R$ R$ 268 milhões.

Mas quem salvou o ano foi a Construtora Norberto Odebrecht (CNO), que deu origem ao grupo. A empresa foi responsável por um lucro de R$ 804 milhões no ano passado. O detalhe é que 70% da receita da construtora veio de obras no exterior.

Dentro da construtora, o foco é aumentar a presença no exterior e depender cada vez menos do Brasil, mesmo caminho que deve ser seguido por outras empresas do grupo como Odebrecht Oil & Gas e pela Odebrecht Energia que, conforme executivos estariam enxergando oportunidades melhores lá fora do que no País. Do investimento previsto de R$ 47,5 bilhões para os próximos três anos, R$ 21 bilhões devem ser aplicado no exterior.

Fonte: O Estado de S. Paulo, 20.05.13

a. Discuta analiticamente os indicadores que perfilam o atual estágio do Grupo Odebrecht. b. Pode-se conclui após a leitura do texto acima tratar-se de um grupo empresarial saudável?

Reforce o seu argumento explicando a afirmativa: Empresas saudáveis preservam a simetria do valor percebido por todos os atores.

c. Em sua opinião o grupo não está atingindo o custo de capital? Justifique. 8 – Maioria dos grupos consegue evitar a falência

Dos últimos dez grandes casos de recuperação judicial, apenas duas empresas declararam

falência: a trading agrícola Agrenco e a aérea Vasp. Outras duas - a fabricante de painéis de madeira Eucatex e a produtora de equipamentos elétricos Leon Heimer - conseguiram reerguer suas operações e a maior parte delas - seis - foram envolvidas em processos de fusão e aquisição.

O levantamento foi feito pelo banco Goldman Sachs e leva em conta companhias que pediram recuperação judicial a partir da nova Lei de Falências, de 2005.

Empresa Entrada de pedido de

recuperação

Fim do período de

recuperação

Resultado Final

Desconto na dívida

Em %

Eucatex Out/07 Nov/09 Recuperada 55,50 Leon Heimer Mai/09 2011 Recuperada 44,00 Grupo Rede 2012 2013 Vendida a Energia por R$1mais compromisso de investimento 57,40 Celpa 2012 2013 Vendida a Equatorial Energia por R$ 1 mais compromisso de

investimento 30,90

Frigorífico Independência Jul/09 Jan/13 Vendida a JBS por R$ 268 milhões (R$ 135 milhões em ações) 44,60 Infinity Bio-Energia Dez/09 Mar/10 Vendida para JBS 70,70 Varig Jun/05 2007 Comprada pela Gol por US$ 320 milhões 69,10 Parmalat do Brasil Jun/05 Jul/10 Comprada pela Laep Investimentos 25,70 Vasp Jun/05 2008 Falência 67,20 Agrenco Ago/08 2013 Falência 58,00* *Os credores não aceitaram a proposta e aguardam o processo de venda e liquidação de ativos.

Fonte: Goldman Sachs Global Investment Research

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Para as oito companhias que concluíram seus processos de recuperação judicial, o desconto médio negociado com os credores girou entre 25,7% e 70,7%, com uma média de abatimento de 49,7%.

No caso da Vasp, o desconto final das dívidas foi de 67,2%. Já o recente caso da Agrenco, que teve falência decretada em agosto, foi mais extremo, pois os credores não aceitaram o deságio de 58% nos passivos proposto pela companhia no plano de recuperação.

No caso da trading agrícola, o desconto final só será conhecido após o processo de venda e liquidação dos seus ativos e da ordem de recebimento dos débitos estabelecida pela Lei de Falências: em primeiro lugar vem as dívidas trabalhistas, na sequencia, os passivos com garantia real e, em último lugar, os credores sem garantias.

O pedido de recuperação judicial da OGX é o maior desde a entrada em vigor da nova de Lei de Falências. O futuro da petroleira dependerá basicamente da aceitação de um plano de recuperação por parte dos credores. As dívidas da companhia somam US$ 4,1 bilhões, considerando os US$ 3,6 bilhões em bônus mais o valor devido a fornecedores, sem contar a empresa-irmã OSX.

Fonte: Valor Econômico, 31.10.13

a. Explique a relação entre o custo da estrutura financeira e o valor do negócio. Ilustre graficamente e quantitativamente.

b. As empresas em processo de recuperação judicial apresentam um EVA negativo? Justifique a sua resposta.

c. Qual a diferença entre insolvência técnica e falência? d. Indique em que ordem os seguintes direitos seriam cobertos ao ser distribuídos os resultados

da liquidação de uma empresa falida: (1) direitos de acionistas preferenciais; (2) direitos de credores com garantias reais; (3) despesas da administração da falência; (4) direitos dos acionistas ordinários; (5) direitos de credores sem garantias reais ou credores gerais; (5) impostos vencidos; (6) depósitos não garantidos de clientes; (7) certos salários qualificados; (8) contribuições não pagas no plano de benefícios de funcionários; (9) despesas não pagas, incorridas entre o momento do pedido e a entrada de uma ordem de sustação; (10) direitos de agricultores ou pescadores em depósitos cereais ou peixes.