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CONTRIBUIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENTIDADES ESTADUAIS DE MEIO AMBIENTE –ABEMA PARA A REVISÃO DA LEI Nº 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1° As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem. § 1º Na utilização e exploração da vegetação, as ações ou omissões contrárias às disposições desta Lei são consideradas uso inadequado da propriedade, aplicando-se o procedimento sumário previsto no Código de Processo Civil, sem prejuízo da responsabilidade civil, nos termos do art. 14, § 1º, da Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981, e das sanções administrativas, civis e penais cabíveis. § 2º As ações ou omissões que constituam infração às determinações desta Lei serão sancionadas penal e administrativamente na forma da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e seu regulamento. § 3 o Para os efeitos desta Lei, entende-se por: I - Pequena propriedade rural ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, e que atenda ao disposto no art. 3 o da Lei n o 11.326, de 24 de julho de 2006, equiparando-se, para os efeitos desta Lei, a pequena propriedade rural ou posse familiar os assentados de projetos de reforma agrária, as terras de comunidades quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais que fazem uso coletivo do seu território. II - Área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2 o e 3 o desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a

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CONTRIBUIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENTIDADES ESTADUAIS DE MEIO AMBIENTE –ABEMA PARA A REVISÃO DA LEI Nº 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1° As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem.

§ 1º Na utilização e exploração da vegetação, as ações ou omissões contrárias às disposições desta Lei são consideradas uso inadequado da propriedade, aplicando-se o procedimento sumário previsto no Código de Processo Civil, sem prejuízo da responsabilidade civil, nos termos do art. 14, § 1º, da Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981, e das sanções administrativas, civis e penais cabíveis.

§ 2º As ações ou omissões que constituam infração às determinações desta Lei serão sancionadas penal e administrativamente na forma da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e seu regulamento.

§ 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

I - Pequena propriedade rural ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, e que atenda ao disposto no art. 3o da Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006, equiparando-se, para os efeitos desta Lei, a pequena propriedade rural ou posse familiar os assentados de projetos de reforma agrária, as terras de comunidades quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais que fazem uso coletivo do seu território.

II - Área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2o e 3o desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a

biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;

III - Reserva Legal: área protegida localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e flora nativas;

IV - Manejo da Reserva Legal: técnicas de condução, exploração e reposição praticadas de forma sustentável visando manter a proteção e o uso sustentável da vegetação e obter benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os processos ecológicos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplos produtos e subprodutos, bem como a utilização de outros bens e serviços ambientais;

V - Sistema Agroflorestal - SAF: Sistema de uso e ocupação do solo em que plantas lenhosas perenes são manejadas em associação com plantas herbáceas, arbustivas, arbóreas, culturas agrícolas ou forrageiras em uma mesma unidade de manejo, de acordo com arranjo espacial e temporal, com alta diversidade de espécies e interações entre estes componentes.

VI - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13o S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44o W, do Estado do Maranhão.

VII - Vegetação de Restinga: o conjunto de comunidades vegetais, distribuídas em mosaico, associado aos depósitos arenosos costeiros quaternários e aos ambientes rochosos litorâneos – também consideradas comunidades edáficas, por dependerem mais da natureza do solo do que do clima - encontradas nos ambientes de praias, cordões arenosos, dunas, depressões e transições para ambientes adjacentes, podendo apresentar, de acordo com a fitofisionomia predominante, estrato herbáceo, arbustivo e arbóreo, este último mais interiorizado; VIII - Vereda: fitofisionomia de savana, encontrada em solos hidromórficos, usualmente com a palmeira arbórea Mauritia flexuosa (buriti) emergente, sem formar dossel, em meio a agrupamentos de espécies arbustivo-herbáceas.

IX - Área urbana consolidada: parcela da área urbana, assim definida por lei municipal, com densidade demográfica superior a 50 (cinquenta) habitantes por hectare e malha viária implantada e que tenha, no mínimo, 2 (dois) dos seguintes equipamentos de infraestrutura urbana implantados:

a) drenagem de águas pluviais urbanas;

b) esgotamento sanitário;

c) abastecimento de água potável;

d) distribuição de energia elétrica; ou

e) limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sólidos;

X. Microbacia hidrográfica: considera-se a bacia de nível três, conforme codificação das bacias hidrográficas no âmbito nacional.

XI - Utilidade Pública:

a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;

b) as obras de infraestrutura destinadas aos serviços públicos de transporte, saneamento básico, energia, mineração e aos serviços de telecomunicações e de radiodifusão;

c) atividades e obras de defesa civil;

d) demais obras, planos, atividades ou projetos previstos em regulamento;

§ 1º - Ato do Poder Executivo declarará a utilidade pública de projetos, planos ou programas de relevância e interesse nacional, para fins de intervenção em APP.

§2º - Fica dispensada a prévia autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter emergencial, de atividades e obras de defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes.

XII - Interesse Social:

a) as atividades imprescindíveis à proteção e recuperação da integridade da vegetação nativa, tais como: prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas;

b) as atividades de manejo agroflorestal sustentável praticadas por agricultores familiares e empreendedores familiares rurais, que não descaracterizem a cobertura vegetal e não prejudiquem a função ambiental da área;

c) as atividades sazonais da agricultura de vazante, tradicionalmente praticadas pelos agricultores familiares, especificamente para o cultivo de lavouras temporárias de ciclo curto, na faixa de terra que fica exposta no período de vazante dos rios ou lagos, desde que não impliquem supressão e conversão de áreas com vegetação nativa, no uso de agroquímicos e práticas culturais que prejudiquem a qualidade da água;

d) a implantação, em áreas urbanas, de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre, admitindo-se um máximo de 5% de área impermeabilizada, em APP com vegetação nativa nos seus diversos estágios sucessionais, comprovado o baixo impacto

ambiental da intervenção e excluídas, nesses casos, as APP de nascentes, veredas e manguezais;

e) a execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse social, nas áreas ocupadas por população de baixa renda;

f) demais obras, planos, atividades ou projetos definidos por normativo legal a ser expedido pela respectiva Unidade da Federação.

CAPÍTULO II

DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

SEÇÃO I

DA CARACTERIZAÇÃO DAS APPs

Art. 2° Considera-se de preservação permanente, em zonas rurais ou urbanas, pelo só efeito desta Lei, as áreas cobertas ou não por florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto, no leito regular, em faixa marginal cuja largura mínima seja:

1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura;

2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;

3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;

4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;

5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros;

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais, a partir da cota máxima de inundação em faixa com largura mínima de:

1) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;

2) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura;

d) no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 metros e inclinação média maior que 25º, em áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação;

e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive;

f) nas restingas, como fixadoras de dunas e dos estratos de vegetação herbáceo subarbustivo estabilizadores de planícies costeiras e cordões arenosos;

g) nos manguezais em toda a sua extensão;

h) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;

i) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação;

j) ao longo das veredas em faixa marginal com largura mínima de cinqüenta metros, a partir do espaço brejoso e encharcado;

§ 1º – Nas acumulações artificiais de água com superfície inferior a um hectare, fica dispensada a reserva da faixa de proteção prevista na letra “b”, à exceção daquelas decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água e as destinadas ao abastecimento público.

§ 2º Os limites previstos neste artigo poderão ser ampliados nas áreas de preservação permanente por ato do Poder Público para proteção das áreas consideradas de risco de inundações e de movimentos de massa rochosa, tais como, deslizamento, queda e rolamento de blocos, corrida de lama e outras definidas como de risco geotécnico, escassez ao abastecimento de água e peculiaridades de relevância ambiental local.

Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas:

a) a atenuar a erosão das terras;

b) a fixar as dunas;

c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;

d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares;

e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;

f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;

g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;

h) a assegurar condições de bem-estar público.

Art. 4º As florestas e demais formas de vegetação natural que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente pelo só efeito desta Lei;

SEÇÃO II

DO USO, INTERVENÇÃO E SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE-APP

Art. 5° A exploração dos recursos florestais em terras indígenas somente poderá ser realizada pelas comunidades indígenas em regime de sistema agroflorestal, respeitados os arts. 2o e 3o desta Lei.

Parágrafo único. Será admitida a prática agrícola do pousio nas terras indígenas onde tal procedimento é utilizado tradicionalmente.

Art. 6º Na implementação e funcionamento de reservatório d’água artificial, conforme estabelecido no licenciamento ambiental é obrigatório a aquisição, desapropriação ou remuneração por restrição de uso, pelo empreendedor, das Áreas de Preservação Permanente criadas em seu entorno.

§ 1º Nos reservatórios d’água artificiais destinados a geração de energia ou abastecimento público, o empreendedor, no âmbito do licenciamento ambiental, elaborará Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório, em conformidade com termo de referência expedido pelo órgão competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.

§ 2º O Plano previsto no § 1º deste artigo poderá indicar áreas para implantação de pólos turísticos e de lazer públicos no entorno do reservatório, de acordo com o que for definido nos termos do licenciamento ambiental.

§ 3º Os empreendimentos hidrelétricos, de abastecimento público ou de utilidade pública previstos neste artigo e vinculados à concessão não estão sujeitos a constituição de nova Reserva Legal.

Art. 7º Somente nos casos eventuais e de baixo impacto ambiental, de utilidade pública ou de interesse social, devidamente caracterizados e

motivados em procedimento administrativo próprio, a intervenção ou supressão de vegetação, em área de preservação permanente será autorizada pelo órgão ambiental competente, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento.

§ 1º A intervenção ou supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, ou de dunas e manguezais, de que tratam, respectivamente, as alíneas “c”, “f” e “g” do Artigo 2º desta Lei, somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública.

§ 2º A intervenção ou supressão de vegetação nativa em área de preservação permanente de que trata a alínea “g” do Artigo 2º desta Lei, poderá ser autorizada excepcionalmente em locais onde a função ecológica do manguezal esteja comprometida, para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda.

Art. 8° Considera-se intervenção ou supressão de vegetação eventual e de baixo impacto ambiental no interior das Áreas de Preservação Permanente:

a) abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso de água, ao acesso para obtenção de água e para desedentação de animais, ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentável praticado na pequena propriedade ou posse rural familiar;

b) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água, quando couber;

c) implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo;

d) construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro;

e) construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em áreas rurais da Amazônia legal e do Pantanal, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço próprio dos moradores;

f) construção e manutenção de cercas de divisa de propriedades;

g) pesquisa científica, respeitados outros requisitos previstos na legislação aplicável;

h) coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a legislação específica de acesso a recursos genéticos;

i) plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais, plantados junto ou de modo misto;

j) outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventual e de baixo impacto ambiental pelas respectivas Unidades da Federação.

Art. 9º Nas áreas de preservação permanente de que tratam as alíneas “d” , “h” e “i” do Artigo 2º desta Lei será admitido o pastoreio extensivo tradicional, nas áreas com cobertura vegetal de campos naturais, desde que a atividade não promova a supressão da vegetação nativa ou a introdução de espécies vegetais exóticas;

Art. 10 Na distribuição de lotes destinados à agricultura, em planos de colonização e de reforma agrária, não devem ser incluídas as áreas de preservação permanente de que trata esta Lei.

CAPÍTULO III

DA RESERVA LEGAL

SEÇÃO I

DA CARACTERIZAÇÃO

Art. 11. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, nos termos desta Lei, para uso alternativo do solo, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo:

I - oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou savana florestada, localizada na Amazônia Legal;

II - trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos desta Lei;

III - vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e

IV - vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do País.

§ 1o O percentual de reserva legal na propriedade localizada na Amazônia Legal situada em área que tenha tanto floresta e savana florestada como savana arborizada, savana parque e savana gramíneo-lenhosa será definido

considerando separadamente os índices contidos nos incisos I e II deste artigo.

§ 2o – As Unidades da Federação quando indicado pelo Zoneamento Ecológico Econômico - ZEE e pelo Zoneamento Agroecológico, poderão:

I - ampliar o percentual de reserva legal, além dos índices previstos nesta Lei para o cumprimento de metas nacionais de proteção à biodiversidade e/ou de redução da emissão de gases de efeito estufa, garantida a regularidade daqueles imóveis rurais com reserva legal já devidamente averbada.

II – reduzir a reserva legal na Amazônia Legal, para até cinquenta por cento da propriedade, para fins de recomposição de áreas que tiveram supressão de vegetação nativa anterior a 26 de julho de 2001, excluídas, em qualquer caso, as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade, dos recursos hídricos e os corredores ecológicos;

§ 3o O Poder Público poderá reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, em até 30% os percentuais previstos neste artigo naqueles municípios que tenham 50% ou mais do seu território destinado a terras indígenas e unidades de conservação da natureza de domínio público, devidamente implementadas.

Art. 12 O proprietário ou possuidor de imóvel rural que mantiver Reserva Legal conservada e averbada em área superior aos percentuais exigidos nesta Lei poderá instituir servidão ambiental sobre a área excedente, nos termos do art. 9º-A da Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, ou instituir Cota de Reserva Florestal nos termos desta Lei.

Art. 13 Será admitido o cômputo das áreas de preservação permanente no cálculo do percentual de reserva legal, desde que a mesma seja averbada no próprio imóvel e contígua as áreas de preservação permanente incorporadas, não implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo; o imóvel integre o cadastro ambiental rural; e as áreas de preservação permanente estejam íntegras ou em processo de recuperação da vegetação nativa;

§ 1º - O regime de uso da área de preservação permanente não se altera na hipótese prevista no caput deste artigo.

§ 2º - A área a ser computada, esteja conservada ou em processo de recuperação, conforme declaração do proprietário ao órgão estadual ou municipal integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente, instituído pela Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981.

SEÇÃO II

DO MANEJO SUSTENTÁVEL DA RESERVA LEGAL

Art. 14 A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos, sem prejuízo das demais legislações específicas.

Art. 15 Para a utilização da vegetação da Reserva Legal, serão adotadas práticas de exploração seletiva que atendam ao manejo sustentável nas seguintes modalidades:

I - manejo sustentável da Reserva Legal para a exploração florestal eventual, sem propósito comercial direto ou indireto, para consumo na pequena propriedade ou posse rural; e

II - manejo sustentável da Reserva Legal para exploração florestal com finalidade comercial.

Art. 16 O manejo sustentável da reserva legal para exploração florestal eventual, sem propósito comercial direto ou indireto, para consumo na pequena propriedade ou posse rural na área de Reserva Legal, independe de autorização dos órgãos competentes, limitada a retirada anual de material lenhoso a dois metros cúbicos por hectare.

Parágrafo único - O manejo sustentável da reserva legal deverá priorizar o corte de espécies arbóreas pioneiras nativas, e não poderá ultrapassar a cinquenta por cento do número de indivíduos de cada espécie explorada existentes na área manejada.

Art. 17 Consideram-se de uso indireto, não necessitando de autorização dos órgãos ambientais competentes, as seguintes atividades realizadas em área de Reserva Legal:

I - abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso de água, ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentável;

II - implantação de trilhas para desenvolvimento de ecoturismo;

III - implantação de aceiros para prevenção e combate a incêndios florestais;

IV - implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água, quando couber;

V - implantação de corredor de acesso de pessoas e animais para obtenção de água;

VI - construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro;

VII - coleta de produtos não madeireiros para fins de manutenção da família e produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, observado o disposto no art. 16 e respeitada à legislação específica;

VIII - construção e manutenção de cercas ou picadas de divisa de propriedades;

IX - pastoreio extensivo tradicional em campos naturais desde que não promova a supressão da vegetação nativa ou a introdução de espécies vegetais exóticas; e

X - outras ações ou atividades similares, reconhecidas como de uso indireto por normativa das Unidades da Federação.

Art. 18 A coleta de subprodutos florestais, tais como frutos, folhas e sementes, deve observar:

I - os períodos de coleta e volumes fixados em regulamentos específicos, quando houver;

II - a época de maturação dos frutos e sementes;

III - técnicas que não coloquem em risco a sobrevivência de indivíduos e da espécie coletada no caso de coleta de flores, folhas, cascas, óleos, resinas, cipós, bulbos, bambus e raízes; e

IV - as exigências legais relativas ao acesso ao patrimônio genético, à proteção e ao acesso ao conhecimento tradicional associado e de biossegurança.

Art. 19 O manejo florestal sustentável da vegetação da Reserva Legal com propósito comercial direto ou indireto de espécies da flora nativa provenientes de formações naturais, depende de autorização do órgão competente e deverá atender as seguintes diretrizes e orientações:

I - não descaracterizar a cobertura vegetal e não prejudicar a função ambiental da área;

II - adoção de práticas silviculturais e medidas para a minimização dos impactos sobre os indivíduos jovens das espécies arbóreas secundárias e climácicas na área manejada;

III - a priorização do corte de espécies arbóreas pioneiras nativas, que não poderá ultrapassar a cinquenta por cento do número de indivíduos de cada espécie explorada existentes na área manejada;

IV - o cálculo do percentual previsto no inciso III deverá levar em consideração somente os indivíduos com Diâmetro na Altura do Peito-DAP acima de cinco centímetros;

V - o manejo sustentável da Reserva Legal que tenha sido constituída com plantios de árvores frutíferas, ornamentais ou industriais, compostas por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas, deverá priorizar o corte destas espécies exóticas, num ciclo que resguarde a função ambiental da área; e

VI - na condução do manejo de espécies exóticas deverão ser adotadas medidas que favoreçam a regeneração de espécies nativas.

Art. 20 Na pequena propriedade ou posse rural, o manejo florestal madeireiro sustentável da Reserva Legal com propósito comercial direto ou indireto depende de autorização do órgão ambiental competente, devendo o interessado apresentar, no mínimo, as seguintes informações:

I - dados do proprietário ou possuidor;

II - dados da propriedade ou posse, incluindo cópia da matrícula do imóvel no Registro Geral do Cartório de Registro de Imóveis, ou comprovante de posse;

III - croqui da área com indicação da área a ser objeto do manejo seletivo, estimativa do volume de produtos e subprodutos florestais a serem obtidos com o manejo seletivo, indicação da sua destinação e cronograma de execução previsto;

IV - comprovação da averbação da Reserva Legal.

Art. 21 Nas demais propriedades, não mencionadas no artigo anterior, a autorização do órgão ambiental competente será precedida da apresentação e aprovação do Plano de Manejo Sustentável-PMS, contendo:

I - dados sobre proprietário, empresa ou responsável pela área;

II - dados da propriedade ou posse, incluindo cópia da matrícula do imóvel no Registro Geral do Cartório de Registro de Imóveis, ou comprovante de posse;

III - dados sobre o responsável técnico pelo PMS;

IV - localização georreferenciada do imóvel, e indicação das áreas de preservação permanente, reserva legal e uso alternativo do solo;

V - mapeamento das unidades de manejo e malha de acesso descrito em modulo de escala compatível;

VI - caracterização do meio físico e biológico da reserva legal e da unidade de manejo, incluindo descrição hidrográfica;

VII - descrição do estoque dos produtos madeireiros e não madeireiros, a serem extraídos na Unidade de Manejo da área objeto do PMS, por meio do Inventário Florestal amostral;

VIII - ciclo de corte compatível com as diretrizes gerais e com o tempo de restabelecimento do volume ou quantidade de cada produto ou subproduto a ser extraído da unidade de manejo;

IX - cronograma de execução do manejo previsto;

X - descrição das medidas adotadas para promoção da regeneração natural das espécies exploradas na unidade de manejo; e

XI - descrição do sistema de transporte adequado e da construção de vias de acesso com métodos e traçados que causem o menor impacto.

XII – Assinatura de Termo de Compromisso de Averbação da Reserva Legal, no caso de posse, estabelecendo a obrigatoriedade de promover o gravame no ato do registro do título de propriedade emitido pelo respectivo órgão fundiário.

§ 1o Anualmente, o proprietário ou responsável pelo PMS encaminhará formulário especifico ao órgão ambiental competente contendo o relatório assinado pelo responsável técnico, com as informações sobre toda a área de manejo florestal sustentável, a descrição das atividades realizadas e o volume efetivamente explorado de cada produto no período anterior de doze meses;

§ 2o O proprietário ou responsável pelo PMS submeterá ao órgão ambiental competente o formulário especifico acompanhado do Plano Operacional Anual, com a especificação das atividades a serem realizadas no período de doze meses e do volume ou quantidades máximas proposta para a exploração no período.

SEÇÃO III

DA LOCALIZAÇÃO E COMPOSIÇÃO DA RESERVA LEGAL

Art. 22 A proposta de localização da reserva legal deve ser informada ao órgão ambiental estadual ou municipal competente, que deverá no prazo de 30 dias se manifestar quando detectar necessidade de ajuste, devendo considerar na avaliação, a função social da propriedade, a priorização de áreas com remanescentes de vegetação nativa conservados e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver:

I - o plano de bacia hidrográfica;

II - o zoneamento ecológico-econômico;

III - a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente protegida;

IV – a zona de amortecimento de unidade de conservação, corredor ecológico ou zona tampão de reserva da biosfera.

Art. 23 Deverão constar do processo de avaliação localização da reserva legal pelo órgão ambiental competente:

I - identificação do proprietário ou possuidor contemplando endereço, estado civil, número da Carteira de Identidade, ou CNPJ;

II - identificação do imóvel por meio da respectiva matrícula ou transcrição no Registro de Imóveis ou comprovação da posse; e

III - mapa do imóvel, com memorial descritivo contendo a indicação das coordenadas geográficas:

a) do perímetro do imóvel;

b) do perímetro da Reserva Legal;

c) da localização de remanescentes de vegetação nativa; e

d) da localização das áreas de preservação permanente.

§ 1o Serão considerados documentos hábeis à comprovação da posse o Certificado de Cadastro de Imóvel Rural-CCIR, termos de concessão ou cessão de imóveis ou qualquer outro documento comprobatório atualizado, devidamente reconhecidos por órgão ou entidade pública.

§ 2o A inserção das coordenadas geográficas de pelo menos um ponto de amarração relativo ao perímetro do imóvel e de um ponto relativo à reserva legal, consignadas no memorial descritivo, pelo profissional responsável, dispensa o georreferenciamento do perímetro do imóvel.

§ 3o Havendo cômputo de áreas relativas à vegetação nativa em área de preservação permanente no cálculo do percentual da reserva legal, o documento a que se refere o inciso III deste artigo deverá discriminar tais áreas.

§ 4o No caso de processo de composição da reserva legal em condomínio entre mais de uma propriedade, os requisitos indicados neste artigo serão observados para cada um dos imóveis.

§ 5o A avaliação da localização da reserva legal dispensa vistoria técnica caso se utilize imagens de satélite de alta resolução obtidas nos últimos cinco anos.

Art. 24 O processo de informação da localização da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural será gratuito, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário. Parágrafo Único O georreferenciamento das informações relativas à identificação do imóvel e da localização da reserva legal será processado pelo órgão ambiental competente ou instituição habilitada, observado o disposto no § 2o, do art. 23 desta Lei.

SEÇÃO IV

DO REGISTRO DA RESERVA LEGAL

Art. 25 A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área.

§ 1o A averbação da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural familiar é gratuita, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, sempre que necessário.

§ 2º. Na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Compromisso, firmado pelo possuidor com o órgão ambiental competente, com força de título executivo e que será registrado no Registro de Títulos e Documentos, contendo, no mínimo, a localização da reserva legal, a identificação da tipologia vegetal predominante e a proibição de supressão de sua vegetação, aplicando-se, no que couber, as mesmas disposições previstas nesta Lei para a propriedade rural.

§ 3º. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a aprovação do órgão ambiental competente e as devidas averbações referentes a todos os imóveis envolvidos.

Art. 26 Serão averbados no registro público de imóveis os documentos representativos dos seguintes atos:

I - localização da área de reserva legal na propriedade rural;

II - localização da área de reserva legal em regime de condomínio de propriedades rurais;

III - desoneração da obrigação de recompor a reserva legal na forma do art. 45 desta Lei;

IV - compensação da reserva legal por meio de arrendamento de servidão ambiental; e

V - compensação da reserva legal por meio de aquisição de Cota de Reserva Florestal-CRF.

§ 1o O documento relativo ao ato de que trata o inciso II deverá ser averbado à margem das matrículas de todas as propriedades rurais envolvidas.

Art. 27 O Termo expedido pelo órgão ambiental competente deverá ser averbado desde que contenha os seguintes requisitos gerais:

I - dados de identificação do proprietário ou possuidor;

II - dados do registro do imóvel rural ou comprovação da posse;

III - área da reserva legal a ser averbada; e

IV - memorial descritivo contendo coordenadas geográficas da área de reserva legal.

§ 1o Os documentos de que tratam os incisos II, III, IV e V do art. 26, desta Lei deverão conter os requisitos gerais previstos nos incisos deste artigo referentes a todos os imóveis envolvidos;

§ 2o Para fins de cumprimento do requisito de que trata o inciso IV deste artigo será admitida a forma disposta no § 2o do art. 23 desta Lei, com a inserção das coordenadas geográficas de pelo menos um ponto de amarração relativo ao perímetro do imóvel e de um ponto relativo à reserva legal, consignadas no memorial descritivo, pelo profissional responsável.

§ 3o No caso de desoneração de que trata o inciso III do art. 26 desta Lei, no Termo de Averbação os dados de que trata o inciso III deverão indicar a extensão da área doada, a microbacia hidrográfica de ambos os imóveis e a indicação da matrícula do imóvel doado.

§ 4o No caso de imóvel cujas coordenadas geodésicas já estejam averbadas, o oficial do registro de imóveis deverá confirmar a inclusão da área de reserva legal dentro dos limites do imóvel antes de proceder à averbação.

Art. 28 Nos loteamentos de propriedades rurais, a área destinada a completar o limite percentual fixado no artigo 11 poderá ser agrupada numa só porção em condomínio entre os adquirentes.

Art. 29 Para os fins do disposto nesta Lei, o procedimento de georreferenciamento poderá ser feito com a utilização de equipamentos portáteis de navegação do Sistema Global de Posicionamento-GPS, ou outra ferramenta de geoprocessamento compatível.

Art. 30 Durante a análise do processo de localização da Reserva Legal junto ao órgão ambiental competente e até 120 dias após a emissão dos Termos de averbação, compensação ou desoneração de que trata esta Lei, o proprietário ou possuidor rural não serão autuados pela infração de que trata o art. 55 do Decreto no 6.514 de 2008.

Art. 31 O proprietário ou possuidor de imóvel rural, bem como o responsável técnico, quando houver, são responsáveis pela veracidade das informações prestadas no ato de averbação da Reserva Legal previsto nesta Lei, ficando sujeitos às sanções administrativas, civis e penais aplicáveis no caso de declaração falsa.

Art. 32 O Cartório de Registro de Imóveis e de Registro de Títulos encaminhará ao órgão ambiental responsável pela avaliação da localização da reserva legal, preferencialmente de forma eletrônica, relatório com as

informações dos processos de averbação e de registro de que trata esta Lei, efetivados a cada trimestre do ano.

CAPITULO IV

DA REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL

SEÇÃO I

DA REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL EM ÁREAS URBANAS

Art. 33 Na regularização fundiária de interesse social dos assentamentos inseridos em área urbana consolidada e que ocupam áreas de Preservação Permanente, a regularização ambiental será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da Lei 11.977 de 07 de julho de 2009.

§ 1º O projeto de regularização fundiária de interesse social deverá incluir estudo técnico que demonstre a melhoria das condições ambientais em relação à situação anterior com a adoção das medidas preconizadas no mesmo.

§ 2º O estudo técnico mencionado no § 1º deverá conter, no mínimo, os seguintes elementos:

I – caracterização da situação ambiental da área a ser regularizada;

II – especificação dos sistemas de saneamento básico;

III – proposição de intervenções para a prevenção e o controle de riscos geotécnicos e de inundações;

IV – recuperação de áreas degradadas e daquelas não passíveis de regularização;

V – comprovação da melhoria das condições de sustentabilidade urbano-ambiental, considerados o uso adequado dos recursos hídricos, a não ocupação das áreas e risco e a proteção das unidades de conservação, quando for o caso;

VI – comprovação da melhoria da habitabilidade dos moradores propiciada pela regularização proposta; e

VII – garantia de acesso público às praias e aos corpos d´água, quando for o caso.

Art. 34 Na regularização fundiária de interesse especifico dos assentamentos inseridos em área urbana consolidada e que ocupam áreas de Preservação Permanente, não identificadas como áreas de risco, a

regularização ambiental será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da Lei 11.977 de 07 de julho de 2009.

§ 1º O processo de regularização ambiental, para fins de previa autorização pelo órgão ambiental competente, deverá ser instruído com os seguintes elementos:

a) a caracterização físico-ambiental, social, cultural e econômica da área; b) a identificação dos recursos ambientais, dos passivos e fragilidades

ambientais, restrições e potencialidades da área; c) especificação e avaliação dos sistemas de infra-estrutura urbana e de

saneamento básico implantados, outros serviços e equipamentos públicos;

d) a identificação das unidades de conservação e das áreas de proteção de mananciais na área de influência direta da ocupação, sejam elas águas superficiais ou subterrâneas;

e) a especificação da ocupação consolidada existente na área; f) a identificação das áreas consideradas de risco de inundações e de

movimentos de massa rochosa, tais como, deslizamento, queda e rolamento de blocos, corrida de lama e outras definidas como de risco geotécnico;

g) a indicação das faixas ou áreas em que devem ser resguardadas as características típicas da APP com a devida proposta de recuperação de áreas degradadas e daquelas não passiveis de regularização;

h) a avaliação dos riscos ambientais; i) comprovação da melhoria das condições de sustentabilidade urbano-

ambiental e de habitabilidade dos moradores a partir da regularização; e

j) a demonstração de garantia de acesso livre e gratuito pela população às praias e aos corpos de água, quando couber;

§ 2º Para fins de regularização ambiental prevista no caput, ao longo dos rios ou de qualquer curso d´água, será mantida faixa não edificável com largura mínima de 15 (quinze) metros de cada lado.

§ 3º Em áreas urbanas tombadas como patrimônio histórico e cultural, a faixa não edificável de que trata o § 2º poderá ser redefinida de maneira a atender aos parâmetros do ato do tombamento.

SEÇÃO II

DA REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL EM ÁREA RURAL

Art. 35 Fica criado o Cadastro Ambiental Rural – CAR, no âmbito do Sistema Nacional de Informações de Meio Ambiente – SINIMA, registro eletrônico dos imóveis rurais por meio de sistemas de georreferenciamento, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico, combate ao desmatamento, além de outras funções previstas em regulamento.

Parágrafo único. Todo imóvel rural deve ser cadastrado por meio de procedimento simplificado junto ao órgão ambiental estadual, contendo, no mínimo, informações georreferenciadas da localização e estado de conservação das áreas de preservação permanente e reserva legal.

Art. 36 Programas de Regularização Ambiental – PRA elaborados pela União, pelos estados ou pelo Distrito Federal promoverão a adequação dos imóveis rurais à presente Lei.

§ 1º Somente poderão fazer uso dos benefícios previstos nos Programas de Regularização Ambiental a que se refere o caput os imóveis que tiveram a vegetação nativa suprimida irregularmente antes de 22 de julho de 2008.

Art. 37 A partir da adesão ao PRA o proprietário rural ou possuidor não será autuado com base nos arts. 42, 48, 51, e 55 do Decreto nº 6.514 de 2008, desde que cumpra as obrigações prevista no Termo de Adesão e Compromisso firmado com o órgão ambiental competente.

Art. 38 A adesão ao PRA suspenderá a cobrança de multas aplicadas em decorrência das infrações aos dispositivos referidos no Art.37, exceto nos casos de processos com julgamento definitivo na esfera administrativa.

Art. 39 Cumprido integralmente o Termo de Adesão e Compromisso nos prazos e condições estabelecidos, as multas aplicadas em decorrência das infrações a que se refere o Art. 37 serão considerados convertidos em serviços de preservação melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.

Art. 40 O proprietário que aderir ao PRA terá trezentos e sessenta dias para averbar a localização, compensação ou desoneração da reserva legal, contados da emissão dos documentos por parte do órgão ambiental competente ou instituição habilitada.

Art. 41 Para fins de regularização ambiental, no termo de compromisso de recuperação de áreas de preservação permanente dos cursos d’água com largura inferior a 10 (dez) metros, poderão ser admitidas atividades agrosilvopastoris consolidadas, mantendo-se a título de APP faixa marginal em cada lado do curso d´água com largura mínima de 15 (quinze) metros.

Art. 42 Para cumprimento da manutenção ou compensação da área de reserva legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores frutíferas, ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em consórcio com espécies nativas em sistemas agroflorestais.

Art. 43 Nas áreas de preservação permanente de que tratam as alíneas “d”, “h”, “i” e “e” do Art. 2º desta Lei com atividades estabelecidas até julho de 2008, será admitida a manutenção de culturas lenhosas perenes, e

atividades florestais, desde que adotadas práticas conservacionistas do solo e das águas e vedada a conversão de novas áreas.

SEÇÃO III

DA REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA RECOMPOSIÇÃO DA RESERVA LEGAL

Art. 44 O proprietário ou possuidor de imóvel rural com área de floresta nativa, natural, primitiva ou regenerada ou outra forma de vegetação nativa em extensão inferior ao estabelecido nos incisos I, II, III e IV do Art. 11, ressalvado o disposto no § 5o e no artigo 45, deve adotar as seguintes alternativas, isoladas ou conjuntamente:

I - recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o plantio, a cada dois anos, de no mínimo 1/10 da área total necessária à sua complementação, com espécies nativas;

II - conduzir a regeneração natural da reserva legal; e

III - compensar a reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica e extensão, ainda que em processo de recomposição, desde que localizada na mesma microbacia.

§ 1º Na recomposição de que trata o inciso I, o órgão ambiental competente deve apoiar tecnicamente a pequena propriedade ou posse rural familiar.

§ 2º A recomposição de que trata o inciso I pode ser realizada mediante o plantio temporário de espécies exóticas como pioneiras, visando a recuperação do ecossistema, de acordo com critérios técnicos gerais já estabelecidos na regulamentação.

§ 3o As atividades de manejo agroflorestal sustentável poderão ser aplicadas na recomposição de reserva legal, adotando-se a consorciação com espécies agrícolas de cultivos anuais e de espécies perenes, nativas ou exóticas não invasoras.

§ 4o Na condução da regeneração de que trata o inciso II, poderá ser exigido o isolamento da área.

§ 5o Na comprovada impossibilidade de compensação da reserva legal dentro da mesma microbacia hidrográfica, o órgão ambiental competente poderá autorizar a compensação na bacia hidrográfica independente do limite estadual, ou na bacia hidrográfica adjacente, desde que no limite estadual.

§ 6o A compensação de que trata o inciso III deste artigo deverá ser submetida à aprovação pelo órgão ambiental competente, e pode ser implementada mediante o arrendamento de área sob regime de Servidão

Ambiental segundo os Art. 55 a 57, ou aquisição de Cotas de Reserva Florestal de que tratam os Art. 78 a 89.

SEÇÃO IV

DA REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA DESONERAÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE RECOMPOSIÇÃO

Art. 45 Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que comprovarem, por qualquer meio, que a conversão da vegetação nativa para uso alternativo do solo ocorreu de acordo com as condições previstas na legislação em vigor à época da supressão, ficam dispensados de promoverem a recomposição ou compensação para atendimento aos percentuais adicionais instituídos por legislação posterior.

Art. 46 O proprietário rural poderá ser desonerado das obrigações previstas no Art. 44, mediante a doação ao órgão ambiental competente de área localizada no interior de unidade de conservação de domínio público, pendente de regularização fundiária.

Art. 46 O proprietário rural poderá ser desonerado das obrigações previstas no Art. 44, mediante a doação ao órgão ambiental competente de área localizada no interior de unidade de conservação de domínio público, pendente de regularização fundiária.

§ 1o Poderão ser desonerados da obrigação de recomposição de reserva legal o proprietário rural com área de floresta nativa, primitiva ou regenerada ou outra forma de vegetação nativa em extensão inferior ao estabelecido nos incisos I, II, III e IV do art. 11 desta Lei e que não detém reserva legal de seu imóvel rural averbada no registro de imóveis.

§ 2o A desoneração de que trata o caput deste artigo não se aplica aos proprietários de imóveis rurais que, detendo área de floresta ou outra forma de vegetação nativa no imóvel suficiente para averbação da respectiva reserva legal, não o fizeram, e para aqueles detentores de autorização de supressão de vegetação nativa superior à necessária à averbação da reserva legal, expedida a partir de 26 de dezembro de 2006, data da publicação da Lei 11.428 de 22 de dezembro de 2006.

§ 3o O órgão gestor de unidades de conservação donatário expedirá o Termo de Desoneração da obrigação de recompor reserva legal, que deverá ser averbado à margem da matrícula da propriedade rural desonerada.

Art. 47 O proprietário rural de imóvel inserido parcialmente em Unidade de Conservação, que não detém reserva legal em extensão suficiente na parcela situada fora dos limites, poderá ser desonerado da obrigação de

recomposição da Reserva Legal, mediante doação de área equivalente situada no interior da unidade de conservação.

Parágrafo único. A parcela do imóvel rural inserida em unidade de conservação também poderá ser doada como forma de desoneração da obrigação de recomposição da reserva legal de outro imóvel.

Art. 48 O órgão gestor da Unidade de Conservação indicará, em cada unidade de conservação pendente de regularização fundiária, as áreas aptas a serem adquiridas e posteriormente doadas ao poder público, para fins da desoneração de que trata o Art. 46.

Art. 49 O órgão gestor da unidade de conservação, após a indicação das áreas passíveis de aquisição, fará publicar edital dirigido aos proprietários dos imóveis situados no interior da unidade de conservação, previamente delimitadas, convidando-os a apresentarem, no prazo estipulado:

I - os documentos comprobatórios de domínio;

II - localização do imóvel com delimitação do perímetro; e

III - valor pretendido para o imóvel.

Art. 50 Vencida a etapa a que se refere o artigo anterior, o órgão gestor da unidade de conservação dará publicidade ao processo com a publicação de edital discriminando as áreas passiveis de alienação e posterior doação, facultando ao proprietário de imóvel rural com passivo de reserva legal a se regularizar mediante a aquisição e posterior doação ao órgão gestor de imóvel situado no interior da área delimitada na Unidade de Conservação, objeto do edital.

Parágrafo único. No edital de que trata este artigo, o órgão gestor da unidade de conservação poderá fazer constar a delimitação da área cujos imóveis se enquadrem nos requisitos técnicos necessários à desoneração na respectiva unidade de conservação que se pretende regularizar.

Art. 51 O proprietário rural interessado em ser desonerado da obrigação de manutenção de reserva legal em seu imóvel deverá formalizar o pedido junto ao órgão gestor da unidade de conservação, com a indicação da localização, perímetro e área total do imóvel a ser desonerado e indicação da área a ser adquirida.

Parágrafo único - O órgão gestor da unidade de conservação poderá para fins de análise e processamento do pedido mencionado no caput, celebrar acordo com outras instituições públicas.

Art. 52 A área a ser adquirida e doada ao poder público e a área correspondente a reserva legal do imóvel que será desonerado da obrigação de manutenção da Reserva Legal, deverão:

I - ser equivalentes em extensão;

II - localizar-se na mesma microbacia hidrográfica.

Parágrafo único. Na impossibilidade do cumprimento do inciso II, deverá ser aplicado o critério de maior proximidade entre a propriedade desprovida de reserva legal e a área escolhida para a aquisição e doação, desde que no mesmo Estado.

Art. 53 O órgão gestor de unidade de conservação deverá figurar no negócio jurídico de aquisição do imóvel apenas como terceiro beneficiário e donatário, vedada a assunção de qualquer responsabilidade em relação às cláusulas do negócio jurídico de aquisição do imóvel.

Art. 54 Após o aperfeiçoamento do negócio jurídico de que trata o artigo anterior por meio da formalização junto ao órgão de registro público de imóveis, que correrá às expensas do doador, o órgão gestor da unidade de conservação emitirá Termo de Desoneração da obrigação a que se refere o Art.46 desta lei, que deverá ser averbado no registro de imóveis à margem da inscrição de matrícula do imóvel rural desonerado.

Parágrafo único. O Termo de Desoneração previsto no caput deverá conter a extensão da área desonerada, a bacia hidrográfica onde se localiza e o número da matrícula do imóvel desonerado.

SEÇÃO V

DA SERVIDÃO AMBIENTAL

Art. 55 O proprietário rural que detém vegetação nativa em percentual superior ao da Reserva Legal poderá, sobre esta área, instituir servidão ambiental, mediante a qual voluntariamente renuncia, em caráter permanente ou temporário, aos direitos de supressão ou exploração da vegetação nativa, localizada fora da reserva legal e da área de preservação permanente.

§ 1o A limitação ao uso da vegetação da área sob regime de servidão ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal.

§ 2o A servidão ambiental deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, após anuência do órgão ambiental competente, sendo vedada, durante o prazo de sua vigência, a alteração da destinação da área, nos casos de transmissão a qualquer título, de desmembramento ou de retificação dos limites da propriedade.

§ 3o A anuência do órgão ambiental competente deverá observar as condições de que trata o caput deste artigo.

§ 4o O Termo de Servidão Ambiental, emitido pelo órgão ambiental competente, é o documento representativo necessário para a averbação à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, e deverá conter, no mínimo:

a) informações relativas aos requisitos previstos neste artigo;

b) o regime de limitação instituída;

c) o prazo de validade da servidão ambiental;

d) a bacia hidrográfica;

e) identificação do imóvel, com a inserção das coordenadas geográficas de pelo menos um ponto de amarração relativo ao perímetro do imóvel e de um ponto relativo à área que serviu de base para a instituição da servidão;

f) o número da matrícula do imóvel.

Art. 56 O proprietário ou possuidor rural que não possuir, no interior de sua propriedade, floresta ou demais formas de vegetação nativa em extensão suficiente para compor a Reserva Legal, poderá mediante arrendamento de servidão ambiental, compensar a reserva legal conforme dispõe o § 5o , do art. 44 desta Lei.

Art. 57 A aprovação da compensação de que trata o Art. 56 pelo órgão ambiental competente observará o seguinte:

I - equivalência em extensão e importância ecológica das áreas;

II - localização das áreas na mesma microbacia hidrográfica;

III - existência de Termo de Servidão Ambiental a ser utilizada para fins de compensação, devidamente averbado à margem da inscrição de matrícula do imóvel;

IV - existência de proposta ou negócio jurídico relativo ao arrendamento da servidão ambiental, em que conste:

a) prazo de validade do arrendamento, adequado ao prazo de validade da servidão ambiental instituída, vedada a extinção ou rescisão antes do prazo pactuado; e

b) limitação de uso da área objeto da servidão ambiental, no mínimo, equivalente ao da reserva legal.

§ 1o Na impossibilidade de compensação da reserva legal dentro da mesma microbacia, justificada no processo administrativo, deverá ser aplicado o critério de maior proximidade entre a propriedade desprovida de reserva legal e a área escolhida para a compensação, desde que no mesmo Estado.

§ 2o Após a aprovação da compensação será emitido Termo de Averbação de Compensação pelo órgão ambiental competente, com validade condicionada ao aperfeiçoamento do negócio jurídico do arrendamento.

§ 3o O Termo de Averbação de Compensação emitido pelo órgão ambiental deverá conter informações relativas aos requisitos previstos neste artigo para fins de averbação a margem da inscrição de matrícula da propriedade rural compensada.

§ 4o Os critérios de que trata o presente artigo deverão ser observados, no que couber, quando da celebração do Termo de Compromisso de Manutenção da Reserva Legal nos casos de posse rural.

CAPÍTULO V

DA EXPLORAÇÃO E MANEJO DAS FLORESTAS E DEMAIS FORMAS DE VEGETAÇÃO NATIVA

Art. 58 A exploração de florestas e formações sucessoras, tanto de domínio público como de domínio privado, observada a legislação especifica, dependerá de prévia aprovação pelo órgão estadual competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, bem como da adoção de técnicas de condução, exploração, reposição florestal e manejo compatíveis com os variados ecossistemas que a cobertura arbórea forme.

§ 1o A exploração de florestas e de formações sucessoras compreende o regime de manejo florestal sustentável e o regime de supressão de florestas e formações sucessoras para uso alternativo do solo.

§ 2o A exploração de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica observará o disposto na Lei da Mata Atlântica, Lei 11.428/2006, destacando-se, no que couber, o disposto nesta Lei.

§ 3o Compete ao Ibama a aprovação de que trata o caput deste artigo:

I - nas florestas públicas de domínio da União;

II - nas unidades de conservação criadas pela União;

III - nos empreendimentos potencialmente causadores de impacto ambiental nacional ou regional;

§ 4o Compete ao órgão ambiental municipal a aprovação de que trata o caput deste artigo:

I - nas florestas públicas de domínio do Município;

II - nas unidades de conservação criadas pelo Município;

Art. 59 O emprego de produtos florestais ou hulha como combustível obriga o uso de dispositivo, que impeça difusão de fagulhas suscetíveis de provocar incêndios, nas florestas e demais formas de vegetação.

Art. 60 O plantio ou o reflorestamento com espécies florestais nativas ou exóticas independem de autorização, sendo livre a extração de lenha e demais produtos florestais nas áreas não consideradas de preservação permanente e reserva legal.

Parágrafo único – O corte ou a exploração de espécies nativas comprovadamente plantadas serão permitidos se o plantio ou o reflorestamento estiver previamente cadastrado junto ao órgão ambiental competente.

Art. 61 O comércio de plantas vivas, oriundas de florestas e demais formações vegetais nativas, dependerá de autorização do órgão ambiental competente.

Art. 62 Além dos preceitos gerais a que está sujeita a utilização das florestas e demais formações de vegetação nativas, o Poder Público Federal ou Estadual poderá:

a) prescrever outras normas que atendam às peculiaridades locais;

b) proibir ou limitar o corte das espécies vegetais raras, endêmicas, em perigo ou ameaçadas de extinção, bem como as espécies necessárias à subsistência das populações extrativistas.

CAPÍTULO VI

DO CONTROLE DA ORIGEM DOS PRODUTOS FLORESTAIS NATIVOS

Art. 63 A União, diretamente, através do órgão executivo do Sisnama, ou em convênio com os Estados e Municípios, fiscalizará a aplicação das normas desta Lei, podendo, para tanto, criar os serviços indispensáveis.

Parágrafo único. Nas áreas urbanas a fiscalização é da competência dos municípios, atuando a União e o Estado supletivamente.

Art. 64 A fiscalização e a guarda das florestas pelos serviços especializados não excluem a ação da autoridade policial por iniciativa própria.

Art. 65 Os servidores dos órgãos ambientais, no exercício de suas funções, são equiparados aos agentes de segurança pública, sendo-lhes assegurado o porte de armas.

Art. 66. O controle da origem da madeira, do carvão e de outros produtos ou subprodutos florestais incluirá sistema que integre os dados dos diferentes entes federativos, coordenado pelo órgão federal competente do Sisnama.

Parágrafo único. Os dados do sistema referido no caput serão disponibilizados para acesso público por meio da Rede Mundial de Computadores. Art. 67. O transporte, por qualquer meio, e o armazenamento de madeira, lenha, carvão e outros produtos ou subprodutos florestais oriundos de florestas de espécies nativas, para fins comerciais ou industriais, requerem licença do órgão competente do Sisnama, observado o disposto no art. 66. § 1º A licença prevista no caput será formalizada por meio da emissão do Documento de Origem Florestal - DOF, que deverá acompanhar o material até o beneficiamento final. § 2º Para a emissão do DOF, a pessoa física ou jurídica responsável deverá estar registrada no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, previsto no art. 17 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. § 3º Todo aquele que recebe ou adquire, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos ou subprodutos de florestas de espécies nativas fica obrigado a exigir a apresentação do DOF e munir-se da via que deverá acompanhar o material até o beneficiamento final. § 4º No DOF, sem prejuízo de requisitos adicionais previstos em regulamento, deverão constar a especificação do material, sua volumetria e dados sobre sua origem e destino. Art. 68 O transporte de produtos e subprodutos florestais madeireiros provenientes da exploração eventual, além dos limites da posse ou propriedade rural, para fins de beneficiamento, deverá ser acompanhado da autorização de transporte especifica emitida pelo órgão ambiental competente, contendo:

I – dados da propriedade ou posse, incluindo cópia da matrícula do imóvel no Registro Geral do Cartório de Registro de Imóveis, ou comprovante de posse;

II – dados de volume individual e total por espécie,

previamente identificadas e numeradas; III - justificativa de utilização e descrição dos subprodutos a

serem gerados; IV - indicação do responsável pelo beneficiamento dos

produtos; e V - indicação do responsável pelo transporte dos produtos e

subprodutos gerados, bem como do trajeto a ser percorrido.

CAPÍTULO VII

DO SUPRIMENTO POR MATÉRIA-PRIMA FLORESTAL

Art. 69 As empresas industriais que, por sua natureza, consumirem grandes quantidades de matéria prima florestal serão obrigadas a manter, dentro de um raio em que a exploração e o transporte sejam julgados econômicos, um serviço organizado, que assegure o plantio de novas áreas, em terras próprias ou pertencentes a terceiros, cuja produção sob exploração racional, seja equivalente ao consumido para o seu abastecimento.

§ 1o O não cumprimento do disposto neste artigo, além das penalidades previstas na legislação vigente, obriga os infratores ao pagamento de uma multa equivalente a 10% (dez por cento) do valor comercial da matéria-prima florestal nativa consumida.

§ 2o No caso de reposição florestal, deverão ser priorizados projetos que contemplem a utilização de espécies nativas, conforme regulamento estabelecido pelos Órgãos Ambientais.

Art. 70 As empresas siderúrgicas, de transporte e outras, à base de carvão vegetal, lenha ou outra matéria prima florestal, são obrigadas a manter florestas próprias para exploração sustentável ou a formar, diretamente ou por intermédio de empreendimentos dos quais participem, florestas destinadas ao seu suprimento.

Parágrafo único. A autoridade competente fixará para cada empresa o prazo que lhe é facultado para atender ao disposto neste artigo, observando o limite máximo de 10 anos.

CAPÍTULO VIII

DA SUPRESSÃO DA VEGETAÇÃO PARA USO ALTERNATIVO DO SOLO

Art. 71 A exploração de florestas e formações sucessoras que implique a supressão a corte raso de vegetação natural, observada a legislação especifica, somente será permitida mediante autorização de supressão para o uso alternativo do solo expedida pelo órgão competente do SISNAMA. § 1o Entende-se por uso alternativo do solo a substituição de florestas e formações sucessoras por outras coberturas do solo, tais como projetos de assentamento para reforma agrária, agropecuários, industriais, de geração e transmissão de energia, de mineração e de transporte.

Art. 72 Nas áreas de inclinação entre 25 a 45 graus, cobertas por florestas e outras formas de vegetação nativa, observada a legislação especifica, será admitida a extração seletiva em regime de utilização sustentável, que vise a rendimentos permanentes.

§1o Nas áreas de que trata o caput será admitida a manutenção de culturas lenhosas perenes e atividades silviculturais, vedada a conversão de novas áreas;

§ 2o Poderão ainda ser admitidas outras atividades agrosilvopastoris nas áreas de que trata o caput, desde que atendidas as normas técnicas de boas práticas para conservação dos recursos naturais, vedada a conversão de novas áreas;

Art. 73 Não é permitida a conversão de florestas ou outra forma de vegetação nativa para uso alternativo do solo na propriedade rural que possui área desmatada, quando for verificado que a referida área encontra-se abandonada, subutilizada ou utilizada de forma inadequada, segundo a vocação e capacidade de suporte do solo.

§ 1o Entende-se por área abandonada, subutilizada ou utilizada de forma inadequada, aquela não efetivamente utilizada, nos termos do § 3o, do art. 6o da Lei no 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, ou que não atenda aos índices previstos no art. 6o da referida Lei, ressalvadas as áreas de pousio na pequena propriedade ou posse rural familiar ou de população tradicional.

§ 2o Nas áreas passíveis de uso alternativo do solo, o corte e a supressão da vegetação ficam vedados quando esta abrigar espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de extinção, em âmbito nacional ou estadual, assim declaradas pela União ou pelos Estados.

§ 3o É proibida, em área com cobertura florestal primária ou secundária em estágio avançado de regeneração, a implantação de projetos de assentamento humano ou de colonização para fim de reforma agrária, ressalvados os projetos de assentamento agro-extrativista ou de desenvolvimento sustentável, respeitadas as legislações específicas.

CAPÍTULO IX

DOS INSTRUMENTOS ECONÔMICOS

SEÇÃO I

DOS INSTRUMENTOS TRIBUTÁRIOS E CREDITÍCIOS

Art. 74 Ficam isentas do imposto territorial rural as áreas com vegetação nativa remanescente e aquelas sob regime de preservação permanente e de reserva legal devidamente averbadas.

Art. 75 Os estabelecimentos oficiais de crédito concederão apoio em condições facilitadas aos projetos de reflorestamento, manejo florestal sustentável e recuperação ambiental de Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal.

Parágrafo único. A concessão de crédito que implique na conversão de áreas para uso alternativo do solo será procedida após comprovação da

regularidade ambiental do imóvel rural, da observância das diretrizes do zoneamento ecológico econômico, e demais normas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.

Art. 76 Assegurado o devido controle e fiscalização dos órgãos ambientais competentes dos respectivos planos ou projetos, assim como as obrigações do detentor do imóvel, o Poder Público poderá instituir medidas indutoras e linhas de financiamento para atender, prioritariamente, às iniciativas de:

I – preservação voluntária de vegetação nativa;

II – proteção de espécies da flora nativa ameaçadas de extinção;

III – sistemas agroflorestal e agrosilvopastoril;

IV – recuperação ambiental de Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal;

V – recuperação de áreas degradadas;

VI – Assistência técnica para regularização ambiental, conservação dos recursos naturais e recuperação de áreas degradadas.

§ 1º Além do disposto no caput, o Poder Público manterá programas de pagamento por serviços ambientais em razão de captura e retenção de carbono, proteção da biodiversidade, proteção hídrica, proteção de beleza cênica ou outro fundamento previsto na legislação específica.

§ 2º A preservação voluntária de vegetação nativa configura serviço ambiental, a ser remunerado nos casos, formas e condições estabelecidos na legislação específica.

Art. 77 Os projetos de recuperação de vegetação nativa nas áreas de preservação permanente e reserva legal são elegíveis para os fins de incentivos econômicos previstos na legislação nacional e nos acordos internacionais relacionados à adaptação e mitigação de mudanças climáticas e a proteção, conservação e uso sustentável da biodiversidade e de florestas.

SEÇÃO II

DA COTA DE RESERVA FLORESTAL

Art. 78 Fica instituída a Cota de Reserva Florestal - CRF, título representativo de vegetação nativa sob regime de servidão ambiental, de Reserva Particular do Patrimônio Natural ou outras categorias similares nos Sistemas Estaduais de Unidades de Conservação – SEUC ou reserva legal instituída voluntariamente sobre a vegetação que exceder os percentuais estabelecidos no art. 11 desta Lei.

§ 1o A CRF poderá ser emitida em reserva legal excedente instituída voluntariamente sobreposta à Área de Preservação Permanente - APP, desde que mantido o regime de uso da área de preservação permanente.

§ 2o A CRF não pode ser emitida com base em vegetação nativa localizada em área de Reserva Particular do Patrimônio Natural ou outras categorias similares previstas nos Sistemas Estaduais de Unidades de Conservação – SEUC instituída em sobreposição à Reserva Legal do imóvel.

Art. 79 A CRF poderá ser emitida por tempo indeterminado ou com prazo de validade, a critério do proprietário do imóvel sobre o qual foi emitida a CRF.

Parágrafo único. Ficam ressalvados do disposto no caput deste artigo, os seguintes casos:

I - quando a CRF for representativa de vegetação localizada em

área de servidão ambiental, o prazo de validade não poderá ser superior ao prazo da servidão; e

II - quando a CRF emitida representar área em regeneração ou

recomposição, o prazo de validade será de 5 anos, renovável por igual período, até que a área esteja em estágio avançado de regeneração ou recomposição, a partir de quando poderá ser por prazo indeterminado. Art. 80 A unidade da CRF será emitida com base em um hectare:

I - de área com vegetação nativa primária, ou vegetação

secundária em qualquer estágio de regeneração ou recomposição; e II - de áreas de recomposição mediante reflorestamento misto

com espécies nativas.

§ 1o O estágio sucessional ou o tempo de recomposição ou regeneração da vegetação nativa será avaliado pelo órgão ambiental competente com base em declaração do proprietário e vistoria de campo.

§ 2o A CRF não poderá ser emitida pelo órgão ambiental competente quando a regeneração ou recomposição da área forem improváveis ou inviáveis.

Art. 81 A CRF só poderá ser emitida com base em vegetação nativa localizada em propriedade que estiver em situação regular com relação à esta Lei.

Art. 82 O título representativo da CRF deverá informar, no mínimo:

I - informações relativas aos requisitos previstos nesta Seção; II - o regime da CRF emitida; III - o prazo da CRF; IV - a Bacia Hidrográfica;

V - a caracterização da vegetação nativa; VI - identificação do imóvel, com a inserção das coordenadas

geográficas de pelo menos um ponto de amarração relativo ao perímetro do imóvel e um ponto relativo à área que serviu de base para a emissão da CRF;

VII - o número da matrícula do imóvel que serviu de base para sua emissão.

Art. 83 A CRF poderá conter cláusula de remuneração financeira ou outras vantagens não financeiras.

Art. 84 É obrigatório o registro da CRF na Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos - CETIP no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da sua emissão.

Art. 85 A responsabilidade pela manutenção da vegetação nativa representada na CRF, nos termos da legislação ambiental, incumbe ao proprietário do imóvel sobre o qual foi emitida a CRF.

Art. 86 A execução do disposto nesta Seção caberá conjuntamente aos órgãos e entidades enumeradas a seguir, com suas respectivas atribuições:

I - Ministério do Meio Ambiente: a) editar as normas orientadoras do funcionamento do sistema

de informações sobre as CRF; II - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis-IBAMA: a) fiscalizar e atuar supletivamente no controle dos atos

relacionados à CRF; b) implantar e disponibilizar na rede mundial de computadores

o sistema de informações sobre as CRF, integrado ao Portal da Gestão Florestal;

III - órgãos ambientais estaduais: a) avaliar o cumprimento dos requisitos exigidos para emissão

da CRF; b) emitir a CRF e encaminhar à CETIP para registro; c) fiscalizar o cumprimento das normas e regime relacionados

à CRF emitida; d) manter e atualizar o sistema de informação sobre as CRF

emitidas; e

e) manter a documentação de cada CRF emitida.

Art. 87 O proprietário ou possuidor rural que não possuir no interior de seu imóvel floresta ou demais formas de vegetação nativa em extensão suficiente para compor a Reserva Legal poderá compensar essa insuficiência mediante a aquisição de CRF, com aprovação do órgão ambiental competente.

§ 1o O proprietário ou possuidor que suprimiu total ou parcialmente floresta ou demais formas de vegetação nativa situadas no interior de sua propriedade ou posse, após 15 de dezembro de 1998, sem as devidas autorizações exigidas por Lei, não poderá fazer uso dos benefícios previstos no caput deste artigo. § 2o No caso de propriedade rural localizada em área de cerrado na Amazônia Legal, onde a Reserva Legal deve corresponder a trinta e cinco por cento da propriedade ou posse, somente quinze por cento da área da propriedade ou posse poderá ser objeto de compensação mediante aquisição de CRF.

Art. 88 Na aprovação da compensação de que trata esta Seção o órgão ambiental competente observará o seguinte:

I - equivalência em extensão e importância ecológica das

áreas; II - localização das áreas na mesma microbacia hidrográfica; e III - a quantidade proporcional de CRF em relação a área de

reserva legal compensada; e IV - o regime e prazo de validade da CRF.

§ 1o Na impossibilidade de compensação da reserva legal dentro da mesma microbacia, deverá ser aplicado o critério de maior proximidade entre a propriedade desprovida de reserva legal e a área escolhida para a compensação, desde que no mesmo Estado.

§ 2o Após a aprovação da compensação será emitido Termo de Averbação de Compensação pelo órgão ambiental competente, com validade condicionada ao aperfeiçoamento do negócio jurídico de aquisição da CRF.

§ 3o O Termo de Averbação de Compensação pelo órgão ambiental deverá conter informações relativas aos requisitos previstos neste artigo para fins de averbação a margem da inscrição de matrícula da propriedade rural compensada.

§ 4o Os critérios de que tratam o presente artigo deverão ser observados, no que couber, quando da celebração do Termo de Compromisso de Manutenção da Reserva Legal nos casos de posse rural.

Art. 89 A alienação da CRF pelo comprador sem a adoção de outra forma de compensação da reserva legal ou aquisição de outra CRF implica em irregularidade quanto obrigação de manutenção da reserva legal do imóvel rural.

CAPÍTULO X

DISPOSIÇÕES COMPLEMENTARES, TRANSITÓRIAS E FINAIS

Art. 90 Não serão transcritos ou averbados no Registro Geral de Imóveis os atos de transmissão inter-vivos ou causa mortis, bem como a constituição de ônus reais, sobre imóveis rurais, sem a devida averbação da reserva

legal e apresentação de certidão negativa de dívidas referentes a multas previstas nesta Lei ou nas leis estaduais supletivas, por decisão transitada em julgado.

Parágrafo único. A comprovação da adesão ao Programa de Regularização Ambiental habilita o imóvel rural para os procedimentos descritos no caput.

Art.91 A conservação, em imóvel rural ou urbano, da vegetação localizada em área de preservação permanente e reserva legal cumpre função social, conforme art. 182 e 186 da Constituição Federal, e é de interesse público.

Art. 92 Qualquer árvore poderá ser declarada imune de corte, mediante ato do Poder Público, por motivo de sua localização, raridade, ameaça, beleza ou condição de porta-semente.

Art. 93 Em caso de incêndio na vegetação, que não se possa extinguir com os recursos ordinários, compete não só ao servidor do órgão ambiental, como a qualquer outra autoridade pública, requisitar os meios materiais e convocar pessoas em condições de prestar auxílio.

Art. 94 A recuperação voluntária de área de preservação permanente e reserva legal, observado o disposto nesta lei e a metodologia de recuperação preconizada nas normas aplicáveis, dispensa a autorização do órgão ambiental.

Art. 95 É proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação como prática agropastoril e silvicultural.

§ 1º Excetuam-se da proibição do caput as práticas conservacionistas, de prevenção e combate aos incêndios.

§ 2º Se peculiaridades locais ou regionais justificarem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, sua utilização far-se-á de acordo com critérios técnicos estabelecidos pelo órgão ambiental competente.

Art. 96 Para efeitos desta lei, a atividade de silvicultura, quando realizada em área apta ao uso alternativo do solo, é equiparada a atividade agrícola, nos termos da lei da política agrícola brasileira, lei nº 8.171 de 1991.

Art. 97. O Poder Executivo regulamentará a presente Lei, no que for julgado necessário à sua execução.

Art. 98. Revogam-se a Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e a Lei nº 7.754, de 14 de abril de 1989. Art. 99. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, xx de xxxxxx de 2011;