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Linha Direta | Julho 2008 1

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Linha Direta - Revista do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações no Estado de São Paulo – SINTETEL-SP

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Linha Direta | Julho 2008 1

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2 Linha Direta | Julho 2008

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Linha Direta | Julho 2008 3

SÃO PAULO ::: JULHO 2008 ::: ANO II ::: 3ª EDIÇÃO

Polęmica

Cultura

05 BEM-ESTARQuiropraxia e osteopatia

auxiliam o combate a

doenças ocupacionais.

Mercado de

Trabalho

Filme

Sindicato cidadão - Sintetel recicla: saiba mais sobre o destino

correto do lixo.

Capa

Tropa de Elite vence Festival

de Berlim.32

Conheça a história do

companheiro Sales, uma

figurinha carimbada da

nossa base.

Você sabe como funciona o

Wi-Fi? Conheça a nova

tecnologia.

Para ouvir

Roberta Sá aparece como uma

das vozes mais marcantes da

MPB. Após surgir no FAMA, a

cantora apresenta seu segundo

trabalho. PG 32

Cafundó é mais uma boa obra

do cinema nacional. O longa é

inspirado em João de Camargo,

tropeiro e ex-escravo. PG 32

NEST

NEST

NEST

NEST

NEST

A ED

IÇÃO

A ED

IÇÃO

A ED

IÇÃO

A ED

IÇÃO

A ED

IÇÃO

Subsede

Conheça a regional do

ABCDM e Alto Tietê,

comandada pelo diretor

Mauro Cava de Britto.

10

Marcio Pochmann,

presidente do IPEA, fala

sobre as dificuldades de

crescimento do país.

Entrevista

Aconteceu

Sintetel é reconhecido

como legítimo

representante de

telecentros e empresas de

telecomunicações.

13

Ecstasy desponta como a

nova droga da classe média

alta.

Jovem

"Amar demais" também é

uma forma de

dependência.

Mulher

Saúde

Anexo II da NR17 melhora a

vida dos trabalhadores,

mas encontra resistência

por parte das empresas.

30

16Panorama

do setor

O que mudou após a

privatização das

telecomunicações no

Brasil?

08

14

21

25

26

Música

28

Opiniăo

29

Esporte

Passatempo

Divir ta-se com os nossos

caça-palavras, curiosidades

e piadas.

33

Olho da Rua

Fique por Dentro

24

Aposentados

22

Juliana Cambuí, campeã

mundial de caratê, trabalha

na Icatel da Baixada

Santista.

Pirataria aparece como

grande vilã do mercado

cinematográfico e

fonográfico.

Osvaldo Pereira, o DJ mais

antigo do Brasil, toca ao lado

do famoso Fatboy Slim.

O escritor Paulo Rodrigues

conta como Zanganor

entrou para a política.

34

O assessor sindical João

Guilherme fala sobre o

fantasma do terceiro

mandato.06

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4 Linha Direta | Julho 2008

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CATTTT T OOOO O

DIRETORIA DO SINTETELPresidente: Almir Munhoz

Vice-Presidente: José Carlos Guicho

Diretoria Executiva: Gilber to Rodrigues Doura-

do, Alcides Marin Salles, Elísio Rodrigues de Souza,

Mauro Cava de Britto e Joseval Barbosa da Silva.

Diretores Secretários: Cenise Monteiro de Moraes,

Reynaldo Cardarelli Filho, José Clarismunde de Oliveira

Aguiar, Eudes José Marques, Amândio Bispo Cruz,

Bráulio Moura da Silva e Germar Pereira da Silva.

Diretores Regionais: Jorge Luiz Xavier, Welton

José de Araújo, José Rober to da Silva, Ismar José

Antonio e Genivaldo Aparecido Barrichello.

Jurídico: Humber to Viviani [email protected]

OSLT: Paulo Rodrigues [email protected]

Recursos Humanos: Sergio Roberto [email protected]

COORDENAÇÃO EDITORIALDiretor Responsável: Almir Munhoz

Jornalista Responsável: Marco Tirelli MTb 23.187

Repor tagem e Revisão: Amanda Santoro e

Marco Tirelli

Estagiários: Emilio Franco Jr. e Luciana Marillac

Diagramação: Volpe Ar tes

Fotos: J. Amaro e Rafael Rezende

Colaboradores: João Guilherme Vargas Netto,

Paulo Rodrigues, Renata Nogueira, Tatiana Carlotti

e Theodora Venckus

Impressão: Unisind Graf. Ltda.

Distribuição: Sintetel

Tiragem: 50.000 exemplares

Periodicidade: Semestral

Linha Direta em Revista é uma publicação do Sindicado

dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado

de São Paulo | Rua Bento Freitas, 64 | Vila Buarque

| 01220-000 | São Paulo SP | 11 3351-8899

www.sintetel.org | [email protected]

S U B S E D E S

ABC: 11 4123-8975 [email protected]

Bauru: 14 3231-1616 [email protected]

Campinas: 19 3236-1080 [email protected]

R.Preto: 16 3610-3015 [email protected]

Santos: 13 3225-2422 [email protected]

S.J.Rio Preto: 17 3232-5560 [email protected]

V. Paraíba: 12 3939-1620 [email protected]

O Sintetel é filiado à Fenattel (Federação Nacional dos

Trabalhadores em Telecomunicações), à UNI (Rede Sin-

dical Internacional) e à Força Sindical. Os ar tigos

publicados nesta revista expressam exclusivamente a

opinião de seus autores.

Nos primeiros seis meses de2008, apesar de algumas perdas e dis-sabores, o Sintetel teve motivos desobra para comemorar. No mês deabril, os trabalhadores das empresasprestadoras de serviços em teleco-municações aprovaram, em todo o es-tado de São Paulo, a proposta para oAcordo Coletivo 2008/09. Além de con-

seguirmos zerar a inflação do período, conquistamos o Plano Médico Familiarque era uma antiga reivindicação da categoria.

No entanto, o mês de abril também foi marcado por uma triste coincidência.Ao mesmo tempo em que o Sintetel completou 66 anos, faleceu com a mes-ma idade o nosso amigo, companheiro e mestre Geraldo de Vilhena Cardoso,ex-presidente do Sindicato.

Para mim, uma perda inestimável, pois com ele o Sintetel começava, em1985, a dar abertura à democracia, acolhendo algumas jovens lideranças quesurgiram na primeira grande greve da categoria. Assim era criado o GrupoUnidade na Luta.

Eu e outros diretores que hoje se encontram à frente do Sindicato fazíamosparte daquele grupo de jovens idealistas. Geraldo nos ensinou muito e somosgratos a ele onde estiver.

As centrais sindicais promoveram também ações conjuntas no dia 28 demaio, Dia Nacional de Lutas e Mobilizações pela Redução da Jornada de Tra-balho (sem corte nos salários). A pauta de reivindicações do movimento sin-dical incluiu ainda a defesa da ratificação das Convenções 151 e 158 da OIT.

Representantes das centrais sindicais entregaram ao presidente da Câmarados Deputados Arlindo Chinaglia, no dia 3 de junho, o abaixo-assinado reivin-dicando a redução de jornada de trabalho.

As centrais colheram mais de 1,5 milhão de assinaturas em todo o País desdeo dia 11 de fevereiro, data do lançamento oficial da campanha. O Sintetel, quejá conquistou este benefício para parte da sua categoria, pretende ampliá-lopara os demais trabalhadores. Prova disto foi a nossa participação ativa nestaluta pelo trabalhador brasileiro. Boa leitura!

D E S TA Q U E SDO SEMESTRE

ALMIR MUNHOZ é presidente do Sintetel

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Linha Direta | Julho 2008 5

BEM

-EST

BEM

-EST

BEM

-EST

BEM

-EST

BEM

-EST

ARARARAR ARPOSTURA

MEDICINA ALTERNATIVA: UMA NOVAOPÇÃO PARA O TRABALHADOR

LUCIANA MARILLAC

A ciência abre o leque para especialidades como a quiropraxia e a osteopatia

Dores musculares, torções,desconjuntura óssea e infla-mações nos tendões são algumas daspatologias tratadas por fisioterapeu-tas e ortopedistas. No entanto, com aramificação da medicina, novos pro-fissionais têm sido indicados, princi-palmente aqueles que fazemdas mãos suas ferramentas detrabalho. Dois segmentos sedestacam quando o assunto édoença ocupacional: aquiropraxia e a osteopatia.

O INSS (Instituto Nacional doSeguro Social) exige que sejafeita uma perícia periódica nasempresas para identificar asmoléstias incidentes no exercício dotrabalho, independentemente da pro-fissão. Em 2008, o Ministério da Pre-vidência divulgou que o registro de do-enças ocupacionais cresceu 134% em12 meses. Uma das causas para essaalta é o novo procedimento adotado:o que antes era enfermidade comum,agora é doença ocupacional.

As principais notificações da molés-tia ocupacional acontecem no sis-tema osteomuscular, o que gera umaumento de especialistas nestesegmento. "Em meu consultórioatendo muitas pessoas com doresna lombar e cervical. Em seguidasão as tendinites de ombro e coto-velo. As causas são várias: locais detrabalho insalubres, ergonomia ina-dequada, estresse, distúrbios emo-

A doença ocupacionalocorre no ambiente detrabalho. Os movimentose posições contínuas po-dem prejudicar a saúdedo indivíduo, reduzir orendimento, interrom-per a carreira e atédesestabilizar a vida.

- A quiropraxia e a osteopatia surgiram nofinal do século XIX, nos Estados Unidos. Sãoconhecidas como "medicina dos ossos ejuntas" e a nomenclatura é de origem gre-ga: quiro - mãos; práxis - praticar; ostheos- ossos; pathos - doença. Numa junção li-teral das palavras, quiropraxia significa"prática com as mãos" e osteopatia forma"doenças nos ossos".

Você sabia que...

cionais, sobrecarga de trabalho eacidentes no trabalho", comenta oosteopata Dr. Rodolfo Pasqualeto.

Muitas empresas ignoram as doen-ças ocupacionais para prevenir pos-síveis aborrecimentos e gastos. Quan-do o empregado se afasta do servi-ço, a empresa fica obrigada a reco-

lher o FGTS (Fundo de Garantia doTempo de Serviço). Cada entidadedeve ter consciência e desenvolverações que levem em conta a condi-ção de trabalho ideal para seus con-tratados. Por isso é importante a pre-sença de técnicos de segurança e saú-de nas empresas. São eles que reali-zam projetos de prevenção e asse-guram o direito do trabalhador. Sua

principal função é descobrir soluçõespara minimizar os riscos existentesem cada ambiente de trabalho.

Segundo a técnica de segurança esaúde do trabalho do Sintetel,Cássia Turquetto, os acidentes maiscomuns registrados na área das te-lecomunicações são quedas e cho-

ques elétricos, "mas as doen-ças osteomusculares e oestresse estão crescendo as-sustadoramente, haja vistaque em pesquisa realizadacom 500 teleoperadores, 90%apresentam sintomas".

Uma dica para ter a estrutura ós-sea saudável é ter percepção econsciência do próprio corpo. O

Dr. Pasqualeto alerta: "Ninguém temuma postura 100% correta, mas umlocal inadequado de trabalho - compouca iluminação, barulho ou altura doassento e mesa errados - causa algunsvícios. Técnicas de tratamento posturalcomo RPG, Pilates e Isotretching são re-cursos que ajudam a trabalhar a pos-tura, principalmente para quem já temtendência à tortuosidade vertebral".

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6 Linha Direta | Julho 2008

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“A DIFICULDADEDE CRESCERÉ POLÍTICA”

Linha Direta em Revista entrevista o presidente do Instituto de PesquisaEconômica Aplicada – IPEA

Marcio Pochmann é mestre edoutor em Economia pelaUniversidade Estadual de Campinas(Unicamp). Foi consultor de diversosórgãos, entre eles, a Organização In-ternacional do Trabalho (OIT). Es-creveu e organizou mais de 20 li-vros. Com “A Década dos Mitos”, foivencedor do Prêmio Jabuti na áreade Economia em 2002. A seguir, osprincipais trechos da entrevista.

Linha Direta em Revista: O cres-cimento do Brasil é sustentável?Marcio Pochmann: Temos que di-ferenciar “sustentável” de “susten-tado”. Sustentado é a expansão daeconomia acompanhada de inves-timento. Faz 41 meses que os in-vestimentos crescem duas vezesmais que as produções no Brasil. Aoutra possibilidade é o sustentáveldo ponto de vista ambiental. Háanos se discute o impacto da ex-pansão econômica sobre o meioambiente. Os indicadores que exis-tem são insuficientes para chegar-mos a uma conclusão. No entanto,

notamos que o crescimento eco-nômico está baseado em bens deconsumo duráveis, com destaqueao automóvel. O desenvolvimentocria problemas sérios de mobili-

está relativamente bem para con-viver com a situação, dado asreser vas que temos e à expan-são dos investimentos. No entan-to, isso não é suficiente para en-frentar um colapso de longa du-ração. Isso pode levar mais tem-po do que imaginamos. O Japão,por exemplo, viveu uma recessãopor dez anos.

LDR: O que acontece com a distri-buição de renda?MP: É importante o crescimento doponto de vista dos trabalhadores nadisputa pelo aumento dos salários. Osdados do Dieese (Depar tamentoIntersindical de Estatística e EstudosSócioeconômicos) ajudam a entendercomo os sindicatos vêm conquistan-do um melhor desempenho nas ne-gociações coletivas. Por outro lado,isso não é suficiente para que hajamelhor distribuição de renda. É ne-cessário um conjunto de outras polí-ticas. Ao analisarmos a renda dos tra-balhadores, percebemos que há umaredução da desigualdade entre a clas-

“F“F“F“F“Faz 41 meses queaz 41 meses queaz 41 meses queaz 41 meses queaz 41 meses queos investimentosos investimentosos investimentosos investimentosos investimentoscrescem duascrescem duascrescem duascrescem duascrescem duasvezes mais que asvezes mais que asvezes mais que asvezes mais que asvezes mais que asproduções noproduções noproduções noproduções noproduções noBrBrBrBrBrasil”asil”asil”asil”asil”

MARCO TIRELLI

DESENVOLVIMENTO

dade, de emissão de CO2 e de im-pactos ambientais.

LDR: O Brasil está preparado paraenfrentar um colapso mundial de-sencadeado pelos EUA?MP: Essa crise atinge o núcleoda economia mundial, repercu-tindo de forma generalizada emvários países. Até agora ela estásob efei tos monetár ios e nãoatingiu a economia real. O Brasil

“A DIFICULDADEDE CRESCERÉ POLÍTICA”

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ENTR

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TEN

TREV

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IST

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T AAAA ADESENVOLVIMENTO

se média e a classe de baixa renda.O aumento do salário mínimo e osprogramas de distribuição de rendaprotegeram a base dessa pirâmide.No entanto, o ganho dos empresári-os cresce acima da renda dos traba-lhadores e há o aumento dos ricosno Brasil. Percebemos a expansãonas obras de habitação como a cons-trução de apartamentos com 1.700m², que custam até R$ 7 milhões esão consumidos imediatamente. Issoé um sinal de que os ricos tambémcresceram no Brasil em termos dequantidade e a sua conseqüente par-ticipação na riqueza do país.

LDR: Quais os gargalos que impe-dem que o Brasil cresça mais?MP: A dificuldade de crescer é polí-tica. Não temos uma maioria quedefenda o desenvolvimento nacio-nal. As principais forças políticasestão muito contaminadas pela ló-gica do curto prazo e pela defesa

da instabilidade monetária. A meuver, o governo Lula está conduzin-do a sociedade para chegar a umamaioria que leve ao crescimento,mas isso ainda não é uma realida-de. Se nós tivermos uma conver-gência política, as possibilidades decrescermos de forma sustentadasão maiores do que quando não setem uma expressão nesse sentido.Esse é um primeiro aspecto a serconsiderado. O segundo é de natu-reza econômica. O que dá susten-tação para uma expansão alta econtinuada ao longo do tempo sãoos investimentos. O governo brasi-leiro tomou duas iniciativas muitoimpor tantes, mas que ainda sãoinsuficientes. Nesse segundo man-dato, o governo se comprometeu acrescer 5% ao ano. Isso é impor-tante para que os empresários ve-jam o comprometimento do país. Osegundo é o Plano de Aceleraçãodo Crescimento [PAC] que procura

garantir a infra-estrutura paraaqueles que quiserem investir e au-mentar a produção do país. Só queessas duas posturas não estão co-ordenadas com a posição do Ban-co Central, que muitas vezes tomadecisões olhando apenas o seu focode atuação, mas que comprome-tem o crescimento nacional.

LDR: Em 1998 o setor de teleco-municações foi privatizado. Diantedeste cenário, quais as recomen-dações para melhorar a atuação donosso Sindicato?MP: O Sintetel foi inteligente aoampliar sua atuação, não se de-tendo ao trabalhador diretamentecontratado pela empresa. Osindicalismo brasileiro tem que evi-tar a fragmentação. Neste sentido,a direção do Sintetel tomou umaimpor tante decisão. Estamos dian-te de uma realidade muito diferen-te daquela que produziu a ascen-são dos sindicatos nos anos 70. Emprimeiro lugar, lidamos com tra-balhadores mais qualificados, jo-vens e, na maioria das vezes, mo-bilizados pela empresa. Por isso,precisamos revigorar a ação sin-dical no que diz respeito à forma-ção e preparação dos dirigentespara enfrentar a nova realidade ecompreender melhor o mundo. Asgreves e mobilizações continuarãoimpor tantes, mas não somenteelas. É necessário que os sindica-tos influenciem a opinião pública.A imprensa sindical é a maior dopaís. Se contabilizarmos a quanti-dade de jornalistas, publicações etiragens, temos um número maiordo que o apresentado na mídia tra-dicional. No entanto, ela não conse-gue a mesma repercussão. Uma ges-tão mais qualificada permitiria queos recursos em torno da imprensasindical resultassem em melhoresresultados, por exemplo.

SAIBA O QUE É O IPEAO Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada é uma fundação públicafederal vinculada ao Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidênciada República. Suas atividades de pesquisa fornecem suporte técnicoe institucional às ações governamentais para a formulação ereformulação de políticas públicas e programas de desenvolvimento.

O Ipea tem por finalidade realizar pesquisas e estudos sócio-econô-micos, oferecer à sociedade elementos para o conhecimento e solu-ção de problemas, além de dar apoio técnico e institucional ao Gover-no na avaliação, formulação e acompanhamento de políticas públicas,planos e programas de desenvolvimento.

“O sindicalismo“O sindicalismo“O sindicalismo“O sindicalismo“O sindicalismobrbrbrbrbrasileirasileirasileirasileirasileiro temo temo temo temo temque evitar aque evitar aque evitar aque evitar aque evitar afrfrfrfrfraaaaagmentação”gmentação”gmentação”gmentação”gmentação”

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8 Linha Direta | Julho 2008

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MARCO TIRELLI

Uma categoria majoritariamen-te masculina, sem granderotatividade e essencialmente preo-cupada com a telefonia. Até junho de1998, o panorama das telecomuni-cações brasileiras era esse. No en-tanto, a história estava prestes a seralterada: em julho do mesmo ano,com a promulgação da Lei Geral dasTelecomunicações, mudou-se o regi-me de monopólio estatal, permitindoa privatização das empresas públicase a venda de novas licenças para aprestação de serviços. Na época, aforte e estratégica área de telecomu-nicações foi palco de uma das maio-res disputas do programa geral deprivatizações do governo FernandoHenrique Cardoso (1994-1998).

Ao final do processo, o controle dequase todas as empresas do siste-ma Telebrás foi transferido para in-vestidores estrangeiros por preçosirrisórios (o investimento do gover-

no nas estatais, entre 1993 e 1997,foi superior ao total arrecadado coma venda dos ativos e das licenças pelaAnatel). “A recompra de ações peloBNDES foi praticamente a regra nosleilões de privatização, quando de-veria ter sido uma exceção. Um típi-co modelo de privatização à brasi-leira, em que os recursos públicosforam usados para financiar a com-pra de empresas públicas pela inici-ativa privada ou estatal estrangeira”,comenta Marcelo Alencar, professortitular da Universidade Federal deCampina Grande, em artigo escritopara o Jornal do Comércio.

A privatização da Telebrás foi conduzidapelo então ministro das ComunicaçõesLuiz Carlos Mendonça de Barros. Noleilão realizado no dia 29 de julho de1998, a Telebrás e suas subsidiáriasforam vendidas por R$ 22,26 bilhões, oque representava na época quase US$19 bilhões. Era a maior privatização dadécada no setor de telecomunicaçõesda América Latina.

SINTETEL CONTRA ASPRIVATIZAÇÕES

UMA DÉCADA DEPRIVATIZAÇÃO

Como ficou o Brasil após a promulgação da Lei Geral das Telecomunicações?

Em 1997, Almir Munhoz(2º da esq. p/ dir.) debatena Comissão da CâmaraFederal os motivos pelosquais o Sintetel se opunhaà privatização do setor.Neste dia, Almir discursoupara cerca de 300deputados em Brasília.

Na ocasião, o Sindicato lutou parabarrar o processo e propôs outraalternativa. “Aler tamos toda a so-ciedade para as conseqüências ne-gativas de uma privatização nessasproporções, como o aumento dasdoenças profissionais, da mão-de-obra desqualificada e do desempre-go”, afirma Almir Munhoz, presiden-te do Sindicato.

Vale destacar dois indicadores que vi-eram após a privatização das teleco-municações no Brasil: o aumento físi-co e de densidade dos telefones fixose móveis. Em julho de 1998 foramregistrados 24,5 milhões de aparelhos,ao passo que hoje encontramos qua-se 170 milhões – o que representaum crescimento físico de 600%. A den-sidade pulou de 14 para 91 telefonesa cada 100 habitantes. “É bom escla-recer que o Brasil tinha uma deman-da reprimida, sobravam pedidos e fal-tavam telefones. A meu ver, foi umaestratégia dos governantes que erama favor da quebra do monopólio. Pri-meiramente as empresas foramprecarizadas para que depois se justi-ficasse a privatização”, comenta Almir.

O Sintetel teve participação ativa emtodo o processo. Com a assessoriado especialista e professor da

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Linha Direta | Julho 2008 9

elaborado pela ABT (AssociaçãoBrasileira de Telesserviços), atual-mente são estimados 615 mil tra-balhadores na área. “O Sintetel re-presenta 86 mil trabalhadores emempresas de teleatendimento. Nestecaso, somados os trabalhadores,considera-se que o número de re-presentados chegue a 150 mil”,completa Maurício Rombaldi.

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A REALIDADE SINDICAL PÓS-PRIVATIZAÇÃO EM SÃO PAULO

Com relação à base de represen-tados pelo Sintetel, observou-se umcrescimento significativo no núme-ro de trabalhadores após aprivatização das telecomunicações.“No intervalo de dez anos, basea-do nos dados da RAIS (Relação Anu-al de Informações Sociais), nota-seum crescimento de 37% no núme-ro de empregados representadospelo Sindicato. Vale considerar o ca-ráter fluido da composição do se-tor, devido a ajustes às dinâmicasdo mercado por par te das opera-doras e às metas impostas pelaAnatel”, explica Maurício Rombaldi,mestre e doutorando em Sociolo-gia pela USP, cujo tema de sua dis-ser tação abordou a trajetória doSintetel no processo de privatizaçãodas telecomunicações.

Cabe ressaltar que, apesar dos da-dos referentes aos telecentros (callcenters) no Brasil ainda não cons-tarem na RAIS, segundo relatório

Material distribuído peloSindicato na campanha contra aquebra do monopólio.

Unicamp Marcio Wohlers de Almeida,o Sindicato elaborou uma proposta demodelo alternativo de auto-gestãopara a privatização do setor. AlmirMunhoz, inclusive, foi à Brasília paraexpor a proposta do Sintetel às Co-missões de Telecomunicações do Se-nado e da Câmara que estudavam ocaso.

A privatização veio acompanhada, pos-teriormente, pelo emprego de novastecnologias, pelo redimensionamentodas empresas, pela readequação dotrabalho à lógica do mercado, alémda terceirização e precarização dosserviços e salários. Esse cenário trou-xe dilemas incomuns a todos os sindi-catos de trabalhadores em telecomu-nicações do Brasil.

Com relação à proporção de mu-lheres e homens nas telecomuni-cações, observa-se cer ta estabili-dade quando comparados os perí-odos anterior e posterior àprivatização, sobretudo devido àpermanência de técnicos do sexomasculino. A novidade pós-privatização reside no fato de que,após a reorganização das teleco-municações, o setor passa a incluirum número crescente de empre-gados de atendimento ecomercialização. No caso dostelecentros, segundo relatório daABT, as mulheres preenchem 76,2%das vagas no mercado de trabalho.

Além disso, a categoria passou a sercomposta por trabalhadores de perfilmais jovem. De um lado, o númerode trabalhadores com idade entre18 e 24 anos aumentou de 14,2%

MULHERES E JOVENSPREDOMINAM NA CATEGORIA

(1996) para 20,3% (2005). Emcontrapartida, os trabalhadores comidade entre 40 e 49 anos diminuí-ram: enquanto representavam 29,6%há dez anos, hoje são apenas 17,1%.

“Embora o relatório da ABT não for-neça dados sobre a faixa etária dostrabalhadores nos telecentros, esti-ma-se que eles tenham um perfil jo-vem, semelhante àquele observadoem diversos estudos referentes aostrabalhadores do setor bancário bra-sileiro na década de 1980. Supõe-seque isto poderia estar relacionado auma maior adaptabilidade dos jovensà utilização de novas tecnologias, bemcomo a uma possível aceitação do re-cebimento de menores salários.”, fi-naliza Rombaldi.

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10 Linha Direta | Julho 2008

SUBS

EDES

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EDES

SUBS

EDES

SUBS

EDES

SUBS

EDES

Nos limites da subsede doABC está a nascente de um dosrios mais importantes do estado deSão Paulo, o rio Tietê. Ele percorre oestado de leste a oeste. Nasce emSalesópolis, na Serra do Mar, a 840metros de altitude e não conseguevencer os picos rochosos rumo aolitoral. Por isso, ao contrário da mai-oria dos rios que correm para o mar,segue para o interior, atravessa a Re-gião Metropolitana de São Paulo epercorre 1.100 quilômetros, até o

município de Itapura, na divisa com oMato Grosso do Sul. Em sua jornadabanha 62 municípios e seis sub-baci-as hidrográficas numa das regiõesmais ricas do hemisfério sul.

A subsede representa toda esta re-gião, entretanto, sua estruturaoperacional está cravada na cida-de de São Bernardo do Campo. Estemunicípio é considerado o berço dosindicalismo brasileiro devido àsgrandes lutas dos trabalhadoresocorridas no final dos anos 70 e ini-ciadas a partir do ABC. Num terri-

tório altamente industrial, a regiãoabriga os pólos setoriaisautomotivo, químico, de máquinase equipamentos, de plásticos e bor-racha, entre outros. O PIB industri-al do Grande ABC - de cerca de 10bilhões de dólares - corresponde aaproximadamente 14% do PIB in-dustrial do estado de São Paulo e aaproximadamente 7% do PIB indus-trial brasileiro. A atividade da indús-tria é equivalente à do Rio Grandedo Sul (quarto estado industrial bra-sileiro). Os sete municípios do ABCfazem par te da Região Metropoli-

BERÇO DE LUTAS

As assembléias na região sempre têm expressiva participação dos trabalhadores. Na foto, companheiros da TIMouvem atentamente proposta para Acordo Coletivo.

A TRADIÇÃO SINDICAL DO ABCAo todo, a subsede do Sintetel abrange 18 municípios

que compreendem as regiões do ABC e Alto Tietê

Representativo na região sudeste, o rio Tietê nasce emSalesópolis, percorre 1.100 quilômetros e desembocano rio Paraná.

A UMC é uma das universidades da região. No GrandeABC, o menor índice de alfabetização é de 92% (RioGde. da Serra), enquanto S.Caetano do Sul anota 97%.

MARCO TIRELLI

Page 11: 3 - Sindicato Cidadão

Linha Direta | Julho 2008 11

SUBS

EDES

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EDES

SUBS

EDESBERÇO DE LUTAS

Mauro Cava de Britto foi metalúrgico na regiãodo ABC e participou ativamente dos movimen-tos grevistas de 1978/79. Tornou-se diretor re-gional e assumiu a subsede em 1997. Atual-mente é diretor Social, acumula a direção daregional, além de ser o responsável pelas colônias de férias. Mauro também é umdos membros da Comissão de Negociação do Sintetel e diretor da Força Sindical.

tana de São Paulo e possuem 2,5milhões de habitantes. A região ain-da conta com a maior renda percapita do País e é o terceiro póloconsumidor no ranking nacional depotencial de consumo.

A região também apresenta impor-tantes universidades como aMetodista, a Universidade Federaldo ABC, a Fundação Santo André, aUniversidade de Mogi das Cruzes-UMC, a Brás Cubas, entre outras.

O Sintetel representa cerca de 20 miltrabalhadores na região. As principaisempresas que estão na base territorialdo Sintetel são: Telemax, Atento, TIM,Telefônica, Tivit, Vidax, Senarc, Daruma,Icatel, X-Tel e TGestiona. “O crescimen-to da subsede em número de traba-lhadores foi expressivo, visto que an-tes da privatização o número era apro-ximadamente dois mil, em sua maio-ria, da Companhia Telefônica da Bor-

da do Campo adquirida pela Telefôni-ca durante o processo de venda dasestatais”, conta o diretor social MauroCava de Britto.

Há dois anos e meio a subsede foitransferida de Santo André para SãoBernardo do Campo, pois além de con-centrar aproximadamente dez mil tra-balhadores, facilita o acesso às cida-des do Grande ABC e à região do AltoTietê através da rodovia Índio Tibiriçá.“O perfil do trabalhador da região é dealto grau de politização, reivindicadore extremamente profissional. Além dostrabalhadores da ativa, a subsedemantém com os aposentados do se-tor uma relação muito próxima e afe-tuosa”, destaca Mauro.

A subsede mantém representativo re-lacionamento com as entidades sindi-cais e governamentais da região.Mauro Cava de Britto, diretor Social eda Força Sindical, também é membroda Comissão Municipal de Emprego deSão Bernardo do Campo e integrante

do Conselho Sindical da Delegacia Re-gional do Trabalho de Santo André. Adiretora Rosilene Dias Brandão é su-plente nos cargos citados e compõea direção estadual da Força Sindical.

A rotina na subsede começa às8h. As atividades vão desde oatendimento aos associados,distr ibuição de comunicados,reuniões de esclarecimentos, vi-sitas às bases, negociações comempresas, até mesmo o traba-lho de conscientização e filiaçãodos trabalhadores.

O Sintetel mantém nesta regionalum consultório odontológico para oatendimento dos associados a pre-ços acessíveis. Trabalham no supor-te da subsede o diretor de aposen-tados Raimundo Francisco Alves, adiretora Rosilene Dias Brandão,quatro diretores de base, delega-dos sindicais e três funcionários.

QUEM É O RESPONSÁVELPELA SUBSEDE?

Equipe Sintetel: Eliana Figueiredo (secretária), RosileneDias Brandão (diretora), Luiz Antonio Cattaneo (dentista),Raimundo Francisco Alves (diretor de aposentados) eMauro Cava de Britto (diretor regional).

Subsede ABCAtendimento: das 8h às 17hEndereço: Rua Princesa MariaAmélia, 187 – Nova Petrópolis –São Bernardo do CampoTelefone: (11) 4123-8975 - e-mail: [email protected] regional abrange:• 18 municípios • 14 empresas• 20 mil trabalhadores

Visão social: consultório dentário atendeassociados do Sindicato a preços acessíveis.

SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES

A AÇÃO SINDICAL É DIÁRIA

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NONONO

NO NOTÍ

CIAS

TÍCI

ASTÍ

CIAS

TÍCI

ASTÍ

CIAS ACONTECEU

RECORDE DE PÚBLICO

Mais de 900 pessoas lotaram o Auditório da Força Sindical no dia8 de março, em São Paulo. O evento em comemoração ao DiaInternacional da Mulher contou com a presença do presidente doSintetel, Almir Munhoz, e do deputado federal e presidente daForça Sindical, Paulo Pereira da Silva. Os presentes assistiram àspalestras da Profª. Drª. Sandra Dircinha, da assistente social IrotildeGonçalves, e da policial Renata Camargo Barbosa. No encerra-mento, mais de 200 brindes foram sorteados para a platéia.

No dia 5 de dezembro de 2007, o Sindicato realizou uma festa sertanejano tradicional Biroska Bar, no bairro de Santa Cecília, em São Paulo. Abanda União Sertaneja marcou presença e animou a noite com músicade qualidade. O companheiro Almir Soares, diretor do Sintetel na regiãode Ribeirão Preto, demonstrou seu talento vocal ao interpretar diversascanções com a sua banda.

NOITE SERTANEJA FECHA O ANO

“Antigamente as mulheres morriam com 26 anos. Hoje,a expectativa de vida da mulher é de 77 anos, e do homem

68. No futuro, os homens viverão 150 anos,as mulheres não morrerão mais”.

Deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, na comemoração doDia Internacional da Mulher.

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O Conselho de Represen-tantes da Fenattel elegeua nova diretoria commandato de 2008 a2012. Aprovado em Ple-nária Nacional, a sole-nidade de posse acon-teceu no dia 26 de fe-vereiro, em São Paulo. Gilber to Dourado, que tam-bém é diretor de finanças do Sintetel, foi reeleito pre-sidente. Alguns outros companheiros do Sintetel tam-bém compõem a diretoria da Federação. São eles:Almir Munhoz, José Carlos Guicho, Marcos Milanez,Eudes José Marques, Cristiane Nascimento, LucianaSilveira, José Lelis e Sérgio Vanzella.

NOVA DIRETORIADA FENATTEL

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"O pessoal quecritica acomemoração doDia do Trabalhoé de umamentalidade

medíocre e pobre, porque acha queo trabalhador tem que sofrer, chorare só rezar... Rezar eu concordo, maschorar e sofrer, não! A gente já sofreno dia-a-dia, com os maus tratosdos patrões, salários ruins, máscondições de trabalho e transporte...O trabalhador também precisa deeventos como esse".Almir Munhoz, presidente do Sintetel, nacomemoração do dia 1º de Maio de 2008.

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Linha Direta | Julho 2008 13

NONONO

NO NOTÍ

CIAS

TÍCI

ASTÍ

CIAS

TÍCI

ASTÍ

CIASACONTECEU

“As empresas públicas são do povo brasileiro. Asorganizações sindicais estão representando a

população nos assentos dos conselhosdessas empresas. Isso é bom para acompanhar,

fiscalizar e democratizar esse processo”.

Carlos Lupi, Ministro do Trabalho e Emprego.

Em abril faleceu o querido ex-pre-sidente do Sintetel Geraldo deVilhena Cardoso, que esteve nocomando do Sindicato entre 1981e 1987. Foi ele quem organizou aprimeira greve geral dos telefôni-cos no Brasil, ocorrida em 1985.

“Um honesto dirigente sindical, excelente marido e pai defamília, sempre foi para nós o que se chama de ‘pau paratoda obra’. Com ele, quando se tratava de amigos ou dosdireitos dos trabalhadores, não tinha tempo ruim”,relembra o atual presidente do Sintetel, Almir Munhoz.

ADEUS AMIGO

Em maio, o Sintetel rece-beu do governo federal aCer tidão Sindical, docu-mento que legitima o Sin-dicato como representan-te oficial dos trabalhado-res em empresas de telecomunicações, operadores demesas telefônicas do plano da CNTCP, e trabalhadoresem “call centers” de empresas de telecomunicações ouem empresas por elas contratadas.

CERTIDÃO SINDICAL

Fundado no dia 15 de abril de1942, o Sintetel completa maisum ano de lutas e reivindica-ções. Entre as conquistas des-tacam-se o 13º salário e os 30dias de férias. Hoje, com umabase de 150.000 trabalhadores,o Sintetel é considerado o mai-or sindicato de telecomunica-ções da América Latina.

SINDICATO FAZ 66 ANOS

No dia 1° de Maio, a Força Sin-dical realizou sua tradicionalfesta em comemoração ao Diado Trabalho. Realizada na Pra-ça Campo de Bagatelle, nazona nor te de São Paulo, oevento contou com 1,2 milhãode pessoas. O tema do encon-

tro foi a redução da jornada de 44 para 40 horas semanais, além daconcretização das convenções 151 e 158 da OIT.

DIA DO TRABALHO

“No Brasil existem oito milhõesde aposentados que ganham

mais de um salário mínimo e quea cada ano compram menos. Os

preços dos medicamentos eplanos de saúde sobem e não

temos como fugir disso”.

João Batista Inocentini, presidente do SINDINAP(Sindicato Nacional dos Aposentados).

“Osasco estáacompanhando

o ritmobrasileiro. O

portal dotrabalhadorgarantiu a

colocação no mercado de quase35 mil na região”.

Emídio de Souza, prefeito de Osasco, durantea comemoração ao Dia do Trabalho.

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JOJOJOJO JOVE

NSVE

NSVE

NSVE

NSVE

NS

O aparecimento de novas dro-gas caminha lado a lado comas tendências da sociedade. Talvezseja por isso que o consumo de tóxi-cos é um dos temas preferidos paraacalorados debates, seja pela discus-são ininterrupta envolvendo a sua le-galização ou pelos efeitos causadosnas vidas dos usuários. Dentro dessecenário, o ecstasy vem ganhando cadavez mais destaque, principalmente apósa popularização das raves e o reco-nhecimento de DJs como verdadeirosídolos da música.

A droga é bastante antiga, mas o seuconsumo só se popularizou em grandeescala recentemente, seguindo a ten-dência de refletir os costumes da soci-edade. A maconha e o LSD combina-vam com as atitudes dos hippies, quebuscavam o afastamento da sociedadede consumo na década de 60. Devido àsensação de poder, a cocaína repre-sentava a filosofia dos yuppies na déca-da de 80. O ecstasy corresponde a va-lores sociais modernos, pois prometeprazer imediato, combina com a cultu-ra da moda e, por ser um moderadorde apetite, está de acordo com a dita-dura da magreza.

Assim como o LSD (dietilamina deácido lisérgico), o ecstasy foi des-cober to por acaso: o composto desubstâncias químicas MDMA(MetileneDioxoMetaAnfetamina),essencial na composição da dro-ga, foi isolado acidentalmente porum laboratório alemão. Algumasdécadas depois, nos anos 60, oMDMA passou a ser usado comocomplemento e elevador de âni-mo em psicoterapias, e o seu co-mércio foi regularizado por maisde uma década. A droga popula-rizou-se na cultura “underground”e nas discotecas, o que ocasio-nou, nos anos 80, a sua proibiçãopor conta do amplo consumo parafins não medicinais.

O nome ecstasy foi atribuído à dro-ga por seus vendedores como jo-gada de marketing, uma forma defazer analogia com a palavra êx-tase, cuja definição é o estado deelevação para fora de si e do mun-do, por meio de intensa alegria,prazer e admiração. Justamentealgumas das sensaçõesprovocadas pela droga.

As observações mais comuns apóso seu consumo são: maior capaci-dade física e mental, maior interes-se sexual, aumento do estado dealerta, afastamento da sensação desono e cansaço, além de desinibir,aumentar a sociabilidade e deixar ousuário eufórico. “A primeira vez quetomei os comprimidos coloridos sentiuma mágica extraordinária. Meu cor-po ficou mil vezes mais sensível aestímulos e toques. Comparo a ex-periência com a primeira vez que fizamor”, confidenciou o designerVinicius Pereira, de 23 anos.

Porém, a sensação de prazer ime-diato é acompanhada por efeitos de-sagradáveis no futuro. O ecstasy pro-voca lesões celulares irreversíveis,pois faz com que os neurônios per-cam a capacidade de regeneração.Às vezes, os efeitos colaterais podemocorrer logo após a ingestão da dro-ga, com destaque para a contraçãoda mandíbula, taquicardia, secura daboca, tremores, transpiração e do-res musculares. Com mais rarida-de, podem ocorrer variações dehumor nos dias seguintes ao uso,gerando quadro de depressão, e a

Popular entre os jovens de classe média alta, o ecstasy combinacom os valores da sociedade atual

A DROGA DA ELITEA DROGA DA ELITE

HISTÓRICO EFEITOS

ECSTASY

EMILIO FRANCO JR. E

AMANDA SANTORO

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Linha Direta | Julho 2008 15

JOJOJOJO JOVE

NSVE

NSVE

NSVE

NSVE

NSECSTASY

aparição de espinhas no rosto.

Geralmente, os efeitos desaparecemde quatro a seis horas após o consu-mo, podendo haver reflexos nas 40horas posteriores. Quanto maior otempo de uso, mais comprometido ficao funcionamento cerebral do usuário.“O ecstasy acentua a síndrome dopânico e a depressão em pessoaspredispostas a essas doenças. Causatambém danos à memória e à aten-ção. Como se popularizou há apenas20 anos, não se sabe os seus efeitosa longo prazo”, alertou o psicólogoda Unifesp Murilo Battisti, primeiropesquisador da droga no Brasil.

Atualmente, o consumo de ecstasyestá concentrado em boates, ravese lugares com música contínua. “Temque ter um contexto. Você não tomaecstasy em casa ou na rua. Eu sóuso a droga se estou em algum lu-gar afastado, com música bem altae muitos amigos em volta”, afirmouo jornalista Luiz Ricardo, 25 anos,que experimentou ecstasy pela pri-meira vez em 2005. Ainda não foicomprovado se a droga provoca de-pendência física, mas ela já é apon-tada como causadora de dependên-cia psicológica.

A família não deve ser negligen-te. O simples acompanhamentodo compor tamento dos filhos eparentes na volta das baladaspode evitar problemas mais sé-rios no futuro.

Também conhecida como droga dedesenho ou de recreio, na maioriadas vezes o ecstasy é consumidovia oral, mas também pode ser in-jetado ou inalado. Custa entre R$25 e R$ 45, e é vendido em formade comprimidos, cápsulas, pasti-lhas ou pó, apresentando tama-nhos e cores distintos. SegundoBattisti, “as diferenças de colora-ção e formato indicam geralmen-te a marca do traficante. Entretan-to, um comprimido de mesmologotipo também pode ter compo-sição química diferente”.

O Dr. Edemur Ercílio Luchiari, dele-gado da Divisão de Prevenção e Edu-cação da Polícia Civil (DIPE), des-creve o perfil do consumidor deecstasy. “O usuário costuma termais de 18 anos, pertence à classemédia alta, e freqüenta as festasraves”. O delegado ressalta que, di-ferentemente do que costuma serdito, a substância provoca depen-dência física.

O consumo de ecstasy é verificado, principalmente, em festas com músicaeletrônica.

O ecstasy corO ecstasy corO ecstasy corO ecstasy corO ecstasy cor rrrrresponde a vesponde a vesponde a vesponde a vesponde a valoraloraloraloraloresesesesessociais modersociais modersociais modersociais modersociais modernosnosnosnosnos,,,,, pois pr pois pr pois pr pois pr pois prometeometeometeometeomete

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acoracoracoracoracordo com a ditadurdo com a ditadurdo com a ditadurdo com a ditadurdo com a ditadura da maa da maa da maa da maa da magggggrrrrreeeeezazazazaza

TRÁFICO E USUÁRIOS

“Você não vê pobre usar ecstasy. Issoporque as festas de música eletrônicasão geralmente afastadas das cidadese pagamos também o ingresso da rave,gasolina, estacionamento... No final dascontas, não sai menos de R$ 100”,completou Luiz Ricardo.

Segundo a Polícia Federal de SãoPaulo, 209.606 comprimidos deecstasy foram tirados de circulaçãoem 2007. A Delegacia de Repressãoa Entorpecentes (DRE) afirma que oaumento das apreensões deve-se àatuação intensa da PF, que perce-beu que os traficantes usam o ca-minho duplo – levam cocaína parafora do país e trazem para cá dro-gas sintéticas. Estas últimas são, emsua maioria, provenientes de trafi-cantes da Ásia e Europa, com des-taque para as freqüentes apreensõesde carregamentos holandeses.

Nas raves, a droga costuma ser reven-dida por jovens com perfil semelhanteao dos consumidores. O vendedor tam-bém é de classe média, tem entre 20 e27 anos, possui curso superior, não tra-balha, é sustentado pela família e trafi-ca para consumir as pílulas.

O Sintetel é contra o uso do ecstasy ede qualquer outro tipo de droga. “Osentorpecentes são desagregadoressociais. Eles destroem a família, cor-rompem o indivíduo e desorganizama sociedade”, conclui Almir Munhoz,presidente do Sindicato.

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CAP

CAP

CAP

CAP

CAP AAAA A SINDICATO CIDADÃO

COLETA SELETIVA:UMA QUESTÃO DE

RESPONSABILIDADE EAMOR AO PLANETA

MARCO TIRELLI

Trata-se de uma causa que toda população deveriaassumir como prioridade. O Sintetel encampou

mais esta luta e começa a fazer sua parte

A coleta seletiva éA coleta seletiva éA coleta seletiva éA coleta seletiva éA coleta seletiva éum sistema deum sistema deum sistema deum sistema deum sistema derecolhimento derecolhimento derecolhimento derecolhimento derecolhimento demateriaismateriaismateriaismateriaismateriaisrecicláveisrecicláveisrecicláveisrecicláveisrecicláveispreviamentepreviamentepreviamentepreviamentepreviamenteseseseseseparparparparparados na fados na fados na fados na fados na fonteonteonteonteontegggggerererereradoradoradoradoradoraaaaa

Dar um destino correto aol ixo gerado é uma questãode consciência ecológica, com-promisso com o planeta e res-ponsabilidade social. A coleta se-letiva é um sistema de recolhi-mento de materiais recicláveispreviamente separados na fontegeradora. Esta separação evita acontaminação dos materiaisreaproveitáveis, aumentando oseu valor agregado e diminuindoos custos de reciclagem.

COMO ACONTECE ACOLETA SELETIVA?

Basicamente, o material é recolhi-do de quatro maneiras:

Por ta a por taVeículos coletores percorrem as re-sidências em dias e horários es-pecíficos que não coincidam coma coleta normal de lixo. Os mora-dores colocam os recicláveis nascalçadas ou acondicionados em re-cipientes distintos.

EXEMPLIFICANDOA RECICLAGEM...

Cada resíduo é encaminhado paraum diferente processo de recu-peração. O papel, por exemplo,nada mais é que um emaranha-do de fibras vegetais. Ao trans-for mar papel usado em novo,desfaz-se esta trama entrelaçan-do as fibras novamente. A par tirdo papel ar tesanal, é possívelconfeccionar papéis de car ta,marcadores de livros, por ta-re-tratos, por ta-lápis, capas de ca-dernos, livros, envelopes, etc.

Produzir papel a par tir de papel“velho” consome cerca de 50%menos energia em vez de fabricá-lo a partir de árvores, além disso,utiliza-se 50 vezes menos água ereduz-se a poluição do ar em 95%.

Cada tonelada de papel recicladorepresenta três metros cúbicosde espaço disponível nos aterrossanitários (depósito de lixo fisca-lizado e que segue cer tas nor-mas técnicas para nivelar terre-nos públicos).

PEV (Postos de EntregaVoluntár ia)Utiliza contêineres ou pequenos de-pósitos, colocados em pontos dascidades, nos quais qualquer cida-dão depositará o material reciclável.

Postos de TrocaEfetua-se a troca do material a serreciclado por algum bem.

P ICSÉ outra forma de coletar os resídu-os (PICS - Programa Interno de Co-leta Seletiva). São realizadas em ins-tituições públicas e privadas em par-ceria com associações decatadores. Esta é a modalidade queo Sintetel adotou.

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CAP

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CAP AAAA ASINDICATO CIDADÃO

Com este slogan, o Sindicato im-plantou no mês de maio o seuprojeto de coleta seletiva. “Tra-ta-se de uma atitude pioneira nomeio sindical uma vez que já co-meçamos a incorporar o concei-to do sindicalismo cidadão”, ex-plica Almir Munhoz, presidente doSintetel. A direção da entidadefirmou parceria com o Instituto

Cooperados realizam triagem do material a ser reciclado.

Existem regulamentos que determinam questões sobre a coleta sele-tiva. Fique por dentro deles:

• Lei Estadual N. 12.300 de 16 de março de 2006 - institui a políticaestadual de resíduos sólidos e define princípios e diretrizes.

• Lei Federal N. 7.802 de 11 de julho de 1989 - dispõe sobre a pesqui-sa, destino final dos resíduos e embalagens, registro, classificação,controle, inspeção e fiscalização de agrotóxicos, seus componentes eafins, e dá outras providências.

Além destas, existem ainda resoluções e decretos federais e estadu-ais que regulamentam a questão.

O QUE DIZ A LEI?

Novos Saberes paraviabil izar a implanta-ção e condução doprojeto. “A princípio,faremos apenas a co-leta de papel e plásti-co. Após a consolida-ção da primeira etapado projeto, daremosum passo adiante como objetivo de ampliá-lo e expandi-lo às nos-sas subsedes. Quere-mos que todos se com-

prometam com a defesa do meioambiente”, acrescenta Almir.

Todo material recolhido terá umdest ino cer to. “Pr etendemosdestinar os resíduos recicláveis

do S intete l para centra is decatadores autorizadas pela pre-feitura. A princípio, utilizaremosnossa antiga parceria com a Coo-perativa de Reciclagem União –CoopUnião. A exceção é o papelbranco que será destinado paraa Usina de Papel Reciclado. Estetambém é um projeto do NovosSaberes que retorna à fonte ge-radora par te do material destina-do para reciclagem e os transfor-ma em produtos, como agenda,papel e bloco de notas”, explicaAndré Luiz das Neves, diretor Exe-cutivo do Instituto Novos Saberes.

Na sede do Sindicato a coleta jáacontece. “Colocamos as caixi-nhas coletoras de papel em to-das as salas, assim como os tu-bos para copos plásticos. No iní-cio, realizamos o ‘cata-tudo’ depapel que consistiu num recolhi-mento de todo o material quehavia na sede e que representavalixo. Todos os funcionários par ti-ciparam de palestras para conhe-cer o projeto. Creio que estamosno caminho cer to”, conta RosaSayols, funcionária do Sintetel eintegrante da equipe que gerenciao projeto Sindicato Cidadão.

Pedro Soares, cooperado há 10 meses. "É muitomelhor trabalhar aqui do que ficar parado".

De todo papel que o Brasil pro-duz anualmente, apenas 30% éreciclado. Se o mundo reciclassemetade do papel que consome,40 mil quilômetros quadrados deterras seriam liberados do culti-vo de árvores para a indústria depapel e celulose.

SINDICATO CIDADÃOSINTETEL RECICLA

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CAP

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CAP

CAP

CAP AAAA A SINDICATO CIDADÃO

CONHEÇA O INSTITUTOS NOVOS SABERES

Instituto Novos Saberes: www.novossaberes.orge-mail: [email protected] – fones: 11- 8310-7960/6736-7015CoopUnião: [email protected] – fone: 11- 6522-9158

Pedro Gomes da Silva, presidenteda CoopUnião. "A coleta seletivaé uma questão sócio-ambiental.As empresas deveriam ter comometa esta causa".

O Instituto Novos Saberes é uma OSCIP (Organização da SociedadeCivil de Interesse Público) sediada na cidade de São Paulo e formadapor profissionais, estudiosos e ambientalistas. São eles que discuteme implementam projetos, atividades e ações referentes às questõessocioambientais, além de colaborarem para a construção de uma so-ciedade mais justa, igualitária e sustentável.

O Instituto surgiu em 2001, após a união de educadores que trabalha-vam com jovens e adultos na área de Educação Profissional e tinhamexperiência na luta por direitos sociais e ambientais.

DO SINTETELPARA A RECICLAGEM

Dar o destino correto aos resíduos é ameta do projeto Sindicato Cidadão.Através do Instituto Novos Saberes, oSintetel envia seu material reciclável àCooperativa de Reciclagem União e àUsina de Papel Reciclado.

A CoopUnião já existe há oito anos eestá localizada no bairro de Itaquera,na capital. A cooperativa recebe diari-amente cerca de 3.500 kg de materi-al. Os cooperados realizam o proces-so de triagem, acondicionam o mate-rial e, em seguida, tudo é vendido paraas empresas de reciclagem. Com o re-sultado das vendas, a cooperativa émantida, além de pagar uma quantiamensal aos cooperados. “Hoje traba-lhamos com 50 cooperados que sãoex-catadores de lixo das ruas, alémde contarmos com sete núcleos. Osnúcleos representam uma extensãodas cooperativas. Por exemplo, exis-tem 256 tipos de plásticos. Aqui nósfazemos a triagem inicial, enquanto onúcleo separa este material e nos de-volve beneficiado”, explica Pedro Go-mes da Silva, presidente da CoopUnião.

Sintetel instala coletores de papel eplástico em suas dependências.

Em São Paulo existem 14 coopera-tivas. As empresas devem dar o des-tino correto ao seu lixo e isto estáprevisto em lei através de decretos.“As empresas de telecomunicações,por exemplo, geram muitos resídu-os de fios, cabos e metal. Nósestamos prontos para firmar parce-rias desta natureza”, acrescentaJosé Roberto, tesoureiro da Coope-rativa de Reciclagem União.

SERVIÇOS

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MUL

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MUL

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MUL

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MUL

HERRELACIONAMENTO

Ao abandonar a auto-estima, mulheres tornam-se emocionalmentedependentes e descobrem o lado obscuro do sentimento

AMANDA SANTORO

Quando o papo é relaciona-mento amoroso, o que maisse ouve são histórias de insensatez eimpulsividade. Numa sociedade quejá cunhou que para amar é precisosofrer, as mulheres são as mais afe-tadas. Mas o que acontece quandoum sentimento supostamente saudá-vel transforma-se em obsessão?

Muita gente não sabe, mas “amar de-mais” também é uma forma de de-pendência destrutiva. A terapeuta con-jugal norte-americana Robin Norwoodfoi a primeira a constatar que o com-portamento doentio de mulheres emrelacionamentos amorosos era simi-lar ao de viciados em drogas. “Amardemasiado não significa amar mui-tos homens, ou apaixonar-se commuita freqüência (...). Significa, na re-alidade, ficar obcecada por um ho-mem e chamar isso de amor, permi-tindo que tal sentimento controle suasemoções e boa parte de seu com-portamento”, afirmou em seu livroMulheres que Amam Demais.

Com base no livro de Norwood e inspi-rado no AA (Alcoólicos Anônimos), sur-

ge o MADA (Mulheres que Amam De-mais Anônimas). No Brasil, o grupoanônimo – que propõe às dependen-tes discutirem os motivos que as im-pedem de largar seus parceiros – sur-giu em 1994. No entanto, a explosãoaconteceu somente em 2003, com anovela Mulheres Apaixonadas. O autorManoel Carlos retratou esse universoatravés da personagem Heloísa, inter-pretada por Giulia Gam, que colocouem risco a sua vida e a do marido porcausa do seu ciúme incontrolado. Apósseis meses de novela no ar, os gruposdo MADA pularam de 7 para 23. “Asmulheres se identificavam e recebía-mos muitas cartas e e-mails. Tivemosque lidar com esse aumento sem tercomo controlá-lo”, afirmou uma dasprimeiras participantes do grupo.

Não é regra, mas grande parte dasmulheres que sofre dependência afetivapassou a infância num lardesestruturado. “Isso se chama pro-jeção. Quando somos crianças conhe-cemos o padrão dos nossos pais e,sem notar, reproduzimos quando adul-tos. A menina que teve um pai alcoóla-tra tem a tendência de procurar umparceiro igual. Ela não faz isso por von-

tade própria, mas porque é o modeloa que ela está acostumada”, afirmoua psicóloga Lílian Loureiro.

No MADA, o tratamento é feito por meioda “terapia de espelhos”, ou seja,além do alívio do desabafo, as mu-lheres enxergam os próprios errosnos relatos alheios. Conselhos, inter-pretações e julgamentos são proibi-dos nas reuniões. No grupo, cadaparticipante é livre para escolher asua atuação: pode falar o que senteou apenas ouvir os depoimentos.

Prega o anonimato das participan-tes e o lema de “viver um dia decada vez”. O MADA não tem ligaçãocom nenhuma religião e não cobramensalidades ou honorários. Todaverba provém das contribuições vo-luntárias feitas pelas freqüentadoras.

Quem se identificar com essa repor-tagem ou quiser saber mais sobre otema deve acessar o sitewww.grupomada.com.br. Existem reu-niões da organização em 12 esta-dos brasileiros. O MADA está abertopara qualquer mulher que sinta a ne-cessidade de sua ajuda.

O MADA

PROJEÇÃO E TERAPIADE ESPELHOS

FILOSOFIA

ÀS AVESSASAMOR

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DOS

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ADOS MINHA HISTÓRIA

Impossível narrar as lutas trava-das pelo Sintetel nos últimos 30anos sem mencionar BenícioFlorêncio Sales. Ou simplesmenteSales, como é conhecido pela cate-goria. Popular, autêntico e diver ti-do, o companheiro marcou presen-ça em todos os acontecimentos dasúltimas três décadas. “Causos” eaventuras para contar não faltam,tanto no Brasil quanto no exterior.Dedicou grande par te da vida aomovimento sindical e hoje assessoraa diretoria da entidade fazendosindicalismo de base.

Nascido em Campo Formoso, noano de 1939, o baiano Sales teveuma breve passagem pelo Paranáantes de vir para São Paulo. “Fuisozinho para lá plantar algodão. Eutinha 19 anos e fui tentar a vida.Fiquei três anos e resolvi vir paraSão Paulo”, conta.

Quando chegou à terra da garoa, ocompanheiro não tinha noção algu-ma do que era o movimento sindi-cal. No entanto, em 1963, após serdemitido da metalúrgica em que tra-balhava e não receber os direitostrabalhistas, ele tomou conhecimen-

to. “Eu nem sabia que a Constituiçãoagia a meu favor. Por conta disso,uma amiga [Angélica] me apresen-tou o Sindicato dos Metalúrgicos”.

De 1966 a 1974, Sales trabalhouna Arno, uma antiga fábrica deeletrodomésticos. Foi nesse perí-odo que se tornou delegado sin-dical. O Brasil passava por tem-pos difíceis e era quase impossí-vel fazer sindicalismo. “Não podiafalar nada contra o governo, mui-to menos fazer greve. OJoaquinzão [Joaquim dos SantosAndrade, presidente do Sindicatodos Metalúrgicos de São Paulo du-rante a ditadura], dizia para não

fazermos nada errado, pois es-távamos sob regime. Ele foi im-posto pelo governo e tivemos queagüentar”, recorda.

No ano seguinte, em 17 de maio de1975, Sales começou na Telespcomo operador de linha. Três anosdepois, mediante experiência comomilitante metalúrgico, participou dafundação do Partido dos Trabalha-dores (PT). “Foi nessa época queconheci a turma toda, o DjalmaBom, Santo Dias, Lula, José Genoíno,José Dirceu, Eduardo e Mar ta

SINDICALISMONAS VEIAS

Da ditadura à democracia, a trajetória de lutas do companheiro Sales écontada em detalhes para o leitor de Linha Direta em Revista

MARCO TIRELLI E

AMANDA SANTORO

O COMEÇO

NA TRINCHEIRA DARESISTÊNCIA

Arquivo Sintetel

Sales em assembléia na sede do Sintetel. Mobilização

e união na conquista dos direitos.

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Linha Direta | Julho 2008 23

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Suplicy, entre outros”, conta.

Segundo ele, os trabalhadores tinhammedo de distribuir o material do Sindi-cato na Telesp. “Eu agitava, penduravae dizia para todos serem sócios. Mashavia uns diretores militares na em-presa e, certa vez, fiquei sob interro-gatório de um coronel das 10h às 14h.Ele me perguntava ‘você sabe quem éFidel Castro?’. Óbvio que eu conhecia,mas respondia que não”, lembra Sales.

Foi em 1981 que o companheiro setornou sócio do Sintetel. Como jáse destacava no movimento, foi con-vidado pelo então presidente do Sin-dicato, Geraldo de Vilhena Cardoso,para ser membro da diretoria daFenattel (Federação Nacional dosTrabalhadores em Telecomunica-ções). Uma vez que o pessoal doPT fazia oposição à diretoria doSintetel, Sales teve que optar entrecontinuar no partido ou entrar paraa direção da entidade. “Escrevi umacarta e fui à reunião do Partido. Avi-sei que estava saindo do PT e to-dos ficaram doidos de raiva. Cha-mei os companheiros que tinha maisafinidade, como o José Genoíno, epedi para lerem a minha carta. Fuidefendido pela Mar ta Suplicy, quepediu para o pessoal respeitar aminha opinião”, recorda.

Como já foi comentado, o respon-sável pela entrada de Sales na ca-tegoria foi o ex-presidente doSintetel Geraldo de Vilhena Cardo-so, a quem o companheiro temmuita gratidão. “Muita gente sen-tiu ciúmes, dizia que eu não sabialer, nem falar. Sabe como eu tapeia boca deles? Mostrando resulta-dos”, destaca. “Nos anos 80, fuifalar com Carlos de Paiva [presi-dente da Telesp na época]. Reivin-

diquei a implantação do tíquete eda insalubridade para os trabalha-dores. Saímos vitoriosos. Todosaqueles que me crucificavam tive-ram que me engolir”, comemora.Seis meses após o acontecimen-to, a Telesp já tinha concedido obenefício alimentício e 40% do sa-lário mínimo de insalubridade.

A luta seguinte foi pelo pagamen-to do adicional de periculosidadepara quem trabalhava em áreassuscetíveis a choques elétricos.“O Gardel, ex-diretor do Sintetel,lutou comigo nesta causa. Fize-mos um fi lme sobre a históriaverídica da mor te de um traba-lhador. Ele havia acabado de al-moçar e, sob pressão do chefe,voltou ao trabalho. Subiu no pos-te, tomou um choque e acaboumorrendo. O filme deu o que fa-lar no mundo inteiro e foi parar

RESULTADOS DA LUTA

Arquivo Sintetel

na OIT [Organização Internacio-nal do Trabalho], em Genebra, naSuíça”, complementa.

Sales foi diretor do Sintetel até 1999.Aposentou-se e retornou para a Bahia.“Fiquei lá dois meses. Comprei umacasa, um jipe, mas não me acostumei.Voltei para São Paulo, e como ficar emcasa é uma droga, eu vinha até o Sin-dicato ajudar. Hoje sou assessor da di-retoria. Faço assembléia, distribuo jor-nais e boletins”, explica.

“Devo muito à minha amiga Angéli-ca, que me apresentou o Sindicatodos Metalúrgicos em 1963. Ela éuma mulher esclarecida e foi a par-tir daí que as portas do mundo sin-dical se abriram para mim”, finali-za o companheiro.

APOSENTADORIA EVOLTA À MILITÂNCIA

Ao centro, Sales fala aos trabalhadores. Também na foto, os companheiros ex-diretores do

Sindicato José Fernandes da Silva (Gigante) e Carlos Delfino da Silva (Gardel ),

que sempre lutaram pela conquista do adicional de periculosidade.

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24 Linha Direta | Julho 2008

MOBILIDADE

Tecnologia já é comum em aeroportos,restaurantes, cafeterias e livrarias

EMILIO FRANCO JR. E LUCIANA MARILLAC

Você já ouviu falar em Wi-Fi? Pois bem, o Wi-Fi,também conhecido por Wireless (sem fios), é um dis-positivo que permite o acesso à Internet em lugarespúblicos. Com um computador portátil em mãos, bastasentar-se em uma mesa de bar, restaurante, universi-dade, aeroporto, entre outros lugares com grande cir-culação de pessoas, ligar a máquina e pronto: a cone-xão com a rede já está estabelecida. Freqüentadoresdesses ambientes precisam de um computador quepossua o dispositivo necessário para estabelecer a co-municação sem fio, que acontece por transferência dedados via ondas de rádio ou por radiação infravermelha.Mas, não se preocupe. Atualmente, os computadoresportáteis já saem das fábricas com os dispositivos ne-cessários (a placa wireless vendida separadamentecusta cerca de R$ 150).

Mas o que quer dizer Wi-Fi? Algumas pessoas acreditamque o termo é uma abreviatura de Wireless Fidelity, masa responsável pela tecnologia, a Wi-Fi Alliance, nega essaversão. O termo é, na verdade, uma brincadeira e troca-dilho com o drinque Hi-Fi (vodka com suco de laranja).

Apesar de a nova tecnologia facilitar o acesso à internet,é preciso ficar atento aos hackers. Por estar num am-biente público, o usuário fica mais visado e os “piratasda internet” podem invadir com mais facilidade a suamáquina, aumentando os casos de decodificação deinformações, clonagem e roubo de senhas. O especia-lista em tecnologia Helton Posseti aler ta para outrosriscos: “É preciso lembrar que não é muito seguro an-dar por aí com um notebook, o risco de ser roubado

em alguns locais é alto. Depois disso, creioque o preço não seja muito atraente”.

Ele acrescenta que o Wi-Fi nãocumpre o papel de levar a internet

para um número maior de pessoas.

“Definitivamente não existe democratização do acessoà internet. No Brasil, isso passa por questões de cará-ter político e regulatório e não tecnológico. Mas, o go-verno federal anunciou recentemente o ProgramaNacional de Banda Larga, através do qual as concessi-onárias se comprometeram a conectar todas as esco-las públicas urbanas até 2018”.

Entretanto, Posseti aponta os meios para a democrati-zação do acesso. “Com a entrada das redes de terceirageração essa ofer ta vai aumentar muito e os preçosdiminuirão. Então, o cliente pode acabar optandopelo serviço das teles móveis que não tem a limitaçãode alcance de uma rede Wi-Fi, que é curto, em tornode 150 metros. Já em alguns países como a Inglaterra,há um movimento para que as pessoas que tenhamuma rede Wi-Fi em casa a deixem aberta. Ou seja, nãocoloquem senha, assim qualquer um pode usar a co-nexão. A idéia é mesmo de democratizar o acesso. Issoé um pesadelo para as operadoras de telecomunica-ções que não querem que o cliente compartilhe o seuacesso com mais ninguém, o que desestimularia a en-trada de novos usuários”.

E ele deixa uma dica: “O que eu posso dizer é que amobilidade é algo muito interessante. Quem puder pa-gar por um notebook, vale muito a pena gastar umpouquinho mais para comprar um acess point Wi-Fi esurfar na web até deitado na cama”.

WI-FI PERMITE ACESSOCOLETIVO À INTERNET

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Já não é novidade que o preço ele-vado de cds e dvds originais contri-bui para o crescimento do mercadoparalelo. Em média, um cd custa 25reais, enquanto um dvd écomercializado por 40. Com a mesmaquantia, em uma barraca de camelô,é possível comprar até dez vezes mais.

Um caso recente foi a pirataria maci-ça de Tropa de Elite, do diretor JoséPadilha. O filme sobre o Bope, a tro-pa de elite da PM carioca, foipirateado em larga escala e podiaser encontrado, facilmente, nas es-quinas das principais cidades do país.Antes mesmo da estréia nos cinemas,antecipada em uma semana no Rioe em São Paulo devido ao ocorrido,o longa já havia sido visto por maisde três milhões de pessoas.

No caso dos cds de músicas, osgrandes prejudicados são os artis-tas e as gravadoras, que perdemmilhões com o mercado ilegal. Deacordo com dados do Ministério daJustiça, a pirataria impede a cria-ção de dois milhões de empregosformais por ano. Isso gera um pre-juízo de R$ 30 bilhões aos cofrespúblicos. Para o secretário-execu-tivo do Ministério da Justiça, LuizPaulo Barreto, “não é exagero di-zer que ao comprar um produto pi-rata, a pessoa pode estar provocan-do o desemprego de um familiar”.

Mas os consumidores parecem nãoligar para isso. A estudante MarcelaMarques, de 20 anos, diz que mes-mo sabendo que é errado, preferecomprar dvds e cds falsificados. Elanão vê vantagem em pagar mais pelooriginal porque considera a qualida-de quase igual. “Compraria o origi-nal se fosse mais barato”, afirma.Na visão da estudante, o lado nega-tivo é o prejuízo que esse mercadotraz para o país, mas para ela, ven-der produtos piratas é uma das sa-

ídas para driblar o desemprego. “Osmaiores prejudicados são os quetrabalham de forma legal”, conclui.

Uma vendedora ambulante que atuaem Higienópolis, em São Paulo, con-corda que vender produtos ilegaisé uma alternativa diante da falta deempregos. “Não vale muito a penaatuar nesse ramo, mas falta opção.É trabalhar nisso ou ficar desem-pregada”. Ela expõe que até mes-mo o mercado pirata está enfren-tando dificuldades. “O pessoal bai-xa tudo da internet. Eu até come-cei a vender bijuterias junto com osdvds de filmes”. Na visão davendedora, a pirataria não atrapa-lha o país. “Quem não compra pro-dutos originais, não vai passar acomprar caso a pirataria acabe, vaibaixar da internet”. Atualmente, aambulante vende em média dezdvds por dia, o que garante umaarrecadação mensal de 600 reais.

Talvez, a grande concorrência en-frentada hoje pelo mercado sejaa internet.

Preço baixo é oPreço baixo é oPreço baixo é oPreço baixo é oPreço baixo é oprincipal aprincipal aprincipal aprincipal aprincipal atrtrtrtrtraaaaatititititivvvvvoooooparparparparpara osa osa osa osa osconsumidoresconsumidoresconsumidoresconsumidoresconsumidores

EMILIO FRANCO JR.

INFORMALIDADE

PIRATARIAUM NEGÓCIO CHAMADO

Foto divulgação Globo

Impossível saber se Tropa de Eliteseria tão comentado nas ruas epela imprensa, caso não houvesseo número exorbitante de cópias ile-gais, disponíveis por preços convi-dativos em qualquer esquina. Aestimativa atual é de que, somadoo público do cinema com os es-pectadores piratas, o filme já te-nha sido visto por mais de dozemilhões de pessoas.

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ICA PIONEIRISMO

Final dos anos 50. Domingoàs 17 horas. Osvaldo Pereiraajeita o terno e dá o nó na gravata.Seleciona cerca de 60 discos e, ape-sar das escolhas variarem de acordocom o local e público, Glenn Miller, RayConniff, Jamelão e Elza Soares têm pre-sença garantida na caixa de LPs. Sãoeles que animam o salão.

Com ajuda de dois meninotes, o ra-paz acomoda a aparelhagem no táxie parte para o Club 220. Ao chega-rem ao salão, os três instalam o some procuram testá-lo. Osvaldo não usacaixas de retorno nem fones de ouvi-do. Os equipamentos são muito carose inacessíveis. Quando o relógio mar-ca 18 horas, tudo já está pronto. Os-valdo e sua “Orquestra Invisível” co-meçam a embalar a moçada, que sóvai embora quando a música acabapor volta da meia-noite.

A DESCOBERTA

Hoje, aos 74 anos, Os-valdo Pereira lembracom saudosismo da-quele tempo. Nasci-

do em Muzambinho,sul de Minas Gerais, ele

é considerado o primei-ro Disque-Jóquei do Brasil.

No entanto, o pioneiro do som mecâ-

nico não tinha noção de seu ineditismocinco décadas atrás. “Tudo começouem 2002, quando a repórter PatríciaTravassos me entrevistou para uma re-portagem sobre samba-rock. Isso des-pertou o pessoal e logo a jornalistaCláudia Assef me procurou para fazerseu livro Todo Dj Já Sambou [2003].Ela começou a pesquisa nos anos 90 efoi retrocedendo. Ao final, Cláudia cons-tatou que em 1958 eu já estava na ati-va e era, por isso, o primeiro DJ do Bra-sil”, afirma Osvaldo.

Após o lançamento do livro, seu Os-valdo passou a dar entrevistas paradiversas emissoras de televisão eaté mesmo tocou ao lado de DJsrenomados, como o brasileiro DJTorrada e o inglês Fatboy Slim. Vol-tou a se apresentar no lançamentode Todo Dj Já Sambou e, em 2008,tocou numa comemoração feita peloSesc Ipiranga em homenagem aos50 anos da discotecagem. Hoje, aolado dos filhos que também traba-lham como DJs, Osvaldo planeja umbaile das antigas para reviver gran-des clássicos da época.

Como todo bom mineiro, seu Osval-do gostava de escutar música ser-taneja quando pequeno. Sem rádio

em casa, ele podia namorar os apa-relhos nos casarões das patroas damãe Maria Luiza Pereira. Foi nessaépoca que despertou a inspiraçãopara entrar no mundo da música.“Quando eu tinha uns seis anos, iacom mamãe nas casas dos ricospara entregar a roupa lavada. Elestinham rádio e eu tentava enten-der como é que os aparelhos podi-am falar, como cabia alguém den-tro da caixa de som. Pensava queera um anãozinho”.

Em 1954, após completar o curso deRádio e TV promovido pela NationalSchool dos Estados Unidos, o jovemOsvaldo arruma emprego na ElétroFluorescentes Arparco Ltda. O dono daloja, um armênio chamado Sharom,queria entrar no mercado dos amplifi-cadores de alta fidelidade e incumbiuo aprendiz de montar os equipamen-tos. Foi lá que adquiriu a experiêncianecessária para construir o seu pró-prio toca-discos movido à válvula.

Já com o equipamento montado, o ra-paz começou a controlar o som decasamentos e aniversários na regiãoda Vila Guilherme, zona norte de SãoPaulo. Em 1959, foi convidado para to-car em um piquenique na cidade deItapevi. “Os piqueniques eram as ravesda época. Eu montava uma barraca

REI DOSTOCA-DISCOSE LP’S

Ao som de Glenn Miller e Ray Conniff, Osvaldo Pereira é consagrado oprimeiro disque-jóquei brasileiro

AMANDA SANTORO

A PAIXÃO PELA MÚSICA

REI DOSTOCA-DISCOSE LP’S

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PIONEIRISMOcom os equipamentos e o pessoal dan-çava. Esses eventos aconteciam commais freqüência no Guarujá, Santos eSão Vicente”, completa.

Depois disso, as oportunidades come-çaram a brotar. Consolidou-se comoDJ oficial nas domingueiras do Club 220– situado no edifício Martinelli, centrode São Paulo – e, aos sábados, pas-sava o som no salão Ambassador, naAvenida Rio Branco.

A carreira do primeiro DJ do Bra-sil durou uma década. Em 1968,Osvaldo Pereira passou a se de-dicar exclusivamente à família eà Philco, empresa em que traba-lhou durante 12 anos até se apo-sentar. “Tudo tem um tempo há-bil na vida. Eu estava desmotivadoe queria passar mais tempo coma minha esposa e filhos. Resolviparar enquanto ainda tocava comgosto e alegria”, finalizou.

O ineditismo do simpático e cava-lheiro seu Osvaldo é atribuído, naverdade, à utilização do som me-cânico nas festas. Numa época emque a música vinha de big bands,a inserção do novo modelo come-çou a baratear os bailes. Paraexemplificar isso, na época emque seu Osvaldo tocava no Club220, havia no local apenas umafesta de big band chamada Bo-

nequinha do Café, enquanto eletocava todos os domingos.

Como o público estava bastante ligadoà idéia das orquestras, seu Osvaldoadotou uma estratégia: começava a to-car com as cortinas fechadas e, gra-ças ao potente toca-discos à válvula,ninguém imaginava que ele produziao som sozinho. Quando as cortinas seabriam, era um verdadeiro choque. Por

isso que oscomunicadosda época, oque hoje cha-mamos de“ f l y e r s ” ,anunciavamque seu Osval-do estariaacompanhado desua Orquestra Invi-

sível Let’s Dance.

Naquela época não eracomum a música ininterrupta,pois os cavalheiros usavam os in-tervalos para trocarem de damas.O DJ até construiu um mixer paraemendar uma música na outra,mas a inovação não foi bem acei-ta. “Toquei assim uma só vez. Opessoal era sossegado e não gos-tou da idéia. O DJ deve ter sensibi-lidade para colocar a música queo pessoal quer na hora de dan-çar”, diver te-se.

Pai de sete filhos, cinco do primei-ro casamento e dois do segundo,Osvaldo Pereira é um verdadeiroexemplo de vida para seus ami-gos e familiares. “Meu pai é meuídolo e meu irmão mais velho [Ta-deu Osvaldo Pereira] é meu mes-tre”, afirma o filho caçula Luiz

Cláudio Pereira, 35 anos, que tam-bém se apresenta como DJ e temcomo inspiração seus mentoresmais velhos. Luiz Cláudio, tambémconhecido como DJ Dinho, é funci-onário da subsede do Sintetel, emSão José dos Campos.

Para a retomada das atividades,os filhos do primeiro DJ do Brasilprepararam um baile das antigas.Na ocasião, seu Osvaldo e outrosdisque-jóqueis reviveram o climados bailes dos anos 50 e 60. “Pro-curamos resgatar o romantismodas festas em salão. Antigamente,as brigas eram raras e o pessoalparticipava com a única finalidadede se divertir. Isso sem falar da ele-gância dos trajes”, completa Ta-deu Osvaldo Oliveira, um dosorganizadores do evento.

Osvaldo Pereira, à esquerda,troca o LP e maneja o seu toca-discos à válvula.

O primeiro Dj do Brasil relembra os velhos temposem seu antigo equipamento.

Um dos bailes em que seu Osvaldose apresentou com a OrquestraInvisível Let’s Dance.

HOMEM DE FAMÍLIA E FESTADE RETOMADA

ORQUESTRA INVISÍVEL

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IÃO EM PAUTA

TERCEIROMANDATO

Um fantasma ronda a políticabrasileira, o fantasma de umterceiro mandato consecut ivopara Lula.

Identificar o papel desagregadordeste fantasma e seu potencial dediversionismo é tarefa difícil e ne-cessária. Difícil porque, em se tra-tando de fantasma, a proposta tema configuração das nuvens; neces-sária, porque mesmo sem se ma-terializar causa estragos.

terceiro mandato foi o ex-presiden-te Fernando Henrique Cardoso,pelas próprias palavras ou por pa-lavras emprestadas a outros. Logoele que modificou o pacto consti-tucional introduzindo a reeleiçãopara cargos executivos que o povotraduziu como “mandatos de oitoanos com cláusula de desempenhona metade” e aprovou.

Todos reconhecem nos dias de hojeuma conjuntura sócio-econômicapositiva. Há 25 trimestres seguidosque o PIB brasileiro cresce, comtaxas aceleradas e sustentadas,com distribuição de renda e cria-ção de empregos formais. A po-pularidade presidencial alcança ní-veis jamais atingidos (descontan-do-se as taxas do tempo ditatorialde Garrastazu Médici).

E é exatamente estas duas or-dens de fatores que devem nosrecomendar, ao invés do fantas-ma de um terceiro mandato atarefa concreta, exeqüível e de-sejável de inst i tucional izar asconquistas obtidas e melhorar ograu de representação políticada sociedade.

Institucional izar as conquistassignifica, por exemplo, obter a re-

JOĂO GUILHERME *

Agitação sobre mais quatro anos de Governo Lulaobscurece a necessidade da institucionalização das

conquistas trabalhistas

Quem inventou oQuem inventou oQuem inventou oQuem inventou oQuem inventou ofantasma de umfantasma de umfantasma de umfantasma de umfantasma de umterceiro mandatoterceiro mandatoterceiro mandatoterceiro mandatoterceiro mandatofoi o ex-presidentefoi o ex-presidentefoi o ex-presidentefoi o ex-presidentefoi o ex-presidenteFFFFFererererernando Henriquenando Henriquenando Henriquenando Henriquenando HenriqueCardosoCardosoCardosoCardosoCardoso

Há 25 trimestresHá 25 trimestresHá 25 trimestresHá 25 trimestresHá 25 trimestresseguidos que oseguidos que oseguidos que oseguidos que oseguidos que oPIB brPIB brPIB brPIB brPIB brasileirasileirasileirasileirasileirooooocresce, com taxascresce, com taxascresce, com taxascresce, com taxascresce, com taxasaceleraceleraceleraceleraceleradas eadas eadas eadas eadas esustentadassustentadassustentadassustentadassustentadas

dução de jor nada de trabalhoconstitucional de 44 para 40 ho-ras semanais, sem redução desalários, como é a meta da gran-de campanha unitária do movi-mento sindical. Institucionalizarconquistas significa valorizar ocaráter coligado da ação gover-namental com os objetivos dura-douros que garantam o desen-volvimento e os projetos de inte-resse social.

Estas institucionalizações de con-quistas ser virão também paraaproximar a representação polí-tica dos anseios da população, or-ganizando as disputas par tidári-as legít imas e preparando aalternância de governo conjugadacom a manutenção de projetos.

E que estragos? Desorganiza asforças progressistas porque lhesassocia a intenção golpista; de-sorganiza as forças democráti-cas porque lhes instila o venenodo casuísmo; enfim, desorganizaa própria vontade política da na-ção porque lhe oferece uma al-ternativa falsa.

Quem inventou o fantasma de um

*João Guilherme Vargas

Netto é assessor sindical do Sintetele de outras entidades de trabalhadores.

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RTESGOLPE CERTO

BOA DE BRIGAAos 20 anos, Juliana Cambuí luta para conseguir

reconhecimento e patrocínio no caratê

AMANDA SANTORO

Você sabia que entre as traba-lhadoras da categoria existeuma campeã mundial de caratê?Juliana Cambuí, 20 anos, colecionatítulos em sua trajetória. No entan-to, num país marcado pelo futebol,os atletas de esportes pouco divul-gados encontram dificuldades depatrocínio. Para conseguir se sus-tentar, Juliana é auxiliar administra-tiva da Icatel, na Praia Grande. Ementrevista à Linha Direta em Revis-ta, a atleta afirma o seu sonho decontinuar lutando.

Linha Direta em Revista: Quan-do você entrou para o caratê?Juliana Cambuí: Treino desde osseis anos de idade. Comecei por cu-riosidade, numa época em que meupai também praticava. Fiz uma aulaexperimental e gostei. No final dascontas, fui mais longe do que ele,

trarei com o processo, mas só sabe-rei se eles aceitarão depois de julho.

LD: O Brasil apóia os seus caratecas?

JC: Nos outros países o apoio aoesporte é muito maior. Eu vejo queas meninas de outras delegaçõestêm passagem e alimentação pa-gas, enquanto nós viajamos com onosso próprio dinheiro. Não bastaser bom. No Brasil, só competequem tem condição financeira.

LD: Sua família apóia a decisão decontinuar no caratê?

JC: Meus familiares me ajudam sem-pre que podem. Eles fazem “vaquinha”para que eu pague as taxas de inscri-ção e passagens. O Mundial da Espanhacustou R$ 4.200 e eu só consegui par-ticipar porque minha família se solida-rizou e arrecadou o dinheiro para mim.

?????• Kata é uma espécie de luta contra um inimigo imaginário expressaem seqüências fixas de movimentos.

• Kumitê é a luta propriamente dita, podendo ser o combate livre oucom regras. A forma despor tiva (com regras) é conhecida comoShiai-kumite.

que parou na faixa azul.

LD: Qual é a freqüência dos treina-mentos?

JC: Costumava lutar somente aos fi-nais de semana. Já cheguei a partici-par de competições sem nenhumapreparação. Passo as minhas manhãse tardes no serviço e faço faculdadede Educação Física no período notur-no. Não sobra muito tempo.

LD: Como você conseguia ganharos campeonatos sem treinar?

JC: Sinceramente não sei. Mesmosem praticar, você não perde o jeito.Antes de cursar faculdade, eu con-seguia treinar três ou quatro vezespor semana. Agora só quando temuma brecha. E ainda tenho que pa-gar a academia para utilizá-la.

LD: Você tem patrocínio?

JC: Não, talvez eu consiga ganhar abolsa-atleta. O presidente da Fede-ração, graças aos meus últimos re-sultados, indicou-me para receberessa ajuda de custo do Governo. En-

• Campeã Mundial de Kata

• Campeã Mundial de Kata porequipe

• Vice-campeã Mundial deKumitê

• Campeã Mercosul de Kumitê

• Tricampeã brasileira deKumitê

• Campeã brasileira de Kataindividual

• Heptacampeã paulista deKumitê (atual campeã)

Principais títulosconquistados

VVVVVocê saocê saocê saocê saocê sabia?bia?bia?bia?bia?

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30 Linha Direta | Julho 2008

TELECENTROSA

ÚDE

SAÚD

ESA

ÚDE

SAÚD

ESA

ÚDE

Desde que entrou em vigor, em setembro do ano passado, o Anexo II da NR 17encontra resistência por parte das empresas

O Anexo II da NormaRegulamentadora 17 foi publicado noDiário Oficial da União em 30 de mar-ço de 2007. A lei entrou em vigor nomesmo ano e representa uma gran-de vitória para os trabalhadores. De-corrido um ano após a sua implan-tação, as empresas de call center

ainda não se adaptaram correta-mente e de forma completa.

Segundo Cássia Maria KohlerTurquetto, técnica em segurança dotrabalho do Sintetel, as empresastem a intenção de seguir o novo do-cumento, mas apenas alguns pon-tos foram implantados e com pro-blemas. O principal refere-se à pau-sa para descanso. De acordo com aNorma, o trabalhador tem direito a

TELEOPERADORNOVA LEI GARANTE MELHORIAS AONOVA LEI GARANTE MELHORIAS AO

O Anexo II da Norma Regulamentadora 17 é uma lei que estabeleceparâmetros mínimos para o trabalho em atividades de teleatendimento, demodo a proporcionar máximo conforto, segurança, saúde e desempenhoeficiente do trabalhador da categoria. O documento regulamenta as pausas,as condições ambientais de trabalho, os equipamentos, a capacitação dostrabalhadores, as condições sanitárias, o mobiliário do posto de trabalho,entre outros. Também foram incluídas questões posturais e de assédio moral,além das regulamentações sobre pessoas com deficiência.

Entretanto, para que o Anexo II seja realmente respeitado não bastaesperar pela boa vontade das empresas. É preciso conhecer o docu-mento e denunciar ao sindicato, se for o caso. Só assim será possívelgarantir efetivamente a implementação desta grande conquista para ostrabalhadores. Aconselha-se a todo trabalhador que procure o Sindica-to caso a empresa não esteja cumprindo as normas. É preciso fiscali-zar, cobrar o cumprimento e denunciar o desrespeito.

O que é o Anexo II da NR 17?O que é o Anexo II da NR 17?O que é o Anexo II da NR 17?O que é o Anexo II da NR 17?O que é o Anexo II da NR 17?

RENATA NOGUEIRA

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Linha Direta | Julho 2008 31

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ETELECENTROduas paradas de dez minutos cada.

Porém, muitas empresas têm usa-do esse intervalo para o emprega-do ir ao banheiro sem precisar in-terromper a jornada para necessi-dades fisiológicas. Pela lei, a empre-sa não pode estabelecer um horá-rio para que o teleatendente vá aobanheiro. O item 5.7 do Anexo II dei-xa claro: “Com o fim de permitir a

satisfação das necessidades fisioló-

gicas, as empresas devem permitir

que os operadores saiam de seus

postos de trabalho a qualquer mo-

mento da jornada, sem repercus-

sões sobre suas avaliações e remu-

nerações”. Ou seja, as pausas de-terminadas são para relaxamento erecuperação muscular. SegundoCássia, falta muito para que o AnexoII seja implantado por completo eainda não foi possível sentir que hou-ve melhora real nas condições dostrabalhadores da categoria.

Cássia também afirma que não hágrandes dificuldades na implantaçãoda nova Norma, mas falta boa vonta-de por parte das empresas. “Os itensque demandam tempo já têm prazodeterminado, mas o restante aindanão foi realizado por criação de difi-culdade das empresas”, afirma.

Após quase um ano, teleoperadoresainda se queixam de problemasdentro das empresas. “Há algunscasos, principalmente de pessoasque passam mal por causa da tem-peratura do ambiente”, relata

Cássia. De acordo com algumas dasreclamações recebidas, quando o arcondicionado quebra, por exemplo, aempresa não desocupa a sala paraque o aparelho seja consertado. Ostrabalhadores do local têm que cum-prir a jornada num ambiente quentee abafado. Além disso, Cássia diz quemuitos ainda protestam contra pro-blemas nos banheiros e de pressõesdiversas por conta das interrupções.

Resultado parcial de uma pesquisa na área daResultado parcial de uma pesquisa na área daResultado parcial de uma pesquisa na área daResultado parcial de uma pesquisa na área daResultado parcial de uma pesquisa na área dasaúde que o Sintetel realiza nos telecentrossaúde que o Sintetel realiza nos telecentrossaúde que o Sintetel realiza nos telecentrossaúde que o Sintetel realiza nos telecentrossaúde que o Sintetel realiza nos telecentrosaaaaaponta que 38% dos trponta que 38% dos trponta que 38% dos trponta que 38% dos trponta que 38% dos traaaaabalhadorbalhadorbalhadorbalhadorbalhadores daes daes daes daes dacacacacacatetetetetegggggoria já tioria já tioria já tioria já tioria já tivvvvverererereram peram peram peram peram perda de audição e 98%da de audição e 98%da de audição e 98%da de audição e 98%da de audição e 98%gggggostariam de ter outrostariam de ter outrostariam de ter outrostariam de ter outrostariam de ter outra pra pra pra pra profofofofofissãoissãoissãoissãoissão

Especialista defende NR 17

PESQUISA TRAÇARÁ PERFIL DASAÚDE DO TRABALHADOR

Qual é a maior causa de do-enças nos telecentros?R.: Os teleoperadores funcionamcomo pára-choques de reclama-ções sem ter conhecimento e au-tonomia para dar respostas objeti-vas. Trabalham sob pressão e exi-gência de concentração com a obri-gação de responder com rapidez eeficiência. O tempo é cronometrado,as ligações não têm intervalo, en-quanto a digitação e a procura emtela de computador – em posiçãosentada e continuada – sobrecar-regam diversos grupos musculares.Finalmente, o uso da voz, com a mo-dulação exigida pela empresa, éfator de alteração orgânica e funci-onal das cordas vocais.

Qual a sua visão sobre a im-plantação do Anexo II?R.: Minha experiência ensinou quenão basta criar uma norma ou umalei. É preciso que haja transparên-cia nas relações de trabalho, nego-ciações locais e atuação do Estadopara que se cumpra o estipulado.

Como as empresas estão en-carando a nova lei?R.: Apesar de ter sido objeto deacordo no qual tivemos a partici-pação do setor patronal, algumasempresas têm contestado e re-sistido a implantar mudanças pre-conizadas no Anexo II, sobretudoàs que dizem respeito às pausasdurante a jornada de trabalho.

Resultado parcial de uma pesquisarealizada pelo Sintetel nostelecentros aponta que 38% dos tra-balhadores da categoria já tiveramperda de audição e 98% gostariamde ter outra profissão. Muitos tam-bém reclamam que os benefíciosconcedidos poderiam melhorar.

Embora as dificuldades existam, ostrabalhadores de telecentro estãomais interessados em conhecer seusdireitos. “Eles estão cobrando maisda empresa e do Sindicato”, afirmaAlmir Munhoz, presidente do Sindi-cato. Para ele, não há estimativa demelhora nas condições de saúde dosteleoperadores em curto prazo.

Maria Maeno, médica e pesqui-

sadora da Fundacentro (Funda-

ção Jorge Duprat Figueiredo de

Segurança e Medicina do Traba-

lho), revela em entrevista exclu-

siva ao Sintetel as dificuldades

da implantação da Norma.

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TROPA DE ELITE VENCEFESTIVAL DE BERLIM

Filme brasileiro recebe o Urso de Ourode melhor filme

EMILIO FRANCO JR.

O diretor José Padilha não temdo que reclamar. Mesmo coma forte incidência de pirataria sobreo seu filme, Tropa de Elite foi sucessode bilheterias, conquistou a maiorparte da crítica nacional, e, em feve-reiro, sagrou-se vencedor de um dosfestivais de cinema de maior prestí-gio do mundo, o Festival de Berlim.O resultado foi considerado surpre-endente pela imprensa especializa-da. O crítico Sérgio Rizzo recebeu com

surpresa a notícia da vitória de Tropa

de Elite. “Como sempre ocorre em fes-tivais, o noticiário se concentrou na re-ação - negativa - da imprensa, e nãona reação do júri que concede o prê-mio”. Para Rizzo, um fatordeterminante para o filme concorrerao próximo Oscar será a recepção àobra no lançamento norte-america-no. “A vitória em festivais não é fatordeterminante. O vencedor de Cannes2007, 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias,

por exemplo, não foi nem mesmopré-selecionado ao Oscar de filme es-trangeiro deste ano”, acrescenta.Essa é segunda vez que um longa-metragem nacional vence o prêmiomáximo em Berlim, a primeira vezfoi com Central do Brasil, de WalterSalles, em 1998.

Sérgio Rizzo, crítico de cinema.

Muitos ainda depreciam o cinema brasileiro, um erro, vide as produções recentes que cada vezmais conquistam o nosso público. Cafundó é um bom exemplo. Inspirado na vida do preto velhoJoão de Camargo, tropeiro e ex-escravo, o filme é muito mais do que entretenimento. Nele, estáo nosso Brasil, gigante nas telas do cinema nacional, formado pelo seu povo sofrido, submetidoàs profundas transformações e à junção de tantas culturas. Testemunho da fé, do amor, da lutae da sobrevivência em um país em constante transformação, merece ser prestigiado.

Será o consumo a condição humana da atualidade? Estamos condenados às compras? Consumirtraz felicidade? Estas questões fazem parte do livro A Felicidade Paradoxal, do filósofo francêsGilles Lipovetsky, que com muita habilidade, dedica-se às questões do mundo contemporâneo deforma didática e acessível. Ao analisar a geração do hiperconsumo, principalmente, após a déca-da de 80, Lipovetsky tece um testemunho das angústias do homem moderno. Um livro instigantepara avaliarmos a nossa relação com o dinheiro e com os objetos que acumulamos.

Pouco conhecida pelo público, mas muito respeitada no meio musical, Roberta Sá começa aconquistar o reconhecimento por aqueles que descobrem suas canções. Para quem não se lem-bra, a cantora surgiu no programa FAMA, da Rede Globo. Hoje, aos 27 anos, Roberta Sá é conside-rada pelos críticos uma das vozes mais marcantes da MPB. Seu segundo e mais recente álbum,“Que Belo Estranho Dia Para se Ter Alegria”, é composto por sambas de autoria própria e regravaçõesde clássicos da MPB. Atualmente, a cantora está em turnê de divulgação de seu novo álbum.

FILME

LITERATURA

MÚSICA

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MPODIVERSÃO

O chiclete foi invençãocopiada dos índiosda Guatemala

Palavras cruzadasforam supostamenteinventadas porpres id iár io

As palavras cruzadas, pas-satempo praticado pormilhões de pessoas nomundo todo, apareceupela primeira vez em 21de dezembro de 1913, nojornal nor te-americanoThe New York World’s. Di-zem que foram inventadaspor um presidiário quepassava o tempo dese-nhando as grades da celaem pedaços de papel.

A invenção do chiclete (ougoma de mascar) é atri-buída aos nor te-ameri-canos devido à grandepopularização nos Esta-dos Unidos. Porém, foi co-piado dos índios daGuatemala, que masca-vam a resina extraída deuma árvore, o chicle, paraestimular a produção desaliva e evitar que a bocaficasse seca durantelongas caminhadas.

O caipira está andandopela estrada, quando derepente pára um carroao lado dele. O motoristaabre o vidro e pergunta:- Por favor, amigo... Esta es-

trada vai para São Paulo?

- Sei não, Dotô... Mais si

ela fô vai fazê uma falta

danada pra nóis!

O Destino da Estrada

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R UUUU UAAAA A ELEIÇÕES

PAULO RODRIGUES*

Reza o ditado que a voz do povo é a voz deDeus. Pois ouvindo a voz do nosso povo é queeu vou perdendo a fé. Basta ver as escolhas políticasque essa gente tem feito. Isso me parece mais um pac-to com o demônio, parceirinho!” – Não faz muito tem-po, ouvi esta frase do meu amigo Zanganor.

Zanganor nunca foi de jogar palavras ao vento. Ele cos-tuma refletir bastante ao emitir a mais modesta opi-nião. Vem daí a minha estupefação quando dia destesele me contou que está se candidatando à vereançapelo PO, Partido Oportunista.

- E então, Zanga, como é que você explica essa candi-datura estapafúrdia? Abandonou as convicções, adotoua lei do “junte-se a eles”, ou quê?

- Nada disso, meu amigo; como costumam dizer os maisantigos, o sapo salta por necessidade, não por boniteza.Deu-se que eu estava como sempre na pindaíba, e comuma cabeleira de três meses, quando um capa-preta do talpartido me achou parecido com um dos nossos maioresídolos. Pagou o corte, mas instruiu o barbeiro para me dei-xar uma ponta no topete. Não é que eu tenho mesmo certasemelhança com o figurão? Você notou? Com esse topete eum belo uniforme – ele me disse – você já está eleito.

- E você acreditou?

- Claro que não! Não sou tão ingênuo quanto pareço. Ocapa é menos ainda. Ele deve ter feito contas: com mi-nha popularidade, e agora com a semelhança com ohomem, garanto por volta de mil votos. Com isso nãochego nem per to de me eleger, mas contribuo com alegenda. Imagine dez, vinte, cem otários como eu...

- Mas, se você não tem chance, o que ganha em contri-buir com gente desse naipe? Verba para a campanha,

carro, assessoria?...

- Qual nada, meuamigo. Essas coisaseles só dão aosmedalhões. Já paraos pés-de-chinelocomo eu... olha omeu pisante! – le-vantou o pé parame mostrar o tênisde marca.

- Não é bem melhor que o meu sapato de sola furada?Tenho direito a três destes até o final da campanha;fora os agasalhos de primeira, as cestas básicas e osvales refeição. Além disso, tenho uma diária. Sei quesomando tudo dá bem mais do que carregar placa depropaganda no centro da cidade, e que a molecada láde casa, ao menos por uns tempos, passará a dormirde barriga cheia.

- Vai que a zebra resolve se manifestar e você se elege.– tentei levantar seu astral.

- Se isso viesse a acontecer, juro que não tomaria pos-se. Não tenho meios de barrar outros incompetentes,mas ao menos posso barrar a mim mesmo. Toma, levamais um santinho pra família! Se eu chegar perto dosmil votos, tenho trabalho garantido na próxima eleição.E isso já é uma grande conquista, parceirinho! - Gritoujá quase dobrando a esquina.

Esse é o meu amigo Zanganor. De minha parte, seguin-do à risca seu próprio raciocínio, me abstenho desufragar o nome dele na urna.

POPULIVOXPOPULI

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*Paulo Rodrigues é escritor e assessor do Sintetel.Autor do livro À margem da Linha que ganhou prêmio da APCA.

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