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120 Pré-vestibular Aula 17 Renascimento Renascimento é o movimento cultural ar- tístico e científico, surgido na Itália, de intensa produção cultural voltada para a valorização do ser humano (antropocentrismo). O Renasci- mento perdurou na Europa entre os séculos XV e XVI e atingiu vários países. Humanismo Também chamado de estudos das huma- nidades; é apelidado pelos historiadores de ‘Pai do Renascimento “. No século XIV, um grupo de literatos, pen- sadores e cientistas começam a pesquisar es- critos da antiguidade clássica Grego-romana; colecionavam os manuscritos; tentavam resti- tuir os textos desgastados pelo tempo, ou mes- mo, faziam um trabalho de compreensão exata nos textos alterados pelos copistas medievais. Passavam a produzir obras literárias inspirados nos textos latinos e gregos, posteriormente, co- meçaram a ensinar nas universidades línguas clássicas, assim como, a cultura grego-romana de modo geral. Dentre os grandes literatos do fim da Ida- de Média, chamados de precursores do Re- nascimento temos: Dante Alighieri (1265-1321) autor da “Divina Comédia”; Francisco Petrar- ca (1304-1374) autor de “Sonetos”, “África” e “Odes à Laura”; Giovanni Bocaccio (1313-1375) autor de “Decameron”. Destacamos na pintura o italiano Giot- to (1266-1337), pintor e escultor, considerado precursor da pintura renascentista. Tornou a pintura uma arte independente da arquitetura, dando-lhe uma representação de acordo com a realidade. Suas obras mais famosas são: Cenas da vida de Cristo e São Francisco pregando aos pássaros. A preocupação humanista transparece em todas as obras do perídodo renascentista. Dante Alighieri prenunciou o Renascimento: substituiu o latim pelo italino em Divina comédia. Giotto representou figuras religiosas com características e sentimentos humanos. A morte e a expressão facial de dor e sofrimento humanizam personagens divinos, como Nossa Senhora, a mãe de Cristo.

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Pré-vestibular

Aula 17

RenascimentoRenascimento é o movimento cultural ar-

tístico e científico, surgido na Itália, de intensa produção cultural voltada para a valorização do ser humano (antropocentrismo). O Renasci-mento perdurou na Europa entre os séculos XV e XVI e atingiu vários países.

HumanismoTambém chamado de estudos das huma-

nidades; é apelidado pelos historiadores de ‘Pai do Renascimento “.

No século XIV, um grupo de literatos, pen-sadores e cientistas começam a pesquisar es-critos da antiguidade clássica Grego-romana; colecionavam os manuscritos; tentavam resti-tuir os textos desgastados pelo tempo, ou mes-mo, faziam um trabalho de compreensão exata nos textos alterados pelos copistas medievais. Passavam a produzir obras literárias inspirados nos textos latinos e gregos, posteriormente, co-meçaram a ensinar nas universidades línguas clássicas, assim como, a cultura grego-romana de modo geral.

Dentre os grandes literatos do fim da Ida-de Média, chamados de precursores do Re-nascimento temos: Dante Alighieri (1265-1321) autor da “Divina Comédia”; Francisco Petrar-ca (1304-1374) autor de “Sonetos”, “África” e “Odes à Laura”; Giovanni Bocaccio (1313-1375) autor de “Decameron”.

Destacamos na pintura o italiano Giot-to (1266-1337), pintor e escultor, considerado precursor da pintura renascentista. Tornou a pintura uma arte independente da arquitetura, dando-lhe uma representação de acordo com a realidade. Suas obras mais famosas são: Cenas da vida de Cristo e São Francisco pregando aos pássaros.

A preocupação humanista transparece em todas as obras do perídodo renascentista.

Dante Alighieri prenunciou o Renascimento: substituiu o latim pelo italino em Divina comédia.

Giotto representou figuras religiosas com características e sentimentos humanos. A morte e a expressão facial de dor e sofrimento humanizam personagens divinos, como Nossa Senhora, a mãe de Cristo.

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HistóriaDesenvolvimento do Humanismo

Os constantes ataques dos turcos a Cons-tantinopla, capital por mais de mil anos do império bizantino, permitem acesso a um vas-to acervo cultural grego, pois a capital era um reduto desta cultura. Durante os séculos XIV e XV, Constantinopla sofreu vários ataques dos turcos, provocando a fuga para a Europa de sá-bios, professores, artistas, lingüistas, etc. Refu-giaram-se, principalmente, em cidades italianas que já possuíam uma tradição de estudos clássi-cos, como Florença e Roma. Estes intelectuais levaram consigo uma gama de manuscritos que continham obras clássicas, o que vai servir para aprofundar estudos e expandir o gosto pelos es-tudos grego-latinos. A invenção da imprensa, que barateia os

exemplares clássicos, criando a rápida ex-pansão dos estudos humanísticos.

A ação dos Mecenas, burgueses querendo projeção social. Destacam-se: o Papa Nico-lau V, que conseguiu reunir mais de 5.000 manuscritos clássicos para a biblioteca do Vaticano; Papa Júlio II, protetor de Migue-langelo; Lourenço de Médicis, poderoso banqueiro de Florença; bispos; reis e prín-cipes. Sem contar uma gama de homens apaixonados por arte que apadrinhavam os artistas (Mecenato). Estas ações muito contribuíram para a consolidação do Hu-manismo dentro da Europa.

Renascimento comercial e urbano, o qual faz proliferar, nas grandes cidades euro-péias, centros de estudos clássicos, como as universidades.

Características do Humanismo

O Humanismo é o precursor do Renasci-mento, pois redescobre o clássico, o estu-da, o projeta. O Renascimento cria e ins-pira-se no clássico, tornando a forma e o fundo originais.

Inspiração na antiguidade clássica. Rejeita grande parte da cultura medieval. Absorve a idéia que o período medieval, em termos culturais, foi a “Idade das Trevas”. O pe-ríodo moderno é considerado o “Renasci-mento” da cultura grego-romana.

Para Lembrar

Chamar a Idade Média, em termos cul-turais de “Idade das Trevas”, não corres-ponde exatamente à realidade. Em algumas partes da Europa, principalmente em alguns mosteiros, a cultura antiga jamais deixou de ser estudada. O que na verdade aconteceu é que, por grande influência da Igreja, o teo-centrismo sufocou o desenvolvimento das humanidades antigas, criando uma certa indiferença por esta cultura. Porém, se ob-servarmos, em muitos momentos da Idade Média, tem-se intensos momentos de desen-volvimento artístico e cultural; exemplo dis-to, é o renascimento carolíngio no reinado de Carlos Magno.

Antropocentrismo (ser humano no centro). Na Idade Média, praticamente vigorou o teocentrismo ou, como alguns autores denominaram, “Eclésiocentrismo” (igreja no centro). Prevalece o místico; o antina-turalismo; o coletivismo; o espiritualismo; o transcendentalismo, uma religião volta-da para o medo e até supersticiosa, onde tentar explicar um simples raio poderia ser um desafio a Deus, e conseqüentemen-te caminho para o inferno. O Humanismo coloca o homem, como ser mais perfeito criado por Deus, no centro de todas as coisas; o homem passa a ser o agente da história, medida de todas as coisas. Preva-lecem o naturalismo; racionalismo; desen-volvimento do espírito de crítica e análise; individualismo (o homem construindo seu próprio destino); o desenvolvimento das pesquisas científicas.

Racionalismo. Na Idade Média, tudo se explicava pela fé. A ação da natureza era encarada apenas como vontade de Deus. Tentar interferir neste processo, depen-dendo do caso, era considerado sacrilégio. O Humanismo acreditava ser o homem fonte de toda razão. Logo, era dotado pelo Criador de uma fonte inesgotável de co-nhecimento, capaz de se tornar parceiro de Deus na criação, melhorando e aperfei-çoando o mundo, através de novas desco-bertas, usando a experiência e a observa-ção. Estes princípios desenvolveram um grande avanço científico.

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Pré-vestibular

RenascimentoOriginou-se na Itália. A Península Itálica

estava dividida em várias cidades, comercial-mente ricas, pois dominaram por muito tempo as rotas comerciais do Mediterrâneo. A Cultura renascentista é capitalista e conseqüentemen-te apoiada pelos burgueses. Milão, Nápoles, Florença, Bolonha, Veneza, entre outras, eram governadas pela burguesia comercial e finan-ceira, que em busca de grande projeção social, apadrinhava os artistas (Mecenato). Destaca-se, também, que a Itália foi o centro do antigo império Romano; portanto, muitas das obras clássicas antigas encontravam-se neste terri-tório, além da preservação da mentalidade da cultura grego-romana. Como já mencionado, a fuga dos intelectuais bizantinos, aconteceu so-bre tudo para este território. Todos estes fato-res reunidos vão tornar a Itália a pioneira do Renascimento europeu.

Exemplos de alguns autores com suas obras

Itália Os chamados precursores do Renascimen-

to, já citados: Dante Alighieri, prosador e poeta, autor da mundialmente conhecida “Divina Comédia”, escrita em dialeto tos-cano, em substituição ao latim. Fazia crí-ticas a sociedade teocêntrica e a Igreja. Francisco Petrarca, considerado o “pai do humanismo”; divulgou o pensamento clás-sico latino em suas obras, contribuindo magnificamente para a fixação da língua italiana em substituição ao latim. Como grande escritor humanista, procurou nar-rar, em sua obra intitulada “Cancioneiro”, os profundos sentimentos humanos. Gio-vanni Bocaccio também considerado um dos fundadores do Humanismo; em sua famosa obra “Decameron” (aproximada-mente 100 contos), satiriza o mundo me-dieval e a Igreja, sendo por isso, um dos primeiros a serem perseguidos pela inqui-sição por fazer escárnios do clero.

Na arquitetura, o grande destaque italiano foi Filipe Brunelleschi (1377-1446), cons-trutor da cúpula da catedral de Florença, a igreja de São Lourenço e o Palácio Pitti.

Na escultura, vamos inicialmente destacar dois florentinos: Ghiberti (1378-1455), au-tor dos baixos-relevos das portas de bron-ze do Batistério de Florença, em que cria a ilusão e a perspectiva; e Donatello (1383-1466), realista, o primeiro a esculpir corpos nus considerados perfeitos.

Na pintura, três destaques fenomenais: Tiziano (1477-1576), veneziano que deixou mais de 4.000 pinturas, seus quadros são famosos pelo colorido e pela luminosida-de; Tintoretto (1518-1594), também vene-ziano, que também deixou um extraordi-nário número de pinturas; e, finalmente, Sandro Botticelli (1457-1510) pintor de muitos quadros, sendo um grande desta-que “O Nascimento de Vênus”.

Na literatura italiana, destaca-se com força e relevância: Niccolò Machiavelli (Nicolau Maquiavel, 1469-1527), autor da obra polí-tica “O Príncipe”, considerada a Bíblia do absolutismo. Sua obra, ainda hoje, é mo-tivos de estudos, críticas e considerações. Seus escritos geraram a filosofia maquia-vélica, que tem como essência: “Os fins justificam os meios”.

Botticelli conciliou os valores cristãos com os do paganismo.

Dois outros destaques na literatura ita-liana são: Ludovico Ariosto (1474-1553), autor de “Orlando o Furioso”; e Torquato Tasso (1544-1595), autor de “Jerusalém Li-bertada”, um poema épico que descreve as ações dos primeiros cruzados.

Considerados os grandes gênios do Renas-cimento italiano e universal temos:1. Leonardo Da Vinci (1452-1519): floren-

tino, pintor, escultor, músico, poeta, filó-sofo, matemático, engenheiro e profun-do pesquisador da anatomia e fisiologia

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Históriahumana, das artes médicas, química e física. Possui mais de cem projetos que prepararam caminhos para invenções formidáveis como: submarino, pára-quedas, helicóptero, tanque de guerra, etc. Duas de suas pinturas são mun-dialmente conhecidas: “Santa Ceia” e “Mona Lisa” (Gioconda).

A enigmática Monalisa de Leonardo da Vinci.

Esboço de pára-quedas e estudos de anatomia. Criações do gênio inquieto de Leonardo da Vinci, exemplo típico do homo universal.

2. Miguel Ângelo Buonarroti (1475-1519): florentino, famoso como ar-quiteto, pintor e escultor. Suas obras mundialmente conhecidas são: o pro-jeto da cúpula da basílica de São Pe-dro em Roma (Vaticano), que possui 130 m de altura por 40 m de diâme-tro. Como escultor deixou, além de outras, três obras memoráveis: “Pie-tá”; “Davi” e “Moisés”. Finalmente, Buonarroti decorou a Capela Sixtina (pertencente ao Vaticano) com afres-cos. São onze fantásticas cenas sobre a criação do mundo e o juízo final.

Em Juízo Final, Michelangelo retrata as figuras bíblicas belas e opulentas, como nas esculturas pagãs.

Criação de Adão, de Miguel Ângelo: o nu surge como expressão artística.

David, de Miguel Ângelo.

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Pré-vestibular

Cúpula da bálica de São Pedro, em Roma. Projeto

de Miguel Ângelo.

3. Rafael Sanzio (1483-1520): nasceu em Urbino, considerado outro gran-de mestre da pintura renascentista. Pintou cenas de temas religiosos, madonas e, no Vaticano, encontra-se um afresco intitulado “Escola De Ate-nas”, em que se vê Platão e Aristóte-les ladeados de aprendizes.

A pintura de Rafael, representante do humanismo evangélico, retrata traços de doçura e piedade. (A Sagrada Família, pintura a óleo de Rafael Sanzio, Século XVI.)

Expansão do Renascimento

Portugal

Destaques para Sá de Miranda, Gil Vicen-te, João de Barros e o expoente da literatura lusa: Luís Vaz de Camões (1524-1580), autor de “Os lusíadas” narrando as epopéias das gran-des navegações, em que exalta a bravura e o

heroísmo português.

Espanha

Destaques na literatura para Miguel de Cervantes (1547-1616), autor da obra imortal que satiriza a cavalaria medieval: Dom Quixote de la Mancha. Outros destaques são: Lope de Vega com mais de 1500 obras e Tirso de Moli-na que escreveu o “Burlador de Sevilha”, nesta obra, cria o tipo universal D. Juan. Na pintura, o grande destaque é El Greco, cujo nome ver-dadeiro era Domênicos Theotocópulos (1548-1625), foi o grande iniciador da pintura espa-nhola, sua obra mais famosa é “O enterro do conde de Orgaz”. Outro pintor de destaque é Diego Velázquez, o qual cria a famosa obra “As Meninas”.

El Greco fundi em suas obras os aspectos terrenos e celestiais.

França

Dois são os destaques franco-renascen-tistas: François Rabelais(1494-1553), médico e professor de anatomia. Em suas duas obras, Gargântua e Pantagruel, satiriza a Igreja e a mentalidade moralista e teocêntrica medieval. Prega o culto ao espírito científico, exalta a li-berdade, a justiça e a busca do prazer (epicu-rismo). Outro conhecido escritor francês é Mi-chel Montaigne(1533-1592), autor de “Ensaios”; em sua obra censurou o dogmatismo, exaltou a tolerância como virtude suprema, expressou a idéia que moralidade e religião eram modis-mos. Dizia que todo ser humano deveria fugir da superstição e carolice e, ainda, chegou a afirmar: “Os homens devem ser encorajados a desprezar a morte e viver nobre e humana-mente nesta vida, e não almejar piedosamente

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Históriauma existência além túmulo, que, no mínimo, é duvidosa”.

Inglaterra

As três expressões renascentistas são: Thomas Morus(1478-1535) que escreveu “Uto-pia”, obra que preconiza um mundo perfeito; Francis Bacon(1561-1626) que escreveu “ Novo Organum”, em sua obra tenta demonstrar os erros da pesquisa medieval e critica a autori-dade e tradição. Nela, Bacon procura mostrar uma nova forma de metodologia científica que deveria seguir os seguintes passos: observação direta da natureza; a obtenção de dados con-cretos e, finalmente, a indução, a fim de serem descobertas as leis que regem o mundo. Além destes dois expoentes, o Renascimento inglês nos brindou com a genialidade de William Shakespeare(1564-1616). Suas obras imortais, entre mais de 50, são: Hamlet, Otelo, Macbeth, O mercador de Veneza, Sonho de uma noite de verão e a universal Romeu e Julieta. Em todos os seus escritos, descreveu com vigor todas as paixões e sentimentos humanos; desceu pro-fundamente às questões terrenas para mergu-lhar nos grandes questionamentos e mistérios do homem, abandonando totalmente o trans-cendentalismo medieval.

Holanda

Destaque para Erasmo de Rotterdam(1466-1536) que, em sua obra “Elogio da Loucura”, criticou com veemência os abusos e autoritaris-mos da Igreja.

Erasmo de Rotterdam buscou humanizar o cristianismo.

Alemanha

Destaque para Albrecht Dürer (1471-1528), grande pintor com duas obras famosas: “A ado-ração dos reis magos” e “ A trindade”.

Renascimento científico

Foi o grande desenvolvimento das ciên-cias durante o Renascimento, fruto da pesquisa científica humanista. Tem-se como destaque: André Vesálio (1514-1564): nascido na Bél-

gica, desenvolveu técnicas de anatomia. É considerado o “pai da anatomia moderna”;

Miguel de Servet (1511-1553): espanhol, descobriu o processo da circulação sanguí-nea do coração ou pequena circulação;

William Harvey (1578-1657): inglês, desco-briu a grande circulação sanguínea do cor-po humano;

Nicolau Copérnico (1473-1543): polonês, formulou a mundialmente conhecida te-oria heliocêntrica (o sol é o centro de um sistema e os planetas giram em torno dele). Foi condenado pela Igreja Católica;

Copérnico junto de um modelo de sistema heliocêntrico.

Galileu Galilei (1564-1642): italiano, famo-so físico e astrônomo que, após várias pes-quisas, confirmou a teoria heliocêntrica de Copérnico. Foi condenado pela inquisição. É considerado o “Pai da física moderna”;

Johann Kepler (1571-1630): alemão, as-trônomo e matemático. Descobriu que as órbitas feitas pelos planetas são elípticas. Através de suas pesquisas, formulou leis que prepararam o caminho para a elabo-ração do princípio da gravitação universal do inglês Isaac Newton.

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Pré-vestibular

Para Lembrar

O Renascimento científico, em muitos casos, despertou o ódio da Igreja, que ainda muito poderosa na época, levou muitos sá-bios e pesquisadores, acusados de bruxarias, ao tribunal da inquisição; sendo que muitas mentes desenvolvidas foram condenadas e sofreram o martírio em nome de uma teolo-gia, na época, criminosa, ignorante e discri-minatória.

O Universo, segundo Ptolomeu e Copérnico.

Exercícios

1. No contexto do Renascimento, é correto afirmar:I. Apoiava-se em concepções nascidas

na antiguidade clássica.II. Teve em Erasmo de Rotterdam um de

seus expoentes.III. Inspirou uma verdadeira revolução

cultural, iniciada na Itália.IV. Contribuiu para o desenvolvimento

dos estudos científicos.a) Somente I está correta.b) Somente I e II estão corretas.c) Somente I, II e III estão corretas.d) Todas estão corretas.e) Todas estão erradas.

2. Renascença é a denominação tradicional-mente atribuída às mudanças de caráter cultural, principalmente, ocorridas nos pa-íses europeus durante o período que vai, aproximadamente, de 1300 a 1650. E são expressões maiores dessa época nos cam-pos da arte e da ciência, os trabalhos de:a) Geor Wilhelm Hegel, August Rodin e

Isaac Newton.b) Emmanuel Kant, René Descartes e

Antoine Lavoisier.c) John Stuart Mill, Ludwig Von Bee-

thoven e Galileu Galilei.

d) Auguste Comte, Richard Wagner e Cahrles Darwin.

e) Willian Shakesperare, Leonardo da Vinci e Nicolau Copérnico.

3. Uma das características das obras do Re-nascimento italiano está no fato de:a) Abordarem temas de intensa religio-

sidade, perdendo assim, sua feição leiga.

b) Procurarem valorizar o homem, me-dindo tudo em sua função, o antropo-centrismo.

c) Tentarem evitar a abordagem de qualquer tema que demonstrasse in-fluência grega.

d) Evitarem o envolvimento com temas políticos, como foi o caso de Maquiavel.

e) Defenderem a continuidade do uso exclusivo do latim como língua de ex-pressão da intelectualidade.

4. Atendo-se ao Renascimento, é falso afirmar:a) Foi um movimento artístico-cultural

que retomava temas da Idade Média clássica, surgindo daí, a denominação Renascimento.

b) A Itália foi o berço do movimento, que depois se expandiu por boa parte da Europa ocidental.

c) Muitos pintores renascentistas uti-lizavam temas religiosos, mas ado-tavam técnicas naturalistas em suas obras.

d) A literatura renascentista criticava e satirizava valores típicos da Idade média mantendo-se uma clara postu-ra anticlerical.

e) A ciência moderna teve seus princí-pios fundamentados nesta época com o início da valorização, da experimen-tação e do racionalismo.

5. No início da Idade Moderna, no contexto do movimento renascentista, pode-se ob-servar:a) A valorização da supremacia do cole-

tivo em detrimento do individual.b) Um processo de mudanças sociais

que se traduziu em novas formas de pensar, sentir e agir.

c) O desenvolvimento de revoluções tec-nológicas advindas das novas teorias sobre a política e o poder.

d) As novas concepções que justificaram o predomínio da religiosidade sobre as formas de pensamento.

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Históriae) As mudanças nas formas de organi-

zação da produção agrícola e relações sociais daí decorrentes.

6. Foram características do Renascimento, entre outras:a) A retomada dos valores da cultura

greco-romana; o antropocentrismo; a convicção de que tudo pode ser expli-cado pela razão e pela ciência.

b) A reafirmação dos valores da cultura medieval; o caráter civil da produção artística.

c) O repúdio aos valores da cultura gre-co-romana; o racionalismo.

d) O repúdio aos valores da cultura me-dieval; o antropocentrismo; a nega-ção de que tudo pode ser explicado pela razão e pela ciência.

e) A valorização da cultura oriental; o humanismo; o caráter eclesiástico da produção artística.

7. “O homem que queira em tudo agir como bom acabará arruinando-se em meio a tantos que são bons. Daí porque o prínci-pe deve aprender a não ser bom e usar, ou não, o aprendido de acordo com a necessi-dade. O resultado das ações do príncipe é o que conta e não a maneira utilizada para conseguir os objetivos”.

A tese que os fins justificam os meios foi defendida por importante filósofo florenti-no, partidário do Estado Nacional. Trata-se de:a) Tomas Hobbes.b) Nicolau Maquiavel.c) Jean Bodin.d) Jacques Bossuet.e) Erasmo de Rotterdam.

8. A atividade crítica foi uma das caracterís-ticas mais notáveis do Humanismo do Re-nascimento. Nesse sentido, podemos afir-mar que os humanistas:a) Estavam mais atentos aos aspectos

de continuidade e permanência do que aos de modificação e variação da natureza e da sociedade.

b) Defendiam os valores da Igreja e da cultura medieval à semelhança dos teólogos tradicionais.

c) Dedicavam-se à crítica da cultura tra-dicional e à elaboração de um novo có-digo de valores e de comportamentos.

d) Formavam um grupo de eruditos vol-tados, exclusivamente, para a renova-ção dos estudos universitários.

e) Defendiam o teocentrismo medieval, como única forma de sobrevivência da humanidade.

9. As manifestações culturais expressas no Renascimento, ocorrido na Europa entre os séculos XIV e XVI, apresentam as ca-racterísticas abaixo, com exceção de uma. Assinale-a.a) Repúdio aos ideais medievais.b) Crítica ao pensamento escolástico.c) Valorização das obras clássicas da

cultura greco-romana.d) Fortalecimento do Humanismo e do

individualismo.e) Negação das concepções antropocên-

tricas e naturalistas.

10. A Arte renascentista, de uma forma geral, caracterizou-se pela:a) Representação abstrata do mundo.b) Estreita relação entre arte-romantis-

mo-melancolia.c) Representação cubista da idéia de

Deus.d) Aproximação entre arte-pesquisa-

inovações técnicas.e) Valorização estética dos afrescos da

antiguidade egípcia.

11. Podemos caracterizar o Humanismo como:a) Um conjunto de idéias religiosas di-

fundidas pela Contra-reforma.b) Uma nova concepção intelectual e fi-

losófica surgida com o renascimento e que promoveu uma valorização do humanismo e do natural.

c) Uma nova concepção religiosa im-plantada na Europa pela Reforma protestante, iniciada por Martinho Lutero.

d) Uma tentativa de conciliação da ra-zão e da religião, que atingiu sua mais alta expressão com a escolástica.

e) Uma nova concepção teocêntrica em que o homem sempre deve estar su-bordinado as práticas da fé.

12. Assinale a relação falsa:a) Copérnico e o Heliocentrismo.b) Kepler e as leis do movimento plane-

tário.c) Galileu Galilei e o Cartesianismo.d) Leonardo da Vinci e a “Santa Ceia”.e) Shakespeare e Hamlet.

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Pré-vestibular13. São elementos da mentalidade renascen-

tista:a) Religiosidade, mundanismo e ecletis-

mo.b) Individualismo, misticismo e especia-

lização.c) Humanismo, racionalismo e individu-

alismo.d) Racionalismo, coletivismo e religiosi-

dade.e) Coletivismo, reclusão e humanismo.

14. Dentre os fatores que contribuíram para o início do Renascimento na Itália, destaca-se:a) A revitalização do comércio e das ci-

dades italianas.b) A existência dos monumentos gregos

na península.c) O aparecimento de novas concepções

religiosas.d) O progresso das técnicas de constru-

ção de monumentos.e) A adoração de princípios teocêntricos

na arte.

Aula 18

Reforma e Contra Reforma

Podemos chamar de Reforma, o inten-so movimento que se levantou contra a Igreja Católica, na primeira metade do século XVI na Europa, e que culminou com o aparecimento de correntes contrárias ao catolicismo como Angli-canismo, Zwinglismo, Luteranismo e Calvinis-mo. Estas correntes, em geral, denominadas Igrejas Protestantes.

A Igreja medieval tinha grande importância econômica, política, social e cultural.

Precurssores da Refroma John Wiclif (1324-1384): Era inglês, fazia

uma série de críticas à Igreja. Condenou os tributos cobrados pela instituição, além das grandes riquezas acumuladas pelo clero. Condenou as indulgências, o po-der temporal dos bispos e papas e negou vários pontos da teologia católica. Suas idéias acabaram gerando um movimento, cujos seguidores, mais tarde, foram deca-pitados a mando do rei. Wiclif foi exausti-vamente perseguido pela igreja devido sua influência, pois era professor em Oxford, conseguiu escapar da fogueira; porém, foi condenado pelo clero católico.

João Huss (1369-1415): Nascido na Boemia (atual República Tcheca), era professor da Universidade de Praga. Foi um ferrenho adepto de Wiclif, sendo então, por suas idéias, excomungado pelo papa Alexandre V. Foi condenado pelo Tribunal da Inquisi-ção, sendo queimado na fogueira.

Causas da Reforma religiosa

Graves conflitos entre papas e monarcas. Fatos ocorridos durante o absolutismo, pe-ríodo em que os reis subordinaram igreja ao poder do Estado. Os papas enfraquece-ram-se e por conseqüência, a Igreja per-deu prestígio.

As contradições da Igreja.O catolicismo condenava a usura, o progresso material além de lucros capitalistas. Em contrapar-tida, a Igreja era rica, grande parte do cle-ro vivia uma vida luxuosa.

As Terras da Igreja. A Igreja Católica era, nos tempos do feudalismo, chamada de “Senhora Feudal”, pois possuía aproxima-damente trinta por cento das terras euro-péias. Este processo não se dissolveu no limiar do século XVI, a Igreja continuava dona de grandes extensões de terra, o que gerou a cobiça de reis e príncipes, além de ser um péssimo exemplo.

As ações corruptas do clero. Era comum nesta época a Simonia (venda de cargos eclesiásticos), a corrupção de alguns mem-bros do clero que para promoverem roma-rias, inventavam relíquias falsas, as quais eram também vendidas. Havia a questão das chamadas “esposas espirituais” (clara desobediência ao celibatarismo) e a mais terrível das enganações: as indulgências (venda do céu, mediante um pergaminho assinado pela autoridade eclesiástica).

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História

Gravura alemã sobre o comércio das indulgências.

O pensamento humanista. Despertou o es-pírito de crítica, fazendo com que muitos dogmas fossem contestados.

A excessiva preocupação de certos papas, como Júlio II e Leão X, com guerras e de-senvolvimento artístico; mas, sobretudo a vida escandalosa de alguns papas, entre eles Alexandre VI.

Para Lembrar

Nesta época, muitos padres, monges e até bispos, eram seguidores corretos dos princípios cristãos, não concordan-do com a corrupção que havia no clero.

Muitos papas da época eram fanáticos por guerra, possuíam exércitos e, com poucas exceções, tinham filhos com várias mulheres. Alguns elegiam seus filhos bispos e até cardeais. Alexandre VI (1492-1503) foi eleito por um concla-ve totalmente corrompido e comprado; teve vários filhos, sendo Lucrecia Bor-gia, uma das mais famosas mulheres da história, filha de Alexandre, quase eleita papisa. É sabido que Alexandre VI pro-movia orgias sexuais dentro do Vaticano e foi acusado por seus contemporâneos de vários assassinatos.

O próprio discurso da Igreja não batia com os interesses da burguesia reinan-te; pois o clero pregava a “pobreza”, enquanto a rica aristocracia buscava os lucros do comércio.

Reforma na Alemanha

O Sacro Império Romano-Germânico con-gregava vários principados e cidades livres. Mais de um terço deste território pertencia a

Igreja Católica que cobrava pesados tributos. Os camponeses eram explorados pelo clero; os burgueses viam os recursos financeiros escoa-rem da Alemanha para Roma; os príncipes sen-tiam a autoridade papal sobre seus domínios. O ambiente era propício para uma reforma.

Em 1517, o Papa Leão X, com o objetivo de recolher fundos para terminar a construção da Basílica de São Pedro, envia para o Sacro Império O padre dominicano João Tetzel com a ordem de vender indulgências. Martinho Lute-ro, monge da ordem de Santo Agostinho, insur-giu-se contra esta prática, agindo contra Tetzel e fazendo críticas pesadas à Igreja através de suas famosas 95 teses. O papa Leão X conde-nou as atitudes de Lutero bem como suas teses e exigiu sua retratação; Lutero queimou, em 20 de dezembro de 1520, a bula condenatória em praça pública, sendo por isto excomungado no início de 1521.

Lutero foi professor de teologia na Universaidade de Wittemberg.

Lutero queima a bula do papa Leão X, que determinava sua excomunhão.

130

Pré-vestibular

As dietas

Worms (1521)

Carlos V, imperador do Sacro Império, con-vocou Lutero para que ele comparecesse na ci-dade de Worms para dar explicações sobre seus atos. Na presença de representantes do clero e do rei, Lutero foi convidado a se retratar, mais não o fez, sendo por isso condenado pela dieta como herege. Protegido pelo salvo conduto de um príncipe amigo seu da Saxônia, Martinho se refugia no castelo de Wartburg, onde permane-ce até a morte de Leão X. Lutero, durante este exílio voluntário, traduz a Bíblia para o alemão e redige grande parte de seus escritos. Apesar de serem consideradas heréticas, as idéias de Lutero foram recebidas com grande apoio por uma grande parte de príncipes e facilmente se espalharam por parte da Alemanha, influen-ciando grandes revoltas camponesas contra membros do clero católico.

Para Lembrar

As revoltas camponesas se tornaram muito sangrentas; igrejas, mosteiros e ter-ras eclesiásticas eram invadidas e os padres e monges eram mortos violentamente. Um grupo de camponeses liderados por Thomas Müntzer, os “Anabatistas”, tentavam apode-rar-se das terras dos nobres e da Igreja para dividi-las entre as pessoas pobres. Apoiados por Lutero, os anabatistas foram massacra-dos pelos nobres.

É fácil entender que quase todas as revoltas foram reprimidas pelos príncipes alemães, pois, almejando as terras da igreja, não tinham interesse que elas fossem apro-priadas pelos camponeses. Assim, ao final dos conflitos internos, grande parte das ter-ras eclesiásticas acabou nas mãos dos prínci-pes (secularização).

Spira (1529)

Carlos V, preocupado com o crescente po-der dos príncipes alemães e com a doutrina de Lutero que se solidificava cada vez mais dentro da Alemanha, dá total apoio a Igreja Católica e convoca a Dieta de Spira. Durante os trabalhos na assembléia, Carlos V propõe tolerar o Lutera-nismo nos principados em que já existisse, mas exige em troca que a doutrina de Lutero não poderia ser pregada nos principados que ainda

eram católicos. Cinco príncipes e 14 cidades pro-testaram contra esta decisão, nascendo o cogno-me “Protestante” para os seguidores de Lutero.

Augsburgo (1530)

Era desejo de Carlos V restabelecer a uni-dade cristã dentro da Alemanha dividida pela Reforma Luterana. Convoca nova Dieta em Augsburgo e pede aos separatistas que apre-sentem sua fé; pois era interesse do imperador tentar um acordo com os reformistas. Filipe de Melânchton, amigo e discípulo de Lutero, apre-senta o credo luterano, formado de 28 artigos, que historicamente ficou conhecido como Con-fissão de Augsburgo. Os pontos principais são: O homem só se salva pela fé; A Bíblia é a única fonte de fé; Livre exame (interpretação livre da Bí-

blia); O papa não é o vigário de Cristo; não é in-

falível, nem chefe da Igreja; Não cultuar santos; Não venerar imagens; A missa não é válida; Descrença no purgatório (somente céu e

inferno); Descrença na transubstanciação; Crença na consubstanciação; Aceitação somente de dois sacramentos

(batismo e eucaristia); Não aceitação do celibatarismo; Não haveria hierarquia (diáconos, padres,

bispos e papas); Cultos simples, resumindo-se a pregações,

hinos e leituras bíblicas; Cultos em língua nacional.

Como podemos ver, em Augsburgo, a Igre-ja Católica não aceitou nenhum credo lute-rano. Era inevitável a guerra. Os príncipes protestantes formaram a Liga de Smalca-da (Smalkalde) esperando de imediato o ataque de Carlos V. A guerra só veio real-mente em 1546(com a morte de Lutero), durando até 1555.

Augsburgo

Em 1555, foi celebrada na Dieta de Augs-burgo a paz. Foi concedida a liberdade de culto; foi reconhecida a secularização das terras da Igreja Católica e foi estabelecida que os súditos deveriam seguir a religião do príncipe, sob pena de expulsão e perdas dos seus bens do principa-do. Este princípio foi chamado de “Cujus régio, ejus relegio” (cujo rei, tal a religião).

131

História

Para Lembrar

Com a celebração da paz, o luteranismo estendeu-se por todo a norte alemão, inclusi-ve para os principados da Suécia, Noruega e Dinamarca. O Sul permaneceu católico.

Zwinglismo (Reforma na Suiça)

O Reformador na Suíça foi Ulrich Zwinglio em 1529. Influenciado pelas idéias de Lutero, Zwinglio consegue implantar a reforma protes-tante em quase todo o norte da Suíça. Modifi-cando o credo em um sentido mais rigoroso, teve a desaprovação de Lutero, já acontecendo o pri-meiro cisma provocado pela livre interpretação da Bíblia. Após a morte de Zwinglio, a nova dou-trina passou a se chamar zwinglismo, espalhan-do-se do norte para outros cantões suíços.

Calvinismo

O francês João Calvino (1509-1564) estava se preparando para seguir a carreira eclesiásti-ca. Ficou muito entusiasmado ao ouvir as idéias de Lutero e logo aderiu ao movimento refor-mista. Para não ser perseguido, fugiu para Ge-nebra onde o zwinglismo já era conhecido. Em 1536, publicou sua doutrina no livro intitulado “Instituição da religião cristã”. João Calvino, após vários conflitos políticos, assume o poder absoluto em 1541, tornando seu governo uma teocracia, impondo à cidade de Genebra uma rígida ditadura religiosa e política, sendo por isso conhecida historicamente como “a Roma protestante”.

O calvinismo tornou-se mais radical que o luteranismo.Apesar de aceitar vários pon-tos doutrinários luteranos, acrescenta outros como, por exemplo, a fé é um dom gratuito con-cedido por Deus e predeterminado para toda a eternidade, de modo que os homens já estão designados se serão salvos (céu) ou irão para o castigo eterno (inferno). Chama-se esta doutri-na: Predestinação.

Calvino pregava como benção de Deus: o lucro e a valorização do trabalho, conquistando rapidamente o apoio da burguesia. Para Cal-vino, enriquecer através do trabalho, da pou-pança e de uma vida correta, seria um sinal de predestinação para a salvação; ou seja, “quem enriquece vai para o céu”.

Calvino é conhecido como o teólogo do capitalismo e o calvinismo se estabelece como a religião da classe burguesa. Portanto, para atender melhor os interesses da burguesia, o calvinismo espalhou-se por vários países como

França (huguenotes); Escócia (presbiterianos) e na Inglaterra (puritanos). Devido a persegui-ções religiosas, fogem da Inglaterra escolhendo como destino à América do Norte, dando ori-gem aos Estados Unidos da América.

Para Lembrar

O calvinismo, por retornar ao tradicio-nalismo, aproxima-se mais do judaísmo do que os luteranos. Calvino restaura o sábado, resume o culto a paredes nuas e um sermão (suprimindo até a música dos cultos). Faz se-veras proibições, entre elas: aos jogos, bailes, ornamentos femininos como jóias, festas fa-miliares com mais de 20 pessoas, consumo de doces, qualquer tipo de vinho que não seja o tinto, usar nomes que não sejam bíblicos, comunicação com o estrangeiro e falar de po-lítica. Quem desobedecesse, arriscaria rece-ber punições que poderiam ser desde beijar a terra em público até ser queimado vivo na fogueira.

Para Calvino e seus seguidores, servir ao Senhor e glorificá-lo constituía a missão primordial do homem.

AnglicanismoA Inglaterra era um país absolutista, go-

vernada por Henrique VIII, da família Tudor. Em sua maioria, o parlamento britânico era formado por burgueses capitalistas que, apesar de apoiarem o rei em tudo, possuíam um pro-blema em relação à igreja católica; já que gran-de parte das terras inglesas pertencia ao clero, os recursos obtidos em impostos e outras ativi-dades, eram escoados para os cofres em Roma. Estes acontecimentos desgostavam a burguesia inglesa. Entretanto, Henrique VIII tinha rece-bido do papa o título de “Defensor da fé católi-ca”, ao condenar a doutrina luterana; portanto, nada podia justificar um rompimento entre a Igreja e o Estado Inglês.

Outro fator que deve ser analisado, é que os burgueses ingleses estavam interessados na riqueza dos espanhóis, considerados na época o país mais afortunado do mundo; porém, Hen-

132

Pré-vestibularrique VIII era casado com uma princesa Espa-nhola, Catarina de Aragão, o que tornava Ingla-terra e Espanha aliados políticos.

Henrique VIII ao apaixonar-se por uma dama da corte, Ana Bolena, exigiu que o papa o divorciasse de Catarina, a fim de contrair núpcias com Ana Bolena; o pedido foi negado. Diante da recusa do papa em 1531, o rei rompeu com a Igreja e fez-se proclamar pelo parlamen-to “protetor da igreja inglesa”, o que na prática significava que todas as rendas da igreja deve-riam ir para o erário real. Em 1534, o parlamen-to aprovou o Primeiro Ato de Supremacia, pelo qual o rei da Inglaterra se tornava chefa da igre-ja nacional. Nascia o Anglicanismo, igreja na-cional inglesa, muito parecida em sua estrutura com o catolicismo. No reinado de Elisabeth I, filha de Henrique VIII com Ana Bolena, a dou-trina anglicana foi consolidada com o segundo Ato de Supremacia. A igreja foi organizada nos moldes litúrgicos católicos, porém seus dogmas seguiam o calvinismo. Elisabeth perseguiu ca-tólicos e puritanos (os verdadeiros).

Henrique VIII, fundador da Igreja protestante inglesa, e duas de suas seis esposas (Catarina de Araguão e Ana Bolena).

Contra ReformaÉ a reação da Igreja Católica contra os

movimentos de contestação ao catolicismo. Os dois papas que se destacam no movimento de Reforma Católica foram: Paulo III(pontificado: 1534-1549) que aprovou a Ordem Religiosa fundada por Inácio de Loyola, a Companhia de Jesus, e iniciou o Concílio de Trento; Paulo IV(pontificado: 1555-1559) que reorganizou os tribunais de Inquisição e iniciou a publicação do Index Librorum Prohibitorum (Catálogo de livros cuja leitura ficava totalmente proibida aos católicos). Os Jesuítas e outras ordens religiosas. A

Ordem Jesuíta não foi criada para a medi-tação, mas para a ação. Grandes missioná-rios foram professores, artistas, escritores e combatentes de qualquer prática antica-tólica. Consideravam-se “soldados de Cris-to” (Inácio de Loyola era capitão do exérci-to Espanhol e montou a Ordem em bases militares); a própria divisa dos Jesuítas, “ad majorem Dei gloriam” (pela maior gló-

ria de Deus), indica a ação dos inacianos: “Somos soldados de Cristo e nosso coman-dante é o papa; vamos defender a Igreja, o papa e a fé católica em qualquer parte do mundo, nem que seja preciso viajar milha-res de quilômetros e ser for preciso, dare-mos nossas vidas por esta causa”. Este era o tom dessa ordem e de outras que foram aprovadas na época como os Capuchinhos, Teatinos e Carmelitas.

Inquisição

Na verdade, a Inquisição já tinha sido aprovada pela Igreja, no Concílio de Verona em 1183. Muito utilizada como forma de repressão pela Igreja, caiu em desuso no século XIII, sen-do restabelecida na Espanha onde se tornou instrumento político, muito mais do que religio-so. Com a Reforma, Roma tomou de novo as ré-deas da inquisição, restaurando-a em sua tota-lidade. Milhares de pessoas foram condenadas e mortas por delitos contra a fé. A Inquisição só foi extinta no século XVIII.

A Inquisição não poupou violência e crueldade na execução daqueles que eram considerados hereges. Na gravura de época, execução do monge Savonarola, em 1498.

Concílio de Trento (1545-1563)

Convocado pelo papa Paulo III, o Concílio apresenta várias decisões, as principais, dentre elas, são: As fontes de fé são Bíblia e Tradição; O papa é o chefe universal da Igreja;

133

História As indulgências são legítimas; Confirma-se o culto aos santos e venera-

ção de imagens; Confirma-se a crença no purgatório; Confirma-se a validade do jejum; A salvação vem pela fé e pelas boas obras; O único texto aceito como autêntico da Bí-

blia, é a Vulgata, traduzido por São Jerôni-mo, no século IV;

Manutenção dos 7 sacramentos; Confirma-se a transubstanciação; Proibido o livre exame; Continua proibido o casamento aos padres

(celibatarismo); A missa continua sendo celebrada em la-

tim; Aconselha-se a criação de seminários para

a preparação de sacerdotes; Confirma-se a indissolubilidade do casa-

mento.

Gravura do século XVI mostrando a queima das obras de Lutero.

Exercícios

1. As reformas religiosas desempenharam um importante papel no processo de afir-mação da cultura moderna e consistiram em um movimento de:a) Crítica à Igreja Católica, especialmente

no tocante ao seu afastamento dos va-lores espirituais, reivindicando a afir-mação dos interesses feudais locais, no combate às rebeliões camponesas.

b) Crítica à Igreja Católica, especial-mente no tocante às vendas das in-dulgências e à riqueza proveniente da mercantilização da fé e ao seu afastamento dos valores espirituais.

c) Avanço do protestantismo, represen-tado na França pelos huguenotes, que

tinham como princípio a constituição de um Estado laico, sem a presença da Igreja e submetido aos interesses feudais.

d) Avanço do protestantismo, represen-tado na Inglaterra pelos puritanos, que desejavam a manutenção das relações com o papado através da as-sinatura de um “acordo”, no qual a Igreja estaria subordinada à autori-dade do rei.

e) Afirmação da supremacia do poder temporal sobre o espiritual, com a conseqüente separação entre Igreja e Estado, como ocorreu no caso da Ale-manha de Lutero.

2. “Renascimento, expansão marítima e co-mercial européia, Estado Nacional, Re-forma são assuntos que, necessariamente, devem ser relacionados, pois o processo histórico que envolve a Europa Ocidental, na época, é globalizante e os fatos se inter-penetram”.A afirmativa acima pode ser considerada:a) Verdadeira, pois os fenômenos histó-

ricos da época, para a região assinala-da, não podem ser tomados em sepa-rado, sob pena de não entendimento do processo histórico do Ocidente.

b) Falsa, pois o Renascimento foi um movimento intelectual, artístico, sem nenhuma relação com o processo da evolução comercial, política e religio-sa européia.

c) Falsa, pois o Estado Nacional teve seus fundamentos em etapa poste-rior, principalmente no século XVIII, com a Revolução Francesa, enquanto os demais movimentos indicados são do século XVI.

d) Verdadeira, se entendermos Renasci-mento e expansão Marítima e comer-cial européia como um só fato, o do Renascimento Comercial no Ociden-te Mediterrâneo.

e) Falsa, pois o movimento comercial europeu estava ligado exclusivamen-te ao fechamento do Mediterrâneo pelos turcos, em nada se relacionan-do com o Renascimento ou a Refor-ma, que são de fundo religioso.

3. A Reforma questionando a autoridade do papa, bem como os dogmas da Igreja Católi-ca, acaba por romper a unidade religiosa de toda a Europa Ocidental nos fins do século XV e do século XVI. É correto afirmar que:

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Pré-vestibulara) Em 1536, João Calvino começou a Re-

forma Calvinista em Genebra, sendo sua ortodoxia mais radical do que a de Lutero.

b) O anglicanismo implantado na Ingla-terra pelo rei Henrique VIII era um misto de calvinismo e catolicismo, de modo que foi aceito incondicional-mente pela Igreja Católica.

c) A venda de indulgência pelos domi-nicanos, ligados aos banqueiros Fug-gers, sem dúvida serviu de obstáculo à propagação das idéias de Lutero, que atacavam os abusos da Igreja, e não os seus dogmas.

d) O Concílio de Trento e a Companhia de Jesus denotaram a conciliação da Igreja com as reformas protestantes.

e) A inquisição não impediu que a Es-panha e Portugal tivessem sido subs-tancialmente atingidos pelos ideais reformistas, de modo que a influência da Igreja Católica, nesses países, ja-mais se recuperou.

4. O Movimento conhecido como Reforma Religiosa provocou, no século XVI, uma crise profunda na hegemonia da Igreja Ca-tólica no mundo ocidental. Esse movimen-to foi favorecido:I. Pelas alterações da atividade econô-

mica e do desenvolvimento do Mer-cantilismo, beneficiando a burguesia.

II. Pela convocação do Concílio de Tren-to com a finalidade de reafirmar os dogmas da Igreja.

III. Pelo aparecimento de novas Ordens religiosas com destaque para a com-panhia de Jesus.

IV. Por mudanças no universo ideológico do homem ocidental, alterando sua forma de conceber o mundo.

V. Pelo aumento da intolerância por parte da Igreja, mandando para a fo-gueira alguns de seus opositores.

Estão incorretas:a) I e IV.b) I e V.c) II e III.d) IV e V.e) II e IV.

5. O Concílio de Trento, um dos mais impor-tantes da história da Igreja, foi convocado com o objetivo principal de redefinir as doutrinas da fé católica. Dentre as conse-qüências diretas ou indiretas desse even-to, estão:

a) A redação da encíclica “Humanae Vi-tae” pelo papa Pio XII, e a tendência ao ecumenismo religiosos.

b) A aceitação de algumas das críticas oriundas da Reforma protestante so-bre dogmas da Igreja, e a rejeição do movimento de Contra-Reforma.

c) O surgimento da Teologia da Liberta-ção e a expansão e o fortalecimento da ordem dos cistercienses.

d) A censura de livros a fim de evitar a propagação de idéias consideradas heréticas, e o fortalecimento e a ex-pansão da Companhia de Jesus.

e) A condenação das idéias heréticas do monge beneditino Inácio de Loyola e o fim do dogma sobre a infabilidade papal.

6. Henrique VIII, Lutero e Calvino foram vultos da Reforma protestante. Indique a alternati-va ligada, respectivamente, a seus nomes:a) 95 teses contra a venda das indulgên-

cias, Instituição da religião cristã e doutrina da justificação pela fé.

b) Doutrina da Predestinação Absoluta, criação da Igreja Anglicana Indepen-dente e a Paz de Augsburgo.

c) Concílio de Trento, venda de indul-gências e Index.

d) Criação da Igreja Anglicana Indepen-dente, 95 teses e Doutrina da Predes-tinação Absoluta.

e) Edito de Nantes, Paz de Augsburgo e pás Kappel.

7. O Ato de Supremacia, promulgado por Hen-rique VIII, na Inglaterra, contribuiu para:a) Divulgar intensamente a doutrina

calvinista no país, sobretudo na re-gião da Escócia.

b) Iniciar a expansão externa, forman-do, assim, as bases do império colo-nial inglês.

c) Promover a Reforma anglicana, ao mesmo tempo em que contribuiu para a centralização do governo.

d) Implantar o catolicismo no reino, o que foi acompanhado da repressão aos reformistas.

e) Restaurar os antigos direitos feudais que foram limitados pela Magna Car-ta de 1215.

8. O Estudo da Reforma Luterana e Calvinis-ta e fatores econômicos envolvidos permi-tem afirma:I. Lutero pertencia à ordem dos Agosti-

nianos, preterida na venda de indul-gências na Alemanha, dado que os Dominicanos foram escolhidos.

135

HistóriaII. Muitos nobres alemães, em cujas ter-

ras o clero católico possuía extensas propriedades, apoiaram Lutero após este ter recomendado a confiscação de tal patrimônio.

III. Embora a Igreja Católica tivesse res-trições aos juros e lucros, estas esta-vam abrandadas, no século XVI, sen-do católicos os poderosos banqueiros “Fuggers”, de Augsburgo.

IV. Quando ocorreu a Revolta dos Cam-poneses, inspirada em interpretações próprias da Bíblia, nobres católicos e protestantes uniram-se para defen-der suas terras.

V. João Calvino ensinou que as pesso-as que prosperavam nos negócios e profissões tinham no sucesso a marca divina da “predestinação”, que eram favorecidos por Deus.

a) Somente as opções I e IV estão cor-retas.

b) Somente as opções II e III estão cor-retas.

c) Somente as opções I, II e IV estão cor-retas.

d) Somente as opções I, III e V estão cor-retas.

e) Todas as opções estão corretas.

9. A Reforma Religiosa do século XVI sig-nificou:I. Uma vitória do nacionalismo contra

o internacionalismo do papado e do império.

II. A cisão da cristandade opondo bene-ditinos e franciscanos.

III. Uma afirmação da burguesia contra uma ideologia contrária a seus inte-resses e atividades.

IV. A rejeição da autoridade pontifical por todos os credos.

Pode-se afirmar que são corretas somente:a) I e II. b) I e III.c) I e IV. d) II e III.e) III e IV.

10. Dentre os fatores que contribuíram para a difusão do movimento Reformista protes-tante, no início do século XVI, destaca-se:a) o cerceamento da liberdade de crítica

provocado pelo Renascimento Cultural.b) o declínio do particularismo urbano

que veio favorecer o aparecimento das universidades.

c) o abuso político cometido pela Com-panhia de Jesus.

d) O conflito político observado tanto na Alemanha como na França.

e) a inadequação das teorias religiosas católicas para com o progresso do ca-pitalismo comercial.

11. Assinale a afirmação correta:a) Lutero afirmou a salvação pela fé.b) Lutero condenou o celibato.c) Lutero apoiou as boas obras como

manifestação de fé.d) Lutero rejeitou a autoridade do Esta-

do sobre a Igreja.e Lutero apoiou as indulgências.

12. Assinale a opção que apresenta correta-mente uma afirmativa sobre as reformas religiosas surgidas no início dos tempos modernos.a) O humanismo católico, do final da ida-

de média, não pode ser entendido como um movimento precursor da reforma, pois não admitiu a aplicação do método crítico no exame das escrituras.

b) O luteranismo expandiu-se na Alema-nha e nos países escandinavos, nas áreas urbanas e comerciais, em função de sua ética religiosa, que defendia o lucro e condenava a predestinação.

c) O calvinismo ficou restrito às áreas ru-rais da França, pois sua doutrina, con-trária ao trabalho e ao lucro, antagoni-zava a ética da burguesia ascendente.

d) O sentimento nacionalista, surgido na Europa, fortaleceu-se com o apoio político e moral da Igreja Católica, o que impediu a difusão da reforma protestante.

e) O Concílio de Trento marcou a reação da Igreja às reformas protestantes, expressa na reafirmação dos dogmas católicos e no restabelecimento dos tribunais da Santa Inquisição.

13. Calvino santificou as aventuras comerciais e o empréstimo de dinheiro, atribuindo alto valor, em seu sistema ético, às lucrati-vas virtudes da parcimônia e da diligência. Por causa dessa característica de sua dou-trina, o calvinismo tem sido considerado, por vários intérpretes da história como:a) Um importante fator na formação do

sistema capitalista de organização da vida em sociedade.

b) Uma seita de negociantes religiosos.c) Uma doutrina prejudicial ao desen-

volvimento histórico, por que prega-va princípios feudais de organização econômica.

d) Uma justificativa religiosa para o papa permitir implantar o sistema bancário na Europa.

136

Pré-vestibulare) Não tendo importância alguma.

14. A essência da teologia de Calvino está con-tida em suas “Instituições da Religião Cris-tã” que foram publicadas pela primeira vez em 1536. Alguns de seus elementos são:a) Deus em sua alta sabedoria deu ao

homem livre-arbítrio para que este pudesse escolher entre os caminhos dos céus ou do inferno.

b) Deus em sua alta sabedoria predesti-nou alguns homens à salvação eterna e condenou outros ao tormento do in-ferno.

c) Deus em sua alta sabedoria elegeu a todos igualmente como seus filhos e reservou para cada ser humano um lugar aos céus.

d) Todo ser humano deve evitar as aven-turas comerciais e o empréstimo de dinheiro a juros, pois isso é condena-do por Deus.

e) A preocupação em valorizar o ritual, a música instrumental, os vitrais, os quadros e a imagem.