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Tema: “Pela nossa vontade”: estratégias de negociação e convivência em terras Guajajara (1840 - 1870). Renata Carvalho Silva. 1. INTRODUÇÃO O projeto de pesquisa aqui apresentado, têm por finalidade discutir as relações de poder estabelecidas entre um determinado grupo indígena e os órgãos estatais a que estes estariam subordinados, em meados do século XIX, a partir da análise das estratégias de negociação e resistência étnica e cultural, quer sejam elas diretas ou indiretas, encontradas em diversas fontes documentais no período acima assinalado. Trata-se aqui especificamente, dos grupos indígenas da etnia Guajajara situados às margens do Rio Pindaré (leste maranhense), nas extintas colônias de São Pedro do Pindaré e Januária, tanto a partir do levantamento feito em documentos referentes às raras, porém existentes falas de indivíduos pertencentes ao referido grupo, inseridas estas no conjunto documental das Diretorias Parcias a que estas se referem, bem como das Diretorias Gerais de Índios a que se encontravam subordinadas, existentes no Arquivo Público do Estado do Maranhão, bem como das já conhecidas Falas e Relatórios de Presidentes de Província da época. 2. PROBLEMATIZAÇÃO A percepção cada vez mais forte entre alguns historiadores do grande equívoco que vem se reproduzindo,

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Tema: “Pela nossa vontade”: estratégias de negociação e convivência em terras

Guajajara (1840 - 1870).

Renata Carvalho Silva.

1. INTRODUÇÃO

O projeto de pesquisa aqui apresentado, têm por finalidade discutir as relações

de poder estabelecidas entre um determinado grupo indígena e os órgãos estatais a que

estes estariam subordinados, em meados do século XIX, a partir da análise das

estratégias de negociação e resistência étnica e cultural, quer sejam elas diretas ou

indiretas, encontradas em diversas fontes documentais no período acima assinalado.

Trata-se aqui especificamente, dos grupos indígenas da etnia Guajajara situados às

margens do Rio Pindaré (leste maranhense), nas extintas colônias de São Pedro do

Pindaré e Januária, tanto a partir do levantamento feito em documentos referentes às

raras, porém existentes falas de indivíduos pertencentes ao referido grupo, inseridas

estas no conjunto documental das Diretorias Parcias a que estas se referem, bem como

das Diretorias Gerais de Índios a que se encontravam subordinadas, existentes no

Arquivo Público do Estado do Maranhão, bem como das já conhecidas Falas e

Relatórios de Presidentes de Província da época.

2. PROBLEMATIZAÇÃO

A percepção cada vez mais forte entre alguns historiadores do grande equívoco

que vem se reproduzindo, ao longo dos anos, com relação ao lugar reservado ao

elemento nativo na construção e permanente reconstrução das histórias nacionais e

regionais, me fez atentar para a necessidade de se introduzir um debate acerca da

construção de uma história dos povos indígenas, não pautada exclusivamente a partir

dos discursos produzidos pelo colonizador acerca dos mesmos.

Durante um longo espaço de tempo a historiografia tradicional tratou os

processos históricos enquanto um encadeamento linear e progressivamente ascendente

dos acontecimentos, onde as abordagens política e econômica, corporificadas no

destaque dado aos seus personagens-símbolos, ocuparam o centro da construção desse

mesmo conhecimento (Cardoso, 1997, p. 03-09)

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Contudo, a percepção do caráter restrito e limitado dessa forma de

compreensão dos referidos processos, foi o que determinou um alargamento no início

do século XX, por alguns historiadores franceses como Marc Bloch e Lucien Le Febvre,

nos horizontes de possibilidades da construção historiográfica, admitindo para isso, a

necessidade do auxílio de outras ciências humanas, tais como a sociologia, a estatística,

a geografia, a antropologia, entre outras (Vainfas, 1997, p.130-131).

Essa reviravolta no método de elaboração do conhecimento histórico ficou, a

partir de então, conhecido como Nova História ou História dos Annalles. Nova

perspectiva que abriu caminho para outros personagens, que até então se encontravam à

margem dos grandes eventos, a partir da admissão da importância dos constructos

sócio-culturais das sociedades analisadas, para uma maior compreensão desses mesmos

processos.

Durante todo o século XIX, e durante uma considerável parte do século XX,

muitos foram os intelectuais que baseados na “tradicional teoria da evolução das

culturas” (Ferreira Neto, 1997, p. 319), buscaram a superação do barbarismo atribuído a

todos aqueles grupos nativos de que se tinha conhecimento, em nome de uma

“civilidade humanizadora”, que supostamente nos colocaria em pé de igualdade com as

nações mais desenvolvidas do Velho Mundo, e de quebra resolveria o problema da

inserção dos mesmos no projeto de elaboração da grande nação brasileira.

Foi somente a partir de um questionamento do conceito de que esses

indivíduos ditos “selvagens” apenas nos reportavam a um estágio anterior do

desenvolvimento humano é que se deu início um processo de revisão nos estudos que

incluíam comunidades com parâmetros culturais divergentes, na construção do

conhecimento histórico-sociológico. Tal questionamento remetia a uma percepção das

variantes ao modelo de sociabilidade ocidental, inicialmente com trabalhos de cunho

antropológico como os de autores como Evans-Pritchard, que partindo de uma

convivência direta com comunidades tribais africanas, revelou a “complexidade

extraordinária dos povos ‘selvagens’ e seus elaborados processos de abstração, nem

sempre abarcáveis pela razão ocidental” (Ferreira Neto, 1997, p. 321).

Contudo, toda essa reelaboração conceitual do que é e do como ou o que se

deve ocupar o conhecimento histórico, está inevitavelmente ligado a uma tradição da

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escrita que, apesar de todos os avanços e perspectivas, permanece atado ao rigorismo

analítico exigido pelo método cientificista e, acima de tudo, vivendo sob a égide

documental, ou seja, “a imensa transformação que se operou no campo da história a

partir da França, e que se difundiu para outros países, tampouco questionou a

valorização das fontes escritas, ao contrário reafirmou-a” (Ferreira, 2002, p. 319).

Contudo, o que proponho aqui não é a total anulação do uso das fontes

documentais ou o questionamento quanto a sua eficiência, mas sim o entendimento de

que a exclusividade da sua utilização não se faz suficiente para o estudo de povos e

grupos que não dependeram, necessariamente, da escrita para a manutenção de suas

heranças culturais. A análise dos não ditos das documentações oficiais conjuntamente

aos poucos, porém ricos relatos de autoria dos próprios indivíduos pertencentes ao

referido grupo étnico trabalhado serão de extrema importância para o trabalho aqui

proposto.

Desde o início da colonização lusa, a legislação concernente às populações

indígenas, oscilou entre as necessidades de mão-de-obra, defesa de fronteiras e

usurpação de suas terras:

“[...] para resolver todos esses problemas, a Metrópole Lusa se voltou para o índio. Retirá-lo de sua condição original e transformá-lo em associado português fora entendido como a solução do problema da definição das fronteiras, pois, como vassalo, o índio tornaria efetivo o direito português às terras que ocupava. Assim, em seis de junho de 1755, o rei de Portugal assinou a lei que concedia a liberdade aos índios e os tornavam vassalos de Portugal” (Coelho, 2006, p.119).

“Transformá-lo como associado português”, como diz Mauro Cezar Coelho,

predispunha, como já ressaltamos, catequizá-lo e civilizá-lo, o que mais uma vez levava

a um redirecionamento das diretrizes voltadas à política indigenista1·. Esse

redirecionamento, que a partir da Lei de 27 de outubro de 1831 “estabelecia a abolição

formal do cativeiro indígena” (Coelho, 2006, p.130), se desdobraria nos Avisos e Leis

concernentes à direção e tutoramento desses grupos recém-desterrados, especificamente

as Leis n.285 de 21 de junho de 1843 e n.317 de 21 de outubro de mesmo ano,

referentes, respectivamente, à regularização do Governo sobre a catequese dos índios e

a vinda de missionários capuchinhos encarregados de desenvolvê-lo.

1 Sobre as várias etapas da política voltada ao indígena no Brasil ver: Gileno, Carlos Henrique. A Legislação Indígena: ambigüidades na formação do estado-Nação no Brasil e Ribeiro, Berta G. O Índio na História do Brasil, no Maranhão: Coelho, Elisabeth Maria Beserra. A Política Indigenista no Maranhão Provincial.

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Esses missionários estabelecem o então chamado: Plano das Missões, que em

24 de julho de 1845, com o Decreto n.426, se concretizaria através do Regimento das

Missões, documento em que se estabeleciam todas as medidas que se deveriam tomar

relativamente à civilização desses indígenas, principalmente à criação das Diretorias de

Índios e os deveres de seus respectivos diretores. Assim, criam-se as Diretorias Gerais,

responsáveis pela administração das diversas Colônias e Diretorias Parciais das várias

regiões. No Maranhão, ainda segundo Coelho, a partir da segunda metade do XIX, são

criadas 26 diretorias parciais e 7 colônias ou missões indígenas (Coelho, 1990, p. 86-

141).

O presente projeto pretende abordar especificamente duas dessas Colônias e

Diretorias parciais, a de São Pedro do Pindaré, criada em 1840, na margem direita do rio

Pindaré, 6 léguas2 acima da Freguesia de Monção e a da Januária, criada em 11 de abril

de 1854, no lugar onde o rio Caru se lança no Pindaré, ambas constituídas de índios

Guajajaras (Marques, 1970, p.206), sendo esta última hoje conhecida como aldeia

Januária.

Portanto, com base na análise das fontes documentais dessas duas Diretorias

Parciais, pretende-se debater as tradicionais referências à cordial submissão do indígena,

em especial aqueles pertencentes à etnia Guajajara, ao modelo de organização formal

estabelecido pelo estado através das Colônias e Diretorias de Índios, bem como um

pretenso conceito de acomodação desse mesmo elemento nativo. Busca-se igualmente

entender os processos que levaram à falência dessas colônias interrogando afirmativas

que apontam para a ineficiência de seus administradores ou à uma dita incompetência

de seus aldeados. Buscar-se-á para isso uma via interpretativa que contemple a ação

direta desses indivíduos na construção de sua própria trajetória, inclusive de maneira a -

através da incorporação daquilo que poderia ser aproveitado do sistema em que se viam

inseridos e de estratégias de aparente submissão - negociarem a própria existência e

conseqüente sobrevivência do grupo.

2 Os portugueses adotaram para o seu sistema de medidas do século 16, a légua de sesmaria que tem um comprimento de 3.000 braças e equivale a aproximadamente 6.600 metros. A légua de sesmaria foi adotada no Brasil até o ano de 1968 quando o decreto nº 63.233 definiu o "sistema métrico internacional decimal" como o único padrão de medida a ser utilizado e respeitado no país. CASILLAS, A. L. Maquinas: formulário tecnico 3. ed. Sao Paulo, Mestre Jou, 1981.

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3. JUSTIFICATIVA

O projeto de pesquisa em questão se justifica ao tentar suscitar um debate em

torno da construção de uma história dos povos indígenas do Maranhão, haja a vista a

pouca literatura existente a esse respeito - ver Elizabeth Maria Beserra Coelho: A

Política Indigenista no Maranhão Provincial - baseando-se não só em uma

documentação produzida pelo elemento colonizador, mas também a partir do

conhecimento do que é, hoje, reconhecido enquanto história do grupo, ou grupos,

Guajajara.

Mas especificamente no caso da análise aqui proposta, a saber das

comunidades Guajajara do Alto Pindaré (São Pedro do Pindaré e Januária), busca-se

compreender como se deu os processos de mediação e conflito entre o elemento nativo e

o colono responsável pela sua “civilização”, bem como o de buscar uma outra

interpretação para o conceito de submissão e cordialidade atribuída ao nativo Guajajara,

pretendendo-se com isso, compreender as bases de estruturação da sua identidade, a

partir dos processos de embate e negociação.

Partindo dessa ação de repensar um tradicional conceito de que os grupos

indígenas seriam apenas receptores passivos num processo de dominação física e

simbólica, inseridos num contexto de conquista e colonização, estudar as comunidades

Guajajara do Alto Pindaré, é corroborar com outras abordagens já realizadas e que

identificam o indígena enquanto sujeito/ator da sua própria permanência étnica, além de

questionar outros conceitos como o de vitimização, subjugamento e aniquilamento dos

mesmos, tão ainda em voga nas bibliografias sobre História do Brasil, que tendem a

projetar seu possível desaparecimento por conta de uma total inserção na cultura não-

indígena (Silva, 2005, p. 03)

Por tudo isso, acreditamos contribuir sobremaneira com esse trabalho, para

uma maior popularização do conhecimento das diferentes culturas e sociedades

indígenas, no intuito de diminuir assim as barreiras e discriminações que ainda nos dias

de hoje, se erguem com relação ao respeito às comunidades nativas, compreendendo

assim a grande importância em se refletir e perceber a multipolaridade de processos

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existentes na construção do espaço regional, que não se realizam unilateralmente,

tomando por base, apenas, os discursos do dominante.

4. REFERENCIAL TEÓRICO / ESTUDO DAS FONTES

O referencial teórico norteador da referida pesquisa é o da História Cultural, na

medida em que esta compreende a análise das produções e apreensões dos códigos,

práticas e determinantes simbólicas e materiais das sociedades historicamente

localizadas, abarcando, assim como a noção de cultura, as mais diversas vertentes e

campos de estudo: das representações sociológicas às culturas populares. Com isso,

permite-se a entrada – a partir das últimas décadas do século XX – de temas e atores

sociais até então ignorados pelo misancene das grandes produções historiográficas, uma

vez que passa a ficar claro que apenas podesse entender os mecanismos de ação e

retração históricos das sociedades, se estes forem estudados dentro das suas respectivas

esferas e estruturas sócio-simbólicas. (Barros, ?, p. 55-61).

Logo, ainda seguindo o referencial de uma História Cultural parte-se, mais

especificamente, do campo de pesquisa da Etno-História e da metodologia da História

Oral para uma mais aprofundada abordagem do tema em questão.

A Etno-História, sendo um campo e um método de pesquisa que combina práticas

da História, da Antropologia e da Arqueologia, é a que melhor abarca a análise de

sociedades que não se utilizam da escrita como mecanismo de aassimilação da

realidade, atuando através da prática etnográfica, no sentido de lhes apreender suas

dimensões culturais e tradição oral.

A Etno-História se aplica então, como método de apreensão e “reconstrução das

sociedades pré-letradas, antes e depois do contato com o europeu, utilizando fontes

escritas, orais e arqueológicas, além dos conceitos e critérios da antropologia cultural e

social” (Cohn, ?, p.01).

Partindo da premissa de que tais comunidades prescindam da escrita e da

produção sistemática de fontes documentais, outro método a ser utilizado aqui é o da

História Oral, uma vez que as mesmas reúnem suas memórias de grupo, numa rica e

vasta tradição oral, que convincentemente já se mostrou passível de ser “apreendida,

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registrada, confrontada, verificada e usada para fins históricos” (Abraham: 1961;

Vansina: 1961; M. G. Smith: 1961 apud Cohn, ?, p.06).

Dessa forma, muito mais que mero mecanismo de preenchimento das lacunas

deixadas pelos documentos escritos, a utilização dos métodos de entrevista e colhimento

das histórias de vidas particulares e dos grupos, nos permite entrar em contato com o

universo simbólico desses indivíduos, e a partir disso, compreender seus processos de

construção de identidades e transformações sociais (Ferreira: 2002; Ferreira Neto:

1997).

Com relação às fontes documentais a serem utilizadas durante a pesquisa,

pretendemos analisar documentos manuscritos encontrados especialmente no Arquivo

Público do Estado do Maranhão, e que dizem respeito aos ofícios produzidos pelos

Diretores Parciais das já mencionadas Colônias Indígenas do Alto Pindaré - a saber, São

Pedro do Pindaré e Januária -, assim como dos Diretores Gerais dos Índios do

Maranhão, empossados e em vigor durante os anos de permanência das ditas Diretorias

Parciais (1840-1870).

Esses documentos fazem referência às mais variadas estratégias de convivência,

negociação e enfrentamento direto em relação aos poderes direcionais a que esses

grupos estavam sujeitos, bem como uma clara demonstração do caráter maleável e por

vezes influentes dos grupos indígenas para com seus respectivos diretores, em vários

momentos corporificado na figura de seus Principais (Chefias Indígenas) 3.

Os documentos necessários à concretização da pesquisa já foram localizados,

e na análise preliminar que realizada, percebeu-se que fornecem as informações

necessárias à identificação das práticas indígenas de negação das imposições provinciais

enquanto práticas de resistência à dominação sócio-cultural a eles impostas.

Além dos documentos manuscritos, pretende-se utilizar uma vasta literatura

de outros autores que se encarregaram de tratar da questão indígena durante todo o XIX,

como João Francisco Lisboa, Antônio Gonçalves Dias, César Augusto Marques, Adolfo

Varnhagen, entre outros que, principalmente, se ocuparam em apresentar um estereótipo

3 Para conhecer um pouco mais sobre as Chefias Indígenas, ver: Coelho, Mauro Cezar. O Diretório dos Índios e as Chefias Indígenas: Uma inflexão. Campos - Revista de Antropologia Social, v. 7, n. 1 (2006).

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do aspecto bravio desses grupos e de suas práticas, que justificariam ações igualmente

violentas, porém embasadas em vias legais.

Enfocaremos igualmente idéias de dominação simbólica e fronteiras

encontradas em trabalhos como os do sociólogo francês Pierre Bourdieu e Homi K.

Bhabha, análise de aspectos relacionados aos processos históricos de resistência e

negociação entre o elemento nativo e colonos, como João Rênor, Mauro Cezar Coelho,

Edson Silva, alem de outros que a partir de uma revisão dos documentos e falas dos

povos indígenas remanescentes, contribuem sobremaneira para a construção e inserção

da História Indígena e do Indigenismo no seleto rol das historiografias nacionais.

5. OBJETIVOS

Gerais: Compreender as articulações de negociação e conflito das

comunidades indígenas Guajajaras do Alto Pindaré, durante a permanência das

Diretorias Indígenas e, posteriormente, o processo emergente na fronteira da

convivência entre essas comunidades remanescentes e as vizinhanças não-índias.

Específicos:

Analisar documentos que relatam os processos de sublevação e ataques a

povoamentos de colonos, enquanto formas de resistência física à política dos Diretórios;

Identificar outras formas de resistência simbólica, praticadas a partir do

escamoteamento de uma inserção ao projeto civilizatório;

Abordar aspectos de negociação de interesses praticados entre os grupos em

questão (colonos/nativos);

Compreender de que forma essas ações ainda permanecem nas tradições orais

desses grupos, e em que medida definem práticas e percepções de suas vivências atuais.

6. CRONOGRAMA

Etapas da Pesquisa 2012 2013

ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR

Levantamento X X

Bibliográfico

Page 9: 2ºmodelo-projeto

Estudo Teórico X X X X

Levantamento da

Documentação X X

Transcrição da

Documentação X X X X X X X

Leitura e Análise

Documental X X X X X

Elaboração de Relatórios X X

Apresentação (parcial) X

da Pesquisa

Redação Preliminar X X X X X

de Textos

Page 10: 2ºmodelo-projeto

Apresentação e Divulgação X

dos Resultados Finais da

Pesquisa

7. BIBLIOGRAFIA

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