2h conflitos guarulhos 2013

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Os conflitos interpessoais na Os conflitos interpessoais na escola e a aprendizagem dos escola e a aprendizagem dos valores e regras valores e regras Telma Vinha Telma Vinha Faculdade de Educação – Unicamp Faculdade de Educação – Unicamp

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  • Os conflitos interpessoais na escola e a aprendizagem dos valores e regras

    Telma VinhaFaculdade de Educao Unicamp

  • Que futuro adulto gostaramos de formar?A formao de pessoas autnomas e que resolvam seus conflitos por meio do dilogo, est sempre presente nos objetivos dos professores, nos projetos pedaggicos das escolas...

  • Percepo de um aumento dos conflitos interpessoais nas escolas por educadores, alunos e pais (Leme, 2006; Biondi, 2008)tema recorrente na mdia, em reunies de estudo e de formao de professores

  • Perguntamos aos educadores: quais as maiores dificuldades presentes no cotidiano escolar? Figura 1: Dificuldades apontadas pelos professores no cotidiano na escola. Tognetta et all, 2010

  • Conflitos Interpessoaisocorrem quando h um desequilbrio nas interaes sociais provocado por valores, perspectivas ou opinies contraditrios, indicando, assim, um carter de oposiopor meio do desequilbrio vivido no conflito social a criana ou jovem motivada a refletir sobre maneiras distintas de restabelecer a reciprocidadeo que promove a necessidade de considerar pontos de vista diferentes, argumentar, descentrar, cooperar, operar levando em conta sentimentos e perspectivas do outro

  • O conflito visto como algo antinatural construtivismo: conflito necessrio ao desenvolvimentorestrio aos atos e no aos sentimentosautorregulao, descentrao, coordenao de perspectivas, aprendizagem valores e regrasnfase no processoconflito pertence ao envolvido

  • H um aumento da violncia escolar?

  • Charlot (2002) - destaca trs tipos diferentes de violncia:a violncia na escola, aquela que se produz na instituio como resultado da violncia que existe fora de seus murosa violncia da escola uma violncia institucional, simblica, que os prprios jovens suportam por meio da maneira como a instituio e seus agentes o tratam:modo de composio das classes, de atribuio de notas, de orientao, palavras desdenhosas dos adultos, atos injustos, regras abusivas...a violncia escola, aquela dirigida diretamente instituio e aos que a apresentam

  • pesquisas indicam que no h aumento da incidncia de violncia duras (aquelas que so reguladas pelo cdigo penal) entre os alunosaes que atacam a lei com uso da fora ou ameaa us-la: leses, extorso, trfico de droga na escola, agresses fsicas, furtoporm, h o crescimento de pequenas infraes, agresses, insultos, desrespeito, desobedincia s normas, ou seja, principalmente incivilidades(La Fbrica do Brasil, 2001; Nakayma,1996; Leme, 2006; Debarbieux, 2006; Lucatto, 2012; Ramos, 2013).

  • Violncia escolar Dados do Ministrio da Educao (MEC) tabulados pela Fundao Lemann e pela Meritt Informao EducacionalParticipantes:professores de Lngua Portuguesa e Matemtica que do aulas para alunos de 5 e 9 ano do ensino fundamental que responderam a questionrio aplicado durante a Prova Brasil2011 - foram 224.743 mil docentes 2007 por volta de 295.000 docentes

  • Foram agredidos fisicamente por estudantes dentro de colgios 2011 - 4.195 (1,9%)2007 - 6.677 (2,3%)Relataram casos de agresso fsica contra aluno cometida por professor na escola em que atuavam2011 - 3.327 (1,5%) 2007 - 4.197 (1,62%)

  • Relataram que viram alunos frequentaram a escola portando arma de fogo2011 - 1.929 (0,85%)2007 - 3.247 (1,14%)

    Relataram que houve casos de alunos que entraram na escola com facas e canivetes 2011 - 9.079 (4,04%)2007 - 14.855 (5,17%)

    http://www.qedu.org.br/

  • Existe sim violncia escolar, mas em menor numero do que o alardeadoDebarbieux - a violncia desorganizadora surge do inesperado

  • Incivilidades so as microviolncias ou as pequenas agresses do cotidiano que se repetem constantemente, tais como: andar pela sala, incomodar os outros, cochichar, falta de pontualidade, conversa a margem do que se est tratando em classe, entretenimento com objetos imprprios para atividade e momento, comportamentos irritantes, desordem, enfrentamento, indelicadeza, barulho, impolidez, apelidos, zombarias, grosserias, empurres, levantar, empurrar, jogar objetos, gargalhar, gritar, demonstrar indiferena, brincadeira, interrupes...

  • So atentados cotidianos e recorrentes ao direito de cada um se ver respeitado ou pequenas infraes ordem estabelecida, tais como a falta de polidez, as transgresses dos cdigos de boas maneiras ou da ordem, diferenciando-as de condutas criminosas ou delinquentes a incivilidade no contradiz, nem lei, nem o regimento interno do estabelecimento, mas as regras de boa convivncia - rompem com expectativas do que pode estar sendo esperado como boa conduta social... Essa b... de texto aqui?Tira esta porcaria de mochila daqui.

  • (7 ano)A classe com muito rudo, alunos em p, gritando, no se escuta uma conversa em tom mais baixo. A professora vai andando e segurando os braos dos alunos que esto em p, abaixando-os fazendo com que se sentem. Ela se volta para frente da turma e comea a explicar o contedo e dizer que era para fazer a atividade que estava colocada na lousa, mas o barulho no permite que seja ouvida, pouqussimos alunos prestam ateno.Prof: - Gente, vamos sentar, vamos sentar...Ningum a ouve. A classe continua no maior barulho. Duas alunas se aproximam da professora para perguntar se a proposta era para ser realizada em dupla ou individualmente. Ela responde para todos da classe:

  • Prof: - Gente, t escrito na lousa, vocs sabem ler!Alguns alunos jogam pedacinhos de papel nos outros colegas. Apesar de ver a brincadeira, a professora no realiza nenhuma interveno. Quando os alunos querem pedir licena para os colegas para ver o que est escrito na lousa. Gritam: - LICENA!Ningum escuta o pedido destes alunos sobre sair da frente da lousa, ou se os ouvem, ignoram. A maioria no faz atividade, continua conversando e brincando com o colega ao lado.

  • Transgresso o comportamento contrrio ao regulamento interno da escola (mas no ilegal do ponto de vista da lei):absteno, uso de celular, ficar fora da sala, cabular aula...

  • BullyingPossui 5 caractersticas principais: ocorre entre pares desigualdade de poderh inteno do(s) autor(es) em ferirso atos repetidos contra um/mais constantes alvosh uma espcie de concordncia no alvo sobre o que pensam dele (por isso h crianas obesas que so alvos e outras no)h um pblico que prestigia as agresses (os ataques de bullying so escondidos dos adultos, mas nunca dos pares)

  • Pesq.: Voc disse que no gosta de algumas coisas na sua sala, o que voc no gosta?Aluno: Alguns alunos ficam me xingando, outros ficam me batendo, dando esses... como se fala, que a pessoa cai?Pesq.: Rasteira?Aluno: Rasteira, isso, exato! A a gente cai, ficam xingando, batendo na gente, entra na sala enchem o saco e a gente no consegue fazer a lio.Pesq.: E eles xingam de qu?Aluno: Ah... de gay filho da puta.Pesq.: E o que voc faz quando eles te xingam?Aluno: Eu falo que vou falar pra coordenadora, eles me ameaam... ento a gente fica com medo porque a me no tem tempo de vir aqui, n?Pesq.: Como voc se sente na hora que te xingam?Aluno: Ah eu me sinto muito ruim porque as pessoas no tem educao pela gente. Eles querem se achar s porque so mais velhos que a gente... mais maiores n?(aluno do 7 ano)

    Lucatto, 2012

  • Indisciplinaso aes e situaes variadas, mas que compartilham alguma forma de desordem nas relaes pedaggicas, capazes de interferir nas condies de aprendizagem est relacionada a ruptura do contrato social da aprendizagem (Garcia, 2006)tanto pelo aluno quanto pelo professora indisciplina atravessa a relao professor-alunono engloba somente uma questo de comportamento - o bom comportamento nem sempre sinal de disciplina, pois pode indicar apenas uma adaptao aos esquemas da escola, simples conformidade ou mesmo, apatia diante das circunstncias

  • Em geral encontra-se na escola (e em muitas pesquisas): a indisciplina tudo aquilo que incomoda o professors considerado disciplina quando o professor est desimpedido para ensinar o contedo

  • Estudos demonstram que os educadores se sentem intimidados e desmotivados diante das constantes situaes de indisciplina, incivilidades e conflitos, alm de despreparados para lidar (Tardeli, 2003; Vinha, 2004; Tognetta & Vinha, 2007)

    A concepo sobre os conflitos do professor e, conseqentemente, o tipo de interveno realizada, interfere nas interaes entre os alunos e no desenvolvimento socioafetivo dos mesmos transmitindo mensagens que dizem respeito moralidade

  • Pesquisas sobre os conflitos interpessoais na escola (Vinha, 2003; Tognetta e Vinha, 2007)Independente do tipo de conflito ele visto como algo antinatural paz ausncia de conflitos

    Esforos em trs direes: conter, evitar e ignorar

  • Daiane comeou a brigar na sala de aula com o Jorge porque ele a chamou novamente de cabelo de cerol. - Um estava dando tapa no outro, a professora foi separar, recebeu um tapa sem querer da Daiane. Ento ela foi suspensa. Afinal, bateu na professora!

    Lucatto, 2012

  • conflitos entre pares:brincadeiras da idadequando os conflitos (mesmo desrespeitosos) so vistos como incivilidades poucas vezes so feitas intervenes

  • (7 ano)A professora de Matemtica comea a aula dizendo que est sem pacincia. Os alunos estavam conversando alto e continuam. Enquanto coloca uma atividade na lousa, dois alunos comeam a brincar de dar tapas um no outro. Eles do risadas. De repente um deles comea a dar canetada na cabea do outro que diz para parar. O colega no pra e por fim desfere um tapa no olho do outro. O colega que recebeu o tapa diz: me deixa quieto e abaixa a cabea. O agressor se afasta e muda de lugar. Os colegas que presenciaram dizem:- Oh, professora, ele deu um tapa no olho dele, srio!A professora responde:- Eles no estavam se provocando l embaixo? Agora que se virem!E continua a aula normalmente. O aluno que recebeu o tapa ficou com o olho vermelho e em silncio, cabisbaixo, durante toda a aula.

  • ...um aluno passava e puxava o lpis do colega, dando, em seguida, um tapa em sua cabea (7 ano). Depoimento: s vezes o pessoal comea a fazer a lio a passa um aluno correndo, esbarra nos cadernos e a risca tudo. Dependendo do que voc estava fazendo tem que comear tudo de novo, como aconteceu comigo, teve uma vez que eu estava fazendo lio na sala de aula, a um aluno saiu correndo, e a foi com tudo com a mo na minha mesa e eu estava bem no fim j. A falei pro professor:- Oh ele riscou.Meu colega respondeu:- Foi sem querer...Professor no disse nada.A, eu tive que fazer outro que valia nota.

    Lucatto, 2012

  • H tipos diferentes de conflitos interpessoais, com naturezas distintas que requerem intervenes tambm diferenciadas: violncia, bullying, transgresses, incivilidades, indisciplina*, etc.independente do tipo de conflito em geral so todos tratados como (Lucatto, 2012; Licciardi, 2010; Ramos, 2010, Tognetta, 2010):indisciplina no sentido de atrapalhar o equilbrio da classe e o trabalho com contedos (contidos)Aqui nesta sala no se fala palavro! Sua me no te deu educao?incivilidades (ignorados)

  • (5 ano)Bom dia mamePor favor conversar com o VIC sobre seu comportamento em sala pois est brincando na hora de fazer atividades (por exemplo dando cadernada na cabea do outro).Peo sua ajuda e colaboraoAss. do responsvel:________________________ProfessoraBilhete aos pais (Dedeschi, 2012)

  • ao visar somente a restaurao da harmonia da aula perdida, o controle da classe ou da sua autoridade, o professor no realiza intervenes construtivas que auxiliem os alunos a compreenderem a necessidade do respeito, da coordenao de perspectiva e sentimentos e do dilogo na relao entre os iguais. com essa atitude, indiretamente, transmite a mensagem de que o respeito a uma autoridade mais importante do que o respeito entre iguais.

  • Apesar de intrinsecamente relacionados no cotidiano, a distino possibilita intervenes diferenciadas - exemplos:briga com agresso fsica violncia regulao dos impulsos (autocontrole) dilogo - crculos restaurativos, alunos mediadoresatrasos constantes transgresso conversa individual vrios alunos: conversa em assembleia zoao respeito - incivilidade conversa com envolvidos grupo: assembleia, tendo o foco na boa convivncia no grupo e contrato social da aprendizagemno realizao da pesquisa/leitura para trabalho de grupo - indisciplina - discutir com base no contrato da aprendizagem (no imposio)

  • agresses repetidas contra um aluno bullying - o olhar para todos os envolvidos no problema: o autor ter seus comportamentos sancionados e ser chamado a reparartambm precisa de ajuda: no sabe se sensibilizar com a dor do outro e tem uma hierarquia de valores invertidao alvo preciso autorrespeito - precisa de aes que o fortaleam o espectador preciso que se indigneser chamado a participar do problema quando pblicoter espaos de reflexo para se colocar no lugar do outro.

  • Jornal Agora So Paulo10/04/2013

    Crescem casos de violncia em escolas estaduais de SPO nmero de casos de indisciplina, brigas, vandalismo, furtos, roubos e outros delitos registrados em escolas estaduais da capital mais do que dobrou em dois anos. Foram 2.154 ocorrncias escolares registradas em 2010, contra 5.378 casos no ano passado, segundo dados da Secretaria de Estado da Educao... http://www.agora.uol.com.br/saopaulo/ult10103u1260167.shtml

  • Pesquisa realizada pela Apeoesp e o Instituto Data Popular (2013) 1.400 docentes de Escolas Estaduais de So PauloOs professores consideram como violncia escolar: agresso verbal/xingamento62%agresso fsica43%falta de educao/respeito/valores33%problemas familiares/postura dos pais20%bullying12%mau comport./conflitos entre alunos 11%

  • 57% dos professores consideram as escolas em que atuam um espao violento95% dos docentes acreditam que os alunos so os principais autores da violncia escolar (desconsideram a violncia da escola)A principal causa da violncia nas escolas :74% - a falta de respeito, de valores e de educao pelos alunos 49% - a educao em casa47% - a desestruturao familiar

  • Tem sido constatado que diante dos conflitos interpessoais os professores acabam por agir de maneira intuitiva e improvisada, pautando suas intervenes principalmente no senso comumcada um seu modo utiliza qualquer estratgia que acredita ser til para lidar com o problema como: dar notas baixas, ameaar, punir, conversar, gritar, advertir, acusar, censurar, excluir ou at mesmo ignorar... Na prtica as intervenes da escola tm surtido pouqussimos efeitos

  • Os mesmos conflitos ocorrem cotidianamente, repetem-se ao longo dos meses...No h um planejamento visando a qualidade das relaes interpessoais na escolaOs educadores parecem no perceber a contradio entre os objetivos que possuem e a qualidade do ambiente sociomoral e das intervenes que predominam nas escolasEsses procedimentos em longo prazo trazem consequncias, geralmente opostas as desejadas pela escola...

  • O jovem tem apresentado dificuldades para (Rego, 2006; Weber, 2005; Leme, 2006; Vicentin, 2008; Carina, 2008, Menin, 2010) emitir opinies, argumentar e ouvir perspectivas diferentes sem sentir-se ameaadotomar decisesidentificar e expressar seus sentimentos sem causar dano aos outroscoordenar perspectivas em aes efetivasbaixo ndice de habilidade socialresolver seus conflitos de forma cooperativa, respeitosa, justa e satisfatria para os envolvidos identificar situaes de injustia

  • Dificuldades para utilizar a assertividade como estilo predominante em situaes de conflitos Deluty - estilos de resoluo: submisso, agressivo e assertivoa maior tendncia de estilo de resoluo submissoex: no reaja, no arranje confuso; melhor no dizer nada

    (Leme, 2004, 2006, 2008; Vicentin, 2008; Carina, 2008)

  • Estratgias de resoluo de conflitos em ambas as escolas - jovens de 11 e 15 anos de idade - Vinha, Machado e Massari (2012)

  • Mais do resolver o problema, deve-se ir alm refletindo profundamente nas causas, principalmente na qualidade das relaes entre as pessoas na escola, das regras, da forma como se lidam com os conflitos e do trabalho com o conhecimento: clima escolar

    CONSIDERAES

  • Clima Escolarrefere-se ao conjunto de percepes e sensaes em relao instituio de ensino que, em geral, descortinam os fatores relacionados estrutura pedaggica e administrativa, alm das relaes humanas que ocorrem no espao escolar. uma espcie de personalidade coletiva da escola: corresponde a sua atmosfera, a valores, atitudes e sentimentos partilhados pelos atores da instituio, assim como a relaes sociais e com o conhecimento

  • Influencia:na aprendizagem/escolarizao:a motivao, a indisciplina e o rendimento escolarna socializao/convivncia: problemas como os conflitos, a violncia fsica e verbal entre alunos e entre alunos e professores, o vandalismo, o roubo, o consumo e venda de drogas e outros comportamentos de riscoquando o clima escolar negativo pode representar um fator de risco da qualidade de vida escolar, contribuindo para o sentimento de mal-estar e favorecer o aparecimento da violncia

    Janosz, 1998; Thibaud, 2005; Blaya, 2004; Debarbieux, 2006; Casassus, 2008

  • Pensando nos conflitos interpessoais, algumas questes so necessrias:So comuns situaes de desrespeito e maus tratos entre os alunos? Como a qualidade das relaes entre os professores e alunos? Est havendo situaes de exposio e crticas aos estudantes? Como a escola tem lidado com os conflitos e maus tratos?

  • Quando os alunos ou adultos se sentem humilhados, expostos ou injustiados, quais espaos possuem na escola para o dilogo, para colocarem o fato, tendo a certeza de que sero efetivamente ouvidos e que aes sero tomadas para restaurar a dignidade, a justia e o respeito?

  • Visando favorecer a diminuio dos conflitos e uma convivncia respeitosa na escola necessrio:estabelecer relaes de confiana, cooperao e respeito mtuo (senso de comunidade)propiciar possibilidades de participao ativa no conhecimento (experincia de aprendizagem colaborativa)oferecer de espaos de participao efetivos (construo coletiva da organizao da convivncia na escola sentir-se pertencente)

  • preciso haver tambm:clareza e consistncias nas regraspoucas e necessrias princpios que as sustentem envolver os alunos na elaboraoclareza, coerncia e justia na aplicao das sanes (equidade)evitar sanes expiatriasquando necessrio preferir as sanes por reciprocidadejustia restaurativa - concepo

  • OS ESPAOS DE PARTICIPAOOs oferecimentos de espaos de participao efetivos visam mediar os conflitos, melhorar o convvio escolar, favorecer o desenvolvimento da autonomia e da cooperao, alm de prevenir a violnciaos crculos restaurativos (conflitos privados)as assembleias (conflitos pblicos)Interveno por meio dos iguais alunos protagonistas (supervisionadas): alunos ajudantes, alunos mediadores...

  • Para melhorar o problema da violncia e conflitos da escola os educadores sugerem maior controle, punies e rigor (Malta Campos, 2008; Udemo, 2009)83% defenderam medidas mais duras em relao ao comportamento dos alunos67,4% disseram que deveria chegar a haver expulso de alunos

  • 47% propuseram a contratao de mais funcionrios como inspetores e psiclogos52% defendem o policiamento intensivo e permanente55% sugerem a implantao de projetos de conscientizao e valorizao da escola envolvendo pais, alunos e comunidade em geral.

  • Assim, para conter os conflitos:aumento de regras, punio e controlecontratao de mais funcionriossolicitam o retorno da disciplina de moral/tica nas escolastica vacina e no remdio (La Taille) autorregulaoa escola se isenta de reviso interna lamenta a estrutura familiar, sociedade, a personalidade do alunos

  • Mapa da Violncia 2013: Homicdios e Juventude no Brasil - (dados de 2008 a 2011)206.000 vtimas de homicdio em 4 anoso nmero de vtimas no Brasil superou os mortos nos 12 maiores conflitos armados no mundo entre 2004 e 2007ao todo 170.000 mil pessoas morreram nos confrontos de Iraque, Sudo, Afeganisto, Colmbia, Repblica Democrtica do Congo, Sri Lanka, ndia, Somlia, Nepal, Caxemira, Paquisto e Israel

    http://mapadaviolencia.org.br/mapa2013_jovens.php

  • Diferentemente destas regies, o Brasil no enfrenta "disputas territoriais, movimentos emancipatrios, guerras civis, enfrentamentos religiosos, raciais ou tnicos, conflitos de fronteira ou atos terroristas" que justifiquem o alto nmero de mortos.A dimenso continental do pas tambm nopode ser apontada como razo para o total de vtimas, j que "o Brasil, com sua taxa de 27,4 homicdios por 100 mil habitantes, supera largamente os ndices dos 12 pases mais populosos do mundo".Uma em cada trs mortes juvenis produto de disparo de arma de fogo - maior causa de mortalidade entre os jovens

  • "A cultura da violncia muito acentuada no Brasil. A capacidade de negociao dos conflitos baixa, a violncia frequentemente usada para a soluo dos problemas. A maioria dos homicdios no pas no est relacionada droga, e sim a essa cultura. So crimes banais. E o Estado no cumpre seu papel de preservar os setores da sociedade mais vulnerveis: jovens, mulheres, moradores de periferia."Waiselfisz (coordenador do estudo)

    Causas da violncia segundo o Mapa da Violncia -2013

  • Borges (2011)31 jovens de dois ncleosRelatos sobre vtimas de assassinatos que estes adolescentes conheceram ou ouviram falarObteve 168 respostas diferentes105 vtimas (62,5%) eram conhecidas dos jovens46 vtimas (27,38%) eram seus parentes14 vtimas (8,33%) eram amigasapenas 3 vtimas (1,79%) eram desconhecidas

  • Consideraes Finais:Quando os alunos no podem tomar decises, nem mesmo discutir problemas e situaes que esto envolvidos, torna-se mais difcil desenvolver um sentimento de pertencimento pelo grupo, pelo bem estar comum, ter um comportamento responsvelO conflito sempre vai existir... contudo, nas escolas mais cooperativas, abertas ao dilogo, onde se estabelece uma relao de respeito mtuo, tais problemas so lidados de outra forma, reduzindo a agressividade e favorecendo o desenvolvimento do autorrespeito e do respeito pelo outro

  • O problema no fazer desaparecer da escola a agressividade e o conflito, mas regul-los pela palavra e no pela violncia - ficando bem entendido que a violncia ser bem mais provvel, na medida em que a palavra se tornar impossvel. O que est em jogo tambm a capacidade de a escola e seus agentes suportarem e gerarem situaes conflituosas, sem esmagar os alunos sob o peso da violncia institucional e simblica.

    Charlot, 2002

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