2ª aula receita pÚblica - novo (reparado)
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PROFESSOR: PAULO LACERDA www.estudioaulas.com.br SENADO – ORÇAMENTO PÚBLICO – 3ª e 4ª AULA
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Capitulo 4 4. RECEITAS
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO (bens e direitos) PASSIVO (exigências)
Bens
Imóveis
Dinheiro
Estoques
Direitos
Títulos a Receber
Depósitos em Bancos
Passivo
Financiamentos
Impostos a Pagar
Fornecedores Salários para pagar
Patrimônio Líquido (capital próprio)
Capital
Lucros Acumulado
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ccoonnttrraapprreessttaaççããoo nnoo ppaassssiivvoo aauummeennttaarráá oo PPaattrriimmôônniioo LLííqquuiiddoo ((PPLL)) ddaa
UUnniiããoo.. EEmm ccoonnttrraappaarrttiiddaa,, oo iinnggrreessssoo qquuee tteennhhaa ccoonnttrraapprreessttaaççããoo nnoo
ppaassssiivvoo nnããoo aauummeennttaarráá oo PPLL ddoo EEssttaaddoo..
Receita Pública é uma derivação do conceito contábil de Receita
agregando outros conceitos utilizados pela administração pública em
virtude de suas peculiaridades. No entanto, essas peculiaridades não
interferem nos resultados contábeis regulamentados pelo Conselho
Federal de Contabilidade – CFC, por meio dos princípios Fundamentais,
até porque, a macro missão da contabilidade é atender a todos os usuários
da informação contábil, harmonizando conceitos, princípios, normas e
procedimentos às particularidades de cada entidade.
Receitas Públicas são todos os ingressos de caráter não devolutivo
auferidas pelo poder público, em qualquer esfera governamental, para
alocação e cobertura das despesas públicas. Dessa forma, todo o ingresso
orçamentário constitui uma receita pública, pois tem como finalidade
atender às despesas públicas.
4.1 CLASSIFICAÇÃO
4.1.1 QUANTO AO INGRESSO (PREVISÃO
ORÇAMENTÁRIA)
a) Receita orçamentária:
É aquela devidamente discriminada na forma da Lei nº 4.320/64 e
integra o orçamento público. Sua arrecadação depende de autorização
legislativa, constante na própria lei do orçamento (Lei orçamentária
anual) e são realizadas através da execução orçamentária.
Os ingressos orçamentários são aqueles pertencentes ao ente público
arrecadados exclusivamente para aplicação em programas e ações
governamentais. Estes ingressos são denominados Receita Pública.
Cuidado: nem todas as receitas orçamentárias, que ingressam nos
cofres públicos, afetam o saldo patrimonial do Estado.
b) Receita extra-orçamentária
Receitas extra-orçamentárias são aquelas que não fazem parte do
orçamento público.
Como exemplos temos as cauções, fianças, depósitos para garantia,
consignações em folha de pagamento, retenções na fonte, salários não
reclamados, operações de crédito a curto prazo e outras operações
assemelhadas.
Sua arrecadação não depende de autorização legislativa e sua
realização não se vincula à execução do orçamento.
Tais receitas também não constituem renda para o Estado uma vez
que este é apenas depositário de tais valores. Contudo tais receitas
somam-se às disponibilidades financeiras do Estado, porém têm em
contrapartida um passivo exigível que será resgatado quando da
realização da correspondente despesa extra-orçamentária.
Em casos especiais, a receita extra-orçamentária pode converter-se
em receita orçamentária. é o caso de quando alguém perde, em favor do
Estado, o valor de uma caução por inadimplência ou quando perde o valor
depositado em garantia. O mesmo acontece quando os restos a pagar têm
sua prescrição administrativa decorrida. É importante frisar que cauções,
fianças, e depósitos efetuados em títulos e assemelhados quando em
moeda estrangeira são registrados em contas de compensação, não sendo,
portanto considerados receitas extra-orçamentárias.
Os ingressos extra-orçamentários são aqueles pertencentes a
terceiros arrecadados pelo ente público exclusivamente para fazer face às
exigências contratuais pactuadas para posterior devolução. Estes
ingressos são denominados recursos de terceiros.
4.1.2 QUANTO À ALTERAÇÃO PATRIMONIAL:
a) Receita Pública Efetiva:
A Receita Pública Efetiva é aquela em que os ingressos de
disponibilidades de recursos não foram precedidos de registro de
reconhecimento do direito e não constituem obrigações correspondentes e
por isto alteram a situação líquida patrimonial.
b) Receita Pública Não-Efetiva
A Receita Pública Não-Efetiva é aquela em que os ingressos de
disponibilidades de recursos foram precedidos de registro do
reconhecimento do direito, ou de contraprestação no passivo, e por isto
não alteram a situação líquida patrimonial. (redação alterada conforme
retificação do Diário Oficial da União – 17.05.2004)
4.1.3 QUANTO À PROCEDÊNCIA:
a) Receitas Originárias: São aquelas que provêm do próprio
EXERCÍCIO do Estado. Ex: Patrimoniais.
b) Receitas Derivadas: São aquelas obtidas pelo Estado
mediante sua autoridade COERCITIVA. Dessa forma, o Estado exige que
o particular entregue uma determinada quantia na forma de tributos ou de
multas. Ex: Impostos.
4.1.4 QUANTO À CATEGORIA ECONOMICA:
O § 1º e o § 2º do art. 11 da Lei nº 4.320, de 1964, classificam as
receitas orçamentárias em ―Receitas Orçamentárias Correntes‖ e
―Receitas Orçamentárias de Capital‖.
CODIFICAÇÃO DA NATUREZA DA RECEITA
Na elaboração do orçamento público a codificação orçamentária
da natureza da receita é composta dos níveis abaixo:
1º Nível – Categoria Econômica
2º Nível – Origem
3º Nível – Espécie
4º Nível – Rubrica
5º Nível – Alínea
6º Nível – Subalínea
1º Nível – Categoria Econômica
Utilizado para mensurar o impacto das decisões do Governo na
economia nacional (formação de capital, custeio, investimentos etc.). É
codificada e subdividida da seguinte forma:
1 - Receitas Correntes;
2 - Receitas de Capital;
“7 - Receitas Correntes Intra-Orçamentárias;
8 - Receitas de Capital Intra-Orçamentárias;”
Com a Portaria Interministerial STN/SOF n° 338, de 26 de
abril de 2006, essas categorias econômicas foram detalhadas em
Receitas Correntes Intra-orçamentárias e Receitas de Capital Intra-
orçamentárias. As classificações incluídas não constituem novas
categorias econômicas de receita, mas especificações das categorias
econômicas: corrente e capital, que possuem os seguintes códigos:
MANUAL DE RECEITA NACIONAL
7. Receitas Correntes Intra-Orçamentárias;
8. Receitas de Capital Intra-Orçamentárias;
2º Nível – Origem
Identifica a procedência dos recursos públicos, em relação ao fato
gerador dos ingressos das receitas (derivada, originária, transferências e
outras). É a subdivisão das Categorias Econômicas, que tem por objetivo
identificar a origem das receitas, no momento em que as mesmas
ingressam no patrimônio público. No caso das receitas correntes, tal
classificação serve para identificar se as receitas são compulsórias
(tributos e contribuições), provenientes das atividades em que o Estado
atua diretamente na produção (agropecuárias, industriais ou de prestação
de serviços), da exploração do seu próprio patrimônio (patrimoniais), se
provenientes de transferências destinadas ao atendimento de despesas
correntes, ou ainda, de outros ingressos. No caso das de capital,
distinguem-se as provenientes de operações de crédito, da alienação de
bens, da amortização dos empréstimos, das transferências destinadas ao
atendimento de despesas de capital, ou ainda, de outros ingressos de
capital.
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O nível Origem se classifica em:
Categoria Econômica 1 – Receitas Correntes
1.1 Receita Tributária 1.2 Receita de Contribuições
1.3 Receita Patrimonial
1.4 Receita Agropecuária 1.5 Receita Industrial
1.6 Receita de Serviços
1.7 Transferências Correntes 1.9 Outras Receitas Correntes
Categoria Econômica 2 – Receitas de Capital
2.1 Operações de Crédito 2.2 Alienação de Bens
2.3 Amortização de Empréstimos
2.4 Transferências de capital 2.5 Outras Receitas de capital
Os demais níveis são específicos para cada receita, conforme veremos
mais adiante.
1- Receitas Correntes
Iniciada com o código 1, as receitas correntes são os ingressos de
recursos financeiros oriundos das atividades operacionais, para aplicação
em despesas correspondentes, também em atividades operacionais, que
não decorre de uma mutação patrimonial, ou seja, são receitas efetivas.
1.1 - Receita Tributária - São os ingressos provenientes da
arrecadação de Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria. Dessa
forma, é uma receita privativa das entidades investidas do poder de
tributar: União, Estados, Distrito Federal e os Municípios.
- Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato
gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica relativa ao contribuinte.
- as taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal e pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de
polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição,
independente ou não, da utilização do serviço pelo contribuinte.
- a contribuição de melhoria cobrada
pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no
âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao
custo de obras públicas que decorra valorização imobiliária, tendo como
limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de
valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
1.2 - Receitas de Contribuições - É o ingresso proveniente de
contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de
interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento
de intervenção nas respectivas áreas. As receitas de contribuições, podem
ser definidas da seguinte forma:
– destinadas ao custeio da seguridade
social, que compreende a previdência social, a saúde e a assistência
social;
–
derivam da contraprestação à atuação estatal exercida em favor de
determinado grupo ou coletividade.
1.3 – Receita Patrimonial - É o ingresso proveniente de
rendimentos sobre investimentos do ativo permanente, ou seja, da
utilização de bens pertencentes ao estado, como, aluguéis,
arrendamentos, foros, laudêmio, juros, participações e dividendos.
1.4 – Receita Agropecuária - É o ingresso proveniente da atividade
ou da exploração agropecuária de origem vegetal ou animal. Incluem-se
nessa classificação as receitas advindas da exploração da agricultura
(cultivo do solo), da pecuária (criação, recriação ou engorda de gado e de
animais de pequeno porte) e das atividades de beneficiamento ou
transformação de produtos agropecuários em instalações existentes nos
próprios estabelecimentos.
1.5 – Receita Industrial - É o ingresso proveniente da atividade
industrial de extração mineral, de transformação, de construção e outras.
1.6 – Receita de Serviços - É o ingresso proveniente da prestação
de serviços de transporte, saúde, comunicação, portuário, armazenagem,
de inspeção e fiscalização, judiciário, processamento de dados, vendas de
mercadorias e produtos inerentes à atividade da entidade e outros
serviços.
1.7 – Transferências Correntes - É o ingresso proveniente de outros
entes ou entidades, referente a recursos pertencentes ao ente ou entidade
recebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efetivado mediante
condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que
o objetivo seja a aplicação em despesas correntes.
Segue abaixo exemplos de Transferências constitucionais passadas
pela união e pelos estados aos Municípios.
- FPM
O Fundo de Participação dos Municípios é uma transferência
constitucional (CF, Art. 159, I, b), composto de 22,5% da arrecadação do
Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados. A
distribuição dos recursos aos Municípios é feita de acordo o número de
habitantes.
São fixadas faixas populacionais, cabendo a cada uma delas um
coeficiente individual. A Lei Complementar 62/89 determina que os
recursos do FPM serão transferidos nos dia 10, 20 e 30 de cada mês
sempre sobre a arrecadação do IR e IPI do decêndio anterior ao repasse.
– Parte do ITR - Imposto Territorial Rural
Recurso recebido pelos municípios decorrente da participação na
arrecadação do tributo federal sobre a propriedade territorial (Imposto
sobre a Propriedade Territorial Rural-ITR) incidente sobre os imóveis
rurais neles situados.
1.9 – Outras Receitas Correntes – São os ingressos correntes
provenientes de outras origens não classificáveis nas anteriores. Podemos
citar como exemplo destas receitas, as multas e juros de mora cobrados
sobre os impostos, a receita da Dívida Ativa, Multas e Juro de mora sobre
a arrecadação da dívida Ativa, entre outras receitas.
2 – Receitas de Capital
Iniciada com o código 2, são receitas que se destinam á cobertura
de despesas de capital e somente com estas despesas podem ser
aplicadas. As receitas de capital são denominadas receita de capital
porque são derivados da obtenção de recursos mediante a constituição de
dívidas, amortização de empréstimos e financiamentos ou alienação de
componentes do ativo permanente, constituindo-se em meios para atingir
a finalidade.
2.1 – Operações de Crédito – São fontes oriundas da realização de
recursos financeiros advindos da constituição de dívidas, por meio de
empréstimos e financiamento, que podem ser internas ou externas.
2.2 – Alienação de Bens – São fontes das Receitas de Capital,
captadas por meio da venda de bens patrimoniais móveis e imóveis.
2.3 – Amortização de Empréstimos – Recebimentos de valores
dados anteriormente por empréstimos a outras entidades de direito
público.
2.4 – Transferências de Capital – São outras fontes de recursos
recebidas de outras entidades de direito público ou privado, destinadas a
atender despesas classificáveis em Despesas de Capital. Pode ser usado
como um exemplo de Transferências de Capital, os recursos transferidos
do Sistema Único de Saúde – SUS com o objetivo de atender despesas
classificadas como despesas de capital.
2.5 – Outras Receitas de Capital – São destinadas a arrecadar outras
receitas de capital que constituirão uma classificação genérica não
enquadrável nas fontes anteriores.
Receitas Correntes e Receitas de Capital Intra–Orçamentárias.
Considerando que o orçamento deve ser consolidado, integrando
todas as operações dos órgãos e entidades da administração direta e
indireta, na estimativa da receita deverão estar contempladas as
chamadas Receitas Correntes e Receitas de Capital ‗Intra–
Orçamentárias‘, conforme dispõe a Portaria Interministerial Nº 338, de
26 de Abril de 2006, das secretarias do Tesouro Nacional. Segundo o que
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dispõe o artigo 1º desta Portaria Interministerial, são definidas como
intra-orçamentárias as operações que resultem de despesas de órgãos,
fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e outras
entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social
decorrentes da aquisição de matérias, bens e serviços, pagamento de
impostos, taxas e contribuições, quando o recebedor dos recursos
também for órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa estatal
dependente ou outra entidade constante desses orçamentos, no âmbito da
mesma esfera de governo. Ainda nos termos desta Portaria
Interministerial, a classificação dessas operações na codificação da
receita, serão identificadas pela substituição dos dígitos relativos ao 1º
nível das categorias econômicas (1 e 2) pelos dígitos 7, em se tratando de
receita intra-orçamentária corrente, ou 8, em se tratando de receita intra-
orçamentária de capital, mantendo – se os demais dígitos da codificação
da receita. Observa-se que esta atual classificação substitui a anterior
com relação aos itens Y e Z, em que esses eram classificados como fonte
e subfonte, respectivamente.
Quanto à categoria econômica, a classificação é a mesma da Lei
nº 4320/1964, cabendo destacar a distinção entre Receita de Capital e
Receita Financeira. O conceito de Receita Financeira surgiu com a
adoção pelo Brasil da metodologia de apuração do resultado primário,
oriundo de acordos com o Fundo Monetário Internacional - FMI. Desse
modo, passou-se a denominar como Receitas Financeiras aquelas receitas
que não são consideradas na apuração do resultado primário, como as
derivadas de aplicações no mercado financeiro ou da rolagem e emissão
de títulos públicos, assim como as provenientes
Quadro 2
de privatizações, entre outras. Não há um dígito específico para
distinguir as despesas financeiras, mas somente um parâmetro inserido
nas rubricas orçamentárias.
A origem refere-se ao detalhamento da classificação econômica
das receitas, ou seja, ao detalhamento das receitas correntes e de capital
de acordo com a Lei no 4.320, de 1964. Segundo o MTO-02 2006, a
mudança da atual nomenclatura (de ―fonte‖ para ―origem‖) deveu-se à
imprecisão do conceito existente entre a fonte a que se refere esse
classificador de receitas e a fonte relacionada com o financiamento das
despesas constantes da programação orçamentária. Até 2006, a ―fonte‖
constante da rubrica das receitas era chamada de ―fonte originária‖ para
que não fosse confundida com a classificação por fonte de recursos.
Os códigos da origem para as receitas correntes e de capital são
respectivamente: Receitas Correntes Receitas de Capital
1. Receita Tributária
2. Receita de Contribuições
3. Receita Patrimonial
4. Receita Agropecuária
5. Receita Industrial
6. Receita de Serviços
7. Transferências Correntes
9. Outras Receitas Correntes
1. Operações de Crédito
2. Alienação de Bens
3. Amortização de Empréstimos
4. Transferências de Capital
5. Outras Receitas de Capital
A espécie constitui um maior detalhamento da categoria anterior
(origem). Essa classificação não está relacionada à Lei nº 4.320, de 1964,
mas sim à classificação adotada pela SOF/STN (classificação
discricionária). No caso dos tributos, a ―espécie‖ relaciona os tipos de
tributos previstos na Constituição Federal. Segundo o MTO-02 2006, a
mudança da atual nomenclatura (de ―subfonte‖ para ―espécie‖) deveu-se
também à imprecisão daquele conceito, uma vez que alguns entendiam
que se tratava de especificação das fontes de recursos relacionadas ao
financiamento das despesas constantes da programação orçamentária.
Ex.: Receitas de Impostos, Receitas Imobiliárias, Multas e Juros de Mora
etc.
A rubrica é o nível que detalha a espécie com maior precisão,
especificando a origem dos recursos financeiros. Agrega determinadas
receitas com características próprias e semelhantes entre si. Ex.: Impostos
sobre o Comércio Exterior, Aluguéis, Multas e Juros de Mora dos
Tributos etc.
A alínea é o nível que apresenta o nome da receita propriamente
dita e que recebe o registro pela entrada de recursos financeiros. Ex.:
Imposto sobre a Importação, Receita de Outorga de Serviços de
Telecomunicações etc.
A subalínea constitui o nível mais analítico da receita, o qual
recebe o registro de valor, pela entrada do recurso financeiro, quando
houver necessidade de maior detalhamento da alínea. Ex.: Receita do
Principal da COFINS, Receita do REFIS da COFINS.
Vamos ver, no quadro, um exemplo de uma classificação de
receitas por categoria econômica:
Categoria Origem Espécie Rubrica Alínea Subalinea Corrente Tributaria Impostos Impostos sobre o Comércio Exterior Imposto sobre a Importação. Receita do Principal do Imposto sobre
importação
De capital Operação de Crédito Operações de Crédito Internas Títulos de Responsabilidade do Tesouro Nacional Títulos de Responsabilidade do Tesouro Nacional – Refinanciamento da Dívida Pública Federa
xxxxxxxxxxxxxx
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4.1.5 POR FONTES DE RECURSOS
Essa classificação orçamentária busca identificar as origens
dos ingressos financeiros que financiam os gastos públicos.
Determinadas naturezas de receita são agrupadas em fontes de
recursos obedecendo a uma regra previamente estabelecida. Por meio
do orçamento público, essas fontes são alocadas em determinadas
despesas de forma a evidenciar os meios para atingir os objetivos
públicos.
Frente ao exposto, é a classificação que permite demonstrar
a correspondência entre as fontes de financiamento e os gastos
públicos, pois exterioriza quais são as receitas que financiam
determinadas despesas.
A classificação de fonte de recursos consiste de um código
de três dígitos:
Enquanto a natureza da receita orçamentária busca
identificar a origem do recurso segundo seu fato gerador, a
fonte/destinação de recursos possui a finalidade precípua de identificar
o destino dos recursos arrecadados. Em linhas gerais, pode-se dizer
que há destinações vinculadas e não vinculadas:
a) destinação vinculada*: processo de vinculação entre a origem e a
aplicação de recursos, em atendimento às finalidades específicas
estabelecidas pela norma.
b) destinação não vinculada (ou ordinária): é o processo de alocação
livre entre a origem e a aplicação de recursos, para atender a quaisquer
finalidades, desde que dentro do âmbito das competências de atuação
do órgão ou entidade.
(*Há ingressos de recursos em decorrência de convênios ou de
contratos de empréstimos e de financiamentos. Esses recursos
também são vinculados, pois foram obtidos com finalidade específica
– e à realização dessa finalidade deverão ser direcionados.)
Exemplos de fontes/destinação de recursos:
Para saber mais
Receitas Próprias
Classificam-se neste grupo, segundo o art. 4º da Portaria
SOF nº 10, de 22 de agosto de 2002, receitas cuja arrecadação tem
origem no esforço próprio de órgãos e demais entidades nas
atividades de fornecimento de bens ou serviços facultativos e na
exploração econômica do próprio patrimônio e remunerada por preço
público ou tarifas, bem como o produto da aplicação financeira
desses recursos. Geralmente, têm como fundamento a bilateralidade,
cuja natureza é contratual, e, por isso, criam obrigações recíprocas
para as partes contratantes. Via de regra, são amparadas pelo
Código Civil e legislação correlata.
Receitas Administradas
São as receitas auferidas pela Secretaria da Receita Federal
do Brasil, que detém a competência para fiscalizar, arrecadar e
administrar esses recursos, com amparo legal no Código Tributário
Nacional e leis afins.
Receitas de Operações de Crédito
Receitas financeiras provenientes da colocação de títulos
públicos no mercado ou da contratação de empréstimos e
financiamentos junto a entidades estatais ou privadas.
Receitas Vinculadas
Pertencem a esse grupo receitas que são vinculadas, por
Lei, a determinada finalidade específica, exceto as classificadas como
“Receitas Administradas”. Geralmente, são receitas cuja
fiscalização, administração e arrecadação ficam a cargo das próprias
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entidades arrecadadoras, às quais resta a obrigação de efetuar o
recolhimento para a Conta Única do Tesouro.
Exemplos: recursos de concessões, autorizações e
permissões para uso de bens da União ou para exercício de
atividades de competência da União.
Receitas Primárias
Correspondem as receitas orçamentárias, deduzidas as
operações de crédito, aplicações financeiras (retorno da aplicação –
juros), empréstimos concedidos e receitas de privatizações.
Assim, a primária desconsidera aplicações financeiras, as
operações de crédito, alienações de ativos e amortizações recebidas,
visto que a Lei de Responsabilidade Fiscal admite estas entradas de
recursos como componentes do financiamento do déficit público.
Receitas Financeiras
Os juros recebidos, os descontos obtidos, o lucro na
operação de reporte e o prêmio de resgate de títulos ou debêntures e
os rendimentos nominais relativos a aplicações financeiras de renda
fixa, auferidos pelo contribuinte no período de apuração, compõem as
receitas financeiras e como tal deverão ser incluídas no lucro
operacional.
4.2. ESTÁGIOS DA RECEITA
O Orçamento Público adota o regime de caixa para os ingressos
das receitas púbicas arrecadadas no exercício financeiro, em
conformidade com o art. 35 da Lei nº 4.320, de 1964:
―(...) pertencem ao exercício financeiro as receitas nele
arrecadadas.‖
Segundo o art. 22 do Decreto Legislativo nº 4.536, de 28 de
janeiro de 1922, que organiza o Código de Contabilidade da União, a
receita orçamentária percorre três estágios até que ocorra a efetiva
entrada de recursos nos cofres públicos, na Conta Única do Tesouro
Nacional: Previsão, Arrecadação e Recolhimento.
Dessa forma, do ponto de vista orçamentário, os estágios seriam:
Previsão: é a estimativa, a projeção do que se espera
arrecadar durante o exercício financeiro. Serve de base para a fixação
da despesa orçamentária. A partir das previsões da receita inicia-se o
processo de discussão de alocação desses recursos, envolvendo todos
os entes públicos alcançados pelo Orçamento, para posterior
autorização junto ao Poder Legislativo.
A LRF, no seu art. 12, regulamenta tal estágio:
“Art. 12. As previsões de receita observarão as normas
técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na
legislação, da variação do índice de preços, do crescimento
econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão
acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três
anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e
da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.”B
Assim, ela compreende uma parte do planejamento
orçamentário, resultante de metodologias de projeção delas: “Projeção: base de calculo x índices de preços x índices de quantidade x legislação”
1) Base de cálculo: é obtida por meio da série histórica de
arrecadação da receita, sem as atipicidades, e, dependerá do seu
comportamento mensal. Assim, a base de cálculo pode ser: a
arrecadação de cada mês (arrecadação mensal) do ano anterior; a
média de arrecadação mensal do ano anterior (arrecadação anual do
ano anterior dividido por doze);
2) Índice de preço: é o índice que fornece a variação média dos
preços de uma determinada cesta de produtos. Existem diversos
índices de preços nacionais ou mesmo regionais como o IGP-DI, o
INPC, o IPCA, a variação cambial, a taxa de juros, a variação da
taxa de juros, dentre outros.
3) Índice de quantidade: é o índice que fornece a variação média na
quantidade de bens de um determinado seguimento da economia. Está
relacionado à variação física de um determinado fator de produção.
Como exemplos, podemos citar o Produto Interno Bruto Real do
Brasil – PIB real; o crescimento real das importações ou das
exportações.
4) Efeito legislação: leva em consideração a mudança na alíquota ou
da base de cálculo de alguma receita, em geral, tarifas públicas e
receitas tributárias, decorrentes de ajustes na legislação ou nos
contratos públicos. Por exemplo, se uma taxa de polícia aumentar a
sua alíquota em 30%, decorrente da legislação
Lançamento: Segundo o Código Tributário Nacional, art.
142, lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar
a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar
a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar
o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade
cabível. Tendo ocorrido o fato gerador, há condições de se proceder ao
registro contábil do direito da fazenda pública em contrapartida a uma
variação ativa, em contas do sistema patrimonial, o que representa o
registro da receita por competência.
Algumas receitas não percorrem o estágio do lançamento,
conforme se depreende pelo art. 52 da Lei nº 4.320/64:
―São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer
outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou
contrato.”
Arrecadação: consiste no recebimento da receita pelo
agente devidamente autorizado, agentes arrecadadores, por meio de
estabelecimentos bancários oficiais ou privados, devidamente
credenciados, a fim de se liquidarem obrigações com o ente público.
Recolhimento: estágio no qual os agentes arrecadadores
entregam o produto da arrecadação para o Caixa Único: Conta Única
do Tesouro Nacional, no Banco Central do Brasil, no caso da União.
É apenas nesse estágio que ocorre a efetiva entrada dos
recursos financeiros arrecadados nos cofres públicos.
Para saber mais
Embora parte da doutrina considere o “Lançamento” estágio intermediário entre a “Previsão” e a “Arrecadação” da receita, o art.
53 da Lei nº 4.320, de 1964, o preceitua como “ato da repartição competente, que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é
devedora, e inscreve o débito desta”.
Dessa forma, na ótica orçamentária, lançamento é procedimento administrativo realizado pelo Fisco – e não estágio. Ressalte-se que
as receitas patrimoniais e as empresariais não se sujeitam ao lançamento, haja vista ingressarem diretamente no estágio da Arrecadação, mas,
em regra, as tributárias e de contribuições necessitam do procedimento administrativo em epígrafe antes de ingressarem no estágio da
“arrecadação”.
Para saber mais
Nem todas as etapas citadas ocorrem para todos os tipos de receitas orçamentárias. Pode ocorrer arrecadação não só das receitas que
não foram previstas (não tendo, naturalmente, passado pela etapa da previsão), mas também das que não foram “lançadas”, como é o caso de
uma doação em espécie recebida pelos entes públicos.
Para saber mais
Relacionamento do Regime Orçamentário com o Regime de Competência:
É comum encontrar na doutrina contábil a interpretação do artigo 35 da Lei nº 4.320/1964, de que na área pública o regime contábil é
um regime misto, ou seja, regime de competência para a despesa e de caixa para a receita:
“Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:
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I – as receitas nele arrecadadas;
II – as despesas nele legalmente empenhadas.”
Contudo, a Contabilidade Aplicada ao Setor Público, assim como qualquer outro ramo da ciência contábil, obedece aos princípios
fundamentais de contabilidade. Dessa forma, aplica-se o princípio da competência em sua integralidade, ou seja, tanto na receita (reconhecida
no lançamento) quanto na despesa (reconhecida na liquidação). Na verdade, o artigo 35 refere-se ao regime orçamentário e não ao regime
contábil, pois a contabilidade é tratada em título específico, no qual se determina que as variações patrimoniais devem ser evidenciadas, sejam
elas independentes ou resultantes da execução orçamentária.
4.3 DIVIDA ATIVA
A Dívida Ativa, regulamentada a partir da legislação pertinente, abrange os créditos a favor da Fazenda Pública, cuja certeza e liquidez
foram apuradas, por não terem sido efetivamente recebidos nas datas aprazadas. É, portanto, uma fonte potencial de fluxos de caixa, com impacto
positivo pela recuperação de valores, espelhando créditos a receber, sendo contabilmente alocada no Ativo. Não se confunde com a Dívida
Passiva, que representa as obrigações do Ente Público para com terceiros, e que é contabilmente registrada no Passivo e denominada de Dívida
Pública.
Para saber mais
“Ter se esgotado todos os prazos fixados para o seu pagamento
pela lei ou por decisão final prolatada em processo regular.”
A Dívida Ativa é uma espécie de crédito público, cuja matéria é
definida desde a Lei 4320/64, sendo sua gestão econômica,
orçamentária e financeira resultante de uma conjugação de critérios
estabelecidos em diversos outros textos legais. O texto legal referido,
que versa sobre normas gerais de direito financeiro e finanças
públicas, institui os fundamentos deste expediente jurídico-financeiro,
conforme seu artigo 39:
“Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou
não tributária, serão escriturados como receita do exercício em que
forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. (Redação
dada pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979).
§ 1º - Os créditos de que trata este artigo, exigíveis pelo transcurso do
prazo para pagamento, serão inscritos, na forma da legislação
própria, como Dívida Ativa, em registro próprio, após apurada a sua
liquidez e certeza, e a respectiva receita será escriturada a esse título.
(Parágrafo incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979).
§ 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa
natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e
respectivos adicionais e multas, e
Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos da Fazenda
Pública, tais como os provenientes de empréstimos compulsórios,
contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer origem ou
natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas de
ocupação, custas processuais, preços de serviços prestados por
estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições,
alcances dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os
créditos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de sub-
rogação de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos em
geral ou de outras obrigações legais. (Parágrafo incluído pelo
Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979).
§ 3º - O valor do crédito da Fazenda Nacional em moeda estrangeira
será convertido ao correspondente valor na moeda nacional à taxa
cambial oficial, para compra, na data da notificação ou intimação do
devedor, pela autoridade administrativa, ou, à sua falta, na data da
inscrição da Dívida Ativa, incidindo, a partir da conversão, a
atualização monetária e os juros de mora, de acordo com preceitos
legais pertinentes aos débitos tributários. (Parágrafo incluído pelo
decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979).
§ 4º - A receita da Dívida Ativa abrange os créditos mencionados nos
parágrafos anteriores, bem como os valores correspondentes à
respectiva atualização monetária, à multa e juros de mora e ao
encargo de que tratam o art. 1º do Decreto-lei nº 1.025, de 21 de
outubro de 1969, e o art. 3º do Decreto-lei nº 1.645, de 11 de
dezembro de 1978.(Parágrafo incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de
20.12.1979).
§ 5º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na
Procuradoria da Fazenda Nacional. (Parágrafo incluído pelo Decreto
Lei nº 1.735, de 20.12.1979).‖
A Dívida Ativa, regulamentada a partir da legislação pertinente,
abrange os créditos a favor da Fazenda Pública, cuja certeza e liquidez
foram apuradas, por não terem sido efetivamente recebidos nas datas
aprazadas. É, portanto, uma fonte potencial de fluxos de caixa, com
impacto positivo pela recuperação de valores, espelhando créditos a
receber, sendo contabilmente alocada no Ativo.
Não se confunde com a Dívida Passiva, que representa as
obrigações do Ente Público para com terceiros, e que é contabilmente
registrada no Passivo e denominada de Dívida Pública.
Para o caso da União, a Constituição Federal, em seu artigo 131,
§ 3º, atribui expressamente a representação da Dívida Ativa de
natureza tributária da União à
Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN. A Lei
Complementar nº 73 estabelece uma nova situação quando, além de
atribuir competência à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional -
PGFN para apuração da liquidez e certeza da dívida ativa tributária e
representação da União em sua execução, delega as mesmas
atribuições às autarquias e fundações, em seus artigos nº 12 e nº 17:
“Capítulo VII
Da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Art. 12. À Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, órgão
administrativamente subordinado ao titular do Ministério da
Fazenda, compete especialmente:
I - apurar a liquidez e certeza da dívida da União de natureza
tributária, inscrevendo-a para fins de cobrança, amigável ou judicial;
II - representar privativamente a União, na execução de sua dívida
ativa de caráter tributário.
Capítulo IX
Dos Órgãos Vinculados
Art. 17. Aos órgãos jurídicos das autarquias e das fundações públicas
compete:
I - a sua representação judicial e extrajudicial;
II - as respectivas atividades de consultoria e assessoramento
jurídicos;
III - a apuração da liquidez e certeza dos créditos, de qualquer
natureza, inerentes às suas atividades, inscrevendo-os em dívida
ativa, para fins de cobrança amigável ou judicial.”
As receitas não arrecadadas e não lançadas constituirão receita
própria do exercício em que forem realizadas. Já a receita lançada e
não arrecadada tem seu valor perfeitamente definido: é saldo da
conta receita lançada. É esse saldo que constitui os resíduos do ativo
ou restos a arrecadar. No Brasil, não se adota o regime de competência para as receitas
(no sistema orçamentário). O saldo, portanto, não arrecadado da
receita lançada não é apropriado ao exercício ao qual pertence.
Entretanto, o valor conhecido dos restos a arrecadar é incorporado ao
patrimônio, no ativo permanente, como componente da dívida ativa.
Para saber mais
A dívida ativa será inscrita no ativo, seguindo o regime de
competência. Assim,
As Dívidas Ativas são créditos oriundos da fazenda pública,
podendo ser de origem Tributária ou Não Tributária, que, quando
não quitados tempestivamente e no seu tempo de acordo com a
legislação própria, devem ser objeto de inscrição em livros de
registros e escriturada no patrimonial da entidade como um direito a
receber da entidade.
Tipos de Dívida Ativa
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1. Dívida Ativa tributária
Entende-se por Dívida Ativa Tributária créditos da fazenda
pública referentes às obrigações legais relativas a tributos pagos por
parte dos contribuintes do município e respectivos adicionais e multas
afins.
2. Dívida Ativa Não Tributária
São os demais créditos, muito bem definidos pelo § 2º do art. 39
da Lei Federal Nº 4,320/64, tais como:
Empréstimos compulsórios, contribuições, contribuições
estabelecidas em Lei, multas de qualquer origem ou natureza, exceto
as tributárias, foros, laudêmios, aluguéis ou taxas de ocupação, custas
processuais, preços de serviços prestados por estabelecimento
públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances dos
responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos
decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de sub-rogação de
hipoteca e outras obrigações legais.
Inscrição da Dívida Ativa
A inscrição em divida ativa é o ato administrativo que, depois de
verificada a legalidade da constituição do crédito pelo lançamento,
assim como da certeza do objeto e dos valores constituídos e
apontados na notificação do lançamento que usualmente ocorre na
emissão da cobrança, promovendo a transcrição dos créditos
inadimplentes para registros próprios, ficando a fazenda pública,
assim apta a promover a execução fiscal dos inadimplentes.
A inscrição da divida ativa não é uma receita no sentido stricto
sensu, e sim um registro de direito ativo do ente público. O
pagamento, por parte do contribuinte inadimplente aos cofres
públicos, é que será reconhecido como uma receita.
4.4. RESTITUIÇÕES DA RECEITA
É de iniciativa do contribuinte, através, de requerimento,
solicitar restituição dos valores pagos a mais ou indevidamente. Se
houver restituição no mesmo exercício ao qual se refere o tributo, será
contabilizada como anulação de receita. Se autorizada e não
reclamada até 31 de dezembro, a importância será classificada com ―
Restituições a pagar‖.
As restituições aprovadas em exercícios seguintes, ao qual se
refere o tributo, processar-se-ão regulamente como despesas
orçamentárias, onerando dotação própria de restituições e
indenizações. Não sendo pago até 31 de dezembro, o valor será
transferido para a conta restos a pagar.
Para saber mais
Lei Complementar 101/2000 (LRF)
“Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de
natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar
acompanhada de estimativa do impacto orçamentário - financeiro no
exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes,
atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos
uma das seguintes condições:
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada
na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de
que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo
próprio da lei de diretrizes orçamentárias;
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período
mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da
elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou
criação de tributo ou contribuição.”
EXERCÍCIOS
1. (TST) Com relação às receitas, julgue os seguintes itens.
__ As chamadas renúncias de receitas, apesar de não representarem
dispêndios de recursos, devem ser objeto de estimativa que
acompanha o projeto de lei orçamentária, de forma a se
evidenciarem os seus efeitos segundo critério de distribuição
regional dessas renúncias.
__ Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias
destinadas ao Poder Judiciário ser-lhe-ão entregues até o dia 20 de
cada mês, na proporção das liberações efetuadas pelo Poder
Executivo às suas próprias unidades orçamentárias.
__ A receita extra-orçamentária é representada no balanço
patrimonial como passivo financeiro, por se tratar de recursos de
terceiros que transitam pelos cofres públicos.
__ Os empréstimos compulsórios são considerados de natureza
tributária, estando o produto de sua arrecadação vinculado à
despesa que lhe fundamentou a instituição. Dependendo de sua
modalidade, estarão ou não sujeitos ao princípio da anterioridade.
__ Constituem receitas de capital as receitas imobiliárias e as
intergovernamentais das quais não decorra exigência de
contraprestação por parte do beneficiário dos recursos.
2. (MESQUITA/RJ) As receitas de concessões e permissões são
classificadas como:
(A) de serviços; (B) patrimoniais; (C) de contribuições;
(D)tributárias; (E) mobiliárias.
3. (MESQUITA/RJ) Não são classificadas como receitas extra-
orçamentárias:
(A) inscrições de despesas empenhadas e não pagas em restos a
pagar;
(B) operações de crédito por antecipação de receita orçamentária;
(C) consignações retidas na folha de pagamento para a previdência
geral;
(D) cauções em dinheiro recebidas para garantia de execução
contratual;
(E) rendimentos de aplicações financeiras em instituições bancárias.
4. (TCM SP 2006) Identifique a alternativa que corresponde ao
regime contábil para a apuração dos resultados na contabilidade
pública brasileira, no que tange às receitas e despesas.
a) misto, ou seja, receitas arrecadadas (regime de caixa) e despesas
empenhadas (regime de competência).
b) competência, ou seja, receitas e despesas orçadas.
c) caixa, ou seja, receitas recebidas e despesas pagas.
d) misto, ou seja, receitas arrecadadas (regime de caixa) e despesas
orçadas (regime orçamentário).
e) orçamentário, ou seja, receitas e despesas orçadas e legalmente
empenhadas.
5. (TCM SP 2006) No âmbito da Administração Pública, os
estágios da receita pública são, respectivamente,
a) a previsão (estimativa), o empenho (inclusão no orçamento) e a
arrecadação (pelo pagamento do contribuinte).
b) o empenho (inclusão no orçamento), a arrecadação (pelo
pagamento do contribuinte) e a realização (pelo recebimento da
receita).
c) a previsão (estimativa), a arrecadação (pelo pagamento do
contribuinte) e o recolhimento (pelo crédito na conta de receita
proveniente da entrega do produto da arrecadação).
d) a dotação (estimativa), a arrecadação (pelo pagamento do
contribuinte) e o empenho (baixa na dotação orçamentária pelo
recebimento efetivo da receita arrecadada).
e) a previsão (estimativa), o recolhimento dos pagamentos dos
contribuintes (pelas repartições fiscais ou rede bancária) e a
realização (pelo recebimento da receita).
6. (FNDE) As receitas são classificadas quanto à afetação
patrimonial em efetivas e mutações. Assinale a alternativa que
apresente, respectivamente, uma receita efetiva e uma por
mutação.
a) aluguel ativo e empréstimo contraído. b)pessoal ativo e
aquisição de bens.
c) alienação de bens e ISS arrecadado. d) IPTU arrecadado e multa
arrecadada.
e) amortização de empréstimos contraídos e empréstimos
concedidos
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7. (FNDE) O valor das Receitas de Capital com base no quadro a
seguir é: Receitas Previsão Arrecadação Recolhimento
Alienação de bens 2.000 1.500 0
Dividendos
recebidos 5.000 4.500 4.000
Empréstimos
contraídos 3.000 2.500 2.500
Multas 4.000 3.500 3.500
Total 14.000 12.000 10.000
a) 2.500. b) 8.500. c) 4.000. d) 10.000. e) 8.000.
8. (FNDE) A da Dívida Ativa a ser inscrita conforme as
informações abaixo é: Receitas Previsão Lançamento Arrecadação Recolhimento
Total 20.000 18.000 15.000 10.000
a) 3.000. b)2.000. c) 5.000. d) 8.000. e)10.000.
9. (FNDE) As receitas que afetam o resultado econômico do
governo apurado na Demonstração das Variações Patrimoniais
são:
a) todas as de mutação. b) todas as efetivas. c) todas as correntes.
d)todas as de capital. e) todas as receitas, sejam correntes ou de
capital.
10.(SENADO) No que diz respeito aos estágios da receita pública,
julgue os itens seguintes.
__ O artigo 139 do Regulamento de Contabilidade Pública (Decreto
Federal n°. 15.783/22), que regulamentou o Código de
Contabilidade Pública (Decreto Legislativo n°. 4.536/22), dispõe
que a receita percorrerá os seguintes estágios: fixação, lançamento,
arrecadação e recolhimento.
__ A fixação correspondente ao processo de estimativas de receitas
que se originam de previsões processadas com elevado grau de
segurança e confiabilidade. Nela, fica determinado o montante
máximo a ser obtido junto à sociedade.
__ Lançamento é o ato da repartição competente que verifica a
procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora,
inscrevendo-lhe o débito.
__ Arrecadação de receitas públicas pode ocorrer, muitas vezes,
mediante o pagamento de compromissos por meio de depositários,
quando estes retêm ou descontam de outras pessoas tributos e
contribuições devidos.
__ Somente após o recolhimento, pode-se dizer que os recursos
estão efetivamente disponíveis para a utilização pelos gestores
financeiros, de acordo com a programação financeira estabelecida.
11. (SENADO) No que concerne à dívida ativa, é correto afirmar
que
__ a mesma passa a gozar de presunção relativa (juris tantum) de
certeza e liquidez após a sua regular inscrição.
__ passa a não mais admitir prova em contrário, já que, ao Estado,
não é mais necessário apresentar prova para a afirmação de seu
crédito.
__ a maioria dos autores defende que a correspondente receita será
apropriada no exercício em que ocorrer a inscrição.
__ é constituída dos créditos da Fazenda Pública, somente de
natureza tributária, que deixaram de ser pagos no vencimento, após
serem apuradas sua liquidez e sua certeza, de acordo com a
legislação específica.
__ demanda a utilização de registros próprios, nos quais ficarão
assinalados o nome do devedor, seu domicílio ou residência, a
quantia devida, a origem e a natureza do crédito, entre outros
requisitos essenciais.
12. (CGU) Considere os seguintes dados de receitas e
despesas constantes da proposta orçamentária de um
determinado ente da federação (valores em mil):
Receitas Previsão de
Arrecadação
Receitas de Serviços 2.000
Receitas de Alienação de Bens 3.400
Receitas de Juros 2.300
Receitas Tributárias 15.300
Receitas de Operações de Crédito - Contratual 15.500
Receitas de Contribuições 12.500
Receitas de Operações de Crédito –
Refinanciamento da Dívida 20.000
Receitas de Dívida Ativa 2.000
Despesas Dotação
Despesa de Pessoal 21.000
Despesa de Inversão Financeira 13.000
Despesa de Juros 2.500
Despesa de Investimentos 7.500
Despesa de Amortização 20.000
Outras Despesas Correntes 9.000
Com base nos dados apresentados, julgue os itens
__ A proposta respeita o princípio orçamentário do equilíbrio, mas
apresenta um déficit no orçamento corrente.
__ O ente ainda poderá incorporar na proposta orçamentária, novas
operações de crédito com a finalidade de realizar despesas
correntes, até o montante de 5.000, sem desrespeitar a regra de ouro
estabelecida na Constituição Federal.
__ O superávit do orçamento de capital foi de 1.600.
__ O ente poderá destinar a totalidade da Receita de Alienação de
Bens para pagamento de juros da dívida.
13.(STF) julgue
__ Uma diferença que usualmente se estabelece entre receitas
correntes e receitas de capital é o caráter recorrente das primeiras e
esporádico das últimas. Do mesmo modo, entre as receitas próprias
e as receitas de transferências: as primeiras são livres, e as últimas,
vinculadas.
__ Receitas imobiliárias e de valores mobiliários constituem receita
patrimonial, que se classifica como receita corrente, para qualquer
esfera da administração.
14. (DNPM) Segundo o Manual do Orçamento 2010, o código
identifcador da natureza da receita pública é formado por seis
níveis distintos: C (Categoria Econômica); O (Origem); E
(Espécie); R (Rubrica); AA (Alínea); e SS (Subalínea).
Considerando as características dessa codificação, julgue os itens
abaixo como Verdadeiros (V) ou Falsos (F) e, em seguida,
assinale a opção correta.
I – A receita é classificada em quatro Categorias Econômicas.
II – Entre as Receitas Correntes, incluem-se as provenientes da
realização de recursos financeiros oriundos de constituição de
dívidas.
III – Espécie é o nível de classificação vinculado à Origem, e é
composto por títulos, que permitem qualificar com maior detalhe o
fato gerador de tais receitas.
IV – A Rubrica é o nível que detalha a Alínea com maior precisão,
especificando a origem dos recursos financeiros.
V – A Alínea é o nível que apresenta o nome da receita
propriamente dita e que recebe o registro pela entrada de recursos
financeiros.
A sequência correta é:
(A) F, F, V, F, V. (B) F, V, F, F, V. (C) F, V, V, V, F.
(D) V, V, F, F, F. (E) V, F, F, V, F.
15. (UNESP) Preencha as lacunas
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16. (AUDITOR INTERNO/MG) A receita pública passa por
um processo denominado estágios ou fases, até o seu
recebimento. Acerca dos estágios da receita pública, assinale a
opção correta.
A) A arrecadação caracteriza-se pela transferência dos recursos
diretamente ao caixa do tesouro.
B) A fixação da receita tem a finalidade de determinar a matéria
tributável, analisar seus elementos e calcular o montante do tributo
devido.
C) O lançamento por homologação é efetuado pela administração
sem a participação do contribuinte.
D) A arrecadação indireta ocorre quando entidades depositárias —
empregadores, bancos etc. — retêm valores do contribuinte,
providenciando, posteriormente, o recolhimento.
E) A previsão de todas as receitas deve observar o princípio da
unidade de tesouraria, vedada a fragmentação dos recursos em
caixas especiais.
1CECCE 2B 3E 4A 5C
6A 7C 8A 9B 10EECCC
11CEEEC 12ECEE 13 EC 14A 15BCA
16D