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  • RMarjorie C. Marona

    CONTRIBUIES DE HANNAH ARENDT EHABERMAS PARA A TEORIA

    DEMOCRTICA CONTEMPORNEA

    Doutoranda em Cincia Poltica pela UFMG.Mestra em Filosofia do Direito Titular da cadeira Teoria do Estado na Escola Superior

    Dom Helder Cmara.

    Resumo: Considerando que Hannah ARENDT antecipa uma srie de con-cepes que vo aparecer em paradigmas contemporneos da Cincia Po-ltica, promove-se um resgate do conceito de poder por ela reconstrudo em oposio a WEBER e dos consequentes debates acerca da poltica eda distino entre pblico e privado, que vo ser recolhidos por HABERMASna construo de seu conjunto terico, a partir do qual possvel repensaros parmetros da democracia, seus participantes, instituies processos,agenda e campo de ao, para alm do modelo fornecido pelas tradicionaisteorias agregativas.

    Palavras-chave: Democracia. Deliberao. Poder. Arendt. Weber.Habermas.

    CONTRIBUCIONES DE HANNA ARENDT Y HABERMAS PARA LATEORA DEMOCRTICA CONTEMPORNEA

    Resumen: Considerando que Hanna ARENDT anticipa una serie deconceptos que van a aparecer en modelos contemporneos de la CienciaPoltica, se fomenta un rescate del concepto del poder por ellareconstrudo en oposicin a WEBER y de los consecuentes debatesacerca de la poltica y de la diferencia entre pblico y privado, quevan a ser recogidos por HABERMAS en la construccin de su conjun-to terico, a partir del cual es posible repensar los parmetros de lademocracia, sus participantes, instituciones, procesos, agenda y cam-po de accin para mas all del modelo dado por las tradicionalesconjuntos de teoras.

    Palabras-llave: Democracia. Deliberacin. Poder. Arendt. Weber.Habermas.

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  • Introduo

    O presente texto tem por objetivo apresentar os principais desen-volvimentos da teoria democrtica, a partir de HABERMAS, como o ttuloanuncia.

    Para tanto, parte-se de uma breve excurso sobre o recente res-gate do liberalismo e do tratamento dado por RAWLS a questes basilaresdessa matriz terica, que permitiram um novo conjunto de debates sobre asprincipais questes que estruturam a teoria democrtica contempornea.

    Em seguida, considerando que ARENDT antecipa uma srie deconcepes que vo aparecer em paradigmas contemporneos da CinciaPoltica, promove-se um resgate do conceito de poder por ela reconstrudo em oposio a WEBER e dos consequentes debates acerca da polticae da distino entre pblico e privado, que vo ser recolhidos porHABERMAS na construo de seu conjunto terico.

    Trabalhando j, especificamente, com a teoria democrtica, apre-sentam-se, ento, as principais correntes associadas matriz liberal e, emoposio, a proposta habermasiana, a partir dos pressupostos tericosconstrudos pelo autor a partir de um dilogo com ARENDT.

    Por bvio, o presente texto no tem a pretenso de esgotar odebate acerca da questo, mas, singelamente, busca, em linhas muito ge-rais, demonstrar que, a partir da teoria habermasiana, possvel repensaros parmetros da democracia, seus participantes, instituies processos,agenda e campo de ao, para alm do modelo fornecido pelas teoriasagregativas, todas fundadas em uma matriz liberal.

    1.

    Pensar a cincia poltica e qualquer tema que matria interes-se a partir do paradigma liberal se justifica no apenas pelo conjunto deinstituies e direitos que estruturam a teoria democrtica a partir da, mastambm porque os mais recentes paradigmas polticos Arendt, Habermase os debates sobre o reconhecimento da partem.

    Para os desenvolvimentos propostos neste texto, importa resgatarprincipalmente a ideia de liberdade, de matriz liberal, que orienta a atuaoestatal perante uma sociedade tida como plural, a qual, sendo rediscutida porArendt, ser adotada por Habermas na construo de sua teoria poltica.

    Com efeito, a espcie de resgate do liberalismo que se processou

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  • muito recentemente apresenta o paradigma a partir da construo de umaideia de liberdade, tomada em seus aspectos positivo e negativo. (BERLIN,2002)

    Em especial, a noo de liberdade negativa se relaciona com aausncia de barreiras, de constrangimentos para a ao, e antecipa a ideiade que o Estado um limitador, a partir da clara distino entre um espaoprivado, no qual no deve haver interferncia de aes pblicas de nenhu-ma ordem (administrativas, polticas, legais).

    D-se uma verdadeira naturalizao da ideia de liberdade, aproxi-mando-a da liberdade de conscincia, daquela parcela do ser que inerente sua condio de humano e que, portanto, independe e rigorosamentedispensa a ao pblica1.

    Por outro lado, a opo de RAWLS (1997) de construir uma teo-ria da justia a partir de direitos e no de liberdades d novos contornosao liberalismo, que , ento, reconstrudo a partir da presena do Estado eno de sua ausncia.

    Nessa perspectiva, os princpios rawlseanos de justia, apresen-tados como a estrutura bsica de uma sociedade plural, so razoveis nonecessariamente racionais , o que implica na capacidade deliberativa epossibilidade de convvio e consenso entre indivduos plurais. O pluralismo, de fato, um dos principais elementos da teoria rawlseana da justia, poisafasta a ideia de bem comum, reconhecendo o conflito de interesses no seiodas sociedades e partindo desse reconhecimento para construo da teo-ria2.

    Ademais, h uma precedncia do justo em relao ao bem e iden-tifica-se a estrutura bsica da sociedade com o objeto da justia, ou seja,1 A noo de liberdade positiva, por outro lado, pressupe a necessidade humana de agir naconcretizao de objetivos e cumpre a funo de impor uma concepo ao mundo. Ver BERLIN,Isaia. Op. Cit., pp. 236 ss.2 O conceito rawseano de sociedade pode esclarecer, alm do pluralismo, o fato de que, mesmosendo auto-suficientes e, portanto, no dependendo de uma estrutura hierarquizada de autoridade,os indivduos, vivendo em sociedades altamente horizontalizadas, reconhecem a necessidade deregras (de conduta) com vista ordenao social, regras essas que especificam um sistema decooperao, necessrio para a manuteno da prpria sociedade. A partir da importa saber comoestabelecer princpios comuns de justia, fundamentais para manuteno da sociedade enquantoum empreendimento cooperativo que visa a vantagens mtuas, tendo em vista a pluralidade dassociedades modernas. A resposta rawseana supera o contratualismo, substituindo o pacto socialpor uma situao que incorpora certas restries de conduta baseadas em razes destinadas aconduzir a um acordo inicial sobre os princpios de justia: uma situao (hipottica) original emque os homens so absolutamente iguais entre si, porque completamente ignorantes de suaposio na sociedade e tambm da posio do outro, desconhecendo os interesses em presena.(RAWLS, 1997, p.36)

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  • importa a maneira pela qual as instituies sociais mais importantes distribu-em os direitos e deveres fundamentais e determinam a diviso das vanta-gens provenientes da cooperao social.

    Assim que se aceita o fato de que a estrutura social gera pro-fundas desigualdades sobre as quais os princpios de justia social devemagir, regulando a escolha de uma constituio poltica e os elementos princi-pais do sistema econmico e social.

    Da que a liberdade , agora, poltica, ou seja, demandainstitucionalidade, pois uma sociedade bem ordenada aquela em que indi-vduos livres so capazes de consenso sobre princpios de justia que garan-tam um tratamento equitativo entre seres plurais.

    Essa politizao do liberalismo emerge justamente da ideia de quea liberdade algo construdo, de que os indivduos buscam consenso, o qued um carter pblico ao liberalismo, contrariando, nesse ponto, a tradioclssica liberal, que costumava naturalizar a liberdade.

    O liberalismo rawseano assume como pressuposto a capacidadedos indivduos de construrem um consenso sobre princpios de justia, osquais so procedimentais3 e devem ser incorporados pela ordem constituci-onal, que, nessa medida, funda a ordem pblica, situando-se acima das vari-adas concepes de bem caractersticas de uma sociedade plural e repre-sentando o consenso sobreposto que abarca valores polticos e no polti-cos.

    A ideia de consenso sobreposto remete possibilidade de a soci-edade concordar sobre determinados princpios que so neutros e geramestabilidade, ou seja, possibilitam a convivncia dos diferentes pontos devista acerca do bem; e a ordem constitucional, por outro lado, institucionalizao consenso sobreposto e representa o conjunto de instituies (democrti-cas) que garante o uso da razo pblica, na medida em que expressa osprincpios de justia.

    A caracterstica distintiva do Estado Liberal sua neutralidade,pois garante, em larga medida, a previsibilidade necessria efetivao das

    3 o pluralismo, enquanto elemento emprico da teoria, que informa a escolha procedimentalrawlseana, alando o justo a uma posio superior do bem, na medida em que reintroduz umconjunto de procedimentos para tratar do poltico abdicando do bem como ponto de partida e coloca a questo de como tratar a institucionalidade do Estado, tomando-o como fundamentalpara coordenao das sociedades plurais. A grande contribuio de J. Rawls para a cincia polticafoi, sem dvida, a superao do debate sobre os melhores modelos estatais, introduzindo oquestionamento sobre os critrios de justificao de instituies/aes pblicas, que a marca dateoria poltica contempornea.

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  • liberdades individuais, justificando-se a partir do pluralismo e da discordnciaracional, ou seja, partindo dos pressupostos de que no h um modo de vidaintrinsecamente melhor do que outro, razo pela qual o Estado no podepromover nenhuma especfica concepo de vida, tida como boa.

    A neutralidade opera na base de um procedimento, isto , consisteem limitar os fatores que podem ser invocados para justificar uma decisopoltica, que ser, ento, considerada neutra apenas se no oferecer apelo presuno de uma intrnseca superioridade de qualquer modo de vida emrelao a outro. Enquanto ideal poltico, a neutralidade governa as relaespblicas, aquelas que se estabelecem entre as pessoas e o Estado, enfatizandoa igual liberdade de todos em perseguir seu ideal de vida boa, e no implicaem no interferncia estatal, mas em no interferncia injustificada do Es-tado, ou seja, na liberdade de no encarar um interferncia estatal que re-monte ideia de superioridade de um modo de vida em relao a outro.(RAWLS, 2002)

    2.

    A tradio liberal, que reconhece no Estado o aparato da adminis-trao pblica, orientado no interesse da sociedade, tida, por sua vez, comoum sistema estruturado em termos de economia de mercado, foi, sem dvi-da, a responsvel pela definio de cidadania a partir dos direitos que cadaum tem perante o Estado e os demais, ou seja, o cidado foi identificadocom o portador de direitos subjetivos protegidos pelo Estado, os quais ga-rantem um mbito de atuao livre de coao externa injustificada.

    Os direitos polticos de idntica estrutura se revelaram, ento,como a possibilidade do cidado de fazer valer seus interesses privados atque se forme, na agregao com outros, uma vontade poltica capaz deexercer efetiva influncia sobre a administrao pblica, o que demandaeleies de representantes no Parlamento e Governo.

    A poltica, nessa medida, tem por funo agregar e impor os inte-resses sociais privados perante o Estado: um aparato administrativo especi-alizado no emprego do poder poltico com vistas garantia de fins coletivos.(HABERMAS, 1995)

    Com efeito, o projeto liberal plasmou alguns dos cnones que sofrequentemente objeto de embates pela Cincia Poltica Contempornea,dentre os quais a ideia de que o Estado o locus da poltica e de que aneutralidade de suas instituies garante a justia das aes polticas esta-

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  • tais. A neutralidade do Estado , portanto, conditio sine qua non da justiaem um Estado de modelo liberal.

    Ademais, o projeto liberal de Estado aprisiona no Parlamento, deforma exclusiva, a soberania justificadora de toda a ordem poltica, a qual spode se estruturar democraticamente a partir de mecanismos de represen-tao, afirmando-se, sobremaneira, a neutralidade do Poder Judicirio quefunciona, to somente, como executor da vontade poltica expressa pela lei.

    A democracia, entendida como a nica forma capaz de garantir oexerccio legtimo do poder poltico, tornou-se hegemnica, ao final do scu-lo XX, em seu formato representativo liberal, o que, de fato, no evitou oaparecimento das consequncias negativas desse modelo democrtico: aspatologias da participao expressa pelos altos ndices de abstencionismonas eleies democrticas, a diminuio do nmero de trabalhadores sindi-calizados e tambm da mobilizao popular atravs de diferentes institui-es e da representao sensao que os cidados tm de no seremdevidamente representados , o enfraquecimento das organizaes sociaise a incapacidade de garantir a to anunciada incluso econmica e social deparcelas das populaes principalmente em pases perifricos ou semi-perifricos , como o caso do Brasil. (PEREIRA, 2008)

    bem verdade que a referida hegemonia do modelo representati-vo liberal deveu-se capacidade de resposta da teoria do elitismo democr-tico, que resolveu a questo da estabilidade do processo poltico custa dareduo da participao dos cidados ao voto eleitoral peridico.(SHUMPETER, 1952)

    Os desdobramentos posteriores apresentados por DOWNS (1957)e mesmo aqueles trazidos por PATEMAN (1970) e MACPHERSON (1978),apesar de, respectivamente, assumir pressupostos da escolha racional, dis-cutir questes referentes necessria ampliao da participao dos cida-dos no processo democrtico e, mesmo, questes relevantes para o au-mento da qualidade dessa participao, no superam o marco das teoriasagregativas, as quais tomam as preferncias dos cidados individuais nosprocessos de deciso como dadas, fixas, centrando sua ateno no modomais justo de agreg-las, sem, contudo, dedicar uma anlise sobre a manei-ra como tais preferncias foram constitudas.

    Trata-se de um modelo terico centrado no voto, que restringe alegitimidade da democracia busca do melhor meio de agregao de inte-resses, que devero ser garantidos contra possveis abusos do Estado, justa-mente, por meio da poltica.

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  • Em todo caso, o Estado , conforme j referido, tido como umaparato administrativo especializado em alcanar objetivos comuns que seformam na sociedade civil, a partir da competio estratgica de grupos quedesejam o poder poltico, atravs de um procedimento baseado no sistemaeleitoral, que visa a garantir a igual participao dos cidados, sem qualquerdistino de carter econmico, tnico, social ou religioso.

    Por outro lado, a tentativa de superar o modelo hegemnico dademocracia representativa liberal fundamenta-se, basicamente, na inversoda tendncia de centrar a anlise no voto, substituindo-o pelo dilogo, poisem vez de trabalhar com preferncias fixas dos indivduos, buscando a me-lhor maneira de agreg-las, trabalha com os processos comunicativos deformao das opinies e preferncias que ocorrem antes do voto.

    Ocupa-se, portanto, do processo de formao da vontade poltica,ou seja, dirige seu olhar para alm dos limites do Estado.

    3.

    Conjugando a tradio liberal e a republicana que reintroduzuma pauta tica e busca o bem comum foi que HABERMAS (1995,1997)procurou desenvolver um modelo democrtico no qual as normas jurdicas eas decises polticas fossem legitimadas atravs da institucionalizao deprocedimentos discursivos.

    Embora sua obra possibilite diversos dilogos, aqui nos interessa,como ponto de partida, aquele promovido com a teoria arendtiana, ou seja,aquele de vis comunicativo, destinado a aferir a dimenso da ao na pol-tica.

    A questo da dimenso da ao poltica colocada porHABERMAS (1980) a partir do problema da determinao da diferenaentre poder e violncia, quando busca utilizar o conceito arendtiano depoltica, sem abrir mo, contudo, do Estado weberiano, caminhando para aideia de que a poltica pode ser reconstruda em um espao no estratgico,ou seja, fora do Estado, que a instituio de poder funcionalmente diferen-ciada da sociedade, que permite a administrao e que necessria nombito de sociedades complexas.

    ARENDT antecipa um conjunto de concepes que vo apare-cer em paradigmas contemporneos da Cincia Poltica, estruturando suaspreocupaes sobre a poltica a partir da crtica sistemtica e ruptura com atradio de Weber a Shumpeter , reconstruindo o conceito de liberdade

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  • e, a partir da, a ideia de pblico, a qual ser recolhida por Habermas.Com efeito, partindo de suas categorias estruturantes labor, obra

    e ao4 busca reconstruir a poltica como a atividade humana que trans-cende o ciclo da vida do indivduo, como a construo coletiva comum,como uma prtica acessvel a todos, ou seja, reconhece que, na interaoentre dois ou mais indivduos, existe o dilogo, a partir do qual o novo polticopode se estabelecer.

    A teoria arendtiana estabelece a liberdade como a razo de serda poltica e a ao como seu domnio de experincia, ou seja, a liberdade vivida, basicamente, na ao.

    O conceito de ao de que ARENDT se utiliza como fundamentoda poltica e do pblico aquele utilizado pelos gregos, mais especificamen-te aquele construdo pelo pensamento ateniense, o qual a autora retomapara estabelecer uma crtica vigorosa ao marxismo e consequente predo-minncia do conceito de fabricao no mundo moderno o que realiza apartir da diferena entre naturalidade e artificialidade e, ainda, individualizao do conceito de liberdade , que no mundo antigo umacategoria coletiva e implica a existncia de um projeto comum. (AVRITZER,2006)

    Ainda que a tradio filosfica tenha tornado a liberdade um atri-buto do pensamento ou uma qualidade da vontade, deslocando-a de seulugar originrio o mbito da poltica e dos problemas humanos em geral para um domnio interno a vontade , originariamente era ela entendidacomo o estado do homem que o capacitava a se mover, a se encontrar comoutras pessoas, em palavras e aes.

    Para ser livre, portanto, o homem deve ter-se libertado das neces-sidades da vida e, ainda, estar na companhia de outros homens em mesmascondies, em um espao pblico comum, ou seja, um mundo politicamenteorganizado, no qual cada homem pode inserir-se em palavras e aes.

    O ideal da ao ateniense , portanto, baseado em uma igualdadeintrnseca, pois, contrariamente, onde os homens convivem, mas no consti-tuem um organismo poltico, o que rege suas aes e sua conduta no a

    4A vida foi dada ao homem sob a condio da prpria vida, da mundanidade e da pluralidade e acada uma das condies corresponde uma especfica atividade labor, obra e ao. A pluralidaderevela o fato de que homens e no o Homem vivem na Terra, e corresponde, especificamente, condio de toda a vida poltica. A ao a atividade poltica, por excelncia, e liga-seintimamente uma condio mais humana mais genrica, qual seja, a natalidade, porque o novocomeo, inerente a cada nascimento, se pode fazer sentir no mundo somente porque o recm-chegado capaz de agir. (ARENDT, 1958)

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  • liberdade, mas as necessidades da vida e a preocupao com sua preservao.O conceito de ao em ARENDT rompe com a dialtica do reco-

    nhecimento que est na base das teorias hegelianas e marxianas deacordo com a qual possvel um reconhecimento do outro enquanto igualem toda e qualquer atividade humana, na medida em que se situa na interse-o entre a igualdade e a diferena e restringe o ato de reconhecimento dooutro enquanto igual s atividades puramente humanas, afastando-o dasatividades de fabricao e labor.

    A partir da, supondo que a ao s pode se desenrolar no espaopblico onde h igualdade e pluralidade , reconstri o conceito de poltica,que s nesse espao constitudo em comum pelos indivduos pode ter lugar.

    Em oposio, a teoria arendtiana reconhece o labor como a ca-tegoria que d lugar esfera privada, que o local da hierarquia, da domina-o, da necessidade, opondo-se assim ao liberalismo, que reconhece a umespao de liberdade.

    4.

    Precisamente a partir da distino entre pblico e estatal,HABERMAS desloca a origem do poder que pelo Estado gerido, para aesfera pblica, qualificando-o como comunicativo.

    HABERMAS trabalha a dimenso da ao na poltica a partir deum dilogo com a teoria arendtiana, que parte do problema da distinoentre poder e violncia para situar a poltica no pblico, diferenciando essedomnio do estatal.

    Contrapondo-se a WEBER (2000), que havia identificado poder,coero e Estado, caracterizando esse ltimo, justamente, pela constantepresena da possibilidade do uso da fora, identificando, assim, poder eviolncia, ARENDT diferencia violncia que o exerccio cotidiano doarbtrio sobre os indivduos de modo a que percam sua pluralidade depoder que a capacidade humana de construo do coletivo .

    Ambos ARENDT e WEBER reconhecem no poder um po-tencial que se atualiza em aes, mas baseiam-se em um modelo de aodistinto, quer dizer, enquanto WEBER parte do modelo teleolgico da ao5,

    5 Considera esse modelo que os indivduos estabelecem objetivos e escolhem os meios apropriados

    para realiz-los, de sorte que o sucesso da ao consiste em provocar no mundo um estado decoisas que corresponda ao objetivo proposto e, na medida em que esse sucesso depende da vontadedo outro, deve o ator ter a sua disposio meios que induzam o outro ao comportamento desejado.

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  • ARENDT parte do modelo comunicativo. (HABERMAS, 1980, p. 100)Para WEBER, poder a capacidade de disposio sobre meios

    que permitam influenciar a vontade de outrem, enquanto que ARENDTidentifica tal definio com o conceito de violncia e preceitua que o poderresulta da capacidade humana de unir-se a outros e atuar em concordnciacom eles, ou seja, na formao de uma vontade comum, numa comunica-o orientada para o entendimento recproco.

    ARENDT especificamente distingue o poder, inerente comuni-cao lingustica unificadora, da violncia, exercida instrumentalmente, con-trapondo, portanto, a capacidade de gerar consenso de uma comunicaovoltada para o entendimento mtuo dessa violncia, tendo em vista que umacordo genuno constitui um fim em si mesmo, no podendo serinstrumentalizado para outros fins.

    O entendimento recproco daqueles que deliberam entre si com vistas a umaao comum a opinio em torno da qual muitos se puseram publicamentede acordo significa o poder, na medida em que este repousa sobre apersuaso e, portanto, naquela imposio singularmente no-impositiva atra-vs da qual as intuies se concretizam. (HABERMAS, 1980, p. 102)

    Resumidamente, se pode dizer que o poder das convices co-muns, que comunicativamente produzido, origina-se do fato que os partici-pantes orientam-se para o entendimento recproco e no para seu prpriosucesso, o que, definitivamente, desprende o conceito do modelo teleolgicoda ao.

    O poder um fim em si mesmo e serve para preservar a ao daqual se originou, consolidando-se em poder poltico atravs das instituiesque asseguram formas de vida baseadas na fala recproca.

    A partir do conceito comunicativo de poder, ARENDT

    faz remontar o poder poltico exclusivamente prxis, fala recproca e ao conjunta dos indivduos, porque delimita a prxis, por um lado comrelao s atividades apolticas da produo e do trabalho e, por outro lado,com relao ao pensamento. (HABERMAS, 1980, p. 110)

    e, justamente essa limitao conceitual do poltico ao prtico quetem por consequncia, dentre outras, a excluso da esfera poltica de todosos elementos estratgicos, definindo-os como violncia.

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  • Para ARENDT, portanto, a ao estratgica equiparada aoinstrumental a partir do exemplo da guerra, que, para os gregos, era algoque acontecia fora dos muros da cidade essencialmente apoltica, vio-lenta e instrumental, situada fora da esfera do poltico.

    Nesse ponto, HABERMAS (1980, p. 111), lanando mo de umoutro exemplo o da luta pelo poder, na concorrncia por posies vincula-das ao exerccio do poder legtimo , discorda de ARENDT e afirma queno se pode excluir do poltico o elemento da ao estratgica.

    Para tanto, utilizando-se do conceito de violncia exercida por meioda ao estratgica como a capacidade de impedir outros indivduos/gruposde defender seus interesses, conclui que a violncia sempre foi parte inte-grante dos meios para aquisio e preservao do poder.

    Exerccio, aquisio, preservao e gestao do poder poltico socoisas distintas para HABERMAS, que entende, ademais, que somente noque diz respeito gestao (origem) desse poder que o conceito de prxispoder auxiliar.

    Se verdade que as confrontaes estratgicas em torno do po-der poltico nem produziram nem preservam as instituies nas quais essepoder est enraizado, no menos certo que especialmente a partir doEstado moderno, que normaliza a luta pelo poder poltico pelainstitucionalizao da ao estratgica a ao estratgica se apresentacomo meio para aquisio e preservao desse poder.

    O conceito do poltico deve estender-se para abranger tambm acompetio estratgica em torno do poder poltico e a aplicao do poder aosistema poltico. (HABERMAS, 1980, p. 115)

    Para HABERMAS, portanto, o poder poltico tem duas dimen-ses: uma comunicativa, relacionada com sua gestao (origem, criao),que se desenvolve na esfera pblica, e outra estratgica, relacionada comsua gesto, que ocorre no Estado.

    O sistema poltico, estruturado no Estado de direito, diferencia-se, interna-mente, em domnios do poder administrativo e comunicativo, permanecendoaberto ao mundo da vida. Pois a formao institucionalizada da opinio e davontade precisa abastecer-se nos contextos comunicacionais da esfera pbli-ca, nas associaes e na esfera privada. Isso tudo porque o sistema de aopoltico est embutido em contextos do mundo da vida. (HABERMAS,1997, p.84)

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  • Com efeito, para HABERMAS a ao poltica estratgica, mastambm comunicativa, e o poder comunicativo, que se desenvolve no mundoda vida, se contrape ao mercado e ao Estado e se processa na redecomunicacional da esfera pblica, de sorte que as comunicaes destitudasde sujeitos formam arenas nas quais pode acontecer uma formao mais oumenos racional da opinio ou vontade acerca de matrias relevantes parasociedade e que necessitam de regulao.

    A legitimidade das decises polticas e das normas jurdicas ga-rantida pela transformao do poder comunicativo oriundo da esfera pbli-ca, de sorte que o processo discursivo que ocorre na esfera pblica deverser captado e absorvido pelas principais estruturas constitucionais demo-crticas.

    O conceito de esfera pblica histrico (HABERMAS, 1994),mas transformado em argumento analtico, na medida em que colocadocomo marco das sociedades modernas, apresentando a questo de quandoe sob que condies argumentos de sociedades complexas podem tornar-sebases legitimadoras para ao poltica.

    A esfera pblica pode ser descrita como uma rede adequada para a comunica-o de contedos, tomadas de posio e opinies; nela os fluxoscomunicacionais so filtrados e sintetizados, a ponto de se condensarem emopinies pblicas enfeixadas em temas especficos. (HABERMAS, 1997, p.92)

    A importncia da esfera pblica est no seu potencial de se trans-formar em um modelo de integrao social baseado na comunicao, quese apresenta, ento, como uma alternativa ao dinheiro e ao poder comobase dessa integrao, gerida, respectivamente, pelo mercado e pelo Esta-do.

    Com efeito, a partir do resgate de um espao pblico onde osindivduos pudessem interagir e se posicionar de uma forma crtica peranteo Estado, com nfase na construo argumentativa das preferncias emdetrimento da mera agregao de interesses, registrou-se um efetivo saltoqualitativo no que tange s teorias democrticas contemporneas.

    Partindo da pluralidade das formas de comunicao em que avontade poltica (comum) pode se formar, a poltica deliberativahabermasiana prope um entrelaamento da poltica dialgica republicanae da poltica instrumental liberal no campo das deliberaes, quando as cor-

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  • respondentes formas de comunicao estiverem suficientementeinstitucionalizadas.

    A questo, ento, se desloca para o exame das condies de co-municao e procedimentos que legitimam a formao institucionalizada daopinio/vontade poltica.

    A sociedade civil representa uma ligao entre a esfera pblica eo sistema poltico, a qual, atravs de seus canais institucionais, transmite osfluxos comunicativos oriundos daquela para esse, procurando condens-lose torn-los interesses generalizveis para toda a sociedade: os temas produ-zidos na esfera pblica e tomados como fundamentais devem atingir, viafluxos comunicativos, o sistema poltico.

    O seu ncleo institucional [da sociedade civil] formado por associaes eorganizaes livres, no estatais e no econmicas, as quais ancoram as estru-turas de comunicao da esfera pblica nos componentes sociais do mundoda vida. A sociedade civil compe-se de movimentos, organizaes e associ-aes, os quais captam os ecos dos problemas sociais que ressoam nas esfe-ras privadas, condensam-nos e os transmitem, a seguir, para a esfera pblicapoltica. (HABERMAS, 1997, p.99)

    A legitimidade das decises impositivas depende de sua regulaopor fluxos comunicacionais que partem da periferia e atravessam as com-portas dos procedimentos prprios democracia e ao Estado de Direito,antes de passar pela porta de entrada dos complexos institucionais parla-mentar ou judicial.

    bem verdade que inmeras crticas foram dirigidas ao modelohabermasiano de democracia, tanto em relao dificuldade ou impossibi-lidade do consenso quanto ortodoxia das formas de comunicao, que,impondo um modo discursivo racional, acabam por excluir sistematicamen-te um conjunto de atores sociais da participao efetiva na poltica demo-crtica, quanto ainda em relao sua proximidade com o modelo liberal, namedida em que se verifica uma restrio da ideia de democracia aos pres-supostos do modelo representativo liberal, desconsiderando a anlise dademocracia para alm do espao institucional da poltica e que evidencie asrelaes entre Estado, instituies polticas e sociedade, tomando-as comofundamentais para o desenvolvimento de um movimento de construo dademocracia.

    Contudo, foi, sem dvida, a partir da teoria habermasiana que se

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  • pode repensar os parmetros da democracia, seus participantes, instituiesprocessos, agenda e campo de ao, para alm do modelo fornecido pelasteorias agregativas, todas fundadas em uma matriz liberal.

    Concluso

    Em concluso pode-se dizer que a teoria democrtica contempo-rnea estruturou-se a partir do paradigma liberal, reconhecendo no Estado oaparato da administrao pblica, orientado no interesse da sociedade, limi-tando a poltica funo de agregar e impor os interesses sociais privados eao mbito estatal identificado com o espao pblico, por excelncia.

    Nesse contexto, a democracia nica forma capaz de garantir oexerccio legtimo do poder poltico se consolidou em seu formato repre-sentativo liberal, e nem mesmo os desdobramentos posteriores (DOWNS,PATEMAN, MACPHERSON) foram capazes de superar o marco das te-orias agregativas, que centram sua ateno no modo mais justo de agregaras preferncias fixas dos cidados, individualmente considerados nos pro-cessos de deciso.

    A partir de HABERMAS foi possvel superar teoricamente omodelo hegemnico da democracia representativa liberal ou, ao menos,reconhecendo sua insuficincia, construir uma alternativa.

    Invertendo-se a tendncia de anlise antes centrada no voto,agora visando ao dilogo pode-se trabalhar com os processos comunica-tivos de formao das opinies e preferncias que ocorrem antes do voto, oque demandou a ampliao do conceito de poltica e consequente redefiniodo espao pblico.

    Com efeito, a partir da reconstruo do conceito de liberdade,ARENDT pde redefinir os limites entre as esferas do pblico e do privadoe, abrindo os paradigmas (matrizes) polticos contemporneos, possibilitou odebate sobre a redefinio do papel de uma esfera pblica.

    O privado foi definido como o espao da dominao emcontraposio tradio liberal que o afirmara como espao de liberdade e no da poltica, que foi situada em um domnio pblico, estreito, restrito,que no inclui nem o social.

    HABERMAS ampliou o pblico arendtiano na construo deseu conceito de esfera pblica e redefiniu as relaes entre Estado e socie-dade civil, apresentando uma alternativa aos modelos normativos democr-

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