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CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES BOLETIM DE DELIBERAÇÕES E DESPACHOS ISSN 1646-7027 Edição Especial n.º 8 25 de abril de 2014 ASSEMBLEIA MUNICIPAL Sessão Solene comemorativa do 40.º Aniversário do dia 25 de Abril de 1974 Pág. 5

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CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES

BOLETIM DE DELIBERAÇÕES E DESPACHOS

ISSN 1646-7027

Edição Especial n.º 8 25 de abril de 2014

ASSEMBLEIA MUNICIPAL

Sessão Solene comemorativa do 40.º Aniversário

do dia 25 de Abril de 1974

Pág. 5

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Loures MUNICIPAL

BOLETIM DE DELIBERAÇÕES E DESPACHOS

DIRETOR: Presidente da Câmara Municipal de Loures, Dr. Bernardino José Torrão Soares

PERIODICIDADE: Quinzenal PROPRIEDADE: Município de Loures EDIÇÃO ELETRÓNICA DEPÓSITO LEGAL n.º 148950/00 ISSN 1646-7027 COORDENAÇÃO, ELABORAÇÃO, LAYOUT E PAGINAÇÃO

GABINETE LOURES MUNICIPAL

Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011 Diário da República, 1.ª série, n.º 17, de 25 de janeiro de 2011

Toda a correspondência relativa a LOURES MUNICIPAL

deve ser dirigida a

CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES

LOURES MUNICIPAL BOLETIM DE DELIBERAÇÕES E DESPACHOS

RUA MANUEL AUGUSTO PACHECO, 6 - 4º 2674 - 501 LOURES

TELEFONE: 21 115 15 82 FAX: 21 115 17 89

http://www.cm-loures.pt e-mail: [email protected]

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ÍNDICE

Pág. ASSEMBLEIA MUNICIPAL 4.ª Sessão Extraordinária 5 Sessão Solene Comemorativa do 40.º Aniversário do dia 25 de Abril de 1974

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ASSEMBLEIA MUNICIPAL

DELIBERAÇÕES

4.ª Sessão Extraordinária, realizada em 25 de Abril de 2014

Sessão Solene

Comemorativa do 40.º Aniversário do dia 25 de Abril de 1974

Sessão realizada no Pavilhão da Escola EB 2,3 de Santa Iria de Azóia

TOMADA DE POSSE

Tomou posse o Representante Municipal Domingos Nunes Ivo, em substituição do Presidente da Junta de Freguesia de Loures, Augusto Manuel Jesus Glória.

Na abertura da Sessão, foi declamado, por Cristina Maria Castro Correia Cardoso Costa, o poema “Nesta Hora” de Sophia de Mello Breyner Andresen.

Nesta hora limpa da verdade é preciso dizer a verdade toda Mesmo aquela que é impopular neste dia em que se invoca o povo Pois é preciso que o povo regresse do seu longo exílio E lhe seja proposta uma verdade inteira e não meia verdade

Meia verdade é como habitar meio quarto Ganhar meio salário Como só ter direito A metade da vida O demagogo diz da verdade a metade E o resto joga com habilidade Porque pensa que o povo só pensa metade Porque pensa que o povo não percebe nem sabe A verdade não é uma especialidade Para especializados clérigos letrados Não basta gritar povo é preciso expor Partir do olhar da mão e da razão Partir da limpidez do elementar Como quem parte do sol do mar do ar Como quem parte da terra onde os homens estão Para construir o canto do terrestre — Sob o ausente olhar silente de atenção Para construir a festa do terrestre Na nudez de alegria que nos veste

Seguiram-se as intervenções produzidas pelos Representantes das diferentes forças políticas com assento na Assembleia Municipal.

PCTP – MRPP Partido Comunista

dos Trabalhadores Portugueses

João Mendes Alexandre

O 25 de Abril de 1974 foi o dia mais extraordinário para aqueles que o viveram. É preciso dizer que o 25 de Abril foi um golpe de Estado levado a cabo por militares, que no dia 25 de Abril apelaram ao Povo para que permanecesse em casa e não saísse à rua, pois o golpe era um assunto que dizia respeito unicamente a militares.

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Contra a vontade dos militares, o Povo não ficou em casa e saiu à rua em massa, sem medo das consequências do que lhe poderia acontecer, envolveu-se com os militares aos gritos de VITÓRIA e LIBERDADE! sendo este facto importante para o êxito do golpe. Foi a presença do Povo no Largo do Carmo que levou à prisão dos membros do antigo regime. Foi a pressão do Povo na sede da PIDE aos gritos de "MORTE À PIDE", que levou à prisão dos esbirros da PIDE. Foi a presença do Povo junto das cadeias, que levou à libertação dos presos políticos. O Povo na rua, no dia 25 de Abril de 1974, lutou pelo FIM da DITADURA FASCISTA e INDEPENDÊNCIA NACIONAL. Lutou na rua pela DEMOCRACIA e extinção da PIDE/DGS, e pela LIBERDADE com a libertação dos presos antifascistas. O 25 de Abril foi um dia espantoso, e aqueles que o viveram jamais o esquecerão. Todo o Povo Português, no entanto, tem uma grande dívida para com os militares que fizeram o 25 de Abril, e acima de tudo devem merecer o nosso respeito e gratidão pelo que fizeram pelo Povo Português. Mas, o que se ganha facilmente, entrega-se facilmente. Passados 40 anos do 25 de Abril, encontramo-nos a viver num País onde os valores da DEMOCRACIA; LIBERDADE; IGUALDADE, SOLIDARIEDADE e IDEPENDÊNCIA NACIONAL, são espezinhados por um governo autoritário, que nos quer fazer regressar aos tempos mais negros da nossa História. Perdemos a nossa independência, encontramo-nos hoje numa situação de protetorado e submissão aceite por este governo de traição nacional, que está a vender empresas públicas ao desbarato, a destruir e roubar trabalhadores, a destruir o ensino público, a destruir a segurança social, a roubar reformados, a pôr novos contra velhos, empregados contra desempregados, culpar os desempregados pela situação em que se encontram etc. ... Este governo fascista e vende pátrias prepara-se para alterar a Constituição, alterar a Lei Eleitoral, acabar com o direito à manifestação, esvaziar o poder do parlamento, acabar com a dignidade social e política, acabar com os direitos liberdades e garantias, o fim da democracia.

Tudo isto, para pagar uma dívida que não foi o povo português que contraiu, nem dela tirou qualquer benefício, mas que, no entanto, está a ser obrigado a pagá-la pelo governo de traição nacional protagonizado por Coelho e Portas, e tutelado por Cavaco. Dívida que era suposto ser regulada e diminuída através da aceitação dos ditames da troica germano-imperialista e do memorando a que partidos como o PS, o PSD e o CDS aderiram, escamoteando e escondendo dos operários, dos trabalhadores e do povo português as reais intenções e alcance das medidas terroristas e fascistas contidas naquele documento. Medidas que estão a comprometer cada vez mais a soberania e a independência de Portugal. Medidas que exigem que uma ampla frente de democratas e patriotas se organize e mobilize em torno de princípios tão vitais e importantes como o derrube deste governo de traição nacional, a SAÍDA DO EURO, o não pagamento da dívida e a constituição de um governo democrático e patriótico. Como dizia Marx "Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado desempenharam a tarefa da sua época, a tarefa de libertar e instaurar uma moderna sociedade". MORTE AOS TRAIDORES! O POVO VENCERÁ!

BE – Bloco de Esquerda

Carlos Luís da Costa Gonçalves

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40 Anos da Revolução de Abril

25 de Abril 1974 Nessa noite começou afinal a festa de uma pátria que se queria livre, soberana e em paz, que ansiava por vir para a rua lançar as bases de um futuro democrático solidário e progressista. Comemorar hoje os 40 anos dessa noite é proclamar o direito a resistir de um povo em nome dos valores e dos princípios que nortearam na sua histórica ação libertadora, os militares do MFA. Mais, é proclamar que se Abril fosse um verbo, só deveria ser conjugado no futuro. A revolução foi feita pela força de quem tem a certeza que o empobrecimento não é o nosso fado natural, a democracia cresceu na convicção que esse país fechado sobre si próprio "foi um sonho mau que já passou, foi um mau bocado que acabou". Os cravos vieram para rebentar com o provincianismo atávico. Devolver a esperança e renascer o orgulho. Substituir a ideologia da pobreza pela coragem de fazer melhor e a esperança de almejar mais além. As modernidades política e cultural, inauguradas com a revolução, trouxeram-nos a ambição de ser europeus de pleno direito. A coragem de nos inspirarmos nos melhores exemplos e reclamá-los como nossos. A universalidade nos cuidados de saúde, a proteção na velhice, a equidade de oportunidades do sistema educativo. Abril foi ser mais alto. O 25 de Abril foi também um manifesto contra a resignação e a passividade, foi um imenso “coro da primavera” como diria Zeca Afonso, que saltou para as ruas e para as praças, e foi um enlace fraterno entre todos os que não estavam dispostos a esperar mais. A democracia mobilizou um país. Uniu-o, nas suas diferenças, em torno de dois ou três consensos que perduraram quatro décadas. Portugal não pode viver isolado, e abrimo-nos ao mundo; Portugal não está condenado ao empobrecimento, e construímos um estado social. Temos orgulho nisso. O estado social que construímos lembra-nos o que somos: solidários. Orgulhosamente solidários. O estado social tem o peso exato da nossa democracia. É imperfeito, como tudo na vida, e temos a ambição de que seja melhor e mais presente. Mas nunca passou pela cabeça de ninguém voltar atrás, desistir da dignidade, quebrar os consensos fundadores da democracia.

Até agora. Nunca, como hoje, um governo fez do revanchismo social a sua imagem de marca. Na verdade, o país está hoje sob o efeito de um duplo resgate. O resgate financeiro, claro. A chantagem da dívida é o argumento para a imposição da austeridade que mata a economia e o país. Quanto mais cortam, mais gente no desemprego, maior a recessão, mais dívida se acumula. Não é um acidente. Nem falta de jeito ou mera incompetência. É um plano deliberado para uma violenta transferência dos rendimentos do trabalho para o capital financeiro. E o resgate da memória, efetuado por uma direita sedenta por reescrever a história. Sobretudo se pensarmos nas centenas de milhares de desempregados e de idosos condenados a viver na mais ignominiosa miséria, nas centenas de milhares de jovens com formação superior com competência e talento, que percorrem revoltados as novas rotas da emigração, em muitos casos para nunca mais voltarem, e já agora também a insultuosa impunidade dos banqueiros e outros vampiros que fazem apodrecer a nossa democracia com a sua arrogância, com a sua ganância e com a cumplicidade de quem os mantém fora da prisão enquanto todos pagamos pelos escandalosos buracos financeiros com que ajudaram a destruir a nossa economia e a nossa credibilidade externa. Afinal era mesmo verdade o que dizia a canção: “eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada”. A reconfiguração do Estado a um papel mínimo e a uma lógica assistencialista é-nos apresentada como uma inevitabilidade insofismável. O preconceito ideológico de uma direita radical é travestido de ciência exata. Mas esta ideologia radical, precisamente por representar uma rutura com todos os consensos nascidos em Abril e fomentados por quatro décadas de democracia, precisa dos seus mitos fundadores. Daí o embuste permanentemente encenado por um primeiro-ministro que nos diz que o Estado é gordo, pesado e ineficiente. Que foi o seu peso que nos trouxe a crise. Vivemos todos acima das nossas possibilidades, dizem-nos. Nesta cruzada contra tudo o que é público, pouco importa a Passos Coelho e Paulo Portas que todos os números desmintam o seu discurso.

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Pouco lhes importa que Portugal seja um dos países da Europa aonde se trabalha mais horas por ano. Que o orçamento da Educação, da Saúde, ou mesmo o peso dos salários da função pública, fiquem abaixo da média europeia. Se evocamos os 40 anos do 25 de Abril de 1974 e o que esta data representou para o povo português, é porque fazemos da memória uma arma e não esquecemos um tempo que não queremos de volta. Mas ele está aí, com pés de veludo às vezes, outras vezes à bruta. Testemunhamos um inimaginável retrocesso civilizacional; a desvalorização do trabalho, o desmantelamento do estado social, o desprezo pelas pessoas, a conspiração da finança sem rosto e sem pátria. Queremos por isso um tempo em que mais ninguém nos venha dizer que “a vida das pessoas não está melhor, mas que a vida do país está muito melhor”. Não, não é este o caminho para um país novo. Importa por isso, e recordo palavras de José Afonso “manter a capacidade de indignação e sermos capazes de rejeitar a hipocrisia dos detentores do poder”, porque quem tanto sonhou com o 25 de Abril não se pode contentar com tão pouco. A direita no poder em Portugal rasga o contrato social de Abril para tentar reconfigurar as maiorias sociais e abrir caminho à transformação do estado social em estado assistencial. É o sonho da direita: responder às obrigações do povo, não com os direitos e a dignidade próprias da cidadania, mas com a prepotência de dar como esmola o que é devido por direito. Não nos enganemos. Esta é uma escalada sem fim. Aceitar que a cantina social substitua o subsídio de desemprego está a escassos degraus de aceitar o fim da democracia. O estado social é o cimento da democracia, a coesão solidária que nos faz cidadãos. Porque a democracia não existe sem liberdade, e não há liberdade sem dignidade e sem igualdade, é a liberdade que esta direita coloca em causa. Uma direita apostada na degradação de todos os espaços da democracia; da concertação social ao Parlamento, da comunicação social ao seu próprio governo e até ao Presidente da República. Perguntamo-nos hoje: como pode um governo, que não respeita a constituição que o legitima, ser governo? Ou mesmo, onde estão agora os limites da austeridade?

Um povo condenado a ser pobre emerge novamente como discurso oficioso de quem governa o país. Mas aonde esta direita quer resgatar a memória coletiva de um povo, existirá sempre quem diga presente. Aqui estamos, para disputar a história. Abril conquistou a liberdade e a democracia com luta, participação, mobilização. A mesma mobilização de que hoje precisamos para recuperar poder sobre as nossas vidas. Dizer não à troika, renegociar a dívida, respeitar todos os nossos compromissos, o primeiro dos quais é o contrato social, a dignidade. A democracia não é uma lei da física, independente das nossas vontades. A democracia é o nosso exercício quotidiano dessa vontade. Porque, afinal, onde está a fonte do poder? Sabemos a resposta: está no Povo. Mas a simplicidade desta resposta tem séculos de construção. A deslocação da fonte de poder da Nação para o Povo foi um longo caminho de lutas e conquistas. A pergunta a que hoje respondemos é se queremos voltar para trás. NÃO queremos e NÃO deixamos! Esse povo real, de gente que luta e trabalha, de gente que não desiste, esse povo que se reencontrou nas ruas e em todas as vezes que a Grândola teve voz. Quando o povo encheu a rua foi essa a reivindicação absoluta que deixou: que nos devolvam o que somos e o que queremos, porque o Povo é quem mais ordena. Que venha um tempo em que a esperança não seja todos os dias assassinada, que venha um tempo em que os velhos não sejam considerados um fardo e que os novos tenham lugar e futuro nesta terra que também é deles, e esse tempo é agora, é o nosso. 40 Anos depois de Abril a sua senha continua atual: “Grândola vila morena/ terra da fraternidade, o povo é quem mais ordena, dentro de ti ó cidade” esta é a melhor maneira de celebrar os valores da liberdade e da democracia, é dizer que a voz do cantores de então continua viva e atuante com Zeca Afonso sempre presente nas nossas saudades de futuro, esta é a nossa forma de proclamar o nosso direito a resistir de novo em nome do futuro das novas gerações, em nome dos nossos direitos de cidadania em nome de um Portugal que queremos livre, respeitado e soberano, sem a subserviência ultraliberal do beija-mão a quem nos controla domina e comanda.

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Só me resta dizer, tenhamos a coragem de nos indignarmos neste Abril e em todos os outros que nos falta cumprir, sempre com uma certeza. A mesma de há 40 anos connosco Portugal não se irá render. Hoje, mais do que nunca, é preciso devolver a voz ao Povo português para que ele seja senhor do seu destino e inaugure uma nova madrugada. Viva o 25 de Abril! Viva Portugal!

O eleito do Bloco de Esquerda

na Assembleia Municipal de Loures

25 de Abril de 2014

(a) Carlos Gonçalves

CDS-PP Partido Popular

Lizette Braga do Carmo

Viva a Liberdade

A liberdade de cada um de nós poder sentir e viver este dia, com a liberdade que nos é permitida, respeitando-nos uns aos outros. Sobre esta data já se fizeram e continuam a fazer-se discursos, palestras, tertúlias, filmes, documentários, livros e músicas. Escreveram-se canções que se tornaram verdadeiros ícones, e atrevo-me a dizer verdadeiros hinos que se tornaram referência de todo um povo como “Grândola Vila Morena” e tantos outros. Quem sou eu para falar deste dia? Passados quarenta anos, o que vou dizer senão repetir-me em tudo aquilo que já foi dito por uns e contrariado por outros.

O 25 de Abril, enquanto património imaterial do povo português, cujo valor é a predisposição da nossa existência enquanto comunidade dum povo que labora, que pensa, que sonha, neste momento mais do que uma carga ideológica, o 25 se concretiza. Um povo unido engrandece e enaltece uma nação. Não vou fazer nenhum discurso político, vou sim fazer um apelo à Câmara Municipal, na pessoa do Senhor Presidente. À Assembleia Municipal, na pessoa da Senhora Presidente, aos Presidentes das Juntas de Freguesia, a todos os Presidentes das Comissões Políticas Concelhias e a todos os Munícipes do nosso concelho para que no futuro possamos dar um bom exemplo incluindo uma causa nobre no nosso concelho, assinalando esta comemoração. Todos sabemos que a água é a fonte da vida, porém, não nos podemos esquecer que, se a água é a fonte da vida, o sangue é o sopro da vida. Cada vez mais existe falta de sangue nos hospitais do nosso país. O meu apelo vem precisamente no encontro destas comemorações para que se organize uma campanha doadora diferente, didática, pedagógica e cultural com o objetivo de incentivar e dar a conhecer à população a necessidade de doarmos sangue. Quem de nós não tem ou não teve algum ente querido que necessitasse de levar uma transfusão de sangue. Não importa quem somos, religião, política, raça, etc. etc., importa o que damos e doamos porque quem dá já recebe e quem doa ama. Vamos aprender a doar para melhor podermos amar o próximo. Todas as grandes coisas são simples, e muitas podem ser expressas numa só palavra: liberdade, justiça, honra, dever, piedade, esperança. Bem hajam. As crianças acompanhantes da Representante Lizette Braga do Carmo procederam à distribuição do folheto abaixo inserido.

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Coligação “Loures Sabe Mudar”

João Varandas Fernandes

Exma. Senhora Presidente da Assembleia Municipal Exmos. Senhor Presidente da Câmara Municipal e Vereadores Exmos. Eleitos na Assembleia Municipal Exmas. Autoridades Cidadãs e Cidadãos As revoluções são factos; de cada vez que acontecem é um sinal de esperança, de que o Homem vai alcançar mais liberdade, mais um direito, mais uma felicidade.

Foi preciso algum tempo, empenho, sacrifícios e coragem de muitas e muitas pessoas para construir um País diferente onde pudesse existir a LIBERDADE a SOLIDARIEDADE e a DEMOCRACIA. Para chegarmos aos dias de hoje, aprendemos e sabemos o significado de tolerância. Ao longo destas quatro décadas, constituíram-se Associações e Partidos, foi garantido o direito de todos nós à EXPRESSÃO e realizaram-se eleições livres. Hoje podemos livremente concordar ou divergir, integrar associações, viver num espaço europeu e ter acesso direto ao mundo. A sociedade portuguesa revelou ser capaz de surpreender, lutando contra a rigidez das estruturas e dos comportamentos. Tivemos a grande capacidade de receber de forma integrada, cidadãos africanos, latino-americanos e asiáticos, que estabeleceram residência em território nacional. Há quarenta anos, não havia passe social, nem salário mínimo nacional, nem contratos de trabalho, nem Serviço Nacional de Saúde. Alguns exemplos: Em 1970 a taxa de mortalidade infantil era de 59 por mil crianças. Em 2010 era de 2,5 por mil crianças. Em 1970 a taxa de mortalidade materna era de 73 por 100.000 mulheres. Em 2011 era de 5 por 100.000 mulheres. Em 2001 o relatório da OMS colocou o nosso país em 12° lugar no índice de desenvolvimento e de desempenho global do seu sistema de saúde. Em 2010 a OCDE divulgou um estudo envolvendo 30 países, onde refere que Portugal tinha uma despesa pública em saúde sem grandes desperdícios. No final de 2011 a OCDE voltou a divulgar um relatório sobre sistemas de saúde a 34 países e importa sublinhar: Portugal é o 5° país com melhor evolução na esperança média de vida. Portugal é o 2º país com menos crescimento da despesa total em saúde entre 2000 e 2009. Portugal é o 3º país em que a despesa pública em saúde menos cresceu.

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Podemos afirmar, que neste capítulo, muito evoluímos positivamente para bem da economia e da qualidade de vida dos cidadãos, tendo em atenção que vínhamos de uma situação geral de repressão, onde a liberdade de reunião e de informação era um crime punido severamente. As conquistas do 25 de Abril estão de tal modo inseridas no quotidiano, que muitas das vezes não as valorizamos devidamente. Nunca é demais recordar o DIA DA LIBERDADE. Nos últimos anos em virtude de algumas políticas governativas; Portugal entrou num período de dificuldades económicas e sociais. Hoje muitos jovens e famílias conhecem os flagelos do desemprego e da desagregação num contexto de injustiça social. Precisamos de solidariedade e de políticas ativas em benefício dos cidadãos e das suas iniciativas. Não é possível, nem admissível que cada um continue no seu caminho sem olhar para o que se passa à sua volta. É muito importante promover como noutros tempos, relembrando Diogo Freitas do Amaral, Francisco Sá Carneiro, Mário Soares e Álvaro Cunhal entre outros, uma cidadania atenta e interventora, respeitosa e tolerante. Reconhecemos e homenageamos aqui Portugueses notáveis que participaram no movimento de Abril. Estes homens, sem dúvida pela importância que representam, conseguiram organizar uma nuvem de esperança em Portugal. O português onde está é admirado o seu talento, o seu caráter e respeitado o seu trabalho, não se entendendo assim algumas repugnâncias que se sentem por parte de alguns dirigentes políticos. As circunstâncias em que nos encontramos com a Europa exigem realismo pelos Direitos Humanos. O futuro móvel e fluido não deixa ninguém indiferente. As atuais exigências europeias podem significar sacrifícios de gerações, nomeadamente no desemprego. O balanço das últimas décadas é muito positivo e permitiu-nos uma modernidade nunca antes realizada. Os portugueses têm um regime democrático consolidado com um grande aumento de escolaridade e têm à disposição uma sociedade de informação e de comunicação.

É preciso salientar que a participação na vida pública é indispensável, pois faz parte do reconhecimento dos direitos humanos que são irreversíveis e indivisíveis. São indivisíveis porque numa democracia, não se separa, o respeito às liberdades individuais da garantia dos direitos sociais, não se considerando normal o facto de sermos livres para votar e continuarmos envolvidos em circunstâncias de pobreza. São irreversíveis porque os direitos fundamentais não podem nem devem ser revogados. Aqui um recorte se impõe, é evidente que todos temos direitos mas não restam dúvidas que temos de cumprir com os nossos deveres. O abismo entre ricos e pobres e entre intelectuais e iletrados desencadeia consequências perversas ameaçadoras e de desespero de quem nada tem a perder. Um sistema económico que provoca desigualdades nas oportunidades não é saudável que se perpetue. Nós temos o direito à nossa cultura e não à complacência europeia de reconhecimento pelo nosso desenvolvimento. Finalmente uma reflexão e um compromisso. Como reflexão, a possibilidade de integração de projetos nacionais no âmbito municipal. Projetos nacionais devem ser estendidos e ter impacto nas empresas, nas escolas, na saúde, na cultura e nos transportes do nosso concelho. E um compromisso, do PPD/PSD, dos Independentes e das Forças Partidárias MPT e PPM que constituem a coligação. " LOURES SABE MUDAR", em preservar a transparência de atuação da autarquia na construção de um município mais desenvolvido, mais justo e que seja capaz de criar riqueza e bem-estar para todos."

Foi, em seguida, declamado o poema de José Fanha “Eu sou português aqui”.

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Eu sou português aqui em terra e fome talhado feito de barro e carvão rasgado pelo vento norte amante certo da morte no silêncio da agressão. Eu sou português aqui mas nascido deste lado do lado de cá da vida do lado do sofrimento da miséria repetida do pé descalço do vento. Nasci deste lado da cidade nesta margem no meio da tempestade durante o reino do medo. Sempre a apostar na viagem quando os frutos amargavam e o luar sabia a azedo. Eu sou português aqui no teatro mentiroso mas afinal verdadeiro na finta fácil no gozo no sorriso doloroso no gingar dum marinheiro. Nasci deste lado da ternura do coração esfarrapado eu sou filho da aventura da anedota do acaso campeão do improviso, trago as mão sujas do sangue que empapa a terra que piso.

Eu sou português aqui na brilhantina em que embrulho, do alto da minha esquina a conversa e a borrasca eu sou filho do sarilho do gesto desmesurado nos cordéis do desenrasca. Nasci aqui no mês de Abril quando esqueci toda a saudade e comecei a inventar em cada gesto a liberdade. Nasci aqui ao pé do mar duma garganta magoada no cantar. Eu sou a festa inacabada quase ausente eu sou a briga a luta antiga renovada ainda urgente. Eu sou português aqui o português sem mestre mas com jeito. Eu sou português aqui e trago o mês de Abril a voar dentro do peito. Eu sou português aqui

PS – Partido Socialista

Pedro Manuel Tavares Cabeça

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Exma. Senhora Presidente da Assembleia Municipal Digníssimos colegas de Assembleia Municipal Sr. Presidente da Câmara Municipal de Loures Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores Ilustres Convidados Caros concidadãos As palavras que hoje vos trago, nesta manhã em que comemoramos 40 anos de Abril, são talvez só palavras, mas a palavra foi e é uma arma que temos de a saber utilizar em proveito da democracia, para que se reinvente Abril ou, como ouvi um destes dias, para “reAbrilarmos”. Desta “peanha” saem palavras que podem não ser nada, ou tudo, ou que quiserem ouvir, mas não esqueceremos que Abril se fez, também, de palavras. Citando Ary, relembro:

“Disse a primeira palavra

na madrugada serena um poeta que cantava

o povo é quem mais ordena”

Foi com as palavras de Zeca Afonso que as botas da libertação marcharam para a liberdade. E 40 anos depois como está a liberdade? Que palavras usariam Ary dos Santos ou José Afonso para descrever esta Democracia, digamos, difícil? Que palavras usariam e ousariam para conjugar austeridade e liberdade? A verdade é que hoje, aqui, os eleitos desta Assembleia têm em si bem mais do que uma comemoração. Têm sobre si a responsabilidade (ainda que alguns a queiram minimizar) de construir palavras que nos ajudem a dignificar a Democracia. Somos aqui, todos nós, Políticos de 74, mesmo os que nasceram depois. E como Políticos da Democracia temos o dever de nos orgulharmos e de trazermos orgulho a quem representamos.

Mas nesta Democracia de Abril (por erros, omissões e ações) já trovejam as vozes contra os eleitos, enfim, contra os Políticos. A verdade é que hoje ser Politico é também um ato de coragem. Um ato de coragem porque são os próprios políticos (alguns) que contribuem, com uma demagógica lógica de populismos, para alimentar (consciente ou inconscientemente) a enorme e cinzenta nuvem de uma ditadura que se forma no horizonte. Neste dia de afirmação da liberdade quero recordar a todos que valeu a pena, mas que não será fácil. Quero também afirmar aqui que não valerá a pena dizer que a culpa é dos outros, ninguém nos ouvirá, não vale a pena dizer que isto é com “os outros”, porque os outros, nesta luta pela democracia, somos todos nós. Neste combate permanente pela democracia não podemos deixar de lembrar a todos que Abril foi apenas um início, mas que se o cumprirmos apenas uma vez por ano, o 25 de Abril não passará de mais um feriado escondido na cortina do tempo. É preciso lembrar a todos, todos os dias, que a liberdade e a democracia não se vendem nem se trocam. Ouvi há pouco tempo alguém dizer: ” - Eu não tenho nada para comemorar. O 25 de Abril trouxe-me a liberdade de falar, se é só isso eu prescindo”. Pois como pode este homem prescindir de comemorar Abril se a Liberdade não fosse já motivo bastante?! Mas este homem, antes do 25 de Abril, não tinha as mesmas condições que tem hoje. Lembro, a título de exemplo, que este homem só por ter esta ideia, ou ser defensor desta ou daquela ideologia (que não a do regime), seria acusado sem direito a qualquer contraditório. Seria chamado de Comunista, mesmo que não o fosse, ou como se isso fosse motivo de desonra. Defender uma ideologia, ser de um partido, ou não ser de partido nenhum, não pode ser motivo de desonra. Eu hoje sou livre, sem correr o risco de ser levado a Tribunal Plenário e, por isso, só por isso, sem culpa formada, com acusação forçada e

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apressada nos corredores da António Maria Cardoso ou noutra qualquer viela, ser condenado e humilhado por afirmar livre e orgulhosamente Sou Socialista. Hoje não tenho dúvidas de que ninguém me acusa ou julga pelo partido que represento, pela ideologia que defendo. Hoje assim será, e amanhã voltará a ser, se todos, mesmo todos, soubermos lembrar a história e a importância do que se passou naquela enorme noite de um Estado caduco que se autointitulava de “Novo”. Mas, felizmente, hoje ainda existe quem vá pincelando de vermelho os cravos que se acinzentam e é a esses que nos devemos juntar, se acaso ainda não largámos o conforto do sofá. Chegou a hora de voltar a ouvir as palavras de Salgueiro Maia naquela madrugada esperada “Quem for voluntario, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!”. É hora de sair e formar na defesa dos valores que fizeram Abril. É hora de sair e formar para nos indignarmos contra o estado a que isto chegou. É hora de sair e formar para, por exemplo, salvaguardar o Estado Social, como garante da sobrevivência mínima e apoio indispensável a uma melhor qualidade de vida dos cidadãos. É hora de sair e formar contra uma tecnocracia de números sem rosto. É hora de sair e formar fazendo renascer todos os dias o gosto pela Luta e Combate contra a cegueira de uma economia de sentido único. É hora de sair e formar para que as pessoas sejam valorizadas por serem pessoas. Hoje é hora de Sair e Formar! Hoje, 40 anos depois, é preciso que o povo que mais ordena ordene de facto e reconheça, por mérito, a legitimidade de quem nos deve representar. Hoje, 40 anos depois de Abril, é preciso saber ver os erros que cometemos nesta nossa Democracia, aprender com eles e, mais do que isso, não voltar a cometê-los. É preciso lembrar e fazer pela positiva.

Reivindicar, mas fazer. Gritar, mas agir. É preciso que todos, mesmo todos, não se acomodem ou desculpem com os maus exemplos e nivelem por baixo o exercício da democracia. Da minha parte, da parte da bancada do Partido Socialista nesta Assembleia, o nosso compromisso é honrar a Democracia. Com as Palavras também se constrói a Liberdade! Por isso, nesta atual e difícil conjuntura, faz todo o sentido reunirmos e falarmos, porque é nos períodos difíceis que devemos usar a palavra para não cairmos no desânimo e procurarmos alinhar estratégias e definições. Pelas palavras buscaremos desinquietarmo-nos, debatendo, tomando medidas, avaliando, fazendo autocrítica, enfim, redobrando forças para os tempos adversos que vivemos entregues ao demérito de quem apenas busca esse mesmo demérito para exercer o poder. Por tudo isto está na hora de sair e formar. Lembrando as palavras de Manuel Alegre nas “Vésperas de Batalha”

“Não ficarei sentado a ver a vida

os meus cavalos correm noutros campos travam outras batalhas noutras páginas

não se resignam à erva do sossego os meus cavalos buscam o insondável

ei-los que vão ainda à desfilada ao toque de clarim, à carga, à carga

do outro lado da noite em outra escrita”.

Por isso “ Quem For voluntario, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!”. Para cumprir o 25 de Abril, para cumprir a Democracia – Eu saio e formo!

Viva Portugal

Viva Loures

Viva o 25 de Abril

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CDU – Coligação Democrática Unitária

João Paulo Melo Simões

Comemoramos os 40 anos da Revolução de Abril. Realização histórica do povo português, ato de emancipação social e nacional, constituiu um dos mais importantes acontecimentos da história de Portugal. Desencadeada pelo heroico levantamento militar do Movimento das Forças Armadas (MFA), e seguido pelo levantamento popular, pôs fim a 48 anos de ditadura fascista (ditadura terrorista dos monopólios associados ao imperialismo estrangeiro e dos latifundiários) e realizou profundas transformações democráticas - políticas, económicas, sociais e culturais – que, alicerçadas na afirmação da soberania e independência nacionais, abriram a perspetiva de um novo período da história dos trabalhadores e do povo. E assim foi conquistada a Liberdade de expressão, de manifestação, de reunião, a liberdade sindical. O direito à saúde, à educação, à cultura, ao trabalho, à greve, à habitação, à reforma, ao salário mínimo, à justiça, e à paz com o fim da guerra colonial. Alcançou-se a igualdade de direitos. O Poder Local Democrático. Os trabalhadores, as massas populares e os militares progressistas – «os capitães de Abril» –, unidos na aliança Povo-MFA, foram os protagonistas dos avanços e conquistas democráticas alcançados e consagrados depois na Constituição da República, aprovada em 2 de Abril de 1976. A pátria portuguesa vive, hoje, um dos mais graves e dolorosos períodos da sua longa história. Seguramente, o mais difícil desde o fim dos negros tempos do fascismo. Um período de afrontoso conflito com o que Abril representou de

conquista, transformação, realização e avanço, de total confronto com as alegrias e esperanças que as portas de Abril abriram ao povo português. Portugal vive uma grave e profunda crise económica e social. O País está sob uma inaceitável intervenção externa que agride a sua inalienável soberania e põe em risco a independência nacional. Um Pacto de Agressão negociado e subscrito, num verdadeiro ato de submissão nacional, por PS, PSD, e CDS, com a cumplicidade do Presidente da República, dirigido para a exploração dos trabalhadores e a degradação de direitos, fere liberdades do povo português, empobrece o País, empurra para o desemprego e a emigração milhares de portugueses, desrespeita a Constituição da República e põe em causa o futuro do País e dos portugueses. A crise é determinada fundamentalmente, na sua dimensão e violência, pelas consequências das políticas de contrarrevolução de Abril prosseguida por sucessivos governos do PS, PSD e CDS. ao longo de mais de 37 anos. Políticas de recuperação capitalista de privatizações e reconstituição do poder dos grandes grupos económicos, que submeteram o País à União Europeia e ao Euro. Políticas que afundaram a produção nacional, aumentaram o desemprego e o trabalho precário, o encerramento e a insolvência de milhares de empresas, arruinaram a economia e endividaram o País. Políticas de intensificação da exploração, de destruição dos direitos laborais e sociais conquistas de Abril – o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública, um abrangente e universal Serviço Público de Segurança Social – e que geram mais fome e miséria. Crise agravada pelas consequências da aplicação do Pacto de Agressão. Crise que será inevitável e profundamente agravada se o país se mantiver amarrado a novos mecanismos de submissão, e novos pactos qualquer que seja a fórmula assumida. A Revolução de Abril mostrou conter em si a força e as potencialidades necessárias para empreender a eliminação de muitas das mais graves desigualdades, discriminações e injustiças sociais e para a construção de uma nova sociedade democrática. Os principais responsáveis e beneficiados pela crise que brutalmente atinge a generalidade dos portugueses – mas particularmente os trabalhadores, os reformados, os jovens, as mulheres, os pequenos empresários, negam com hipocrisia, e falsificação da história o que Abril foi

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e significou. Responsabilizam Abril e as suas conquistas, o regime democrático, as conquistas sociais, os direitos e garantias dos trabalhadores, as empresas nacionalizadas e públicas, pela situação nacional que eles próprios criaram com as suas políticas de direita. Acenam com uma demagógica salvação vinda de uma União Europeia dita solidária, mas, de facto, determinada pelo federalismo, o neoliberalismo e o militarismo, visando a exploração do povo. Mentem sobre a ditadura de Salazar e Caetano, sobre o fascismo e o colonialismo, (escondem os interesses económicos e de classe que serviam e branqueiam a natureza terrorista da ditadura que oprimiu o povo português e assassinou, prendeu, torturou milhares de democratas e intensificou a exploração dos povos das colónias e fez uma criminosa guerra colonial, causa da morte e estropiamento de milhares de jovens portugueses e de patriotas africanos), mentem sobre a luta dos antifascistas e patriotas, e sobre a luta e o papel dos comunistas, sobre a Revolução e os militares do MFA! Tentam reescrever a história, branqueando o seu próprio papel e distorcendo o significado de Abril como ato e processo mais avançado da nossa época contemporânea, encetando um novo ataque à Constituição da República. Ao mesmo tempo multiplicam-se artigos, opiniões, comparações para concluir que os portugueses estão insatisfeitos com Abril e não com as consequências dos ataques à democracia. Procuram fazer crer, por exemplo, que o desemprego galopante é o resultado de Abril e não da política contra Abril ou que a corrupção que está diretamente associada aos interesses económicos, nasceu com Abril quando a verdade é que no fascismo existindo fortemente a censura impedia a sua divulgação. Ou aqueles que concluem que o Poder Local Democrático não serve os interesses do pais e das populações, porque conhecem casos de autarcas que tiram benefícios pessoais ou familiares no exercício das suas funções, que beneficiam os grandes interesses económicos, ou que não desenvolvem políticas que assegurem o presente e o futuro dos seus municípios ou que os deixam asfixiantemente endividados. Rejeitamos essa forma que encontraram para desculpabilizar quem peca e empobrecer e atacar a democracia e pôr todos no mesmo saco. A CDU expressa a sua mais firme rejeição pelas tentativas de responsabilizar a Revolução de Abril – e o que esta significou e representou de avanços de emancipação e de progresso social e nacional – pelas desastrosas consequências de 37 anos de

processo contrarrevolucionário, este sim, o verdadeiro responsável pelo atual rumo de retrocesso e declínio nacional. Comemoramos Abril lutando contra o Pacto de Agressão. Comemoramos Abril lutando contra os objetivos de pôr em causa a democracia política de Abril, nomeadamente no Poder Local Democrático e no sistema eleitoral. Com os trabalhadores e o povo português, dizemos Não! Á exploração e roubo da dignidade do nosso povo e da nossa pátria. Para além das comemorações institucionais como esta sessão, e as inúmeras iniciativas realizadas ou estimuladas pelo Município de Loures e muitos outros, as comemorações dos 40 anos da Revolução de Abril são um momento de afirmar nas ruas por todo o País a indignação e recusa pelo que estão a fazer ao nosso povo e a Portugal, à sua história e ao seu futuro, um momento de resistência e luta contra esta ofensiva, contra as forças que pretendem ajustar contas com Abril, agredindo a democracia, a liberdade, a paz, o desenvolvimento de Portugal! Os grandes Valores da Revolução de Abril criaram profundas raízes na sociedade portuguesa e projetam-se como realidades, necessidades objetivas, experiências e aspirações no futuro democrático de Portugal. Os 40 anos de Abril devem ser um tempo e um momento para a convergência e unidade dos patriotas, em defesa do valores de Abril, em defesa da Constituição da República, de exigência de rutura com a política de direita e de afirmação de uma política alternativa, patriótica e de esquerda. A CDU convida e apela a todos os homens e mulheres de Portugal, a todos os trabalhadores, à juventude, a todos os democratas e patriotas, para que, pela sua coragem, a sua vontade, a sua voz e a sua luta, mantenham vivos os Valores de Abril para que estes se projetem, consolidem e desenvolvam no futuro de Portugal. Viva a Revolução de Abril! Viva o 25 de Abril! Viva Portugal! 25/4/2014

Os Eleitos da CDU

na Assembleia Municipal de Loures

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Usou seguidamente da palavra a Presidente da Assembleia Municipal de Loures, Fernanda Maria Cardoso Santos.

Sr. Comandante do Regimento de Transportes, permita-me a liberdade de, na sua pessoa, cumprimentar todos os militares de Abril Sr. Presidente da Câmara Senhores vereadores e, especialmente, Senhoras vereadoras Caros eleitos da Assembleia Municipal, das Juntas e das Assembleias de Freguesia Senhores e senhoras convidados Público aqui presente Nesta sessão comemorativa ouvimos hoje dois poemas, dois dos muitos que Abril inspirou e, permitam-me, não resisto a citar um outro que, neste momento, simbolicamente assinala esta data na sala de sessões da Assembleia Municipal:

Esta é a madrugada que eu esperava O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio E livres habitamos a substância do tempo.

Comemoramos este ano os 40 anos da revolução de Abril, o dia inicial, fundador da nossa história contemporânea. O dia que permitiu que o povo português voltasse a sonhar com um mundo melhor, que a esperança da mudança se concretizasse em mil e uma medidas que mudaram a face do país triste e cinzento de então. O dia em que tudo parecia possível. Comemorar o 25 de Abril é por isso recordar os militares que saíram á rua para dizerem basta. Recordar os muitos resistentes que lutaram, abdicando das suas vidas, das suas famílias, em prol de um ideal e dos que nas cadeias fascistas sofreram atentados inimagináveis à dignidade

humana. Recordar todos os que deram a sua vida para que hoje aqui seja possível estarmos a comemorar esta data. Os que tornaram possível que eu, como mulher e como comunista, aqui pudesse estar hoje a dirigir-me a vós desta tribuna. Mas é falar também da alegria imensa que invadiu os que viveram esses momentos. Do brilho que lhes ilumina os olhos ainda hoje quando falam desses dias. Da esperança incomensurável que lhes encheu a vida. Do sentimento de terem vivido algo único e irrepetível. Os que saíram à rua em defesa da liberdade. Os que juntaram as suas forças às dos militares de Abril e impediram desse modo o fracasso da revolução. Os que lutaram e ainda hoje lutam por um país melhor, pela paz, pelo pão, habitação, saúde e educação para todos. O 25 de Abril trouxe Portugal para um momento ímpar da sua história. Muitas das conquistas alcançadas, fruto do processo revolucionário e da aliança inédita Povo/MFA, perduram, pese embora os ataques constantes que sofrem por quem as jurou defender. É o caso do salário mínimo nacional. Do Serviço Nacional de Saúde. Da escola pública para todos. Dos direitos dos trabalhadores. Do direito ao voto para todos. Mas, e citando de novo Sophia,

Nesta hora limpa da verdade é preciso dizer

A verdade toda Mesmo aquela que é impopular neste dia

Em que se invoca o povo Pois é preciso que o povo regresse do seu longo

exílio E lhe seja proposta uma verdade inteira

E não meia verdade Hoje comemoramos Abril, mas o país vive um período negro da sua história, em que os recursos de todos voltaram a estar ao serviço de alguns, fruto de vendas ao desbarato sucessivas sob os mais variados pretextos. Em que muitas centenas de milhares de portugueses desesperam para terem os meios mínimos de sobrevivência: um emprego, uma casa, comida. Em que o Estado se demite das suas responsabilidades para com quem deve proteger e corta sistematicamente no apoio a quem precisa. Onde os funcionários públicos, pilares do serviço público que o Estado deve prestar, em que os professores, pilares do sistema educativo, os pensionistas, os idosos, os desempregados, são vistos como dispensáveis, como responsáveis por gastarem de modo desnecessário os recursos do Estado.

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Este Governo persiste em considerar a Constituição como um entrave e, em cada Orçamento do Estado, descaradamente tenta passar por cima dos preceitos nela contidos. O Presidente da República demite-se da sua função de vigilante e, sorrateiramente, faz de conta que reprova enquanto aprova medidas cada vez mais gravosas para o povo português. Outros, dizendo-se defensores dos ideais de Abril, mais parecem uma versão patética da expressão popular “agarrem-me que eu vou-me a eles”, apoiando de facto os ataques sucessivos aos direitos e garantias dos trabalhadores, dos pensionistas, das camadas mais desfavorecidas. Uma sociedade só é efetivamente igual e justa quando estão assegurados os direitos fundamentais consagrados em qualquer Constituição de um país democrático: o direito à educação, à saúde, ao emprego, à habitação, à proteção social e à liberdade. Quando se ouve falar em mais rescisões na Função Pública; quando se cortam verbas na Educação, na Saúde, na Segurança Social; quando se aumenta brutalmente os impostos e os cortes de salários aos trabalhadores e aos pensionistas; quando aumenta diariamente o abandono dos estudantes do Ensino Superior e há crianças que chegam com fome às nossas escolas; quando as taxas moderadoras e os custos das deslocações afastam milhares do acesso aos serviços de saúde; quando a taxa de desemprego atinge mais de um milhão e meio de portugueses; quando se privatizam empresas estratégicas para o país; então não nos resta outro caminho que não seja voltar às ruas e defender Abril. Vivemos hoje uma nova realidade também no Poder Local Democrático, uma das mais emblemáticas conquistas trazidas por Abril. Desapareceram administrativamente oito freguesias no nosso concelho, uma das quais esta, Santa Iria de Azóia, onde hoje nos encontramos. Mas nós continuaremos a dizer que não aceitamos esta extinção e tudo faremos para a reverter. A estas tentativas de afastamento dos eleitos e dos seus eleitores responderemos que estaremos próximos de quem nos elegeu, ao lado das populações nas suas reivindicações e justos protestos por melhores condições de vida. Com assembleias descentralizadas como esta. Com a gravação e divulgação vídeo das sessões. Estando na rua com o povo que nos elegeu.

Hoje, mais do que nunca, a defesa dos ideais de Abril é necessária e imprescindível. Aqui e agora. Na rua, nos locais de trabalho, na escola, em todo o lado. É tempo de recuperarmos a alegria, a esperança que Abril nos trouxe. De mostrarmos a esta geração e às seguintes o significado, as conquistas que tomamos por adquiridas. É tempo de dizermos como o poeta:

De tudo o que Abril abriu Ainda pouco se disse E só nos faltava agora

Que este Abril não se cumprisse. Por isso, recuperemos essa esperança e juntemos as nossas vozes ao coro do Conservatório de Artes de Loures e cantemos em uníssono a canção que simboliza Abril. Que de senha para a revolução, é hoje o nosso grito de revolta, de luta: Grândola Vila Morena.

25 de Abril Sempre!

A Sessão encerrou com o entoar de Grândola Vila Morena, de José Afonso, e Acordai, de José Gomes Ferreira e Fernando Lopes Graça, peças cantadas pelo Coro do Conservatório de Artes de Loures.