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Revista do Aluno 'CURRÍCULO- Cl/LTURA CRISTÃ O IJ^ ir/JSJ/JD 5o/è Mis. António de Pádua Rua Francelina P. de Araújo, s/n - Centro 58370-000 - Salgado de São Félix, PB n r r

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Revista do Aluno

'CURRÍCULO-„ Cl/LTURA

CRISTÃ

O IJ^ ir/JSJ/JD 5 o / è

Mis.António de Pádua

Rua Francelina P. de Araújo, s/n - Centro58370-000 - Salgado de São Félix, PB

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Lição 1 Texto básico: Génesis 1.1,2

O ESPÍRITO SANTO NOANTIGO TESTAMENTO

INTRODUÇÃO

Quando pensamos no Espírito Santo,logo nos lembramos do dia de Pentecos-tes, quando Deus enviou o Espírito San-to do céu, e ele encheu os discípulos deJesus e os capacitou para a tarefa de pre-gar o Evangelho em todo o mundo. Apartir daí a Igreja Crista começou a sedesenvolver. Mas onde estava o EspíritoSanto no tempo do Antigo Testamento?Qual foi a sua atuação desde o início domundo até à ressurreição de Jesus? Sendoo Espírito Santo a terceira pessoa da Trin-dade, não devemos pensar que ele esti-vesse inativo. Jesus disse aos discípulos queenviaria o Espírito Santo (Lc 24.49), eque eles deveriam esperar essa vinda. Pre-cisamos entender em .qual sentido essavinda caracterizaria uma novidade. Então,primeiro, precisamos entender como oEspírito Santo agiu antes do Pentecostes.

l. O ESPÍRITO E A CRIAÇÃO"No princípio, críou Deus os céus e a ter-ra" (Gn 1.1). Por seu imenso poder cria-dor, do nada Deus fez o mundo passar aexistir (Hb 11.3). Mas quando Deus trou-xe a terra à existência, ela não estava pron-ta para ser habitada. Foi aí que começou aobra do Espírito Santo. Ele pairava sobrea terra recém-criada que era "sem forma","vazia", e somente habitada pelas "trevas"

(v.2). "Sem forma e vazia" quer dizer semaparência definida, ela nada possuía do queviria a ter. Era um caos, como trazem algu-mas traduções da Bíblia. As trevas domi-navam. Quando não há luz, não há bele-za, não há vida, nada. Assím era a terra noinício. Não havia beleza, nem vida — ape-nas escuridão. Mas Deus arquitetara umplano brilhante e glorioso para a sua cria-ção. Quando começou a criar a terra, eleera corno um construtor que segue umaplanta. No começo, quando os alicerces es-tão sendo lançados, não parece ter multosentido. Você olha para certas construçõese não imagina o que vai sair daquele mon-te de estacas e de pedras aparentementedesordenados. Se passar ali tempos depois,parecerá incrível que uma construção tãobela tenha se originado daquela confusão.Ao criar a terra Deus começou a colocarem prática seu propósito de fazer um gran-de e belíssimo jardim que refíetisse, ain-da que limitadamente, a beleza da har-monia das perfeiçÕes divinas. Ele quis criarum mundo radiante, cheio de alegria, deluz, de propósito, onde cada coisa se en-caixava no seu devido lugar, e nada, abso-lutamente nada fosse impróprio, feio ouinútil. Deus colocaria nesta terra sua obrapríma, o próprio homem, e teria um re-lacionamento íntimo e pessoal com elepor toda a eternidade.

Para ler e meditar durante a semanaD —Génesis 1.1,2 -O Espírito Santo agiu nacriação; S—Salmos 104.27-30 — O Espírito Santorenovaa vida; T-2 Pedro 1.20,21 -O Espírito inspirou os profetas; Q-João 14.16,17-Umnovo tipo de habitação; Q-2 Crónicas 24.20-O Espírito capacica a profetizar; S — 2Timóteo

3.16 A Escritura é inspirada pelo Espírito; S - Êxodo 31.3-5 - O Espírito capacitando os homens

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A Essência da Fé—Parte 5~O que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

Como transformar uma cerra caóti-ca, sem forma, vazia e coberta de trevas}

num belo jardim? A Bíblia nos diz que oEspírito de Deus começou a realizar essetrabalho "pairando" sobre aquele çpns. _^\J-~guns dizem que ele estava chocando, ouincubando alguma coisa, como a galinhafaz isso com os ovos. E possível, mas aideia maior é que o poder de Deus estavapresente sobre o caos, pronto, com todaa energia do Espírito divino, para trans-formar aquela situação. Foi por meío doEspírito Santo que Deus trouxe à exis-rêncifl__n rminrln Transformado e cheio debelezas naturais.. Como diz Palmer, o Es-pírito "não criou o mundo, mas extraiupotencialidades que já estavam no mun-do, e ainda inclusive implantou as semen-tes da vida".1 Na criação, foi tarefa do Es-pírito Santo extrair as potencialidades daterra, por isso, se diz que ele "pairava" ou"incubava" a terra. Toda a beleza e perfei-ção que vemos nos seis dias da criação fo-ram realizadas por meio do Espírito. Ocaos deu lugar à ordem, pois "o Espíritopõe a desordem em ordem. Sua presençaexclui a possibilidade de caos ou confu-são".2 Desde o início, portanto, a funçãodo Espírito Santo foi agir em meio aocaos, implantando o sentido e a ordem.

Vemos também a obra do Espíritoantes do Pentecostes naquilo quecomumente chamamos de Providência, aobra divina pela qual Deus mantém, sus-tenta e renova todas as coisas. O Salmo104 fala sobre essa atribuição divina: "To-dos esperam de ti que lhes dês de comera seu tempo. Se lhes dás, eles o recolhem;se abres a mão, eles se fartam de bens. Seocultas o rosto, eles se perturbam; se lhescortas a respiração, morrem e voltam ao

seu pó. Envias o teu Espírito, 'eles .são cri-ados, e, assim, renovas a face da terra" (SI104.27-30). O Espírito é enviado espe-cificamente para renovar a terra. Nas pa-lavras de Berkhóf, "no Antigo Testamen-to é evidente que a origem da vida, suamanutenção e seu desenvolvimento de-pendem da operação do Espírito Santo.A retirada do Espírito significa morte".3

Graças a Deus por esse Espírito que im-põe ordem, desperta a beleza, renova avida e desfaz o caos.

II. O ESPÍRITO E A REVELAÇÃOUma outra atuacão do Espírito desde oi n ício foi na revelação divina (Hb 1.1,2).ATação divina de falar, de revelar a si pró-prio, é realizada pelo Espírito Santo. Aprimeira vez na Bíblia que vemos o exer-cício da profecia ligada à obra do Espíri-to Santo foi quando Moisés se sentiu so-brecarregado com a tarefa de liderar o povogrande e numeroso sozinho. A Bíblia dizque Deus tirou um pouco do Espírito queestava sobre Moisés e colocou sobre umgrupo de anciãos. Números 11.25 regis-tra: "Então, o SENHOR desceu na nuvem elhe íãlou; e, tirando do Espírito que esta-va sobre ele, o pôs sobre aqueles setentaanciãos; quando o Espírito repousou so-bre eles, profetizaram; rnas, depois, nun-ca mais". Assim que o Espírito de Deusrepousou sobre aqueles homens eles pro-fetizaram. Naquela mesma ocasião, quan-do Josué se demonstrou enciumado por-que dois homens estavam profetizando noarraial, Moisés disse: "Tens tu ciúmes pormim? Tomara todo o povo do SENHOR fosseprofeta, que o SENHOR lhes desse o seuEspírito!" (Nm 11.29; Cf. l Sm KUO;iSm 19.20). Para ser profeta havia a ne-

1 Edwin H. Palmer. El Espiritu S unto. Edinburgo: Banner ofTruthTrust, 1995. p. 242 R. C. Sproui. O Mistério do Espírito Santo. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997. p. 85-863 Louis Berkhóf. Teologia Sistemática. 4a Edição. Campinas: Luz Para o Caminho, 1996. p. 426

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O Espírito Santo no Antigo Testamento

cessidade do Espírito de Deus. Em suavelhice, Davi reconheceu que o Espíritodo Senhor falava por seu intermédio: "OEspírito do SENHOR fala por meu inter-médio, e a sua palavra está na minha lín-gua" (2Sm 23.1,2). A profecia sob inspi-ração divina escava, portanto, intimamen-te ligada à atuação do Espírito Santo. Poressa razão, é dito de Zacarias: "O Espíritode Deus se apoderou de Zacarias, filho dosacerdote Joiada, o qual se pôs em pé di-ante do povo e lhes disse: Assim diz Deus;Por que transgredis os mandamentos doSENHOR, de modo que não prosperais?Porque deixastes o SENHOR, também elevos deixará" (2Cr 24.20; Cf. Ne 9-30; Is59.21; Zc 7-12 ). Nesse texto, percebe-mos que no momento exato em que oEspírito se apossa do profeta, ele dirigeao povo a Palavra do Senhor. £ o Espíritoque traz a revelação divina para o povo.

Na passagem messiânica de Isaías61.1,2, encontramos a declaração: "O Es-pírito do SENHOR Deus está sobre mim,porque o SENHOR me ungiu para pregarboas-novas aos quebrantados, enviou-mea curar os quebrantados de coração, a pro-clamar libertação aos cativos e a pôr emliberdade os algemados; a apregoar o anoaceitável do SENHOR e o dia da vingançado nosso Deus; a consolar todos os quechoram". O Messias seria revestido comesse Espírito de revelação que é ocapacitador de quem anuncia as boas no-

Devemos também lembrar que asEscrituras, que são justamente o registrodesses atosriso

ss atos de Revelação de Deus no An,-TestamentoTTõrarn compostas sob a_

inspiração do Espírito Santo. Por essa ra-zão, Paulo diz: "Toda a Escritura é inspi-rada por Deus e útil para o ensino, para arepreensão, para a correção, para a edu-

cação na justiça" (2Tm 3.16). Timóteodeveria permanecer na Palavra em vez deseguir as invenções dos homens, porquesomente ela é inspirada pelo Espírito San-to. E Pedro confirma; "... sabendo, pri-meiramente, isto: que nenhuma profeciada Escritura provém de particularelucidação; porque nunca jamais qualquerprofecia foi dada por vontade humana;entretanto, homens santos ralaram da partede Deus, movidos pelo Espírito Santo"(2Pe 1.20,21). Palmer, acertadamente,diz que "devido à inspiração do EspíritoSanto, está garantida a exatidão do que sediz nela [Escritura] sobre os eventos pas-sados, apesar das falhas da memória, eapesar dos erros que naturalmente acon-tecem em qualquer relato de segunda oumilésima mão"."* A Bíblia está livre desseserros, graças à atuação do Espírito Santo.

III. A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO NOSER HUMANONos tempos do Antigo Testamento umadas tarefas específicas do Espírito Santoera capacitar pessoas arealizar certas ta-refas. Assim, um homem chamado Bezalelfoi capacitado por Deus para confeccio-nar objetos para o Tabernáculo: "... e oenchi do Espírito de Deus, de habilida-de, de inteligência e de conhecimento,em todo artifício para elaborar desenhose trabalhar em ouro, em prata, em bron-ze, para lapidação de pedras de engaste,para entalho de madeira, para toda sortede lavores" (£x 31.3-5). Da mesma for-ma, Sansão foi enchido desse Espírito pararealizar prodígios, como está relatado emJuizes 14.6, quando matou urn leão: "En-tão7 o Jispírito do SENHOR de tal maneirase apossou dele, que ele o rasgou comoquem rasga um cabrito, sem nada ter na'

O Senhor capacitou homens comomão

' Edwin H. Palmer. El Espíritu Santo. Edinburgo: BannerofTruthTrusi:, 1995. p. 53

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A Essência da Fé—Parte 5 — O que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

Sansão a realizarem pelo Espírito Santocoisas que jamais conseguiriam sozinhos.

O Espírito também dava "força"nurn outro sentido. Os profetas Ageu eZacarias encorajaram o povo na obra dareconstrução de Jerusalém e do templo,falando sobre a presença do Espírito San-to: "o meu Espírito habita no meio devós; não temais" (Ag_2J5). O Espírito eraa garantia de que a obra seria realizada:"Esta é a palavra do SENHOR a Zorobabel:Não por força nem por poder, mas pelomeu Espírito, diz o SENHOR dos Exérci-tos" (Zc^-f^JOa mesma forma os juizese os reis governaram sobre Israel com aunção do Espírito Santo (Cf. Nm 27.18;^Jz 3.10; iSm 16.14). que fazia com quehomens simples pudessem desempenharofícios de governantes. Porém, como dizHodge, "todas essas operações são inde-pendentes das mtiuências santtrtcadorasdo Espírito. Quando o Espirito veio sobreSansão ou sobre Saul, não foi com o intui-to de torná-los santos, mas para dotá-losco_m extraordinário poder físico e intelec-tual; e, quando lemos que o Espirito seafastou deles. isso_sjgnÍfica que eles foram_prívados dos dons extraordinários".5 Nãodevemos confundir essas manifestações doEspírito com a obra da conversão.

lòdavía, o Antigo Testamento ap_on-ta para o futuro, quando o Espírito seria

todos em Israel - jifl-mens e m u e r e s , ovensbem, sobre outros indistintamente (E

cumprimento dessa promessa estaria re-lacionado com a~obra do Messias, que vi-

ria — como de fato veio —, na plenitudedo tempo e do Espírito Santo (Is 11.2;42.1; 48.16; 6l.l-ll7/Lcj4J6I21jJo^334; 14.16,17,26; 15.26J. "DeuslêTrepousar plenamente o seu Espírito so-bre Jesus para que ele fosse uma fonte paranós, a fim de recebermos por meio deleda sua plenitude e, associados a ele, pu-déssemos, nessa comunhão, participar dasgraças do Espírito Santo", concluiCalvinos [Trararemos disso com mais de-talhes na lição de n° 3].

Como podemos ver, é muito clara aoperação do Espírito no Antigo Testamen-to no sentido de capacitar os homens.Porém, questiona-se, se esse Espírito tam-bém atuava a fim de salvá-los. Nesse pon-to, um texto de Jesus é bastante discuti-do. Jesus disse certa vez aos apóstolos;"... eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro-Consolador, a fim de que esteja para sem-pre convosco, o Espírito da verdade, queo mundo não pode receber, porque nãono vê, nem o conhece; vós o conheceis,porque ele habita convosco e estará emvós" (Jo 14.16,17). Essas palavras de Je-sus têm dado margem para muitos ima-ginarem que o Espírito Santo não habi-tasse dentro dos crentes no Antigo Testa-mento, especialmente quando considera-das em conjunto com as palavras de Jesusregistradas em João 7.38,39: "Quem crerem mim, como diz a Escritura, do seuinterior fluirão rios de água viva. Isto eledisse com respeito ao Espírito que havi-am de receber os que nele cressem; pois oEspírito até aquele momento não foradado, porque Jesus não havia sido aindaglorificado". A opinião de Grudem é

5 Charles Hodge. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001. p. 395fl A. A. Hoekema, A Bíblia e o Futuro. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1989, p. 15-16; Wayne A.

Grudem, Teologia Sistemática. São Paulo; Vida Nova, 1999, p. 640.7 Vd. G. Van Groningen, Revelação Messiânica no Antigo Testamento. Campinas, SP: Luz para o Caminho,

1995, p. 602-603.s João Calvino, As Institutos, (l 541), II.4.

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O Espírito Santo no Antigo Testamento 5

muito úcil nesse ponto: "Ambas as passa-gens devem ser maneiras diferentes dedizer que a obra mais poderosa, mais ple-na do Espírito Santo, característica da vidaapós o Pentecostes, ainda não havia co-meçado na vida dos discípulos".9 Não sig-nifica que o Espírito Santo não habitassecom os crentes no Antigo Testamento (cf.Lc 1.15; 1-67; 2.26,27; ISm 10.6; Is 4.4;11.2), mas que ele seria derramado de for-ma mais abundante a partir do' Pentecos-tes. Bavinck dá duas razões por que haviadiferença entre o Espírito antes e depoisdo Pentecostes: "Em primeiro lugar, por-que a velha dispensação sempre olhavapara a frente, para o dia em que surgiria oservo do Senhor, sobre quem o Espíritorepousaria em toda a sua plenitude (...)Em segundo lugar, o Antigo Testamentoprediz que, embora houvesse já naqueletempo uma certa operação do EspíritoSanto, que esse Espírito seria derramadosobre toda a carne".10 Portanto, como dizStott, "no tempo do Antigo Testamento_,ele estava incessantemente ativo — na cri-ação e na preservação do universo, na pro-vidência e na revelação, na regeneração decrentes, e na capacitação de pessoasespe-riflis_nara rãrg|gs especiais''7" Mas, eviden-temente, havia diferença no sentido deque o derramar do Espírito era mais res-trito. Após o Pentecostes, atestando o cum-primento da obra sacrificial de Cristo, ve-mos um derramar generalizado e a garan-tia de nossa salvação através de seu selocomo o "primeiro pagamento", "depósi-to", o "sinal" de compra com o compro-

misso solene de efetivar a transação12 (2Co1.22; 5.5; Ef 1.13,14; 4.30).

Com relação à regeneração dos cren-tes, sabem£S_serekj£inc^siVel sernaati^ação do Espírito Santo. Então, se haviacrentes no Antigo Testamento, essas pes-soas precisavam ter sido transformadaspelo Espírito. Encontramos no Salmo 51uma importante declaração de Davi so-pre isso. Consciente de seu pecado comBate-seba, Davi ora a Deus: "Não merepulses da tua presença, nem me retireso teu Santo Espírito" (51J5L11). Comodiz Lloyd-Jones, "a^miestava um homemsob a velha dispensação, um homem an-terior ao Pentecostes, e orou para queDeus não retirasse dele o seu Espírito".13

Se Davi tinha o Espírito Santo, devemostambém pensar que todos os demais cren-tes, como Abraão, Isaque, Jacó, José, etç.,tinham o Espírito Santo.

CONCLUSÃOO Espírito esteve em franca atuação du-rante todo o período do Antigo Testamen-to, criando, renovando, revelando, capa-citando e regenerando homens. Porém,no Novo Testamento, ele passou a agir deforma mais generalizada, e também deforma mais comum.

APLICAÇÃODevemos louvar a Deus pela obra do Es-pírito que sempre agiu no sentido de es-tabelece harmonia, capacitar e regene-rar. Essa mesma obra todos os crentes jáexperimentaram, e devem desfrutar cadavez mais.

IJ "Wayne Grudem. Teologia Sistemática, p. 53310 Hermann Bavinck. Teologia Sistemática.-São Paulo: Socepj 2001, p. 42411 John Stott. Batlsmo e Plenitude do Espírito Santo. 2a Edição. São Paulo: Edições Vida Nova, 1986, p. 1711 "A presença do Espírito Santo é a primeira prestação dos benefícios da redenção de Crisro, concedidos àqueles

para quern foram adquiridos, e assim a garantia e penhor da consumação dessa redenção no devido tempo."(Archibald A. Hodge, Confissão de Fé Wcstminster A.A. Hodge. São Paulo: Editora os Puritanos, 1999, p. 328).

13 D. M. Lloyd-Jones. Deus o Espírito Santo. São Paulo: PÉS, 1997. p. 45

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Lição 2 Texto básico: João 3.8

A PESSOA DO ESPÍRITO SANTOINTRODUÇÃOFazer uma declaração sobre quem é o Es-pírito Santo é uma tarefa muito difícil.Quando explicou a Nicodemos sobre a ne-cessidade de nascer de novo, Jesus afirmouque esse novo nascimento era uma obrado Espírito (Jo 3.8). A palavra vento e apalavra Espírito são exatamente a mesmana língua grega. Jesus disse: "o vento so-pra onde quer". Quem pode controlar ovento? Também ninguém pode controlaro Espírito, Em seguida disse: "... ouves asua voz,, mas não sabes de onde vem, nem \a onde vai". Podemos senti-lo, embora

não possamos vê-lo. Todos os crentes sa-bem quem é o Espirito Santo. Ninguémprecisa descrevê-lo para eles, até porque,

sã. Boas ou más intenções são limitadas

s.dF: seEes^pessoai&L' Todas es-sãs coisas podem ser vistas nas descriçõesque a Bíblia faz do Espírito Santo..

A. Ele possui os elementos essenciaisí à personalidade

ninguém conseguiria. Todo crente sabe oque é esse maravilhoso sopro de vida e depaz que preenche a vida e eleva nosso cotí-diano. Neste estudo, analisaremos algumascaracterísticas do Espírito Santo, como re-veladas na Bíblia.

I. A PERSONALIDADE DO ESPÍRI-TO SANTOA Bíblia mostra que o Espírito Santo éuma pessoa. Ele tem habilidades própri-as de uma personalidade. Corno disseSproul "... uma personalidade incluí ín-teligêncía, vontade, individualidade. Umapessoa age por intenção. Nenhuma forçaabstrata pode tencionar fazer qualquer coi-

VL

l.Tem inteligência(mente, intelecto)

2. Tem vontade

3. Tem sensibilidade

Is40.13,l4;To14.26; 15-26;Ac 15.28; Rm 8.27;iCo 2.10-12SI 106.32,33;Is 34,16; At 13.2;*16.7; 21. 11;ICo 12.11; iTm 4.1Mq 2.7 - Irrita-se;Rml5.30-Ama-Is 63.10; Ef 4.30-Entrisrece-se

B. Ele é o autor de toda. vidaintelectual

Como já vimos, no Amigo Testa-mento encontramos com frequência aação do Espírito associada à vida intelec-tual (Vd. Jó 32.8; 35.10,11/Gn 2.7; Êx

31.2-6; 35.31-35; Nm 11.17,25-29;27.18-21/Dt 34.9; Jz 3.10; 6.34; 11.29;13.25; 14.6; 15.14; ISm 10.6/11.6). O^Espírito é o autor de toda vida intelectu-al e artística; nele temos o sentido do beloe sublime como expressão da santa har-monia procedente de Deus, que é perfei-tamente belo em sua santidade.

Para ler e meditar durante a semanaD—Acos 8.29 — O Espírito falou com Filipe; S—João 15.26-O Espírito dá testemunho;

T — Efésios 4.30 — O Espírito pode se entristecido; Q —Atos 5.1-10- Mentir ao Espírito é mentiraDeus; Q—João 15-26-Aprocessão do Espírito; S —Génesis 1.1-3—ATrindade na Criação;

S — l Pedro 1.1,2 —ATrindade na Redenção

1 R. C. Sproul. O Mistério do Espirita Santo, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997. p. 17.

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A Pessoa ao Espirito Santo 7

C. O Espirito é chamado de

Canso leidor

Como o designativo "consolador"(Parqklétd) é aplicado a Cristo, indican-do a sua personalidade (Jo 14.16; IJo2.1), o mesmo pode ser dito em relação àpessoa do Espírito Santo. Jesus confor-tou os seus discípulos, prometendo-lhes"outro consolador", referindo-se a uma

D. Atos pessoais lhe são atribuídos

pessoa distinta dele; um consoíador se-melhante a ele (Jo 14.26; 15.26; 16.7).O consoíador é Jesus Cristo; o Espírito éo outro, semelhante a Jesus Cristo. .

O consolador é aquele que confor-ta, exorta, guia, instruí e defende; é umamigo que assiste a seus amigos; essas ati-vidades são próprias de uma pessoa, nãode uma mera força ou influência.^

Trabalha: ICo 12.11Intercede: Rm 8.26,27Proíbe: At 16.7Decide: At 15.28Perscruta: 1 Co 2. 10

Fala: Ac 13.2; Ap. 2.7Testifica: Jo 15.26; At5.32;Rm 8.16Ensina: Ne 9.20; Jo 14.26; 1 Co 12.3Consola: At 9.31Reprova: Jo 16.8-11

Regenera: Jo 3. 5; Tt 3. 5Ora: Rrn 8.26Guia à Verdade: Jo 16.3Glorifica a Cristo: Jo 16.14Chama e dirige os homens aotrabalho: Is 61.1; Ac 13.2-4;16.6,7; 20.28

E. Relaciona-se com outras pessoas

O Espírito relaciona-se com serespessoais, não sendo confundido com nin-guém, nem com o Pai, nem com o Filho."A própria associação do Espírito, em talconexão, com o Pai e com o Filho, vistoque se admite serem eles pessoas distintas,prova que ele é_uma pessoal (Mr 28.19;Lc 1.35; Jo 14.26; 15.26; 16.7,13,14; At.15.28; 2Co 13.13; Ef 1.3-14; 2.13-22;'2Ts 2.13,14; iPe 1.1,2; Jd 20-21).

E Peca-se contra o Espírito

O Novo Testamento nos exorta a nãopecar contra o Espírito Santo (Mt 12.31);fala do perigo de resistir ao Espírito San-to (At 7.51) e do dever de não entristecê-lojEf 4.30). Como diz Sproui: "... elenos é apresentado como.uma pessoa aquem podemos agradar ou ofender, que

pode amar e ser amada e com quem po-demos ter comunhão pessoal".3 Todas es-sas coisas são próprias apenas de uma pes-soa. Independentemente da interpretaçãoque dermos a este texto (Mt 12.31,32),o fato é que a blasfémia é um pecado co-metido contra uma pessoa. Aqui, o Espí-rito é relacionado com o Filho no mesmonível de honra e glória, destacando-se ain-da, como imperdoável a blasfémia contrao Espírito. "A linguagem aqui usada im-plica que é impossível cometer um pecadocontra uma deidade maior que o EspíritoSanto, e que, de todos os pecados, o peca-do contra ele é o maior, tanto na sua natu-reza, como pelas suas consequências; tudoisso implica em sua dignidade e deidadeeternas", conclui Boetcner.4 Portanto, o Es-pírito Santo não é uma força ou uma ener-gia, mas uma pessoa.

1 Charles Hodge, Teologia Sistemática.. São Paulo: Hagnos, 2001, p. 391.3 R. C. Sproul. O Mistério do Espírito Santo. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997- p. 19-4 Loraíne Boettner, Studíes in Theology. 9a ed. Filadélfia: The Presbyterían and Reformed Publishing

Company, 1970, p. 88. Turretín argumenta: "... Como a blasfémia dirigida contra o Pai e o Filho supõeque eles são pessoas, do mesmo modo a blasfémia contra o Espírito Santo" (F. Turretin, Instituíes ofElenctic Theology. Phillipsburg, Ne\ Jersey: Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1992,Vol. I, III.30.9. p. 305).

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A Essência da Fé—Parte 5—0 que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

II. A DEIDADE DO ESPIRITO SANTOMuito mais do que uma Força ativa, aEscritura apresenta o Espírito Santo comouma pessoa divina. Alguns textos pode-rão nos dar uma breve descrição do que aEscritura considera ser a deidade do Es-pírito Santo.

A. Ele possui atributos divinos

Já vimos o papel dele na Criação (Gn1.2) e na Providência (51 104.30). e issonos fala de sua onipotência. Também per-cebemos sua Onisciência.-, pois Isaías per-gunta: "Quem guiou o Espírito do SE-NHOR? Ou, como seu conselheiro) o ensi-nou?" (Is 40.13,14). E Paulo diz que oEspírito "a todas as coisas perscruta, atémesmo as profundezas de Deus" (l Co2.10). Sua Onipresença pode ser vista noSalmo 139.7,8 "Para onde me ausentareido teu Espírito? Para onde fugirei da tuaface?". O fato aínda de que o nome do Espí-rito Santo apareça junto com o nome do Paie com o nome do Filho ncl-fórmulq batisnial(Mt 28.19), e na bênçân_âpostólica (2Co13 .13), demonstra a igualdade entre as trêspessoas da Trindade, e nos leva:a conside-rar a deidade do Espírito Santo.

De todos, o texto que mais clara-mente aponta a deidade' do Espírito San-to é Atos 5-3,4: "Então, disse Pedro:Ananias, por que encheu Satanás teu co-ração, para que mentisses ao Espírito San-to...? ... Não mentiste aos homens, mas aDeus". Se mentir ao Espírito Santo émentir a Deus, então, o Espírito Santo éDeus. O testemunho da Escritura sobrea deidade do Espírito é bastante grande.

I I I . O ESP ÍR ITO SANTO E ATRINDADEEm b o rã haja diferentes funções entre ascrês pessna.^ ha igualdade.de essência en-

O Pai não é maior em essência do que oFilho e nem o Filho maior do que o Espí-rito Santo. O Pai não deve ser mais ado-rado do que o Espírito, ou o Espírito maisque o Filho. São absolutamente iguais.Entretanto, há características próprias emcada uma das pessoas da Trindade, as quaisnão encontramos nas demais. São carac-terísticas únicas dessas pessoas divinas eque tem a ver com o relacionamento man-tido dentro da Trindade. jao_eks: Pater-^nidade, Filiação e Processão. A paterni-,da.de é exclusiva da Primeira Pessoa da ,Trindade, ou seja, o Pai. A Filiação é ex- ^clusiva da Segunda Pessoa da Trindade, \u seja, o Filho. E a Processão é exclusiva^

da Terceira Pessoa, o Espírito Santo.

A. O Espírito procede do Pai edo Filho

Assim como o Filho é eternamente"gerado" do Pai, o Espírito Santo "proce-de" eternamente do Pai e do Filho. Naslínguas grega e hebraica as palavras"pneuma" e "ruach" aplicadas ao Espíri-to, derivam de raízes que significam "so-prar, respirar, vento". Daí a ideia do Es-pírito ser soprado por Deus (Jo 20.22).

O Espírito Santo é chamado de Es-

tre elas._ Logo, não existe qualquer graude subordinação e nem mesmo de honra.

pírito do Pai (Mt 10.20; Lc 11.13; ^6.19j_lTs 4.8) e Espirito do Filho (Gl 4.6;Fp 1.19: IPe 1.11), sendo Enviado porDeus (At 5.32): Pai (Toj4.26; Gl 4.6) eFilho (Jo 15.26). O texto que mais espe-cificamente trata des.ta_relacão THnitáriaé o de Romanos, quando Paulo diz: "Vós.„ não estais na carne, mas no Espírito,se de fato o Espírito de DeusJbabita emvós. E se alguém não tem o Espírito deCristo, esse tal não é dele" (Rm 8.9).

Paulo estabelece uma relação deidentificação entre o Espírito de Deus eo Espírito de Cristo, que é um e o mes-mo Espírito que habita em nós e nos

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A Pessoa do Espírito Santo

identifica como propriedade de Deus ede Cristo (Vd. também: 2Co 1.21,22;5.5; Ef 1.13,14; 4.4,30). ICO mesmo Es-pírito é comum ao Pai e ao Filho, o qual écom eles de uma só essência e possui amesma Deidade eterna."5

A relação trinitária foi compreendi-da pela Igreja da seguinte forma: Quan-do falamos do Filho em relação ao Pai,dizemos que aquele é gerado do Pai e quan-do nos referimos ao Espírito, declaramosque ele é procedente do Pai e do Filho. Estarelação ocorre .eternamente, sem princí-pio nem fim, jamais havendo qualquertipo de mudança na essência divina, nemqualquer tipo de subordinação ontológica,mas sim existencial (económica). Destemodo, a nomenclatura Pai, Filho e Espí-rito Santo, é apenas um designativo queimplica uma correlação intertrinitária queé necessária e eterna, não uma primaziade essência, no que resultaria em diferen-ças de honra e glória.

Retornando à nossa linha mestra,devemos enfatizar que a relação Trinitáriatem sido compreendida pela Igreja comouma procedência eterna e necessária, doEspírito da parte do Pai e do Filho. Aspalavras de Agostinho (354-430 d.C.) tor-•naram-se basilares na compreensão Oci-dental: "O Espírito Santo, conforme asEscrituras, não é somente Espírito do Pai,nem somente o Espírito do Filho, mas deambos."6 Daí que, a Confissão deWestmiwter (1647), refletindo esta com-preensão bíblica conforme a tradição te-ológica ocidental, dizer: "O Espírito Santoé eternamente procedente do Pai e do Fi-lho" (II.3) Oo 15.26; Gl 4.6).

Na procedência do Espírito da par-te dp Pai e_do Filho temos uma relaçãotrinitária ontológica e económica; em ou-trps.termos, partindo do princípio de quea revelação de Deus alude à essência deDeus; através da manifestação da Trinda-de, vemos, limitadamente, aspectos da re-lação essencial da Trindade. Privar-nos des-ta compreensão (procedência do Pai e doFilho) equivale a empobrecer a nossa com-preensão de Deus conforme nos foi dadoconhecer na Palavra e definitivamente emJesus Cristo. Corremos o risco de cair par-cialmente num agnostícismo teológico.

B. Qtiemfaz o quê na Trindade

Devemos evitar a formulaçãosimplista de que o Pai é o responsável pelaCriação e o Filho pela Redenção. Comojá dissemos, todas as obras da Trindadepertencem a ela como um todo. Hortonnos lembra que "enquanto o perigo, emgerações prévias, pode ter sido a negaçãode qualquer significado prático do minis-tério do Espírito Santo, hoje devemos tercuidado em.não separar o Espírito Santodo Pai e do Filho como se ele, sozinho,fosse Deus".7 Esse perigo existe hoje de-vido à ênfase desproporcional que as igre-jas carismáticas e renovadas têm dado aoEspírito Santo.

Mas, em qual sentido podemos di-zer que há diferenças no modo de agir daspessoas da Trindade? Podemos fazer a se-guinte distinção dídática: ao Pai pertencemais o ato de planejar, ao Fnhojgjie medi-ar, e ao Espírito o de agir. Já vimos sobre opapel do Espírito na Criação. Agora preci-samos ver isso em relação ao papel do Pai e

5 João Calvino, Exposição de Romanos. São Paulo: Edições Paracletos, 1997 (Rm 8.9), p. 271.fi Agostinho, A Trindade. São Paulo, Pauius, 1994, XV. 17.27. p. 522. Vd. também: IV.20.29; V.14.15;

XV.17.29; 26.47; 27.50.7 Michal Horton. Creio. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2000. p. 148.

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10 A Essência da Fé—Parte 5— O que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

do Filho. A Bíblia diz: "No princípio, criouJ3eus os céus e a terra. A terra, porém, es-tava sem Forma e vazia; havia trevas sobre aface do abismo._f^n RçpímtQ-d.e-.ÍVny párava por sobre as águas. Disse Deus: Hajaluz.; e houve luz" (Gn_LJ_=3). O aço decriar é um ato do Deus Trino. As três pes-soas esrao presentes nesses três versículos.0 Espírito paira sobre as águas, o Pai fala,

. e o Filho é a Voz de Deus, ou seja, a Pala-vra (c£ Jo 1.1). Poderíamos dizer que o Paiplaneja (iCo 8.6), o Filho é o instrumen-to pelo qual todas as coisas são criadas (Jo1.3,10; Cl 1.16; Hb 1.1-3). e o EspíritoSanto é o meio pelo qual as coisas são leva-

_das à complementarão (To 33.4). O Espí-rito é o que age díretamente sobre a cria-tura, "pairando" sobre o abismo, num ver-bo que também é usado para descrever osmovimentos da águia sobre seu ninho (Dt32.11).8 Percebemos a mesma ordem deatuação na própria redenção. O texto de1 Pedro 1.1,2 nos ajuda a ver isso: "Pedro,apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos quesão forasteiros da Dispersão no Ponto,Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, eleitos,segundo a presciência de Deus Pai, emsantificação do Espírito, para a obediênciae a aspersão do sangue de Jesus Cristo, gra-ça e paz vos sejam multiplicadas". Essetexto parece sugerir que oJPai é o_ídeaiizador da redenção ainda em seusprimórdios na própria eleição, enquanto

que o Filho é o que possibilita a obediên-cia a Deus_através da aspersão do sangue,e o Espírito Santo por sua vez é o quesantifica, ou separa para si os eleitos. As-sim, o Pai planejou a salvação (Jo 6.37,38)e escolheu os eleitos (Ef 1.3,4), o Filhoexecutou o plano de Deus 0o 17.4; Ef1.7), e o Espírito confirma essa obra so-bre os crentes (Ef 1.13,14).

CONCLUSÃOA Escritura demonstra a personalidade ea deidade do Espírito Santo. Pelas suascaracterísticas e por sua ação, bem comopor seu relacionamento dentro e fora daTrindade, fica claro que o Espírito Santoé uma pessoa e é Deus. Negar isso resul-tará em negarmos a adoração que me de-vemos. Ignoraço..seu relacionamento como Pai e com o Filho poderá levar os cren-tes, e tem'levado, a lhe dar nos cultos ena vida um lugar que não é dele.

Que as lições aqui estudadas nosorientem na correta e piedosa relação como Santo Espírito de Deus.

APLICAÇÃOA personalidade do Espírito divino nosleva a ver que podemos ter um relacio-namento realmente pessoal com ele. Poressa razão, esse estudo não pode ser ape-nas intelectual, mas prático. Deve noslevar a buscar esse relacionamento maisíntimo com o Senhor.

: Cf. Derek Kidner. Génesis — Introdução c Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 1974, p. 43.

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Lição 3 Texto básico: João 14.16,17

A PROMESSA DO ESPÍRITO SANTOINTRODUÇÃOA vinda de Jesus foi a entrada definitiva deDeus neste mundo e na vida dos homens.Enquanto ele esteve aqui, seus discípulos eas multidões puderam vê-lo, ouvi-lo e atétocá-lo. Mas Jesus sempre soube que suavida seria bastante breve. Quando se apro-ximava o momento de partir deste mundo,sabendo que os sacerdotes conspiravamcontra ele, e até mesmo sabendo que unidos seus discípulos o trairia, Jesus fez ques-tão de falar palavras de despedida e de con-solo para seus queridos discípulos: "não seturbe o vosso coração; credes em Deus,crede também em mim" (Jo 14.1). Saben-do da absoluta necessidade de sua partida,mas não querendo deixar seus discípulosabandonados, Jesus lhes disse: "Eu rogareiao Pai, e ele vos dará outro Consolador, afim de que esteja para sempre convosco, oEspírito da verdade, que o mundo não podereceber, porque não no vê, nem o conhece;vós o conheceis, porque ele habita convoscoe estará ern vós. Não vos deixarei órfãos,voltarei para vós outros" (Jo 14.16--18). Na-_quele momento, Tesus lhes prometeu o Es-pírito Santo. Porém, essa promessa já ha-via sido feita por Deus muito tempo antes.

I. A PROMESSA PROFÉTICAHá muito tempo Deus vinha anunciandopor^ meio dos profetas a chegada de umaera muitas vezes identificada com o derra-_mamento do Espírito Santo. Apesar do Es-

pírito Santo já estar em aúvídade durantetodo o período do Antigo Testamento, comodisse Stott, "mesmo assim, alguns profetaspredisseram que, nos dias do Messias, Deusconcederia uma difusão liberal do EspíritoSanto, nova e diferente, bem como acessí-vel a todos".1 Isaías profetizou sobre um tem-po de muíta destruição para o povo dê Isra-el. Ele falou em palácios abandonados, ci-dades desertas, torres destruídas (Is 32.14),mas, na esperança profética, isso duraria"... até que se derrame sobre nós o Espíritolá do alto; então, o deserto se tornará empomar, e o pomar será tido por bosque" (Is32.15). Esse derramar do Espírito passou aser uma das grandes expectativas escatoló-gicas do povo de Deus. Isaías fala ainda:"... derramarei água sobre o sedento e tor-rentes sobre a terra seca; derramarei o meuEspírito sobre a tua posteridade e a minhabênção, sobre os teus descendentes" (Is44.3). Ezequiei foi ainda mais específicosobre esse derramamento: "... aspergireiágua pura sobre vós, e ficareis purificados;de todas as vossas ímundícías e de todos osvossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-eicoração novo e porei dentro de vós espíritonovo; tirarei de vós o coração de pedra evos darei coração de carne. Porei dentro devós o meu Espírito e farei que andeis nosmeus estatutos, guardeis os meus juízos eos observeis" (Ez 36.27). E Joel fala da am-plitude desse derramamento: "... derrama-rei o meu Espírito sobre toda a carne; vos-

Para ler e meditar durante a semanaD—João 14.1-15-Não se turbe o vosso coração; S—João 14.25-31 - Ele vos fará lembrar de

tudo o que tenho dito; T—João 16.1-15— Guiará a toda verdade e me glorificará;Q —João 7.37-39 — Espírito do Cristo glorificado; Q — Salmos 51.1-12 — O Espírito na vicia cie

um crente do Antigo Testamento; S—Atos2.5-ll — O Espírito unindo as línguas;S — l Coríntíos 3.16 — O Santuário do Espírito Santo

1 John Stott. Batísmo e Plenitude do Espírito Santo. 2a Edição. São Paulo: Edições Vida Nova, 1986, p. 17

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12 A Essência da Fé—Parte 5— O que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

sós filhos e vossas filhas profetizarão, vos-sos velhos sonharão, e vossos jovens terãovisões; até sobre os servos e sobre as servasderramarei o meu Espírito naqueles dias"(Jl 2.28,29). Toda essa expectativa sobre Qderramamento do Espírito vinculada tam-bém ao perdão dos pecados pode ser vistanas palavras de João Batista no início deseu ministério: "Eu vos tenho batizado comágua; ele, porém, vos banzará com o Espí-rito Santo" (Mc 1.8). João Batista anunciouque a profecia do Antigo Testamento sobreo derramar do Espirito Santo logo se cum-.priría na pessoa que ele estava anunciando,p Senhor Jesus Cristo. E o próprio Senhor.após a sua ressurreição, disse aos apósto-los: "Eis que envio sobre vós a promessa demeu Pai; permanecei, pois, na cidade, atéque do alto sejais revestidos de poder" (Lc24.49). Bruner enfatiza a importância de ]e-rusalém nesse ponto: "para receberem oEspírito Santo, os apóstolos são ordenadosa não se ausentarem de Jerusalém. Jerusa-lém, no conceito de Lucas, será o local dopenúltimo evento da história da salvaçãoantes do último evento: a volta de Cristo".2Por ísso, no dia do Pentecostes, Pedro cla-ramente entendeu que a p r ornes sã havia secumprido. Percebemos isso por suas pala-vras: "... o que ocorre é o que foi dito porintermédio do profeta Joel: E acontecerá nosúltimos dias, díz o Senhor, que derramareido meu Espírito sobre toda a carne" (At2.16,17). Sobre essa base, ele teve a cora-gem de proclamar à multidão que o ouvia:"Arrependei-vos, e cada um de vós seja ba-tizado em nome de Jesus Cristo para re-missão dos vossos pecados, e recebereis odom do Espírito Santo. Pois para vós ou-tros é a promessa, para vossos filhos e paratodos os que ainda estão longe, isto é, paraquantos o Senhor, nosso Deus, chamar" (At2.38,39). O perdão dos pecados e o dom

do Espírito eram uma promessa de Deusque havia acabado de se cumprir naqueledia. A última expressão de Pedro dizendoque a promessa era para todos os que "Deuschamar", aponta para o aspecto universalda promessa do Espírito. Joel já havia ditoque o derramamento seria sobre todo tipode pessoas, incluindo jovens, velhos, ho-mens e mulheres, servos e servas (Jl 2.29).Independente de idade, sexo, raça e classesocial, o dom incluía todos os que se arre-pendessem e cressem.3

Percebemos, portanto, que desde oAntigo Testamento, sempre houve uma pro-messa divina de enviar o Espírito Santo afim de iniciar uma nova era, a Era do Espíri-to. O Espírito viria habitar de forma maisplena e universal o povo de Deus, engloban-do pessoas de todas as tribos, raças, línguase nações. O momento quando aquela pro-messa fosse cumprida seria um momentoúnico na história da salvação. Mas, para queo Espírito fosse enviado, antes Jesus precisa-ria realizar a sua obra.

II. O OUTRO CONSOLADORVoltemos agora para as palavras de Jesussobre a vinda do Consolador: "eu rogareiao Pai, e ele vos dará outro Consolador".Devemos notar a expressão "outro". Quan-do nos referimos a alguma coisa como "ou-tra", em geral é porque já havia uma antes.Jesus foí o grande consolador. A palavragrega para consolador épamkletos, e signifi-

"_ca iiteraImeji.tQ-1'ãquele.que está ao lado de".Mas, agora, ele precisava partir, e não po-deria mais permanecer ao lado de seus dis-_cípulos. Entretanto, não deixaria seus dis-cípulos órfãos, pois mandaria um dom ex-tremamente necessário para a vida deles: oEspírito Santo. O Espírito Santo viria_p_araocupar o lugar deixado por ele. A partir da-quele momento Jesus seria o consolador

2 F. D. Bruner. Teologia do Espírito Santo. 2a Edição. São Paulo: Edições Vida Nova, 1986. p. 1263 Cf. John Srotr. Batismo e Plenitude do Espírito Santa, 2a Edição. São Paulo: Edições Vida Nova, 1986, p. 20

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A Promessa do Espírito Santo 13

(pamkletos) no céu (l J o 2.1), intercedendopor seus discípulos lá, enquanto que o Es-^pírito seria o consolador (parakletos] na ter-ra^ também jn t , . _discípulos (Rm 8.26) .

A. A Vinda do Consolador

Por várias vezes Jesus advertiu seusdiscípulos de que precisava partir. Um dosmotivos principais é que somente após suapartida poderia enviar o outro Consolador.Em João 7.38,39Jesus diz: "... quem crerem mim, como diz a Escritura, do seu inte-rior fluirão rios de água viva. Isto ele dissecom respeito ao Espírito que haviam dereceber os que nele cressem; pois o Espíri-to até esse momento não fora dado, porqueJesus não havia ainda sido glorificado". En-quanto Jesus não fosse glorificado, o Espí-rito Santo não poderia ser enviado. Por issoJesus disse aos discípulos "... eu vos digo averdade: convém-vos que eu vá, porque, seeu não for, o Consolador não virá para vósoutros; se, porém, eu for, eu vo-lo envia-rei" (Jo 16.7). Eranecessário que Cristosubisse aos céus e se assentasse à direita do_trono à& D^us^e^assim^glo^ificado, envias-se c-Espírito Santo aos discípulos. J A J

B. O Testemunho do Espírito Santo

Era muitíssimo necessário que o Espí-rito viesse. Ele teria a função de substituirJesus durante a ausência dele. Mas além desubstituir, ele teria outras funções, como lem-brar os discípulos das coisas que Jesus haviaaito (Jo 14.26). Também fazia parte de suaobra convencer o mundo do pecado da just^Tjca e do juízo (Jo 1&8). Jesus disse que crEspírito Santo viria também para guiardiscípulos a toda a verdade (J° 16.13). Ctamente a obra dele não seria independente,mas sua função era glorificar o próprio Je-sus, exaltando sua pessoa, seu poder e suafobra Qo 16.14). Esse é um ponto de máximaM

importância. E comum, nos dias atuais, aspessoas enfatizarem mais a pessoa e a obrado Espírito Santo do que a do Pai e do Fi-lho. É verdade que, o Espírito Santo não foiconsiderado como devia ao longo da histó-ria da Igreja. Porém, é um erro quererenfatizar a obra do Espírito acima da obrade Jesus. A função do Espírito seria exata-mente a de testemunhar de Jesus: "ele meglorificará, porque há de receber do que émeu e vo-lo há de anunciar" (Jo 16.14).Como escreveu Lloyd-Jones, "... esta é umadas coisas mais espantosas e extraordináriasacerca da doutrina bíblica sobre o EspíritoSanto. Ele parece esquivar-se e ocultar-se. Eleestá sempre, por assim dizer, focalizando oFilho".4 De fato, a obra do Espírito Santonão é glorificar a si mesmo. Ele é como umholofote, sua função é iluminar algo que nãoele próprio. Ele quer glorificar o Senhor Je-sus, e nos dar conhecimento dele e de seuamor por nós. Por essa razão, Lloyd-Jonesestá certo em afirmar que podemos saber oquanto temos do Espírito de acordo com oquanto consideramos o Senhor Jesus.3

Jesus disse que o Espírito Santo seriaenviadojgara estar sempre com os discípu-los, ou seja, eles não poderiam viver sem oEspJri.tQ. Isso nos fala da importância doEspírito Santo para a vida do crente. Não dápara conceber um crente sem o Espírito San-to, pois ele é absolutamente vital para que ocrente conheça Jesus e receba a salvação. Umcrente sem_o Espírito Santo em hipótese al-guma é um crente verdadeiro, pois a presen-ça cio Espírito Santg_n£rvida~cTos discípulosseria a^arantiajde que os discípulos de fatopertenciam a Jesus (Cf. Rm 8.9, Ef l. 13,14).

III. O SIGNIFICADO DA VINDA DO ES-PÍRITO SANTOComo já vimos, o Espírito Santo já habi-tava com os crentes antes do Pentecostes,

' D. M. Lloyd-Joncs. Deus o Espirito Santo. São Paulo: PÉS, 1997. p. 315 D. M. Lloyd-Jones. Deus o Espírito Santo. São Paulo: PÉS. 1997. p.31

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14 A Essência, da Fé—Parte 5—0 que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

porém, ele sería dado de forma mais ple-na. Veja que Jesus diz que os discípulos jáconheciam o Espírito Santo, enquanto queo mundo ainda não o conhecia (v. 1 7), oque é mais uma prova de que eles já pos-suíam a pessoa e obra do Espírito Santo.Mas, já vimos que somente após a partidade Jesus é que o outro Consolador viriapara guiar os discípulos a toda a verdade.

No Pentecostes, _osberam o Espírito do Cristo glorificado, eassim .foram banzados no corpo de Gris-'to, ou seja, na Igreja. A vinda do EspíritoSanto no dÍa_jj&Jjejit££Qsj:e<: fn? sJn.g ticui —cão da Igreja no Novo Testamento. Issonão quer dizer que não havia crentes an-tes. Mesmo os apóstolos já eram crentes,porém, eram crentes segundo o padrão do •Antigo Testamento, Mas no dia do Pente-costes receberam a promessa do EspíritoSanto que veío formar o corpo de Cristo(Igreja) e se tornaram crentes do NovoTestamento. Geralmente se resume a dife-rença entre ser "crente do Antigo Testa-mento" e "crente do Novo Testamento ,pela expectativa em relação à vinda de Je-sus. Os crentes do Antigo olhavam para ofuturo, para quando o Messias viria, en-quanto isso ofereciam sacrifícios pelospecados. Os crentes do Novo Testamentoolham para trás, para o Messias que já veio,e seus_p ceados, são perdoados no sacríff-cio definitivo de Cristo. Os apóstolos pas-saram pelas duas experiências. Foram cren-tes do Antigo Testamento, e depois passa-ram a ser crentes do Novo Testamento.Pedro testemunhou que eles haviam cridono dia do Pentecostes (At 11.15-18).

Para que o derramamento do Espíri-to acontecesse, Jesus precisava ser exaltadoatravés da Ascensão. Foi naAscensão, quan-do se assentou à destra de Deus que Cristorecebeu o título de "Cabeça da Igreja" (Ef

somente após sua Ascen-são ele pôde mandar o £spfrífn Sgnr-n.pgrg^ligar os membros a fim de formar um sócorpo. Alguém dirá: Mas, então, não havia ~igreja no Antigo Testamento? Certamenteque sim, porém não nos mesmos termosdo Novo Testamento. No dia do Pentecos-tes aconteceu algo novo que jamais haviaacontecido antes. Nesse dia a unidade foí- *-estabelecida. Podemos ver o Pentecostescomo uma espécie de Babel invertida. Aigreja composta de todas as nações se reu-niu num único corpo. Foi por isso que odom de línguas foi concedido. As línguasde todos os povos foram unidas no dia doPentecostes simbolizando a unidade da igre-ja em todas as nações, e não mais apenasdentro dos limites de Israel. As línguas ha-viam sido divididas por ocasião da torre deBabel, mas no Pentecostes toram reunidasdemonstrando a unidade do povo de Deus."

CONCLUSÃOO Espírito Santo é o substituto de Jesus,enviado para consolar os discípulos e tam-

J3ém_p ara. completar a obra de Jesus na vidadeles até o dia em que Jesus voltar parabuscá-los., O Espírito Santo to i derramadopara cumprir a promessa de Jesus e dosprofetas, entretanto, isso não quer dizer quenão tinha sido dado antes, mas que no Pen-tecostes aconteceu algo novo e tremendo, aunidade da Igreja foi estabelecida, e os dis-cípulos foram capacitados para desempe-nhar a obra da pregação do Evangelho.

APLICAÇÃOCnrnn_é_mgravi1hnsn esre

outro Consolador habitando dentro de nós.Temos um parakletos no céu e outro na ter-ra! E através dele podemos ter a certeza de~que Jesus será glorificado nas nossa vida.Como você tem reagido à ação do Espírito?

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Lição 4 Texto básico: Lucas 4.1-21; Atos 1.6-8

A OBRA DO ESPÍRITO SANTOINTRODUÇÃOO Espírito Santo é responsável por uma

Uma das principais obras do Esr^í-rito Santo está vinculada à pessoa de Cris-

vasta obra. Desde o início até à consuma-ção de todas as coisas, o Espirito Santoagiu e agirá para cumprir o soberano pro-pósito de Deus. Já vimos sua atuação nacriação, na revelação e na capacitação daspessoas no Antigo Testamento. Agora ve-remos um pouco mais de sua obra. Po- Srém, diversas coisas certamente ficarão de$fora, pois, não teríamos condições, nem^espaço para registrar toda a obra do Espf-^rito Santo. Trataremos aqui sobre(o Espí-

to. Em todo o ministério de Jesus, o Es-pírito Santo teve participação. Isaías pro-fetizou que o Espírito repousaria sobre oMessias dando-lhe sabedoria, força e co-nhecimento em seu ministério (Is 42.1;11.2,3). O Espírito Santo não veio sobreJesus a fim de capacitá-lo para a obra por-que Jesus não tivesse poder em si mesmo.Certamente ele tinha, porém, a atuaçãodo Espírito Santo em Cristo aponta paraa unidade da Trindade.

rito Santo em relação a Cristo, nos cren-tes e no Reino de Deus.

LA OBRA DO ESPIRITO NA VIDA EMINISTÉRIO DE CRISTOO ministério do Espírito só pode ser com-preendido e avaliado de modo correto den-tro da perspectiva cristocêntríca; umenfoque sem esta consideração consistenum esquecimento do Espírito por mai-or que seja o nosso desejo de "reabilitá-lo" à igreja. Compreendendo adequada-mente quem é Cristo e o seu ministério,a igreja está honrando o Espírito, porqueesse conhecimento só pode ser alcançadopor obra de Deus (Mt 11.27; 16.17) e é_.o Espírito de Deus quem nos conduz àverdadeira compreensão de Cristo. A con-flssão do Cristo por parte da Igreja, é, decerta forma, a glória do Espírito (Jo14.26; 15.26; 16.13-15/lCo 12.3).

A. O nascimento virginal

O nascimento virginal de Tesus foioperado pelo Espírito Santo (Lc 1.35) elhe conferiu a condição de ser livre dopecado original_que todos os humanosherdam. Sua pessoa divina sempre exis-tiu, mas sua natureza humana se origi-nou no ventre da virgem Maria. O Espí-rito "formou o corpo e dotou a alma hu-mana de Cristo com todas as qualifica-ções para sua obra."1 O Logos eterno to-mou uma natureza humana naturalmen-te incapaz de qualquer ação santa sem opoder do Espírito Santo; daí a necessida-de da ação santificadora e preservadora doEspírito. Na encarnação, o Espírito pre-servou a Jesus C.ri.srn Ha mqnrha do peca-do original que é a herança de todo serhumano, fazendo com que ele tivesse uma_natureza imaculada. Se assim não fosse,

Para ler e meditar durante a semanaD — Isaias6l.l-3 — O Espírito sobre o Messias; S —Mateus 3.16)17 —A unção no Bacismo;

T—Tito 3.4-7-Regenerados pelo Espírito; Q —Efésios 1.13,14-O selo do Espírito;Q - Acos 5.17-42 -A ousadia dos discípulos; S - Mateus 13.31-33 - O crescimento do Reino de

Deus; S —Lucas 13.20,21—Aexpansão do reino -1 Charles Hodge, Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001. p. 395.

l

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16 A Essência da Fé—Parte 5—O que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

Cristo não poderia se oferecer pelo seupovo, apresentando um perfeito sacrifício

10.13), podemos perceber o quao_amadurecedorayela pode sei7 para a nossa

vicário, sem mácula e de valor eterno (2£o, vida espiritual./O primeiro Adão sucum-r n - , . T TL -To^n- í . - iT^ ^ -, o ni . o i o\U à tentação" JcSUS CtisCO, O último5.21j. Hb 7.26,271 IPe 1.18-21; 3.18).

B. No batismo

No batismo não houve qualquermudança metafísica no ser de Cristo, nemele passou a ter uma relação nova com oPai; entretanto, nesse ato histórico, vemosa manifestação da Trindade num só pro-pósito: a salvação do seu povo.

Como sacerdotes (Ex 28.41) e reis(2Sm 2.4), o Messias foi ungido pelo Es-pírito para poder realizar sua obra (Mt3.16; Lc 4.18 L. Cristo foi ungido desdetoda a eternidade; há referências no An-tigo Testamento que falam da sua habita-ção do Espírito, indicando dessa forma, asua unção, a sua capacitação eterna parao cumprimento da sua obra (Is 11.2;42.1; 61.1). Todavia, historicamente, elefoi ungido por ocasião da sua geração esantificação em Maria (Lc 1.35) e, tam-bém, no batismo (Mt 3.16; Mc 1.10; Lc3.22; Jo 1.32; 3.34; At 10.38). O Crisro_esteve eternamente capacitado para ser oSalvador dos eleitos; e agora, encarnado,recebe essa confirmação do Pai e do Es p í-rito: a salvação é obra da Trindade; po7isso, as três pessoas estão empenhadas naexecução do pacto salvador.

C. Na sua tentação (Lc 4.1,14)

O Espírito guiou"'["impeliu"2 (Mc

(J Adão, deve ser tentado para poder levarsobre si o pecado dos eleitos. Se Cristonão vencesse o tentador, jamais poderiaser o Salvador daqueles que estavam sobo "domínio" de Satanás. E relevante ob-servar, que o seu ministério público teveinício após esse episódio, começando comum sermão (Lc 4.16-21/Is 61.1,2).

D. No seu confronto com Satanás

Jesus realizou milagres no poder doEspírito. O Reino de Deus é o Reino deCristo — o governo triunfante de Cristosobre todas as coisas, visíveis e invisíveis —e, esse Reino se faz, presente por meio daobra de Cristo, libertando os homens dodomínio de Satanás e dos poderes do mal,desmantelando a cidadela do inimigo (Mt12.28,2$). O pavor dos demónios diante

Crísro aponta para a chegada poderosae vitoriosa do Reino (Mt 8.29). .

E. Na sua obra sacrificial

A obra sacrificial de Cristo foi cum-prida de forma completa e com o senti-mento adequado peia operação do Espíri-to (Hb 9.14). Em total harmonia cornoEspírito, Cristo ofereceu-se a si mesmo,tendo plena consciência das implicaçõesdessa oferta: a dor, a vergonha, a humi-lhação,j)_peso da ira de Deus, o abando-1.12)] Jesus ao deserto e permaneceu com

ele ali (Lc 4.1,2). Jesus foi tentado desde/x-jno. "Cristo sofreu como homem, no en-Isf j. —a sua chegada. A_tentação fez parte do tanto, a fim de que sua morte pudesseseu amadurecimento para o ministério que efetuar nossa salvação, sua eficácia fluiuo Pai lhe confiara. A tentação é muito pé- do poder do Espírito. O sacrifício quenosa, contudo, quando avencemos, con/jj produziu a expiação eterna foi muito maisvictos da sustentação de Deus (iCcr que uma obra meramente humana."3 No

2 "Jesus, sendo cheio do Espírito, sentia a sua força no íntimo da Sua alma" (Abraham Kuyper, The Work oftheHoly Spirit, p. 108).

3 J. Calvino, Exposição de Hebreus. São Paulo: Paracletos, 1997, (Hb 9.14), p. 231-232.

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A Obra do Espirito Santo 17

entanto, em todo o seu sofrimento, elepôde usufruir do consolo do Espírito quesempre estivera plenamente nele.

O Espirito que esteve em Cristodurante todo o seu ministério terreno, ocapacitou a apresentar-se voluntariamente(Gl 1.4/Jo 10.11,15,17,18) como sacer-dote e vítima: o ofertante e a oferta — pararesgatar os seus (Hb 9.23-28).

F. Na sua, ressurreição

O Novo Testamento declara que aressurreição de Cristo foi obra do Pai (Gl1.1; Ef 1.17-20), do Filho (Jo 2.18-22;10.17,18) e do Espírito Santo (iPe 3.18/Rm 8.11). O mesmo Espírito que

Divino-Hnmana

Crísto, acompanhando-o e fortalecendoemtQ_do_Q_ seu ministério, agiu decisiva-mente em sua ressurreição, a qual assina-la a vitória de Deus sobre o pecado, amorte e Satanás. O Espírito que atuouem Cristo no seu estado de humilhação éo mesmo na sua exaltação.

Concluindo esta divisão, observa-mos que o Ministério de Cristo foi mar-cado pela_ plenitude do Espírito (J o3.34/LcJ

II. A OBRA DO ESPÍRITO NOSCRENTESDajnesma forma que o Espírito agiu navida de Cristo, ele age na vida dosjgs. Como diz Hoekema, "todos os maio-res elementos no processo de salvação sãoatribuídos à autoria do Espírito Santo"/Ele é o grande despenseiro das bênçãosconquistadas por Cristo. Podemos vê-loagindo na regeneração, na conversão, nasantificação, na adocão. na segurança dasalvação e intercedendo por nós.

A. Regeneração

Regenerar significa gerar de novo. OEspírito Santo é o autor desse ato. Em Ti to3.5 encontramos a seguinte declaração: "elenos salvou mediante o lavar regenerador erenovador do Espírito Santo".

B, Faz-nos reconhecer e confessar oSenhorio de Cristo

Somente pelo Espírito (iCo 12.3)e

_Cristp crerão fanhnr. vivendo de formacoerente com essa confissão (M t 22.43;iCo 12.3/Rm 10.9,10).

C. Justificação^

O Espírito aplica em nós a justiçade Cristo (l Co <B8Hfc 6.1 l);_

declarados justos diante de Deus."Deus, desde toda a eternidade, decre-tou justificar todos os eleitos; e Cristo,no cumprimento do tempo, morreu pe-los pecados deles e ressuscitou para a jus-tificação deles; contudo, eles não são jus-tificados até que o Espírito Santo, no tem-po próprio e de fato, comunica-lhes Cris-to"5 (Rm 3.4; 4.25; Tt 3.6,7/1 Co 6.11).

D. -Conversão •

A conversão — a resposta do homemà regeneração operada dentro dele — tam-bém é obra do Espírito Santo. Geralmentevemos a conversão como consistindo dearrependimento e fé. Ambos aspectos sãodescritos na Bíblia como obra do Espíri-to Santo (Cf. AC U.15.1& l Co 12.3).

J5. Santificação

O Espírito Santo vem habitar o crentena conversão e o santifica ao longo da vigacristã: ".... Deus vos escolheu desde o prin-cípio para a salvação, pela santificação do

* Anthony Hoekema. Salvos Pela Graça. São Paulo: Editora Cultura Crista, l 997. p. 36% Confissão cie Westmlnster, XI.4.

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18 A Essência da Fé—Parte 5~O que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

Espírito e fé na verdade" (2Ts 2.13) (Cf.iTs 2.13; Rm 15.16; IPe 1.2).

F. Intercessão

Uma das obras mais importantes queo Espjrito realiza pelos crentes é a de in-terceder por eles (Rm 8.26,27). "Nãosabendo nós o que havemos de pedir,como convém, o Espírito nos assiste emnossa fraqueza, habilitando-nos a saberpor quem, pelo quê, e como devemos orar;operando e despertando em nossos cora-ções (embora não em todas as pessoas,nem em todos os tempos, na mesma me-dida) aquelas apreensões, afetos e graçasque são necessários para o bom cumpri-mento do dever."6 Ele funciona como umintérprete entre nós e Deus, traduzindonossas orações. Ao fazer isso, intercede pornós, buscando o melhor para nossa vida.

G. Adoção

Não sabemos se Deus nos faz seusfilhos primeiro e depoís nos dá o seu Es-pírito ou se ele nos dá o Espírito e depoisnos faz filhos, "não importa como vocêencara a questão: o resultado é o mesmo.Todos os que têm o Espírito de Deus são

,. filhos de Deus, e todos os que são filhosf de Deus têm o Espírito de Deus".7 O Es-

pírito nos concede a bênção da adoçao.

H. Segurança da Salvação^

A segurança da salvação do crente étotalmente condicionada ao Espírito San-to: "em quem também vós, depois queouvistes a palavra da verdade, o evange-lho da vossa salvação, tendo nele tambémcrido, fostes selados com o Santo Espíri-to da promessa; o qual é o penhor da nos-sa herança, ao resgate da sua proprieda-de, em louvor da sua glória" (Ef 1.13,14;

Cf. 2Co 1.22). As expressões "selo" e "pe-nhor" indicam a marca de segurança queo Espírito Santo significa na vida dos cren-tes. Ele é o selo, ou seja, a marca de pro-pjriedade, o invólucro inviolável que ga-rante a integridade do crente, e, ao mes-mo tempo, é o penhor, o pagamento an-tecipado que garante que o Senhor ad-quiriu o crente como propriedade sua eque virá no futuro resgatá-lo em caráterdefinitivo: "... não entristeçais o Espíritode Deus, no qual fostes selados para o diada redenção" (Ef 4.30).

111. A OBRA DO ESPÍRITO SANTONO REINOAté o Pentecostes, os discípulos espera-vam que ele libertasse a nação e a estabe-lecesse como um reino próspero sobretodos os reinos da terra. Essas esperançasse acabaram com a morte de Jesus, entre-tanto, se reacenderam com a ressurreição:"Senhor, será este o tempo em que res-taures o reino a Israel?" (At 1.6). Jesusrespondeu que a eles não seria dado co-nhecer tempos (cronos) e épocas (kairós)que o Senhor havia reservado exclusiva-mente para ele, mas, prometeu mandar oEspírito Santo que faria deles testemu-nhas cheias de jpoder em todoo mundo.Ele capacitaria a Igreja a desempenhar seupapel no mundo. A Igreja seria o instru-mento para o estabelecimento do Reinode Deus. Porém, seria um reino diferente.

A.. Fonte de poder

Aproximava-se o instante da parti-da de Jesus e ele tinha planos grandiosospara seus discípulos. Mas eles precisavamentender o caráter do Reino de Deus quese manifestava naquele momento. Emvárias ocasiões, quando Interrogado, Je-

6 Catecismo Maior de Westminster, Perg. 182.7 John Stotc. Batismo e Plenitude do Espírito Santo. 2a Edição. São Paulo: Edições Vida Nova, 1986, p. 15.

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A Obra do Espírito Santo 19

sus explicou que o Reino de Deus já esta-va no meio do povo. Ele se fazia presentena pessoa, na obra e no ensino do Messi-as. Dessa forma o reino poderia estar de.tro de cada um (Lc 17.21). A expansão

terística da testemunha, ela sustenta seu

do reino espiritual era assunto para aque-le momento. Os discípulos-seria_rp res-pensáveis por essa tarefa e, para garantirque eta teria êxico, lhes seria mandado oEspírito Santo como fonte de poder."~ Entre os benetíaos poderosos que o^Espírito Santo concederia àqueles homensestavam entendimento, ousadia e resul-tados. Com novo entendimento escreve-ram mais tarde cartas que foram e conti-nuam sendo o fundamento teológico daIgreja. Com ousadia,: falaram sobre Jesus,a ponto de não temerem mais os casti-gos, as afrontas, ou a própria morte (Cf.Jo 20.19; At 2.14-36; 4.1-22; 5.17-42).E o Espírito Santc* autenticou a obra de-les conferindo resultados. Até o dia doPentecostes 120 pessoas se denominavamdiscípulos. Naquele mesmo día foramacrescentadas mais três mil (At 2.41). Epouco tempo depois o número subiu paracinco mil (At 4.4).

B. Fonte de testemunho

Jesus disse que a vinda do EspíritoSanto faria dos discípulos suas testemu-

testemunho até o fim. A própria palavra"testemunho" na língua grega é martyres,donde vem o significado moderno demártir. O mártir está disposto a morrer

nhãs. Em primeiro lugar, uma testemu-nha é alguém que esteve presente e podeverificara exatidão de certos acontecimen-tos. Os discípulos possuíam essa caracte-rística. Em segundo, lugar uma testemu-nha é alguém que comunica, o que viu.Quem viu, mas não se manifesta não éuma testemunha verdadeira. Porém, emterceiro lugar, e talvez seja a maior carac-

por aquilo que diz. Nada menos do queísso pode ser chamado de testemunha, esomente a presença do Espírito Santopoderia habilitar os amedrontados discí-pulos a se tornarem valorosos mártires(testemunhas) do Senhor Jesus.

O livro de Atos se constituí no mai-or relato da glorificação de Cristo pelo Es-pírito: A expansão missionária e aedificação dos crentes. Quando cristãos^sinceros pregavam o Evangelho e pessoaseram transformadas peio seu poder, sen-do conduzidos a uma vida santa, Cristoestava sendo glorificado. ~ ' ~ —

CONCLUSÃOQ Espírito Santo não só capacitou a Je-< T~"i , . r: --sus para seu ministério, como realiza aobra de Deus na vida do crente, e impul-siona o Reino de Deus. Sua obra é imen-samente vasta e preciosa. Devemos, as-sim, aprender a perceber mais essa obradele no mundo e, em nossa própria vida.Identificar essa atuacão deve nos levar aadorar a Deus, e a .eypfírímpnjar mais da

raça dele. _Acima- de- tudo, provar dessa-.fonte de poder e de testemunho.

APLICAÇÃOSe Deus nos tem dado o Espírito Santo,

f "elevemos usá-lo para testemunhar a re7-peito de Cristo e da salvação. Deus nãonos deu o Espírito para ele Ficar inativoern nós. Ele nos deu o Espírito para noscapacitarjjara aobra. Então, mãos à obraT

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Lição 5 Texto básico: Atos 2.1-4

O BATISMO COM o ESPÍRITO SANTOINTRODUÇÃOO termo "pentecostal" está definitivamen-te incorporado ao vocabulário da IgrejaCristã. Desde o início do século 20 quan-do um grupo de crentes começou a "falarem línguas" numa missão evangélica narua Azusa, em Los Angeles, o movimentopentecostal se espalhou pelos quatro can-tos do planeta. Esse termo "pentecostal"é tirado do episódio..que ocorreu no diade Pentecostes em Jerusalém quando osdiscípulos do Senhor lesus foramBanzados com o Espírito Santo^ Ospentecostais dizem que tiveram uma ex-periência igual àquela. Eles raciocinam:os discípulos eram crentes, mas recebe-ram o barismo depois, e falaram em lín-guas, então, há uma conversão operadapelo Espírito Santo, mas o batismo é umasegunda bênção, ou uma segunda expe-riência, uma experiência pós-conversão.Dessa rotina, para o pentecostalismo, háduas classes de crentes dentro da Igreja,os que já chegaram lá e os que ainda nãoconseguiram. Quem já foi batizado fazparte da elite do.s. crentes, enquanto quequem não foi batizado faz parte de umacategoria inferior. Justes últimos, frequen-temente, recebem alguma discriminaçãopor parte dos mais "adiantados", e sevêem ameaçados pela pergunta tradici-onal destes irmãos: "você ainda não foibatizado no Espírito Santo?". Esta lição

vai ajudá-lo a ver o quanto essa visãocarismática é distorcida e não faz justiçaao ensino bíblico.

l. O PENTECOSTES E A REDENÇÃOAtos 2.1-4 tem sua importância não porcausa da fesca judaica do Pentecostes, masno fato de que Deus cumpriria mais umevento da história da redenção. O nasci-mento de Jesus foi o primeiro evento his-tórico da redenção realizado na pessoa deCristo. O próximo eveftto foi sua morte,depois sua ressurreição,' por fim sua As-censão e a descida do Espírito Santo. De-pois disso, só resta a segunda vinda. Por-tanto, o evento que aconteceu no dia dePentecostes foi o último da histórica ati-vidade salvadora de Tesus. Assim como amorte de Jesus e sua ressurreição não po-dem ser repetidas, também a descida doEspírito Santo não se repete. Mas comoos efeitos da morte e da ressurreição deJesus, também os efeitos da descida doEspírito Santo estão presentes em todasas épocas.^

Sem a descida do Espírito Santo, aobra redentora de Jesus não esta-riajica-bada, e sua promessa não teria sido cum-

_gnda. E mesmo a promessa do AntigoTestamento do derramamento do Espíri-to Santo passaria em branco. Mas, tudoisso se cumpriu no dia do Pentecostes. Ecomo cumprimento, podemos dizer que

Para ler e meditar durante a semanaD—Joel 2.28-32-A promessa no Antigo Testamento; S — Mateus 3.11,12-João Batistaeapromessa do Espírito; T - Lucas 24.44-49 -A promessa de Jesus; Q - Romanos 8.9 —Ter o

Espírito e ser de Cristo; Q — l Coríntios 12.13 -Todos os crentes foram banzados;S — Efésios 1.13-14 —Selados com o Espírito; S — Gaiatas 3.13,14 — Espírito recebido pela fé

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O Batismo com o Espírito Santo 21

se cumpriu-de-iima-vez-por rodas. Enrre- rito Santo, mas a manifestação visível deie,tanto, os efeitos da vinda do Espírito San- até que os apóstolos pudessem compro-t-n /n?r?Mtf«j?/:CTM-na-ifirRJfl- Dessa forma não var a veracidade do acontecimento. Deveprecisamos e não devemos pedir ao Pai ser notado que não foi identificado ne-gue nos dê o Espírito Santo...pois e\e já nhum problema com os samaricanos pro-nos deu. priamente. Nenhuma condição foi ofere-

cida a eles. O problema também não es-tava com Filipe que, logo em seguida, vaipregar ao eunuco etíope, e não foi neces-

Alçuém poderia objetar que, em pelo me- ' • , j ^ \ > rr-c=> r } ^ £ -_ sano que os apóstolos fossem atras (Cr.nos três ocasiões, o evento do Pentecostes Ac 8.26-40).' O problema estava no re-se repetiu na forma de uma segunda_bên-_ ladonamenco enue Jemsaléin e Samaria.

II. O EVENTO DO PENTECOSTESSE REPETIU?

cão. Isso aconteceu com os samaritanos,com os gentios em Cesaréia, e com os dis-cípulos de João em Éfeso. Será importan-te analisar estes três acontecimentos.

A. Houve um Pentecostes Samarita.no?

Em Atos 8.5-17 está descrita a con-versão dos samaritanos. Muitos

Está no fato de que Deus desejava elimi-nar uma inimizade histórica. Deus rete-ve a manifestação visível do Espírito San-to a fim de que os apóstolos testificassemque a fé também estava sendo encontra-da em Samaria, e assim, autenticassem aobra entre os samaritanos. Portanto, não

samaritanos haviam crido no Evangelho na razão para pensar num segundo pente-

por meio da pregação do evangelista Fili-pe e, como consequência, forambatizados. Não temos motivo para duvi-dar da conversão daquelas pessoas. A únicacoisa estranha é a descida de Pedro e Joãopara lá. Pelo que se sabe, não era comumos apóstolos inspecionarem a obra dos

costes, e nem o acontecimento samantanodeve ser aceito como norma para os cren-tes em todos os tempos, pois sua diferen-ça explíca-se perfeitamente por causa dasua situação histórica.

B. O que aconteceu em Cesaréia?

No capítulo 10 de Aros é narrada aevangelistas. Então, por_que foram lá? Não COIWersão de um gentio (estrangeiro) aoé difícil descobrir. Aquela era a primeira ̂ Cristianismo. Foi um homem chamadovez que o Evangelho havia sido aceito fora/g/ Çnrné l ln . Deus direcionou Pedro atéde Jerusalém, e Lucas queria mostrar como^ aqueie homem, demonstrando que não

jpjEvangelho saiu da exclusividade do am- discriminaria ninguém por ser de outrobientejudeu, sob a supervisão dos após- povo. pedro entrou na casa de Cornélio etolos e com todas as bênçãos do Espirito começou a pregar o Evangelho. A certaSanto (Cf. At 1.8). Mas a ocasião era ré- altura da pregação de Pedro, precisamen-almente crucial. Os samaritanos, mimi-^ re quando falava sobre a remissão dos pe-gos históricos dos judeus, haviam rêcêrji^ cados que Deus concede aos que crêemdo a mensagem. Será que os crentes ju- por meio do nome de Jesus (At 10.43), odeus iriam aceitá-los? Ou a divisão ju- Espírito Santo "caiu sobre todos os quedeus-samarítanos permaneceria na igre- ouviam a palavra" (At 10.44). Depois dosjá? Certamente, foi por esse motivo que samarStanos, agora os gentios eram incor-Deus reteve, não o batismo com o Espí- porados à Igreja. A manifestação visível

1 Cf. E D. Bruner. Teologia do Espirito Santo. 2a Edição. São Paulo: Edições Vida Nova, 1986. p. 137

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22 A Essência da Fé—Parte 5—0 que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

tencionava autenticar a conversão deles são. Foi somente quando receberam operante as autoridades da Igreja como Espjrito qu_e_s,e_s.ejitjxam capazes de dizerhavia acontecido em Sarnaria. Uma coisa que acreditavam".3 Portanto, nem os após-está por demais clara no texto: não houve"segunda benção". Bruner diz que "o pro-pósito do episódio de Cornélio é ensinara igreja, de modo tão dramático quanto ainiciação samaritana lhe ensinara, queDeus aceita todos os homens à parte daguarda de quaisquer disposições legais, aodar gratuitamente o dom do Espírito San-

i r/» Tto a ré /Algo que gêralmente passa desper-

cebido é o testemunho do apóstolo Pedroque tem implicações muito sérias para aDoutrina da Segunda Bênção. Pedro rela-ta a igreja em Jerusalém: "Quando ... co-mecei a falar, caiu o Espírito Santo sobreeles, como também sobre nós, no princí-pio. Então, me lembrei da palavra do Se-nhor, quando.disse: João, na verdade, ba-tizou com água, mas'vós sereis batizadoscom o Espírito Santo. Pois, se Deus lhesconcedeu o mesmo dom que a nós nosoutorgou quando cremos no Senhor Jesus,quem era eu para que pudesse resistir aDeus?" (At 11.15-17). Algo nessa decla-ração de Pedro é de suprema importân-cia. Ele diz que a conversão dos gentios

tolos receberam realmente uma SegundaBênção. Eles receberam o Espírito Santoquando se converteram, assim como to -dos os crentes.'

C. E quanto aos discípulos de Éfeso?

Esse incidente está descrito em Atos19.1-7- Em sua terceira viagem missionáriaPaulo encontrou alguns discípulos na ci-dade de Éfeso e logo lhes perguntou sehaviam recebido o Espírito Santo quan-do creram. Veja que Paulo vincula o rece-bimento do Espírito Santo com o ato decrer. Paulo estranhou alguma coisa naque-les homens, e logo a sua suspeita veio a seconfirmar. Eles responderam: "EspíritoSanto? Nem sabemos quem é ele?" Eleseram discípulos de João Batista e não co-nheciam a verdade plena a respeito deJesus. JE difícil imaginar que aqueles dis-cípulos fossem realmente crentes! Nemsabiam que Jesus já tinha se manifestado,e nada sabiam sobre a vinda do EspíritoSanto. Certamente não eram, mas torna-ram-se com a pregação de Paulo e recebe-ram o dom do Espírito Santo. Logo, o

?-r- ,, , =—j , , que aconteceu neste episódio, longe derói semelhante a conversão dos apóstolos. 2 ;—— £ * 2 ,^7 -j ;—í * . ser urna segunda benção, confirma que oMas, quando os apóstolos se converteram? -———;—r-0 T~i—, ; i r^—r—>, .. n K , <—: r~- ~—' Espírito òanto e dado quando alguém cré.Como diz r3runer, e de igual importan- .—— . ^ ,cia se, como é provável, Pedro aqui com- |||. TODOS BATIZADOS EM UMpara a fé dos de Cesaréia corn a fé dos . ESPÍRITOapóstolos no Pentecostes - 'quando [nós] .—Podemos ver os pnsinns nnrmarívns sobrecremos* - então aqui temos a informação ^o batismo com o Espiri to Santosigníficante que os apóstolos considera-vam o Pentecostes como o ponto inicial da

registrados nos ensinos doutrinários doapóstolo Paulo, por exemplo. Em

sua té, e, portanto, a data da sua^çonvex--/^! Corfntíos 12.13 o apóstolo Paulo fez

1 E D. Bruner. Teologia do Espírito Santo. 2a Edicãa~São Paulo; Edições Vida Nova, 1986. p. 1483 F. D. Bruner. Teologia, do Espirito Santo. 2a Edição. São Paulo: Edições Vida Nova, 1986. p. 1514 Já dissemos em outra lição que os apóstolos podiam ser chamados de crentes antes do Pentecostes de

acordo com a terminologia do Antigo Testamento. Mas só se tornaram crentes no sentido que o NovoTestamento atribui a Palavra no dia do Pentecostes.

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O Bddsmo com o Espírito Santo 23

uma declaração multo, importante paraa consideração desse assunto. Ele disse:"... em um só Espírito, todos nós fo-mos batizados em um corpo, quer ju-deus, quer gregos, quer escravos, querlivres. E a todos nós foi dado beber deum só Espirito".

A. A força, do "todos"

Para entendermos bem o que Pauloestá querendo dizer nesse versículo, pre-cisamos considerar todo o capítulo 12 del Corfntios, pois, nesse capitulo, Pauloestá concentrando seu ensino a respeitodos dons espirituais. Seu ponto alto é que,embora os dons sejam variados, podendoe de fato se manifestando de várias for-mas, há apenas um originador deles, queé o Espírito Santo. Paulo diz: "... ora osdons são diversos, mas o Espírito é o mes-mo" (v. 4). Entre os versos 8-10 eleexemplifica alguns dons que podem serdados à Igreja visando a edificação (v. 7),entretanto enfatiza "um só e o mesmoEspírito realiza todas estas coisas, distri-buindo-as como lhe apraz, a cada um, in-dividualmente" (v. 11). Ele demonstra aunidade da Igreja apesar da diversidadede dons exatamente porque todos essesdons são concedidos pelo mesmo Espírito.

sso que ele prereaH*" np

13: somos diferentes tanto em serviços,^como em dons e até mesmo na raça, masnuma coisa todos nós crentes somos iguais:todos fomos batízados^pjdiLjnesmQ Espíri-to, portanto somos um mesmo corpo.

B. Crente sem o Espirito?

Certamente a referência do apósto-lo ao batismo nesse texto nada tem a vercom cTbatismo com água, e nem mesmocom o que aconteceu no dia de Pentecos-tes, pois nem Paulo nem os corfntios láestiveram naquele dia. Mas, então, quan-do Paulo e todos os crentes da cidade de

Corinto foram batizados? Nenhuma ou-tra resposta pode ser coerente a não ser:no dia da conversão deles. Não havia duasclasses dentro da Igreja de Corinto. To-dos os que pertenciam ao corpo de Cristoforam batizados com o Espírito Santo. Eesse não é o único lugar em que isso ficaclaro. Em Romanos 8.9 Paulo escreveuigualmente "Vós ... não estais na carne,mas no Espírito, se, de fato, o Espírito deDeus habita em vós. E, se alguém nãotem o Espírito de Cristo, esse tal não édele". O texto é claro: se alguém não temo Espírito de Cristo, essa pessoa não per-tence a Cristo. Paulo não diz que se al-guém não tem o Espírito é crente de se-gunda classe, mas que não é de Cristo,ou seja, não é crente, não é convertida.Não, podem existir duas classes de cren-tes dentro de uma igreja. Todos os verda-deiros crentes foram batizados com o_JBsr_pírito Santo.

C. A força do "nós"

Na língua original em que foi escri-to o Novo Testamento há uma grandeênfase na palavra "nós" nessa passagem.Paulo poderia ter escrito o mesmo textosem usá-la, e o significado seria entendi-do, mas ele fez questão de dizer "todos .nós fomos batizados". Com essa expres-são, ele não admite excecoes. Todos osverdadeiros crentes foram batizados como Espírito Santo.

D. Quem tem sede bebei

Da mesma forma Paulo enfatiza quetodos já puderam beber do mesmo Espí-rito. Note a conexão entre "beber" aqui eo que é dito em João 7.37,38: "No últi-mo dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede,venha a mim e beba. Quem crer em mím,como diz a Escritura, do seu interior flui-

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24 A Essência da Fé—Parte 5— O que a Bíblia ensina, sobre o Espírito Santo

rao rios de água viva. Isto ele disse comrespeito ao Espírito que haviam de rece-ber os que nele cressem". Quem Fosse atéJesus e bebesse receberia o Espírito Santoquando cresse. Todos os que creram jákekejcam_d.Q_J^spfrito Santo, ou seja, jáforam banzados.

um só Deus e Pai de todos, o qual é sobretodos, age por meio de todos e está emtodos" (Ef 4.4-6). Graças a Deus porquea Igreja dele não está dividida. Não hádivisões ou classes distintas de crentesdentro da Igreja,

CONCLUSÃOE. A força., do um Umaj^rande confusão tem sido causadaEm um único Espírito Jesus bati- na igreja BQH-lídaces^flue ensinam a ne-

zou todos os crentes num único corpo, cessidade de uma segunda obra da graça.-quer judeus, quer gregos, quer escravos _ Por todos os lados podemos ver, frustra-querjivres. Nada poderia ser mais enfáti-co. De fato não há classes distintas de cren-tes. Em um só Espírito foi estabelecidauma só igreja. Não há crentes parciais,assim como não há membros parciais docorpo de Cristo. Não há meio termo.Gaiatas 3.26-28 afirma: "... todos vós soisfilhos de Deus mediante a fé em CristoJesus; porque todos quantos fostesbatizados em Cristo de Cristo vosrevestistes. Destarte, não pode haver ju-deu nem grego; nem escravo nem liber-to; nem homem nem mulher; porquetodos vós sois um em Cristo Jesus". To-dos os crentes em Cristo se tornarammembros plenos de seu corpo, que e aIgreja, no exato momento em que foramsalvos, pois "há somente um corpo e umEspírito, como também fostes chamadosnuma só esperança da vossa vocação; háum só Senhor, uma só fé, um só batismo;

cão e_ desapontamento na vida de muitosque ainda não conseguiram checar a essasegunda bênção. O problema é que, quan-do alguém acha que precisa buscar algoque não tem, certamente deixa de darimportância ao que já tem. Ora todos oscrentes já possuem a obra da graça emsuas vidas e possuem os meios para al-cançar a verdadeira santidade. Deixam devalorizar o que Deus já lhes deu para bus-car aquilo que não existe.

APLICAÇÃO1. Que importância temos dado à obra

do Espírito Santo em nossa vida?2. Precisamos nos sentir inseguros diante

dos ataques daqueles que julgam queainda não chegamos lá?

3. Cremos no que a Bíblia diz ou no queas pessoas ou mesmo as experiênciasapontam?

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Lição 6 Texto básico: Romanos 8.1-17; 1 Coríntios 2.6-16

O TESTEMUNHO INTERNO EA ILUMINAÇÃO DO ESPÍRITO

INTRODUÇÃOJá_falam.os bastante sobre a obra do Espí-rito Santo no mundo e na vida do crente.De certa forma, alguns ^spêcíõT^dãrtP"coes passadas dizem respeito a uma obrainterior do Espírito Santo. Quando pen-samos em regeneração, santificação oucerteza da salvação, sabemos que essas sãocoisas que o Espírito Santo realiza dentrode nós e, portanto, são obras internas. Masnesta lição queremos falar daquilo que éj_ i— • ""• ~ í ^mais normalmente atribuído ao EspíritoSanto, e que diz respeito à obra dele detestemunhar e iluminar. O testemunhointerno do Espírito Santo e a iluminação^são coisas de imensa importância paranossa vida, dizenaorespeito ao nosso statusde filhos _de .Deu.s_e_crentes_ern ..Gr isto Je.:tsus, bem como da certeza dessas coisas.

l. O TESTEMUNHO INTERNOOajp^stolo_jPaulo diz: "O próprio Espíri-to _te_stifica com o jiosso^ espírito que so-mos filhos de Deus" (Rm 8.16). Em todoo capítulo 8 de Romanos, Paulo está fa-lando sobre a nova condição em que ocristão se encontra a partir da conversão.Ele diz que é uma realidade de absolvi-ção completa, pois nenhuma condenaçãoexiste para quem está em Jesus (Rm 8.1).Es^ãTnova realidade é totalmentemediadapelo Espírito. Esse Espírito nos livrou do

pecado e da morte, que era a consequêncianatural de nossa natureza pecaminosa,porém, quando nos uniu a Cristo, o Es-pírito nos introduziu em uma nova vida,a vidado Espírito J^Rm_.8.2i.4). Por suavez, agora os crentes precisam tomar umadecisão por essa vida ncTEspirito, umavez que, continuar inclinando-se para acarne é caminhar para a morte, pois acarne não consegue se sujeitar a Deus e,por isso, quem está na carne não agradaa Deus (Rm 8.5-8).

A. O Espírito garante nossa filiação fAA

O ponto, porém, que Paulo quer ar-gumentar_é que_^Vós ... não estais na car-ne, mas no Espírito, se, de fato, o Espíri-to de Deus habita em vós. E, se alguémnão tem o Espírito de Cristo, esse tal nãoé dele" (Rm 8.9)L_Se o Espírito está emnós, Paulo diz, certamente não estamosmais na carne. Além disso, podemos dei-xar para trás a nossa velha vida, porqueela não existe mais (Rm 8.10). Ao mes-mo tempo, o Espírito que está em nós,passa a nos vivificar, dando-nos uma vidade ressuscitados, ou seja, uma vida nova(Rm 8.11). O resultado disso é que nãodevemos mais nada para a carne, e nãotemos obrigação nenhuma de servi-la (Rm8.12). Em seguida, ele acrescenta umnovo dado que ainda não havia sido con- ^

Para ler e meditar durante a semanaD —Romanos 8.1-17-O Espírito na confirmação dos crentes; S— l Coríntios 2.6-16 —A ilumina-

ção dos crentes; T-2 Coríntios 4. l-6-Deus tirou nossa cegueira; Q-Atos 16.13,14 — 0Espírito confirma a Palavra; Q — Efésios 4.17-24 - Obscurecimento antes do Espírito;

S -Efésios 1.15-19—A iluminação dos crentes; S-Efésios 5.11-14 —Iluminados por Cristo

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26 A Essência da Fé—Parte5—O que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

siderado: "... todos os que são guiados peloEspírito de Deus são filhos de Deus5' (Rm8.14). Seu argumento é que, uma vez quesomos filhos, já não precisamos viver afas-tados de Deus, nem submissos à realida-de do mundo e da carne. Somos filhoscomo Jesus. O pecado não pode dominarum filho de Deus, por isso ele continua:"Porque não recebestes o espírito de es-cravidão, para viverdes, outra vez, atemo-rizados, mas recebestes o espírito de ado-çao, baseados no qual clamamos: Aba, Pai"(Rm 8.15). Escravos éramos antes de ser-mos unidos a Cristo, agora somosadotados em Cristo, e desfrutamos de umrelacionamento íntimo com Deus. Mascomo eu posso ter certeza de que todasessas coisas realmente aconteceram comi-go? Paulo responde: "O próprio Espíritotestifica com o nosso espírito que somosfilhos de Deus" (Rm 8.16). É como seele dissesse: olhe para dentro de vocêmesmo. Existe algo dentro de você quedá um testemunho inquestionável: p Es-pírito Santo. Ele se comunica com o nos-so espírito, dando-nos certeza íntima deque somos salvos. Calvíno diz, "nossamente, por iniciativa própria, jamais noscomunicaria tal segurança se o testemu-nho do Espírito não a precedesse".1 Pormais que as obras tenham uma grandeimportância na confirmação da conver-são, o testemunho interno do EspíritoSanto é o primeiro que deve ser ouvido.Cadaum deve buscar dentro de si mes-mo a certeza de sua salvação. E pelo tes-temunho do Espírito qpp_a grara He Deqsnos é conscientízada.

B, O Espírito e a. Palavra.

Como já vimos em outra lição, oEspirito Santo inspirou a Palavra. Então,primeiramente, o Espírito confirma den-

tro de nós que a Bíblia é a Palavra de Deus.Esse é um dado importante, porque pçrmais que tenhamos uma boa apologética,e consigamos levantar bons argumentosa favor da integridade e da autoridade daPalavra de Deus, sabemos que os incré-dulos a rejeitam. Para que alguém acredi-te na Bíblia, o Espírito Santo precisaconvencê-lo antes. Calvino, o teólogo 3aPalavra e do Espírito, escreveu magistral-mente sobre este ponto:

"O testemunho do Espírito é supe-rior a todos os argumentos. Deus na suaPalavra é a única testemunha adequada arespeito de si mesmo, e, de maneira se-melhante, sua Palavra não será verdadei-ramente crída nos corações dos homensaté que tenha sido selada peio testemu-

, nho do seu Espírito. O mesmo Espírito-, que falou por meio dos profetas deve en-

trar em nosso coração para convencer-nosque eles entregaram fielmente a mensa-

- gem que Deus lhes deu." Embora as Es-- crituras manifestem sinais claros e

inquestionáveis da sua autoridade divinae exibam evidências satisfatórias da suaorigem divina, essas evidências não nospersuadem plenamente até que, ou amenos que, sejam seladas em nosso cora-ção por meio do testemunho interior doEspírito Santo. Lembramos nesse pontodo caso de Lídia. jSía cidade de Filipos,Paulo encontrou essa mulher num localde oração. Lura.1; nos diz que Lídia, 3acidade de Tiatíra. vendedora de púrpura.temente a Deus, escutava a pregação dosevangelistas, e então, "o Senhor lhe abriuo coração para atender às coisas que Pau-lo dizia" (At 16.14). Evidentemente Pauloestava pregando a Palavra de Deus. Deusagiu na vida de Lídia levando-a a aceitara Palavra que lhe estava sendo pregada,

1 João Calvino. Romanos. São Bernardo do Campo: Edições Parakletos, 1997 (Rm S.16), p. 279

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O Testemunho Interno e a Iluminação do Espírito 27

ou seja, aceitar a autoridade dessa Pala-vra. Sproul diz que o Espírito "... operaem nosso espírito para quebrar e vencernossa resistência à verdade de Deus. Elenos move a nos rendermos ao ensino cla-ro da Palavra de Deus e a abraçá-la cheiosde confiança".2 O Espírito não falseia asevidências, antes desobstrui as nossasmentes e corações para enxergá-las, sen-do assim persuadidos por elas. Por isso, otestemunho interno do Espírito Santosempre deve estar ligado à Palavra deDeus, A certeza que temos de nossa sal-"vação decorre desse testemunho vincula-do à Palavra que produz em nosso interi-or a convicção de nossa aceitação por par-te de Deus, mediante a obra de Jesus.

Não devemos, porém, imaginar queesse testemunho do Espírito dentro denós seja algo tão místico a ponto de tor-nar nossa fé algo subjetivo. Devemos to-mar muíto cuidado com o estilo de reli-gião muito popular em nossos dias para aqual os sentimentos pessoais são conside-rados autoridade absoluta. É comum aspessoas dizerem: senti no coração quedevo fazer isso. A Bíblia diz que devemoster cuidado com nosso coração (Pv 28.26),poís, por natureza, ele é corrupto (Jr17.9)) e uma fonte donde nem sempreprocedem coisas boas (Mt 15.18,19; Lc6.45; Tt 1.26). O testemunho interiordo Espírito Santo não vem do nosso co-ração, vem do Espírito por meio da Pala-vra. Sproul diz: "Não é um testemunhoseparado ou desprovido da Palavra".3

II. A ILUMINAÇÃO DO ESPÍRITOA obra de iluminação do Espírito navida do crente é uma das maiores bên-çaos que Deus concede ao ser humano.

Nessa dwisão procuraremos entendercomo ela funciona.

A. Inspiração e Iluminação ^

(j) Inspiração é o ato do Espírito Santopelo qual ele dirigiu e supervisionou osescritores bíblicos para que registrassema revelação de Deus. Isso significa que al-guém "inspirado" é alguém que está soba direção do Espírito Santo de tal modoque ao escrever algo, está registrando aPalavra de Deus. Esse processo de inspi-ração atingiu exclusivamente os escrito-res da Bíblia. Se ainda houvesse inspira-ção hoje, teríamos que dizer que a Bíbliacontinua sendo escrita. Iluminação refe-re-se à atuação do Espírito Santo capaci^tando os homens a entenderem a Palavrade Deus. A iluminação não provê infor-mações ou revelações além daquelas en-contradas na Bíblia. A iluminação escla-rece a Bíblia para nós. O Espírito Santonos convence da verdade da Palavra deDeus e, então, nos ajuda a entender e aaplicar essa verdade em nossa vida. O tes-temunho interno nos falou sobre o acei-tar" a Palavra de Deus, mas a iluminaçãofaz com que ela_possa ser "entendida".Ambas as coisas, porém, são operadas peloEspírito Santo.

B. Luz adicional

Sem essa iluminação do Espírito ja-mais poderíamos entender a Palavra deDeus. Calvino diz, "a carne não é capaz,

~de tão alta sabedoria como é compreen-der a Deus e o que a Deus pertence, semser iluminada pelo Espírito Santo".4 A Es-critura já é luz por si mesma (SI 119.105).Porém, precisamos de uma luz adicionalporque, por natureza, estamos em trevas.

2 R. C. Sproul. Verdades Essenciais da Fé Cristã. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999. Vol 2, p. 13.3 R. C. Sproul. Verdades Essenciais da. Fé Cristã. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999. Vol 2, p. 144 João Calvino. Instítuciân delaRetigíôn Cristiana. Barcelona: Felire: 1994. (2.2.19)

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28 A Essência ãa Fé— Parte 5— O que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

Sproul diz: "... o mesmo Espírito Santoque inspira a Palavra, age para iluminar aPalavra em nosso benefício. Ele derramaluz sobre a Palmer diz:para adquirir conhecimento verdadeironão basta, pois, possuir a clara revelaçãode Deus; o homem precisa também pp_rder ver. E precisamente aqui é onde entrao^Espírito Santo. Dá ao homem não so-mente um livro infalível, mas tambémolhos para que o possa ler".6

C. Vendo o que olhos não viram

Paulo deixa isso bem claro em suaprimeira carta aos Coríntios. Ele diz: "...como está escrito: Nem olhos viram, nemouvidos ouviram, nem jamais penetrouem coração humano o que Deus têm pre-parado para aqueles que o amam" (l Co2.9). Geralmente as pessoas pensam quePaulo está falando sobre o céu, o paraísoque ninguém jamais viu, porém, ele estáfalando do Evangelho de Cristo. EsseEvangelho foi revelado pelo Espírito, con-forme ele declara: "Mas Deus no-lo reve-lou pelo Espírito; porque o Espírito a to-das as coisas perscruta, até mesmo asprofundezas de Deus" (ICo 2.10). Se-gundo esse texto, o Espírito nos revelaaquilo que está na mente de Deus, poisele a conhece. Aquilo que os olhos huma-nos não conseguem contemplar o Espíri-to revela, "... para que conheçamos o quepor Deus nos foi dado gratuitamente"(l Co 2.12). Obviamente, ele está se re-ferindo à salvação pela graça. Porém, "...o homem natural não aceita as coisas doEspírito de Deus, porque lhe são loucu-ra; e não pode entendê-las, porque elas sediscernem espiritualmente" (l Co 2.14).Aquí está a declaração de que o homemnatural, ou seja, o homem não converti-

. ,do, por ainda não ter sido iluminado peloEspirito, não consegue aceitar e entenderessas coisas do Espírito. Ele as acha uma

" grande loucura. A razão estigmatizada pelopecado, que se mostra tão eficaz nas coisasnaturais, perde-se diante do mistério deDeus revelado em Cristo e, também dian-te da revelação geral na natureza.

D. Cegados feio deus desse século

— Paulo explica por que muitas pesso-as não entendem o Evangelho (2Co4.3,4). Essas pessoas estão cegas. Sacanasas cegou. Elas não conseguem entender oevangelho da Palavra de Deus porque lhesfalta um dispositivo interno chamado: en-tendimento. Suas mentes estão obscure-£Ídas fEF4.17.18X Elas só podem crer sefin£mJlnm..i.Dada&J2CcLA6). Essa tarefade iluminar pertence ao Espírito Santo.

E. Iluminação contínua.

Quando age na vida de uma pessoaincrédula, o Espírito Santo abre os olhose os ouvidos espirituais dessa pessoa paraela ver e ouvir a revelação ~de Deus na Es-critura. A pessoa passa a ter convicção deseus pecados e entenderá que a salvaçãosomente é possível na pessoa de Cristo.Mas a obra da iluminação não pára poraí. Durante toda a vida, o crente rerá adisposição essa obra iluminadora do Es-pírito Santo que lhe ajudará a entender aEscritura e a discernir a vontade de Deus.Esse facor de iluminação é um imensodispositivo de ajuda que Deus nos dá peloseu Espírito, a Fim de que desenvolvamosuma vida de sabedoria e obediência à suavontade. Nesse sentido, Paulo orava pe-los crentes a fim de que Deus concedesse"... espírito de sabedoria e de revelaçãono pleno conhecimento dele, iluminados

5 R. C. Sproul. Verdades Essenciais da Fé Cristã. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999. Vol 2, p. 156 Edwin H. Palmer. EtEsfirítu Santo. Edinburgo: The Banner ofTruth Trust, 1995. p. 68

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O Testemunho Interno e et Iluminação do Espírito

os olhos do vosso coração, para saberdesqual é a esperança do seu chamamento,qual a riqueza da glória da sua herança nossantos e qual a suprema grandeza do seupoder para com os que cremos, segundo aeficácia da força do seu poder" (Ef 1.17-19). Mediante a iluminação do Espíritopodemos compreender as grandezas deDeus para nossa vida e desfrutar delas.Nesse sentido, João chamava a iluminaçãode "unção que vem do Santo", a qual eraresponsável pelo conhecimento que os cris-tãos têm da verdade (IJo 2.20,21). Joãoapela para essa unção a fim de evitar queos crentes sejam enganados por falsos en-sinos. Evidentemente, precisamos dizermais uma vez, que esse conhecimento estásempre ligado à Palavra de Deus, que é aPalavra da Verdade (Jo 17-17).

29

CONCLUSÃOO testemunho interno do Espírito Santoe sua obra de iluminação são duas gran-des bênçãos de Deus para nossa vida, quenpsdão certeza da salvação, confiança naPalavra de Deus e capacitacão para sabera vontade de Deus através da Palavra dele.'O crente deve fazer uso dessas coisas, afi-nal, JJeus concedeu isso justamente paraò~rTÔsso desenvolvimento espiritual.

APLICAÇÃO -Devemos sempre buscar na leitura daPalavra, juntamente com a oração, o dis-cernimento da vontade de Deus,ando que o Espírito Santo nos iluminaráe nos dará sempre a direção.

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Lição 7 Texto básico: Efésíos 5.18-21

A PLENITUDE DO ESPÍRITOINTRODUÇÃOA Plenitude do Espírito Sanco é a vidaidealizada por Deus para todos os cren-tes. Jb o segredo do sucesso espiritual, e agarantia da felicidade e da realização decada pessoa. Quando criou o ser humanoà sua imagem. Deus estabeleceu um re-iacionamento íntimo com ele. Esse rela-cionamento se quebrou por causa do pe-cado. Em Jesus Cristo o ser humano érestaurado ao relacionamento pessoal comDeus no nível mais elevado: passa a serhabitação do Espírito. Assim, podemosdesfrutar do maior benerício imaginável~Sem essa plenitude, somos muito poucodiferentes da maioria das pessoas. A ple-nitude nos torna realmente diferentes.

l. UMA OBRA CONTÍNUAComo diz Stott. "... quando falamos dobatismo do Espírito estamos nos referin-do a uma concessão definitiva; quandofalamos da plenitude do^Espírito estamosreconhecendo que é preciso apropriar-secontínua, e crescentemente deste dom"} Por-tanto, reconhecer que o batísmo é umaexperiência da qual não participamos nãofaz de nós pessoas inatívas. Temos a res-ponsabilidade da plenitude do Espírito.Porém, devemos entender bem: em lugaralgum a Bíblia nos manda buscar o ba-usmo com o Espírito, pois, todos o rece-bemos quando cremos. Porém, a Bíblianos manda buscar a plenitude, o enchi-

mento do Espírito. Isso nos leva ao en-tendimento de que é bem possível alguémter sido barizado com o Espírito, mas seesvaziar desse Espírito e precisar ser enchidonovamente. Não significa que ele será ba-nzado outra vez, pois o batismo é único,porém, ele será enchido novamente, poisa plenitude é algo a ser buscado sempre.

gr)í'. No dia do Pentecostes (At 2) os dis-cípulos receberam o batismo e a plenitu-de do Espírito. O batismo nunca mais se

. repetiu, mas a plenitude sim. Em Atos4, a Igreja enfrentou a primeira persegui-ção. Os sacerdotes prenderam os apósto-los e os lançaram na prisão. Após interrogá-los, exigiram que não falassem mais nonome de Jesus e lhes fizeram ameaças (At4.1-3,18,21). Quando foram soltos, oscrentes se reuniram e começaram a orar:"Senhor, olha para as suas ameaças e con-cede aos teus servos que anunciem comtoda a intrepidez a tua palavra, enquantoestendes a mão para fazer curas, sinais eprodígios por intermédio do nome do teusanto Servo Jesus" (At 4.29,30). Lucas re-lata a resposta de Deus àquela oração:"Tendo eles orado, tremeu o lugar ondeestavam reunidos; todos ficaram cheios doEspírito Santo e, com intrepidez, anunci-avam a palavra de Deus" (At 4.31). Eles jáhaviam sido batizados com o Espirito, masprecisaram de um novo enchimento do Es^pírito para continuar a obra de Deus.

Para ler e meditar durante a semanaD —Atos 4.23-31 —A Igreja ora e é novamente enchida; S —João 7-37-39 — Quem quiser pode sercheio; T—João 4.1-15— Jesus oferece o Espírito; Q-Atos 6. l-7 — O Espírito capacita para a obra;

Q—Atos 4.30 —Não entristecer o Espírito; S — lTessa!onÍscenses5.10 —Não apagar o EspíritoS — Gaiatas 5.ló —Andar no Espírito, vencer a carne

1 John Stott. Batismo e Plenitude do Espírito Santo. 2a Edição. São Paulo: Edições Vida Nova, 1986, p. 35

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A Plenitude do Espírito

II. ENCHEI-VOS DO ESPÍRITOEm Efésios 5.18 Paulo diz: "... não vosembriagueis com vinho, no qual há dis-solução, mas enchei-vos do Espírito". Aprimeira coisa que notamos nn reyrcLjLa..expressão: "enchei-vos". O verbo está no

\y\moao imperativo, o que significa que é umaordem a ser obedecida. Devemos consí-

31

como recurso para fugir de seus proble-mas pelo entorpecimento de suas men-tes, devem os crentes buscar o discerni-mento do Espírito para compreender avontade de Deus (Ef 5.17). J3 enchimen-to do Espírito produz consciência, não a

. perda do controle por meio da ênfase naemocjto em detrimento da razão. Para queo contraste ficasse bem claro, Paulo nãousa para o enchimento do Espírito o ver-bo "embriagar". Antes, nos fala de um

dade de sermos cheios do Espírito. O ver-bo.está no tempo presente^ expressando

derar essa ordem tão importante quantoas outras que a Bíblia nos dá, com o ./pó rexemplo, não matar, ou pregar o EvanggrIho.jTemos a obrigação e a responsabili-^ enchimento consciente e santamente vo

luntário. A expressão do Espírito con-duz-nos a emoções santas; a emoçãomundana limita toda a sua vida ao cor-po, substituindo a alegria do Espíritopela intoxicação alcoólica. O cristão, aocontrário, busca o sentido da plenitudeda sua existência, na plenitude do Espí-rito. "O Espírito Santo opera diferente-mente. Não, .exige uma mente vazia: aocontrário, enche e controla a mente. Trazordem e profundidade ao conhecJmen-

cesso permanenif- r n n r f n n n . pelo qualvamos, cada vez mais, sendo dominadospor ele, passando a ter a nossa mente, onosso coração e a nossa vontade — o serintegral —, submetidos ao Espírito. Porisso, podemos interpretar o texto deEfésios 5-18, como que Paulo dizendo:"Sede constantemente, momento apósmomento, controlados pelo Espírito".Outro aspecto importante é que o verbo

que indica que a ordemassim,

todos os crentes têm a obrigação de se-rem cheios do Espírito Santo. Além dis- -v p r p r a S ) 0

to. às afeições e às emoçSes. (...} O álco-ol é destruidor dos sentidos, mas o Es-pírito Santo é construtivo."2

O álcool leva a perda do controle, efaz com m

só, o verbo está na voz passiva, o^ucde^ bom sensQ) e

monstra que a ação de encher é do Espf-rito e não nossa. Uma boa tradução po-deria ser "deixai o Espírito vos encher".

nos dá autocontrole,cpm qu£ nQssas

seam

Mas isso não significa que sejamos passi-vos. Como veremos abaixo, alguém ficacheio bebendo.

Paulo faz um contraste entre a em-briaguez — que gera a dissolução de todosos bons costumes, devassidão e libertina-gem — e o enchimento do Espírito. Por-tanto, em vez de procurar a excitação de-senfreada da bebida, ou a embriaguez

III. QUEM TEM SEDE, VENHAJesus fez uso de um ritual da Festa dosTabernáculos para ilustrar algo de Imen-so valor. Um sacerdote saía com uma pro-cissão e buscava num jarro de ouro umpouco de água da piscina de Siloé. Aque-la água seria derramada no altar e, prova-velmente, simbolizasse o próprio derra-mamento futuro do Espírito Santo queEzequiel e os profetas haviam anunciado

2 Erroll Hulse, O Batismo do Espírito Santo, São José dos Campos, SP.: Fiel, 1995, p. 113.

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32 A Essência da Fé—Parte 5—O que a Bíblia ensinei sobre o Espírito Santo

(Is 44.3; Ez 39.29; Jl 2.28). Jesus, en-tão, levantou-se e falou de uma água me-lhor, o Espírito Santo (Jo 7.37-39). Elejá havia oferecido essa água à mulhersamaritana no poço de Jacó (Jo 4.10-15).Jesus nos explica aqui como esse Espíritopode serconseguidb — bebendo: "Quemtem sede venha a mim e beba". Q méto-do divino pelo qual podemos ser enchidoscio Espírito _SaatajLo._mais simples de ro-

pode ser feito a qualquer momento, emqualquer lugar, e em qualquer situação.

IV. A NECESSIDADE DO ENCHI-MENTOQuais são os benefícios de sermos cheiosdo Espíritoj^asicamente são duas razoes:ele nos dá maturidade e nos capacita parao serviço.

A. Maturidade

Quando nascemos de novo passa-mos a ser "crianças" ou mesmo "bebêsir

em Cristo. Precisamos crescer. Esse cres-cimento vem pelo enchimento do Espí-rito Santo. Certa ocasião Paulo teve quedizer aos Coríntios: "Eu ... não vos pudefalar como a espirituais, e sim como a car-nais, como a crianças em Cristo" (l Co3.1). Paulo havia detectado uma série deproblemas na Igreja de Corinto: divisões,orgulho espiritual, fornicação e uso im-próprio dos dons espirituais. O enchi-7

mento do Espírito nos faz espirituais, ouseja, madutos na fé. A falta desse enchi-mento nos torna débeis, e presa fácil domundo, da nossa própria natureza peca-minosa e do diabo.

B. Serviço

Desde o Antigo Testamento^o Es-p frito capacitava pessoas para funções es-peciais na obra de Deus. Toão Batista foicheio do Espírito Santo desde o ventre

materno para ser o precursor de Cristo(Lc 1.15-17). Os diáconos escolhidos emAtos 6, para servir as mesas, tambémeram cheios do Espírito Santo (At 6.3-5). Barnabé era homem cheio do Espíri-to Santo (At 11.24). Paulo não poderiaser diferente. Somos informados de que,quando ficou cheio do Espírito, ele ime-diatamente começou a pregar que Jesusera q Filho de Deus (At 9.17,20). E hou-ve momentos em que os crentes foram no-vamente enchidos, de acordo com a ne-cessidade da ocasião. A Igreja ficou cheiadoEspírito após as ameaças e. então, commais intrepidez anunciou o Evangelho .{At4.31,32). Pedro estava cheio do Espírito

""Santo quando encarou o Sinédrio que ojulgava (At 4.8). Estevão também, nomomento em que foi martirizado (At7.55). E Paulo, quando repreendeu o má-gico Elimas, estava novamente cheio doEspírito (At 13.9). Tudo isso nos apontapara a necessidade da plenitude do Espí-rito Santo para realizar o serviço na obra^de Deus, e nos lembra que o sucesso nes-sa obra não é "por força, nem por poder,mas pelo meu Espírito" (Zc 4.6). E Im-possível realizar a obra de U eus sem esseenchimento do Espírito. Mas, a grandenotícia é que podemos ser enchidos a qual-quer momento. Quem tem sede, beba.

V. MANTENDO A PLENITUDEPara sermos cheios do Espírito devemosir a Jesus e beber. Mas, quando estamosesvaziados, há dificuldades em ir a Jesus,porque a nossa carne fará de tudo paraimpedir. O segredo é evitar o esvaziamen-to. A Bíblia nos aponta algumas condi-cõesque devem ser observadas a fim deque possamos manter essa plenitude!

A. Não entristecer o Espírito

Em Efésíos 4.30> Paulo diz; "... nãoentristeçais o Espírito de Deus". Ainda

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A Plenitude do Espírito 33

neste trimestre falaremos mais sobre essaquestão. Oque devemos pensar nesse mo-mento é que o Espírito se entristece quan-do estamos cedendo ao pecado. No con-texto, Paulo está falando sobre abandoj-nar a mentíra (4.25). refrear a íra (4.26),não dar lu^ar ao diabo (4.27), trabalhare socorrer os necessitados, em vez de fur-tar (4.28), evitar palavras torpes (4.29),bem como amargura, cólera, ira, grita-ria, blasfémias e malícia (4.31). O peca-do entristece o Espirito que está dentrode nós, e isso certamente faz com quepercamos a plenitude.

B. Não apagar o Espírito

Somos exortados a "não apagar oEspírito" HTs 5.191. O contexto indicaque Paulo está falando sobre o ministério(5.12,13). Ele fala sobre a necessidade deajudarmos uns aos outros (5.14,15), deestarmos sempre alegres na obra de Deus(3.16)» de orarmos sempre e sermos agra-decidos a Deus por rndo CS.17.181. Fala3e não desprezarmos as profecias,rnas asjulgarmos, com o critério da Palavra deDeus, abstendcMios do mal, qualquer que'seja a sua aparência (5.20,21). Portanto,"apagar o Espirito é deixar de fazer essascoisas. E não dar a devida importância àobra dele. £ esfriar na prática das virtu-_dês cristãs, da oração e da Palavra de Deus.-

C. Andar no Espírito

As vezes pensamos que é preciso lu-tar contra a carne para vencer o pecado eas tentações. Mas essa lura não é nossa(Gl 5-16). Essa é a luta do Espírito con-rraja r,arner a carne milha contra o

Espírito, e o Espírito, contra a carne, por-que são opostos entre sí; para que nãofaçais o que, porventura, seja do vosso que-rer" (GULIZL A luta já é bastante real.Não somos chamados para entrar nela,

somos chamados para "andar no Espiri-to" e ele fará o resto. O fruto do Espírito,que é consequência da plenitude do Es-pírito, acontecerá naturalmente em nós.Tão natural quando um fruto pode ser.

VI. AS CONSEQUÊNCIAS DA PLE-NITUDEDevemos pensar ainda nas consequências^de uma yí.da cheía do Espírito Santo. Po-deríamos resumir dizendo que será umavida de obediência ao Senhor. Mas há al-guns elementos que podem se destacados.

A. Bênçãos no relacionamento

Após proibir a embriaguez e orde-nar a plenitude do Espírito, Paulo listouquatro consequências desse enchimento^Ele fala de bênçãos espirituais desenvol-vidas no relacionamento com os outros.irmãos {Ef 4.1

1. A primeira consequência é a^deestar "falando entre vós com salmos". Issonos aponta para a comunhão. Pessoascheias do Espírito "falam entre si", ou seja,mantêm um relacionamento de amor eedificação mutua. E Ínteressjmteaue__elas.não falam qualquer coisa entre si, mas "sal-mos , ou seja, algo da Palavra de Deus, afím de edificar um ao outro.

2. Asegunda consequência é o lou-vor do Senhor: "entoando e louvando decoração ao Senhor com hinos e cânticosespirituais". O texto nos aponta para asinceridade, adedicaçao e o modo varíã-

'̂ Õ~cTJrrru dtiVeTnos cantar ao Senhor, exal-çando seu nome. Alguém cheio do Espí-nto gosta muito de fazer isso.

3. A terceira consequência é ser agra-.decido a Deus: "dando sempre graças portudo a nosso Deus e Pai, em nome denosso Senhor Jesus Cristo". Alguém cheiodo Espírito Santo não vive murmurando.Ele consegue achar, mesmo nas situações

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34 A Essência da Fé—Parte 5 — O que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

.ruins, motivos legítimos para agradecerao Senhor.

4. E a última consequência é a sub-missão: "sujeitando-vos uns aos ourros notemor de Cristo". Exaltação própria nãocombina com plenitude do Espírito San-

_to. Já dissemos em outra lição' que o Espí-rito não glorifica a si mesmo, mas a Jesus.Então, podemos dizer que em hipótesealguma ele glorifica aquele que esra sendoenchido por ele. Para ilustrar isso, Paulocontinua falando da submissão da esposadiante do marido, dosjBlhos perante os paíse dos empregados perante _os_.patrÕes.

B. Vencer a. carne

Ainda há mais uma consequência,embora não estejamos esgotando o as-sunto, que é a de vencer a carne. Se an-darmos no Espírito nunca satisfaremosos desejos da carne (Gl 5.16). Quandoestamos cheios do Espírito, o mundonão brilha tanto para nós, não nos rasci-

na. Satanás já não é tão ameaçador, enossa carne fica bastante enfraquecida.Ser cheio do Espírito é a garantia de umavida crista autêntica.

CONCLUSÃOA plenitude do Espírito é a vida ideal docrente. Nada menos do que Isso deve nossatisfazer. Essa vida está acessível a todosos convertidos, pois Jesus continua aces-sível a todos dizendo: venha e beba.Quando deixamos o pecado se avultar emnós, perdemos o que temos de mais pre-cioso: essa comunhão com Deus medi-ante a plenitude do Espírito.

APLICAÇÃOFaçamos uso diligente de todos os recur-sos que a Palavra nos indica para sermosenchidos do Espírito Santo e para que nãopercamos essa plenitude. Que nosso ob-jetivo na vida seja esse enchimento, nadamenos do que isso.

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Lição 8 Texto básico: Gaiatas 5.16-25

O FRUTO DO ESPIRITO SANTOINTRODUÇÃONa Igreja, os dons do Espírito são muitomais populares do que o fruto do Espíri-to. É comum ver crentes otando por dons.Mas, raramente vemos alguém orandopelo fruto. E não é difícil fácil saber oporquê: os dons nos falam de algo extra-ordinário, sugerindo poder e feitos mag-níficos. O fruto nos fala da dura rotinade evidenciar um caráter transformado.,Como diz Sproul, "o fruto do Espíritoparece estar condenado à obscuridade,oculto na sombra dos dons mais preferi-dos".1 Porém, a grande evidência de quealguém é cheio do Espírito são os frutos enão necessariamente os dons. Isso nos lem-bra as palavras de Jesus: "Não pode a ár-vore boa produzir frutos maus, nem a ár-vore má produzir frutos bons. Toda árvo-re que não produz bom fruto é cortada elançada ao fogo. Assim, pois, pelos seusfrutos os conhecereis" (Mt 7.18-20). Opróprio Jesus disse que a simples evidên-cia de poder na vida das pessoas não sig-nifica necessariamente conversão: "Mui-tos, naquele dia, hão de dízer-me: Senhor,Senhor! Porventura, não temos nós pro-fetizado em teu nome, e em teu nomenão expelimos demônios} e em teu nomenão fizemos muitos milagres? Então, lhesdirei explicitamente: nunca vos conheci.Apartai-vos de mim, os que praticais a ini-

quidade" (Mt 7.22,23). O critério não éo poder, mas a obediência, a vida real-mente transformada. Isso nos ensina que,mais do que manifestações espirituais, de-víamos buscar a real transformação de vidaque se demonstra em atitudes práticas deobediência à Palavra de Deus.

I. GUERRA SEM TRÉGUASQuando nos convertemos, já nos encon-tramos envolvidos em um terrível com-bate que já vem sendo travado há muitotempo. Paulo diz que estamos em meio auma guerra que não é contra "o sangue ea carne, e sim contra os principados epotestades, contra os dominadores destemundo tenebroso, contra as forças espi-rituais do mal, nas regiões celestes" (Ef6.12). Não há como escapar dessa guer-ra. Uma vez que fomos tirados do impé-rio das trevas (Cl 1.13), agora todo aque-le império é nosso inimigo. Por isso sónos resta vestir a armadura, empunhar aespada e orar sem cessar (Ef 6.11-18). Masera de se esperar que a luta fosse apenasexterna. O problema é que há uma lutadentro de nós também: "... a carne mili-ta contra o Espírito, e o Espírito, contraa carne, porque são opostos entre si; paraque não façais o que, porventura, seja dovosso querer" (Gl 5-17). Esta é uma ba-talha terrível. O velho homem, a nature-

Para ler e meditar durante a semanaD - Mateus 7.18-23 — Frutos ou poder; S - Romanos 5.5 — O amor através do Espírito;

T — Romanos 14.17 - A alegria do Espírito; Q — Fiiipenses 4.7 — Paz que excede o entendimento;Q — Gaiatas 6.8 — Semear para o Espírito; S — Fiiipenses 3.3 - Não confiar na carne;

S — Romanos 8.11-16 — Poder para vencer a carne

1 R. C. Sproul. O Mistério do Espirito Santo. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997. p. 163

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36 A Essência da Fé—Parte 5—0 que a Bíblia ensina sobre o Espírito San to

za humana inclinada para o pecado, nãoquer entregar o terreno de bom grado ese arma até aos dentes a fim de resistir aoEspírito. Como diz Sproul, "embora essaguerra seja interna e invisível, há clarossinais externos da carnificina provocada pelabatalha".2 Ele está se referindo especial-mente ao que acontece quando a carne ven-ce, pois aparecem as obras da carne.

Paulo diz: "... as obras da carne sãoconhecidas e são: prostituição, impure-za, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimiza-des, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dís-sensões, facções, invejas, bebedices,glutonarias e coisas semelhantes a estas, arespeito das quais eu vos declaro, comojá, outrora, vos preveni, que não herda-rão o reino de Deus os que tais coisas pra-ticam" (Gl 5.19-21). Evidentemente, es-sas obras caracterizam a vida de uma pes-soa não-regenerada. Não significa que umcrente não possa cair em algum desses pe-cados ocasionalmente, porém, se eles fo-rem evidências contínuas na vida de al-guém, como Jesus disse, isso caracterizaárvore má, ou seja, ausência de conver-são. A lista parece falar de pecados quetem relação com o sexo (prostituição,impureza, lascívia), com a religião (ido-latria, feitiçarias), com o relacionamentocom outros (inimizades, porfias, ciúmes,iras, discórdias, dissensões, facções, inve-jas), e por fim com pecados relacionadosaos apetites (bebedices, glutonarias). Po-rém, a lista não pretende ser completa, poisPaulo diz: "e coisas semelhantes a essas".Quatro áreas problemáticas ficam bem fri-sadas: sexo, religião, relacionamento e ape-tites. São quatro áreas em que a naturezapecaminosa gosta de se manifestar.

Vamos considerá-las agora separada-mente:

• Prostituição representa a quebra do séti-mo mandamento e diz respeito a todotipo de relacionamento sexual fora docasamento.

• Impureza inclui o que foi dito sobreprostituição e pode incluir relaciona-mentos homossexuais.

• Lascívia aponta para a disposição men-tal reprovável dando um sentido sexualimplícito que se expressa em palavras,posturas e roupas impróprias eprovocativas.

• Idolatria fala de adorar qualquer outroser ou objeto que não seja Deus. Deus éo único que deve ser adorado.

• Feitiçarias aponta para a prática de ma-gia e todo tipo de espiritismo.

1 Inimizades denota o caráter da pessoaagressiva, hostil e rancorosa.

• Porfias tem a ver com desafiar os outros,provocá-los para discussão ou briga.

• Ciúmes demonstra um caráter egocên-trico, preocupado com suas próprias pos-sessões materiais, pessoais ou espirituais.

• Iras são explosões de cólera.• Discórdias aponta para uma mente quesempre cem uma opinião diferente dosoutros e nunca pode ceder.

• Dissensões dá a ideia de alguém que sem-pre busca criar inimizade entre as pessoas.

• Facções caracteriza-se por partidarismo,são as famosas "panelinhas", o desejo denão se relacionar ou não concordar comos outros.

• Invejas aponta para o desejo de possuir oque o outro possui, seja material ou não.

• Bebedices é o uso descontrolado do álco-ol e de todo tipo de entorpecente.

• Gkitonarias representa a vida de quemvive para encher o estômago, preocupan-do-se apenas com satisfação dos apeti-tes pessoais.

2 R. C. Sproul. O Mistério ao Espírito Santo. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997. p. 164

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O frito do Espirito Santo 37

Como podemos ver, a guerra é real-mente árdua. As armas da carne são po-derosas. Elas atuam em todos os nossospontos mais fracos. E como Paulo diz, sãoconhecidas. São nossas conhecidas ínti-mas. São as coisas mais comuns que en-contramos no mundo, quando ligamos aTV, abrimos o jornal, ou batemos papocom os amigos. Mesmo no recanto denossa mente, e inclusive nos sonhos, elastramitam e fazem guerra contra o Espíri-to. Que Deus fortaleça o seu Espíritodentro de nós!

II. TRÍPLICE RELACIONAMENTOEm contrapartida o fruto do Espíritoapresenta as virtudes da vida crista au-têntica. Stott vê uma tríplice divisão nes-se fruto, que é composto de nove elemen-tos, classificando-o como: relacionamentocom Deus, relacionamento com os outros,e relacionamento conosco mesmos.3

A. Em relação a Deus

1. AmorO amor é o único que figura tanto

na lista do fruto quando dos dons do Es-pírito. É o primeiro e o maís importantenas duas. Paulo diz que o amor de Deus éderramado em nossos corações pelo Es-pírito (Rm 5.5). Pala também explicita-mente do "amor do Espírito'* (Rm 15-30)e "no Espírito" (Cl 1.8). De certa forma,exibir esse amor é evitar todas as obras dacarne (iCo 13.4-7). Esse amor do Espí-rito é possível em nós porque Deus nosamou primeiro (IJo 4.19). Ainda falare-mos neste trimestre sobre o relacionamen-to do amor e os dons do Espírito.

2. AlegriaA alegria do Espírito é urna marca

fundamental do crente, e é uma das ca-

racterísticas principais do próprio reinode Deus (Rm 14.17). Ela está relaciona-da à posição que o crente tem diante deDeus. Não é uma simples euforia por al-guma conquista pessoal, mas uma alegriasincera e profunda oriunda da certeza dasalvação, e que não se abate em meio asdificuldades e provações da vida (Fp 4.4).

3. PazA paz que é fruto do Espírito tam-

bém é bastante diferente da "paz" .que omundo almeja. Essa paz não significaapenas ausência de conflito. O crentepode estar em paz mesmo em meio àsguerras e tribulações da vida, afinal, a vidacrista é uma guerra externa e interna. Essapaz "excede todo o entendimento" (Fp4.7). Como diz Stott, amor, alegria e pazsão características fundamentais do cris-tão, "tudo o que ele faz é concebido comamor, iniciado com alegria e executadocom paz"/

B. Em relação aos outros

1. LonganimidadeUm temperamento longânimo de-

mora em se irritar. Consegue suportar asofensas dos outros e evita totalmente o atode julgar. A característica principal da lon-ganimidade é a capacidade de esperar. Ocrente espera que as coisas mudem a lon-go prazo. Ele não deseja tudo para hoje,pois consegue esperar o momento certo.

2. BenignidadeEssa virtude tem a ver com o devi-

do controle da força. É uma característi-ca própria de Deus que não usa sua forçaalém do necessário. Alguém benigno sabeser bondoso com os que estão errados.

3. BondadeSomente Deus é bom, e é o padrão

da bondade. Quando somos convertidos,

3 John Stoct. Batismo e Plenitude do Espírito Santo. 2:

4 John Stott. Batismo e Plenitude do Espirito Santo. 2:

Edição. São Paulo: Edições Vida Nova, 1986, p. 56Edição. São Paulo: Edições Vida Nova, 1986, p. 56

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38 A Essência da Fé—Parte 5—0 que a Bíblia ensina só bre o Espírito Santo

o Espírito muda nossa essência má, tor-nando-nos bons. Assim, podemos de-monstrar bondade uns com os outros, semesperar nada em troca.

C. Em relação a. nós

1. FidelidadeUm convertido recebe a graça de ser

fiel. Ele não é fiel aos outros, ele é fiel a simesmo. Sua preocupação não é com o queos outros vão pensar, mas sim, com o queDeus pensa dele, e com o que ele pensade si mesmo. Ele deseja agir coerentemen-te com o que recebeu de Deus.

2. MansidãoNão devemos confundir mansidão

com fraqueza. Tem mais a ver com o con-trole da força. Alguém que tem o poder eaté o direito de revidar, mas que abre mãodisso por uma questão de fé) não é umcovarde, é um corajoso. Somente alguémrnuíto corajoso pode ser manso.

3. Domínio próprioEssa é a virtude do autocontrole.

Tem domínio próprio quem recebeu opoder de controlar a língua, os apetites eaté os pensamentos.

III. CARACTERÍSTICAS DO FRUTODevemos notar que há apenas um frutodo Espírito. Ainda que, geralmente fale-mos em "frutos do Espírito", a palavra emGaiatas 5.22 está no singular. Isso faz con-traste com "as obras da carne" que sãomuitas e estão no plural, e também comos "dons do Espírito". Em relação aosdons do Espírito, eles são muitos porquecaracterizam a diversidade de membrosno corpo de Cristo, e por conseguinte,ninguém tem todos os dons. Mas o frutonão tem essa função e, por isso, cada cren-te verdadeiro deve produzir todo o frutodo Espírito. Todo crente tem pelo menos

um dom que lhe foi concedido soberana-mente pelo Espírito, além de ter a res-ponsabilidade de buscar outros dons (Cf.ICo 12.3), porém, corno diz Hoekema,"podemos ser salvos sem muitos dos donsdo Espírito, mas não podemos ser salvossem o fruto do Espírito".5 A unidade dofruto do Espírito, portanto, nos diz quenão podemos escolher virtudes. Devemosevidenciá-las todas. Uma pessoa não podeser apenas "longânima" sem ser "fiel". Domesmo modo não pode evidenciar "amor"sem "domínio próprio".

Mas, uma vez que estamos falandode "fruto", também devemos pensar emseu crescimento orgânico. Isso nos suge-re duas coisas: primeiro, que ele precisacrescer, e segundo, que cresce em certascircunstâncias. Não devemos esperar queuma pessoa recém-convertlda demonstreo fruto do Espírito em sua forma plena.Ele será desenvolvido gradualmente. Issonos leva à segunda observação, pois paraque algo se desenvolva, precisa ser alimen-tado. Usando a analogia da natureza, sa-bemos que uma árvore não precisa fazerforça para produzir frutos, ela precisa dis-por dos elementos necessários, como chu-va, boa terra, sol, etc., e assim os produ-zirá naturalmente. Da mesma forma, ocrente não produz frutos pela força, masquando dispõe dos elementos necessáriospara isso, como a pregação da Palavra, acomunhão entre os irmãos, a oração, ameditação, etc., essas santas influênciasdo Espírito Santo produzirão na vida docrente o bendito fruto do Espírito. Esse éo segredo de "andar no Espírito". Quemanda no Espírito rem a garantia de nãosatisfazer as concupiscências da carne (Gl5.16), e por isso Paulo conclui o assuntono mesmo tom que começou: "Se vive-

! Anthony Hoekema. Salvos Pela Graça. São Paulo: Editora Cultura Crisrã, 1997. p. 51

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Ojhito do Espírito Santo

mós no Espírito, andemos também noEspírito" (Gl 5-25).

CONCLUSÃO

O Espírito da vida, condirz-nos à vida epaz. Andar no Espírito significa agir, deci-dir, planejar e viver sob a díreção e contro-le do Espírito de Cristo, conforme a nossanova condição de filhos da luz (Ef 5-8).

Neste novo contexto devida, encon-tramos no Espírito a capacitaçao paracumprirmos a lei. A lei nos mandava cum-prir seus preceitos; o Espírito nos leva afazê-io com o coração alegre, iíbertando-nosj assim, do domínio do pecado e damorte. A lei revela o nosso pecado, o Es-pírito demonstra a graça através de nossaobediência. Portanto, andar no Espíritoé viver não à revelia da lei, antes é cami-nhar em harmonia com a lei de Deus, queé a "lei da liberdade" (Cf. Tg 1.25; 2.12).É justamente essa a vitória sobre o pecado(Gl 5-1-12,18). "Estar no Espírito signi-fica estar na esfera do reino libertador deDeus, que é mediado pelo Espírito".6

A figura bíblica do "andar" é sig-nificativa pois aponta para a nossa rea-lidade diária de caminhar, deparando-nos com novas e desafiadoras situações,para as quais o Espírito nos conduziráde forma segura conforme as Escritu-ras. Ávida no Espírito é portanto, umaaventura integral na qual descobrimosdiariamente a riqueza da Palavra e a suaperenidade para cada e nova circuns-tância de toda a nossa existência (SI119.105). Andar no Espírito apontapara um novo itinerário e, também, parauma nova qualidade de vida. A Palavrade Deus é o livro que regulamenta osprincípios desse caminhar; "O Espíritonão nos dirige aparte da Palavra/'7

APLICAÇÃODevemos fazer uso de todos os benefíciosconcedidos por Deus para que o EspíritoSanto produza seu fruto em nossa vida.Isso deve ser a maior prioridade de nossavida, uma vez que somos convertidos.

6 George E. Ladd, Teologia, do Novo Testamento, Rio de Janeiro: JUERP, 1985, p. 451.7 A.A. Hoekema, Salvos pela Graça. São Paulo: Cultura Cristã, 1997, p. 59.

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o

Lição 9 Texto básico: 1 Coríntios 12-14

Os DONS DO ESPÍRITO SANTOINTRODUÇÃOConcepções muito diferentes existentes nomeio evangélico em relação à natureza e ouso dos dons do Espírito, causam ruptu-ras, escândalos e confusão em 'muitas igre-jas. Infelizmente, aquilo Deus deu paraservir, e por conseguinte unir os crentes,em muitos lugares, acaba causando de di-visões. Porém, isso não deve impedir queestejamos interessados e que conheçamosbem esse assunto. De acordo com a Bí-blia, os dons do Espírito foram dados afim de ajudar a Igreja na tarefa de evangeli-zação e edificação. Eles são as armas maispoderosas e variadas que Deus deu à suaIgreja a fim de capacitá-la para a missão queprecisa realizar neste mundo. Um dos me-lhores lugares de onde podemos buscarcompreensão dos dons do Espírito são oscapítulos 12—14 de l Coríntios.

I. DEFINIÇÃO DOS DONSPaulo está muito interessado em que oscrentes de Corinto tenham conhecimentoverdadeiro sobre os dons: "A respeito dosdons espirituais, não quero, irmãos, quesejais ignorantes" (iCo 12.1). Essa é umaséria advertência. Ignorância a respeito dosdons espirituais pode complicar seriamenteo ministério e a vida cristã.

A. Unidade e diversidade (lCo 12.4)

Stott nos diz que "a Igreja é uma,

porque o Espírito habita em todos oscrentes. A Igreja é multifacetada, porqueo Espírito distribui diferentes dons aoscrentes. De forma que o dom do Espírito(que Deus nos .dá) cria a unidade da Igre-ja, e os dons do Espírito (que o Espíritodá) diversificam o ministério da Igreja".1Essa é uma afirmação muito importante.De fato, todos os crentes são batizadoscom o Espírito Santo, e isso faz, deles umcorpo (iCo 12.13), ou seja, uma Igrejaúnica e unida. Por outro lado, o Espíritoque habita em todos os crentes distribuidons variados, criando a diversidade demembros que, não obstante, pertencemao mesmo corpo.

B. A Soberania do Espírito (iCo 12.7)

O dom espiritual não é algo queconquistamos, mas algo que nos é dadocom um objetivo. Logo adiante Pauloconclui: "... um só e o mesmo Espíritorealiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, indivi-dualmente11 (iCo 12.11). Dom não équestão de escolha pessoal. Isso certa-mente tem a ver com a necessidade daIgreja. Se os dons são dados visando aum fim proveitoso, certamente o Espí-rito concede soberanamente os donsmais ateis a um determinado lugar, e aum determinado tempo.2

Para ler e meditar durante a semanaD — l Coríntios 12.1-11 — Muitos dons, mas um só Espírito; S- l Coríntios 12.12-26 —Muitos

membros, mas um só Corpo; T — l Coríntios 12.27-30 —Dons e valores diferentes;Q— l Coríntios 12.31-13.13 — O dom mais importante; Q — l Coríntios 14.1-19 — O mau uso

do dom de línguas; S - l Coríntios 14.20-25 — Escândalo para visitantes;S — l Coríntios 14.26-40 — Ordem para a Igreja

1 John Stotr. Batismo e Plenitude do Espírito Santo. 2a Edição. São Paulo: Edições Vida Nova, 1986, p. 641 Devemos considerar Isso juntamente com a Ideia de buscarmos os melhores dons (iCo 12.31). É nossa

função buscarmos os melhores, mas devemos entender que Deus nos dará o que é melhor.

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Os dons ao Espírito Santo 41

C. Todos têm um dom, mas nãoo mesmo

Todos os crentes necessariamente pos-suem pelos menos um dom do Espírito.Isso fica ainda mais óbvio porque Paulo usao corpo humano como uma analogia daIgreja. Ele fala da diversidade de membrosque um corpo possui. Um membro é al-guém que tem uma função. Então ter umdom e ser crente são coisas sinónimas.

O mesmo não é dado a todos. O cor-po é composto de vários membros, e Paulosugeriu que um corpo com apenas ummembro seria algo monstruoso. Ele fazquestão de listar os dons distinguindo en-tre pessoa e pessoa, demonstrando que aspessoas recebem dons diferentes (Cf. l Co12.8-10). Afirmar, por exemplo, que quemnão possui o dom de línguas, não foi bati-zado com o Espírito Santo, é um equívoco.

D. Valores diferentes (l Co 12.28,31)

Interessantemente, o dom que é omais valorizado e buscado por tantas pes-soas figura na lista em último lugar notexto acima. Aliás, o problema da Igrejade Corinto era justamente que estava dan-do um valor excessivo ao dom de línguas.Por essa razão Paulo precisou ensinar queesse dom não era o mais importante.

Paulo introduz a realidade do amor nouso dos dons espirituais. Vai dizer que sem oamor, por mais espetaculares que sejam osdons, eles de nada servirão (iCo 13.1-3).

II. DESCRIÇÃO DOS DONSA Bíblia não nos diz quantos dons espiri-tuais há. Sabemos apenas que são bastan-te diversos. Toda tentativa de fixar umnumero fracassa porque o Espírito con-cede tantos quantos lhe apraz e como lheapraz. Destacamos apenas alguns.

A. Apóstolo (Ef4.ll; l Co 12.28)

Duas vezes Paulo disse que os após-tolos ocupavam o primeiro lugar (Ef 4.11;

iCo 12.28). Eles foram o fundamentoda Igreja (Ef 2.20), foram chamados pes-soalmente por Jesus (Lc 9.1) e receberampoderes especiais como confirmação deseu apostolado (2Co 12.12; Mc 16.14-18). As qualificações para o ofício (At1.21,22) envolviam o caráter de testemu-nha ocular dos feitos .de Jesus desde obatismo de João até a ascensão. O caso dePaulo é único. Ele foi um apóstolo forado tempo (iCo 15-8,9), porém, foicomissionado pessoalmente pelo Senhor(At 26.14-16). Certamente, esse dom (eofício) não existe mais, pois foi usado porDeus como "fundamento da Igreja" (Ef2.20). Desde que a Igreja foi estabelecida,não havia mais necessidade dele, até por-que, ninguém mais conseguiria preencheros requisitos de Atos 1.21,22. Isso im-plica em que não há revelação adicional àPalavra de Deus.

R Profeta. (Pm 12.6;Ef4.11; iCo 12.28)

Esses são os profetas do Novo Testa-mento. Foram um grupo especial que, comoos apóstolos, falava sob a inspiração do Es-pírito Santo. Podemos citar Agabo (At11.27,28; 21.10,11), Judas, Silas (At15-32), e outros (At 13-1). Também nãohá mais profetas hoje, como não há apósto-los, pois esses dois ofícios foram usados porDeus na formação da Igreja. Foram o fun-damento da Igreja (Ef 2.20), num tempoquando a Bíblia ainda não estava completa.

Até ao encerramento do cânon, odom de profecia foi importante paraedificação da Igreja, pois o profeta rece-bia revelação direta de Deus e ensinava opovo, edificando, exortando e consolan-do (ICo 14.3). Entretanto, mesmo na-quele ternpo essas profecias deveriam seranalisadas e julgadas (lCo 14.29; iTs5.20,21; IJo 4.1), porque sempre haviao risco de falsos profetas aparecerem e fa-larem coisas de seu próprio coração, para

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42 A Essência da Fé—Parte 5—0 que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

granjear o respeito, a admiração e atémesmo vantagens pessoais de outras pes-soas. Isso também nos leva ao entendi-mento de que Deus providenciou que aBíblia fosse escrita justamente para anu-lar a possibilidade de fraude, oferecendouma revelação mais segura.

C. Evangelista- (Ef4.ll)

Aparentemente havia uma classe deevangelistas como a dos apóstolos e pro-fetas. Sabemos que Filipe era umevangelista (At 21.8), e parece que Timó-teo também (2Tm 4.5). Em todo caso,certamente o dom de evangelizar devecontinuar existindo, pois o Senhor nosordenou que evangelizássemos (Mt28.18-20). Mas também esse dom deveser exercido mediante a Palavra de Deus,Ela é a portadora das "boas novas".

D. Pastor (At 20.28; Ef4.11; l Pé 5.1,2)

A função do pastor é conduzir o re-banho, cuidar dele, alimentá-lo e curá-lo(At 20.28; iPd 5.2-5). No texto deEfésios, Paulo liga a obra do pastor a domestre. Isso significa que o pastor podeter também a habilidade de ensinar. Dequalquer forma, todos os pastores (ospresbíteros da igreja) devem supervisio-nar o ensino na igreja. Esse dom tomavaa forma de ofício quando nas Igrejas eramescolhidos bispos ou presbíteros (At14.23; iTm 3.2; Tt 1.5, 7). Isso nos fazpensar que certamente, ranto o domquanto o ofício permanecem até aos diasde hoje, uma vez que o oficial não era es-colhido diretamente por Deus como osapóstolos e profetas, mas pela Igreja, des-de que evidenciasse o dom.

E. Curas (l Co 12.9)

O dom de cura é muito parecidocom o dom de milagres, porém, é maisespecífico. O dom de curas envolvia a

habilidade de uma pessoa para curar ou-tras de todas as formas de doenças. A par-tir da atividade de Cristo e dos apóstolosno início da pregação evangélica, perce-bemos que as curas eram instantâneas (Mc1.42); completas (Mt 14.36); permanen-tes (Mt 14.36); incondicionais Qo 9.25);e ilimitadas Qo 11.44; At 9.40). Nos diasde hoje, apesar de pessoas reivindicaremo dom de cura, as características acimanão são encontradas. Aparentemente odom de curas esteve em atividade por umperíodo relativamente curto do início daIgreja. Naqueles dias, Pedro e Paulo cu-ravam e até ressuscitavam mortos (At9.40). Seu poder era tanto que a sombrade Pedro curava (At 5-15,16) e até mes-mo os aventais de Paulo eram instrumen-tos de cura e libertação (At 19-12). Po-rém, anos mais tarde, parece que essa ope-ração especial do Espírito havia cessado,pois Paulo não curou Timótep das enfer-midades do estômago (ITm 5.23); e atémesmo deixou um companheiro doenteem Mileto (2Tm 4.20). Isso sem falar queo apóstolo Paulo ficou doente uma vez,provavelmente com um problema nosolhos (Gl 4.13-15), e Deus se recusou aconceder-lhe um milagre, que bem pos-sivelmente fosse uma cura (2Co 12.7-10).Isso nos leva a pensar que o dom de curasesteve em atividade durante algum tem-po, mas que depois cessou. O carisma temsempre um fim social: a Igreja; a comu-nhão dos santos. E também, como ele-mento de ajuda na proclamação do Evan-gelho (Hb 2.3,4).

E Línguas e interpretação (lCo 12.28)

O livro de Atos estabelece que odom de línguas consistia ern falar idio-mas de outros povos (At 2.6,8,11). Quan-do judeus estrangeiros estavam em Jeru-salém, no Pentecostes, eles ouviram os dis-cípulos proclamando as maravilhas de

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Os dons do Espírito Santo 43

Deus em suas línguas nativas (Cf. Ac 2.8-11). As línguas de Aros e de l Coríntiossão necessariamente as mesmas. Um exa-me cuidadoso mostra que a Bíblia não dáqualquer evidência de que o dom tenhamudado de Atos 2 para l Coríntios 12—14. O dom de línguas é uni dom de falaridiomas das nações.

O dom de línguas é um dom menor(lCo 12.28). Além disso, nem todos oscrentes possuíam esse dom (iCo 12.29,30).Logo, a exigência para que se fale em lín-guas a fim de comprovar o batismo com oEspírito Santo é completamente sem basebíblica. Nem todos os batizados com o Es-pírito no livro de Atos falaram em línguas(Cf. At 4.31; 8.17; 9.17-19).

Como os dons de milagres, o domde línguas foi usado para autenticar amensagem apostólica, e também para fa-cilitar o entendimento dos estrangeiros.No dia do Pentecostes os estrangeirosouviram os apóstolos falando sobre asgrandezas de Deus e puderam entenderem sua própria língua nativa. Línguasforam usadas como um sinal para os ju-deus incrédulos e, nesse sentido, foramusadas na evangelização (iCo 14.21,22).

Argumenta-se que hoje exista umdom de línguas extáticas baseado eml Coríntios 14.2. Porém, esse texto dizapenas que a pessoa que está falando emlínguas está dizendo algo misterioso paraaquele que está ouvindo porque não en-tende a língua, uma vez que, dentro daIgreja, supõe-se que as pessoas falem amesma língua. O fato de l Coríntios 14.4dizer que quem íàla em línguas "edifica-se a si mesmo" levou muitos a pensaremque esse dom foi dado para benefício pró-prio, entretanto, claramente a Bíblia nãoapoia esse tipo de edificação, pois aedificação da Igreja deve ser preferida, enão a pessoal (14.12; Ef 4.11,12),

Paulo diz expressamente que falarem línguas na Igreja não traz qualquerproveito (lCo 14.6); é como se alguémtocasse instrumentos sem saber música(iCo 14.7-9). Ele diz ainda que quandoalguém orava em outra língua, apenas seuespírito estava participando, e isso não eracerto, pois a mente também precisava seredificada (iCo 14.14-17).

Por fim, Paulo díz que falava emmuitos idiomas, porém, preferia falar naIgreja em língua compreensível cinco pa-lavras do que dez mil em língua incom-preensível (lCo 14.18,19). A compara-ção é bastante sugestiva. Mas talvez o ata-que mais frontal ao uso de línguas seminterpretação na Igreja seja sua afirmaçãode que falar em línguas denigre o Evan-gelho causando escândalo entre os incré-dulos (lCo 14.23). Porém, como o domainda estava em operação naqueles dias,Paulo o regulamenta estabelecendo quenão mais do que três pessoas falassem emlínguas no culto. Além disso deveriamfalar uma após a outra, nunca simultane-amente. E ainda um terceiro requisito eranecessário: a necessidade de tradução. Semtradução, línguas estrangeiras não pode-riam ser faladas na igreja (iCo 14.27,28).

G. Administração (Rm 12.8;l Co 12.28)

Em Romanos Paulo fala de "presi-dir" e em l Coríntios de "governar". Cer-tamente isso se refere à capacidade queDeus dá a algumas pessoas de conduzi-rem os trabalhos com ordem, disciplina eobjetivo sob a. direção de Deus. Este domestá relacionado aos presbíteros, docentesou regentes. Os presbíteros que "presidembem" a Igreja, devem ser honrados pro-porcionalmente (iTm 5-17). O governarbem está associado ao que Paulo escreveuaos Romanos: "o que preside, com diligên-cia" (Rm 12.8).

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44 A Essência da Fé- Parte 5-0 que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

III. O PROPÓSITO DOS DONS

A. Benefício do outro

Algo que parece óbvio, mas que nemsempre é devidamente entendido, é queos dons são dados para benefícios dos ou-tros. Eles servem para 'a edificação da Igre-ja" (iCo 14.12). Se o Espírito concede umdom a alguém, não é por causa daquelapessoa em si, e nem para benefício pessoaldela, mas, por causa da Igreja. Todo tipode orgulho ou exaltação são coisas Incon-cebíveis dentro do uso dos dons. Por essarazão, quando Paulo explica aos Romanoscomo devem usar seus dons, faz questãode dizer: "... pela graça que me foi dada,digo a cada um dentre vós que não pensede si mesmo além do que convém" (Rm12.3). O dom nunca deveria servir paraque alguém se ostentasse perante a con-gregação. O dom foi dado por causa dácongregação e para benefício dela.

B. Nossa, responsabilidade

O Senhor concedeu os dons "comvistas ao aperfeiçoamento dos santos parao desempenho do seu serviço, para aedificação do corpo de Cristo" (Ef 4.12).Três coisas são ditas nesse versículo: aper-feiçoamento, serviço e edificação dos cren-tes. Ou seja, Deus concedeu os dons para"eliminar as imperfeições", para "realizaras tarefas da Igreja" e para "fazer a Igrejacrescer" (ser edificada). O limite dos be-nefícios que os dons trazem é levar todosos crentes a serem iguais a Jesus (Ef 4.13).Eles igualmente ajudam os crentes a se-rem firmes e não se desviarem (Ef 4.14).Significativa é a declaração dos versos 15e 16. Novamente é evocada a imagem deum corpo. Esse corpo tem uma cabeçaque o governa, e todos os membros reali-zam a sua parte, fazendo com que o cor-

po aumente a si mesmo. Essa é uma ideiaespetacular. Para o bom andamento daIgreja, cada crente deve fazer uso de seudom. No corpo, se algum órgão deixa defazer a sua parte, haverá complicações paraos demais membros. Quando vemos ir-mãos nossos errarem e caírem em peca-do, às vezes ficamos irritados com eles.Será que nós mesmos não temos algumaparcela de culpa? Anomalias no corposurgem quando algum órgão não realizaa função que lhe é devida.

CONCLUSÃOTodos os dons do Espírito foram conce-didos aos homens para benefício da obrade Deus. Os dons são variados e não exis-tem todos ao mesmo tempo. Deus usa osdons mais necessários conforme as épo-cas exigem, mas acima de tudo, confor-me sua soberania determina.

APLICAÇÃOCada crente tem um dom. Temos, por-tanto, a responsabilidade de saber qual é,e usar o nosso dom para benefício dosoutros. Comece hoje mesmo usando seudom para ajudar os outros irmãos. "AEscritura, para nos persuadir a respeito,lembra-nos de que tudo o que recebemosda graça do Senhor nos foi entregue sobesta condição: que o tornemos parte dobem comum da igreja. E, portanto, queo uso legítimo dos bens recebidos consis-te em compartilhá-los fraternal e liberal-mente, visando ao bem do nosso próxi-mo. Para levar a efeito esse compartilhar,não se pode achar melhor regra nem maiscerta do que quando se diz: Tudo o quetemos de bom nos foi confiado em depó-sito por Deus, e, nessas condições, deveser distribuído para o bem dos demais".3

3 João Calyino, As Institutos, (1541), IV. 17.

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Lição 10 Texto básico: 1 Coríntios 12.28-13.13

AMOR - o DOM SUPREMOINTRODUÇÃOQual será a manifestação espiritual maisimportante numa igreja? Agora que vocêjá leu o título da lição certamente dirá: oamor. Mas, será que você pensava nissoantes? Será que os crentes das igrejas con-sideram o amor a mais importante mani-festação espiritual? Em muitas congrega-ções existe uma verdadeira guerra entreos crentes para um ser mais "espiritual"do que o outro. Todos querem demons-trar sua espiritualidade, contando expe-riências pessoais e buscando sempre algonovo para relatar. Quando o apóstolo Pau-lo listou os dons maís comuns na igrejade Corinto, ele demonstrou que nem to-dos tinham o mesmo dom (iCo12.29,30). No entanto, ele enfatizou quenós temos a responsabilidade de buscaros melhores dons, sendo que, em seu en-tendimento, o dom de línguas certamentenão era o melhor. Porém, antes de falardas línguas e do seu dom preferido, a pro-fecia, Paulo quis falar de algo que consi-derava superior a todos os dons. Ele diz:".. eu passo a mostrar-vos ainda um ca-minho sobremodo excelente" (iCo12.31). Essas palavras significam: "... euvou mostrar a vocês o caminho que é omelhor de todos" (BLH), ou seja, algoque era superior a qualquer coisa espiri-tual que os coríntios já tivessem experi-mentado. Ele passaria a falar sobre oamor. Se devemos buscar os melhores

dons, há um que sobrepuja a todos: oarnor — o dom supremo.

I. SEM ELE, NADA TEM VALORO primeiro argumento de Paulo para de-monstrar que o amor é o dom supremo éque sem ele, os demais dons são total-mente sem valor. Paulo diz: "Ainda queeu fale as línguas dos homens e dos an-jos, se não tiver amor, serei como o bron-ze que soa ou como o cfmbalo que retine.Ainda que eu tenha o dom de profetizare conheça todos os mistérios e toda a ci-ência; ainda que eu tenha tamanha fé, aponto de transportar montes, se não ti-ver amor, nada serei. E ainda que eu dis-tribua todos os meus bens entre os po-bres e ainda que entregue o meu própriocorpo para ser queimado, se não tiveramor, nada disso me aproveitará" (iCo13.1-3). Ele díz, sem o amor, posso falartodas as línguas existentes, mas será tudoinútil; posso ter todo o conhecimento,mas em nada me aproveitará; posso teruma fé inigualável, mas ela não servirá paranada; posso ser o mais abnegado dos ho-mens, mas será tudo em vão. Percebemosque ele usa intencionalmente o exagero afim de demonstrar que o amor é maisimportante até do que um dom elevandoà categoria máxima. Ao todo ele lista cin-co dons: línguas, profecia, conhecimen-to, fé e serviço. Mas, ele exagera esses donsao máximo. Por isso ele compara: línguas

Para ler e meditar durante a semanaD - l João 4.8 - Ele nos amou primeiro; S — Romanos 5.8 — A maior prova de amor;T — Romanos 13.8 - A única dívida permitida; Q — Gaiatas 5.22 - Fruto do Espírito;

Q - Filipenses l .6-11 — O amor deve aumentar; S - Colossenses 3.12-17 — O vínculo da perfei-ção; S-2Timóteo 1.6,7 — O amor é dom do Espírito

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46 A Essência, da Fé—Parte 5— O queta !Bíblía ensina, sobre o Espírito Santo

dos homens: Línguas dos anjos', profecia/conhecimento: todos os mistérios e toda ci-ência; fé: transportar montes; serviço: dis-tribuir todos os bens e morrer peio próximo.As expressões em itálico representam oexagero que Paulo faz de cada dom. Elequer dizer que ainda que o exercício deum dom normal fosse exagerado, nadavaleria sem o amor.

O entendimento erróneo desse tex-to tem levado muitos a dizer que as lín-guas que são faladas hoje nas igrejas são"línguas do anjos". Como vimos, Paulousou a expressão "língua dos anjos" comoum exagero do dom de línguas normalque é "dos homens". Da mesma formaexagerou o dom de profecia e de conheci-mento falando em conhecer todos os mis-térios e toda a ciência. Quem poderia di-zer que tem esse tipo conhecimento? So-mente Deus. Ainda deve ser observadoque as línguas descritas em Atos 2.5-11são de povos ou nações desse mundo. Sefosse nos nossos dias seria alemão, italia-no, inglês, russo, japonês, etc. A Bíblianão diz que alguém falou língua de an-jos no dia de Pentecostes. Igualmente aBíblia não díz que o dom de línguas doPentecostes (nações) mudou para umdom angelical.

Voltando ao aspecto do amor, issobasta para nos demonstrar o quanto oamor é fundamental nessa questão dosdons. E muito fácil alguém seensoberbecer quando tem algum dom, eusá-lo para benefício próprio, e por essarazão, ainda que tivesse "superdons", elesseriam totalmente inúteis, pois estariamsendo usados sem amor. Mas o que é oarnor afinal de contas? A expressão que

Paulo usa aqui é ágape. Isso representa umamor altruísta e totalmente desinteressa-do consigo mesmo em termos de retor-nos ou vantagens pessoais. Porém, algoque geralmente as pessoas não sabem éque esse amor não diz respeito apenas aum tipo de sentimento abstrato. Comodiz o Dr. A. N. Lopes, "o apóstolo nãoestá falando aqui de emoções, emboraelas, sem dúvida, possam estar presentesquando esse amor entra em ação; ele nãoestá falando aqui de sentimentos, mas deum estilo de vida, de uma atitude que aspessoas decidem tomar para com a vida epara com as outras pessoas e para comDeus".1 "Ninguém ama .abstratamente.Amori-é uma atitude que se demonstraem algo • que acontece realmente, tangí-vel. O amor não é, primariamente, umsentimento, mas, sim, uma entrega dealguém a outra pessoa."2

II. SOMENTE ELE FAZ O DEVE SERFEITO (1Co 13.4-7)Em seguida Paulo fala das característicasdesse amor enquanto atitude, como sefosse urna pessoa. É uma espécie de per-sonificação do amor. Encontramos umalista de o "amor é", "o amor não" e "o amortudo". Ele diz o que o amor é, o que nãofaz, e o que ele faz.

A. O amor é,,.

O amor é "paciente", é "benigno".Caivino dizque."o objetivo primordial (dePaulo) é mostrar quão necessário ele (oamor) é na preservação da unidade daIgreja".3 E de fato, nenhuma qualidade émais necessária na Igreja a fim de mantera unidade do que paciência e benignida-de. Segundo Paulo, o amor é composto

' Auguscus N. Lopes. O Culto Espiritual, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p. 139*Jay A. Adams, A Vida Cristã no Lar. 4a ed., São Paulo: Fiel, 1986, p. 104 e 105-3 João Caivino. Exposição de l Corintios.S^o Paulo: Edições Paracletos, 1996 (l Co 13.4), p. 396.

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Amor— o dom supremo 47

dessas duas coisas. Quando existe amor,as pessoas são pacientes em relação asoutras, isso significa que não irão retru-car ou retribuir na mesma moeda. Tam-bém não esperarão que os outros sejamsem defeitos, mas pacientemente espera-rão que Deus os transforme. No uso dosdons espirituais essa característica é ne-cessária porque dessa forma ninguém co-locará o carro na frente dos bois. Quemtrabalha esperará que o resultado venhano tempo certo. Da mesma forma a be-nignidade levará a pessoa a usar seu dompara beneficio dos outros, desejando ca-rinhosamente ajudar os que precisam.

B. O amor não...

Em seguida Paulo dá uma longa listasobre coisas que o amor não faz. Ele diz:"amor não arde em ciúmes, não se ufana,não se ensoberbece, não se conduz incon-venientemente, não procura os seus inte-resses, não se exaspera, não se ressente domal; não se alegra com a injustiça, masregozija-se com a verdade". A soluçãopara todos os problemas que existiam naigreja dos coríntios estava aqui. Ciúmes(iCo 1.12; 3.3), ufanismo (iCo 3.18),soberba (iCo 3.21; 4.6-8), comporta-mento inconveniente (iCo 5.1-13), ego-ísmo (iCo 11.17-22), exaltação (iCo6.7), ressentimento (lCo 3.3) e alegriadiante da injustiça (iCo 5.1-3) eram coi-sas extremamente comuns naquela comu-nidade. O amor era o remédio para a si-tuação trágica em que eles se encontra-vam, devido ao uso indevido dos donsespirituais. "Eles manterão seus dons sobcontrole, enquanto o amor gozar de urnlugar de proeminência em seu relaciona-mento recíproco."4

C. O amor tudo...

O amor "tudo sofre, tudo crê, tudoespera, tudo suporta". Aqui certamenteestá o aspecto mais altruísta do amor. Eleestá disposto a "sofrer tudo", aguentar asofensas e os ataques. Ele está disposto a"crer em tudo", referindo-se provavelmen-te ao ato de acreditar nas pessoas, naqui-lo que elas dizem, em suas promessas demudança ou de inocência. Ele "esperatudo", ou seja, "confia no próximo, espe-ra dele o melhor".5 E por fim, "tudo su-porta", no sentido de que aguenta todasas cargas, e enfrenta todas as dificulda-des. O resumo disso é que o amor sem-pre está disposto a sofrer primeiro do quefazer os outros sofrerem. Por isso ele é agrande característica do próprio Deus(IJo 4.8). Pois para salvar os homens,Deus preferiu ele própr io sofrer,encarnando-se e sendo sacrificado namaior prova de amor que esse mundo jáviu (Rm 5.8).

III. SOMENTE ELE PERMANECEPaulo ainda tem algo a dizer a fim de de-monstrar que o amor é o "caminho so-bremodo excelente". Seu argumento é queo amor jamais desaparecerá. Ele diz: "Oamor jamais acaba; mas, havendo profe-cias, desaparecerão; havendo línguas, ces-sarão; havendo ciência, passará" (l Co13.8). Os dons espirituais, por mais im-portantes que sejam, são temporários, ouseja, eles cumprem a uma função deter-minada por Deus. Quando essa funçãoestiver cumprida, os dons desaparecerão.Mas isso não acontecerá com o amor.Mesmo depois da consumação de todasas coisas e do estabelecimento pleno doReino de Deus, o amor continuará exis-

4 João Calvino, Exposição de l Coríntios, São Paulo: Paracletos, 1996 (l Co 14.1), p. 408.5 Charles Hodge. Comentário de I Coríntios. EdinburgoiTheBannerofTruchTrust, 1969 (l Co 13-7), p. 250.

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48 A Essência da Fé—Parte 5— O que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

tíndo e sendo o grande elo enrre Deus eos homens, os homens e Deus, e os ho-mens enrre si. Paulo cita rrês dons nessecontexto. EJe fala do dom de línguas(glossaf), do dom de profecia (propheteiai),e do dom de conhecimenro (gnosis). Es-ses rrês dons, como rodos os demais, se-gundo Paulo, um dia deixariam de exis-tir, mas o amor jamais deixará de exisrir,por isso, o amor é mais ímporranre doque rodos eles.

Há um deralhe que geralmente pas-sa despercebido nesse texto, mas quemerece consideração da nossa parre. É amaneira como os rrês dons listados che-garão ao fim. Paulo díz que rodos os donssomenre irão durar are a vinda do "que éperfeito" (13.10). A interpretação maisplausível dessa expressão deve ser comose referindo à consumação dos planos deDeus para o mundo na segunda vinda deJesus. Deve se referir à perfeição da eravindoura onde os dons espirituais nãoserão mais necessários, porém, o amorcontinuará sendo. O que chama a aten-ção é o tratamento diferenciado que Pau-lo concede aos três dons listados acima.Ele diz: "profecias, desaparecerão" (gre-go: kâtargetesont&t); "línguas, cessarão"(grego: pausontai); "ciência, passará" (gre-go: katergetesetctí} (lCo 13.8). Percebe-seque a palavra para o modo como as lín-guas acabariam é diferente da palavracomo profecia e conhecimento desapare-ceriam. Na verdade, a expressão gramati-

cal é um verbo na voz média, que comobjetos implica numa ação reflexiva, cujatradução mais precisa poderia ser: "cessa-rão por si mesmas".6 E quando no versoseguinte ele diz "... em parte, conhece-mos e, em parte, proferizamos" (13.9),ele não incluí o dom de línguas. No ver-so 10, ele diz que "Quando, porém, viero que é perfeíro, então, o que é em parte(profecia e conhecimento) será aniquila-do (grego: "kãtergetesetai\ mesmo ver-bo usado para profecia e conhecimenroem 13.8, mas não para línguas). O queisso sugere? Que o dom de línguas nãoprecisaria permanecer até a segunda vin-da de Jesus. Portanto, Paulo está dizendoque os dons são menos importantes doque o amor porque chegará um dia quan-do todos acabarão, e que o dom de lín-guas poderia ser o primeiro a cessar.

Na verdade, diante das evidênciasbíblicas e históricas (ver lição anterior),podemos afirmar que o dom de línguasteve um propósito na história da Igreja eDeus o fez desaparecer quando esse pro-pósito se cumpriu. Ele foi usado na im-plantação da Igreja e cessou corn a eraapostólica. A primeira carta aos Corínriosé uma das primeiras carras do Novo Tes-tamento, e é a única que traz referênciaao dom de línguas. Nenhuma ourra car-ta fala qualquer coisa dele. Isso nos leva apensar que, quando foram escritas, pro-vavelmente o dom já tivesse cessado.Muitos escritos pós-apostólicos dizem que

fi O Dr. Nicodemos acha que Paulo está fazendo apenas um jogo de palavras nesse texto e que a voz medianão significa reflexivo nesse caso, e que se Paulo quisesse dizer que o dom de línguas cessaria antes, poderiater argumentado mais. Porém, parece muito mais do que um jogo de palavras, uma vez que ele insiste atéo verso 10 na distinção entre línguas e profecia/conhecimento. Quando à voz média, outros autorespensam diferente. Ainda quanto à questão do argumento de Paulo, os coríntios que liam em gregocertamente o entenderiam, ou seja, ele estava argumentando exatamente aquilo. Mais argumentos nãopoderia acrescentar, afinal, o dom de línguas ainda existia naquela ocasião, e Paulo não tinha como saberquando exatamente ele cessaria (Cf. Augustus N. Lopes. O Culto Espiritual. São Paulo: Editora CulturaCristã, 1999, p. 166,167. Cf. também: John MacArthur J r. First Carinthians. Chicago: Moody Press, 1983[in /oco]; e Os Carismáticos. 3a Edição. São Paulo: Fiel, 1995- pp. 157-160).

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Amor— o dom supremo 49

o dom havia cessado na era apostólica. Issoacrescentado ao fato de que em lugar al-gum hoje vemos pessoas falando línguasde outros povos (sem havê-las aprendi-do) conduz-nos à conclusão de que elerealmente cessou.

Por fim, em defesa da superiorida-de do amor, Paulo faz uma comparaçãoentre a fé, a esperança e o amor. Ele diz:"Agora, pois, permanecem a fé, a espe-rança e o amor, estes três; porém o maiordestes é o amor" (lCo 13.13). Com todacerteza, fé, esperança e amor são as trêsmaiores virtudes que um crente podepossuir. Basta ver quantas vezes a Bíbliafala dessas três virtudes juntas (Rm 5.1-5; Gl 5.5,6; Ef 1.15-18; Cl 1.4,5; ITs1.13; 5.8; IPe 1.21,22). Fé é o instru-mento pelo qual somos salvos (Ef 2.8) e,sem ela, Deus não pode ser agradado (Hb11.6). A esperança fala da vida de expec-tativa que o crente deve ter em relação àsegunda vinda de Jesus, estando semprepreparado para ela. Essas duas coisas cer-tamente são grandiosas, porém, Pauloentende que o amor é ainda maior do que

elas. Então, podemos ter uma noção daimportância dele. Se ele é mais impor-tante até do que o instrumento pelo qualsomos salvos, e do instrumento que nosmantém preparados para a vinda de Je-sus, certamente sua importância excedeo próprio entendimento.

CONCLUSÃO

Ser espiritual, portanto, é viver e de-monstrar o amor de Deus para com osoutros pelo uso dos nossos dons. Denada adianta sermos agraciados comdons, se o amor não os temperar. Ao fi-nal eles serão coisas bastante indigestas.Amor é o tempero da vida, é o dom su-premo, é aquilo que mais devemos dese-jar e buscar. "Onde o amor não reina,também não existe edificação para a Igre-ja, senão mera dispersão."7

APLICAÇÃOQue evidências há em sua vida de quevocê esteja impregnado pelo amor e sejadirigido por ele no exercício dos seus dons?O que mudaria em seus pensamentos, pa-lavras e açÕes, por força do amor?

7 João Calvino, Efésios. São Paulo: Paraclecos, 1998, (Ef 4.16), p. 132.

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Lição 11 Texto básico: Mateus 12.31,32

O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTOINTRODUÇÃOTodos os pecados são desagradáveis aDeus, mas há um pior do que codos. Deusperdoa todos os pecados, mas há um queele declara não perdoar: "O pecado con-tra o Espírito Santo". Jesus disse: "todopecado e blasfémia serão perdoados aoshomens; mas a blasfémia contra o Espíri-to não será perdoada. Se alguém proferiralguma palavra contra o Filho do Homem,ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguémfalar contra o Espírito Santo, não lhe seráisso perdoado, nem neste mundo nem noporvir" (Mt 12.31,32). Marcos diz queo Senhor chamou esse pecado de "pecadoeterno" (Mc 3.29). João lembra dele aodizer: "Se alguém vir a seu irmão come-ter pecado não para morte, pedirá, e Deuslhe dará vida, aos que não pecam paramorte. Há pecado para morte, e por essenão digo que rogue" (IJo 5.16). João nãodiz que não se deve orar por esses casos,mas se recusa a recomendar que se orepor eles. Deus estabeleceu uma lei paraesse pecado. Quem cometê-lo jamais po-derá ser salvo. Poderá ler a Bíblia, ouvir oevangelho. Mas nunca poderá ser salvo.As portas do céu estarão definitivamentefechadas para ele.

I. O QUE ESSE PECADO NÃO ÉAntes de analisarmos o ensino bíblicosobre o que caracteriza esse pecado, seráinteressante fazermos algumas observa-ções sobre o que esse pecado não é.

A. Negar Cristo

Por mais estranho que possa pare-cer, o fato de alguém em algum determi-nado momento negar a Cristo, não ca-racteriza o pecado imperdoável. Se assimfosse, pessoas que negaram a Cristo nopassado não poderiam se converter. E te-mos o caso do próprio Pedro, que já eraconvertido e negou a Jesus, porém, o Se-nhor o restaurou. Se negar o Senhor fosseo pecado imperdoável, Pedro estaria per-dido para sempre. E o próprio Jesus eli-mina essa possibilidade (Mt 12.31,32).

B. Ofender o Espírito Santo

Apesar de Jesus dizer que o pecadoconsiste em "blasfemar contra o Espíri-to", não devemos, contudo, pensar queisso significa dizer algum nome feio aoEspírito. As vezes, os adoradores de Sata-nás são ensinados a falarem palavras debaixo nível contra o Espírito Santo, comose assim estivessem cometendo o pecadoimperdoável. Apesar de que alguém quefaz isso pode estar no caminho certo paracometer esse pecado, evidentemente o atoem si de ofender o Espírito não é o peca-do imperdoável.

C. Entristecer o Espírito Santo

Somos advertidos na Bíblia a não en-tristecer o Espírito (Ef 4.30). O EspíritoSanto pode ser entristecido a partir denossos pecados. Porém, isso não é come-ter o pecado imperdoável. Os pecados que

Para ler e meditar durante a semanaD — Marcos 3.20-30 —Um pecado eterno; S —Mateus 13.l-23— Nasceu, mas não produziu;

T — Hebreus 6.4-9 - Perdido para sempre; Q - Hebreus 10.26-29 - Ultrajar o sangue de Cristo;Q — 2 Timóteo 4.18 — O Senhor guarda; S — João 6.37-44 — Ele não perde os seus;

S — l João 5.16-19 — O pecado para a morte

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O pecado contra, o Espírito Santo 51

comeremos podem ser perdoados, somen-te a blasfémia conrra o Espírito não pode.Vemos na Bíblia o exemplo de homensde Deus como Abraão, Davi e Moisés quepecaram e certamente entristeceram oEspírito, porém, eles não pecaram contrao Espírito Santo.

D. Suicídio

Por mais que seja um pecado sériocontra Deus, o suicídio não é o pecadoimperdoável. Isso quer dizer que um sui-cida pode ser salvo? Se o único pecadoque não tem perdão não é o suicídio, en-tão, mesmo o suicídio pode ser perdoadopor Deus. Uma pessoa pode, num mo-mento extremo de desespero, atentar con-tra a própria vida, o que certamente nãofaria em outra situação. Temos um exem-plo bíblico de um suicida que aparente-mente foi salvo. Trata-se de Sansão. Seuáltímo ato nesse mundo foi derrubar umacoluna que destruiu os inimigos de Israel(Jz 16.27-30). Mas, aquele foi um atosuicida, ele morreu junto. No entanto,Hebreus o coloca entre os heróis da fé(Hb 11.32), O suicídio pode ser o últi-mo ato de alguém que realmente pecoucontra o Espírito Santo, como é o caso deJudas (Mt 27.5). Porém, nesse caso, opecado foi cometido antes do suicídio.

Todos esses pecados relatados aci-ma são graves. A questão é que podem seperdoados. Apenas o pecado contra o Es-pírito não pode.

II. O QUE O PECADO ÉPassemos agora a considerar o que carac-teriza o pecado contra o Espírito Santo.No contexto em que Jesus declarou que ablasfémia contra o Espírito não tinha per-dão, algumas coisas bastante sugestivaspara nosso entendimento da matéria ocor-reram. Jesus manifestou a si mesmo para

a nação da Israel por meio de seus ensi-nos (Mt 5-7) e de seus milagres (Mt 8—10), de modo que exibiu sinais claros deque era o Messias prometido. Apesar dis-so tudo, os líderes religiosos da nação nãoacreditavam nele, e foram ínvestigá-lo.Queriam apanhá-lo. Foi-lhe trazido umhomem possesso e ele o curou (Mt12.22). Em resposta a isso, a multidão seperguntou: "é este, porventura, o filho deDavi?" (Mt 12.23). A estrutura gramati-cal da pergunta na língua em que foi for-mulada antecipava uma resposta negati-va. Ou seja, a multidão, influenciada pe-los líderes religiosos, duvidava que ele fosseo Messias. E eles ainda fizeram questãode pôr rnais lenha na fogueira, conformeMateus relata: "... os fariseus, ouvindoisto, murmuravam: Este não expele de-mónios senão pelo poder de Belzebu,maioral dos demónios" (Mt 12.24), Je-sus argumentou com eles que expulsavademónios pelo poder do Espírito Santo(Mt 12.28), mas os religiosos atribuíramao díabo a obra que Deus estava realizan-do. Foi nesse contexto que Jesus declarouque a blasfémia contra o Espírito não se-ria perdoada. Os fariseus tinham teste-munhado, visto e experimentado o ensi-no e os milagres de Jesus. Seria impossí-vel que aquilo não tivesse mexido com eles,O Espírito lhes testemunhava a verdade,mas eles resistiam ao Espírito (At 7.51).Poderiam ter sido perdoados se tivessemcrido, e tinham todas as razoes para crer,porém, ainda assim se recusaram.

Precisamos ainda considerar o textode Hebreu 6.4-6: "É impossível, pois,que aqueles que uma vez foram ilumina-dos, e provaram o dom celestial, e se tor-naram participantes do Espírito Santo, eprovaram a boa palavra de Deus e os po-deres do mundo vindouro, e caíram, sim,é impossível outra vez renová-los para arre-

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52 Á Essência da Fé—Parte 5—0 que a Bíblia ensina sobre o Espirito Santo

pendimento, visto que, de novo, estãocrucificando para si mesmos o Filho deDeus e expondo-o à ignomínia". Esse tex-to diz que algumas pessoas que caem nãopodem mais ser perdoadas. Apesar demuitos defenderem que esse é um casode "perda da salvação", certamente não é.Aqui também está uma explicação sobreo pecado contra o Espírito. Como sabe-mos que essas pessoas não eram converti-das? Primeiramente porque não há qual-quer referência à conversão delas na pas-sagem. Nada fala sobre regeneração ounovo nascimento. Em segundo lugar,porque na continuação o autor declara:"... a terra que absorve a chuva que fre-quentemente cai sobre ela e produz ervaútil para aqueles por quem é tambémcultivada recebe bênção da parte de Deus;mas, se produz espinhos e abrolhos, é re-jeitada e perto está da maldição; e o seufim é ser queimada" (Hb 6.7,8). Ele estáfazendo uma analogia entre a terra querecebe a chuva e as pessoas que recebemas influências do Espírito. Está dizendoque existem pessoas que são como a terraque recebe muita chuva, absorve a água eproduz bons frutos, enquanto que háoutras pessoas que são como a terra queigualmente recebe a chuva, absorve aágua, mas produz frutos inúteis. Essa terraé amaldiçoada. Como o texto está falan-do em frutos, convém lembrar que Jesusdisse que pelos frutos poderíamos conhe-cer as pessoas. Ele disse que a árvore boaproduz fruto bom e a árvore má produzfruto mau (Mt 7.16-20). A árvore má é apessoa não-convertida. Assim, também,o autor aos Hebreus está falando de pes-soas não-converti das, pessoas que recebe-ram muitas bênçãos de Deus, mas não seconverteram. E a terceira razão para crer-mos nisso, é porque o próprio autor con-tinua o texto dizendo que, em relação aos

seus leitores, cria que eles possuíam a sal-vação (Cf. Hb 6.9). Então, evidentementeestava falando de não-salvos até aquelemomento.

Voltemos agora a analisar os versos4-6. O autor está falando de pessoas queexperimentaram muito da graça de Deus.As expressões "foram iluminadas", "pro-varam o dom celestial", "se tornaram par-ticipantes do Espírito Santo", "provarama boa palavra de Deus", e "os poderes domundo vindouro", por certo se referem àiniciação que essas pessoas tiveram na gra-ça de Deus. Há pessoas que frequentam aigreja por muito tempo. Começam a des-frutar dos benefícios que Deus repartenaquele lugar. .Sentem a influência doEspírito Santo. Recebem até curasmiraculosas. Sua vida inclusive começa amudar. Mas, de repente, largam tudo enunca mais voltam. Eram crentes? Joãodiz: "Saíram de nosso meio, entretantonão eram dos nossos, porque se tivessemsido dos nossos, teriam permanecidoconosco" (IJo 2.19). São como a semen-te da parábola que Jesus contou. Ela foisemeada, mas o diabo a roubou do cora-ção (Mt 13.19). Ou talvez, tenha ido ain-da mais longe: foi semeada, nasceu logo,porém, não teve raiz e morreu em meioas provações (Mt 13.20,21). Ou talvez,ainda mais longe: foi semeada, nasceu,cresceu, parecia que ia vingar, mas os es-pinhos da fascinação das riquezas e docuidado desse mundo finalmente a sufo-caram (Mt 13.22). Nenhuma dessas se-mentes viveu para produzir frutos. Nãohouve conversão autêntica em nenhumdesses casos, apesar de ter havido algunssinais dela. Essas pessoas de Hebreus 6experimentaram as influências do Espíri-to, mas não se converteram verdadeira-mente, e ao renegarem a fé, pecaram con-tra o Espírito Santo.

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O pecado contra o Espírito Santo 53

Há ainda mais um texto que podemosvisualizar rapidamente. Hebreus 10.26-29 diz:"... se vivermos deliberadamente em pecado,depois de termos recebido o pleno conheci-mento da verdade, já não resta sacrifício pelospecados; pelo contrário, certa expectação hor-rível de juízo e fogo vingador prestes a consu-mir os adversários. Sem misericórdia morre pelodepoimento de duas ou três testemunhas quemtiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto maissevero castigo julgais vós será considerado dig-no aquele que calcou aos pés o FÍI ho de Deus,e profanou o sangue da aliança com o qual foisantificado, e ultrajou o Espírito da graça?". Éa mesma rotina do texto anterior: conheceu averdade - desprezou - jamais será salvo — pe-

cado sem perdão.Esse texto sugere que esse pecado é tão

grave porque recusa a oferta gratuita e amorosade Deus e a "pisoteia" ou seja, profana, não sófazendo pouco caso, como insultando.

Portanto, o pecado contra o Espíri-to Santo é uma rebeldia que vai contratodos os fatos, uma indesculpável indis-posição contra Deus, apesar de tudo queviu de Deus e ouviu dele. Como dizBerkhof, "o pecado ifiesmo consiste, nãoem duvidar da verdade, nem numa sim-ples negação dela, mas, sim, numa con-tradição dela que vai contra a convicçãoda mente, a iluminação da consciência, eaté mesmo contra o veredicto do coração".'Como no caso dos fariseus, a pessoa temtodos os motivos para crer em Jesus, masainda assim se recusa. Ainda devemos con-siderar, como diz Berkhof que "é imper-doável, não porque a sua culpa transcen-de os méritos de Cristo, ou porque o pe-cador esteja fora do alcance do poder re-novador do Espírito Santo, mas sim, por-

que há também no mundo de pecadocertas leis e ordenanças estabelecidas porDeus e por ele mantidas. E no caso dessepecado particular, a lei é que ele excluitoda a possibilidade de arrependimento,cauteriza a consciência, endurece o peca-dor e, assim, torna imperdoável o peca-do".2 Portanto, pecado contra o EspíritoSanto é uma rebeldia completa contraJesus que somente é possível depois deconhecê-lo. Calvino resume este pecadocom a palavra "apostasia", um abandonoconsciente e deliberado da fé cristã. Comoele mesmo define: "A pessoa apóstata éalguém que renuncia a Palavra de Deus,que extingue sua luz, que se nega a pro-var o dom celestial e que desiste de parti-cipar do Espírito. Ora, isso significa umatotal renúncia de Deus."3 Em outro lu-gar: "O pecado contra o Espírito Santosó é cometido quando os homens mor-tais deflagram deliberadamente guerracontra Deus, de tal sorte que extingue-sea luz que o Espírito lhe oferecera. Essa éuma espantosa perversidade e uma mons-truosa temeridade."4 No entanto, acres-centa: "Mas se alguém se ergueu nova-mente de sua queda, podemos concluirque, por mais gravemente tenha ele pe-cado, o mesmo não é culpado deapostasia."5 Por outro lado, "Se foi devi-do à ignorância que Deus perdoara a Paulosuas blasfémias, os que blasfemam cons-ciente e deliberadamente não devem es-perar o perdão."6 Logo, aquele que since-ramente se arrepende de seus pecados, pormais graves que sejam, não cometeu opecado descrito como imperdoável. Por-tanto, "os eleitos se acham fora do perigo

1 Louis Berkhof. Teologia Sistemática. 4a Edição. Campinas: Luz Para o Caminho, 1994. p. 2551 Louis Berkhof. Teologia Sistemática, 4a Edição, Campinas: Luz Para o Caminho, 1994. p. 2553 João Calvino, Exposição de Hebreus (Hb 6.4), p. 151.4 João Calvino, Ás Pastorais, São Paulo, Paracletos, l 998 (l Tm 1.13), p. 41.* João Calvino, Exposição de Hebreus (Hb 6.6), p. 155-6 João Calvino, AsPastorais (iTm 1.13), p. 41.

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A Essência da Fé—Parte 5— O que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

da aposrasia final, porquanto o Pai quelhes deu Cristo, seu Filho, para que se-jam por ele preservados, é maior do quetodos, e Cristo promete Qo 17.12] quecuidará de todos eles, a fim de que ne-nhum deles venha a perecer."7 Sejam quaisforem as nuanças interpretativas, este pe-cado, segundo nos parece, é resultado deuma rejeição consciente, deliberada, ar-rogante e despreocupada da obra do Es-pírito em Cristo, atribuindo-a a Satanásde forma provocativa e, por isso, blasfema.Este pecado é imperdoável porque quemo comete não está disposto a arrepender-se e, portanto, não deseja ser salvo. Rejei-tar o Espírito de Cristo significa rejeitar osatos salvadores da Trindade: do Pai, do Fi-lho e do Espírito Santo. O Espírito proce-de do Pai e do Filho; a sua obra consisteem dar testemunho do Pai e do Filho;rejeitá-lo significa repudiar o seu ofício.

III. A SEGURANÇA DO CRENTEAs considerações acima nos levam a con-cluir que o crente verdadeiro nunca come-terá o pecado contra o Espírito Santo. Defato, o crente desfruta da segurança da sal-vação. Deus o levou até Jesus, e Jesus nãodeseja perdê-lo 0o 6.37-40,44). Ele é umaovelha de Jesus a qual o Senhor diz queninguém pode arrebatar da sua mão (Jo10.27-29). Deus lhe preparou uma salva-ção com início, meio e fim (Rm 8.29,30).Nada pode separá-lo do arnor de Deus(Rm 8.31-39). O Senhor que começou boaobra nele vai completá-la (Fp 1.6),confirmá-lo e guardar do maligno (2Ts3.3). O Senhor vai guardar o depósito docrente até o último dia (2Tm 1.12). Vailivrá-lo de toda obra maligna e o levará asalvo para o reino celestial (2Tm 4.18).

Afinal, ele é guardado pelo poder de Deus(IPe 1.5). Essa ultima expressão pode es-tar ligada à ideia de ser guardado para nãopecar contra o Espírito Sanro.

Assim, aquele crente que teme co-meter esse pecado, é o que está mais segu-ro de que não o cometerá. Ele precisa ape-nas continuar vivendo sua vida em obedi-ência a Palavra e na dependência de Deus.Como diz Paimer, "quando uma pessoarecebe a Cristo e estuda sua Palavra, podeter a segurança de que é um filho de Deus,salvo por Jesus e que nunca se perderá".8O crente verdadeiro não comete o pecadoimperdoável porque é guardado pelo po-der de Deus. Após descrever em tons vivoso significado desse pecado, Bavinck acres-centa: "Mas nós não devemos nos esque-cer do conforto que está contido nesse en-sino, pois se esse pecado é o único pecadoimperdoável, até mesmo os maiores e osmais severos podem ser perdoados. Elespodem ser perdoados não através de exer-cícios penitenciais humanos, mas pelas ri-quezas da Graça de Deus."9

CONCLUSÃOO pecado contra o Espírito Santo é umarebeldia total que algumas pessoas de-monstram depois de conhecer a verdadee até experimentar muito do seu poder.Essas pessoas se rebelam contra Deus enunca mais voltam e nem desejam voltarpara a comunhão com ele.

APLICAÇÃOSe somos crentes verdadeiros não precisa-mos temer o pecado contra o Espírito San-to porque somos guardados por Deus. Po-rém, isso não deve nos levar ao desleixo es-piritual porque é a continuidade e a firme-za da fé que evidenciarão a nossa salvação.

7 João Calvino, Exposição de Hebreus (Hb 6.4), p. 153.8 Edwin H. Palmer. El Esp ir i tu Santo. Edinburgo:The Banner ofTruth Trust, 1995. p. 149 Herman Bavinck, Our Reasonable Fahh. Chaattanooga, AJVÍG: Publishers, 1995, p. 254.

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Lição 12 Texto básico: Atos 2.42-47

EVIDÊNCIAS DE UMA IGREJACHEIA DO ESPÍRITO SANTO

INTRODUÇÃOO Cristianismo enfrenta uma de suas pi-ores crises, desde os dias de sua funda-ção. Se por um lado ele nunca foi tão co-nhecido, poderoso e numeroso, por ou-tro lado, nunca esteve tão esfacelado e tãodescaracterizado como é hoje. Nunca sefalou tanto no Espírito Santo, nunca sebuscou tanto o Espírito Santo. Mas, pa-rece também, que nunca fomos cão ca-rentes do Espírito Santo. Em meio aosataques e inovações de movimentos dis-tantes da Bíblia, não se sabe mais qual éo rumo a seguir. Diante das milhares denovas igrejas que surgem a todo momen-to, como saber qual é a igreja ideal? Quemestá certo afinal de contas?

Lucas nos mostra como viviam aspessoas cheias do Espírito Santo. E aoolharmos para sua vida, atitudes e com-portamento, somos ajudados a respondera pergunta acima.

l. PERSEVERANÇA NA DOUTRINAVERDADEIRAMuitos têm apregoado que não há comoconciliar doutrina com vida no Espírito.Dizem que esse negócio de estudar es-fria, que a letra é morta, etc. Mas o Espí-rito Santo inspirou o registro da Palavrade Deus, a fim de que ela fosse "lâmpadapara nossos pés e luz para o caminho" (SI

119.105). Por ela temos acesso à vida deDeus, a vida de santidade. Para outro gru-po doutrina refere-se a usos e costumesimpostos sobre a comunidade como sen-do marcas de espiritualidade. Doutrina éusar determinada roupa, abster-se de cer-tos alimentos e obedecer a certos rituais.Evidentemente, essa não era a "doutrina"da Igreja primitiva, cheia do Espírito San-to. Ainda há outro tipo, que pode ser aindamais perigoso. São aqueles famosos pre-gadores que abrem a Bíblia, lêem o texto,e logo a seguir passam a falar sobre umaporção de coisas que nada tem a ver como texto lido. Aparentemente, estão pre-gando a Palavra de Deus, mas, na verda-de, estão pregando suas próprias experi-ências e ideias. Infelizmente, essas práti-cas são bastante comuns hoje, e todas elasimpedem que o crescimento dos crentes.

O ensino foi uma das característi-cas marcantes da Igreja naqueles temposprimitivos. Jesus havia ensinado muitodurante seu ministério terreno (Mc1.22). Posteriormente, ele ordenou queos apóstolos ensinassem os evangelizados,dando-lhes toda autoridade para essamissão (Mt 28.20). No versículo que con-tém a ordem expressa para evangelização,a palavra que mais se destaca é justamen-te "ensino". Ele diz: "fazei discípulos", "en-sinando-os...". Não poderia ser diferen-

Para ler e meditar durante a semanaD — Mateus 28.18-20 — Evangelizar e ensinar; S -Atos 4.32-37 —A comunhão dos convertidos;

T — l João 3.16-18—Amor não só de palavras; Q —Marcos 12.28-30—Todo coração, alma,entendimento e força; Q — Atos 5.12-16—A multidão crescia e testemunhava;

S —Atos 9.31 —A igreja crescia em paz; S —Atos 19.18-20 —Testemunho e crescimento

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56 A Essência da Fé~ Parte 5— O que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

te, pois o evangelho é doutrina em suaessência. Jamais foi ensinado pelo Senhorou por seus discípulos que o crente pre-cisa colocar de lado sua capacidade men-tal para crer no Evangelho. E nada po-deria ser tão contrário ao ensino de Je-sus. Há um perfeito encaixe, um ensinoharmonioso e sublime que foi planejadopelo próprio Deus, e que desenvolve-seao longo de todos os livros da Escrituracom uma perfeição maravilhosa. A Bí-blia, e em especial o Novo Testamento,é fruto do ensino de Jesus e posterior-mente dos apóstolos.

Nesses ensinos os crentes cheios doEspírito Santo certamente perseveravam.As histórias a respeito de Jesus, seus fei-tos, seus milagres, seus ensinos, corriamde boca em boca, de casa em casa. Faltahoje muitas vezes o desejo de ler a Bíblia,de estudá-la, de descobrir as maravilho-sas verdades transformadoras que ali es-tão relatadas! Mas não era essa a situaçãodaquela Igreja cheía do Espírito Santo.Os crentes ansiavam por ouvir a Palavrade Deus. Se alguém se diz cristão, masnão tem a menor vontade de aprendersobre Jesus em sua Palavra, deveria revera autenticidade de sua conversão.

Os novos convertidos não estavamatrás de uma experiência mística tão so-mente. Eles queriam exercitar suas men-tes, entender as maravilhas que estavamacontecendo em seus dias e que haviamsido preditas pelos profetas. Queriamaprender o que os apóstolos tinham paraensinar. Com base no livro de Atos, po-demos afirmar que o conteúdo principaldo ensino dos apóstolos era: Jesus Cristo,sua pessoa e sua obra. Pelo que podemosver nos sermões proferidos tanto porPedro como por Paulo, a mensagem deque Jesus Cristo era o cumprimento per-feito de toda profecia, e que por meio de

sua vida de obediência, sua mortesacrificial, sua ascensão e seu governo, asalvação havia sido conquistada para todoo que cresse. Sem dúvida uma grandeênfase deles era a pregação da cruz (l Co1.18; 2.1). A simples e velha mensagemda cruz que nos fala da maldade de nos-sos pecados, de nossa indignidade diantede Deus, e também do amor inigualáveldo Salvador que se deu a si mesmo, su-portando o nosso castigo, redimindo-nospor sua graça, eta o que mais ocupava suasmentes. Por isso, podemos afirmar queessa é uma das características marcantes,uma das principais evidências de que umaIgreja está cheia do Espírito Santo. Pois aIgreja primitiva perseverava em aprenderdoutrina, mas não qualquer doutrina, esim a doutrina verdadeira, a doutrina bí-blica. Devemos perseverar na doutrina dosapóstolos, e ela está registrada na Bíblia.

II. COMUNHÃO QUE VAI ALÉM DEPALAVRASEles perseveravam na comunhão, tanto nopartir do pão, quanto na oração. Não háa menor possibilidade de termos comu-nhão uns com os outros se antes não ti-vermos comunhão com Deus. Por meioda oração podemos entrar num relacio-namento íntimo e pessoal com nossoDeus. Não vejo como alguém pode sedizer cristão se não tem a menor vontadede orar. Oração não é um dever, é umprivilégio. Deus quer que derramemosnosso coração diante dele, com reverên-cia, mas também com a intimidade queo sangue de Jesus comprou para nós.

Como consequência da intimidadeque aquela Igreja tinha com o Senhorressurrecto, havia comunhão de uns comos outros. Aqui, chegamos a um pontocrítico da narrativa de Lucas. Estaria eleensinando que a Igreja Cristã Primitiva

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Evidências de uma. igreja cheia do Espirito Santo 57

vivia um tipo de "comunismo"? A algunsquilómetros a leste de Jerusalém, emCunrã, havia uma comunidade dos cha-mados essênios, que viviam um tipo decomunismo primitivo. Mas, será que aIgreja Cristã seguiu o exemplo daquelaseita? Certamente não. Vender tudo o quepossuía e distribuir aos outros não era umadas condições para se entrar na Igreja Cris-ta. O texto não sugere isto. Está escritoque eles partiam o pão de casa em casa,logo, continuava a existir a propriedadeprivada. Em Atos 5, no relato sobre amorte de Ananias e Safira, Pedro diz a eles:"conservando-o, porventura não seria teu?E vendido, não estaria em teu poder?"(v.4). Ou seja, eles eram livres para doarou não. O próprio fato de Lucas citar ocaso de Barnabé, que tinha um campo eo vendeu, vindo a depositar o dinheiroaos pés dos apóstolos (4.36,37), indicaque esse não era um acontecimento tãocorriqueiro assim pelo simples destaqueque lhe foi dado. Qual a conclusão a quedevemos chegar a partir do texto? QueLucas está querendo enfatizar a generosi-dade dos convertidos. Eles não deixavamninguém passar necessidade, colocandoseus bens à disposição dos que precisas-sem. Portanto, a venda e a partilha foramocasionais, e em resposta a necessidadesespecíficas. O amor que eles sentiam porDeus e pelos irmãos não era só de pala-vras, mas de fato e de verdade (IJo 3.18).Eles viviam plenamente o que João disseem sua primeira epístola: "... aquele quepossuir recursos deste mundo e vir a seuirmão padecer necessidade e fechar-lhe oseu coração, como pode permanecer neleo amor de Deus?" (IJo 3.17). Somentequando o amor de Deus penetra profun-damente em nossos corações, retirando aerva daninha do egoísmo, mostrando-nosque recebemos gratuitamente de Deus o

maior tesouro que existe, é que enten-deremos que nossos bens materiais nadarepresentam. E verdade que há muitosaproveitadores pelo mundo, mas se nãofizermos um esforço para ajudar aquelesque estão perto de nós e que conhece-mos, que tipo de Cristianismo estamosvivendo? Quando na plenitude do Espí-rito Santo, uma Igreja está cheia do queexiste de mais precioso. Por isso, ela nãotem dificuldade em se doar. Mas quan-do não caminha sob a direção do Espíri-to seus valores são todos materiais, e en-tão ela não quer se desfazer deles. Cristi-anismo é essencialmente dar. Igreja cheiado Espírito Santo tem comunhão comDeus e com os irmãos de forma práticae com atos específicos que evidenciamseu enchimento.

I I I . ADORAÇÃO CONTÍNUA ESINCERALucas diz: "Diariamente perseveravamunânimes no templo, partiam pão decasa em casa, e tomavam as suas refei-ções com alegria e singeleza de coração,louvando a Deus...". No texto que tra-balhamos anteriormente sobre comu-nhão está escrito que eles perseveravamno partir do pão. Isto também pode sertomado como parte da adoração. Pois,esse partir de pão refere-se provavelmenteà Santa Ceia, que naquele tempo eramuito mais uma refeição pública do quepassou a ser depois. Porém, o que preci-sa ser enfatizado aqui é a espontaneida-de da adoração daquela Igreja, bemcomo a sua constância e o modo comoera realizada. O texto nos diz que elesiam diariamente ao templo onde perse-veravam unidos, bem como iam de casaem casa fazendo refeições em comuni-dade, demonstrando alegria e singelezade coração no louvor a Deus.

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58 A Essência, da Fé— Parte 5 — O que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

Percebemos duas formas de culto nocaso deles, O culto institucionalizado, queera no templo aonde iam todos, e o cultode casa em casa, informal, mas que erafeito com alegria e singeleza de coração.Aparentemente não havia programas deculto, talvez nem mesmo hora marcada.Era algo tão natural quanto comer. Porisso, alguns autores ligam o ato de comercom o culto, na cerimónia chamada deÁgape, a Ceia primitiva.

Outro aspecto é a continuidade des-sa adoração que, segundo nos relata Lucas,era diária. Ou seja, para eles, o Cristia-nismo não era vivido somente nos domin-gos, mas era uma deliciosa e edificanteexperiência diária. E um outro aspectodessa adoração é que era alegre e singela.Todo o seu modo de viver era alegre e sin-gelo. Eles tinham pleno conhecimento deque haviam recebido o melhor presentedo mundo. Outrora tinham estado per-didos, agora salvos; antes blasfemos, ago-ra adoradores; antes incrédulos, agoracrentes; antes tristes3 agora felizes e comtodos os motivos do mundo para isso. Àsvezes, nossas igrejas são tristes porque nos-sos crentes são tristes. Certamente íssoacontece porque não entenderam comple-tamente a mensagem de Jesus (falta-lhesdoutrina). Não vivem em comunhão ver-dadeira. Têm muíto pouco do EspíritoSanto. Por que o culto tem de ser sisudo,melancólico e triste? Alguns dizem: por-que esse é o culto reformado. Esses nun-ca leram do quanto Calvíno ficava impres-sionado com a alegria dos crentes da ci-

dade de Estrasburgo.1 Isso não significaque um culto alegre é o que tem barulho,afinal, este pode ser um "triste culto ba-rulhento". Cada culto de adoração deve-ria ser uma alegre celebração dos atos po-derosos de Deus por meio de Jesus.

Um culto alegre é aquele ern que oscrentes estão ali gratos pelo que seu Sal-vador fez por eles. Sentem-se realmenteas pessoas mais felizes do mundo, e porisso não faz a menor diferença se estãoem segurança, ou em meio à persegui-ção; se têm alimento sobrando ou se lhesfalta tudo; para eles o que importa é Je-sus, o Salvador que é tudo para eles. Po-rém, essa alegria nunca é irreverente. Elaé singela e sincera.

IV. CRESCIMENTO ESPIRITUALUma Igreja que aprende é uma Igreja queensina. Uma igreja pode ter muitas coi-sas: um grande número de membros,cântico maravilhoso, e até mesmo um ex-celente pregador, mas se não se preocupaem trazer pessoas para a cruz, ela não éuma igreja completa. Falta-lhe uma desuas principais colunas: o crescimento pormeio da evangelização, que é uma evidên-cia da presença do Espírito Santo.

Se prestarmos atenção ao texto, ve-remos que não era o testemunho da Igre-ja que produzia conversões, mas o Senhorusava esse testemunho, além, é claro daprópria proclamação da Palavra, para elemesmo acrescentar ao número dos cren-tes, os que iam sendo salvos. E ele quemrealizava essa tarefa suprema. Ele acres-

1 Quanto à oração, digno de nota é o que ele escreve em sua obra: "Concluamos pois, que é impossível,tratando-se de oração pública ou privada, que a língua sem o coração não desagrade a Deus sobremodo. Poisna verdade, o coração deve estimular-se com o fervor do que pensa e ir muito mais além do que a língua podepronunciar (...) Porque, ainda que algumas vezes as melhores orações se feçam sem falar, sucede sem dúvidamuitas vezes, que quando o afeto do coração está muito acendido, a língua se solta, e os demais membrostambém; e isto sem pretensão alguma, senão espontaneamente" (João Calvlno, Institución de La ReliglânCristíana. (3 20.33). "Para fazer os corações dos santos rejubilar-se, o favor divino é o único sobejamentesuficiente." Q. Calvino, O Livro aos Salmos. São Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 2 (SI 48.2), p. 355].

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Evidências de uma, igreja cheia do Espírito Santo

centa ao seu corpo os membros. Por Issodizemos que o crescimento natural é maisuma evidência de uma igreja cheía doEspírito Santo. Não é preciso forçar, nãoé preciso criar "inchaços", urna igreja cheiado Espírito cresce de forma saudável.

Um aspecto importante dessa ativi-dade soberana de Deus, é que ele acres-centava e salvava. As duas coisas aconte-ciam simultaneamente. Não havia cren-tes sem igreja, nem descrentes na igreja.Essa é uma das nossas maiores deficiênci-as na evangelização contemporânea. Mui-tas vezes, tal é o nosso apelo aos ímpiospara que venham para a Igreja, que elesacabam adentrando sem serem realmen-te convertidos. Ficam só convencidos. Poroutro lado, quantos crentes hoje em diapreferem não ser membros de algumaigreja local? Também isso não se encaixano ensino bíblico.

Além disso, o Senhor acrescentavaos salvos "dia a dia". Era uma tarefaininterrupta. E interessante que todas asarividades deles eram diárias. Assim comoa doutrina, a comunhão e a adoração, oprocesso de evangelização também eraperseverante, feito "dia a dia". Portanto,as características da Igreja primitiva eramdoutrina, comunhão, adoração, e é claro,crescimento natural. Essas são as quatro

colunas da igreja em todas as épocas. Sefaltar uma delas, a Igreja não será firme.Uma Igreja cheia do Espírito evidenciatodas essas marcas.

CONCLUSÃOSe quisermos ser uma Igreja que segue fi-elmente os ensinos do Novo Testamento,voltemos então, aos princípios. Busque-mos incessantemente a instrução medi-ante o diligente estudo da Palavra deDeus, mas não nos esqueçamos da comu-nhão que, como filhos, devemos ter comDeus e com os irmãos. Enfatizando sem-pre o papel fundamental da oração que éo privilégio único da Igreja de ser ouvidapelo Senhor do Universo. E não guarde-mos estas coisas apenas para nós mesmos,mas levemos adiante, pelo testemunho denossa vída remida pelo sangue do cordei-ro, e abrindo nossa boca para falar as ma-ravilhas a respeito daquele que nos cha-mou das trevas para o reino da sua mara-vilhosa luz. Assim, Deus fará nossa Igrejacrescer, e seremos uma Igreja completa,uma Igreja cheia do Espírito Santo.

APLICAÇÃODe que modo você pode contribuir paradesenvolver em sua comunidade as ca-racterísticas de uma igreja cheia do Es-pírito Santo?

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Lição 13 Texto básico; Efésios 4.1 - 5.21

COMO NÃO ENTRISTECER O ESPÍRITOINTRODUÇÃONesta lição aprenderemos como podemosser crentes e uma igreja cheios do Espíri-to Santo sem perder essa plenitude. Estalícão é muito mais prática do que teoló-gica. Em Efésios 4.30 o apóstolo Paulo,inspirado pelo Espírito Santo, nos dá umapista para isso. Ele diz "... não entristeçaisO Espírito de Deus, no qual fostes sela-dos para o dia da redenção". Quando-en^trísrecemos o Espírito nãp__podemos dis-por de sua plenitude. Nesse ponto nos_tornamos crentes enfraquecidos. Estuda-remos nesta lição como não entristecer oEspírito Santo que habita em nós.

l. CRENTES VAZIOSJesus ensinou que o número dos verda-deiros convertidos não é grande: "Entraipela porta estreita (larga é a porta, e es-paçoso, o caminho que conduz, para a per-dição, e são muitos os que entram porela), porque estreita é a porta, e aperta-do, o caminho que conduz para a vida, esão poucos os que acertam com ela" (Mt7.13,14). Esperar que, como no caso doBrasil, esse imenso número de pessoasque frequenta igrejas evangélicas seja todode convertidos é ser demasiado crédulo eir muito além do ensino bíblico. Por ou-tro lado, há verdadeiros convertidos quenão dão o testemunho que deveriam dar.Isso não desculpa aqueles que vivem umavida medíocre, porém, os que nasceram

de novo pertencem a Cristo e herdarão avida eterna, apesar de muitas vezes, per-manecerem como crianças em Cristo.Não significa que não foram batizadoscom o Espírito Santo, mas que vivemuma vida num nível bem inferior de en-chimento ao qual o batismo que recebe-ram lhes possibilita e mesmo exige. SePaulo disse que não deveríamos entris-tecer o Espírito, esses crentes certamen-te o têm entristecido.

Outra coisa que deve ser notada éque falhas de caráter podem ser achadasmesmo nos mais consagrados. E nemestamos pensando aqui naquele imensonúmero de pessoas que possui uma apa-rência de espiritualidade, mas que são osprimeiros a cair em pecados grosseiros.Evidentemente, muitas pessoas disfarçamsua vída ímpia com uma capa de espiri-tualidade. Percebe-se que toda evidênciaexagerada de espiritualidade tende a es-conder um comportamento impróprio.Mas, estamos pensando naqueles que sãoverdadeiramente consagrados. Mesmoesses podem cair, o que não significa quesuas experiências não foram válidas. É nor-mal lembrar aqui do rei Davi, um ho-mem "segundo o coração de Deus" (At13.22). Poucos foram tão íntimos deDeus e tão usados por ele. Mas Davi caiunum pecado extremamente grave. Eleadulterou com uma mulher chamadaBateseba, e ainda providenciou que o

Para ler e meditar durante a semanaD—João 15.26,27-0 testemunho da verdade; S — l João 2.18-29 - O Espírito guia à verdade;

T — l Corín tios 6.12-20 — Somos templo do Espírito; Q —Romanos 8.12-17 —Para vencer opecado; Q — Isaías 63.7-10 — O Espírito e a rebeldia; S —Tiago 4.4,5 — Ciúmes de nós;

S — l Tessalonícenses 5.19-22 - Não apagueis o Espírito

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Como não entristecer o Espírito 61

marido dela fosse morto. Quando o pro-feta Nata o confrontou de seu pecado, eleorou: "Cria em mim, ó Deus, um cora-ção puro e renova dentro de mim um es-pírito inabalável. Não me repulses da tuapresença, nem me retires o teu Santo Es-pírito. Restitui-me a alegria da tua salva-ção e sustenta-me com um espírito vo-luntário" (SI 51.10-12). Consciente deque havia entristecido o Espírito, ele cla-ma ao Senhor para que não deixe o Espí-rito se retirar dele, esvaziando-o. É justa-mente com relação a esse perigo de esva-ziar-se que devemos estar constantemen-te atentos. Não estamos dizendo que oEspírito possa se retirar totalmente da vidade um crente verdadeiro, mas não é difí-cil entristecer o Espírito dentro de nós,por isso, devemos ser vigilantes.

II. HONRANDO A SANTIDADE DOESPÍRITOEntristecemos ao Espírito que em nós ha-bita todas as vezes que agimos de formacontrária aos ensinamentos da Palavra deDeus. Ele também se entristece conoscoquando caminhamos de modo contrárioao propósito de Deus para nós, que é asantificação (iTs 4.3/2Ts 2.13), quandoas obras da carne estão cada vez mais evi-dentes em nossa vida e o fruto do Espíri-to parece mais distante do nosso proce-dimento (Gl 5-16-26). Se por um lado oentristecimento do Espírito revela o nos-so pecado, por outro, fala-nos do seuinvencível amor, que não se intimida nemse acomoda com a nossa desobediência,antes se expõe, nos atraindo para si emamor. "Podemos magoar ou irar alguémque não nos tem afeição, mas entristecerpodemos só a quem nos ama".1

Portanto, a melhor forma de evitar-mos o entristecimento do Espírito é hon-rando a santidade dele. Estamos tão acos-tumados a dizer "Espírito Santo" quemuitas vezes nem percebemos nesse nomea presença e o significado do adjetivo "san-to". A palavra "santo" não é apenas umtítulo do Espírito. Se o Espírito é Santo,então, uma maneira de o entristecermosé não honrando sua santidade. E come-temos esse erro quando nossa própria vidanão é santa. A santidade nos fala de umavida consagrada, separada do mundo,absolutamente dedicada ao Senhor. Pau-lo diz que o Espírito nos selou para o diada redenção. Esse selo nós recebemos noinstante em que cremos (Ef 1.13,14), e éa mesma coisa que o batismo com o Es-pírito Santo, que já estudamos. Um seloé uma marca de propriedade. Quandoum fazendeiro quer identificar o seu gadoele coloca nos animais uma marca a ferro.Dessa forma, seu gado se torna diferentedo gado de outros fazendeiros, exatamen-te porque possui sua marca. O EspíritoSanto é a marca que afirma que somosseparados do mundo e que pertencemosa Deus. Ele também sinaliza a garantiade que nada poderá fazer com que perca-mos a salvação que foi conquistada paranós na cruz. Ambas as figuras — "penhor"e "selo" —, assinalam que pertencemos aDeus e, que a obra que ele mesmo ini-ciou será plenamente cumprida em nós(Fp 1.6). Desta forma, o "penhor" e o"selo" do Espírito têm implicaçõeses cato lógicas, porque apontam para o fu-turo, quando a obra do Deus Trino seráconcluída em nós (IPe 1.3-9). Objetiva-mente considerando, o penhor assinala agarantia oferecida pelo próprio Deus a

'Billy Graham, O Espírito Santo. São Paulo: Vida Nova, 1988, p. 123.

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62 A Essência da Fé—Parte 5 — O qiie a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo

respeito de nossa salvação, tendo, comoamostragem» o próprio Espírito em nós.O penhor é da mesma essência da heran-ça. Hoje nós já temos uma amostragemdo que será a nossa vida com Cristo, quan-do o Espírito será tudo em todos nós, osque cremos. Stibjetivamente, temos a cer-teza que o Deus onipotente e fiel cum-prirá as suas promessas, preservando-nosaté o fim. "Enquanto vivemos neste mun-do, necessitamos de um penhor, porquecombatemos em esperança; mas quandoa possessão mesma se manifestar, entãocessará a necessidade e o uso do penhor."2

Mas, como marcados ou selados,devemos viver uma vida de separação domundo, em busca constante pela santi-dade que o Espírito pode nos conceder.Sempre que deixamos de perseguir umavida santa estamos entristecendo o Espí-rito Santo. De fato "através de toda espé-cie de imaginação, cogitação ou motiva-ção, em contato com este Espírito habi-tante e santificante, ele é, figuradamente,injuriado e reduzido no coração dos fi-lhos de Deus".3 Pela habitação do Espíri-to Santo em nossa vida nós somos consi-derados templos do Espírito (lCo 6.19;Ef 2.22). Não é errado dizer que o tem-plo precisa ser mantido puro por causada pureza daquele que nele habita.

A expressão "entristecer" vem carre-gada de conotação de aflição e até mesmodor. Isso nos fala também da pessoalidadedo Espírito Santo, pois somente alguémpessoal poderia sentir algo assim. De fato,quando não vivemos vida santa, estamoscausando um grande crime contra esse Es-pírito tão santo e puro que habita em nóse que é a fonte de todas as bênçãos deDeus sobre a nossa vida.

III. MANTENDO A UNIDADE DOESPÍRITOA falta de unidade ou de comunhão tam-bém entristece o Espírito Santo, pois "sen-do ele .'um só Espírito3 (2.18; 4.4), a de-sunião também lhe causará tristeza".4 Einteressante que, na bênção apostólica, aparte >que cabe ao Espírito Santo é a co-TOaralíão. Paulo -diz "A graça do SenhorJesas Cristo, -e o amor de Deus, e a comu-nhão 4o Espírito .Santo sejam com todosvós" ;(2Co 13.13). O Espírito Santo foienviado para tornar a Igreja um Corpo,sendo que é a sua atuação no meio da igre-ja que une os diferentes membros. Porisso, quando a unidade ou a comunhão équebrada o Espírito Santo é entristecido,pois seu objetivo maior não é alcançado.E nossa função mós esforçar "diligente-imente por,preservar a-unidade'do Espíri-to'no vínculo ;da paz" (ÇBf4.3). Devemosnos esforçar fpo:r imanter a unidade unscom o"s outros, pois assim não estaremosentristecendo o Espírito Santo que habi-ta em nós.

No contexto próximo Paulo estavafaiando sobre o mau uso da língua: "Nãosaia da vossa boca nenhuma palavra tor-pe, e sim unicamente a que for boa paraedificação, conforme a necessidade, e, as-sim, transmita..graça aos que ouvem" (Ef4.29).-Muitas vezes<a'forma como con-versamos • com as'pessoas causa divisõessérias na igreja. A palavra "torpe" era usa-da para1 referir-se a frutos ou mesmo ár-vores podres. Dessa forma, se aplicada apalavras, refere-se a palavras corruptoras.Mas não é somente por meio de palavrasque podemos causar divisões na igreja.Também atitudes diretas ou indiretas,tanto atos como omissões produzem esse

2 João Calvino, Efêsios. São Paulo: Paraclecos, 1998, (Ef 1.14), p. 37.3 William. Hendriksen. Efêsios. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1992, p. 2764 John Stott. A Mensagem de Efêsios. 41 Edição. São Paulo: Edições Vida Nova, 1994, p. 139

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Como não entristecer o Espírito

efeito. Todas essas coisas entristecem oEspírito Santo, pois ele é o Espírito daUnidade e seu único interesse é fazer denós um corpo bem estruturado que fun-cione em perfeita harmonia. Ele sabe quedessa forma nós estaremos glorificandoao Senhor Jesus, e, glorificar ao Senhor,sempre foi a principal atividade do Es-pírito Santo.

É impressionante ver quantas refe-rências existem na Palavra de Deus sobrea necessidade de unidade dentro da igre-ja. E, talvez, hoje seja esse o maior pro-blema dela. Por todos os lados vemos dis-putas, conflitos, pessoas que não "se dão".É estranho que muitas delas se digam"cheias do Espírito Santo". Quando oEspírito Santo é entristecido significa quesua atuação vai sendo resistida (At 7.51)e isso é apenas um passo para que ele sejaapagado (iTs 5.19).

Em carta a Cranmer (abril de 1552),ressaltando a importância da unidade daIgreja, a certa altura Calvino díz: "...Es-tando os membros da Igreja divididos, ocorpo sangra. Isso me preocupa tanto que,se pudesse fazer algo, eu não me recusa-ria a cruzar até dez" mares, se necessáriofosse, por essa. causa?."5

IV. PREFERINDO;A VERDADETalvez o- único1 título comparável ao "San-to" que o Espírito possui foi o que o pró-prio Jesus lhe deu (Jo 14.17; 15.26):"quando vier, porém, o Espírito da verda-de, ele vos guiará a toda a verdade; por-que não falará por si mesmo, mas dirátudo o que tiver ouvido e vos anunciaráas coisas que hão de vir" (Jo 16.13). Agrande função do Espírito da Verdade éguiar os crentes a toda verdade, e por issosempre que a verdade é deixada de lado,

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o Espírito Santo é entristecido. Em Efésios5.25 Paulo recomendou; "... deixando amentira, fale cada um a verdade com oseu próximo, porque somos membros unsdos outros". A mentira fere a atuação doEspírito da Verdade e da Unidade em nós.Não devemos mentir porque somos mem-bros do mesmo corpo, e assim estaríamosmentindo a nós mesmos. Se um membroprejudica o corpo, que esperanças tem elede não ser atingido também? Quando nãohonramos a verdade fazemos mal a nósmesmos e ao Corpo de Cristo.

Sempre que a mentira é honrada, oEspírito Santo é entristecido. A mentiraé algo próprio de Satanás, o "pai da men-tira" (Jo 8.44). Também por causa dopecado que entrou no mundo a mentirase tornou algo inerente à humanidade.Romanos 1.25 diz que os homens "mu-daram a verdade de Deus em mentira,adorando e servindo a criatura em lugardo Criador". Mentir é uma das caracte-rísticas mais comuns da humanidade de-caída, mas não deve ser da igreja, que secompõe de pessoas com uma nova natu-reza, pessoas que foram revestidas do novohomem e que, portanto, não devem maisviver como outrora.

Entretanto, a mentira pode se apre-sentar de muitas formas. Às vezes pensa-mos que mentira é somente alguma his-tória inventada para nos safarmos de al-gum aperto. Mas a mentira pode ter umsignificado bem mais amplo. Sempre quenão damos crédito à verdade estamos pre-ferindo a mentira. O simples fato de dei-xar a verdade de lado já é uma posição afavor da mentira. Nesse sentido, a maiormanifestação da mentira se faz visívelquando a Palavra de Deus é atacada. Je-sus disse que a Palavra de Deus é a Verda-

5 Letters ofjohn Calvin, Seleclonadas da edição Bonnet, Edínburgo: The Banner ofTruth Trusc, 1980, p.132,133.

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64 A Essência ãa Fé—Parte 5 — O que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo ,

de (Jo 17.17)) e nós vivemos tempos emque de muitas formas essa Palavra tem sidoabandonada. O que está em moda nosdias atuais é um evangelho destituído deBíblia. Existe por aí um evangelho cheiode mensagens de auto-ajuda, deencorajamento, de pensamento positivo,de prosperidade. Esse é um evangelho semcruz, sem arrependimento de pecado, semdesafio a uma vida santa. Esse tipo depregação não está de acordo com a verda-de e por consequência não pode agradaro Espírito da Verdade, antes, com todacerteza o entristece. O Espírito Santo queinspirou a Escritura é entristecido quan-do a Escritura não é honrada, pregada eobedecida.

CONCLUSÃODe várias formas o Espírito pode ser en-tristecido, mas isso acontece especialmen-

te quando não honramos sua santidade,quando não nos esforçamos para mantersua unidade e quando negligenciamos asua verdade. Tomemos cuidado, portan-to, para que ele continue alegrementeagindo em nós. Depois de tudo o queaprendemos sobre ele neste trimestre, po-demos praticar buscando o enchimento,o bom uso dos dons regulado pelo amor,e o relacionamento íntimo cada vez maisforte e pessoal com ele.

APLICAÇÃOComo servos do Senhor Jesus nestemundo temos uma missão a cumprir:fazer o nome dele honrado e conheci-do. Este também é o maior interesse doEspírito Santo, e para essa finalidadenos foi dado. Devemos, portanto hon-rar este Espírito e não entristecê-lo comnossas atitudes. •

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A ESSÊNCIA DA FÉ - Parte 5, O que a Bíblia ensina sobre o

Espírito Santo

AUTORIA DAS LIÇÕESLeandro António de Lima

REVISÃOHermísten Maia Pereira da CostaRenata Rocha Vargas Henrique

FORMATAÇÃORis s ato

CARALeia Design

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ÍNDICE

1. O Espírito Santo no Antigo Testamento l

2. A Pessoa do Espírito Santo ,. 6

3. A Promessa do Espírito Santo 11

4. A Obra do Espírito Santo.. 15

5. O Batismo com o Espírito Santo.. 20

6. O Testemunho Interno e a Iluminaçãodo Espírito 25

7. A Plenitude do Espírito.. 30

8. O fruto do Espírito Santo 35

9. Os dons do Espírito Santo 40

10. Amor — o dom supremo 45

11. O pecado contra o Espírito Santo 50

12. Evidências de uma igreja cheia doEspírito Santo 55

13. Como não entristecer o Espírito 60

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Pastores, presbíteros ediáconos têm uma revista?

ÍÍIÍ.TÍIJRU=J faliuuâlTâlâs Júrsíar, 33íracamíjuci

C.Posla! 15/135 - São Paulo - SPs (í)"ri> 3207-7099 - rei/ O^ri 325-1205

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