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1 Edição Nº. 8, Vol. 1, jan./dez. 2018. Inserida em: http://www.uel.br/revistas/lenpes-pibid/ TÍTULO: SOCIOLOGIA BRASILEIRA AUTORA: SABRINA D. S. DAMAZIO VIOLANTE CONTATO: [email protected] OBJETIVO GERAL: Apresentar de forma introdutória e panorâmica o contexto histórico do surgimento da Sociologia no Brasil, assim como alguns autores e suas interpretações sobre o país consideradas importantes para a compreensão desse período. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: a) Distinguir as diferentes interpretações do Brasil feitas por autores como, Euclides da Cunha, Oliveira Viana, Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda, Caio Prado Junior e Florestan Fernandes; b) Possibilitar uma reflexão sobre a importância desses autorespara a compreensão dos problemas atuais no Brasil, principalmente aqueles relacionados às desigualdades raciais. 1. PRÁTICA SOCIAL INICIAL DO CONTEÚDO 1.1 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS A SEREM TRABALHADOS DURANTE A AULA: a) As primeiras leituras sociológicas no Brasil: Euclides da Cunha (1866 - 1909) e Oliveira Viana (1883 - 1951); b) O estabelecimento da Sociologia no Brasil: A geração de 1930; c) O conceito de Democracia Racial em Gilberto Freyre; d) O conceito de Homem cordial em Sergio Buarque de Holanda; e) A economia mercantil em Caio Prado Júnior; f) O Mito da Democracia Racial segundo Florestan Fernandes. 1.2 VIVÊNCIAS COTIDIANAS DOS ALUNOS:

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Edição Nº. 8, Vol. 1, jan./dez. 2018. Inserida em: http://www.uel.br/revistas/lenpes-pibid/

TÍTULO: SOCIOLOGIA BRASILEIRA

AUTORA: SABRINA D. S. DAMAZIO VIOLANTE CONTATO: [email protected]

OBJETIVO GERAL: Apresentar de forma introdutória e panorâmica o contexto histórico

do surgimento da Sociologia no Brasil, assim como alguns autores e suas interpretações

sobre o país consideradas importantes para a compreensão desse período.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

a) Distinguir as diferentes interpretações do Brasil feitas por autores como, Euclides da

Cunha, Oliveira Viana, Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda, Caio Prado Junior

e Florestan Fernandes;

b) Possibilitar uma reflexão sobre a importância desses autorespara a compreensão dos

problemas atuais no Brasil, principalmente aqueles relacionados às desigualdades

raciais.

1. PRÁTICA SOCIAL INICIAL DO CONTEÚDO

1.1 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS A SEREM TRABALHADOS DURANTE A AULA:

a) As primeiras leituras sociológicas no Brasil: Euclides da Cunha (1866 - 1909) e

Oliveira Viana (1883 - 1951);

b) O estabelecimento da Sociologia no Brasil: A geração de 1930;

c) O conceito de Democracia Racial em Gilberto Freyre;

d) O conceito de Homem cordial em Sergio Buarque de Holanda;

e) A economia mercantil em Caio Prado Júnior;

f) O Mito da Democracia Racial segundo Florestan Fernandes.

1.2 VIVÊNCIAS COTIDIANAS DOS ALUNOS:

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a) O que os alunos já sabem sobre o conteúdo?

Neste primeiro momento apresentarei o tema da aula (Sociologia Brasileira) e

buscarei identificar o que os alunos lembram sobre o tema, visto que eles já vinham tendo

este conteúdo ao longo do segundo trimestre. Farei perguntas como “O que vocês

lembram sobre Sociologia Brasileira?”; “Qual o período de consolidação da Sociologia no

Brasil?”; “O que impulsionou a consolidação da Sociologia enquanto ciência no Brasil?”;

“Vocês lembram-se de algum autor da Sociologia Brasileira”? Quais?”; “Qual era a

preocupação desses intérpretes com relação ao Brasil?”. As perguntas podem sofrer

modificações dependendo do retorno dos estudantes. As respostas serão anotadas no

quadro.

2. PROBLEMATIZAÇÃO

2.1. DISCUSSÃO SOBRE OS PROBLEMAS MAIS SIGNIFICATIVOS:

Iniciarei o diálogo com os estudantes apresentando o tema da aula (Sociologia

Brasileira). Farei algumas perguntas iniciais para tentar entender o que eles lembram

sobre o tema, visto que eles já vinham tendo este conteúdo ao longo do segundo

trimestre. Farei perguntas como: “O que vocês lembram sobre Sociologia Brasileira?”;

“Qual o período de consolidação da Sociologia no Brasil?”; “Existia interesse em

compreender o Brasil antes desse período?”; “O que impulsionou a consolidação da

Sociologia enquanto ciência no Brasil?”; “Vocês lembram-se de algum autor da Sociologia

Brasileira”? Quais?”; “Qual era a preocupação desses intérpretes com relação ao Brasil?”.

As perguntas podem sofrer modificações dependendo do retorno dos estudantes.

Depois de introduzir o conteúdo e relembrar algumas características da Sociologia

brasileira questionarei aos estudantes se eles consideram que o Brasil é um país racista;

por que e quais seriam as origens desse racismo no país e se o racismo contribuiu e vem

contribuindo para o aumento da desigualdade racial, desigualdades econômicas, sociais e

educacionais.

Após esse diálogo com os alunos pretendo expor como alguns autores abordaram

essa temática ao longo da história e como a Sociologia contribuiu para a compreensão da

formação do Brasil e das relações sociais existentes que desencadearam uma série de

desigualdades sociais, dentre as quais se destaca a desigualdade racial.

Para introduzir o assunto utilizarei a seguinte citação:

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As questões sociais nas primeiras décadas do século XX propiciaram reflexões sobre suas dinâmicas. Em tons conservadores, encontram-se entre os ensaístas da realidade social: Silvio Romero (1851-1914), autor de inúmeras publicações, como Ensaios de sociologia e literatura (1901), Euclides da Cunha (1866-1909), cuja obra-prima foi Os Sertões (1902) e Oliveira Vianna (1883-1951) que, entre outras obras, escreveu Populações meridionais do Brasil (1920) e Formação étnica do Brasil colonial (1932), preocupados em reconhecer a identidade cultural da nação em afirmação, via uma mescla de história, política e sociedade. Entre literatos, juristas, historiadores, jornalistas, filósofos, despontavam importantes pensadores de questões sociais no cenário brasileiro, tendo por contexto político-social a nova República, o crescimento da população urbana e a tradição rural do país. Às voltas com a construção de um sentimento de brasilidade,o país experimentava um processo de modernização cultural, no qual a ciência condiciona o seu saber ao desenvolvimento do processo produtivo; a moral se torna secular, com caráter universalista, internalizada pelo indivíduo e originando a ética do trabalho; e a arte se torna autônoma, segundo Dupas (2001). (DCE/PR-Sociologia, 2008, p.42 e 43).

A respeito do caráter conservador que predominavam as análises do Brasil

destacarei as concepções evolucionistas e o darwinismo social, onde os autores estavam

preocupados em entender qual seria o povo formador do Brasil ou como formar um país

com a população existente. Apontarei para as interpretações racistas vigentes nesse

período e como que a história da sociedade brasileira é influenciada por decisões

políticas. Para ilustrar esse período irei apresentar a obra Redenção de Can. Essa obra

do pintor espanhol Modesto Brocos de 1895 retrata a busca do “embranquecimento

racial”, presente no século XIX e início do século XX, por meio da imagem de três

gerações de uma mesma família, onde se percebe um gradual clareamento da cor da

pele por meio da miscigenação (avó negra, filha parda e neto branco) e a visível

comemoração da avó ao ver que o seu neto era branco.

Modesto Brocos, 1895. Óleo sobre tela, 199 × 166. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro

Após a análise da imagem que reflete a preocupação da época apresentarei dois

autores desse período Euclides da Cunha (1866 - 1909) e Oliveira Viana (1883 - 1951).

A respeito de Euclides da Cunha irei apresentar um pouco sobre a sua biografia,

sua obra Os Sertões e a principal contribuição sociológica dessa obra. Ressaltarei a

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importância de Os Sertões para a Sociologia, visto que o autor “estava fazendo

revelações quanto a organização da República que estaria sendo consolidada”

(SOCIOLOGIA, vários autores, 2006, p. 52).

Outro autor importante e que reflete o pensamento da época é Oliveira Viana (1883

- 1951). Apresentarei esse autor utilizando a seguinte citação:

Oliveira Viana foi um dos primeiros pensadores a formular uma visão sociológica sobre o Brasil. Preocupado especialmente com a questão da formação do povo brasileiro, empregou um forte tom positivista em seus estudos, afirmando a relação entre “raça”, meio natural e comportamento humano. Defensor da tese da superioridade ariana sobre os demais grupos étnicos, e apreensivo diante do caráter majoritariamente mestiço da população brasileira, dedicou-se a pensar os possíveis rumos do país em estudos voltados para a temática racial. Tais estudos visavam entre outras coisas, a identificar os imigrantes mais adequados a compor a população nacional por meio da assimilação. Neles defendia a vinda de imigrantes que, a seu ver, poderia misturar-se a população de modo a embranquecê-la sem, no entanto, formar subgrupos fechados em sua cultura de origem. De acordo com esse critério, opunha-se, por exemplo, a vinda de imigrantes japoneses, visto por ele “como enxofre: insolúveis. (TEMPOS MODERNOS, tempos de Sociologia, 2010, p. 249)

Entre as obras de maior destaque estão Populações Meridionais do Brasil (1918),

onde o autor destaca as diferenças do povo brasileiro dos demais povose Evolução do

povo brasileiro (1923).

Esses dois autores caracterizam esse período de pré-consolidação da Sociologia

brasileira. São necessários na medida em que revelam informações importantes sobre a

formação do Brasil, quem é o povo brasileiro e quais os rumos que o país pode vir a

tomar.

A partir da década de 1930 a reflexão sobre a realidade social no Brasil passa a

adquirir uma característica mais investigativa, mais crítica. Alguns movimentos que

surgiram nessa época contribuíram para essa mudança de postura. Vale ressaltar o

Movimento Modernista, a formação do Partido Comunista e os Movimentos Armados de

1935. Outras iniciativas também contribuíram para a consolidação da Sociologia no Brasil,

dentre as quais podemos destacar:

[...] as apontadas por Meucci (2008): a) introdução da cadeira de Sociologia nos cursos secundários chamados complementares, em 1925, nas Escolas Normais de Pernambuco e no Rio de Janeiro, em 1928, e de São Paulo, em 1933; b) criação dos cursos de Ciências Sociais na Escola Livre de Sociologia e Política, em 1933; na Universidade de São Paulo, em 1934; na Universidade do Distrito Federal, em 1935; e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Paraná, em 1938; c) publicação das consagradas obras Evolução Política do Brasil (1933) de Caio Prado Júnior, Casa grande e senzala (1933) de Gilberto Freyre e Raízes do Brasil (1936) de Sérgio Buarque de Holanda [...].(DCE/PR-Sociologia, 2008, p.43 e 44).

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Com uma abordagem mais reflexiva, explicativa e investigativa autores como

Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior, entre outros, dão forma

científica a Sociologia no Brasil. Esses autores são importantíssimos para entendermos

os rumos da Sociologia no Brasil a partir desse momento.

Para explicar os autores partirei dos seus conceitos principais: Democracia Racial

em Gilberto Freyre; Homem Cordial em Sérgio Buarque de Holanda e Economia mercantil

em Caio Prado Júnior.

Para explicar o conceito de Democracia Racial em Gilberto Freyre usarei o vídeo:

Clássicos para desvendar o Brasil – Casa-Grande e Senzala de Saulo Goulart retirado do

canal Casa do Saber e também as citações (SOCIOLOGIA, vários autores, 2006):Um

traço importante de infiltração de cultura negra na economia e na vida doméstica do

brasileiro resta-nos acentuar: a culinária. [...] Foi ainda o negro quem animou a vida

doméstica do brasileiro de sua maior alegria. [...] Nos engenhos, tanto nas plantações

como dentro da casa, nos tanques de bater roupa... carregando sacos de açúcar... os

negros trabalhavam sempre cantando. (FREYRE, 2002)

Através das citações acima mostrarei aos estudantes como que Gilberto Freyre

compreendia a miscigenação e a relação social advinda dela. Apontarei para o fato de

que esse autor via a mistura das raças como o ponto positivo da nossa cultura, inovando

ao apresentar uma nova maneira de ver a constituição da nacionalidade brasileira. Freyre

combatia: “a visão elitista existente na época, importada da Europa, a qual privilegiava a

cor branca. Segundo tal visão racista, a mistura de raças seria a causa de uma formação

“defeituosa” da sociedade brasileira, e um atraso para o desenvolvimento da nação”

(SOCIOLOGIA, vários autores, 2006, p. 53).

Problematizarei também o conceito de Homem cordial em Sergio Buarque de

Holanda, com baseno texto “Civilizados ou cordiais?” do livro didático Tempos Modernos,

Tempos de Sociologia.

A partir do texto pretendo abordar o que levou Sergio Buarque de Holanda a

construir sua interpretação sociológica: a do “homem cordial”; e o que de fato esse autor

entende com o conceito de cordialidade. Também apontarei as previsões do autor sobre o

Brasil, onde ele demonstra acreditar que com o avanço da urbanização e da

industrialização as relações de cordialidade seriam abandonadas.

Outro autor do qual falarei na sequência é Caio Prado Júnior. Importante sociólogo

brasileiro:

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Caio Prado Júnior (1907-1980), ensaísta e político, foi o primeiro intelectual brasileiro a utilizar a análise marxista em estudos sobre a realidade cultural do país. Contribuiu com a história da política nacional, a partir das origens do Brasil Colônia, escrevendo várias obras de assuntos sociológicos, históricos, políticos e econômicos, entre as quais se destacam Evolução Política do Brasil (1933), Formação do Brasil contemporâneo (1942) e A questão agrária no Brasil (1979). Intelectual combativo, Caio Prado Jr. fundou a Editora Brasiliense, em 1943, e também participou da vida político-partidária integrando a Aliança Liberal, que combatia o fascismo e o imperialismo. (DCE/PR-Sociologia, 2008, p. 44).

Sobre uma das suas principais obras, “Formação do Brasil Contemporâneo”,

discorrerei sobre a tese apresentada por esse autor, onde “a origem do atraso da nação

brasileira estaria vinculada ao tipo de colonização que o Brasil foi submetido por Portugal,

isto é, uma colonização periférica e exportadora”. (SOCIOLOGIA, 2006, p.54).

Pretendo também, relacionar esse autor com Gilberto Freyre e mostrar o porquê

que Caio Prado Júnior considerava Gilberto Freyre como sendo um conservador.

Por último, apresentarei o sociólogo e político Florestan Fernandes falando um

pouco sobre sua biografia e os trabalhos desse autor sobre a temática em questão.

Acerca do Mito da Democracia Racial uma importante contribuição desse autor se

encontra no livro A integração do negro na sociedade de classes de 1978, onde Florestan

analisa como os negros foram sempre situados à margem da nossa sociedade. Nessa

obra, o autor destaca alguns de seus interesses sociológicos, como: O interesse em saber

como se deu o processo que colocou os negros a margem da sociedade; a defesa de que

o negro não era um problema para a nação, pelo contrário, sempre participaram das

transformações sociais do país, mesmo que em uma posição restrita; e a crítica à

sociedade capitalista que defendia que os negros se encontravam em iguais condições

que os brancos e outros estrangeiros, não desenvolvendo, portanto, políticas voltadas

para a “absorção” dos negros na sociedade.

Utilizarei também a seguinte citação:

A desagregação do regime escravocrata e senhorial se operou, no Brasil, sem que se cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias que os protegessem na transição para o sistema de trabalho livre. Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou qualquer outra instituição assume encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho. (FERNANDES, 2008, p. 29).

A partir da citação irei propor uma reflexão com os alunos acerca da desigualdade

racial existente hoje no Brasil. O objetivo é discutir com os estudantes o que eles

entenderam com a citação e se concordam com as considerações de Florestan

Fernandes. A expectativa aqui é que os estudantes consigam responder a partir de toda a

parte teórica da aula as perguntas feitas na Prática Social Inicial: se o Brasil é um país

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racista; se existe desigualdade racial no Brasil; E a importância de se conhecer as

interpretações sociológicas sobre o Brasil para compreendermos o país na atualidade.

Espera-se que o estudante compreenda que o país tal como se encontra nos dias

de hoje é fruto de decisões políticas tomadas ao longo da história. Encerrando essa parte

da aula mostrarei um vídeo chamado Jogo do Privilégio Branco do Canal ID_BR que

mostra como a cor da pele, a orientação sexual, os recursos econômicos, entre outros

fatores, colocam as pessoas em diferentes posições sociais. Aponta para as

desigualdades existentes na sociedade questionando ao mesmo tempo os princípios da

meritocracia.

2.2 DIMENSÕES DO CONTEÚDO

DIMENSÃO HISTÓRICA: A dimensão histórica do tema terá o intuito de responder as

seguintes questões: Qual o contexto histórico de formação da Sociologia no Brasil? Como

o Brasil foi interpretado ao longo da história? Qual a importância histórica da Sociologia

brasileira?

DIMENSÃO SOCIOLÓGICA: Na dimensão Sociológica as questões orientadoras serão:

Quais foram asprimeiras análises sociológicas sobre o Brasil? Qual a importância da

Sociologia Brasileira? Qual a contribuição dos sociólogos abordados para a análise do

Brasil na atualidade?

3. INSTRUMENTALIZAÇÃO:

PRIMEIRO PASSO: (aproximadamente 10 minutos):O fio condutor será mobilizar o

estudante para os conteúdos da sociologia brasileira, conforme apresentados no tópico

Conteúdo de Ensino.

SEGUNDO PASSO: (aproximadamente 1h: 32 minutos):Apresentar os autores da

Sociologia Brasileira e suas principais contribuições, conforme consta na

problematização.

TERCEIRO PASSO: (aproximadamente 8 minutos):Utilizarei dois vídeos de

aproximadamente 4 minutos cada para auxiliar na compreensão do conteúdo. Um

referente ao sociólogo Gilberto Freyre e um segundo vídeo chamado Jogo do Privilégio

Branco do Canal ID_BR que mostra como a cor da pele, a orientação sexual, os recursos

econômicos, entre outros fatores, colocam as pessoas em diferentes posições sociais.

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QUARTO PASSO: (aproximadamente 40 minutos): atividade da catarse com questões

Impressas [Questões de Múltipla Escolha e dissertativas - Vestibulares]

3.2 RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS: Quadro de Giz;Tv Pendrive;vídeo; imagem;

questões Impressas (dissertativas e de múltipla escolha).

4. CATARSE: SINTESE E EXPRESSÃO DA SÍNTESE

4.1 SINTESE: (critérios da avaliação) Espera-se que o aluno compreenda o contexto

histórico do surgimento da Sociologia no Brasil, assim como as contribuições sociológicas

dos autores abordados nas aulas. Sobre Gilberto Freyre, quer-se que o aluno entenda o

conceito de Democracia Racial; que compreenda o que Sérgio Buarque de Holanda quer

dizer com a teoria do “Homem Cordial” e como Caio Prado Júnior, concebe a colonização

feita no Brasil; e reflita sobre o Mito da Democracia Racial defendido por Florestan

Fernandes.

4.2 EXPRESSÃO DA SÍNTESE: Pretende-se avaliar a aprendizagem do conteúdo pelos

alunos por meio de questões impressas de Múltipla escolha e dissertativas, retiradas dos

vestibulares da UEL, UEM e UNICENTRO, referentes à temática da Sociologia Brasileira.

REFERÊNCIAS:

BOMENY, Helena; FREIRE, Bianca Medeiros. Tempos Modernos, tempos de Sociologia. São Paulo: Editora do Brasil, 2010. BROCOS, Modesto. Redenção de Cã. Rio de Janeiro, 1895. Disponível em: <http://mnba.gov.br/portal/colecoes/pintura-brasileira> Acesso em 24 de jul. 2017. CASA DO SABER. Clássicos para desvendar o Brasil: "Casa-Grande e Senzala". Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tCZojnCUttI> Acesso em 6 de jul. 2017. GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 2ª ed. Campinas/SP: Autores Associados, 2003. ID_BR. Jogo do Privilégio Branco. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MuOE3IJZoZU> Acesso em 6 de jul. 2017. MACHADO, Igor José de Renó. Sociologia hoje: volume único: ensino médio. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2013.

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PARANÁ. SEED. Diretrizes curriculares da educação básica- Sociologia. Curitiba, 2008. PÚBLICO, Livro Didático. Sociologia–vários autores. SEED-PR–Curitiba, 2006.

ANEXO: ATIVIDADES

1 – (UNICENTRO, 2012). A formação do Brasil e a identidade do brasileiro foram

bastante discutidas no início do século XX pelos sociólogos brasileiros Gilberto

Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior. A respeito das análises

de Freyre, em seu livro “Casa Grande e Senzala”, é correto afirmar:

a) Criou uma tipologia para estudar a formação do Brasil e do brasileiro, dando ênfase

explicativa ao tipo aventureiro do português em detrimento do tipo semeador.

b) Fez um estudo da colonização portuguesa, descrevendo a formação da família

patriarcal brasileira, dando especial importância à miscigenação como traço cultural.

c) Observou que a cordialidade do povo brasileiro lhe dificultava o reconhecimento da

moderna impessoalidade nas relações sociais.

d) Utilizou o materialismo dialético como chave explicativa dos fatos sociais que

condicionavam o destino do país.

e) Tratou da decadência do patriarcado rural e do crescimento das elites urbanas no

Brasil.

2 – (UEM, 2013). A miscigenação de raças e de culturas foi um aspecto fundamental

da nacionalidade brasileira. Gilberto Freyre, em Casa Grande & Senzala, de 1933,

valoriza “as características do negro, do índio e do mestiço”, defendendo “a ideia

de que a mistura dessas raças seria a ‘força’, o ponto positivo, da nossa cultura”

(LORENSETTI, Everaldo. A produção sociológica brasileira. In: LORENSETTI,

Everaldo et al. Sociologia: ensino médio. Curitiba: SEED-PR, 2006, p. 53).

Com base nessa informação, assinale o que for correto.

01) Essa concepção de Gilberto Freyre demonstra o seu racismo na análise da sociedade

brasileira.

02) Na visão de Freyre, a mistura de raças dificulta a democracia racial.

04) Para o autor, a riqueza da nacionalidade brasileira adviria de uma convivência entre

as raças, que possibilitaria a comunicação e a mistura entre as culturas.

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08) Para Gilberto Freyre, a raça ariana era superior e devia ser privilegiada na elaboração

de políticas públicas.

16) Segundo o autor, o índio e o negro contribuíram de maneira fundamental para a

riqueza da cultura brasileira.

Soma= _______

Atividade do segundo dia, referente a uma aula de 50 minutos:

1 – (Uel 2008) Analise a tabela a seguir:

Número e Percentual de Pobres - Indigentes por cor, 1992 e 1999

Número Percentual

1992 1999 Variação

%

1992 1999

Total 84.459.000 75.195.000 -11,00 100,0 100,0

Brancos 31.075.000 25.869.000 -16,75 37,0 34,4

Afrodescendentes 53.191.000 49.012.000 -7,85 63,0 65,6

Fonte: IPEA, 2001. OLIVEIRA, L. F.; COSTA, R.R. Sociologia para jovens do século

XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2007. p. 144.

Os dados sobre a pobreza e a indigência segundo a cor ilustram os argumentos

dos estudos:

a) de Gilberto Freyre sobre a natural integração dos negros na sociedade brasileira, que

desenvolveu a democracia racial.

b) de Caio Prado Junior sobre a formação igualitária da sociedade brasileira, que

desenvolveu o liberalismo racial.

c) de Sérgio Buarque de Holanda sobre a cordialidade entre as raças que formam a

nação brasileira: os negros, os índios e os brancos.

d) de Euclides da Cunha sobre a passividade do povo brasileiro, ordeiro e disciplinado,

que desenvolveu a igualdade de oportunidades para todas as raças.

e) de Florestan Fernandes sobre a não integração dos negros no mercado de trabalho

cem anos após a abolição da escravidão.

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ANEXO: MATERIAL DIDÁTICO

SOCIOLOGIA BRASILEIRA

Resumo: A Sociologia é, numa definição breve, uma ciência que tem o objetivo de

entender a organização e o funcionamento das sociedades humanas buscando identificar

as leis e os fundamentos que as regem. No Brasil, a Sociologia surge aproximadamente

nos anos de 1930 devido a inúmeros acontecimentos pelos quais passa o país nesse

período. Com o intuito de entender a formação da sociedade brasileira, alguns

historiadores, literatos, juristas e, posteriormente, sociólogos se dedicaram a interpretar o

Brasil.Alguns com características mais descritivas, outros mais investigativos e críticos,

buscavam entender quem era o povo formador do país, as relações sociais que foram

estabelecidas durante o período colonial e após a proclamação da República em 1889 e

também, a direção para qual o país se encaminhara. Estas aulas tem o objetivo de

apresentar, de maneira panorâmica e cronológica, as primeiras leituras sociológicas no

Brasil e algumas interpretações de sociólogos que contribuíram para a reflexão de

questões importantes sobre o país. Autores como, Euclides da Cunha, Oliveira Viana,

Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior e Florestan Fernandes,

serão abordados durante as aulas.

Primeiras leituras sociológicas no Brasil: Euclides da Cunha (1866 – 1909) e Oliveira

Viana (1883 – 1951):

As questões sociais nas primeiras décadas do século XX propiciaram reflexões sobre suas dinâmicas. Em tons conservadores, encontram-se entre os ensaístas da realidade social: Silvio Romero (1851-1914), autor de inúmeras publicações, como Ensaios de sociologia e literatura (1901), Euclides da Cunha (1866-1909), cuja obra-prima foi Os Sertões (1902) e Oliveira Vianna (1883-1951) que, entre outras obras, escreveu Populações meridionais do Brasil (1920) e Formação étnica do Brasil colonial (1932), preocupados em reconhecer a identidade cultural da nação em afirmação, via uma mescla de história, política e sociedade. Entre literatos, juristas, historiadores, jornalistas, filósofos, despontavam importantes pensadores de questões sociais no cenário brasileiro, tendo por contexto político-social a nova República, o crescimento da população urbana e a tradição rural do país. Às voltas com a construção de um sentimento de brasilidade,o país experimentava um processo de modernização cultural, no qual a ciência condiciona o seu saber ao desenvolvimento do processo produtivo; a moral se torna secular, com caráter universalista, internalizada pelo indivíduo e originando a ética do trabalho; e a arte se torna autônoma, segundo Dupas (2001). (DCE/PR-Sociologia, 2008, p.42 e 43).

Euclides da Cunha (1866 - 1909):

Euclides da Cunha foi um jornalista e escritor. Formado em engenharia, foi também oficial do exército. Em 1897, viajou para Bahia como correspondente do

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Jornal O Estado de São Paulo, para cobrir a guerra de Canudos. Publicado em 1902, O Sertão tornou-se um sucesso e conferiu notoriedade ao escritor, que foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. (TEMPOS MODERNOS, tempos de Sociologia, 2010, p. 249).

Oliveira Viana (1883 - 1951):

Foi um dos primeiros pensadores a formular uma visão sociológica sobre o Brasil. Preocupado especialmente com a questão da formação do povo brasileiro, empregou um forte tom positivista em seus estudos, afirmando a relação entre “raça”, meio natural e comportamento humano. Defensor da tese da superioridade ariana sobre os demais grupos étnicos, e apreensivos diante do caráter majoritariamente mestiço da população brasileira, dedicou-se a pensar os possíveis rumos do país em estudos voltados para a temática racial. Tais estudos visavam entre outras coisas, a identificar os imigrantes mais adequados a compor a população nacional por meio da assimilação. Neles defendia a vinda de imigrantes que, a seu ver, poderia misturar-se a população de modo a embranquecê-la sem, no entanto, formar subgrupos fechados em sua cultura de origem. De acordo com esse critério, opunha-se, por exemplo, a vinda de imigrantes japoneses, visto por ele “como enxofre: insolúveis”. (TEMPOS MODERNOS, tempos de Sociologia, 2010, p. 249).

Algumas contribuições para o estabelecimento da Sociologia no Brasil:

Movimento Modernista, Formação do Partido Comunista, Movimentos Armados de

1935.

[...] as apontadas por Meucci (2008): a) introdução da cadeira de Sociologia nos cursos secundários chamados complementares, em 1925, nas Escolas Normais de Pernambuco e no Rio de Janeiro, em 1928, e de São Paulo, em 1933; b) criação dos cursos de Ciências Sociais na Escola Livre de Sociologia e Política, em 1933; na Universidade de São Paulo, em 1934; na Universidade do Distrito Federal, em 1935; e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Paraná, em 1938; c) publicação das consagradas obras Evolução Política do Brasil (1933) de Caio Prado Júnior, Casa grande e senzala (1933) de Gilberto Freyre e Raízes do Brasil (1936) de Sérgio Buarque de Holanda [...].(DCE/PR-Sociologia, 2008, p.43 e 44).

Gilberto Freyre:

Gilberto Freyre foi um importante sociólogo brasileiro. Uma de suas principais

obras intitula-se “Casa-Grande e Senzala”. O livro foi publicado em 1933; abordava o

cotidiano histórico, os relatos orais, documentos pessoais, manuscritos privados e

públicos e não se guiava por fatos cronológicos.

Freyre foi eleito deputado federal em 1946 e trabalhou na constituinte contra o

racismo.

Citação sobre Freyre:

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Freyre combatia a visão elitista existente na época, importada da Europa, a qual privilegiava a cor branca. Segundo tal visão racista, a mistura de raças seria a causa de uma formação “defeituosa” da sociedade brasileira, e um atraso para o desenvolvimento da nação. (SOCIOLOGIA, vários autores, 2006, p. 53).

Citações de Gilberto Freyre:

Um traço importante de infiltração de cultura negra na economia e na vida

doméstica do brasileiro resta-nos acentuar: a culinária. (FREYRE, 2002)

Foi ainda o negro quem animou a vida doméstica do brasileiro de sua maior

alegria. (FREYRE, 2002)

Nos engenhos, tanto nas plantações como dentro da casa, nos tanques de bater

roupa... carregando sacos de açúcar... os negros trabalhavam sempre

cantando.(FREYRE, 2002)

Sobre Sérgio Buarque de Holanda:

A história do Brasil fascina os pensadores sociais e Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), que conheceu a obra de Max Weber, dedicou-se a interpretar a concomitância da tradição e da modernidade brasileira. Em sua obra Raízes do Brasil (1936), com a teoria da cordialidade do homem brasileiro, expõe a fragilidade da formação autoritária das elites culturais e políticas do país. Buarque de Holanda foi professor catedrático de História da Civilização Brasileira, na USP, de 1958 a 1969. São obras de interpretação dos processos histórico-sociais também, A cultura brasileira (1943) escrita por Fernando de Azevedo e Formação da sociedade brasileira (1944), de Nelson Werneck Sodré. Toda produção sociológica, expressa as condições sócio-culturais de sua época, num pulsar conjunto entre reflexão e interpretação e o contexto histórico vivido, mas isso não significa unidade temática e analítica dos estudos, que guardam diferenças teórico-metodológicas e ideológicas. Desse modo, se nas primeiras décadas do século XX as preocupações culturais alimentaram as análises sociológicas, as décadas seguintes registraram uma concentração de estudos sobre fatos e questões políticas. O Estado brasileiro sob diversos ângulos – sua formação, instituições e atuação – exercia uma dominação que atraiu a atenção dos intelectuais. (DCE/PR-Sociologia, 2008, p. 44).

Caio Prado Júnior:

Caio Prado Júnior (1907-1980), ensaísta e político, foi o primeiro intelectual brasileiro a utilizar a análise marxista em estudos sobre a realidade cultural do país. Contribuiu com a história da política nacional, a partir das origens do Brasil Colônia, escrevendo várias obras de assuntos sociológicos, históricos, políticos e econômicos, entre as quais se destacam Evolução Política do Brasil (1933), Formação do Brasil contemporâneo (1942) e A questão agrária no Brasil (1979). Intelectual combativo, Caio Prado Jr. fundou a Editora Brasiliense, em 1943, e também participou da vida político-partidária integrando a Aliança Liberal, que combatia o fascismo e o imperialismo. (DCE/PR-Sociologia, 2008, p. 44).

Sobre Florestan Fernandes:

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Florestan Fernandes participou da escola de Sociologia Paulista onde originou as

explicações sobre o preconceito racial no Brasil.

[...] dessa fase, Fernandes escreveu A integração do negro à sociedade de classes (1964) [...] Florestan Fernandes foi professor da cátedra de Sociologia na USP e é considerado o fundador da Sociologia Crítica no Brasil, apoiando-se nos processos histórico-sociais que a tornaram um conhecimento científico no sistema sócio-cultural. Contribuiu para a consolidação da ciência social com as obras: Método de Interpretação Funcionalista na Sociologia (1953), Fundamentos empíricos da explicação sociológica (1959), Ensaios de sociologia geral e aplicada (1959), A sociologia numa era de revolução social (1963), A sociologia no Brasil: contribuição para o estudo de sua formação e desenvolvimento (1977). Como um defensor da escola pública, Fernandes envolveu-se na Campanha em Defesa da Escola Pública, no início da década de 60 e escreveu Educação e sociedade no Brasil (1966). Fernandes participou do projeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, concebendo a ciência como racionalizadora da vida social por meio da democratização educacional e a instauração de um sistema educativo moderno, laico, público, com pedagogia voltada às necessidades das classes populares. Sempre ativo nos movimentos reivindicativos, Florestan Fernandes lutou pela implantação de um regime político democrático no país, conciliando produção acadêmica e vida de político exilado, sendo professor convidado e visitante em diversas universidades estrangeiras. (DCE/PR-Sociologia, 2008, p. 46 e 47).

Citação de Florestan Fernandes:

A desagregação do regime escravocrata e senhorial se operou, no Brasil, sem que se cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias que os protegessem na transição para o sistema de trabalho livre. Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou qualquer outra instituição assume encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho. (FERNANDES, 2008, p. 29).