25 de-abril-poemas

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conjunto de poemas tratados na sala de aula sobre o 25 de abril

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É urgente o amor.É urgente um barco no mar

É urgente destruir certas palavras,Ódio, solidão e crueldade,

Alguns lamentos,Muitas espadas.

É urgente inventar a alegria,Multiplicar as searas,

É urgente descobrir rosas e riosE manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luzImpura, até doer.

É urgente o amor, é urgentePermanecer.

Eugénio de Andrade, Antologia Breve

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Pergunto ao vento que passanotícias do meu país

e o vento cala a desgraçao vento nada me diz.

(…)

Levam sonhos deixam mágoasai rios do meu país

minha pátria à flor das águaspara onde vais? Ninguém diz.

(…)

E o vento não me diz nadaninguém diz nada de novo.

Vi minha pátria pregadanos braços em cruz do povo.

(…)

Mesmo na noite mais tristeem tempo de servidão

há sempre alguém que resistehá sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre, Trova do Vento que Passa

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Ser poeta é ser mais alto, é ser maiorDo que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem sejaRei do reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendorE não saber sequer que se deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja,É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim ...É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente ...É seres alma, e sangue, e vida em mim

E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca, Ser Poeta

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