23623907 sursis e livramento condicional

Upload: dajannotti

Post on 10-Apr-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/8/2019 23623907 Sursis e Livramento Condicional

    1/4

    SUSPENSO CONDICIONAL DA PENA SURSIS

    Divide-se a opinio acerca da natureza jurdica do sursis. Para alguns se trata de direitosubjetivo do ru e, para outros, forma de execuo de pena. Consiste na suspenso da pena privativa de liberdadepor determinado tempo, no qual o condenado deve sujeitar-se a algumas condies e, ao trmino de tal prazo, notendo havido causa para a revogao, ser declarada extinta a pena.

    A suspenso no se estende s penas restritivas de direito e multa (art. 80).Requisitos (art. 77):

    a) Que a pena fixada na sentena no seja superior a dois anos;

    b) Que o condenado no seja reincidente em crime doloso. A condenao anterior pena de multa, ainda quepor crime doloso, no obsta o benefcio;

    c) Que a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos eas circunstancias do crime autorizem a concesso do benefcio;

    d) Que no seja indicada ou cabvel a substituio por pena restritiva de direitos. Esse dispositivo perdeu suarazo aps o advento da Lei 9.714/98, que passou a permitir a substituio por pena restritiva de direitos

    nas penas privativas de liberdade no superiores a 4 anos.

    O perodo de provas de 2 a 4 anos, dependendo da gravidade do delito e das condiespessoais do agente. Nesse perodo, o condenado dever sujeitar-se a certas condies como: no primeiro ano, deverprestar servios comunidade ou submeter-se limitao de final de semana, bem como se submeter a condiesfixadas pelo juiz, desde que adequadas ao fato e situao pessoal do condenado.

    Sursis Especial

    Ocorre quando o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de faz-lo, e ascircunstncias do art. 59 lhe forem inteiramente favorveis. Neste caso, o condenado ter de se submeter acondies menos rigorosas, como por exemplo: proibio de freqentar determinados lugares; proibio deausentar-se da comarca sem autorizao do Juiz; comparecimento pessoal e obrigatrio em juzo.

    Audincia Admonitria

    Aps o trnsito em julgado da sentena, o condenado intimado a comparecer audinciaadmonitria, na qual ser cientificado das condies e advertido das conseqncias de seu descumprimento.

    Causas de revogao obrigatria

    a) Supervenincia de condenao irrecorrvel por crime doloso;

    b) Frustrao da execuo da pena de multa (revogado pela nova redao do art. 51)

    c) No reparao do dano, sem motivo justificado;

    d) Descumprimento das condies do art. 78, 1 do CP (prestao de servios comunidade e limitao definal de semana).

    Causas de revogao facultativa

    a) Se o condenado descumpre qualquer das condies impostas pelo Juiz;

    b) Se o condenado descumpre qualquer das condies do sursis especial imposta pelo Juiz;

    c) Supervenincia de condenao por contraveno penal ou por crime culposo, exceto se imposto a pena demulta.

    Antes de decidir pela revogao o Juiz deve ouvir o Ministrio Pblico.

    Sursis etrio ou em razo de doena grave

    Se o condenado tiver idade superior a 70 anos ou tiver graves problemas de sade e forcondenado a pena no superior a 4 anos, o Juiz tambm pode conceder o sursis, cujo perodo de provas ser de 4 a 6anos.

  • 8/8/2019 23623907 Sursis e Livramento Condicional

    2/4

    Distino entre suspenso condicional da pena (sursis) e suspenso condicional doprocesso

    No sursis, o ru condenado pena privativa de liberdade e o Juiz suspende a pena. Casocometa novo crime, ser considerado reincidente.

    Na suspenso condicional do processo criada pelo art. 89 da Lei 9.099/95, o agente acusadode infrao cuja pena mnima no excede a 1 na e desde que no esteja sendo processado, que no tenha condenaoanterior por outro crime e que estejam presentes os demais requisitos que autorizariam o sursis (art. 77 do CP),dever o Ministrio Pblico fazer uma proposta de suspenso do processo, por prazo de 2 a 4 anos, no qual o rudever submeter-se a algumas condies (reparao do dano, salvo impossibilidade; proibio de freqentardeterminados lugares; proibio de ausentar-se da comarca; comparecimento mensal e obrigatrio em Juzo).

    Se a proposta for aceita pelo ru e seu defensor, o Juiz a homologar, entrando o ru emperodo de proa e, ao final, caso no tenha havido revogao, decretara o Juiz a extino da punibilidade. Caso oSujeito venha a cometer novo crime, no ser considerado reincidente. A doutrina denomina tal suspenso desursis processual.

    LIVRAMENTO CONDICIONAL

    Art. 83 - O juiz poder conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de

    liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

    I - cumprida mais de um tero da pena se o condenado no for reincidente em crime doloso e

    tiver bons antecedentes;II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;

    III - comprovado comportamento satisfatrio durante a execuo da pena, bom desempenhono trabalho que lhe foi atribudo e aptido para prover prpria subsistncia mediante trabalho honesto;

    IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de faz-lo, o dano causado pela infrao;V - cumprido mais de dois teros da pena, nos casos de condenao por crime hediondo,

    prtica da tortura, trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado no for reincidenteespecfico em crimes dessa natureza.

    Pargrafo nico - Para o condenado por crime doloso, cometido com violncia ou grave

    ameaa pessoa, a concesso do livramento ficar tambm subordinada constatao de condies pessoais quefaam presumir que o liberado no voltar a delinqir.

    O Livramento Condicional um incidente na execuo de pena privativa de liberdade, consistente em umaantecipao provisria da liberdade do condenado, satisfeitos certos requisitos e mediante determinadas condies.

    Existe alguma discusso doutrinria sobre a sua natureza jurdica. Para alguns (Damsio) trata-se de forma deexecuo de pena. Para Celso Delmanto, trata-se de direito pblico subjetivo do condenado.

    Difere dosursis, pois no livramento condicional o condenado inicia o cumprimento da pena e, posteriormente, tem odireito de cumprir o restante em liberdade. No sursis suspende a pena, que sequer chega a ser inicialmentecumprida.

    REQUISITOS:

    Temos os requisitos de ordem objetiva e subjetiva.

    REQUISITOS OBJETIVOS:

    a) Qualidade da pena: deve ser privativa de liberdade;

    b) Quantidade da pena: deve ser igual ou superior a 2 anos;

    c) Reparao do dano, salvo impossibilidade;

  • 8/8/2019 23623907 Sursis e Livramento Condicional

    3/4

    d) Cumprimento de parte da pena: Mais de 1/3, desde que tenha bom antecedente e no seja reincidente emcrime doloso; mas de se reincidente em crime doloso; mais de 2/3, se tiver sido condenado por crimeelencado na Lei de Crimes Hediondos.

    - Se o condenado for reincidente especfico em crimes elencados pela Lei n. 8.072/90, no temdireito ao benefcio.

    e) Parecer do Conselho PenitencirioREQUISITOS SUBJETIVOS:

    a) Comportamento satisfatrio atestado de bom comportamento;

    b) Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribudo;

    c) Aptido para prover prpria sobrevivncia mediante trabalho honesto;

    d) Nos crimes dolosos cometidos mediante violncia ou grave ameaa pessoa, o benefcio fica sujeito verificao da cessao de periculosidade exame feito por psiclogos.

    CONCESSO

    O livramento pode ser concedido mediante requerimento do reeducando, de seu cnjuge ou parente ou por iniciativado Conselho penitencirio.

    Colhe-se o parecer do Conselho Penitencirio, ouve-se o diretor do estabelecimento e, aps, o Ministrio Pblico.

    PERODO DE PROVAS

    Corresponde ao tempo de pena que resta ao liberado cumprir. Assim, se o liberado foi condenado a 6 anos ecumpriu 2, o perodo de provas equivaler a 4 anos.

    Durante este tempo o liberado deve cumprir as condies impostas na sentena e no cometer nova infrao, sobpena de revogao e cumprimento da pena que se encontrava suspensa.

    CONDIES OBRIGATRIAS (art. 132, 1 da LEP).

    a) Proibio de ausentar-se da comarca sem comunicao do Juiz;

    b) Comparecimento peridico a fim de justificar atividade;

    c) Obter ocupao lcita dentro de prazo favorvel.

    CONDIES FACULTATIVAS (Art. 132, 2 da LEP).

    a) No mudar de residncia sem comunicao ao Juiz e autoridade incumbida de fiscalizar;

    b) Recolher-se habitao em hora fixada;

    c) No freqentar determinados lugares.

    CONDIES JUDICIAIS (Art. 85 do CP): outras que o Juiz fixe a seu critrio.

    As causas de revogao do livramento tambm so conhecidas como condies negativas (a no dar causa revogao).

    REVOGAO DO LIVRAMENTO E SEUS EFEITOS:

    As causas de revogao do livramento podem ser obrigatria e facultativa.

    OBRIGATRIAS (art. 86):

  • 8/8/2019 23623907 Sursis e Livramento Condicional

    4/4

    a) Cometimento de crime durante a vigncia do benefcio: praticado novo crime, o Juiz poder ordenar a suapriso, ouvido o Conselho Penitencirio e o Ministrio Pblico, suspendendo-se o curso do livramento. Arevogao ficar, entretanto, dependendo da deciso final da nova ao. Neste caso, o perodo de provadeve ser prorrogado at o julgamento definitivo do processo.

    b) Se resultar condenao irrecorrvel por cometimento de crime antes do perodo de prova.

    FACULTATIVA (Art. 87).a) Condenao irrecorrvel, por crime ou contraveno, a pena no privativa de liberdade (multa ou restritiva

    de direitos), no importando se a infrao foi cometida antes ou durante a vigncia do benefcio.

    b) Descumprimento das condies impostas.

    A legislao silenciou no caso de contravenes e a pena seja privativa de liberdade, no esclarecendo se seria causaobrigatria ou facultativa de revogao.

    EFEITOS DA REVOGAO:

    a) Se a revogao for decretada por crime praticado durante o benefcio:

    - No se desconta o tempo em que o sentenciado esteve solto e deve cumprir integralmente a suapena. Perde o tempo j cumprido como livramento.

    - S pode obter novo livramento com relao nova condenao.

    b) Se a revogao for decretada por crime anterior ao benefcio:

    - descontado o tempo em que esteve solto, devendo cumprir preso apenas o tempo que falta paracompletar o perodo;

    - Tem direito de somar o que lhe resta da pena com a nova condenao, calculando-se o livramentosobre o total das penas somadas (CP, art. 84, e LEP, art. 141).

    c) Se a revogao for decretada por descumprimento das condies impostas na sentena:

    - O sentenciado tem de cumprir a pena que se encontrava com execuo suspensa;

    - No computado na pena o tempo em que esteve solto.

    - No pode mais ser favorecido por novo livramento condicional em relao a esta pena.

    PRORROGAO DO PERODO DE PROVA: Se ao trmino do prazo o agente est sendo processado por crimecometido em sua vigncia, considera-se prorrogado o perodo de prova. Se houver condenao, o Juiz decretar arevogao do benefcio. Se resultar absolvio, o Juiz decretar a extino da pena.

    EXTINO DA PENA (art. 90):

    Se at o trmino do prazo, o livramento no foi revogado (ou prorrogado), o Juiz devera declarar a extino da penaimposta.