234393358 legislacao de transito fechamento 24-04-2013

126
Legislação de Trânsito

Upload: other2005

Post on 27-Dec-2015

16 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legislação de Trânsito

Page 2: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

O Instituto IOB nasce a partir da experiência de mais de 40 anos da IOB no desenvolvimento de conteúdos, serviços de consultoria e cursos de excelência.

Por intermédio do Instituto IOB, é possível acesso a diversos cursos por meio de ambientes de aprendizado estruturados por diferentes tecnologias.

As obras que compõem os cursos preparatórios do Instituto foram desenvolvidas com o objetivo de sintetizar os principais pontos destacados nas videoaulas.

institutoiob.com.br

Legislação de Trânsito / Obra organizada pelo Instituto IOB - São Paulo: Editora IOB, 2013.

ISBN 978-85-8079-087-0

Informamos que é de inteira responsabilidade do autor a emissão

dos conceitos.Nenhuma parte desta publicação

poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Instituto IOB.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº

9.610/1998 e punido pelo art. 184 do Código Penal.

Page 3: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Sumário

Capítulo 1 – Introdução, 51. Introdução à Legislação de Trânsito/Conhecimento do CTB e sua

Aplicação, 52. Classificação de Vias, 93. Infrações de Velocidade, 13

Capítulo 2 – Veículos, 181. Classificação de Veículos – I, 182. Classificação de Veículos – II, 30

Capítulo 3 – Sistema Nacional de Trânsito, 311. O STN na Administração Pública Brasileira, 31

Capítulo 4 – Atribuições da Polícia Rodoviária Federal, 381. Atribuições da Polícia Rodoviária Federal, 38

Capítulo 5 – Poder de Polícia de Trânsito, 481. Poder de Polícia de Trânsito – I, 482. Poder de Polícia de Trânsito – II, 543. Poder de Polícia de Trânsito – III, 66

Page 4: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Capítulo 6 – Crimes, 751. Crimes de Trânsito I –, 752. Crimes de Trânsito – II, 85

Capítulo 7 – Lei Seca, 1031 Nova Lei Seca, 1032. Nova Lei Seca – Fiscalização, 1043. Nova Lei Seca – Parte Penal, 105

Capítulo 8 – Películas, 1071. Película, 1072. Película – Transmitância Luminosa, 108

Capítulo 9 – Transporte de Crianças, 1101. Transporte de Crianças, 110

Capítulo 10 – Motorista Profissional, 1121. Motorista Profissional, 112

Capítulo 11 – Luzes, 1141. Luzes em Veículos, 1142. Luzes em Veículos – Direção Defensiva, 1153. Luzes em Veículos – Luz de Posição, 1164. Luzes em Veículos – Diferenças entre Veículos, 117

Capítulo 12 – Limites de Peso, 1191. Limites de Peso no CTB, 119

Gabarito, 121

Page 5: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Capítulo 1

Introdução

1. Introdução à Legislação de Trânsito/Conhecimento do CTB e sua Aplicação

1.1 Apresentação

Nesta unidade, será feita uma introdução à legislação de trânsito.

1.2 Síntese

Cabe observar que todos os nossos esforços estão direcionados para com-preensão de uma Lei de Trânsito, Lei nº 9.503/1997, e de suas regulamentações, as chamadas resoluções do Contran (Conselho Nacional de Trânsito). Esta Lei de Trânsito, também chamada de Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é uma norma que, apesar de trazer quase toda disciplina legal do trânsito reunida em um único livro (por isso, a expressão código), carece de regulamentação, por ser lacunosa, como toda lei administrativa.

Page 6: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

6

As leis que regulam as atividades das entidades, órgãos e agentes públicos sempre necessitam de complementação, a fim de que possibilitem a sua aplica-ção. Para que não fiquemos apenas na abstração desta informação, vamos para um exemplo clássico: o CTB em seu art. 105 nos informa que veículos devem possuir equipamentos obrigatórios, sem, contudo, enumerá-los de forma exaus-tiva, cabendo ao Contran, fazê-lo.

O Contran, ao expedir regulamentos autorizados pelo CTB, inova na or-dem jurídica, nos traz informações novas na área determinada pelo legislador. É claro que um conselho que não representa diretamente o povo trazendo normas inovadoras é assustador, mas tem que ser assim, pois não é exigível que nossos parlamentares produzam todas as normas do país, mormente aquelas de caráter técnico, como as de trânsito.

É imperioso que o estudante da Lei nº 9.503/1997 perceba que esta norma está dividida em uma parte administrativa – do art. 1º até o 290, e do art. 313 até o 341 – e também em uma parte penal – do art. 291 ao 312. Com isso, que fique claro que as leis penais são autoaplicáveis, não carecendo de regula-mentação para sua observância, a não ser que haja essa expressa menção – as chamadas normas penais em branco.

Cabe salientar que o CTB, apesar de ser uma lei votada no Congresso Nacional, não representa apenas uma expressão de vontade da União, mas também de seus Estados-membros, do Distrito Federal e dos Municípios. As leis votadas naquela casa legislativa ora são leis federais (respeitadas apenas pela União e seus servidores federais), ora são leis nacionais, verdadeira manifesta-ção de vontade da República Federativa do Brasil, que deve ser cumprida por todos os entes da federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).

Diante da explanação feita, fica claro por que os Guardas Municipais, os Policiais Militares (servidores estaduais) e os Policiais Rodoviários Federais au-tuam os infratores de trânsito com fulcro nos mesmos dispositivos legais – a lei é nacional.

Ao assinalar em seu art. 1º que “o trânsito de qualquer natureza nas vias ter-restres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código”, o legislador pátrio tutela todo e qualquer tipo de trânsito – o regular e o irregular (trânsito de qualquer natureza) –, restringindo em um segundo momento a que tipo de via se refere, somente as vias terrestres abertas à circulação.

Quanto ao conceito de trânsito, o § 1º do art. 1º nos dá a seguinte reda-ção: “Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.” De onde podemos inferir que tanto pessoas habilitadas quanto as inabilitadas, tanto os veículos em bom estado de conservação quanto aqueles que estão em mau estado, assim como os

Page 7: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

7animais conduzidos e aqueles que se encontram soltos nas vias, estão presentes e inclusos no cenário trânsito, sendo que uns de maneira regular e outros de maneira irregular, devendo estes sofrer sanções da polícia viária? Cabe obser-var que o conceito de trânsito não se esgota nos seres envolvidos, fazendo o dispositivo menção à movimentação dos veículos na via: circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.

A expressão “vias terrestres abertas à circulação” deve ser entendida no con-texto atividade da Administração Pública, como veremos adiante, fazendo-se necessário notar que não são todas as vias terrestres que sofrem a incidência do CTB, como a linha férrea que, embora seja via terrestre, não se lhe aplica o CTB, pois, além de não ser aberta à circulação, rege-se por legislação própria, que é o Decreto nº 2.089, de 28 de janeiro de 1963.

Finalmente, impende observar que o nome Código de Trânsito Brasileiro nos dá a falsa impressão de que esta lei regulamenta todo o trânsito do país, como o deslocamento aéreo, marítimo e terrestre, uma vez que existe um con-trole de tráfego em cada um desses meios. No entanto, como vimos, esta lei regula apenas o trânsito sobre vias terrestres.

Diante do exposto, consideramos este tema um dos mais importantes para o aprendizado da matéria, uma vez que é o cerne para a compreensão da Lei de Trânsito como um todo, além de nos ajudar na análise de temas específicos, como os relacionados à abrangência territorial do CTB, tanto na sua parte ad-ministrativa como em sua parte penal. Vejamos cada caso.

Aqui vamos destacar os locais onde efetivamente o usuário da via pode sofrer autuações pelo cometimento de infrações administrativas de trânsito. Em outras palavras, vamos analisar quando a Administração Pública, na figura de seus órgãos e entidades de trânsito, pode cobrar o cumprimento das normas de trânsito.

Já no seu art. 1º, percebemos que o CTB não se aplica a todas as vias terres-tres, mas somente àquelas abertas à circulação. Ao estudarmos o CTB, estamos, em verdade, estudando uma atividade específica da Administração Pública, na área de trânsito, e, sendo assim, é necessário lembrar que aqui se aplica o regime jurídico-administrativo (as normas e princípios do Direito Adminis-trativo). Este ramo do Direito tem seu alicerce montado em dois postulados fundamentais: o primeiro, que é responsável pelo surgimento das prerrogativas no desempenho das funções administrativas (os poderes administrativos), é a supremacia do interesse público sobre o particular; e o segundo, que é respon-sável por aquilo a que se submete a Administração (deveres administrativos), é a indisponibilidade do interesse público.

Portanto, sob o prisma das prerrogativas na atuação administrativa, men-cionar que o CTB se aplica às vias terrestres abertas à circulação seria o mes-mo que dizer que este Código se aplica às vias terrestres onde a ingerência do

Page 8: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

8particular está sempre em um nível inferior ao do Estado, em virtude do que acima exposto. Podemos ver que onde o interesse público está presente de for-ma suprema existe sempre a possibilidade de autuação pelo cometimento de infração de trânsito.

Embora haja inúmeras controvérsias, não poderíamos deixar de mencionar a possibilidade de uma pessoa ser autuada por cometer uma infração de trânsito ainda que transitando em uma via particular. Antes de enfrentarmos o tema, gostaria de chamar-lhes a atenção para a seguinte reflexão: como pode o Esta-do exigir que eu use o cinto de segurança, que eu porte extintor de incêndio em meu veículo se este é minha propriedade – isso não seria uma espécie de intervenção do Estado na propriedade privada? Sim, seria. E é esse o conteúdo jurídico de que você vai precisar para entender por que o CTB faz essa previsão, em seu art. 2º, parágrafo único. Está previsto que nos condomínios constituídos por unidades autônomas aplica-se o CTB. O que o legislador fez foi tornar expressa a publicização dessas áreas, esses condomínios ganharam caráter de via pública para resguardo dos interesses coletivos que ali se fazem presentes.

Antes de entramos em um novo tópico da matéria, é oportuno mostrar al-guns conceitos e definições, que estão previstos no Anexo I do CTB, necessá-rios para o completo entendimento do tema. Sendo assim, vamos trabalhar a definição de via e de seus desmembramentos – previstos no art. 2º do CTB – uma vez que teremos presente nesta definição todas as áreas que serão trabalha-das ao longo do curso. Veja abaixo os dispositivos legais que se referem ao tema:

Art. 2º do CTB – “São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais.” (grifo nosso)

De outra forma:VIA – superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreen-

dendo a pista 1, a calçada 2, o acostamento 3, ilha 4 e canteiro central 5, con-forme o Anexo I do CTB (grifo nosso).

De uma maneira mais técnica, considerando a classificação de bens pú-blicos, previsto no art. 98 do Código Civil, poderíamos classificar via como um bem público de uso comum de todos, uma vez que são destinadas ao uso irrestrito o povo.

Veja as definições dadas pelo legislador, no Anexo I, sobre as partes inte-grantes da via:

1. Pista – parte da via normalmente utilizada para a circulação de veícu-los, identificada por elementos separadores ou por diferença de nível em relação às calçadas, ilhas ou aos canteiros centrais.

2. Calçada – parte da via, normalmente segregada e em nível diferen-te, não destinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito de

Page 9: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

9pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins.

3. Acostamento – parte da via diferenciada da pista de rolamento destina-da à parada ou estacionamento de veículos, em caso de emergência, e à circulação de pedestres e bicicletas, quando não houver local apropria-do para esse fim.

4. Ilha – obstáculo físico, colocado na pista de rolamento, destinado à ordenação dos fluxos de trânsito em uma interseção.

5. Canteiro central – obstáculo físico construído como separador de duas pistas de rolamento, eventualmente substituído por marcas viárias (can-teiro fictício).

No que se refere aos crimes de trânsito, a forma de trabalharmos a aplicação do CTB, conforme seu art. 291, nos remete à parte geral do Código Penal, que nos dá seguinte redação em seu art. 5º:

“Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Re-dação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

§ 1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território na-cional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

§ 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspon-dente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.” (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

Com isso, fica fácil perceber que aqui a regra é outra, ou seja, nos crimes de trânsito o envolvido responde pelo CTB tanto em via pública quanto na via particular, a não ser que no tipo penal venha de maneira expressa o termo “via pública”, restringindo a alcance do tipo penal.

2. Classificação de Vias

2.1 Apresentação

Nesta unidade, será estudada a classificação das vias.

Page 10: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

10

2.2 Síntese

2.2.1 Classificação das Vias Terrestres no CTBPara uma melhor compreensão, podemos neste primeiro momento dividir

as vias terrestres abertas à circulação em vias públicas e vias particulares pu-blicizadas. No primeiro caso, temos as vias urbanas, as vias rurais e as praias abertas à circulação; e, no segundo caso, temos os condomínios constituídos por unidades autônomas.

2.2.1.2 Vias PúblicasNeste item, devemos destacar as classificações e subclassificações que têm

sido objeto de concurso público. Sendo assim, enfatizaremos as vias rurais e as vias urbanas, e seus desmembramentos a seguir:

2.2.1.2.1 Rurais (Anexo I – CTB)

Devemos entender como via rural aquelas que, em regra, não possuem imó-veis edificados ao longo de sua extensão. Uma forma simples de identificarmos se uma via é urbana ou rural consiste na verificação de qual órgão tem circuns-crição sobre ela; caso seja um órgão executivo rodoviário e/ou a polícia rodoviária federal, necessariamente estamos falando de via rural. Esta se divide em:

a) rodovias: são vias rurais pavimentadas (asfaltadas);b) estradas: são vias rurais não pavimentas (não asfaltadas).

Perceba que o elemento caracterizador dessas vias é o pavimento, que deve ser entendido como qualquer beneficiamento feito à via, como asfalto, concre-to, etc. Poderíamos sintetizar as definições em um quadro-resumo, desta forma:

Tipos de vias rurais Tem pavimento?

Rodovia Sim

Estrada Não

2.2.1.2.2 Urbanas (Anexo I – CTB)

Devemos entender como via urbana ruas, avenidas, vielas, ou caminhos e similares abertos à circulação pública, situados na área urbana, caracterizados principalmente por possuírem imóveis edificados ao longo de sua extensão. Uma forma simples de identificar se uma via é urbana ou rural consiste na verificação de qual órgão tem circunscrição sobre ela; em se tratando de órgão executivo de trânsito do estado, do DF ou do município, necessariamente esta-mos falando de via urbana. Esta se divide em:

a) via de trânsito rápido – aquela caracterizada por acessos especiais com trânsito livre, sem interseções em nível, sem acessibilidade direta aos

Page 11: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

11lotes lindeiros e sem travessia de pedestres em nível. De outra forma, são vias onde o trânsito se faz de forma rápida, sem interrupções desnecessá-rias, ou seja, sem cruzamentos (interseções em nível) e sem semáforo;

b) via arterial – aquela caracterizada por interseções em nível, geralmente controlada por semáforo, com acessibilidade aos lotes lindeiros e às vias secundárias e locais, possibilitando o trânsito entre as regiões da cidade. Em síntese, são vias com cruzamentos e com semáforo, que possibili-tam o trânsito pelos bairros da cidade;

c) via coletora – aquela destinada a coletar e distribuir o trânsito que tenha necessidade de entrar ou sair das vias de tráfego rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito dentro das regiões da cidade. De outra forma, são vias com cruzamentos e com semáforo, que possibilitam o tráfego dentro de uma mesma região da cidade (dentro do mesmo bairro);

d) via local – aquela caracterizada por interseções em nível não semaforiza-das, destinada apenas ao acesso local ou a áreas restritas. Em síntese, são vias com cruzamentos e sem semáforo, destinadas apenas ao acesso local e áreas restritas; geralmente, são as ruas residenciais, de pouco movimento.

Enfim, quanto à classificação da vias urbanas, perceba que seus elementos caracterizadores são o semáforo e o cruzamento (interseção em nível), que têm o condão de retardar o trânsito, em determinado sentido. Sendo assim, perce-ba que em uma via de trânsito rápido não há de se falar na existência desses elementos caracterizadores, uma vez que o trânsito se faz de maneira rápida, ou seja, sem interrupções. É com essa lógica que o leitor deve memorizar as definições. Veja quadro-resumo abaixo:

Tipo de vias urbanas

Tem semáforo? Tem cruzamento? Característica adicional

Via de trânsito rápido

Não Não

Arterial Sim Sim Liga bairros (região)

Coletora Sim Sim Está dentro de um bairro (região)

Local Não Sim

2.2.1.3 Vias Particulares PublicizadasDevemos entender essas áreas como vias particulares de uso público, de

uso de todos de forma indiscriminada, que não sofrem ingerência de seus pro-prietários quanto à possibilidade de restringirem o trânsito pessoas e veículos – são vias terrestres abertas à circulação. Na mesma esteira, enquadrando-se os condomínios dentro da definição de via, temos aqui uma área que, embora de

Page 12: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

12propriedade particular, não teriam os condôminos (particulares proprietários) ingerência sobre ela. Não poderiam esses proprietários fechar as vias dessas áreas, uma vez que o interesse público – segurança viária – se sobrepõe aos interesses dos particulares proprietários.

No entanto, embora tenhamos a sensação de que os estacionamentos de shopping centers, de supermercados, de pátios de postos de gasolina se enqua-drem na definição acima; eles não são abertos à circulação, e sim eventualmen-te postos à disposição do público – não são vias abertas, e sim, eventualmente abertas à circulação.

Sendo assim, fica fácil notar que não há aplicação do CTB nas áreas men-cionadas no parágrafo anterior, embora tenha-se a sensação de que se referem a vias terrestres abertas à circulação. Por fim, duas são as razões que confirmam o que foi exposto acima: em primeiro lugar, quando se fala em vias terrestres abertas à circulação, estamos nos referindo às vias terrestres abertas de forma incondicional, o que não acontece com os shoppings, que têm seus portões fe-chados às 22 h, a critério de seu proprietário; em segundo lugar, o CTB apenas fez menção a uma propriedade particular com aplicação do CTB, que são os condomínios, não se admitindo interpretação extensiva, por tratar-se de norma de exceção, como veremos em seguida.

Não se pode estudar, sem reflexão, é claro, que a sinalização nos estaciona-mentos mencionados seguirá o padrão do CTB; os acidentes que lá ocorram e que sejam objeto de apreciação judicial serão dirimidos pelo magistrado levan-do em conta nossa Lei de Trânsito, mas jamais poderíamos imaginar que um veículo pudesse ser guinchado, nesses locais, em virtude de estacionamento irregular, pois, se assim fosse, estaria o Estado servindo aos interesses do dono do estabelecimento, e não ao interesse público.

Considerando as vias particulares publicizadas, o tema merece uma expla-nação mais detalhada, uma vez que, em se tratando de área particular onde a Administração Pública possa se fazer presente a ponto de autuar um suposto infrator das normas de trânsito, fica evidente que estudaremos uma exceção à atuação administrativa, que, em regra, quando a matéria é trânsito, se faz pre-sente em vias públicas.

É importante observar que a única via particular em que há aplicação do CTB são os condomínios constituídos por unidades autônomas, que foram ci-tados pelo legislador em apenas dois dispositivos da referida lei – em seus arts. 2º, parágrafo único, e 51. Este dispositivo traz uma informação de extrema relevância quando menciona que a sinalização nos condomínios será colocada às expensas de seus proprietários, mas nos padrões indicados pelos órgãos de trânsito com circunscrição sobre a via – que, em regra, com a municipalização do trânsito, serão os órgãos executivos de trânsito municipais.

Page 13: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

13Por fim, sob a ótica da interpretação das normas jurídicas, como os disposi-

tivos que tratam de condomínios são normas de exceção, devemos interpretá--los de maneira restritiva, pois, caso contrário, daremos uma abrangência à nor-ma de forma distinta daquela desejada pelos representantes do povo. Com isso, não se pode estender a aplicação da Lei nº 9.503/1997 a nenhuma outra área particular, diferente da mencionada.

3. Infrações de Velocidade

3.1 Apresentação

Nesta unidade, serão abordadas as infrações de velocidade.

3.2 Síntese

3.2.1 Infrações de VelocidadeNo CTB, encontramos três artigos, no capítulo das infrações, que se refe-

rem a infrações relativas à velocidade de veículos, que são os arts. 218, 219 e 220. Sendo assim, neste tópico, vamos estudar cada um dos dispositivos, assim como as velocidades máximas estabelecidas na norma.

3.2.2 Velocidades em Vias Não SinalizadasPara melhor compreensão deste item, algumas considerações se fazem ne-

cessárias: em primeiro lugar, cabe ao leitor observar que no CTB existem nor-mas direcionadas aos particulares, normas direcionadas aos órgãos de trânsito e normas direcionadas aos fabricantes de veículos, portanto, fica fácil perceber que o art. 61 do CTB (que trata de velocidade máxima em vias não sinalizadas) é direcionado àqueles órgãos que têm a competência de sinalizar e estabelecer o controle viário, no que se refere aos limites de velocidades; em segundo lugar, deve o leitor notar que, por força do art. 89 do CTB (que trata da prevalência de sinais), a velocidade máxima estabelecida na norma apenas será referência nas vias não sinalizadas, uma vez que se houver sinalização, esta terá prevalência sobre as velocidades da norma. Dessa forma, dois comentários são relevantes diante do exposto: primeiro, quando as autoridades competentes forem sinali-zar uma via, com os limites regulamentares de velocidade, devem ter como re-ferência o CTB (vias não sinalizadas), podendo variar em torno destes valores, para mais ou para menos, de acordo com as condições operacionais da via, e, como segundo comentário temos o fato de que em provas as bancas examina-

Page 14: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

14doras exploram o conhecimento deste tópico para saber se o candidato saberia tipificar na infração de excesso de velocidade prevista no art. 218 do CTB.

Por fim, quanto à sinalização em vias, convém explicitar que a regra, segun-do o art. 88 do CTB, é termos vias sinalizadas, tanto vertical quanto horizon-talmente, e quanto à necessidade da correta sinalização para que possa haver autuação; temos expresso no art. 90 do CTB, que não se aplicará a sanção se a sinalização for insuficiente ou irregular.

3.2.2.1 Vias Rurais Não SinalizadasA velocidade máxima em vias rurais não sinalizadas são as seguintes, de

acordo com o art. 61 do CTB:a) Rodovia:

• motocicleta,automóvelecamioneta:110km/h;• ônibus,micro-ônibus:90km/h;• demaisveículos:80km/h;

b) Estrada:• paratodososveículos:60km/h.

Quanto à velocidade máxima em vias rurais, encontramos em provas de concursos questão extremamente simples, nos quais temos perguntas diretas, por exemplo: qual a velocidade máxima de uma motocicleta em uma rodovia não sinalizada? Pelas informações contidas acima fica fácil perceber que a res-postacorretaé110km/h.

3.2.2.2 Vias Urbanas Não SinalizadasAs velocidades máximas em vias urbanas não sinalizadas são as seguintes,

de acordo com o art. 61 do CTB:• viadetrânsitorápido:80km/h;• viaarterial:60km/h;• viacoletora:40km/h;• vialocal:30km/h.

3.2.3 Autuações por Excesso de VelocidadeConceitoEste item trata de um tema recorrente em concursos públicos, razão pela

qual vamos trabalhá-lo com toda riqueza de detalhe, conforme cobrado pelas bancas examinadoras.

3.2.3.1 Autuações por Excesso de VelocidadeA autuação decorrente de infrações por excesso de velocidade é a única

dessa espécie que pode se dar sem a presença do agente de trânsito ou da autoridade, por meio de dispositivo registrador de imagem (foto), contanto que

Page 15: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

15seja assinalada a velocidade, a placa dos veículos, data, hora e local do come-timento da infração, assim como existe a necessidade de que seja referendada por uma agente de trânsito, a fim de dar consistência (reprodução da verdade) à autuação. Veja a redação do art. 218 do CTB:

“Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o lo-cal, medida por instrumento ou equipamento hábil, em rodovias, vias de trân-sito rápido, vias arteriais e demais vias:

I – quando a velocidade for superior à máxima em até 20% (vinte por cento):Infração – média;Penalidade – multa;II – quando a velocidade for superior à máxima em mais de 20% (vinte por

cento) até 50% (cinquenta por cento): Infração – grave;Penalidade – multa; III – quando a velocidade for superior à máxima em mais de 50% (cinquen-

ta por cento): Infração – gravíssima;Penalidade – multa [3 (três) vezes], suspensão imediata do direito de dirigir

e apreensão do documento de habilitação.”Com base no exposto, poderíamos formular duas questões da forma como o

tema pode ser trabalhado pelas bancas examinadoras. Vejamos as duas questões e seus comentários:

Exercícios1. Qual a natureza da infração cometida por Mévio sabendo que este

fora flagrado transitando com seu automóvel em uma rodovia não sinalizadaa145km/h?

2. Qual a natureza da infração cometida por Mévio, o valor das multas e apontuação decorrente do seguinte fato: Mévio fora flagrado tran-sitando comautomóvel tracionando uma carretinha (semirreboque) emumarodovianãosinalizadaa145km/h,saibaqueoproprietáriodo automóvel é Tício e da carretinha é Tibério?

3.2.3.2 Autuações por Transitar Abaixo da Velocidade Mínima.

A velocidade mínima não poderá ser inferior à metade da velocidade má-xima estabelecida, respeitadas as condições operacionais de trânsito e da via. Aquele que descumpre o disposto está infringindo a norma do art. 62 do CTB, porém, para ser penalizado, deve retardar ou obstruir o trânsito e não estar amparado pelas seguintes excludentes:

Page 16: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

16• condiçõesdetráfego;• condiçõesmeteorológicas;• transitarnafaixadadireita.Perceba que, para a constatação da infração da velocidade mínima com

base no art. 219 do CTB, necessariamente devem o agente de trânsito ou a autoridade de trânsito estar presentes no local do cometimento da infração para declarar que o veículo interrompe o trânsito, além de haver a necessidade de um equipamento hábil, regulamentado pelo Contran, para medir a velocidade do veículo. Veja a redação do art. 219 do CTB:

“Art. 219. Transitar com o veículo em velocidade inferior à metade da velo-cidade máxima estabelecida para a via, retardando ou obstruindo o trânsito, a menos que as condições de tráfego e meteorológicas não o permitam, salvo se estiver na faixa da direita:

Infração – média;Penalidade – multa.”

Exercício

3. (Cespe – UNB / PRF / 2002) – Considere a seguinte situação hipoté-tica. Fernando conduzia um caminhão por uma rodovia federal com apenas uma faixa de rolamento em cada sentido e, devido à carga ex-cessiva que fora posta no veículo, este não conseguia subir uma deter-minadaladeiraamaisde35km/h,apesardeaestradaestaremperfeitoestado de conservação e de haver ótima condição tanto meteorológica como de tráfego. Gabriel, que conduzia seu automóvel logo atrás do veículo de Fernando, mantinha a mesma velocidade do caminhão, pois a sinalização determinava que era proibido ultrapassar naquele trecho da estrada. Nessa situação, um agente de trânsito que identi-ficasse essa ocorrência, mediante equipamentos idôneos de medição de velocidade, deveria autuar Fernando por desrespeito à velocidade mínima permitida na via, mas não deveria autuar Gabriel.

3.2.3.3 Autuações por Transitar com Velocidade Incompatível.

A infração do art. 220 do CTB, que se refere à velocidade incompatível, pode ocorrer ainda que o condutor esteja dentro da velocidade regulamentar, porém, incompatível com a segurança do trânsito, infração de natureza pu-ramente subjetiva, em que está sendo apurado o senso do homem médio de conduzir seu veículo de forma segura, assim como qualquer outra pessoa seria capaz de fazê-lo. Aqui, como condição para autuação é dispensado o radar de

Page 17: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

17velocidade, uma vez que é possível estar incompatível com a segurança do trân-sito dentro da velocidade regulamentar da via. É simples de visualizar o expos-to: imagine que esteja ocorrendo uma passeata em uma rodovia federal, onde avelocidademáximapermitidaseja110km/h.Aperguntaé:seriaprudentepassarporumagrandeaglomeraçãodepessoasa109km/h?Certamentequenão, devendo o agente de trânsito que presencia tal situação autuar o infrator com base no art. 220, XIV, do CTB, ainda que não tenha medido a velocidade. Veja a redação do dispositivo:

“Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito:

I – quando se aproximar de passeatas, aglomerações, cortejos, préstitos e desfiles:

Infração – gravíssima;Penalidade – multa;II – nos locais onde o trânsito esteja sendo controlado pelo agente da auto-

ridade de trânsito, mediante sinais sonoros ou gestos;III – ao aproximar-se da guia da calçada (meio-fio) ou acostamento;IV – ao aproximar-se de ou passar por interseção não sinalizada;V – nas vias rurais cuja faixa de domínio não esteja cercada;VI – nos trechos em curva de pequeno raio;VII – ao aproximar-se de locais sinalizados com advertência de obras ou

trabalhadores na pista;VIII – sob chuva, neblina, cerração ou ventos fortes;IX – quando houver má visibilidade;X – quando o pavimento se apresentar escorregadio, defeituoso ou avariado;XI – à aproximação de animais na pista;XII – em declive;XIII – ao ultrapassar ciclista:Infração – grave;Penalidade – multa;XIV – nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e de-

sembarque de passageiros ou onde haja intensa movimentação de pedestres:Infração – gravíssima;Penalidade – multa.”

Page 18: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Capítulo 2

Veículos

1. Classificação de Veículos – I

1.1 Apresentação

Nesta unidade, será estudada a classificação de veículos.

1.2 Síntese

1.2.1 Quanto à TraçãoTração de um veículo é tudo aquilo capaz de fazer o veículo se mover.

Neste tópico, vamos observar que no CTB foram agrupados os veículos que se deslocam por seus próprios meios; os que são tracionados por animais; os que têm propulsão humana e aqueles que não se deslocam por seus próprios meios, ou seja, são tracionados. As subclassificações deste item são: automotores, elé-tricos, reboque e semirreboque, tração animal e propulsão humana. Vejamos abaixo cada uma dessas subclassificações:

Page 19: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

19

1.2.1.1 Veículo AutomotorTodo veículo a motor de propulsão (gasolina, GNV, diesel, álcool, elétrico,

qualquer que seja o combustível) que circule por seus próprios meios e que serve, normalmente, para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tra-ção viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico). Perceba que existem veículos elétricos que são automotores e existem veículos elétricos que não são automotores, a depender se transitam ou não sobre trilhos.

Uma outra menção a veículos automotores está no capítulo que trata dos crimes de trânsito, mais especificamente em seus arts. 302 e 303 do CTB, que se referem ao homicídio culposo e à lesão corporal culposa praticados na direção de veículo automotor. Com isso, deve o candidato atentar-se para o fato de que para o réu ou o indiciado responder com base no CTB, o crime deve ter sido cometi-do na direção de veículo automotor. Portanto, quando cometidos na direção dos demais veículos, deverá ser tipificado no art. 121, § 3º (homicídio culposo) e no art. 129, § 6º (lesão corporal culposa), ambos do Código Penal.

Veja a imagem abaixo:

seus próprios meios; os que são tracionados por animais; os que têm propulsão humana

e aqueles que não se deslocam por seus próprios meios, ou seja, são tracionados. As

subclassificações deste item são: automotores, elétricos, reboque e semirreboque, tração

animal e propulsão humana. Vejamos abaixo cada uma dessas subclassificações:

1.2.1.1. Veículo Automotor@4@

Todo veículo a motor de propulsão (gasolina, GNV, diesel, álcool, elétrico,

qualquer que seja o combustível) que circule por seus próprios meios e que serve,

normalmente, para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de

veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os

veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus

elétrico). Perceba que existem veículos elétricos que são automotores e existem veículos

elétricos que não são automotores, a depender se transitam ou não sobre trilhos.

Uma outra menção a veículos automotores está no capítulo que trata dos crimes

de trânsito, mais especificamente em seus artigos 302 e 303 do CTB, que se referem ao

homicídio culposo e à lesão corporal culposa praticados na direção de veículo

automotor. Com isso, deve o candidato atentar-se para o fato de que para o réu ou o

indiciado responder com base no CTB, o crime deve ter sido cometido na direção de

veículo automotor. Portanto, quando cometidos na direção dos demais veículos, deverá

ser tipificado no art. 121, § 3º (homicídio culposo) e no art. 129, § 6º (lesão corporal

culposa), ambos do Código Penal.

Veja a imagem abaixo:

1.2. Veículo Elétrico

Embora não haja no CTB uma definição expressa desses veículos, podemos

extrair do código algumas informações que são suficientes para isso. Sendo assim, aqui

temos os veículos que se deslocam por seus próprios meios e que transitam sobre

trilhos. Encontramos, por exemplo, no Anexo I, o bonde (veículo de propulsão elétrica

que se move sobre trilhos). Ainda quanto ao bonde, temos no art. 96, II, a, 10, que

somente existe na espécie passageiro.

1.2.1.2 Veículo ElétricoEmbora não haja no CTB uma definição expressa desses veículos, po-

demos extrair do código algumas informações que são suficientes para isso. Sendo assim, aqui temos os veículos que se deslocam por seus próprios meios e que transitam sobre trilhos. Encontramos, por exemplo, no Anexo I, o bonde (veículo de propulsão elétrica que se move sobre trilhos). Ainda quanto ao bonde, temos no art. 96, II, “a”, 10, que somente existe na espécie passageiro.

De acordo com aos arts. 120, 130 e 140 do CTB, extraímos a informação de que é possível que seja exigido registro e licenciamento de veículos elétricos, assim como habilitação de seus condutores. Não deve o leitor se perder nessas informações achando que todos os veículos que transitam sobre trilhos estão su-jeitos a tal disciplina, mas somente aqueles que porventura transitarem em vias abertas à circulação. Perceba que tanto o licenciamento quanto a habilitação são documentos exigíveis nas vias, onde há a aplicação do CTB.

Page 20: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

20Por fim, aqueles veículos que comumente chamamos de trem não são men-

cionados no CTB, sendo assim, poderíamos defini-lo de três formas: primeira, veículos que transitam sobre trilhos, de propulsão elétrica e da espécie carga; segunda, veículos que transitam sobre trilhos, de propulsão não elétrica; e por último, veículos de propulsão elétrica da espécie passageiro que se movem so-bre trilhos, porém, que não transitam em vias terrestres abertas à circulação.

Veja a imagem:

tanto o licenciamento quanto a habilitação são documentos exigíveis nas vias, onde há a

aplicação do CTB.

Por fim, aqueles veículos que comumente chamamos de trem não são

mencionados no CTB, sendo assim, poderíamos defini-lo de três formas: primeira,

veículos que transitam sobre trilhos, de propulsão elétrica e da espécie carga; segunda,

veículos que transitam sobre trilhos, de propulsão não elétrica; e por último, veículos de

propulsão elétrica da espécie passageiro que se movem sobre trilhos, porém que não

transitam em vias terrestres abertas a circulação.

Veja a imagem:

1.3. Reboque

São veículos que não se deslocam por seus próprios meios, necessitando

sempre de um veículo automotor para tracioná-lo. Este veículo é destinado a ser

engatado atrás de um veículo automotor. É muito comum as pessoas chamarem

erroneamente o acessório de “engate” ou “reboque”; este último também empregado

para denominar o “caminhão guincho” (veículos destinados ao socorro mecânico de

emergência nas vias abertas à circulação pública).

Por fim, perceba que reboque é um tipo de veículo, sempre tracionado, que

assim como os automotores e elétricos estão sujeitos a registro e licenciamento. A

combinação formada por reboque engatado a um veiculo automotor denomina-se

veículo conjugado.

Veja abaixo a imagem do reboque:

1.4. Semirreboque

São veículos que não se deslocam por seus próprios meios, necessitando sempre

de um veículo automotor para tracioná-lo. Este veículo se apoia na sua unidade tratora

ou é a ela ligado por meio de articulação. Note que aqui temos um reboque pela metade,

1.2.1.3 ReboqueSão veículos que não se deslocam por seus próprios meios, necessitando

sempre de um veículo automotor para tracioná-lo. Este veículo é destinado a ser engatado atrás de um veículo automotor. É muito comum as pessoas cha-marem erroneamente o acessório de “engate” ou “reboque”; este último tam-bém empregado para denominar o “caminhão guincho” (veículos destinados ao socorro mecânico de emergência nas vias abertas à circulação pública).

Por fim, perceba que reboque é um tipo de veículo, sempre tracionado, que assim como os automotores e elétricos estão sujeitos a registro e licencia-mento. A combinação formada por reboque engatado a um veiculo automotor denomina-se veículo conjugado.

Veja abaixo a imagem do reboque:

tanto o licenciamento quanto a habilitação são documentos exigíveis nas vias, onde há a

aplicação do CTB.

Por fim, aqueles veículos que comumente chamamos de trem não são

mencionados no CTB, sendo assim, poderíamos defini-lo de três formas: primeira,

veículos que transitam sobre trilhos, de propulsão elétrica e da espécie carga; segunda,

veículos que transitam sobre trilhos, de propulsão não elétrica; e por último, veículos de

propulsão elétrica da espécie passageiro que se movem sobre trilhos, porém que não

transitam em vias terrestres abertas a circulação.

Veja a imagem:

imagem_02

1.2.1.3. Reboque@4@

São veículos que não se deslocam por seus próprios meios, necessitando sempre de um

veículo automotor para tracioná-lo. Este veículo é destinado a ser engatado atrás de um

veículo automotor. É muito comum as pessoas chamarem erroneamente o acessório de

“engate” ou “reboque”; este último também empregado para denominar o “caminhão

guincho” (veículos destinados ao socorro mecânico de emergência nas vias abertas à

circulação pública).

Por fim, perceba que reboque é um tipo de veículo, sempre tracionado, que assim como

os automotores e elétricos estão sujeitos a registro e licenciamento. A combinação

formada por reboque engatado a um veiculo automotor denomina-se veículo conjugado.

Veja abaixo a imagem do reboque:

1.4. Semirreboque

São veículos que não se deslocam por seus próprios meios, necessitando sempre

de um veículo automotor para tracioná-lo. Este veículo se apoia na sua unidade tratora

ou é a ela ligado por meio de articulação. Note que aqui temos um reboque pela metade,

ou seja, somente com rodas traseiras e, sendo assim, para que esta unidade possa ser

tracionada, ela necessariamente deve se apoiar na unidade tratora, que é, em regra, um

caminhão trator.

1.2.1.4 SemirreboqueSão veículos que não se deslocam por seus próprios meios, necessitando

sempre de um veículo automotor para tracioná-lo. Este veículo se apoia na sua unidade tratora ou é a ela ligado por meio de articulação. Note que aqui temos um reboque pela metade, ou seja, somente com rodas traseiras e, sendo assim,

Page 21: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

21para que esta unidade possa ser tracionada, ela necessariamente deve se apoiar na unidade tratora, que é, em regra, um caminhão trator.

Perceba que semirreboque é veículo, sempre tracionado, que assim como os automotores e elétricos estão sujeitos a registro e licenciamento. A combina-ção formada por semirreboque apoiado a um veículo automotor denomina-se veículo articulado.

Veja abaixo a imagem do semirreboque:

tanto o licenciamento quanto a habilitação são documentos exigíveis nas vias, onde há a

aplicação do CTB.

Por fim, aqueles veículos que comumente chamamos de trem não são

mencionados no CTB, sendo assim, poderíamos defini-lo de três formas: primeira,

veículos que transitam sobre trilhos, de propulsão elétrica e da espécie carga; segunda,

veículos que transitam sobre trilhos, de propulsão não elétrica; e por último, veículos de

propulsão elétrica da espécie passageiro que se movem sobre trilhos, porém que não

transitam em vias terrestres abertas a circulação.

Veja a imagem:

imagem_02

1.2.1.3. Reboque@4@

São veículos que não se deslocam por seus próprios meios, necessitando sempre de um

veículo automotor para tracioná-lo. Este veículo é destinado a ser engatado atrás de um

veículo automotor. É muito comum as pessoas chamarem erroneamente o acessório de

“engate” ou “reboque”; este último também empregado para denominar o “caminhão

guincho” (veículos destinados ao socorro mecânico de emergência nas vias abertas à

circulação pública).

Por fim, perceba que reboque é um tipo de veículo, sempre tracionado, que assim como

os automotores e elétricos estão sujeitos a registro e licenciamento. A combinação

formada por reboque engatado a um veiculo automotor denomina-se veículo conjugado.

Veja abaixo a imagem do reboque:

imagem_03

1.2.1.4. Semirreboque@4@

São veículos que não se deslocam por seus próprios meios, necessitando sempre

de um veículo automotor para tracioná-lo. Este veículo se apoia na sua unidade tratora

ou é a ela ligado por meio de articulação. Note que aqui temos um reboque pela metade,

ou seja, somente com rodas traseiras e, sendo assim, para que esta unidade possa ser

tracionada, ela necessariamente deve se apoiar na unidade tratora, que é, em regra, um

caminhão trator.

Perceba que semirreboque é veículo, sempre tracionado, que assim como os

automotores e elétricos estão sujeitos a registro e licenciamento. A combinação formada

por semirreboque apoiado a um veiculo automotor denomina-se veículo articulado.

Veja abaixo a imagem do semirreboque:

1.2.1.5 Tração AnimalSão veículos que para se deslocarem têm sempre animais à sua frente, em

regra, cavalos, conforme nossas tradições. O CTB, contudo, referiu-se a ani-mais de uma forma genérica, não definindo quais seriam. Cabe aqui ressaltar que existe a previsão neste Código que se regulamente o registro, o licencia-mento e a autorização para conduzir esses veículos a ser feita pelo órgão execu-tivo de trânsito do Município, após a elaboração de uma legislação municipal, conforme os arts. 24, XVII e XVIII e 129, ambos do CTB. Há duas referências a esses veículos na legislação, a saber:

a) carroça: veículo de tração animal destinado ao transporte de carga;b) charrete: veículo de tração animal destinado ao transporte de pessoas.Veja a imagem de um veículo de tração animal:Veja a imagem de um veículo de tração animal:

1.6. Propulsão Humana

São veículos que para  

1.2.1.6 Propulsão HumanaSão veículos que para se deslocarem sempre têm, na sua traseira ou sobre

eles, pessoas. Cabe aqui ressaltar que existe a previsão neste Código que se regulamente o registro, o licenciamento e a autorização para conduzir esses veículos a ser feita pelo órgão executivo de trânsito do Município, após a elabo-ração de uma legislação municipal, conforme os arts. 24, XVII e XVIII e 129,

Page 22: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

22ambos do CTB. Ainda quanto aos veículos de propulsão humana, no ANEXO I temos as seguintes definições:

a) bicicleta – veículo de propulsão humana, dotado de duas rodas, não sen-do, para efeito do CTB, similar à motocicleta, motoneta e ciclomotor;

b) carro de mão – veículo de propulsão humana utilizado no transporte de pequenas cargas;

c) ciclo – veículo de pelo menos duas rodas à propulsão humana.Veja a imagem abaixo:

1.2.1.5. Tração Animal@4@

São veículos que para se deslocarem têm sempre animais à sua frente, em regra,

cavalos, conforme nossas tradições. O CTB, contudo, referiu-se a animais de uma forma

genérica, não definindo quais seriam. Cabe aqui ressaltar que existe a previsão neste

Código que se regulamente o registro, o licenciamento e a autorização para conduzir

esses veículos a ser feita pelo órgão executivo de trânsito do Município, após a

elaboração de uma legislação municipal, conforme os arts. 24, XVII e XVIII e 129,

ambos do CTB. Há duas referências a esses veículos na legislação, a saber:

a) carroça: veículo de tração animal destinado ao transporte de carga.

b) charrete: veículo de tração animal destinado ao transporte de pessoas.

Veja a imagem de um veículo de tração animal:

img_005

1.2.1.6. Propulsão Humana@4@

São veículos que para se deslocarem sempre têm, na sua traseira ou sobre eles, pessoas.

Cabe aqui ressaltar que existe a previsão neste Código que se regulamente o registro, o

licenciamento e a autorização para conduzir esses veículos a ser feita pelo órgão

executivo de trânsito do Município, após a elaboração de uma legislação municipal,

conforme os arts. 24, XVII e XVIII e 129, ambos do CTB. Ainda quanto aos veículos

de propulsão humana, no ANEXO I temos as seguintes definições:

a) bicicleta – veículo de propulsão humana, dotado de duas rodas, não

sendo, para efeito do CTB, similar à motocicleta, motoneta e ciclomotor.

b) carro de mão – veículo de propulsão humana utilizado no transporte de pequenas

cargas.

c) ciclo – veículo de pelo menos duas rodas a propulsão humana.

Veja a imagem abaixo:

2. Quanto à Espécie

Esta classificação está diretamente relacionada com a carroçaria do veículo, ou

seja, se o veículo é destinado ao transporte de passageiro, classifica-se na espécie

passageiro.

1.2.2 Quanto à EspécieEsta classificação está diretamente relacionada com a carroçaria do veícu-

lo, ou seja, se o veículo é destinado ao transporte de passageiro, classifica-se na espécie passageiro.

Deve-se entender como carroçaria do veículo tudo aquilo que está sobre a sua parte rígida denominada chassi.

As espécies de veículos dividem-se em: passageiro, carga, misto, coleção, competição, tração e especial. Vejamos então cada uma delas:

1.2.2.1 Veículos de PassageiroVeículos de passageiro são os destinados ao transporte de pessoas e suas ba-

gagens. Perceba que bagagem é algo diferente de carga, uma vez que veículos destinados a transportar pessoas e carga são os mistos. Embora não tenhamos na legislação de trânsito uma definição do que seria bagagem, poderíamos, num pri-meiro momento, defini-la como os pertences pessoais do condutor e passageiro.

Veja abaixo alguns tipos de veículos de passageiros encontrados no ANEXO I do CTB:

a) automóvel: veículo automotor destinado ao transporte de passageiros com capacidade para até oito pessoas, exclusive o condutor. De outra forma, pode transportar até nove pessoas, sendo exigido, portanto, para o condutor, habilitação na categoria “B”. Veja a imagem abaixo:

 

Page 23: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

23b) micro-ônibus: veículo automotor de transporte coletivo com capacida-

de para até vinte passageiros. Portanto, micro-ônibus é aquele veículo que transporta no mínimo nove passageiros e no máximo vinte, sendo exigido, portanto, para o condutor, habilitação na categoria “D”. Veja a imagem abaixo:

 c) ônibus: veículo automotor de transporte coletivo com capacidade para mais

de vinte passageiros, ainda que, em virtude de adaptações visando a maior comodidade destes, transporte número menor, sendo exigido, portanto, para o condutor, habilitação na categoria “D”. Veja a imagem abaixo:

 

1.2.2.2 Veículos de CargaO veículo de carga é destinado ao transporte de carga podendo transportar

dois passageiros, exclusive o condutor.Veja abaixo alguns tipos de veículos de carga encontrados no Anexo I do CTB:a) caminhonete: veículo destinado ao transporte de carga com peso bruto

total de até três mil e quinhentos quilogramas, sendo exigido, portanto, para o condutor, a habilitação na categoria “B”. Veja imagem:

 b) caminhão: não temos uma definição expressa de caminhão no CTB, po-

rém, a Resolução nº 290/2008 do Contran nos dá a seguinte definição: “veículo automotor destinado ao transporte de carga, com PBT acima de 3.500 quilogramas, podendo tracionar ou arrastar outro veículo, des-

Page 24: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

24de que tenha capacidade máxima de tração compatível”; sendo exigido, portanto, para o condutor, a habilitação na categoria “C”. Veja imagem:

 c) motocicleta e assemelhados: alguns veículos de duas rodas podem ser

utilizados para o transporte de carga, mas como não são fabricados com essa finalidade exclusiva, obrigamo-nos a fazer um quadro comparativo, conforme modelo abaixo:

Caracteríticas Motocicleta Motoneta Ciclomotornº de rodas 02 02 02/03posição do condutor montado sentado qualquer posiçãovelocidade sem limite sem limite não passa de 50

km/hcilindrada acima de 50 cc acima de 50 cc até de 50 cchabilitação “A” “A” “A ou Acc”espécie passageiro ou

cargapassageiro ou carga

apenas passageiro

Obrigatoriedade do uso do capacete

sim sim sim

Por fim, vamos encerrar este tópico mencionando a definição de quadrici-clo, expresso na Resolução nº 700/1988 do Contran, a qual nos informa que quadriciclos são veículos cuja estrutura mecânica é igual à das motocicletas. Possuem eixos dianteiro e traseiro, são dotados de quatro rodas, classificados na categoria passageiro e apresentam cilindradas de até 200 cm3, devendo possuir placas dianteira e traseira, no mesmo padrão ao das motocicletas.

Cabe observar que com a entrada em vigor do CTB, hoje, existe a possibi-lidade de termos quadriciclos na espécie carga.

Diante do exposto, qualquer outro veículo parecido com este, mas que fuja das especificações acima, não poderão transitar na via pública, por não atender aos requisitos da legislação de trânsito (seriam “brinquedos”), ou deverão ser classificados como “trator”, caso transitem na via pública.

 

Page 25: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

25

1.2.2.3 Veículo MistoÉ o veículo automotor destinado ao transporte simultâneo de carga e passa-

geiro. É relevante ressaltar que ele transporta três passageiros, no mínimo, mais o condutor. Caso transportasse até dois passageiros, se enquadraria na espécie carga.

Veja abaixo alguns tipos de veículos misto encontrados no Anexo I do CTB:a) camioneta: veículo misto destinado ao transporte de passageiros e carga

no mesmo compartimento, conforme o Anexo I do CTB. Esta defini-ção, embora precisa, é alvo de muitos questionamentos, uma vez que é possível ter a falsa impressão de que não se transporta simultaneamente passageiro e carga, o que vem da própria definição de veículo misto. De outra forma, poderíamos encerrar as controvérsias vendo a redação da Resolução nº 822 do Contran, de 22/10/1996, que define a camioneta de uso misto, para efeito de registro e licenciamento, como “o veículo da espécie misto, não derivado de automóvel, utilizado no transporte simultâneo ou alternativo de carga e passageiro, num mesmo compar-timento, sem alteração das características originais de fabricação, a não ser a retirada ou recebimento dos assentos, previstas pelo fabricante”.

É oportuno mencionarmos que, sob a ótica da segurança viária, colocar objetos soltos no mesmo compartimento que pessoas é extremamente perigoso, uma vez que em caso de colisão o peso desses objetos se multiplica, transfor-mando-os em verdadeiras armas letais.

Veja a imagem:

 Cabe ainda ressaltar que na Resolução nº 291/2008 do Contran, que dis-põe sobre a concessão de código de marca/modelo/versão para veículos, em seu Anexo III, há um comentário interessante: ao alterar a lotação de uma camioneta, esta continua a se classificar como tal até a lotação de nove pessoas (espécie misto). Se transportar dez ou mais pessoas, sua classificação muda para o tipo micro-ônibus e espécie passageiro.

b) utilitário: veículo misto caracterizado pela versatilidade do seu uso, in-clusive fora de estrada.

Veja a imagem:

 

Page 26: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

26

1.2.2.4 Veículo de ColeçãoVeículo de coleção é aquele que, mesmo tendo sido fabricado há mais de

30 anos, conserva suas características originais de fabricação e possui valor his-tórico próprio. Perceba que um veículo não sai de fábrica na espécie coleção, uma vez que é uma deliberação do proprietário do veículo registrá-lo nessa es-pécie, devendo este, no entanto, atender a certos requisitos estabelecidos pelo Contran em sua Resolução nº 56/1998 (alterada pela Resolução nº 127/2001).

O primeiro passo a ser dado pelo proprietário é providenciar a expedição de um certificado de originalidade, atestando que o veículo cumpre todos os requisitos para registrá-lo na nova espécie. Esse certificado de originalidade deverá ser emitido por uma pessoa jurídica credenciada pelo Denatran. Sendo assim, as condições necessárias para registrar um veículo como de coleção será:

a) ter sido fabricado há mais de 30 anos;b) conservar suas características originais de fabricação;c) integrar uma coleção;d) apresentar certificado de originalidade.O Certificado de Originalidade de que trata a letra “d” acima atestará as

condições estabelecidas nas letras “a”, “b” e “c”, e será expedido por entidade credenciada e reconhecida pelo Denatran, de acordo com o modelo estabeleci-do no anexo da referida resolução, sendo o documento necessário para o registro.

A entidade apta a emitir o certificado de originalidade será pessoa jurídica, sem fins lucrativos, e instituída para a promoção da conservação de automóveis antigos e para a divulgação dessa atividade cultural, de comprovada atuação nesse setor, respondendo pela legitimidade do Certificado que expedir.

As perguntas que sempre surgem ao final da abordagem do tema são as seguintes:1) Quais as vantagens para o proprietário do veículo registrado na espécie

coleção? O disposto nos arts. 104 e 105 do Código de Trânsito Brasileiro não se

aplica aos veículos de coleção, ou seja, não precisam atender às mudanças na legislação, no que se refere a equipamentos obrigatórios, poluentes e ruído.

2) Além da mudança no documento (CRV e CRLV), há alguma mudança na parte externa do veículo?

Os veículos de coleção serão identificados por placas dianteira e traseira, neles afixadas, de acordo com os procedimentos técnicos e operacionais esta-belecidos pela Resolução nº 231/2007 – Contran, com as cores das placas em fundo preto e caracteres cinza.

Veja a imagem abaixo:

 

Page 27: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

27

1.2.2.5 Veículo de CompetiçãoPara que tenhamos um veículo registrado na espécie competição, é neces-

sária uma manifestação de seu proprietário no sentido de solicitar ao Detran uma autorização prévia quando do registro do veículo. O Contran, no anexo da sua Resolução nº 319/2009, posicionou-se no sentido de que veículos auto-motores, inclusive motocicletas, motonetas e ciclomotores, poderão ser regis-trados na espécie competição. Já na Resolução nº 291/2008, temos o seguinte comentário: “as espécies ‘competição’ e ‘coleção’ devem ser registradas com o ‘tipo’ e ‘carroçarias’ originais do veículo.” Enfim, com o exposto, podemos con-cluir que dois passos são necessários a fim de registrar um veículo na espécie competição. O deles seria a vontade do proprietário, e o segundo seria este se posicionar no sentido de solicitar uma autorização prévia no Detran quando do registro do veículo, para que seja providenciado o novo registro na espécie competição.

Ainda quanto aos veículos de competição, existem dois modelos que em razão da transformação sofrida não poderão transitar na via, a saber: aqueles que sofreram alterações para ficarem mais potentes e aqueles que foram cons-truídos exclusivamente para competir (protótipos), ou seja, no primeiro caso, o veículo que tiver alterada qualquer uma de suas características para compe-tição ou finalidade análoga só poderá circular nas vias públicas com licença especial da autoridade de trânsito, em itinerário e horário fixados, conforme o art. 110 do CTB. No segundo caso, estão expressos os veículos protótipos de competição, aqueles que foram fabricados exclusivamente para esta finalidade e que não necessitam ser diferenciados dos demais por quem o fabrica, ou seja, não possuem os elementos de identificação veicular, VIN e VIS, conforme a Resolução nº 24/1998 do Contran. Veja a imagem:

 

1.2.3 TraçãoQuanto aos tipos de veículos da espécie tração, o CTB se refere ao cami-

nhão-trator, trator de rodas, trator de esteira e trator misto. Podemos defini-los da seguinte forma:

a) caminhão-trator: veículo automotor destinado a tracionar ou arrastar outro veículo, conforme Anexo I do CTB. Ainda quanto a caminhões--tratores, estes são citados na Resolução nº 152/2003 do Contran, que estabelece os requisitos técnicos de fabricação e instalação de para-

Page 28: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

28-choque traseiro para veículos de carga, como exceção, ou seja, os caminhões tratores não precisam ter seus para-choques com faixas re-fletivas e rebaixados como os demais veículos citados nesta resolução.

Ainda quanto à citação de caminhões tratores na legislação de trânsito, es-tes, por força da Resolução nº 290/2008 do Contran, deverão possuir plaqueta de identificação da capacidade em um dos seguintes locais:

a) na coluna de qualquer porta, junto às dobradiças, ou no lado da fechadura;b) na borda de qualquer porta;c) na parte inferior do assento, voltada para porta;d) na superfície interna de qualquer porta;e) no painel de instrumentos.Veja as imagens:

 b) trator: veículo automotor construído para realizar trabalhos agrícolas,

de construção e pavimentação e para tracionar outros veículos e equi-pamentos. Quanto aos tipos possíveis, cabe alguns comentários, a fim de melhorar a compreensão do candidato, pois a legislação se refere aos tratores de roda como aqueles que possuem rodas (pneumáticos); aos tratores de esteira como aqueles que nos lembram os tanques de guerra; e aos tratores mistos como aqueles que possuem esteiras e pneus. Esses veículos, via de regra, não transitam em via pública, não estão sujeitos à identificação colocada pelo fabricante para diferenciá-los (VIN e VIS), porém, para transitarem na via, devem estar registrados, licenciados e possuir numeração especial. Além disso, seus condutores devem pos-suir, pelo menos, a habilitação na categoria “C”.

Cabe ressaltar a Resolução nº 281/2008 do Contran, que está suspensa pela Deliberação nº 93/2010 do Contran, que nos mostra a preocupação deste co-legiado em regulamentar a individualização dos tratores por seus fabricantes, desde seu nascimento.

Esta resolução prevê que os tratores fabricados, montados ou importados a partir de 1º de janeiro de 2010 deverão possuir pré-cadastro no Renavam e numeração PIN, a ser colocada pelo fabricante para individualizar a produção, da seguinte forma: a identificação do trator se dará por meio da gravação do Número de Identificação do Produto (PIN) no chassi ou na estrutura de opera-ção que o compõe, e deverá ser feita de acordo com as especificações vigentes e formatos estabelecidos pela NBR NM ISO 10261:2006 da Associação Brasileira

Page 29: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

29de Normas Técnicas – ABNT –, ou por outra norma que a substituir. Além da gravação PIN, o trator deverá ser identificado por gravação em etiqueta ou plaqueta, destrutível no caso de tentativa de sua remoção, em pelo menos um dos seguintes pontos: no conjunto motor/transmissão, quando estes formarem o conjunto estrutural do trator; e em outro local a ser informado pelo fabricante, montadora ou importador. Impende observar que embora os efeitos da referida resolução esteja suspenso, a mesma apresenta conteúdo extremamente rele-vante para controle do trânsito deste veículos em via pública, assim como, para fiscalização das empresas de “desmanches” de veículos, que são alimentadas pela indústria do “roubo e furto” de tratores.

Veja imagem:

 

1.2.4 Veículo EspecialA espécie especial é, em verdade, uma classificação subsidiária, ou seja, foi

criada para qualificar os veículos que não se enquadram nas outras espécies, ou seja, o veículo “especial” é aquele que não pertence às categorias passageiro, carga, misto, competição, tração ou coleção. Perceba que o legislador adotou a técnica no sentido de não existir veículo sem classificação quanto à espécie, sendo assim, o veículo que não se enquadra em nenhuma categoria (passagei-ro, carga, misto, competição, tração ou coleção) será classificado na espécie especial.

Na Resolução nº 291/2008 do Contran, que dispõe sobre a concessão de código de marca/modelo/versão para veículos, observamos que o que torna um veículo especial é a sua carroçaria. Podemos exemplificar da seguinte forma: se sobre um caminhão (plataforma) for montado um trio elétrico, teremos um veículo TIPO: caminhão, ESPÉCIE: especial, CARROÇARIA: trio elétrico. Outro exemplo seria o automóvel que se transformou em ambu-lância ou veículo de funeral, aí, teríamos: veículo TIPO: automóvel, ESPÉ-CIE: especial e CARROÇARIA: ambulância ou funeral.

Há, no Anexo I do CTB, dois veículos da espécie especial, conforme o Anexo I da Resolução nº 291/2008. Vejamos suas definições:

a) trailer: reboque ou semirreboque tipo casa, com duas, quatro, ou seis rodas, acoplado ou adaptado à traseira de automóvel ou camionete, em geral utilizado como alojamento em atividades turísticas ou para ativi-

Page 30: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

30dades comerciais. Quando acoplado ao veículo automotor, o condutor, para conduzi-lo, deve possuir habilitação na categoria “E”;

b) motor-casa (motor-home): veículo automotor, cuja carroçaria é fechada e destinada a alojamento, escritório, comércio ou finalidades análogas. Para conduzi-lo, o condutor deve possuir habilitação na categoria “C”, conforme Resolução nº 168/2004 do Contran. Veja imagem:

 

2. Classificação de Veículos – II

2.1 Apresentação

Nesta unidade, ainda será estudada a classificação de veículos.

2.2 Síntese

2.2.1 Quanto à CategoriaClassificar um veículo quanto à categoria seria mostrar a que se destina de-

terminado veículo ou a que finalidade se presta. Poderíamos também definir a categoria como a destinação dada ao veículo em caráter de permanência, uma vez que vem consignada num documento definitivo chamado CRV (Certifica-do de Registro de Veículo).

Como aplicação do exposto, poderíamos exemplificar usando o art. 154 do CTB, que faz menção aos veículos destinados à aprendizagem – um em caráter permanente e outro em caráter provisório. Sem maiores explicações, poderíamos concluir que somente aquele utilizado em caráter permanente será da categoria aprendizagem, mas a eventualidade da aprendizagem (caráter provisório) não tem o condão de mudar a categoria anterior do veículo.

As categorias de veículos previstas no CTB são: oficial; de representação di-plomática, de repartições consulares de carreira ou organismos internacionais acreditados junto ao governo brasileiro; particular; de aluguel; de aprendizagem.

Cada categoria de veículo apresenta placa de uma cor, no entanto, lembre--se de que ao mudar de categoria um veículo somente muda a cor da placa, permanecendo os mesmos caracteres até sua baixa.

Page 31: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Capítulo 3

Sistema Nacional de Trânsito

1. O STN na Administração Pública Brasileira

1.1 Apresentação

Nesta unidade, será estudado o Sistema Nacional de Trânsito.

1.2 Síntese

1.2.1 ConceitoPodemos visualizar o SNT como um conjunto de órgãos e entidades da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que tem por finali-dade o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação, habilitação e reci-clagem de condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário, po-liciamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades, conforme o art. 5º do CTB. Sendo assim, cabe observar que este

Page 32: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

32complexo de atividades mais variadas na área de trânsito tem como prioridade a defesa da vida, nela incluídos a saúde e o meio ambiente.

Esta superestrutura é, em verdade, uma superposição de órgãos e entidades a uma Administração já existente. Aproveitou-se uma série de órgãos e entida-des, subordinados e vinculados a secretarias e ministérios, e atribuiu-se a eles por meio do CTB outras missões, a fim de acabar com a excessiva mortandade nas vias do território nacional. Pode-se citar como exemplo a PRF, órgão per-manente na estrutura do Ministério da Justiça que recebeu do CTB atribuições na área de trânsito, e, além disso, a referida lei indica que na área de trânsito a PRF deverá observar as diretrizes elaboradas para o SNT. É certo que dentro desta estrutura existem órgãos e entidades que foram criados exclusivamente para fazer o SNT funcionar, como o Contran e o Denatran, por exemplo.

Por fim, a distribuição de competências dos órgãos e entidades que com-põem o Sistema Nacional de Trânsito observa a seguinte lógica: os assuntos de interesse nacional ficaram a cargo dos órgãos e entidades da União; os assuntos de interesse regional ficaram com os órgãos e entidades estaduais e distritais; e os assuntos de interesse local, como ciclistas, carroça e charrete, ficaram nas atribuições dos órgãos municipais.

1.2.2 Objetivos Básicos do SNTToda estrutura a ser montada, por menos complexa que seja, deve ter de-

lineado o caminho a ser seguido para que consiga operar na plenitude de suas funções. Com isso, o legislador previu uma série de metas a serem alcançadas pelo SNT, a fim de fazê-lo funcionar com uma maior capacidade de atender ao interesse público. Note que as metas ou objetivos básicos, como chamou o legislador, são as diretrizes, os parâmetros que o administrador público seguirá no desempenho da função pública. Vejamos cada uma dessas metas:

1.2.2.1 PadronizaçãoNum país extenso como o nosso, existe a necessidade de uniformização dos

procedimentos, para que tenhamos órgãos de todas as regiões trabalhando da mesma forma, respeitadas evidentemente as peculiaridades regionais. Sendo assim, o ideal é a padronização dos critérios técnicos, financeiros e administra-tivos, devendo o melhor modelo ser copiado pelos demais.

Existem dois mecanismos utilizados para que se alcance uma efetiva padro-nização. O primeiro são as normas de abrangência nacional, como as resolu-ções do Contran – Conselho Nacional de Trânsito; e o segundo seria um fluxo permanente de informações entre os órgãos. Quanto às normas do Contran que têm aplicação nacional, ou seja, que devem ser cumpridas por todos os órgãos e entidades do SNT, entendemos que é a forma mais rápida e fácil (atos infralegais) de se atingir a padronização do Sistema.

Page 33: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

33

1.2.2.2 Fluxo Permanente de Informações Para que a padronização dos critérios técnicos, financeiros e administrativos

efetivamente ocorra, ainda que existam diversos entraves geográficos em nosso país, é necessário que haja um fluxo permanente de informações entre esses órgãos e entidades que compõem o Sistema Nacional de Trânsito, assim como o compartilhamento de seus bancos de dados. Hoje temos uma série de bancos de dados que são compartilhados entre os órgãos do SNT, como Renainf, Re-naest, Renach e Renavam.

1.2.3 Política Nacional de Trânsito (PNT)Além da necessidade de padronizar o Sistema e do fluxo permanente de in-

formações, existe a necessidade de se atacar diretamente o caos maior em que vive o trânsito do país, por meio de uma PNT. É certo que o contexto histórico que culminou na elaboração do CTB foi a necessidade de diminuir o número de vidas que se perdiam a cada dia no trânsito. De outra forma, o objetivo maior almejado pelo legislador é a diminuição dos gastos sociais com trânsito em decor-rência do elevado índice de acidentes, pois em virtude dele temos uma enxurrada de pensões por morte e por invalidez, e despesas médico-hospitalares, tudo isso envolvendo principalmente a nossa população economicamente ativa.

Por fim, a implementação de uma PNT segue a seguinte sistemática: em pri-meiro lugar, o presidente eleito expõe a sua política de governo e constitui seus ministérios, para auxiliá-lo em sua missão. Em um segundo momento, esse mes-mo presidente escolhe um ministério para ser o coordenador máximo do SNT, que hoje é o Ministério das Cidades. Em um terceiro momento, o ministro das cidades vai designar os membros do Contran, que serão responsáveis por elaborar as normas a serem aplicadas por todos os outros órgãos na área de trânsito. Note que o Contran apenas tem a missão de adequar as diretrizes na área de trânsito àquilo que é desejável pelo Presidente da República. De outra forma, podería-mos afirmar que a PNT é, na verdade, uma vertente da política de governo a ser implementada na área de trânsito, ou seja, aquilo que o Presidente da República entende ser conveniente nesse aspecto para que sejam alcançados seus objetivos, legalmente instituídos: a segurança viária, a fluidez, o conforto, a educação para o trânsito e a proteção ao meio ambiente, que passaremos a estudar separada-mente. A importância do estudo de cada um desses tópicos se dá, em verdade, pelo fato de serem os valores maiores encontrados pelo legislador na facção dos dispositivos do CTB, ou seja, são os princípios expressos da legislação de trânsito.

1.2.3.1 Segurança Viária A segurança viária está presente em quase todos os dispositivos do CTB, ora

de forma direta, ora de forma indireta. O princípio decorrente deste tópico é

Page 34: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

34o da segurança viária, que devemos entender como o princípio fundamental do direito de trânsito, pois é ele que está mais diretamente ligado ao principal objetivo dessa nova legislação, que seria diminuir o índice de acidentes, tornar o trânsito seguro e dar outro destino ao dinheiro público que não sejam gastos com acidentados e indenizações. Sendo assim, podemos ilustrar algumas de suas aplicações dentro do Código de Trânsito Brasileiro.

“Art. 1º § 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destina-das a assegurar esse direito.

(...)Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem:I – abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo para o trân-

sito de veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causa danos a propriedades públicas ou privadas;

II – abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso, atirando, deposi-tando ou abandonando na via objetos ou substâncias, ou nela criando qualquer outro obstáculo.”

1.2.3.2 Fluidez A fluidez do trânsito é o segundo princípio mais encontrado na legislação

de trânsito. Não basta que tenhamos um trânsito seguro, este também deve ter fluidez, a fim de que possamos cumprir nossos compromissos e que a vida econômica do país transcorra entre pessoas não estressadas.

O princípio decorrente deste tópico é o da fluidez viária, cuja expressão máxima está no capítulo de normas de circulação, que nos informa que deve-mos nos abster de obstruir o trânsito atirando objetos ou substâncias nas vias; em outro momento, dispõe que devemos nos abster de todo ato que possa cons-tituir obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou animais, dentre mui-tos outros dispositivos. Veja alguns a seguir:

“Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro que o segue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá:

I – se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslocar-se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha;

II – se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha.

Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em fila, deverão manter distância suficiente entre si para permitir que veículos que os ultrapassem pos-sam se intercalar na fila com segurança.”

“Art. 43. Ao regular a velocidade, o condutor deverá observar constan-temente as condições físicas da via, do veículo e da carga, as condições me-

Page 35: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

35teorológicas e a intensidade do trânsito, obedecendo aos limites máximos de velocidade estabelecidos para via, além de:

I – não obstruir a marcha normal dos demais veículos em circulação sem causa justificada, transitando a uma velocidade anormalmente reduzida;

(...)Art. 62. A velocidade mínima não poderá ser inferior à metade da veloci-

dade máxima estabelecida, respeitadas as condições operacionais de trânsito e da via.”

1.2.3.3 Conforto no Trânsito O significado da palavra conforto, segundo Aurélio Buarque de Holanda

Ferreira, é “ato ou efeito de conforta-se, estado de quem é confortado, consolo, alívio”. Para nós, conforto no trânsito não está relacionado com os atributos do veículo, e sim com as exigências que todos os veículos devem preencher para que o trânsito seja agradável e seguro para o usuário dos veículos e para os demais usuários da via, ou seja, está relacionado com uma condução sem transtornos indesejáveis. De outra forma, a ideia de conforto está intimamen-te ligada à ideia de segurança, pois dirigir de forma confortável é dirigir sem medo, com segurança. Como normas relacionadas ao Princípio do Conforto no trânsito, podemos citar algumas dentre as inúmeras existentes no CTB:

“Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas vias públicas, o con-dutor deverá verificar a existência e as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório, bem como assegurar-se da existência de com-bustível suficiente para chegar ao local de destino.

(...)Art. 41. O condutor de veículo só poderá fazer uso de buzina, desde que em

toque breve, nas seguintes situações:I – para fazer as advertências necessárias a fim de evitar acidentes;II – fora das áreas urbanas, quando for conveniente advertir a um condutor

que se tem o propósito de ultrapassá-lo.”

1.2.3.4 Defesa AmbientalA defesa ambiental surge como princípio em muitas outras legislações, a

fim de que tenhamos um desenvolvimento do setor automobilístico não agres-sivo à saúde, à vida, à natureza e, por fim, ao meio ambiente.

O Princípio da Defesa Ambiental está entre as prioridades do Sistema Na-cional de Trânsito, juntamente com a defesa da vida e da saúde. No momento seguinte, quando estudarmos as competências do órgão e entidades que com-põem o Sistema Nacional de Trânsito, veremos expresso que os órgãos executivos e executivos rodoviários, assim como a PRF (Polícia Rodoviária Federal), devem fiscalizar os índices de poluentes e ruídos do veículo em trânsito no território

Page 36: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

36nacional. Finalmente, o dispositivo apresenta-se também como requisito para que o veículo possa receber o licenciamento, a fim de que transite na via pú-blica durante um ano. Vejamos agora um dos dispositivos que descreve o que mencionamos anteriormente:

“Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território na-cional, abertas à circulação, rege-se por este Código.

(...)§ 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional

de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio ambiente.”

1.2.3.5 Educação para o Trânsito A educação para o trânsito ganhou tanta importância no CTB que, além de

ser reproduzida em muitos dispositivos, ganhou capítulo próprio.O Princípio da Educação para o Trânsito é de implementação mais di-

ficultosa, uma vez que uma educação efetiva deve ser continuada, passando pela pré-escola até o ensino superior, e, além disso, massificada por meio de campanhas. Com isso, para que ela atingisse seu nível máximo, deveria ser implementada por vários governos de forma continuada, porém, como a Po-lítica Nacional de Trânsito é variável, ou seja, está intimamente relacionada ao princípio da temporariedade do mandato, dificilmente ocorrerá a aplicação plena de um projeto iniciado em governo anterior.

Vejamos alguns dispositivos referentes ao tema: “Art. 74. A educação para o trânsito é direito de todos e constitui dever prio-

ritário para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito.§ 1º É obrigatória a existência de coordenação educacional em cada órgão

ou entidade componente do Sistema Nacional de Trânsito.§ 2º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito deverão promover, den-

tro de sua estrutura organizacional ou mediante convênio, o funcionamento de Escolas Públicas de Trânsito, nos moldes e padrões estabelecidos pelo Contran.

Art. 75. O Contran estabelecerá, anualmente, os temas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos períodos refe-rentes às férias escolares, feriados prolongados e à Semana Nacional de Trânsito.

§ 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito deverão pro-mover outras campanhas no âmbito de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades locais.

§ 2º As campanhas de que trata este artigo são de caráter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora de sons e imagens explorados pelo poder público são obrigados a difundi-las gratuitamente, com a frequência recomen-dada pelos órgãos competentes do Sistema Nacional de Trânsito.

Page 37: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

37Art. 76. A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas esco-

las de 1º, 2º e 3º graus, por meio de planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação.

Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste artigo, o Ministério da Edu-cação e do Desporto, mediante proposta do Contran e do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, diretamente ou mediante convênio, promoverá:

I – a adoção, em todos os níveis de ensino, de um currículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre segurança de trânsito;

II – a adoção de conteúdos relativos à educação para o trânsito nas escolas de formação para o magistério e o treinamento de professores e multiplicadores;

III – a criação de corpos técnicos interprofissionais para levantamento e análise de dados estatísticos relativos ao trânsito;

IV – a elaboração de planos de redução de acidentes de trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitários de trânsito, com vistas à integração universidades-sociedade na área de trânsito.”

Com isso, podemos extrair de maneira sucinta as metas ou, conforme ex-presso na legislação, os objetivos básicos do Sistema, que são: a padronização, o fluxo permanente de informações e o estabelecimento de uma política de cunho nacional voltada para trânsito.

Page 38: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Capítulo 4

Atribuições da Polícia Rodoviária Federal

1. Atribuições da Polícia Rodoviária Federal

1.1 Apresentação

Nesta unidade, serão estudadas as atribuições da Polícia Rodoviária Fe-deral.

1.2 Síntese

1.2.1. Polícia Rodoviária Federal (PRF)A Polícia Rodoviária Federal está presente em todo o território nacional,

estruturada em 21 Superintendências Regionais, 5 Distritos Regionais, 150 De-legacias e 400 Postos de Fiscalização. Sua administração central está localizada em Brasília (DF).

Page 39: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

39

1.2.2 A Polícia Rodoviária Federal na Constituição Federal O Departamento de Polícia Rodoviária Federal, órgão subordinado ao Mi-

nistério da Justiça, tem suas competências definidas pela Constituição Federal, mais especificamente, no art. 144, § 2º, que nos informa que as atividades de segurança pública nas rodovias e estradas federais serão desempenhadas pela PRF, por meio do patrulhamento ostensivo. A segurança pública consiste em uma atuação de preservação ou restabelecimento da tranquilidade pública, para que todos possam exercer seus direitos e atividades sem serem perturbados por outrem. Por patrulhamento ostensivo a ser desempenhado nas rodovias e estradas federais, sob a ótica da segurança pública, devemos entender como um policiamento uniformizado e com viaturas caracterizadas, a fim de preve-nir que infrações penais ocorram nessas localidades.

1.2.3 A Polícia Rodoviária Federal no Decreto nº 1.655/1995 Quanto às demais atribuições da PRF, podemos encontrá-las no art. 20 da

Lei nº 9.503 (Código de Trânsito Brasileiro), no Decreto nº 1.655, de 3 de outubro de 1995 e, por fim, em seu Regimento Interno, aprovado pela Portaria Ministerial nº 122, de 20 de março de 1997.

Pela importância do Decreto nº 1.655, de 3 de outubro de 1995, e também por ter sido alvo de algumas questões de prova, vamos enumerar as competên-cias da PRF expressas no referido Decreto:

“Art. 1º À Polícia Rodoviária Federal, órgão permanente, integrante da estrutu-ra regimental do Ministério da Justiça, no âmbito das rodovias federais, compete:

I – realizar o patrulhamento ostensivo, executando operações relacionadas com a segurança pública, com o objetivo de preservar a ordem, a incolumidade das pessoas, o patrimônio da União e o de terceiros;

II – exercer os poderes de autoridade de polícia de trânsito, cumprindo e fazendo cumprir a legislação e demais normas pertinentes, inspecionar e fiscalizar o trânsito, assim como efetuar convênios específicos com outras orga-nizações similares;

III – aplicar e arrecadar as multas impostas por infrações de trânsito e os valores decorrentes da prestação de serviços de estadia e remoção de veículos, objetos, animais e escolta de veículos de cargas excepcionais;

IV – executar serviços de prevenção, atendimento de acidentes e salvamen-to de vítimas nas rodovias federais;

V – realizar perícias, levantamentos de locais boletins de ocorrências, in-vestigações, testes de dosagem alcoólica e outros procedimentos estabelecidos em leis e regulamentos, imprescindíveis à elucidação dos acidentes de trânsito;

VI – credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar medidas de se-gurança relativas aos serviços de remoção de veículos, escolta e transporte de cargas indivisíveis;

Page 40: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

40VII – assegurar a livre circulação nas rodovias federais, podendo solicitar

ao órgão rodoviário a adoção de medidas emergenciais, bem como zelar pelo cumprimento das normas legais relativas ao direito de vizinhança, promovendo a interdição de construções, obras e instalações não autorizadas;

VIII – executar medidas de segurança, planejamento e escoltas nos deslo-camentos do Presidente da República, Ministros de Estado, Chefes de Estados e diplomatas estrangeiros e outras autoridades, quando necessário, e sob a coor-denação do órgão competente;

IX – efetuar a fiscalização e o controle do tráfico de menores nas rodovias federais, adotando as providências cabíveis contidas na Lei nº 8.069, de 13 junho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);

X – colaborar e atuar na prevenção e repressão aos crimes contra a vida, os costumes, o patrimônio, a ecologia, o meio ambiente, os furtos e roubos de veículos e bens, o tráfico de entorpecentes e drogas afins, o contrabando, o descaminho e os demais crimes previstos em leis.

Art 2º O documento de identidade funcional dos servidores policiais da Polícia Rodoviária Federal confere ao seu portador livre porte de arma e franco acesso aos locais sob fiscalização do órgão, nos termos da legislação em vigor, assegurando-lhes, quando em serviço, prioridade em todos os tipos de transpor-te e comunicação.

Art 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.”

Observe que neste Decreto estão expressas as atribuições da PRF, funda-mentadas tanto na sua prerrogativa do poder de polícia administrativo quanto na sua prerrogativa do poder de polícia judiciária. Note que entre os órgãos que compõem o Sistema Nacional de Trânsito, apenas a PRF e a PM são concomi-tantemente órgãos de trânsito e de segurança pública.

1.2.4 Atribuições da Polícia Rodoviária Federal no CTB

Finalmente, quanto às suas competências expressas no CTB, que consti-tuem o objeto desta obra, vejamos cada uma delas de forma detalhada, pela im-portância dada em concursos públicos, mas, antes, perceba que a PRF divide com o DNIT uma série de atribuições nas rodovias e estradas federais, em que se apresentam algumas competências exclusivas e outras comuns.

Cabe ainda ressaltar que não houve aqui a divisão rigorosa de competências para autuar os infratores de trânsito, conforme ocorre em áreas urbanas entre os órgãos executivos de trânsito dos Estados e dos Municípios, como visto acima nas competências dos Detran.

Page 41: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

41Abaixo, a redação do art. 20 do CTB, com os comentários pertinentes.“Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, no âmbito das rodovias e

estradas federais:”

ComentárioA única informação relevante do caput do art. 20 seria a circunscrição, ou

seja, a competência territorial da PRF, que atua administrativamente em ro-dovias e estradas federais. Podemos inferir também que a Polícia Rodoviária Federal é tipicamente uma polícia rural (rodovias e estradas são vias rurais) e tem como atribuição prevenir a ocorrência de infrações tanto penais como administrativas nessas áreas.

Cabe ressaltar que a referência para o policial é o local da ocorrência da infração, e não aquele em que efetivamente ocorrerá a abordagem, uma vez que o trânsito é dinâmico e o estado de flagrância permite a perseguição do in-frator, ainda que este invada a área urbana ou uma mata às margens da rodovia.

“I – cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições;”

ComentárioEste dispositivo tem por origem a criação do Estado de Direito, ou seja, o

Estado deve respeitar as leis editadas por ele próprio.O dispositivo expressa a preocupação do legislador tanto com a legalidade

quanto com a moralidade na prestação do serviço público pelos órgãos de trânsito.O legislador nos informa que a PRF (órgão) e seus agentes de trânsito

(implementadores da vontade do órgão), antes de reprimirem os infratores de trânsito, devem antes ser exemplos. De outra forma, o agente de trânsito que conduz uma viatura desrespeitando as normas de circulação e conduta estaria legalmente engessado no que se refere a autuações por infrações de trânsito, uma vez que antes de “fazer cumprir” deve “cumprir” a legislação e as normas de trânsito. Poderíamos chamar de absurda a conduta deum PRF que autuasse um veículo com pneus carecas se sua viatura também estivesse com os pneus em estado semelhante.

Por fim, é muito comum vermos as viaturas policiais com licenciamento expirado, pneus carecas, extintores vencidos, quando existentes, além de mui-tas outras infrações, pois ainda existem policiais e agentes de trânsito que ima-ginam que, pelo fato de conduzirem uma viatura policial, lhes dá a prerrogati-va de descumprirem a legislação de trânsito. A confusão é feita em virtude do art. 29, VII, que dispõe que, quando em serviço de emergência, se devidamen-te identificados, gozam de prioridade de trânsito, mas somente nesses casos.

Por fim, impende observar, diante do exposto, que o policial que liga a si-rene da viatura com a finalidade de sair do engarrafamento para chegar mais cedo ao local de seu almoço viola a impessoalidade do ato administrativo e incide em desvio de finalidade, uma vez que a utilização de veículos oficiais estão sempre ligados ao atendimento do interesse público.

Page 42: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

42“II – realizar o patrulhamento ostensivo, executando operações relacionadas

com a segurança pública, com o objetivo de preservar a ordem, incolumidade das pessoas, o patrimônio da União e o de terceiros;”

ComentárioNeste inciso, temos a reprodução do mandamento constitucional, que nos

informa que a PRF deve realizar o patrulhamento ostensivo nas rodovias e estra-das federais, ou seja, de forma visível e presencial, conforme comentado acima.

Faz-se necessário extrair do dispositivo o objetivo da PRF, quando atuan-do como órgão de segurança pública:preservar a ordem, a incolumidade das pessoas, e o patrimônio da União e o de terceiros. Diante do exposto, é possí-vel observar que o CTB tratou da expressão segurança pública da forma mais abrangente possível, não se restringindo às atividades policiais, mas também como resguardo da segurança viária.

“III – aplicar e arrecadar as multas impostas por infrações de trânsito, as me-didas administrativas decorrentes e os valores provenientes de estada e remoção de veículos, objetos, animais e escolta de veículos de cargas superdimensionadas ou perigosas;”

ComentárioVamos analisar cada uma das competências expressas neste inciso:a) “aplicar e arrecadar as multas impostas por infrações de trânsito, as

medidas administrativas decorrentes (...).” Perceba que a PRF, no âmbito das rodovias e estradas federais, pode aplicar a penalidade de multa (somente esta) e todas as medidas administrativas possíveis, em quaisquer infrações prevista neste código, inclusive excesso de peso, dimensões e lotação. Quan-to às demais penalidades, como apreensão do veículo, frequência obrigatória em curso de reciclagem, suspensão do direito de dirigir e cassação da CNH, estas são de competência dos Detran, devendo a PRF informá-los sobre a ocorrência de infração em que sejam previstas tais penalidades.

É importante ressaltar que a penalidade multa é arrecadada pelo órgão por meio das redes bancárias. Não existe a possibilidade de o policial fazer diretamente a arrecadação da multa.

b) “valores provenientes de estada e remoção de veículos, objetos, ani-mais (...).” O legislador consignou as medidas administrativas de remoção previstas no art. 269 do CTB, cabendo ressaltar que a remoção de animais soltos nas rodovias e estradas federais ficou como competência exclusiva da PRF, por meio do veículo chamado pelos policiais de “pega-boi”.

c) “escolta de veículos de cargas superdimensionadas ou perigosas.” Há casos específicos em que a escolta de veículos com dimensões excedentes deve ser feita pela PRF, podendo, nos demais casos, ser feita por escoltas

Page 43: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

43

credenciadas, conforme a Resolução nº 11/2004 do DNIT. Os casos em que é exigida a escolta da PRF são basicamente quando a altura ultrapassa 5,00 m, a largura ultrapassa 5,50 m, o comprimento ultrapassa 35,00 m e o peso ultrapassa 100 toneladas.

“IV – efetuar levantamento dos locais de acidentes de trânsito e dos serviços de atendimento, socorro e salvamento de vítimas;”

ComentárioOs policiais responsáveis por cobrirem determinados trechos em rodovias

e estradas federais são também responsáveis pela confecção do BAT (Boletim de Acidente de Trânsito), os quais devem informar todos os detalhes dos acidentes atendidos no dia à Central da PRF de seu Estado. Esta Central, por sua vez, informará uma central do DPRF localizada no Distrito Fede-ral. As informações têm diversas finalidades, tais como: controle estatístico, controle de gastos com acidentes para tomada de medidas preventivas e para cobrança de danos ao patrimônio público.

A PRF, assim como todos os órgãos executivos componentes do SNT, deverá fazer levantamentos estatísticos de acidentes de trânsito ocorridos em vias sob sua circunscrição, para que o Denatran, por meio do Renaest, possa fazer as estatísticas gerais de acidentes de trânsito ocorridos no país.

“V – credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar medidas de segu-rança relativas aos serviços de remoção de veículos, escolta e transporte de carga indivisível;”

ComentárioTrata-se de uma autorização dada a particulares (pessoa jurídica) para

desempenhar atividade de seu exclusivo ou predominante interesse, sendo esta autorização um ato administrativo discricionário e precário.

Este dispositivo foi regulamentado pelo DPRFem sua Instrução Normati-va 16, de 2002. Deferido o pedido de credenciamento pelo diretor do DPRF, será a empresa cientificada do fato, devendo, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, comparecer no local e na data indicados pelo DPRF para assinatura do Termo de Responsabilidade correspondente. Da decisão do diretor do DPRF que indeferir o credenciamento, caberá recurso ao Secretário de Trânsito do Ministério da Justiça, no prazo de 30 (trinta) dias da data de ciência pelo interessado.

Quanto ao credenciamento do serviço de escolta nas rodovias e estradas esta-duais e municipais, embora não previsto no art. 21 do CTB, é feito pelos órgãos com circunscrição sobre a via após serem credenciados e vistoriados pelo DPRF. É, em verdade, uma homologação do credenciamento feito pelo DPRF.

Page 44: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

44“VI – assegurar a livre circulação nas rodovias federais, podendo solicitar ao

órgão rodoviário a adoção de medidas emergenciais, e zelar pelo cumprimento das normas legais relativas ao direito de vizinhança, promovendo a interdição de construções e instalações não autorizadas;”

Comentário Para que haja um melhor entendimento do dispositivo, vamos estudá-lo

por partes.a) “assegurar a livre circulação nas rodovias federais, podendo solicitar ao

órgão rodoviário a adoção de medidas emergenciais (...).” Aqui o legislador fez referência às obstruções causadas por pessoas em passeatas, protestos, aciden-tes de trânsito, por animais soltos na via, por buracos na via ou por veículos abandonados, assim como por construções não autorizadas, de uma forma ge-ral. Para que sejam compreendidas as atribuições da PRF nas situações acima explicitadas, saiba que os policiais rodoviários federais atuam na prerrogativa do poder de polícia administrativo, cuja função é limitar e disciplinar direitos, interesses e atividades do particular para resguardar o interesse público. Sen-do assim, em uma reunião autorizada na rodovia, por exemplo, cabe à PRF disciplinar o direito de reunião com o direito de ir e vir dos usuários da via, dei-xando uma faixa de circulação para os usuários e outra para os manifestantes. Outro exemplo seria quanto a obstruções causadas por buracos na via. Como foge à competência deste órgão tapar buracos, por exigir um conhecimento técnico especializado, faz-se mister que a PRF, por não possuir especialistas em seus quadros, solicite ao DNIT que execute a obra.

b) “e zelar pelo cumprimento das normas legais relativas ao direito de vizinhança (...).” O direito de vizinhança é uma limitação ao direito de pro-priedade, então saiba que embora o proprietário de um terreno tenha, em tese, o direito de construir sua casa como desejar, deve aquele respeitar as normas relativas ao direito de vizinhança e a legislação administrativa. O di-reito de vizinhança vem regulamentado no Código Civil, cujo capítulo que trata do direito de vizinhança compreende as seguintes seções: o uso anor-mal da propriedade; as árvores limítrofes, e, por fim, a passagem de cabos e tubulações, as águas, os limites entre prédios, o direito de tapagem e o direito de construir (arts. 1.277 a 1.313 do CC/2002).

O art. 1.277 do CC possui rol taxativo (numerus clausus) e não admite interpretação extensiva. Dessa forma, se as interferências prejudiciais causa-das não repercutirem sob o trinômio (saúde – segurança – sossego), a questão extrapolará o conflito de vizinhança.

c) “promovendo a interdição de construções e instalações não autorizadas.” Finalmente, sempre que tivermos construções e instalações não autorizadas, em razão do abuso de direito de seus proprietários, é possível que a PRF promova

Page 45: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

45

interdições, a fim de assegurar a segurança, a saúde e o sossego público. A interdição como sanção administrativa goza do atributo da autoexecutorie-dade. Assim, a Administração não necessita do auxílio do Judiciário, porém, deve ser precedida de regular processo administrativo.

Nas palavras do insuspeitável HELY LOPES MEIRELLES: “não se con-funda autoexecutoriedade das sanções de polícia com punição sumária e sem defesa. A Administração só pode aplicar sanção sumariamente e sem defesa (principalmente as de interdição de atividades, apreensão ou destruição de coisas) nos casos urgentes que ponham em risco a segurança ou a saúde públi-ca ou quando se tratar de infração instantânea surpreendida na sua flagrância, aquela ou esta comprovada pelo respectivo auto de infração, lavrado regular-mente. Nos demais casos, exige-se o processo administrativo correspondente, com plenitude de defesa ao acusado, para validade da sanção imposta.”

“VII – coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre acidentes de trân-sito e suas causas, adotando ou indicando medidas operacionais preventivas e encaminhando-os ao órgão rodoviário federal;”

ComentárioNão deve o candidato confundir a atribuição que a PRF tem de informar

os índices de acidentes, ocorridos em rodovia federal, para o Denatran, a fim de organizar as estatísticas gerais de acidente de trânsito do país com esta atribuição. Neste inciso, a PRF faz o levantamento de índice de acidente em trechos especí-ficos, a fim de fundamentar uma solicitação feita ao DNIT, como recapeamento de um trecho da rodovia em que ocorrem muitas derrapagens, por exemplo.

“VIII – implementar as medidas da Política Nacional de Segurança e Edu-cação de Trânsito;”

ComentárioA PRF, assim como os demais órgãos executivos, tem a atribuição de

implementar as medidas da Política Nacional de Segurança e Educação de Trânsito, com o objetivo de tornar o trânsito mais seguro e livre de acidentes. Deve priorizar a informação dos usuários por meio da educação de trânsito, promovendo palestras, organizando eventos, indo às escolas, enfim, fazendo um verdadeiro trabalho de conscientização.

“IX – promover e participar de projetos e programas de educação e segurança, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Contran;”

ComentárioO dispositivo é apenas uma aplicação do que vem disposto no art. 75 do

CTB, que dispõe a seguinte informação:“o Contran estabelecerá, anualmente,

Page 46: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

46

os temas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, aos feriados prolongados e à Semana Nacional de Trânsito. Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito deverão promover outras campanhas no âm-bito de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades locais.” A cada ano, há temas propostos pelo Contran para que sejam implementados pelos órgãos executivos, e também pela PRF.

“X – integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsi-to para fins de arrecadação e compensação de multas impostas na área de sua competência, com vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e à cele-ridade das transferências de veículos e de prontuários de condutores de uma para outra unidade da Federação;”

ComentárioO dispositivo já foi regulamentado por meio da Resolução nº 155/2003

do Contran, que instituiu o Renainf. Aliás, sobre o Renainf, veja o comentá-rio do item 3.2.1.c, que trata do Denatran.

“XI – fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos pelos veículos automotores ou pela sua carga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio, quando solicitado, às ações específicas dos órgãos am-bientais,”

ComentárioO fato de ter sido vetado o art. 66 não impede que a PRF fiscalize o nível

de emissão de poluentes e ruídos produzidos pelos veículos automotores ou pela sua carga, a partir da legislação ambiental e de trânsito.

Os índices de poluentes e ruídos dos nossos veículos em 1986 estavam insustentáveis. A partir daí, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Co-nama) criou, em 1986, o Programa de Controle da Poluição do Ar para Veículos Automotores (Proncove), que estabeleceu limites para emissão de poluentes. Surgiu, então, a injeção eletrônica com seus sistemas de canister (impede que vapores de combustíveis sejam lançados diretamente na atmos-fera), catalizadores, sistemas blow-up (impede que vapores de óleo lubrifi-cante sejam lançados diretamente na atmosfera), a partir de exigências feitas aos fabricantes para diminuírem os índices.

Os índices de poluentes e ruídos são tratados na legislação ambiental pela Lei nº 8.723, de 28 de outubro de 1993, pelas Resoluções do Conama nos 256/1999, 297/2002, 342/2003, que tratam dos índices de poluentes, e 256/1999, 268/2000 e 272/2000, que tratam dos índices de ruídos.

Page 47: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

47

Diante de mais esta atribuição da PRF, o que efetivamente tem sido feito nesse sentido pelos policiais rodoviários federais e quais as infrações relacionadas ao tema? É a pergunta que logo nos vem à cabeça ao lermos este dispositivo, mas para responder a essa pergunta, primeiro devemos saber onde o tema está regulamentado. As fiscalizações de trânsito que hoje ocor-rem, no que se refere a poluentes, são feitas com base em uma Resolução do Contran, que tratou da forma de fiscalização de poluentes por meio da fumaça dos veículos com motores alimentados a óleo diesel e fez menção da exigência do lacre nas bombas injetoras, na Resolução nº 510/1977.

Para aferição da fumaça, será utilizada a escala Ringelmann, a qual per-mitirá a emissão de fumaça até a tonalidade igual ao padrão do número 2 (dois). Para altitudes superiores a 500 metros, admite-se o padrão 3 (três). Os policiais rodoviários medem a densidade de emissão de fumaça utilizando um cartão (escala de Ringelmann), que indica os níveis de fuligem emitidos pelos escapamentos dos veículos. O cartão vazado revela a cor da fumaça expelida pelo motor a diesel. São cinco intervalos com contraste do cinza--claro (20%) ao preto (100%), numa escala ascendente de 20 em 20%. Em Municípios localizados em altitude acima de 500 metros do nível do mar, se flagrados na escala a partir de 80% (níveis 4 e 5), são considerados irregu-lares. O veículo que expelir fumaça superior a esses padrões será retido até regularização e será imposta a multa do art. 231, III,do CTB (produzindo fumaça, gases ou partículas em níveis superiores aos fixados pelo Contran), constituindo uma infração de natureza grave.

Quanto à exigência do lacre nas bombas injetoras de combustíveis, te-mos que entendê-lo como equipamento obrigatório nesses veículos. Caso não o possuam, respondem os proprietários pelo art. 230, inciso IX, do CTB, que se refere à infração de conduzir veículo sem equipamento obrigatório, incidindo em uma infração de natureza grave.

Quanto aos ruídos máximos produzidos por veículos na legislação de trân-sito, temos as seguintes Resoluções tratando do tema: 448/1971 (do motor), 35/1998 (da buzina), 37/1998 (do alarme), 204/2006 (do aparelho de som).

Page 48: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Capítulo 5

Poder de Polícia de Trânsito

1. Poder de Polícia de Trânsito – I

1.1 Apresentação

Nesta unidade, será estudado o Poder de Polícia de Trânsito.

1.2 Síntese

1.2.1 Conceito Neste tópico, vamos analisar de maneira detalhada quais são as atribuições

dos agentes de trânsito e da autoridade de trânsito conforme previsão do CTB.

1.2.2. Poder de Polícia de Trânsito O tema Poderes e Deveres da Administração, trabalhado nos cursos de Direi-

to Administrativo, ganha relevância neste capítulo, onde analisaremos de forma detalhada o poder de polícia de trânsito, à luz do Código de Trânsito Brasileiro.

Page 49: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

49Ressalta-se que os órgãos da Administração para cumprirem suas funções

institucionais e preservar o interesse da coletividade devem possuir determina-das prerrogativas, que se traduz na verdade em verdadeiro, poder-dever, uma vez que são indisponíveis, ou seja, de uso obrigatório.

De forma sucinta, a fim de não perdemos o foco da análise do tema em tela, podemos citar como poderes da administração: o hierárquico, o discipli-nar, o normativo e, por fim, o poder de polícia. Sendo que os três primeiros têm o condão de regular internamente a atividade da administração pública, cujo primeiro é decorrente do escalonamento vertical da estrutura administrativa, o segundo surge na possibilidade de punição dos servidores públicos e daqueles que contratam com a Administração. Já o terceiro surge da necessidade de complementação das leis administrativas para torná-las aplicáveis, como quan-do o Contran regulamenta o CTB.

Por fim, quanto ao Poder de Polícia poderíamos defini-lo como qualquer in-tervenção ou restrição imposta pelo Estado nas atividades, direitos ou interesses individuais a fim de beneficiar o interesse coletivo.

Em que pese possuirmos uma doutrina farta sobre o tema, o nosso ordena-mento jurídico nos oferece de forma gratuita o conceito de Poder de Polícia, que sob hipótese alguma poderia ser desprezado por nós no trato do tema. Com isso, vamos para a análise do art. 78 do Código Tributário Nacional, que expressamente nos informa:

“Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prá-tica de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à proprie-dade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Comple-mentar nº 31, de 28.12.1966)

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quan-do desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.”

Da definição expressa acima, podemos extrair as seguintes características:1) é atividade da administração pública, que não deve ser confundido com

o poder de polícia de segurança pública, pois enquanto o primeiro atua sobre direito, interesse ou liberdade, o segundo atua sobre pessoas coi-bindo a ocorrência de infrações penais, ora de forma preventiva ora de forma repressiva;

2) a atuação do poder de polícia consiste tanto numa obrigação de “fazer’ quanto de “não fazer” por parte do particular, pois regula a prática de ato ou abstenção de fato, conforme expresso acima;

Page 50: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

503) conforme previsto no parágrafo único transcrito acima, deve-se observar

os limites da lei aplicável; portanto, o poder de polícia de trânsito tem seus limites previstos no próprio CTB;

4) ainda quanto ao parágrafo único, a regra na atuação do poder de polícia quando priva o particular de bens ou de direitos é a instauração do de-vido processo legal;

5) a discricionariedade do poder de polícia previsto acima aparece de for-ma incontestável na atividade de fiscalização, quando da escolha do veículo a ser fiscalizado. Temos também uma atuação discricionária, segundo um juízo de valor do agente autuador, na escolha do disposi-tivo que melhor se afeiçoa à infração cometida. Cabe observar que não pode o agente de trânsito deixar de autuar o condutor infrator, pois a ato administrativo de autuação é natureza vinculada.

1.2.3 Formas de Atuação do Poder de Polícia O CTB, de forma inovadora, nos trouxe um fracionamento do Poder de

Polícia, ou seja, suas formas de manifestação. Cabe ressaltar que o tema tam-bém foi trabalhado pelo ilustre mestre Diogo de Figueiredo Moreira Neto, de forma mais genérica.

Analisaremos, então, as disposições do CTB, que se refere ao tema:“Art. 269, § 1º A ordem, o consentimento, a fiscalização, as medidas admi-

nistrativas e coercitivas adotadas pelas autoridades de trânsito e seus agentes te-rão por objetivo prioritário a proteção à vida e à incolumidade física da pessoa.”

Perceba que além das formas de atuação do poder de polícia de trânsito, temos também descrito acima o fim público a que se dirige tal atividade da administração: proteção à vida e à incolumidade física da pessoa. Com isso, vamos analisar as formas de atuação do poder de polícia fazendo as remissões necessárias dentro da legislação de trânsito:

a) ordem de polícia – aqui o Poder Público se manifesta mediante a cria-ção de leis e atos normativos que causem restrições ao desempenho das liberdades individuais, a fim de que o coletivo ganhe. De outra forma, poderíamos exemplificar o exposto, fazendo menção às regras de habilitação, nas quais o legislador e o Contran impõem uma série de restrições aos particulares para que tenhamos condutores realmente habilitados na direção de veículos automotores, fazendo com que toda a sociedade tenha a sua disposição um trânsito livre de acidentes;

b) consentimento de polícia – é uma forma de expressão do Poder Público com base na ordem de polícia, ou seja, antes de administração con-sentir qualquer atividade do particular deve antes observar os detalhes de sua regulamentação. Tratando consentimento como sinônimo de alvará, poderíamos trabalhar na legislação de trânsito tanto o alvará de licença como o alvará de autorização, a saber:

Page 51: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

51b.1) Alvará de licença – devemos entender esta modalidade de con-

sentimento como um ato administrativo vinculado, declaratório e permanente, onde para uma melhor compreensão dos institutos ora mencionados vamos exemplificar à luz do CTB: quando um candidato à habilitação, tanto na modalidade permissão para di-rigir como autorização para conduzir ciclomotor, passa em todos os exames, obriga a administração a expedir seu documento de ha-bilitação, razão pela qual chamamos que o ato administrativo de expedição do documento de vinculado; dizemos também que o ato administrativo é de natureza declaratória porque a administração não cria direito algum para o particular apenas declara o direito adquirido ao passar pelos exames de habilitação e, por fim, diz-se permanente porque não sofre variações por conveniência e oportu-nidade do administrador;

b.2) Alvará de autorização – devemos entender esta modalidade de con-sentimento como um ato administrativo discricionário, constitutivo e precário em que, para uma melhor compreensão dos institutos ora mencionados, vamos exemplificar à luz do CTB. Na legislação de trânsito, temos uma série de situações onde apenas é permitido o trânsito de veículos em situações excepcionais, quando deten-tores de um documento chamado de AET (Autorização Especial de Trânsito). Na cessão deste documento, o órgão com circunscri-ção sobre a via avalia condições de conveniência e oportunidade (discricionariedade), e entendendo que deve expedir a AET cria (constitui) para o particular um direito de trânsito com seu veículo a título precário, ou seja, revogável a qualquer tempo. Como exem-plo de alvará de autorização, podemos citar três situações previstas na legislação de trânsito (com grifo nosso no verbo poderá, a fim de ressaltar a discricionariedade):

“Art. 101. Ao veículo ou combinação de veículos utilizado no transporte de carga indivisível, que não se enquadre nos limites de peso e dimensões estabe-lecidos pelo Contran, poderá ser concedida, pela autoridade com circunscri-ção sobre a via, autorização especial de trânsito, com prazo certo, válida para cada viagem, atendidas as medidas de segurança consideradas necessárias.

§ 1º A autorização será concedida mediante requerimento que especificará as características do veículo ou combinação de veículos e de carga, o percurso, a data e o horário do deslocamento inicial.

§ 2º A autorização não exime o beneficiário da responsabilidade por even-tuais danos que o veículo ou a combinação de veículos causar à via ou a terceiros.

Page 52: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

52§ 3º Aos guindastes autopropelidos ou sobre caminhões poderá ser conce-

dida, pela autoridade com circunscrição sobre a via, autorização especial de trânsito, com prazo de seis meses, atendidas as medidas de segurança conside-radas necessárias.”

“Art. 108. Onde não houver linha regular de ônibus, a autoridade com circunscrição sobre a via poderá autorizar, a título precário, o transporte de passageiros em veículo de carga ou misto, desde que obedecidas as condições de segurança estabelecidas neste Código e pelo Contran.

Parágrafo único. A autorização citada no caput não poderá exceder a doze meses, prazo a partir do qual a autoridade pública responsável deverá implan-tar o serviço regular de transporte coletivo de passageiros, em conformidade com a legislação pertinente e com os dispositivos deste Código.” (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998)

c) fiscalização de polícia – das formas de atuação do poder de polícia este é o mais intuitivo, onde se imagina um agente de trânsito na via esco-lhendo veículos para uma eventual fiscalização. De uma forma mais técnica, é por esta forma de atuação que se verifica se o detentor do con-sentimento é merecedor de sua manutenção, pois caso cometa atos em desacordo com a legislação poderá sofrer até a penalidade cassação, que é a perda do direito. O tema fiscalização de polícia ganha relevância quando comparamos a atividade do agente de trânsito que goza desta prerrogativa funcional com a atividade dos funcionários de empresas contratadas pelo Poder Público para operação de trânsito, que não go-zam desta prerrogativa funcional. Vejamos as definições dos institutos no Anexo I do CTB:

Fiscalização – ato de controlar o cumprimento das normas estabelecidas na legislação de trânsito, por meio do poder de polícia administrativa de trânsito, no âmbito de circunscrição dos órgãos e entidades executivos de trânsito e de acordo com as competências definidas neste Código.

Operação de trânsito – monitoramento técnico baseado nos conceitos de Engenharia de Tráfego, das condições de fluidez, de estacionamento e para-da na via, de forma a reduzir as interferências, tais como veículos quebrados, acidentados, estacionados irregularmente atrapalhando o trânsito, prestando socorros imediatos e informações aos pedestres e condutores.

d) medidas administrativas – esta forma de atuação do poder de polícia é peculiar da legislação de trânsito, porque embora cause uma ideia de sanção administrativa, com esta não guarda relação. As medidas admi-nistrativas devem ser entendidas como constrangimentos causados aos particulares por uma interferência causada por estes na esfera do coleti-vo, ora atentando contra a segurança viária (condutor embriagado) ora atentando contra a fluidez (veículo estacionado sobre calçadas). Com

Page 53: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

53isso devemos mencionar que o condutor que tem seu veículo retido em virtude de ter sido flagrado conduzindo embriagado não está sofrendo sanção, mas sim o constrangimento de ter que chamar uma pessoa em condições de dirigir para que seu veículo não vá para o depósito públi-co; este mesmo condutor embriagado terá seu documento de habilita-ção recolhido para que não volte a dirigir enquanto estiver sobre efeito desta substância entorpecente. Note que nas duas situações descritas, depois de sanadas as irregularidades, as medidas administrativas aplica-das são desfeitas, ou seja, após restabelecidas a sensação de segurança no trânsito, o condutor poderá voltar a dirigir regularmente.

Com base no exposto, cabe ressaltar que parte da doutrina trata as medidas administrativas como medidas de caráter emergencial, sendo aplicável apenas durante o transtorno causado pela infração de trânsito.

e) medidas coercitivas – estas medidas aparecem na legislação de trân-sito com o nome de penalidade. Aqui se tem a aplicação de sanções administrativas pela autoridade de trânsito, tais como: advertência por escrito; multa; suspensão do direito de dirigir; apreensão do veículo; cassação da Carteira Nacional de Habilitação e frequência obrigatória em curso de reciclagem.

Por fim, neste caso, certamente, o particular penalizado terá direito a um devido processo legal, sendo-lhe assegurada ampla defesa.

Finalmente, em recente decisão do STJ, percebemos que a divisão ora tra-balhada serviu de fundamentação a esta Corte ao tratar do tema delegação do Poder de Polícia a empresas públicas e sociedades de economia mistas, que in-tegram a Administração Indireta. Cabe observar que o tema ganha relevância, quando olhamos para algumas guardas municipais, que apesar de possuírem personalidade jurídica de direito privado, atuam diretamente no trânsito.

Vamos reproduzir notícia divulgada no site do Superior Tribunal de Justiça:“A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pela

possibilidade de a Empresa de Transporte de Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) exercer atos relativos à fiscalização no trânsito da capital mineira. Entretanto, os ministros da Turma mantiveram a vedação à aplicação de mul-tas pela empresa privada.

A Turma decidiu reformar, parcialmente, decisão de novembro último que garantiu ao poder público a aplicação de multa de trânsito. Na ocasião, os mi-nistros acompanharam o entendimento do relator, ministro Mauro Campbell Marques, de ser impossível a transferência do poder de polícia para a sociedade de economia mista, que é o caso da BHTrans. Ele explicou que o poder de polícia é o dever estatal de limitar o exercício da propriedade e da liberdade em favor do interesse público. E suas atividades se dividem em quatro grupos: legislação, consentimento, fiscalização e sanção.

Page 54: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

54Ao julgar os embargos de declaração (tipo de recurso) interpostos pela

BHTrans – que apontou a contradição existente entre o provimento integral do recurso especial e sua fundamentação, na qual se afirmou a sua possibilidade de exercer atos relativos à fiscalização –, o ministro relator deu razão à empresa.

Segundo o relator, ficou claro que as atividades de consentimento e fis-calização podem ser delegadas, pois compatíveis com a personalidade das so-ciedades de economia mista. Entretanto, para o ministro, deve permanecer a vedação à imposição de sanções por parte da BHTrans.”

2. Poder de Polícia de Trânsito – II

2.1 Apresentação

Nesta unidade, ainda será estudado o Poder de Polícia de Trânsito.

2.2 Síntese

2.2.1 Atribuições para Aplicação de Sanções de Trânsito Um tema que nos chama a atenção é a competência para aplicação das

sanções previstas na legislação de trânsito, em que em um primeiro momento vamos trabalhar com o que temos de expresso na legislação de trânsito, e num segundo momento com uma análise interpretativa do tema.

Com isso, remeto o leitor ao capítulo do CTB que trata das atribuições dos órgãos e entidades do SNT, que nos informa que as penalidades de suspen-são do direito de dirigir, cassação do documento de habilitação, frequência obrigatória a cursos de reciclagem são de aplicação exclusiva dos Detran, a penalidade de advertência por escrito, conforme este capítulo seria de com-petência exclusiva dos órgãos executivos rodoviários da União, Estados, DF e Municípios, e a multa de competência comum (de todos), nada mencionando o referido capítulo acerca da penalidade de apreensão do veículo.

Em uma análise mais detalhada, é possível inferirmos do texto legal que a apreensão do veículo, por constituir uma suspensão do licenciamento do veículo, apenas poderia ser aplicada pelos Detran, que são os órgãos compe-tentes para licenciar veículos.

Por fim, em uma análise mais crítica, a respeito da penalidade de adver-tência por escrito, poderíamos, afirmar que também é uma penalidade que poderia ser aplicada por todos os órgãos de trânsito, pelo fim público a que se dirige: educação para o trânsito, em detrimento da redação imprecisa acerca da regulamentação do instituto pelo legislador do CTB. Ainda quanto à adver-

Page 55: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

55tência por escrito não entendemos adequado a afirmação de alguns autores que constitui direito subjetivo público do autuado, acreditamos que se trata de dis-cricionariedade da autoridade de trânsito, devendo surgir regulamentação so-bre o tema, explicitando o que deve ser valorado pela autoridade na aplicação ou não de tal penalidade. Esta regulamentação deve ocorrer a fim de fugirmos de eventuais arbitrariedades do administrador público, pois a aplicação de tal penalidade, não pode ficar sujeita ao humor da referida autoridade.

2.2.2 Medidas Administrativas e Penalidades É necessário que se inicie o estudo de medidas administrativas e penalidades

de forma simultânea para que possamos trabalhar as semelhanças e diferenças dos institutos.

Como semelhança, podemos elencar: - são formas de atuação do poder de polícia;- ambas estão na esfera de atribuição da autoridade de trânsito;- estão sujeitas ao princípio da reserva legal, previsto no art. 5º, inciso

XXXIX da CRFB;- a cada infração, temos as medidas administrativas e penalidades aplicáveis.Como diferença das medidas administrativas e penalidades, podemos citar:- as medidas administrativas não têm natureza de sanção administrativa,

mas tão somente de constrangimento de polícia;- as medidas administrativas estão na esfera de atribuição dos agentes de trân-

sito, as penalidades apenas podem ser aplicadas pela autoridade de trânsito;- são aplicadas em momentos distintos, pois as medidas administrativas

são aplicadas no momento da autuação; já as penalidades apenas após um devido processo legal;

- não são tratadas no mesmo capítulo do CTB.Com base no exposto vamos analisar em tópicos distintos cada uma das

medidas administrativas e penalidades previstas:

2.2.3 Penalidades As penalidades administrativas, também chamadas sanções de polícia, estão

previstas no art. 256 do CTB, e são aplicáveis apenas pela autoridade de trânsi-to. Estas penalidades por interferirem na órbita de direito do administrado, em regra, somente são impostas após o devido processo legal. Vejamos cada uma das penalidades previstas no CTB:

2.2.3.1 Multas As multas serão impostas e arrecadadas pelo órgão ou entidade de trânsito

com circunscrição sobre a via onde haja ocorrido a infração, de acordo com as competências estabelecidas no CTB. Saiba que a cobrança de multa ob-

Page 56: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

56serva algumas peculiaridades, uma vez que o CTB vincula o licenciamento de veículos e a transferência de propriedade ao pagamento da multa; sendo assim, quando um veículo é autuado em unidade da Federação diversa do licenciamento do veículo, para que o órgão autuador receba as suas multas impostas a veículos de outros estados, é necessário que este órgão esteja de alguma forma ligado ao Detran de registro do veículo, para que haja restrição no sistema quanto a registro e licenciamento. Com isso, vamos ver alguns casos específicos sobre a penalidade multa:

2.2.3.1.1 Infrações Ocorridas em Outra Unidade da Federação

Este tema ganha complexidade uma vez que a sua regulamentação ficou diferente daquilo que o legislador imaginou que seria. De outra forma, no art. 260, §§ 1º e 2º do CTB, temos as seguintes previsões sobre o tema:

“§ 1º As multas decorrentes de infração cometida em unidade da Federação diversa da do licenciamento do veículo serão arrecadadas e compensadas na forma estabelecida pelo Contran.”

“§ 2º As multas decorrentes de infração cometida em unidade da Federação diversa daquela do licenciamento do veículo poderão ser comunicadas ao órgão ou entidade responsável pelo seu licenciamento, que providenciará a notificação.”

Em verdade, o Contran regulamentou o tema na Resolução nº 155/2004, que também foi operacionalizada pela Portaria nº 03/2004 do Denatran. Atual-mente, todas as infrações ocorridas em uma unidade da Federação, diversa da do registro do veículo, são armazenadas em um banco de dados nacional, ad-ministrado pelo Denatran. O nome do sistema criado chama-se Renainf, que é o Registro Nacional de Infrações de Trânsito. Para que possamos entender como este sistema funciona, devemos fazer as seguintes considerações:

a) a condição para que haja restrição nos sistemas Renavam e Renach é que o órgão autuador registre suas autuações a veículos de outros esta-dos nessa base nacional;

b) os órgãos e entidades executivos de trânsito responsáveis pelo registro de veículos deverão considerar a restrição por infração de trânsito, inclu-sive para fins de licenciamento ou transferência, a partir da notificação da penalidade;

c) do valor da multa, arrecadado pelo órgão ou entidade executivo de trân-sito do Estado ou do Distrito Federal, aplicada pelos demais órgãos ou entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, serão dedu-zidos os custos operacionais dos participantes do processo, na forma estabelecida pelas instruções complementares emitidas pelo Denatran. De outra forma, o Detran de registro arrecada e repassa ao Denatran e ao órgão autuador as suas participações;

Page 57: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

57d) as notificações de autuação e penalidade, assim como o processo admi-

nistrativo continuam sob responsabilidade do órgão autuador, ao con-trário do que pensou o legislador no § 2º do art. 260 do CTB.

2.2.3.1.2 Cobrança de Multas de Veículos Estrangeiros

Quando a infração for cometida com veículo licenciado no exterior, em trânsito no território nacional, a multa respectiva deverá ser paga antes de sua saída do país, respeitado o princípio de reciprocidade. Observe que a multa não é condição para prosseguir viagem, e sim para retirada do veículo do país, podendo o estrangeiro sair livremente. Devemos considerar a possibilidade de o veículo sair com todos os seus débitos de forma regular, basta que seja dado o mesmo tratamento ao veículo brasileiro quando no exterior.

Apenas em nível de ilustração, uma vez que não é possível extrair esta in-formação do CTB, o órgão que deverá implementar este dispositivo é a Polícia Rodoviária Federal, uma vez que é o órgão de trânsito que atua nas fronteiras do país, e mais para que os demais órgãos tenham suas multas cobradas pela PRF, deverão celebrar convênio com a mesma.

Por fim, é evidente que deverá ser regulamentado o processo administrativo para cobrança dos débitos do veículo estrangeiro quer for autuado no território nacional, considerando-se, evidentemente, as peculiaridades do referido pro-cesso, pois o estrangeiro que está em trânsito o território nacional deverá ser notificado sempre que abordado, já que impossível a notificação de quem não tem residência fixa.

2.2.3.1.3 Correlação entre Valores das Multas, Natureza da Infração e Pontuação

Vamos ilustrar o tema por meio de uma tabela para facilitar a memorização e a visualização do exposto.

Natureza da infração Valor da multa Pontuação correspondenteLeve 53,20 3Média 85,13 4Grave 127,69 5Gravíssima 191,54 7

2.2.3.1.4 Responsabilidade pelo Pagamento

Fica estabelecido que o proprietário do veículo será sempre responsável pelo pagamento da penalidade de multa, independente da infração cometida, até mesmo quando o condutor for indicado como condutor-infrator nos termos da lei, não devendo ser registrado ou licenciado o veículo sem que o seu pro-prietário efetue o pagamento do débito de multas, excetuando-se as infrações

Page 58: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

58resultantes de excesso de peso que obedecem ao determinado no art. 257 e pa-rágrafos do Código de Trânsito Brasileiro, conforme a Resolução nº 108/1999 do Contran.

2.2.3.1.5 Destinação da MultaA receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito tem destinação

específica, ou seja, apenas poderá ser aplicada em sinalização, engenharia de trá-fego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito, e nada mais.

O percentual de cinco por cento do valor das multas de trânsito arrecadadas será depositado, mensalmente, na conta de fundo de âmbito nacional destina-do à segurança e educação de trânsito, que será administrado pelo Denatran. Note que este fundo é nacional; desta forma, cinco por cento do total das mul-tas arrecadadas no país deverão ir para este fundo.

A receita de multa arrecadada pelo órgão autuador será aplicada da forma acima descrita, ou seja, com destinação específica, que representa noventa e cinco por cento do valor total das multas impostas, e os outros cinco por cento vão para o Funset (Fundo Nacional de Segurança e Educação para o Trânsito).

Por fim, embora a destinação seja específica, as áreas de aplicação do valor arrecadado com a receita de multa são extremamente variáveis, em função dos termos genéricos usados pelo legislador, em que como exemplo poderíamos citar que as receitas arrecadadas com a cobrança das multas de trânsito podem ser aplicadas, entre outros, na elaboração e na atualização do mapa viário do município, no cadastramento e na implantação da sinalização, no desenvolvi-mento e na implantação de corredores especiais de trânsito nas vias já existentes, na identificação de novos polos geradores de trânsito, e em estudos e estatísticas de acidentes de trânsito, pois estão englobados nas atividades acima citadas.

2.2.3.2 Advertência por EscritoA penalidade de advertência poderá ser imposta por escrito para infração

de natureza leve ou média, passível de ser punida com multa, não sendo re-incidente o infrator, na mesma infração, nos últimos doze meses, quando a autoridade, considerando o prontuário do infrator, entender esta providência como mais educativa.

Cabe ressaltar que a conversão da penalidade multa em penalidade de advertência por escrito não retira a pontuação decorrente da natureza da in-fração cometida, uma vez que a pontuação não está relacionada com a apli-cação da multa e sim ao cometimento da infração, conforme expresso no art. 259 do CTB.

O disposto neste item aplica-se igualmente aos pedestres, podendo a multa ser transformada em advertência por escrito ou na participação do infrator em cursos de segurança viária, a critério da autoridade de trânsito.

Page 59: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

59Ainda quanto à advertência por escrito, saiba que sua aplicação faz com que

o condutor esteja sujeito à suspensão do direito de dirigir em virtude da pontua-ção imposta, e mais quando aplicada a advertência por escrito, o condutor sofre também uma restrição de direitos por doze meses, uma vez que, ao cometer a mesma infração neste período, terá necessariamente que pagar a multa. Enfim, com base no exposto, faz-se necessário observar que, antes da aplicação da refe-rida penalidade, o infrator terá direito a um devido processo legal, nos mesmos moldes do processo administrativo de multa transcrito acima.

Em recente manifestação, o Contran, na Resolução nº 363/2010, se posi-cionou de forma diversa do entendimento do que vinha sendo trabalhado por nós. Como a referida norma apenas entrará em vigor no dia 28 de outubro de 2011, manteremos a nossa posição, mas reproduziremos os dispositivos do Contran acerca do tema:

“DA PENALIDADE DE ADVERTÊNCIA POR ESCRITO Art. 10. Em se tratando de infrações de natureza leve ou média, a auto-

ridade de trânsito, nos termos do art. 267 do CTB poderá, de ofício ou por solicitação do interessado, aplicar a Penalidade de Advertência por Escrito, na qual deverão constar os dados mínimos definidos no art. 280 do CTB e em regulamentação específica.

§ 1º Até a data do término do prazo para a apresentação da Defesa da Autuação, o proprietário do veículo, ou o condutor infrator, poderá solicitar à autoridade de trânsito a aplicação da Penalidade de Advertência por Escrito de que trata o caput deste artigo.

§ 2º Não cabe recurso à Junta Administrativa de Recursos de Infrações – JARI da decisão da autoridade quanto à aplicação ou não da Penalidade de Advertência por Escrito com base no parágrafo anterior.

§ 3º Para fins de análise da reincidência de que trata o caput do art. 267 do CTB, deverá ser considerada apenas a infração referente à qual foi encerrada a instância administrativa de julgamento de infrações e penalidades.

§ 4º A aplicação da Penalidade de Advertência por Escrito deverá ser regis-trada no prontuário do infrator depois de encerrada a instância administrativa de julgamento de infrações e penalidades.

§ 5º Para fins de cumprimento do disposto neste artigo, o órgão máximo executivo de trânsito da União deverá disponibilizar transação específica para registro da Penalidade de Advertência por Escrito no Registro Nacional de Car-teira de Habilitação – Renach e Registro Nacional de Veículos Automotores – Renavam, bem como, acesso ao prontuário dos condutores e veículos para consulta dos órgãos do SNT.

§ 6º A Notificação da Penalidade de Advertência por Escrito deverá ser enviada ao infrator.

Page 60: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

60§ 7º A aplicação da Penalidade de Advertência por Escrito não implicará

em registro de pontuação no prontuário do infrator. § 8º Caso a Autoridade de Trânsito não entenda como medida mais edu-

cativa a aplicação da Penalidade de Advertência por Escrito, aplicará a Penali-dade de Multa.”

Finalmente, entendemos que a discrepância na norma acima exposta se dá principalmente em dois aspectos:

i) primeiro, que a discricionariedade dispensada à autoridade de trânsito não pode ser aberta como mencionado acima, ou seja, o Contran, com a finalidade de padronizar as atuações na área de trânsito deveria expor de forma taxativa como deveria ser a valoração feita pela autoridade de trânsito na concessão ou não da transformação da multa em advertência por escrito. Da forma como está redigida a resolução, teremos tratamen-tos diferentes a condutores que se encontrem em situações idênticas, uma vez que cada órgão de trânsito poderia tratar do tema de uma for-ma distinta;

ii) segundo, deve ser ressaltado que a imposição de pontuação não tem relação alguma com a imposição da multa, e sim com o cometimento da infração; desta forma, ainda que houvesse a conversão, a pontuação deveria ser mantida.

2.2.3.3 Apreensão do VeículoComo em todas as outras penalidades, existe aqui uma sanção imposta pela

autoridade de trânsito; neste caso, trata-se de uma penalidade que impõe ao infrator de trânsito uma restrição no uso de seu bem por um período determi-nado. Em verdade, a apreensão do veículo é uma restrição no licenciamento do veículo, pois é este que permite que o veículo transite na via pública; sendo assim, como o licenciar veículos é competência exclusiva do Detran, a apli-cação de restrição na licença também o será. Por fim, somente a autoridade de trânsito dos órgãos executivos de trânsito poderá aplicar a penalidade de apreensão do veículo.

Na apreensão do veículo, embora ainda não regulamentado, entendo que por sofrer uma privação do bem, o proprietário, por força do art. 5º, incisos LIV e LV da Constituição Federal, tem direito a um devido processo legal.

Por fim, perceba que diferentemente da remoção do veículo (medida admi-nistrativa), o pagamento das multas e encargos devidos não dá ao proprietário o direito de retirar o veículo do depósito público, uma vez que na apreensão do veículo existe um prazo de custódia a ser cumprido.

Page 61: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

61

2.2.3.3.1 Quadro-resumo

Neste quadro, vamos trabalhar as principais informações sobre o tema, veja:

Circunstância que um veículo pode ser apreendido

Apenas quando prevista na infração, a apreensão assim como as demais penalida-des está sujeita à reserva legal

Quem pode aplicar a apreensão Apenas a autoridade de trânsito

Prazo máximo da apreensão 30 dias

Após quanto tempo o veículo pode ir à hasta pública

O veículo apreendido e não reclamado no prazo de 90 dias

Medida administrativa decorrente Recolhimento do certificado de licencia-mento do veículo (CRLV)

2.2.3.3.2 Diferença entre Apreensão do Veículo, Remoção do Veículo e Recolhimento do Veículo

A fim de dirimir dúvidas, resolvi incluir mais este item em nossos estudos, uma vez que é alvo constante de questionamento entre meus alunos.

Apreensão do veículo

É um ato administrativo, com natureza de sanção administrativa (penalidade), que é formalizada num documento chamado termo de apreensão

Remoção do veículo

É um ato administrativo, com natureza de constran-gimento de polícia (medida administrativa), que é formalizada num documento chamado termo de remoção

Recolhimento do veículo

É um ato material de implementação dos atos admi-nistrativos de apreensão e remoção. De outra forma, após preenchido os termos de apreensão e remoção (atos formais), o veículo deverá ser levado para o de-pósito público (ato material). Enfim, recolhimento do veículo é o ato de colocar o veículo sobre o caminhão guincho e levá-lo ao depósito

2.2.3.3.3. Apreensão do Veículo nas Resoluções do Contran

O Contran, em sua Resolução nº 53/1998, apenas definiu alguns deta-lhes do procedimento da penalidade de apreensão, nada mencionando a respeito do processo administrativo e da competência para aplicar a pena-lidade. Desta forma, deixando de lado as controvérsias a respeito do tema, vamos estudar os tópicos abordados na Resolução nº 53/1998 do Contran que podem ser objeto de prova.

Page 62: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

62

2.2.3.4 Responsabilidade pelo VeículoUma vez tirado o veículo da posse de seu proprietário, o órgão de trânsito

responsável pela custódia responde objetivamente por danos causados aos veículos apreendidos, é a teoria do risco do serviço, quando um serviço pres-tado pela Administração Pública afeta uma pessoa de maneira desigual, este deve ser ressarcido pelo dano sofrido, ainda que a Administração não incorra em dolo ou culpa. Sendo assim, caberá ao agente de trânsito, responsável pela apreensão do veículo (por lavrar o termo), emitir Termo de Apreensão do Veículo, a fim de eximir o órgão de trânsito de eventual alegação de dano pelo proprietário do veículo, que discriminará:

I – os objetos que se encontrem no veículo;II – os equipamentos obrigatórios ausentes;III – o estado geral da lataria e da pintura;IV – os danos causados por acidente, se for o caso;V – identificação do proprietário e do condutor, quando possível;VI – dados que permitam a precisa identificação do veículo.

2.2.3.4.1 Termos de ApreensãoO Termo de Apreensão de Veículo será preenchido em três vias, sendo a

primeira destinada ao proprietário ou condutor do veículo apreendido; a se-gunda, ao órgão ou entidade responsável pela custódia do veículo; e a terceira, ao agente de trânsito responsável pela apreensão. Perceba que cada uma das possíveis partes numa ação de indenização por danos provocados no veículo fica como uma via do termo de apreensão; como dito antes, o Estado responde objetivamente pelos danos causados ao veículo, podendo mover uma ação re-gressiva contra o agente se este incorreu em dolo ou culpa, no que se refere ao dever de cuidado com o veículo.

Se o proprietário ou o condutor estiverem presentes no momento da apreensão, o Termo de Apreensão de Veículo será apresentado para sua assina-tura, sendo-lhe entregue a primeira via; havendo recusa na assinatura, o agente fará constar tal circunstância no Termo, antes de sua entrega.

O agente de trânsito recolherá o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) contra entrega de recibo ao proprietário ou condutor, ou informará, no Termo de Apreensão, o motivo pelo qual não foi recolhido.

2.2.3.4.2 Prazos

O órgão ou entidade responsável pela apreensão do veículo fixará o prazo de custódia, tendo em vista as circunstâncias da infração e obedecidos os cri-térios abaixo:

I – de 01 (um) a 10 (dez) dias, para penalidade aplicada em razão de infra-ção para a qual não seja prevista multa agravada;

Page 63: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

63II – de 11 (onze) a 20 (vinte) dias, para penalidade aplicada em razão de

infração para a qual seja prevista multa agravada com fator multiplicador de três vezes;

III – de 21 (vinte e um) a 30 (trinta) dias, para penalidade aplicada em razão de infração para a qual seja prevista multa agravada com fator multipli-cador de cinco vezes.

2.2.3.4.3 Mandado de Busca e Apreensão de Veículos

Trouxemos este tópico à discussão uma vez temos percebido que conduto-res de veículos têm sofrido uma série de abusos por parte de agentes de trânsito desconhecedores de suas atribuições.

Em que pese a expressão “busca e apreensão de veículos”, o servidor públi-co que aborda veículos com este tipo de restrição nos sistemas de consultas que lhe são ofertados deve entender que esta restrição surge por uma determinação judicial em virtude de descumprimento de cláusulas contratuais por parte de particulares contratantes, é o caso da financeira que ingressa com uma ação judicial a fim de reaver o bem que foi negociado com o particular. Com isso, deve o agente de trânsito e/ou policial saber que em suas atribuições não está presente a atividade de cumprimento de decisões judiciais a fim de satisfazer ao particular que foi lesado numa relação contratual.

Nunca é demais ressaltar que da mesma forma que não se vê oficial de justiça fiscalizando veículos, não se pode conceber que agentes de trânsito desempenhem atribuições que estão na seara exclusiva de nossos oficiais de justiça.

Entendemos, ainda, que o agente de trânsito que age de forma equivoca-da, causando transtornos indevidos aos particulares, poderia, pelo menos, ser indiciado pelo crime de abuso de autoridade, em virtude do cerceamento do direito de ir e vir daquele cidadão, podendo, inclusive, ter contra si a sanção de perda da função pública.

Por fim, uma questão que parece relevante, é questionamento feito por al-guns servidores quanto à necessidade de inserção da restrição judicial no cadas-tro Renavam do veículo. Entendemos que esta inserção é necessária, uma vez que protege a sociedade de eventuais fraudes na negociação de veículos. Desta forma, poderíamos consignar que se trata de uma atuação que certamente visa resguardar o interesse público, ainda que de forma indireta.

Finalmente, quando há possibilidade de cumprimento de ordens judiciais pela PRF e PM, impende observar que suas atribuições estão sempre relacio-nadas com a atividade de segurança pública e nunca ligadas à elucidação de questões meramente patrimoniais e particulares.

Page 64: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

64

2.2.3.5 Suspensão do Direito de Dirigir, Cassação do Documento de Habilitação e Frequência Obrigatória em Curso de Reciclagem

Vamos agrupar essas três penalidades em um único tópico porque ao ana-lisá-las vamos perceber uma correlação entre elas. De uma maneira geral, é possível vermos a imposição da penalidade de cassação do documento de habi-litação como um agravamento da penalidade de suspensão do direito de dirigir, uma vez que aquele que for flagrado dirigindo suspenso será cassado, e quanto ao curso de reciclagem devemos entendê-lo com uma penalidade acessória das outras duas, já que ele é imposto como condição para que o condutor suspenso ou cassado volte a dirigir.

2.2.3.5.1 Quadro-resumo

Pela interligação entre as referidas penalidades, entendo que é melhor estu-dá-las em um quadro comparativo de forma resumida.

Suspensão Cassação Curso de reciclagem

Conceito É uma retirada temporária do direito de dirigir, sempre após o devido processo legal

É a perda do direito de dirigir, sempre após o devido processo legal

Embora esteja no rol das penalidades, devemos vê--lo como uma penalidade acessória, donde a principal ora é a suspensão ora é a cassação

Circunstâncias A suspensão será aplicada quando:o infrator acu-mular 20 pontos no período de 12 meses ou quan-do na infração venha prevista esta penalidade

– quando, sus-penso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo– no caso de rein-cidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso III do art. 162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175– quando conde-nado judicialmen-te por delito de trânsito, observa-do o disposto no art. 160

– quando, sendo contu-maz, for necessário à sua reeducação– quando suspenso do direi-to de dirigir– quando se envolver em acidente grave para o qual haja contribuído, indepen-dentemente de processo judicial– quando condenado judicialmente por delito de trânsito– a qualquer tempo, se for constatado que o condutor está colocando em risco a segurança do trânsito– em outras situações a se-rem definidas pelo Contran

Page 65: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

65

Suspensão Cassação Curso de reciclagem

Aplicada Autoridade de trânsito do Detran

Autoridade de trânsito do Detran

Autoridade de trânsito do Detran

Prazo 1ª suspensão: 1 mês a 12 meses2ª Suspensão: 6 meses a 24 mesesEm caso de embriaguez: Prazo fixo de 12 meses

02 anos

Condição para voltar a dirigir

Cumprir a penalidade e fazer curso de reciclagem

Cumprir o prazo, refazer os exames da habilitação e fazer um curso de reciclagem

Medida administrativa decorrente

Recolhimento da CNH

Recolhimento da CNH

Amparo legal Artigo 261 e Resolução nº 182/2005

Artigo 263 e Reso-lução nº 182/2005

Artigo 268 e Resolução nº 285/2008

Comentário complementar

Saiba que na infração em que venha prevista a penalidade de suspensão não há de se falar em pontuação no prontuário do infrator

Carga Horária Total: 30 (trinta) horas/aulaEstrutura curricular:– Legislação de Trânsito: 12 (doze) horas/aula– Direção defensiva: 8 (oito) horas/aula– Noções de Primeiros So-corros: 4 (quatro) horas/aula– Relacionamento Interpes-soal: 6 (seis) horas/aula

2.2.3.5.2 Cassação e Suspensão da PermissãoPreliminarmente, saiba que aquele que durante a permissão para dirigir co-

meter infração de natureza gravíssima, grave ou reincidência em média deverá reiniciar todo o processo. Desta forma, é incongruente falarmos em suspensão da permissão ou cassação da mesma, uma vez que durante o prazo de validade da Permissão para Dirigir o rigor é muito maior, podendo o detentor desta

Page 66: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

66perdê-la sem contestação, uma vez que a permissão não é documento defini-tivo. O possuidor da permissão após seu vencimento faz um requerimento ao Detran, onde serão avaliadas as infrações cometidas e, caso seja deferido este requerimento, o condutor receberá um documento definitivo chamado CNH.

Exercícios

4. O que acontece com o detentor da Permissão caso este acumule mais de 20 pontos num período de 12 meses, por 7 infrações leves, por exemplo?

5. Já que é possível dirigir por até 30 dias com a permissão vencida, o que acontece com o condutor que cometer infração gravíssima, grave ou reincidência em média neste período de prorrogação?

6. Se o condutor cometer uma infração gravíssima um dia antes do requerimento, e tiver sua CNH concedida, existe a possibilidade da CNH ser cancelada?

3. Poder de Polícia de Trânsito – III

3.1 Apresentação

Nesta unidade, ainda será estudado o Poder de Polícia de Trânsito.

3.2 Síntese

3.2.1 Medidas AdministrativasAs medidas administrativas estão na órbita de atribuições dos agentes de

trânsito, portanto, passíveis de serem aplicadas no momento da ocorrência da infração, em um ato de fiscalização. Sendo assim, saiba que não constituem sanção, e sim constrangimento de polícia, posicionando ao lado da sanção, complementando-a, como deixa certo, diga-se, o § 2º do art. 269.

Na aplicação da medida administrativa, não há de se falar em lesão à esfera de direito do administrado, este, sim, usou indevidamente o direito que possuía. Como exemplo, podemos citar o condutor que estacionou ser veículo sobre uma calçada e teve seu veículo removido para o depósito público. A pergunta é: será que este condutor sofreu uma lesão ao seu direto de propriedade ou será que foi ele que invadiu a esfera do coletivo? Certamente, foi o condutor que in-vadiu a esfera do coletivo, uma vez que ser possuidor de um direito não permite

Page 67: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

67seu detentor dispor dele sem observar o ordenamento jurídico, que coordenam nossa vida em sociedade de maneira harmoniosa. Em virtude do exposto, as medidas administrativas são aplicadas sem a necessidade de prévio processo ad-ministrativo, o que não ocorre na aplicação das penalidades como visto acima.

Neste momento, é de extrema importância perceber que a forma que as medidas administrativas têm sido implementadas pelos órgãos de trânsito não tem sido a forma cobrada em provas de concursos públicos, que têm valori-zado a literalidade sobre o tema. Os órgãos e entidades que têm seus agentes trabalhando na fiscalização de trânsito, ao regulamentar o tema, levam em consideração que as medidas administrativas têm um caráter emergencial, de sanar uma irregularidade momentânea, e sempre terão por objetivo prioritário a defesa da vida e a incolumidade física da pessoa. Então, perceba que embora o CTB não faça menção quanto à possibilidade ou não de se remover um veículo na presença de seu proprietário, isto apenas é permitido se o veículo estiver causando algum tipo de risco à sociedade, porém, quando o tema é cobrado em provas de concurso público, saiba que quando um condutor co-mete um infração que está sujeita à aplicação de medidas administrativas estas sempre são aplicadas.

Dentre os órgãos e entidades, podemos citar o DPRF, que regulamentou internamente os procedimentos a serem adotados pelos seus policias diante de cada caso concreto na Instrução Normativa nº 002, de 24 de junho de 2008, vigente a partir da data de sua publicação.

Por fim, apenas é possível aplicar as medidas administrativas que efetivamente estão previstas na infração, uma vez que estão sujeitas ao princípio da reserva legal.

As medidas administrativas de trânsito são aplicáveis a tudo aquilo que é objeto de fiscalização de trânsito, pois foi dessa forma que o legislador armou nossos agentes de trânsito para dar consecução ao objetivo prioritário do Siste-ma Nacional de Trânsito: a defesa da vida. Com isso, temos medidas adminis-trativas aplicáveis:

• noveículo:retençãoouremoçãodele,incisosIeII,art.269;• nosdocumentos:dehabilitação(recolhimentosdeles,incisosIIIeIV,

art. 269), de registro de propriedade veicular (recolhimento do Certi-ficado, inciso V, art. 269) e de licenciamento para circulação (recolhi-mento do respectivo Certificado, inciso VI, art. 269);

• sobreacarga:transportada(transbordoincisoVIII,art.269);sobreseusanimais (recolhimento, inciso X, art. 269)

• nocondutor:sobresuascondiçõesfísicasepsíquicasparadirigirveículo(teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de sustância entorpecente, inciso XI, art. 269), e suas aptidões físicas e mentais, seus conhecimen-tos de legislação, de prática de primeiros socorros e direção veicular (inciso XI, do art. 269).

Page 68: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

68Perceba que as medidas administrativas diferentemente das penalidades se

iniciam com as letras RET, consistindo em um interessante método de memo-rização, criado pelo ilustre professor Celso Luis Martins. Vejamos cada uma das medidas administrativas expressas na legislação de trânsito:

3.2.1.1 Retenção do VeículoÉ a retirada momentânea de um veículo irregular de circulação para que

uma irregularidade seja imediatamente sanada. Ainda quanto à retenção existem algumas peculiaridades que devemos levar em consideração, como se a irregula-ridade não puder ser sanada no local, se a retenção do veículo puder causar mais transtornos que sua liberação, o que fazer nesses casos. Sendo assim, vejamos qual o procedimento previsto para o agente em cada situação específica:

a) irregularidade pode ser sanada no local – autua e libera o veículo;b) irregularidade não pode ser sanada no local – autua, recolhe o CRLV e

libera o veículo; ou autua e recolhe o veículo para o depósito, a depen-der da segurança do trânsito. Lembre-se de que as medidas administra-tivas devem priorizar a defesa da vida;

c) irregularidade não pode ser sanada no local, porém, é mais seguro liberar o veículo – quando se tratar de veículo de transporte coletivo transportando passageiros ou veículo transportando produto perigoso ou perecível, desde que ofereça condições de segurança para circulação em via pública, a critério do agente, não se dará a retenção imediata.

Embora não seja o instrumento mais adequado para a preparação de candi-datos na preparação para provas de concursos públicos, pois observa limitações do órgão em recolher veículo ao depósito público, sinto-me compelido a trans-crever os artigos da Instrução Normativa nº 002, de 24 de junho de 2008 do DPRF, vigente a partir da data de sua publicação, pois vai ampliar o horizonte do candidato:

“Art. 1º A retenção do veículo será adotada nos casos expressos na Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro e suas al-terações, quando for constatada infração prevista no tipo legal, com vistas à segurança do trânsito.

Art. 2º Se a irregularidade constatada for sanada durante a fiscalização, o veículo será liberado sem a necessidade de preenchimento de documento de retenção ou recibo de recolhimento do documento do veículo, registrando-se o procedimento adotado no campo “Observações” do auto de infração.

Art. 3º Não sendo possível sanar a irregularidade no local da infração, o veículo deverá ser liberado para trafegar até o local de sua regularização, desde que ofereça condições de segurança para circulação, com recolhimento da via original do CRLV mediante recibo, assinalando-se prazo suficiente para a regu-larização, não podendo ser superior a 5 (cinco) dias consecutivos.

Page 69: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

69§ 1º O prazo previsto no caput deste artigo poderá ser estendido até o má-

ximo de 30 (trinta) dias consecutivos, no caso de infração prevista no art. 230, inciso VII, da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro (Conduzir o veículo com a cor ou característica alterada).

§ 2º Ainda que não ofereça condições de segurança para a circulação em via pública, o veículo poderá ser liberado, mediante recolhimento do CLA/CRLV, se for embarcado em outro veículo de forma regular, devendo o fato ser consignado no auto de infração e no recibo de recolhimento do CLA/CLRV.

Art. 4º Não se apresentando condutor habilitado ou se o veículo não tiver condições de segurança para circulação em via pública, este deverá ser reco-lhido ao depósito, aplicando-se os procedimentos estabelecidos nos artigos 8º, 9º e 10 deste Manual.

Art. 5º Não sendo apresentado o veículo regularizado dentro do prazo esti-pulado no recibo, o CRLV deverá ser encaminhado à Seção de Policiamento e Fiscalização das Superintendências ou ao Núcleo de Policiamento e Fiscali-zação dos Distritos onde o veículo estiver registrado, devendo ser informado o fato ao DETRAN de registro do veículo, a fim de que seja feita a inclusão de restrição administrativa no cadastro do veículo.

Art. 6º Quando da apresentação do veículo regularizado, após vistoria do Policial Rodoviário Federal, o CRLV deverá ser devolvido ao condutor, pro-prietário ou pessoa por ele autorizada, mediante o recolhimento do recibo, o qual deverá ser enviado para arquivamento na sede das Delegacias ou Núcleos de Policiamento e Fiscalização, conforme o caso.

§ 1º A devolução do CRLV deverá ocorrer mesmo que não seja apresenta-do o recibo ao Policial Rodoviário Federal que vistoriar a situação do veículo, devendo-se registrar o fato na via de recibo de recolhimento da PRF.

§ 2º Para devolução do CRLV, o recibo de recolhimento deverá ser preen-chido com a data, local da fiscalização, identificação e assinatura do usuário e do Policial Rodoviário Federal vistoriador.”

Ainda quanto à medida administrativa de retenção de veículo, cabe ressal-tar que conforme previsão no art. 104, § 5º do CTB, aos veículos reprovados na inspeção de segurança e de emissão de gases poluentes e ruído será aplicada esta também deverá ser aplicada.

3.2.1.2 Remoção do VeículoÉ um ato administrativo, com natureza de constrangimento de polícia (me-

dida administrativa), que é formalizada num documento chamado termo de remoção.

O veículo será removido, nos casos previstos no CTB, para o depósito fixado pelo órgão ou entidade competente, com circunscrição sobre a via. A restituição dos veículos removidos só ocorrerá mediante o pagamento das

Page 70: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

70multas, taxas e despesas com remoção e estada, além de outros encargos pre-vistos na legislação específica.

Quanto à remoção do veículo, remetemos o leitor ao item que trata da apreensão do veículo, para eventuais comparações.

3.2.1.3 Recolhimento da CNH, ACC e PermissãoO agente somente pode recolher os documentos de habilitação do condu-

tor quando vier prevista na infração a medida administrativa de recolhimento ou por suspeita de inautenticidade ou adulteração.

Veja como o DPRF, em sua Instrução Normativa nº 002/2008, tratou do tema:“Art. 19. O recolhimento da CNH/PPD será efetuado quando:I – Tiver sido aplicada a penalidade de suspensão do direito de dirigir ou

cassação da CNH/PPD, devidamente registrada no RENACH, conforme regu-lamentação do Contran, devendo ser observados os procedimentos do Órgão Executivo de Trânsito do Estado ou do Distrito Federal (Detran) que aplicou a penalidade;

II – Estiver vencida há mais de 30 (trinta) dias;III – Houver suspeita fundada de sua inautenticidade ou adulteração.§ 1º Nos casos dos incisos I e II deste artigo, o documento deverá ser enca-

minhado ao órgão Executivo de Trânsito responsável pelo prontuário do con-dutor.

§ 2º Aplica-se à Autorização para Conduzir ciclomotor – ACC a situação prevista no inciso III deste artigo.”

3.2.1.4 Recolhimento do CRVO agente somente pode recolher o documento de registro de um veículo

quando vier prevista na infração a medida administrativa de recolhimento do CRV ou por suspeita de inautenticidade ou adulteração, além dos três casos previstos abaixo:

• deixaroresponsáveldepromoverabaixadoregistrodeveículoirrecu-perável ou definitivamente desmontado, conforme o art. 240 do CTB;

• deixaraempresaseguradoradecomunicaraoórgãoexecutivodetrânsi-to competente a ocorrência de perda total do veículo e de lhe devolver as respectivas placas e documentos, conforme o art. 243 do CTB;

• seapropriedadenãofortransferidaem30dias,conformeoart.233doCTB.

Perceba que, embora o CRV não seja documento de porte obrigatório, o legislador previu o recolhimento deste documento como uma medida admi-nistrativa. Na redação do CTB, o documento de registro do veículo é um do-cumento que não se confunde com o documento de licenciamento, porém, o Contran em sua Resolução nº 61/1998 exigiu que no documento de licencia-

Page 71: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

71mento devessem constar os campos do documento de registro, razão pela qual este documento não precisa ser de porte obrigatório. Quem define quais são os documentos de porte obrigatório é o Contran, hoje em vigor a Resolução nº 205/2006.

Veja como o tema ficou regulamentado pelo DPRF, em sua IN nº 002/2008:“Art. 14. Embora o CRV não seja documento de porte obrigatório, se for

apresentado pelo condutor e houver suspeita fundada de inautenticidade ou adulteração deverá ser recolhido, mediante recibo, e a ocorrência encaminha-da à Polícia Judiciária.

Parágrafo único. Nos demais casos, a fiscalização compete aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos estados e do Distrito Federal, no âmbito de sua circunscrição.”

3.2.1.5 Recolhimento do CRLV (art. 274)O agente somente pode recolher o documento de registro e licenciamento

de um veículo quando vier prevista na infração a medida administrativa de re-colhimento do CRLV ou por suspeita de inautenticidade ou adulteração, além dos cinco casos previstos abaixo:

• deixaroresponsáveldepromoverabaixadoregistrodeveículoirrecu-perável ou definitivamente desmontado, conforme o art. 240 do CTB;

• deixaraempresaseguradoradecomunicaraoórgãoexecutivodetrânsi-to competente a ocorrência de perda total do veículo e de lhe devolver as respectivas placas e documentos, conforme o art. 243 do CTB;

• quandoairregularidadenãopudersersanadanolocal,conformeoart.270, § 2º, do CTB;

• quandoolicenciamentoestivervencido,conformeart.274doCTB;• quandooveículoforapreendido,serárecolhidodesdelogooCRLV,

conforme o art. 262, § 1º do CTB.

3.2.1.6 Transbordo do Excesso de Carga (art. 275) A medida administrativa de transbordo está relacionada com a infração de

trânsito relativa a excesso de peso tanto no PBT como nos eixos.O transbordo da carga com peso excedente é condição para que o veículo

possa prosseguir viagem e será efetuado às expensas do proprietário do veículo, sem prejuízo da multa aplicável. Não sendo possível desde logo atender ao disposto, o veículo será recolhido ao depósito, sendo liberado após sanada a irregularidade e pagas as despesas de remoção e estada.

A critério do agente, observadas as condições de segurança, poderá ser dispensado o remanejamento ou transbordo de produtos perigosos, produtos perecíveis, cargas vivas e passageiros, conforme art. 8º da Resolução nº 258 do Contran.

Page 72: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

72

3.2.2 Acúmulo de PenalidadesPerceba que a regra trazida pelo legislador do CTB, em seu art. 266, foi a

cumulatividade das autuações, ou seja, aquele que cometer duas ou mais infra-ções de trânsito, em regra, sofrerá uma autuação para cada conduta prevista na legislação de trânsito como infração.

O tema é bastante simples e, na maioria das vezes, aparece em prova o seguinte questionamento: se um condutor cometer duas infrações, responde pelas duas ou apenas pela mais grave? Deve-se observar a regra, a fim de res-ponder esta indagação, pois como a regra é o acúmulo, então a resposta seria: responderá pelas duas.

No entanto, surgirão situações em que as infrações não se acumularão. Desta forma, vamos trabalhar situações em que ora as infrações se acumulam ora não se acumulam, analisando alguns casos concretos já trabalhados em provas. Vamos analisar as seguintes situações:

a) Condutor que não está usando o cinto de segurança em veículo que não possui cinto de segurança no banco do condutor.

b) Condutor que não possui o documento de habilitação dirigindo veículo de terceiros.

c) Limpador de para-brisa queimado e, portanto, que não foi acionado sob chuva.

d) Tacógrafo, que é um equipamento obrigatório, inoperante.e) Não possuir CNH e falta de documento de porte obrigatório. A análise a ser feita é de quem é a responsabilidade pelas infrações des-

critas, se é do proprietário ou se é do condutor; pois caso haja responsáveis distintos, sempre haverá o acúmulo, ou seja, duas autuações, e em autos de infração distintos.

No entanto, quando as infrações são de responsabilidade de uma mesma pessoa, ou seja, ambas são de responsabilidade do condutor, ou ambas são de responsabilidade do proprietário, usa-se a teoria penalista de conflito aparente de normas. Por esta teoria, aplica-se a norma conjuntiva em detrimento da con-sumida, a especial em detrimento da geral e a principal no lugar da subsidiária. Vamos analisar as situações acima descritas, à luz das informações contidas acima:

a) Condutor sem cinto de segurança (infração de condutor) em veícu-lo que não possui cinto no banco do condutor (infração de proprie-tário) – devem ser lavrados dois autos de infração por força do art. 257, § 1º.

b) Condutor que não possui habilitação (infração de condutor, art. 162, I) dirigindo veículo de terceiros (infração de proprietário, art. 164) – de-vem ser lavrados dois autos de infração por força do art. 257, § 1º.

Page 73: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

73c) Limpador de para-brisa queimado (infração de proprietário, 230, IX) e

não acionado sob chuva (infração de condutor, 230, XIX) – devem ser lavrados dois autos de infração por força do art. 257, § 1º.

d) Tacógrafo, que é um equipamento obrigatório, inoperante. Tanto tacó-grafo defeituoso (230, XIV) como equipamento obrigatório inoperante são infrações de responsabilidade do proprietário, neste caso, devemos ficar com a mais específica, prevista no art. 230, XVI.

e) Não possuir CNH (art. 162, I) e falta de documento de porte obriga-tório (art. 232). As duas infrações descritas são de responsabilidade do condutor; desta forma, devemos apenas aplicar a norma conjuntiva do art. 162, I, pois a do art. 232 está contida na norma acima.

Por fim, embora a regra seja o acúmulo das infrações, não se pode despre-zar o mandamento do art. 257, § 1º, que nos informa que aos proprietários e condutores de veículos serão impostas concomitantemente as penalidades de que trata o Código de Trânsito Brasileiro toda vez que houver responsabilida-de solidária em infração dos preceitos que lhes couber observar, respondendo cada um de per si pela falta em comum que lhes for atribuída

3.2.3 Equívocos LegislativosO legislador em diversas infrações de trânsito retirou do agente a possibili-

dade de agir, em virtude de lacunas criadas no CTB. O que tem acorrido, na prática, é a usurpação de competências, pois o

administrador público, com a desculpa que o tema não pode ficar sem regu-lamentação, cria procedimentos para impedir que veículos irregulares sigam viagem, ainda que a lei lhes permita.

Como exemplo do disposto, poderíamos citar a conduta de conduzir veí-culo com as lâmpadas queimadas, prevista no art. 230, XXII, no qual ainda que seja flagrado nesta circunstância, à noite, não há o que se fazer por falta de previsão legal. Em casos como este, os agentes de trânsito, cumprindo ordens internas, normalmente, fazem a retenção do veículo, com fundamentação no art. 269, § 1º do CTB, que nos informa que as medidas administrativas e coer-citivas adotadas pelas autoridades de trânsito e seus agentes terão por objetivo prioritário a proteção à vida e à incolumidade física da pessoa.

É de se ressaltar que embora haja a menção de que as medidas adminis-trativas serão aplicadas a fim de preservar vidas, não se pode imaginar que os agentes de trânsito têm a sua disposição todas as medidas administrativas, apli-cando a que entender necessário a cada caso concreto. Não é essa a ideia do dispositivo; o que quis ressaltar o legislador é que as medidas administrativas previstas não serão aplicadas, de imediato, como determina a norma, causando um constrangimento ao condutor sem uma fundamentação, que seria a manu-tenção da segurança viária.

Page 74: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

74De outra forma, fazendo uma análise um pouco mais técnica, à luz do Di-

reito Administrativo, quando se estuda os atributos do Poder de Polícia, pode-se encontrar dentre eles a autoexecutoriedade, que nos informa que a adminis-tração pode agir de forma imediata, sem socorrer-se da autorização judicial. Esta informação deve ser entendida nos seus devidos termos, uma vez que, em regra, quando se causa qualquer constrangimento a terceiros, deve-se dar ao particular o direito de contestar a atuação administrativa por meio de um devido processo legal. No entanto, em situações emergenciais, como prédios que ameaçam a desmoronar, alimentos estragados, veículos que estejam aten-tando contra a segurança viária, poderia o Estado agir de forma imediata, sem a instauração do devido processo legal, uma vez que este iria assegurar o direito individual e prejudicar o interesse da coletividade.

Finalmente, não se pode imaginar que a supressão do devido processo le-gal, impede que as ações da Administração Pública sofram controle.

Page 75: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Capítulo 6

Crimes

1. Crimes de Trânsito – I

1.1 Apresentação

Nesta unidade, serão estudados os crimes de trânsito.

1.2 Síntese

1.2.1 ConceitoO conhecimento deste tema garante pelo menos uma questão em sua

prova.O aluno deseja uma aula de Direito Penal, mas não a terá!Vamos trabalhar o tema com a profundidade necessária para que você acer-

te a questão de sua prova.Vamos comentar cada um dos artigos do CTB referente ao tema e só!

Page 76: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

76

1.2.2 Natureza Jurídica dos Crimes de TrânsitoOs crimes de trânsito ora são classificados como crimes de dano ora como

crimes de perigo. Dano é alteração de um bem, sua diminuição ou destruição; a restrição ou sacrifício de um interesse jurídico. Perigo é a probabilidade de dano, não a simples possibilidade (Heleno Cláudio Fragoso, Direção perigo-sa, Revista de Direito Penal, 13-14:145, Rio de janeiro, jan./jun.1974). Ainda quanto aos crimes de perigo, sob aspecto objetivo, constitui o conjunto de cir-cunstâncias que possam fazer surgir o dano; subjetivamente, é integrado pelo juízo do julgador sobre a probabilidade de dano, calcado na experiência da-quilo que normalmente acontece em determinadas situações e circunstâncias (Heleno Claudio Fragoso, Lições de Direito Penal; a nova parte geral, 8. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1985, p. 173, n. 142).

Na legislação de trânsito, mais especificamente no capítulo dos crimes de trânsito, encontramos crimes de dano, apenas os culposos, previstos nos arts. 302 e 303, que se referem aos homicídios culposos e lesão corporal culposa, e encontramos também crimes de perigo, previstos nos arts. 304 ao 312, ora de perigo em concreto ora de perigo em abstrato; em ambos os casos, sempre dolosos. O perigo concreto é aquele que precisa ser comprovado, isto é, deve ser demonstrada a situação de risco corrida pelo bem juridicamente protegido. O policial presente na situação de perigo irá reconhecê-lo por uma valoração subjetiva da probabilidade de superveniência de um dano, como excesso de velocidade, trânsito com veículos sobre calçadas. Nos crimes de perigo em abs-trato ou presumido juris et de jure, a situação de perigo não precisa ser provada, pois a lei contenta-se com a simples prática da ação que pressupõe perigosa.

Para Guilherme de Souza Nucci, crime de trânsito é a denominação dada aos delitos cometidos na direção de veículos automotores cometidos na direção de veículos automotores, desde que sejam de perigo – abstrato ou concreto – bem como de dano, desde que o elemento subjetivo constitua culpa. Não se admite a nomenclatura de crime de trânsito para o crime de dano, cometido com dolo. Portanto, aquele que utiliza seu veículo para, propositadamente, atropelar e matar seu inimigo comete homicídio – e não simples crime de trân-sito; e mais continua o ilustre mestre: “constitui-se de perigo abstrato a figura típica penal cuja probabilidade de ocorrência do dano (perigo) é presumida pelo legislador, independendo de prova no caso concreto. Exemplo: entregar direção de veículo automotor a pessoa não habilitada (art. 310) é crime de pe-rigo abstrato. Basta a prova da conduta e presume-se o perigo. Por outro lado, considera-se crime de perigo concreto a figura típica que, fazendo previsão da conduta, exige prova da efetiva probabilidade de dano a bem jurídico tutelado. Exemplo: dirigir veículo automotor sem estar devidamente habilitado, gerando perigo de dano (art. 309). É indispensável que acusação, além de descrever

Page 77: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

77na denúncia ou queixa a conduta (dirigir o veículo), faça menção à concreta possibilidade de dano (invadindo a contramão ou subindo na calçada e quase atingindo pedestres, por exemplo).”

1.2.3 Parte GeralVamos estudar, neste tópico, as disposições do CTB que tratam da Parte

Geral dos Crimes de Trânsito.Vamos então! Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previs-

tos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.

Comentário:Vamos fracionar o dispositivo acima fazendo os comentários pertinentes:i) aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos

neste Código – esta parte do dispositivo nos informa que o CTB, quando trata dos crimes de trânsito, apenas refere-se a veículos automotores;

Não pode o aluno imaginar que aquele que atropela uma pessoa condu-zindo uma bicicleta ou uma carroça não será penalizado. Será sim! Mas com fundamento no Código Penal (CP) e não no CTB.

ii) aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber – vamos estabelecer uma sequência na aplicação da lei, pois aqui deve ser observado o princípio da especialidade:

– em se tratando de crimes de trânsito, aplica-se em primeiro lugar o CTB, devendo o CP e o CPP preencher suas lacunas;

– dos onze (11) delitos de trânsito previstos no CTB, pelo menos nove (9) são crimes de menor potencial ofensivo (possuem pena máxima até dois (2) anos);

– os crimes de menor potencial ofensivo são regulamentados pela Lei nº 9.099/1995. Nesta lei, temos um procedimento administrativo sumário (Termo Circunstanciado de Ocorrência – TCO) e um processo penal su-perveloz, com uma série de possibilidades acordos ou transações para evitar o transtorno de sofrer um condenação criminal. Este processo ocorre no Je-crim (Juizado Especial Criminal);

– é oportuno lembrar que uma infração penal de maior potencial tem como regra a investigação via inquérito policial (procedimento administra-tivo mais detalhado que o TCO) e este será encaminhado à Vara Criminal pelo Ministério Público no oferecimento da denúncia;

– os arts. 302 e 306 tratam de crimes em que não há a aplicação da Lei nº 9.099/95. Com isso, lembre-se sempre: o embriagado (306) e o condutor que mata no trânsito (302) sempre entram na VARA, ou seja, na VARA CRIMINAL.

Page 78: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

78§ 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto

nos arts. 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.705, de 2008)

I – sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)

II – participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobi-lística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)

III – transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h(cinqüentaquilômetrosporhora).(IncluídopelaLeinº 11.705, de 2008)

§ 2º Nas hipóteses previstas no § 1º deste artigo, deverá ser instaurado in-quérito policial para a investigação da infração penal. (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)

Comentário:Os dispositivos, inseridos pela Lei Seca (11.705/2008) tratam basicamen-

te da lesão corporal culposa no trânsito. Vamos a sua análise:– pela pena prevista no art. 303 (lesão corporal culposa praticada na di-

reção de veículo automotor), em regra, temos um crime de menor potencial ofensivo – pena de 06 meses a 02 anos.

Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Veja os dispositivos da Lei nº 9.099/1995:“Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologa-

da pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser execu-tado no juízo civil competente.

Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.

Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pú-blica incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, de-penderá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.”

O que devemos saber sobre eles para prova?i) Composição dos danos civis – o suposto autor do fato pode se compor

com a vítima, mostrando que quer reparar o dano, por meio de uma indenização!

ii) Transação penal – aqui não há reparação civil, esta é proposta pela MP, com a finalidade de substituir a pena e evitar o andamento do processo. Somente ocorre após a impossibilidade da composição civil dos danos.

Page 79: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

79iii) Necessidade de representação – o autor da lesão corporal culposa após

responderá se a vítima ou seu representante legal se manifestar positiva-mente nesse sentido.

Veja a parte final do artigo 291:Não se aplica a Lei nº 9.099/1995 se o agente estiver: (Renumerado do

parágrafo único pela Lei nº 11.705, de 2008)I – sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que deter-

mine dependência – o dispositivo fala de influência de álcool, podendo neste caso ser apurado mediante todas as provas admitidas no direito, inclusive a testemunhal.

II – participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição au-tomobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veícu-lo automotor, não autorizada pela autoridade competente; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) – trata-se do condutor que já estava cometendo o crime de racha (art. 308) e que machuca alguém devendo perder as benesses da lei 9099/95. Este condutor não tem mais direito a composição civil dos danos, tampouco a transação penal.

III – transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h(cinqüentaquilômetrosporhora).(IncluídopelaLeinº 11.705, de 2008) – o aluno não pode confundir este dispositivo com a infração do artigo 218 do CTB. Aqui, quando uma via tem como velocidade máxima 80 Km/h, se o con-dutoratropelacomvelocidadeacimade130km/hháaplicaçãododispositivo.

As informações relevantes sobre o disposto são as seguintes:– ainda que não se aplique os dispositivos da Lei nº 9.099/1995 (arts. 74,

76 e 88), a Lesão Corporal Culposa combinada com os três incisos aci-ma deve ser processada e julgada no Jecrim. No entanto, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal;

– como a Lesão Corporal Culposa tem pena máxima de 2 anos (limite de aplicação da Lei nº 9.099/1995), caso ele esteja combinada com qual-quer circunstância aumentativa de pena (art. 302, parágrafo único), ela deixará de ser crime de menor potencial ofensivo.

Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilita-ção para dirigir veículo automotor pode ser imposta como penalidade principal, isolada ou cumulativamente com outras penalidades.

Comentário:Vamos fracionar o dispositivo e analisá-lo:i) A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação

para dirigir veículo automotor – tem-se aqui a aplicação de uma pena restri-tiva de direitos, que atinge tanto o condutor habilitado (suspensão) quanto o inabilitado (proibição). Lembre-se de que esta pena está relacionada à licen-ça para dirigir veículo automotor.

Page 80: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

80

ii) Pode ser imposta como penalidade principal – diferentemente do que encontramos no CP, onde a pena restritiva de direito é substitutiva da priva-tiva de liberdade, pelo mesmo período de aplicação desta; aqui fala-se em penalidade principal.

O que isto que dizer? Que ela pode vir prevista no dispositivo, junto (ao lado) da pena privativa

de liberdade (detenção).iii) Isolada ou cumulativamente com outras penalidades – esta pena po-

deria, em tese, ser aplicada só (isolada) ou junto com outras penas (cumulati-vamente). Diz-se em tese porque o CTB apenas prevê aplicação cumulativa!

Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.

§ 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.

§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional.

Comentário:Vamos analisar o disposto de forma detalhada:i) O caput do art. 293 faz menção ao prazo que o juiz pode aplicar à pena.

Na fixação deste prazo, o juiz deve adotar os mesmos critérios de fixação da pena privativa de liberdade: analisa as circunstâncias judiciais e fixa uma pena em concreto, depois considera as atenuantes e agravantes e, por fim, pondera as circunstâncias aumentativas e diminutivas de pena.

ii) Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação – duas informações devem ser extraídas deste dispositivo: primeiro, em regra, esta pena privativa de liberdade deve ser aplicada após o trânsito em julgado. A segunda informação relevante é que o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.

E se não entregar a habilitação no prazo previsto acima?Responderá pelo art. 307 do CTB! iii) A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou

a habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o senten-ciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional – preocupado em dar eficácia à aplicação da pena, esta apenas co-meça a sua contagem no momento em que o condenado passa, efetivamente, a ter acesso a veículos automotores. Quando o condenado à pena privativa de liberdade colocar o “pé na rua”, inicia-se a contagem.

Page 81: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

81Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo

necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda me-diante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.

Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.

Comentário:Vamos fracionar o dispositivo, que trata da possibilidade de medida acau-

telatória imposta contra o condutor HABILITADO ou INABILITADO que praticou crime.

i) Em qualquer fase da investigação ou da ação penal – esta medida por ser decretada durante o inquérito policial por representação do delgado (au-toridade policial) ou durante o processo penal por requerimento do MP.

ii) Havendo necessidade para a garantia da ordem pública – o criminoso contumaz (reiterado) é o alvo deste dispositivo. A possibilidade de ocorrência de novos acidentes seria um bom objeto de fundamentação para o juiz de-cretar a medida cautelar, preservando com isso a ordem pública.

iii) Possibilidade de recurso – da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.

Então quem pode recorrer?– o indiciado (inquérito policial) ou réu (processo penal);– o MP.E quem não pode recorrer?– a autoridade policial.

Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação será sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito – Contran, e ao órgão de trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente.

Comentário:A fim de propiciar uma efetiva fiscalização sobre a imposição feita pelo

JUIZ, deve este comunicar com os órgãos de trânsito a fim de que esta restri-ção seja colocada no prontuário do condutor criminoso.

O que acontece com o condutor que violar a suspensão imposta pelo juiz?- Responde por outro crime, previsto no art. 307 do CTB.

Page 82: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

82Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código,

o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)

Comentário:Temos neste dispositivo a chamada reincidência específica: cometer cri-

mes previstos no CTB!Aquele que comete um crime de trânsito e na sequência outro crime

qualquer não está abraçado por este dispositivo. O interessante aqui é a palavra “deverá o juiz” – não pode o juiz decidir

se aplica ou não a pena!Observe que esta possibilidade aplica-se apenas ao condutor criminoso e

habilitado. Este artigo não faz menção à proibição de se obter a permissão.O mais interessante é que existe a possibilidade de um condutor ter contra si

a imposição da pena de suspensão ainda que o delito praticado por ele não pos-sua esta previsão. Imagine um condutor que tenha sido condenado por omissão de socorro no trânsito (art. 304), e que após isso volta a delinquir: pratica o crime de afastar-se do local do acidente para fugir à responsabilidade civil (art. 305). No exemplo citado, nenhum dos dois crimes possuem previsto a pena de suspensão, mas ainda assim, na reincidência o juiz é obrigado a aplicá-la.

Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, me-diante depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia cal-culada com base no disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que houver prejuízo material resultante do crime.

§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo de-monstrado no processo.

§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52 do Código Penal.

§ 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será descontado.

Comentário:Vamos aproveitar a oportunidade e falar das multas mencionadas em nos-

sa Legislação de Trânsito.O tema multa torna-se relevante em virtude da confusão feita por muitos

candidatos, uma vez que no CTB existe a previsão de três tipos de multa, de naturezas diferentes, uma de natureza civil, outra de natureza penal e tam-bém uma de natureza administrativa.

Vejamos cada uma delas:A multa administrativa é uma sanção a ser imposta pela autoridade de trânsi-

to com circunscrição sobre a via, onde tenha ocorrido uma infração de trânsito.

Page 83: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

83

i) Multa administrativaPoderíamos defini-la também como uma receita de natureza não tributá-

ria de arrecadação vinculada, uma vez que tem destino certo, previsto no art. 320 do CTB, que nos informa que a receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito. Vale lembrar que 5% do total da receita de multa arrecadada pelo país são destina-dos ao Funset (Fundo Nacional de Segurança e Educação para o Trânsito), que é administrado pelo Denatran.

ii) Multa reparatóriaÉ uma multa de natureza civil, indenizatória, e exigida no juízo penal,

é em verdade uma antecipação de um ressarcimento, imposta pelo juiz da esfera penal, após reclamação da vítima ou seus sucessores.

Para que multa reparatória seja exigível é necessária a ocorrência de um crime de trânsito, já que é aplicada no juízo penal, e também um dano ma-terial, apenas este é indenizável a título de multa reparatória.

Perceba que o destino da multa reparatória é diferente do destino da multa administrativa, pois esta vai para o Estado e aquela é paga à vítima ou a seus sucessores.

Convém ressaltar que o valor da multa reparatória terá como limite o do prejuízo demonstrado no processo, porém, se posteriormente a vítima se achar insatisfeita com o valor pago, poderá ainda reclamar o mesmo objeto, a mesma indenização, na esfera cível, recebendo evidentemente apenas a diferença.

A forma de pagamento está prevista no Código Penal, entre seus arts. 49 e 52, devendo ser paga em dia-multa, a ser fixado pelo juiz, sendo que um dia--multa não pode ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 vezes esse salário.

A multa deve ser paga dentro de 10 dias depois de transitada em julgada a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais, inclusi-ve mediante desconto no vencimento ou salário, sendo que o desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e da sua família. Cabe ressaltar que será suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental.

iii) Multa penalA pena de multa, também conhecida como pena pecuniária, é uma san-

ção penal, consistente na imposição ao condenado da obrigação de pagar ao fundo penitenciário determinada quantia em dinheiro, calculada na forma de dias-multa, atingindo o patrimônio do condenado.

Page 84: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

84

A pena de multa, conforme prevista no CTB, pode ser cominada e apli-cada cumulativamente com a pena privativa de liberdade, a exemplo do seu art. 306, quando trata do crime de embriaguez, prevendo em seu preceito secundário a pena de detenção de 6 meses a 3 anos, suspensão e multa, ou ainda de forma alternativa, com a pena de prisão, a exemplo do crime de omissão de socorro, previsto no art. 304, cominando pena de detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Quando a multa é punição única (comum na lei de contravenções pe-nais) ou nos casos em que ela encontra-se cumulada com a pena de prisão, ao magistrado, no caso de condenação, será obrigatória a sua aplicação, sob pena de ferir o princípio da legalidade ou da inderrogabilidade da pena.

Nos casos em que a pena de multa estiver prevista de forma alternativa com a pena privativa de liberdade, o juiz, terá uma discricionariedade, con-forme o art. 59, inciso I, do Código Penal, para escolher entre uma ou outra, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.

Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração:

I – com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros;

II – utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;III – sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;IV – com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria

diferente da do veículo;V – quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o

transporte de passageiros ou de carga;VI – utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou

características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante;

VII – sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres.

Comentário:O legislador do CTB fez a previsão de circunstâncias agravantes e au-

mentativas de pena em crime de trânsito, nos arts. 298 e 302, parágrafo único. Porém, os aumentativos de pena aplicam-se apenas ao homicídio culposo e a lesão corporal culposa, e as agravantes aplicam-se a todos os delitos.

As agravantes deverão ser consideradas na 2ª fase da fixação da pena (art. 68 do CP) em relação às penas privativas de liberdade, multa e de suspensão ou proibição de se obter a permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor.

Saiba ainda que as circunstâncias agravantes não serão consideradas quando constituírem elementar, qualificadora ou causa de aumento de pena do delito em espécie. Caso contrário, haveria bis in idem.

Page 85: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

85Veja quadro-resumo abaixo:

Agravantes Aumento de pena I – com dano potencial – duas ou mais pessoasII – veículo sem placas ou adulteradasIII – sem possuir habilitação I – sem possuir habilitaçãoIV – habilitação de categoria diferenteV – transporte de passageiro ou carga II – transporte de passageirosVI – características adulteradasVII – faixa de pedestre III – faixa de pedestre ou calçada

IV – omissão de socorro

Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.

Comentário:Deve o aluno desde já prender-se à informação de que o dispositivo trata

de acidentes de trânsito de que resulte vítima, ou seja, dos arts. 302 e 303 do CTB (homicídio culposo e lesão corporal culposa).

Na segunda parte do dispositivo, temos a informação de que não se impo-rá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral so-corro àquela (à vítima) – as informações que devem ser extraídas do exposto:

1º) em se tratando de crimes dolosos, de trânsito ou não, a prisão em flagrante é uma regra;

2º) ocorrendo homicídio culposo e lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, aplica-se o dispositivo apenas se o condutor prestar pron-to e integral socorro à vítima.

O socorro deve ser prestado de pronto, de imediato, exceto se houver risco pessoal para o condutor. Não pode o condutor ficar de blá, blá, blá em seu celular e depois socorrer.

Tome cuidado pois o risco patrimonial não pode ser alegado pelo con-dutor, como a possibilidade de sujar o banco de seu carro de sangue ou de o motor de seu carro está vazando água e poder fundir!

O socorro também deve ser integral, ou seja, a vítima deve ser levada até o hospital e não próximo a ele.

2. Crimes de Trânsito – II2.1 Apresentação

Nesta unidade, serão estudados os crimes de trânsito.

Page 86: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

86

2.2 Síntese

2.2.1 Parte EspecialArt. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:Penas – detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se

obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:Penas – detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se

obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Comentário: A redação do art. 302 não é das melhores haja vista o núcleo do tipo ser

descrito como praticar, quando em verdade é matar ou causar a morte cul-posamente; o mesmo se aplicando ao art. 303 do CTB.

Deixando as impropriedades de lado, neste delito, temos uma série de circunstâncias que devem estar presentes para que sejam aplicados os arts. 302 e 303 do CTB. Perceba que não basta que seja homicídio ou lesão corpo-ral, a conduta deve ser culposa; em seguida, o tipo nos informa que não basta que o fato ocorra no trânsito, tem que estar na direção de veículo automotor e, por isso, não basta que seja veículo, uma vez que tem que ser automotor.

Sendo assim, considere a seguinte situação hipotética, em que um pedes-tre desrespeite a sinalização e seja atropelado por um motociclista que esteja conduzindo corretamente o seu veículo e este venha ao solo, sofrendo lesões corporais. Já que a imprudência foi do pedestre, é certo que ele deve ser res-ponsabilizado criminalmente. Agora, por qual crime, lesão corporal culposa do CTB ou do CP? Ora, o pedestre não estava na direção de veículo automotor, portanto, sujeito à legislação comum, embora o fato tenha ocorrido no trânsito.

Conclui-se, portanto, que o CTB somente tem aplicação a quem este-ja no comando dos mecanismos de controle e velocidade de um veículo automotor. Desta forma, comete crime culposo, previsto no CTB, aquele que não quis o resultado (dolo direto); aquele que não assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual), desrespeitando uma norma de circulação e con-duta, seja por negligência, imprudência ou imperícia.

•Consideraçõessobreoart.302doCTBProteção jurídica: a vidaSujeito ativo: o condutor.Sujeito passivo: qualquer pessoa.Elemento objetivo: causar a morte na direção de veículo automotor de

forma culposa.Elemento subjetivo: A culpa em sentido estrito, ou seja, causada por ne-

gligência, imprudência ou imperícia.

Page 87: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

87

Consumação e tentativa: o resultado morte consuma o delito, ainda que em via particular. Não há tentativa em razão de ser o crime culposo.

Perdão judicial: existem duas correntes quanto à possibilidade ou não da aplicação do perdão judicial, que antes da vigência do CTB, era cabível. Rui Stoco e Damásio optaram pela não aplicação partindo para uma interpreta-ção mais literal, onde com o veto do art. 300 do CTB, que previa o perdão, e por não constar na Parte Geral do CP, tornaria este inaplicável. Entretanto, cabe salientar que no CP em sua Parte Especial também constam normas gerais, como no art. 327, conceituando funcionário público; desta forma, seria aplicável o perdão; esta é a corrente que nos parece mais adequada. Nas palavras de José Carlos Gobbis Pagliuca: “Ademais, se no CP a regra é destinada exatamente para o crime culposo, como não utilizá-lo para outro, previsto em lei extravagante, mas com o mesmo conteúdo axiológico? Dou-tra banda, seria ilógico se admitir o perdão pela morte culposa que não no trânsito, e afastá-la quando desse evento, porque se sabe historicamente, que tal instituto se aplicava, exatamente, aos crimes do volante.” Compartilha deste posicionamento o grande mestre Luís Flávio Gomes.

Arrependimento posterior: o CP em seu art. 16 nos informa que nos cri-mes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato vo-luntário, a pena será reduzida de um a dois terços; sofrendo esta redução de pena se torna aplicável ao homicídio culposo o art. 89 da Lei nº 9.099/1995, que trata da suspensão condicional do processo.

Compensação de culpas: não há de se falar em compensação de culpas, no referido delito, uma vez que estamos nos referindo a bens indisponíveis, e esta é a regra no direito penal, pois a conduta que se amolde ao tipo há de ser punida. Nas palavras do insuspeitável mestre Guilherme de Souza Nucci: “é sabido que, em Direito Penal, não se pode cogitar de compensação de culpas. Ilustrando, se o motorista de um veículo, imprudentemente, atropela e causa lesão corporal em um passante que, por seu lado, atravessou a rua de forma ne-gligente, inexiste viabilidade para absolvição do motorista unicamente porque ambos os envolvidos estavam errados. Não se trata de dívida civil, onde se faz a compensação, mas de crime. Assim, no exemplo ofertado, caso o motorista também se machuque, é possível, em tese, a punição tanto deste quanto do pedestre, pois os dois deram causa à figura típica prevista no art. 302 da Lei nº 9.503/1997. A situação é diversa se a culpa for exclusiva da vítima. É óbvio que, nessa hipótese, deve-se absolver o motorista. Conferir: Tacrim-SP (extinto Tri-bunal de Alçada Criminal, absorvido pelo Tribunal de Justiça): “Motorista que, ao efetuar conversão proibida à esquerda, interceptou a trajetória da motocicle-ta da vítima, a qual, além de não possuir a necessária habilitação, pilotava em

Page 88: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

88

estado de embriaguez, com o farol apagado e sem usar capacete. Absolvição. Admissibilidade. (...) apesar de inexistir compensação de culpas em Direito Penal, as circunstâncias indicam que o acidente ocorreu por responsabilida-de exclusiva da vítima fatal.” (Ap nº 1306555-5, 3ª C., rel. Fábio Gouveia, 02/07/2002, v. u.)

Indispensabilidade do laudo: por não se tratar de crime de menor poten-cial ofensivo, faz-se mister a preservação do local para que haja trabalho da pe-rícia especializada. Nesse sentido: TJDF: “É notório que a Lei nº 9.099/1995 dispensa o exame de corpo delito nos crimes de pequena potencialidade ofensiva, sendo suficiente prova da materialidade, para o oferecimento da denúncia, boletim médico ou documento equivalente. Entretanto, não se pode considerar o homicídio culposo de trânsito como crime dessa natureza, razão pela qual é de se reconhecer a necessidade do laudo definitivo” (Ap. 20000610004115 APR, 1ª T., rel. Lecir Manoel da Luz, 13/11/2002, v. u., DJU 30/04/2003, p. 60).

•Consideraçõessobreoart.303doCTBAs lesões corporais estão previstas no art. 129 do CP e seus parágrafos,

havendo agravamento do delito à medida que aumenta o nível das lesões, o que não ocorre no CTB. Impende observar que a pena na lesão corporal culposa de trânsito, ainda que leve, é mais branda que a sua modalidade do-losa prevista no art. 129, § 6º, havendo um nítido descompasso do legislador entre as condutas delituosas e as sanções aplicadas.

Proteção jurídica: a saúde e a incolumidade física.Sujeito ativo: o condutor.Sujeito passivo: qualquer pessoa.Elemento objetivo: causar lesão à saúde ou a integridade física na dire-

ção de veículo automotor de forma culposa.Elemento subjetivo: a culpa em sentido estrito, ou seja, causada por ne-

gligência, imprudência ou imperícia.Consumação e tentativa: consuma-se com o resultado lesão à saúde ou

à integridade física, ainda que em via particular. Não há tentativa em razão de ser o crime culposo.

Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa cau-sa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:

Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.

Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.

Page 89: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

89

Comentário:Quanto à omissão de socorro três considerações são necessárias, para que

seja esgotado o tema omissão de socorro. Vejamos cada uma delas:1ª) Condutor não envolvido no acidente que se omite – devemos en-

tender como condutor não envolvido aquele que está passando pelo local. Imagine que este condutor presencie uma cena onde uma pessoa precisasse de socorro, e este se omitisse. Será que responderia com fulcro no art. 304 do CTB? Evidente que não, uma vez que o art. 304 requer condutor envolvido; o condutor responderia com base no art. 135 do Código Penal.

2ª) Condutor envolvido, causador do acidente, culposamente, que se omite – note que este condutor praticou, antes da omissão de socorro, um homicídio culposo ou uma lesão corporal culposa na direção de veículo automotor; em virtude do exposto, a omissão de socorro configura apenas uma circunstância aumentativa de pena do delito, não subsistindo como crime autônomo. En-fim, na situação exposta, o crime cometido ou é art. 302 ou art. 303 do CTB com aumentativo de pena.

3ª) Condutor envolvido, que não é considerado culpado pelo acidente, que se omite – apenas nesta situação é que se aplica o art. 304 do CTB.

Finalmente, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves, incide a aplicação do art. 304 do CTB.

•Consideraçõessobreoart.304doCTBProteção jurídica: a incolumidade física.Sujeito ativo: o condutor envolvido no acidente e que o provocou sem

culpa, pois caso seja o culpado o crime ou é do art. 302 ou do art. 303.Sujeito passivo: qualquer pessoa.Elemento objetivo: o delito tem a forma omissa pura; o verbo “deixar” dá

a ideia de nada fazer, típico desse tipo de delito.Elemento subjetivo: o crime é doloso, ou seja, exige o conhecimento da

necessidade de socorro.Consumação e tentativa: consuma-se com o pensamento consolidado,

com a vontade de não socorrer diretamente ou de não solicitar auxílio a quem possa fazê-lo. Não há tentativa em crime omissivo próprio, pois é im-possível tentar o que não se começou a fazer.

Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída:

Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Comentário:Não se pode confundir o delito acima exposto com a omissão de socorro do

art. 304 do CTB, uma vez que aqui o bem jurídico tutelado é a administração

Page 90: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

90

da justiça e, na omissão de socorro, o bem jurídico tutelado é a vida, a saúde ou a integridade física.

Desta forma, existe a possibilidade de se cometer o crime de afastar-se do local, em acidente com vítima, sem, contudo, cometer a omissão de socorro. Basta que, por exemplo, o condutor envolvido leve a vítima até um hospital e lá a deixe sem se identificar para fugir da responsabilidade penal.

Note que ainda que em um primeiro momento não tenha ocorrido cri-me, como no caso de acidentes envolvendo apenas danos materiais, é possí-vel que o condutor que fuja do local do acidente seja responsabilizado com fulcro no art. 305, se o seu objetivo é fugir da responsabilidade pela batida, ou melhor, de impedir que a justiça ocorra.

•Consideraçõessobreoart.305doCTBProteção jurídica: a administração da justiça, mediante a identificação

da autoria.Sujeito ativo: o condutor envolvido no acidente.Sujeito passivo: o Estado.Elemento objetivo: é o afastar-se, que indica a obstrução ao bom anda-

mento da justiça, uma vez que lhe faltaria o autor. É a vontade deliberada de impedir que tanto a justiça civil quanto a penal ocorra. Impede o tipo que o condutor exerça seu primeiro lampejo de não autoincriminar-se: fuga, por isso, de constitucionalidade contestável.

Elemento subjetivo: o crime é doloso, com a finalidade específica de não ser identificado.

Consumação e tentativa: consuma-se com o afastamento, mesmo que depois seja capturado. É possível a tentativa, pois se pode tentar sair do local e ser impedido.

Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com con-centração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine de-pendência:

Penas – detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Parágrafo único. O Poder Executivo federal estipulará a equivalência entre distintos testes de alcoolemia, para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (NR)

*Redação dada pela Lei nº 11.705/2008 em negrito.

Comentário:Este artigo sofreu recentemente uma alteração pela Lei nº 11.705/2008.

Sendo assim, três considerações devem ser feitas sobre o dispositivo:

Page 91: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

91

a) a primeira consideração a ser feita é que o crime de embriaguez dei-xou de ser um crime de perigo em concreto para ser um crime de perigo em abstrato; antes, para consumação do delito, era necessário que o condutor estivesse ziguezagueando, transitando sobre calçadas, roletando cruzamen-tos, ou seja, atentando objetivamente contra incolumidade pública. Com a alteração, ainda que esteja conduzindo adequadamente, se tiver acima dos índices permitidos para embriaguez, será enquadrado no art. 306 do CTB;

b) perceba que antes a diferença entre a infração de trânsito da embria-guez e o crime era a situação de perigo, ou seja, para ocorrência do crime, era necessário a ocorrência da infração mais uma situação de perigo em con-creto. Com a mudança da lei, hoje a diferença entre a infração e o crime é a concentração de álcool por litro de sangue, sendo que a infração se configura com apenas 2 (dois) decigramas e o crime com 6 (seis) decigramas de álcool por litro de sangue.

Finalmente, perceba que o condutor que não se submete aos exames propostos, certamente será autuado pelo cometimento de uma infração de trânsito conforme comentários do art. 277 do CTB, porém, dificilmente será enquadrado no art. 306 do CTB, uma vez que tem necessariamente que estar acima de determinados índices, que é contestável, ainda que alegado numa perícia especializada.

•Consideraçõessobreoart.306doCTBProteção jurídica: a incolumidade pública.Sujeito ativo: o condutor, embora possível a participação daquele que

induz.Sujeito passivo: a coletividade.Elemento objetivo: é a condução, em via pública, sob efeito de álcool ou

substância entorpecente, ainda que devidamente, por tratar-se de crime de perigo em abstrato.

Elemento subjetivo: o crime é doloso, existindo, portanto, a vontade de pôr em risco a sociedade ou, pelo menos, assumindo o risco de pô-la em risco. Note que é crime de perigo em abstrato; sendo assim, deve ser do co-nhecimento de todos que dirigir embriagado, ainda que devidamente, atenta contra a incolumidade pública.

Consumação e tentativa: consuma-se com a condução, sendo admissível a tentativa, quando, por exemplo, o carro não funciona.

Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código:

Penas – detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.

Page 92: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

92Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de en-

tregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a permissão para dirigir ou a Carteira de Habilitação.

Comentário:O que está sendo punido, verdadeiramente, é a desobediência à ordem

judicial, de forma específica. Num primeiro momento, viola-se a ordem, ou seja, a suspensão imposta, se condutor dirige após a aplicação desta pela au-toridade judiciária; em outro momento, quando o condutor deixa de entre-gar a CNH, em 48 horas, após imposição da pena pelo magistrado, também se viola o art. 307 do CTB.

Por fim, para maior controle da imposição da pena imposta pelo juiz, pelos agentes de trânsito, temos as seguintes as seguintes previsões, no art. 295 do CTB e no art. 41 da Resolução 168/2004 do Contran:

“Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação será sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito – Contran, e ao órgão de trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente.”

“Art. 41. A Base Índice Nacional de Condutores – BINCO conterá um arquivo de dados onde será registrada toda e qualquer restrição ao direito de dirigir e de obtenção da ACC e da CNH, que será atualizado pelos órgãos ou entidade executivo de trânsito do Estado e do Distrito Federal. (...)

§3º A suspensão do direito de dirigir ou a proibição de se obter a habilita-ção, imputada pelo Poder Judiciário, será registrada na BINCO.”

•Consideraçõessobreoart.307doCTBProteção jurídica: a Administração da Justiça ou nas palavras de José Car-

los Gobbis Pagluica: a autoridade do Estado.Sujeito ativo: o condutor que desobedecer a suspensão aplicada pelo

Juiz. Cabe observar que Damásio E. Jesus entende que a violação à suspen-são aplicada pela autoridade de trânsito também constitui o crime do art. 307. Ousamos discordar do ilustre mestre uma vez que em momento algum foi mencionada a referida suspensão, embora ambas tenham o mesmo efeito prático, têm nomenclaturas diferentes, e mais a remissão feita pelo legislador no parágrafo único do art. 307 ao art. 293 do CTB, que se refere exclusiva-mente à suspensão penal, aplicada pelo juiz.

Sujeito passivo: o Estado.Elemento objetivo: é a violação à ordem imposta, no caput de forma

comissiva e no parágrafo único de forma omissiva.Elemento subjetivo: o crime é doloso exigindo o conhecimento da pena

imposta.

Page 93: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

93

Consumação e tentativa: consuma-se com a condução a conduta de “violar”, sendo admissível a tentativa, quando, por exemplo, é impedido de ligar as chaves. No que se refere à conduta de “deixar de entregar”, consuma--se após o prazo de 48 horas, sendo inadmissível a tentativa.

Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autorida-de competente, desde que resulte dano potencial à incolumidade pública ou privada:

Penas – detenção, de seis meses a dois anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Comentário:Neste delito, diferentemente da infração de trânsito prevista no art. 174

do CTB, pune-se o apenas os condutores e não os promotores do evento, uma vez que não têm uma ingerência direta no resultado lesivo. Para con-figuração deste tipo penal, devem estar presentes alguns requisitos, como: veículo automotor, via pública e a possibilidade superveniente de dano ob-jetivamente descrita.

O sujeito passivo deste delito é a coletividade e, de forma secundária, a pessoa exposta a risco em virtude da disputa. Como os eventos “corrida”, “disputa” ou “competição”, explicitados no caput do art. 308 do CTB, pres-supõem a participação de pelo menos 2 (dois) veículos, devemos entendê-lo como um crime de concurso necessário.

Por fim, é possível responsabilizar os promotores do evento na condição de partícipes, conforme art. 29 do CP.

•Consideraçõessobreoart.308doCTBProteção jurídica: a incolumidade pública ou privada.Sujeito ativo: os condutores participantes, sendo possível a participação

daquele que promove o evento, dos copilotos, e todos aqueles que fazem com que o evento aconteça. Cabe observar que, para que haja concurso é necessário o vínculo psicológico entre condutor e partícipe.

Sujeito passivo: a coletividade e, de maneira secundária, os outros pilotos e as pessoas que podem sofrer lesão em virtude da competição.

Elemento objetivo: é a participação na via pública de competição não autorizada.

Elemento subjetivo: o crime é doloso, existindo, portanto, o conheci-mento do risco em potencial à incolumidade pública ou privada.

Consumação e tentativa: consuma-se com a participação no evento, sendo possível a tentativa se frustrada a competição ou mesmo a direção, antes do seu início.

Page 94: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

94Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida permissão

para dirigir ou habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:

Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Comentário:Para a ocorrência do delito do art. 309 do CTB, alguns elementos são

essenciais; em primeiro lugar, deve haver condução de veículo automotor; em segundo lugar, é crime de via pública; e em terceiro lugar, é crime de perigo em concreto e, por fim, o condutor deve ser inabilitado ou estar cassado.

Sendo assim, basta que o agente conduza veículo automotor, em via pú-blica, sem a devida permissão para dirigir ou habilitação e, de forma anor-mal, irregular, de modo a atingir o nível de segurança de trânsito, que é o objeto jurídico tutelado pelo dispositivo.

Matéria tormentosa na doutrina e jurisprudência, a respeito se o art. 32 da Lei de Contravenções Penais teria ou não sido revogado pelo art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, uma vez que dirigir sem CNH além da infra-ção de trânsito era tipificada como contravenção penal por ser uma infração penal de perigo em abstrato.

O tema encontra-se pacificado, em virtude do teor da Súmula nº 720 do Supremo Tribunal Federal: “O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Convenções Penais no tocante à direção sem habilitação em vias terrestres”, posição divergente que pregávamos na 1ª edição desta obra.

•Consideraçõessobreoart.309doCTBProteção jurídica: a incolumidade pública ou privada.Sujeito ativo: o condutor inabilitado ou cassado.Sujeito passivo: a coletividade.Elemento objetivo: é a condução do veículo na via pública.Elemento subjetivo: o crime é doloso, existindo, portanto, o conheci-

mento do risco em potencial à incolumidade pública ou privada.Consumação e tentativa: consuma-se com a efetiva direção em via pú-

blica, sendo possível a tentativa se o veículo “não pega” ao tentar ligá-lo na via pública.

Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor à pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir sus-penso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança:

Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Page 95: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

95

Comentário:O crime de “permitir”, “entregar” ou “confiar” é um crime de perigo em

abstrato, punível apenas na modalidade dolosa; sendo, portanto, necessário que o magistrado avalie sempre os elementos subjetivos da conduta.

Note que nos art. 163, 164 e 166 do CTB, temos a descrição das mesmas condutas previstas no art. 310 do CTB, passíveis de serem punidas administra-tivamente, onde algumas diferenças devem ser apontadas, para que possamos diferenciar a infração de trânsito da infração penal: a primeira diferença a ser apontada está nas autuações por cometimento de infrações de trânsito, em que os critérios adotados pelo agente autuador devem ser puramente objetivos, ou seja, não são valorados os elementos subjetivos dolo e culpa; já na tipificação do 310 pune-se a conduta praticada apenas na modalidade dolosa; a segunda dife-rença é quanto à avaliação das responsabilidade, na qual, administrativamente, apenas serão punidos os proprietários dos veículos que, por força do art. 257 do CTB, são os responsáveis pela habilitação legal de seus condutores, porém, pe-nalmente, o tratamento é outro, pois será punido quem efetivamente entregou a direção à pessoa inabilitada, ou seja, aquele que teve a vontade de praticar o delito, como um vendedor de uma agência de automóveis, por exemplo, que sabia que o provável comprador era inabilitado, e ainda assim entregou-lhe as chaves do veículo pertencente à pessoa jurídica “agência de automóveis”.

Impende observar que o crime do art. 310 é crime de perigo em abstrato, não se exigindo para sua tipificação que o condutor inabilitado, com habi-litação cassada ou com o direito de dirigir suspenso dirija indevidamente. Caso o condutor dirija de maneira irregular poderá incidir sobre ele o art. 309 do CTB.

•Consideraçõessobreoart.310doCTBProteção jurídica: a incolumidade pública ou privada.Sujeito ativo: qualquer pessoa.Sujeito passivo: a coletividade.Elemento objetivo: é a efetiva entrega da direção.Elemento subjetivo: o crime é doloso, existindo, portanto, o conheci-

mento da inabilitação do condutor.Consumação e tentativa: consuma-se quando o inabilitado assuma a di-

reção, sendo possível a tentativa se o veículo “não pega”, por exemplo, ao tentar ligá-lo.

Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proxi-midades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passa-geiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concen-tração de pessoas, gerando perigo de dano:

Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Page 96: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

96

Comentário:O crime da velocidade incompatível, do art. 311 do CTB, é um crime de

perigo em concreto, de via pública e doloso. Para que o condutor responda pelo delito, não é necessário que o condutor esteja com excesso de velocida-de, basta que essa velocidade seja incompatível com a segurança, podendo causar um dano superveniente. Com isso, não é exigido que a prova seja feita por meio de radares ou equivalentes, podendo ser suprida, por provas testemunhais.

Este delito, após sofrer uma avaliação subjetiva de provável dano super-veniente, ainda que constatado o perigo de dano, é necessário que a ocor-rência se dê nos locais considerados perigosos pelo legislador, como nas pro-ximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas.

Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do respectivo procedimento policial preparatório, inqué-rito policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:

Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não iniciados,

quando da inovação, o procedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.

Comentário:Neste artigo, a intenção do legislador foi punir aquele que, em acidente

com vítima, mexe no local do acidente para prejudicar, ou melhor, atrapa-lhar a administração da justiça. A intenção do agente é sempre prejudicar a apuração da verdade dos fatos; desta forma, ainda que a regra seja preservar o local, e este não é preservado, mas, justificadamente, como para prestar so-corro, por exemplo, não há de se falar no cometimento do delito do art. 312.

Cabe ressaltar que de acordo com o art. 279 do CTB, naqueles veículos equipados com tacógrafo (registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo), quando este veículo estiver envolvido em acidente com vítima, somente o perito oficial poderá retirar o disco do tacógrafo. De posse desse saber, temos um ingrediente muito interessante utilizado por bancas exami-nadoras, que é a combinação do arts. 312 e 279; sendo assim, o condutor que esconde o disco do tacógrafo, para que o perito não tenha acesso, prejudi-cando com isso a administração da justiça, responde com base no art. 312.

Quanto à infração de trânsito correspondente, prevista no art. 176, po-demos tecer os seguintes comentários: primeiro, o condutor que deixa de

Page 97: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

97

preservar o local, em acidente com vítima, com a intenção de ajudar, ainda assim pode responder com base no art. 176 (infração de trânsito), uma vez que nas infrações de trânsito o agente de trânsito não valora os elementos subjetivos (dolo e culpa), mas nunca pelo art. 312 (crime); em segundo lu-gar, no que se refere às responsabilidades, perceba que o art. 176 abrange apenas os condutores envolvidos em acidente com vítima e, no art. 312, qualquer pessoa que teve a intenção de prejudicar a administração da justiça; e por último, o condutor que deixou de preservar o local, para evitar perigo, para prestar socorro, ou por determinação de algum policial, não responde nem pelo art. 176 nem pelo art. 312.

Por fim, podemos ainda combinar os arts. 176, 279 e 312. Considere a seguinte situação hipotética, em que um veículo escolar envolveu-se em acidente com vítima e o condutor retira o disco do tacógrafo para entregar ao perito que vai fazer o levantamento do local do acidente. Este condutor, embora deva ser autuado pelo art. 176, por deixar de preservar o local, não deve responder pelo crime do art. 312, pela ausência do dolo; porém, se reti-rou o disco em virtude de um provável incêndio e o entregou ao perito, não deverá nem ser autuado pelo art. 176 e nem pelo crime do art. 312, uma vez que seu objetivo foi evitar perigo.

As situações mais comuns no qual temos a incidência do art. 312 são: • asaçõesdeapagaramarcadederrapagem;• retirarplacasdesinalização;• alterarolocaldoscarros;• limparestilhaçosdochão;• alterarolocaldocorpodavítima;• agente,antesdeapresentarseuveículoparaperícia,alteraolocal

onde ocorreu o abalroamento sempre com a intenção de prejudicar. Caso contrário, não há crime.

• Consideraçõessobreoart.312doCTBProteção jurídica: a administração da justiça.Sujeito ativo: qualquer pessoa.Sujeito passivo: o Estado.Elemento objetivo: a fraude processual.Elemento subjetivo: o crime é doloso, existindo, portanto, a vontade de

prejudicar a administração da justiça.Consumação e tentativa: consuma-se com a desconfiguração do local do

acidente, ainda que descoberto em seguida. A tentativa é possível se inter-rompido o desígnio.

Page 98: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

98

2.2.2 Tabela-resumo dos Crimes em Espécies Divirtam-se:

Art. ResumoElemento subjetivo

Ação penal

Deten-ção

Suspensão/proibição

MultaInfração ad-ministrativa

302 Homicídio culposopub. incond.

2 a 4 anos

E – –

303Lesão corporal

culposopub. cond.

6 meses a 2 anos

E – –

304Omissão de socorro

dolosopub. incond.

6 meses a 1 ano

– ou Art. 176, I

305 Afastar-se dolosopub. incond.

6 meses a 1 ano

– ou Art. 176, V

306 Álcool dolosopub. incond.

6 meses a 3 anos

E e Art. 165

307Violar suspensão

dolosopub. incond.

6 meses a 1 ano

Nova impo-sição

e –

308Participar de corrida

dolosopub. incond.

6 meses a 2 anos

e eArts. 173, 174

309S/habil. ou cassada

dolosopub. incond.

6 meses a 1 ano

– ouArt. 162, I e II

310Permitir, confiar, entregar

dolosopub. incond.

6 meses a 1 ano

– ouArts. 163, 164 e 166

311Velocidade incompatível

dolosopub. incond.

6 meses a 1 ano

– ouArts. 218, 220 XIV

312Inovar ac. c/ vítima

dolosopub. incond.

6 meses a 1 ano

– ou Art. 176, III

Exercícios7. (Questão inédita) Julgue as sentenças abaixo com relação à aplica-

ção da Lei nº 9.099/1995 aos crimes de trânsito:I – Todos os delitos de trânsito são considerados crimes de menor potencial ofensivo.II – O instituto “composição civil dos danos” apenas é aplicável no homicídio culposo e na lesão corporal culposa, cometidos na direção de veículo automotor. III – Inovou a lei seca, pois retira da lesão corporal culposa causada na direção de veículo automotor, a possibilidade de aplicação da “com-posição civil dos danos”, “transação penal” e a necessidade de “repre-sentação”, se combinadas com algumas circunstâncias específicas. a) Apenas a I está correta.b) Apenas a II está correta.

Page 99: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

99c) Apenas a III está correta.d) Apenas a I e a II estão corretas.e) Apenas a I e a III estão corretas.

8. (Questão inédita) Julgue as sentenças abaixo com relação aos crimes de trânsito:I – É cabível arrependimento posterior em crime de lesão culposa.II – São incompatíveis os crimes de fuga do local de acidente e o de omissão de socorro do CTB.III – Tanto o homicídio culposo quanto a lesão corporal culposa cau-sados na direção de veículo automotores terão suas penas aumenta-das pela embriaguez.a) Apenas a I está correta.b) Apenas a II está correta.c) Apenas a III está correta.d) Apenas a I e a II estão corretas.e) Apenas a I, a II e a III estão corretas.

9. (Questão inédita) Julgue as sentenças abaixo com relação aos crimes de trânsito:I – A suspensão para dirigir veículo automotor, quando aplicada pelo juiz, é pena de natureza subsidiária.II – O crime de dirigir sem habilitação derrogou a contravenção pe-nal que tratava da mesma infração penal, sendo ainda considerado contravenção penal dirigir embarcações sem possuir a devida habili-tação, conforme Súmula nº 720 do STF.III – Comete o crime de omissão de socorro. descrito no Código Penal, o condutor que está passando pelo local e deixa de socorrer pessoa ferida.a) Apenas a I está correta.b) Apenas a II está correta.c) Apenas a III está correta.d) Apenas a I e a II estão corretas.e) Apenas a II e a III estão corretas.

10. (Questão inédita) Julgue as sentenças abaixo com relação à multa reparatória.I – A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, me-diante depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, sem-pre que houver prejuízo material resultante do crime.II – A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo demonstrado no processo.III – Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será descontado.

Page 100: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

100a) Apenas a I está correta.b) Apenas a II está correta.c) Apenas a III está correta.d) Apenas a I e a II estão corretas.e) Apenas a I, a II e a III estão corretas.

11. (PRF 2008/Cespe) De acordo com o CTB, assinale a opção correta acerca das ações penais por crimes cometidos na direção de veículos automotores.a) Em nenhuma hipótese se admite a aplicação aos crimes de trân-

sito de disposições previstas na lei que dispõe sobre os juizados especiais criminais.

b) A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habili-tação para dirigir veículo automotor pode ser imposta como pe-nalidade principal, mas sempre de forma isolada, sendo vedada a aplicação cumulativa com outras penalidades.

c) A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a per-missão ou a habilitação para dirigir veículo automotor tem a duração de dois anos.

d) Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será inti-mado a entregar à autoridade judiciária, em 24 horas, a permis-são para dirigir ou a CNH.

e) Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se ele prestar pronto e integral socorro àquela.

12. (Detran – Acre-2009 – Cesgranrio – Advogado) Roberto dirige nor-malmente na via urbana. Parado por uma blitz policial, é solicitado a apresentar o certificado de licenciamento anual e a CNH. Nesse momento, revela à autoridade policial que, embora dirija há bastan-te tempo, jamais possuiu Carteira Nacional de Habilitação. A con-duta de Roberto caracteriza infração administrativaa) gravíssima e também crime previsto no Código Penal.b) gravíssima, mas não há crime, tendo em vista que não dirigia de

forma perigosa, o que exclui a tipificação penal.c) gravíssima e também contravenção penal.d) grave e também crime previsto no Código de Trânsito Brasilei-

ro, que não trata a matéria como crime de perigo.e) leve, tendo em vista ser notório que Roberto sabe dirigir.

13. (Detran – Acre-2009 – Cesgranrio – Advogado) Marcos conduzia seu veículo na via pública quando começa a sentir fortes dores no

Page 101: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

101peito. Seu filho, João, de 17 anos, assume a direção do veículo, para levá-lo ao hospital.No caminho, o veículo é parado por Policial Militar, que suspeita da idade do condutor. Nessa hipótese, o Policial Militar deve:a) liberar o veículo, permitindo que João vá até o hospital, em ra-

zão do estado de necessidade evidente.b) reter o veículo, apenas, e entrar em contato com parente ou

responsável que possa conduzir Marcos ao hospital.c) providenciar a remoção de Marcos ao hospital e reter o veículo

até a chegada de pessoa habilitada a conduzi-lo.d) autuar o motorista e apreender o veículo, por infração ao artigo

163 do CTB e também pelo crime do artigo 310 do CTB, mas providenciar a remoção de Marcos ao hospital.

e) autuar o motorista e apreender o veículo, ante a infração ad-ministrativa prevista no artigo 163 do CTB, mas providenciar a remoção de Marcos ao hospital.

14. (PRF 2009 – Funrio) Constitui infração de trânsito a inobservância de qualquer preceito do Código de Trânsito Brasileiro, da legislação complementar ou das resoluções do Contran, sendo o infrator sujeito às penalidades e medidas administrativas. Com relação aos crimes re-lacionados no Código de Trânsito Brasileiro, é correto afirmar que:a) ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que

resulte vítima, se imporá a prisão em flagrante e se exigirá fiança, independente dele prestar pronto e integral socorro àquela.

b) é crime conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou supe-rior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer ou-tra substância psicoativa que determine dependência, contudo, com relação aos testes de alcoolemia, para efeito de caracteriza-ção do crime tipificado, o Poder Executivo Federal não poderá estipular a equivalência entre distintos testes de alcoolemia, de-vendo estes ser regulados pelo Contran.

c) no homicídio culposo cometido na direção de veículo automo-tor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; pra-ticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; se deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; se o praticar no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.

d) é considerado crime participar, na direção de veículo automo-tor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automo-

Page 102: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

102bilística, mesmo que autorizada pela autoridade competente, já que sempre pode resultar dano potencial à incolumidade públi-ca ou privada.

e) a multa reparatória poderá ser superior ao valor do prejuízo de-monstrado no processo.

15. (PRF 2009 – Funrio) No dia 15 de junho de 2007, por volta das 9 h, pela Avenida Canal, proximidades do “Atacadão Rio do Peixe”, José Antônio, guiando o veículo ônibus, ano 1998, de cor branca, provo-cou atropelamento contra Marinalva, que pedalava uma bicicleta próximo à guia da calçada, sofrendo traumatismos generalizados. O socorro foi prestado por solicitação de populares do SAMU ao Hos-pital Regional de Urgência e Emergência de Campina Grande, e o infrator se evadiu. No que se refere à conduta praticada, uma vez que o infrator se evadiu sem prestar socorro à vítima, é correto afirmar que o condutor.a) não merece aplicação, em tese, do aumento de pena daí decor-

rente, conforme estipulado pela Lei nº 9.503/1997.b) merece aplicação, em tese, do aumento de pena daí decorrente,

conforme estipulado pela Lei nº 9.503/1997.c) não merece aplicação do aumento de pena daí decorrente, uma

vez que a vítima não era pedestre, conforme estipulado pela Lei nº 9.503/1997.

d) merece aplicação, em tese, do aumento de pena daí decorren-te, se testemunhas confirmarem que ele conduzia o veículo em alta velocidade, sendo irrelevante a não prestação de socorro, conforme estipulado pela Lei nº 9.503/1997.

e) merece aplicação, em tese, do aumento de pena daí decor-rente, se testemunhas confirmarem que ele conduzia em apa-rente estado de embriaguez, conforme estipulado pela Lei nº 9.503/1997.

Page 103: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Capítulo 7

Lei Seca

1 Nova Lei Seca

1.1 Apresentação

Nesta unidade, será estudada a nova Lei Seca.

1.2 Síntese

A nova Lei Seca veio para endurecer algumas sanções (Lei nº 12.760/2012), bem como corrigir algumas distorções da lei anterior. Tal lei foi regulamentada pela Resolução nº 432/2013 acerca dos índices.

A nova Lei Seca não alterou muitos dispositivos do Código de Trânsito Bra-sileiro.

O art. 165 do CTB dispõe: “Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência:

Infração – gravíssima;

Page 104: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

104Penalidade – multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12

(doze) meses. Medida administrativa – recolhimento do documento de habili-tação e retenção do veículo, observado o disposto no § 4º do art. 270 da Lei nº

9.503, de 23 de setembro de 1997 – do Código de Trânsito Brasileiro.”A sanção endureceu na parte administrativa, contudo, na parte penal, a

sanção não endureceu.É possível observar que também inova a nova Lei Seca, tratando da rein-

cidência.Como medida administrativa, existe o recolhimento do documento de ha-

bilitação e retenção do veículo.Hoje, a pessoa pode ser autuada por dirigir embriagada, podendo a embria-

guez ser por qualquer substância psicoativa.

2. Nova Lei Seca – Fiscalização

2.1 Apresentação

Nesta unidade, será estudada a nova Lei Seca, sendo abordada aqui a fiscalização.

2.2 Síntese

O art. 276 do CTB foi alterado pela nova Lei Seca e agora dispõe: “Qual-quer concentração de álcool por litro de sangue ou por litro de ar alveolar sujei-ta o condutor às penalidades previstas no art. 165.” Tal dispositivo foi alterado pela nova lei seca para que fosse corrigida uma distorção que havia na redação do artigo anterior.

Desta forma, a influência de álcool no sangue, assim como sua constatação pelo etilômetro, gera autuação.

É preciso observar que hoje, por força da Resolução nº 432, de 29 de janei-ro de 2013, o índice é de 0,05 mg/L.

Ainda, o parágrafo único traz que quem regulamento índice da embriaguez é o Contran.

O art. 277 trabalha a fiscalização da embriaguez. Deve-se considerar que o condutor embriagado não segue viagem, ainda que o agente de trânsito não tenha etilômetro.

Havendo etilômetro, a primeira conduta a ser feita é oferecer ao condutor. Em caso de recusa, o sujeito é enquadrado no art. 165, sendo este autuado, ainda que não esteja com a sua capacidade psicomotora alterada.

Page 105: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

105De outra forma, caso o sujeito aceite, o agente de trânsito fica preso ao

índice. Há dois índices que devem ser considerados. O primeiro é 0,05 mg/L e o segundo é 0,34 mg/L. A partir de 0,34 mg/L, há infração de trânsito e crime de trânsito.

Caso não haja o etilômetro, o agente de trânsito deverá testar a capacidade psicomotora. Faz-se necessário observar que este teste necessita da cooperação do condutor. Podem ser utilizadas testemunhas, vídeo, fotos, bem como outros meios de prova.

É preciso observar que antigamente a recusa não gerava autuação, todavia, hoje a recusa gera.

Quanto ao ônus da prova, este é do condutor, pois há o interesse particular se contrastando com o interesse público e a matéria é administrativa, o interesse público deverá prevalecer.

Ha duas formas de comprovar infração, sendo estas a declaração do agente ou por meio de equipamento eleito pelo Contran como hábil. Contudo, é preciso ressaltar que há outros meios de prova, conforme dito anteriormente.

3. Nova Lei Seca – Parte Penal

3.1 Apresentação

Nesta unidade, será estudada a nova Lei Seca, sendo abordada aqui a parte penal.

3.2 Síntese

O art. 291, §§ 1º e 2º do Código de Trânsito Brasileiro tiveram a redação dada pela lei seca anterior.

Quando se fala em crime de trânsito, fala-se de uma lei penal especial. Se houver uma conduta a ser enquadrável tanto no Código Penal quanto no Có-digo de Trânsito Brasileiro, aplica-se o Código de Trânsito Brasileiro em razão do princípio da especialidade.

É preciso observar que a bicicleta, por não ser veículo automotor, tem sua conduta ainda tratada no Código Penal.

Outra consideração a ser feita é que em primeiro lugar está o Código de Trânsito Brasileiro; em segundo, vem a parte geral do Código Penal e do Có-digo de Processo Penal, sempre observando os institutos da Lei nº 9.099/1995, no que couber.

Page 106: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

106A embriaguez aqui entra como circunstância adjetiva. O art. 291 trata da

lesão corporal culposa.A lei seca antiga trazia que a lesão corporal culposa, estando combinada

com racha, com excesso de velocidade, com embriaguez, a persecução penal seria diferente. No entanto, esta lesão com circunstância adjetiva vai se dar com inquérito policial e, na sequência, o Juizado Especial Criminal, já que se trata de crime de menor potencial ofensivo.

Ressalte-se que o Código de Trânsito Brasileiro dispõe que a composição civil dos danos, a transação penal e a representação desaparecem.

É preciso observar, ainda, que o art. 302, parágrafo único, inciso V, do Có-digo de Trânsito Brasileiro não existe mais. Hoje há dois crimes, duas condutas distintas, dois bens jurídicos tutelados violados pelo condutor. Assim, o embria-gado que atropela terá o concurso material de crimes.

O art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro trata da capacidade psicomo-tora alterada. Tal dispositivo possui uma mudança significativa, que se deu por conta de uma decisão do STJ. Antigamente, o sujeito somente poderia ser pre-so após a comprovação do índice, ou pelo etilômetro ou pelo sangue. Nos dias atuais, o Estado dispõe de diversos meios de prova.

Page 107: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Capítulo 8

Películas

1. Película

1.1 Apresentação

Nesta unidade, será estudada a película, sendo abordados os aspectos mais relevantes acerca deste tema.

1.2 Síntese

Primeiramente, é preciso observar que quando se fala em película, fala-se em insulfilm.

O art. 111 do CTB dispõe: “Art. 111. É vedado, nas áreas envidraçadas do veículo:(...)II – o uso de cortinas, persianas fechadas ou similares nos veículos em mo-

vimento, salvo nos que possuam espelhos retrovisores em ambos os lados.

Page 108: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

108III – aposição de inscrições, películas refletivas ou não, painéis decorativos

ou pinturas, quando comprometer a segurança do veículo, na forma de regula-mentação do Contran.”

As Resoluções do Contran que tratam do tema são as Resoluções nos 253 e 254.

O ano de 1999 é um marco na legislação de trânsito brasileiro quando o tema é equipamento obrigatório. Após 1999, todos os veículos devem ter tam-bém o espelho retrovisor direito.

Áreas dispensáveis à dirigibilidade são aquelas em que não há necessidade de interação para dirigir. Já áreas indispensáveis à dirigibilidade são aquelas em que há interação para que haja condução do veículo.

Ressalte-se que o insulfilm na parte traseira do veículo seria escuro e na parte dianteira seria claro.

Chancela é a marca do instalador aposta no insulfilm. O insulfilm é colo-cado pelo lado de dentro do vidro. Nesta marca, há o instalador, bem como a transmitância luminosa. Faz-se necessário observar que a chancela é obrigató-ria apenas nas áreas indispensáveis do veículo.

O vidro do veículo é diferente dos demais vidros, como os de janelas de uma residência, por exemplo. O vidro do veículo é chamado de vidro de se-gurança, sendo de um tipo no para-brisa e de outro tipo nos demais lugares do carro. O vidro do para-brisa deve ser do tipo laminado e os demais vidros do veículo podem ser do tipo laminado ou temperado.

2. Película – Transmitância Luminosa

2.1 Apresentação

Nesta unidade, será estudada a película, sendo abordada aqui a trans-mitância luminosa.

2.2 Síntese

Qualquer infração de película é de natureza grave. A película refletiva é aquela que parece um espelho para quem está do lado de fora, sendo esta proi-bida, já que causa o fenômeno do ofuscamento. Ofuscamento é uma quanti-dade de luz que vai de encontro aos olhos do condutor, retirando sua visão por até sete segundos.

Transmitância luminosa é a quantidade de luz, expressa em percentual, que atravessa o conjunto vidro-película.

Page 109: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

109A transmitância luminosa depende da área, de tal forma que, se for uma

área indispensável, o índice é um e, se for dispensável, o índice é outro.Quanto ao anúncio, somente é possível colocar anúncio em veículos que

possuam retrovisor externo em ambos os lados. Ainda, somente é possível colo-car anúncio nas áreas dispensáveis à dirigibilidade.

Outra consideração é no sentido de que a transmitância luminosa mínima do vidro mais anúncio é de 28%.

O Código de Trânsito Brasileiro veda a colocação de anúncio que prejudi-que a segurança viária.

Quanto às cortinas, não há regulamentação acerca deste assunto em Re-soluções do Contran, sendo tal tema tratado somente no Código de Trânsito Brasileiro.

É preciso observar que na omissão legislativa, onde há a mesma razão, apli-ca-se o mesmo direito.

O veículo parado pode ter a cortina fechada ou aberta. De maneira diversa, estando o veículo em movimento, havendo somente um retrovisor externo, a cortina deve estar sempre aberta.

Page 110: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Capítulo 9

Transporte de Crianças

1. Transporte de Crianças

1.1 Apresentação

Nesta unidade, será estudado o transporte de crianças.

1.2 Síntese

A Resolução nº 277 do Contran tem duas importantes informações. Tal Resolução trabalha o menor de dez anos e também o sistema de retenção equi-valente. O maior de dez anos é tratado como se adulto fosse, podendo sentar no banco da frente com cinto de segurança.

Em regra, o menor de dez anos irá se sentar no banco traseiro do carro, porém, existe exceção, como no caso em que o veículo somente possua banco dianteiro. Outra exceção se dá no caso em que o banco traseiro esteja lotado de crianças, poderá ir à frente a de maior estatura.

Page 111: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

111Faz-se necessário observar que o veículo fabricado após 1999 deve conter

quatro cintos de segurança de três pontas e um cinto subabdominal.Havendo dúvidas do agente de trânsito quanto à idade do menor, poderá

impedir que a viagem prossiga. Ainda, os veículos que exercem atividades re-muneradas não precisam do sistema de retenção equivalente.

Quanto ao transporte de criança em motocicleta, motoneta e ciclomotor, em regra, menor de sete anos nunca poderá ser transportado em motocicleta. Se a criança tiver sete anos ou mais e for capaz de cuidar da sua segurança poderá ser transportado em motocicleta.

Caso haja infração, esta será gravíssima, havendo inclusive a suspensão do direito de dirigir. Em se tratando de ciclo (veículo de propulsão humana com duas rodas ou mais), o transporte de criança seria em qualquer idade, desde que seja capaz de cuidar da sua segurança. Caso haja infração, esta será de natureza média.

Page 112: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Capítulo 10

Motorista Profissional

1. Motorista Profissional

1.1 Apresentação

Nesta unidade, será estudado o motorista profissional.

1.2 Síntese

As regras do motorista profissional foram inseridas pela Lei nº 12.619, que alterou o art. 67-A do Código de Trânsito Brasileiro.

Ainda, há Resoluções do Contran que trabalham o tema: Resoluções nos 405, 408 e 417.

O motorista profissional é aquele que exerce atividade remunerada ao vo-lante. É preciso observar que exigir que o motorista durma no banco será rasgar a Constituição Federal (dignidade da pessoa humana).

Page 113: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

113O tempo de descanso se dá da seguinte forma: a cada quatro horas, o mo-

torista deve descansar por trinta minutos, podendo ocorrer em três intervalos de dez minutos. Em se tratando de coletivo de passageiros com característica urbana, o tempo pode se dar em seis vezes de cinco minutos.

Faz-se necessário entender que, por dia, o motorista deve descansar por onze horas a cada vinte e quatro horas. Ainda, destas onze horas, nove horas devem ser de forma ininterrupta. As duas outras horas podem ser intercaladas em intervalos de trinta minutos.

Quando for iniciada a viagem e havendo previsão de que a viagem dure mais de vinte e quatro horas, o tempo de descanso de onze horas no dia anterior deve estar consignado.

O coletivo de passageiro que tenha dois motoristas se revezando deve con-ter um leito. Ainda, o descanso de trinta minutos pode ocorrer com o veículo em movimento. O descanso de nove horas pode ocorrer por três horas com o veículo em movimento e seis horas com o veículo estacionado.

Nos termos do art. 230, inciso XXIII, do Código de Trânsito Brasileiro, quem não atende ao tempo de descanso estabelecido na norma comete infra-ção grave, sujeita à retenção do veículo.

Quanto à observação do tempo de descanso, é preciso observar o tacógrafo. É preciso ter tacógrafo nos seguintes veículos: transporte coletivo de passageiro com mais de dez lugares; veículo de carga com peso bruto total acima de 4.536 kg;transporteescolareveículoquetransportacargaperigosa.

Page 114: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Capítulo 11

Luzes

1. Luzes em Veículos

1.1 Apresentação

Nesta unidade, serão estudadas as luzes em veículos.

1.2 Síntese Os tratores somente possuem luzes, pneus e supressor de ruído do motor

como equipamento obrigatório. O farol do veículo possui uma lâmpada maior e uma menor, sendo a maior

o farol e a menor a lanterna. O farol é aquele chamado de farol baixo e farol alto. Já o farol de milha é auxiliar do farol alto.

Ressalte-se que o farol auxiliar é acessório, não equipamento obrigatório. O farol de neblina é acessório tanto do farol baixo quanto da lanterna. Tanto o farol de milha quanto o farol de neblina somente podem ser acionados se o outro foi acionado.

Page 115: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

115Faz-se necessário observar que tanto o farol de milha quanto o farol de

neblina não podem ter comandos independentes.A luz baixa, em regra, é utilizada à noite. Existe possibilidade de que esta

seja utilizada durante o dia, bem como no período noturno.O Código de Trânsito Brasileiro define como noite o período que vai do pôr

do sol ao nascer do sol.A luz baixa será utilizada durante o dia quando se tratar de coletivo de

passageiro, quando estiver transitando em faixa exclusiva. Ainda, será utilizada em túnel iluminado. É preciso entender que qualquer desrespeito a estas regras enseja infração média. Contudo, haverá infração gravíssima, inclusive com sus-pensão do direito de dirigir, em três tipos de veículos: motocicleta, motoneta e ciclomotor.

Em relação à luz alta, esta é, em regra, utilizada em via não iluminada. Há exceção, quando estiver cruzando ou seguindo outro veículo. Ressalte--se que o uso de luz alta em via iluminada enseja infração leve e, se estiver cruzando ou seguindo, a infração grave, nos termos dos arts. 223 e 224 do CTB.

2. Luzes em Veículos – Direção Defensiva

2.1 Apresentação

Nesta unidade, serão estudadas as luzes em veículos, sendo abordada agora a direção defensiva.

2.2 Síntese

Direção defensiva são normas técnicas do bom conduzir, que permitem que a pessoa não se envolva em acidente de trânsito.

É preciso ressaltar que as normas de trânsito, na direção defensiva, são po-tencializadas.

Na norma de direção defensiva, exige-se uma luz baixa. Em uma prova de direção defensiva, na qual a visibilidade for restrita, sempre será utilizada a luz baixa (ver e ser visto). Não se deve usar a luz alta e nem pisca alerta quando a visibilidade estiver restrita. Recomenda-se que de dia utilize-se a luz de posição e, no período noturno, a luz baixa.

Pode-se utilizar a luz baixa e luz alta na hipótese de ultrapassagem. Outra circunstância seria para advertir os veículos que estão no sentido contrário de uma situação de emergência.

Page 116: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

116O princípio que está aqui presente é o da autonomia de vontade, liberdade

de atuação, ou seja, se a lei permite utilizar luz baixa e luz alta para ultrapassar, poderá ser utilizada em qualquer momento.

É preciso entender também que piscar luz para informar outros condutores da presença de autoridade fiscalizadora é infração de trânsito. Ainda, a situação de emergência observa um caráter objetivo.

É preciso observar que, no que se refere à luz baixa e luz alta, a não obser-vação da norma gera autuação.

Em relação ao pisca alerta, este pode ser utilizado em algumas situações. A primeira é a situação de emergência; a segunda é o veículo imobilizado; e, por fim, quando a sinalização determinar.

A situação de emergência se dá com o veículo em movimento. Já o veículo imobilizado ocorre por uma circunstância alheia à vontade do condutor.

Ressalte-se que o CTB não determina o uso do pisca alerta, dando as pos-sibilidades de uso. Se o pisca alerta for usado fora das possibilidades previstas, haverá infração de trânsito.

É preciso entender que sinalizar adequadamente é colocar o triângulo no mínimo trinta metros do para-choque.

3. Luzes em Veículos – Luz de Posição

3.1 Apresentação

Nesta unidade, serão estudadas as luzes em veículos, sendo abordada agora a luz de posição.

3.2 Síntese

Luz de posição é o farolete, também chamado de lanterna. Possui como finalidade ser visto.

Para carga e descarga de mercadoria e embarque e desembarque de passa-geiro, deve ser ligada somente à noite. Luz de posição sob chuva forte, neblina e cerração deve ser ligada durante o dia, pois à noite o CTB determina o farol baixo.

É necessário observar que qualquer infração envolvendo luz de posição é de natureza média.

A luz de direção é aquilo que na maioria das cidades é chamada de seta. Faz-se necessário entender que para sair de uma vaga de estacionamento,

é preciso ligar a seta. No fim da marcha, também se liga a seta. Ainda, para

Page 117: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

117conversão e retorno também se deve ligar a seta. Outra situação em que se deve ligar a seta é em transposição de faixa.

Quanto ao deslocamento lateral, a conversão em local proibido gera uma infração grave. Em relação ao retorno proibido, a autuação pode também ser feita quando não houver placas, pois o CTB proíbe em alguns casos.

Quanto à transposição de faixas, sendo a linha contínua, a infração é de natureza grave quando o sujeito invadir a faixa da esquerda. De forma diversa, se a faixa for da direita, a infração é de natureza leve.

4. Luzes em Veículos – Diferenças entre Veículos

4.1 Apresentação

Nesta unidade, serão estudadas as luzes em veículos, sendo abordadas as diferenças entre veículos.

4.2 Síntese

Por meio da Resolução nº 14, o Contran trata de veículo automotor e ôni-bus elétrico. Na sequência, trabalha a motocicleta, a motoneta, o triciclo e o quadriciclo, no tema luzes. Ainda, trabalha o reboque e o semirreboque. Há também o ciclomotor e os tratores.

O reboque e semirreboque somente possuem luz traseira. Já o trator possui as mesmas luzes do quadriciclo.

O quadriciclo é um pequeno trator, mas possui placa, obrigatoriamente. O trator não possui luz de placa como equipamento obrigatório.

A cor da luz do farol principal (baixo e alto) é branca ou amarela, não exis-tindo o farol traseiro. Na dianteira, há também a luz de direção (seta), na cor âmbar. Ainda, na frente, existe o farolete, na cor branca ou amarela.

As luzes exclusivas são as luzes da traseira. Somente veículo automotor e ônibus elétrico têm luz de marcha ré, que é da cor branca.

O catadióptrico é exclusivo em automóvel, na cor vermelha.Em relação à parte traseira, o que há na parte traseira de um veículo tem

também no reboque e no semirreboque. O veículo possui seta traseira, luz de placa, lanterna e luz de freio.

Quanto à motocicleta, o que há na dianteira do veículo há na motocicleta, com exceção do farolete. Já quanto ao ciclomotor, este possui, na dianteira, farol principal e, na traseira, possui lanterna.

Page 118: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

118Em relação às infrações de luzes, se não houver o equipamento obrigatório

luz, há infração grave, sujeita à retenção do veículo. Se a luz não funcionar, lâmpada queimada é tratada como infração média. Já se a lâmpada estiver boa e o fio estiver rompido, a infração também é média.

Page 119: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Capítulo 12

Limites de Peso

1. Limites de Peso no CTB

1.1 Apresentação

Nesta unidade, serão estudados os limites de peso no CTB.

1.2 Síntese

Os limites de peso e dimensões máximas estão dispostos nos seguintes arti-gos: art. 20, inciso II, art. 21, inciso VII, art. 24, inciso VII, art. 99, art. 100, art. 117, art. 209, art. 210, art. 231, incisos IV, V, X e parágrafo único, art. 257, art. 275 e art. 278, todos do Código de Trânsito Brasileiro.

Tais assuntos também estão dispostos nas Resoluções do Contran nos 210, 211 e 258.

O art. 20, inciso II, determina que compete à Polícia Rodoviária Federal, preservar o patrimônio público, chamado via.

Page 120: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

120A Resolução nº 289 do Contran dispõe que tanto a Polícia Rodoviária Fe-

deral quanto o DNIT podem fazer a fiscalização de peso em rodovia federal.Em rodovia concedida, é a ANTT juntamente com a Polícia Rodoviária

Federal que fiscalizam o excesso de peso.Os arts. 99 e 100 tratam da atribuição do fabricante e do Contran para

estabelecimento de pesos.É preciso observar que quando o tema for dimensão máxima, somente o

Contran se posiciona.Tara é o peso do veículo vazio. Já a lotação é a carga máxima que se coloca

sobre o veículo. Na plaqueta de capacidade, deve ter as informações, devendo ser em local visível.

É preciso ressaltar que o sujeito que foge da balança comete infração grave. O art. 210 dispõe que quem foge também do policial comete uma infração gravíssima.

Já o art. 231, inciso IV, traz quais são as dimensões excedentes. A infração em razão de excesso de peso é de natureza média e o valor da multa é progressivo.

Por fim, o art. 257 dispõe acerca da responsabilidade nas infrações por ex-cesso de peso. Há duas figuras: embarcador e transportador. Deve-se questionar quem quis danificar o pavimento.

Page 121: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

121

Gabarito

1. Como a velocidade máxima do automóvel em rodovia não si-nalizadaé110km/h,vamosen-quadrá-lo no art. 218 do CTB: a) acimade110km/haté132km/h(110 x 1,2) – a infração é de na-tureza média; b) acima de 132 km/h até 165 km/h (110 x 1,5)– a infração é de natureza grave; c)acimade165km/h–ainfra-ção é de natureza gravíssima. Com base no exposto na letra “b”, temos uma infração de na-tureza grave. Note que o excesso de 20% se apura multiplicando o valor por 1,2, e que o excesso de 50% se apura multiplicando o valor por 1,5, sempre.

2. Perceba que a situação aqui é outra, uma vez que temos dois veículos com excesso de veloci-dade: o automóvel e o semirre-boque. Para que o leitor tenha o aproveitamento máximo da questão, quatro informações se fazem necessárias neste mo-mento: 1) O responsável pelo pagamento da penalidade multa será sempre o proprietário do veículo, ainda que este não o es-teja conduzindo. Nesse ponto, o legislador pune o proprietá-rio pela escolha inadequada da pessoa que vai conduzir (auto-móvel) ou tracionar seu veículo (semirreboque), conforme art.

Page 122: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

122282, § 3º, do CTB. 2) A pon-tuação pelo cometimento da in-fração, nas infrações cometidas na direção do veículo, por uma deliberação do condutor, pode ser passada para o condutor in-frator, conforme art. 257, §§ 3º e 7º, do CTB.

Sendo assim, vamos resolver a questão:

3) Veja o critério para aplicação de pontos:

“Art. 259. A cada infração come-tida são computados os seguin-tes números de pontos:

I – gravíssima – sete pontos; II – grave – cinco pontos; III – média – quatro pontos; IV – leve – três pontos.” 4) Veja a tabela de conversão de

Ufir, nos dada pela Resolução nº 136/2002 do Contran:

“Art. 1º Fixar, para todo o ter-ritório nacional, os seguintes valores das multas previstas no Código de Trânsito Brasileiro:

I – Infração de natureza gravís-sima, punida com multa de va-lor correspondente a R$ 191,54 (cento e noventa e um reais e cinqüenta e quatro centavos);

II – Infração de natureza grave, punida com multa de valor cor-respondente a R$ 127,69 (cento e vinte e sete reais e sessenta e nove centavos);

III – Infração de natureza mé-dia, punida com multa de valor correspondente a R$ 85,13 (oi-tenta e cinco reais e treze centa-vos); e

IV – Infração de natureza leve, punida com multa no valor de R$ 53,20 (cinqüenta e três reais e vinte centavos).”

Vamos desmembrar o veículo e, no final, juntamos as informa-ções extraídas:

1ª parte: Como a velocidade máxima

do automóvel em rodovia não sinalizadaerade110km/h,va-mos enquadrá-lo no art. 218 do CTB:

a) acima de 110 km/h até 132km/h(110x1,2)–ainfraçãoéde natureza média;

b) acima de 132 km/h até 165km/h(110x1,5)–ainfraçãoéde natureza grave;

c)acimade165km/h–ainfra-ção é de natureza gravíssima.

Com base no exposto na letra “b”, temos uma infração de na-tureza grave que submete o pro-prietário Tício ao pagamento de uma multa de R$ 127,69, e Mévio a 05 pontos em seu pron-tuário.

2ª parte: Como a velocidade máxima

do semirreboque em rodovia nãosinalizadaera80km/h,va-mos enquadrá-lo no art. 218 do CTB:

a) acima de 80 km/h até 96km/h(80x1,2)–ainfraçãoédenatureza média.

b) acima de 96 km/h até 120km/h(80x1,5)–ainfraçãoédenatureza grave.

Page 123: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

123 c)acimade120km/h–ainfra-

ção é de natureza gravíssima. Com base no exposto na letra

“c”, temos uma infração de na-tureza gravíssima que submete o proprietário Tíbério ao pa-gamento de uma multa de R$ 574,62 (3 x 191,54), e Mévio a 07 pontos em seu prontuário.

Final: Temos duas infrações, uma de

natureza grave e outra de natu-reza gravíssima. Mévio receberá 12 pontos (5 + 7), Tício pagará uma multa de R$ 127,69 e Ti-bério pagará uma multa de R$ 574,62.

CUIDADO: Cabe observar que este tema guarda uma grande controvérsia, visto que os órgãos de trânsito, inclusive a PRF, criam normas determinando que seus agentes apenas autuem o veículo automotor, conside-rando que somente este comete infrações de circulação, des-prezando a figura do reboque. Não compartilhamos deste po-sicionamento, pois a praticidade trazida pelos referidos órgãos, em nosso entender, esconde uma faceta arrecadatória, pois imagine desenvolver um siste-ma capaz de usar os artifícios elencados acima para calcular a multa ou ter que autuar sem os seus radares, com necessidade de abordagem.

Alguns doutrinadores, ao discu-tir a controvérsia, mencionam

que apenas o veículo trator de-veria ser autuado, em virtude do que dispõe a Resolução nº 340/2010 do Contran (alterou a Resolução nº 146/2003), que passamos a transcrever:

Ainda quanto à velocidade míni-ma para transitar, cabe ressaltar que será a metade da velocidade máxima estabelecida e que, para constatar o cometimento de tal infração, é necessário um equi-pamento hábil a medir a veloci-dade do veículo e uma declara-ção do agente para atestar que o veículo interrompe o trânsito.

“Art. 5º da Resolução nº 146/2003:

§ 5º Quando o local ou tre-cho da via possuir velocidade máxima permitida por tipo de veículo, o sinal de regulamen-tação R-19 ‘Velocidade Máxima Permitida’ deverá estar acompa-nhado da informação comple-mentar, na forma do Anexo V desta Resolução.

§ 6º Para fins de cumprimento do estabelecido no parágrafo an-terior, os tipos de veículos regis-trados e licenciados devem estar classificados conforme as duas denominações descritas a seguir:

I – ‘VEÍCULOS LEVES’ cor-respondendo a ciclomotor, mo-toneta, motocicleta, triciclo, quadriciclo, automóvel, utilitá-rio, caminhonete e camioneta.

II – ‘VEÍCULOS PESADOS’ correspondendo a ônibus,

Page 124: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

124micro-ônibus, caminhão, ca-minhão-trator, trator de rodas, trator misto, chassi-plataforma, motor-casa, reboque ou semirre-boque e suas combinações.

§ 7º ‘VEÍCULO LEVE’ tracio-nando outro veículo equipara-se a ‘VEÍCULO PESADO’ para fins de fiscalização”. (redação dada pela Ressolução nº 340/2010)

Conforme esta corrente, o § 7º seria contundente para enten-dermos que a autuação seria apenas no caminhão trator, po-sição esta não seguida por nós.

3. A questão acima foi montada com base no art. 219 do CTB. Sendo assim, vamos fazer uma análise conjunta.

Fernando conduzia um cami-nhão por uma rodovia federal com apenas uma faixa de rola-mento em cada sentido e, por causa da carga excessiva (neste momento, o examinador quis mostrar ao candidato que a velo-cidade reduzida não é em razão nem das condições de tráfego nem das meteorológicas) que fora posta no veículo, este não conseguia subir uma determi-nadaladeiraamaisde35km/h(a velocidade mínima de cami-nhão em rodovia não sinalizada é40km/h),apesardeaestradaestar em perfeito estado de con-servação e de haver ótima con-dição tanto meteorológica como de tráfego (aqui o examinador reitera que nada impede que se

imprima maior velocidade, so-mente as condições do próprio veículo).

Gabriel, que conduzia seu auto-móvel logo atrás do veículo de Fernando, mantinha a mesma velocidade do caminhão, pois a sinalização determinava que era proibido ultrapassar naquele trecho da estrada (aqui fica cla-ro que Gabriel está fatalmente abaixo da velocidade mínima, por causa ds condições de tráfe-go; ressaltamos ainda que a velo-cidade mínima para automóvel em rodovia não sinalizada é 55 km/h.EntãoGabrielestáampa-rado por uma das excludentes do art. 219). Nessa situação, um agente de trânsito que identifi-casse essa ocorrência, mediante equipamentos idôneos de me-dição de velocidade, deveria autuar Fernando por desrespeito à velocidade mínima permitida na via, mas não deveria autuar Gabriel.

4. É pacífico o entendimento que durante a permissão não pode ser deflagrado o processo administrativo de suspensão e cassação do documento de ha-bilitação, conforme expresso no art. 1º, parágrafo único da Resolução nº 182/2005 do Con-tran. Porém, por força do art. 22, da mesma resolução, o Detran terá o prazo de 5 anos para se pronunciar a fim de aplicar a penalidade de suspensão ou cas-

Page 125: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013

Legi

slaçã

o de

Trâ

nsito

125sação, ou seja, aquele que acu-mular 20 pontos no período de 12 meses, ou que cometer algu-ma infração sujeita à penalidade de suspensão, poderá responder pela suspensão ou cassação em até 05 anos da ocorrência do fato, este é o prazo prescricio-nal da pretensão punitiva do Detran. Por fim, perceba que existem dois requisitos para que seja deflagrado o processo admi-nistrativo: primeiro, o condutor deve possuir CNH, e nunca permissão, e segundo requisito é que o fato deve ter ocorrido no máximo a cinco anos. Compar-tilho da ideia que este entendi-mento aplica-se ao inabilitado.

5. Nada, ou seja, não reiniciará todo o processo uma vez que já concluiu o estágio experimental, chamado permissão para dirigir, que tem validade de um ano. De outra forma, este condutor tem

direito à obtenção da CNH, uma vez que possui todos os pressu-postos legais para obtê-la.

6. Sim. Uma vez que o docu-mento foi expedido de maneira irregular. No CTB, apenas no art. 263, § 1º, se pronuncia a respeito da expedição irregular do documento de habilitação. Veja a sua redação: “Art. 263, § 1º Constatada, em processo administrativo, a irregularidade na expedição do documento de habilitação, a autoridade expe-didora promoverá o seu cance-lamento.”

7. Letra C.8. Letra D.9. Letra E.10. Letra E.11. Letra E.12. Letra B.13. Letra E.14. Letra C.15. Letra B.

Page 126: 234393358 Legislacao de Transito Fechamento 24-04-2013