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231 2008 - jul.-dez. - v. 18 - A LETRI A NONADA: FILOSOFIA, MEMÓRIA E IDENTIDADE EM DRUMMOND Roberto Said UFMG R ESUMO ESUMO ESUMO ESUMO ESUMO O trabalho examina a “incessante busca identitária” e a “obsessão autobiográfica” na poesia de Carlos Drummond de Andrade. P ALAVRAS ALAVRAS ALAVRAS ALAVRAS ALAVRAS - CHAVE CHAVE CHAVE CHAVE CHAVE Carlos Drummond de Andrade. Poesia brasileira. Memória. I Senti, en la última página, que mi narración era un símbolo del hombre que yo fui, mientras la escribía e que, para redactar esa narración, yo tuve que ser aquel hombre y que para ser aquel hombre, yo tuve que redactar esa narración, y hasta lo infinito. Jorge Luis Borges Tomada em seu conjunto, a poesia de Carlos Drummond de Andrade, não obstante a diversidade de seus temas e de sua estética, é atravessada por uma incessante busca identitária, por uma verdadeira obsessão autobiográfica. No curso de sua extensa trajetória artística, que acompanha praticamente todo o século 20, delineia-se um fio tramado no labirinto da prospecção do ser, modulando a dicção singular de um sujeito em obstinada procura existencial. Todavia, configuram-se aí múltiplas vias ou, melhor dizendo, diferentes dispositivos autobiográficos com os quais o poeta engendra diferentes séries textuais, tecidas sob a mesma compulsão identitária, mas distintas entre si no tocante ao modo, às estratégias e à intensidade com as quais um certo eu se revela e se coloca em cena em cena. São séries compostas com os signos da memória, ligados à infância, à juventude, ao clã ou à província natal; séries centradas nos signos especulares ou nos signos de duplicação do sujeito do poema, tramados na vizinhança da poética borgeana; séries formadas por signos fantasmáticos; séries de automutilação, quase sempre relacionadas à prática e/ou à condição intelectual; entre outras. Não obstante as diferenças existentes, relevantes sob todos os aspectos, o gesto autobiográfico em Drummond não se realiza em nenhuma dessas séries de modo transparente. Isto porque os referentes que o impulsionam, embora provoquem “efeitos de real” – a expressão é de Barthes – ao imprimirem no poema marcas biográficas reconhecíveis, conferindo-lhe a pretensa legitimidade do verossímil, não se submetem ao princípio de autenticidade factual ou documental da vida. 1 O que 1 BARTHES. Roland Barthes por Roland Barhes.

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    NONADA: FILOSOFIA, MEMRIA E IDENTIDADEEM DRUMMOND

    Roberto SaidUFMG

    RRRRR E S U M OE S U M OE S U M OE S U M OE S U M OO trabalho examina a incessante busca identitria e a obsessoautobiogrfica na poesia de Carlos Drummond de Andrade.

    PPPPP A L A V R A SA L A V R A SA L A V R A SA L A V R A SA L A V R A S ----- C H A V EC H A V EC H A V EC H A V EC H A V ECarlos Drummond de Andrade. Poesia brasileira. Memria.

    I

    Senti, en la ltima pgina, que mi narracin era unsmbolo del hombre que yo fui, mientras la escriba eque, para redactar esa narracin, yo tuve que seraquel hombre y que para ser aquel hombre, yo tuveque redactar esa narracin, y hasta lo infinito.

    Jorge Luis Borges

    Tomada em seu conjunto, a poesia de Carlos Drummond de Andrade, no obstantea diversidade de seus temas e de sua esttica, atravessada por uma incessante buscaidentitria, por uma verdadeira obsesso autobiogrfica. No curso de sua extensa trajetriaartstica, que acompanha praticamente todo o sculo 20, delineia-se um fio tramado nolabirinto da prospeco do ser, modulando a dico singular de um sujeito em obstinadaprocura existencial. Todavia, configuram-se a mltiplas vias ou, melhor dizendo, diferentesdispositivos autobiogrficos com os quais o poeta engendra diferentes sries textuais,tecidas sob a mesma compulso identitria, mas distintas entre si no tocante ao modo, sestratgias e intensidade com as quais um certo eu se revela e se coloca em cena em cena.

    So sries compostas com os signos da memria, ligados infncia, juventude,ao cl ou provncia natal; sries centradas nos signos especulares ou nos signos deduplicao do sujeito do poema, tramados na vizinhana da potica borgeana; sriesformadas por signos fantasmticos; sries de automutilao, quase sempre relacionadas prtica e/ou condio intelectual; entre outras. No obstante as diferenas existentes,relevantes sob todos os aspectos, o gesto autobiogrfico em Drummond no se realiza emnenhuma dessas sries de modo transparente. Isto porque os referentes que o impulsionam,embora provoquem efeitos de real a expresso de Barthes ao imprimirem no poemamarcas biogrficas reconhecveis, conferindo-lhe a pretensa legitimidade do verossmil,no se submetem ao princpio de autenticidade factual ou documental da vida.1 O que

    1 BARTHES. Roland Barthes por Roland Barhes.

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    est em causa na procura levada a cabo pelo poeta no a existncia de um sujeitoemprico. Os pormenores evocados de sua histria particular ou de sua trajetria pblica,isto , o resumo do existido para dizer nos termos de sua poesia feito e desfeito decacos, de buracos, / de hiatos e de vcuos, / de elipses e psius, tem pouca valia fora docorpus textual no qual foram anotados.2

    O empenho do escritor com o elemento autobiogrfico, empenho no duplo sentidodo termo, o de dedicao e o de penhora no visa a atestar nem a reconhecer averdade do ser, a qual poderia ser supostamente entrevista no curso de um temporeconstitudo. No obstante a insistncia em se perguntar sobre si mesmo, sua obra nose converte em palco um de reconhecimento recapitulativo, tal como definido porStarobinski.3 Tambm no se pode dizer que institua uma potica da intimidade, maneira de um dirio ou dos diversos gneros modernos de realismo confessional, atravsdos quais o sujeito do texto vasculha os mais recnditos espaos da alma, a fim deempreender uma ascese moral ou espiritual. Tampouco se trata de uma tentativa deesquadrinhar ou de unificar estados de conscincia atravs da escrita literria. Nemauto-conhecimento, nem conscincia-de-si, nem auto-expiao.

    O problema colocado pelo poeta no o de buscar a forma mais legtima ou a maisverdadeira de expresso ou de representao de si. Nesse sentido, importante destacarque a genealogia drummondiana inscreve-se no campo das prticas e das formaesdiscursivas modernas, pautado pela crtica da subjetividade e pelo questionamento dascategorias relativas ao sujeito e sua interioridade. Para o poeta formado nas pginasda modernidade literria europia, a concepo do sujeito moderno como um ser cindidoe fraturado impunha-se desde a juventude como uma espcie de axioma. Toda a sua poesia,desde o incio uma poesia de homens partidos, revela uma aguda conscincia crticaa esse respeito.

    Esse movimento paradoxal, essa dupla inscrio ora de recusa, ora de afirmaodo primado de um sujeito-autor que se deixa imprimir, embora partida, no prpriotrao da escrita, s se torna possvel porque o elemento autobiogrfico, embora estejadisseminado de um canto a outro de sua poesia, no atua seno para colocar em xequea presena de uma subjetividade ou de uma identidade previamente constitudas:

    Perdi minha alma flor do dia ou j perderabem antes sua vaga pedraria?Mas quando me perdi, se estou perdidoantes de haver nascidoe me nasci votado perdade frutos que no tenho nem colhia?4

    No h em Drummond um ser dado de antemo, cuja existncia se anunciepreviamente ao ato de escritura. Como bem observa Mrio de Andrade, trata-se de

    2 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 882: (In) Memria.3 STAROBINSKI, apud MIRANDA. Corpos escritos.4 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 410-412: Elegia.

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    uma poesia lanada no caos lrico do ser e no tirada dele.5 A ontologia drumondianano reclama um fundamento originrio atestando a presena anterior do ser ou mesmoa sua significao primeira. No me procurem que me perdi eu mesmo, avisa o versode Elegia, colocando prpria procura sob suspeita, medida que a instnciaresponsvel pelo discurso tambm se confessa perdida.6

    Nessa mquina de escrita identitria, o dado autobiogrfico lanado no poemano desencadeia seno a vertiginosa espiral de desconstruo e duplicao do sujeitoauto-biografado. O que prevalece, em quaisquer das formas de evocao de si mesmo, a desestabilizao desse si que se deixa ver ou falar na poesia.

    Em Drummond, somente a travessia o que se pode alcanar, somente o ponto deinflexo entre o bio e o graphos, ponto no qual se diluem os limiares e as hierarquiasentre aquele que escreve e a sua escrita, o factual e o ficcional, o jogo e a confisso,o vivido e o inventado. Pois sendo o espao de sua literatura pouco refratrio, comfronteiras turvas e mal sinalizadas, ele no comporta a rigidez das oposies dentro efora, interior e exterior, causa e efeito. Sua significao no est, portanto, localizadanem na profundidade, nem na exterioridade; nem no tempo, nem no ato da memria,mas nos limiares incessantemente fomentados pelo jogo de auto-ficionalizao da escrita:Tudo vivido? Nada / Nada vivido? Tudo.7

    somente nesse espao intervalar, no qual o texto se confunde com a vida e avida com o texto, que o sujeito drummondiano se deixa capturar, mas de modo temporrioe contingente. somente nesse movimento instvel, no qual permanece e se transformasob a condio performativa da escrita, que ele pode se entrever, como bem explicavaum certo narrador borgiano, citado na epgrafe.

    O que se configura em Drummond , portanto, uma obra delineada sobre o traode uma subjetividade e, tal como uma dobra, um sujeito produzido como ressonnciadessa obra, de seu rastro. Escritor e escrita transitam, portanto, sob o mesmo estatutoficcional essa composio que um dia se chamou Carlos Drummond de Andrade8 mas descartam a possibilidade de uma presena identitria, ao se apresentarem empermanente despedida: Adeus, minha presena, meu olhar e minha veias grossas, / meussulcos no travesseiro, minha sombra no muro, / sinal meu no rosto, olhos mopes, objetosde uso pessoal idia de justia, revolta e sono, adeus, / vida aos outros legadas.9

    O que a (de)composio drummondiana coloca em curso no a afirmao positivada presena de um sujeito ou de um sujeito enquanto presena, mas sim um exercciode subjetivao atravs do qual o poeta pode inventar e reinventar modos de existnciasingulares.10 Esse exerccio aponta antes para as intensidades que atravessam o sujeito

    5 Carlos & Mrio, p. 481.6 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 410-412: Elegia.7 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 418: Poema-orelha.8 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 214-217: Os ltimos dias.9 ANDRADE. Poesia e Prosa, p. 214-217: Os ltimos dias.10 Segundo Gilles Deleuze (Conversaes, p. 188) a subjetivao designa a operao pela qual indivduosou comunidades se constituem como sujeitos, margem dos saberes e dos poderes estabelecidos. Nose confunde, portanto, com um sujeito ou com uma identidade, pois uma subjetividade deve serproduzida, quando chega o momento, justamente porque no h sujeito.

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    do que para uma conscincia ou identidade j definidas. Sua subjetivao volta-se,portanto, a um ser desalojado, despossudo de si mesmo:

    De mim mesmo sou hspede secreto.11

    II

    Como pode existir, pensou consigo, um serque no existir pe tamanha anulao de existncia?

    Carlos Drummond de Andrade

    Moderno por excelncia, esse processo de subjetivao levado a cabo na poesiadrummondiana revela uma dimenso eminentemente filosfica ou, para dizer com maispreciso, atua maneira da filosofia. Embora os modos de ideao e construo da obradrummondiana no passem pelos procedimentos formais e tericos de um tratado filosfico,seu regime discursivo constantemente arrastado para as bordas do pensamento. Talcomo um duplo ou um vizinho da filosofia, sua poesia d o que pensar, impele opensamento, criando eixos e orientaes pelos quais se desenvolve e se abre ao leitor.

    Pode-se mesmo dizer que o lirismo drummondiano deve-se no a um estado de nimo,mas a um estado de idias, isto , de problemas. A maneira de o poeta estar-no-mundo problemtica, conforme profetizara o anjo torto. Seus textos constroem-se, formal etematicamente, sob a turbulncia de um questionamento, de modo a encetar uma espciede dispositivo analtico. Mesmo os episdios corriqueiros e as cenas comuns da vidacotidiana so alados em sua poesia condio de problema, so tomados sob crivofilosfico, como se houvesse sempre um eu reflexivo por trs do eu.12

    Com efeito, tudo em sua obra parece assumir um acento reflexivo, um ar demeditao; tudo parece subordinar-se ao pensamento, parece convergir para um problema,para uma questo cujo alcance ultrapassa os limites da cena potica e se converte emconvite ao pensar:

    Meu bem, usemos palavras.Faamos mundos: idias.13

    Pode-se dizer, junto com Deleuze, que em Drummond o conceito e a criao seremetem uma ao outro fomentando um ato singular de pensamento.14 Ato no qual omundo e a idia se confundem, pois para o poeta

    11 ANDRADE. Poesia e Prosa, p. 444-451: A um hotel em demolio.12 ARRIGUCCI JR. Corao partido, p. 28.13 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 258-261: Cantiga de enganar.14 DELEUZE. O que a filosofia?, p. 20. De acordo com o filsofo francs, se h lugar e tempo para acriao dos conceitos, a essa operao de criao sempre se chamar filosofia, ou no se distinguir dafilosofia, mesmo se lhe for dado um outro nome.

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    O mundo talvez: e s.Talvez nem seja talvez.15

    Sempre me pareceu que, se h realmente um estilo em Drummond esse conceitocujo fim duvidoso identificar e reunir as particularidades autorais de um indivduo ougrupo seja considerado sob a noo de ornatus, feio dos antigos, seja consideradosob a noo de desvio, feio moderna, esse estilo passaria menos pelos procedimentosformais de sua escrita que pelo movimento do pensamento por ela ensejado. Pois, paraalm da engenhosa sintaxe de seus versos, de seus incontveis ritmos e da diversidadede seu vocabulrio, essa capacidade de despertar o pensamento, de se afirmar comopoesia-pensante, uma quase-filosofia, que realmente a difere das demais poticas nacionaisque lhe foram contemporneas.16

    Trata-se, sem dvida, de um lirismo tocado pela musa filosfica.17 No se deve,contudo, abord-la como uma poesia filosfica ou como filosofia da literatura. Em primeirolugar, no se encontram em Drummond os traos de intelectualismo, nem o tomsentencioso e afirmativo de um gnero propriamente filosfico, tampouco um dilogoexplicitado com a tradio da filosofia. Alm disso, a despeito de sua potncia reflexiva,sua poesia no decorre de um sujeito-do-cogito ou de um sujeito-do-logos cuja aspiraoseria a de uma unidade racional, nem tampouco estabelece um feixe lgico edemonstrvel de proposies e conceitos. Trata-se, ao contrrio, de um pensamentocambaleante, no qual raciocinar sempre insuficiente; um pensamento tecido, talvez,em rivalidade com a prpria filosofia; um pensamento fragmentado e ambguo tal comoos prprios versos nos quais ele se formaliza.

    Vale notar que a fora do pensamento que irrompe com o poeta seria menos oresultado de uma capacidade propriamente intelectual, o atributo de uma intelignciaprivilegiada, que o ato de dobramento do sujeito ao se declinar na linguagem em buscade sua singularidade, no duro combate contra si e contra o mundo. a experincia dovivido a condio do seu pensamento; o autobiogrfico o seu itinerrio. Nesse sentido,tem-se um pensamento tecido com idias vitais, ou seja, com idias concernentes vida daquele que as formula, concernentes potncia e preservao dessa vida: toda minha vida que joguei, como declara o poeta na considerao de seu poema.18

    Com Drummond, a hipertrofia da dimenso subjetiva, j presente na tradio poticabrasileira, adquire uma feio problemtica, transmigrando de um corpus escrito paraum corpus histrico e cultural.19 com o complexo agenciamento moderno configurado

    15 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 258-261: Cantiga de enganar.16 No seria justamente a potncia reflexiva desse ato, esse convite ao pensamento, a motivao deMerquior para afirmar que os poemas drummondianos, musicalmente desajeitados, no foram feitospara serem cantados ou falados, mas sim para serem lidos? No seria essa mesma potncia que SilvianoSantiago evoca ao distinguir o poeta mineiro, nas nossas letras, como o melhor e mais multifacetadointrprete do sculo 20, observando que o caminhar conflituoso desses cem anos est indissociavelmenteinterligado ao desenvolvimento em ritmo de vaivm de sua poesia?17 A expresso de Merquior, Verso universo em Drummond.18 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 115-116: Considerao do poema.19 Essa diferena seria confirmada em estudo comparado acerca do trao autobiogrfico e subjetivo emDrummond e em alguns poetas anteriores como em lvares de Azevedo e Augusto dos Anjos.

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    em sua poesia que a escrituralizao da subjetividade na cena da literatura nacional deslocada, alcanando o estatuto de pensamento filosfico sobre o sujeito, abordado emsua contingncia histrica. Em Drummond, a poesia confessional e autobiogrfica jno mais decorre da maturao ou do reconhecimento de uma interioridade em suaexperincia expansiva frente realidade. J no se trata de encontrar forma adequadade expresso para uma alma atormentada, em descompasso com o mundo, nem de selhe revelar as contradies intrnsecas, mas sim de pensar tais tormentos e contradiesno palco da modernidade nacional, atualizando-os, recriando-os esteticamente.20

    No foi justamente essa a grande virada efetuada pelo escritor na tradio poticabrasileira? No foi ele quem, ao mesmo tempo livre e amarrado s formaes discursivasanteriores, fiel e rebelde ao passado, definiu as margens de um novo territrio para apoesia moderna do pas? No foi ele quem subverteu a tendncia intimista e introspectivada potica nacional, o gosto pela confidncia caracterstica destacada por Candidoao tratar da formao de nossa literatura dando-lhe, sob laboriosa busca esttica, umadimenso meta-subjetiva? No foi sua obra que desviou a poesia brasileira e, sobretudo, amineira, dos bastidores da confidncia, conduzindo-a como atitude existencial at opalco pblico de reflexes?

    Essa obra tecida com a prpria vida no indicaria, pois, uma tentativa de fazer davida algo mais que pessoal? Afinal, em meio sacudida semntica e sinttica efetuadapelo autor na ordem da escrita, o que se trama no uma verdadeira revoluo subjetivado discurso potico? A emergncia de uma nova subjetividade potica moderna elocalizada? Um novo modo de enunciao, uma nova lexis, isto , um novo modo dearticulao entre o sujeito poeta e o sujeito-do-poema?

    A escavao ontolgica drummondiana configura novas ordenadas e novas tarefaspara a subjetividade potica nacional. Essa virada deve-se, sobretudo, ao fato de todo osubjetivismo tramado em sua escrita derivar justamente da ocluso da demanda subjetiva,isto , da renncia evidncia ou presena de uma interioridade pura ou originria.Isto porque o pensamento institudo na inquirio do eu do poema parte em direo aoque se deseja saber e no ao que j se sabe, lana-se para fora do saber, para dizer nostermos de Foucault, lana-se para fora dos estratos referentes ao eu e/ou sua identidade,os quais definem um saber-de-si.

    Longe de o deixar exposto a um vazio existencial, esse movimento rumo aodesconhecido parece fornecer-lhe o nico espao onde sua existncia pode ser de fatoexperimentada. Em Drummond, o ato de dizer eu estaria menos afeito ao desejo designificar que ao de mapear algo ainda por vir. O que se v em seu gesto autobiogrfico o espelho de projeto no vivido.21

    no esteio desse lugar vazio do si ou do sou, lugar sem alento e, por issomesmo, lugar de reflexo que o poeta pode fabular um pensamento e uma poesia do

    20 importante lembrar que o debate acerca do ser, em seus diversos desdobramentos, caracteriza ahistria da filosofia no sculo 20. Em Heidegger, Derrida, Deleuze ou ainda na fenomenologia e noexistencialismo, a tematizao em torno da identidade do ser assume um carter prioritrio. Talvez sepossa pensar que, distncia e tramada sob o discurso potico, a obra drummondiana esteja inseridanesse conjunto de reflexes.21 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 410-1412: Elegia.

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    eu, atravs dos quais pode falar de si, mas sem entoar um canto meramente particular.Esse desprendimento de si a forma mesma de o poeta se colocar em cena. a forma deele se deixar imprimir, de deixar a paixo de um trao singular, de uma assinaturaintangvel imprimirem-se, de imprimir no corpo da letra, pblica por definio, um eucuja presena, como bem notou Joo Cabral, parece sempre au-del de soi.22

    III

    Minha matria o nada.Carlos Drummond de Andrade

    Em Drummond, a memria, espao privilegiado da pesquisa autobiogrfica,apresenta-se tambm como caminho do pensamento e da procura de si. Porm, mesmoos textos abertamente autobiogrficos, nos quais o empreendimento de recordao remeteo poeta a seu passado familiar, a seu deserto itabirano, no resultam na descoberta deuma identidade, baseada na representao de uma origem ou de uma tradio inerentesao sujeito. O que se figura no discurso memorialista drummondiano no simplesmenteum mecanismo de reminiscncias inspirado nas semelhanas e contiguidades entre assensaes e os objetos do passado e os do presente. Seu eixo de relao com o tempo no aquele que liga a verdade da enunciao autenticidade vivida do representado. Porisso, a reelaborao do passado, embora acione os mecanismos de busca de si mesmo,no se pauta pela construo de uma identidade fundada na esteira das heranas e dasfiliaes. Ao contrrio, o movimento da memria inviabiliza o acesso a uma identidadeoriginal, por um lado, e recusa a idia de uma tradio (familiar ou cultural) recebidapassivamente, por outro, como registra Os bens e os sangue:23

    s duas horas da tarde deste nove de agosto de 1847Nesta fazenda do tanque e em dez outras casas de rei, q no de valeteEm Itabira Ferros Guanhes Cocais Joansia CapoDiante do estrume em q trana na palma dos coqueirosFiis servidores de nossa paisagem e de nossos fins primeiros,

    22 Ver Correspondncia de Cabral com Bandeira e Drummond.23 O poema Os bens e o sangue aparece publicado pela primeira vez na Revista Anhembi, de So Paulo,no dia 2 de fevereiro de 1951, precedido da seguinte nota: Embora persuadido de que no cabeexplicao para um poema, alm da que ele mesmo traz consigo, o autor julga conveniente informarquanto gnese desta composio. Resultou ela da leitura de um mao de documentos de compra evenda de datas de ouro no nordeste de Minas Gerais, operaes essas realizadas em meados do sculoXIX. Simultaneamente, certo nmero de proprietrios, integrantes da mesma famlia, resolveu disporde tais bens, havidos por meio de herana ou casamento. At ento, permaneciam sob domnio domesmo grupo familiar os terrenos aurferos descobertos em 1781, na serra de Itabira, pelo capito JooFrancisco de Andrade, que os transmitiu a seu sobrinho e scio, o major Laje. Diz Eschwege que aslavras de Joo Francisco, em 1824, produziam mais de 3 mil oitavas de ouro. A explorao declinou como tempo e por volta de 1850 vemos os donos se desfazem de jazidas e benfeitorias. No se procure osignificado de Lajos e andridos, palavras existentes no contexto, e que so meras variaes de nomes defamlia da regio. O nome Belisa, dado a animais, consta de inventrio da poca. Fazendeiro do ar &poesia at agora. RJ, Jos Oympio, 1955, p. 550.

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    deliberamos vender, como de fato vendemos, cedendo posse, jus e domnioe abrangendo desde os engenhos de secar areia at o ouro mais fino,nossas lavras mto. Nossas por heranas de nossos pais e sogros bem-amadosq dormem a paz de Deus entre santas e santos martirizados.Por isso neste papel azul Bath escrevo com a nossa melhor letraestes nomes q em qualquer tempo desafiaro tramia trapaa e treta

    Teatro fantstico dividido em oito atos-estrofes, linearmente desconjuntados eenunciados por vozes diferentes, dialgicas, o texto instaura um tempo absurdo, ancestrale proftico, futuro do passado, no qual o poeta retorna a seus parentes remotos, alongnquos documentos escriturais de famlia, a fim de deslocar o jogo das heranas elegados que pesar sobre seu prprio destino. Toda uma histria pessoal e familiar ,assim, reconstruda e transformada no trao potico, de forma a criar uma justificativapara a ciso provocada pelo filho-escritor na tradio dos patriarcas-fazendeiros:

    De nossa mente lavamos o ouro como de nossa alma um dia os errosse lavaro na pia da penitncia. E filhos netos bisnetostataranetos despojados dos bens mais slidos e rutilantes portanto os mais completos iro tomando a pouco e pouco desapego de toda fortuna e concentrando seu fervor numa riqueza s, abstrata e una.

    Desse modo, ao imprimir uma toro em seu romance familiar, revirando seu nexode causalidades, o poeta rasura a escritura testamental, borra o papel Bath, como seaceitasse o desafio lanado no documento referido no poema. Na trapaa de sua escrita,o sujeito em cena aparece deserdado desde s suas origens, aparece desde semprereduzido condio ningum e marcado a negar os seus:

    Este figura em nossopensamento secreto.Num magoado alvorooo queremos marcadoa nos negar; depoisde sua negaonos buscar. Em tudoser pelo contrrioseu fado extra-ordinrio.Vergonha da famliaque de nobre se humilhana sua malincnicatristura meio cmica,dulciamara nux-vmica.

    Destitudo do patrimnio familiar, de seus bens de direito e de sangue, expulso dasminas e das terras, ele poder, ento, trilhar seu rumo prprio, em busca de uma riquezaabstrata e una, mas agora sob a contemplao aquiescente de seu cl, como se esse fosseseu fim natural:

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    poeta de uma poesia que se furta e se expande maneira de um lago de pez e resduos letais...s nosso fim natural e somos teu adubo,tua explicao e tua mais singela virtude...pois carecia que um de ns nos recusassepara melhor servir-nos.

    O gesto engendrado pelo poema , por definio, desconstrutor, posto que o passado,deliberadamente rasurado e deslocado pelo poeta, no mais fonte de um sentido originale verdadeiro. A viagem na famlia, ao ser transfigurada no trao da escrita, no oconduz a um tempo perdido, tempo-do-incio no qual estariam os segredos do ser ou daexistncia, mas a um tempo-tramia, cujo estatuto ficcional, haja vista que a prpriaorigem transformada em terreno de fabulao. O movimento do texto revela que osentido procurado no se situa no princpio ou na origem, ao contrrio, deve ser elaboradoou restaurado atravs de novas maquinaes, para formular com Deleuze.

    Portanto, no se trata de buscar a condio apaziguadora das razes, do comeo,nem a conservao dos contedos memorveis do passado e da famlia, a um s tempoautoritrios e protetores. O que se tem um passado reencenado, atravs do qual osujeito-do-poema descola-se da tradio recebida, refundando, sob a viglia dos urubusno telhado, sua prpria genealogia:

    Os parentes que eu tenho no circulam em mim.Meu sangue dos que negociaram, minha alma dos pretos,minha carne, dos palhaos, minha fome, das nuvens,e no tenho outro amor a no ser o dos doidos.

    Com a inverso realizada, o poeta pode expiar culpas, acertar dvidas, conjurar osmortos, livrar-se em parte da responsabilidade para com os antigos, a fim de no serdevorado por seu passado voraz, ainda que a absolvio seja apenas aparente, simuladae, portanto, transitria. A travessia realizada historicamente no transcurso das geraes,sob tumultuoso conflito pessoal, figura amortecida no poema, como se fosse fruto dodestino, como se o vir-a-ser-escritor j estivesse previsto desde sempre no passadoimemorial e azul da famlia. Esse modo de desterritorializao do passado abala todo equalquer fundamento originrio, criando as condies para o poeta renunciar ao deverda representao, tambm no mbito da memria. No h uma identidade pr-concebidaa ser representada no espao das heranas e das tradies familiares. Em Drummond, amemria tambm o lugar do desencontro e do desentendimento. Do novo testamentono resta ao sujeito posto em ato seno sua parte de nonada, vazio a ser reinventado:

    Mais que todo deserdamosdeste nosso oblquo modoum menino inda no nado(e melhor no fora nado)que de nada lhe daremos

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    sua parte de nonadae que nada, porm nadao h de ter desenganado.24

    A lei das origens, a cincia do sangue submetida ficcionalidade da escritae, a esse ttulo, lanada deriva das retomadas, lgica do recomeo, repetioindefinida do instante inaugural vazio repetidamente entrevisto. Em sua arqueologiade si e do passado, em seu aprendizado ontolgico, o poeta descobre, como se diz emepgrafe, que sua matria o nada, pois o retorno origem, ao invs de lhe conduzirpara os seguros laos fundadores, lana-o no abismo do nonada.25 justamente apartir desse signo vazio ou esvaziado que ele pode pensar sua identidade, ou melhor,livrar-se dessa identidade do sangue que age como cadeia, para valer-me de um versode Como um presente.26 a ausncia imposta pelo signo que, ao desestabillizar aanaltica existencial, tece o discurso identitrio sobre as runas da tradio familiar;des-identifica todo o conceito do um, afastando-lhe de uma verdade reveladora. Noespao-tempo do nonada, seu nome familiar um chiar de ratos sem paiol.27

    Essa viagem ao vazio da origem apresenta-se tambm no deserto de Itabira ondeo poeta reencontra o pai, em teatro igualmente fantasmtico:

    No deserto de Itabiraa sombra de meu paitomou-me pela mo.Tanto tempo perdido.Porm nada dizia.No era dia nem noite.Suspiro? Vo de pssaro?Porm nada dizia.

    Juntos, como em um sonho, pai e filho percorrem os lugares do passado, nos quaisas coisas voltam a existir, / irrespirveis e sbitas. A cena elabora-se a partir do desejode reconciliao do filho, que deseja acertar as contas, pedir e receber perdo, dizer eouvir o que, em vida, no foi pronunciado, mas o pai mantm-se em distintos silncios:

    Que cruel, obscuro instintomovia sua mo plidasutilmente nos empurrandopelo tempo e pelos lugares defendidos?Olhei-o nos olhos brancos.

    24 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 229-233. O poema no foi apresentado aqui em sua seqncia correta.25 interessante notar que Grande serto: veredas, de Guimares Rosa, publicado poucos anos aps Claroenigma, inicia-se justamente com a expresso grifada no poema de Drummond: nonada. O romance deRosa, o qual pode ser lido sob o vis da genealogia identitria colocada em marcha pelo narrador, vale-se do signo drummondiano da memria.26 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 186.27 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 442.

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    Gritei-lhe: Fala! Minha vozvibrou no ar um momento,bateu nas pedras. A sombraprosseguia devagaraquela viagem patticaatravs do reino perdido.Porm nada dizia.

    O poeta-filho desespera-se: Fala fala fala fala, mas o outro segue calado. Ele tenta, emvo, puxar o pai pelo casaco, que imediatamente se desfazia em barro. Por sobre o silnciodo pai misturavam-se os silncios de outros antepassados, emergiam outras faltas e separaes.

    Porm nada dizia o verso repete-se ao longo das onze estrofes do poema. Deimediato, tal verso revela o insistente e intrigante silncio do pai. No entanto, suarepetio abre tambm a possibilidade de outra leitura, ainda derivada da primeira: opai dizia o nada, ele no tinha nada a dizer em relao ao desejo do filho, ento, diziao nada. Sua resposta era o nada. O reencontro imaginado pelo filho permanece sob oemblema de um vazio, o silncio da origem. Mas, revirando o verso, pode-se ler tambmque o nada que dizia: nada dizia. Como se o nada dissesse, como se o nada fosse osujeito da enunciao, isto , do silncio. a voz do nada que se escuta no texto damemria drummondiana. justamente aquilo que no pode se alcanar que se pronunciano silncio do pai, sob a sombra do pai, no deserto de Itabira.

    No pas da remembranas de Drummond,28 no mais se trata da memria doacontecimento, mas da memria transformada em acontecimento. Pois, em sua formade invocao do tempo, o passado ressurge de forma absolutamente nova: no comoesteve supostamente presente um dia, no mais relativo ao presente em relao aoqual agora passado, mas referido ao presente da escrita, ao movimento de subjetivaocolocado em curso sob o signo da ausncia. Como pontua Foucault, a pesquisa daprovenincia no funda, muito pelo contrrio: ela agita o que se percebia imvel, elafragmenta o que se pensava unido; ela mostra a heterogeneidade do que se imaginavaem conformidade consigo mesmo.29

    O tempo j no se reporta, assim, ao perodo que ele mede. H nesse mecanismodrummondiano de rememorao uma certa dimenso performativa, na medida em quea tradio e, em ltima instncia, o prprio passado so colocados em movimento, submetidoss permanentes reinscries, de acordo com as contingncias do presente-da-escrita.Nesse sentido, vale ressaltar que diversos textos memorialsticos do poeta como, por exemplo,A mesa, Viagem na famlia, Documentrio, Morte de Neco Andrade e Comunhoguardam um certo ar teatral ou cinematogrfico. Lembram um teatro ou um cinema detraduo da memria, como se se tratasse de um permanente ps-escrito de si mesmo, noqual o sujeito do texto est filmando seu depois, revendo, no vazio da cena arqueolgica,aquele que j no ele; um mais tarde, sem direito de usar a semelhana.30

    28 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 277-279: Morte das casas de Ouro Preto.29 FOUCAULT. A arqueologia do saber, p. 21.30 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 442: Documentrio.

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    Nessa vertente autobiogrfica de ps-escritos fomentada pela poticadrummondiana, com suas reacomodaes e sobrecodificaes do tempo, pontua-se umoutro modo de arquivar o passado e a si prprio, fora das formas de representao queinduzem identidade, ao idntico, ao estvel, ao eterno ou ao mesmo. Dessemelhanteabsoluto, o sujeito da escrita afasta-se de qualquer fundamento ou significao originriaem relao identidade, retirando o carter positivo do conceito. Seu percurso nopassado no procura revelar a provenincia genealgica, mas dar voz ao que se passouna disperso, indicar seus acidentes e suas falhas. Em Drummond, a memria no umacategoria da semelhana, pois que ela revela so diferenas. Com ela, o poeta faz verque nem tudo que reluz ouro, faz ver que os ureos tempos so de cobre, que os ureostempos dormem no cho.31

    Sob o dispositivo de sua memria fosca, diferida, o poeta engendra uma mquinadiscursiva e autobiogrfica de permanente auto-reconstruo, com a qual pode atravessaras franjas do moderno e traar para si um modo de existncia singular. Com ela, suagenealogia do ser, como se l em Descoberta, no encontra seno

    a polpa deliciosssima do nada.32

    AAAAA B S T R A C TB S T R A C TB S T R A C TB S T R A C TB S T R A C TThis paper examines the incessant search for identity andthe autobiographical obsession in the poetry of CarlosDrummond de Andrade.

    KKKKK E Y W O R D SE Y W O R D SE Y W O R D SE Y W O R D SE Y W O R D SCarlos Drummond de Andrade. Brazilian poetry. Memory.

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    31 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 136-138: Nos ureos tempos.32 ANDRADE. Poesia e prosa, p. 345: Descoberta.

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