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1 Aplicação da lei processual no tempo ............................................................................................... 1 2 Princípios constitucionais e infraconstitucionais do processo ............................................................ 3 3 Jurisdição: contenciosa, voluntária, individual e coletiva ................................................................... 7 4 Órgãos da jurisdição ....................................................................................................................... 12 5 Ação: conceito e natureza jurídica. Condições da ação. Classificação das ações .......................... 25 6 Processo. Conceito. Natureza jurídica. Princípios fundamentais. Pressupostos processuais.......... 29 7 Procedimento ordinário e sumaríssimo ........................................................................................... 33 8 Competência: absoluta e relativa .................................................................................................... 40 9 Competência internacional. Homologação de sentença estrangeira. Carta rogatória ...................... 41 10 Partes. Capacidade e legitimidade. Substituição processual......................................................... 47 11 Litisconsórcio. Assistência. Intervenção de terceiros: oposição, nomeação à autoria, denunciação

da lide e chamamento ao processo. Ação regressiva ............................................................................. 56 12 Formação, suspensão e extinção do processo ............................................................................. 62 13 Petição inicial. Requisitos. Inépcia da petição inicial ..................................................................... 67 14 Pedido. Cumulação e espécies de pedido .................................................................................... 69 15 Atos processuais. Tempo e lugar dos atos processuais ................................................................ 70 16 Comunicação dos atos processuais. Citação e intimação ............................................................. 72 17 Despesas processuais e honorários advocatícios ......................................................................... 74 18 Resposta do réu: exceção, contestação e reconvenção. Revelia. Efeitos da revelia ..................... 76 19 Julgamento conforme o estado do processo ................................................................................. 80 18 Audiência de instrução e julgamento ............................................................................................. 81 20 Prova. Princípios gerais. Ônus da prova ....................................................................................... 82 21 Sentença. Coisa julgada formal e material. Preclusão .................................................................. 93

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22 Duplo grau de jurisdição ............................................................................................................. 103 23 Recursos..................................................................................................................................... 109 24 Tutelas de urgência .................................................................................................................... 125 25 Incidentes de uniformização de jurisprudência e de inconstitucionalidade .................................. 132 26 Reclamação e correição ............................................................................................................. 134 27 Ação rescisória ........................................................................................................................... 136 28 Ação monitória ............................................................................................................................ 139 29 Liquidação de sentença .............................................................................................................. 141 30 Cumprimento de sentença .......................................................................................................... 143 31 Execução. Regras gerais. Partes. Competência. Responsabilidade patrimonial ......................... 147 32 Título executivo judicial e extrajudicial ........................................................................................ 153 33 Execução por quantia certa contra devedor solvente e contra devedor insolvente ...................... 154 34 Execução para entrega de coisa ................................................................................................. 161 35 Execução de obrigação de fazer e de não fazer ......................................................................... 163 36 Execução contra a fazenda pública............................................................................................. 165 37 Embargos à execução ................................................................................................................ 166 38 Ministério Público no processo civil ............................................................................................. 168 39 Ação popular e ação civil pública ................................................................................................ 172 40 Mandado de segurança .............................................................................................................. 181 41 Mandado de injunção .................................................................................................................. 189 42 Habeas data ............................................................................................................................... 191 43 Ação declaratória. Declaratória incidental ................................................................................... 194 44 Ação discriminatória .................................................................................................................... 195 45 Ação de usucapião ..................................................................................................................... 202 46 Ação de consignação em pagamento ......................................................................................... 204 47 Ação de despejo e renovatória .................................................................................................... 207 48 Ação de desapropriação ............................................................................................................. 224 49 Ações possessórias .................................................................................................................... 232 50 Embargos de terceiro .................................................................................................................. 238

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51 Ação cível originária nos tribunais ............................................................................................... 240 52 Tutela antecipada e tutela específica .......................................................................................... 241 53 Medidas cautelares ..................................................................................................................... 243 54 Juizados especiais ...................................................................................................................... 246 55 Execução Fiscal .......................................................................................................................... 257 56 Meios alternativos de solução de litígios (judicial e extrajudicial). Arbitragem, Conciliação, Mediação

e Negociação ....................................................................................................................................... 267 57 Suspensão e sustação de eficácia dos provimentos de urgência ................................................ 268 58 Prerrogativas da Fazenda Pública em Juízo. .............................................................................. 270 Questões ......................................................................................................................................... 275

Candidatos ao Concurso Público,

O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail [email protected] para dúvidas

relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom

desempenho na prova.

As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar

em contato, informe:

- Apostila (concurso e cargo);

- Disciplina (matéria);

- Número da página onde se encontra a dúvida; e

- Qual a dúvida.

Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O

professor terá até cinco dias úteis para respondê-la.

Bons estudos!

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Lei, é um princípio, um preceito, uma norma, criada para estabelecer as regras que devem ser

seguidas, é um ordenamento. Do Latim "lex" que significa "lei", ou seja, uma obrigação imposta. Em uma sociedade, a função das leis é controlar os comportamentos e ações dos indivíduos de acordo

com os princípios daquela sociedade. No âmbito do Direito, a lei é uma regra tornada obrigatória pela força coercitiva do poder legislativo ou

de autoridade legítima, que constitui os direitos e deveres numa comunidade. Norma geral e abstrata emanada de autoridade competente, que deve ser obedecida por todos; ela é

imposta a todos, de forma coativa. A palavra “lei” é empregada, algumas vezes, em sentido amplo, como sinônimo de norma jurídica,

compreensiva de toda regra geral de conduta, abrangendo normas escritas ou costumeiras ou, ainda, como toda norma escrita, todos os atos de autoridade, como as leis propriamente ditas, os decretos, os regulamentos etc. Todavia, em sentido estrito indica tão somente a norma jurídica elaborada pelo Poder Legislativo, por meio de processo adequado.

Temos no nosso ordenamento jurídico, diversos tipos de leis; específicas, que se ramificam em complementar, exige um quórum maior no Legislativo para ser aprovada e ordinária, cogente, normas de ordem pública, que não podem ser afastadas pelas partes, supletivas ou de direito positivo, aquelas que podem ser afastadas por vontade das partes, de costumes, que são usos reiterados de determinada comunidade, por determinado período de tempo1.

As leis também têm um ciclo vital: nascem, aplicam-se e permanecem em vigor até serem revogadas. Esses momentos correspondem à determinação do início de sua vigência, à continuidade de sua

vigência e à cessação de sua vigência. Trata-se de um critério puramente temporal. Uma norma estará em vigência até que ocorra a sua

revogação. Em muitos casos a lei traz no seu texto o prazo de sua vigência2 Difere de vigor, pois este é a força vinculante da norma. A vigência é a aptidão para produzir efeitos. A regra, no direito brasileiro, é de que a Lei entra em vigor em quarenta e cinco dias após a sua

publicação. É o que prevê o art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: "Art. 1º Salvo disposição contraria, a Lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e cinco) dias

depois de oficialmente publicada". Desse modo, a menos que a própria lei estabeleça outro termo para o início de sua vigência, ela passa

a vigorar depois de transcorridos quarenta e cinco dias da data de edição do Diário Oficial em que ela foi publicada.

Entrando em vigor na data de sua publicação a lei está apta a produzir efeitos desde o dia em que é tornada pública.

A lei só começa a vigorar com sua publicação no Diário Oficial, quando se torna obrigatória. A sua obrigatoriedade não se inicia no dia da publicação, salvo se ela própria assim o determinar. O intervalo entre a data de sua publicação e a sua entrada em vigor denomina-se vacatio legis.

Aplicação da lei no tempo e no espaço: A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro nos informa em seu Art. 1º, § 1º que "Nos Estados

estrangeiros, a obrigatoriedade de lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 (três) meses depois de

1 CAVALCANTE, Marcelo. Lei de Introdução ao Código Civil. Web Artigos; 06/02/2008. 2 RODRIGUES, Silvio – Direito Civil – Parte I – Ed. Saraiva, 34ª ed. – 2007, p. 18.

1 Aplicação da Lei Processual no Tempo

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oficialmente publicada". Consideramos assim, que "a lei das leis", quando idealizada pelo legislador, já se preocupava com a eficácia da lei no espaço, para saber se as normas de um país poderiam ser eficazes fora de seu respectivo território. A soberania dos Estados é um bem maior que cada um deles possui.

Assim, mesmo considerando que cada Nação possui seus ordenamentos jurídicos, haveria que existir normas que fossem obrigatórias a todos em seus respectivos países, mas que atendessem, também, limites de sua extensão territorial, aérea, marítima e aos espaços fictos, também3.

Desta forma, a própria Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, no âmbito interno, em seu Art. 9º diz que, para qualificar e reger obrigações aplicar-se-á a lei do país em que se constituem. Aplicamos, neste caso, o entendimento preceituado por Silvio Rodrigues, quando nos diz que para reger as obrigações constituídas no estrangeiro, o ordenamento jurídico brasileiro concorda em que a lei aplicável não seja a sua, mas a estrangeira. Podemos aduzir o texto do Art.5º, inciso LXXVII, § 3º, "os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais". Constituindo, como já dissemos matéria do Direito Internacional Privado, a eficácia da lei no espaço, no Brasil, rege-se pelo princípio da territorialidade moderada, através da qual:

a.1) Territorialidade – a norma vai ser aplicada no território do Estado que a emitiu, regulando o regime de bens e obrigações; e

a.2) Extraterritorialidade – a norma será aplicada em território de outro Estado, segundo princípios e convenções internacionais. De forma condensada, aprendemos que esta matéria específica rege o Direito Internacional Privado, e que possui uma linha muito tênue de atuação, "pois os limites no espaço da competência legislativa dos Estados, quando têm de aplicá-la às relações jurídicas que podem ser submetidas as mais de uma legislação” 4. Fica bem clara a ideia que depuramos deste tópico. Podemos citar, ainda, três tópicos importantes destacados na eficácia da lei no tempo, quais sejam a obrigatoriedade da lei – preceito que tem a ver com a imperatividade da norma, dentro da sua vigência e eficácia, da sua continuidade, pois a norma continuará em vigor até que seja revogada por outra de forma tácita ou expressa e também o da irretroatividade da lei, aonde a mesma terá efeito imediato e não retroativo (salvo os casos específicos); a própria Constituição Federal nos diz que a "lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu".

Critérios para solucionar o conflito de leis no tempo: o das disposições transitórias e o dos princípios da retroatividade e irretroatividade da norma. É retroativa a norma que atinge efeitos de atos jurídicos praticados sob a égide da norma revogada. É irretroativa a que não se aplica às situações constituídas anteriormente. Não se pode aceitar esses princípios como absolutos, pois razões de ordem político-legislativa podem recomendar que, em determinada situação, a lei seja retroativa, respeitando o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, art. 6º, §§ 1º e 2º). A lei, contendo um comando geral, uma vez em vigor, torna-se obrigatória para todos. Segundo o art. 3º da LINDB. Obrigatoriedade ninguém se escusa de cumpri-la, alegando que não a conhece. Tal dispositivo visa garantir a eficácia global da ordem das leis jurídica (teoria da necessidade social)5.

3 CAVALCANTE, Marcelo. Lei de Introdução ao Código Civil. Web Artigos; 06/02/2008. 4 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. Parte Geral. Editora Saraiva, 34ª edição, 2007, p.29. 5 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado. Vol. 1; São Paulo: Editora Saraiva; 2013; p. 77.

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De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello “Princípio é, por definição, mandamento nuclear de

um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que irradia sobre diferentes normas compondo lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico”6.

Os princípios são a coluna vertebral do Direito, tudo inicia-se deles e tudo neles se encerra. Os princípios processuais são a estrutura básica de todo o processo.

Assim, no plano da teoria geral do processo podemos classificar os princípios como sendo os princípios processuais gerais ou princípios fundamentais que se divide em constitucional e infraconstitucional e nos princípios informativos.

Princípios Processuais Gerais ou Princípios Fundamentais7 Os princípios constitucionais são aqueles que podemos localizar na Constituição enquanto que os

princípios processuais infraconstitucionais podem ser localizados nas normas infraconstitucionais. Cumpre ressaltar que os princípios ora apresentados não devem ser vistos como os únicos já que a

evolução do ser humano e a evolução do direito nos permite que essa apresentação, com o passar dos tempos, sofra modificações.

Princípios Constitucionais Processuais Baseada na democracia, a Constituição Federal, promulgada em 05 de outubro de 1988, utiliza

diversos instrumentos que visam proteger a liberdade e o direito de todos. Dentre esses instrumentos podemos ressaltar aqueles que visam tutelar os direitos fundamentais do homem tratam-se de instrumentos processuais.

1. Princípio do Devido Processo Legal O Princípio do Devido Processo Legal, uma vez inserido em nosso texto constitucional condiciona a

atuação dos três Poderes, seja em matéria criminal e civil quanto no âmbito administrativo. Tal Princípio estaria inserido em um contexto mais amplo, qual seja: das garantias constitucionais do

processo, apresentando dois sentidos, significando “o conjunto de garantias de ordem constitucional, que de um lado asseguram às partes o exercício de suas faculdades poderes de natureza processual e, de outro, legitimam a própria função jurisdicional”.

No sentido formal, o princípio do devido processo legal, versa acerca da efetiva possibilidade da parte ter acesso à justiça, em sentido material ou substantivo que visam garantir o direito material em si.

2. Princípio da Igualdade O Princípio da Igualdade encontra-se inserido na nossa Constituição Federal no Artigo 5º, e é

considerado pelos doutrinadores como um dos princípios fundamentais da democracia. Trazendo esse princípio para o âmbito do Direito Processual entendemos que o juiz deverá dar o

mesmo tratamento para os litigantes, conforme prevê o art. 125, I do Código de Processo Civil, que dispõe:

6 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Elementos de Direito Administrativo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1991, p. 230. 7 Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10180&revista_caderno=21, Acesso em: 18/06/2015.

2 Princípios Constitucionais e Infraconstitucionais do Processo

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Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento; Importante esclarecer que essa igualdade de tratamento não se refere somente à igualdade formal,

mas principalmente à igualdade material. Enalteça-se porém que apesar de algumas normas jurídicas que podem parecer estarem afrontando

o princípio, na realidade estariam utilizando a ideia de igualdade material, tais como algumas prerrogativas encontradas no Direito Processual Civil. A exemplo do tema, podemos citar o artigo 188 do Código de Processo Civil, o qual determina:

“Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a

parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.” Ilustre-se que essa diferenciação existe em razão da dificuldade que tais partes específicas encontram

para apresentar suas contestações e os seus recursos, sendo assim, busca-se estabelecer o equilíbrio e a igualdade determinando um prazo maior do que o normal.

3. Princípio do Contraditório e o Princípio da Ampla Defesa O Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa, na realidade, trata-se de uma das facetas do Princípio

do Devido Processo Legal que também se encontram consolidados em nossa Carta Magna em seu artigo 5º:

“LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados

o contraditório e a ampla defesa, com os meios e os recursos a eles inerentes;” É importante destacar que apesar desses princípios, encontrarem-se juntos, no mesmo inciso

constitucional, existe uma grande distinção entre eles. Podemos fundamentar o Princípio do Contraditório na expressão audiatur et altera pars (ouça-se a

parte contrária), expressão a qual visa garantir a ciência bilateral de todos os atos e termos processuais e que tem como objetivo garantir a efetivação do binômio informação e reação.

O Juiz coloca-se entre as partes de forma equidistantes, em razão de sua imparcialidade. Assim, a ambas as partes serão ouvidas e apresentarão suas teses, e somente deste modo o magistrado poderá fazer sua síntese, decidir.

Assim, o direito ao contraditório é a oportunidade que os sujeitos de direito tem de se manifestarem acerca do fato e/ou do direito que está sendo questionado, em igualdade de condições, seja no âmbito judicial ou no âmbito administrativo, em um determinado momento com o objetivo de assegurar-lhes o trinômio vida-liberdade-propriedade.

O Princípio do Contraditório não admite nenhuma exceção. Por sua vez o Princípio da Ampla Defesa tem como fundamento o direito de alegar fatos relevantes

juridicamente e a possibilidade de comprová-los por quaisquer meios de prova em direito permitido. Podemos assim concluir que, para que a parte possa usufruir desses dois princípios em tela é

necessário que se tenha ciência dos atos praticados pela outra parte e ainda pelo juiz da causa. 4 Princípio da Publicidade dos Atos Processuais A nossa Carta Magna traz ainda uma garantia processual que é a publicidade dos atos processuais

inserida no artigo 5º, LX e art. 93, IX, conforme podemos observar: “LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o

interesse social o exigirem; Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da

Magistratura, observados os seguintes princípios: (...) IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as

decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes;”

Esse princípio apresenta duas nuances: a primeira e dar conhecimento dos atos processuais aos

litigantes. O segundo aspecto refere-se a dar o conhecimento à sociedade da atuação do Judiciário e aqueles que, por ventura, tenham interesse na causa em litígio possam se manifestar.

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O nosso ordenamento jurídico adota o princípio da publicidade dos atos processual restrita, tendo em vista que, apesar da possibilidade de acesso público ao processo, existem alguns casos em que o interesse público, exige que sejam resguardadas as partes e os atos processuais naquele processo específico.

Senão vejamos: “Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos: I - em que o exigir o interesse público; Il - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio,

alimentos e guarda de menores. Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes

e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite.”

O princípio da publicidade é uma forma de controle externo do Poder Judiciário de tal sorte que toda a

sociedade pode participar. Anteriormente, a dificuldade ao acesso aos processos era grande, ficando restrito aos advogados. Porém, com a informatização dos Tribunais, as informações passaram a ser acessadas da casa de qualquer indivíduo da sociedade de tal sorte que a informatização veio auxiliar na divulgação dos atos processuais e num controle externo mais eficaz.

5. Princípio da Inafastabilidade do Judiciário ou do Direito de Ação Conforme o art. 5º, XXXV, temos que: “XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;” Por esse comando constitucional não temos como impedir que o jurisdicionado vá ao juízo pleitear o

que entende como sendo o que lhe é devido. A análise detalhada desse inciso, com base no Princípio da Inafastabilidade do Judiciário, percebemos a existência de duas hipóteses em que são se pode afastar o Judiciário do pleito dos litigantes. Em primeiro lugar, não se pode criar normas jurídicas que visam dificultar ou impedir o acesso dos litigantes; e em segundo lugar, não se pode impedir que o próprio litigante venha a deixar de ingressar em juízo pleiteando o que entende por certo.

Deste modo, em decorrência do princípio aqui tratado, o juiz não poderá deixar de julgar nenhum

processo alegando obscuridade ou lacuna na norma jurídica. Assim, dita o artigo 126 do Código Processual Civil:

“Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No

julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito.

6 Princípio da Inadmissão da Prova Ilícita ou Princípio da Proibição da Prova Ilícita O art. 5º, LVI da Constituição Federal, determina que: “LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;” A matéria do princípio aqui tratado é bastante controvertida, todavia, adotados a Teoria dos Frutos da

Árvore Envenenada inspirada na teoria norte-americana “fruits of the poisonous tree" que determina que a prova obtida mediante violação de norma jurídica irá contaminar todas as demais provas obtidas a partir daquela. Essas provas chamamos de provas consideradas ilícitas por derivação. A teoria contraria o pensamento de que os fins justificam os meios, aqui o que se entende é que não podemos utilizar uma prova obtida de forma ilícita, senão estaríamos sendo coniventes com a forma de aquisição dessa prova, contrariando assim os direitos individuais e às vezes, até resguardados constitucionalmente. Frise-se que as provas ilícitas não são aceitas, tanto as originárias, quanto as derivadas, pois caso essas provas fossem aceitas, estaríamos promovendo e incentivando condutas ilícitas o que na faz sentido.

7 Princípio do Duplo Grau de Jurisdição ou Princípio da Recorribilidade Apesar do Princípio do Duplo Grau de Jurisdição, não vir de forma expressa na Constituição a sua

previsão encontra-se de forma implícita através de diversos artigos, dentre eles: “Art. 5º. (...)

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LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.”

Com o advento da Súmula Vinculante autorizada constitucionalmente por nossa Carta Magna por meio

da Emenda Constitucional no. 45 entendemos que esse princípio foi mitigado, contudo para os demais processos ele continua nos trazendo essa segurança jurídica. Dessa maneira, o nosso ordenamento jurídico passou a utilizar o Princípio do Duplo Grau de Jurisdição Restrito, entendendo o Supremo Tribunal Federal que se trata de um princípio implícito à Constituição Federal.

O Princípio do Duplo Grau de Jurisdição nos traz a possibilidade de revisão, mediante o recurso cabível, das causas já julgadas pelo juiz de primeiro grau (ou primeira instância). Dessa forma, esse princípio nos garante a possibilidade de revisão por uma instância superior.

8 Princípio do Juiz Natural O princípio encontra-se presente na Constituição Federal, nos seguintes artigos: “Art. 5º (...) XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; (...) LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;” Além da vedação da criação de tribunais de exceção temos a garantia de que somente poderemos ser

julgados por órgão preexistente e pelos membros desse órgão devidamente investido de jurisdição. O Princípio do Juiz Natural acaba se desdobrando em três conceitos distintos, vejamos: - Órgãos Competentes: Somente são órgãos jurisdicionais aqueles que foram instituídos pela

Constituição Federal; - Órgãos Pré-Constituídos: Ninguém pode ser julgado por órgão que tenha sido criado ou constituído

após a ocorrência do fato; - Juízes Competentes: Entre os juízes pré-constituídos temos uma ordem de competência específica

de tal sorte que além de ser já um juiz é preciso que tenha competência específica para analisar aquele caso concreto.

O Juiz é considerado competente quando, no âmbito de suas atribuições, tem poderes jurisdicionais sobre a causa.

9 Princípio da Motivação das Decisões Judiciais ou Princípio da Fundamentação das Decisões

Judiciais Esse princípio está expressamente previsto em nossa Constituição Federal: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da

Magistratura, observados os seguintes princípios: (...) IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as

decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes;

Tal Princípio dispõe que o juiz tem liberdade de escolher como irá interpretar, quais das técnicas de

interpretação é a mais cabível naquele caso. Todavia, a liberdade dada ao juiz fica limitada no sentido que é necessário informar no processo qual foi o raciocínio utilizado.

Esse princípio nos resguarda dos arbítrios e desmandos que poderiam vir a ocorrer nas decisões judiciais, caso não houvesse essa garantia da necessidade da motivação das decisões judiciais e ainda já determinando que caso esse princípio seja ferido essa decisão será considerada nula.

10 Princípio da Segurança Jurídica O princípio aqui tratado se encontra expresso em nossa Carta Magna, inserido no art. 5º e é

considerado uma cláusula pétrea. No âmbito processual a ideia de segurança jurídica encontra-se firme na coisa julgada. Essa

exteriorização da segurança jurídica como a coisa julgada merece ressalva posto que conforme a situação, apesar da decisão final ter ocorrido não queremos manter uma mentira e sim a verdade. Dessa forma se ficar comprovado que a coisa julgada formada refere-se a uma situação falsa, essa pode ser revista, dentro dos critérios existentes para que isso ocorra, como por exemplo, a possibilidade da utilização da Ação Rescisória.

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11 Princípio da Celeridade ou Princípio da Brevidade ou Princípio da Tempestividade ou Garantia à tutela jurisdicional sem dilações indevidas

Tal princípio encontrava-se assegurado nas normas infraconstitucionais, sendo previsto inclusive punições processuais no caso de apresentarem recursos meramente protelatórios, dentre outras possibilidades.

Com a Emenda Constitucional no. 45 o art. 5º., LXXVIII passou também a referir-se a essa garantia, sendo assim: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

Em decorrência desse princípio o Poder Judiciário, pelos seus diversos órgãos e em específico pelo Conselho Nacional de Justiça, tem buscado soluções para acelerar a realização do processo, como a informatização de todos os tribunais para poder implementar o processo eletrônico.

12 Princípio da Efetividade do Processo Efetividade significa a capacidade de se produzir efeitos. De tal forma, ao analisarmos sob o ângulo

processual, podemos afirmar que a efetividade processual é a capacidade que o processo tem de assegurar o objetivo a que se propõem. É necessário contudo, que o processo disponha de instrumentos adequados para a realização do objetivo a que se propõem.

Para Bedaque há necessidade de observarem-se as normas processuais, mas essa precisa estar em conformidade com a técnica processual, vejamos:

A técnica processual tem dois grandes objetivos: a) conferir segurança ao instrumento, no sentido de proporcionar absoluta igualdade de tratamento aos sujeitos parciais do processo; b) garantir seja a tutela jurisdicional, na medida do possível, resposta idêntica à atuação espontânea da regra de direito material, quer o ponto de vista da justiça da decisão, quer pelo ângulo da tempestividade.

O Estado é detentor de um único poder qual seja a pacificação da ordem social e o exerce de diversas

maneiras, as quais levam o nome de funções do estado. Entre elas, temos a JURISDIÇÃO que é a função do Estado de solucionar conflitos de interesses (lide ou litígio) aplicando as leis aos casos concretos, os quais lhe são submetidos.

Com o passar dos tempos, o conceito de jurisdição passou por diversas modificações sendo que podemos abstrair seu conceito precípuo do latim: juris, "direito", e dicere, "dizer", que significa dizer o direito através dos membros do poder judiciário.

De acordo com Fredie Didier Jr. “a jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial de realizar o Direito de modo imperativo e criativo, reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas concretamente deduzidas, em decisão insuscetível de controle externo e com aptidão para tornar-se indiscutível”8

Jurisdição é um poder do Estado, que impõe de forma imperativa suas regras e suas decisões. O poder jurisdicional compõe o tríplice aspecto estatal, isto é, executivo, administrativo e judiciário.

A jurisdição também tem um aspecto criativo, visto que permite a aplicação concreta da lei, que não consegue trazer em seu bojo todas as situações fáticas existentes, necessitando de análise do caso concreto.

8 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil introdução ao direito processual civil e processo de conhecimento, volume 1, 15ª edição, Juspodium, 2014, p. 103.

3 Jurisdição: Contenciosa, Voluntária, Individual e Coletiva

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Jurisdição é o que permite a aplicação técnica da lei e a garantia de que todos os conflitos poderão ser analisados e resguardados pelo direito.

Atualmente temos jurisdição como poder-dever do Estado de solucionar conflitos de interesses e o faz mediante uma atividade substitutiva – o Estado substitui a vontade das partes, caso elas não consigam alcançar a autocomposição.

Importante se faz destacar, que a função jurisdicional do Estado (jurisdição) só pode ser exercida mediante provocação, isto é; os conflitos de interesses só serão solucionados pelo Estado quando forem levados, pelos conflitantes, à sua apreciação.

Desta forma, estabelece o Código de Processo Civil

LIVRO I DO PROCESSO DE CONHECIMENTO

TÍTULO I DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO

CAPÍTULO I DA JURISDIÇÃO

Art. 2º Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer,

nos casos e forma legais. Consequentemente, temos que a jurisdição é exercida por um terceiro são estranho a relação

conflituosa, o qual garante imparcialidade à solução do litígio, vez que, o que impera é o que está previsto na lei e não a vontade de um ou de outro conflitante. Esse terceiro estranho à relação conflituosa, conforme prescreve o dispositivo legal acima é o Juiz, membro do Poder Judiciário, investido dessa condição através de todos os requisitos presentes no Art. 93, I, da Constituição.

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da

Magistratura, observados os seguintes princípios: I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas

e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação;

CARACTERÍSTICAS A jurisdição é revestida de diversas características que lhe são próprias e são justamente essas

características próprias que a diferencia das demais funções do Estado. São elas: a) Definitividade: as decisões judiciais após certo tempo alcançam o caráter definitivo. Isso quer dizer

que não poderão ser modificadas ou discutidas; b) Substitutividade: as decisões judiciais substituem a vontade das partes conflitantes consentindo

ao conflito uma solução imparcial; c) Imperatividade: as decisões judiciais por substituírem a vontade das partes, obrigam os

conflitantes. d) Inafastabilidade: um conflito levado a apreciação jurisdicional não pode deixar de ser solucionado,

mesmo que o magistrado, porventura, alegue que não exista legislação que possa ser a ele aplicada. Essa característica está garantida no Art. 5º, XXXV da Constituição Federal:

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. e) Indelegabilidade: a jurisdição só pode ser exercida pelo Poder Judiciário, sob pena incorrer ofensa

ao princípio constitucional do juiz natural; f) Inércia: o Estado só solucionará o conflito de interesse quando provocado. Esta característica está

prevista no Art. 262 do Código de Processo Civil.

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Art. 262 O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial; CLASSIFICAÇÕES DA JURISDIÇÃO A Jurisdição como uma função do Estado é una e indivisível, mas pode assumir determinadas

classificações de acordo com o teor do litígio ao qual será aplicada: a) Quanto ao objeto - jurisdição civil ou jurisdição penal: Temos essa classificação de acordo com

o direito material que envolva a lide. Em casos de litígios que tenham a natureza civil - que é exercida pelas justiças estadual, federal, eleitoral e trabalhista - temos a jurisdição civil; já nos casos de litígios que envolvam pretensões punitivas e que tenham natureza penal temos a jurisdição penal.

b) Quanto ao tipo de órgão que a exerce - jurisdição especial ou comum: Temos essa classificação de acordo com os critérios de competência estabelecidos pela Constituição Federal. É também uma divisão doutrinária a qual estabelece as competências das “Justiças”: eleitoral, militar, cível, trabalhista, penal e federal.

c) Quanto à hierarquia: jurisdição superior e inferior: Temos essa classificação de acordo com a hierarquia dos órgãos jurisdicionais, os quais estabelecem o duplo grau de jurisdição. A jurisdição superior é exercida pelos órgãos aos quais são opostos os recursos contra as decisões proferidas por juízes inferiores e a jurisdição comum é exercida pelos órgãos que têm competência originária para conhecerem as lides.

d) Jurisdição de direito ou de equidade: Jurisdição de direito é aquela em que o juiz decide o conflito com base no ordenamento jurídico. Porém, nem sempre, temos a solução no direito posto. Isso quer dizer que pode ocorrer de o magistrado não conseguir basear sua decisão pela falta de legislação específica para um conflito específico e neste caso, como nenhuma lide pode ser deixada de ser apreciada, ele o fará por equidade, fora dos limites impostos pelo ordenamento jurídico. Essa é a jurisdição por equidade.

e) Jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária: O Código de Processo Civil traz essa divisão mas não existe um consenso entre os autores. É a parte da jurisdição que vai tratar da lide que é o conflito de interesse qualificado por uma pretensão resistida. A jurisdição que cuida de solucionar os conflitos de interesses propriamente ditos é a jurisdição contenciosa. Em contrapartida, há outra jurisdição que não tem o escopo de solucionar lides, mas sim administrá-las, a qual chamamos de jurisdição voluntária O que diferencia essas duas espécies de jurisdição é justamente a existência de lide ou não.

Art. 1º A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional,

conforme as disposições que este Código estabelece. JURISDIÇÃO CONTENCIOSA é aquela que tem a função específica de promover a paz social

justamente porque o Estado intervém na relação conflituosa (quando provocado) promovendo melhor solução ao litígio de acordo com a legislação mais pertinente ao caso. Está disciplinada no Código de Processo Civil dos artigos 1º ao 1.102c. Nesta espécie de jurisdição temos a substituição da vontade dos litigantes por uma decisão judicial, processo, lide ou litígio, partes e coisa.

Pela jurisdição contenciosa, qualquer tipo de sentença pode ser prolatada, inclusive uma sentença homologatória.

JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA, também conhecida como jurisdição graciosa ou jurisdição de

administração pública de interesses privados é aquela em que o Estado não promove a solução do litígio substituindo a vontade das partes pela lei, mas sim promove uma prestação para que o direito de um ou de ambos os interessados, seja resguardado. Em outras palavras, a jurisdição voluntária “é atividade resultante de negócio jurídico que se exige um ato do Estado, para que o negócio se realize ou complete”. Nesta espécie de jurisdição temos procedimento, controvérsia e interessados.

Existem situações que mesmo que não haja conflito de interesse, o Estado participa para garantir que o que se pretende, atinja os seus regulares efeitos. É a chamada atividade integrativa do Estado que integraliza um acordo de vontades formalizado por duas pessoas ou mais interessadas.

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Nos casos submetidos à jurisdição voluntária a decisão proferida sempre será uma sentença homologatória porque o Estado sempre vai homologar um acordo.

PROBLEMÁTICA DA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

Muito se questiona sobre o que é e qual a importância da jurisdição voluntária exercida pelo Estado.

De acordo com o que foi visto anteriormente temos que a jurisdição voluntária é a administração pública de interesses privados pelo Estado. A problemática da jurisdição voluntária está no próprio conceito de jurisdição que tem em si a necessidade da existência de um litígio. Se nela não há um conflito e sim, apenas uma controvérsia, como o Estado poderá intervir para promover a pacificação social?

Esta questão começa a ser esclarecida com no Novo Código de Processo Civil – em vacatio legis. Nele teremos a modificação da denominação de jurisdição voluntária para jurisdição não contenciosa que poderá ser entendida como a “ratificação de atos entre as partes de forma voluntária e harmoniosa, que são trazidas ao mundo jurídico para que ganhem força de exigibilidade”.

PRINCÍPIOS; São os princípios da jurisdição: a) Inércia: existe a necessidade de provocação do poder Judiciário para que ele exerça jurisdição –

Art. 262, Código de Processo Civil. Art. 262. O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. b) Investidura regular: não é exclusivo do processo. Emana do direito administrativo porque para que

o juiz se torne um juiz natural é necessário primeiramente que ele seja investido da condição de juiz através de todos os requisitos presentes no Art. 93, I, da Constituição Federal.

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da

Magistratura, observados os seguintes princípios: I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas

e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação.

c) Aderência ao território: o magistrado vai estar aderido ao território, à sua área de atuação, naquela

limitação territorial que ele tem; d) Princípio da Improrrogabilidade: não há prorrogação de competência: o juiz não pode aumentar

sua área de atuação. Está diretamente ligado ao princípio da aderência ao território; e) Inamovibilidade: o juiz não pode ser removido de sua base territorial por forças políticas. Está

consagrado no Art. 95, II da Constituição Federal. Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII.

JURISDIÇÃO CONTENCIOSA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA Substituição da vontade das partes por uma decisão

judicial NÃO substituição da vontade das partes

por uma decisão judicial Processo Procedimento Lide ou Litígio (conflito) Controvérsia/ausência de lide Partes Interessados Sentenças: declaratória, constitutiva, condenatória,

mandamental, executiva ou homologatória. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA

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f) Indeclinabilidade: o magistrado não pode declinar processos. Uma vez sendo o juiz competente, sem estar em impedimento e suspeição não pode declinar o processo recebido- Constituição Federal, art. 5º, XXXV

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. g) Indelegabilidade: uma vez investido de jurisdição, o juiz não pode delegar sua função para outra

pessoa; h) Adstrição entre a sentença e a demanda: uma vez feita a petição inicial, o juiz fica adstrito a ela,

ou seja, o juiz só pode julgar de acordo com o que foi pedido sob pena de se cometer um julgamento extra, cita ou ultra petita;

j) Juiz natural: Ligado ao princípio da indeclinabilidade, diz respeito ao direito que qualquer um do povo tem a uma apreciação independente e imparcial. Está consagrado no Art. 5º, inciso XXXVII da Constituição Federal.

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção EQUIVALENTES JURISDICIONAIS (AUTOTUTELA, AUTOCOMPOSIÇÃO, MEDIAÇÃO E

ARBITRAGEM) Já vimos que o Estado é detentor de um único poder qual seja a pacificação da ordem social. Porém,

esta pacificação social nem sempre foi proclamada por ele. Houve tempos em que se fazer justiça com as próprias mãos era permitido e a lei do “Olho por Olho e Dente por Dente” deveria ser respeitada.

Com a evolução dos povos e do Direito, o conceito de que não existe convívio social sem regras foi ganhando força até que se chegou justamente ao paradigma de que o Estado é o responsável em promover a paz social.

Autotutela A autotutela é considerada a forma mais primitiva de uma espécie primária à composição de conflitos,

pois sua prática é comum na ausência de um Estado soberano e organizado. Consiste na solução dos conflitos entre as partes, por meio de ação direta de uma delas, geralmente com a imposição de vontade, prevalecendo àquela do mais forte, constituindo assim uma defesa, por meios próprios dos direitos os quais se presume ter.

Frise-se, contudo, que a autotutela é um instituto repelido pelo direito moderno, pois contraria a figura monopolista do Estado, qual seja a de exercer com exclusividade a jurisdição. Todavia, existem hipóteses nas quais este instituto subsiste quando da aplicabilidade do direito. São as hipóteses em que o ofendido careça agir de imediato para afastar uma injusta agressão que esteja ocorrendo ou ainda que esteja na iminência de ocorrer, devendo, todavia, estarem presentes a proporcionalidade e o imediatismo. Podemos citar como exemplo o estado de necessidade e a legítima defesa (artigo 23 do Código Penal, incisos I e II). Portanto, em regra, a autotutela é vedada pelo ordenamento pátrio, salvo as hipóteses em que o ofendido necessite agir imediatamente para repelir uma injusta agressão que esteja ocorrendo, ou ainda que esteja na iminência de ocorrer.

Autocomposição A autocomposição é o ajuste de vontades, no qual uma das partes abre mão de seus interesses ou de

parte deles, estabelecendo uma solução adequada ao caso, contudo sem a participação do Estado. Considerada uma evolução da autotutela, em tal modalidade de composição de litígio, as partes envolvidas não se sujeitam ao cumprimento de uma decisão de maneira coercitiva com o uso da força.

É preciso esclarecer que apesar de instituto pouco primitivo, atualmente ainda existe previsão em nosso ordenamento jurídico, para esse formato de composição de litígios que se apresenta sob três formas de acordo com o artigo 269 do Código Processual Civil:

- A renúncia: a parte cujo direito material foi violado renuncia sua pretensão ao bem da vida por mero desinteresse. (inciso V)

- O reconhecimento jurídico do pedido: pode ser analisado como o inverso da renúncia em razão de que em tal hipótese a pretensão alegada pelo Autor é confirmada pelo Réu que se submete aos ditames legais para fazer valer a entrega do bem da vida ao seu titular. (inciso II)

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- A transação: também conhecida como acordo entre as partes. Nesta forma de acordo, o Autor renuncia parte de sua pretensão material enquanto o Réu reconhece a procedência, em parte, do que foi pleiteado. (inciso III)

Mediação Na mediação, denominada como meio consensual e voluntário na solução do conflito de interesses,

existe a intervenção de um terceiro (denominado mediador), que se põe no conflito para auxiliar as partes a chegarem à autocomposição.

A figura do mediador se apresenta revestida de independência e imparcialidade, com formação técnica ou ainda experiência adequada à natureza do conflito. A função do mediador é facilitar a comunicação das partes, para que haja a solução das divergências e também a composição de acordos com base no interesse das partes. Importante, todavia que o poder decisório cabe unicamente às partes e não ao mediador

Arbitragem A arbitragem é regulamentada pela Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996. É um equivalente

jurisdicional polêmico pouco explorado no Brasil. No Direito Brasileiro, a decisão arbitral, em regra, não pode ser discutida no Poder Judiciário, nem precisa de homologação para ser exigida, tendo assim como maior vantagem, a celeridade. Pode, porém a sentença ter força de decisão judicial como se fosse uma sentença de mérito se homologada pelo judiciário, caso contrário, a decisão proferida só terá eficácia se for aceita entre as partes envolvidas.

ESTRUTURA CONSTITUCIONAL (PODER JUDICIÁRIO, ORGANIZAÇÃO JUDICIARIA,

ATIVIDADE JURISDICIONAL, ATIVIDADES ESSENCIAIS À JUSTIÇA) Como vimos, o Estado é detentor de um único poder qual seja a pacificação da ordem social e o exerce

de diversas maneiras, as quais levam o nome de funções do estado. Entre elas, temos a JURISDIÇÃO que é a função do Estado de solucionar conflitos de interesses (lide ou litígio), aplicando as leis aos casos concretos que lhe são submetidos.

Para exercer jurisdição, o Estado lança mão de um de seus poderes, e, no caso o Poder Judiciário, conforme estabelece a Constituição Federal:

TÍTULO I

DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o

Judiciário. Exerce sua função jurisdicional, o Poder Judiciário, por intermédio de seus órgãos, os quais são

chamados de jurisdicionais, judiciais ou judicantes que estão determinados na Constituição Federal e pelas Constituições Estaduais.

4 Órgãos da Jurisdição

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O Artigo 92 da Constituição Federal dita quais são os órgãos que formam a estrutura do Poder Judiciário.

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal; I-A o Conselho Nacional de Justiça; II - o Superior Tribunal de Justiça; III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares; VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede

na Capital Federal. § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional. Desta forma, podemos vislumbrar que o Poder Judiciário está dividido por diversos órgãos que têm a

função de garantir que a função jurisdicional seja emanada a todos. Como órgão máximo do judiciário, temos o Supremo Tribunal Federal, localizado em Brasília – DF e

criado pelo Decreto n. 848/1890. É composto por onze ministros com idade entre trinta e cinco e sessenta e cinco anos de idade, dotados de notável saber jurídico e reputação ilibada conforme dispõe o Art. 101 da Constituição Federal.

Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

Exerce jurisdição sobre todo o território nacional tanto com competência recursal quanto com

competência originária de acordo com o previsto no Art. 102, I a III da mesma legislação. Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-

lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação

declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;

e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;

f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;

g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; h) (Revogado) i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for

autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;

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m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais;

n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;

o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do

Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;

r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; II - julgar, em recurso ordinário: a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em

única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; b) o crime político; III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando

a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Além, temos o Conselho Nacional de Justiça, instituído pela Lei Nº 11.364, de 26 de outubro de

2006. É composto por quinze membros quais sejam o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministros do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Superior do Trabalho, desembargador do Tribunal de Justiça e juiz estadual; juízes do Tribunal Regional Federal e do Tribunal Regional do Trabalho, membros do Ministério Público da União e do Estado e ainda dois advogados e dois cidadãos que possuam notório saber jurídico e reputação ilibada. Todos os integrantes do Conselho Nacional de Justiça são nomeados pelo Presidente da República, depois dessa nomeação ser aprovada pelo Senado Federal. Tem como finalidade exercer controle sobre as atividades administrativa e financeira do próprio Poder Judiciário, bem como os deveres previstos pelo Estatuto da Magistratura (Lei Complementar n. 35/1979) e pelo artigo 103-B, §4º I a VII da Constituição Federal.

Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2

(dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal III um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal; IV um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal V um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; X um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República; XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre

os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual; XII dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos

Deputados e outro pelo Senado Federal. § 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências

e impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal. § 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de

aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. § 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo

Tribunal Federal

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§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:

I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;

II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União;

III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;

IV representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade;

V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano;

VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;

VII elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.

§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes:

I receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários; II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral;

III requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.

§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional de Justiça.

Também integra o rol dos órgãos do Poder Judiciário o Superior Tribunal de Justiça, o segundo

órgão do judiciário no quesito hierarquia. Assim como o Supremo Tribunal Federal, está sediado em Brasílio – DF. É composto por no mínimo trinta e três ministros nomeados pelo Presidente da República com idade entre trinta e cinco e sessenta e cinco anos, todos de notável saber jurídico e reputação ilibada conforme dispõe o Art. 104, parágrafo único da Constituição Federal.

Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros. Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da

República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo

I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;

II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.

Exerce jurisdição sobre todo o território nacional tanto com competência recursal e originária de acordo

com o previsto no Art. 105, I a III da mesma legislação. Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

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I - processar e julgar, originariamente: a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de

responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;

b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;

c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;

d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;

e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre

autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União;

h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;

i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; II - julgar, em recurso ordinário: a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou

pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou

pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do

outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais

Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras

funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e

orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante.

É importante ressaltar que dentre os seus membros, temos o chamado quinto

constitucional que são os membros escolhidos a partir dos tribunais estaduais e regionais, advogados e Ministério Público.

Temos ainda os Tribunais Regionais Federais que são órgãos de segunda instância da Justiça

Federal e que são compostos por no mínimo sete juízes federais, nomeados pelo Presidente da República, com mais de cinco anos de carreira. Na composição destes tribunais também temos o quinto constitucional. Atualmente o Poder Judiciário conta com cinco Tribunais Regionais Federais com sede em Brasília – DF, São Paulo – SP, Porto Alegre – RS, Recife – PE e Rio de Janeiro – RJ. Exercem jurisdição de acordo com suas respectivas regiões e possuem competência tanto recursal como originária conforme prevê o Art. 108 I e II da Constituição Federal.

Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:

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I - processar e julgar, originariamente: a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho,

nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;

b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal; e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal; II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no

exercício da competência federal da área de sua jurisdição. Integra cada região dos Tribunais Regionais Federais os Juízes Federais de cada Estado-Membro e

Distrito Federal. Cada Justiça Federal é constituída por uma Seção Judiciária que tem sede na capital do Estado-Membro a que pertence além de diversas comarcas conforme estabelece o Art. 110 da Constituição Federal.

Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por sede a respectiva Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei.

Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei.

Suas competências estão estabelecidas no Art. 109 do mesmo diploma legal. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na

condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;

IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema

financeiro e a ordem econômico-financeira; VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier

de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os

casos de competência dos tribunais federais; IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após

o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

XI - a disputa sobre direitos indígenas. § 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a

outra parte. § 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for

domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.

§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.

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§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

Além das Justiças Federais, fazem parte dos Tribunais Regionais Federais os Juizados Especiais

Federais e Turmas Recursais disciplinados pela Lei n. 10.259/01 além dos tribunais do júri. Outros órgãos que compõem o Poder Judiciário são os Tribunais e Juízes do Trabalho que são

divididos entre órgãos de primeiro Grau (Varas do Trabalho); de segundo grau (Tribunais Regionais do Trabalho) e de terceiro grau (Tribunal Superior do Trabalho) – Art. 111, Constituição Federal. Sua jurisdição e competência estão disciplinadas pelos Arts. 111-A a 116 do mesmo diploma legal.

Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: I - o Tribunal Superior do Trabalho; II - os Tribunais Regionais do Trabalho; III - Juízes do Trabalho. Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre

brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:

I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;

II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.

§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho. § 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho: I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre

outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão

administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.

Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.

Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho.

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da

administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II as ações que envolvam exercício do direito de greve; III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre

sindicatos e empregadores; IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver

matéria sujeita à sua jurisdição; V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;

VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de

fiscalização das relações de trabalho; VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos

legais, decorrentes das sentenças que proferir; IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas,

de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

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§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:

I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;

II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.

§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular. Os Tribunais e Juízes Eleitorais são outros órgãos que integram o Poder Judiciário, São compostos

por Juízes eleitorais, juntas eleitorais, Tribunais Regionais Eleitorais e pelo Tribunal Superior Eleitoral. Está disciplinada pelos Arts. 118 a 121 da Constituição Federal.

Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral: I - o Tribunal Superior Eleitoral; II - os Tribunais Regionais Eleitorais; III - os Juízes Eleitorais; IV - as Juntas Eleitorais. Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos: I - mediante eleição, pelo voto secreto: a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; ((A) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça; II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber

jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os

Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal. § 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: I - mediante eleição, pelo voto secreto: a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou,

não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável

saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. § 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente- dentre os

desembargadores. Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de

direito e das juntas eleitorais. § 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício

de suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis. § 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e

nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria.

§ 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança.

§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando: I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei; II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;

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III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; V - denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção. Também, os Tribunais e Juízes Militares compõem o Poder Judiciário e são compostos por juízes e

tribunais militares dentre eles os Conselhos Permanentes e Justiças, Auditorias (Exército – Marinha e Aeronáutica), além dos Conselhos Especiais de Justiça. Sua competência é especifica para o processamento e julgamento de crimes militares, conforme elenca os Arts. 122 a 124 da Constituição Federal.

Art. 122. São órgãos da Justiça Militar: I - o Superior Tribunal Militar; II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei. Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo

Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.

Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo:

I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional;

II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar.

Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar. Por fim, temos os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios que estão

disciplinados pelos Arts. 125 a 126 da Constituição Federal. Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta

Constituição. § 1º - A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização

judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. § 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos

normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.

§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes

§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.

§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares.

§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias.

Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio.

O primeiro grau destes órgãos são os juízes de direitos e do tribunal do júri e já o seu segundo grau

são os Tribunais de Justiça, os quais têm sede na capital de cada Estado Membro e Distrito Federal.

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Exercem jurisdição apenas em suas respectivas unidades da federação e suas competências estão estabelecidas na Constituição Federal, nas Constituições Estaduais, na Lei Orgânica do Distrito Federal e nas Leis de Organização Judiciária.

Para facilitar sua compreensão analise o quadro abaixo.

Esta é a estrutura do Poder Judiciário no Brasil. Além de ser estruturado, o Poder Judiciário também

é organizado. Vejamos. Organização judiciária diz respeito a tudo ao que envolve a constituição e atribuição dadas aos juízes,

tribunais, juízos órgãos auxiliares e as formas de investidura nos cargos, além dos princípios e regras que disciplinam cada item anteriormente relacionado.

Contêm-se, ainda, na organização judiciária os princípios e normas referentes às condições da disciplina geral do foro, assim como da disciplina especial dos juízos e dos seus auxiliares.

À Exemplo, a organização da Justiça Federal se dá pela Lei de Organização Judiciária Federal (Lei 5.010/66), a organização da Justiça Estadual se dá pelas Constituições Federais e Estaduais e isso nos leva a crer que o estudo de todas as leis que tratem de organização judiciária é de suma importância.

Apesar de estruturado e organizado, o Poder Judiciário não consegue exercer jurisdição sozinho. Para tanto ele necessita de colaboradores que realizem atividades essenciais à justiça. Essas atividades essenciais à justiça são desempenhadas por órgãos secundários do Poder Judiciário que também são conhecidos como órgãos auxiliares da Justiça ou serviços auxiliares da Justiça. Em suma, são aqueles que colaboram para a solução da lide, fazendo com que a prestação jurisdicional seja alcançada de forma pena.

Esses órgãos podem ser auxiliares permanentes, pois, atuam em todo e qualquer litígio (serventuários, cartórios, funcionários do judiciário); de encargo judicial uma vez que é composto por pessoas que eventualmente colaboram para a prestação jurisdicional (peritos, psicólogos, contadores) e auxiliares extravagantes que não compõem o Poder Judiciário, mas colaboram com suas atividades (correios, imprensa oficial, jornais).

Existem ainda os órgãos de foro extrajudicial, que desempenham suas funções de forma indireta no processo judicial. Estes são os registros públicos.

É importante ressaltar que o Ministério Público, as Advocacias Pública e Privada e as Defensoria Públicas (Estadual e Federal) também compõem estes órgãos que formam as atividades essenciais à Justiça.

O Ministério Público está disciplinado pela Lei Complementar 75/93 e pela Lei 8.625/93, as quais dispõem sobre suas normas relativas ao Ministério Púbico da União e dos Estados. Seus membros atuam como parte como fiscais da lei. Ainda, a Constituição Federal disciplina suas funções garantias e organização em seus Arts. 127 a 130-A.

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Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.

§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento.

§ 3º - O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.

§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º.

§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual.

§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.

Art. 128. O Ministério Público abrange: I - o Ministério Público da União, que compreende: a) o Ministério Público Federal; b) o Ministério Público do Trabalho; c) o Ministério Público Militar; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; II - os Ministérios Públicos dos Estados. § 1º - O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo

Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução.

§ 2º - A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal.

§ 3º - Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução.

§ 4º - Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.

§ 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros:

I - as seguintes garantias: a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial

transitada em julgado; b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado

competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa;

c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos Arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I

II - as seguintes vedações: a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; b) exercer a advocacia; c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; e) exercer atividade político-partidária; f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades

públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.

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§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no art. 95, parágrafo único, V. Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos

assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do

meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e

dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando

informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no

artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os

fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade,

sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. § 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de

terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei. § 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão

residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. § 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e títulos,

assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação.

§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93. § 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata. Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas aplicam-se as disposições

desta seção pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura. Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de quatorze membros nomeados

pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo:

I o Procurador-Geral da República, que o preside; II quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada uma de suas

carreiras; III três membros do Ministério Público dos Estados; IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça; V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos

Deputados e outro pelo Senado Federal. § 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público serão indicados pelos respectivos

Ministérios Públicos, na forma da lei. § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação administrativa e

financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo lhe:

I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;

II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;

III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a

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disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;

IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados julgados há menos de um ano;

V elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI.

§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério Público que o integram, vedada a recondução, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:

I receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos membros do Ministério Público e dos seus serviços auxiliares;

II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral; III requisitar e designar membros do Ministério Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar

servidores de órgãos do Ministério Público. § 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. § 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Ministério Público, competentes para receber

reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional do Ministério Público.

As advocacias pública e privada também têm o escopo de auxiliar a função jurisdicional do Estado

conforme dito anteriormente. A Advocacia Pública é composta pela Advocacia –Geral da União que tem a função de representar a União judicial e extrajudicialmente. Está disciplinada pela Lei Complementar 73/93 e pela Constituição Federal nos Arts. 131 e 132.

Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado,

representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.

§ 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

§ 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo far-se-á mediante concurso público de provas e títulos.

§ 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.

Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o

ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas.

Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias.

Já a Advocacia Privada é composta pelos Bacharéis em Direito ou em Ciências Jurídicas, inscritos

na Ordem dos Advogados do Brasil têm função indispensável à administração da justiça, conforme dita o Art. 133 da Constituição Federal.

Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e

manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Por fim, temos as Defensorias Públicas, tanto estaduais quanto federal como importante órgão auxiliar

da Justiça. Suas regras, funções e princípios estão na Lei Complementar 80/94, e nos Art. 5º, LXXXIV e 134 e 135, todos da Constituição Federal.

Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,

incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação

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jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.

§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.

§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º.

§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal. § 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência

funcional, aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal.

Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão

remunerados na forma do art. 39, § 4º. Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de

administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.

§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.

O vocábulo ação pode apresentar diversas acepções no campo do Direito Processual Civil, pois

costuma ser utilizado para se referir ao direito de ação, ao procedimento, à demanda e ainda, ao direito afirmado em juízo.

No que tange ao direito de ação, este é direito fundamental, cuja finalidade é garantir ao seu titular o poder de ingressar em juízo e exigir a tutela jurisdicional adequada. Para o presente estudo, importa a ação ou demanda, que é ato jurídico, bem como fato gerador do processo, sendo que o mesmo irá adequar-se às peculiaridades daquilo que for apresentado.

Doutrinariamente prefere-se nomear a ação de demanda, para evitar confusão entre os institutos relacionados. Lembrando que a demanda é ato jurídico.

Ao se estudar os elementos da ação (pedido, causa de pedir e partes), bem como outros institutos tais como concurso de ações, classificação das ações e cumulação de ações, deve-se ter em mente o ato jurídico (demanda) ou a ação exercida.

Assim, conceitua-se Ação como o direito de exigir do Estado a prestação jurisdicional, a solução de uma lide ou conflito. Outrossim, de acordo com a letrada professora Ada Pellegrini Grinover9, ação é: "direito ao exercício da atividade jurisdicional (ou o poder de exigir esse exercício). Mediante o exercício

9 CINTRA, Antônio Carlos de Araujo; GRINOVER, Ada Pellegrini e DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. São Paulo:Malheiros, 13 ed., 1997.

5 Ação: Conceito e Natureza Jurídica. Condições da Ação. Classificação das Ações

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da ação, provoca-se a jurisdição, que por sua vez se exerce através daquele complexo de atos que é processo":

Acerca do tema ação, o Código Processual Civil traz os seguintes artigos: Art. 3.º Para propor ou contestar ação é necessário ter interesse e legitimidade. Art. 4.º O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I - da existência ou da inexistência de relação jurídica; II - da autenticidade ou falsidade de documento. Parágrafo único. É admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito. Art. 5.º Se, no curso do processo, se tornar litigiosa relação jurídica de cuja existência ou inexistência

depender o julgamento da lide, qualquer das partes poderá requerer que o juiz a declare por sentença. Art. 6.º Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei. O direito de ação exige alguns requisitos indispensáveis que constituem um juízo de admissibilidade

para que seja apreciado pelo magistrado o mérito, requisitos estes denominados condições da ação, as quais serão abordadas a seguir:

CONDIÇÕES DA AÇÃO Para que uma ação seja proposta é necessário observar algumas condições, que permitirão o seu

curso regular. São elas: legitimidade ad causam, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido. a) Legitimidade de Partes, onde o autor da ação deverá ser o titular do direito em que se funda a

pretensão, ou seja, o indivíduo é legitimado pela lei para pleitear em juízo aquilo que lhe é devido. Assim, como regra geral, ninguém poderá ingressar em juízo em nome próprio direito que compete a terceiros.

b) Interesse de Agir, baseia-se na conveniência que a ação possa trazer um resultado útil, sendo avaliada a necessidade e a adequação da ação judicial. Cabe ao autor demonstrar que somente com a interferência do Poder Judiciário seu direito poderá ser satisfeito, ou seja, sem a intervenção do Poder Judiciário o direito não será satisfeito espontaneamente pelo réu.

Paulo Rangel sustenta que o interesse processual passa a ser uma necessidade de ir a juízo para reclamar alguma providência jurisdicional que se entenda devida.10.

c) Possibilidade Jurídica do Pedido: No que tange a esta condição cumpre observar que, o pedido deve estar em consonância com o ordenamento jurídico, pois deve ser certo, regular e possível, uma vez que o juiz irá apreciar pedido que não possua qualquer vedação legal.

Deste modo, inexistindo proibição legal, podemos dizer que o pedido aparentemente é possível se o mesmo encontra amparo na legislação.

Assim, para que seja possível, o pedido deve encontrar respaldo legal e não pode ser vedado por qualquer espécie de lei. Inobservada tal condição a ação será extinta sem resolução de mérito ante a impossibilidade jurídica do pedido.

Frise-se que a falta de qualquer uma dessas condições importará no final do processo (extinção do

feito), caso onde o juiz emitirá uma sentença cujo mérito não será apreciado, declarando por fim a carência da ação. Nestes casos poderá ser ajuizada outra ação sobre o mesmo conflito, corrigindo a falta anteriormente apresentada.

ELEMENTOS DA AÇÃO Os elementos da ação serão responsáveis para a individualização de cada ação e tem também como

finalidade evitar decisões contraditórias sobre a mesma lide. São elementos identificadores da ação: as partes, o pedido e a causa de pedir.

a) Partes Partes são os indivíduos que participam do contraditório perante o Estado-Juiz. O direito de ação é

atribuído ao titular de um interesse em conflito, este denominado autor, cuja pretensão será interposta

10 Direito Processual Penal, Ed.LumenJuris, 12ª edição, pág.251.

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em face de outrem, por sua vez denominado réu. O Ministério Público também poderá atuar como parte na relação processual ou apenas como custus legis, ou seja, fiscal da lei.

Deste modo, na ação há dois sujeitos, que são os mesmos da lide a que visa compor, um sujeito ativo, autor, e outro sujeito passivo, réu, ao quais são abrangidos pela denominação jurídica de partes.

De suma importância esclarecer que, em cada processo, as partes podem ser somente um sujeito, ou podem ser vários. Assim, quando existe mais de um indivíduo ocorre o litisconsórcio, ou seja, pluralidade de partes.

b) Causa De Pedir A causa de pedir é constituída dos fatos que deram origem ao conflito de interesses, ao litígio,

juntamente com os fundamentos jurídicos que demostram a violação do direito, justificando assim a pretensão do autor perante o juiz.

Podemos citar como fundamento à causa de pedir, o inadimplemento, a ameaça, a lesão, o dano, enfim, aquilo que autoriza o autor vir a juízo, para defesa de seu direito.

Acerca do tema, a teoria da Substanciação da Causa de Pedir foi adotada pelo direito processual brasileiro, a qual determina a existência dos fatos e dos fundamentos jurídicos como elementos da causa de pedir. A teoria pressupõe que magistrado conhece o direito sendo, importante, portanto, uma descrição fática adequada, haja vista, que o juiz irá decidir sobre o direito positivo11

Assim sendo, a fundamentação legal apresentada pelo autor não vincula o juiz, que poderá tomar a decisão através de sua livre convicção jurídica sobre o caso apresentado pelo autor.

c) Pedido Denominado mérito ou objeto, o pedido consiste na pretensão do autor, que é levada ao Estado/juiz e

esse presta uma tutela jurisdicional sobre esta pretensão. O pedido por sua vez, pode ser dividido em duas espécies: Pedido Imediato: É o desejo do autor de ter uma tutela jurisdicional. Pretensão dirigida para o próprio

Estado-Juiz, retirando-o da inércia e forçando uma providência jurisdicional. O Pedido Mediato: É o objeto da ação propriamente dito, o desejo do autor contra o réu, o desejo de

submissão do réu a pretensão jurídico levada ao judiciário, ou seja, o desejo sobre o bem jurídico pretendido.

O reconhecimento do direito é o pedido mediato. A condenação/ ressarcimento o pedido imediato. Podemos citar como exemplos de pedido: a indenização; os alimentos; o divórcio, etc. O Código Processual Civil trata do pedido nos artigos 286 a 294. Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados; II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato ilícito; III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. Art. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da prática de algum ato, tolerar alguma

atividade, prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação de pena pecuniária para o caso de descumprimento da sentença ou da decisão antecipatória de tutela (arts. 461, § 4o, e 461-A).

Art. 288. O pedido será alternativo, quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a

prestação de mais de um modo. Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz Ihe assegurará

o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.

Art. 289. É lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que o juiz conheça do

posterior, em não podendo acolher o anterior. Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no

pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.

11 Direito escrito, direito posto.

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Art. 291. Na obrigação indivisível com pluralidade de credores, aquele que não participou do processo receberá a sua parte, deduzidas as despesas na proporção de seu crédito.

Art. 292. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda

que entre eles não haja conexão. § 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação: I - que os pedidos sejam compatíveis entre si; II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. § 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a cumulação,

se o autor empregar o procedimento ordinário. Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os

juros legais. Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas acrescidas

em razão dessa iniciativa. (Redação dada pela Lei nº 8.718, de 14.10.1993) CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES A classificação das ações tem fins didáticos, isto é, permitir um melhor estudo da matéria em comento

e uma melhor compreensão das nuances judiciais. Pode-se classificar as ações pelo resultado que se pretende obter, contudo tal resultado é a expressão

do direito material pretendido e nosso ordenamento adota a teoria abstratista, sustentando a autonomia da ação em face do direito material pretendido.

Assim sendo, se mostra mais adequado classificar as ações de acordo com a atividade jurisdicional que será prestada, ou seja, o tipo de atividade que o juiz será chamado à exercer. Com base neste critério, identificam-se três tipos fundamentais de ação: de conhecimento ou cognitivas, execuções e cautelares

1- Ação de Cognição (Conhecimento) A ação de conhecimento é aquela que visa o acertamento do direito, uma vez que são empregadas

pelas partes para levar a conhecimento do juiz a pretensão de um direito; o qual decidirá acerca da lide de forma positiva ou negativa.

Nas ações de conhecimento o juiz somente irá proferir uma sentença depois de exauridas todas as dúvidas que permeiam o tema. Nessas ações, a possibilidade de produção de provas é ampla, seja para comprovar o direito, seja para negá-lo ou modificá-lo.

A ação de Cognição ou conhecimento pode se desdobrar em: a) Ação Condenatória, conceituada como a ação que visa não apenas a declaração do direito subjetivo

material do autor, mas também a condenação do réu na prestação de uma obrigação (sanção). Esta ação forma um título executivo.

b) Ação Constitutiva aquela que tem por finalidade, criar, modificar ou extinguir um estado ou relação jurídica. Além de declarar o direito da parte, esta ação, modifica ou extingue um estado ou relação jurídica material.

c) Ação Declaratória se destina apenas a declarar a certeza da existência ou inexistência de relação jurídica, ou de autenticidade ou falsidade de documento, carente de força de execução compulsória, embora com plena e efetiva força de coisa julgada, podendo ser movidas em caráter principal, ou incidental.

2- Ação de Execução A Ação de Execução busca a efetivação ou satisfação de um direito já acertado, obtendo coativamente,

o resultado prático equivalente àquele que o devedor deveria ter realizado com o adimplemento. Na Ação de Execução não se discute mais o direito, já que neste processo, o direito é liquido certo e exigível.

3- Ação Cautelar Esta ação tem por objetivo o acautelamento do processo, de forma a viabilizar a eficácia da prestação

jurisdicional. A função da Ação Cautelar é auxiliar e subsidiária ante as funções jurisdicionais da ação de conhecimento e de execução.

Com a ação cautelar não se compõe a lide e apenas se afasta o perigo de dano ao eventual direito subjetivo a ser tutelado jurisdicionalmente no processo principal, pois

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Nos termos do Glossário Jurídico do STF, “é uma ação para proteger um direito. Não julga, não tendo parte ganhadora ou perdedora, pois qualquer das partes poderá ganhar o processo subsequente, chamado de "principal".

Importante enaltecer que, a ação cautelar que se impõe, antes da principal, é chamada preparatória; e aquela que ocorre durante o trâmite processual da ação é denominada preventiva.

Processo é considerado método, isto é, o meio de compor a lide em juízo através de uma relação

jurídica vinculativa de direito público. É o instrumento da jurisdição, tendo em vista que é através dele é cumprida a função jurisdicional. Constitui-se de uma série de atos dos órgãos jurisdicionais, de atos dos seus sujeitos ativo e passivo, cuja participação é necessária, propensos ao cumprimento da função jurisdicional, que é a atuação da vontade da lei aos conflitos ocorrentes, ou seja da efetivação do direito.

O Procedimento por sua vez, é o meio pelo qual se desenvolve o processo, sendo, portanto,

denominado como a forma material com que o processo se realiza em cada caso concreto. É noção formal, é o meio pelo qual se instaura, desenvolve-se e termina o processo.

O código Civil dispõe as seguintes espécies de procedimento no Código de Processo Civil: -Comum (ordinário e sumário) (arts. 272 e ss. CPC). - Especial (arts. 890 e ss. CPC) O Procedimento Comum é aquele aplicado a todas as causas para as quais a lei não previu forma

especial (art. 271, CPC). Os procedimentos especiais no entanto, dizem respeito àquelas hipóteses que por contrariarem à regra comum, se acham previstas pelo legislador no Código de Processo Civil em seu Livro IV, artigo. 270, e ainda em outras leis extravagantes. Todavia, a própria lei processual (art. 272) se encarrega de subdividir o procedimento comum em ordinário e sumário.

Tutela antecipada é o ato do juiz, por meio de decisão interlocutória, que adianta ao postulante, total

ou parcialmente, os efeitos do julgamento de mérito, quer em primeira instância quer em sede de recurso. Visa essa figura jurídica, primordialmente, a acelerar e proporcionar uma maior efetividade à prestação

jurisdicional, diante da lentidão do curso normal do processo. Não se deve confundir com a medida cautelar, que busca resguardar algo no processo, enquanto a tutela antecipada tenta adiantar um direito que está visível.

O principal objetivo desse instituto foi de suprir a necessidade, que estava preocupando a consciência jurídica universal, para evitar o perigo da demora do processo, não deixá-lo transformar-se em providência inútil para cumprimento de sua função natural de instrumento de atuação e defesa do direito subjetivo material da parte vencedora.

Assim ensina Cândido Dinamarco: A técnica engendrada pelo novo art. 273 consiste em oferecer

rapidamente a quem veio ao processo pedir determinada solução para a situação que descreve, precisamente aquela solução que ele veio ao processo pedir. Não se trata de obter medida que impeça o perecimento do direito, ou que assegure ao titular a possibilidade de exerce-lo no futuro. A medida antecipatória conceder-lhe-á o exercício do próprio direito afirmado pelo autor.

Relativamente ao art. 461 o professor afirma: Oriundo do Código de Defesa do Consumidor, deve o art. 461 do Código de Processo Civil ser interpretado em sistema com o art. 83 daquele, segundo o qual

6 Processo. Conceito. Natureza Jurídica. Princípios Fundamentais. Pressupostos Processuais

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(mutatis mutandis) todas as espécies de ações são admissíveis, para a tutela jurisdicional nas obrigações de fazer ou não fazer. Esse preceito não está escrito no Código de Processo Civil, mas resulta claramente do seu sistema e da regra de adequação entre os provimentos jurisdicionais existentes e as situações de direito material a serem providas. Falar em todas as espécies de ações significa incluir as espécies de tutela que se obtêm no processo de conhecimento (constitutiva, condenatória ou meramente declaratória) e também a tutela executiva e a cautelar. O art. 461 situa-se no Livro do processo de conhecimento e precisamente no capítulo da sentença e da coisa julgada, mas isso não afasta a influência que terá na tutela executiva relacionada às obrigações de fazer ou não fazer.12

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela

pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. § 1o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu

convencimento. § 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento

antecipado. § 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas

previstas nos arts. 588, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A. § 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão

fundamentada. § 5o Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento. § 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados,

ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. § 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o

juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz

concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. § 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.

§ 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287). § 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do

provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada.

§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.

§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. § 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica,

fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. § 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a individualizará

na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.

12 DINAMARCO, Candido apud CAMPOS, Frederico. Tutela específica das obrigações de fazer ou não-fazer. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, III, n. 10, ago 2002. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4589>. Acesso em jul 2015.

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§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1o a 6o do art. 461.

Requisitos para a concessão da Tutela Antecipada Por força da Lei nº 8.952/94, foi introduzida na legislação processual civil brasileira, de uma forma

genérica, a antecipação da tutela definitiva de mérito. Prevista no artigo 273 do Código Processual Civil, a tutela antecipada é a conceituada como a

antecipação dos efeitos da sentença condenatória. Quando há a existência de obrigação urgente, essa poderá ser efetivada de modo a não prejudicar o autor, não devendo este ser submetido a morosidade da execução de sentença nos tramites do devido processo legal, adiantando ao postulante, total ou parcialmente, os efeitos do julgamento de mérito, quer em primeira instância quer em sede de recurso. Deste modo, discorre Humberto Theodoro Junior:

“Diz-se, na espécie, que há antecipação de tutela porque o juiz se adianta para, antes do momento

reservado ao normal julgamento do mérito, conceder a parte um provimento que, de ordinário, somente deveria ocorrer depois de exaurida a apreciação de toda a controvérsia e prolatada a sentença definitiva.

Justifica-se a antecipação de tutela pelo princípio da necessidade, a partir da constatação de que sem ela a espera pela sentença de mérito importaria denegação de justiça, já que a efetividade da prestação jurisdicional restaria gravemente comprometida. Reconhece-se, assim, a existência de casos em que a tutela somente servirá ao demandante se deferida de imediato.”13

Destarte, é importante esclarecer que para a concessão da tutela antecipada, existem alguns requisitos

que devem ser obedecidos: 1. Prova inequívoca da verossimilhança. Também denominado “fumus boni iuris”, ou seja, fumaça de bom direito, a prova inequívoca é

aquela eminentemente documental que é trazida aos autos, resultando em uma análise do magistrado que não é ainda definitiva, uma vez que ele trabalha no campo da probabilidade. Advém de um juízo de cognição sumária que o faz decidir pelo acolhimento das alegações deduzidas pelo autor em sua peça inicial.

2. Reversibilidade dos efeitos da decisão. A tutela antecipada somente será concedida se, em caso uma eventual sentença de improcedência,

puderem ser revertidos os efeitos concretos gerados pela decisão provisória, fazendo as partes retornarem ao “status quo ante”. Com o transcorrer do processo, provas podem ser produzidas e com o aprofundamento da cognição, o julgador pode entender que o autor não tem razão e reverter a sua decisão inicial. A reversibilidade deve ser da decisão e dos efeitos da decisão.

3. Fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação. Também chamado de “periculum in mora”, ou seja, perigo na demora, significa que deve a parte

provar que a demora na tutela jurisdicional acarretará ao titular do direito um dano irreparável ou de difícil reparação.

4. Abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu. São aqueles casos que normalmente configuram litigância de má-fé por parte do réu. 5. Pedidos incontroversos. Pretende fazer referência à incontrovérsia dos fatos sobre os quais se funda a pretensão do autor. Isso

porque, uma vez que o réu concorde com o pedido em si, tornando-o incontroverso, não é caso de antecipação da tutela, mas, sim, de julgamento do mérito, com fundamento no artigo 269, II, do mesmo Código de Processo Civil.

Note-se que o juiz não pode concedê-la de ofício, devendo, no entanto, fundamentar a sua decisão,

concessiva ou denegatória.

13 JUNIOR, Humberto Theodoro, Curso de Direito Processual Civil, Rio de Janeiro, Forense, 2013.

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Título VII Do Processo e do Procedimento

Capítulo I Das Disposições Gerais

Art. 270. Este Código regula o processo de conhecimento (Livro I), de execução (Livro II), cautelar

(Livro III) e os procedimentos especiais (Livro IV). Art. 271. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste

Código ou de lei especial. Art. 272. O procedimento comum é ordinário ou sumário. Parágrafo único. O procedimento especial e o procedimento sumário regem-se pelas disposições que

Ihes são próprias, aplicando-se lhes, subsidiariamente, as disposições gerais do procedimento ordinário. Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela

pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. § 1o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu

convencimento. § 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento

antecipado. § 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas

previstas nos arts. 588, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A. § 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão

fundamentada.

§ 5o Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento. § 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados,

ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. § 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o

juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.

Os pressupostos processuais, assim como as condições da ação, fazem parte da categoria dos

pressupostos de admissibilidade da ação, tendo por escopo garantir que o processo tenha um desenvolvimento regular e válido.

Essa visão agrupada é vantajosa, por se tratar de matéria de ordem pública, cabendo apreciação ex officio pelo magistrado, não incidindo sobre ela a preclusão, permitindo que seja apreciada em qualquer tempo processual.

Parte dominante da doutrina classifica os pressupostos como positivos (existência e validade) e negativos. Tal critério tem sido utilizado para facilitar os estudos sobre o assunto.

Os pressupostos processuais de constituição ou existência, dizem respeito à própria instauração

do processo, sendo eles a propositura de uma demanda e a investidura jurisdicional. Os pressupostos de validade, que dizem respeito ao desenvolvimento válido e regular do processo

(Art. 267, IV, CPC), são mais numerosos e possuem uma classificação mais detalhada. Inclui-se nesta categoria os pressupostos de validade positivos, relativos ao juiz (competência e imparcialidade) e relativo às partes (capacidade das partes)

Tem-se, ainda, os pressupostos processuais objetivos, que dividem-se em extrínsecos

(litispendência, coisa julgada, perempção e convenção arbitral) e intrínsecos (petição apta e citação válida).

Vale ressaltar que a classificação de tais pressupostos é meramente didática e que cada doutrinador

os reagrupa de acordo com seu próprio entendimento.

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PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

Marcus Vinícius Rios Gonçalves14 ensina que, enquanto o processo engloba todo o conjunto de atos que se alonga no tempo, estabelecendo uma relação duradoura entre os personagens da relação processual, o procedimento consiste na forma pela qual a lei determina que tais atos sejam encadeados. Às vezes, em sequência mais concisa, mais rápida: diz-se então que o procedimento é sumário; às vezes, de forma mais larga, com mais amplitude, caso em que será ordinário; por fim, encadeados de maneira diferente da convencional, caso em que o procedimento será especial. Uma coisa é o conjunto de atos; outra, a forma mais ou menos rápida, comum ou incomum, pela qual eles se encadeiam no tempo.

É importante ressaltar que o processo não é um fim em si mesmo. O processo é um instrumento,

uma meio para que se alcance o direito material pretendido. Assim sendo, verifica-se que são esferas diferentes de atuação, isto é, o direito material e o direito processual são áreas distintas, que, de modo geral, caberá ao titular destes direitos utilizá-los ou não.

Os processos são classificados de acordo com a tutela jurídica buscada, pode-se dizer que tal

classificação demonstra a natureza jurídica dos mesmos. Desta feita, tem-se: - Processo de Conhecimento: aqui o autor busca um tutela cognitiva, busca que sua pretensão seja

analisada de forma mais ampla e mais aprofundada, tendo este tipo de processo maior abertura para produção de provas e busca da verdade;

- Processo de Execução: se destinam a dar efetividade à um direito líquido e certo. Nesse caso, não há necessidade de conhecer a pretensão do autor, uma vez que este já possui instrumento capaz de garantir a existência do direito afirmado, portanto, o que se busca é fazer cumprir o mesmo.

- Processo Cautelar: tem a finalidade de proteger um bem ou um direito até que haja uma decisão definitiva sobre o assunto. Trata-se de procedimento que busca garantir que a parte não seja lesada ou que se perca alguma prova, antes mesmo que a questão possa ser analisada. Portanto, são medidas de garantia.

14 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado, 3. ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2013.

7 Procedimento Ordinário e Sumaríssimo

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Pressupostos Processuais

Pressupostos

Processuais

Requisitos

de Existência

Requisitos

de Validade

Subjetivos

Objetivos

Subjetivos

Objetivos

Juiz: Órgão investido de

jurisdição

Existência da demanda

Juiz: Competência e imparcialidade

Intrínseco: Respeito ao formalismo

processual Parte:

Capacidade de ser parte

Partes: Capacidade processual e Capacidade postulatória

Extrínsecos (negativos): perempção,

litispendência, coisa julgada, convenção de

arbitragem e outros O processo ordinário pode ser dividido em quatro fases: a) Postulatória: corresponde a apresentação da petição inicial; a citação do réu e a resposta deste,

que pode consistir em contestação, exceção ou reconvenção (art. 297 do CPC). Na contestação, além da questão de mérito, serão abordados as preliminares (art. 300 e 301 CPC) havendo exceções, de incompetência do juízo, suspeição ou impedimento do juiz, serão formulados em autos apartados.

b) Saneadora: O juiz exerce durante o processo atividades de saneamento visando sempre a regularidade do processo. Busca-se deixar o processo em ordem com fins de proferir a sentença (art. 331, § 2º., CPC). O juiz decide nesta fase as provas a produzir, determina a realização de exame pericial, caso pedido, e designa audiência de instrução e julgamento, deferindo a realização das provas.

c) Instrutória: é feita a coleta das provas, embora as partes já tenham apresentado suas provas desde o início do processo, quando de suas primeiras manifestações (art. 396, CPC). Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados a provar-lhe as alegações. Nesta fase, normalmente, são colhidas as provas orais e periciais.

d) Decisória: após a instrução do processo (coleta de provas) e da apresentação de alegações finais (art. 454). É o momento no qual o juiz prolata a sentença de mérito. A sentença deve ser proferida na própria audiência ou nos dez dias posteriores (art. 456. Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, o juiz proferirá a sentença desde logo ou no prazo de 10 dias).

Considerações preliminares O processo é o instrumento utilizado pelo Estado-juiz para a solução dos conflitos de interesses. Segundo a doutrina nacional, tem-se o processo como a relação jurídica de direito processual,

exteriorizada por meio do procedimento. O processo pode se desdobrar de várias formas, cada uma recebendo a denominação procedimento;

o procedimento é entendido como uma sucessão de atos interligados de maneira lógica e consequencial visando a obtenção de um objetivo final. Apresenta o Código de Processo Civil duas espécies: a) procedimento comum, nas subespécies do procedimento comum ordinário e do procedimento sumário; e b) procedimento especial.

Pode ser concluído que processo e procedimento não são expressões sinônimas, uma vez que procedimento significa a forma como o processo se desenvolve, ou seja, como se inicia e como é concluído, e quais os atos admitidos entre as duas etapas.

Procedimentos especiais Pelo art. 272 do CPC o procedimento comum é o ordinário e o sumário, sendo que o procedimento

especial é o sumaríssimo (previsto na Lei n° 9.099/95) e os de jurisdição contenciosa (ex: reintegração

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de posse, consignação em pagamento, depósito, etc.). Existem leis em que outros procedimentos especiais são previstos, como o procedimento da ACP (Lei n° 7.347/85), da ação popular (Lei n° 4.717/64) e de MS (Lei n° 12.016/09).

Procedimento comum Procedimento sumário Em conformidade com o art. 275, CPC, observar-se-á o procedimento sumário: I - nas causas cujo valor não exceder 20 vezes o maior salário mínimo vigente no País; II - nas causas, qualquer que seja o valor: a) de arrendamento rural e de parceria agrícola; b) de cobrança do condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre; e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículos, ressalvados

os casos de processo de execução; f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial; g) nos demais casos previstos em lei. O procedimento sumário será observado nas ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas

e não se aplica às execuções, nem às ações sujeitas a procedimento especial, nem tampouco, às ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas.

O procedimento sumário é mais célere e concentrado do que o procedimento ordinário. Desta forma, a lei não permite que seja feita a inversão do rito ordinário pelo sumário. Admite-se,

porém, a inversão do sumário pelo ordinário, por ser este mais amplo e poder garantir uma maior defesa para as partes envolvidas.

O procedimento sumário inicia-se com a petição inicial. O juiz fará uma análise desta petição e, se ela preencher todos os requisitos de admissão da ação, designará audiência de tentativa de conciliação onde será apresentada a defesa do réu. O juiz, então, analisando o processo, poderá seguir um dos três caminhos: extinguir o processo sem o julgamento do mérito; determinar a produção de prova oral ou pericial, quando necessário; promover o julgamento do mérito na própria audiência. Caso ele opte pela produção de provas orais, uma nova audiência será marcada para 30 dias, desta vez de instrução; se forem necessárias provas periciais, a audiência será marcada logo após a apresentação do respectivo laudo.

Procedimento ordinário O processo ordinário pode ser dividido em quatro fases: a) Postulatória: corresponde a apresentação da petição inicial; a citação do réu e a resposta deste,

que pode consistir em contestação, exceção ou reconvenção (art. 297 do CPC). Na contestação, além da questão de mérito, serão abordados as preliminares (art. 300 e 301 CPC) havendo exceções, de incompetência do juízo, suspeição ou impedimento do juiz, serão formulados em autos apartados.

b) Saneadora: O juiz exerce durante o processo atividades de saneamento visando sempre a regularidade do processo. Busca-se deixar o processo em ordem com fins de proferir a sentença (art. 331, § 2º., CPC). O juiz decide nesta fase as provas a produzir, determina a realização de exame pericial, caso pedido, e designa audiência de instrução e julgamento, deferindo a realização das provas.

c) Instrutória: é feita a coleta das provas, embora as partes já tenham apresentado suas provas desde o início do processo, quando de suas primeiras manifestações (art. 396, CPC). Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados a provar-lhe as alegações. Nesta fase, normalmente, são colhidas as provas orais e periciais.

d) Decisória: após a instrução do processo (coleta de provas) e da apresentação de alegações finais (art. 454). É o momento no qual o juiz prolata a sentença de mérito. A sentença deve ser proferida na própria audiência ou nos dez dias posteriores (art. 456. Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, o juiz proferirá a sentença desde logo ou no prazo de 10 dias).

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Petição inicial Introdução Em regra, todo procedimento se inicia com a petição inicial, um ato formal, devendo cumprir os

requisitos do art. 282, 283, 37 e 39, I do CPC. Uma das suas principais funções é de limitar a atividade do magistrado, obrigando-o a decidir nos limites propostos, na forma do art. 128 c/c 460 do CPC (princípio da adstrição, congruência ou correlação).

A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. Requisitos da petição inicial A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal a que é dirigida (competência); II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu (qualificação

das partes); III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido (causa de pedir - é a exposição da lide); IV - o pedido, com as suas especificações (o pedido deve ser certo e determinado); V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu. Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, ordenando a citação do réu, para responder;

do mandado constará que, não sendo contestada a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos articulados pelo autor.

Caso o juiz verifique que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 dias. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial, em conformidade com o art. 295 do CPC.

Pedido Dois são os tipos de pedido: o mediato (material) e o imediato. Pedido imediato é o pedido que vem logo a seguir, aquele que imediatamente é percebido. O que o

autor deseja, ou seja, a sentença. Diz respeito ao tipo de provimento jurisdicional buscado pela parte: condenação, declaração, constituição.

Pedido mediato é o próprio bem jurídico, é o bem da vida pretendido pelo autor. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se não puder o autor individuar, na petição, os bens demandados; II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato ilícito; III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre

eles não haja conexão. Pedindo o autor a condenação do réu a abster-se da prática de algum ato, a tolerar alguma atividade ou a prestar fato que não possa ser realizado por terceiro, constará da petição inicial a cominação da pena pecuniária para o caso de descumprimento da sentença (arts. 644 e 645 do CPC).

Indeferimento da petição inicial A petição inicial será indeferida: I - quando for inepta; Considera-se inepta a petição inicial quando lhe faltar pedido ou causa de pedir; quando da narração

dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; quando o pedido for juridicamente impossível; quando contiver pedidos incompatíveis entre si.

II - quando a parte for manifestamente ilegítima; III - quando o autor carecer de interesse processual; IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5º do CPC); V - quando o tipo de procedimento escolhido pelo autor não corresponder à natureza da causa, ou ao

valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal; VI - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, § único, 1º parte, e artigo 284 do CPC. O autor poderá apresentar recurso de apelação caso petição inicial for indeferida, sendo facultado ao

juiz, no prazo de 48 horas, reformar sua decisão. Não sendo reformada a decisão, os autos serão encaminhados ao tribunal competente.

Segundo a redação do art. 285-A do CPC, quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos

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idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada.

O art. 285-B do CPC dispõe que nos litígios que tenham por objeto obrigações decorrentes de empréstimo, financiamento ou arrendamento mercantil, o autor deverá discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, quantificando o valor incontroverso, o qual deverá continuar sendo pago no tempo e modo contratado.

Tutela antecipada A antecipação de tutela prevista no artigo 273, do Código de Processo Civil, surgida com a inovação

trazida pela Lei 8.952/94, prevê que a parte tem direito à antecipação parcial ou total da tutela pretendida no período inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença o juiz da verossimilhança da alegação e haja receio de dano irreparável ou de difícil reparação, ou fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.

O art. 273 do CPC, estabelece que o juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento

antecipado. Possui semelhança com a medida cautelar, mas desta difere por versar sobre a antecipação do que foi pedido na inicial, ao passo que a medida cautelar destina-se proteção ou resguardo do direito disputado, até o advento da sentença definitiva.

A tutela antecipada só pode ser concedida a requerimento da parte e pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo, prosseguindo em todo caso o processo até o final do julgamento.

O requisito do “receio de dano irreparável ou de difícil reparação” é dispensado quando ocorrer evidente abuso pelo réu do direito de defesa ou agir com manifesto propósito protelatório.

Pode ser concedida a qualquer momento no curso do processo, ouvida, ou não, a parte contrária, em decisão interlocutória, inclusive liminarmente, quando do recebimento da inicial.

Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento. Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.

A execução da tutela antecipada observará, no que couber, o disposto nos incisos II e III do art. 588 do CPC e poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão fundamentada. Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento.

Resposta do réu O réu poderá oferecer, no prazo de 15 dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da causa a sua defesa

(resposta), por meio de contestação, exceção e reconvenção. O réu não é obrigado a se defender, uma vez que ele também pode reconhecer o pedido do autor. Preclusão Não observando o réu o princípio da eventualidade (art. 300, CPC) haverá preclusão, a qual pode ser

conceituada como a perda de um direito ou de uma faculdade processual, em razão do tempo, do vencimento da matéria ou de um imperativo lógico.

Logo, são espécies de preclusão: 1. Preclusão temporal - perda do prazo; 2. Preclusão consumativa - a matéria já foi resolvida no processo; 3. Preclusão lógica - há uma incompatibilidade do ato anterior com o ato subsequente. Contestação A contestação é defesa de mérito direta (resposta do réu ao pedido do autor). Ao réu cumpre alegar

na contestação toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.

Em conformidade com o art. 301 do CPC, compete ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta; III - inépcia da petição inicial; IV - perempção; V - litispendência;

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VI - coisa julgada; VII - conexão; VIII - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; IX - convenção de arbitragem; X - carência de ação; XI - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando: a) forem relativas a direito superveniente; b) competir ao juiz conhecer delas de ofício; c) por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo. Reconvenção O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja conexa com a

ação principal ou com o fundamento da defesa. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem. A reconvenção deve ter conexão com a ação principal, tratar de assunto de competência do mesmo juiz e ser apreciado pelo rito processual.

O prazo para sua apresentação é o mesmo da defesa. O réu, na reconvenção, é chamado de reconvinte e o autor de reconvindo. O reconvindo não é citado, mas intimado, na pessoa de seu procurador, para contestá-la em 15 dias, sendo que o juiz competente para julgar a reconvenção é o mesmo da ação principal, decidindo em sua sentença sobre a ação e a reconvenção. É importante frisar, também, que a reconvenção segue o mesmo rito da ação principal.

Pode haver reconvenção sem contestação, mas, nesse caso, não deixa de se caracterizar a revelia. Não pode haver reconvenção de reconvenção, vez que a reconvenção é atitude privativa do réu.

A reconvenção é cabível somente no processo de conhecimento. Do indeferimento liminar da reconvenção cabe agravo de instrumento, vez que se trata de decisão interlocutória, que não põe termo ao processo.

Exceções As exceções possíveis de serem alegadas pela parte referem-se ao impedimento e suspeição, bem

como de incompetência. Este direito pode ser exercido em qualquer tempo, ou grau de jurisdição, cabendo à parte oferecer exceção, no prazo de quinze (15) dias, contado do fato que ocasionou a incompetência, o impedimento ou a suspeição.

Revelia Não apresentando o réu contestação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. A revelia

não induz, contudo, o efeito mencionado: I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação; II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis; III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere

indispensável à prova do ato. Ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir, nem demandar

declaração incidente, salvo promovendo nova citação do réu, a quem será assegurado o direito de responder no prazo de 15 dias.

Contra o revel que não tenha patrono nos autos, correrão os prazos independentemente de intimação, a partir da publicação de cada ato decisório. Poderá ele, entretanto, intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se encontra.

São efeitos da revelia: a) a confissão ficta; b) os prazos correm sem intimação; c) Pode ocorrer o julgamento antecipado da lide. Julgamento conforme o estado do processo Considerações preliminares O julgamento antecipado do processo ocorre após a fase das providências preliminares, quando o juiz,

notando a presença de alguma irregularidade, irá saná-la. Esta fase consiste na análise pelo juiz sobre a necessidade de produção de provas ou na possibilidade de se proferir uma sentença que ponha fim ao processo, quer extinguindo-o sem julgamento do mérito, quer abordando a relação jurídica de direito material.

Assim, pode-se falar que o julgamento conforme o estado do processo se dá de três formas, a saber:

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1ª) prevista no art. 329, CPC: quando ocorrer qualquer das hipóteses previstas nos arts. 267 e 269, II a V, o juiz declarará extinto o processo.

2ª) prevista no art. 330, CPC: (I) - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou sendo de direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência; ou (II) - quando ocorrer a revelia e o seu efeito, art. 319, CPC.

3ª) art. 331, CPC: Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir.

Extinção do processo Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 267 e 269, I a V do CPC, o juiz declarará extinto

o processo. Julgamento antecipado da lide De acordo com o art. 330 do CPC, o juiz conhecerá diretamente do pedido, ou seja, julgará

antecipadamente a lide, proferindo sentença: I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não houver

necessidade de produzir prova em audiência; II - quando ocorrer a revelia. Embora todas as formas de extinção do processo previstas nos arts. 267 e 269 são geradoras de

decisões declaratórias de extinção do processo, pode ocorrer que o processo preencha todos os requisitos de admissibilidade de mérito, porém não houve nenhuma forma de autocomposição, nem tampouco ocorreu a prescrição e a decadência, e não há também a necessidade de se produzir prova em audiência. Neste caso deve o juiz proferir uma sentença de mérito propriamente dita, após ter feito uma análise do processo em questão ante as alegações e provas documentais feitas pelas partes.

Entretanto, esta decisão pode ser proferida sem que haja a fase probatória. É onde ocorre o chamado julgamento antecipado da lide ou julgamento de mérito antecipado.

São três as hipóteses para este caso: a) quando a questão de mérito for unicamente de direito (onde não há controvérsia com relação aos

fatos, mas tão somente quanto à interpretação jurídica dada pelo autor e suas consequências de direito material);

b) quando a questão é de direito e de fato, mas não demanda produção de provas em audiência ou perícia;

c) quando ocorrer a revelia. Saneamento do processo Segundo o art. 331 do CPC, se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes,

e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir.

Desta forma, pode se concluir, que o saneamento do processo pode ocorrer de duas formas: a) pela audiência do art. 331, CPC: quando a lide versar sobre direitos disponíveis, designará o juiz

audiência de conciliação no prazo de 30 dias. Uma vez instaurada a audiência tentara o juiz uma conciliação entre as partes. Sendo obtida a conciliação, esta será reduzida a termo e homologada por sentença.

Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário.

b) por escrito: pela análise do art. 331, CPC, fica claro que a audiência de conciliação só será realizada quando estivermos diante de direito disponível, ou seja, quando for possível a obtenção da conciliação, hipótese em que o juiz deve sanear o feito por escrito.

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Uma vez que o Estado trouxe para si a função de decidir os conflitos da sociedade, criou-se a

jurisdição. Essa jurisdição é una e será exercida em todo território nacional, tal como descrito no Art. 1º do CPC. Para fins de melhor distribuição do trabalho e melhor prestação jurisdicional, a jurisdição é organizada em setores específicos, conforme as atribuições e limites definidos por lei. O resultado dos atribuições e limitações é justamente a competência, que se traduz como a medida da jurisdição15.

A Competência é limitação do poder, ou seja, é o instituto que define o campo de exercício da atividade jurisdicional de cada órgão encarregado de tal função. É o exercício do poder de julgar de forma organizada, devendo ser sempre fixada por norma jurídica.

Assim, para exercer a jurisdição, o Estado tomou para si a função de dizer o direito em todo o seu território. Para tanto, criou dentro da alçada do Poder Judiciário, uma grande organização, composta por diversos órgãos jurisdicionais, repartindo a jurisdição entre eles, ressaltando, todavia que a “jurisdição”, enquanto poder-dever do Estado é una, sendo que a mencionada repartição é apenas para fins de divisão do trabalho. São eles: Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Superior Tribunal Militar, Tribunal Superior Eleitoral, Tribunal Regional Federal, entre outros.

Deste modo, competência nada mais é do que a fixação das atribuições de cada um dos órgãos jurisdicionais, isto é, a demarcação dos limites dentro dos quais podem eles exercer a jurisdição. Neste sentido, “juiz competente” é aquele que, segundo limites fixados pela Lei, tem o poder para decidir certo e determinado litígio (art. 86, CPC).

As causas serão distribuídas pelos vários órgãos jurisdicionais, conforme a organização judiciária determinada na Constituição Federal, onde estarão definidos os limites de atuação de cada um. Diante disto, tem-se que a competência da justiça Estadual é residual, cabendo à ela elaborar as subdivisões internas.

O Código de Processo Civil (Art. 251 e 252) informa que quando houver mais de um juiz ou mais de um escrivão, os processos serão sorteados entre aqueles que forem competentes para a mesma matéria, tendo como norte o princípio da igualdade. Ao se atribuir um feito especificamente à um juiz, a competência passa a ser exclusiva deste.

As regras de distribuição, tanto gerais como internas, servem para concretizar a competência, que será atribuída de acordo com a matéria e conforme o número de magistrados disponíveis para o mesmo tema.

Vale ressaltar, que não é possível juízo ou tribunal de exceção (Princípio do Juiz Natural), sendo que a competência deve ser atribuída previamente, direcionando o litígio para aquele magistrado que já estava previamente determinado.

Art. 86 As causas cíveis serão processadas e decididas, ou simplesmente decididas, pelos órgãos

jurisdicionais, nos limites de sua competência, ressalvada às partes a faculdade de instituírem juízo arbitral.

Art. 87 Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as

modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia.

15 DIDIER Jr., Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao direito processual civil e processo de conhecimento, Vol. 1, 15ª edição, Revista, ampliada e atualizada, Salvador: Juspodivm, 2013.

8 Competência: Absoluta e Relativa

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Um Estado pode, através de seu sistema jurisdicional, pretender julgar quaisquer causas que sejam propostas perante os seus juízes. Todavia não cabe a um Estado específico, julgar demandas que não tem aptidão de gerar efeitos em outro Estado, pois possivelmente este não reconhecerá aquela decisão. Assim, existe a delimitação, materializada através da competência internacional, onde só deve haver jurisdição, até onde o Estado efetivamente consiga executar soberanamente suas sentenças. Trata-se, portanto, de buscar a jurisdição mais adequada e não discutir qual outro tribunal, em outro país poderia exercer esta jurisdição, delimitando o espaço em que deve haver jurisdição.

O princípio da efetividade orienta a distribuição da competência internacional, onde o Estado deve abster-se de julgar se a sentença não puder ser reconhecida onde deva exclusivamente produzir efeitos.

Competência internacional concorrente ou cumulativa O art. 88 do CPC especifica as causas em que a competência internacional é concorrente. Essas

causas também podem ser julgadas por tribunais estrangeiros. A sentença proferida no estrangeiro será eficaz no território brasileiro, desde que seja homologada pelo Superior Tribunal de Justiça, de acordo determinados critérios, tais como, não ofenda a soberania brasileira, tenha sido exarada por juiz competente, entre outros.

Senão vejamos as hipóteses de competência internacional concorrente: a) Se o réu estiver domiciliado no Brasil, independente de sua nacionalidade. Considera-se domiciliada

no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que apresentar agência, filial ou sucursal no país. b) Se no Brasil houver de ser cumprida a obrigação, não importando onde ela foi contraída; c) Se a ação originar-se de fato ou ato ocorrido no Brasil. Aduz assim o artigo 88 do CPC: Art. 88 É competente a autoridade judiciária brasileira quando: I- o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II- no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III- a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica

estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal. Competência internacional exclusiva O art. 89 do CPC especifica as causas em que a competência dos tribunais brasileiros é exclusiva.

Sentença estrangeira proferida em tais casos não pode produzir qualquer efeito no território brasileiro; será ato sem qualquer importância. Não há como homologá-la no Brasil.

Eis os casos: a) qualquer ação relativa a imóvel situado no Brasil. O texto é amplo, não se restringindo às ações reais, mas, também, às obrigacionais fundadas em direito real como a locação; b) proceder a inventário e partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.

Nesse sentido, cumpre citar o mencionado artigo: Art. 89 Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja

estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.

9 Competência Internacional. Homologação de Sentença Estrangeira. Carta Rogatória

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O juiz, na sua função de examinar a questão da competência, deve, em primeiro lugar, recorrer às normas do capítulo sobre competência internacional.

Competência concorrente e litispendência Para dar ênfase à supremacia da jurisdição nacional em face da estrangeira, o art. 90 prevê que a

ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência no Brasil. Esta regra, naturalmente, só existe em função dos casos de competência concorrente, tendo em vista que seria ocioso mencioná-la para os casos de competência exclusiva.

Duas são as justificativas: a) sendo concorrente a competência, é natural que a lei interna prefira o julgamento por nossos

tribunais; b) a verificação da litispendência haveria de ser feita pelo juiz de primeira instância, tendo ele que

examinar se a sentença proferida no estrangeiro possui certos requisitos de admissibilidade para eventual homologação. Sucede que a competência para isso é do STJ. Assim, teria de fazer um exame provisório e precário de uma matéria que não lhe compete.

Art. 90 A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a

autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que Ihe são conexas. DA COMPETÊNCIA INTERNA Da Competência em Razão do Valor e da Matéria Carnelutti afirma que “o instituto da competência tem origem na distribuição do trabalho entre os

diversos ofícios judiciais ou entre seus diversos componentes” 16 A competência é uma atribuição que a Carta Magna e a legislação processual confere aos órgãos do

poder judiciário. A competência interna pode ser, portanto absoluta e relativa: Competência Absoluta: A competência interna pode ser absoluta, sendo óbice para o desenvolvimento legal do processo. São

absolutos os critérios de fixação pela matéria, pela pessoa e o funcional. A competência absoluta é aquela instituída em favor do interesse público, não sendo passível de modificação pela vontade das partes, em foro de eleição.

A não observância da regra legal gera a nulidade absoluta do processo, autorizando a revogação dos efeitos da coisa julgada pela ação rescisória (CPC, art.485, II). Assim, é dever do juiz reconhecer de oficio a sua violação, determinando a remessa dos autos àquele que obrigatoriamente deverá julgar a demanda, declarando nulos todos os atos decisórios proferidos pelo juízo absolutamente incompetente, preservados os atos probatórios.

Competência Relativa: A competência relativa é instituída em favor do interesse privado. Busca a facilitação da defesa,

podendo assim ser revogada pelo consenso das partes ou renunciada pela parte beneficiada pela regra legal, mediante a não arguição da incompetência do juízo no momento oportuno, que é o da resposta do réu, via exceção de incompetência.

A competência relativa é concernente ao território e trata acerca do domicilio das partes e localização do bem. O poder jurisdicional é repartido em razão das circunscrições judiciárias, do território nacional. Ex: comarcas (juízes estaduais); seções judiciárias (juízes federais)

O juiz, ante a natureza privada e renunciável do critério, reconhece a incompetência relativa de oficio, sob pena de impedir a ocorrência da prorrogação, ou seja, o juiz, em princípio incompetente para o conhecimento da demanda, transforma-se em competente para o julgamento, caso o vicio não seja alegado pelo réu em exceção (Súmula 33 do STJ).

O foro de eleição tem sua validade subordinada à ausência de ofensa às regras de competência absoluta.

16 CARNELUTTI, Francesco. Instituições do Processo Civil, Volume I. Campinas: Servanda, 1999, p. 256.

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COMPARAÇÕES ENTRE COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA - Absoluta Relativa

Prevalência de interesse público Prevalência do interesse das partes Indisponibilidade Disponibilidade

Incabível a eleição de foro É possível o foro de eleição Deve ser declarada de ofício (CPC, 113) argui-

se a qualquer tempo, salvo após o decurso do prazo da rescisória (CPC, 113)

Não pode ser declarada de ofício Arguida em momento oportuno, sob pena de

preclusão (CPC, 112, 304, 305 e 307)

Acarreta nulidade de todos os atos decisórios, ensejando rescisória (CPC ,113 § 2º, e 485, II)

Não acarreta nulidade. Remetem-se os autos ao outro juiz.

Improrrogável Prorrogável Em razão da matéria em razão da pessoa Territorial ou de foro

Funcional Em razão do valor da causa Na competência quanto ao valor, pode-se citar como exemplo em razão deste critério, os Juizados

Especiais criados pela Lei 9099/95. É um dos poucos casos de aplicação efetiva deste critério, já que o mesmo vem sendo pouco utilizado

atualmente. A competência em razão da matéria (ratione materiae) visa uma melhor atuação e adequação da

justiça a cada caso. Surgem, assim, as varas especializadas em direito criminal, civil, direito eleitoral, de família e sucessões etc.

Art. 91 Regem a competência em razão do valor e da matéria as normas de organização judiciária,

ressalvados os casos expressos neste Código. Art. 92 Compete, porém, exclusivamente ao juiz de direito processar e julgar: I- o processo de insolvência; II- as ações concernentes ao estado e à capacidade da pessoa. Da Competência Funcional O critério funcional é absoluto. A competência funcional é determinada pelo desempenho que o órgão

jurisdicional deve exercer no processo. Pode ocorrer do mesmo processo, terem de atuar dois ou mais órgãos jurisdicionais. A competência funcional se determina a partir do objeto do próprio juízo, da hierarquia e das distintas fases de procedimento.

A Competência Funcional é o critério de distribuição de causas processuais entre órgãos de igual tipo como também entre órgãos de tipos diferentes.

Art. 93 Regem a competência dos tribunais as normas da Constituição da República e de organização

judiciária. A competência funcional dos juízes de primeiro grau é disciplinada neste Código. Da Competência Territorial A Competência territorial é utilizada pelo CPC, para a indicação do foro e pelas Leis de Organização Judiciária, para a indicação do juízo competente. Importante salientar que a jurisdição brasileira tem como limite o território nacional. Assim, os juízes

nacionais são limitados no exercício da função jurisdicional em razão do território, ao que se acha submetido, por força da ordem constitucional.

A Competência Territorial é a que define onde se definirá a Vara que efetivamente caberá processar e julgar o feito.

Art. 94 A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão

propostas, em regra, no foro do domicílio do réu. § 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.

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§ 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandado onde for encontrado ou no foro do domicílio do autor.

§ 3º Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação será proposta no foro do domicílio do autor. Se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.

§ 4º Havendo dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.

Art. 95 Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa.

Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.

Art. 96 O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha,

a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.

Parágrafo único. É, porém, competente o foro: I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo; II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio certo e possuía bens em

lugares diferentes. Art. 97 As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu último domicílio, que é também o

competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias. Art. 98. A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio de seu representante. Art. 99 O foro da Capital do Estado ou do Território é competente: I - para as causas em que a União for autora, ré ou interveniente; II - para as causas em que o Território for autor, réu ou interveniente. Parágrafo único. Correndo o processo perante outro juiz, serão os autos remetidos ao juiz competente

da Capital do Estado ou Território, tanto que neles intervenha uma das entidades mencionadas neste artigo.

Excetuam-se: I - o processo de insolvência; II - os casos previstos em lei. Art. 100 É competente o foro: I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio,

e para a anulação de casamento; II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; III - do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos; IV - do lugar: a) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa jurídica; b) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às obrigações que ela contraiu; c) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em que for ré a sociedade, que carece de

personalidade jurídica; d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se Ihe exigir o cumprimento; V - do lugar do ato ou fato: a) para a ação de reparação do dano; b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios. Parágrafo único. Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos,

será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato. Art. 101 (Revogado pela Lei nº 9.307, de 1996).

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ATENÇÃO O doutrinador Sidnei Amendoeira Jr.17 informa que “esses critérios são usados

geralmente de forma simultânea para definir a competência para o julgamento de determinada causa. Por exemplo, se o marido quer mover ação de separação (matéria) em face de sua mulher (pessoa), deverá fazê-lo no domicílio dela (critério territorial), perante uma das varas de família e sucessões (critério material) e em primeiro grau (critério funcional)”

Das Modificações da Competência Para que o processo possa ter a necessária estabilidade e oferecer segurança jurídica, o Código de

Processo Civil adotou alguns princípios para a não alteração da competência. São eles: a) perpetuatio jurisdictionis: fixação da competência em razão da matéria ou valor; b) perpetuatio libeli: fixação do pedido; e c) perpetuatio legitimationis: fixação das partes. Com isso, ainda que alguns elementos mudem (réu

mudou de endereço ou aumentou o valor do bem litigioso, por exemplo), tais fatos não alteram a ação. Em algumas situações, ainda que ocorra a perpetuatio, poderão ocorrer modificações da competência,

nos casos em que esta for relativa. A competência será absoluta quando tratar da ordem jurídica pública e relativa quando sua fixação se der em proveito das partes.

As regras previstas para a modificação de competência permitem sua divisão em absolutas e relativas e, assim como na determinação da competência, seja absoluta ou relativa, apenas a relativa permite sua modificação.

A lei processual traz dispositivos para que a competência seja revista, caso exista algum problema. Nos casos referentes à competência relativa, cabe às partes alegar a necessidade de modificação. Já nos casos de incompetência absoluta, o próprio juiz deverá se manifestar à respeito. O processo que tramitar em desacordo com sua efetiva competência, poderá ter seus atos anulados.

A competência, em razão do valor e do território, poderá ser modificada em razão da conexão ou

continência. (Tem por escopo evitar que sejam proferidos julgamentos diferentes em ações que apresentem a mesma causa do pedido)

Art. 102. A competência, em razão do valor e do território, poderá modificar-se pela conexão ou

continência, observado o disposto nos artigos seguintes. Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto ou a causa de

pedir. Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e

à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. Art. 105. Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes,

pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente. Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência

territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar. Art. 107. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado ou comarca, determinar-se-á o foro pela

prevenção, estendendo-se a competência sobre a totalidade do imóvel. Art. 108. A ação acessória será proposta perante o juiz competente para a ação principal. Art. 109. O juiz da causa principal é também competente para a reconvenção, a ação declaratória

incidente, as ações de garantia e outras que respeitam ao terceiro interveniente. 17 Amendoeira Jr., Sidnei. Manual de direito processual civil: teoria geral do processo e fase de conhecimento em primeiro grau de jurisdição, vol. I, 2. ed., São Paulo: Saraiva, 2012.

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Art. 110. Se o conhecimento da lide depender necessariamente da verificação da existência de fato delituoso, pode o juiz mandar sobrestar no andamento do processo até que se pronuncie a justiça criminal.

Parágrafo único. Se a ação penal não for exercida dentro de 30 (trinta) dias, contados da intimação do despacho de sobrestamento, cessará o efeito deste, decidindo o juiz cível a questão prejudicial.

Art. 111. A competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por convenção das partes;

mas estas podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações. § 1º O acordo, porém, só produz efeito, quando constar de contrato escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico.

§ 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. Da Declaração de Incompetência Declaração significa a afirmação da existência de uma situação de direito ou de fato. A declaração

pode ser manifestada por escrito ou verbalmente. Segundo as circunstâncias em que é feita, toma várias denominações como, por exemplo, declaração de incompetência, declaração da vontade, declaração de falência, declaração de interdição, entre outros.

A incompetência relativa, não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, devendo ser arguida pela parte adversa por meio de exceção de incompetência. Não sendo a incompetência arguida tempestivamente, haverá a prorrogação da competência. A exceção de incompetência serve para sanar nulidade relativa. É matéria de defesa do réu, estendendo o curso do processo sem extingui-lo.

Todavia no caso de um processo será julgado por juízo relativamente incompetente, a decisão será válida não podendo ser rescindida. O procedimento para arguir a incompetência relativa está descrita nos arts. 305 a 311 do CPC.

A Nulidade da cláusula de eleição em contrato de adesão é disposição inserida pela Lei 11.280/2006. Assim, a cláusula que trate de foro de eleição em contrato de adesão é nula, devendo o juiz declará-la de ofício e remetendo os autos ao juízo do domicílio do réu. Tal nulidade provém do entendimento de que o contrato de adesão é comum nas relações de consumo, portanto, são nulas as cláusulas contratuais que impliquem em renúncia de direitos.18

Art. 112. Argui-se, por meio de exceção, a incompetência relativa. Parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada

de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu. Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada, em qualquer

tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção. § 1º Não sendo, porém, deduzida no prazo da contestação, ou na primeira oportunidade em que Ihe

couber falar nos autos, a parte responderá integralmente pelas custas. § 2º Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, remetendo-se os

autos ao juiz competente. Art. 114. Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do parágrafo único do art.

112 desta Lei ou o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais. Art. 115. Há conflito de competência: I - quando dois ou mais juízes se declaram competentes; II - quando dois ou mais juízes se consideram incompetentes; III - quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos. Art. 116. O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz. Parágrafo único. O Ministério Público será ouvido em todos os conflitos de competência; mas terá

qualidade de parte naqueles que suscitar. Art. 117. Não pode suscitar conflito a parte que, no processo, ofereceu exceção de incompetência. Parágrafo único. O conflito de competência não obsta, porém, a que a parte, que o não suscitou,

ofereça exceção declinatória do foro.

18 Artigo 51, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor.

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Art. 118. O conflito será suscitado ao presidente do tribunal: I - pelo juiz, por ofício; II - pela parte e pelo Ministério Público, por petição. Parágrafo único. O ofício e a petição serão instruídos com os documentos necessários à prova do

conflito. Art. 119. Após a distribuição, o relator mandará ouvir os juízes em conflito, ou apenas o suscitado, se

um deles for suscitante; dentro do prazo assinado pelo relator, caberá ao juiz ou juízes prestar as informações.

Art. 120. Poderá o relator, de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes, determinar, quando o

conflito for positivo, seja sobrestado o processo, mas, neste caso, bem como no de conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes.

Parágrafo único. Havendo jurisprudência dominante do tribunal sobre a questão suscitada, o relator poderá decidir de plano o conflito de competência, cabendo agravo, no prazo de cinco dias, contado da intimação da decisão às partes, para o órgão recursal competente.

Art. 121. Decorrido o prazo, com informações ou sem elas, será ouvido, em 5 (cinco) dias, o Ministério

Público; em seguida o relator apresentará o conflito em sessão de julgamento. Art. 122. Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juiz competente, pronunciando-se também

sobre a validade dos atos do juiz incompetente. Parágrafo único. Os autos do processo, em que se manifestou o conflito, serão remetidos ao juiz

declarado competente. Art. 123. No conflito entre turmas, seções, câmaras, Conselho Superior da Magistratura, juízes de

segundo grau e desembargadores, observar-se-á o que dispuser a respeito o regimento interno do tribunal.

Art. 124. Os regimentos internos dos tribunais regularão o processo e julgamento do conflito de

atribuições entre autoridade judiciária e autoridade administrativa.

Considera-se parte aquele que pede a tutela jurisdicional, autor, e aquele contra quem tal tutela é

requerida, réu. Aqueles que atuam no processo como representantes legais não possuem qualidade de parte, como por exemplo, a mãe que ingressa em juízo para requerer pensão alimentícia para o filho, sendo que este último será parte e a mãe apenas representante.

A parte será legitima quando for sujeito da relação processual e titular da pretensão em litígio. Para verificar a legitimidade deverá ser analisado o caso concreto, pois faz-se necessário verificar o contexto em que a parte se insere, visto que a legitimidade poderá ser ad causam, sendo a mais comum, em que a parte que tem legitimidade para a causa também terá para o processo; e legitimidade ad processum, que é a legitimidade para o feito processual, que pode ser do titular do direito ferido ou ainda de terceira pessoa, como o caso do representante legal (pais e filhos, curador de interditado, entre outros).

10 Partes. Capacidade e Legitimidade. Substituição Processual

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A Capacidade de Processual é a competência de postular em juízo sem necessidade de representação ou assistência. É a aptidão de ir a juízo, praticando os atos da parte. Os incapazes serão assistidos ou representados por seus pais, curadores ou tutores, na forma em que a lei dispuser.

Dita o artigo 7º do Código Processual Civil: Art. 7º Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo. A capacidade processual é gênero dentro da qual podem ser identificadas três espécies: capacidade

de ser parte, capacidade de estar em juízo e capacidade postulatória. Importa ressaltar, porém que, possuir capacidade de ser parte não significa necessariamente ter,

também, capacidade processual, ou seja, capacidade de estar em juízo, bem como o fato de ter capacidade de estar em juízo não significa ter capacidade postulatória.

Capacidade de ser parte A Capacidade de parte corresponde à capacidade de ter direitos e obrigações na órbita civil. Ou seja,

apenas aquele que tiver aptidão para vivenciar direitos pode titularizá-los no plano material e validamente exercê-los.

Capacidade de estar em juízo Concerne à efetiva possibilidade do exercício dos direitos de que se é titular. A capacidade de ser parte

deve ser precedida obrigatoriamente pela capacidade de estar em juízo. Capacidade postulatória A capacidade postulatória é conferida aos advogados privados, advogados públicos, defensores e

membros do Ministério Público. Existem, porém, demandas, nas quais a presença de advogado não é necessária. São elas as

demandas trabalhistas, Juizados Especiais Cíveis, lei 9.099/95, (até 20 salários mínimos) e Federais, no Habeas Corpus, no pedido de medidas urgentes da Lei Maria da Penha e nas ações de alimentos.

Art. 8º Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma

da lei civil. Curador Especial Considerado um representante legal, o curador tem a função de equilibrar o processo, no qual uma

das partes encontra-se em detrimento em relação à outra, privando assim o curador, pelo princípio constitucional da Isonomia.

A curatela especial é considerada meio de integração da capacidade por imposição legal que visa a regularizar a relação jurídica processual, e sua falta acarreta nulidade.

O Art. 9º do C.P.C trata do tema: Art. 9º O juiz dará curador especial: I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele; II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa. Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a

este competirá a função de curador especial. Cônjuges como autores (integração da capacidade subjetiva) Refere-se à capacidade processual. Nas circunstancias tipificadas em lei, um cônjuge não pode, sem

o outro, buscar o juízo. Consiste, portanto em integração da capacidade subjetiva dos cônjuges, assim, a capacidade processual do cônjuge não pode ser tratada como absoluta.

O objetivo dessa condição para capacidade processual é a proteção de interesse que seja comum a ambos os cônjuges. Do contrário, o cônjuge poderia por mera liberalidade vender bens do casal.

Acerca do tema, passemos a analisar os seguintes artigos: Art. 10. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem

sobre direitos reais imobiliários. § 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações: I - que versem sobre direitos reais imobiliários; II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados por eles;

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III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução tenha de recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus bens reservados;

IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóveis de um ou de ambos os cônjuges.

§ 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados.

Art. 11. A autorização do marido e a outorga da mulher podem suprir-se judicialmente, quando um

cônjuge a recuse ao outro sem justo motivo, ou lhe seja impossível dá-la. Parágrafo único. A falta, não suprida pelo juiz, da autorização ou da outorga, quando necessária,

invalida o processo. Representação Conforme já explanado, nem todas as pessoas possuem capacidade para estar em juízo. Assim,

existindo a incapacidade, essas pessoas precisam ser representadas, ou assistidas em juízo se forem absoluta ou relativamente incapazes.

O representante é integrador de capacidade, sendo peça indispensável para que o incapaz postule em juízo. O advogado, por sua vez, não é representante processual, apenas tem capacidade postulatória.

O curador especial será nomeado em duas situações distintas: - quando o incapaz não tiver representante legal ou quando os interesses entre o curador e o

representante forem conflitantes; - quando o réu encontra-se preso, ou quando o revel é citado por edital ou hora certa. (vide artigo 9º

CPC). Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores; II - o Município, por seu Prefeito ou procurador; III - a massa falida, pelo síndico; IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador; V - o espólio, pelo inventariante; VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por

seus diretores; VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus

bens; VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência

ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único); IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico. § 1º Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou

réus nas ações em que o espólio for parte. § 2º As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não poderão opor a

irregularidade de sua constituição. § 3º O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica estrangeira, a receber

citação inicial para o processo de conhecimento, de execução, cautelar e especial. Art. 13. Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação das partes, o juiz,

suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito. Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber: I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo; II - ao réu, reputar-se-á revel; III - ao terceiro, será excluído do processo. Dos Deveres das Partes e dos seus Procuradores O tema “Deveres das Partes e de seus Procuradores” é tratado pelo Código Processual Civil, a partir

do art. 14, em várias seções, as quais cuidam dos deveres, da responsabilidade das partes por dano processual e das despesas e multas. Tais deveres consistem em:

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a) Expor os fatos em juízo conforme a verdade. Apenas haverá ofensa se causada intencionalmente, se a verdade for falseada. Todavia, se for apresentada de maneira errônea involuntariamente, havendo uma falsa percepção da realidade, ou qualquer outro tipo de equívoco, a infração não estará caracterizada. É preciso que fique evidente a intenção, a vontade de falsear a verdade. Saliente-se que o simples fato de o juiz não ter acolhido a versão apresentada por uma das partes, não significa que ela tenha mentido intencionalmente, podendo ter ocorrido equívoco, pelas causas anteriormente mencionadas. A obrigação estende-se também às testemunhas, peritos e outros que participem do processo. Havendo infração, o ofensor incorre nas sanções do art. 16 do CPC, sem prejuízo de outras, inclusive de natureza penal;

b) Atuar com lealdade e boa-fé. Essa obrigação abrange todas as demais, pois, quem viola aquelas

impostas nos demais incisos do art. 14, não age de boa-fé e de forma leal. O intuito do legislador é vedar a utilização de recursos desonestos, que sejam meramente protelatórios. Essa hipótese é citada pelo art. 17 que, de forma exemplificativa, enumera condutas tidas como litigância de má-fé. Por exemplo: deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso, alterar a verdade dos fatos, usar do processo pra conseguir objetivo ilegal, opor resistência injustificada ao andamento do processo, proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo, provocar incidentes meramente infundados e interpor recursos protelatórios. Seja qual for a hipótese, porém, só haverá litigância de má-fé, se o autor agir de forma intencional, dolosa, com a consciência do ato que está perpetrando.

c) Não formular pretensões, nem alegar defesa, possuindo a ciência de que estas são

destituídas de fundamento. Deste modo, só haverá violação a esse dever, se a parte tiver consciência, em seu íntimo, de que a sua pretensão, ou a defesa apresentada, são destituídas de fundamento. Não basta que objetivamente o juiz conclua que uma coisa ou outra não tem fundamento, pois é necessário saber se a parte sabia disso anteriormente. Com frequência, uma das partes não tem razão, mas está convencida de que tem, e luta por aquilo que supõe ser o seu direito. Quando isso ocorre, não há nenhuma violação de dever. O que não se admite é que a parte vá a Juízo formular pretensões e defesas que sabe de antemão que não têm fundamento. O que torna a questão mais complicada é que o juiz precisaria, então, conhecer a subjetividade do litigante ou do participante do processo, para saber se ele tinha ou não consciência da sua falta de razão. Ora, como isso é impossível, ele verificará se o erro cometido foi escusável ou não. Se o equívoco for considerado grosseiro, o juiz sancionará aquele que o perpetrou com as penas da litigância de má-fé.

d) Não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do

direito, devendo, portanto o juiz analisar este, com certa tolerância, assim como nos demais deveres. A parte pode requerer honestamente uma prova, que entende pertinente, conquanto o juiz pense que seja supérflua ou irrelevante, sem que com isso haja ofensa ao dever legal. Para que ela fique caracterizada, é indispensável que as provas requeridas ou produzidas sejam meramente protelatórias, destinadas não a esclarecer os fatos, mas a retardar o desfecho do processo. Aqui também se exige o dolo, a má-fé, a conduta voluntária;

e) Cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de

provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final. Este dever, imposto a todos aqueles que participam direta ou indiretamente do processo, foi acrescentado ao rol do art. 14 pela Lei nº 10.358/2001, cuja finalidade principal foi assegurar a efetividade do processo.

Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo: I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; II - proceder com lealdade e boa-fé; III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de fundamento; IV - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito. V - cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de

provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final. Parágrafo único. Ressalvados os advogados que se sujeitam exclusivamente aos estatutos da OAB,

a violação do disposto no inciso V deste artigo constitui ato atentatório ao exercício da jurisdição, podendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa em montante a ser fixado de acordo com a gravidade da conduta e não superior a vinte por cento do valor da causa; não sendo paga no prazo estabelecido, contado do trânsito em julgado da decisão final da causa, a multa será inscrita sempre como dívida ativa da União ou do Estado.

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Art. 15. É defeso às partes e seus advogados empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao juiz, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las.

Parágrafo único. Quando as expressões injuriosas forem proferidas em defesa oral, o juiz advertirá o advogado que não as use, sob pena de Ihe ser cassada a palavra.

Da Responsabilidade das Partes por Dano Processual Conforme consta no artigo 16 do Código Processual Civil, responde por perdas e danos, aquele que

violar os quatro primeiros incisos do artigo 14. Sem prejuízo dessa obrigação, o juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé em multa não excedente a 1% do valor da causa, bem como a ressarcir os honorários advocatícios e todas as despesas da parte contrária.

Em resumo, serão duas as sanções impostas ao ofensor: a de reparar os danos, incluindo honorários e despesas da parte contrária, e a de pagar a multa. Ainda que não haja dano, a multa poderá ser imposta, de ofício ou a requerimento.

A reparação de danos será feita nos próprios autos em que a violação foi cometida. Caso não sejam de grande dimensão, não ultrapassando 20% do valor da causa, o juiz condenará o culpado a ressarci-los e fixará um quantum, em quantia não superior a 20%. Contudo, se os danos forem maiores, e não puderem ser apurados de imediato, o juiz condenará o culpado, mas remeterá a apuração do quantum a liquidação por arbitramento, na forma do art. 18, § 2º, do Código Processual Civil.

Tanto a condenação em perdas e danos quanto a multa serão revertidas em proveito da parte contrária, prejudicada pela conduta violadora.

Ato Atentatório ao Exercício da Jurisdição Constitui ato atentatório ao exercício da jurisdição, a violação do inciso V do art. 14, que obriga ao

cumprimento exato dos provimentos mandamentais e à não criação de embaraços aos provimentos judiciais antecipados ou finais.

A sanção ao primeiro é imposta no parágrafo único do art. 14. A obrigação de cumprir o provimento mandamental só é imposta às partes; a de não criar embaraço aos provimentos judiciais é dirigida às partes, ao Ministério Público, aos intervenientes, e a eventuais terceiros a quem sejam impostas as determinações judiciais.

Tal sanção, todavia, não pode ser aplicada ao advogado, por força de ressalva expressa no dispositivo legal, acrescentada ao projeto originário, por força de pressão de entidades da classe dos advogados, ressalvada de duvidosa constitucionalidade, uma vez que, por eximir tão somente a eles das sanções por descumprimento de determinações judiciais, ofende o princípio da isonomia.

Será aplicada pelo juiz ou de ofício, multa não superior a 20% do valor da causa, sem prejuízo das sanções penais, civis ou processuais cabíveis. Havendo ainda violação cumulativa dos quatro primeiros incisos e do último, serão aplicadas cumulativamente as penas de litigância de má-fé e do ato atentatório ao exercício da jurisdição.

Avesso ao que ocorre com a litigância de má-fé, a condenação imposta pelo juiz não reverte em proveito da parte contrária, mas em favor da Fazenda Pública, haja vista que no caso da violação do inciso V, o ofendido não é o adversário, mas a administração da Justiça. Por isso, se não houver o pagamento, a multa será, após o trânsito em julgado, inscrita como dívida ativa da União ou do Estado.

Proibição do Uso de Expressões Injuriosas Além dos deveres enumerados nos incisos do art. 14, o Código Processual Civil proíbe às partes e

seus advogados o emprego de expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo assim magistrado, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las. Se as expressões forem proferidas oralmente, o juiz advertirá o advogado para que não as use, sob pena de ter a palavra cassada (art. 15 e parágrafo único, do CPC), sendo, portanto apenas vedado conteúdo ofensivo.

Art. 16. Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou interveniente. Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que: I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos; III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

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V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; Vl - provocar incidentes manifestamente infundados. VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé a pagar multa

não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as despesas que efetuou.

§ 1º Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.

§ 2º O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantia não superior a 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, ou liquidado por arbitramento.

Das Despesas e das Multas A distribuição da justiça é uma das atividades essenciais do Estado e, assim como a segurança e a

paz pública, não deveria trazer ônus econômico para aqueles que dela necessitam. Contudo, a administração da justiça tem sido acompanhada do dever de pagamento das despesas

processuais, abrangendo as custas, que são taxas a serem pagas em virtude da movimentação do aparelho jurisdicional, os emolumentos e custas, as despesas com publicações, as indenizações devidas às testemunhas e também os honorários de advogados e peritos, inclusive para exame do DNA (Lei n. 10.317/2001).

De acordo com o Código Processual Civil, segundo o Princípio da Sucumbência, ao final, todas as despesas processuais, serão pagas pelo vencido.

Acerca da matéria, o CPC trata da possibilidade de isentar do pagamento de custas, os casos de justiça gratuita concedida àqueles que não tenham condições de prover as despesas do processo sem prejuízo do próprio sustento.

O Princípio encontra-se consagrado no art. 5°, LXXIV, da Carta Magna, que determina que o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita às pessoas carentes que comprovarem insuficiência de recursos.

Ainda nesse diapasão, a Lei 1.060 de 5 de fevereiro de 1.950 trata desse direito, e suas modificações posteriores trouxeram melhora na concessão do benefício.

Neste sentido, serão favorecidos por este benefício, os pobres na acepção jurídica do termo, ou seja, aqueles cuja situação econômica não lhes permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família.

Apesar da existência do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, o Estado também possui a competência de manter advogados públicos para o atendimento dos necessitados, sendo efetuado em alguns Estados pelos advogados ou procuradores do Estado e, em outros, pelos chamados defensores públicos. Esclareça-se que nas comarcas onde não há representante oficial da administração para a advocacia das pessoas carentes financeiramente, poderá ser nomeado qualquer advogado.

Assim, não sendo a parte, ou as partes, beneficiárias da assistência judiciária gratuita, estas terão que arcar com as custas processuais e demais emolumentos existentes no decorrer do feito.

Consoante dispõe o art. 20, a sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas antecipadas e os honorários advocatícios.

Essa verba honorária será devida também nos casos em que o advogado funcionar em causa própria, isto é, o advogado for também o autor ou o réu por interesse ou direto subjetivo próprio.

Toda vez que o juiz decidir qualquer incidente ou recurso deverá condenar o vencido a pagar as despesas processuais, abrangendo elas não só as custas dos atos do processo, mas também a indenização de viagem, a diária da testemunha e a remuneração do assistente técnico que houver indicado. A remuneração do perito será paga pelo autor, quando requerido por ambas as partes ou, determinado pelo juiz.

Abordaremos minuciosamente os artigos que tratam das despesas processuais a seguir: Art. 19. Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes prover as despesas dos

atos que realizam ou requerem no processo, antecipando-lhes o pagamento desde o início até sentença final; e bem ainda, na execução, até a plena satisfação do direito declarado pela sentença.

§ 1º O pagamento de que trata este artigo será feito por ocasião de cada ato processual. § 2º Compete ao autor adiantar as despesas relativas a atos, cuja realização o juiz determinar de ofício

ou a requerimento do Ministério Público.

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Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Esta verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria.

§ 1º O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o vencido. 2º As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como também a indenização de

viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico. § 3º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento

(20%) sobre o valor da condenação, atendidos: a) o grau de zelo do profissional; b) o lugar de prestação do serviço; c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

seu serviço. § 4º Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação

ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação equitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior.

§ 5º Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o valor da condenação será a soma das prestações vencidas com o capital necessário a produzir a renda correspondente às prestações vincendas (art. 602), podendo estas ser pagas, também mensalmente, na forma do § 2o do referido art. 602, inclusive em consignação na folha de pagamentos do devedor.

Art. 21. Se cada litigante for em parte vencedor e vencido, serão recíproca e proporcionalmente

distribuídos e compensados entre eles os honorários e as despesas. Parágrafo único. Se um litigante decair de parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro,

pelas despesas e honorários. Art. 22. O réu que, por não arguir na sua resposta fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito

do autor, dilatar o julgamento da lide, será condenado nas custas a partir do saneamento do processo e perderá, ainda que vencedor na causa, o direito a haver do vencido honorários advocatícios.

Art. 23. Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem pelas despesas e honorários em proporção.

Art. 24. Nos procedimentos de jurisdição voluntária, as despesas serão adiantadas pelo requerente,

mas rateadas entre os interessados. Art. 25. Nos juízos divisórios, não havendo litígio, os interessados pagarão as despesas

proporcionalmente aos seus quinhões. Art. 26. Se o processo terminar por desistência ou reconhecimento do pedido, as despesas e os

honorários serão pagos pela parte que desistiu ou reconheceu. § 1º Sendo parcial a desistência ou o reconhecimento, a responsabilidade pelas despesas e honorários

será proporcional à parte de que se desistiu ou que se reconheceu. § 2º Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas serão divididas

igualmente. Art. 27. As despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do Ministério Público ou da

Fazenda Pública, serão pagas a final pelo vencido. Art. 28. Quando, a requerimento do réu, o juiz declarar extinto o processo sem julgar o mérito (art. 267,

§ 2o), o autor não poderá intentar de novo a ação, sem pagar ou depositar em cartório as despesas e os honorários, em que foi condenado.

Art. 29. As despesas dos atos, que forem adiados ou tiverem de repetir-se, ficarão a cargo da parte,

do serventuário, do órgão do Ministério Público ou do juiz que, sem justo motivo, houver dado causa ao adiamento ou à repetição.

Art. 30. Quem receber custas indevidas ou excessivas é obrigado a restituí-las, incorrendo em multa

equivalente ao dobro de seu valor. Art. 31. As despesas dos atos manifestamente protelatórios, impertinentes ou supérfluos serão pagas

pela parte que os tiver promovido ou praticado, quando impugnados pela outra.

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Art. 32. Se o assistido ficar vencido, o assistente será condenado nas custas em proporção à atividade que houver exercido no processo.

Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver indicado; a do perito será

paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido por ambas as partes ou determinado de ofício pelo juiz.

Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do perito deposite em juízo o valor correspondente a essa remuneração. O numerário, recolhido em depósito bancário à ordem do juízo e com correção monetária, será entregue ao perito após a apresentação do laudo, facultada a sua liberação parcial, quando necessária.

Art. 34. Aplicam-se à reconvenção, à oposição, à ação declaratória incidental e aos procedimentos de

jurisdição voluntária, no que couber, as disposições constantes desta seção. Art. 35. As sanções impostas às partes em consequência de má-fé serão contadas como custas e

reverterão em benefício da parte contrária; as impostas aos serventuários pertencerão ao Estado. Dos Procuradores A Capacidade postulatória, ou seja, a aptidão para pleitear em juízo é o terceiro pressuposto

processual. Para figurar em um dos polos da demanda, são necessárias, além da capacidade de ser parte e da capacidade para estar em juízo, a representação através de advogado devidamente habilitado junto à Ordem dos Advogados do Brasil e em pleno gozo de suas prerrogativas profissionais, conforme determina o art. 36, CPC.

A Constituição Federal considera o exercício da advocacia, como fator indispensável à administração

da justiça. A Lei 8.906/94, denominada Estatuto da Advocacia, regulamenta acerca do tema. Os atos processuais praticados por quem não possui capacidade postulatória são nulos. Conforme explanado neste conteúdo, o ordenamento jurídico pátrio admite a atuação no processo

como parte, sem a representação de advogado em juízo. São os casos da ação de alimentos e juizado especial cível, nas causas cujo valor não ultrapasse 20 (vinte) salários-mínimos.

A capacidade postulatória é exclusiva dos advogados, no entanto, os cargos públicos de procurador do município, procurador da fazenda nacional e estadual, advogado geral da união e defensor público, necessitam desta capacidade.

Para que a parte seja representada em juízo por advogado, é necessário que a mesma constitua-o como seu procurador, através de uma procuração, denominada também como instrumento de mandato, que poderá ser feita por instrumento público ou particular.

O advogado pode representar a parte em juízo sem estar munido do instrumento de mandato, exceção esta admitida para evitar prescrição ou decadência, bem como para praticar atos urgentes no processo. Contudo, os atos processuais devem ser ratificados no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogáveis pelo mesmo prazo, sob pena de serem considerados inexistentes e o advogado responsabilizado por perdas e danos, consoante dispõe o art. 37, caput do CPC. O advogado ainda pode atuar em causa própria quando figurar na demanda como polo ativo ou passivo.

Importante ilustrar que existem situações em que o procurador não precisa apresentar instrumento de mandato. Esta dispensa da procuração abrange o curador especial, o assistente judiciário, o defensor público quando não há necessidade de poderes especiais, os advogados da união, procuradores da fazenda nacional, estadual e do município.

É através da procuração que o mandante outorga ao mandatário poderes gerais para o foro, também denominados poderes da cláusula “ad judicia”, habilita o procurador a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso, considerados poderes especiais, conforme prevê art. 38 do Código Processual Civil.

É necessário que o advogado declare o endereço em que recebe as intimações, consoante dita o

artigo 39 do CPC, todavia esse preceito somente é aplicado nas comarcas onde as intimações não são feitas através do Diário da Justiça.

O conteúdo é citado através dos seguintes artigos:

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Art. 36. A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que houver.

§§ 1o e 2o. Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá,

todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz.

Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos.

Art. 38. A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou particular assinado pela

parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso.

Parágrafo único. A procuração pode ser assinada digitalmente com base em certificado emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma da lei específica.

Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria: I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá intimação; II - comunicar ao escrivão do processo qualquer mudança de endereço. Parágrafo único. Se o advogado não cumprir o disposto no nº I deste artigo, o juiz, antes de determinar

a citação do réu, mandará que se supra a omissão no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de indeferimento da petição; se infringir o previsto no nº II, reputar-se-ão válidas as intimações enviadas, em carta registrada, para o endereço constante dos autos.

Art. 40. O advogado tem direito de: I - examinar, em cartório de justiça e secretaria de tribunal, autos de qualquer processo, salvo o

disposto no art. 155; II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo pelo prazo de 5 (cinco) dias; III - retirar os autos do cartório ou secretaria, pelo prazo legal, sempre que Ihe competir falar neles por

determinação do juiz, nos casos previstos em lei. § 1º Ao receber os autos, o advogado assinará carga no livro competente. § 2º Sendo comum às partes o prazo, só em conjunto ou mediante prévio ajuste por petição nos autos,

poderão os seus procuradores retirar os autos, ressalvada a obtenção de cópias para a qual cada procurador poderá retirá-los pelo prazo de 1 (uma) hora independentemente de ajuste.

Da Substituição das Partes e dos Procuradores Os artigos 42 e 43 na realidade tratam da sucessão de partes, o primeiro por ato intervivos e o segundo

em caso de morte. Já os artigos 44 e 45 tratam da alteração de procurador, podendo esta ser por vontade da parte ou do próprio advogado.

Como parte, atua na defesa de interesse coletivo, difuso ou individual homogêneo. Como custus legis atua apoiando pessoa sem discernimento completo (interesse de menor).

Art. 41. Só é permitida, no curso do processo, a substituição voluntária das partes nos casos expressos

em lei. Art. 42. A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos, não altera a

legitimidade das partes. § 1º O adquirente ou o cessionário não poderá ingressar em juízo, substituindo o alienante, ou o

cedente, sem que o consinta a parte contrária. § 2º O adquirente ou o cessionário poderá, no entanto, intervir no processo, assistindo o alienante ou

o cedente. § 3º A sentença, proferida entre as partes originárias, estende os seus efeitos ao adquirente ou ao

cessionário.

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Art. 43. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 265.

Art. 44. A parte, que revogar o mandato outorgado ao seu advogado, no mesmo ato constituirá outro

que assuma o patrocínio da causa. Art. 45. O advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, provando que cientificou o

mandante a fim de que este nomeie substituto. Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde que necessário para Ihe evitar prejuízo.

O litisconsórcio é denominado como a pluralidade de partes, no polo ativo, no passivo, ou em ambos,

do mesmo processo. É, portanto a pluralidade de demandantes e demandados em um único processo. Haverá um único processo, com mais de um autor ou de um réu. Trata-se de fenômeno bastante comum no processo civil, que ocorre talvez na maior parte dos processos.

São espécies de litisconsórcio, quanto à pluralidade de partes: - O Litisconsórcio Ativo, ou seja, quando há pluralidade de autores; - O Litisconsórcio Passivo no caso em que há a pluralidade de réus e - O Litisconsórcio Misto quando há a pluralidade tanto de autores como de réus. Quanto à obrigatoriedade de formação do litisconsórcio, este pode ser necessário ou facultativo. O litisconsórcio será necessário sempre que a lei assim exigir ou, pela natureza da relação jurídica, o

juiz tiver que decidir a lide de modo uniforme para todas as partes. De acordo com o artigo 47 do Código de Processo Civil, sua formação é obrigatória.

O litisconsórcio será necessário sempre que a lei assim exigir ou, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver que decidir a lide de modo uniforme para todas as partes. De acordo com o artigo 47 do Código de Processo Civil, sua formação é obrigatória. A lei, em muitos casos, impõe a formação de litisconsórcio. Alguns exemplos podem ser citados como ações que versem sobre direitos reais imobiliários, em que marido e mulher terão que se litisconsorciar como autores (art. 10 do Código Processual Civil).

O Litisconsórcio Facultativo ocorre quando sua existência ficar a critério das partes, devendo ser formado no momento da propositura da ação. Necessário ilustrar que a vontade das partes não é arbitrária, pois condicionam-se aos pressupostos elencados no artigo 46 do Código de Processo Civil. Se aquele que poderia ser litisconsórcio facultativo não integrar a relação jurídica inicialmente e deixa para ingressar no processo posteriormente, neste caso, será assistente litisconsorcial, figura que será examinada mais adiante. O Juiz pode limitar o litisconsórcio facultativo sempre que houver um número excessivo de partes, que pode acarretar o comprometimento da rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. (Parágrafo único do art. 46 do Código de Processo Civil).

Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente,

quando: I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito; III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir; IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.

11 Litisconsórcio. Assistência. Intervenção de Terceiros: Oposição, Nomeação à Autoria, Denunciação da Lide e Chamamento ao

Processo. Ação Regressiva

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Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão.

No Litisconsórcio existe mais de uma parte integrando o polo ativo (litisconsórcio ativo), o polo passivo

(litisconsórcio passivo) ou ambos os polos da relação processual (litisconsórcio misto), justificando-se todas as hipóteses por questões de economia processual e/ou pela natureza da relação que agrega múltiplas partes.

O Litisconsórcio pode ser facultativo ou necessário (ou obrigatório). No Litisconsórcio Facultativo existe a afinidade de interesses dos litisconsortes; O mesmo é regrado

pelo Artigo 46 CPC. Exemplo: Ação de indenização por perdas e danos. O Litisconsórcio Facultativo pode ser multitudinário (litisconsórcio das multidões), apresentando assim

uma infinidade de litisconsortes. No Litisconsórcio Necessário impõe-se a presença de mais de um autor ou de mais um réu no

processo, como condição de validade no mesmo. Exemplo: Ações imobiliárias. O Litisconsórcio Necessário pode ser simples (a sentença pode ser disforme em relação aos

litisconsortes) ou unitário (a sentença deve ser impostamente uniforme em relação aos litisconsortes). Assistência: A Assistência é espécie de intervenção voluntária. Como gênero, observamos o ingresso de um

terceiro para “coadjuvar” a uma das partes, devendo demonstrar seu interesse jurídico, não admitindo-se mero interesse econômico. Exemplo: Assistência prestada ao locatário em ação de despejo pelo sublocatário.

Na Assistência Simples o direito em litígio é de titularidade do assistido. Na Assistência Litisconsorcial o terceiro possui o direito a defender em litígio, podendo propor a ação

em seu nome e assumindo a condição de parte principal. No Litisconsórcio existe mais de uma parte integrando o polo ativo (litisconsórcio ativo), o polo passivo

(litisconsórcio passivo) ou ambos os polos da relação processual (litisconsórcio misto), justificando-se todas as hipóteses por questões de economia processual e/ou pela natureza da relação que agrega múltiplas partes.

O Litisconsórcio pode ser facultativo ou necessário (ou obrigatório). No Litisconsórcio Facultativo existe a afinidade de interesses dos litisconsortes; O mesmo é regrado

pelo Artigo 46 CPC. Exemplo: Ação de indenização por perdas e danos. O Litisconsórcio Facultativo pode ser multitudinário (litisconsórcio das multidões), apresentando assim

uma infinidade de litisconsortes. No Litisconsórcio Necessário impõe-se a presença de mais de um autor ou de mais um réu no

processo, como condição de validade no mesmo. Exemplo: Ações imobiliárias. O Litisconsórcio Necessário pode ser simples (a sentença pode ser disforme em relação aos

litisconsortes) ou unitário (a sentença deve ser impostamente uniforme em relação aos litisconsortes). Assistência: A Assistência é espécie de intervenção voluntária. Como gênero, observamos o ingresso de um

terceiro para “coadjuvar” a uma das partes, devendo demonstrar seu interesse jurídico, não admitindo-se mero interesse econômico. Exemplo: Assistência prestada ao locatário em ação de despejo pelo sublocatário.

Na Assistência Simples o direito em litígio é de titularidade do assistido.

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Na Assistência Litisconsorcial o terceiro possui o direito a defender em litígio, podendo propor a ação em seu nome e assumindo a condição de parte principal.

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou

passivamente, quando: I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito; III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir; IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito. Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes,

quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão.

Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação

jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo.

Parágrafo único. O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o processo.

Art. 48. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações com

a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros.

Art. 49. Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e todos devem ser

intimados dos respectivos atos. Art. 50. Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em

que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la. Parágrafo único. A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus

da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado em que se encontra. Art. 51. Não havendo impugnação dentro de 5 (cinco) dias, o pedido do assistente será deferido. Se

qualquer das partes alegar, no entanto, que falece ao assistente interesse jurídico para intervir a bem do assistido, o juiz:

I - determinará, sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição e da impugnação, a fim de serem autuadas em apenso;

II - autorizará a produção de provas; III - decidirá, dentro de 5 (cinco) dias, o incidente. Art. 52. O assistente atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-

se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido. Parágrafo único. Sendo revel o assistido, o assistente será considerado seu gestor de negócios. Art. 53. A assistência não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista

da ação ou transija sobre direitos controvertidos; casos em que, terminando o processo, cessa a intervenção do assistente.

Art. 54. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez que a sentença houver

de influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido. Parágrafo único. Aplica-se ao assistente litisconsorcial, quanto ao pedido de intervenção, sua

impugnação e julgamento do incidente, o disposto no art. 51. Art. 55. Transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o assistente, este não poderá,

em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que: I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, fora impedido

de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;

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II - desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.

Dá-se o litisconsórcio quando duas ou mais pessoas litigam no mesmo processo e do mesmo lado, no

polo ativo ou passivo da ação, ou seja, quando há mais de um autor ou mais de um réu, havendo comunhão de interesses, conexão de causas ou afinidade de questões. Em síntese, o litisconsórcio é a pluralidade de partes, que pode ocorrer tanto no polo passivo (vários réus) como no ativo (vários autores).

Os litisconsórcios podem ser: a) ativo: quando há mais de um autor; b) passivo: quando há mais de um réu; c) misto ou recíproco: quando há mais de um autor e mais de um réu; d) inicial ou ulterior: conforme a pluralidade se verifique no início ou em momento posterior da ação; e) facultativo: é o que pode ser adotado voluntariamente pelas partes. Subdivide-se em facultativo

unitário e facultativo simples. Unitário é aquele em que o juiz tem de decidir de modo igual para todos os autores e todos os réus, não podendo a sentença ser procedente para uns e improcedente para outros. Simples é aquele em que a decisão pode ser diferente para cada litisconsorte.

f) necessário: é aquele em que a ação só pode ser proposta por duas ou mais pessoas ou contra duas ou mais pessoas, por não ser possível a formação da relação processual sem a pluralidade de partes. A obrigatoriedade do litisconsórcio deriva da lei ou da natureza da relação jurídica, p. ex.: citação obrigatória de ambos os cônjuges nas ações reais imobiliárias.

De acordo com o art. 46 do CPC, que trata do litisconsórcio facultativo, duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:

I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente da lide; II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito; III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir; IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz

tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo. O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o processo.

É o caso, por exemplo, do previsto no art. 10, § 1º do CPC, a respeito do litisconsórcio necessário de ambos os cônjuges sempre que:

a) a ação verse sobre direitos reais imobiliários; b) ações resultantes de fato que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados por eles; c) ações fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução tenha de

recair sobre o produto do trabalho da mulher ou de seus bens reservados; d) ações que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóveis

de um ou de ambos os cônjuges. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte

adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros. Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e todos devem ser intimados dos respectivos atos.

De acordo com o art. 509 do CPC, o recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns.

1. A intervenção de terceiros Em princípio, a sentença só produz efeito entre as partes. Às vezes, porém, ainda que de modo

indireto, esse efeito pode recair sobre os interesses de pessoas estranhas ao processo. Por fim, em dadas circunstâncias, a lei permite ou determina o ingresso de terceiros no processo, para ajudar as partes ou para excluí-las.

A intervenção de terceiros no processo ocorre quando alguém participa dele sem ser parte na causa, com o intuito de auxiliar ou excluir os litigantes, para defender algum direito ou interesse próprio que possam ser prejudicados pela sentença.

A intervenção de terceiros pode assumir as formas de assistência, oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide e chamamento ao processo e pode ser provocada ou espontânea; será espontânea nos casos de assistência e oposição, e provocada nos casos de denunciação da lide,

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chamamento ao processo e nomeação à autoria. 2. Da assistência Instaurado um processo entre duas ou mais pessoas, o terceiro que tiver interesse jurídico em que a

sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la. Trata-se, como já mencionado, de intervenção voluntária, ou seja, depende exclusivamente da vontade do assistente em requerer o seu ingresso no processo.

A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado em que se encontra. Desta forma, o assistente não suporta os efeitos da coisa julgada.

2.1 Poderes do assistente O assistente, por atuar na qualidade de mero auxiliar da parte, sofre algumas limitações em suas

faculdades processuais. Ele não pode, via de regra, desistir, transacionar ou reconhecer juridicamente o pedido. Contudo, pode ser permitido, excepcionalmente, ao assistente atuar em nome próprio na defesa de interesse alheio, quando o réu se torna revel. Ocorre verdadeira substituição processual. Vale frisar que somente com esta substituição processual é que o assistente poderá desistir, transacionar ou reconhecer o pedido, pois nos demais casos sua atuação é limitada. Transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão.

2.2 Procedimento O assistente requererá sua admissão no processo por petição, justificando qual o seu interesse no

mesmo. Conforme artigo 51 do CPC, não havendo impugnação dentro de 5 dias, o pedido do assistente será deferido. Se qualquer das partes alegar, no entanto, que falece ao assistente interesse jurídico para intervir a bem do assistido, o juiz:

I - determinará, sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição e da impugnação, a fim de serem autuadas em apenso;

II - autorizará a produção de provas; III - decidirá, dentro de 5 dias, o incidente. O assistente atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos

mesmos ônus processuais que o assistido. A assistência não obsta que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação ou transija sobre direitos controvertidos; casos em que, terminando o processo, cessa a intervenção do assistente.

Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez que a sentença houver de influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.

Transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:

I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, fora impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; ou que

II - desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.

3. Oposição A oposição é a modalidade de intervenção voluntária, facultativa, onde o terceiro vem a juízo postular,

no todo ou em parte, o objeto ou direito em litígio, pelo ajuizamento de ação autônoma contra autor e réu do processo originário. O opositor visa excluir as pretensões das partes no processo, seja parcial seja totalmente.

De acordo com o art. 56 do CPC, quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos. Vale ressaltar que a oposição só assume características de intervenção de terceiros se oferecida no momento oportuno.

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3.1 Procedimento O opoente deduzirá o seu pedido, observando os requisitos exigidos para a propositura da ação, ou

seja, os arts. 282 e 283, CPC. Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido, contra o outro prosseguirá o opoente. Oferecida depois de iniciada a audiência, a oposição seguirá o procedimento ordinário, sendo julgada sem prejuízo da causa principal. O juiz poderá, todavia, sobrestar o andamento do processo, por prazo nunca superior a 90 dias, a fim de julgá-la conjuntamente com a oposição. Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação e a oposição, desta conhecerá em primeiro lugar.

Prevalece o entendimento de que a oposição não pode ser proposta após a prolação da sentença, conforme leitura do artigo 56 do Código de Processo Civil

4. Nomeação à autoria Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear

à autoria o proprietário ou o possuidor, p. ex.: o inquilino que é acionado pela Prefeitura, para demolir parte da edificação. O inquilino, então, deve obrigatoriamente nomear à autoria o proprietário do imóvel.

Assim, a nomeação à autoria, não é voluntária ou facultativa. Ela deve ser interposta para trazer ao processo o verdadeiro proprietário, que é a parte legítima no processo. Ocorre, geralmente, em casos onde o réu é mero detentor da coisa ou mandatário de outrem.

O réu requererá a nomeação no prazo para a defesa; o juiz, ao deferir o pedido, suspenderá o processo e mandará ouvir o autor no prazo de 5 dias. Aceitando o nomeado, ao autor incumbirá promover-lhe a citação; recusando-o, ficará sem efeito a nomeação. Caso o nomeado reconhecer a qualidade que lhe é atribuída, contra ele correrá o processo; se a negar, o processo continuará contra o nomeante. Quando o autor recusar o nomeado, ou quando este negar a qualidade que lhe é atribuída, assinar-se-á ao nomeante novo prazo para contestar.

Presume-se aceita a nomeação se: I - o autor nada requereu, no prazo em que, a seu respeito, lhe competia manifestar-se; II - o nomeado não comparecer, ou, comparecendo, nada alegar. Responderá por perdas e danos aquele a quem incumbia a nomeação: I - deixando de nomear à autoria, quando lhe competir; II - nomeando pessoa diversa daquela em cujo nome detém a coisa demandada. 5. Denunciação da lide A denunciação da lide é a intervenção de terceiros forçada, obrigatória, mediante requerimento de uma

das partes da relação jurídica principal, com o fim de trazer ao processo o seu garante, terceiro contra o qual tem direito de regresso caso venha a perder a ação principal.

A denunciação da lide é obrigatória por forca do art. 70 do CPC, nos seguintes casos: I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim

de que esta possa exercer o direito que da evicção lhe resulta; II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como

o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada;

III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.

Feita a denunciação pelo autor, o denunciado, comparecendo, assumirá a posição de litisconsorte do denunciante e poderá aditar a petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.

Já no caso da denunciação pelo réu: I - se o denunciado a aceitar e contestar o pedido, o processo prosseguirá entre o autor, de um lado,

e de outro, como litisconsortes, o denunciante e o denunciado; II - se o denunciado for revel, ou comparecer apenas para negar a qualidade que lhe foi atribuída,

cumprirá ao denunciante prosseguir na defesa até final; III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor, poderá o denunciante prosseguir na

defesa. A sentença que julgar procedente a ação, declarará, conforme o caso, o direito do evicto, ou a

responsabilidade por perdas e danos, valendo como título executivo.

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6. Chamamento ao processo Nesta espécie de intervenção de terceiros, o réu chama aos autos os demais coobrigados pela

dívida para assim ter garantido o seu direito de regresso em uma possível condenação. É admissível o chamamento ao processo:

I - do devedor, na ação em que o fiador for réu; II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles; III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou

totalmente, a dívida comum. Para que o juiz declare, na mesma sentença, as responsabilidades dos obrigados, acima

mencionados, o réu requererá, no prazo para contestar, a citação do chamado. A sentença, que julgar procedente a ação, condenando os devedores, valerá como título executivo, em favor do que satisfizer a dívida, para exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou de cada um dos codevedores a sua quota, na proporção que lhes tocar. Quanto ao procedimento, este sofre o mesmo rito do reservado à denunciação da lide.

O processo se dará por iniciativa da parte, lembrando que a jurisdição é inerte. O autor, ao apresentar

sua petição inicial, estará fixando os limites da lide e os limites de atuação do juiz, no momento em que indicar sua pretensão, os fundamentos de fato e de direito e à quem a ação é dirigida.19 No momento em que o juiz despachar a petição inicial será considerada proposta a ação e no momento em que houver a citação do réu, considerar-se-á formada a relação processual.

No que tange a suspensão do processo tem-se a regulamentação constante do Art. 265 do CPC, que enumera as situações possíveis, que serão aplicadas à todos os tipos de processo, lembrando que as ações específicas poderão ter outras causas que lhe serão próprias.

A suspensão se dará mediante decisão judicial, pois ao juiz cabe o comando do processo, contudo, tal decisão é meramente declarativa, considerando-se a ocorrência do fato que motivou a suspensão como o momento de ocorrência desta. O término da suspensão, nos casos em que foi fixado um prazo (pelo juiz ou pela lei), será automático, sendo que quando não houver fixação, dependerá de requerimento das partes ou impulso oficial.20

O Código de Processo Civil trouxe duas hipóteses de extinção do processo, sendo a extinção sem resolução do mérito (Art. 267) e com resolução do mérito (Art. 269). Verifica-se que ao extinguir o feito sem resolução do mérito, tal decisão não fará coisa julgada material, apenas formal, o que significa dizer, em termos gerais, que haverá possibilidade de repropositura da ação. Fala-se em resolução do mérito quando o juiz examina o pedido e manifesta a vontade da lei para aquele caso.

Para Liebman “os atos processuais são aqueles praticados pelos sujeitos do processo e se

distinguem dos demais atos jurídicos justamente porque pertencem ao processo[357], possuindo o “efeito jurídico direto e imediato” de constituir, impulsionar ou extinguir a relação jurídica processual”. 21

19 LENZA, Pedro (coord.), Marcus Vinicius Rios Gonçalves. Direito processual Civil Esquematizado, 3. ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2013. 20 Theodoro Jr., Humberto. Código de Processo Civil anotado, colaboradores, Humberto Theodoro Neto, Adriana Mandim Theodoro de Mello, Ana Vitoria Mandim Theodoro, 18. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2014. 21 Liebman apud AMENDOEIRA JR., Sidnei. Manual de direito processual civil: teoria geral do processo e fase de conhecimento em primeiro grau de jurisdição, 2. ed., Vol. I, São Paulo: Saraiva, 2012.

12 Formação, Suspensão e Extinção do Processo

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O ato processual declarado nulo, é ato existente (visto que uma das partes o praticou), mas está eivado de algum vício, seja ele formal ou substancial. Serão consideradas nulidades relativas aquelas cuja declaração depende de pedido das partes, uma vez que o ato praticado causará danos apenas à estas. As nulidade que puderem ser declaradas pelo juiz ex officio, uma vez que infringiram algum requisito processual essencial, serão consideradas nulidades absolutas. Vale ressaltar que as nulidade relativas são sanáveis, quanto as absolutas não comportam correção.

O Art. 162, § 1º do CPC conceitua a sentença da seguinte forma: Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei. Note-se que o que define se uma decisão será considerada sentença ou não, já não é mais se esta será terminativa. De acordo com a nova redação do artigo supra citado, um ato judicial será considerado sentença de acordo com o seu conteúdo.

Há casos em que o processo será encerrado sem que o juiz aprecie o mérito, que é a pretensão do autor. Nestes casos, a sentença proferida será considerada terminativa, conquanto baseada nas hipóteses do Art. 267 do CPC. No tocante aos casos em que o juiz analisa o mérito, a sentença será considerada definitiva (Art. 269 do CPC).

Para que a sentença seja considerada válida e apta para produzir todos os seus efeitos, alguns requisitos essenciais são necessários, conforme enumerados no Art. 458 do CPC, sendo em número de três: a) relatório: aqui o juiz fará um resumo de todos os atos ocorridos ao longo do processo, delimitando os acontecimentos; b) motivação: o convencimento do juiz é livre, por força principiológica, contudo, este deve ser motivado, o que implica dizer que o juiz deve explicar o que o levou a decidir desta ou daquela forma; e c) dispositivo: onde o juiz deverá informar se acolheu ou não a pretensão do autor e as medidas necessárias para a resolução do conflito processual.

Uma das garantias fundamentais fixadas pela Constituição Federal em seu Art. 5º, XXXVI, é a da coisa julgada, uma vez que informa “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada” o que significa dizer que a lei não retroagirá em prejuízo próprio, garantindo que as decisões judiciais não possam ser alteradas a partir de determinado ponto.

Tal garantia visa dar estabilidade aos processos e gerar segurança jurídica, sempre buscando a pacificação social. Vale frisar que, caso não houvesse mecanismos de encerramento das questões processuais, os processos poderiam ser infinitamente discutidos, nunca chegando à solução do litígio.

Assim sendo, a coisa julgada tem a função de assegurar que as sentenças proferidas produzam os efeitos pretendidos e que estes não possam mais ser modificados. Ressalte-se que a coisa julgada não é considerada efeito da sentença e sim uma qualidade desta, ou seja, a sentença se torna imutável.22

Faz-se necessário uma melhor conceituação, subdividindo a coisa julgada em formal e material. A coisa julgada formal é a manifestação dos efeitos da coisa julgada internamente, dentro do próprio processo em que a decisão foi proferida, manifestando-se quando não cabem mais recursos. Já a coisa julgada material consiste na atuação externa dos efeitos da sentença, levando ao cumprimento das determinações judiciais e impedindo que aquele assunto volte a ser discutido em outro feito.

Os artigos 475-A e seguintes do CPC foram introduzidos pela Lei 11.232/2005, que inovou ao introduzir o processo sincrético, isto é, permitindo que o cumprimento da sentença se desse em uma nova fase do mesmo feito, excluindo a necessidade de propositura de nova ação para proceder a execução. Tal situação permite maior celeridade e eficiência aos feitos.23

No sistema atual verifica-se que a própria sentença condenatória dará encaminhamento para que a mesma seja cumprida, sendo que após o prazo para pagamento voluntário, determinará que se realize a penhora e avaliação dos bens necessários para satisfazer o direito do autor. Note-se que não há mais necessidade de intimação própria para que o cumprimento de sentença se inicie, bastando as partes terem sido regularmente intimadas da sentença.24

Caso o executado queira apresentar objeções ao cumprimento da sentença, estas serão feitas em simples impugnação, sendo que havendo problemas com as condições do procedimento, estes poderão ser alegados à qualquer tempo, cabendo até mesmo análise judicial ex officio. O executado não poderá ter o mérito revisto, podendo ser discutidos somente os assuntos que surgiram após a sentença ser proferida. As arguições do executado estão relacionadas, de maneira exaustiva, no Art. 475-L do CPC.

22 LENZA, Pedro (coord.), Marcus Vinicius Rios Gonçalves. Direito processual Civil Esquematizado, 3. ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2013. 23 ARAÚJO, Eduardo Barbosa de. Cumprimento de sentença: polêmicas atuais. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3516. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/23726>. Acesso em: 15 abr. 2015. 24 Theodoro Jr., Humberto. Código de Processo Civil anotado, colaboradores, Humberto Theodoro Neto, Adriana Mandim Theodoro de Mello, Ana Vitoria Mandim Theodoro, 18. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2014.

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Formação do processo O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. Feita a citação,

é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei.

A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do processo.

Suspensão do processo Suspende-se o processo, dentre outros casos especificados no CPC: I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal

ou de seu procurador; II - pela convenção das partes; III - quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de

suspeição ou impedimento do juiz; IV - quando a sentença de mérito: a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação

jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente; b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova,

requisitada a outro juízo; c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente; V - por motivo de força maior. Extinção do processo Extinção sem resolução do mérito Em conformidade com o art. 267 do CPC, extingue-se o processo, sem resolução do mérito (decisão

terminativa): I - quando o juiz indeferir a petição inicial; II - quando ficar parado durante mais de 1 ano por negligência das partes; III - quando, por não promover os atos e diligências que lhe competir, o autor abandonar a causa por

mais de 30 dias; IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e

regular do processo; V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; VI - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a

legitimidade das partes e o interesse processual; VII - pela convenção de arbitragem; VIII - quando o autor desistir da ação; IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal; X - quando ocorrer confusão entre autor e réu; XI - nos demais casos prescritos na lei processual. O juiz ordenará, nos casos dos incisos II e III, o arquivamento dos autos, declarando a extinção do

processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 horas. Salvo o disposto no art. 267, V do CPC, a extinção do processo não obsta a que o autor intente de

novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.

Caso o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento previsto no inciso III do artigo 267, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito; é a chamada perempção.

Extinção com resolução do mérito Em conformidade com o art. 269 do CPC, extingue-se o processo com resolução do mérito (decisão

definitiva): I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor; II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido;

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III - quando as partes transigirem; IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação. A prescrição e a decadência podem ser reconhecidas de ofício, e causam o indeferimento da inicial,

se o juiz as detecta de início; podem, entretanto ser pronunciadas a qualquer tempo, salvo em embargos infringentes, que só podem versar sobre aquilo que tenha sido objeto de divergência e em recurso especial e extraordinário, pois devem atender ao requisito de prequestionamento.

Questão preliminar e questão prejudicial Questão preliminar é aquela que visa impedir o julgamento da lide e pode se referir a um vício

processual ou também à matéria relacionada ao legítimo exercício do direito de ação. Com a defesa preliminar o réu alega a existência de certa circunstância que, por si mesma, é capaz

de tornar impossível o julgamento da lide, isto é o acolhimento ou desacolhimento da pretensão do autor (cf. art. 269, I do CPC).

Caso as defesas preliminares forem acolhidas, impedem a continuação da atividade jurisdicional e o processo é extinto sem julgamento do mérito (cf. art. 267, IV e VI do CPC). Caso as defesas preliminares

reste desacolhidas, não impedem o prosseguimento do processo e nem terão influência no teor do julgamento das demais questões a serem resolvidas pelo julgador.

As questões prejudiciais de modo algum podem impedir que a decisão seguinte seja proferida, mas sua solução influenciam a decisão posterior.

A decisão acerca da questão prejudicial não faz coisa julgada material, por força do que dispõe o art. 469, III, do CPC. A somente a decisão final terá os efeitos da coisa julgada, mediante a qual o juiz se pronuncia sobre o pedido formulado pelo autor. Há, porém, uma maneira de se obter a coisa julgada a respeito de questão prejudicial. Ajuizando a ação declaratória incidental (cf. art. 470 do CPC).

Assim, a questão prejudicial decidida incidentalmente no processo não faz coisa julgada material (cf. art. 469, III, CPC), mas fará se for ajuizada a ação declaratória incidental (cf. arts. 5 º, 325 e 470, do CPC).

CPC

CAPÍTULO I DA FORMAÇÃO DO PROCESSO

Art. 262. O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. Art. 263. Considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja despachada pelo juiz, ou

simplesmente distribuída, onde houver mais de uma vara. A propositura da ação, todavia, só produz, quanto ao réu, os efeitos mencionados no art. 219 depois que for validamente citado.

Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o

consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei. Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida

após o saneamento do processo.

CAPÍTULO II DA SUSPENSÃO DO PROCESSO

Art. 265. Suspende-se o processo: I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal

ou de seu procurador; II - pela convenção das partes; III - quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de

suspeição ou impedimento do juiz; IV - quando a sentença de mérito: a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação

jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente; b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova,

requisitada a outro juízo; c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente;

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V - por motivo de força maior; VI - nos demais casos, que este Código regula. § 1o No caso de morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, ou de seu

representante legal, provado o falecimento ou a incapacidade, o juiz suspenderá o processo, salvo se já tiver iniciado a audiência de instrução e julgamento; caso em que:

a) o advogado continuará no processo até o encerramento da audiência; b) o processo só se suspenderá a partir da publicação da sentença ou do acórdão. § 2o No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de

instrução e julgamento, o juiz marcará, a fim de que a parte constitua novo mandatário, o prazo de 20 (vinte) dias, findo o qual extinguirá o processo sem julgamento do mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou mandará prosseguir no processo, à revelia do réu, tendo falecido o advogado deste.

§ 3o A suspensão do processo por convenção das partes, de que trata o no Il, nunca poderá exceder 6 (seis) meses; findo o prazo, o escrivão fará os autos conclusos ao juiz, que ordenará o prosseguimento do processo.

§ 4o No caso do no III, a exceção, em primeiro grau da jurisdição, será processada na forma do disposto neste Livro, Título VIII, Capítulo II, Seção III; e, no tribunal, consoante Ihe estabelecer o regimento interno.

§ 5o Nos casos enumerados nas letras a, b e c do no IV, o período de suspensão nunca poderá exceder 1 (um) ano. Findo este prazo, o juiz mandará prosseguir no processo.

Art. 266. Durante a suspensão é defeso praticar qualquer ato processual; poderá o juiz, todavia, determinar a realização de atos urgentes, a fim de evitar dano irreparável.

CAPÍTULO III

DA EXTINÇÃO DO PROCESSO

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I - quando o juiz indeferir a petição inicial; Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por

mais de 30 (trinta) dias; IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e

regular do processo; V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a

legitimidade das partes e o interesse processual; Vll - pela convenção de arbitragem; Vlll - quando o autor desistir da ação; IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal; X - quando ocorrer confusão entre autor e réu; XI - nos demais casos prescritos neste Código. § 1o O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e Ill, o arquivamento dos autos, declarando a extinção do

processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas. § 2o No caso do parágrafo anterior, quanto ao no II, as partes pagarão proporcionalmente as custas e,

quanto ao no III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e honorários de advogado (art. 28). § 3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a

sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento.

§ 4o Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.

Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autor intente de

novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.

Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento previsto no n° III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.

Art. 269. Haverá resolução de mérito: I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor; II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido;

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III - quando as partes transigirem; IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.

Por força do princípio da inércia, cabe à parte solicitar ao Estado a prestação jurisdicional,

apresentando sua demanda. Tal provocação irá se operacionalizar através da petição inicial, “que é a peça ou instrumento mediante o qual o autor introduz a demanda em juízo, requerendo ao Estado-juiz a tutela jurisdicional, fixando os limites da lide e dando vazão ao direito constitucional e abstrato de ação – que se torna concreto em função da demanda”. 25

Para que a propositura da ação possa ser válida e viável, a petição inicial deverá obedecer à uma série de requisitos formais, considerando-se, inclusive, o pressuposto processual de que a petição deverá ser apta, visto que se não cumprir os requisitos deverá ser indeferida (inepta).

Os requisitos formais da petição inicial irão refletir os elementos da demanda, tais como as partes, a causa de pedir (próxima e remota) e o pedido, elementos estes que servirão para delinear as condições da ação e delimitar a atuação da jurisdição.

Os requisitos estruturais essenciais estão expostos no Art. 282 do CPC (vide artigo abaixo), devendo ainda observar-se que a petição inicial deverá ser escrita em vernáculo (nosso idioma oficial – Art. 156 do CPC), além disso, deverá ser escrita e assinada pelo procurador da parte, isto é, seu advogado.

Mesmo sem ouvir o autor, o juiz poderá verificar que a inicial contem vícios insanáveis, proferindo sentença de extinção do feito sem julgamento do mérito (vide assunto em tópico próprio), ou seja, indeferindo a petição inicial. Há a possibilidade de indeferimento parcial da peça inicial, que terá como consequência a determinação de que o autor corrija as irregularidades para, então, dar andamento ao feito. O Art. 295 do CPC elenca as situações que causarão o indeferimento da petição inicial.

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 156. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do vernáculo (...) Art. 282. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido, com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu.

25 AMENDOEIRA JR., Sidnei. Manual de direito processual civil: teoria geral do processo e fase de conhecimento em primeiro grau de jurisdição, 2. ed., Vol. I, São Paulo: Saraiva, 2012.

13 Petição Inicial. Requisitos. Inépcia da Petição Inicial

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Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e

283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. Art. 285. Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, ordenando a citação do réu, para

responder; do mandado constará que, não sendo contestada a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos articulados pelo autor.

Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada.

§ 1º Se o autor apelar, é facultado ao juiz decidir, no prazo de 5 (cinco) dias, não manter a sentença e determinar o prosseguimento da ação.

§ 2º Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu para responder ao recurso. Art. 285-B. Nos litígios que tenham por objeto obrigações decorrentes de empréstimo, financiamento

ou arrendamento mercantil, o autor deverá discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, quantificando o valor incontroverso.

§ 1º O valor incontroverso deverá continuar sendo pago no tempo e modo contratados. § 2º O devedor ou arrendatário não se exime da obrigação de pagamento dos tributos, multas e taxas

incidentes sobre os bens vinculados e de outros encargos previstos em contrato, exceto se a obrigação de pagar não for de sua responsabilidade, conforme contrato, ou for objeto de suspensão em medida liminar, em medida cautelar ou antecipação dos efeitos da tutela.

Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas acrescidas

em razão dessa iniciativa. Art. 295. A petição inicial será indeferida: I - quando for inepta; II - quando a parte for manifestamente ilegítima; III - quando o autor carecer de interesse processual; IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5o V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou

ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal; Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e 284. Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando: I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir; II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; III - o pedido for juridicamente impossível; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. Art. 296. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48 (quarenta

e oito) horas, reformar sua decisão. Parágrafo único. Não sendo reformada a decisão, os autos serão imediatamente encaminhados ao

tribunal competente. O Art. 282 do CPC traz os requisitos essenciais para a peça preambular, sendo necessário o a) endereçamento, ou seja, a fixação da competência ao direcionar para o juiz ou tribunal

correspondente; b) a qualificação completa das partes, devendo constar a maior quantidade de dados possíveis, a fim

de individualizar com clareza as partes do feito; c) boa explanação sobre o fato que levou à propositura da ação, bem como em quais direitos tais fatos

estão fundados; d) o pedido, que deve ser claro e uma decorrência lógica dos fatos explanados anteriormente, além

de ser o dispositivo que dará a limitação à atuação judicial; e) o valor da causa, que será necessário para fixar a competência, o rito a ser adotado (ordinário ou

sumário) e para fixação das custas;

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f) deve trazer ainda, a relação das provas que pretende produzir, não sendo recomendável a utilização de pedido genérico; por fim,

g) requerer ao juiz que chame o réu para responder ao processo. Ressalte-se que juntamente com a inicial devem ser levados ao juízo os documentos necessários

para a comprovação dos fatos alegados ou aqueles que a lei determina como sendo indispensáveis para aquela demanda, como por exemplo, no caso de divórcio, não é possível propor a ação sem a juntada da certidão de casamento.

O legislador previu a possibilidade de emenda à inicial, ou seja, de acrescentar algo ou corrigir algo

na petição que já foi protocolizada. A emenda poderá ser determinada pelo juiz, quando este notar alguma irregularidade, ou pode ser por iniciativa da parte. Frise-se que para alteração do pedido, a emenda somente poderá ser feita antes da citação do réu, após a citação, o réu deverá permitir a alteração.

O Art. 295 do CPC traz os casos em que a inicial poderá ser indeferida, ressaltando situações em

que os requisitos não foram cumpridos ou que não há possibilidade de analisar plenamente o pedido.

O pedido mereceu tratamento específico pelo legislado processual, visto se tratar de parte importante

na demanda, uma vez que traz em si o que o autor deseja receber do Estado-juiz, definindo o objeto do processo e fazendo a delimitação da atividade jurisdicional.

Analisa-se o pedido por dois ângulos distintos: a) pedido imediato: em que o autor faz uso do seu direito de ação e provoca o Estado, tirando-o da

inércia ao solicitar a prestação jurisdicional e, b) pedido mediato: onde o autor definirá qual resultado deseja alcançar por meio daquela demanda. Como já explanado anteriormente, o pedido poderá ser alterado, fazendo-se correções ou

acrescentando solicitações, enquanto o réu ainda não houver sido citado. Após a citação, a modificação do pedido fica condicionada à aprovação do réu.

Código de Processo Civil

Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados; II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato ilícito; III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. Art. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da prática de algum ato, tolerar alguma

atividade, prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação de pena pecuniária para o caso de descumprimento da sentença ou da decisão antecipatória de tutela (arts. 461, § 4o, e 461-A)

Art. 288. O pedido será alternativo, quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a

prestação de mais de um modo. Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz Ihe assegurará

o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.

14 Pedido. Cumulação e Espécies de Pedido

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Art. 289. É lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que o juiz conheça do posterior, em não podendo acolher o anterior.

Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no

pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.

Art. 291. Na obrigação indivisível com pluralidade de credores, aquele que não participou do processo

receberá a sua parte, deduzidas as despesas na proporção de seu crédito.

Art. 292. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.

§ 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação: I - que os pedidos sejam compatíveis entre si; II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. § 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a cumulação,

se o autor empregar o procedimento ordinário. Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os

juros legais. Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas acrescidas

em razão dessa iniciativa.

Nem todos os atos são relevantes para o processo, sendo que atos processuais serão considerados

aqueles que os sujeitos do processo praticarem e a este pertencerem. Tais atos possuirão efeitos jurídicos diretos e imediatos, podendo constituir, impulsionar ou extinguir a relação jurídica processual.

Os atos processuais são, via de regra, formais, com requisitos de validade previstos em lei e criados para assegurar a sua finalidade.

Forma dos atos processuais Os atos processuais encontram sua classificação no próprio CPC, que os subdivide em atos das partes

(Art. 158 a 161), do juiz (Art. 162 a 165) e do escrivão (Art. 166 a 171). Conforme descrito no Art. 176, os atos processuais devem ser praticados na sede do juízo, ou seja,

no fórum, respeitando as regras e determinações deste. É possível a realização de alguns atos processuais fora do prédio da justiça, quando houver algum tipo de obstáculo para sua realização ali.

Atos em geral Os atos processuais são públicos, podendo ser praticados pela forma escrita ou oral, desde que

reduzidos a termo nos atos, podendo ser produzidos, transmitidos, armazenados e assinados por meio eletrônico, na forma da lei. Os tribunais, no âmbito da respectiva jurisdição, poderão disciplinar a prática e a comunicação oficial dos atos processuais por meios eletrônicos, atendidos os requisitos de

15 Atos Processuais. Tempo e Lugar dos Atos Processuais

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autenticidade, integridade, validade jurídica e interoperabilidade da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP – Brasil.

Correm, todavia, em segredo de justiça os processos: I - em que o exigir o interesse público; II - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio,

alimentos e guarda de menores. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e a seus

procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite.

Atos do juiz Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 do CPC. Caso

decida o mérito da causa, a sentença será denominada de sentença definitiva; mas se extinguir o processo sem julgar o mérito da causa será denominada de sentença terminativa. Decisões interlocutórias são os atos pelos quais o juiz, no curso do processo, resolve questões incidentes. Despachos são os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito à lei não estabeleça outra forma.

Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz, quando necessário. A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, poderá ser feita eletronicamente, na forma da lei.

Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos Tribunais. As sentenças e os acórdãos conterão um relatório, os fundamentos e um dispositivo, em consonância

com o art. 458 do CPC; as demais decisões serão fundamentadas, ainda que de modo conciso. Tempo e lugar dos atos processuais A pratica dos atos processuais é regulada por limites temporais fixados em lei, isto porque o processo

precisa ser impulsionado para atingir um fim, entrega da tutela jurisdicional, evitando-se, assim, que este se estenda indefinidamente.

Os atos processuais estão organizados de forma clara e sequencial, desta maneira, deverão ser praticados pelas partes ou mesmo pelo juiz, dentro de um prazo máximo, fixado na lei. A não realização de determinado ato dentro do prazo estipulado ocasionará a perda do direito de pratica-lo.

O Art. 179 do CPC especifica que serão suspensos os prazos durante as férias forenses, que compreendem o período de tempo em que os tribunais não realizam atendimento ao público ou advogados. Ainda assim, atos urgentes e cautelares não são atingidos pela suspensão.

Serão, todavia, concluídos depois das 20 horas os atos iniciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano.

A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, e mediante autorização expressa do juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias úteis, fora do horário usual, observado o disposto no art. 5º, inciso XI, CF.

Durante as férias e nos feriados não se praticarão atos processuais. Excetuam-se a produção antecipada de provas; a citação, a fim de evitar o perecimento de direito; e bem assim o arresto, o sequestro, a penhora, a arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a separação de corpos, a abertura de testamento, os embargos de terceiro, a nunciação de obra nova e outros atos análogos.

O prazo para a resposta do réu só começará a correr no primeiro dia útil seguinte ao feriado ou às férias. São feriados, para efeito forense, os domingos e os dias declarados por lei.

Processam-se durante as férias e não se suspendem pela superveniência delas: I - os atos de jurisdição voluntária bem como os necessários à conservação de direitos, quando possam

ser prejudicados pelo adiamento; II - as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tutores e curadores, bem como as

mencionadas no art. 275 do CPC; III - todas as causas que a lei federal determinar.

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Comunicações dos atos Expedir-se-á: a) carta de ordem, se o juiz for subordinado ao tribunal de que ela emanar; b) carta rogatória, quando dirigida à autoridade judiciária estrangeira; e c) carta precatória nos demais casos.

Citação Considerações gerais Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de que ele tome conhecimento

da ação proposta e assim apresente sua defesa. A citação do réu é requisito essencial de validade do processo, suprida apenas se ele toma

conhecimento da ação proposta de forma espontânea. Comparecendo o réu apenas para argüir a nulidade e sendo esta decretada, será considerada feita a citação na data em que ele ou seu advogado for intimado da decisão.

Será efetuada em qualquer lugar em que se encontre o réu, mas deve ser sempre feita na pessoa deste ou de quem detenha poderes específicos para recebê-la, p. ex., o militar ativo deve ser citado na unidade em que estiver servindo, se não for conhecida a sua residência ou se não for encontrado nela.

Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: I - a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso; II - ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta, ou na linha

colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 dias seguintes; III - aos noivos, nos 3 primeiros dias de bodas; IV - aos doentes, enquanto grave o seu estado. Efeitos da citação Com a citação válida torna-se prevento o juízo, há a indução da litispendência e faz-se litigiosa a coisa;

e, quando ordenada por juiz incompetente, a citação constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição.

Citação real e citação ficta A doutrina divide a citação em real e ficta. A citação real (citação feita por correio e citação por oficial

de justiça) é aquela feita pessoalmente ao réu ou a quem o represente, e gera os efeitos da revelia, caso o réu não apresente a sua contestação dentro do prazo fixado. Já na citação ficta (citação por edital e citação com hora certa) presume-se que o réu tomou conhecimento dos termos da ação por meio de edital ou pelo oficial de justiça, em não sendo encontrado pessoalmente.

Modos de citação A legislação prevê que a citação pode ser feita pelos seguintes modos: por correio, por oficial de justiça,

por hora certa e por edital. Citação pelo correio A citação pelo correio é a regra no processo civil. Somente não será admitida a citação por correio nas

ações de estado, quando for ré pessoa incapaz, nos processos de execução, quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência ou, ainda, quando o autor requerer outra

16 Comunicação dos Atos Processuais. Citação e Intimação

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forma de citação. Na citação pelo correio, o escrivão enviará cópias da petição inicial, do despacho do juiz, acompanhada

da advertência de se tornar o réu revel, comunicado sobre o prazo para a resposta e o endereço do respectivo juízo. A carta será enviada com recibo de recebimento (AR).

Citação por oficial de justiça Quando a citação não puder ser feita por correio, ela será feita por oficial de justiça, ou seja, quando o

réu morar em local não acessível à correspondência ou quando o réu for incapaz. O mandado de citação deverá conter os requisitos previstos no art. 225 do CPC, tais como os nomes

do autor e do réu, bem como os respectivos domicílios ou residências; o fim da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis; a cominação, se houver; o dia, hora e lugar do comparecimento; a cópia do despacho; o prazo para defesa; a assinatura do escrivão e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz.

O mandado poderá ser em breve relatório, quando o autor entregar em cartório, com a petição inicial, tantas cópias desta quantos forem os réus; caso em que as cópias, depois de conferidas com o original, farão parte integrante do mandado.

O oficial ao encontrar o réu deverá ler o mandado e entregar-lhe a contrafé, obtendo a nota de ciente ou certificando que o réu recusou a assinatura.

Citação por hora certa Considerada uma citação ficta, ocorre quando, por 3 vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu

em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família, ou, em sua falta, qualquer vizinho, que ele retornará no dia seguinte e na hora que designar a fim de efetuar a citação.

No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de realizar a diligência. Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca. Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com pessoa da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.

Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará carta, telegrama ou radiograma ao réu, dando-lhe de tudo ciência.

Nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar citações ou intimações em qualquer delas.

Citação por edital Será realizada citação por edital quando: a) desconhecido ou incerto o réu; b) ignorado, incerto ou inacessível o local em que se encontrar; c) nos casos expressos em lei. O edital deverá conter a afirmação do autor, bem como a certidão do oficial de que o réu é

desconhecido ou incerto e de que este se encontra em local incerto e não sabido. Será afixado o edital na sede do juízo e publicado no prazo máximo de 15 dias no órgão oficial e, pelo

menos, duas vezes na imprensa local, onde houver. Das intimações Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou

deixe de fazer alguma coisa. As intimações efetuam-se de ofício, em processos pendentes, salvo disposição em contrário. Salvo disposição em contrário, os prazos para as partes, para a Fazenda Pública e para o MP serão contados da intimação.

As intimações consideram-se realizadas no primeiro dia útil seguinte, se tiverem ocorrido em dia em que não tenha havido expediente forense. As intimações podem ser feitas de forma eletrônica, conforme regulado em lei própria. Presumem-se válidas as comunicações e intimações dirigidas ao endereço residencial ou profissional declinado na inicial, contestação ou embargos, cumprindo às partes atualizar o respectivo endereço sempre que houver modificação temporária ou definitiva.

É importante frisar que intimação não se confunde com notificação. Intimação se refere a fatos que já ocorreram em um processo, p. ex., a intimação de uma sentença. Por outro lado, a notificação se refere a fatos futuros, p. ex., notificação de uma audiência a se realizar em determinada data.

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Despesas com o ato processual Não há dúvidas que para se operacionalizar o processamento de uma lide haverá um custo financeiro

envolvido, que deverá ser suportado pelas partes ou mesmo pelo próprio Estado. O CPC trouxe instruções detalhadas sobre este assunto, inclusive determinando penalidades financeiras para os casos de abuso ou irregularidades.

O STJ, em brilhante decisão da Ministra Eliana Calmon, traz as definições necessárias para o entendimento da matéria:

Custas são o preço decorrente da prestação da atividade jurisdicional, desenvolvida pelo Estado-juiz

através de suas serventias e cartórios. Emolumentos são o preço dos serviços praticados pelos serventuários de cartório ou serventias não oficializados, remunerados pelo valor dos serviços desenvolvidos e não pelos cofres públicos. Despesas, em sentido restrito, são a remuneração de terceiras pessoas acionadas pelo aparelho jurisprudencial, no desenvolvimento da atividade do Estado-juiz. 26

As despesas estão especificadas no seguinte artigo do Código de Processo Civil: Art. 19. Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes prover as despesas dos

atos que realizam ou requerem no processo, antecipando-lhes o pagamento desde o início até sentença final; e bem ainda, na execução, até a plena satisfação do direito declarado pela sentença.

§ 1º O pagamento de que trata este artigo será feito por ocasião de cada ato processual. § 2º Compete ao autor adiantar as despesas relativas a atos, cuja realização o juiz determinar de ofício

ou a requerimento do Ministério Público. Prazos Aos sujeitos processuais são previstos os prazos para o cumprimento dos atos processuais, cuja

inobservância acarretará à parte a perda da faculdade processual concedida (preclusão) e ao juiz a possibilidade de receber sanções administrativas.

De acordo com o art. 177 do CPC, em caso de omissão da lei, quanto ao prazo fixado para o cumprimento do ato, compete ao juiz fixá-lo.

Os prazos são classificados em próprios e impróprios. Próprios são os prazos impostos às partes, e que acarretam a preclusão. Já os impróprios são os fixados para o juiz e para os auxiliares da justiça, não acarretam a preclusão, contudo, se não observados podem ser motivos de sanções administrativas. Quando o Ministério Público atuar como parte em um processo, estará sujeito aos mesmos ônus e deveres das partes, sendo que neste caso exclusivo, o seu prazo será próprio, acarretando, pois, a preclusão se não respeitado. Porém quando ele atuar como fiscal da lei, seus prazos serão impróprios (com exceção do prazo para recorrer) e, consequentemente, a sua inobservância não terá o condão de gerar a preclusão.

Podem ser, ainda, dilatórios e peremptórios. Dilatório é o prazo legal que comporta ampliação ou redução pela vontade das partes, ou seja, é aquele que pode ser livremente convencionado pelas partes. Peremptório é o prazo inalterável pelo juiz ou pelas partes, com exceção das comarcas de difícil acesso ou em caso de calamidade pública.

26 STJ, 2ª Turma, RESp 366005, Rel. Ministra Eliana Calmon, j. em 17.12.2002, DJ de 10.03.2003.

17 Despesas Processuais e Honorários Advocatícios

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Serão contados no Direito Processual Civil excluindo-se o dia do começo e incluindo o do vencimento, contagem sempre feita a partir da intimação. Serão, também, contínuos, não se interrompendo, com isso, em domingos ou feriados.

Começa a correr o prazo: I - da data de juntada aos autos o aviso de recebimento, quando a citação ou intimação for pelo correio; II - da data de juntada aos autos o mandado cumprido, quando a citação ou intimação for por oficial de

justiça; III - da data de juntada aos autos o último aviso de recebimento ou mandado citatório cumprido, quando

houver vários réus; IV - da data de juntada aos autos devidamente cumprida, quando o ato se realizar em cumprimento de

carta de ordem, precatória ou rogatória; V - finda a dilação assinada pelo juiz, quando a citação for por edital. O prazo para a interposição de recurso conta-se da data em que os advogados são intimados da

decisão, da sentença ou do acórdão. Reputam-se intimados na audiência, quando nesta é publicada a decisão ou a sentença. Havendo

antecipação da audiência, o juiz, por meio de ofício ou de acordo com o requerimento da parte, mandará intimar pessoalmente os advogados para ciência da nova designação.

A superveniência de férias suspenderá o curso do prazo; sendo que o prazo restante recomeçará a correr a partir do primeiro dia útil seguinte ao termo das férias.

Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que:

I - for determinado o fechamento do fórum; II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal. A regra é que os prazos para a prática dos atos processuais é de 5 dias, quando não houver um prazo

especial. Todavia, esta regra sofre modificações quando a parte for o Ministério Público, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, bem como suas autarquias e fundações, pois estas pessoas terão o prazo contado em dobro para recorrer ou em quádruplo para contestar, conforme artigo 188 do CPC.

Em se tratando de litisconsortes com procuradores diferentes, os prazos serão contados em dobro tanto para contestar quanto para recorrer ou para falar nos autos, nos termos do artigo 191 do CPC. Quando a lei não marcar outro prazo, as intimações somente obrigarão a comparecimento depois de decorridas 24 horas.

Preclusão Preclusão é o fenômeno da perda da faculdade processual de praticar um ato. A preclusão é,

doutrinariamente, classificada em: a) Temporal: é a da perda da faculdade de praticar um ato processual em virtude da não observância

de um prazo estabelecido em lei ou pelo juiz. b) Lógica: é a perda da faculdade pela prática de um ato anterior incompatível com o ato posterior

que se pretende realizar. c) Consumativa: é a perda da faculdade de praticar o ato de maneira diversa, se já praticado

anteriormente por uma das formas facultadas em lei. Validade do ato processual

O processo não é um fim em si mesmo, mas um instrumento para que as partes possam alcançar a

tutela jurisdicional pretendida, portanto, as invalidades que podem atingir os atos processuais nada tem de correlação com as invalidades do direito material. Frise-se que o processo é uma sequência de atos que se prolongam no tempo, podendo ter duração bastante longa.

Uma vez que o processo deve ser regulado previamente e que a lei traz exigências determinando a forma, o tempo e o lugar destes atos, quando tais exigências não são respeitadas, faz-se necessário verificar que o mesmo será capaz de cumprir com suas finalidades ou se está viciado a ponto de não ter validade.

O ato processual pode ser atingido por várias categorias de vícios: a) meras irregularidades: são atos que estão eivados de pequenos vícios, que não interferem na sua

essência, como por exemplo, uma data lançada de forma errada, mas que não lança dúvidas sobre a autenticidade do documento;

b) nulidades relativas: atinge os atos que são fixados tendo como objetivo as próprias partes; c) nulidades absolutas: refere-se a atos cuja forma foi elaborada para proteger a ordem pública;

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d) inexistência: considerada como inexistência jurídica e não fática, podendo ser alegada a qualquer tempo, mesmo após o fim do processo.

Nulidades dos atos processuais

Os princípios do aproveitamento dos atos processuais defeituosos e da fungibilidade devem ser

aplicados quando da verificação de alguma nulidade dos atos processuais, sendo que este não será aproveitado somente se não houver qualquer condição de utilizá-lo.

Uma vez que se declare a nulidade de algum ato processual, alguns efeitos se farão notórios: a) a nulidade de um ato somente atingirá os atos posteriores, sem interferir nos antecedentes; b) Os atos posteriores somente serão atingidos se forem dependentes do ato que foi anulado e, c) A nulidade de um ato não atingirá outros atos que lhe sejam independentes. Ocorrendo a nulidade no curso do processo, deverá o juiz tomar todas as atitudes cabíveis para que

seja possível sana-las. A parte que tomar conhecimento de uma nulidade, deverá argui-la na primeira oportunidade de manifestação, sob pena de preclusão.

Com base no princípio do contraditório, aquele que for demandado deverá ter a oportunidade de se

manifestar sobre as alegações do autor, apresentando sua versão dos fatos alegados. A contestação é a peça de defesa do réu, que deverá concentrar todos os argumentos de resistência à pretensão do autor.

O Art. 300 do CPC estabelece que o réu deverá, na contestação, alegar toda matéria de defesa, fundamentando-as. Tal disposição fixa o princípio da eventualidade, em que o réu terá que apresentar toda a sua defesa no mesmo momento, não cabendo outras alegações posteriormente.

As defesas do réu podem ser classificadas em três categorias: a) defesas processuais, cujo acolhimento não implique extinção do processo sem julgamento de

mérito; b) defesas processuais que não impliquem extinção do processo, mas que geram a sua dilação; e c) defesas substanciais ou de mérito, que implicam no objeto específico da ação.27

27 LENZA, Pedro (coord.), Marcus Vinicius Rios Gonçalves. Direito processual Civil Esquematizado, 3. ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2013.

18 Resposta do Réu: Exceção, Contestação e Reconvenção. Revelia. Efeitos da Revelia

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CONTESTAÇÃO

Características Prazo Conteúdo Peça de defesa por

excelência, deve veicular toda a defesa do réu. É a peça que se contrapõe à petição inicial, servindo para que o réu resista à pretensão do autor. Pelo princípio da eventualidade, todas as defesas, ainda que não compatíveis entre si, devem figurar na contestação.

No procedimento ordinário, a

contestação deve ser apresentada no prazo de quinze dias. Se o réu for MP ou Fazenda Pública, o prazo será em quádruplo. Havendo litisconsortes com advogados diferentes, será em dobro. No procedimento sumário, a contestação deve ser apresentada até a audiência inicial; e nos procedimentos especiais, no prazo fixado em lei.

Deve conter as defesas

processuais (preliminares que, em regra, poderiam ser conhecidas de ofício, exceto o compromisso arbitral). E também as defesas substanciais ou de mérito, que se classificam em diretas ou indiretas. As primeiras são aquelas em que nega os fatos em que se baseia o pedido do autor; e as indiretas são aquelas em que, conquanto não negando os fatos, apresenta outros impeditivos, extintivos ou modificativos do direito do autor.28

No que se refere à exceção, trata-se de uma palavra usada em mais de uma acepção. De forma

comum, significa todo o meio de defesa do réu, contudo o Código de Processo Civil também emprega para designar o incidente processual para alegar a incompetência, o impedimento ou a suspeição do juiz. Há ainda uma terceira acepção, que significa a defesa do réu que não pode ser conhecida de ofício pelo juiz, sendo passível de análise somente se alegada pela parte.

A reconvenção é uma das formas de resposta do réu, sendo que nesta hipótese o réu propõe uma

demanda contra o autor, que configura uma nova pretensão, sendo que ambas serão julgadas simultaneamente. A reconvenção implicará em ampliação do objeto do processo, ampliando também a área de atuação do juiz.

São quatro os elementos básicos da reconvenção: a) nova demanda proposta pelo réu em face ao autor; b) o objeto da nova demanda deverá ser distinto da petição inicial; c) ampliação do objeto do processo e da atuação do juiz; e d) cumulação de demandas em um mesmo feito. Note-se que a reconvenção é ação autônoma, que pode ser considerada um contra-ataque por parte

do réu, demonstrando que o processo não é apenas um direito do autor. Veja o que dispõe o Código de Processo Civil: Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da

causa, contestação, exceção e reconvenção. Art. 298. Quando forem citados para a ação vários réus, o prazo para responder ser-lhes-á comum,

salvo o disposto no art. 191. Parágrafo único. Se o autor desistir da ação quanto a algum réu ainda não citado, o prazo para a

resposta correrá da intimação do despacho que deferir a desistência.

28 LENZA, Pedro (coord.), Marcus Vinicius Rios Gonçalves. Direito processual Civil Esquematizado, 3. ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2013.

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Art. 299. A contestação e a reconvenção serão oferecidas simultaneamente, em peças autônomas; a exceção será processada em apenso aos autos principais.

Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato

e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta; III - inépcia da petição inicial; IV - perempção; V - litispendência; Vl - coisa julgada; VII - conexão; Vlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; IX - convenção de arbitragem; X - carência de ação; Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar. § 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. § 2º Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo

pedido. § 3º Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete

ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso § 4º Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste

artigo. Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial.

Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo: I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão; II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da

substância do ato; III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao

advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público. Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando: I - relativas a direito superveniente; II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo (...)

Seção IV Da Reconvenção

Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja conexa

com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em

nome de outrem. Art. 316. Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa do seu procurador,

para contestá-la no prazo de 15 (quinze) dias. Art. 317. A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao

prosseguimento da reconvenção. Art. 318. Julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.

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Revelia é um termo jurídico que expressa o estado ou qualidade de revel, ou seja, é alguém que não comparece em julgamento (ou comparece e não apresenta defesa), após citação. Em sentido figurado, revelia também pode ser um sinônimo de rebeldia.

A locução adverbial à revelia, expressa uma situação em que não se verifica a comparência do revel, e também pode significar ao acaso. Em um julgamento à revelia, consiste no pronunciado contra uma parte que não se apresentou nem se fez representar na audiência própria.

No âmbito de um processo civil, revelia é a inação do réu em face do pedido do autor. Pode ser absoluta, se o réu não comparece em juízo, ou seja, se não pratica qualquer ato no processo, ou relativa, se o réu não contesta mas comparece em juízo de qualquer outro modo, designadamente nomeando um procurador. Um revel pode em qualquer ocasião assumir e fazer parte do processo, mesmo que não tenha apresentado defesa atempadamente. No entanto, só poderá assumir o processo no estado em que ele se encontra, podendo atuar a partir desse ponto.

A revelia é a posição do réu no processo, diante de sua inércia, inatividade, ou, diante da sua não contestação ou não comparecimento.

Revelia, pelas normas insculpidas nos artigos 319 e 277, ambos do CPC, corresponde à situação do réu que não apresenta contestação ou que não comparece à audiência, tendo sido validamente citado.

Revelia é um estado jurídico imposto ao réu que, regularmente citado, mantém-se inerte à ciência do ajuizamento do processo, não contestando o pedido do autor em tempo hábil ou de forma correta

Portanto, revel não é apenas aquele que não apresenta contestação, mas quem a apresenta de forma intempestiva ou quando, mesmo a apresentando, não impugna os fatos articulados pelo autor.

Será revel, também, quem comparece a juízo sem procurador para representá-lo ou com procurador sem poderes ou habilitação legal.

Classifica-se a revelia em: a) total, quando o réu deixa de impugnar por completo os fatos afirmados pelo autor; b) parcial, nas oportunidades em que o réu deixa de impugnar algum ou alguns dos fatos narrados na

petição inicial; c) formal, quando comparece o réu sem procurador ou comparece o seu procurador e deixa de

contestar ou não possui procuração ou habilitação; d) substancial, quando a peça contestatória é oferecida, mas o seu conteúdo não reflete qualquer

impugnação específica (art. 302). A revelia total, a formal e a substancial acarretam para o réu os mesmos efeitos, enquanto a parcial causa apenas naquela parte em que não se verificou a impugnação.

O importante é diferenciar a revelia de seus efeitos; isso porque não existe revelia parcial ou réu

parcialmente revel. Todavia, pode ocorrer que réu que tempestivamente conteste o feito sofra a imputação de um ou alguns efeitos da revelia. É o caso do réu que não impugna um dos fatos contidos na peça inicial, o qual passa-se a presumir ser verdadeiro, dispensando a produção de prova que tenha por escopo comprovar sua autenticidade.

Importante: Revelia e efeitos da revelia são coisas diversas. Os efeitos são a provável consequência da revelia. Efeitos da revelia: O Artigo 319 do CPC indica que os efeitos da revelia consistem na presunção de serem verdadeiros

os fatos alegados na inicial. Apesar disso, é importante salientar que é possível existir revelia e não se verificarem os seus efeitos.

Presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor: O artigo 319 determina que se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados

pelo autor.

Revelia. Efeitos da Revelia

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Ressalta-se, primeiramente, que a presunção se refere aos fatos e não ao direito. Seja adotando o critério de presunção absoluta, seja o de relativa, a presunção há que se restringir aos fatos.

Isso significa dizer que não está o réu impedido de, através de suas manifestações, tentar persuadir o juiz quanto à aplicação correta do texto legal.

Uma vez feita esta ressalva, passa-se à análise do real sentido da norma. Confissão ficta e a revelia: Nos termos dos artigos 302 e 319, ocorrerá a confissão ficta quanto aos fatos não precisamente

impugnados ou não contestados pela parte contrária. O artigo 334, por sua vez, preceitua que "não dependem de prova os fatos: I) afirmados por uma parte

e confessados por outra; e III) admitidos, no processo, como incontroversos." A não intimação do réu quanto aos atos do processo: Talvez uma das maiores afrontas aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa

esteja prevista no artigo 322, 1ª parte. Tal artigo retira a possibilidade de intimação dos prazos ao réu revel. Porém, entende a doutrina ser inaplicável tal norma somente quando o réu revel é atuante, ou seja,

deixou ele transcorrer in albis seu prazo para contestação, juntando, porém, procuração aos autos. Discute-se, no caso do revel ausente, quando ocorreria o início de seu prazo. Desentranhamento da contestação: Caso venha o réu apresentar contestação intempestiva, sua peça de defesa deverá ser desentranhada

dos autos, devido a necessidade da busca da verdade real não pode justificar o mesmo tratamento daquele que protocola defesa em tempo hábil daquele que não consegue cumprir o prazo legal peremptório.

De igual forma, os documentos, salvo o instrumento de mandado, deveriam ser desentranhados, não apensos à contra capa, mas entregues ao réu.

Esta, contudo, não se afigura a tese mais correta.

O julgamento conforme o estado do processo significa dizer que o juiz irá encerrar o feito após

encerradas as providências preliminares ou caso estas não sejam necessárias. O Código de Processo Civil prevê duas formas de julgar deste modo, conforme previsão dos Art. 329 e 330, determinando que caso o processo já esteja regularizado ou caso isto não seja possível, poderá ser encerrado, ou ainda, na situação em que os fatos já estejam devidamente comprovados, não necessitando de mais provas.

O processo poderá ser extinto de duas formas distintas: com resolução do mérito, que ocorre quando o objeto da ação foi analisado e decidido pelo juiz, e sem resolução do mérito, situação em que ocorre algum obstáculo processual.

Relativamente ao julgamento antecipado da lide, este se dará, nos termos do Art. 330 do CPC, quando o juiz verificar que já estão presentes os elementos necessários para formar seu convencimento, dispensando as demais fases processuais e proferindo decisão imediata.

19 Julgamento Conforme o Estado do Processo

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Código de Processo Civil Art. 329. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 267 e 269, II a V, o juiz declarará

extinto o processo. Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença: I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não houver

necessidade de produzir prova em audiência; II - quando ocorrer a revelia (art. 319). Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa

sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir.

§ 1o Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença. § 2o Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos,

decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário.

§ 3o Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da causa evidenciarem ser improvável sua obtenção, o juiz poderá, desde logo, sanear o processo e ordenar a produção da prova, nos termos do § 2o

A audiência é ato processual complexo, público, solene e formal em que o juiz fará a coleta da prova

oral, ouvir os debates das partes e, por fim, proferir sua sentença. De acordo com o art. 446 do CPC, os advogados não podem intervir enquanto as partes, o perito ou

as testemunhas estiverem depondo. Atos preparatórios Na fase de saneamento do processo será marcada a audiência de instrução com o seu dia e hora

determinados. Se possível a conciliação, determinará de ofício o comparecimento das partes. As testemunhas deverão ter sido intimadas para o comparecimento, desde que arroladas no prazo

legal de 5 dias antes (rito ordinário), sendo que as partes só serão compelidas ao depoimento pessoal se intimadas pessoalmente, sob pena de confesso.

Na data prevista, o juiz declarará aberta a audiência, mandando apregoar as partes e seus advogados. Segundo o art. 453 do CPC, a audiência poderá ser adiada se: a) por convenção das partes, caso em que só será admissível uma vez; b) não puderem comparecer, por motivo justificado, o perito, as partes, as testemunhas ou os advogados.

Conciliação Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as partes. Chegando a acordo, o juiz mandará tomá-

lo por termo, que, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terá valor de sentença. A conciliação pode ser conceituada como a composição amigável do litígio mediante proposta

18 Audiência de Instrução e Julgamento

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formulada de ofício pelo juiz ou por sugestão de uma das partes. A tentativa de conciliação, que pode ser feita a qualquer tempo, posto que, conforme o art. 125, IV do

CPC, é dever do magistrado, nos litígios relativos a direitos patrimoniais de caráter privado, nas causas pertinentes ao Direito de Família, nos casos e para os fins em que a lei admite transação.

O juiz deve convocar as partes a comparecer na audiência ou mediante procurador com poder específico de transigir. Tal convocação será feita no despacho saneador, podendo o magistrado suprir, posteriormente, eventual omissão neste sentido. Havendo litisconsortes, todos deverão comparecer à audiência de conciliação, valendo o mesmo para o oponente e os opostos.

Não comparecendo uma das partes ou ambas, e a falta for justificada, a audiência será adiada. Todavia, em caso de nova falta, a audiência retomará sua normal tramitação.

Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado, o juiz, de ofício, determinará o comparecimento das partes ao início da audiência de instrução e julgamento.

Em causas relativas à família, terá lugar igualmente a conciliação, nos casos e para os fins em que a lei consente a transação.

Instrução e o julgamento Caso infrutífera a conciliação, deverá o juiz iniciar a instrução do processo. Contudo, anteriormente, o

juiz deverá fixar os pontos controversos sobre os quais recairão as provas. Sendo que estas serão produzidas de acordo com a ordem prevista no art. 452 do CPC, ou seja:

1º) o perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos de esclarecimentos; 2º) posteriormente o juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois do réu; 3º) finalmente, serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu. Encerada a instrução, a palavra será dada pelo juiz ao autor, ao réu e depois ao MP, pelo prazo

sucessivo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 a critério do juiz. Caso exista litisconsortes o prazo será de 30 minutos, divididos por igual entre os integrantes do grupo, se eles não dispuserem de modo contrário.

Encerrados os debates, proferirá oralmente o juiz a sentença desde logo ou chamará os autos à conclusão, para proferir a sentença por escrito no prazo de 10 dias.

Verifica-se que a prova é um instituto de direito processual, que visa formar o convencimento do juiz,

sendo que este é o verdadeiro destinatário da prova. Assim sendo o Código de Processo Civil regula os tipos de prova disponíveis, os requisitos para sua admissibilidade e a forma de produção, fixando o ônus para quem alega.

O depoimento pessoal é um meio de prova em que o juiz realiza a oitiva de uma das partes do processo, mediante solicitação da parte contrária, visando obter maiores detalhes e mais informações sobre os fatos narrados no feito. O depoimento pessoal refere-se apenas às partes, sendo que a oitiva de um terceiro caracterizará prova testemunhal.

Quando a parte reconhece como verdadeiros os fatos que lhe são contrários e favoráveis aos da outra parte, ocorre a confissão. O objeto da confissão limita-se aos fatos, não sendo relativa às consequências jurídicas advindas dos mesmos, visto que as consequências serão fixadas pelo juiz. A confissão, por mais força que possa ter, deve ser analisada em conformidade com os outros elementos disponíveis no processo, a fim de que o convencimento do juiz seja formado.

A prova documental tem se mostrado de grande relevância, uma vez que a sociedade tem se utilizado do hábito de documentar suas relações e negócios jurídicos. Embora seja meio de prova importante, não

20 Prova. Princípios Gerais. Ônus da Prova

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se pode dizer que tem valoração maior que as demais, visto que nosso sistema não adotou este tipo de critério. Frise-se que em algumas situações em que a lei previamente determina, apenas o documento fará prova do ato praticado.

Por documento entende-se todas as formas de representação material, isto é, pode ser um escrito, uma carta, uma fotografia ou até mesmo um objeto.

Nas palavras de Pedro Lenza, “Prova pericial é o meio adequado para a comprovação de fatos cuja apuração depende de conhecimentos técnicos, que exigem o auxílio de profissionais especializados.” Quando houver necessidade de conhecimentos mais específicos (médico, contador, engenheiro, etc.), o juiz deverá nomear profissional idôneo para realizar a perícia, permitindo que as partes participem da mesma formulando seus quesitos ou mesmo participando de um evento específico.

A inspeção judicial consiste na avaliação feita pelo juiz, de forma direta e pessoal, feita em pessoas ou coisas. A necessidade da inspeção judicial se dará quando não houver a possibilidade de provar os fatos de forma indireta 9documentos, perícia, etc.), sendo que, ainda que sem conhecimentos técnicos sobre o assunto, o juiz necessitará verificar os fatos por si mesmo, sem intermediários.

Código de Processo Civil

Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados

neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa. Art. 333. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando: I - recair sobre direito indisponível da parte; II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. Art. 334. Não dependem de prova os fatos: I - notórios; II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; III - admitidos, no processo, como incontroversos; IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. Art. 335. Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz aplicará as regras de experiência comum

subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e ainda as regras da experiência técnica, ressalvado, quanto a esta, o exame pericial.

Art. 336. Salvo disposição especial em contrário, as provas devem ser produzidas em audiência. Parágrafo único. Quando a parte, ou a testemunha, por enfermidade, ou por outro motivo relevante,

estiver impossibilitada de comparecer à audiência, mas não de prestar depoimento, o juiz designará, conforme as circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la.

Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á

o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz. Art. 338. A carta precatória e a carta rogatória suspenderão o processo, no caso previsto na alínea b

do inciso IV do art. 265 desta Lei, quando, tendo sido requeridas antes da decisão de saneamento, a prova nelas solicitada apresentar-se imprescindível.

Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória, não devolvidas dentro do prazo ou concedidas sem efeito suspensivo, poderão ser juntas aos autos até o julgamento final.

Art. 339. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da

verdade. Art. 340. Além dos deveres enumerados no art. 14, compete à parte: I - comparecer em juízo, respondendo ao que Ihe for interrogado; II - submeter-se à inspeção judicial, que for julgada necessária; III - praticar o ato que Ihe for determinado.

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Art. 341. Compete ao terceiro, em relação a qualquer pleito: I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias, de que tenha conhecimento; II - exibir coisa ou documento, que esteja em seu poder.

Seção II Do Depoimento Pessoal

Art. 342. O juiz pode, de ofício, em qualquer estado do processo, determinar o comparecimento

pessoal das partes, a fim de interrogá-las sobre os fatos da causa. Art. 343. Quando o juiz não o determinar de ofício, compete a cada parte requerer o depoimento

pessoal da outra, a fim de interrogá-la na audiência de instrução e julgamento. § 1o A parte será intimada pessoalmente, constando do mandado que se presumirão confessados os

fatos contra ela alegados, caso não compareça ou, comparecendo, se recuse a depor. § 2o Se a parte intimada não comparecer, ou comparecendo, se recusar a depor, o juiz Ihe aplicará a

pena de confissão. Art. 344. A parte será interrogada na forma prescrita para a inquirição de testemunhas. Parágrafo único. É defeso, a quem ainda não depôs, assistir ao interrogatório da outra parte. Art. 345. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que Ihe for perguntado, ou

empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e elementos de prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor.

Art. 346. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não podendo servir-se de

escritos adrede preparados; o juiz Ihe permitirá, todavia, a consulta a notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos.

Art. 347. A parte não é obrigada a depor de fatos: I - criminosos ou torpes, que Ihe forem imputados; II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo. Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de filiação, de desquite e de anulação de

casamento.

Seção III Da Confissão

Art. 348. Há confissão, quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao seu interesse e

favorável ao adversário. A confissão é judicial ou extrajudicial. Art. 349. A confissão judicial pode ser espontânea ou provocada. Da confissão espontânea, tanto que

requerida pela parte, se lavrará o respectivo termo nos autos; a confissão provocada constará do depoimento pessoal prestado pela parte.

Parágrafo único. A confissão espontânea pode ser feita pela própria parte, ou por mandatário com poderes especiais.

Art. 350. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes. Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos sobre imóveis alheios, a

confissão de um cônjuge não valerá sem a do outro. Art. 351. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis. Art. 352. A confissão, quando emanar de erro, dolo ou coação, pode ser revogada: I - por ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita; II - por ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença, da qual constituir o único

fundamento. Parágrafo único. Cabe ao confitente o direito de propor a ação, nos casos de que trata este artigo;

mas, uma vez iniciada, passa aos seus herdeiros.

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Art. 353. A confissão extrajudicial, feita por escrito à parte ou a quem a represente, tem a mesma eficácia probatória da judicial; feita a terceiro, ou contida em testamento, será livremente apreciada pelo juiz.

Parágrafo único. Todavia, quando feita verbalmente, só terá eficácia nos casos em que a lei não exija prova literal.

Art. 354. A confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte, que a quiser invocar como prova,

aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que Ihe for desfavorável. Cindir-se-á, todavia, quando o confitente Ihe aduzir fatos novos, suscetíveis de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.

Seção V

Da Prova Documental Subseção I

Da Força Probante dos Documentos Art. 364. O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o

escrivão, o tabelião, ou o funcionário declarar que ocorreram em sua presença. Art. 365. Fazem a mesma prova que os originais: I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo das audiências, ou de outro livro a

cargo do escrivão, sendo extraídas por ele ou sob sua vigilância e por ele subscritas; II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público, de instrumentos ou documentos lançados

em suas notas; III - as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas por oficial público ou conferidas

em cartório, com os respectivos originais. IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial declaradas autênticas pelo próprio

advogado sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade. V - os extratos digitais de bancos de dados, públicos e privados, desde que atestado pelo seu emitente,

sob as penas da lei, que as informações conferem com o que consta na origem; VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento, público ou particular, quando juntados aos

autos pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições públicas em geral e por advogados públicos ou privados, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração antes ou durante o processo de digitalização.

§ 1º Os originais dos documentos digitalizados, mencionados no inciso VI do caput deste artigo, deverão ser preservados pelo seu detentor até o final do prazo para interposição de ação rescisória.

§ 2º Tratando-se de cópia digital de título executivo extrajudicial ou outro documento relevante à instrução do processo, o juiz poderá determinar o seu depósito em cartório ou secretaria.

Art. 366. Quando a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento público, nenhuma outra prova,

por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta. Art. 367. O documento, feito por oficial público incompetente, ou sem a observância das formalidades

legais, sendo subscrito pelas partes, tem a mesma eficácia probatória do documento particular. Art. 368. As declarações constantes do documento particular, escrito e assinado, ou somente assinado,

presumem-se verdadeiras em relação ao signatário. Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de ciência, relativa a determinado fato, o

documento particular prova a declaração, mas não o fato declarado, competindo ao interessado em sua veracidade o ônus de provar o fato.

Art. 369. Reputa-se autêntico o documento, quando o tabelião reconhecer a firma do signatário,

declarando que foi aposta em sua presença. Art. 370. A data do documento particular, quando a seu respeito surgir dúvida ou impugnação entre os

litigantes, provar-se-á por todos os meios de direito. Mas, em relação a terceiros, considerar-se-á datado o documento particular:

I - no dia em que foi registrado; II - desde a morte de algum dos signatários;

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III - a partir da impossibilidade física, que sobreveio a qualquer dos signatários; IV - da sua apresentação em repartição pública ou em juízo; V - do ato ou fato que estabeleça, de modo certo, a anterioridade da formação do documento. Art. 371. Reputa-se autor do documento particular: I - aquele que o fez e o assinou; II - aquele, por conta de quem foi feito, estando assinado; III - aquele que, mandando compô-lo, não o firmou, porque, conforme a experiência comum, não se

costuma assinar, como livros comerciais e assentos domésticos. Art. 372. Compete à parte, contra quem foi produzido documento particular, alegar no prazo

estabelecido no art. 390, se Ihe admite ou não a autenticidade da assinatura e a veracidade do contexto; presumindo-se, com o silêncio, que o tem por verdadeiro.

Parágrafo único. Cessa, todavia, a eficácia da admissão expressa ou tácita, se o documento houver sido obtido por erro, dolo ou coação.

Art. 373. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo anterior, o documento particular, de cuja

autenticidade se não duvida, prova que o seu autor fez a declaração, que Ihe é atribuída. Parágrafo único. O documento particular, admitido expressa ou tacitamente, é indivisível, sendo defeso

à parte, que pretende utilizar-se dele, aceitar os fatos que Ihe são favoráveis e recusar os que são contrários ao seu interesse, salvo se provar que estes se não verificaram.

Art. 374. O telegrama, o radiograma ou qualquer outro meio de transmissão tem a mesma força

probatória do documento particular, se o original constante da estação expedidora foi assinado pelo remetente.

Parágrafo único. A firma do remetente poderá ser reconhecida pelo tabelião, declarando-se essa circunstância no original depositado na estação expedidora.

Art. 375. O telegrama ou o radiograma presume-se conforme com o original, provando a data de sua

expedição e do recebimento pelo destinatário. Art. 376. As cartas, bem como os registros domésticos, provam contra quem os escreveu quando: I - enunciam o recebimento de um crédito; II - contêm anotação, que visa a suprir a falta de título em favor de quem é apontado como credor; III - expressam conhecimento de fatos para os quais não se exija determinada prova. Art. 377. A nota escrita pelo credor em qualquer parte de documento representativo de obrigação,

ainda que não assinada, faz prova em benefício do devedor. Parágrafo único. Aplica-se esta regra tanto para o documento, que o credor conservar em seu poder,

como para aquele que se achar em poder do devedor. Art. 378. Os livros comerciais provam contra o seu autor. É lícito ao comerciante, todavia, demonstrar,

por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos. Art. 379. Os livros comerciais, que preencham os requisitos exigidos por lei, provam também a favor

do seu autor no litígio entre comerciantes. Art. 380. A escrituração contábil é indivisível: se dos fatos que resultam dos lançamentos, uns são

favoráveis ao interesse de seu autor e outros Ihe são contrários, ambos serão considerados em conjunto como unidade.

Art. 381. O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos livros comerciais e dos

documentos do arquivo: I - na liquidação de sociedade; II - na sucessão por morte de sócio; III - quando e como determinar a lei. Art. 382. O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos livros e documentos, extraindo-

se deles a suma que interessar ao litígio, bem como reproduções autenticadas.

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Art. 383. Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, cinematográfica, fonográfica ou de outra espécie, faz prova dos fatos ou das coisas representadas, se aquele contra quem foi produzida Ihe admitir a conformidade.

Parágrafo único. Impugnada a autenticidade da reprodução mecânica, o juiz ordenará a realização de exame pericial.

Art. 384. As reproduções fotográficas ou obtidas por outros processos de repetição, dos documentos

particulares, valem como certidões, sempre que o escrivão portar por fé a sua conformidade com o original.

Art. 385. A cópia de documento particular tem o mesmo valor probante que o original, cabendo ao

escrivão, intimadas as partes, proceder à conferência e certificar a conformidade entre a cópia e o original. § 1º - Quando se tratar de fotografia, esta terá de ser acompanhada do respectivo negativo. § 2º - Se a prova for uma fotografia publicada em jornal, exigir-se-ão o original e o negativo. Art. 386. O juiz apreciará livremente a fé que deva merecer o documento, quando em ponto substancial

e sem ressalva contiver entrelinha, emenda, borrão ou cancelamento. Art. 387. Cessa a fé do documento, público ou particular, sendo-lhe declarada judicialmente a

falsidade. Parágrafo único. A falsidade consiste: I - em formar documento não verdadeiro; II - em alterar documento verdadeiro. Art. 388. Cessa a fé do documento particular quando: I - lhe for contestada a assinatura e enquanto não se Ihe comprovar a veracidade; II - assinado em branco, for abusivamente preenchido. Parágrafo único. Dar-se-á abuso quando aquele, que recebeu documento assinado, com texto não

escrito no todo ou em parte, o formar ou o completar, por si ou por meio de outrem, violando o pacto feito com o signatário.

Art. 389. Incumbe o ônus da prova quando: I - se tratar de falsidade de documento, à parte que a arguir; II - se tratar de contestação de assinatura, à parte que produziu o documento.

Seção VII Da Prova Pericial

Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando: I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico; II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas; III - a verificação for impraticável. Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo. § 1º Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação

do perito: I - indicar o assistente técnico; II - apresentar quesitos. § 2º Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz do

perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado.

Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que Ihe foi cometido, independentemente de

termo de compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição.

Art. 423. O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por impedimento ou suspeição (art. 138,

III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito.

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Art. 424. O perito pode ser substituído quando: I - carecer de conhecimento técnico ou científico; II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que Ihe foi assinado. Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional

respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo.

Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares. Da juntada dos

quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária. Art. 426. Compete ao juiz: I - indeferir quesitos impertinentes; II - formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa. Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação,

apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes.

Art. 428. Quando a prova tiver de realizar-se por carta, poderá proceder-se à nomeação de perito e

indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se requisitar a perícia. Art. 429. Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos utilizar-se de

todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.

Art. 431-A. As partes terão ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para

ter início a produção da prova. Art. 431-B. Tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma área de conhecimento

especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e a parte indicar mais de um assistente técnico. Art. 432. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz

conceder-lhe-á, por uma vez, prorrogação, segundo o seu prudente arbítrio. Art. 433. O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias

antes da audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias,

após intimadas as partes da apresentação do laudo. Art. 434. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento, ou for de

natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializados. O juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame, ao diretor do estabelecimento.

Parágrafo único. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e firma, o perito poderá requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas; na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa, a quem se atribuir a autoria do documento, lance em folha de papel, por cópia, ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação.

Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico, requererá ao juiz que

mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando desde logo as perguntas, sob forma de quesitos. Parágrafo único. O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar os esclarecimentos a

que se refere este artigo, quando intimados 5 (cinco) dias antes da audiência. Art. 436. O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros

elementos ou fatos provados nos autos. Art. 437. O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia,

quando a matéria não Ihe parecer suficientemente esclarecida.

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Art. 438. A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu.

Art. 439. A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira. Parágrafo único. A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor

de uma e outra.

Seção VIII Da Inspeção Judicial

Art. 440. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar

pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato, que interesse à decisão da causa. Art. 441. Ao realizar a inspeção direta, o juiz poderá ser assistido de um ou mais peritos. Art. 442. O juiz irá ao local, onde se encontre a pessoa ou coisa, quando: I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva observar; II - a coisa não puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis despesas ou graves dificuldades; Ill - determinar a reconstituição dos fatos. Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e

fazendo observações que reputem de interesse para a causa. Art. 443. Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado, mencionando nele tudo

quanto for útil ao julgamento da causa. Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com desenho, gráfico ou fotografia. A prova é destinada a formar o convencimento do juiz, uma vez que busca afirmar as alegações

trazidas pelas partes, incumbindo à quem alegar o ônus de provar. A participação do juiz na fase instrutória não é de mero espectador, cumprindo a ele decidir quais

provas serão necessárias, quais serão úteis e quais serão dispensáveis. O Art. 130 do CPC informa que o juiz poderá determinar de ofício a produção das provas que entender necessárias, isto porque a sua função é proferir a melhor sentença possível, portanto, para formar o seu convencimento, terá liberdade de determinar a produção de provas outras que as partes não requereram.

A produção da prova ficará condicionada à autorização judicial e às determinações processuais quanto à forma adequada, sendo que os tipos específicos de prova trazem configurações próprias. É possível requisitar a antecipação da produção de alguma prova que haja risco de perecimento ou de perda total do objeto, sendo que o juiz determinará a forma de produção. As provas realizadas em outro processo poderão ser aproveitadas na demanda em questão, visando, inclusive, a economia processual.

A prova documental tem sido largamente utilizada, uma vez que hodiernamente, as partes tem colocado por escrito suas relações jurídicas. Contudo, nosso sistema processual não adotou um formato de valoração das provas, sendo todas elas de igual peso judicial. Por documento entende-se todas as formas de representação material, tais como anotações feitas à mão, fotografias e demais expressões linguísticas materializadas.

A prova pericial se apresenta quando, para determinados assuntos específicos, será necessário o conhecimento técnico à respeito do assunto, em que é chamado um terceiro especializado que dará o seu parecer sobre a demanda. Já a prova testemunhal se caracteriza pela oitiva pessoal de quem tem conhecimento ou presenciou os fatos discutidos na demanda.

O próprio legislador processual previu que alguns fatos dispensariam a produção de provas, o que é chamado de presunção. Essas presunções poder ser: a) legais: previstas em lei, podendo ser relativas ou absolutas; e b) simples ou hominis: que decorrem da observação dos fatos corriqueiros. Os indícios são aqueles começos de provas, são sinais que indicam a existência ou veracidade de um fato, mas que ainda são insuficientes para fazê-lo.

A Constituição Federal veda o uso de provas ilícitas (Art. 5º, LVI) e o Código de Processo Civil, Art. 332, estabelece a utilização de todos os meios legais para provar os fatos. São vedadas, portanto, a utilização de provas ilegais ou ilegítimas moralmente. A ilicitude da prova pode ser oriunda de duas causas: a) obtenção por meios indevidos e b) pelo meio empregado para obtenção dos fatos.

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Ônus da prova

A prova, no processo civil, será tudo aquilo que for utilizado para confirmar os fatos alegados. Assim sendo, a responsabilidade ou ônus de provar o alegado caberá àquele que fez a alegação, visando formar a convicção do juiz.

O direito à prova está contido no Princípio Fundamental do Contraditório, o que torna o direito à prova

também um direito fundamental que possui conteúdo complexo, sendo ele: a) direito de produzir provas; b) direito de participar da produção de provas; c) direito de manifestar-se sobre as provas produzidas; e d) direito de o órgão julgador examinar as provas produzidas. O Código de Processo Civil regulamenta os tipos de prova existentes, bem como a forma de utilização

e produção das mesmas. Ainda assim, trata-se de rol exemplificativo, visto que o caso concreto pode exigir um tipo de prova não regulamentado, além do fato que novas tecnologias surgem a cada momento.

Provas Considerações preliminares Provar significa convencer, tornar aceitável determinada afirmação, estabelecer a verdade. Pode-se

dizer que a prova, objetivamente, é todo meio suscetível de demonstrar a verdade de um argumento. Sob o ponto de vista subjetivo a prova é destinada a formar a convicção do próprio juiz. Destas considerações, pode-se conceituar provas como todo meio lícito, suscetível de convencer o

juiz sobre a verdade de uma alegação da parte. Há fatos que, por suas peculiaridades, não necessitam ser provados, são eles: a) os fatos notórios, CPC, art. 334, I; b) o fato cuja ocorrência seria impossível; c) os fatos cuja prova seja moralmente ilegítima, CPC, art. 332; d) os fatos impertinentes; e) os fatos irrelevantes; f) os fatos incontroversos, CPC, art. 334, III; g) os fatos confessados, CPC, art. 334, II. Quanto às provas moralmente ilegítimas, incluindo-se aqui tanto aquelas que afrontam os bons

costumes quanto aquelas ilícitas, que agridem a privacidade das pessoas, estas são taxativamente vedadas pela Constituição Federal (art. 5º, LVI).

Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados no CPC, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa.

O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. O CPC possibilita a convenção das partes em contrato a respeito da distribuição do ônus da prova,

salvo se recair o acordo sobre direito indisponível ou tornar excessivamente difícil o exercício do direito pela parte.

Já no Código de Defesa do Consumidor também é permitida a inversão do ônus da prova, a critério do juiz, desde que presentes um dos requisitos: a hipossuficiência ou a verossimilhança.

São ainda deveres da parte: I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interrogado; II - submeter-se à inspeção judicial, que for julgada necessária; III - praticar o ato que lhe for determinado. Depoimento pessoal O juiz pode, de ofício, em qualquer estado do processo, determinar o comparecimento pessoal das

partes, a fim de interrogá-las sobre os fatos da causa. Quando o juiz não determinar o comparecimento das partes de ofício, compete a cada parte requerer

o depoimento pessoal da outra, a fim de interrogá-la na audiência de instrução e julgamento. A parte será intimada pessoalmente, constando do mandado que se presumirão confessados (pena

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de confissão) os fatos contra ela alegados, caso não compareça ou, comparecendo, se recuse a depor. A confissão, propriamente dita, ocorre, de acordo com o art. 348 do CPC, quando a parte admite a

verdade de um fato, contrário ao seu interesse e favorável ao adversário. A confissão pode ser judicial ou extrajudicial, irretratável e indivisível. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não sendo obrigada a depor de fatos:

I - criminosos ou torpes, que lhe forem imputados; II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo. Esta disposição não se aplica às ações

de filiação, de desquite e de anulação de casamento. Diferença entre interrogatório judicial e depoimento pessoal São diferenças entre o interrogatório judicial e o depoimento pessoal: o depoimento pessoal é

requerido pela parte enquanto que o interrogatório é determinado de ofício; o depoimento pessoal é meio de prova sendo que o interrogatório é meio de convencimento; no depoimento há pena de confesso, tal pena inexiste no interrogatório judicial; e finalmente o depoimento pessoal é feito uma única vez na audiência de instrução, enquanto que o interrogatório pode ser realizado a qualquer tempo, no curso do processo.

Confissão A confissão pode ser conceituada como o ato pelo qual a parte admite a verdade de um fato contrário

ao seu interesse e favorável ao adversário. A confissão pode ser judicial ou extrajudicial: será judicial a feita no processo, podendo ser provocada ou espontânea; e será extrajudicial quando formulada fora do processo, por forma escrita ou oral, perante a parte contrária ou terceiros.

A confissão é indivisível, não podendo a parte beneficiada aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável.

Eventual retratação não invalida a confissão anteriormente firmada, porém ambas serão avaliadas e valoradas em sentença pelo juiz.

Prova testemunhal Testemunha é o terceiro, estranho ou isento com relação às partes, que vem a Juízo trazer os seus

conhecimentos a respeito de determinado fato. A prova testemunhal é uma espécie do gênero prova oral. Admissibilidade e do valor da prova testemunhal A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso. O juiz indeferirá a

inquirição de testemunhas sobre fatos: I - já provados por documento ou confissão da parte; II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas. A testemunha não é obrigada a depor de fatos: I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge e aos seus parentes consanguíneos ou

afins, em linha reta, ou na colateral em segundo grau; II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo. Produção da prova testemunhal O momento para o requerimento da produção da prova testemunhal é o da petição inicial, para o autor,

e o da contestação, para o réu. Porém, é importante frisar que no processo sumário as testemunhas já devem ser arroladas quando da prática destes atos, enquanto que no rito ordinário incumbe às partes, no prazo que o juiz fixará ao designar a data da audiência, depositar em cartório o rol de testemunhas, precisando-lhes o nome, profissão, residência e o local de trabalho; omitindo-se o juiz, o rol será apresentado até 10 (dez) dias antes da audiência.

É lícito a cada parte oferecer, no máximo, 10 testemunhas; mas quando qualquer das partes oferecer mais do que 3 testemunhas para a prova de cada fato, o juiz poderá dispensar as restantes.

Primeiramente serão ouvidas as testemunhas do autor, depois as comum, se houverem, e, finalmente, as do réu. Sempre que houver a participação do MP, na qualidade de fiscal da lei, a ele é concedido o direito de perguntar, após as partes.

Depois de apresentado o rol de testemunhas, a parte só pode substituir a testemunha:

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I - que falecer; II - que, por enfermidade, não estiver em condições de depor; III - que, tendo mudado de residência, não for encontrada pelo oficial de justiça. São inquiridos em sua residência, ou onde exercem a sua função: I - o Presidente e o Vice-Presidente da República; II - o presidente do Senado e o da Câmara dos Deputados; III - os ministros de Estado; IV - os ministros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Superior Tribunal

Militar, do Tribunal Superior Eleitoral, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal de Contas da União; V - o procurador-geral da República; VI - os senadores e deputados federais; VII - os governadores dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal; VIII - os deputados estaduais; IX - os desembargadores dos Tribunais de Justiça, os juízes dos Tribunais de Alçada, os juízes dos

Tribunais Regionais do Trabalho e dos Tribunais Regionais Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal;

X - o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede idêntica prerrogativa ao agente diplomático do Brasil.

Ao início da inquirição, a testemunha prestará o compromisso de dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado. O juiz advertirá à testemunha que incorre em sanção penal quem faz a afirmação falsa, cala ou oculta a verdade.

A prova pericial Introdução A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. A avaliação visa a atribuir um valor monetário

a alguma coisa ou obrigação. A vistoria destina-se a analisar o estado de um bem imóvel. O exame visa a análise do estado em que se encontra um bem móvel, semovente ou pessoas.

O juiz indeferirá a perícia quando: I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico; II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas; III - a verificação for impraticável. Perito Perito é a pessoa dotada de conhecimentos técnicos sobre uma determinada área das ciências

naturais ou humanas, cuja função é auxiliar o juiz sobre determinado fato. A nomeação do perito independe de qualquer compromisso formal de fiel cumprimento das atribuições

a ele destinadas, pois sua responsabilidade decorre pura e simplesmente da lei. Por exercer função pública o perito também se submete às recusas decorrentes de impedimento ou

suspeição, além de sujeitar-se aos delitos próprios dos funcionários públicos. A lei permite também a presença de assistentes técnicos da confiança das partes para acompanhar a

perícia e realizar pareceres, se entender necessários. Vale ressaltar que os assistentes não estão sujeitos às recusas acima vistas, já que não são considerados funcionários públicos.

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As partes, quando levam seu litígio à apreciação do Poder Judiciário estão no aguardo de uma

prestação jurisdicional capaz de solucionar seu conflito. O Estado, por sua vez, detentor do dever de promover a pacificação social, exerce essa função por meio da sentença.

Desta forma, pode-se conceituar sentença como sendo a manifestação do Estado, na pessoa do Juiz de Direito, que é capaz de extinguir o processo ou a fase de conhecimento do processo, dotada dos elementos descritos nos artigos 267 e 269 do Código de Processo Civil. Isso significa que as sentenças podem extinguir o processo com, ou sem a resolução do mérito que é a própria pretensão posta em juízo.

Esse conceito está descrito, em parte n Art. 162, §1º do Código de Processo Civil. Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 1º Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos artigos 267 e 269 desta

Lei. Pontes de Miranda ensina que a sentença “é emitida como prestação do Estado, em virtude da

obrigação assumida na relação jurídico-processual (processo), quando a parte ou as partes vierem a juízo, isto é, exercerem a pretensão à tutela jurídica”.29

Espécies Justamente por extinguir o processo ou a fase de conhecimento, às sentenças podem ser atribuídas

duas espécies: a) sentenças que extinguem o processo sem a resolução do mérito - terminativas e, b) sentenças que trazem a resolução do mérito, pondo fim ao processo ou à fase de conhecimento - definitivas.

As sentenças que extinguem o processo sem a resolução do mérito, trazem em seu conteúdo o disposto no artigo 267 do Código de Processo Civil.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I - quando o juiz indeferir a petição inicial; Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por

mais de 30 (trinta) dias; IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e

regular do processo; V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a

legitimidade das partes e o interesse processual; Vll - pela convenção de arbitragem; Vlll - quando o autor desistir da ação; IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal; X - quando ocorrer confusão entre autor e réu; XI - nos demais casos prescritos neste Código.

29 PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Comentários ao Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1974, v. V, p. 395.

21 Sentença. Coisa Julgada Formal e Material. Preclusão

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§ 1º O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e Ill, o arquivamento dos autos, declarando a extinção do processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas.

§ 2º No caso do parágrafo anterior, quanto ao no II, as partes pagarão proporcionalmente as custas e, quanto ao no III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e honorários de advogado (art. 28).

§ 3º O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento.

§ 4º Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.

Por sua vez, as sentenças que solucionam o mérito trazem em seu conteúdo o disposto no artigo 269

do Código de Processo Civil. Art. 269. Haverá resolução de mérito: I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor; II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; III - quando as partes transigirem; IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.

É importante ter em mente que apenas as sentenças que trazem a resolução do mérito são revestidas da coisa julgada e, portanto, contra elas, é passível sua revisão por intermédio da ação rescisória. Porém, para todas as espécies de sentença é cabível o recurso de apelação.

Classificação Das espécies de sentenças pode-se extrair suas classificações. As sentenças classificam-se em declaratória, constitutiva e condenatória. Sentença declaratória é aquela que declara a existência, ou não da relação jurídica ou a falsidade de

um documento. Sentença constitutiva é aquela que tem o condão de criar, modificar ou extinguir uma relação jurídica. Sentença condenatória é aquela que impõe ao réu cumprir uma obrigação, seja ela de pagar ou não

pagar; fazer ou não fazer, ou entregar ou não alguma coisa. Requisitos da sentença O juiz ao proferir uma sentença, para que esta tenha validade, deve observar os requisitos elencados

no artigo 458 do Código de Processo Civil Art. 458. São requisitos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o

registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem. O relatório é o requisito que especifica quem são as partes, quais as suas pretensões e quais são os

incidentes surgidos ao longo da instrução processual. Fundamentos ou motivação é a parte da sentença na qual o juiz analisa todas as pretensões das

partes, analisando todas as questões de fato e de direito do processo. É justamente nesse requisito que o juiz expõe quais foram os motivos ensejadores do seu provimento jurisdicional. Este requisito recebe o amparo constitucional conforme se pode evidenciar com a análise do Art. 93, IX da Constituição.

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da

Magistratura, observados os seguintes princípios: IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as

decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias

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partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

Por fim, o dispositivo é a parte da sentença que traz a decisão da demanda, expondo a procedência

ou não dos pedidos. Isto é, é a parte em que o juiz decide se acolhe ou rejeita o pedido, ou se extingue o processo sem examiná-lo.30

Importante se faz lembrar que caso haja várias ações, o juiz deverá proferir

apenas uma sentença. É o que acontece nos casos de intervenção de terceiro, reconvenção, etc.

Além, o Código de Processo Civil, em seu Art. 460 dita que o juiz ao proferir a sentença deve decidir

apenas sobre as pretensões formuladas, sob pena dela ser considerada cita, ultra ou extra petita. Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como

condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que Ihe foi demandado. Parágrafo único. A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação jurídica condicional. Sentença ultra petita é aquela em que o juiz condena o réu à pretensão diversa e superior à pretendida

pelo autor. Sentença extra petita é aquela em que o juiz julga pedidos diferentes daqueles que foram propostos

na ação. Sentença citra petita é aquela em que o juiz deixa de julgar um ou alguns dos pedidos formulados na

ação. É entendimento pacífico que no caso de sentença extra petita há nulidade sanável por ação rescisória

apesar de parte da doutrina defender que a sentença é inexistente.

É importante lembrar que há casos em que a lei autoriza a prolação da sentença extra petita: 1. Ações possessórias do Art. 920 do Código de Processo Civil – fungibilidade dos interditos proibitórios, e 2. Ações de obrigações de fazer ou não fazer quando é impossível seu cumprimento. – Arts. 461 e 461 -A do Código de Processo Civil.

Nos casos de sentenças prolatadas em desconformidade com as pretensões das partes, o prejudicado

poderá ingressar com o recurso de embargos de declaração requerendo ao juízo que corrija sua omissão, ou ingressar com o recurso de apelação requerendo ao tribunal a anulação da sentença proferida.

Direito Superveniente Preceitua o Código de Processo Civil que em casos de direito superveniente, ou seja, aqueles que

constituem, modificam ou extinguem um direito e que influenciem no julgamento da demanda, deve o magistrado analisá-lo, de ofício, ou a requerimento da parte no momento da prolação da sentença.

Art. 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito

influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a sentença.

30 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado/ Coordenador Pedro Lenza – 4 ed. Ver. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2014, p. 458.

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Modificação da Sentença após sua publicação Com relação à modificação da sentença após sua publicação prescreve o Código de Processo Civil: Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: I - para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou Ihe retificar erros

de cálculo; II - por meio de embargos de declaração. Após a sentença, o magistrado poderá alterar a sentença anteriormente prolatada em APENAS duas

hipóteses: 1. De ofício ou a requerimento das partes para corrigir erros materiais ou de cálculo; 2. Mediante Embargos de Declaração para sanar obscuridade, contradição e pontos omissos.

COISA JULGADA CONCEITO A coisa julgada ou res iudicata é a qualidade da sentença ou do acórdão que lhe conferem

imutabilidade. Está resguardada pelo Art. 5º, XXXVI da Constituição Federal como um direito e garantia fundamental.

Art. 5º... XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Na Lei de introdução às normas do Direito Brasileiro, ela está disciplinada em seu artigo 6º, parágrafo

3º. Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido

e a coisa julgada. § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. É a coisa julgada que garante a segurança jurídica da função jurisdicional do Estado, tornando os

efeitos das sentenças ou dos acórdãos definitivos. Carreira Alvim ensina que “a coisa julgada tem a função de salvaguardar o resultado prático alcançado

com a decisão da lide, isto é, de assegurar a plena efetividade e incolumidade da resolução contida na sentença, destinada a valer incondicionalmente e sem limite de tempo, salvo os casos de revisão criminal, na esfera penal”31.

Manifesta-se sob duas formas: coisa julgada formal e coisa julgada material. COISA JULGADA FORMAL É a garantia da imutabilidade da sentença ou do acórdão dentro do próprio processo em que foram

proferidos. Isso significa que esgotadas todas as possibilidades de recursos, a sentença ou o acórdão não poderão ser modificados.

Importante se faz destacar que a coisa julgada formal é conhecida como “preclusão máxima” por assemelhar-se com o fenômeno jurídico da preclusão que é a impossibilidade de mudança de um ato processual.

Art. 473. É defeso à parte discutir, no curso do processo, as questões já decididas, a cujo respeito se

operou a preclusão. Humberto Theodoro Junior ensina que: “A coisa julgada formal decorre simplesmente da imutabilidade

da sentença dentro do processo em que foi proferida pela impossibilidade de interposição de recursos, quer porque a lei não mais os admite, quer porque se esgotou o prazo estipulado pela lei sem interposição

31 ALVIM, José Carreira. Teoria Geral do Processo, 17ª edição. Forense, 11/2014. VitalBook file.31

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pelo vencido, quer porque o recorrente tenha desistido do recurso interposto ou ainda tenha renunciado à sua interposição.”32

Além disso, todas as espécies de sentenças, sejam elas de resolução de mérito ou não, são alcançadas pela coisa julgada formal, pouco importando se proferidas em jurisdição voluntária ou contenciosa.

À respeito, declara Humberto Theodoro Júnior: “Quando uma sentença passa em julgado, a autoridade da res iudicata manifesta-se sobre todos os efeitos concretos da sentença, sejam eles declaratórios, condenatórios ou constitutivos.” 33

COISA JULGADA MATERIAL Coisa julgada material é a garantia de imutabilidade da sentença ou do acórdão em outro processo,

garantindo não apenas o encerramento das lide mas sim sua definitiva resolução assegurando-se a função jurisdicional do Estado de promover a pacificação social.

Alguns doutrinadores, fixando-se apenas no Art. 467 do Código de Processo Civil conceituam coisa julgada material como sendo a eficácia que torna a sentença imutável e indiscutível, inclusive pelos recursos ordinário ou extraordinário.

Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença,

não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. Diferentemente da coisa julgada formal, a coisa julgada material requer a existência de uma sentença

de mérito impedindo que a mesma ação judicial seja reingressada num juízo diferente.

SENTENÇAS DE MÉRITO SÃO AQUELAS ELENCADAS NO ART. 269 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Marcus Vinícius Rios Gonçalves ensina que “ela impede que seja renovada a mesma ação que, por

isso mesmo, precisa ser idêntica”.34 Importante se faz esclarecer que não há coisa julgada material nas sentenças que encerram o

processo de execução e nem nas sentenças proferidas em processo cautelar, O juiz, ao prolatar a sentença ou acórdão, pode julgar total ou parcialmente o litígio. A parte

efetivamente decidida será acobertada pela coisa julgada material, conforme disciplina o artigo 468 do Código de Processo Civil.

Art. 468. A sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites da lide e das

questões decididas. Como dito acima, a coisa julgada material é a garantia de imutabilidade da sentença ou do acórdão

em outro processo, garantindo não apenas o encerramento das lides, mas sim sua definitiva resolução assegurando-se a função jurisdicional do Estado de promover a pacificação social. Além do artigo 467 do Código de Processo Civil, os artigos 474 e 475 do mesmo dispositivo tratam do assunto, esclarecendo aquilo que se tornou imutável.

Art. 474. Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas as

alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do pedido. Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada

pelo tribunal, a sentença: I - que anular o casamento; II - proferida contra a União, o Estado e o Município; III - que julgar improcedente a execução de dívida ativa da Fazenda Pública (art. 585, número VI).

32 Jr., THEODORO, Humberto. Curso de Direito Processual Civil - Vol. I, 55ª edição. Forense, 01/2014. VitalBook file. 33 Jr., THEODORO, Humberto. Curso de Direito Processual Civil - Vol. I, 55ª edição. Forense, 01/2014. VitalBook file. 34 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado; coordenador Pedro Lenza – 4. Ed. Ver. E atual. – São Paulo, Saraiva, 2014, p. 471.

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Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou não apelação voluntária da parte vencida; não o fazendo, poderá o presidente do tribunal avocá-los.

COISA JULGADA “REBUS SIC STANTIBUS” A regra é que a coisa julgada material deve prevalecer. Porém, existem determinadas lides que a

imutabilidade, sentença ou acórdão alcançados pela coisa julgada prevalecerá somente, quando o fato que ensejou a lide permanecer imutável ao longo do tempo.

Ensina Marcus Vinícius Rios Gonçalves que “a expressão rebus sic stantibus traduz a ideia de as coisas permanecerem iguais, idênticas. Em regra, havendo coisa julgada material, não é mais possível rediscutir a questão já definitivamente julgada. Mas há certas situações, expressamente previstas em lei, em que a imutabilidade da sentença só persiste enquanto a situação fática que a ensejou permanecer a mesma, ficando autorizada a modificação, desde que haja alteração física superveniente.”35

São os casos das lides que versam sobre alimentos e sobre indenizações por ato ilícito. Está disciplinada no Artigo 471 do Código de Processo Civil. Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: I - se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou de

direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; II - nos demais casos prescritos em lei. CAUSA JULGADA “SECUNDUM EVENTUM LITIS” Coisa julgada secundum eventum litis é aquela que é determinada pelo resultado da demanda, mais

especificamente pela força que as provas contidas nos autos tem. Marcus Vinicius Rios Gonçalves ensina que “os exemplos mais relevantes são os da ação civil pública

e da ação popular, em que não haverá coisa julgada material, quando houver improcedência por insuficiência de provas (art. 16 da Lei n. 7.347/85 e art. 18 da Lei n. 4717/65); mas haverá, se houver sentença de procedência, ou de improcedência por qualquer outro fundamento, que não a insuficiência ou deficiência de provas.”36

Nesse sentido, veja algumas considerações específicas: LEI FEDERAL Nº 7.347, DE 24 DE JULHO DE 1985 – LEI DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA DEFESA DOS INTERESSES DIFUSOS EM JUÍZO Artigo 16 - A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, exceto se a ação for julgada improcedente

por deficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

LEI Nº 4.717, DE 29 DE JUNHO DE 1965 - Regula a Ação Popular. DO PROCESSO Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido

a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

LIMITES DA COISA JULGADA Limitar a coisa julgada é estabelecer aquilo que se tornará indiscutível e imutável. LIMITES OBJETIVOS DA COISA JULGADA

35 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado; coordenador Pedro Lenza – 4. Ed. Ver. E atual. – São Paulo, Saraiva, 2014, p. 472. 36 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado; coordenador Pedro Lenza – 4. Ed. Ver. E atual. – São Paulo, Saraiva, 2014, p. 472.

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O artigo 458 do Código de Processo Civil dita quais são os requisitos essenciais presentes na sentença que são relatório, fundamentos ou motivação e dispositivo.

Art. 458. São requisitos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o

registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem. O relatório é o requisito que especifica quem são as partes, quais as suas pretensões e quais são os

incidentes surgidos ao longo da instrução processual. Fundamentos ou motivação é a parte da sentença na qual o juiz analisa todas as pretensões das

partes. É justamente nesse requisito que o juiz expõe quais foram os motivos ensejadores do seu convencimento e provimento jurisdicional.

Este requisito recebe o amparo constitucional conforme se pode evidenciar com a análise do Art. 93, IX da Constituição.

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da

Magistratura, observados os seguintes princípios: IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as

decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

Dispositivo é a parte da sentença que traz a decisão da demanda, expondo a procedência ou não

dos pedidos. Isto é, é a parte em que o juiz decide se acolhe ou rejeita o pedido, ou se extingue o processo sem examiná-lo.37

Ao prolatar a sentença o juiz, via de regra, deve fazê-la lançando mão desses três requisitos essenciais. No requisito do dispositivo, o juiz, ao acolher, ou não, os pedidos formulados pelas partes revestirá a sentença da coisa julgada material. Isto já não ocorre nos fundamentos, mesmo que nele haja a incidência de questões prejudiciais.

Assim disciplina o artigo 469 do Código de Processo Civil. Art. 469. Não fazem coisa julgada: I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença; III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo. À respeito, ensina Carreira Alvim: “O Código de Processo Civil, seguindo a doutrina majoritária, prevê expressamente que não fazem

coisa julgada “os motivos ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença” (art. 469, I).

A coisa julgada tem a função de salvaguardar o resultado prático alcançado com a decisão da lide, isto é, de assegurar a plena efetividade e incolumidade da resolução contida na sentença, destinada a valer incondicionalmente e sem limite de tempo, salvo os casos de revisão criminal, na esfera penal.

A decisão da causa reside no dispositivo da sentença e representa o concreto provimento pronunciado pelo juiz, mas, para identificá-lo, é preciso pesquisar, nos fundamentos, os elementos indispensáveis da causa de pedir e do pedido. Tanto isto é evidente que, muitas vezes, o dispositivo é redigido em termos bastante abstratos, e somente os fundamentos (ou motivação) permitem traduzi-lo em termos claros e concretos. Assim, é comum o dispositivo soar que “acolhe” ou “rejeita” a demanda; mas isso não significa que os motivos são cobertos pela coisa julgada.”38

37 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado/ Coordenador Pedro Lenza – 4 ed. Ver. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2014, p. 458. 38 ALVIM, José Carreira. Teoria Geral do Processo, 17ª edição. Forense, 11/2014. VitalBook file.

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39 Porém, a questão prejudicial fará coisa julgada, se a parte interessada requerer por intermédio da ação

de declaração incidental. Assim, é a inteligência do artigo 470 do Código de Processo. Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o requerer (Arts. 5o

e 325), o juiz for competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.

Art. 5o Se, no curso do processo, se tornar litigiosa relação jurídica de cuja existência ou inexistência

depender o julgamento da lide, qualquer das partes poderá requerer que o juiz a declare por sentença. Art. 325. Contestando o réu o direito que constitui fundamento do pedido, o autor poderá requerer, no

prazo de 10 (dez) dias, que sobre ele o juiz profira sentença incidente, se da declaração da existência ou da inexistência do direito depender, no todo ou em parte, o julgamento da lide (art. 5º).

LIMITES SUBJETIVOS DA COISA JULGADA Os limites subjetivos da coisa julgada alcançam as pessoas para as quais a sentença se tornará

imutável ou indiscutível impedindo que as partes reproponham a mesma ação. Dita o artigo 472 do Código de Processo Civil. Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem

prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.

As partes a que se refere o art. 472 do CPC abrangem o autor, o réu, o oponente, o denunciado, o chamado ao processo.40

COISA JULGADA E DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO O Código de Processo Civil, em seu artigo 475 dita quais são as sentenças que devem ser levadas à

instancia superior, afastando os efeitos da imutabilidade da coisa julgada nas decisões proferidas em primeiro grau de jurisdição.

Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada

pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e

fundações de direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda

Pública (art. 585, VI).

39 NERY JUNIOR, Nelson. Código de processo civil comentado e legislação extravagante/ Nelson Nery junior, Rosa Maria de Andrade Nery. – 14. Ed. Ver., ampl. E atual. – São Pauto/; Editora Revista dos Tribunais, 2014, p. 875. 40 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado/ Coordenador Pedro Lenza – 4 ed. Ver. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2014, p.475.

Questão prejudicial é o fato ou a relação jurídica anterior ao mérito, de cuja declaração de existência ou inexistência o julgador não pode prescindir para julgar a causa. A questão prejudicial influencia no teor da questão seguinte (prejudicada)”.

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§ 1º Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los.

§ 2º Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor.

§ 3º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente.

RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA. Existem alguns casos em que a coisa julgada é afastada de plano, pouco importando se vigente o

prazo de ingresso de ação rescisória ou não. Esses casos de afastamento da coisa julgada versam sobre a existência de direitos e garantias fundamentais na demanda. A doutrina entende que, a ofensa a esses direitos e garantias é mais relevante do que a imutabilidade da coisa julgada.

À título de exemplo podemos citar as ações de investigação de paternidade e as ações de indenizações nas quais a fazenda pública foi condenada ao pagamento pelos imóveis desapropriados.

MECANISMOS DE AFASTAMENTO DA COISA JULGADA O Código de Processo Civil prevê mecanismos capazes de afastar a coisa julgada material. São eles: a) ação rescisória, b) impugnação à execução fundada em título judicial, quando o objeto for desconstituir ou declarar

inexistente o título, c) a ação declaratória de inexistência e d) os embargos à execução para desconstituir ou declarar a inexistência de sentença proferida em

face da fazenda pública.41 Cada um destes institutos serão abordados em seus capítulos próprios.

Preclusão é mecanismo jurídico exclusivamente processual utilizado para fixação do tempo para a

pratica dos atos processuais. Numa análise subjetiva, trata-se da perda de uma faculdade processual e da análise objetiva verifica-se que se trata de fato impeditivo, uma vez que os limites foram atingidos.

Existem três espécies de preclusão em nosso ordenamento jurídico: a) temporal: ocorre pelo próprio decurso do prazo fixado para a prática de um ato, tendo ele sido

realizado ou não; b) lógica: configura-se pelo entendimento de que a pratica de determinado ato implica na abdicação

de outro, dada a lógica processual; e c) consumativa: que se verifica quando da prática, regular e válida, do ato processual necessário. Algumas questões não serão atingidas pela preclusão, dado seu caráter essencial, sendo que tais

situações estarão previstas em lei, como é o caso da alegação de nulidades processuais que podem ser feitas a qualquer tempo.

No que tange à figura do juiz, tem-se a chamada preclusão pro judicato, sendo aplicada somente a

preclusão consumativa, isto é, após o juiz publicar sua decisão, não poderá modificar ou refazer o ato, sem a provocação das partes.

41 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado/ Coordenador Pedro Lenza – 4 ed. Ver. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2014, p.476.

Preclusão

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CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.

Art. 468. A sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites da lide e das

questões decididas. Art. 469. Não fazem coisa julgada: I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença; III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo. Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o requerer (arts.

5o e 325), o juiz for competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.

Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: I - se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou de

direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; II - nos demais casos prescritos em lei. Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem

prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.

Art. 473. É defeso à parte discutir, no curso do processo, as questões já decididas, a cujo respeito

se operou a preclusão. Art. 474. Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas as

alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do pedido. Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada

pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e

fundações de direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda

Pública (art. 585, VI). § 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou não

apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los. § 2o Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito controvertido, for

de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor.

§ 3o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente

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LEI Nº 12.016, DE 7 DE AGOSTO DE 2009. Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado

por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

§ 1º Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

§ 2º Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.

§ 3º Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança.

Art. 2º Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de ordem patrimonial do ato

contra o qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela União ou entidade por ela controlada.

Art. 3º O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro

poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente.

Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta Lei, contado da notificação.

Art. 4º Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, impetrar mandado de

segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada. § 1º Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade por telegrama, radiograma ou outro

meio que assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência pela autoridade. § 2º O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5 (cinco) dias úteis seguintes. § 3º Para os fins deste artigo, em se tratando de documento eletrônico, serão observadas as regras

da Infra Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Art. 5º Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; III - de decisão judicial transitada em julgado. Art. 6º A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será

apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

§ 1º No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro,

22 Duplo Grau de Jurisdição

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o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição.

§ 2º Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação.

§ 3º Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática.

§ 4º (VETADO) § 5º Denega-se o mandado de segurança nos casos previstos pelo art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de

janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. § 6º O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a

decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito. Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada

com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações; II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada,

enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito; III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato

impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

§ 1º Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

§ 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

§ 3º Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da sentença.

§ 4º Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento. § 5º As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à

tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Art. 8º Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a requerimento do

Ministério Público quando, concedida a medida, o impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem.

Art. 9º As autoridades administrativas, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas da notificação da medida

liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou a quem tiver a representação judicial da União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como coatora cópia autenticada do mandado notificatório, assim como indicações e elementos outros necessários às providências a serem tomadas para a eventual suspensão da medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder.

Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de mandado

de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetração.

§ 1º Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação e, quando a competência para o julgamento do mandado de segurança couber originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão competente do tribunal que integre.

§ 2º O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial. Art. 11. Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos autos cópia

autêntica dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4º desta Lei, a comprovação da remessa.

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Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7º desta Lei, o juiz ouvirá o representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (trinta) dias.

Art. 13. Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do oficial do juízo, ou pelo

correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada.

Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o juiz observar o disposto no art. 4º desta Lei. Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. § 1º Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. § 2º Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer. § 3º A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente, salvo

nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar. § 4º O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença concessiva de

mandado de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial.

Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério

Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição.

§ 1º Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário.

§ 2º É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1º deste artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo.

§ 3º A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo.

§ 4º O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.

§ 5º As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original.

Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do processo,

sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento. Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar caberá agravo ao

órgão competente do tribunal que integre. Art. 17. Nas decisões proferidas em mandado de segurança e nos respectivos recursos, quando não

publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do julgamento, o acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas, independentemente de revisão.

Art. 18. Das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância pelos tribunais cabe

recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for denegada.

Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem decidir o mérito, não

impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais. Art. 20. Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre

todos os atos judiciais, salvo habeas corpus. § 1º Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data

em que forem conclusos ao relator.

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§ 2º O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias. Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação

no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser: I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de

que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros

do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. § 1º O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os

efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva.

§ 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte)

dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Art. 24. Aplicam-se ao mandado de segurança os arts. 46 a 49 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de

1973 - Código de Processo Civil. Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes

e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé.

Art. 26. Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de

dezembro de 1940, o não cumprimento das decisões proferidas em mandado de segurança, sem prejuízo das sanções administrativas e da aplicação da Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950, quando cabíveis.

Art. 27. Os regimentos dos tribunais e, no que couber, as leis de organização judiciária deverão ser

adaptados às disposições desta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da sua publicação. Art. 28. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 29. Revogam-se as Leis nos 1.533, de 31 de dezembro de 1951, 4.166, de 4 de dezembro de

1962, 4.348, de 26 de junho de 1964, 5.021, de 9 de junho de 1966; o art. 3º da Lei no 6.014, de 27 de dezembro de 1973, o art. 1º da Lei no 6.071, de 3 de julho de 1974, o art. 12 da Lei no 6.978, de 19 de janeiro de 1982, e o art. 2º da Lei no 9.259, de 9 de janeiro de 1996.

A Lei 9099/95 prestigiou o princípio da oralidade na tônica do processo dos Juizados Especial,

deduzindo a concentração dos atos processuais em audiência. Como tal, em primeira instância, há apenas um único Recurso previsto na citada lei, art. 41, sem

nominá-lo especificamente, recebendo o batismo pela doutrina de “Recurso Inominado”. Propositadamente, a lei o fez para evitar naturais comparações com a apelação do Código de Processo Civil.

Há também a previsão legal dos Embargos de declaração (art.48), que não são tidos pela doutrina, à unanimidade, como recurso, pois a priori seria apenas um incidente de complementação do julgado.

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Isso se deve porque, via de regra, somente haverá pronunciamento oficial pelo Estado-juiz no momento em que receber os autos para homologar a proposta de sentença lançada pelo juiz leigo, após o encerramento da fase postulatória e instrutória, não havendo necessidade, portanto, de previsão recursal antes do pronunciamento do juiz togado.

Recurso Inominado O recurso inominado delineado no art. 41 da Lei 9099/95 é cabível contra a sentença proferida em

primeira instância, excetuadas as homologatórias de acordo ou de laudo arbitral, as quais são irrecorríveis.

Relembramos, por esse motivo, qualquer outra decisão interlocutória não preclui e pode ser atacada, ao final, pelo recurso inominado do art. 41 da Lei 9099/95.

Ademais, em razão da celeridade que preside o sistema dos Juizados Especiais, não há previsão legal para agravo, recurso adesivo, embargos infringentes e outros recursos eventualmente admitidos nos regimentos internos de tribunais ou leis de organização judiciária local, salvo aquele Agravo delineado nos arts. 544 e 557 do CPC, já mencionados, e que serve para determinar a remessa dos autos ao tribunal ad quem.

O prazo de interposição é de 10 (dez) dias, mesmo prazo para as contrarrazões, contados da intimação da sentença, e não da juntada aos autos da intimação (art. 42).

Por motivos que não convém delinear nesse estudo, pretendeu a lei houvesse exigir a presença de advogado para a interposição desse recurso (art.41, parágrafo 2°), talvez como forma de se delimitar dificuldades para a revisão do julgado e retardar o transito em julgado, talvez pelo motivo louvável de se evitar prejuízos à parte, que poderia ter dificuldade em elaborar a peça técnica recursal, demonstrando o equívoco da decisão.

Em primeira instância não se contam custas processuais na seara dos Juizados Especiais (art. 55), porém, pretendendo a parte modificar o resultado da demanda, deverá antecipar o valor das custas inerentes e mais o preparo recursal (art. 42).

Tratando-se de pessoa pobre na forma da lei, ao contrário de entendimento diverso, com a devida vênia temos que não há qualquer necessidade da parte autora pleitear na petição inicial os benefícios da justiça gratuita, assim como o réu na contestação, pois a necessidade de tal pedido somente exsurge a partir do momento em que a parte pretende recorrer. Ademais a Lei 1060/50 preconiza que o pedido de justiça gratuita pode ser formulado a qualquer tempo, no ‘curso da ação, cujo processamento não se dá em apartado, senão nos próprios autos.

Tais exigências (assistência por advogado e pagamento de custas) revelam nítido propósito do legislador em desestimular a interposição de recursos, mas que reafirmamos, tais motivações não nos interessam momentaneamente o presente estudo.

O juízo prévio de admissibilidade é realizado pelo próprio Juízo recorrido, a quo, tão logo seja ele interposto, e comporta reexame pela Turma Recursal. O recurso tem efeito apenas devolutivo, podendo ser postulado o efeito suspensivo, se a execução imediata do julgado puder causar ao sucumbente, dano irreparável ou de difícil reparação (art. 43).

Caso seja negado seguimento ao recurso ou rejeitado o pedido de justiça gratuita, o interessado pode-se valer do recurso de Agravo ou Mandado de Segurança.

Como já demonstrado, a sentença de primeiro grau não impõe ao vencido o ônus da sucumbência, ressalvados os casos de litigância de má-fé. Em grau de recurso, no entanto, o recorrente vencido arcará com as custas e honorários advocatícios, que serão fixados pela Turma Recursal, de 10% a 20% do valor da condenação ou do valor corrigido da causa, nos termos do art.55.

Importa reconhecer que somente o Recorrido vencedor poderá obter a verba sucumbencial de honorários advocatícios, caso contrário, ainda que o recorrente seja parcialmente vencedor estará dispensado desse pagamento, nos termos do citado art. 55, pois “o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado”.

Embargos de declaração: Parte da doutrina entende que não se trata de recurso propriamente dito, pois seu objetivo é apenas

complementar uma decisão eivada de vício de obscuridade, contradição, omissão ou dúvida (art. 48 da Lei 9099/ 95).

Esses Embargos diferem-se daquele do Código de Processo Civil, na medida em que, nestes, cabem em caso de ‘dúvida, situação não preconizada naquele e, também, o prazo do recurso principal é apenas

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suspenso na seara dos Juizados Especiais, enquanto que, naquele, o prazo do recurso principal é interrompido.

Os embargos de declaração são oferecidos no prazo de 05 (cinco) dias, contados da ciência da decisão e, uma vez recebidos, suspendem (e não, interrompem) o prazo recursal, que, após a ciência da decisão dos embargos, volta a fluir pelo prazo eventualmente restante (art.49 e 50).

Recurso adesivo: Não é cabível. Enunciado 88, Fonaje - Não cabe recurso adesivo em sede de Juizado Especial, por

falta de expressa previsão legal (Aprovado no XV Encontro – Florianópolis/SC). Tem-se admitido que questões de ordem pública tais como termo inicial da incidência de correção

monetária e juros legais podem ser suscitadas em preliminar de contrarrazões, pois essas questões podem ser declaradas de ofício pelo julgador, mas mesmo assim, não se trata de recurso adesivo.

Recurso Especial. Não é cabível, a teor da súmula 203 do Superior Tribunal de Justiça: "Não cabe recurso especial contra

decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais". Sua interposição, nos termos do art. 105 da Constituição Federal, só é admissível, quando a decisão

recorrida for proferida em única ou última instancia, por Tribunais. Ora, as Turmas Recursais não constituem Tribunal, senão mero órgão colegiado, não sendo possível, portanto, a utilização deste expediente recursal.

Há, porém, a possibilidade do STJ determinar uma ordem de natureza cautelar que afeta todo o trâmite da ação perante os Juizados Especiais. É que subsistindo dúvida quanto a competência para apreciar determinada matéria, submetida ao crivo do STJ por intermédio de conflito positivo ou negativo entre determinado Juizado e a Justiça Comum de outra unidade da federação, p.ex, o E. STJ poderá determinar medida de natureza cautelar e suspender todos os processos em trâmite perante os Juizados Especiais até que o conflito de competência seja dirimido.

Mas essa hipótese não se trata de recurso, senão mera consequência de natureza cautelar proveniente de uma decisão proferida em sede de conflito de competência.

Malgrado entendimento em sentido contrário, cuja posição orienta a possibilidade da utilização desse remédio recursal sob pena de ofensa ao princípio da isonomia, encontra-se hoje pacífico o entendimento de inadmissibilidade de recurso especial na seara dos Juizados Especiais:

“AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. DECISÃO DE ÓRGÃO DO SEGUNDO GRAU DOS JUIZADOS ESPECIAIS. SÚMULA 203 DO STJ. 1. A matéria encontra-se devidamente consolidada no verbete sumular nº 203 desta Casa, cujo teor enuncia: "Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de 2º grau dos Juizados Especiais". 2. Agravo regimental improvido” (AgRg no Ag 786640/SP; AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2006/0138314-0)

Recurso Extraordinário. Quanto ao recurso extraordinário, cujo objetivo é preservar a ordem constitucional, tem sido admitida

sua interposição contra decisões preferidas pelas Turmas Recursais, pois não se poderia deixar de submeter ao STF, questões em que houvesse a possibilidade de violação da norma constitucional, e, ao contrário do que acontece com o recurso especial, o legislador constituinte não especificou qual o órgão responsável pelas decisões que seriam objeto de recurso extraordinário, pelo que, podem ser elas oriundas das Turmas Recursais dos Juizados Especiais.

Seu processamento, prazo e demais requisitos são os mesmos do Código de Processo Civil (art. 541 e seguintes).

Súmula 640, do STF: "É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por Turma Recursal de juizado especial cível e criminal."

Caso seja negado seguimento ao recurso é cabível Agravo do 557 do Código de Processo Civil, nos termos do Enunciado 15 do Fonaje, mas sem efeito suspensivo, de maneira que o processo principal é remetido ao Juizado de origem para processamento do cumprimento provisória da sentença.42

42 “Recursos nos juizados especiais cíveis: Visão Pragmática”, autor Marco Antonio Inácio do Amaral, disponível em < http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13998> acesso em 12.02.15.

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Seção XIII Dos Embargos de Declaração

Art. 48. Caberão embargos de declaração quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade,

contradição, omissão ou dúvida. Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício. Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias,

contados da ciência da decisão. Art. 50. Quando interpostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazo para

recurso.

O recurso nada mais é que uma manifestação do inconformismo de uma das partes com relação à

decisão proferida. Trata-se de remédio processual, que garante às partes o direito de reexame de uma ação, fixada pelo princípio do duplo grau de jurisdição.

Note-se que o recurso não gera uma nova relação jurídica, mas apenas estende a já existente. Além disso, o recurso não permite a preclusão e a coisa julgada.

Para o doutrinador Sidnei Amendoeira Jr.43, “apelação é recurso de devolução ampla, ou seja, por meio dele podem ser discutidas materiais processuais e de mérito, bem como ser realizada nova análise dos fatos da causa, errores in judicando e errores in procedendo, ou seja, a cognição do Tribunal é ampla, mas limitada pelo próprio recurso (extensão e profundidade do efeito devolutivo)”. A apelação é o recurso mais comum e certamente mais utilizado dada sua característica de amplitude, sendo que é capaz de resolver a causa sem necessidade de nenhum outro auxílio.

O recurso de agravo é o remédio jurídico cabível em relação a toda e qualquer decisão interlocutória, que são aquelas decisões em que o juiz resolve questões incidentes do processo, sem por fim ao mesmo. Assim, sendo, qualquer decisão no curso do processo que causar gravame às partes poderá ser objeto de agravo.

A legislação processual prevê duas hipóteses de agravo: a) agravo retido: este tipo de agravo permite a revisão da decisão atacada em momento posterior, sendo que sua finalidade é evitar a preclusão; e b) agravo de instrumento: neste caso, o recurso será proposto diretamente na instancia superior, suspendendo o andamento do feito principal.

Embargos infringentes são o recurso aplicável contra decisões colegiadas (acórdãos) que não foram proferidos de forma unânime, ou seja, houve divergência entre os integrantes da banca julgadora. Não se está buscando unanimidade, o que seria quase impossível, mas gerar a oportunidade de que o vencido possa convencer os demais integrantes da banca.

Os embargos de declaração tem como objetivo esclarecer e integrar o ato impugnado, uma vez que a prestação jurisdicional deve ser completa, clara, sem controvérsias, decorrendo este recurso do princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional. Significa dizer que, se alguma decisão se mostrar incompleta ou gerar dúvidas, a parte poderá solicitar ao juiz que esclareça ou trate do assunto ausente.

Desta feita, os embargos de declaração poderão: a) corrigir decisão que não estiver clara ou inteligível; b) afastar alguma contradição, para que a decisão não gere incertezas; e c) suprimir omissões, tornando a decisão embargada completa. 43 AMENDOEIRA JR., Sidnei. Manual de direito processual civil: teoria geral do processo e fase de conhecimento em primeiro grau de jurisdição, 2. ed., Vol. II, São Paulo: Saraiva, 2012.

23 Recursos

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O Recurso Especial, nos termos do Art. 508 do CPC, será cabível todas as vezes que um acórdão proferido por qualquer um dos tribunais, interpretar ou aplicar de forma incorreta uma lei federal, ou ainda, quando permitir que um ato local (estadual ou municipal) prevaleça. O prazo para interposição deste recurso é de quinze dias.

Em algumas situações o Recurso especial não será cabível: a) nas decisões proferidas em primeiro grau, porque este recurso aplica-se apenas à decisões oriundas dos tribunais; b) nas decisões de segundo grau que forem passíveis de outros recursos; c) em face de decisões proferidas pela justiça especializada; e d) contra decisões originadas das turmas recursais dos Juizados Especiais.

A possibilidade de propositura do Recurso Extraordinário foi determinada pela Constituição Federal, em seu Art. 102, III, a-d (vide artigo na íntegra abaixo), sendo que o referido dispositivo legal atribuiu competência ao Supremo Tribunal Federal-STF, para julgar as ações decididas em única ou última instancia, nos seguintes casos: a) quando a decisão recorrida contrariar dispositivo da Constituição Federal; b) quando a decisão recorrida declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) quando a decisão recorrida julgar válida lei ou ato de governo local em face da lei maior; e d) quando a decisão recorrida julgar válida lei local que foi contestada com base em lei federal.

Importante ressaltar que a expressão contrariar, disposta no Art. 102, III, alínea a, tem definição mais ampla. Nas palavras de Sidnei Amendoeira Jr. 44 “Há contrariedade quando, de qualquer forma, afastamo-nos da mens legislatoris. Essa expressão, como se percebe, é muito mais abrangente do que “negar vigência” porque sua conotação é mais difusa, porém menos contundente, porque a negativa de vigência envolve a não aplicação ou a aplicação de outra norma no caso concreto (é a recusa da aplicação do dispositivo legal) e a contrariedade envolve, ainda, qualquer outra forma de ofensa a norma, como, por exemplo, a sua má interpretação ou sua aplicação de forma equivocada”.

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

DOS RECURSOS

CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 496. São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo; III - embargos infringentes; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; Vl - recurso especial; Vll - recurso extraordinário; VIII - embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário. Art. 497. O recurso extraordinário e o recurso especial não impedem a execução da sentença; a

interposição do agravo de instrumento não obsta o andamento do processo, ressalvado o disposto no art. 558 desta Lei.

Art. 498. Quando o dispositivo do acórdão contiver julgamento por maioria de votos e julgamento

unânime, e forem interpostos embargos infringentes, o prazo para recurso extraordinário ou recurso especial, relativamente ao julgamento unânime, ficará sobrestado até a intimação da decisão nos embargos.

Parágrafo único. Quando não forem interpostos embargos infringentes, o prazo relativo à parte unânime da decisão terá como dia de início aquele em que transitar em julgado a decisão por maioria de votos.

Art. 499. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério

Público. § 1º Cumpre ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a

relação jurídica submetida à apreciação judicial.

44 AMENDOEIRA JR., Sidnei. Manual de direito processual civil: teoria geral do processo e fase de conhecimento em primeiro grau de jurisdição, 2. ed., Vol. II, São Paulo: Saraiva, 2012.

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§ 2º O Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei.

Art. 500. Cada parte interporá o recurso, independentemente, no prazo e observadas as exigências

legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir a outra parte. O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal e se rege pelas disposições seguintes:

I - será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal, no prazo de que a parte dispõe para responder;

II - será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário e no recurso especial;

III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado inadmissível ou deserto.

Parágrafo único. Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior.

Art. 501. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes,

desistir do recurso. Art. 502. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. Art. 503. A parte, que aceitar expressa ou tacitamente a sentença ou a decisão, não poderá recorrer. Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem reserva alguma, de um ato incompatível

com a vontade de recorrer. Art. 504. Dos despachos não cabe recurso. Art. 505. A sentença pode ser impugnada no todo ou em parte. Art. 506. O prazo para a interposição do recurso, aplicável em todos os casos o disposto no art. 184 e

seus parágrafos, contar-se-á da data: I - da leitura da sentença em audiência; II - da intimação às partes, quando a sentença não for proferida em audiência; III - da publicação do dispositivo do acórdão no órgão oficial. Parágrafo único. No prazo para a interposição do recurso, a petição será protocolada em cartório ou

segundo a norma de organização judiciária, ressalvado o disposto no § 2o do art. 525 desta Lei. Art. 507. Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de

seu advogado, ou ocorrer motivo de força maior, que suspenda o curso do processo, será tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr novamente depois da intimação.

Art. 508. Na apelação, nos embargos infringentes, no recurso ordinário, no recurso especial, no recurso

extraordinário e nos embargos de divergência, o prazo para interpor e para responder é de 15 (quinze) dias.

Art. 509. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos

os seus interesses. Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos

outros, quando as defesas opostas ao credor Ihes forem comuns. Art. 510. Transitado em julgado o acórdão, o escrivão, ou secretário, independentemente de despacho,

providenciará a baixa dos autos ao juízo de origem, no prazo de 5 (cinco) dias. Art. 511. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação

pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. § 1º São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelos

Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. § 2º A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não vier a supri-

lo no prazo de cinco dias.

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Art. 512. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que tiver

sido objeto de recurso.

Constituição Federal Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-

lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação

declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do

Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os

Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;

d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;

e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;

f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;

g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; h) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for

autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;

j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de

atribuições para a prática de atos processuais; n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e

aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;

o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do

Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;

r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; II - julgar, em recurso ordinário: a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em

única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; b) o crime político; III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando

a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. § 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será

apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de

inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e

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efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.

Recurso é o mecanismo processual que visa a provocar um reexame da decisão judicial, antes da

coisa julgada formal, ou seja, antes do trânsito em julgado da sentença. Os recursos fundamentam-se no princípio do duplo grau de jurisdição, sendo aplicáveis a todas as

decisões interlocutórias e sentenças. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público. Cumpre ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial. O Ministério Público tem legitimidade para recorrer tanto nos processos em que for parte como também naqueles em que atuou como fiscal da lei.

De acordo com o art. 500 do CPC, cada parte interporá o recurso, independentemente, no prazo e observadas as exigências legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir a outra parte.

A parte, que aceitar expressa ou tacitamente a sentença ou a decisão, não poderá recorrer, podendo, a sentença, ser impugnada no todo ou em parte.

De acordo com o art. 506 do CPC, o prazo para a interposição do recurso contar-se-á da data: I - da leitura da sentença em audiência; II - da intimação às partes, quando a sentença não for proferida em audiência; III - da publicação da súmula do acórdão no órgão oficial. Em conformidade com o art. 508 do CPC, na apelação, nos embargos infringentes, no recurso

ordinário, no recurso especial, no recurso extraordinário e nos embargos de divergência, o prazo para interpor e para responder é de 15 dias.

No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. Finalmente, o julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que tiver sido objeto de recurso.

Pressupostos recursais Para a impetração de qualquer recurso devem estar presentes determinados pressupostos, que podem

ser subjetivos ou objetivos. Os pressupostos subjetivos relacionam-se com determinadas qualidades do recorrente. Neste sentido, ele deve possuir legitimidade e interesse.

Os pressupostos objetivos referem-se às exigências legais para que seja conhecido o recurso. Assim, o recurso deve ser tempestivo, cabível e ter sido realizado o preparo.

Preparo O preparo é o pagamento das despesas de processamento do recurso e deve ser paga para que o

recurso possa ser conhecido; sua falta acarreta a pena deserção. Trata-se de requisito essencial, para os casos onde ele é exigido. A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não vier a supri-lo no prazo de cinco dias. Tal regra não se aplica nos processos afetos a Lei 9.099/95.

A lei dispensa o recolhimento nos recursos de agravo retido, nos embargos de declaração e em relação aos demais, quando interpostos pelo MP, Fazenda Nacional, Estadual ou Municipal, autarquias e beneficiários da assistência judiciária.

Espécies de recursos São cabíveis os seguintes recursos: I – apelação; II – agravo; III – embargos infringentes; IV – embargos de declaração;

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V – recurso ordinário; VI – recurso especial; VII – recurso extraordinário; VIII – embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário.

Apelação

(Artigos. 513 a 521 do CPC). A apelação do direito processual civil brasileiro é o recurso interposto contra a sentença proferida por

juiz de primeiro grau que encerra processo com ou sem solução de mérito (art. 513 do Código de Processo Civil). O recurso de apelação busca a reforma ou a invalidação da sentença.

A apelação é cabível contra o ato jurisdicional proferido pelo juiz, ou seja, a sentença. O prazo para interposição do recurso de apelação é de 15 (quinze) dias, consoante artigo 508 do Código Processual Civil.

No recurso de apelação, o vencido submeterá à segunda instância todas as questões versadas no processo. O juiz de primeiro grau deve se manifestar analisando os requisitos de admissibilidade que são o cabimento, a legitimidade e o interesse recursal, a inexistência de fato extintivo ou impeditivo, a tempestividade, a regularidade formal e o pagamento das custas processuais. Deve ainda o juiz declarar os efeitos que recebe o recurso. Em regra, é recebida nos efeitos devolutivo (já que toda a matéria de 1ª instância é devolvida à apreciação do Judiciário) e suspensivo.

Recebido o recurso, o juiz concederá prazo para que a parte contrária apresente contra razões. É necessário preparo que deve ser recolhido no ato da interposição do recurso, correspondente a 1% do valor da causa, sendo certo que se o recorrente recolher valor inferior ao devido poderá complementá-lo no prazo de 5 (cinco) dias, caso contrário ocorrerá a deserção do recurso.

Recebido o recurso integralmente, o juiz intimará a parte contrária para oferecimento das contrarrazões de apelação – cumprida a citação – para depois remeter os autos ao tribunal competente, onde será distribuída a uma câmara, composta via de regra por cinco membro, onde será sorteado um relator e dois revisores que julgarão o recurso.

A apelação devolve ao tribunal o conhecimento de toda a matéria impugnada no recurso, devendo

conter o pedido para que seja remetida ao Tribunal, onde será distribuída entre as Turmas ou Câmaras Cíveis,

No Tribunal a Apelação é distribuída a um dos Desembargadores que exercerá a função de relator e este fará nos autos uma exposição dos pontos controvertidos sobre o que versar o recurso (art. 549, parágrafo único do CPC). Após, o recurso é remetido ao Desembargador revisor que deve sugerir ao relator medidas ordinatórias do processo que tenham sido omitidas, confirmar, completar ou retificar o relatório e pedir dia para julgamento dos feitos nos quais estiver habilitado a proferir voto (art. 551 do CPC). O processo é incluído na pauta de julgamento que deve ser publicada no órgão oficial de imprensa com antecedência mínima de 48 horas.

Após a leitura do relatório, o presidente da Turma ou Câmara Cível concede a palavra aos advogados do recorrente e recorrido para apresentarem sustentação oral durante o prazo de 15 minutos (art. 554 do CPC).

No julgamento vota primeiro o Desembargador relator, seguido do revisor e do Desembargador vogal. Em seguida, o presidente da Turma ou Câmara divulga o resultado do recurso. A decisão colegiada é registrada em um acórdão.

É importante lembrar que o relator pode monocraticamente rejeitar recursos manifestamente inadmissíveis ou antecipar os efeitos do provimento (art. 557, caput e 1º-A, CPC). Em ambos os casos o recurso cabível, no prazo de 5 dias, é o agravo interno (art. 557, §1º, CPC).

Finalizando, é importante ter conhecimento do teor do art. 515, §3º, do CPC, que positivou a teoria da causa madura: "Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento".

Dos Efeitos Quando a apelação é recebida com efeito suspensivo, suspende-se o procedimento e envia-se a

câmara recursal, assim, não pode a parte executar tal decisão prolatada. Todavia, quando o efeito é devolutivo, nada impede que a parte possa exercer seu direito e pedir execução de sentença nos próprios autos.

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CAPÍTULO II DA APELAÇÃO

Art. 513. Da sentença caberá apelação (arts. 267 e 269). Art. 514. A apelação, interposta por petição dirigida ao juiz, conterá: I - os nomes e a qualificação das partes; II - os fundamentos de fato e de direito; III - o pedido de nova decisão. Parágrafo único. (Revogado) Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e

discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro. § 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a

apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. § 3º Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar

desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento.

§ 4º Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação.

Art. 516. Ficam também submetidas ao tribunal as questões anteriores à sentença, ainda não

decididas. Art. 517. As questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser suscitadas na apelação, se

a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, mandará dar vista ao

apelado para responder. § 1º O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com

súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. § 2º Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco dias, o reexame dos pressupostos de

admissibilidade do recurso. Art. 519. Provando o apelante justo impedimento, o juiz relevará a pena de deserção, fixando-lhe prazo

para efetuar o preparo. Parágrafo único. A decisão referida neste artigo será irrecorrível, cabendo ao tribunal apreciar-lhe a

legitimidade. Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida

só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: I - homologar a divisão ou a demarcação; II - condenar à prestação de alimentos; III - (Revogado) IV - decidir o processo cautelar; V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; Art. 521. Recebida a apelação em ambos os efeitos, o juiz não poderá inovar no processo; recebida

só no efeito devolutivo, o apelado poderá promover, desde logo, a execução provisória da sentença, extraindo a respectiva carta.

Agravo (Arts. 522 a 529 do CPC). O agravo é o recurso adequado contra decisões interlocutórias proferidas no processo, estando sujeito

a dois regimes: retido e de instrumento. O agravo é o recurso cabível contra ato do juiz que resolve questão incidente no curso do processo, sem encerrar o feito, que prossegue em seu andamento regular.

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- Agravo retido: O agravo retido é regra no processo civil brasileiro desde a última reforma acorrida com a lei 11187/2005; nela está estabelecido que as decisões interlocutórias caberá o agravo retido no prazo de 10 (dez) dias, salvo se houver contido nesta decisão prejuízo imediato a parte que diante de tal decisão passível de causar dano de difícil ou incerta reparação irá, interpor agravo de instrumento (cabe ressaltar que esta é a única possibilidade anterior à sentença em que é possível interpor o agravo na forma retida, pois, em todas as outras hipóteses ele só é praticável para decisões interlocutórias após a sentença, quais sejam: decisão que julga liquidação de sentença, decisão que julga impugnação à execução, decisão que inadmite a apelação e decisão que julga os efeitos da apelação), apesar de casuisticamente o agravo de instrumento ser, ainda, o mais utilizado, a regra é a interposição na modalidade retida, que deverá seguir as seguintes regras: deverá o juiz poderá, após ouvido o agravado proceder a retratação no prazo de 10 dias (art. 523, §2º); o agravo é acessório à apelação, ou seja, ele só será alçado ao tribunal se a apelação também subir; ao chegar no tribunal, é apreciado preliminarmente à apelação; o agravante, ao apresentar suas contrarrazões a apelação, deve reiterar o pedido de apreciação ao agravo (informar a existência de interposição de agravo na forma retida) sob pena de desistência tácita, e dentro da audiência de instrução e julgamento o juiz profere diversas decisões interlocutórias oralmente (exemplo indeferimento de prova), desta forma, sempre será cabível agravo na forma retida e oral (art. 523, §3º).

- Agravo de instrumento: É o recurso cabível contra as decisões interlocutórias suscetíveis de causar lesão grave e de difícil reparação às partes, assim como nos casos em que o juízo a quo não admite a interposição de apelação, ou ainda quando o recurso for relativo aos efeitos em que a apelação é recebida.

CAPÍTULO III DO AGRAVO

Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo

quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento.

Parágrafo único. O agravo retido independe de preparo. Art. 523. Na modalidade de agravo retido o agravante requererá que o tribunal dele conheça,

preliminarmente, por ocasião do julgamento da apelação. § 1º Não se conhecerá do agravo se a parte não requerer expressamente, nas razões ou na resposta

da apelação, sua apreciação pelo Tribunal. § 2º Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz poderá reformar sua

decisão. § 3º Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julgamento caberá agravo na

forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente, bem como constar do respectivo termo (art. 457), nele expostas sucintamente as razões do agravante.

§ 4º (Revogado) Art. 524. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, através de petição

com os seguintes requisitos: I - a exposição do fato e do direito; II - as razões do pedido de reforma da decisão; III - o nome e o endereço completo dos advogados, constantes do processo. Art. 525. A petição de agravo de instrumento será instruída: I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e das

procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; II - facultativamente, com outras peças que o agravante entender úteis. § 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de

retorno, quando devidos, conforme tabela que será publicada pelos tribunais. § 2º No prazo do recurso, a petição será protocolada no tribunal, ou postada no correio sob registro

com aviso de recebimento, ou, ainda, interposta por outra forma prevista na lei local.

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Art. 526. O agravante, no prazo de 3 (três) dias, requererá juntada, aos autos do processo de cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim como a relação dos documentos que instruíram o recurso.

Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, desde que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo.

Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator: I - negar-lhe-á seguimento, liminarmente, nos casos do art. 557; II - converterá o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar de decisão suscetível

de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, mandando remeter os autos ao juiz da causa;

III - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;

IV - poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias; V - mandará intimar o agravado, na mesma oportunidade, por ofício dirigido ao seu advogado, sob

registro e com aviso de recebimento, para que responda no prazo de 10 (dez) dias (art. 525, § 2º), facultando-lhe juntar a documentação que entender conveniente, sendo que, nas comarcas sede de tribunal e naquelas em que o expediente forense for divulgado no diário oficial, a intimação far-se-á mediante publicação no órgão oficial;

VI - ultimadas as providências referidas nos incisos III a V do caput deste artigo, mandará ouvir o Ministério Público, se for o caso, para que se pronuncie no prazo de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar.

Art. 528. Em prazo não superior a 30 (trinta) dias da intimação do agravado, o relator pedirá dia para

julgamento. Art. 529. Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o

agravo.

Embargos Infringentes

CAPÍTULO IV DOS EMBARGOS INFRINGENTES

Art. 530. Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado, em grau

de apelação, a sentença de mérito, ou houver julgado procedente ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto da divergência.

Art. 531. Interpostos os embargos, abrir-se-á vista ao recorrido para contrarrazões; após, o relator do

acórdão embargado apreciará a admissibilidade do recurso. Art. 532. Da decisão que não admitir os embargos caberá agravo, em 5 (cinco) dias, para o órgão

competente para o julgamento do recurso. Art. 533. Admitidos os embargos, serão processados e julgados conforme dispuser o regimento do

tribunal. Art. 534. Caso a norma regimental determine a escolha de novo relator, esta recairá, se possível, em

juiz que não haja participado do julgamento anterior.

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Embargos de Declaração

(Arts. 535 a 538 do Código Processual Civil) Embargos Declaratórios é denominado como um remédio voluntário que tem por escopo fazer com

que o juiz ou relator reaprecie o ato jurídico prolatado e sane o vício apresentado, seja a obscuridade, a contradição ou a omissão.

Assim, cabem embargos de declaração contra sentença ou acórdão quando houver obscuridade, omissão ou contradição no teor da decisão.

A análise dos pressupostos recursais é feita pelo juiz que prolatou a decisão; no caso de acórdão, é o relator.

No que tange ao prazo, Os Embargos deverão ser interpostos em 5 (cinco) dias, a contar da data da intimação da decisão, tanto em primeiro quanto em segundo grau. Este recurso não é sujeito a preparo. Assim, os Embargos de Declaração deverão ser interpostos através de petição escrita, dirigida ao órgão prolator da decisão, com a precisa indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso.

Importante frisar que nos Embargos de Declaração não há contraditório. Desse modo, uma vez recebidos, deverão ser julgados no prazo de cinco dias se em primeiro grau. Se os embargos forem julgados em segundo grau, deverá o relator colocá-los em julgamento na sessão subsequente, nela proferindo seu voto.

Se for analisado que a interposição de embargos de Declaração fora exclusivamente para protelar o feito, ou seja, embargos manifestamente protelatórios, poderá o juiz ou tribunal declarar esse caráter e condenar o recorrente a pagar multa cujo valor não excederá 1% do valor da causa. Em caso de reiteração, a multa pode ser elevada para até 10% do valor da causa.

Os Embargos de Declaração são interpostos a fim de completar, aclarar ou corrigir decisões proferidas incompletamente, obscuras e contraditórias, para o livre acesso à justiça, o devido processo legal e a motivação dos atos decisórios.

Destarte, quanto aos vícios que dão origem a interposição dos Embargos de Declaração, ilustremos: Obscuridade, de acordo com o Misael Montenegro Filho: “Na obscuridade, verificamos uma dificuldade de exata compreensão dos termos do pronunciamento

judicial, não se conseguindo interpretar com clareza a fundamentação e/ou a conclusão a que o julgador chegou. (MONTENEGRO FILHO: 2010, p. 156)”.

A contradição, de acordo com o renomado Misael Montenegro Filho que preleciona: “Diante da contradição, temos conclusões inconciliáveis em compartimentos da sentença, como, por

exemplo, no caso de o magistrado indicar na fundamentação que o réu teria dado causa ao acidente automobilístico que gerou o exercício do direito de ação, concluindo na parte dispositiva pela improcedência dos pedidos, como se o autor fosse o responsável pelo infortúnio. (MONTENEGRO FILHO: 2010, p. 156)”.

Quanto à omissão, esta ocorrerá quando o juiz ou relator, no exercício de sua atividade de julgar, não

manifestar-se sobre algum ponto ou questão suscitada pela parte. Para melhor compreensão sobre a omissão, vale reproduzir um exemplo apresentado por Alexandre

Freitas Câmara: “Pense-se, e.g., numa demanda em que se pediu a condenação do réu ao pagamento de certa quantia,

tendo o réu alegado, em defesa, nulidade do contrato que gerou a obrigação e, ainda, a prescrição. O juiz, na sentença, julga procedente o pedido do autor, considerando que não havia a alegada nulidade, restando omisso acerca da arguição de prescrição. (CÂMARA: 2010, p. 54)”

No que concerne aos efeitos, o recurso deverá ser recebido no duplo efeito, haja vista o fato de que excepcionalmente sua decisão pode ter caráter modificativo, conhecido como efeito infringente ou modificativo em casos de erro material, suprimento de omissão ou extirpação da contradição.

Destarte, no que diz respeito ao acima exposto, é imprescindível trazermos à colação o princípio que rege a teoria geral dos recursos, ou seja, o Princípio da Taxatividade.

O Princípio da Taxatividade dita que somente são recursos aqueles expressamente determinados e regidos por lei federal (art. 22, inciso I, da CF/88). Dessa forma, tratando-se de matéria de direito processual, somente compete à lei federal criar recursos, sendo defesa outra instância legislativa conceber figuras recursais. Deste modo, segundo o Código Processual Civil brasileiro, são recursos:

“Art. 496 – São cabíveis os seguintes recursos:

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I – apelação; II – agravo; III – embargos infringentes; IV – embargos de declaração; V – recurso ordinário; VI – recurso especial; VII – recurso extraordinário; VIII – embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário.” (Grifo nosso) Os Embargos de Declaração, são utilizados pela parte inconformada da relação jurídica processual

para requerer uma reapreciação de uma decisão judicial, seja sentença, acórdão ou decisão interlocutória.

Outrossim, os embargos têm natureza genuinamente recursal, vez que a função complementar desse instituto não pode ser depreciada a ponto de desconsiderar seu caráter de recurso, principalmente, porque um julgado obscuro, omisso ou, até mesmo contraditório equivale-se à ausência de decisão devida. Sendo assim, não se pode considerar que o Estado-Juiz cumpriu com sua missão quando proferiu em uma demanda que lhe foi apresentada uma decisão viciada, é inconcebível conciliar efetividade da justiça com tutela jurisdicional maculada.

CAPÍTULO V

DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Art. 535. Cabem embargos de declaração quando: I - houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição; II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal. Art. 536. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz ou relator,

com indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso, não estando sujeitos a preparo. Art. 537. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias; nos tribunais, o relator apresentará os embargos

em mesa na sessão subsequente, proferindo voto. Art. 538. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, por

qualquer das partes. Parágrafo único. Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou o tribunal, declarando

que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente de 1% (um por cento) sobre o valor da causa. Na reiteração de embargos protelatórios, a multa é elevada a até 10% (dez por cento), ficando condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito do valor respectivo.

Recursos Ordinários

É um recurso com previsão na Constituição Federal e será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (art.

102, II, a da CR/88) ou pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 105, II, a, da CR/88), os requisitos necessários para a sua interposição são os previstos para qualquer outro recurso em geral, e não àqueles relativos aos Recursos Especiais ou Extraordinários. Não é composto por rol taxativo, embora tenha previsão na constituição.

Aplicação: É aplicado para que a parte interessada possa obter o reexame das decisões originárias de tribunais. Cabimento: O recurso ordinário será dirigido para os tribunais superiores (STJ e STF). STF: serão encaminhados a este tribunal: - o “habeas corpus”, - habeas data, - mandado de injunção e

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- mandado de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, além do caso previsto no artigo 102, II, CF que trata dos crimes políticos.

STJ: serão encaminhados a este tribunal: - os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos

tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; - os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou

pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; - as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do

outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; A interposição do Recurso Ordinário será feita em relação ao órgão a quo, em petição fundamentada

com as razões que embasam o pedido. Depende de preparo, quando for o caso, em que será debatida toda a matéria impugnada. Possui

efeito suspensivo, a não ser nos casos expressos em que a própria apelação não possui esse efeito. Processamento: Deverá ser interposto no prazo de 15 dias perante o relator do acórdão recorrido. As regras da

apelação quanto aos requisitos de procedimento e admissibilidade devem ser aplicadas a este recurso. Art. 540. Aos recursos mencionados no artigo anterior aplica-se, quanto aos requisitos de

admissibilidade e ao procedimento no juízo de origem, o disposto nos Capítulos II e III deste Título, observando-se, no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, o disposto nos seus regimentos internos

Diferentemente de alguns recursos, este não exige prequestionamento. Contra acórdão proferido no

seu julgamento poderá ser interposto embargos infringentes, desde que forem preenchidos os requisitos desse recurso.

Recursos Extraordinário e Especial

Para melhor compreensão do candidato é melhor o estudo conjunto destes dois tipos de recursos. Tanto o recuso especial quanto o recurso extraordinário possuem as mesmas peculiaridades tais

quais: são classificado como recurso ordinário lato sensu, que tem por objetivo impedir que as decisões judiciais contrariem as leis federais e até mesmo a Constituição Federal, fazendo desta forma, que seja mantida a uniformidade de interpretação, em todo país

Quanto ao prazo, devem ser apresentados no prazo de quinze dias. Quanto ao preparo: exigem preparo o porte de remessa de retorno. Havia divergência entres os dois

tribunais superiores, mais atualmente com a Regulamentação da Resolução 01/2008 do Superior Tribunal de Justiça, passou-se a exigir o preparo para o recurso especial.

São características comuns do Recurso Extraordinário e Recurso Especial: 1- esgotamento prévio das instâncias ordinárias (não cabe mais recurso para instâncias inferiores); 2- a atuação do STF e STJ não é igual à dos outros tribunais – sua função aqui é guardar o

ordenamento jurídico e não a situação individual das partes. A parte poderá ser beneficiada por essa guarda, mas a mera alegação de que as decisões anteriores lhe foram “injustas” não servem para fundamentar esses recursos;

3- não servem para mera revisão de matéria de fato; 4- sua admissão depende da autorização da instância inferior, e depois do próprio STF e STJ; 5- os pressupostos específicos desses recursos estão na Constituição Federal e não no Código de

Processo Civil e na Lei 8038/90; 6- enquanto perdurarem os recursos excepcionais, a sentença anterior já pode ser executada

provisoriamente;

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7- os dois recursos podem ser ajuizados simultaneamente no STF e no STJ, já que suas diferenças são bem delineadas pela Constituição, tratando-se de discussão de matérias distintas. Portanto, o prazo para apresentar os recursos corre simultaneamente, sendo de 15 dias.

Consequências Jurídicas O efeito da decisão no Recurso Extraordinário só vale entre as partes no processo, e para elas a lei é

inconstitucional desde o seu surgimento. A declaração de inconstitucionalidade não anula nem revoga a lei. Teoricamente, ela continua em vigor

até que seja suspensa pelo Senado Federal, conforme prevê a Constituição em seu artigo 52, inciso X. RECURSO ESPECIAL JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE NO RECURSO ESPECIAL45 O juízo de admissibilidade do recurso é prévio e condicionante ao juízo de mérito. Em outras palavras,

o órgão ad quem só adentrará no mérito do recurso, se tal juízo for ultrapassado. Diante dessa premissa inicial, verifica-se o quanto é importante a observância do preenchimento dos

requisitos de admissibilidade dos recursos, o qual possibilitará que o órgão julgador enfrente o mérito recursal.

Antes de adentrar nos requisitos de admissibilidade, convém salientar que o recurso especial segue a regra do nosso ordenamento de que os recursos são interpostos no juízo a quo, ou seja, aquele que prolatou a decisão que se deseja impugnar, de modo que a admissibilidade será feita, em primeiro plano, por tal Tribunal. Entendendo ser o recurso admissível, o Tribunal providenciará a remessa dos autos ao órgão ad quem, que é o detentor da competência para analisar, além da admissibilidade, o mérito do recurso.

Pode acontecer ainda de o Tribunal de origem entender a inadmissibilidade do recurso e, consequentemente, não o conhecer, hipótese em que o recorrente deverá interpor um agravo nos próprios autos, provocando a remessa do recurso ao STJ. Por fim, frise-se que a decisão sobre a admissibilidade do recurso prolatada pelo Tribunal de origem não vincula o órgão ad quem, podendo este decidir de forma diversa, caso assim entenda.

No juízo de admissibilidade, será auferida a presença de certos requisitos, que tornarão o recurso apto a ter seu mérito analisado. Entre os requisitos, encontra-se a legitimidade, pois, assim como para o ajuizamento da demanda, a parte deve deter esse requisito, sob pena de não preencher uma das condições da ação. Para interpor o recurso, também necessitará de legitimidade, visto serem os recursos o prolongamento do exercício desse direito de ação.

Diante dessa exigência, a própria lei encarregou-se de prevê os detentores da legitimidade para recorrer, elencando como tais: as partes, o terceiro e o Ministério Público (art. 499, do CPC).

Além do requisito supra, o legitimado deverá demonstrar interesse recursal, ou seja, a interposição do recurso deverá melhorar, em algum aspecto, a situação fática do recorrente. Dessa forma, por exemplo, se o autor tem todos os pedidos formulados na inicial integralmente acolhidos, faltará interesse para que este recorra, pois o julgamento do recurso em nada lhe beneficiará, pois ele já conseguiu tudo que esperava da prestação jurisdicional que provocou.

Posto isso, pode-se traduzir o interesse recursal através da conjugação da utilidade do recurso com sua necessidade, sendo a utilidade a possibilidade de o recurso melhorar a situação que o recorrente, até então, encontra-se, e a necessidade, a demonstração de que o recurso é o meio mais hábil, para que o recorrente obtenha, naquele processo, o que ele deseja contra a decisão impugnada.

Uma questão interessante no tocante ao interesse recursal é aquela situação em que o acórdão que se deseja impugnar tem fundamento infraconstitucional e constitucional suficientes, para manter a decisão na íntegra.

Nesses casos, o interessado em recorrer deverá interpor recurso especial e recurso extraordinário, para impugnar respectivamente a parte infraconstitucional e constitucional que sustentam o acórdão, pois, se o legitimado recursal se utilizar apenas de um dos dois recursos citados, este não será conhecido por falta de interesse recursal, visto que o recurso não teria nem uma utilidade para o recorrente.

De nada adiantaria, todavia, ser a parte legítima e detentora de interesse recursal, se ela não atender ao requisito da tempestividade, ou seja, o recurso deverá ser interposto no prazo legalmente previsto para

45 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?artigo_id=10980&n_link=revista_artigos_leitura.

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tal, que, tratando-se de recurso especial, esse prazo será de quinze dias (art. 508, do CPC), que se inicia no momento em que a parte é intimada da decisão.

Dentro do juízo de admissibilidade, ainda se verificará a inexistência de preclusão lógica, pois, assim como o juízo de admissibilidade do processo possui requisitos negativos, o juízo de admissibilidade recursal também possuirá. Sendo assim, não poderá haver fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer, a exemplo da desistência do direito de recorrer, da renúncia ao direito sobre o qual se funda a ação e o reconhecimento da procedência do pedido.

Ainda no juízo de admissibilidade, deverá ser analisada a regularidade formal do recurso. Tal requisito irá variar segundo a espécie de recurso que se utiliza. Tratando-se de recurso especial, o recorrente deverá atentar-se à observância da exposição do fato e do direito, deverá demonstrar o cabimento do recurso bem como as razões do pedido de reforma ou de anulação da decisão recorrida, tudo nos moldes do art. 26 da Lei n° 8.038/90.

O recorrente deverá atender ainda ao requisito do preparo recursal, assim, deverá arcar com o ônus financeiro de interpor o recurso, o que inclui as custas processuais bem como o porte de remessa e retorno dos autos. A peculiaridade desse requisito é que ele deverá ser comprovado na interposição do recurso, e, em não se comprovando, o recurso será considerado deserto e consequentemente não será admitido, por não ter preenchido um dos requisitos de admissibilidade, a menos que o recorrente seja isento de recolher o preparo, seja por força de lei, a exemplo do Ministério Público, ou por ter conseguido os benefícios da justiça gratuita.

Todos os requisitos de admissibilidade apresentam-se como relevantes, visto que a falta de apenas um deles é suficiente, para inadmitir o recurso, no entanto há alguns requisitos que, devido as suas peculiaridades, figuram-se como de maior complexidade, a exemplo do requisito do cabimento no recurso especial.

E, diante das particularidades de tal recurso, para se analisar o seu cabimento, vale colacionar o seu substrato jurídico na Constituição Federal, in verbis:

"Art. 105. Compete a o Superior Tribunal de Justiça: IlI - julgar, e m recurso especial, as causas decididas. em única ou última instância, pelos Tribunais

Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal."

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Tramitação46 Para ser admitido o Recurso Extraordinário, a matéria constitucional deve ser pré-questionada. Em

outras palavras, a sentença recorrida tem de tratar especificamente do dispositivo da Constituição que se pretende fazer valer. Não se pode dizer que uma decisão fere a Carta Magna genericamente: o correto é apontar o artigo supostamente violado.

Antigamente só existia um recurso julgado pelo STF, o extraordinário, que abrangia as modalidades extraordinária e especial de hoje. Diante do aumento vertiginoso do número de causas que passaram a chegar ao Supremo, a Constituição de 1988 distribuiu a competência entre o STF e o STJ, sendo que o primeiro seria guardião da Constituição e o segundo, da legislação federal. Então, os recursos excepcionais foram divididos entre as duas cortes, cabendo exclusivamente ao STF o extraordinário e exclusivamente ao STJ o recurso especial.

CAPÍTULO VI

DOS RECURSOS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Seção I Art. 539. Serão julgados em recurso ordinário: I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os mandados de

injunção decididos em única instância pelos Tribunais superiores, quando denegatória a decisão; II - pelo Superior Tribunal de Justiça:

46 http://www.stf.jus.br/portal/glossario/verVerbete.asp?letra=D&id=207.

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a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;

b) as causas em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

Parágrafo único. Nas causas referidas no inciso II, alínea b, caberá agravo das decisões interlocutórias. Art. 540. Aos recursos mencionados no artigo anterior aplica-se, quanto aos requisitos de

admissibilidade e ao procedimento no juízo de origem, o disposto nos Capítulos II e III deste Título, observando-se, no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, o disposto nos seus regimentos internos.

Seção II

Do Recurso Extraordinário e do Recurso Especial

Art. 541. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas, que conterão: (Revigorado e com redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

I - a exposição do fato e do direito; (Incluído pela Lei nº 8.950, de 1994) Il - a demonstração do cabimento do recurso interposto; (Incluído pela Lei nº 8.950, de 1994) III - as razões do pedido de reforma da decisão recorrida. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 1994) Parágrafo único. Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova da

divergência mediante certidão, cópia autenticada ou pela citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que tiver sido publicada a decisão divergente, ou ainda pela reprodução de julgado disponível na Internet, com indicação da respectiva fonte, mencionando, em qualquer caso, as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.

Art. 542. Recebida a petição pela secretaria do tribunal, será intimado o recorrido, abrindo-se lhe vista,

para apresentar contrarrazões. § 1º Findo esse prazo, serão os autos conclusos para admissão ou não do recurso, no prazo de 15

(quinze) dias, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 1994) § 2º Os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeito devolutivo § 3º O recurso extraordinário, ou o recurso especial, quando interpostos contra decisão interlocutória

em processo de conhecimento, cautelar, ou embargos à execução ficará retido nos autos e somente será processado se o reiterar a parte, no prazo para a interposição do recurso contra a decisão final, ou para as contrarrazões.

Art. 543. Admitidos ambos os recursos, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça. § 1o Concluído o julgamento do recurso especial, serão os autos remetidos ao Supremo Tribunal

Federal, para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado § 2º Na hipótese de o relator do recurso especial considerar que o recurso extraordinário é prejudicial

àquele, em decisão irrecorrível sobrestará o seu julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal, para o julgamento do recurso extraordinário.

§ 3º No caso do parágrafo anterior, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, não o considerar prejudicial, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça, para o julgamento do recurso especial.

Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso

extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo.

§ 1º Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa.

§ 2º O recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a existência da repercussão geral.

§ 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária a súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal.

§ 4º Se a Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro) votos, ficará dispensada a remessa do recurso ao Plenário.

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§ 5º Negada a existência da repercussão geral, a decisão valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, salvo revisão da tese, tudo nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

§ 6º O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal

§ 7º A Súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no Diário Oficial e valerá como acórdão

Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a

análise da repercussão geral será processada nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste artigo.

§ 1º Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos representativos da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da Corte.

§ 2º Negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados considerar-se-ão automaticamente não admitidos.

§ 3º Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los prejudicados ou retratar-se.

§ 4º Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o Supremo Tribunal Federal, nos termos do Regimento Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão contrário à orientação firmada.

§ 5º O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal disporá sobre as atribuições dos Ministros, das Turmas e de outros órgãos, na análise da repercussão geral.

Art. 543-C. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito,

o recurso especial será processado nos termos deste artigo. § 1º Caberá ao presidente do tribunal de origem admitir um ou mais recursos representativos da

controvérsia, os quais serão encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça, ficando suspensos os demais recursos especiais até o pronunciamento definitivo do Superior Tribunal de Justiça.

§ 2º Não adotada a providência descrita no § 1o deste artigo, o relator no Superior Tribunal de Justiça, ao identificar que sobre a controvérsia já existe jurisprudência dominante ou que a matéria já está afeta ao colegiado, poderá determinar a suspensão, nos tribunais de segunda instância, dos recursos nos quais a controvérsia esteja estabelecida.

§ 3º O relator poderá solicitar informações, a serem prestadas no prazo de quinze dias, aos tribunais federais ou estaduais a respeito da controvérsia.

§ 4º O relator, conforme dispuser o regimento interno do Superior Tribunal de Justiça e considerando a relevância da matéria, poderá admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na controvérsia.

§ 5º Recebidas as informações e, se for o caso, após cumprido o disposto no § 4o deste artigo, terá vista o Ministério Público pelo prazo de quinze dias.

§ 6ºTranscorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório aos demais Ministros, o processo será incluído em pauta na seção ou na Corte Especial, devendo ser julgado com preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.

§ 7º Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os recursos especiais sobrestados na origem:

I - terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a orientação do Superior Tribunal de Justiça; ou

II - serão novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão recorrido divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça.

§ 8º Na hipótese prevista no inciso II do § 7º deste artigo, mantida a decisão divergente pelo tribunal de origem, far-se-á o exame de admissibilidade do recurso especial

§ 9º O Superior Tribunal de Justiça e os tribunais de segunda instância regulamentarão, no âmbito de suas competências, os procedimentos relativos ao processamento e julgamento do recurso especial nos casos previstos neste artigo.

Art. 544. Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo nos próprios

autos, no prazo de 10 (dez) dias. § 1º O agravante deverá interpor um agravo para cada recurso não admitido

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§ 2º A petição de agravo será dirigida à presidência do tribunal de origem, não dependendo do pagamento de custas e despesas postais. O agravado será intimado, de imediato, para no prazo de 10 (dez) dias oferecer resposta, podendo instruí-la com cópias das peças que entender conveniente. Em seguida, subirá o agravo ao tribunal superior, onde será processado na forma regimental.

§ 3º O agravado será intimado, de imediato, para no prazo de 10 (dez) dias oferecer resposta. Em seguida, os autos serão remetidos à superior instância, observando-se o disposto no art. 543 deste Código e, no que couber, na Lei no 11.672, de 8 de maio de 2008.

§ 4º No Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, o julgamento do agravo obedecerá ao disposto no respectivo regimento interno, podendo o relator:

I - não conhecer do agravo manifestamente inadmissível ou que não tenha atacado especificamente os fundamentos da decisão agravada;

II - conhecer do agravo para: a) negar-lhe provimento, se correta a decisão que não admitiu o recurso b) negar seguimento ao recurso manifestamente inadmissível, prejudicado ou em confronto com

súmula ou jurisprudência dominante no tribunal; c) dar provimento ao recurso, se o acórdão recorrido estiver em confronto com súmula ou

jurisprudência dominante no tribunal. Art. 545. Da decisão do relator que não conhecer do agravo, negar-lhe provimento ou decidir, desde

logo, o recurso não admitido na origem, caberá agravo, no prazo de 5 (cinco) dias, ao órgão competente, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 557.

Art. 546. É embargável a decisão da turma que: I - em recurso especial, divergir do julgamento de outra turma, da seção ou do órgão especial; Il - em recurso extraordinário, divergir do julgamento da outra turma ou do plenário. Parágrafo único. Observar-se-á, no recurso de embargos, o procedimento estabelecido no regimento

interno.

A Tutela Jurisdicional apresenta-se sob três modalidades básicas: 1) a tutela jurisdicional de cognição

ou conhecimento; 2) a tutela jurisdicional de execução; e 3) a tutela jurisdicional de assecuração ou cautelar. Segundo Luiz Fux em seu artigo “Tutela Jurisdicional: finalidade e espécies” Essas três formas de tutela guardam fidelidade com aquela característica "substitutiva" da jurisdição, intermediadora de conflitos e mantenedora da paz e da ordem. A hipótese de intervenção subjetivamente judiciária e materialmente administrativa da justiça no domínio das relações privadas escapa a essa ótica da jurisdição, malgrado a lei a denomine de "jurisdição voluntária", revelando um fenômeno peculiar de acesso obrigatório à justiça em casos de situações jurídicas inter volentes, nas quais a chancela do Judiciário é requisito de validade, entrevisto pelo legislador como necessário, decerto por vislumbrar no juiz um magnânimo "administrador da conveniência e oportunidade" de determinadas providências.

São duas as tutelas de urgência: tutela cautelar e tutela antecipatória (antecipação de tutela). O

objetivo de ambas é comum, tutelar um direito com urgência, sob pena de perecimento do mesmo. Os conceitos, extensão e profundidade serão abordados a seguir nos respectivos tópicos.

24 Tutelas de Urgência

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Antecipação de Tutela O processo civil é orientado por alguns princípios que estabelecem a rotina processual assim como

assegura as garantias constitucionalmente previstas como, por exemplo, o devido processo legal contraditório.

Ocorre que, com o passar dos anos e o acúmulo de processos nas mais diversas instâncias do poder judiciário causou uma grandiosa crise no poder judiciário, tanto é verdade que diversas ações foram promovidas no sentido de buscar uma melhoria neste quadro que era caótico.

Vale destacar que, em paralelo aos princípios acima descritos também, corria também, em desvantagem, o princípio da celeridade processual / duração razoável do processo, como o próprio nome afirma, necessidade de um procedimento célere, ágil.

Como então conciliar a necessidade de um procedimento rápido sem perder qualquer das garantias procedimentais garantidas?

Nesse sentido afirma o professor Scarpinella: “Este princípio da razoável duração do processo, verdadeira diretriz de celeridade do julgamento e dos

meios que a garantam, também influencia a racionalidade da atividade jurisdicional, temperando, portanto, os demais princípios constitucionais colocados em destaque, é dizer: ele também é decisivo para a compreensão mínima do "modelo constitucional do processo civil" a ser concretizado pelo instituto da tutela antecipada. (Bueno, 2007: p. 5).”

Logo, fica claro que o tempo de duração do processo demasiado, longo, é extremamente temeroso,

posto que o ônus do tempo fica a encargo daquele que busca a pretensão em juízo. Sendo assim, para o Réu, que está em posse do objeto pretendido pelo Autor, quanto mais tempo durar o processo, melhor. E não apenas isso, corre-se o risco da coisa em litígio se deteriorar com o passar do tempo e, quando o processo chegar ao final, não ter o objeto valor algum.

Segundo o Professor Luis Guilherme Marinoni: “A técnica antecipatória, é bom que se diga, é uma técnica de distribuição do ônus do tempo do

processo. (...) Um processo que perdura por longo tempo transforma-se também em um cômodo instrumento de ameaça e pressão, em uma arma formidável nas mãos dos mais fortes para ditar ao adversário as condições da rendição. (2009: p. 23)”.

E mais: “A tutela antecipatória constitui o grande sinal de esperança em meio à crise que afeta a Justiça Civil.

Trata-se de instrumento que, se corretamente usado, certamente contribuirá para restauração da igualdade no procedimento. Embora Chiovenda houvesse anunciado, com absoluta clareza e invulgar elegância, que o processo deve dar a quem tem um direito tudo aquilo e exatamente aquilo que tem o direito de obter, e, ainda, que o processo não deve prejudicar o autor que tem razão, a doutrina jamais compreendeu, porque não quis enxergar o que se passava na realidade da vida, que o tempo do processo não é um ônus do autor. (Marinoni, 2009: p. 22/23)”.

Em aspecto prático, alguns operadores do direito questionam o momento em que se pode conceder a

antecipação de tutela. Resolve essa questão, assim dispõe Marinoni: “A tutela antecipatória pode ser concedida no curso do processo de conhecimento, constituindo

verdadeira arma contra os males que podem ser acarretados pelo tempo do processo, sendo viável não apenas para evitar um dano irreparável ou de difícil reparação (art. 273, I, do CPC), mas também para que o tempo do processo seja distribuído entre as partes litigantes na proporção da evidência do direito do autor e da fragilidade da defesa do réu (art. 273, II e § 6º, do CPC). (Marinoni e Arenhart, 2010: p. 200)”.

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Definição Para Marinoni: “A "antecipação total dos efeitos" da sentença condenatória nada mais é do que a antecipação do

efeito executivo (ou melhor, a produção antecipada do efeito executivo) da sentença de condenação, que torna viável a antecipação da realização do direito afirmado pelo autor. A "antecipação total dos efeitos" da sentença condenatória consiste na antecipação da realização do direito que o autor pretende ver realizado. (2009: p. 44/45)”.

Pressupostos Para Cássio Scarpinella Bueno: “Os pressupostos legais são de duas ordens: (i) necessários e (ii) cumulativo-alternativos. São sempre

necessárias, para a concessão da tutela antecipada, a prova inequívoca e a verossimilhança da alegação a que se refere o caput do artigo 273. São cumulativo-alternativos o "receio de dano irreparável ou de difícil reparação" e o "abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu", de que se ocupam, respectivamente, os incisos I e II do mesmo dispositivo. Digo que são "alternativos" porque basta a situação descrita no inciso I ou no inciso II para a concessão da tutela antecipada. Mas não é só. Sempre se há de estar diante de uma "prova inequívoca que convença da verossimilhança". Daí serem estes dois pressupostos alternativos (em relação às situações descritas nos incisos), mas cumulativos com o que está no caput, os pressupostos necessários para a concessão da tutela antecipada... (2007: p. 36)”.

Requisitos para a concessão Prova inequívoca e verossimilhança – (apesar de questionar o conceito do que vem a ser uma prova

inequívoca, por não ser este o objeto de discussão tratado neste material, aceitamos como aquela prova que mais se aproxima da verdade) Explica Marinoni:

“Grande dificuldade da doutrina e dos tribunais, diante dessa imprescindível análise, decorre da

relação, feita pelo art. 273, entre prova inequívoca e verossimilhança. Melhor explicando: há dificuldade de compreender como uma prova inequívoca pode gerar somente verossimilhança. Essa dificuldade é facilmente explicável, pois decorre de vício que se encontra na base da formação dos doutrinadores e operadores do direito, os quais não distinguem "prova" de "convencimento judicial". Ora, como o art. 273 do Código de Processo Civil fala em "prova inequívoca" e "convencimento da verossimilhança", qualquer tentativa de explicar a relação entre as duas expressões será inútil se não se partir da distinção entre prova e convencimento. (2009: p. 167)”.

Definição de prova inequívoca para Fredie Didier Jr.: “Prova inequívoca não é aquela que conduza a uma verdade plena, absoluta, real – ideal inatingível

tal como já visto no capítulo relativo à Teoria Geral da Prova -, tampouco a que conduz à melhor verdade possível (a mais próxima da realidade) – o que só é viável após uma cognição exauriente. Trata-se de prova robusta, consistente, que conduza o magistrado a um juízo de probabilidade, o que é perfeitamente viável no contexto da cognição sumária. (2008: p.624)”.

Definição de verossimilhança para Fredie Didier Jr.: “É imprescindível acrescentar que a verossimilhança refere-se não só à matéria de fato, como também

à plausibilidade da subsunção dos fatos à norma invocada, conduzindo aos efeitos pretendidos. O magistrado precisa avaliar se há probabilidade de ter acontecido o que foi narrado e quais as chances de êxito do demandante. (2008: p. 627)”.

Hipóteses para concessão: CPC Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da

tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou

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II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. § 1º - Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu

convencimento. § 2º - Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do

provimento antecipado. § 3º - A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas

previstas nos arts. 588, 461, §§ 4º e 5º, e 461-A. § 4º - A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão

fundamentada. § 5º - Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento. § 6º - A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados,

ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. § 7º - Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá

o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.

Tutela cautelar O Código de Processo Civil em suas divisões nos apresenta o processo de conhecimento, o de

execução, o cautelar e os procedimentos especiais. Em breves linhas podemos afirmar que o processo de conhecimento é aquele onde o juiz conhecerá de todas as fases do processo para só então, ao final, sentenciar diante do caso concreto. O processo de execução, também por breves linhas seria a ordem judicial para se cumprir com determinada obrigação, ou seja, em face de um título executivo o juiz determinará que se cumpra com o que ali foi avençado. Nessa modalidade não se discutirá o mérito da demanda, uma vez que o próprio título executivo efetiva o direito de um e a obrigação de outro.

O processo cautelar por sua vez, compreende em seu bojo tanto o processo de conhecimento como o

processo de execução. Quando o tutelado se socorre do judiciário, faz em razão de ter seu bem da vida afastado de si, ou seja, perdeu ou está na iminência de perder algo de seu interesse.

O tempo do processo é por alguns considerado demorado; sem adentrar no mérito dessa discussão,

apoiamo-nos na defesa de que o processo de conhecimento deve sim guardar um tempo razoável a fim de que o juiz se aproxime ao máximo da verdadeira justiça. As demoras e a lentidão do processo criticada por muitos se devem a diversos fatores; o exaurimento do processo de conhecimento não pode ser considerado uma espécie de lentidão, mas sim uma garantia para as partes que compõe a lide.

Infelizmente o ônus do tempo recai sobre aquele que tem o bem da vida afastado de sim. Por essa

razão o legislador pensando na demora do processo e na possível perda, leia-se deterioração do bem da vida, criou um procedimento que reverte o ônus do tempo, ou seja, presente determinados requisitos, protege-se o bem da deterioração entregando-o ao seu titular (execução) para a partir de então discutir o mérito da demanda (conhecimento).

Em determinadas situações, de nada adiantaria ter um provimento judicial favorável com um bem já

deteriorado; qual a vantagem para a parte ganhar uma demanda que, por conta da demora do processo fez o bem da vida se deteriorar? Nenhuma. Para evitar essas situações o direito apresenta para o interessado o procedimento cautelar.

Segundo Cassio Scarpinella Bueno, “o “processo cautelar”, tal qual idealizado pelo Livro III do Código,

justificava-se como forma de romper a inércia do Estado-juiz para a prestação de tutela jurisdicional preventiva com base em cognição sumária para o asseguramento do oportuno reconhecimento ou satisfação do direito. Uma tutela que não se confundia, sequer do ponto de vista de sua documentação, com aquela obtenível no âmbito do “processo de conhecimento” e/ou no do “processo de execução”.

Questiona-se a diferença entre o processo cautelar e a tutela antecipada, já que ambos os

procedimentos são confundidos na prática. Nesse sentido, Scarpinella Bueno explica que “destarte, o “dever-poder geral de antecipação” (art. 273) e o “dever-poder geral de cautela” (art. 798) devem ser entendidos como técnicas concorrentes predispostas pelo legislador processual civil para bem cumprir as diretrizes do “modelo constitucional”, transformando o processo no que, na perspectiva constitucional, deve-ser”. Vale ressaltar que entre ambos existe a fungibilidade, ou seja, ainda que a parte escolha

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modalidade inapropriada para o caso, o juiz poderá entendê-la como se a opção correta tivesse sido feita, ou seja, se a escolha foi pela antecipação onde era tutela cautelar, pela fungibilidade o juiz adequará para que se entenda a forma correta.

Traçando algumas diferenciações, socorremo-nos do magistério de Cassio Scarpinella Bueno

conforme segue: A “tutela antecipada” é a forma pela qual, desde que presentes os pressupostos legais, os efeitos

práticos, concretos, reais da tutela jurisdicional sejam fruídos antes do tempo que, não fosse pela intervenção do magistrado, emergiriam. Nessa perspectiva, mesmo a “tutela cautelar” pode ser antecipada como, com outras palavras, admite expressamente o art. 804. A doutrina tradicional, contudo, vê o instituto diversamente, como a autorização dada ao legislador para conceder decisões satisfativas em contraposição às cautelares que, nessa perspectiva, só poderiam assegurar o resultado útil de uma outra (e diversa) manifestação jurisdicional a ser alcançada no “processo principal”. A “tutela cautelar” representa, na formulação original do Código de Processo Civil, um diferente “processo” no qual haveria uma diferente “ação”, tudo em contraposição ao binômio tradicional “processo de conhecimento/processo de execução” e “ação de conhecimento/ação de execução”. Seria um processo e uma respectiva ação que se caracterizariam não pela atividade jurisdicional desempenhada, mas pela sua finalidade, a de assegurar, isto é, salvaguardar, acautelar, um direito ameaçado, criando condições de, pela intervenção jurisdicional, imunizar uma situação de ameaça, equilibrando, no plano do processo, a situação das partes em conflito no plano material”.

Scarpinella reconhece a dificuldade de se distinguir tais procedimento afirmando que “a linha que

separa uma da outra é tênue e repousa muito mais na ênfase do que é pedido ao Estado-juiz e ao modo de se beneficiar da tutela jurisdicional do que, propriamente, em algo cientificamente comprovado ou que pertença, ontologicamente, à espécie “tutela antecipada” ou “tutela cautelar”. É como se dissesse que, em alguns casos, a medida jurisdicional, tal qual pedida e concedida, mais assegura do que satisfaz e vice-versa; mais conserva do que antecipa e vice-versa. Mas não é só. Na perspectiva do Código de Processo Civil, o pedido relativo à “tutela cautelar” reclama uma base procedimental própria, disciplinada pelo seu Livro III. E mais: nessa perspectiva há mais do que um procedimento diferenciado. Trata-se de um verdadeiro “processo cautelar” que tem nascimento com o exercício de uma “ação cautelar”. O pedido de “tutela antecipada”, diferentemente, prescinde de qualquer base procedimental própria. Ela é exercitável incidentalmente por mero requerimento em meio a um processo já existente e que se desenvolve validamente. A “tutela antecipada”, mesmo para a doutrina tradicional, não significa o exercício de uma “nova” ou “distinta” ação e não enseja a constituição e o desenvolvimento de um “novo” ou “distinto” processo.

O processo cautelar poderá ser utilizado sempre que presentes “fumus boni iuris” e “periculum in mora”.

Conforme adiante será apresentado, o procedimento cautelar se mantêm sobre as ações cautelares inominadas e as nominadas. Cassio Scarpinella afirma que “o “processo cautelar”, de acordo com a proposta original do Código de Processo Civil, quer ser próprio e distinto de um outro processo, que, naquela perspectiva, é chamado de “processo principal”, o “processo de conhecimento” e/ou o “processo de execução”. É para o asseguramento útil destes “processos” que serve, na formulação original acolhida pelo Código, o “processo cautelar”. Por isso, fala-se, usualmente, em ele fazer as vezes de um “instrumento do instrumento”, um processo que tem em mira a tutela de um direito a ser reconhecido ou satisfeito em outro processo e não nele próprio. Na perspectiva do direito material, trata-se, por isso mesmo, de uma tutela mediata e não imediata.

Poder geral de cautela. Código de Processo Civil Art. 798. Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código regula no Capítulo II deste

Livro, poderá o juiz determinar as medidas provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.

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Art. 799. No caso do artigo anterior, poderá o juiz, para evitar o dano, autorizar ou vedar a prática de determinados atos, ordenar a guarda judicial de pessoas e depósito de bens e impor a prestação de caução.

O poder geral de cautela, em linhas gerais, pode ser definido como uma autorização concedida pelo

Estado-juiz para que, possam ser concedidas medidas cautelares atípicas, ou seja, medidas que não estão descritas por qualquer norma jurídica; tal autorização se manifestará quando, diante de caso concreto, as medidas existentes no código não se apresentarem adequadas à garantia da efetividade do processo principal.

Segundo Alexandre Freitas Câmara em sua obra Lições de Direito Processual Civil – Volume III, “O

poder geral de cautela é, portanto, um poder atribuído ao Estado-juiz, destinado a autorizar a concessão de medidas cautelares atípicas, assim compreendidas as medidas cautelares que não estão descritas em lei, toda vez que nenhuma medida cautelar típica se mostrar adequada para assegurar, no caso concreto, a efetividade do processo principal. Trata-se de poder que deve ser exercido de forma subsidiária, pois que se destina a completar o sistema, evitando que fiquem carentes de proteção aquelas situações para as quais não se previu qualquer medida cautelar típica”.

Em face da necessária segurança jurídica, questiona-se os limites desse poder conferido ao juiz, uma

vez que a lei não define especificamente esse modelo de atuação. Um dos primeiros limites desse poder foi muito bem delineado por Alexandre Freitas Câmara, conforme se verifica a seguir:

“Não tem o juiz qualquer margem de liberdade na escolha da medida cautelar que irá determinar, o

que se deve a dois fatores: a uma, a medida a ser deferida deve ser a que se revele adequada, no caso concreto, para assegurar a efetividade do processo principal; a duas, por estar o juiz limitado pelo pedido do demandante, não podendo conceder providência diversa daquela que foi pleiteada. Isso nos leva, aliás, a afirmar que ao poder geral de cautela corresponde um direito genérico à tutela cautelar. Cabe à parte demandante pleitear, quando lhe parecer adequado, a concessão da medida cautelar que não esteja prevista especificamente no ordenamento positivo, tendo o juiz que verificar se a pretensão ali manifestada é procedente ou improcedente”

Em face do exposto, identificamos que esse primeiro limitador ao poder geral de cautela reside além

do fumus boni iures e periculum in mora, da inexistência de alguma tutela cautelar já reconhecida pela doutrina, já existente.

O outro limitador que podemos identificar é a real necessidade da concessão provimento pleiteado.

Segundo Câmara, “a tutela cautelar é espécie de tutela jurisdicional não satisfativa, não se confundindo com as demais formas de tutela sumária (isto é, fundadas em juízo de probabilidade”.

Cautelares inominadas: pressupostos, espécies, procedimento cautelar. Cautelares nominadas

(detalhes e procedimentos): arresto, sequestro, caução, busca e apreensão, exibição, produção antecipada de provas, protestos, notificações e interpelações, atentado.

LIVRO III

DO PROCESSO CAUTELAR TÍTULO ÚNICO

DAS MEDIDAS CAUTELARES CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 796. O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso do processo principal e deste é sempre dependente.

Art. 797. Só em casos excepcionais, expressamente autorizados por lei, determinará o juiz medidas

cautelares sem a audiência das partes. Art. 798. Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código regula no Capítulo II deste

Livro, poderá o juiz determinar as medidas provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado

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receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.

Art. 799. No caso do artigo anterior, poderá o juiz, para evitar o dano, autorizar ou vedar a prática de

determinados atos, ordenar a guarda judicial de pessoas e depósito de bens e impor a prestação de caução.

Art. 800. As medidas cautelares serão requeridas ao juiz da causa; e, quando preparatórias, ao juiz

competente para conhecer da ação principal. Parágrafo único. Interposto o recurso, a medida cautelar será requerida diretamente ao tribunal. Art. 801. O requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, que indicará: I - a autoridade judiciária, a que for dirigida; II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido; III - a lide e seu fundamento; IV - a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão; V - as provas que serão produzidas. Parágrafo único. Não se exigirá o requisito do no III senão quando a medida cautelar for requerida em

procedimento preparatório. Art. 802. O requerido será citado, qualquer que seja o procedimento cautelar, para, no prazo de 5

(cinco) dias, contestar o pedido, indicando as provas que pretende produzir. Parágrafo único. Conta-se o prazo, da juntada aos autos do mandado: I - de citação devidamente cumprido; II - da execução da medida cautelar, quando concedida liminarmente ou após justificação prévia. Art. 803. Não sendo contestado o pedido, presumir-se-ão aceitos pelo requerido, como verdadeiros,

os fatos alegados pelo requerente (arts. 285 e 319); caso em que o juiz decidirá dentro em 5 (cinco) dias. Parágrafo único. Se o requerido contestar no prazo legal, o juiz designará audiência de instrução e

julgamento, havendo prova a ser nela produzida. Art. 804. É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a medida cautelar, sem ouvir

o réu, quando verificar que este, sendo citado, poderá torná-la ineficaz; caso em que poderá determinar que o requerente preste caução real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a sofrer.

Art. 805. A medida cautelar poderá ser substituída, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes,

pela prestação de caução ou outra garantia menos gravosa para o requerido, sempre que adequada e suficiente para evitar a lesão ou repará-la integralmente.

Art. 806. Cabe à parte propor a ação, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da efetivação da

medida cautelar, quando esta for concedida em procedimento preparatório. Art. 807. As medidas cautelares conservam a sua eficácia no prazo do artigo antecedente e na

pendência do processo principal; mas podem, a qualquer tempo, ser revogadas ou modificadas. Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a medida cautelar conservará a eficácia durante

o período de suspensão do processo. Art. 808. Cessa a eficácia da medida cautelar: I - se a parte não intentar a ação no prazo estabelecido no art. 806; II - se não for executada dentro de 30 (trinta) dias; III - se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou sem julgamento do mérito. Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a medida, é defeso à parte repetir o pedido, salvo por

novo fundamento. Art. 809. Os autos do procedimento cautelar serão apensados aos do processo principal. Art. 810. O indeferimento da medida não obsta a que a parte intente a ação, nem influi no julgamento

desta, salvo se o juiz, no procedimento cautelar, acolher a alegação de decadência ou de prescrição do direito do autor.

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Art. 811. Sem prejuízo do disposto no art. 16, o requerente do procedimento cautelar responde ao requerido pelo prejuízo que Ihe causar a execução da medida:

I - se a sentença no processo principal Ihe for desfavorável; II - se, obtida liminarmente a medida no caso do art. 804 deste Código, não promover a citação do

requerido dentro em 5 (cinco) dias; III - se ocorrer a cessação da eficácia da medida, em qualquer dos casos previstos no art. 808, deste

Código; IV - se o juiz acolher, no procedimento cautelar, a alegação de decadência ou de prescrição do direito

do autor (art. 810). Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos do procedimento cautelar. Art. 812. Aos procedimentos cautelares específicos, regulados no Capítulo seguinte, aplicam-se as

disposições gerais deste Capítulo.

Para elaboração desse tópico nos baseamos no entendimento de Marcos Adriano Silva Lêdo47. A uniformização de jurisprudência não é um recurso, mas um incidente processual de caráter

preventivo, por meio do qual se quer predeterminar o conteúdo de uma decisão que ainda não foi proferida e tem por objetivo evitar a desarmonia de interpretação de teses jurídicas, uniformizando, desta forma, a jurisprudência interna dos tribunais. Como salienta Frederico Marques: “a aplicação não-uniforme do direito objetivo pelos tribunais cria a insegurança e leva a incerteza aos negócios jurídicos, razão pela qual sempre se tem procurado, (...), a unidade da jurisprudência” (In Manual de Direito Processual Civil, 1ª ed., Campinas, 1997).

Efeitos O primeiro efeito que decorre da apresentação do pedido de uniformização de jurisprudência é a

suspensão do processo. Assim, suspende-se o processo e se cinde a competência, pois ao tribunal pleno ou ao órgão especial caberá decidir a tese jurídica ou a questão de direito (quaestio juris), que terá efeito vinculativo sobre o resto do julgamento. O resto do recurso ou da causa (competência originária dos tribunais) será julgado pelo órgão competente para tal.

Legitimidade para a provocação do incidente Pode ser suscitada, em primeiro lugar, pelo juiz competente do órgão judicial, encarregado pelo

julgamento, sendo esta suscitação uma faculdade e não uma obrigação. Pode também ser suscitada pelas partes (art. 476 § único). Há divergência, doutrinária e jurisprudencial, quanto a legitimidade do Ministério Público, não atuando como parte, e quanto ao terceiro assistente e terceiro interessado.

47 LÊDO, Marcos Adriano Silva. Uniformização de Jurisprudência e Declaração de Inconstitucionalidade. Disponível em: http://duralexsedlexonline.blogspot.com.br/2010/09/uniformizacao-de-jurisprudencia-e.html. Acesso em Julho/2015.

25 Incidentes de Uniformização de Jurisprudência e de Inconstitucionalidade

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Pressupostos Os pressupostos para que possa ser suscitada a uniformização de jurisprudência são três. Em primeiro

lugar, que haja um julgamento em curso, perante órgão fracionário de um tribunal (turma, câmara ou grupo de câmaras, art. 476). Em segundo lugar, que haja uma questão de direito, que nada tem haver com os fatos ocorridos sobre os quais recaem a apreciação judicial, envolvida com a causa ou com o recurso. Por fim, que da solução dessa questão de direito dependa o teor do julgamento do resto da causa ou recurso.

Procedimento Havendo a sua suscitação, pelo julgador ou pela parte em petição avulsa, quando existir prévia

controvérsia, enquanto pendente o causa ou recurso, e até mesmo na própria sessão de julgamento em sustentação oral, e não sendo ela acolhida, prossegue-se com o julgamento da causa ou recurso.

Sendo acolhida, como ensina Vicente Greco Filho, “há, portanto, uma cisão do julgamento do recurso

ou do processo de competência originária dos tribunais, fazendo o pleno a fixação da tese jurídica” e o órgão fracionário “a aplicação da tese fixada ao caso concreto” (In D. P. Civil Brasileiro, vol II, p. 320).

Os autos são remetidos para o presidente do tribunal, se solicita o parecer do Ministério Público e a

decisão é tomada pelo tribunal pleno ou órgão especial. Assim, os autos voltam ao órgão julgador primitivo, sendo julgada a causa ou o recurso, no sentido da decisão da uniformização. Se a decisão for tomada pela maioria absoluta dos membros do tribunal ou órgão especial, edita-se uma súmula.

Declaração de Inconstitucionalidade Natureza jurídica A Declaração de Inconstitucionalidade é um incidente processual semelhante ao incidente de

uniformização de jurisprudência. Reza a Constituição Federal, em seu artigo 97, que a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público só pode ser declarada por maioria absoluta dos membros do tribunal, visando, assim, uma maior proteção ao sistema jurídico, pois é uma decisão privativa do órgão máximo de um tribunal.

Efeitos O primeiro efeito que decorre da arguição do pedido de declaração de inconstitucionalidade é a

suspensão do processo, caso o órgão do tribunal encarregado do julgamento não reconheça a constitucionalidade da norma impugnada e a irrelevância da arguição dos interessados, pois os autos ascenderão ao Tribunal Pleno ou órgão equivalente (art. 481 do CPC).

Se o tribunal pleno ou ao órgão especial acatar a inconstitucionalidade da lei ou do ato, esta decisão

terá efeito vinculativo e o órgão primitivo ficará vinculado ao entendimento fixado. Legitimidade para a provocação do incidente Pode ser suscitada pelas partes, inclusive pelos assistentes e terceiros interessados, pelo Ministério

Público, atuando ou não como parte. A suscitação pode ser ex officio pelo relator, revisor ou outros juízes do órgão judicial, encarregado pelo julgamento da causa principal, entendida como uma obrigação, caso seja a arguição pertinente, face à norma constitucional (art. 97).

Pressupostos Os pressupostos para que possa ser suscitada a declaração de inconstitucionalidade são: que haja

um julgamento em curso (art. 480) e que haja uma questão puramente de direito, acerca da inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público (art.480).

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Procedimento Havendo a sua suscitação, pelo julgador ou pela parte, na inicial, na contestação, nas razões de

recurso, em petição avulsa ou até em sustentação oral (como faz pensar, Barbosa Moreira), ouve-se o parecer do Ministério Público, e não sendo ela acolhida, tendo o órgão jurisdicional competente reconhecido a constitucionalidade, prossegue-se com o julgamento da causa, sem haver a sua suspensão, em decisão irrecorrível.

Sendo acolhida, suspende-se o curso do processo e a questão é submetida ao Tribunal Pleno ou órgão

especial (481), que proferirá a sua decisão, se acolher a pretensão, é irrecorrível, cabendo recurso apenas da decisão que virá a ser proferida com seu fundamento (súmula do STF, 513).

Assim, os autos voltam ao órgão julgador primitivo, sendo a causa julgada de forma vinculativa ao

entendimento dado pelo Tribunal pleno ou pelo órgão especial.

A chamada Reclamação, de competência originária do STF e do STJ, conforme o caso, consiste no

meio através do qual se leva a essas cortes a notícia da usurpação de sua competência ou desobediência a julgado seu, cometida por juiz ou tribunal inferior. Muito se discutiu acerca de sua natureza jurídica, principalmente no sentido de se chegar a uma conclusão sobre ser ou não, a reclamação, uma espécie de recurso. Senão, vejamos:

Em primeiro lugar, há que se destacar o caráter jurisdicional da Reclamação, e não meramente administrativo, já que o STF ou o STJ – aquele que for competente, consoante a matéria discutida – afastará a eficácia de ato de juiz ou tribunal inferior invasivo de sua competência ou em desacordo com anterior julgamento seu. Este ato praticado por juiz ou tribunal o foi no exercício da jurisdição e com pretendida eficácia sobre determinado litígio ou processo. Quando os tribunais superiores realizam o controle esperado através da reclamação, temos que esse controle irá indubitavelmente atingir o litígio e os litigantes.

Mais ainda: prevê o art. 161 do RISTF que o Plenário, ao acolher a reclamação, poderá avocar o processo e chamar a si com urgência o eventual recurso interposto, além de cassar a decisão exorbitante ou impor o respeito à sua competência, o que retira o caráter meramente administrativo da reclamação, já que, fosse assim entendido, seria absurdo admitir medida administrativa que pudesse banir a eficácia de atos jurisdicionais, numa flagrante invasão de competência.48

Não cabe reclamação para impugnar ato do próprio Tribunal, mas somente se houver desobediência por algum outro órgão jurisdicional ou administrativo.

Reclamação contra Enunciado de Súmula Vinculante: do ato administrativo ou decisão judicial que

contrariar súmula vinculante, ou que a aplique indevidamente, caberá reclamação ao STF, que anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial, determinando que outra seja proferida com ou sem aplicação da Súmula, conforme o caso. Não se aplica ao Legislativo, pois contra lei caberá ADI, e não reclamação.49

48 http://jus.com.br/artigos/5914/reclamacao-e-correicao-parcial. 49 ww.conteudojuridico.com.br/artigo, reclamacao-constitucional-breves-linhas, 42160.html.

26 Reclamação e Correição

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Possui previsão expressa no texto da Constituição Federal Art. 102, inc. I, "l", da CF/88: "Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da

Constituição, cabendo-lhe (...) processar e julgar originariamente (...) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões"

Art. 105, inc. I, "f", da CF/88: "Compete ao Superior Tribunal de Justiça (...) processar e julgar originariamente (...) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões."

A correição parcial destina-se à correção de decisões não impugnáveis por outros recursos e que

configurem inversão tumultuaria dos atos e fórmulas da ordem legal do processo.50 Pode ser necessária se o juiz se omite no dever de decidir questão controvertida durante o

desenvolvimento do processo ou inverte tumultuariamente a ordem processual, praticando, por exemplo, um ato pelo outro, sem decidir formalmente, sem exteriorizar decisão agravável.

Sendo assim, não é a correição parcial espécie de recurso já que a enumeração dos recursos é taxativa, e a correição não se encontra entre eles.

Importante mencionar que o art. 504 do CPC, ao dispor sobre a irrecorribilidade dos despachos de mero expediente, não afastou a hipótese de utilização da correição parcial, se e quando tais despachos importarem na inversão tumultuária dos atos e fórmulas de ordem legal do processo, trazendo gravame às partes.

Ao lado da correição, nesses casos, há ainda a possibilidade de utilização do mandado de segurança contra ato judicial, nos termos da art. 5º, inc. II, in fine, da lei 1533/41: "não se dará mandado de segurança quando se tratar (...) de despacho ou decisão judicial, quando haja recurso previsto nas leis processuais ou possa ser modificado por via de correição", bem como a Súmula 267 do STF. O CPC de 1973 não afastou a aplicação de tal dispositivo de lei.

Na visão dos doutrinadores atuais, resta dizer que a correição parcial só será cabível no âmbito da Justiça Federal, por força de previsão legal expressa, bem assim naqueles casos em que, não havendo recurso adequado e tendo o juiz subvertido a ordem processual, seja produzido dano a qualquer das partes, utilizando-se como fundamento para esta última assertiva o disposto no art. 5º, inc. II da Lei do Mandado de Segurança. Sendo assim, desde a edição do novo Código, pode-se afirmar com mais certeza que desmerece, a correição parcial, o caráter de recurso, tendo, portanto, a natureza de remédio processual.

Apesar disso, tem a correição o mesmo processamento aplicável ao agravo de instrumento, sendo inclusive recebida como agravo, com fundamento na fungibilidade dos recursos, desde que observado o prazo do recurso e, sempre é importante lembrar, não sendo admitida como sucedâneo deste.

Carece, de um lado, portanto, de caráter meramente administrativo; de outro lado, nem se diga tratar-se a correição parcial de recurso, por não encontrar lugar entre aqueles enumerados no Código de Processo Civil Brasileiro, enumeração que, nunca será demais reafirmar, é taxativa.51

50 http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5282. 51 http://jus.com.br/artigos/5914/reclamacao-e-correicao-parcial.

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Ação rescisória é o instrumento processual que tem o condão de atacar uma decisão que já foi

revestida da coisa julgada material, ou seja, é a ação que tem o intuito de discutir uma decisão de mérito já proferida.

REQUISITOS PARA PROPOSITURA Para que seja proposta é necessário que haja a concomitância de dois requisitos que são: a existência

de uma decisão de mérito já transitada em julgado e a presença quaisquer uns dos motivos elencados no artigo 485 do Código de Processo Civil.

CAPÍTULO IV

DA AÇÃO RESCISÓRIA Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente; III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes,

a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V - violar literal disposição de lei; Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na

própria ação rescisória; Vll - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não

pôde fazer uso, capaz, por si só, de Ihe assegurar pronunciamento favorável; VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a

sentença; IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa; § 1º Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato

efetivamente ocorrido. § 2º É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem pronunciamento

judicial sobre o fato. - Art. 485 I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; As hipóteses trazidas pelo inciso I são espécies de crimes elencadas no Código Penal. Prevaricação: Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo

contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Concussão: Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função

ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. Corrupção: Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que

fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem

27 Ação Rescisória

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-Art. 485 II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente; O juiz impedido é aquele proibido de atuar no processo de acordo com os artigos 134 e 136 do Código

de Processo Civil. Incompetente é o juiz que não tem jurisdição para atuar no processo. É importante saber que para o ingresso da ação rescisório o juiz deve ser absolutamente incompetente.

-Art. 485, III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as

partes, a fim de fraudar a lei; As partes durante o litígio devem estar revestidas dos princípios da lealdade e da boa-fé. Caso não se

revistam desses princípios estarão litigando de má-fé, ou seja, com dolo. Neste caso, o dolo deve ser o processual, pouco importando os atos de má-fé anteriores ao processo.52

-Art. 485 IV - ofender a coisa julgada; A coisa julgada ou res iudicata é a qualidade da sentença ou do acórdão que lhe conferem

imutabilidade. Está resguardada pelo Art. 5º, XXXVI da Constituição Federal como um direito e garantia fundamental.

Art. 5º... XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; É, a coisa julgada, que garante a segurança jurídica da função jurisdicional do Estado, tornando os

efeitos das sentenças ou dos acórdãos definitivos entre as partes. Assim, após solucionada a questão, as partes não poderão violar a coisa julgada. -Art. 485 V - violar literal disposição de lei; Humberto Theodoro Júnior, quanto a violação da disposição legal diz que o melhor entendimento é o

de Amaral Santos, para quem sentença proferida contra literal disposição de lei não é apenas a que ofende a letra escrita de um diploma legal; “é aquela que ofende flagrantemente a lei, tanto quando a decisão é repulsiva à lei (error in judicando), como quando proferida com absoluto menosprezo ao modo e forma estabelecidos em lei para a sua prolação (error in procedendo)”53

-Art. 485 Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada

na própria ação rescisória; A sentença será passível da ação rescisória quando for prolatada com base em provas falsas. -Art. 485 Vll - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que

não pôde fazer uso, capaz, por si só, de Ihe assegurar pronunciamento favorável; O documento novo não se relaciona com a sua confecção, mas sim com a sua produção durante o

processo que gerou a sentença a ser combatida pela ação rescisória. -Art. 485 VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou

a sentença; A sentença a ser rescindida deve ter sido prolatada diante de uma confissão, desistência ou transação

viciadas.

52 Jr., THEODORO, Humberto. Curso de Direito Processual Civil - Vol. I, 55ª edição. Forense, 01/2014. VitalBook file. 53 Jr., THEODORO, Humberto. Curso de Direito Processual Civil - Vol. I, 55ª edição. Forense, 01/2014. VitalBook file.

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-Art. 485 IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa; § 1o Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente

um fato efetivamente ocorrido. § 2o É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem

pronunciamento judicial sobre o fato. Para rescindir uma sentença que foi prolatada com base em erro deve-se ter em mente que esse erro

deve ter sido a causa da conclusão a que se chegou a sentença, ser facilmente detectado com o simples exame dos autos e que não pôde ter sido alvo de pronunciamento judicial ou controvérsia.54

LEGITIMIDADE PARA PROPOR A AÇÃO RESCISÓRIA Podem propor a ação rescisória: Art. 487. Tem legitimidade para propor a ação: I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular; II - o terceiro juridicamente interessado; III - o Ministério Público: a) se não foi ouvido no processo, em que Ihe era obrigatória a intervenção; b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei. COMPETÊNCIA O ingresso da ação rescisória deverá ser feito naquele Tribunal ou órgão que teria competência para

julgar a decisão rescindenda. PETIÇÃO INICIAL E PROCEDIMENTO A petição inicial da ação rescisória deve ser elaborada nos moldes do artigo 282 do Código de

Processo Civil, conforme prescreve o artigo 488 da mesma legislação. Além disso, o autor da rescisória deverá apresentar todos os elementos da ação bem como oferecer caução de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa como garantia do juízo.

Art. 282. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido, com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu. Art. 488. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 282,

devendo o autor: I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa; II - depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a título de multa, caso a

ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou improcedente. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no nº II à União, ao Estado, ao Município e ao Ministério

Público. Art. 489. A ação rescisória não suspende a execução da sentença rescindenda. Art. 489. O ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ou acórdão

rescindendo, ressalvada a concessão, caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela.

54 Jr., THEODORO, Humberto. Curso de Direito Processual Civil - Vol. I, 55ª edição. Forense, 01/2014. VitalBook file.

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Art. 490. Será indeferida a petição inicial: I - nos casos previstos no art. 295; II - quando não efetuado o depósito, exigido pelo art. 488, II. Art. 491. O relator mandará citar o réu, assinando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze) dias nem

superior a 30 (trinta) para responder aos termos da ação. Findo o prazo com ou sem resposta, observar-se-á no que couber o disposto no Livro I, Título VIII, Capítulos IV e V.

Art. 492. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator delegará a competência

ao juiz de direito da comarca onde deva ser produzida, fixando prazo de 45 (quarenta e cinco) a 90 (noventa) dias para a devolução dos autos.

Art. 493. Concluída a instrução, será aberta vista, sucessivamente, ao autor e ao réu, pelo prazo de

10 (dez) dias, para razões finais. Em seguida, os autos subirão ao relator, procedendo-se ao julgamento: I - no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, na forma dos seus regimentos

internos; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). II - nos Estados, conforme dispuser a norma de Organização Judiciária. Art. 494. Julgando procedente a ação, o tribunal rescindirá a sentença, proferirá, se for o caso, novo

julgamento e determinará a restituição do depósito; declarando inadmissível ou improcedente a ação, a importância do depósito reverterá a favor do réu, sem prejuízo do disposto no art. 20.

PRAZO A ação rescisória deverá ser proposta em até 2 (dois) anos contados à partir do transito em julgada da

decisão a ser rescindida. Art. 495. O direito de propor ação rescisória se extingue em 2 (dois) anos, contados do trânsito em

julgado da decisão.

De acordo com o art. 1.102.a, CPC, a ação monitória compete a quem pretender, com base em prova

escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel.

Ação Monitória é processo sincrético que medeia entre uma simples ação condenatória e a ação de execução, exatamente por buscar o cumprimento da obrigação lastreada em prova escrita que demonstre razoavelmente sua existência, mas que não se configure em título executivo.

O requisito básico para a admissibilidade de tal procedimento, a existência de “prova escrita”, desprovida de força executiva, que demonstre obrigação de pagar quantia expressa em valor monetário, ou de entregar coisa fungível ou bem móvel.

Como prova escrita, em relação ao procedimento injuntivo, deve-se entender qualquer documento escrito que não se revista das características de título executivo, como por exemplo: o cheque prescrito, a duplicata sem aceite, a carta confirmando a aprovação do valor do orçamento e a execução dos serviços, carta agradecendo ao destinatário empréstimo em dinheiro, telegrama, fax e etc.

28 Ação Monitória

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Como coisa fungível, entende-se a coisa determinada pelo gênero e quantidade, que pode ser substituída por outra da mesma espécie; enquanto a coisa móvel, deve ser interpretada como móvel e determinada, “coisa certa”.

A decisão que defere a expedição do mandado citatório e monitório deve ser fundamentado, sob pena de nulidade. Do mandado deve constar a advertência de que, se não opostos embargos em quinze (15) dias, converte-se o mandado monitório em mandado executivo, prosseguindo-se na forma do processo de execução do sistema do CPC, bom como a notícia de que, se o réu cumprir o comando emergente do mandando, ficará isento de custas processuais e dos honorários advocatícios.

O réu, citado, pode tomar uma de duas atitudes, no prazo de quinze (15) dias: ou cumpre o mandado, pagando a quantia certa ou entregando a coisa certa ou incerta, ficando isento de custas e honorários; ou opõe embargos ao mandado monitório. Não agindo nesse prazo será o procedimento monitório transformado em execução, podendo utilizar, o agora executado, as defesas próprias do processo de execução.

Ressalta-se que, se o réu cumprir o comando emergente do mandado monitório, fica isento das custas e honorários advocatícios, por expressa determinação do art. 1.102c do CPC.

A defesa do réu no caso da ação monitória é promovido mediante embargos e não por contestação, tendo o prazo de 15 (quinze) dias para interposição, consoante o art. 1.102b do Código de Processo Civil.

Opostos os embargos, o procedimento especial da ação monitória se transmuda em procedimento comum ordinário, com contraditório amplo. Os embargos são processados nos autos da ação monitória e não em autos apartados, como nos embargos do devedor, devendo, contudo, sua interposição ser anotada na distribuição do Juízo, sendo isento de custas.

Rejeitados os embargos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se o mandado inicial em mandado executivo e prosseguindo-se na forma do Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei.

CAPÍTULO XV

DA AÇÃO MONITÓRIA Art. 1.102.a - A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem eficácia

de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel.

Art. 1.102.b - Estando a petição inicial devidamente instruída, o Juiz deferirá de plano a expedição do

mandado de pagamento ou de entrega da coisa no prazo de quinze dias. Art. 1.102-C. No prazo previsto no art. 1.102-B, poderá o réu oferecer embargos, que suspenderão a

eficácia do mandado inicial. Se os embargos não forem opostos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se o mandado inicial em mandado executivo e prosseguindo-se na forma do Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei.

§ 1o Cumprindo o réu o mandado, ficará isento de custas e honorários advocatícios. § 2o Os embargos independem de prévia segurança do juízo e serão processados nos próprios autos,

pelo procedimento ordinário. § 3o Rejeitados os embargos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, intimando-se

o devedor e prosseguindo-se na forma prevista no Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei.

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Liquidação de Sentença Consiste no ato preliminar da execução de sentença ilíquida, que tem por fim apurar a quantidade

certa do valor da condenação. Pode ser realizada por meio de cálculo aritmético, que será apresentado pelo próprio credor para cumprimento da sentença; por arbitramento, quando determinado pela sentença ou convencionado pelas partes, ou nos casos em que a natureza do objeto o exigir, podendo ser efetuado apenas por perito com conhecimento técnico; e por artigos, quando, para apurar o valor da condenação, há necessidade de alegar e provar fato novo.

Para Alexandre Freitas Câmara a liquidação de sentença é o Instituto processual destinado a tornar adequada a tutela jurisdicional executiva, mediante outorga do predicado de liquidez à obrigação, haja vista que a sentença genérica não foi capaz de outorgar. Determina-se assim, o que se denomina quantum debeatur, conferindo ao título o requisito faltante: a liquidez.

Espécies de Liquidação de Sentença Liquidação por cálculo do credor Far-se-á liquidação por cálculo quando o montante da condenação depender de simples cálculo

aritmético. Neste caso a sentença abriga em seu interior todos os elementos necessários à fixação do “quantum debeatur”, trazendo-se nesta fase, apenas a revelar a exata expressão pecuniária desses elementos.

A CLT dispõe “por cálculo”, sem acrescentar “do contador”. Essa simplificação permite admitir-se que o cálculo possa ser realizado pelo contador do juízo ou Tribunal quando houver, e, também, pelas partes ou por laudo pericial contábil.

Liquidação por Arbitramento Estabelecido pelo artigo 475-C do Código de Processo Civil, teremos, “Far-se-á a liquidação por

arbitramento quando: determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; ou quando exigir a natureza do objeto da liquidação”

É a utilização de prova pericial no procedimento, ou seja, apenas nos casos em que há a precisão de um perito, que se instaurará a liquidação de sentença por arbitramento. São três hipóteses que cabem a esse tipo de liquidação: quando a sentença determina; quando as partes convencionam desta forma; ou quando a natureza do objeto da liquidação o exigir. É diferente da liquidação por artigos, pois não necessita de fato novo, a perícia será de apenas fatos já definidos.

A forma procedimental adotada efetua-se da seguinte maneira: a parte requer a liquidação por arbitramento, logo em seguida o juiz nomeia o perito e fixa o prazo para a entrega do laudo. Feito isto, o juiz profere a decisão, declarando o valor da condenação ou individualizando o seu objeto. O juiz pode designar se importante, audiência de instrução e julgamento. Se a critério do juiz, a matéria não ficar minimamente provada com o laudo pericial, poderá ser feita nova prova pericial. Tendo dados necessários e efetivos para convencimento do juiz, a perícia poderá ser dispensada.

Liquidação por Artigos Será adotado sempre que existir a necessidade de alegar e provar fato novo, sendo este de

importância jurídica comprovada por acontecimentos no mundo real, para apurar o valor da condenação. A liquidação por artigos será necessária então, quando para se determinar o valor da condenação,

houver necessidade da prova de fato que tenha ocorrido depois da sentença, e que tenha relação direta

29 Liquidação de Sentença

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com a determinação da extensão da obrigação nela constituída. A liquidação por artigos apresenta evidenciada no art. 475-E, CPC, e art. 475-F, CPC.

Na forma procedimental desta espécie, o credor entra com petição inicial indicando os fatos a serem provados na forma de artigos como forma de servir de base para liquidação e requer na forma de artigos. Os fatos devem influenciar apenas na fixação quantum debeatur ou no quod debeatur. Logo, o juiz intima o devedor a acompanhar a liquidação que se processa em observância ao procedimento comum.

Liquidação por Antecipação Esta conduta é aplicada naqueles casos considerados “maduros” para receber a tutela antecipada

estatal, pois do ponto de vista da legalidade, não há nada contra essa conduta.

CAPÍTULO IX DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquidação. §1º Do requerimento de liquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa de seu advogado. §2º A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se em autos apartados,

no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes.

§3º Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso II, alíneas ‘d’ e ‘e’ desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso, fixar de plano, a seu prudente critério, o valor devido.

Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o

credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo.

§1º Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até trinta dias para o cumprimento da diligência.

§2º Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação prevista no art. 362.

§3º Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exequenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária.

§4º Se o credor não concordar com os cálculos feitos nos termos do § 3o deste artigo, far-se-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador.

Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: I – determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; II – o exigir a natureza do objeto da liquidação. Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a

entrega do laudo. Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no prazo de dez

dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência. Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da condenação, houver

necessidade de alegar e provar fato novo. Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum (art. 272). Art. 475-G. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou. Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento.

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Diante dos pressupostos da execução e dos requisitos do título executivo, a sentença, na fase de

cumprimento/execução deve apresentar liquidez certeza e exigibilidade. A certeza e a exigibilidade são incontestáveis, uma vez que a lei confere tal requisito ao título judicial,

inclusive para a execução provisória. Contudo, muitas vezes a sentença não se encontra líquida, para a que seja instaurada a fase de

execução/cumprimento de sentença, devendo a parte, portanto iniciar o procedimento de liquidação de sentença (art. 475-A ss. do CPC), que dependendo da matéria objeto da condenação pode ser por simples cálculo aritmético, por artigo, ou por arbitramento.

Se por simples cálculo aritmético obtivermos a certeza, temos a consumação da liquidez e o executado será intimado para pagamento em 15 dias (art. 475-J, do CPC).

No caso da liquidação necessitar de dilação probatória em razão de fatos novos, iniciar-se-á a liquidação por artigo, nos termos previstos no Código Processual Civil, que originará uma decisão de homologação da liquidação e consequente intimação do executado para pagamento em 15 dias (art. 475-J, do CPC).

A liquidação por arbitramento é possível quando as duas partes (exequente e executado) elegem um terceiro, o arbitro, para determinar o quantum relativo ao objeto da meteria condenada, onde após a apresentação do laudo arbitral o Juiz prolata decisão homologando-o, conferindo liquidez a sentença com consequente intimação do executado para pagamento em 15 dias (art. 475-J, do CPC).

A fase de cumprimento de sentença ocorre, quando, após o transito em julgado, o devedor do objeto da condenação não cumprir os termos da tutela jurisdicional prestada na fase de cognição voluntariamente.

Considerando que não mais se trata de um processo autônomo, a fase de execução não será provocada por uma petição inicial, mas sim por simples petição, que ora deve expor sucintamente o objeto da condenação, destacar a data do transito em julgado, relatando que após os quinze dias desde, não houve voluntariamente o cumprimento do objeto da condenação, demonstrando interesse de agir (pressuposto de movimentação processual).

Assim, o valor da obrigação de pagamento em quantia certa, após os quinze dias da sentença liquida ou da liquidação de sentença, será acrescido de multa de10% (dez por cento), revertendo-se em favor da parte credora.

E, não mais requererá a citação do réu, apenas pugnará pela intimação do executado, seja na pessoa de seu advogado, pessoalmente, ou pessoa do seu representante legal, por mandado ou pelo correio ou ainda, se dirigia ao advogado via impressa oficial.

Realizando a penhora dos bens as partes serão intimadas do auto de penhor e avaliação (§ 1º, do art. 475, do CPC).

Da intimação do executado o mesmo será intimado para que querendo apresente a impugnação a execução, corre contra si o prazo de 15, dias, nos moldes do CPC, independente da garantia do juízo (consumação da penhora suficiente para satisfazer a execução).

Em respeito ao contraditório, ao exequente será lhe dado oportunidade de ofertar manifestação em face da impugnação apresentada, também no prazo de 15 dias.

Se acolhida a impugnação o processo é extinto (§ 3º, do art. 475-M, do CPC), caso contrário, segue seu tramite normal até a satisfação integral do objeto exequendo.

30 Cumprimento de Sentença

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Contudo, se o exequente não requerer o cumprimento da sentença num prazo de seis meses, o processo será arquivado, devendo ser desarquivado a pedido da parte, com provocação do cumprimento da sentença (§ 5º, do art. 475-J).

Existem duas técnicas processuais para viabilizar a execução de sentença: a) processo autônomo, instaurado com essa preponderante finalidade; b) fase de execução: a execução ocorre dentro de um processo já existente, como uma de suas fases. É preciso, pois, perceber que nem toda execução de sentença ocorre, necessariamente, em um

processo autônomo de execução. No entanto, convém frisar: toda a execução realiza-se em um processo de execução, procedimento em contraditório, seja em um processo instaurado com esse objetivo, seja como fase de um processo sincrético.

Com a reforma da redação do art. 461 do CPC, em 1994, o processo de execução de sentença que impusesse uma obrigação de fazer o de não-fazer foi extinto; em 2002, com a criação do art. 461-A, o mesmo regramento estendeu-se às obrigações para entrega de coisas.

A lei 11.232/2005 pretendeu eliminar o processo autônomo de execução de sentença. Criou-se a fase de cumprimento da sentença (arts. 475-I a 475-R), que corresponde à execução de sentença, só que em uma fase de um mesmo procedimento, e não como objeto de um outro processo.

O Artigo 475-I está assim redigido: “O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste capítulo”.

Entretanto, ainda remanesce o processo autônomo de execução de sentença para as hipóteses de sentença penal condenatória, sentença arbitral, sentença estrangeira e do acórdão que julgar procedente a revisão criminal (art. 630 do CPP). Essa é a razão do parágrafo único do art. 475-N do CPC: “Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do devedor no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso.”

Também subsiste o processo autônomo de execução de sentença proferida contra o Poder Público. Cumpre destacar, que as regras da execução de título extrajudicial aplicam-se subsidiariamente, no

que couber ao cumprimento ou execução da sentença (art. 475-R, CPC). Rol de Títulos Executivos O Art. 475-N do CPC estabelece o rol dos títulos executivos judiciais, ou seja, decisões que permitem

a instauração da atividade executiva do Estado. A característica comum a todos esses títulos é a identificação da norma jurídica individualizada que atribua a um sujeito o dever de prestar (fazer, não-fazer, entregar coisas ou pagar quantia).

A execução de sentença para efetivar uma prestação de fazer ou de não-fazer dar-se-á segundo os termos do art. 461 do CPC; para efetivar uma prestação de entrega de coisa, de acordo com os termos do art. 461-A; para efetivar uma prestação pecuniária, de acordo com os arts. 475-J a 475-R (art. 475-I, CPC).

Rol de Títulos Executivos Judiciais Segundo o art. 475-N, são títulos executivos judiciais: I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer,

entregar coisa ou pagar quantia; II – a sentença penal condenatória transitada em julgado; III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em

juízo; IV – a sentença arbitral; V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e

aos sucessores a título singular ou universal. Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de

citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso. a) Decisão que Reconhece a Existência de Obrigação. Conforme o disposto no art. 475-N, I do CPC, é título executivo judicial a sentença proferida no

processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar

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quantia. Refere-se à execução de decisão condenatória, constitutiva ou simplesmente declaratória como títulos executivos. É importante destacar isso, porque antes da reforma de 2005 somente a sentença condenatória poderia ser executada.

Ademais é importante destacar que a sentença meramente declaratória com eficácia executiva não se aplicará a multa coercitiva do art. 475-J, CPC, exatamente porque ainda não foi imposta ao executado o dever de prestar, que foi apenas certificado.

As decisões interlocutórias podem ser título executivo judicial, na forma do inciso I do art. 475-N, bastando que reconheça, ainda que provisoriamente, a existência de um dever de prestar.

b) Sentença Penal Condenatória A sentença penal torna certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime (art. 91, I, Código

Penal). É, pois, título executivo judicial (art. 475-N, II do CPC). É indispensável que a sentença tenha transitado em julgado, devendo o credor promover-lhe a liquidação no juízo cível, antes de iniciar a execução. Há hipóteses em que se prescinde liquidação, como quando houver a previsão de restituição do produto do crime à vítima, ou fixação do valor de indenização mínima, nos termos do artigo 387, IV do CPP.

Também é título executivo o acórdão em revisão criminal, que condenou o Estado a reparar os danos causados ao condenado (art. 630, caput, parágrafo primeiro, Código de Processo Penal). Cabe ao juízo cível competente, também a execução da decisão do juízo penal que, em embargos de terceiro opostos contra um sequestro penal, condenar o vencido às verbas da sucumbência.

c) Decisão que Homologar Autocomposição judicial A decisão que homologa a conciliação judicial é título executivo (art. 475-N, III). Trata-se de decisão

acobertada pela coisa julgada material (tanto que rescindível, ex vi do inciso VIII do art. 485 do CPC). A conciliação homologada judicialmente pode versar sobre matéria estranha ao objeto do processo (“não posta em juízo”, de acordo com o texto legal), desde que o magistrado seja competente para examiná-la.

d) Sentença Arbitral A sentença arbitral é, também, título executivo judicial (art. 475-N, IV do CPC). Por tratar-se de título

produzido fora do juízo estatal, perante o qual será executado, é preciso instaurar um processo autônomo para a sua execução, devendo o executado ser citado e não intimado para o cumprimento da decisão.

e) Acordo Extrajudicial Homologado A Lei Federal n. 11.232/2005 acrescentou ao rol dos títulos executivos judiciais “o acordo extrajudicial,

de qualquer natureza, homologado judicialmente”. De acordo com o texto normativo, é possível que qualquer acordo, inclusive em causas trabalhistas (aplicação subsidiária do CPC) e de família, possa ser levado ao juízo materialmente competente para ser homologado e, assim, constituir-se título executivo judicial.

A homologação ocorrerá após a instauração de procedimento de jurisdição voluntária, em que o magistrado examinará o preenchimento dos pressupostos e requisitos para celebração do negócio jurídico.

f) Decisão Estrangeira Homologada pelo STJ A sentença estrangeira, inclusive a arbitral, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça, é título

executivo judicial (art. 475-N, VI do CPC), e deve ser executada perante um juízo federal de primeira instância (art. 109, X, CF/88). Convém lembrar que, antes da EC n. 45/2004, a competência para homologar a sentença estrangeira era do STF.

A execução da sentença estrangeira exige a instauração de um processo autônomo, com a citação do executado (art. 475-N, par. único, CPC).

g) Formal de Partilha A partilha dos bens, feito em inventário ou arrolamento, é homologada por sentença, representada por

formal ou certidão de partilha. Fase inicial do cumprimento de sentença O devedor, condenado ao pagamento de quantia, terá quinze dias para cumprir espontaneamente a

sentença, sob pena de o montante da condenação ser acrescido de multa no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da dívida:

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“Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.”

O citado percentual inclui o valor das verbas de sucumbência na obrigação reconhecida por sentença.

Destaque-se que a multa possui objetivo de forçar o cumprimento voluntário da obrigação pecuniária. Trata-se de medida de coerção indireta prevista em lei, que dispensa manifestação judicial: é hipótese de sanção legal pelo inadimplemento da obrigação. A multa tem, assim, dupla finalidade: servir como contramotivo para o inadimplemento (coerção) e punir o inadimplemento (sanção).

Essa multa não tem origem em decisão judicial, diferente do que ocorre com a mula coercitiva fixada nos termos dos Parágrafos 4o. e 5o. do art. 461 do CPC, sendo desnecessário que haja pedido da parte ou mesmo imposição expressa na decisão.

A lei fixa o prazo de quinze dias para o adimplemento voluntário da obrigação. Trata-se de prazo legal criado com o objetivo de determinar o momento a partir do qual o devedor será considerado inadimplente. O inadimplemento é um dos pressupostos para o início da atividade executiva. O devedor que não cumprir voluntariamente a obrigação nesse prazo será considerado inadimplente e, então, poderá o credor, agora exequente, requerer o início do cumprimento forçado da sentença (execução da sentença), como deixa claro a parte final do caput do art. 475-J do CPC.

Para que incida o caput do art. 475-J, é preciso que a dívida seja liquida: enquanto não for liquidado o valor da obrigação pecuniária devida, não se pode falar de inadimplemento, muito menos de multa sobre o montante que não se sabe qual é. Eis a razão do trecho do caput: condenado o devedor “ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação.”

A principal discussão doutrinária sobre esse dispositivo relaciona-se com a necessidade ou não de intimação para cumprimento espontâneo da decisão, sendo que o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça é no sentido do prazo começar a decorrer a partir do trânsito em julgado. Assim, passado o prazo, independentemente de nova intimação do advogado ou do devedor para cumprir a obrigação, incide a multa de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Ressalte-se que esse entendimento ainda não está pacificado.

A intimação do executado pode ser determinada ex officio; a exigência de provocação do exequente restringe-se à instauração da fase de execução forçada, após o inadimplemento do executado. Assim, transitada em julgada a decisão, pode o magistrado intimar o devedor para o seu cumprimento, requerendo, se for o caso, que o contador judicial providencie a elaboração dos cálculos de atualização da dívida (aplicam-se, por analogia, o art. 475-B, Parágrafo 3o., e o art. 52, II, da Lei Federal no. 9.099/95, que cuida dos juizados especiais cíveis).

De acordo com o parágrafo 4o. do art. 475-J do CPC, efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste artigo, a multa de dez por cento incidirá sobre o restante.

A multa não incide em execução provisória, não tendo como exigi-la se a obrigação ainda não é certa, pendente que está de confirmação no julgamento do recurso.

Cumpre lembrar, ainda, o parágrafo 5o. do art. 475-J: “Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte.”

Nessa nova fase, que se inicia após o não-adimplemento voluntário da obrigação, serão devidos honorários advocatícios, nos termos do art. 20, parágrafo 4o., do CPC, adaptado à nova sistemática da execução da sentença. Perceba: na fase inicial, em que se intima o devedor para cumprimento voluntário, não há fixação de nova verba honorária, que somente será imposta se for instaurada a fase executiva.

Avaliação e penhora Ultrapassada a fase de cumprimento voluntário da sentença, e apresentado o requerimento do credor

de instauração da fase executiva, expedir-se-á mandado de avaliação e penhora dos bens que possam responder pela dívida executada (art. 475-J, CPC).

No cumprimento de sentença, não há a figura da nomeação de bens à penhora, de resto já eliminada até mesmo da execução de título extrajudicial, em que se dava ao executado a oportunidade de indicar os bens sobres os quais recairia a execução (art. 652, na redação anterior à Lei Federal n. 11.382/2006, que alterou a execução por quantia certa fundada em título executivo extrajudicial do CPC).

Cabe ao credor indicar o(s) bem(ns) a ser(em) penhorado(s) (art. 475-J, parágrafo 3o., CPC) sem a ouvida prévia do executado, que controlará a validade da penhora pela impugnação (art. 475-L, III, CPC). A indicação de bens pelo credor não é necessária, pois o oficial de justiça pode procurá-los, mas é obviamente bastante recomendável. Com a consolidação dos convênios entre os órgãos do Poder

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Judiciário e o Banco Central (Convênio BACEN-JUD), que permitem um rastreamento de contas-correntes que existam em nome do executado, junto a instituições financeiras, a missão tem sido facilitada. Convém lembrar, a propósito, que a Lei Federal n. 11.382/2006 ratificou essa possibilidade, ao acrescentar ao CPC o art. 655-A.

A avaliação do bem penhorado dever ser feita pelo próprio oficial de justiça que proceder a penhora. Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de conhecimentos especializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliado, assinando-lhe breve prazo para entrega do laudo (art. 475-J, parágrafo 2o., CPC).

Sendo anterior à defesa, a avaliação dever ser questionada na própria impugnação (art. 475-L, III, CPC), sob pena de preclusão.

Nem sempre a penhora será feita por oficial de justiça: é possível que ela seja feita pelo escrivão, por termos nos autos. É o que acontece, por exemplo. nos casos de penhora de imóvel, localizado em qualquer comarca, desde que o exequente apresente em juízo de uma certidão que comprove que o imóvel pertence ao executado ou responsável (parte inicial do §5° do art. 659 do CPC). Neste caso, embora a penhora seja feita por termo, caberá ao oficial de justiça avaliador fazer a avaliação do bem, e não ao escrivão.

Disciplinando o processo autônomo de execução, o Livro II do Código de Processo Civil dispõe acerca

da execução, nos casos em que cabe a iniciativa do credor, titular de um título executivo, para buscar a satisfação de seu direito inadimplido pelo devedor, mediante atos coercitivos incidentes sobre seu patrimônio.

Recomendável a leitura dos títulos e capítulos que compõem o Livro II, para melhor compreensão do tema a aprofundamento da matéria, em especial por ter o código explorado o assunto à exaustão, e ser objeto de questionamentos em provas de concursos questões formuladas com base no texto expresso de lei.

Conceito A execução é uma ação autônoma, destinada a satisfação do credor de prestação contida em um título

executivo extrajudicial. A execução extrajudicial é o procedimento subsidiário das execuções, podendo ser considerado um

procedimento ordinário das execuções. Atualmente, considerando o sincretismo processual adotado pela lei 11.232/2005, temos apenas atividade autônoma de execução para os casos de execução extrajudicial, cumprimento de sentença condenatória penal, sentença arbitral e sentença estrangeira (art. 475-N, incisos II, IV e VI do CPC), Execução contra a Fazenda Pública e Execução individual de sentença coletiva (art. 97 do CDC).

Das partes A relação jurídica processual executiva não é diferente das demais, sendo formada, ao menos, pelos

três principais sujeitos processuais: juiz, demandante e demandado. O exequente possui a legitimidade ativa, e necessita, assim como nos demais processos, possuir capacidade processual. Possui também legitimidade ativa o Ministério Público, como parte e como fiscal da lei, sendo que neste último caso ele necessitará de autorização legal.

De acordo com o art. 566 do CPC, possui legitimidade ativa originária para promover a ação de execução:

31 Execução. Regras Gerais. Partes. Competência. Responsabilidade Patrimonial

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I - o credor a quem a lei confere título executivo; II - o MP, nos casos prescritos em lei. Assim, no caso de legitimação ativa, tem-se que a legitimação ordinária cabe ao credor que tenha seu

nome indicado no título executivo, e a extraordinária cabe, por exemplo, ao MP, o qual, como representante dos incapazes, pode promover a ação executiva.

O art. 567 do CPC enumera as demais pessoas que possuem legitimidade ativa derivada no processo de execução:

I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido

o direito resultante do título executivo; II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe foi transferido por ato entre vivos; III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. Quanto à legitimidade passiva, esta pode ser dividida em ordinária e extraordinária. Possuem

legitimidade passiva ordinária, de acordo com o art. 568 do CPC, o devedor reconhecido como tal no título executivo, assim como seu espólio, seus herdeiros e sucessores, além do novo devedor que tenha assumido a dívida com o consentimento do credor.

A legitimidade passiva extraordinária ocorre contra legitimados passivos que não hajam participado e nem sejam sucessores daqueles que tenham criado o título. É o caso, p. ex., do responsável tributário e do fiador. No processo de execução admite-se, ainda, o litisconsórcio tanto ativo quanto passivo, mas nenhuma das modalidades de intervenção de terceiro são cabíveis.

Requisitos A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível,

consubstanciada em título executivo. Não é necessário detalhar a causa de pedir que está implícita na própria apresentação do título executivo. Vale ressaltar que é a lei que determinará, taxativamente, quais são os títulos dotados de força executiva.

São títulos executivos extrajudiciais, de acordo com o art. 585 do CPC: I- a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; II- a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular

assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;

III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida; IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos

acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; VI – o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas,

emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; VII – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos

Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; VIII – todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de

promover-lhe a execução, diante da aplicação do princípio da inafastabilidade da jurisdição, previsto no artigo 5°, inciso XXXV da CF.

Competência A execução, fundada em título extrajudicial, será processada perante o juízo competente de acordo

com as regras previstas no artigo 94 e seguintes do CPC vigentes também para o processo de conhecimento. A competência, neste caso, é relativa. O foro da praça de pagamento do título é competente, se outro não tiver sido eleito pelas partes. No foro do domicílio do devedor será ajuizada a execução, caso o título executivo extrajudicial não indicar a praça de pagamento.

Responsabilidade patrimonial Em toda obrigação há o dever de prestar contas, ou seja, o compromisso que o devedor assume de

satisfazer ao credor, cumprindo a obrigação. O patrimônio do devedor será sempre a garantia do credor.

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Desta forma, há a vinculação do patrimônio do obrigado, ou de parte dele, a fim de que o credor obtenha a satisfação de seu direito de crédito, ainda que nos bens do devedor, quando este espontaneamente não cumpre a obrigação. Este vínculo patrimonial de sujeição dos bens do devedor, para satisfação do credor, é chamado de responsabilidade patrimonial.

Nesse sentido, conforme previsto no art. 591 do CPC, temos que o devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.

Vale ressaltar que a constituição da obrigação, em princípio, não impede a livre disponibilidade dos bens do devedor, a não ser quando objetive fraudar o credor. No processo de execução os bens atingidos pela execução devem pertencer apenas ao devedor; caso o bem de algum terceiro seja atingido, cabe ao terceiro prejudicado interpor os embargos de terceiro.

Existem, porém, exceções elencadas no art. 592 do CPC, como no caso: I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação

reipersecutória; II - do sócio, nos termos da lei; III - do devedor, quando em poder de terceiros; IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem

pela dívida; V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução. Fraude à execução Ocorre fraude contra a execução quando o devedor, procurando subtrair seus bens à

responsabilidade executória, os aliena ou onera a terceiro. De acordo com o art. 593, CPC, considera-se fraude de execução a alienação ou oneração de bens:

I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real; II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo

à insolvência; Os atos praticados em fraude à execução são ineficazes, podendo os bens serem alcançados por atos

de apreensão judicial, independentemente de qualquer ação de natureza declaratória ou constitutiva. É declarada incidentemente pelo juiz da execução.

O Estado moderno não admite a autotutela, ou seja, que se faça justiça com as próprias mãos. Ocorre

que em algumas situações, uma das partes deixa de cumprir com a obrigação acordada, seja ela obrigação de fazer, de não fazer ou de dar. Nestas situações, o Estado, através da legislação atinente, criou mecanismos para que o Poder Judiciário possa impor o cumprimento da obrigação, mesmo que contra a vontade do devedor.

A execução tem características de processo autônomo, embora atualmente, em alguns casos, esta possa ser utilizada ao final de um processo de conhecimento. A execução será considerada processo autônomo quando não for precedida de nenhum outro, principalmente naqueles que se referem à título executivo extrajudicial.

A execução civil pode ser classificada em mediata e imediata. A primeira delas, execução mediata, é aquela em que há instauração de um processo; e a imediata, se realiza como sequência de um processo de conhecimento já instaurado.

Para a propositura de uma execução, esta deverá estar fundada em um título executivo, sendo que este poderá ser judicial ou extrajudicial. O Código de Processo Civil enumera tais títulos, sendo que o Art. 475-N traz o rol de títulos judiciais e o Art. 585, o rol de títulos extrajudiciais.

O devedor executado terá à sua disposição os embargos, para opor-se à execução. Tais embargos serão autuados em apenso, junto aos autos principais, conforme determinação do Art. 736 do CPC. Para que os embargos sejam recebidos, o devedor terá que garantir o juízo, podendo fazer isso das seguintes formas: a) oferecendo bens à penhora, no caso de execução por quantia certa; e b) realizando o depósito do bem, no caso de execução de obrigação de dar.55

O devedor terá prazo de dez dias para oferecer os embargos, sendo estes contados da juntada dos termos de depósito (Art. 622 do CPC), da juntada dos autos do mandado de imissão (Art. 625 do CPC), ou ainda, da juntada aos autos do mandado de citação, nos casos das obrigações de fazer e não fazer (Art. 738 do CPC).

55 Dos embargos do devedor. Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/topicos/296539/embargos-do-devedor, Acesso em 16/04/2015.

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A forma de execução mais comum é aquela por quantia certa, uma vez que o credor não está mais interessado na obrigação em si (fazer, não fazer ou dar), mas deseja receber uma compensação em pecúnia. Este tipo de execução é considerada como sub-rogação, uma vez que se o devedor não cumpriu com a obrigação acordada, o Estado, através da jurisdição, retira de seu patrimônio dinheiro ou bens para satisfazer a pretensão do credor. Caso a penhora recai sobre dinheiro, este será entregue ao credor em momento oportuno, caso recai sobre bens, estes deverão ser convertidos em dinheiro por meio da hasta pública ou leilão.

A execução poderá ser suspensa por qualquer das razões dispostas no Art. 791 do CPC, sendo este um rol exemplificativo. Assim sendo, a execução poderá ser suspensa: a) quando da proposição de embargos pelo devedor, quando recebidos com efeito suspensivo; b) nas hipóteses gerais do Código de Processo Civil, tais como a morte de uma das partes, perda da capacidade processual e outros, bem como quando as partes convencionarem; e c) quando o devedor não possuir bens para quitar a dívida.

As hipóteses de extinção da execução estão descritas no Art. 794 do CPC, sendo algumas delas: a) quando o devedor satisfizer a obrigação; b) quando o devedor obtém remissão total da dívida, seja por transação ou por qualquer outro meio; e c) quando o credor abrir mão de seu crédito. Ressalte-se que o rol acima é meramente exemplificativo, podendo as partes encontrar outras formas de quitar a dívida e extinguir a execução.

Código de Processo Civil

LIVRO II

DO PROCESSO DE EXECUÇÃO TÍTULO I

DA EXECUÇÃO EM GERAL CAPÍTULO I

DAS PARTES Art. 566. Podem promover a execução forçada: I - o credor a quem a lei confere título executivo; II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei. Art. 567. Podem também promover a execução, ou nela prosseguir: I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, Ihes for transmitido

o direito resultante do título executivo; II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo Ihe foi transferido por ato entre vivos; III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. Art. 568. São sujeitos passivos na execução: I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; III - o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título

executivo; IV - o fiador judicial; V - o responsável tributário, assim definido na legislação própria. Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas

executivas. Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o credor

as custas e os honorários advocatícios; b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante. Art. 570. (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005) Art. 571. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, este será citado para

exercer a opção e realizar a prestação dentro em 10 (dez) dias, se outro prazo não Ihe foi determinado em lei, no contrato, ou na sentença.

§ 1o Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercitou no prazo marcado. § 2o Se a escolha couber ao credor, este a indicará na petição inicial da execução.

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Art. 572. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o credor não poderá executar a sentença sem provar que se realizou a condição ou que ocorreu o termo.

Art. 573. É lícito ao credor, sendo o mesmo o devedor, cumular várias execuções, ainda que fundadas

em títulos diferentes, desde que para todas elas seja competente o juiz e idêntica a forma do processo. Art. 574. O credor ressarcirá ao devedor os danos que este sofreu, quando a sentença, passada em

julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a obrigação, que deu lugar à execução. (...)

CAPÍTULO III DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR QUALQUER EXECUÇÃO

Seção I Do Inadimplemento do Devedor

Art. 580. (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006) Art. 580. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e

exigível, consubstanciada em título executivo. Art. 581. O credor não poderá iniciar a execução, ou nela prosseguir, se o devedor cumprir a obrigação;

mas poderá recusar o recebimento da prestação, estabelecida no título executivo, se ela não corresponder ao direito ou à obrigação; caso em que requererá ao juiz a execução, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la.

Art. 582. Em todos os casos em que é defeso a um contraente, antes de cumprida a sua obrigação,

exigir o implemento da do outro, não se procederá à execução, se o devedor se propõe satisfazer a prestação, com meios considerados idôneos pelo juiz, mediante a execução da contraprestação pelo credor, e este, sem justo motivo, recusar a oferta.

Parágrafo único. O devedor poderá, entretanto, exonerar-se da obrigação, depositando em juízo a

prestação ou a coisa; caso em que o juiz suspenderá a execução, não permitindo que o credor a receba, sem cumprir a contraprestação, que Ihe tocar.

CAPÍTULO IV

DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens

presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei. Art. 592. Ficam sujeitos à execução os bens: I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação

reipersecutória; II - do sócio, nos termos da lei; III - do devedor, quando em poder de terceiros; IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem

pela dívida; V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução. Art. 593. Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens: I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real; II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo

à insolvência; III - nos demais casos expressos em lei. Art. 594. O credor, que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente ao devedor, não

poderá promover a execução sobre outros bens senão depois de excutida a coisa que se achar em seu poder.

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Art. 595. O fiador, quando executado, poderá nomear à penhora bens livres e desembargados do devedor. Os bens do fiador ficarão, porém, sujeitos à execução, se os do devedor forem insuficientes à satisfação do direito do credor.

Parágrafo único. O fiador, que pagar a dívida, poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo.

Art. 596. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade senão nos casos

previstos em lei; o sócio, demandado pelo pagamento da dívida, tem direito a exigir que sejam primeiro excutidos os bens da sociedade.

§ 1º Cumpre ao sócio, que alegar o benefício deste artigo, nomear bens da sociedade, sitos na mesma comarca, livres e desembargados, quantos bastem para pagar o débito.

§ 2º Aplica-se aos casos deste artigo o disposto no parágrafo único do artigo anterior. Art. 597. O espólio responde pelas dívidas do falecido; mas, feita a partilha, cada herdeiro responde

por elas na proporção da parte que na herança Ihe coube.

CAPÍTULO V DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 598. Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições que regem o processo de

conhecimento. Art. 599. O juiz pode, em qualquer momento do processo: I - ordenar o comparecimento das partes; II - advertir ao devedor que o seu procedimento constitui ato atentatório à dignidade da justiça. Art. 600. Considera-se atentatório à dignidade da Justiça o ato do executado que: I - frauda a execução; II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; III - resiste injustificadamente às ordens judiciais; IV - intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à

penhora e seus respectivos valores. Art. 601. Nos casos previstos no artigo anterior, o devedor incidirá em multa fixada pelo juiz, em

montante não superior a 20% (vinte por cento) do valor atualizado do débito em execução, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material, multa essa que reverterá em proveito do credor, exigível na própria execução.

Parágrafo único. O juiz relevará a pena, se o devedor se comprometer a não mais praticar qualquer dos atos definidos no artigo antecedente e der fiador idôneo, que responda ao credor pela dívida principal, juros, despesas e honorários advocatícios.

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CPC

Seção II Do Título Executivo

Art. 583. (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006). Art. 584. (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005). Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular

assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;

III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida; IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos

acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas,

emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos

Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. § 1º A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor

de promover-lhe a execução. § 2º Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem executados, os

títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação.

Art. 586. (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006) Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida

e exigível. Art. 587. É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquanto pendente

apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando recebidos com efeito suspensivo (art. 739).

Art. 588. (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005) Art. 589. (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005) Art. 590. (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)

32 Título Executivo Judicial e Extrajudicial

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CAPÍTULO IV DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE

Seção I

Da Penhora, da Avaliação e da Expropriação de Bens (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Subseção I Das Disposições Gerais

Art. 646. A execução por quantia certa tem por objeto expropriar bens do devedor, a fim de satisfazer

o direito do credor (art. 591). Art. 647. A expropriação consiste: I - na adjudicação em favor do exequente ou das pessoas indicadas no § 2o do art. 685-A desta Lei;

(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). II - na alienação por iniciativa particular; III - na alienação em hasta pública; IV - no usufruto de bem móvel ou imóvel. Art. 648. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis. Art. 649. São absolutamente impenhoráveis: I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os

de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões,

pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3o deste artigo;

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão;

VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação,

saúde ou assistência social; X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido político. § 1º A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do próprio

bem. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006). § 2º O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora para pagamento

de prestação alimentícia. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

33 Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente e Contra Devedor Insolvente

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Art. 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 651. Antes de adjudicados ou alienados os bens, pode o executado, a todo tempo, remir a

execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, mais juros, custas e honorários advocatícios. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Como os demais procedimentos executivos, este rito se divide em três fases: postulatória, instrutória

e satisfativa. A primeira fase é formada pelo ajuizamento da demanda e pela citação, ato de angularização da relação processual (sendo possível que, nesta fase, realize-se um arresto). A segunda, pela penhora e demais atos preparatórios do pagamento. A fase satisfativa é formada pelo pagamento ao demandante, que pode se dar por diversas formas.

É sempre bom lembrar que este é um procedimento que tem por fim a entrega, ao demandante, de uma soma de dinheiro, sendo certo que o numerário será obtido através da expropriação de bens do patrimônio do executado, sendo configurado claramente, o princípio da patrimonialidade, conforme o artigo 646 e seguintes.

Petição Inicial Como se dá em todos os processos, o processo executivo contra devedor solvente está sujeito ao

princípio da demanda. Além de todos os requisitos previstos na petição inicial, é preciso que se observe os requisitos previstos no artigo 614, do CPC:

Art. 614. Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor e instruir a petição

inicial: I - com o título executivo extrajudicial; II -com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação, quando se tratar de

execução por quantia certa; III - com a prova de que se verificou a condição, ou ocorreu o termo (art. 572). Ressalte-se que esses requisitos são essenciais para que seja processada a execução de título

extrajudicial. Com relação aos títulos extrajudiciais, estes citados de forma exemplificativa no artigo 585, do Código de Processo Civil:

Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: I- a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; II- a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular

assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;

III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida; IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos

acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas,

emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos

Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. §1o A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor

de promover-lhe a execução. §2o Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem executados, os títulos

executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação.

O demonstrativo de débito, previsto no inciso II do art. 614 do CPC, também é essencial para o

processamento da execução, ou seja, a liquidação da dívida já é efetuada pela parte, na qual destaca este valor e requer a atualização do valor do título executivo para efetuar esta cobrança.

Todavia, o título executivo extrajudicial pode prever outra forma de atualização para que a dívida seja

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processada, isso para que o título executivo tenha um dos seus requisitos, qual seja, a liquidez, além da certeza e exigibilidade.

No inciso III do artigo 614 é exigida a condição ou o termo do título, ou seja, se o título restou inadimplido, isso porque a dívida somente pode ser considerada como tal, após o decurso do prazo para pagamento. Ou seja, somente assim, o título pode ser exigível.

Citação e Arresto A citação não poderá ser feita por via postal, conforme proibição decorrente do disposto no art. 222, d,

do CPC. Como regra, pois, o ato de integração do demandado ao processo será feito através do oficial de justiça.

Nada impede a citação por edital, desde que presentes os requisitos para que a mesma possa ser feita. Determina o art. 653 do CPC que, em não sendo encontrado o executado, deverá ser realizado o arresto de bens do executado, destinado a garantir a execução, de natureza extremamente controvertida. O arresto é um ato de apreensão provisória de bens do executado, destinado a garantir a execução.

Ressalte-se que o arresto poderá ser praticado pelo oficial de justiça, independentemente de requerimento da parte ou de determinação judicial.

Realizado o arresto, deverá o oficial de justiça, nos dez dias seguintes, dirigir-se ao endereço do executado, por três vezes, em dias distintos. Encontrado o executado, será citado. Não o encontrando o oficial de justiça, deverá este certificar o ocorrido, cabendo ao demandante o ônus de, nos dez dias seguintes, requerer sua citação por edital. Ultrapassado o decêndio sem que o demandante se desincumba deste ônus, o arresto perde a eficácia.

A citação na execução por quantia certa contra devedor solvente é feita para que o demandado, no prazo de três dias, pague a dívida. O prazo de três dias corre da juntada do mandado aos autos. O mandado de citação deverá ter sido extraído pelo cartório em duas vias, e o oficial de justiça, apos realizada a citação, deverá devolver – para ser juntado aos autos – apenas a primeira delas. A segunda via deverá permanecer com o oficial para que, se for o caso, realize posteriormente a penhora.

Pode o executado, ainda, optar por, conforme o art. 745-A do CPC, – no prazo de quinze dias a contar da juntada aos autos do mandado de citação – reconhecer expressamente o crédito do exequente e, comprovando ter efetuado o depósito de pelo menos trinta por cento do valor total da execução (aí incluído as despesas processuais e os honorários advocatícios), requerer que seja admitido a pagar o restante em até seis prestações mensais, acrescida de correção monetária e juros de um por cento ao mês. O juiz, depois de ouvir o exequente, decidirá sobre a proposta.

O deferimento do parcelamento não depende da concordância do exequente. O não pagamento de qualquer das prestações subsequentes implicará o vencimento das demais e o prosseguimento do processo. Incidirá, ainda, uma multa de dez por cento sobre o valor não pago, e ficará o executado proibido de opor embargos.

Penhora Quando houver o arresto, este deve se converter em penhora. Entretanto, caso a penhora recaia sobre

bens diversos daqueles que foram arrestados, tudo se passa da mesma forma que na hipótese de não ter havido arresto anterior (com a única diferença de que os efeitos da penhora retroagirão, de qualquer maneira, à data que fez a pré-penhora).

Frise-se, também, que no caso de execução fundada em contrato garantido por hipoteca, penhor ou anticrese (art. 585, III, CPC) a indicação de bens à penhora é dispensa, uma vez que a constrição incidirá sobre o próprio bem sobre o qual se predeterminou que incidiria a responsabilidade (art. 655, Parágrafo primeiro).

Ao fazer a penhora, cabe ao juízo observar a ordem prevista no artigo 655 do CPC, apreendendo-se o primeiro entre os bens que compõem a referida lista que exista no patrimônio do Executado em valor suficiente para assegurar a satisfação do crédito exequendo.

A penhora feita fora da ordem estabelecida no art. 655 do CPC é inválida, salvo se com ela concordar o exequente (art. 656, I), que poderá preferir requerer a substituição do bem penhorado por outro.

Nesse sentido: Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; II - veículos de via terrestre; III - bens móveis em geral;

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IV - bens imóveis; V - navios e aeronaves; VI - ações e quotas de sociedades empresárias; VII - percentual do faturamento de empresa devedora; VIII - pedras e metais preciosos; IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; XI - outros direitos. § 1º Na execução de crédito com garantia hipotecária, pignoratícia ou anticrética, a penhora recairá,

preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia; se a coisa pertencer a terceiro garantidor, será também esse intimado da penhora.

§ 2º Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o cônjuge do executado. Incumbe ao executado, no prazo fixado pelo juízo da execução, indicar onde se encontram os bens

penhorados, exibir a prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace a realização da penhora (art. 656, parágrafo primeiro, CPC).

Não tendo o executado realizado o pagamento, e necessária a penhora, efetiva-se a constrição, ato essencial ao procedimento da execução por quantia certa contra devedor solvente.

Conceito Penhora é o ato pelo qual se apreendem bens para empregá-los, de maneira direta ou indireta, na

satisfação do crédito exequendo. Trata-se, pois, de ato de apreensão judicial de bens, sendo certo que os bens penhorados serão empregados na satisfação do direito exequendo.

A penhora é ato executivo, através do qual se apreendem bens do executado, implementando-se, assim, a sujeição patrimonial que se tornou possível em razão da responsabilidade patrimonial. Este ato, de apreensão judicial de bens, é dos mais importantes no procedimento da execução por quantia certa contra devedor solvente, uma vez que é a partir dele que será possível a realização de atos tendentes à expropriação de bens, com a sua conversão em dinheiro e, afinal, com a satisfação do direito exequendo.

Efeitos da penhora A penhora produz efeitos de duas ordens: processuais e materiais. Os efeitos processuais são os

seguintes: a) garantir o juízo; b) individualizar os bens que suportarão a atividade executiva; c) gerar para o exequente direito de preferência. Efeitos materiais: a) retirar do executado a posse direta do bem penhorado; b) tornar ineficazes atos de alienação ou oneração do bem apreendido judicialmente. Bens Impenhoráveis São casos de impenhorabilidade absoluta, conforme art. 649 do CPC: I- os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os

de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões,

pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3o deste artigo;

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão;

VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;

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IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;

X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido político.

§ 1° A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do próprio bem.

§ 2° O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora para pagamento de prestação alimentícia.

Impenhorabilidade Relativa Conforme o art. 650 do CPC, podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos

dos bens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia. Impenhorabilidade do Bem de Família A lei no. 8.009/90 afirma ser impenhorável “o imóvel residencial próprio do casal, ou de entidade

familiar”, aduzindo que tal imóvel não responderá por dívidas de qualquer natureza. Ressaltes que a impenhorabilidade não é exclusiva para o imóvel, incluindo ainda os móveis que a guarnecem, com exceção das obras de arte e adorno suntuoso.

O artigo 3o da Lei 8.009/90 enumera algumas hipóteses em que a impenhorabilidade do bem de família não é oponível, o que faz com que, nos casos ali arrolados, seja possível a penhora do imóvel utilizado para moradia. Pode-se penhorar o bem de família nas execuções ajuizadas:

I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdências;

II – pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;

III – pelo credor de pensão alimentícia; IV – para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do

imóvel familiar; V – para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade

familiar; VI – por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória ao

ressarcimento, indenização ou perdimento de bens; VII – por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. Pagamento Na execução por quantia certa contra devedor solvente, uma vez avaliados os bens penhorados (e

resolvidos eventuais incidentes, como o requerimento de ampliação da penhora, ou sua substituição), deverão tais bens ser expropriados. A forma preferencial de alienação dos bens penhorados, desde a edição da Lei no. 11.382/2006, e a adjudicação (art. 647, I, CPC).

Adjudicação Efetua-se a adjudicação através da entrega, do exequente, do bem penhorado. Trata-se de um ato

executivo, por meio do qual são expropriados bens do patrimônio do executado, os quais haviam sido objeto de penhora, transferindo-se tais bens diretamente ao patrimônio do exequente. Nesta hipótese, como claramente se vê, haverá apenas uma expropriação, satisfativa, ao contrário do que se dá no pagamento por entrega de dinheiro, em que ocorrem duas expropriações (liquidativa e satisfativa).

São legitimados a requerer a adjudicação o exequente, os demais credores que tenham penhora sobre o bem imóvel, o credor com garantia real, o cônjuge do executado (e, apesar do silêncio da lei, também o companheiro), seus descendentes e ascendentes. Havendo mais de um pretendente, será feita uma licitação entre eles, adjudicando o bem aquele que fizer a melhor oferta. Não havendo quem ofereça maior preço, terá preferência o cônjuge e, depois desse, o descente e ascendente, nessa ordem. É de se recordar, porém, que o bem jamais será adjudicado por valor inferior ao da avaliação.

No caso de penhora de quotas de sociedade limitada, sendo exequente pessoa que não ostenta a condição de sócio, será intimada da penhora a própria sociedade, e será garantido o direito de preferências dos demais sócios, que poderão pleitear a adjudicação das mesmas.

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Deferida a adjudicação, será lavrado um auto e, em seguida, extraída a respectiva carta (se bem imóvel) ou mandado de entrega (se bem móvel).

Requisito essencial para que possa haver o pagamento por adjudicação é que haja requerimento, não se admitindo que o juiz da execução, de ofício, adjudique algum bem ao exequente. A norma do art. 685-A do CPC é bastante clara neste sentido. No caso de o bem ter sido adjudicado por valor superior ao crédito exequido, caberá aquele que tiver adjudicado o bem, restituir ao executado a diferença.

Alienação por Iniciativa Popular Não tendo havido requerimento de adjudicação dos bens penhorados, poderá o exequente requerer

que sejam eles alienados por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária (devendo o credenciamento respeitar o disposto no art. 685-C, parágrafo terceiro, CPC).

Formulado o requerimento de alienação por iniciativa particular o juiz deverá fixar o prazo dentro do qual tal alienação deverá acontecer, a forma de lhe dar publicidade, o preço mínimo (que deverá ser o preço da avaliação, tendo em vista a expressa remissão contida no art. 680 do CPC), as condições de pagamento e as garantias que deverão ser prestadas no caso de não ser feito o pagamento à vistas, bem assim, se for o caso, a comissão de corretagem.

A alienação por iniciativa particular formaliza-se por termo nos autos, expedindo carta de alienação (se for imóvel o bem) ou mandado de entrega ao a ao adquirente (se móvel).

Hasta Pública e Arrematação Não tendo sido os bens penhorados ou alienados por iniciativa particular, serão tais bens levados à

hasta pública. Este ato nada mais é do que uma licitação, onde os bens penhorados serão expropriados (isto é, retirados o patrimônio de seu proprietário), e irão se incorporar ao patrimônio de quem os arrematar, sendo o arrematante aquele que der a melhor oferta pelos bens.

Existem duas espécies de hasta pública: a praça (para bens imóveis) e o leilão (para bens móveis). A hasta pública deverá ser precedida de edital, que conterá os requisitos do art. 686 do CPC, com a

descrição do bem penhorado com as suas características e, tratando-se de bem imóvel, a situação e as divisas, com remissão à matrícula e aos registros.

Conforme o inciso VI, do artigo 686, ficou estabelecido que deverá ocorrer um novo leilão, caso não seja alcançado o valor da igual ou superior a avaliação no primeiro leilão.

No segundo leilão o bem poderá ser alienado por valor menor o da avaliação, entretanto não poderá ter preço vil, conforme dispõe o art. 692 do CPC.

Não sendo o bem licitado arrematado pelo exequente, far-se-á a arrematação com dinheiro à vista, ou no prazo de quinze dias, mediante a apresentação de caução idônea. (art. 690, CPC).

Importante observar que a arrematação é perfeita ainda que depois dela venham a ser julgados procedentes embargos do executado. Neste caso, o executado embargante terá o direito de ser indenizado pelo prejuízo indevidamente suportado.

Todo esse procedimento pode ser substituído pela hasta pública virtual. Exige a lei que a utilização de meios eletrônicos para realização de hasta pública se dê mediante requerimento do exequente (art. 689-A do CPC).

Pagamento por Entrega de Dinheiro Realizada a alienação por iniciativa particular ou hasta pública, o exequente poderá levantar o dinheiro

pago pelo adquirente do bem, até o limite de seu crédito (acrescido de acessórios: de despesas processuais, honorários advocatícios, juros). Havendo mais dinheiro do que o necessário para pagar o credor, restituir-se-á ao executado o saldo, conforme determina o art. 710 do CPC.

Pagamento por usufruto de móvel ou imóvel É aquele em que é permitido ao executado, por meio do usufruto dos seus bens imóveis ou imóveis, o

pagamento da dívida ao Exequente, devendo ser nomeado perito, com o objetivo de avaliar os frutos e rendimentos do bem, e calcular o tempo necessário para a liquidação da dívida.

Resta claro, que para ser usado esse benefício, tem que ser do modo menos gravoso ao Executado, com sua oitiva prévia. Ressalte-se que mesmo o executado não concordando, poderá o juiz decidir pelo usufruto, devendo ser nomeado um administrador, o qual receberá o valor devido.

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O usufruto deve perdurar até que haja completa satisfação do crédito exequendo, conforme dispõe o artigo 717 do CPC.

Da insolvência Ocorre estado de insolvência toda vez que as dívidas excederem à importância dos bens do devedor. Se o devedor for casado e o outro cônjuge, assumindo a responsabilidade por dívidas, não possuir

bens próprios que bastem ao pagamento de todos os credores, poderá ser declarada, nos autos do mesmo processo, a insolvência de ambos.

Em conformidade com o art. 750, CPC, presume-se a insolvência quando: I - o devedor não possuir outros bens livres e desembaraçados para nomear à penhora; II - forem arrestados bens do devedor, com fundamento no art. 813, I, II e III, CPC. A declaração de insolvência do devedor produz: I - o vencimento antecipado das suas dívidas; II - a arrecadação de todos os seus bens suscetíveis de penhora, quer os atuais, quer os adquiridos

no curso do processo; III - a execução por concurso universal dos seus credores. Declarada a insolvência, o devedor perde o direito de administrar os seus bens e de dispor deles, até

a liquidação total da massa. A declaração de insolvência pode ser requerida: I - por qualquer credor quirografário; II - pelo devedor; III - pelo inventariante do espólio do devedor. Da insolvência requerida pelo credor O credor requererá a declaração de insolvência do devedor, instruindo o pedido com título executivo

judicial ou extrajudicial, em consonância com o art. 586, CPC. O devedor será citado para, no prazo de 10 dias, opor embargos; se os não oferecer, o juiz proferirá, em 10 dias, a sentença.

Nos embargos pode o devedor alegar: I - que não paga por ocorrer alguma das causas enumeradas nos arts. 741, 742 e 745, CPC, conforme

o pedido de insolvência se funde em título judicial ou extrajudicial; II - que o seu ativo é superior ao passivo. O devedor ilidirá o pedido de insolvência se, no prazo para opor embargos, depositar a importância do

crédito, para lhe discutir a legitimidade ou o valor. Não havendo provas a produzir, o juiz dará a sentença em 10 dias; havendo-as, designará audiência

de instrução e julgamento. Da insolvência requerida pelo devedor ou pelo seu espólio É lícito ao devedor ou ao seu espólio, a todo tempo, requerer a declaração de insolvência. Para tanto,

é necessário que o devedor dirija ao juiz da comarca em que o devedor tem o seu domicílio uma petição contendo as seguintes informações:

I - a relação nominal de todos os credores, com a indicação do domicílio de cada um, bem como da importância e da natureza dos respectivos créditos;

II - a individuação de todos os bens, com a estimativa do valor de cada um; III - o relatório do estado patrimonial, com a exposição das causas que determinaram a insolvência. Da declaração judicial de insolvência De acordo com o art. 761, CPC, na sentença, que declarar a insolvência, o juiz: I - nomeará, dentre os maiores credores, um administrador da massa;

Execução por Quantia Certa Contra Devedor Insolvente

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II - mandará expedir edital, convocando os credores para que apresentem, no prazo de 20 dias, a declaração do crédito, acompanhada do respectivo título.

Ao juízo da insolvência concorrerão todos os credores do devedor comum. As execuções movidas por credores individuais serão remetidas ao juízo da insolvência. Havendo, em alguma execução, dia designado para a praça ou o leilão, far-se-á a arrematação, entrando para a massa o produto dos bens.

Da suspensão e da extinção do processo de execução De acordo com o art. 791, CPC, suspende-se a execução: I - no todo ou em parte, quando recebidos os embargos do devedor (art. 739, § 2º, CPC); II - nas hipóteses previstas no art. 265, I a III, CPC; III - quando o devedor não possuir bens penhoráveis. De acordo com o art. 794, CPC, extingue-se a execução quando, dentre outras hipóteses: I - o devedor satisfaz a obrigação; II - o devedor obtém, por transação ou por qualquer outro meio, a remissão total da dívida; III - o credor renunciar ao crédito. A extinção só produz efeito quando declarada por sentença.

CPC

TÍTULO II DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO

CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 612. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal (art.

751, III), realiza-se a execução no interesse do credor, que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.

Art. 613. Recaindo mais de uma penhora sobre os mesmos bens, cada credor conservará o seu título

de preferência. Art. 614. Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor e instruir a petição

inicial: I - com o título executivo extrajudicial; II - com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação, quando se tratar de

execução por quantia certa; III - com a prova de que se verificou a condição, ou ocorreu o termo (art. 572). Art. 615. Cumpre ainda ao credor: I - indicar a espécie de execução que prefere, quando por mais de um modo pode ser efetuada; II - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, ou anticrético, ou usufrutuário, quando a

penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou usufruto; III - pleitear medidas acautelatórias urgentes;

34 Execução para Entrega de Coisa

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IV - provar que adimpliu a contraprestação, que Ihe corresponde, ou que Ihe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do credor.

Art. 615-A. O exequente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória do ajuizamento

da execução, com identificação das partes e valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora ou arresto. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º O exequente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas, no prazo de 10 (dez) dias de sua concretização. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, será determinado o cancelamento das averbações de que trata este artigo relativas àqueles que não tenham sido penhorados. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3º Presume-se em fraude à execução a alienação ou oneração de bens efetuada após a averbação (art. 593). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 4º O exequente que promover averbação manifestamente indevida indenizará a parte contrária, nos termos do § 2o do art. 18 desta Lei, processando-se o incidente em autos apartados.

§ 5° Os tribunais poderão expedir instruções sobre o cumprimento deste artigo. Art. 616. Verificando o juiz que a petição inicial está incompleta, ou não se acha acompanhada dos

documentos indispensáveis à propositura da execução, determinará que o credor a corrija, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de ser indeferida.

Art. 617. A propositura da execução, deferida pelo juiz, interrompe a prescrição, mas a citação do

devedor deve ser feita com observância do disposto no art. 219. Art. 618. É nula a execução: I - se o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível (art. 586); II - se o devedor não for regularmente citado; III - se instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrido o termo, nos casos do art. 572. Art. 619. A alienação de bem aforado ou gravado por penhor, hipoteca, anticrese ou usufruto será

ineficaz em relação ao senhorio direto, ou ao credor pignoratício, hipotecário, anticrético, ou usufrutuário, que não houver sido intimado.

Art. 620. Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça

pelo modo menos gravoso para o devedor.

CAPÍTULO II DA EXECUÇÃO PARA A ENTREGA DE COISA

Seção I Da Entrega de Coisa Certa

Art. 621. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivo extrajudicial,

será citado para, dentro de 10 (dez) dias, satisfazer a obrigação ou, seguro o juízo (art. 737, II), apresentar embargos.

Parágrafo único. O juiz, ao despachar a inicial, poderá fixar multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação, ficando o respectivo valor sujeito a alteração, caso se revele insuficiente ou excessivo.

Art. 622. O devedor poderá depositar a coisa, em vez de entregá-la, quando quiser opor embargos. Art. 623. Depositada a coisa, o exequente não poderá levantá-la antes do julgamento dos embargos. Art. 624. Se o executado entregar a coisa, lavrar-se-á o respectivo termo e dar-se-á por finda a

execução, salvo se esta tiver de prosseguir para o pagamento de frutos ou ressarcimento de prejuízos. Art. 625. Não sendo a coisa entregue ou depositada, nem admitidos embargos suspensivos da

execução, expedir-se-á, em favor do credor, mandado de imissão na posse ou de busca e apreensão, conforme se tratar de imóvel ou de móvel.

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Art. 626. Alienada a coisa quando já litigiosa, expedir-se-á mandado contra o terceiro adquirente, que somente será ouvido depois de depositá-la.

Art. 627. O credor tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando esta não

Ihe for entregue, se deteriorou, não for encontrada ou não for reclamada do poder de terceiro adquirente. § 1º Não constando do título o valor da coisa, ou sendo impossível a sua avaliação, o exequente far-

lhe-á a estimativa, sujeitando-se ao arbitramento judicial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) § 2º Serão apurados em liquidação o valor da coisa e os prejuízos. Art. 628. Havendo benfeitorias indenizáveis feitas na coisa pelo devedor ou por terceiros, de cujo poder

ela houver sido tirada, a liquidação prévia é obrigatória. Se houver saldo em favor do devedor, o credor o depositará ao requerer a entrega da coisa; se houver saldo em favor do credor, este poderá cobrá-lo nos autos do mesmo processo.

Seção II

Da Entrega de Coisa Incerta Art. 629. Quando a execução recair sobre coisas determinadas pelo gênero e quantidade, o devedor

será citado para entregá-las individualizadas, se Ihe couber a escolha; mas se essa couber ao credor, este a indicará na petição inicial.

Art. 630. Qualquer das partes poderá, em 48 (quarenta e oito) horas, impugnar a escolha feita pela

outra, e o juiz decidirá de plano, ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação. Art. 631. Aplicar-se-á à execução para entrega de coisa incerta o estatuído na seção anterior.

CAPÍTULO III DA EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E DE NÃO FAZER

Seção I Da Obrigação de Fazer

Art. 632. Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o devedor será citado para satisfazê-la

no prazo que o juiz Ihe assinar, se outro não estiver determinado no título executivo. Art. 633. Se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a obrigação, é lícito ao credor, nos próprios

autos do processo, requerer que ela seja executada à custa do devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela se converte em indenização.

Parágrafo único. O valor das perdas e danos será apurado em liquidação, seguindo-se a execução para cobrança de quantia certa.

Art. 634. Se o fato puder ser prestado por terceiro, é lícito ao juiz, a requerimento do exequente, decidir

que aquele o realize à custa do executado. Parágrafo único. O exequente adiantará as quantias previstas na proposta que, ouvidas as partes, o

juiz houver aprovado.

35 Execução de Obrigação de Fazer e de Não Fazer

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Art. 635. Prestado o fato, o juiz ouvirá as partes no prazo de 10 (dez) dias; não havendo impugnação, dará por cumprida a obrigação; em caso contrário, decidirá a impugnação.

Art. 636. Se o contratante não prestar o fato no prazo, ou se o praticar de modo incompleto ou

defeituoso, poderá o credor requerer ao juiz, no prazo de 10 (dez) dias, que o autorize a concluí-lo, ou a repará-lo, por conta do contratante.

Parágrafo único. Ouvido o contratante no prazo de 5 (cinco) dias, o juiz mandará avaliar o custo das despesas necessárias e condenará o contratante a pagá-lo.

Art. 637. Se o credor quiser executar, ou mandar executar, sob sua direção e vigilância, as obras e

trabalhos necessários à prestação do fato, terá preferência, em igualdade de condições de oferta, ao terceiro.

Parágrafo único. O direito de preferência será exercido no prazo de 5 (cinco) dias, contados da apresentação da proposta pelo terceiro (art. 634, parágrafo único).

Art. 638. Nas obrigações de fazer, quando for convencionado que o devedor a faça pessoalmente, o

credor poderá requerer ao juiz que Ihe assine prazo para cumpri-la. Parágrafo único. Havendo recusa ou mora do devedor, a obrigação pessoal do devedor converter-se-

á em perdas e danos, aplicando-se outrossim o disposto no art. 633.

Seção II Da Obrigação de Não Fazer

Art. 642. Se o devedor praticou o ato, a cuja abstenção estava obrigado pela lei ou pelo contrato, o

credor requererá ao juiz que Ihe assine prazo para desfazê-lo. Art. 643. Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao juiz que mande desfazer o ato à

sua custa, respondendo o devedor por perdas e danos. Parágrafo único. Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se em perdas e danos.

Seção III Das Disposições Comuns às Seções Precedentes

Art. 644. A sentença relativa a obrigação de fazer ou não fazer cumpre-se de acordo com o art. 461,

observando-se, subsidiariamente, o disposto neste Capítulo. Art. 645. Na execução de obrigação de fazer ou não fazer, fundada em título extrajudicial, o juiz, ao

despachar a inicial, fixará multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida.

Parágrafo único. Se o valor da multa estiver previsto no título, o juiz poderá reduzi-lo se excessivo.

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CPC

DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre: I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; II - inexigibilidade do título; III - ilegitimidade das partes; IV - cumulação indevida de execuções; V – excesso de execução; VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação,

compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença; Vll - incompetência do juízo da execução, bem como suspeição ou impedimento do juiz. Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também

inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. (Redação pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 742. Será oferecida, juntamente com os embargos, a exceção de incompetência do juízo, bem

como a de suspeição ou de impedimento do juiz. Art. 743. Há excesso de execução: I - quando o credor pleiteia quantia superior à do título; II - quando recai sobre coisa diversa daquela declarada no título; III - quando se processa de modo diferente do que foi determinado na sentença; IV - quando o credor, sem cumprir a prestação que Ihe corresponde, exige o adimplemento da do

devedor (art. 582); V - se o credor não provar que a condição se realizou.

36 Execução Contra a Fazenda Pública

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CPC

DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO Art. 744. (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006) Art. 745. Nos embargos, poderá o executado alegar: I - nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado; II - penhora incorreta ou avaliação errônea; III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para entrega de coisa certa (art.

621); V - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento. § 1° Nos embargos de retenção por benfeitorias, poderá o exequente requerer a compensação de seu

valor com o dos frutos ou danos considerados devidos pelo executado, cumprindo ao juiz, para a apuração dos respectivos valores, nomear perito, fixando-lhe breve prazo para entrega do laudo.

§ 2° O exequente poderá, a qualquer tempo, ser imitido na posse da coisa, prestando caução ou depositando o valor devido pelas benfeitorias ou resultante da compensação.

Art. 745-A. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito

de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês.

§ 1° Sendo a proposta deferida pelo juiz, o exequente levantará a quantia depositada e serão suspensos os atos executivos; caso indeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito.

§ 2° O não pagamento de qualquer das prestações implicará, de pleno direito, o vencimento das subsequentes e o prosseguimento do processo, com o imediato início dos atos executivos, imposta ao executado multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações não pagas e vedada a oposição de embargos.

Art. 746. É lícito ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da adjudicação, alienação ou

arrematação, oferecer embargos fundados em nulidade da execução, ou em causa extintiva da obrigação, desde que superveniente à penhora, aplicando-se, no que couber, o disposto neste Capítulo.

§ 1° Oferecidos embargos, poderá o adquirente desistir da aquisição. § 2° No caso do § 1o deste artigo, o juiz deferirá de plano o requerimento, com a imediata liberação

do depósito feito pelo adquirente (art. 694, § 1o, inciso IV). § 3° Caso os embargos sejam declarados manifestamente protelatórios, o juiz imporá multa ao

embargante, não superior a 20% (vinte por cento) do valor da execução, em favor de quem desistiu da aquisição.

DOS EMBARGOS NA EXECUÇÃO POR CARTA

Art. 747. Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo

deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente vícios

37 Embargos à Execução

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ou defeitos da penhora, avaliação ou alienação dos bens. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994).

Os embargos do devedor, também denominados embargos à execução, é o meio processual de defesa

do executado no processo de execução de título executivo extrajudicial. Os Embargos à Execução é uma ação autônoma, distribuída por dependência em autos apartados. A

inicial deve ser instruída com cópias das peças processuais que o embargante considerar relevantes. (Artigo 736 do CPC).

Não são admissíveis embargos de devedores antes de seguro o juízo: a) pela penhora, na execução por quantia certa; b) pelo depósito, na execução para entrega de coisa. O Prazo para o devedor oferecer os embargos no prazo é de 15 dias contados da data da juntada aos

autos do mandado de citação. Acerca da sentença de mérito, o recurso cabível é a apelação, que será recebida apenas no efeito

devolutivo se os embargos forem julgados improcedentes ou parcialmente improcedentes. Importante frisar que os Embargos do Devedor não suspendem a execução, salvo se o juiz entender

que há lesão irreparável ou de difícil reparação. Destina-se a impugnar a ordem de execução e não o cumprimento da sentença, sendo apresentada

por simples petição. A lei 11.232/05 criou um mecanismo de defesa do executado, cuja utilização será adequado quando

se tratar de execução fundada em título executivo judicial. Diferentemente dos embargos do executado, a impugnação é tão somente um incidente processual da fase executiva de um processo sincrético, não levando a instauração de um processo autônomo, mas de modo semelhante aos embargos trata-se de uma oposição do executado contra a execução.

Ressalta-se que a impugnação deverá se dar por escrito e em peça autônoma, devendo atender as indicações do art. 282, CPC.

A rejeição liminar dos embargos, ocorrerá, de acordo com a redação do artigo 739, do Código de Processo Civil, no caso de embargo intempestivos, inépcia da peça exordial e, quando manifestamente protelatórios (inciso III, do artigo em referência).

A novidade certamente está no inciso III, do artigo 739, do Código de Processo Civil, contudo, com relação aos embargos manifestamente protelatórios e sua rejeição liminar, necessário que o caráter procrastinatório seja notório, que contrarie texto da lei ou que contrarie prova dos autos, tudo a fim de garantir e evitar a ofensa ao princípio do contraditório e da ampla defesa.

Deste modo, como meio de coibir o abuso por parte dos executados, o código prevê a condenação do Executado em multa de até 20% do valor da execução em favor do exequente, no caso dos embargos serem considerados protelatórios.

Frise-se que a multa e, eventuais indenizações por litigância de má-fé devem ser cobradas no processo de execução, em autos apensos, operando-se a compensação ou o acréscimo no valor devido, dependendo da parte sucumbente.

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Denominado no Direito Processual Civil custus legis ou fiscal da lei, o Ministério Público, também

designado Parquet, foi incluído na Constituição Federal de 1.988, entre as funções essenciais à justiça, passando à condição de defensor da ordem pública, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

O Ministério Público tem a função de representar a sociedade na defesa dos interesses sociais (direitos difusos e coletivos) e dos direitos individuais indisponíveis, conforme estabelecido pelo Art, 127, caput, da Constituição Federal. Note-se que o Ministério Público deve zelar pelo interesse público, sendo que a correta aplicação da jurisdição faz parte de suas atribuições.

Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,

incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.

§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no Art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento.

§ 3º - O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.

§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º.

§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual.

§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.

Vale ressaltar que o Ministério Público é instituição autônoma, não possuindo vinculação com

nenhum dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário). Contudo sua atuação está profundamente relacionada com o Estado, vez que sua função é justamente fiscalizar o bom andamento da sociedade.

Ao Ministério Público é conferido o “direito de ação”, onde os membros desta instituição atuam como parte no processo dentro dos casos previstos em lei, com os mesmos poderes e deveres comuns as partes. As hipóteses de atuação do Ministério Público estão dispostas tanto de forma expressa como também esparsa dentro da legislação civil e processual.

Há dois princípios que informam a atividade do Ministério Público: a) princípio da unidade ou indivisibilidade: sendo que o Ministério Público atua de forma uma, isto

é, não comporta divisões internas e seus membros agirão em nome da instituição e não em nome próprio, podendo o promotor ser substituído sem prejuízo para o bom andamento dos processos; e

b) independência: os membros do Ministério Público podem agir livremente, dentro dos limites legais, sem quaisquer vinculações com o Judiciário ou Executivo, bem como independência com relação ao próprio Ministério Público.

38 Ministério Público no Processo Civil

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Apesar de uno e indivisível, o Ministério Público exerce a sua função por numerosos órgãos. São eles o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Militar, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e os Ministérios Públicos Estaduais. Frise-se que enquanto Instituição, o Ministério Público tem autonomia orçamentária, administrativa e funcional, gerindo os recursos que lhe são destinados pelo orçamento, dirigindo suas Procuradorias e Promotorias e atuando, na atividade de execução, com independência funcional, sem qualquer subordinação, exceto à Constituição e legislação vigente.

Art. 128. O Ministério Público abrange: I - o Ministério Público da União, que compreende: a) o Ministério Público Federal; b) o Ministério Público do Trabalho; c) o Ministério Público Militar; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; II - os Ministérios Públicos dos Estados. As hipóteses de intervenção do Ministério Público estão previstas basicamente no artigo 82 do Código

de Processo Civil, quais sejam: a) nas causas em que há interesses de incapazes; b) nas causas concernentes ao estado da pessoa, poder familiar, tutela, curatela, interdição,

casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade; c) nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há

interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte. Ministério Público como parte Quando o Código de Processo Civil se refere à atuação de Ministério Público como parte, refere-se às

causas em que este esteja legitimado para agir ou para contestar. O Ministério Público somente tem legitimidade para agir, seja na posição de réu, seja na posição de autor, quando expressamente autorizado por lei.

A lei do direito material é quem define as hipóteses de atuação do Ministério Público como autor. Podemos citar como exemplo, a Lei de Alimentos, que possibilita ao Parquet demandar em favor do menor que necessita de alimentos quando o seu representante legal deixar de atuar.

Como réu, o Ministério Público, além de hipóteses previstas nas leis de direito material, atua por força do artigo 9° do Código de Processo Civil, como curador à lide nos casos de réu revel, citado por edital ou hora certa. Assim, também, o Ministério Público somente poderá propor, em beneficio de alguém, as ações previstas em lei.

Em relação ao processo civil, exerce o direito de ação, seja como parte principal, seja como substituto processual, conforme previsto no art. 81 do CPC, podendo figurar como parte processual nos casos previstos em lei, gozando dos mesmos poderes e deveres das partes.

As hipóteses legais em que o Ministério Público atuará como parte estão dispostas expressa e esparsamente na legislação civil e processual, dentre as quais podemos citar os processos que versarem sobre nulidade de casamento, a ação de interdição de incapazes e toxicômanos; a ação de dissolução de sociedades civis de atividade ilícita e imoral, a ação de nulidade de patente de invenção ou de registro de marca, a ação que promova atos de jurisdição voluntária, ação civil pública – ACP (Lei 7347 de 20/07/1985), proteção aos direitos do consumidor previstos na Lei 8.078/1990, entre outros.

Uma vez que o Ministério Público integre a lide como parte, lhe são atribuídos os mesmos poderes e ônus das outras pessoas na mesma posição. No entanto, há peculiaridades inerentes a atividade deste órgão as quais não poderiam deixar de serem observadas, sob pena de prejuízo a sua atuação e, por consequência, ao interesses públicos. Este órgão ministerial, como entidade prestadora de serviço público, sofre as mazelas comuns do excesso e dos déficits estruturais de trabalho. Com isso, se estaria diante da assunção de um grande risco de falibilidade da atividade ministerial, se o tratamento legal fosse rigorosamente igual ao dado ao particular.

Assim, em que pese o art. 81 do CPC consagrar em seu corpo a igualdade formal entre Ministério Público e particular, enquanto partes, são criadas exceções, tal como o benefício do prazo em dobro, previsto no art. 188 do mesmo diploma processual.

Art. 81. O Ministério Público exercerá o direito de ação nos casos previstos em lei, cabendo-lhe, no

processo, os mesmos poderes e ônus que às partes.

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Causas De Intervenção Do Ministério Público O Ministério Público, além da possibilidade de integrar o processo como parte, pode atuar como

interventor no processo, figurando como fiscal da lei, função de caráter, via de regra, obrigatório. Os casos de intervenção do Ministério Público no processo como fiscal da lei estão previstos no art.

82 do Código de Processo Civil abaixo citado. O exercício desta função se dá pela figura do promotor de justiça, em primeira instância e pelo procurador de justiça em segunda instancia.

A atuação Ministerial na defesa do interesse dos incapazes se dá independente da natureza da causa ou valor envolvido, vez que se funda além do zelo (como em todos os casos de intervenção) pela correta aplicação da lei, na observância e avaliação da dos tutores e curadores, por vezes reprimindo ou prevenindo atos omissivos, abusivos e de má-fé que possam lesar os incapazes em questão.

Como exemplo de causas que versam sobre “estado das pessoas”, temos as ações de investigação de paternidade, de anulação de casamento, de divórcio, negatória de paternidade, de interdição, de anulação de registro civil da pessoa natural, de suspensão, remoção ou destituição de tutores e curadores, as que discutem a validade ou cumprimento de testamento, de decretação de ausência entre outras. A utilização da expressão, ampliou de forma genérica a previsão legal, visto que o rol de ações que versam sobre estado de pessoas não é taxativo.

O inciso III do artigo 82 do diploma processual, impõe ao Ministério Público o dever de intervir em “todas as demais causas em que há interesse público”, no entanto não há um rol fechado de hipóteses em que tal interesse se verifique, se mostrando uma regra extremamente vaga e imprecisa, que se vale de um termo de conceito muito amplo.

Assim, a verificação da ocorrência do interesse público dependerá da interpretação do Juiz, que remeterá ou não o processo para manifestação do Ministério Público, de acordo com sua convicção pessoal ou com a corrente doutrinaria e jurisprudencial que adotar, e do entendimento do Promotor e Procurador de Justiça que pode intervir ou não.

Na condição de custos legis (fiscal da lei), as hipóteses de intervenção do Ministério Público estão

previstas basicamente no artigo 82 do Código de Processo Civil, quais sejam: a) nas causas em que há interesses de incapazes, hipótese em que deve zelar pelos direitos

daqueles que não podem agir sozinhos em juízo. O que legitima a intervenção do parquet nessa situação é a possibilidade de desequilíbrio da relação jurídica e eventual comprometimento do contraditório em função da existência de parte incapaz, seja uma criança ou uma pessoa interditada. Em casos tais, cabe ao Promotor de Justiça aferir se os interesses do incapaz estão sendo assegurados e respeitados a contento, seja do ponto de vista processual ou material.

b) nas causas concernentes ao estado da pessoa, poder familiar, tutela, curatela, interdição,

casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade, participação essa que tem como fundamento a indisponibilidade do direito colocado em litígio ou interesses de ordem pública.

c) nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em

que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte; o interesse público diz respeito ao interesse da sociedade e não ao interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, não se justificando a intervenção do Ministério Público pelo simples fato dessas entidades ocuparem o polo ativo ou passivo da ação.

Na tentativa de dirimir os impasses acerca de qual o interesse público que exige a intervenção do

Ministério Público, a doutrina e a jurisprudência firmou que há caráter obrigatório na ocorrência das hipóteses enumeradas nos incisos I e II e demais casos da legislação esparsa

Nos demais casos há facultatividade de intervenção, cabendo ao Ministério Público e ao Juiz decidirem, diante do caso concreto, se há interesse público em juízo ou não, consoante acima explanado.

Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir: I - nas causas em que há interesses de incapazes; II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento,

declaração de ausência e disposições de última vontade; III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que

há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.

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Art. 83. Intervindo como fiscal da lei, o Ministério Público: I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo; II - poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e requerer medidas ou

diligências necessárias ao descobrimento da verdade. Ilustre-se que a ausência do Ministério Público em atos obrigatórios, assim definidos por lei pode

acarretar a nulidade do processo. Dispondo, portanto a lei da necessidade de intervenção do Ministério Público, a ausência de intimação acarretará na nulidade do feito, consoante dita o artigo 84 do Código Processual Civil:

Art. 84. Quando a lei considerar obrigatória a intervenção do Ministério Público, a parte promover-lhe-

á a intimação sob pena de nulidade do processo. De acordo com o novo modelo preconizado pela Constituição Federal, o Ministério Público deve

concentrar seus esforços na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis, ao invés de opinar nas causas que afetam interesse meramente patrimonial do Estado, já defendido pela advocacia pública, sob pena de desvirtuamento de sua atuação. Nesse sentido, o interesse público a justificar a obrigatoriedade de participação do Ministério Público não se confunde com o mero interesse patrimonial e econômico do Estado.

Destarte, o móvel da atuação ministerial é o interesse público primário, ou interesse social, que, no caso concreto, se fará presente em situações jurídicas de relevância para a sociedade, decorrente ou da condição pessoal dos litigantes, ou do direito material discutido em juízo.

Da intervenção do Ministério Público no mandado de segurança A Lei n.º 12.016/09, que disciplina o mandado de segurança, dispõe expressamente, em seu artigo 12

que, antes de proferir sentença, “o juiz ouvirá o representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (dez) dias”.

A interpretação literal do dispositivo legal deixa entrever que o parquet deve opinar em todo e qualquer mandado de segurança, o que seguramente não é o entendimento doutrinário e jurisprudencial de vanguarda.

A bem da verdade, uma interpretação sistemática da lei, à luz da Carta Política de 1988, conduz ao entendimento de que o Ministério Público somente deve emitir parecer nos processos de mandado de segurança quando vislumbrar a presença de interesse público.

Da intervenção do Ministério Público nas ações de interesse do idoso O Estatuto do Idoso (Lei n.º 10.741/03), em seu artigo 75, estabelece que “nos processos e

procedimentos em que não for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar documentos, requerer diligências e produção de outras provas, usando os recursos cabíveis”.

A Responsabilização Civil do Ministério Público O órgão do Ministério Público é civilmente responsável quando no exercício de suas funções proceder

com dolo ou fraude, ou seja, com má-fé, consciente e com vontade de provocar o prejuízo a terceiro (artigo 85).

A responsabilidade tratada, todavia, é pessoal, isto é, do próprio funcionário que exerce a atividade pública, e não responsabilidade do Estado. É indispensável que o órgão tenha relativa imunidade para exercer suas funções, pois havendo boa-fé, ainda que a parte possa se considerar lesada pelo retardamento de alguma possível providência requerida pelo Ministério Público não há o que se falar em responsabilidade do referido órgão.

Observe-se no entanto que o art. 85 afasta os casos de conduta culposa, se restringido apenas ao ato Ministerial doloso e fraudulento realizado dentro do processo, que cause dano

Vale frisar que a responsabilização civil prevista pelo artigo 85 do Código de Processo Civil não se confunde com a disposta no artigo 189 do Código Civil. A hipótese de responsabilização posta no artigo 85 do Código de Processo Civil é de caráter subjetivo, pessoal, excludente da culpa e pressupõe ato doloso e fraudulento dentro do processo, restringindo sua verificação ao plano processual. Já a

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responsabilização ditada pelo artigo 189 do Código Civil é de natureza objetiva, institucional (Estado), com presunção de culpa em ato extraprocessual, adstrita ao plano material

Nesse sentido, passemos a analisar o artigo 85 do Código Processual Civil: Art. 85. O órgão do Ministério Público será civilmente responsável quando, no exercício de suas

funções, proceder com dolo ou fraude. Ministério público no processo civil Uma das atribuições de maior relevo conferida ao Ministério Público pelo legislador constituinte é a

promoção do inquérito civil e da ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

Em matéria processual civil, desempenha um papel maior com relevância à justiça atuando como parte ou como fiscal processual, sempre ao lado da lei, estando intimamente ligado aos Princípios norteadores do Processo Civil, vinculando-se, principalmente, ao princípio dispositivo.

A presença do Ministério Público possibilita ao Estado agir no processo, mesmo que indiretamente. Essa ação do estado pelas mãos ministerial se dá na medida em que é atribuído à instituição o dever legal de atuar judicialmente, assegurando a adequada e efetiva realização do plano processual, exercendo uma função fiscalizadora da lei, da atuação das partes e resguardando a imparcialidade do juiz.

A ação popular é um remédio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão para a tutela do

patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, mediante a anulação do ato lesivo. Segundo o disposto no art. 5º, inciso LXXIII, da CF: “qualquer cidadão é parte legítima para propor

ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.”

A ação popular é tratada pela Lei 4.717 de 29 de junho de 1965, cuja leitura, para maior compreensão e estudo se faz necessária, conforme disposta logo abaixo.

As condições gerais da ação popular são as mesmas para qualquer ação: Possibilidade jurídica do pedido Interesse de agir Legitimidade para a causa. A legitimidade da ação parte do princípio de que a Constituição Federal assegura, em seu texto, a

qualquer cidadão a possibilidade de propor ação popular contra atos lesivos ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico cultural.

Para propor ação popular se requer, antes de mais nada, que o autor seja cidadão brasileiro no exercício de seus direitos cívicos e políticos. A prova de cidadania, segundo o § 3º do art. 1º da Lei n.º 4.717, de 29 de junho de 1965, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda.

A ação popular, em seu requisito objetivo, se refere à natureza do ato ou da omissão da administração pública a ser impugnado que deve ser, obrigatoriamente, lesivo ao patrimônio público. A lesividade do ato ou da omissão deve ser concretamente provada na ação, se tornando assim requisito

39 Ação Popular e Ação Civil Pública

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desta. Os sujeitos passivos da ação, segundo o art. 6º da Lei 4.717/65, são as pessoas públicas ou privadas

e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.

A competência para processar e julgar a ação popular é determinada conforme a origem do ato impugnado, de acordo com o art. 5º da Lei 4. 717/65. Toda e qualquer autoridade será julgada em primeira instância, podendo ser interposto todos os recursos cabíveis no ordenamento jurídico brasileiro. Caso o ato impugnado foi praticado por autoridade, funcionário ou administrador de órgão da União, autarquia ou entidade paraestatal da União, por exemplo, a competência é do juiz federal da Seção Judiciária em que se consumou o ato.

Conforme § 4.º do art. 5º da Lei 4.717/65, na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado”.

A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa.

A atuação do Ministério Público na ação popular é regulada pelo § 4º do art. 6º da Lei n.º 4.717/65, segundo o qual o Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores.

Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.

LEI Nº 4.717, DE 29 DE JUNHO DE 1965

Regula a ação popular.

Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade

de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.

§ 1º - Consideram-se patrimônio público para os fins referidos neste artigo, os bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico.

§ 2º Em se tratando de instituições ou fundações, para cuja criação ou custeio o tesouro público concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, bem como de pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas, as consequências patrimoniais da invalidez dos atos lesivos terão por limite a repercussão deles sobre a contribuição dos cofres públicos.

§ 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda.

§ 4º Para instruir a inicial, o cidadão poderá requerer às entidades, a que se refere este artigo, as certidões e informações que julgar necessárias, bastando para isso indicar a finalidade das mesmas.

§ 5º As certidões e informações, a que se refere o parágrafo anterior, deverão ser fornecidas dentro de 15 (quinze) dias da entrega, sob recibo, dos respectivos requerimentos, e só poderão ser utilizadas para a instrução de ação popular.

§ 6º Somente nos casos em que o interesse público, devidamente justificado, impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação.

§ 7º Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, a ação poderá ser proposta desacompanhada das certidões ou informações negadas, cabendo ao juiz, após apreciar os motivos do indeferimento, e salvo em se tratando de razão de segurança nacional, requisitar umas e outras; feita a requisição, o processo correrá em segredo de justiça, que cessará com o trânsito em julgado de sentença condenatória.

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos

casos de:

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a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que

o praticou; b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades

indispensáveis à existência ou seriedade do ato; c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou

outro ato normativo; d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta

o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele

previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. Art. 3º Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de direito público ou privado, ou das entidades

mencionadas no art. 1º, cujos vícios não se compreendam nas especificações do artigo anterior, serão anuláveis, segundo as prescrições legais, enquanto compatíveis com a natureza deles.

Art. 4º São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por quaisquer das

pessoas ou entidades referidas no art. 1º. I - A admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições de habilitação,

das normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais. II - A operação bancária ou de crédito real, quando: a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, estatutárias, regimentais ou

internas; b) o valor real do bem dado em hipoteca ou penhor for inferior ao constante de escritura, contrato ou

avaliação. III - A empreitada, a tarefa e a concessão do serviço público, quando: a) o respectivo contrato houver sido celebrado sem prévia concorrência pública ou administrativa, sem

que essa condição seja estabelecida em lei, regulamento ou norma geral; b) no edital de concorrência forem incluídas cláusulas ou condições, que comprometam o seu caráter

competitivo; c) a concorrência administrativa for processada em condições que impliquem na limitação das

possibilidades normais de competição. IV - As modificações ou vantagens, inclusive prorrogações que forem admitidas, em favor do

adjudicatário, durante a execução dos contratos de empreitada, tarefa e concessão de serviço público, sem que estejam previstas em lei ou nos respectivos instrumentos.

V - A compra e venda de bens móveis ou imóveis, nos casos em que não cabível concorrência pública ou administrativa, quando:

a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, ou constantes de instruções gerais;

b) o preço de compra dos bens for superior ao corrente no mercado, na época da operação; c) o preço de venda dos bens for inferior ao corrente no mercado, na época da operação. VI - A concessão de licença de exportação ou importação, qualquer que seja a sua modalidade,

quando: a) houver sido praticada com violação das normas legais e regulamentares ou de instruções e ordens

de serviço; b) resultar em exceção ou privilégio, em favor de exportador ou importador. VII - A operação de redesconto quando sob qualquer aspecto, inclusive o limite de valor, desobedecer

a normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais. VIII - O empréstimo concedido pelo Banco Central da República, quando: a) concedido com desobediência de quaisquer normas legais, regulamentares, regimentais ou

constantes de instruções gerias: b) o valor dos bens dados em garantia, na época da operação, for inferior ao da avaliação. IX - A emissão, quando efetuada sem observância das normas constitucionais, legais e

regulamentadoras que regem a espécie.

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DA COMPETÊNCIA Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação, processá-la e

julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.

§ 1º Para fins de competência, equiparam-se atos da União, do Distrito Federal, do Estado ou dos Municípios os atos das pessoas criadas ou mantidas por essas pessoas jurídicas de direito público, bem como os atos das sociedades de que elas sejam acionistas e os das pessoas ou entidades por elas subvencionadas ou em relação às quais tenham interesse patrimonial.

§ 2º Quando o pleito interessar simultaneamente à União e a qualquer outra pessoas ou entidade, será competente o juiz das causas da União, se houver; quando interessar simultaneamente ao Estado e ao Município, será competente o juiz das causas do Estado, se houver.

§ 3º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações, que forem posteriormente intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos.

§ 4º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado. (Incluído pela Lei nº 6.513, de 1977)

DOS SUJEITOS PASSIVOS DA AÇÃO E DOS ASSISTENTES

Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art.

1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.

§ 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será proposta somente contra as outras pessoas indicadas neste artigo.

§ 2º No caso de que trata o inciso II, item "b", do art. 4º, quando o valor real do bem for inferior ao da avaliação, citar-se-ão como réus, além das pessoas públicas ou privadas e entidades referidas no art. 1º, apenas os responsáveis pela avaliação inexata e os beneficiários da mesma.

§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente.

§ 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores.

§ 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.

DO PROCESSO

Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no Código de Processo Civil, observadas

as seguintes normas modificativas: I - Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: a) além da citação dos réus, a intimação do representante do Ministério Público; b) a requisição, às entidades indicadas na petição inicial, dos documentos que tiverem sido referidos

pelo autor (art. 1º, § 6º), bem como a de outros que se lhe afigurem necessários ao esclarecimento dos fatos, ficando prazos de 15 (quinze) a 30 (trinta) dias para o atendimento.

§ 1º O representante do Ministério Público providenciará para que as requisições, a que se refere o inciso anterior, sejam atendidas dentro dos prazos fixados pelo juiz.

§ 2º Se os documentos e informações não puderem ser oferecidos nos prazos assinalados, o juiz poderá autorizar prorrogação dos mesmos, por prazo razoável.

II - Quando o autor o preferir, a citação dos beneficiários far-se-á por edital com o prazo de 30 (trinta) dias, afixado na sede do juízo e publicado três vezes no jornal oficial do Distrito Federal, ou da Capital do Estado ou Território em que seja ajuizada a ação. A publicação será gratuita e deverá iniciar-se no máximo 3 (três) dias após a entrega, na repartição competente, sob protocolo, de uma via autenticada do mandado.

III - Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato impugnado, cuja existência ou identidade se torne conhecida no curso do processo e antes de proferida a sentença final de primeira instância, deverá ser citada para a integração do contraditório, sendo-lhe restituído o prazo para contestação e produção de provas, Salvo, quanto a beneficiário, se a citação se houver feito na forma do inciso anterior.

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IV - O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento do interessado, se particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a todos os interessados, correndo da entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo assinado em edital.

V - Caso não requerida, até o despacho saneador, a produção de prova testemunhal ou pericial, o juiz ordenará vista às partes por 10 (dez) dias, para alegações, sendo-lhe os autos conclusos, para sentença, 48 (quarenta e oito) horas após a expiração desse prazo; havendo requerimento de prova, o processo tomará o rito ordinário.

VI - A sentença, quando não prolatada em audiência de instrução e julgamento, deverá ser proferida dentro de 15 (quinze) dias do recebimento dos autos pelo juiz.

Parágrafo único. O proferimento da sentença além do prazo estabelecido privará o juiz da inclusão em lista de merecimento para promoção, durante 2 (dois) anos, e acarretará a perda, para efeito de promoção por antiguidade, de tantos dias quantos forem os do retardamento, salvo motivo justo, declinado nos autos e comprovado perante o órgão disciplinar competente.

Art. 8º Ficará sujeita à pena de desobediência, salvo motivo justo devidamente comprovado, a

autoridade, o administrador ou o dirigente, que deixar de fornecer, no prazo fixado no art. 1º, § 5º, ou naquele que tiver sido estipulado pelo juiz (art. 7º, n. I, letra "b"), informações e certidão ou fotocópia de documento necessários à instrução da causa.

Parágrafo único. O prazo contar-se-á do dia em que entregue, sob recibo, o requerimento do interessado ou o ofício de requisição (art. 1º, § 5º, e art. 7º, n. I, letra "b").

Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão publicados editais

nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.

Art. 10. As partes só pagarão custas e preparo a final. Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugnado,

condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa.

Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das custas e

demais despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e comprovadas, bem como o dos honorários de advogado.

Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito do pedido, julgar a lide manifestamente

temerária, condenará o autor ao pagamento do décuplo das custas. Art. 14. Se o valor da lesão ficar provado no curso da causa, será indicado na sentença; se depender

de avaliação ou perícia, será apurado na execução. § 1º Quando a lesão resultar da falta ou isenção de qualquer pagamento, a condenação imporá o

pagamento devido, com acréscimo de juros de mora e multa legal ou contratual, se houver. § 2º Quando a lesão resultar da execução fraudulenta, simulada ou irreal de contratos, a condenação

versará sobre a reposição do débito, com juros de mora. § 3º Quando o réu condenado perceber dos cofres públicos, a execução far-se-á por desconto em

folha até o integral ressarcimento do dano causado, se assim mais convier ao interesse público. § 4º A parte condenada a restituir bens ou valores ficará sujeita a sequestro e penhora, desde a

prolação da sentença condenatória. Art. 15. Se, no curso da ação, ficar provada a infringência da lei penal ou a prática de falta disciplinar

a que a lei comine a pena de demissão ou a de rescisão de contrato de trabalho, o juiz, "ex-officio", determinará a remessa de cópia autenticada das peças necessárias às autoridades ou aos administradores a quem competir aplicar a sanção.

Art. 16. Caso decorridos 60 (sessenta) dias da publicação da sentença condenatória de segunda

instância, sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução. o representante do Ministério Público a promoverá nos 30 (trinta) dias seguintes, sob pena de falta grave.

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Art. 17. É sempre permitida às pessoas ou entidades referidas no art. 1º, ainda que hajam contestado a ação, promover, em qualquer tempo, e no que as beneficiar a execução da sentença contra os demais réus.

Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível "erga omnes", exceto no caso de haver sido

a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo

grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo.

§ 1º Das decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento. § 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de recurso, poderá

recorrer qualquer cidadão e também o Ministério Público.

DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 20. Para os fins desta lei, consideram-se entidades autárquicas: a) o serviço estatal descentralizado com personalidade jurídica, custeado mediante orçamento próprio,

independente do orçamento geral; b) as pessoas jurídicas especialmente instituídas por lei, para a execução de serviços de interesse

público ou social, custeados por tributos de qualquer natureza ou por outros recursos oriundos do Tesouro Público;

c) as entidades de direito público ou privado a que a lei tiver atribuído competência para receber e aplicar contribuições parafiscais.

Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco) anos. Art. 22. Aplicam-se à ação popular as regras do Código de Processo Civil, naquilo em que não

contrariem os dispositivos desta lei, nem a natureza específica da ação.

A Ação Civil Pública é modalidade de instrumento processual para a defesa dos interesses meta individuais relativos ao meio ambiente, bens e direitos de valor histórico, turístico, artístico, estético, paisagístico. Recentemente, acrescentou-se aos objetos da lei os interesses de deficientes físicos, investidores do mercado de capitais e direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes.

Conforme se verifica, a ação civil pública ampara os direitos relativos à coletividade; são os chamados direitos transindividuais ou coletivos, desdobrando-se em direitos difusos, direitos coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos.

Consideram-se interesses difusos aqueles em que há uma indeterminação real quanto ao seu titular, além de uma ampla indivisibilidade e indisponibilidades. Já os direitos coletivos em sentido estrito, caracterizam-se pela transindividualidade real restrita, havendo possibilidade de determinar quem são seus titulares, pois estes estão unidos por uma relação jurídica de base. Por fim, os direitos individuais homogêneos, são aqueles que decorrem da mesma origem, possuindo transindividualidade instrumental, sendo que seus titulares estão determinados, havendo possibilidade de divisão de seu objeto. 56

Conforme definição do art. 81 da Lei n° 8.078/1990, o Código de Defesa do Consumidor: I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, são os transindividuais, de natureza indivisível, de

que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;

56 GASTALDI, Suzana. Direitos difusos, coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos: conceito e diferenciação. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVII, n. 120, jan 2014. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14164>. Acesso em 22 de abril de 2015.

Ação Civil Pública

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II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, são os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;

III - interesses ou direitos individuais homogêneos, são os decorrentes de origem comum. O Art. 1º da Lei nº 7.347/1985, fixa o objeto da Ação Civil Pública como sendo: l meio-ambiente; ll - consumidor; III bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IV - qualquer outro interesse difuso ou coletivo; V - infração da ordem econômica; VI - ordem urbanística; VII – honra e a dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos; VIII – patrimônio público e social. De acordo com o artigo 5.º, da LACP, são legitimados ativos para a propositura da ação civil pública:

o Ministério Público, a Defensoria Pública, Entidades políticas e Entidades da Administração Pública Indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista). Note-se que todos eles correspondem à organizações que representam grupos, tendo a obrigação de defende-los.

Figurará no polo passivo da ação civil pública a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, diretamente ou indiretamente, por atividade causadora de qualquer tipo de danos, de acordo com o relacionado acima.

As ações deverão ser propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.

Nos termos do Art. 12 da LACP poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo. A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.

A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento.

A coisa julgada tem efeito erga omnes ou ultra partes. No entanto, a improcedência do pedido em virtude de insuficiência de provas não leva a ocorrência de coisa julgada, podendo a causa ser outra vez ajuizada, desde que respaldada em novas e consistentes provas. A sentença de procedência emitida na ação coletiva, com vistas ao resguardo dos direitos individuais homogêneos, produz reflexos em prol de todos.

Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.

Nas hipóteses de acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de discriminação étnica, nos termos do disposto no Art. 1o da LACP, a prestação em dinheiro reverterá diretamente à um fundo especial e será utilizada para ações de promoção da igualdade étnica, conforme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou local, respectivamente.

A LACP não apresenta recursos específicos. Logo, nos termos do Art. 19 será aplicado o Código de Processo Civil de forma subsidiaria, ou seja, quando a Lei 7347/85 não disciplinar determinado assunto.

Uma vez interpostos os recursos previstos no Código de Processo Civil, em regra, será concedido apenas o efeito devolutivo, podendo ser conferido o suspensivo se o juiz assim quiser, trata-se de faculdade a ser utilizada pelo juiz a fim de evitar dano irreparável à parte.

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LEI No 7.347, DE 24 DE JULHO DE 1985

Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico(VETADO) e dá outras providências.

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: l - ao meio-ambiente;

ll - ao consumidor; III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. V - por infração da ordem econômica; VI - à ordem urbanística. VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. VIII – ao patrimônio público e social. Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos,

contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados.

Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo

terá competência funcional para processar e julgar a causa. Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações

posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de

fazer ou não fazer. Art. 4º Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar dano ao

patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - o Ministério Público; II - a Defensoria Pública; III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; V - a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio

ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.

§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.

§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.

§ 4. ° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.

§ 5. ° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei.

§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.

Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público,

ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção.

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Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis.

Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões

e informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias. § 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de

qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.

§ 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação, hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao juiz requisitá-los.

Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência

de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente.

§ 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.

§ 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público, seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação.

§ 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme dispuser o seu Regimento.

§ 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, mais multa de 10 (dez)

a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, a recusa, o retardamento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público.

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz

determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.

Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a

agravo. § 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à

ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.

§ 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento.

Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo

gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.

§ 1o. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária.

§ 2o Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de discriminação étnica nos termos do disposto no art. 1o desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá diretamente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações de promoção da igualdade étnica, conforme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou local, respectivamente.

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Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte. Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a

associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão

prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela

propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários

periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais.

Art. 19. Aplica-se à ação civil pública, prevista nesta Lei, o Código de Processo Civil, aprovado pela

Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, naquilo em que não contrarie suas disposições. Art. 20. O fundo de que trata o art. 13 desta Lei será regulamentado pelo Poder Executivo no prazo de

90 (noventa) dias. Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível,

os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor. Art. 22. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário.

Entende-se o mandado de segurança como sendo um remédio constitucional, que será utilizado contra

o poder público, em caráter de urgência, diante lesão ou ameaça de lesão à direito líquido e certo, podendo ser preventivo ou repressivo.57

No que tange ao direito líquido e certo, trata-se de direito que pode ser facilmente comprovado, ou seja, sua existência é manifesta, tendo delimitação em sua extensão e estando apto para ser exercido. Note-se que juntamente com a inicial somente é possível a utilização da prova documental, uma vez que outras formas probatórias dependem de momento oportuno para sua realização. Desta feita, no mandado de segurança não haverá fase probatória, razão pela qual o direito pleiteado deve estar bem demonstrado inicialmente

A Constituição Federal estabelece, no art. 5º, LXIX: “conceder-se-á mandado de segurança para

57 GOMES, William Akerman. Mandado de segurança. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3146, 11 fev. 2012. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/21060>. Acesso em: 13 abr. 2015.

40 Mandado de Segurança

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proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”.

Referentemente ao prazo, o Art. 23 da Lei 12.016/2009 (vide artigo in verbis abaixo) estipula em 120

(cento e vinte) dia, mas vale ressaltar que tal prazo é aplicável apenas ao Mandado de Segurança repressivo, sendo o mesmo decadencial.

Somente os atos da administração pública, que forem praticados com supremacia ou posição de autoridade, é que serão objeto do Mandado de Segurança. Assim sendo, importante frisar que nem todos os atos administrativos são praticados nestes moldes.

O Art. 5º, LXIX, da Constituição Federal, deixa claro que o Mandado de Segurança é instrumento jurídico subsidiário, sendo que somente poderá ser utilizado quando do não cabimento do Habeas Corpus ou do Habeas Data. Já a Lei 12.016/2009, em seu Art. 5º, I, a, informa que quando for cabível recurso administrativo com efeito suspensivo e sem caução, não poderá ser utilizado o Mandado de Segurança.

Ainda analisando a Lei 12.016/2009, verifica-se a possibilidade de concessão de tutela antecipada, podendo o juiz suspender o ato que motivou a proposição do Mandado de Segurança (Art. 7º, III). Para tal, faz-se necessária a verificação do fummus boni iuris (fundamento relevante) e do periculum in mora (risco de ineficácia da medida principal).

Embora o texto da lei informe que a tutela antecipada pretendida seria viável apenas para suspensão do ato impugnado, aufere-se que a previsão é meramente exemplificativa, uma vez que o magistrado está imbuído do poder geral de cautela (Art. 798 do CPC), permitindo que este conceda as medidas cautelares necessárias, ainda que sem previsão legal, podendo ainda o magistrado exigir a contracautela, ou que a parte proceda atos que garantam o juízo.

Diante do Art. 6º, §6º da Lei 12.016/2009, questiona-se se a decisão proferida em sede de Mandado de Segurança pode formar coisa julgada material, isto porque, referido artigo prevê a possibilidade de renovação do pedido de Mandado de Segurança, dentro do prazo decadencial, caso a sentença que rejeitou mandado anterior não tenha apreciado o mérito. Portanto, importante verificar que a decisão concessiva da segurança faz apreciação do mérito, consequentemente faz coisa julgada material. Já a sentença denegatória da segurança, somente fará coisa julgada material se analisar o mérito, caso contrário caberá nova segurança.

Existem duas espécies de mandado de segurança: Preventivo: Quando estamos diante de ameaça ao direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de

poder. Repressivo: Quando a ilegalidade ou abuso de poder já foram praticados. Legitimidade ativa: a pessoa que ingressa em juízo com o mandado de segurança é denominado

impetrante, podendo ser qualquer pessoa física ou jurídica, que esteja sofrendo ou na autoridade pública em direito líquido e certo.

Legitimidade passiva: A pessoa em relação a quem é proposto o mandado de segurança é

denominada autoridade coatora, isto é, a autoridade ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público responsável pela violação ou ameaça de violação de direito líquido e certo. Equiparam-se às autoridades, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

Não cabe mandado de segurança contra: I- ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo, independentemente de caução; II- decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; III- decisão judicial transitada em

julgado. O mandado de segurança coletivo tem por finalidade a proteção de direito líquido e certo, não

amparado por habeas corpus ou habeas data, por ilegalidade ou abuso de poder referente à proteção ou reparação de interesses da coletividade.

O interesse pertence à categoria, o impetrante age como substituto processual – legitimação extraordinária sem necessidade de autorização expressa (impetram em seu nome, mas na defesa dos

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interesses de seus membros ou associados). É importante salientar que somente serão legitimados para a impetração do mandado de segurança

coletivo o disposto no inciso supracitado. São eles: - Partido político com representação no Congresso Nacional; - Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída há pelo menos um

ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. Deverão ser obedecidos todos os requisitos estabelecidos para que seja possível a impetração do

remédio constitucional. Cabe ressaltar que uma associação legalmente constituída há menos de um ano não pode impetrar mandado de segurança coletivo, pois há necessidade da constituição legal desta por, no mínimo, um ano. Ademais, há necessidade de que o objeto da tutela seja a defesa dos interesses dos membros ou associados, sob pena de não consagração do remédio constitucional supracitado.

Outrossim, para que os partidos políticos sejam legitimados ativos para a impetração de mandado de segurança coletivo há necessidade de que os mesmos possuam representação no Congresso Nacional.

Os direitos tutelados pelo mandado de segurança são: I- coletivos, assim entendidos, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou

categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica; II- individuais homogêneos, assim entendidos, os decorrentes de origem comum e da atividade ou

situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante (Lei n. 12.016/09, art. 21).

A impetração de mandado de segurança coletivo não impede a propositura de ações individuais, pois os direitos postulados são distintos.

Podemos citar como os dois maiores objetivos buscados com a criação do mandado de segurança coletivo o fortalecimento das organizações classistas e pacificar as relações sociais pela solução que o Judiciário dará a situações controvertidas que poderiam gerar milhares de litígios com a consequente desestabilização da ordem social.

Importante destacar alguns pontos relevantes da referida norma que devem ser objeto atento de

estudo: 1. Será concedido mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado

por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. (Art 1°)

2. Segundo entendimento de Hely Lopes Meireles, direito líquido e certo é o que se apresenta

manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. Por outras palavras, o direito invocado, para ser amparável por mandado de segurança, há de vir expresso em norma legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação ao impetrante: se a sua extensão ainda não estiver delimitada; se o seu exercício depender de situações e fatos ainda não indeterminados, não pode ser amparado por mandado de segurança, embora possa ser defendido por outros meios judiciais.

3. Os representantes ou órgãos de partidos políticos também são equiparados às autoridades, para

fins de impetração de Mandado de Segurança (artigo 1º, § 1º). 4. Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos

administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público (artigo 1º, § 2º).

5. O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá

impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente (artigo 3°).

6. Nos casos de urgência, o Mandado de Segurança poderá ser impetrado, também, por FAX ou

outro meio eletrônico de autenticidade comprovada (artigo 4º), devendo o texto original da petição ser apresentado nos 5 (cinco) dias úteis seguintes (§ 2º);

7. O artigo 5º traz hipóteses em que não será concedido mandado de segurança, quando se tratar:

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a) de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; b) de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; e

c) de decisão judicial transitada em julgado. 8. O artigo 6º dispõe que a petição inicial deverá indicar, também, a pessoa jurídica a quem a

autoridade coatora integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. 9. O § 1º do artigo 6º determina que “no caso em que o documento necessário à prova do alegado

se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição.”

10. A norma prevê expressamente que: a) considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane

a ordem para a sua prática (artigo 6º, § 3º); b) denega-se o mandado de segurança nos casos previstos pelo art. 267 do CPC (extinção do

processo sem resolução do mérito) (artigo 6º, § 5º); e c) o pedido de mandado de segurança poderá ser renovado, se a decisão denegatória não lhe houver

apreciado o mérito, mas no prazo decadencial de 120 (cento e vinte) dias (artigo 6º, § 6º); 11. Ao despachar à inicial, o Juiz ordenará, dentre outras coisas, que se dê ciência do feito ao órgão

de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito (artigo 7º, inciso II); e ordenará que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica (artigo 7º, inciso III);

12. Através desse mesmo artigo 7º, a atual lei do Mandado de Segurança dispõe que (§§ 1º ao 5º): a) da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar à liminar caberá agravo de

instrumento, observado o disposto no CPC; b) não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários

(regra já prevista no artigo 170-A do CTN), a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza;

c) os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da

sentença; d) deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento; e e) as vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo 7º se estendem à

tutela antecipada a que se referem os artigos 273 e 461 do CPC; 13. O artigo 8º traz regra que pretende evitar que o impetrante, caso obtenha a liminar, comece a tentar

procrastinar o andamento do feito, assim dispondo: “será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ‘ex officio’ ou a requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem.”

14. Findo o prazo para apresentação de informações, o Juiz ouvirá o Ministério Público dentro de

10 (dez) dias; com ou sem o parecer do MP, os autos serão conclusos ao Juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (trinta) dias (artigo 12).

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15.Concedido o mandado, o Juiz transmitirá o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada, por intermédio do oficial do juízo, pelo correio com AR, ou por FAX ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada (artigo 13).

16. Há previsão legal de extensão de recurso (apelação) à autoridade co-autora (artigo 14, § 2º). 17.A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente, salvo

nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar (artigo 14, § 3º). 18. O artigo 15 trata da possibilidade de cabimento de recurso de agravo, sem efeito suspensivo, e

do cabimento da chamada suspensão de segurança, quando, no prazo de 5 (cinco) dias, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso, suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença.

19. O artigo 18 determina que das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância

pelos tribunais cabe recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for denegada;

20. Já o artigo 19 dispõe que a sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem

decidir o mérito, não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais;

21. Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos

os atos judiciais, salvo ‘habeas corpus’ (artigo 20); 22. Na instância superior, os autos deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se

seguir à data em que forem conclusos ao relator, e o prazo para a conclusão não poderá exceder de 5 (cinco) dias (artigo 21, §§ 1º e 2º). A legislação anterior previa 24 (vinte e quatro) horas;

23. O Mandado de Segurança Coletivo, previsto no inciso LXX do artigo 5º da CF/88, agora é tratado

especificamente nos artigos 21 e 22 da Lei nº 12.016/09; 24. O artigo 25 determina que no processo de Mandado e Segurança não cabem a interposição de

embargos infringentes e a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé, prevendo, no âmbito legal, as Súmulas/STF nº 597 e 512, respectivamente.

LEI Nº 12.06, DE 7 DE AGOSTO DE 2009

Disciplina o mandado de segurança individual e coletivo e dá outras providências.

Art. 1° Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por

habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

§ 1° Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

§ 2° Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.

§ 3° Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança.

Art. 2° Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de ordem patrimonial do ato

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contra o qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela União ou entidade por ela controlada.

Art. 3° O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro

poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente.

Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta Lei, contado da notificação.

Art. 4° Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, impetrar mandado de

segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada. § 1° Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade por telegrama, radiograma ou outro

meio que assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência pela autoridade. § 2° O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5 (cinco) dias úteis seguintes. § 3° Para os fins deste artigo, em se tratando de documento eletrônico, serão observadas as regras

da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Art. 5° Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; III - de decisão judicial transitada em julgado. Parágrafo único. (VETADO) Art. 6° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será

apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

§ 1° No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição.

§ 2° Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação.

§ 3° Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática.

§ 4° (VETADO) § 5° Denega-se o mandado de segurança nos casos previstos pelo art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de

janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. § 6°O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a

decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito. Art. 7° Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada

com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações; II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada,

enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito; III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato

impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

§ 1° Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

§ 2° Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

§ 3° Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da sentença.

§ 4° Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento. § 5° As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à

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tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Art. 8° Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a requerimento do

Ministério Público quando, concedida a medida, o impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem.

Art. 9° As autoridades administrativas, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas da notificação da medida

liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou a quem tiver a representação judicial da União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como coatora cópia autenticada do mandado notificatório, assim como indicações e elementos outros necessários às providências a serem tomadas para a eventual suspensão da medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder.

Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de mandado

de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetração.

§ 1° Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação e, quando a competência para o julgamento do mandado de segurança couber originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão competente do tribunal que integre.

§ 2° O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial. Art. 11.Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos autos cópia

autêntica dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4° desta Lei, a comprovação da remessa.

Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7° desta Lei, o juiz ouvirá o

representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (dez) dias. Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz, para

a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (trinta) dias. Art. 13. Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do oficial do juízo, ou pelo

correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada.

Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o juiz observar o disposto no art. 4° desta Lei. Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. § 1° Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. § 2° Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer. § 3° A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente, salvo

nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar. § 4° O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença concessiva de

mandado de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial.

Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério

Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição.

§ 1° Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário.

§ 2° É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1° deste artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo.

§ 3° A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o

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poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo.

§ 4° O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.

§ 5° As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original.

Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do processo,

sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento. Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar caberá agravo ao

órgão competente do tribunal que integre. Art. 17. Nas decisões proferidas em mandado de segurança e nos respectivos recursos, quando não

publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do julgamento, o acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas, independentemente de revisão.

Art. 18. Das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância pelos tribunais cabe

recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for denegada.

Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem decidir o mérito, não

impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais. Art. 20. Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre

todos os atos judiciais, salvo habeas corpus. § 1° Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data

em que forem conclusos ao relator. § 2° O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias. Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação

no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser: I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de

que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros

do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. § 1° O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os

efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva.

§ 2° No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias,

contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Art. 24. Aplicam-se ao mandado de segurança os arts. 46 a 49 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de

1973 - Código de Processo Civil.

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Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé.

Art. 26. Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de

dezembro de 1940, o não cumprimento das decisões proferidas em mandado de segurança, sem prejuízo das sanções administrativas e da aplicação da Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950, quando cabíveis.

Art. 27. Os regimentos dos tribunais e, no que couber, as leis de organização judiciária deverão ser

adaptados às disposições desta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da sua publicação. Art. 28. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 29. Revogam-se as Leis nos 1.533, de 31 de dezembro de 1951, 4.166, de 4 de dezembro de

1962, 4.348, de 26 de junho de 1964, 5.021, de 9 de junho de 1966; o art. 3° da Lei no 6.014, de 27 de dezembro de 1973, o art. 1° da Lei no 6.071, de 3 de julho de 1974, o art. 12 da Lei no 6.978, de 19 de janeiro de 1982, e o art. 2° da Lei no 9.259, de 9 de janeiro de 1996.

Para uma melhor compreensão, é preciso estudar a epistemologia da palavra injunção, sendo que

esta veio do latim injunctio, que significa ordem formal, imposição, sua procedência vem da palavra injugere, que significa mandar, ordenar, impor um obrigação.

Um dos problemas fundamentais do direito constitucional atual está em encontrar meios adequados para tornar efetivos direitos, que por ausência de uma legislação integradora, permaneçam inócuos. A constituição vigente, na tentativa de coibir excessos de inaplicabilidade, vem inovar com esse remédio, sem precedente:

Art. 5o, LXXI – conceder-se-á o Mandado de Injunção sempre que a falta de norma regulamentadora

tornar inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania, à cidadania.

Assim aquele que se considerar titular de qualquer direito, liberdade ou prerrogativa, inviável por falta

de norma regulamentadora exigida ou imposta pela Constituição, poderá utilizar-se deste remédio. Finalidade O Mandado de Injunção toma por finalidades exigíveis e acionáveis os DIREITOS HUMANOS E SUAS

LIBERDADES que a Constituição não protege por falta de norma regulamentadora. Sendo o modo pelo qual se pode exigir a viabilidade do exercício dos direitos e das legalidades

constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à cidadania, à soberania, na falta de norma regulamentadora. O Mandado de Injunção, visa determinar a sua compulsoriedade.

A tutela do Mandado de Injunção alcança os direitos submetidos ao título II da Constituição, aí incluídos obviamente os direitos de nacionalidade, os políticos e também os relativos à soberania nacional, um direito individual dela extraído.

41 Mandado de Injunção

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O mandado de injunção tem por finalidade realizar concretamente em favor do impetrante o direito, liberdade ou prerrogativa, sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o seu exercício visando assegurar o exercício de qualquer direito ou liberdade constitucional não regulamentada.

Objetivo Com relação ao Mandado de Injunção, sendo ele procedente, dar-se-á ciência ao órgão incumbido de

elaborar a norma regulamentadora faltante, sob penalidade de, não a elaborando dentro do prazo estabelecido, sofrer alguma espécie de sanção, desde que esta seja possível.

Procedimentos Está disciplinado pela Lei 8.038/90: a) Se não houver necessidade de produção de prova, o procedimento será o mesmo do mandado de

segurança, por aplicação analógica. b) Se houver necessidade de dilatação probatória, o procedimento será o ordinário. Pressupostos a) a falta de norma regulamentadora do direito, liberdade ou prerrogativa reclamada; b) ser o impetrante beneficiário direto do direito, liberdade ou prerrogativa que postula em juízo.

O interesse de agir, mediante mandado de injunção, decorre da titularidade do bem reclamado, para que a sentença que o confira tenha direta utilidade para o demandante.

Efeitos O conteúdo da decisão consiste na outorga direta do direito reclamado. O impetrante age na busca direta do direito constitucional em seu favor, independentemente de

regulamentação.

Constituição Federal Art. 5º (...) LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne

inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

LEI Nº 8.038, DE 28 DE MAIO DE 1990

Institui normas procedimentais para os processos que especifica, perante o Superior Tribunal de

Justiça e o Supremo Tribunal Federal. (...)

CAPÍTULO V Outros Procedimentos

Art. 24 - Na ação rescisória, nos conflitos de competência, de jurisdição e de atribuições, na revisão

criminal e no mandado de segurança, será aplicada a legislação processual em vigor. Parágrafo único - No mandado de injunção e no habeas data, serão observadas, no que couber, as

normas do mandado de segurança, enquanto não editada legislação específica. Art. 25 - Salvo quando a causa tiver por fundamento matéria constitucional, compete ao Presidente do

Superior Tribunal de Justiça, a requerimento do Procurador-Geral da República ou da pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, suspender, em despacho fundamentado, a execução de liminar ou de decisão concessiva de mandado de segurança, proferida, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal.

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§ 1º - O Presidente pode ouvir o impetrante, em cinco dias, e o Procurador-Geral quando não for o requerente, em igual prazo.

§ 2º - Do despacho que conceder a suspensão caberá agravo regimental. § 3º - A suspensão de segurança vigorará enquanto pender o recurso, ficando sem efeito, se a decisão

concessiva for mantida pelo Superior Tribunal de Justiça ou transitar em julgado.

O Habeas Data é uma ação gratuita que goza de garantia constitucional, assegurando à todos os

cidadãos o acesso à informações que possam estar em registros ou bancos de dados governamentais ou que tenham caráter público, informações estas que devem ser relativas à própria pessoa, buscando sua proteção contra o uso abusivo destas informações, que possam ser adquiridas de forma fraudulenta ou ilícita.

Trata-se de uma garantia constitucional aos direitos à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem. Esta ação também permite o acesso e a retificação de informações referentes ao impetrante. Veja agora a fundamentação legal sobre o assunto:

Constituição Federal

Art. 5º (...) LXXII - conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de

registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou

administrativo; (...) LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos

necessários ao exercício da cidadania.

LEI Nº 9.507, DE 12 DE NOVEMBRO DE 199758 Regula o direito de acesso a informações e disciplina o rito processual do habeas data. Art. 1º (VETADO) Parágrafo único. Considera-se de caráter público todo registro ou banco de dados contendo

informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações.

Art. 2° O requerimento será apresentado ao órgão ou entidade depositária do registro ou banco de

dados e será deferido ou indeferido no prazo de quarenta e oito horas. Parágrafo único. A decisão será comunicada ao requerente em vinte e quatro horas.

58 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9507.htm, Acesso em: 10/07/2015.

42 Habeas Data

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Art. 3° Ao deferir o pedido, o depositário do registro ou do banco de dados marcará dia e hora para que o requerente tome conhecimento das informações.

Parágrafo único. (VETADO) Art. 4° Constatada a inexatidão de qualquer dado a seu respeito, o interessado, em petição

acompanhada de documentos comprobatórios, poderá requerer sua retificação. § 1° Feita a retificação em, no máximo, dez dias após a entrada do requerimento, a entidade ou órgão

depositário do registro ou da informação dará ciência ao interessado. § 2° Ainda que não se constate a inexatidão do dado, se o interessado apresentar explicação ou

contestação sobre o mesmo, justificando possível pendência sobre o fato objeto do dado, tal explicação será anotada no cadastro do interessado.

Art. 5° (VETADO) Art. 6° (VETADO) Art. 7° Conceder-se-á habeas data: I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de

registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público; II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou

administrativo; III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado

verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável. Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Código de Processo

Civil, será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda.

Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova: I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão; II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze

dias sem decisão. Art. 9° Ao despachar a inicial, o juiz ordenará que se notifique o coator do conteúdo da petição,

entregando-lhe a segunda via apresentada pelo impetrante, com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de dez dias, preste as informações que julgar necessárias.

Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, quando não for o caso de habeas data, ou se lhe faltar

algum dos requisitos previstos nesta Lei. Parágrafo único. Do despacho de indeferimento caberá recurso previsto no art. 15. Art. 11. Feita a notificação, o serventuário em cujo cartório corra o feito, juntará aos autos cópia

autêntica do ofício endereçado ao coator, bem como a prova da sua entrega a este ou da recusa, seja de recebê-lo, seja de dar recibo.

Art. 12. Findo o prazo a que se refere o art. 9°, e ouvido o representante do Ministério Público dentro

de cinco dias, os autos serão conclusos ao juiz para decisão a ser proferida em cinco dias. Art. 13. Na decisão, se julgar procedente o pedido, o juiz marcará data e horário para que o coator: I - apresente ao impetrante as informações a seu respeito, constantes de registros ou bancos de dadas;

ou II - apresente em juízo a prova da retificação ou da anotação feita nos assentamentos do impetrante. Art. 14. A decisão será comunicada ao coator, por correio, com aviso de recebimento, ou por telegrama,

radiograma ou telefonema, conforme o requerer o impetrante. Parágrafo único. Os originais, no caso de transmissão telegráfica, radiofônica ou telefônica deverão

ser apresentados à agência expedidora, com a firma do juiz devidamente reconhecida. Art. 15. Da sentença que conceder ou negar o habeas data cabe apelação.

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Parágrafo único. Quando a sentença conceder o habeas data, o recurso terá efeito meramente devolutivo.

Art. 16. Quando o habeas data for concedido e o Presidente do Tribunal ao qual competir o

conhecimento do recurso ordenar ao juiz a suspensão da execução da sentença, desse seu ato caberá agravo para o Tribunal a que presida.

Art. 17. Nos casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos demais Tribunais caberá ao

relator a instrução do processo. Art. 18. O pedido de habeas data poderá ser renovado se a decisão denegatória não lhe houver

apreciado o mérito. Art. 19. Os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto habeas-

corpus e mandado de segurança. Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que, feita a distribuição, forem conclusos ao relator.

Parágrafo único. O prazo para a conclusão não poderá exceder de vinte e quatro horas, a contar da distribuição.

Art. 20. O julgamento do habeas data compete: I - originariamente: a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos

Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;

b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal; c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio Tribunal ou de juiz federal; d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais

federais; e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do Estado; f) a juiz estadual, nos demais casos; II - em grau de recurso: a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão denegatória for proferida em única instância pelos

Tribunais Superiores; b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão for proferida em única instância pelos Tribunais

Regionais Federais; c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for proferida por juiz federal; d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territórios, conforme dispuserem a respectiva

Constituição e a lei que organizar a Justiça do Distrito Federal; III - mediante recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos na Constituição. Art. 21. São gratuitos o procedimento administrativo para acesso a informações e retificação de dados

e para anotação de justificação, bem como a ação de habeas data. Art. 22. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário.

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As ações declaratórias são aquelas ações que, na conformidade do Art. 4º do Código de Processo

Civil, visam a declarar a certeza de existência ou inexistência de relação jurídica, ou de autenticidade ou falsidade de documento. Seu objetivo sempre será uma relação jurídica59.

Finalidade Com a sentença que declara a existência ou inexistência de uma relação jurídica, a finalidade é sempre

alcançar uma certeza jurídica. Essa certeza deve ser emanada de uma sentença, pois, a mesma não poderá ser alcançada de outra forma. Só a sentença é revestida de autoridade de coisa julgada.

Condições de admissibilidade da ação declaratória 1. Possibilidade Jurídica - Haverá possibilidade jurídica quando a pretensão formulada pelo

contribuinte se ajustar ao objeto, ou seja: relação jurídica. 2. Legitimidade de Parte - A parte é legítima quando houver interesse em demandar objetivando uma

sentença procedente. No caso do sujeito passivo deve haver interesse em contestar a ação e obter uma sentença improcedente.

3. Interesse Processual - Na ação declaratória, o interesse processual é aquela circunstância de fato que o autor sem a manifestação da vontade da lei sofreria um dano. A declaração judicial positiva ou negativa evitaria um dano. O artigo 295, inciso III do Código Processual Civil preceitua que o Juiz pode indeferir a inicial quando a parte não demonstrar interesse processual. Enquanto não for prolatada sentença de mérito o Juiz poderá, sem provocação das partes, verificar o interesse processual.

E ainda: a) Competência - Em regra o juízo competente é do domicílio do Réu. No caso da relação jurídica

referir-se a direito real, deve prevalecer o juízo competente da situação do imóvel (artigo 95 do Código Processual Civil).

b) Partes - As partes envolvidas na relação processual devem ser individualizadas e caracterizadas a fim de que se lenha elementos suficientes, inclusive, para constatação da ilegitimidade de parte.

c) Fatos e fundamentos jurídicos - São os fatos expostos pelo autor da ação, onde o mesmo afirma que a vontade abstrata da lei se tornou concreta.

d) Pedido - O autor deve demonstrar claramente qual a relação jurídica que deve ser declarada. e) Valor da Causa - No Código Processual Civil não existe um dispositivo específico que trate da ação

declaratória, quanto ao valor da causa. Diz no artigo 258 que a toda causa será atribuída um valor certo. Isto significa que, em regra, o valor da causa na ação declaratória será o valor do tributo exigido.

f) Provas - A relação jurídica que se pretende ver declarada a sua existência ou não, deve vir acompanhada de provas.

g) Citação - Requerimento de citação e pedido de condenação.

59 Disponível em: http://www.garciaadvocacia.com.br/home/wp-content/uploads/2014/04/A%C3%A7%C3%A3o-declarat%C3%B3ria.pdf, Acesso em

14/07/2015.

43 Ação Declaratória. Declaratória Incidental

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AÇÃO DECLARATÓRIA INCIDENTAL A ação declaratória incidental60 é uma nova demanda no processo em andamento. É um novo pedido

feito pelo autor para transformar a questão prejudicial em questão principal, através da qual se constata uma cumulação de pedido ulterior. O intuito é fazer incidir os efeitos da coisa julgada sobre a questão incidental que se transformou em principal com a insurgência da ação declaratória incidental.

Tem previsão legal no artigo 5º, do Código de Processo Civil: Art. 5º. Se, no curso do processo, se tornar litigiosa relação jurídica de cuja existência ou inexistência

depender o julgamento da lide, qualquer das partes poderá requerer que o juiz a declare por sentença.

A ação discriminatória diz respeito à demarcação das chamadas terras devolutas61, assim entendidas

como definido na Lei de Terras (Lei n.º 601, de 18 de setembro de 1850), de forma ainda hoje aceita. Art. 3º São terras devolutas: §1º As que não se acharem aplicadas a algum uso público, nacional, provincial ou nacional; § 2º As que não se acharem no domínio particular por qualquer título, nem forem havidas por sesmarias

e outras concessões do Governo Geral ou Provincial, não incursas em comisso por falta de cumprimento das condições de mediação, confirmação e cultura;

§ 3º As que se acharem dadas por sesmarias ou outras concessões do Governo que, apesar de incursas em comisso, fossem revalidadas por esta Lei;

§ 4º As que não se acharem ocupadas por posses que, apesar de não se fundarem em título legal, forem legitimadas por esta Lei.

Quanto ao procedimento para a extremação das terras particulares das terras públicas devolutas, diz-

se que será administrativo ou judicial. O procedimento administrativo será iniciado por meio da publicação de um edital de convocação do

particular para que se habilite com os títulos que possuir a fim de que possa a União ou o Estado-Membro, como autor e parte ao mesmo tempo, examiná-los e, ao final, decidir sobre a separação e extremação do que é devoluto e particular.

Tanto o procedimento discriminatório administrativo quanto o judicial possui três fases, sumamente importantes:

a) a fase de convocação/citação dos terceiros interessados; b) a fase contenciosa, na qual se processam a contestação, a produção de provas, a instrução e,

finalmente, a publicação de sentença; c) a demarcatória, fase essa meramente administrativa, para o conhecimento físico e materialização

em campo da área discriminada.

60 Disponível em: http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2134572/o-que-se-entende-por-acao-declaratoria-incidental-camila-andrade, Acesso

em: 14/07/2015 61 CARVALHO, Francisco de Sales Vieira. Processo Discriminatório de Terras, Disponível em:

https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/87569/224920.pdf?sequence=1, Acesso em 14/07/2015.

44 Ação Discriminatória

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A ação discriminatória é a única ação no campo do direito que tem como objeto a extremação das terras particulares das terras públicas devolutas; nenhum outro país do mundo disciplina semelhante instituto jurídico.

FASES DA AÇÃO DISCRIMINATÓRIA (Procedimento Judicial) Fase Citatória: O processo discriminatório judicial, de competência da Justiça Federal, será promovido pelos

procuradores judiciais do INCRA, que representarão judicialmente a União, quando o processo discriminatório administrativo for dispensado ou interrompido por presumida ineficácia; contra aqueles que não atenderem ao edital de convocação ou à notificação (artigos 4º e 10 da presente Lei); e quando configurada a hipótese do art. 25 da Lei n.º 6383/76.

Para tanto, far-se-ão necessárias as seguintes providências: a) croqui do perímetro a ser trabalhado; b) plantas e/ou croquis dos perímetros confrontantes; c) lançar nas fotos aéreas o croqui do perímetro, fechando as divisas dos mesmos com base nos

perímetros confrontantes, respeitando-se as divisas dos perímetros já discriminados; d) consultar todo o material cartográfico disponível, sobre a região, observando-se as divisas territoriais

de distritos e municípios, círculos municipais, estradas e rodovias públicas, restrições ambientais, limites dos terrenos de marinhas etc.;

e) em se tratando de perímetro no qual houve desistência ou improcedência da ação, preliminarmente coletar os elementos fundamentais do processo anterior, observando os motivos pelos quais a Fazenda do Estado desistiu da ação, o despacho referente à desistência ou a sentença que julgou a improcedência.

De posse dos elementos colhidos nos procedimentos mencionados neste item, proceder-se-á às seguintes atividades:

Técnicas: a) cadastro da malha fundiária do perímetro; b) coleta de documentos; c) elaboração de over-lay (planta preliminar); Jurídicas: a) análise dos documentos apresentados; b) busca em cartório dos documentos relativos a cada imóvel (gleba) retroagindo, se possível, a 1916; c) elaboração das cadeias sucessórias dos imóveis; d) elaboração e revisão do rol de ocupantes com base nos documentos apresentados. Após a coleta dos dados necessários, inclusive quanto aos indícios de terras devolutas na área que

se pretende discriminar, poderá o Poder Público ingressar em juízo com a competente ação discriminatória.

Toda a documentação deverá acompanhar o pedido inicial intentado pela Fazenda do Estado, bem como todos os trabalhos técnicos e jurídicos que subsidiam a propositura da ação e que, adiante e no momento oportuno, serão detalhadamente explicitados.

Essa documentação que acompanha a peça inicial é denominada pelos doutrinadores de percurso prévio.

Como produto final, obter-se-á: a) Laudo do Percurso Prévio, constando o perímetro com suas características e confrontações certas

ou aproximadas, aproveitando, em princípio, os acidentes naturais, o rol de ocupantes, com área aproximada e cadeia sucessória;

b) Over-lay do perímetro com a malha fundiária; c) Memorial descritivo do perímetro. Instruída, recebida e autuada a petição inicial, passa-se à citação

por edital, convocando todos os interessados a contestarem o pedido inicial formulado pela Fazenda do Estado que, necessariamente, indicara as áreas a serem declaradas como devolutas.

Fase Contenciosa Esta fase visa subsidiar os trabalhos dos peritos nomeados, por meio do contraditório, na elaboração

do Laudo de Demarcação para extremar, nas ações discriminatórias judiciais, as terras julgadas devolutas daquelas julgadas particulares, por força de sentença com trânsito em julgado.

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Oportuniza-se ao particular o oferecimento de defesa e a produção das provas que tiver, observando o disposto no Código de Processo Civil para o rito sumário, de acordo com o art. 3º da Lei 6.383/76.

Por força do art. 20 § 2º da Lei 6.383/76, em se tratando de ação discriminatória ajuizada pelo Estado de São Paulo, cabe à Procuradoria Geral do Estado o acompanhamento da ação até a homologação judicial da demarcação.

Fase Demarcatória Na fase de demarcação procede-se efetivamente à delimitação física, materializando no solo os limites

resultantes da sentença, realizando-se a separação física das terras declaradas pela sentença como devolutas, daquelas de domínio particular.

Procedimentos preliminares: a) obtenção de croqui (montagem do over-lay) do perímetro a ser demarcado; b) obtenção de plantas e/ou croquis dos perímetros confrontantes; c) lançar nas fotos aéreas o croqui do perímetro, fechando com perímetros confrontantes, respeitando

as divisas dos perímetros já discriminados; d) consultar todo o material cartográfico disponível, sobre a região, observando-se as divisas territoriais

de distritos e municípios. Círculos municipais, estradas e rodovias públicas, restrições ambientais, limites dos terrenos de marinhas etc.;

De posse dos elementos colhidos, proceder-se-á as seguintes atividades técnicas: a) Cadastro e identificação em campo da linha divisória das áreas devolutas e particulares; b) Apresentação de planta e memoriais descritivos das referidas áreas, para o perito elaborar o Laudo

de Demarcação. A fase demarcatória seguirá, no que couber, o disposto nos artigos 946 a 966 do Código de Processo

Civil.

Obs. LEI N. 3.081 DE 22 DE DEZEMBRO DE 1956 - Regula o processo nas ações discriminatórias de terras públicas. REVOGADA pela Lei 6.383/1976 a seguir:

LEI Nº 6.383, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1976

Dispõe sobre o Processo Discriminatório de Terras Devolutas da União, e dá outras Providências.

CAPÍTULO I

Das Disposições Preliminares Art. 1º - O processo discriminatório das terras devolutas da União será regulado por esta Lei. Parágrafo único. O processo discriminatório será administrativo ou judicial.

CAPÍTULO II Do Processo Administrativo

Art. 2º - O processo discriminatório administrativo será instaurado por Comissões Especiais

constituídas de três membros, a saber: um bacharel em direito do Serviço Jurídico do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, que a presidirá; um engenheiro agrônomo e um outro funcionário que exercerá as funções de secretário.

§ 1º - As Comissões Especiais serão criadas por ato do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

- INCRA, e terão jurisdição e sede estabelecidas no respectivo ato de criação, ficando os seus presidentes investidos de poderes de representação da União, para promover o processo discriminatório administrativo previsto nesta Lei.

§ 2º - O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, no prazo de 30 (trinta) dias após a vigência desta Lei, baixará Instruções Normativas, dispondo, inclusive, sobre o apoio administrativo às Comissões Especiais.

Art. 3º - A Comissão Especial instruirá inicialmente o processo com memorial descritivo da área, no

qual constará: I - o perímetro com suas características e confinância, certa ou aproximada, aproveitando, em princípio,

os acidentes naturais;

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II - a indicação de registro da transcrição das propriedades; III - o rol das ocupações conhecidas; IV - o esboço circunstanciado da gleba a ser discriminada ou seu levantamento aerofotogramétrico; V - outras informações de interesse. Art. 4º - O presidente da Comissão Especial convocará os interessados para apresentarem, no prazo

de 60 (sessenta) dias e em local a ser fixado no edital de convocação, seus títulos, documentos, informações de interesse e, se for o caso, testemunhas.

§ 1º - Consideram-se de interesse as informações relativas à origem e sequência dos títulos, localização, valor estimado e área certa ou aproximada das terras de quem se julgar legítimo proprietário ou ocupante; suas confrontações e nome dos confrontantes; natureza, qualidade e valor das benfeitorias; culturas e criações nelas existentes; financiamento e ônus incidentes sobre o imóvel e comprovantes de impostos pagos, se houver.

§ 2º - O edital de convocação conterá a delimitação perimétrica da área a ser discriminada com suas características e será dirigido, nominalmente, a todos os interessados, proprietários, ocupantes, confinantes certos e respectivos cônjuges, bem como aos demais interessados incertos ou desconhecidos.

§ 3º - O edital deverá ter a maior divulgação possível, observado o seguinte procedimento: a) afixação em lugar público na sede dos municípios e distritos, onde se situar a área nele indicada; b) publicação simultânea, por duas vezes, no Diário Oficial da União, nos órgãos oficiais do Estado ou

Território Federal e na imprensa local, onde houver, com intervalo mínimo de 8 (oito) e máximo de 15 (quinze) dias entre a primeira e a segunda.

§ 4º - O prazo de apresentação dos interessados será contado a partir da segunda publicação no Diário Oficial da União.

Art. 5º - A Comissão Especial autuará e processará a documentação recebida de cada interessado,

em separado, de modo a ficar bem caracterizado o domínio ou a ocupação com suas respectivas confrontações.

§ 1º - Quando se apresentarem dois ou mais interessados no mesmo imóvel, ou parte dele, a Comissão Especial procederá à apensação dos processos.

§ 2º - Serão tomadas por termo as declarações dos interessados e, se for o caso, os depoimentos de testemunhas previamente arroladas.

Art. 6º - Constituído o processo, deverá ser realizada, desde logo, obrigatoriamente, a vistoria para

identificação dos imóveis e, se forem necessárias, outras diligências. Art. 7º - Encerrado o prazo estabelecido no edital de convocação, o presidente da Comissão Especial,

dentro de 30 (trinta) dias improrrogáveis, deverá pronunciar-se sobre as alegações, títulos de domínio, documentos dos interessados e boa-fé das ocupações, mandando lavrar os respectivos termos.

Art. 8º - Reconhecida a existência de dúvida sobre a legitimidade do título, o presidente da Comissão

Especial reduzirá a termo as irregularidades encontradas, encaminhando-o à Procuradoria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, para propositura da ação competente.

Art. 9º - Encontradas ocupações, legitimáveis ou não, serão lavrados os respectivos termos de

identificação, que serão encaminhados ao órgão competente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, para as providências cabíveis.

Art. 10 - Serão notificados, por ofício, os interessados e seus cônjuges para, no prazo não inferior a 8

(oito) nem superior a 30 (trinta) dias, a contar da juntada ao processo do recibo de notificação, celebrarem com a União os termos cabíveis.

Art. 11 - Celebrado, em cada caso, o termo que couber, o presidente da Comissão Especial designará

agrimensor para, em dia e hora avençados com os interessados, iniciar o levantamento geodésico e topográfico das terras objeto de discriminação, ao fim da qual determinará a demarcação das terras devolutas, bem como, se for o caso, das retificações objeto de acordo.

§ 1º - Aos interessados será permitido indicar um perito para colaborar com o agrimensor designado. § 2º - A designação do perito, a que se refere o parágrafo anterior, deverá ser feita até a véspera do

dia fixado para início do levantamento geodésico e topográfico.

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Art. 12 - Concluídos os trabalhos demarcatórios, o presidente da Comissão Especial mandará lavrar o termo de encerramento da discriminação administrativa, do qual constarão, obrigatoriamente:

I - o mapa detalhado da área discriminada; II - o rol de terras devolutas apuradas, com suas respectivas confrontações; III - a descrição dos acordos realizados; IV - a relação das áreas com titulação transcrita no Registro de Imóveis, cujos presumidos proprietários

ou ocupantes não atenderam ao edital de convocação ou à notificação (artigos 4º e 10 desta Lei); V - o rol das ocupações legitimáveis; VI - o rol das propriedades reconhecidas; e VII - a relação dos imóveis cujos títulos suscitaram dúvidas. Art. 13 - Encerrado o processo discriminatório, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

- INCRA providenciará o registro, em nome da União, das terras devolutas discriminadas, definidas em lei, como bens da União.

Parágrafo único. Caberá ao oficial do Registro de Imóveis proceder à matrícula e ao registro da área devoluta discriminada em nome da União.

Art. 14 - O não-atendimento ao edital de convocação ou à notificação (artigos 4º e 10 da presente Lei)

estabelece a presunção de discordância e acarretará imediata propositura da ação judicial prevista no art. 19, II.

Parágrafo único. Os presumíveis proprietários e ocupantes, nas condições do presente artigo, não terão acesso ao crédito oficial ou aos benefícios de incentivos fiscais, bem como terão cancelados os respectivos cadastros rurais junto ao órgão competente.

Art. 15 - O presidente da Comissão Especial comunicará a instauração do processo discriminatório

administrativo a todos os oficiais de Registro de Imóveis da jurisdição. Art. 16 - Uma vez instaurado o processo discriminatório administrativo, o oficial do Registro de Imóveis

não efetuará matrícula, registro, inscrição ou averbação estranhas à discriminação, relativamente aos imóveis situados, total ou parcialmente, dentro da área discriminada, sem que desses atos tome prévio conhecimento o presidente da Comissão Especial.

Parágrafo único. Contra os atos praticados com infração do disposto no presente artigo, o presidente da Comissão Especial solicitará que a Procuradoria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA utilize os instrumentos previstos no Código de Processo Civil, incorrendo o oficial do Registro de Imóveis infrator nas penas do crime de prevaricação.

Art. 17 - Os particulares não pagam custas no processo administrativo, salvo para serviços de

demarcação e diligências a seu exclusivo interesse.

CAPÍTULO III Do Processo Judicial

Art. 18 - O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA fica investido de poderes de

representação da União, para promover a discriminação judicial das terras devolutas da União. Art. 19 - O processo discriminatório judicial será promovido: I - quando o processo discriminatório administrativo for dispensado ou interrompido por presumida

ineficácia; II - contra aqueles que não atenderem ao edital de convocação ou à notificação (artigos 4º e 10 da

presente Lei); e III - quando configurada a hipótese do art. 25 desta Lei. Parágrafo único. Compete à Justiça Federal processar e julgar o processo discriminatório judicial

regulado nesta Lei. Art. 20 - No processo discriminatório judicial será observado o procedimento sumaríssimo de que trata

o Código de Processo Civil. § 1º - A petição inicial será instruída com o memorial descritivo da área, de que trata o art. 3º desta

Lei.

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§ 2º - A citação será feita por edital, observados os prazos e condições estabelecidos no art. 4º desta Lei.

Art. 21 - Da sentença proferida caberá apelação somente no efeito devolutivo, facultada a execução

provisória. Art. 22 - A demarcação da área será procedida, ainda que em execução provisória da sentença,

valendo esta, para efeitos de registro, como título de propriedade. Parágrafo único. Na demarcação observar-se-á, no que couber, o procedimento prescrito nos artigos

959 a 966 do Código de Processo Civil. Art. 23 - O processo discriminatório judicial tem caráter preferencial e prejudicial em relação às ações

em andamento, referentes a domínio ou posse de imóveis situados, no todo ou em parte, na área discriminada, determinando o imediato deslocamento da competência para a Justiça Federal.

Parágrafo único. Nas ações em que a União não for parte, dar-se-á, para os efeitos previstos neste artigo, a sua intervenção.

CAPÍTULO IV

Das Disposições Gerais e Finais Art. 24 - Iniciado o processo discriminatório, não poderão alterar-se quaisquer divisas na área

discriminada, sendo defesa a derrubada da cobertura vegetal, a construção de cercas e transferências de benfeitorias a qualquer título, sem assentimento do representante da União.

Art. 25 - A infração ao disposto no artigo anterior constituirá atentado, cabendo a aplicação das

medidas cautelares previstas no Código de Processo Civil. Art. 26 - No processo discriminatório judicial os vencidos pagarão as custas a que houverem dado

causa e participarão pro rata das despesas da demarcação, considerada a extensão da linha ou linhas de confrontação com as áreas públicas.

Art. 27 - O processo discriminatório previsto nesta Lei aplicar-se-á, no que couber, às terras devolutas

estaduais, observado o seguinte: I - na instância administrativa, por intermédio de órgão estadual específico, ou através do Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, mediante convênio; II - na instância judicial, na conformidade do que dispuser a Lei de Organização Judiciária local. Art. 28 - Sempre que se apurar, através de pesquisa nos registros públicos, a inexistência de domínio

particular em áreas rurais declaradas indispensáveis à segurança e ao desenvolvimento nacionais, a União, desde logo, as arrecadará mediante ato do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, do qual constará:

I - a circunscrição judiciária ou administrativa em que está situado o imóvel, conforme o critério adotado pela legislação local;

II - a eventual denominação, as características e confrontações do imóvel. § 1º - A autoridade que promover a pesquisa, para fins deste artigo, instruirá o processo de

arrecadação com certidão negativa comprobatória da inexistência de domínio particular, expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis, certidões do Serviço do Patrimônio da União e do órgão estadual competente que comprovem não haver contestação ou reclamação administrativa promovida por terceiros, quanto ao domínio e posse do imóvel.

§ 2º - As certidões negativas mencionadas neste artigo consignarão expressamente a sua finalidade. Art. 29 - O ocupante de terras públicas, que as tenha tornado produtivas com o seu trabalho e o de

sua família, fará jus à legitimação da posse de área contínua até 100 (cem) hectares, desde que preencha os seguintes requisitos:

I - não seja proprietário de imóvel rural; II - comprove a morada permanente e cultura efetiva, pelo prazo mínimo de 1 (um) ano. § 1º - A legitimação da posse de que trata o presente artigo consistirá no fornecimento de uma Licença

de Ocupação, pelo prazo mínimo de mais 4 (quatro) anos, findo o qual o ocupante terá a preferência para

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aquisição do lote, pelo valor histórico da terra nua, satisfeitos os requisitos de morada permanente e cultura efetiva e comprovada a sua capacidade para desenvolver a área ocupada.

§ 2º - Aos portadores de Licenças de Ocupação, concedidas na forma da legislação anterior, será assegurada a preferência para aquisição de área até 100 (cem) hectares, nas condições do parágrafo anterior, e, o que exceder esse limite, pelo valor atual da terra nua.

§ 3º - A Licença de Ocupação será intransferível inter vivos e inegociável, não podendo ser objeto de penhora e arresto.

Art. 30 - A Licença de Ocupação dará acesso aos financiamentos concedidos pelas instituições

financeiras integrantes do Sistema Nacional de Crédito Rural. § 1º - As obrigações assumidas pelo detentor de Licença de Ocupação serão garantidas pelo Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA. § 2º - Ocorrendo inadimplência do favorecido, o Instituto Nacional de colonização e Reforma Agrária -

INCRA cancelará a Licença de Ocupação e providenciará a alienação do imóvel, na forma da lei, a fim de ressarcir-se do que houver assegurado.

Art. 31 - A União poderá, por necessidade ou utilidade pública, em qualquer tempo que necessitar do

imóvel, cancelar a Licença de Ocupação e imitir-se na posse do mesmo, promovendo, sumariamente, a sua desocupação no prazo de 180 (cento e oitenta) dias.

§ 1º - As benfeitorias existentes serão indenizadas pela importância fixada através de avaliação pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, considerados os valores declarados para fins de cadastro.

§ 2º - Caso o interessado se recuse a receber o valor estipulado, o mesmo será depositado em juízo. § 3º - O portador da Licença de Ocupação, na hipótese prevista no presente artigo, fará jus, se o

desejar, à instalação em outra gleba da União, assegurada a indenização, de que trata o § 1º deste artigo, e computados os prazos de morada habitual e cultura efetiva da antiga ocupação.

Art. 32 - Não se aplica aos imóveis rurais o disposto nos artigos 19 a 31, 127 a 133, 139, 140 e 159 a

174 do Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946. Art. 33 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, aplicando-se, desde logo, aos processos

pendentes. Art. 34 - Revogam-se a Lei nº 3.081, de 22 de dezembro de 1956, e as demais disposições em

contrário.

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O procedimento de usucapião, apesar de estar previsto no Livro IV do CPC, referente aos

Procedimentos Especiais, deve ser reconhecido como um procedimento ordinário62. Petição inicial Para se ajuizar a ação de usucapião é necessário que, ao peticionar, o autor descreva, em todas as

suas minúcias o imóvel usucapiendo (área, confrontações, nome dos confinantes, etc.), sendo que: 1. Deverá anexar planta do imóvel feita por engenheiro (não é suficiente simples croquis), bem como,

a certidão de registro do imóvel (mesmo não sendo exigida por lei, sua demonstração é bastante usual); 2. Deverá mencionar o tempo de exercício da posse, bem como as características necessárias para o

reconhecimento do usucapião (“animus domini”, posse mansa, pacífica e ininterrupta, etc.); 3. Deverá requerer todas as citações e intimações que a lei exigir e que serão aqui explanadas em

ocasião oportuna. Depois disto, seguirá a ação nos mesmos termos do procedimento ordinário. Legitimação ativa Não existe qualquer exigência especial quanto ao legitimado ativo para a ação de usucapião. Dessa

forma, o usucapiente pode ser qualquer pessoa que tenha capacidade de direitos na órbita civil. Mesmo os absolutamente incapazes podem propor ação de usucapião, desde que representados por quem a lei indicar.

Competência Dúvida não existe sobre a questão: o foro competente para a ação de usucapião, por força do art. 95

do CPC é o da situação do imóvel. Peculiaridade existe aqui, caso a União, autarquias ou empresas públicas federais sejam parte na

demanda ou demonstrem interesse no imóvel. Por força de norma constitucional (art. 109, I), a competência não mais será da Justiça Estadual, mas sim da Justiça Federal.

Citações Necessárias O dispositivo processual (art. 942 CPC) impõe a citação daquele em cujo nome estiver registrado o

imóvel usucapiendo, bem como dos confinantes e, por edital, dos réus em lugar incerto e dos eventuais interessados. Todos estes formam então um litisconsórcio necessário no lado passivo da demanda.

Quanto à citação pessoal do réu, é condição essencial para a ação de usucapião, sob pena de nulidade absoluta, a citação daquele em cujo nome estiver transcrito o imóvel. A jurisprudência e a doutrina são pacíficas neste sentido. Caso não seja citado, a sentença, em relação a ele, não terá força de coisa julgada, podendo reivindicar o imóvel por ação ordinária, sendo desnecessária a rescisória.

62 MIRON, Rafael Brum. O procedimento da Ação de Usucapião depois da Lei n.º 8.951/94. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, III, n. 9, maio 2002. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4017. Acesso em 10/07/2015.

45 Ação de Usucapião

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Um detalhe importante a ser citado aqui já estava consagrado na jurisprudência: caso nenhum “réu” ausente, incerto ou desconhecido aparecer – ou eventual interessado atualmente – não há necessidade da nomeação de um curador especial. Isto pois é impossível defender os interesses de alguém que nem ao menos se pode identificar.

Conforme o inciso I do § 1º do art. 10 do CPC, é necessário ainda a citação dos cônjuges dos réus. Isto porque o usucapião trata de direitos reais imobiliários.

Audiência de Conciliação Silenciando-se a legislação neste ponto, surgem dúvidas sobre a obrigatoriedade da audiência de

conciliação. Seguindo a linha de que a ação de usucapião é, atualmente, de rito ordinário, não há como negar a sua necessidade.

Dessa forma, se contestada a ação, deve o juiz designar a audiência com o intuito de promover a conciliação entre as partes. Sendo esta infrutífera, deverá fixar os pontos controvertidos e designar a audiência de instrução e julgamento. Apenas se incontestada a ação é que este ato não será considerado necessário ao processo.

Julgamento antecipado da lide Entende ser perfeitamente cabível, tendo em vista as seguintes razões: a) o procedimento da ação de usucapião é o ordinário; b) trata-se de matéria de natureza patrimonial, portanto, disponível; c) cabe aplicação, por analogia, da tutela antecipada, isto é, existindo prova inequívoca da alegação. Embora cabível, é de difícil ocorrência o julgamento antecipado, já que a prova inequívoca que se

exige não será obtida na maioria dos casos antes da fase de instrução do pleito. No entanto, estando esta presente, como nos casos em que o mérito da questão já fora julgado em outro processo, é de se admitir o julgamento antecipado.

Prazos No silêncio a respeito do prazo de resposta, recorre-se ao que preceitua o procedimento ordinário.

Dessa forma, é de quinze dias o prazo da contestação (art. 297 CPC). Diante do grande número de réus em litisconsórcio necessário, na maioria dos casos incidirá o disposto no art. 191 que prevê prazo em dobro quando os litisconsortes estiverem representados por patronos diferentes.

Sentença O direito de propriedade sobre o imóvel usucapido existe independente da sentença, desde o momento

em que estiverem presentes os requisitos exigidos por lei. Dessa forma, a sentença é declaratória e tem efeito ex tunc.

Com o trânsito em julgado da sentença o juiz expede o mandado de registro do domínio. Quanto ao recurso cabível, a sentença de usucapião é apelável e este recurso terá efeito tanto devolutivo como suspensivo, por não estar previsto nos casos do art. 520 em que se estipula apenas o efeito devolutivo.

Obrigações fiscais O art. 945, in fine, dá como condição ao registro a satisfação das obrigações fiscais. Na usucapião não

existe a transmissão do bem, visto ser este um modo de aquisição originária da propriedade. Com isto, não incidiria o imposto de transmissão inter vivos, por falta da ocorrência do fato gerador da transmissão, necessário para a configuração do tributo.

A conclusão a que se chega é que o legislador cometeu um erro ao condicionar a transcrição do direito ao pagamento das obrigações fiscais.

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Código de Processo Civil

CAPÍTULO VII DA AÇÃO DE USUCAPIÃO DE TERRAS PARTICULARES

Art. 941. Compete a ação de usucapião ao possuidor para que se Ihe declare, nos termos da lei, o

domínio do imóvel ou a servidão predial. Art. 942. O autor, expondo na petição inicial o fundamento do pedido e juntando planta do imóvel,

requererá a citação daquele em cujo nome estiver registrado o imóvel usucapiendo, bem como dos confinantes e, por edital, dos réus em lugar incerto e dos eventuais interessados, observado quanto ao prazo o disposto no inciso IV do art. 232.

Art. 943. Serão intimados por via postal, para que manifestem interesse na causa, os representantes

da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. Art. 944. Intervirá obrigatoriamente em todos os atos do processo o Ministério Público. Art. 945. A sentença, que julgar procedente a ação, será transcrita, mediante mandado, no registro de

imóveis, satisfeitas as obrigações fiscais.

A ação de consignação em pagamento é um meio de extinção das obrigações. Ela representa uma forma compulsória de pagamento que a lei confere ao devedor para cumprir a sua

obrigação recusada pelo credor ou por qualquer outra circunstância que dificulte o pagamento ou torne duvidosa sua legitimidade.

A consignação em pagamento poderá ser realizada, sempre que, segundo o art. 973, CC: a) o credor, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na forma devida; b) o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condições devidas; c) o credor for desconhecido, estiver declarado ausente, ou residir em lugar incerto, ou de acesso

perigoso ou difícil; d) ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; e) se pender litígio sobre o objeto do pagamento; f) houver concurso de preferência aberto contra o credor, ou se ele for incapaz de receber o

pagamento. Possui legitimidade para ingressar com a ação de consignação em pagamento tanto o devedor quanto

terceiros interessados em quitar a dívida em nome e por conta do devedor. O demandado será sempre o devedor, e, se for o caso, seus herdeiros ou sucessores.

Procedimentos A ação de consignação em pagamento possui três modalidades de procedimentos distintos: I - consignação fundada na recusa em receber; II - consignação fundada na dúvida sobre quem deva legitimamente receber;

46 Ação de Consignação em Pagamento

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III - consignação de aluguéis. Consignação fundada na recusa em receber Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o devedor ou terceiro optar pelo depósito da quantia

devida, em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, em conta com correção monetária, cientificando-se o credor por carta com aviso de recepção, assinado o prazo de 10 dias para a manifestação de recusa. Decorrido este prazo, sem a manifestação de recusa, reputar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada.

Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, o devedor ou terceiro poderá propor, dentro de 30 dias, a ação de consignação, instruindo a inicial com a prova do depósito e da recusa. Em não sendo proposta a ação no prazo de 30 dias, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante.

Em conformidade com o art. 891, requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, tanto que se efetue o depósito, os juros e os riscos, salvo se for julgada improcedente. Quando a coisa devida for corpo que deva ser entregue no lugar em que está, poderá o devedor requerer a consignação no foro em que ela se encontra.

Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira, pode o devedor continuar a consignar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados até 5 dias, contados da data do vencimento.

De acordo com o art. 894, se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor o faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito.

Em conformidade com o art. 896, na contestação, o réu poderá alegar, no prazo de 15 dias, que: I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida; II - foi justa a recusa; III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; IV - o depósito não é integral. No caso do inciso IV, a alegação será admissível se o réu indicar o montante que entende devido. Não

oferecida a contestação, e ocorrentes os efeitos da revelia, o juiz julgará procedente o pedido, declarará extinta a obrigação e condenará o réu nas custas e honorários advocatícios. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação.

Consignação fundada na dúvida sobre quem deva legitimamente receber Na hipótese da consignação fundada na dúvida sobre quem deva legitimamente receber, o devedor

paga dentro do prazo para o pagamento. Todavia, vem a consignar o devido, uma vez que tem dúvidas sobre quem deva receber o montante da dívida.

Nesse sentido, determina o art. 895, CPC, que se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos que o disputam para provarem o seu direito. Mesmo que o devedor desconheça por completo quem seja o credor, ele pode requerer a consignação fundada na dúvida sobre quem deva legitimamente receber.

Quando a consignação se fundar em dúvida sobre quem deva legitimamente receber, não comparecendo nenhum pretendente, converter-se-á o depósito em arrecadação de bens de ausentes; comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano; comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os credores; caso em que se observará o procedimento ordinário.

Quando na contestação o réu alegar que o depósito não é integral, é lícito ao autor completá-lo, dentro em 10 dias, salvo se corresponder a prestação, cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato.

Alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida.

A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido, e, neste caso, valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe a execução nos mesmos autos.

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CAPÍTULO I DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

Art. 890. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento,

a consignação da quantia ou da coisa devida. § 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o devedor ou terceiro optar pelo depósito da quantia

devida, em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, em conta com correção monetária, cientificando-se o credor por carta com aviso de recepção, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa.

§ 2o Decorrido o prazo referido no parágrafo anterior, sem a manifestação de recusa, reputar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada.

§ 3o Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, o devedor ou terceiro poderá propor, dentro de 30 (trinta) dias, a ação de consignação, instruindo a inicial com a prova do depósito e da recusa.

§ 4o Não proposta a ação no prazo do parágrafo anterior, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante.

Art. 891. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, tanto que

se efetue o depósito, os juros e os riscos, salvo se for julgada improcedente. Parágrafo único. Quando a coisa devida for corpo que deva ser entregue no lugar em que está, poderá

o devedor requerer a consignação no foro em que ela se encontra. Art. 892. Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira, pode o devedor

continuar a consignar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados até 5 (cinco) dias, contados da data do vencimento.

Art. 893. O autor, na petição inicial, requererá: I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do

deferimento, ressalvada a hipótese do § 3o do art. 890; II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer resposta. Art. 894. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será este

citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor o faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito.

Art. 895. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o

depósito e a citação dos que o disputam para provarem o seu direito. Art. 896. Na contestação, o réu poderá alegar que: I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida; II - foi justa a recusa; III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; IV - o depósito não é integral. Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação será admissível se o réu indicar o montante que

entende devido. Art. 897. Não oferecida a contestação, e ocorrentes os efeitos da revelia, o juiz julgará procedente o

pedido, declarará extinta a obrigação e condenará o réu nas custas e honorários advocatícios. Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação. Art. 898. Quando a consignação se fundar em dúvida sobre quem deva legitimamente receber, não

comparecendo nenhum pretendente, converter-se-á o depósito em arrecadação de bens de ausentes; comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano; comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os credores; caso em que se observará o procedimento ordinário.

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Art. 899. Quando na contestação o réu alegar que o depósito não é integral, é lícito ao autor completá-lo, dentro em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação, cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato.

§ 1o Alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida.

§ 2o A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido, e, neste caso, valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe a execução nos mesmos autos.

Art. 900. Aplica-se o procedimento estabelecido neste Capítulo, no que couber, ao resgate do

aforamento.

Ação de Despejo

A Ação de Despejo é regulada pela chamada Lei do Inquilinato ou Lei 8.245/1991 e dispõe sobre

locação de imóveis urbanos e os procedimentos que envolvem este tipo de locação, aí incluído o despejo, consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação, revisionais de aluguel e renovatórias de locação. Os demais tipos de locação são regulados pelas regras do Código Civil.

Atenção: A Lei 8.245/1991 trata apenas das

locações de IMÓVEIS URBANOS!!!

A ação de despejo se configura como um meio jurídico que visa permitir ao locador reaver o imóvel

que está em posse do locatário. O procedimento a ser adotado na ação de despejo será sempre o ordinário, excluindo a possibilidade

de adoção dos procedimentos sumário e especial. O foro competente para as ações em matéria locacional é o do lugar do imóvel, permitindo melhor

análise pelo juiz e diminuindo despesas das partes. Porém trata-se de competência relativa, podendo as partes eleger outro foro, desde que formalizado em contrato escrito.

É importante ter em mente que o contrato de locação não é solene, podendo ser realizado verbalmente, sendo que a própria Lei do inquilinato trata das situações em que o contrato é realizado nestes moldes.

Dois conceitos também são importantes: denúncia vazia ou imotivada é a possibilidade do locador retomar o imóvel sem justificativa, extinguindo o contrato de locação apenas pela vontade de quem loca em razão do término do prazo de locação. Ao contrário, quando há motivo para retomada do imóvel e extinção do contrato de locação, (que não o término do prazo), a exemplo de descumprimento de cláusulas contratuais, trata-se de denúncia cheia ou motivada.

47 Ação de Despejo e Renovatória

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Para evitar que ocorra o despejo, o inquilino precisa fazer a chamada “purga da mora”, ou seja quitar os débitos junto com juros, multa correção, honorários advocatícios, custas judiciais e condomínio, se for o caso, e assim a ação será extinta. A grande diferença surgida com a nova legislação é que o devedor não terá esse direito durante 24 meses e portanto terá que se manter com os pagamentos em dia para não sofrer o despejo imediato. Para o fiador também criou-se uma regulamentação que o permite desistir de fazer parte do contrato63.

O inquilino inadimplente precisa providenciar rapidamente a viabilidade do pagamento, pois os procedimentos para o pedido de despejo ficaram mais simples: Nas locações em que não tiver sido fixada garantia, hoje o juiz pode, mediante a caução de três vezes o valor do aluguel, determinar liminarmente a devolução do imóvel em 15 dias.

Ele entra com a ação de despejo, faz o depósito para caucionar três vezes o valor do aluguel e o juiz defere a expedição de mandado de despejo para desocupação em quinze dias. O locatário inclusive purgar a mora, que significa depositar o valor do débito e voltar o contrato à sua normalidade. No caso de existir garantia, de não ser a hipótese de concessão de liminar, o prazo é de 30 dias depois da sentença de procedência da ação de despejo, mas aí pode até ser reduzido esse prazo de acordo com a lei64.

Assim que o inquilino é citado em uma ação de despejo, ele agora tem 15 dias para pagar a dívida em juízo ou o processo prosseguirá. Pela legislação anterior, o devedor podia pedir mais um prazo para quitar o débito. Nos contratos que não incluem garantia locatícia (fiador, seguro-fiança ou depósito caução), o locatário já é obrigado a sair do imóvel se não pagar nos 15 dias.

Outra figura importante nos contratos de inquilinato imobiliário é a do fiador, pessoa que responde pelo débito quando o locatário não realiza os pagamentos. A ação na Justiça pode fazer com que o fiador tenha seus bens capturados como garantia.

Diversas matérias de defesa que podem ser invocadas nas ações de despejo, dentre elas: - Ilegitimidade ativa ou ausência do litisconsórcio necessário. - Incompetência do juízo - Retenção por benfeitorias - Inexistência ou nulidade do contrato de locação. - Comprovação de pagamento ou acordo para compensação em benfeitorias realizadas pelo locatário - Benefício para desocupação em 6 meses nos casos de concordância com o pedido. - Purga da Mora (pagamento dos alugueis atrasados) - Incapacidade da Parte - Representação Processual nula - Ausência ou invalidade da Citação - Juízo Suspeito - Litispendência - Coisa Julgada

AÇÃO RENOVATÓRIA A Ação renovatória foi instituída para proteção do ponto comercial, sendo sabido se tratar do local

do qual está estabelecido o comerciante que cotidianamente realiza a sua prática comercial65. Trata-se o ponto comercial de direito incorpóreo integrante do estabelecimento comercial, onde o

empresário exerce a sua atividade de forma a fidelizar seus clientes em espaço do qual, ao decorrer do tempo, adquire apreciação econômica, sendo digno, portanto, de amparo do direito empresarial.

Assim sendo, para que o locatário – empresário prorrogue o contrato de locação que está em vigência, no intuito de resguardar o seu direito de proteção sobre o ponto comercial, é necessário que ajuíze a denominada Ação Renovatória perante o locador, a qual possui respaldo jurídico na Lei nº 8.245/91.

Para que a Ação Renovatória seja proposta é imprescindível que o empresário preencha vários requisitos, essenciais e cumulativos, previstos nos incisos I, II e III do art. 51 da Lei nº 8.245/91, a saber:

1. O locatário deve ser empresário e explorar o seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de 03 (três) anos;

2. O contrato deve ser escrito e possuir prazo determinado, não sendo admitida a modalidade verbal; 3. O prazo do contrato a ser renovado deve ser de no mínimo, 05 (cinco) anos.

63 BARBOSA, Wander. Ações de despejo: Defesa e propositura. Disponível em: http://www.wanderbarbosa.adv.br/despejo/#.VaPQHPlViko,

Acesso em: 13/07/2015. 64 Idem ibidem 65 SILVA, Kellen da Costa. Ação Renovatória e a Proteção do Ponto Comercial, Disponível em:

http://www.resinamarcon.com.br/artigo/307/a-o-renovat-ria-e-a-prote-o-do-ponto-comercial/, Acesso em: 14/07/2015.

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Desta feita, há que se atentar o empresário quanto ao preenchimento dos requisitos acima, principalmente no tocante ao prazo estipulado no contrato de locação, que deverá ser determinado, não possuindo qualquer direito o locatário que deixa o contrato de locação, a princípio firmado em caráter determinado, tornar-se prorrogado por prazo indeterminado.

Importante destacar que encerrado o prazo estipulado no contrato, se o locatário – empresário permanecer no imóvel por mais de 30 (trinta) dias sem qualquer oposição do locador, o contrato de locação anteriormente firmado, fica automaticamente prorrogado por prazo indeterminado, perdendo, desta forma, o direito a pleitear em juízo o locatário, a proteção do ponto comercial, hipótese da qual o locador poderá notificá-lo por escrito a fim de que desocupe o imóvel no prazo de 30 (trinta) dias, podendo, logo em seguida, pedir o seu despejo, sem a necessidade de justificar o motivo, não sendo devido ao empresário também, qualquer ressarcimento a título de perdas e danos.

Constata-se também, além da observância dos requisitos acima previstos, que a Lei estipula prazo decadencial para a propositura da Ação Renovatória, a qual deve ser ajuizada entre um 1 (um) ano e 06 (seis) meses antes do término do contrato a ser renovado. Assim, se o contrato de locação possui término do prazo em abril de 2014, a propositura da Ação Renovatória deve se dar entre abril de 2013 até outubro de 2013, ou seja, 06 meses antes do término do contrato.

Cumpre ressaltar que, caso a ação não seja intentada no prazo legal, o locatário perde o direito de proteção ao ponto comercial do estabelecimento, ficando a mercê do locador, que poderá pleitear valores desarrazoáveis a título dos alugueres, não restando alternativa ao empresário, há não ser aceitar as condições propostas, já que fez a sua clientela naquele ponto e depende dele para desenvolver a sua atividade comercial.

LEI No 8.245, DE 18 DE OUTUBRO DE 199166

Dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes.

TÍTULO I Da Locação CAPÍTULO I

Disposições Gerais SEÇÃO I

Da locação em geral

Art. 1º A locação de imóvel urbano regula - se pelo disposto nesta lei: Parágrafo único. Continuam regulados pelo Código Civil e pelas leis especiais: a) as locações: 1. de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos Municípios, de suas autarquias e fundações

públicas; 2. de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de veículos; 3. de espaços destinados à publicidade; 4. em apart- hotéis, hotéis - residência ou equiparados, assim considerados aqueles que prestam

serviços regulares a seus usuários e como tais sejam autorizados a funcionar; b) o arrendamento mercantil, em qualquer de suas modalidades. Art. 2º Havendo mais de um locador ou mais de um locatário, entende-se que são solidários se o

contrário não se estipulou. Parágrafo único. Os ocupantes de habitações coletivas multifamiliares presumem - se locatários ou

sublocatários. Art. 3º O contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo, dependendo de vênia conjugal, se

igual ou superior a dez anos. Parágrafo único. Ausente a vênia conjugal, o cônjuge não estará obrigado a observar o prazo

excedente. Art. 4o Durante o prazo estipulado para a duração do contrato, não poderá o locador reaver o imóvel

alugado. Com exceção ao que estipula o § 2o do art. 54-A, o locatário, todavia, poderá devolvê-lo, pagando

66 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8245.htm, Acesso em: 10/07/2015.

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a multa pactuada, proporcional ao período de cumprimento do contrato, ou, na sua falta, a que for judicialmente estipulada.

Parágrafo único. O locatário ficará dispensado da multa se a devolução do imóvel decorrer de transferência, pelo seu empregador, privado ou público, para prestar serviços em localidades diversas daquela do início do contrato, e se notificar, por escrito, o locador com prazo de, no mínimo, trinta dias de antecedência.

Art. 5º Seja qual for o fundamento do término da locação, a ação do locador para reaver o imóvel é a

de despejo. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica se a locação termina em decorrência de

desapropriação, com a imissão do expropriante na posse do imóvel. Art. 6º O locatário poderá denunciar a locação por prazo indeterminado mediante aviso por escrito ao

locador, com antecedência mínima de trinta dias. Parágrafo único. Na ausência do aviso, o locador poderá exigir quantia correspondente a um mês de

aluguel e encargos, vigentes quando da resilição. Art. 7º Nos casos de extinção de usufruto ou de fideicomisso, a locação celebrada pelo usufrutuário ou

fiduciário poderá ser denunciada, com o prazo de trinta dias para a desocupação, salvo se tiver havido aquiescência escrita do nu proprietário ou do fideicomissário, ou se a propriedade estiver consolidada em mãos do usufrutuário ou do fiduciário.

Parágrafo único. A denúncia deverá ser exercitada no prazo de noventa dias contados da extinção do fideicomisso ou da averbação da extinção do usufruto, presumindo - se, após esse prazo, a concordância na manutenção da locação.

Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o

prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel.

§ 1º Idêntico direito terá o promissário comprador e o promissário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do mesmo.

§ 2º A denúncia deverá ser exercitada no prazo de noventa dias contados do registro da venda ou do compromisso, presumindo - se, após esse prazo, a concordância na manutenção da locação.

Art. 9º A locação também poderá ser desfeita: I - por mútuo acordo; II - em decorrência da prática de infração legal ou contratual; III - em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos; IV - para a realização de reparações urgentes determinadas pelo Poder Público, que não possam ser

normalmente executadas com a permanência do locatário no imóvel ou, podendo, ele se recuse a consenti-las.

Art. 10. Morrendo o locador, a locação transmite - se aos herdeiros. Art. 11. Morrendo o locatário, ficarão sub - rogados nos seus direitos e obrigações: I - nas locações com finalidade residencial, o cônjuge sobrevivente ou o companheiro e,

sucessivamente, os herdeiros necessários e as pessoas que viviam na dependência econômica do de cujus, desde que residentes no imóvel;

II - nas locações com finalidade não residencial, o espólio e, se for o caso, seu sucessor no negócio. Art. 12. Em casos de separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável,

a locação residencial prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou companheiro que permanecer no imóvel.

§ 1o Nas hipóteses previstas neste artigo e no art. 11, a sub-rogação será comunicada por escrito ao locador e ao fiador, se esta for a modalidade de garantia locatícia.

§ 2o O fiador poderá exonerar-se das suas responsabilidades no prazo de 30 (trinta) dias contado do recebimento da comunicação oferecida pelo sub-rogado, ficando responsável pelos efeitos da fiança durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador.

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Art. 13. A cessão da locação, a sublocação e o empréstimo do imóvel, total ou parcialmente, dependem do consentimento prévio e escrito do locador.

§ 1º Não se presume o consentimento pela simples demora do locador em manifestar formalmente a sua oposição.

§ 2º Desde que notificado por escrito pelo locatário, de ocorrência de uma das hipóteses deste artigo, o locador terá o prazo de trinta dias para manifestar formalmente a sua oposição.

§ 3o VETADO).

SEÇÃO II Das sublocações

Art. 14. Aplicam - se às sublocações, no que couber, as disposições relativas às locações. Art. 15. Rescindida ou finda a locação, qualquer que seja sua causa, resolvem - se as sublocações,

assegurado o direito de indenização do sublocatário contra o sublocador. Art. 16. O sublocatário responde subsidiariamente ao locador pela importância que dever ao

sublocador, quando este for demandado e, ainda, pelos aluguéis que se vencerem durante a lide.

SEÇÃO III Do aluguel

Art. 17. É livre a convenção do aluguel, vedada a sua estipulação em moeda estrangeira e a sua

vinculação à variação cambial ou ao salário mínimo. Parágrafo único. Nas locações residenciais serão observadas os critérios de reajustes previstos na

legislação específica. Art. 18. É lícito às partes fixar, de comum acordo, novo valor para o aluguel, bem como inserir ou

modificar cláusula de reajuste. Art. 19. Não havendo acordo, o locador ou locatário, após três anos de vigência do contrato ou do

acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado.

Art. 20. Salvo as hipóteses do art. 42 e da locação para temporada, o locador não poderá exigir o

pagamento antecipado do aluguel. Art. 21. O aluguel da sublocação não poderá exceder o da locação; nas habitações coletivas

multifamiliares, a soma dos aluguéis não poderá ser superior ao dobro do valor da locação. Parágrafo único. O descumprimento deste artigo autoriza o sublocatário a reduzir o aluguel até os

limites nele estabelecidos.

SEÇÃO IV Dos deveres do locador e do locatário

Art. 22. O locador é obrigado a: I - entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a que se destina; II - garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do imóvel locado; III - manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel; IV - responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação; V - fornecer ao locatário, caso este solicite, descrição minuciosa do estado do imóvel, quando de sua

entrega, com expressa referência aos eventuais defeitos existentes; VI - fornecer ao locatário recibo discriminado das importâncias por este pagas, vedada a quitação

genérica; VII - pagar as taxas de administração imobiliária, se houver, e de intermediações, nestas

compreendidas as despesas necessárias à aferição da idoneidade do pretendente ou de seu fiador; VIII - pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro complementar contra fogo, que incidam

ou venham a incidir sobre o imóvel, salvo disposição expressa em contrário no contrato;

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IX - exibir ao locatário, quando solicitado, os comprovantes relativos às parcelas que estejam sendo exigidas;

X - pagar as despesas extraordinárias de condomínio. Parágrafo único. Por despesas extraordinárias de condomínio se entendem aquelas que não se refiram

aos gastos rotineiros de manutenção do edifício, especialmente: a) obras de reformas ou acréscimos que interessem à estrutura integral do imóvel; b) pintura das fachadas, empenas, poços de aeração e iluminação, bem como das esquadrias

externas; c) obras destinadas a repor as condições de habitabilidade do edifício; d) indenizações trabalhistas e previdenciárias pela dispensa de empregados, ocorridas em data

anterior ao início da locação; e) instalação de equipamento de segurança e de incêndio, de telefonia, de intercomunicação, de

esporte e de lazer; f) despesas de decoração e paisagismo nas partes de uso comum; g) constituição de fundo de reserva. Art. 23. O locatário é obrigado a: I - pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou contratualmente exigíveis, no

prazo estipulado ou, em sua falta, até o sexto dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando outro local não tiver sido indicado no contrato;

II - servir - se do imóvel para o uso convencionado ou presumido, compatível com a natureza deste e com o fim a que se destina, devendo tratá-lo com o mesmo cuidado como se fosse seu;

III - restituir o imóvel, finda a locação, no estado em que o recebeu, salvo as deteriorações decorrentes do seu uso normal;

IV - levar imediatamente ao conhecimento do locador o surgimento de qualquer dano ou defeito cuja reparação a este incumba, bem como as eventuais turbações de terceiros;

V - realizar a imediata reparação dos danos verificados no imóvel, ou nas suas instalações, provocadas por si, seus dependentes, familiares, visitantes ou prepostos;

VI - não modificar a forma interna ou externa do imóvel sem o consentimento prévio e por escrito do locador;

VII - entregar imediatamente ao locador os documentos de cobrança de tributos e encargos condominiais, bem como qualquer intimação, multa ou exigência de autoridade pública, ainda que dirigida a ele, locatário;

VIII - pagar as despesas de telefone e de consumo de força, luz e gás, água e esgoto; IX - permitir a vistoria do imóvel pelo locador ou por seu mandatário, mediante combinação prévia de

dia e hora, bem como admitir que seja o mesmo visitado e examinado por terceiros, na hipótese prevista no art. 27;

X - cumprir integralmente a convenção de condomínio e os regulamentos internos; XI - pagar o prêmio do seguro de fiança; XII - pagar as despesas ordinárias de condomínio. 1º Por despesas ordinárias de condomínio se entendem as necessárias à administração respectiva,

especialmente: a) salários, encargos trabalhistas, contribuições previdenciárias e sociais dos empregados do

condomínio; b) consumo de água e esgoto, gás, luz e força das áreas de uso comum; c) limpeza, conservação e pintura das instalações e dependências de uso comum; d) manutenção e conservação das instalações e equipamentos hidráulicos, elétricos, mecânicos e de

segurança, de uso comum; e) manutenção e conservação das instalações e equipamentos de uso comum destinados à prática de

esportes e lazer; f) manutenção e conservação de elevadores, porteiro eletrônico e antenas coletivas; g) pequenos reparos nas dependências e instalações elétricas e hidráulicas de uso comum; h) rateios de saldo devedor, salvo se referentes a período anterior ao início da locação; i) reposição do fundo de reserva, total ou parcialmente utilizado no custeio ou complementação das

despesas referidas nas alíneas anteriores, salvo se referentes a período anterior ao início da locação. 2º O locatário fica obrigado ao pagamento das despesas referidas no parágrafo anterior, desde que

comprovadas a previsão orçamentária e o rateio mensal, podendo exigir a qualquer tempo a comprovação das mesmas.

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3º No edifício constituído por unidades imobiliárias autônomas, de propriedade da mesma pessoa, os locatários ficam obrigados ao pagamento das despesas referidas no § 1º deste artigo, desde que comprovadas.

Art. 24. Nos imóveis utilizados como habitação coletiva multifamiliar, os locatários ou sublocatários

poderão depositar judicialmente o aluguel e encargos se a construção for considerada em condições precárias pelo Poder Público.

1º O levantamento dos depósitos somente será deferido com a comunicação, pela autoridade pública, da regularização do imóvel.

2º Os locatários ou sublocatários que deixarem o imóvel estarão desobrigados do aluguel durante a execução das obras necessárias à regularização.

3º Os depósitos efetuados em juízo pelos locatários e sublocatários poderão ser levantados, mediante ordem judicial, para realização das obras ou serviços necessários à regularização do imóvel.

Art. 25. Atribuída ao locatário a responsabilidade pelo pagamento dos tributos, encargos e despesas

ordinárias de condomínio, o locador poderá cobrar tais verbas juntamente com o aluguel do mês a que se refiram.

Parágrafo único. Se o locador antecipar os pagamentos, a ele pertencerão as vantagens daí advindas, salvo se o locatário reembolsá-lo integralmente.

Art. 26. Necessitando o imóvel de reparos urgentes, cuja realização incumba ao locador, o locatário é

obrigado a consenti-los. Parágrafo único. Se os reparos durarem mais de dez dias, o locatário terá direito ao abatimento do

aluguel, proporcional ao período excedente; se mais de trinta dias, poderá resilir o contrato.

SEÇÃO V Do direito de preferência

Art. 27. No caso de venda, promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de direitos ou dação

em pagamento, o locatário tem preferência para adquirir o imóvel locado, em igualdade de condições com terceiros, devendo o locador dar - lhe conhecimento do negócio mediante notificação judicial, extrajudicial ou outro meio de ciência inequívoca.

Parágrafo único. A comunicação deverá conter todas as condições do negócio e, em especial, o preço, a forma de pagamento, a existência de ônus reais, bem como o local e horário em que pode ser examinada a documentação pertinente.

Art. 28. O direito de preferência do locatário caducará se não manifestada, de maneira inequívoca, sua

aceitação integral à proposta, no prazo de trinta dias. Art. 29. Ocorrendo aceitação da proposta, pelo locatário, a posterior desistência do negócio pelo

locador acarreta, a este, responsabilidade pelos prejuízos ocasionados, inclusive lucros cessantes. Art. 30. Estando o imóvel sublocado em sua totalidade, caberá a preferência ao sublocatário e, em

seguida, ao locatário. Se forem vários os sublocatários, a preferência caberá a todos, em comum, ou a qualquer deles, se um só for o interessado.

Parágrafo único. Havendo pluralidade de pretendentes, caberá a preferência ao locatário mais antigo, e, se da mesma data, ao mais idoso.

Art. 31. Em se tratando de alienação de mais de uma unidade imobiliária, o direito de preferência

incidirá sobre a totalidade dos bens objeto da alienação. Art. 32. O direito de preferência não alcança os casos de perda da propriedade ou venda por decisão

judicial, permuta, doação, integralização de capital, cisão, fusão e incorporação. Parágrafo único. Nos contratos firmados a partir de 1o de outubro de 2001, o direito de preferência de

que trata este artigo não alcançará também os casos de constituição da propriedade fiduciária e de perda da propriedade ou venda por quaisquer formas de realização de garantia, inclusive mediante leilão extrajudicial, devendo essa condição constar expressamente em cláusula contratual específica, destacando-se das demais por sua apresentação gráfica.

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Art. 33. O locatário preterido no seu direito de preferência poderá reclamar do alienante as perdas e danos ou, depositando o preço e demais despesas do ato de transferência, haver para si o imóvel locado, se o requerer no prazo de seis meses, a contar do registro do ato no cartório de imóveis, desde que o contrato de locação esteja averbado pelo menos trinta dias antes da alienação junto à matrícula do imóvel.

Parágrafo único. A averbação far-se-á à vista de qualquer das vias do contrato de locação desde que subscrito também por duas testemunhas.

Art. 34. Havendo condomínio no imóvel, a preferência do condômino terá prioridade sobre a do

locatário.

SEÇÃO VI Das benfeitorias

Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas

pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção.

Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário,

finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel.

SEÇÃO VII Das garantias locatícias

Art. 37. No contrato de locação, pode o locador exigir do locatário as seguintes modalidades de

garantia: I - caução; II - fiança; III - seguro de fiança locatícia. IV - cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. Parágrafo único. É vedada, sob pena de nulidade, mais de uma das modalidades de garantia num

mesmo contrato de locação. Art. 38. A caução poderá ser em bens móveis ou imóveis. § 1º A caução em bens móveis deverá ser registrada em cartório de títulos e documentos; a em bens

imóveis deverá ser averbada à margem da respectiva matrícula. § 2º A caução em dinheiro, que não poderá exceder o equivalente a três meses de aluguel, será

depositada em caderneta de poupança, autorizada, pelo Poder Público e por ele regulamentada, revertendo em benefício do locatário todas as vantagens dela decorrentes por ocasião do levantamento da soma respectiva.

§ 3º A caução em títulos e ações deverá ser substituída, no prazo de trinta dias, em caso de concordata, falência ou liquidação das sociedades emissoras.

Art. 39. Salvo disposição contratual em contrário, qualquer das garantias da locação se estende até a

efetiva devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação por prazo indeterminado, por força desta Lei.

Art. 40. O locador poderá exigir novo fiador ou a substituição da modalidade de garantia, nos seguintes

casos: I - morte do fiador; II - ausência, interdição, falência ou insolvência do fiador, declaradas judicialmente; II – ausência, interdição, recuperação judicial, falência ou insolvência do fiador, declaradas

judicialmente; III - alienação ou gravação de todos os bens imóveis do fiador ou sua mudança de residência sem

comunicação ao locador; IV - exoneração do fiador; V - prorrogação da locação por prazo indeterminado, sendo a fiança ajustada por prazo certo; VI - desaparecimento dos bens móveis; VII - desapropriação ou alienação do imóvel. VIII - exoneração de garantia constituída por quotas de fundo de investimento;

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IX - liquidação ou encerramento do fundo de investimento de que trata o inciso IV do art. 37 desta Lei. X – prorrogação da locação por prazo indeterminado uma vez notificado o locador pelo fiador de sua

intenção de desoneração, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador.

Parágrafo único. O locador poderá notificar o locatário para apresentar nova garantia locatícia no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de desfazimento da locação.

Art. 41. O seguro de fiança locatícia abrangerá a totalidade das obrigações do locatário. Art. 42. Não estando a locação garantida por qualquer das modalidades, o locador poderá exigir do

locatário o pagamento do aluguel e encargos até o sexto dia útil do mês vincendo.

SEÇÃO VIII Das penalidades criminais e civis

Art. 43. Constitui contravenção penal, punível com prisão simples de cinco dias a seis meses ou multa

de três a doze meses do valor do último aluguel atualizado, revertida em favor do locatário: I - exigir, por motivo de locação ou sublocação, quantia ou valor além do aluguel e encargos permitidos; II - exigir, por motivo de locação ou sublocação, mais de uma modalidade de garantia num mesmo

contrato de locação; III - cobrar antecipadamente o aluguel, salvo a hipótese do art. 42 e da locação para temporada. Art. 44. Constitui crime de ação pública, punível com detenção de três meses a um ano, que poderá

ser substituída pela prestação de serviços à comunidade: I - recusar - se o locador ou sublocador, nas habitações coletivas multifamiliares, a fornecer recibo

discriminado do aluguel e encargos; II - deixar o retomante, dentro de cento e oitenta dias após a entrega do imóvel, no caso do inciso III

do art. 47, de usá-lo para o fim declarado ou, usando-o , não o fizer pelo prazo mínimo de um ano; III - não iniciar o proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, nos casos do inciso

IV do art. 9º, inciso IV do art. 47, inciso I do art. 52 e inciso II do art. 53, a demolição ou a reparação do imóvel, dentro de sessenta dias contados de sua entrega;

IV - executar o despejo com inobservância do disposto no § 2º do art. 65. Parágrafo único. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas neste artigo, poderá o prejudicado

reclamar, em processo próprio, multa equivalente a um mínimo de doze e um máximo de vinte e quatro meses do valor do último aluguel atualizado ou do que esteja sendo cobrado do novo locatário, se realugado o imóvel.

SEÇÃO IX

Das nulidades

Art. 45. São nulas de pleno direito as cláusulas do contrato de locação que visem a elidir os objetivos da presente lei, notadamente as que proíbam a prorrogação prevista no art. 47, ou que afastem o direito à renovação, na hipótese do art. 51, ou que imponham obrigações pecuniárias para tanto.

CAPÍTULO II

Das Disposições Especiais SEÇÃO I

Da locação residencial

Art. 46. Nas locações ajustadas por escrito e por prazo igual ou superior a trinta meses, a resolução do contrato ocorrerá findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso.

§ 1º Findo o prazo ajustado, se o locatário continuar na posse do imóvel alugado por mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir - se - á prorrogada a locação por prazo indeterminado, mantidas as demais cláusulas e condições do contrato.

§ 2º Ocorrendo a prorrogação, o locador poderá denunciar o contrato a qualquer tempo, concedido o prazo de trinta dias para desocupação.

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Art. 47. Quando ajustada verbalmente ou por escrito e como prazo inferior a trinta meses, findo o prazo estabelecido, a locação prorroga - se automaticamente, por prazo indeterminado, somente podendo ser retomado o imóvel:

I - Nos casos do art. 9º; II - em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do imóvel pelo locatário

relacionada com o seu emprego; III - se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro, ou para uso residencial de

ascendente ou descendente que não disponha, assim como seu cônjuge ou companheiro, de imóvel residencial próprio;

IV - se for pedido para demolição e edificação licenciada ou para a realização de obras aprovadas pelo Poder Público, que aumentem a área construída, em, no mínimo, vinte por cento ou, se o imóvel for destinado a exploração de hotel ou pensão, em cinquenta por cento;

V - se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar cinco anos. § 1º Na hipótese do inciso III, a necessidade deverá ser judicialmente demonstrada, se: a) O retomante, alegando necessidade de usar o imóvel, estiver ocupando, com a mesma finalidade,

outro de sua propriedade situado nas mesma localidade ou, residindo ou utilizando imóvel alheio, já tiver retomado o imóvel anteriormente;

b) o ascendente ou descendente, beneficiário da retomada, residir em imóvel próprio. § 2º Nas hipóteses dos incisos III e IV, o retomante deverá comprovar ser proprietário, promissário

comprador ou promissário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do mesmo.

SEÇÃO II

Das locação para temporada Art. 48. Considera - se locação para temporada aquela destinada à residência temporária do locatário,

para prática de lazer, realização de cursos, tratamento de saúde, feitura de obras em seu imóvel, e outros fatos que decorrem tão-somente de determinado tempo, e contratada por prazo não superior a noventa dias, esteja ou não mobiliado o imóvel.

Parágrafo único. No caso de a locação envolver imóvel mobiliado, constará do contrato, obrigatoriamente, a descrição dos móveis e utensílios que o guarnecem, bem como o estado em que se encontram.

Art. 49. O locador poderá receber de uma só vez e antecipadamente os aluguéis e encargos, bem

como exigir qualquer das modalidades de garantia previstas no art. 37 para atender as demais obrigações do contrato.

Art. 50. Findo o prazo ajustado, se o locatário permanecer no imóvel sem oposição do locador por mais

de trinta dias, presumir - se - á prorrogada a locação por tempo indeterminado, não mais sendo exigível o pagamento antecipado do aluguel e dos encargos.

Parágrafo único. Ocorrendo a prorrogação, o locador somente poderá denunciar o contrato após trinta meses de seu início ou nas hipóteses do art. 47.

SEÇÃO III

Da locação não residencial Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do

contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos

seja de cinco anos; III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de

três anos. § 1º O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido pelos cessionários ou sucessores da

locação; no caso de sublocação total do imóvel, o direito a renovação somente poderá ser exercido pelo sublocatário.

§ 2º Quando o contrato autorizar que o locatário utilize o imóvel para as atividades de sociedade de que faça parte e que a esta passe a pertencer o fundo de comércio, o direito a renovação poderá ser exercido pelo locatário ou pela sociedade.

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§ 3º Dissolvida a sociedade comercial por morte de um dos sócios, o sócio sobrevivente fica sub - rogado no direito a renovação, desde que continue no mesmo ramo.

§ 4º O direito a renovação do contrato estende - se às locações celebradas por indústrias e sociedades civis com fim lucrativo, regularmente constituídas, desde que ocorrentes os pressupostos previstos neste artigo.

§ 5º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor.

Art. 52. O locador não estará obrigado a renovar o contrato se: I - por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que importarem na sua radical

transformação; ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o valor do negócio ou da propriedade;

II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo de comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente.

1º Na hipótese do inciso II, o imóvel não poderá ser destinado ao uso do mesmo ramo do locatário, salvo se a locação também envolvia o fundo de comércio, com as instalações e pertences.

2º Nas locações de espaço em shopping centers, o locador não poderá recusar a renovação do contrato com fundamento no inciso II deste artigo.

3º O locatário terá direito a indenização para ressarcimento dos prejuízos e dos lucros cessantes que tiver que arcar com mudança, perda do lugar e desvalorização do fundo de comércio, se a renovação não ocorrer em razão de proposta de terceiro, em melhores condições, ou se o locador, no prazo de três meses da entrega do imóvel, não der o destino alegado ou não iniciar as obras determinadas pelo Poder Público ou que declarou pretender realizar.

Art. 53 - Nas locações de imóveis utilizados por hospitais, unidades sanitárias oficiais, asilos,

estabelecimentos de saúde e de ensino autorizados e fiscalizados pelo Poder Público, bem como por entidades religiosas devidamente registradas, o contrato somente poderá ser rescindido.

I - nas hipóteses do art. 9º; II - se o proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, em caráter irrevogável e

imitido na posse, com título registrado, que haja quitado o preço da promessa ou que, não o tendo feito, seja autorizado pelo proprietário, pedir o imóvel para demolição, edificação, licenciada ou reforma que venha a resultar em aumento mínimo de cinquenta por cento da área útil.

Art. 54. Nas relações entre lojistas e empreendedores de shopping center, prevalecerão as condições

livremente pactuadas nos contratos de locação respectivos e as disposições procedimentais previstas nesta lei.

1º O empreendedor não poderá cobrar do locatário em shopping center: a) as despesas referidas nas alíneas a, b e d do parágrafo único do art. 22; e b) as despesas com obras ou substituições de equipamentos, que impliquem modificar o projeto ou o

memorial descritivo da data do habite - se e obras de paisagismo nas partes de uso comum. 2º As despesas cobradas do locatário devem ser previstas em orçamento, salvo casos de urgência ou

força maior, devidamente demonstradas, podendo o locatário, a cada sessenta dias, por si ou entidade de classe exigir a comprovação das mesmas.

Art. 54-A. Na locação não residencial de imóvel urbano na qual o locador procede à prévia aquisição,

construção ou substancial reforma, por si mesmo ou por terceiros, do imóvel então especificado pelo pretendente à locação, a fim de que seja a este locado por prazo determinado, prevalecerão as condições livremente pactuadas no contrato respectivo e as disposições procedimentais previstas nesta Lei.

§ 1o Poderá ser convencionada a renúncia ao direito de revisão do valor dos aluguéis durante o prazo de vigência do contrato de locação.

§ 2o Em caso de denúncia antecipada do vínculo locatício pelo locatário, compromete-se este a cumprir a multa convencionada, que não excederá, porém, a soma dos valores dos aluguéis a receber até o termo final da locação.

§ 3o (VETADO). Art. 55. Considera - se locação não residencial quando o locatário for pessoa jurídica e o imóvel,

destinar - se ao uso de seus titulares, diretores, sócios, gerentes, executivos ou empregados.

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Art. 56. Nos demais casos de locação não residencial, o contrato por prazo determinado cessa, de pleno direito, findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso.

Parágrafo único. Findo o prazo estipulado, se o locatário permanecer no imóvel por mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir - se - á prorrogada a locação nas condições ajustadas, mas sem prazo determinado.

Art. 57. O contrato de locação por prazo indeterminado pode ser denunciado por escrito, pelo locador,

concedidos ao locatário trinta dias para a desocupação.

TÍTULO II Dos Procedimentos

CAPÍTULO I Das Disposições Gerais

Art. 58. Ressalvados os casos previstos no parágrafo único do art. 1º, nas ações de despejo,

consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação, revisionais de aluguel e renovatórias de locação, observar - se - á o seguinte:

I - os processos tramitam durante as férias forenses e não se suspendem pela superveniência delas; II - é competente para conhecer e julgar tais ações o foro do lugar da situação do imóvel, salvo se outro

houver sido eleito no contrato; III - o valor da causa corresponderá a doze meses de aluguel, ou, na hipótese do inciso II do art. 47, a

três salários vigentes por ocasião do ajuizamento; IV - desde que autorizado no contrato, a citação, intimação ou notificação far - se - á mediante

correspondência com aviso de recebimento, ou, tratando - se de pessoa jurídica ou firma individual, também mediante telex ou fac-símile, ou, ainda, sendo necessário, pelas demais formas previstas no Código de Processo Civil;

V - os recursos interpostos contra as sentenças terão efeito somente devolutivo.

CAPÍTULO II Das Ações de Despejo

Art. 59. Com as modificações constantes deste capítulo, as ações de despejo terão o rito ordinário. § 1º Conceder - se - á liminar para desocupação em quinze dias, independentemente da audiência da

parte contrária e desde que prestada a caução no valor equivalente a três meses de aluguel, nas ações que tiverem por fundamento exclusivo:

I - o descumprimento do mútuo acordo (art. 9º, inciso I), celebrado por escrito e assinado pelas partes e por duas testemunhas, no qual tenha sido ajustado o prazo mínimo de seis meses para desocupação, contado da assinatura do instrumento;

II - o disposto no inciso II do art. 47, havendo prova escrita da rescisão do contrato de trabalho ou sendo ela demonstrada em audiência prévia;

III - o término do prazo da locação para temporada, tendo sido proposta a ação de despejo em até trinta dias após o vencimento do contrato;

IV - a morte do locatário sem deixar sucessor legítimo na locação, de acordo com o referido no inciso I do art. 11, permanecendo no imóvel pessoas não autorizadas por lei;

V - a permanência do sublocatário no imóvel, extinta a locação, celebrada com o locatário. VI – o disposto no inciso IV do art. 9o, havendo a necessidade de se produzir reparações urgentes no

imóvel, determinadas pelo poder público, que não possam ser normalmente executadas com a permanência do locatário, ou, podendo, ele se recuse a consenti-las;

VII – o término do prazo notificatório previsto no parágrafo único do art. 40, sem apresentação de nova garantia apta a manter a segurança inaugural do contrato;

VIII – o término do prazo da locação não residencial, tendo sido proposta a ação em até 30 (trinta) dias do termo ou do cumprimento de notificação comunicando o intento de retomada;

IX – a falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação no vencimento, estando o contrato desprovido de qualquer das garantias previstas no art. 37, por não ter sido contratada ou em caso de extinção ou pedido de exoneração dela, independentemente de motivo.

2º Qualquer que seja o fundamento da ação dar - se - á ciência do pedido aos sublocatários, que poderão intervir no processo como assistentes.

§ 3o No caso do inciso IX do § 1o deste artigo, poderá o locatário evitar a rescisão da locação e elidir a liminar de desocupação se, dentro dos 15 (quinze) dias concedidos para a desocupação do imóvel e

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independentemente de cálculo, efetuar depósito judicial que contemple a totalidade dos valores devidos, na forma prevista no inciso II do art. 62.

Art. 60. Nas ações de despejo fundadas no inciso IV do art. 9º, inciso IV do art. 47 e inciso II do art.

53, a petição inicial deverá ser instruída com prova da propriedade do imóvel ou do compromisso registrado.

Art. 61 Nas ações fundadas no § 2º do art. 46 e nos incisos III e IV do art. 47, se o locatário, no prazo

da contestação, manifestar sua concordância com a desocupação do imóvel, o juiz acolherá o pedido fixando prazo de seis meses para a desocupação, contados da citação, impondo ao vencido a responsabilidade pelas custas e honorários advocatícios de vinte por cento sobre o valor dado à causa. Se a desocupação ocorrer dentro do prazo fixado, o réu ficará isento dessa responsabilidade; caso contrário, será expedido mandado de despejo.

Art. 62. Nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação,

de aluguel provisório, de diferenças de aluguéis, ou somente de quaisquer dos acessórios da locação, observar-se-á o seguinte:

I – o pedido de rescisão da locação poderá ser cumulado com o pedido de cobrança dos aluguéis e acessórios da locação; nesta hipótese, citar-se-á o locatário para responder ao pedido de rescisão e o locatário e os fiadores para responderem ao pedido de cobrança, devendo ser apresentado, com a inicial, cálculo discriminado do valor do débito;

II – o locatário e o fiador poderão evitar a rescisão da locação efetuando, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da citação, o pagamento do débito atualizado, independentemente de cálculo e mediante depósito judicial, incluídos:

a) os aluguéis e acessórios da locação que vencerem até a sua efetivação; b) as multas ou penalidades contratuais, quando exigíveis; c) os juros de mora; d) as custas e os honorários do advogado do locador, fixados em dez por cento sobre o montante

devido, se do contrato não constar disposição diversa; III – efetuada a purga da mora, se o locador alegar que a oferta não é integral, justificando a diferença,

o locatário poderá complementar o depósito no prazo de 10 (dez) dias, contado da intimação, que poderá ser dirigida ao locatário ou diretamente ao patrono deste, por carta ou publicação no órgão oficial, a requerimento do locador;

IV – não sendo integralmente complementado o depósito, o pedido de rescisão prosseguirá pela diferença, podendo o locador levantar a quantia depositada

V - os aluguéis que forem vencendo até a sentença deverão ser depositados à disposição do juízo, nos respectivos vencimentos, podendo o locador levantá-los desde que incontroversos;

VI - havendo cumulação dos pedidos de rescisão da locação e cobrança dos aluguéis, a execução desta pode ter início antes da desocupação do imóvel, caso ambos tenham sido acolhidos.

Parágrafo único. Não se admitirá a emenda da mora se o locatário já houver utilizado essa faculdade nos 24 (vinte e quatro) meses imediatamente anteriores à propositura da ação.

Art. 63. Julgada procedente a ação de despejo, o juiz determinará a expedição de mandado de

despejo, que conterá o prazo de 30 (trinta) dias para a desocupação voluntária, ressalvado o disposto nos parágrafos seguintes.

§ 1º O prazo será de quinze dias se: a) entre a citação e a sentença de primeira instância houverem decorrido mais de quatro meses; ou b) o despejo houver sido decretado com fundamento no art. 9o ou no § 2o do art. 46. § 2° Tratando-se de estabelecimento de ensino autorizado e fiscalizado pelo Poder Público, respeitado

o prazo mínimo de seis meses e o máximo de um ano, o juiz disporá de modo que a desocupação coincida com o período de férias escolares.

§ 3º Tratando-se de hospitais, repartições públicas, unidades sanitárias oficiais, asilos, estabelecimentos de saúde e de ensino autorizados e fiscalizados pelo Poder Público, bem como por entidades religiosas devidamente registradas, e o despejo for decretado com fundamento no inciso IV do art. 9º ou no inciso II do art. 53, o prazo será de um ano, exceto no caso em que entre a citação e a sentença de primeira instância houver decorrido mais de um ano, hipótese em que o prazo será de seis meses.

§ 4° A sentença que decretar o despejo fixará o valor da caução para o caso de ser executada provisoriamente.

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Art. 64. Salvo nas hipóteses das ações fundadas no art. 9o, a execução provisória do despejo dependerá de caução não inferior a 6 (seis) meses nem superior a 12 (doze) meses do aluguel, atualizado até a data da prestação da caução.

§ 1° A caução poderá ser real ou fidejussória e será prestada nos autos da execução provisória. § 2° Ocorrendo a reforma da sentença ou da decisão que concedeu liminarmente o despejo, o valor

da caução reverterá em favor do réu, como indenização mínima das perdas e danos, podendo este reclamar, em ação própria, a diferença pelo que a exceder.

Art. 65. Findo o prazo assinado para a desocupação, contado da data da notificação, será efetuado o

despejo, se necessário com emprego de força, inclusive arrombamento. 1° Os móveis e utensílios serão entregues à guarda de depositário, se não os quiser retirar o

despejado. 2° O despejo não poderá ser executado até o trigésimo dia seguinte ao do falecimento do cônjuge,

ascendente, descendente ou irmão de qualquer das pessoas que habitem o imóvel. Art. 66. Quando o imóvel for abandonado após ajuizada a ação, o locador poderá imitir-se na posse

do imóvel.

CAPÍTULO III Da Ação de Consignação de Aluguel e Acessórios da Locação

Art. 67. Na ação que objetivar o pagamento dos aluguéis e acessórios da locação mediante

consignação, será observado o seguinte: I - a petição inicial, além dos requisitos exigidos pelo art. 282 do Código de Processo Civil, deverá

especificar os aluguéis e acessórios da locação com indicação dos respectivos valores; II - determinada a citação do réu, o autor será intimado a, no prazo de vinte e quatro horas, efetuar o

depósito judicial da importância indicada na petição inicial, sob pena de ser extinto o processo; III - o pedido envolverá a quitação das obrigações que vencerem durante a tramitação do feito e até

ser prolatada a sentença de primeira instância, devendo o autor promover os depósitos nos respectivos vencimentos;

IV - não sendo oferecida a contestação, ou se o locador receber os valores depositados, o juiz acolherá o pedido, declarando quitadas as obrigações, condenando o réu ao pagamento das custas e honorários de vinte por cento do valor dos depósitos;

V - a contestação do locador, além da defesa de direito que possa caber, ficará adstrita, quanto à matéria de fato, a:

a) não ter havido recusa ou mora em receber a quantia devida; b) ter sido justa a recusa; c) não ter sido efetuado o depósito no prazo ou no lugar do pagamento; d} não ter sido o depósito integral; VI - além de contestar, o réu poderá, em reconvenção, pedir o despejo e a cobrança dos valores objeto

da consignatória ou da diferença do depósito inicial, na hipótese de ter sido alegado não ser o mesmo integral;

VII - o autor poderá complementar o depósito inicial, no prazo de cinco dias contados da ciência do oferecimento da resposta, com acréscimo de dez por cento sobre o valor da diferença. Se tal ocorrer, o juiz declarará quitadas as obrigações, elidindo a rescisão da locação, mas imporá ao autor-reconvindo a responsabilidade pelas custas e honorários advocatícios de vinte por cento sobre o valor dos depósitos;

VIII - havendo, na reconvenção, cumulação dos pedidos de rescisão da locação e cobrança dos valores objeto da consignatória, a execução desta somente poderá ter início após obtida a desocupação do imóvel, caso ambos tenham sido acolhidos.

Parágrafo único. O réu poderá levantar a qualquer momento as importâncias depositadas sobre as quais não penda controvérsia.

CAPÍTULO IV

Da Ação Revisional de Aluguel Art. 68. Na ação revisional de aluguel, que terá o rito sumário, observar-se-á o seguinte: I - além dos requisitos exigidos pelos arts. 276 e 282 do Código de Processo Civil, a petição inicial

deverá indicar o valor do aluguel cuja fixação é pretendida;

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II – ao designar a audiência de conciliação, o juiz, se houver pedido e com base nos elementos fornecidos tanto pelo locador como pelo locatário, ou nos que indicar, fixará aluguel provisório, que será devido desde a citação, nos seguintes moldes:

a) em ação proposta pelo locador, o aluguel provisório não poderá ser excedente a 80% (oitenta por cento) do pedido;

b) em ação proposta pelo locatário, o aluguel provisório não poderá ser inferior a 80% (oitenta por cento) do aluguel vigente;

III - sem prejuízo da contestação e até a audiência, o réu poderá pedir seja revisto o aluguel provisório, fornecendo os elementos para tanto;

IV - na audiência de instrução e julgamento, apresentada a contestação, que deverá conter contraproposta se houver discordância quanto ao valor pretendido, o juiz tentará a conciliação e, não sendo esta possível, suspenderá o ato para a realização de perícia, se necessária, designando, desde logo, audiência em continuação.

V – o pedido de revisão previsto no inciso III deste artigo interrompe o prazo para interposição de recurso contra a decisão que fixar o aluguel provisório.

1° Não caberá ação revisional na pendência de prazo para desocupação do imóvel (arts. 46, parágrafo 2° e 57), ou quando tenha sido este estipulado amigável ou judicialmente.

2° No curso da ação de revisão, o aluguel provisório será reajustado na periodicidade pactuada ou na fixada em lei.

Art. 69. O aluguel fixado na sentença retroage à citação, e as diferenças devidas durante a ação de

revisão, descontados os alugueres provisórios satisfeitos, serão pagas corrigidas, exigíveis a partir do trânsito em julgado da decisão que fixar o novo aluguel.

1° Se pedido pelo locador, ou sublocador, a sentença poderá estabelecer periodicidade de reajustamento do aluguel diversa daquela prevista no contrato revisando, bem como adotar outro indexador para reajustamento do aluguel.

2° A execução das diferenças será feita nos autos da ação de revisão. Art. 70. Na ação de revisão do aluguel, o juiz poderá homologar acordo de desocupação, que será

executado mediante expedição de mandado de despejo.

CAPÍTULO V Da Ação Renovatória

Art. 71. Além dos demais requisitos exigidos no art. 282 do Código de Processo Civil, a petição inicial

da ação renovatória deverá ser instruída com: I - prova do preenchimento dos requisitos dos incisos I, II e III do art. 51; II - prova do exato cumprimento do contrato em curso; III - prova da quitação dos impostos e taxas que incidiram sobre o imóvel e cujo pagamento lhe

incumbia; IV - indicação clara e precisa das condições oferecidas para a renovação da locação; V – indicação do fiador quando houver no contrato a renovar e, quando não for o mesmo, com

indicação do nome ou denominação completa, número de sua inscrição no Ministério da Fazenda, endereço e, tratando-se de pessoa natural, a nacionalidade, o estado civil, a profissão e o número da carteira de identidade, comprovando, desde logo, mesmo que não haja alteração do fiador, a atual idoneidade financeira;

VI - prova de que o fiador do contrato ou o que o substituir na renovação aceita os encargos da fiança, autorizado por seu cônjuge, se casado for;

VII - prova, quando for o caso, de ser cessionário ou sucessor, em virtude de título oponível ao proprietário.

Parágrafo único. Proposta a ação pelo sublocatário do imóvel ou de parte dele, serão citados o sublocador e o locador, como litisconsortes, salvo se, em virtude de locação originária ou renovada, o sublocador dispuser de prazo que admita renovar a sublocação; na primeira hipótese, procedente a ação, o proprietário ficará diretamente obrigado à renovação.

Art. 72. A contestação do locador, além da defesa de direito que possa caber, ficará adstrita, quanto à

matéria de fato, ao seguinte: I - não preencher o autor os requisitos estabelecidos nesta lei;

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II - não atender, a proposta do locatário, o valor locativo real do imóvel na época da renovação, excluída a valorização trazida por aquele ao ponto ou lugar;

III - ter proposta de terceiro para a locação, em condições melhores; IV - não estar obrigado a renovar a locação (incisos I e II do art. 52). 1° No caso do inciso II, o locador deverá apresentar, em contraproposta, as condições de locação que

repute compatíveis com o valor locativo real e atual do imóvel. 2° No caso do inciso III, o locador deverá juntar prova documental da proposta do terceiro, subscrita

por este e por duas testemunhas, com clara indicação do ramo a ser explorado, que não poderá ser o mesmo do locatário. Nessa hipótese, o locatário poderá, em réplica, aceitar tais condições para obter a renovação pretendida.

3° No caso do inciso I do art. 52, a contestação deverá trazer prova da determinação do Poder Público ou relatório pormenorizado das obras a serem realizadas e da estimativa de valorização que sofrerá o imóvel, assinado por engenheiro devidamente habilitado.

4° Na contestação, o locador, ou sublocador, poderá pedir, ainda, a fixação de aluguel provisório, para vigorar a partir do primeiro mês do prazo do contrato a ser renovado, não excedente a oitenta por cento do pedido, desde que apresentados elementos hábeis para aferição do justo valor do aluguel.

5° Se pedido pelo locador, ou sublocador, a sentença poderá estabelecer periodicidade de reajustamento do aluguel diversa daquela prevista no contrato renovando, bem como adotar outro indexador para reajustamento do aluguel.

Art. 73. Renovada a locação, as diferenças dos aluguéis vencidos serão executadas nos próprios autos

da ação e pagas de uma só vez. Art. 74. Não sendo renovada a locação, o juiz determinará a expedição de mandado de despejo, que

conterá o prazo de 30 (trinta) dias para a desocupação voluntária, se houver pedido na contestação. § 1o (VETADO) § 2o (VETADO) § 3o (VETADO) Art. 75. Na hipótese do inciso III do art. 72, a sentença fixará desde logo a indenização devida ao

locatário em consequência da não prorrogação da locação, solidariamente devida pelo locador e o proponente.

TÍTULO III

Das Disposições Finais e Transitórias Art. 76. Não se aplicam as disposições desta lei aos processos em curso. Art. 77. Todas as locações residenciais que tenham sido celebradas anteriormente à vigência desta lei

serão automaticamente prorrogadas por tempo indeterminado, ao término do prazo ajustado no contrato. Art. 78. As locações residenciais que tenham sido celebradas anteriormente à vigência desta lei e que

já vigorem ou venham a vigorar por prazo indeterminado, poderão ser denunciadas pelo locador, concedido o prazo de doze meses para a desocupação.

Parágrafo único. Na hipótese de ter havido revisão judicial ou amigável do aluguel, atingindo o preço do mercado, a denúncia somente poderá ser exercitada após vinte e quatro meses da data da revisão, se esta ocorreu nos doze meses anteriores à data da vigência desta lei.

Art. 79. No que for omissa esta lei aplicam-se as normas do Código Civil e do Código de Processo

Civil. Art. 80. Para os fins do inciso I do art. 98 da Constituição Federal, as ações de despejo poderão ser

consideradas como causas cíveis de menor complexidade. Art. 81. O inciso II do art. 167 e o art. 169 da Lei n° 6.015, de 31 de dezembro de 1973, passam a

vigorar com as seguintes alterações: "Art. 167. .......................................................... II - ..................................................................... 16) do contrato de locação, para os fins de exercício de direito de preferência."

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"Art. 169. ............................................................. .............................................................................. III - o registro previsto no n° 3 do inciso I do art. 167, e a averbação prevista no n° 16 do inciso II do

art. 167 serão efetuados no cartório onde o imóvel esteja matriculado mediante apresentação de qualquer das vias do contrato, assinado pelas partes e subscrito por duas testemunhas, bastando a coincidência entre o nome de um dos proprietários e o locador."

Art. 82. O art. 3° da Lei n° 8.009, de 29 de março de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso

VII: "Art. 3° ................................................................. ............................................................................. VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação." Art. 83. Ao art. 24 da Lei n° 4.591, de 16 de dezembro de 1964 fica acrescido o seguinte § 4°: "Art. 24. ............................................................... ............................................................................. 4° Nas decisões da assembleia que envolvam despesas ordinárias do condomínio, o locatário poderá

votar, caso o condômino locador a ela não compareça." Art. 84. Reputam-se válidos os registros dos contratos de locação de imóveis, realizados até a data da

vigência desta lei. Art. 85. Nas locações residenciais, é livre a convenção do aluguel quanto a preço, periodicidade e

indexador de reajustamento, vedada a vinculação à variação do salário mínimo, variação cambial e moeda estrangeira:

I dos imóveis novos, com habite-se concedido a partir da entrada em vigor desta lei; II - dos demais imóveis não enquadrados no inciso anterior, em relação aos contratos celebrados, após

cinco anos de entrada em vigor desta lei. Art. 86. O art. 8° da Lei n° 4.380, de 21 de agosto de 1964 passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 8° O sistema financeiro da habitação, destinado a facilitar e promover a construção e a aquisição

da casa própria ou moradia, especialmente pelas classes de menor renda da população, será integrado." Art. 87. (Vetado). Art. 88. (Vetado). Art. 89. Esta lei entrará em vigor sessenta dias após a sua publicação. Art. 90. Revogam-se as disposições em contrário, especialmente: I - o Decreto n° 24.150, de 20 de abril de 1934; II - a Lei n° 6.239, de 19 de setembro de 1975; III - a Lei n° 6.649, de 16 de maio de 1979; IV - a Lei n° 6.698, de 15 de outubro de 1979; V - a Lei n° 7.355, de 31 de agosto de 1985; VI - a Lei n° 7.538, de 24 de setembro de 1986; VII - a Lei n° 7.612, de 9 de julho de 1987; e VIII - a Lei n° 8.157, de 3 de janeiro de 1991.

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Antes da análise da ação de desapropriação em si, faz-se necessária a análise do conceito do que

seja desapropriação, entendida esta como um ato pelo qual o Poder Público, após a realização de procedimento e pagamento de indenização justa, por motivos de necessidade ou utilidade pública, tira a propriedade de alguém e a toma para si.

Nos dizeres de Celso Antônio Bandeira de Mello, a desapropriação se define como o procedimento através do qual o Poder Público, fundado em necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, compulsoriamente despoja alguém de um bem certo, normalmente adquirindo-o para si, em caráter originário, mediante indenização prévia, justa e pagável em dinheiro, salvo no caso de certos imóveis urbanos ou rurais, em que, por estarem em desacordo com a função social legalmente caracterizada para eles, a indenização far-se-á em títulos da dívida pública, resgatáveis em parcelas anuais e sucessivas, preservado seu valor real67.

Objeto Poderão ser objeto da desapropriação todas as coisas passíveis do direito de propriedade, o que quer

dizer que todos os bens móveis ou imóveis, públicos ou privados, corpóreos ou incorpóreos, até mesmo os direitos em geral.

Não poderão ser objeto de desapropriação, os direitos personalíssimos, bem como o dinheiro ou moeda corrente nacional. Embora também se trata de dinheiro, é permitida a desapropriação de moeda estrangeira e de moedas raras.

Legitimidade processual Neste caso teremos: Sujeito ativo: o ente federativo, ou seja, o Poder Público, sendo possível a delegação de sua

competência, com exceção quanto à produção do ato expropriatório Sujeito passivo: denominado de expropriado, encontra-se, geralmente, o particular, proprietário do

bem ou direito objeto da desapropriação. Todavia, a lei enuncia que as pessoas jurídicas de direito público também podem ser sujeitos passivos, visto que é possível a desapropriação de bem público (art. 2º, parágrafo 2º, Decreto-Lei 3.365/41)

Pressupostos Os pressupostos que autorizam a realização de uma desapropriação estão dispostos no Art. 5º XXIV

da Constituição Federal e são: a) Necessidade Pública: neste caso, entende-se como uma situação em que se tem um problema

inadiável e premente, sendo que para a solução do mesmo se mostra como indispensável a incorporação de um bem particular ao domínio público; 67 MELO, Celso Antonio Bandeira apud ABAGGE, Yasmine de Resende. Breves comentários sobre o instituto da Desapropriação. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, X, n. 47, nov 2007. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2582. Acesso em: 10/07/2015.

48 Ação de Desapropriação

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b) Utilidade Pública: verifica-se quando a utilização da propriedade a ser desapropriada se mostra conveniente e vantajosa ao interesse público, contudo, neste caso, não constituiu um imperativo;

c) Interesse Social: pode ser verificado quando a Administração tiver que lidar com interesses que atinjam as camadas mais pobres da população, ou seja, a desapropriação se faz necessária para a promoção e melhoria das condições de vida, redução de desigualdades e até mesmo uma melhor distribuição de renda e riquezas.

Importante frisar que estes pressupostos não são cumulativos, podendo ocorrer a desapropriação baseada em qualquer um deles.

Procedimento O procedimento da desapropriação é dividido em duas fases: 1ª Fase – Declaratória: onde o bem será declarado de utilidade pública ou interesse social; 2ª Fase – Executória: momento em que as providências concretas para a efetivação da

desapropriação serão tomadas, podendo se subdividir em administrativa e judicial. O primeiro passo para a desapropriação é o poder público fazendo a declaração expropriatória, que

deverá justificar a utilidade pública ou o interesse social. Esta declaração poderá ser feita através de decreto, oriundo do Poder Executivo, ou de lei, oriunda do Poder Legislativo. Vale ressaltar que a autorização legal é requisito essencial para a desapropriação dos bens públicos.

A declaração citada acima deve conter: - responsável pela desapropriação; - descrição do bem a ser desapropriado; - declaração de utilidade pública ou interesse social; - destinação que se pretende dar ao bem; - fundamento legal que embasa a desapropriação em questão; - recursos orçamentários que serão utilizados para a realização da desapropriação. Esta declaração produzirá alguns efeitos práticos68: a) submeter o bem à força expropriatória do Estado; b) fixar o estado do bem, isto é, de suas condições, melhoramentos, benfeitorias existentes; c) conferir ao Poder Público o direito de penetrar no bem a fim de fazer verificações e medições, desde

que as autoridades administrativas atuem com moderação e sem excesso de poder; d) dar início ao prazo de caducidade da declaração. No que tange à caducidade citada no item d, ocorrerá em cinco anos, caso a desapropriação seja

fundada em necessidade ou utilidade pública, e será de dois anos, caso o fundamento utilizado seja o interesse social. Vale lembrar, que a caducidade não extingue o poder de desapropriar o bem em questão, visto que a declaração pode ser renovada após um ano contado da data em que caducou a última declaração (art. 10, decreto-lei 3.365)69.

Importante ter em vista que a declaração explanada acima, não tem a força de transferir a posse do bem ao poder público, o que significa dizer que a Administração não precisa de título judicial para dar início ao procedimento desapropriatório.

Ainda no que tange a referida declaração, também é importante salientar que, ainda que ela autorize o Poder Público a tomar posse do imóvel, sempre será necessário o consentimento do proprietário ou autorização judicial, uma vez que se deve respeitar o princípio da inviolabilidade de domicílios.

Caberá ao particular, sempre que verificar alguma irregularidade, ilegalidade ou inconstitucionalidade nos atos desapropriatórios, poderá propor impugnação judicial e até mesmo mandado de segurança, quando for o caso, requerendo liminar para que o procedimento de desapropriação seja suspenso até que a ação proposta seja decidida.

Uma vez expedida a declaração, passa-se à fase executória, sendo que esta poderá ser: a) Administrativa: ocorrerá quando as partes, expropriante e expropriado, estiverem de acordo quanto

aos valores da indenização, sendo que neste caso, serão obedecidas as mesmas normas referentes à compra e venda, finalizando o ato com o respectivo registro do imóvel;

68 ABAGGE, Yasmine de Resende. Breves comentários sobre o instituto da Desapropriação. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, X, n. 47, nov 2007. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2582. Acesso em: 10/07/2015. 69 Idem Ibidem

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b) Judicial: ocorrerá quando o proprietário do bem a ser desapropriado não é conhecido. Caso não haja acordo entre as partes, também deverá utilizar-se da via judicial, observando-se o que dispõem os Arts. 11 a 30 do Decreto-Lei 3.365/41.

Ao magistrado cabe analisar apenas as questões envolvendo os valores indenizatórios, não podendo adentrar às questões que envolvem o ato administrativo que considerou o bem como utilidade pública ou interesse social.

As partes poderão, no curso do feito judicial, entrar em consenso quanto à indenização devida, sendo que neste caso, o juiz homologará o acordo realizado entre as partes e esta decisão servirá para proceder o respectivo registro do imóvel. Não havendo acordo, o juiz fixará o quantum devido.

Lembre-se: A desapropriação somente estará completa após o pagamento de indenização

PRÉVIA, nos termos ficados pela Constituição Federal.

Imissão Provisória na Posse: O Poder Público, nos termos do Art. 15 do Decreto- Lei 3.365/41, poderá solicitar ao juiz a imissão

provisória na posse, ou seja, poderá pedir ao juiz que permita que o Poder Público já tenha acesso ao bem, mesmo no início do processo.

Tal medida somente será autorizada se o juiz verificar a urgência e o Ente estatal tenha depositado em juízo o valor fixado segundo os critérios legais, como forma de segurar o juízo.

Indenização O direito à receber uma indenização está devidamente protegido pela Constituição Federal, cuja

determinação prevê que esta deverá ser prévia, justa e em dinheiro, ressalvando as hipóteses dos Arts. 182, §4º, III e 184.

O cálculo70 do quantum a ser indenizado deve levar em consideração aspectos como: a) o valor do bem expropriado, incluindo-se aqui as benfeitorias que já existiam no imóvel antes do ato

expropriatório; b) lucros cessantes e danos emergentes; c) juros compensatórios, merecendo destaque aqui as súmulas 164 e 618 do Supremo Tribunal

Federal; e a nº 69, proferida pelo Superior Tribunal de Justiça; d) juros moratórios; e) honorários advocatícios; f) custas e despesas processuais; g) correção monetária e h) despesas relativas ao desmonte e transporte de mecanismos instalados e em funcionamento (art.

25, parágrafo único do mesmo decreto-lei).

Constituição Federal Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) II - desapropriação; (...) Art. 5º - XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade

pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

70 ABAGGE, Yasmine de Resende. Breves comentários sobre o instituto da Desapropriação. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, X, n. 47, nov 2007. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2582. Acesso em: 10/07/2015.

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Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.

§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.

§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor,

exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente

aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.71

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel

rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. § 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza

a União a propor a ação de desapropriação. § 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o

processo judicial de desapropriação. § 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante

de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício. § 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de

imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.

DECRETO-LEI Nº 3.365, DE 21 DE JUNHO DE 194172 Dispõe sobre desapropriações por utilidade pública.

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o A desapropriação por utilidade pública regular-se-á por esta lei, em todo o território nacional. Art. 2o Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União,

pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios. § 1o A desapropriação do espaço aéreo ou do subsolo só se tornará necessária, quando de sua

utilização resultar prejuízo patrimonial do proprietário do solo. § 2o Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser

desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.

§ 3º É vedada a desapropriação, pelos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios de ações, cotas e direitos representativos do capital de instituições e empresas cujo funcionamento dependa de autorização do Governo Federal e se subordine à sua fiscalização, salvo mediante prévia autorização, por decreto do Presidente da República.

Art. 3o Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de caráter público ou que

exerçam funções delegadas de poder público poderão promover desapropriações mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato.

71 Sem grifo no original. 72 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3365.htm, Acesso em 13/07/2015.

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Art. 4o A desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da obra e as que se destinam à revenda.

Parágrafo único. Quando a desapropriação destinar-se à urbanização ou à reurbanização realizada mediante concessão ou parceria público-privada, o edital de licitação poderá prever que a receita decorrente da revenda ou utilização imobiliária integre projeto associado por conta e risco do concessionário, garantido ao poder concedente no mínimo o ressarcimento dos desembolsos com indenizações, quando estas ficarem sob sua responsabilidade.

Art. 5o Consideram-se casos de utilidade pública: a) a segurança nacional; b) a defesa do Estado; c) o socorro público em caso de calamidade; d) a salubridade pública; e) a criação e melhoramento de centros de população, seu abastecimento regular de meios de

subsistência; f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das águas e da energia hidráulica; g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, casas de saúde, clínicas, estações de clima

e fontes medicinais; h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos; i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos de

urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de distritos industriais:

j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo; k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e artísticos, isolados ou integrados em

conjuntos urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente dotados pela natureza;

l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, documentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico;

m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemorativos e cemitérios; n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso para aeronaves; o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza científica, artística ou literária; p) os demais casos previstos por leis especiais. § 1º - A construção ou ampliação de distritos industriais, de que trata a alínea i do caput deste artigo,

inclui o loteamento das áreas necessárias à instalação de indústrias e atividades correlatas, bem como a revenda ou locação dos respectivos lotes a empresas previamente

§ 2º - A efetivação da desapropriação para fins de criação ou ampliação de distritos industriais depende de aprovação, prévia e expressa, pelo Poder Público competente, do respectivo projeto de implantação".

§ 3o Ao imóvel desapropriado para implantação de parcelamento popular, destinado às classes de menor renda, não se dará outra utilização nem haverá retrocessão.

Art. 6o A declaração de utilidade pública far-se-á por decreto do Presidente da República, Governador,

Interventor ou Prefeito. Art. 7o Declarada a utilidade pública, ficam as autoridades administrativas autorizadas a penetrar nos

prédios compreendidos na declaração, podendo recorrer, em caso de oposição, ao auxílio de força policial.

Àquele que for molestado por excesso ou abuso de poder, cabe indenização por perdas e danos, sem prejuízo da ação penal.

Art. 8o O Poder Legislativo poderá tomar a iniciativa da desapropriação, cumprindo, neste caso, ao

Executivo, praticar os atos necessários à sua efetivação. Art. 9o Ao Poder Judiciário é vedado, no processo de desapropriação, decidir se se verificam ou não

os casos de utilidade pública.

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Art. 10. A desapropriação deverá efetivar-se mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de cinco anos, contados da data da expedição do respectivo decreto e findos os quais este caducará

Neste caso, somente decorrido um ano, poderá ser o mesmo bem objeto de nova declaração. Parágrafo único. Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a indenização por

restrições decorrentes de atos do Poder Público.

DO PROCESSO JUDICIAL Art. 11. A ação, quando a União for autora, será proposta no Distrito Federal ou no foro da Capital do

Estado onde for domiciliado o réu, perante o juízo privativo, se houver; sendo outro o autor, no foro da situação dos bens.

Art. 12. Somente os juízes que tiverem garantia de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de

vencimentos poderão conhecer dos processos de desapropriação. Art. 13. A petição inicial, além dos requisitos previstos no Código de Processo Civil, conterá a oferta

do preço e será instruída com um exemplar do contrato, ou do jornal oficial que houver publicado o decreto de desapropriação, ou cópia autenticada dos mesmos, e a planta ou descrição dos bens e suas confrontações.

Parágrafo único. Sendo o valor da causa igual ou inferior a dois contos de réis (2:000$0), dispensam-se os autos suplementares.

Art. 14. Ao despachar a inicial, o juiz designará um perito de sua livre escolha, sempre que possível,

técnico, para proceder à avaliação dos bens. Parágrafo único. O autor e o réu poderão indicar assistente técnico do perito. Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de conformidade com o art.

685 do Código de Processo Civil, o juiz mandará imiti-lo provisoriamente na posse dos bens; § 1º A imissão provisória poderá ser feita, independente da citação do réu, mediante o depósito: a) do preço oferecido, se este for superior a 20 (vinte) vezes o valor locativo, caso o imóvel esteja

sujeito ao imposto predial; b) da quantia correspondente a 20 (vinte) vezes o valor locativo, estando o imóvel sujeito ao imposto

predial e sendo menor o preço oferecido; c) do valor cadastral do imóvel, para fins de lançamento do imposto territorial, urbano ou rural, caso o

referido valor tenha sido atualizado no ano fiscal imediatamente anterior. d) não tendo havido a atualização a que se refere o inciso c, o juiz fixará independente de avaliação,

a importância do depósito, tendo em vista a época em que houver sido fixado originalmente o valor cadastral e a valorização ou desvalorização posterior do imóvel.

§ 2º A alegação de urgência, que não poderá ser renovada, obrigará o expropriante a requerer a imissão provisória dentro do prazo improrrogável de 120 (cento e vinte) dias.

§ 3º Excedido o prazo fixado no parágrafo anterior não será concedida a imissão provisória. § 4o A imissão provisória na posse será registrada no registro de imóveis competente. Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por necessidade ou utilidade pública

e interesse social, inclusive para fins de reforma agrária, havendo divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença, expressos em termos reais, incidirão juros compensatórios de até seis por cento ao ano sobre o valor da diferença eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o cálculo de juros compostos.

§ 1o Os juros compensatórios destinam-se, apenas, a compensar a perda de renda comprovadamente sofrida pelo proprietário.

§ 2o Não serão devidos juros compensatórios quando o imóvel possuir graus de utilização da terra e de eficiência na exploração iguais a zero.

§ 3o O disposto no caput deste artigo aplica-se também às ações ordinárias de indenização por apossamento administrativo ou desapropriação indireta, bem assim às ações que visem a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público, em especial aqueles destinados à proteção ambiental, incidindo os juros sobre o valor fixado na sentença

§ 4o Nas ações referidas no § 3o, não será o Poder Público onerado por juros compensatórios relativos a período anterior à aquisição da propriedade ou posse titulada pelo autor da ação

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Art. 15-B Nas ações a que se refere o art. 15-A, os juros moratórios destinam-se a recompor a perda decorrente do atraso no efetivo pagamento da indenização fixada na decisão final de mérito, e somente serão devidos à razão de até seis por cento ao ano, a partir de 1o de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da Constituição

Art. 16. A citação far-se-á por mandado na pessoa do proprietário dos bens; a do marido dispensa a

dá mulher; a de um sócio, ou administrador, a dos demais, quando o bem pertencer a sociedade; a do administrador da coisa no caso de condomínio, exceto o de edifício de apartamento constituindo cada um propriedade autônoma, a dos demais condôminos e a do inventariante, e, se não houver, a do cônjuge, herdeiro, ou legatário, detentor da herança, a dos demais interessados, quando o bem pertencer a espólio.

Parágrafo único. Quando não encontrar o citando, mas ciente de que se encontra no território da jurisdição do juiz, o oficial portador do mandado marcará desde logo hora certa para a citação, ao fim de 48 horas, independentemente de nova diligência ou despacho.

Art. 17. Quando a ação não for proposta no foro do domicilio ou da residência do réu, a citação far-se-

á por precatória, se ó mesmo estiver em lugar certo, fora do território da jurisdição do juiz. Art. 18. A citação far-se-á por edital se o citando não for conhecido, ou estiver em lugar ignorado,

incerto ou inacessível, ou, ainda, no estrangeiro, o que dois oficiais do juízo certificarão. Art. 19. Feita a citação, a causa seguirá com o rito ordinário. Art. 20. A contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do preço;

qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta. Art. 21. A instância não se interrompe. No caso de falecimento do réu, ou perda de sua capacidade

civil, o juiz, logo que disso tenha conhecimento, nomeará curador à lide, ate que se lhe habilite o interessado.

Parágrafo único. Os atos praticados da data do falecimento ou perda da capacidade à investidura do curador à lide poderão ser ratificados ou impugnados por ele, ou pelo representante do espólio, ou do incapaz.

Art. 22. Havendo concordância sobre o preço, o juiz o homologará por sentença no despacho

saneador. Art. 23. Findo o prazo para a contestação e não havendo concordância expressa quanto ao preço, o

perito apresentará o laudo em cartório até cinco dias, pelo menos, antes da audiência de instrução e julgamento.

§ 1o O perito poderá requisitar das autoridades públicas os esclarecimentos ou documentos que se tornarem necessários à elaboração do laudo, e deverá indicar nele, entre outras circunstâncias atendíveis para a fixação da indenização, as enumeradas no art. 27.

Ser-lhe-ão abonadas, como custas, as despesas com certidões e, a arbítrio do juiz, as de outros documentos que juntar ao laudo.

§ 2o Antes de proferido o despacho saneador, poderá o perito solicitar prazo especial para apresentação do laudo.

Art. 24. Na audiência de instrução e julgamento proceder-se-á na conformidade do Código de

Processo Civil. Encerrado o debate, o juiz proferirá sentença fixando o preço da indenização. Parágrafo único. Se não se julgar habilitado a decidir, o juiz designará desde logo outra audiência que

se realizará dentro de 10 dias afim de publicar a sentença. Art. 25. O principal e os acessórios serão computados em parcelas autônomas. Parágrafo único. O juiz poderá arbitrar quantia módica para desmonte e transporte de maquinismos

instalados e em funcionamento. Art. 26. No valor da indenização, que será contemporâneo da avaliação, não se incluirão os direitos

de terceiros contra o expropriado. § 1º Serão atendidas as benfeitorias necessárias feitas após a desapropriação; as úteis, quando feitas

com autorização do expropriante

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§ 2º Decorrido prazo superior a um ano a partir da avaliação, o Juiz ou Tribunal, antes da decisão final, determinará a correção monetária do valor apurado, conforme índice que será fixado, trimestralmente, pela Secretaria de Planejamento da Presidência da República

Art. 27. O juiz indicará na sentença os fatos que motivaram o seu convencimento e deverá atender,

especialmente, à estimação dos bens para efeitos fiscais; ao preço de aquisição e interesse que deles aufere o proprietário; à sua situação, estado de conservação e segurança; ao valor venal dos da mesma espécie, nos últimos cinco anos, e à valorização ou depreciação de área remanescente, pertencente ao réu.

§ 1o A sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior ao preço oferecido condenará o desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados entre meio e cinco por cento do valor da diferença, observado o disposto no § 4o do art. 20 do Código de Processo Civil, não podendo os honorários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinquenta e um mil reais.

§ 2º A transmissão da propriedade, decorrente de desapropriação amigável ou judicial, não ficará sujeita ao imposto de lucro imobiliário.

§ 3º O disposto no § 1o deste artigo se aplica I - ao procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo de desapropriação de

imóvel rural, por interesse social, para fins de reforma agrária II - às ações de indenização por apossamento administrativo ou desapropriação indireta. § 4º O valor a que se refere o § 1o será atualizado, a partir de maio de 2000, no dia 1o de janeiro de

cada ano, com base na variação acumulada do Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA do respectivo período.

Art. 28. Da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação com efeito simplesmente

devolutivo, quando interposta pelo expropriado, e com ambos os efeitos, quando o for pelo expropriante. § 1 º A sentença que condenar a Fazenda Pública em quantia superior ao dobro da oferecida fica

sujeita ao duplo grau de jurisdição. § 2o Nas causas de valor igual ou inferior a dois contos de réis (2:000$0), observar-se-á o disposto

no art. 839 do Código de Processo Civil. Art. 29. Efetuado o pagamento ou a consignação, expedir-se-á, em favor do expropriante, mandado

de imissão de posse, valendo a sentença como título hábil para a transcrição no registro de imóveis. Art. 30. As custas serão pagas pelo autor se o réu aceitar o preço oferecido; em caso contrário, pelo

vencido, ou em proporção, na forma da lei.

DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 31. Ficam sub-rogados no preço quaisquer ônus ou direitos que recaiam sobre o bem expropriado. Art. 32. O pagamento do preço será prévio e em dinheiro. § 1o As dívidas fiscais serão deduzidas dos valores depositados, quando inscritas e ajuizadas. § 2o Incluem-se na disposição prevista no § 1o as multas decorrentes de inadimplemento e de

obrigações fiscais. § 3o A discussão acerca dos valores inscritos ou executados será realizada em ação própria. Art. 33. O depósito do preço fixado por sentença, à disposição do juiz da causa, é considerado

pagamento prévio da indenização. § 1º O depósito far-se-á no Banco do Brasil ou, onde este não tiver agência, em estabelecimento

bancário acreditado, a critério do juiz. § 2º O desapropriado, ainda que discorde do preço oferecido, do arbitrado ou do fixado pela sentença,

poderá levantar até 80% (oitenta por cento) do depósito feito para o fim previsto neste e no art. 15, observado o processo estabelecido no art. 34.

Art. 34. O levantamento do preço será deferido mediante prova de propriedade, de quitação de dívidas

fiscais que recaiam sobre o bem expropriado, e publicação de editais, com o prazo de 10 dias, para conhecimento de terceiros.

Parágrafo único. Se o juiz verificar que há dúvida fundada sobre o domínio, o preço ficará em depósito, ressalvada aos interessados a ação própria para disputá-lo.

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Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos.

Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos

não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização. O expropriante prestará caução, quando exigida. Art. 37. Aquele cujo bem for prejudicado extraordinariamente em sua destinação econômica pela

desapropriação de áreas contíguas terá direito a reclamar perdas e danos do expropriante. Art. 38. O réu responderá perante terceiros, e por ação própria, pela omissão ou sonegação de

quaisquer informações que possam interessar à marcha do processo ou ao recebimento da indenização. Art. 39. A ação de desapropriação pode ser proposta durante as férias forenses, e não se interrompe

pela superveniência destas. Art. 40. O expropriante poderá constituir servidões, mediante indenização na forma desta lei. Art. 41. As disposições desta lei aplicam-se aos processos de desapropriação em curso, não se

permitindo depois de sua vigência outros termos e atos além dos por ela admitidos, nem o seu processamento por forma diversa da que por ela é regulada.

Art. 42. No que esta lei for omissa aplica-se o Código de Processo Civil. Art. 43. Esta lei entrará em vigor 10 dias depois de publicada, no Distrito Federal, e 30 dias no Estados

e Território do Acre, revogadas as disposições em contrário.

Verifica-se que a posse é o poder de fato sobre a coisa exercida em nome próprio (autonomia), eis

que quem exerce a posse em nome alheio é mero detentor e não possuidor73. Quanto à natureza jurídica da posse, há dois entendimentos. Há quem considere a posse um fato e

há quem sustenta que ela é um direito, sendo que esta última corrente, a meu ver, parece a mais acertada, pois a posse é protegida juridicamente (através dos interditos possessórios), assim como todos os direitos.

Também se discute a sua natureza de direito real ou pessoal. Há quem diga que é direito pessoal por não constar do rol de direitos reais do art. 1.225 do Código Civil e há quem sustente que é direito real por conter todas as características inerentes aos direitos desta natureza, como oponibilidade erga omnes, sujeito passivo indeterminado e objeto determinado, e continuar a ser tratada no art. 95 do CPC como direito real, sendo esta a meu ver a melhor posição.

73 CALIL, Grace Mussalem. Ações Possessórias, Disponível em: http://www.emerj.tjrj.jus.br/serieaperfeicoamentodemagistrados/paginas/series/10/processocivil_131.pdf, Acesso em: 14/07/2015.

49 Ações Possessórias

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Interditos possessórios Um dos efeitos da posse (o principal) é a sua defesa por meio dos interditos. As ações possessórias

específicas são três, em capítulo especial do CPC, nos artigos 920 a 933. São elas a ação de reintegração de posse, a ação de manutenção de posse e a ação de interdito proibitório.

São três as lesões possessórias: esbulho, turbação, e ameaça, sendo que para cada tipo de lesão haverá uma tutela jurisdicional adequada.

A legitimidade ativa é daquele que sofreu a lesão possessória ou seus sucessores, a título singular ou universal. A legitimidade passiva é daquele que provocou a lesão possessória ou seus sucessores.

Reintegração de Posse É a ação adequada para proteção da posse quando há esbulho, ou seja, a perda total da posse

molestada injustamente. Assim, é um interdito de recuperação da posse perdida e a ação tem cabimento quando o possuidor é esbulhado através de violência, clandestinidade ou precariedade. Está prevista no art. 926 do CPC e no art. 1.210 do CC.

Manutenção de Posse É a ação adequada para a tutela da posse contra a turbação. É a ação do possuidor direto que %ca

impossibilitado de exercer tranquilamente a sua posse por ato de outrem. Assim, quando não houver perda da posse, mas apenas uma limitação, a ação cabível será de

manutenção de posse. Também encontra previsão legal no art. 926 do CPC e no art. 1.210 do CC Interdito Proibitório Trata-se de tutela inibitória, isto é, de demanda preventiva, quando ainda não ocorreu a moléstia à

posse do demandante, existindo apenas ameaça iminente de esbulho ou turbação. Difere das outras duas ações que visam a proteger uma posse violada. Está prevista no art. 932 do CPC.

Fungibilidade A propositura de uma ação possessória no lugar de outra não acarreta a invalidade do processo devido

ao princípio da fungibilidade das ações possessórias. Assim, o juiz pode conceder medida diferente da postulada. Nesse sentido, dispõe o art. 920 do Código de Processo Civil.

Ambas as ações possessórias possuem identidade de procedimento, e a utilização da via processual inadequada não acarretará a falta de interesse de agir.

Deve ser ressaltado que, se no curso da ação, o possuidor verificar que houve modificação no estado de sua posse, como, por exemplo, a ameaça transformar-se em esbulho, poderá o demandante justificar a mudança do pedido, sem que disto decorra alteração do objeto da ação que continuará sendo a proteção possessória.

Procedimento O art. 924 do Código de Processo Civil determina a utilização do procedimento especial para as ações

possessórias de força nova, e a observância do procedimento ordinário nas ações possessórias de força velha. Desse modo, peculiar é o procedimento nas ações possessórias de força nova, já que para as ações propostas após ano e dia o procedimento será o ordinário.

Nas ações possessórias intentadas dentro de ano e dia a petição inicial deverá conter todos os requisitos, devendo especificar a posse do autor, sua duração e seu objeto, a turbação ou esbulho imputados ao réu e a data da moléstia à posse. Poderá haver a cumulação com os pedidos de condenação do demandado ao pagamento de indenização por perdas e danos, de cominação de pena para o caso de nova turbação ou esbulho, e de condenação ao desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse (art. 921 do CPC). Assim, afasta-se a incidência do disposto no art. 292 do CPC.

Estando devidamente instruída a petição inicial, deverá o juiz deferir, sem ouvir o réu, a medida liminar, devendo em cinco dias o autor promover a citação do réu. Em caso contrário, designará audiência de justificação em que apenas o autor poderá produzir provas, devendo o réu ser citado para participar da audiência (art. 928 do CPC).

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O prazo para o demandado oferecer resposta conta-se da data em que for intimado sobre a decisão da liminar, seguindo-se a partir daí, em ambos os casos, o procedimento ordinário.

Na contestação, o demandado poderá formular pedido de proteção possessória e de indenização em seu favor, não havendo necessidade da propositura da reconvenção (art. 922 do CPC).

Medida liminar A medida liminar possui dois requisitos. Um, de ordem temporal, sendo necessário que a ação

possessória tenha sido ajuizada até um ano e um dia depois da turbação ou esbulho. Ultrapassado esse prazo, a demanda será de força velha, não sendo aplicável o art. 928 do CPC, não sendo possível o deferimento dessa liminar. O segundo requisito é a probabilidade da existência do direito deduzido pelo demandante em juízo.

Assim, a cognição a ser exercida para a verificação acerca do cabimento da liminar é de natureza sumária, a medida tem caráter antecipatório, mas os seus requisitos não se identificam com os previstos para a tutela antecipada do art. 273 do CPC.

Quanto ao cabimento da antecipação dos efeitos da tutela nas ações possessórias de força velha, há três correntes. Uma que sustenta o cabimento somente na hipótese prevista no art. 273, II do CPC (abuso de direito de defesa). E outra que sustenta o cabimento nas hipóteses previstas nos incisos I e II do art. 273 do CPC, sendo que, no inciso I, em casos excepcionais, quando a situação de perigo tenha surgido após o decurso do prazo de ano e dia da turbação ou do esbulho. Uma terceira corrente admite a tutela antecipada sem qualquer ressalva.

Deve ser ressaltado que contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais (art. 928, parágrafo único, do CPC).

Exceção de Domínio Nas ações possessórias é irrelevante a exceção de domínio, ou seja, a alegação das partes de que

têm o domínio do bem objeto da ação possessória. Nesse sentido, dispõe o art. 1210, parágrafo 2º, do Código Civil.

Assim, verifica-se que, em ação possessória, não se discute domínio. Não cabe ao réu alegar usucapião em defesa em ação de natureza possessória, somente em ação petitória.

Deve ser ressaltado que o art. 923 do Código de Processo Civil veda que durante o processo possessório o autor e o réu intentem ação de reconhecimento do domínio.

Natureza dúplice dos procedimentos possessórios Nos interditos possessórios de reintegração de posse e de manutenção de posse é lícito ao réu, na

contestação, formular pedido de proteção possessória e de indenização em seu favor, não havendo necessidade da propositura da reconvenção.

A estrutura dúplice do procedimento decorre de disposição de lei (art. 922 do CPC). Sentença A natureza da sentença proferida nas ações de reintegração de posse e de manutenção de posse é

controvertida. Uma corrente entende que a sentença na ação de reintegração de posse é executiva, pois

desnecessária à instauração de processo executivo, bastando a prática de um ato executivo, sendo que a sentença proferida na ação de manutenção de posse é mandamental, pois a sentença conteria uma ordem dirigida ao demandado para que se abstenha de cometer novas turbações.

Outra corrente entende que a natureza da sentença de procedência proferida nas ações de reintegração de manutenção de posse é condenatória, pois impõe ao réu a obrigação de restituir a posse ou de se abster de cometer novas turbações. Para esta corrente, a execução se dará no mesmo processo, sem a necessidade de processo autônomo de execução.

Indenização ao possuidor Aquele que esbulha ou turba a posse causa prejuízo ao possuidor e assim, além da ação possessória

contra ele, pode o possuidor prejudicado pedir indenização, consoante o disposto no art. 952 e seu

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parágrafo único do Código Civil.

Código de Processo Civil

CAPÍTULO V DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS

Seção I Das Disposições Gerais

Art. 920. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do

pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados. Art. 921. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - condenação em perdas e danos; Il - cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho; III - desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse. Art. 922. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a

proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.

Art. 923. Na pendência do processo possessório, é defeso, assim ao autor como ao réu, intentar a

ação de reconhecimento do domínio. Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da seção

seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório.

Art. 925. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na

posse carece de idoneidade financeira para, no caso de decair da ação, responder por perdas e danos, o juiz assinar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução sob pena de ser depositada a coisa litigiosa.

Seção II

Da Manutenção e da Reintegração de Posse Art. 926. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado no de

esbulho. Art. 927. Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de

reintegração. Art. 928. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição

do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.

Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.

Art. 929. Julgada procedente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou de

reintegração. Art. 930. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor promoverá,

nos 5 (cinco) dias subsequentes, a citação do réu para contestar a ação. Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia (art. 928), o prazo para contestar contar-

se-á da intimação do despacho que deferir ou não a medida liminar.

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Art. 931. Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento ordinário.

Seção III Do Interdito Proibitório

Art. 932. O possuidor direto ou indireto, que tenha justo receio de ser molestado na posse, poderá

impetrar ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito.

Art. 933. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na seção anterior.

CÓDIGO CIVIL

LIVRO III Do Direito das Coisas

TÍTULO I Da posse CAPÍTULO I

Da Posse e sua Classificação Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum

dos poderes inerentes à propriedade. Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de

direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro,

conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação

ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário. Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela

atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores. Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição

da coisa. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em

contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as

circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi

adquirida.

CAPÍTULO II Da Aquisição da Posse

Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome

próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante; II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.

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Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a

sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele

estiverem.

CAPÍTULO III Dos Efeitos da Posse

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de

esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força,

contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.

Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver

a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso. Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que

recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes, salvo

quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem este o houve.

Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois

de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.

Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados;

os civis reputam-se percebidos dia por dia. Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos

que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.

Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der

causa. Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais,

salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem

como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe

assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo

da evicção ainda existirem.

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Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.

CAPÍTULO IV

Da Perda da Posse Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o

bem, ao qual se refere o art. 1.196. Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo

notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.

Segundo o art. 1.046, CPC, quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse

de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, sequestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer lhe sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos.

Os embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas possuidor. Equipara-se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende bens que, pelo título de sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem ser atingidos pela apreensão judicial. Considera-se também terceiro o cônjuge quando defende a posse de bens dotais, próprios, reservados ou de sua meação.

Em conformidade com o art. 1.047, CPC, admitem-se, ainda, embargos de terceiro: I - para a defesa da posse, quando, nas ações de divisão ou de demarcação, for o imóvel sujeito a

atos materiais, preparatórios ou definitivos, da partilha ou da fixação de rumos; II - para o credor com garantia real obstar alienação judicial do objeto da hipoteca, penhor ou anticrese. Segundo o art. 1.048, CPC, os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de

conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e no processo de execução, até 5 dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta e serão distribuídos por dependência e correrão em autos distintos perante o mesmo juiz que ordenou a apreensão.

O embargante, em petição elaborada com observância do disposto no art. 282, CPC, fará a prova sumária de sua posse e a qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas. É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz. O possuidor direto pode alegar, com a sua posse, domínio alheio.

A citação será pessoal, se o embargado não tiver procurador constituído nos autos da ação principal.

Julgando suficientemente provada a posse, o juiz deferirá liminarmente os embargos e ordenará a expedição de mandado de manutenção ou de restituição em favor do embargante, que só receberá os bens depois de prestar caução de os devolver com seus rendimentos, caso sejam afinal declarados improcedentes.

De acordo com o art. 1.052, CPC, quando os embargos versarem sobre todos os bens, determinará o juiz a suspensão do curso do processo principal; versando sobre alguns deles, prosseguirá o processo

50 Embargos de Terceiro

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principal somente quanto aos bens não embargados, podendo ser contestados no prazo de 10 dias, findo o qual proceder-se-á de acordo com o disposto no art. 803, CPC.

Segundo o art. 1.054, CPC, contra os embargos do credor com garantia real, somente poderá o embargado alegar que:

I - o devedor comum é insolvente; II - o título é nulo ou não obriga a terceiro; III - outra é a coisa dada em garantia.

CAPÍTULO X DOS EMBARGOS DE TERCEIRO

Art. 1.046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens

por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, sequestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer Ihe sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos.

§ 1o Os embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas possuidor. § 2o Equipara-se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende bens que, pelo título de sua

aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem ser atingidos pela apreensão judicial. § 3o Considera-se também terceiro o cônjuge quando defende a posse de bens dotais, próprios,

reservados ou de sua meação. Art. 1.047. Admitem-se ainda embargos de terceiro: I - para a defesa da posse, quando, nas ações de divisão ou de demarcação, for o imóvel sujeito a

atos materiais, preparatórios ou definitivos, da partilha ou da fixação de rumos; II - para o credor com garantia real obstar alienação judicial do objeto da hipoteca, penhor ou anticrese. Art. 1.048. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto

não transitada em julgado a sentença, e, no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.

Art. 1.049. Os embargos serão distribuídos por dependência e correrão em autos distintos perante o

mesmo juiz que ordenou a apreensão. Art. 1.050. O embargante, em petição elaborada com observância do disposto no art. 282, fará a prova

sumária de sua posse e a qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas. § 1o É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz. § 2o O possuidor direto pode alegar, com a sua posse, domínio alheio. § 3o A citação será pessoal, se o embargado não tiver procurador constituído nos autos da ação

principal. Art. 1.051. Julgando suficientemente provada a posse, o juiz deferirá liminarmente os embargos e

ordenará a expedição de mandado de manutenção ou de restituição em favor do embargante, que só receberá os bens depois de prestar caução de os devolver com seus rendimentos, caso sejam afinal declarados improcedentes.

Art. 1.052. Quando os embargos versarem sobre todos os bens, determinará o juiz a suspensão do

curso do processo principal; versando sobre alguns deles, prosseguirá o processo principal somente quanto aos bens não embargados.

Art. 1.053. Os embargos poderão ser contestados no prazo de 10 (dez) dias, findo o qual proceder-se-

á de acordo com o disposto no art. 803. Art. 1.054. Contra os embargos do credor com garantia real, somente poderá o embargado alegar que: I - o devedor comum é insolvente; II - o título é nulo ou não obriga a terceiro; III - outra é a coisa dada em garantia.

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A competência originária significa que determinado órgão deverá julgar a causa, seja ele colegiado ou

não, tendo o poder-dever de analisar e responder ao objeto do processo, que se entende como a pretensão deduzida pelo autor e sua causa de pedir.

Vale ressaltar que o objeto do processo não se confunde com o objeto do recurso, ou seja, o assunto que constitui o mérito da causa, resultante dos termos e limites da petição inicial, não se confunde com o mérito do recurso, que traduz os termos e limites do que foi suscitado no recurso.

Assim, quando a Constituição estabelece que determinado tribunal tem competência originária para certo pleito, isso sem dúvida quer dizer que esse órgão pode e deve enfrentar a pretensão inicial deduzida, em toda sua dimensão, assim como pode e deve resolver as questões - de fato e de direito - surgidas por força da resistência oposta pelo demandado (ou mesmo pela lei, nos casos de direitos indisponíveis)74.

Ocorre que tudo isso pressupõe o que acontece de ordinário: sendo originária de dado tribunal a competência, a demanda é originariamente dirigida a esse órgão e não surge qualquer dúvida quanto ao que seja objeto do julgamento pelo órgão judicial.

Portanto, nota-se que quando a competência originária é der um órgão colegiado, significa dizer que o processo terá início diretamente no tribunal. Essas situações ocorrem em três possibilidades:

1. natureza especial da lide: é o caso da ação rescisória, que visa anular ou desconstituir uma sentença já transitada em julgado;

2. condição da pessoa em litígio: mandado de segurança, por exemplo, que a depender da autoridade coatora, será de competência originária do tribunal. Como exemplo, tem-se o Mandado de Segurança contra ato de governador de Estado.

3. razões de ordem política: ações criminais contra prefeitos. Estes processos, que são de competência originária dos tribunais não estarão sujeitos ao duplo

grau de jurisdição, isto é, não serão cabíveis recursos em geral, podendo ser utilizados apenas o Recurso Extraordinário e o recurso Especial, seguindo as regras estabelecidas para estes.

74 YARSHELL, Flávio Luiz. Competência originária de tribunal para processo em curso perante órgão diverso, Disponível em: http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/competencia-originaria-de-tribunal-para-processo-em-curso-perante-orgao-diverso/4514, Acesso em 10/07/2015.

51 Ação Cível Originária nos Tribunais

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Tomamos por base os apontamentos de Carlos Eduardo da Rosa da Fonseca Passos.75 A tutela específica consiste na condenação do devedor ao cumprimento de uma obrigação de dar

(coisa certa ou incerta), fazer (fungível ou infungível) e não fazer. Diz-se que a tutela é específica, porquanto, ao contrário das perdas e danos, corresponde,

exatamente, àquilo que o credor pretende, daí seu caráter de especificidade, diferentemente das perdas e danos, que são estabelecidas quando não mais possível sua obtenção.

Todos devem respeitar a honra alheia. Se não há a consecução desse dever de abstenção, através daquela forma de provimento, a questão se resolve em perdas e danos.

Gradativas reformas processuais suprimiram o processo de execução fundado em sentença, tornando-o mera fase posterior do processo cognitivo (cumprimento da sentença), eis por que o uso das expressões, processo sincrético e sincretismo processual.

A tutela específica das obrigações de fazer e não fazer é cumprida conforme o art. 461, do CPC. Suponha-se alguém condenado a cancelar uma hipoteca ou inscrição em cadastro restritivo de crédito.

Tal obrigação é de fazer. A forma de seu cumprimento encontra-se estabelecida naquele dispositivo, o qual trata das obrigações de fazer e de não fazer, admitida a antecipação da tutela (art. 461, § 3º, do CPC).

Em princípio, a condenação será cumprida, visando, exatamente, ao que foi imposto pela sentença, só se convertendo em perdas e danos, se o credor assim o desejar ou se impossível atingir aquele resultado (art. 461, § 1º, do CPC). Destarte, aquelas constituem sucedâneo da tutela específica.

Dado que inadmissível coagir fisicamente o devedor, uma das formas de alcançar o adimplemento da obrigação é a imposição da multa (art. 461, § 4º, do CPC).

No entanto, tal modo de coerção, designado pela doutrina como medida de apoio, não se esgota nela. O § 5º, do mesmo artigo, estabelece outras formas tendentes ao cumprimento da tutela específica

(busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas etc.). Na medida em que o legislador, naquele parágrafo, utilizou-se da expressão, “tais como”, evidente seu

caráter exemplificativo, o que permite a adoção de outras providências, ainda que não previstas expressamente no texto.

Assim, no caso do cancelamento da hipoteca e da inscrição indevida no SERASA ou SPC, se a multa é infrutífera, ou mesmo se há outro método mais eficaz, deste o juiz deve valer-se para alcançar o resultado prático equivalente (art. 461, caput, do CPC, in fine).

Tal efeito pode ser obtido, v. g., pela substituição da vontade do devedor, através da atuação judicial, que a supre.

Basta que o juiz, ao invés de impor a multa, o que muitas vezes prolonga o trâmite processual e implica em desperdício de atividades desnecessárias, oficie diretamente ao cartório do RGI ou aos cadastros restritivos de crédito, determinando a baixa. Tudo será resolvido de forma mais racional e rápida, ultimando-se de maneira simplificada a fase do cumprimento da sentença.

A medida de apoio – substituição da vontade do devedor através da determinação judicial exteriorizada pela expedição de ofício, tendente a efetivar a tutela específica –, conquanto não prevista no elenco do § 5º, do art. 461, do CPC, encontra-se estabelecida no art. 466-A, do mesmo estatuto, o qual disciplina a sentença relativa à obrigação de emitir declaração de vontade, modalidade de obrigação de fazer, caso em que a sentença vale como manifestação da vontade do devedor.

75 PASSOS, Carlos Eduardo da Rosa da Fonseca. Métodos de Cumprimento da Tutela Específica. Revista da EMERJ, v. 11, nº 42, 2008. Disponível em: http://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista42/Revista42_72.pdf. Acesso em Julho/2015.

52 Tutela Antecipada e Tutela Específica

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Cumpre destacar que não haverá afronta ao princípio da correlação entre o pedido do autor e a sentença (art. 460, caput, do CPC), visto que a condenação continua sendo aquela obrigação de fazer.

Seu cumprimento, simplesmente, parece ensejar uma substituição do petitum por outra providência judicial.

Isso é só aparente, dado que se trata, apenas, de estabelecer uma medida de apoio voltada à obtenção do resultado prático equivalente.

E aquela pode ser decretada, inclusive, de ofício (art. 461, § 5º, do CPC). Ressoa evidente que esta forma de atuação só é pertinente, se a obrigação de fazer for fungível.

Incabível, por motivos óbvios, sua aplicação nos casos de obrigações de fazer infungíveis e de não fazer. Cumpre ressaltar que esta forma de proceder torna fácil e abrevia o exercício da jurisdição, na medida

em que evita a multiplicação de incidentes oriundos da aplicação da multa (exagero ou insignificância de seu valor).

As obrigações de dar coisa certa e incerta são cumpridas na forma do art. 461-A, do CPC. O § 3º deste artigo manda aplicar os §§ 1º a 6º, do art. 461, o que significa dizer que as medidas de apoio, anteriormente referidas, podem ser utilizadas nesta espécie de tutela específica se adequadas e necessárias.

Na obrigação de dar coisa incerta, após a condenação à sua entrega pela sentença, em determinado prazo, haverá necessidade de observância do período da concentração, em que se individualiza a coisa (art. 461-A, §1º, do CPC).

Tornada ou sendo certa a coisa, decorrido o prazo fixado pela sentença para a entrega do credor (art. 461-A, caput, do CPC), o juiz determinará a expedição de mandado de busca e apreensão ou imissão na posse, conforme seja a coisa móvel ou imóvel.

Face à remissão contida no § 3º, do art. 461-A aos §§ 1º ao 6º, do art. 461, ambos do CPC, óbvia a inferência de que as obrigações de dar também podem ser convertidas em perdas e danos, nas mesmas circunstâncias estabelecidas para as obrigações de fazer e não fazer.

Contudo, a regra é a obtenção da tutela específica, uma vez que significa, precisamente, o que o credor postulou, quando deduziu sua pretensão.

Tutela antecipada é o ato do juiz, por meio de decisão interlocutória, que adianta ao postulante, total

ou parcialmente, os efeitos do julgamento de mérito, quer em primeira instância quer em sede de recurso. No direito brasileiro, o instituto está previsto no artigo 273 do Código de Processo Civil que autoriza ao

juiz conceder ao autor (ou ao réu, nas ações dúplices) um provimento imediato que, provisoriamente, lhe assegure o bem jurídico a que se refere a prestação do direito material reclamada no litígio. Diferencia-se das medidas cautelares eis que nestas a decisão visa resguardar o direito que será definido posteriormente. Assim, no direito brasileiro, é considerada uma espécie do gênero tutela de urgência (a outra espécie seria a "medida cautelar").

A tutela antecipada76 está prevista genérica e explicitamente no art. 273 do CPC. Este artigo fora introduzido no sistema processual civil brasileiro com a Lei 8.952/94. Esta lei, juntamente com um conjunto de outras leis da mesma época, levou a uma importante reforma no Código de Processo Civil.77

Esta reforma teve como condão buscar a tão desejada efetividade do processo, depois da consciência de que o processo deve ser dotado de bem definidas destinações institucionais e que deve cumprir os seus objetivos sob pena de ser menos útil e tornam-se socialmente ilegítimo.78

Nesta busca, um passo importantíssimo foi exatamente a previsão da tutela antecipada Antes da vigência da citada lei, é certo que existia no sistema processual civil alguns provimentos que detinham a

76 MORAES, Ana Carvalho Ferreira Bueno de. Mestranda pela PUC-SP. Advogada em São Paulo. Breves considerações sobre a tutela

antecipada no processo coletivo. Disponível em: http://www.pucsp.br/tutelacoletiva/download/artigo_ana.pdf. Acesso em: Julho/2015. 77 Vale informar que, posteriormente, o CPC sofreu outras importantes reformas. A segunda em 2001/2002, com as Lei 10.252/01,

10.355/01 e 10.444/02, denominada por Cândido Rangel Dinamarco como A Reforma da Reforma (Sobre o tema ler: Candido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, 6. Ed, São Paulo: Malheiros, 2003; Luiz Rodrigues Wambier e Teresa Arruda Alvim Wambier, Breves comentários à 2ª fase da reforma do Código de Processo Civil, 2. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002). Depois, em 2005 e 2006, o CPC sofreu novamente importantes alterações, com as Leis 11.232/05, 11.276/06, 11.277/06, 11.280/06 (Sobre o tema ler: Cássio Scarpinella Buneo, A nova etapa da reforma do Código de Processo Civil, v. 1 e 2, São Paulo: Saraiva, 2006). 78 Cândido Rangel Dinamarco, A reforma do Código Processual Civil, 3. ed., São Paulo: Malheiros, 1996, p.20.

Tutela Antecipada

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mesma natureza da tutela antecipatória, como o caso, por exemplo, da liminar que concedia alimentos provisionais.

Mas, fundado no princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição, prevista no art. 5º, inciso XXXV da Constituição Federal, foi necessária a introdução da tutela antecipada, prevista de forma genérica e explicita.

Medida cautelar é o procedimento judicial que tem por escopo prevenir, conservar, defender ou

assegurar a eficácia de um direito. Isto, porque é um ato de precaução ou um ato de prevenção promovido no judiciário, onde o juiz pode autorizar quando for manifesta a gravidade, quando for claramente comprovado um risco de lesão de qualquer natureza, ou na hipótese de ser demonstrada a existência de motivo justo, amparado legalmente.

As Medidas Cautelares poderão ser "Preparatórias", quando são requeridas antes da propositura do processo principal, ou ainda "Incidentes", quando são requeridas depois de proposto o processo principal.

Quando a Medida de Ação Cautelar é proposta em caráter preparatório haverá um prazo para que o Autor promova a ação principal, sob pena de ficar sem efeito a providência deferida pelo Juiz.

Processo cautelar é aquele que se presta ao alcance de um provimento jurisdicional que resguarde uma situação de fato ou de direito, tal qual ela é hoje, para que outro processo, de execução ou de conhecimento, sobre tal situação, possa gerar eficientemente seus efeitos.

A providência cautelar é, por isso, ato judicial que há um só tempo declara interesses (não direitos) e os satisfaz provisoriamente. É que não basta ao Judiciário, em situações de emergências, apenas declarar interesses, é preciso que estes sejam realizados concretamente para impedir que a alteração fática ou jurídica provoque o completo esvaziamento e insucesso do processo principal. São características do processo cautelar e da cautelaridade:

a) a preventividade; b) a provisioriedade, e c) acessoriedade79. Duas são as características básicas dos procedimentos cautelares específicos ou ações cautelares

nominadas: em primeiro lugar, a predeterminação do conteúdo da medida (o arresto é diferente de sequestro, que é diferente da busca e apreensão e assim sucessivamente); em segundo, a predeterminação do interesse tutelado (a lei diz exatamente que interesses são protegidos por exibição, produção antecipada de provas, alimentos provisionais, e etc). O que parece importante ressaltar quanto a essa segunda característica mencionada é que, estabelecendo concretamente as hipóteses de cabimento, nada mais faz a lei do que explicitar e especificar o que ela considera periculum in mora (perigo da demora) e fumus boni iuris (fumaça do bom direito) em relação a cada uma das ações

79 Essas informações foram retiradas do livro: Código de Processo Civil Interpretado – Antônio Cláudio da Costa Machado - 6 ed. ver. e atual. Barueri, SP: Manole, 2007. p. 1144.

53 Medidas Cautelares

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nominadas. Observe-se, por fim, que pelo prisma estritamente ritual, os chamados procedimentos específicos são mais ou menos diferenciados se comparados com o procedimento comum cautelar80.

O Código de Processo Civil dispõe o seguinte, in verbis: Art. 806. Cabe à parte propor a ação, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da efetivação da

medida cautelar, quando esta for concedida em procedimento preparatório. Art. 807. As medidas cautelares conservam a sua eficácia no prazo do artigo antecedente e na

pendência do processo principal; mas podem, a qualquer tempo, ser revogadas ou modificadas. Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a medida cautelar conservará a eficácia durante

o período de suspensão do processo. Art. 808. Cessa a eficácia da medida cautelar: I - se a parte não intentar a ação no prazo estabelecido no art. 806; II - se não for executada dentro de 30 (trinta) dias; III - se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou sem julgamento do mérito. Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a medida, é defeso à parte repetir o pedido, salvo por

novo fundamento. Deste modo, não se pode esquecer que a Medida Cautelar, pela sua própria natureza, está vinculada

à decisão do processo principal e, por conseguinte, tem caráter de provisoriedade, ou seja, só manterá seus efeitos se, ao final da demanda, o juiz acolher na sentença do processo principal o reconhecimento da legalidade e legitimidade do pedido que lhe deu origem e fundamentação.

Ademais, o próprio Código de Processo Civil mencionou no artigo 796 que: Art. 796. 0 procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso do processo principal e deste

é sempre dependente. Art. 809. Os autos do procedimento cautelar serão apensados aos do processo principal. Enquanto que a Medida Cautelar pode ser deferida pelo juiz antes que a outra parte possa apresentar

defesa, ou mesmo antes que a outra parte sequer saiba da existência do processo em juízo. Estas situações, por óbvio especiais, sempre autorizadas por lei, visam garantir a eficácia da medida

quando o simples fato de se permitir que a outra parte dela tome conhecimento, puder frustrar seu objetivo ou colocar em risco sua execução.

No artigo 797 do CPC dispõe que somente em casos excepcionais, expressamente autorizados por lei, determinará o juiz medidas cautelares sem a audiência das partes. Assim como no artigo 804 menciona que é lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a medida cautelar, sem ouvir o réu, quando verificar que este, sendo citado, poderá torná-la ineficaz; caso em que poderá determinar que o requerente preste caução real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a sofrer.

A antecipação de tutela não se confunde com a medida cautelar. As cautelares protegem a eficiência da sentença a ser proferida em outro processo principal; as antecipações realizam, embora provisoriamente, a pretensão material contida no processo principal.

Atualmente pode ser considerada sua fungibilidade, no caso do demandante postular na petição inicial que lhe seja liminarmente deferida uma providência que denomina como antecipatória, mas em realidade constitui providência cautelar, tal equívoco não deve constituir motivo, de per si, para que o magistrado simplesmente a denegue, ou dela não conheça por inadmissível. Estes são os ensinamentos dos professores Athos Gusmão Carneiro, Humberto Theodoro Júnior, Ernani Fidélis dos Santos e Barbosa Moreira.

80 Essas informações foram retiradas do livro: Código de Processo Civil Interpretado –Antônio Cláudio da Costa Machado - 6 ed. ver. e atual. Barueri, SP: Manole, 2007. p. 1163.

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LIVRO III DO PROCESSO CAUTELAR

TÍTULO ÚNICO DAS MEDIDAS CAUTELARES

CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 796. O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso do processo principal e deste

é sempre dependente. Art. 797. Só em casos excepcionais, expressamente autorizados por lei, determinará o juiz medidas

cautelares sem a audiência das partes. Art. 798. Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código regula no Capítulo II deste

Livro, poderá o juiz determinar as medidas provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.

Art. 799. No caso do artigo anterior, poderá o juiz, para evitar o dano, autorizar ou vedar a prática de

determinados atos, ordenar a guarda judicial de pessoas e depósito de bens e impor a prestação de caução.

Art. 800. As medidas cautelares serão requeridas ao juiz da causa; e, quando preparatórias, ao juiz

competente para conhecer da ação principal. Parágrafo único. Interposto o recurso, a medida cautelar será requerida diretamente ao tribunal. Art. 801. O requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, que indicará: I - a autoridade judiciária, a que for dirigida; II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido; III - a lide e seu fundamento; IV - a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão; V - as provas que serão produzidas. Parágrafo único. Não se exigirá o requisito do no III senão quando a medida cautelar for requerida em

procedimento preparatório. Art. 802. O requerido será citado, qualquer que seja o procedimento cautelar, para, no prazo de 5

(cinco) dias, contestar o pedido, indicando as provas que pretende produzir. Parágrafo único. Conta-se o prazo, da juntada aos autos do mandado: I - de citação devidamente cumprido; II - da execução da medida cautelar, quando concedida liminarmente ou após justificação prévia. Art. 803. Não sendo contestado o pedido, presumir-se-ão aceitos pelo requerido, como verdadeiros,

os fatos alegados pelo requerente (arts. 285 e 319); caso em que o juiz decidirá dentro em 5 (cinco) dias. Parágrafo único. Se o requerido contestar no prazo legal, o juiz designará audiência de instrução e

julgamento, havendo prova a ser nela produzida. Art. 804. É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a medida cautelar, sem ouvir

o réu, quando verificar que este, sendo citado, poderá torná-la ineficaz; caso em que poderá determinar que o requerente preste caução real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a sofrer.

Art. 805. A medida cautelar poderá ser substituída, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes,

pela prestação de caução ou outra garantia menos gravosa para o requerido, sempre que adequada e suficiente para evitar a lesão ou repará-la integralmente.

Art. 806. Cabe à parte propor a ação, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da efetivação da

medida cautelar, quando esta for concedida em procedimento preparatório.

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Art. 807. As medidas cautelares conservam a sua eficácia no prazo do artigo antecedente e na pendência do processo principal; mas podem, a qualquer tempo, ser revogadas ou modificadas.

Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a medida cautelar conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo.

Art. 808. Cessa a eficácia da medida cautelar: I - se a parte não intentar a ação no prazo estabelecido no art. 806; II - se não for executada dentro de 30 (trinta) dias; III - se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou sem julgamento do mérito. Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a medida, é defeso à parte repetir o pedido, salvo por

novo fundamento. Art. 809. Os autos do procedimento cautelar serão apensados aos do processo principal. Art. 810. O indeferimento da medida não obsta a que a parte intente a ação, nem influi no julgamento

desta, salvo se o juiz, no procedimento cautelar, acolher a alegação de decadência ou de prescrição do direito do autor.

Art. 811. Sem prejuízo do disposto no art. 16, o requerente do procedimento cautelar responde ao

requerido pelo prejuízo que Ihe causar a execução da medida: I - se a sentença no processo principal Ihe for desfavorável; II - se, obtida liminarmente a medida no caso do art. 804 deste Código, não promover a citação do

requerido dentro em 5 (cinco) dias; III - se ocorrer a cessação da eficácia da medida, em qualquer dos casos previstos no art. 808, deste

Código; IV - se o juiz acolher, no procedimento cautelar, a alegação de decadência ou de prescrição do direito

do autor (art. 810). Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos do procedimento cautelar. Art. 812. Aos procedimentos cautelares específicos, regulados no Capítulo seguinte, aplicam-se as

disposições gerais deste Capítulo.

O Juizado Especial Cível é órgão da justiça comum, sendo que cabe ao interessado optar pelo uso

desta via específica, conforme os Arts. 1º e 3º da Lei 9.099/90. O grande diferencial dos Juizados Especiais para com os demais órgãos judiciais é o seu procedimento, uma vez que este é mais simples e preza pela informalidade, pela oralidade, pela celeridade e pela economia processual (Art. 2º).

A competência dos juizados será atribuída baseando-se na complexidade da causa, observando-se o objeto da prova (numa análise processual) e não em face do direito material sub judice. Isto se dá porque as regras processuais aplicadas ao procedimento do juizado são mais simples, dada a sua finalidade de agilizar as decisões.

A sentença proferida pelo magistrado, no âmbito do Juizado, deverá ser sempre líquida, uma vez que o procedimento não comporta a fase de liquidação de sentença. Quanto aos recursos, as partes disporão de uma única possibilidade, sendo a reavaliação do caso pela Junta Julgadora.81

81 Juizado Especial Cível e o seu Procedimento, Disponível em: http://www.tj.pr.gov.br/juizado/downloads/DOUTRINA/OprocedimentonosJuizados.pdf, Acesso em: 22 de abril de 2014.

54 Juizados Especiais

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LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995 Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências.

CAPÍTULO I Disposições Gerais

Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela União,

no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas de sua competência.

Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia

processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.

Capítulo II Dos Juizados Especiais Cíveis

Seção I Da Competência

Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas

cíveis de menor complexidade, assim consideradas: I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo; II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil; III - a ação de despejo para uso próprio; IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I deste

artigo. § 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução: I - dos seus julgados; II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quarenta vezes o salário mínimo, observado o

disposto no § 1º do art. 8º desta Lei. § 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar,

fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial.

§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em renúncia ao crédito excedente ao limite estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação.

Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado do foro: I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exerça atividades profissionais ou

econômicas ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório; II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita; III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para reparação de dano de qualquer

natureza. Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro previsto no inciso I deste

artigo.

Seção II Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos

Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a serem produzidas, para

apreciá-las e para dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica. Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins

sociais da lei e às exigências do bem comum. Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados, os primeiros,

preferentemente, entre os bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de cinco anos de experiência.

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Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no desempenho de suas funções.

Seção III

Das Partes Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas

jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil. § 1º Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado Especial: I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas II - as pessoas enquadradas como microempreendedores individuais, microempresas e empresas de

pequeno porte na forma da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)

III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999;

IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos termos do art. 1º da Lei nº 10.194, de 14 de fevereiro de 2001.

§ 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor, independentemente de assistência, inclusive para fins de conciliação.

Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente,

podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória. § 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes comparecer assistida por advogado, ou se o

réu for pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial, na forma da lei local.

§ 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por advogado, quando a causa o recomendar.

§ 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto aos poderes especiais. § 4º O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma individual, poderá ser representado por preposto

credenciado, munido de carta de preposição com poderes para transigir, sem haver necessidade de vínculo empregatício.

Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência.

Admitir-se-á o litisconsórcio. Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos previstos em lei.

Seção IV Dos atos processuais

Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno, conforme

dispuserem as normas de organização judiciária. Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais forem

realizados, atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei. § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo. § 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo

de comunicação. § 3º Apenas os atos considerados essenciais serão registrados resumidamente, em notas manuscritas,

datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais atos poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente, que será inutilizada após o trânsito em julgado da decisão.

§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação das peças do processo e demais documentos que o instruem.

Seção V

Do pedido Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do

Juizado.

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§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem acessível: I - o nome, a qualificação e o endereço das partes; II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; III - o objeto e seu valor. § 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a extensão da

obrigação. § 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema

de fichas ou formulários impressos. Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei poderão ser alternativos ou cumulados; nesta

última hipótese, desde que conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo. Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de distribuição e autuação, a Secretaria do Juizado

designará a sessão de conciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias. Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaurar-se-á, desde logo, a sessão de

conciliação, dispensados o registro prévio de pedido e a citação. Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá ser dispensada a contestação formal e ambos

serão apreciados na mesma sentença.

Seção VI Das Citações e Intimações

Art. 18. A citação far-se-á: I - por correspondência, com aviso de recebimento em mão própria; II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção,

que será obrigatoriamente identificado; III - sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória. § 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para comparecimento do citando e advertência

de que, não comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e será proferido julgamento, de plano.

§ 2º Não se fará citação por edital. § 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nulidade da citação. Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para citação, ou por qualquer outro meio idôneo

de comunicação. § 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão desde logo cientes as partes. § 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo,

reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência da comunicação.

Seção VII

Da Revelia Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão de conciliação ou à audiência de instrução e

julgamento, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial, salvo se o contrário resultar da convicção do Juiz.

Seção VIII

Da Conciliação e do Juízo Arbitral Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens

da conciliação, mostrando-lhes os riscos e as consequências do litígio, especialmente quanto ao disposto no § 3º do art. 3º desta Lei.

Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou leigo ou por conciliador sob sua orientação. Parágrafo único. Obtida a conciliação, esta será reduzida a escrito e homologada pelo Juiz togado,

mediante sentença com eficácia de título executivo.

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Art. 23. Não comparecendo o demandado, o Juiz togado proferirá sentença. Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão optar, de comum acordo, pelo juízo arbitral, na

forma prevista nesta Lei. § 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, independentemente de termo de compromisso, com a

escolha do árbitro pelas partes. Se este não estiver presente, o Juiz convocá-lo-á e designará, de imediato, a data para a audiência de instrução.

§ 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos. Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mesmos critérios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º

desta Lei, podendo decidir por equidade. Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias subsequentes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz

togado para homologação por sentença irrecorrível.

Seção IX Da Instrução e Julgamento

Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á imediatamente à audiência de instrução e

julgamento, desde que não resulte prejuízo para a defesa. Parágrafo único. Não sendo possível a sua realização imediata, será a audiência designada para um

dos quinze dias subsequentes, cientes, desde logo, as partes e testemunhas eventualmente presentes. Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão ouvidas as partes, colhida a prova e, em seguida,

proferida a sentença. Art. 29. Serão decididos de plano todos os incidentes que possam interferir no regular prosseguimento

da audiência. As demais questões serão decididas na sentença. Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados por uma das partes, manifestar-se-á

imediatamente a parte contrária, sem interrupção da audiência.

Seção X Da Resposta do Réu

Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda matéria de defesa, exceto arguição de

suspeição ou impedimento do Juiz, que se processará na forma da legislação em vigor. Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor,

nos limites do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido do réu na própria audiência ou requerer a

designação da nova data, que será desde logo fixada, cientes todos os presentes.

Seção XI Das Provas

Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legítimos, ainda que não especificados em lei, são

hábeis para provar a veracidade dos fatos alegados pelas partes. Art. 33. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, ainda que não

requeridas previamente, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.

Art. 34. As testemunhas, até o máximo de três para cada parte, comparecerão à audiência de instrução

e julgamento levadas pela parte que as tenha arrolado, independentemente de intimação, ou mediante esta, se assim for requerido.

§ 1º O requerimento para intimação das testemunhas será apresentado à Secretaria no mínimo cinco dias antes da audiência de instrução e julgamento.

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§ 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz poderá determinar sua imediata condução, valendo-se, se necessário, do concurso da força pública.

Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança, permitida às

partes a apresentação de parecer técnico. Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, de ofício ou a requerimento das partes, realizar

inspeção em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua confiança, que lhe relatará informalmente o verificado.

Art. 36. A prova oral não será reduzida a escrito, devendo a sentença referir, no essencial, os informes

trazidos nos depoimentos. Art. 37. A instrução poderá ser dirigida por Juiz leigo, sob a supervisão de Juiz togado.

Seção XII Da Sentença

Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos

relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório. Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o

pedido. Art. 39. É ineficaz a sentença condenatória na parte que exceder a alçada estabelecida nesta Lei. Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução proferirá sua decisão e imediatamente a submeterá

ao Juiz togado, que poderá homologá-la, proferir outra em substituição ou, antes de se manifestar, determinar a realização de atos probatórios indispensáveis.

Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para

o próprio Juizado. § 1º O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em exercício no primeiro

grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. § 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado. Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença, por petição

escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente. § 1º O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e oito horas seguintes à

interposição, sob pena de deserção. § 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para oferecer resposta escrita no prazo de dez

dias. Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar

dano irreparável para a parte. Art. 44. As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que alude o § 3º do

art. 13 desta Lei, correndo por conta do requerente as despesas respectivas. Art. 45. As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento. Art. 46. O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a indicação suficiente do

processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.

Art. 47. (Vetado)

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Seção XIII Dos Embargos de Declaração

Art. 48. Caberão embargos de declaração quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade,

contradição, omissão ou dúvida. Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício. Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias,

contados da ciência da decisão. Art. 50. Quando interpostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazo para

recurso.

Seção XIV Da Extinção do Processo Sem Julgamento do Mérito

Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos em lei: I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer das audiências do processo; II - quando inadmissível o procedimento instituído por esta Lei ou seu prosseguimento, após a

conciliação; III - quando for reconhecida a incompetência territorial; IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos previstos no art. 8º desta Lei; V - quando, falecido o autor, a habilitação depender de sentença ou não se der no prazo de trinta dias; VI - quando, falecido o réu, o autor não promover a citação dos sucessores no prazo de trinta dias da

ciência do fato. § 1º A extinção do processo independerá, em qualquer hipótese, de prévia intimação pessoal das

partes. § 2º No caso do inciso I deste artigo, quando comprovar que a ausência decorre de força maior, a parte

poderá ser isentada, pelo Juiz, do pagamento das custas.

Seção XV Da Execução

Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no próprio Juizado, aplicando-se, no que couber, o

disposto no Código de Processo Civil, com as seguintes alterações: I - as sentenças serão necessariamente líquidas, contendo a conversão em Bônus do Tesouro

Nacional - BTN ou índice equivalente; II - os cálculos de conversão de índices, de honorários, de juros e de outras parcelas serão efetuados

por servidor judicial; III - a intimação da sentença será feita, sempre que possível, na própria audiência em que for proferida.

Nessa intimação, o vencido será instado a cumprir a sentença tão logo ocorra seu trânsito em julgado, e advertido dos efeitos do seu descumprimento (inciso V);

IV - não cumprida voluntariamente a sentença transitada em julgado, e tendo havido solicitação do interessado, que poderá ser verbal, proceder-se-á desde logo à execução, dispensada nova citação;

V - nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou de não fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execução, cominará multa diária, arbitrada de acordo com as condições econômicas do devedor, para a hipótese de inadimplemento. Não cumprida a obrigação, o credor poderá requerer a elevação da multa ou a transformação da condenação em perdas e danos, que o Juiz de imediato arbitrará, seguindo-se a execução por quantia certa, incluída a multa vencida de obrigação de dar, quando evidenciada a malícia do devedor na execução do julgado;

VI - na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o cumprimento por outrem, fixado o valor que o devedor deve depositar para as despesas, sob pena de multa diária;

VII - na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá autorizar o devedor, o credor ou terceira pessoa idônea a tratar da alienação do bem penhorado, a qual se aperfeiçoará em juízo até a data fixada para a praça ou leilão. Sendo o preço inferior ao da avaliação, as partes serão ouvidas. Se o pagamento não for à vista, será oferecida caução idônea, nos casos de alienação de bem móvel, ou hipotecado o imóvel;

VIII - é dispensada a publicação de editais em jornais, quando se tratar de alienação de bens de pequeno valor;

IX - o devedor poderá oferecer embargos, nos autos da execução, versando sobre:

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a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele correu à revelia; b) manifesto excesso de execução; c) erro de cálculo; d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, superveniente à sentença. Art. 53. A execução de título executivo extrajudicial, no valor de até quarenta salários mínimos,

obedecerá ao disposto no Código de Processo Civil, com as modificações introduzidas por esta Lei. § 1º Efetuada a penhora, o devedor será intimado a comparecer à audiência de conciliação, quando

poderá oferecer embargos (art. 52, IX), por escrito ou verbalmente. § 2º Na audiência, será buscado o meio mais rápido e eficaz para a solução do litígio, se possível com

dispensa da alienação judicial, devendo o conciliador propor, entre outras medidas cabíveis, o pagamento do débito a prazo ou a prestação, a dação em pagamento ou a imediata adjudicação do bem penhorado.

§ 3º Não apresentados os embargos em audiência, ou julgados improcedentes, qualquer das partes poderá requerer ao Juiz a adoção de uma das alternativas do parágrafo anterior.

§ 4º Não encontrado o devedor ou inexistindo bens penhoráveis, o processo será imediatamente extinto, devolvendo-se os documentos ao autor.

Seção XVI

Das Despesas Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em primeiro grau de jurisdição, do pagamento de

custas, taxas ou despesas. Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do § 1º do art. 42 desta Lei, compreenderá todas as

despesas processuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência judiciária gratuita.

Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de advogado,

ressalvados os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa.

Parágrafo único. Na execução não serão contadas custas, salvo quando: I - reconhecida a litigância de má-fé; II - improcedentes os embargos do devedor; III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido objeto de recurso improvido do devedor.

Seção XVII Disposições Finais

Art. 56. Instituído o Juizado Especial, serão implantadas as curadorias necessárias e o serviço de

assistência judiciária. Art. 57. O acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou valor, poderá ser homologado, no juízo

competente, independentemente de termo, valendo a sentença como título executivo judicial. Parágrafo único. Valerá como título extrajudicial o acordo celebrado pelas partes, por instrumento

escrito, referendado pelo órgão competente do Ministério Público. Art. 58. As normas de organização judiciária local poderão estender a conciliação prevista nos arts. 22

e 23 a causas não abrangidas por esta Lei. Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei. Os Juizados Especiais federais são competentes para processar, julgar e conciliar a grande maioria

das causas de atribuição da Justiça Federal, trazendo o Art. 3º da Lei 10.259/01 as exceções cabíveis. O procedimento dos Juizados Especiais Federais é regido pela simplicidade, oralidade, informalidade,

economia e celeridade processuais, dentro da proposta de facilitar o acesso aos serviços judiciários. Terá legitimidade ativa, podendo utilizar-se do procedimento do juizado, as pessoas físicas, maiores

de dezoito anos e com plena capacidade civil. As pessoas jurídicas, de modo geral, não poderão utilizar o juizado, permitindo-se que as microempresas e as empresas de pequeno porte processem pelo rito especial do juizado. As partes não precisam estar representadas por advogado.

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Relativamente à matéria penal, os juizados federais tem competência para julgar feitos relativos às infrações de menor potencial ofensivo, tais como os crimes que a lei prescreva pena máxima não superior a dois anos ou multa.

O valor da causa, no âmbito dos juizados, tem o teto de sessenta salários mínimos. As ações que excederem este valor deverão ser propostas nas Varas Federais comuns. Para o cálculo do valor da causa, nos casos em que a cobrança é de dívida periódica, com parcelas vencidas ou vincendas, utiliza-se o critério de somar doze parcelas, chegando-se ao valor da causa.82

Das decisões proferidas no Juizado Especial Federal caberá Recurso inominado, no prazo de dez dias, sendo que este será decidido por órgão colegiado formado por juízes federais.

LEI Nº 10.259, DE 12 DE JULHO DE 2001

Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal.

Art. 1º São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e Criminais da Justiça Federal, aos quais se aplica, no que não conflitar com esta Lei, o disposto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Art. 2º Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os feitos de competência da

Justiça Federal relativos às infrações de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.

Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrente da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis.

Art. 3º Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência

da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças. § 1º Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas: I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado de segurança,

de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos;

II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais; III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária

e o de lançamento fiscal; IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis

ou de sanções disciplinares aplicadas a militares. § 2º Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do Juizado

Especial, a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor referido no art. 3o, caput. § 3º No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta. Art. 4º O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir medidas cautelares no curso do

processo, para evitar dano de difícil reparação. Art. 5º Exceto nos casos do art. 4o, somente será admitido recurso de sentença definitiva. Art. 6º Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível: I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, assim

definidas na Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996; II – como rés, a União, autarquias, fundações e empresas públicas federais. Art. 7º As citações e intimações da União serão feitas na forma prevista nos arts. 35 a 38 da Lei

Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993. Parágrafo único. A citação das autarquias, fundações e empresas públicas será feita na pessoa do

representante máximo da entidade, no local onde proposta a causa, quando ali instalado seu escritório ou representação; se não, na sede da entidade.

82 Juizados Especiais Federais. Disponível em: http://www.jf.jus.br/unidades-especiais/juizados-especiais-federais, Acesso em 22 de abril de 2015.

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Art. 8º As partes serão intimadas da sentença, quando não proferida esta na audiência em que estiver presente seu representante, por ARMP (aviso de recebimento em mão própria).

§ 1º As demais intimações das partes serão feitas na pessoa dos advogados ou dos Procuradores que oficiem nos respectivos autos, pessoalmente ou por via postal.

§ 2º Os tribunais poderão organizar serviço de intimação das partes e de recepção de petições por meio eletrônico.

Art. 9º Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas

de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a citação para audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de trinta dias.

Art. 10. As partes poderão designar, por escrito, representantes para a causa, advogado ou não. Parágrafo único. Os representantes judiciais da União, autarquias, fundações e empresas públicas

federais, bem como os indicados na forma do caput, ficam autorizados a conciliar, transigir ou desistir, nos processos da competência dos Juizados Especiais Federais.

Art. 11. A entidade pública ré deverá fornecer ao Juizado a documentação de que disponha para o

esclarecimento da causa, apresentando-a até a instalação da audiência de conciliação. Parágrafo único. Para a audiência de composição dos danos resultantes de ilícito criminal (arts. 71, 72

e 74 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995), o representante da entidade que comparecer terá poderes para acordar, desistir ou transigir, na forma do art. 10.

Art. 12. Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou ao julgamento da causa, o Juiz

nomeará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até cinco dias antes da audiência, independentemente de intimação das partes.

§ 1º Os honorários do técnico serão antecipados à conta de verba orçamentária do respectivo Tribunal e, quando vencida na causa a entidade pública, seu valor será incluído na ordem de pagamento a ser feita em favor do Tribunal.

§ 2º Nas ações previdenciárias e relativas à assistência social, havendo designação de exame, serão as partes intimadas para, em dez dias, apresentar quesitos e indicar assistentes.

Art. 13. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá reexame necessário. Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei federal quando houver divergência

entre decisões sobre questões de direito material proferidas por Turmas Recursais na interpretação da lei.

§ 1º O pedido fundado em divergência entre Turmas da mesma Região será julgado em reunião

conjunta das Turmas em conflito, sob a presidência do Juiz Coordenador. § 2º O pedido fundado em divergência entre decisões de turmas de diferentes regiões ou da proferida

em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante do STJ será julgado por Turma de Uniformização, integrada por juízes de Turmas Recursais, sob a presidência do Coordenador da Justiça Federal.

§ 3º A reunião de juízes domiciliados em cidades diversas será feita pela via eletrônica. § 4º Quando a orientação acolhida pela Turma de Uniformização, em questões de direito material,

contrariar súmula ou jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça -STJ, a parte interessada poderá provocar a manifestação deste, que dirimirá a divergência.

§ 5º No caso do § 4o, presente a plausibilidade do direito invocado e havendo fundado receio de dano de difícil reparação, poderá o relator conceder, de ofício ou a requerimento do interessado, medida liminar determinando a suspensão dos processos nos quais a controvérsia esteja estabelecida.

§ 6º Eventuais pedidos de uniformização idênticos, recebidos subsequentemente em quaisquer Turmas Recursais, ficarão retidos nos autos, aguardando-se pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça.

§ 7º Se necessário, o relator pedirá informações ao Presidente da Turma Recursal ou Coordenador da Turma de Uniformização e ouvirá o Ministério Público, no prazo de cinco dias. Eventuais interessados, ainda que não sejam partes no processo, poderão se manifestar, no prazo de trinta dias.

§ 8º Decorridos os prazos referidos no § 7o, o relator incluirá o pedido em pauta na Seção, com preferência sobre todos os demais feitos, ressalvados os processos com réus presos, os habeas corpus e os mandados de segurança.

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§ 9º Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos referidos no § 6o serão apreciados pelas Turmas Recursais, que poderão exercer juízo de retratação ou declará-los prejudicados, se veicularem tese não acolhida pelo Superior Tribunal de Justiça.

§ 10. Os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbito de suas competências, expedirão normas regulamentando a composição dos órgãos e os procedimentos a serem adotados para o processamento e o julgamento do pedido de uniformização e do recurso extraordinário.

Art. 15. O recurso extraordinário, para os efeitos desta Lei, será processado e julgado segundo o

estabelecido nos §§ 4o a 9o do art. 14, além da observância das normas do Regimento. Art. 16. O cumprimento do acordo ou da sentença, com trânsito em julgado, que imponham obrigação

de fazer, não fazer ou entrega de coisa certa, será efetuado mediante ofício do Juiz à autoridade citada para a causa, com cópia da sentença ou do acordo.

Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em julgado da decisão, o

pagamento será efetuado no prazo de sessenta dias, contados da entrega da requisição, por ordem do Juiz, à autoridade citada para a causa, na agência mais próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil, independentemente de precatório.

§ 1º Para os efeitos do § 3o do art. 100 da Constituição Federal, as obrigações ali definidas como de pequeno valor, a serem pagas independentemente de precatório, terão como limite o mesmo valor estabelecido nesta Lei para a competência do Juizado Especial Federal Cível (art. 3o, caput).

§ 2º Desatendida a requisição judicial, o Juiz determinará o sequestro do numerário suficiente ao cumprimento da decisão.

§ 3º São vedados o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução, de modo que o pagamento se faça, em parte, na forma estabelecida no § 1o deste artigo, e, em parte, mediante expedição do precatório, e a expedição de precatório complementar ou suplementar do valor pago.

§ 4º Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido no § 1o, o pagamento far-se-á, sempre, por meio do precatório, sendo facultado à parte exequente a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma lá prevista.

Art. 18. Os Juizados Especiais serão instalados por decisão do Tribunal Regional Federal. O Juiz

presidente do Juizado designará os conciliadores pelo período de dois anos, admitida a recondução. O exercício dessas funções será gratuito, assegurados os direitos e prerrogativas do jurado (art. 437 do Código de Processo Penal).

Parágrafo único. Serão instalados Juizados Especiais Adjuntos nas localidades cujo movimento forense não justifique a existência de Juizado Especial, cabendo ao Tribunal designar a Vara onde funcionará.

Art. 19. No prazo de seis meses, a contar da publicação desta Lei, deverão ser instalados os Juizados

Especiais nas capitais dos Estados e no Distrito Federal. Parágrafo único. Na capital dos Estados, no Distrito Federal e em outras cidades onde for necessário,

neste último caso, por decisão do Tribunal Regional Federal, serão instalados Juizados com competência exclusiva para ações previdenciárias.

Art. 20. Onde não houver Vara Federal, a causa poderá ser proposta no Juizado Especial Federal mais

próximo do foro definido no art. 4o da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, vedada a aplicação desta Lei no juízo estadual.

Art. 21. As Turmas Recursais serão instituídas por decisão do Tribunal Regional Federal, que definirá

sua composição e área de competência, podendo abranger mais de uma seção. Art. 22. Os Juizados Especiais serão coordenados por Juiz do respectivo Tribunal Regional, escolhido

por seus pares, com mandato de dois anos. Parágrafo único. O Juiz Federal, quando o exigirem as circunstâncias, poderá determinar o

funcionamento do Juizado Especial em caráter itinerante, mediante autorização prévia do Tribunal Regional Federal, com antecedência de dez dias.

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Art. 23. O Conselho da Justiça Federal poderá limitar, por até três anos, contados a partir da publicação desta Lei, a competência dos Juizados Especiais Cíveis, atendendo à necessidade da organização dos serviços judiciários ou administrativos.

Art. 24. O Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal e as Escolas de Magistratura

dos Tribunais Regionais Federais criarão programas de informática necessários para subsidiar a instrução das causas submetidas aos Juizados e promoverão cursos de aperfeiçoamento destinados aos seus magistrados e servidores.

Art. 25. Não serão remetidas aos Juizados Especiais as demandas ajuizadas até a data de sua

instalação. Art. 26. Competirá aos Tribunais Regionais Federais prestar o suporte administrativo necessário ao

funcionamento dos Juizados Especiais. Art. 27. Esta Lei entra em vigor seis meses após a data de sua publicação.

LEI No 6.830, DE 22 DE SETEMBRO DE 1980

Dispõe sobre a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública, e dá outras providências. Art. 1º - A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal,

dos Municípios e respectivas autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil.

Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária

na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

§ 1º - Qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades de que trata o artigo 1º, será considerado Dívida Ativa da Fazenda Pública.

§ 2º - A Dívida Ativa da Fazenda Pública, compreendendo a tributária e a não tributária, abrange atualização monetária, juros e multa de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato.

§ 3º - A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo.

§ 4º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional. § 5º - O Termo de Inscrição de Dívida Ativa deverá conter: I - o nome do devedor, dos corresponsáveis e, sempre que conhecido, o domicílio ou residência de um

e de outros; II - o valor originário da dívida, bem como o termo inicial e a forma de calcular os juros de mora e

demais encargos previstos em lei ou contrato; III - a origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual da dívida;

55 Execução Fiscal

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IV - a indicação, se for o caso, de estar a dívida sujeita à atualização monetária, bem como o respectivo fundamento legal e o termo inicial para o cálculo;

V - a data e o número da inscrição, no Registro de Dívida Ativa; e VI - o número do processo administrativo ou do auto de infração, se neles estiver apurado o valor da

dívida. § 6º - A Certidão de Dívida Ativa conterá os mesmos elementos do Termo de Inscrição e será

autenticada pela autoridade competente. § 7º - O Termo de Inscrição e a Certidão de Dívida Ativa poderão ser preparados e numerados por

processo manual, mecânico ou eletrônico. § 8º - Até a decisão de primeira instância, a Certidão de Dívida Ativa poderá ser emendada ou

substituída, assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos. § 9º - O prazo para a cobrança das contribuições previdenciárias continua a ser o estabelecido no artigo

144 da Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960. Art. 3º - A Dívida Ativa regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez. Parágrafo Único - A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova

inequívoca, a cargo do executado ou de terceiro, a quem aproveite. Art. 4º - A execução fiscal poderá ser promovida contra: I - o devedor; II - o fiador; III - o espólio; IV - a massa; V - o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de pessoas físicas ou pessoas

jurídicas de direito privado; e VI - os sucessores a qualquer título. § 1º - Ressalvado o disposto no artigo 31, o síndico, o comissário, o liquidante, o inventariante e o

administrador, nos casos de falência, concordata, liquidação, inventário, insolvência ou concurso de credores, se, antes de garantidos os créditos da Fazenda Pública, alienarem ou derem em garantia quaisquer dos bens administrados, respondem, solidariamente, pelo valor desses bens.

§ 2º - À Dívida Ativa da Fazenda Pública, de qualquer natureza, aplicam-se as normas relativas à responsabilidade prevista na legislação tributária, civil e comercial.

§ 3º - Os responsáveis, inclusive as pessoas indicadas no § 1º deste artigo, poderão nomear bens livres e desembaraçados do devedor, tantos quantos bastem para pagar a dívida. Os bens dos responsáveis ficarão, porém, sujeitos à execução, se os do devedor forem insuficientes à satisfação da dívida.

§ 4º - Aplica-se à Dívida Ativa da Fazenda Pública de natureza não tributária o disposto nos artigos 186 e 188 a 192 do Código Tributário Nacional.

Art. 5º - A competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui

a de qualquer outro Juízo, inclusive o da falência, da concordata, da liquidação, da insolvência ou do inventário.

Art. 6º - A petição inicial indicará apenas: I - o Juiz a quem é dirigida; II - o pedido; e III - o requerimento para a citação. § 1º - A petição inicial será instruída com a Certidão da Dívida Ativa, que dela fará parte integrante,

como se estivesse transcrita. § 2º - A petição inicial e a Certidão de Dívida Ativa poderão constituir um único documento, preparado

inclusive por processo eletrônico. § 3º - A produção de provas pela Fazenda Pública independe de requerimento na petição inicial. § 4º - O valor da causa será o da dívida constante da certidão, com os encargos legais. Art. 7º - O despacho do Juiz que deferir a inicial importa em ordem para: I - citação, pelas sucessivas modalidades previstas no artigo 8º; II - penhora, se não for paga a dívida, nem garantida a execução, por meio de depósito, fiança ou

seguro garantia; III - arresto, se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar;

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IV - registro da penhora ou do arresto, independentemente do pagamento de custas ou outras despesas, observado o disposto no artigo 14; e

V - avaliação dos bens penhorados ou arrestados. Art. 8º - O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa

de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas:

I - a citação será feita pelo correio, com aviso de recepção, se a Fazenda Pública não a requerer por outra forma;

II - a citação pelo correio considera-se feita na data da entrega da carta no endereço do executado, ou, se a data for omitida, no aviso de recepção, 10 (dez) dias após a entrega da carta à agência postal;

III - se o aviso de recepção não retornar no prazo de 15 (quinze) dias da entrega da carta à agência postal, a citação será feita por Oficial de Justiça ou por edital;

IV - o edital de citação será afixado na sede do Juízo, publicado uma só vez no órgão oficial, gratuitamente, como expediente judiciário, com o prazo de 30 (trinta) dias, e conterá, apenas, a indicação da exequente, o nome do devedor e dos corresponsáveis, a quantia devida, a natureza da dívida, a data e o número da inscrição no Registro da Dívida Ativa, o prazo e o endereço da sede do Juízo.

§ 1º - O executado ausente do País será citado por edital, com prazo de 60 (sessenta) dias. § 2º - O despacho do Juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescrição. Art. 9º - Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na

Certidão de Dívida Ativa, o executado poderá: I - efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de crédito, que assegure

atualização monetária; II - oferecer fiança bancária ou seguro garantia; III - nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11; ou IV - indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública. § 1º - O executado só poderá indicar e o terceiro oferecer bem imóvel à penhora com o consentimento

expresso do respectivo cônjuge. § 2o Juntar-se-á aos autos a prova do depósito, da fiança bancária, do seguro garantia ou da penhora

dos bens do executado ou de terceiros. § 3o A garantia da execução, por meio de depósito em dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia,

produz os mesmos efeitos da penhora. § 4º - Somente o depósito em dinheiro, na forma do artigo 32, faz cessar a responsabilidade pela

atualização monetária e juros de mora. § 5º - A fiança bancária prevista no inciso II obedecerá às condições pré-estabelecidas pelo Conselho

Monetário Nacional. § 6º - O executado poderá pagar parcela da dívida, que julgar incontroversa, e garantir a execução do

saldo devedor. Art. 10 - Não ocorrendo o pagamento, nem a garantia da execução de que trata o artigo 9º, a penhora

poderá recair em qualquer bem do executado, exceto os que a lei declare absolutamente impenhoráveis. Art. 11 - A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem: I - dinheiro; II - título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa; III - pedras e metais preciosos; IV - imóveis; V - navios e aeronaves; VI - veículos; VII - móveis ou semoventes; e VIII - direitos e ações. § 1º - Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre estabelecimento comercial, industrial ou

agrícola, bem como em plantações ou edifícios em construção. § 2º - A penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de que trata o inciso I do artigo 9º. § 3º - O Juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda

Pública exequente, sempre que esta o requerer, em qualquer fase do processo.

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Art. 12 - Na execução fiscal, far-se-á a intimação da penhora ao executado, mediante publicação, no órgão oficial, do ato de juntada do termo ou do auto de penhora.

§ 1º - Nas Comarcas do interior dos Estados, a intimação poderá ser feita pela remessa de cópia do termo ou do auto de penhora, pelo correio, na forma estabelecida no artigo 8º, incisos I e II, para a citação.

§ 2º - Se a penhora recair sobre imóvel, far-se-á a intimação ao cônjuge, observadas as normas previstas para a citação.

§ 3º - Far-se-á a intimação da penhora pessoalmente ao executado se, na citação feita pelo correio, o aviso de recepção não contiver a assinatura do próprio executado, ou de seu representante legal.

Art. 13 - 0 termo ou auto de penhora conterá, também, a avaliação dos bens penhorados, efetuada por quem o lavrar.

§ 1º - Impugnada a avaliação, pelo executado, ou pela Fazenda Pública, antes de publicado o edital de leilão, o Juiz, ouvida a outra parte, nomeará avaliador oficial para proceder a nova avaliação dos bens penhorados.

§ 2º - Se não houver, na Comarca, avaliador oficial ou este não puder apresentar o laudo de avaliação no prazo de 15 (quinze) dias, será nomeada pessoa ou entidade habilitada a critério do Juiz.

§ 3º - Apresentado o laudo, o Juiz decidirá de plano sobre a avaliação. Art. 14 - 0 Oficial de Justiça entregará contrafé e cópia do termo ou do auto de penhora ou arresto,

com a ordem de registro de que trata o artigo 7º, inciso IV: I - no Ofício próprio, se o bem for imóvel ou a ele equiparado; II - na repartição competente para emissão de certificado de registro, se for veículo; III - na Junta Comercial, na Bolsa de Valores, e na sociedade comercial, se forem ações, debênture,

parte beneficiária, cota ou qualquer outro título, crédito ou direito societário nominativo. Art. 15 - Em qualquer fase do processo, será deferida pelo Juiz: I - ao executado, a substituição da penhora por depósito em dinheiro, fiança bancária ou seguro

garantia; e II - à Fazenda Pública, a substituição dos bens penhorados por outros, independentemente da ordem

enumerada no artigo 11, bem como o reforço da penhora insuficiente. Art. 16 - O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados: I - do depósito; II - da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia; III - da intimação da penhora. § 1º - Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução. § 2º - No prazo dos embargos, o executado deverá alegar toda matéria útil à defesa, requerer provas

e juntar aos autos os documentos e rol de testemunhas, até três, ou, a critério do juiz, até o dobro desse limite.

§ 3º - Não será admitida reconvenção, nem compensação, e as exceções, salvo as de suspeição, incompetência e impedimentos, serão arguidas como matéria preliminar e serão processadas e julgadas com os embargos.

Art. 17 - Recebidos os embargos, o Juiz mandará intimar a Fazenda, para impugná-los no prazo de 30

(trinta) dias, designando, em seguida, audiência de instrução e julgamento. Parágrafo Único - Não se realizará audiência, se os embargos versarem sobre matéria de direito, ou,

sendo de direito e de fato, a prova for exclusivamente documental, caso em que o Juiz proferirá a sentença no prazo de 30 (trinta) dias.

Art. 18 - Caso não sejam oferecidos os embargos, a Fazenda Pública manifestar-se-á sobre a garantia

da execução. Art. 19 - Não sendo embargada a execução ou sendo rejeitados os embargos, no caso de garantia

prestada por terceiro, será este intimado, sob pena de contra ele prosseguir a execução nos próprios autos, para, no prazo de 15 (quinze) dias:

I - remir o bem, se a garantia for real; ou II - pagar o valor da dívida, juros e multa de mora e demais encargos, indicados na Certidão de Dívida

Ativa pelos quais se obrigou se a garantia for fidejussória.

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Art. 20 - Na execução por carta, os embargos do executado serão oferecidos no Juízo deprecado, que os remeterá ao Juízo deprecante, para instrução e julgamento.

Parágrafo Único - Quando os embargos tiverem por objeto vícios ou irregularidades de atos do próprio Juízo deprecado, caber-lhe -á unicamente o julgamento dessa matéria.

Art. 21 - Na hipótese de alienação antecipada dos bens penhorados, o produto será depositado em

garantia da execução, nos termos previstos no artigo 9º, inciso I. Art. 22 - A arrematação será precedida de edital, afixado no local de costume, na sede do Juízo, e

publicado em resumo, uma só vez, gratuitamente, como expediente judiciário, no órgão oficial. § 1º - O prazo entre as datas de publicação do edital e do leilão não poderá ser superior a 30 (trinta),

nem inferior a 10 (dez) dias. § 2º - O representante judicial da Fazenda Pública, será intimado, pessoalmente, da realização do

leilão, com a antecedência prevista no parágrafo anterior. Art. 23 - A alienação de quaisquer bens penhorados será feita em leilão público, no lugar designado

pelo Juiz. § 1º - A Fazenda Pública e o executado poderão requerer que os bens sejam leiloados

englobadamente ou em lotes que indicarem. § 2º - Cabe ao arrematante o pagamento da comissão do leiloeiro e demais despesas indicadas no

edital. Art. 24 - A Fazenda Pública poderá adjudicar os bens penhorados: I - antes do leilão, pelo preço da avaliação, se a execução não for embargada ou se rejeitados os

embargos; II - findo o leilão: a) se não houver licitante, pelo preço da avaliação; b) havendo licitantes, com preferência, em igualdade de condições com a melhor oferta, no prazo de

30 (trinta) dias. Parágrafo Único - Se o preço da avaliação ou o valor da melhor oferta for superior ao dos créditos da

Fazenda Pública, a adjudicação somente será deferida pelo Juiz se a diferença for depositada, pela exequente, à ordem do Juízo, no prazo de 30 (trinta) dias.

Art. 25 - Na execução fiscal, qualquer intimação ao representante judicial da Fazenda Pública será

feita pessoalmente. Parágrafo Único - A intimação de que trata este artigo poderá ser feita mediante vista dos autos, com

imediata remessa ao representante judicial da Fazenda Pública, pelo cartório ou secretaria. Art. 26 - Se, antes da decisão de primeira instância, a inscrição de Dívida Ativa for, a qualquer título,

cancelada, a execução fiscal será extinta, sem qualquer ônus para as partes. Art. 27 - As publicações de atos processuais poderão ser feitas resumidamente ou reunir num só texto

os de diferentes processos. Parágrafo Único - As publicações farão sempre referência ao número do processo no respectivo Juízo

e ao número da correspondente inscrição de Dívida Ativa, bem como ao nome das partes e de seus advogados, suficientes para a sua identificação.

Art. 28 - O Juiz, a requerimento das partes, poderá, por conveniência da unidade da garantia da

execução, ordenar a reunião de processos contra o mesmo devedor. Parágrafo Único - Na hipótese deste artigo, os processos serão redistribuídos ao Juízo da primeira

distribuição. Art. 29 - A cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é sujeita a concurso de credores

ou habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento Parágrafo Único - O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito

público, na seguinte ordem: I - União e suas autarquias; II - Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata; III - Municípios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata.

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Art. 30 - Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento da Dívida Ativa da Fazenda Pública a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declara absolutamente impenhoráveis.

Art. 31 - Nos processos de falência, concordata, liquidação, inventário, arrolamento ou concurso de credores, nenhuma alienação será judicialmente autorizada sem a prova de quitação da Dívida Ativa ou a concordância da Fazenda Pública.

Art. 32 - Os depósitos judiciais em dinheiro serão obrigatoriamente feitos: I - na Caixa Econômica Federal, de acordo com o Decreto-lei nº 1.737, de 20 de dezembro de 1979,

quando relacionados com a execução fiscal proposta pela União ou suas autarquias; II - na Caixa Econômica ou no banco oficial da unidade federativa ou, à sua falta, na Caixa Econômica

Federal, quando relacionados com execução fiscal proposta pelo Estado, Distrito Federal, Municípios e suas autarquias.

§ 1º - Os depósitos de que trata este artigo estão sujeitos à atualização monetária, segundo os índices estabelecidos para os débitos tributários federais.

§ 2º - Após o trânsito em julgado da decisão, o depósito, monetariamente atualizado, será devolvido ao depositante ou entregue à Fazenda Pública, mediante ordem do Juízo competente.

Art. 33 - O Juízo, do Oficio, comunicará à repartição competente da Fazenda Pública, para fins de

averbação no Registro da Dívida Ativa, a decisão final, transitada em julgado, que der por improcedente a execução, total ou parcialmente.

Art. 34 - Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior a 50

(cinquenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão embargos infringentes e de declaração.

§ 1º - Para os efeitos deste artigo considerar-se-á o valor da dívida monetariamente atualizado e acrescido de multa e juros de mora e de mais encargos legais, na data da distribuição.

§ 2º - Os embargos infringentes, instruídos, ou não, com documentos novos, serão deduzidos, no prazo de 10 (dez) dias perante o mesmo Juízo, em petição fundamentada.

§ 3º - Ouvido o embargado, no prazo de 10 (dez) dias, serão os autos conclusos ao Juiz, que, dentro de 20 (vinte) dias, os rejeitará ou reformará a sentença.

Art. 35 - Nos processos regulados por esta Lei, poderá ser dispensada a audiência de revisor, no

julgamento das apelações. Art. 36 - Compete à Fazenda Pública baixar normas sobre o recolhimento da Dívida Ativa respectiva,

em Juízo ou fora dele, e aprovar, inclusive, os modelos de documentos de arrecadação. Art. 37 - O Auxiliar de Justiça que, por ação ou omissão, culposa ou dolosa, prejudicar a execução,

será responsabilizado, civil, penal e administrativamente. Parágrafo Único - O Oficial de Justiça deverá efetuar, em 10 (dez) dias, as diligências que lhe forem

ordenadas, salvo motivo de força maior devidamente justificado perante o Juízo. Art. 38 - A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na

forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos.

Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.

Art. 39 - A Fazenda Pública não está sujeita ao pagamento de custas e emolumentos. A prática dos

atos judiciais de seu interesse independerá de preparo ou de prévio depósito. Parágrafo Único - Se vencida, a Fazenda Pública ressarcirá o valor das despesas feitas pela parte

contrária.

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Art. 40 - O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição.

§ 1º - Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante judicial da Fazenda Pública.

§ 2º - Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos.

§ 3º - Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos para prosseguimento da execução.

§ 4o Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato.

§ 5o A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4o deste artigo será dispensada no caso de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda.

Art. 41 - O processo administrativo correspondente à inscrição de Dívida Ativa, à execução fiscal ou à

ação proposta contra a Fazenda Pública será mantido na repartição competente, dele se extraindo as cópias autenticadas ou certidões, que forem requeridas pelas partes ou requisitadas pelo Juiz ou pelo Ministério Público.

Parágrafo Único - Mediante requisição do Juiz à repartição competente, com dia e hora previamente marcados, poderá o processo administrativo ser exibido na sede do Juízo, pelo funcionário para esse fim designado, lavrando o serventuário termo da ocorrência, com indicação, se for o caso, das peças a serem trasladadas.

Art. 42 - Revogadas as disposições em contrário, esta Lei entrará em vigor 90 (noventa) dias após a

data de sua publicação.

A Lei de Execução Fiscal, Lei nº 6.830/1980, foi criada com o objetivo de dar ao fisco um instrumento para efetivar a cobrança de seus créditos tributários (dívida ativa) de forma mais célere e eficaz.

Para que o dispositivo legal possa ser utilizado, é essencial a existência de dívida regularmente inscrita, uma vez que esta será o título executivo, sendo que a certidão ativa é emitida com base nos dados do devedor e encontra-se relacionada no Art. 585 do Código de Processo Civil.

Pra fins de definição, considera-se dívida ativa aquela que foi regularmente inscrita na repartição administrativa correspondente, uma vez que o prazo para efetuar o pagamento tenha se esgotado, seja o prazo fixado pela lei ou o prazo decorrente de decisão final proferida em um procedimento judicial.

A execução fiscal poderá ser proposta pela União, pelos Estados, Pelo Distrito Federal, pelos Municípios e ainda, pelas autarquias e entidades que detenham capacidade tributária por delegação, não sendo estendida às empresas públicas e às sociedades de economia mista.

Poderão ser executados o próprio devedor, o fiador, o espólio, a massa falida ou os responsáveis pela dívida tributária, conforme especificado na lei, tanto pessoas físicas como pessoas jurídicas.

O foro competente para o ingresso da execução é o do domicilio do executado. Havendo mais de um executado na mesma relação jurídica, com domicílios diversos, o exequente poderá escolher qualquer um dos domicílios, observando-se as opções dispostas no Art. 578 do Código de Processo Civil.

A competência para processar e julgar a execução fiscal é exclusiva, sendo que uma vez proposta a ação, nenhum outro juízo será viável, nem mesmo em caso de o devedor ser o espólio ou a massa falida.83

Disciplinada pela Lei n° 6.830/1980, a execução da dívida ativa da Fazenda Pública, conhecida como Execução Fiscal, refere-se ao procedimento especial em que a Fazenda Pública busca a satisfação de seu crédito representado na Certidão de Dívida Ativa (CDA), que constitui título executivo extrajudicial.

O conceito de dívida ativa vem expresso no art. 2°, §§ 1°e 2° da Lei n° 6.830/1980 (LEF), adiante

transcritos: “Art. 2°. (...) § 1° Qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades de que trata o art. 1° (União,

Estados, Distrito Federal, Municípios e respectivas autarquias), será considerado Dívida Ativa da Fazenda Pública.

83 A execução fiscal na prática. Disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/cursoonline.asp?id_curso=739&pagina=1, Acesso em 22 de abril de 2015.

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§ 2° A Dívida Ativa da Fazenda Pública, compreendendo a tributária e a não tributária, abrange atualização monetária, juros e multa de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato.”

Assim, no conceito de dívida ativa, considerar-se-á, além do valor da dívida, a atualização monetária,

os juros e multa de mora, além dos demais encargos fixados legal ou contratualmente. Petição inicial A peça exordial, instruída com a certidão da dívida ativa, indicará, nos termos do art. 6° da LEF, apenas

o juiz a quem é dirigida, o pedido e o requerimento para a citação do executado. A produção de provas pela Fazenda Pública independe de requerimento na petição inicial e o valor da causa será o da dívida constante da certidão, com os encargos legais.

O despacho judicial que defere a inicial importa em ordem para: citação; penhora, caso não haja pagamento da dívida nem garantia da execução; arresto, se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar; registro da penhora ou do arresto; e avaliação dos bens penhorados ou arrestados.

Citação e penhora O despacho que ordena a citação, recebendo a inicial, interrompe o prazo prescricional, nos termos

do art. 8°, § 2e, da LEF. Efetuada a citação, em regra via postal, terá o executado prazo de 5 dias para efetuar o pagamento da dívida ativa ou garantir a execução por uma das modalidades previstas no art. 9° da LEF.

“Art. 8°. O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa

de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas:

I - a citação será feita pelo correio, com aviso de recepção, se a Fazenda Pública não a requerer por outra forma;

II - a citação pelo correio considera-se feita na data da entrega da carta no endereço do executado, ou, se a data for omitida, no aviso de recepção, 10 (dez) dias após a entrega da carta à agência postal;

III - se o aviso de recepção não retornar no prazo de 15 (quinze) dias da entrega da carta à agência postal, a citação será feita por Oficial de Justiça ou por edital;

IV - o edital de citação será afixado na sede do Juízo, publicado uma só vez no órgão oficial, gratuitamente, como expediente judiciário, com o prazo de 30 (trinta) dias, e conterá, apenas, a indicação da exequente, o nome do devedor e dos corresponsáveis, a quantia devida, a natureza da dívida, a data e o número da inscrição no Registro da Dívida Ativa, o prazo e o endereço da sede do Juízo.

§ 1° O executado ausente do País será citado por edital, com prazo de 60 (sessenta) dias. § 2° O despacho do Juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescrição. Art. 9°. Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na

Certidão de Dívida Ativa, o executado poderá: I - efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de crédito, que assegure

atualização monetária; II - oferecer fiança bancária ou seguro garantia; III - nomear bens à penhora, observada a ordem do art. 11; ou IV - indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública. § 1° O executado só poderá indicar e o terceiro oferecer bem imóvel à penhora com o consentimento

expresso do respectivo cônjuge. § 2° Juntar-se-á aos autos a prova do depósito, da fiança bancária, do seguro garantia ou da penhora

dos bens do executado ou de terceiros. § 3° A garantia da execução, por meio de depósito em dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia,

produz os mesmos efeitos da penhora. § 4° Somente o depósito em dinheiro, na forma do art. 32, faz cessar a responsabilidade pela

atualização monetária e juros de mora. § 5° A fiança bancária prevista no inciso II obedecerá às condições preestabelecidas pelo Conselho

Monetário Nacional. § 6° O executado poderá pagar parcela da dívida, que julgar incontroversa, e garantir a execução do

saldo devedor.”

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Não havendo pagamento ou a garantia da execução, serão penhorados os bens do executado, excetuados aqueles legalmente declarados absolutamente impenhoráveis. Far-se-á a intimação do executado via publicação em órgão oficial ou via postal, nas seções judiciárias do interior, e do cônjuge, se a penhora recair sobre bens imóveis. Caso o aviso de recebimento não contiver a assinatura do próprio executado ou de seu representante legal, far-se-á intimação pessoal, entregando o oficial a contrafé e cópia do termo ou do auto de penhora, que deverá conter a avaliação dos bens apenhados. Para efeitos de registro da penhora, o oficial deverá ainda promover a entrega da contrafé e do auto de penhora ao órgão competente.

No caso da avaliação feita pelo oficial de justiça que efetuou a penhora for impugnada, antes de publicado o edital de leilão, o juiz, ouvida a parte contrária, nomeará avaliador oficial, nos termos do art. 13 da LEF.

O art. 11 da LEF determina a ordem de preferência de bens do executado a serem penhorados: “Art. 11. A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem: I - dinheiro; II - título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa; III - pedras e metais preciosos; IV - imóveis; V - navios e aeronaves; VI - veículos; VII - móveis ou semoventes; e VIII - direitos e ações. § 1° Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre estabelecimento comercial, industrial ou

agrícola, bem como em plantações ou edifícios em construção. § 2° A penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de que trata o inciso I do art. 9° . § 3° O Juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda

Pública exequente, sempre que esta o requerer, em qualquer fase do processo.” Em qualquer fase do processo, será deferida pelo juiz a substituição da penhora por depósito em

dinheiro ou fiança bancária, a pedido do executado, ou a substituição dos bens penhorados por outros, independentemente da ordem do art. 11 da LEF, bem como o reforço da penhora insuficiente, a pedido da Fazenda Pública, conforme artigo 15 da LEF.

Embargos do executado O executado poderá oferecer embargos no prazo de 30 dias, contados do dia em que garantiu a

execução por uma das formas do art. 9° da LEF, alegando toda a matéria útil à defesa, requerendo as provas e juntando documentos e o rol de testemunhas, até três. Não se permite reconvenção nem compensação.

As exceções, salvo as de incompetência, suspeição e impedimento, serão arguidas como matéria preliminar e serão processadas e julgadas com os embargos. Recebidos estes, a Fazenda Pública será intimada para impugná-los no prazo de 30 dias, designando-se, logo a seguir, a audiência de instrução e julgamento.

A audiência poderá ser suprimida, no entanto, se a discussão limitar-se a matéria de direito, ou, sendo de fato e de direito, a prova for exclusivamente documental, hipótese em que a sentença deverá ser proferida no prazo de 30 dias – o que normalmente ocorre.

Na execução por carta precatória, os embargos do executado serão oferecidos no juízo deprecado, que os remeterá ao juízo deprecante para instrução e julgamento. Caso, porém, os embargos versarem apenas sobre vícios ou irregularidades dos atos do próprio juízo deprecado, a este caberá o julgamento dessa matéria em específico, conforme Súmula n° 46 do STJ.

Expropriação dos bens Caso a execução não seja embargada, ouvida a Fazenda Pública, proceder-se-á à expropriação dos

bens do executado, sem necessidade de prolação de sentença. Em havendo terceiro vinculado por garantia real ou fidejussória, na hipótese de revelia do executado

ou da rejeição dos embargos, será aquele intimado, sob pena de contra ele prosseguir a execução nos próprios autos, para no prazo de 15 dias remir o bem, se a garantia for real, ou pagar a dívida, se a

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garantia for fidejussória. Arrematação e adjudicação A arrematação deverá ser precedida de edital afixado na sede do juízo, no local de costume, publicado

resumidamente uma só vez no Diário Oficial. O prazo entre as datas de publicação do edital e do leilão não poderá ser inferior a 10 dias, nem superior a 30 dias, devendo o representante da Fazenda Pública ser pessoalmente intimado da realização da hasta pública, dentro do citado prazo.

A alienação de quaisquer bens penhorados somente pode ser feita em leilão público, em lugar designado pelo juiz. Na hipótese de alienação antecipada dos bens penhorados, o produto será depositado em garantia da execução.

O art. 24 da LEF autoriza a adjudicação dos bens penhorados: “Art. 24. A Fazenda Pública poderá adjudicar os bens penhorados: I - antes do leilão, pelo preço da avaliação, se a execução não for embargada ou se rejeitados os

embargos; II - findo o leilão: a) se não houver licitante, pelo preço da avaliação; b) havendo licitantes, com preferência, em igualdade de condições com a melhor oferta, no prazo de

30 (trinta) dias. Parágrafo Único. Se o preço da avaliação ou o valor da melhor oferta for superior ao dos créditos da

Fazenda Pública, a adjudicação somente será deferida pelo Juiz se a diferença for depositada, pela exequente, à ordem do Juízo, no prazo de 30 (trinta) dias.”

Recursos Nas execuções de valor igual ou inferior a 50 Obrigações do Tesouro Nacional (OTN), não haverá

apelação nem recurso de ofício. O embargante, no caso, poderá apresentar embargos infringentes, no prazo de 10 dias, os quais serão julgados pelo juiz da execução, que poderá rejeitá-los ou reformar a sentença, conforme artigo 34 da LEF. Dessa decisão, o único recurso cabível será o recurso extraordinário caso a matéria tratada seja constitucional, nos moldes do artigo 102, III da CF.

No julgamento do recurso de apelação, poderá ser dispensada a oitiva do revisor, sendo que, contra a decisão de segunda instância caberá recurso especial ou recurso extraordinário, nos casos previstos nos arts. 105, III, e 102, III, da Constituição Federal.

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Equivalentes jurisdicionais (autotutela, auto composição, mediação e arbitragem) Autotutela A autotutela é uma espécie primária à composição de conflitos visto que sua prática era muito comum

em face da inexistência de um Estado soberano e organizado, ou ainda um Estado que não tivesse poderes suficientes para proibir o homem de resolver suas disputas sem se utilizar da lei do mais forte.

Apesar de ser um formato primitivo à solução de conflitos, em nosso ordenamento jurídico existem algumas hipóteses segundo o qual essa modalidade é aceita como uma medida de urgência.

Portanto, em regra a autotutela é vedada pelo ordenamento pátrio, salvo as hipóteses em que o ofendido necessite agir imediatamente para repelir uma injusta agressão que esteja ocorrendo ou ainda que esteja na iminência de ocorrer.

Exemplos: desforço imediato nas possessórias e do penhor legal (artigo 1210 e dos artigos 1467 a 1471, ambos do Código Civil) e legitima defesa prevista no artigo 23 do Código Penal.

Ressalvados os casos em que a lei resguarda a possibilidade do ofendido exercer a autotutela, qualquer outro ato que seja praticado sob esse fundamento pode ser criminalmente punido conforme preceitua o artigo 345 do Código Penal tipificando essa conduta como exercício arbitrário das próprias razões.

CP - Art. 345 “Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo

quando a lei o permite. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência”.

Auto composição A auto composição pode ser considerada uma evolução da autotutela visto que, nesta modalidade de

composição de litígio as partes envolvidas não se sujeitam ao cumprimento de uma determinação de maneira coercitiva com o uso da força.

As partes envolvidas em um litígio resolvem estabelecer uma solução que seja adequada ao caso, sem a participação do Estado e coloque fim a pendência que porventura exista entre eles.

Apesar de muito usada no período embrionário do Estado, ainda hoje existe previsão, em nosso ordenamento jurídico, para esse formato de composição de litígios que se apresenta sob três formas (ambas com previsão no artigo 269 do CPC):

Renúncia: a parte cujo direito material foi violado renuncia sua pretensão ao bem da vida por mero desinteresse. (Inciso V).

Reconhecimento jurídico do pedido: pode ser analisado como o inverso da renúncia pelo fato de que nessa hipótese a pretensão alegada pelo Autor é confirmada pelo Réu que se submete aos ditames legais para fazer valer a entrega do bem da vida ao seu titular. (Inciso II).

Transação: ou também conhecida por acordo entre as partes. Por esse formato o Autor renuncia parte de sua pretensão material enquanto o Réu reconhece a procedência em parte do que foi pleiteado. (Inciso III).

56 Meios Alternativos de Solução de Litígios (Judicial e Extrajudicial). Arbitragem, Conciliação, Mediação e Negociação

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Mediação A mediação é um meio consensual e voluntário que objetiva a solução de conflitos de interesses. É

realizado entre pessoas físicas ou jurídicas, que elegem, segundo a sua confiança, uma terceira pessoa chamada de mediador.

A figura do mediador se apresenta revestida de independência e imparcialidade, com formação técnica ou experiência adequada à natureza do conflito. Sua função é de aproximar e facilitar a comunicação das partes, para que estas solucionem suas divergências e construam por si próprias, seus acordos com base nos seus interesses.

O resultado da mediação é sempre fruto de uma decisão negociada pelas próprias partes. A participação do mediador consiste em estimular o diálogo entre as partes, para que atinjam uma solução para as controvérsias em que estão envolvidas. O poder decisório cabe às partes sempre caberão às partes e não ao mediador.

Arbitragem A arbitragem ainda é uma forma à composição de conflitos ainda muito pouco explorada no Brasil

como deveria. Por esse formato as partes deixam de socorrer do poder judiciário para se utilizar do juízo arbitral. A vantagem maior desse sistema é a celeridade

A decisão proferida nesse juízo arbitral pode ter força de decisão judicial como se fosse uma sentença de mérito se esta for homologada pelo judiciário, do contrário, a decisão proferida só terá eficácia se de fato for aceita entre as partes envolvidas.

Classificação da Jurisdição - Quanto ao Objeto: leva em consideração a matéria em discussão. Civil ou penal. - Quanto ao tipo de Órgão que a exerce: Justiça Comum e Justiça Especial – Por especial entende-

se: trabalhista, militar e eleitoral. - Quanto a hierarquia: leva em consideração o órgão incumbido de exercê-la: instâncias inferiores ou

instâncias superiores.

Baseou-se no texto de Victor Rizzo Carneiro da Cunha: O pedido de suspensão84 pode ser conceituado como um instrumento processual posto à disposição

do Poder Público para suspender provimento de urgência e sentença que possa causar grave lesão à ordem, à segurança, à saúde e à economia pública.

Embora inicialmente previsto para sustar liminares e sentenças proferidas em mandado de segurança (Lei 191/1936), o instrumento em estudo foi estendido, em moldes similares, para outras espécies de ações intentadas contra os entes públicos, de modo que, atualmente, todo provimento de urgência proferido contra o Poder Público, pode ser atacado pelo pedido de suspensão.

84 CUNHA, Victor Rizzo Carneiro da. Uma análise crítica das orientações sobre a natureza jurídica dos pedidos de suspensão. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 01 fev. 2013. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.41942&seo=1>. Acesso em: 22 jul. 2015.

57 Suspensão e Sustação de Eficácia dos Provimentos de Urgência

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Nesse sentido, o atual regime jurídico dos pedidos de suspensão é basicamente o seguinte: art. 15 da Lei 12.016/2009 e art. 25 da Lei 8.038/1990, para o mandado segurança, e art. 4º da Lei 8.437/1992, para os demais casos (cautelares, tutela antecipada, ação civil pública, ação popular, etc.).

A natureza jurídica dos pedidos suspensivos é, sem dúvidas, um dos seus aspectos mais controvertidos tanto na doutrina como na jurisprudência, de onde se extraem orientações das mais variadas.

Primeiramente devemos analisar se o Presidente do Tribunal quando examina o pedido de suspensão está atuando atipicamente em sua função administrativa ou tipicamente em sua função jurisdicional. Assim, se a decisão for qualificada como ato administrativo, o pedido de suspensão terá natureza administrativa decorrente do direito de petição. Por outro lado, se o provimento suspensivo for visto como ato jurisdicional, o pedido terá natureza jurisdicional e outros enquadramentos serão avaliados.

Antes de analisarmos as dissonantes orientações, frise-se que a importância de identificarmos a essência do instituto na ordem jurídica, isto é, como ele deve ser enquadrado no mundo normativo, vai além do mero debate acadêmico. Na realidade, trata-se de inserir o instituto dentro de um regime jurídico apropriado, condizente com o seu conteúdo teleológico e com princípios próprios.

O que se está querendo dizer, é que, a depender da natureza jurídica adotada para a medida suspensiva, teremos consequências jurídicas diversas para as questões que cercam o instituto, como o cabimento, legitimidade e procedimento etc.

Com efeito, o uso desmesurado e injustificado do pedido de suspensão tem, como um dos motivos, a falta de uma identidade técnica, a indefinição de um regime jurídico apropriado para o instrumento (VENTURI, 2010). Daí advém a importância de elucidar a natureza jurídica dos pedidos de suspensão, pois delimitaremos sua correta interpretação e aplicação, sob a ótica da Constituição Federal de 1988, que consagrou o devido processo legal como direito fundamental, repudiando-se, desde já, uma visão simplista do instituto, responsável pelo favorecimento de suspensão de liminares arbitrariamente deferidas, ao arrepio do sistema jurídico, as vezes até sem a devida análise do caso concreto.

Não obstante haja entendimento de parte da doutrina e jurisprudência aduzindo a natureza político-administrativa do instituto, de modo que a atuação da presidência do Tribunal seria pautada com discricionariedade, através de critérios de conveniência e oportunidade, defendemos que esta tese deve ser afastada, pois o juiz Presidente ao analisá-lo age em típica atividade jurisdicional, pautado na proporcionalidade e não na discricionariedade.

Conforme demonstrado, o entendimento de que o pedido de suspensão tem natureza político-administrativa não prospera e é pernicioso, pelas seguintes razões: a) não se pode admitir a sustação de uma decisão judicial por uma decisão administrativa, sob pena de ofensa ao princípio da separação dos poderes; b) se a atividade do Presidente do Tribunal fosse administrativa, ele poderia agir de ofício, não necessitaria, pois, do requerimento do legitimado; c) seria inadmissível que um ato administrativo pudesse ser desafiado por recurso de natureza processual, no caso, o agravo interno analisável pelo órgão especial ou plenário do Tribunal; d) admitir o controle da eficácia de um provimento jurisdicional por um ato administrativo discricionário estimula a arbitragem e a insegurança dos jurisdicionados, em patente desvirtuamento com o nosso Estado Democrático de Direito.

Ao concluirmos que a decisão tem cunho eminentemente jurisdicional, isso nos leva a afirmar que ela só deve ser legitimamente aceita se embasada não apenas em demonstração fática, como também jurídica, baseada, sobretudo, na aplicação do princípio da proporcionalidade.

Identificada a natureza jurisdicional do instituto, afastamos a natureza recursal, de sucedâneo recursal e incidente processual. Em nosso entendimento, trata-se de verdadeira ação cautelar autônoma e incidental, com sujeitos, causa de pedir e pedido próprios, que não se confundem com os do processo principal.

Para isso, contrapomos a visão clássica e a moderna de tutela cautelar, sendo que, segundo esta última, a tutela cautelar é fonte direta da Constituição Federal (art. 5º, XXXV), possui autonomia e reclama o exame de um mérito próprio concebido em torno do fumus boni iuris e do periculum in mora em torno da situação cautelanda, e não deve, pois, ser encarada como mero acessório do processo principal.

Com efeito, conforme o regime legal dos pedidos de suspensão, há sempre uma situação cautelanda, qual seja, a preservação da ordem, saúde, segurança ou economia pública, que deve ser aferida pelo Presidente do Tribunal sob a ótica do fumus boni iuris e periculum in mora, por intermédio de uma tutela sumária de efeitos temporários, o que revela a natureza cautelar do instrumento.

Ressalta-se que a natureza jurídica de ação cautelar do instituto, além de ser cientificamente adequada, pois parte de uma interpretação teleológica, traz consequências positivas, dentre as quais valem ressaltar o respeito ao contraditório, a ampla defesa, a imparcialidade do órgão julgador, a fundamentação da decisão do Presidente do Tribunal e todas as demais garantias inerentes ao devido processo legal.

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Nos baseamos no texto de Hudson Emanuel Fagundes e Silva.85 Inicialmente cumpre trazer à baila a definição de Fazenda Pública: (...) Em outras palavras, Fazenda Pública é expressão que se relaciona com as finanças estatais,

estando imbricada com o termo erário, representando o aspecto financeiro do ente público. (...) O uso frequente do termo Fazenda Pública fez com que se passasse a adotá-la num sentido mais lato, traduzindo atuação do Estado em juízo; em Direito Processual, a expressão Fazenda Pública contém o significado de Estado em juízo. Daí por que, quando se alude a Fazenda Pública em juízo, a expressão apresenta-se como sinônimo do Estado em juízo ou do ente público em juízo, ou, ainda, da pessoa jurídica de direito público em juízo (CUNHA, 2006, p. 15)

Como se pode inferir da definição acima mencionada, a limitação de Fazenda Pública se tornou mais ampla, englobando todas pessoas jurídicas estatais, excetuando-se apenas sociedades de economia mista e empresas públicas, haja vista que concorrem no mercado com empresas privadas, motivo pelo qual não poderia gozar de prerrogativas processuais, por total afronta à isonomia.

A supremacia do interesse público é o que autoriza os privilégios da Fazenda Pública em juízo. No entanto, esse princípio colide de frente com o princípio da isonomia, pois é muito tênue deduzir em que momento se estaria beneficiando toda a coletividade ou prejudicando alguma parte que se mostra hipossuficiente em relação às vantagens garantidas à Fazenda.

O princípio da isonomia foi expressamente tipificado no artigo 125, I do Código de Processo Civil (CPC), asseverando que o juiz deverá assegurar às partes tratamento isonômico. Isso envolve o que já foi dito outrora, ou seja, o juiz deverá garantir às partes o devido processo legal, com o direito ao contraditório e a ampla defesa.

Existe a corrente dos que entendem justas e necessárias as prerrogativas da Fazenda Pública, bem como alguns que pensem que certas prerrogativas ferem a isonomia e a Constituição Federal, por esse motivo, tratar-se-á em apertada síntese das principais garantias da Fazenda Pública em juízo.

Prazos processuais É sabido que os atos processuais devem ser praticados em determinado lapso temporal, sob pena de

preclusão. Esse lapso que as partes têm para agir se denomina prazo. Os prazos variam de acordo com os atos a serem praticados, podendo ser dilatórios (quando se pode

postergar), peremptórios (quando mesmo com anuência das partes não pode ser dilatado), judiciais (quando o juiz fixa), convencionais (quando as partes fixam) e legais (fixados por lei).

São os prazos legais que serão objeto deste tópico, haja vista que a própria legislação pátria confere prerrogativas de prazo para a Fazenda Pública.

O artigo 188 do CPC diz: “Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público”.

Tal regra é de observância obrigatória em qualquer tipo de procedimento no âmbito cível e os que defendem sua aplicação justificam a necessidade em face do interesse público que está sendo tutelado, haja vista que os procuradores e promotores públicos tem muitas demandas para lidar o que justificaria uma prazo diferenciado.

Conforme Nery Júnior (p. 53):

85 SILVA, Hudson Emanuel Fagundes e. Prerrogativas da Fazenda Pública em juízo: Supremacia do interesse público x princípios constitucionais ligados ao processo. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 16 maio 2011. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.32068&seo=1>. Acesso em: 22 jul. 2015.

58 Prerrogativas da Fazenda Pública em Juízo

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Entendemos aplicável o conteúdo da norma a todas as modalidades de resposta do réu, inclusive quanto à impugnação dos embargos do devedor, que nada mais é do que uma espécie de contestação à pretensão deduzida nos embargos.

Embora seja a regra a aplicação do artigo 188 supramencionado, há exceções, como por exemplo na execução fiscal, na qual o prazo para impugnação da Fazenda Pública é de 30 dias, sendo que a norma especial derroga a geral.

É certo que tal prerrogativa até certo ponto se justifica, no entanto, há certos atos que poderiam ser praticados de forma mais célere, porém, tendo em vista o prazo diferenciado, muitos procuradores públicos procrastinam o processo para cumprir os prazos no seu termo final, o que eleva em muito o tempo de trâmite das ações.

A Prescrição em Favor da Fazenda Pública Embora as regras gerais fixadoras da prescrição se encontrem no Código Civil, a Fazenda Pública tem

a prerrogativa de prazos diferenciados consoante determina o Decreto nº 20.910 de 6 de janeiro de 1932. Esse decreto dispõe que toda pretensão formulada em face da Fazenda Pública prescreverá em 5

anos. Importante mencionar que em se tratando de prestações de trato sucessivo o Superior Tribunal de

Justiça (STJ) sumulou o enunciado 85: Nas relações de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver

sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação.

Honorários advocatícios Os honorários advocatícios de sucumbência pertencem ao advogado da parte vencedora e são

devidos pela parte sucumbente na demanda. As regras de fixação dos honorários advocatícios estão descritas no artigo 20 do CPC e determina que

nas ações condenatórias o valor deverá ser fixado entre 10 e 20% sobre o valor da condenação. Já o § 4º do mesmo dispositivo legal assevera que nas causas de pequeno valor ou inestimável, nas causas em que não houver condenação, bem como nas que for vencida a Fazenda Pública e nas execuções embargadas ou não, o juiz fixará os honorários mediante apreciação equitativa de acordo com o zelo, o lugar da prestação dos serviços, a natureza e a importância, o trabalho e tempo exigidos.

Observe-se que o CPC traz uma regra geral para ações condenatórias, excetuando dela a Fazenda Pública, determinando que nas causas que ela for vencida o juiz não precisará se ater aos percentuais legais, podendo equitativamente arbitrá-los, inclusive, tem decidido a maioria da jurisprudência pela possibilidade da fixação abaixo do mínimo de 10%.

Alguns doutrinadores pátrios questionam tal prerrogativa, asseverando que fere o princípio da isonomia. Nesse sentido Nery Júnior (p. 57):

Trata-se aqui realmente de privilégio violador do princípio da isonomia, pois os litigantes tiveram despesas com a contratação de advogados e devem ser ressarcidos de forma igualitária. Vencido o adversário da Fazenda, a condenação na verba honorária deve operar-se na forma do art. 20, § 3º, do CPC, não podendo ser inferior a 10% sobre o valor da condenação. Por que poderia haver condenação em percentual inferior ao legal, se vencida, na mesa causa, a Fazenda Pública? Estão sendo tratados desigualmente litigantes que se encontram em pé de igualdade relativamente ao pagamento dos honorários de seus advogados.

Pretende-se com essa norma, na verdade, subtrair do vencedor parcela de honorários a que teria direito, caso litigasse com parte que não fosse a Fazenda Pública.

Realmente faz sentido tal crítica, haja vista que se o particular vence a demanda é porque indiretamente o ente estatal deu origem a ela, motivo pelo qual não há razão para se discriminar a fixação dos honorários quando vencida a Fazenda Pública ou outro particular, pois o prejuízo para a outra parte foi o mesmo.

Execução em face da Fazenda Pública A execução, em regra, rege-se por medidas expropriatórias, sendo que se o devedor não paga

voluntariamente no prazo estabelecido, o credor tem direito de penhora sobre os bens do inadimplente, exercendo direito de preferência sobre os bens penhorados o que implicará na adjudicação ou alienação desses bens para satisfação do crédito.

Já no que concerne à Fazenda Pública6: (...) não se aplicam as regras próprias da execução por quantia certa contra devedor solvente, não

havendo a adoção de medidas expropriatórias para a satisfação do crédito. Diante da peculiaridade e da

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situação da Fazenda Pública, a execução por quantia certa contra ela intentada contém regras próprias. Põe-se em relevo, no particular, a instrumentalidade do processo, na exata medida em que as exigências do direito material na disciplina das relações jurídicas que envolvem a Fazenda Pública influenciam e ditam as regras processuais. (p. 226)

Desse modo, não há qualquer medida expropriatória contra a Fazenda Pública, utilizando-se do sistema de precatórios e requisições de pequeno valor.

As requisições de pequeno valor servem para pagamentos de pequenas quantias em prazo não superior a 90 (noventa) dias.

Já os precatórios se referem a valores maiores e são expedidos pelo juízo e após devidamente instruído é encaminhado ao Presidente do respectivo Tribunal, o qual deverá inscrever o precatório até o dia 1º de julho para que possa ser pago até o fim do exercício seguinte, devendo ainda comunicar ao órgão competente para efetuar a ordem de despesa, a fim de que a Administração Pública passe a adotar as medidas necessárias e suficientes à abertura do crédito que irá liquidar a dívida mediante depósito bancário feito à disposição da presidência do tribunal.

Importante ressaltar outra prerrogativa que a Fazenda Pública possui e que está inserida no § 9º do artigo 100 da CF, o qual determina a compensação do crédito com débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial.

Infere-se mais um tratamento diferenciado dado à Fazenda Pública, haja vista que os precatórios procrastinam em mais de ano o adimplemento das obrigações em que foi condenando o ente estatal e ainda pode compensar valores que sequer foram discutidos em juízo.

Reexame necessário Também conhecido como remessa obrigatória, ou até, incorretamente, de recurso de ofício, o reexame

necessário nada mais é do que uma condição de eficácia das sentenças proferidas contra a Fazenda Pública.

Está insculpido no artigo 475 do CPC7 o qual assevera: Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo

tribunal, a sentença: I – proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e

fundações de direito público; II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda

Pública (art. 585, VI). Conforme dito, não se trata de recurso, haja vista não possuir voluntariedade, interesse em recorrer,

preparo, dialeticidade e até mesmo por não estar contido no rol dos recursos do CPC, o qual é taxativo. Por ser uma condição de eficácia, as decisões proferidas contra a Fazenda Pública não possuem valor,

não podendo ser executadas ainda que provisoriamente e nem mesmo transitarão em julgado, independente do tempo que se leve para remeter os autos à instância superior, podendo inclusive a parte interessada requerer ao juízo ad quem para que avoque os autos para apreciação da demanda.

Essa prerrogativa da Fazenda Pública é uma das que demonstra maior embate com a isonomia e celeridade processual, haja vista que além de atrasar a execução de julgados, supre a falta de interposição de recurso da Fazenda sucumbente e ainda por cima não proporciona à outra parte o contraditório, ao passo que o tribunal poderá reformar a decisão em prejuízo da parte vencedora em primeira instância, que sequer será ouvida.

Os parágrafos 2º e 3º do artigo 475 supramencionado trazem ressalvas à aplicação de tal dispositivo, quais sejam, quando a condenação não for superior a 60 salários mínimos e quando a decisão a quo estiver em consonância com jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente.

A partir da análise do acima exposto, infere-se que a Fazenda Pública, por cuidar de interesses

coletivos, deve ter realmente algumas prerrogativas para facilitar a defesa do erário. A vantagem de ter prazo especial para contestar e recorrer, por exemplo, é uma prerrogativa

justificável, haja vista que o Estado, sendo o ente que mais aparece em juízo, não teria condições de responder no mesmo tempo que um particular.

No entanto, algumas prerrogativas se mostram com uma afeição de privilégios, ferindo o princípio constitucional da isonomia.

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Diferenciação na fixação de honorários advocatícios, diferença na atualização de débitos, execução com pagamento por meio de precatórios e até mesmo o reexame necessário, se mostram como benefícios em demasia em favor da Fazenda Pública.

Que diferença tem o trabalho de um advogado quando a parte adversa é um particular e quando é o Estado? Por que o juízo ad quem pode rever uma sentença condenatória que a Fazenda sequer recorreu para reformá-la em seu benefício e não pode revê-la para beneficiar um particular que talvez não teve sequer condições financeiras para recorrer?

Esse último caso não é tão difícil de se imaginar. Idealizem uma pessoa carente que ajuíza uma ação previdenciária pelo jus postulandi em face do INSS em que o juízo a quo condene este em valor superior a 60 salários mínimos. A demanda precisará necessariamente ser revista pelo tribunal. Se a parte sequer teve condições de contratar advogado em primeira instância, quem dirá para recorrer, aliás, dificilmente terá condições de vislumbrar uma possibilidade de aumentar o valor da condenação. Nesse caso, mesmo que o juízo de 2ª instância constate um direito que não tenha sido concedido ao popular, não poderá deferir, porque não houve recurso interposto, mas se vir algo que fira os interesses do erário, deverá reformar a sentença. Percebe-se nesse exemplo um típico caso de que nem sempre o interesse do erário deve prevalecer sobre o particular, pois a dignidade da pessoa humana também foi insculpida no texto constitucional como princípio da República Federativa do Brasil e verbas previdenciárias se revestem de caráter alimentar, importando a sua supressão em infringência à dignidade da pessoa.

Portanto, se faz necessária uma readequação nas prerrogativas concedidas à Fazenda Pública em juízo para que sejam embasadas no princípio da supremacia do interesse público, na continuidade do serviço público, na eficiência, na celeridade processual e que não venham a ferir o tratamento isonômico com direito ao contraditório a qualquer um que litigue contra o Estado.

Execução contra a fazenda pública

O Código de Processo Civil regula os casos e possibilidades de execução em face da Fazenda Pública

em seus Arts. 730 e 731:

Seção III Da Execução Contra a Fazenda Pública

Art. 730. Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedora para opor

embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão as seguintes regras: I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente; II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo crédito. Art. 731. Se o credor for preterido no seu direito de preferência, o presidente do tribunal, que expediu

a ordem, poderá, depois de ouvido o chefe do Ministério Público, ordenar o sequestro da quantia necessária para satisfazer o débito.

Necessidade de citação da Fazenda Pública O caput do artigo 730 do Código de Processual é taxativo sobre a necessidade de citação da Fazenda

Pública para opor embargos à execução por quantia certa contra ela movida. A citação é um dos procedimentos mais formais de nosso sistema, pois é o meio de chamar o

réu, no caso o devedor, a se defender. Suprimir ou realizá-la de modo incorreto, não prescrito em lei, induz à declaração de sua nulidade, porque cerceia o direito de defesa.

Nesse sentido, o Recurso Especial n. 57.798-5-SP, rel. Ministro Demócrito Reinaldo, j. 4.9.95: "Processo Civil. Liquidação de sentença e execução contra a Fazenda Pública. Citação para opor

embargos. Imprescindibilidade. Expedição sem provocação da parte. Princípio da ação. Liquidação por cálculo do contador. Reexame necessário. Descabimento. Precedentes."

Portanto, a teor do que preceitua o artigo 730 do Código de Processo Civil, é imprescindível a citação

da Fazenda Pública para opor embargos à execução, que não pode ser iniciada sem provocação da parte, pois no direito processual pátrio vige o princípio dispositivo, cristalizado no aforismo procedat iudex ex officio.

Assim, é inválida a expedição de ofício requisitório sem prévia citação da Fazenda Pública para opor embargos, que deve se dar na pessoa de quem tem competência para recebê-la. No caso do Estado de

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São Paulo, é o Procurador Geral do Estado (2), como estabelecem os artigos 2º, I; 5º, V, e 30 da Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, Lei Complementar n. 478/86.

Execução provisória contra a Fazenda Pública O Código de Processo Civil, no artigo 587, prevê a possibilidade da execução provisória, e no artigo

588 prescreve algumas regras para sua efetivação. Artigo 588 - A execução provisória da sentença far-se-á do mesmo modo que a definitiva, observados

os seguintes princípios: I - corre por conta e responsabilidade do credor, que prestará caução, obrigando-se a reparar os danos

causados ao devedor; II - não abrange os atos que importem alienação do domínio, nem permite, sem caução idônea, o

levantamento de depósito em dinheiro; A execução provisória é uma exceção à regra e tem por finalidade a penhora de bens, de modo a

garantir o cumprimento da obrigação estabelecida na sentença pendente de recurso ou, segundo as palavras do Professor Humberto Theodoro Júnior: A lei, no entanto, abre certas exceções, porque leva em conta a distinção que se pode fazer entre eficácia e imutabilidade da sentença. Assim, em circunstâncias especiais, confere eficácia a determinadas decisões, mesmo antes de se tornarem imutáveis. É o que se passa quando o recurso interposto é recebido apenas no efeito devolutivo, já que, em certas ocasiões, seria mais prejudicial o retardamento da execução do que o risco de se alterar o conteúdo da sentença com o reflexo sobre a situação de fato decorrente dos atos executivos.86

Na execução contra a Fazenda, não há risco de não ser alcançada a tutela jurisdicional após o trânsito em julgado, pois o ente público é essencialmente solvente e o pagamento de suas dívidas judiciais se dá por meio de precatório.

Ensina o Professor Miguel Reale: Toda regra jurídica, além de eficácia e validade, deve ter um fundamento. O Direito, consoante outra lição de Stammler, deve ser, sempre, ‘uma tentativa de Direito justo’, por visar à realização de valores ou fins essenciais ao homem e à coletividade. O fundamento é o valor ou fim objetivado pela regra de direito. É a razão de ser da norma, ou ratio juris. Impossível é conceber-se uma regra jurídica desvinculada da finalidade que legitima sua vigência e eficácia.87

Constata-se que a execução provisória não tem qualquer finalidade contra a Fazenda Pública e lhe é prejudicial, pois, com a inclusão do precatório na ordem cronológica, e posteriormente em orçamento, impedirá que o valor requisitado seja utilizado para as finalidades intrínsecas do Estado, tais como educação, segurança etc.

Ademais, a expedição de precatório em execução provisória provoca o paradoxo de que depósitos venham a ser efetuados nesses autos antes do pagamento de débitos fixados por sentença que transitou em julgado, portanto, imutável.

Destarte, diante do Estado, a finalidade de assegurar o cumprimento da sentença, em caso de se tornar definitiva, é inócua, ante as garantias constitucionais asseguradas ao cumprimento do ofício requisitório.

Ademais, não há qualquer dispositivo legal que admite a execução provisória contra a Fazenda Pública. Como exceção à regra que é, não pode ser aplicada extensivamente.

Por outro lado, é clara a intenção do legislador em não aplicar a execução provisória contra a Fazenda Pública, ao destacar a execução contra ela movida, na Seção III, tirando-a do conjunto de sistema criado para os demais devedores solventes. Conclui-se, portanto, que, também na interpretação lógico-sistemática, não se autoriza a aplicação da execução provisória contra a Fazenda Pública.88

86 THEODORO JUNIOR, Humberto. Processo de execução e processo cautelar, 2. ed., Rio de Janeiro: Forense, v. 2. 87 REALE, Miguel. Lições preliminares de direito, 6. ed., São Paulo: Saraiva, p. 115. 88 OLIVEIRA, Aracelis Fernandes Estrada. Execução contra a Fazenda Pública, Disponível em: http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/regulariza2/doutrina9.html, Acesso em: 14/07/2015.

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01. (TJ/BA - Técnico Judiciário - Escrevente - Área Judiciária – FGV/2015) Estabelece o Art. 398

do Código de Processo Civil que sempre que uma das partes requerer a juntada de documento aos autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra. Tal regra encontra fundamento constitucional no princípio:

(A) da efetividade; (B) da economia processual; (C) do contraditório; (D) dispositivo; (E) da prevenção. 02. (MPE/PA - Promotor de Justiça - FCC/2014) No que se refere aos procedimentos especiais de

jurisdição voluntária, é INCORRETO afirmar: (A) O juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a

solução que reputar mais conveniente ou oportuna. (B) O prazo para resposta ao pedido inicial é de dez dias. (C) A Fazenda Pública será sempre ouvida nos casos em que tiver interesse. (D) O Ministério Público atua em tais procedimentos somente como fiscal da lei, não podendo fazê-lo

como parte. (E) Os interessados podem produzir as provas destinadas a demonstrar as suas alegações, mas ao

juiz é lícito investigar livremente os fatos e ordenar de ofício a realização de quaisquer provas. 03. (TJ/AP – Juiz - FCC/2014) Nos procedimentos especiais de jurisdição voluntária, (A) seu início dar-se-á por provocação exclusiva do interessado ou do Juiz da causa, este nos casos

em que houver interesse de menores ou incapazes. (B) a sentença proferida poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, se ocorrerem

circunstâncias supervenientes. (C) o prazo para responder é o dos procedimentos ordinários, de 15 dias. (D) os interessados podem produzir as provas destinadas a demonstrar suas alegações, mas não

poderá o Juiz investigar livremente os fatos, nem ordenar de ofício a realização de provas ou diligências nos autos.

(E) o Juiz é obrigado, no processo, a adotar critério de legalidade estrita, sem margem para soluções discricionárias.

04. (TJ/BA - Técnico Judiciário - Escrevente – FGV/2015) A jurisdição representa uma atividade

estatal voltada à composição dos conflitos de interesses. No Brasil, uma das características fundamentais da jurisdição é a:

(A) inércia; (B) diametricidade; (C) eleição direta; (D) dualidade; (E) formalidade.

Questões

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05. (PC/CE - Delegado de Polícia Civil de 1ª Classe – VUNESP/2015) Sobre o princípio do juiz natural, é correto afirmar:

(A) faz referência à necessidade dos magistrados serem brasileiros, natos ou naturalizados. (B) tem relação com a prerrogativa de foro para determinadas pessoas, em razão do cargo ou função

que ocupam. (C) garante que o juiz que primeiro conhecer a causa deve necessariamente julgá-la. (D) dispõe sobre a forma de promoção dos juízes, por antiguidade ou por merecimento. (E) está ligado à competência jurisdicional, imparcialidade do órgão julgador e vedação aos tribunais

de exceção. 06. (TJ/DF - Juiz de Direito Substituto CESPE/2014) No que concerne à jurisdição e a seus

equivalentes, assinale a opção correta. (A) Nas hipóteses de jurisdição voluntária, embora não haja litígio entre os envolvidos, o julgador deve

observar a legalidade estrita na apreciação do pedido. (B) O princípio da inércia da jurisdição deve ser afastado nas hipóteses de direitos indisponíveis. (C) Nos casos que envolvam jurisdição voluntária, o julgador apenas administra interesses privados e,

por isso, não está sujeito às regras de suspeição ou impedimento. (D) O direito de retenção é exemplo de aplicação autorizada do equivalente jurisdicional denominado

autocomposição. (E) Há possibilidade de os envolvidos na arbitragem escolherem a norma de direito material a ser

aplicada na resolução do conflito, podendo ainda ser convencionado que o julgamento se faça com base nos costumes.

07. (TJ/SE - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção – CESPE/2014) A respeito da

jurisdição e da ação, assinale a opção correta. (A) Segundo a teoria da asserção, as condições da ação devem ser verificadas conforme as

afirmações do autor, antes de produzidas as provas. (B) Dado o princípio da indeclinabilidade, o juiz não pode delegar a jurisdição a outra pessoa. (C) Conforme a doutrina majoritária, a mediação está inserida na atividade jurisdicional. (D) De acordo com a teoria clássica da ação, desenvolvida por Friedrich Savigny, a ação é o direito a

uma sentença favorável. (E) Na teoria concretista, defendida por Adolf Wach, não se reconhece a autonomia do direito de ação. 08. (DPE/BA - Estágio Jurídico - Defensoria Pública – UNEB/2014) No Direito Processual Civil

Brasileiro, a jurisdição compreende três poderes, que são o de (A) decisão, o de coerção e o de documentação. (B) coerção, o de documentação e o de exposição. (C) documentação, o de exposição e o de disposição. (D) exposição, o de disposição e o de decisão. (E) disposição, o de decisão e o de coerção. 09. A Autocomposição é o ajuste de vontades, no qual uma das partes abre mão de seus interesses

ou de parte deles, estabelecendo uma solução adequada ao caso, necessitando todavia da participação do Estado.

( ) Certo ( ) Errado 10. O Princípio do Juiz Natural assegura que ninguém pode ser privado do julgamento por juiz

autônomo e imparcial, indicado pelas normas constitucionais e legais, restando proibidos os juízos/tribunais de exceção, ou seja, busca impedir que pessoas estranhas ao organismo judiciário exerçam funções que lhe são específicas.

( ) Certo ( ) Errado 11. De acordo com o Código Processual Civil: (A) O juiz prestará a tutela jurisdicional, todavia não o fará quando a parte ou o interessado a requerer. (B) Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional, somente quando o interessado a requerer, nos casos e

forma legais. (C) Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos

casos e forma legais.

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(D) Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, todavia sem a necessidade de basear-se nas formas legais.

12. A Jurisdição Contenciosa, desconstitui-se por Ação Rescisória de acordo com o artigo 485 do

Código Processual Civil. ( ) Certo ( ) Errado 13. A Jurisdição Voluntária desconstitui-se por Ação Anulatória de acordo com o artigo 486 do Código

Processual Civil. ( ) Certo ( ) Errado 14. De acordo com o artigo 1º do Código Processual Civil: (A) somente a jurisdição civil e contenciosa, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional,

conforme as disposições que este Código estabelece. (B) a jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional,

conforme as disposições que este Código estabelece. (C) somente a jurisdição civil, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional, conforme as

disposições que este Código estabelece. (D) a jurisdição contenciosa e voluntária, somente é exercida pelos juízes. 15. O Princípio da Inafastabilidade ou indeclinabilidade dita que é vedado ao magistrado, ou seja, ao

juiz, que exerce atividade pública, delegar suas funções a outra pessoa ou mesmo a outro Poder estatal. ( ) Certo ( ) Errado 16. A Autotutela consiste na solução dos conflitos entre as partes, por meio de ação direta de uma

delas, geralmente com a imposição de vontade, prevalecendo àquela do mais forte. Constitui-se assim uma defesa, por meios próprios dos direitos os quais se presume ter.

( ) Certo ( ) Errado 17. (MP/PI – Analista – CESPE/2012) No que concerne à formação, suspensão e extinção do

processo, julgue os itens que se seguem. O juiz determinará a suspensão do processo em razão da morte das partes, mesmo que a morte tenha

se dado após iniciada a audiência. ( ) Certo ( ) Errado 18. (TRT/6 - Analista – FCC/2012) Extingue-se o processo sem resolução do mérito (A) Quando as partes transigirem. (B) Se o Juiz rejeitar integralmente o pedido do autor. (C) Pela convenção de arbitragem. (D) Se o Juiz pronunciar a prescrição ou decadência. (E) Se o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação ou o réu reconhecer a procedência do

pedido. 19. (TRT/11 - Analista – FCC/2012) Numa ação ordinária, após a citação, o juiz julgou extinto o

processo sem resolução do mérito, porque, apesar de pessoalmente intimado, o autor deu causa à paralisação do processo por mais de um ano. Nesse caso,

(A) o autor não poderá intentar de novo a ação. (B) persistirá o efeito da citação que constituiu o réu em mora. (C) desaparecerá o efeito interruptivo da prescrição decorrente da citação. (D) o autor só poderá intentar de novo a ação após seis meses contados do trânsito em julgado da

decisão. (E) o autor só poderá intentar de novo a ação mediante o pagamento do décuplo das custas. 20. (TRT/23 – Analista – FCC/2011) A respeito da suspensão e extinção do processo, é correto

afirmar: (A) Extingue-se o processo, sem resolução do mérito, quando as partes transigirem. (B) Suspende-se o processo quando for oposta exceção de incompetência do juiz, da câmara ou do

tribunal. (C) Suspende-se o processo quando o juiz acolher a alegação de perempção ou litispendência.

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(D) Extingue-se o processo, com resolução do mérito, quando ocorrer confusão entre autor e réu. (E) Extingue-se o processo, com resolução do mérito, quando o juiz indeferir a petição inicial. 21. (TRT/24 - Analista –FCC/2011) A morte do réu foi comunicada ao Tribunal competente, com prova

do falecimento, durante o julgamento de recurso de apelação. Em tal situação, o processo (A) será julgado extinto quando da publicação do acórdão. (B) será imediatamente suspenso. (C) será imediatamente extinto. (D) só se suspenderá a partir da publicação do acórdão. (E) será anulado a partir da citação. 22. (TJ/SE- TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA - FCC/2009) Suspende-se o processo

quando: (A) as partes transigirem. (B) o juiz acolher exceção de litispendência. (C for oposta exceção de incompetência do juízo. (D) o juiz pronunciar a decadência. (E) o juiz acolher a alegação de perempção. 23. (TJ/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FUNDEP/2009) Com base no CPC, assinale a afirmativa que

NÃO apresenta causa de extinção do processo sem julgamento do mérito. (A) A petição inicial ser indeferida pelo juiz. (B) O processo ficar parado por mais de 1 ano por negligência das partes. (C) Convenção de arbitragem. (D) For verificada a ocorrência de litispendência, perempção ou revelia. 24. (TRT/17ª REGIÃO –TÉCNICO – CESPE/UNB/2009) O juiz deverá extinguir o processo sem

resolução de mérito por ausência de uma das condições da ação. ( ) Certo ( ) Errado 25. (TCE/RN – ASSESSOR TÉCNICO JURÍDICO – CESPE/2009) Quando a matéria controvertida é

unicamente de direito e, no juízo, já tenha sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, pode ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da sentença anteriormente prolatada, sendo certo que não haverá condenação de honorários de sucumbência, salvo se o autor apelar e for mantida a sentença de improcedência.

( ) Certo ( ) Errado 26. (AGU –AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE/2010) Salvo disposição em contrário do Código de

Processo Civil ou de lei especial, aplica-se a todas as causas o procedimento comum, ordinário ou sumário.

( ) Certo ( ) Errado 27. (TJ/RJ - Analista Judiciário - Especialidade Comissário de Justiça, da Infância, da Juventude

e do Idoso – FGV/2014) O processo é um fenômeno que envolve a participação de diferentes atores, mas nem todos aqueles que participam do processo sofrem os efeitos da coisa julgada. Um exemplo de participante do processo que NÃO se submete aos efeitos da coisa julgada é:

(A) o Ministério Público, quando propõe a demanda; (B) o assistente litisconsorcial do réu; (C) o perito, quando tem honorários periciais a receber; (D) o réu, quando a demanda é julgada improcedente; (E) o autor, quando renuncia ao direito sobre o qual se funda a ação. 28. (TJ/PE - Juiz Substituto – FCC/2015) No tocante à competência, é correto afirmar: (A) A conexão deve ser necessariamente alegada pelo réu em contestação, sob pena de preclusão. (B) A competência em razão da hierarquia e do território é absoluta. (C) A competência relativa não se pode modificar pela conexão ou continência (D) Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial,

considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar.

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(E) A conexão de causas é matéria dispositiva, estando vinculada ao princípio do impulso oficial. 29. (TJ/GO - Juiz Substituto – FCC/2015) O conflito de competência (A) quando suscitado pelo juiz, será dirigido ao presidente do tribunal, por ofício. (B) dispensa a participação do Ministério Público, salvo nos casos em que atuar como parte. (C) é ato exclusivo do juiz, demandando sempre decisão de plano pelo relator ao qual tenha sido

distribuído. (D) pode ser suscitado pelas partes, incluindo a que tiver oferecido exceção de incompetência. (E) obsta que a parte, que não o suscitou, ofereça exceção declinatória de foro. 30. (TCM/GO - Auditor Controle Externo – FCC/2015) No tocante à competência, (A) ocorrendo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial,

considera-se prevento aquele que saneou o feito em primeiro lugar. (B) a conexão de causas é matéria de ordem privada, dependendo de requerimento da parte para ser

conhecida pelo juiz. (C) para a ação em que se pedem alimentos, é competente o foro do domicílio ou da residência do

alimentante. (D) quando decorrer da matéria e do território poderá modificar-se pela conexão ou continência. (E) como regra normativa, nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou acidente de

veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato. 31. (SP/URBANISMO - Analista Administrativo – VUNESP/2014) O Código de Processo Civil, a

respeito da competência, estabelece que (A) as ações que se fundarem em direitos pessoais deverão ser propostas exclusivamente no foro do

domicílio do autor. (B) a ação fundada em direitos pessoais sobre bens imóveis deverão ser propostas exclusivamente

no domicílio do réu. (C) as ações fundadas em direitos reais sobre bens imóveis, referentes a direito de vizinhança,

servidão, propriedade, posse, divisão e demarcação de terras poderão ser propostas no foro de eleição ou no lugar da coisa.

(D) o foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário e a partilha. (E) a ação em que o incapaz for réu se processará no domicílio de seus pais, independentemente de

serem esses seus representantes. 32. (MANAUSPREV - Procurador Autárquico – FCC/2015) A citação: (A) pode ser feita pelo correio se o réu estiver em lugar incerto e não sabido. (B) por hora certa será feita sempre em pessoa da família do réu (C) é feita como regra por oficial de justiça e, excepcionalmente, pelo correio ou por hora certa. (D) é ato formal e não pode ser convalidada, em nenhuma hipótese. (E) é ato formal mas pode ser convalidada. 33. (DPE/CE - Defensor Público de Entrância Inicial – FCC/2014) Quanto aos atos processuais, sua

forma e prazos: (A) salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, incluindo o dia do começo e excluindo o

do vencimento. (B) são válidos os atos processuais que, realizados de forma diversa da prevista em lei, lhe preencham

a finalidade essencial. (C) quando a lei não marcar outro prazo, as intimações somente obrigarão a comparecimento depois

de decorridos cinco dias. (D) por mandamento constitucional, que se sobrepõe à lei processual civil, entende-se hoje que todos

os atos processuais são públicos, sem exceção. (E) desde que de comum acordo, podem as partes dilatar quaisquer prazos, mesmo que peremptórios,

mas não reduzi-los, o que é defeso inclusive ao órgão jurisdicional. 34. (TRT - 8ª Região/(PA e AP) - Juiz do Trabalho - TRT 8ªRegião/2014) Dentre os atos praticados

no processo, assinale o INCORRETO: (A) A desistência da ação só produzirá efeito depois de homologada por sentença. (B) O juiz proferirá os despachos de expediente, no prazo de 5 (cinco) dias e as decisões, no prazo de

10 (dez) dias.

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(C) Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.

(D) É lícito a qualquer interessado cobrar os autos ao advogado que exceder o prazo legal. Se, intimado, não os devolver dentro em 24 (vinte e quatro) horas, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa, correspondente à metade do salário mínimo vigente na sede do juízo.

(E) Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos

35. (PGE/PI - Procurador do Estado Substituto – CESPE/2014) Acerca de atos processuais,

assinale a opção correta. (A) Se uma citação for feita durante as férias forenses, o prazo para contestação também deve correr

durante as férias para que não ocorra perecimento do direito. (B) A citação por hora certa é uma forma de citação ficta, sempre realizada por intermédio do oficial de

justiça. (C) Interrompe-se o curso do prazo por obstáculo criado pela parte, caso em que é concedido à outra

parte tempo igual ao que faltava para a complementação do prazo. (D) A citação do Estado, na pessoa de seu procurador-geral, pode ser efetivada pelo correio, e, nesse

caso, o prazo para contestação corre a partir da juntada aos autos do aviso de recebimento cumprido (E) A desistência da ação — ato unilateral da parte — e a conciliação — ato bilateral das partes —

produzem, imediatamente, efeitos processuais. 36. (TJ/CE - Analista Judiciário - Execução de Mandados – CESPE/2014) Acerca das decisões e

comunicações e dos atos processuais, assinale a opção correta. (A) Documento redigido em língua estrangeira prescinde de formalidades para ser juntado aos autos. (B) As partes podem, de comum acordo, reduzir ou prorrogar o prazo peremptório quando o pedido

fundar-se em motivo legítimo. (C) A citação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo. (D) A lei classifica expressamente os atos do juiz em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. (E) Em regra, no julgamento da lide, cabe ao juiz recorrer à analogia, aos costumes, à equidade e aos

princípios gerais do direito. 37. (TRT/17ª REGIÃO – TÉCNICO – CESPE/UNB/2009) Em que pese a citação válida ser essencial

para o desenvolvimento regular do processo, é possível que seja suprida a sua falta ou nulidade. ( ) Certo ( ) Errado 38. (TJ/SC – TÉCNICO JUD. – TJSC/2010) É INCORRETO afirmar quanto aos efeitos da citação no

processo civil: (A) Torna prevento o juízo. (B) Constitui em mora o devedor. (C) Induz litispendência. (D) Faz litigiosa a coisa. (E) Suspende a prescrição. 39. (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE/2010) Artur, representado por sua mãe, ajuizou

ação de investigação de paternidade em face de Pedro, seu suposto pai, declinando na inicial a qualificação e o endereço residencial do réu. Nessa situação hipotética, a citação inicial se dará:

(A) por meio eletrônico. (B) pelo correio. (C) pessoalmente. (D) com hora certa. (E) por edital. 40. (TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –VUNESP/2010) Reputa-se que a citação é

válida quando feita (A) aos doentes em estado grave, a fim de evitar o perecimento do direito. (B) na pessoa do médico, nomeado pelo juiz da causa, no caso de demente impossibilitado de recebê-

la. (C) na pessoa do mandatário, em caso de réu ausente, a fim de não haver perecimento do direito. (D)) pelo correio, nos processos de execução e quando o réu residir em local servido pelo serviço

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domiciliar de correspondência. (E) por edital, quando requerida pelo autor, nos casos em que o réu residir em local sem serviço

domiciliar de correspondência. 41. (PGE/RN - Procurador do Estado de Terceira Classe – FCC/2014) A ação rescisória: (A) admite, excepcionalmente, antecipação de tutela. (B) não admite o indeferimento da petição inicial, por tratar de matéria de ordem pública. (C) não garante ao Estado prazo diferenciado para contestar. (D) deve ser instruída com prova pré-constituída, sob pena de rejeição liminar. (E) deve ser acompanhada do depósito de 5% sobre o valor da causa, inclusive se o autor for o Estado. 42. (PGM – Procurador do Município – FGV/2014) No que concerne à ação rescisória, assinale a

afirmativa incorreta. (A) Tem por escopo a desconstituição de decisão de mérito proferida em processo precedente e já

transitada em julgado. (B) A sua petição inicial deve conter o pedido de rescisão e, quando cabível, o de rejulgamento da

causa originária. (C) A sua propositura não impede o imediato cumprimento da decisão rescindenda, ressalvadas as

hipóteses de deferimento de tutelas de urgência, desde que presentes os respectivos pressupostos legais.

(D) Pode dar azo à interposição de embargos infringentes, pela parte ré, caso se acolha o pedido por maioria de votos, seja em sede de iudicium rescindens, seja em sede de iudicium rescissorium.

(E) O seu ajuizamento pressupõe o exaurimento de todas as vias recursais cabíveis, no feito primitivo, em relação à decisão rescindenda.

43. (PROCEMPA - Analista Administrativo - Advogado – FGV/2014) A ação rescisória é instrumento

de cabimento excepcional no sistema processual, uma vez que sua utilização para fins de desconstituição de decisões que já tinham feito coisa julgada material abalam a segurança jurídica das relações. Dessa forma, para que haja sua regular utilização, devem ser observados requisitos formais, temporais e materiais.

As opções a seguir indicam hipóteses em que a ação rescisória é cabível, à exceção de uma. Assinale-a.

(A) Cabe ação rescisória para desconstituição de sentenças dadas por concussão do Juiz. (B) Cabe ação rescisória para desconstituição de sentenças proferidas por Juiz suspeito. (C) Cabe ação rescisória para desconstituição de sentenças proferidas em violação à literal disposição

de lei. (D) Cabe ação rescisória para desconstituição de sentenças fundadas em erro de fato, resultantes de

atos ou documentos da causa. (E) Cabe ação rescisória para desconstituição de sentenças que ofendam a coisa julgada já existente

acerca do assunto debatido. 44. (MPE/RS - Promotor de Justiça - MPE-RS/2014) Assinale a alternativa correta com relação à

ação rescisória. (A) Admite-se este tipo de ação ainda que não se tenha esgotado todos os recursos contra a sentença

de mérito transitada em julgado. (B) Os terceiros interessados, mesmo que o interesse seja meramente econômico, são legitimados a

propor ação rescisória. (C) No âmbito dos Juizados Especiais Cíveis, admite-se ação rescisória quando houver sentença de

mérito transitada em julgado que viole literal disposição da Lei n.º 9.099/95. (D) A ação rescisória deverá ser ajuizada até 2 (dois) anos após o trânsito em julgado da última

decisão, sob pena de prescrição. (E) Em razão da estabilidade da coisa julgada, o ajuizamento da ação rescisória não impede o

cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo, posto que não se admite a concessão de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela.

45. (TJ-SP - Juiz VUNESP/2014) Segundo orientação assente no STJ, sobre a ação rescisória, é

correto afirmar: (A) Nas ações rescisórias ajuizadas pelo INSS, deve haver o recolhimento de depósito prévio.

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(B) O prazo decadencial da ação rescisória pode ter início, ainda que a decisão rescindenda seja recorrível.

(C) Cabe ação rescisória contra decisão transitada em julgado, ainda que não tenham sido interpostos todos os recursos cabíveis.

(D) Não compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar ação rescisória ainda que, embora não tenha conhecido do recurso especial, tenha apreciado a questão federal controvertida.

46. (DPE/PR - Defensor Público – UFPR/ 2014) Com relação à coisa julgada e ação rescisória,

identifique as seguintes afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F): ( ) De acordo com o STJ, conta-se o prazo decadencial de ação rescisória, nos casos de existência

de capítulos autônomos, do trânsito em julgado de cada decisão. Contudo, a jurisprudência do STF inclina-se em direção oposta, considerando-se que o termo inicial para a propositura da ação rescisória seria a partir do trânsito em julgado da última decisão proferida nos autos, ao fundamento de que não seria possível fracionamento da sentença ou acórdão.

( ) Para a teoria de Liebman, a coisa julgada é uma qualidade especial da sentença, a reforçar a sua eficácia, consistente na imutabilidade da sentença como ato processual e na imutabilidade dos seus efeitos.

( ) Para o STJ, as decisões acerca da guarda de menor e respectivos alimentos não se submetem aos efeitos da coisa julgada, que pode ser relativizada diante da alteração dos fatos.

( ) De acordo com o STJ, o débito alimentar arbitrado em valor fixo, por sentença transitado em julgado, deve ser pago pelo montante e na exata periodicidade constante no título judicial, revelando-se ofensa à coisa julgada a determinação para que o valor arbitrado seja pago a propósito do recebimento de outras verbas pelo devedor.

( ) Consoante a jurisprudência do STJ, a correção de erro material sujeita-se à preclusão e à coisa julgada.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo. (A) F – V – V – V – F. (B) V – F – F – V – V. (C) V – V – F – V – F. (D) V – F – V – F – V. (E) F – V – V – F – V. 47. (Prefeitura de Rio de Janeiro/RJ – Advogado - FJG – RIO/2014) O prazo para propositura de

ação rescisória somente se inicia após o trânsito em julgado: (A) do julgamento da apelação interposta (B) da última decisão proferida na causa (C) da primeira sentença proferida na causa (D) da decisão final em recurso interlocutório 48. (PGE/BA - Procurador do Estado – CESPE/2014) O valor da causa em ação rescisória deve

corresponder ao da ação originária, corrigido monetariamente, e, na hipótese de discrepância entre o valor da causa originária e o benefício econômico buscado na rescisória, este deve prevalecer.

( ) Certo ( )Errado 49. (INSS - Analista – Direito – FUNRIO/2014) Quando duas partes (litisconsortes) em processo civil

são representadas por advogados distintos, o prazo (A) é o ordinário do Código de Processo Civil (B) é fixado, neste caso, pelo Juiz para cada etapa. (C) é contado em dobro. (D) é o ordinário, porém corre em comum, impossibilitando a retirada dos autos. (E) é o ordinário, porém corre sucessivo, possibilitando a retirada dos autos. 50. (TJ/MG – Juiz – FUNDEP/2014) Sobre o juiz, as partes em geral, o Ministério Público e os serviços

auxiliares da Justiça, assinale a alternativa INCORRETA. (A) Partes são aquele que pede em seu próprio nome (ou em cujo nome é pedida) uma atuação de lei

(autor) e aquele frente ao qual tal atuação é pedida (réu). (B) Compete ao juiz dirigir o processo, assegurando às partes ter igualdade de tratamento, velar pela

rápida solução do litígio, prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes.

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(C) Na área cível, a atuação do Ministério Público se dá em dois aspectos: como parte e como fiscal da lei.

(D) Não são auxiliares da justiça o depositário, o administrador e o intérprete. 51. (TJ/AP - Analista Judiciário – FCC/2014) Em relação à substituição das partes e dos

procuradores, é correto afirmar que (A) a sentença que se proferir entre as partes originárias não estenderá seus efeitos ao adquirente ou

ao cessionário. (B) a alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos, não altera a

legitimidade das partes. (C) ocorrendo a morte de qualquer das partes, em regra, extinguir-se-á o processo sem resolução do

mérito. (D) a parte, que revogar o mandato outorgado ao seu advogado, deverá requerer prazo ao juiz para

constituir outro em até trinta dias, determinada a suspensão do processo. (E) o advogado poderá renunciar ao mandato a qualquer tempo, cessando suas obrigações para com

o mandante em 72 horas. 52. (TJ/PB - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção – IESES/2014) Em matéria

civil, as despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do Ministério Público ou da Fazenda Pública, serão pagas:

(A) No final do curso processual pelo vencido. (B) o ato do requerimento pela parte passiva do polo processual. (C) No ato do requerimento pelo próprio Ministério Público ou da Fazenda Pública. (D) No final do processo pelo Tribunal de Contas do Estado. 53. (MPE/PR – Promotor - MPE-PR/2014) Acerca do litisconsórcio, assinale a alternativa incorreta: (A) Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente,

quando entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; (B) O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os litisconsortes necessários, dentro do

prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o processo; (C) Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte

adversa, como litigantes em comum; os atos e as omissões de um prejudicarão ou beneficiarão os outros; (D) É admissível o litisconsórcio entre Ministérios Públicos; (E) O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este

comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. 54. (TRT - 8ª Região/ (PA e AP) - Juiz do Trabalho - TRT 8R/2014) No que diz respeito à

Responsabilidade das Partes por Dano Processual, temos que o Código de Processo Civil dispõe sobre as seguintes questões, EXCETO:

(A) Reputa-se litigante de má-fé aquele que alterar a verdade dos fatos. (B) O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé a pagar multa não

excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as despesas que efetuou.

(C) O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantia não superior a 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, ou liquidado por arbitramento.

(D) As sanções impostas às partes em consequência de má-fé serão contadas como custas e reverterão em benefício da parte contrária.

(E) Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu, vedada a responsabilidade do assistente processual.

55. Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo. ( ) Certo ( ) Errado 56. No que concerne a Capacidade postulatória, podemos citar que: (A) A capacidade postulatória é conferida aos advogados privados, advogados públicos, defensores e

membros do Ministério Público. (B) A capacidade postulatória é conferida aos advogados privados e advogados públicos, (C) A capacidade postulatória é conferida aos advogados privados, advogados públicos, defensores; (D) A capacidade postulatória é conferida aos defensores e membros do Ministério Público.

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57. Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria: (A) unicamente declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá intimação; (B) comunicar ao escrivão do processo seu endereço. (C) declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá intimação; e comunicar

ao escrivão do processo qualquer mudança de endereço. (D) declarar o endereço em que receberá intimação; não sendo necessário comunicar ao escrivão do

processo possível mudança de endereço. 58. De acordo com o Código Processual Civil: (A)Quem receber custas indevidas ou excessivas não é obrigado a restituí-las, salvo quando

determinado expressamente em lei. (B) Quem receber custas indevidas ou excessivas é obrigado tão somente a restituí-las. (C) Quem receber custas indevidas ou excessivas é obrigado a restituí-las, incorrendo em multa

equivalente ao valor das mesmas. (D) Quem receber custas indevidas ou excessivas é obrigado a restituí-las, incorrendo em multa

equivalente ao dobro de seu valor. 59. No que tange à substituição das partes e procuradores, ocorrendo a morte de qualquer das partes: (A) dar-se-á a substituição somente pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 265. (B) dar-se-á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art.

265. (C) somente caberá a substituição pelo seu espólio. (D) ocorrerá a extinção do feito em razão da impossibilidade de substituição processual advinda do

óbito. 60. O advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, provando que cientificou o

mandante a fim de que este nomeie substituto. Durante os 15 (quinze) dias seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde que necessário para Ihe evitar prejuízo.

( ) Certo ( )Errado 61. (MPE/SC - Analista de Contas Públicas – FEPESE/2014) Analise as afirmativas abaixo sobre o

Ministério Público. 1. A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas na Constituição Federal afasta a

de terceiros, nas mesmas hipóteses. 2. Compete ao Ministério Público promover, privativamente, a ação penal pública e privada. 3. É função institucional do Ministério Público promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a

proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos 4. O Ministério Público pode exercer outras funções que lhe forem conferidas por lei, desde que

compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe, inclusive, incumbida a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas. (A) É correta apenas a afirmativa 3. (B) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4. (C) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4. (D) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4. (E) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4. 62. Compete ao Ministério Público: (A) intervir nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição,

casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade e nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.

(B) intervir nas causas em que há interesses de incapazes, nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade e nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.

(C) intervir exclusivamente nas causas em que há interesses de incapazes. (D) intervir somente nas causas em que há interesses de incapazes e ainda nas ações que envolvam

litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.

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63. O Ministério Público exercerá o direito de ação nos casos previstos em lei, cabendo-lhe, no processo, os mesmos poderes e ônus que às partes.

( ) Certo ( ) Errado 64. Como fiscal da lei, o Ministério Público terá vista dos autos (A) antes das partes, sendo intimado apenas dos atos decisórios do processo. (B) antes das partes, sendo intimado de todos os atos do processo. (C) simultaneamente com o autor, sendo intimado de todos os atos do processo. (D) simultaneamente com o réu, sendo intimado de todos os atos do processo. (E) depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo. 65. Em todas as ações nas quais incapazes sejam partes, é obrigatória a intervenção do Ministério

Público para representá-los ou assisti-los. ( ) Certo ( ) Errado 66. (MPE/PR – Promotor - MPE-PR/2014) Sobre a legitimidade do Ministério Público para a

propositura da ação civil pública na visão do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta: (A) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública objetivando a cessação dos

jogos de azar; (B) O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública versando sobre benefícios

previdenciários, embora se trate de direito patrimonial disponível; (C) O Ministério Público não tem legitimidade para ajuizar ação civil pública com o fim de impedir a

cobrança abusiva de mensalidades escolares; (D) O Ministério Público Estadual tem legitimidade para ajuizar ação civil pública objetivando defesa

de bem da União; (E) O Ministério Público não tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patrimônio

público, pois se trata de direito patrimonial disponível da Fazenda Pública. 67. (MPE/PR - Promotor Do Ministério Público/2014) Sobre a legitimidade do Ministério Público para

a propositura da ação civil pública na visão do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta: (A) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública objetivando a cessação dos

jogos de azar; (B) O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública versando sobre benefícios

previdenciários, embora se trate de direito patrimonial disponível; (C) O Ministério Público não tem legitimidade para ajuizar ação civil pública com o fim de impedir a

cobrança abusiva de mensalidades escolares; (D) O Ministério Público Estadual tem legitimidade para ajuizar ação civil pública objetivando defesa

de bem da União; (E) O Ministério Público não tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patrimônio

público, pois se trata de direito patrimonial disponível da Fazenda Pública.

68. (TJ/MG – Juiz – FUNDEP/2014) Sobre o juiz, as partes em geral, o Ministério Público e os serviços auxiliares da Justiça, assinale a alternativa INCORRETA.

(A) Partes são aquele que pede em seu próprio nome (ou em cujo nome é pedida) uma atuação de lei (autor) e aquele frente ao qual tal atuação é pedida (réu).

(B) Compete ao juiz dirigir o processo, assegurando às partes ter igualdade de tratamento, velar pela rápida solução do litígio, prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes.

(C) Na área cível, a atuação do Ministério Público se dá em dois aspectos: como parte e como fiscal da lei.

(D) Não são auxiliares da justiça o depositário, o administrador e o intérprete. 69. (Prefeitura de Caieiras/SP - Assessor Jurídico/Procurador Geral – VUNESP/2015) Quanto à

ação popular, assinale a alternativa correta (A) Não poderá o autor desistir da ação. (B) A ação obedecerá ao rito sumário. (C) O Ministério Público não poderá intervir no feito. (D) O prazo da contestação é de 15 dias, prorrogáveis por mais 15. (E) Se a sentença julgar pela carência da ação, ficará sujeita ao duplo grau de jurisdição.

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70. (DPE/CE - Defensor Público de Entrância Inicial – FCC/2014) Em relação à ação popular, examine os enunciados seguintes:

I. Se o autor popular desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições legalmente previstos, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.

II. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa.

III. A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das custas e demais despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e comprovadas, bem como o dos honorários de advogado.

IV. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes em qualquer caso, não podendo ser a ação novamente proposta, salvo se foi extinta por ausência de alguma das condições da ação ou pressupostos processuais, caso em que qualquer cidadão poderá fazê-lo, com idêntico fundamento.

V. A sentença que concluir pela carência da ação, ou por sua improcedência, está sujeita a recurso a ser recebido no efeito devolutivo; da que julgar procedente, está sujeita ao duplo grau de jurisdição e a apelação, a ser recebida com efeito suspensivo.

É correto o que se afirma APENAS em (A) I, II e III. (B) II, III, IV e V. (C) I, II e IV. (D) II, III e IV. (E) III, IV e V. 71. (CONAB – Direito – IADES/2014) Quanto à ação popular, assinale a alternativa correta. (A) Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-

la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao estado ou ao município.

(B) Na defesa do patrimônio público, não caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado. (C) A ação obedecerá ao procedimento sumário, previsto no Código de Processo Civil. (D) O prazo de contestação é de 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias. (E) A sentença, quando não prolatada em audiência de instrução e julgamento, deverá ser proferida

dentro de 30 dias do recebimento dos autos pelo juiz. 72. (PGE/PR - Procurador do Estado - PUC-PR/2015) Foi concedida liminar em mandado de

segurança impetrado contra ato em potencial (ainda não praticado) de autoridade administrativa. Assinale a alternativa CORRETA.

(A) Trata-se de hipótese de concessão de tutela inibitória, pois previne a prática de ato ilícito. (B) Como o ato ainda não foi praticado, não há direito líquido e certo a ser tutelado e o mandado de

segurança não é o meio adequado para a tutela do direito no caso. (C) O procurador do Estado deve interpor agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo e

apresentar pedido de suspensão da segurança, que serão apreciados pelo mesmo órgão do Judiciário, para evitar decisões conflitantes.

(D) O pedido de suspensão da segurança torna prejudicado o pedido de efeito suspensivo no recurso de agravo de instrumento.

(E) A impetração de mandado de segurança é irregular, visto que não há como determinar o termo inicial do prazo decadencial de 120 (cento e vinte) dias.

73. (CNMP - Analista do CNMP – FCC/2015) No âmbito do mandado de segurança coletivo, (A) uma associação de Municípios tem legitimidade ativa para, em nome próprio, ajuizá-lo em defesa

dos Municípios que represente. (B) os partidos políticos têm legitimidade para impetrá-lo contra ato de autoridade que ilegalmente faça

exigência tributária indevida. (C) o Estado-membro tem legitimidade ativa para propô-lo contra ato de autoridade federal. (D) a impetração por entidade de classe em favor dos associados depende de autorização destes. (E) a entidade de classe tem legitimação ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas uma

parte da respectiva categoria.

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74. (Prefeitura de Caieiras/SP - Assessor Jurídico/Procurador Geral – VUNESP/2015) Quanto ao procedimento do mandado de segurança, assinale a alternativa correta.

(A) É admissível a desistência unilateral do mandado de segurança, pelo impetrante, sem anuência da autoridade impetrada, após o oferecimento das informações.

(B) Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, ainda que, dependendo da situação fática, seja amparado também por habeas data

(C) Não se admite a emenda à petição inicial para corrigir indicação da autoridade impetrada, mesmo que a retificação não implique alteração de competência

(D) Admite-se a sucessão processual de partes, em caso de falecimento do impetrante, na defesa do direito líquido e certo postulado ainda não julgado.

(E) Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, todas deverão ser parte ativa, por ser impossível a concessão parcial da segurança.

75. (PGM/Niterói - Procurador do Município – FGV/2014) Em relação ao mandado de segurança,

assinale a afirmativa incorreta. (A) Visa a tutelar direito líquido e certo, compreendido como tal aquele que decorre de fatos

demonstráveis de plano, mediante prova documental pré-constituída. (B) É via incabível para fins de impugnação de decisão judicial já transitada em julgado. (C) A sentença que acolhe o pedido, além de sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório, é

impugnável por meio de recurso de apelação, o qual pode ser interposto pela pessoa jurídica ou pela autoridade impetrada.

(D) A concessão da ordem pode dar azo à instauração de execução por quantia certa, abrangendo vantagens pecuniárias devidas ao impetrante e vencidas desde a data do cometimento do ato ilegal pela Administração Pública.

(E) O seu ajuizamento deve ocorrer dentro do prazo de cento e vinte dias a partir da ciência, pelo impetrante, do ato estatal impugnado.

76. (TJ/MS - Titular de Serviços de Notas e de Registros – IESES/2014) De acordo com a Lei 12.016

de 2009, que disciplina o Mandado de Segurança individual e coletivo, é correto afirmar: I. Equiparam-se às autoridades, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores

de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

II. Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.

III. Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, todas deverão requerer o mandado de segurança em litisconsórcio ativo necessário.

IV. O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente.

(A) Apenas III e IV estão corretas. (B) I, II e IV estão corretas. (C) Apenas II, III e IV estão corretas. (D) I, II e III estão corretas

01. Resposta: C. Ao princípio da efetividade, significa a real efetivação de um direito materialmente adquirido, haja vista

que, se um direito é reconhecido, porém não é colocado em prática, não há a efetividade desse direito. Podemos Também sobre ele podemos dizer que é um decorrência do devido processo legal, fundamentado no inciso LIV, artigo 5⁰, de nossa Carta Magna.

Quanto ao princípio da economia processual, denomina-se aquele em que se deve obter o maior resultado com o mínimo de esforço financeiro possível.

Respostas

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Já o princípio do contraditório, consagrado no inciso LV, artigo 5⁰, da Constituição Federal de 1988, descreve que todos terão o direito de contestar qualquer declaração feita pela parte contrária, tão logo esta seja feita, a fim de que o juiz possa julgar a lide de forma imparcial e com fundamentação dos fatos proferidos por ambas as partes.

Atinente ao princípio do dispositivo, também denominado como o princípio da inércia da jurisdição, se tem que o juiz não poderá reconhecer de matéria não as partes não tenham impetrado, ou seja, só poderá se manifestar após requerimento de quem de direito.

No entanto, quanto ao princípio da prevenção, descrito no artigo 106 do Código de Processo Civil, se entende por aquele em que mais de um juiz tem competência para julgar a lide, porém entende-se prevento aquele que nela se manifestar primeiro.

Portanto, de acordo com o que nos foi proposto na questão, devemos entender como alternativa correta, a de letra “c”, uma vez que o artigo 398 do CPC, nos leva ao entendimento de que haverá sempre o contraditório quando da manifestação de uma das partes.

02. Resposta: D. O artigo 1.104 do Código Processual Civil dita que “O procedimento terá início por provocação do

interessado ou do Ministério Público, cabendo-lhes formular o pedido em requerimento dirigido ao juiz, devidamente instruído com os documentos necessários e com a indicação da providência judicial.” Tal artigo ilustra que o Ministério Público poderá dar início ao procedimentos, sendo portanto parte na ação.

Para complementar o entendimento da questão é necessário citar os seguintes artigos: Art. 1.105. Serão citados, sob pena de nulidade, todos os interessados, bem como o Ministério Público. Art. 1.106. O prazo para responder é de 10 (dez) dias. Art. 1.107. Os interessados podem produzir as provas destinadas a demonstrar as suas alegações;

mas ao juiz é licito investigar livremente os fatos e ordenar de ofício a realização de quaisquer provas. Art. 1.108. A Fazenda Pública será sempre ouvida nos casos em que tiver interesse. Art. 1.109. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias; não é, porém, obrigado a observar critério

de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que reputar mais conveniente ou oportuna. 03. Resposta: B. De acordo com o artigo 1.111 do Código Processual Civil, a sentença poderá ser modificada, sem

prejuízo dos efeitos já produzidos, se ocorrerem circunstâncias supervenientes. 04. Resposta: A. O Artigo 2º do Código Processual Civil ilustra que nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão

quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais. Assim, frise-se que o artigo traz em seu conteúdo o Princípio da Inércia.

05. Resposta: E. O Princípio do Juiz Natural está previsto no art. 5º, XXXVII e LIII, da Constituição Federal, é uma

garantia decorrente do devido processo legal. Segundo o princípio, não haverá tribunal de exceção e a decisão será proferida por autoridade competente.

06. Resposta: E. A Lei 9.307/96 em seu artigo 2º dispõe que: A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a

critério das partes. “§ 1ºPoderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem,

desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública.” “§ 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios

gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio”. 07. Resposta: A. Teoria da asserção. As condições da ação são requisitos exigidos para que o processo vá em direção

ao seu fim normal, qual seja, a produção de um provimento de mérito. Sua presença, assim, deverá ser verificada em abstrato, considerando-se, por hipótese, que as assertivas do demandante em sua inicial são verdadeiras, sob pena de se ter uma indisfarçável adesão às teorias concretas da ação.

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08. Resposta: A. A jurisdição pode ser vista como “função do Estado de atuar a vontade concreta da lei com o fim de

obter a justa composição da lide”. Assim, são poderes da jurisdição: poder de coerção, poder de decisão, poder de documentação, poder de conciliação e o poder de impulso.

09. Resposta: Errado. A Autocomposição é o ajuste de vontades, no qual uma das partes abre mão de seus interesses ou

de parte deles, estabelecendo uma solução adequada ao caso, contudo sem a participação do Estado. 10. Resposta: Certo. O princípio citado na questão, assegura que ninguém pode ser privado do julgamento por juiz

autônomo e imparcial, indicado pelas normas constitucionais e legais, restando proibidos os juízos/tribunais de exceção, ou seja, busca impedir que pessoas estranhas ao organismo judiciário exerçam funções que lhe são específicas.

11. Resposta: C. A resolução da questão encontra-se no artigo 2º do Código Processual Civil que dita: “Nenhum juiz

prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais”. 12. Resposta: Certo. A Jurisdição Contenciosa, desconstitui-se por Ação Rescisória de acordo com o artigo 485 do Código

Processual Civil. Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente; III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes,

a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V - violar literal disposição de lei; Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na

própria ação rescisória; Vll - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não

pôde fazer uso, capaz, por si só, de Ihe assegurar pronunciamento favorável; VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a

sentença; IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa; § 1º Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato

efetivamente ocorrido. § 2º É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem pronunciamento

judicial sobre o fato. 13. Resposta: Certo. Cerca da Jurisdição Voluntária podemos afirmar que a mesma desconstitui-se por Ação Anulatória de

acordo com o artigo 486 do Código Processual Civil. Assim, dita o artigo 486. “Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for meramente homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral, nos termos da lei civil.”

14. Resposta: B. De acordo com o artigo 1º do Código Processual Civil, a jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é

exercida pelos juízes, em todo o território nacional, conforme as disposições que este Código estabelece. 15. Resposta: Errado. O conceito explanado na presente questão é o da Indelegabilidade. Diferente do exposto, o Princípio

da Inafastabilidade aventa que a todos é possibilitado o acesso ao Judiciário para buscar dirimir as situações litigiosas e conflitos de interesses em geral, bem como para a administração de interesses privados pela jurisdição voluntária89.

89 Artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal de 1988.

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16. Resposta: Certo. De acordo com a doutrina, a autotutela consiste na solução dos conflitos entre as partes, através de

ação direta de uma delas, geralmente com a imposição de vontade, todavia prevalecendo àquela do mais forte, constituindo assim uma defesa, por meios próprios dos direitos os quais se presume ter.

17. Resposta: Errado. Art. 265. Suspende-se o processo: (...) § 1º No caso de morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, ou de seu

representante legal, provado o falecimento ou a incapacidade, o juiz suspenderá o processo, salvo se já tiver iniciado a audiência de instrução e julgamento; caso em que:

(...) § 2º No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de

instrução e julgamento, o juiz marcará, a fim de que a parte constitua novo mandatário, o prazo de 20 (vinte) dias, findo o qual extinguirá o processo sem julgamento do mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou mandará prosseguir no processo, à revelia do réu, tendo falecido o advogado deste.

18. Resposta: C. De acordo o artigo 267, VII do Código Processual Civil. Extingue-se o processo, sem resolução de

mérito: (...) Vll - pela convenção de arbitragem; 19. Resposta: B. De acordo com o arts. 267, II, e 219, CPC (a citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência

e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição). Como houve a citação, mesmo que o processo tenha sido extinto sem resolução de mérito, os efeitos perduram, inclusive o que constitui o réu em mora.

20. Resposta: B. O artigo 265, III do Código Processual Civil traz em seu texto: Art. 265. Suspende-se o processo: ( ) III - quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de

suspeição ou impedimento do juiz; 21. Resposta: D. A resposta está consagrada no artigo 265, I e § 1º, b do Código Processual Civil que dita: Art. 265. Suspende-se o processo: I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal

ou de seu procurador; (...) § 1º No caso de morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, ou de seu

representante legal, provado o falecimento ou a incapacidade, o juiz suspenderá o processo, salvo se já tiver iniciado a audiência de instrução e julgamento; caso em que:

(...) b) o processo só se suspenderá a partir da publicação da sentença ou do acórdão. 22. Resposta: C. A exceção de incompetência suspende o andamento do feito (art. 265, III, do CPC). 23. Resposta: D. Nenhum dos incisos do art. 267 do CPC, que trata dos casos de extinção do processo sem resolução

do mérito, versa acerca da hipótese da revelia. 24. Resposta: Certo. Conforme art. 267, VI, do CPC, ausente quaisquer das condições da ação, o feito deverá ser extinto

sem resolução do mérito.

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25. Resposta: Certo. O art. 285-A do CPC autoriza o juiz, uma vez presentes os requisitos necessários para tanto (matéria

de direito, outros casos idênticos julgados improcedentes) a dispensar a citação, proferindo sentença de improcedência do pedido.

26. Resposta: Certo. Nos termos do art. 271 do CPC, aplicam-se a todas as causas as regras constantes do procedimento

comum. 27. Resposta: C. O Art. 472 do CPC aduz que "A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, nem

prejudicando, nem beneficiando terceiros (...)". Sendo assim, partes na relação processual são aqueles que participam do contraditório. Nesse sentido, partes são; demandante (autor - assertiva "e")s e (réu-assertiva "d") no processo, terceiros intervenientes (assistentes litisconsorcial - assertiva "b"), Ministério Público como órgão interveniente - assertiva "a"). Excluindo o Juiz e os auxiliares (peritos - assertiva "c).

28. Resposta: D. Artigo 106 do Código Processual Civil “Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm

a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar." 29. Resposta: A. Nos termos do art. 118 do Código Processual Civil "O conflito será suscitado ao presidente do tribunal:

I- pelo juiz, por ofício". 30. Resposta: E. De acordo como Código Processual Civil, dita o artigo 100 Parágrafo único “Nas ações de reparação

do dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato.”

31. Resposta: D. De acordo com o artigo 96 do Código Processual Civil. O foro do domicílio do autor da herança, no

Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.

32. Resposta: E. A citação é ato formal, conforme se depreende pela leitura do art. 213 do CPC. Entretanto, mesmo sendo indispensável a citação do réu, tal ato pode ser convalidado, de acordo com

o parágrafo primeiro do art. 214, CPC, in verbis; § 1º O comparecimento espontâneo do réu supre, entretanto, a falta de citação. 33. Resposta: B. Dita o artigo 154 do CPC: Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão

quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, Ihe preencham a finalidade essencial.

34. Resposta: B. De acordo com o Art. 189 do CPC: O juiz proferirá: I - os despachos de expediente, no prazo de 2 dias II - as decisões, no prazo de 10 dias. 35. Resposta: B. De fato, a citação por hora certa é considerada uma forma de citação ficta, haja vista que o réu é

considerado citado comparecendo ou não à presença do oficial de justiça no dia e hora por ele marcado. Sua previsão está contida no art. 228, do CPC/73.

36. Resposta: D. Alternativa correta, tendo em vista o artigo 162 do Código Processual Civil. “Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.”

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37. Resposta: Certo. O comparecimento espontâneo do réu supre a falta da citação (art. 214, § 1º, CPC). 38. Resposta: E. A citação não suspende a prescrição, mas a interrompe (art. 219, CPC). 39. Resposta: C. A ação de investigação de paternidade é uma ação de estado (ação de estado da filiação). Por esse

motivo, a citação não pode ser feita pelo correio (art. 222, a, CPC). 40. Resposta: A. Como regra, a citação não será feita quando os doentes estiverem em estado grave (art. 217, IV, do

CPC). Mas se for necessária para evitar o perecimento do direito, essa regra é excepcionada pelo art. 217 do CPC.

41. Resposta: A. A alternativa correta é a letra “a” porque traduz a inteligência do artigo Art. 489 do Código de Processo

Civil. – “O ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo, ressalvada a concessão, caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela”.

42. Resposta: E. A Alternativa incorreta é a letra “e” porque para se ingressar com a ação rescisória devem estar

presentes qualquer um dos requisitos do Artigo 485 do Código de Processo Civil e não a presunção de exaurimento das vias recursais – Súmula 514 do STF: Súmula 514: “Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenha esgotado todos os recursos”.

43. Resposta: B. A alternativa a ser assinalada é a letra “b” pois a suspeição do juízo não faz parte do rol de hipóteses

de cabimento de ação rescisória trazidos pelo Artigo 485. 44. Resposta: A. A alternativa correta é a letra “a” porque mesmo que esgotados todos os recursos contra a sentença

de mérito transitada em julgado pode haver a incidência sobre essa sentença um dos requisitos de admissibilidade tratados no Artigo 485 do Código de Processo Civil.

45. Resposta: C. A alternativa correta a letra” c” apesar deste posicionamento ser do STF e não do STJ - STF Súmula

nº 514 STF: “Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenham esgotado todos os recursos”.

46. Resposta: A. A Alternativa correta é a letra “a” porque: A primeira assertiva: ”De acordo com o STJ, conta-se o prazo decadencial de ação rescisória, nos

casos de existência de capítulos autônomos, do trânsito em julgado de cada decisão. Contudo, a jurisprudência do STF inclina-se em direção oposta, considerando-se que o termo inicial para a propositura da ação rescisória seria a partir do trânsito em julgado da última decisão proferida nos autos, ao fundamento de que não seria possível fracionamento da sentença ou acórdão” é falsa pois O posicionamento atribuído ao STJ não corresponde com o posicionamento deste tribunal. Súmula 401 do STJ: “O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial”

A segunda assertiva “Para a teoria de Liebman, a coisa julgada é uma qualidade especial da sentença, a reforçar a sua eficácia, consistente na imutabilidade da sentença como ato processual e na imutabilidade dos seus efeitos” é verdadeira pois este é o conceito de ação rescisória trazido pelo estudioso alemão.

A terceira assertiva “Para o STJ, as decisões acerca da guarda de menor e respectivos alimentos não se submetem aos efeitos da coisa julgada, que pode ser relativizada diante da alteração dos fatos” é verdadeira porque nestes casos a mudança dos fatos é algo que realmente pode acontecer.

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A quarta assertiva “De acordo com o STJ, o débito alimentar arbitrado em valor fixo, por sentença transitado em julgado, deve ser pago pelo montante e na exata periodicidade constante no título judicial, revelando-se ofensa à coisa julgada a determinação para que o valor arbitrado seja pago a propósito do recebimento de outras verbas pelo devedor” é verdadeira pois o título judicial é quem determina como e de que forma serão pagos os alimentos.

A quinta assertiva “Consoante a jurisprudência do STJ, a correção de erro material sujeita-se à preclusão e à coisa julgada” é falsa porque esse posicionamento, na verdade, é um dos requisitos do Artigo 485 do Código de Processo Civil.

47. Resposta: B. A alternativa correta é a letra “b” por inteligência do Artigo 486 do Código de Processo Civil. 48. Resposta: Certo. CERTO – A assertiva “certo” é a correta por se tratar de posicionamento dominante do STJ. STJ - EDcl no REsp 1071643-DF – PETIÇÃO 2013/0116789-2 - Relator(a) Ministro LUIS FELIPE

SALOMÃO (1140) - Órgão Julgador S2 - SEGUNDA SEÇÃO - Data do Julgamento: - 11/02/2015 - Data da Publicação/Fonte: DJe 03/03/2015 – Ementa: PROCESSUAL CIVIL. IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA. ALEGADA ISENÇÃO NO RECOLHIMENTO DAS CUSTAS JUDICIAIS NO ÂMBITO DO STJ POR SE TRATAR DE ASSOCIAÇÃO AUTORA QUE PROPÔS AÇÃO CIVIL PÚBLICA NAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. NÃO APLICAÇÃO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 18 DA LEI N. 7.347/1985 (LACP) E 87 DA LEI N. 8.078/1990 (CDC). APLICAÇÃO DO ARTIGO 111 DO CTN PARA AFASTAR, EM PRINCÍPIO, A ALEGADA ISENÇÃO TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE LEI ESPECÍFICA, NO ÂMBITO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, QUE DISPONHA SOBRE O RECOLHIMENTO DE CUSTAS NESSE TIPO DE INCIDENTE PROCESSUAL. TRIBUTO NÃO DEVIDO PARA IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA. RESCISÓRIA. VALOR DA AÇÃO PRINCIPAL ATUALIZADO MONETARIAMENTE. BENEFÍCIO ECONÔMICO. IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA JULGADA IMPROCEDENTE. 1. Ante a necessidade de conferir às regras de isenção tributária interpretação restritiva (art. 111 do CTN), as disposições dos arts. 18 da Lei n. 7.347/1985 e 87 da Lei n. 8.078/1990 só impediriam o adiantamento das custas judiciais em ações civis públicas, em ações coletivas que tenham por objeto relação de consumo e na ação cautelar prevista no art. 4º da Lei n. 7.347/1985, não tendo o condão de obstar a antecipação das custas nos demais tipos de ação, como, por exemplo, em ações rescisórias ou em incidentes processuais. 2. Como a impugnação ao valor da causa não consta na Tabela "B" da Lei n. 11.636/2007, lei específica que dispõe sobre as custas judiciais devidas no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, não se pode exigir o recolhimento das custas judiciais nesse tipo de incidente processual. 3. Consoante orientação jurisprudencial desta Corte de Justiça, em sede de ação rescisória, o valor da causa, em regra, deve corresponder ao da ação principal, devidamente atualizado monetariamente; exceto se houver comprovação de que o benefício econômico pretendido está em descompasso com o valor atribuído à causa, hipótese em que o impugnante deverá demonstrar, com precisão, o valor correto que entende devido para a ação rescisória, instruindo a inicial da impugnação ao valor da causa com os documentos necessários à comprovação do alegado. 4. Impugnação ao valor da causa julgada improcedente. Acórdão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, julgar improcedente o incidente de impugnação ao valor da causa, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Paulo de Tarso Sanseverino, Maria Isabel Gallotti, Antonio Carlos Ferreira, Ricardo Villas Bôas Cueva, Marco Buzzi, Marco Aurélio Bellizze, Moura Ribeiro e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Raul Araújo.

49. Resposta: C. O fundamento da resposta está no artigo 191 do Código Processual Civil que dita: “Quando os

litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos”.

50. Resposta: D. Artigo 139 do Código Processual Civil. São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são

determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete.

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51. Resposta B. A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos, não altera a

legitimidade das partes, artigo 42 do Código Processual Civil. 52. Resposta A. As despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do Ministério Público ou da Fazenda

Pública, serão pagas a final pelo vencido, consoante dispõe o artigo 27 do Código Processual Civil. 53. Resposta: C. O artigo 48 do Código Processual Civil explana que, salvo disposição em contrário, os litisconsortes

serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros.

54. Resposta: E. Dispõe ao artigo 16 do Código Processual Civil que “Responde por perdas e danos aquele que pleitear

de má-fé como autor, réu ou interveniente.”. 55. Resposta: Certo. A questão encontra-se no artigo 7º do Código Processual Civil. “Toda pessoa que se acha no exercício

dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo.”. 56. Resposta: A. Em regra, tem capacidade postulatória o Ministério Público, a Defensoria Pública (CF, art. 134 e LCF

80/94, art. 4º, parágrafo 6º) e o advogado, conforme o artigo 36 do Código Processual Civil, em seu artigo 36. “A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que houver”

57. Resposta: C. O artigo 39 do Código Processual Civil expõe que a parte ou o advogado, que postular em causa

própria deverá declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá intimação; e comunicar ao escrivão do processo qualquer mudança de endereço.

58. Resposta: D. Dispõe o artigo 30 do Código Processual Civil que, aquele que receber custas indevidas ou excessivas

é obrigado a restituí-las, incorrendo em multa equivalente ao dobro de seu valor. 59. Resposta: B. A alternativa encontra-se no artigo 43 do Código Processual Civil, que traz em seu conteúdo que,

ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 265:

Art. 265. Suspende-se o processo: I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal

ou de seu procurador; II - pela convenção das partes; (Vide Lei nº 11.481, de 2007) III - quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de

suspeição ou impedimento do juiz; IV - quando a sentença de mérito: a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação

jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente; b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova,

requisitada a outro juízo; c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente; V - por motivo de força maior; VI - nos demais casos, que este Código regula. § 1º No caso de morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, ou de seu

representante legal, provado o falecimento ou a incapacidade, o juiz suspenderá o processo, salvo se já tiver iniciado a audiência de instrução e julgamento; caso em que:

a) o advogado continuará no processo até o encerramento da audiência;

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b) o processo só se suspenderá a partir da publicação da sentença ou do acórdão. § 2º No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de

instrução e julgamento, o juiz marcará, a fim de que a parte constitua novo mandatário, o prazo de 20 (vinte) dias, findo o qual extinguirá o processo sem julgamento do mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou mandará prosseguir no processo, à revelia do réu, tendo falecido o advogado deste.

§ 3º A suspensão do processo por convenção das partes, de que trata o no Il, nunca poderá exceder 6 (seis) meses; findo o prazo, o escrivão fará os autos conclusos ao juiz, que ordenará o prosseguimento do processo.

§ 4º No caso do no III, a exceção, em primeiro grau da jurisdição, será processada na forma do disposto neste Livro, Título VIII, Capítulo II, Seção III; e, no tribunal, consoante Ihe estabelecer o regimento interno.

§ 5º Nos casos enumerados nas letras a, b e c do no IV, o período de suspensão nunca poderá exceder 1 (um) ano. Findo este prazo, o juiz mandará prosseguir no processo.

60. Resposta: Errado. De acordo com o art. 45 do Código Processual Civil, o advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar

ao mandato, provando que cientificou o mandante a fim de que este nomeie substituto. Todavia, o advogado continuará a representar o mandante durante os 10 (dez) dias seguintes, desde que necessário para evitar prejuízo ao mesmo.

61. Resposta: A. De acordo com o artigo 129: “São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; (...) III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do

meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; (...) IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade,

sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. § 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de

terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.” 62. Resposta: B. O Artigo 82 do Código Processual Civil dispõe que: Compete ao Ministério Público intervir: I - nas

causas em que há interesses de incapazes; II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade; III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.

63. Resposta: Certo. Artigo 81 do Código Processual Civil. O Ministério Público exercerá o direito de ação nos casos

previstos em lei, cabendo-lhe, no processo, os mesmos poderes e ônus que às partes. 64. Resposta: E. O artigo 83, inciso I do Código Processual Civil dita que como fiscal da lei, o Ministério Público terá

vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo. 65. Resposta: Errado. Não cabe ao Ministério Público, de acordo com o artigo 6º do Código Processual Civil, a representação

ou a assistência, tendo em vista que o mesmo será Substituto Processual. 66. Resposta: A. O artigo 1º ilustra que “Regem-se pelas disposições desta Lei nº 7.347, de 24 de Julho de 1.985, sem

prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: V - por infração da ordem econômica”.

67. Resposta: A. Artigo 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de

responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: V - por infração da ordem econômica

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68. Resposta: D. De acordo com o Artigo 139 do Código Processual Civil “São auxiliares do juízo, além de outros, cujas

atribuições são determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete”.

69. Resposta E. Baseado na lei 4.717/65 (lei da ação popular): A) ERRADA. É possível que o autor desista da ação.

Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.

B) ERRADA. Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no Código de Processo Civil, observadas as seguintes normas modificativas

C) ERRADA - Pode intervir sim, segue alguns exemplos: Art. 7º, I - Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: a) além da citação dos réus, a intimação do representante do Ministério Público

Art. 6º, § 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores.

Art. 16. Caso decorridos 60 (sessenta) dias da publicação da sentença condenatória de segunda instância, sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução. o representante do Ministério Público a promoverá nos 30 (trinta) dias seguintes, sob pena de falta grave.

Art. 19, § 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer cidadão e também o Ministério Público.

D) ERRADA. Prazo de 20 dias, prorrogável por mais 20. Art. 7º, IV - O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento do interessado, se particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a todos os interessados, correndo da entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo assinado em edital.

E) CORRETA. Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo.

70.Resposta A. I. CORRETO. "Art. 9º. Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão

publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação".

II.CORRETO. "Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa".

III.CORRETO "Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das custas e demais despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e comprovadas, bem como o dos honorários de advogado".

IV. ERRADA. “Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível "erga omnes", exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova".

V. ERRADA. "Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo".

71. Resposta A. A) CORRETO. Art. 5º. Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação,

processá-la e julgá-la, o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.

B) ERRADA. Art. 5º, § 4º. Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado.

C) ERRADA. Art. 7º. A ação obedecerá ao procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, observadas as seguintes normas modificativas: [...]

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D) ERRADA. Art. 7º, inciso IV - o prazo de contestação é de vinte dias prorrogáveis por mais vinte, a requerimento do interessado, se particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a todos os interessados, correndo da entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo assinado em edital;

E) ERRADA. Art. 7º, inciso VI - a sentença, quando não prolatada em audiência de instrução e julgamento, deverá ser proferida dentro de quinze dias do recebimento dos autos pelo juiz.

72. Resposta A. Conforme a Lei 12.016;2009, em seu Art, 1º: Conceder-se-á mandado de segurança para proteger

direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. Note-se que a parte grifada informa justamente sobre a Tutela Inibitória requisitada pela questão.

73. Resposta E. A) ERRADO. " Uma associação de Municípios tem legitimidade ativa para, em nome próprio, ajuizá-lo

em defesa dos Municípios que represente" --> STJ: 1. A legitimação conferida a entidades associativas em geral para tutelar, em juízo, em nome próprio, direitos de seus associados (..) não se aplica quando os substituídos processuais são pessoas jurídicas de direito público. A tutela em juízo dos direitos e interesses das pessoas de direito público tem regime próprio, revestido de garantias e privilégios de direito material e de direito processual, insuscetível de renúncia ou de delegação a pessoa de direito privado, sob forma de substituição processual.

B) ERRADO. "Os partidos políticos têm legitimidade para impetrá-lo contra ato de autoridade que ilegalmente faça exigência tributária indevida." -->MS coletivo por partido político somente na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária (art. 21 da LMS)

C) ERRADO. "Estado-membro tem legitimidade ativa para propô-lo contra ato de autoridade federal." STF: "Ao estado-membro não se outorgou legitimação extraordinária para a defesa, contra ato de autoridade federal no exercício de competência privativa da união, seja para a tutela de interesses difusos de sua população - que é restrito aos enumerados na lei da ação civil pública (l. 7.347/85 - seja para a impetração de mandado de segurança coletivo, que e objeto da enumeração taxativa do art. 5. lxx da constituição. Além de não se poder extrair mediante construção ou raciocínio analógicos, a alegada legitimação extraordinária não se explicaria no caso, porque, na estrutura do federalismo, o estado-membro não e órgão de gestão, nem de representação dos interesses de sua população, na orbita da competência privativa da união (STF - MS: 21059 RJ , RELATOR: Sepúlveda Pertence, 05/09/1990)

D) ERRADA e E) CORRETA - entendimento veiculado pelas súmulas 629 e 630 do STF e incorporados ao art. 21 da

LMS: Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação

no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

74. Resposta A. A) CORRETA. Regra esculpida no §4º do art. 267 CPC: “Depois de decorrido o prazo para a resposta,

o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.” A assertiva menciona que a desistência seria depois do oferecimento das informações... ou seja, o

momento processual equivalente aos termos do art. 7º, I, da Lei 12.016/09: Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada

com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações; É plenamente possível que o impetrante desista do mandado de segurança impetrado. Vale ressaltar

que, para que haja a desistência do MS, não é necessária a concordância da parte adversa. Isso porque, no caso de mandado de segurança, não se aplica o art. 267, § 4o, do CPC (STJ. REsp 930.952-RJ).

B) ERRADA. art. 1 caput - Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, NÃO amparado por habeas corpus ou habeas data (...)

C) ERRADA. A Correção na indicação da autoridade coatora somente será possível se não houver alteração de competência... (RMS 44.239/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, DJe

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14/10/2014). D) ERRADA. Como ainda não foi julgado, estamos ainda na fase de conhecimento... conforme

entendimento do STJ: “... o mandado de segurança, por seu caráter mandamental e personalíssimo, não admite habilitação de herdeiros na fase de conhecimento – é amplamente majoritária na jurisprudência desta Corte. (STJ, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 08/04/2015, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO); Observe que na fase de execução do Mandado de Segurança é possível a substituição processual.

E) ERRADA. Uma vez que não existe litisconsórcio necessário no polo ativo. Ninguém está obrigado a litigar em juízo ou ingressar com uma ação

75. Resposta D. A resposta está consubstanciada no Art. 14 da LMS: Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo

o mandado, cabe apelação. § 1° Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. § 2° Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer. § 3° A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente, salvo

nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar. § 4° O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença concessiva

de mandado de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial.

76. Resposta B. I. CORRETA (art. 1º, § 1º): Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes

ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

II. CORRETA (art. 1º, § 2º): Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.

III. INCORRETA (art. 1º, § 3º): Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança.

IV. CORRETA (art. 3º): O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente.