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PESQUISAR · SAVE · PRINT · SAIR 22. abr.2014 N.625 www.aese.pt NOTÍCIAS · AGENDA · OPINIÃO · PANORAMA · DOCUMENTAÇÃO NOTÍCIAS PANORAMA DOCUMENTAÇÃO Os alunos polivalentes escasseiam “The XX Factor” Um intelectual nada orgânico AGENDA Inovação e Empreendedorismo: a resposta para um crescimento sustentado Que dirigentes pedem as empresas de amanhã? Militares egípcios: de guerreiros a empresários Lufadas do pensamento político de Octavio Paz Purkayastha e Srinivasa vencem Concurso de Casos da AESE A agenda do Director geral Lisboa, 22 de abril de 2014 Avanços na OI em Portugal Lisboa, 8 de maio de 2014 Operacionalização na Cloud das TI Lisboa, 8 de maio de 2014 Modelos de Negócio e Estratégia Funchal, 7 de maio de 2014 Curso "As parábolas do Evangelho" | A parábola do juiz e da viúva: a necessidade da oração Lisboa, 5 de maio de 2014 Olhar para o futuro com tenacidade e consciência Open House do Executive MBA AESE/IESE Lisboa, 14 de maio de 2014 Média “A Força do Engagement” entre outros… Boletim da Capelania Paixão

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NOTÍCIAS

22. abr.2014 N.625

www.aese.pt

NOTÍCIAS · AGENDA · OPINIÃO · PANORAMA · DOCUMENTAÇÃO

NOTÍCIAS PANORAMA DOCUMENTAÇÃO

Os alunos polivalentes escasseiam

“The XX Factor”

Um intelectual nada orgânico

AGENDA

Inovação e Empreendedorismo: a resposta para um crescimento sustentado

Que dirigentes pedem as empresas de amanhã?

Militares egípcios: de guerreiros a empresários

Lufadas do pensamento político de Octavio Paz

Purkayastha e Srinivasa vencem Concurso de Casos da AESE

A agenda do Director geral Lisboa, 22 de abril de 2014

Avanços na OI em Portugal Lisboa, 8 de maio de 2014

Operacionalização na Cloud das TI Lisboa, 8 de maio de 2014

Modelos de Negócio e Estratégia Funchal, 7 de maio de 2014

Curso "As parábolas do Evangelho" | A parábola do juiz e da viúva: a necessidade da oração Lisboa, 5 de maio de 2014

Olhar para o futuro com tenacidade e consciência

Open House do Executive MBA AESE/IESE Lisboa, 14 de maio de 2014

Média

“A Força do Engagement” entre outros…

Boletim da

Capelania

Paixão

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Apesar da Globalização já não ser um dos tópicos prioritários na agenda dos líderes e executivos, é uma realidade que condiciona sig-nificativamente o ambiente dos negócios, a nível internacional. Para além do posicionamento es-tratégico no xadrez internacional, os dirigentes são chamados a saber gerir a complexidade, a vola-tilidade e a tomada de decisão no comando das empresas. A fim de avaliar o papel que as Tecnologias de Informação, a inovação e o empreendedorismo podem desem-penhar no crescimento das organi-zações, o IESE promoveu um en-contro em Barcelona, de 3 a 4 de abril. José Silva Rodrigues, José Rama-lho Fontes, Maria de Fátima Cario-ca (AESE), Ana Paula Reis

(Selplus), Eduarda Luna Pais (El-ping/AESE), Daniela Simões (Gru-po Luís Simões), Ana Loya (Odgers Berndtson), José Luís Simões e João Amaral (Toshiba) - da esquer-da para a direita, na fotografia - foram os representantes da delega-ção lusa, participantes no evento.

O IESE Global Leadership Confe-rence incluiu duas palestras em que foram oradores: Srikant Datar, da HBS, sobre “Innovation, Critical Thinking and Leadership Develop-ment” e Pankaj Ghemawat, do IESE, sobre “Innovation, Glabaliza-tion and Leadership Development”.

2 CAESE abril 2014

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Inovação e Empreendedorismo: a resposta para um crescimento sustentado

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AESE participa no IESE Global Leadership Conference

Barcelona, 3 de abril de 2014

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Depois de muito se debater, nos últimos dez anos, o desenvol-vimento da liderança em empresas de projeção internacional e como atrair e promover talento, a pro-posta que se destaca do congresso consiste em estimular a inovação e o empreendedorismo como suporte de negócios sujeitos a uma compe-titividade muito agressiva. O encontro do IESE incluiu ainda um painel sobre “The CEO’s drivers in boosting corporate growth”, que contou com a intervenção de Francisco Reynés da Abertis, Rosa García, da Siemens (Espanha) e Andrea Morante da Pomellato, a 5ª joalharia em todo o mundo com apenas 46 anos de história contra as empresas concorrentes centenárias. A razão do sucesso fica a dever-se à inovação. A conferência sobre “How Mana-gement Education contributes to developing innovation and corpora-te growth” reforçou a responsa-bilidade das escolas de negócio, na medida em que delas depende a preparação dos líderes para apro-

veitarem os desafios que se colo-cam no mercado atual e para ajudá-los a identificar os drivers de mudança que estimulem o cresci-mento sustentável das organiza-ções.

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3 CAESE abril 2014

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4 CAESE abril 2014

Que dirigentes pedem as empresas de amanhã?

A Prof. Maria de Fátima Carioca desafiou os líderes e executivos do sul do país a diagnosticarem o grau de responsabilidade da sua dire-ção. A primeira sessão de continuidade, realizada em Albufeira, aconteceu no dia 26 de março de 2014, fruto da vontade da AESE de ir ao encontro dos Alumni residentes fora dos núcleos urbanos de Lisboa e Porto. A professora identificou três dimensões fundamentais para uma direção responsável: “a económica, normalmente a mais conhecida, porque é aquela pela qual aporta valor à sociedade; a social, pelo facto de ser constituída por uma comunidade de pessoas e também por interagir com outras pessoas e instituições; e, por último, a tempo-ral, porque a empresa existe e é para continuar a existir. Estas

dimensões acabam por ser as responsabilidades de quem gover-na uma empresa. Criar valor de uma forma honesta, justa, tratar as pessoas com a dignidade que lhes é devida, tomar as melhores decisões para não comprometer o seu futuro… são estes os critérios para quem, dirigindo uma empresa, queira fazê-lo de uma forma responsável.” “O séc. XXI veio trazer mais clareza sobre aquilo que é próprio de uma empresa”. Maria de Fátima Carioca distinguiu os princípios básicos que devem reger uma Direção responsável. “O principal valor foi aquele que o Papa referiu nas Jornadas da Juventude, em 2013, no Brasil, parafraseando um poeta brasileiro, que dizia que ‘devemos encarar o futuro com olhos calmos de quem sabe ver a

Sabedoria, prudência e generosidade: valores a ter em mente

Albufeira, 26 de março de 2014

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verdade’. Isto significa: olhar por um lado, para a tradição cultural da nossa empresa e tomar as deci-sões sobre aquilo que foi conse-guido e depois ter uma responsa-bilidade solidária para com a construção do futuro. E um outro valor é o diálogo construtivo para tentar, com a empresa que temos, tornar o futuro exequível e de sucesso. O diálogo pode promover uma cultura de encontro, feita pelas pessoas que constituem a em-presa, sejam elas os acionistas, os dirigentes, os seus colaboradores, os clientes ou os fornecedores. A título de conclusão, para a Profes-sora de Comportamento Humano nas Organizações e Ética da AESE, “é provavelmente o caminho mais fecundo para uma empresa.” Neste encontro, o Prof. Raul Bessa Monteiro, Diretor Executivo do Agrupamento de Alumni da AESE, e Ricardo Marcelo, Diretor do GMP, também marcaram presença. A sessão de continuidade realizada em Albufeira, contou ainda com a colaboração de Hermínia Lamy, da MGM Muthu Group, Alumna AESE do 33º PADE.

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5 CAESE abril 2014

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Muitas são as empresas que conseguem fazer da adversidade, de uma crise, uma oportunidade de superação. Por essa razão, o Agrupamento de Alumni da AESE convidou o Prof. Agustín Avilés, Professor de Política de Empresa, para falar sobre várias abordagens possíveis na direção de uma empresa em contextos complexos. A sessão teve lugar em Lisboa, a 3 de abril de 2014. “A crise pode trazer aos negócios algo de fundamental, e de que muitas vezes nos esquecemos nas empresas, que é mantermo-nos em forma.” O Prof. Agustín Avilés acredita que “a crise obriga a pormo-nos em forma. Se nos esquecemos de fazê-lo habitual-mente”, numa circunstância de incerteza, “vamos ter de fazê-lo inevitavelmente”.

A discussão do tema teve por base o caso "General Gadgets Inc.". O Professor aproveitou o cenário, estudado previamente pelos participantes, para destacar uma lição importante. “Uma situação extremamente difícil pode ser reconvertida. E podemos descobrir que os dirigentes não são solucionadores universais. Há dirigentes especiais para tempos de crise, para tratar de falências, de crescimento ou de redução de custos. O dirigente ideal seria aquele capaz de lidar com todas as situações. Mas a realidade é outra. É necessário um dirigente especial para cada fase da empresa, sobretudo numa época de crise muito agressiva.” O que devem fazer os dirigentes e executivos, em particular os portugueses? “Serem tenazes,

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Com o Prof. Agustín Avilés

Lisboa, 3 de abril de 2014

Olhar para o futuro com tenacidade e consciência

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como qualquer bom empresário. A tenacidade é uma caraterística fundamental. Em segundo lugar, não ser excessivamente otimista, mas estar consciente da realidade. A realidade é que na crise existem muitas oportunidades e há que ter capacidades para saber aproveitá- -las. Sem crise não haveria neces-sidade de desenvolvê-las. Portanto, sejamos capazes de vê-las, aperfeiçoá-las e colocá-las em ação. Como sempre dizemos em Política de Empresa, há que encarar o futuro. Não podemos reter-nos a olhar para trás, mas precisamos sim de olhar em frente.”

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7 CAESE abril 2014

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8 CAESE abril 2014

AESE atribui prémio a um caso de IBS em Hyderabad

Abril de 2014

Purkayastha e Srinivasa vencem Concurso de Casos da AESE

“Corporate Entrepreneurship and Innovation at Google” é o caso vencedor do 4.º Concurso de Escrita de Casos da AESE. O Prof. Debapratim Purkayastha (à esquerda, na fotografia) e Adapa Srinivasa Rao do IBS Business School (à direita), em Hyderabad, na Índia, são os autores do caso vencedor do Concurso da AESE de 2013. Este caso de empreendedorismo conta que “a Google começou as suas operações como fornecedor de um motor de busca relacionado com serviços e expandiu a sua oferta ao longo dos anos. Segundo alguns analistas, a Google come-çou por substituir-se aos seus concorrentes, como a Apple, que lideravam a corrida à inovação. A

Google inovou nos processos do dia a dia, ao invés de utilizar a inovação como uma estratégia em tempo de crise. A Google seguiu um processo único de inovação de “lançamento e aperfeiçoamento”. Desde a sua fundação, a Google confiou nos seus colaboradores para aumentar a sua cultura de inovação. As suas políticas de modelo de inovação “70/20/10” e ‘Innovation Time Off’, conferiram muita liberdade aos colaboradores da Google para trabalharem nos seus projetos preferidos. A Google também facilitou-lhes vários meios de comunicação através de diver-sos canais, incluindo a TGIF, a Googlegeist and Google Moderator. Para implementar uma inovação radical, a empresa constituiu a divisão Google X, em que os colaboradores eram motivados a

apresentar “ideias fora da caixa”, projetos, produtos e serviços, 10 vezes melhores do que os da concorrência. Os cofundadores da Google, Larry Page e Sergey Brin, Executive Chairman, Eric Schmidt, e outros membros da equipa de alta direção investiram pessoal-mente nestes projetos. No entanto, a equipa de gestão teve de enfrentar vários desafios

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como o Google Glass, Google Driveless car e o Projeto Loon, devido a questões relacionadas com a viabilidade comercial dos mesmos. Além disso, à medida que a Google crescia significativamente em termos de diversidade de produtos de mercado, tal como na força dos colaboradores, o desafio do triunvirato de Page, Brin e Schmidt, foi como manter o espírito empreendedor vivo na empresa.” Antonio Villafuerte do Instituto Internacional de San Telmo con-quistou o 2º lugar com o caso “Hamburguesa Nostra”. Nesta edição, o número de concor-rentes internacionais aumentou para 85%, registando-se trabalhos provenientes da Alemanha, Espa-nha, França, Hong Kong, Índia, Indonésia, Suíça, Reino Unido, Brasil e Holanda. Em 4 anos, a AESE avaliou casos originários de Business Schools de 11 países, facto tradutor do reconhecimento crescente que o Concurso de Casos da AESE tem vindo a garantir além fronteiras.

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9 CAESE abril 2014

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Na semana santa, a liturgia da Igreja recorda a paixão e morte de Jesus Cristo. Apesar de não ser um relato inédito para nenhum cristão, impressiona sempre essa tão viva recordação de um facto acontecido há cerca de dois mil anos, mas sempre presente. Na realidade, a crueldade do suplício infligido ao Crucificado a todos incomoda e interpela. Por isso, não estranha a indignada reação de Pedro ao primeiro anúncio da paixão do seu Mestre e Senhor. Nessa ocasião, Jesus não lhe reprovou a falta de sabedoria humana, mas a sua insuficiente compreensão das coisas de Deus (Mt 16, 21-23). Não obstante tão grande sofrimento, não é esse o centro para onde converge a liturgia da Igreja no tríduo pascal. Não é à dor

que se presta homenagem na paixão do Senhor, na sexta-feira prostração inicial dos celebrantes, no eloquente introito da liturgia da sexta feira santa. Não é a cruz que se adora quando, genufletindo, se beija o madeiro. Com efeito, a dor, pela dor, nada vale. O maior sofrimento pode ser vazio de sentido e de valor. Até o sacrifício da própria vida pode ser, em termos religiosos, irrelevante (1Cor 13, 3). Nada vale se não for por amor e ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos (Jo 15, 13). Os fiéis são convidados a prostrarem-se diante da Cruz, não para adorarem o sofrimento de Jesus, mas o seu amor que, sendo universal, é também individual. Paulo tinha consciência de ser pessoalmente

destinatário desse amor infinito do Deus humanado, «que me amou e se entregou por mim» (Gal 2, 20). Jesus, «tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao extremo» (Jo 13, 1). É o amor de Cristo que a Igreja celebra neste tempo, um amor que é, verdadeira-mente, paixão. P. Gonçalo Portocarrero de Almada Edições anteriores do Boletim da capelania

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Paixão

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Boletim da Capelania

Abril de 2014

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AGENDA

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11 CAESE abril 2014

Seminário

Sessão de continuidade Modelos de Negócio e Estratégia Funchal, 7 de maio de 2014 Saiba mais >

Sessões de continuidade

Open House Open House do Executive MBA AESE/IESE Lisboa, 14 de maio de 2014 Saiba mais >

Formação integral

Sessão de continuidade A agenda do Director geral Lisboa, 22 de abril de 2014 Saiba mais >

Curso "As parábolas do Evangelho" A parábola do juiz e da viúva: a necessidade da oração Lisboa, 5 de maio de 2014 Saiba mais >

Sessão de continuidade Operacionalização na Cloud das TI Lisboa, 8 de maio de 2014 Saiba mais >

Seminário Avanços na OI em Portugal Lisboa, 8 de maio de 2014 Saiba mais >

Programa

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Rui Zenoglio (6º Executive MBA AESE/IESE) é atualmente o Treasury Manager na TIMWE . Vasco Anjos (7º Executive MBA AESE/IESE) foi nomeado Director of Golf at Ritz-Carlton Penha Longa Hotel & Golf Resort. .

Nesta secção, pretendemos dar notícias sobre algumas trajetórias profissionais e iniciativas empresariais dos nossos Alumni. Dê-nos a conhecer ([email protected]) o seu último carimbo no passaporte.

PASSAPORTE

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12 CAESE abril 2014

Tatiana Pereira (1º PGL) é a nova Diretora Comercial da Iberlim (Grupo Trivalor). .

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Imagine que em vez de comprar uma peça sobresselente a pode fazer em casa. Sem ser necessário ir à loja, encomendar com antece-dência, ou esperar que venha num contentor da China. Basta descarregar um ficheiro… e imprimir no material adequado. Não é ficção científica, mas uma realidade que aos poucos se impõe. Em passos céleres, vão surgindo novos materiais (sabia que já se pode imprimir em inox, ouro ou titânio?), vão surgindo impressoras mais baratas, mais rápidas, mais potentes. Em Portugal já há quem trabalhe com fabricação digital: Não só universidades e centros de desen-volvimento (como a F. Champa-

limaud), mas também empresas que veem nesta tecnologia uma forma de aumentar a competiti-vidade, tais como a Costa Verde, que consegue reduzir o time-to- -market, testando modelos de porcelana, isto é, imprimindo os primeiros protótipos antes de investir em grandes tiragens das suas loiças; como a ivity (brand corp.), que consegue apresentar a clientes soluções inéditas, difíceis de obter artesanalmente, porque implicariam trabalho manual de várias semanas, mas que, imprimindo-as, em alguns dias tem uma peça pronta; ou como a TAP, ME, que recorre a engenharia reversa: scanarização 3D, seguida de modelação digital, para otimizar forma ou função de peças. Do cluster do calçado vem o exemplo da Galibelle, que com estas tecnologias, desenvolve modelos de botas e sandálias.

13 CAESE abril 2014

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Da máquina a vapor à fabricação digital

A nova revolução industrial

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AESE nos Media In Público, a 17 de março de 2014

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Os exemplos em Portugal sucedem-se: novos acessórios para indústria têxtil, ornamentos para marroquinaria, manípulos para equipamentos de estética, etc. E todos os dias há mais procura. As barreiras à entrada são de conhecimento e investimento. É necessária formação; conhecer materiais, suas características ou restrições; os consumíveis, mesmo plásticos, têm ainda um peso significativo no custo; e o processo ainda é muito demorado (uma caneca pode levar mais de 6 horas a aparecer). Há que considerar a escala, pois a partir de determinado número, é mais racional produzir com moldes. Aos poucos, vão sendo ultrapas-sadas estas restrições, e vai sendo mais fácil e habitual (nos EUA, a Shapeways vende mais de 100.000 peças por mês) empresas ou curiosos tornarem finalmente ideias... em realidade.

Porquê recorrer à impressão 3D? As novas formas de fabricação digital permitem uma vantagem competitiva, permitem acelerar o ciclo virtuoso de inovação: faci-litando o acesso a uma fase de ensaios mais dinâmica, e, por isso, mais útil, de testes de modelos com o utilizador final, antes de arriscar uma produção em série massiva; reduzindo tempo entre a conceção e a chegada ao mercado; otimi-zando custos de investimento. Se a máquina a vapor desenca-deou a primeira revolução indus-trial, criando a sociedade de consu-mo, como irão as empresas evoluir com a próxima revolução do self consumer?

Joana Ogando, Teaching Fellow de Operações e Inovação da AESE

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14 CAESE abril 2014

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A Força do Engagement In Human Resources Portugal- 01-04-2014 Antigo diretor do FMI: "O lógico é que o rating de Portugal suba" - Notícias In GoBulling.com- 11-04-2014 Inovação e empreendedorismo são o suporte de negócios das empresas In Vida Económica- 11-04-2014 AESE participa no IESE Global Leadership Conference Inovação e empreendedorismo In Vida Económica.pt- 11-04-2014 Grandes grupos de comunicação social - Quais os grandes desafios para os media, e para os seus gestores, no contexto que vivemos? In Meios & Publicidade- 11-04-2014 Prosegur tem novo Diretor-Geral de Vigilância In Human Resources Portugal- 01-04-2014 Antigo diretor do FMI: "O lógico é que o rating de Portugal suba" In Jornal de Negócios Online- 10-04-2014 José Luís Simões distinguido com prémio de carreira In OJE- 08-04-2014 Índia e Nova Iorque na rota do programa AESE/IESE In Económico Online- 08-04-2014

AESE nos Media

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De 5 a 16 de abril de 2014

15 CAESE abril 2014

Será que tirar um MBA pode mudar a sua vida? In Económico Online- 07-04-2014 Quantas oportunidades de negócio já perdeu ? In Diário Económico - Emprego & Universidades- 07-04-2014 Nova revolução industrial In Público- 07-04-2014 Índia e Nova Iorque na rota do programa AESE/IESE In Diário Económico - Projetos Especiais- 07-04-2014 Universidades que lecionam o MBA In Diário Económico - Projetos Especiais- 07-04-2014 Será que tirar um MBA pode mudar a sua vida? In Diário Económico - Projetos Especiais- 07-04-2014 Uma rampa de lançamento para quem quer lançar o seu negócio In Diário Económico - Projetos Especiais- 07-04-2014 S.E. do Mar no encerramento do 1.º GAEM In Revista de Marinha- 01-03-2014 Os Desafios de uma Aquicultura Portuguesa Competitiva In Revista de Marinha- 01-03-2014 Grandes esperanças In RH Magazine- 01-03-2014

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PANORAMA

Os alunos polivalentes escasseiam Numa economia que cada vez se baseia mais no conhecimento, o capital intelectual converte-se num bem apreciado pelas empresas. Sobretudo naqueles países com poucos trabalhadores qualifica-dos. Neste contexto, onde a con-corrência pelo talento vai disparar, os responsáveis pelos testes PISA recomendam aos países da OCDE que se esforcem por aumentar o número de estudantes que se destaquem, simultanea-mente, na compreensão da leitu-ra, na matemática e nas ciências.

Tal como há desportistas que podem jogar bem em qualquer posição do campo, a OCDE quer que haja mais estudantes poliva-lentes. Destacar-se em todas as matérias importantes não é frequente. É o que se depreende da análise “Who are the academic all-rounders?”, referente aos alu-nos que alcançam os dois graus mais elevados nas três compe-tências que são avaliadas pelo PISA. Segundo os dados do PISA 2009, 16,3% dos estudantes de 15 anos

dos países da OCDE conseguem a pontuação máxima em, pelo menos, uma das três compe-tências, mas somente 4,1% nas três. Na média da OCDE, há mais raparigas polivalentes do que rapazes (4,4% e 3,8%). Em relação aos alunos com nível de excelência, Portugal foi 35º em 65 países, na classificação global das 3 matérias.

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16 CAESE abril 2014

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Em Xangai e Singapura é onde há mais estudantes deste tipo: 14,6% e 12,3% do total dos seus alunos, respetivamente. Seguem-se Nova Zelândia, Finlândia, Hong Kong, Japão e Austrália, com percen-tagens que vão de 10% a 8%. A Espanha tem uns escassos 1,3% de alunos excelentes. Chile, México, Turquia e outros 21 países têm menos de 1%.

Um dado interessante é que entre os países que obtêm pontuações globais similares no PISA, não existe a mesma percentagem de alunos brilhantes. Isto também se observa nos primeiros lugares da tabela. Por exemplo: Singapura e Coreia do Sul têm resultados muito parecidos em leitura, matemática e ciências. Mas 12% dos alunos de Singapura são polivalentes, contra 7% da Coreia do Sul.

Há países com uma percentagem elevada de alunos brilhantes nalguma das áreas, mas que não conseguem destacar-se nas três em simultâneo. É o que acontece na Suíça: 24% dos seus alunos alcançam a pontuação máxima em matemática, mas somente 10,7% o conseguem em ciências e 8,1% em leitura. De qualquer forma, a Suíça está acima da média da OCDE.

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17 CAESE abril 2014

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PANORAMA

Militares egípcios: de guerreiros a empresários Desde a sua independência da Grã-Bretanha, o Egito não ganhou propriamente uma guerra. Nos anos 50, os malabarismos de Nasser para tentar vender como vitórias os descalabros do seu exército perante Israel não “cola-ram”, e as forças armadas dedi-caram-se, depois, a fomentar o seu poder como um Estado dentro do Estado e a esquecer um pouco o assunto das batalhas. Para isso, evidentemente, neces-sitavam de estabilidade no país. Tiveram-na com Hosni Mubarak, ele próprio um coronel da força aérea, mas quando, em 2011, as multidões saíram para as ruas a dizer basta à corrupção, aos abusos e à miséria que sobres-

saíram durante as três décadas do “faraó” no poder, o edifício tremeu, e os militares rapidamente assumiram o controlo das coisas: passaram a ser os guardiões da ordem e houve a realização de eleições que deram o poder a Mohammed Mursi, um hierarca dos Irmãos Muçulmanos. Com esta força político-religiosa, assente no país desde 1928, o exército foi capaz de chegar a uma espécie de “vive e deixa viver”: não seriam incriminados aqueles militares que tivessem cometido atropelos na era Mubarak, e a Constituição, forjada pelos Irmãos Muçulmanos com uma certa essência teocrática, permitiria que o generoso orça-

mento castrense não passasse pelo escrutínio parlamentar. Com isto adquirido, só restava gover-nar. No entanto, a incapacidade do governo de Mursi de fazer erguer a golpeada economia, assim como a tentativa de consagrar um poder islamista não partilhado, forçou de novo os cidadãos a mostrar o seu descontentamento e a lançar um ultimato. O exército teria novamente a “sagrada missão” de salvaguardar a ordem e de “convidar” um presidente a ir--se embora. Já a presença de Mursi num comício de islamistas radicais, no qual fez um chamamento à jihad

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(guerra santa) na Síria, tinha enchido o copo: o que faltava ao exército egípcio era ter de lidar, no interior do país, com fanáticos que regressavam inflamados de uma guerra. Assim, e como na equa-ção dos militares a variante chave é a estabilidade interna, tomaram publicamente a batuta, embora não por muito tempo: ser a autoridade visível, desgasta. Durante o ano em que os militares estiveram à frente do país, depois da queda de Mubarak, o dedo acusador da população pela deplorável situação económica dirigiu-se para eles (“vocês diri-gem, vocês respondem”). Por isso, agora, embora nos bastido-res movam os cordelinhos da política como o fizeram durante décadas, presumivelmente vão

querer sair rapidamente de cena, pelo que deixaram na ponte de comando um magistrado de baixo perfil, não queimado na arena política, para que assuma o leme. “Os chefes militares egípcios não estão ideologicamente comprome-tidos nem com uma coisa nem com outra”, afirma Steven A. Cook, especialista em temas do Médio Oriente do Conselho de Relações Externas dos EUA, citado pelo “The New York Times”. “Apenas acreditam na manu-tenção do seu lugar na ordem política (…). Estão dispostos a fazer um arranjo praticamente seja com quem for”, acrescenta. Além de manter a paz na fronteira israelita e assegurar que nada interrompa a navegação pelo Ca-

nal do Suez, pouca coisa tem para fazer no plano militar este exército de 468.000 efetivos, ao qual o país destina um orçamento supe-rior a 4.000 milhões de dólares, e que recebe 1.400 milhões como presente dos EUA devido ao seu bom comportamento com o vizi-nho Estado judeu. De facto, a tecnologia bélica é basicamente norte-americana, tendo deixado de lado o armamento, antes for-necido por Paris e Moscovo. Com tanto “tempo livre”, o co-mando castrense dedicou os seus esforços à frente económica. Es-tima-se que o Exército gere 40% do PIB nacional, que ascende a 537.800 milhões de dólares. Muito poucos setores escapam à sua sagacidade empresarial. Uma

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recente crónica de “El Mundo” enumerava, entre as produções que saem das mãos do exército, as botijas de gás, alimentos (numa lista variada que inclui a água mineral, conservas, sumos, azeite de oliveira, o frango, e até as emblemáticas compotas Faraó), os produtos químicos, os de informática e telecomuni-cações, e ainda os automóveis. Gerem também restaurantes, ho-téis e complexos turísticos em toda a rica geografia do país, salpicada de sítios de enorme interesse natural e, claro, de luga-res monumentais que evocam o passado milenar. Fábricas de ele-trodomésticos, serviços de limpe-za, imobiliárias, etc., fazem parte da bem aceite gestão empresarial dos hierarcas militares.

Deles, das dezenas de milhares de oficiais das altas hierarquias, são além disso as principais regalias, como as promoções de categoria, o acesso a clubes, hotéis e hospitais exclusivos financiados pelo Estado, assim como as facilidades para fazer riqueza através de suculentos contratos com o governo. Tais privilégios de casta repousam, em grande parte, sobre a mão de obra gratuita que representam milhares e milhares de recrutas do serviço militar obrigatório, que trabalham em fábricas militares onde pesa mais a ordem do superior, do que as normas laborais. Números de todo este empório? Só os que o alto comando con-sidere necessário publicar. No Egito, quem se interessar dema-

siado pela contabilidade castren-se, ou pelas quantias exatas ou aproximadas de toneladas de ali-mentos produzidos, de quartos de hotel ocupados em determinado período ou de habitações cons-truídas, pode ser rotulado de suspeito e punido severamente. “Somos disciplinados e temos as armas. É o que há no mercado agora mesmo. Será que existe alguma outra instituição sólida na cena egípcia?”. Foi assim que falou um oficial, na condição de anonimato, a um repórter do “The New York Times”. Mas esta explo-são de orgulho deveria ser motivo de tristeza para a sociedade egípcia: que não haja outra instituição mais sólida para lidar com a crise agora, seis décadas depois de ter sido derrubada a monarquia, é sinal de quão longe

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está o país de ter presente uma sociedade com direitos, deveres e oportunidades. O exército, embora revele uma aparência de solidez por detrás de tanto armamento sofisticado que se pode observar a rodar pelas ruas, comporta-se como um ele-fante numa loja de produtos de vidro quando quer impor a “sua” ordem no quadro político. Porque, simplesmente, não é o seu campo de ação. Um relatório recente da Amnistia Internacional refletia que durante os meses de governo do Con-selho Supremo das Forças Armadas, os militares cometeram impunemente graves violações dos direitos humanos contra manifestantes, e as vítimas foram ignoradas. Houve episódios fre-

quentes nos quais o exército utilizou meios letais contra pes-soas e em circunstâncias onde essa força não era justificada, e que se saldaram com mortos e feridos. Segundo o texto, manifestantes coptas, muçulmanos conserva-dores, mulheres que clamavam pelos seus direitos e uma longa lista de pessoas indignadas com o dececionante rumo da era pós- -Mubarak foram vítimas da violência às mãos do exército ou de homens armados vestidos à civil. “O uso generalizado da tortura – incluindo a violência sexual e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degra-dantes – fez salientar a impu-nidade de que gozam as forças militares”.

A cereja no topo do bolo é que, nos tribunais militares, foram julgados 15.000 civis, ou mais. Fomentar a democracia, constata--se, não é a sua prioridade. Definitivamente, o problema não era – ou não era só – Mursi, nem o será o taciturno advogado que ocupou a cadeira presidencial. Um exército que utiliza abertamente a sua força para intimidar a classe política, para a modelar aos seus interesses e para calar os que protestam, não será a garantia de um novo Egito. Até que a socie-dade egípcia e os principais alia-dos externos do país árabe consi-gam cortar as asas aos militares, qualquer “revolução” na praça Tahrir continuará a ser cosmética.

A. R.

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PANORAMA

“The XX Factor” Autor: Alison Wolf Profile Books (2013) Desde os anos 70, uma elite de mulheres, com um elevado nível de estudos, conseguiu subir na sua profissão até aos cargos cimeiros e encurtar distâncias relativamente aos seus compa-nheiros homens. Paralelamente, a distância entre as mulheres ricas e as pobres não deixou de crescer. Por um lado, existe um setor minoritário de mulheres jovens, com bons empregos e a tempo inteiro, que atrasam a procriação dos filhos e atingem o sucesso profissional; por outro, muitas mais mulheres que, fre-quentemente, trabalham em pro-fissões feminizadas, como assis-

tência social ou no setor das limpezas, ganham pouco e ocu-pam empregos menos reconhe-cidos em muitos países oci-dentais. Esta é a conclusão de um livro recém-publicado pela economista inglesa Alison Wolf, intitulado “The XX Factor. How Working Women Are Creating a New Society”. A mensagem de Wolf causou um certo rebuliço; sem ser uma voz especializada em análise femi-nista, especializou-se no mercado de trabalho e investigou longo tempo a incidência da educação na trajetória profissional. Na sua opinião, o alargamento da edu-cação influiu mais nas mulheres

do que nos homens, mas não de modo homogéneo. “O facto de algumas mulheres terem chegado ao topo, fez disparar a desigual-dade de rendimentos”, por exem-plo, nos Estados Unidos, onde so-mente 1% das mulheres duplica-ram os seus rendimentos desde 1980. “Enquanto 200.000 em todo o país ganham 250.000 dólares por ano, a média de rendimentos anuais das restantes mulheres é de só 33.000 dólares”, afirma. Esta disparidade surge apesar dos avanços legislativos e sociais. Há p o u co t e m p o , a U n ião Europeia dava a conhecer que a percentagem de mulheres nos conselhos de administração au-mentou para 16,6% graças às

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medidas tomadas, mas nos paí-ses ocidentais mudou pouco o tipo de trabalho de muitas mulheres. A estas últimas, o processo não as levou a romper as “barreiras de género” no local de trabalho, mas a serem colocadas em postos de trabalho mal pagos e maio-ritariamente femininos. Como agora muitos dos trabalhos de âmbito doméstico relacionados com os cuidados sociais são confiados a empregados, o tra-balho antes invisível de muitas mulheres converteu-se num em-prego formal e num cheque no fim do mês. Como exemplo, Wolf refere que contra 100.000 homens contratados para tarefas de limpeza nos lares, há 1,3 milhões de mulheres nos Estados Unidos. “As feministas dos anos 60 e 70

acreditavam numa espécie de fraternidade entre as mulheres. Mas, em vez disso, temos um mundo em que a elite das mulheres é cada vez mais como os homens, e cada vez menos como as outras mulheres”. Um dos elementos em que se manifesta esta desigualdade, se-gundo a autora do livro, é que, em Inglaterra, por exemplo, “muito poucas profissionais qualificadas assumem licenças prolongadas quando nascem os seus filhos, e outras que são licenciadas ou doutoradas, nem colocam essa hipótese”. Adicionalmente, isto contribui de modo direto para a preocupante baixa de natalidade, e demonstra também que a con-ciliação entre o trabalho e a família não existe nalguns níveis profissionais.

Alison Wolf não acredita que a solução para a crescente desi-gualdade esteja nas medidas a favor da maternidade adotadas nos países escandinavos. Quando se criaram as redes públicas de creches, centros de dia e resi-dências para pessoas idosas, estes empregos foram ocupados principalmente por mulheres. Daí que, afirma Alison, as mulheres escandinavas é mais provável que trabalhem em profissões femini-zadas, e menos provável que trabalhem juntamente com os homens. E, se em cargos de maior remuneração a diferença entre homens e mulheres desapa-rece, como também sucede na Alemanha, França e Estados Unidos, é porque existem muitas mulheres a trabalhar em empre-gos de serviço para os que estão mais acima.

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Da sua investigação conclui que as políticas mais generosas quanto a licenças por maternidade não fizeram mais do que potenciar esse telhado de vidro para as mulheres, pois fomentam “a depreciação do capital humano”. Quer dizer, ao afastarem-se mais tempo do trabalho, as compe-tências das mulheres ficam anti-quadas e as redes de contactos diminuem. Na sua opinião, nem sequer partilhar a baixa por maternidade com o pai contribui para minimizá-lo, pois comprovou--se que quando existe a possi-bilidade de escolher entre ambos, continua a ser a mulher a que a aplica.

M. A. B.

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DOCUMENTAÇÃO

Um intelectual nada orgânico A 31 de março, completaram-se cem anos sobre o nascimento de Octavio Paz. Falecido no dia 19 de abril de 1998, foi Prémio Cervantes em 1981 e Nobel da Literatura em 1990. A par do seu contributo literário, demonstrou sempre um interesse apaixonado e crítico pelos assuntos políticos e sociais da época. E na evolução do seu pensamento, não se importou de ir contra corrente, se se tratasse de olhar a realidade sem lentes ideológicas. As suas obras como poeta e ensaísta deram lugar a uma vasta literatura. Foi o principal escritor latino-americano do século XX (com licença de Borges, Neruda, Cortázar, García Márquez ou

Vargas Llosa) pela amplitude dos seus interesses e conhecimentos. Esteve sempre atento aos fenó-menos literários, sociais e políti-cos e comentou-os com assidui-dade, através de análises apura-das e de uma prosa excelente, embora às vezes algo difícil de perceber ou de interpretar e, por isso, não muito acessível ao gran-de público. A obra ensaística Octavio Paz é mais considerado como poeta, mas as suas pri-meiras obras foram ensaios, aspeto que nunca abandonou. De facto, dos treze volumes das suas obras completas, só dois são de poesia. O resto é ensaio. Em en-

saio, publicou trinta livros entre 1950 e 1994. Alguns são de crítica literária, de filosofia ou de so-ciologia da arte: “Marcel Duchamp o el castillo de la pureza”; “Apariencia desnuda”, também sobre Duchamp; “La otra voz. Poesia y fin de siglo”, sobre a Poesia Moderna; “El arco y la lira”; “Las peras del olmo”; “Cuadrivio”; “Puertas al campo”; “Los hijos del limo”; “In-mediaciones”; “Hombres de su siglo”; “La búsqueda del comienzo” (escritos sobre o sur-realismo). No seu conjunto, estes ensaios são uma valiosa fonte para o conhecimento da literatura espanhola, latino-americana, fran-cesa e inglesa, além de um comentário preciso sobre as vanguardas artísticas.

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Ensaios de uma temática mais ampla são “El laberinto de la soledad”, de 1950, continuado em “Postdata”, de 1969, sobre a identidade mexicana e a conve-niência de superá-la pela univer-salidade; “Sor Juana Inés de la Cruz o las trampas de la fe”, com a sua discutível hipótese de que a irmã Juana Inés deixou de escrever por culpa da Inquisição; “Corriente alterna” (sobre revolu-ção e rebelião); “Conjunciones y disyunciones” (um estudo sobre o barroco e a natureza humana); “El signo y el garabato” (coletânea sobre a modernidade e os seus desenlaces, teoria e prática da tradução, formação da dissidên-cia, etc.); “Tiempo nublado” (sobre totalitarismo e democracia); “Pe-queña crónica de grandes días” (sobre a queda dos regimes co-munistas), “Convergencias” (com o discurso que proferiu ao receber

o Nobel, “La búsqueda del pre-sente”, inesperado regresso ao te-ma Modernidade e Pós-moder-nidade); “La llama doble” (sobre o amor), “Vislumbres de la India”, ou o último, “Itinerario”, autobiográ-fico. Destaca-se “El ogro filantró-pico”, o melhor do seu pensa-mento político. Intelectual crítico Nem ele pretendeu nem se vê na sua obra ensaística algo parecido com um sistema. A sua obra é heterogénea, ainda que, além da crítica literária e artística, tenha escrito muito e bem sobre a lin-guagem, o tempo, a história, a modernidade, o mito, a liberdade e a necessária crítica ao mons-truoso crescimento do Estado. De tradição revolucionária mexi-cana por família, na sua juventude

colaborou durante um breve pe-ríodo com os intelectuais anti-franquistas, quando foi convidado por Pablo Neruda para ir a Espanha durante os primeiros tempos da guerra civil espanhola. A experiência levou-o paradoxal-mente a declarar-se cada vez com mais força anticomunista e foi um dos poucos intelectuais a denun-ciar, já nos anos cinquenta, os crimes de Estaline. Ficou chocado com a repressão que o Partido Comunista Espanhol fez do POUM, um partido minoritário comunista, mas não estalinista. Em 1962, depois de trabalhar vá-rios anos na carreira diplomática, Octavio Paz foi nomeado embai-xador do México na Índia. Em 1968, em protesto contra a vio-lenta repressão do seu governo sobre os estudantes de Tlatelolco durante os Jogos Olímpicos do

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México, renunciou ao cargo. A partir de então, Octavio Paz de-fendeu cada vez mais a inde-pendência política do intelectual, porque é o que permite a crítica sem condicionalismos ideológicos. Até finais dos anos noventa, gente da esquerda marxista a quem ele continuava a dirigir-se, porque procedia dela, não começou a perceber, mesmo que muito par-cialmente, a fraude histórica do comunismo. Paz seguiu o seu próprio caminho, por vezes ata-cado à esquerda e à direita. Detestava a expressão “intelectual orgânico”, na terminologia de Antonio Gramsci, quer dizer, o intelectual ao serviço de uma ideologia. Entendeu bem que, se a inteligência se submetia à ideologia, o que se fica a perder é o plural, a liberdade individual.

Modernidade e pós-moder-nidade Atraído pela modernidade, em-bora consciente de que o termo era equívoco, deu-se conta de que essa modernidade já tinha passado, coisa hoje geralmente admitida. Mas não chegou a uma reflexão profunda sobre a pós- -modernidade. “Os homens nunca souberam muito do tempo em que vivem e nós não somos uma exceção a esta regra universal. Chamarmo-nos pós-modernos é uma maneira, afinal ingénua, de dizer que somos muito modernos”. Na realidade, a produção en-saística de Octavio Paz, sobre-tudo a partir dos anos setenta, é ela própria muito pós-moderna, fragmentária, eclética. Homem de uma vasta erudição, desejoso de beber em todas as fontes –

ocidentais e orientais –, as suas conclusões costumam ser, neste tema da modernidade, ambíguas. A insuficiente crítica de Paz à modernidade e a ausência na sua obra de uma análise profunda da pós-modernidade devem-se talvez à carência de um pensamento filosófico de base. As suas apre-ciações são, com frequência, acertadas mas voláteis, mutáveis. Atraem à partida porque Paz, escreva o que escrever, fá-lo com uma linguagem bela e, ao mesmo tempo, enigmática. Mas, ocasio-nalmente, quando se trata de resumir o que disse, mal se consegue perceber. Octavio Paz, desiludido pelo fe-chamento da esquerda clássica, aproxima-se de um certo libera-lismo, não económico – é muito crítico com o capitalismo –, mas

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de atitude, no que o liberalismo tem de defesa da liberdade pessoal e de irredutibilidade do individual perante todos os cole-tivismos. A alteridade Ao longo da sua extensa obra, Octavio Paz mencionou muitas vezes temas transcendentes como o da religião, mas sempre de um ponto de vista exterior, como fenómeno cultural. Os seus anos de juventude, em que adota o marxismo, deixaram-lhe a sequela, quando o abandona, de

um ateísmo implícito, ainda que não militante. Nos últimos anos, depois de uma efémera aproximação ao budismo, começou a intuir que, pelo menos, a preocupação pela transcen-dência não só não está superada, como é uma constante humana. Escreveu: “Deve haver outras formas de ser e talvez morrer seja só uma passagem”. E noutra ocasião: “Há no homem uma parte aberta ao infinito, ao Outro.” Embora na interpretação de Octavio Paz nada se possa dar como definitivo, porque ele próprio

é fragmentário, há quem viu uma evocação desse sentido do Outro no que é talvez o seu mais famoso poema: “Hermandad”. Sou homem, duro pouco E é enorme a noite. Mas olho para cima: As estrelas escrevem-me. Sem entender compreendo: Também sou escrita E neste mesmo instante Alguém me soletra.

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Em todo o caso, já no precoce “El laberinto de la soledad”, Paz tinha entendido a transcendência como “as mãos de outros solitários”. A alteridade são também os outros. As críticas de Paz às deformações das ideologias e ao excessivo poder do Estado tinham como objetivo a defesa e guarda do ser humano. Posteridade Durante anos, as publicações de esquerda votaram-no ao ostra-

cismo. A partir de posições mais conservadoras, também não se entendia muito o jogo de Paz, que parecia equívoco. No entanto, ele teve sempre, até ao dia de hoje, um público não muito amplo, mas que desfruta com a qualidade da sua prosa e com a sua assom-brosa erudição. O mais importante de Paz, no centenário do seu nascimento, continua a ser o seu vasto interesse por tudo, a sua atenção à evolução dos tempos e a sua

preferência por essa tríade for-mada pela poesia, a liberdade e o amor.

R. G. P. (com autorização de www.aceprensa.pt)

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Lufadas do pensamento político de Octavio Paz A tradição liberal. “Desde há mais de trinta anos que rompi com o marxismo-leninismo. Ao mesmo tempo, comecei a descobrir – melhor dito, a redescobrir – a tradição liberal e democrática. A determinada altura senti atração pelo pensamento libertário; ainda o respeito, mas as minhas afini-dades mais certas e profundas encontram-se na herança liberal. Com todos os seus inegáveis defeitos, a democracia represen-tativa é o único regime capaz de assegurar uma convivência civili-zada, desde que acompanhado por um sistema de garantias individuais e sociais e assente numa clara divisão de poderes. Penso, por último, que as novas gerações terão de elaborar, rapi-

damente, uma filosofia política que acolha a dupla herança do socialismo e do liberalismo” (“Alba de la libertad”, 1990). O mecanismo do mercado. “O triunfo da economia de mercado – um triunfo por défault do adver-sário – não pode ser unicamente motivo de regozijo. O mercado é um mecanismo eficaz mas, como todos os mecanismos, não tem consciência e muito menos miseri-córdia. Tem de se encontrar a maneira de o inserir na sociedade, para que seja a expressão do pacto social e um instrumento de justiça e equidade. As sociedades democráticas desenvolvidas al-cançaram uma prosperidade inve-jável; são igualmente ilhas de

abundância no oceano da miséria universal. O tema do mercado tem uma relação muito estreita com a deterioração do ambiente. A polui-ção não só infesta o ar, os rios e as florestas, como as almas. Uma sociedade possuída pelo frenesim de produzir mais para consumir mais, tende a converter as ideias, os sentimentos, a arte, o amor, a amizade e as próprias pessoas em objetos de consumo. Tudo se torna uma coisa que se compra, se usa e se atira para o lixo. Nenhuma sociedade tinha produ-zido tantos resíduos como a nos-sa. Resíduos materiais e morais” (Discurso ao receber o Prémio Nobel da Literatura, 1990).

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Filosofias da história. “O der-rube do marxismo, última doutrina política meta-histórica, significa o desvanecimento de todas essas ideias e doutrinas que atribuíam um desígnio à história. O ver-dadeiro cadáver intelectual do nosso tempo não é o do mar-xismo, mas o da ideia da história como depositária de uma mítica transcendência. Uma transcen-dência orientada não para a vida sobrenatural, mas para o futuro. A queda do comunismo burocrático não só foi a derrota de um sistema iníquo de dominação, mas de uma doutrina que se apresentou como a herança e a superação da filosofia da história de Hegel. Com o materialismo histórico esfu-maram-se as outras filosofias da história.

”Acho que o pensamento político de amanhã não poderá ignorar certas realidades esquecidas ou desdenhadas por quase todos os pensadores políticos da moder-nidade. Falo do imenso e pode-roso domínio da afetividade: o amor, o ódio, a inveja, o interesse, a amizade, a fidelidade. É bom voltar aos clássicos para apreciar a importância da influência das paixões nas sociedades” (“Res-puestas nuevas a preguntas vie-jas”, 1992). A virtude e a saúde política das sociedades. “A massificação (pa-lavra horrível) dos cidadãos e a transformação do debate público em espetáculo, são traços que degradam as democracias moder-nas. Denunciar esses males é defender a verdadeira democra-

cia. Mas há outra doença não menos inquietante. Tanto para os pensadores antigos como para os modernos, de Aristóteles e Cícero a Locke e Montesquieu, sem esquecer o próprio Maquiavel, a saúde política das sociedades dependia da virtude dos cidadãos. Discutiu-se sempre o sentido dessa palavra – a interpretação de Nietzsche é memorável – mas qualquer que seja a aceção que se escolha, o vocábulo denota sempre domínio sobre nós mes-mos. Quando a virtude vacila e as paixões nos dominam – quase sempre as inferiores: a inveja, a vaidade, a ganância, a luxúria, a preguiça – as repúblicas morrem. Quando já não podemos dominar os nossos apetites, estamos prontos a ser dominados pelo estranho.

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”O mercado minou todas as antigas crenças – muitas delas, aceito-o, nefastas – mas em seu lugar instalou somente uma paixão: a de comprar coisas e consumir este ou aquele objeto. O nosso hedonismo não é uma filosofia do prazer, mas uma abdicação da vontade e teria escandalizado igualmente o doce Epicuro e o frenético Donatien de Sade. O hedonismo não é o pecado das democracias moder-nas: o seu pecado é o confor-mismo, a vulgaridade das suas paixões, a uniformidade dos seus gostos, ideias e convicções” (“Itinerario”, 1993). A queda do comunismo. “Marx e Engels referiram-se sempre com muita energia à diferença entre o que eles chamavam ‘socialismo utópico’ e o seu sistema, que

denominaram com ingenuidade ‘científico’. O que foi derrubado não era o ‘socialismo utópico’, mas o ‘socialismo científico’. E foi derrubado, entre outras coisas, porque não era científico: quase nenhuma das previsões de Marx se realizou. A realidade desmentiu a ‘ciência’ marxista. E há algo mais: no século XX, o marxismo foi deformado por Lenine (embora tenha sido com as melhores intenções). Ele também acreditava totalmente que o marxismo era uma ciência e a sua contribuição principal foi convertê-lo numa técnica para a tomada do poder. A ciência transformou-se em técni-ca, e a técnica em catecismo. Mas o mais grave foi que o marxismo- -leninismo se tornou uma doutrina fechada, impermeável à crítica, ao serviço da ditadura de uma casta burocrática. O leninismo, ou seja,

a conceção do partido comunista como ‘vanguarda do proletariado’, significou realmente a transfor-mação da generosa embora equi-vocada hipótese de Marx, numa escolástica de tiranos” (“Un escritor mexicano ante la Unión Soviética”, 1991). Nota: Uma cuidada antologia dos es-critos políticos de Octavio Paz, sobretudo da sua última época, pode encontrar-se em “Sueño en libertad”, com seleção e prólogo de Yvon Grenier, Editorial Seix Barral, Barcelona (2001), 465 págs.

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32 CAESE abril 2014

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