22 a 23 maio 2012

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Data 22 e 23/05/2012 Ano I Número 21

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Clipping Eletrônico Trafico e Abusos de Drogas

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Page 1: 22 a 23 Maio 2012

Data22 e 23/05/2012

AnoI

Número21

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BRASIL ECONÔMICO - P. 13 - 23.05.2012

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O tEMPO - P. 24 - 22.05.2012

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RIO A operação contra a cracolândia no Morro Santo Ama-

ro, no Catete, que começou na última sexta-feira, recolheu, até a manhã desta segunda-feira, 608 pessoas que estavam nas ruas da comunidade e em áreas próximas. Os 572 adul-tos foram levados para o abrigo de Paciência, e os 36 me-nores para a Central de Recepção Carioca, no Centro. Hoje, porém, a maior parte já está novamente nas ruas. Segundo Ademir Treichel, diretor da Unidade municipal de Reinser-ção Social Rio Acolhedor, em Paciência, como não existe abrigamento compulsório de adultos, apenas 30% do total das pessoas acolhidas ficam no abrigo para tratamento. O resto, volta para as ruas na mesma hora em que chega: desce do ônibus de acolhimento e vai embora minutos depois. En-tre os que permanecem, a maioria fica apenas pelo tempo de recuperar as forças para retornar às cracolândias.

— Muitos saem do ônibus e vão embora imediatamente. A mesma pessoa é acolhida por diversas vezes. O abrigamen-to não é compulsório no caso dos adultos. Na rua, essas pes-soas têm toda a liberdade do mundo e não precisam respeitar horários. Elas são doentes e não têm poder de discernimento. Por isso, sou a favor da internação compulsória — comentou Ademir Treichel, lembrando que a unidade oferece cursos profissionalizantes, de alfabetização, lazer, biblioteca, sala de computador e piscina, entre outras atividades.O fracasso no tratamento dos adultos pode ser explicado pelo grau de comprometimentos deles com a droga. Um levantamento da Secretaria municipal de Assistência Social mostra que o cra-ck é a droga mais consumida entre moradores de rua do Rio. A pesquisa ouviu os 3.194 adultos acolhidos em ações do ór-gão, entre março de 2011 e abril deste ano. Das pessoas em situação de rua acima de 18 anos, 24% (774) responderam que são dependentes de crack, contra 20% (638) de álcool, 15% (486) de cocaína e 12% (364) de maconha. O estudo também compara o uso de diferentes tipos de drogas por fai-xas etárias. Na amostra de jovens e adultos com idades de 18 e 25 anos, 36 a 30 anos e 31 a 35 anos, o crack predomina. Essa relação muda, no entanto, entre os entrevistados de 36 a 40 anos: maioria se declarou usuária de cocaína, seguida de álcool, crack e maconha.

Nos relatórios da secretaria constam ainda 2075 acolhi-mentos de crianças e adolescentes, das quais 80% tiveram envolvimento com crack e/ou outras drogas. O órgão não detalhou o perfil dos dependentes químicos dos menores de idade.O secretário de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, afirma que, na cidade, os moradores de rua adultos substi-tuíram o uso do álcool pelo crack. E diz ainda que, entre os adolescentes, a droga tomou o lugar da cola de sapateiro e do tíner.— Percebemos um crescimento assustador do crack entre as pessoas que vivem nas ruas. Elas migraram para esta droga potencialmente destruidora. Numa de nossas ope-rações em cracolândias, chegamos a encontrar uma criança de 4 anos e outras de 6, que apesar de não estarem sob o efei-

to do entorpecente, estavam frequentando aquele ambiente — afirma o secretário.

Questionado sobre os adultos que O Globo flagrou na sexta-feira na cracolândia do Jacarezinho e no viaduto na Estrada do Galeão, que dá acesso ao Aeroporto Tom Jobim, Bethlem tornou a dizer que o problema só irá se resolver se for aplicada a internação compulsória para adultos depen-dentes do crack:

— Essas pessoas vão continuar frequentando essas re-giões, se elas não forem internadas. O crack é uma droga muito forte e esses dependentes não conseguem se livrar do vício sozinhos. As crianças e adolescentes nós internamos compulsoriamente. Atualmente, contamos com 118 delas nas nossas cinco unidades de atendimento. No entanto, não podemos hospitalizar os adultos. Depende do querer deles. O problema é que essas pessoas não têm discernimento para fazer essa escolha.De acordo com o psicólogo Israel Cortes, que coordenou a pesquisa sobre o perfil dos usuários de cra-ck no Abrigo de Paciência, a maioria é homem e tem de 18 a 25 anos, além de apresentar histórico familiar de moradia nas ruas:— São pessoas que sofrem com a falta de estrutura familiar e estão à margem da sociedade.

Jovens gastam R$ 740 por semana com a droga

Uma pesquisa do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad), da Universidade do Es-tado do Rio de Janeiro, em prontuários de 61 adolescentes atendidos no local, no segundo semestre de 2010, mostrou que sustentar o vício sai caro para os jovens. Eles gastavam, em média, R$ 550 reais por semana em drogas. No caso dos que consumiam crack, o valor era ainda mais alto (R$ 740). Em cocaína, os gastos eram de R$ 550 e, em maconha, de R$ 140.

Dos entrevistados, 48% alegaram a prática de roubo e 36% de assalto a mão armada para custear o uso da droga. Dentre os usuários de crack, a prática de roubo e assalto foi de 63% e 45%, respectivamente.

Segundo a diretora do Nepad, Ivone Ponczek, dos aten-dimentos feitos no local, a classe baixa é predominante entre os usuários de crack.— A disseminação visível do uso crack está relacionada com a miséria no país. Observamos neste perfil o desamparo social e a desorganização familiar — co-mentou Ivone.Já o psicólogo João Telles, que coordenou a pesquisa, lembra que o uso de drogas também está relacio-nado ao modismo:— O uso do crack é uma questão de moda assim como foi a maconha e a cocaína tempos atrás. É uma questão de geração.Os 61 pacientes analisados tinham ida-des entre 12 e 18 anos , 81% era do sexo masculino, 85% não havia completado o primeiro grau e 75% tinha renda familiar inferior a três salários mínimos. Entre os entrevista-dos, 66% buscava tratamento para o uso de crack, 25% para maconha e 5% de cocaína.

O GLOBO - P. 13 - 23.05.2012Crack: ação no Catete já recolheu 608 usuários